Download PDF
ads:
Decomposi¸c˜ao de grupos e
Invariantes ends
Marina Marcia Ricieri
Orientadora: Prof
a
. Dr
a
. Erm´ınia de Lourdes
Campello Fanti
Disserta¸ao apresentada ao Instituto de Biociˆencias, Le-
tras e Ciˆencias E x atas da Universidade Estadual Paulista,
ampus ao Jos´e do Rio Preto, como parte dos requisitos
para a obten¸ao do t´ıtulo de Mestre em Matem´atica
ao Jos´e do Rio Preto
2007
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
Ricieri, Marina Marcia.
Decomposi¸ao de grupos e invariantes ends / Marina Marcia
Ricieri. - ao Jos´e do R io Preto : [s.n], 2007. 88 f. : il ; 30 cm.
Orientadora: Erm´ınia de Lourdes Campello Fanti
Disserta¸ao (mestrado) Universidade Estadual Paulista. Insti-
tuto de Biociˆencias, Letras e Ciˆencias Exatas
1.Topologia Alg´ebrica. 2.Decomposi¸ao de grupos. 3.Invariantes
ends. 4.Obstru¸ao sing. 5.Grafos e ´arvores. I. Fanti, Erm´ınia de
Lourdes Campello. II. Universidade Estadual Paulista, Instituto
de Biociˆencias, Letras e Ciˆencias Exatas. III. T´ıtulo.
CDU 515.14
ads:
COMISS
˜
AO JULGADORA
Titulares
Erm´ınia de Lourdes Campello Fanti
Professora Doutora - IBILCE - UNESP
Orientadora
Maria Gorete Carreira Andrade
Professora Doutora - IBILCE - UNESP
1
o
Examinador
Pedro Luiz Queir oz Pergher
Professor Douto r - UFSCar
2
o
Examinador
Suplentes
Edivaldo Lopes dos Santos
Professor Douto r - UFSCar
1
o
Suplente
Jo˜ao Peres Vieira
Professor Doutor - IGCE - UNESP
2
a
Suplente
Aos meu s pais,
Bird e Dirce
e ao meu noivo,
assio
dedico.
Agradecimentos
Ao concluir este trabalho agrade¸co a todos que de alguma forma contribu´ıram
para esta realiza¸ao. Em especial agrade¸co:
`
A Prof
a
. Dr
a
. Erm´ınia de Lourdes Campello Fanti, que projetou este trabalho,
por toda dedica¸ao durante a sua orienta¸ao, pelos conh
Aos meus pais Bird e Dirce por serem os meus maiores incent ivadores, pelo a poio
incondicional, pela confian¸ca que sempre tiveram em mim e pelo amor que me deram
a vida toda.
A toda minha fam´ılia pelo incentivo e pela torcida.
A CAPES, pelo aux´ılio financeiro.
A Deus, por tudo.
“O rio atinge seus objetivos porque apr en deu a contornar obst´aculos.”
(Lau-Ts´e)
Sum´ario
Introdu¸ao 12
1 Produtos Livres Amalgamados e Extens˜oes HNN 15
1.1 Grupos Livres . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.2 Geradores e Rela¸oes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
1.3 Produtos Livres . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.4 Produtos Livres com subgrupo amalgamado . . . . . . . . . . . . . . 27
1.5 Extens˜oes HNN . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
2 Grafos e
´
Arvores 39
2.1 Grafos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
2.2
´
Arvores e produtos livres amalgamados . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
2.2.1 Dom´ınio f undamental e decompo si¸ao de grupos . . . . . . . . 51
3 (Co)Homologia de Grup os e Dualidade 55
3.1 RG-m´odulos e Resolu¸oes de R sobre RG . . . . . . . . . . . . . . . . 55
3.2 (Co)Invariantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
3.3 odulos (Co)Induzidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
3.4 Defini¸oes e Exemplos de H
(G, M) e H
(G, M) . . . . . . . . . . . . 63
3.5 O Lema de Shapiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
3.6 Grupos de Dualidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
4 Invariantes Ends e Decomposi¸ao de Grupos 68
4.1 Decomposi¸ao de Grupos e o End Cl´assico . . . . . . . . . . . . . . . 68
8
4.2 Decomposi¸ao de Grupos e o end e(G, S) . . . . . . . . . . . . . . . . 76
4.3 A obstru¸ao sing e decomposi¸ao de grupos . . . . . . . . . . . . . . 79
4.3.1 O end ˜e(G, S
Resumo
Um grupo G se decomp˜oe sobre um subgrupo S se G ´e um produto livre com
subgrupo amalgamado S ou uma extens˜ao HNN. Neste trabalho, propusemo-nos a
relacionar, sob alguns a spectos, decomposi¸ao de grupos e invariantes ends. Mais
precisamente, demonstramos os t eoremas da forma nor mal para produtos livres com
subgrupo amalgamado e extenoes HNN e apresentamos alguns resultados relativos
`a teoria de grafos, ends de grupos e pares de grupos, finalizando com a prova de
um teorema de Kropholler e Roller, sobre decomposi¸ao de grupos, envolvendo a
obstru¸ao sing.
Palavras chave: Produtos livres com subgrupo amalga mado, extens˜ao HNN, grafos,
decomposi¸ao de grupos, ends.
Abstract
A group G splits over a subgroup S if G is a free product with amalgamated
subgroup S or an HNN extension. In this work, we are concerned in relating, under
some aspects, splittings of groups and invariants ends. More precisely, we prove
the theorems normal forms for free products with amalg amated subgroup and HNN
extensions and we present some results related with the theory of graphs, ends of
groups and pairs of groups, concluding with the proof of a theorem by Kropholler
and Roller, on decompo sition of groups, involving the obstruction sing.
Key words: Free products with amalgamated subgroup, HNN extension, graphs,
splittings of gro ups, ends.
Introdu¸c˜ao
Grupos que se decomp˜oem sobre um subgrupo surgem naturalmente, por
exemplo, quando calculamos, atrav´es do Teorema de Van Kampen, o grupo funda-
menta l das superf´ıcies compactas. Estes grupos tamb´em surgem na teoria de grafos.
Dizemos que um grupo G se decomp˜oe sobre um subgrupo C, se G ´e um produto
livre com subgrupo amalgamado C, isto ´e, G = A
C
B com A = C = B ou G ´e
uma extens˜ao HNN, G = A
C
.
Intimamente relacionada com a teoria de decomposi¸ao de grupos est´a a teoria de
ends de grupos e pares de grupos. O primeiro resultado de decomposi¸ao de grupos
(sobre um subgrupo finito), envolvendo a teoria cl´assica de ends de um grupo, foi
dado por Stallings:
Se um grupo G se deco moe sobre um subgrupo finito ent˜ao e(G) 2, onde
e(G) indica o n´umero de ends de G. Reciprocamente, se G ´e finitamente gerado e
e(G) 2 ent˜ao G se decomp˜oe sobre um subgrupo finito.
Como para todo grupo G pode-se mostrar que e(G) = 0, 1, 2 ou , com e(G) = 0
se, e o se, G ´e finito, e par a e(G) 2, a temos o resultado anterior (de Stallings),
´e interessante analisar enao decomposi¸ao de grupos para grupos G satisfazendo
e(G) = 1. Agora, se G ´e um grupo de dualidade de dimens˜ao n (D
n
-grupo), n > 1
pode-se mostrar que e(G) = 1, assim ´e interessante estudar o problema de decom-
posi¸ao de grupos nessas condi¸oes.
De fato estaremos interessados em analisar quando um grupo G se decomp˜oe
sobre um subgrupo S, ou melhor sobre um subgrupo comensuavel a S, no caso em
que G ´e um P D
n
-grupo (grupo de dualidade de Poincar´e de dimens˜ao n) e S um
INTRODUC¸
˜
AO 13
P D
n1
-subgrupo.
Uma resposta neste sentido ´e dada por Kropholler e Roller, (em [12]), em ter-
mos de uma obstru¸ao sing (supondo H
1
(G, F
S
G) Z
2
ou equivalentemente,
˜e(G, S) = 2). O principal resultado apresentado por Kropholler e Roller envolvendo
essa obstru¸ao ´e:
Se G ´e um P D
n
-grupo e S ´e um P D
n1
-subgrupo, ent˜ao G se decomp˜oe sobre
um subgrupo comensur´avel a S se, e somente se, sing
G
S = 0.
Nosso objetivo neste trabalho ´e provar os teoremas das formas normais para
produtos livres amalgamados e extens˜oes HNN (que ao muito ´uteis no estudo de
decomposi¸ao de g r upos uma vez que eles nos ao a forma/expresao dos elemen-
tos desses grupos), explorar um pouco a rela¸ao existente entre decomposi¸ao de
grupos e grafos, mais precisamente entre decomp osi¸ao de grupos e ao de gru-
pos em ´arvores, apresentar alguns resultados relativos a decompo si¸ao de grupos e
invariantes ends, com destaque para o Teorema de Stallings: Se G ´e finitamente
gerado ent˜a o G se decomp˜oe sobre um subgrupo fini to se, e somente s e, e(G) 2,
(Teoremas 4.1.3 e 4.1.4), onde e(G) indica o n´umero de ends de um grupo G e, final-
mente, provar uma das implica¸oes do resultado de Kropholler e Roller, a saber: Se
G ´e um P D
n
-grupo, S ´e um P D
n1
-subgrupo e G se decomp˜oe sobre um subgrupo
comensur´avel a S ent˜ao sing
G
S = 0 (Teorema 4.3.2).
A seguir relatamos o o bjetivo de cada um dos cap´ıtulos em que este trabalho
est´a dividido.
No Cap´ıtulo 1, iniciamos abordando a quest˜ao da existˆencia e unicidade de um
grupo livre sobre um conjunto X. Como pode-se observar, a existˆencia ´e provada
a partir do conjunto de palavras (reduzidas) sobre X. A partir da´ı, obtemos que
todo grupo G pode ser representado em termos de geradores e rela¸oes. A seguir
estudamos a constru¸ao dos produtos livres e a forma normal de seus elementos
e, utilizando a constru¸ao anterior (do produto livre) analisamos os casos relativos
a decomposi¸ao de grupos, a saber, produtos livres com subgrupos amalgamados e
extens˜oes HNN. Mais precisamente, definimos o push-out e provamos os teoremas
da forma normal pa ra produtos livres amalgamados e extens˜oes HNN.
INTRODUC¸
˜
AO 14
No Cap´ıtulo 2, ´e feito um estudo a respeito de grafos e ´arvores, por´em a
demonstra¸ao de alguns resultados foram omitidas, uma vez que o objetivo central
deste cap´ıtulo ´e mostrar a rela¸ao existente entre decomposi¸ao de g r upos (produtos
livres amalg amados e extens˜oes HNN) e ao de grupos sobre ´arvores, formalizadas
nos Teoremas 2.2.1 e 2.2.2.
No Cap´ıtulo 3, temos como objetivo principal apresentar um breve estudo de
cohomologia de grupo s uma vez que os invaria ntes ends a serem tratados neste tra-
balho, e que est˜ao fortememte relacionados com decomposi¸ao de grupos, podem ser
definidos usando uma linguagem cohomol´ogica. Tamb´em apresentamos o conceito
de grupos de dualidade que ser˜ao importantes no ´ultimo cap´ıtulo. Mais detalhada-
mente, introduzimos inicialment e os conceitos de RG-m´odulos e Resolu¸oes de R
sobre RG, onde R ´e um anel comutativo com unidade e G um grupo denotado
multiplicativamente. Em seguida, definimos odulos coinvariantes e invariantes
al´em dos odulos coinduzidos e induzidos para enao definirmos os n-´esimos gru-
pos de homologia e cohomologia do grupo G, com coeficientes no RG-m´odulo M:
H
n
(G, M) = H
n
(F
RG
M) e H
n
(G, M) = H
n
(Hom
RG
(F, M)),
onde ε : F R ´e uma resolu¸ao projetiva de R sobre RG, al´em de darmos exemplos
de grupos de homologia e cohomologia para alguns grupos e RG-m´odulos espec´ıficos.
Apresentamos ainda o Lema de Shapiro, que relaciona a (co)homologia de um grupo
G com a (co)homologia de seu subgrupo H, encerrando ena o o cap´ıtulo, com um
estudo resumido de g rupos de dualidade.
Finalmente, no Cap´ıtulo 4, abordamos os invariantes ends (o end cl´assico e(G) e
o end do pa r e(G, S)), relacionando-os com decomposi¸ao de grupos, com destaque
para o resultado de Stallings, que utiliza os conceitos introduzidos nos cap´ıtulos
anteriores. Destacamos ainda, a prova do Teorema 4.3.2, anteriormente citado, que
relaciona a obstru¸ao sing (e indiretamente, o invariant e end ˜e(G, S) definido
por Kropholler e Roller) com decomposi¸ao de grupos, nos valendo de resultados
referentes a grupos de dualidade, al´em dos Teoremas 2.2.1 e 2.2.2 que ser˜ao reescritos
no Teorema 4.3.1, englobando o s casos para produtos livres amalgamados e extens˜oes
HNN.
Cap´ıtulo 1
Produtos Livres Amalgamados e
Extens˜oes HNN
Neste cap´ıtulo, abordaremos os conceitos de grupos livres, produtos livres, pro-
dutos livres amalgamados e extens˜oes HNN, que ao fundamentais no estudo de
decomposi¸ao de grupos. Os Teoremas da Forma Normal para produtos livres amal-
gamados e extens˜oes HNN (Teoremas 1.4.2 e 2.2.3), ao de grande relevˆancia, uma
vez que ser˜ao necess´arios na prova do teorema de Stallings para e(G) e no de Scott
para e(G, S) que ser˜ao enunciados no ´ultimo cap´ıtulo. As referˆencias principais para
este cap´ıtulo ao [8] e [18].
1.1 Grupos Livres
Defini¸ao 1.1.1 Sejam X um conjunto n ˜ao vazio, F um grupo e i : X F uma
fun¸ao. O par (F, i) ´e chamado livre sobre X se para quaisquer grupo H e fun¸ao
f : X H existe um ´unico homomorfismo φ : F H com φ i = f.
X
i
F
f
ց ւ
! φ
H
Exemplo 1.1.1 Se F ´e o grupo c´ıclico infinito gerado por a, ent˜ao para qualquer
15
CAP
´
ITULO 1. PRODUTOS LIVRES AMALGAMADOS E EXTENS
˜
OES HNN16
conjunto unit´ario {x}, cons i derando i : X F tal que i(x) = a (gerador do grupo) ,
temos (F, i) livre s obre X.
Observao 1.1.1 O grupo trivial ´e considerado como um grupo livre sobre o con-
junto vazio.
Proposi¸ao 1.1.1 Sejam (F
1
, i
1
) e (F
2
, i
2
) livres sobre X. Ent˜ao existe um i so-
morfismo φ : F
1
F
2
tal que φ i
1
= i
2
, isto ´e, o grupo livre ´e ´unico, a menos de
isomorfismo.
Demonstra¸ao: Como (F
1
, i
1
) ´e livre sobre X, existe um homomorfismo φ :
F
1
F
2
com φ i
1
= i
2
. Por outro lado, como (F
2
, i
2
) ´e livre sobre X, existe um
homomorfismo ψ : F
2
F
1
com ψ i
2
= i
1
. Enao ψ φ i
1
= i
1
= id
F
1
i
1
, onde
id
F
1
indica a aplica¸a o identidade em F
1
. Pela propriedade da unicidade, temos
ψ φ = id
F
1
. Analogamente, φ ψ = id
F
2
; enao φ ´e um isomorfismo.
Proposi¸ao 1.1.2 Seja (F, i) livre s obre X. Temos que:
(i) Se existe um grupo G e uma fun¸ao injetiva f : X G ent˜ao i ´e injetiva.
(ii) (X), o conjunto das partes de X ´e um grupo com a diferen¸ca sim´etrica, e
x → {x} ´e injetiva.
(iii) i ´e injetiva.
Demonstra¸ao: (i) Suponhamos que exista G (grupo) tal que f : X G seja
injetiva. Como F ´e livre sobre X, para f : X G, existe φ : F G tal que
φ i = f . Mas, f injetiva implica i injetiva.
´
E acil verificar (ii). Finalmente,
segue da proposi¸ao anterior que se F ´e livre sobre X, podemos considerar X como
um subconjunto de F . Assim, (iii) segue de (i) e (ii), considerando G = (X) e
f : X (X), x {x}.
Estamos interessados agora em resp onder se dado um conjunto X, existe um
grupo F e uma aplica¸ao i : X F (que pode ser a inclus˜ao) tal que (F, i) ´e livre
sobre X.
CAP
´
ITULO 1. PRODUTOS LIVRES AMALGAMADOS E EXTENS
˜
OES HNN17
Seja X um conjunto qualquer ao vazio. Denotemos por M(X) o conjunto
de todas seq¨uˆencias (x
i
1
, . . . , x
i
n
), (n 0) de elementos de X (o caso n = 0
corresponde `a seq¨encia vazia e os elementos x
ij
ao ao necessariamente distin-
tos). Po demos definir uma multiplicao sobre M(X) por justaposi¸ao, isto ´e,
(x
i
1
, . . . , x
i
n
).(x
j
1
, . . . , x
j
m
) = (x
i
1
, . . . , x
i
n
, x
j
1
, . . . , x
j
m
).
Esta multiplica¸ao ´e obviamente associativa com um elemento identidade (ou
neutro) como sendo a seq¨uˆencia vazia, que vamos denotar por 1 ou ( ). Tamb´em a
aplica¸ao X M(X); x → (x) ´e obviamente injetiva, e se identificarmos (x) com x,
todo elemento de M(X) pode ser unicamente escrito como um produto x
i
1
. . . x
i
n
.
M(X) ´e chamado de mon ´oide livre sobre X.
Seja X um conjunto com X X = e tal que existe uma bije¸ao ϕ : X X;
x → ϕ(x).Vamos denotar ϕ(x) por x
1
(e x por x
1
). Podemos considerar agora
os elementos de M(X X), tais elementos ao chamados palavras em X. Se u
M(X X) e u = y
i
1
. . . . .y
i
n
, com y
i
r
X X, ent˜ao n ´e chamado o com primento
de u, e ´e denotado por | u | ou l(u), e os elementos y
i
r
ao chamados letras de u.
Uma palavra w = x
i
1
ε
1
. . . x
i
n
ε
n
, ε
r
= ±1 ´e chamada palavra reduzida se, para
1 r n 1, temos i
r+1
= i
r
, ou i
r+1
= i
r
, mas ε
r+1
= ε
r
; a palavra vazia
´e tamem dita reduzida. Seja w = x
ε
1
i
1
. . . x
i
n
ε
n
uma palavra ao reduzida, isto ´e,
tal que i
r+1
= i
r
e ε
r+1
= ε
r
. dizemos que w
´e obtida de w por uma redu¸ao
elementar se w
= x
i
1
ε
1
. . . x
i
r 1
ε
r 1
x
i
r +2
ε
r +2
. . . x
i
n
ε
n
, onde i
r+1
= i
r
e ε
r+1
= ε
r
.
Sobre M(X X), considere a seguinte rala¸ao w w
se, e somente se, w = w
ou existe uma seq¨uˆencia w = w
1
w
2
. . . w
k
= w
tal que, para 1 j k 1, ou
w
j+1
´e obtido de w
j
por uma redu¸ao elementar, ou w
j
´e obtido de w
j+1
por uma
redu¸ao elementar.
´
E f ´acil ver que, se w w
, enao u.w.v u.w
.v para quaisquer u, v M(X X),
e se, al´em disso, u u
, ent˜ao u.w u
.w
. Segue que a multiplicao em M(X
X) induz uma multiplica¸ao em F (X) :=
M(X X)
, o conjunto das classes de
equivalˆencia, e esta multiplica¸ao ´e associativa com um elemento identidade ( neutro)
1 (a classe da sequˆencia vazia). Ainda, F (X) ´e um grupo, uma vez que se w =
x
i
1
ε
1
. . . x
i
n
ε
n
e w
= x
i
n
ε
n
. . . x
i
1
ε
1
, temos w.w
1. A incluao X M(X X)
CAP
´
ITULO 1. PRODUTOS LIVRES AMALGAMADOS E EXTENS
˜
OES HNN18
induz uma aplica¸ao (injetiva) i : X F (X); x → x (a classe da palavra reduzida),
onde F (X) =
M(X X)
´e claramente gerado por i(X).
Teorema 1.1.1 Sejam (F (X), i) de finidos como anteriormente. Ent˜ao (F (X), i) ´e
livre sobre X.
Demonstra¸ao: a vimos que F (X) constru´ıdo como acima ´e um grupo. Seja
f : X G uma aplica¸ao. Claramente, esta aplica¸ao estende-se a uma aplica¸ao
M(X X) G por x
i
1
ε
1
. . . x
i
n
ε
n
→ f(x
i
1
)
ε
1
. . . f(x
i
n
)
ε
n
que preserva multiplica¸ao.
Note que se i
r+1
= i
r
, ε
r+1
= ε
r
, ena o
f(u) = f(x
i
1
)
ε
1
. . . f(x
i
n
)
ε
n
= f(x
i
1
)
ε
1
. . . f(x
i
r 1
)
ε
r 1
f(x
i
r +2
)
ε
r +2
. . . f(x
i
n
)
ε
n
= f(u
),
onde u
foi obtido de u por uma redu¸ao elementar.
Portanto, esta aplica¸ao induz um homomorfismo φ : F (X) G, u → f (u),
onde u indica a classe de equivalˆencia de u, que satisfaz obviamente φi = f . Como
i(X) gera F (X), a aplica¸ao ´e ´unica.
Teorema 1.1.2 (Forma Normal para Grupos Livres) Seja (F, i) livre so-
bre X. Pela Proposi¸ao 1.1.1, podemos supor F (X) =
M(X X)
, como defini do
anteriormente. Ent˜ao existe exatamente uma pa l avra reduzida em cada cla s se de
equivalˆencia.
Demonstra¸ao:
´
E claro que toda classe de equivalˆencia conem pelo menos
uma palavra reduzida.
A unicidade ser´a provada p elo M´etodo de van der Waerden. Seja S o conjunto
de todas as seq¨uˆencias finitas (x
i
1
ε
1
, . . . , x
i
n
ε
n
), n 0, ε
r
= ±1, 1 r n, e
G = B
ij
(S) o grupo das permuta¸oes de S.
