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MARTA ALEXANDRA MAFFIOLETTI
CARACTERÍSTICAS MORFOFISIOLÓGICAS DE
Cryptosporiopsis perennans, AGENTE CAUSAL DA PODRIDÃO “OLHO-
DE-BOI” EM MAÇÃ
LAGES, SC
2007
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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS AGROVETERINÁRIAS
FACULDADE DE AGRONOMIA
CURSO DE MESTRADO EM PRODUÇÃO VEGETAL
MARTA ALEXANDRA MAFFIOLETTI
CARACTERÍSTICAS MORFOFISIOLÓGICAS DE
Cryptosporiopsis perennans, AGENTE CAUSAL DA PODRIDÃO
“OLHO-DE-BOI” EM MAÇÃS
Dissertação apresentada ao Centro de Ciências
Agroveterinárias da Universidade do Estado de
Santa Catarina, para obtenção do título de
Mestre em Produção Vegetal.
Orientador: PhD. Amauri Bogo
Co-Orientadora: Dra Rosa Maria V. Sanhueza
LAGES, SC
2007
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Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária
Renata Weingärtner Rosa – CRB 228/14ª Região
(Biblioteca Setorial do CAV/UDESC)
Maffioletti, Marta Alexandra
Características morfofisiológicas de Cryptosporiopsis
perennans, agente causal da podridão “olho-de-boi” em
maçã / Marta Alexandra Maffioletti – Lages, 2007.
59 p.
Dissertação (mestrado) – Centro de Ciências
Agroveterinárias / UDESC.
1. Maçã. 2.Maçã – Doenças e pragas. 3. Fungos - Controle.
4. Fungos – Culturas e meios de cultura. I.Título.
CDD – 634.11
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS AGROVETERINÁRIAS
CURSO DE MESTRADO EM PRODUÇÃO VEGETAL
CARACTERÍSTICAS MORFOFISIOLÓGICAS DE Cryptosporiopsis
perennans, AGENTE CAUSAL DA PODRIDÃO “OLHO-DE-BOI” EM MAÇÃS
MARTA ALEXANDRA MAFFIOLETTI
Bióloga
Aprovado em:
Pela banca examinadora:
______________________________
PhD. Amauri Bogo
Orientador – UDESC/Lages-SC
Homologado em:
Por
_____________________________________
Dr. Ricardo Trezzi Casa
Coordenador Técnico do Curso de Mestrado em
Produção Vegetal
_____________________________
Dra. Rosa Maria V. Sanhueza
Embrapa Uva e Vinho
Bento Gonçalves/RS
____________________________________
Dr. Osmar Klauberg Filho
Coordenador do Programa de Mestrado em
Agronomia
______________________________
Dr. Ricardo Trezzi Casa
UDESC/Lages-SC
_________________________________
Dr. Adil Knackfuss Vaz
Diretor Geral do Centro de Ciências
Agroveterinárias – UDESC/Lages-SC
____________________________
Dra. Andréia Hansen Oster
Embrapa Agroindustria Tropical /Ceará
LAGES
Santa Catarina - Brasil
Março - 2007
AGRADECIMENTOS
Não, o é simplesmente agradecer que quero. Quero trazer para dentro do meu
texto aqueles que já o percorrem nas entrelinhas. E não só aos que me ajudaram
efetivamente na construção dessa Dissertação, mas a todos que partilharam comigo
minhas aflições, ouviram minhas lamentações, e me deram força e coragem para chegar
até o fim. Àqueles que me ajudaram, de alguma forma, no meu percurso nesses dois
anos.
Meu maior agradecimento é dirigido aos meus pais, pelo contínuo apoio em
todos estes anos, ensinando-me, principalmente, a importância da construção e
coerência de meus próprios valores. Aos meus irmãos Elcio, Laércio e Luciane pelo
amor e encorajamento que me deram.
Ao meu esposo Alexandre, meu companheiro nesta trajetória, que soube
compreender, como ninguém, a fase pela qual eu estava passando. Durante a realização
deste trabalho, sempre tentou entender minhas dificuldades e minhas ausências.
Agradeço-lhe, carinhosamente.
A professora e amiga Dra Andréia Hansen Oster que foi quem possibilitou o
início de toda essa conquista, agradeço. Guarde em seu coração minha amizade, meu
carinho e toda felicidade que você merece...
A Universidade do Estado de Santa Catarina, através do curso de Mestrado em
Produção Vegetal, pela oportunidade concedida.
A Dra Rosa pelas oportunidades, ensinamentos e disponibilidade revelada ao
longo deste trabalho, quero agradecer.
Ao professor PhD Amauri Bogo pela orientação.
A PhD Miryan Coracini por toda a ajuda, dedicação, e acima de tudo, pela
grande amizade, palavras não bastam para agradecer.
Aos professores que sempre se empenharam em transmitir seus conhecimentos e
pela prontidão. Em especial a professora Mari Lucia Campos e aos professores Ricardo
Trezzi Casa e Jéferson Meireles Coimbra, expresso meu respeito e admiração.
Enfim, a todos os colegas e amigos de curso, cujas presenças, palavras e
silêncios rascunharam seus nomes em minha vida.
A ÁGUA DE UM RIO ADAPTA-SE AO CAMINHO QUE É POSSÍVEL,
SEM ESQUECER DO SEU OBJETIVO: O MAR... FRÁGIL EM SUA
NASCENTE, AOS POUCOS VAI GANHANDO A FORÇA DOS OUTROS
RIOS QUE ENCONTRA...
Paulo Coelho
Aos meus pais Laurindo e Elza e ao meu esposo Alexandre,
meus grandes amigos, companheiros e incentivadores, sem os quais este
trabalho não teria sido realizado...
OFEREÇO!
RESUMO
A cultura da macieira tem grande importância sócio-econômica para a região sul
do Brasil tendo atingido no ciclo 2003/04 aproximadamente 970.000 toneladas. Nos
ciclos vegetativos de 1995 e 1996, um sintoma diferente daqueles relatados até então no
Brasil em frutos e ramos da macieira foi constatado em pomares do Rio Grande do Sul e
de Santa Catarina. Após o estudo de sua etiologia, identificou-se a ocorrência do fungo
Cryptosporiopsis perennans. Este patógeno pode causa podridões ao redor de 15% das
maçãs no armazenamento e, no presente, poucos estudos que contribuam ao
conhecimento do patógeno ou à epidemiologia da doença. Este trabalho visou estudar o
crescimento micelial e a produção de conídios de isolados de C. perennans em meios de
cultura com e sem fungicidas e determinar o efeito de temperaturas e períodos de
umidade na infecção de maçãs ‘Fuji’. As ações conduzidas foram: a) determinação os
efeitos dos meios de cultura batata-dextrose-ágar (BDA), ágar-extrato-de-malte (AEM)
e ágar-sucoV8 (V8) no crescimento micelial e produção de conídios de nove isolados de
C. perennans; b) avaliação a sensibilidade in vitro de C. perennans a seis
concentrações dos fungicidas captan, hidróxido de cobre, dithianon, mancozeb e
trifloxistrobin incorporados ao meio de cultura BDA; c) avaliação da incidência e
severidade da podridão “olho-de-boi” em maçãs ‘Fuji’ inoculadas com C. perennans e
submetidas a diferentes combinações de períodos de umidade e temperatura. Os
resultados mostraram que o maior estímulo ao crescimento do micélio do patógeno foi
induzido pelos meios de cultura AEM e V8 e que cinco dos nove isolados avaliados
produziram maior quantidade de conídios quando cultivados em suco V8 e quatro em
AEM. Todos os fungicidas apresentaram-se eficientes para o controle do crescimento
micelial de C. perennans quando comparados a testemunha, porém os resultados mais
promissores foram obtidos com os fungicidas dithianon e mancozeb. A temperatura e
período de incubação que proporcionaram maior índice de incidência e severidade da
podridão “olho-de-boi” em frutos de maçã cv. Fuji, foram de 22°C com 20 horas de
incubação.
ABSTRACT
The apple culture has great social and economic importance for the south region
of Brazil and in the 2003/04 crop season produced approximately 970,000 tons. During
the 1995/96 crop season, a different symptom from the most of symptoms observed in
apple fruit and branches were evidenced in Rio Grande do Sul and Santa Catarina
orchards. After etiological studies, it was determined the occurrence of fungus
Cryptosporiopsis perennans. This pathogen can cause rot around of 15% on storage
apples and for the time been there is few studies about the pathogen and the
epidemiology of the disease. The purpose of this work was to study the development
and the production of C. perennans spores over different cultures medium with and
without fungicides, and to determine the effect of temperature and humidity periods
over the Bull´s eye rot on 'Fuji' apple. The experiments carried out were the following:
a) evaluation of the effect of potato-dextrose-agar (PDA), malt extract (MEM) and V8
juice (V8) medium on the development and production of spores by 9 isolates of C.
perennans; b) evaluation of sensibility "in vitro" of C. perennans to six different
concentrations of the fungicides captan, copper hidroxide, dithianon, mancozeb and
trifloxistrobin diluted in PDA; c) evaluation of incidence and severity of the `Bull eye’s’
rot when Fuji” apples inoculated with C. perennans had been submitted to different
combinations of humidity and temperature periods. The results showed that the medium
AEM and V8 promoted better stimulus to mycelium growth and that five C. perennans
isolates produced more spores when cultivated in V8 and four isolates in MEM. The
different fungicides tested were efficient to control C. perennans micelial growth,
however the most promising results were obtained with the fungicides dithianon and
mancozeb. Higher incidence and severity of the ‘Bull eye’s’ rot on “Fuji” apples were
obtained with 20 hours of incubation at 22°C.
