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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
CENTRO DE CI
ÊNCIAS AGRÁRIAS
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DA SILAGEM
DA RAIZ DE MANDIOCA CONTENDO OU
NÃO SOJA INTEGRAL PARA SUÍNOS
Autor: Marcos Augusto Alves da Silva
Orientador: Prof. Dr. Antonio Claudio Furlan
Tese apresentada, como parte das
exigências para obtenção do titulo de
DOUTOR EM ZOOTECNIA, no
Programa de Pós-graduação em
Zootecnia da Universidade Estadual de
Maringá - Área de Concentração:
Produção Animal
MARINGÁ
Estado do Paraná
outubro 2006
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
CENTRO DE CI
ÊNCIAS AGRÁRIAS
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DA SILAGEM
DA RAIZ DE MANDIOCA CONTENDO OU
NÃO SOJA INTEGRAL PARA SUÍNOS
Autor: Marcos Augusto Alves da Silva
Orientador: Prof. Dr. Antonio Claudio Furlan
Tese apresentada, como parte das
exigências para obtenção do titulo de
DOUTOR EM ZOOTECNIA, no
Programa de Pós-graduação em
Zootecnia da Universidade Estadual de
Maringá - Área de Concentração:
Produção Animal
MARINGÁ
Estado do Paraná
outubro 2006
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ii
Aos
meus pais, Agostinho e Lúcia, pelo apoio e incentivo em minha formação pessoal
e profissional.
Ao
meu irmão, Marcelo, que mesmo nos momentos difíceis, aconselhou-me a
prosseguir.
À
minha noiva, Cláudia, pela compreensão e companheirismo.
DEDICO
iii
AGRADECIMENTOS
A Deus, pelo dom da vida e pela companhia em todos os momentos.
À Universidade Estadual de Maringá, pela possibilidade de realização deste curso.
Ao Professor e amigo, Dr. Antonio Claudio Furlan, pela orientação e pela
motivação de seguir nesta carreira.
Ao Professor, Dr. Ivan Moreira, pela amizade, e pela valiosa co-orientação,
colaboração fundamental nos trabalhos e ensinamentos.
Aos Professores, Drs. Elias Nunes Martins, Cloves Cabreira Jobim e Cláudio
Scapinello, pela alegre convivência, disposição, ensinamentos e amizade.
Ao Professor, Dr. Caio Abércio da Silva, da Universidade Estadual de Londrina,
pela colaboração fundamental na minha formação profissional, amizade e confiança.
À CAPES, pela concessão da bolsa de estudos.
Aos companheiros de república, Régis, Douglas e Rômulo pela amizade e
paciência.
Aos amigos, especialmente, Diovane, Cleber, Carina, Arlei, Angela e Paulo, pelo
companheirismo, auxílio e colaboração durante o curso.
A todos os Professores do Programa de P
ós-graduação em Zootecnia da UEM,
pelos ensinamentos e incentivo.
iv
Aos funcionários da Fazenda Experimental de Iguatemi/UEM, João e Mauro, pela
dedicação e auxílio na realização do experimento.
Aos funcionários do Laboratório de Nutrição Animal, Dilma, Cleuza e Creuza,
pela paciência e auxílio na realização das análises químicas.
Aos estudantes de graduação e bolsistas, Juliana e Leandro, pela amizade e
colaboração na execução dos experimentos.
E a todas as pessoas que, direta ou indiretamente, contribuíram para a conclusão
desse trabalho.
v
BIOGRAFIA
MARCOS AUGUSTO ALVES DA SILVA, filho de Agostinho Alves da Silva e
Lúcia Gomes da Silva, nasceu em Cascavel-Pr, aos 9 dias de setembro de 1977.
Em janeiro de 2002, graduou-se em Medicina Veterinária pela Universidade
Estadual de Londrina.
Em março de 2002, iniciou o curso de Pós-graduação em Zootecnia, em nível de
Mestrado, área de concentração: Produção Animal, na Universidade Estadual de
Maringá, realizando estudos na área de Nutrição de não-Ruminantes.
Em 26 março de 2004, submeteu-se à banca examinadora para defesa da
dissertação de mestrado.
Em março de 2004, iniciou o curso de Pós-graduação em Zootecnia, em nível de
Doutorado, área de concentração: Produção Animal, na Universidade Estadual de
Maringá.
Em 16 outubro de 2006, submeteu-se à banca examinadora para defesa da tese de
doutorado.
vi
ÍNDICE
Página
LISTA DE TABELAS ..........................................................................................
viii
RESUMO ..............................................................................................................
x
ABSTRACT .........................................................................................................
xii
I INTRODUÇÃO GERAL ............................................................................... 1
1.1 Composição química da mandioca ...........................................................
5
1.2 Digestão do amido ....................................................................................
6
1.3 Glicosídeos cianogênicos / Ácido cianídrico ...........................................
8
1.4 Silagem de raiz de mandioca ....................................................................
9
1.5 Uso de inoculantes em silagens ................................................................
11
1.6 Inibidor de tripsina ...................................................................................
12
Literatura Citada .............................................................................................
14
II OBJETIVOS GERAIS ...................................................................................
17
III Avaliação Nutricional da Silagem de Raiz de Mandioca Contendo ou não
Soja Integral para Suínos na Fase de Creche ..............................................
18
Resumo ....................................................................................................... 18
Abstract .......................................................................................................
19
Introdução ...................................................................................................
20
vii
Material e Métodos .....................................................................................
22
Resultados e Discussão ...............................................................................
29
Conclusões ..................................................................................................
39
Literatura Citada .........................................................................................
39
IV Avaliação Nutricional da Silagem de Raiz de Mandioca Contendo ou não
Soja Integral para Suínos nas Fases de Crescimento e Terminação ...........
43
Resumo ....................................................................................................... 43
Abstract .......................................................................................................
44
Introdução ...................................................................................................
45
Material e Métodos .....................................................................................
46
Resultados e Discussão ...............................................................................
54
Conclusões ..................................................................................................
66
Literatura Citada .........................................................................................
66
V CONCLUSÕES GERAIS ............................................................................
70
viii
LISTA
DE
TABELAS
Página
Tabela 1. Composição percentual e química da ração referência ..................
23
Tabela 2. Composição percentual e química da ração testemunha (RT) e
das rações contendo silagem de raiz de mandioca (MA) e silagem
de raiz de mandioca contendo soja integral (MS) para leitões na
fase de creche .................................................................................
27
Tabela 3. Teores de matéria seca, proteína bruta, amido, matéria orgânica,
cinzas, extrato etéreo, fibra bruta, cálcio, fósforo total, energia
bruta e valor de pH dos alimentos avaliados (MA, MI, MS e
MSI)
1
, na matéria natural e em 87,45% de matéria seca ................
30
Tabela 4. Valores de ácido ciadrico e inibidores de tripsina da silagem de
raiz de mandioca (MA) e silagem de raiz de mandioca com inclusão
de soja integral (MS) antes e depois de ensiladas ..............................
32
Tabela 5. Coeficientes de digestibilidade aparente da matéria seca (CDMS),
da proteína bruta (CDPB), do extrato etéreo (CDEE), do amido
(CDAM), da matéria orgânica (CDMO), da energia bruta
(CDEB) e coeficiente de metabolização da energia bruta (CMEB)
dos alimentos avaliados ..................................................................
33
Tabela 6. Teores de matéria seca digestível (MSD), proteína digestível (PD),
extrato etéreo digestível (EED), amido digestível (AMD), matéria
orgânica digestível (MOD), energia digestível (ED) e energia
metabolizável (EM) dos alimentos avaliados (MA, MI, MS e MSI)
1
na matéria natural e em 87,45% de matéria seca ...............................
36
Tabela 7. Valores médios de consumo diário de ração (CDR), ganho diário
de peso (GDP), conversão alimentar (CA) e de pH das rações
experimentais para suínos em fase de creche .................................
37
Tabela 8. Custo do quilograma de ração, custo de ração por quilograma de
suíno produzido (CR), índice de eficncia econômica (IEE) e índice
de custo (IC) das rações experimentais (RT, MA e MS)
1
para leitões
em fase de creche .............................................................................
39
ix
Tabela 1. Composição percentual e química da ração referência ..................
48
Tabela 2. Composição percentual e química da ração testemunha (RT) e
das rações contendo silagem de raiz de mandioca (MA) e silagem
de raiz de mandioca contendo soja integral (MS) para suínos nas
fases de crescimento e terminação .................................................
52
Tabela 3. Teores de matéria seca, proteína bruta, amido, matéria orgânica,
cinzas, extrato etéreo, fibra bruta, cálcio, fósforo total, energia
bruta e valor de pH dos alimentos avaliados (MA, MI, MS e
MSI)
1
, na matéria natural e em 87,45 % de matéria seca ...............
55
Tabela 4. Valores de ácido cianídrico e inibidores de tripsina da silagem de
raiz de mandioca (MA) e silagem de raiz de mandioca contendo
soja integral (MS) antes e depois de ensiladas ...............................
56
Tabela 5. Coeficientes de digestibilidade aparente da matéria seca (CDMS),
da proteína bruta (CDPB), do extrato etéreo (CDEE), do amido
(CDAM), da matéria orgânica (CDMO), da energia bruta
(CDEB) e coeficiente de metabolização da energia bruta (CMEB)
dos alimentos avaliados ..................................................................
58
Tabela 6. Teores de matéria seca digestível (MSD), proteína digestível
(PD), extrato etéreo digestível (EED), amido digestível (AMD),
matéria orgânica digestível (MOD), energia digestível (ED) e
energia metabolizável (EM) dos alimentos avaliados na matéria
natural e em 87,45 % de matéria seca ............................................
60
Tabela 7. Valores médios de pH das rações experimentais, consumo diário
de ração (CDR), ganho diário de peso (GDP) e conversão
alimentar (CA) das rações experimentais para suínos em fase de
crescimento e período total .............................................................
62
Tabela 8. Características de carcaça de suínos no final da fase de
terminação, alimentados com ração testemunha (RT) e rações
contendo silagem de raiz de mandioca (MA) e silagem de raiz de
mandioca contendo soja integral (MS) ...........................................
64
Tabela 9. Custo do quilograma de ração, custo de ração por quilograma de
suíno produzido (CR), índice de eficiência econômica (IEE) e
índice de custo (IC) para suínos em diferentes períodos
experimentais, alimentados com ração testemunha (RT) e rações
contendo silagem de raiz de mandioca (MA) e silagem de raiz de
mandioca contendo soja integral (MS) ...........................................
65
RESUMO
Quatro experimentos foram conduzidos para determinar o valor nutritivo e verificar o
desempenho de suínos nas fases de creche e crescimento/terminação alimentados com
rações contendo silagem de raiz de mandioca com adição ou não de grão de soja
integral. Os ensaios de digestibilidade tiveram como objetivo avaliar a silagem de raiz
de mandioca (MA), silagem de raiz de mandioca contendo inoculante (MI), silagem de
raiz de mandioca contendo soja integral (MS) e silagem de raiz de mandioca contendo
soja integral e inoculante (MSI). Para as duas fases estudadas foram utilizados 15 suínos
mestiços, machos, castrados, com peso vivo inicial de 21,90±2,54 kg para a fase de
creche e 46,99±3,42 kg para a fase de crescimento/terminação, alojados
individualmente em gaiolas de metabolismo e distribuídos em um delineamento
inteiramente casualizado com repetição no tempo, com cinco tratamentos, três
repetições, sendo um animal por unidade experimental. Os valores de matéria seca
digestível (MSD), proteína digestível (PD), extrato etéreo digestível (EED) para MS e
MSI, amido digestível (AMD), matéria orgânica digestível (MOD), energia digestível
(ED) e energia metabolizável (EM) para a fase de creche, em 87,45% de matéria seca,
para MA foram, respectivamente, de 80,95; 1,82; 75,01; 77,31%; 3.249 e 3.184 kcal/kg,
para MI foram 82,30; 1,95; 74,65; 81,81%; 3.292 e 3.271 kcal/kg, para MS foram
80,08; 6,69; 2,35; 64,18; 79,25%; 3.452 e 3.370 kcal/kg e para MSI foram, 79,22; 6,73;
2,20; 66,79; 78,46%; 3.342 e 3.303 kcal/kg, e para a fase de crescimento/terminação
foram para MA, respectivamente, de 83,30; 2,60; 75,01; 82,39%; 3.348 e 3.300 kcal/kg,
para MI foram 82,27; 2,54; 74,65; 81,78%; 3.283 e 3.188 kcal/kg, para MS foram
82,54; 7,24; 2,96; 64,18; 81,04%; 3.541 e 3.459 kcal/kg e para MSI foram, 83,16; 7,07;
2,84; 66,79; 80,86%; 3.481 e 3.379 kcal/kg. Nos experimentos de desempenho foram
utilizados 36 suínos com peso vivo inicial de 14,67±1,07 kg para a fase de creche e de
xi
32,03±2,91 kg para a fase de crescimento/terminação, distribuídos em um delineamento
inteiramente casualizado, com restrição na casualização para duas classes de peso
inicial, que totalizam três tratamentos, seis repetições e dois animais por unidade
experimental. Os tratamentos consistiram em uma ração à base de milho e farelo de soja
(RT) e outras duas rações com substituição total do milho por MA e MS. Para a fase de
creche, foram observadas pioras no ganho de peso diário para MS e na conversão para
os leitões que receberam MS e RT em relação à MA e para fase de crescimento a
conversão alimentar melhorou com o uso das silagens de mandioca contendo ou não
soja integral. Pode-se concluir que a silagem de raiz de mandioca e a silagem da raiz de
mandioca contendo soja integral podem ser utilizadas sem restrições na alimentação de
suínos, entretanto, para a fase de creche a silagem de raiz de mandioca contendo soja
integral não apresentou resultados tão favoráveis como os obtidos para a silagem de raiz
de mandioca.
ABSTRACT
Four experiments were carried out to determine nutritive value and verify performance
in the nursery and growing/finishing phase fed with cassava root silage with or without
whole soybean. Digestibility trial was to evaluate the cassava root silage (CA), cassava
root silage with inoculant (CI), cassava root silage containing whole soybean (CS) and
cassava root silage containing whole soybean and inoculant (CSI). To the two evaluated
phases were used fifteen cross breed with initial body weight of 21.902.54 kg to
nursery phase and 46.99±3.42 kg to growing/finishing phase, in metabolism cages, in a
completely randomized design with replication in time, with three experimental units
and one piglet per cage. The values of digestible dry matter (DDM), digestible protein
(DP), digestible ether extract (DEE) of CS and CSI, digestible starch (DS), digestible
organic matter (DOM), digestible energy (DE) and metabolizable energy (ME),
respectively, based on 85.45% dry matter for nursery phase were; 80.95, 1.82, 75.01,
77.31%, 3,249 and 3,184 kcal/kg for CA; 82.30, 1.95, 74.65, 81.81%, 3,292 and 3,271
kcal/kg for CI; 80.08, 6.69, 2.35, 64.18, 79.25%, 3,452 and 3,370 kcal/kg for CS and
79.22, 6.73, 2.20, 66.79, 78.46%, 3,342 and 3,303 kcal/kg for CSI, and for
growing/finishing phase were; 82.27; 2.54; 74.65; 81.78%; 3,283 and 3,188 kcal/kg for
CA; 82.27; 2.54; 74.65; 81.78%; 3,283 and 3,188 kcal/kg for CI; 82.54; 7.24; 2.96;
64.18; 81.04%; 3,541 and 3,459 kcal/kg for CS and 83.16; 7.07; 2.84; 66.79; 80.86%;
3,481 and 3,379 kcal/kg for CSI. In the performance trial, thirty six cross breed swine
were used, with initial body weight of 14.67±1.07 kg to nursery phase and 32.03±2.91
kg to growing/finishing phase. The swine were allocated in three treatments in a
completely randomized design, with six experimental units and two piglets per
experimental units. The treatments consisted of a control diet containing corn and
soybean meal (CD), two diets with total corn replacement by CA and CS. For nursery
xiii
phase the worst results were observed in the daily weight gain for MS and in the
feed:gain ration for piglets fed with CD and CS diets in relation to CA and for growth
phase the feed:gain ratio had better results with use of cassava root silages with or
without inclusion of whole soybean. It can be concluded that the cassava root silage and
cassava root containing whole soybean silage can be used without restrictions to feed
swine, however, for nursery phase the cassava root containing integral soybean silage
did not present results as favorable as the one obtained to cassava root silage.
I
-
INTRODUÇÃO
GERAL
A suinocultura é uma atividade de grande importância na pecuária brasileira, em
que o Brasil ocupa o quarto lugar na produção mundial.
Nos últimos três anos, a produção e as exportações de carne suína brasileira
aumentaram significativamente, que passou de 2,69, em 2003, para 2,73 milhões de
toneladas produzidas, em 2005, e as exportações de 475,8, em 2003, para 625,1 mil
toneladas exportadas em 2005 (Abipecs, 2005).
O custo com a alimentação é responsável por 70 a 80% do custo de produção da
suinocultura, e é muitas vezes o responsável pela inviabilidade desta atividade.
Buscando minimizar este problema, é necessário que se desenvolvam rações com
alimentos alternativos que supram as exigências nutricionais das diferentes categorias, e
que apresentem mesmo desempenho produtivo e com menor custo de produção (Silva
& Menezes, 2005).
