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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
ANGELA MARIA FRATA
CICLO DE VIDA DO DESTINO TURÍSTICO DO MUNICÍPIO DE BONITO EM MATO
GROSSO DO SUL
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM AGRONEGÓCIOS
CAMPO GRANDE/MS
FEVEREIRO/2007
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ANGELA MARIA FRATA
CICLO DE VIDA DO DESTINO TURÍSTICO DO MUNICÍPIO DE BONITO EM MATO
GROSSO DO SUL
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO SUBMETIDA AO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
MULTIINSTITUCIONAL EM AGRONEGÓCIOS
(CONSÓRCIO ENTRE A UNIVERSIDADE FEDERAL
DE MATO GROSSO DO SUL, UNIVERSIDADE DE
BRASÍLIA E A UNIVERSIDADE FEDERAL DE
GOIAS), COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS À OBTENÇÃO DO GRAU DE
MESTRE EM AGRONEGÓCIOS NA ÁREA DE
CONCENTRAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL DO AGRONEGÓCIO.
ORIENTADOR: IDO LUIZ MICHELS
CAMPO GRANDE/MS
FEVEREIRO/2007
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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA E CATALOGAÇÃO
FRATA, A. M. Ciclo de Vida do Destino Turístico do Município de Bonito em
Mato Grosso do Sul. Campo Grande. Departamento de Economia e Administração.
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, 2007, 114p. Dissertação de Mestrado.
Documento formal, autorizando reprodução desta
dissertação de mestrado para empréstimo ou
comercialização, exclusivamente para fins
acadêmicos, foi passado pelo autor à Universidade
Federal de Mato Grosso do Sul, Universidade de
Brasília e Universidade Federal de Goiás e acha-se
arquivado na Secretaria do Programa. O autor
reserva para si os outros direitos autorais, de
publicação. Nenhuma parte desta dissertação de
mestrado pode ser reproduzida sem a autorização
por escrito do autor. Citações são estimuladas,
desde que citada a fonte.
FICHA CATALOGRÁFICA
Frata, Angela Maria
Ciclo de Vida do Destino Turístico do Município de
Bonito Mato Grosso do Sul. Angela Maria Frata;
orientação de Ido Luiz Michels – Campo Grande, 2007
114 p. : il.
Dissertação de Mestrado (M) – Universidade Federal
de Mato Grosso do Sul, 2007
1. Turismo 2. Ciclo de Vida do Produto Turístico 3.
Ambientes do Turismo. 4. Bonito – MS. I. Michels, I. II.
Título.
ANGELA MARIA FRATA
CICLO DE VIDA DO DESTINO TURÍSTICO DO MUNICÍPIO DE BONITO EM
MATO GROSSO DO SUL
APROVADA POR:
___________________________________________
IDO LUIZ MICHELS, Doutor (UFMS).
(ORIENTADOR)
___________________________________________
MILTON AUGUSTO PASQUOTTO MARIANI, Doutor (UFMS).
(EXAMINADOR INTERNO)
____________________________________________
PAULO MARCOS ESSELIN, Doutor (UFMS).
(EXAMINADOR INTERNO)
___________________________________________
ROBERTO MEURER, Doutor (UFSC).
(EXAMINADOR EXTERNO)
CAMPO GRANDE/MS
28 de FEVEREIRO de 2007
AGRADECIMENTOS
Agradeço,
À Capes pelo apoio financeiro durante o mestrado.
À Fundação Cândido Rondon pelo auxilio durante a pesquisa.
Ao meu orientador Ido Michels, pela orientação, apoio e confiança, com que sempre
pude contar.
Ao professores da banca: professor Milton Mariani pela presteza em dividir seus
conhecimentos sobre o turismo e a cidade de Bonito; ao professor Roberto Meurer,
por sua solicitude; e, ao professor Paulo Esselin, pelas considerações.
Aos professores do Programa de Mestrado de Agronegócios pelo auxílio a minha
formação, em especial ao professor Renato Sproesser pelo constante incentivo
acadêmico.
À Lis Damasceno, pela colaboração com a bibliografia e pelas discussões que muito
me ajudaram na compreensão sobre turismo.
Aos funcionários da Prefeitura Municipal de Bonito, Regiane Ferreira Salvadori,
Marcelo Gil Well e Rosane Faustini Silveira, pela prontidão quanto ao fornecimento
das informações sobre o município de Bonito.
Ao Secretário de Turismo de Bonito, senhor Augusto Mariano, e ao Secretário do
Meio Ambiente Edmundo Costa, por cederem às entrevistas; em especial ao
Edmundo meus agradecimentos pelo comprometimento com a ciência, além das
suas preocupações com a política.
A todos os entrevistados por cederem às entrevistas e aos turistas que responderam
aos questionários.
Aos meus colegas de mestrado pela convivência, em especial agradeço a: Edrilene,
Geraldino, Ivonete, Marcelo e Miriam pela partilha dos momentos de angústia e de
alegria.
Aos funcionários do DEA, Rosali, Inez, Naira, Ferdinanda e Leiliane pela atenção e
carinho com os quais sempre me atenderam.
Ao professor Alfredo Fonceca Peris, pela indicação dos melhores caminhos, sendo o
mestrado um deles, e aos meus formadores da UNIOESTE agradeço pela base
imprescindível para a continuação dos meus estudos.
Aos meus pais Iracy e Alcides, pelo amor constante e compreensão, pela ausência
em função de minhas buscas pessoais, as quais me privam de suas saudosas e
adoráveis companhias.
Aos meus irmãos Ailton e Aparecido, e cunhadas Lú e Silvana: obrigada pela
torcida! E aos meus queridos sobrinhos Paulo Henrique e Bárbara pelo amor
genuíno.
À família de Campo Grande, Jana, Pedro, Vane e Silvanão: obrigada pelo
companheirismo, amizade e paciência. Valeu!
A todos os meus amigos pelo carinho e aconchego, em especial agradeço a Marina,
Éder, Dalcia, Leandro, Cláudia e Ione.
Ao Estevan agradeço por me emprestar seus olhos de matemático, seus ouvidos de
mestrando, suas mãos de companheiro, seus ombros de amigo, e seu coração de
enamorado, fazendo com que a caminhada se tornasse menos íngreme, quando o
fardo estava mais pesado.
Teu milho está maduro hoje; o meu estará amanhã. É vantajoso para nós dois
que eu te ajude a colhê-lo hoje e que tu me ajudes amanhã. Não tenho
amizade por ti e sei que também não tens por mim. Portanto não farei
nenhum esforço em teu favor; e sei que se eu te ajudar esperando alguma
retribuição, certamente me decepcionarei, pois não poderei contar com tua
gratidão. Então deixo de ajudar-te e tu me pagas na mesma moeda. As
estações mudam; e nós dois perdemos nossas colheitas por falta de
confiança mútua.
David Hume, 1740
(Citado em Robert D. Putnam: “Comunidade e Democracia”, 2002.)
SUMÁRIO
RESUMO...............................................................................................................................12
ABSTRACT............................................................................................................................13
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................14
1.1 Contextualização...........................................................................................14
1.2 Problemática ................................................................................................17
1.3 Objetivo Geral ...............................................................................................19
1.3.1 Objetivos específicos .............................................................................19
2 MÉTODO...........................................................................................................................21
2.1 Localização ...................................................................................................21
2.2 Método de Pesquisa .....................................................................................21
2.3 Método de Procedimento ..............................................................................21
2.4 Técnica de Coleta e Análise dos Dados .......................................................22
2.5 Procedimento de Coleta de Dados ...............................................................23
3 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................................25
3.1 Turismo: Conceitos e Características ...........................................................25
3.2 O Turismo e a Forma Sistêmica ...................................................................27
3.2.1 Ambiente ecológico ...............................................................................28
3.2.2 Ambiente econômico .............................................................................31
3.2.2.1 A demanda turística........................................................................34
3.2.2.2 A oferta turística .............................................................................36
3.2.3 Ambiente social......................................................................................39
3.2.4 Ambiente cultural ...................................................................................41
3.2.5 Sustentabilidade e os ambientes ecológico, econômico, cultural e social42
3.3 Ciclo de Vida das Destinações Turísticas .....................................................44
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ......................................................................................55
4.1 O Destino Turístico de Bonito – MS ..............................................................55
4.1.1 Aspectos gerais .....................................................................................55
4.1.2 Principais tipos de turismo desenvolvidos no destino ............................55
4.1.3 Organização da atividade turística ........................................................57
4.2 A Oferta Turística de Bonito-MS ...................................................................61
4.2.1 Bens turísticos .......................................................................................61
4.2.1.1 Naturais ..........................................................................................61
4.2.1.2 Culturais..........................................................................................63
4.2.1.3 Históricos........................................................................................63
4.2.1.4 Manifestações e usos tradicionais populares .................................64
4.2.1.5 Eventos e acontecimentos programados........................................64
4.2.1.6 Personalidades históricas ..............................................................65
4.2.2 Equipamentos turísticos.........................................................................65
4.2.3 Serviços turísticos..................................................................................65
4.2.4 Infra-estrutura de apoio..........................................................................65
4.3 Dados Econômicos do Turismo em Bonito-MS.............................................67
4.3.1 Comportamento do fluxo de turistas ......................................................67
4.3.2 Comportamento salarial nas atividades empregatícias do turismo e
arrecadação de ISSQN em Bonito....................................................................69
4.4 Visão dos Turistas sobre o Destino de Bonito-MS .......................................72
4.5 Ambiente Ecológico na Visão dos Profissionais da Área Ambiental .............84
4.6 Ambiente Econômico na Visão dos Agentes.................................................87
4.7 Ambiente Social na Visão dos Agentes ........................................................94
4.8 Ambiente Cultural na Visão dos Agentes......................................................96
CONCLUSÃO........................................................................................................................99
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................102
APÊNDICE ..........................................................................................................................108
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Localização do Município de Bonito-MS ..................................................................21
Figura 2 Diagrama causa efeito para o destino turístico de Bonito – MS . ............................22
Figura 3 Sistema do turismo – Sistur......................................................................................28
Figura 4 Ciclo de vida das destinações turísticas ..................................................................46
Figura 5 Modelo das quatro estações ....................................................................................52
Figura 6 Meios de apresentação da oferta turística em Bonito-MS........................................57
Figura 7 Distribuição de recursos entre os responsáveis pelo turismo em Bonito-MS ..........59
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 Distribuição dos visitantes em Bonito-MS...............................................................63
Gráfico 2 Fluxo de turistas em Bonito-MS (1997 – 2006).......................................................68
Gráfico 3 Empregos formais gerados no turismo em Bonito-MS (1995 – 2005) ....................70
Gráfico 4 Comportamento da arrecadação de ISSQN em Bonito (1996 – 2006)...................72
Gráfico 5 Motivo da viagem....................................................................................................73
Gráfico 6 Bonito-MS comparado a outros destinos semelhantes...........................................74
Gráfico 7 Meio de transporte para se chegar a Bonito...........................................................75
Gráfico 8 Avaliação dos custos dos alojamentos ...................................................................80
Gráfico 9 Avaliação dos custos de alimentação.....................................................................81
Gráfico 10 Avaliação dos custos dos passeios ......................................................................82
Gráfico 11 Avaliação da satisfação quanto à estadia.............................................................82
Gráfico 12 Avaliação da satisfação em relação à qualidade/preço........................................83
Gráfico 13 Pretensão de retorno ao destino turístico de Bonito-MS ......................................83
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Gastos dos turistas – efeito multiplicador...............................................................34
Quadro 2 Categoria de oferta turística ...................................................................................38
Quadro 3 Modelos de desenvolvimento do turismo em espaço rural e natural......................44
Quadro 4 Fases do ciclo de vida do destino turístico.............................................................49
Quadro 5 Principais tipos de turismo desenvolvidos em Bonito-MS ......................................56
Quadro 6 Renda média em salários mínimos em Bonito e no Brasil (1995-2005).................71
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Conhece os produtos típicos da Região de Bonito-MS? Tenciona comprar?.........74
Tabela 2 Classificação do alojamento....................................................................................76
Tabela 3 Classificação da alimentação .................................................................................76
Tabela 4 Classificação dos passeios......................................................................................76
Tabela 5 Classificação das informações e prestadores de serviços .....................................77
Tabela 6 Classificação do destino..........................................................................................79
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AABB Associação Amigos do Brazil Bonito
ABAETUR Associação Bonitense de Agências de Turismo
ABAV Associação Brasileira de Agencias de Viagens
ABH Associação dos Hotéis de Bonito
ABRASE Associação dos Bares, Restaurantes e Similares de Bonito
ABT Associação e Cooperativa de Transporte de Bonito e Região
ACIB Associação Comercial Industrial de Bonito
AGTB Associação de Guias de Turismo de Bonito
APOBB Associação de Proprietários e Operadores de Bote de Bonito
ATRATUR Associação dos Proprietários de Atrativos Turístico de Bonito
BASA Banco da Amazônia
BC&VB Bonito Convention & Visitours Bureau
COMTUR Conselho Municipal de Turismo
CONDEMA Conselho Municipal de Meio Ambiente
COOPERBON Cooperativa Prestadora de Serviços Turísticos, Agências de
Viagens e Turismo de Bonito
EMBRATUR Instituto Brasileiro de Turismo
FINEP Financiadora de Estudos e Projetos
FUMTUR Fundo Municipal do Turismo
FUNBIO Fundo Brasileiro para Biodiversidade
FUNDTUR Fundação de Turismo de Mato Grosso Do Sul
FUNLEC Fundação Lowtons de Educação e Cultura
GEOR Programa de Gestão Estratégias Orientadas para Resultados
IASB Instituto das Águas da Serra da Bodoquena
IESF Instituto de Ensino Superior
IPHAN Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
IBAMA Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ISSQN Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza
MMA Ministério do Meio Ambiente
MPE Programa Melhores Práticas para Ecoturismo
MS Mato Grosso do Sul
OMT Organização Mundial do Turismo
PIB Produto Interno Bruto
RAIS Relação Anual de Informações Sociais
SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SEMA Secretaria do Meio Ambiente Estadual
SENAR Serviço Nacional de Aprendizagem Rural
SISTUR Sistema de Turismo
SM Salários Mínimos
UFMS Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
RESUMO
O turismo é um dos maiores segmentos da economia mundial, com considerável
potencial de geração de emprego e renda. O município de Bonito, que está
localizado no sudoeste do estado do Mato Grosso do Sul, tem o turismo como uma
das suas principais atividades econômicas. Entre os anos 1993, quando o destino foi
descoberto, ao ano de 2003, o turismo no município passou por um processo de
ascensão, chegando ao máximo de turistas recebidos. Desde então, houve uma
queda acentuada no fluxo de visitantes. O modelo Ciclo de Vida dos Produtos
Turísticos, desenvolvido por Butler em 1980, verifica os estágios por quais passam
um produto turístico, sendo estes os de exploração, investimento, desenvolvimento,
consolidação, estagnação e declínio ou rejuvenescimento. Desta forma, este
trabalho tem como objetivo analisar em qual destes estágios se encontra o destino
turístico de Bonito-MS. O estudo foi realizado através da visão sistêmica sobre o
turismo, conforme Beni (2004), para o qual o turismo se desenvolve nos ambientes
econômico, ecológico, cultural e social. Para tanto, foram utilizados os métodos
qualitativo e quantitativo, também foram realizadas entrevistas semi-estruturadas
aos agentes públicos e privados envolvidos no turismo. Além da aplicação de
questionários aos turistas, com o intuito de analisar a oferta turística do município,
identifica-se em que fase se encontra no ciclo de vida da destinação turística..
Mediantes os resultados obtidos conclui-se que o destino encontra-se na sua fase
de consolidação, apresentando aspectos a serem melhorados, como por exemplo, a
forma de comercialização, a qualidade no atendimento ao turista e a infra-estrutura
de acesso ao destino. Neste ponto, o destino depende das ações tomadas pelos
agentes participantes do trade para garantir a sua vitalidade e sustentabilidade,
garantindo, deste modo, permanecer rejuvenescendo, evitando assim, a fase de
estagnação.
Palavras Chaves: Turismo, Bonito – MS, Ciclo de vida do destino turístico,
Ambiente do turismo
ABSTRACT
Tourism is one of the largest segments of the worldwide economy, and it has
considerable ability to generate job opportunities and income. In the city of Bonito,
located in the Southwest region of Mato Grosso do Sul, tourism is one of the most
important economic activities. From 1993, when the city was discovered as a tourist
destination, to 2003, tourism in Bonito steadily increased and reached a peak. Since
then, there has been a decline in the number of visitors. According to Butler's tourism
lifecycle model (1980), which is used to show tourist areas evolving and changing
over time, tourism consists of six stages: starting with involvement, followed by
exploration, development, consolidation, stagnation, and ending with decline or
rejuvenation. Based on that model, the present research aims to determine the city's
current tourism lifecycle stage. This research was carried out according to the
systematic view of Beni (2004), who sees tourism as something which develops in
economic, ecological, cultural and social areas. In order to do so, qualitative and
quantitative methods were applied to determine the current lifecycle stage. Public
and private tourist agents were interviewed, and a questionnaire was used to access
the opinion of tourists. The results suggest that Bonito is currently facing the
consolidation stage, and improvements in some aspects are needed, such as the
manner of advertising, the quality of services offered to tourists, and the roads which
lead to the site. At this point, the future of Bonito depends on the actions taken by
those involved in the trade to assure its vitality and sustainability, and to give it the
opportunity to keep rejuvenating, thereby preventing it from reaching stagnation and
decline.
Key words: Tourism, Bonito-MS, tourism lifecycle model, tourism environment
1 INTRODUÇÃO
Neste capítulo estão reunidos os tópicos: introdução do trabalho constituída
da justificativa e problemática de pesquisa, os objetivos geral e específicos.
1.1 Contextualização
O setor de turismo tem sido considerado um dos mais significativos para a
economia mundial, quando comparado a muitas indústrias de manufaturas e outros
serviços, em termos de vendas, geração de emprego e receitas. (MENDONÇA,
2006).
As atividades consideradas turísticas segundo a Organização Mundial do
Turismo (OMT), são as viagens de negócios, visitas a amigos e familiares, viagens
por motivações de estudos, religião, saúde, eventos esportivos, conferências e
exposições, além das tradicionais viagens de férias. (OMT, 2006).
De acordo com Beni (2004, p. 65) “o turismo move-se na esfera do
econômico”, o comportamento do setor turístico está subjugado à situação
econômica, sendo a conjuntura econômica condicionante permanente para sua
evolução, tanto de ordem micro quanto macroeconômica. Para Beni (2004, p. 65),
“O Turismo é manifestação e contínua atividade produtiva, geradora de renda, que
se acha submetida a todas as leis econômicas que atuam nos demais ramos e
setores industriais ou de produção”.
Desta forma, o turismo está submetido a fatores econômicos como, taxa
cambial, taxa de juros, risco país, ambiente econômico mundial, inflação,
competitividade, entre outros, os quais influenciam no desempenho da atividade.
Os dados econômicos internacionais mostram uma forte relação entre o
ambiente econômico e o crescimento do turismo, em todo o mundo.
15
Aproximadamente de 6 a 8% do total de empregos gerados mundialmente
dependem do turismo. Entre os anos 1975 e 2000 o turismo cresceu a uma média
de 4,4% anual, enquanto o crescimento econômico mundial médio medido pelo
Produto Interno Bruto (PIB) foi de 3,5% ao ano. (OMT, 2006).
O segmento do turismo encontra-se inserido no setor terciário no Brasil,
onde segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em
2005, teve uma participação 54,08% do PIB, seguido da indústria com 37,9% e a
agropecuária 8,00%. Essa participação demonstra a importância do turismo e
setores co-relacionados para a geração de riqueza no país. (IBGE, 2005).
Considerando este cenário de crescimento do turismo, há uma tendência a
desconcentração dos fluxos internacionais de turistas, com a inclusão de novos
destinos nas rotas. Em 1950, somente 3 % das chegadas internacionais se dirigiam
para fora dos 15 principais países receptores (Estados Unidos, Canadá, México e
países da Europa), em 2004, 43% do total das chegadas se realiza fora destes
países. (CONSELHO NACIONAL DE TURISMO, 2006).
Assim como o comportamento ascendente do turismo mundial, o turismo
interno
1
no Brasil apresenta números crescentes tanto ao turismo receptivo, quanto
ao turismo doméstico. O turismo internacional receptivo apresentou um crescimento
de 30% entre 2003 e 2004. (OMT, 2006). Enquanto o turismo doméstico, no mesmo
período, de acordo com pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Agências
de Viagens (ABAV) junto às empresas associadas, apresentou um crescimento de
20% nas vendas do setor. (ABAV, 2006).
1
Segundo a OMT (2003), Turismo doméstico é considerado aquele em que residentes estão
visitando seu próprio país. Turismo Receptivo são não residentes procedentes de determinado país.
Turismo Emissor – residentes no próprio país se dirigem a outros países. Da combinação desta
classificação surgem:
Turismo interior – doméstico e receptivo;
Turismo nacional – doméstico e emissor;
Turismo internacional – emissor e receptivo.
16
Porém, mesmo com o cenário promissor, segundo dados da OMT, a
participação do Brasil no fluxo turístico é de 0,63% do turismo mundial.
(EMBRATUR, 2005).