LISTA DE TABELAS
TABELA 1. Origem dos isolados de Cryptosporiopsis perennans de maçãs ‘Fuji’..... 16
TABELA 2. Crescimento micelial médio (CMM) de nove isolados de C. perennans
(Cp1 a Cp9) em três meios de cultura (BDA, AEM e V8), após 3 e 13 dias
de incubação (CMM inicial e CMM final, respectivamente) a 21ºC e
fotoperíodo de 12 horas ......................................................................... 19
TABELA 3. Comparação do crescimento micelial médio (CMM, em mm) de cada
isolado de C. perennans (Cp1 a Cp9) em três meios de cultura (BDA,
AEM e V8), após 3 e 13 dias de incubação (Valor p inicial e Valor p
final, respectivamente) a 21ºC e fotoperíodo de 12 horas....................... 20
TABELA 4. Fungicidas utilizados nos ensaios do controle in vitro de C. perennans. .. 26
TABELA 5. Valores médios transformados (MT) e não transformados (MNT) da
incidência de C. perennans em frutos de maçãs cv. Fuji, submetidos a
diferentes temperaturas e tempo de incubação. Vacaria,
RS.............................................................................................................35
TABELA 6. Efeito da interação entre temperatura e tempo de incubação na incidência
de C. perennans em frutos de maçãs cv. Fuji, Vacaria/RS...................... 35
TABELA 7. Valores médios transformados (MT) e não transformados (MNT) da
severidade de C. perennans em frutos de maçãs cv. Fuji. Vacaria/RS .... 38
TABELA 8. Efeito da interação entre temperatura e tempo de incubação na severidade
de C. perennans em frutos de maçãs cv. Fuji. Vacaria/RS...................... 39
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1. Sintoma da podridão “olho de boi” no fruto (Foto: Sanhueza, 2001). ....... 6
FIGURA 2. Número médio de conídios de nove isolados (Cp1 a Cp9) de C. perennans
em três meios de cultura (BDA, Ext. de malte e V8) após 13 dias de
incubação a 21ºC e fotoperíodo de 12 horas, Vacaria, RS..................... 21
FIGURA 3. Efeito de diferentes doses dos fungicidas A (captan), B (cobre), C
(dithianon), D (mancozeb) e E (trifloxistrobin) no crescimento micelial
(mm) de C. perennans após 3 dias de incubação a 21ºC e fotoperíodo de
12 horas, Vacaria, RS........................................................................... 28
FIGURA 4. Efeito de diferentes doses dos fungicidas A (captan), B (cobre), C
(dithianon), D (mancozeb) e E (trifloxistrobin) no crescimento micelial
(mm) de C. perennans após 13 dias de incubação a 21ºC e fotoperíodo de
12 horas, Vacaria, RS........................................................................... 29
SUMÁRIO
RESUMO ...................................................................................................................vii
ABSTRACT ..............................................................................................................viii
LISTA DE TABELAS.................................................................................................ix
LISTA DE FIGURAS...................................................................................................x
1. INTRODUÇÃO GERAL .......................................................................................... 1
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 3
2.1.Cultura da macieira ................................................................................................. 3
2.2.Podridão “olho-de-boi” ........................................................................................... 5
2.2.1.Ocorrência e importância......................................................................................5
2.2.2 Etiologia ..............................................................................................................6
2.2.3. Sintomatologia .................................................................................................... 8
2.2.4. Caracterização do agente causal .......................................................................... 9
2.2.5. Epidemiologia................................................................................................... 10
2.2.6. Controle ............................................................................................................ 11
3. PRODUÇÃO DE CONÍDIOS E CRESCIMENTO MICELIAL DE ISOLADOS DE
Cryptosporiopsis perennans EM DIFERENTES MEIOS DE CULTURA................... 12
RESUMO.........................................................................................................................24
INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 13
MATERIAL E MÉTODOS......................................................................................... 15
RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................. 17
4. EFEITO DE FUNGICIDAS NO CRESCIMENTO MICELIAL DE ISOLADOS DE
Cryptosporiopsis perennans........................................................................................ 23
RESUMO ................................................................................................................... 23
INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 24
MATERIAL E MÉTODOS......................................................................................... 25
RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................. 26
xii
5. EFEITO DA TEMPERATURA E PERÍODO DE INCUBAÇÃO NO
DESENVOLVIMENTO DE Cryptosporiopsis perennans EM MAÇÃS CV FUJI ...... 31
RESUMO ................................................................................................................... 31
INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 32
MATERIAL E MÉTODOS......................................................................................... 33
RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................. 34
6. CONCLUSÕES GERAIS ....................................................................................... 43
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................... 44
1. INTRODUÇÃO GERAL
A macieira (Malus domestica Borkh.) vem assumindo a cada ano maior
importância para o desenvolvimento socioeconômico do sul do Brasil e sua fruta está
entre as seis com maior volume comercializado no Brasil tendo apresentado, em 1999,
um consumo per capita de 5,30 kg (Embrapa, 2004).
A maior parte da produção no Brasil provém das cultivares ‘Gala’ e ‘Fujique
representam 46% e 45% da produção total, respectivamente (Embrapa, 2004).
O cultivo de macieiras se concentra na região Sul que é responsável por 95% da
produção nacional. Em 2005, o Estado de Santa Catarina foi o maior produtor do país
com área plantada de 18.428 ha e no Rio Grande do Sul, a área com pomares atingiu
14.959 ha (Embrapa, 2004).
Até a década de 70, o Brasil importava praticamente toda a maçã consumida. O
aumento da produção da fruta permitiu ao Brasil substituir gradativamente as
importações na década de 80 e início da década de 90, tornando-se autosuficiente. O
Brasil passou de tradicionalmente importador para exportador (Mello, 2006).
Entretanto, os pomicultores brasileiros enfrentam problemas na atividade
ocasionados por fatores produtivos, entre os quais estão as perdas resultantes de
podridões de frutos tanto em pré como em pós-colheita. As podridões dos frutos
armazenados são responsáveis pela maior parte do refugo nos galpões de embalagens.
Nas principais doenças que afetam maçãs em pré e pós-colheita no Brasil se inclui a
podridão branca (Botryosphaeria dothidea, sinn. B. berengeriana), a podridão amarga
(Colletotrichum gloeosporioides, C. acutatum), e a podridão “olho de boi”
(Cryptosporiopsis perennans).
2
A podridão “olho-de-boi” foi descrita em 2001, com agente etiológico
identificado como C. perennans e tem ocasionado perdas entre 13% e 16% do total das
maçãs do refugo (Sanhueza, 2001).
A podridão é constatada em pré-colheita nas maçãs previamente lesionadas pelo
granizo ou por insetos ou após a frigorificação. Relatos de outros países onde esta
doença ocorre registram que a infecção se inicia principalmente pelas lenticelas e
rachaduras da epiderme, por ferimentos ou ainda se desenvolver a partir de carpelos, da
abertura calicinal ou na base do pedúnculo. Os estudos disponíveis no Brasil sobre a
caracterização de isolados deste patógeno são restritos e o mesmo ocorre quanto as
condições do ambiente que propiciam a infecção da cv. ‘Fuji’.
Este trabalho visou estudar o crescimento do micélio e a produção de conídios
de isolados de C. perennans em três meios de cultura, avaliar a inibição do crescimento
micelial por fungicidas acrescidos ao meio de cultura e determinar o efeito da
temperatura e período de umidade na infecção de maçãs ‘Fuji’ inoculadas.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1.Cultura da macieira
A macieira pertence à família Rosaceae, ordem Rosales e subfamília
Pomoideae. Ao longo do tempo a macieira recebeu diferentes denominações de gêneros
e epíteto, como Pyrus malus Lineu, Malus pumila Miller, Malus sylvestris Miller,
Malus malus Britton, Malus communis Poiret e a partir de 1803, foi denominada de
Malus domestica, Borkhausen.
O centro de origem da maçã é a cadeia de montanhas da Ásia entre os mares
Negro e Cáspio e o leste da China (Bleicher, 2002). É uma fruteira lenhosa, decídua,
temperada, muito adaptável a diferentes climas, crescendo desde os trópicos aas altas
latitudes. Pertence a Família Rosaceae subfamília Pomoideae, que abrange cerca de 100
gêneros e mais de 2.000 espécies espalhadas por todo mundo. As plantas possuem
folhas alternadas, simples e caducas, com bordos dentados e tomentosa na parte adaxial.
O fruto é um pomo, constituído de receptáculo carnudo que envolve os ovários,
possuindo endocarpo coriáceo e contém uma única semente. As flores são
hermafroditas, brancas ou rosas, inferovariadas e dispostas em inflorescência
denominada umbela (Iuchi, 2002).
Entre as frutas de clima temperado, a maçã é a de maior volume de
comercialização in natura, tanto no Brasil quanto no mercado internacional. A produção
se concentra na região Sul, que é responsável por 98% da produção nacional. Em 1974
atingia apenas 1,53 mil t, passando a produzir, em 1990, 351 mil t da fruta. No ano 2005
foram produzidas 843.919 t de maçã. Sendo 504.994 t provenientes do Estado de Santa
Catarina, 296.775 t do Rio Grande do Sul, 40.275 do Paraná e 1.875 de São Paulo. O
4
Estado de Santa Catarina é o maior produtor do país com área plantada de 18.428 ha e
produção de 504.994 t, em 2005. O Rio Grande do Sul, segundo maior produtor, possui
área de 14.959 ha. Esses Estados são responsáveis por 95% da produção nacional
(Mello, 2006).
O consumo per capita da fruta no Brasil, situa-se entre 3,5 e 4,3 kg. O consumo
é considerado baixo comparando com Alemanha 39,6 kg, Áustria 54,5 kg, Eslovênia
44,1 kg, Holanda 35,2 kg e Portugal 33,4 kg per capita (Mello, 2006).
A maior parte da produção brasileira provém das cultivares Gala (46%) e Fuji
(45%) e suas mutações clonais (9%). Contudo, novas cultivares menos exigentes em
frio estão viabilizando o cultivo em outras regiões do Brasil (Embrapa, 2004).
Dentre os fatores que afetam negativamente o sistema produtivo destacam-se
as doenças e pragas, especialmente as doenças de pós-colheita, que são responsáveis por
perdas expressivas.
Entre as doenças mais importantes constatadas em macieiras no Brasil se
encontram as doenças de verão que causam podridão de frutos no campo e possuem
uma fase de infecção latente, não detectada na colheita. Neste grupo se incluem a
“podridão branca” (B. dothidea), “podridão amarga” (C. gloeosporioides), e a podridão
“olho-de-boi” (C. perennans). As três ocorrem em todas as cultivares e tornam-se mais
evidentes quando a fruta atinge a maturação e diminuem os mecanismos de resistência.
Isto ocorre no período próximo da colheita período que exige maiores cuidados quanto
ao uso de fungicidas para evitar a colheita de maçãs com resíduos o permitidos. Em
anos com verões chuvosos, longos períodos de molhamento e temperaturas médias entre
15°C a 22°C, estas podridões causam perdas elevadas tanto nas cultivares tardias como
nas de maturação precoce, mesmo nos pomares com proteção química durante todo o
5
ciclo. Os sintomas destas doenças podem ser constatados no campo, durante a
frigorificação e na comercialização da fruta (Boneti et al, 2001).
Neste grupo de doenças, a podridão olho-de-boi” é uma moléstia detectada
somente na última década no Brasil e as informações disponíveis sobre as características
do patógeno, a epidemiologia e o controle da doença ainda são pouco conhecidas.
