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Afirma Pichón-Riviére (1986) que a transferência e contratansferência
ocorre em todos os tipos de interações. Entende, este autor, que por ser um
processo de interação, implica em aprendizagem da realidade.
Entende-se que a relação professor/aluno por ser carregada de
aspectos transferenciais e resistenciais e por definir-se como interação entre as
partes, destina-se, essa relação, mesmo que não queiram seus componentes, a
ser um agente de aprendizagem. As relações estabelecidas em sala de aula
partem de idéias conscientes e inconscientes. Os sentimentos experimentados
são, também, produto do vínculo transferencial, havendo, portanto, uma gama
bastante elevada de sentimentos destinados ao professor como representante de
uma figura parental. O entrelaçamento desses sentimentos pode ser facilitadores
ou não dessa aprendizagem. Por parte do professor, facilitador ou não da
condição de promover a aprendizagem.
Nesse sentido, pode-se notar que assim como o analista, citado por
Freud, os professores, também, ocupam um lugar na representação psíquica do
aluno e esse lugar está ligado às imagens ou figuras parentais desse aluno. O
professor é, portanto, temporariamente, o fiel depositário dos sentimentos dos
alunos. É para o professor, assim como para o analista, que o aluno entrega seus
sentimentos e espera, deseja que sejam retribuídos.
O professor, no momento em que ocupa um lugar na sala de aula,
serve para os alunos como objeto identificatório na ordem do fazer e como
espelho, no qual os alunos se espelham, este é o pensamento de Terzis (1996).
Este autor nos revela que o professor participa da construção da identidade do
aluno. Este fato é possível a partir de uma rede de vínculos que o aluno vai
introjetando e a experiência de uma relação vinculada na execução do fazer e do
pensar. O professor pode ser o agente que transforma a transferência de uma
“poderosa resistência contra”, no caso contra a aprendizagem, no vínculo que
pode facilitar a conquista da sabedoria e o sucesso decorrente desta aquisição.
Neste ponto vale a pena citar Bacha (2002), quando mostra que é
comum os professores ao falarem de suas experiências recorrerem a figuras de
linguagem retiradas de atividades bélicas (luta, combate, disciplina, rebeldia,
arma, etc ) e que em seguida recorrem às metáforas referentes à alimentação
(oferecer, suprir, alimentar, crescer, etc ). Parece que se está tangenciando uma
questão muito importante, qual seja, a representação relativa àquela que
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