Tome x
ε
X X. Enao a aplica¸ao que associa
(x
i
1
ε
1
, . . . , x
i
n
ε
n
) → (x
ε
, x
i
1
ε
1
, . . . , x
i
n
ε
n
), a menos que x
i
1
= x e ε.ε
1
= 1,
(x
i
1
ε
1
, . . . , x
i
n
ε
n
) → (x
i
2
ε
2
, . . . , x
i
n
ε
n
), se x
i
1
= x e ε.ε
1
= 1,
CAP
´
ITULO 1. PRODUTOS LIVRES AMALGAMADOS E EXTENS
˜
OES HNN19
´e obviamente uma permuta¸ao (bije¸ao ) de S, que os denotamos por f(x
ε
). Por-
tanto, temos uma aplica¸ao f : X X G; x
ε
→ f(x
ε
). Notemos que f(x)
f(x
1
) = id, assim, f(x
ε
) = f(x)
ε
. Tal aplica¸ao induz pelo fat o de F (X) ser livre
sobre X, como a foi justificado a nteriormente, um homomorfismo φ : F (X) G,
onde dado α F (X) =
M(X X)
, se α = y
1
ε
1
. . . y
j
ε
j
y
j+1
ε
j+1
. . . y
n
ε
n
, (com
y
1
ε
1
, . . . , y
n
ε
n
ao necessariamente reduzida) definimos φ(α) := f(y
1
)
ε
1
. . .f(y
n
)
ε
n
.
Observemos que o fato de φ estar bem definida, isto ´e, independe do representa nte
escolhido para os elementos de F (X), segue do fato de que f(x) f (x
1
) = id, pois,
por exemplo, se y
ε
j
j
.y
ε
j+1
j+1
= 1 enao f(y
j
)
ε
j
f(y
j+1
)
ε
j+1
= id.
Al´em disso, φ i = f, pois dado x X, φ(i(x)) = φ(x) = f(x).
Seja agora β F (X) e w = x
i
1
ε
1
. . . . .x
i
n
ε
n
uma palavra reduzida na classe de
β, isto ´e, w = β.
´
E acil ver que se ( ) S ´e a seq¨uencia vazia, enao φ(β)( ) =
φ(w)( ) = (x
i
1
ε
1
, . . . , x
i
n
ε
n
). Pela igualdade de seq¨encias, segue que w ´e a ´unica
palavra reduzida na classe β = w e ´e determinada por φ(β)( ).
Corol´ario 1.1.1 Nas condi¸oes do teorema anterior, temos que i : X F (X) ´e
injetiva.
Demonstra¸ao: Se x, x
1
X, com x = x
1
, enao x, x
1
ao origem a palavras
reduzidas distintas (tamb´em denotadas por x, x
1
). Assim, x ≡ x
1
.
o s usualmente consideramos X como um subconjunto de F (X) com i a inclus˜ao.
Frequentemente, identificamos elementos de F (X
CAP
´
ITULO 1. PRODUTOS LIVRES AMALGAMADOS E EXTENS
˜
OES HNN20
grupo livre. Um grupo livre F tem muitas bases. Se θ ´e qualquer automorfismo de
F enao θ(X) ´e uma base se, e somente se, X ta mb´em o ´e.
Proposi¸ao 1.1.3 Seja X um subconjunto de um grupo G. As seguintes afirma¸oes
ao equivalentes:
(i) G ´e livre com base X;
(ii) qualquer elemento de G pode ser unicamente escrito como x
i
1
ε
1
. . . . .x
i
n
ε
n
, n
0, x
i
r
X, ε
r
= ±1, onde ε
r+1
= ε
r
se i
r+1
= i
r
e 1 r n 1 ;
(iii) X gera G e nenhum elemen to x
i
1
ε
1
. . . . .x
i
n
ε
n
, tal que n > 0, x
i
r
X, ε
r
= ±1,
com ε
r+1
= ε
r
se i
r+1
= i
r
(r < n), ´e igual ao elemento identidade.
Demonstra¸ao: Podemos facilmente verificar que (ii) e (iii) ao equivalentes.
Ainda, se G ´e livre sobre X, enao G tem estas propriedades (isto ´e, (i) (ii) e
(iii)).
Suponha que G satisfaz (iii). Existe obviamente um homomorfismo F (X) G
que ´e a identidade sobre X. Esta aplica¸a o ´e sobrejetora, uma vez que X gera G e
´e injetiva pela hip´otese de que a imagem de uma palavra reduzida ao trivial ao
ser o elemento identidade.
Corol´ario 1.1.2 S uponhamos que X gera G. Seja H um grupo e φ : G H um
homomorfismo d e grupos que ´e injetivo sobre X e tal que φ(G) ´e livre com base
φ(X), ent˜ao G ´e livre com base X.
Demonstra¸ao: Basta notar que a condi¸ao (iii) vale para X, uma vez que
vale para φ(X).
Corol´ario 1.1.3 S eja F livre com base {a, b}. Seja c
i
= a
i
.b.a
i
, i N. Ent˜ao o
subgrupo gerado pelos ele mentos c
i
, c
i
, i ´e livre com base {c
i
}.
CAP
´
ITULO 1. PRODUTOS LIVRES AMALGAMADOS E EXTENS
˜
OES HNN21
Demonstra¸ao: Devemos mostrar que c
i
1
r
1
. . . . .c
i
n
r
n
= 1 quando n > 0,
r
1
, . . . , r
n
= 0 e i
k
= i
k+1
para 1 k n 1 (isto ´e obviamente equiva lente a
(iii)). Mas, este elemento ´e a
r
1
.b
r
1
.a
r
1
r
2
.b
r
2
. . . . .a
r
n1
r
n
.b
r
n
.a
r
n
que ao ´e igual
a 1.
Corol´ario 1.1.4 S eja X uma base de G e Y um subconjunto de X. Ent˜ao Y ´e uma
base do grupo gerado por Y , Y G.
Demonstra¸ao: (iii) clara mente vale para Y .
1.2 Geradores e Rela¸oes
Faremos nesta se¸ao uma caracteriza¸ao para grupos, iniciando com um impor-
tante resultado.
Proposi¸ao 1.2.1 Qualquer grupo G ´e um quociente de algum grupo livre.
Demonstra¸ao: Considere (F (G), i) o grupo livre gerado por G. A aplica¸ao
identidade id : G G se estende a um homomorfismo F (G) G que ´e sobrejetor:
G
i
F (G)
id
ւ
! φ
G
Assim, G
F (G)
Kerφ
.
Defini¸ao 1.2.1 Sejam G um grupo, X um conjunto e φ : F (X) G um epi-
morfismo. Ent˜ao X ´e chamado um conjunto de geradores para G sob φ e a fam´ılia
{φ(x); x X} ´e chamada uma fam´ılia de geradores de G. (Claramen te, G =
φ(x); x X). Chamamos Kerφ o conjunto de rela¸oes de G (sob φ) .
CAP
´
ITULO 1. PRODUTOS LIVRES AMALGAMADOS E EXTENS
˜
OES HNN22
Se u = x
i
1
ε
1
. . . x
i
n
ε
n
e v = x
j
1
η
1
. . . x
j
m
η
m
ao palavras (n˜ao necessariamente re-
duzidas) tais que uv
1
representam um elemento do Kerφ e φ(x
i
) = a
i
, dizemos que
a
i
1
ε
1
. . . a
i
n
ε
n
= a
j
1
η
1
. . . a
j
m
η
m
´e uma rela¸ao em G. Em particular, se u representa
um elemento de Kerφ, ent˜ao a
i
1
ε
1
. . . a
i
n
ε
n
= 1 ´e uma rela¸ao em G.
Para qualquer sub conjunto S de um grupo H, S
H
(o fecho normal de S em
H, isto ´e, o menor subgrupo normal gerado por S em H) ´e chamado o conjunto
de conseuˆenc i as de S.
Dizemos que R F (X) ´e um conjunto de rela¸c˜oes de G (sob φ) se Kerφ ´e
o conjunto de conseq¨uˆencias de R, ou seja R
F (X)
= Kerφ. Temos enao um
conjunto correspondente de rela¸oes de G.
Defini¸ao 1.2.2 Uma apresenta¸ao X; R
φ
de G consiste de um conjunto X, um
epimorfismo φ de F (X) em G, e um conjunto R de rela¸oes de G (sob φ). Freq¨uen-
temente, os omitimo s a m eao a φ, especialmente quand o φ ´e a aplicao natural
F (X)
F (X)
R
F (X)
ou quando φ ´e inj e tiva sobre X. os esc revemos G = X; R
φ
quando X; R
φ
´e uma apresenta¸ao de G, ou ainda, mais simplesmente, X; R.
A nota¸ao X | R ´e tamb´em usada. Se X ´e finito, G ´e dito fin i tam ente gerado. Se
X e R ao finitos, G ´e dito finitamen te apresentado e a apresenta¸ao ´e dita nita.
Exemplo 1.2.1 Um grupo livre F (X) tem X; ∅ como sua apresenta¸ao.
Exemplo 1.2.2 Uma aprese nta¸ao para o grupo c´ıclico fin i to de ordem m ´e {x}; x
m
,
pois
F (X)
R
F (X)
x
x
m
Z
m
.
Se K tem apresenta¸ao X Y ; R S, onde X; R ´e uma apresenta¸ao de
G, f req¨uentemente denotamos K por G, Y ; S. A pr´o xima proposi¸ao mostra que
existe um homomorfismo canˆonico entre G e K.
Proposi¸ao 1.2.2 Seja G = X; R
φ
. Sejam H um grupo e {a(x); x X} um
conjunto de elemen tos de H. S e w F (X) e w = x
i
1
ε
1
. . . x
i
n
ε
n
, denote por w(a)
o elemento a(x
i
1
)
ε
1
. . . a(x
i
n
)
ε
n
. Ent˜ao exis te um homomorfism o α : G H tal que
α(φ(x)) = a(x) se, e somente se, a(r) = 1, para todo r R. Tamb´em α, se existe,
´e ´unico.
CAP
´
ITULO 1. PRODUTOS LIVRES AMALGAMADOS E EXTENS
˜
OES HNN23
Demonstra¸ao: Como G = φ(X), o homomorfismo α, se existe, ´e unicamente
determinado por seus valores sobre φ(X).
Considerando que F (X) ´e livre e tomando a aplica¸ao a : X H, existe um
homomorfismo β : F (X) H com β(x) = a(x), e podemos escrever β = α φ se, e
o se, Kerφ Kerβ.
X
i
F (X)
φ
G = X, R
φ
a
ց ց
β
ւ
α
H
Como Kerφ = R
F (X)
, isto vale se, e o se, R Kerβ, isto ´e, se, e o se,
a(r) = 1, para todo r R.
Se G ´e livre sobre X, e φ : F (X) G = F (X) ´e a identidade, enao w = 1 ´e
uma rela¸ao se, e o se, w ´e equivalente a 1 em M(X X). Neste caso, w(h) = 1
para qualquer aplica¸ao x → h(x) de X em qualquer grupo H. Esta ´e a vers˜ao
precisa do enfoque informal para g rupos livres que normalmente encontramos na
literatura.
Nas pr´oximas se¸oes deste trabalho, abordaremos conceitos importantes para
alcan¸carmos nosso primeiro o bjetivo que consiste na prova dos Teoremas da Forma
Normal para elementos dos produtos livres amalgamados e das extens˜oes HNN.
1.3 Produtos Livre s
Defini¸ao 1.3.1 Sejam G
α
, α Λ uma fam´ılia de grupos, G um grupo e i
α
:
G
α
G s˜ao homomorfismos tais que para quaisquer grupo H e homomo rfi s mos
φ
α
: G
α
H existe um ´unico homomorfismo φ : G H com φ
α
= φ i
α
, para todo
α. Ent˜ao (G, { i
α
}) ´e chamado um produto livre do s grupos G
α
.
G
! φ
 H
i
α
տ ր
φ
α
G
α
CAP
´
ITULO 1. PRODUTOS LIVRES AMALGAMADOS E EXTENS
˜
OES HNN24
Da mesma forma que em grupos livres, uma pergunta natural ´e se produtos livres
existem, ao ´unicos e se as aplica¸oes i
α
ao monomorfismos.
Proposi¸ao 1.3.1 Se (G, { i
α
}) e (H, {j
α
}) ao produtos livres dos grupos G
α
, ent˜ao
existe um (´unico) isomorfismo φ : G H tal que φ i
α
= j
α
, para todo α.
Demonstra¸ao:
´
E similar `a dada na Proposi¸ao 1.1.1, basta considerar os
diagramas:
G
! φ
 H G
! ψ
 H
i
α
տ ր
j
α
i
α
տ ր
j
α
G
α
G
α
onde no primeiro diagrama usamos que G ´e o produto livre dos G
α
e no segundo,
que H ´e o produto livre dos G
α
, obtendo assim os homomorfismos φ e ψ satisfazendo
φ i
α
= j
α
e ψ j
α
= i
α
.
Al´em disso, (φ ψ) j
α
= j
α
= id j
α
, donde segue da unicidade que φ ψ = id
H
.
Similarmente, ψ φ = id
G
.
Proposi¸ao 1.3.2 Seja (G, {i
α
}) um produto livre d e grupos G
α
, α Λ , ent˜ao:
(i) i
α
: G
α
G ´e um monomorfismo se existir um grupo H e homomorfismos
φ
β
: G
β
H, para todo β Λ, de modo que φ
α
´e monomorfismo;
(ii) i
α
´e um monomorfismo, para todo α Λ.
Demonstra¸ao:
(i) Considere H e φ
β
: G
β
H homomorfismo com φ
α
monomorfismo. Pela
defini¸ao de produto livre, existe um ´unico φ : G H comutando o diagrama
G
! φ
 H
i
β
տ ր
φ
β
G
β
CAP
´
ITULO 1. PRODUTOS LIVRES AMALGAMADOS E EXTENS
˜
OES HNN25
para todo β Λ. Em particular, para β = α, temos que φ i
α
= φ
α
, e como φ
α
´e
monomorfismo, segue que i
α
´e monomorfismo.
(ii) Para cada α (fixado), considere H = G
α
. Tome φ
β
: G
β
H tal que
φ
β
= id
G
α
se β = α e φ
β
= 0, para β = α. Por (i), segue o resultado.
Proposi¸ao 1.3.3 Qualquer fam´ı lia de grupos G
α
tem um produto l i vre.
Demonstra¸ao: Para cada α, seja X
α
; R
α
φ
α
, (onde φ
α
: F (X
α
) G
α
) uma
apresenta¸ao de G
α
. Podemos assumir que X
α
X
β
= , se α = β e da´ı, G
α
G
β
=
{1}, para α = β. Considere G =
X
α
;
R
α
e i
α
: G
α
G o homomorfismo
canˆonico. Enao (G, {i
α
}) ser´a um produto livre.
Com efeito, sejam H um grupo e f
α
: G
α
H homomorfismos. Existe um
homomorfismo F (
X
α
) H obtido da aplica¸ao
X
α
H que leva x
α
em
(f
α
φ
α
)(x
α
). Como este aplica
R
α
em 1, ele define enao um homomorfismo
f : G H, visto que G =
F (
X
α
)
R
α
F ( X
α
)
. Claramente, f
α
= f i
α
. Tamb´em f ´e
´unico, uma vez que G ´e gerado por
i
α
(G
α
), ou ainda, por
i
α
(φ
α
(X
α
)) .
O produto livre dos grupos G
α
´e usualmente denotado por
αΛ
G
α
, ou simples-
mente por G
α
e o produto livre de dois gr upos G
1
e G
2
por G
1
G
2
. Temos que
G
1
G
2
G
2
G
1
e (G
1
G
2
) G
3
G
1
(G
2
G
3
). Regras mais gerais de
comutatividade e associatividade tamb´em valem.
Teorema 1.3.1 (Forma Normal para Produ tos Livres) Seja G = G
α
o
produto livre dos G
α
via homomorfismos i
α
: G
α
G. Ent˜ao
(i) os homomorfismos i
α
: G
α
G ao monomorfis mos;
(ii) cons i derando, para todo α, i
α
como a inclus˜ao, qualquer el emento g de G pode
ser unica mente escrito como g
1
. . . g
n
, onde n 0, 1 = g
i
G
α
i
e α
r
= α
r+1
,
r = 1, . . . , n 1, ou seja , os elementos (letras) adjacentes pertencem a G
α
’s
distintos.
CAP
´
ITULO 1. PRODUTOS LIVRES AMALGAMADOS E EXTENS
˜
OES HNN26
Demonstra¸ao: Denotaremos, por conveniˆencia, i
α
(g
α
) por g
α
, (ao inv´es de
g
α
), para g
α
G
α
. (Note que (i) a foi provada por outro etodo (Proposi¸ao 1.3.2,
(ii))). Provaremos o teorema se mostrarmos que para qualquer u G existem ´unicos
elementos g
1
, . . . , g
n
com n 0, 1 = g
i
G
α
i
, α
r
= α
r+1
e u = g
1
. . . g
n
.
Como nossa constru¸ao de G (dada na proposi¸ao anterior) mostra que
i
α
(G
α
)
gera G, qualquer u pode certamente ser escrito como g
1
. . . g
n
, com n 0 e 1 = g
i
G
α
i
, onde podemos ter α
r
= α
r+1
para algum r. Se α
r+1
= α
r
e g
r+1
= g
r
1
podemos
escrever u = g
1
. . . g
r1
h g
r+2
. . . g
n
, onde 1 = h = g
r
g
r+1
G
α
r
, enquanto que se
α
r+1
= α
r
e g
r+1
= g
r
1
podemos escrever u = g
1
. . . g
r1
g
r+2
. . . g
n
. Por indu¸ao
sobre n, u pode ser escrito na forma requerida em (ii).
Para provar a unicidade vamos seguir o etodo de van de r Waerden. Seja S o
conjunto de todas as seq¨encias finitas (g
1
, . . . , g
n
), n 0, 1 = g
i
G
α
i
, α
r
= α
r+1
;
em particular, ( ), a seq¨uencia vazia, est´a em S.
Tome g
α
G
α
. Podemos definir uma aplica¸ao de S em S, que vamos denotar
por φ
α
(g
α
), da seguinte forma:
(g
1
, . . . , g
n
) → (g
α
, g
1
, . . . , g
n
), se α
1
= α (lembre-se que g
1
G
α
1
),
(g
1
, . . . , g
n
) → (g
α
g
1
, . . . , g
n1
, g
n
) se α
1
= α e g
α
g
1
= 1,
(g
1
, . . . , g
n
) → (g
1
, . . . , g
n1
) se α
1
= α e g
α
g
1
= 1.
Ent ˜ao temos uma aplica¸ao φ
α
: G
α
F(S, S); g
α
→ φ
α
(g
α
), onde F(S, S)
denota o conjunto das aplica¸oes de S em S, e podemos facilmente ver que φ
α
preserva aplica¸oes, isto ´e, φ
α
(g
α
.g
α
) = φ
α
(g
α
) φ
α
(g
α
). Ainda, φ
α
(g
α
) B
ij
(S),
o conjunto das bije¸oes de S, uma vez que φ
α
(g
α
) tem como inversa a aplica¸ao
φ
α
(g
α
1
). ()
Seja φ : G B
ij
(S) o homomorfismo tal que φ
α
= φi
α
, isto ´e, φ ´e assim definida:
φ(g
α
) = φ(i
α
(g
α
)) := φ
α
(g
α
) e mais geralmente, φ(g
1
. . . g
n
) = φ
α
1
(g
1
) . . . φ
α
n
(g
n
).
Tal homomorfismo fica bem definido por (). Tome u G e escreva-o como u =
g
1
g
2
. . . g
n
, n 0; 1 = g
i
G
α
i
, α
r
= α
r+1
. Agora, pode-se verificar (por indu¸ao)
que φ(u)( ) = (g
1
, . . . , g
n
) e enao g
1
, . . . , g
n
ao unicamente determinados por u.
Proposi¸ao 1.3.4 Sejam G
α
subgrupos de um grupo G. Ent˜ao G = G
α
se, e o
CAP
´
ITULO 1. PRODUTOS LIVRES AMALGAMADOS E EXTENS
˜
OES HNN27
se, todo elemento de G pode ser unicamente escrito como g
1
. . . g
n
, n 0, g
i
G
α
i
,
α
r
= α
r+1
, 1 r n 1.
Demonstra¸ao: ([8], Proposi¸ao 20) Se G = G
α
, enao (considerando i
α
como
inclus˜oes) a condi¸ao vale. Por outro lado, se a condi¸ao vale, a aplica¸ao G
α
G
induzida pelas inclus˜oes G
α
G ´e claramente um isomorfismo.
Defini¸ao 1.3.2 Seja g G
α
, g = g
1
. . . g
n
, g
i
G
α
i
, α
r
= α
r+1
. Chamamo s n o
comprimento de g.
Exemplo 1.3.1 O g rupo livre sobre X, F (X), ´e igual ao produto livre C
x
, com
x X, onde C
x
indica o grupo c´ıcli co infinito com gerador x.
Exemplo 1.3.2 Seja Z
2
o grupo c´ıclico de ordem 2. Ent˜ao Z
2
Z
2
= a, b; a
2
, b
2
a, b, c; a
2
, b
2
, c
1
ab a, c; a
2
, (c
1
a)
2
a, c; a
2
, a
1
cac. O ´ultimo isomorfismo
nos diz que Z
2
Z
2
´e isomorfo ao grupo diedral infi nito D
= { x, y; x
2
= 1 , xy =
y
1
x}.
Observao 1.3.1 Se G
α
, H
α
ao grupos, φ
α
: G
α
H
α
ao homom o rfismos,
(G, {i
α
}) e (H, {j
α
}) os produtos livres de G
α
e de H
α
, respectivamente, ent˜ao existe
um ´unico homomorfismo φ : G H tal que φi
α
= j
α
φ
α
, para todo α. Den otamos
φ por φ
α
.
G
α
i
α
G
φ
α
! φ
H
α
j
α
H
1.4 Produtos Livre s com subgrupo amalgamado
Defini¸ao 1.4.1 Sejam C, A e B grupos, i
1
: C A, i
2
: C B homomorfismos.
Sejam G um grupo, j
1
: A G, j
2
: B G homomo rfi s mos. Chamam os (G, j
1
, j
2
)
o push-out de C, A, B e (i
1
, i
2
) (ou si mplesmente o push-out de (i
1
, i
2
)) se
CAP
´
ITULO 1. PRODUTOS LIVRES AMALGAMADOS E EXTENS
˜
OES HNN28
(i) j
1
i
1
= j
2
i
2
.
(ii) para qualquer grupo H e homomorfismos φ
1
: A H e φ
2
: B H com
φ
1
i
1
= φ
2
i
2
existe um ´unico homomorfis mo φ : G H com φ
r
= φ j
r
(r = 1, 2).