2.2. Podridão “olho-de-boi”
2.2.1. Ocorrência e importância
A primeira constatação da podridão “olho-de-boi” no Brasil aconteceu nos ciclos
vegetativos de 1995 e 1996 em maçãs das cvs. ‘Fujie Golden Delicious, colhidas em
pomares dos Municípios de Tainhas, Caxias do Sul, Vila Oliva e Vacaria no Rio Grande
do Sul e em Fraiburgo em Santa Catarina (Sanhueza, 2001). O agente causal foi
identificado como C.ryptosporiopsis perennans e sua posição taxonômica foi
confirmada no Instituto de Micologia da Holanda (CBS) no ano de 1996.
Segundo Boneti et al. (2001), o fungo pode ter se estabelecido no país com
antecedência à constatação visto que ele tem sido isolado de cancros antigos de
macieiras com mais de 20 anos. Contudo, é provável que de igual forma que outras
regiões do mundo que registraram a presença desta doença em pomáceas, outras
espécies de Cryptosporiopsis ocorram no país. Isto somente poderá ser definido em
levantamentos mais abrangentes que os feitos até o presente.
A partir da constatação, foi verificada a grande importância desta doença,
destacando-se na atualidade entre as principais doenças de pós-colheita na cultura da
maçã, podendo acarretar perdas que podem variar de 13 a 16% do total de frutos do
refugo (Sanhueza, 2001).
6
FIGURA 1. Sintoma da podridão “olho de boi” no fruto (Foto: Sanhueza, 2001).
2.2.2 Etiologia
O sintoma da podridão “olho-de-boi” em maçãs tem sido associado à infecção
causada por diferentes fungos. Nos anamorfos citados se encontram espécies dos
gêneros Gloeosporium e Cryptosporiopsis e nos teleomorfos, inicialmente as espécies
foram incluídas no gênero Neofabraea, posteriormente no gênero Pezicula e mais
recentemente, novamente colocadas no gênero Neofabraea (Jong et al., 2001).
São conhecidas quatro espécies do gênero Neofabraea causadores da podridão
“olho-de-boi” em maçã: N. alba (Guthrie), N. malicorticis (H. Jacks) (Nannf), N.
perennans (Kienholz), e N. spp. (Gariépy et al., 2003). Há também a N. populi, que
causa cancro no gênero Populus, mas não produz sintoma da doença em maçã e pêra
(Gariépy et al., 2003).
No index fungorum da Fundação Cabi Bioscience e Landcare Research na
Inglaterra (Species Fungorum, 2006) foi revisada a sinonímia do Gênero Neofrabraea
como:
Macrophoma curvispora Peck, (1900)
7
Gloesporium malicorticis Cordley, (1900)
Neofabraea malicorticis H. S. Jacks., Rep. Oregon Exp. Sta.:187 (1913)
Gloesporium perennans Zeller & Childs, (1925)
Cryptosporiopsis malicorticis (Cordley) Nannf., Nova Acta R. Soc. Scient.
Upsal., Ser. 4 8(2): 91(1932)
Pezicula malicorticis (H.S.Jacks.) Nannf., Nova Acta R. Soc. Scient.
Upsal., Ser. 4 8(1.2): 92 (1932)
Cryptosporiopsis perennans (Zeller & Childs) Wollenw., (1939)
Neofabraea perennans Kienholz, Journal of Agricultural Research 59:662
(1939)
Cryptosporiopsis curvispora (Peck) Gremmen,: 172 (1959)
Pezicula perennans (Kienholz) Dugan, R.G. Roberts & G.G. Grove,
Mycologia 85(4): 571 (1993).
N. alba é o principal agente causador da podridão “olho-de-boi” em maçãs do
continente europeu, mas é pouco expressiva na América do Norte (Spotts, 1990). N.
malicorticis causa o cancro de antracnose em macieira e é encontrado principalmente
nas áreas mais úmidas do Noroeste do Pacífico, sendo um patógeno agressivo, capaz de
infectar profundamente a madeira. N. malicorticis e N. perennans são consideradas uma
espécie na Europa, mas como espécies distintas na América do Norte. Uma nova
espécie tem sido descrita em estudos filogenéticos de Neofabraea spp., causando cancro
nas árvores e podridão em maçãs sendo representada por isolados da Nova Escócia,
Canadá e um de Portugal (Jong et al, 2001).
Em 1999, Verkley fez uma ampla revisão do gênero Pezicula através de
características morfológicas e moleculares (PCR-RFLP - rDNA), incluindo todos os
isolados dentro do gênero Neofabraea. Contudo, Abeln et al. (2000), conduziu um
8
estudo dos gêneros Pezicula, Dermea e Neofabraea através do sequenciamento parcial
dos genes do RNA ribossomal e concluiu que o nero Neofabraea é uma linhagem
evolutiva separado dos outros gêneros e não pode ser incluído entre o gênero Pezicula.
Mais recentemente, Jong et al. (2001) identificaram 4 espécies novas no gênero
Neofabraea (N. alba, N. malicorticis, N. perennans e uma nova espécie ainda não
descrita) associadas ao cancros das árvores e podridão “olho-de-boi” em maçã. Os
autores encontraram diferenças genéticas entre N. malicorticis e N. perennans
suficientes para separá-las em diferente táxon (gênero).
2.2.3. Sintomatologia
Os sintomas nos frutos (Figura 1) caracterizam-se por podridão de cor marrom-
clara com o centro amarelo-pálido, de forma mais ou menos circular, algumas vezes
com margens marrom-escura ou avermelhadas, deprimidas, de textura firme e
desenvolvimento lento. Internamente, os tecidos apresentam-se desidratados e com
espaços que surgem no centro da lesão, e/ou em outras áreas da podridão. As margens
entre os tecidos doentes e sadios são bem definidas. O centro das áreas infectadas o
muitas vezes de leve coloração alternando com áreas de marrom, dando a característica
aparência de um olho de boi. As frutas raramente são apodrecidas por uma lesão. A
superfície da podridão é muitas vezes de coloração creme coberta de uma massa de
esporos. Nas lesões maiores de 1 cm de diâmetro, ocorre rachadura na epiderme em
conseqüência da desidratação dos tecidos colonizados pelo patógeno (Sanhueza, 2001).
Em pomares com frutas que apresentam a podridão, geralmente encontra-se
cancros nos troncos e ramos com anéis concêntricos de tecidos sobressalentes e, nas
margens, a epiderme se solta dando o aspecto de papel. Os tecidos dos ramos afetados
são de cor marrom-amarelada e podem ser observados ao redor dos cancros e no cerne
9
dos ramos e do tronco. Na superfície dos cancros pode-se também observar os acérvulos
do patógeno (Sanhueza, 2001).
2.2.4. Caracterização do agente causal
A forma e tamanho dos conídios de N. malicorticis mostraram pequenas
diferenças em estudos realizados desde a identificação deste patógeno. Estudos sob
várias condições de desenvolvimento mostraram variações entre 3 a 6µ x 15 a 35µ
(Kienholz, 1939; Verkley, 1999; Abeln et al., 2000).
Segundo Gariépy et al. (2003) as características morfológicas e fisiológicas
dessas espécies são muito similares. Em adição a alta variabilidade morfológica, dois ou
mais desses patógenos podem ocorrer em uma mesma região, o que tem dificultado a
identificação e originado relatos conflitantes.
As culturas podem produzir micélio bastante colorido, exceto em substratos
deficientes em carboidratos, nitrogênio, oxigênio, ou suprimento de luz. A exposição a
luz por poucos minutos induz a formação de micélio colorido. Contaminação por
bactérias compatíveis e alguns fungos geralmente induzem a formação de pigmento
vermelho no ponto de contato (Kienholz, 1939).
Isolados coletados a partir de ramos e frutos no RS e SC, apresentaram colônias
de desenvolvimento lento, 2 a 3 cm após 10 dias de incubação em meio de cultura BDA
a 22ºC, ligeiramente incrustadas no meio, inicialmente de cor branca e, posteriormente,
creme-amarelada ou rosa, com micélio aéreo e pigmentação amarelo-avermelhada
escura difusível no meio de cultura. Os microconídios desenvolvidos em meio de
cultura apresentaram-se, hialinos, unicelulares e com tamanho de 0,41 x 1,17µ. Os
conídios retirados dos acérvulos desenvolvidos nos frutos são oblongos e retos
(Sanhueza, 2001).
10
2.2.5. Epidemiologia
Nas macieiras a infecção de C. perennans pode produzir cancros em ramos ou se
desenvolver saprofiticamente em restos culturais, permitindo que os esporos sejam
produzidos e disseminados por respingos de chuva diretamente sobre os frutos. Sobre os
ramos o patógeno requer ferimentos para poder iniciar o processo de infecção. O fungo
sobrevive nos tecidos infectados adjacentes às bordas dos cancros velhos (Grove et al.,
1992).
A infecção nos frutos pode ocorrer durante todo o ciclo, a partir da queda das
pétalas, mas concentra-se próximo a colheita (An online guide to plant disease control,
2006).
Apesar do patógeno não precisar de ferimentos para iniciar a infecção, o processo
é facilitado pela ocorrência de lesões causadas por granizo, insetos e favorecido pela
alteração da cutícula e das lenticelas causada pelo impacto de fatores ambientais ou de
manejo da cultura na fisiologia da fruta (Sanhueza et al., 1996; Boneti et al., 2001).
As condições propícias para o início da infecção são invernos suaves e alta
pluviosidade, temperatura média de 20°C (Spotts, 1990; Sanhueza, 2001). A podridão se
desenvolve rapidamente entre 18°C a 24°C, mas também ocorre na fruta frigorificada a
0°C. O processo de infecção se inicia pela epiderme lesionada, pelas lenticelas, ou pelas
aberturas naturais como a calicinal e a peduncular.
Em geral, os sintomas surgem em pré e pós-colheita. Os frutos infectados no
chão do pomar contribuem para a formação do inóculo e sobrevivência do fungo. Nos
pomares o fungo sobrevive principalmente nos ramos com cancros. Os conídios do
patógeno são formados nos acérvulos na superfície dos cancros e lavados pela chuva e
11
posteriormente disseminados pelo vento. Os ascósporos são produzidos no apotécio nos
cancros dos ramos com mais de dois anos, estes são ejetados e transportados pelas
correntes de ar (Grove, 1990; Spotts, 1990; Sanhueza, 2004). No Brasil não foi ainda
relatada a ocorrência da fase perfeita de C. perennans (Sanhueza, 2001).