A mandioca (Manihot esculenta, Crantz), também conhecida como macaxeira ou
aipim, é cultivada, praticamente, em todo território brasileiro e possui excelente
qualidade nutritiva para a alimentação animal. Sua produção é menos exigente em
insumos do que a maioria das culturas, e por isso, menos dispendiosa. É uma cultura de
grande expressão socioeconômica, tanto em nível nacional como mundial, constituindo-
se em importante fonte de energia para a alimentação humana e animal (Bezerra et al.,
2
1996).
Originária da América do Sul, a mandioca pertencente à família euphorbiacea, e
que a espécie de maior interesse econômico é a Manihot esculenta, crantz, classificada
em dois tipos: a mandioca mansa, doce ou de mesa, que possui teor de ácido cianídrico
inferior a 50mg/kg de polpa fresca; e a brava, amarga ou venenosa, com teor do ácido
cianídrico acima de 100mg/kg de polpa fresca (Carvalho, 1986).
A ampla tolerância dessa cultura a climas áridos, a habilidade de crescer em solos
pobres, a relativa resistência a ervas daninhas e insetos, e ao fato das raízes serem
conservadas no solo por longo período, tornaram seu cultivo bastante extensivo em
diversas regiões do mundo (Carvalho, 1986).
Os três maiores produtores mundiais são a Nigéria, o Brasil e a Tailândia e as
maiores produtividades/hectare são encontradas na Índia, Costa Rica e Barbados (FAO,
2005). De acordo com a FAO (2005), a cultura de mandioca apresenta um rendimento
médio no Brasil de 13.200 Kg por hectare/ano.
Nos países africanos, a mandioca é responsável pela alimentação de 60% da
população. Por esse motivo, o continente africano tem participado em média com 50%
da produção mundial de mandioca. Vale a pena destacar a presença cada vez mais
significativa da Nigéria, cuja participação passou de 9% em 1970 para 18% da produção
mundial, ou seja, de 9,5 para 33,8 milhões de toneladas de raiz em 2001 (SEAB, 2005).
O Brasil é o maior produtor de mandioca do continente. A produção brasileira
apesar de ser bastante significativa, praticamente estagnou nos últimos anos, ora
apresentando pequenos decréscimos, ora apresentando pequenos acréscimos, porém,
nada significativos. Na maioria dos países das Américas, o principal consumo da
mandioca é sob a forma fresca, à exceção do Brasil que apresenta na farinha o seu
principal produto (Fukuda & Otsubo, 2003).
3
De acordo com dados publicados pela SEAB (2005), o Brasil produz cerca de
23,8 milhões de toneladas, sendo o Estado do Pará o maior produtor nacional com,
aproximadamente, 4,5 milhões de toneladas.
A cultura de mandioca é expressiva na rego noroeste do Paraná, que além de
produzir produtos para o uso geral tais, como: alimentos, produtos de higiene, tintas,
cola, entre outros, ainda fornece resíduos culturais (folhas e caule) e subprodutos
industriais (casca de mandioca e farinha de varredura) de baixo custo, que podem ser
usados na alimentação dos animais (Pereira, 1987).
A produção paranaense se concentra, basicamente, no oeste e noroeste, uma vez
que os núcleos regionais de Cascavel, Toledo, Paranavaí e Umuarama representam
cerca de 75% da área e da matéria-prima produzida no Estado, que significa 15% da
produção nacional.
O impulso maior da produção de mandioca, no Paraná, começou na década de 80,
quando grande número de farinheiras foi atraído para o Estado e, posteriormente, a forte
presença de fecularias, levou o Estado a ocupar, atualmente, o terceiro lugar na
produção nacional com, aproximadamente, 4,0 milhões de toneladas de raiz e
produtividade média de 24.000 kg/ha. contra 13.000 a 14.000 kg/ha. da média nacional
(SEAB, 2005).
A mandioca é uma planta que pode ser integralmente aproveitada, no entanto,
muitos agricultores não m informações do potencial oferecido pela cultura e todas
suas utilizações. Desde a raiz usada na alimentação humana in natura ou sob a forma de
farinha, amido ou fécula, como para a fabricação de raspas para rações animais, até o
aproveitamento da parte aérea (folhas e ramas) na alimentação animal que apesar do seu
elevado valor nutricional as folhas são desperdiçadas (Juste Jr., 1979).
Essa cultura tem relevante importância social pois, em algumas etapas do cultivo,
4
é indispensável o uso da mão-de-obra, que gera mais emprego e renda (Mazzuco &
Bertol, 2000), além das diferentes possibilidades de uso da mandioca na alimentação
humana e ração animal. Pelo fato de usar pouca mecanização, apresenta em sua relação
a utilização de 0,20 homens/ha. de cultivo. Segundo Mazzuco & Bertol (2000), a
mandioca é um dos produtos comercializados que mais agregam preço no sistema de
comercialização entre o produtor e o consumidor, havendo uma diferença de até 220%.
Outra constatação é de que a mandioca é uma alternativa que vem sendo utilizada,
principalmente, pelo pequeno agricultor (ocupa áreas menores que 10 hectares) para a
diversificação da propriedade.
A participação da mandioca na alimentação animal ainda é restrita, apesar das
raízes substituírem total ou parcialmente o milho, e as ramas fornecerem elevados teores
de proteína, vitamina C, - caroteno e minerais como ferro, zinco e cobre (Carvalho et
al., 1983; Sampaio et al., 1994).
O emprego da mandioca como alimento, no entanto, está limitado pela presença
de um princípio tóxico, um glicosídeo de natureza cianogênica. Esse composto é
encontrado em toda planta, porém, em maior concentração na parte aérea. Esse
glicosídeo cianogênico, sob hidrólise ácida no trato digestório ou sob a ação de enzimas
endógenas (linamarase), desdobra-se em acetona, glicose e ácido cianídrico (HCN), e o
HCN é um produto tóxico que pode levar os animais à morte (Mazzuco & Bertol,
2000). Contudo, quando as raízes são arrancadas ou são submetidas a qualquer
processamento para o consumo ou sua parte aérea é picada e desidratada, o ácido
cianídrico é naturalmente eliminado (Costa et al., 1979).
O modo mais simples de fornecer ra
ízes aos animais é triturá-las e fazer uma
murcha, em condições ambientes por 24 horas, para a redução do teor de ácido
cianídrico (HCN), que contém na planta que é tóxico para os animais (Sampaio et al.,
5
1994). Outra maneira é através da incubação anaeróbica da raiz de mandioca que pode
reduzir o teor de HCN em mais de 65%, após 29 dias de ensilada (Soares, 2003).
Considerando que a produção de mandioca tem aumentado significativamente nas
propriedades agrícolas brasileiras e paranaenses, e que a literatura nacional é escassa
com respeito à utilização da silagem de raiz de mandioca na alimentação animal,
justifica-se o maior direcionamento de trabalhos de pesquisa que avaliem o desempenho
de suínos alimentados com esse produto.
1.1 Composição química da mandioca
A parte economicamente mais importante são as raízes tuberosas, ricas em amido,
utilizadas na alimentação humana e animal ou como matéria-prima para diversas
indústrias.
A raiz da mandioca é rica em energia com elevado coeficiente de digestibilidade,
possui baixa quantidade de fibras e pobre em proteína (Carvalho, 1986).
Estudos mostram que a raiz de mandioca pode ser incluída na formulação de
rações de todos os animais domésticos, graças a seu valor energético e à sua
palatabilidade, mas é necessário que a formulação contenha fonte protéica (Carvalho,
1986).
A raiz de mandioca é rica em amido e apresenta a seguinte composição química:
60 a 65% de umidade, 21 a 33% de amido, 1,0 a 1,5% de proteínas, 0,7 a 1,06% de
fibras e 0,6 a 0,9% de cinzas. Tal composição é variável de acordo com as condições
ambientais em que se desenvolveu, qual a cultivar utilizada e a idade da planta (Butolo,
2002).
Uma importante característica da mandioca que a torna de grande interesse para
6
pesquisadores, é o fato de que sua produtividade, em termos de calorias por unidade de
área e por tempo, é mais alta que outras culturas. De acordo com Juste Jr. (1979), a
mandioca produz 250x10
3
cal/ha./dia, comparada a 110x10
3
cal/ha./dia para o trigo,
114x10
3
cal/ha./dia para o sorgo, 176x10
3
para o arroz e 200x10
3
cal/ha./dia para o
milho.
Em vista disso, ela pode resolver, em grande parte, o problema da alimentação
animal durante a estação seca e baixar os custos da produção de concentrados
energéticos durante todo o ano.
Como fonte energética, é um ingrediente interessante, principalmente a farinha
integral, pois possui alta concentração de amido (65 a 75%), baixo em amilose,
tornando-a de fácil digestão (Butolo, 2002).
1.2 Digestão do amido
O amido compreende a maior reserva de polissacarídeos de plantas verdes e,
provavelmente, o segundo mais abundante carboidrato na natureza. É encontrado em
grãos, raízes e tubérculos (Blas & Gidenne, 1998).
Em seu estado natural, existe como um complexo altamente organizado de
amilose-amilopectina, na forma granular. Os grânulos de amido diferem em suas
aparências, tamanhos e propriedades, de acordo com a espécie vegetal. O interior do
grânulo é composto de regiões organizadas (cristalinas) e não-organizadas (amorfas)
alternadas. A região cristalina ou micelar é, principalmente, composta de amilopectina,
resistente à entrada de água e ao ataque enzimático do grânulo de amido. A região
amorfa é rica em amilose e menos densa que a cristalina, e permite o movimento livre
da água (Rooney & Pflugfelder, 1986).
7
A destruição dessa organização é a base da gelatinização, visto que a amilose e a
amilopectina, em sua condição natural, não são prontamente acessíveis à ação da
amilase no processo de digestão. O ataque das amilases aos grãos de amido é iniciado
na região amorfa, enquanto que a hidrólise da região cristalina ocorre mais
vagarosamente (Rooney & Pflugfelder, 1986).
Sob o ponto de vista bioquímico, a amilose consiste basicamente de uma cadeia
linear de glicose 1-4 e a amilopectina, uma cadeia ramificada com ligações 1-4 e
1-6. Blas & Gidenne (1998) afirmam que a estrutura polimérica é mais complicada e a
estrutura primária ainda não é bem entendida. Tem-se verificado que algumas
moléculas de amilose apresentam diversas ramificações.
A enzima responsável pela digestão do amido é a amilase ( 1-4 glicano
hidrolase) (Moreira, 1993). No processo digestivo, a amilase (endoamilase) hidrolisa,
aleatoriamente, as ligações 1-4 glicosídicas dentro da molécula do amido, gerando
maltose e dextrina ramificada e linear. A amilase e a glicoamilase (exoamilases)
atacam os resíduos de glicose terminais, produze maltose e glicose, respectivamente.
Finalizando o processo, as amiloglicosidases intestinais hidrolisam as dextrinas e
produzem glicose.
A digestibilidade do amido é inversamente proporcional à quantidade de amilose.
Essa menor digestibilidade pode estar relacionada com a capacidade da amilose de
limitar a incubação e/ou devido à orientação das moléculas de amilose em direção ao
interior dos cristais de amilopectina, causando um aumento nas ligações de hidrogênio,
o que limitaria a expansão e a hidrólise enzimática (Van Soest, 1994).
A proporção relativa de amilose e amilopectina varia consideravelmente de
acordo com a origem da planta. Segundo Alexandre (1995), o milho, a mandioca, a
batata e o trigo apresentam, respectivamente, 28%, 17%, 21% e 26% de amilose e 72%,
8
83%, 79% e 74% de amilopectina. Assim, a proporção desses polímeros lineares
(amilose) e ramificados (amilopectina), presentes nos grãos de cereais, raízes e
tubérculos, influenciam na digestibilidade das diferentes fontes de amido (Rooney &
Pflugfelder, 1986).
Conforme Rooney & Pflugfelder (1986), as matrizes de proteína e os corpos
protéicos presentes no endosperma dos grãos afetam a utilização de amido pelos
animais. Logo, a ausência da matriz protéica no grão de amido da raiz de mandioca
pode proporcionar maior digestibilidade do amido para essa fonte energética em relação
ao milho (Zeoula, 1990).
1.3 Glicosídeos cianogênicos / Ácido cianídrico
Há muito tempo é conhecida a ação dos glicosídeos cianogênicos que possuem
alto grau de toxidade e que limitam a utilização de alguns alimentos pelos homens e
animais.
Entre as plantas prejudicadas pela presença dessas substâncias estão a mandioca, o
sorgo e a semente de linhaça. Estas substâncias ocorrem nas plantas superiores e em
duas classes animais (miripoda e insecta), apresentando-se na forma de: linamarina,
lotaustralina, prunasina e zierina (Carvalho, 1978).
Os glicosídeos cianogênicos são definidos, quimicamente, como glicosídeos de
hidroxinitrilos (cianoidrinas), que na presença de ácidos diluídos a quente e, no caso de
tecidos vegetais, sob a ação de enzimas (linamarase), sofrem hidrólise e liberam o ácido
cianídrico (HCN), acetona e glicose. O HCN é uma substância altamente tóxica e
potente inibidor da atividade de enzimas envolvidas na respiração celular (citocromos)
(Carvalho, 1978).
9
A forma de intoxicação por HCN ocorre por meio da reação do íon cianeto com o
íon férrico da citocromo oxidase. Essa reação dá origem a um complexo cianeto-
citocoromo oxidase que é bastante estável. Essa forma complexada interrompe o
transporte de elétrons e paralisa a cadeia respiratória celular, que determina a anóxia
citotóxica. Como conseqüência, a hemoglobina não pode liberar seu oxigênio para o
citocromo oxidase (Buck et al., 1983).
A intoxicação tem evolução aguda, e os animais raramente sobrevivem mais de
uma a duas horas. Na maioria dos casos, os sinais clínicos aparecem 10 a 15 minutos
após a ingestão da planta tóxica e morrem alguns minutos após apresentarem os
primeiros sinais clínicos. Esses se caracterizam por dispnéia, ansiedade, tremores
musculares, não-coordenação e convulsões com opistótomo. As mucosas apresentam-se
vermelho-brilhantes (Correa et al., 1993).
O emprego da mandioca de alto teor de glicosídeo cianogênico na forma in
natura como alimento, está limitado pelo princípio tóxico, que é encontrado em toda
planta, principalmente na parte aérea. Contudo, quando as raízes são arrancadas ou são
submetidas a qualquer processamento para o consumo, ou sua parte aérea é picada e
desidratada, o HCN é naturalmente eliminado (Costa et al., 1979). Na casca e nas raízes
das variedades bravas, o teor de HCN é de 0,02 a 0,03%, já nas variedades mansas o
passa de 0,005% (Teixeira, 1991).
1.4 Silagem de raiz de mandioca
A raiz de mandioca fresca é uma excelente fonte de energia para os suínos, nas
diferentes fases do ciclo de vida, principalmente nas fases de crescimento e terminação
(Butolo, 2002).
10
O processo de produção da silagem de mandioca consiste no corte e
armazenamento da mandioca em locais e condições apropriados, denominados silos. O
processamento segue sempre os mesmos passos, independente do tipo de alimento
utilizado. As raízes da mandioca oferecem condições propícias para ensilagem, que
seu nível de umidade (62 a 68%) e seu conteúdo de carboidratos de fácil fermentação
permitem o desenvolvimento do processo sem maiores dificuldades (Almeida & Filho,
2005).
A ensilagem é um processo de conservação de forragens, gos e tubérculos,
baseados em fermentação tica espontânea sob condições sem presença de oxigênio.
As bactérias láticas fermentam os carboidratos do alimento transformando-os em ácido
lático e, em menor extensão, ácido acético. Devido à produção desses ácidos, o pH do
material ensilado decresce e os microrganismos indesejáveis são inibidos. As principais
transformações químicas que ocorrem durante a fermentação das silagens incluem a
produção de ácidos orgânicos pela degradação dos carboidratos solúveis presentes no
produto ensilado.
Acredita-se que a gelatinização do amido pelo aquecimento possa favorecer a sua
digestibilidade, mas que dificilmente ocorrerá em condições normais de ensilagem. Isso
porque, segundo Colonna et al. (1995), a gelatinização do amido dos alimentos em geral
começa à temperatura de 62°C e termina em 72°C, temperaturas que o o atingidas
durante a ensilagem. Portanto, a maior contribuição pode ser por ação dos ácidos
orgânicos formados na silagem sobre o amido, pois, segundo Rooney & Pflugfelder
(1986), o amido pode ser gelatinizado pela ação de agentes químicos, como por
exemplo, os ácidos orgânicos.
A silagem é obtida picando-se a mandioca em pedaços pequenos (2 a 3cm) antes
de armazenar no silo. Em 30 dias, a silagem está pronta, e pode ser conservada por mais
11
de um ano. Segundo Bertol (2003), a silagem de raiz de mandioca apresenta uma
composição semelhante à da raiz de mandioca fresca, apenas com teor de matéria seca e
de energia um pouco mais elevados.
Pesquisas feitas no Laboratório de Nutrição Animal de EMBRAPA Semi-Árido
comprovam que o processo de confecção da silagem, trituração e acondicionamento em
silo elimine grande parte do glicosídio cianogênico (Soares, 2003).
1.5 Uso de inoculantes em silagens
Para Bolsen (1995), citado por Monteiro (1996), a qualidade da silagem pode ser
influenciada por vários fatores biológicos e tecnológicos. Segundo Vilela (1998), o
termo qualidade da silagem não é geralmente usado para designar seu valor nutritivo,
mas a extensão pela qual o processo fermentativo no silo se desenvolveu de maneira
conveniente.