A
i
1
ր
j
1
ց
φ
1
C G

!φ
H
i
2
ց
j
2
ր
φ
2
B
Exemplo 1.4.1 Con sidere os grupos c´ıclicos Z, Z
2
e Z
3
e os homomorfismos canˆonicos
i
1
: Z Z
2
tal que i
1
(x) = x e i
2
: Z Z
3
tal que i
2
(x) = x. Ent˜ao o push-out de
Z, Z
2
, Z
3
e (i
1
, i
2
) ´e o grupo trivial G = 0 com os homom o rfismos nulos j
1
: Z
2
0
e j
2
: Z
3
0.
De fato, para qualquer grupo H e homomorfismos φ
1
: Z
2
H, φ
2
: Z
3
H,
com φ
1
i
1
= φ
2
i
2
, consideran do o h omomorfismo ´o bvio φ : 0 H, temos φj
r
= 0,
r = 1, 2. Agora, φ
r
= 0, pois cha mando φ
1
(1) = h
0
e φ
2
(1) = h
1
e usando a rela¸ao
φ
1
i
1
= φ
2
i
2
, chegam os a h
0
= h
1
. Como φ
1
e φ
2
ao ho momorfismos, temos que
a ordem dos elementos h
0
e h
1
dividem 2 e 3, respectivamente. Assim, o(h
0
) = 1 e
ent˜ao h
0
= 0. Logo, φ j
r
= 0 = φ
r
, r = 1, 2, como des ejado.
Mais g eralmente, o push-out de Z, Z
n
, Z
m
e homomorfismos canˆonicos, com n
e m primos entre si, ´e o grupo nulo com os homomorfismos nulos j
1
: Z
n
0 e
j
2
: Z
m
0.
Defini¸ao 1.4.2 Quando i
1
e i
2
ao injetivo s , G ´e cha mado o produto livre amal-
gamado de A e B com C amalg a mado, ou produto l i vre de A e B amalgamado em C.
Neste caso, usualmente consideramos C com o um subgrupo de A e B, i dentificando
C com i
1
(C) e i
2
(C), respectivamente, e denotamos o push-out por
A
C
B.
CAP
´
ITULO 1. PRODUTOS LIVRES AMALGAMADOS E EXTENS
˜
OES HNN29
Observao 1.4.1 1. Alguns autores, como Brown ([6]) chamam o push-out
( mesmo quando i
1
e i
2
ao ao injetivos) de produto livre de A e B com
subgrupo C amalgamad o e usam a nota¸ao A
C
B para o push-out de C,
A, B, sem exigir que as aplicoes i
1
e i
2
sejam injetivas. Aqui, por´em, tal
nota¸ao o ser´a usada para produtos livres amalgamados.
2. Pode-se verificar facilmente que o push-out ´e ´unico a men os de isomorfismo.
3. ao faz sentido falar no “produto livre amalgama do Z
2
Z
Z
3
”, pois ao existem
homomorfismo s injetivos i
1
: Z Z
2
e i
2
: Z Z
3
.
Teorema 1.4.1 Sejam C, A e B grupos. Qualquer par (i
1
, i
2
) de homomorfismos,
com i
1
: C A e i
2
: C B, tem um push-out.
Demonstra¸ao: Considere as a presenta¸oes dos grupos A e B, A = X
1
, R
1
ϕ
1
e B = X
2
, R
2
ϕ
2
com X
1
X
2
= , isto ´e, X
1
´e um conjunto, ϕ
1
um epimorfismo de
F (X
1
) em A e R
1
um conjunto de rela¸oes definidas em A (sob ϕ
1
). Similarmente,
para B. Desta forma, temos que A
F (X
1
)
R
1
e B =
F (X
2
)
R
2
, onde
R
r
´e o menor
subgrupo normal de F (X
r
) gerado por R
r
, (r = 1, 2).
Seja Y um conjunto de geradores de C e escolha w
r
y
F (X
r
) tal que
i
r
(y) = ϕ
r
(w
r
y
), y Y , r = 1, 2. (Note que se identificarmos A e B com os quo-
cientes acima e tomarmos ϕ
r
as proje¸oes naturais, enao i
1
(y) = w
1
y
e i
2
(y) = w
2
y
,
onde w
1
y
e w
2
y
representam as classes dos elementos w
1
y
e w
2
y
nos quocientes A e
B, respectivamente).
Defina G como o grupo que tem apresenta¸ao
X
1
, X
2
; R
1
, R
2
, {w
1
y
w
2
y
1
, y Y } .
Para simplificar, denotaremos por J o subgrupo de F (X
1
, X
2
)
R
1
, R
2
, {w
1
y
w
2
y
1
, y Y }
e por I
r
, os subgrupos
R
r
, r = 1, 2. Considere as aplica¸oes j
1
: A G e
j
2
: B G definidas a partir dos geradores X
1
de A e X
2
de B: j
r
(x
r
.I
r
) = x
r
.J,
r = 1, 2, onde estamos supondo x
r
X
r
e estendidas de modo natural.
Observe que as aplica¸oes j
r
est˜ao bem definidas, pois se u.I
r
= v.I
r
enao
v
1
.u I
r
J, (r = 1, 2 ) .
CAP
´
ITULO 1. PRODUTOS LIVRES AMALGAMADOS E EXTENS
˜
OES HNN30
Para ver que (G, j
1
, j
2
) ´e o push-out, seja H um grupo e considere φ
1
: A H e
φ
2
: B H homomorfismos. Defina φ : G H a partir dos geradores, isto ´e,
φ(x
r
.J) = φ(j
r
(x
r
.I
r
)) := φ
r
(x
r
.I
r
), x
r
X
r
, r = 1, 2 e estenda para todo elemento
de G:
φ(z
1
ε
1
z
2
ε
2
. . . z
k
ε
k
.J) = φ
s
1
(z
1
ε
1
.I
s
1
)φ
s
2
(z
2
ε
2
.I
s
2
) . . . φ
s
k
(z
k
ε
k
.I
s
k
),
onde
z
t
X
1
s
t
= 1, isto ´e φ
s
t
(z
t
ε
t
.I
s
t
) = φ
1
(z
t
ε
t
.I
1
)
z
t
X
2
s
t
= 2, isto ´e φ
s
t
(z
t
ε
t
.I
s
t
) = φ
2
(z
t
ε
t
.I
2
)
F (X
1
)
ϕ
1
A
F (X
1
)
I
1
i
1
ր
j
1
ց
φ
1
C = Y G =
F (X
1
, X
2
)
J

!φ
H
i
2
ց
j
2
ր
φ
2
B =
F (X
2
)
I
2
ϕ
2
F (X
2
)
Claramente, φ j
r
= φ
r
(r = 1, 2).
Observao 1.4.2 1. Se A = X
1
, R
1
, B = X
2
, R
2
e Y ´e um conjunto de
geradore s de C, ´e usual tamb´em representar
G = X
1
, X
2
; R
1
, R
2
, {i
1
(y)i
2
(y)
1
, y Y }.
2.
´
E convenie nte, `as vezes, escrever A
KL
B ou A
i
2
B, onde K A, L B, i
1
´e a inclus˜ao, i
2
um isomorfismo entre K e L. Neste caso, A
KL
B =
A B
N
,
onde N ´e o m e nor subgrupo normal de A B que cont´em os elementos da
forma i
1
(x).i
2
(x)
1
= x.i
2
(x)
1
, com x K.
CAP
´
ITULO 1. PRODUTOS LIVRES AMALGAMADOS E EXTENS
˜
OES HNN31
Portanto, neste caso, temos a seguinte apresenta¸ao para G = A
KL
B,
G = X
1
, X
2
; R
1
, R
2
, {x.i
2
(x)
1
, x K}.
Teorema 1.4.2 (Forma Normal para Produtos Livres com subgrupo amal-
gamados) Seja G = A
C
B um produto livre ama lgamado. Sejam T
A
, T
B
transver-
sais `a esquerda de C em A e B, respectivamente, com 1 T
A
, 1 T
B
(isto ´e, T
A
cont´em um membro de cada classe lateral `a esquerda aC). Ent˜ao
(i) qualquer elemento de G pode ser unicamente escrito como u
1
. . . u
n
c, onde
n > 0, c C, denotando j
1
(a) por a e j
2
(b) por b, u
1
, . . . , u
n
ao alter-
nadamente elementos de T
A
{1 } e T
B
{1};
(ii) os h omomorfismos j
1
: A G e j
2
: B G (da defini¸ao de produto
livre amalgamad o) ao monom orfismos. Assim, cons i derando j
1
e j
2
como in-
clus˜oes, qualquer eleme nto d e G pode ser unicamente escrito como u
1
. . . u
n
c,
onde n > 0, c C e u
1
, . . . , u
n
ao alternadamente elementos de T
A
{1} e
T
B
{1};
(iii) j
1
(A) j
2
(B) = C.
Demonstra¸ao:
(i) Denotando temporariamente j
1
(a) por a, ´e suficiente provar que, para qual-
quer g G = A
C
B, existem ´unicos u
1
, . . . , u
n
, com n > 0, c C, u
1
, . . . , u
n
elementos pertencentes alternadamente a T
A
{1 } e T
B
{1} e g = u
1
. . . u
n
c.
Como a constru¸ao do produto livre amalgamado (ou ainda do push-out) mostra
que j
1
(A) j
2
(B) gera G, qualquer g G pode ser escrito como g = g
1
. . . g
k
,
g
i
A B. Se g
i
e g
i+1
est˜ao amb os em A ou ambos em B, escrevemos g =
g
1
. . . g
i1
g
i
g
i+1
g
i+2
. . . g
k
. Continuando, podemos escrever
g = c, ou
g = g
1
. . . g
k
, onde g
1
, . . . , g
k
est˜ao alternadamente em A C e B C
CAP
´
ITULO 1. PRODUTOS LIVRES AMALGAMADOS E EXTENS
˜
OES HNN32
pois se tivermos g
i
C e g
i+1
A enao g
i
, g
i+1
A. Ainda, se g
i
C e
g
i+1
A C enao g
i
g
i+1
A C, pois claramente g
i
g
i+1
A e se g
i
g
i+1
C,
ter´ıamos g
i+1
= g
i
1
c
1
C, para algum c
1
C, o que nos a uma contradi¸ao.
Similarmente, raciocinamos para g
i
C e g
i+1
B C. Dessa forma, temos que se
g = c, c C, nada a mais a ser feito. Suponhamos enao que g = g
1
, com g
1
AC
ou g
1
B C. Sem perda de generalidade, suponhamos que g
1
A C. Como T
A
´e um transversal, g
1
C = u
1
C, para algum u
1
T
A
{1}, e enao g
1
= u
1
c
2
c
1
1
u
1
C,onde c
1
, c
2
C. Da´ı, g = g
1
= u
1
c, com u
1
T
A
{1}. Agora, se g = g
1
g
2
,
onde supomos que g
1
A C e g
2
B C, temos g
1
C = u
1
C, u
1
T
A
{1},
donde g
1
= u
1
c
1
e c
1
C. Da´ı, g = u
1
c
1
g
2
= u
1
(c
1
g
2
). Mas, c
1
g
2
C = u
2
C e enao
c
1
g
2
= u
2
c, c C e u
2
= c
1
g
2
c
1
Cg
2
C. Logo, g = u
1
u
2
c, com u
2
Cg
2
C.
Se g = g
1
. . . g
k1
g
k
, escrevemos, indutivamente, g
1
. . . g
k1
como u
1
. . . u
k1
c, onde
u
i
(T
A
T
B
) {1} e, para cada i, u
i
Cg
i
C, a que u
i
vem alternadamente de
T
A
{1 } e T
B
{1 }. Enao g = g
1
. . . g
k1
g
k
= u
1
. . . u
k1
c g
k
= u
1
. . . u
k1
cg
k
=
u
1
. . . u
k1
u
k
c
1
= u
1
. . . u
k1
u
k
c
1
, onde c
1
C, u
k
Cg
k
C, u
k
T
A
T
B
e u
k
= 1
(pois g
k
∈ C). Al´em disso, u
k1
, u
k
vˆem de diferentes fatores (pois o mesmo ocorre
com g
k1
e g
k
). Por indu¸ao, o btemos enao, que qualquer elemento de A
C
B pode
ser escrito da forma requerida.
Para provar a unicidade, considere S o conjunto de todas as sequˆencias finitas
(u
1
, u
2
, . . . , u
n
, c), com n > 0, c C e u
1
, u
2
, . . . , u
n
alternadamente em T
A
{1} e
T
B
{1}. Apesar de a existˆencia de φ ser imediata (pela defini¸ao), queremos definir
um homomorfismo φ : G B
ij
(S) tal que se g G = A
C
B e g = u
1
. . . u
n
c, com
u
i
e c como anteriormente, para enao considerando ( ) a palavra vazia, φ(g)( ) =
(u
1
, . . . , u
n
, c) e da´ı, como no caso do produto livre, obtemos a unicidade.
Para obter φ, definimos primeiramente, homomorfismos φ
1
: A B
ij
(S) e
φ
2
: B B
ij
(S), tais que φ
1
i
1
= φ
2
i
2
e enao φ segue da defini¸ao do pro-
duto livre amalgamado (push-out). Definimos φ
1
: A B
ij
(S) do seguinte modo:
CAP
´
ITULO 1. PRODUTOS LIVRES AMALGAMADOS E EXTENS
˜
OES HNN33
a A → φ
1
(a); φ
1
(a)(u
1
, u
2
, . . . , u
n
, c) =
(u
1
, u
2
, . . . , u
n
, a
, c
) se u
n
∈ A, ca = a
c
com a
T
A
{1} e c
C,
(u
1
, u
2
, . . . , u
n
, c
), se u
n
∈ A eca = c
, comc
C isto ´e, se a C,
(u
1
, u
2
, . . . , u
n1
, a
, c
) se u
n
A, e u
n
ca = a
c
com a
T
A
{1 } e c
C,
(u
1
, u
2
, . . . , u
n1
, c
), se u
n
A e u
n
ca = c
, com c
C.
a o ´e dif´ıcil provar que φ
1
´e um homomorfismo. Definimos φ
2
de modo an´alogo.
Assim, pode-se verificar que φ
1
(C) = φ
2
(C). De fato, seja c
0
C. Visto como
elemento de A, c
0
= i
1
(c
0
) = a
1
, da´ı, para (u
1
, u
2
, . . . , u
n
, c), φ
1
(c
0
)(u
1
, u
2
, . . . , u
n
, c)
´e igual a (u
1
, u
2
, . . . , u
n
, c
), se u
n
∈ A e cc
0
= c
ou igual a (u
1
, u
2
, . . . , u
n
, c
) se
u
n
A e u
n
cc
0
= c
, com c
C. Visto como elemento de B, c
0
= i
2
(c
0
), da´ı, pa ra
(u
1
, u
2
, . . . , u
n
, c), φ
2
(c
0
)(u
1
, u
2
, . . . , u
n
, c) ´e igual a (u
1
, u
2
, . . . , u
n
, c
′′
), se u
n
∈ B e
cc
0
= c
′′
ou igual a (u
1
, u
2
, . . . , u
n
, c
′′
) se u
n
B e u
n
cc
0
= c
′′
, com c
′′
C, e assim,
φ
1
(c
0
) = φ
2
(c
0
), para c
0
C.
Logo, pela defini¸ao de produto livre amalgamado, existe um ´unico homomor-
fismo φ : G B
ij
(S) tal que φ j
1
= φ
1
e φ j
2
= φ
2
. Agora, por indu¸ao,
vemos que φ(w)( ) = (u
1
, u
2
, . . . , u
n
, c) para qualquer w = u
1
u
2
. . . u
n
c G. De
fato, suponhamos que w = u
1
. . . u
n
c, como nas condi¸oes descritas anteriormente.
Sem perda de generalidade, suponhamos que u
1
T
A
{1 } e u
n
T
B
{1}. Da´ı,
φ(w)( ) = φ(u
1
u
2
. . . u
n
c)( ) = [φ
1
(u
1
)φ
2
(u
2
) . . . φ
2
(u
n
)φ
1
(c)]( ) = u
1
u
2
. . . u
n
c = w.
A
i
1
ր
j
1
ց
φ
1
C G

! φ
B
ij
(S)
i
2
ց
j
2
ր
φ
2
B
(ii) Considerando φ como definida no item (i), afirmamos que φ j
1
e φ j
2
ao injetivas. De fato, (φ j
1
)(a) = φ(j
1
(a)) = φ(u
1
c). Agora, sendo ( ) a palavra
vazia, temos φ(u
1
c)( ) = (u
1
, c). Assim, se t ivermos φ j
1
(a
1
) = φ j
1
(a
2
) ent˜ao
(u
1
, c
1
) = (u
2
, c
2
), com u
1
e u
2
em T
A
e c
1
, c
2
C. Donde vem que u
1
= u
2
, c
1
= c
2
CAP
´
ITULO 1. PRODUTOS LIVRES AMALGAMADOS E EXTENS
˜
OES HNN34
e assim, a
1
= a
2
. Logo, φ j
1
´e injetiva e portanto, j
1
´e injetiva. Analogamente,
conclu´ımos que φ j
2
´e injetiva e portanto, j
2
´e injetiva.
(iii) Seja u j
1
(A) j
2
(B). Enao existem a A e b B tais que j
1
(a) =
u = j
2
(b). Assim, u
1
c
1
= j
1
(a) = u = j
2
(b) = u
2
c
2
. Aplicando φ em ambos os
lados, temos que φ(u
1
c
1
) = φ(u
2
c
2
). Enao φ(u
1
c
1
)( ) = φ(u
2
c
2
)( ), o que implica
(u
1
, c
1
) = (u
2
, c
2
). Segue da unicidade de decomposi¸ao, de u
1
T
A
e u
2
T
B
que
u
1
= u
2
= 1. Portanto, u = 1 .c
1
= 1.c
2
C.
1.5 Extens˜oes HNN
Defini¸ao 1.5.1 Sejam G, A grupos, i
0
, i
1
: A G monomorfismos, e P um grupo
c´ıclico in finito com gerador p. Seja N o menor subgrupo normal de
G P gerado por {p
1
i
0
(a) p i
1
(a)
1
, a A}, (aqui a percorre A, ou equiva-
lentemente, um conjunto de geradores de A). Ent˜ao o grupo quociente H =
(G P )
N
´e chamado a extens˜ao HNN de G com letra est´avel p e subgrupos associados i
0
(A)
e i
1
(A). Tal grupo ´e as vezes denotado, d esde que ao haja confus˜ao, por G
A
.
Observao 1.5.1 1.
`
As vezes usamos o termo HNN-grupo para nos referirmos
a uma extens˜ao HNN.
2.
´
E usual considerar A como um subgrupo de G e i
0
como a inclus˜ao. Nesse caso,
escrevemos H = G, p ; p
1
ap = i
1
(a), a A = X, p ; p
1
ap = i
1
(a), a A
se X ´e um conjunto de gera dores para G, o u ainda, H = G, p ; p
1
. A . p = B,
onde B = i
1
(A), embora essa nota¸ao ao deixe a aplicao i
1
expl´ıcita.
3. Se g
0
, g
1
G e j
0
, j
1
: A G ao aplico es dadas por j
r
(a) = g
r
1
i
r
(a)g
r
, r =
0, 1, ent˜ao os HNN grupos G, p; p
1
. i
0
(a) . p = i
1
(a) e G, q; q
1
. j
0
(a) . q =
j
1
(a) ao isomorfos, o isomorfismo leva g em g e p em g
0
.q.g
1
1
.
4. Um defini¸ao mais geral de extens˜ao HNN pod e ser dada : Considere uma
fam´ılia de grupos, A
α
, α Λ e mo nomorfismos i
0
α
, i
1
α
: A
α
G, P livre
CAP
´
ITULO 1. PRODUTOS LIVRES AMALGAMADOS E EXTENS
˜
OES HNN35
sobre {p
α
}. Seja N o menor subgrupo normal gerado por
{p
α
1
. i
0
α
(a
α
) . p
α
. i
1
α
(a
α
)
1
, a
α
A
α
, α Λ}. Ent˜ao H =
(G P )
N
´e a
extens˜ao HNN de G com letras est´aveis p
α
e pares de subgrupos associados
i
0
α
(A
α
) e i
1
α
(A
α
). Se B
α
e C
α
denotam i
0
α
(A
α
) e i
1
α
(A
α
), respectivamente,
H ´e `as vezes de notado por G, p
α
; p
α
1
.B
α
.p
α
= C
α
.
Aqui estamos interessados no caso mais simples, ou seja, quando a fam´ılia tem
apenas dois elemento s (Defini¸ao 1.5.1).
Exemplo 1.5.1 Se tomamos A = G e i
0
= i
1
= id
A
ent˜ao a extens˜ao HNN de G
com letra est´avel p e subgrupo associado A ´e H = A, p; {p
1
.a.p.a
1
, a A}. Em
particular:
1. Tomando G = A = {1} ent˜ao H = {1, p; {p
1
.1.p}} = 1, p = p Z, isto
´e, Z = {1} ∗
{1}
.
2. ZZ = a⊕b = a, b; {a.b.a
1
.b
1
} ´e uma extens˜ao HNN. Basta tomar G =
A = a Z e b como letra est´avel, pois Z
Z
= H = a, b; {b
1
.a.b.i
1
(a)
1
}
= a, b; {b
1
.a.b.a
1
} = a, b; {a.b.a
1
b
1
} = Z Z.
Defini¸ao 1.5.2 Seja H a extens˜ao HNN de G com letra est´avel p e subgrupos
associado s i
0
(A) e i
1
(A). Sejam T
0
e T
1
transversais `a e squerda para i
0
(A) e i
1
(A)
em G, respectivamente, ambos contendo o elemento neutro 1
G
de G. Uma palavra
reduzida ´e, por defini¸ao, uma palavra do tipo
g
0
p
ε
0
g
1
p
ε
1
. . . g
n1
p
ε
n1
g
n
onde ε
i
= ±1, g
i
T
0
, se ε
i
= 1, g
i
T
1
, se ε
i
= 1, g
i
= 1 se ε
i1
= ε
i
, isto ´e,
ao podemos ter por exemplo, p
1
1
G
p, e g
n
´e arbitr´ario (pod endo ser igual a 1
G
).