Esta situação demonstra o mercado potencial do turismo a ser explorado,
uma vez que o país possui um rico patrimônio natural com e cultural.
Para Nicolas (1996, p. 49), o turismo possui a capacidade peculiar “de criar,
de transformar e, inclusive, de valorizar, diferencialmente, espaços que podiam não
ter valor no contexto da lógica de produção”.
Crea, transforma e inclusive valoriza diferencialmente espacios que
podian no tener “valor” en el contexto de la lógica de producción: de
repente la tierra de pastizal se puede transformar en parque de
acampar o la casa semi derruida del abuelo fallecido en casa de
huéspedes. Toda la cuestión del património “turistificado” se puede
analizar bajo esta vertente. (NICOLÁS, 1996, p. 49).
O turismo pode ser usado como forma de estimular o desenvolvimento nas
pequenas localidades do interior do país, as quais possuam características a serem
exploradas. O espaço rural pode ser utilizado com esta finalidade, como expõe
Veiga (2002a):
...as áreas rurais dos países avançados que permanecem
subdesenvolvidas são aquelas que não lograram explorar qualquer
vocação que as conecte às dinâmicas econômicas de outros
espaços – sejam eles urbanos ou rurais – e não aquelas que teriam
sido incapazes ou impossibilitadas de se urbanizar. E como as novas
fontes de crescimento econômico das áreas rurais estão
principalmente ligadas a peculiaridades dos patrimônios natural e
cultural, intensificasse o contraste entre campo e cidade. (VEIGA,
2002a, p. 7).
Para Veiga (2002b), os territórios que conseguem evitar a degradação de
seus patrimônios natural e cultural pelas forças destrutivas e poluentes do processo
produtivo, podem utilizar essas amenidades a seu favor. As quais variam tanto de
fragmentos de natureza intocada a paisagens minuciosamente manejadas, quanto
das mais antigas relíquias às mais vivas tradições culturais.
Segundo Oliveira (2005), o turismo só promove o desenvolvimento econômico
17
e social, quando comprometido com a conservação do patrimônio natural e cultural,
ou seja, sua sustentabilidade depende do equilíbrio entre exploração e preservação.
Diante deste contexto, verifica-se importância no fomento às atividades
turísticas, auxiliando no desenvolvimento e planejamento regional ou territorial de
localidades interioranas. Como no caso do Município de Bonito – MS, onde as
atividades são relacionadas ao natural, sendo este um dos nichos de mercado
crescentes no turismo atual.
1.2 Problemática
O Estado de Mato Grosso do Sul, é composto por 78 municípios, dentre os
quais o Município de Bonito, localizado na microrregião geográfica de Bodoquena,
no sudoeste do Estado.
O Município está inserido no Planalto da Bodoquena, onde há uma expressiva
quantidade e diversidade de atrativos naturais. Apresenta uma variedade de fauna e
flora terrestre, também possui uma estrutura geológica composta por rochas
carbonáticas muito puras através das quais as “águas infiltradas ressurgem na
planície abaixo, formando olhos d’água e rios límpidos e transparentes”. Estas
características “permitem o desenvolvimento ao longo dos rios, de inúmeras
cachoeiras e barragens naturais de tufas calcárias” e a formação de grutas de
beleza cênica. (BOGGIANI, 1999).
A base produtiva do Município de Bonito até a década de 1980 era pautada
na agricultura, que, ao passar por momentos de crises, fez com que fossem
fomentadas as atividades voltadas para a pecuária. Além destas atividades, no
Município desenvolvem-se, atualmente, atividades econômicas baseadas no
comércio, na exploração de minérios como calcário e mármores e recentemente o
turismo. (BARBOSA e ZAMBONI, 2000).
18
Na década de 1980, o fato de Bonito estar inserido numa região de grandes
belezas naturais propiciou o desenvolvimento da atividade turística como forma de
diversificação de renda pelas propriedades rurais e pelo poder público local. Em
1987 e 1988, a Prefeitura Municipal desapropriou o Balneário Municipal,
implementando infra-estrutura visando, na época, o lazer da população local.
(BARBOSA e ZAMBONI, 2000).
O espaço rural antes ocupado com atividades agropecuárias passa a ser
então dividido com as atividades turísticas, formando assim, uma nova dinâmica
econômica na região.
O crescimento no número de turistas aconteceu a partir de 1992, quando
espeleólogos brasileiros e franceses exploraram algumas grutas, em especial a
gruta do Lago Azul, divulgando as belezas naturais de Bonito ao país. A região tem
como público-alvo, turistas nacionais e internacionais, entre estes ecoturistas,
estudantes e pesquisadores, praticantes de esportes náuticos e radicais, pessoas
em busca de local para descanso e contemplação da natureza. Recentemente as
atividades turísticas têm se voltado para o turismo de eventos, fato que se deu a
partir da inauguração do Centro de Convenções de Bonito em 2006.
O turismo atualmente representa um dos principais segmentos econômicos
do Município, empregando em torno de 50 % da população ocupada. (MINISTÉRIO
DO TRABALHO e EMPREGO, 2005). De 2004 a 2006, o Município de Bonito
recebeu cerca de 70 mil turistas anualmente. Outro fator importante para o Município
é a arrecadação de impostos diretos e indiretos incidentes sobre a renda total
gerada na atividade turística. (BONITO, 2006).
Em 1980 Butler, criou um conceito de ciclo de vida de destinações turísticas
com base no conceito desenvolvido pelo marketing de produtos, e aplicou-o para
19
estudar o crescimento e o declínio dos equipamentos turísticos e das regiões nas
quais estes se localizam. Segundo o modelo elaborado pelo autor um produto
turístico compreende as seguintes fases: exploração, investimento,
desenvolvimento, consolidação, estagnação e declínio ou rejuvenescimento.
(BUTLER, 1980).
Desde que Bonito despertou interesse aos turistas em 1993, o fluxo de
turistas no Município de Bonito esteve em ascensão até o ano de 2003. Em relação
ao ano de 1996, primeiro ano em que o município apresentou números oficiais de
turistas, apresentou um crescimento de 114,6 %, onde atingiu um número de 76.284
turistas, de acordo com dados da Prefeitura Municipal de Bonito. A partir deste ano,
houve uma queda de 5,75 % em 2004, seguindo em queda 2,99 % no ano de 2005 e
11, 03 % no ano de 2006, configurando assim três anos em queda.
Tratando-se o turismo um dos principais setores empregatícios e gerador de
renda para o Município, tanto em relação à arrecadação tributária quanto aos
recursos advindos de outras fontes em função do turismo, questiona-se: em que
estágio do ciclo de vida do produto turístico encontra-se o destino de Bonito?
1.3 Objetivo Geral
Apontar em qual estágio do ciclo de vida do produto turístico está o destino de
Bonito - MS, considerando a percepção dos agentes envolvidos no turismo com
ênfase nos ambientes ecológico e econômico.
1.3.1 Objetivos específicos
a) Apresentar a oferta turística no Município de Bonito;
b) Identificar pontos a serem melhorados na oferta através da percepção da
população local, empresários, poder público, profissionais da área ambiental
20
e turistas;
c) Apontar as ações identificadas em cada um dos ambientes trabalhados.
2 MÉTODO
Neste capítulo serão apresentados os métodos e procedimentos utilizados
para o desenvolvimento da pesquisa.
2.1 Localização
O estudo foi realizado no Município de Bonito, o qual está localizado no
Sudoeste do Estado de Mato Grosso do Sul, conforme pode ser visualizado na
figura 01.
Figura 1 Localização do Município de Bonito-MS
Fonte: organizada pela autora.
2.2 Método de Pesquisa
O método indutivo e abordagem da pesquisa é exploratória, mesclando-se
técnicas de pesquisa qualitativa e quantitativa.
2.3 Método de Procedimento
Como método de procedimento será utilizado o Diagrama de Causa e Efeito
também é conhecido como Diagrama de Espinha de Peixe, ou Diagrama de
Ishikawa. Mostra a relação entre uma característica de qualidade e os fatores.
Atualmente ele é usado não apenas para lidar com as características da qualidade
de produtos, mas também em outros campos e tem encontrado aplicações em
muitos países. Conforme Ishikawa (1993), os procedimentos para a construção de
Diagrama de Causa e Efeito são: identificar o problema que se quer investigar;
escrever o problema dentro de um retângulo ao lado direito da folha de papel e no
final de um eixo; escrever as causas primárias do problema sob investigação em
retângulos e os dispor em torno do eixo; ligar esses retângulos ao eixo por
segmentos de reta; identificar as causas secundárias dentro de cada causa primária
22
e escrever essas causas ao redor das respectivas causas primárias (Figura 02).
Figura 2 Diagrama causa efeito para o destino turístico de Bonito – MS .
Fonte: Adaptado pela autora de Ishikawa (1993)
Conforme a figura 02, pode ser observado o conjunto de relações ambientais,
aonde acontecem as relações turísticas de acordo com Beni (2004). Os ambientes
se dividem em Social, Ecológico, Econômico e Cultural e dentro de cada ambiente
são desdobradas as variáveis causais do problema. Para este estudo, a ênfase foi
dada aos ambientes: ecológico e econômico, uma vez que são os mais significativos
no destino.
2.4 Técnica de Coleta e Análise dos Dados
A técnica de coleta de dados foi dividida em três pontos:
1º - Coleta de dados secundários;
2º - Entrevistas com os seguintes agentes: empresários, representantes
locais, poder público e profissionais da área ambiental com conhecimento do meio-
ambiente em Bonito;
3º - Aplicação de questionários aos turistas.
Econômicos
Ecoló
g
ico
Social
Cultural
Em qual
estágio do
ciclo de vida
do destino
turístico está
Bonito?
Causas
Efeito
(problema)
Comunidade
Turistas
Mão de Obra
Articulação
Conservação ambiental
Impactos
- Fauna
- Flora
- Paisagens
Infra-estrutura (pública e privada)
Capital Humano
Oferta
Demanda
Investimentos
(público e privado)
Renda
Traços, Usos e Costumes
Patrimônio Natural e
cultural
Identidade cultural
Impactos socioculturais
23
2.5 Procedimento de Coleta de Dados
A execução da pesquisa começou com a coleta de dados secundários, em
diversas fontes, entre elas a Secretaria Municipal de Turismo, Secretaria Municipal
do Meio Ambiente, Secretaria Municipal de Finanças, Fundação de Turismo do Mato
Grosso do Sul, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Ministério do
Trabalho e Emprego, entre outras.
Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas de ordem qualitativa, entre os
meses de fevereiro de 2006 e Janeiro de 2007 com agentes envolvidos nas
atividades turísticas. Sendo estes representantes do poder público, empresários do
setor turístico representando as atividades de hotelaria, alimentação, agências de
viagens, atrativos turísticos e comércio local, integrantes da comunidade. Além
destes entrevistados, foram consultados profissionais da área da ambiental com
conhecimento técnico do meio ambiente de onde são realizadas as atividades
turísticas. Entre eles biólogos e representantes de órgãos público ambientais, como
a Secretaria do Meio Ambiente Municipal e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e
Recursos Renováveis (IBAMA).
Com o intuito de obter o maior número de informações possíveis a respeito
das relações no setor turístico no município de Bonito, as identidades dos
entrevistados foram preservadas, não sendo por este motivo apresentadas no
decorrer do estudo.
Posteriormente, foram aplicados 96 questionários (survey), entre os dias 06 e
09 de janeiro de 2007, na Gruta do Lago Azul. O critério utilizado para a escolha do
local teve como fator decisivo o fato de ser o cartão-postal do município,
conseguindo assim, abranger a pesquisa aos turistas de todas as classes sociais
que chegam ao destino.
24
A amostragem estatística elaborada para a pesquisa conta com a
confiabilidade de 95% e o erro de estimação de 7%, que para o fluxo de turista de 73
mil estimados para o ano anterior gerou amostra de 96 questionários.
3 REFERENCIAL TEÓRICO
No capitulo três, será apresentada a conceituação e a caracterização do
turismo; sua visão sistêmica, na qual são abordados os ambientes: econômico,
social, cultural e ecológico, e as relações turísticas em cada um deles. E em
seguida, a conceituação de ciclo de vida do produto com desmembramento para o
mercado turístico, bem como as estratégias para este mercado.
3.1 Turismo: Conceitos e Características
Dado o caráter multidisciplinar e multisetorial da atividade do turismo, existe
uma grande dificuldade na simples elaboração de seu conceito. Como aspecto
positivo da conceituação, aponta-se que a variabilidade de conceitos amplia as
evidências do fenômeno.
De acordo como Boullón (1997), existe uma falta de integração na
conceituação do turismo pela falta de confrontamento das idéias em circulação
dentro do ambiente turístico. Tanto nos pensamentos acadêmicos, econômicos e
empresariais são apresentadas controvérsias sobre esta conceituação. Assim, de
acordo com cada visão, o turismo tem sido tratado como: indústria, a soma de
operações de natureza econômica, um fenômeno social e econômico, dentre outras
caracterizações.
Os conhecimentos acumulados na área do turismo são insuficientes para
caracterizá-lo como ciência. Assim, não pode ser caracterizado como indústria uma
vez que as atividades turísticas estão inseridas no setor terciário. (BOULLÓN, 1997).
De acordo com Andrade (1995, p. 11),
O turismo nasce de um conjunto de natureza heterogênea que impede a
constituição de ciência autônoma e de técnicas específicas independentes.
Não dispõe de ordenamento disciplinado e rígido, nem de metodologia
própria.
26
Rodrigues (1992, p.72) afirmou que “face de sua complexidade, o turismo
deve ser abordado em âmbito multidisciplinar, particularmente pelo conjunto das
Ciências Sociais”.
Sob a ótica econômica Herman von Schullern (apud BENI, 2004, p. 34), em
1910, definiram turismo como: “A soma das operações, principalmente de natureza
econômica, que estão diretamente relacionadas com a entrada, permanência e
deslocamento de estrangeiros para dentro e para fora de um país, cidade ou região”.
Segundo a definição de Robert McIntosh, de 1977 (apud BENI, 2004, p. 34),
“Turismo pode ser definido como a ciência, a arte e a atividade de atrair e
transportar visitantes, alojá-los e cortesmente satisfazer suas necessidades e
desejos”.
No entanto, Jafari (apud BENI, 2004, p. 36) introduziu um conceito holístico
de turismo, o qual aborda seus fenômenos, suas relações e seus efeitos na área de
origem dos turistas:
É o estudo do homem longe de seu local de residência, da indústria que
satisfaz suas necessidades, e dos impactos que ambos, ele e a indústria,
geram sobre os ambientes físico, econômico e sociocultural da área
receptora.
A OMT define Turismo como:
Conjunto de atividade que as pessoas realizam durante suas viagens e
estadas em lugares distintos de seu entorno habitual, por um período de
tempo consecutivo inferior a um ano, com fins de lazer, negócios ou por
outros motivos não relacionados ao exercício de alguma atividade
remunerada no local visitado. (OMT, 1994).
De acordo com Beni (2004, p. 53):
O turismo é eminentemente um fenômeno social que, ao originar uma série
de atividades, como transporte, alojamento, recreação e outras, as faz
gerar outra série de efeitos sobre o meio ambiente em que se desenvolvem
e que podem ser de caráter econômico, social, cultural e até ecológico
.
Palomo (1991) defende a mesma posição, apresentando os prós e contras das
definições relacionadas ao turismo:
27
1. Propensão a viajar é um ato humano;
2. a recreação é uma atividade desenvolvida por indivíduos, isolada ou
grupalmente;
3. o consumo de bens e serviços turísticos pode enquadrar-se em mais de uma
atividade econômica;
4. os deslocamentos são atos que compreendem gastos e receitas;
5. a geração de riqueza por meio de um processo produtivo é clara e
tipicamente uma atividade econômica.
3.2 O Turismo e a Forma Sistêmica
A visão sistêmica do turismo tem no Sistema de Turismo - Sistur elaborado
por Beni (2004, p.42), o principal modelo organizacional da área, o qual tenciona em:
[...] situar o Turismo, em toda a sua abrangência, complexidade e
multicausalidade, em um esquema sintetizador dinâmico que demonstre as
combinações multifacetadas de forças e energias, sempre em movimento,
de modo a produzir um modelo referencial. O sistema aberto, tem caráter
independente por realizar trocar com o meio em que circunda. Desta forma,
não pode se expandir indefinidamente.
O Sistur, construído pelo autor tem como objetivo principal organizar o plano
de estudo da atividade de Turismo, que demonstra a complexidade de se
compreender uma atividade multidisciplinar, quando está não está organizada de
maneira estruturada. (SAKATA, 2002).
Dentro do Sistur estão relacionadas uma série de funções inerentes à
natureza da atividade de Turismo. Os elementos são organizados e caracterizados
em três diferentes conjuntos: das Relações Ambientais, da Organização Estrutural, e
das Relações Operacionais.
O ambiente do Sistur está presente no conjunto das relações ambientais.
Cada subsistema deste conjunto, na sua concepção maior, está fora do sistema. Ao
mesmo tempo, os subsistemas, como antecedentes e controladores, influenciam o
28
fenômeno do turismo, estando dentro do sistema.
O Conjunto de Relações Ambientais é formado pelos ambientes:
Econômico, Social, Ecológico e Cultural, os quais serão utilizados na análise deste
trabalho. Nos próximos tópicos, segue a apresentação dos ambientes.
Figura 3 Sistema do turismo – Sistur
Fonte: Beni (2004)
3.2.1 Ambiente ecológico
Segundo Beni (2004), o ambiente ecológico baseia-se na contemplação e no
contato com a natureza. Nele são analisados os fatores: espaço turístico natural e
urbano e seu planejamento territorial; atrativos turísticos e conseqüências do turismo
sobre o meio ambiente; preservação da flora, fauna e paisagens, compreendendo
todas as funções, variáveis e regras de consistência de cada um desses fatores.
A configuração do turismo vêm se modificando ao longo dos anos. Nos anos
Social
Ecológico
Cultural
Econômico
Produção Consumo
Distribuição
Mercado
Oferta Demanda
SUPERESTRUTURA
INFRA-ESTRUTURA
CONJUNTO DA ORGANIZA
Ç
ÃO
CONJUNTO DAS A
Ç
ÕES
CONJUNTO DAS RELA
Ç
ÕES
29
de 1950 a 1970, a atividade era marcada pela massificação, época em que os vôos
charters e os “pacotes turísticos” conduziram milhares de pessoas às partes mais
remotas do planeta. Nos anos 80, a prosperidade econômica dos países
desenvolvidos fez com que a boa parte da população tivessem férias duas vezes ao
ano e as mais diversas categorias profissionais tiveram acesso às viagens turísticas
empreendidas em grupo ou isoladamente. (RUSCHMANN, 1997).
A mudança dos hábitos na vida das pessoas, além do aumento do tempo livre
em suas vidas, e a modernidade dos transportes e meios de comunicação, faz com
que estas busquem novas alternativas, como escaladas, dormir ao relento, fazer
caminhadas, banhos de rios e cachoeiras, mergulhos, descoberta de novos lugares
e outras atividades consideradas saudáveis (BENI, 2004).
De acordo com Ruschmann (1997), o consumo pela natureza teve sua
evolução, nas últimas duas décadas, em função da “busca pelo verde” e da “fuga”
dos tumultos dos grandes conglomerados urbanos. Assim, as pessoas procuram
recuperar o equilíbrio psicológico em contato com ambientes naturais.
De acordo com Kinker (2002), um dos aspectos desse crescimento
expressivo pelo turismo de natureza está relacionado à procura por melhor
qualidade de vida, onde o homem procura um espaço fora do urbano e do caos para
se acalmar e ter alívio do estresse diário. O outro aspecto a ser considerado, é o
surgimento e fortalecimento de uma ética ambiental.
As atividades turísticas desenvolvidas nos espaços rurais e campestres
podem ser beneficiadas através do conhecimento obtido pela ciência ecológica
permitindo seu desenvolvimento permanente. (BENI, 2004).
O turismo sustentável é um conceito que procura conciliar os objetivos
econômicos do desenvolvimento turístico com a manutenção da base de recursos
30
indispensáveis à sua existência. As características naturais e culturais de uma
região, bem como, na maioria dos casos, as suas características sociais e
comunitárias representam a oferta potencial do território que o desenvolvimento
turístico procura. Desta forma, a atividade turística só será eficiente e viável num
médio e longo prazo a partir do momento que garantir que, os recursos de que
depende, serão mantidos e melhorados. (PARTIDÁRIO, 2001).
Butler (1993) apud Partidário (1998, p. 81) afirma que o turismo sustentável é
o turismo que se desenvolve e se mantém numa área (ambiente, comunidade) de tal
forma e de tal escala, que garante a sua viabilidade por um período indefinido de
tempo sem degradar ou alterar o ambiente (humano ou físico) em que existe, e sem
pôr em causa o desenvolvimento e bem estar de outras atividades em processos.
Segundo Pearce (1989) apud Beni (2004), há medidas que contemplem o
turismo sustentável, sendo a maximização e otimização da distribuição dos
benefícios do desenvolvimento econômico, baseado no estabelecimento e na
consolidação das condições de segurança sob as quais são oferecidos os serviços
turísticos para que os recursos naturais sejam mantidos, restaurados e melhorados.
Considere as medidas:
Educação ambiental. Fundamental para a conservação das áreas receptoras do
Turismo ecológico, deve atingir tanto a população residente como os turistas a fim
de preservar a atividade turística e garantir a oportunidade de emprego.
Capacitação profissional. A preservação e a utilização dos atrativos naturais para
o turismo também dependem da formação dos guias especializados para orientar e
acompanhar a permanência dos turistas no espaço natural.
Estudo de Impacto Ambiental. Análise imprescindível para a conservação da
integridade dos recursos naturais de interesse turístico, realizada por equipes
31
multidisciplinares.
Capacidade de Carga. Número máximo anual de visitantes que o atrativo turístico
natural pode suportar sem sofrer alterações, considerando-se o equilíbrio dinâmico
entre ambiente, quantidade de turistas e qualidade nos serviços instalados.
Plano de Manejo. Conjunto de normas de uso de uma área de interesse turístico e
de gestão de seus recursos ou atrativos. O plano de manejo, em harmonia com a
implantação e a administração da área, deve garantir sua proteção e aproveitamento
de acordo com os objetivos preservacionistas e conservacionistas.
Controle ambiental. Todos os projetos, programas e empreendimentos do turismo
ecológico devem ser fiscalizados tanto pelo agente público quanto pelas
organizações não governamentais.
Beni (2004) corrobora com a idéia, na qual o crescimento no setor turístico
ocorre em função de uma série de variáveis, uma das quais é a capacidade de
suporte dos ecossistemas naturais. Sendo que, muitas vezes, a possibilidade de
crescimento está atrelada à disponibilidade qualitativa dos recursos naturais e não à
quantitativa.
3.2.2 Ambiente econômico
Nos sistemas econômicos, para Beni (2004), o homem destaca-se com sua
capacidade de trabalho, de organizar processos produtivos, realizar a distribuição e
fazer o intercâmbio nos meios materiais de vida na sociedade.
Visto como atividade econômica, o turismo compreende uma série de
serviços que são oferecidos ao viajante, que se desloca de sua cidade de origem e
permanece em outra destinação por motivos profissionais, férias, negócios,
atividades esportivas, de saúde, assuntos de família, culturais, ou qualquer outra
razão. Para Beni (2004, p. 64) o turismo na esfera econômica:
32
Analisa as alternativas de utilização dos recursos existentes para a produção turística
nos destinos turísticos, a distribuição e circulação de renda gerada pela atividade e
como e por que se processam os períodos de expansão e retração dos fluxos
nacionais e internacionais de turistas. Estuda, também, por um lado a lógica do
comportamento econômico dos viajantes (a decisão de viajar, o deslocamento, a
hospedagem, a realização dos motivos da viagem, a permanência e os gastos) e, por
outro, o comportamento das empresas e agentes públicos que operam na localidades
emissoras e receptoras. (BENI, 2004, p. 64).
A atividade turística provoca, indiretamente, acentuadas repercussões
econômicas em outras atividades produtivas através do efeito multiplicador. Para
Lemos (1999), o efeito multiplicador na atividade turística acontece quando há uma
relação de compra e venda entre os agentes econômicos. Com isso Fernandes e
Coelho (2002), consideram que os efeitos multiplicadores da renda, produção e
emprego são determinados pelo consumo de bens e serviços .
Lage e Milone (2001, p. 91), definem esses multiplicadores como sendo:
Multiplicador de produção; relata o montante de produção adicional
gerada na economia como conseqüência de um aumento no gasto
turístico.
Multiplicador de renda; pode ser entendido como a mensuração da
renda adicional gerada na economia devido a um aumento no gasto
turístico.
Multiplicador de empregos; mede o montante total de empregos
criados em conseqüência de uma unidade adicional de gasto turístico.
Nas atividades empresariais, os efeitos econômicos da atividade turística
apresentam-se por meio de investimentos realizados nas destinações, não apenas
para atender os turistas, mas também outros setores.
Os investimentos diretos na atividade relacionam-se com a construção de
hotéis, equipamentos de lazer e de entretenimento, restaurantes, centros de
convenções, etc. (RUSCHMANN, 1997).
Os impactos no setor econômico provocados pelo turismo podem ser
caracterizados através do turismo internacional e do turismo interno. O turismo
internacional é uma exportação invisível, no sentido de que cria um fluxo de moeda
estrangeira para a economia de um país de destino, e com isso contribui
diretamente para a situação da balança de pagamentos. No turismo interno
33
redistribui espacialmente a moeda dentro de um país. (ARCHER e COOPER, 2001).
(Palomo, 1979, p. 190) apud Ruschmann (1997), aponta os seguintes
impactos positivos para as populações receptoras: Incremento da renda dos
habitantes; elevação dos níveis cultural e profissional da população; expansão do
setor da construção; industrialização básica na economia regional; modificação
positiva da estrutura econômica e social; atração de mão-de-obra de outras
localidades.
O efeito multiplicador dos gastos dos turistas podem ser observados no
quadro 1.
Os impactos negativos são apontados por Ruschmann (1997) são os
seguintes:
instabilidade da demanda turística, que pode, tanto comparecer em massa
numa destinação ou deixar de visitá-la em função de mudanças políticas,
moeda, preços, renda, entre outras.
A inflação e a especulação imobiliária se caracterizam pelo aumento dos
preços dos produtos comercializados nas destinações, bem como pela
valorização excessiva de terrenos, do preço de residências ou de aluguéis.
A sazonalidade da demanda turística, que se caracteriza pela
concentração de turistas em certas localidades, em determinadas épocas
do ano, e por sua ausência quase total em outras, provoca transtornos e
efeitos econômicos negativos nas localidades receptoras.
34
Quadro 1 Gastos dos turistas – efeito multiplicador
Fonte: (OMT, 2003, p. 111)
Gastos de turistas com:
Acomodação
Alimentos
Bebidas
Entretenimento
Vestuário
Presentes e Souvenirs
Fotografias
Cuidados pessoais,
remédios e cosméticos
Recreação
Viagens, passeios, guias e
transporte local
Publicidade de promoções
Diversos
Segunda rodada de despesas
Salários e remunerações
Gorjetas e cortesias
Impostos sobre folha de pagamento
Advogados
Comissões
Música e entretenimento
Despesas administrativas e gerais
Serviços profissionais
Atrações e direitos autorais
Gastos administrativos gerais
Serviços pessoais
Compras de alimentos e bebidas
Compra de materiais e suprimentos
Manutenção
Propagandas, publicidade e
promoções
Energia elétrica, água e gás
Transporte
Licenças
Prêmios e seguros
Aluguéis e arrendamentos
Juros e amortizações de
empréstimos
Outras taxas
Impostos de renda e outros
Donos de restaurantes
,
o
p
eradores
Beneficiários-finais (uma parcial)
Açougueiros
Atletas
Arquitetos
Arrumadeiras
Artesãos auxiliares administrativos
Bancários
Bilheteiros
Caixas
Carpinteiros
Carros de Aluguel
Cinema
Clínicas
Concessionárias de serviços públicos
Confeiteiros
Contadores
Cozinheiros
Dentistas
Diaristas
Educadores
Edificadores e gráficas
Eletricistas e encanadores
Engenheiros
Equipe de arrumadeiras
Estabelecimentos atacadistas
Fábrica de automóveis
Fazendeiros
Fornecedores de arte e de
artesanatos
Funcionários que consertam
equipamentos
Garçons e Garçonetes
Governo
Hortaliceiros
Instituições de beneficentes
Instituições de Ensino
Jardineiros
Lavanderias
Lojas
Lojas de departamentos
Lojas de móveis
Lojas de presentes
Lojas de roupas
Marceneiros
Mecânicos
Médicos
Meios de transporte
Merceeiros
Oficinas mecânicas
Organizações culturais
Padeiros
Pescadores
Pintores
Posto de gasolina
Produtores/distribuidores de cinema e
vídeo
Publicitários
Químicos
Resorts
Restaurantes
Seguradoras
Serviço de praia
Perda: Quando os setores público ou privado pagam por mercadorias ou serviços vindos de fora da comunidade, esse
dinheiro não estará mais su
j
eito ao efeito multi
p
licador, o
q
ue faz com
q
ue a comunidade
p
erca benefícios econômicos.
35
3.2.2.1 A demanda turística
De acordo com Lemos (2001), a demanda turística pode ser entendida como
a quantidade de bens e serviços que um consumidor/turista está apto e disposto a
adquirir por determinado preço, com determinada qualidade, por determinado
período de tempo e em determinado local.
Para Balanzá e Nadal (2003) está demanda é efetiva ou real quando as
pessoas realmente participam das atividades turísticas, e, a não efetiva, é composta
pelos indivíduos que possam mudar de posição caso haja alguma alteração no
contexto em que se encontram.
As autoras (ALBUQUERQUE e GODINHO, 2001, p.15), destacam a procura
pelo turismo da seguinte forma:
Em termos gerais, pode dizer-se que a procura de turismo é
influenciada, principalmente, por três factores – o rendimento das
famílias, o número de dias de férias e a estrutura etária da população,
todos eles diretamente relacionados com o grau de desenvolvimento
econômico.
O consumidor turista busca a maximização da sua satisfação diante do valor
gasto dentro do tempo disponível. Segundo Lemos (2001) e Tribe (2003), a
demanda pelo produto turístico é delimitada por alguns fatores, os principais são
apresentados a seguir:
Preferências: Defini-se como conjunto de necessidades, desejos, gostos e
costumes de um turista ou de um grupo de turistas. O grau de satisfação varia
de indivíduo para indivíduo. É o conjunto de preferências que molda o nível
de satisfação.
Informações: As informações são decisórias para qualquer tipo de mercado.
As empresas conhecem mais o produto do que os consumidores. O acesso
às informações se dá por meio de canais formais e informais. As agências, as
operadoras, e as consultorias de turismo têm papel fundamental como
36
propagadoras de informações. A rede de informações que uma localidade
estabelece com as operadoras, e estas com as agências, fazem aumentar o
grau de sinalização positiva que os turistas potenciais armazenam.
Valor turístico: O valor turístico é influenciado pelas informações obtidas,
estas o vão modelando até estabelecer uma especificação e um
detalhamento de suas preferências, e validar a força de atratividade de uma
localidade a ponto de levar à decisão da viagem e do tempo de permanência.
Quanto mais o turista validar as informações recebidas sobre o macro produto
turístico e sobre seus produtos complementares e periféricos, maior será o
valor turístico.
Renda Disponível: Considerada o somatório dos recursos monetários
necessários à realização dos gastos turísticos.
Tempo Disponível: aquele planejado para a realização do turismo, onde o
turista objetiva maximizar a utilização do tempo disponível.
Gastos Turísticos: A análise referente aos gastos turísticos parte do
conjunto de preços a serem pagos pelo turista e o peso que cada um tem no
seu orçamento.
Taxa de Câmbio: A taxa de câmbio estabelece o poder aquisitivo do turista
no exterior O que ocasiona influência determinante na escolha do local a ser
visitado.
Distância e tempo de viagem: O esforço gasto em deslocamento, em geral,
desestimula o turista. Há uma relação direta entre tempo de deslocamento
origem-destino e tempo de permanência. Quanto maior o primeiro, tende a
ser maior o segundo. Conforme a distância, é definido o tipo de transporte:
menores distâncias por transportes rodoviários, e maiores distâncias por
37
transporte aéreo e intermediariamente, o transporte ferroviário.
Preços e alternativas de gastos: As empresas turísticas concorrem pelos
gastos dos agentes econômicos com outras empresas que não fazem parte
de seu mercado. Assim, as facilidades em adquirir outros bens, com os
recursos que o turista possui, poderão desviá-lo dos gastos em turismo.
Disponibilidade de bens e produtos turísticos: O dimensionamento e a
eficiência da organização das empresas em disponibilizar seus serviços estão
intimamente ligados à decisão de consumo.
Qualidade de bens e produtos turísticos: A qualidade dos bens e produtos
turísticos passa a ser o diferencial no turismo atual. Os produtos devem ser
formatados de acordo com os gostos e expectativas dos turistas.
Publicidade: o objetivo da maior parte das propagandas é aumentar a
demanda por mercadorias e serviços. No turismo, a publicidade configura-se
uma ferramenta importante como meio de influência nas decisões dos
consumidores por turismo.
Outro aspecto importante a ser analisado, quanto ao comportamento da
demanda, é a elasticidade a qual pode medir a variação na demanda diante das
oscilações nas variáveis econômicas. Considerando que a demanda turística é
considerada altamente elástica, uma vez que é sensível a reações nos preços e na
renda. (LEMOS, 2001).
3.2.2.2 A oferta turística
A oferta turística pode se definida como conjunto de atrações naturais e
culturais de uma região, que em sua essência, constituem a matéria-prima da
atividade turística, por despertar o interesse aos turistas. (BENI, 2004).
O produto turístico de acordo com Beni (2004), no sentido macroeconômico é
38
constituído por um conjunto de subprodutos, entre eles transporte, hotelaria,
serviços de alimentação, locadoras, livros, diversões, souvenirs, seguros, roupas
para férias, entre outros. Quando se trata do sentido microeconômico, cada um
desses itens de consumo são considerados como um “produto turístico”.
Para Lemos (2001, p. 97) , o produto turístico é
O conjunto de bens e serviços que envolvem a informação do turista acerca
do local a ser visitado, seu deslocamento, sua estada naquela cidade, as
mercadorias por ele adquiridas, os locais de visitação, os fatores
socioculturais, climáticos e geográficos e os elementos de infra-estrutura
geral e específica a ele ofertados e por ele consumidos na localidade-
destino.
Atrativos turísticos Equipamentos
Turísticos
Infra-estrutura de apoio
turístico
Recursos Naturais:
Montanhas planaltos e
planícies, costas ou litoral,
rios, pântanos, quedas d’água,
parques e reservas de flora e
fauna, grutas, cavernas, entre
outros.
Meios de Hospedagem
Estabelecimentos hoteleiros
(hotéis, pousadas, pensões,
acampamentos, etc.).
Informações Básicas do
Município
Recursos histórico-
culturais
Monumentos, sítios,
instituições culturais de estudo
pesquisa e lazer, festas,
artesanato, folclore, entre
outros.
Serviços de Alimentação
Restaurantes, bares,
lanchonetes, casas de chá,
confeitarias, cervejarias, etc.
Sistema de Transporte
Terrestres (rodovias, terminais,
estações rodoviárias e ferroviárias)
aéreos (aeroporto e serviços
aéreos), hidroviários.
Equipamentos de transporte: carro,
ônibus, táxi, trem, navio, avião e
outros veículos.
Realizações Técnicas e
cientifico –
contemporâneas
Exploração de minério, obra
de arte e técnica (usinas e
barragens) centros científicos
e tecnológicos, entre outros.
Entretenimentos
Área de recreação e
instalações desportivas
(passeios, parques, praças,
clubes), estabelecimentos
noturnos (boates, casas de
espetáculo), etc.
Sistema de Comunicação
Agencias postais, e telegráficas,
postos telefônicos, acesso a
internet, sinal para celular, entre
outros
.
Acontecimentos
Programados.
Congressos, convenções,
feiras e exposições,
realizações diversas
(desportivas, artísticas,
culturais, sociais,
gastronômicas)
Outros equipamentos e
serviços turísticos
Operadoras e agências de
viagens, transportadoras
turísticas, posto de
informação, locadora de
imóveis, locadora de veículos,
comércio turístico (loja de
artesanato e souvenir), casas
de câmbio, bancos, locais de
convenções e exposições,
entre outros.
Outros Sistemas
Saneamento, água, gás
eletricidade, etc.
39
Atrativos turísticos Equipamentos
Turísticos
Infra-estrutura de apoio
turístico
Sistema de Segurança
Delegacias de polícia, postos de
polícia rodoviária, corpo de
bombeiro, etc.
Sistema Médico-Hospitalar
Pronto-socorro, hospitais, clínicas,
maternidades etc
.
Quadro 2 Categoria de oferta turística
Fonte: Lage e Milone (1991) organizado e adaptado pela autora.
De acordo com Lage e Milone (1991), a oferta turística pode ser classificada
em três categorias, Atrativos turísticos, Equipamentos Turísticos e Infra-estrutura de
apoio, conforme pode ser observado no quadro 02, onde também é apresentado os
desdobramentos destas categorias.
Os atrativos são considerados todo lugar, objeto ou acontecimento de
interesse turístico que motiva o deslocamento de grupos humanos para conhecê-los.
Segundo Mendonça (2006), o conhecimento da oferta pode ser alcançado por
meio da realização de um inventário turístico considerando os bens turísticos, os
equipamentos e serviços turísticos e, por fim, a infra-estrutura de apoio.
Beni (2004, p.35) ressalta que “o processo de agregação de valores tem início
na aquisição dos atrativos turísticos, seguindo nos meios de transportes,
hospedagens, alimentação, serviços de recreação e entretenimento, e termina na
fruição do roteiro”.
Para Lemos (2001) e Lage e Milone (1991), Tribe (2003), a oferta turística é
influenciada pelos seguintes fatores:
Preço do produto turístico: quanto mais elevado for o preço do produto turístico,
maior será o incentivo para os produtores aumentarem a sua oferta.
Preço de outros bens e serviços: os estabelecimentos turísticos investirão seus
recursos nas atividades onde tiverem melhores retornos. Desta forma, poderão
mudar seus investimentos para outra atividade ou vice versa.
40
Preço dos fatores de produção: o preço dos fatores produtivos utilizados está
diretamente e positivamente relacionado com o custo final dos produtos do turismo
ofertados e com o lucro dos produtores turísticos.
Nível de avanço tecnológico: quanto maior o avanço tecnológico, melhor será o
aproveitamento dos recursos disponíveis, aumentado a possibilidade de expansão
da oferta turística.
Infra-estrutura disponível: mantém com a oferta turística uma relação direta. A
ausência de infra-estrutura pode provocar o não aproveitamento dos recursos
naturais disponíveis.
Impostos e subsídios: o retorno fiscal, ou a possibilidade de aumento da
arrecadação de tributos, faz com que os governos sintam-se estimulados a
aumentar a oferta turística, da qual são co-participes.
Para Beni (2004 p. 164), duas hipóteses dominam a análise da oferta turística
no sistema econômico ocidental: “A primeira é a situação econômica de crescimento
indefinido; a segunda, um conjunto de atividades dominadas pelas decisões dos
produtores”. Para o autor, a empresa de turismo enfrenta um mercado complexo e
concentrado, no que se refere aos equipamentos necessários para sua instalação e
formas de financiamento. Assim, o predomínio dos setores turísticos produtivos ,em
relação ao mercado, deve-se às particularidades do produto e ao nível elevado dos
riscos assumidos para os investimentos.
3.2.3 Ambiente social
As mudanças na sociedade fazem com que as ciências sociais busquem
novos paradigmas para explicar o novo processo de estruturação da sociedade
global (BENI, 2004).
Diante do contexto globalizado, o turismo destaca-se como uma possibilidade
41
de participação que poderá levar ao desenvolvimento local, em contraposição ao
desenvolvimento globalizado (CORIOLANO, 1998).
A mobilidade humana, segundo Beni (2004), deu ao mundo uma nova
fisionomia, na qual acarreta novas formas de vida, que modificam linhas
conservadoras de pensamento. A mobilidade põe em contato muitas pessoas,
amplia e enriquece as maneiras de pensar e de atuar, expandindo o acervo cultural.
O turismo está intrinsecamente ligado à mobilidade por se influenciarem
mutuamente.
Os impactos gerados pelo turismo através desta mobilidade social acarretam
impactos às comunidades receptoras. Conforme (DOXEY, apud MATHIESON e
WALL, 1988) apud Ruschmann (1997), ocorrem cinco estágios da crescente
desilusão de uma comunidade receptora com a atividade turística.
Estágio Inicial – Euforia com o desenvolvimento turístico. Há satisfação mútua
quando a população recebe o turista, isso, em função das oportunidades de
emprego, negócios e lucros que aumentam com o fluxo de turistas.
Segunda Fase – Apatia com a consolidação da atividade. A rentabilidade do
setor passa a ser garantida e, o turista é considerado um meio pra atingir esta
segurança de renda, tornando os contatos humanos mais formais que os do estágio
anterior.
Terceira Fase – Irritação. Ocorre quando a atividade turística passa a atingir
níveis de saturação ou quando a localidade não tem capacidade de atender a
demanda excessiva.
Quarta Fase – Antagonismo. Os moradores passam a responsabilizar os
turistas por todas as mazelas existentes na localidade. Neste estágio, o turista passa
a ser hostilizado pela população.
42
Quinta Fase – A população conscientiza-se de que as mudanças ocorreram, e
que terá que se habituar a elas, pois seu ecossistema não voltará a ser como era
antes do advento do turismo.
Segundo Archer e Cooper (2001), não há pesquisas suficientes para
esclarecer os efeitos colaterais do desenvolvimento do turismo nas comunidades.
Porém, entre os impactos sociais, os autores corroboram que, em casos extremos, a
população local pode ser impedida de desfrutar das instalações naturais da sua
própria região.
Como aspectos positivos, a comunidade local pode ser impulsionada a
trabalhar arduamente para atingir os mesmo níveis educacionais, a fim de atingirem
hábitos de consumo e modo de vida semelhante aos dos turistas. Esse chamado
“efeito confrontação” poderá ter o efeito contrário, gerando frustração pela
dificuldade de atingir os níveis de satisfação desejados. (ARCHER e COOPER,
2001).
3.2.4 Ambiente cultural
Para Lugo (1991) apud Ruschmann (1997, p. 50), os fatores que originam a
cultura de um povo constituem-se:
De posicionamento geográfico, de seu lugar na história, da época e das
condições do encontro com outras culturas, e das organizações culturais
previamente existentes. O homem é seu criador e transmissor formal ou
informal, considerando sua posição na comunidade e o contexto da
mesma.
Para Beni (2004, p 88), é necessário considerar que não existe apenas uma
cultura, tendo como cultura o “conjunto de crenças, valores e técnicas para lidar com
o meio ambiente, compartilhado entre os contemporâneos e transmitido de geração
a geração”.
Segundo este autor, o chamado turismo cultural se desdobra em diversos
títulos como: ecológico, antropológico, religioso, arqueológico, artístico, arqueo-
43
teosófico, entre outros.
Sessa (1968) apud Beni (2004), afirma que o turismo traz a contribuição direta
para a população visitada, através da sua própria experiência cultural ao mesmo
tempo em que adquire os valores culturais da localidade onde está visitando.
O turismo atua como instrumento de reabilitação e valorização das heranças
culturais, quando estimula através da demanda dos turistas pelos valores culturais.
Segundo Ruschmann (1997) os impactos culturais favoráveis são os
seguintes: valorização do artesanato; valorização da herança cultural e orgulho
étnico, e, valorização e preservação do patrimônio histórico. Enquanto os
desfavoráveis são: descaracterização do artesanato, vulgarização das
manifestações tradicionais, arrogância cultural, e, destruição do patrimônio histórico.
Wainberg (2002, p. 54), destaca a importância do turismo como meio cultural,
em “decorrência do massivo fluxo de viajantes, o turismo revela-se de fato como o
cenário de interlocução intercultural de maior porte do mundo”.
3.2.5 Sustentabilidade e os ambientes ecológico, econômico, cultural e social
A seguir será apresentada a importância da sustentabilidade para os
ambientes ecológico, econômico, cultural e social.
Norton (1992, p. 25) apud Faria e Carneiro (2001):
Sustentabilidade é uma relação entre sistemas econômicos dinâmicos e
sistemas ecológicos maiores, tamm dinâmicos e que, no entanto,
modificam-se mais lentamente, de tal forma que a vida humana pode
continuar indefinidamente, os indivíduos podem prosperar e as culturas
humanas podem desenvolver-se mas, também, uma relação na qual os
defeitos das atividades humanas permanecem dentro de limites que não
deterioram a saúde e a integridade de sistemas auto-organizados.
Constanza (1992, p. 240) apud Faria e Carneiro (2001), “Sustentabilidade
implica na habilidade do sistema manter sua estrutura (organização) e função
(vigor), como o passar do tempo, em fase de estresse externo (resiliência)”.
44
“A sustentabilidade apenas ocorre quando não há declínio do capital natural”
(CONSTANZA e DALY, 1991) apud Faria e Carneiro (2001).
“Quando se quer manter um certo estado ou função fazer à natureza cíclica
do desenvolvimento, a sustentabilidade é considerada um processo induzido,
imposto ao sistema como parte da atividade humana, sendo totalmente controlada e
manejada pelo homem para preservar o sistema no estado desejado”. (VOINOV,
1999).
O sistema será sustentável se existe um cenário de manejo trazendo-o para
o estado desejado ou dinâmico. Quando não aplicado devido a limitações externas
(limitação financeira), o sistema é dito insustentável. (VOINOV, 1999).
A sustentabilidade não implica, tão somente, o manejo do subsistema
ecológico, mas também, a moldagem dos objetivos sociais de maneira adaptativa.
“Um pré-requisito importante para a sustentabilidade é o balanço entre o desejo da
sociedade e a capacidade ecológica”. (VOINOV, 1999).
Dentre as diferentes definições de sustentabilidade observa-se a existência
de um componente comum a todas: a manutenção em certo nível, evitando o
declínio, a continuidade de certo recurso, sistema, condição ou relacionamento.
Comportamento este, que não parece ser inerente aos sistemas ecológicos,
tampouco aos sistemas sociais e econômicos criados pelo homem. (VOINOV, 1999).
Para Faria e Carneiro (2001), constata-se não ser uma tarefa fácil identificar
os fatores que concorrem para a sustentabilidade do turismo, dada à complexidade
do fenômeno turístico. O fato do conceito de sustentabilidade apresentar
incongruências, aumenta o grau de dificuldade para a análise.
Segundo as autoras Faria e Carneio (2001), há necessidade de uma
abordagem do problema da sustentabilidade de maneira interdisciplinar e sistêmica.
45
Considerar a sustentabilidade somente do ponto de vista ecológico é um
erro tão grave quanto restringi-la ao econômico ou ao social ou ao cultural.
A longo prazo, nada se sustenta por parte, mas no todo. E trabalhar com o
todo – minimamente sustentabilidade ecológica, econômica, social e cultural
– implica em conhecer e integrar as partes, daí a importância da abordagem
sistêmica porque representa objetivamente os constituintes e suas relações
(FARIA e CARNEIO 2001, p. 26).
Em relação às abordagens, a sustentabilidade do turismo em espaços rurais e
naturais, Partidário (2001) distingue dois modelos, sumarizados no Quadro 03, que
traduzem significados e objetivos de sustentabilidade distintos: o modelo autóctone e
o modelo estereotipado.
Modelo Característica Descrição
Modelo Autóctone
Valor do único
Promove a utilização dos recursos
existentes, explorando as
potencialidades endógenas de modo
integrado.
Modelo Estereotipado
Cópia competitiva
Promove as tipologias e os produtos que
mais vendem em outros locais.
Quadro 3 Modelos de desenvolvimento do turismo em espaço rural e natural
Fonte: Partidário (2001).
O modelo autóctone é aquele que promove uma oferta distinta, com base na
utilização dos recursos existentes, investindo nas particularidades que os distinguem
e que os podem destacar como produtos únicos. Este modelo começa por explorar
as potencialidades endógenas de uma região ou local, mas de modo integrado,
conjugando as diferentes dimensões da sustentabilidade, garantindo soluções
sempre ganhadoras em que simultaneamente saem vencedoras as dimensões
ambientais, sociais e econômicas. (PARTIDÁRIO, 2001).
3.3 Ciclo de Vida das Destinações Turísticas
Para a análise do provável curso das indústrias, um dos clássicos modelos
utilizados é o do ciclo de vida dos produtos, que surgiu para apresentar as várias
fases ou estágios que passam as indústrias. Para Porter (1986), esses estágios são
46
definidos por pontos de modulação no índice de crescimento.
Segundo Kotler (1988, p. 571), a posição e o conceito do produto mudam com
o tempo. “O ciclo de vida do produto é uma tentativa de reconhecimento dos
estágios distintos na história das vendas do produto”.
Os estágios são definidos por pontos de modulação avaliados pelo índice de
vendas da indústria. De acordo com o autor supracitado, as discussões em torno do
Ciclo de Vida do Produto passam por quatro estágios, os quais são conhecidos
como: Introdução, Crescimento, Maturidade e Declínio.
O estágio introdutório horizontal de crescimento configura a dificuldade de
superar a inércia do comprador e estimular os testes do novo produto. O
crescimento rápido acontece quando muitos compradores se precipitam no mercado
de acordo com o sucesso do produto. A penetração dos compradores em potencial
do produto é alcançada, o que faz que o crescimento rápido estacione e nivele-se a
um índice básico de crescimento do grupo de compradores relevantes. Neste ponto,
encontra-se a maturidade do produto. Com o aparecimento de novos produtos
substitutos, o crescimento decrescerá chegando a fase do declínio. (PORTER,
1986).
Com base no comportamento do setor de turismo, Butler (1980) desenvolveu o
modelo de análise para o Ciclo de Vida das Destinações Turísticas, o qual
compreende as fases de exploração, investimento, desenvolvimento, consolidação,
estagnação, declínio e, talvez, rejuvenescimento.
Durante a fase de exploração, as vendas de um produto prosseguem
lentamente no início, experimentam uma taxa de crescimento rápida, se estabilizam,
e declina subseqüentemente.
Os visitantes virão a uma área em números pequenos inicialmente, pela falta
47
do acesso, das facilidades, e do conhecimento local. Na primeira fase, a população
cria algumas facilidades para os primeiros visitantes, caracterizados como
aventureiros por Plog (2001).
Enquanto as facilidades são fornecidas e a consciência cresce, os números
do visitante aumentarão. Com o marketing, a disseminação da informação e
facilidades de acesso, a popularidade da área crescerá rapidamente.
Eventualmente, entretanto, a taxa de aumento em números do visitante declinará
quando o nível de capacidade máxima é alcançado.
TEMPO
Estágio Crítico da
Capacidade dos
atrativos
A
B
C
D
E
Rejuvenescimento
Estagnação
Consolidação
Declínio
Envolvimento
Desenvolvimento
NÚMERO DE TURISTAS
TEMPO
Estágio Crítico da
Capacidade dos
atrativos
A
B
C
D
E
Rejuvenescimento
Estagnação
Consolidação
Declínio
Envolvimento
Desenvolvimento
NÚMERO DE TURISTAS
Estágio Crítico da
Capacidade dos
atrativos
A
B
C
D
E
Rejuvenescimento
Estagnação
Consolidação
Declínio
Envolvimento
Desenvolvimento
NÚMERO DE TURISTAS
A
B
C
D
E
Rejuvenescimento
Estagnação
Consolidação
Declínio
Envolvimento
Desenvolvimento
NÚMERO DE TURISTAS
Figura 4 Ciclo de vida das destinações turísticas
Fonte: (BUTLER, 1980).
Os fatores de saturação da área podem ser identificados por fatores
ambientais (por exemplo, escassez da terra, qualidade de água, qualidade do ar), da
planta física (por exemplo, transporte, acomodação, etc.), ou de fatores sociais (por
exemplo, aglomeração e ressentimento pela população local). (BUTLER, 1980).
48
Conforme se desenvolve o destino turístico, há grande aumento no número
de visitantes, e são ultrapassados os níveis de capacidade de suporte ambiental e
social, fazendo surgir problemas graves. Entrando numa fase de estagnação,
diminui a lucratividade com os turistas, os equipamentos turísticos se deterioram, a
concorrência passa a superar a demanda e a localidade entra em declínio.
Segundo Ruschmann (1997), para manter o nível de ocupação dos
equipamentos, os preços baixam e passam a atrair uma demanda de menor poder
aquisitivo. A localidade pode passar por desgaste econômico, social e ambiental.
Para Faria e Carneiro (2001), quando o produto turístico é um produto natural,
cabe ao planejador buscar novos mercados, uma vez que a modificação do produto
torna-se inviável. De outro modo:
[...] um plano de manejo que contemple, além de um zoneamento, a prática
da educação ambiental pode levar os turistas a assumirem atitudes mais
responsáveis em relação ao meio ambiente. A questão do turismo de
massa passaria, então, a ser avaliada sob uma perspectiva mais qualitativa
que quantitativa. (FARIA e CARNEIRO, 2001, p. 68).
No quadro 04 são apresentadas as Fases do Ciclo de Vida e as estratégias
para cada uma delas, de acordo com os autores Cooper (1994); Van der Borg et al.,
(1995); Wall e Heath, (1992); Walle, (1998):160-163 apud Gonçalves (2003).
De acordo com Faria e Carneiro (2001), para que ocorram condições
ecologicamente sustentáveis em produtos turísticos, as taxas de crescimento dos
sistemas devem ficar abaixo de sua capacidade de suporte. Desta forma, o
crescimento da oferta e da demanda oriundo do empreendimento turístico não
correrá o risco de comprometer irreversivelmente as condições ambientais locais.
Sem esses cuidados, “o empreendimento poderá até ter uma fase de apogeu, mas
ela será substituída pela queda da demanda associada à degradação ambiental e
terminará por implicar em perdas socioeconômicas e destruição do
49
empreendimento”. (FARIA e CARNEIRO, 2001, p. 66).
Fases do Ciclo
de Vida
Descrição Estratégias
Exploração
Número reduzido de turistas aventureiros
que são atraídos por uma natureza intocada
ou pela cultura do destino. Os números são
reduzidos devido ao difícil acesso e
escassez de infra-estruturas. Nesta fase, a
atração do destino prende-se com o fato de
não ter sido modificado pelo turismo e o
contato com pessoas do local é elevado. O
produto é desconhecido e os consumidores
podem apresentar-se resistentes à novidade
que representa. O preço é elevado, pois os
turistas são poucos ( no entanto, como os
preços são elevados, os investimentos feitos
inicialmente podem ser recuperados,
mesmo com base em volume de vendas
reduzidos.
Envolvimento
As iniciativas locais para visitantes e a
promoção do destino já tiveram início. O que
resulta em maior número de turistas e
regularidade dos visitantes. Emerge uma
época turística mais acentuada, assim
como, áreas turísticas privilegiadas. É
colocada alguma pressão sobre o setor
público para oferecer infra-estrutura.
As primeiras organizações a
comercializar o “novo produto”
necessitam de construir uma
procura para o produto. Estas
organizações sabem também
que se o seu produto tiver
sucesso, surgirão outras para
concorrer. Assim, ao mesmo
tempo, que introduzem um novo
produto, procuram a fidelização
do consumidor para o seu
produto específico.
Desenvolvimento
Largos números de visitantes chegam ao
destino em períodos de pico, em proporção
equivalente ou até superior aos habitantes
locais. O controle do turismo ultrapassa a
esfera local e empresas exteriores surgem a
investir, fornecendo infra-estruturas
modernas que podem mudar a aparência do
destino. Com números crescentes, a
popularidade do destino pode sofrer
problemas de excesso de uso e
deterioração dos equipamentos. O
planejamento nacional e regional, bem
como o controle tornam-se necessários, em
parte para melhorar os problemas, mas
também para comercializar junto das
principais áreas geradoras de turistas
internacionais, à medida que os visitantes
se tornam mais dependentes da
organização da viagem pelo setor.
Com crescimento de destinos
concorrentes, será necessária
uma atividade promocional mais
acentuada e uma rede de
distribuição mais alargada. Com
freqüência o produto se
oferecido em diversas formas:
modelos de prestígio ou
econômicos. São feitas
tentativas de construir a
fidelização do
consumidor/mercados. As
vendas podem aumentar mas
pela resposta a segmentos não
servidos e não apenas pelo
desvio das vendas dos
concorrentes. A publicidade e a
promoção assumem grande
importância nesta fase.
50
Fases do Ciclo
de Vida
Descrição Estratégias
Consolidação
A taxa de crescimento dos visitantes sofre
um decréscimo, apesar dos números
continuarem a aumentar e a exceder os
residentes permanentes. É disponibilizada
uma oferta de grandes cadeias e
franchises”, e existem áreas privilegiadas
de recreio. Opta-se normalmente por
decréscimo de preços para atrair novos
turistas.
Estagnação
O destino ainda recebe um grande número
de visitantes, mas já não está na moda. A
procura baseia-se em visitas repetidas e
utilização profissional das suas infra-
estruturas, sendo necessários esforços
adicionais para manter o número de
visitantes. O destino pode ter problemas
ambientais, sociais e econômicos. Taxa de
crescimento decai. O número de turistas
potenciais decresce.
Num período inicial pode ter
lugar uma concorrência muito
elevada e os investidores têm
que decidir se devem
permanecer no mercado ou
retirar-se. Se, decidem manter-
se, têm que enfrentar que o
mercado se está a tornar
saturado e que a concorrência
está a aumentar. Os líderes de
mercado tendem a manter-se
porque antecipam que outras se
retirarão e deixam mercado livre
à sua ação. Com o mercado
saturado torna-se necessário
desviar consumidores dos
concorrentes.
Declínio
Nesta fase, os visitantes optam por outros
destinos e o local tornou-se dependente de
mercados mais próximos, para visitas de um
dia e de curta duração (fins-de-semana). A
rotatividade da propriedade é elevada e os
equipamentos turísticos, como é o caso do
alojamento, são convertidos para outros
usos. Em alternativa, as entidades
governamentais podem reconhecer este
estágio e decidir rejuvenescer. Decréscimo
quer de turistas quer de receitas.
Envolve normalmente uma
retirada do mercado, que pode
ser imediata ou desenvolvida
lentamente. Se o produto parece
estar a entrar numa fase de
estagnação, não será possível
atrair turistas pelo desvio da
procura da concorrência.
Rejuvenescimento
Envolve decidir sobre novos usos, novos
mercados e novos canais de distribuição,
reposicionando o destino. Pode passar pela
introdução de novas atrações turísticas, ou
pela capitalização de recursos, que
anteriormente não eram utilizados
(alargamento das épocas turísticas e
atração de novos mercados). Estes
desenvolvimentos refletem com freqüências
iniciativas conjuntas entre o setor público e
o setor privado para ir ao encontro de novos
mercados e re-investimento no destino para
conseguir um ciclo renovado para o destino.
Quadro 4 Fases do ciclo de vida do destino turístico
Fonte: Adaptada pela autora de Gonçalves (2003).
Como parte do processo produtivo muito dos destinos turísticos, assim como
51
muitas das indústrias
2
passam por períodos de rápido crescimento para o
crescimento moderado da fase comumente denominada maturidade.
Quando ocorre, a transição para a maturidade geralmente é um período difícil
para empresas que fazem parte do setor. Sendo um período durante o qual
normalmente ocorrem mudanças importantes no meio competitivo das companhias,
exigindo respostas estratégias difíceis. (PORTER, 1986).
De forma que, as empresas que se encontram no setor turístico precisam
encontrar novos nichos neste mercado competitivo, reforçando a sua especificidade
e novidade e evitando os erros cometidos por outros destinos, designadamente o
esgotamento de recursos. (ALBUQUERQUE e GODINHO, 2001).
Porém, algumas dificuldades são encontradas em destinos de países em
desenvolvimento, como reforçam (ALBUQUERQUE e GODINHO, 2001, p. 15):
O desenvolvimento de produtos competitivos é, no entanto, muitas vezes
dificultado por factores como má acessibilidade, infra-estruturas
inadequadas, insuficiências crónicas nos transportes, inadequação de
instalações, falta de fundos para investimento, tecnologia rudimentar,
problemas de gestão e escassez de pessoal qualificado. Os problemas
encontrados pelas empresas locais, especialmente as mais pequenas, em
aceder a mercados internacionais, são acentuados por uma falta de
estratégia comercial e de marketing, tornada ainda mais crucial por
orçamentos muito limitados.
De acordo com Porter (1986), algumas mudanças na indústria durante a
transição poderão ser observadas: a) Crescimento lento significa uma maior
concorrência no mercado; b) as empresas da indústria estão cada vez mais
vendendo para compradores experientes e repetitivos. c) concorrência passa a dar
mais ênfase ao custo e ao serviço; d) Existe um problema de sobrepujamento em
ampliar a capacidade da indústria e o pessoal. e) Os métodos de fabricação,
2
A abordagem tradicional neoclássica, considera o mercado um conjunto de compradores e
vendedores que interagem entre si resultando na possibilidade de trocas e interagem entre si
resultando na possibilidade de trocas e a Indústria é composta por um conjunto de empresas (ou
firmas) que vendem o mesmo produto ou produtos correlatos. (PINDYCK e RUBINFIELD, 2002).
3
A capacidade de carga dos Balneários não foi considerada no cálculo, por não ser estes, o
foco principal dos visitantes que vem a Bonito.
52
marketing, distribuição, vendas, e pesquisa estão sofrendo alterações e f) a
obtenção de novos produtos e novas aplicações é mais difícil.
A Liderança no custo total é uma das estratégias que a empresa poderá
utilizar nesta fase. Onde as ações e controles rigorosos do custo precisam ser
perseguidos, deixando a qualidade e assistência com controles mais flexíveis.
Embora uma ampla linha de produtos e uma freqüente introdução de novas
variedades e opções possam ter sido possíveis durante o crescimento,
sendo com freqüências necessárias e aconselháveis para o
desenvolvimento da indústria, esta situação talvez não seja mais viável na
maturidade. (PORTER, 1986, p. 229).
Assim, Porter (1986) destaca há a necessidade de se preocupar com os
custos do produto para permitir a supressão de itens não lucrativos da linha e para
concentrar a atenção naqueles com vantagens distintivas (tecnologia, custo,
imagem, etc.).
Para Porter (1986), na fase da maturidade é essencial a maior atenção aos
custos, ao atendimento ao cliente e a um marketing verdadeiro. “Uma menor
atenção à introdução de novos produtos “versus” o aperfeiçoamento dos antigos
pode se fazer necessário. Uma menor “criatividade” e uma maior atenção ao detalhe
e ao pragmatismo normalmente se impõem em um negócio em sua fase de
maturidade”. (PORTER, 1986, 236).
Kim e Mauborgne (2006) trabalham com estratégias que buscam novas
formas de atuação no mercado em que operam, usando táticas diferentes das que
usam suas concorrentes. Consideram que o cliente tem a perspectiva “ofereça-me
mais por menos”, porém “aquilo que os clientes quase sempre querem “mais”
geralmente são atributos dos serviços e produtos já oferecidos no setor”. (KIM e
MAUBORGNE, 2006, p. 27).
O Modelo das Quatro Ações, as estratégias que estão sintetizadas na figura
5, onde a primeira pergunta indaga a eliminação de atributos de valor que há muito
53
tempo servem de base para a concorrência no setor. Normalmente, os atributos
valorizados pelos compradores mudam completamente, mas as empresas que se
empenham em imitar uma às outras não reagem à mudança.
Figura 5 Modelo das quatro estações
Fonte: Kim e Mauborgne (2006).
O segundo questionamento faz com que a empresa passe a examinar se
existe excesso nos atributos dos produtos e serviços oferecidos, no esforço de imitar
e superar a concorrência. Onde, as empresas acabam por fornecer serviços não
requeridos pelos clientes, aumentando em vão sua estrutura de custos. A terceira
questão leva a empresa a identificar e a corrigir as limitações que o setor impõe aos
clientes. Assim como a quarta pergunta, auxilia a empresa no descobrimento de
novas fontes de valora para os compradores, buscando criar novas demandas e
mudar a estratégia de preços do setor. (KIM e MAUBORGNE, 2006).
Nova
Curva
de
Va
l
or
ELIMINAR
Quais atributos
considerados
indispensáveis pelo
setor devem se
e
limin
ados
?
ELEVAR
Quais atributos devem
ser elevados bem acima
dos padrões
CRIAR
Quais atributos nunca
oferecidos pelo setor
devem ser criados?
REDUZIR
Quais atributos devem
ser reduzidos bem
abaixo dos padrões
setoriais?
54
A OMT propõe ações para a fase de maturidade no setor turístico, através da
manutenção do setor, onde destaca que “os destinos turísticos de maior sucesso,
em um período de longo prazo, são aqueles que estão em constante
rejuvenescimento, com atrativos e instalações novos e melhorados que atendam às
expectativas dos turistas e possam competir de forma eficaz com outros destinos.”
(OMT, 2003, p. 125).
Assim, a OMT (2003) aponta os seguintes tópicos a serem observados:
Monitoramento dos níveis de satisfação do turista. Através deste monitoramento
observa-se se há ou não necessidade de ajustes ao produto e ao marketing turístico
e caso haja, que tipos de ajustes deverão ser feitos.
Visitas seletivas a outras áreas turísticas – essa prática fornece informações
idéias aos gerentes de turismo a respeito das ações em outros lugares, incluindo
destinos competitivos.
Entrevistas a operadoras de viagens – revelará percepções sobre a conveniência
do produto turístico para a área e de como melhorá-lo.
Novas abordagens a respeito da interpretação dos atrativos turísticos naturais
e históricos/culturais e novos tipos de atividades turísticas. Com informações a
respeito destas novas abordagens e novos tipos de atividades o gerenciamento
turístico poderá manter constante o interesse do turista.
Educação pública local em relação ao turismo. O público local e as comunidades
próximas aos locais de desenvolvimento turísticos precisam ser educados com
relação ao turismo. Isso poderá ser feito através de programas de conscientização
turística, desenvolvidos pelo poder público ou sociedade organizada. Onde devem
ser abordadas informações a respeito do destino de forma geral, considerado
especificidades do local que poderão auxiliar na boa receptividade aos turistas. Além
55
da comunidade, o próprio poder público, bem como sua equipe técnica, deverá obter
conhecimentos a respeito do turismo, pois se as autoridades locais não entenderem
o turismo e como ele implantado e gerenciado, seu apoio ao desenvolvimento desse
setor não poderá ocorrer de forma integral.
Informações aos turistas. É importante que os turistas estejam informados a
respeito dos costumes culturais locais, normas de conservação ambiental, bem
como normas de comportamento. Essas informações são geralmente reunidas num
Código de Comportamento do Turista, explicando o que os turistas podem ou não
podem fazer produzidos na forma de folheto simples, podendo ser elaborado com
ilustrações gráficas de humor.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Neste capítulo será apresentado o município de Bonito, a oferta turística do
destino, a qual está formada pelos os bens turísticos, equipamentos turísticos e
infra-estrutura de apoio.
Na seqüência, é apresentado o comportamento do fluxo de turistas em Bonito
e o estágio no ciclo de vida em que se encontra o destino. A percepção dos agentes
envolvidos nas atividades do turismo, em relação aos ambientes ecológico,
econômico, social e cultural e as possíveis estratégias para o destino são
apresentadas em seguida.
4.1 O Destino Turístico de Bonito – MS
4.1.1 Aspectos gerais
A área de Bonito é de 4.934 km
2
, tendo uma população estimada em 17.000
habitantes. O ponto culminante é o da Serra da Bodoquena, com 720 m; seu clima é
tropical úmido e a temperatura média é de 22º C. O município está localizado ao sul
de Mato Grosso do Sul, a 330 km da capital Campo Grande, na encosta da Serra de
Bodoquena; ele serve de apoio às regiões do Pantanal do Nabileque, como portal de
acesso às fronteiras como o Paraguai e a Bolívia.
4.1.2 Principais tipos de turismo desenvolvidos no destino
Os principais tipos de turismo desenvolvidos em Bonito são: Turismo de
Aventura, Ecoturismo, Turismo de Lazer ou Turismo Social e com a instalação do
Centro de Eventos no ano de 2006, dispõe atualmente de infra-estrutura para a
realização eventos, sendo o Turismo de Eventos a mais nova abordagem turística
do município.
57
O turismo de aventura “[...] compreende os movimentos turísticos decorrentes
da prática de atividades de aventura de caráter recreativo e não competitivo.”
(MINISTÉRIO DO TURISMO, 2006; p.39).
O ecoturismo “[...] é o segmento da atividade turística que utiliza de forma
sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a
formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente,
promovendo o bem estar das populações.” (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2006;
p.09).
O turismo social é contemplado pelos balneários, segundo o Ministério do
turismo (2006, p.6), “[...] é a forma de conduzir e praticar a atividade turística
promovendo a igualdade de oportunidades, a eqüidade, a solidariedade e o
exercício da cidadania na perspectiva da inclusão”.
As categorias de turismo ofertadas em Bonito podem ser observadas no
quadro 5.
Turismo de
Aventura
Ecoturismo
Turismo de Lazer/
Social
Turismo de Eventos
Botes, bóia-cross.
Rapel
Quadriciclo
Arborismo
Mergulho
Cavalgadas
Passeios de bicicleta
Flutuação
Cavernas
Cachoeiras e
Trilhas
Turismo rural e
ecológico
Balneários
Eventos técnicos, científicos
e corporativos
Eventos culturais e artísticos
Eventos agropecuários
Quadro 5 Principais tipos de turismo desenvolvidos em Bonito-MS
Fonte: elaborado pela autora.
O turismo de eventos e negócios, segundo a definição do Ministério do
Turismo (2006, p. 46), “[...] compreende o conjunto de atividades turísticas
decorrentes dos encontros de interesse profissional, associativo, institucional, de
comercial, promocional, técnico, científico e social”.
58
Segundo Mendonça (2006), a oferta turística no Município de Bonito é
divulgada pelos meios apresentados na figura 6.
Figura 6 Meios de apresentação da oferta turística em Bonito-MS
Fonte: Mendonça (2006).
4.1.3 Organização da atividade turística
O aumento no número de turista à região desenvolveu a profissionalização da
atividade turística no município, a qual ocorreu da seguinte forma:
1993, primeiro curso de formação de guia de turismo, organizado pelo Serviço
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e Prefeitura
Municipal, coordenado pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
(UFMS);
1995, com a Lei Municipal 689/95, tornou-se obrigatória a presença de guias,
já credenciados na Embratur, nos passeios turísticos. Os guias são
autônomos e independentes. Trabalham para várias agências e em todas as
atrações, porém, sem qualquer vínculo empregatício entre eles. O trabalho
prestado para determinada agência ou passeio justifica-se por razões
pessoais ou por habilidades específicas para determinado tipo de atrativo.
1995, a estruturação da atividade turística foi complementada pela aprovação
da Lei 695/95, que instituiu o Conselho Municipal de Turismo (COMTUR),
Meios de apresentação de Bonito e sua oferta
Turística Cooperativos
Documentários
Televisionados
Internet
Site
Folhetos,
revistas, jornais e
guias
59
integrado por quatro representantes escolhidos pelo Chefe do Executivo do
Município e por seis representantes dos segmentos ligados ao trade turístico
local, posteriormente alterado para sete representantes. Simultaneamente, foi
instituído o Fundo Municipal de Turismo (FUMTUR);
1995 foi regulamentado, pela Resolução Normativa número 09/95 do
COMTUR, o ‘voucher único’, principal instrumento de viabilização da ordem
da atividade de turismo de Bonito. Ele funciona como ingresso para os
passeios nos atrativos. É adquirido somente nas agências de turismo locais
que agendam o passeio e contratam o guia que acompanhará o grupo de
turistas ou mesmo o turista solitário. Em todos os passeios só é permitida a
entrada de visitantes com o acompanhamento de um guia e com a
apresentação do voucher.
No valor de aquisição do ‘voucher único’ está incluído o pagamento da
agência, do atrativo turístico e do guia, e todos devem recolher mensalmente o
Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza (ISSQN) para prefeitura. Além disso,
pode ser usado como controle no número de turistas por passeio e fonte para as
estatísticas para o Município.
A distribuição do voucher funciona da seguinte forma, o proprietário do
atrativo fica com 60% a 70% do ingresso de cada visitante. As agências de turismo
investem em publicidade e programam as excursões, ficando com 20% dos
ingressos. Aos guias são destinados em torno de 10% e a prefeitura lhe cabe 5% em
forma ISSQN.
A maneira como é realizada a distribuição está apresentada na figura 7.
Embora toda essa sistematização – da comercialização dos vouchers ao
planejamento dos passeios – por um lado possa denotar um certo cerceamento para
60
uns na autonomia de escolher e decidir sobre o gozo do seu lazer, por outro lado,
favorece os turistas na programação de suas férias devido à previsibilidade que um
esquema apresenta. (SAVIOLO, 2002).
Figura 7 Distribuição de recursos entre os responsáveis pelo turismo em
Bonito-MS
Fonte: CIA, I. E. M. (2003).
Para Mendonça (2006), há no município uma organização, entre os agentes,
em relação à atividade de turismo, unindo os setores, urbano, público, privado e o
rural em único território e com a visão de um produto turístico Bonito.
Assim, o setor de turismo tem seus agentes integrados em entidades do
terceiro setor, onde se estabelecem as parcerias, as entidades estão relacionadas a
seguir:
Associação dos Proprietários de Atrativos Turístico de Bonito (Atratur);
Associação de Proprietários e Operadores de Bote de Bonito (APOBB);
Associação de Guias de Turismo de Bonito (AGTB);
Associação Bonitense de Agências de Turismo (Abaetur);
Associação dos Hotéis de Bonito (ABH);
Associação e Cooperativa de Transporte de Bonito e Região/ Cooperativa
Prestadora de Serviços Turísticos, Agências de Viagens e Turismo de Bonito
61
(ABT/Cooperbon), Associação dos Bares, Restaurantes e Similares de Bonito –
(Abrasel);
Associação Comercial Industrial de Bonito (Acib);
Bonito Convention & Visitours Bureau (BC&VB).
O Município conta também com o apoio do IBAM e do Sindicato Rural
Patronal de Bonito e Sebrae, das Organizações Não governamentais (Ongs) :
Fundação Neotrópica do Brasil, Associação Amigos do Brazil Bonito (AABB) e
Instituto das Águas da Serra da Bodoquena (Iasb). As quais desenvolvem trabalhos
com a comunidade de conscientização ambiental, entre outros projetos.
De acordo com Mendonça (2006), o município apresenta uma estrutura
organizacional formada, com um ambiente institucional e organizacional, a qual tem
permitido uma coordenação com uma velocidade de fluxo de informações em todo o
sistema de forma rápida, permitindo uma alta capacidade adaptativa. Os
procedimentos de coordenação: Organização, Orientação, Comunicação e Controle
são todos encontrados na gestão do turismo em Bonito. O COMTUR, segundo a
autora, aparece como agente importante neste processo.
“O COMTUR é o agente coordenador que organiza, orienta, comunica e
controla a gestão e essa forma gerencial é estendida a todos os demais setores e
segmentos que fazem parte da forma organizacional existente no município.”
(MENDONÇA, 2006, p. 266).
No item seguinte será apresentada a oferta turística do município, bem como
bens turísticos, dividido entre naturais e culturais e serviços turísticos, e a infra-
estrutura de apoio oferecida pelo destino.
62
4.2 A Oferta Turística de Bonito-MS
4.2.1 Bens turísticos
4.2.1.1 Naturais
Relevo – formado pela Serra da Bodoquena e a depressão do Miranda;
Planalto – planalto com escarpa voltada para o Pantanal;
Hidrografia: dez rios, sendo: rio Baia Bonita, rio do Peixe, rio Formosinho, rio
Formoso, rio Mimoso, rio Sucuri, rio Boca da Onça, rio da Prata, rio Olho
d’água, rio Salobra e a lagoa Misteriosa;
Grutas/cavernas – abismo Anhumas, gruta do Lago Azul, gruta de São
Miguel, buraco das Araras;
Cachoeira do Aquidaban, cachoeira do rio do Peixe, cachoeira Estância
Mimosa Ecoturismo, cachoeira Fazenda Ceita Core e Parque das Cachoeiras.
O número de empreendimentos em Bonito é de 23, enquanto o número de
empreendimentos ativados nos municípios vizinhos são 06. Deste modo, 29
atrativos estão distribuídos na região de Bonito. Esses empreendimentos são:
Abismo Anhumas, Balneário do Gordo, Balneário do Sol, Balneário Municipal, Barra
do Sucuri, Boca da Onça, Bonito Aventura, Bóia-Cross - Hotel Barramas, Cachoeiras
do Aquidaban, Buraco das Araras, Ceita Corê, Circuito de Arborismo, Estância
Mimosa Ecoturismo, Fazenda Baia Grande, Fazenda São Francisco, Fazenda Santa
Inez, Fazenda Segredo, Gruta do Lago Azul, Gruta São Miguel, Ilha do Padre,
Nascentes do Rio Formoso, Parque das Cachoeiras, Parque Ecológico Rio
Formoso, Parque Ecoturismo de Bodoquena, Praia da Figueira, Baía Bonita, Rio do
Peixe, Rio Sucuri e Ybira Pé.
Os preços dos passeios (com base em janeiro de 2007) variam, a seguir são
apresentados alguns exemplos. Para o Balneário Municipal, que é um dos passeios
63
mais populares, opção de lazer para finais de semana dos bonitenses é cobrado R$
10, 00, há passeios de R$ 37,00 para Flutuação – Bonito Aventura, com almoço
incluso, passeios em cachoeiras com valor R$ 68,00 - Ceita Corê, com almoço típico
de fazenda, há mergulho no Recanto Ecológico Rio da Prata por R$ 124,00, Rapel
e trilha – Boca da Onça por R$ 335,00, o atrativo com o valor mais elevado é o
mergulho autônomo no Abismo Anhumas de R$ 560,00.
Os passeios possuem preços diferenciados para a alta temporada e baixa
temporada. Os períodos assinalados como de alta temporada são as férias de
verão, de dezembro a fevereiro, o mês de julho e os feriados prolongados.
Quanto à segurança, de acordo com os riscos identificados a que possam
estar expostos os turistas ao longo do trajeto do passeio, são adotados
equipamentos de segurança e equipes de apoio. Antes do passeio é feito um
treinamento para que os turistas experimentem e adaptem-se aos equipamentos,
por exemplo, no caso dos passeios de flutuação, roupa de neoprene, máscara,
snorkel e colete salva-vidas, sendo esses equipamentos fornecidos pelos atrativos
(SAVIOLO, 2002).
No gráfico 1, apresenta-se a distribuição do número de visitantes nos
principais atrativos do destino turístico de Bonito no ano de 2006. Os três passeios
mais visitados são: a gruta do Lago azul, passeio de bote no rio Formoso e Aquário
Natural.
Cabe a observação de que os passeios Boca da Onça, Buraco das Araras e
Rio da Prata não estão localizados no município do Bonito, o que pode não refletir a
real visitação dos passeios. Uma vez que os atrativos nestas localidades podem
comercializar os vouchers do destino sem estar ligado ao sistema de Voucher Único
utilizado pelo município de Bonito.
64
8%
3%
2%
3%
5%
1%
15%
2%
4%
21%
2%
3% 3%
5%5%
1%
4%
9%
4%
0,00%
4,00%
8,00%
12,00%
16,00%
20,00%
Aquário Balneário do Sol Balneário Municipal
Barra do Sucuri Boca da Onça Bóia Cross
Bonito Aventura Bote Buraco das Araras
Ceita Corê Estância Mimosa Gruta do Lago Azul
Gruta de São Miguel Parque das Cachoeiras Praia da Figueira
Rio da Prata Rio do Peixe Rio Sucuri
Outros
Gráfico 1 Distribuição dos visitantes em Bonito-MS
Fonte: Secretaria do Turismo de Bonito, adaptado pela autora.
4.2.1.2 Culturais
Os bens culturais estão divididos em históricos e manifestações e usos
tradicionais populares, Eventos e acontecimentos programados e personalidade
histórica.
4.2.1.3 Históricos
Capela Sagrada Família;
Capela do Sinhozinho;
Clube de Laço Nabileque;
Busto de Bronze “Luiz Costa Leite”;
Monumento a Lei de Deus;
Estrada Boiadeira;
Projeto Jibóia: Apresentação de serpentes não peçonhentas e trabalho de
educação ambiental.
65
4.2.1.4 Manifestações e usos tradicionais populares
Comemorações religiosas: dia de Nossa Senhora Aparecida e festa de São
Pedro;
Folclore: enterro da Guerra do Paraguai e lenda das 700 luas;
Gastronomia típica: Bonito tem influência de índios, espanhóis e portugueses.
Tendo como destaque: o pequi, fruta típica do cerrado, utilizada em pratos
salgados e doces. Forrundu, doce feito de mamão e rapadura; quibebe de
mamão; caldo de piranha; bocaiúva, fruto nativo que é utilizado para fazer
farinha de onde podem derivar mingaus, bolos e sorvetes; peixes variados,
como pacu, dourado, pintado e outros; churrasco pantaneiro, servido com
mandioca; doces de caju, goiaba, carambola, abóbora e leite na palha. Os
pratos ofertados em Bonito atualmente são: filé de pintado com caramanchão,
arroz carreteiro, pintado a urucum, pintado ao mestre João, caldo de piranha,
churrasco, moqueca de jacaré, jacaré a parmegiana, dourado assado, sopa
paraguaia, chipa, doces caseiros, especiarias de guavira e bocaiúva e tereré.
(MENDONÇA, 2006).
Artesanato: Casa do artesão e lojas de souvenirs.
4.2.1.5 Eventos e acontecimentos programados
Feira e exposições: feira do produtor (aos sábados) e leilões de gado de corte
no Sindicato Rural.
Eventos diversos: carnaval, festa do peão, semana santa, festas juninas,
festival de inverno, Nossa Senhora da Aparecida, festa de São Pedro,
encontro estadual e federal sul mato-grossense de laço, festival da guavira,
festa do boi mocho.
66
4.2.1.6 Personalidades históricas
Sinhozinho, personalidade lendária.
4.2.2 Equipamentos turísticos
Hospedagem: entre hotéis, pousadas, colônias de férias, hotel de lazer,
albergue, camping, o Município apresenta 78 empreendimentos, divididos
entre, resort, luxo, superior, turístico, standart e econômicos oferecendo 1253
Unidades Habitacionais (UH) com 4194 leitos.
Camping: 5.
Serviço de alimentação, entre bares, restaurantes e padarias são 27
estabelecimentos.
4.2.3 Serviços turísticos
Agencias e Operadoras de viagens: 32.
Transporte: o número de empreendimentos é de 29 e o número total da frota
é 99.
Existe a disposição dos turistas serviços de táxi, moto táxi, aluguel de van e
aluguel de bicicleta. As vans podem ser alugadas por meia ou diária integral, o
serviço de táxi também trabalha com esse método de cobrança para os atrativos
mais distantes, nos demais o preço da corrida é negociado.
Guias: 76.
Operadoras de Bote: 9.
4.2.4 Infra-estrutura de apoio
Comércio
O comércio está estruturado para servir as necessidades básicas, contando
com supermercados, farmácias, padarias, postos de combustíveis,
67
laboratórios fotográficos com revelação, lojas de roupas, oficinas mecânicas,
provedores de acesso a internet, bancas de jornais, entre outros.
Bancos: Bradesco e Banco do Brasil.
Centro de Convenções de Bonito: 4.500m
2
construídos, 3 auditórios com
1500 assentos.
Sistema de transporte: um terminal rodoviário e um aeroporto com
recebimento de vôos fretados, uma vez por semana na baixa temporada e
duas vezes na alta temporada.
Sistema de comunicação: Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos.
Sistema de segurança: Polícia civil, polícia militar, polícia militar ambiental.
Sistema educacional
Instituto de Ensino Superior da Fundação Lowtons de Educação e Cultura
(IESF/Funlec) duas escolas estaduais: Luis da Costa Falcão e Bonifácio
Camargo Gomes, seis escolas municipais: Durvalina Dorneles Teixeira,
Manoel Inácio de Farias, João Alvez da Nóbrega, Vatalina Vargas Machado e
Pequeno Príncipe e três escolas rurais: assentamento Santa Lúcia, e Incra no
assentamento. O município conta ainda com duas escolas da rede privada.
Sistema de saneamento: 100% de rede de esgoto e 67% de ligações
realizadas.
Aterros sanitários controlados: 4.
Cooperativa de catadores: 1.
Equipamentos médico-hospitalares: Centro de saúde Padre José Ferrero,
centro odontológico, posto de saúde “Rincão Bonito”, P.S.F. Vila Donária e
Sociedade Beneficente Hospital Darcy João Bigaton.
68
4.3 Dados Econômicos do Turismo em Bonito-MS
Neste tópico, são apresentadas informações a respeito do fluxo de turistas,
comportamento salarial nas principais atividades relacionada ao turismo e a
arrecadação do ISSQN do município.
4.3.1 Comportamento do fluxo de turistas
O comportamento no fluxo de turistas no município de Bonito teve sua
ascensão a partir de 1993, o controle do número de visitantes começou a ser feito
pelo município no ano de 1996. No gráfico 2 pode ser observado o comportamento
no número de visitantes a partir deste ano. No ano de 1999 houve uma elevação
acima da média, decresceu nos anos seguintes, atingindo seu pico máximo no ano
de 2003 e após este ano apresenta queda acentuada no número de turistas até
2006. O que chama a atenção é a estabilidade que o setor vem apresentando nos
últimos três anos, o que segundo Butler (1980) afirma, a estabilização no número de
turistas é um sinal que o produto turístico está no estágio de Consolidação. Outro
fator considerado sinal de consolidação é a de retração nos preços para atrair novos
turistas. Para os autores Cooper, (1994); Van der Borg et al., (1995); Wall e Heath,
(1992); Walle, (1998): 160-163 apud Gonçalves (2003), a baixa no preço também
condiz com este estágio de consolidação. A intenção de baixa dos preços em Bonito
aparece na forma de redução dos dias de alta temporada, onde os preços são mais
altos. Os participantes das atividades turísticas chegaram ao consenso em diminuir
o calendário, considerado como alta temporada para o ano de 2007. Desta forma, no
ano de 2006 o calendário de alta temporada tinha 99 dias, no ano de 2007 tem 63. O
que demonstra uma forma de ter preços menos expressivos, oferecendo preços de
baixa temporada. Desta maneira, mesmo que tenham aumentado seus preços, na
média o custo se torna menos excessivo.
69
Gráfico 2 Fluxo de turistas em Bonito-MS (1997 – 2006)
Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados do Gestur – Programa de Gerenciamento do ISSQN
e Estatística de Turismo em Bonito.
Além da redução, percebe-se que os equipamentos turísticos estão se
sofisticando, o empresariado e o próprio município apresentam mudanças de
postura diante da maturação da atividade turística, tornando-se mais especializados
com o passar dos anos.
Para Barbosa (2003), a determinação do estágio em que se encontra uma
localidade em estudo é essencial para o direcionamento de seu desenvolvimento.
Porém, o fazer com absoluta certeza é tarefa difícil, mesmo porque tais teorias
apresentam modelos gerais que não prevêem as especificidades locais. Mas
Ruschmann (1997, p. 106) oferece uma orientação útil e simples:
Se há queda prolongada do número de visitantes, dos gastos ou de
pernoites em uma destinação/produto turístico, e se ela afeta a
lucratividade do equipamento e a vida da comunidade, é preciso admitir
que o estágio desta área na curva do ciclo de vida é o declínio. Por mais
discutíveis que sejam os padrões ou critérios para sua determinação, as
medidas a tomar são necessariamente aquelas que revertam essa queda e
que direcionem essa curva no sentido do ‘rejuvenescimento’.
Atentando-se para o fato de que o turista venha a Bonito em função dos
0
10.000
20.000
30.000
40.000
50.000
60.000
70.000
80.000
90.000
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
70
atrativos relacionados ao ecoturismo e aventura, a cidade dispõe para o ano de
2007, 2.414 passeios/dia, considerando a capacidade de suporte dos atrativos de
acordo com as suas licenças ambientais
3
. O turista permanece em média 4 dias em
Bonito, é o que apontam as pesquisas de Perfil de turista da Fundação de Turismo
de Mato Grosso do Sul (Fundtur). Os atrativos de ecoturismo e aventura comportam
aproximadamente 220.000 turistas ano
4
. Desta forma, se o município recebeu
69.255 turistas em 2006, tem ainda a capacidade de receber em torno de 150.000
visitantes.
É importante observar que, as condições ambientais suportam o número de
visitantes que estão recebendo atualmente. Caso o número de visitantes atinja esse
patamar, é provável que os cuidados ambientais dos passeios tenham que ser
redobrados para a sua sustentabilidade.
Em relação à ocupação hoteleira, Bonito dispõe de 1.253 unidades
habitacionais, as quais podem variar com acomodações de 2 a 4 pessoas. Supondo
que o turista permaneça em média quatro dias em Bonito, na companhia de 3
pessoas, nestas condições, a rede de acomodação em Bonito comporta anualmente
aproximadamente 343.000 visitantes
5
.
4.3.2 Comportamento salarial nas atividades empregatícias do turismo e
arrecadação de ISSQN em Bonito
Em relação ao comportamento do número de empregos formais das
atividades ligadas ao turismo no município de Bonito, as atividades de Alojamento e
alimentação, Transporte e Comunicação e Comércio Varejista são representantes
de ocupação do turismo em Bonito. No gráfico 3, pode ser acompanhado a evolução
do número de empregos gerados nas atividades entre os anos de 1995 a 2005.
4
365(dias ano)/4(dias que o turista permanece em Bonito)*2414(capacidade dos passeios em
ecoturismo e aventura)=220.277
5
365(dias do ano)/4 (dias de permanência no destino) * 1253 (unidades habitacionais) *
3(número de pessoas) = 343.008
71
As três atividades apresentadas mostram ascensão no número de empregos
gerados, somente no setor de Alojamento e alimentação houve queda no final do
período, como pode ser visto no Gráfico 3.
Gráfico 3 Empregos formais gerados no turismo em Bonito-MS (1995 – 2005)
Fonte:elaborado pela autora com dados da Relação Anual de Informações Sociais- RAIS – Ministério
do Trabalho.
Em relação à remuneração do setor, o que pode ser verificado em Bonito é
que no setor de Alojamento e Alimentação a renda média caiu de 1,76 salários
mínimos (SM) em 1995, para 1,64 SM em 2005. Em termos de Brasil a atividade
também apresentou queda. No setor de Transporte e Comunicações, houve
aumento na renda média, em Bonito subindo de 1,72 SM chegando a 2,93 em 2004
e caindo para 2,12 SM em 2005. No Comércio Varejista percebe-se aumento na
renda média no período, em 1995 a renda média era de 1,48 SM, chegando a 1, 85
em 2003 e caindo em 2005 para 1,7 salários mínimos, porém, mesmo com esta
queda apresenta aumento na de renda média no período como um todo.
Quando comparado com a renda média em salários mínimos das mesmas
0
100
200
300
400
500
600
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Alojamento e alimentação Transporte e comunicação Comercio Varejista
72
categorias para o Brasil, verifica-se que a renda média nacional é maior que a de
Bonito em todas as atividades.
Ano
Alojamento e
alimentação
Bonito
Alojamento e
alimentação
Brasil
Transporte e
comunicação
Bonito
Transporte e
comunicação
Brasil
Comercio
Varejista
Bonito
Comercio
Varejista Brasil
1995
1,76 3,69 1,72 6,91 1,48 3,59
1996
1,74 3,80 1,79 6,85 1,6 3,20
1997
1,74 3,74 1,86 6,97 1,64 2,99
1998
1,71 3,53 1,96 6,46 1,67 2,76
1999
1,71 3,57 2,16 6,02 1,69 2,64
2000
1,68 3,28 2,41 5,78 1,76 2,38
2001
1,65 2,96 2,41 5,00 1,76 1,99
2002
1,65 2,86 2,49 4,62 1,80 1,79
2003
1,56 2,68 2,79 4,29 1,85 1,50
2004
1,43 2,64 2,93 4,29 2,00 1,38
2005
1,64 2,23 2,12 2,82 1,7 1,90
Quadro 6 Renda média em salários mínimos em Bonito e no Brasil (1995-2005)
Fonte: Elaborado pela autora a partir de dados da RAIS - Ministério do Trabalho e Emprego.
De acordo com a análise das Atividades Características do Turismo, realizada
em 2003 pelo IBGE, a média salarial nacional da atividade de alojamento ficou em
R$ 551, 00 e alimentação R$ 355,00, o que corresponde a 2,3 e a 1,47 salário
mínimos respectivamente. O que demonstra que os salários no município de Bonito
ficaram abaixo da média nacional no ano de 2003. (IBGE, 2007).
Entre os impostos relacionados a atividade turística o que recebeu maior
influência no município é o ISSQN, em função das atividades serem relacionadas a
prestação de serviços. No Gráfico 4, pode-se observar o comportamento da
arrecadação entre os anos de 1996 e 2006. A partir do ano de 2002 ocorre um salto
na arrecadação do imposto, em função da contratação de uma empresa terceirizada
para alavancar o recolhimento do tributo.
A partir de 1996 a arrecadação de ISSQN apresenta um crescimento
moderado, em 2003 demonstra um crescimento elevado, manteve-se em ascensão
até 2005, revelando uma leve em queda em 2006.
73
Gráfico 4 Comportamento da arrecadação de ISSQN em Bonito (1996 – 2006)
Fonte: Elaborado ela autora a partir dos dados do Tesouro Nacional e Prefeitura Municipal.
4.4 Visão dos Turistas sobre o Destino de Bonito-MS
Os resultados dos questionários aplicados na Gruta do Lago Azul aos turistas
em Bonito, mostram sua percepção a respeito da infra-estrutura e equipamentos da
oferta turística do município, bem como estes percebem a qualidade dos serviços e
infra-estrutura disponível durante a sua estadia no município.
Dentre os turistas entrevistados 83,84% visitam Bonito pela primeira vez,
enquanto que 16,16% já conheciam o destino.
Os turistas entrevistados são procedentes em sua maioria do Estado de São
Paulo (ver percentual), entre outras procedências está Paraná, Santa Catarina,
Distrito Federal, Rio de Janeiro, Pernambuco e também procedentes de outros
países como França, Rússia e Espanha.
Quanto à permanência no destino, 68,37% dos turistas passam de três a sete
dias, enquanto 20, 41% permanecem até três dias.
O mês em que foi aplicado o questionário demonstra ser uma época em que o
público que busca Bonito configura-se em um público familiar, onde 41, 84% passam
0,00
200.000,00
400.000,00
600.000,00
800.000,00
1.000.000,00
1.200.000,00
1.400.000,00
1.600.000,00
1.800.000,00
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
74
os dias em Bonito com a família, incluindo não só pais e filhos, mas também outros
integrantes, como sogro, primos e tios. Casais e filhos aparecem com 25,51%,
enquanto casais são 21,43% dos turistas.
No gráfico 5 estão expostas as razões que motivaram a visita a Bonito. Para
85,86% dos turistas foi viagem de turismo e lazer, 7,07% buscavam interesses de
aspectos ecológicos e paisagísticos e 7,07% tiveram outros motivos, como
interesses culturais e visitas a familiares.
85,86
7,07 7,07
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Viagem de lazer e turismo Interesse em aspectos ecológicos e
cênicos-paisagísticos
Outros
Gráfico 5 Motivo da viagem
Fonte: Dados da pesquisa.
Os turistas da amostra ficaram hospedados em hotel (54,17%), pousada
(34,3%) e em outros meios de hospedagem, como camping e casa de amigos e
parentes (11,46%).
Em relação aos produtos típicos da região de Bonito, dentre os entrevistados
53,19% conhecem e compraram ou pretendem comprar, e 18.09% não conhece e
não tem pretensão de comprar os produtos, como pode ser visto na tabela 1. Os
produtos mais lembrados pelos turistas são os artesanatos, presentes nas lojas de
souvenirs e as comidas regionais.
75
Tabela 1 Conhece os produtos típicos da Região de Bonito-MS? Tenciona
comprar?
Comprou/tem pretensão de comprar
Conhece
Não Sim
Não
18,09 23,40 41,49
Sim
5,32 53,19 58,51
23,41 76,59 100,00
Fonte: Dados da Pesquisa.
A percepção de que os atrativos turístico de Bonito têm os devidos cuidados
ambientais é nítida para 99% dos turistas entrevistados, enquanto apenas 1%
opinaram no sentido de que não há o devidos cuidados.
23,23
12,12
16,16 16,16
5,05
16,16
8,08
0
5
10
15
20
25
Beleza Natural Conservação
Ambiental
Infra-estrutura Organização Alto Preço Não Conhece Outros
Gráfico 6 Bonito-MS comparado a outros destinos semelhantes
Fonte: Dados da pesquisa.
Quando Bonito é comparado a outros destinos semelhantes verifica-se a
importância dada a Beleza Natural, característica principal do destino sem si. Para
muitos, o ecoturismo parece ser um novo tipo de turismo, uma vez que a maioria dos
turistas tem apenas o turismo de litoral como comparativo. Desta forma, chama a
atenção aos turistas à infra-estrutura que o município lhes dispõe, bem como a
organização do trade com um todo, em relação aos guias, apoio e organização dos
passeios em si. Assim, como pode ser observado no gráfico 6, 23,23 % dos
76
entrevistados, acreditam ser a beleza natural o que destaca Bonito em relação a
outros destinos. Para 12,12% a conservação ambiental é a diferença marcante a
outros destinos, para 16,16% tanto para organização como para infra-estrutura,
impressiona os visitantes. Enquanto 16,16% dos entrevistados não souberam
responder o que destaca o Bonito em relação a outros destinos semelhantes.
Entre os meios de transporte utilizados para se chegar a Bonito, sobressaem
se os turistas que chegaram a Bonito com veículos próprios, 63,64 %, enquanto que
28,28% utilizaram avião, 4,04% vieram com veículos locados e 2,02% de ônibus e
2,02% de ônibus de excursão, como pode ser visto no gráfico 7.
63,64
4,04
2,02 2,02
0,00
28,28
0
10
20
30
40
50
60
70
Veículos Próprios Veículos Locados Ônibus Ônibus de Excurssão Avião Van
Gráfico 7 Meio de transporte para se chegar a Bonito
Fonte: Dados da pesquisa.
Quanto à classificação dos alojamentos os turistas apontaram como 35,48%
possuem ótimas acomodações, enquanto 60,22% classificam como boas e 4,30%
regulares. A higiene teve 37,63% como ótimo, 56,52% como bons e 5,38 como
regulares. Em relação aos equipamentos de lazer dos alojamentos, consideraram
14,13% como ótimos, 56,52% como bons, 23,91% como regular e 5,44% como
77
ruins, lembrando que 54,17% ficaram hospedados em hotel e 34,38% em pousadas.
Para a relação qualidade/preço, 13,95% dos entrevistados acharam que estava
ótima, 59,30% boa, 24,42% regular e 2,33 ruim, como mostra a Tabela 2.
Tabela 2 Classificação do alojamento
Ótimo Bom Regular Ruim
Acomodação
35,48 60,22 4,30 0,00 100,00
Higiene
37,63 56,99 5,38 0,00 100,00
Equipamentos de Lazer
14,13 56,52 23,91 5,44 100,00
Relação Qualidade/Preço
13,95 59,30 24,42 2,33 100,00
Fonte: Dados da pesquisa.
A avaliação de qualidade da comida nos estabelecimentos da área da
alimentação foi considerada boa por 55,42% dos entrevistados, 31,33% avaliaram
com ótima, 12, 05% como regular e 1,20% como ruim (Tabela 3).
Tabela 3 Classificação da alimentação
Alimentação Ótimo Bom Regular Ruim
Qualidade da Comida
31,33 55,42 12,05 1,20 100,00
Higiene
23,53 69,41 7,06 0,00 100,00
Atendimento
39,29 46,43 10,71 3,57 100,00
Variedades Gastronômicas
30,49 43,90 25,61 0,00 100,00
Relação Qualidade/Preço
11,11 58,02 25,93 4,94 100,00
Fonte: Dados da pesquisa.
O atendimento é ótimo para 39,29% dos entrevistados, enquanto 46,43%
apontam como bom, para 10,71% é regular e 3,57% classifica como ruim. A higiene
foi observada como ótima para 23,53% dos entrevistados, 69,41% julgam boa,
7.06% regular. Para os turistas entrevistados a variedade gastronômica em Bonito é
ótima para 30,49%, ao passo que 43,90% acreditam ser boa, e para 25,61% é
regular.
Tabela 4 Classificação dos passeios
Passeios Ótimo Bom Regular Ruim
Limpeza e Higiene da área
56,18 43,82 0,00 0,00 100,00
Limpeza e Higiene da água
55,17 41,38 3,45 0,00 100,00
Acesso ao Local
24,44 54,44 16,67 4,45 100,00
Infra-estrutura de Apoio
32,22 62,22 4,44 1,12 100,00
Fonte: Dados da pesquisa.
A relação qualidade preço da alimentação é ponderada como boa para
58,02% dos entrevistados, 11,11% acredita ser ótima, para 25,93% avalia como
78
regular, e para 4,94% ruim.
A respeito dos passeios no quesito limpeza da área, para 56,18% dos
entrevistados o estado é ótimo, para 43,82% é apontado bom, não havendo
respostas quanto a regular e ruim. A qualidade da limpeza da água é considerada
ótima para 55,17%, para 41, 38% é boa e para 3, 45% é regular.
O acesso aos passeios é apresentado como ótimo para 24,44% dos
entrevistados, para 54,44% é avaliado como bom, para 16,67% é regular e para
4,45% o acesso é ruim. Para alguns turistas entrevistados a rusticidade do meio de
acesso faz parte do passeio, de forma que apenas a boa manutenção das estradas
já é suficiente.
A infra-estrutura de apoio dos passeios é tida pelos entrevistados como
32,22% ótima, para 62,22% é dada como boa, para 4,44% é regular e para 1,2% é
ruim.
Tabela 5 Classificação das informações e prestadores de serviços
Informações/apoio Ótimo Bom Regular Ruim
Postos de Informação
36,96 52,17 2,17 8,70 100,00
Guias de turismo
64,77 32,95 2,28 0,00 100,00
Motoristas de turismo
42,86 54,29 2,85 0,00 100,00
Informações no Hotel
32,10 58,02 8,64 1,24 100,00
Sinalização
20,73 58,54 18,29 2,44 100,00
Informações em Termos Globais
22,22 67,90 7,41 2,47 100,00
Fonte: Dados da pesquisa.
A tabela 5 mostra os dados a respeito das informações no município, guias e
motoristas. O posto de informação foi visto como bom para 52,17% dos
entrevistados, seguidos de 36,96% deles avaliando como ótimo, para 8,7% é ruim e
para 2,17% regular.
Os guias de turismo são avaliados como ótimos por 64,77% dos
entrevistados, para 32,95 são percebidos como bons e para 2,28% são ruins. Alguns
entrevistados mostram-se descontentes em relação aos guias, em função da
atuação rígida de alguns deles para com os turistas.
79
Os motoristas do turismo são considerados bons para 54,29% dos
entrevistados, ao passo que para 42,86% são ótimos e apenas, 2,85% foram
avaliados como regulares.
As informações nos hotéis têm uma boa avaliação por parte dos turistas
entrevistados, para 32,10% são ótimas, para 58,02% são boas, somente para 8,64
são regulares e 1,24% ruins.
A sinalização dentro da cidade e para se chegar aos passeios tiveram a
seguinte avaliação: para 58,54% é boa, para 20,73% é vista como ótima, para
18,29% as sinalizações são regulares e para 2,44% são ruins. Neste quesito os
turistas que estão com carros próprios ou alugados, apontam dificuldade na
sinalização no trajeto até os passeios, considerando alguns confusos.
Porém, as informações em termos globais são apresentadas como ótimas por
22,22% dos entrevistados, 67,90% apontam como boas, para 7,41% são regulares e
para 2,47% são ruins.
Na tabela 6, são apresentadas às avaliações a respeito das Agências
receptivas, segundo os entrevistados os serviços prestados são avaliados ótimos
para 49,41% deles, seguindo de 45,88% como bom, 3,53% regular e 1,18%
classificam como ruim.
Os Aspectos Naturais são classificados como ótimos para 84,95% dos
entrevistados, seguidos de 15,05% classificados como bom, sem nenhum
apontamento regular ou ruim. A classificação dos Atrativos Naturais é julgada como
ótima por 84,78% dos visitantes entrevistados e 15,22% apontam como bons os
atrativos (Tabela 6).
A conservação ambiental é apresentada como ótimo por 69,89% dos
entrevistados, seguidos de 29,03% de bons e 1,08% avaliam como regular.
80
Em relação à hospitalidade do município, 53,26% dos entrevistados avaliam a
hospitalidade como ótima, 44,57% classificam como boa e 2,17% como regular.
Tabela 6 Classificação do destino
Variáveis Ótimo Bom Regular Ruim
Agencia Receptiva
49,41 45,88 3,53 1,18 100,00
Aspectos Naturais
84,95 15,05 0,00 0,00 100,00
Atrativos Naturais
84,78 15,22 0,00 0,00 100,00
Conservação Ambiental
69,89 29,03 1,08 0,00 100,00
Hospitalidade
53,26 44,57 2,17 0,00 100,00
Limpeza Urbana
23,33 63,33 11,12 2,22 100,00
Qualificação Profissional
32,22 65,56 2,22 0,00 100,00
Saneamento Básico
9,09 70,91 18,18 1,82 100,00
Saúde Publica
2,86 62,86 28,57 5,71 100,00
Segurança Publica
10,26 66,66 23,08 0,00 100,00
Transporte e Acesso a Região
2,74 52,05 26,03 19,18 100,00
Fonte: Dados da pesquisa.
Para 23,33% a limpeza urbana é percebida como ótima, para 63,33% é
avaliada boa e para 11,12% regular. Os turistas quando questionados a este
respeito, atentaram-se para as lixeiras recicláveis dispostas em diversos locais da
cidade, uma vez que o destino apresenta o rótulo de ambientalmente correto.
No quesito qualificação profissional do destino turístico de Bonito, os 32,22%
dos entrevistados apontaram como ótima, para 65,56% a qualificação profissional é
boa e 2,22% consideram regular.
O saneamento básico foi considerado ótimo para 9,09% dos entrevistados, ao
passo que 70,91% ponderam como bom, para 18,18% é regular e 1,82 % apontam
como ruim. O principal problema com saneamento apontado pelos turistas é
referente à água salobra, que nem todos tiveram acesso à informação a esse
respeito, com muitos visitantes tendo problemas de saúde em função da falta de
informação.
Ligado aos problemas que alguns entrevistados tiveram com a água, está à
questão da saúde pública do município. Na busca pelo serviço, não encontraram um
bom atendimento médico. A saúde pública foi classificada como ótima por 2,86%
81
dos entrevistados, avaliada como boa para 62,86%, regular para 28,57% e ruim para
5,71% dos turistas entrevistados (Tabela 6).
A segurança pública foi apontada como ótima por 10,26% dos entrevistados,
como boa por 66,66% deles, regular para 23,08%. Como a maior parte dos turistas é
de grandes centros, e a falta de segurança é algo comum nessas localidades,
muitos acreditam que o fato de não se ver os policiais nas ruas torna a cidade
menos segura. Os turistas afirmaram que da mesma forma que o destino recebe
pessoas bem intencionadas, pode receber também maus elementos (Tabela 6).
Em relação ao transporte e acesso a região, as avaliações apontam para
problemas de má conservação das rodovias no Estado do Mato Grosso do Sul, bem
como problemas na sinalização para se chegar ao município de Bonito. Assim,
apenas para 2,74% o acesso e transporte foram avaliados como ótimos, para
52,05% apontam como bom, para 26,03%, esse quesito é regular e 19,18%
avaliaram como ruim (Tabela 6).
21,74
76,09
2,17
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
80,00
Muito Alto Adequado Muito Baixo
Gráfico 8 Avaliação dos custos dos alojamentos
Fonte: Dados da pesquisa.
Quando questionados a respeito dos custos dos alojamentos, 21,74% dos
82
entrevistados o custo é apontado como muito alto, para 76,09% o custo é
considerado adequado e para 2,17% o custo é muito baixo, como pode ser visto no
gráfico 8.
O custo de alimentação tem uma avaliação adequada para 74,72% dos
entrevistados, seguidos de custo muito alto para 23,08% e 2,20% para custo muito
baixo (Gráfico 9).
23,08
74,72
2,20
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
80,00
Muito Alto Adequado Muito Baixo
Gráfico 9 Avaliação dos custos de alimentação
Fonte: Dados da pesquisa.
Em relação aos custos dos passeios, para 62,77% dos turistas entrevistados
o custo é muito alto, para 36.17% o preço está adequado e para 1,06% muito baixo,
como pode ser observado no gráfico 10. Um dos argumentos apontados pelos
entrevistados em relação ao alto custo está relacionado ao fato de toda família
passar a estadia em Bonito. Às férias em família tem seu custo acrescido
principalmente pelos passeios, de modo geral as viagens de férias realizadas pelas
famílias são para o litoral, onde não há custos altos com a recreação, sendo está
menos onerosa. Desta forma, uma viagem ao litoral quando comparada a uma
83
viagem realizada a um destino de ecoturismo como Bonito, apresenta uma relação
custo benefício diferenciada, o que nem sempre é avaliado pelo turista.
62,77
36,17
1,06
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
Muito Alto Adequado Muito Baixo
Gráfico 10 Avaliação dos custos dos passeios
Fonte: Dados da pesquisa.
50,53
48,42
1,05
0,00
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
Muito Satisfeito Satisfeito Pouco Satisfeito o Sabe
Gráfico 11 Avaliação da satisfação quanto à estadia
Fonte: Dados da pesquisa.
Quanto à satisfação com a estadia no destino turístico de Bonito, 50,53%
estão muito satisfeitos, 48,42% estão satisfeitos, enquanto apenas 1,06% estão
84
pouco satisfeitos, como pode ser observado no gráfico 11
50,53
41,05
5,27
3,15
0
10
20
30
40
50
60
Muito Satisfeito Satisfeito Pouco Satisfeito o Sabe
Gráfico 12 Avaliação da satisfação em relação à qualidade/preço
Fonte: Dados da pesquisa.
Quanto à satisfação em relação ao preço/qualidade da estadia em Bonito,
pode-se ver no gráfico 12, 50,53% dos entrevistados estão muito satisfeitos, 41,05%
estão satisfeitos, 5,27% estão pouco satisfeitos enquanto 3,15% não souberam
responder.
77,89% 22,11%
Sim Não
Gráfico 13 Pretensão de retorno ao destino turístico de Bonito-MS
Fonte: Dados da pesquisa.
85
Quando questionados sobre se recomendariam o destino Bonito para amigos
e familiares 98,96% afirmaram que recomendam enquanto 1,05% não recomendam.
Os que pretendem voltar a Bonito, configuram 77,89% dos entrevistados, enquanto
22,11% não pretendem voltar, conforme os dados do gráfico 13, destes muitos
reforçaram dizendo ser pelo fato de serem turistas que gostam de conhecer novos
lugares e como já conheceram Bonito, não tencionam voltar a este mesmo destino.
4.5 Ambiente Ecológico na Visão dos Profissionais da Área Ambiental
Neste item serão apresentadas as opiniões dos profissionais da área
ambiental, os quais têm conhecimento técnico a respeito do ambiente onde são
desenvolvidas as atividades turísticas no município de Bonito.
O último inventário turístico foi realizado em 2002, de forma cooperativa entre
os agentes do setor público e privado. Foi elaborado pelo Programa Melhores
Práticas para Ecoturismo (MPE) e o Fundo Brasileiro para Biodiversidade (Funbio),
com envolvimento do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), Banco da Amazônia
(Basa), Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e Ministério do Meio Ambiente
(MMA). Tendo como apoiadores o Conselho Municipal de Turismo (COMTUR) e a
Prefeitura Municipal. No contexto ecológico de Bonito desenvolvem-se as atividades
turísticas, uma vez que os atrativos turísticos estão neste ambiente.
O destino turístico de Bonito foi premiado pela quinta vez consecutiva como
“Melhor Destino de Ecoturismo do Brasil” pela Revista Viagem e Turismo,
apresentando desta forma que as boas práticas em ecoturismo são tidas como
referências nacionais. (REVISTA VIAGEM e TURISMO, 2006).
“Em Bonito a forma de cuidar do meio ambiente tornou-se num dos principais
fatores de atração no segmento do turismo”. (BONITO CONVENTION & VISITOURS
BUREAU, 2006).
86
Para a instalação de um atrativo turístico devem ser seguidas
regulamentações designadas pelas Leis Estaduais e Municipais. O processo de
abertura do atrativo tramitará pela Secretaria do Meio Ambiente Estadual (Sema) e
pelo Conselho Municipal de Meio Ambiente (Condema).
Dentre as normas que os passeios devem seguir para o funcionamento, está:
a obrigatoriedade de guias credenciados acompanhando os passeios, a capacidade
de suporte
6
dos passeios, a qual limita a quantidade de visitantes/dia, bem como a
realização semestral do monitoramento ambiental, onde poderão ser detectadas
possíveis modificações ambientais, sendo indicadas as providências cabíveis.
7
De acordo com os ambientalistas entrevistados, a Legislação existente é
suficiente para garantir a preservação ambiental dos atrativos turísticos. Apesar de
seis meses ser considerado um período longo para o monitoramento, prazo este em
que modificações significativas podem acontecer ao meio ambiente. Ainda assim,
segundo os entrevistados é possível acompanhar os impactos nos passeios
garantindo a sua manutenção e consequentemente a sua sustentabilidade. Caso
algo esteja errado, o monitoramento é um indicador de que a atividade deva passar
por processos de adequação ou ser encerrada.
A falta de preocupação com as questões ambientais é mais freqüente em
atrativos arrendados, onde o responsável pela exploração da área muitas vezes tem
uma visão a curto prazo da atividade, não dando a devida importância a este fator.
A fiscalização é apontada pelos entrevistados como sendo ineficiente,
fazendo com que, o empreendimento quem esteja respeitando a lei seja prejudicado,
por seu concorrente que atua de forma irregular.
6
Esta capacidade é definida no Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto
Ambiental e é analisada e aprovada pelo setor de licenciamento ambiental da Secretaria de Meio
Ambiente de Mato Grosso do Sul.
7
Essas são recomendações para o turismo sustentável, segundo Pearce (1989) apud Beni
(2004), de forma que os recursos naturais sejam mantidos, restaurados e melhorados.
87
Durante as visitas em si, percebe-se uma grande preocupação por parte dos
guias e dos próprios visitantes com a questão da preservação, além dos atrativos
concorrentes, causando assim uma sinergia, como pode ser constatada na
entrevista com a bióloga Marja Milano parece haver uma fiscalização informal
realizada por atrativos concorrentes, pelos guias de turismo e pelos próprios turistas.
Nesse sentido, quando Bonito é comparado a outros destinos de turismo
no Brasil, parece que em Bonito há um maior número de pessoas
preocupadas com a questão ambiental e com a sustentabilidade dos
recursos naturais da região. (MILANO, 2006)
A falta de efetivo municipal para realizar a fiscalização é apontada como algo
grave no período de grande movimentação turística, épocas apontadas como sendo
as mais críticas foram o carnaval e final de ano. São períodos em que muitas
pessoas freqüentam os balneários e não há efetivo suficiente para realizar a
fiscalização. Segundo os entrevistados são datas prováveis em que pode haver
excesso de visitantes nos passeios, extrapolando a capacidade de suporte e
havendo a possibilidade de sonegação no sistema de voucher.
Na visão dos proprietários dos atrativos, a preservação ambiental como parte
do sucesso do seu empreendimento não está conscientizada por todos, porém,
observam-se, segundo os entrevistados, locais onde proprietários antecipam-se a
práticas conservacionistas não exigidas por lei.
Luna (2000) e Mariani (2000) em estudos anteriores indicam alguns danos
causados ao ambiente em que são desenvolvidas as atividades turísticas.
Para Mariani (2000) as técnicas verticais com uso de corda constituem-se em
prática conhecida como rapel e o mergulho livre e/ou autônomo, são atividades que
geram impacto ambiental, principalmente se realizadas no mesmo local
repetidamente e por um número acima da capacidade de regeneração da área.
Dificilmente esta será uma atividade isolada e única de um empreendimento,
88
estando integrada a outras.
O aumento do número de agências de turismo que exploram o rafting no Rio
Formoso pode estar provocando desbaste constante das cachoeiras provocado por
botes lotados de turistas. Alguns geólogos afirmam que, devido à precipitação de
carbonato de cálcio, estas cachoeiras na verdade tendem ao crescimento. O fato é
que o rafting é praticado de maneira cada vez mais intensa em Bonito. Existem
relatos de proprietários de atrativos que em alguns locais já se obrigou a cimentar as
barreiras calcárias para que as cachoeiras não se rompessem (LUNA, 2000).
Sabino e Andrade (2003) afirmam que apesar dos avanços nas práticas
corretas de ecoturismo realizadas em Bonito, o estudo de três anos de
monitoramento com peixes num dos atrativos indicou perda de parcela de
biodiversidade, tendo a probabilidade desta ação ser decorrente do excesso de
visitação.
No momento não existem mais trabalhos de impactos finalizados, há
trabalhos científicos sendo desenvolvidos, onde mostrará se há impactos
ambientais, e caso haja, quanto estará prejudicando o meio ambiente.
Desta forma, o que se verifica é que a atividade turística em si provoca sim
impactos no meio-ambiente. Porém a normatização em si, com o fluxo de turistas
atual faz com que o meio ambiente se sustente, não apresentando desgastes
comprometedores, segundo a visão dos ambientalistas.
Em relação ao meio ecológico, vale lembrar também a necessidade de
atenção quanto ao Plano Diretor da cidade para o espaço rural, pois este não é
contemplado no atual Plano. Sendo que as atividades turísticas, em sua maioria, se
desenvolvem neste meio, poderá haver um melhor ordenamento do espaço,
preservando ainda mais o meio-ambiente.
89
4.6 Ambiente Econômico na Visão dos Agentes
De acordo com os agentes entrevistados, os quais são compostos pelo poder
público, empresários e população local, o Estado de Mato Grosso do Sul não dispõe
de uma política voltada para o turismo. As ações são incipientes, o que dificulta o
desenvolvimento das localidades com aptidão para o turismo, como é o caso de
Bonito.
O Governo Federal atualmente desenvolve o Programa de Regionalização do
Turismo, onde contempla a região da Serra da Bodoquena, incluindo o município de
Bonito, além de ações através do Sebrae como o Programa de Gestão Estratégias
Orientadas para Resultados (Geor).
Em relação a ações do Estado quanto à infra-estrutura de apoio, a má
conservação e sinalização das rodovias de acesso é um ponto onde o governo
estadual deveria atender, pois a qualidade das rodoviárias é apontada pelos turistas
que chegam a Bonito como ruins.
A parte de infra-estrutura oferecida pelo governo municipal vem
demonstrando mudanças no decorrer dos anos. Nos estudos desenvolvidos na
região de Bonito, por Mariani (2000) e Luna (2000) saneamento básico e tratamento
de lixo eram vistos como sérios problemas, não só para a comunidade bonitense,
mas também para a população flutuante que se aloja no município na alta
temporada. Atualmente o município está com 100% de rede de esgoto instalada e
67% de ligações efetivadas. Em relação ao controle sanitário, o município dispõe de
quatro aterros controlados, além da Cooperativa de Catadores. Desta forma o
município vem resolvendo estes problemas que eram apontados anteriormente.
Os bairros do município também estão recebendo asfalto, por um lado isto
tem melhorado a infra-estrutura para os turistas e para os moradores. Porém, por
90
outro lado o fato do solo existente em Bonito ser poroso, contribui para a não
absorção da água da chuva, criando sulcos no solo, os quais auxiliam na sujeira dos
rios.
À medida que o município vem se consolidando como destino turístico,
percebe-se a preocupação com o poder público em realizar as adequações que o
destino demanda.
A comercialização do destino é apontada pelos representantes do trade
turístico como algo a ser trabalhado, pois o município sempre foi beneficiado pelo
marketing espontâneo, aonde a própria beleza cênica original vinha sendo divulgada
pela mídia, como em documentários televisivos e reportagens em revista
especializadas, despertando desta forma o interesse dos turistas. Assim, não houve
maiores preocupações quanto a isso, tanto pelos atrativos, como pelas agências e
pelo próprio poder municipal, visto que o turista continuava a chegar a Bonito.
Segundo entrevistas, além da falta do marketing outros fatores são apontados para
a estabilização no fluxo de turistas em Bonito. No país a partir de 2003, foram
criados mais de trezentos destinos em ecoturismo, pulverizando deste modo à
procura. A baixa do dólar influencia no aumento da demanda por viagens ao
exterior, o que impacta na redução das viagens internas. A queda na renda da
classe média é outro motivo, bem como o fato do destino ser distante, dificultando o
acesso dos turistas.
Em 2006, o município realizou em parceria com os participantes do trade
turístico, o Plano Operacional de Comercialização do Destino Turístico de Bonito:
2006-2008, numa tentativa de organização, divulgação e melhor comercialização do
destino. Em função das restrições orçamentárias o governo municipal está
colocando em práticas as ações de acordo com a disponibilidade de recursos.
91
Como forma de marketing, o município, por meio de seus representantes, tem
participado de eventos ligados ao turismo, levando a experiência do ecoturismo
praticado em Bonito a outros estados do Brasil. Além disso, está enviando material
para divulgação nos principais veículos de informação turística e proporcionando a
visita de jornalistas a Bonito para a posterior divulgação do destino
8
.
Algumas ações estão sendo feitas no município quanto à infra-estrutura,
como a restauração do Terminal Rodoviário existente na cidade e a reforma das
ruas e praças principais na cidade. O poder público está buscando conseguir uma
linha de ônibus ligando São Paulo a Bonito, sendo este o principal estado emissor
de turistas a Bonito (FUNDTUR, 2006).
Entretanto, a ação de cunho mais expressivo está na construção do saguão
no aeroporto municipal e liberação para vôos convencionais, pois o município
aguarda a Licença Ambiental. Atualmente o aeroporto recebe apenas vôos fretados
na alta temporada aos sábados e domingos e na baixa temporada aos sábados.
Com a concessão das linhas haverá agilidade na ligação de Bonito a outros pontos
do país e do mundo
9
.
A sazonalidade é um problema a ser enfrentado aos participantes do trade
turístico, mostrando a necessidade de alternativas para as épocas de baixa
temporada. O turismo de eventos está surgindo no município e deve mudar a atual
configuração turística do destino, segundo os entrevistados. Alguns empresários
argumentam sobre a preocupação em atender bem este novo público que chega ao
destino, uma vez que são grupos grandes e os cuidados com o atendimento devem
ser redobrados, de forma que os efeitos multiplicadores sejam positivos.
8
Essas estratégias de comercialização que estão sendo realizadas pelo poder público são
apontadas pela OMT (2003) como forma de sustentabilidade dos destinos turísticos.
9
Como já mencionado anteriormente, para Tribe (2003) e Lemos (2001) o esforço gasto em
deslocamento em geral desestimula o turista, de forma que quanto maior a facilidade de acesso do
turista ao destino, maior será sua procura e a permanência.
92
Em função das características geológicas da Serra da Bodoquena, os
Técnicos da Secretaria de Turismo de Bonito e do Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (Iphan) tencionam criar um geoparque
10
na região. Desta forma,
este potencial será utilizado para diversificar as atividades turísticas do destino.
Além dessas estratégias, em Bonito ocorre a busca de novos públicos, como
grupos de terceira idade e o fortalecimento na busca do turista do Estado de Mato
Grosso do Sul
11
.
O empresariado local sente que o poder municipal deve ser mais atuante
quanto ao turismo proporcionando, principalmente em relação a divulgação do
destino, sendo que para estes o planejamento turístico deve vir do poder público.
Segundo os empresários, os investimentos realizados nos atrativos são altos,
principalmente em relação aos equipamentos de flutuação, como as roupas de
neoprene, as máscaras, os snorkels e a construção de trilhas. O alto preço cobrado
nos passeios é justificado pela seleção da clientela e pelo Conselho Municipal de
Turismo ter congregado todo o segmento do turismo do município, optando por
preços altos como uma forma de conservação dos recursos naturais.De acordo com
o empresariado, em relação à ocupação da mão-de-obra local, o bonitense já
resistiu em trabalhar no turismo, porém, estão cada vez sendo utilizados e treinados
para tanto. Segundo os empresários, apesar da rotatividade e a necessidade de
constantes treinamentos, compensa a contratação destes em decorrência dos
custos baixos.
10
De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(Unesco), um geoparque é um território de limites bem definidos com uma área suficientemente
grande para servir de apoio ao desenvolvimento sócio-econômico local. Deve abranger um
determinado número de sítios geológicos de relevo ou um mosaico de entidades geológicas de
especial importância científica, raridade e beleza, que seja representativa de uma região e da sua
história geológica, eventos e processos. Um Geoparque cria oportunidades de emprego, trazendo o
benefício econômico sustentável e real, geralmente através desenvolvimento do turismo sustentável.
11
Albuquerque e Godinho (2001) chamam a atenção a este respeito, para a necessidade de se
encontrar novos nichos neste mercado competitivo.
93
A instalação da Faculdade de Turismo no município teve influência na
melhor percepção da comunidade pelo turismo, atuando consequentemente na
qualificação do turismo local.
As agências são os principais elos entre os turistas e os passeios, pois estas
têm a exclusividade da venda dos vouchers, todo turista tem a necessidade de
passar por uma agência local para adquirir o voucher para ir ao passeio. Para os
turistas que chegam a Bonito existe um excesso de informações muito grande e nem
sempre conseguem absorver todas elas, de forma que há reclamações, quanto
aquelas a respeito da cidade e dos passeios.
De acordo com os empresários, há falta de capacitação em algumas agências
na prestação deste serviço, onde esta falta de informação ao turista poderá ser
suprida
12
. Um exemplo que pode ser dado é a percepção que a maioria dos turistas
tem em relação aos custos dos passeios. A venda do produto deve ser realizada de
maneira que o consumidor perceba as características específicas do produto que
está adquirindo. No caso dos atrativos em Bonito a infra-estrutura e equipamentos
de aporte faz com que os custos se mostrem elevados. Muitas vezes, o que
acontece é que o turista tem a sensação de estar sendo lesado, tendo a impressão
de estar pagando por preço injusto pelo passeio
13
.
Segundo empresários entrevistados, os funcionários das agências vendem
produtos que nem sempre conhecem. São poucos os atrativos que se empenham a
fazer parcerias com as agências, para que os prestadores de serviço do trade
turístico conheçam-os e possam ter maior esclarecimento do produto que estão
12
Para Lemos (2001) e Tribe (2003), as agências e as operadoras tem papel fundamental
como propagadoras de informações, pois através da rede de informações aumentam o grau de
sinalização positiva que os turistas potenciais armazenam.
13
A OMT (2003) sugere aos destinos para a solução de problemas de informações aos turistas
a elaboração de um código de comportamento do turista, explicando o que os turistas podem e o que
não podem fazer, podendo estar expostas com ilustrações gráficas de humor e também pode ser
reforçado pelas explicações dos guias.
94
comercializando.
Outro problema enfrentado são os pacotes oferecidos pelas agências.
Segundo participantes do trade, algumas agências vendem pacotes com os atrativos
nos quais sua lucratividade é maior. Conforme alguns entrevistados, nem sempre
nestes pacotes estão as melhores opções, no sentido de que o turista maximiza o
tempo de forma exagerada, chegando ao fim do dia exausto e não aproveitando a
estadia no município de forma adequada.
O sistema de transporte é apontado como um gargalo no destino turístico,
uma vez que os passeios são distantes e nem sempre a programação dos turistas
coincidem, dificultando a organização e deixando assim o custo mais alto. Desta
forma, no destino falta uma organização mais efetiva por parte dos agentes na oferta
de transporte aos turistas.
Os administradores dos atrativos e das agências de turismo locais
argumentam que o investimento para oferecer o serviço de translado não teria
retorno, levando em consideração a quantidade dos visitantes que chegam a Bonito
em seus próprios veículos, e as tentativas já feitas anteriormente não foram bem
sucedidas. O Albergue da Juventude, associado a uma das agências de turismo da
cidade, oferece esse serviço exclusivamente para seus hóspedes, o que lhe confere
um diferencial em relação aos concorrentes.
O atendimento aos turistas pelos taxistas é questionado pelos agentes do
turismo. Eles não são treinados pra receber o turista, de forma que o atendimento
prestado pode não ser o mais adequado.
No sentido da preocupação com a sustentabilidade e vitalidade de uma área,
para a OMT (2003) é fundamental que se mantenham e melhorem seus padrões de
qualidade onde for necessário. Por parte do governo deve haver a preocupação de
95
padrões mínimos de saúde, segurança e conforto. Entretanto, o controle de
qualidade é responsabilidade básica dos empreendimentos turísticos, que devem
manter uma clientela de turistas satisfeitos para o seu próprio benefício e
produtividade.
O empreendimento ou organização de turismo precisa mudar do simples
monitoramento ao gerenciamento da qualidade empregando uma política
de qualidade, um processo que deve ser desenvolvido dentro da equipe de
funcionários. O controle de qualidade deve servir, em primeiro lugar, para
corrigir o que for identificado como problema e sistematicamente, procurar
melhorias para fins de competitividade ou de boa saúde econômica. A
política de qualidade é, portanto, uma tarefa de todos. (OMT, 2003, p. 123-
124).
Desta forma, observa-se que em Bonito, mesmo com o esforço dos
participantes do trade, existem problemas a serem resolvidos na atividade turística
para a sustentabilidade e vitalidade do destino. E estes, segundo os entrevistados,
podem ser solucionadas com o comprometimento dos diversos agentes existentes
no destino turístico.
4.7 Ambiente Social na Visão dos Agentes
A comunidade local apresenta boa aceitação aos turistas. Ela está consciente
de que o turismo traz benefícios para o local onde vivem. A comunidade vive a
experiência de se mesclar com turistas de outros estados brasileiros, entre estes:
São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. E turistas estrangeiros, os
quais têm em média 13% de participação, segundo a Pesquisa Perfil do Turista de
Bonito, realizada pela Fundtur em julho de 2005. (FUNDTUR, 2006).
Socialmente o impacto do turismo gerado ao município tem se mostrado
benéfico no sentido de absorver e capacitar a mão de obra local, para o mercado de
trabalho que o turismo movimenta.
O município de Bonito dispõe de alguns programas que integram a
comunidade ao turismo, os principais são: Programa Patrulha Florestinha e
96
Programa Frente Emergencial de Trabalho.
O Programa Patrulha Florestinha, reúne 30 meninos na faixa etária de 12 a 17
anos e 11 meses que se dedicam mais especificamente à educação ambiental,
conhecendo e se preparando para divulgar boas práticas de preservação e equilíbrio
ambiental. Os membros da Florestinha praticam esportes, têm reforço escolar e
participam de atividades recreativas. Desenvolvem atividades direcionadas ao
civismo, moral e aulas sobre motivação para o mercado de trabalho.
Os programas direcionados às crianças e adolescentes as englobam as
belezas naturais do Município, de forma que são desenvolvidas atividades de lazer e
conscientização ecológica nos locais turísticos do município. Futuramente a
Secretaria de Ação Social tem planos de direcionar este tipo de atividade para as
famílias destas crianças.
O Programa Frente Emergencial de Trabalho foi criado com o intuito de
beneficiar as pessoas que estão fora do mercado de trabalho em idade ativa,
beneficiando principalmente o contingente do êxodo rural. Onde o processo de
modernização do campo expulsa essas pessoas, as quais não possuem qualificação
para permanecerem ali, a maioria delas tem no máximo a 5ª série do ensino colegial.
Ao chegarem à cidade não estão qualificadas pra desempenhar as funções
demandadas. O programa surgiu pela grande quantidade de pessoas de 27 a 51
anos que procuravam a secretaria de Ação Social para conseguir a sexta básica, a
qual é fornecida para famílias de baixa renda. As pessoas são selecionadas de
acordo com a situação de emprego e renda para participarem do projeto.
As ações desenvolvidas no projeto visam à capacitação do individuo em
atividades como encanador, eletricista, práticas de limpeza de piscina, jardinagem,
entre outros, sendo estas relacionadas à demanda criada em função do turismo. São
97
realizadas parcerias com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e o
Sebrae para capacitação de atividades direcionadas ao campo e também para a
fabricação de biojóia. Além disso, há um programa de alfabetização desenvolvido
especificamente para quem participa do programa.
O profissional exigido pelo mercado de serviços, que visa especificamente o
turismo, precisa apresentar boa aparência e uma boa postura, o programa
contempla este fato, trazendo atividades voltadas para higiene e cuidados pessoais,
motivação e postura. Desta forma, o Programa Frente Emergencial de Trabalho
presta serviços a órgãos municipais conforme as necessidades, contribuindo para
criar melhores oportunidades de vida para a população.
O custo de vida para o bonitense se torna alto em função de se viver em uma
cidade turística, onde os custos são os mesmos, tanto para moradores quanto para
os turistas que tem um poder aquisitivo maior que a população local. Segundo os
entrevistados, mesmo nos bairros distantes, os custos dos produtos seguem a
mesma proporção dos produtos destinados ao turismo, o que acaba impactando
negativamente a todos que vivem no município.
14
Assim, a comunidade vive numa via de mão dupla, onde se beneficia pelo
emprego gerado pelo turismo ao mesmo tempo arca com o ônus de se viver em uma
cidade turística.
Segundo os entrevistados o turismo no município de Bonito só apresenta
características de turismo de massa na época do carnaval e no final de ano, épocas
essas em que a população local se sente incomodada pelas atitudes dos turistas
que atrapalham a rotina da cidade, não preservando a ordem. Muitos moradores
chegam deixar a cidade nestas datas em função do incômodo provocado pela
14
De acordo com Ruschmann (1997), estes são impactos da atividade turística nas
localidades: especulação imobiliária, aumento dos preços nos produtos comercializados nas
destinações turísticas, assim como a valorização de terrenos, preços das residências ou de aluguéis.
98
população flutuante.
4.8 Ambiente Cultural na Visão dos Agentes
O ambiente cultural do município é pouco valorizado pelo turismo local. As
políticas existentes no município, direcionadas ao turismo cultural, são incipientes. O
último inventário realizado foi no ano de 2002, juntamente com o realizado no meio
ambiente pelo Programa Melhores Práticas para Ecoturismo (MPE) e o Fundo
Brasileiro para Biodiversidade (Funbio). Existe o Fórum Municipal da Cultura, que
apóia eventos dentro do município com cunho cultural. Porém, no momento, os
esforços não estão direcionados ao turismo cultural.
Em relação à cultura local por parte da iniciativa privada, há valorização da
cultura e história regional por parte de atrativos, através da culinária regional e dos
costumes locais. Uma outra iniciativa recente, foi a abertura de um museu particular,
localizado na Rodovia do turismo Km 1, de propriedade do senhor José Wanderley
Engel. Outra manifestação de valorização cultural local está presente na culinária
típica sul-matogrossense, oferecida por alguns restaurantes do município, onde são
servidos pratos regionais com qualidades de peixes existentes nos rios da região, e
carnes exóticas regionais, como de jacaré e javali.
Nas entrevistas com os turistas, houve a percepção da falta de valorização
cultural do município quando comparado a destinos com turismo cultural, uma vez
que o enfoque do turismo de Bonito não é a cultura isso é compreensível.
Os artesões locais são apoiados pelo Sebrae, através de oficinas de biojóias,
utilizando-se de sementes e plantas típicas do cerrado, os quais posteriormente são
comercializados na cidade. As lojas de souvenirs comercializam os artesanatos das
aldeias Terena e Kadiwéu, presentes na região de Bonito.
99
De acordo com uma pesquisa feita por Mariani (2003, p. 126), os meios de
vida da comunidade.
Predominava na região a vida pautada na valorização das coisas simples,
das relações familiares, um ritmo de vida pautada na valorização das coisas
simples, das relações familiares, um ritmo de vida mais lento, por um lado
influenciado pelo contato com a natureza e de outro pelo ciclo de
comemorações litúrgicas do catolicismo.
A questão religiosa foi alterada significativamente, a Semana Santa passa a
ser um exemplo disso, com o advento do turismo as famílias deixam de guardar o
feriado como dia santo e passam a incorporá-lo com um dia potencial de vendas, de
forma que todos os estabelecimentos de serviços funcionem.
Como o ponto focal do turismo em Bonito está na natureza, a cultura
permanece em segundo plano. Desta forma, há consciência da necessidade de um
inventário cultural para que as políticas possam ser direcionadas para este
segmento do turismo
CONCLUSÃO
Bonito destaca-se por ser um dos principais destinos voltados para o
ecoturismo no Brasil, recebendo turistas de todas as partes do país e do mundo.
Localizado numa região marcada por natureza peculiar, o destino desenvolveu-se no
segmento turístico ao longo da década de noventa, de modo que hoje, o setor é um
dos principais motivadores da economia local.
Desde que fora descoberto, o destino foi se aperfeiçoando, novas empresas
foram atraídas ao município, os equipamentos turísticos foram se sofisticando e o
município se organizando para o desenvolvimento da atividade turística. Desta
forma, Bonito já passou pelas fases do ciclo de vida do destino turístico: exploração,
investimento, desenvolvimento e, hoje, se encontra na fase de consolidação.
Alguns fatores são apontados por Butler (1980), para que o destino
classifique-se nesta fase, entre eles, a redução no número de turistas, a redução nos
preços e o aumento de investimentos em propaganda e marketing. Em Bonito houve
uma estabilização com acentuada queda no número de turistas entre os anos de
2003 e 2006. Essa queda na demanda trouxe algumas conseqüências para o
destino, como o fechamento de atrativos turísticos e redução no número de
empregos nas atividades relacionadas ao turismo no setor de Alojamento e
Alimentação. A baixa nos preços é outro fator característico da fase de
consolidação. Em Bonito, isso ocorreu através da redução dos dias de alta
temporada, o que em média reduz o preço. Além disso, o poder público municipal
preocupa-se em desenvolver ações em propaganda e marketing, com o intuito de
promover o destino.
Os próximos estágios do Ciclo de Vida do Destino Turístico são os de
101
estagnação ou de rejuvenescimento. A estagnação ou decadência do destino
poderá ser evitada diante das atitudes tomadas pelo poder público e demais agentes
envolvidos no destino, levando-o à vitalidade e à sustentabilidade.
A fase da estagnação é caracterizada pela capacidade máxima do destino
ocupada e, pelos desgastes provocados pelo excesso de demanda nos ambientes
econômico, social e ambiental. Bonito não apresenta estas características, pois a
capacidade de suporte dos atrativos e dos meios de hospedagem comporta o
aumento no número de turistas. Além disso, o município não exibe sinais de
desgastes econômico, social e ambiental.
A instalação do Centro de Eventos no município de Bonito e a possibilidade
de recebimento de vôos regulares no aeroporto indicam um maior comprometimento
por parte dos agentes do turismo, de forma que, a qualidade no atendimento deste
público deverá ser redobrada, atendendo às expectativas dos turistas.
Junto com o aumento no fluxo de turistas a Bonito, deve estar atrelada a
preocupação ambiental. Os cuidados com a capacidade de carga e monitoramento
irão garantir a sustentabilidade dos atrativos turísticos, garantindo assim, o
desenvolvimento das atividades turísticas no destino.
Na visão dos turistas, o destino encanta pelas belezas naturais, pela
conservação ambiental, pela organização e infra-estrutura. A qualidade nos serviços
prestados para os entrevistados está boa, entretanto, pode ser melhorada. A
conservação das vias de acesso ao destino e aos passeios turísticos, são apontadas
como deficientes, juntamente à falta de sinalização, pois a maior parte dos turistas
chegam a Bonito com veículos próprios. Em relação aos custos, a alimentação e
alojamento são indicados como adequados, porém os atrativos são caracterizados
como excessivos.
102
No ambiente econômico, segundo o que foi indicado pelos agentes, a forma
como o destino está sendo comercializado demonstra ser um problema, pois, está
relacionado a falta de direcionamento para o marketing e profissionalização na hora
da venda do produto.
Em relação ao ambiente social, a comunidade está sendo receptiva ao
turismo, não apresentando impactos à rotina da população, apesar de se sentir
incomodada nas épocas de carnaval e reveillon, quando o fluxo de turistas é maior.
Porém, este aumento poderá provocar impactos no meio social que devem ser
previstos, para que sejam evitados ou amenizados.
No ambiente cultural vê-se uma postura incipiente, tanto em relação ao
público quanto ao privado. Existe um potencial para o turismo cultural, todavia, as
ações não convergem para este tipo de turismo.
Diante destas constatações, o planejamento da atividade turística no
município e a constante a atenção às novas abordagens turísticas, bem como a
articulação e colaboração entre os agentes, garantirá a vitalidade do destino.
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Baía Bonita (Aquário Natural de Bonito). Biota neotrópica, São Paulo, v. 3, n. 3,
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São Paulo, São Paulo. 2002.
108
SAVIOLO, Simone. Bonito. Caderno Virtual de Turismo. v. 2. n. 3. 2002.
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=pdf>. Acesso em: 02 de jan. 2007.
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<http://www.uvm.edu/giee/AV/PUBS/DS/Sust_Dim.html> . . Acesso em: 16 nov.
2006.
APÊNDICE
110
Roteiro para entrevista aos agentes
O roteiro apresentado foi usado para direcionar as entrevistas, ajustando-se a cada tipo de
entrevistado, reforçando as informações pertencentes ao setor que representavam.
Econômico
Número de empregos
Mão de obra local?
Especializada?
Impostos diretos
Renda
Oferta turística divulgação
Como é feita a divulgação do município?
A forma em que o município tem sido divulgado alcança os objetivos propostos?
Quem financia a formatação e apresentação da oferta turística?
Distribuição das atividades entre os dias do ano
Alta estação
Baixa estação
Infra-estrutura
Quais os investimentos do setor público na área turística quanto à infra-estrutura?
Quais os programas e convênios que beneficiam o município de bonito? São eficientes?
Como é controlado o crescimento da cidade?
O atendimento médico existente no município é suficiente pra atender os possíveis acidentes nos
atrativos turísticos?
Como é o transporte para o destino?
Agentes
Quem são os agentes envolvidos com o turismo nos seguintes setores:
Setor Público
Setor Privado (comercial, turístico, rural)
Como é a articulação entre esses agentes?
Cultural e Social
Há aceitação da comunidade local aos turistas?
Há alguma política de valorização da cultura regional?
Percebe-se uma invasão cultural por parte dos turistas modificando hábitos da comunidade original?
Em sua opinião, qual a contribuição dos ambientes abaixo relacionados para a fluxo turístico em
Bonito?
Econômico
Ambiental
Social
Cultural
O que pode ser feito para o desenvolvimento do destino?
111
Aspectos Ecológicos dos Atrativos Turísticos no Município de Bonito – MS,
Questionário direcionado aos profissionais da área ambiental referentes aos atrativos turísticos de
Bonito
1) Você considera a Legislação Vigente adequada para garantir a sustentabilidade ambiental dos
atrativos turísticos em Bonito?
( ) Sim ( ) Não Porque?
2) Percebe-se nos atrativos turísticos de Bonito a preocupação com as práticas de manejo além das
previstas na legislação?
3) Em relação aos Atrativos naturais, como é a fiscalização ambiental no Município de Bonito-MS?
4) Como está a conscientização ambiental dos proprietários dos atrativos turísticos em Bonito-MS?
112
Questionário
6. É a primeira vez que você visita Bonito – MS
Sim Não
7. Quanto tempo você pretende permanecer em Bonito – MS
Até 3 dias De 3 a 7 dias
De 7 a 15 dias Mais de 15 dias
8. Com quem você passará a estada em Bonito – MS
Marido/Mulher/Namorado Com a família
Marido/Mulher/Filhos Amigos
Sozinho Amigos do Trabalho
9. Qual foi o motivo principal que o fez vir para Bonito?
Viagem de lazer e turismo Viagem empresarial de negócios
Viagem de caráter científico-cultural /
participação em congresso
Seminário.
Viagem de caráter desportivo Viagem de caráter familiar
Viagem de caráter social Viagem para tratar da saúde
Viagem de caráter religioso
Interesse em aspectos ecológicos e cênico-
paisagísticos
Interesse cultural Outros
10. Que meios você utilizou para chegar a Bonito – MS
Carro/Moto Próprio Carro/Moto Locado
Ônibus Ônibus de Excursão
Avião/Van de Agencia de Turismo Van
11. Em que tipo de alojamento você esta hospedado
Hotel Pousada
Camping Casa de Familiares
Casa de Amigos Hotel Fazenda
12. Você conhece os produtos típicos de Bonito
Sim Não
13. Comprou ou tem pretensão de Comprar
Sim Não
14. Você considera que os passeios turísticos realizados em Bonito – MS têm os devidos
cuidados ambientais
Sim Não
15. Quando compara Bonito com outros destinos turísticos semelhantes, que opinião tem sobre o
município?
16. Se estiver hospedado em hotel/apart-hotel/pensão/casa, classifique o Alojamento quanto a:
Ótimo Bom Regular Ruim
Acomodação
Higiene
Equipamentos de Lazer
Relação Qualidade/Preço
113
17. Se utilizar os serviços de restaurantes/cafés, classifique a Restauração quanto a:
Ótimo Bom Regular Ruim
Qualidade da comida
Higiene
Atendimento
Variedades gastronômicas
Relação Qualidade/Preço.
18. Se utilizar informações turísticas, indique a opinião que tem sobre as mesmas:
Ótimo Bom Regular Ruim
Postos de informação
Guias
Motoristas de turismo
Informações no hotel
Sinalização
Informações turísticas em termos globais
19. Classifique os passeios de Bonito (ex: balneários, gruta do lago) quanto a:
Ótimo Bom Regular Ruim
Limpeza/higiene da areia
Limpeza da água
Acessibilidades
Infra-estruturas de Apoio
20. Em relação aos custos avalie quanto:
Muito Baixo Adequado Muito Alto
Alojamento
Alimentação
Recreação
21. Avalie os seguintes aspectos turísticos de Bonito
Ótimo Bom Regular Ruim
Agencia Receptiva
Aspectos Culturais
Aspectos Naturais
Atrativos Naturais
Conservação Ambiental
Hospitalidade
Limpeza Urbana
Qualificação Profissional
Saneamento Básico
Saúde Publica
Segurança Pública
Transporte de Acesso à Região
114
22. Aponte o seu nível de satisfação com estas férias/estadia em Bonito – MS
Muito Satisfeito Satisfeito
Pouco Satisfeito Insatisfeito
23. Aponte igualmente o seu nível de satisfação quanto à relação preço/qualidade das suas
férias/estadia em Bonito – MS?
Boa Razoável
Fraca Não sei informar
24. Recomendará Bonito – MS aos seus familiares/amigos/conhecidos?
Sim Não
25. Tenciona voltar a Bonito – MS?
Sim Não
IDENTIFICAÇÃO
Idade:
Sexo:
Procedência:
Renda Média:
Profissão
Escolaridade
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