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CESAR ALESSANDRO OLIVEIRA DE ARRUDA
ATRIBUTOS QUÍMICOS E FÍSICOS DO SOLO INFLUENCIADOS PELA
APLICAÇÃO DE DEJETOS SUÍNOS EM LAVOURA SOB PLANTIO DIRETO
LAGES - SC
2007
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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS AGROVETERINÁRIAS
MESTRADO EM CIÊNCIA DO SOLO
CESAR ALESSANDRO OLIVEIRA DE ARRUDA
ATRIBUTOS QUÍMICOS E FÍSICOS DO SOLO INFLUENCIADOS PELA
APLICAÇÃO DE DEJETOS SUÍNOS EM LAVOURA SOB PLANTIO DIRETO
Dissertação apresentada como requisito
parcial para obtenção do título de mestre no
Curso de Pós-Graduação em Ciência do
Solo da Universidade do Estado de Santa
Catarina – UDESC.
Orientador: Prof. Dr. Álvaro Luiz Mafra
Co-orientador: Prof. Dr. Paulo Cezar Cassol
LAGES - SC
2007
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Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária
Renata Weingärtner Rosa – CRB 228/14ª Região
(Biblioteca Setorial do CAV/UDESC)
Arruda, Cesar Alessandro Oliveira de
Atributos químicos e físicos do solo influenciados pela
aplicação de dejetos suínos em lavoura sob plantio direto /
Cesar Alessandro Oliveira de Arruda – Lages, 2007.
48 p.
Dissertação (mestrado) – Centro de Ciências
Agroveterinárias / UDESC.
1. Suíno – Esterco .2. Adubação orgânica.
I.Título.
CDD – 631.81
CESAR ALESSANDRO OLIVEIRA DE ARRUDA
Graduado em Agronomia – CAV/UDESC – Lages - SC
ATRIBUTOS QUÍMICOS E FÍSICOS DO SOLO INFLUENCIADOS PELA
APLICAÇÃO DE DEJETOS SUÍNOS EM LAVOURA SOB PLANTIO DIRETO
Dissertação apresentada ao Centro de Ciências Agroveterinárias da Universidade do
Estado de Santa Catarina, para obtenção do título de Mestre em Ciência do Solo.
Aprovado em: 13/06/2007 Homologado em:
Pela banca examinadora Por:
_____________________________ ___________________________
Prof. Dr. Álvaro Luiz Mafra Prof. Dr. Osmar Klauberg Filho
CAV/UDESC – Orientador Coordenador Técnico do Curso
de Mestrado em Ciência do
Solo e Coordenador do
Programa de Mestrado em
_____________________________ Agronomia UDESC/Lages, SC
Prof. Dr. Paulo Cezar Cassol
CAV/UDESC – Co-orientador
_____________________________ ___________________________
Dr. Eloi Erhard Scherer Prof. Dr. Adil Knackfuss Vaz
CEPAF/EPAGRI – Chapecó Diretor Geral do Centro de
Ciências Agroveterinárias -
UDESC/Lages, SC
Lages, Santa Catarina
Aos meus pais, Antônio Cesar Alves de Arruda e
Joaquina Oliveira de Arruda,
Dedico.
AGRADECIMENTOS
Agradeço à Nossa Senhora dos Prazeres, a minha padroeira.
Agradeço ao meu orientador Prof. Dr. Álvaro Luiz Mafra, pela orientação,
amizade, compreensão e paciência.
Ao Prof. Dr. Paulo Cezar Cassol, pela área experimental e pela amizade.
Ao agricultor Celso Rettore pela área que disponibilizou para o experimento.
Aos funcionários do Departamento de Solos.
Aos colegas de mestrado, Maurício, Jerusa, Tatiana, e Henrique pela
amizade e companheirismo.
Ao amigo Leonardo Biffi, pela grande amizade e pelo georeferenciamento da
área experimental.
À UDESC pela minha formação profissional.
À CAPES pela concessão da bolsa de estudos.
À minha noiva Rafaela M. Boscato, pelo amor, carinho e pacncia nos
momentos mais difíceis, deste mestrado.
À minha irmã Alessandra Oliveira Arruda, que sempre dividiu comigo as
minhas aflições.
E em especial aos meus pais, Joaquina Oliveira Arruda e Antônio Cesar Alves
Arruda, por ter me abençoado com todo o amor do mundo. Obrigado pela formação
do meu caráter.
RESUMO
O aumento na produção de suínos confinados tem gerado grande volume de
dejetos, sendo em geral descartados no solo como fertilizante. Sendo assim,
adubações em excesso e, ou, continuadas com esse resíduo poderão ocasionar
impactos ambientais indesejáveis, destacando-se os desequilíbrios químicos, físicos
e biológicos no solo, poluição das águas, perdas de produtividade e de qualidade de
produtos agropecuários. O objetivo do trabalho foi estimar o efeito da aplicação de
doses crescentes de dejeto suíno, em atributos químicos e físicos do solo em
sistema de semeadura direta, servindo como referencial para o aproveitamento
agrícola deste resíduo, sem comprometer a qualidade e a capacidade produtiva do
solo. Este experimento está localizado, no município de Campos Novos, SC, e vem
sendo conduzido desde novembro de 2001, sobre um Latossolo Vermelho
Distroférrico. Os tratamentos são: 1) Testemunha; 2) Adubação mineral conforme a
recomendação para o local e cultivos, segundo a Comissão de Fertilidade do Solo;
3) Metade da dose com adubação mineral e metade com dejeto suíno; 4) 25 m
3
ha
-1
de dejeto suíno; 5) 50 m
3
ha
-1
de dejeto suíno; 6) 100 m
3
ha
-1
de dejeto suíno; 7)
200 m
3
ha
-1
de dejeto suíno; 8) Mata nativa. O delineamento experimental adotado
foi o de blocos completamente casualizados, com sub-parcelas e quatro repetições.
Os resultados foram submetidos ao teste de F para análise de variância, e
comparações das médias pelo teste t. O sistema de cultivo adotado é a sucessão de
milho (Zea mays) e aveia preta (Avena strigosa), sob o sistema de semeadura direta.
A amostragem do solo para as análises químicas foi realizada em janeiro de 2006,
nas camadas de 0 – 5 ; 5 – 10; 10 – 20 cm de profundidade. Foram determinados os
atributos químicos, pH água, teores de sforo, potássio, cálcio, magnésio, carbono
orgânico. os atributos físicos analisados foram o diâmetro médio geométrico,
densidade do solo, macroporos, microporos e porosidade total do solo. Para as
condições de condução do experimento, observa-se aumento substancial na
disponibilidade de fósforo e de potássio no solo. Não foi constatado efeito das doses
de dejeto de suíno sobre acidez do solo, alumínio, cálcio e magnésio no solo. Para
os atributos físicos do solo analisados não se verificou efeito das doses de dejeto
suíno.
Palavras Chave: Esterco suíno, adubação orgânica, adubação mineral, descarte
de dejetos.
ABSTRACT
The increase in the confined swine production has generated great volume of
slurries, being in general applied on the soil as fertilizers. Thus, fertilizations in
excess and, or, continued with this residue will be able to cause environmental
impacts undesirable, being distinguished the soil chemical, physical and biological
disequilibria, pollution of waters, losses in yield and quality of farming products. The
objective of the work was evaluated the effect of the application of increasing doses
of slurry swine, in soil chemical and physical attributes in a no tillage system being as
referential for the agricultural exploitation of this residue, without reducing the quality
and the productive capacity of the soil. This experiment is located, at Campos Novos,
SC, and has been carried out since November of 2001, on a Red Distroferric Latosol.
The treatments were: 1) Control; 2) Mineral fertilization as the recommendation for
the soil and crop requirements, according to Commission of Fertility; 3) Half of the
dose with mineral fertilization and half with slurry swine; 4) 25 m
3
ha
-1
of liquid slurry
swine; 5) 50 m
3
ha
-1
of liquid slurry swine; 6) 100 m
3
ha
-1
of liquid slurry swine; 7) 200
m
3
ha
-1
of liquid slurry swine; 8) Native forest. The experimental design was of
completely random blocks, with split-plots and four replications. The results were
submitted to the F test for analysis of variance, and comparisons of the means by t
test. The crop system was the succession of maize (Zea mays) and black oat (Avena
strigosa), under the no tillage system. The soil sampling for the chemical analyses
was carried during January of 2006, in the layers of 0 - 5; 5 10; 10 - 20 cm depth.
The chemical attributes, water pH, phosphorus, potassium, calcium, magnesium,
organic carbon contents were determined. The analyzed soil physical attributes were
the geometric average diameter, density, macroporosity, microporosity and total
porosity. For these experimental conditions, substantial increase in the soil
phosphorus and potassium availability was observed. There were no effects of the
swine slurry doses on soil acidity, aluminum, calcium and magnesium levels. For the
analyzed soil physical attributes was not verified effects of the swine slurry
applications.