Exemplo 1.5.2 (a) g
0
´e uma palavra reduzida, para tod o g
0
G,
(b) 1
G
p 1
G
´e uma palavra reduzida (aqui estamos considerando o primeiro 1
G
que
aparece com elemento de T
0
, o tra nsversal para i
0
(A));
CAP
´
ITULO 1. PRODUTOS LIVRES AMALGAMADOS E EXTENS
˜
OES HNN36
(c) Tamb´em 1
G
p
1
1
G
´e uma palavra reduzida (vendo o primeiro 1
G
com elemento
de T
1
);
(d) Mais geralmente, 1
G
p
1
1
G
p
1
. . . 1
G
p
1
1
G
e 1
G
p
1
1
G
p
1
. . . 1
G
p
1
1
G
ao palavras
reduzidas.
Teorema 1.5.1 (Forma Normal para extens˜o es HNN) Seja H a extens˜ao
HNN de G com letra est´avel p e subgrupos associados i
0
(A) e i
1
(A). Sejam T
0
e T
1
transversais `a esquerd a para i
0
(A) e i
1
(A) em G, res pectivamente. En t˜ao:
(i) qualquer elemento h de H “pod e ser representado” por uma palavra reduzida
g
0
p
ε
0
g
1
p
ε
1
. . . g
n1
p
ε
n1
g
n
onde n 0 , ε
i
= ±1; g
i
T
0
se ε
i
= 1, g
i
T
1
se ε
i
= 1; g
i
= 1 se
ε
i1
= ε
i
e g
n
G ´e arbitr´ario.
(ii) a tod o elemento h de H podemos associar uma ´unica palavra red uzid a.
(iii) a aplicao canˆon i ca j : G H =
G p
N
´e um monomorfismo. Assim,
identificando j(g) com g, todo elemento de H pode ser unicamente re p resentado
por uma palavra reduzida.
Demonstra¸ao:
(i) Mostremos que qualquer elemento h H pode ser representado por uma
palavra reduzida. Para qualquer elemento h H =
G p
N
, temos que h = u N,
com u G p. Vamos representar o elemento u N do quociente por u. Pela
constru¸ao do produto livre temos que G e p geram G p. Assim, u pode ser
escrito como g
0
p
r
0
g
1
p
r
1
. . . g
n1
p
r
n1
g
n
p
r
n
com g
i
G, r
i
Z e h = u. Por um abuso
de nota¸ao, vamos escrever h = g
0
p
r
0
g
1
p
r
1
. . . g
n1
p
r
n1
g
n
p
r
n
. L embremos ent˜ao que
em H temos as rela¸oes
i
0
(a) p = p i
1
(a) ou i
1
(a) p
1
= p
1
i
0
(a), a A (*)
(ou, mais rigorosamente, i
0
(a) p N = p i
1
(a) N ou i
1
(a) p
1
N = p
1
i
0
(a) N, a
A). Queremos o bter uma forma reduzida para h. Para entender como obter uma tal
CAP
´
ITULO 1. PRODUTOS LIVRES AMALGAMADOS E EXTENS
˜
OES HNN37
forma, suponhamos por exemplo que h (ou melhor, u) ´e do tipo g
0
p
2
g
1
. Considerando
que G ´e a reuni˜ao disjunta das classes laterais, G =
g
j
.i
0
(A), g
j
T
0
, obtemos que
h = g
0
p
2
g
1
= (g
0
i
0
(a
0
))p p g
1
, com g
0
T
0
e i
0
(a
0
) i
0
(A). Da rela¸ao (), temos
que, em H, i
0
(a
0
)p = p i
1
(a
0
), donde h = g
0
p i
1
(a
0
) p g
1
. Agora, para o elemento
i
1
(a
0
) de G, temos que i
1
(a
0
) = g
1
i
0
(a
1
) e usando a rela¸ao () pa ra i
0
(a
1
)p, vem
que h = g
0
p g
1
p i
1
(a
1
) g
1
= g
0
p g
1
p g
2
(onde tomamos g
2
:= i
1
(a
1
)g
1
G.
Se partimos de um elemento de G p do tipo g
0
p
2
g
1
raciocinamos de modo
similar, considerando nesse caso que G ´e a reuni˜ao disjunta das classes laterais, G =
g
k
.i
1
(A), g
k
T
1
, e usando a outra rela¸ao em (). Combinado esses dois casos
pode-se mostrar, indutivamente, que podemos representar um elemento qualquer h
de H na forma reduzida. Para ser mais preciso, o que obtemos ´e h = u
N = u
,
onde u
= g
0
p
ε
0
g
1
p
ε
1
. . . g
n1
p
ε
n1
g
n
est´a na forma reduzida.
(ii) Para mostrar a unicidade, considere S o conjunto de todas as seq¨encias
(g
0
, ε
0
, g
1
, ε
1
, . . . g
n1
, ε
n1
, g
n
) (associadas a palavras reduzidas). A id´eia ´e definir
um homomorfismo ψ : H B
ij
(S) que satisfaz a seguinte condi¸ao :
(1) Se h H e h = g
0
p
ε
0
g
1
p
ε
1
. . . g
n1
p
ε
n1
g
n
, com g
0
p
ε
0
g
1
p
ε
1
. . . g
n1
p
ε
n1
g
n
uma palavra reduzida, enao ψ(h)(1
G
) = (g
0
, ε
0
, g
1
, ε
1
, . . . g
n1
, ε
n1
, g
n
), donde se
conclui, usando a ig ualdade de sequˆencias, que existe uma ´unica palavra reduzida
em cada classe de equivalˆencia, a qual ´e usada para representar o elemento (a
classe) de H. Para obter tal homomorfismo, primeiro definimos um homomorfismo
φ : G B
ij
(S). Tamem definimos um elemento τ B
ij
(S) (associado a p ), de
modo que φ e τ satisfazem:
φ(i
0
(a)) τ = τ φ(i
1
(a)), a A. (2)
Considerando enao tais homomorfismos obtemos um homomorfismo
ϕ : G < p > B
ij
(S) definido naturalmente como ϕ(g) = φ(g) para todo g em G, e
ϕ(p) = τ. Da rela¸ao (2), ou equivalentemente ϕ(i
0
(a))ϕ(p) = ϕ(p)ϕ(i
1
(a)), segue
que N, o menor subgrupo normal em G P gerado por {p
1
i
0
(a) p i
1
(a)
1
, a A},
est´a contido em Ker(ϕ), donde obtemos bem definida uma aplica¸ao ψ : H =
G p
N
B
ij
(S), satisfazendo ψ(j(g)) = ϕ(g), ψ(p) = τ que satisfar´a a condi¸ao
CAP
´
ITULO 1. PRODUTOS LIVRES AMALGAMADOS E EXTENS
˜
OES HNN38
inicial (1) desejada. Vamos definir enao φ e τ:
φ : G B
ij
(S); g φ(g) : S S, ´e definida p or φ(g)(g
1
, ε
1
, . . . , g
n1
, ε
n1
, g
n
) =
(g
1
, ε
1
, . . . , g
n1
, ε
n1
, (g
n
.g)). Temos que φ(g) B
ij
(S) pois existe (φ(g))
1
= φ
g
1
.
Para definir a permuta¸ao τ ( correspondente a p), temos que considerar alg uma
situa¸oes:
Escreva g
n
= g
i
0
(a), com g
T
0
e a A.
Se g
= 1
G
, definimos τ(g
1
, ε
1
, . . . g
n1
, ε
n1
, g
n
) = (g
1
, ε
1
, . . . g
n1
, ε
n1
, g
, 1, i
1
(a)).
Se g
= 1
G
, isto ´e, g
n
= i
0
(a), a A ent˜ao τ (g
1
, ε
1
, . . . g
n1
, ε
n1
, g
n
) =
(g
1
, ε
1
, . . . g
n1
, 1, 1
G
, 1, i
1
(a)) se ε
n1
= 1
(g
1
, ε
1
, . . . g
n1
.i
1
(a)), se ε
n1
= 1
Po de-se mostrar que τ B
ij
(S) e φ e τ satisfazem (2).
A partir da´ı, obtemos ent˜ao o homomorfismo ψ : H B
ij
(S) desejado (tal que
ψ(p) = τ e ψ j = φ), e satisfazendo a condi¸ao (1 ) , donde obtemos a unicidade da
express˜ao reduzida para h H.
(iii) Considerando a aplica¸ao φ definida no item anterior, temos que φ ´e um
monomorfismo. De fato, se φ(g) = id
B
ij
(S)
, teremos 1
G
g = φ(g)(1
G
) = id(1
G
) = 1
G
o que nos leva a g = 1
G
. Agora, do fato que ψ j = φ, segue que j ´e monomorfismo.
Observao 1.5.2 Se h ´e esc rito como no Teorema 1.5.1 (i), devemos chama r n
o co mprimento de h.
Cap´ıtulo 2
Grafos e
´
Arvores
Neste cap´ıtulo, como j ´a mencionamos na introdu¸ao, temos como objetivo a
familiariza¸a o com alguns conceitos e resultados da teoria de grafos, uma vez que
existe uma correspondˆencia entre decomposi¸ao de grupos e ao de grupos sobre
´arvores (para maiores detalhes, indicamos [18] e [19]). Al´em disso, os resultados de
Kropholler e Roller que iremos analisar no Cap´ıtulo 4 ao fortemente baseados neste
fato.
2.1 Grafos
Defini¸ao 2.1.1 Um grafo Γ consiste de um conjunto X, usualmente denotado por
vert(Γ), um conjunto Y , denotado por aresta(Γ) e duas aplicoes
Y X × X e Y Y
e → (o(e), t(e)) e → e
1
que satisfazem as seguintes condi¸oes:
(e
1
)
1
= e; e
1
= e; o( e) = t(e
1
), para cada e Y .
Um elemento P X ´e chamado um v´ertice de Γ; um elemento e Y ´e ch amado
uma aresta orientada e e
1
´e chamada de aresta inversa de e. O ertice o(e) =
t(e
1
) ´e chamado origem de e, e o ertice t(e) = o(e
1
) ´e chamado o t´ermino de e.
39
CAP
´
ITULO 2. GRAFOS E
´
ARVORES 40
Estes dois ertice s ao chamados extremidades de e. Dizemos que dois ertice s ao
adjacentes se eles ao extremidades de alguma aresta.
Seja Γ = Γ(X, Y ) um grafo. Um subgrafo Υ Γ consiste de um conjunto
X
X = vert(Γ), um conjunto Y
Y = aresta(Γ) e duas aplicoes
Y
X
× X
; e → (o(e), t(e)) e Y
Y
; e → e
1
, induzidas das aplicoes
de Γ, satisfaze ndo as condi¸oes anteriores.
Considere Γ
1
= Γ
1
(X
1
, Y
1
) e Γ
2
= Γ
2
(X
2
, Y
2
) grafos com X
1
e X
2
seus conjuntos
de ertices e Y
1
e Y
2
seus conjuntos de arestas, respectivamente. Uma aplicao
(ou morfismo) α : Γ
1
Γ
2
entre os grafos ´e uma aplica¸ao tal que α(X
1
) X
2
,
α(Y
1
) Y
2
, e par a cada e Y
1
, α(o(e)) = o(α(e)) e α(t(e)) = t(α(e)). Dizemos que
dois grafos Γ
1
= Γ
1
(X
1
, Y
1
) e Γ
2
= Γ
2
(X
2
, Y
2
) ao isomorfos se existem morfismos
α : Γ(X
1
, Y
1
) Γ(X
2
, Y
2
) e β : Γ(X
2
, Y
2
) Γ(X
1
, Y
1
) tais que α β e β α ao
aplica¸oes identidades.
Uma o ri e nta¸ao de um grafo Γ ´e um subconjunto Y
+
de Y = aresta(Γ) tal que
Y ´e a uni˜ao disjunta de Y
+
e Y
+
1
= {e
1
; e Y
+
}. Clarament e um tal subconjunto
sempre existe. Um graf o orientado ´e definido, a menos de isomorfismo, por dois
conjuntos X e Y
+
e uma aplica¸ao Y
+
X × X. O conjunto correspondente de
arestas ´e Y = Y
+
Y
+
1
, onde Y
+
1
denota uma opia de Y
+
.
Na pr´atica, um grafo ´e freq¨uentemente representado por um diagrama,
usando a seguinte conven¸ao : um ponto marcado no diagrama corresponde a um
v´ertice do grafo, e um segmento ou arco unindo dois pontos (marcados) corresponde
a um conjunto de arestas da forma {e, e
1
}. Por exemplo, o grafo tendo dois v´ertices
P , Q e duas arestas e, e
1
com P = o(e), Q = t(e) ´e representado pelo diagrama
Similarmente, o diagrama
CAP
´
ITULO 2. GRAFOS E
´
ARVORES 41
representa um grafo com trˆes v´ertices, P , Q, R e oito arestas r, s, t, u, r
1
, s
1
,
t
1
, u
1
; al´em disso, r, s, t, u tˆem extremidades {P, P }, {P, Q}, {P, Q}, {Q, R},
respectivamente. Temos o(r) = P = t(r) , mas o diagrama ao nos diz, por exemplo,
se P ´e a origem ou o ermino da aresta s.
Realiza¸ao de um grafo Seja Γ um grafo e seja X = vert(Γ),
Y = aresta(Γ). Podemos considerar o espa¸co topol´ogico U formado pela uni˜ao
disjunta de X e Y ×[0, 1], onde X e Y ao providos com a topologia discreta. Seja R a
rela¸a o de equivalˆencia “mais fina” sobre U para os quais
(e, t) (e
1
, 1 t), (e, 0) o(e) e (e, 1) t(e) para e Y e t [0, 1]. O espa¸co
quociente real(Γ) = U/R ´e chamado realiza¸ao do grafo Γ.
Por exemplo, se X = {P, Q}; Y = {e, e
1
}, real(Γ) =
X
(Y × [0 , 1])
R
e as
identifica¸oes ao como indicadas na figura abaixo:
Defini¸ao 2.1.2 (caminho) Seja n Z, n 0. Considere o grafo orientado Cam
n
:
CAP
´
ITULO 2. GRAFOS E
´
ARVORES 42
Tal grafo possui n+1 ertices 0, 1, . . . , n e orie nta¸ao dad a pelas n a restas [i, i+1],
0 i < n, co m o([i, i + 1]) = i e t([i, i + 1]) = i + 1. Um caminho (de comp rimento
n) em um grafo Γ ´e um morfism o c : Cam
n
Γ.
Exemplo 2.1.1 Um grafo isomorfo a Cam
1
como na figura a baixo ´e chamado de
segmento.
Para n 1, a seq¨uˆencia (e
1
, . . . , e
n
) de a r estas e
i
= c([i, i + 1]) tal que t(e
i
) =
o(e
i+1
), 1 i < n, determina c; tal seq¨uˆencia de arestas ser´a tamb´em denotada
por c. Se P
i
= c(i), dizemos que c ´e um caminho de P
0
a P
n
e que P
0
e P
n
ao as
extremidades do caminho.
Um par da forma (e
i
, e
i+1
) = (e
i
, e
i
1
) em um caminho ´e chamado um “back-
tracking”.
Observao 2.1.1 Se c = (e
1
, . . . , e
i
, e
i+1
, e
i+2
, . . . , e
n
) ´e um caminho de P a Q
com um “backtracking”do tipo (e
i
, e
i+1
) = (e
i
, e
i
1
) podemos co nstruir a partir de c
um caminho (de comprimento n 2) que ao possui um tal “backtracking”. Basta
tomar o caminho dado pela seencia (e
1
, . . . , e
i1
, e
i+2
, . . . , e
n
). Por indu¸ao, con-
clu´ımos que se existe algum caminho de P a Q em um g rafo Γ ent˜ao existe um
caminho sem “backtracking” ligando P a Q.
CAP
´
ITULO 2. GRAFOS E
´
ARVORES 43
Por exemplo, se considerarmos o grafo (onde estamos indicando a orienta¸ao
para as arestas e, f, g e h),
enao c = (e, f, g, g
1
, h) ´e um caminho com um “backtracking”. a o caminho
c
1
= (e, f, h) ao possui “backtracking”.
Defini¸ao 2.1.3 Um caminho (reduzido) de arestas em um grafo Γ ´e uma seq¨uˆencia
(e
1
, . . . , e
n
) d e arestas tal que t(e
i
) = o(e
i+1
) e e
i
= e
i+1
1
, para i = 1, 2, . . . , n 1,
ou seja, ´e um caminho sem “backtracking”. Se e, f ao arestas de Γ, escrevemos:
e f se e x i ste um caminho (reduzido) de arestas com e
1
= e e e
n
= f.
Observao 2.1.2 Para alguns a utores, caminho em um grafo a signifi ca caminho
(reduzido) de arestas.
Defini¸ao 2.1.4 Seja n Z, n 1. Conside remos o grafo orientado Circ
n
,
com conjunto de ertices Z/nZ e orienta¸c ˜ao dada pelas n arestas [i, i+1] (i Z/nZ),
com o([i, i + 1]) = i e t([i, i + 1]) = i + 1. (Note que [n 1, n] = [n 1, 0] e
t([n 1, n]) = n = 0 em Z/nZ). Um circuito (de comprimento n) em um grafo Γ
´e qualquer subgrafo isomorfo a Circ
n
. Um tal subgrafo ´e definido por um caminho
CAP
´
ITULO 2. GRAFOS E
´
ARVORES 44
(e
1
, . . . , e
n
) sem “backtracking”, tal que os P
i
= t(e
i
) (1 n n) ao distintos e
com P
n
= o(e
1
). Um circuito de comprimento 1 ´e cha mado um la¸co (ou loop).
Exemplo 2.1.2 Para n = 1, o la¸co Circ
1
´e assim represen tado :
Para n = 2, Circ
2
´e representado da seguinte forma:
Note que um caminho como na figura abaixo ´e um caminho sem “backtracking”e
que possui um circuito.
Defini¸ao 2.1.5 Um grafo ´e dito conexo se quaisquer dois ertices ao extremi-
dades de pelo menos um caminho. Os subgrafos conexos maximais (sob a rela¸a o de
inclus˜ao) ao chamado s de componentes conexas de um grafo.
CAP
´
ITULO 2. GRAFOS E
´
ARVORES 45
Po de-se mostrar que um grafo ´e conexo se, e somente se, sua realiza¸ao ´e conexa
(ou conexa por caminhos, o que ´e equivalente). Mais geralmente, as comp onentes
conexas de um grafo correspondem `a aquelas de sua realiza¸ao.
Observao 2.1.3 Pode-se verificar que a rela¸ao entre arestas d e um grafo Γ,
dada na Defini¸a o 2.1.3, isto ´e, e f se existe um caminho de arestas com e
1
= e
e e
n
= f tem as seguintes propri edades ([18], p. 183):
(A) Para qualquer grafo Γ, a rela¸ao ´e reflexiva e transitiva.
(B) Para qualquer g rafo Γ e quaisquer ares tas e e f de Γ, se e f enao f
1
e
1
.
(C) O grafo Γ ´e conexo se, e somente se, para qualquer par e, f de arestas de Γ,
pelo menos uma destas rela¸oes e f, e f
1
, e
1
f , e
1
f
1
valem.
(D) O grafo Γ ao possui circuitos se, e somente se, e f e f e imp l i car e = f .
(E) Se Γ ao possui circuitos, ent˜ao para nenhum par e, f de arestas podemos ter
e f e e f
1
.
(F) Se Γ ao possui circuitos ent˜a o para qualquer par e, f de arestas exis te apen a s
um n ´ume ro fini to de a restas g co m e g f.
Recordemos que uma rela¸ao que satisfaz as condi¸oes (A) e (D), ´e chamada de
rela¸c˜ao de ordem parcial. Assim, se um grafo Γ ao possui circuitos a rela¸ao ´e
uma rela¸ao de ordem parcial sobre Γ.
O grafo Γ(G, S) Sejam G um grupo e S um subconjunto de G. Vamos denotar
por Γ = Γ(G, S) o grafo orient ado tendo G como seu conjunto de v´ertices, G ×
S = (aresta(Γ))
+
como sua orienta¸ao, e aplica¸oes definidas por o(g, s) = g e
t(g, s) = gs par a cada aresta (g, s) G × S.
Defini¸ao 2.1.6 Recordemos q ue se G ´e um grupo e M ´e um conjunto n ˜ao vazio,
uma G-a¸ao sobre M ´e uma aplicao G × M M, (g, m) → gm, tal que 1m = m
para todo m M, e g(g
m) = (gg
)m, para todos g, g
G, m M. Dizemos que
a ao ´e trivial ou que G age trivialmente sobre M, se gm = m para todo g G e
todo m M. Ainda, G age livremente sobre um conjunto M se o estabilizador de
m, isto ´e, G
m
:= {g G; gm = m}, for trivial, ou seja, igual ao elemento neutro 1
CAP
´
ITULO 2. GRAFOS E
´
ARVORES 46
de G, para todo m M. Para um ertice P de um grafo Γ, denotaremos a ´orbita
de P por O(P ), isto ´e, O(P ) = {gP ; g G} = G.P e para uma aresta e de Γ
denotaremos a ´orbita de e por O(e), isto ´e, O(e) = {ge; g G} = Ge.
Po de-se verificar que se G ´e um grupo, S um subconjunto de G e Γ = Γ(G, S)
o grafo associado, enao a multiplica¸ao `a esquerda por elementos de G (de modo
que h G leva um ertice g no v´ertice hg, e uma ar esta (g, s) na aresta (hg, s))
define uma ao de G sobre Γ. Note que se e = (g, s) ena o o(he) = hg = ho(e) e
t(he) = (hg)s = h(gs) = ht(e). Tal ao preserva orienta¸ao e al´em disso, G age
livremente sobre o s v´ertices e sobre as arestas de Γ.
Analogamente, define-se G-ao `a direita sobre M.
Observao 2.1.4 ([9], p.26) Verifica-se que se x G e x
2
= 1 ent˜ao existe uma
aresta ligando g a gx e tamb´em outra ligando gx a gx
2
= g. Somente neste caso,
existe mais que uma aresta ligan do dois ertices (adjace ntes) dados.
Exemplo 2.1.3 Seja G um grupo c´ıclico de ordem n gerado po r a e S = {a}.
Para n = 1, o diagrama de Γ(G, S) ´e iso morfo a Circ
1
, para n = 2 o diagrama
de Γ(G, S) ´e isomorfo a Circ
2
, mais geralmente, para n < , Γ(G, S) Circ
n
.
Agora, se G = Z o grupo c´ıclico infinito gerado por S = {a} ent˜ao Γ(G, S) tem
como ertices o conjunto {a
n
, n Z} e are s tas [a
n
, a
n+1
], n Z (e cuja realiza¸ao
geom´etrica ´e R ).
Proposi¸ao 2.1.1 ([19], p.17) Seja Γ = Γ(G, S) o grafo definido por um grupo G
e um subconjunto S de G.