A fermentação consiste na conversão de carboidratos solúveis em ácidos
orgânicos, por meio de microrganismos inerentes ao próprio meio, onde prevalecem, em
condições adequadas (Vilela, 1998). O mesmo autor relatou ainda que, considera-se
uma boa fermentação aquela em que bactérias desejáveis (Lactobacillus sp) são
estimuladas a converter açúcares presentes na planta em ácido lático.
Segundo Hoffman & Muck (2001), a enzima é uma proteína que cataliza reações
químicas em sistemas biológicos. A adição de enzimas às silagens tem recebido
considerável atenção na última década. Sua primeira função é degradar a fibra dos
alimentos durante a fermentação, e torna a silagem mais digestível. A degradação da
fibra em açúcares solúveis também aumenta o substrato para as bactérias produzirem o
ácido lático, que reduz o pH no silo.
12
Os aditivos de silagem, com base em enzimas, contêm celulases, xilanases
(Nussio, 1998) e mais hemicelulases, amilases e pectinas (Hoffman & Muck, 2001). A
amilase degrada o amido, e o seu uso é mais indicado para silagens que contenham o
amido como substrato.
1.6 Inibidor de tripsina
A soja crua contém fatores antinutricionais que limitam a sua utilização. O mais
estudado e investigado dos antinutrientes protéicos são os inibidores de proteases
(Pusztai et al., 1991), que são proteínas de ampla distribuição no reino vegetal, capazes
de inibir as atividades da tripsina, quimotripsina, amilase e carboxipeptidase (Xavier-
Filho & Campos, 1989).
Os efeitos nocivos dos inibidores de proteases, em animais alimentados com
leguminosa crua, são complexos. Muitos estudos com animais monogástricos têm
atribuído aos efeitos deletérios, principalmente alterações metabólicas do pâncreas
(aumento da secreção enzimática, hipertrofia e hiperplasia) e redução da taxa de
crescimento, à presença de inibidores de tripsina na alimentação à base de leguminosas
(Al-Wesali et al., 1995).
Nitsan & Liener (1976) estudaram o efeito de dietas com farinha de soja crua e
aquecida sobre os níveis de tripsina, quimotripsina e amilase no pâncreas de ratos e
concluíram que a ingestão de soja crua, ao contrário da soja cozida, estimulou a
secreção das enzimas pancreáticas.
Os resultados da pesquisa de Grant et al. (1988), com ratos alimentados com
proteína de soja, mostraram considerável aumento do tamanho do pâncreas dos animais.
Diferentemente de ratos e galinhas, a ingestão de farinha de soja e feijão crus por
13
cobaias, bezerros, cachorros e suínos o provocam hipertrofia pancreática, contudo,
observa-se hiposecreção das enzimas pancreáticas e sérica, depressão do ganho de peso
corporal ou perda de peso de animais (Hasdai et al., 1989).
A inibição do crescimento, em animais jovens alimentados com leguminosas
cruas, pode ser provocada pela excessiva perda fecal de proteína secretada pelo
pâncreas, visto que as enzimas pancreáticas o ricas em aminoácidos sulfurados e essa
perda endógena não pode ser compensada pela ingestão de proteína de leguminosas
(Silva & Silva, 2000).
14
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II OBJETIVOS GERAIS
Diante dos aspectos apresentados, os objetivos deste trabalho foram:
A) determinar o valor nutritivo da silagem de raiz de mandioca contendo ou não
soja integral e inoculante enzimo-bacteriano, por meio de ensaio de
digestibilidade com suínos na fase de creche e crescimento/terminação;
B) avaliar o desempenho dos suínos na fase de creche e crescimento e
terminação e características de carcaça de suínos alimentados com dietas
contendo silagem de raiz de mandioca à base ou não de soja integral;
C) avaliar a viabilidade econômica da utilização da silagem de raiz de mandioca,
contendo ou não soja integral em rações para suínos.
III
Avaliação Nutricional da Silagem de Raiz de Mandioca Contendo ou não Soja
Integral para Leitões na Fase de Creche
RESUMO. Dois experimentos foram conduzidos para determinar o valor
nutritivo e verificar o desempenho de leitões na fase de creche alimentados com rações
contendo silagem de raiz de mandioca contendo ou não soja integral. No ensaio de
digestibilidade, foram utilizados 15 leitões mestiços, machos, castrados, com peso vivo
inicial de 21,90 ± 2,54 kg, distribuídos em um delineamento inteiramente casualizado
com repetição no tempo. Foram avaliadas as silagens de raiz de mandioca (MA), MA +
inoculante (MI), MA + soja integral (MS) e MA + soja integral e inoculante. Os teores
de matéria seca digestível (MSD), proteína digestível (PD), extrato etéreo digestível
(EED) para MS e MSI, amido digestível (AMD), matéria orgânica digestível (MOD),
energia digestível (ED) e energia metabolizável (EM), em 87,45% de matéria seca, para
MA foram, respectivamente, de 80,95; 1,82; 75,01; 77,31%; 3.249 e 3.184 kcal/kg, para
MI foram, 82,30; 1,95; 74,65; 81,81%; 3.292 e 3.271 kcal/kg, para MS foram, 80,08;
6,69; 2,35; 64,18; 79,25%; 3.452 e 3.370 kcal/kg e para MSI foram, 79,22; 6,73; 2,20;
66,79; 78,46%; 3.342 e 3.303 kcal/kg. O uso de inoculante não foi efetivo para melhorar
a digestibilidade dos nutrientes. No experimento de desempenho foram utilizados 36
leitões com peso vivo inicial de 14,67±1,07 kg, distribuídos em um delineamento
inteiramente casualizado, com restrição na casualização para duas classes de peso
inicial, totalizando três tratamentos, seis repetições e dois animais por unidade
experimental. Os tratamentos consistiram em uma ração à base de milho e farelo de soja
(RT) e outras duas rações com substituição total do milho por MA e MS. Foram
observadas pioras no ganho de peso diário para MS e na conversão para os leitões que
receberam MS e RT em relação à MA. Pode-se concluir que as silagens de raiz de
mandioca e as silagens da raiz de mandioca contendo soja integral apresentaram bons
valores nutritivos e podem ser utilizadas sem restrições na alimentação de leitões na
fase de creche.
Palavras-chave:
alimentos alternativos, desempenho, digestibilidade, suíno, valores
energéticos.
III
Nutritional Evaluation of Cassava Root Silage with or Without Whole
Soybean for Nursery Piglets
ABSTRACT. Two experiments were carried out to determine nutritive value and
verify performance of nursery piglets fed with cassava root silage with or without whole
soybean. In the digestibility trial were used fifteen cross breed barrow with initial
average body weight of 21.902.54 kg in metabolism cages, in a completely
randomized design with replications in time. There were evaluate the cassava root silage
(CA), CA + inoculants bacterial enzyme (CI), CA + whole soybean (CS) and CA +
whole soybean and inoculants bacterial enzyme (CSI). The values of digestible dry
matter (DDM), digestible protein (DP), digestible ether extract (DEE) for CS and CSI,
digestible starch (DS), digestible organic matter (DOM), digestible energy (DE) and
metabolizable energy (ME) were; 80.95, 1.82, 75.01, 77.31%, 3,249 and 3,184 kcal/kg
for CA; 82.30, 1.95, 74.65, 81.81%, 3,292 and 3,271 kcal/kg for CI; 80.08, 6.69, 2.35,
64.18, 79.25%, 3,452 e 3,370 kcal/kg for CS and 79.22, 6.73, 2.20, 66.79, 78.46%,
3,342 e 3,303 kcal/kg for CSI, respectively, based on 85.45% dry matter. The inoculants
use was not effective to improve nutrients digestibility. In the performance trial were
used thirty six cross breed piglets, with initial body weight of 14.67±1.07 kg. The
piglets were distributed in three treatments in a completely randomized design, with six
experimental units and two piglets per experimental units. The treatments consisted of a
basal corn and soybean meal diet (CD), two diets with total corn replacement by CA
and CS. The worst results were observed in the daily weight gain for MS and in the
feed:gain ration for
nursery piglets
fed with CD and CS diets in relation to CA
. It can be
concluded that the cassava root silage and cassava root containing whole soybean silage
can be used without restrictions in nursery piglets feeding.
Key words: alternative foods, digestibility, energy values, performance, swine.
20
Introdução
A alimentação de suínos representa de 70 a 80% do custo de sua produção, e o
milho seco moído é a principal fonte energética e o responsável pela maior parte dos
custos com a produção de rações. Diante disso, o interesse contínuo na busca de
alimentos que possam otimizar os índices produtivos e econômicos nos sistemas de
exploração pecuários sem comprometer, no entanto, o desempenho animal, vem sendo
uma preocupação constante dos pesquisadores.
A mandioca (Manihot esculenta, Crantz), também conhecida como macaxeira ou
aipim é cultivada praticamente em todo território brasileiro e possui excelente qualidade
nutritiva para a alimentação animal. Sua produção é menos exigente em insumos do que
a maioria das culturas e por isso, menos dispendiosa. É uma cultura de grande expressão
socioeconômica tanto em vel nacional como mundial, constituindo-se em importante
fonte de energia para a alimentação humana e animal (Bezerra et al., 1996).
Segundo a SEAB (2005), o Brasil produz 23,8 milhões de toneladas e o Estado do
Pará é o maior produtor nacional de raiz e de farinha. O Paraná, produtor nacional de
raiz, com produção de 4,0 milhões de toneladas, se destaca pelo maior e mais moderno
parque industrial, em especial o feculeiro.
A raiz de mandioca é rica em amido e apresenta a seguinte composição química
média: 60 a 65% de umidade, 21 a 33% de amido, 1,0 a 1,5% de proteínas, 0,7 a 1,06% de
fibras e 0,6 a 0,9% de cinzas. Tal composição é variável de acordo com as condições
ambientais em que se desenvolveu, a cultivar utilizada e a idade da planta (Butolo, 2002).
Estudos mostram que a raiz de mandioca pode ser incluída na formulação de rações
de todos os animais domésticos, graças a seu valor energético e à sua palatabilidade, mas é
necessário que a formulação contenha uma fonte protéica (Carvalho, 1986).
21
Segundo Carvalho (1986), a mandioca pode ser classificada em dois tipos: a
mandioca mansa, doce ou de mesa, que possui baixo teor de glicosídeo cianogênico
(ácido cianídrico), inferior a 50 mg/kg na polpa fresca, e a brava, amarga ou venenosa,
com teores elevados, acima de 100 mg/kg na polpa fresca.
Os glicosídeos cianogênicos, sob hidrólise ácida no trato digestório ou sob ação de
enzimas endógenas (linamarase), produzem o composto HCN (ácido cianídrico), que é
um produto tóxico e pode levar os animais à morte (Mazzuco & Bertol, 2000), contudo,
a armazenagem, em anaerobiose da raiz de mandioca, reduz o teor de HCN em mais de
65% após 29 dias de ensilada (Soares, 2003).
Para suínos, a raiz da mandioca e seus subprodutos podem ser utilizados com
poucas restrições, como um excelente substituto dos grãos de cereais. Buitrago (1990)
afirma que dietas para suínos podem conter até 40% de raspa de mandioca e esse
percentual pode ser aumentado nas fases de crescimento e terminação.
Considerando que a produção de mandioca tem aumentado significativamente nas
propriedades agrícolas brasileiras e paranaenses, e que a literatura nacional é escassa
com respeito à utilização da silagem de raiz de mandioca na alimentação animal,
justifica-se maior direcionamento de trabalhos de pesquisa que avaliem o desempenho
de suínos alimentados com esse produto.
O objetivo desse trabalho foi avaliar, por meio de ensaio de digestibilidade e
experimento de desempenho, o uso da silagem de raiz de mandioca contendo ou não
soja integral para leitões na fase de creche.
Material e Métodos
Foram conduzidos dois experimentos no Setor de Suinocultura da Fazenda
Experimental de Iguatemi (FEI), pertencente ao Centro de Ciências Agrárias da
Universidade Estadual de Maringá (CCA/UEM).
22
No ensaio de digestibilidade, realizado no período de sete a 21 de janeiro de 2005,
foram utilizados 15 suínos (Landrace X Large White X Duroc), machos, castrados, com
21,90 ± 2,54 Kg de peso vivo médio inicial.
Os animais foram alojados individualmente em gaiolas de metabolismo
semelhantes às descritas por Pekas (1968). O período experimental teve a duração de
cinco dias de adaptação às rações experimentais e às gaiolas, seguidos por dois períodos
de coletas de fezes e urina de cinco dias cada. O delineamento experimental utilizado
foi o inteiramente casualizado com repetição no tempo, totalizando cinco tratamentos,
seis repetições, e a unidade experimental foi constituída por um suíno.
A variedade de mandioca (Manihot esculenta Crantz) utilizada foi a da Fécula
Branca cultivada na região.
Os alimentos avaliados foram as silagens de raiz de mandioca (MA), silagem de raiz
de mandioca com inclusão de inoculante enzimo-bacteriano Bacto Silo produzido pela
Katec Agrotécnica (MI), silagem de raiz de mandioca contendo soja integral (MS) e
silagem de raiz de mandioca contendo soja integral e inoculante (MSI), que substituíram,
com base na matéria seca, 30% da ração referência (RR), que resultou em quatro rações
testes (RT). As rações que continham as silagens foram misturadas diariamente.
As raízes de mandioca utilizadas para a confecção da MA e MI foram trituradas,
em moinho do tipo martelo, em seguida, ensilados em tambores de polietileno com
capacidade para 200 litros. Para as silagens da raiz de mandioca que tiveram inclusão de
soja integral, misturaram-se 93% de raiz de mandioca triturada com 7% de soja integral,
quantidade de soja suficiente para que a mistura atingisse aproximadamente o nível de
proteína bruta do milho grão 8,68% em 87,45% de matéria seca, segundo Tabelas da
EMBRAPA (1991) e, posteriormente, foram também ensiladas em tambores de
polietileno com capacidade para 200 litros.
23
A ração referência (Tabela 1) foi formulada de acordo com a composição química
e os valores energéticos dos ingredientes indicados por Rostagno et al. (2000).
Tabela 1. Composição percentual e química da ração referência
Table 1. Percentual and chemical composition of basal diet
Ingredientes
Ingredients
%
Milho comum
Common corn
60,03
Farelo de soja
Soybean meal
32,73
Calcário
Limestone
0,73
Fosfato bicálcico
Dicalcium phosphate
1,73
Sal
Salt
0,40
Açúcar
Sugar
3,00
Óleo vegetal
Vegetable oil
0,88
Supl. Vit. + min.
1
Min. and vit. Premix
1
0,50
TOTAL
TOTAL
100,00
Nutrientes
Nutrients
Proteína Bruta, %
Crude Protein, %
20,05
Energia Digestível, kcal/kg
Digestible Energy, kcal/kg
3.400
Lisina, %
Lysine, %
1,06
Met + Cis, %
Met + Cys, %
0,64
Cálcio, %
Calcium, )
0,83
Fósforo disponível, %
Available phosphorus, %
0,43
1
Roche inicial contendo por quilo do produto: Vit. A: 2.000.000 UI; Vit. D3: 400.000 UI; Vit. E: 5.000
UI; Vit. K3: 400 mg; Vit. B1: 400 mg; Vit. B2: 1.200 mg; Vit. B6: 600 mg; Vit. B12: 6.000 mcg; Ác.
Nicotínico: 6.000 mg; Ác. Pantotênico: 2.400mg; Biotina; 20 mg; Ác. Fólico; 200 mg; Selênio: 60 mg;
Colina: 30.000 mg; Lisina: 234.000 mg; Promotor do crescimento: 10.000 mg; Antioxidante: 20.000 mg;
Iodo: 300 mg; Cobalto: 200 mg; Cobre: 35.000 mg; Zinco: 20.000 mg; Ferro: 20.000 mg; Manganês:
8.000 mg.(
1
Roche initial kg contents of product: Vit. A: 2,000,000 UI; Vit. D3: 400,000 UI; Vit. E: 5,000 UI; Vit.
K3: 400 mg; Vit. B1: 400 mg; Vit. B2: 1,200 mg; Vit. B6: 600 mg; Vit. B12: 6,000 mcg; Nicotinic acid: 6,000 mg;
Pantothenic acid: 2,400mg; Biotin; 20 mg; Folic acid; 200 mg; Selenium: 60 mg; Choline: 30,000 mg; Lysine:
234,000 mg; Promoter growing: 10,000 mg; Antioxidan: 20,000 mg; Iodine: 300 mg; Cobalt: 200 mg; Copper:
35,000 mg; Zinc: 20,000 mg; Iron: 20,000 mg; Manganese: 8,000 mg).
24
As rações foram fornecidas em duas alimentações diárias, 50% às 8:00 e 50% às
16:00 horas. A quantidade total diária foi estabelecida de acordo com o consumo na fase
de adaptação, baseado no peso metabólico (kg
0,75
) de cada unidade experimental. No
segundo período de coletas, o fornecimento de ração foi aumentado em 8% para todos
os animais.
Após cada refeição, foi fornecida água no comedouro, na proporção de 3,0 mL/g
de ração, calculada para cada unidade experimental, para evitar o excesso de consumo
de água. Foi utilizado o método de coleta total de fezes, com a adição de 2% de óxido
férrico (Fe
2
O
3
) às rações como marcador do início e fim da coleta de fezes.
As fezes totais produzidas foram coletadas uma vez ao dia em sacos plásticos e
armazenadas em congelador a -18C. Posteriormente, foram homogeneizadas e uma
amostra de 20% foi retirada, seca em estufa de ventilação forçada (55C) e moída para
análise de matéria seca, proteína bruta, extrato etéreo, amido, matéria orgânica e energia
bruta. Os teores de energia bruta das rações, das silagens, das fezes e da urina foram
determinados por meio de calorímetro adiabático (Parr Instrument Co.).
