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A ATIVIDADE TURÍSTICA E A PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E
CULTURAL NA ESTRADA REAL PARATY-CUNHA.
Priscyla Árias Torrentes
Disserta
ção de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-
Gradua
ção em Arquitetura da Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como
parte dos requisitos necess
ários à obtenção do título de Mestre
em Ciências da Arquitetura na área de concentração em:
Planejamento, projeto e preserva
ção de espaços turísticos e de
lazer.
Orientador: Prof.ª Dr.ª Angela Maria Moreira Martins
Rio de Janeiro
Fevereiro 2007
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ii
A ATIVIDADE TURÍSTICA E A PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E
CULTURAL NA ESTRADA REAL PARATY-CUNHA.
Priscyla Árias Torrentes
Orientador(a): Prof.Drª. Ângela Maria Moreira Martins
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Arquitetura da
Faculdade de arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como
parte dos requisitos necess
ários à obtenção do tulo de Mestre em Ciências da Arquitetura
na área de concentração em Planejamento, projeto e preservação de espaços turísticos e
de lazer.
Aprovada por:
_______________________________
Prof.Dr
ª. Ângela M.M.Martins
_______________________________
Prof. Dr. Gilmar Mascarenhas
_______________________________
Prof. Dr. Reiner Rosas
Rio de Janeiro
Fevereiro 2007
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iii
TORRENTES, Priscyla Arias.
A atividade turística e a preservação do patrimônio histórico e
cultural na Estrada Real Paraty - Cunha / Priscyla Arias Torrentes. Rio de
Janeiro: UFRJ/FAU/PROARQ. 2007.
vii, 156f: il; 29,7cm
Orientadora Prof. Drª. Ângela Maria Moreira Martins
Dissertação (Mestrado) UFRJ/FAU/PROARQ. 2007.
Referências Bibliográficas: f. 5
1. Atividade turística. 2. Preservação. 3. Patrimônio histórico e
cultural. 4. Estrada Real Paraty - Cunha. I. MARTINS, Ângela M.M. II.
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo, Programa de Pós-graduação em Arquitetura. III. Título.
iv
RESUMO
A ATIVIDADE TURÍSTICA E A PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E
CULTURAL NA ESTRADA REAL PARATY-CUNHA.
Priscyla Árias Torrentes
Orientador (a): Prof.Drª. Ângela Maria Moreira Martins
A baixa qualidade de vida urbana, ausência ou inadequação de instrumentos de gestão
urbana, desarticulação do poder público, ineficiência dos serviços prestados aos cidadãos,
destruição do espaço urbano e natural são fatores encontrados em sítios históricos
indicando a existência de impactos ocorridos em conseqüência do desenvolvimento urbano
sem planejamento prévio adequado. Sendo assim, a questão principal deste trabalho é
como a atividade turística pode trazer subsídios para a preservação do patrimônio histórico
e cultural da Estrada Real Paraty-Cunha. Seu objetivo principal é estudar as questões
relativas à preservação dos sítios históricos do Caminho do Ouro em Paraty e a atividade
tur
ística neles realizada, assim como analisar o processo de visitação turística nos sítios
históricos estudados, avaliando seus possíveis impactos na integridade dos mesmos e
estudar de que maneiras o planejamento da
área vem sendo realizado.
Palavras-chave:
1. Atividade Turística. 2. Preservação. 3. Patrimônio histórico e cultural. 4. Estrada Real
Paraty - Cunha.
Rio de Janeiro
Fevereiro 2007
ABSTRACT
THE TOURISTIC ACTIVITY AND THE CONSERVATION OF THE HISTORICAL
AND CULTURAL HERITAGE IN THE PARATY CUNHAS ROYAL ROAD
Priscyla Árias Torrentes
Orientador (a): Prof.Drª. Ângela Maria Moreira Martins
The low quality of urban life, absence or the inadequation of the urban gestions instruments,
the disarticulation of the public power, the inefficiency of the services given to the citizens
and the destruction of the urban and natural spaces, are factors found in the historical places
indicating the existence of impacts happened in consequence of the urban development
without a previous adequated planning. Therefore, the main question of this work is
how the
touristic activity can bring subsidies to the conservation of the Paraty-Cunhas Royal Road
Historical and Culturals Heritage. The main objective of this dissertation is to study the
questions concerning the conservation of the
Gold Route in Paraty and its tourist activities
as well as to analyse the tourist visiting process in the historical places studied, guaranteeing
the possible impacts in the integrity of these places and study how the planning of the area is
being done.
Key words:
1. Touristic activity. 2. Conservation. 3. Historical and Cultural Heritage. 4. Paraty Cunhas
Royal Road .
Rio de Janeiro
Fevereiro 2007
vi
DEDICATÓRIA
A meus pais, Luiz Carlos e Ana Maria, e demais familiares, pessoas muito especiais e
sempre presentes, aos quais devo o que sou e o que quero conquistar todos os dias. Amo
muito voc
ês.
A meus amigos, essenciais para dar um grande apoio nas horas mais dif
íceis.
Gostaria n
ão de agradecer, como também dedicar minha dissertação aos amigos que
conquistei durante os dois anos do curso de mestrado e que se tornaram uma turma tão
unida quanto um Sambaqui. Cada um, com seu jeito especial, se tornou parte indissolúvel
de um todo. Sem vocês: Alexandre Vidal, André Coelho, Cláudia Baima, Isabel Rocha,
Marisa Hoirisch, Paula Merlino, Simone Guerra e Taisa Carvalho, o mestrado n
ão teria sido
tão especial.
vii
AGRADECIMENTOS
Agradeço à minha orientadora que com muita paciência e dedicação foi essencial com suas
orientações, críticas e opiniões, sempre visando melhorar o meu trabalho e principalmente a
desenvolv
ê-lo da melhor maneira possível.
Agrade
ço aos colegas do PROARQ, pessoas maravilhosas com quem tive o grande
privilégio de conviver e aprender. Em especial para a Turma Sambaqui, que tenho o
orgulho de dizer que se tornaram amigos para a vida toda: Alexandre Vidal, Andr
é Coelho,
Cl
áudia Baima, Isabel Rocha, Marisa Hoirisch, Paula Merlino, Simone Guerra e Taisa
Carvalho.
Agrade
ço ao corpo docente do PROARQ, em especial aos professores responsáveis pelas
disciplinas cursadas nesse período, que sempre prestaram ajuda com carinho. Um
agradecimento especial a Maria da Guia, Rita e Dion
ísio, responsáveis pela secretaria do
PROARQ, amigos nas horas de correria.
Agrade
ço também às pessoas que ajudaram muito com minha pesquisa, principalmente na
cidade de Paraty; Sra.Cynthia Tarrisse, Sr.Marcos Caetano Ribas e Sr.Armando Fran
ça,
muito obrigada pela colaboração.
SUMÁRIO
Página
FICHAS CATALOGRÁFICAS iii
RESUMO iv
ABSTRACT v
DEDICATÓRIA vi
AGRADECIMENTOS vii
INTRODUÇÃO ....................................................................................................................01
I Fundamentação teórica :
1.1 A atividade turística nos sítios históricos e naturais
.........................................07
1.1.1 O meio ambiente natural..................................................................................10
1.1.2 A atividade tur
ística nos parques nacionais e demais áreas de preservação
ambiental..........................................................................................................................13
1.2 Turismo e Preservação do Patrimônio Cultural...................................................14
II Modelos estudados de caminhos históricos voltados para a atividade turística e a
preservação ambiental:
2.1 Caminho de Santiago de Compostela
...................................................................22
2.2 Caminho do Café no Brasil....................................................................................32
2.3 Caminho do Açúcar no Brasil................................................................................39
2.4 Os Caminhos do Mar / Calçada do Lorena
...........................................................45
2.5 Análise comparativa entre os modelos estudados
.............................................52
III Contextualização
3.1 Dados Históricos
................................................................................................59
3.1.1 O Caminho Velho do Ouro...........................................................................62
3.1.2 O Caminho Novo do Ouro ..........................................................................65
3.1.3 Variantes do Caminho Novo do Ouro..........................................................68
3.1.4 O Caminho dos Diamantes .........................................................................72
3.1.5 O Caminho Velho na atualidade..................................................................73
3.1.5.1 A Casa do Registro............................................................................74
3.1.5.2 An
álise do entorno do Caminho do Ouro...........................................77
3.2 Programa Estrada Real
.....................................................................................79
3.2.1 O Instituto Estrada Real ...............................................................................79
3.2.2 Projetos realizados pelo IER .......................................................................81
3.2.3 A
ções realizadas .........................................................................................85
3.2.3.1 Eventos realizados e festas tradicionais............................................85
3.2.3.2 Melhorias na infra-estrutura...............................................................88
3.2.3.3 A
ções para o Município de Paraty.....................................................93
3.3 Circuitos turísticos de Paraty Cunha.................................................................94
3.3.1 Circuito das
Águas.........................................................................................94
3.3.2 Circuito da Cacha
ça.......................................................................................97
3.3.3 Circuito Gastron
ômico na Estrada Paraty Cunha.......................................98
3.3.4 Circuito da Estrada Real Paraty
Cunha......................................................99
IV
Processo de Visitação Turística nos Sítios Históricos Preservados da Estrada
Real Paraty Cunha:
4.1 Análise do Processo de Visitação
........................................................................107
4.1.1 Sítio 1 Projeto de Revitalização do Caminho do Ouro - Na Trilha da
Hist
ória.........................................................................................................107
4.1.2 S
ítio 2 Sítio Histórico e Ecológico do Caminho do Ouro...........................114
4.2 Análise Comparativa entre os Sítios 1 e 2
4.2.1 Administração................................................................................................122
4.2.2 O uso tur
ístico dos Sítios analisados............................................................123
4.2.3 Perfil do turista visitante................................................................................124
4.2.4 Manuten
ção dos Sítios analisados................................................................125
4.2.5 Resultado das an
álises.................................................................................126
V
Planejamento Turístico nos Sítios Históricos Preservados da Estrada Real Paraty
Cunha:
5.1 O Planejamento Turístico nos Sítios Históricos Preservados da Estrada Real
Paraty
Cunha..........................................................................................................129
5.1.1 Ações realizadas e projetos futuros..................................................................132
5.1.2 An
álise dos Sítios 1 e 2 de acordo com os Modelos Estudados no Capítulo
II........................................................................................................................138
5.1.3 A Atividade Tur
ística e a Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural da
Estrada Real Paraty Cunha...........................................................................140
Considerações finais .........................................................................................................147
Referências bibliográficas ................................................................................................152
Anexos
LISTA DE FIGURAS
Figura Legenda Página
01. Mapa da Estrada Real 03
02. Mapa da Espanha destacando regi
ão dos Caminhos para Santiago de
Compostela.
22
03. Mapa do Caminho Franc
ês. 24
04. Mapa da regi
ão norte da Espanha destacando os Caminhos de Peregrinação,
sendo o Caminho Francês destacado na cor azul.
25
05. Vista da cidade de Santiago de Compostela
Espanha. 26
06. Detalhe da sinaliza
ção do Caminho de Santiago de Compostela. 29
07. Mapa destacando regi
ão do Vale do Paraíba Fluminense e suas fazendas. 32
08. Mapa do estado do Rio de Janeiro destacando a regi
ão do Vale do Paraíba
Fluminense.
33
09. Hotel Fazenda Arvoredo em Barra do Pira
í RJ. 34
10. Mapa destacando regi
ão Norte Fluminense. 39
11. Casa da Fazenda Quissam
ã. 41
12. Restinga e baixada do Parque Nacional de Jurubatiba. 42
13. Imagem a
érea da região da Serra do Mar onde a Calçada do Lorena a
transp
õe.
46
14. Mapa do estado de S
ão Paulo localizando área dos Caminhos do Mar. 47
15. Esquema geral dos
Caminhos do Ouro. 61
16. Imagem da Igreja de Santa Rita e do casario do Centro Hist
órico de Paraty. 64
17. Vista geral da localidade da Vila de Igua
çu e vista da Estrada do Comércio. 68
18. Aspectos da Variante do Caminho Novo na Serra Estrela. 70
19. Mapa da Estrada Real Paraty - Cunha. 75
20. Mapa da Estrada Real com localiza
ção das vilas existentes. 76
21. Unidades m
óveis do Projeto em Minas Gerais. 84
22. Display e Totem de sinaliza
ção utilizados no Projeto. 89
23. Placas de sinaliza
ção rodoviária. 91
24. Mapa da Estrada Real com trechos j
á sinalizados demarcados em vermelho. 92
25. Mapa da regi
ão de Paraty destacando os atrativos da área. 100
26. Cal
çamento preservado no Sítio Histórico-Ecológico do Caminho do Ouro. 101
27. Vistas da Fazenda Murycana. 101
28. Cachoeira do Tobog
ã e Trilha do Caminho do Ouro. 102
29. Mapa da regi
ão de Cunha destacando os atrativos da área. 103
30. Vista da baia de Paraty 104
31. Cachoeira do Martins 104
32. Foto da entrada do Centro de Informa
ções Turísticas 108
33. Mapa do trecho localizado no Sitio 1 do Caminho do Ouro de Paraty 109
34. Foto da entrada do Centro de Informa
ções Turísticas com destaque para o 2°
Marco da Estrada Real.
110
35. Foto do cal
çamento preservado no sítio 1. Primeira imagem contendo
calçamento do séc.XVIII e segunda imagem contendo calçamento do séc.XIX.
111
36. Foto do cal
çamento preservado no sítio 1, onde chuvas destruíram parte do
caminho.
111
37. Foto da roda de farinha existente no Alambique Engenho D
Ouro. 113
38. Foto do Alambique Engenho D
Ouro. 113
39. Foto a
érea mostrando a estrada Paraty - Cunha e o Caminho do Ouro. 114
40. Mapa ilustrativo de acesso ao s
ítio prospectado. 117
41. Foto da ba
ía de Paraty vista do alto da trilha do Caminho do Ouro. 119
42. Foto do Caminho do Ouro com destaque para a vegeta
ção no entorno. 120
43. Foto das ru
ínas da Casa do Registro no sítio 2. 121
44. Foto do Ateli
ê do Caminho do Ouro no Sítio 2. 125
45. Foto do marco da Estrada Real em frente ao Centro de Informa
ções Turísticas
do Caminho do Ouro.
133
46. Foto do Marco Zero da Estrada Real na Pra
ça do Chafariz no Centro Histórico
de Paraty.
133
47. Foto Chafariz do Pedreira. 136
48. Foto do port
ão de Ferro da Cidade 137
LISTA DE TABELAS
Tabela Página
01. Serviços de infra-estrutura referentes ao Caminho de Santiago de
Compostela.
31
02. Servi
ços de infra-estrutura referentes ao Caminho do Café. 38
03. Servi
ços de infra-estrutura referentes ao Caminho do Açúcar. 44
04. Quadro sin
óptico referente aos modelos de caminhos estudados. 53
05. Quadro dos eventos realizados no munic
ípio de Paraty. 93
06. Formas de administra
ção dos sítios analisados. 123
07. O uso tur
ístico dos sítios analisados. 123
08. O perfil do turista visitante nos s
ítios analisados. 124
09. Quadro sin
óptico comparativo entre os sítios analisados. 126
10. Servi
ços de infra-estrutura referentes aos Sítios 1 e 2. 140
11. Quadro sin
óptico dos eventos realizados e projetos futuros para o
município de Paraty.
145
LISTA DE ANEXOS
1 Dados Gerais.
2
Questionário para agentes de turismo de Paraty.
SIGLAS E ABREVIATURAS
ADELTUR Associação Diamantina de Empresas Ligadas ao Turismo
AMETUR Associação de Empresas de Turismo Rural (Minas Gerais)
BDMG
Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais
BID
Banco Interamericano de Desenvolvimento
CEMIG
Centrais Elétricas de Minas Gerais
CNPU
Comissão Nacional de Nacional de Regiões Metropolitanas e Políticas Urbanas
DID/ IPHAN - Departamento de Identifica
ção e Documentação do IPHAN
DPHAN - Diretoria do Patrim
ônio Histórico e Artístico Nacional
EMAE
Empresa Metropolitana de Águas e Energia S.A.
EMBRATUR
Empresa Brasileira de Turismo
ER - Estrada Real
Fiemg - Federa
ção das Indústrias do estado de Minas Gerais
IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renov
áveis
IEF
Instituto Estadual de Florestas
IER - Instituto Estrada Real
INEPAC - Instituto Estadual do Patrim
ônio Cultural
IPHAN - Instituto do Patrim
ônio Histórico e Artístico Nacional
OEA
Organização dos Estados Americanos
OMT - Organiza
ção Mundial de Turismo
MICT - Minist
ério da Indústria Comércio e Turismo
MMA
Ministério do Meio Ambiente
SH-ECO - S
ítio Histórico- Ecológico do Caminho do Ouro
SPHAN - Secretaria de Patrim
ônio Histórico e Artístico Nacional
UNESCO - Organiza
ção das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
UTE- Usina Termo- El
étrica Norte Fluminense
Anexo 1 DADOS GERAIS
Município de Paraty- Rio de Janeiro
Localização: extremo sul do Estado do Rio de Janeiro
Dist
ância do Rio de Janeiro: 248 km
Dist
ância de São Paulo: 330 km
Estrada rodovi
ária: BR-101 (Rio Santos).
-Igrejas: 4 (no Centro Histórico)
Tombamento: Patrimônio Estadual, 1945.
Patrim
ônio Histórico e Artístico Nacional, 1958.
Todo munic
ípio foi tombado como Monumento Nacional, através do decreto 58077 de 24 de
março de 1966.
-
População Estimada: 35.000 habitantes (Fonte: IBGE-2002)
-
Distritos
1
º Paraty 448 Km2
2
º Paraty Mirim 232 Km
3
º Tarituba 237 Km2
-Aspectos
Clim
ático: Tropical, quente e úmido Temperatura Média 27º Centígrados
F
ísico: Arquitetura predominante: Colonial (Centro Histórico)
Relevo: Parte montanhosa e baixada descont
ínua ao longo do litoral
Altitude da Sede: 2 m
-
Altitude Máxima: 1.600 m
-
Área: 917 km²
-Hidrografia
Rios: Mambucaba - Funil - Taquari - Gra
úna - Jabaquara - Perequê - Mateus Nunes (ou
Patitiba) - Paraty-Mirim.
300 Praias e 65 Ilhas
-Economia
Turismo, Pesca, Com
ércio, Indústria, Agricultura banana, mandioca, cana de açúcar.
Restaurantes: 50
Bares/lanchonetes: 30
Ag
ências de turismo: 5
Bancos: 3
Casas de c
âmbio: 1 (Banco do Brasil)
Camping: 5
Farm
ácias: 6
Hospital: 1
Posto de sa
úde: 3
Livrarias: 3
Galerias de Arte: 4
Mergulho (operadoras): 2
Mergulho (venda de material): 3
Museu: 1 (de Arte Sacra na Igreja de Sta. Rita)
Centro de Artes e Tradi
ções Populares: 1 (no prédio do Forte Defensor Perpétuo)
Pinacoteca: 1
Biblioteca: 1
Aeroporto: 1
Rodovi
ária: 1
Esta
ção de TV: 1
Esta
ção de Rádio: 1
Jornal : 2
Saveiros de Turismo: 15
Baleeiras e Traineiras de Turismo: 60
Teatro: 1
Escolas Estaduais: 5
Escolas Municipais: 36 (zona rural) e 3 (zona urbana)
Curso superior: 1 (turismo)
Creche: 3
-Institutos / Grupos Culturais / ONGS e afins
Grupo Celavi (teatro, m
úsica e artesanato)
Grupo Contadores de Est
órias
Grupo Guarda a Chave no Trombone (teatro)
Grupo de Cirandeiros Sete Unidos
Grupo os Coroas Cirandeiros
Grupo Os Cai
çaras
Grupo Folclórico da Tarituba
Grupo Cana Verde
Grupo Filhos de Mar
é
Grupo de Dan
ças Folclóricas do Ciep D. Pedro II
Grupo Atrapalhando o Espet
áculo (grupo de palhaços)
Grupo de teatro Ilha das Cobras
Instituto Hist
órico e Artístico de Paraty
Instituto do Patrim
ônio Histórico e Artístico Nacional
Casa da Cultura de Paraty
Museu de Arte Sacra de Paraty
Casa do Artes
ão paratiense
Museu do Forte
Pinacoteca Marino Gouveia
Biblioteca Municipal F
ábio Villaboim
Biblioteca Moura Brasil
Sala Abel de Oliveira
Banda Musical Santa Cec
ília
Funda
ção Arruda Botelho
Bandeirantes Social Clube
Trevo Clube
Associa
ção dos Amigos da Cultura
-Ecologia e principais atrativos naturais da região:
Natureza: 300 praias, 65 ilhas, 06 cachoeiras (fácil acesso).
Parques e áreas de proteção ambiental:
Parque da serra da Bocaina
O Parque Nacional da Serra da Bocaina tem 134 mil hectares e segue entre os estados de
S
ão Paulo e Rio de Janeiro. Sessenta por cento de todo o parque se concentram no estado
do Rio de Janeiro e deste total 40% está em Paraty.
Área de Proteção Ambiental Cairuçú
Esta
área de proteção ambiental foi decretada em 27 de dezembro de 1983 e compreende a
parte continental do município. Do Rio Matheus Nunes até a Ponta da Trindade, abrangendo
também 63 ilhas e fazendo divisa com o Parque Nacional da Serra da Bocaina. Apesar da
lei definir que
é preciso preservar o verde em 20% de cada lote que fica dentro destas áreas
de proteção, em Paraty não plano de manejo dentro do Cairuçú. A área é de
responsabilidade do Ibama.
Parque da Juatinga
Esta reserva foi criada em 1991 com o objetivo de preservar as comunidades cai
çaras. Até
hoje não foram implantadas as medidas de conservação para o local.Sob jurisdição do
Instituto Estadual de Florestas esta reserva abrange: Juatinga, Sono, Antigos, Ponta Negra,
Antiguinhos, Caja
íba, Calhaus, Itaoca, Itanema, Martim de Sá, Deserta e Praia
Grande.
Parque do Paraty-Mirim
Foi decretada em 17 de novembro de 1976 e abrange toda a
área de Paraty-Mirim à
Independência. Ambas as localidades reúnem vegetação típica de Mata Atlântica e guardam
parte da hist
ória colonial de Paraty. A igreja mais antiga da cidade, a de Nossa Senhora da
Conceição de Paraty-Mirim, de 1720, fica na localidade e parte do resgate (pinga e açúcar) -
pago pelo Rio de Janeiro ao pirata franc
ês Dougay Troin.- saiu de Paraty-Mirim. O mar é
rico em peixes, moluscos e crustáceos e a Mata Atlântica guarda espécies raras da fauna e
da flora brasileira, além de ruínas dos tempos coloniais.
Área de Proteção a Ambiental da Baía de Paraty
Esta protegida por lei municipal decretada em 1992 que visa coibir a extra
ção predatória de
crustáceos, moluscos e outras espécies marinhas. Através dessa lei toda a baía de Paraty
está protegida sob a legislação municipal.
-Município de Cunha São Paulo
O povoamento das terras hoje pertencentes à Cunha teve início durante o ciclo do ouro,
com a criação de várias fazendas ao longo da Trilha dos Goianases, ou o Caminho do Ouro,
que ligava a regi
ão das minas ao porto de Paraty e ao Rio de Janeiro.
Antiga povoa
ção sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição no município de
Guaratinguetá. Foi elevada à freguesia em data que não se sabe ao certo, sob a
denominação de Falcão. Foi elevada à Vila por ordem do capitão-general Francisco da
Cunha Menezes, de 15 de setembro de 1785, recebendo ent
ão, o nome de vila de Nossa
Senhora da Concei
ção de Cunha, como homenagem ao dito capitão general. Foi elevada à
cidade pela Lei n° 30, de 20 de abril de 1858. Com o decorrer do tempo, ficou o nome de
Nossa Senhora da Conceição de Cunha. Como município, instalado a 28 de outubro de
1785. Fundadores: Capit
ão General Francisco da Cunha Menezes e família Falcão. Data de
Fundação: 08 de dezembro de 1784. Município: foi criado em 20 de abril de 1858 e tornou-
se est
ância em 20 de outubro de 1948.
Cunha é tombada pelo CONDEPHAAT - Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico,
Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo.
-População Estimada e economia:
Sua população atual gira em torno de 25.000 habitantes, dos quais (50%) reside na zona
rural. Atualmente as principais atividades econômicas são a pecuária leiteira e de corte e as
culturas de milho, feijão e batata. Nos últimos anos vem crescendo o turismo como nova
atividade do município, assim como a produção de trutas, cogumelos e artesanato. Destaca-
se tamb
ém, a cerâmica de alta temperatura, que tem atraído muitos turistas.
-
Situação Geográfica
Localizada no Alto Para
íba, o município de Cunha ocupa 1410 km2 de colinas e montanhas
aninhadas entre as serras do Quebra-Cangalha, da Bocaina e do Mar. Limita-se com
Ubatuba, S
ão Luiz do Paraitinga, Lagoinha, Guaratinguetá, Lorena, Silveiras, Areias, São
José do Barreiro no estado de São Paulo, e a Paraty no estado do Rio de Janeiro.
A altitude media
é de 1.100 metros e os pontos mais altos são o Pico da Macela (1.840
metros) e o Pico do Cume (1.630 metros). O clima
é temperado e seco, com variações de
temperatura de 3 a 15ºC no inverno e de 15 a 25ºC no verão.
-Tradição e Folclore
A cultura local de Cunha mostra um legado de costumes e tradi
ções características do ritmo
lento da vida no campo. As estradinhas de terra que cortam sinuosamente a natureza s
ão
margeadas por residências humildes onde vive o povo Cunhense. Um passeio pelas ruas da
cidade é um convite à tranqüilidade. Cunha mantém-se como palco das principais festas
religiosas da tradi
ção católica, conservando sua feição caipira e rural. O destaque fica para
a Festa do Divino, sempre esperada para o mês de julho, a festa atrai multidões para as
novenas e festejos, como Congada, Moçambique e Jongo.
Os instrumentos tocados (violas, caixa surda, pandeiro, acorde
ão, ou sanfona) são
acompanhados pela batida dos pés e o ruído dos guizos pendurados nos pés. Os
integrantes vestem roupas brancas com fitas, bastões e guizos.
Outra atração imperdível é a Procissão de Corpus Christi, quando os fiéis caminham sobre
os tapetes decorados com flores, serragem colorida e pó de café que cobrem as ruas da
cidade. Outros eventos tradicionais são a malhação do Judas na Páscoa, a Cavalaria no dia
de São Benedito e a festa da Padroeira Nossa Senhora da Conceição,em dezembro.
-Ecologia
Além da zona rural com paisagens extremamente verdes, o município de Cunha oferece
dois parques na área territorial. O Parque Estadual Serra do Mar preserva importantes áreas
como cedro, peroba maçaranduba, canela, i, grumixama, guatambu, onde se alojam as
bromélias, orquídeas, samambaias, liquens e lianas. O parque é habitat natural de da
capivara, anta, paca, onça, quati, jaguatirica, sagüi, bugio, gaviões e papagaios, jacu,
jacutinga e araponga, entre outras espécies. O Parque Nacional da Bocaina oferece vistas
panorâmicas incríveis e cachoeiras pouco conhecidas.
Pedra da Macela
A 15 km de Cunha e a uma altitude de 1.850 m, a Pedra da Macela oferece vista
panor
âmica da Bahia de Ilha Grande, com Angra dos Reis, Paraty e Cunha. Acesso pela
SP-171, km 65.
Parque Estadual da Serra do Mar (N
úcleo Cunha-Indaiá)
O N
úcleo de Cunha do Parque Estadual da Serra do Mar preserva importantes
remanescentes da Mata Atlântica, desenvolve programas de educação ambiental e está
aberto diariamente à visitação pública. Dispõe de duas trilhas para caminhadas: Trilha do
Rio Paraibuna (1.700 m, auto-guiada) e a Trilha do Rio Bonito (7.600m, com monitoramento
agendado). Grupos de 15 a 20 pessoas poder
ão dispor de hospedagem, alimentação e
acompanhamento de guias. O Núcleo fica no Bairro do Sertão de Paraibuna. Escritório
Urbano - Praça São Paulo, 101.Acesso pelo km 53 da SP-171.
Caverna Canhambora
Foi antigo ref
úgio dos negros fugitivos. Está localizada na Serra da Bacaina a 45 km no
Distrito de Cunha.
Cachoeiras
As cachoeiras, algumas ainda inexploradas, são um sinal da fartura de água, que faz de
Cunha uma região de mananciais. Suas terras abrigam o berço dos rios Paraitinga e
Paraibuna, que formam, quilômetros adiante, o lendário rio Paraíba do Sul, que deságua no
litoral fluminense.
Cachoeira do Jeric
ó
Acesso pela Rod. Parati - Cunha, km 52 - Estrada Catioca.
Cachoeira do Pimenta
Formada pela antiga Usina Hidroel
étrica de Cunha. Está localizada na Estrada do Cume, a
12 km da Sede B. Monjolo.
Cachoeira Desterro
Sua queda
é de 12 metros. Está localizada na Estrada do B. do Monjolo a 12 km da sede.
Cachoeira Mato Limpo
Sua queda d
água é de 15 metros. Localiza-se a 20 km da sede na Rodovia Salvador
Pacetti.
Construções importantes
Igreja Nossa Senhora da Imaculada Conceição
Foi constru
ída em 1731 em estilo colonial. Praça Cônego Siqueira, s/n.
Igreja Nossa Senhora do Ros
ário
Constru
ída no século XVIII, no ano de 1760, em estilo colonial. Foi tombada pelo patrimônio
histórico e cultural. Localiza-se no Largo do Rosário, na Rua Dr. Casimiro da Rocha.
Museu Francisco Veloso
Documenta toda a hist
ória da cidade.Praça Coronel João Olímpio, 48.
Fonte Hidromineral
Água Virtuosa Santa Rosa
Local semelhante aos parques europeus, cobertos por extensos bosques na ladeira das
montanhas da Serra do Mar. Localizada na Rodovia Parque Beliano - Bairro das
Águas.
Fazenda Santana
Da
época colonial, com senzala e moenda do início do século 19.
Casa do Artes
ão
Umas das atra
ções de Cunha são as cerâmicas produzidas em alta temperatura com
técnica trazida por imigrantes japoneses.
UFRJ- FAU - PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA
QUESTIONÁRIO 02
AGENTES DE TURISMO
Data:____/____/____ Horário: ______________
Nome da ag
ência:___________________________
1-OPINIÕES:
a)Quais s
ão os locais mais visitados em Paraty?
b)Qual o maior atrativo no Caminho do Ouro?
c) Em qual per
íodo do ano é maior o movimento de turistas na região?
d) Quais os dias e hor
ários de maior visitação?
e) Como voc
ê caracteriza o turista que faz a trilha do Caminho do Ouro?
f) Qual sexo predomina nas visitas:
M F
g)Qual faixa etária predominante nas visitas:
- de 20 De 41 a 50
De 21 a 30 +de 51
De 31 a 40
h) O que deve ser feito para melhorar a qualidade do turismo na regi
ão e quais são as
principais deficiências em Paraty que prejudicam o turismo local?
2- AVALIAÇÃO PESSOAL
(Notas de 0 a 10)
Praias _______________________
Ilhas ________________________
Passeios de Bike_______________
Passeios de saveiro_____________
Caminhadas___________________
Trilhas________________________
Cachoeiras_____________________
Guias_________________________
Mata Atl
ântica___________________
Pousadas______________________
Bares/Restaurantes______________
Lojas__________________________
Receptividade___________________
UFRJ- FAU - PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA
QUESTIONÁRIO 02
AGENTES DE TURISMO
Data:____/____/____ Horário: ______________
Nome da ag
ência:___________________________
1-OPINIÕES:
a)Quais s
ão os locais mais visitados em Paraty?
b)Qual o maior atrativo no Caminho do Ouro?
c) Em qual per
íodo do ano é maior o movimento de turistas na região?
d) Quais os dias e hor
ários de maior visitação?
e) Como voc
ê caracteriza o turista que faz a trilha do Caminho do Ouro?
f) Qual sexo predomina nas visitas:
M F
g)Qual faixa etária predominante nas visitas:
- de 20 De 41 a 50
De 21 a 30 +de 51
De 31 a 40
h) O que deve ser feito para melhorar a qualidade do turismo na regi
ão e quais são as
principais deficiências em Paraty que prejudicam o turismo local?
2- AVALIAÇÃO PESSOAL
(Notas de 0 a 10)
Praias _______________________
Ilhas ________________________
Passeios de Bike_______________
Passeios de saveiro_____________
Caminhadas___________________
Trilhas________________________
Cachoeiras_____________________
Guias_________________________
Mata Atl
ântica___________________
Pousadas______________________
Bares/Restaurantes______________
Lojas__________________________
Receptividade___________________
Capítulo I Fundamentação Teórica
___________________________________________________________________________
6
CAPÍTULO I FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Capítulo I Fundamentação Teórica
___________________________________________________________________________
7
1.1 - A atividade turística nos sítios históricos e naturais
O crescente número de visitantes e pesquisadores a sítios históricos e naturais vem levando
governantes, empresários e comunidades locais a gerenciar e promover seu patrimônio
como recurso educacional e recurso para o desenvolvimento turístico. A valorização do meio
ambiente urbano e natural, da história, dos saberes e fazeres culturais contribui para a
diversificação do produto turístico. No Brasil, além de praias e exuberantes locais de lazer,
muito se há a oferecer aos visitantes no campo da cultura, da história para o ecoturismo e
ao turismo cultural e rural.
Al
ém dos aspectos subjetivos da representação da natureza como cenário, o turismo tem
sua característica de consumo visual reforçada pela produção concreta de seus sítios
(MARIÉ, 1982, apud SERRANO; BRUHNS, 1995, p.16), seja pela urbanização e construção
de infra-estrutura, em geral semipadronizada e pouco adaptada ao espaço onde se insere,
seja pela reprodução descontextualizada de rituais ou de artefatos materiais artísticos ou
utilitários para uso dos visitantes.
Segundo Serrano (1995, p.16), depois da massifica
ção de destino e roteiros de pacotes
turísticos em conseqüência do aprimoramento dos meios de transporte e melhorias na vida
dos trabalhadores nos fins do século XIX, atualmente o turismo de massas vem diminuindo
cada vez mais e, por outro lado, o interesse em roteiros personalizados vem crescendo, ao
menos na Europa e Estados Unidos. Nesse movimento, ganham destaque os destinos
tur
ísticos considerados exóticos e/ou dirigidos a ambientes de grande interesse paisagístico-
ecol
ógico.
Ainda segundo a autora, cabe ressaltar que na
indústria turística, o segmento identificado
como ecoturismo
é o que apresenta maiores taxas de crescimento. Outros sinais da busca
da natureza, como as medicinas alternativas, a alimentação natural e os esportes praticados
em ambientes naturais, podem também influenciar o crescimento do interesse pelo
ecoturismo. Da mesma forma n
ão é possível negligenciar os impactos sociais e naturais
decorrentes de seu desenvolvimento. Segundo a EMBRATUR, ecoturismo:
...é um segmento da atividade turística que utiliza de forma sustentável o patrimônio
natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma
consciência ambientalista pela interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar
das popula
ções.
Capítulo I Fundamentação Teórica
___________________________________________________________________________
8
(in RUSCHEL E ASSOCIADOS, 1995 apud SERRANO; BRUHNS, 1995, P.17,).
J
á pela definição apontada como receita pelos formadores do segmento, ecoturismo:
...é toda atividade turística realizada em área natural com o objetivo de observação
e conhecimento da flora, da fauna e dos aspectos cênicos (com ou sem sentido de
aventura); prática de esportes e realização de pesquisas científicas. (in RUSCHEL
E ASSOCIADOS, 1995 apud SERRANO; BRUHNS, 1995, P.17,).
A União Mundial para a Natureza (UICN, por sua sigla em inglês), define ecoturismo como:
Aquela modalidade turística ambientalmente responsável, que consiste em viajar
ou visitar áreas naturais relativamente sem interferir com a finalidade de desfrutar,
apreciar e estudar os atrativos naturais (paisagem, flora e fauna silvestres) destas
áreas, assim como qualquer manifestação cultural (do presente e do passado) que
possam ser encontradas ali, atrav
és de um processo que promova a conservação
tendo baixo impacto ambiental e cultural e promovendo um envolvimento ativo e
socioeconomicamente ben
éfico das populações locais. (CEBALLOS
LASCUR
ÁIN, 1998, p.07).
Segundo Ceballos Lascuràin (1998, p.11), o conceito de ecoturismo, surgiu recentemente
como uma op
ção viável tanto para a conservação do patrimônio natural e cultural como para
promover o desenvolvimento sustent
ável. Por tal motivo, muitas organizações interessadas
na preservação da natureza, incluindo UICN, WWF (World Wildlife Fund), The Nature
Conservancy
e Conservation Internacional, se encontram envolvidas ativamente na difusão
e promoção deste tipo de turismo ambientalmente responvel vinculado com áreas
naturais, na qual requer um enfoque multidisciplinar, uma cuidadosa ação física e
administrativa e pautas e regulamentos que garantam uma operação sustentada.
O turismo ecol
ógico é definido pela Ecoturism Society (RUSCHMANN, 1997, p.61) como
uma forma responsável de viajar em áreas naturais que conserva o meio ambiente e
proporciona bem-estar aos moradores das destinações.
No Brasil, o governo oficialmente compreende o ecoturismo como:
o segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio
natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma
consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o
bem estar das populações envolvidas.
1
(MASCARENHAS, 2002, pp. 75-99).
1
MICT/MMA, 1994.
Capítulo I Fundamentação Teórica
___________________________________________________________________________
9
Especificamente em relação ao segmento do ecoturismo, registrou-se em 1988 entre 157 e
236 milh
ões de ecoturistas no mundo, sugerindo um valor entre US$ 93 bilhões e US$ 233
bilhões. Em 1989 as atividades de recreação e lazer nos parques nacionais norte
americanos geraram retorno superior a US$ 400 milh
ões, tendo atraído, em 1991, 260
milhões de turistas e gerando nesse ano US$ 3 bilhões. No Brasil, foram investidos cerca de
US$ 20 milhões em 19 parques nacionais em melhoria de infra-estrutura para visitação.
Mais de meio milhão de pessoas no Brasil praticariam atividades relacionadas ao
ecoturismo, gerando em torno de 30 mil empregos por meio de, no mínimo, 5 mil empresas
(IRWING, 2000 apud YAZIGI, 2003,p.152). O perfil desses ecoturistas é em geral
composto por pessoas de diferentes faixas et
árias com espírito de aventura
2
, curiosas e
que adoram, sobretudo, compartilhar experiências viajando em grupos pequenos, e tem
como característica o trabalho em equipe e o companheirismo.
Segundo Antonio M
árcio Ferreira de Moura (in FUNARI; PINSKY, 2001, p.72), a mistura de
moderno e antigo, de conforto e simplicidade aliada à possibilidade de participar das
atividades campestres típicas, mesmo que por um espaço curto de tempo e de forma
orientada, compõe um dos mais importantes, senão o mais importante atrativo do
ecoturismo ou do turismo rural.
O turista desloca-se percebendo muitas coisas diferentes, sendo algumas delas totalmente
desconhecidas e que chamam sua aten
ção. Seus percursos podem estar localizados no
espa
ço urbano ou natural, porém, todos eles são interpretados pelo observador, quando se
trata da percepção de sua beleza. O resultado de uma viagem é um acúmulo de
experiências e lembranças de lugares por onde o visitante passou, ou seja, a cultura, a
paisagem e a hist
ória revividas e respeitadas. Para que essas lembranças sobre o ambiente
sejam claras e objetivas, estas devem basear-se em um conhecimento prévio técnico desse
ambiente e no emprego de códigos que facilitem a compreensão do que o visitante observa,
mediante indica
ção de suas partes principais e atrativos naturais ou construídos destacados.
Com o objetivo de organizar, valorizar e desenvolver empresarialmente o ecoturismo e seu
grande potencial tur
ístico, alguns proprietários de hotéisfazenda e das pousadas rurais
uniram-se em associa
ções como, no caso de Minas Gerais, a Associação de Empresas de
Turismo Rural (Ametur), e diversas assemelhadas em outros estados da federação. (in
FUNARI; PINSKY, 2001, p.73).
2
Sendo essa aventura realizada de maneira controlada a fim de garantir a segurança de quem a
pratica.
Capítulo I Fundamentação Teórica
___________________________________________________________________________
10
Segundo Boullòn (2002, p.114), para que os atrativos naturais de um lugar sejam
destacados de maneira a garantir a imagem de um lugar tur
ístico, este deve integrar três
fatores: qualidade e preço dos serviços tradicionais (hospedagem, alimentação e
transporte), programa de atividades (diversão, excursões e visitas) e a qualidade do atrativo
seja ele no ambiente urbano ou no ambiente natural.
1.1.1 O meio ambiente natural
Segundo Ruschmann (1997, p.19), como meio ambiente entende-se a biosfera, isto é, a
água e o ar que
envolve a Terra, juntamente com os ecossistemas que eles mantêm. Esses
ecossistemas s
ão constituídos de comunidades de indivíduos de diferentes populações
(bióticos), que vivem numa área juntamente com seu meio não-vivente (abiótico) e se
caracterizam por suas inter-relações, sejam elas simples ou mais complexas. Essa definição
inclui também os recursos construídos pelo homem, tais como as casas, cidades,
monumentos históricos, sítios arqueológicos, e os padrões comportamentais das
populações folclore, vestuário, comidas e modo de vida em geral -, que as diferenciam de
outras comunidades.
Segundo Fosberg 1963, (in STODDART, 1972, p.157
apud HALL, 2001, p. 74), ecossistema
é:
Um sistema interativo atuante composto de um ou mais organismos vivos e seus
ambientes efetivos, tanto f
ísicos quanto biológicos [...]. A descrição de um
ecossistema pode abranger suas relações espaciais; o registro de suas
características físicas, seus hábitats e nichos ecológicos, seus organismos e
reservas básicas de matéria e energia; a natureza de seus ganhos (ou entrada) de
mat
éria e energia; e o comportamento ou tendência de seu nível de entropia.
Diferentes ciências estudam o ambiente natural, sendo a ecologia a mais recente delas,
significando
o estudo das características, significado e magnitude das relações entre os
seres vivos e o meio ambiente
. Outras ciências que estudam o planeta Terra, segundo sua
morfologia e caracter
ísticas do solo, ajudam a compreender os fenômenos climáticos e
relações do mundo biótico e abiótico, porém, a maior parte dessas informações é pouco
utilizada para qualificar atrativos naturais quanto a suas caracter
ísticas estéticas, embora
necessárias para intervir sobre elas, seja para construir um empreendimento turístico,
valorizá-los ou preservar sua integridade. (BOULLON, 2002, p.116).
Capítulo I Fundamentação Teórica
___________________________________________________________________________
11
Segundo o mesmo autor, paisagem natural faz referência aos lugares onde o turista
comparece com o fim de apreciar a natureza, embora n
ão existam métodos para qualificar a
beleza de atrativos naturais, elementos como a topografia, vegetação e o clima o
utilizados como exemplos de elementos destacados da paisagem. Por exemplo, o
conhecimento das varia
ções climáticas torna-se indispensável para a programação de
visitas em determinados atrativos naturais, pois a paisagem é um elemento vivo, em
constante muta
ção. Esse elemento permite ao turista saber em qual situação encontrará o
lugar escolhido e qual o mais indicado para sua visita.
As condi
ções de vida têm se deteriorado nos grandes conglomerados urbanos e conduzem
ao fato de que uma parcela crescente da população busca, durante as férias, os fins de
semana e os feriados, as regiões de belezas naturais longe das cidades. Além disso,
outros fatores contribuíram para o crescimento dos fluxos turísticos (SAUER, 1975, p.364
apud RUSCHMANN, 1997, p. 14):
O aumento do tempo livre como conseqüência da racionalização e do aumento da
produtividade das empresas. A jornada de trabalho diária, mensal e anual
diminuiu, aumentando o tempo livre para atividades de lazer e turismo;
A evolução técnica, que conduziu a um aumento na produtividade e à redução dos
custos da produção. A produção em massa de veículos aumentou o grau de
movimentação das pessoas, que se utilizam cada vez mais de automóveis para
viajar em férias;
O aumento da renda de amplas camadas da população contribuiu para que parcelas
crescentes dos rendimentos fossem direcionadas para gastos com viagens de
turismo;
O desenvolvimento de empresas prestadoras de serviços que organizam e
comercializam viagens de férias;
A liberação das formalidades aduaneiras, a eliminação de vistos, a unificação de
documentos de viagem, etc., estimularam as viagens internacionais;
O aumento da urbanização como conseqüência da industrialização;
Capítulo I Fundamentação Teórica
___________________________________________________________________________
12
A falta do verde e os impactos psicológicos da vida urbana, que incentivam as
viagens de férias e de fim de semana.
O crescimento da demanda, e conseqüentemente, da oferta turística, e das facilidades para
as viagens tornaram o mundo inteiro acessível aos viajantes ávidos por novas e
emocionantes experiências em regiões com recursos naturais e culturais consideráveis.
(RUSCHMANN, 1997, p. 15).
O n
úmero crescente de usuários não é um problema insolúvel, sempre e quando,
antecipando-se aos fatos, planeje-se o uso turístico e recreativo do espaço natural, porque a
quantidade de atrativos naturais ainda abrange grande parte do patrimônio. O processo
deve começar fixando-se os limites de capacidade dos atrativos naturais explorados,
principalmente os mais saturados, para que n
ão continue crescendo acima de suas
possibilidades. Para os atrativos pouco explorados, deve-se determinar com devida
antecipa
ção a capacidade de carga, que deverá ser sua capacidade ótima e máxima a que
serão ajustados os futuros planos ou iniciativas de desenvolvimento. Para ambos os casos
devem-se destacar as caracter
ísticas do espaço e as atividades nele desenvolvidas.
Na natureza a paisagem é adaptada, não desenhada e nessas tarefas de
adaptação, os planejadores devem começar estudando o ambiente sobre o qual se
vão desenvolver e aceitar as restrições que a natureza impõe ao homem, se esse
deseja conservar a qualidade visual dos lugares que se destacam por sua beleza e
singularidade.
(BOULLON, 2002, p.227).
Segundo Murta (2002, p.36), trilhas e roteiros sinalizados s
ão uma maneira popular e barata
de se revelarem os atrativos naturais e culturais de um lugar, tanto para visitantes quanto
para moradores, contribuindo para a educa
ção ambiental das comunidades locais. Ao
acrescentar informações históricas a sítios e monumentos ao longo de uma rota, as trilhas e
roteiros podem, na verdade despertar a curiosidade popular sobre a sua evolu
ção histórica,
e os usos atuais dos sítios urbanos e naturais.
Uma trilha
é uma rota, já existente ou planejada, que liga dois pontos de interesse em
ambientes urbanos ou naturais. Por ser geralmente autoguiada, uma trilha deve ter algum
tipo de sinaliza
ção ou interpretação ambiental para orientar o visitante e ajudá-lo a entender
o que v
ê no caminho. A orientação é dada por mapas e folhetos, contendo descrições e
ilustrações dos principais marcos e características encontradas ao longo da trilha. Uma trilha
consiste , pois de dois elementos chave: a rota bem sinalizada e o folder. (MURTA, 2002,
p.36).
Capítulo I Fundamentação Teórica
___________________________________________________________________________
13
Tradicionalmente projetadas para serem autoguiadas, as trilhas
desempenham papel importante na cria
ção de espaços para uso coletivo
de pedestres e ciclistas, induzindo à recuperação de áreas verdes como
parques e jardins e margens de rios. Além de funcionais, ligando e
revitalizando espaços blicos do tecido urbano e natural de uma cidade,
s
ão também educativas e de lazer. (MURTA, 2002, p.36).
1.1.2 A atividade turística nos parques nacionais e demais áreas de
preservação ambiental
Os Parques Nacionais brasileiros são criados pelo Governo Federal e mantidos pelo
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renov
áveis (Ibama). (FUNARI;
PINSKY, 2001, p.81).
Segundo
Álvaro de Oliveira DAntona (in FUNARI; PINSKY, 2001, p.82), unidades de
conservação, por reservarem caracteres naturais cada vez mais distantes do cotidiano
humano, s
ão destinos turísticos ultimamente muito procurados. O principal fator que
diferencia os aspectos de um parque de outros aspectos naturais existentes fora de áreas
preservadas é sua excepcionalidade, seja pela beleza de uma praia, nascente de um rio
importante ou ponto culminante de uma regi
ão. O estudo de caso desta pesquisa, a Estrada
Real Paraty - Cunha está inserida no Parque Nacional da Serra da Bocaina, no Rio de
Janeiro, sendo patrimônio protegido por uma legislação específica.
Ainda segundo o mesmo autor (p.87),
à coleção de aspectos notáveis dos parques
nacionais praias, desertos, rios, lagoas, corredeiras, cascatas, florestas, montanhas,
c
ânion, cavernas, ilhas, etc., - corresponde diversificada possibilidade de usos recreativos
ligados ao ecoturismo: caminhadas longas (com pernoite) ou curtas (sem pernoite), descida
de rios a bordo de botes;
rappel em cachoeiras e penhascos, canoagem em rios e lagos;
trilhas com bicicletas; tropeirismo; montanhismo; mergulho; observa
ção da fauna e flora.
Mas somente a passagem do natural ao cultural dá a medida do patrimônio dos Parques
Nacionais, dimensiona a excepcionalidade de seus atributos e aprofunda o conte
údo
apropriado pelo turismo.
Apesar de todo o potencial tur
ístico existente nos parques, ainda temos restrições
conceituais e práticas quanto ao uso recreativo das unidades, sendo os problemas
Capítulo I Fundamentação Teórica
___________________________________________________________________________
14
principais: o despreparo do turista e a falta de infra-estrutura adequada ao turismo
sustent
ável.
1.2 Turismo e Preservação do Patrinio Hisrico e Cultural
Segundo defini
ção a OMT (Organização Mundial de Turismo), turismo é o deslocamento de
pessoas de seu domicílio cotidiano, por no mínimo 24 horas, com a finalidade de retorno. O
conceito adotado pela EMBRATUR complementa dizendo que:
Turismo é a atividade humana que envolve o deslocamento temporário de
indivíduos ou grupos, para outro local diferente de sua residência tradicional e fora
do seu município , cidade , por mais de 24 horas de forma o-remunerada por
presta
ção de serviços diretamente efetuados aos elementos específicos desta
atividade.
(MARTINS, 2002, p.07).
Os objetivos desta viagem podem ser: o simples descanso, a divers
ão, o trabalho, o
aprendizado ou aperfei
çoamento profissional, entre outros. Todas essas movimentações
implicam contato humano e cultural, trocas de experiência entre os viajantes e a população
local. No campo de estudos sobre o turismo, o turismo cultural é definido como aquele
segmento que trata das viagens de estudo, um item importante na pauta de alguns países,
especialmente os de língua inglesa, como Grã-Bretanha e os Estados Unidos. (FUNARI;
PINSKY, 2001, p.07).
O turismo cultural
é outro segmento
3
que cresce no mercado turístico mundial. Um
crescente interesse pela herança cultural, lugares hisricos e cidades que oferecem agenda
cultural variada abre novas perspectivas para a economia. (JANSEN-VERBEKE; LIEVOIS,
2002, p.112).
Turismo cultural é o acesso ao patrimônio cultural, ou seja, à história, à cultura e ao
modo de viver de uma comunidade. Sendo assim, o turismo cultural não busca
somente lazer, repouso e boa vida. Caracteriza-se também, pela motivação do
turista em conhecer regiões onde o seu alicerce está baseado na história de um
determinado povo, nas suas tradições e nas manifestões culturais, históricas e
religiosas. (SEBRAE-RS, s/d, p.09).
3
Assim como dito sobre o segmento do ecoturismo.
Capítulo I Fundamentação Teórica
___________________________________________________________________________
15
Segundo Marly Rodrigues (in FUNARI; PINSKY, 2001, p.15), o turismo cultural, tal qual o
concebemos atualmente, implica n
ão apenas a oferta de espetáculos ou eventos, mas
tamb
ém a existência e preservação de um patrimônio cultural representado por museus,
monumentos e locais históricos.
A conserva
ção dos recursos culturais e o processo de transformação em produtos turísticos
podem ser incentivos reais para o processo de revitalização da identidade cultural, tanto a
nível comunitário quanto regional. (JANSEN-VERBEKE; LIEVOIS, 2002, p.114).
A palavra patrim
ônio
4
pode assumir sentidos diversos, e originalmente esteve relacionada à
herança familiar. No século XVIII, na França, o Poder Público começou a tomar as primeiras
medidas de proteção aos monumentos de valor para a história das nações, e o uso de
patrimônio estendeu-se para os bens protegidos por lei e pela ação de órgãos
especialmente constituídos, nomeando o conjunto de bens culturais de uma nação.
O primeiro conceito de patrim
ônio apresentado pelo SPHAN é: Conjunto de bens móveis e
imóveis existentes no país e cuja conservação seja de interesse público, quer por sua
vinculação a fatos memoráveis na história do Brasil, quer por excepcional valor arqueológico
ou etimológico, bibliográfico ou artístico
.
Segundo Choay (2001, p.11), a palavra
patrimônio, na sua origem, es ligada às
estruturas familiares, econômicas e jurídicas de uma sociedade estável, enraizada no
espa
ço e no tempo. Requalificada por diversos adjetivos (genético, natural, histórico), que
fizeram dela um conceito nômade
5
, ela segue hoje uma trajetória diferente e retumbante.
A express
ão patrimônio histórico designa um bem destinado ao usufruto de uma
comunidade que se ampliou a dimens
ões planetárias, constituído de uma diversidade de
objetos que se congregam a seu passado comum: obras e obras-primas das belas-artes e
das artes aplicadas, trabalhos e produtos de todos os saberes dos seres humanos.
Patrim
ônio Histórico remete a uma instituição e a uma mentalidade. (CHOAY, 2001, p.11).
Patrinio Cultural não se restringe apenas a imóveis oficiais isolados, igrejas ou palácios,
mas na sua concepção contemporânea se estende a imóveis particulares, trechos urbanos e
4
Bem de herança que é transmitido, segundo leis, dos pais e das mães aos filhos. Dictionnaire de la
langue française de
É. Littrè apud CHOAY (2001, p.11).
5
Ver em CHOAY (2001, p.11) nota 01.
Capítulo I Fundamentação Teórica
___________________________________________________________________________
16
até ambientes naturais de importância paisagística, passando por imagens, mobiliário,
utensílios e outros bens móveis. Por este motivo é possível realizar uma das mais
importantes distinções que se pode fazer com relação ao Patrimônio Cultural, pois sendo ele
diferente das outras modalidades da cultura restritas apenas ao mercado cultural, apresenta
interfaces significativas com outros importantes segmentos da economia como a constru
ção
civil e o turismo, ampliando exponencialmente o potencial de investimentos.
S
ão considerados "patrimônio cultural": (Fonte: ICOMOS)
6
.
- os monumentos: obras arquitet
ônicas, esculturas ou pinturas monumentais, objetos ou
estruturas arqueológicas, inscrições, grutas e conjuntos de valor universal excepcional do
ponto de vista da hist
ória, da arte ou da ciência;
- os conjuntos: grupos de constru
ções isoladas ou reunidas, que, por sua arquitetura,
unidade ou integração à paisagem, m um valor universal excepcional do ponto de vista da
história, da arte ou da ciência;
- os s
ítios: obras do homem ou obras conjugadas do homem e da natureza assim como
áreas, incluindo os sítios arqueológicos, de valor universal excepcional do ponto de vista
histórico, estético, etnológico ou antropológico.
S
ão considerados "patrimônio natural": (Fonte: ICOMOS).
7
- os monumentos naturais constitu
ídos por formações sicas e biológicas ou por conjuntos
de formações de valor universal excepcional do ponto de vista estético ou científico;
- as forma
ções geológicas e fisiográficas e as zonas estritamente delimitadas que
constituam habitat de esp
écies animais e vegetais ameaçadas de valor universal
excepcional do ponto de vista estético ou científico;
- os s
ítios naturais ou as áreas naturais estritamente delimitadas detentoras de valor
universal excepcional do ponto de vista da ci
ência, da conservação ou da beleza natural.
6
Fonte: Site do IPHAN.
7
IDEM
Capítulo I Fundamentação Teórica
___________________________________________________________________________
17
A relação entre a indústria turística e o patrimônio cresceu no Brasil a partir de 1964 com a
intervenção do Estado brasileiro na cultura, e em 1967, o Departamento de Assuntos
Culturais da Organiza
ção dos Estados Americanos (OEA), promoveu um encontro no
Equador, resultando em um documento assinado por todos os países participantes, inclusive
o Brasil: a Carta de Quito
8
. (FUNARI; PINSKY, 2001, p.18).
Todo homem tem direito ao respeito aos testemunhos autênticos que expressam
sua identidade cultural no conjunto da grande família humana, tem direito a
conhecer seu patrimônio e o dos outros, tem direito a uma boa utilização do
patrimônio, tem direito de participar das decisões que afetam o patrimônio e os
valores culturais nele representados, e tem direito de se associar para a defesa e
pela valoriza
ção desse patrimônio. (FUNARI; PINSKY, 2001, p.23).
O fenômeno turístico nos dias atuais é crescente e irrefreável. A invasão por grupos sociais
(maiores ou menores) de alguns espaços, será contida ou por condições econômicas
mais ou menos favoráveis ou por um processo de controle que envolva uma grande
conscientização da população e dos agentes que operam esta atividade, ou seja, por um
verdadeiro planejamento tur
ístico de longo prazo, onde sejam levadas em consideração as
exigências e necessidades da população local, dos turistas e dos demais agentes
produtores do turismo. (MARTINS, 2002, p.09).
O processo de turistifica
ção de um determinado lugar é a transformação do espaço urbano
e/ou natural em espa
ço de lazer e recreação para residentes de outras cidades.
Turistifica
ção, no sentido utilizado por Remy Knafou et al (1997) apud Mascarenhas (2002,
pp.75-99), definindo um processo de transforma
ções em determinada localidade ao tornar-
se destino tur
ístico. Novos usos e valores sociais e espaciais são introduzidos no ambiente
que recebe o processo de turistificação. (MARTINS, 2002, p.09).
A administra
ção sustentável do patrimônio cultural requer que se concilie a conservação
com as novas perspectivas econômicas e sociais que oferecem funções emergentes, ou
aquelas que melhor se enquadram na estrutura urbana. A sustentabilidade relaciona-se à
obtenção de modelos turísticos integrados à economia e à sociedade que respeitem o
patrimônio arquitetônico e natural e que se preocupem com as novas demandas de
acessibilidade e mobilidade que o turismo propõe.
8
Nela se recomenda que os projetos de valorização do patrimônio fam parte dos planos de
desenvolvimento nacional e fossem realizados simultaneamente com o equipamento turístico das
regiões envolvidas, além da cooperação dos interesses privados e o respaldo da opinião pública para
o desenvolvimento desses projetos.
Capítulo I Fundamentação Teórica
___________________________________________________________________________
18
Como desenvolvimento sustentável do turismo considera-se aquele que atende às
necessidades dos turistas atuais, sem comprometer a possibilidade do usufruto dos
recursos pelas gerações futuras
(World Comission of Environment and Development,
1987).
Turismo sustent
ável é:
...aquele que pretende otimizar o desenvolvimento econômico com base local sob
condi
ções que assegurem não só a qualidade dos serviços oferecidos, mas
também e principalmente a salvaguarda do patrimônio, que deve ser mantido,
melhorado e restaurado pelos recursos auferidos. Garantindo-se assim a
manuten
ção das atividades no presente e no futuro, tendo em vista o ciclo de vida
do turismo.
(LEMOS, 1996 apud MARTINS, 2002, p.11).
Apontaram-se quatro características específicas para o desenvolvimento sustentado do
turismo, das quais as três primeiras se relacionam com a oferta e a quarta, com o
comportamento dos turistas (SEATON, 1991, p.712
apud RUSCHMANN, 1997, p.112):
Respeito ao meio ambiente natural: o turismo não pode colocar em risco ou agredir
irreversivelmente as regiões nas quais se desenvolve;
Harmonia entre a cultura e os espaços sociais da comunidade receptora, sem
agredi-la ou transforma-la;
Distribuição eqüitativa dos benefícios do turismo entre a comunidade receptora, os
turistas e os empresários do setor;
Um turista mais responsável e atencioso, receptivo às questões da conservação
ambiental, sensível às interações com as comunidades receptoras, educado para ser
menos consumista e adotar uma postura orientada para o entendimento e a
compreens
ão dos povos e locais visitados.
Nesse sentido, e no que diz respeito a postula
ção de uma prática turística sustentável, seus
preceitos básicos podem ser assim resumidos: (SERRANO; BRUHNS, 1995, p.18).
Uso sustentável dos recursos;
Redução do consumo supérfluo e do desperdício;
Manutenção da biodiversidade;
Introdução do turismo no planejamento (global e local);
Suporte às economias locais;
Envolvimento das comunidades locais;
Capítulo I Fundamentação Teórica
___________________________________________________________________________
19
Consulta ao público e às instituições públicas e não-governamentais;
Capacitação de mão-de-obra; marketing turístico responsável;
Estímulo e desenvolvimento da pesquisa relacionada aos problemas vinculados a
esse marketing turístico.
O grande desafio da atualidade
é o de adaptar os sítios históricos de forma a conservar
seus valores e singularidades, integrando a função turística, promovendo a recuperação e o
desenvolvimento urbano. São necessárias estratégias de multifuncionalidade, com as quais
se chegue a acordos entre os diversos agentes implicados que contribuam para sua
revitaliza
ção funcional a fim de transformar o patrimônio cultural em recurso turístico.
A preservação do meio depende de uma política turística eficaz que deve
considerar, entre outros fatores, a condição racional da ocupação territorial pelas
facilidades turísticas e equipamentos de lazer e o controle do seu crescimento
desmesurado, visando salvaguardar a atratividade e a originalidade das atra
ções
para gerações futuras. (LEMOS, 1996 apud MARTINS, 2002, p.11).
Segundo Hall (2001, p.67), o crescente reconhecimento, por parte dos governantes e da
ind
ústria, do vinculo entre turismo e desenvolvimento sustentável representa um bom
presságio para uma indústria turística social e ambientalmente mais sensível. Entretanto, o
projeto, o planejamento, e o gerenciamento de ambientes turísticos exigem mais que a
ado
ção simplista de códigos e diretrizes ou a auto-regulamentação do setor, por mais
válidos que possam ser. Em vez disso, uma indústria turística sustentável requer um
comprometimento com os princípios de desenvolvimento sustentável por todas as partes
envolvidas no processo de planejamento.
Somente por esse comprometimento total pode-se obter uma integração de longo prazo de
metas sociais, ambientais e econômicas, problemas que voltarão a surgir à medida que
avançarmos pelas diversas dimensões e escalas da política e do planejamento
turístico.
(HALL, 2001, p.67).
No cap
ítulo seguinte os conceitos acerca da atividade turística aliado à preservação da
integridade dos sítios serão analisados mais profundamente, através de comparações entre
modelos pré-escolhidos.
Capítulo II Modelos Estudados de Caminhos Históricos voltados para a atividade
turística e a preservação ambiental
__________________________________________________________________________
20
CAPÍTULO II - MODELOS ESTUDADOS DE CAMINHOS HISTÓRICOS
VOLTADOS PARA A ATIVIDADE TURÍSTICA E A PRESERVAÇÃO AMBIENTAL
Capítulo II Modelos Estudados de Caminhos Históricos voltados para a atividade
turística e a preservação ambiental
__________________________________________________________________________
21
O interesse pelo segmento do ecoturismo vem aumentando em todo o mundo, e
conseq
üentemente a busca pelos atrativos naturais, o que vem causando uma série de
impactos no meio ambiente demandando uma preocupação maior com a preservação de
sua integridade. Este é o objeto principal deste capítulo que desenvolverá uma análise
comparativa entre diferentes modelos de caminhos históricos voltados para o turismo,
evidenciando o meio ambiente local, os impactos da atividade turística nesses ambientes, e
as ações de planejamento para que esse impacto seja minimizado. A seguir, serão
analisados separadamente os quatro modelos escolhidos, sendo eles: o Caminho de
Santiago de Compostela, na Espanha, os Caminhos do Caf
é, no Vale do Paraíba-RJ e os
Caminhos do A
çúcar na rego Norte Fluminense-RJ e os Caminhos do Mar, em São Paulo.
Foi feita primeiramente uma descrição dos modelos e suas características físicas
(urbanismo e meio ambiente) para depois analisá-las comparativamente.
Para a realiza
ção deste estudo, foi feita uma pesquisa em sites específicos de cada modelo
apresentado buscando dados referentes às questões a serem analisadas e comparadas
posteriormente. Para os modelos existentes no Brasil, al
ém da pesquisa em sites da
internet, foram pesquisados dados em publicações específicas de cada área de abrangência
estando estas disponíveis para consulta nas referências bibliográficas ao fim desta
dissertação.
Os itens estudados foram:
(1) Qualidade ambiental
busca identificar e qualificar itens como a qualidade do meio
ambiente e as propostas para planejamento ambiental de
áreas de maior concentração
urbana e de atividades turísticas;
(2) O desenvolvimento urbano
identificando a expansão urbana nos centros turísticos por
onde os caminhos passam e o tratamento dado em termos de planejamento urbano para
esses locais;
(3) A acessibilidade
mostrando as formas de acesso a esses caminhos turísticos;
(4) O deslocamento
buscando identificar os meios de transporte e comunicação utilizados
para o apoio ao visitante;
(5) Os servi
ços e a infra-estrutura.
Capítulo II Modelos Estudados de Caminhos Históricos voltados para a atividade
turística e a preservação ambiental
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22
2.1 - Caminho de Santiago de Compostela
2.1.1 - Histórico e aspectos gerais do modelo
Depois dos eventos da morte e ressurreição de Cristo, São Tiago, pescador, filho de
Zebedeu e Salomé, irmão de João Evangelista e um dos 12 apóstolos, foi pregar na Galícia,
extremo oeste da Espanha, então Província Romana. Retornando a Jerusalém, foi preso e
decapitado. Dois de seus discípulos, Teodoro e Anastácio, recolheram o cadáver e o
levaram de volta a Galícia de navio, sepultando-o secretamente em um bosque. O lugar foi
esquecido at
é que oito séculos depois, um ermitão chamado Pelágio observou chuvas de
estrelas sobre um ponto no bosque. O bispo de Iria Fl
ávia, Teodomiro, logo ordenou que
fossem feitas escavações no lugar, encontrando os ossos do apóstolo Tiago. A notícia se
espalhou e pessoas começaram a deslocar-se para lá a fim de conhecer a tumba,
originando-se o Caminho de Santiago de Compostela (fig.02).
Figura 02: Mapa da Espanha destacando região dos Caminhos para Santiago de Compostela
Fonte: Modificado pela autora em junho de 2006.
Capítulo II Modelos Estudados de Caminhos Históricos voltados para a atividade
turística e a preservação ambiental
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23
Afonso II de Astúrias mandou construir no mesmo local da grande descoberta uma singela
capela de barro, pedra e madeira em honra ao Ap
óstolo Tiago, proclamado padroeiro e
guardião de todo o seu reino. Em pouco tempo uma cidade levantava-se em torno daquele
bosque, logo chamada de Compostela, etimologicamente derivado do latim C
ampus Stellae,
ou seja, "Campo das Estrelas". No ano de 899, Afonso III ergueu uma Bas
ílica com colunas
de mármore sobre o rústico templo edificado por seu pai. Oito anos depois, este santuário
foi saqueado pelo rei árabe Almanzor que poupou, respeitosamente, as relíquias do
apóstolo. Em 1075, foram iniciadas as obras da atual Catedral, cinco vezes maior que a
anterior.
As peregrinações cresciam rapidamente: homens e mulheres reunidos em
caravanas iam até a tumba apostólica cumprir promessas, redimir seus pecados,
buscar ra
ízes de religiões mortas ou simplesmente aventurar-se em uma terra
distante. Outros mais faziam por delega
ção de terceiros que para isso o pagavam;
cumpriam penas criminais; tão como ladrões que iam somente para tirar proveito
dos mais incautos.
(Fonte disponível em http://www.caminhodesantiago.com/).
As tr
ês primeiras penetravam na Espanha, em Roncesvalles, dando origem a Rota Navarra.
A Tolosana, via Somport, chamada desde ent
ão Rota Aragonesa, seguia até confluir com a
primeira em Puente la Reina. Desde ali, embora com alguns desvios e ramais secundários,
o Caminho é único, chamado de Real Francês (fig.03). Existem vários Caminhos que
percorrem toda a Europa e que desembocam em Santiago de Compostela, o mais famoso é
sem dúvida o chamado Caminho Francês que atravessa a Fronteira Franco-Espanhola nos
Pirineus e todo o norte da Espanha.
Hoje em dia, parece que a peregrina
ção volta ao seu esplendor inicial. A cidade de Santiago
de Compostela foi declarada "Patrim
ônio da Humanidade" pela UNESCO em 1985, e o
Caminho de Santiago foi declarado Conjunto Histórico-Artístico em 1962 e, reconhecido
pelo Conselho da Europa como "Primeiro Itinerário Cultural Europeu" em 1987, por estar
repleto de marcos arquitet
ônicos (românico, gótico, barroco e neoclássico). Nos dias que
correm os motivos que, segundo os peregrinos, os levaram a Santiago, são vários: um
espírito religioso (cristão ou não), misticismo, busca interior, turismo, desporto ou apenas
aventura.
Capítulo II Modelos Estudados de Caminhos Históricos voltados para a atividade
turística e a preservação ambiental
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24
Figura 03: Mapa do Caminho Francês
Fonte: Dispon
ível em <http://www.caminhodesantiago.com/mapa.htm> Acessado em dezembro de 2005
O Caminho de Santiago de Compostela come
ça oficialmente na França em quatro lugares:
Le Puy, Arnes, Vézelay e Paris. Há, porém, rotas por toda Europa que terminam em um
desses lugares, sem falarmos nas rotas que saem de Portugal e outras do sul da Espanha.
Na realidade o local de sa
ída do peregrino é função de algumas variáveis, sendo as
principais: tempo, condições físicas e dinheiro. Para aquele que dispõe das férias (um
mês) não conseguindo mais alguns dias, é necessário que efetue bem seu planejamento,
pois são necessários dois dias para seu deslocamento do Brasil até o ponto de partida, e
outros dois para a sua chegada a Santiago e sua volta ao Brasil, restando apenas 26 dias
para sua peregrina
ção.
Não é impossível de realizar, a média dria seria em torno de 30 km/dia, no
entanto teria de sobrepujar a referida m
édia, no caso da necessidade de algum dia
para descanso, ou para efetuar visitações mais demoradas em algum trecho do
Caminho, lembramos que o Caminho é repleto de belas paisagens, de igrejas,
pontes e monumentos históricos que vale a pena sua visitão. (Fonte disponível
em http://www.caminhodesantiago.com/).
O europeu, principalmente o espanhol, costuma efetuar sua peregrinação em etapas, a cada
f
érias percorre um determinado trecho, no final de 2 ou 3 anos, tem o seu percurso
conclu
ído com determinada tranqüilidade. Alguns peregrinos iniciam o seu caminho em
pontos intermediários (exemplo: Burgos, León ou outro ponto intermediário), no entanto, no
final sentem-se frustrados de não ter executado o seu caminho completo. Ainda temos de
considerar que, para alguns, fazer o Caminho completo significa seguir até Finisterra, o que
poderia ser realizado em um ônibus ou carro, bem como passar alguns dias em Santiago de
Compostela absorvendo toda a hist
ória que dela emana através dos seus edifícios, ruas e
praças, o que vem a adicionar mais alguns dias ao seu tempo.
Capítulo II Modelos Estudados de Caminhos Históricos voltados para a atividade
turística e a preservação ambiental
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Figura 04: Mapa da região norte da Espanha destacando os Caminhos de Peregrinação, sendo o Caminho
Francês destacado na cor azul. Fonte: Disponível em <http://www.caminhodesantiago.com/mapa.htm>
Acessado em dezembro de 2005.
Atualmente o peregrino pode estender a sua peregrinação até Finisterra e Muxia, pois o
referido trajeto encontra-se totalmente demarcado, existindo albergues nas suas quatro
etapas. Tradicionalmente, o Caminho de Santiago, o denominado Caminho Franc
ês (fig.04),
inicia na fronteira franco-espanhola, em meio aos verdejantes Pirineus do pa
ís Basco. Um
pequeno povoado francês, Saint Jean Pied-de-Port, é a porta de entrada mais utilizada
pelos peregrinos. Outro ponto situado a poucos quilômetros dali utilizado pelos peregrinos, é
o lugarejo chamado de Roncesvalles, situado na fronteira já do lado espanhol. Alguns
peregrinos costumam partir de um outro local, também situado nos Pirineus, que é o
Caminho Aragonês, partindo de Samport o qual nada mais é do que um posto de aduana
situado na fronteira. Começa no topo dos Pirineus e anda um bom tempo margeando o rio
Aragon.
É uma rota com poucos lugares dotados de albergues e longas distâncias entre os
povoados. É, também, mais rústica, longa e solitária em relação ao trajeto anterior, no
entanto, a paisagem é considerada lindíssima e bem diferente da brasileira. O rio é claro,
raso e largo, com um fundo de pedras cinza. As árvores são altas de troncos grossos e sem
muitos galhos (tipo pinheiro). Esse trecho torna o Caminho cerca de 200 km mais longo que
a outra rota. Os dois Caminhos unificam-se em Puente la Reina, tornando-se um s
ó até
Santiago de Compostela.
Capítulo II Modelos Estudados de Caminhos Históricos voltados para a atividade
turística e a preservação ambiental
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Figura 05: Vista da cidade de Santiago de Compostela - Espanha
Fonte: Dispon
ível em < http://www.caminhodesantiago.com/fotos.htm> Acessado em janeiro de 2006.
Atravessando a parte norte da Espanha na região da Galícia com relevo montanhoso e
abundante flora o Caminho Francês passa por grandes campos verdes, porém é
aconselhado não fazer a peregrinação nos meses de inverno devido à altitude da rego dos
Pirineus e suas baixas temperaturas, o que tornaria a caminhada perigosa. Situada na
provincia da Coru
ña, a cidade de Santiago de Compostela (fig.05) assenta-se entre o monte
Pedroso e o monte Viso, circundada pelos regatos Sar e Sarela.
É a capital da Galicia, a
sede da arquidiocese, do distrito universit
ário e do partido judicial homônimo, além de
constituír um dos principais centros culturais do país.
2.1.2 - Qualidade ambiental
Em Santiago de Compostela, o principal centro urbano na peregrinação , no desenho dos
espaços livres que garantem a qualidade ambiental foi fundamental a revitalização dos
diferentes corredores fluviais, parques forestais, bosques e outeiros como elementos
delimitadores da cidade. Entre outras quest
ões, evidenciam-se os outeiros e os corredores
fluviais do contorno da cidade para a sua regula
ção pelo planejamento urbanístico, porque
necessitam de um tratamento diferencial em função da sua relevancia ecológica e
paisagística. Estes sistemas naturais são precisos para o ótimo desenvolvemento urbano, já
que contribuem de forma ativa a potencializar a biodiversidade e a paisagem. São da
mesma forma controlados: a qualidade da água, qualidade da água de descarga da rede de
coletores pluviais, meteorologia, acompanhamento ambiental das frentes de obra,
monitoramento dos aterros sanit
ários e a qualidade do ar.
Capítulo II Modelos Estudados de Caminhos Históricos voltados para a atividade
turística e a preservação ambiental
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Santiago foi o primeiro conselho galego a aderir à Carta de Aalborg, com fim de
compatibilizar o desenvolvimento com a preservação do meio ambiente. Este feito
comportou a formaliza
ção de compromissos concretos, entre os que figura a implantação da
Agenda 21 local.
A necessidade de melhorar a qualidade do meio ambiente conseguida mediante a
preserva
ção do meio natural, está vinculada à relação das pessoas com seu entorno. A
an
álise das funções ambientais, do consumo dos recursos e dos procedimentos utilizados
para minimizar os procesos contaminantes são alguns dos fatores no que trabalha o
departamento de Meio Ambiente, de face a conseguir uma cidade sustentável.
2.1.3 - Desenvolvimento Urbano
O projeto urbanístico da cidade de Santiago de Compostela, consolidado a partir da
planificação fundamentada numa prática atenta a qualidade ambiental, consistente na
reabilitação urbano-ecológica, foi capaz de integrar, no modelo escolhido, o seu contorno
com o valor do hist
órico desenho do territorio inserido no seu espaço natural. A premissa de
desenvolver-se sustentavelmente baseia-se num modelo de ordena
ção da cidade
consolidado e baseado no crescimento e expansão da cidade central, sem destruir as
características de centro histórico preservado. Os âmbitos espaciais, no que se estrutura a
área urbana de Santiago, atendem a integrar os bairros e periferias, a partir de um modelo
urbanístico que lhe presta uma atenção singular aos aspectos de desenvolvemento
sustentável e a recuperação histórica, urbana e ambiental. Este modelo baseia-se nas
conquistas pelas pol
íticas de reabilitação e de infraestruturas da cidade histórica e da sua
relação com o meio natural para se consolidar como uma referência estratégica de fortaleza
da área urbana.
A planifica
ção urbanística incide num crescimento contínuo, denso e compacto de tal
maneira que a dimensão da cidade continua a ser controlada e, ao mesmo tempo, não
condiciona de forma negativa a viabilidade futura dos diferentes aproveitamentos
agropecu
ários , florestais periurbanos e rurais. Desta forma, consegue-se a preservação da
paisagem e dos recursos naturais ao minimizar o consumo do solo.
Capítulo II Modelos Estudados de Caminhos Históricos voltados para a atividade
turística e a preservação ambiental
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2.1.4 - Acessibilidade
Geralmente o turista que vai fazer a peregrinação pelo Caminho de Santiago de
Compostela, principalmente o turista estrangeiro, j
á se programa antes mesmo de sua
chegada ao local de início do trajeto. Além de aeroportos nas grandes capitais como Madri,
existem linhas de ônibus especiais que levam ao centro da cidade, assim como o metrô e a
linha ferroviária. Em Santiago de Compostela, o crescimento urbano e a grande procura por
turistas peregrinos que visitam a cidade anualmente fizeram com que houvesse uma
melhoria nas condi
ções de infra-estrutura dos meios de transporte e comunicações.
A concentração de centros de estudos, empregos e serviços, unida a diversidade
das funções regionais e internacionais de Compostela convertem num complexo
espaço de recepção que através da infra-estrutura dos meios de comunicação
atendem muito bem a visitantes, turistas, estudantes, etc..
(Fonte dispon
ível em http://www.santiagoturismo.com/Camino/Introduccion/).
2.1.5 - Deslocamento
Como mencionado anteriormente, o trajeto pelo Caminho de Santiago é mais comumente
realizado à pé, possuindo variantes à cavalo ou de bicicleta.
H
á setas amarelas espalhadas por todo lugar: chão, muretas, pedras, árvores. Em Burgos
eles chegaram a pintar setas nos postes para que os peregrinos se orientem pela cidade. As
indica
ções são setas amarelas na maior parte do caminho e dois traços; um vermelho e
outro branco, em Huesca (Samport). Essas marcações não dizem para onde ir, como
caminhos proibidos ou errados, rotas alternativas, qual o caminho em bifurca
ções. Às vezes
as setas são muito vagas e o peregrino gasta um precioso tempo concluindo se elas dizem
"para cá" ou "para lá".
H
á também faixas confeccionadas em plástico na cor amarelas onde se lê "Caminho de
Santiago" com a concha e a cruz de Santiago. Essas faixas costumavam ser distribuídas
pelas Associações dos Amigos do Caminho, para que os peregrinos atualizassem um trecho
mal sinalizado ou reforçassem um lugar duvidoso.
H
á também a concha estilizada, encontrada como azulejo em diversos lugares de cidades
pequenas que significam apenas "venha até aqui". Teoricamente, do lugar onde a mesma
se encontra, deve ser possível avistar a próxima seta (fig.06).
Capítulo II Modelos Estudados de Caminhos Históricos voltados para a atividade
turística e a preservação ambiental
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O Caminho passa sempre em frente à Catedral ou a Igreja mais importante da cidade,
sendo oito as principais catedrais pelo Caminho.
Figura 06: Detalhe da sinalização do Caminho de Santiago de Compostela.
Fonte: Dispon
ível em <http://www.santiagoturismo.com/Camino/Introduccion/> Acessado em janeiro de 2006.
Como regra geral, as sinalizações são as seguintes:
- uma flecha amarela;
- duas faixas paralelas horizontais, uma branca (em cima) e outra vermelha em baixo;
- uma faixa amarela;
- uma Vieira (concha); duas faixas paralelas horizontais, uma branca (em cima) e uma
amarela (em baixo);
- um marco (com ou sem a Vieira).
Os s
ímbolos de Huesca (Samport) são:
- duas faixas paralelas verticais, uma vermelha (
à esquerda) e uma branca (à direita),
significam: pode seguir por aqui;
- duas faixas, uma vermelha e uma branca se cruzando, significa: que voc
ê não deveria
estar aqui;
- uma faixa vermelha (na vertical) e uma faixa branca quebrada para a direita, significam:
virar a direita na primeira bifurca
ção.
Os caminhos s
ão estradas rurais de terra, estradas rurais asfaltadas, acostamento de
rodovias importantes ou ent
ão trilhas paralelas às estradas. Existe também uma sinalização
do caminho através das placas rodoviárias existentes nas estradas. Na Galicia, o visitante
encontrar
á um excesso de marcos, a cada aproximadamente 500 metros, existe um pilarete
Capítulo II Modelos Estudados de Caminhos Históricos voltados para a atividade
turística e a preservação ambiental
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de concreto recordando a distância a Santiago, eles estão colocados com mais critério
estético do que topográfico.
De um modo geral a travessia de uma grande cidade
é um pouco cansativa, a atenção é
redobrada nas ruas que devem ser atravessadas tomando cuidado com os carros e ônibus.
O Caminho no geral é bem demarcado minimizando os riscos do caminhante se perder,
mesmo sendo muito recomendado a utilização de guias publicados com mapas e
informações sobre a infra-estrutura nas cidades e aldeias, como albergues, restaurantes,
centros de informa
ção ao turista, transportes, etc.
2.1.6 - Infra-estrutura e equipamentos
Hospedagem
Em todo o Caminho de Santiago os albergues são conhecidos também por refúgios. A
maioria deles é paroquial ou municipal e não contam com nenhum tipo de subvenção, sendo
mantido pela voluntariedade dos peregrinos e das Associações de Amigos do Caminho de
Santiago de Compostela
de todo o mundo. Embora a maioria dos refúgios seja para
utilização gratuita exclusiva dos peregrinos que portam a credencial, existem uma série de
gastos de limpeza, eletricidade, manutenção, etc., que para continuarem sendo
empregados, necessitam de pequenas contribui
ções.
As dist
âncias entre os albergues variam aproximadamente em 20 km. Entre uma povoação
e outra, 5 km. e em alguns casos isolados, pode chegar a 16 km. Já na região da Galícia,
nos últimos 153 km da rota de Santiago, estes intervalos caem para um povoado a cada 1,5
km. Al
ém dos albergues (refúgios), o peregrino tem como opção pernoitar nos Hostais e/ou
Hot
éis existente ao longo do Caminho, tedireito a um quarto com banheiro onde poderá
descansar por um ou mais dias e, além de descansar, efetuar um pouco de turismo na
região. Existem hospedagens de todos os preços, variando a diária de 12 euros a 350 euros
(nos Paradores existentes).
Alimentação
O custo de uma refeição típica, "menu del dia" ou "menu del peregrino", está em torno de 8
euros. Dificilmente encontram-se preços acima deste valor. Geralmente o cardápio consta
de dois pratos com direito ainda a sobremesa, pão, vinho e/ou água.
Capítulo II Modelos Estudados de Caminhos Históricos voltados para a atividade
turística e a preservação ambiental
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Atualmente, um grande número de refúgios possui cozinha devidamente equipada o que
possibilita ao peregrino comprar g
êneros alimentícios e preparar a refeição ao seu gosto
como também estaria reduzindo os custos de sua peregrinação.
Em Santiago
é possível alimentar-se três dias de graça no refeitório dos empregados do
"Hostal de Los Reyes Católicos, que é um hotel de luxo, e fica em frente à Catedral.
Recreação /
Contemplão
Usos culturais
Comércio /
Serviço
Outros usos
Equipamentos
- Parques e
pra
ças; o trajeto
em si é repleto
de áreas
verdes.
-Museus e
teatros
- Hospitais e
postos de
atendimento;
- Edif
ícios
comerciais;
- Universidade;
- Hot
éis e
albergues
(estes mais
utilizados pelo
peregrino);
- Igrejas e
catedrais pelo
caminho;
- Servi
ços
Turísticos,
Informações ao
Turista.
- Bibliotecas;
- Edifícios
residenciais.
.Estacionamento;
- Mobiliário
urbano;
- Transporte
p
úblico.
Tabela 01: Serviços de infra-estrutura referentes ao Caminho de Santiago de Compostela.
Fonte: A autora. Setembro, 2006.
Capítulo II Modelos Estudados de Caminhos Históricos voltados para a atividade
turística e a preservação ambiental
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2.2 - Os Caminhos do Ca
Figura 07: Mapa destacando região do Vale do Paraíba Fluminense e suas fazendas
Fonte: Dispon
ível em < http://www.preservale.com.br/ > Acessado em janeiro de 2006.
2.2.1 - Histórico e aspectos gerais
A história da economia do café se confunde com a própria História do Brasil ao longo do
s
éculo XIX, momento de transformações conjunturais decisivas para os períodos posteriores
da vida de nosso país. Essa história reúne, no espaço de pouco menos de um século, o
apogeu e a ruína de um importante período econômico do Brasil ocorrido em meio à
transição política da Colônia para o Império e, finalmente, para a república, além do fim do
modo de produ
ção escravocrata e a crise de desenvolvimento que se configurou nas
primeiras décadas do século XX.
Capítulo II Modelos Estudados de Caminhos Históricos voltados para a atividade
turística e a preservação ambiental
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Este contexto atingiu o Brasil em plena passagem de um sistema político, econômico, social
e fundiário pré-capitalista, para a realidade industrial que se impôs no mundo a partir de
então. A região do Vale do Rio Paraíba do Sul (fig.07), foi o cenário privilegiado e eleito
para a promoção de uma riqueza através da derrubada da Floresta Atlântica e da ocupação
definitiva do último reduto do Estado do Rio de Janeiro não colonizado pela Coroa
Portuguesa.
Figura 08: Mapa do estado do Rio de Janeiro destacando a região do Vale do Paraíba Fluminense
Fonte: Modificado pela autora em julho de 2006.
A implanta
ção da lavoura cafeeira deixou como legado histórico o patrimônio arquitetônico
das fazendas de café, com seus solares imperiais
1
e uma pecuária extensiva, ocupando
desde então toda esta região, desgastada pela monocultura. Uma profunda crise
conjuntural sucedeu a esse curto per
íodo de riqueza e estendeu-se até recentemente, não
obstante a industrialização que floresceu a partir das primeiras décadas do século atual.
O in
ício do processo de turistificação no Vale do Paraíba (fig.08), ainda na primeira metade
do s
éculo XIX, teve início em um distrito de Valença, Conservatória, que manteve e
1
O período da construção das fazendas é o do Império, não da colônia, por isso o são
considerados solares coloniais.
Capítulo II Modelos Estudados de Caminhos Históricos voltados para a atividade
turística e a preservação ambiental
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34
desenvolveu uma tradição ligada a música, mais especificamente à seresta de rua. Por
outro lado, as epidemias que assolaram a cidade do Rio de Janeiro, na mesma
época,
provocaram a busca pela região serrana de clima ameno -, como alternativa de tratamento
e de preven
ção de saúde. Através de Conservatória o turismo se manteve até o último
quarto do século passado, atraindo os olhares para outros valores da região,
particularmente sobre as edificações singelas do distrito e monumentais nas fazendas de
café.
A Faculdade de Arquitetura de Barra do Pira
í, a partir de 1971, desenvolve um trabalho de
reconhecimento dessas edificações rurais, alertando aos proprietários muitos ainda
descendentes dos propriet
ários originais para os valores desse patrimônio. No final de
1970, o comércio dessas unidades agrárias à novos e interessados proprietários vai
significar outro alento à economia local, algumas fazendas foram recuperadas por aqueles
que, nesta tarefa, conseguiram também resgatar a memória aristocrática do Vale,
promovendo a revitalização econômica e cultural da vida e dos valores rurais,
historicamente predominantes no médio Paraíba.
Figura 09: Hotel Fazenda Arvoredo em Barra do Piraí-RJ.
Fonte: Dispon
ível em < http://www.preservale.com.br/> Acessado em dezembro de 2005.
A comunidade regional, também atingida pela estagnação econômica advinda da falência
dos empreendimentos industriais e pela concentração no entorno de Volta Redonda com a
instalação da Companhia Siderúrgica Nacional (1947), começa a observar a atração que
esse patrimônio histórico tem sobre o segmento do turismo.
Capítulo II Modelos Estudados de Caminhos Históricos voltados para a atividade
turística e a preservação ambiental
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35
Na virada do século, começam os investimentos das Prefeituras locais nesse segmento
pressionadas e apoiando uma pequena rede hoteleira já instalada (fig.09). A iniciativa
privada tamb
ém investe em eventos, aumentam os investimentos em divulgação e infra-
estrutura, baseados em pressupostos contempor
âneos e voltados para a valorização dos
potenciais regionais.
O ponto de partida
é o binômio Cultura e Turismo, consequentemente Preservação e
Desenvolvimento, conjugando o Patrimônio Histórico com eventos para promover o
desenvolvimento, através do turismo nas áreas rurais, e da ação coordenada entre os
poderes públicos, a iniciativa privada, a cooperação e a mobilização das comunidades
regionais. O enfoque é dado, principalmente, na revitalização dos patrimônios históricos que
são a marca exclusiva desta região, promovendo o crescimento do turismo e das economias
locais, bem como o aumento do interesse acadêmico, cultural, histórico e ecológico sobre o
Vale do Paraíba, a economia do café e a Floresta Atlântica.
2.2.2 - Qualidade ambiental
Esse interesse regional sobre os solares das fazendas de café faz surgir o Instituto
Preservale
Preservação do Vale do Paraíba -, com a proposta de conjugar investimentos
de preserva
ção com o retorno promovido pela economia do turismo. A reunião dos
proprietários das fazendas em uma ONG, permitiu o desenvolvimento de inúmeras ações
para alcançar os objetivos propostos. Muito embora a ação inicial visasse as fazendas, os
reflexos da atividade atingiram os centros urbanos fazendo surgir uma economia voltada à
atividade turística.
A aus
ência de intenção na geração do empreendimento turístico na zona urbana revela a
falta de planejamento e de a
ções mais abrangentes que somente a atração turística. Entre
outros in
úmeros aspectos que o interesse e o binômio Cultura e Turismo poderia e deveria
ter gerado no Vale do Paraíba, está a preservação ambiental. Um turismo ecológico se
implementado, tendo na Serra da Concórdia (Valença) o investimento de maior vulto com a
cria
ção de um estuário.
Assim, o planejamento da regi
ão vai muito além do que a observação dos efeitos no
turismo. T
ão importante é tratar das condições sanitárias - fundamentais para a qualidade
de vida da popula
ção local, há uma necessidade preemente de interação no
Capítulo II Modelos Estudados de Caminhos Históricos voltados para a atividade
turística e a preservação ambiental
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desenvolvimento dos projetos e programas voltados à questão do meio ambiente, visando a
educação e a conscientização ambientais e até de preservação do patrimônio material e da
cultura local. Para tanto, convênios com órgãos federais e estaduais normativos e
fiscalizadores da
área e na forma de parceria com a administração municipal, organizações
da sociedade civil e a comunidade a ser beneficiada, podem ser realizados. Dessa forma
esperava-se encontrar na experi
ência em andamento, a formulação e implementação de
políticas públicas ambientais, pois alguns fazendeiros têm consciência que a paisagem rural
é
parte do patrimônio cultural. Outra maneira de buscar a valorização do patrimônio natural
da região é a inclusão dos recursos naturais como parte do produto turístico a ser oferecido,
ou mesmo ampliar a oferta para o público atraído pelo patrimônio histórico e cultural.
Em suma, reunir os interesses preservacionistas da mem
ória histórica através do turismo
tem que considerar o desgaste da paisagem nesses dois séculos de ocupação predatória.
Propostas de reflorestamento, de tratamento das erosões, vorocas
2
e desbarrancamentos
s
ão parte inerente do planejamento para o turismo. Assim como oferta de serviços de
saneamento básico e condições de interação com as comunidades locais no comércio
gerado a partir da movimentação econômica do turismo. O interesse de preservação da
paisagem inclui a recuperação das áreas degradadas com foco privilegiado para a cobertura
vegetal da Floresta Atlântica com replantio de áreas que sejam significativas.
2.2.3 Desenvolvimento Urbano
O longo processo de empobrecimento da região, que se estende a os dias atuais, tem
início com o declínio da lavoura cafeeira, no final do século XIX, decorrente do desgaste do
solo nas zonas rurais e da ocupa
ção desordenada e sem planejamento das áreas urbanas.
A partir da segunda metade do s
éculo XX, a região vem sendo ocupada por indústrias e
intensifica-se o processo de urbanização, cada vez mais perdendo seu caráter rural, sua
memória hisrica e cultural e sua identidade. O Vale do Paraíba fluminense vive agora o
impasse de manter sua memória e encontrar soluções para formas de inclusão econômica e
social.
2
Desmoronamento oriundo de erosão subterrânea causada por águas pluviais que facilmente se
infiltram em terrenos muito perme
áveis, ao atingirem regiões de menor permeabilidade; buracão.
Fonte: Dicion
ário da Língua Portuguesa Aurélio Buarque de Hollanda.
Capítulo II Modelos Estudados de Caminhos Históricos voltados para a atividade
turística e a preservação ambiental
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As edificações, os acervos artísticos e documentais atestam a riqueza material, o poder e a
express
ão política da elite econômica, genericamente denominada de "barões do café", e
também as efervescências culturais, sociais e de costumes que influenciou a vida nacional
na época. As produções cafeeiras do passado, que utilizaram mão-de-obra escrava e
produziram no meio ambiente danos irrepar
áveis, deixaram um legado, por um lado,
importante para compreens
ão da formação social do Brasil e por outro, testemunho do
abandono e exclusão das camadas mais populares.
Em fun
ção disso, necessidade de uma política pública e de um planejamento espaço-
territorial, onde cada vez o "urbano invade o rural", atrav
és de um zoneamento econômico-
ecol
ógico, seja importante instrumento de qualificação da região, e não insista na exclusão
social como elemento de degradação. Desenvolvida pela administração pública em conjunto
com a sociedade a fim de recuperar e preservar, entre outros aspectos, a qualidade de vida
nessas cidades que ainda tentam manter aspectos de
cidade do interior, cuidar da
melhoria da qualidade ambiental do território, realizar a inserção social das comunidades,
usufruindo de seu potencial de produtor cultural quando do empreendimento do turismo. O
desenvolvimento nos munic
ípios, superando as carências e diminuindo as desigualdades
internas em cada um deles, deve caminhar em compasso para que a defasagem n
ão
provoque, ou acentue o desequilíbrio, porque, sendo limítrofe, a carência maior de um
município será fator de pressão sobre o(s) outro(s).
Uma grande expectativa est
á gerada pela realização dos Planos Diretores Participativos,
onde, espera-se que o empreendimento turístico não seja tratado tão somente como uma
indústria em crescimento, e os conflitos urbanos e rurais sejam direcionados ao equilíbrio
necessário para que o turismo não seja extrativista e predatório.
2.2.4 - Acessibilidade
Uma das questões a ser abordada com seriedade e firmeza é a equação da questão de
acesso. Melhoria das condições das estradas poderá significar aumento de tráfego em
regiões onde a preservação ambiental é mais fundamental que o transporte em si. Questão
de poluição ocupacional e visual ao longo das vias de acesso, seja pela ocupação de
comércio oportunista seja pela instalação de sinalizações inadequadas o outros desafios
observados na regi
ão.
Capítulo II Modelos Estudados de Caminhos Históricos voltados para a atividade
turística e a preservação ambiental
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2.2.5 - Deslocamento
O turista pode chegar à região do Vale do Paraíba fluminense através de linhas de ônibus
que atendem a cada município ou se preferir vir de automóvel ou, ainda, se integrar às
ofertas de grupos que se locomovem em
vans e ônibus de aluguel. A região é cortada pela
BR 393 que permite a interligação às principais capitais como Belo Horizonte e São Paulo e
a ligação com a BR Rio São Paulo.
O trajeto de visita pelas fazendas do per
íodo do Café é feito por meios de transporte, mas
nos locais podem ser feitas trilhas pela mata atl
ântica para alcançar atrativos naturais da
região, como cachoeiras. Os passeios podem ser feitos a pé, de bicicleta ou a cavalo.
2.2.6 Infra-estrutura e equipamentos
Hospedagem
Alimentação
Recreação
Usos
culturais
Comércio /
Serviço
Outros
usos
Algumas
antigas
fazendas de
caf
é servem
atualmente
como
hospedagem
para os
visitantes,
mantendo
caracter
ísticas
da época dos
Barões do
Café, como
criação de
cavalos e a
mata atl
ântica
preservada.
As pousadas
e Hot
éis
Fazenda
oferecem
servi
ços de
alimentação
aos
visitantes,
assim como
existem
restaurantes
pelas
cidades com
boa
gastronomia,
comidas
caseiras, etc.
- Parques
e pra
ças; o
trajeto em
si
é repleto
de áreas
verdes.
-Museus
(algumas
fazendas s
ão
museus,
conservando
mobili
ário de
época e
mantendo
costumes
atrav
és de
encenações
para os
turistas).
- Hospitais e
postos de
atendimento;
- Edif
ícios
comerciais;
-
Universidade;
- Hotéis
Fazenda /
pousadas;
- Igrejas;
- Servi
ços
Turísticos,
Informa
ções
ao Turista;
- Bibliotecas;
- Bancos;-
Farm
ácias
Correios;
Mercados.
- Edif
ícios
residenciais
Equipamentos
- Estacionamento; - Transporte público.
- Mobili
ário urbano;
Tabela 02: Serviços de infra-estrutura referentes ao Caminho do Café.
Fonte: A autora. Setembro, 2006.
Capítulo II Modelos Estudados de Caminhos Históricos voltados para a atividade
turística e a preservação ambiental
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2.3 - Os Caminhos do Açúcar
Figura 10: Mapa do estado do Rio de Janeiro destacando região norte-fluminense
Fonte: Dispon
ível em < http://www.quissama.rj.gov.br/ > Acessado em janeiro de 2006.
2.3.1 - Histórico e aspectos gerais do modelo
A atividade a
çucareira foi muito impulsionada pelas ordens religiosas, que a partir de
meados do século XVI haviam obtido permissão para entrar no país jesuítas em 1549 e
beneditinos em 1584
e passaram a participar decisivamente do projeto colonizador. A
maioria dos engenhos foi implantada no Rio de Janeiro, favorecidos pelas condi
ções
climáticas e geográficas e, agora, livres das ameaças dos franceses.
Na capitania do Para
íba do Sul, o século XVIII, a partir de seus meados, marcou o início do
ciclo do açúcar, envolvendo as terras dos atuais municípios de Campos, Macaé, Quissa
e São João da Barra, principalmente entre o rio Paraíba do Sul e a Lagoa Feia (fig.10).
Importante propulsor da atividade foi, tamb
ém, a expulsão dos jesuítas do Brasil em 1759, já
que disponibilizou para a empresa açucareira Fluminense enorme quantidade de terras,
antes comprometidas com a pecuária. A primeira metade do século XIX manteve o norte-
fluminense na vanguarda da produ
ção açucareira, processo iniciado em meados do culo
anterior, e ainda mais desenvolvido com a vinda da Corte Portuguesa para o Rio de Janeiro,
Capítulo II Modelos Estudados de Caminhos Históricos voltados para a atividade
turística e a preservação ambiental
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40
em 1808, consolidando no sudeste o eixo da economia colonial. O número de engenhos
que, em meados do s
éculo anterior, não passava dos 50, foi se multiplicando.
A posi
ção de destaque do setor açucareiro do Norte-Fluminense neste período áureo pode
ser avaliada pela liderança que a aristocracia do açúcar teve no movimento que resultou na
introdu
ção dos engenhos centrais no Brasil e pelo fato de o primeiro engenho central
autorizado a funcionar pelo Império foi o de Quissamã (fig.11) , em 1877, dois anos após o
decreto 2.687, que estabelecia a política ucareira a vigorar daí por diante. Com a
centralização manufatureira do açúcar, com os grandes aparelhos aperfeiçoados e o
aparelhamento moderado das terras de lavoura, pretendia-se driblar a crise anunciada. Os
Engenhos Centrais de Quissam
ã, cujos principais sócios eram membros da família Carneiro
da Silva, aglomerava sete engenhos que até então funcionavam isoladamente; Quissamã,
Mandiquera, Machadinha, São Miguel, Monte Cedro, Santa Francisca e Melo.
Dois anos depois, tamb
ém no município de Campos, foi inaugurada a primeira usina de
a
çúcar do Brasil: Usina do Limão, situada na fazenda e engenho de mesmo nome,
pertencente a João José Nunes de Carvalho.
No início do século XX, a economia açucareira sofreu uma nova crise, com a baixa de
preços do produto aliada à diminuição da concessão dos subsídios estatais voltados,
sobretudo, para o setor cafeicultor. Desta forma, usinas e engenhos centrais, surgidos nas
d
écadas de 1870 e 1880, foram fechados ou comprados por firmas e empresas.
Na d
écada de 1980, quando, no auge do Pró-Álcool, o governo garantia a compra de toda
produ
ção, a comercialização, não dependendo da iniciativa privada, fez com que os
empresários investissem pesado na construção de destilarias autônomas. É evidente a
redução no número de usinas, de fornecedores e de trabalhadores envolvidos com a
atividade. A produ
ção do úcar, no entanto, tendo representado papel fundamental na
ocupação e desenvolvimento da região norte-fluminense, constitui-se ainda em um
importante elemento na forma
ção e no desempenho da economia e identidade regionais. O
roteiro cultural dos Caminhos do A
çúcar está inserido na região Norte-Fluminense que,
marcadamente, tem a sua identidade cultural vinculada a hist
ória do Açúcar.
Capítulo II Modelos Estudados de Caminhos Históricos voltados para a atividade
turística e a preservação ambiental
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41
Figura 11: Casa da Fazenda Quissamã.
Fonte: Dispon
ível em < http://www.quissama.rj.gov.br/municipio/historia.html> Acessado em janeiro de 2006.
2.3.2 - Qualidade Ambiental
Desenvolver o turismo sustentável é um dos grandes objetivos dos municípios turísticos do
Norte Fluminense. Dentro desta linha, o Governo Federal realizou um convênio com o
governo alemão e estão disponibilizando recursos para financiar projetos de conservação da
Mata Atlântica e desenvolvimento do ecoturismo em áreas de relevância ambiental.
A proposta dever
á prever o uso sustentável dos recursos naturais como forma de
desenvolver o turismo. As prefeituras estão convidando toda a comunidade para participar
da elaboração da proposta. Segundo informações do Ministério do Meio Ambiente, a
participa
ção da comunidade é essencial para que o município adquira o recurso, e
desenvolva um projeto que atenda aos anseios da população. Além dos fragmentos de Mata
Atlântica, o Parque Nacional de Jurubatiba (fig.12), um dos maiores atrativos turísticos do
munic
ípio de Quissamã, poderá ser contemplado com o recurso.
Essa regi
ão apresenta características físicas que aumentam os problemas relacionados à
qualidade do ar: a acidentada topografia, a presença do mar e da Bacia de Campos, que
produzem um fluxo de ar complexo e heterogêneo quanto à distribuição e dispersão dos
poluentes, al
ém de seu clima tropical que favorece os processos fotoquímicos, gerando
poluição. A essas características, soma-se a crítica e intensa ocupação do solo.
Capítulo II Modelos Estudados de Caminhos Históricos voltados para a atividade
turística e a preservação ambiental
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42
Figura 12: Rest
inga e baixada do Parque Nacional de Jurubatiba.
Fonte: Disponível em < http://www.quissama.rj.gov.br/municipio/historia.html> Acessado em janeiro de 2006.
Por isso, o inventário de Fontes Emissoras de Poluição Atmosférica, financiado pela Usina
Termo-El
étrica do Norte Fluminense, constitui importante ferramenta de planejamento para
os
órgãos ambientais, pois define qualitativa e quantitativamente as atividades poluidoras do
ar e fornece informa
ções sobre as características das fontes, definindo localização,
magnitude, freqüência, duração e contribuição relativa das emissões.
O Programa de Educa
ção Ambiental, desenvolvido pela UTE Norte Fluminense, se insere
num amplo plano de controle e recupera
ção da Bacia do Rio Macaé, contemplados no
conjunto de medidas compensatórias pela instalação da usina e visa desencadear um
processo de mudança de comportamento para o uso adequado dos recursos ambientais
pelas comunidades locais.
O objetivo
é sensibilizar a sociedade civil para integrar-se ao processo de gestão da bacia
hidrográfica. Dessa forma, será possível ampliar a compreensão das políticas ambientais e
incentivar a participação na proteção, conservação e recuperação do meio ambiente,
melhorando as condições gerais da Bacia do Rio Macaé.
2.3.3 - Desenvolvimento Urbano
As cidades da região açucareira eram, de certo modo, um prolongamento do engenho. É
como se o derramamento do bangüê formasse os espaços urbanos das cidades. Segundo
trabalho publicado no site <http://www.sebraerj.com.br/>, situava-se em sítios estratégicos,
favorecendo o escoamento da produção açucareira, a chegada dos insumos, dos
Capítulo II Modelos Estudados de Caminhos Históricos voltados para a atividade
turística e a preservação ambiental
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equipamentos e da mão-de-obra para os engenhos. Tais cidades surgiram à beira dos rios e
dos caminhos carroçáveis, como pouso dos carregadores e dos animais, que transportavam
o açúcar. Originaram-se também a partir dos portos, e mais tarde, junto às linhas férreas.
A cidade de S
ão João da Barra cresceu, mas o núcleo urbano ainda guarda, hoje, o mesmo
traçado de meados do século XIX. Muitas construções são remanescentes desta época.
Encontra-se limitada pelo rio Paraíba do Sul que, descendo em curva, circunda dois lados
da cidade. Ao sul, a antiga estrada de ferro delimitava sua área urbana. Hoje, a BR-356
substitui a ferrovia, mantendo a acessibilidade ao n
úcleo antigo e aos novos loteamentos,
que indicam sua expansão. As ruas da cidade são largas e estão pavimentadas. Seus
pr
édios são de dois e três pavimentos, predominando os usos residenciais, seguidos de
comércio e serviços. Quatro praças, am da orla do rio, proporcionam lazer contemplativo à
população.
No norte-fluminense, particularmente durante o per
íodo em que a atividade açucareira foi a
principal base da economia regional entre meados do século XIX e icio do XX a
exig
ência de desenvolvimento deste setor e sua capacidade de investimento, reforçada pela
aliança com o capital comercial, propiciou surto desenvolvimentista, que dotou a região e,
sobretudo, a cidade de Campos, dos mais modernos itens de serviços e infra-estrutura. Luz
el
étrica, bonde, telefone, telégrafo, planos de embelezamento e estruturação urbanos,
planos de saneamento e drenagem, equipamentos culturais e religiosos, datam desta
época. Grandes obras de engenharia o canal Campos - Macaé e a rede ferroviária
implantada a partir de 1875, ligando às áreas de produção do açúcar, ao porto de Imbetiba e
ao Rio de Janeiro, completavam as condições necessárias para o desenvolvimento daquela
região e ao destaque de Campos como pólo regional.
2.3.4 - Acessibilidade
Os acessos aos municípios do Norte Fluminense eventualmente enfrentando o problema
das chuvas, necessitam de uma manuten
ção constante, sendo em alguns trechos
interrompidos por problemas nas pistas da rodovia BR 101 que liga o norte fluminense
à
capital do Rio de Janeiro.
Capítulo II Modelos Estudados de Caminhos Históricos voltados para a atividade
turística e a preservação ambiental
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2.3.5 - Deslocamento
O turista pode chegar à região do Norte Fluminense através de linhas de ônibus que
atendem a cada município ou se preferir vir de automóvel, a região possui a rodovia BR 101
que liga a região ao Rio de Janeiro e Vitória. O trajeto de visita pelas fazendas do ciclo do
açúcar é feito por meio de transportes, mas nos locais podem ser feitas trilhas pela mata
atl
ântica para alcançar atrativos naturais da região, como cachoeiras. Os passeios podem
ser feitos a pé, de bicicleta ou a cavalo. Há também o passeio pela região litorânea
conhecendo as praias e lagoas da região feito em embarcações.
2.3.6 - Infra-estrutura e equipamentos
Hospedagem
Os municípios de Campos e Macaé que compõem os núcleos urbanos da região Norte
Fluminense são dotados de boa infra-estrutura de hospedagens. Possuem pousadas e
hot
éis com boas acomodações para os turistas, porém, cidades menores como Quissamã,
não possuem uma boa infra-estrutura de hospedagens para os turistas limitando-se a
poucas pousadas em condi
ções ruins para uma demanda maior de visitantes.
Alimentação
Recreação
Usos
culturais
Comércio /
Serviço
Outros
usos
Equipamen-
tos
Possui
grande
n
úmero de
restaurantes
, bares, para
atender aos
visitantes,
pens
ões que
servem
comida
caseira,
sorveterias e
lanchonetes.
- Parques e
pra
ças; o
trajeto em si
é repleto de
áreas
verdes além
da região
litorânea
com as
belas praias
e lagoas.
-Museus
(algumas
fazendas s
ão
museus,
conservando
mobili
ário de
época) e
Centros
Culturais em
algumas
cidades da
regi
ão e
feiras de
artesanato
local.
- Hospitais e
postos de
atendimento;
- Edif
ícios
comerciais;
Universidade;
- Hot
éis /
pousadas;
- Igrejas;
- Servi
ços
Turísticos,
Informações
ao Turista;
- Bibliotecas;
- Bancos;
- Farm
ácias;
- Correios;
- Mercados.
- Edif
ícios
residenciais
- Estaciona-
mento;
- Mobili
ário
urbano;
- Transporte
p
úblico.
Tabela 03: Serviços de infra-estrutura referentes ao Caminho do Açúcar.
Fonte: A autora. Setembro, 2006.
Capítulo II Modelos Estudados de Caminhos Históricos voltados para a atividade
turística e a preservação ambiental
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2.4 Os Caminhos do Mar
2.4.1 - Histórico e aspectos gerais do modelo
Poucas décadas após o descobrimento do Brasil e à época da fundação da Vila de São
Vicente, os primeiros colonizadores desta nação se entregaram à tarefa de vencer o
obstáculo intransponível - a Serra do Mar - não para buscar segurança, mas, e
principalmente, para desbravar e colonizar outras regiões. Percorrendo primeiro trilhas
indígenas e posteriormente o caminho do Padre José de Anchieta vieram fundar outras
vilas, hoje transformadas no conglomerado urbano conhecido como a Grande S
ão Paulo,
dotada de modernas obras de engenharia que a ligam ao mar. As péssimas condições do
Caminho do Padre José de Anchieta inviabilizavam o transporte do açúcar até o porto de
Santos.
Assim, entre 1790 e 1792, foi constru
ído um novo caminho, calçado, por ordem do
governador Bernardo José Maria de Lorena. Esse caminho continuou se chamando
Caminho do Mar, ficando conhecido por Calçada do Lorena só a partir do início do séc. XX.
No trecho da planície, não houve muitas mudanças. A subida da serra, após a travessia do
rio Cubatão, era feita pelo Vale do Rio das Pedras, passando em áreas atualmente
pertencentes à Petrobrás, à EMAE e ao Parque Estadual da Serra do Mar, no município de
Cubatão. O trajeto totalizava mais ou menos, 50 km, reduzindo em mais de 20% o percurso
entre São Paulo e Santos. Além disso, a Calçada do Lorena era muito menos íngreme.
O trecho da Serra de Paranapiacaba (fig.13), compreendido entre o Rio das Pedras e o Rio
Perequ
ê, que descem a Serra buscando o Rio Cubatão, abriga diversas vias e restos de
caminhos, da maior importância na história de São Paulo e do Brasil. Nesse setor da
encosta foram abertos sucessivamente o Caminho do Padre José (trilha utilizada por
Anchieta), a Calçada do Lorena (utilizada por D. Pedro I, na viagem de sete de setembro de
1822), a Estrada da Maioridade e o Caminho do Mar.
Capítulo II Modelos Estudados de Caminhos Históricos voltados para a atividade
turística e a preservação ambiental
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Figura 13: Imagem aérea da região da Serra do Mar onde a Calçada do Lorena a transpõe.
Disponível em < http://geocities.yahoo.com.br/caminhosdomar/hist_cam_.htm> Acessado em abril de 2005.
As áreas mais densamente urbanizadas e industrializadas criam, em geral, para seus
habitantes, dificuldades para utiliza
ção das horas livres em atividades de cultura e
recreação. Em áreas urbanizadas e industrializadas muito rapidamente, as formas
tradicionais de recreação e de atividades culturais desaparecem e, muitas vezes, como
ocorre na regi
ão de São Paulo (fig.14), não são substituídas, empobrecendo-se a vida
intelectual e a vida sens
ível da população.
Capítulo II Modelos Estudados de Caminhos Históricos voltados para a atividade
turística e a preservação ambiental
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Figura 14: Mapa do estado de São Paulo localizando área dos Caminhos do Mar.
Fonte: Modificado pela autora em julho de 2006.
Nesses casos, as grandes vias de transporte rápido m oferecer aos indivíduos a
possibilidade de reforçar as correntes de turismo, através das quais procuram obter, em
outras
áreas, satisfações e as alegrias que não conseguem na área onde residem e
trabalham.
Mesmo manifesta
ções culturais de interesse nacional, como as primitivas vias de ligação de
Santos para o planalto, como a Calçada do Lorena percorrida por D. Pedro I, quando da
Proclama
ção da Independência, ou a estrada da Maioridade (Caminho do Mar), estão
desaparecendo rapidamente ou sendo descaracterizadas pelo uso indevido e tratamento
inadequado, antes mesmo que sua significa
ção seja percebida. A importância desses
elementos se destaca, tamb
ém, pelo fato de se encontrarem junto a uma das principais
reservas naturais do Estado - senão a principal - que se situa, de modo estratégico, entre as
Capítulo II Modelos Estudados de Caminhos Históricos voltados para a atividade
turística e a preservação ambiental
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duas faixas de mais elevados índices de poluição e que, por isso mesmo, deveria ser objeto
de ampla utiliza
ção e cuidados especiais para sua conservação.
Esses tipos de problemas v
êm merecendo atenção da Comissão Nacional de Regiões
Metropolitanas e Política Urbana (CNPU), em âmbito federal, da Secretaria da Cultura,
Ciência e Tecnologia e da Secretaria de Economia e Planejamento do Estado de São Paulo,
que estão procurando encontrar caminhos adequados para um correto aproveitamento
desses recursos, visando sua preservação e uso pleno.
2.4.2 - Qualidade Ambiental
A importância do Patrimônio Cultural e Natural remanescente ao longo das vias de ligação
entre o planalto e a Baixada Santista deve ser evidenciada e para tanto são apontadas
algumas alternativas para seu aproveitamento através de estudos realizados por órgãos da
Prefeitura de São Paulo.
A faixa de territ
ório que separa a área urbanizada da Região Metropolitana de São Paulo, no
Planalto, e a Baixada Santista, é parte de uma das últimas - se não da última reserva natural
de importância no Estado - a Serra do Mar. Essa área adquire importância excepcional, por
se situar entre as duas maiores concentrações industriais e populacionais do Estado, com
índices elevados de poluição e carência quase total de equipamentos de lazer e turismo.
De maneira informal e espont
ânea, a população tem se dado conta do interesse e das
possibilidades de aproveitamento da área, dando origem a um fluxo de usuários, em fins-de-
semana e feriados, que, mesmo sem apoio de infra-estrutura, ali despendem suas horas de
lazer. Essa ocupa
ção e utilização improvisada deve ser motivo de preocupação, porque
conduz a usos predatórios do patrimônio natural e cultural existente.
2.4.3 - Desenvolvimento Urbano
Pelos seus extraordinários recursos naturais, a região compreendida entre os quatro rios - o
Rio Perequ
ê e o Rio das Pedras, que descem a serra, Cubatão na Baixada Santista e o
reservatório do Rio das Pedras no planalto - deveria ser declarada reserva natural pelo
governo do Estado de S
ão Paulo, sem prejuízo da posterior extensão desse benefício à
área
compreendida entre o rio Pilões, em cujo vale se desenvolvem a Via Anchieta, e o rio
Mogi, em cujas proximidades se instala a Estrada de Ferro Santos-Jundiaí. Essa área ficaria
Capítulo II Modelos Estudados de Caminhos Históricos voltados para a atividade
turística e a preservação ambiental
__________________________________________________________________________
49
reservada aos estudos geológicos, da flora e da fauna, onde seriam organizados museus e
herb
ários e seriam desenvolvidas atividades educativas.
Toda a regi
ão viria a constituir importante área para atividades culturais de lazer para a
população do planalto e do litoral. Uma publicação do Ministério da Agricultura, em 1952,
intitulada Parques Nacionais do Brasil, de autoria de Vanderbilt Duarte de Barros, dá-nos a
seguinte informa
ção:
"Com uma área de 500 hectares, o governo do Estado de São Paulo possui uma
reserva florestal (Crônica Botânica, vol. VII nº 6, Massachussets, USA), desde
1909, no alto da serra, e na qual s
ão protegidas flora e fauna de uma importante
secção da Serra do Mar. Esta área poderia ser transformada em Parque Nacional,
embora de pequena superfície, pois ofereceria condições para o incentivo do
turismo em grande escala por sua proximidade da capital do estado bandeirante".
(in ZANETTINI, 1998).
A referida reserva se encontra a Oeste da estação Alto da Serra e sua delimitação rigorosa
poderá ser fornecida pela Secretaria da Agricultura, passando a integrar a nova área a ser
declarada reserva natural. Além desta reserva, há outras leis protegendo a cobertura
vegetal da serra. Os mananciais, igualmente, devem merecer especiais cuidados, quando
se tornarem acess
íveis ao público.
Por se tratar de uma
área de passagem inserida na Serra do Mar, onde a natureza foi
preservada e a expans
ão urbana não atingiu esse trecho destacado, a maior preocupação é
com a manutenção da qualidade do meio ambiente da região, preservando sua integridade
e evitando que o desenvolvimento urbano atinja de forma nociva à natureza no local. As
condições especiais da topografia da região, e o seu relativo isolamento, pelas águas da
represa, possibilitaram a conservação de um recobrimento vegetal, que constitui uma
reserva cuja significação deve ser ressaltada.
2.4.4 - Acessibilidade
Considerando-se as facilidades de acesso já existentes e as que vão sendo oferecidas em
torno dessa área - como a Rodovia dos Imigrantes e o Anel Rodoviário - o número de
usuários tende a se ampliar em larga escala e a prazos relativamente curtos. Desse modo, a
implanta
ção no local de uma infra-estrutura de apoio para acolhimento e orientação desses
visitantes, seria imediatamente absorvida pela população, justificando-se os investimentos
Capítulo II Modelos Estudados de Caminhos Históricos voltados para a atividade
turística e a preservação ambiental
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50
correspondentes. Inversamente, a sua ausência representará o comprometimento e mesmo
a destruição acelerada do patrimônio cultural e natural ali existente, cujas conseqüências
para as condições ambientais de ambas as regiões metropolitanas limítrofes poderão ser
imprevisíveis. Assim, está sendo desenvolvida uma proposta para a área que inclui no Alto
da Serra, com aproveitamento das reservas estaduais, a instalação de um parque, que seria
o pólo principal de recepção dos programas de lazer de massa e facilitaria a articulação com
os locais e atividades previstas.
Nas
áreas o cobertas por florestas, que se situam entre o Caminho do Mar, o início da
Calçada do Lorena e junto aos lagos, é possível receber e orientar número elevado de
pessoas com veículos e disciplinar o fluxo de visitantes, evitando, de um lado, usos
predat
órios que ameaçam a sobrevivência desse patrimônio e, de outro, o desamparo dos
usuários.
2.4.5 - Deslocamento
O projeto de planejamento da área do entorno da Calçada do Lorena deverá adotar um tipo
de calçamento que não conflite com as condições naturais do meio, mas que tenha
resistência suficiente para permanecer em bom estado com quaisquer condições de tempo
ou intensidade de uso. Sobre ela poderiam correr alguns carros para passageiros, puxados
por trator (
trenzinho) cobertos com lona, para proteção em horas de chuva.
Quaisquer outros ve
ículos devem ficar fora do parque, no pátio de estacionamento, mesmo
porque a distância relativamente pequena entre os dois pontos dispensaria o próprio
trenzinho, não fora o seu sentido de divertimento e a conveniência de se facilitar o acesso à
Calçada, mesmo a pessoas que não queiram ou não possam andar.
O regresso pode ser estabelecido de v
árias formas. O trecho não sendo longo, seria
possível a alguns regressar, desde logo, pela própria Calçada. Maior comodidade pode ser
conseguida, organizando um serviço de transporte com peruas pelo Caminho do Mar, que
devolvam os excursionistas ao Parque em alguns minutos.
Capítulo II Modelos Estudados de Caminhos Históricos voltados para a atividade
turística e a preservação ambiental
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51
2.4.6 - Infra-estrutura e equipamentos (ainda em fase de projetos)
Estacionamento
Na entrada desse parque está prevista uma área ampla para estacionamento, com
cobertura vegetal, para cerca de 300 veículos e possibilidade de ampliação, se necessário.
Essa medida é indispensável, para evitar acidentes e conflitos ao longo do Caminho do Mar,
e, por outro lado, assegurar que o acesso aos locais protegidos se fa
ça a pé ou em veículos
oferecidos pela administração do projeto.
Orientação
Em locais devidamente selecionados, dever
ão ser instalados postos de orientação para os
visitantes com alguns guias, serviço de guarda e material de orientação.
Abrigos
Alojados entre as árvores a serem plantadas para os visitantes, devem ser previstos abrigos
numerosos, tipo quiosque, que ofereçam condições de permanência agradável, o preparo e
a realiza
ção de lanches, em mesas e bancos confortáveis.
Áreas de camping e serviços
A presen
ça de uma reserva natural de grande porte justifica a instalação de uma área para
camping. Seu apoio principal seria o mesmo destinado aos visitantes de permanência mais
reduzida: instala
ções sanitárias, churrasqueiras, fogões, coleta de lixo, posto para venda de
bebidas, sorvetes, sanduíches etc.
Locais para esporte e brinquedos
Como complementos indispensáveis do programa do Parque, devem ser previstos locais
para a prática de alguns jogos (do tipo bocha, malhas, pelota, vôlei) e brinquedos para as
crianças.
Produção de árvores
Não deve ser afastada a possibilidade de aproveitamento de alguns setores do parque para
a produção de árvores ornamentais para a área urbana. Havendo uma oferta muito inferior à
Capítulo II Modelos Estudados de Caminhos Históricos voltados para a atividade
turística e a preservação ambiental
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52
demanda, em todo o Estado de São Paulo, especialmente na Região Metropolitana, a
tendência é de alta contínua de preços, sendo de grande interesse financeiro a produção de
espécies.
Orientada por especialistas, essa atividade permitiria, com o tempo, a recomposi
ção a
cobertura vegetal da área, severamente atingida pela atividade externa de carvoeiros e
lenhadores.
Quiosques de venda de plantas
Como complemento normal da medida proposta no item anterior, deve ser estudada a
constru
ção de alguns pequenos quiosques para venda de plantas a baixo preço, junto ao
estacionamento. É essa uma forma eficiente de evitar que o público destrua trechos de
mata, à procura de mudas, cujo aproveitamento é sempre precário.
Centro de Apoio Turístico
Junto à entrada do Parque do Lorena e ao lado da área de estacionamento, deverá ser
construído um edifício de maior porte, com funções de apoio aos usuários. Para o fluxo de
visitantes que pode vir a se inserir em um projeto desse porte, é indispensável estabelecer
um centro de serviços que absorva o uso mais intenso, oriente e distribua os visitantes aos
vários pontos de interesse. O Centro deve incluir:
a) Restaurante;
b) Lanchonete;
c) Posto de atendimento e orienta
ção turística;
d) Lojas de
souvenirs e utilidades;
e) Instala
ções sanirias;
f) Pequeno museu dedicado
à história das ligações planalto-litoral.
2.5 - Análise comparativa entre os modelos estudados
O estudo mais atento aos modelos aqui apresentados permitiu observar claramente que, em
todos os casos, h
á uma grande preocupação com a qualidade do meio ambiente nas áreas
envolvidas com os percursos dos caminhos. Essas áreas se preocuparam em desenvolver
um planejamento de forma a minimizar os impactos da atividade turística, assim como o
Capítulo II Modelos Estudados de Caminhos Históricos voltados para a atividade
turística e a preservação ambiental
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53
controle, na maioria das vezes eficaz, do crescimento urbano, tanto nas áreas de reservas
ambientais quanto nas áreas rurais e litorâneas.
No quadro abaixo, foi feita uma an
álise mais simplificada dos aspectos em comum a cada
modelo, sendo a parte grifada em vermelho referente aos aspectos que ainda estão em
planejamento e não foram executados.
QUADRO SINÓPTICO DOS CAMINHOS ESTUDADOS
ITENS
ANALISADOS
SANTIAGO DE
COMPOSTELA
CAMINHOS DO
CAFÉ
CAMINHOS DO
AÇUCAR
CAMINHOS DO
MAR
QUALIDADE
AMBIENTAL
Boa Média Boa Boa
DESENVOL-
VIMENTO URBANO
Planejado Em
planejamento
Em
planejamento
Não houve
ACESSIBILIDADE
Boa
Boa Média
Boa-com
restrições
DESLOCAMENTO
Trilhas e
estradas
urbanas e rurais
bem
sinalizadas.
A pé / cavalo /
bicicleta
Trilhas e
estradas com
sinalização
urbana.Trilhas
pouco
sinalizadas.
A pé / cavalo /
bicicleta /
autom
óvel
Trilhas,
estradas e
marítimo ainda
com pouca
sinalização,
apenas a urbana
existente.
A pé / bicicleta /
carro / cavalo /
embarca
ções
Trilhas e
estradas
preservadas
com
previsão de
sinalização.
A pé / projeto
para
trenzinho
INFRA-ESTRUTURA E SERVIÇOS
BAR
X X X X
RESTAURANTE
X X X X
PRAÇAS E
PARQUES
X X X X
BRINQUEDOS
X X X X
JARDINS
X X X X
PASSEIOS
X X X X
MUSEU
X X X X
CENTRO APOIO
AO TURISTA
X X X X
TEATRO
X X X
CENTRO
CULTURAL
X X X
CINEMA
X X X
MONUMENTO
X X X X
ESPORTES
X X X X
EDIFÍCIO
COMERCIAL
X X X
UNIVERSIDADE
X X X
HOTÉL
X X X
RESIDENCIAS
X X X
Capítulo II Modelos Estudados de Caminhos Históricos voltados para a atividade
turística e a preservação ambiental
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54
CENTRO DE
ENTRETENI-
MENTO
X X X
RELIGIOSO
X
X X
ALBERGUES
X
EQUIPAMENTOS
ESTACIONA-
MENTO
X X X X
PONTOS DE
INFORMA
ÇAO
X X X X
ASSISTENCIA
M
ÉDICA
X X X
PAINÉIS DE
SINALIZAÇÃO
X X X
INSTALAÇOES
SANITÁRIAS
X X X X
POSTO
TELEFONICO
X X X X
MOBILIÁRIO
URBANO
X X X
TRANSPORTE
P
ÚBLICO
X X X X
Tabela 04: Quadro sinóptico referente aos modelos de caminhos estudados.
Fonte: A autora. Janeiro, 2006.
No exemplo internacional do Caminho de Santiago de Compostela podemos ver que o
planejamento realmente foi eficaz, pois houve um grande cuidado tanto na parte de meio
ambiente, com programas para revitaliza
ção de áreas verdes no contorno dos centros
urbanos e a implantação da Agenda 21 na cidade de Santiago de Compostela, quanto com
o planejamento no sentido de minimizar o impacto gerado pela expansão urbana, onde
existe uma integração harmoniosa entre o centro histórico (centro da peregrinação), o
núcleo urbano e os espaços naturais.
Esse exemplo serve de base, pois recebe grande demanda de visitantes, seja nos centros
das cidades por onde o caminho passa, seja para fazer a peregrina
ção através de caminhos
que possuem origens diferentes, mas o destino
é a cidade de Santiago de Compostela, e
por causa dessa demanda, os agentes envolvidos (públicos ou privados) têm a preocupação
em manter a qualidade ambiental, utilizando se de diversos meios para tal. Não apenas
existe a preocupação com o meio ambiente, mas também em oferecer ao turista visitante
toda uma infra-estrutura necessária para garantir seu conforto e sua segurança.
Capítulo II Modelos Estudados de Caminhos Históricos voltados para a atividade
turística e a preservação ambiental
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55
Quanto ao turismo nos caminhos do Café no Vale do Paraíba Fluminense uma grande
preocupa
ção em controlar uma possível expansão urbana sobre a área rural ainda
preservada e componente principal das visitas turísticas, seja para conhecer a história das
construções rurais, seja para conferir os atrativos naturais que a região possui.
Em contraposi
ção ao Vale do Paraíba Fluminense, temos a região Norte Fluminense aonde
o circuito dos Caminhos do Açúcar vêm sendo implementado atualmente, tendo estes em
comum o fato de serem circuitos de turismo predominantemente rural sendo o primeiro de
fazendas cafeeiras e o segundo, respectivamente, de engenhos de a
çúcar. Ambos se
diferenciam pelo fato de o crescimento urbano não ter afetado a região do Vale do Paraíba
como afetou a região Norte Fluminense.
Os Caminhos do Caf
é e Açúcar possuem uma sinalização de característica mais urbana,
pois a maior parte do deslocamento é feita através de automóveis e não a como em
Compostela. O Caminho do Café possui melhor sinalização que o do Açúcar, pois está em
fase mais avançada de seu planejamento turístico, desenvolvendo melhorias nos atrativos a
serem visitados. Os Caminhos do Mar apresenta atualmente visita
ção guiada ainda em fase
de planejamento preliminar, o que est
á sendo providenciado com urgência a fim de evitar o
maior impacto da atividade turística no local.
A instala
ção da usina termoelétrica em Mac e da Petrobrás foram fatores que tornaram
essa região bastante poluída no estado do Rio de Janeiro, o que descaracteriza o meio
ambiente natural e necessita de uma grande demanda para revitaliza
ção e planejamento
urbano e ambiental. Sem deixar de mencionar o controle permanente que as cidades devem
ter para n
ão impactar cada vez mais o meio ambiente natural.
Os Caminhos do Mar trata-se de um modelo bastante especial, pois est
á localizado em uma
área de mata atlântica preservada, praticamente intocada, e por isso mantém sua ótima
qualidade ambiental. Sua proximidade com grandes centros urbanos atentou para a
possibilidade do turismo na regi
ão crescer de forma desordenada, e por isso está sendo
desenvolvido um projeto que prev
ê o uso adequado de equipamentos e infra-estrutura de
atendimento ao turista.
Em agosto de 1975, a Prefeitura do Munic
ípio de São Bernardo do Campo e a Protur -
Turismo de S
ão Bernardo do Campo S.A., publicaram o livrete ilustrado Projeto Lorena - Os
Capítulo II Modelos Estudados de Caminhos Históricos voltados para a atividade
turística e a preservação ambiental
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56
Caminhos do Mar: Revitalizão, Valorização e Uso dos Bens Culturais, reunindo
informa
ções e imagens sobre essas estradas, num projeto preparado pelo doutor Benedito
Lima de Toledo, então professor de História da Arquitetura da Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo da Universidade de S
ão Paulo. Esse modelo pode servir de base para a
realização de um planejamento na Estrada Real no trecho localizado no município de Paraty
no estado do Rio de Janeiro, por ter este, características muito semelhantes com os
Caminhos do Mar.
Todos, com exce
ção dos Caminhos do Mar, possuem boa infra-estrutura no que diz respeito
à hospedagem, alimentação e áreas para recreação, sendo Santiago de Compostela melhor
servido em termos de hospedagem, possuindo albergues próprios para atender aos
peregrinos, além dos hois nos centros urbanos. Nos Caminhos do Café, a diferença é que
a hospedagem é principalmente feita nas próprias fazendas visitadas, que possuem toda
infra-estrutura necessária para garantir o conforto do turista. Nos Caminhos do Açúcar, o
item hospedagem ainda é muito precário, limitando-se aos centros urbanos de Campos e
Maca
é, e atendendo aos trabalhadores da Petrobrás e da Usina Termo-Elétrica de Campos.
Nos Caminhos do Mar, o projeto não prevê hospedagens em hotéis e pousadas, apenas
uma área destinada ao camping.
E quanto a equipamentos, podemos observar: estacionamento, instala
ções sanitárias,
mobiliário urbano, transporteblico (acessibilidade) e a forma de deslocamento pelos
caminhos. Comparando apenas os modelos inseridos no ambiente rural / urbano estudados,
ainda podemos observar outras atividades no programa semelhantes, que s
ão: hospitais ou
postos de atendimento, museus, hotéis e pousadas, edifícios residenciais além de
supermercados, bancos, igrejas e toda infra-estrutura de núcleos urbanos. Finalmente,
deve-se notar que o turismo recreativo, cultural e de aventura, tem se mostrado importante
no desenvolvimento econ
ômico e social na revitalização das áreas centrais e principalmente
áreas verdes em diferentes locais e paises que adotam os circuitos históricos como atrativo.
No Brasil, os modelos apresentados possuem caracter
ísticas bem distintas entre eles,
dentre as quais podemos apontar os diferentes tipos de turistas que visitam esses
caminhos. Por exemplo, em Santiago de Compostela, o turismo
é de característica religiosa,
onde o visitante está mais interessado em um retiro espiritual do que em conhecer os
atrativos principais, não sendo estes o principal propósito da visita. Estes turistas se
hospedam em albergues de pouco valor financeiro, se alimentam nos pr
óprios albergues ou
Capítulo II Modelos Estudados de Caminhos Históricos voltados para a atividade
turística e a preservação ambiental
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57
com os alimentos que levam consigo. Já nos Caminhos do Café, o turista es mais
interessado nos atrativos principais (naturais ou construídos) e gastam uma quantidade
muito maior de dinheiro para tal, ou seja, possuem um poder aquisitivo bom para terem o
conforto e a qualidade melhor na visita
ção, onde são cobradas taxas para a visita aos
atrativos acontecendo em menor escala, também, nos Caminhos do Açúcar e, ainda em
fase de planejamento, nos Caminhos do Mar.
Capítulo III Contextualização
____________________________________________________________________________
58
CAPÍTULO III - CONTEXTUALIZAÇÃO
Capítulo III Contextualização
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59
3.1 Dados Históricos
Muitos foram os caminhos de desbravamento e circulação utilizados no Brasil da Colônia ao
Império. Estradas e picadas, percorridas a pé, em lombo de burro ou em diligências, levavam
produtos ao interior e traziam as riquezas que tomavam o rumo de Portugal. Fundamentais na
história e na construção da identidade da futura nação, esses caminhos despertam hoje
interesse e curiosidade. São associados à imagem dos tropeiros e bandeirantes que, ao
vencerem a natureza e os primeiros ocupantes, forjavam o Brasil contemporâneo.
Com a descoberta do ouro nas Minas, em fins do século XVII, o comércio entre a Colônia e
Portugal intensifica-se e as rotas de circulação adquirem maior importância. Além do caminho
que desembocava em Paraty, já aberto e utilizado, são necessários itinerários mais curtos,
mandados abrir pela Coroa Portuguesa, assim que a notícia do ouro se espalha. Fazia-se
necessário agilizar as viagens e garantir que os produtos chegassem com integridade ao seu
destino. Não bastava que os caminhos atendessem apenas aos prositos de circulação, ou
seja, precisavam ser seguros e bem equipados. No começo do século XVIII caminhos novos
são abertos, nos quais são construídos Registros para fiscalização do ouro e recolhimento dos
impostos. (SEBRAE-RJ, 2004, p.05).
Embora não tenham existido áreas de mineração aurífera no estado do Rio de Janeiro, diversas
foram as conseqüências e reflexos no seu território do período mais dinâmico da extração
aurífera, ou seja, o século XVIII. O Rio de Janeiro tenos seus limites importante fração do
percurso do ouro e será o local de embarque do mesmo para Portugal e de desembarque de
escravos e produtos para o interior. Os caminhos oficiais por que passava o ouro, entendidos
como aqueles que tinham guardas e/ou Casas de Registro e eram reconhecidos pela Coroa
Portuguesa, eram três, listados segundo sua ordem cronológica (fig.15):
1. Caminho Velho do Ouro - de Paraty até Minas, passando por São Paulo;
2. Caminho Novo do Ouro ou Caminho de Garcia Rodrigues Paes - do Porto do Pilar, hoje
Duque de Caxias, até Minas Gerais;
3. Variante do Caminho Novo ou Variante do Proença - do Porto Estrela, atualmente Magé,
até encontrar o Caminho Novo na região do rio Paraíba do Sul.
4. Caminho dos Diamantes de Ouro Preto até Diamantina.
Capítulo III Contextualização
____________________________________________________________________________
60
Com a notícia da descoberta do ouro, por volta de 1695, se início a uma exploração que
duraria até meados do século XIX, com período de maior intensidade ao longo do século XVIII.
No séc.XIX, o Brasil assiste a grandes mudanças políticas, sociais e econômicas vinculadas à
transferência da Corte Portuguesa para a Colônia e ao cultivo do café. O ouro continuou sendo
comercializado até o esgotamento das minas por volta da metade do novecentos sendo
importante economicamente para o Império Português. Por esta razão, o período que
classicamente se associou ao ouro, o séc. XVIII, foi estendido até o séc. XIX, não correndo,
assim, o risco de deixar de fora bens imóveis importantes. Alguns deles não são vinculados
diretamente ao ouro, mas por pertinência ora histórica, ora geográfica, foram incluídos. O
recorte espacial do inventário foi determinado pelos mais importantes e significativos caminhos
do ouro que passavam pelo Rio de Janeiro indo em direção às Minas Gerais - o Caminho
Velho, o Caminho Novo e Variante do Caminho Novo e por suas zonas de abrangência. São
basicamente duas regiões distintas no estado do Rio de Janeiro: a primeira, ao sul do estado na
divisa com São Paulo, e as duas últimas no coração fluminense, junto à capital, iniciando-se
dentro de sua região metropolitana, indo terminar na divisa com o estado de Minas Gerais.
(SEBRAE-RJ, 2004, p.06).
Capítulo III Contextualização
____________________________________________________________________________
61
Figura 15: Esquema geral dos Caminhos do Ouro
Fonte: <http:// www.estradareal.org.br/caminhantes> - Acessado em março de 2006.
Capítulo III Contextualização
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62
3.1.1 - O Caminho Velho do Ouro, a trilha dos índios Goianases
O Caminho Velho do Ouro foi o primeiro caminho a ser utilizado para o escoamento do ouro
descoberto nas Minas em fins do séc. XVII e seguiu sendo percorrido por tropeiros e viajantes
mesmo depois da escassez do metal no séc. XIX. A Vila de N.S. dos Remédios de Paraty
tornou-se importante centro econômico e comercial por onde se iniciava o trecho terrestre do
Caminho, tendo suas características urbanas transformadas, ganhando os principais bens
imóveis que lhe dão hoje feição. Expandiu-se, até meados do séc. XIX, em função do tráfico de
escravos que utilizavam o caminho para chegarem às fazendas de café, e do escoamento da
produção cafeeira. (SEBRAE-RJ, 2004, p.13).
A história do que hoje chamamos por Caminho Velho do Ouro inicia-se muito antes da chegada
dos portugueses no Brasil. Era utilizado pelos índios goianás ou goiamimins que habitavam a
região para se comunicarem com a "aldeia de cima", no Vale do Paraíba. A estrada viria a ser
efetivamente utilizada pelos portugueses a partir de 1660, quando Salvador de Sá, governador
geral das Minas, na busca de ouro e pedras preciosas, manda ampliar a estreita trilha. Na
virada do século XVII para o XVIII, a notícia da descoberta do ouro nas Minas fez com o que
único caminho aberto e conhecido ganhasse importância central no contexto colonial,
servindo como acesso principal das tropas que viajavam pelo país. (RIBAS, 2003, p.22)
Mas a primazia durou pouco e, em 1698, Garcia Rodrigues Paes, filho de Fernão Dias, recebe a
incumbência de abrir um caminho mais direto e protegido para as Minas, que evitasse o
incômodo Caminho Marítimo. Isto porque o Caminho Velho de Paraty incluía um trecho via mar
até o Rio de Janeiro, considerado perigoso, pois era vulnerável a ataques piratas (RIBAS,
2003,p.29 ; SANTOS, 2001).
Aberto o Caminho Novo de Rodrigues Paes, por volta de 1700, e com o fluxo de ouro tomando
proporções fora do controle fiscal da Coroa Portuguesa, esta proíbe o uso da estrada de Paraty.
Em 1715, é solicitada pelos vereadores da Vila a reabertura do Caminho, no que são atendidos.
A estrada nova, via Duque de Caxias, era considerada muito erma, sem qualquer infra-
estrutura, e a de Paraty, já utilizada há mais tempo, oferecia maiores "comodidades" às tropas.
Com a abertura da Variante do Caminho Novo ou Caminho do Proença, que encurtava o
Caminho de Rodrigues Paes em três dias, partindo do Porto Estrela, a estrada de Paraty
Capítulo III Contextualização
____________________________________________________________________________
63
ganhou forte concorrente. Mas seu movimento não cessou. O Caminho prosseguiu sendo
percorrido, sobretudo após as leis para o fim da escravidão, servindo como via clandestina para
o tráfico dos escravos que desembarcavam em Paraty - Mirim. Em 1751, Paraty era o segundo
porto em importância do país, não apenas pela circulação de ouro, mas também de produtos
como sal, aguardente e um sem número de outros produtos agrícolas, fundamentais nas trocas
comerciais do período. (SEBRAE-RJ, 2004, p.13)
Abastecia as Vilas do Vale do Paraíba, as tropas que tinham na Vila um ponto de parada
obrigatório e a própria Capital da província. A região era grande produtora de aguardente,
sendo, por isso, a cultura básica do município a cana de açúcar. (STRAUSS & SENE, 1997
apud SEBRAE-RJ, 2004, p.13).
Com a instalação das estradas de ferro no Vale do Paraíba e com o tráfico de escravos
escasseando na segunda metade do XIX, inicia-se a decadência do Caminho Velho do Ouro,
consolidada em 1925 com a abertura da estrada de rodagem Paraty - Cunha. A estrada é
progressivamente deixada ao abandono até tornar-se, na virada do século XX para o XXI, alvo
de interesse de estudiosos, empresários e guias turísticos.
O Caminho Velho iniciava-se no Rio de Janeiro, de onde vinham por barco os viajantes e
tropeiros. Aportando em Paraty, os tropeiros passavam pelo povoado e seguiam a pé ou em
lombo de burro pela Serra do Facão até Minas, via território paulista, sendo esse trecho muito
íngreme e permitia muitos descaminhos
1
. Tendo o movimento da Serra do Facão aumentado
sensivelmente após o fenômeno econômico do ouro, e a burla dos impostos se tornando uma
prática, algumas medidas urbanas foram tomadas a fim de controlar a Vila, dando-lhe maior
segurança. A Vila dos Remédios de N.S. de Paraty (fig.16) , investida do título em 1667, era
uma formação recente à época da descoberta do ouro. Até por volta de 1630, chamava-se São
Roque e ocupava uma porção da elevação onde está o Forte do Defensor Perpétuo, conhecido
como Morro da Vila Velha. Nesta data a sesmeira Maria Jácome de Melo doa um trecho de
terra junto ao mar, que, pouco a pouco, com a importância do porto, vai suplantando o povoado
de São Roque (RIBAS, 2003, p.28; IPHAN, 2003).
1
São considerados descaminhos todo e qualquer caminho não-oficial e sem a fiscalização do ouro e
demais produtos que vinham de Minas Gerais. Acontecia um descaminho quando eram sonegados os
impostos de uma mercadoria legal e de livre circulação, como o ouro. No caso da mercadoria ilegal, e de
circulação proibida, como os diamantes, era considerado contrabando.
Capítulo III Contextualização
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64
O novo núcleo urbano consolida-se entre os rios Perequê-Açu e Patitiba, ganha uma Igreja
Matriz em pau-a-pique e uma casa de Câmara para regulamentar as atividades da vila de
pouco mais de 50 casas. As mudanças urbanas que ocorrem ao longo do século XVIII foram de
dois tipos: de um lado, ordenadas pela Coroa Portuguesa e, por outro, decorrentes do processo
de enriquecimento e crescimento, possibilitados pela circulação do ouro. Do primeiro, podemos
destacar as medidas que se ordenam, a partir de 1702, para defesa do núcleo urbano e
controle fiscal dos produtos que passavam pelo porto, como a construção de dois fortes, um no
cais do porto (Patitiba) e outro no Morro de São Roque (local da antiga povoação), o
balizamento da vila e a construção do portão da cidade. Das ordenações da Coroa fundamental
também é a instalação de uma Casa de Registro e execução de reparos no Caminho da Serra
do Facão. (SEBRAE-RJ, 2004, p.14).
Registro importante do processo de crescimento no séc. XVIII, dado pelas riquezas auríferas
são os símbolos do poder religioso. A Igreja Matriz, considerada pequena, ganhou nova sede
em pedra e cal, logo considerada insuficiente. A construção de outras duas Igrejas é iniciada, a
de Santa Rita e a de N.S. do Rosário, marcando o contínuo edificado da cidade. Uma terceira
Igreja seria construída em 1800, chamada N.S. das Dores, e em 1787 tem início à construção
da atual sede da Igreja Matriz de N.S. dos Remédios, somente concluída um século depois.
(SEBRAE-RJ, 2004, p.14).
Figura 16: Imagem da Igreja de Santa Rita e do casario do Centro Histórico de Paraty
Fonte: SEBRAE-RJ. (2004).
No século XIX, com a escassez do ouro, a cidade continuou sendo um posto comercial de
produtos agrícolas (cana de açúcar e café) e de escravos. Em 1844, a Vila é elevada à
categoria de cidade, com o nome de Paraty. A Santa Casa de Misericórdia e o Chafariz do
Pedreira demonstram que a cidade, já ocupada em seu centro principal, precisava lançar mão
Capítulo III Contextualização
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65
de novas áreas. As edificações de saúde, até o século XX, por questões sanitaristas, eram
implantadas longe dos aglomerados urbanos, neste caso, além do rio Perequê-Açu. (SEBRAE-
RJ, 2004, p.15).
Em Paraty, as embarcações aportavam-se no cais, construído também com a função de defesa,
parte do Forte da Patitiba. Como o volume e valor das mercadorias eram muito altos, o porto
precisava ser seguro e garantir que os produtos que chegassem por terra embarcassem com
segurança. As tropas, neste caso caravanas de burros, bem organizadas e normalmente
agrupadas em lotes de 7 a 11 animais, raramente menos que 3 lotes, seguiam, fazendo
paradas nos ranchos até o Porto de Paraty, totalizando 16 fazendas do caminho. A passagem
pela Vila de Paraty era ponto importante da viagem, significava local de trocas não as
econômicas, mas tão importante quanto, as sociais. A porção de urbanidade colonial era dada
pela convivência nos espaços religiosos das Igrejas, nos armazéns, casas comerciais e nas
residências. (SEBRAE-RJ, 2004, p.15 apud RIBAS, 2003, p.100).
3.1.2 - O Caminho Novo do Ouro
A abertura do Caminho Novo do Ouro é de fundamental importância na história do Rio de
Janeiro. Com a descoberta de ouro na região das Minas, e com volume da circulação
aumentando significativamente, o Caminho de Paraty foi considerado ineficiente, em segurança
e em circulação. A via aberta como uma rota alternativa consagrou o Rio de Janeiro como porto
mais importante da Colônia, centralizador do escoamento do ouro para Portugal. Ainda que
posteriormente preterido por sua Variante, inaugurou uma nova era de ocupação na região.
(SEBRAE-RJ, 2004, p.40).
Em 1681, Garcia Rodrigues Paes, filho de Fernão Dias, propõe ao Governo Provincial a
construção de um via mais direta entre o interior e o litoral. Dono de terras na região de Paraíba
do Sul (às margens do rio Paraibuna e em Borda do Campo) verifica a possibilidade de
desbravamento de uma rota que transpusesse a Serra e chegasse às imediações da Baía de
Guanabara, próximo ao porto de embarque dos produtos que seguiam para o Reino. Em 1698,
a Coroa atende às recomendações do Governo Provincial e contrata Garcia Paes para a obra,
cujos gastos correriam por sua conta, sendo, posteriormente, recompensado por benesses
como sesmarias e cargos. Partindo de Borda do Campo, atual Antônio Carlos-MG, Garcia Paes,
Capítulo III Contextualização
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66
juntamente com alguns brancos e 40 escravos, inicia as obras. Um ano e meio mais tarde,
tendo perdido escravos e não obtendo sucesso em abrir a picada, pede ajuda financeira aos
negociantes, sesmeiros e comerciantes interessados na estrada. A ajuda foi recusada, e o
bandeirante recorreu ao Governo da Capitania, que lhe concedeu, além de escravos, o
monopólio do uso do Caminho por dois anos (SANTOS, 2001).
Aberto o Caminho Novo de Rodrigues Paes, por volta de 1700, logo se iniciaram as
reclamações. O Caminho, para quem partia em direção a Minas, saía da Freguesia de Nossa
Senhora do Pilar, próximo à Igreja de mesmo nome, seguia pelo Sítio de Manuel Couto, na
Serra do Couto, passava pela roça do Alferes, atravessava os rios Paraíba do Sul e Paraibuna,
chegando a Juiz de Fora, depois Ouro Preto e Diamantina. O Caminho era muito deserto, com
poucos pousos e ranchos. (OLIVEIRA, 1985 apud SEBRAE-RJ, 2004, p.40).
Em virtude das dificuldades, o Caminho de Paraty, proibido pela Coroa devido aos
descaminhos e contrabandos, foi reativado. Com quase vinte anos de uso, em 1722, Bernardo
Soares de Proença, inicia a abertura da Variante do Caminho Novo, alternativo à rota existente
justamente em seu trecho complicado. A Variante, passando pela Serra da Estrela, encontrava-
se com o Caminho Novo no ponto chamado Encruzilhada, pouco antes de Paraíba do Sul.
Importante ressaltar que mesmo com as reclamações, o caminho de Paes foi bastante utilizado
até a consagração da Variante do Proença, como caminho oficial. Garcia Paes prosseguiu
executando melhoramentos no trajeto, tornando-o mais acessível, e deixou, ao morrer, grande
fortuna em terras e dinheiro. (SANTOS, 2001).
Com a abertura do Caminho Novo de Rodrigues Paes, entre 1699-1704, a freguesia de Pilar
pode prosperar e ganhar maior importância no cenário das trocas coloniais. O Porto de Pilar
exerceu importante função nos primeiros anos do escoamento do ouro vindo das Minas Gerais.
Em 1789, o povoado contava com 3.895 habitantes e uma Casa de Registro, chamada Guarda
do Pilar. (SEBRAE-RJ, 2004, p.41)
Após a abertura da Variante do Caminho Novo, o Porto de Pilar deixa de ter preponderância no
escoamento do ouro, mas continua fundamental na rota dos demais produtos coloniais. Não foi
possível averiguar precisamente, mas há indícios de que após a abertura da Variante do
Proença, em 1725, a Guarda do Pilar deixou de funcionar e o trecho novo era vistoriado por
Capítulo III Contextualização
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guardas ambulantes, também chamados por patrulheiros. Em 1612, já existia no local uma
capela, construída nas terras doadas por Domingos Nunes Sardinha chamada Capela N.S. das
Neves. Tendo esta capela desabado, outra foi erguida às margens do rio Pilar, chamada Igreja
N.S. do Pilar. Um novo templo em pedra e cal teve início em 1697 e as obras finalizadas em
1767. A falta de manutenção e os constantes furtos causaram, ao longo dos anos, a
depredação e a mutilação quase completa das obras de arte que revestiam seu interior. Outros
bens imóveis, na região, de valor destacado são a Casa e Capela da Fazenda São Bento.
Segundo Paulo Santos (1981), nenhum outro tipo de edificação exprimiu tão bem a vida íntima
e o caráter regional da arquitetura dos primeiros moradores do que é hoje o Rio de Janeiro
quanto as "casas de chácara" ou "casas de campo". Estas, ao que parece, derivam das casas
de engenho que se espalharam pelo recôncavo da Guanabara durante o período colonial.
A Freguesia de Iguaçu (fig.17), em tempos de atividade, englobava 1.305,47km2, e sua sede,
onde hoje está a extinta Vila de Iguaçu, era constituída por uns poucos arruamentos e
caminhos que abarcavam algumas centenas de edifícios religiosos, comerciais e residenciais.
Sua artéria principal era a Rua do Comércio que começava no Largo do Lavapés e seguia até o
Porto de Iguaçu. (IHGNI/FENIG, 1980 apud SEBRAE-RJ, 2004, p.42).
Ao longo do rio Iguaçu, em direção à Serra, encontravam-se os portos do Pinto, do Viana e o do
Soares e Melo. Atrás da Igreja de N.S. da Piedade em frente ao cemitério de N.S. do Rosário
(conhecido por Cemitério Fachada principal da Casa e Capela São Bento dos Ricos), a Rua da
Igreja se bifurcava: uma ia para Maxambomba e outra era o Caminho das Palmeiras, ainda
identificável. Hoje, pouco o que descrever da Vila, e é preciso boa dose de abstração
espacial para compreender a configuração urbana anterior. O caminho que ligava o porto de
Iguaçu e a Igreja está delineado, mas pouco visível. O porto situa-se num sítio de particulares,
delimitado, inclusive, por cercas de arame farpado. A ausência do rio que configurava o porto
dificulta a localização e compreensão do seu esquema de funcionamento, mas atesta, por outro
lado, as grandes obras que se fazia nos tempos coloniais para viabilizar o escoamento das
riquezas do Brasil. (SEBRAE-RJ, 2004, p.43).
Capítulo III Contextualização
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Figura 17 Vista geral da localidade da Vila de Iguaçu e da Estrada do Comércio
Fonte: SEBRAE-RJ. (2004).
O porto de Iguaçu era o mais importantes dos portos da Vila, servido por um canal de 1km de
extensão até o rio Iguaçu. O porto propriamente dito é um grande retângulo, feito em pedras, de
vinte e dois metros de comprimento por onze de largura, com paredes auto-portantes de oitenta
centímetros de largura. Está circundado por áreas alagadas de três lados, e de terra firme em
outro. Esta que é a entrada do porto é acessada por bela escadaria em cantaria, através de um
trecho calçado em pedras que se liga à Estrada do Comércio. A outra extremidade da Vila
onde se localiza a Igreja, também apresenta poucos vestígios dos tempos de funcionamento.
Dois cemitérios nos morros laterais à Igreja testemunham a configuração urbana, juntamente
com a Estrada dos Palmares. O cemitério dos ricos, oficialmente denominado de Cemitério de
N.S. do Rosário, tem um pórtico de entrada com colunas de pedra e diversas lápides, uma
delas de expressividade arquitetônica. O cemitério dos pobres apresenta como vestígio grande
escadaria em tijolos assentados ao comprido, formando belo acesso, cuja monumentalidade é
incrementada pelo grande abandono que reina no entorno. (IHGNI/FENIG, 1980 apud
SEBRAE-RJ, 2004, p.43).
3.1.3 - Variantes do Caminho Novo do Ouro
A Variante do Caminho Novo ou Caminho do Proença aberto pelo sargento-mor Bernardo
Soares de Proença, entre 1722-1725, foi uma opção mais rápida ao Caminho Novo descerrado
por Garcia Rodrigues Paes, em 1700. Por encurtar este caminho em quatro dias, passando por
trechos menos íngremes de serra, tornou-se o "Caminho Novo" na prática. (OLIVÉ, 1999 apud
SEBRAE-RJ, 2004, p.64).
Capítulo III Contextualização
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O caminho de Garcia Paes seguia pela íngreme Serra do Couto, considerada a parte mais difícil
do trajeto. Nos anos iniciais de funcionamento, inúmeras foram as reclamações, sendo
considerado pior que o caminho de Paraty. Com a circulação de ouro e mercadorias crescendo
ano a ano, se fazia necessária uma solução que facilitasse as trocas coloniais e as tornasse
mais eficientes. É encomendado pela Coroa Portuguesa um novo caminho mais rápido e
seguro que, também partindo do Rio de Janeiro, agilizasse a circulação. (RIBAS, 2003, p.29).
Percorrido em lombo de burro e a pé, o Caminho subia a Serra da Estrela mais suavemente e
em menor altitude que a Serra do Couto, chegando ao Córrego Seco, indo se encontrar com o
Caminho de Garcia Paes, próximo de Paraíba do Sul, no local chamado Encruzilhada. (SILVA,
1934 apud SEBRAE-RJ, 2004, p.64).
Este caminho foi utilizado durante todo século XVIII, sendo uma das principais vias de
circulação da Colônia. Em 1799, após sucessivos pedidos de melhoria da estrada, o príncipe
regente D. João aprova a obra de calçamento da sua parte mais íngreme, no trecho da Serra
da Estrela. Em 1802, inicia-se a construção da calçada que tinha 30 palmos de largura (6,60m),
segura por meio-fios, com a extensão total de 8.250m. A vinda da Família Imperial acelerou as
obras, inauguradas em 1809, percurso correspondente à Variante do Caminho Novo foi
utilizado, ao longo dos anos, por novos caminhos e estradas que se valeram, muitas vezes, do
seu leito original. Por sucessivas vezes e de diferentes maneiras foi aproveitada, reconstruída e
refeita com novas técnicas, ou mesmo, abandonada, até que o tempo cobrisse de terra seu
calçamento de pedras. De sua construção, preservaram-se trechos dessa pavimentação e
obras, que incluem pontes e muros de arrimo. Do período de utilização do caminho como via de
circulação, restam diversos bens imóveis e cleos urbanos que se formaram em função das
riquezas do ouro. (PONDÈ, 1971 apud SEBRAE-RJ, 2004, p.64).
Em 1852, é aberta a Estrada Normal de Estrela para conectar o porto Estrela a Petrópolis, e
uma nova era se inicia em Estrela. Os novos meios de transporte dinamizaram a Vila, mas de
efeito passageiro. Seu fim estaria na inauguração da estrada de ferro que ligava Guia de
Pacobaíba a Raiz da Serra, a Estrada de Ferro Barão de Mauá, deslocando o eixo de
desembarque marítimo para Pacobaíba. Esta conexão fazia o transporte de passageiros, mas o
transporte de cargas continuava delegado a Estrela. Com a Estrada de Ferro Pedro II, cujo
trajeto saía do Rio de Janeiro e levava diretamente a Petrópolis, sem passar por Estrela, o
Capítulo III Contextualização
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declínio estava decretado. Em 1892, a Vila foi extinta, levando-se a povoação para Raiz da
Serra, na Vila de Inhomirim. (PONDÈ, 1971 apud SEBRAE-RJ, 2004, p.66).
Figura 18: Aspectos da variante do Caminho Novo na Serra Estrela
Fonte: SEBRAE-RJ. (2004).
As fazendas, além das igrejas, constituem um conjunto importante de bens imóveis na história
da região. Desde o final do século XVII, o recôncavo da Guanabara abasteceu a cidade do Rio
de Janeiro com produtos agrícolas, função esta intensificada com a transferência da Capital em
meados do séc. XVIII. Hoje, nenhuma das fazendas existentes mantém as atividades rurais.
O vestígio do calçamento original de pedras datado de 1809 aparecerá a partir da subida da
Serra da Estrela (fig.18). Nas imediações do caminho de pedras da Variante do Caminho Novo,
uma estrada carroçável foi construída em 1850, denominada Estrada Normal da Estrela. Sua
história relaciona-se às viagens sucessivas da Família Imperial ao que hoje chamamos por
cidade de Petrópolis, e ao crescimento da economia cafeeira.
Utilizada como instância de veraneio, a então região de Córrego Seco tinha seu acesso limitado
à Variante do Caminho Novo. Em 1832, o Governo Imperial solicita ao Major Koeller um
orçamento para os reparos indispensáveis à estrada existente. Em 1835, o relatório de Koeller
conclui que não seria possível transformar a Variante do Caminho Novo em "normal", e que
uma nova via teria que ser aberta. Por estrada normal entendia-se uma via que atendesse uma
série de condições técnicas ditas "normais", tais como: ser abobadada, macadamizada, larga,
descortinada, ter 36 palmos de largura, com a inclinação de a4% e esgotos transversais de
Capítulo III Contextualização
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50 em 50 braças. O engenheiro Koeller, traça em 1840, assessorado por uma comissão
composta dos engenheiros militares Carlos Rivière e Frederico Carneiro de Campos, uma nova
estrada seguindo os padrões referidos, inaugurada em 1850. A estrada foi conectada à Estrada
de Ferro Barão de Mauá, inaugurada em 1854. Os passageiros viajavam de barco até a
Estação de Guia de Pacobaíba, embarcavam em trens até Raiz da Serra e depois seguiam de
diligência pela nova estrada. (PONDÈ, 1971 apud SEBRAE-RJ, 2004, p.69).
A inauguração desta estrada foi um dos fatores do progressivo abandono da Variante do
Caminho Novo, sobretudo no trecho entre Raiz da Serra (Magé) e Alto da Serra (Petrópolis),
tombado pelo INEPAC em 20/11/1984. Sua porção inicial, em torno de 1 km, foi recoberta com
cimento na década de 1980 com o objetivo de facilitar o acesso aos sítios da região. O caminho
segue calçado, com uma largura em torno de 6,5m. A calçada é composta de um eixo central
em pedras (a capistrana), e nas laterais por pedras limite, sendo o restante do calçamento
preenchido com pedras maiores. Ao atingir a serra, o caminho vai se tornando mais estreito,
recoberto pela mata. Muros de arrimo e ruínas de edificações afloram durante todo o trajeto da
subida. A calçada encerra-se, repentinamente, pouco antes do local onde era o leito da antiga
Estrada de Ferro. O final da subida da Serra está tomado por loteamentos ilegais e o
calçamento desaparece por completo. Chegando ao município de Petrópolis quase não se
encontram vestígios da Variante do Caminho Novo. (SEBRAE-RJ, 2004, p.69).
O Caminho do Piabanha,considerado preferido pelos viajantes, por evitar as cotas altas do
primeiro, seguindo mais suavemente pelo leito do rio. Este foi mais utilizado e consagrou-se
como a Variante do Caminho Novo, concluindo-se que foi uma das muitas adaptações que se
faziam aos caminhos abertos. O Caminho do Carangola não deixou de ser utilizado; alguns
viajantes se valiam dele como um atalho. Entre os distritos de Itaipava e Secretário, a estrada
asfaltada (em boa parte Estrada União e Indústria) segue a rota da Variante do Caminho Novo.
Entre Secretário e o núcleo urbano de Inconfidência, distrito de Paraíba do Sul, uma estrada de
terra segue as elevações do percurso. Embora não seja calçada com pedras, a paisagem de
todo o trecho remete à paisagem original da Variante do Caminho Novo, estando ocupada
esparsamente por sítios e fazendas. (SEBRAE-RJ, 2004, p.70).
Capítulo III Contextualização
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3.1.4 - O Caminho dos Diamantes (de Ouro Preto a Diamantina)
2
A história do aparecimento do diamante na região do Serro Frio sempre esteve envolta em
mistério. O primeiro registro de descoberta dessa pedra preciosa data do ano de 1714. Conta-
se que as belas pedrinhas serviam apenas para marcar pontos em jogos de cartas e que
muitos indivíduos as levavam em grandes quantidades nos bolsos e no chapéu, somente como
talismãs ou souveniers e brincos usados por escravas.
Até 1730, Serro Frio desenvolveu-se exclusivamente em função do ouro que ali era encontrado
em abundância. Depois do surgimento do diamante, a notícia permaneceu em sigilo por vários
anos, fazendo com que os mineradores escapassem da severa cobrança de impostos.
Somente em 1729 que a novidade, através do governador das Minas Gerais, Dom Lourenço de
Almeida, chegou ao conhecimento do rei, que não tardou em reivindicar os seus quintos pela
valiosa descoberta.
Assim, no mesmo ano de 1730, foram tomadas as primeiras providências fiscais e
administrativas referentes à extração dos diamantes e instituiu-se a taxa de captação.
3
Após o reconhecimento oficial da descoberta dos diamantes na Capitania de Minas Gerais, em
1729, a região nordeste de Minas recebeu ainda mais exploradores, como havia ocorrido
anteriormente na região aurífera. Em 1734, o Arraial do Tijuco tornou-se centro oficial da
Demarcação Diamantina, com a criação da Intendência dos Diamantes. Em pouco tempo, a
produção de diamantes era tamanha que o mercado internacional dessa pedra passou a sentir
os efeitos da saturação, provocando uma drástica queda no valor da venda.
Assim, a Coroa Portuguesa decidiu restringir o acesso às lavras diamantíferas, e elevou a taxa
de captação. Como não foi obtido o efeito desejado, apesar de , em apenas quatro anos, o
valor cobrado por minerador ter subido 800%, D.João V, rei de Portugal, proibiu a extração da
pedra a partir de 1734. Uma severa legislação foi criada, arbitrária e repressiva, que acabou por
isolar a área do restante da Capitania. Desta forma, a Metrópole mandou demarcar a área o
2
Informações retiradas do GUIA EMPRESA DAS ARTES DE TURISMO NO BRASIL.
3
Tributo cobrado sobre cada escravo empregado nas lavras.
Capítulo III Contextualização
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Distrito Diamantino e proibiu a entrada de forasteiros sem a autorização expressa do
Intendente.
Na década de 1740, foi instituído o sistema de contratos para que a exploração das lavras, o
que vigorou até 1771. Nesses 31 anos, foi extraída, segundo dados oficiais, a quantia de
1.666.569 quilates, a maior produtividade do distrito Diamantino ao longo de sua existência.
3.1.5 - O Caminho Velho do Ouro na atualidade (trecho Paraty - Cunha da Estrada
Real)
Saindo do núcleo urbano e caminhando em direção à Serra do Facão a ocupação urbana em
fins do século XIX tornava-se mais e mais esparsa, encerrando-se junto ao Portão da Cidade,
construído como medida de segurança. O Portão era fechado às 18:00hs e reaberto às 6:00hs.
No lado de fora da Vila havia uma área livre onde acampavam as tropas e os viajantes que não
chegavam a tempo de subir a Serra do Facão. Junto ao portão, um poço artesiano garantia
água aos animais e homens. O portão era fundamental na demarcação dos limites da cidade e
exemplifica o grau de preocupação que se tinha com a sua proteção e defesa das riquezas da
terra. O portão, desprovido de sua função original, hoje se situa junto ao muro de um Camping.
A partir de 1851, o Chafariz do Pedreira serviu como balizador da ocupação mais significativa
do conjunto urbano, e é um dos últimos marcos do seu período de crescimento. (SEBRAE-RJ,
2004, p.18).
Após o Portão da Cidade, o percurso do Caminho Velho do Ouro segue até cruzar a BR-101
(Rio-Santos) e toma a direção do bairro do Penha, acessível pela Estrada Paraty - Cunha.
Neste trecho, o Caminho Velho do Ouro encontra-se encoberto pela vegetação, não se
conhecendo por certo seu itinerário. Não vestígios de calçamento e as edificações que
porventura existam estão incorporadas a propriedades particulares. A pavimentação em pedras
de época é aparente em local próximo ao Bairro do Penha, junto à Igreja do Penha, onde o
Portal do Caminho do Ouro em Paraty e o Centro de Informações Turísticas do Caminho do
Ouro, localizado na antiga Escola Monsenhor Pizarro.
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3.1.5.1 - A Casa do Registro
As Casas de Registro ou Provedoria tinham no Brasil Colônia um papel central nas trocas
econômicas, pois era através delas que se recolhiam os quintos, ou seja, imposto de 20% que
incidia sobre todo ouro extraído das minas. Com a descoberta do ouro, logo se fez necessária
uma fiscalização mais contundente da extração das riquezas da terra. Através de uma Carta
Régia, de 9 de maio de 1703, a Coroa Portuguesa manda instalar Casas de Registro em Paraty
e em Santos, portos importantes do período. Neste momento ainda não estava inaugurado o
Caminho de Garcia Rodrigues Paes, no entanto, já havia um Registro em Taubaté que se
encarregava de cunhar e fundir o ouro. Este, contudo, jamais conseguiu subir a precária trilha
da Serra do Facão, não funcionando a contento. Havia uma Guarda do Registro (a qual mudou
por diversas vezes de posição ao longo de sua existência), instituição militar cuja função era
fiscalizar o movimento da Provedoria, esta uma instituição civil cedida através de hasta pública
a particulares (RIBAS, 2003, p.75).
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75
Figura 19: Mapa da Estrada Real Paraty - Cunha / sem escala.
Fonte: RIBAS, 2003.
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Figura 20: Mapa da Estrada Real com localização das vilas existentes até Ouro Preto.
Fonte: Mapa de Bernardo Joffily (RIBAS, 2002).
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Em 1807, após inspeções a mando do vice-rei da Província, determina-se a construção de uma
nova casa para a Provedoria, ordenando ainda, que escrivão e provedor deveriam residir no
Registro na Serra do Facão e não na cidade. Segundo Marcos Ribas (2003, p.86), ao invés de
se construir nova casa, a abandonada provedoria foi reformada e habitada pelos novos
usuários. Esta provedoria funcionou até 1843/44 quando foi finalmente transferida, após muitas
solicitações, vale reforçar, para um local de mais fácil acesso, próximo da Vila, num trecho junto
à estrada conhecido por Bananal, e a casa da Serra foi desmontada.
A implantação da Casa da Provedoria tem razões funcionalmente determinadas. Como se
destinava à fiscalização das tropas e ao recolhimento dos quintos do ouro havia que se situar
estrategicamente junto ao leito da estrada do Caminho Velho do Ouro. Os vestígios da
construção encontram-se na margem do caminho, no ponto em que esta faz um grande largo,
provavelmente para o movimento das tropas enquanto aguardavam a fiscalização. Algumas
hipóteses foram formuladas acerca de sua arquitetura, nenhuma conclusiva. Sabe-se que a
casa, assentada sobre alicerces de pedra como era comum à época, tinha paredes externas de
taipa, internas de pau-a-pique e portas, janelas, frechais e estrutura do telhado feito em madeira
canela preta ou fedorenta, comuns à região. Dos seus três cômodos, um seria do provedor,
outro do escrivão e um terceiro que servia de escritório para verificação da documentação e
pagamento dos quintos. Um pequeno corredor interno ligava a residência ao exterior. As áreas
destinadas às tarefas domésticas e à higiene, o que hoje denominamos cozinha e banheiro,
respectivamente situavam-se na parte externa da construção. (RIBAS, 2002).
3.1.5.2 - Análise do entorno do Caminho do Ouro
Esse ítem do presente trabalho visa mostrar, de maneira mais objetiva as transformações
sofridas no decorrer de séculos de ocupação do entorno imediato ao Caminho do Ouro, aqui
intitulado como Estrada Real Paraty - Cunha. Mostrar como se deu a ocupação da área, neste
caso, desde o período colonial até os dias atuais, e quais fatores influenciaram esta ocupação,
tendo como focos principais as culturas locais e o meio ambiente.
No período colonial, a apropriação da natureza era feita primeiramente pelos grupos indígenas
(goianases) e posteriormente pela população caiçara da região, que eram obrigadas a deixar o
litoral por causa da exploração dos recursos naturais pelos colonizadores europeus e da
Capítulo III Contextualização
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expansão comercial agrícola, que passou a ser uma estratégia da política colonial em defesa do
território. (SERRANO; BRUHNS, 1995, p.61).
Logo os índios foram banidos e marginalizados de seus territórios para dar lugar a uma das
alterações mais marcantes na paisagem local: a construção dos engenhos de úcar e
consequentemente a ampliação das vias de transporte e surgimento de casarões, vilas e
fazendas. A cultura caiçara, porém, sobreviveu a todos os ciclos econômicos sendo fortalecida
nos momentos de declínio econômico dos produtos para exportação.
Com o auge da produção de ca e açúcar da região, as fazendas se expandiam e as encostas
das serras eram ocupadas pelas lavouras e, a partir de então, se tem o surgimento de
pequenos núcleos comerciais. Com o declínio da produção, a população que não emigrava se
concentrava nas sedes de municípios, e a comunidade caiçara passa a ocupar pequenas
planícies ao longo da costa. Os campos passam a se regenerar pela desocupação e desuso.
Com o declínio das lavouras de café na região e com a construção da estrada de ferro, a região
entra em um isolamento e marginalização do processo de urbanização e crescimento
econômico do estado. Em conseqüência disso, a comunidade local (caiçara) tem um maior
fortalecimento de sua cultura, seja pelas festas populares e crenças e nesse momento passa a
ter sua subsistência na pesca e no cultivo de produtos como a banana, a mandioca e a batata.
As trilhas e os caminhos eram os elos entre as comunidades, onde haviam as trocas de
mercadorias e informações. O Centro Histórico de Paraty era o núcleo urbano de maior
importância na região, onde se localizava a igreja, a escola e o comércio da região. As lavouras
ficavam na periferia desse centro.
Na década de 1970, com a abertura da Rodovia Rio-Santos (BR-101), a região rompe com o
isolamento da cultura e tradições locais, e a facilidade de acesso somada às transformações
econômicas e socioculturais eram materializadas no espaço social construído e nas atividades
produtivas. Temos então o aumento das construções residenciais, comerciais e dos serviços de
abastecimento, motivados pelas novas necessidades de consumo. O contato direto com a
população dos grandes centros urbanos gerou transformações importantes nos hábitos e
costumes locais.
Capítulo III Contextualização
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A crescente especulação imobiliária e a grande valorização turística da região geraram a
preocupação em preservar o meio ambiente, e em conseqüência disso, à criação de áreas de
proteção ambiental, restringindo a utilização dos recursos naturais pelas comunidades
tradicionais, culminando em um conflito entre a preservação ambiental e a preservação da
cultura caiçara. Essas pessoas foram obrigadas a adequar seu modo de vida aos costumes
urbanos, tornando-se empregados na construção civil, caseiros e em serviços relacionados ao
comércio.
O turismo se instalou na região, sem levar em conta a cultura local e transformando a natureza
em um recurso a ser explorado de maneira desordenada. O que temos atualmente
principalmente na região de Cunha, é o aumento do desmatamento em conseqüência da
ocupação de loteamentos sem um planejamento adequado do uso do solo, somado à falta de
uma rede de saneamento urbana adequada, o que gera uma maior demanda do consumo de
água e uma deterioração de sua qualidade. Os esgotos são lançados sem tratamento nos
cursos de água causando o impacto negativo da poluição da natureza local.
Com a destruição dos recursos naturais, as comunidades locais esgotam seus recursos para a
prática do artesanato, pesca e cultivos agrícolas, e assim, em longo prazo o setor turístico da
região sofrerá as conseqüências.
O potencial turístico da região deve ser tido como uma forma de incrementar a economia local,
com a conscientização para o uso sustentável de seus recursos atrativos. Os turistas que
freqüentam a região defendem, não apenas a preservação do maio ambiente como, a da
cultura caiçara, com a manutenção de sua identidade e preservando o passado como folclore,
servindo este como um grande atrativo para a região.
3.2 O Programa Estrada Real
3.2.1 - O Instituto Estrada Real
O potencial do turismo nas cidades por onde passam os Caminhos do Ouro e Diamantes vem
mobilizando governo e sociedade, e Minas Gerais conta atualmente com o maior projeto do
setor no Brasil: A Estrada Real.
Capítulo III Contextualização
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80
O turismo movimenta mais de 50 setores da economia. Além de toda máquina de transporte de
pessoas e mercadorias, o setor beneficia cadeias produtivas importantes, como as de calçados,
vestuário, alimentação, bebidas e gráfica, entre outras. Um projeto no nível da Estrada Real
colabora decisivamente para fomentar setores vitais da indústria, havendo, portanto benefícios
econômicos e sociais, entre os quais se destaca o potencial de geração de 178 mil empregos.
Para que haja um planejamento adequado e o aproveitamento máximo das potencialidades da
Estrada Real, foi criado o Instituto Estrada Real, que é uma sociedade sem fins lucrativos,
criada pela Fiemg (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais), com o objetivo de
fomentar os negócios e o turismo ao longo de uma rota de mais de 1.400 quilômetros de
extensão, que abrange 177 municípios, sendo 162 em Minas Gerais, oito no Rio de Janeiro e
sete em São Paulo. Um programa de divulgação da história e cultura do estado mineiro, que
tem como parceiros o Governo Estadual, Ministério do Turismo, Telemar, EMBRATUR, Sebrae
e Banco do Brasil. A gama econômica a ser explorada pelo projeto é bem ampla, já que a
região demarcada oferece um variado potencial turístico, rural, religioso, de ecoturismo, saúde e
esportivo. As cidades históricas inseridas no entorno do percurso da Estrada Real, com suas
construções coloniais, igrejas e museus; as reservas ecológicas, parques, com belas
cachoeiras, montanhas e lagos, que propiciem a prática dos chamados esportes de aventura;
as estações de águas minerais e termais; e a apreciada culinária mineira, constituem atrativos
importantes para a região.
Algumas prefeituras já estão se despertando e conscientizando para investimentos. Por
exemplo, a Prefeitura de Passa Quatro (MG), associada às várias parcerias, reativou o
funcionamento de uma Maria Fumaça do séc.XIX sobre um trecho de quatro quilômetros de
extensão, que liga a cidade de Manacá, usado pelos bandeirantes no passado como rota de
transporte de minério. Desativada mais de 20 anos, a linha de trem restaurada pretende
servir a 800 turistas em cada fim de semana e pode vir a ultrapassar 1,5 milhões de pessoas
quando a revitalização alcançar todo trecho entre São Lourenço (MG) e Cruzeiro (SP). Em
Carrancas (MG), a prefeitura também já se mobilizou. A partir de um mapeamento realizado no
trecho da Estrada Real sob sua jurisdição, a prefeitura de Carrancas criou um modelo com
guias de serviços e atrativos do local. Com isso a qualidade de informações para os turistas foi
melhorando, e acabou por contribuir para o trabalho de agências de turismo receptivas, dos
hotéis e pousadas e da associação de guias locais.
Capítulo III Contextualização
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81
Além de iniciativas de prefeituras, investimentos de empresas particulares também são bem-
vindos para o sucesso do projeto. E foi pensando em estimular essa possibilidade, que o
Governo estadual, abriu a partir de agosto de 2003, no Banco de Desenvolvimento de Minas
Gerais (BDMG), o Fundese - Estrada Real, fundo de linhas de créditos específicas para
interessados em investir nos municípios que integram o Circuito da Estrada Real. Juntamente
com o Fundese, foi desenvolvido o Projeto de Produção Associada ao Turismo, que visa,
através da atividade turística, criar novos postos de trabalho, valorizar aspectos culturais e gerar
renda para as regiões envolvidas, promovendo o desenvolvimento sustentável.
A idéia nasceu do fato de a atividade turística ser na atualidade uma das atividades que mais
gera riqueza e postos de trabalho no país e no mundo. Considerando essas características se
faz cada vez mais necessária a profissionalização do setor. Uma ação importante para atingir
um nível de qualidade excelente para o segmento é a oferta de atrativos turísticos
diferenciados, fortalecendo a capacidade competitiva dos destinos, atraindo assim, cada vez
mais turistas e desfrutando dos benefícios que a atividade proporciona.
3.2.2 - Projetos realizados pelo Instituto Estrada Real
3.2.2.1 - Projeto de Produção Associada ao Turismo
O Projeto de Produção Associada ao Turismo foi criado a partir de uma parceria entre o
Ministério do Turismo e o Instituto Estrada Real. O projeto está sendo executado pelo Instituto
Euvaldo Lodi (Regional MG) e conta com o apoio do SindBebidas, SindJóias, Silemge do
Centro CAPE. A princípio estão envolvidos: produtores de queijos especiais, produtores de
gemas e jóias, produtores de cachaça artesanal e artesãos. Cada produtor, filiado ao sindicato
específico e localizado entre as cidades de Itabira a Carrancas, está participando da primeira
etapa do projeto: o inventário de cada setor envolvido. O produtor ainda terá a oportunidade de
aumentar seu faturamento e ter sua imagem vinculada à Estrada Real, através de publicações
e ações de marketing, ampliando seu mercado consumidor. A atividade turística não se tornará
a atividade fim dos produtores envolvidos, e sim uma atividade complementar àquela já em
desenvolvimento. O produtor que aderir ao projeto contará com ações de apoio para a
estruturação de seu empreendimento a fim de atender aos turistas, sendo elas, (segundo
informações retiradas do site do Projeto Estrada Real em 10 de agosto de 2005):
Capítulo III Contextualização
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Criação de base de informações através do inventário e avaliação das estruturas
produtiva e comercial;
Desenvolvimento de instrumentos para adequação ao turismo como apoio técnico -
científico para elaboração, implementação e captação de recursos para projetos,
qualificação em gestão empresarial, desenvolvimento e/ou adequação de produtos,
melhoria e / ou qualificação de mão-de-obra envolvida.
As etapas do projeto são as seguintes:
Inventário da oferta do setor;
Definição dos empreendimentos a serem contemplados pelo projeto;
Adesão formal ao projeto;
Execução do plano de ação;
Capacitação e adequação dos recursos físicos e humanos para a recepção de turistas;
Capacitação dos recursos humanos para melhoria de produtos e processos, desde que
sejam essenciais ao desenvolvimento do turismo;
Capacitação em design (embalagem, etc.), vendas, entre outros;
Adequação e / ou estruturação de pontos de degustação e comercialização.
Ainda interligado ao projeto, também está sendo desenvolvido o licenciamento do selo da
marca oficial da Estrada Real, que irá constar em todos os seus produtos licenciados. Os
produtores poderão, a partir do envolvimento com a atividade turística, incrementar sua renda a
partir das seguintes ações:
Agregação de valor ao produto através do turismo;
Aumento do número de consumidores potenciais dos produtos envolvidos;
Associação à imagem e ao marketing da Estrada Real;
Ampliação da exposição de seus produtos em novos mercados e mídias.
Para aderir ao projeto é necessário:
Participar do inventário geral como produtor ou comerciante;
Atender a critérios de potencialidade e interesses mútuos;
Capítulo III Contextualização
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83
Aportar contrapartida;
Aderir formalmente ao "Projeto de Desenvolvimento da Produção Associada ao
Turismo", através do "Termo de adesão".
No mês de maio de 2005, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, assinou o termo de
cooperação mútua entre o Governo do Estado, o Banco Interamericano de Desenvolvimento
(BID) e a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) para criação de um
modelo de desenvolvimento sustentável para as micro e pequenas empresas turísticas
localizadas ao longo da Estrada Real. Na primeira fase do projeto, serão investidos US$ 6,8
milhões, recursos dos três organismos. Durante a solenidade, o governador ressaltou a parceria
do Governo do Estado com a iniciativa privada que permitiu mais um passo para a implantação
do Programa Estrada Real. A expectativa do programa é de receber, a partir de 2007, cerca de
2,5 milhões de turistas por ano. Essa rota turística deverá movimentar, anualmente, US$ 1,250
bilhão e gerar cerca de 180 mil empregos em vários setores. (REVISTA ENCONTRO, 2004)
A primeira parte dos recursos, US$ 3,4 milhões, será repassada, de imediato, pelo BID e Fiemg,
em duas parcelas iguais. Outros US$ 3,4 milhões serão repassados em uma segunda fase,
pelo Governo do Estado e Ministério do Turismo. O termo de cooperação assinado, prevê
trabalho conjunto entre as entidades para elaboração de um projeto destinado a atender o
desenvolvimento sustentável nos municípios que fazem parte da Estrada Real. Também será
criado um fundo de co-financiamento para grupos de micro e pequenas empresas, além de
incentivadas atividades como desenvolvimento de produto turístico, sua promoção e
comercialização. A primeira etapa do projeto, que será implantada entre 2005 e 2008, serão
trabalhados pólos que têm como base os municípios de Ouro Preto, São João Del Rei e Santa
Bárbara. (informações retiradas do site do Projeto Estrada Real em 05 de maio de 2005).
3.2.2.2 - Projeto SESINHO
Os alunos das escolas do ensino fundamental de 70 municípios integrantes dos Circuitos do
Ouro, dos Diamantes, das Águas, Trilha dos Inconfidentes e Villas e Fazendas, os cinco
Circuitos Turísticos prioritários de atuação na Estrada Real, conforme política as Secretaria de
Estado de Turismo estarão participando do Projeto Sesinho.
Elaborado pelo Instituto Estrada Real, em parceria com o Serviço Social da Indústria (Sesi), as
Superintendências Regionais de Ensino e os Circuitos Turísticos, o projeto tem por finalidade
Capítulo III Contextualização
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possibilitar que os professores trabalhem o contexto histórico, geográfico, cidadania e ética com
os alunos em sala de aula, sensibilizando-os para o assunto Estrada Real. A ferramenta
principal de trabalho é a Revista Sesinho Número 39, que conta uma viagem da Turma do
Sesinho pela Estrada Real, cuja distribuição sefeita em articulação entre o Instituto Estrada
Real e os Circuitos, e em seguida com as Secretarias Municipais de Educação.
3.2.2.3 - Projeto Unidades Móveis SENAI-MG
O projeto consta de três unidades móveis, montadas em carretas devidamente equipadas
(fig.21), que levam cursos de qualificação e aperfeiçoamento profissional nas áreas de
confecção e vestuário, informática e alimentos aos municípios da Estrada Real em Minas
Gerais.
Figura 21: Unidades Móveis do projeto em Minas Gerais
Fonte: < http://www.estradareal.org.br/hotsite/UnidadesMoveis/home.asp>, com acesso em maio de 2006.
Idealizados pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Profissional (SENAI), com apoio do
Instituto Estrada Real, do Sistema Federação das Indústrias dos Estados de Minas Gerais
(Fiemg) e do Ministério do Turismo, as carretas levarão cerca de 10 cursos a 33 municípios
mineiros. O Projeto tem o objetivo de promover ações de qualificação e aperfeoamento
profissional ao longo da Estrada Real, buscando melhorar o padrão dos serviços e produtos
oferecidos aos turistas.
Capítulo III Contextualização
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3.2.2.4 - Projeto Arrume a Casa que Vem Visita
Este projeto visa orientar as pousadas, restaurantes, estabelecimentos e os próprios moradores
a receberem da melhor forma possível os turistas que chegam a seus municípios. Para tal
finalidade, foram desenvolvidos pelo Programa Estrada Real os chamados 10 Mandamentos,
sendo estes:
1- Ajude a manter a cidade limpa e bonita;
2- Preserve a memória da cidade, zelando pelo patrimônio e pelas tradições;
3- Receba o turista com cordialidade e respeite seus usos e costumes;
4- Informe-se sobre sua cidade para melhor informar aos turistas;
5- Seja hospitaleiro e faça com que o turista se sinta bem-vindo;
6- Faça pelo turista o que gostaria que fizessem por você;
7- Esteja atento às necessidades do turista;
8- Esteja atento à segurança em sua cidade;
9- Incentive a prática de preços justos e compatíveis com o mercado;
10- O turista é um cliente. Denuncie irregularidades que desestimulem seu retorno.
3.2.3 - Principais ações realizadas
3.2.3.1 - Eventos realizados e festas tradicionais
Nos municípios envolvidos com o Programa Estrada Real, algumas ações para atrair turistas
visitantes e promover a cultura dos locais vem sendo desenvolvidas a cada ano. Dentre elas, as
mais significativas e com um calendário já fixo, são as festas tradicionais (folclóricas, religiosas,
etc.) e os eventos realizados (seminários, festivais, encontros, expedições, etc.).
Durante o período de um ano (de julho de 2005 a julho de 2006), foram coletados dados do site
do Programa Estrada Real, que fornecia o calendário dos eventos mais importantes realizados
nas cidades envolvidas e neste item serão apresentados mostrando a sua importância para
promover a cultura local e incentivar a preservação e manutenção do patrimônio destes
municípios. Além de melhorias na infra-estrutura destes municípios valorizando o patrimônio
cultural e o meio ambiente e tendo uma preocupação grande com a segurança dos visitantes e
preservação local.
Capítulo III Contextualização
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-Festival de Inverno de Ouro Preto e Mariana-MG
Dentre alguns eventos realizados, um dos mais importantes é o Festival de Inverno, que
acontece todos os anos nas cidades de Ouro Preto e Mariana, em Minas Gerais.
No presente ano de 2006, a Universidade Federal de Ouro Preto e as Prefeituras Municipais de
Ouro Preto e Mariana, promovem, no mês de julho, o Festival de Inverno de Ouro Preto - Fórum
das Artes 2006. O evento pretende revelar aspectos e problemas relacionados às cidades
históricas brasileiras e apontar alternativas de preservação para essas cidades, em especial,
Ouro Preto e Mariana, através do estímulo ao turismo sustentável.
O evento possui como objetivo específico, possibilitar o intercâmbio de conhecimentos e
propostas entre artistas de todas as partes do mundo, além de:
-Criar alternativas para a conciliação entre o crescimento, a preservação e a conservação das
cidades de Ouro Preto e Mariana;
-Dar continuidade ao levantamento da memória artística das cidades de Ouro Preto e Mariana,
revitalizando os grupos e escolas artísticas que floresceram nessa região, além de inventariar
as obras artísticas que tiveram Ouro Preto e Mariana como tema;
-Divulgar esse levantamento através de apresentações, exposições e oficinas;
-Estimular a criação de novas obras que tenham essas cidades como tema principal.
No ano de 2005, o Festival de Inverno de Ouro Preto e Mariana foi considerado um grande
sucesso de crítica e público que freqüentou. Segundo informações do site do Programa Estrada
Real, o Festival de Inverno de Ouro Preto e Mariana Fórum das Artes 2005 superou todas as
expectativas. Inicialmente, a previsão era de duplicar o blico da edição de 2004, que foi de
43.220 pessoas. Contudo, foi atingido um público de 246.910 pessoas, sendo 3.236
participantes em oficinas, 24.428 visitantes nas exposições e 219.246 pessoas em shows e
espetáculos.
Junto com a articulação das instituições, houve o envolvimento da população local, a qual
encontrou no Festival uma excelente oportunidade de acesso à arte e à cultura, além de
perceber o evento como fator positivo para o desenvolvimento da economia das duas cidades,
Capítulo III Contextualização
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como foi atestado através de pesquisa de opinião realizada pelo NEASPOC (Núcleo de
Pesquisa de Opinião da Universidade Federal de Ouro Preto). Desse modo, o Festival foi mais
que uma mostra de arte e cultura. O evento significou a concretização do conceito central de
promoção da preservação do Patrimônio articulada ao desenvolvimento econômico, com ampla
participação da população.
Também nesse aspecto se realizou um dos conceitos do Festival. A promoção de qualidade de
vida para a população local é quesito fundamental para o desenvolvimento da indústria do
turismo. A população, satisfeita com o Festival, gerou uma imagem positiva do evento,
resultando em fator importante para o aumento do número de turistas e de seu tempo de
permanência.
-Demais Eventos e Festivais realizados
Os números do Fórum dos Festivais Culturais de Minas são mais de 34 eventos realizados
partir de junho de 2005, incluindo aqueles exclusivamente musicais, como o Ipatinga Live Jazz,
realizado em julho, e o 1º Santa Bárbara Jazz Festival.
Desde que o Fórum foi criado, em 2001, alguns eventos se fundiram como a Mostra Nacional
de Dança e a Mostra Nacional de Teatro de Araxá. Outros são independentes, caso do Festival
de Cinema de Tiradentes, que atrai, anualmente, 35 mil pessoas, sete vezes a população da
cidade - e movimenta cerca de R$ 2 milhões em compras, hotéis e restaurantes
4
. Outros
acabaram reduzindo seus formatos, adequando-se à realidade do mercado e seu público-alvo.
O jornalista Sérgio Stockler, que assessora 14 festivais culturais no Estado e foi um dos
criadores do Fórum, informa que muitos dos novos prefeitos que tomaram posse no início do
ano vislumbraram nos festivais bons potenciais turísticos, o que sinaliza iniciativas inéditas
devem acontecer ao longo do ano. No que se refere aos festivais de inverno propriamente ditos,
pelo menos três vão explorar o tema da Estrada Real.
5
Esse é o caso, por exemplo, do 1
Inverno Cultural, organizado pela Universidade Federal de São João Del-Rei, que aconteceu de
16 a 30 de julho de 2005, tratando de resgatar a memória do jornalista e escritor são-joanense
4
Informações contidas no site do Programa Estrada Real; < http://www.estradareal.org.br>, com acesso
em julho de 2005.
5
IDEM
Capítulo III Contextualização
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Otto Lara Rezende. O evento inova ao estender sua programação aos municípios que fazem
parte da trilha do Campo das Vertentes e da Estrada Real.
-Feira de Artesanato e Turismo de Aventura
O Turismo de Aventura foi representado na XVI Feira Nacional de Artesanato, que se realizou
entre 22 e 27 de novembro de 2005, no Expominas, em Belo Horizonte. Em oito mil metros
quadrados, divididos em 26 estandes, o Instituto Estrada Real instalou uma das grandes
atrações do evento: a área de Turismo de Aventura. No local, os visitantes puderam praticar
atividades de arvorismo, rappel, escalada, tirolesa e mountain bike, com acompanhamento de
instrutores. O acesso a essa área foi feito através do "túnel dos sentidos", no qual os visitantes
puderam sentir aromas de flores, som de cachoeira entre outros atrativos.
Em outros 42 estandes, o Instituto Estrada Real instalou réplicas das principais fachadas de
monumentos históricos mineiros. Também foram expostos produtos que integram o universo
gastronômico da Estrada Real e exibidas peças que retratam a religiosidade, cultura e história
das cidades que integram o roteiro turístico.
No evento do ano de 2005, a comunidade indígena foi a homenageada na XVI Feira Nacional
do Artesanato. Representantes das tribos Pataxó e Tupinambás (Bahia), Fulmi-o (Pernambuco),
Gavião (Paraíba) e Apurinã (Acre) promoveram oficinas públicas de bijuterias, utilidades e
pintura, além de apresentar, em cozinha especialmente montada, alimentos típicos da culiria
indígenas.
3.2.3.2 - Melhorias na infra-estrutura
-Projeto Displays de Sinalização
Segundo informações contidas no site do Instituto Estrada Real
6
, os displays de sinalização
são instalados dentro do perímetro urbano dos municípios que fazem parte do Programa
Estrada Real, e são painéis com 2,6 x 1,2 m (0,4 m abaixo do solo). Em uma das faces é
afixado um mapa indicando os principais atrativos do município e informações úteis ao turista,
na outra é cedido um espaço para um patrocinador do projeto expor sua marca.
6
http://www.estradareal.org.br com acesso em 06 de abril de 2006.
Capítulo III Contextualização
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O eixo principal da ER-Caminho Velho, Caminho Novo, Caminho dos Diamantes e Caminho do
Sabarábuçu (extensão do Caminho Velho), está recebendo a sinalização indicativa e
interpretativa. A sinalização é feita a partir do início e final da Estrada Real (ER a partir de
então), entre duas localidades, sempre coincidindo com o inicio ou final do perímetro urbano
das mesmas, não sendo usados no interior dos municípios.
Esses displays têm por finalidade fornecer aos turistas todas as informações sobre o município,
como mapas das rodovias que cortam o local, das ruas da cidade e da Estrada Real ,além do
histórico do município, estatísticas e dados técnicos.Os primeiros displays foram instalados em
Itabira, Itambé do Mato Dentro, Conselheiro Lafaiete, Ouro Branco, São João Del Rei, Juiz de
Fora e Desterro do Melo
7
. No decorrer do ano, novos municípios receberão os marcos aque
toda Estrada Real esteja sinalizada.
Os totens (fig.22), marcos tri faciais com mais de 5m de altura, estão sendo instalados na divisa
da zona rural com o perímetro urbano. Sua função é sinalizar que o município pertence ao
Programa Estrada Real, e desejar as boas vindas ao turista visitante.
Em cada Distrito onde os marcos forem instalados, acontecerá um evento de sensibilização da
comunidade, esclarecendo como é feita a sinalização, a função dos marcos, a importância da
preservação dos mesmos como um patrimônio local e os projetos em desenvolvimento pelos
municípios.
Figura 22: Display e totem de sinalização utilizados no projeto.
Fonte: < http://www.estradareal.org.br/ >, com acesso em maio de 2006.
7
Informações colhidas até o mês de julho de 2006.
Capítulo III Contextualização
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90
-Critérios para demarcação
Segundo informações no site do Instituto Estrada Real
8
, para que a demarcação seja realizada,
é preciso seguir alguns critérios pré-estabelecidos, sendo eles:
1. Localizar e pesquisar Caminhos, em uso ou não, que correspondam a um dos trajetos
originais utilizados pela Corte Portuguesa, tropeiros, bandeirantes e outros viajantes nos
séculos XVII, XVIII e XIX, que unam Diamantina a Ouro Preto até Paraty e à cidade do
Rio de Janeiro sem, contudo, nomear neste primeiro momento as segmentações
encontradas.Trabalho este que será realizado posteriormente;
2. Confirmar se estes Caminhos estão sem pavimentação asltica, pois a ER está sendo
trabalhada prioritariamente para a prática da caminhada, cicloturismo e cavalgada, caso
contrário, buscar alternativas de Caminhos mais recentes e com comprovação histórica,
literária ou oral;
3. Comprovar as condições de segurança oferecidas por estes Caminhos. Se o Caminho
pesquisado oferecer potenciais riscos ao turista, por suas características físicas ou
sociais, deverá ser substituído por uma alternativa que anule ou minimize tais riscos;
4. Confirmar, em caso de alguns destes Caminhos atravessarem alguma área de proteção
ambiental, ou de vulnerabilidade, se existem relatórios de impacto e normas de uso para
essas áreas. Caso não haja, deve-se buscar alternativa a este Caminho;
5. Se esse Caminho atravessar alguma área, particular ou de uso público, que venha a
oferecer algum risco de transformação iminente e comprovado (mineração, plantações,
loteamentos, asfaltamento, etc.) deverá ser buscada uma alternativa de Caminho mais
estável;
6. Caso haja algum impedimento legal para a utilização pública com fins turísticos de
alguns desses Caminhos (negativa de passagem em propriedade particular ou área de
uso exclusivo das Forças Armadas, por exemplo), deverá ser encontrada uma
alternativa;
7. Os Caminhos não utilizados no processo de demarcação física da ER, mas que suas
características físicas assim o permitam, serão incentivados na sua utilização pela
comunidade local, como atrativos a serem explorados e oferecidos , como valor
agregado aos turistas que se interessarem;
8
http://www.estradareal.org.br com acesso em 06 de abril de 2006.
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8. Se em alguma região, o Caminho localizado oferecer pouca infra-estrutura de apoio ao
turista e tiver quilometragem muito elevada entre os destinos, havendo alguma
alternativa que atravesse maior número de localidades, ela poderá ser usada após
consenso, mesmo que possua características históricas mais recentes.
9. Todos os Caminhos encontrados e que não forem ser utilizados no processo de
demarcação física por algum dos motivos citados, serão devidamente referenciados nos
relatórios de demarcação.
-Sinalização Rodoviária
Em uma parceria entre o Instituto Estrada Real, o Governo do Estado de Minas Gerais e o
Ministério do Turismo, foi firmado um convênio para realização da sinalização das rodovias que
ligam os municípios da Estrada Real. Seguindo normatização do DNIT e EMBRATUR em
acordo com a ABNT, foram criados diversos tipos de sinalização adequada para correta
orientação do visitante (fig.23).
Figura 23: Placas de sinalização rodoviária.
Fonte: < http://www.estradareal.org.br/ >, com acesso em maio de 2006.
A sinalização rodoviária na ER tem previsão de término em dezembro de 2006. As placas
(marcos) são afixadas em rodovias de acesso aos municípios da área de influência da ER,
sendo assim, os dizeres Estrada Real informam ao visitante que aquele atrativo ou município
está na área de influência da ER e não necessariamente no eixo principal.
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Figura 24: Mapa da Estrada Real com trechos já sinalizados demarcados em vermelho.
Fonte: < http://www.estradareal.org.br/ >, com acesso em maio de 2006.
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3.2.3.3 - Ações para o Município de Paraty
Aqui serão expostas todas as ações realizadas em Paraty para fins de incremento do turismo
no local. São ações como a realização das festas religiosas e pagãs, e demais eventos fora do
calendário fixo anual, além de melhorias na infra-estrutura do município de Cunha, no roteiro da
Estrada Real (tab.05). O fato de Paraty ter ficado isolado geográfica e economicamente do
resto do país no período de 1870 a 1950 fez com que se preservassem alguns antigos
costumes, em especial as comemorações das grandes datas do catolicismo. Durante as festas
religiosas, a cidade fica enfeitada com bandeirinhas, as janelas das casas são decoradas com
vasos de flores e toalhas coloridas e, as igrejas são ornamentadas com imagens que
normalmente ficam guardadas. Independente do sentido religioso, estar em Paraty durante as
festas religiosas é presenciar alguns dos mais ricos eventos culturais do país. As festas
religiosas mais interessantes do ponto de vista turístico são:
QUADRO DOS EVENTOS REALIZADOS NO MUNICÍPIO DE PARATY
FESTAS RELIGIOSAS FESTAS PAGÃS
-Festa do Divino 50 dias após o
carnaval e duram 10
dias.
- Carnaval Calendário móvel
-Semana Santa 40 dias após o
carnaval.
- Festa da Pinga Mês de agosto - 3
dias.
- São Pedro
- Procissão Marítima
de São Pedro
29 de junho.
1° de julho.
- Festa Literária
Internacional de
Paraty - FLIP
Mês de outubro - 4
dias.
- Santa Rita 10 últimos dias de
julho.
- Reveillon 31/12 1/01
-São Benedito e N.Sª.
do Rosário
3° domingo do mês
de novembro.
- N.Sª. dos Remédios 8 de setembro.
- Procissão de
Corpus Christi
Maio ou junho 1 dia.
Tabela 05: Quadro dos eventos realizados no município de Paraty.
Fonte: A autora. Dezembro, 2006.
Capítulo III Contextualização
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O enorme contingente de visitantes durante as festividades está mobilizando, não apenas
órgãos do governo, mas também a população a investir em segurança e principalmente na
preservação de seu acervo histórico-cultural, com melhorias na infra-estrutura, a fim de evitar os
impactos negativos sobre os mesmos.
Como exemplo, temos o isolamento do Centro Histórico a fim de limitar a área destinada aos
automóveis e aos pedestres. o se pode trafegar de automóvel pelas ruas do Centro
Histórico.
Além das festas e demais eventos realizados, circuitos turísticos estão sendo implementados a
fim de potencializar o turismo na região. É nesse contexto que está inserido o Circuito do
Caminho do Ouro de Paraty, aqui intitulado Estrada Real Paraty - Cunha. No próximo item
estudarei mais profundamente o trecho destacado para esta pesquisa e suas potencialidades
turísticas.
3.3 - Circuitos Turísticos de Paraty - Cunha
3.3.1 Circuito das Águas
O Circuito das Águas engloba as principais cachoeiras da região de Paraty - Cunha, sendo
algumas delas já mencionadas anteriormente por fazerem parte da trilha do Caminho do Ouro.
Além de exuberante beleza, essas cachoeiras são atrativos turísticos muito procurados pelos
visitantes, principalmente no período do verão, o que nos faz ter uma preocupação maior de
como vem sendo feito o processo de visitação desses atrativos a fim de minimizar o impacto
que esse turismo pode vir a causar no meio ambiente.
3.3.1.1 - Cachoeira do Bananal
Localiza-se na Estrada Paraty - Cunha (RJ-165), com entrada à direita da Rodovia Rio-Santos
(sentido Santos), da qual dista cerca de 6 km. É formada por um desnível de 15 metros no
sinuoso curso do Rio Perequé-Açú que deságua em Paraty. Possui vazão de 0,43m
3
de água
por segundo, despejadas no interior da Fazenda do Bananal, que lhe empresta o nome. Faz
Capítulo III Contextualização
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parte do roteiro programado por várias empresas que se dedicam ao turismo ecológico,
instaladas em Paraty.
3.3.1.2 - Cachoeira da Pedra Branca
Também localizada na Estrada Paraty - Cunha com acesso à direita da Rodovia Rio-Santos, da
qual dista 10 km a partir do Trevo de Paraty. Considerada uma belíssima cachoeira, com várias
quedas d'água e muitos poços e piscinas naturais. Entrada à direita da Estrada da Pedra
Branca, logo após a localidade da Ponte Branca, a 500m da sede da Fazenda e Engenho da
Murycana. Fica ao lado das ruínas da primeira usina de força que servia à Fábrica de Farinha
de Banana do Príncipe Dom João de Orleans e Bragança.
3.3.1.3 - Cachoeira do Tobogã ou do Penha
Também conhecida como Cachoeira da Penha. Situa-se no final da linha Paraty - Penha da
Colitur (linha de ônibus que faz o transporte coletivo local). O acesso acontece através de trilha
de 200m, situada próximo à Igreja de N.S. da Penha, à margem da Estrada Paraty - Cunha, a 1
Km de Paraty. As águas descem sobre enorme formação rochosa, desaguando em uma
agradável piscina natural, cercada por grandes pedras e tendo como moldura intensa cobertura
vegetal.
3.3.1.4 - Cachoeira do Iriri
Fica próxima à Praia de lririguaçú, na altura do km158 da Rodovia Rio-Santos, a apenas 6km
do distrito de Tarituba e a 26km de Paraty, com entrada à esquerda da rodovia. A queda
envolve um conjunto de 3 saltos e 2 piscinas naturais, de águas límpidas e transparentes, cujas
nascentes encontram se no alto da Serra do Iriri, uma das denominações locais da Serra do
Mar. O atrativo é provocado por pequeno desnível no curso do Rio lririguaçú de águas verdes
que refletem a floresta circundante com uma beleza exuberante.
Capítulo III Contextualização
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96
3.3.1.5 - Cachoeira do Taquari
Acesso por estrada de terra batida que sai da altura do km 160 da Rodovia Rio-Santos, em
plena zona rural do município, antes do abrigo de ônibus intitulado "Sertão do Taquari", a 20km
do Trevo de Paraty. Subir pela trilha na encosta, à esquerda da estrada vicinal que sai da
rodovia em direção ao Sertão, local em que o Rio Taquari desce profundo numa garganta de
pedras negras, formando o atrativo. A cachoeira forma piscinas naturais de 15m por 4m,
represada por imensos paredões de pedras escuras que se refletem nas águas. Convite
irresistível ao banho e ao mergulho, principalmente no verão. Formada por um desnível
topográfico no percurso acidentado do rio Graúna, que possui na região vários trechos
encachoeirados, cujas nascentes encontram se no alto da Serra do Mar, localmente conhecida
como Serra da Graúna, descendo suas encostas em curso sinuoso para despejar suas águas
límpidas e cristalinas na Baía de Paraty.
3.3.1.6 - Cachoeira da Trindade
Acesso pelo km 202 da Rodovia Rio Santos, onde fica o trevo de entrada que conduz à Vila de
Trindade. Nas proximidades do centro da Vila, siga em direção à Ponta Leste, passando pela
Praia de Fora ou dos Ranchos. Entre pela trilha da cachoeira, situada às margens do rio que
desce a encosta para desaguar na Praia dos Codós, situada entre a Praia do Meio e a Praia do
Caixadaço, à direita da Ponta Leste e da Ilha do Tesouro, também conhecida como Ilha da
Trindade. Depois de caminhada de 2 horas, considerada de grau leve, atinge-se trecho
encachoeirado do rio, com várias quedas de água em cascatas, com formação de poços e
piscinas naturais. O local possui uma grande pedra com passagem subterrânea para as águas
que saem do outro lado do rio, constituindo autêntico sumidouro natural.
3.3.1.7 - Cachoeira do Coriso
Fica na Vila do Coriscão, com entrada à direita da Rodovia Rio-Santos, sentido Paraty Ubatuba,
a 500m do trevo de Paraty. Seguir pela estrada de terra batida por 9 km, tomando rumo à
direita na Ponte do Corisquinho. Considerada uma belíssima cachoeira com pequeno escorrega
natural e grande lago de águas cristalinas, também conhecida como Cachoeira da Laje ou
Cachoeira da Laje Preta. Logo acima se encontra o Poço das Andorinhas.
Capítulo III Contextualização
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97
3.3.1.8 - Cachoeira da Usina ou Toca da Ingrácia
Fica à margem da Estrada Paraty - Cunha, logo após a Ponte Branca, onde se encontra a
maioria das cachoeiras de Paraty, a pouco mais de 6 km da cidade. Fica em frente a uma
formação rochosa existente à margem da estrada. É formada por pequeno desnível do Rio
Perequê Açú, com formação de poços e piscinas naturais. Tem como entorno grandes blocos
de pedra, emoldurada ao fundo pelo verde da Mata Atlântica que reveste com seu manto a
encosta da serra.
3.3.2 - Circuito da Cachaça
A pinga é um dos produtos mais típicos de Paraty. No século XVIII a cidade chegou a ter mais
de 200 engenhos e casas de moenda. Ainda hoje cinco engenhos de famílias tradicionais de
Paraty continuam fabricando a mesma pinga de duzentos anos atrás. A bebida feita na cidade
ainda preserva todas as características artesanais.
3.3.2.1 - Fazenda Muricana
Localizada ao pé da Serra da Bocaina, em Paraty, a Fazenda Murycana é um acervo
totalmente colonial, oferecendo aos visitantes as seguintes opções de lazer: museu em casarão
do séc. XVIII, com peças de antiguidade rústica e de produção, engenho de aguardente,
restaurante com capacidade para 300 pessoas, servindo comidas típicas da fazenda, mini -
zoológico com animais da região e de outras, rancho com coisas da fazenda (queijos, mel,
compotas, etc.), queda dágua com piscina natural, além de cavalos de aluguel para passeios.
3.3.2.2 - Fazenda Boavista
A Fazenda da Boa Vista foi um tradicional engenho de Paraty. Recentemente foi restaurado e
abriga hoje o Projeto da Escola do Mar de Amyr Klink. Esta fazenda, no século XVII, pertenceu
aos avós do escritor alemão Thomas Mann onde Júlia Mann, sua mãe nascida em Paraty, viveu
na fazenda até os oito anos de idade.
Capítulo III Contextualização
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98
3.3.2.3 - Fazenda Itatinga
A Fazenda da Itatinga possui um antigo casarão colonial e engenho bem simples, que hoje se
encontra quase em ruínas. Uma cachoeira corre ao lado por uma grande pedra. Seu acesso é
possível no Km 193 da Rio-Santos, após cerca de 1 Km é preciso saltar e seguir à .
3.3.2.4 - Fazenda Bom Retiro
A Fazenda Bom Retiro fica localizada a 3 Km da cidade, nas proximidades da Rodovia Rio -
Santos (BR101). Possui Casa Grande bem conservada e os seus antigos donos ainda vivem lá.
Há alguns anos ainda produzia aguardente, beneficiamento de produtos derivados da
mandioca. Foi tombada em 1957 pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
3.3.3 Circuito Gastronômico na Estrada Paraty - Cunha
Além de grandes atrativos naturais oferecidos aos visitantes, a Estrada Paraty - Cunha guarda
também, a tradição da culinária típica caiçara, tendo no Circuito bons restaurantes que servem
comida caseira e típica.
Considerado uma boa opção para o almoço, o restaurante Villa Verde está localizado no km 7
da Estrada Paraty - Cunha, e a entrada da casa é feita por uma ponte que passa sobre um rio.
Do outro lado da ponte fica o restaurante que parece um sítio, possuindo uma grande área
verde e uma praia fluvial, o destaque do cardápio o as massas preparadas pelo chef e dono
do restaurante, um suíço de origem italiana chamado Dario Rossera. A banana com chocolate é
a sobremesa de maior sucesso, garante o chef e os turistas.
Outra boa opção é o Restaurante Alquimia dos Sabores localizado no interior da Pousada
Caminho do Ouro (km 4).De 13:30h às 17:00h são servidos pratos executivos a R$10,00 por
pessoa. A partir das 18:00h, o menu oferece cozinha internacional a la carte até às 23:00h. O
prato francês de filé mignon com chocolate e manga flambada é uma ótima opção, segundo os
visitantes.
Capítulo III Contextualização
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99
No Casarão do Cunha, (km 5), as batatas suíças (rosties recheadas) são o atrativo principal do
lugar, tendo diversas combinações de recheios variados. Os chefs são uma atração no local ao
preparar as batatas, lançando-as ao alto e aparando-as com a frigideira no balcão em um dos
lados do restaurante.
Para provar uma comida tipica caiçara, a opção é o restaurante Sancho Pança, (km 3), que
possui também cozinha contemporânea. O prato mais famoso da casa é a costeleta de boi.
3.3.4 - Circuito da Estrada Real Paraty - Cunha
Longe da agitação do Centro Histórico, localizamos na Serra da Bocaina a estrada para o
Município de Cunha onde, ao longo da principal rota de escoamento do ouro de Minas Gerais
no período colonial, encontram-se diversos atrativos naturais com recursos significativos para o
turismo, tais como cachoeiras, grutas e mirantes com vistas deslumbrantes da região (fig.25). O
roteiro turístico por esse outro lado de Paraty, é ideal para pessoas que gostam de ter contato
direto com a natureza, além de incentivar o conhecimento desse patrimônio histórico e cultural
pouco divulgado. A presença de famílias com crianças é bastante comum já que as caminhadas
pela Mata Atlântica não são muito exaustivas. A maioria dos atrativos é de fácil acesso e as
trilhas bem sinalizadas, muitas vezes dispensando a contratação de guias (fig.26).
Capítulo III Contextualização
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100
Figura 25: Mapa da região de Paraty destacando os atrativos da área.
Fonte: < http://www.cidadeshistoricas.art.br/paraty/index.htm#> - acessado em maio de 2006
O passeio começa deixando o Centro Histórico de Paraty, a o primeiro atrativo natural de
destaque; a Cachoeira da Pedra Branca, considerada pelos visitantes a melhor da região. É
preciso escalar algumas pedras até chegar aos melhores poços de banho, sendo recomendado
o uso de calçado adequado para caminhada, a fim de evitar tombos ou escorregões. A subida
não é muito íngreme e o caminho se encontra bem limpo e sinalizado. O acesso à Cachoeira da
Pedra Branca é feito pela entrada da Fazenda Murycana (km 4,5 da estrada Paraty-Cunha).
(fig.27)
Capítulo III Contextualização
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101
Figuras 26: Calçamento preservado no Sítio Histórico-Ecológico do Caminho do Ouro
Fonte: <http://www.caminhodoouro.com.br/trekking.htm> - acessado em 15/02/2005
Além de funcionar como ponto de apoio para os turistas, a fazenda é como um parque-temático
na região, com muita área verde, restaurante com comida caseira e a famosa cachaça
artesanal de Paraty. A antiga Casa Grande funciona como um museu com utensílios
domésticos usados na fazenda, testemunhando o modo de fazer desse período histórico,
conjugando patrimônio material e imaterial em um ambiente. Para conhecer a área verde
abundante no local, o visitante pode usufruir de passeios a cavalo (fig.26), ou ainda praticar
esportes como o arvorismo e o rappel.
Figura 27: Vistas da Fazenda Murycana
Fonte: < http://www.murycana.com.br/> - acessado em 16/11/2005
Seguindo a Estrada Paraty - Cunha, encontra-se na entrada da Igreja da Penha uma trilha que
leva a outro atrativo natural de grande destaque; a cachoeira do Tobogã (fig.28), também
Capítulo III Contextualização
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102
conhecida como Cachoeira da Penha e também é nesse ponto que está localizado o Centro de
Informações Turísticas do Caminho do Ouro e o acesso ao Sítio Histórico do Caminho do Ouro.
Uma pedra lisa serve de escorrega e leva os visitantes a uma grande piscina natural. O turista
também pode conferir atrativos como as oficinas e ateliês de artesanato local, destacando o
Ateliê e Bar Caminho do Ouro. A vista desse trecho da viagem é considerada deslumbrante, e
pode-se ter uma vista privilegiada e pouco conhecida da cidade de Paraty.
Figura 28: Cachoeira do Tobogã e Trilha do Caminho do Ouro
Fonte: < http://www.caminhodoouro.com.br/trekking.htm> - acessado em 15/02/2005
Até hoje o principal trecho da Estrada Paraty - Cunha é aquele equivalente ao antigo Caminho
do Ouro (fig.29). Possui uma subida considerada cansativa e o visitante pode caminhar sobre
as mesmas pedras de calçamento da trilha indígena Goianá. O trecho recuperado da trilha
encontra-se parte dentro do Sítio Histórico - Ecológico do Caminho do Ouro (Sh-eco) e parte no
sítio do projeto Paraty na trilha da história. Projeto de Revitalização do Caminho do Ouro em
Paraty. Possui um total de 4,5 km de extensão, com trechos íngremes e escorregadios (fig.29).
Capítulo III Contextualização
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103
Figura 29: Mapa da região de Cunha destacando os atrativos da área.
Fonte: < http://www.cidadeshistoricas.art.br/paraty/index.htm#> - acessado em maio de 2006
Uma pequena fonte no local serve como bebedouro aos visitantes e os mirantes ao longo do
caminho (fig.30) são excelentes locais para descansar e admirar a vista da região. O atrativo
mais esperado pelos visitantes é o sítio arqueológico, onde o calçamento original encontra-se
em excelente estado de conservação e um pouco mais no interior do sítio, encontram-se as
ruínas da antiga Casa do Registro (descrita anteriormente), onde se coletava o imposto sobre o
ouro vindo de Minas Gerais; o quinto e neste local, o guia relata histórias sobre o local e a
época dos tropeiros, além de banhar-se na Cachoeira do Martins (fig.31), outro atrativo natural
importante. Ao lado do restaurante do Sh-eco, uma escada leva a um mirante improvisado no
alto de uma pedra (fig.30) onde o visitante confere uma bela vista da região.
Capítulo III Contextualização
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104
Figuras 30 e 31: Vista da Baia de Paraty e Cachoeira do Martins
Fonte: <http://www.caminhodoouro.com.br/trekking.htm> - acessado em 15/02/2005
Paraty é das poucas cidades do interior do estado do Rio de Janeiro com forte atração de
turistas nacionais e estrangeiros, qualificando cada vez mais o turismo na cidade em busca do
conhecimento do Brasil Colonial, da cultura e da paisagem. Segundo Thays Zugliani, então
Superintendente Regional do IPHAN, para o Seminário de Planejamento de Paraty (2001, p.
24):
Em nenhum outro lugar, o binômio Patrimônio e Ecologia é tão indissociável quanto
em Paraty, que contem não apenas o patrimônio edificado, mas o meio ambiente
natural de notável valor paisagístico no qual está inserido o Caminho do Ouro.
A construção de atrativos culturais e naturais, é crucial para o desenvolvimento do turismo
sustentado e necessário para reconciliar os interesses da preservação e do desenvolvimento.
(MURTA, 2002, p.45). Só um planejamento adequado poderá garantir a sintonia do trabalho de
sociólogos e planejadores, designers e programadores visuais, escultores e artistas, arquitetos,
biólogos entre outros, necessários à inserção de uma atração turística no universo da
preservação material e imaterial com garantia de sucesso.
A Estrada Real, com seu enorme potencial turístico, vai alavancar o chamado turismo
ecológico, porém não adianta ter uma exuberante natureza e belas atrações se não houver
investimentos em infra-estrutura básica como, projetos de preservação, pesquisa histórica e
arqueológica, com hotelaria, restaurantes e outros quesitos que garantam maior comodidade ao
visitante, sempre buscando um planejamento onde o meio ambiente sofra o mínimo possível a
ação do turismo no local.
Capítulo III Contextualização
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105
O incremento do turismo na Estrada Real deve ser realizado de forma a preservar os
patrimônios, por exemplo, as pousadas a serem criadas devem estar compromissadas com o
meio ambiente, destinando o lixo e esgoto corretamente, os caminhos e trilhas não devem ter
uso predatório sendo necessário haver um grande controle de fluxo. De forma bem gerenciada,
o turismo no Caminho do Ouro trará visibilidade aos municípios envolvidos assim como geração
maior de renda para os locais.
No capítulo a seguir será analisada a atividade turística dos sítios históricos do Caminho do
Ouro e a preservação deste patrimônio, com base no processo de visitação e pesquisa de
campo.
Capítulo IV O Processo de Visitação Turística nos Sítios Históricos Preservados da
Estrada Real Paraty
Cunha
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106
CAPÍTULO IV O PROCESSO DE VISITAÇÃO TURÍSTICA NOS SÍTIOS
HISTÓRICOS PRESERVADOS DA ESTRADA REAL PARATY - CUNHA
Capítulo IV O Processo de Visitação Turística nos Sítios Históricos Preservados da
Estrada Real Paraty
Cunha
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107
4.1 - Análise do processo de visitação turística
A análise do processo de visitação turística do Caminho do Ouro de Paraty teve como base
a realiza
ção de uma pesquisa de campo e dados coletados através de documentos e
entrevistas feitas durante o mês de outubro de 2006, além de visita aos sítios históricos
preservados.
Ao iniciar a pesquisa
in loco, primeiramente foi visto que o trecho do Caminho do Ouro que
sofreu interven
ção e foi revitalizado, encontra-se atualmente sob duas administrações
distintas, porém com características semelhantes que serão mais bem explicadas a seguir.
Dentro deste contexto existe o s
ítio do Projeto de Revitalização do Caminho do Ouro,
aqui denominado de
Sítio 1 , e o Sítio Histórico e Ecológico do Caminho do Ouro (Sh-
eco)
aqui denominado de Sítio 2. O Sítio 1 começa exatamente no local onde atualmente se
encontra o Centro de Informações Turísticas (Rodovia Paraty Cunha RJ 165, km 8,5 ), e
se estende at
é o portão que dá acesso ao Sítio 2, que se estende até a divisa da
propriedade do Sr.Marcos Ribas com a área de proteção da Serra da Bocaina. Dentro da
mata existem vestígios ainda não explorados do restante do caminho até Cunha. Na
seq
üência serão descritos os sítios 1 e 2 e suas características e posteriormente estes
analisados comparativamente.
4.1.1 Sítio 1 Projeto de Revitalização do Caminho do Ouro - Na Trilha da
História
Depois da iniciativa de fundadores do Centro Excursionista, na década de 80, a
Universidade Federal Fluminense (UFF), representada pelo professor Armando Barros,
vinculou-se ao F
órum DLIS
1
, em junho de 2000, através do Núcleo de Extensão de Angra
dos Reis, em parceria com a Prefeitura Municipal de Paraty (Secretaria de Educa
ção) em
um projeto pedagógico voltado para a educação ambiental e o ecoturismo, primeiro
chamado de Caminhos de Pedra com o Projeto da Base Científica da Pedra Branca.
A partir de ent
ão foram realizados ciclos de palestras que culminaram com a criação do
Fórum DLIS Caminhos da Cidadania, em março de 2001, momento em que a comunidade
pode compreender e se articular em torno da importância histórica, cultural e econômica que
1
DLIS = Desenvolvimento Local Integrado e Sustentável.
Capítulo IV O Processo de Visitação Turística nos Sítios Históricos Preservados da
Estrada Real Paraty
Cunha
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108
a revitalização do Caminho do Ouro proporcionaria à Paraty. No ano de 2002, o Sebrae-
Paraty e a Associa
ção dos Guias de Turismo de Paraty, realizaram os primeiros trabalhos
de levantamento do traçado original do caminho da Estrada Real Paraty Cunha, e após 3
meses de trabalho, foi entregue ao Sebrae-RJ o Projeto de Revitalização do Caminho do
Ouro em Paraty. Em dezembro de 2002, no Fórum DLIS A Arte de Inventar o Possível, em
que estiveram representantes e lideranças comunitárias, representantes de instituições e
autoridades municipais, foi realizado o evento de comemoração dos 2 anos de realização do
Fórum DLIS de Paraty, tendo como ponto alto a entrega do Projeto de Revitalização do
Caminho do Ouro pelo gerente regional do Sebrae-RJ, Ricardo Raed, informando que este
projeto estaria entre as parcerias da institui
ção com a comunidade paratiense, dentro do
DLIS, que tem segmentado várias ações como: saúde, educação e turismo.
Em junho de 2003 foi realizado um ciclo de palestras sobre o Caminho do Ouro, com dan
ças
folclóricas e com a idéia de destacar toda riqueza histórica, econômica e cultural. Em 25 de
julho de 2003, foi inaugurado o 2
° Marco da Estrada Real no bairro do Penha, localizado na
Rodovia Paraty Cunha RJ 165, km 8,5 ao lado da antiga escola que passou a sediar o
Centro de Informa
ções Turísticas do Caminho do Ouro (fig.32). Em setembro de 2003
iniciaram-se os trabalhos de campo do projeto, com parcerias entre o Sebrae-RJ, Prefeitura
Municipal de Paraty (Secretaria de Cultura e Turismo de Paraty) e a Associa
ção dos Guias
de Turismo de Paraty. No local está em exibição permanente uma exposição sobre o
Caminho do Ouro, a loja do artesão de Paraty, o Alambique DOuro e a casa de farinha
artesanal além de lanchonetes e restaurantes nas proximidades.
Figura 32 Foto da entrada do Centro de Informações Turísticas
Fonte: Foto tirada pela autora. Outubro, 2006.
Capítulo IV O Processo de Visitação Turística nos Sítios Históricos Preservados da
Estrada Real Paraty
Cunha
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Segundo Luis armando França, Presidente da Associação de Guias de Paraty, O Caminho
do Ouro tornou-se então o principal suporte do dossiê encaminhado à UNESCO (melhor
visto posteriormente), com o qual Paraty pleiteia o t
ítulo de Patrimônio Misto da
Humanidade
2
.
4.1.1.1 - O processo de visitação no Sítio 1
O trecho revitalizado inserido no Sítio 1 possui 2 km de extensão e engloba 3 propriedades
particulares e como mencionado anteriormente está sendo administrado principalmente pela
Associação dos Guias de Turismo de Paraty, havendo hora certa e dias determinados para
a visitação. Parte do caminho está inserida no Parque Nacional da Serra da Bocaina e além
da natureza exuberante da região há um grande cuidado com a preservação da mesma.
A visita
ção começa no Marco da Estrada Real no bairro do Penha onde fica o Centro de
Informações Turísticas (fig 33) , que funciona de quinta-feira a domingo às 11:30h, sendo
nos demais dias e hor
ários necessária a contratação de guias de turismo privativo.
Figura 33 Mapa do trecho localizado no Sitio 1 do Caminho do Ouro de Paraty
Fonte: Folder do Projeto de Revitaliza
ção do Caminho do Ouro de Paraty.
2
Patrimônio Misto indica o tombamento do Patrimônio Natural e Construído do local, sendo Paraty
tombada em sua municipalidade e buscando unir o tombamento da mata atlântica e áreas de
preservação.
Capítulo IV O Processo de Visitação Turística nos Sítios Históricos Preservados da
Estrada Real Paraty
Cunha
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110
Neste local existe um guia de turismo que irá recepcionar os turistas e levá-los ao trecho do
caminho preservado (fig.34).
É cobrada uma taxa de R$ 10,00 ao turista para fazer a trilha,
e a verba é revestida para a manutenção do sítio, atualmente realizada por um senhor que
habita
às proximidades do Caminho do Ouro. Como visto na visita, a manutenção dos 2,0
km
é feita por uma única pessoa e manualmente, limpando a grama que cresce ao redor e
entre as pedras do calçamento.
Figura 34 - Foto da entrada do Centro de Informações Turísticas com destaque para o 2° Marco da Estrada Real.
Fonte: Foto tirada pela autora. Outubro, 2006.
O caminho em si apresenta-se em bom estado de conservação, sendo a visita toda
realizada á pé, pois entre uma propriedade e outra existe uma barreira construída em
madeira, onde só passa uma pessoa de cada vez, e não permite a passagem nem de
animais como cavalos, nem motocicletas ou bicicletas. Essa medida foi tomada para evitar a
maior depreda
ção do calçamento, que já sofre o impacto de ter sido desenterrado em
muitos trechos, havendo locais onde o cal
çamento se encontrava abaixo de 2m de solo.
Alguns desses trechos foram mantidos encobertos exatamente para minimizar o impacto
sofrido. Observamos cal
çamento do séc.XVIII, com pedras maiores e caamento do
s
éc.XIX com grandes lajes de granito e acabamento com pedras menores, tornando o
caminho mais uniforme em sua extensão (fig. 35).
Capítulo IV O Processo de Visitação Turística nos Sítios Históricos Preservados da
Estrada Real Paraty
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Figura 35 - Foto do calçamento preservado no sítio 1. Primeira imagem contendo calçamento do séc.XVIII e
segunda imagem contendo calçamento do séc.XIX.
Fonte: <http://www.paraty.com.br/caminhodoouro/roteiro.htm
> , acesso em dezembro de 2006.
Obras de engenharia e drenagem ainda existem em excelente estado de preservação,
sendo um atrativo muito admirado devido à perfeição na forma de execução, seus encaixes
perfeitos e sistemas de drenagem ainda funcionais. O calçamento do séc.XIX serviu em
muitos trechos para corrigir grandes deformidades e até mesmo onde as pedras se soltaram
por motivo de chuvas fortes ou roubos para constru
ções locais, havendo então partes do
caminho que come
çam com um tipo de calçamento e são intercalados com outro (fig.36).
Figura 36 - Foto do calçamento preservado no sítio 1, onde chuvas destrram parte do caminho.
Fonte: <http://www.paraty.com.br/caminhodoouro/roteiro.htm
> , acesso em dezembro de 2006.
Capítulo IV O Processo de Visitação Turística nos Sítios Históricos Preservados da
Estrada Real Paraty
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112
Ainda existem trechos onde não foi possível reconstruir o calçamento, porque enxurradas
deslocaram imensos blocos de pedra inviabilizando a passagem, sendo feitos caminhos
alternativos em terra circundando as pedras maiores. Para tornar mais f
ácil a trilha, em
trechos de terra foram construídos degraus com acabamento em eucalipto, usado nos
corrim
ãos e nos degraus. O eucalipto foi escolhido como maneira de impactar menos o
local, usando material natural que mantivesse harmonia com o meio ambiente da área.
O guia recomenda o uso de roupas confort
áveis e calçados fechados e firmes, pois as
pedras são bastante escorregadias e todo cuidado é necessário para evitar tombos. O uso
de um cajado (tipo de bengala muito usado pelos antigos tropeiros) é também recomendado
não apenas para servir de apoio, mas principalmente para prevenir o ataque de possíveis
cobras no decorrer do caminho. O calçamento em si possui em torno de 2,00m de largura
em grande parte do percurso, estando a pessoa muito próxima à mata e sujeita à presença
de animais nativos
3
.
Al
ém de todo equipamento de segurança, recomenda-se usar bonés e filtro solar e levar em
uma mochila água, repelente, quina fotográfica e trajes de banho para o mergulho nas
cachoeiras da região.
4.1.1.2
Perfil do turista visitante
O Projeto de Revitaliza
ção fortaleceu o turismo histórico, cultural e principalmente o
pedagógico, proporcionando o desenvolvimento do agroecoturismo e do turismo de Serra de
Paraty, que atualmente vem gerando emprego e renda para a região transformando-se em
refer
ência de turismo sustentável para o município.
Com base no controle feito com a venda dos ingressos no Centro de Informa
ções Turísticas,
é possível traçar um perfil do turista que visita o Caminho do Ouro, sendo na grande maioria
estudantes de escolas próximas e de outros estados. Desde a inauguração do Marco da
Estrada Real, de 25 de julho de 2003 à 30 de junho de 2006, 5.765 turistas (100%) foram
registrados no Centro de Informa
ções do Caminho do Ouro e de 09 de abril de 2004 à 30 de
junho de 2006, 3.891 (67,5% do total) percorreram o trecho preservado de 2 Km e mais de
3
Durante a visita realizada na parte da manhã, foram avistados em torno de 8 lagartos de médio
porte no entorno do caminho e inclusive no próprio caminho, sendo a parte da tarde e da noite os
horários menos recomendados para a visita, pois além da pouca luz no local, esses animais nativos
costumam sair para caçar.
Capítulo IV O Processo de Visitação Turística nos Sítios Históricos Preservados da
Estrada Real Paraty
Cunha
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8.000 turistas registrados no alambique Engenho DOuro, que fica em frente ao Centro de
informações (fig.37 e fig.38).
Figura 37 - Foto da roda de farinha existente no Figura 38 - Foto do Alambique Engenho DOuro.
Alambique Engenho D
Ouro. Fonte: Foto tirada pela autora. Outubro, 2006.
Fonte: Foto tirada pela autora. Outubro, 2006.
Segundo Luis Armando França, do total de turistas que fizeram a caminhada (com duração
média de 2 h, sendo subida e descida), 70% são escolas (estudantes) turismo pedagógico
e mais ou menos 20% são estrangeiros sendo destes, 60% franceses. Na França
atualmente o produto turístico da Estrada Real vem sendo muito divulgado atraindo cada
vez mais esses turistas para a regi
ão, muitos interessados no valor histórico e cultural que o
Caminho do Ouro possui.
A faixa et
ária predominante é abaixo dos 20 anos (estudantes), seguida pela faixa que vai
dos 41 aos 50 anos e acima de 51 anos (estrangeiros), sendo desta classe mais velha a
maioria composta por pesquisadores interessados pela riqueza do local.
O grau de escolaridade
é formado, na maioria, por estudantes do nível médio e, em seguida
por pessoas com nível de pós-graduação (adultos).
Dentre esses visitantes, a distribui
ção entre o sexo masculino e feminino é de igual
proporção, e observa-se grande número de famílias fazendo o percurso.
Capítulo IV O Processo de Visitação Turística nos Sítios Históricos Preservados da
Estrada Real Paraty
Cunha
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4.1.2 - Sítio 2 Sítio Histórico e Ecológico do Caminho do Ouro
O Projeto Paraty Registro do Caminho do Ouro teve início no ano de 1998, a partir do
interesse do Sr.Marcos Caetano Ribas
4
, em realizar um espetáculo sobre a cidade de Paraty
no período colonial. Em 1999, ganhou uma bolsa de pesquisa da Fundação RioArte ,
tornando poss
ível um estudo mais detalhado sobre o assunto.
Segundo Marcos Ribas, a pesquisa hist
órica extrapolou o interesse artístico e passou a
ganhar um viés científico. Com a abertura da nova estrada Paraty - Cunha, um trecho de
aproximadamente 12 km do Caminho do Ouro, ou Estrada Velha, ou Caminho Geral da
Serra do Mar ficou abandonado por mais de 100 anos no meio da Mata Atl
ântica, já que em
muitos pontos coincidiu com o traçado do antigo Caminho, passou ao largo deste trecho
(fig.39).
Figura 39 Foto aérea mostrando a estrada Paraty - Cunha e o Caminho do Ouro. Sem escala.
Fonte: Ribas, 2003.
4
Ex-titular da Secretaria de Turismo e Cultura da Cidade de Paraty, um dos proprietários do Teatro
Espaço de Paraty e diretor da ONG Espaço Cultural Paraty.
Capítulo IV O Processo de Visitação Turística nos Sítios Históricos Preservados da
Estrada Real Paraty
Cunha
__________________________________________________________________________
115
No final de 1998, o Sr.Marcos Ribas comprou de uma empreendedora norte-americana,
uma parte desta
área cortada pelo caminho com calçamento do séc.XVIII e XIX, o Sítio Boa
Vista, e em sociedade com Rachel Ribas e Inez Petri, montou o Sítio Histórico e Ecológico
do Caminho do Ouro, com o objetivo principal de resgatar a história do Brasil colônia ali
existente, implementando para isto um projeto de visitação turística que ajudasse a dar
sustentabilidade ao projeto.
A primeira a
ção realizada foi a de reabertura da antiga estrada municipal que dava acesso
ao s
ítio percurso de 3 km que só se faz a ou a cavalo e já dentro da área comprada
desenterrar, limpar e desobstruir 800 m do calçamento original, para expor aos visitantes o
trabalho de engenharia da época empregado na construção, e chegar às ruínas que foram
encontradas no local, a que os antigos moradores se referiam como sendo da Casa dos
Quintos. Foram encontrados trechos cal
çados de até 10 m de largura, muros de arrimo,
drenos, bueiros construídos em cantaria
5
- especialidade portuguesa- com mão de obra
escrava, e pedras retiradas de cachoeiras e rios da região. As fundações e os muros em
pedra das ru
ínas encontradas indicavam a presença de algum órgão oficial, como um
registro ou posto de fiscalização do governo, segundo informações da equipe de Marcos
Caetano Ribas.
Em dezembro de 2001, a equipe do S
ítio 2 conseguiu patrocínio da Petrobrás, apoio do
Ministério da Cultura e do IPHAN, para fazer a prospecção arqueológica destas ruínas, e
aproveitando o interesse do patrocinador em realizar ações voltadas para o lado sócio-
educativo, a equipe prop
ôs e conseguiu inserir na proposta um projeto que já vinha
desenvolvendo, o de visitação do local por escolas públicas do município de Paraty,
nomeado de Projeto Escolas no Caminho do Ouro, sendo iniciado os trabalhos em março
de 2002.
4.1.2.1 - O processo de visitação ao Sítio 2
O interesse maior da equipe do Sítio 2 é o de se tornar um projeto cultural que busca se
desenvolver através da atividade turística, e à partir desse objetivo o Projeto Escolas no
Caminho do Ouro foi implementado.
5
Técnica de construção em pedra muito utilizada pelos portugueses em suas construções.
Capítulo IV O Processo de Visitação Turística nos Sítios Históricos Preservados da
Estrada Real Paraty
Cunha
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116
O projeto foi desenvolvido pela equipe do Teatro Espaço de Paraty e implantado no sítio 2
desde sua criação. Juntando a pesquisa histórica que deu origem ao projeto do Caminho do
Ouro mais o conhecimento em artes cênicas da equipe organizadora, o passeio para os
estudantes resultou em uma aula-passeio interativa em formato de uma gincana. Esse
passeio era vendido
às escolas particulares da cidade que visitam Paraty anualmente, e
teve boa aceitação. Alguns projetos-piloto foram realizados com turmas de escolas públicas
da região, porém a equipe percebeu que o projeto funcionaria melhor se fosse
subvencionado, ou seja, recebesse o apoio financeiro de alguma institui
ção ou poder
público.
Com o interesse da Petrobr
ás no apoio ao projeto de prospecção arqueológica, foi inserido
também no projeto as Escolas no Caminho do Ouro. O projeto foi desenvolvido para
acontecer dois dias por semana ao longo de quatro meses, com infra-estrutura necess
ária
para atender os jovens das escolas municipais e estaduais de Paraty.
Em n
úmeros o projeto contava com:
32 passeios;
36 turmas envolvidas;
1.280 crian
ças;
128 professores;
4 meses de visita
ção.
Era oferecido material para cada aluno, que era composto por: lanche em maletinhas
individuais, um jogo de tabuleiro sobre o Caminho do Ouro, o passeio em formato de
gincana, al
ém de transporte de ida e volta da rodoviária ou da escola até o início da trilha.
Uma professora de Educação Física conduzia o jogo acompanhando a turma do início ao
fim da trilha, além de monitores formados como guias ecológicos e com conhecimentos em
primeiros-socorros na mata e funcionários do tio 2 com conhecimento do local. Para
auxiliar no transporte do material eram usados burros de carga, chamados de frigo-burros,
e levavam o material de infra-estrutura além de um isopor com água e frutas distribuídas
durante a caminhada.
Capítulo IV O Processo de Visitação Turística nos Sítios Históricos Preservados da
Estrada Real Paraty
Cunha
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117
Figura 40 - Mapa ilustrativo de acesso ao sítio prospectado. Sem escala.
Fonte: Ribas, 2002.
Capítulo IV O Processo de Visitação Turística nos Sítios Históricos Preservados da
Estrada Real Paraty
Cunha
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118
Durante os 3 km de caminhada a gincana é desenvolvida e as turmas divididas em equipes,
e a
última prova da gincana acontece no local onde foi realizada a prospecção arqueológica
da Casa do Registro. Enquanto a prospecção estava sendo realizada, a arqueóloga
explicava para as turmas o trabalho que estava sendo realizado.
Depois da gincana, os alunos v
ão à cachoeira próxima à casa da sede, onde recebem o
lanche, descansam e visitam o mirante no alto da pedra. Na sa
ída do tio 2 existe uma
exposição de fotos e artefatos encontrados no Caminho do Ouro e voltam pela trilha aa
saída do sitio.
Al
ém dos estudantes, demais turistas possuem acesso ao sítio 2 , sendo cobrada uma taxa
de R$ 10,00 e aquisição de um mapa guia explicativo (fig.40). O visitante não precisa de
acompanhamento de um guia, apesar de ser recomendado por motivos de maior segurança.
Atualmente o s
ítio 2 encontra-se inoperante, devido a um problema com o IBAMA, onde este
considera a
área do sítio inserida dentro do Parque Nacional da Serra da Bocaina, área de
preservação ambiental e por este motivo , não seria permitido acesso de visitantes sem que
antes fosse realizado o plano de manejo. A área referente ao parque não se encontra bem
delimitada e por causa disso, ainda não se tem a certeza de esta propriedade (Sitio 2 ) estar
realmente inserida nos limites do Parque. Por este motivo, o s
ítio 2 não realizará mais o
projeto Escolas no Caminho do Ouro, mas ainda estão permitindo a visita de pessoas que
desejarem, por meio da aquisição do mapa guia. Chegando ao sítio, pessoas responsáveis
pela segurança e manutenção estarão no local para recepcionar o visitante. Uma portaria
controla a entrada e sa
ída de visitantes em uma propriedade a mais ou menos 1.200 m do
antigo Caminho do Ouro.
Capítulo IV O Processo de Visitação Turística nos Sítios Históricos Preservados da
Estrada Real Paraty
Cunha
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119
Figura 41 Foto da baía de Paraty vista do alto da trilha do Caminho do Ouro.
Fonte: < http://www.caminhodoouro.com.br/natureza.htm
>, com acesso em novembro de 2006.
Em relat
ório desenvolvido pelo consultor ambiental Tasso Drumond (in RIBAS, 2002) o
mesmo fala que o trabalho feito no S
ítio Histórico e Ecológico do Caminho do Ouro, onde
são encontradas manifestações histórico-culturais, vem dar subsídios às propostas
sugeridas no Plano de Gestão do Parque Nacional da Serra da Bocaina (fig.41), preservada
e interpretada para o p
úblico, destinando-a a pesquisa, educação ambiental, uso científico e
visando melhorar seu valor paisagístico.
A prospec
ção arqueológica foi basicamente a decapagem no interior das ruínas. O local
está em lento processo de regeneração da vegetação existente, que no entorno havia
sido introduzida uma área de pastagem e onde há cerca de 30 anos foi plantado um
bananal, que impediu o crescimento da vegetação natural. Na área dos muros somente foi
cortada a vegetação exótica (bananeiras), em nada comprometendo a vegetação existente,
onde as cerca de 37 pequenas árvores (ingás, canelas, etc.) foram preservadas. (RIBAS,
2002).
Capítulo IV O Processo de Visitação Turística nos Sítios Históricos Preservados da
Estrada Real Paraty
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120
Figura 42 Foto do Caminho do Ouro com destaque para a vegetação no entorno.
Fonte: < http://www.caminhodoouro.com.br/natureza.htm
>, com acesso em novembro de 2006.
Todos os cuidados foram tomados para evitar que a remo
ção de terra causasse danos, não
apenas à vegetação (fig.42) como também às fundações da antiga Casa do Registro, e para
tal foi adotado o procedimento de cavar, retirar o material arqueol
ógico encontrado de forma
correta seguindo às normas da arqueologia, e depois recobrir com terra o local. Foi criada
uma cerca de proteção em torno das ruínas feitas com bambus e eucaliptos, criando uma
passagem protegida, permitindo aos visitantes o acesso sem que haja risco de a área ser
depredada.
Ainda em termos de preserva
ção ambiental, foram colocadas lixeiras ao longo da trilha,
sendo este lixo recolhido em lombo de burros duas ou três vezes por semana, levado até a
estrada asfaltada e depois de carro até o bairro da Ponte Branca, onde fica o serviço de
coleta municipal.
O S
ítio Histórico e Ecológico do Caminho do Ouro possui um registro de Sítio Arqueológico
junto ao IPHAN onde fica clara a localização da área (fig.43), sendo esta pertencente ao
Distrito do Souza no munic
ípio de Paraty, ou seja, dentro dos limites de tombamento do
município de Paraty, e está sujeita as restrições legais.
Capítulo IV O Processo de Visitação Turística nos Sítios Históricos Preservados da
Estrada Real Paraty
Cunha
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121
O local possui ainda, um restaurante que recebe os visitantes com a tradicional comida
caseira no almo
ço e uma casa de hospedagem que remete aos tempos dos tropeiros com a
ausência de energia elétrica proporcionando um clima rústico. Essa pousada devido à
dificuldade no acesso de automóveis foi somente ocupada por técnicos envolvidos no
projeto e pesquisadores interessados, e atualmente não funciona mais.
Figura 43 Foto das ruínas da Casa do Registro no sítio 2.
Fonte: < http://www.caminhodoouro.com.br/
>, com acesso em maio de 2005.
4.1.2.2 Perfil do turista visitante
Assim como o s
ítio 1, o turista visitante do sítio 2 é composto em grande parte por
estudantes do ensino médio, e turistas na idade adulta interessados na história e cultura do
local, onde o atrativo que se faz mais importante é a ruína da Casa do Registro, e toda
história acerca dela.
Segundo dados fornecidos pelo Sr.Marcos Ribas, no s
ítio 2, até o começo do ano de 2006,
foram contabilizados cerca de 15.000 visitantes ao local, sendo desse total, 1.480
estudantes da rede p
ública de ensino.
Do total de visitantes (100%), 32% s
ão estrangeiros e 21% são estudantes. A maior
concentração de visitantes é proveniente de São Paulo (assim como mostra pesquisa
Capítulo IV O Processo de Visitação Turística nos Sítios Históricos Preservados da
Estrada Real Paraty
Cunha
__________________________________________________________________________
122
realizada no Centro Histórico do município), seguido por cariocas e em terceiro lugar por
estrangeiros em geral.
Seguindo mesma caracter
ística do sítio 1, no sítio 2 a faixa etária predominante é abaixo
dos 20 anos (estudantes), seguida pela faixa que vai dos 41 aos 50 anos e acima de 51
anos (estrangeiros), sendo desta classe mais velha a maioria composta por pesquisadores
interessados pela riqueza do local.
O grau de escolaridade
é formado, na maioria, por estudantes do nível médio e, em seguida
por pessoas com nível de pós-graduação (adultos).
Dentre esses visitantes, a distribui
ção entre o sexo masculino e feminino é de igual
proporção, e observa-se grande número de famílias fazendo o percurso.
4.2 - Análise comparativa entre os sítios 1 e 2
Os sítios descritos e analisados anteriormente, possuem as mesmas características físicas,
por se tratar de uma mesma extensão do Caminho do Ouro, antigo Caminho Velho, que
fazia a ligação entre Paraty e a região de São Paulo e Minas Gerais. Ambos possuem o
calçamento original dos séc.XVIII e XIX em ótimo estado de preservação, assim como toda
obra de engenharia da mesma época. Porém, algumas características são bem distintas
entre os sítios, analisadas a seguir.
4.2.1 - Administração
A primeira caracter
ística que difere os dois sítios é a forma de administração, sendo uma
administra
ção pública no sítio 1 (Projeto de Revitalização do Caminho do Ouro Na Trilha
da Hist
ória), feita pela Associação dos Guias de Turismo de Paraty com apoio direto da
Prefeitura Municipal de Paraty (Secretaria de Cultura e Turismo de Paraty) e Sebrae-RJ. O
trecho do cal
çamento preservado do sítio 1 está inserido dentro de 3 propriedades
particulares que concederam a permissão da visitação dentro do perímetro, sendo cada
propriedade delimitada por cercas que impedem a passagem de animais e ve
ículos, como
bicicletas e motocicletas, permitindo somente acesso
à pé. Os recursos usados na
recuperação e manutenção do trecho preservado são provenientes de órgãos públicos e
parte proveniente da arrecadação cobrada na entrada do Sítio 1, para visitação guiada.
Capítulo IV O Processo de Visitação Turística nos Sítios Históricos Preservados da
Estrada Real Paraty
Cunha
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123
O sítio 2 (Sítio Histórico e Ecológico do Caminho do Ouro), está inserido na propriedade do
Sr.Marcos Caetano Ribas, e administrado atualmente pelo próprio, ou seja, uma
administração privada, onde os recursos são provenientes de verba particular e parte da
cobran
ça arrecadada com a visita ao sítio. O sítio 2 conta com o apoio da Petrobrás,
Ministério da Cultura e IPHAN, que ficou responsável pela prospecção arqueológica nas
ruínas da Casa do Registro. Atualmente como mencionado, as atividades de visitação no
sítio 2 estão temporariamente paradas, havendo a possibilidade de visita sem a presença de
guias e somente com auxílio de um mapa comprado no valor de R$ 10,00 (o valor é
referente ao ingresso para entrada no sítio). Na tabela a seguir a análise comparativa é
resumida da seguinte maneira (tab.06):
FORMAS DE ADMINISTRAÇÃO DOS SÍTIOS ANALISADOS
SÍTIO 1 SÍTIO 2
ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA PRIVADA
ADMINISTRADORES
ASSOCIAÇÃO DE GUIAS MARCOS CAETANO RIBAS
PARCERIAS
ASSOCIAÇÃO DE GUIAS DE PARATY
PREFEITURA DE PARATY
SEBRAE-RJ
PETROBRÁS
IPHAN
MINIST
ÉRIO DA CULTURA
Tabela 06: Formas de administração dos sítios analisados
Fonte: A autora. Novembro, 2006.
4.2.2 - O uso turístico dostios analisados
Outra caracter
ística que difere os sítios é exatamente o seu uso, sendo no sítio 1 o uso
baseado totalmente na atividade turística e o sítio 2 baseia o uso do sítio histórico para fins
culturais, buscando a sustentabilidade do projeto através do turismo.
Os dois projetos possuem objetivos diferentes, mas s
ão complementares, pois em ambos o
interesse principal do visitante
é na história e cultura do local e não somente na atividade
turística ali desenvolvida, como mostra a tabela (07) a seguir:
O USO TURÍSTICO DOS SÍTIOS ANALISADOS
SÍTIO 1 SÍTIO 2
FINALIDADE
TURÍSTICA CULTURAL
INTERESSES DOS
VISITANTES
1°HISTÓRIA E CULTURA
2
° ATIVIDADE TURÍSTICA
1
°HISTÓRIA E CULTURA
2
° ATIVIDADE TURÍSTICA
Capítulo IV O Processo de Visitação Turística nos Sítios Históricos Preservados da
Estrada Real Paraty
Cunha
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124
BASES PARA
SUSTENTABILIDADE
ATIVIDADE TUR
ÍSTICA
ATIVIDADE TURÍSTICA
Tabela 07: O uso turístico dos sítios analisados.
Fonte: A autora. Novembro, 2006.
4.2.3 - Perfil do turista visitante
Com base nesses dados conclui-se que o turismo de cunho pedagógico é predominante
tanto no sítio 1, quanto no sítio 2 (com incentivo exercido pelo Projeto Escolas no Caminho
do Ouro), com grande número de visitas de escolas, inclusive de fora do estado, além de
turistas com nível superior e interessados no patrimônio histórico e cultural que o Caminho
representa, e não somente pela beleza da Mata Atlântica da região. No exterior o Projeto da
Estrada Real, n
ão somente o Caminho do Ouro, mas sim em sua totalidade, está sendo
bastante divulgado atraindo interesse de pessoas não com alto grau de escolaridade
como também, com alto vel financeiro, dispostos a viajar por rias cidades a fim de
conhecer os atrativos que a Estrada Real possui.
Na tabela (08) abaixo, com dados colhidos na pesquisa de campo, este perfil
é comparado
de maneira simplificada, onde:
O PERFIL DO TURISTA VISITANTE NOS TIOS ANALISADOS
SÍTIO 1 SÍTIO 2
EM NÚMEROS
- 5.765 (100%), SENDO QUE 3.891 (67,5%)
FIZERAM A TRILHA DO CAMINHO DO
OURO.
- DO TOTAL DE TRILHEIROS, 70% S
ÃO
ESCOLAS E 20% TURISTAS
ESTRANGEIROS.
- DO TOTAL DE TURISTAS
ESTRANGEIROS, 60% S
ÃO FRANCESES.
- 15.000 (100%) VISITANTES.
- DO TOTAL, 32% S
ÃO
ESTRANGEIROS.
- 21% S
ÃO ESTUDANTES,
SENDO 1.480 (9,9%)
ESTUDANTES DA REDE
P
ÚBLICA.
- 1
°) TURISTAS VINDOS DE SÃO
PAULO,
2
°) TURISTAS VINDOS DO RIO
DE JANEIRO.
3
° ESTRANGEIROS EM GERAL.
FAIXA ETÁRIA
1° ) MENORES DE 20 ANOS
2
°) ENTRE 41 E 50 ANOS
3
°) ACIMA DE 51 ANOS
1
° ) MENORES DE 20 ANOS
2
°) ENTRE 41 E 50 ANOS
3
°) ACIMA DE 51 ANOS
ESCOLARIDADE
1°) ENSINO MÉDIO (ESCOLAS)
2
°) NIVEL SUPERIOR
1
°) ENSINO MÉDIO (ESCOLAS)
2
°) NIVEL SUPERIOR
Capítulo IV O Processo de Visitação Turística nos Sítios Históricos Preservados da
Estrada Real Paraty
Cunha
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125
3°) PÓS-GRADUAÇÃO 3°) PÓS-GRADUAÇÃO
SEXO
MASCULINO E FEMININO EM IGUAL
PROPOR
ÇÃO
MASCULINO E FEMININO EM
IGUAL PROPORÇÃO
Tabela 08: O perfil do turista visitante nos sítios analisados.
Fonte: A autora. Novembro, 2006.
4.2.4 - Manutenção dos sítios analisados
Com base em visita aos s
ítios históricos estudados e entrevistas realizadas, a conclusão é a
de que realmente existe uma preocupação com a forma de manutenção realizada em cada
sítio analisado, buscando em ambas minimizar o impacto que a atividade turística vem
exercer no local.
Para tal, foram utilizados materiais naturais como bambus e eucaliptos na confec
ção de
pequenas construções nos sítios, como corrimãos e degraus e uma casa de apoio logístico
no sítio 2, construída sob uma área onde já existia uma construção (fig.44).
Figura 44 - Foto do Ateliê do Caminho do Ouro no Sítio 2.
Fonte: <http://www.paraty.com.br/caminhodoouro/roteiro.htm
> , acesso em dezembro de 2006.
O desmatamento foi somente na vegetação que cobria o calçamento preservado e onde
atualmente
é feita a limpeza periódica e manual. O impacto maior é causado exatamente
pela retirada do solo e da vegetação que cobria as pedras do calçamento, deixando-as
expostas aos efeitos das intemp
éries, e assim acelerando o processo de erosão. A remoção
Capítulo IV O Processo de Visitação Turística nos Sítios Históricos Preservados da
Estrada Real Paraty
Cunha
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126
do solo e da vegetação que estava localizado entre as pedras, tirou a proteção natural que
havia entre elas, facilitando seu deslocamento caso ocorram chuvas fortes na região.
A limpeza dos res
íduos deixados por turistas no local é realizada duas ou três vezes por
semana no sítio 2 e periodicamente no sítio 1, como mencionado anteriormente.
No s
ítio 2 houve um cuidado maior com a parte da arqueologia da área, onde um
profissional do IPHAN fez todo trabalho de levantamento e registro tanto das ruínas como de
todo e qualquer artefato encontrado durante as escava
ções e limpeza do calçamento.
Ferraduras, louças e demais utensílios foram devidamente catalogados e retirados do local
seguindo as normas da arqueologia. No sítio 1, os artefatos encontrados não passaram pelo
mesmo processo que no sítio 2. Houve a presença de um arqueólogo, mas as louças,
ferraduras e demais utensílios encontrados não foram devidamente registrados e
catalogados seguindo as normas da arqueologia. Alguns foram inclusive, retirados dos
locais de origem sem os cuidados necess
ários.
4.2.5 - Resultado das análises
Para uma melhor compreensão das análises realizadas, a partir da junção das tabelas antes
mostradas, um quadro sinóptico foi desenvolvido comparando de forma mais completa as
caracter
ísticas de cada sítio estudado (tab. 09).
QUADRO SINÓPTICO COMPARATIVO ENTRE OS SÍTIOS ANALISADOS
FORMAS DE ADMINISTRAÇÃO DOS SÍTIOS ANALISADOS
SÍTIO 1 SÍTIO 2
ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA PRIVADA
ADMINISTRADORES
ASSOCIAÇÃO DE GUIAS MARCOS CAETANO RIBAS
PARCERIAS
ASSOCIAÇÃO DE GUIAS DE PARATY
PREFEITURA DE PARATY
SEBRAE-RJ
PETROBRÁS
IPHAN
MINIST
ÉRIO DA CULTURA
O USO TURÍSTICO DOS SÍTIOS ANALISADOS
SÍTIO 1 SÍTIO 2
FINALIDADE
TURÍSTICA CULTURAL
INTERESSES DOS
1°HISTÓRIA E CULTURA 1°HISTÓRIA E CULTURA
Capítulo IV O Processo de Visitação Turística nos Sítios Históricos Preservados da
Estrada Real Paraty
Cunha
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127
VISITANTES
2° ATIVIDADE TURÍSTICA 2° ATIVIDADE TURÍSTICA
BASES PARA
SUSTENTABILIDADE
ATIVIDADE TURÍSTICA ATIVIDADE TURÍSTICA
O PERFIL DO TURISTA VISITANTE NOS SÍTIOS ANALISADOS
SÍTIO 1 SÍTIO 2
EM NÚMEROS - 5.765 (100%), SENDO QUE 3.891 (67,5%)
FIZERAM A TRILHA DO CAMINHO DO
OURO.
- DO TOTAL DE TRILHEIROS, 70% S
ÃO
ESCOLAS E 20% TURISTAS
ESTRANGEIROS.
- DO TOTAL DE TURISTAS
ESTRANGEIROS, 60% S
ÃO FRANCESES.
- 15.000 (100%) VISITANTES
- DO TOTAL, 32% S
ÃO
ESTRANGEIROS.
- 21% S
ÃO ESTUDANTES,
SENDO 1.480 (9,9%)
ESTUDANTES DA REDE
P
ÚBLICA.
- 1
°) TURISTAS VINDOS DE SÃO
PAULO,
2
°) TURISTAS VINDOS DO RIO
DE JANEIRO.
3
° ESTRANGEIROS EM GERAL.
FAIXA ETÁRIA
1° ) MENORES DE 20 ANOS
2
°) ENTRE 41 E 50 ANOS
3
°) ACIMA DE 51 ANOS
1
° ) MENORES DE 20 ANOS
2
°) ENTRE 41 E 50 ANOS
3
°) ACIMA DE 51 ANOS
ESCOLARIDADE
1°) ENSINO MÉDIO (ESCOLAS)
2
°) NIVEL SUPERIOR
3
°) PÓS-GRADUAÇÃO
1
°) ENSINO MÉDIO (ESCOLAS)
2
°) NIVEL SUPERIOR
3
°) PÓS-GRADUAÇÃO
SEXO
MASCULINO E FEMININO EM IGUAL
PROPOR
ÇÃO
MASCULINO E FEMININO EM
IGUAL PROPORÇÃO
MANUTENÇÃO NOS SÍTIOS ANALISADOS
SÍTIO 1 SÍTIO 2
QUALIDADE NA
LIMPEZA DO SÍTIO
BOA BOA
CUIDADOS COM O
MEIO AMBIENTE
SIM SIM
CUIDADOS COM A
ARQUEOLOGIA
SIM NÃO
Tabela 09: Quadro sinóptico comparativo entre os sítios analisados.
Fonte: A autora. Novembro, 2006.
Com base na atual situa
ção de cada sítio analisada e nas entrevistas realizadas, é visto que
cada sítio existe de forma relacionada apesar de algumas características distintas entre
eles.
Capítulo IV O Processo de Visitação Turística nos Sítios Históricos Preservados da
Estrada Real Paraty
Cunha
__________________________________________________________________________
128
A atividade turística exercida em ambos é de grande importância para o município de
Paraty, pois além de divulgar ainda mais seu produto turístico, atraindo visitantes para a
cidade, divulga também parte importante da história do município, onde a trilha do ouro era
importante rota de escoamento usada primeiramente no ciclo do ouro e posteriormente nos
ciclos do caf
é e açúcar.
A popula
ção local se conscientiza da importância de preservar a história e cultura de seu
município, com base nos projetos de visitação dos sítios pelas escolas públicas e
particulares locais e interestaduais. Empregos s
ão gerados em função desse aumento no
número de visitantes gerando renda aos trabalhadores envolvidos e buscando a
sustentabilidade com auxilio de parcerias com empresas, governo e demais agentes
interessados.
Existem projetos que ainda n
ão foram realizados, tanto em nível de sítio histórico quanto
levando em conta o município de Paraty como um todo, como será visto a seguir.
Capítulo V O Planejamento Turístico nos Sítios Históricos Preservados da Estrada
Real Paraty
Cunha
129
CAPÍTULO V O PLANEJAMENTO TURÍSTICO NOS SÍTIOS HISTÓRICOS
PRESERVADOS DA ESTRADA REAL PARATY - CUNHA
Capítulo V O Planejamento Turístico nos Sítios Históricos Preservados da Estrada
Real Paraty
Cunha
130
5.1 - O Planejamento Turístico nos Sítios Hisricos Preservados da
Estrada Real Paraty
Cunha
As exigências de planejamento turístico e de intervenção do governo no processo de
desenvolvimento, são respostas típicas aos efeitos indesejados do desenvolvimento no
setor, especialmente em âmbito local. O rápido ritmo do crescimento e desenvolvimento
tur
ístico, a natureza do turismo em si e a correspondente ausência de um único órgão
responsável pelo desenvolvimento no setor, muitas vezes geraram respostas específicas do
setor público aos impactos do turismo exercidos em determinados destinos e não
estratégias predeterminadas visando objetivos de desenvolvimento. (HALL, 2001, p.29).
Embora o planejamento não seja uma panacéia para todos os males, quando
totalmente voltado para processos, ele pode minimizar impactos potencialmente
negativos, maximizar retornos econ
ômicos nos destinos e, dessa forma, estimular
uma resposta mais positiva por parte da comunidade hospedeira em rela
ção ao
turismo no longo prazo. (HALL, 2001, p.29).
Segundo Murphy (1985, p.156 apud HALL, 2001, p.29), planejar tem a ver com prever e
regular a mudan
ça em um sistema e promover um crescimento ordenado a fim de aumentar
os benefícios sociais, econômicos e ambientais do processo de desenvolvimento.
O planejamento urbano do munic
ípio de Paraty tem como ponto de partida sua condição de
Patrimônio Nacional, na qual está incorporado o entendimento de que, através da
valorização da história e da tradição, se instalam critérios para um desenvolvimento
coerente com a identidade do lugar.
Segundo Thays Zugliani, ent
ão Superintendente Regional (6ª SR) do IPHAN, para o
Semin
ário de Planejamento de Paraty (2001, p. 24):
Nenhum desenvolvimento é autêntico quando impõe agressões à natureza e à
cultura. No verdadeiro progresso, o que se deseja é o harmônico e o conciliador. A
condução da preservação de Paraty reveste-se, portanto, de um sentido de
exemplaridade. Tem amplo alcance cultural e econ
ômico.
Paraty é exemplo de uma boa associação entre o Patrimônio Cultural e a atividade turística,
e a requalificação de suas áreas histórica e urbana vem trazer melhorias nas condições de
Capítulo V O Planejamento Turístico nos Sítios Históricos Preservados da Estrada
Real Paraty
Cunha
131
vida da população local, sendo uma tarefa bastante possível desde que seja conduzida de
maneira correta e de forma participativa com parcerias entre órgãos públicos e iniciativas
privadas.
Segundo Jos
é Augusto Guedes Falcão, então Assessor da Secretaria de Estado de
Planejamento, Desenvolvimento Econ
ômico e Turismo (RJ), para o Seminário de
Planejamento de Paraty (2001, p. 81), do ponto de vista da geração de empregos, Paraty é
o segundo município no estado do Rio de Janeiro, a partir de dados da Rais (Relação Anual
de Informação Social) a gerar empregos na atividade do turismo, sendo Búzios o primeiro.
Paraty vem buscando revitalizar sua economia com base na atividade tur
ística. Entretanto,
os destinos turísticos de maior visibilidade atualmente, necessitam manter os arredores
limpos, os ambientes protegidos e a identidade cultural do local preservada. As atuais metas
da economia globalizada estabelecem que, antes mesmo de um projeto ser vi
ável
economicamente, ele tem que ser sustentável ambientalmente. A degradação da qualidade
ambiental e a perda da identidade cultural trazem, inevitavelmente, a perda dos benefícios
econômicos.
O tombamento do munic
ípio de Paraty a nível nacional no final dos anos de 1950, início de
1960, aconteceu exatamente por haver uma grande relação entre o patrimônio e a ecologia,
características próprias do lugar. Atualmente o município de Paraty lançou sua candidatura
à Patrimônio Cultural da Humanidade como mencionado anteriormente, e para conquistar
esse título, é necessário crescer ainda mais os esfoos para manter a preservação e
prote
ção de uma área grande, que contém não apenas o patrimônio edificado, mas o meio
ambiente natural com notável valor paisagístico onde está inserido o Caminho do Ouro.
O Caminho do Ouro tornou-se o principal ponto de suporte do dossi
ê encaminhado à
UNESCO. As iniciativas realizadas pelos projetos de Revitalização do Caminho do Ouro e
do S
ítio Histórico e Ecológico do Caminho do Ouro, implementam o ecoturismo
desenvolvendo e fortalecendo o turismo de serra na regi
ão, resgatando o patrimônio
cultural, histórico, ecológico e ambiental de importância nacional, além de promover o
Trade Turístico de Paraty.
Com base nas quest
ões relacionadas à preservação do patrimônio do município de Paraty
aliadas com as vantagens e desvantagens da atividade tur
ística, atualmente na região tanto
Capítulo V O Planejamento Turístico nos Sítios Históricos Preservados da Estrada
Real Paraty
Cunha
132
do Centro Histórico quanto do Caminho do Ouro e entorno, vem sendo realizadas ões e
projetos para melhoria da qualidade de seus atrativos e manutenção da cultura regional.
5.1.1 - Ações realizadas e projetos futuros
Com a intenção de promover cada vez mais Paraty como importante destino turístico e ao
mesmo tempo trazer viabilidade para a conquista do título de Patrimônio Mundial, algumas
ações vem sendo realizadas por órgãos públicos e privados, como o Instituto Estrada Real,
o IPHAN e as parcerias que atualmente administram os sítios 1 e 2 analisados
anteriormente.
5.1.1.1 - O Instituto Estrada Real - IER
A principal meta do IER é fazer do Circuito da Estrada Real o maior destino turístico do país,
atraindo até 2007 cerca de 2,5 milhões de turistas anualmente e gerando receita superior à
US$ 1,25 bilhão, com mais de 350 km sinalizados no eixo principal da Estrada Real e a
sinalização turística de todas as rodovias de acesso. Foram investidos, segundo dados de
Ebehard Hans
1
, US$ 3,4 milhões, em parceria da Fiemg com o BID, para a criação de uma
rede da cadeia produtiva do turismo no projeto.
A Rede DLIS de Paraty promoveu em 7 de agosto de 2006, na Casa de Cultura em Paraty
um F
órum para comemorar os três anos de revitalização do Caminho do Ouro Estrada
Real onde proporcionou o estreitamento das parcerias entre o Instituto Estrada Real e a
Prefeitura Municipal de Paraty, com o aval da C
âmara de Vereadores para a implantação do
Projeto de Sinalização da Estrada Real.
Este projeto
é considerado um exemplo prático de turismo sustentável, pois além de gerar
empregos na
área do turismo ecológico ou ecoturismo, identifica e preserva os recursos
naturais, resgata a história do Ciclo do Ouro, agrega o valor de turismo para a região, pela
sua visibilidade nacional com os marcos da Estrada Real.
Esses marcos (fig.45) s
ão compostos por totens informativos como descritos no capítulo 3
deste trabalho, e estão espalhados pela extensão da Estrada Paraty Cunha,
contabilizando at
é o mês de outubro de 2006 o total de 4 marcos inseridos. O número total
1
Diretor do Instituto Estrada Real.
Capítulo V O Planejamento Turístico nos Sítios Históricos Preservados da Estrada
Real Paraty
Cunha
133
previsto é de 20 marcos implantados em toda extensão da Estrada Paraty Cunha, até a
divisa com Cunha.
Conv
ém destacar que os marcos não estão inseridos na extensão do Caminho do Ouro
onde existe o calçamento preservado, apesar de o projeto inicial ter sido para colocação dos
marcos nesse local, existindo, inclusive, bases para a fixação em determinados trechos do
Caminho localizado no sítio 1.
Na Pra
ça do Chafariz, no Centro Histórico do Município de Paraty, foi inserido o Marco Zero
da Estrada Real como mostra figura 46. Uma pequena solenidade marcou sua inauguração,
e outro marco ainda no Município de Paraty está localizado no Km 8,5 da Estrada Paraty
Cunha no local onde fica atualmente a Igreja do Penha e o Centro de Informa
ções Turísticas
do Caminho do Ouro.
Figura 45 - Foto do marco da Estrada Real em Figura 46 - Foto do Marco Zero da Estrada Real
frente ao Centro de Informa
ções Turísticas do na Praça do Chafariz no Centro Histórico de Paraty.
Caminho do Ouro. Fonte: Foto tirada pela autora. Outubro, 2006.
Fonte: Foto tirada pela autora. Outubro, 2006.
Capítulo V O Planejamento Turístico nos Sítios Históricos Preservados da Estrada
Real Paraty
Cunha
134
O Instituto Estrada Real não injeta diretamente recursos para manutenção dos sítios
históricos analisados, e sim cuida de todo marketing turístico em torno da marca Estrada
Real, o que aumenta a visibilidade da regi
ão, incrementando a atividade turística e
conseqüentemente atraindo turistas interessados em conhecer a história e a cultura dos
Caminhos do Ouro de Paraty.
5.1.1.2
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional IPHAN
O IPHAN possui grande interesse no projeto do Caminho do Ouro, e atualmente a questão
principal é fazer com que haja uma continuidade deste caminho, pois o trecho preservado
encontra-se nas proximidades da Estrada Paraty Cunha (fundindo-se com esta em vários
trechos), sendo que não há uma ligação determinada até o Centro Histórico do Município.
As tropas que seguiam de Minas Gerais ou S
ão Paulo pela Estrada Real, ficavam no centro
da Vila de Paraty aguardando embarque das mercadorias trazidas no porto para a
Metr
ópole (Portugal). Importantes vestígios da época do ciclo do ouro ainda existem pela
cidade, muitos em bom estado de conservação, porém abandonados e com falta de
sinaliza
ção, o que culmina com a depredação deste patrimônio.
Junto ao dossi
ê encaminhado à UNESCO, estão descritos alguns desses projetos de
ligação do Caminho do Ouro com o Centro Histórico
2
, como por exemplo, o Projeto de
Requalifica
ção Urbanística do Acesso Primordial da Vila de Nossa Senhora dos Remédios.
O projeto objetiva refor
çar a identidade do primitivo acesso à Vila de Nossa Senhora dos
Remédios (atual Paraty), revelando seus atributos históricos e culturais de valor
internacional. A meta principal é a recuperação do espaço público, a partir do resgate do
significado cultural para o que a popula
ção e os visitantes possam usufruir deste espaço. O
percurso deverá revelar e permitir a leitura deste acesso por meio de seus espaços públicos
e elementos culturais.
2
O Sitio Histórico de Paraty foi classificado como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 1958
pelo Processo n° 563-T-57 e sua área, definida pela Portaria n°10 de 24/09/1981, vai desde a
margem direita do rio Perequê Açu, ao norte, até a Rua Fresca, a leste, de onde segue para o sul,
contornando a atual Pra
ça da Bandeira, o Largo de Santa Rita e o Beco das Canoas, de onde segue
pela Rua Domingos Gonçalves de Abreu, a oeste, até encontrar novamente o rio Perequê Açu.
Capítulo V O Planejamento Turístico nos Sítios Históricos Preservados da Estrada
Real Paraty
Cunha
135
O projeto propõe ainda reafirmar ou constituir novas centralidades, buscando a distribuição
de novos núcleos na cidade. Atualmente, as únicas praças que agregam e acolhem os
moradores e turistas da cidade são: a da Matriz de Nossa Senhora dos Remédios, no Bairro
Histórico e a de São José Operário, na Ilha das Cobras.
No entorno dos n
úcleos urbanos portugueses, desde o período medieval, destinava-se uma
área para o crescimento da vila (entre outras funções) chamada de rossio. Hoje, poucas
cidades, de origem portuguesa, possuem remanescente destas áreas no espaço urbano e /
ou mantém esta denominação em seus registros cartoriais.
O caminho de liga
ção do sítio urbano com a estrada da serra (Caminho do Ouro),era
contínuo, porém diferenciado em seu agenciamento. Uma via paralela ao acesso original da
Vila de Nossa Senhora dos Remédios, construída posteriormente (Av. Roberto Silveira),
permitiu sua preservação, bem como dos demais elementos culturais integrados, sendo
estes: o Portão de Ferro na Chácara de mesmo nome e sua casa sede, parte do Largo do
Rossio, hoje utilizado como campo de futebol, edificações do século XIX, o oratório da cruz
das almas e o Chafariz do Pedreira com seu largo.
As propostas deste projeto objetivam resgatar a singularidade do lugar, refor
çando
tendências e revisando desequilíbrios. Como itens do projeto estão:
1- Cria
ção das praças Redefinição do Largo do Rossio e da Praça do Chafariz.
2- Tratamento Paisag
ístico Neste caso o entendimento dos locais de intervenção é
vital, pois nas cidades coloniais os largos não eram arborizados, e a Praça do
Chafariz atualmente é cercada por densa arborização.
3- Redefini
ção do Mobiliário Urbano Principalmente nas praças, evitando a colocação
de equipamentos nas proximidades dos monumentos.
4- Melhoria no Sistema Vi
ário Reformulação do transito no acesso ao Bairro Histórico.
5- Tratamento dos Passeios
As calçadas deverão ser reestruturadas, garantindo a
continuidade, já que na Rua Presidente Pedreira estas são bastante estreitas.
6- Ilumina
ção Revisão do sistema de iluminação embutindo a fiação rea em
continuidade com o projeto do Bairro Hist
órico.
Capítulo V O Planejamento Turístico nos Sítios Históricos Preservados da Estrada
Real Paraty
Cunha
136
As intervenções propostas são as seguintes:
- O Chafariz do Pedreira (fig.47) em m
ármore localizava-se no eixo da rua Presidente
Pedreira, tendo sido deslocado quase um s
éculo depois (construído em meados do
s
éc.XIX). O projeto propõe voltar o chafariz para o local original e rever a circulação de
veículos no local, com o fechamento das ruas que contornam a praça.
Figura 47 - Foto Chafariz do Pedreira
Fonte: <http://www.paraty.com.br/centro.asp
, >, acesso em dezembro, 2006.
- Em Paraty, parte do rossio era utilizada como Campo de Lavagem. Tanto no período
colonial como no imperial, as tropas ou caravanas de animais eqüídeos se constituíram no
principal meio de transporte terrestre de mercadorias no Brasil. Os animais possuíam
normas especiais para entrar no espaço urbano, paravam a princípio no Campo de
Lavagem antes de se dirigirem ao porto. Este espa
ço ainda pode ser identificado,
parcialmente em Paraty, estando ocupado por um campo de futebol.
- A recupera
ção do portão de Ferro (fig.48) da chácara do mesmo nome, tem a intenção de
se transformar no marco deste projeto. O restabelecimento do Largo do Rossio propiciará a
reintegração deste elemento, de referência urbana, com a cidade.
Capítulo V O Planejamento Turístico nos Sítios Históricos Preservados da Estrada
Real Paraty
Cunha
137
Figura 48 - Foto do portão de Ferro da Cidade
Fonte: < http://www.paraty.com.br/
>, acesso em junho, 2005.
- Outro elemento de referencia no espaço urbano é o Oratório da Cruz das Almas. É um
altar público, um oratório, existente na Rua Presidente Pedreira. Foi um dos principais e
primeiros pontos de refer
ência da cidade, constante nas escrituras de imóveis do séc.XVIII.
A construção existente é do séc.XIX, e encontra-se em mal estado de conservação.
Deverão ser executados serviços de restauração do oratório e agenciamento do local,
recuperando, assim, seus valores históricos e simbólicos.
5.1.1.3 Os Sítios Históricos 1 e 2
Como visto anteriormente, o trecho preservado do Caminho do Ouro encontra-se sob duas
administra
ções distintas, porém, complementares. O sítio 1, administrado pela Associação
de Guias de Turismo de Paraty atualmente mantém o Projeto de Revitalização do Caminho
do Ouro Na Trilha da História, com visitação turísticas nos dias e horários determinados,
e continua na busca pela sustentabilidade do projeto. O uso turístico e a divulgação do
patrimônio histórico-cultural continuam sendo as metas principais do sítio 1.
O s
ítio 2, de administração do Sr.Marcos Ribas, encontra-se, atualmente, com o processo
de visita
ção restrito, devido a toda questão envolvendo a demarcação de terras do Parque
Nacional da Bocaina, área de preservação ambiental, onde está inserido o Sitio Histórico e
Ecológico do Caminho do Ouro. O Projeto Escolas no Caminho do Ouro está
temporariamente sem atividade.
A organiza
ção do sítio 2, estava estudando o desenvolvimento do projeto Museu Aberto do
Caminho do Ouro, no qual o tio seria inteiramente utilizado para fins culturais, tendo as
Capítulo V O Planejamento Turístico nos Sítios Históricos Preservados da Estrada
Real Paraty
Cunha
138
bases de sustentabilidade na atividade turística. Esse projeto visava montar uma exposição
à céu aberto no sítio histórico, contendo totens informativos e vitrines expositivas, não
apenas contando a história do local como também expondo imagens sobre a Mata Atlântica
e sua fauna e flora abundantes.
Infelizmente este projeto n
ão foi executado, e enquanto a situação entre o IBAMA e a
organização responsável pelo sítio 2 não for resolvida, o patrimônio cultural e uma parte
importante da história do Brasil não poderá ser conhecida e visitada pelos turistas e demais
interessados, e porque n
ão dizer esquecida . A área que sofreu intervenção, com a retirada
do solo que encobria o calçamento, necessita de uma constante manutenção, com a
limpeza da vegetação que cresce entre as pedras e demais resíduos deixados no local. Sem
essa manutenção constante o patrimônio ali existente corre grande risco de degradação por
questões tanto ambientais quanto físicas.
5.1.2 Análise dos Sítios 1 e 2 de acordo com os Modelos Estudados no
Capítulo II
5.1.2.1 - Qualidade Ambiental
Assim como na maioria dos municípios do Norte Fluminense, contidos no Caminho do
Açúcar, desenvolver o turismo sustentável é um dos grandes objetivos do município de
Paraty. A partir desta meta, governo e iniciativas privadas est
ão disponibilizando recursos
para financiar projetos de conservação da Mata Atlântica e desenvolvimento do ecoturismo
em áreas de relevância ambiental, e prevendo o uso sustentável dos recursos naturais como
forma de desenvolver o turismo.
O munic
ípio de Paraty sofreu um isolamento desde a decadência do Ciclo do Café e
Açúcar , no séc.XIX, até a construção da Rodovia Rio-Santos em 1970. Desta forma a
cidade preservou n
ão apenas as características da antiga vila colonial, como também sua
cultura caiçara e a o meio ambiente natural que a envolve. Para garantir a integridade da
Mata Atlântica local, existem áreas de preservação ambiental, como o Parque Nacional da
Serra da Bocaina.
A atividade predat
ória existe, porém uma grande preocupação em manter a integridade
do ambiente natural, restringindo o acesso às áreas preservadas e como ocorre até o
presente momento no Sítio Histórico e Ecológico do Caminho do Ouro, inserido nos limites
Capítulo V O Planejamento Turístico nos Sítios Históricos Preservados da Estrada
Real Paraty
Cunha
139
do Parque Nacional, enquanto não houver uma regularização de seus limites e de como
será ministrado o processo de visitação, suas atividades turísticas e culturais estão restritas.
5.1.2.2 - Desenvolvimento Urbano
Como mencionado no texto, Paraty sofreu um isolamento garantindo a preservação de seu
Centro Histórico atualmente tombado, e a expansão urbana cresceu com a abertura da BR
101, e com a vinda de turistas interessados em construir residências nos bairros adjacentes
ao N
úcleo Histórico. Essa expansão ainda ocorre no município, e no município de Cunha,
pequenos sítios estão se instalando na região, produzindo desde verduras e legumes até
um produto cujo cultivo vem se destacando na localidade, sendo este o Shiitake, um tipo de
cogumelo muito apreciado na culin
ária.
5.1.2.3 - Acessibilidade
Os acessos ao município de Paraty são feitos pela Rodovia Rio-Santos, tanto para o Rio de
Janeiro, quanto para S
ão Paulo, ou pela Estrada Paraty-Cunha, que liga o município à
Taubaté, em São Paulo. As chuvas costumam causar danos na estrada durante a época do
verão, mas estão sempre sofrendo manutenção e pouco tempo um trecho grande da
rodovia sofreu reforma e as condições do acesso melhoraram muito.
1.2.4 - Deslocamento
O turista pode chegar à região atras de linhas de ônibus que atendem ao município ou se
preferir vir de automóvel, a região possui a rodovia BR 101 que liga a região ao Rio de
Janeiro e Santos. O trajeto de visita pelas fazendas do ciclo do açúcar é feito por meio de
transportes, mas nos locais podem ser feitas trilhas pela mata atlântica para alcançar
atrativos naturais da região, como cachoeiras e o Caminho do Ouro. Os passeios podem ser
feitos a p
é, de bicicleta ou a cavalo. Há também o passeio pela região litorânea conhecendo
as praias e ilhas da região feito em embarcações.
5.1.2.5 - Infra-Estrutura e Serviços
Hospedagem
Os municípios de Paraty e Cunha que compõem os núcleos urbanos da região são dotados
de boa infra-estrutura de hospedagens. Possuem pousadas e hotéis com boas
Capítulo V O Planejamento Turístico nos Sítios Históricos Preservados da Estrada
Real Paraty
Cunha
140
acomodações para os turistas além de áreas para Camping, existentes nas praias da região,
como Trindade (tab. 10).
Alimentação
Recreação
Usos
culturais
Comércio /
Serviço
Outros
usos
Equipamen-
tos
Possui
grande
n
úmero de
restaurantes
e bares para
atender aos
visitantes,
sorveterias e
lanchonetes.
- Parques e
pra
ças; o
trajeto em si
é repleto de
áreas
verdes além
da região
litorânea
com as
belas praias
e ilhas.
O Centro
Hist
órico é o
principal
atrativo da
regi
ão.
-Museus
(algumas
fazendas s
ão
museus,
conservando
mobili
ário de
época)
-Centros
Culturais e
feiras de
artesanato
local.
Produtos
cai
çaras e
indígenas.
- Hospitais e
postos de
atendimento;
- Edif
ícios
comerciais;
Universidade;
- Hot
éis /
pousadas;
- Igrejas;
- Servi
ços
Turísticos,
Informações
ao Turista;
- Bibliotecas;
- Bancos;
- Farm
ácias;
- Correios;
- Mercados.
- Edif
ícios
residenciais
- Estaciona-
mento (nos
arredores do
Centro
Hist
órico);
- Mobili
ário
urbano;
- Transporte
p
úblico.
Tabela 10: Serviços de infra-estrutura referentes aos Sítios 1 e 2.
Fonte: A autora. Dezembro, 2006.
5.1.3 A Atividade Turística e a Preservão do Patrimônio Histórico e Cultural
da Estrada Real Paraty Cunha
Pensar em como a atividade tur
ística pode se relacionar de maneira harmônica com a
preservação do patrimônio de um determinado local, é a questão principal deste trabalho.
No caso, a Estrada Real Paraty Cunha é o objeto principal contido em um todo, o
município de Paraty, tombado em sua totalidade, além da Mata Atlântica, também tombada.
Sendo assim, o Caminho do Ouro está totalmente inserido em áreas de preservação, seja
do patrimônio edificado ou natural, onde a relação entre a atividade turística e a preservação
desses patrimônios deve ser pensada, não apenas na área do Caminho do Ouro, como
também com o município em sua totalidade.
A maior parte dos turistas visitantes do Caminho do Ouro est
á hospedada em Paraty, seja
em pousadas e hotéis localizados no Bairro Histórico ou em suas adjacências. Desta forma,
Capítulo V O Planejamento Turístico nos Sítios Históricos Preservados da Estrada
Real Paraty
Cunha
141
a Estrada Real Paraty Cunha, estudo de caso desta dissertação se neste item do
cap
ítulo analisada desde a área do Caminho do Ouro ao Bairro Histórico, de acordo com
o documento enviado à UNESCO para candidatura de Paraty a Patrimônio Mundial.
As
últimas décadas do séc.XX foram marcadas por grandes transformações. A crescente
degrada
ção do meio ambiente vem preocupando cada vez mais as populações mundiais,
assim como a importância de um planejamento que ajude a minimizar os impactos que o
mundo vem sofrendo. Dentro dessa perspectiva, as atividades turísticas têm empregado
ferramentas como normas técnicas, regulamentos, códigos de conduta e a certificação como
o objetivo da utilização de forma sustentável do patrimônio natural e cultural do local
turístico.
A formaliza
ção de critérios globais para a certificação do turismo sustentável vem fazendo
dela uma valiosa ferramenta, tanto para o trabalho de conservação ambiental como para
promover e garantir que os certificados cumpram os padrões propostos, assegurando assim
a satisfa
ção que os turistas buscam em suas viagens. Os benefícios trazidos pelos
programas de certificação do turismo podem ser importantes sob o aspecto econômico,
social e ambiental. Quando implantados de forma participativa, se tornam uma ferramenta
pedag
ógica, uma vez que permitem que a comunidade participe na formação do programa e
defina critérios e indicadores que possibilitem o desenvolvimento do local turístico de forma
sustentável.
O interesse dos turistas por locais preservados vem aumentando, fazendo com que haja
uma necessidade imediata de medidas conservacionistas do patrim
ônio cultural e natural do
local turístico, onde cada programa desenvolvido é adaptado às necessidades de cada local.
Paraty j
á vem construindo um projeto de desenvolvimento sustentável, que é a realização
anual do Fórum DLIS, que permite pensar no território nas suas múltiplas extensões e ao
mesmo tempo executar um planejamento participativo, envolvendo em conjunto as
comunidades, definindo a
ções básicas que permitem alinhavar interesses em comum para
compor metas a serem planejadas e executadas, de acordo com a hierarquização feita com
a própria comunidade.
Capítulo V O Planejamento Turístico nos Sítios Históricos Preservados da Estrada
Real Paraty
Cunha
142
É de fundamental importância o uso de forma estratégica de um plano de ação local de
desenvolvimento sustentável que permita conjugar economia, sociedade e preservação
ambiental.
No m
ês de dezembro de 2001, foi realizado em Paraty o Seminário Paraty: Planejamento e
Patrimônio Mundial, que partiu da iniciativa do IPHAN e da Prefeitura de Paraty, com apoio
da Fundação Roberto Marinho, com o objetivo de mobilizar a sociedade para a importância
da preservação do patrimônio cultural brasileiro.
A organiza
ção deste seminário visou prioritariamente promover a troca de experiências em
andamento em diversas iniciativas públicas e privadas envolvendo melhorias para a
cidade, aliadas
à motivação da candidatura ao tulo de Patrimônio Mundial da UNESCO,
fornecendo um rico intercâmbio de idéias e informações a todos os interessados no
desenvolvimento sustentado de Paraty.
Foi tra
çada uma linha de ação estabelecendo prioridades para a solução dos problemas
mais urgentes do município de Paraty, como: esgotamento sanitário, limpeza da orla
marítima, limpeza dos rios e canais para a segurança da população, a preservação do
patrimônio cultural, a manutenção e limpeza do vasto patrimônio ambiental, integrando as
comunidades cai
çaras e todo o povo sertanejo no novo processo planejado do ecoturismo e
integrando e limpando o Caminho do Ouro para mostrar ao Brasil e ao mundo a riqueza da
nossa hist
ória. A meta é contribuir para a melhoria de vida da população local, garantindo o
desenvolvimento sustentável através de um turismo inteligente, adequado e bem planejado.
A Carta de Paraty foi o resultado dos trabalhos realizados pelos determinados grupos
participantes e suas a
ções propostas, considerando que: (SEMINÁRIO DE
PLANEJAMENTO DE PARATY, 2001, p. 165).
1- No processo de coloniza
ção do território brasileiro, os caminhos de Paraty tiveram
um papel preponderante na conquista do interior do país, até a chegada dos
portugueses, onde os Tupinambás e os Goianás se serviram desses caminhos.
Posteriormente, bandeirantes e militares redirecionaram esses caminhos, a serviço
da ligação entre a Capitania de São Vicente e o Rio de Janeiro, então sede do
Governo Geral. A ligação entre o Planalto Paulista e o litoral através dessas antigas
Capítulo V O Planejamento Turístico nos Sítios Históricos Preservados da Estrada
Real Paraty
Cunha
143
trilhas, transformadas em caminhos e estradas, serviu posteriormente aos tropeiros
do caf
é e serve atualmente ao turismo histórico e ambiental;
2- Paraty tornou-se not
ável centro de referência nas trocas de riquezas pelos caminhos
da Mata Atl
ântica, tendo sido ponto de articulação do mar com o continente. Foi
também ponto de passagem e orientação, área de encontro e apoio, marco divisório
e zona de integração.
3- Sua ba
ía, caracterizada por águas protegidas, assegurava a navegação. Paraty teve
como caracter
ística urbana, a capacidade de se articular como território com a
flexibilidade frente às condições locais. O sistema de drenagem, característica da
ação projetual dos portugueses, ao contrário das demais cidades, ainda se preserva
em Paraty. E o sistema de defesa da ba
ía ainda se faz representar através de
edifícios militares e remanescentes de fortificações.
4- Seu conjunto arquitet
ônico ainda hoje serve de palco das tradições e fazeres
comunitários. As irmandades tiveram papel de destaque, nos séculos XVIII e XIX,
organizando as festas, cerimônias e procissões. Estas expressavam a integração
entre a igreja e a comunidade de brancos, negros e pardos, e esta tradição ainda
acontece em Paraty. A engenharia naval e os artefatos ligados à pesca, à culinária e
à agricultura também resistem através dos fazeres tradicionais de época;
5- O Patrim
ônio Natural, vinculado aos fatos históricos, funciona como habitat de
diversos grupos étnicos. Enquanto a Mata Atlântica acolhe as antigas trilhas
ind
ígenas, bandeirantes, do ouro e do café, a Zona Costeira acolhe as comunidades
caiçaras, indígenas e negras. A região de Paraty foi considerada de extrema
importância biológica para a conservação da flora, fauna fatores climáticos,
hidrológicos e geomorfológicos que suportam estas formas de vida.
6- O conjunto de todos esses elementos faz de Paraty um destino tur
ístico obrigatório,
eqüidistante do Rio de Janeiro e de São Paulo. Os turistas estrangeiros (maioria
europeus) buscam em Paraty a diversidade cultural aliada à experiência ambiental.
Sua economia é hoje dependente da atividade turística e a cidade vem se equipando
nesse sentido procurando manter suas tradições.
Capítulo V O Planejamento Turístico nos Sítios Históricos Preservados da Estrada
Real Paraty
Cunha
144
Com base nessas questões discutidas, os grupos decidiram dar encaminhamento às
seguintes ações (SEMINÁRIO DE PLANEJAMENTO DE PARATY, 2001, p. 166):
1- Incentivar a realiza
ção de uma série de projetos de melhorias de infra-estruturas
urbanas, tais como: implanta
ção de rede subterrânea elétrica, rede de esgoto
sanitário, destinação final de resíduos sólidos que serão implementados a curto e
m
édio prazo, através dos Governos Federal e Estadual com apoio do Município, que
foram anunciados no encontro;
2- Buscar a viabiliza
ção dos projetos de estruturação urbana, fundamentais à
preservação da cidade: sistema viário, revitalização dos espaços públicos e
delimitação das Bordas DÁgua e transferência do campo de pouso;
3- Apoiar a realiza
ção do inventário dos bens imóveis de Paraty como instrumento de
preservação, bem como indicar ao Projeto Urbis (IPHAN, Caixa Econômica Federal)
as prioridades para linhas de cr
édito e investimento público;
4- Promover e controlar o desassoreamento da baia de Paraty e dos seus rios, al
ém da
preservação de matas ciliares e seu entorno;
5- Apoiar a
ções que visem a demarcação e implantação definitiva do Parque Nacional
da Bocaina;
6- Elaborar um Plano Diretor de Turismo, visando seu desenvolvimento e qualifica
ção;
7- Registrar os saberes e fazeres locais, objetivando o seu resgate e sua preserva
ção;
8- Apoiar a restaura
ção da Casa de Cultura, com a implantação de um centro de
referencia cultural, a ser criado e desenvolvido pela Funda
ção Roberto Marinho.
Com base neste documento gerado a partir do Seminário, verificamos a importância de o
apenas haver um planejamento que seja adequado e eficaz, e que garanta a integridade do
patrim
ônio cultural e ambiental de um lugar onde a principal fonte de renda está na atividade
turística, mas principalmente que haja uma mobilização da população neste processo e de
iniciativas p
úblicas e privadas a fim de garantir o sucesso na execução das ações propostas.
Capítulo V O Planejamento Turístico nos Sítios Históricos Preservados da Estrada
Real Paraty
Cunha
145
O mais importante no processo de planejamento turístico é que haja uma conscientização,
principalmente da popula
ção local envolvida acerca da importância de se preservar o
patrimônio, garantindo a possibilidade de este ser conhecido e vislumbrado por gerações
futuras. Essa chamada Educação Patrimonial deve começar nas escolas, onde a criança e o
jovem possam ter o conhecimento da história do local, de seus valores próprios estando
estes inseridos em seu contexto. Em síntese sobre as ações que foram executadas, as
que ainda estão sendo e os projetos futuros, o quadro abaixo foi elaborado para simplificar a
análise.
QUADRO SINÓPTICO DOS EVENTOS REALIZADOS E PROJETOS FUTUROS PARA O
MUNICÍPIO DE PARATY
AÇÕES REALIZADAS PROJETOS EM ANDAMENTO PROJETOS FUTUROS
Restauração da Casa de
Cultura em Paraty - IPHAN
- Sinaliza
ção da Estrada
Real IER e Prefeitura de
Paraty.
-Liga
ção da Estrada Real
com o Centro Histórico de
Paraty IPHAN.
Seminário Paraty (2001)
Prefeitura de Paraty
- Candidatura de Paraty à
Patrimônio da Humanidade
pela UNESCO.
- Museu a c
éu aberto Sítio
2 (Marcos Ribas).
Fórum DLIS Prefeitura de
Paraty e agentes envolvidos
nos projetos da Estrada
Real.
- Iluminação do Centro
Histórico de Paraty IPHAN.
Tabela 11: Quadro sinóptico dos eventos realizados e projetos futuros para o município de Paraty.
Fonte: A autora. Dezembro, 2006.
Este plano para Paraty, se executado de maneira bem planejada, trará grandes melhorias
para o município, pois visa elaboração de projetos como, por exemplo, os de estruturação
urbana, que atualmente o município está precisando com urgência, para conter o avanço
desordenado da cidade.
A meta principal
é traçar uma linha de prioridades para os problemas mais urgentes de
Paraty, como o esgotamento sanit
ário, a limpeza da orla marítima, a limpeza dos rios e
canas para a segurança da população, principalmente na época das chuvas fortes, além da
manutenção dos patrimônios cultural e natural, para que a atividade turística não seja um
agente nocivo à integridade dos mesmos.
Capítulo V O Planejamento Turístico nos Sítios Históricos Preservados da Estrada
Real Paraty
Cunha
146
Para o sucesso do plano é necessário que investimentos financeiros sejam garantidos, pois
somente assim, os projetos deixam de ser virtuais e passam a ser executados.
Considerações Finais
147
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerações Finais
148
Segundo CHOAY (2006, p.369), a questão atual acerca da herança patrimonial trata de
mostrar como os fatores que caracterizam a desterritorialização tendem a eliminar as
riquezas patrimoniais que estão em jogo durante a longa duração do processo de
antropização (paisagens rurais e urbanas como atividades e práticas sociais) e, ao mesmo
tempo, fazer emergir um novo tipo de pobreza específica do fim do séc.XX. Não é mais
questão nem de ecologia, nem de conservação patrimonial e nem de procurar um equilíbrio
entre o global e o local. O desenvolvimento local e a reterritorialização deve ser considerado
como uma alternativa estratégica ao desenvolvimento global.
A grande inova
ção deste procedimento é o fato de que o patrimônio natural e o patrimônio
cultural local foram englobados sob o conceito de patrimônio territorial. Eles aparecem
como indissoci
áveis de um conjunto de atividades e de comportamentos que lhes dão
sentido. Assim sendo, não se trata mais de preservação de patrimônio natural e cultural sem
levar em conta as práticas sociais que lhes são solidárias e que respondem a todas as
escalas e as diferenças destas heranças, uma economia local que associa micro-agricultura,
a micro-ind
ústria, o artesanato, o trabalho autônomo e os serviços diversos existentes na
micro-escala que correspondem ao local. (CHOAY, 2006, p.369-370).
Magnaghi (in CHOAY, 2006, p.370), resume este procedimento em uma f
órmula
denominada mundialização por baixo; ao invés do local ser destruído ou condicionado
pelos requisitos da sociedade mundial, é a partir de um projeto endógeno e de forças locais
que ele se conecta com as redes exteriores e se torna subordinado a ela.
Assim, foi este conceito de patrim
ônio territorial que norteou esta dissertação visto que sua
questão principal é exatamente a relação entre as atividades exercidas pelo homem e a
preservação do patrimônio histórico, cultural e natural de Paraty, preservação que está
sendo alterada pela introdução do processo de turistificação neste local.
O turismo
é hoje uma importante área de interesse acadêmico, governamental, industrial e
público. Segundo Hall (2001, p.17), o turismo é importante não só por seu tamanho em
termos de pessoas que viajam e número de empregados ou, quanto dinheiro leva até um
determinado destino, mas devido ao enorme impacto que exerce na vida das pessoas e nos
locais em que elas vivem, e
à forma pela qual ele é significativamente influenciado pelo
mundo que o rodeia.
Considerações Finais
149
No entanto, não podemos deixar de notar que o fenômeno turístico é irrefreável nos dias
atuais. O que implica em que o processo de turistificação deve ser controlado principalmente
atrav
és de um planejamento turístico de longo prazo, que envolva a conscientização da
população e dos agentes que operam as atividades turísticas. A economia não pode ser o
elemento determinante no processo de turistificação ou na requalificação de um lugar, pois
acabaria por desgastar o seu principal produto tur
ístico: o espaço peculiar. (MARTINS,
2002, p.09)
O turismo est
á associado à conservação e à recreação e não ao uso conflitante com efeitos
ou objetivos incompatíveis, porém somente com um planejamento adequado podemos evitar
impactos negativos.
O planejamento serve para auxiliar e determinar quem perde ou ganha no processo de
desenvolvimento tur
ístico, além de ajudar a contribuir para formas mais sustentáveis de
turismo nas quais se vê o equilíbrio das metas econômicas, ambientais e sociais e que
geram resultados mais justos às partes interessadas, o que significa não só os
incorporadores, o setor turístico e o turista, mas também a comunidade local. O
planejamento tur
ístico deve tratar de criação de modelos sustentáveis, ser flexível diante
das necessidades das partes interessadas e também permitir que esses locais evoluam e
mudem a fim de atender as suas necessidades.
Nos casos de s
ítios históricos, é necessário a implementação de uma política de
preserva
ção que se alie ao desenvolvimento urbano. Os órgãos de preservação urbana vêm
tentando, desde a d
écada de 70, criar formas mais adequadas de preservação do
patrim
ônio histórico. (MOURE, 2003, p.96).
A baixa qualidade de vida urbana, a aus
ência ou a inadequação de instrumentos de gestão
urbana, a desarticula
ção do poder público, a ineficiência dos serviços prestados aos
cidadãos, a destruição do espaço urbano e natural são fatores encontrados em sítios
históricos indicando a existência de impactos ocorridos em conseqüência do
desenvolvimento urbano sem planejamento prévio adequado.
A quest
ão principal deste trabalho é a de como a atividade turística pode trazer subsídios
para a preservação do patrimônio histórico e cultural da Estrada Real Paraty Cunha,
sendo visto no decorrer da disserta
ção como o turismo nos sítios históricos relacionados ao
Considerações Finais
150
estudo de caso está sendo ministrado e planejado de forma a preservar a integridade dos
mesmos e da natureza que os envolve.
Com base nesta quest
ão é visto que existe uma preocupação em causar o mínimo impacto
negativo, seja na estrutura do Caminho do Ouro, seu calçamento e construções
preservadas, seja com a Mata Atlântica onde estes sítios estão inseridos. Para tal um
controle de fluxo de visitantes, sendo este feito com acompanhamento de guias contratados,
e a utiliza
ção de materiais naturais, como bambus e eucaliptos nas construções dentro dos
sítios.
A falta de investimentos em infra-estrutura e na manuten
ção dos sítios é atualmente o maior
problema enfrentado por seus administradores, pois estes necessitam de uma manutenção
constante, onde as ruínas e o calçamento preservado, após terem sido desenterrados
passaram a sofrer o impacto das intempéries; as chuvas provocam o deslocamento das
pedras descaracterizando o sítio e, além disso, necessita de uma limpeza permanente a fim
de evitar a contaminação por lixo deixado pelos visitantes e o crescimento da vegetação que
encobriria novamente o caminho.
Com base nos estudos realizados
é possível fazer algumas considerações:
1- O turismo
é a principal fonte de renda da região, sendo a base para a
sustentabilidade dos sítios estudados, apesar de terem objetivos distintos, quanto ao
uso, pois ambos garantem os subsídios necessários à sua manutenção na atividade
turística.
2- Falta ainda uma maior conscientiza
ção da população local acerca da importância de
se preservar os sítios históricos existentes na região, e assim garantir a sua
integridade.
3- Os s
ítios 1 e 2 necessitam de investimentos para dar continuidade a seus projetos, e
para a manutenção de cada um. A verba arrecadada nas visitas turísticas não é o
suficiente para que esta manutenção seja realizada. Eles demandam custos
elevados com a limpeza e contrata
ção de pessoas para cuidar do local.
4- Os
órgãos envolvidos possuem interesse nos projetos para os sítios, mas faltam
recursos para investimentos no desenvolvimento destes projetos.
Considerações Finais
151
5- Finalmente, deve-se notar que o turismo recreativo, cultural e de aventura, tem se
mostrado importante no desenvolvimento econ
ômico e social, na revitalização das
áreas centrais e
principalmente na preservação de áreas verdes em diferentes locais
e paises que adotam os circuitos hist
óricos como atrativo.
O processo de candidatura de Paraty ao t
ítulo de Patrimônio da Humanidade pela UNESCO,
resultou no Seminário de Planejamento de Paraty, onde foram discutidas questões
baseadas na atual situação do munipio, suas principais necessidades e que ações
emergenciais deveriam ser tomadas para garantir a obtenção deste título. Assim governos e
demais órgãos envolvidos se uniram para desenvolverem um plano estratégico e maneiras
de executá-lo.
O t
ítulo de Patrimônio da Humanidade trará maior visibilidade para Paraty, o que seria muito
importante, já que o município atualmente é um dos principais destinos turísticos do Brasil, e
tal visibilidade incrementaria a atividade turística na região, gerando maior renda e
empregos para a popula
ção local, embora seja necessário ampliar os esforços na busca do
turismo como uma atividade realmente sustentável em todos os seus setores (ambiental,
cultural e social).
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