(a) Γ ´e cone xo se, e somente se, S gera G.
(b) Γ cont´em um la¸co se, e somente se, 1 S.
Demonstra¸ao:
CAP
´
ITULO 2. GRAFOS E
´
ARVORES 47
(a) Para todo g G, como Γ(G, S) ´e conexo, existem arestas e
1
, e
2
, . . ., e
k
que ligam
g a 1
G
(o elemento neutro do grupo G). Da´ı, existem s
1
, s
2
, . . ., s
k
S tais
que os v´ertices iniciais ou finais dessas arestas ao (de acordo com a sequˆencia):
g, gs
1
ε
1
, gs
1
ε
1
s
2
ε
2
, . . . , gs
1
ε
1
. . . s
k
ε
k
= 1
G
onde ε
i
= ±1, i = 1, . . . , k. Assim, g = s
k
r
k
. . . s
1
r
1
, com r
i
= ε
i
, i = 1, . . . , k.
Logo, g S e da´ı, G = S. Reciprocamente, se S gera G, para todo
g
1
, g
2
G, temos g
1
= s
1
r
1
. . . s
k
r
k
e g
2
= s
k+1
r
k+1
. . . s
n
r
n
, onde r
i
= ±1,
i = 1, . . . , n. Multiplicando g
1
`a direita, sucessiva mente por s
k
r
k
, . . ., s
1
r
1
,
teremos arestas ligando g
1
a 1
G
. Analogamente, temos arestas ligando g
2
a
1
G
. Portando temos um caminho (de arestas) ligando g
1
a g
2
e assim, Γ(G, S)
´e conexo.
(b) Claro, pois gs = g s = 1.
Defini¸ao 2.1.7 Quando G ´e finitamente gerado e S um co njunto de geradores de
G, o gra f o Γ(G, S) ´e chamado de grafo de Cayley de G.
Observao 2.1.5 Alguns a utores usam o termo grafo de Cayley mesmo quando
S ao ´e um conjunto de geradores de G e outros e xigem que o elemento neutro de
G ao perten¸ca a S (de modo que Γ(G, S) ao contenha la¸co).
´
Arvores
Defini¸ao 2.1.8 Uma ´arvore ´e um grafo co nexo ao vazio sem circuitos e uma
sub-´arvore de um grafo Γ ´e um subgrafo de Γ que ´e uma ´arvore.
Como uma ´arvore Γ ´e um grafo conexo, dados quaisquer dois pontos P e Q em
Γ, existe um caminho (reduzido) de arestas ligando P a Q.
Logo, se Γ ´e uma ´arvore, a rela¸ao descrita anteriormente sobre o conjunto de
arestas de Γ, aresta(Γ), ´e uma ordem parcial e todas as outras condi¸oes valem.
Defini¸ao 2.1.9 Uma geod´esica em uma ´arvore Γ ´e um caminho (reduzido) de
arestas em Γ, isto ´e, um caminho sem “bac ktracking”, ou seja, sem um par da
forma (e
i
, e
i+1
) = (e
i
, e
i
1
), onde e
i
, e
i+1
, e
i
1
indicam arestas.
CAP
´
ITULO 2. GRAFOS E
´
ARVORES 48
Proposi¸ao 2.1.2 Sejam P e Q dois ertices de uma ´arvore Γ. Existe exatamente
uma geod´esica (e
1
, . . ., e
n
) de P a Q. Ae m disso, todos os e rtices o(e
i
) ao distin-
tos.
Demonstra¸ao: Obviamente, como uma ´arvore ´e conexa e sem circuitos, existe
uma geod´esica unindo quaisquer dois ertices. Se (e
1
, . . ., e
n
) ´e qualquer geoesica
e se o(e
i
) = o(e
j
) para algum i < j, enao o caminho (e
i
, . . ., e
j
1
) deveria ser um
circuito, o que contradiz o fato de Γ ser uma ´arvore. Finalmente, se (e
1
, . . ., e
n
) e
(f
1
, . . ., f
m
) ao duas geod´esicas de P a Q, enao o caminho (e
1
, . . ., e
n
, f
m
1
, . . .,
f
1
1
) seria um circuito ao trivial em P a menos que e
n
= f
m
. Por indu¸ao, segue
que m = n e que e
i
= f
i
para todo i = 1, . . . , n.
Defini¸ao 2.1.10 O comprimento da geod´esica de P a Q ´e chamado distˆancia de
P a Q e ´e denotado por l(P, Q). Temos l(P, Q) = 0 se, e somente se, P = Q e
l(P, Q) = 1 se, e somente se, P e Q ao adjacentes.
2.2
´
Arvores e produtos livres amalgamados
Defini¸ao 2.2.1 Seja Γ um grafo sobre o qual um grupo G age. Diz emos que G
age sobre Γ sem invers˜oes s e sempre que um e l e mento g G fixa uma aresta e de
Γ, g fixa tamb´em as extremidades de e, ou seja, ge = e
1
nunca ocorre.
Se G age sem invers˜oes, podemos definir o grafo quociente G\Γ de maneira ´obvia:
o conjunto de v´ertices de G\Γ ´e o conjunt o vert(Γ) sob a ao de G (conjunto das
´orbitas O(P ) = G.P dos v´ertices P de Γ pela ao de G) e o conjunto de arestas de
G\Γ ´e o conjunto aresta(Γ) sob a ao de G (conjunto das Gorbitas O(e) = G.e
das ar estas e de Γ). Not e que as aplica¸oes o e t para o grafo quociente ao tais que
o(G.e) = G.o(e) e t(G.e) = G.t(e) e existe uma aplica¸a o bem definida Γ G\Γ
tal que x → O(x) = G.x.
Exemplo 2.2.1 Con sidere o grafo Circ
n
que indica o n-cicl o ou o n-circuito. Temos
que o grupo c´ıclico G = Z/3Z atua sobre o grafo Circ
6
por rota¸ao de 120
e o quo-
CAP
´
ITULO 2. GRAFOS E
´
ARVORES 49
ciente ´e Circ
2
, pois O(P ) = {P, P
, P
′′
}, O(Q) = {Q, Q
, Q
′′
}, O(e) = {e, e
, e
′′
} e
O(f) = {f, f
, f
′′
}.
Exemplo 2.2.2 Con sidere o grafo Γ cuja realiza¸ao geom´etrica ´e R, onde vert(Γ) =
{n; n Z}, aresta(Γ) = {[i, i + 1], i Z} e a Z-a¸ao ´e dada por k.[i, i + 1] =
[k + i, k + i + 1]. Temos que Z atua sem invers˜ao e o gra fo quociente ´e um la¸co,
pois O(0) = {k + 0; k Z} = Z e toda s as arestas de Γ est˜ao na classe da aresta e
0
,
onde e
0
= [0, 1].
Proposi¸ao 2.2.1 ([19], Proposao 14 , p . 25) Seja Γ um grafo conexo, sobre o
qual um grupo G age sem invers˜oes. Toda sub-´a rvore T de G\Γ se lev anta a uma
sub-´arvore de Γ via a aplicao quoci ente Γ G\Γ.
CAP
´
ITULO 2. GRAFOS E
´
ARVORES 50
Demonstra¸ao: A demonstra¸ao ´e existencial e para isso, usaremos o Lema
de Zorn. Precisamos mostrar que existe uma sub-´arvore de Γ que ´e aplicada in-
jetivamente sobre T . Considere o conjunto de sub-´arvores de Γ que projetam
injetivamente sobre T . Enao ´e ao vazio, uma vez que existe pelo menos uma
´arvore formada por um ´unico ponto e, al´em disso, se T
i
, i I ´e um subconjunto
totalmente ordenado (pela inclus˜ao) de Ω, enao a uni˜ao T
0
´e novamente uma ´a rvore
e deve projetar-se injetivamente em T , pois quaisquer dois pontos de T
0
est˜ao em
algum T
i
, i I que se projetam em T . Assim, T
0
e portanto, toda fam´ılia
totalmente ordenada tem um elemento maximal em Ω. Seja
˜
T este elemento maxi-
mal de Ω. Chamamos de T
a imagem de
˜
T em G\Γ. Agora, T
T . Suponha, se
poss´ıvel, que T
= T . Enao, pela conexidade de T , existe uma aresta e de T que
se inicia em um v´ertice de T
, e termina em um v´ertice de T que ao pertence a T
.
Seja ˜e o levantamento de e. Como g˜e com g G, ´e tamb´em um levantamento de
e, podemos substituir ˜e por uma aresta g˜e adequada e a ssumir que o(˜e) pertence a
˜
T . Note que t(˜e) ao pertence a
˜
T , uma vez que sua imagem em G\Γ ao ´e um
v´ertice de T
. Tomando
ˆ
T o grafo derivado de
˜
T por adicionar o v´ertice P = t(˜e) e
as arestas ˜e e ˜e
1
, temos que
ˆ
T ´e uma ´arvore. Mas, a aplica¸ao
ˆ
T T ´e injetiva, o
que contradiz a maximalidade de
˜
T ; portanto T
= T .
Defini¸ao 2.2.2 Seja Γ um grafo ao vazio. Considerando o conjunto de sub-
´arvore s de Γ, ordenado pela inclus˜ao, terem os, pelo Lema de Zorn, que exis te um
elemento maxim al. Tal elemento maximal ´e chamado uma ´a r vore maximal de Γ.
Seja Υ um gra fo conexo no qual G age sem invers˜o es. Uma ´arvore de representantes
de Υ mod G ´e qualquer sub-´arvore T de Υ que ´e o levantame nto de uma ´arvore
maximal em Γ = G\Υ.
Exemplo 2.2.3 Se considerarmos o grafo Γ = Circ
6
com a ao de G = Z/3Z
(Exemplo 2.2.1) ent˜ao a sub-´arvore T
formada pelo s ertices dados pe l as classe s
orbitas) O(P ), O(Q) e aresta dada pela classe de e se levanta nas sub-´arvores
˜
T = {P, Q, e},
˜
T
= {P
, Q
, e
} e
˜
T
′′
= {P
′′
, Q
′′
, e
′′
}.
CAP
´
ITULO 2. GRAFOS E
´
ARVORES 51
Agora, T
´e uma ´arvore maximal no quoc i ente G\Γ, assim,
˜
T ,
˜
T
e
˜
T
′′
ao
´arvore s de represen tantes de Γ mod G.
2.2.1 Dom´ınio fundamental e decomposi¸ao de grupos
Nesta se¸ao, caracterizaremos os grupos que ao produtos livres com subgrupo
amalgamado da forma G
P
G
e
G
Q
com grupos agindo sobre ´arvores com dom´ınio fun-
damental um segmento. Lembremos que um segmento indica um grafo T isomorfo
a Cam
1
, como na figura abaixo:
Defini¸ao 2.2.3 Seja G um grupo agindo sem invers˜oes sobre um graf o Γ. Um
dom´ınio fundamental de Γ mod G ´e um subgrafo T de Γ tal que T G\Γ ´e um
isomorfismo.
Um dom´ınio fundamental pode ao existir, po is para Γ = R e G Z como no
Exemplo 2.2.2, ao existe em Γ nenhum subgrafo T tal que T ´e isomorfo ao grafo
quociente que ´e um la¸co.
Se G\Γ ´e uma ´arvore, segue da Proposi¸a o 2.2 .1 que um dom´ınio fundamental
existe. Se Γ ´e uma ´arvore, a rec´ıproca tamb´em ´e verdadeira:
Proposi¸ao 2.2.2 ([19], Proposi¸ao 17) Seja G um grupo a g indo sobre uma ´arvore
Γ. Um dom´ınio fundam ental de Γ mod G existe se, e somente se, G\Γ ´e uma ´arvore.
Teorema 2.2.1 Seja G agindo sobre um grafo Γ. Seja T um segmento em Γ que
´e um dom´ınio fundamental de Γ mod G. Sejam P , Q os v´ertices de T , com aresta
{e, e
1
} ligando P e Q. Sejam G
P
, G
Q
e G
e
= G
e
1
os estabilizadores dos ertices
P e Q e aresta e de T . As seguintes propriedades ao ent˜ao equivalentes:
CAP
´
ITULO 2. GRAFOS E
´
ARVORES 52
1. Γ ´e uma ´arvore.
2. O homo morfismo G
P
G
e
G
Q
G induzido pelas inclus˜oes G
P
G e G
Q
G
´e um isomorfismo.
Note que G
e
= G
P
G
Q
´e um subgrupo de G
P
e de G
Q
, portanto o produto livre
amalgamado G
P
G
e
G
Q
faz sentido.
Para a prova deste teorema necessitamos dos dois lemas seguintes:
Lema 2.2.1 Nas hip´oteses do Teorema 2.2.1, temos que o grafo Γ ´e conexo se, e
somente se, G ´e gerado por G
P
G
Q
.
Demonstra¸ao: Seja Γ
a componente conexa de Γ contendo o segmento T
(dom´ınio fundamental). Seja G
o estabilizador de Γ
, isto ´e, G
= {g G; gΓ
= Γ
}
e seja G
′′
o subgrupo de G gerado por G
P
G
Q
. Note que G
′′
G
, pois se
h G
P
G
Q
enao os segmentos T e hT tˆem um v´ertice em comum; por exemplo,
se h G
P
, hP = P . Da´ı P ´e um v´ertice comum de T e hT . Enao , temos hT Γ
,
uma vez que Γ
´e a componente conexa que cont´em T . Portanto, hΓ
= Γ
, isto ´e,
h G
; assim, G
P
G
e G
Q
G
, e conseq¨uentemente, G
′′
G
.
Agora, se G
P
G
Q
gera G ent˜ao G = G
= G
′′
e portanto, Γ
= G
Γ
= GΓ
GT = Γ. Logo, Γ
= Γ e assim, Γ ´e conexo. Note que GT = Γ porque T ´e dom´ınio
fundamental e assim, para todo R vert(Γ), temos que R = gP ou R = gQ, para
algum g. Da´ı, R GT . De modo similar, para qualquer aresta e Γ, existe g G
tal que ge = T e assim, e = g
1
T GT .
Por outro lado, suponha que Γ ´e conexo. Note que G
′′
T e (GG
′′
)T ao subgrafos
disjuntos de Γ cuja uni˜ao ´e Γ (se a uni˜ao fosse ao disjunta, ent ˜ao existiriam x G
′′
,
y GG
′′
tais que y
1
x fixa P ou Q ou y
1
x envia P em Q ou Q em P . A primeira
implica¸ao contradiz o fato de que y ∈ G
′′
e a ´ultima o fato de T ser um dom´ınio
fundamental). Se Γ ´e conexo e T G
′′
T , segue que Γ = G
′′
T , e portanto temos
que Γ = G
′′
T . Mas grafo Γ ´e conexo e enao Γ = Γ
, isto ´e, G = G
= G
′′
.
Portanto, G
T = GT = Γ = G
′′
T . Isto implica que G
′′
G
, pois se x
′′
G
′′
enao
CAP
´
ITULO 2. GRAFOS E
´
ARVORES 53
x
′′
Γ
= x
′′
Γ = x
′′
G
′′
T = G
′′
T = Γ = Γ
. Portanto, G
′′
= G
= G, isto ´e, G
P
G
Q
gera G.
Lema 2.2.2 Nas condi¸oes do Teorem a 2.2.1, temos que Γ ao possui circuitos se,
e somen te se, G
P
G
e
G
Q
G ´e injetiva.
Demonstra¸ao: Dizer que Γ possui um circuito ´e o mesmo que dizer que existe
um caminho c = (w
0
, . . . , w
n
), n 1 em Γ sem “backtracking” e tal que o(c) = t(c).
Escrevemos w
i
na forma h
i
e
i
com h
i
G e e
i
= e ou e
i
= e
1
. Passando a
G\Γ T vemos tamb´em que e
i
1
= e
i1
(1 i n). Seja P
i
= o( e
i
) = t(e
i1
);
temos h
i
= h
i1
g
i
, com g
i
G
P
i
pois h
i
P
i
= h
i
o(e
i
) = o(h
i
e
i
) = t(h
i1
e
i1
) =
h
i1
t(e
i1
) = h
i1
P
i
e g
i
∈ G
e
pois (h
i
e
i
)
1
= h
i1
e
i1
.
O fato que o(c) = t(c) ´e equivalente a t(e
n
) = P
0
, ou novamente, h
0
P
0
= h
n
P
0
=
h
0
g
1
. . . g
n
P
0
, isto ´e, g
1
. . . g
n
G
P
0
.
Conclu´ımos que Γ cont´em um circuito se, e somente se, podemos encontrar uma
seq¨encia de ertices de Γ, P
0
, . . . , P
n
com {P
i1
, P
i
} = {P, Q}, para todo i e uma
seq¨encia de elementos g
i
G
P
i
G
e
(0 i n) tal que g
0
g
1
. . . g
n
= 1. Da´ı, temos
que G
P
G
e
G
Q
G ao ´e injetiva.
Demonstra¸ao do Teorema 2.2.1: Como uma ´arvore ´e um grafo conexo ao
vazio sem circuitos, segue do Lema 2.2.2 que a aplica¸ao
G
P
G
e
G
Q
G ´e injetiva e, pelo Lema 2.2.1, que G ´e gerado por G
P
G
Q
e
assim, tal aplica¸ao ´e sobrejetiva. Logo, um isomorfismo. Por outro lado, basta
considerarmos as rec´ıprocas dos Lemas 2.2.1 e 2.2.2 para concluirmos que Γ ´e uma
´arvore.
Reciprocamente, todo produto livre amalgamado de dois grupos age sobre uma
´arvore com um segmento como dom´ınio fundamental. Mais precisamente, temos:
Teorema 2.2.2 Seja G = G
1
A
G
2
um produto livre amalgamado de dois grupos.
Ent˜ao e xiste uma ´arvore Γ (e somente uma , a menos de isomorfismo) sobre a qual
G age, com um segmento T como dom´ınio fundamental, ertices P e Q e aresta e
tais que G
P
= G
1
, G
Q
= G
2
e G
e
= A como seus respectivos estabilizadores.
CAP
´
ITULO 2. GRAFOS E
´
ARVORES 54
Demonstra¸ao: Seja G = G
1
G
A
G
2
Definimos um grafo Γ sobre o qual G age,
como segue
vert(Γ) = (G/G
1
)
(G/G
2
), aresta(Γ) = (G/A)
(G/A)
1
.
A aplica¸ao definindo as extremidades de uma aresta ´e dada por
aresta(Γ) vert(Γ) × vert(Γ)
gA → (gG
1
, gG
2
).
Com a ao ´obvia de G sobre Γ o estabilizador do v´ertice P = 1.G
1
´e o grup o
G
1
e similarmente, para Q = 1.G
2
e e = 1.G
A
os estabilizadores ao G
2
e A,
respectivamente. O Teorema 2.2.1 ent ˜ao mostra que Γ ´e uma ´arvore.
Observao 2.2.1 ([19], p.34) (1) Os Teoremas 2.2.1 e 2.2.2 estabelecem uma
equivalˆencia entre “produto livre amal gamado de dois grupos” e “a¸ao s obre uma
´arvore com um segmento como dom´ınio fundamental”.
(2) Existe tam b´em uma equivalˆencia an´al oga entre “HNN-grupos” e “a¸ao sobre
uma ´arvore com um la¸co como quociente”. Uma das implicoes pode ser encontrada
em [18], que e nunciaremos a seguir:
Teorema 2.2.3 ([18], Corol´ario 4.5) Seja G um grupo agindo sobre um grafo Γ. Se
G\Γ consis te de um ´unico la¸co ent˜ao Γ cont´em uma a resta e com ertices adjacentes
P e Q, onde Q = gP , para algum g G e G G
P
G
e
.
Exemplo 2.2.4 Con sidere Γ = R e G Z, como no Exemplo 2.2.2. O grafo
quociente G\Γ ´e um la¸co e temos que Z {1}∗
{1}
.
Cap´ıtulo 3
(Co)Homologia de Grupos e
Dualidade
Como veremos no pr´oximo cap´ıtulo, a teoria de decomposi¸ao de grupos est´a
fortemente relacionada com ends de grupos e pares de g rupos. Esses, no entanto,
tˆem uma grande intera¸ao com cohomologia de grupos. De fato, pode-se dar uma
defini¸ao para tais ends usando uma linguagem cohomol´ogica. Assim, neste cap´ıtulo,
inicialmente definimos (co)homologia de grupos e apresentamos alguns resultados.
Definimos tamb´em grupos de dualidade (D
n
-grupos), que ao grupos com umero
de end s igual a um, quando n > 1, e assim, ao se decomp˜o em sobre subgrupos
finitos (Proposi¸ao 4.1.3).
3.1 RG-m´odulos e Resolu¸oes de R sobre RG
Defini¸ao 3.1.1 Sejam R um anel com utativo com unidade 1 e G um grupo de no-
tado multiplicativamente, com elemento neutro 1. Seja RG (ou R[G]) o R-m´odulo
livre gerado pelos elementos de G. Assim, um elemento de RG ´e expresso unica-
mente na forma
gG
r
g
.g, com r
g
R e r
g
= 0 para quase todo g G (i sto ´e, exceto
para um umero finito de elementos g G).
Em RG, as operoes de adi¸ao e multiplica ¸ao ao dadas por:
55
CAP
´
ITULO 3. (CO)HOMOLOGIA DE GRUPOS E DUALIDADE 56
(
gG
r
g
.g) + (
gG
s
g
.g) =
gG
(r
g
+ s
g
).g
(
gG
r
g
.g).(
hG
s
h
.h) =
g,hG
(r
g
.s
h
).(g.h).
Tais operoes fazem de RG um anel com unidade 1
RG
= 1
R
.1, chamado anel
grupo de G sobre R.
Em geral, o elemento 1
R
.g RG ser´a de notado por g.
Observao 3.1.1 1. Se G ´e um grupo e R = Z
2
ent˜ao x Z
2
G ´e da forma
x = 1.g
1
+ · · · + 1.g
k
g
1
+ · · · + g
k
, com 1 Z
2
e g
i
G.
2. Para q ualq uer grupo G podemos definir o homomorfismo de an´eis ε : RG R
tal que ε(g) = 1 para todo g G e estender por linearidade. Este homomor-
fismo ´e denominado aplicao a ume nta¸ao. Note que ε ´e sobrejetora pois para
todo r R, existe x = r.g RG tal que ε(x) = ε(rg) = rε(g) = r.
Proposi¸ao 3.1.1 Seja G um g rupo e M um conjunto ao vazio. Ent˜a o, M ´e um
RG-m´odulo (`a esquerda) se, e somente se, M ´e um R-m´odulo (`a esquerda) munido
de uma ao (`a esquerda) de G sobre o grupo aditivo (M,+).