2.2.6. Controle
O controle da doença deve ser iniciado por práticas que visem reduzir o inóculo
primário. É recomendada a retirada dos cancros, visto que neles se desenvolvem as
estruturas do patógeno, remoção dos ramos de poda de inverno e verão e dos frutos do
raleio e a aplicação de fungicidas protetores em pré-colheita, especialmente quando
ocorrem chuvas no fim da primavera-início do verão (Spotts, 1990; Sanhueza,, 2001). A
aplicação de fungicidas protetores em pós-colheita é eficiente no controle, porém
possivelmente não alcance o patógeno, pois o mesmo, provavelmente, está infectando
tecidos profundos das lenticelas ocasionados pelas infecções precoces de início da estação
de cultivo (An online guide to plant disease control, 2006). Os cortes dos ramos devem ser
protegidos por uma pasta fungicida. É constatado, porém, que essas medidas trazem retorno
em pomares com pouca infecção, mas não naqueles onde a incidência da doença é mais
intensa (Sanhueza, 2001).
O resfriamento rápido das frutas diminui o avanço das infecções e a extensão da
infecção nas maçãs pode ser estimado mantendo as amostras em temperaturas de 18
21°C e umidade relativa do ar próximo da saturação por um período de 30 dias e assim
prever o nível de infecção das amostras e prever com antecedência o tempo médio de
armazenamento da produção da estação de cultivo. O controle das condições de
armazenamento, com oxigênio em torno de 1%, reduz a incidência e severidade da
podridão “olho-de-boi” (Spotts, 1990).
12
3. PRODUÇÃO DE CONÍDIOS E CRESCIMENTO MICELIAL DE ISOLADOS
DE Cryptosporiopsis perennans EM DIFERENTES MEIOS DE CULTURA
RESUMO
Nove isolados de C. perennans foram cultivados nos meios de cultura batata-dextrose-
ágar (BDA), ágar extrato de malte (AEM) e ágar suco de tomate V8 (V8). Após 3 e 13
dias de incubação a 21°C com fotoperíodo de 12 horas, foi avaliada a produção de
conídios e o tamanho das colônias. Verificou-se que os efeitos dos meios de cultura
variaram dependendo do isolado e não se observaram tendências semelhantes para as
duas características avaliadas. Verificou-se que no meio de cultura V8 todos os isolados,
com exceção do 6, apresentaram maior crescimento inicial. O isolado 6 apresentou
maior crescimento micelial inicial no meio de cultura BDA. Aos 13 dias o tamanho das
colônias foi maior no meio de cultura V8 para os isolados 1, 2, 4, 5, 8 e 9; o isolado 3
cresceu igualmente nos meios V8 e BDA e os isolados 6 e 7 tiveram crescimento
micelial similar nos meios V8 e AEM. A maior produção de conídios foi observada nos
isolados 2, 4 e 8 quando utilizado o meio AEM. O meio de cultura V8 exerceu maior
estímulo à produção de conídios nos isolados 3, 5, 6, 7 e 9. Os meios V8 e AEM
proporcionaram maior estímulo ao desenvolvimento e produção de conídios da maior
parte dos isolados de C. perennans. Em todos os meios de cultivos os isolados
estudados apresentaram conídios fusiformes
Palavras-chave: podridão “olho-de-boi”, crescimento in vitro, desenvolvimento
conidial.
13
INTRODUÇÃO
A podridão “olho-de-boi” de maçãs e o cancro de ramos da macieira, associados
à infecção por Cryptosporiopsis perennans foram descritas no Brasil em 1996 e a
posição taxonômica do agente causal foi confirmada pelo Instituto Micológico da
Holanda (CBS) (Sanhueza et al., 2006).
A infecção das maçãs ocorre no pomar, mas o patógeno permanece latente,
vindo a desenvolver os sintomas somente no armazenamento. As lesões nos frutos são
circulares, ligeiramente deprimidas, às vezes com halo marrom-avermelhado e o centro
com a epiderme de cor amarelada. A polpa colonizada é marrom-avermelhada firme,
ligeiramente seca e farinhenta no início e, às vezes, esse setor é circundado por tecidos
úmidos de cor marrom, podendo a doença causar, no Brasil, até 16% de perdas na
cultivar Fuji (Sanhueza, 2001).
Jong et al. (2001) demonstraram com técnicas moleculares que o complexo de
espécies que causam cancros dos ramos e a podridão de frutos de maçãs conhecido
como “olho-de-boi” é constituído por quatro espécies do gênero Neofabraea: N.
perennans (Kienholz), N. malicorticis (H. Jacks.) (Nannf), N. alba (Guthrie) e
Neofabraea spp. Os anamorfos relatados para N. perennans e N. malicorticis são
Cryptosporiopsis perennans e Cryptosporiopsis curvispora, respectivamente. Para N.
alba o anamorfo relatado é Phlyctema vagabunda, tendo como sinônimo Gloesporium
album .
No Brasil, até o presente, somente foi constatada C. perennans, mas é provável
que, como ocorre em outras regiões produtoras de maçãs do mundo, estudos mais
14
abrangentes dos isolados associados a esta doença possam mostrar a presença de outras
espécies.
As características morfológicas e fisiológicas diferenciais dessas espécies são
pouco claras. A identificação é baseada em critérios convencionais com diferenças
tênues e isto juntamente com a alta variabilidade morfológica das espécies descritas
interfere na definição precisa da posição taxonômica dos isolados associados ao sintoma
originando relatos conflitantes (Gariépy et al., 2003).
Estudos feitos por Kienholz (1939) e posteriormente por Dugan et al. (1993)
compararam a morfologia de colônias e conídios dos isolados de C. perennans e C.
curvispora. Os macroconídios produzidos em meio de cultura BDA pela espécie C.
curvispora apresentaram-se altamente curvados, diferindo da espécie C. perennans. No
meio de cultura V8-aveia, os conídios de C. perennans e C. curvispora produzidos
diferiram significativamente sendo que os de C. curvispora apresentaram largura média
de 1,9 µ, enquanto os conídios de C. perennans mediram 1,6 µ. Foi observado pelos
autores que os isolados de C. curvispora cultivados em BDA produziram grande
quantidade de estromas pulverulentos quando as culturas ficaram mais velhas, sendo
que somente a espécie C. perennans produziu sinêmios sem ápices expandidos no meio
de cultura V8-aveia.
O uso de meio de cultura sintético na forma líquida foi considerado impraticável
para N. malicorticis e para G. perennans (Kienholz, 1939). Quando inoculado
diretamente no nutriente líquido ou sobre materiais boiantes designados para manter o
fungo na superfície, o crescimento resultante ocorreu abaixo da superfície. Em ágar ou
meios sintéticos solidificados com ágar, nos quais nenhum tipo de carboidrato foi
adicionado, o fungo cresceu hialino, com colônias visíveis.
15
Diferenças no comportamento dos patógenos em meio de cultura pode ter
significância taxonômica (Hawksworth, 1974, citado por Dugan et al., 1993) e a
caracterização de isolados de diferentes origens poderá contribuir na caracterização do
patógeno no país. Assim, foi mostrado quando comparadas as espécies G. perennans, G.
album e G. fructigenum em ágar extrato de malte 2% a maior taxa de crescimento foi
observada pelo isolado de G. fructigenum (Wilkinson, 1945).
O objetivo deste trabalho foi avaliar o crescimento micelial e a produção de
conídios de nove isolados de C. perennans associados à podridão “olho-de-boi”
cultivados nos meios de cultura batata-dextrose-ágar acidificado (BDAac) , ágar extrato
de malte (AEM) e ágar suco V8 (V8).
MATERIAL E MÉTODOS
Meios de cultura utilizados: Foram preparados os meios de cultura: a) BDA - Batata-
Dextrose-Ágar (10g de dextrose, 18g de ágar, 300 ml de caldo de batata e 700 ml de
água destilada), acidificado com ácido lático a pH 4,5; b) V8 - meio de ágar com suco
V8 (200 ml de V8, 3g de CaCO
3
, 17g de ágar e 800ml de água destilada); c) AEM -
extrato de malte (25 g de extrato de malte, 17g de ágar e 1000ml de água destilada).
Obtenção dos isolados: Os isolados foram obtidos de frutos com sintomas de podridão
“olho-de-boi” em maçãs da cultivar Fuji de diferentes pomares e regiões do Sul do
Brasil. Estes isolados pertencem à coleção da Embrapa Uva e Vinho (Tabela 1).
Para o isolamento, os frutos foram desinfestados superficialmente com álcool
etílico hidratado 92° e lavados com água destilada esterilizada. Fragmentos de tecidos
com a podridâo olho-de-boi” foram retirados das margens das lesões e colocados em
meio de cultura BDA contido em placas de Petri as que foram incubadas a 21ºC com
16
fotoperíodo de 12 horas. Após o crescimento das colônias, culturas monospóricas de
cada isolado foram transferidas para tubos de vidro com BDA e preservados a 4°C.
TABELA 1. Origem dos isolados de Cryptosporiopsis perennans de maçãs ‘Fuji’
Origem dos isolados Código Ano da coleta
Tainhas/RS Cp1 2002
Tainhas/RS Cp2 2002
Tainhas/RS Cp3 2002
Vacaria/RS Cp4 2002
Fraiburgo/SC Cp5 2003
Vacaria/RS Cp6 2002
Vacaria/RS Cp7 2003
Vacaria/RS Cp8 2003
Fraiburgo/SC Cp9 2002
Cultivo dos isolados nos diferentes meios de culturas: As colônias dos isolados do
patógeno foram inicialmente cultivadas em BDA ácido e incubadas durante 14 dias,
com fotoperíodo de 12 horas e temperatura de 21ºC. Nas placas de Petri, com os
diferentes meios de cultura, foi substituído um disco central com 5 mm de diâmetro por
outro com o mesmo diâmetro com o micélio de cada isolado. As placas foram incubadas
a 21°C com fotoperíodo de 12 horas.
As avaliações iniciais e finais do diâmetro das colônias foram feitas aos 3 e 13
dias de incubação. Esta medida constou do registro de dois diâmetros perpendiculares
feitos com paquímetro digital (Mitutoyo). A produção de conídios pelos isolados nos
diferentes meios de cultura foi determinada em um disco de micélio de 1,5 cm de
17
diâmetro retirado da região central de cada colônia. Os conídios foram retirados dos
discos de meio de cultura com bastão de vidro, e suspendidos em 3 ml de água destilada
esterilizada com Tween 80 (0,001%). Foi utilizado 0,5 ml desta suspensão para a
contagem de conídios em câmara de Newbauer.