KEY – WORDS: mineral fertilization, pig slurry, soil disposal, swine manure.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Produção média diária de dejetos nas diferentes fases produtivas
dos suínos............................................................................................. 17
Tabela 2. Teores de matéria seca e nutrientes (base seca) e valor do pH
observados do dejeto suíno gerado de pocilgas de terminação e
mantido em estrumeira aberta pelo período de aproximadamente
quarenta dias. Safra 2005/2006............................................................ 24
Tabela 3. Produtividade de grãos de milho (Zea mays), cultivado sob plantio
direto em Latossolo Vermelho distroférrico após cinco aplicações
anuais dos tratamentos: testemunha (0), Adubação mineral (AM);
Metade da dose com adubação mineral e metade com dejeto suíno
(OM); 25 m
3
ha
-1
de dejeto suíno; 50 m
3
ha
-1
de dejeto suíno; 100
m
3
ha
-1
de dejeto suíno; 200 m
3
ha
-1
de dejeto suíno, safras 2003/04,
2004/05, 2005/06.................................................................................. 26
Tabela 4. Resumo da análise da variância e do teste de normalidade dos
atributos químico do solo após utilização de crescentes doses de
dejetos de suínos, em um Latossolo Vermelho distroférrico................ 27
Tabela 5. Resumo da análise da variância e do teste de normalidade dos
atributos químico do solo após utilização de crescentes doses de
dejetos de suínos, em um Latossolo Vermelho distroférrico................ 27
Tabela 6. Concentração de Ca e Mg trocável na camada de 0 20 cm de um
Latossolo Vermelho distroférrico cultivado sob plantio direto, quatro
meses após a última aplicação de dejeto nos
tratamentos........................................................................................... 31
Tabela 7. Resumo da análise da variância e do teste de normalidade dos
atributos físicos do solo após utilização de dejetos de suínos, em um
Latossolo Vermelho distroférrico.......................................................... 37
Tabela 8. Resumo da análise de da variância e do teste de normalidade dos
atributos físicos do solo após utilização de crescentes doses de
dejetos líquido de suínos, em um Latossolo Vermelho distroférrico..... 37
Tabela 9. Atributos físicos de um Latossolo Vermelho distroférrico, com
crescentes doses de dejeto de suíno.................................................... 39
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. a) pH em água em Latossolo Vermelho distroférrico, com diferentes
adubações e na condição natural de mata. Letras maiúsculas
comparam adubações e letras minúsculas comparam média das
profundidades. Testemunha (0); Adubação mineral (AM); Adubação
organomineral, 12,5 m
3
ha
-1
de dejeto (OM); Dejeto suíno 50 m
3
ha
-1
(D50). A barra vertical na Mata indica intervalo de confiança com 5%
de probabilidade b) Média dos tratamentos 0, 25, 50, 100, 200 m
3
ha
-1
.
Letras maiúsculas comparam média das doses de dejeto...................... 28
Figura 2. a) pH SMP em Latossolo Vermelho distroférrico, com diferentes
adubações e na condição natural de mata. Letras maiúsculas
comparam adubações e letras minúsculas comparam médias das
profundidades. Testemunha (0); Adubação mineral (AM); Adubação
organomineral, 12,5 m
3
ha
-1
de dejeto (OM); Dejeto suíno 50 m
3
ha
-1
(D50). A barra vertical na Mata indica intervalo de confiança com 5%
de probabilidade b) Média dos tratamentos 0, 25, 50, 100, 200 m
3
ha
-1
.
Letras maiúsculas comparam média das doses de dejetos.................... 28
Figura 3. a) pH CaCl
2
em Latossolo Vermelho distroférrico, com diferentes
adubações e na condição natural de mata. Letras maiúsculas
comparam adubações e letras minúsculas comparam média das
profundidades. Testemunha (0); Adubação mineral (AM); Adubação
organomineral, 12,5 m
3
ha
-1
de dejeto (OM); Dejeto suíno 50 m
3
ha
-1
(D50). A barra vertical na Mata indica intervalo de confiança com 5%
de probabilidade b) Média dos tratamentos 0, 25, 50, 100, 200 m
3
ha
-1
.
Letras maiúsculas comparam média das doses de dejetos.................... 29
Figura 4. Alumínio em Latossolo Vermelho distrorrico, com diferentes
adubações e na condição natural de mata. Letras maiúsculas
comparam adubações. Testemunha (0); Adubação mineral (AM);
Adubação organomineral, 12,5 m
3
ha
-1
de dejeto (OM); Dejeto suíno
50 m
3
ha
-1
(D50). A barra vertical na Mata indica intervalo de confiança
com 5% de probabilidade........................................................................ 30
Figura 5. a) Fósforo extraível na camada de 0–5, 5–10, 10–20 cm, em um
Latossolo Vermelho distroférrico, com diferentes adubações e na
condição de natural de mata. Letras maiúsculas comparam adubações
e letras minúsculas comparam profundidades. Testemunha (0);
Adubação mineral (AM); Adubação organomineral, 12,5 m
3
ha
-1
de
dejeto (OM); Dejeto suíno 50 m
3
ha
-1
(D50). A barra vertical na Mata
indica intervalo de confiaa com 5% de probabilidade. b) Efeito das
doses crescentes de dejeto suíno 0, 25, 50,100, 200 m
3
ha
-1
................. 32
Figura 6. a) Potássio disponível na camada de 0–5, 5–10, 10–20 cm, em um
Latossolo Vermelho distroférrico, com diferentes adubações e na
condição de natural de mata. Letras maiúsculas comparam
tratamentos e letras minúsculas comparam camadas. Testemunha (0);
Adubação mineral (AM); Adubação organomineral, 12,5 m
3
ha
-1
de
dejeto (OM); Dejeto suíno 50 m
3
ha
-1
(D50). A barra vertical na Mata
indica intervalo de confiança com 5% de probabilidade. b) Efeito das
doses crescentes de dejeto suíno 0, 25, 50,100, 200 m
3
ha
-1
................. 34
Figura 7. a) Carbono orgânico em Latossolo Vermelho distroférrico. Letras
maiúsculas comparam média das adubações, nas camadas de 0–5,
5–10, 10–20 cm para os tratamentos, Testemunha (0); Adubação
mineral (AM); Adubação organomineral, 12,5 m
3
ha
-1
de dejeto (OM);
Dejeto suíno 50 m
3
ha
-1
(D50). b) Média das doses de dejeto 0, 25, 50,
100, 200 m
3
ha
-1
. Letras maiúsculas comparam média das
doses....................................................................................................... 35
Figura 8. DMG (Diâmetro médio geométrico) em Latossolo Vermelho
distroférrico, com diferentes adubações e na condição natural de
mata. Letras maiúsculas comparam adubações e letras minúsculas
comparam média das profundidades. Testemunha (0); Adubação
mineral (AM); Adubação organomineral, 12,5 m
3
ha
-1
de dejeto (OM);
Dejeto suíno 50 m
3
ha
-1
(D50). A barra vertical na Mata indica intervalo
de confiança com 5% de probabilidade................................................... 38
Figura 9. Microporosidade média das profundidades em Latossolo Vermelho
distroférrico, nos tratamentos 0, 25, 50, 100, 200 m
3
ha
-1
. Letras
maiúsculas comparam média das profundidades................................... 38
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO………………………………………………………………...…… 12
2. REFERENCIAL TEÓRICO……………………………………………………….. 14
2.1 IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE SUINÍCOLA................................................. 14
2.2 CARACTERÍSTICAS DOS DEJETOS SUÍNOS E SUA PRODUÇÃO........... 15
2.3 IMPACTOS DO USO DE DEJETOS DE SUÍNOS NO AMBIENTE................ 17
2.4 POTENCIAL FERTILIZANTE DOS DEJETOS SUÍNO E ATRIBUTOS DO
SOLO............................................................................................................... 20
3. MATERIAL E MÉTODOS................................................................................ 23
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO...................................................................... 26
4.1 PRODUTIVIDADE DE GRÃOS DE MILHO.................................................... 26
4.2 ATRIBUTOS QUÍMICOS DE SOLO................................................................ 27
4.3 ATRIBUTOS FÍSICOS DO SOLO................................................................... 36
5. CONCLUSÃO.................................................................................................. 41
REFERÊNCIAS .................................................................................................... 42
1. INTRODUÇÃO
O avanço tecnológico na produção de suínos despertou interesse crescente
em confinar animais em todas as fases do ciclo produtivo, culminando com elevados
índices de produtividade por unidade de área e de tempo. Essa concentração de
grande número de animais em pequenas áreas trouxe como conseqüência, a
produção de aprecveis volumes de dejetos no mesmo lugar. Assim, problemas de
ordem técnica, sanitária, econômica, decorrentes do confinamento, têm constituído
um desafio para criadores, técnicos e pesquisadores.
Por outro lado, deve-se considerar o potencial fertilizante e a viabilidade
econômica do uso desses resíduos em substituição à adubação mineral, no todo ou
em parte, para diversas culturas e regiões do Brasil. Ao contrário dos fertilizantes de
origem industrial, que podem ser formulados para as condições específicas de cada
solo e cultura, estes resíduos apresentam vários nutrientes em quantidades muitas
vezes desproporcionais em relação à necessidade das plantas. Sendo assim as
adubações com dejetos suínos em excesso ou continuadas podem ocasionar
impacto ambiental indesejável, como alterações em atributos químicos, físicos e
biológicos no solo, poluição das águas, perdas de produtividade e de qualidade de
produtos agropecuários e redução da diversidade de plantas e organismos do solo.
O uso de dejeto pode ter efeito positivo na semeadura direta, pois pode
resultar na diminuição nas perdas de água e nutrientes por escoamento superficial, à
medida que proporciona incrementos na produção de matéria seca das culturas,
aumentando a proteção física que a palha exerce sobre o solo. Contudo, o uso de
dejetos deve ser feito com cautela, pois o mesmo contém elementos fertilizantes
com potencial poluente.