A urina foi coletada diariamente em baldes plásticos que contém 20 mL de HCl
1:1. Uma alíquota de 20% foi acumulada diariamente e congelada a -18C,
posteriormente, foram homogeneizadas e amostradas para determinação de energia.
As análises dos alimentos, das fezes e da urina foram realizadas no Laboratório de
Nutrição Animal do Departamento de Zootecnia da Universidade Estadual de Maringá
(LANA-DZO/UEM), segundo os procedimentos descritos por Silva & Queiroz (2002).
As determinações de amido dos alimentos e das fezes foram obtidas de acordo com o
método enzimático proposto por Poore et al. (1989), adaptado por Pereira & Rossi
(1995). Os valores do pH, dos alimentos e das rações, foram determinados pelo método
utilizado por Phillip & Fellner (1992).
25
Os coeficientes de digestibilidade da matéria seca (CDMS), da proteína bruta
(CDPB), do extrato etéreo (CDEE) para MS e MSI, do amido (CDAM), matéria
orgânica (CDMO), energia bruta (CDEB) e o coeficiente de metabolização da energia
bruta (CMEB) dos alimentos avaliados foram calculados, considerando o método de
coleta total de fezes e urina, conforme Moreira et al. (1994).
Os teores de matéria seca digestível (MSD), proteína digestível (PD), extrato
etéreo digestível (EED) para MS e MSI, amido digestível (AMD), matéria orgânica
digestível (MOD), energia digestível (ED) e energia metabolizável (EM) dos alimentos,
foram calculados utilizando a fórmula de Matterson et al. (1965).
Os coeficientes de digestibilidade da matéria seca, da proteína bruta, do extrato
etéreo, do amido, da matéria orgânica, da energia bruta e o coeficiente de metabolização
da energia bruta dos alimentos avaliados foram analisados de acordo com o modelo
estatístico:
Y
ijk
= + T
i
+P
k
+ TP
ik
+ A
j
/T
i
+
e
ijk
em que:
Y
ijk
= coeficientes de digestibilidade da matéria seca, da proteína bruta, do extrato
etéreo, do amido, da matéria orgânica, da energia bruta e o coeficiente de
metabolização da energia bruta, observados na unidade experimental k, que
recebeu o alimento i, no período j;
= constante geral;
T
i
= efeito do tipo do alimento i, e i = 1; 2; 3 e 4 (1=MA; 2=MI, 3=MS e 4=MSI);
P
k
= efeito do período (k = 1 ou 2);
TP
ik
= efeito da interação do tipo de alimento i com o período k
A
j
/T
i
= efeito da interação do animal j com o tipo de alimento i;
26
e
ijk
= erro aleatório associado à subparcela ou período.
No experimento de desempenho dos leitões, em fase de creche, realizado no
período de 23 de maio a 16 de junho de 2005, foram utilizados 36 suínos mestiços,
desses, metade: machos castrados e, metade: fêmeas, com peso inicial de 14,67 ± 1,07
kg e idade inicial média de 35 dias. Os animais permaneceram no experimento durante
25 dias até atingirem 31,77 ± 2,10 kg de peso vivo médio.
O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, com
restrição na casualização para duas classes de peso inicial, que totalizaram três
tratamentos, seis repetições, com dois animais por unidade experimental (um macho e
uma fêmea). Os animais foram pesados no início e no final do período experimental que
foi de 25 dias.
Os animais foram alojados em creche de alvenaria, coberto com telhas de
fibrocimento, dispostas em duas salas, cada uma possuindo dez baias, divididas por um
corredor central. As baias eram do tipo suspensas com piso de plástico, cada uma
equipada com comedouro de cinco bocas, localizado na parte frontal e um bebedouro
tipo chupeta na parte posterior.
Os tratamentos experimentais consistiram de três rações isoenergéticas,
isocálcicas, isofosfóricas e isoproteicas. Foi utilizada uma ração testemunha (RT),
contendo milho seco e outras duas rações, em que o milho seco foi substituído em 100%
por MA ou MS, com base nos valores energéticos e convertidos para 87,45% de matéria
seca. As rações foram formuladas de acordo com as tabelas de exigências nutricionais
propostas por Rostagno et al. (2000), para leitões em fase de creche, como mostradas na
Tabela 2.
27
Tabela 2. Composição percentual e química da ração testemunha (RT) e das rações
contendo silagem de raiz de mandioca (MA) e silagem de raiz de mandioca
contendo soja integral (MS) para leitões na fase de creche
Table 2. Percentual and chemical composition of control diet (CD) and diets containing cassava root
silage (CA), and cassava root silage containing whole soybean (CS) to on
nursery piglets
Ingredientes
Ingredients
RT
(CD)
MA
(CA)
MS
(CS)
Milho grão
1
Corn grain
1
65,05 - -
MA
CA
- 54,15(108,91)
2
-
MS
CS
- - 65,38 (127,85)
2
Farelo de soja
Soybean meal
30,10 38,72 29,65
Óleo soja
Soybean oil
1,45 3,92 1,75
Fosfato Bicálcico
Dicalcium phosphate
1,75 1,86 1,85
Calcário
Limestone
0,70 0,40 0,42
Sal comum
Common salt
0,40 0,40 0,40
Supl. V.M.
3
M.V. Suple.
3
0,50 0,50 0,50
L-Lisina HCl
L-Lysine HCl
0,05 - -
DL-Metionina
DL-Methionine
- 0,06 0,06
Total
Total
100 100 100
Nutrientes
Nutrients
ED, kcal/kg
DE, kcal/kg
3.400 3.400 3.400
PB, %
CP, %
19,00 19,00 19,00
Lis %
Lys, %
1,06 1,17 1,15
Met+Cis
,%
Met + Cys, %
0,64 0,63 0,63
Ca, %
Ca, %
0,83 0,83 0,83
P disponível,%
P
available, %
0,43 0,43 0,43
1
Valores em 87,45% de matéria seca
(
1
Values on 87.45% of dry matter).
2
Valores na matéria natural.
(
2
As fed basis values).
3
Suplemento vitamínico-mineral. Conteúdo por kg de ração: Vit. A: 2.000.000 UI; Vit. D
3
: 400.000 UI; Vit. E: 5.000
UI; Vit. K
3
: 400,0 mg; Vit. B
1
: 400,0 mg; Vit. B
2
: 1200,0 mg; Vit. B
6
: 600,0 mg; Vit. B
12
: 6.000,0 mcg; Ác.
Nicotínico: 6.000,0 mg; Ác. Pantotênico: 2.400,0 mg; Biotina: 20,0 mg; Ác. Fólico: 200,0 mg; Selênio: 60,0 mg;
Colina: 30,0 g; Lisina: 234,0 g; Salinomicina: 10.000,0 mg; Antioxidante: 20,0 g; Iodo: 300,0 mg; Cobalto: 200,0
mg; Cobre: 35.000,0 mg; Zinco: 20.000,0 mg; Ferro: 20.000,0 mg; Manganês: 8.000,0 mg; Veículo q.s.p.: 1.000,0 g.
(
3
Mineral-vitamin supplement. Nutritional levels per kg of diet: Vit. A: 2,000,000 UI; Vit. D
3
: 400,000 UI; Vit. E: 5,000 UI; Vit. K
3
:
400.0 mg; Vit. B
1
: 400.0 mg; Vit. B
2
: 1200.0 mg; Vit. B
6
: 600.0 mg; Vit. B
12
: 6,000.0 mcg; nicotinic acid: 6.000.0 mg;. panthotenic
acid: 2,400.0 mg; biotin: 20.0 mg; folic acid: 200.0 mg; seleniun: 60.0 mg; choline: 30.0 g; lysine: 234.0 g; salinomicin: 10,000.0
mg; antioxidant: 20.0 g; iodine: 300.0 mg; cobalt: 200.0 mg; copper: 35,000.0 mg; zinc: 20,000.0 mg; iron: 20,000.0 mg;
manganese: 8,000.0 mg; vehicle q.s.p.: 1,000.0 g)
.
28
As raízes de mandioca utilizadas para a confecção da MA foram trituradas em
ensiladeira de uma linha JF Nogueira, em seguida, ensilada em trincheira com
capacidade para 6 toneladas. Para as silagens de raiz de mandioca com inclusão de soja
integral, utilizaram-se as mesmas raízes de mandioca trituradas, misturaram-se 93% de
raiz de mandioca triturada com 7% de soja integral, quantidade de soja suficiente para
que a mistura atingisse aproximadamente o nível de proteína bruta do milho grão de
8,68% em 87,45% de matéria seca, segundo Tabelas da EMBRAPA (1991) e,
posteriormente, foram também ensiladas em silo trincheira com a mesma capacidade.
As rações que contém MA e MS foram misturadas diariamente, a um concentrado
composto pelos demais ingredientes, previamente preparados. As rações foram pesadas
diariamente e oferecidas na forma farelada. A água e as rações foram fornecidas à vontade.
Os valores de pH das silagens foram obtidos seguindo os procedimentos
utilizados por Phillip & Fellner (1992). Os valores de ácido cianídrico e inibidores de
tripsina das silagens antes e após a ensilagem foram obtidos segundo a metodologia de
Horwitz (1975) e Rackis et al. (1974), respectivamente.
O consumo diário de ração (CDR), ganho diário de peso (GDP) e a conversão
alimentar (CA) foram calculados a partir dos dados de consumo de ração e ganho de
peso durante o período experimental.
Os preços dos ingredientes utilizados na elaboração das dietas experimentais foram:
milho grão, R$ 0,21/kg; farelo de soja, R$ 0,52/kg; óleo de soja, R$ 1,44/kg; fosfato
bicálcico, R$ 1,32/kg; calcário, R$ 0,15/kg; sal comum, R$ 0,34/kg; suplemento mineral e
vitamínico inicial R$ 3,47/kg; L-lisina, R$ 6,93/kg; DL-Metionina, R$ 9,15/kg. Os preços
da MA e MS foram de R$ 0,18/kg e R$ 0,20/kg, respectivamente, quando ajustados para a
mesma base de matéria seca do milho seco (87,45%). Essa estimativa foi feita de acordo
com os valores de custo da tonelada da raiz de mandioca (R$ 90,00).
29
Para verificar a viabilidade econômica da substituição do milho pela silagem de
raiz de mandioca, contendo ou não soja integral, nas rações, foi determinado,
inicialmente, o custo de ração por quilograma de peso vivo ganho (Yi), segundo
Bellaver et al. (1985).
Em seguida, foram calculado o Índice de Eficiência Econômica (IEE) e o Índice
de Custo (IC), proposto por Gomes et al. (1991).
O consumo diário de ração, ganho diário de peso, conversão alimentar e as
variáveis econômicas foram submetidos à análise de variância, de acordo com o
programa Sistema de Análises Estatísticas e Genéticas (SAEG) (Universidade Federal
de Viçosa, 1997), utilizado o seguinte modelo estatístico:
Y
ijk
= + T
i
+ B
j
+ TB
ij
+ e
ijk
Em que:
Y
ijk
= observação k, recebendo o alimento i, no bloco j;
= constante geral;
T
i
= efeito i de substituição do milho por MA e MS (1 = MA e 2 = MS);
B
j
= efeito da classe de peso j (j = 1 animais pesados, 2 animais leves);
TB
ij
= efeito da interação do tipo de alimento i com a classe de peso j;
e
ijk
= erro aleatório associado à cada observação Y
ijk.;
Para comparação dos resultados obtidos entre os tratamentos, foi utilizado o teste
de Tukey a 5%.
Resultados e Discussão
Os teores de matéria seca, proteína bruta, amido, matéria orgânica, cinzas, extrato
etéreo, fibra bruta, cálcio, fósforo, energia bruta e o valor do pH dos alimentos
avaliados podem ser visualizados na Tabela 3.
30
Tabela 3. Teores de matéria seca, proteína bruta, amido, matéria orgânica, cinzas,
extrato etéreo, fibra bruta, cálcio, fósforo total, energia bruta e valor de pH
dos alimentos avaliados (MA, MI, MS e MSI)
1
, na matéria natural e em
87,45% de matéria seca
Table 3. Dry matter, crude protein, starch, organic matter, ash, ether extract, crude fiber,
calcium, total phosphorus, gross energy values and pH value of evaluated food
(CA, CI, CS and CSI)
1
, as fed basis and 87.45% of dry matter basis
Parâmetros
Parameters
MA
2
CA
2
MI
2
CI
2
MS
2
CS
2
MSI
2
CSI
2
MA
3
CA
3
MI
3
CI
3
MS
3
CS
3
MSI
3
CSI
3
Matéria seca, %
Dry matter, %
46,15
45,75
45,37
44,15
87,45
87,45
87,45
87,45
Proteína bruta, %
Crude Protein, %
1,72
1,77
4,29
4,23
3,27
3,39
8,27
8,36
Amido, %
Starch, %
39,58
39,06
33,30
33,72
75,01
74,65
64,18
66,79
Matéria orgânica, %
Organic matter, %
45,29
44,89
44,25
43,10
85,86
85,80
85,31
85,38
Cinzas, %
Ash, %
0,83
0,86
1,12
1,05
1,58
1,65
2,15
2,08
Extrato etéreo, %
Ether extract, %
0,13
0,12
1,61
1,49
0,24
0,22
3,12
3,11
Fibra bruta, %
Crude fiber, %
1,26
1,36
1,87
2,06
2,39
2,60
3,61
4,08
Cálcio, %
Calcium, %
0,08
0,08
0,08
0,08
0,15
0,15
0,16
0,16
Fósforo total, %
Total Phosphorus, %
0,04
0,04
0,05
0,05
0,07
0,07
0,10
0,10
Energia bruta, kcal/kg
Gross energy, kcal/kg
1.873
1.845
2.002
1.922
3.550
3.527
3.858
3.806
pH
pH
3,90
3,84
3,98
3,97
- - - -
1
MA = silagem de raiz de mandioca, MI = silagem de raiz de mandioca contendo inoculante, MS =
silagem de raiz de mandioca contendo soja integral e MSI = silagem de raiz de mandioca contendo soja
integral e inoculante.
(
1
CA = cassava root silage, CI = cassava root with inoculant silage, CS = cassava root
containing whole soybean silage and CSI = cassava root containing of whole soybean and inoculant silage)
2
Valores na matéria natural (
2
As fed basis values).
3
Valores convertidos para 87,45% de matéria seca conforme os dados apresentados pela tabela da
EMBRAPA (1991) para o milho (grão) (
3
Values converted for 87.45% of dry matter basis, according to data
EMBRAPA (1991) for corn grain).
Pode-se verificar que os teores de proteína bruta, cinzas, extrato etéreo, fibra bruta
e energia bruta da MA e MI foram menores que os encontrados para a MS e MSI,
quando convertidos para mesma base de matéria seca (87,45% de matéria seca). Isso
ocorreu porque as silagens MS e MSI sofreram inclusão de soja integral, que aumentou
os seus teores de energia, fibra, extrato etéreo e proteína bruta em função do óleo, do
maior teor de fibra e do maior nível de proteína bruta presente no grão de soja.
31
As silagens que contêm soja apresentaram respectivamente, em média, teores de
energia e proteína bruta 8,3% e 249,6% superiores às silagens de mandioca sem soja.
Os valores de pH das silagens estudadas podem ser considerados satisfatórios uma
vez que apresentaram pH inferiores a 4, valor considerado adequado para a maioria das
silagens. Os valores encontrados estão próximos ao citado por Jobim et al. (1997) e
Lima et al. (1998), de 3,6 e 4,0 respectivamente, para silagens de grãos úmidos de
milho.
As silagens MA e MI, quando convertidos para 87,45% de matéria seca,
apresentaram teores de energia bruta inferiores e proteína bruta superiores aqueles
mostrados por Rostagno et al. (2005), EMBRAPA (1991) e Butolo (2002) para a raspa
de mandioca integral (3.632 kcal/kg e 1,7%; 3.595 kcal/kg e 1,98%; 3.692 kcal/kg e
1,94% respectivamente). Quando se compara a MA e MI com a silagem de raiz de
mandioca da EMBRAPA (1991), os teores de energia e proteína bruta apresentaram-se
superiores (3.386 kcal/kg e 2,60%).
Na Tabela 4, estão apresentados os valores de ácidos cianídricos e inibidores de
tripsina da MA e MS antes e depois de ensiladas.
Os teores de ácido cianídrico e inibidores de tripsina diminuíram após o processo
de ensilagem que confirma o efeito positivo da fermentação anaeróbia que ocorre nos
processo de ensilagem como se pode observar na Tabela 4. Esse efeito está de acordo
com Soares (2003), que ao trabalhar com silagem de folhas e ramos de mandioca
encontrou redução de 78% no teor de ácido cianídrico.
32
Tabela 4. Valores de ácido cianídrico e inibidores de tripsina da silagem de raiz de
mandioca (MA) e silagem de raiz de mandioca com inclusão de soja integral
(MS) antes e depois de ensiladas
Table 4. Values of cyanidric acid and trypsin inhibitors of cassava root silage (CA) and silage of
cassava root with inclusion of whole soybean (CS) before and after ensilage process
MA
(CA)
MS
(CS)
Parâmetros (Parameters)
Antes
(Before)
Depois
(After)
Antes
(Before)
Depois
(After)
Ácido cianídrico (mg/kg)
Cianidri acid
(mg/kg)
35,2 12,0 Nd
1
Nd
1
Inibidores de tripsinas (UIT/g)
Inhibitors trypsin (UIT/g)
Nd
1
Nd
1
841,5 591,5
1
- Não-determinado.
