Esposa 2(f20): Eu fico pensando... tem o lado difícil por ele ser tão diferente de
mim, que acaba complicando um pouco, e tem um lado legal, que eu sou mais
devagar... e ele empurra. Já pensou se fosse uma pessoa parada igual a mim? Tem
o lado bom e o lado ruim.
Marido 2(f21): Quando a gente começou a namorar, de tudo ela tinha medo. Hoje
ela pega, sai com o carro, mas antes...meu Deus do céu, era triste!!! Eu tinha que
ficar sempre cobrando, faz isso, faz aquilo, tinha que ficar cobrando, empurrando
para ela fazer as coisas... e ela achando que nada iria dar certo. Tem hora que eu
faço a coisa sem pensar muito, vou lá e faço.
Esposa 2(f21): Apesar do medo de não dar certo eu não me sinto uma pessoa
negativa, sempre acho que tem que pensar que vai. Mas o medo de não dar
certo... faz com que eu recue.
Marido 2(f22): Eu não sei não... eu nunca tive medo das coisas, sempre quis
resolver as coisas... eu tenho uma irmã mais velha do que eu, sou eu e mais dois,
somos em quatro irmãos. Dos homens eu sou o mais velho e eu sempre quis
mandar em todo mundo, até na minha irmã mais velha que eu, e o pior é que
mandava... até apanhei muito, batia mesmo... eu corria atrás das coisas. Ela me
conhece, eu nunca fiquei parado... eu tinha catorze anos, vendia e comprava,
trabalhava... ganhava dinheiro... eu penso rápido, tenho uma memória boa. Pode
acontecer uma coisa comigo, 10, 15 anos atrás que eu lembro bem. A gente já está
junto há 13 anos e tudo o que aconteceu na vida da gente eu lembro, pergunto
para ela se ela lembra também. Ela diz...imagina, você não fez isso, não disse nada
disso, etc... tinha que ter um gravador...(risos). Às vezes eu estou conversando
uma coisa com a mãe dela e ela fica brava dizendo que eu não havia contado a
mesma coisa para ela, mas é que ela não lembra.
Esposa 2(f22): É que a gente mora no mesmo quintal que a minha mãe, e às vezes
eu pergunto para ele se tem alguma coisa para me contar, quando volta do
serviço, e como ele já contou pra ela primeiro, ele se esquece que não contou para
mim. Está certo que a memória dele é muito boa, melhor do que a minha, mas
nem sempre isso acontece. Sabe, eu tenho muito medo de que o tratamento não dê
certo, não só pelo bebê, mas medo do que vai acontecer com a gente. Eu acho que
dá para se acostumar e dá para continuar vivendo da maneira com que a gente
está vivendo. Caso não dê certo... se der, ótimo... tudo o que a gente pensou
vamos poder estar colocando em prática... mas se não der, como é que a gente vai
viver? Essa é minha visão... dá pra se viver assim, sem filhos... porque até então a
gente não sabe como é, a gente vai continuar naquele ritmo, a gente não vai
conquistar isso que a gente está querendo, mas vai conquistar outras coisas. Pelo o
que ele fala... ele se pergunta para que ele vai continuar a trabalhar, conseguir ter
a minha casa, o meu carro se eu não tenho para quem deixar. Então para ele pesa
o outro lado que para mim não pesa, não cabe pensar agora, só mais para frente.
Tocar a vida, a vida não pára. A gente não pode sofrer por antecipação. A gente
está sofrendo... pode ser que chegue uma hora que a gente não tenha mais
recursos (econômicos) para isso, a gente vai parar de viver. Eu penso assim.
Marido 2 (f23): Eu não sei o que vai acontecer. Eu gosto de desafios, eu gosto de
coisas novas. Vai que não de certo e a gente não consiga o filho da gente, vai ser
muito complicado para mim. Porque como eu falei ... a gente está com uma vida