As informações recentes, para as condições locais, sobre as quantidades e
componentes físico-químicos dos dejetos produzidos pelos sistemas criatórios de
suínos, ainda não permitiram o adequado dimensionamento das estruturas de
13
manejo e armazenamento. Em conseqüência disso, observa-se o bito de escoar
os dejetos diretamente em córregos, riachos, lagoas e rios, causando sérios
problemas de degradação do meio ambiente, além da perda de importante fonte de
nutrientes. Entretanto, as crescentes altas dos custos dos fertilizantes de origem
industrial, vêm induzindo os produtores, técnicos e pesquisadores a um esforço no
sentido de usar todos os recursos disponíveis para minimizar os custos de produção
dos alimentos destinados à criação. Por sua vez, com investimentos em novos
componentes tecnológicos, e o aproveitamento integral e racional, de todos os
recursos disponíveis dentro da propriedade rural, aumenta a estabilidade do sistema
de produção. Portanto, vem maximizar a eficiência do sistema de produção,
reduzindo custos e melhorando a produtividade.
Diante deste contexto elaborou-se a seguinte hipótese: a fertilização
crescente com dejetos líquido de suínos em solos agrícolas manejados sob
semeadura direta, promove melhoria em atributos físicos e químicos do solo, e
interfere na produtividade da cultura do milho.
O objetivo do trabalho foi estimar o efeito da aplicação de doses crescentes
de dejetos suínos, em atributos químicos e físicos do solo em sistema de semeadura
direta, servindo como referencial para o aproveitamento agrícola deste resíduo, sem
comprometer a qualidade e a capacidade produtiva do solo.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE SUINÍCOLA
A suinocultura brasileira a cada ano que passa bate recordes de
produtividade e exportação. Com aumento na demanda de carnes no mundo o Brasil
torna-se um dos países mais promissores para o crescimento, isto porque possui
grande extensão de terra, vastos recursos naturais, genética animal apurada e mão-
de-obra disponível (BERWANGER, 2006). Portanto, o Brasil detém o quarto plantel
mundial de suínos (IBGE, 2006) e no cenário nacional, o estado de Santa Catarina,
com aproximadamente 5,5 milhões, é o maior produtor regional de suínos da
América Latina. E é na região oeste catarinense que se concentra o maior mero
de criadores e de frigoríficos. O número de produtores de suínos no Estado, em
2003, segundo o Levantamento Agropecuário Catarinense (LAC), foi de 54.711. Ao
se comparar com o Censo Agropecuário de 1995-96, (130.819 criadores) observa-se
que esse número apresentou significativo decréscimo (SANTA CATARINA, 2003).
Apesar disso, o efetivo do rebanho suíno em 2003 cresceu 25% em relação aos
dados apresentados em 1995-96. Isto se deveu a concentração da produção, com
aumento da quantidade de animais criados em cada granja. Essa concentração
além de excluir economicamente significativa parcela de produtores, potencializa o
problema de poluição ambiental por dejetos, uma vez que os produtores também
estão espacialmente concentrados em determinados pontos, o que dificulta a
absorção dos dejetos.
A suinocultura no Brasil é uma atividade predominante de pequenas
propriedades rurais destacando-se pela relevância social, econômica e,
especialmente, como instrumento de fixação do homem no campo, tendo na
suinocultura e na produção de grãos, suas principais fontes de renda. Essa atividade
se encontra presente em 47% das 5,5 milhões de propriedades existentes no estado
de Santa Catarina, empregando mão-de-obra tipicamente familiar, gerando emprego
15
e renda para cerca de 2 milhões de propriedades rurais, sendo que o setor fatura
mais de R$ 12 bilhões por ano (SANTA CATARINA, 2003).
Resultados de pesquisa de Scherer et al. (1996) indicam que o dejeto suíno,
quando utilizado de forma equilibrada, constitui um fertilizante capaz de substituir
com vantagem parcialmente ou totalmente a adubação mineral das culturas.
Considerando-se a excreção média de 32,7 g diárias de nitrogênio por animal adulto,
para uma granja de 170 animais, esta teria uma disponibilidade anual de
aproximadamente 2.040 kg de nitrogênio proveniente dos dejetos. Para reciclar este
nutriente seria necessária uma área mínima de 15 ha de terras aptas. Com isso, e
desconsiderando-se o risco de excesso de micronutrientes, a área mínima por
propriedade suinícola não poderia ser menor do que 47 ha, pois, apenas a terça
parte das terras da região produtora é classificada como apta para a agricultura.
Entretanto, 94% das propriedades rurais do oeste de Santa Catarina possuem área
inferior a 50 ha e 70% delas possuem menos do que 20 ha (IBGE, 2006).
Assim, a suinocultura associada a esta estrutura fundiária demanda
alternativas de disposição dos dejetos que minimizam seus efeitos poluentes
(SEGANFREDO, 2000). Por outro lado, a preocupação com a poluição do ambiente
é uma das maiores ameaças à sobrevivência e expansão da suinocultura nos
grandes centros produtores, a exemplo da região Sul, que detém 47 % (16,5 milhões
de suínos) do rebanho nacional e responde por mais de 80 % (1,2 milhões de
toneladas de carne) da produção nacional (PERDOMO et al., 2003).
2.2. CARACTERÍSTICAS DOS DEJETOS SUÍNOS E SUA PRODUÇÃO.
O esterco líquido de suínos, tamm chamado de dejeto líquido, liquame ou
chorume, oriundo dos sistemas de confinamento é composto por fezes, urina
resíduos de ração, do desperdício da água dos bebedouros e higienização, dentre
outros componentes decorrentes do processo criatório (KONZEN et al., 1997). O
termo mais adequado para designar as dejeções dos animais seria o termo estrume,
que compreende dejeções misturadas a restos de alimentos e palhas (CASSOL,
1999). Entretanto, sem entrar no mérito da literatura brasileira o termo “dejetos” tem
sido mais utilizado pelos pesquisadores.
16
A composição físico-química dos dejetos animais está associada ao sistema
de manejo adotado. Os dejetos podem apresentar grandes variações na
concentração de seus componentes, dependendo da diluição e da modalidade como
são manuseados e armazenados. Para Scherer et al. (1995) e Medri (1997), as
diferenças encontradas na composição sico-química do esterco provêm das
variações dos seguintes itens: idade dos animais, manejo, alimentação e tipo de
estocagem. A perda de água nos bebedouros aumenta o volume e a diluição do
efluente, agravando o problema e elevando os custos de armazenamento,
tratamentos, transporte e distribuição dos dejetos (PERDOMO, 1997).
A quantidade total de esterco produzido por um suíno em determinada fase
do seu desenvolvimento é fundamental no planejamento das instalações
(SCHMIDTT, 1995). Para um suíno que consome em média 2,4 kg de ração e 5
litros de água por dia, foi constatado que apenas 30% dos alimentos (ração e água)
ingeridos são convertidos pelo organismo em forma de crescimento e ganho de
peso, sendo os 70% restantes eliminados pelas fezes e urina (KONZEN et al.,1997).
No caso do fósforo, Barnett (1994) encontrou que 77% do fósforo ingerido foi
excretado no dejeto. Nesse sentido pode-se inferir que a quantidade total de dejetos
produzida por um animal depende essencialmente da sua alimentação, da água
desperdiçada nos bebedouros, volume de água utilizado na higienização das
instalações e dos animais, desempenho dos animais, ganho de peso e da eficiência
de transformação dos nutrientes (OLIVEIRA, 1994).
Em termos gerais, cada litro de água ingerida por suínos resulta em 0,6 litros
de dejeto e quantidade de dejeto líquido produzida por suíno variam de 7 a 9 litros
dia
-1
para animais nas fases de crescimento e terminação. A produção de esterco de
suínos na fase de crescimento/terminação (25 a 100kg) é de 2,3 kg dia
-1
correspondendo a 7 litros dia
-1
de dejeto líquido. O mais agravante ocorre em
matrizes em lactação que produzem 6,4 kg dia
-1
de esterco, mas o total de dejetos
líquidos produzidos é de 27 litros matriz
-1
dia
-1
(Tabela 1) (OLIVEIRA, 1993).
Em um estudo realizado por Scherer et al. (1995) com 118 amostras de
dejetos coletados em oito dos principais municípios produtores de suínos de Santa
Catarina, constataram que o maior problema foi o desperdício de água na criação e
outros problemas de construção civil, onde a água do telhado entrava diretamente
nas canaletas de coleta dos dejetos, e com isso diluindo ainda mais os dejetos,
sendo 76% das esterqueiras amostradas não continham telhado, resultando que
17
50% das amostras analisadas continham menos de 2% de matéria seca, sendo que
a média final de matéria seca foi de 3%. Além disso, os teores e formas de
nutrientes variaram conforme a forma de estocagem e, no caso de esterqueiras,
aproximadamente dois terços do fósforo estava em forma o solúveis em água,
fazendo parte das estruturas orgânicas.
Tabela 1. Produção média diária de dejetos nas diferentes fases produtivas dos suínos.
Categoria Esterco Esterco + Urina Dejeto líquido
kg dia
-1
kg dia
-1
Litros dia
-1
Suínos 25 a 100 kg 2,30 4,90 7,00
Porcas em gestação 3,60 11,00 16,00
Porcas lactação + Leitões 6,40 18,00 27,00
Cachaço 3,00 6,00 9,00
Leitões 0,35 0,95 1,40
Média 2,35 5,8 8,60
Fonte: Oliveira (1993).