(
1
Not determined)
Cabe salientar que os teores de ácido cianídrico da raiz de mandioca antes de
ensilar são considerados baixos, que caracterizam a mandioca utilizada no experimento
como variedade mansa, concordando com Carvalho (1986) que afirmou que mandioca
mansa, doce ou de mesa possui teor de ácido cianídrico inferior a 50 mg/kg de polpa
fresca.
Na Tabela 5, estão apresentados os coeficientes de digestibilidade aparente da
matéria seca (CDMS), da proteína bruta (CDPB), do extrato etéreo (CDEE) para MS e
MSI, do amido (CDAM), da matéria orgânica (CDMO) e da energia bruta (CDEB) e o
coeficiente de metabolização da energia bruta (CMEB) dos alimentos avaliados.
Os CDPB obtidos para a MA e MI (55,77 e 57,54%, respectivamente) foram
menores (P<0,05) do que os encontrados para a MS e MSI (80,92 e 80,50%,
respectivamente). Esse aumento no coeficiente pode ser atribuído ao aumento na
qualidade e no teor da proteína bruta dessas silagens ocasionado pela inclusão de soja
integral.
33
Tabela 5. Coeficientes de digestibilidade aparente da matéria seca (CDMS), da proteína
bruta (CDPB), do extrato etéreo (CDEE), do amido (CDAM), da matéria
orgânica (CDMO), da energia bruta (CDEB) e coeficiente de metabolização
da energia bruta (CMEB) dos alimentos avaliados
Table 5. Dry mater (DMDC), crude protein (CPDC), ether extract (EEDC), starch (SDC), organic
matter (OMDC), gross energy (GEDC) apparent digestibility coefficients and gross energy
metabolization coefficient (GEMC) of evaluated feeds
Itens
Itens
MA
1
CA
1
MI
1
CI
1
MS
1
CS
1
MSI
1
CSI
1
CV, %
2
VC,%
2
CDMS, %
DMDC, %
92,57 94,11 91,57 90,59 1,29
CDPB, %
CPDC, %
55,77
b
57,54
b
80,92
a
80,50
a
8,21
CDEE, %
EEDC, %
Nd
3
Nd
3
75,48 70,89 9,46
CDAM, %
SDC, %
100 100 100 100 -
CDMO, %
OMDC, %
90,04
b
95,35
a
92,90
ab
91,89
b
1,01
CDEB, %
GEDC, %
91,52
a
93,33
a
89,48
b
87,80
b
1,77
CMEB, %
GEDM, %
89,70
a
92,74
a
87,34
b
86,79
b
1,81
Médias na mesma linha seguidas por letras diferentes são diferentes (P<0,05).
(Means in the same line
following by different letters are different (P<0.05)).
1
MA = silagem de raiz de mandioca, MI = silagem de raiz de mandioca com inclusão de inoculante, MS
= silagem de raiz de mandioca com inclusão de soja integral e MSI = silagem de raiz de mandioca com
inclusão de soja integral e inoculante.
(
1
CA = cassava root silage, CI = silage of cassava root with inoculant, CS
= silage of cassava root with inclusion of whole soybean and CSI = silage of cassava root with inclusion of whole
soybean and inoculant)
2
Coeficiente de variação
(
2
Coefficient of variation)
3
Não-determinado.
(
3
Not determined)
Os CDEB e CMEB da MS e MSI foram inferiores (P<0,05) aos obtidos para a
MA e MI. Estas quedas nos coeficientes podem ter sido causadas pelo aumento no teor
de fibra bruta daquelas silagens quando se incluiu a soja integral nas silagens de raiz de
mandioca.
Os CDEB, CDPB e o CMEB obtidos para os alimentos avaliados, no presente
experimento, se mostraram inferiores àqueles publicados pela EMBRAPA (1991) para a
silagem de raiz de mandioca (95,97; 76,67 e 91,49%, respectivamente), com exceção
para o CDPB da MS e MSI e o CMEB para a MI que se apresentaram superiores.
Comparando os CDEB, CDPB e o CMEB dos alimentos avaliados, com os
apresentados por Rostagno et al. (2005) para a raspa de mandioca integral (84,18; 35,0 e
34
83,40%, respectivamente), verifica-se que as silagens apresentaram maiores
disponibilidades desses nutrientes, evidenciando que o processo de ensilagem melhorou
o valor nutricional da mandioca. Tal fato pode ser atribuído à acidificação do material
ensilado, pois ocorreu queda no pH para valores abaixo de quatro.
De acordo com Jongbloed et al. (2000), a utilização de ácidos orgânicos na dieta
de suínos diminui o pH do alimento no trato gastrintestinal, que resulta em maior
dissociação dos compostos minerais da dieta, que proporciona a formação de complexos
minerais quelatados, melhora a sanidade do intestino dos animais e reduz a taxa de
esvaziamento gástrico, com conseqüente melhora na digestibilidade da matéria seca,
matéria orgânica, cinzas, cálcio e fósforo.
Com o atraso no esvaziamento estomacal, é possível que as enzimas digestivas, a
amilase salivar (Holmes et al., 1974), pepsina e lipase gástrica (Solomon, 1994), possam
agir por mais tempo. Além disso, provavelmente, a ação das enzimas digestivas seja
mais eficiente nas partículas úmidas do alimento (Holmes et al., 1973).
Holmes et al. (1973) constataram maiores coeficientes de digestibilidade ileal e
total da matéria seca, energia e proteína para as dietas que contêm milho úmido tratado
com ácidos orgânicos ou silagem de grãos úmidos de milho, cujo pH variava entre 4,77
e 5,16 em comparação à dieta com milho seco comum (pH = 5,35). Como
conseqüência, menor quantidade de nutrientes (amido e compostos nitrogenados) foi
fermentada no intestino grosso.
A digestibilidade do amido dos alimentos avaliados foi considerada total,
concordando com os resultados de Holmes et al. (1973), que relatam que a concentração
de amido nas fezes de 10 g/kg representou menos de 0,2% do amido ingerido, tornando
a acurácia da mensuração difícil, ao assumir, a digestão completa do amido. A maior
digestibilidade do amido da mandioca ensilada deve-se, sobretudo, à ausência da matriz
35
protéica no grão de amido da raiz de mandioca, pois, conforme Rooney & Pflugfelder
(1986), as matrizes de proteína e os corpos protéicos presentes no endosperma dos grãos
afetam a utilização de amido pelos animais. Essa maior digestibilidade pode ser
atribuída à ação dos ácidos orgânicos formados na silagem, pois, segundo Rooney &
Pflugfelder (1986), o amido pode ser gelatinizado pela ação de agentes químicos, como
por exemplo: os ácidos orgânicos.
Os coeficientes de digestibilidade das silagens testadas não sofreram efeito da
inclusão de inoculante enzimo-bacteriano. Esta resposta já era esperada, visto que (pois)
a raiz de mandioca possui grande quantidade de amido de fácil fermentação para as
bactérias. Por o apresentar diferença nos coeficientes de digestibilidade, optou-se em
não colocar o inoculante nas silagens utilizadas para o experimento de desempenho.
Para comparação dos dados obtidos (Tabela 6) com os da literatura, os teores de
nutrientes digestíveis desse trabalho e os de outros autores foram convertidos para
87,45% de matéria seca, baseada na matéria seca do milho, de acordo com a tabela da
EMBRAPA (1991).
As silagens MS e MSI apresentaram em média 127 kcal de energia digestível/kg,
4,83% de proteína digestível e 109 kcal de energia metabolizável/kg superiores aos das
MA e MI. Isso já era esperado, pois com a inclusão de soja integral na silagem de raiz
de mandioca, aumentaram-se os teores de energia e proteína bruta dessas silagens, que
aumenta os teores nutricionais das mesmas.
36
Tabela 6. Teores de matéria seca digestível (MSD), proteína digestível (PD), extrato
etéreo digestível (EED), amido digestível (AMD), matéria orgânica digestível
(MOD), energia digestível (ED) e energia metabolizável (EM) dos alimentos
avaliados (MA, MI, MS e MSI)
1
na matéria natural e em 87,45% de matéria
seca
Table 6. Values of digestible dry matter (DDM), protein (DP), ether extract (DEE), starch (DS),
organic matter (OMD) and energy (DE) and metabolizable energy (ME) of evaluated
feeds(CA, CI, CS and CSI)
1
as fed basis and in 87.45% of dry matter
Nutrientes
Nutrients
MA
2
CA
2
MI
2
CI
2
MS
2
CS
2
MSI
2
CSI
2
MA
3
CA
3
MI
3
CI
3
MS
3
CS
3
MSI
3
CSI
3
MSD, %
DDM, %
40,94 40,33 40,15 38,51 80,95 82,30 80,08 79,22
PD, %
DP, %
0,92 0,96 3,36 3,28 1,82 1,95 6,69 6,73
EED, %
DEE, %
Nd
4
Nd
4
1,18 1,01 Nd
4
Nd
4
2,35 2,20
AMD, %
DS, %
37,93 36,58 32,18 32,46 75,01 74,65 64,18 66,79
MOD, %
OMD, %
39,09 40,09 39,73 38,13 77,31 81,81 79,25 78,46
ED, kcal/kg
DE, kcal/kg
1.643 1.613 1.731 1.624 3.249 3.292 3.452 3.342
EM, kcal/kg
ME, kcal/kg
1.610 1.603 1.690 1.606 3.184 3.271 3.370 3.303
1
MA = silagem de raiz de mandioca, MI = silagem de raiz de mandioca com inclusão de inoculante, MS
= silagem de raiz de mandioca com inclusão de soja integral e MSI = silagem de raiz de mandioca com
inclusão de soja integral e inoculante.
(
1
CA = cassava root silage, CI = silage of cassava root with inoculant, CS
= silage of cassava root with inclusion of whole soybean and CSI = silage of cassava root with inclusion of whole
soybean and inoculant)
2
Valores na matéria natural
(
2
As fed basis values)
3
Valores convertidos para 87,45% de matéria seca
(
3
Values converted to 87.45% of dry matter)
4
Não-determinado
. (
4
Not determined)
Comparando os valores de PD, ED e EM dos alimentos avaliados com os
publicados pela EMBRAPA (1991), 1,99%, 3.250 e 3.098 kcal/kg respectivamente,
para a silagem de raiz de mandioca, observou-se que os valores de MA e MI
apresentaram-se bem semelhantes e os da MS e MSI superiores.
Ao se comparar os valores de PD, ED e EM dos alimentos avaliados com os da
raiz fresca de mandioca publicados pela EMBRAPA (1991) (3,05%, 3.299 e 2.788
kcal/kg respectivamente), observou-se que os valores de PD para MA e MI
apresentaram-se inferiores e para MS e MSI superiores. No entanto, os valores de ED
para MA e MI mostraram-se semelhantes, e os da MS e MSI superiores e os valores de
37
EM dos alimentos avaliados foram superiores.
Os valores de PD, MOD, ED e EM das silagens testadas apresentaram-se
superiores aos apresentados por Rostagno et al. (2005), de 0,87; 72,79%, 3.040 e 3.012
kcal/kg, para a raspa integral de mandioca, com exceção para o valor da PD da MA e
MI que apresentaram bastante próximos.
A MS e MSI apresentaram teores de EED superiores ao valor de 0,25%
encontrado por Rostagno et al. (2005) para raspa integral de mandioca.
Na Tabela 7, estão apresentados os resultados de desempenho dos leitões na fase
de creche.
Tabela 7. Valores médios de consumo diário de ração (CDR), ganho diário de peso
(GDP), conversão alimentar (CA) e de pH das rações experimentais (RT, MA
e MS)
1
para suínos em fase de creche
Table 7. Average values daily feed intake (DFI), daily weight gain (DWG), feed:gain ration (F:G)
and pH of experimental diets (CD, CA and CS)
1
of piglets
Tratamentos
Treatments
Variáveis
Variables
RT
CD
MA
CA
MS
CS
CV
2
VC
2
CDR, kg/dia
DFI, kg/day
1,380 1,322 1,274 7,30
GDP, kg/dia
DWG, kg/day
0,715
ab
0,774
a
0,677
b
6,19
CA
F: G
1,930
a
1,702
b
1,883
a
5,11
pH
pH
5,50 4,81 4,66 -
Médias na mesma linha seguidas por letras diferentes são diferentes (P<0,05)
(Means in the same line
following by different lettesr are different (P<0.05))
1
RT = ração a base de milho e farelo de soja, MA = ração com silagem de raiz de mandioca, MS = ração
com silagem de raiz de mandioca com inclusão de soja integral.
(
1
CD = ration containing corn and soybean
meal, CA=diets with cassava root silage, CS = diets with silage of cassava root with inclusion of whole soybean)
2
Coeficiente de Variação
(
2
Coefficient of variation)
O CDR não diferiu entre os tratamentos, que confirma a boa aceitação da silagem
de raiz de mandioca sem e com inclusão de soja integral. O GDP foi melhor para os
leitões alimentados com MA quando comparado com aqueles que receberam MS. A CA
foi melhor para os animais alimentados com MA quando comparado com a MS e RT.
38
A queda no ganho de peso e pior conversão alimentar para os animais que
receberam a ração contento MS, pode ser atribuído aos fatores antinutricionais presentes
no grão de soja cru, pois, provavelmente, o processo de ensilagem não foi eficiente para
inativar totalmente tais fatores, mesmo observando queda na quantidade de unidades de
inibidores de tripsina após a ensilagem.
A melhora na CA para os leitões alimentados com MA pode ser resultado da
ausência de inibidores de tripsina aliado à menor proporção de amilose nos grânulos de
amido da mandioca quando comparado com o do milho. Segundo Van Soest (1994), a
digestibilidade do amido é inversamente proporcional à quantidade de amilose.
A queda do pH ocorreu para as duas silagens. De acordo com Holmes et al.
(1974), o aumento da acidez total da dieta de suínos, provocada pela inclusão de milho
úmido preservado com ácidos orgânicos, determinou maior tempo de retenção
estomacal e fluxo mais homogêneo da digesta para o intestino delgado no intervalo
entre as refeições, que favorece o processo de digestão.
Os resultados da análise econômica, (Tabela 8), consideraram o custo por
tonelada da MA e MS, ajustados para 87,45% de matéria seca, de R$ 180,00 para MA,
R$ 200,00 para MS ensilada e para o milho, R$ 210,00.
Como se pode observar, o custo de ração por quilograma de suíno produzido não
diferiu (P 0,05) entre os tratamentos. Os valores de IEE e o IC encontram-se bastantes
semelhantes, confirmando que a silagem de raiz de mandioca pode substituir totalmente
o milho nas rações, sem prejudicar o preço de quilo produzido.
39
Tabela 8.
Custo do quilograma de ração, custo de ração por quilograma de suíno
produzido (CR), índice de eficiência econômica (IEE) e índice de custo (IC)
das rações experimentais (RT, MA e MS)
1
para leitões em fase de creche
Table 8. Ration cost per kilogram, Ration cost per kilogram of pig produced (DC), economic
efficiency index (EER) and mean cost index (CR) of experimental diets (CD, CA and CS)
1
of nursery piglets
Tratamentos (
Treatments
)
Variáveis
(Variables)
RT
(CD)
MA
(CA)
MS
(CS)
CV
2
, %
(VC
2
, %)
Efeito
(effect)
Custo da ração, R$/kg
Diet cost, R$/kg
0,399 0,443 0,398 -
CR
3
, R$/kg PV ganho
DC
3
, R$/kg BW gain
0,769 0,755 0,749 5,07 NS
IEE
EER
97 99 100 -
IC
CR
103 101 100 -
NS não-significatico (no significant)
1
RT = ração a base de milho e farelo de soja, MA = ração com silagem de raiz de mandioca,
MS = ração com silagem de raiz de mandioca com inclusão de soja integral
. (
1
CD = ration
containing corn and soybean meal, CA=diets with cassava root silage, CS = diets with silage of cassava
root with inclusion of whole soybean)
2
Coeficiente de Variação
(
2
Coefficient of variation)
3
Custo em ração por kg de PV ganho no período
(
3
Ration
cost per kg of BW gained in the period)
Conclusões
O uso de inoculante enzimo-bacteriano não melhorou a digestibilidade dos
nutrientes das silagens de raiz de mandioca contendo ou não soja integral.
A silagem de raiz de mandioca e a silagem da raiz de mandioca contendo soja
integral apresentaram bons valores nutritivos e podem ser utilizadas sem restrições na
alimentação de leitões na fase de creche.