Demonstra¸ao:
Se M ´e um RG-m´odulo enao M ´e um R-m´odulo considerando rm := (r1)m e
pode-se definir uma G-a ¸ao por g.m := (1
R
.g)m.
Reciprocamente, se M ´e um R-m´odulo e existe uma ao de G sobre M ena o
podemos dar a M uma estrutura de RG-m´odulo da seguinte maneira (
gG
r
g
.g)m :=
gG
r
g
.(g.m).
Corol´ario 3.1.1 M ´e um ZG-m´odulo se, e somente se, M ´e um grupo abelian o
munido de uma G-a¸a o.
Corol´ario 3.1.2 M ´e um Z
2
G-m´odulo se, e somente se, M ´e um Z
2
-m´odulo (equiv-
alentemente, grupo abeliano em que todo elemento tem ordem 2) munido de uma
G-a¸ao.
CAP
´
ITULO 3. (CO)HOMOLOGIA DE GRUPOS E DUALIDADE 57
Segue dos corol´arios anteriores que todo Z
2
G-m´odulo ´e um ZG-m´odulo, mas a
rec´ıproca ao ´e verdadeira.
Exemplo 3.1.1 Seja G um grupo. Ent˜ao (G) ´e um Z
2
G-m´odulo, onde (G) ´e o
conjunto das partes de G. A G-a¸ao natural ´e dada por
G × (G) (G)
(g, H) → g.H = {g.x; x H}
Observao 3.1.2 Todo R-m´odulo M pode ser visto como um RG-m´odulo com a
G-a¸ao trivial. Em particular, M = R ser´a, em gera l , consi derado um RG-m´odulo
trivial e assim, (
gG
r
g
.g)r :=
gG
r
g
(g.r) =
gG
r
g
.r = ε(
gG
r
g
.g)r.
Quando R = Z
2
esta ´e a ´unica estrutura de Z
2
G-m´odulo poss´ıvel, pois Aut(Z
2
) =
{id}.
Considerando X um G-conjunto e RX o R-m´odulo livre gerado pelos elementos
de X, podemos estender a G-a¸ao de G sobre X a uma G-a¸ao sobre RX da seguinte
maneira: g.(
r
x
x) :=
r
x
(g.x), com g G, r
x
R e x X. Assim, temos o
seguinte resultado:
Proposi¸ao 3.1.2 ([6], Proposi¸ao 3.1) Sejam X um G-conjunto l i vre e E um con-
junto de represe ntantes para as G-´orbitas em X. Ent˜ao RX ´e um RG-m´odulo livre
com base E.
Corol´ario 3.1.3 S e S ´e um subgrupo de G ent˜ao RG ´e um RS-m´odulo livre com
base num conjunto E de representantes para as S -´orbitas em G (que ao as classes
laterais `a esquerda de S em G), isto ´e, RG =
gE
(RS)
g
.
Demonstra¸ao:
Temos que G ´e um S-conjunto com a ao dada pela multiplica¸ao dos elementos
de S por elementos de G (isto ´e, s.g := sg) e esta ao ´e livre (pois s.g = g s = 1 ) .
Portanto, o resultado segue da proposi¸ao anterior.
CAP
´
ITULO 3. (CO)HOMOLOGIA DE GRUPOS E DUALIDADE 58
Defini¸ao 3.1.2 Sejam R um anel comutativo com unidade 1 e M um R-m´odulo.
Uma res olu¸ao de M sobre R, ou uma R-resolu¸ao de M ´e uma sequˆencia exata de
R-m´odulos
· · · F
2
2
F
1
1
F
0
ε
M 0
onde ε : F
0
M ´e chamada aplicao aumen ta¸ao.
Se cada F
i
´e R-m´odulo livre (respectivamente, projetivo), d i zemos que a resolu¸ao
´e livre (respectivamente, projetiva).
Nota¸ao: ε : F M denotar´a uma r esolu¸ao de M sobre R.
Observao 3.1.3 1. Toda resolu¸ao livre ´e projetiva, pois todo odulo livre ´e
projetivo.
2. Se existir um inteiro n tal que F
i
= 0, pa ra i > n, dizemos que a resolu¸ao
tem comprimento no aximo n. Neste caso, escrevemos simplesmente
0 F
n
· · · F
0
M 0
Proposi¸ao 3.1.3 ([6], p.10) Dado um R-m´odulo M sempre podemos construir
uma reso l u¸ao l i vre (e portanto projetiva) de M sobre R.
3.2 (Co)Invariantes
Nesta se¸ao, consideraremos R um anel, G um grupo e M um RG-m´odulo (`a
esquerda).
Defini¸ao 3.2.1 Sejam G um grupo e M um RG-m´odulo (`a esquerd a ). O grupo de
invariantes de M, denotado por M
G
, ´e definido por:
M
G
= {m M; g.m = m, g G}.
Observao 3.2.1 1. Se a ao de G em M ´e trivial, isto ´e, g.m = m, para
qualquer m M, ent˜ao M
G
= M.
CAP
´
ITULO 3. (CO)HOMOLOGIA DE GRUPOS E DUALIDADE 59
2.
´
E claro que a G-a¸ao sobre M induz a G-a¸ao trivial sobre M
G
e assim, M
G
´e um RG-m´odulo trivial. Temos que M
G
´e o maior subm´od ulo de M no qual
G atua trivialmente.
Proposi¸ao 3.2.1 (Hom
R
(M, N))
G
= Hom
RG
(M, N).
Demonstra¸ao:
Sejam g G e f Hom
R
(M, N). Temos que
g.f = f (g.f )(m) = f(m), m M g.f(g
1
.m) = f(m),
m M g.f(m
) = f(g.m
), m
M (m
= g
1
.m).
Logo, (Hom
R
(M, N))
G
= {f Hom
R
(M, N); g.f (m) = f (g.m)} = Hom
RG
(M, N).
Corol´ario 3.2.1 S e R ´e visto como RG-m´odulo trivial (`a esquerda) ent˜ao
Hom
RG
(R, M) M
G
como grupo s (e como RG-m´odulos triviais).
Defini¸ao 3.2.2 O grupo de coinvariantes de M, denotado por M
G
, ´e dado por:
M
G
=
M
g.m m; g G e m M
,
onde g.m m; g G e m M ´e o subm´odulo de M gerado pelos elementos
g.m m, com g G e m M.
Proposi¸ao 3.2.2 ([6], II.2.1 . ) Se R ´e visto como RG-m´odulo trivial (`a esquerda),
ent˜ao
M
G
R
RG
M.
3.3 odulos (Co)In duzidos
Consideremos A, B a n´eis e k : A B um homomorfismo de an´eis.
1. Se M ´e um B-m´odulo (`a esquerda) sempre podemos ver M como um A-odulo
(`a esquerda) definindo em M a A-multiplica¸ao:
CAP
´
ITULO 3. (CO)HOMOLOGIA DE GRUPOS E DUALIDADE 60
A × M M
(a, m) → a.m := k(a).m
Neste caso, M ´e dito um A-odulo por restri¸ao de escalares (via k) e ser´a
denotado por Res
B
A
M.
Deste modo, se G ´e um grupo, H um subgrupo de G, α : RH ֒ RG aplica¸ao
inclus˜ao de RH em RG e M ´e um RG-m´odulo, podemos ver M como um
RH-m´odulo atrav´es de α e o RH-m´odulo M ´e denotado por Res
G
H
M (m´odulo
restri¸ao).
Seja M um RH-m´odulo e,
Ind
G
H
M = RG
RH
M.
Ind
G
H
M ´e um grupo abeliano. Em Ind
G
H
M definimos a seguinte a o:
G × Ind
G
H
M Ind
G
H
M
(g, α m) → gα m
Com esta ao, Ind
G
H
M to rna -se um RG-m´odulo.
2. Agora, se M ´e um A- m´odulo (`a esquerda), podemos obter um B-m´odulo (`a
esquerda), Hom
A
(B, M), bastante relacionado com M, da seguinte maneira:
Por restri¸ao , podemos ver B como um A-m´odulo (`a esquerda)
A × B B
(a, b) → a.b := k(a).b (multiplicao do anel B)
e assim, faz sentido considerar Hom
A
(B, M).
Po de-se mostrar que a aplica¸ao
B × Hom
A
(B, M) Hom
A
(B, M)
(b, f) → bf; (bf)(b
) := f(b
b)
CAP
´
ITULO 3. (CO)HOMOLOGIA DE GRUPOS E DUALIDADE 61
est´a bem definida e ´e uma B-multiplica¸ao.
Assim, Hom
A
(B, M) ´e um B-m´odulo, denominado B-m´odulo obtido de M por
coextens ˜ao de escalares de A para B (via k).
Agora, a cada RS-m´odulo M associamos o RG-odulo obtido de M por coex-
tens˜ao de escalares (que neste caso chamamos de coindu¸ao) e denotamos por
Coind
G
S
M, ou seja, Coind
G
S
M := Hom
RS
(RG, M), onde a G-a ¸a o ´e dada por
G × Coind
G
S
M Coind
G
S
M
(g, f) → (gf)(g
) := f(g
g).
Observao 3.3.1 Se H = {1}, temos RH R. Deste modo,
Ind
G
{1}
M = RG
R
M e Coind
G
{1}
M = Hom
R
(RG, M)
Tais RG-m´odulos ao chamados, respectivamen te, odulo induzido e od ulo
coinduzido.
Observao 3.3.2 Segue imediatamente de [6] (III.3.2) e (III.3.5), respectivamente,
considerando M = N e f = id
M
, que a s aplicoes:
i : M Ind
G
H
M = RG
RH
M
m → i(m) = 1 m
π : Coind
G
H
M = Hom
RH
(RG, M) M
f → π(f) = f(1)
ao, respectivamente, RH-monomorfismo e RH-ep i morfismo.
Proposi¸ao 3.3.1 ([6], p. 67) O RG-m´odulo Ind
G
H
M cont´em M como um RH-
subm´odulo. Al´em disso, considerando E um conjunto de representantes para as
classes laterais (`a es q uerda) de H e m G, e denotando por gm o conjunto obtido de
M (visto como RH-subm´odulo de Ind
G
H
M) sob a a o de G, temos
Ind
G
H
M =
gE
gM.
CAP
´
ITULO 3. (CO)HOMOLOGIA DE GRUPOS E DUALIDADE 62
Proposi¸ao 3.3.2 De modo an´alogo, o caso dado pelo m´odulo de indu¸ao , se con-
siderarmos o mergulho ρ : M Coind
G
H
M, dado por
ρ(m)(g) =
g.m, se g H
0, c.c.
temos que M ´e um RH-m ´odulo de Coind
G
H
M e, al´em disso,
Coind
G
H
M =
gE
gM.
Observao 3.3.3 A aplicao ρ se estende a um RG- homomorfismo
ϕ : RG
RH
M Hom
RH
(RG, M) ([6], II I.3.2). Tal aplicao pode s e r id e nti-
ficada com a inclus˜ao canˆonica da soma direta no produto dire to ([6], p. 70) e,
assim, podemos ver Ind
G
H
M como um RG-subm´odulo de Coind
G
H
M.
Proposi¸ao 3.3.3 Se [G : H] < , ent˜ao Ind
G
H
M Coind
G
H
M.
Demonstra¸ao: Se [G : H] < , temos que a soma direta e o produto direto
coincidem e, portanto, segue o resultado.
Defini¸ao 3.3.1 Sejam M e N RG-m ´odulos (R = Z ou R = Z
2
). Considerando M
e N co mo R-m´odulos podemos definir sobre Hom
R
(M, N) uma G-a¸ao (den ominada
ao diagonal) de modo a torn´a-l o um RG-m´odulo. Essa ao, a qual ´e induzida da
ao de G sobre M e N, ´e definida da seguinte forma:
G × Hom
R
(M, N) Hom
R
(M, N)
(g, f) → g.f; (g.f)(m) = g.f(g
1
.m), m M
Proposi¸ao 3.3.4 ([6], Proposi¸ao 5.6) Seja M um RG-m´odulo. Ent˜ao existe
um RG-isomorfismo natural Coind
G
S
Res
G
S
M Hom
R
(R(G/S), M) onde G atua
diagonalmente no Hom
R
.
CAP
´
ITULO 3. (CO)HOMOLOGIA DE GRUPOS E DUALIDADE 63
3.4 Defini¸oes e Exemplos de H
(G, M) e H
(G, M)
Seja
F : · · · F
n
CAP
´
ITULO 3. (CO)HOMOLOGIA DE GRUPOS E DUALIDADE 64
Exemplo 3.4.1 1. Sejam G = {1} e M um RG-m´odulo.
Ent˜ao, H
i
({1}, M)
M
{1}
M, se i = 0
0, se i > 0
2. Sejam G = t Z, grupo c´ıclico infin i to e M um RG-m ´odulo.
Ent˜ao, H
i
(G, M)
M
G
, se i = 0
M
G
, se i = 1
0, se i 2
(i) Se M ´e um RG-m´odulo trivial ent˜ao H
0
(G, M) = M = H
1
(G, M) e
H
i
(G, M) = 0, para i 2.
(ii) Seja M = ZG visto como ZG-m´odulo com a G-a¸ao natural: t
k
.(rt
k
) :=
rt
k+k
, para todos t
k
, t
k
G e r Z.
Ent˜ao, H
i
(G, ZG)
0, i = 0
Z, i = 1
0, i 2
.
(iii) Seja M = Z
2
G visto como Z
2
G-m´odulo com a G-a¸ao: t
k
.(1.t
k
) :=
1.t
k+k
, 1 Z
2
e pa ra todos t
k
, t
k
G.
Ent˜ao, H
i
(G, Z
2
G)
(Z
2
G)
G
0, i = 0
Z
2
, i = 1
0, i 2
.
3. Para G Z
n
e M = Z, com a G-a¸ao trivial, ob tem os
H
i
(Z
n
, Z)
Z, se i = 0
0, se i ´e ´ımpar
Z
n.Z
Z
n
, se i ´e par, i 2
4. Se G = {1, t} Z
2
e M = Z ´e visto como um Z(Z
2
)-m´odulo com a G-a¸ao
1.r := r e t.r = r, para todo r Z, temos que
CAP
´
ITULO 3. (CO)HOMOLOGIA DE GRUPOS E DUALIDADE 65
H
i
(Z
2
, Z)
Z
Z
2
= {0}, se i = 0
Z
2Z
Z
2
, se i ´e ´ımpar
0, se i ´e par
5. H
i
(Z, ZG)
0, i = 0
Z, i = 1
0, i 2
, com a Z-a¸ao natural: k + (n + k
) = n + (k + k
).
6. H
i
(Z, ZG)
Z, i = 0
0, i = 1
0, i 2
, com a Z-a¸a o natural.
3.5 O Lema d e Shapiro
Na se¸ao 2.4, vimos que se H ´e um subgrupo de um grupo G e M ´e um RH-
odulo, Ind
G
H
M e Coind
G
H
M ao RG-m´odulos. Considerando tais RG-m´odulos,
temos o seguinte resultado que relaciona a (co)homologia de um grupo G com a
(co)homologia de seu subgrupo H.
Proposi¸ao 3.5.1 (Lema de Shapiro) ([ 6], Proposao 6.2, p. 73) Sejam G um
grupo, H um subgrupo de G e M um ZH-m´odulo. Ent˜ao temos os isomorfismos:
(a) H
(H, M) H
(G, Ind
G
H
M);
(b) H
(H, M) H
(G, Coind
G
H
M).
Observao 3.5.1 Dado um grupo G, podemos verificar que (G) = {A : A G}
´e um Z
2
-espco vetorial com A + B = (A B) (A B) = (A B
c
) (A
c
B)
(diferen¸ca sim´e trica) e 0.A = , 1 .A = A, para todo A, B G. Mais ainda, ´e um
Z
2
G-m´odulo. Al´em disso, F (G) = {A (G); A ´e finito} ´e um Z
2
G-subm´odulo de
(G), com a G-a¸ao natural (`a esquerda) (g, A) → g.A = {g.a; a A}. Vejamos a
rela¸c˜ao entre os Z
2
G-m´odulos Coind
G
{1}
Z
2
, (G), Z
2
G e F ( G) .
CAP
´
ITULO 3. (CO)HOMOLOGIA DE GRUPOS E DUALIDADE 66
Proposi¸ao 3.5.2 ([7], Coro l ´ario 2.4.3.5, p. 59) Sejam G um grupo e (G) o
conjunto das partes de G. Ent˜ao Z
2
G := Coind
G
{1}
Z
2
(G) como Z
2
G-m´odulos.
Ae m disso, o Z
2
G-subm´odulo Z
2
G de Z
2
G ´e levado por este isomorfismo no Z
2
G-
subm´odulo F (G) de (G).
3.6 Grupos de Dualidade
Como j ´a dissemos anteriormente, vamos definir a seguir grupos de dualidade (D
n
-
grupos), que ao grupos com n´umero de ends igual a um, quando n > 1, e portanto,
ao se decomp˜oem sobre subgrupos finitos (Proposi¸ao 4.1.3). Como referˆencia,
sugerimos [5].
Defini¸ao 3.6.1 Um grupo G ´e denominado grupo de dualidade de dimens˜ao n
sobre R, ou simplesmente, um D
n
-grupo sobre R (R = Z ou R = Z
2
) s e existe
um RG-m´od ulo (`a direita) C, cha mado odulo dualizante de G, tal que tenhamos
isomorfismos naturais
H
k
(G, M) H
nk
(G, C
R
M),
para todo k Z e todo RG-m´o dulo M, o nde C
R
M ´e vis to como RG-m´odulo com
a G-a¸ao di agonal.
Se C R como RG-odulo diz e mos que G ´e d72 (e)-322.e/ -31.08 Td9552 Tf84J(d)3]T108 Td9552 TP(o)-393.33 0 Td[(R)-4 0 Td[(Z)(o)-1.8746852 Tf67.273]TJ/R84 re) S a s pa
CAP
´
ITULO 3. (CO)HOMOLOGIA DE GRUPOS E DUALIDADE 67
Lema 3.6.1 S e G ´e um D
n
-grupo sobre Z com odulo dualiz ante C en t˜ao G ´e um
D
n
-grupo (sobre Z
2
) com od ulo dualizante C
= C
Z
Z
2
. Em particular, se G ´e
um P D
n
-grupo sobre Z ent˜ao G ´e um P D
n
-grupo.
Exemplo 3.6.1 1. O grupo trivial {1} ´e o ´unico D
0
-grupo sobre Z e, conseq¨uen-
temente, sobre Z
2
2. Z
3
, Z
5
e, mais geralmente, todos os grupos finitos de ordem ´ım par, ao D
0
-
grupos (sobre Z
2
).
3. Z ´e um P D
1
-grupo so bre Z.
Encerraremos esta se¸ao com um resultado que ser´a utilizado no pr´oximo cap´ıtulo.
Proposi¸ao 3.6.1 Sejam G um grupo e H um subgrupo de G. Se G ´e um P D
n
-
grupo e [G : H] < ent˜ao H ´e um P D
n
-grupo.
Demonstra¸ao: Como G ´e um P D
n
-grupo, temos
H
k
(G, A) H
nk
(G, A) para todo k Z e todo RG odulo A.
Assim, usando o Lema de Shapiro e a dualidade, temos
H
k
(H, M) H
k
(G, Coind
G
H
M) H
nk
(G, Coind
G
H
M)
Agora, como [G : H] < , temos que
H
nk
(G, Coind
G
H
M) = H
nk
(G, Ind
G
H
M)
Novamente, pelo Lema de Shapiro, temos
H
nk
(G, Ind
G
H
M) H
nk
(H, M).
Portanto, H ´e um P D
n
-grupo.
Cap´ıtulo 4
Invariantes Ends e Decomposi¸c˜ao
de Grupos
Um dos primeiros resultados em decomposi¸ao de grupos, conforme a citamos
anteriormente, ´e o resultado de Stallings: “Se G ´e finitamente gerado ent˜ao G se
decomp˜oe sobre um subgrupo finito se, e somente se, e(G) 2”, o nde e(G) indica o
n´umero de ends de um grupo G. Um resultado para decomposi¸ao de grupos sobre
um subgrupo ao necessariamente finito ´e dado por Scott. Inicialmente, veremos a
defini¸ao de tais ends e alguns resultados, com destaque para o teorema de Stallings.
Na prova de tais resultados poderemos observar o uso da rela¸ao entre produto
livre com subgrupo amalgamado ou extens˜ao HNN e a teoria de grafos tratada
anteriormente. Tamb´em, apresentamos a prova de um resultado de Kropholler e
Roller (Teorema 4.3.2) sobre decomposi¸ao de grupos que envolve a obstru¸ao sing
definida pelos autores (e indiretament e, o invariante end ˜e(G, S) ). A referˆencia
asica para e(G) ´e [18] ou [9]; para e(G, S) sugerimos [17], para o resultado referido
e a obstru¸ao sing vide [12]. a o invariante ˜e(G, S) ´e tratado em [13].
4.1 Decomposc˜ao de Grupos e o End Cl´assico
Defini¸ao 4.1.1 Dizemos que um grupo G se decomp˜oe sobre um subgrupo C, se G
´e um produto livre com subgrupo amalgam ado C, isto ´e, G = A
C
B co m A = C = B
68
CAP
´
ITULO 4. INVARIANTES ENDS E DECOMPOSIC¸
˜
AO DE GRUPOS 6 9
ou G ´e uma extens˜ao HNN, G = A
C
.
A defini¸ao cl´assica de n´umeros de ends para grupo s finitamente gerados foi
introduzida por Hopf e Freudental e foi to t almente amparada na defini¸ao de ends
de espa¸cos. A defini¸ao alg´ebrica de n´umeros de ends de um grupo G qualquer foi
dada por Specker.
Dado um grupo G, conforme vimos na Observao 3.5.1, temos que (G) =
{A : A G} ´e um Z
2
G-m´odulo (com a opera¸ao “+”sendo a diferen¸ca sim´etrica)
e F (G) = {A (G); A ´e finito} ´e um Z
2
G-subm´odulo de (G). Considere o
Z
2
G-subm´odulo de (G), Q(G) = {A (G); g G, A + gA F (G)} e os
Z
2
G-m´odulos quocientes
Q(G)
F (G)
e
(G)
F (G)
.
Nos referimos a dois conjuntos A e B cuja diferen¸ca sim´etrica p ertence a F (G)
como quase iguais, e denotamos por A
a
= B, ou seja, temos a igualdade desses conjun-
tos no grupo quociente
(G)
F (G)
. Assim, A Q(G) se, e somente se,
A
a
= gA, para todo g G. Os elementos de Q(G) ao chamados de conjuntos
quase invariantes.