Delineamento experimental e análise dos dados: Foi utilizado delineamento
inteiramente casualisado com 4 repetições, cada uma constituída por uma placa de Petri.
Os dados foram analisados como experimento fatorial (9 isolados e três meios de
cultura). Foi realizado teste F seguido de contraste de médias (P<0,05) para as variáveis
diâmetro das colônias e produção de conídios.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após as análises estatísticas, foram observadas diferenças significativas
(P<0,05) para a produção de conídios e para o crescimento micelial dos nove isolados
de C. perennans nos 3 meios de cultura avaliados: BDAac, AEM e V8. Os dados
referentes ao crescimento micelial dos nove isolados de C. perennans nos diferentes
meios de cultura são apresentados nas Tabelas 2 e 3.
No meio de cultura V8 foi observado o maior tamanho das colônias após 3 dias
de incubação para todos os isolados exceto para o isolado 6, que apresentou maior
crescimento em meio BDA (Tabela 2). Aos 13 dias de incubação as colônias dos
isolados 1, 4, 5, 7 e 8 foram maiores no meio V8. O menor tamanho de colônia neste
período foi verificado no isolado 5 no meio de cultura BDA. Estudos prévios sobre
desenvolvimento de N. malicorticis e G. perennans em meio BDA demonstraram que
este meio propiciou crescimento regular para ambas as espécies, e que o pH do meio foi
18
importante no desenvolvimento dos fungos, pois o crescimento foi inibido quando
utilizado meio BDA com pH abaixo de 3 ou acima de 11,8 (Miller, 1932).
Dos nove isolados avaliados somente os isolados 4, 5 e 8 não apresentaram
diferença significativa no crescimento das colônias aos três dias de incubação nos meios
BDA x AEM, e somente o isolado 6 não mostrou diferença no crescimento micelial
inicial quando comparado nos meios de cultura AEM eV8 (Tabela 3). Os isolados 1, 2,
3, 7 e 9 apresentaram diferente crescimento micelial, aos três dias de incubação, entre os
três meios de cultura avaliados.
Na avaliação final, os isolados 1, 2, 3, 5 e 9 não apresentaram diferenças no
tamanho das colônias quando comparou-se os meios BDA x AEM (Tabela 3). Quando
comparados os meios de cultura AEM x V8, os isolados 6 e 7 não mostraram diferenças
significativas. Para os meios BDA x V8 somente o isolado 3 não apresentou diferença
significativa no tamanho das colônias. Os resultados obtidos confirmam a variabilidade
previamente citada para esta espécie em outros trabalhos (Dugan et al., 1993) e
mostram que o estímulo diferencial observado em alguns isolados por um dos meios de
cultura nem sempre se mantém quando avaliado aos 13 dias de cultivo.
A produção de conídios no meio de cultura V8 foi maior nos isolados 3, 5, 6, 7 e
9 (Figura 2). O meio de cultura V8 apresenta grande riqueza nutricional e maior
quantidade de carboidratos complexos. Estas características são consideradas capazes de
induzir a reprodução de muitos fungos (Lukens, 1963). O meio de cultura extrato de
malte proporcionou a maior produção de conídios para os isolados 1, 2, 4 e 8, sendo
estatisticamente igual ao meio de cultura V8 para o isolado 2, não diferindo também do
meio de cultura BDA para os isolados 3, 5, 6, 7 e 9 (Figura 2).
19
TABELA 2. Crescimento micelial médio (CMM) de nove isolados de C. perennans
(Cp1 a Cp9) em três meios de cultura (BDA, AEM e V8), após 3 e 13
dias de incubação (CMM inicial e CMM final, respectivamente) a 21ºC e
fotoperíodo de 12 horas
Isolado Meio de cultura CMM inicial (mm)
1
CMM final (mm)
BDA 11,3 ± 0,7 h
2
26,4 ± 1,7 hi
Cp1 AEM 10,2 ± 0,3 ij 28,5 ± 2,5 fgh
V8 14,9 ± 0,2 bc 40,2 ± 3,1 abcd
BDA 11,4 ± 0,7 h 26,8 ± 5,8 hi
Cp2 AEM 10,1 ± 0,4 ij 26,4 ± 1,2 hi
V8 13,8 ± 0,8 de 37,1 ± 0,3 cde
BDA 12,7 ± 0,3 fg 33,3 ± 3,2 efg
Cp3 AEM 10,7 ± 0,4 hi 27,9 ± 1,1 fghi
V8 15,1 ± 0,2 b 35,3 ± 0,6 de
BDA 12, 6 ± 0,3 fg 27,2 ± 3,0 ghi
Cp4 AEM 13,2 ± 0,2 ef 36,1 ± 1,2 cde
V8 17,0 ± 0,3 a 46,0 ± 12,2 a
BDA 9,7 ± 0,7 j 18,9 ± 0,9 k
Cp5 AEM 10,5 ± 0,7 hij 21,7 ± 1,0 ijk
V8 14,2 ± 0,3 cd 45,4 ± 15,3 a
BDA 9,8 ± 0,5 j 24,4 ± 1,7 hijk
Cp6 AEM 8,6 ± 1,4 k 38,3 ± 2,4 bcde
V8 8,4 ± 1,5 k 36,3 ± 2,9 cde
BDA 10,1 ± 0,3 ij 21,9 ± 0,7 ijk
Cp7 AEM 12,3 ± 0,9 g 38,3 ± 2,0 bcde
V8 17,6 ± 0,4 a 44,4 ± 0,8 ab
BDA 10,9 ± 0,3 hi 25,6 ± 2,2 hij
Cp8 AEM 10,9 ± 0,4 hi 33,2 ± 1,8 efg
V8 15,3 ± 0,6 b 42 ± 4,7 abc
BDA 9,7 ± 0,3 j 19,5 ± 1,9 jk
Cp9 AEM 10,6 ± 0,4 hi 21,5 ± 1,1 ijk
V8 13,2 ± 0,3 ef 34,2 ± 6,3 def
1
N° médio ± esvio padrão.
2
Médias segui das pela mesma letra, na mesma coluna, não diferem entre si pelo teste de contraste de
médias (P < 0,05).
20
TABELA 3. Comparação do crescimento micelial médio (CMM) em mm de cada isolado de
C. perennans (Cp1 a Cp9) em três meios de cultura (BDA, AEM e V8), após 3
e 13 dias de incubação (Valor p inicial e Valor p final, respectivamente) a 21ºC
e fotoperíodo de 12 horas
Isolado Meio de cultura Valor p inicial Valor p final
BDA x AEM *
1
0,51
Cp1 BDA x V8 * *
AEM x V8 * *
BDA x AEM * 0,91
Cp2 BDA x V8 * *
AEM x V8 * *
BDA x AEM e * 0,09
Cp3 BDA x V8 * 0,53
AEM x V8 * *
BDA x AEM 0,14 *
Cp4 BDA x V8 * *
AEM x V8 * *
BDA x AEM 0,06 0,40
Cp5 BDA x V8 * *
AEM x V8 * *
BDA x AEM * *
Cp6 BDA x V8 * *
AEM x V8 0,65 0,53
BDA x AEM * *
Cp7 BDA x V8 * *
AEM x V8 * 0,06
BDA x AEM 0,93 *
Cp8 BDA x V8 * *
AEM x V8 * *
BDA x AEM * 0,52
Cp9 BDA x V8 * *
AEM x V8 * *
1
Asterisco (*) indica diferença significativa entre os meios de cultura comparados para o mesmo isolado, pelo
teste de contraste de médias (P < 0,05).
21
FIGURA 2. Número médio de conídios de nove isolados (Cp1 a Cp9) de C. perennans
em três meios de cultura (BDA, Ext. de malte e V8) após 13 dias de
incubação a 21ºC e fotoperíodo de 12 horas, Vacaria, RS.
Comparando-se o crescimento micelial entre o 3° e o 13° dia, a maioria dos
isolados apresentou maior crescimento micelial no meio de cultura V8 (Tabela 2).
Contudo, diferentemente do relatado para C. fructigenum por Wilkinson (1945), os
isolados estudados apresentaram conídios da forma fusiforme e quantidade variável de
microconídios, o que concorda com a descrição da espécie C. perennans descrita em
trabalhos prévios (Kienholz, 1939, Dugan et al., 1993). Esses autores estabelecem que
essa característica morfológica dos conídios de C. perennans se manteve mesmo usando
meios de cultivo Leonian e V8 aveia.
Isolados
Cp1 Cp2 Cp3 Cp4 Cp5 Cp6 Cp7 Cp8 Cp9
Nº médio de conídios
0
200
400
600
800
a
BDA
Ex. Malte
V8
b
bc
c
d
e
f
f
fg
fg
gh
gh
gh
ghi
ghi
hij
hij
ijk
ijk
ijk
jk
jk
jk
jk
jk
k k
22
Devido ao melhor desenvolvimento micelial e produção de conídios verificados
nos meios de cultura V8 e AEM, recomenda-se o uso destes para estudos laboratoriais
com o patógeno C. perennans.
23
4. EFEITO DE FUNGICIDAS NO CRESCIMENTO MICELIAL DE ISOLADOS
DE Cryptosporiopsis perennans
RESUMO
A podridão “olho-de-boi” causa perdas que podem atingir 15 % da fruta frigorificada e
poucas informações no Brasil sobre a sensibilidade de isolados deste patógeno aos
fungicidas. Este trabalho teve como objetivo verificar a eficiência in vitro de fungicidas
no controle de C. perennans. Para tanto, discos de micélio de cada isolado foram
transferidos ao meio de cultura com e sem os fungicidas e após 3 e 13 dias de incubação
a 20ºC foi medido o diâmetro das colônias. Os tratamentos incluíram uma testemunha
sem fungicida e o meio de cultura BDA com as concentrações de 0,1, 1, 2,5, 5, 10 e 20
µg.mL
-1
de cada produto. Os fungicidas testados foram: captan, dithianon, mancozeb,
trifloxistrobin e o hidróxido de cobre. Todos os fungicidas apresentaram-se eficientes
quando comparados a testemunha, porém os fungicidas que melhor controlaram o
crescimento micelial tanto inicial quanto o final foram: dithianon e mancozeb.
Palavras-chave: podridão “olho-de-boi”, sensibilidade, micélio.
24
INTRODUÇÃO
A podridão “olho de boi” causada pelo fungo C. perennans vem causando
perdas crescentes no Sul do Brasil, tanto nas cultivares tardias como nas de maturação
precoce. O desenvolvimento de C. perennans é favorecido em anos com verões
chuvosos, longos períodos de molhamento e temperaturas médias entre 15ºC a 22ºC, e
seus sintomas podem ser constatados no campo, durante a frigoconservação e na
comercialização da fruta.