Literatura Citada
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IV
Avaliação Nutricional da Silagem de Raiz de Mandioca Contendo ou não Soja
Integral para Suínos na Fase de Crescimento e Terminação
RESUMO. Dois experimentos foram conduzidos para determinar o valor
nutritivo e verificar o desempenho de suínos em crescimento e terminação alimentados
com rações contendo silagem de raiz de mandioca contendo ou não soja integral. No
ensaio de digestibilidade foram utilizados 15 leitões mestiços, machos, castrados, com
peso vivo 46,99±3,42 kg, distribuídos em um delineamento inteiramente casualizado
com repetição no tempo. Foram avaliadas as silagens de raiz de mandioca (MA), MA +
inoculante enzimo bacteriano (MI), MA + soja integral (MS) e MA + soja integral e
inoculante. Os teores de matéria seca digestível (MSD), proteína digestível (PD),
extrato etéreo digestível (EED) para MS e MSI, amido digestível (AMD), matéria
orgânica digestível (MOD), energia digestível (ED) e energia metabolizável (EM), em
87,45% de matéria seca, para MA foram, respectivamente, de 83,30; 2,60; 75,01;
82,39%; 3.348 e 3.300 kcal/kg, para MI foram, 82,27; 2,54; 74,65; 81,78%; 3.283 e
3.188 kcal/kg, para MS foram, 82,54; 7,24; 2,96; 64,18; 81,04%; 3.541 e 3.459 kcal/kg
e para MSI foram, 83,16; 7,07; 2,84; 66,79; 80,86%; 3.481 e 3.379 kcal/kg. O uso de
inoculante não foi efetivo para melhorar a digestibilidade dos nutrientes. No
experimento de desempenho, foram utilizados 36 suínos mestiços, distribuídos em um
delineamento inteiramente casualizado, com restrição na casualização para duas classes
de peso inicial, com três tratamentos, seis repetições e dois animais por unidade
experimental. Os tratamentos consistiram em uma ração à base de milho e farelo de soja
(RT) e outra duas rações com substituição total do milho por MA e MS, com base nos
valores de energia digestível. Para fase de crescimento, a conversão alimentar melhorou
com o uso das silagens de mandioca contendo ou não soja integral. Pode-se concluir que
a silagem de raiz de mandioca contendo ou não soja integral apresentaram bons valores
nutritivos e podem substituir totalmente o milho na ração de suínos nas fases de
crescimento e período total.
Palavras-chave: alimentos alternativos, desempenho, digestibilidade, suíno, valores
energéticos.
IV Nutritional Evaluation of Cassava Root Silage with or Without Whole
Soybean to Pigs on Growing and Finishing Phases
ABSTRACT. Two experiments were carried out to determine nutritive value and
verify performance of growing and finishing swine fed with cassava root silage with
inclusion or not of whole soybean. In the digestibility trial were used fifteen cross breed
barrow with initial average body weight of 46.99±3.42 kg in metabolism cages, in a
completely randomized design with replication in time. There were evaluate the cassava
root silage (CA), CA + inoculants bacterial enzyme (CI), CA + whole soybean (CS)
and CA + whole soybean and inoculants bacterial enzyme (CSI). The values of
digestible dry matter (DDM), digestible protein (DP), digestible ether extract (DEE),
digestible starch (DS), digestible organic matter (DOM), digestible energy (DE) and
metabolizable energy (ME) were; 82.27; 2.54; 74.65; 81.78%; 3,283 and 3,188 kcal/kg
for CA; 82.27; 2.54; 74.65; 81.78%; 3,283 and 3,188 kcal/kg for CI; 82.54; 7.24; 2.96;
64.18; 81.04%; 3,541 and 3,459 kcal/kg for CS and 83.16; 7.07; 2.84; 66.79; 80.86%;
3,481 and 3,379 kcal/kg for CSI, respectively, based on 85.45% dry matter. The
inoculants use was not effective to improve the nutrients digestibility. In the
performance experiment, thirty-six cross breed swine were distributed in three
treatments in a completely randomized design, with six experimental units and two
piglets per experimental units. The treatments consisted of a control diet containing corn
and soybean meal (CD), two diets with total corn replacement by CA and CS based on
the digestible energy. For growth phase the feed:gain ratio was better with the cassava
root silages use with or without inclusion of integral soybean. It was concluded that the
use of cassava root silage with inclusion or not of whole soybean presented good
nutritional results and CA and CS may totally replace corn in diets of growing and
finishing swine.
Key words: alternative foods, digestibility, energy values, performance, swine.
45
Introdução
O milho é um dos principais componentes das rações de suínos, assim como de
outros animais domésticos, e o seu custo tem sido um dos grandes problemas para os
criadores. A ocorrência de produções limitadas, políticas reguladoras de estoque, entre
outros fatores, em determinados anos, tem levado diversos produtores a tentarem
utilizar ingredientes alternativos na alimentação animal.
Dessa forma, existe um crescente interesse de pesquisadores na avaliação desses
alimentos, de tal forma a serem utilizados nas rações de forma correta e econômica. A
mandioca, a princípio, apresenta-se como exemplo de um potencial ingrediente
alternativo para a substituição parcial ou total do milho nas dietas de suínos. A raiz de
mandioca fresca é uma excelente fonte de energia para os suínos, nas diferentes fases do
ciclo de vida, principalmente nas fases de crescimento e terminação (Butolo, 2002).
A mandioca (Manihot esculenta, Crantz), também conhecida como macaxeira ou
aipim, é cultivada praticamente em todo território brasileiro e possui excelente
qualidade nutritiva para a alimentação animal. É uma cultura de grande expressão
socioeconômica tanto em nível nacional como mundial que se constitui em importante
fonte de energia para a alimentação humana e animal (Bezerra et al., 1996).
O Brasil é o terceiro maior produtor de mandioca do mundo com produção de
23,8 milhões de toneladas em 2005. O maior produtor nacional é o Estado do Pará com
produção aproximada de 4,5 milhões de toneladas. O Paraná ocupa o terceiro lugar,
com a produção de 4,0 milhões de toneladas (SEAB, 2005).
A raiz da mandioca é rica em energia, porém, pobre em proteína, além disso,
possui baixa quantidade de fibras e elevado coeficiente de digestibilidade da energia
(Carvalho, 1986).
46
A mandioca pode ser classificada em dois tipos, conforme Carvalho (1986):
mandioca mansa, doce ou de mesa, possui baixo teor de glicosídeo cianogênico,
inferior a 50 mg/kg na polpa fresca, e brava, amarga ou venenosa, com teores elevados,
acima de 100 mg/kg na polpa fresca.
O uso da mandioca na alimentação animal está limitado pela presença do
princípio tóxico chamado glicosídeo cianogênico. Esse glicosídeo, sob hidrólise ácida
no trato digestório ou sob a ação de enzimas endógenas (linamarase), desdobra-se em
acetona, glicose e ácido cianídrico (HCN), e o HCN é um produto tóxico que pode levar
os animais à morte (Mazzuco & Bertol, 2000).
A ensilagem é um processo de conservação de alimentos, em que as bactérias
láticas fermentam os carboidratos do alimento transformando-os em ácido tico e, em
menor extensão, ácido acético. Esses ácidos orgânicos formados na silagem, segundo
Rooney & Pflugfelder (1986), podem causar a gelatinização do amido, além de reduz o
teor de HCN em mais de 65% após 29 dias de ensilada (Soares, 2003).
Considerando a boa produção de mandioca nas propriedades agrícolas brasileiras
e paranaenses, e que a literatura nacional é escassa com respeito à utilização da silagem
de raiz de mandioca na alimentação animal, o objetivo desse trabalho foi avaliar, por
meio de ensaio de digestibilidade e experimento de desempenho, o uso da silagem de
raiz de mandioca contendo ou não soja integral para suínos na fase de crescimento e
terminação.
Material e Métodos
Foram conduzidos dois experimentos no Setor de Suinocultura da Fazenda
Experimental de Iguatemi (FEI), pertencente ao Centro de Ciências Agrárias da
47
Universidade Estadual de Maringá (CCA/UEM).
No ensaio de digestibilidade, realizado no período de 10 a 24 de fevereiro de
2005, foram utilizados 15 suínos (Landrace X Large White X Duroc), machos,
castrados, com 46,99±3,42 Kg de peso vivo médio inicial.
Os animais foram individualmente alojados em gaiolas de metabolismo
semelhantes às descritas por Pekas (1968). O período experimental teve a duração de
cinco dias de adaptação às rações experimentais e às gaiolas, seguidos por dois períodos
de coletas de fezes e urina de cinco dias cada. O delineamento experimental utilizado
foi o inteiramente casualizado com repetição no tempo, totalizando cinco tratamentos,
seis repetições, sendo a unidade experimental constituída por um suíno.
A variedade de mandioca (Manihot esculenta Crantz) utilizada foi a da Fécula
Branca cultivada na região.
Os alimentos avaliados foram as silagens de raiz de mandioca (MA), silagem de
raiz de mandioca contendo inoculante enzimo-bacteriano Bacto Silo produzido pela
Katec Agrotécnica (MI), silagem de raiz de mandioca contendo soja integral (MS) e
silagem de raiz de mandioca contendo soja integral e inoculante (MSI), que
substituíram, com base na matéria seca, 30% da ração referência (RR), resultando em
quatro rações testes (RT). As rações contendo as silagens foram misturadas diariamente.
As raízes de mandioca utilizadas para a confecção da MA e MI foram trituradas
em moinho do tipo martelo, em seguida, ensilados em tambores de polietileno com
capacidade para 200 litros. Para as silagens de raiz de mandioca que sofreram inclusão
de soja integral, misturaram-se 93% de raiz de mandioca triturada com 7% de soja
integral, quantidade de soja suficiente para que a mistura atingisse aproximadamente o
nível de proteína bruta do milho grão, 8,68% em 87,45% de matéria seca, segundo
Tabelas da EMBRAPA (1991) e, posteriormente, foram também ensiladas em tambores
48
de polietileno com capacidade para 200 litros.
A ração referência (Tabela 1) foi formulada de acordo com a composição química
e os valores energéticos dos ingredientes indicados por Rostagno et al. (2000).
Tabela 1. Composição percentual e química da ração referência
Table 1. Percentual and chemical composition of control diet
Ingredientes
Ingredients
%
Milho comum
Common corn
69,06
Farelo de soja
Soybean meal
27,96
Calcário
Limestone
0,81
Fosfato bicálcico
Dicalcium phosphate
1,36
Sal
Salt
0,40
Supl. Vit. + min.
1
Min. and vit. Premix
1
0,40
TOTAL
TOTAL
100,00
Nutrientes
(Nutrients)
PB, %
CP, %
18,65
ED, kcal/kg
DE, kcal/kg
3.357
Lis, %
Lys, %
0,95
Met + Cis, %
Met + Cys, %
0,61
Ca, %
Ca, %
0,76
P disponível, %
P
available, %
0,36
1
Suplemento vitamínico e mineral crescimento por kg do prod
uto.
(Growing. Vitaminic and mineral
supplement per kg of product)
. Ác. Fólico
(Folic acid)
150,0 mg, Vit. A 1.500.000 UI, Vit. D3 375.000 UI,
Vit. E 3.750 UI, Vit K3 375,0 mg, Vit B1 250 mg, Vit B2 1.000,0 mg, Vit B6 500,0 mg, Vit
B12 5.000,0 mcg, Ác. Nicotínico
(Nicotinic acid)
5.000,0 mg, Ác. Pantotênico
(Pantothenic acid)
2.000,0 mg, Biotina
(Biotin)
20,0 mg, Selênio
(Selenium)
75,0 mg, Colina
(Choline)
30,0 g,
Antioxidante
(Antioxidan)
25,0 g, Iodo
(Iodine)
375,0 mg, Cobalto
(Cobalt)
250,0 mg, Cobre
(Copper)
43.750,0 mg, Zinco
(Zinc)
25.000,0 mg, Ferro
(Iron)
25.000,0 mg, Manganês
(Manganese.)
10.000,0 mg. Suplemento vitamínico e mineral terminação por kg do produto.
(Finishing. Vitaminic and
mineral supplement per kg of product).
Ác. Fólico
(Folic acid)
100,0 mg, Vit. A 900.000 UI, Vit. D3
310.000 UI, Vit. E 2.750 UI, Vit K3 225,0 mg, Vit B1 250 mg, Vit B2 500,0 mg, Vit B6 300,0
mg, Vit B12 3.750,0 mcg, Ác. Nicotínico (Nicotinic acid) 2.100,0 mg, Ác. Pantotênico
(Pantothenic
acid)
1.750,0 mg, Biotina
(Biotin)
12,5 mg, Selênio
(Selenium)
75,0 mg, Colina
(Choline)
17,0 g,
Antioxidante
(Antioxidan)
25,0 g, Iodo
(Iodine)
875,0 mg, Cobalto
(Cobalt)
250,0 mg, Cobre
(Copper)
43.750,0 mg, Zinco
(Zinc)
17.500,0 mg, Ferro
(Iron)
17.500,0 mg, Manganês
(Manganese)
7.000,0
mg.
49
As rações foram fornecidas em duas alimentações diárias, 50% às 8:00 e 50% às
16:00 horas. A quantidade total diária foi estabelecida de acordo com o consumo na fase de
adaptação, baseado no peso metabólico (kg
0,75
) de cada unidade experimental. No segundo
período de coletas, o fornecimento de ração foi aumentado em 8% para todos os animais.
Após cada refeição, foi fornecida água no comedouro, na proporção de 3,0 ml/g
de ração, calculada para cada unidade experimental, para evitar o excesso de consumo
de água. Foi utilizado o método de coleta total de fezes, com a adição de 2% de óxido
férrico (Fe
2
O
3
) às rações como marcador do início e fim da coleta de fezes.
As fezes totais produzidas foram coletadas uma vez ao dia em sacos plásticos e
armazenadas em congelador a -18C. Posteriormente, foram homogeneizadas e uma
amostra de 20% foi retirada, seca em estufa de ventilação forçada (55C) e moída para
análise de matéria seca, proteína bruta, extrato etéreo, amido, matéria orgânica e energia
bruta. Os teores de energia bruta das rações, das silagens, das fezes e da urina foram
determinados por meio de calorímetro adiabático (Parr Instrument Co.).
A urina foi coletada diariamente em baldes plásticos que continha 20 ml de HCl
1:1. Uma alíquota de 20% foi acumulada diariamente e congelada a -18C,
posteriormente, foram homogeneizadas e amostradas para determinação de energia.
As análises dos alimentos, das fezes e da urina foram realizadas no Laboratório de
Nutrição Animal do Departamento de Zootecnia da Universidade Estadual de Maringá
(LANA-DZO/UEM), segundo os procedimentos descritos por Silva & Queiroz (2002).
As determinações de amido dos alimentos e das fezes foram obtidas de acordo com o
método enzimático proposto por Poore et al. (1989), adaptado por Pereira & Rossi
(1995). Os valores do pH, dos alimentos e das rações foram determinados através do
método utilizado por Phillip & Fellner (1992).
Os coeficientes de digestibilidade da mat
éria seca (CDMS), da proteína bruta
50
(CDPB), do extrato etéreo (CDEE) para MS e MSI, do amido (CDAM), matéria
orgânica (CDMO), energia bruta (CDEB) e o coeficiente de metabolização da energia
bruta (CMEB) dos alimentos avaliados foram calculados, considerando o método de
coleta total de fezes e urina, conforme Moreira et al. (1994).
Os teores de matéria seca digestível (MSD), proteína digestível (PD), extrato
etéreo digestível (EED) para MS e MSI, amido digestível (AMD), matéria orgânica
digestível (MOD), energia digestível (ED) e energia metabolizável (EM) dos alimentos
foram calculados utilizando a fórmula de Matterson et al. (1965).
Os coeficientes de digestibilidade da matéria seca, da protna bruta, do extrato
etéreo, do amido, da matéria orgânica, da energia bruta e o coeficiente de metabolização da
energia bruta dos alimentos avaliados foram analisados de acordo com o modelo estatístico:
Y
ijk
= + T
i
+P
k
+ TP
ik
+ A
j
/T
i
+
e
ijk
em que
Y
ijk
= coeficientes de digestibilidade da matéria seca, da proteína bruta, do extrato
etéreo, do amido, da matéria orgânica, da energia bruta e o coeficiente de
metabolização da energia bruta observados na unidade experimental k, que
recebem o alimento i, no período j;
= constante geral;
T
i
= efeito do tipo do alimento i, e i = 1; 2; 3 e 4 (1=MA; 2=MI, 3=MS e 4=MSI);
P
k
= efeito do período (k = 1 ou 2);
TP
ik
= efeito da interação do tipo de alimento i com o efeito período k
A
j
/T
i
= efeito da interação do animal j com o tipo de alimento i;
e
ijk
= erro aleatório associado a subparcela ou período.
51
No experimento de desempenho, foram utilizados 36 suínos mestiços (Landrace,
Large-White e Duroc), e metade, machos castrados e, metade, fêmeas, com peso médio
inicial de 32,03 ± 2,91 kg, distribuídos em um delineamento inteiramente casualizado,
com restrição na casualização para duas classes de peso inicial, que totalizam três
tratamentos, seis repetições, com dois animais por unidade experimental (um macho e
uma fêmea). As pesagens dos animais foram realizadas no início e no final de cada fase.
Os animais foram alojados em galpões de alvenaria, cobertos com telhas de
fibrocimento, divididos em duas alas separadas por um corredor central: e cada uma
delas é composta por 10 baias, (7,60 m
2
cada), que foram utilizadas nove. Cada baia
possuía bebedouros, tipo chupeta no fundo, e um comedouro semi-automático de duas
bocas localizado na parte frontal, o que proporcionava livre acesso à ração e água. As
baias apresentavam ao fundo uma lâmina dágua de 8 centímetros de profundidade e a
água era lavada e renovada duas vezes por semana.
Os tratamentos experimentais consistiram de três rações isoenergéticas,
isocálcicas, isofosfóricas, isoproteicas e isoaminoacídicas para metionina+cistina. Foi
utilizada uma ração-testemunha (RT), contendo milho seco e outras duas rações, em que
o milho seco foi substituído em 100% por MA e MS, com base nos valores energéticos
e convertidos para 87,45% de matéria seca. As rações foram formuladas de acordo com
as tabelas de exigências nutricionais propostas por Rostagno et al. (2005), para a fase de
crescimento (29,4-56,0 kg) e terminação (56,0-87,4 kg), como mostradas na Tabela 2.