Devido a isso e outros fatores, existe grande variação nos teores de
nutrientes encontrados nos dejetos e esta variação pode ser até mesmo dentro da
própria granja. Portanto, é difícil a caracterização dos dejetos de suínos uma vez
que as diferentes formas sólida, líquida ou pastosa, podem variar
consideravelmente, conforme o grau de diluição (PERDOMO et al., 2001).
2.3. IMPACTOS DO USO DE DEJETOS DE SUÍNOS NO AMBIENTE.
Os sistemas de produção de suínos caracterizam-se pelo confinamento, que
ocasiona acúmulo de grande volume de dejetos e que muitas vezes são distribuídos
em pequenas áreas, causando problemas ambientais, com reflexos negativos para a
economia.
A atividade é considerada pelos órgãos ambientais uma "atividade
potencialmente causadora de degradação ambiental", sendo enquadrada como de
grande potencial poluidor. Pela Legislação Ambiental (Lei 9.605/98 - Lei de Crimes
18
Ambientais), o produtor pode ser responsabilizado criminalmente por eventuais
danos causados ao meio ambiente e à saúde dos homens e animais.
Os dejetos suínos, até a cada de 1970, o constituíam fator preocupante,
pois a concentração de animais era pequena e o solo das propriedades tinha
capacidade para absorvê-los ou eram utilizados como adubo orgânico. Porém o
desenvolvimento da suinocultura com a produção de grandes quantidades de
dejetos, sem tratamento adequado, se transformou na maior fonte poluidora dos
mananciais de água.
Um dos destinos desses resíduos consiste na adição ao solo como fertilizante
o que traz benefícios às culturas pela adição de nutrientes e incorporação de matéria
orgânica (ERNANI, 1984; KONZEN et al., 1997). Tem-se preocupação do ponto de
vista físico, químico e biológico, com doses elevadas e aplicações periódicas, o que
implicaria em altas cargas de N, P, Cu e Zn, além da contaminação de mananciais
por organismos de risco para humanos e animais, através da lixiviação e
escoamento superficial. Esses elementos poderiam ser acumulados em níveis acima
da capacidade de suporte do solo, causando problemas ambientais
(SEGANFREDO, 2000).
Outro problema relacionado aos dejetos de suínos é a poluição das águas
pela matéria orgânica em suspensão que eleva a demanda bioquímica de oxigênio
(DBO) e pelas altas concentrações de nitrogênio e fósforo (OLIVEIRA, 1993). O
excesso de nitrato pode contaminar o lençol freático (KAO, 1993; ERNANI et al.,
2001).
A contaminação da água pode ocorrer através do escoamento superficial
após aplicação do dejeto no campo, pela lixiviação de nutrientes em função do uso
sistemático de dejeto, ou problemas no próprio tanque de armazenamento. A
lixiviação de nitrato (N-NO
3
-
)
é um dos principais problemas de contaminação das
águas de subsuperfície em regiões com intensa criação de animais. Além disso,
sucessivas aplicações de dejetos na mesma área podem aumentar os teores de
fósforo (P) no solo e, com o tempo, diminuir a capacidade de sua adsorção podendo
incrementar as perdas no fluxo lateral e vertical de água, perdas por erosão podem
causar eutroficação das águas de rios e lagos (KAO, 1993). Por isso, o
monitoramento das perdas de N-NO
3
-
e P por percolação é importante para a
utilização racional desse resíduo visando minimizar a contaminação das águas.
(MOREIRA et al., 2004).
19
A capacidade poluente dos dejetos suínos, em termos comparativos, é muito
superior a de outras espécies. Utilizando-se o conceito de equivalente populacional
um suíno, em média, equivale a 3,5 pessoas. (DIESEL et al., 2002). Em outras
palavras, uma granja com 600 animais possui um poder poluente, segundo esse
critério, semelhante ao de um cleo populacional de aproximadamente 2.100
pessoas.
A produção de suínos acarreta, tamm, poluição associada ao odor
desagradável dos dejetos. Isto ocorre devido a evaporação dos compostos voláteis,
que causam efeitos prejudiciais ao bem estar humano e animal. Os contaminantes
do ar mais comuns nos dejetos o: amônia, metano, ácidos graxos voláteis, H
2
S,
N
2
O, etanol, propanol, dimetil sulfidro e carbono sulfidro. A emissão de gases pode
causar graves prejuízos nas vias respiratórias do homem e animais, bem com, a
formação de chuva ácida através de descargas de amônia na atmosfera, além de
contribuírem para o aquecimento global da terra (PERDOMO, 1999; LUCAS et al.,
1999).
Em trabalho realizado por Menezes et al. (2002), no estado de Goiás, onde
monitorava os teores de metais pesados, como o cobre e o zinco no solo auma
profundidade de 1,20 m, para a cultura do milho, adubado com dejeto líquido de
suínos, nas doses de 50 e 200 m
3
ha
-1
e adubação mineral. Os resultados
mostraram que o cobre na dose 50 m
3
ha
-1
de dejeto ficou em 364 mg dm
-3
e para
dose de dejeto 200 m
3
ha
-1
ficou em 358 mg dm
-3
, já os valores de zinco para dose
de 50 m
3
ha
-1
ficou em 325 mg dm
-3
e para dose de 200 m
3
ha
-1
ficou em 242 mg
dm
-3
, em quanto que as doses de cobre e zinco para a adubação mineral ficaram em
356 mg dm
-3
e 354 mg dm
-3
respectivamente. Concluiu-se que a dose de 50 m
3
ha
-1
de dejeto líquido de suíno, não continha os teores de cobre e zinco acima dos teores
máximos permitidos para a utilização na agricultura, e que os teores de cobre e
zinco no solo estavam inferiores aos teores considerados críticos.
Contudo o se sabe qual é a quantidade de dejetos que se pode adicionar a
um determinado tipo de solo, e por quanto tempo, sem que se tenha perda da
qualidade do solo. Parte dessa vida em relação ao descarte desses dejetos no
solo é decorrente da variação na sua composição química que está associada ao
sistema de manejo adotado.
20
2.4. POTENCIAL FERTILIZANTE DOS DEJETOS SUÍNOS E ATRIBUTOS DO
SOLO
O uso dos dejetos suínos como adubo traz benefícios e tamm pode trazer
problemas que serão mais ou menos graves, dependendo dos tipos de dejetos, das
quantidades e do número de aplicações, além do tipo de solo e de planta. O
aumento de produtividade com o uso de adubos orgânicos está relacionado com
melhorias nas condições químicas, físicas e biológicas do solo. A aplicação de
dejetos no solo é justificável em virtude dos efeitos proporcionados na matéria
orgânica (KIEHL, 1985). Para esse autor e esses efeitos podem ser divididos em
efeitos físicos, químicos e biológicos.
As mudanças nos atributos físicos do solo provocados pela aplicação de
dejetos suínos m sido estudadas em alguns solos (OLIVEIRA, 1993). As principais
propriedades alteradas normalmente o a estrutura do solo, a densidade, a
porosidade, a condutividade hidráulica, a resistência do solo a erosão superficial e a
estabilidade de agregados, aumento da capacidade de retenção de água e pela
manutenção de temperaturas mais amenas. Mais recentemente tem se avaliado as
implicações do uso de dejetos suínos sobre aspectos edáficos como compactação e
resistência mecânica do solo (ROSA et al., 2004), estabilidade de agregados, perdas
de solo e infiltração de água no solo (CASTRO FILHO et al., 2003). a
permeabilidade do solo é importante para a aeração, para a infiltração e o
armazenamento de água no solo. Ela depende, dentre outros fatores, da quantidade,
da continuidade e do tamanho dos poros. Segundo Beutler et al., (2001), a
compactação e a descontinuidade de poros são responsáveis pela redução
significativa da permeabilidade do solo à água. Esses aspectos sicos e hídricos
variam conforme o solo e aturariam conjuntamente com atributos biológicos e
químicos na determinação dos impactos dos dejetos no ambiente.
Os efeitos químicos estão associados principalmente ao valor fertilizante dos
nutrientes presentes, notadamente N, P e K (ERNANI, 1981; CASSOL, 1999). No
entanto, outros benefícios podem ocorrer com aplicação de dejeto suíno, como a
elevação no pH, e diminuição do Al (GIANELLO & ERNANI, 1983) e aumento no
teor de matéria orgânica, influenciando a densidade e a porosidade, e capacidade
de troca de cátions do solo (CASSOL, 1999), aumento do poder tampão, formação
de compostos orgânicos como quelatos e evidentemente, como fonte de nutrientes.
21
A adição de dejetos suínos em sistemas agrícolas pode influenciar a biologia
do solo, principalmente pelo fornecimento de alimento para os organismos
(FRASER, 1994). O maior efeito estaria na intensificação da atividade microbiana e
enzimática do solo. Baretta et al. (2003) afirmam que as alterações biológicas no
solo ainda são pouco conhecidas. A intensidade dos efeitos depende principalmente,
da quantidade aplicada e da concentração e forma das partículas sólidas do esterco
(SCHMITT, 1995).
Os dejetos podem ser aplicados em cobertura total ou em sulcos, na linha de
plantio, para os diferentes sistemas de plantio, não se deve considerar os dejetos
apenas como fontes de nitrogênio, mas também como fonte de fósforo, potássio e
outros nutrientes. A utilização dos dejetos deve ser feita com cautela, pois devido ao
desbalanço entre a proporção de nutrientes presentes nos dejetos, com a
quantidade de nutrientes absorvidos pelas plantas, pode ocorrer acúmulo de
nutrientes no solo (CERETTA et al., 2003).