A podridão nas maçãs é marrom-clara com o centro amarelo-pálido, de forma
mais ou menos circular, às vezes com margens marrom-escuras ou avermelhadas,
deprimida, de textura firme e desenvolvimento lento. Internamente, os tecidos o de
cor marrom amarelado e firme (Sanhueza et al., 2006). A infecção do patógeno pode ser
iniciada ao redor das lenticelas e rachaduras da epiderme, por ferimentos, ou ainda a
partir da cavidade peduncular e calicinar e ao redor dos carpelos.
O controle químico inclui o uso de fungicidas cúpricos no inverno e de
benzimidazóis e protetores em pré-colheita. Outros fungicidas citados na literatura
internacional citam a eficácia do hidróxido de cobre em doses baixas e do euparen,
captan, estrobilurinas, pirimethanil, iminoctadine, procimidone e o fluzilazole (Edney,
1970; Borecki et al.,1971; Jones & Adlwinckle, 1990).
Dados de sensibilidade de isolados de C. perennans, coletados no Brasil,
conduzidos sob condições controladas mostraram o controle do patógeno por
Cryptococcus laurentii, de desinfestantes aos benzimidazóis (Sanhueza, 2001; Blum et
al., 2001).
25
O objetivo desse trabalho foi avaliar a eficiência de cinco fungicidas no controle
do crescimento micelial in vitro do fungo C. perennans, agente etiológico da podridão
“olho de boi”.
MATERIAL E MÉTODOS
Obtenção do isolado: O isolado foi obtido de frutos com sistomas de podridão “olho-
de-boi” em maçã da cultivar Fuji e pertence à coleção da Embrapa Uva e Vinho. Os
frutos foram desinfestados com álcool etílico hidratado 92° e lavados com água
destilada estéril. Fragmentos de tecidos foram retirados das margens das lesões e
transferidos ao meio de cultura batata-dextrose-ágar (BDA) e as placas incubadas em
câmaras de germinação tipo BOD a 21ºC com fotoperíodo de 12 horas. Uma cultura
monospórica foi obtida e ela preservada em BDA acidificado a 4°C.
Bioensaios para avaliar a sensibilidade de C. perennans aos fungicidas: O bioensaio
foi realizado incorporando-se os fungicidas ao meio de cultura. Para obtenção da
solução concentrada, uma quantidade apropriada de cada fungicida foi dissolvida em 5
ml de álcool e em seguida acrescentado 95 ml de água esterilizada. A partir da solução
estoque, procedeu-se a diluição em série e uma amostra da diluição foi incorporada ao
meio de cultura BDA fundente (~45°C) e este foi agitado para homogeneizar seu
conteúdo e se obter a concentração desejada. Os meios foram vertidos em placas de
Petri de 9 cm de diâmetro e após a solidificação do meio, discos de 5 mm de diâmetro
foram retirados do meio de cultura com e sem fungicida e substituídos por discos
contendo micélio do fungo retiradas de colônias desenvolvidas em BDA por 14 dias sob
iluminação contínua com temperatura de 21ºC. As placas foram incubadas, a 21ºC, com
fotoperíodo de 12 horas durante 13 dias. Na avaliação foram medidos o tamanho inicial
26
e final das colônias aos 3 e 13 dias após incubação registrando-se dois diâmetros
perpendiculares usando paquímetro digital. Os tratamentos foram constituídos pelos
seguintes fungicidas: captan (Captan 500 PM), hidróxido de cobre, dithianon (Delan),
mancozeb (Dithane), trifloxistrobin (Flint), em 6 concentrações (0,1, 1, 2., 5, 5, 10 e 20
ppm) e a testemunha sem fungicida. O ingrediente ativo dos fungicidas, seu modo de
ação e concentrações, encontram-se na Tabela 4.
TABELA 4. Fungicidas utilizados nos ensaios do controle in vitro de C. perennans.
Ingrediente ativo Nome
comercial
Grupo químico Modo de
ação
CIA
1
Captan Captan 500PM Dicarboximida Contato 500 g/kg
Hidróxido de cobre
Garra 450PM Inorgânico Contato 691 g/kg
Dithianon Delan Quinona Contato 750 g/kg
Mancozeb Dithane PM Ditiocarbamato Contato 800 g/kg
Trifloxistrobin Flint WG Estrobilurina Parcialmente
sistêmico
500 g/kg
1
Concentração do ingrediente ativo
Delineamento experimental e análise dos dados: O delineamento experimental
utilizado foi inteiramente casualizado com 4 repetições e parcelas experimentais
constituídas por uma placa de Petri. Os dados foram submetidos a análise de variância e
quando significativo, à análise de regressão.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O tamanho inicial das colônias de C. perennans foi afetado de forma diferencial
pelos fungicidas avaliados, exceto pelo trifloxistrobin (Figuras 3 e 4).
27
O captan teve uma resposta quadrática às doses utilizadas para o crescimento
micelial inicial de C. perennans (Figura 3), diferente para o crescimento final que o
apresentou diferença estatística significativa nas diferentes doses (Figura 4). A inibição
do crescimento micelial inicial foi maior a partir da dose de 2,5 ppm e manteve-se
constante para as demais doses (Figura 3), resultado semelhante ao obtido por Sanhueza
et al. (2006) para cinco isolados de C. perennans.
Para o hidróxido de cobre foi observada uma resposta linear para o crescimento
inicial de C. perennans, enquanto que para o crescimento final não houve diferença
estatística significativa nas diferentes doses (Figuras 3 e 4). O menor crescimento
micelial inicial e final foi observado na dose de 10 ppm. A baixa eficiência apresentada
por oxicloreto de cobre foi observada por Fernandes e Santos (1996) para o fungo
hiperparasita de fungos, Ampelomyces quisqualis, e por Tavares e Souza (2005) para o
fungo da antracnose do mamoeiro, Colletotrichum gloeosporioides.
Para o dithianon e o mancozeb foi observada uma resposta linear às doses
utilizadas, tanto para o crescimento micelial inicial quanto para o final de C. perennans
(Figuras 3 e 4). Houve diminuição do crescimento micelial com o aumento da dose
destes fungicidas, sendo as concentrações de 10 e 20 ppm as mais eficientes. Em testes
de eficiência de fungicidas no controle da C. perennans em frutos cv Golden Delicious,
dithianon e mancozeb foram eficazes, porém o mancozeb foi superior ao dithianon
(Sanhueza et al., 2006).
Os resultados obtidos com o fungicida trifloxistrobin demonstraram que o
houve diferença entre as doses utilizadas, mas que o fungicida foi eficiente no controle
do crescimento micelial de C. perennans quando comparado a testemunha (Figuras 3 e
4).
28
FIGURA 3. Efeito de diferentes doses dos fungicidas A (captan), B (cobre), C
(dithianon), D (mancozeb) e E (trifloxistrobin) no crescimento micelial
(mm) de C. perennans após 3 dias de incubação a 21ºC e fotoperíodo de
12 horas, Vacaria, RS.
Dose ppm
0 5 10 15 20
Cresc. inicial (mm) - Mancozeb
7
8
9
10
Y= 9,2x - 1,30
R
2
= 0,85
Dose ppm
0 5 10 15 20
Cresc. inicial (mm) - Trifloxistrobin
7
8
9
10
Dose ppm
0 5 10 15 20
Cresc. inicial (mm) - Dithianon
8
9
10
Y= 8,96x - 6,59
R
2
= 0,73
Dose ppm
0 5 10 15 20
Cresc. inicial (mm) - Cobre
8
9
10
Y= 9,13 - 1,90x + 8,95x
2
R
2
= 0,58
Dose ppm
0 5 10 15 20
Cresc. inicial (mm) - Captan
6
7
8
9
10
11
Y= 8,30 - 8,51x + 1,28x
2
R
2
= 0,78
A B
C D
E
29
FIGURA 4. Efeito de diferentes doses dos fungicidas A (captan), B (cobre), C
(dithianon), D (mancozeb) e E (trifloxistrobin) no crescimento micelial
(mm) de C. perennans após 13 dias de incubação a 21ºC e fotoperíodo de
12 horas, Vacaria, RS.
Estudos realizados em frutos cv Fuji indicaram que a eficiência dos fungicidas
captan (0,24, 0,26 e 0,3%), dithianon (0, 075, 0,085 e 0,1%), hidróxido de cobre (0,05,
0,06 e 0,07%), mancozeb (0,21, 0,25 e 0,3%), e trifloxistrobin (0,0075, 0,0012 0,02%)
na incidência e severidade de C. perennans foi igual para as diferentes doses testadas
Dose ppm
0 5 10 15 20
Cresc. Final (mm) - Captan
14
16
18
20
22
24
26
Dose ppm
0 5 10 15 20
Cresc. Final (mm) - Cobre
22
23
24
25
26
Dose ppm
0 5 10 15 20
Cresc. Final (mm) - Dithianon
18
20
22
24
26
Y= 2,46x - 4,05
R
2
= 0,93
Dose ppm
0 5 10 15 20
Cresc. Final (mm) - Mancozeb
20
22
24
26
28
Y= 25,27x - 0,56
R
2
= 0,71
Dose ppm
0 5 10 15 20
Cresc. Final (mm) - Trifloxistrobin
12
14
16
18
20
22
24
26
A B
C D
E
30
(Sanhueza et al., 2006). Quando testados em pré-colheita em macieiras cv Fuji para
controlar a incidência de C. perennans, os fungicidas dithianon (0,075%), hidróxido de
cobre (0,07%) e mancozeb (2,4%) apresentaram a mesma eficiência, porém houve
tendência de menor eficácia para o hidróxido de cobre (Sanhueza et al., 2006).
A partir do comportamento apresentado pelo isolado de C. perennans em relação
aos fungicidas e concentrações testados, é possível estimar que esses produtos, em
condições de campo, demonstrem resultados diferentes aos obtidos em laboratório.
31
5. EFEITO DA TEMPERATURA E PERÍODO DE INCUBAÇÃO NO
DESENVOLVIMENTO DE Cryptosporiopsis perennans EM MAÇÃS CV FUJI
RESUMO
A podridão “olho-de-boi”, causada por Cryptosporiopsis perennans, é uma das
principais causas de perda de maçãs em pós-colheita. Diante deste fato, o objetivo deste
trabalho foi avaliar o efeito da temperatura e do período de incubação sobre o
desenvolvimento do patógeno. Frutos da cv Fuji foram inoculados com uma suspensão
de conídios de C. perennans e submetidos a incubação em câmara úmida por 8, 12, 16,
20 e 24 horas a temperaturas de 20, 22 e 24ºC. Após 20 dias de incubação, avaliou-se a
incidência e severidade da doença. Houve interação significativa entre a temperatura e o
período de incubação para os índices de incidência e severidade da podridão “olho-de-
boi” nos frutos inoculados. A temperatura e o período de incubação que proporcionaram
maior incidência e severidade do patógeno foi de 22°C e 20 horas de incubação.