As raízes de mandioca utilizadas para a confecção da MA foram trituradas em
ensiladeira de uma linha JF Nogueira, em seguida, ensilada em silo trincheira com
capacidade para 6 toneladas. Para as silagens de raiz de mandioca que tiveram inclusão de
soja integral, utilizaram-se as mesmas raízes de mandioca trituradas, misturou-se 93% de
raiz de mandioca triturada com 7% de soja integral, quantidade de soja suficiente para que a
mistura atingisse aproximadamente o nível de proteína bruta do milho grão de 8,68% em
87,45% de matéria seca, segundo Tabelas da EMBRAPA (1991) e, posteriormente, foram
também ensiladas em trincheira com a mesma capacidade.
52
Tabela 2. Composição percentual e química da rão testemunha (RT) e das rões contendo
silagem de raiz de mandioca (MA) e silagem de raiz de mandioca contendo soja
integral (MS) para suínos nas fases de crescimento e terminação
Table 2. Percentual and chemical composition of control diet (CD) and diets containing cassava root
silage (CA), and cassava root silage containing whole soybean (CS) fed on growing and
finishing phases
Crescimento
(Growing)
Terminação
(Finishing)
Ingredientes (Ingredients)
RT
CD
MA
CA
MS
CS
RT
CD
MA
CA
MS
CS
Milho grão
1
(Corn grain
1
)
71,77
- - 74,72
- -
MA
(CA)
-
60,69
(122,06)
2
- -
63,28
(127,27)
2
-
MS
(CS)
- -
72,85
(142,45)
2
- -
75,93
(148,48)
2
F. soja
(Soybean meal)
24,94
34,38
24,30
22,41
32,13
21,63
Óleo soja
(Soybean oil)
0,27
2,09
- 0,30
2,17
-
Fosfato. Bicálcico
(Dicalcium phosphate)
1,39
1,51
1,50
1,19
1,32
1,30
Calcário
(Limestone)
0,76
0,43
0,45
0,66
0,31
0,33
Sal comum
(Common salt)
0,4
0,4
0,4
0,4
0,4
0,4
Supl. V.M.
3
(M.V. Suple.
3
)
0,4
0,4
0,4
0,01
- -
L-Lisina HCl (
L-Lysine HCl)
0,06
- - 0,01
0,10
0,10
DL-Metionina
(DL-Methionine)
0,01
0,09
0,1
0,01
- -
Total
(Total)
100
100
100
100
100
100
Nutrientes
(Nutrients)
ED, kcal/kg
(DE, kcal/kg)
3.360
3.360
3.360
3.374
3.374
3.374
PB, %
(CP, %)
17,30
17,30
17,30
16,38
16,38
16,38
Lis %
(Lys, % )
0,94
1,06
1,04
0,84
1,00
0,98
Met+Cis
,% (Met + Cys, %)
0,61
0,61
0,61
0,59
0,59
0,59
Ca, %
(Ca, %)
0,75
0,75
0,75
0,65
0,65
0,65
P disponível,%
(P
available, %)
0,36
0,36
0,36
0,32
0,32
0,32
1
Valores em 87,45 % de matéria seca (
1
Values on 87.45 % of dry matter).
2
Valores na matéria natural . (
2
As fed basis values )
.
3
Suplemento vitamínico e mineral crescimento por kg do produto. (Growing. Vitaminic and mineral
supplement per kg of product). Ác. Fólico (Folic acid) 150,0 mg, Vit. A 1.500.000 UI, Vit. D3
375.000 UI, Vit. E 3.750 UI, Vit K3 375,0 mg, Vit B1 250 mg, Vit B2 1.000,0 mg, Vit B6
500,0 mg, Vit B12 5.000,0 mcg, Ác. Nicotínico (Nicotinic acid) 5.000,0 mg, Ác. Pantotênico
(Pantothenic acid) 2.000,0 mg, Biotina (Biotin) 20,0 mg, Selênio (Selenium) 75,0 mg, Colina
(Choline) 30,0 g, Antioxidante (Antioxidan) 25,0 g, Iodo (Iodine) 375,0 mg, Cobalto (Cobalt)
250,0 mg, Cobre (Copper) 43.750,0 mg, Zinco (Zinc) 25.000,0 mg, Ferro (Iron) 25.000,0 mg,
Manganês (Manganese.) 10.000,0 mg. Suplemento vitamínico e mineral terminação por kg do
produto. (Finishing. Vitaminic and mineral supplement per kg of product). Ác. Fólico (Folic acid) 100,0
mg, Vit. A 900.000 UI, Vit. D3 310.000 UI, Vit. E 2.750 UI, Vit K3 225,0 mg, Vit B1 250 mg,
Vit B2 500,0 mg, Vit B6 300,0 mg, Vit B12 3.750,0 mcg, Ác. Nicotínico (Nicotinic acid)
2.100,0 mg, Ác. Pantotênico (Pantothenic acid) 1.750,0 mg, Biotina (Biotin) 12,5 mg, Selênio
(Selenium) 75,0 mg, Colina (Choline) 17,0 g, Antioxidante (Antioxidan) 25,0 g, Iodo (Iodine)
875,0 mg, Cobalto (Cobalt) 250,0 mg, Cobre (Copper) 43.750,0 mg, Zinco (Zinc) 17.500,0 mg,
Ferro (Iron) 17.500,0 mg, Manganês (Manganese.) 7.000,0 mg
As rações que contêm MA e MS foram misturadas diariamente, a um concentrado
composto pelos demais ingredientes, previamente preparados. As rações foram pesadas
diariamente e oferecidas na forma farelada. A água e as rações foram fornecidas à
53
vontade.
Os valores de pH das silagens foram obtidos, seguindo os procedimentos
utilizados por Phillip & Fellner (1992). Os valores de ácido cianídrico e inibidores de
tripsina das silagens, antes e após, a ensilagem foram obtidos, segundo a metodologia
de Horwitz (1975) e Rackis et al. (1974), respectivamente.
O consumo diário de ração (CDR), ganho diário de peso (GDP) e a conversão
alimentar (CA) foram calculados, a partir dos dados de consumo de ração e ganho de
peso de cada período experimental. Ao final do período experimental, foram abatidos
24 animais, sendo oito animais por tratamento (4 machos e 4 fêmeas), e foram
determinadas as características de carcaça de acordo com o Método Brasileiro de
Classificação de Carcaças (ABCS,1973).
Os preços dos ingredientes utilizados na elaboração das dietas experimentais
foram: milho grão, R$ 0,21/kg; farelo de soja, R$ 0,52/kg; óleo de soja, R$ 1,44/kg;
fosfato bicálcico, R$ 1,32/kg; calcário, R$ 0,15/kg; sal comum, R$ 0,34/kg; suplemento
mineral e vitamínico inicial R$ 3,47/kg; L-lisina, R$ 6,93/kg; DL-Metionina, R$
9,15/kg. Os preços da MA e MS foram de R$ 0,18/kg e R$ 0,20/kg, respectivamente,
quando ajustados para a mesma base de matéria seca do milho seco (87,45%). Essa
estimativa foi feita de acordo com os valores de custo da tonelada da raiz de mandioca
(R$ 90,00).
Para verificar a viabilidade econômica da substituição do milho pela silagem de
raiz de mandioca que contém ou não soja integral, nas rações, foi determinado,
inicialmente, o custo de ração por quilograma de peso vivo ganho (Yi), segundo
Bellaver et al. (1985).
Em seguida, foi calculado o Índice de Eficiência Econômica (IEE) e o Índice de
Custo (IC), proposto por Gomes et al. (1991).
54
O consumo diário de ração, ganho diário de peso, conversão alimentar e as
variáveis econômicas foram submetidos à análise de variância, de acordo com o
programa Sistema de Análises Estatísticas e Genéticas (SAEG) (UNIVERSIDADE
FEDERAL DE VIÇOSA, 1997), utilizando o seguinte modelo estatístico:
Y
ijk
= + T
i
+ B
j
+ TB
ij
+ e
ijk
em que:
Y
ijk
= observação k, recebendo o alimento i, no bloco j;
= constante geral;
T
i
= efeito i de substituição do milho por MA e MS (1 = MA e 2 = MS);
B
j
= efeito da classe de peso j (j = 1 animais pesados, 2 animais leves);
TB
ij
= efeito da interação do tipo de alimento i com a classe de peso j;
e
ijk
= erro aleatório associado à cada observação Y
ijk.;
Para comparação dos resultados obtidos entre os tratamentos, foi utilizado o teste
de Tukey a 5%.
Resultados e Discussão
Os teores de matéria seca, proteína bruta, amido, matéria orgânica, cinzas, extrato
etéreo, fibra bruta, cálcio, fósforo, energia bruta e o valor do pH dos alimentos
avaliados podem ser visualizadas na Tabela 3.
55
Tabela 3. Teores de matéria seca, proteína bruta, amido, matéria orgânica, cinzas,
extrato etéreo, fibra bruta, cálcio, fósforo total, energia bruta e valor de pH
dos alimentos avaliados (MA, MI, MS e MSI)
1
, na matéria natural e em
87,45 % de matéria seca
Table 3. Dry matter, crude protein, starch, organic matter, ash, ether extract, crude fiber,
calcium, total phosphorus, gross energy values and pH value of evaluated food
(CA, CI, CS and CSI)
1
, as fed basis and 87.45 % of dry matter basis
Parâmetros
Parameters
MA
2
CA
2
MI
2
CI
2
MS
2
CS
2
MSI
2
CSI
2
MA
3
CA
3
MI
3
CI
3
MS
3
CS
3
MSI
3
CSI
3
Matéria seca, %
Dry matter, %
46,15
45,75
45,37
44,15
87,45
87,45
87,45
87,45
Proteína bruta, %
Crude Protein, %
1,72
1,77
4,29
4,23
3,27
3,39
8,27
8,36
Amido, %
Starch, %
39,58
39,06
33,30
33,72
75,01
74,65
64,18
66,79
Matéria orgânica, %
Organic matter, %
45,29
44,89
44,25
43,10
85,86
85,80
85,31
85,38
Cinzas, %
Ash, %
0,83
0,86
1,12
1,05
1,58
1,65
2,15
2,08
Extrato etéreo, %
Ether extract, %
0,13
0,12
1,61
1,49
0,24
0,22
3,12
3,11
Fibra bruta, %
Crude fiber, %
1,26
1,36
1,87
2,06
2,39
2,60
3,61
4,08
Cálcio, %
Calcium, %
0,08
0,08
0,08
0,08
0,15
0,15
0,16
0,16
Fósforo total, %
Phosphorus, %
0,04
0,04
0,05
0,05
0,07
0,07
0,10
0,10
Energia bruta, kcal/kg
Gross energy, kcal/kg
1.873
1.845
2.002
1.922
3.550
3.527
3.858
3.806
pH
PH
3,90
3,84
3,98
3,97
- - - -
1
MA = silagem de raiz de mandioca, MI = silagem de raiz de mandioca contendo inoculante, MS =
silagem de raiz de mandioca contendo soja integral e MSI = silagem de raiz de mandioca contendo soja
integral e inoculante.
(
1
CA = cassava root silage, CI = cassava root with inoculant silage, CS = cassava root
containing whole soybean silage and CSI = cassava root containing whole soybean and inoculant silage)
2
Valores na matéria natural (
2
As fed basis values).
3
Valores convertidos para 87,45% de matéria seca conforme os dados apresentados pela tabela da
EMBRAPA (1991) para o milho (grão) (
3
Values converted for 87.45% of dry matter basis, according data
presents by EMBRAPA (1991) for corn grain).
Pode-se verificar que os teores de proteína bruta, cinzas, extrato etéreo, fibra bruta
e energia bruta da MA e MI foram menores que os encontrados para a MS e MSI,
quando convertidos para mesma base de matéria seca (87,45% de matéria seca). Isso
ocorreu porque as silagens MS e MSI sofreram inclusão de soja integral, e aumentou os
seus teores de energia, fibra, extrato etéreo e proteína bruta em função do óleo, do maior
teor de fibra e do maior nível de proteína bruta presente no grão de soja.
56
As silagens que contêm soja apresentaram, respectivamente, em média, teores de
energia e proteína bruta 8,3% e 249,6% superiores às silagens de mandioca sem soja.
Os valores de pH das silagens estudadas podem ser considerados satisfatórios uma
vez que apresentaram pH inferiores a quatro, valor considerado adequado para a maioria
das silagens. Os valores encontrados estão próximos ao citado por Jobim et al. (1997) e
Lima et al. (1998), de 3,6 e 4,0%, respectivamente, para silagens de grãos úmidos de
milho.
As silagens MA e MI, quando convertidos para 87,45% de matéria seca,
apresentaram teores de energia bruta inferiores e proteína bruta superiores àqueles
mostrados por Rostagno et al. (2005), EMBRAPA (1991) e Butolo (2002) para a raspa
de mandioca integral (3.632 kcal/kg e 1,7%; 3.595 kcal/kg e 1,98%; 3.692 kcal/kg e
1,94%, respectivamente). Quando se compara a MA e MI com a silagem de raiz de
mandioca da EMBRAPA (1991), os teores de energia e proteína bruta apresentaram-se
superiores (3.386 kcal/kg e 2,60%).
Na tabela 4, estão apresentados os valores de ácidos cianídricos e inibidores de
tripsina da MA e MS antes e depois de ensiladas.
Tabela 4. Valores de ácido cianídrico e inibidores de tripsina da silagem de raiz de
mandioca (MA) e silagem de raiz de mandioca contento soja integral (MS)
antes e depois de ensiladas
Table 4. Values of cyanidric acid and trypsin inhibitors of cassava root silage (CA) and cassava root
containing whole soybean silage (CS) before and after silage
MA
(CA)
MS
(CS)
Parâmetros
Parameters
Antes
Before
Depois
After
Antes
Before
Depois
After
Ácido cianídrico (mg/kg)
Cyanidric acid
(mg/kg)
35,2 12,0 Nd
1
Nd
1
Inibidores de tripsinas (UIT/g)
Inhibitors trypsin (UIT/g)
Nd
1
Nd
1
841,5 591,5
1
Não-determinado.
(
1
Not determined)
57
Como se pode observar (Tabela 4), os teores de ácido cianídrico e inibidores de
tripsina diminuíram após o processo de ensilagem, e confirmou o efeito positivo da
fermentação anaeróbia que ocorre nos processos de ensilagem. Esse efeito está de
acordo com Soares (2003), que trabalhando com silagem de folhas e ramos de
mandioca, encontrou redução de 78% no teor de ácido cianídrico.
Cabe salientar que os teores de ácido cianídrico da raiz de mandioca antes de
ensilar aqui determinados, são considerados baixos caracterizando a mandioca utilizada
no experimento como variedade mansa, concordando com Carvalho (1986) que afirmou
que mandioca mansa, doce ou de mesa possui teor de ácido cianídrico inferior a 50
mg/kg de polpa fresca.
Na Tabela 5, estão apresentados os coeficientes de digestibilidade aparente da
matéria seca (CDMS), da proteína bruta (CDPB), do extrato etéreo (CDEE) para MS e
MSI, do amido (CDA), da matéria orgânica (CDMO) e da energia bruta (CDEB) e o
coeficiente de metabolização da energia bruta (CMEB) dos alimentos avaliados.
Os CDEB, CDPB e o CMEB obtidos para os alimentos avaliados, no presente
experimento, se mostraram inferiores àqueles encontrados nas Tabelas da EMBRAPA
(1991) para a silagem de raiz de mandioca (95,97; 76,67 e 91,49%, respectivamente),
com exceção para o CDPB da MA, MS e MSI e o CMEB para a MA que se
apresentaram superiores.
58
Tabela 5. Coeficientes de digestibilidade aparente da matéria seca (CDMS), da proteína
bruta (CDPB), do extrato etéreo (CDEE), do amido (CDAM), da matéria
orgânica (CDMO), da energia bruta (CDEB) e coeficiente de metabolização
da energia bruta (CMEB) dos alimentos avaliados
Table 5. Dry mater (DMDC), crude protein (CPDC), ether extract (EEDC), starch (SDC), organic
matter (OMDC), gross energy (GEDC) apparent digestibility coefficients and gross energy
metabolization coefficient (GEMC) of evaluated food
Parâmetros
Parameters
MA
1
CA
1
MI
1
CI
1
MS
1
CS
1
MSI
1
CSI
1
CV, %
2
VC,%
2
CDMS, %
DMDC, %
95,26 94,08 94,38 95,09 2,79
CDPB, %
CPDC, %
79,52 75,01 87,55 84,56 7,95
CDEE, %
EEDC, %
Nd
3
Nd
3
94,86 91,22 5,33
CDA, %
SDC, %
100 100 100 100 -
CDMO, %
OMDC, %
95,96 95,32 95,00 94,71 2,17
CDEB, %
GEDC, %
94,31 93,07 91,78 91,46 3,03
CMEB, %
GEDM, %
92,96 90,39 89,67 88,77 3,51
1
MA = silagem de raiz de mandioca, MI = silagem de raiz de mandioca com inclusão de inoculante, MS
= silagem de raiz de mandioca com inclusão de soja integral e MSI = silagem de raiz de mandioca com
inclusão de soja integral e inoculante.
(
1
CA = silage of cassava root, CI = silage of cassava root with inoculant,
CS = silage of cassava root with inclusion of whole soybean and CSI = silage of cassava root with inclusion of whole
soybean and inoculant)
2
Coeficiente de variação
(
2
Coefficient of variation)
3
Não-determinado.
(
3
Not determined)
Comparando os CDEB, CDPB e o CMEB dos alimentos avaliados, com os
apresentados por Rostagno et al. (2005) para a raspa de mandioca integral (84,18; 35,0 e
83,40%, respectivamente), verifica-se que as silagens apresentaram melhora na
disponibilidade desses nutrientes, evidenciando que o processo de ensilagem melhorou
o valor nutricional da mandioca. Tal fato pode ser atribuído à acidificação das silagens
estudadas, pois a ensilagem é um processo fermentativo, em que ocorre a queda no pH
do alimento decorrente da formação de ácidos e o principal deles é o ácido láctio.
De acordo com Jongbloed et al. (2000), a utilização de ácidos orgânicos na dieta,
diminui o pH do alimento no trato gastrintestinal, que resulta em maior dissociação dos
compostos minerais da dieta, o que proporciona a formação de complexos minerais
quelatados, melhora a sanidade do intestino dos animais e reduz a taxa de esvaziamento
59
gástrico, e causa melhora na digestibilidade da matéria seca, matéria orgânica, cinzas,
cálcio e fósforo.
Com o atraso no esvaziamento estomacal, é possível que as enzimas digestivas,
também a amilase salivar (Holmes et al., 1974), pepsina e lipase gástrica (Solomon,
1994), possam agir por mais tempo. Além disso, provavelmente, a ação das enzimas
digestivas seja mais eficiente nas partículas úmidas do alimento (Holmes et al., 1973).
Holmes et al. (1973) constataram maiores coeficientes de digestibilidade ileal e
total da matéria seca, energia e proteína para as dietas que contêm milho úmido tratado
com ácidos orgânicos ou silagem de grãos úmidos de milho, cujo pH variava entre 4,77
e 5,16 em comparação à dieta com milho seco comum (pH = 5,35). Como
conseqüência, menor quantidade de nutrientes (amido e compostos nitrogenados) foi
fermentada no intestino grosso.
A digestibilidade do amido dos alimentos avaliados foi considerada total, ao
concordar com os resultados de Holmes et al. (1973), que relatam que a concentração de
amido nas fezes de 10 g/kg representou menos de 0,2% do amido ingerido, que torna a
acurácia da mensuração difícil, e assume a digestão completa do amido A maior
digestibilidade do amido da mandioca ensilada deve-se, sobretudo, à ausência da matriz
protéica no grão de amido da raiz de mandioca, pois, conforme Rooney & Pflugfelder
(1986), as matrizes de proteína e os corpos protéicos presentes no endosperma dos grãos
afetam a utilização de amido pelos animais. Essa maior digestibilidade pode ser
atribuída à ação dos ácidos orgânicos formados na silagem sobre o amido, pois, segundo
Rooney & Pflugfelder (1986), o amido pode ser gelatinizado pela ação de agentes
químicos, como por exemplo: os ácidos orgânicos.
Os coeficientes de digestibilidade das silagens testadas não sofreram efeito da
inclusão de inoculante enzimo-bacteriano. Esta resposta já era esperada, visto que (pois)
60
a raiz de mandioca possui grande quantidade de amido de fácil fermentação para as
bactérias. Por o apresentar diferença nos coeficientes de digestibilidade, optou-se em
não colocar o inoculante nas silagens utilizadas para o experimento de desempenho.
Para comparação dos dados obtidos (Tabela 6), com os da literatura, os teores de
nutrientes digestíveis desse trabalho e os de outros autores foram convertidos para
87,45% de matéria seca, baseada na matéria seca do milho, de acordo com a tabela da
EMBRAPA (1991).
Tabela 6. Teores de matéria seca digestível (MSD), proteína digestível (PD), extrato
etéreo digestível (EED), amido digestível (AMD), matéria orgânica digestível
(MOD), energia digestível (ED) e energia metabolizável (EM) dos alimentos
avaliados (MA, MI, MS e MSI)
1
na matéria natural e em 87,45% de matéria
seca
Table 6. Values of digestible dry matter (DDM), digestible protein (DP), digestible ether extract
(DEE), digestible starch (DS), organic matter (OMD) and digestible energy (DE) and
metabolizable energy (ME) of evaluated food as fed basis and in 87.45% of dry matter
Nutrientes
Nutrients
MA
2
CA
2
MI
2
CI
2
MS
2
CS
2
MSI
2
CSI
2
MA
3
CA
3
MI
3
CI
3
MS
3
CS
3
MSI
3
CSI
3
MSD, %
DDM, %
43,96 43,04 42,82 41,98 83,30 82,27 82,54 83,16
PD, %
DP, %
1,37 1,33 3,76 3,58 2,60 2,54 7,24 7,07
EED, %
DEE, %
Nd
4
Nd
4
1,53 1,36 Nd
4
Nd
4
2,96 2,84
AMD, %
DS, %
39,58 39,06 33,30 33,72
75,01 74,65 64,18 66,79
MOD, %
OMD, %
43,46 42,78 42,04 40,82 82,39 81,78 81,04 80,86
ED, kcal/kg
DE, kcal/kg
1.766 1.717 1.838 1.758 3.348 3.283 3.541 3.481
EM, kcal/kg
ME, kcal/kg
1.741 1.668 1.795 1.706 3.300 3.188 3.459 3.379
1
MA = silagem de raiz de mandioca, MI = silagem de raiz de mandioca com inclusão de inoculante, MS
= silagem de raiz de mandioca com inclusão de soja integral e MSI = silagem de raiz de mandioca com
inclusão de soja integral e inoculante.
(
1
CA = silage of cassava root, CI = silage of cassava root with inoculant,
CS = silage of cassava root with inclusion of whole soybean and CSI = silage of cassava root with inclusion of whole
soybean and inoculant
2
Valores na matéria natural
(
2-
As fed basis values)
3
Valores convertidos para 87,45 % de matéria seca
(
3
Values converted to 87.45 % of dry matter)
4
Não-determinado
. (
4
Not determined)
As silagens MS e MSI apresentaram em média 196 kcal de energia digestível/kg e
4,59% de proteína digestível e 175 kcal de energia metabolizável/kg superiores aos das
61
MA e MI. Isso já era esperado, pois com a inclusão de soja integral na silagem de raiz
de mandioca, aumentaram-se os teores de energia e proteína bruta destas silagens, e
aumentam os teores nutricionais das mesmas.
Comparando os valores de PD, ED e EM dos alimentos avaliados com os da
EMBRAPA (1991), 1,99%, 3.250 e 3.098 kcal/kg, respectivamente, para a silagem de
raiz de mandioca, observou-se que os valores de MA, MI , MS e MSI apresentaram-se
superiores.
Ao comparar os valores de PD, ED e EM dos alimentos avaliados com os da raiz
fresca de mandioca da EMBRAPA (1991) (3,05%, 3.299 e 2.788 kcal/kg
respectivamente), observou-se que os valores da PD para MA e MI apresentaram-se
inferiores e para MS e MSI superiores. No entanto, os valores de ED mostraram-se
superiores, exceto para MI que ficou semelhante e os valores de EM dos alimentos
avaliados apresentaram-se superiores.
Os valores de PD, MOD, ED e EM das silagens testadas apresentaram-se
superiores aos teores das Tabelas de Rostagno et al. (2005), de 0,87; 72,79%, 3.040 e
3.012 kcal/kg, para a raspa integral de mandioca, o que já era esperado, pois o processo
de ensilagem melhora a disponibilidade dos nutrientes.
A MS e MSI apresentaram teores de EED superiores ao valor de 0,25%
encontrado nas Tabelas de Rostagno et al. (2005) para raspa integral de mandioca.
Na Tabela 7 estão apresentados os resultados de desempenho dos suínos para fase
de crescimento e período total.
Para fase de crescimento, o CDR e GDP não diferiram entre os tratamentos, o que
já era esperado, pois as rações eram isoenergéticas, isocálcicas, isofosfóricas,
isoproteicas e isoaminoacídicas para metionina+cistina.
Os resultados obtidos nesse experimento foram diferentes dos encontrados para
62
leitões na fase de creche alimentados com rações que contêm substituição total do milho
por silagem de raiz de mandioca contendo ou não soja integral. Esta diferença nos
resultados pode ter ocorrido, pois animais na fase de crescimento e terminação por
serem mais velhos se tornem menos sensíveis aos fatores anti-nutricionais presentes no
grão de soja da MS.
Nicolaiewsky et al. (1986a), ao trabalhar com níveis crescentes de substituição
de milho por raspa de mandioca, observaram redução no ganho de peso de suínos em
crescimento somente a partir do nível de 30% de inclusão. Buitrago (1990), no entanto,
não observou problemas no desempenho de suínos com a inclusão de a40% de raspa
de mandioca.
Tabela 7. Consumo diário de ração (CDR), ganho diário de peso (GDP), conversão
alimentar (CA) e valores médios de pH das rações experimentais (RT, MA e
MS)
1
para suínos em fase de crescimento e período total
Table 7. Daily feed intake (DFI), daily weight gain (DWG), feed:gain ration (F:G ) and pH average
values of experimental diets (CD, CA and CS)
1
, of growing and all period
Tratamentos (
Treatments
)
Variáveis
(Variables)
RT
(CD)
MA
(CA)
MS
(CS)
CV
2
(VC
2
)
Crescimento
(Growing)
CDR, kg/dia
(DFI, kg/day)
2,064 2,044 1,941 6,783
GDP, kg/dia
(DWG, kg/day)
0,825 0,893 0,834 8,022
CA
(F: G)
2,512
a
2,291
b
2,329
b
3,952
pH
5,54 4,70 4,47 -
Período Total
(All period)
CDR, kg/dia
(DFI, kg/day)
2,237 2,193 2,132 7,70
GDP, kg/dia
(DWG, kg/day)
0,801 0,833 0,778 6,87
CA
(F: G)
2,797 2,640 2,743 5,43
pH
5,43 4,69 4,48 -
Médias na mesma linha seguidas por letras diferentes são diferentes (P<0,05)
(Means in the same line
following for different letters are different (P<0.05))
1
RT = ração a base de milho e farelo de soja, MA = ração com silagem de raiz de mandioca, MS = ração
com silagem de raiz de mandioca com inclusão de soja integral.
(
1
CD = ration the corn base and soybean
meal, CA=diets with cassava root silage, CS = diets with silage of cassava root with inclusion of whole soybean)
2
Coeficiente de Variação
(
2
Coefficient of variation)
63
Em contradição aos resultados encontrados nesse experimento, Nicolaiewsky et
al. (1986b) verificaram redução no ganho de peso diário e no consumo de alimento com
a utilização de silagem de mandioca na alimentação de suínos em crescimento, mas não
na terminação.
A CA foi melhor para MA e MS quando comparada com a RT. A melhora pode
ser atribuída à ausência de inibidores de tripsina e a queda do pH nas silagens, uma vez,
que todas as rações continham o mesmo teor de energia. De acordo com Holmes et al.
(1974), o aumento da acidez total da dieta de suínos, determinou maior tempo de
retenção estomacal e fluxo mais homogêneo da digesta para o intestino delgado no
intervalo entre as refeições, que favorece o processo de digestão.
A melhora na CA para as silagens, provavelmente, aconteceu por causa do perfil
do amido da mandioca, visto que a digestibilidade do amido é inversamente
proporcional à quantidade de amilose, que no milho está presente em maior quantidade.
Essa menor digestibilidade pode estar relacionada com a capacidade da amilose de
limitar a incubação e/ou devido à orientação das moléculas de amilose em direção ao
interior dos cristais de amilopectina, que causa aumento nas ligações de hidrogênio, o
que limitaria a exudação das moléculas e a hidrólise enzimática (Van Soest, 1994).
Para o período total, não foi encontrado diferença entre os tratamentos, que
concordam com os resultados de Nicolaiewsky et al. (1989) que, ao trabalhar com
substituição total do milho por silagem de raiz de mandioca em rações para suínos em
crescimento e terminação, também não detectaram diferença no desempenho.
Na Tabela 8, estão apresentados os resultados de características de carcaça de
suínos no final da fase de terminação, alimentados com rações RT, MA e MS.
Para as características de carcaça não foram observadas diferenças entre as rações
RT e MS, com exceção do rendimento de carcaça, em que os animais alimentados com
64
silagem de raiz de mandioca com inclusão de soja integral apresentaram menor
rendimento de carcaça.
Carvalho et al. (1993) constataram que as características de carcaça o foram
afetadas com a inclusão de até 45 e 64% de raspa integral de mandioca na dieta de
suínos em crescimento terminação, respectivamente, enquanto que Carvalho et al.
(1992) observaram aumento linear na área de olho de lombo com os mesmos níveis de
inclusão de raspa integral. Ao contrário, Curtarelli et al. (1986) verificaram que houve
redução linear na área de olho de lombo e efeito quadrático sobre a espessura de
toucinho com a inclusão de até 30% de raspa integral de mandioca na dieta.
Tabela 8. Características de carcaça de suínos no final da fase de terminação, alimentados
com ração testemunha (RT) e rações contendo silagem de raiz de mandioca
(MA) e silagem de raiz de mandioca contendo soja integral (MS)
Table 8. Carcass traits of swine at the end of finishing phase fed with control diet (CD) and diets
containing cassava root silage (CA), and cassava root silage containing whole soybean (CS)
Tratamentos (
Treatments)
Variáveis
Variables
RT
CD
MA
CA
MS
CS
CV
1
VC
1
Peso médio de abate, kg
Average weight slaughter, kg
85,83 86,81 82,79 7,06
Peso médio de carcaça quente, kg
Average weight carcass, kg
71,21 71,63 67,71 7,25
Rendimento de carcaça, %
Carcass yield, %
79,74
a
78,86
ab
78,25
b
1,35
Peso de pernil, kg
Ham weight, kg
11,11 11,32 10,43 7,89
Rendimento de pernil, %
Ham yield, %
33,21 33,91 32,71 5,29
Comprimento de carcaça, cm
Carcass length, cm
89,36 89,21 90,48 2,15
Espessura de toucinho, mm
Back fat thickness, mm
2,46 2,39 2,09 17,50
Área de olho de lombo, cm
2
Loin- eye area, cm
2
37,37 37,29 35,45 10,48
Área de gordura, cm
2
Fat area, cm
2
18,19 17,05 14,72 25,87
Relação carne/gordura
Meat: fat ratio
0,49 0,46 0,43 29,35
Médias na mesma linha seguidas por letras diferentes são estatisticamente diferentes (P<0,05
) (Means in
the same line following for different letters are statistically different (P<0.05)
1
Coeficiente de Variação
(
1
Coefficient of variation)
65
Os resultados da análise econômica, Tabela 9, consideraram o custo da MA e MS,
ajustados para a mesma base de 87,45% de matéria seca, de R$ 180,00 a tonelada para
MA e R$ 200,00 para MS ensilada e o preço do milho, R$ 210,00.
Para fase de crescimento, observa-se, que o custo de ração por quilograma de
suíno produzido diferiu entre os tratamentos, em que os menores custos obtidos foram
para a silagem de raiz de mandioca contendo soja integral.
Tabela 9
.
Custo do quilograma de ração, custo de ração por quilograma de suíno
produzido (CR), índice de eficiência econômica (IEE) e índice de custo (IC)
para suínos em diferentes períodos experimentais, alimentados com ração
testemunha (RT) e rações contendo silagem de raiz de mandioca (MA) e
silagem de raiz de mandioca contendo soja integral (MS)
Table 9. Ration cost per kilogram, Ration cost per kilogram of pig produced (DC), economic
efficiency index (EER) and mean cost index (CR) of pigs in different experimental periods
fed with diets containing corn and cassava root silage with inclusion or not of whole
soybean
Tratamentos (
Treatments
)
Variáveis
Variables
RT
CD
MA
CA
MS
CS
CV
1
VC
1
Crescimento
(Growing)
Custo da ração, R$/kg
Ration cost, R$/kg
0,357 0,392 0,346
CR
2
, R$/kg PV ganho
DC
2
, R$/kg BW gain
0,897
a
0,898
a
0,806
b
3,67
IEE
EER
90 90 100
IC
CR
111 111 100
Período Total (
All period
)
Custo da ração, R$/kg
Ration cost, R$/kg
0,333 0,369 0,322
CR
2
, R$/kg PV ganho
DC
2
, R$/kg BW gain
0,932
ab
0,973
b
0,822
a
5,55
IEE
EER
95 91 100
IC
CR
106 110 100
Médias na mesma linha seguidas por letras diferentes são diferentes (P<0,05)
(Means in the same
line following for different letters are different (P<0.05))
1
Coeficiente de Variação
(
1
Coefficient of variation)
Para o período total, o custo de ração por quilograma de suíno produzido diferiu
entre os tratamentos MS e MA, em que os menores custos obtidos foram para a silagem
66
de raiz de mandioca contendo soja integral.
Conclusões
O uso de inoculante enzimo-bacteriano não melhorou a digestibilidade dos
nutrientes das silagens de raiz de mandioca contendo ou não soja integral.
A silagem de raiz de mandioca que contém ou não soja integral apresentaram
bons valores nutritivos e podem substituir totalmente o milho na ração de suínos nas
fases de crescimento e período total.
Literatura Citada
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V CONCLUSÕES GERAIS
O uso de inoculante enzimo-bacteriano não melhorou a digestibilidade dos
nutrientes das silagens de raiz de mandioca contendo ou não soja integral.
As silagens de raiz de mandioca contendo ou não soja integral apresentaram bons
valores nutritivos e podem substituir totalmente o milho na ração de suínos nas fases de
creche, crescimento e período total.
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