Vamos denotar um elemento A + F (G) de
(G)
F (G)
ou
Q(G)
F (G)
por A.
Defini¸ao 4.1.2 Dado um grupo G, o n´umero de ends de G, denotado por e(G), ´e
definido po r e(G) := dim
Z
2
(
Q(G)
F (G)
).
Observao 4.1.1 (a) Poder´ıamos ter considerado (G) como um Z
2
G-m´odulo `a
direita, o subconjunto de (G) dos elementos quase invariantes `a direita, Q(G) =
{A (G) | g G, A + Ag F (G)}, e de modo similar, definir
e(G) := dim
Z
2
(
Q(G)
F (G)
).
(b) Tem os que essas duas definoes apresentadas para e(G) coincidem (pois, A ´e
quase in variante `a esquerda A + gA F (G), g G A
1
+ A
1
g
1
F (G), g G A
1
´e invariante `a direita, ond e A
1
:= {a
1
| a A}), e todos
os resultados existentes se usarmos a G-a¸ao `a esquerda ao alidos tamb´em quando
CAP
´
ITULO 4. INVARIANTES ENDS E DECOMPOSIC¸
˜
AO DE GRUPOS 7 0
trabalham os com a G-a¸ao `a direita.
Em geral, trabalharemos com a ao `a esquerda, a menos que se especifique o
contr´ario .
Apresentaremos a seguir alguns resultados ´uteis da teoria de ends; as demon-
stra¸o es ser˜ao omitidas. Para maiores detalhes, ver [18].
Considere a G-ao natural em (G) e
Q(G)
F (G)
(de modo a tornar t ais espa¸cos Z
2
G-
odulos). Po demos verificar que (
(G)
F (G)
)
G
=
Q(G)
F (G)
e assim a seguinte interpreta¸ao
para e(G) em termos de grupos de cohomologia pode ser dada:
Proposi¸ao 4.1.1 e(G) = dim
Z
2
H
0
G,
(G)
F (G)
.
Proposi¸ao 4.1.2 Dado um grupo G temos um Z
2
G-isomorfismo entre
(G)
F (G)
e
Z
2
G
Z
2
G
onde Z
2
G := Hom
Z
2
(Z
2
G, Z
2
)
not
= Coind
G
{1}
Z
2
e conseuentemente,
e(G) = dim
Z
2
H
0
G,
Z
2
G
Z
2
G
.
Lema 4.1.1 Temos que e(G) 2 se, e somente se, exis te um subconjunto quase
invariante (`a d i reita ou `a esquerda) K de G tal que K e K
= GK sejam infinitos,
ou seja, existe K
Q(G)
F (G)
tal que K = e K = G. Neste caso, , K, K
e G ao
elementos distintos em
Q(G)
F (G)
.
Exemplo 4.1.1 Se G ´e o grupo c´ıclico infinito gerado por a ent˜ao e(G) = 2, pois
pode- se verificar q ue K = {a
n
; n > 0} G ´e tal que K Q(G), K = , K = K
,
K = G e
Q(G)
F (G)
= {∅, G, K, K
}.
Teorema 4.1.1 ([18], p . 175-176)
(1) Se G
1
e G
2
ao grupos isomorfos, ent˜ao e(G
1
) = e(G
2
).
(2) Se G ´e um grupo infin i to, ent˜ao e(G) = 1 + dim
Z
2
H
1
(G, Z
2
G).
(3) Se H ´e um subgrupo de um grupo G com (G : H) < , ent˜ao e(G) = e(H);
CAP
´
ITULO 4. INVARIANTES ENDS E DECOMPOSIC¸
˜
AO DE GRUPOS 7 1
(4) Se G possui um subgrupo normal K ent˜ao e(G) = e(G/K).
(5) Se G ´e um grupo ao enumer´avel e abel i ano, ent˜ao e(G) = 1.
(6) Se G ´e finitamente gerado, A Q(G) ´e tal que A e G A ao infinitos, e
H = {h G; hA = A} ´e infinito ent˜ao G tem um subgrupo c´ıclico infini to de ´ındice
finito.
(7) Se G ´e um grupo finitamente gerado, ent˜ao e(G) = 0, 1, 2 o u .
(8) Sejam A
0
, A
1
Q(G). Para quase todos g A
0
, isto ´e, todos exceto um umero
finito de elementos g A
0
, tem-se que gA
1
A
0
ou g(G A
1
) A
0
.
O pr´oximo resultado nos diz que quando G ´e um grupo de dualidade, o n´umero
de ends de G, e(G), ´e um.
Proposi¸ao 4.1.3 Se G ´e um D
n
-grupo sobre Z
2
para algum n > 1 ent˜ao e(G) = 1.
Demonstra¸ao: Como G ´e infinito, temos e(G) = 1 + dim
Z
2
H
1
(G, Z
2
G).
Calculemos dim
Z
2
H
1
(G, Z
2
G). Seja C o odulo dualizante de G. Temos que
H
1
(G, Z
2
G) H
n1
(G, C
Z
2
Z
2
G) pois G ´e um D
n
-grupo sobre Z
2
. Da´ı,
H
n1
(G, C
Z
2
Z
2
G) H
n1
(G, Ind
G
{1}
C) H
n1
({1}, C) pelo Lema de Shapiro
(Proposi¸ao 3.5.1). Assim, como n > 1, temos que H
n1
({1}, C) = 0 (Exemplo
3.4.1, item 1). Logo, dim
Z
2
H
1
(G, Z
2
G) = 0 o que implica em e(G) = 1.
Corol´ario 4.1.1 ( i ) Se G ´e um D
n
-grupo sobre Z, n > 1, ent˜ao e(G) = 1.
(ii) Se e(G) = 1 ent˜ao G ao ´e um D
n
-grupo sobre Z ou sobre Z
2
, para n > 1.
Observao 4.1.2 A rec´ıproca da proposi¸ao ao ´e verdadeira, pois o grupo aditivo
G = R tem e(G) = 1, mas G ao ´e um D
n
-grupo, uma vez que G ao ´e finitamente
gerado (ver [5], Teorema 9.2 e Proposi¸ao 2.1).
Existe uma classifica¸ao completa para grupos com dois ends devida a Hopf
(1943), que ´e um resultado sobre decomposi¸a o de grupos e a prova ser´a omitida.
Teorema 4.1.2 ([18], Teorema 5.12) As seguintes condi¸oes ao equivalentes pa ra
grupos finitamente gerados:
CAP
´
ITULO 4. INVARIANTES ENDS E DECOMPOSIC¸
˜
AO DE GRUPOS 7 2
(i) e(G) = 2.
(ii) G tem um subgrupo c´ıclico infinito de ´ındice finito.
(iii) G tem um subgrupo norma l K tal q ue G/K ´e isomorfo a Z ou ao grupo diedral
infinito D
= Z
CAP
´
ITULO 4. INVARIANTES ENDS E DECOMPOSIC¸
˜
AO DE GRUPOS 7 3
E Ea Ca E C Ca e enao E Ea e EaE ao finitos (pois E Ea Ca,
Ea E C Ca e C ´e finito). Assim, E + Ea = (E Ea) (Ea E) F (G),
ou seja, E
a
= Ea. Como A e B juntos geram G, temos Eg
a
= E para todo g G.
Logo, neste caso, obtemos E nas condi¸oes do Lema 4.1.1 anteriormente citado e
enao e(G) 2.
Agora, suponha que G = A
C
, onde C ´e finito e usaremos a forma normal para
elementos de G, dada pelo Teorema 1.5.1.
Escolha transversais T
i
de α
i
(C) em A e obtenha a forma a
1
t
ε
1
a
2
t
ε
2
. . . a
n
t
ε
n
a
n+1
,
onde a
n+1
A, a
i
T
1
se ε
i
= 1, a
i
T
2
se ε
i
= 1 e al´em disso, a
i
= 1 se ε
i1
= ε
i
.
Seja E o subconjunto dos elementos de G para os quais a
1
´e trivial e ε
1
= 1. Se
a A, enao Ea = E. Tamem, Et E e Et
1
E α
1
(C). Portanto, como
antes, E ´e um subconjunto quase invariant e em G como desejado e assim, pelo Lema
4.1.1, e(G) 2.
Estaremos interessados agora em responder a quest˜ao na dire¸ao contr´aria, isto
´e, e(G) 2 implica que G se decomp˜o e sobre um subgrupo finito. Para tant o, faz-se
necess´ario o resultado seguinte (cuja prova ser´a omitida):
Lema 4.1.2 ([18], Lema 6. 4 e Teorema 6. 5) Seja E um conjunto parcialmente or-
denado com uma aplica o (involu¸ao) ϕ : E E; e → e
1
, ond e e = e
1
, e
suponha que sejam v´alidas as seguin tes condi¸c ˜oes:
(1) Se e f ent˜ao f
1
e
1
.
(2) S e e, f E existe somente um ume ro finito de elem e ntos g E tal que
e g f .
(3) Se e, f E, pelo meno s uma d as condi¸oes e f, e f
1
, e
1
f , e
1
f
1
valem.
(4) Se e, f E ao podemos ter e f e e f
1
.
Vamos denotar e < f se e f e e = f e e << f se e < f e e g f implica
g = e ou g = f e defina a rela¸ao sobre E por:
e f se, e somente se, e = f ou e << f
1
.
Ent˜ao:
CAP
´
ITULO 4. INVARIANTES ENDS E DECOMPOSIC¸
˜
AO DE GRUPOS 7 4
(I) A rela¸a o ´e uma rela¸ao de equivalˆencia.
(II) Tomando V = {[e] : e E} o conjunto das classes de equivalˆenc i a de e E, e
considerando a aplicc ˜ao de E em V ×V que associa e → ([o(e)], [t(e)]) e a apl i cao
ϕ : E E; e → e
1
, temos que associado a E, podemos construir um grafo Γ.
(III) O grafo Γ ´e uma ´arvore e a rela¸ao de ordem que Γ induz sobre E de acordo
com a Defini¸ao 2.1.3 ´e a mesma rela¸ao origi nal de E.
Vejamos agora o resultado conhecido como Teorema de Estrutura de Stallings
([18], Teorema 6.1, p.182):
Teorema 4.1.4 Se G ´e um grupo fin i tam ente gerado com e(G) 2 ent˜ao G se
decomoe sobre um subgrupo finito.
Demonstra¸ao: Notemos que pelo Teorema 4.1.1, item (7), e(G) 2 implica
que e(G) = 2 ou e(G) = . Para e(G) = 2 a sabemos que isso ´e verdade (Teorema
4.1.2). Resta-nos analisar o caso em que e(G) = .
A id´eia ´e construir uma ´arvore Γ sobre a qual G age, em que o estabilizador de
qualquer aresta seja finito e o quociente G\Γ seja uma ´unica aresta (um segmento
ou um la ¸co), para enao concluirmos, admitindo alguns passos, que G se decomp˜oe
sobre um subgrupo finito, usando o Teorema 2.2.1 ou o Teorema 2.2.3.
Tal ´arvore ser´a constru´ıda a partir de um conjunto E parcialmente ordenado que
satisfa¸ca as condi¸oes do Lema 4.1.2 . Para isto, precisamos ordenar parcialmente
os subconjuntos quase invariantes po r quase inclus˜oes e ao apenas por inclus˜o es
estritas de modo que seja poss´ıvel provar que a condi¸ao (3) do Lema 4.1.2 ´e alida
(isto ´e, consideramos a quase inclus˜ao B
a
C, o que significa que B C exceto
para um n´umero finito de elementos).
Para qualquer subconjunto B em Q(G), o u seja, B subconjunto quase invariante
de G, denote por [B] o conjunto de todos os conjuntos quase invariantes de G que
ao quase iguais a B, isto ´e,
[B] = {C Q(G); B
a
C}
pode-se ver que se B
a
= B
1
e C
a
= C
1
enao B
a
C B
1
a
C
1
. Defina enao a
CAP
´
ITULO 4. INVARIANTES ENDS E DECOMPOSIC¸
˜
AO DE GRUPOS 7 5
rela¸a o
[B] [C] se, e somente se, B
a
C () .
Fixemos um subconjunto pr´oprio A quase inva r ia nte de G, isto ´e, com A e G A
infinitos (que existe pois estamos supondo que e(G) 2), e seja
E := {[gA], [gA
], para todo g G},
parcialmente ordenado por como em ().
Temos claramente uma aplica¸ao (involu¸ao) sobre E; [A] [A
] (ou melhor,
[gA] [gA
] e [gA
] [gA]). Precisamos encontrar um subconjunto quase invari-
ante A tal que o conjunto parcialmente ordenado E, com a r ela¸ao acima definida
satisfa¸ca as condi¸oes (1) a (4) do Lema 4.1.2, de modo a obter a ´arvore Γ desejada,
pois, uma vez obtida ta l ´arvore, tem-se que o estabilizador da aresta [A] ser´a finito,
pois G
[A]
= {g G; g[A] = [A]} = {g G; [gA] = [A]} = {g G : gA
a
= A} ´e
finito (pelo Teorema 4.1.1 (item 6), Teorema 4.1.2 e o fato que estamos supondo
e(G) = ).
Po de-se verificar tamb´em que o grupo G a ge sem invers˜oes ([18], p.186).
Assim, para completar a demonstra¸ao do Teorema 4.1.4, devemos mostrar como
encontrar um conjunto pr´o prio quase invariante A de G tal que o conjunt o parcial-
mente ordenado E satisfaz as condi¸oes de (1) a (4). Agora:
Pode-se verificar que as condi¸oes (1) e (4) valem para qualquer escolha de A
(subconjunto pr´oprio quase inva r ia nte de G).
Pode-se mostrar tamb´em que condi¸ao (2) vale para todo A ([18], Lema 6.6).
Devemos enao indicar como ´e poss´ıvel escolher A de modo que E satisfa¸ca a
condi¸ao (3), que ´e equivalente a satisfazer a seguinte condi¸ao:
Dados [g
1
A], [g
2
A] E, ao menos uma das propriedades g
1
A
a
g
2
A, g
1
A
a
g
2
A
,
g
1
A
a
g
2
A, g
1
A
a
g
2
A
ocorre. Ou ainda, para todo g G, a o menos uma das
condi¸oes A
a
gA, A
a
gA
, A
a
gA, A
a
gA
ocorre.
Notemos que para quase todo g G uma das inclus˜oes gA A, gA A
,
gA
A, gA
A
´e verdadeira ([18], Corol´ario 5.11). Devemos obter A de modo
que isto ocorra para todo elemento de G, quando substitu´ımos as inclus˜oes estritas
por quase inclus˜oes.
CAP
´
ITULO 4. INVARIANTES ENDS E DECOMPOSIC¸
˜
AO DE GRUPOS 7 6
Fixamos um conjunto gerador finito S para G e seja Υ = Υ(G, S) o grafo (de
Cayley) corresp ondente. Se A ´e um subconjunto quase invariante qualquer em G
enao A ´e um conjunto de v´ertices de Υ(G, S). Considere ([9], p. 25) o cobordo do
conjunto A, δA = {e; e aresta de Υ(G, S) tal que e tem exatamente um v´ertice
em A}. Como G ´e finitamente gerado, pode-se verificar que dado A G, δA
´e finito se, e somente se, A ´e quase invariante ([9], p.26). Denotamos o n´umero
de arestas em δA por | δA |. Notemos que | δA |≥ 1 pois Υ(G, S) ´e conexo.
Seja k o menor valor assumido por | δA | quando A percorre os conjunt os quase
invariantes de G. Dizemos que um conjunto A em G ´e reduzid o (“narrow”) se
| δA |= k. Seja g
0
qualquer elemento de G e seja A um conjunto reduzido em G.
Ent ˜ao A
´e tamb´em reduzido (pois δA
= δA) e da´ı, g
0
pertence a um conjunto
reduzido em G (pois g
0
A ou g
0
A
). Agora, pode-se mostrar que o conjunto de
todos os subconjuntos reduzidos de G que contˆem g
0
tem elementos minimais, onde
ordenamos parcialment e os conjuntos reduzidos pela inclus˜ao ([18], Lema 6.7).
Po de-se mostrar ainda que se A ´e reduzido e minimal com respeito a conter algum
elemento g
0
de G enao para qualquer conjunto reduzido A
1
, uma das inclus˜oes
A
a
A
1
, A
a
A
1
, A
a
A
1
, A
a
A
1
ocorre ([18], Lema 6.8).
Para completar a prova do Teorema, como enfatizado no in´ıcio precisamos sim-
plesmente escolher um conjunto reduzido A em G que ´e minimal com respeito a
conter a lgum elemento de G, pois para todo g G, A
1
= gA tamb´em ´e reduzido e
portanto, uma das inclus˜o es A
a
gA, A
a
gA
, A
a
gA, A
a
gA
ocorre.
Baseados nos Teoremas 4.1.3 e 4.1.4 podemos ent˜ao enunciar o resultado seguinte:
Teorema 4.1.5 Se G ´e um grupo finitamente gerado, ent˜ao e(G) 2 se, e somente
se, G se decomp˜oe sobre um subgrupo fin i to.
4.2 Decomposc˜ao de Grupos e o end e(G, S)
O conceito de n´umero de ends e(G, S) de um par grupo (G, S), onde S ´e um
subgrupo de G, ´e um generaliza¸ao do n´umero de ends de um grupo.
CAP
´
ITULO 4. INVARIANTES ENDS E DECOMPOSIC¸
˜
AO DE GRUPOS 7 7
A defini¸ao natural de e(G, S) ´e devida a Houghton e foi estabelecida para grupos
topol´o gicos. Scott em [17] (1977), explorou este invaria nte par a grupos discretos.
Po demos considerar Z
2
(G/S) como um Z
2
G-subm´odulo de Z
2
(G/S), e o Z
2
G-
odulo quociente
Z
2
(G/S)
Z
2
(G/S)
(G/S)
F (G/S)
.
Defini¸ao 4.2.1 Sejam G um grupo e S um subgrupo de G. Ent˜ao, por definao
e(G, S) = dim
Z
2
H
0
(G,
Z
2
(G/S)
Z
2
(G/S)
) = dim
Z
2
(
(G/S)
F (G/S)
)
G
.
No lema seguinte, agrupamos algumas propriedades de e(G, S). Elas est˜ao con-
tidas em [17].
Lema 4.2.1 (i) e(G, {1}) = e(G).
(ii) e(G, S) = 0 (G : S) < .
(iii) Se S T G, com (G : T ) < ent˜ao e(G, S) = e(T, S).
(iv) Se S ´e um subgrupo no rmal em G ent˜ao e(G, S) = e(G/S).
(v) Se S ´e um subg rupo normal e finito de G ent˜ao e(G, S) = e(S).
(vi) Seja m A e S grupos ao triviais. Se A = S = Z
2
ent˜ao e(A S, S) = 1, caso
contr´ario , e(A S, S) = .
(vii) Se G ´e um grupo livre e S ´e um subgrupo finitame nte gerado de G tal que
(G : S) = ent˜ao e(G, S) = .
Com rela¸ao a decomposi¸ao de grupos para g r upos finitos a temos a classifica¸ao
dada por Stallings. Pensando em grupos mais gerais, Scott em [17] mostrou que:
Proposi¸ao 4.2.1 Se G se decomp˜oe sobre S ent˜ao e(G, S) 2 .
Demonstra¸ao: (Ver [17], Lema 1.8). A prova ´e muito semelhante `a prova do
Teorema 4.1.3. A id´eia ´e produzir um conjunto quase inva r iante E de G/S que ´e
ao trivial, isto ´e, que E e seu complementar E
em G/S sejam infinitos.
CAP
´
ITULO 4. INVARIANTES ENDS E DECOMPOSIC¸
˜
AO DE GRUPOS 7 8
Exemplo 4.2.1 Como a observam os no Exe mplo 1.5.1, item 2, Z Z = Z
Z
, isto
´e, Z Z se decomoe sobre Z e e(Z Z, Z) = e(Z) = 2.
Finalizando esta se¸ao, observamos que Scott esperava prova r a implica¸ao contr´aria
da Proposi¸ao 4.2.1: se e(G, S) 2 ent˜ao G se decomp˜oe sobre S, ou ainda, sobre
alguma extens˜ao finita T de S, uma vez que para S T G, com (T : S) < ,
tem-se e(G, T ) = e(G, S); logo, e(G, S) 2 e(G, T ) 2. No entanto, ele
observou que isto era falso em geral:
Temos que se G = AC, onde A e C ao grupos ao-t riviais, enao ou e(G, C) =
, ou ambos A e C tˆem ordem dois e e(G, C) = 1, ([17], Lema 2.6). Al´em disso,
se G = A C, enao G se decomp˜oe sobre C se, e somente se, A ´e um produto livre
ao-trivial ou ´e c´ıclico infinito ([17], Lema 2.7). Assim, considerando A e C grupos
simples infinitos finitamente gerados e G = A C, enao e(G, C) = .
´
E claro
tamb´em que A ao ´e um produto livre ao trivial, nem c´ıclico infinito. Da´ı, temos
que G ao se decomp˜oe sobre C.
O resultado obtido por Scott foi o seguint e:
Teorema 4.2.1 ([17], Teorema 4.1) Se G e S ao grupos finitamen te gerados e G
´e S-residualmente finito (isto ´e, dado g G S, existe um subgrupo G
1
de ´ındice
finito em G tal que G
1
S mas g ∈ G
1
). Ent˜ao e(G, S) 2 se, e somente se,
G tem um subgrupo G
2
de ´ındice finito em G tal que G
2
S e G
2
se deco moe
sobre S.
Como a mencionado, decomposi¸ao de grupos surge naturalmente quando cal-
culamos, atrav´es do Teorema de Van Kamp em, o grupo fundamental de superf´ıcies.
Tamb´em a um interpreta¸ao topol´ogica para e(G, S) quando G ´e o grupo fun-
damenta l de uma superf´ıcie fechada. Atraes dessa interpreta¸ao, podemos dar
exemplos de pares (G, S), com G finitamente g erado, para os quais e(G, S) assume
valores diferentes de 0, 1 , 2 ou , como segue.
Defini¸ao 4.2.2 (a) Seja H uma superf´ıcie e C uma c ircunferˆencia mergulhada
em H. Dizemos que C ´e incompress´ıvel em H se a aplicao natural
Π
1
(C) Π
1
(H) ´e injetiva (onde Π
1
indica o grupo fundamental).