Palavras-chave: podridão “olho-de-boi”, incidência, severidade, infecção.
32
INTRODUÇÃO
Dentre as principais causas da redução na produtividade da cultura da maçã
destacam-se as doenças. A podridão “olho-de-boi”, causada pelo fungo
Cryptosporiopsis perennans, tem assumido importância nos últimos anos, podendo
causar perdas de até 16% na cultivar Fuji no Brasil em frutos armazenados (Sanhueza,
2001).
A temperatura e a umidade na superfície do fruto o os fatores ambientais que
afetam mais intensamente o início e o progresso de doenças infecciosas em plantas. Os
patógenos diferem em suas preferências por alta ou baixa temperatura, uma vez que a
mesma afeta a germinação dos esporos fúngicos. A umidade é indispensável para a
germinação da maioria dos esporos e para a penetração do tubo germinativo no
hospedeiro, além de aumentar a suscetibilidade a certos patógenos, afetando a
incidência e a severidade da doença (Agrios, 1997).
Nos pomares, C. perennans sobrevive em cancros, e a infecção dos frutos pode
ocorrer a temperaturas entre 10 e 26ºC, mas o melhor para esse processo é ao redor de
20ºC (Sanhueza, 2001). As chuvas freqüentes, além de eliminar a proteção química,
disponibiliza e dispersa o inóculo e ainda aumenta a suscetibilidade das maçãs à
infecção (Sanhueza, 2001). A doença é geralmente mais severa em anos com chuvas
freqüentes e temperaturas moderadas durante o outono e períodos chuvosos durante a
colheita (Kienholz, 1956).
Dessa forma, torna-se necessário estudar melhor a interação patógeno-
hospedeiro e as condições ambientais que predispõem os frutos ao patógeno. As
variáveis temperatura e tempo de incubação exercem importância crucial tanto na
33
infecção quanto na colonização do patógeno, constituindo as variáveis mais
correlacionadas com resposta biológica (Sutton, 1980; Agrios, 1997).
Diante do exposto, objetivou-se com este trabalho estudar a influência da
temperatura e do período de incubação no desenvolvimento da podridão “olho-de-boi”
em frutos de maçã cv Fuji.
MATERIAL E MÉTODOS
Obtenção do isolado: O isolado foi obtido de frutos com sintomas de podridão “olho-
de-boi” em maçã da cultivar Fuji e pertence à coleção da Embrapa Uva e Vinho. Os
frutos foram desinfestados superficialmente com álcool etílico hidratado 92° e lavados
com água destilada esterilizada. Fragmentos de tecidos foram retirados das margens das
lesões e plaqueados em meio de cultura BDA e as placas incubadas em câmaras de
germinação tipo BOD a 21ºC com fotoperíodo de 12 horas. Após o crescimento do
isolado, o mesmo foi repicado para tubos de ensaio com BDA e, posteriormente,
conservado em geladeira para os estudos subseqüentes.
Desinfestação dos frutos: Foi utilizado frutos da cv Fuji, previamente desinfestados
com álcool etílico 92º. As bandejas onde os frutos foram acondicionados foram lavadas
e igualmente desinfestadas com álcool etílico 92º.
Obtenção da suspensão conidial: Foram adicionados 10 ml de água destilada estéril
sobre a superfície da cultura desenvolvida em placas de Petri com BDA durante 10 a 15
dias em câmara de germinação tipo BOD a 22ºC, com fotoperíodo de 12 horas, cujos
conídios foram removidos mediante a fricção de uma espátula. A suspensão foi filtrada
em camada dupla de gaze esterilizada e, a seguir, procedeu-se sua calibração através de
34
hemocitômetro tipo Neubauer. A concentração da suspensão foi ajustada para 1 x 10
6
conídios/ml.
Inoculação dos frutos: a inoculação consistiu na pulverização dos frutos e, para isso,
foi usado uma bomba de vácuo (aerógrafo). Após a inoculação os frutos foram
submetidos a incubação em mara úmida por 8, 12, 16, 20 e 24 horas a 20ºC, 22ºC e
24ºC. A seguir os frutos foram incubados durante 20 dias à temperatura de 22ºC. Para
formação da mara úmida, as bandejas contendo os frutos foram colocadas em sacos
plásticos transparentes com jornal umedecido em seu interior. Nos frutos
correspondentes à testemunha procedeu-se apenas a pulverização com água destilada
estéril. Na avaliação foi determinado o número de frutos com sintomas (incidência) e o
número de lesões por fruto (severidade).
Delineamento experimental e análise dos dados: foi utilizado delineamento
inteiramente casualizado, constituído de 15 tratamentos com 3 repetições de 8 frutos. A
comparação de médias foi realizada pelo Teste F para modelos lineares generalizados
Poisson (Demétrio, 2001).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Houve diferença significativa entre as diferentes temperaturas utilizadas para os
índices de incidência e severidade da podridão “olho-de-boi” em frutos de maçãs cv
Fuji (P < 0,05, teste Poisson).
A temperatura e período de incubação com o maior índice de incidência (1,67)
de C. perennans foi de 22°C e 20 horas de incubação (Tabela 5). Na comparação entre
todos os tratamentos temperatura vs. horas de incubação, a maior incidência sempre
ocorreu para 22°C e 20 horas (Tabela 6).
35
TABELA 5. Valores médios transformados (MT) e não transformados (MNT) da
incidência de C. perennans em frutos de maçãs cv. Fuji, submetidos a
diferentes temperaturas e tempo de incubação. Vacaria, RS
Temperatura
(°C)
Horas
incubação
MT
1
incidência
MNT
2
incidência
20 8 0,98
*3
2,66
20 12 0,98
*
2,66
20 16 0,28
*
1,33
20 20 0,84
*
2,33
20 24 1,54
*
4,66
22 8 1,29
*
3,66
22 12 1,20
*
3,33
22 16 0,51
*
1,66
22 20 1,67
*
5,33
22 24 1,46
*
4,33
24 8 0,98
*
2,66
24 12 0,98
*
2,66
24 16 0,98
*
2,66
24 20 1,46
*
4,33
24 24 1,29
*
3,66
1
médias transformadas log (x) – Poisson
2
médias não transformadas
3
indica diferença estatística entre médias na mesma coluna pelo teste de Poisson (P > 0,05)
TABELA 6. Efeito da interação entre temperatura e tempo de incubação na incidência
de C. perennans em frutos de maçãs cv. Fuji, Vacaria/RS
Interação Temp. (°C) Horas Temp. (°C) Horas Diferença
entre
médias
P
Temp*horas 20 8 20 12 0 ns
1
Temp*horas 20 8 20 16 0,6931 *
Temp*horas 20 8 20 20 0,1335 *
Temp*horas 20 8 20 24 -0,5596 *
Temp*horas 20 8 22 8 -0,3185 *
Temp*horas 20 8 22 12 -0,2231 *
36
Temp*horas 20 8 22 16 0,4700 *
Temp*horas 20 8 22 20 -0,6931 *
Temp*horas 20 8 22 24 -0,4855 *
Temp*horas 20 8 24 8 0 ns
Temp*horas 20 8 24 12 -0,0000 ns
Temp*horas 20 8 24 16 0 ns
Temp*horas 20 8 24 20 -0,4855 *
Temp*horas 20 8 24 24 -0,3185 *
Temp*horas 20 12 20 16 0,6931 *
Temp*horas 20 12 20 20 0,1335 *
Temp*horas 20 12 20 24 -0,5596 *
Temp*horas 20 12 22 8 -0,3185 *
Temp*horas 20 12 22 12 -0,2231 *
Temp*horas 20 12 22 16 0,4700 *
Temp*horas 20 12 22 20 -0,6931 *
Temp*horas 20 12 22 24 -0,4855 *
Temp*horas 20 12 24 8 0 ns
Temp*horas 20 12 24 12 -0,0000 *
Temp*horas 20 12 24 16 0 ns
Temp*horas 20 12 24 20 -0,4855 *
Temp*horas 20 12 24 24 -0,3185 *
Temp*horas 20 16 20 20 -0,5596 *
Temp*horas 20 16 20 24 -1,2528 *
Temp*horas 20 16 22 8 -1,0116 *
Temp*horas 20 16 22 12 -0,9163 *
Temp*horas 20 16 22 16 -0,2231 *
Temp*horas 20 16 22 20 -1,3863 *
Temp*horas 20 16 22 24 -1,1787 *
Temp*horas 20 16 24 8 -0,6931 *
Temp*horas 20 16 24 12 -0,6931 *
Temp*horas 20 16 24 16 -0,6931 *
Temp*horas 20 16 24 20 -1,1787 *
Temp*horas 20 16 24 24 -1,0116 *
Temp*horas 20 20 20 24 -0,6931 *
Temp*horas 20 20 22 8 -0,4520 *
Temp*horas 20 20 22 12 -0,3567 *
Temp*horas 20 20 22 16 0,3365 *
Temp*horas 20 20 22 20 -0,8267 *
Temp*horas 20 20 22 24 -0,6190 *
Temp*horas 20 20 24 8 -0,1335 *
Temp*horas 20 20 24 12 -0,1335 *
Temp*horas 20 20 24 16 -0,1335 *
Temp*horas 20 20 24 20 -0,6190 *
Temp*horas 20 20 24 24 -0,4520 *
Temp*horas 20 24 22 8 0,2412 *
Temp*horas 20 24 22 12 0,3365 *
Temp*horas 20 24 22 16 1,0296 *
37
Temp*horas 20 24 22 20 -0,1335 *
Temp*horas 20 24 22 24 0,0741 *
Temp*horas 20 24 24 8 0,5596 *
Temp*horas 20 24 24 12 0,5596 *
Temp*horas 20 24 24 16 0,5596 *
Temp*horas 20 24 24 20 0,0741 *
Temp*horas 20 24 24 24 0,2412 *
Temp*horas 22 8 22 12 0,0953 *
Temp*horas 22 8 22 16 0,7885 *
Temp*horas 22 8 22 20 -0,3747 *
Temp*horas 22 8 22 24 -0,1671 *
Temp*horas 22 8 24 8 0,3185 *
Temp*horas 22 8 24 12 0,3158 *
Temp*horas 22 8 24 16 0,3185 *
Temp*horas 22 8 24 20 -0,1671 *
Temp*horas 22 8 24 24 -0,0000 ns
Temp*horas 22 12 22 16 0,6931 *
Temp*horas 22 12 22 20 -0,4700 *
Temp*horas 22 12 22 24 -0,2624 *
Temp*horas 22 12 24 8 0,2231 *
Temp*horas 22 12 24 12 0,2231 *
Temp*horas 22 12 24 16 0,2231 *
Temp*horas 22 12 24 20 -0,2624 *
Temp*horas 22 12 24 24 -0,0953 *
Temp*horas 22 16 22 20 -1,1632 *
Temp*horas 22 16 22 24 -0,9555 *
Temp*horas 22 16 24 8 -0,4700 *
Temp*horas 22 16 24 12 -0,4700 *
Temp*horas 22 16 24 16 -0,4700 *
Temp*horas 22 16 24 20 -0,9555 *
Temp*horas 22 16 24 24 -0,7885 *
Temp*horas 22 20 22 24 0,2076 *
Temp*horas 22 20 24 8 0,6931 *
Temp*horas 22 20 24 12 0,6931 *
Temp*horas 22 20 24 16 0,6931 *
Temp*horas 22 20 24 20 0,2076 *
Temp*horas 22 20 24 24 0,3747 *
Temp*horas 22 24 24 8 0,4855 *
Temp*horas 22 24 24 12 0,4855 *
Temp*horas 22 24 24 16 0,4855 *
Temp*horas 22 24 24 20 -0,0000 ns
Temp*horas 22 24 24 24 0,1671 *
Temp*horas 24 8 24 12 -0,0000 ns
Temp*horas 24 8 24 16 0 ns
Temp*horas 24 8 24 20 -0,4855 *
Temp*horas 24 8 24 24 -0,3185 *
38
Temp*horas 24 12 24 16 0 ns
Temp*horas 24 12 24 20 -0,4855 *
Temp*horas 24 12 24 24 -0,3185 *
Temp*horas 24 16 24 20 -0,4855 *
Temp*horas 24 16 24 24 -0,3185 *
Temp*horas 24 20 24 24 0,1671 *
1
(ns): não houve diferença estatística entre os tratamentos, (*): houve diferença estatística pelo teste de
Poisson (P > 0,05)
Para o fator severidade no desenvolvimento de C. perennans, o tratamento 22°C
e 20 horas de incubação também apresentou as maiores médias quando comparado com
os outros tratamentos (Tabelas 7 e 8).
TABELA 7. Valores médios transformados (MT) e não transformados (MNT) da
severidade de C. perennans em frutos de maçãs cv. Fuji. Vacaria/RS
Temperatura Horas incubação MT severidade MNT severidade
20 8 1,09
*1
3,00
20 12 1,84
*
6,33
20 16 0,28
*
1,33
20 20 1,09
*
3,00
20 24 1,79
*
6,00
22 8 1,99
*
7,33
22 12 1,29
*
3,66
22 16 1,29
*
3,66
22 20 2,12
*
8,33
22 24 1,67
*
5,33
24 8 1,54
*
4,66
24 12 1,54
*
4,66
24 16 1,46
*
4,33
24 20 1,79
*
6,00
24 24 1,84
*
6,33
1
indica diferença estatística entre os tratamentos, na mesma coluna, pelo teste de Poisson (P > 0,05)
39
Diversos autores descrevem que as condições ideais para a infecção e o
desenvolvimento da podridão “olho-de-boi” ocorrem entre as temperaturas de 10 -
26°C, principalmente entre 20 - 22°C (Rotem, 1978; Dugan et al., 1993; Sanhueza,
2001). Estudos desenvolvidos com Gloeosporium perennans e N. malicorticis
mostraram que a germinação de esporos das espécies em frutos de maçã aumentou com
o aumento da temperatura de 0 a 15°C, e que o maior crescimento ocorreu a 15, 20 e
25°C, o havendo diferença entre as temperaturas para ambas as espécies (Miller,
1932). A infecção por Pezicula malicortis nas lenticelas em frutos de maçã mostrou-se
mais rápida ao redor de 20°C, mas o desenvolvimento ocorreu até mesmo a 0°C (Ogawa
e English, 1991).
TABELA 8. Efeito da interação entre temperatura e tempo de incubação na severidade
de C. perennans em frutos de maçãs cv. Fuji. Vacaria/RS
Interação Temp. (
0
C)
Horas Temp. (
0
C) Horas Diferença
entre
médias
P
Temp*horas 20 8 20 12 -0,7472 *
1
Temp*horas 20 8 20 16 0,8109 *
Temp*horas 20 8 20 20 0 ns
2
Temp*horas 20 8 20 24 -0,6931 *
Temp*horas 20 8 22 8 -0,8938 *
Temp*horas 20 8 22 12 -0,2007 *
Temp*horas 20 8 22 16 -0,2007 *
Temp*horas 20 8 22 20 -1,0217 *
Temp*horas 20 8 22 24 -0,5754 *
Temp*horas 20 8 24 8 -0,4418 *
Temp*horas 20 8 24 12 -0,4418 *
Temp*horas 20 8 24 16 -0,3677 *
Temp*horas 20 8 24 20 -0,6931 *
Temp*horas 20 8 24 24 -0,7472 *
Temp*horas 20 12 20 16 1,5581 *
Temp*horas 20 12 20 20 0,7472 *
Temp*horas 20 12 20 24 0,0541 *
Temp*horas 20 12 22 8 -0,1466 *
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Temp*horas 20 12 22 16 0,5465 *
40
Temp*horas 20 12 22 20 -0,2744 *
Temp*horas 20 12 22 24 0,1719 *
Temp*horas 20 12 24 8 0,3054 *
Temp*horas 20 12 24 12 0,3054 *
Temp*horas 20 12 24 16 0,3795 *
Temp*horas 20 12 24 20 0,0541 *
Temp*horas 20 12 24 24 -0,0000 ns
Temp*horas 20 16 20 20 -0,8109 *
Temp*horas 20 16 20 24 -1,5041 *
Temp*horas 20 16 22 8 -1,7047 *
Temp*horas 20 16 22 12 -1,0116 *
Temp*horas 20 16 22 16 -1,0116 *
Temp*horas 20 16 22 20 -1,8326 *
Temp*horas 20 16 22 24 -1,3863 *
Temp*horas 20 16 24 8 -1,2528 *
Temp*horas 20 16 24 12 -1,2528 *
Temp*horas 20 16 24 16 -1,1787 *
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Temp*horas 20 16 24 24 -1,5581 *
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Temp*horas 20 20 22 12 -0,2007 *
Temp*horas 20 20 22 16 -0,2007 *
Temp*horas 20 20 22 20 -1,0217 *
Temp*horas 20 20 22 24 -0,5754 *
Temp*horas 20 20 24 8 -0,4418 *
Temp*horas 20 20 24 12 -0,4418 *
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Temp*horas 20 24 22 8 -0,2007 *
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Temp*horas 20 24 24 24 -0,0541 *
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Temp*horas 22 8 24 12 0,4520 *
Temp*horas 22 8 24 16 0,5261 *
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Temp*horas 22 8 24 20 0,2007 *
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Temp*horas 22 12 22 20 -0,8210 *
Temp*horas 22 12 22 24 -0,3747 *
Temp*horas 22 12 24 8 -0,2412 *
Temp*horas 22 12 24 12 -0,2412 *
Temp*horas 22 12 24 16 -0,1671 *
Temp*horas 22 12 24 20 -0,4925 *
Temp*horas 22 12 24 24 -0,5465 *
Temp*horas 22 16 22 20 -0,8210 *
Temp*horas 22 16 22 24 -0,3747 *
Temp*horas 22 16 24 8 -0,2412 *
Temp*horas 22 16 24 12 -0,2412 *
Temp*horas 22 16 24 16 -0,1671 *
Temp*horas 22 16 24 20 -0,4925 *
Temp*horas 22 16 24 24 -0,5465 *
Temp*horas 22 20 22 24 0,4463 *
Temp*horas 22 20 24 8 0,5798 *
Temp*horas 22 20 24 12 0,5798 *
Temp*horas 22 20 24 16 0,6539 *
Temp*horas 22 20 24 20 0,3285 *
Temp*horas 22 20 24 24 0,2744 *
Temp*horas 22 24 24 8 0,1335 *
Temp*horas 22 24 24 12 0,1335 *
Temp*horas 22 24 24 16 0,2076 *
Temp*horas 22 24 24 20 -0,1178 *
Temp*horas 22 24 24 24 -0,1719 *
Temp*horas 24 8 24 12 0 ns
Temp*horas 24 8 24 16 0,0741 *
Temp*horas 24 8 24 20 -0,2513 *
Temp*horas 24 8 24 24 -0,3054 *
Temp*horas 24 12 24 16 0,0741 *
Temp*horas 24 12 24 20 -0,2513 *
Temp*horas 24 12 24 24 -0,3054 *
Temp*horas 24 16 24 20 -0,3254 *
Temp*horas 24 16 24 24 -0,3795 *
Temp*horas 24 20 24 24 -0,5141 *
1
(ns): não houve diferença estatística entre os tratamentos, (*): houve diferença estatística pelo teste de
Poisson (P > 0,05)
Nas condições climáticas do sul do Brasil, este patógeno encontra condições
favoráveis para a infecção de frutos nos pomares, pois a temperatura média encontra-se
42
próxima a 22°C. Temperaturas extremas ou limítrofes são responsáveis por aumentar o
tempo para iniciar a infecção ou ainda atuam de maneira direta nos seus componentes,
como por exemplo, aumentando o período latente e de incubação (Rotem, 1978).
Os resultados obtidos nesse estudo indicam que a metodologia pode ser adotada
por produtores de maçã como uma forma de previsão da incidência de C. perennans nos
frutos. A constatação prévia de alta incidência da podridão “olho-de-boi” permite ao
produtor antecipar a comercialização dos frutos, evitando o armazenamento por longo
período.
6. CONCLUSÕES GERAIS
1. Os meios de cultura AEM e V8 podem ser indicados para a produção de micélio e
para induzir a esporulação de Cryptosporiopsis perennans em laboratório.
2. Existe diferença entre isolados de C. perennans no que diz respeito a produção de
inóculo.
3. Os fungicidas dithianon e mancozeb proporcionaram maior inibição do crescimento
micelial de C. perennans.
4. Temperatura de 22°C e período de incubação de 20 horas são requeridos para haver
infecção de frutos por C. perennans em câmaras de incubação.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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