Para que os dejetos possam ser aplicados em quantidades maiores, é preciso
diminuir o seu potencial poluidor. Uma alternativa para isso pode ser o uso de
rações que diminuam a quantidade de nutrientes perdidos nos dejetos, ou a seleção
de suínos com maior capacidade de aproveitar os nutrientes das rações.
Tratamentos para remoção dos nutrientes dos dejetos, tamm diminuem o seu
poder de poluição, porém em geral são indicados quando as outras maneiras não
são capazes de resolver o problema (SEGANFREDO, 2000). Os tratamentos
convencionais de digestão anaeróbia e destinação de áreas amplas e apresentam
ainda custos elevados, além de produzir grande quantidade de efluente, sedimentos
de dejetos e problemas de odor (KAO, 1993).
Um outro sistema que pode diminuir o poder poluente dos dejetos são as
lagoas de estabilização para tratar a parte líquida do dejeto suíno. Neste sistema, a
fase sólida é separada da líquida através de um decantador e esta passa às lagoas
de estabilização, integradas por lagoas anaeróbias e lagoas facultativas (DARTORA
et al., 1998). Este sistema exige uma área ampla e apropriada para formação das
lagoas. Para tratar a fração sólida do dejeto, pode-se utilizar a compostagem que
reduz o volume e aumenta seu valor como fertilizante, elimina odores e gera um
produto final de fácil manipulação e uso.
Alguns trabalhos realizados no oeste Catarinense mostraram que adubação
com 3,5 t/ha de esterco de suínos em base seca supriu a cultura do milho em
22
macronutrientes, proporcionando rendimentos equivalentes aos obtidos com
adubação mineral (SCHERER et al. 1984). Segundo estes autores, não havendo
limitação de disponibilidade de esterco na propriedade, seu emprego justifica-se
economicamente para doses até 4,2 t/ha em base seca. Esta dose pode ser
suficiente para manter uma produtividade relativa de milho entre 90 e 95% do teto
máximo.
As pesquisas procuram encontrar alternativas para utilização destes dejetos
em pastagens degradadas na região dos Cerrados, visando a sua recuperação e
procurando minimizar os impactos causados pelos mesmos no meio ambiente.
Independente da maneira como são considerados os dejetos, apresentam alto poder
poluente, especialmente para os recursos dricos, em termos de demanda
bioquímica de oxigênio (KONZEN, 2001).
3. MATERIAL E MÉTODOS
O experimento está localizado em uma área de lavoura, com coordenadas
51º21’48’’W e 27º23’33’’S altitude média de 908 metros, no município de Campos
Novos, SC, em clima mesotérmico úmido com verões amenos, Cfb, segundo
Köppen. O solo é um Latossolo Vermelho distroférrico formado a partir de basalto
(EMBRAPA, 2004).
Os tratamentos foram: 1) Testemunha, sem adição de dejetos suínos e sem
adubação mineral (0); 2) Adubação mineral conforme a recomendação para o local e
cultivos, segundo a Comissão de Fertilidade do Solo NRS/SBCS (AM); 3) 12,5 m
3
ha
-1
de dejeto suíno e complementado a dose com adubação mineral (OM); 4) 25 m
3
ha
-1
de dejeto suíno; 5) 50 m
3
ha
-1
de dejeto suíno; 6) 100 m
3
ha
-1
de dejeto suíno; 7)
200 m
3
ha
-1
de dejeto suíno; 8) Mata nativa (Mata). Para cada tratamento foram
utilizadas quatro repetições, em parcelas de 12 m x 6,3 m. As bordaduras das
parcelas foram de um metro nas cabeceiras e uma fileira de plantas nas laterais.
O delineamento experimental adotado foi o de blocos completamente
casualizados, com quatro repetições, com arranjo em parcelas sub-divididas, sendo
tratamento como parcela e profundidade como sub-parcela.
O sistema de cultivo adotado foi a sucessão de milho (Zea mays) e aveia
preta (Avena strigosa), sob o sistema de semeadura direta, o mesmo foi implantado
em novembro de 2001.
O dejeto de suíno proveio de pocilgas que continham animais em fase de
terminação, de uma granja que adota o sistema de confinamento, com limpeza
intermitente das instalações. O dejeto permaneceu armazenado por
aproximadamente 40 dias antes da aplicação, e foi distribuído a lanço, no dia da
semeadura que foi realizada em 8 de outubro de 2005 com espaçamento de 0,90 cm
entre linha. A aplicação do dejeto é realizada uma vez ao ano, no dia da semeadura
24
do milho, com mangueira conectada a um distribuidor de lançamento de esterco
líquido. Os demais tratamentos tamm foram aplicados a lanço.
A coleta de amostra do dejeto para determinação química foi feita no dia da
aplicação nas parcelas. Para a determinação da matéria seca e demais análises, a
secagem do dejeto foi feita após a desidratação inicial por evaporação em casa de
vegetação e posterior secagem em estufa a 6C. A determinação do pH foi feita
inserindo-se o eletrodo diretamente no dejeto. Os teores de fósforo, potássio, cálcio,
magnésio, alumínio trocável, e carbono orgânico foram determinados segundo
Tedesco et al. (1995), sendo os resultados apresentados na Tabela 2.
Tabela 2. Teores de matéria seca e nutrientes (base seca) e valor do pH observados do dejeto suíno
gerado de pocilgas de terminação e mantido em estrumeira aberta pelo período de
aproximadamente quarenta dias. Safra 2005/2006.
Atributo pH Mat. Seca N P K Ca Mg Zn Cu
Unidade
% __________ g kg
-1
___________ ___ mg kg
-1
___
Valor 7,8 5,6 32 27 20 18 0,9 32 8,8
O tratamento AM caracterizou-se pelas doses de 140 kg ha
-1
de nitrogênio,
sendo 40 kg ha
-1
aplicados na base e 100 kg ha
-1
em cobertura; 70 kg ha
-1
de P
2
O
5
e
100 kg ha
-1
de K
2
O. No tratamento OM, a complementação da dose de potássio com
adubo mineral foi feita utilizando-se cloreto de potássio na dose de 70 kg ha
-1
de
K
2
O. O nitrogênio foi complementado aplicando-se uréia em cobertura na dose de 45
kg ha
-1
de N.
As amostras de solo foram coletadas em 30 de janeiro de 2006, nas
profundidades de 0–5, 5–10 e 10–20 cm. Sendo retirado o solo em volta da amostra
do anel volumétrico. Para os atributos físicos do solo avaliados foram; densidade do
solo, macroporosidade, microporosidade e porosidade total, e estabilidade de
agregados.
A densidade do solo foi analisada pelo método do anel volumétrico e a
densidade de partículas foi avaliada pelo método do balão volumétrico (EMBRAPA,
1997). A microporosidade foi determinada em mesa de tensão de areia, com sucção
de 6 kPa e a porosidade total foi calculada pela relação entre as densidades do solo
e de partículas. A macroporosidade foi calculada por diferença entre porosidade total
e microporosidade (EMBRAPA, 1997). A estabilidade de agregados foi determinada
25
pelo método de peneiramento úmido em amostras destorroadas e tamisadas entre
4,76 e 8,35 mm, conforme método descrito por Kemper & Chepil (1965).
Os resultados foram submetidos ao teste de F para análise de variância, com
comparações das médias dos tratamentos qualitativos (tipos de adubações) pelo
teste t (LSD P<0,05), e análise de regressão para os tratamentos quantitativos
(doses de dejeto). Para os resultados obtidos na mata foram calculados os intervalos
de confiança pelo teste t.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. PRODUTIVIDADE DE GRÃOS DE MILHO
A produtividade de grãos de milho mostrou variações entre as safras e entre
os tratamentos. Na safra 2005/2006, quando da coleta de amostras de solo, a
cultura teve desempenho comprometido pela seca, ficando aquém do observado nas
demais safras. (Tabela 3).
Tabela 3. Produtividade de grãos de milho (Zea mays), cultivado sob plantio direto em Latossolo
Vermelho distroférrico após cinco aplicações anuais dos tratamentos: testemunha (0),
Adubação mineral (AM); Metade da dose com adubação mineral e metade com dejeto
suíno (OM); 25 m
3
ha
-1
de dejeto suíno; 50 m
3
ha
-1
de dejeto suíno; 100 m
3
ha
-1
de dejeto
suíno; 200 m
3
ha
-1
de dejeto suíno, safras 2003/04, 2004/05, 2005/06.
Tratamentos Produtividade de Grãos em kg ha
-1
2003/04 2004/05 2005/06
0
3037 3011
322
AM
4827 7240
396
OM
5456 8090
348
25 m
3
ha
-1
4110 6950
399
50 m
3
ha
-1
4954 8250
425
100 m
3
ha
-1
5706 7340
656
200 m
3
ha
-1
5752 6240
818
A produtividade de grãos do milho observada em anos com boa distribuição
de chuvas reflete o potencial produtivo desta cultura, chegou a 8.000 kg ha
-1
.
Certamente, a produtividade na safra 2005/2006 foi severamente limitada pela
insuficiência de água, decorrente da longa estiagem observada durante o ciclo de
cultivo. Em trabalho realizado por Ernani (1984), onde comparava a produtividade de
grãos de milho em tratamentos com resíduos orgânicos (dejeto suíno e cama de
27
aves) e adubação mineral, os resultados mostraram que em doses altas os resíduos
orgânicos proporcionaram maior produtividade de grãos de milho que os fertilizantes
minerais, acreditando-se que essa maior eficiência deveu-se principalmente ao
nitrogênio fornecido pelos resíduos, pois, naquele trabalho, não houve resposta a
adição de fósforo, potássio e calcário, e a quantidade de uréia aplicada mostrou-se
insuficiente para a cultura.
4.2. ATRIBUTOS QUÍMICOS DO SOLO
Entre os atributos químicos do solo houve efeito dos tratamentos para o pH
do solo e disponibilidade de nutrientes, com variações entre as adubações e doses
de dejeto suíno (Tabelas 4 e 5).
Tabela 4. Resumo da análise da variância e do teste de normalidade dos atributos químico do solo
após utilização de crescentes doses de dejetos de suínos, em um Latossolo Vermelho
distroférrico.
Variáveis
pH água
pH SMP
pH CaCl
2
P K Al Ca Mg C
Adubo < 0,01 < 0,01 < 0,01 <0,01 < 0,01 <0,01 0,08 0,22 0,78
Prof < 0,01 < 0,01 < 0,01 <0,01 < 0,01 0,02 0,20 0,31 < 0,01
Blocos 0,04 0,07 < 0,01 0,58 0,78 0,12 <0,01 < 0.01 0,02
Adubo *Prof
0,98 0,93 0,99 0,12 0,03 0,28 0,62 0,62 0,05
CV(%) 7 4 8 47 25 60 15 21 13
W:normal 0,97 0,97 0,96 0,79 0,94 0,87 0,90 0,92 0,96
Tabela 5. Resumo da análise da variância e do teste de normalidade dos atributos químico do solo
após utilização de crescentes doses de dejetos de suínos, em um Latossolo Vermelho
distroférrico.
Variáveis
pH água
pH SMP
pH CaCl
2
P K Al Ca Mg C
Dose 0,11 0,20 0,29 <0,01 < 0,01 0,28 0,36 0,80 0,35
Prof < 0,01 < 0,01 < 0,01 <0,01 < 0,01 0,21 0,06 0,49 < 0,01
Dose*Prof 0,99 0,98 0,99 <0,01 0,03 0,97 0,90 0,88 0,11
Blocos 0,18 0,03 0,05 0,77 0,58 0,73 <0,01 <0,01 0,01
CV(%) 9 5 8 122 21 87 20 22 14
28
As adubações com dejeto suíno não influenciaram o pH em água, pH SMP e
o pH CaCl
2
do solo, porém, o tratamento AM, teve menor pH em água, pH SMP e o
pH CaCl
2
em relação aos demais tratamentos (Figura 1a, 2a, 3a), respectivamente.
Na média das doses de dejetos (0 a 200 m
3
ha
-1
), a camada de 0 – 5 cm apresentou
menor valor de pH, em relação às demais camadas do solo analisadas (Figura 1b,
2b, 3b).
a) b)
Figura 1. a) pH em água em Latossolo Vermelho distroférrico, com diferentes adubações e na
condição natural de mata. Letras maiúsculas comparam adubações e letras minúsculas
comparam média das profundidades. Testemunha (0); Adubação mineral (AM); Adubação
organomineral, 12,5 m
3
ha
-1
de dejeto (OM); Dejeto suíno 50 m
3
ha
-1
(D50). A barra vertical
na Mata indica intervalo de confiança com 5% de probabilidade b) Média dos tratamentos
0, 25, 50, 100, 200 m
3
ha
-1
. Letras maiúsculas comparam média das doses de dejeto.
a) b)
Figura 2. a) pH SMP em Latossolo Vermelho distroférrico, com diferentes adubações e na condição
natural de mata. Letras maiúsculas comparam adubações e letras minúsculas comparam
médias das profundidades. Testemunha (0); Adubação mineral (AM); Adubação
organomineral, 12,5 m
3
ha
-1
de dejeto (OM); Dejeto suíno 50 m
3
ha
-1
(D50). A barra vertical
na Mata indica intervalo de confiança com 5% de probabilidade b) Média dos tratamentos
0, 25, 50, 100, 200 m
3
ha
-1
. Letras maiúsculas comparam média das doses de dejetos.
29
a) b)
Figura 3. a) pH CaCl
2
em Latossolo Vermelho distroférrico, com diferentes adubações e na condição
natural de mata. Letras maiúsculas comparam adubações e letras minúsculas comparam
média das profundidades. Testemunha (0); Adubação mineral (AM); Adubação
organomineral, 12,5 m
3
ha
-1
de dejeto (OM); Dejeto suíno 50 m
3
ha
-1
(D50). A barra vertical
na Mata indica intervalo de confiança com 5% de probabilidade b) Média dos tratamentos
0, 25, 50, 100, 200 m
3
ha
-1
. Letras maiúsculas comparam média das doses de dejetos.
A diminuição do pH pode estar relacionada à utilização de uréia, ligado ao
processo de nitrificação do NH
4
e isso faz com que ocorra um abaixamento do valor
de pH. Oliveira (1994) mostrou que o emprego de dejeto suíno promoveu alterações
substanciais em algumas características químicas do solo, quando comparadas as
suas condições originais. Um outro fator que pode ter contribuído para que os
tratamentos estejam apresentando valores de pH próximos de 5,5 e até mesmo
inferior a pH 5,5 é o fato de que a última calagem foi feita no ano de 2000.
Os resíduos orgânicos em geral, possuem certo potencial para elevação do
pH do solo, entretanto, a magnitude do efeito é pequena, relativamente ao calcário,
e temporária (CASSOL et al. 2001b), sendo insuficiente para provocar efeito
significativo, principalmente em solos com alto poder tampão. Scherer et al. (1996) e
Ceretta et al. (2003), também afirmam que a possibilidade de alteração do pH no
solo com a aplicação de esterco líquido de suínos é mínima, principalmente
tratando-se de solos altamente tamponados, ainda que os teores de alumínio
possam ser diminuídos, especialmente pelo incremento de compostos orgânicos de
baixo peso molecular. Por outro lado, Mugwira (1979) observou elevação
significativa no pH do solo, com a utilização de esterco bovino por três anos
30
consecutivos. Estas diferenças de comportamento dos resíduos orgânicos podem
ser atribuídas ao tipo de solo, a seu poder tampão e também a fonte e dose do
material orgânico aplicado.
O teor de alumínio foi menor no tratamento com 50 m
3
ha
-1
, de dejeto em
relação à testemunha e à adubação organomineral (Figura 4). Esta diminuição no
teor de alumínio foi observada por Scherer et al. (1996), que avaliaram a qualidade
do esterco líquido de suínos da região oeste catarinense para fins de utilização
como fertilizante. O solo não corrigido correspondente à condição de mata teve
maiores teores de alumínio que as áreas agrícolas.
Os tratamentos não influenciaram a concentração de cálcio e de magnésio no
solo, na média das três camadas do solo (Tabela 6). Isso se explica pela alta
concentração desses nutrientes no solo e pela baixa concentração desses
elementos no dejeto. Os adubos orgânicos apresentam concentrações e taxas de
liberação de nutrientes no solo variáveis, afetando a disponibilidade para as plantas.
Em trabalho realizado por Scherer et al. (2007), em um Latossolo Vermelho
distroférrico, em Chapecó e Guatambu na região oeste de Santa Catarina, com
doses do esterco suíno (0, 40, 115 m
3
ha
-1
), não se encontrou efeito da adubação
com dejeto suíno sobre o teor destes nutrientes concordando com o resultado
encontrado.
A
A
B
AB
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
0 AM OM D50 Mata
Al cmolc dm
-3
Figura 4. Alumínio em Latossolo Vermelho distroférrico, com diferentes adubações e na condição
natural de mata. Letras maiúsculas comparam adubações. Testemunha (0); Adubação
mineral (AM); Adubação organomineral, 12,5 m
3
ha
-1
de dejeto (OM); Dejeto suíno 50 m
3
ha
-1
(D50). A barra vertical na Mata indica intervalo de confiança com 5% de probabilidade.
31
Tabela 6. Concentração de Ca e Mg trocável na camada de 0 20 cm de um Latossolo Vermelho
distroférrico cultivado sob plantio direto, quatro meses após a última aplicação de dejeto
nos tratamentos.
Tratamentos Ca Mg
_______ cmol
c
dm
-3
_______
0 6,69 3,09
AM 6,24 2,59
OM 7,03 3,03
Mata 6,90 2,98
25 m
3
ha
-1
5,97 2,82
50 m
3
ha
-1
6,07 2,94
100 m
3
ha
-1
6,86 3,11
200 m
3
ha
-1
6,56 3,08
O efeito das doses de esterco nos teores de fósforo na superfície do solo,
resultou em um gradiente a partir da supercie do solo, sendo a média das três
profundidades analisadas, diferentes significativamente, apresentando um acúmulo
na superfície do solo. Além disso, os tratamentos AM, OM e D50, houve diferença
significativa em relação à testemunha (0) (Figura 5a).
Os resultados referentes a fósforo, indicam que altas doses do dejeto
aumentaram substancialmente a disponibilidade de fósforo no solo, o que ocorreu de
forma mais evidente na camada superficial de 0–5 cm, onde se teve o maior
incremento de sforo. Isso se deve muito as quantidades aplicadas nos últimos
anos e também ao sistema de cultivo com aplicação do dejeto de suíno superficial.
(Figura 5b).
Em trabalho realizado por Girotto et al. (2006), em um Argissolo Vermelho
Distrófico arênico, com 14 aplicações de dejetos líquido suínos, com doses do dejeto
de 0, 20, 40, e 80 m
3
ha
-1
, e aplicados em superfície, a dose de 80 m
3
ha
-1
aumentou
a concentração de P nas camadas 0–2,5; 2,5–5; 5–10; 10–20; 20–40 e 40–60 cm de
profundidade. Contudo, principalmente na camada superficial, o incremento foi mais
pronunciado, onde se teve aumento de 31 vezes no teor de fósforo disponível
comparando-se à dose de 80 m
3
ha
-1
com o tratamento sem aplicação de dejeto.
Isso se deve muito as quantidades aplicadas de nutrientes, mas tamm ao sistema
de cultivo com aplicação de dejeto superficial.
32
a)
a
b
c
A
A
AB
B
0
5
10
15
20
25
30
0 AM OM D50 Mata média
P mg dm
-3
0 -5 5 - 10 10 - 20 Med Prof
b)
0
50
100
150
200
0 50 100 150 200
Dose de dejeto m
3
ha
-1
P mg dm
-3
0-5
5-10
10-20
P = 2,25 + 0,92 D R
2
= 0,52**
P = 10,93 + 0,17 D R
2
= 0,53**
P = 7,72 + 0,04 D R
2
= 0,49**
Figura 5. a) Fósforo extraível na camada de 0–5, 5–10, 10–20 cm, em um Latossolo Vermelho
distroférrico, com diferentes adubações e na condição de natural de mata. Letras
maiúsculas comparam adubações e letras minúsculas comparam profundidades.
Testemunha (0); Adubação mineral (AM); Adubação organomineral, 12,5 m
3
ha
-1
de dejeto
(OM); Dejeto suíno 50 m
3
ha
-1
(D50). A barra vertical na Mata indica intervalo de confiança
com 5% de probabilidade. b) Efeito das doses crescentes de dejeto suíno 0, 25, 50,100,
200 m
3
ha
-1
.
Os dejetos suínos possuem eficiência como fonte de fósforo diferente dos
adubos minerais, o que varia conforme a origem do dejeto suíno, e com as
proporções das diferentes frações químicas do sforo total contido (CASSOL et al.,
2001a). Na adubação orgânica a eficiência deve ser considerada para assegurar o
fornecimento da quantidade indicada para os cultivos, sendo os estados de Santa
33
Catarina e Rio Grande do Sul, com um índice de eficiência de 90% para o primeiro
cultivo imediatamente a sua aplicação, e de 10 % para o segundo cultivo
(SOCIEDADE, 2004).
Trabalho realizado por Scherer et al. (2007), em um Latossolo Vermelho
distroférrico, no oeste de Santa Catarina, com doses de 0, 40, 115 m
3
ha
-1
, de
esterco suíno, sem incorporação no sistema de plantio direto, resultou na formação
de gradientes a partir da superfície do solo. Em Guatambu a magnitude dos
gradientes foi influenciada pelas doses de esterco aplicadas nas duas camadas mais
superficiais 0–5 e 5–10 cm. Enquanto que, em Chapecó, as diferenças não foram
significativas, e isto possivelmente ocorreu pelo fato de o solo apresentar altos
teores do nutriente e porque a exportação pelo milho foi maior do que a quantidade
do nutriente adicionada pelo esterco. Scherer (1996) mostrou elevada eficiência na
absorção de fósforo pelas plantas nos tratamentos em que o dejeto suíno foi
aplicado de forma localizada, indicando que os produtos da decomposição dos
resíduos orgânicos tenham prevenido ou retardado a adsorção do fosfato ao solo.
Portanto, a mistura de resíduo orgânico com o adubo sovel pode reduzir o contato
direto do fósforo com as partículas do solo e retardar a adsorção dos íons fosfatados
pelos colóides do solo. indícios de que os compostos orgânicos, resultantes da
mineralização dos resíduos orgânicos do solo, podem formar superfícies protetoras
em torno dos óxidos de ferro e de alumínio, diminuindo a adsorção e a imobilização
dos fosfatos nesses minerais.
Em Trabalho realizado por Oliveira (1994), conclui que o uso sistemático de
fertilizantes fosfatados associado ao emprego de chorume proporcionou um
acréscimo no teor de fósforo extraível do solo.
Para o potássio no solo houve interação entre tratamentos e camadas. As
maiores diferenças entre as formas de adubação foram encontradas na camada de
0–5 cm e 5–10 cm, aumentando os teores de K nos tratamentos adubados em
relação à testemunha (Figura 6a). na camada 10–20 cm o houve diferença
significativa entre tratamentos. Os resultados referentes a potássio indicam que altas
doses do dejeto aumentam substancialmente a disponibilidade de potássio no solo,
com efeito linear em todas as camadas (Figura 6b).
34
a)
Aa
Da
Ca
Ba
Ba
Aa
Ab
Ab
Ab
Ab
Ac
Ac
0
100
200
300
400
500
600
700
0 AM OM D50 Mata
K mg dm
-3
0 - 5 5 - 10 10 - 20
b)
0
200
400
600
800
1000
0 50 100 150 200
Dose de dejeto m
3
ha
-1
K mg dm
-3
0 - 5
5 - 10
10 - 20
P = 352,25 + 3,06D R
2
= 0,66**
P = 185,12 + 3,00D R
2
= 0,85**
P = 64,06 + 2,53D R
2
= 0,91**
Figura 6. a) Potássio disponível na camada de 0–5, 5–10, 10–20 cm, em um Latossolo Vermelho
distroférrico, com diferentes adubações e na condição de natural de mata. Letras
maiúsculas comparam tratamentos e letras minúsculas comparam camadas. Testemunha
(0); Adubação mineral (AM); Adubação organomineral, 12,5 m
3
ha
-1
de dejeto (OM); Dejeto
suíno 50 m
3
ha
-1
(D50). A barra vertical na Mata indica intervalo de confiança com 5% de
probabilidade. b) Efeito das doses crescentes de dejeto suíno 0, 25, 50,100, 200 m
3
ha
-1
.
Trabalho realizado por Ceretta et al. (2003) em um Alissolo Crômico Órtico
típico, onde as doses foram de 0, 20 e 40 m
3
ha
-1
, de dejeto suíno, durante quatro
anos, em pastagem natural, sendo 28 aplicações ao longo do tempo, o teor K
35
disponível no solo diminuiu com a aplicação do esterco até a profundidade de 10-20
cm. Até a profundidade de 5-10 cm, a diminuição do teor de K no solo variou de 47%
a 56% com a aplicação de 20 m
3
ha
-1
e de 33% a 44%, com o uso de 40 m
3
ha
-1
,
demonstrando que a quantidade de K exportada na matéria seca da pastagem
natural foi mais relevante quando se aplicou a menor dose de esterco. Contudo,
podem ocorrer perdas expressivas de K por escoamento superficial, pois a quase
totalidade do K presente no esterco de suínos está na forma solúvel, especialmente
quando as aplicações do dejeto são feitas na superfície do solo, como no caso do
sistema de semeadura direta.
Os teores de carbono orgânico no solo variaram em profundidade, sem efeito
dos tratamentos, apresentando maior valor, de 30 g kg
-1
, para a profundidade de 0–5
cm onde houve um incremento maior de C no solo, o que não ocorreu para as
demais profundidades (Figura 7a). O mesmo comportamento ocorre na (Figura 7b)
onde temos a média das profundidades dos tratamentos 0, 25, 50,100, 200 m
3
ha
-1
,
sendo a camada de 0–5 cm diferente significativamente das demais camadas
analisadas.
a) b)
Figura 7. a) Carbono orgânico em Latossolo Vermelho distroférrico. Letras maiúsculas comparam
média das adubações, nas camadas de 0–5, 5–10, 10–20 cm para os tratamentos,
Testemunha (0); Adubação mineral (AM); Adubação organomineral, 12,5 m
3
ha
-1
de dejeto
(OM); Dejeto suíno 50 m
3
ha
-1
(D50). b) Média das doses de dejeto 0, 25, 50, 100, 200 m
3
ha
-1
. Letras maiúsculas comparam média das doses.
No mesmo trabalho realizado por Ceretta et al., (2003) em um Alissolo
Crômico Órtico típico, onde doses utilizadas foram de 0, 20 e 40 m
3
ha
-1
, de dejeto
de suínos durante quatro anos em pastagem natural, ocorreu incremento nos teores
de C orgânico, na camada 0-2,5 cm, embora na sua interpretação deva-se
considerar a possibilidade de variação na amostragem do solo, já que resíduos
36
vegetais ou do esterco misturam-se com o solo nesta camada até 2,5 cm,
dificultando sua separação. O fato de a aplicação de esterco não resultar em
incrementos nos teores de C orgânico nas camadas mais profundas deve-se,
provavelmente, ao aumento na atividade microbiana motivada pelo esterco aplicado
(N’DAYEGAMIYE & CÔTÉ, 1989). Entretanto, Hati et al. (2006) em um vertisol, por
três anos, estudaram o efeito combinado, utilizando adubação mineral e dejetos de
curral, aplicando 10 Mg ha
-1
e observaram que o dejeto de suíno aumentou o
carbono orgânico no solo na camada de 0–15 cm. Em outro estudo por 28 anos no
mesmo vertisol, e na mesma profundidade, observaram aumento de 1,12 kg m
-2
no
tratamento testemunha, para 1,72 kg m
-2
pela aplicação de 100% de adubação
mineral NPK, mais dejeto de curral (HATI et al., 2007).
Segundo Alexander (1977), 60% a 80% do carbono do esterco são perdidos
no solo sob a forma de CO
2
pela ação dos microorganismos do solo. Além do baixo
teor de matéria seca que caracterizou o esterco utilizado, os compostos orgânicos
presentes são de fácil mineralização, oxidando em poucos dias ou semanas. Porém,
o fator que mais influencia a persistência da matéria orgânica no solo é a sua própria
proteção física, originada pela interação com argilominerais e óxidos de Fe e Al
(CERETTA, 1995).
4.3. ATRIBUTOS FÍSICOS DO SOLO
Entre os atributos físicos do solo somente a estabilidade de agregados
indicada pelo diâmetro médio geométrico foi influenciada pelos tratamentos (Tabelas
7 e 8).
O diâmetro médio geométrico (DMG) foi alto variando de 6,14 mm a 5,73 mm
na média dos tratamentos o que se relaciona com os altos teores de argila, e ferro
do solo encontrados neste latossolo. Não houve efeito das doses crescentes de
dejetos, somente observando-se variação entre testemunha que apresentou um
valor médio de 6,14 mm e a maior dose de 200 m
3
ha
-1
que apresentou um valor
médio de 5,89 mm. Mas, houve diferença significativa para tratamentos, sendo o
tratamento D50 apresentando um menor valor 5,73 mm o que indica que a
adubação com dejeto suíno diminuiu o DMG (Figura 7).
37
Tabela 7. Resumo da análise da variância e do teste de normalidade dos atributos físicos do solo
após utilização de dejetos de suínos, em um Latossolo Vermelho distroférrico.
Variável
DMG Ds Ma Mi PT
Trat <0,01 0,66 0,81 0,22 0,41
Prof 0,45 0,54 0,58 0,28 0,59
Blocos 0,65 0,21 0,82 0,23 0,22
Tra*Prof 0,22 0,30 0,94 0,65 0,40
CV(%) 5 5 28 8 7
W:normal 0,94 0,95 0,95 0,97 0,97
DMG: Diâmetro métrico geométrico; Ds: Densidade do solo; Ma: Macroporosidade; Mi:
Microporosidade; PT: Porosidade total.
Tabela 8. Resumo da análise da variância e do teste de normalidade dos atributos físicos do solo
após utilização de crescentes doses de dejetos de suínos, em um Latossolo Vermelho
distroférrico.
Variável
DMG Ds Ma Mi PT
Dose 0,06 0,47 0,51 0,31 0,14
Prof 0,13 0,53 0,06 <0,01 0,67
Dose*Prof 0,77 0,36 0,31 0,59 0,27
Blocos 0,04 0,32 0,16 0,14 0,47
CV(%) 7 6 27 8 8
DMG: Diâmetro métrico geométrico; Ds: Densidade do solo; Ma: Macroporosidade; Mi:
Microporosidade; PT: Porosidade total.
38
A
A A
B
5.6
5.8
6
6.2
0 AM OM D50 Mata
DMG (mm)
Figura 8. DMG (Diâmetro médio geométrico) em Latossolo Vermelho distroférrico, com diferentes
adubações e na condição natural de mata. Letras maiúsculas comparam adubações e
letras minúsculas comparam média das profundidades. Testemunha (0); Adubação mineral
(AM); Adubação organomineral, 12,5 m
3
ha
-1
de dejeto (OM); Dejeto suíno 50 m
3
ha
-1
(D50).
A barra vertical na Mata indica intervalo de confiança com 5% de probabilidade.
A
B
AB
0.3
0.32
0.34
0.36
0 - 5 cm 5 - 10 cm 10 - 20 cm
Microporosidade
m
3
m
-3
Figura 9. Microporosidade média das profundidades em Latossolo Vermelho distroférrico, nos
tratamentos 0, 25, 50, 100, 200 m
3
ha
-1
. Letras maiúsculas comparam média das
profundidades.
A microporosidade variou apenas em profundidade com valores de 0,31 a
0,34 m
3
m
-3
, sendo a camada de 5–10 cm menor que a camada 0–5 cm (Figura 9).
Hati et al. (2007) observaram em um vertisol, por 28 anos aumento da
microporosidade do solo, variando de 0,38 m
3
m
-3
na testemunha, para 0,45 m
3
m
-3
com adubação mineral NPK, mais dejeto de curral.
A densidade do solo apresentou valores entre 1,13 e 1,45 Mg m
-3
, sem efeito
de tratamento e camada (Tabela 9). Barzegar et al. (2002) trabalhando com doses
39
de dejetos de curral de 0 a 15 Mg ha
-1
verificaram diminuição na densidade do solo,
e aumento na porosidade total do solo. Hati et al. (2006) em um vertisol, por três
anos, estudaram o efeito combinado, utilizando adubação mineral e dejetos de
curral. Observaram que o dejeto influenciou a densidade do solo, na camada de 0–
7,5 cm, que passou de 1,30 Mg m
-3
no tratamento testemunha, para 1,18 Mg m
-3
com aplicação de dejeto e adubação mineral. Em outro estudo por 28 anos em um
vertisol, na Índia tamm demonstraram diminuição da densidade do solo quando se
aplicou a maior dose de dejeto de curral mais adubação mineral (HATI et al., 2007).
Esta diminuição na densidade do solo pode ser devido ao maior teor de matéria
orgânica no solo que recebeu resíduos orgânicos (TIARKS et al., 1974).
Tabela 9. Atributos físicos de um Latossolo Vermelho distroférrico, com crescentes doses de dejeto
de suíno.
Prof
(cm)
Test AM OM
25
m
3
ha
-1
50
m
3
ha
-1
100
m
3
ha
-1
200
m
3
ha
-1
Mata Média
Densidade do solo (Mg m
-3
)
0–5 1,38 1,42 1,49 1,37 1,43 1,45 1,40 1,13
1,39
5–10 1,47 1,45 1,46 1,34 1,44 1,44 1,48 1,11
1,39
10–20 1,39 1,42 1,39 1,39 1,42 1,33 1,43 1,15
1,36
Média 1,41 1,43 1,45 1,37 1,43 1,41 1,43 1,13
Macroporosidade (m
3
m
-3
)
0–5 0,14 0,14 0,12 0,13 0,12 0,11 0,10 0,14
0,13
5–10 0,13 0,13 0,12 0,19 0,15 0,13 0,13 0,16
0,13
10–20 0,13 0,15 0,14 0,12 0,15 0,15 0,12 0,12
0,14
Média 0,14 0,14 0,13 0,15 0,14 0,13 0,12 0,14
Porosidade total (m
3
m
-3
)
0–5 0,49 0,46 0,44 0,48 0,46 0,44 0,44 0,56
0,47
5–10 0,46 0,45 0,44 0,50 0,45 0,45 0,43 0,57
0,47
10–20 0,48 0,46 0,48 0,47 0,46 0,50 0,44 0,56
0,48
Média 0,47 0,46 0,45 0,48 0,46 0,47 0,44 0,56
Para os macroporos, não houve diferença significativa para os tratamentos e
nem para as profundidades analisadas (Tabela 9). Os valores de macroporos
40
variaram entre 0,12 e 0,15 m
3
m
-3
na média dos tratamentos. Considerando que os
macroporos são a rota primária para o movimento da água no solo e as trocas
gasosas do solo, observa-se que os valores encontrados estão acima do nível crítico
de 0,10 m
3
m
-3
, considerado restritivo para o desenvolvimento das culturas, assim
como em termos de funcionamento hídrico e de aeração do solo (VOMOCIL e
FLOCKER 1966).
A porosidade total teve o mesmo comportamento da macroporosidade, sem
diferença significativa para os tratamentos e profundidades analisadas (Tabela 9).
Os valores da porosidade total variaram de 0,44 a 0,48 m
3
m
-3
na média dos
tratamentos. Hati et al. (2006) observaram aumento da porosidade total, quando
aplicada adubação mineral mais dejetos de curral.
Pagliai et al. (1983) observaram que a aplicação de dejeto suíno na dose de
300 m
3
ha
-1
aumentou a porosidade total principalmente pela participação de poros
maiores que 30 µm, na camada superficial de um solo argilo-siltoso, de 10% para
31%. Os mesmos autores observaram que a forma dos poros tamm foi alterada. A
incorporação do esterco diminuiu a formação de poros maiores que 500 µm de
formato alongado e aumentou os de formato redondo ou irregular. Trabalho
realizado por Seganfredo (1998), mostrou que doses de dejetos suíno calculados
para suprir entre 100 e 150 kg ha
-1
de nitrogênio diminuíram a microporosidade e
densidade do solo, porém aumentaram a macroporosidade e porosidade total do
solo. O mesmo autor também constatou que somente após o terceiro ano de
aplicação de dejetos líquidos de suínos que os efeitos apresentaram uma tendência
mais definida sobre as características físicas do solo.
5. CONCLUSÃO
Para as condições de condução do experimento, observa-se aumento
substancial na disponibilidade de fósforo e de potássio no solo na camada de 0–5
cm pela aplicação de doses crescentes de dejetos suínos. Para que o fósforo não se
torne um potencial poluente ao ambiente, deve-se evitar a aplicação de altas doses
de esterco em pequenas áreas.
Não foi constatado efeito das doses de dejeto de suíno sobre acidez do solo,
alumínio, cálcio e magnésio.
Para os atributos físicos do solo analisados não se verificou efeito das doses
de dejeto suíno.
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