CAP
´
ITULO 4. INVARIANTES ENDS E DECOMPOSIC¸
˜
AO DE GRUPOS 7 9
(b) Seja Y uma sub-supe rf´ıcie compacta de H. Dizemos que Y ´e incompress´ıvel
em H s e toda componente d e bordo de Y ´e incompress´ıvel em H.
Proposi¸ao 4.2.2 ([17], Lema 2.2) Sejam G o grupo fund amental de uma su-
perf´ıcie fechada H e S o grupo f und a mental de uma sub-superf´ıcie Y de H, compacta
e incompress´ıvel (em H). Ent˜ao e(G, S) ´e igual ao n ´ume ro de componen tes de bordo
de Y .
Exemplo 4.2.2 Con sideremos H = T
2
#T
2
(soma conexa de 2 toros), G o grupo
fundamental de H e S o grupo fundamental da sub-s uperf´ıcie incompress´ıvel C de
H como na figura:
Note que por van Kampem, G = Π
1
(H) = Π
1
(A C)
Π
1
(C)
Π
1
(B C), isto ´e,
G se decomp˜oe sobre o subgrupo (infinito) Π
1
(C) e e(G, S) = 4 2.
4.3 A obstru¸ao sing e decompos i¸ao de grupo s
Vimos que e(G) assume os valores 0, 1, 2 e (Teorema 4.1.1, item 7). O
resultado de Stallings trata de decomposi¸ao de grupos quando e(G) 2. Assim, ´e
interessante tr atar de decomposi¸ao de grupos quando e(G) = 1.
Sabemos pela Proposi¸ao 4.1.3 que se G ´e de dualidade enao e(G) = 1. Assim,
´e interessante considerar decomposi¸ao para grupos de dualidade. O tra ba lho de
Kropholler e Roller ( [1 2]) vai nessa dire¸ao.
Dados G um g rupo e S um subgrupo de G com G e S finitamente gerados,
Kropholler e Roller em [12], supondo que H
1
(G, F
S
G) Z
2
, ou equivalentemente
CAP
´
ITULO 4. INVARIANTES ENDS E DECOMPOSIC¸
˜
AO DE GRUPOS 8 0
˜e(G, S) = 2, apresentaram uma condi¸ao necess´aria e suficiente, para que G a dmita
uma decomposi¸ao sobre um subgrupo comensur´avel a S. A condi¸ao ´e que uma
obstru¸ao sing
G
S”, definida pelos autores, seja nula.
O principal resultado apresentado por Kropholler e Ro ller envolvendo esta ob-
stru¸ao ´e: Se G ´e um P D
n
-grupo e S ´e um P D
n1
-subgrupo, ent˜ao G se decomp˜oe
sobre um s ubgrupo comensur´avel com S se, e somen te se, sing
G
S = 0.
Nosso objetivo aqui ´e provar uma dessas implica¸oes, a saber, nas condi¸oes
acima, se G se decomp˜oe sobre um subgrupo comensur´avel com S enao sing
G
S = 0.
A rec´ıproca, embo ra interessante, ao ser´a abordada nesse trabalho.
Defini¸ao 4.3.1 Dois subgrupos S e T de um grupo G ao ditos comensur´aveis se,
e somen te se, (S : S T ) < e (T : S T ) < .
Exemplo 4.3.1 Todo grupo ´e come nsur´avel a ele me s mo.
Exemplo 4.3.2 Tomando S = Z × {0} e T = G = Z × Z
3
, temos que S e T a o
comensur´aveis.
Proposi¸ao 4.3.1 Qualquer subgrupo comensur´avel a um P D
n1
-subgrupo ´e ainda
um P D
n1
-subgrupo.
Demonstra¸ao: Sejam S e T subgrupos comensur´aveis de um gr upo G, onde
T ´e um P D
n1
-subgrupo. Enao, (S : S T ) < e (T : S T ) < . Como T ´e um
P D
n1
-subgrupo e como (T : S T ) < , temos que S T ´e um P D
n1
-subgrupo.
Por Bieri [5], temos, como (S, S T ) < , que S ´e um P D
n1
-subgrupo.
Sejam G um grupo, S um subgrupo de G e
F
S
G := {B G | B F.S para algum subconjunto finito F de G}.
Claramente F
S
G ´e um Z
2
G-subm´odulo de (G) com as opera¸oes induzidas.
Consideremos o Z
2
G-m´odulo Ind
G
S
Z
2
S = Z
2
S
Z
2
S
Z
2
G com a G-a¸ao natural
de odulo induzido (g.(g
1
m) = gg
1
m). Temos que Z
2
S
Z
2
S
Z
2
G e F
S
G ao
Z
2
G-isomorfos (ver [4], §3, Proposi¸ao 7).
O lema seguinte ´e necess´ario para definir a obstru¸ao para decomposi¸ao:
CAP
´
ITULO 4. INVARIANTES ENDS E DECOMPOSIC¸
˜
AO DE GRUPOS 8 1
Lema 4.3.1 S eja G um P D
n
-grupo e S um P D
n1
-subgrupo. Ent˜ao o grupo d e
cohomologia H
1
(G, F
S
G) ´e d e dimens˜ao 1 e assim, cont´em uma ´unica classe de
cohomologia ao trivial.
Demonstra¸ao: Temos que
H
1
(G, F
S
G) H
n1
(G, F
S
G), pois G ´e um P D
n
grupo.
Pelo Lema de Shapiro, H
n1
(G, F
S
G) H
n1
(S, Z
2
S), uma vez que
F
S
G Z
2
S
Z
2
S
Z
2
G = Ind
G
S
Z
2
S.
Como S ´e um P D
n1
-subgrupo, H
n1
(S, Z
2
S) H
0
(S, Z
2
S).
Portanto, H
1
(G, F
S
G) H
0
(S, Z
2
S) = H
0
(S, Hom(Z
2
S, Z
2
)) =
= Hom(Z
2
S, Z
2
)
S
Hom
Z
2
S
(Z
2
S, Z
2
) Z
2
.
Defini¸ao 4.3.2 Considere res
S
G
: H
1
(G, F
S
G) H
1
(S, F
S
G) a aplicao re-
stri¸a o e suponhamos H
1
(G, F
S
G) Z
2
. Seja ξ o gerador de H
1
(G, F
S
G). Defini-
mos por sing
G
S o elemento res
S
G
(ξ), isto ´e, sing
G
(S) = res
S
G
(ξ).
Suponhamos que
(i) G ´e um grupo finitamente gerado;
(ii) S ´e um subgrupo de G finitamente gerado;
(iii) H
1
(G, F
S
G) tem dimens˜ao 1.
Note que o odulo Z
2
S
Z
2
S
Z
2
G F
S
G permanece inalterado se S ´e substitu´ıdo
por qualquer subgrupo comensur´avel.
De fato, F
S
G = F
K
G se K S e (S : K) < .
Temos que F
K
G = {H G | H g
1
K . . . g
m
K}.
Se H g
1
K . . . g
m
K g
1
S . . . g
m
S. Portant o, F
K
G F
S
G.
Por outro lado, como H g
1
S . . . g
n
S e (S : K) < , temos S =
l
i=1
x
i
K.
Da´ı, H g
1
(
l
i=1
x
i
K) . . . g
n
(
l
i=1
x
i
K)
l
i=1
(g
1
x
i
K . . . g
n
x
i
K) que ´e uma uni˜ao
finita. Logo, F
S
G = F
K
G se (S : K) < .
CAP
´
ITULO 4. INVARIANTES ENDS E DECOMPOSIC¸
˜
AO DE GRUPOS 8 2
Defini¸ao 4.3.3 Um subconjunto B ´e S-quase invaria nte se B + gB ´e S-finito para
todo g G. O que equivale a [B] ser um ponto G-fixado deste odulo.
Para um subconjunto B de G, seja [B] = {H G; B + H F
S
G} o conjunto de
todos os subconjuntos de G cuja diferen¸ca sim´etrica com B ´e um conjunt o S-finito.
O conjunto {[B] | B G} pode ser identificado com
Z
2
G
Z
2
S
Z
2
S
Z
2
G
. Este ´e um
G-m´odulo e g[B] = [gB].
Para prosseguirmos na dire¸ao dos estudo de Kropholler e Roller, utilizaremos os
Teoremas 2.2.1 e 2.2.2, que reescreveremos de uma forma unificada. Aqui tamb´em
inclui-se os dois casos, o produto livre com subgrupo amalgamado e extens˜ao HNN:
Teorema 4.3.1 Sejam G um grupo e S um subgrupo de G. Ent˜ao G se decomp ˜oe
sobre S se, e somente se, existe uma Garvore Γ tal que:
(I) G atua livre de pontos fixos ( i s to ´e, nenhum ertice de Γ ´e fi xado por todo o
grupo G).
(II) G atua tran sitivamente e sem invers˜ao s obre as arestas de Γ, e
(III) S ´e o estabilizador de uma aresta.
Lema 4.3.2 As seguintes afirma¸c ˜oes ao equivalentes:
(i) A ob stru¸ao sing
G
(S) ´e zero;
(ii) Existe um subconjunto S- quase invaria nte B, que ao ´e S-finito nem S- cofinito,
tal que SB = B.
Demonstra¸ao: Seja ε : F Z
2
G uma resolu¸ao projetiva de F sobre Z
2
G.
Ent ˜ao F Z
2
S ´e tamem uma resolu¸ao de F sobre Z
2
S, que ´e projetiva pelo fato
que Z
2
G ser Z
2
S-livre.
Da seq¨uˆencia exata
0 F
S
G
k
֒ (G)
(G)
F
S
G
0
obtemos o diagrama comutativo de complexos de cocadeias com linhas exatas
0 Hom
G
(Z
2
, F
S
G) Hom
G
(Z
2
, (G)) Hom
G
(Z
2
,
(G)
F
S
G
) 0
0 Hom
S
(Z
2
, F
S
G) Hom
S
(Z
2
, (G)) Hom
S
(Z
2
,
(G)
F
S
G
) 0
CAP
´
ITULO 4. INVARIANTES ENDS E DECOMPOSIC¸
˜
AO DE GRUPOS 8 3
Da´ı, aplicando H
(), obtemos o diagrama comutativo com linhas exatas
0 H
0
(G, F
S
G) H
0
(G, (G)) H
0
(G,
(G)
F
S
G
) H
1
(G, F
S
G) · · ·
i
j
res
G
S
0 H
0
(S, F
S
G) H
0
(S, (G)) H
0
(S,
(G)
F
S
G
) H
1
(S, F
S
G) · · ·
Tanto em (i) como em (ii) temos (G : S) = e da´ı, H
0
(G, F
S
G) = Ind
G
S
((S)) =
0. Tamb´em, temos H
1
(G, (G)) = 0 pelo Lema de Shapiro. Assim,
0 (G)
G
Z
2
β
(
(G)
F
S
G
)
G
δ
H
1
(G, F
S
G) 0
i
j
res
G
S
0 (F
S
G)
S
֒ (G)
S
α
(
(G)
F
S
G
)
S
S
CAP
´
ITULO 4. INVARIANTES ENDS E DECOMPOSIC¸
˜
AO DE GRUPOS 8 4
Se sing
G
T = 0 usando o lema anterior, existe B G tal que B + gB F
T
G,
g G, [B] = [], [B] = [G] e T B = B.
Como (S : T ) < , temos que F
T
G = F
S
G. Logo, B + gB F
S
G, g G. ()
Seja H
0
= {h
1
, . . . , h
n
} um conjunto de representantes para as classes laterais `a
esquerda de T em S.
Temos B + H
0
B = B + (h
1
B . . . h
n
B) (B + h
1
B) . . . (B + h
n
B)
F
1
S . . . F
n
S, com F
i
F G, i = 1, · · · , n por () = (F
1
. . . F
n
)S.
Portanto, B + H
0
B F
S
G e da´ı, [B] = [H
0
B].
Seja B
0
:= H
0
B. Enao
(a) B
0
+ gB
0
F
S
G, g G pois B
0
+ gB
0
= H
0
B + gH
0
B = (H
0
B + B) + (B +
gH
0
B) = (H
0
B + B) + B + g(h
1
B . . . h
n
B) = (H
0
B + B) + B + (gh
1
B
. . . gh
n
B) (B + H
0
B) + (B + gh
1
B) + . . . + (B + gh
n
B) F
S
G por ().
(b) [B
0
] = [] e [B
0
] = [G] pois [B
0
] = [B] e [B] = [], [G].
(c) SB
0
= B
0
pois claramente B
0
SB
0
e como SH
0
S pois H
0
S,
S = h
1
T
.
. . .
.
h
n
T = H
0
T e T B = B, temos SB
0
= S(H
0
B) SB =
H
0
T B = H
0
B = B
0
.
Logo, B
0
satisfaz as condi¸oes do lema 4.3.2 (ii) para G e S.
Portanto, sing
G
S = 0.
Estamos em condi¸oes agora de provar o resultado desejado:
Teorema 4.3.2 Seja (G, S) um par grupo com G e S fi nitamente gerados. Sejam
G um P D
n
-grupo e S um P D
n1
-subgrupo. Se G se decomp˜oe sobre um subg rupo
comensur´avel com S ent˜ao sing
G
S = 0.
Demonstra¸ao: Como visto no lema 4.3.3 , podemos assumir que G se decomp˜oe
sobre S (ao inv´es de um subgrupo comensur´avel com S). Seja Γ uma ´arvore na qual
G age (`a direita, que tamb´em pode ser vista como uma ao `a esquerda, se definimos
g.x := xg
1
). Seja e uma ar esta com estabilizador S, isto ´e, S = {g G | eg = e}.
CAP
´
ITULO 4. INVARIANTES ENDS E DECOMPOSIC¸
˜
AO DE GRUPOS 8 5
Se e ´e removida de Γ, ent˜ao obteremos dois peda¸cos disjuntos que denotaremos por
Γ
0
e Γ
1
.
Seja B = {g G | eg Γ
0
}. Claramente, SB = B, pois se s S e g B enao
e(sg) = (es)g = eg Γ
0
.
Al´em disso, B + gB F
S
G, g G pois B gB = {y G | ey Γ
0
e y ∈
gB} = {y G | ey Γ
0
e g
1
y ∈ B} = {y G | ey Γ
0
e eg
1
y Γ
1
{e}} =
{y G | ey
1
pertence ao menor caminho ligando e a eg
1
} (a ´ultima ig ua ldade ´e
obtida fazendo y
1
atuar `a direita no caminho que lig a ey a eg
1
y).
Como a a¸ao ´e transitiva, existem g
1
, . . . , g
k
G tais que as arestas deste
caminho ao eg
1
, . . . , eg
k
. Logo, para todo y B gB, ey
1
= eg
i
, pa ra algum
i {1, . . . , k} e assim, e = eg
i
y, isto ´e, g
i
y S. Da´ı, existe s S tal que g
i
y = s,
ou seja, y = g
1
i
s. Logo, B gB g
1
1
S . . . g
1
k
S e, portanto, B gB F
S
G.
Analogamente,
gB B = {y G | y gB} e y ∈ B} = {y G | g
1
y B e y ∈ B} =
= {y G | eg
1
y Y
0
e ey Y
1
{e}} =
= {y G | ey
1
pertence ao menor caminho ligando eg
1
a e}
e pelo mesmo racioc´ınio acima, obtemos gB B F
S
G.
Da´ı, B + gB = (B gB) (gB B) F
S
G. Agora, [B] = [] e [B] = [G] segue
do fato que a ao de G sobre os ertices de Γ ´e livre de pontos fixos.
Portanto, B satisfaz a condi¸ao (ii) do lema 4.3.2 e da´ı, sing(S) = 0.
Observao 4.3.1 Conforme a observamos, embora ao esteja apresentada neste
trabalho, a rec´ıproca do Teorema 4.3.2 tamb´em ´e alida. Ver [12], Teorema A.
´
E interessante observar que a condi¸ao de que H
1
(G, F
S
G) Z
2
´e equivalente a
˜e(G, S) = 2, onde ˜e(G, S) ´e o invariante que ser´a definido a seguir:
4.3.1 O end ˜e(G, S)
O invariante ˜e(G, S) foi definido por Kropholler e Roller implicitamente em [12]
(1988) e explicitamente em [13] (1989). Apresentaremos aqui a defini¸ao deste invari-
CAP
´
ITULO 4. INVARIANTES ENDS E DECOMPOSIC¸
˜
AO DE GRUPOS 8 6
ante e algumas de suas propriedades. Para maiores detalhes e resultados adicionais
ver [13].
Defini¸ao 4.3.4 Seja (G, S) um par de grupos (com (G : S) ao necessariamente
infinito). Ent˜ao por defini¸a o,
˜e(G, S) = dim
Z
2
H
0
(G, (G)/F
S
G) = dim
Z
2
((G)/F
S
G)
G
.
Proposi¸ao 4.3.2 (1) Se (G : S) = ent˜ao ˜e(G, S) = 1 + dim
Z
2
H
1
(G, F
S
G).
(2) ˜e(G, {1}) = e(G) e mais geralmente, ˜e(G, F ) = e(G) se F ´e um subgrupo fin i to
de G
(3) ˜e(G, {1}) = e(G) e mais geralmente, ˜e(G, F ) = e(G) se F ´e um subgrupo fin i to
de G.
(4) ˜e(G, S) = 0 se, e somente se, (G : S) < .
(5) Se S T G e (G : T ) < ent˜ao ˜e(G, S) = ˜e(T, S).
(6) Se S ´e finitamente gera do e normal em G ent˜ao ˜e(G, S) = e(G/S).
(7) Se S T G e (G : T ) = ent˜ao ˜e(G, S) ˜e(G, T ), em particular,
considerando S = {1} o btemos e(G) ˜e(G, T ).
(8) e(G, S) ˜e(G, S).
Demonstra¸ao: ([1 3], Lemas 1.2; 2.4 e 2.5)
Notemos que o Lema 4.3.1 pode ser reescrito na linguagem de ˜e(G, S):
Se G ´e um P D
n
-grupo e S um P D
n1
-subgrupo enao ˜e(G, S) = 2.
Observao 4.3.2 Em [1], Andrade e Fan ti definiram um invariante end
generalizad o E(G, F, M) para um grupo G, F = {S
i
, i I} uma fam´ılia ao vaz i a
de subgrupos de G com (G : S
i
) = para todo i I e M um Z
2
G-m´odulo qualquer.
Tal inva ri a nte est´a relacionado com os ends anteriormente citados, em especi a l o
invariante E(G, {S} , F
S
G) (que f oi denotado por
˜
E(G, S) ) est´a intima mente rela-
cionado com ˜e(G, S) ([3], §5) e, conseuentemente, com a obstru¸ao sing. Usando
o invariante E(G, F, M) para odulos particulares alguns resultados sobre decom-
posi¸ao de grupos foram obtidos. Por exemplo, ([11], Teorema 4.1):
CAP
´
ITULO 4. INVARIANTES ENDS E DECOMPOSIC¸
˜
AO DE GRUPOS 8 7
Sejam G um grupo, G
1
, G
2
e T subgrupos de G com, G
1
= T = G
2
e (G : G
i
) = ,
para = 1, 2, tem-se:
(a) Se G se decomp˜oe sobre T na forma G = G
1
T
G
2
enao E
(G, {G
1
, G
2
}) :=
E(G, {G
1
, G
2
}, Z
2
) = 1.
(b) Se G se decomp˜oe sobre T na forma G = G
1
T
enao E(G, {G
1
}, Z
2
) = 2.
Referˆencias Bibliogr´aficas
[1] ANDRADE, M. G. C. , FANTI, E. L. C. , A Relative Cohomological
Invariant for Gr oup Pairs, Manuscripta Math. n. 83, p.1-18, 1994.
[2] ANDRADE, M. G. C. , FANTI, E. L. C.; Uma nota sobre produtos
Livres Amalgamados e HNN-grupos, etrica Estudos e Pesquisas em
Matem´atica, SJRP, v. 61, p. 1-5, 2002.
[3] ANDRADE, M. G. C. , FANTI, E. L. C. ; DACACCH, J. A., On
Certain Relative Cohomological Invariant s, International Journal of
Pure and Applied Mathematics, v. 21, n. 3, p. 335-351, 2005.
[4] ANDRADE, M. G. C., FANTI, E. L. C., SILVEIRA, F. S. M. Another
characterization fo r a certain invariant for a group pair. International
Journal of Pure and Applied Mathematics (To appear).
[5] BIERI, R.; Homological Dimension of D i s crete Groups, Queen Mary
College Math. Notes, Queen Mary College, London, 1976.
[6] BROWN, K. S. Cohomology of Groups, New York: Springer Verlag,
1982.
[7] CIOCA, D. M. Co homologia e Ends de Grupos, Disserta¸ao de
Mestrado, IBILCE/UNESP, 1997
[8] COHEN, D. E. C ombinatorial Group Theory, Queen Mary College,
Mathematics Notes, London, 1978.
88
REFER
ˆ
ENCIAS BIBLIOGR
´
AFICAS 89
[9] COHEN, D. E. Groups of cohomologi cal dimensional one, Springer
Verlag, 1972.
[10] DICKS, W., DUNWOODY, M. J.; Groups acting on graphs, Cam-
bridge University Press, 1989.
[11] FANTI, E. L. C. ; ANDRADE, M. G. C; PAPANI, F. M. G. A Relative
Invariant, Duality and Splitting of Groups. Rev. Mat. Estat. v. 21(1),
p. 131-141, 2003.
[12] KROPHOLLER, P. H.; ROLLER, M. A.; Splittings of Poi ncar´e Du-
ality Groups, Math. Z. 97, p. 421-438 , 1988.
[13] KROPHOLLER, P. H.; ROLLER, M. A.; Relative end s and duality
groups, Journal of Pure and Appl. Algebra 61, p.197 - 210, 198 9.
[14] MUNKRES, J. R.; Elements of Algebraic Topology, Addinson-Wesley
Publishing Company, Inc., (1 984).
[15] RAGHURAM, A.; SURY, B.; Groups Acting on Trees, Indian Insti-
tute of Technology, 2002.
[16] SANTOS, A. P. Coh omologia de Grupos e In variantes Alg´ebricos, Dis-
serta¸ao de Mestrado, IBILCE/UNESP, 2006.
[17] SCOTT, G. P. Ends of pairs o f groups In: J. Pure Appl. Algebra n.11,
p. 179-198, 1977.
[18] SCOTT, G. P.; WALL, C. T. C. Topolo gical methods in group theory,
Homological Groups Theory, London Math. Soc. Lecture Notes Series
n. 36, Cambridge, p. 137-203, 1979.
[19] SERRE, J-P.; Trees, Springer Berlin, 1980.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo