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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS
DO MOVIMENTO HUMANO
COMPARAÇÃO DAS VARIÁVEIS CINEMÁTICAS,
ELETROMIOGRÁFICAS E DO CONSUMO DE OXIGÊNIO
DA CORRIDA NO TRIATHLON COM UMA CORRIDA
PROLONGADA E UMA CORRIDA ISOLADA
CARINA HELENA WASEM FRAGA
PORTO ALEGRE, 2006
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2
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS
DO MOVIMENTO HUMANO
COMPARAÇÃO DAS VARIÁVEIS CINEMÁTICAS,
ELETROMIOGRÁFICAS E DO CONSUMO DE OXIGÊNIO
DA CORRIDA NO TRIATHLON COM UMA CORRIDA
PROLONGADA E UMA CORRIDA ISOLADA
CARINA HELENA WASEM FRAGA
PROFESSORES ORIENTADORES:
DR. ANTÔNIO CARLOS STRINGHINI GUIMARÃES (in memorian)
DR. MARCO AURÉLIO VAZ
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Ciências do Movimento
Humano da Escola de Educação Física da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
como requisito parcial para obtenção do
título de Mestre
PORTO ALEGRE, 2006
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3
Dedico esse trabalho a meu eterno mestre,
Prof. Dr. Antônio Carlos Stringhini Guimarães.
4
SUMÁRIO
LISTA DE ABREVIATURAS, SÍMBOLOS E UNIDADES ...................................................6
LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................7
LISTA DE TABELAS E QUADROS........................................................................................8
RESUMO ...................................................................................................................................9
ABSTRACT .............................................................................................................................11
DEFINIÇÃO OPERACIONAL DOS TERMOS .....................................................................13
INTRODUÇÃO........................................................................................................................14
1 OBJETIVOS.....................................................................................................................17
1.1 Objetivo Geral ..........................................................................................................17
1.2 Objetivos Específicos ...............................................................................................17
2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................18
2.1 Considerações Biomecânicas da Corrida .................................................................18
2.1.1 Análise cinemática............................................................................................18
2.1.2 Análise eletromiográfica...................................................................................21
2.2 Fisiologia da Corrida do Triathlon...........................................................................25
2.3 Algumas Considerações Sobre a Revisão de Literatura...........................................29
3 MATERIAL E MÉTODOS..............................................................................................30
3.1 Problema de Pesquisa...............................................................................................30
3.2 Hipóteses ..................................................................................................................30
3.3 Definição Operacional das Variáveis .......................................................................31
3.4 População e Amostra................................................................................................31
3.5 Caracterização da Pesquisa.......................................................................................32
3.6 Procedimentos de Aquisição e Processamento.........................................................32
3.6.1 Protocolo de avaliação......................................................................................32
3.6.2 Aquisição dos dados cinemáticos.....................................................................35
3.6.2.1 Processamento dos dados cinemáticos .........................................................36
3.6.3 Aquisição dos dados eletromiográficos............................................................36
3.6.3.1 Processamento dos dados eletromiográficos................................................38
3.6.4 Aquisição dos dados fisiológicos .....................................................................38
3.6.4.1 Calibração do ergoespirômetro.....................................................................38
3.6.4.2 Protocolo para aquisição do consumo máximo de oxigênio ........................39
3.6.4.3 Protocolo de aquisição do consumo de oxigênio em cada intervalo............40
3.7 Análise dos Dados ....................................................................................................41
3.8 Estudo Piloto ............................................................................................................43
4 RESULTADOS ................................................................................................................44
4.1 Dados Gerais ............................................................................................................44
4.2 Dados Cinemáticos...................................................................................................46
4.3 Dados Eletromiográficos..........................................................................................48
4.4 Dados Fisiológicos ...................................................................................................51
4.5 Comparação Específica Entre os Intervalos da Corrida no Triathlon......................52
5 DISCUSSÃO....................................................................................................................54
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................62
7 PERSPECTIVAS .............................................................................................................63
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................................................64
ANEXO 1 .................................................................................................................................72
ANEXO 2 .................................................................................................................................76
5
ANEXO 3 .................................................................................................................................78
ANEXO 4 .................................................................................................................................83
ANEXO 5 .................................................................................................................................88
6
LISTA DE ABREVIATURAS, SÍMBOLOS E UNIDADES
Sinal EMG: sinal eletromiográfico;
VO
2
: consumo de oxigênio, expresso em ml.kg
-1
.min
-1
;
VO
2
máx: consumo máximo de oxigênio, expresso em ml.kg
-1
.min
-1
;
VCO
2
: produção de gás carbônico, expressa em ml.kg
-1
.min
-1
;
LV: limiar ventilatório;
RMS: root mean square: valor indicativo do nível de ativação muscular, expresso em
percentual do pico;
m: metro, unidade de medida em escala linear;
cm: centímetro, unidade de medida em escala linear;
min: minuto, unidade de medida de tempo;
s: segundo, unidade de medida de tempo;
h: hora, unidade de medida de tempo;
km.h
-1
: quilômetro por hora, unidade de medida de velocidade linear;
kg: quilograma, unidade de medida de massa;
ml: mililitro, unidade de medida de volume;
DP: desvio-padrão.
7
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.
Ilustração do protocolo de teste................................................................... 33
Figura 2.
Utilização do ciclo simulador, adaptado à própria bicicleta de um
atleta.............................................................................................................
34
Figura 3.
Posicionamento da câmera.......................................................................... 35
Figura 4.
Sistema de eletromiografia.......................................................................... 37
Figura 5.
Velocidade em cada intervalo de corrida (1°, 5° e 9° km), nas diferentes
corridas (CT = Corrida do Triathon; CI = Corrida do Isolada; CP =
Corrida Prolongada).....................................................................................
45
Figura 6.
Médias e desvios-padrão da freqüência de passada para diferentes
corridas (CT = Corrida do Triathlon; CI = Corrida do Isolada; CP =
Corrida Prolongada) e intervalos 1, 5 e 9 (1°, 5° e 9° km); n = 9 para
todas as situações, exceto para CP9, onde n = 8..........................................
46
Figura 7.
Médias e desvios-padrão da amplitude de passada para diferentes
corridas (CT = Corrida do Triathlon; CI = Corrida do Isolada; CP =
Corrida Prolongada) e intervalos 1, 5, 9 (1°, 5° e 9° km). O colchete ()
indica diferenças significativas: (p = 0,013) e (p = 0,036); n = 9 para
todas as situações, exceto para CP9 onde n = 8...........................................
47
Figura 8.
Médias e desvio-padrão do valor RMS para o músculo bíceps femoral,
nas diferentes corridas (CT = Corrida do Triathlon; CI = Corrida do
Isolada; CP = Corrida Prolongada) e intervalos 1, 5 e 9 (1°, 5° e 9° km).
CT1, CT2, CT3, CI1, CI2, CI3 e CP1: n = 7; CP2 e CP3 n = 6..................
48
Figura 9.
Médias e desvios-padrão do valor RMS para o músculo reto femoral, nas
diferentes corridas (CT = Corrida do Triathlon; CI = Corrida do Isolada;
CP = Corrida Prolongada) e intervalos 1, 5 e 9 (1°, 5° e 9° km). CT2,
CI1, CI2: n = 8; CT1, CT3, CI3, CP1, CP2 e CP3: n = 7............................
48
Figura 10.
Médias e desvios-padrão do valor RMS para o músculo vasto lateral, nas
diferentes corridas (CT = Corrida do Triathlon; CI = Corrida do Isolada;
CP = Corrida Prolongada) e intervalos 1, 5 e 9 (1°, 5° e 9° km). O
colchete () indica diferença significativa: (p =0,044) CI1, CI2, CI3,
CP1 e CP2: n = 9; CT2: n = 8; CT1, CT3, CP3: n =
7....................................................................................................................
49
Figura 11.
Médias e desvios-padrão do valor RMS para o músculo gastrocnêmio
medial, nas diferentes corridas (CT = Corrida do Triathlon; CI = Corrida
do Isolada; CP = Corrida Prolongada) e intervalos 1, 5 e 9 (1°, 5° e 9°
km). CI1, CI2: n = 8; CT1, CT3, CI3, CP1, CP2: n = 7; CT2, CP3 n = 6...
49
Figura 12.
Médias e desvios-padrão do valor RMS para o músculo tibial anterior,
nas diferentes corridas (CT = Corrida do Triathlon; CI = Corrida do
Isolada; CP = Corrida Prolongada) e intervalos 1, 5 e 9 (1°, 5° e 9° km).
CI2 e CI3: n = 9; CT2, CI1, CP1 e CP2: n = 8; CT1: n = 6; CT3 e CP3: n
= 5................................................................................................................
50
Figura 13.
Médias e desvios-padrão do percentual do VO
2
em cada corrida (CT =
Corrida do Triathlon; CI = Corrida do Isolada; CP = Corrida Prolongada)
e intervalo 1, 5 e 9 (1°, 5° e 9° km). Os números de 1 a 8 indicam
diferenças entre o % do VO
2
máx correspondente ao valor de segundo
limiar ventilatório e o % do VO
2
máx em cada intervalo; n = 9 para todas
as situações, exceto para CP3 (n = 8)..........................................................
51
8
LISTA DE TABELAS E QUADROS
Tabela 1.
Dados antropométricos da amostra.............................................................. 33
Tabela 2.
Valores individuais, média e desvio-padrão do VO
2
máx e % do VO
2
máx
relativo ao 2° limiar ventilatório..................................................................
44
Tabela 3.
Médias e desvios-padrão das variáveis freqüência e amplitude de passada
para CT nos diferentes intervalos (1°, 5° e 9° km). Para freqüência de
passada, * e indicam p = 0,009. Para amplitude de passada * e
indicam p = 0,023........................................................................................
52
Tabela 4.
Médias e desvios-padrão do percentual do VO
2
máx em cada intervalo da
CT (1°, 5° e 9° km)......................................................................................
52
Tabela 5.
Médias e desvios-padrão dos valores RMS para os músculos bíceps
femoral, reto femoral, vasto lateral, gastrocnêmio medial e tibial anterior,
em cada intervalo da CT (1°, 5° e 9° km)....................................................
52
Quadro 1.
Testes e análises estatísticas, utilizados neste estudo nas diferentes
situações e as variáveis analisadas...............................................................
41
9
RESUMO
FRAGA, C.H.W. Comparação das variáveis cinemáticas, eletromiográficas e do consumo de
oxigênio da corrida no triathlon com uma corrida prolongada e uma corrida isolada.
Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano.
Escola de Educação Física. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2006.
A corrida representa um importante segmento do triathlon, sendo precedida pela prova
de ciclismo. A compreensão dos efeitos do ciclismo sobre o desempenho da corrida, portanto,
se torna indispensável para a otimização dos resultados finais de uma prova. O objetivo desse
estudo foi comparar as variáveis cinemáticas, eletromiográficas e o consumo de oxigênio da
corrida no triathlon com àquelas de uma corrida isolada e de uma corrida prolongada. As
seguintes variáveis foram avaliadas no presente estudo: (1) freqüência e amplitude de
passada; (2) o valor RMS (root mean square) médio do sinal EMG dos músculos bíceps
femoral, reto femoral, vasto lateral, gastrocnêmio medial e tibial anterior; e, (3) o VO
2
.
Participaram desse estudo nove triatletas do sexo masculino. O protocolo de avaliação foi
realizado em três etapas: (1) teste para obtenção do VO
2
máx, realizado em esteira
ergométrica; (2) teste que envolveu a sucessão ciclismo-corrida da prova de triathlon (CT),
com 40 km de ciclismo, seguidos de10 km de corrida – em um contexto de prova simulada; e
(3) teste de corrida prolongada (CP), em que o atleta correu o tempo correspondente aos 40
km de ciclismo somado a 10 km de corrida. Os primeiros 10 km dessa corrida prolongada
constituíram a corrida isolada (CI). Os dados cinemáticos, eletromiográficos e o VO
2
foram
coletados e analisados a partir de três intervalos: 1°, 5° e 9° km de corrida. O nível de
significância dos testes estatísticos aplicados foi de α < 0,05. Os resultados não demonstraram
10
diferenças significativas entre as diferentes corridas. Já entre os intervalos, foi verificada uma
diminuição da amplitude de passada entre os intervalos 1 e 2, e entre os intervalos 1 e 3, bem
como um aumento do valor RMS do músculo vasto lateral do intervalo 1 para o intervalo 3. A
partir da análise específica da corrida do triathlon, foi encontrado um aumento da freqüência e
da amplitude de passada entre os intervalos. A inexistência de diferenças entre as corridas se
contrapõe aos resultados de estudos encontrados na literatura. Entretanto, os presentes
resultados podem ser justificados à medida que o VO
2
de teste se manteve abaixo do VO
2
correspondente ao segundo limiar ventilatório. A existência de diferenças significativas entre
os intervalos para algumas das variáveis analisadas pode sugerir a incidência de fadiga no
transcorrer da atividade.
Palavras-chave: corrida, triathlon, ciclismo, cinemática, eletromiografia, VO
2
.
11
ABSTRACT
FRAGA, C.H.W. Comparison of kinematic and electromyographic variables and oxygen
uptake of the triathlon running with a prolonged run and an isolated run. Master thesis.
Graduate Program in Human Movement Sciences. School of Physical Education. Federal
University of Rio Grande do Sul, 2006.
Running represents an important segment of triathlon and is preceded by cycling. Therefore,
studying the influence of cycling in running performance is essential for performance
optimization. The aim of this study was to compare the kinematic and electromyographic
variables and oxygen uptake of the triathlon running with a prolonged run and an isolated run.
The following parameters were analyzed and compared: (1) the kinematic variables stride
frequency and stride length; (2) mean value of the RMS signal of EMG of the biceps femoris,
rectus femoris, vastus lateralis, gastrocnemius medialis and tibialis anterior muscles; and, (3)
the VO
2
. Nine male triathletes performed the tests, which were performed on three stages: (1)
VO
2
max test, performed on a treadmill; (2) 40km of cycling followed by 10km of running
time-trial (CT), with 40 km of cycling, followed by 10 km of running – simulated race; (3)
prolonged run test (CP): the athletes ran the time corresponding to the 40 km of cycling and
more 10 km of running after it. The first 10 km of this prolonged run test was considered the
isolated run (CI). Kinematic and eletromyographic variables and VO
2
variables were collected
and analyzed at three distinct moments: 1°, 5° e 9° km of the run. Statistical tests were applied
for an α < 0.05. No significant differences were found between the running types. Between
moments, decreased on stride length between moments 1 and 2, and between moments 1 and
3, was observed. There was an increase in the EMG signal RMS of the vastus lateralis from
12
moment 1 to moment 3. In the comparison of triathlon running moments, were found increase
in stride frequency and in stride length between moments. No differences were found in
literature between running types, a completely opposite result compared to our results.
However, these results can be justified for the VO
2
values, which remained bellow the VO
2
values corresponding to ventilatory threshold. The significant differences between moments
of some variables may suggest a fatigue effect in the results.
Key Words: running, triathlon, cycling, kinematic, electromyography, VO
2
.
13
DEFINIÇÃO OPERACIONAL DOS TERMOS
1. Corrida do Triathlon (CT): teste que envolveu a sucessão ciclismo-corrida da prova de
triathlon, com 40 km de ciclismo, seguidos de 10 km de corrida (o que corresponde às
distâncias oficiais das provas do Triathlon Olímpico).
2. Corrida Isolada (CI): teste em que o atleta correu 10 km.
3. Corrida Prolongada (CP): teste em que o atleta correu o tempo correspondente ao teste de
ciclismo previamente realizado (40 km de ciclismo), seguidos de mais 10 km de corrida. A CI
corresponde aos 10 km iniciais da CP.
4. Variáveis cinemáticas: amplitude e freqüência de passada.
4.1. Amplitude de passada: distância (em metros) que um pé percorre do intervalo do seu
contato inicial até um contato subseqüente.
4.2. Freqüência de passada: relaciona o número de passadas que são executadas em um
minuto.
5. Variáveis eletromiográficas: amplitude do sinal EMG, a partir do sinal elétrico proveniente
de contrações dos músculos bíceps femoral, reto femoral, vasto lateral, gastrocnêmio medial e
tibial anterior.
5.1. Amplitude do sinal EMG: média do valor RMS.
6. Variáveis Fisiológicas: VO
2
máx e VO
2.
14
INTRODUÇÃO
O triathlon é um esporte composto por três modalidades sucessivas (natação-ciclismo-
corrida). Esse fato ressalta a necessidade de que triatletas adquiram elevados níveis de
desempenho nessas três modalidades simultaneamente, devendo adotar, para tanto, métodos
específicos de treinamento. Para BENTLEY et al. (2002), o triathlon apresenta
especificidades que desencadeiam demandas fisiológicas e biomecânicas diferentes dos
esportes individuais que o compõem.
Espera-se que os melhores resultados da competição devam estar relacionados à
habilidade de unir adequadamente esses diferentes eventos no triathlon. Nesse sentido, seria
válido ressaltar a importância do treinamento visando aperfeiçoar as transições das seqüências
natação-ciclismo, ciclismo-corrida. Nesse contexto, destaca-se o fato da corrida ter se tornado
um elemento essencial relacionado aos resultados finais, principalmente nos primeiros
minutos após o ciclismo (transição ciclismo-corrida) – período que pode afetar
significativamente o resultado do restante da prova (HUE et al., 1998).
ROWLANDS & DOMNEY (2000) afirmam que, freqüentemente, são necessários
vários quilômetros para ajustar as mudanças na locomoção, na corrida precedida pelo
ciclismo. Dessa forma, o treinamento da transição ciclismo-corrida tem beneficiado o
desempenho no triathlon, uma vez que há uma minimização do tempo entre os estágios e uma
adaptação das demandas fisiológicas e biomecânicas necessárias para o desempenho de
atividades seqüenciais.
Conforme MARINO & GOEGAN (1993), embora muitos estudos tenham mostrado
grande interesse na análise biomecânica da corrida, há uma carência de trabalhos que
analisem as especificidades da corrida no triathlon. Dessa forma, os estudos que têm
15
procurado verificar a influência do ciclismo na corrida subseqüente apresentam respostas
muito diversas e contraditórias. Para melhor ilustrar tais respostas, HAUSSWIRTH et al.
(1996) verificaram uma diminuição da eficiência na corrida subseqüente ao ciclismo,
enquanto GOTTSCHALL & PALMER (2002) descrevem um aumento dessa eficiência.
Ainda é importante ressaltar que há grande variabilidade nas distâncias de cada prova
de triathlon, sendo que, de acordo ROWLANDS & DOMNEY (2000) e MILLET & VLECK
(2000), pode-se verificar demandas fisiológicas e adaptações biomecânicas específicas
relacionadas a cada duração de competição. Nesse contexto, conforme VITO et al. (1995),
existem poucos estudos analisando demandas fisiológicas e variáveis biomecânicas no
Triathlon Olímpico – que apresenta distâncias de 1,5 km de natação, 40 km de ciclismo e 10
km de corrida. Na tentativa de suprir a carência de trabalhos na área de biomecânica com
essas distâncias, esse estudo estabeleceu como distâncias de teste 40 km de ciclismo e 10 km
de corrida.
Destaca-se que, para análise da biomecânica da corrida no triathlon, torna-se
pertinente estabelecer-se uma comparação entre a corrida do triathlon, com uma corrida
prolongada e uma corrida isolada. Uma vez verificada a existência de alterações biomecânicas
entre as corridas analisadas, a comparação entre a corrida do triathlon e a corrida prolongada
permite verificar se essas modificações se devem à fadiga proveniente de exercícios
prolongados, ou a alterações geradas pelo tipo de exercício prévio, as quais poderão acarretar
modificações na atividade muscular e no padrão cinemático de passada.
De acordo com HAUSSWIRTH et al. (1996), há muita controvérsia acerca dos efeitos
da fadiga no custo energético, não havendo consenso sobre a quantidade e o tipo de mudanças
relacionadas a esses efeitos. Dessa forma, esses autores ressaltam a necessidade de estudos
que verifiquem o papel de variáveis biomecânicas, como a amplitude e a freqüência da
16
passada, relacionando essas variáveis com a atividade eletromiográfica dos grupos musculares
envolvidos na corrida.
Assim, o presente estudo teve seu foco centrado na análise da corrida do triathlon,
verificando as possíveis alterações biomecânicas e fisiológicas em seu desempenho a partir da
realização de exercícios prévios - sejam eles corrida ou ciclismo. O estudo específico desse
tema se justifica na medida em que a otimização do ciclismo e da corrida do triathlon
representa um importante papel no desempenho geral do triathlon, uma vez que a corrida
representa o último segmento da prova do triathlon e, portanto, um segmento importante em
termos de resultados finais (DENGEL et al., 1989). Dessa forma, esse estudo almejou
contribuir para melhora no desempenho da corrida do triathlon, mediada pela ampliação do
conhecimento de sua cinemática, ativação muscular e consumo de oxigênio.
17
1 OBJETIVOS
1.1 Objetivo Geral
Comparar as variáveis cinemáticas, eletromiográficas e o consumo de oxigênio da
corrida no triathlon com àquelas de uma corrida isolada e de uma corrida prolongada.
1.2 Objetivos Específicos
(1) Comparar a freqüência de passada e amplitude de passada de três
intervalos (início, meio e final) nas diferentes corridas;
(2) Comparar os valores RMS dos músculos bíceps femoral, reto femoral,
vasto lateral, gastrocnêmio medial e tibial anterior de três intervalos
(início, meio e final) nas diferentes corridas;
(3) Comparar o consumo de oxigênio de três intervalos (início, meio e final)
nas diferentes corridas.
18
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Considerações Biomecânicas da Corrida
2.1.1 Análise cinemática
De acordo com MARTIN & SANDERSON (2000), a corrida é uma atividade motora
altamente complexa que incorpora a ação de vários níveis do sistema nervoso, envolvendo a
contribuição de grande parte dos músculos do corpo - o que requer acentuada coordenação da
amplitude de movimento. Nesse sentido, mudanças na freqüência e amplitude de passada
exigem concomitantes alterações nos níveis de alongamento-encurtamento muscular, bem
como na taxa de força desenvolvida, o que afeta a demanda aeróbica. Dessa forma, na corrida,
o movimento dos segmentos pode ser considerado como uma ação harmônica para alcançar
uma locomoção que apresente translação do centro de massa com menor gasto de energia
possível.
De acordo com HAY (1981), a velocidade de corrida de um atleta depende da
combinação de dois fatores: (1) amplitude da passada; (2) freqüência da passada.
A amplitude da passada corresponde à soma de três distâncias: distância de impulsão,
distância de vôo e distância de chegada ao solo. A freqüência de passada corresponde ao
número de passadas executadas em um determinado tempo. Essa freqüência está diretamente
relacionada ao tempo gasto para completar uma passada completa, o qual corresponde à soma
do tempo em que o atleta está no solo com o tempo de vôo.
MARTIN & SANDERSON (2000) sugerem que a freqüência de passada – mais do
que a amplitude de passada – representa um fator crítico que determina o esforço muscular
19
durante cada ciclo de passada. Essa freqüência de passada corresponde a um parâmetro do
controle motor que é determinado pelos atributos físicos do sistema – suas características
inerciais.
BUS (2003), em um estudo comparando corredores de diferentes faixas etárias,
encontrou uma redução da velocidade para indivíduos mais velhos, a qual era acompanhada
por similar redução na amplitude de passada e aumento da freqüência de passada. Isso sugere
que a velocidade é mais influenciada pela amplitude de passada do que pela freqüência de
passada.
Vale mencionar que vários estudos têm confirmado o fato de que a velocidade
empregada na corrida é dependente em maior escala da amplitude da passada do que da
freqüência da passada (BUS, 2003; MARINO & GOEGAN, 1993; ELLIOT & ACKLAND,
1981).
HAY (1981) destaca que há evidências de que indivíduos mais altos ou com maior
segmento inferior atingiriam maior amplitude de passada, bem como menor freqüência de
passada. Já BUS (2003) não encontrou quaisquer correlações entre o tamanho de membros
inferiores com a amplitude de passada. Para esse autor, não há necessidade de uma
normalização prévia dos dados, uma vez que indivíduos mais altos não terão necessariamente
maiores passadas.
GOTTSCHALL & PALMER (2002) verificaram que a variação na escolha da
cadência do ciclismo pode afetar a velocidade de corrida subseqüente. Dessa forma, foi
observado que o uso de cadências mais elevadas no ciclismo aumentava substancialmente a
velocidade média da corrida. Em seus estudos, compararam uma corrida de 3200 metros,
realizada após três condições de ciclismo: (1) uso da cadência preferida; (2) uso de uma
cadência 20% mais rápida; (3) uso de uma cadência 20% mais lenta. Foi encontrado um
aumento de 4% na velocidade da corrida realizada após o uso de altas cadências (comparada
20
ao uso da cadência preferida), e um aumento de 7% - quando comparada ao uso de baixas
cadências. Esse aumento na velocidade foi acompanhado com similar esforço fisiológico para
os três casos (verificado através da freqüência cardíaca), aumento da freqüência de passada,
sem nenhuma alteração significativa na amplitude da passada ou ângulos articulares do
quadril, joelho ou tornozelo. Dessa forma, sugere-se que há influência da forma como o
ciclismo é realizado previamente à corrida: as altas cadências influenciam positivamente a
corrida e a cinemática da passada, sendo que triatletas poderiam obter ganhos no desempenho
da corrida se adotassem o uso de altas cadências no ciclismo.
HUE at al. (1998) compararam uma corrida do triathlon com uma corrida isolada,
ambas com 10 km, procurando avaliar os efeitos do ciclismo nas variáveis biomecânicas e
cardiorrespiratórias na corrida subseqüente. A corrida do triathlon apresentou respostas
fisiológicas específicas para variáveis metabólicas e cardiorrespiratórias (encontrando-se
maiores valores para ventilação pulmonar, consumo de oxigênio, equivalentes respiratórios
para O
2
e CO
2
, freqüência respiratória e freqüência cardíaca, quando comparados aos valores
da corrida isolada), e inespecíficas para as variáveis biomecânicas - freqüência de passada e
amplitude de passada. Esse fato poderia indicar que o ciclismo não induz a modificações no
padrão de passada da corrida. Entretanto, a corrida isolada apresentou significativo aumento
na freqüência da passada nos sete primeiros minutos de corrida, o que sugere que o ciclismo
possa induzir a fadiga muscular, evitando que comportamento semelhante pudesse ser
observado na corrida do triathlon.
Segundo ELLIOT & ACKLAND (1981), foi verificada uma mudança no padrão de
passada de corredores, relacionada a um processo de fadiga após uma corrida de 10 km. Para
fins de análise cinemática, essa corrida foi dividida em quatro estágios. Dessa forma, no
último estágio foi possível perceber uma alteração na técnica – embora não excessiva – o que
tornou os corredores menos competentes na realização da tarefa. Isto foi verificado a partir de
21
uma diminuição da velocidade da corrida, a qual está relacionada a uma redução da amplitude
de passada, pois a freqüência da passada permaneceu relativamente constante.
MARINO & GOEGAN (1993) compararam aspectos biomecânicos de uma corrida de
10 km precedida por um breve aquecimento, com uma corrida de mesma distância, precedida
por 40 km de ciclismo (corrida do triathlon). Encontraram uma significativa diminuição na
velocidade da corrida do triathlon – quando comparada à corrida isolada – sendo que essa foi
provavelmente desencadeada pela diminuição na amplitude de passada (não foi encontrada
diferença significativa na freqüência de passada). Assim, a fadiga resultante do excesso de
contração muscular pode estar relacionada a uma redução na amplitude da passada encontrada
nesse estudo. Também foram analisadas as variáveis em três diferentes intervalos: no 1° km,
no 5° km e no 9° km. Não foram encontradas diferenças significativas entre os intervalos
(para ambas as situações analisadas), tanto para a velocidade como para a amplitude de
passada. Esse fato sugere que a corrida foi realizada de forma consistente (estável sob ponto
de vista das variáveis cinemáticas). Dessa forma, justifica-se a utilização de outros recursos –
como a aplicação da análise do sinal eletromiográfico - na tentativa de melhor explicar tal
fenômeno.
2.1.2 Análise eletromiográfica
A eletromiografia pode ser definida como a técnica que estuda a função do músculo
através da análise do sinal EMG captado durante a contração muscular (BASMAJIAN & DE
LUCA, 1985). Assim, o sinal EMG advindo de potenciais de ação provenientes do músculo
pode fornecer informações que contribuem para o entendimento da ação muscular.
SODERBERG & KNUTSON (2000) descrevem que, de uma forma geral, o sinal
EMG tem sido usado para avaliar a função, controle e aprendizagem da atividade muscular.
22
Todavia, podem-se citar utilizações específicas tais como a avaliação da marcha,
determinação da fadiga e as mais diversas aplicações no esporte com objetivo de verificar a
ação muscular requerida.
Ressalta-se que a análise da atividade muscular obtida através da eletromiografia de
superfície tem sido amplamente utilizada com intuito de estudar a incidência de fadiga
muscular (HAUSSWIRTH et al., 2000; SODERBERG & KNUTSON, 2000). Para tanto,
testes isométricos revelam algumas informações importantes a respeito do estado
neuromuscular no final de exercícios prolongados (por exemplo, diferentes corridas). Nesse
sentido, situações que envolvam fadiga têm sido correlacionadas com uma diminuição dos
valores da Mediana da Freqüência (MF), bem como com um aumento do valor RMS -
verificado através da amplitude do sinal EMG (HAUSSWIRTH et al., 2000; SODERBERG &
KNUTSON, 2000).
HAUSSWIRTH et al. (2000) observaram a incidência de fadiga, mediante três
contrações isométricas do grupo muscular dos extensores do joelho (representado pelo
músculo vasto lateral), em três intervalos de uma corrida prolongada, de uma corrida do
triathlon e de uma corrida isolada. Ao longo desses três intervalos - para cada uma das
situações - foram verificados menores valores da MF, bem como maiores valores RMS. Esse
mesmo comportamento pôde ser observado para corrida prolongada (quando comparada à
corrida do triathlon), o que sugere que essa representa uma situação de maior fadiga.
Isso pode ser, em parte, explicado pela presença de contrações concêntricas e
excêntricas na corrida prolongada - diferindo do ciclismo que corresponde a uma atividade
predominantemente concêntrica. Esse fato resulta em maiores alterações nas propriedades
contráteis para corrida prolongada (HAUSSWIRTH et al., 2000; BENTLEY et al., 2002).
Assim, em exercícios que predominam contrações excêntricas, pode ser observado um
prejuízo na função da fibra muscular; especula-se que esse fato acarrete em um aumento na
23
ativação das unidades motoras – aumentando o nível de ativação neural. Dessa forma, a
corrida prolongada pode induzir a taxas de alongamento repetitivo ocasionando lesões ultra-
estruturais, as quais podem ser associadas com uma hiperpermeabilidade da célula muscular e
com redução da habilidade do tecido muscular para realizar a contração.
De acordo com HAY (1981), a corrida é composta por uma sucessão de saltos, o que
faz com que o impacto seja maior do que no ciclismo (que não apresenta as mesmas forças de
impacto sobre o sistema musculoesquelético). Além disso, os músculos durante uma corrida
são submetidos à sobrecarga correspondente a várias vezes o peso corporal em cada passada,
enquanto o mesmo não ocorre durante o ciclismo. Esses fatores também podem contribuir
para a incidência de uma maior fadiga muscular.
Destaca-se que a análise proveniente de contrações isométricas para verificar a fadiga
na corrida é mais freqüente na literatura do que os dados referentes a contrações dinâmicas
durante a corrida. Uma possível explicação para esse fato pode estar relacionada à dificuldade
da captação do sinal EMG através de eletrodos de superfície para atividades prolongadas, as
quais envolvem grande quantidade de suor.
Segundo ENOKA (2000), a fadiga muscular corresponde a uma classe de efeitos
agudos que prejudica o desempenho, sendo que tais efeitos envolvem tanto processos
motores, como sensoriais. Diferentes fatores contribuem para a instalação de um processo de
fadiga muscular, sendo que as variáveis que possuem influência sobre um sistema
sobrecarregado incluem o nível de motivação, a estratégia neural, a intensidade e duração da
atividade muscular, a velocidade de contração, e a continuidade de sustentação de uma
contração. Os processos fisiológicos podem ser afetados pelos impulsos eferentes, os
músculos e unidades motoras ativadas, a propagação do estímulo, o acoplamento excitação-
contração, a disponibilidade de substratos metabólicos, o meio intracelular, o sistema contrátil
e irrigação sanguínea para o músculo.
24
MILLET et al. (2002) procuraram examinar as alterações na função neuromuscular
após uma ultramaratona (65 km de corrida), dos músculos extensores do joelho e flexores
plantares do tornozelo. Foi encontrada uma diminuição da capacidade de produção de força
voluntária máxima (28%), acompanhada de uma redução da ativação voluntária máxima
(30%). Assim, foi observada uma redução do valor RMS, a qual se deve principalmente a
fadiga central. Todavia, a redução nos inputs neurais da musculatura ativa em exercícios
prolongados pode ser causada por vários fatores, supondo-se que haja: (1) uma redução nos
impulsos cortico-espinhais que alcançam os motoneurônios; (2) uma redução no triptofano
cerebral (que pode levar a um aumento da serotonina, induzindo a fadiga); (3) modificações
no feedback aferente, contribuindo para a inibição da excitabilidade do motoneurônio (esse
feedback pode ser afetado por fadiga das fibras intrafusais e mudanças nas propriedades de
viscosidade e elasticidade do músculo). Com isso, sugere-se que essa fadiga, após exercícios
prolongados, apresenta vários efeitos específicos nas propriedades neuromusculares - quando
comparados a exercícios de curta duração.
BENTLEY et al. (2002) ainda afirmam que o ciclismo pode alterar a mecânica da
corrida ou os padrões de recrutamento muscular da corrida subseqüente - pelas
especificidades características de cada atividade. Para HAUSSWIRTH et al. (1996) o
recrutamento de unidades motoras deve ser diferente entre o ciclismo e a corrida, o que pode
resultar em diferentes reservas de glicogênio disponíveis no início de uma corrida
subseqüente. Esse fato pode ser considerado como um dos fatores que justifica a hipótese de
que a corrida prolongada induz a maiores níveis de fadiga quando comparada com a corrida
do triathlon e com a corrida isolada.
Nessa perspectiva, HAUSSWIRTH et al. (2000) afirmam que, sendo o triathlon uma
prova que envolve três diferentes modalidades desportivas de forma consecutiva, os músculos
serão ativados de forma diferenciada. Assim, presume-se que os níveis de fadiga induzidos
25
pelo triathlon sejam menores do que uma prova com mesma duração que envolva apenas uma
modalidade esportiva (como por exemplo, uma corrida prolongada).
2.2 Fisiologia da Corrida do Triathlon
Segundo HUE et al. (1998), o aumento do consumo de oxigênio na corrida do
triathlon quando comparada à corrida isolada poderia ser relacionado a fatores fisiológicos
e/ou biomecânicos. Contudo, destaca-se que outros fatores podem conduzir a esse aumento no
consumo de oxigênio, dentre eles: (1) a disponibilidade de substratos energéticos - podemos
ter uma mudança no predomínio da energia fornecida pelos carboidratos pela oxidação de
gorduras, em exercícios prolongados; (2) a adaptações na termorregulação (hipertermia) e
desidratação; (3) a redução da eficiência ventilatória e/ou hipóxia induzida pelo exercício; (4)
o nível de desempenho dos triatletas.
Para MARTIN & SANDERSON (2000), o aumento da velocidade de corrida ocorre
sistematicamente com o aumento das demandas aeróbicas expressas por unidade de tempo
(ml.Kg
-1
.min
-1
).
De acordo com ROWLANDS & DOMNEY (2000), o desempenho em exercícios
prolongados é limitado pela capacidade do sistema aeróbico em fornecer um suprimento de
energia de forma contínua, o qual será necessário para contração muscular. Dessa forma,
podem-se citar pelo menos cinco variáveis fisiológicas que interferem no desempenho do
triathlon, sendo elas: (1) VO
2
máx.; (2) limiar de lactato; (3) economia de movimento; (4)
utilização do percentual do VO
2
máx.; e (5) disponibilidade de substratos energéticos.
Para DENGEL et al. (1989), KOHRT et al (1989) e MIURA et al. (1997), a corrida
apresenta valores de VO
2
superiores quando comparados ao VO
2
obtido na prova de ciclismo,
sendo que a natação apresentava valores ainda menores.
26
HUE et al. (2001) observaram a ocorrência de uma resposta ventilatória
significativamente maior (hiperventilação) na corrida subseqüente ao ciclismo, quando
comparada com a corrida realizada isoladamente. Esse aumento da resposta ventilatória
poderia estar associado à sensação de desconforto e diminuição do desempenho na corrida do
triathlon quando essa é comparada à corrida isolada.
Segundo VITO et al. (1995) o aumento da resposta ventilatória decorrente da fadiga
poderia ser justificado por fatores centrais e periféricos que determinam um processo de
fadiga muscular relacionado a exercícios de resistência.
Portanto, diferentes exercícios de mesma duração, realizados na mesma intensidade
metabólica, podem apresentar diferentes respostas cardiorrespiratórias, devido à
especificidade técnica de cada modalidade (BENTLEY et al., 2002). Essa afirmação retoma a
idéia de que há inúmeras adaptações específicas inerentes à prática da corrida e do ciclismo,
que proporcionam respostas tanto fisiológicas como biomecânicas diferenciadas.
Nesse sentido, KREIDER et al. (1988) compararam as respostas fisiológicas obtidas
durante uma sessão de triathlon (0,8 km de natação, 40 km de ciclismo e 10 km de corrida),
com valores observados em eventos separados, com intensidade de 70% de freqüência
cardíaca. Sendo o triathlon composto por três modalidades consecutivas, foram verificadas
respostas cardiovasculares, hemodinâmicas e térmicas diferentes, quando comparados à
prática de eventos de ciclismo e corrida isoladamente. A prática de exercícios prévios
aumentou a demanda fisiológica das atividades subseqüentes, diminuindo, assim, sua
economia. Desse fato emerge a necessidade de que atletas estejam mais bem preparados para
as últimas modalidades a serem realizadas, sugerindo a realização de um treinamento com
atividades sucessivas.
Já HAUSSWIRTH et al. (1998) realizaram um estudo comparando a corrida isolada, a
corrida do triathlon e a corrida subseqüente ao ciclismo utilizando a situação de ciclismo com
27
drafting (CD, zona de baixa pressão). Foi verificada a ocorrência de uma melhora no
desempenho para a CD, quando comparado à corrida do triathlon – embora a corrida isolada
ainda apresentasse maiores índices de desempenho (menor tempo de prova).
MIURA et al. (1997) verificaram a existência de uma relação entre a distância do
Triathlon Olímpico e o VO
2
durante um teste simulado de laboratório, no qual os atletas
trabalharam em 60% do VO
2
máx. Foi encontrado um aumento progressivo dos valores de
VO
2
e freqüência cardíaca, o qual é provavelmente causado pelo efeito residual da forma de
exercício. Isso ocorre porque há um incremento das demandas fisiológicas com o aumento do
tempo de exercício. Assim, com o aumento de VO
2
na prova da corrida do triathlon,
pressupõe-se que haja uma elevação gradual na extração periférica de oxigênio na
musculatura ativa. Além disso, um processo de fadiga na última modalidade do triathlon pode
resultar em um recrutamento de maior número de fibras musculares, levando a uma maior
contratilidade muscular; e esse fato induz a uma maior necessidade de oxigênio.
Dessa forma, sugere-se que a habilidade de sustentar um alto percentual de VO
2
máx.
individual é um importante fator a ser considerado no desempenho do triathlon. Pode-se
afirmar que o melhor triatleta será aquele que atingir maiores valores de VO
2
máx.
Para ROWLANDS & DOMNEY (2000), a economia é definida como o consumo de
oxigênio necessário para produzir uma taxa específica de potência ou velocidade de
movimento. Destaca-se que uma maior amplitude de passada tem sido relacionada a uma
maior economia – em termos de consumo de oxigênio e mensuração do lactato sanguíneo.
Para HAUSSWIRTH et al. (2000), a economia na corrida - definida como uma
estabilização das demandas aeróbicas (VO
2
) para uma dada velocidade - parece ser afetada
tanto por eventos prévios (como por exemplo, natação e ciclismo), como por fatores
fisiológicos e biomecânicos (por exemplo, amplitude da passada).
28
De acordo com DENGEL et al. (1989), a alta capacidade aeróbica sozinha não
assegura o sucesso no triathlon, o qual depende substancialmente de outras importantes
variáveis fisiológicas. Dessa forma, a economia de movimento e a capacidade de usar a menor
fração da capacidade aeróbica para uma mesma carga de trabalho durante exercícios
submáximos parecem melhor indicar o sucesso de desempenho para cada uma das
modalidades que compõem o triathlon.
HAUSSWIRTH et al. (1996) compararam três situações diferentes de corrida,
realizadas em uma mesma velocidade: (1) uma prova de 2 h 15 min de triathlon (com 45 min
de corrida); (2) uma prova de 2 h 15 min de maratona (com 45 min finais na mesma
velocidade da prova de triathlon); e, (3) 45 min de corrida isolada. Tanto a corrida do
triathlon como a corrida da maratona diminuíram a economia na corrida – quando
comparadas à corrida isolada -, demonstrando que essas alterações são verificadas em
exercícios prolongados, independentemente do esporte ser composto por várias modalidades
ou por uma modalidade singular. Entretanto, foram encontrados maiores valores de custo
energético da maratona, quando comparados à corrida do triathlon e a corrida isolada - sendo
que foi verificado efeito análogo nos valores obtidos para os parâmetros fisiológicos (VO
2
,
ventilação pulmonar, freqüência cardíaca). Já a corrida do triathlon apresentou maiores
valores para os parâmetros fisiológicos, quando comparada à corrida isolada. Portanto, a
maior diminuição de economia da corrida foi verificada para a maratona, sendo que essa pode
estar associada a uma diminuição na freqüência da passada. Dessa forma, a relação entre os
parâmetros cinemáticos e de economia do movimento, salientam a importância da seleção
adequada de variáveis biomecânicas como a amplitude ou a freqüência da passada na
otimização do desempenho da corrida.
29
2.3 Algumas Considerações Sobre a Revisão de Literatura
A partir da revisão de literatura foi possível verificar que a corrida no triathlon
representa a última etapa dessa modalidade esportiva e, portanto, um segmento importante
nos resultados finais (DENGEL et al. 1989). Eventos que precedem a corrida podem afetar o
desempenho de atletas, influenciando o resultado final. Esses diferentes eventos determinam o
que aqui é denominado de diferentes corridas, ou seja, corridas que, por apresentarem
diferentes demandas prévias apresentarão características fisiológicas e biomecânicas distintas.
Embora alguns estudos já tenham estabelecido comparações entre as diferentes
corridas (corrida do triathlon, corrida isolada e corrida prolongada), há escassez de trabalhos
que analisem simultaneamente dados cinemáticos, eletromiográficos e fisiológicos, aplicadas
às distâncias do Triathlon Olímpico. A revisão da literatura específica não revelou a
existência de estudos sobre o comportamento da amplitude do sinal EMG durante a corrida do
triathlon.
Além disso, não foram encontrados na literatura estudos que tivessem avaliado as
variáveis cinemáticas, eletromiográficas e fisiológicas em uma situação de competição.
Portanto, o presente estudo estabeleceu protocolo com uma situação de competição que
permitiu avaliar as variáveis anteriormente descritas com os atletas em situações de
desempenho mais próximas de sua condição de prova.
30
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Problema de Pesquisa
Há diferenças nas variáveis cinemáticas, eletromiográficas e no consumo de oxigênio
da Corrida no Triathlon, quando comparada a Corrida Prolongada e a Corrida Isolada?
3.2 Hipóteses
H1: Na corrida prolongada, a amplitude de passada será menor e a freqüência de passada
maior, comparada à corrida do triathlon. Por sua vez, a corrida do triathlon apresentará
amplitude de passada menor e freqüência de passada maior em relação à corrida isolada.
H2: A amplitude de passada diminuirá ao longo dos 10 km e a freqüência de passada
aumentará nas diferentes corridas.
H3: O valor RMS médio de todos os músculos será maior na corrida prolongada do que na
corrida do triathlon e, maior na corrida do triathlon do que na corrida isolada.
H4: O valor RMS médio aumentará ao longo dos 10 km nas diferentes corridas.
H5: O VO
2
será maior na corrida prolongada do que na corrida do triathlon, e maior na
corrida do triathlon do que na corrida isolada.
H6: O VO
2
aumentará ao longo dos 10 km nas diferentes corridas.
31
3.3 Definição Operacional das Variáveis
As variáveis independentes são a corrida do triathlon, a corrida isolada e a corrida
prolongada. As variáveis dependentes correspondem as variáveis cinemáticas (amplitude da
passada e freqüência de passada), eletromiográficas (análise do valor RMS do sinal EMG, a
partir do sinal elétrico proveniente de contrações dos músculos bíceps femoral, reto femoral,
vasto lateral, gastrocnêmio medial e tibial anterior) e o VO
2
.
3.4 População e Amostra
A população foi de triatletas do sexo masculino, registrados na Federação Gaúcha de
Triathlon, sendo que a amostra foi composta por nove indivíduos. O critério de inclusão para
seleção da amostra foi o segundo limiar ventilatório acima de 80% do VO
2
máx, bem como
um tempo de prática de, no mínimo, dois anos na modalidade.
Previamente à realização dos testes, foram fornecidas informações detalhadas a
respeito dos procedimentos a serem utilizados na coleta de dados, salientado que o atleta
poderia retirar-se da investigação a qualquer momento, se assim desejasse. Foi fornecido um
termo de consentimento, no qual o atleta, mediante sua assinatura, concordou com sua
participação voluntária nessa pesquisa (anexos 1 e 2). O projeto foi submetido à aprovação
pelo Comitê de Pesquisa da Escola de Educação Física, da UFRGS.
32
Na tabela a seguir são apresentadas algumas características da amostra desse estudo.
Tabela 1. Dados antropométricos da amostra.
Idade Estatura
(m)
Massa
(kg)
Tempo de treino
(anos)
Média 32 1,76 76,43 5,33
DP 5,87 0,05 6,61 3,28
3.5 Caracterização da Pesquisa
Essa pesquisa caracteriza-se por ser do tipo ex-post-facto, no modelo descritivo
comparativo, com corte transversal.
3.6 Procedimentos de Aquisição e Processamento
3.6.1 Protocolo de avaliação
Os testes foram realizados em três etapas: (1) teste para obtenção do consumo máximo
de oxigênio, realizado na esteira; (2) teste que envolveu a sucessão ciclismo-corrida da prova
de triathlon, 40 km de ciclismo, seguidos de10 km de corrida - distâncias oficiais das provas
do Triathlon Olímpico; (3) teste de corrida prolongada, em que o atleta correu o tempo
correspondente aos 40 km de ciclismo somado a 10 km de corrida. Os primeiros 10 km dessa
corrida prolongada constituíram a corrida isolada (Figura 1). Todos os testes foram realizados
com um intervalo de, no mínimo, 48 horas eles, na tentativa de evitar que a fadiga pudesse
33
interferir nos resultados. Destaca-se que a viabilidade desse protocolo foi testada previamente
(FRAGA et al., 2005).
O primeiro teste foi realizado no intuito de possibilitar posterior comparação com as
intensidades obtidas nas corridas, em relação ao VO
2
máx.
A partir dos testes 2 e 3, foi realizada uma análise cinemática, eletromiográfica e do
VO
2
em cada uma das três corridas de 10 km, sobre as diferentes situações anteriormente
citadas. Dessa forma, os dados foram coletados e analisados a partir de três intervalos: a
Figura 1. Ilustração do protocolo de teste, sendo apresentadas a Corrida do Triathlon (CT) e a
Corrida Prolongada (CP) - nessa última, os primeiros 10 km correspondem a Corrida Isolada (CI).
Todas as corridas apresentam três intervalos de coleta dos dados cinemáticos, eletromiográficos e
de
co
n
su
m
o
de
o
xi
ni
o:
,
e
9
° km
.
34
primeira coleta, realizada no 1° km; a segunda, no 5° km; e, a terceira, no 9° km. Ressalta-se
que o tempo de transição ciclismo-corrida e corrida-corrida foi o menor possível -
aproximadamente 1 minuto.
No intuito de simular a intensidade real de prova, tornando essa avaliação a mais
fidedigna possível, foi estabelecida uma competição entre os atletas, do tipo “contra-relógio”,
na corrida do triathlon, para qual foi estabelecida premiação previamente divulgada (anexo
5). A velocidade média obtida nessa corrida foi posteriormente utilizada para padronizar a
corrida prolongada – sendo que essa velocidade foi calculada a partir da média da velocidade
registrada em cada um dos 10 km da corrida do triathlon.
Para o teste que envolveu o ciclismo, foi utilizado um ciclo simulador da marca
Cateye, modelo CS1000, o qual permitiu que a avaliação fosse realizada na própria bicicleta
do atleta (Figura 2).
Figura 2. Utilização do ciclo simulador, adaptado à própria bicicleta de um atleta.
O atleta utilizou os ajustes habituais em sua bicicleta (como por exemplo, altura do
selim) de acordo com sua escolha, sem qualquer padronização, para que se criasse uma
situação mais aproximada da condição de prova. Destaca-se que a cadência de pedalada
também não foi determinada, podendo o atleta escolher sua cadência preferida.
35
Para avaliação da corrida, foi utilizada uma esteira da marca Quinton (USA).
3.6.2 Aquisição dos dados cinemáticos
Para coleta dos dados cinemáticos, foi realizada, em cada intervalo, uma filmagem de
um minuto, sendo que foi analisado um total de10 passadas.
Para tanto, foi utilizado um sistema de cinemetria Peak Motus (Peak Performance,
Inc., USA), em uma análise bidimensional no plano sagital de movimento (cinemetria 2D).
Esse sistema inclui equipamentos como uma câmera da marca Pulmix, videocassetes, fitas
super VHS, computador e um módulo de sincronismo, que permitiu que os sinais
eletromiográficos fossem coletados simultaneamente aos dados cinemáticos. O módulo de
sincronismo fornecia um ponto luminoso capturado nas imagens dos dados cinemáticos
juntamente um pulso elétrico nos sinais eletromiográficos. A câmera foi posicionada sobre um
tripé a uma distância de 4,25 m da esteira, com uma altura de 90 cm, operando com uma
freqüência de amostragem de 60 Hz (figura 3).
Esteira Rolante
Câmera
60 Hz
4
,
25
m
Figura 3. Posicionamento da câmera
36
Uma régua de calibração de um metro de comprimento foi posicionada no início da
filmagem, com intuito de definir a escala linear que foi utilizada.
Um marcador reflexivo, com aproximadamente dois cm
2,
foi posicionado no ponto
anatômico de referência do calcanhar esquerdo (calcâneo esquerdo).
3.6.2.1 Processamento dos dados cinemáticos
Para a digitalização das imagens, foi utilizado o sistema Peak Motus (Peak
Performance, Inc., USA) - pertencente ao Laboratório de Biomecânica da UFSM - o qual
permite o cálculo de coordenadas espaciais do ponto do calcâneo em relação a um referencial
inercial, obtendo-se, assim, as variáveis correspondentes à freqüência e amplitude da passada.
Após a imagem ser adquirida e digitalizada, os dados foram expostos a um filtro do
tipo Butterwoth de ordem quatro, adotando-se uma freqüência de corte de seis Hz.
Para um total de dez passadas, foram calculados os valores médios referentes à
amplitude de passada (expresso em metros) e à freqüência de passada (expressa em número
de passadas por minuto). Isso permitiu a normalização considerando 100% de um ciclo médio
de passada.
3.6.3 Aquisição dos dados eletromiográficos
A coleta do sinal eletromiográfico foi realizada simultaneamente com os dados
cinemáticos em três intervalos, para cada corrida analisada. Destaca-se que foi considerado
como momento inicial para os dados cinemáticos e eletromiográficos, o primeiro toque do
calcanhar no solo, após o pulso de sincronismo.
Os eletrodos foram alinhados longitudinalmente às fibras musculares e fixados sobre a
pele que recobria o ventre muscular dos músculos bíceps femoral, reto femoral, vasto lateral,
37
gastrocnêmio medial e tibial anterior. O eletrodo de referência foi fixado sobre a pele
recobrindo a face anterior da tíbia.
Para a obtenção do sinal EMG, foi utilizado um computador CELERON 1000 Hz, um
conversor análogo-digital de 16 canais CODAS (Dataq Instruments, Inc., Akron, USA) e um
eletromiógrafo de oito canais BORTEC (Bortec Eletronics Inc., Calgary, Canada) (Figura 4).
Figura 4. Sistema de eletromiografia
Para o registro do sinal EMG foram utilizados eletrodos de superfície (Ag/AgCl;
adesivo de fixação com diâmetro de 2,2 cm, na configuração bipolar. Os sinais EMG foram
obtidos de cada um dos músculos, com uma freqüência de 2000 Hz. Foram observadas
rigorosamente todas as normas pertinentes ao registro adequado de sinais EMG, como
tricotomia, limpeza do local com álcool, colocação dos eletrodos e verificação da impedância
(aceita quando inferior a 5KΩ), sugeridas por MERLETTI (1999) e recomendados pela
Sociedade Internacional de Eletrofisiologia e Cinesiologia (SODERBERG & KNUTSON,
2000).
38
3.6.3.1 Processamento dos dados eletromiográficos
Para o processamento dos sinais EMG foi utilizado o sistema SAD32 de aquisição de
dados [(versão 2.61.07mp, 2002) (www.ufrgs.br/lmm)]. O sinal EMG foi exposto a um filtro
passa-banda do tipo Butterworth de ordem cinco, com freqüência de corte de 10 a 500 Hz, e,
posteriormente, analisado no domínio do tempo, a partir do cálculo de um envoltório linear,
em intervalos de 40 ms (janelamento de Hamming) (NEPTUNE et al., 1997). Foram
realizados recortes correspondentes a dez ciclos de passada em cada intervalo de coleta, com
início e final registrados a partir dos dados cinemáticos. Uma curva média foi calculada para
cada recorte de dez ciclos de passada, a qual foi normalizada no eixo vertical pelos valores de
pico (CANDOTTI, 2003). Também foi aplicada uma normalização no eixo horizontal em
relação ao ciclo de passada. Dessa forma, os sinais foram expressos em relação ao percentual
do ciclo total da passada.
Esse processamento foi realizado mediante a utilização de uma rotina descrita no
anexo 3. Para análise da amplitude do sinal EMG, foram extraídos os valores RMS médios.
3.6.4 Aquisição dos dados fisiológicos
3.6.4.1 Calibração do ergoespirômetro
O procedimento de calibração foi adotado em todos os dias de coleta de dados. A
calibração do ergoespirômetro incluiu procedimentos de calibração do pneumotacógrafo e do
analisador de gases. Uma calibração completa foi realizada pelo menos uma vez por dia. Se as
condições das coletas de dados fossem alteradas durante o dia por qualquer razão (por
39
exemplo, alterações consideráveis na temperatura ou falta de energia elétrica), o procedimento
completo era repetido.
Procedimentos para calibração:
a) Informação das condições ambientais: antes do início do processo de calibração
foram registrados os valores de temperatura ambiente, pressão atmosférica e umidade relativa
do ar.
b) Calibração do volume no pneumotacógrafo: inicialmente foi feita eletronicamente
pelo sistema a calibração do volume zero no pneumotacógrafo. Nesse intervalo, foi
importante assegurar que não houve movimento do ar ou respiração perto do
pneumotacógrafo, o que poderia introduzir fluxo. Em seguida, foi realizada a calibração do
volume com cinco injeções e ejeções de ar em diferentes velocidades através do
pneumotacógrafo com uma seringa de três litros.
c) Calibração do analisador de gases: consiste no ajuste das concentrações de O
2
e
CO
2
de acordo com as concentrações dos cilindros de referência (21% O
2
e nitrogênio para
balanço) e de calibração (12% O
2
, 5,09% CO
2
, e nitrogênio para balanço), da empresa Air
Products. Por último, foi feita a medida da phase delay, ou seja, a diferença de tempo entre a
detecção do fluxo pelo pneumotacógrafo, praticamente instantânea, e as medidas das
concentrações dos gases pelo analisador.
3.6.4.2 Protocolo para aquisição do consumo máximo de oxigênio
Teste máximo: Antes da realização do teste, os voluntários foram instruídos a realizar
um breve alongamento, seguido da colocação do monitor de freqüência cardíaca (marca Polar,
modelo S610), assim como a máscara de coleta de gases acoplada ao ergoespirômetro.
40
O teste de carga máxima progressiva foi realizado em esteira da marca Quinton
(USA), conforme o protocolo adaptado proposto por LUCÍA et al. (2000). O protocolo
consistiu de uma carga de exercício inicial de 9 km.h
-1
, com incrementos adicionais de 1
km.h
-1
a cada 1 min até a exaustão, e recuperação a 9 km.h
-1
. O exercício foi interrompido por
solicitação do voluntário ou quando houve platô na curva de VO
2
.
Durante todo o teste foi realizada a ergoespirometria computadorizada, de onde foram
obtidos o VO
2
, a produção de CO
2
(VCO
2
) e a ventilação (VE), e a eletrocardiografia, para a
determinação da freqüência cardíaca. A partir dos resultados foram determinados os limiares
ventilatórios. O VO
2
do primeiro limiar ventilatório (LV
1
) foi determinado a partir do
primeiro aumento (ponto de deflexão na curva de incremento) na VE, proporcional ao
aumento na produção de CO
2
. Como resultado, o equivalente ventilatório de oxigênio
(VE.VO
2
-1
) aumenta sem nenhuma alteração no equivalente ventilatório de CO
2
(VE.VCO
2
-1
).
O segundo limiar ventilatório (LV
2
), que representa uma intensidade alta com considerável
acúmulo de lactato (a produção excede a metabolização) e é acompanhado por uma
hiperventilação em resposta à acidose, foi determinado através do aumento simultâneo no
VE.VO
2
-1
e do VE.VCO
2
-1
, enquanto que a pressão expirada de CO
2
(P
ET
CO
2
) começa a
aumentar. O VO
2
máx foi determinado como o maior valor obtido em períodos de 30 s
durante o teste.
3.6.4.3 Protocolo de aquisição do consumo de oxigênio em cada intervalo
Para cada corrida de 10 km analisada, foram coletados os valores referentes ao VO
2
nos intervalos do 1°, 5° e 9° km, logo após a coleta dos dados cinemáticos e
eletromiográficos. A fim de evitar o desconforto do uso contínuo da ergoespirometria durante
todo teste de 10 km, o atleta posicionou a máscara de oxigênio (que está acoplada ao
41
ergoespirômetro) em seu rosto, para coleta de gases, por um período de 1 min. O VO
2
em
cada intervalo foi calculado através da média dos valores coletados durante esse período de
um minuto, extraindo os valores considerados extremos.
O VO
2
aqui obtido foi posteriormente relacionado ao VO
2
máx, o que possibilitou
verificar a intensidade de cada teste. Também foi possível estabelecer uma relação entre os
dados biomecânicos e os dados fisiológicos, uma vez que esses são coletados quase que
simultaneamente.
3.7 Análise dos Dados
Inicialmente foram calculados as médias e os desvios padrão para todas as variáveis. A
seguir, foi avaliada a normalidade da distribuição dos dados com teste de Shapiro-Wilk. Para
os dados que não apresentaram normalidade de distribuição, foi aplicada uma transformada
logarítmica (CALLEGARI-JACQUES, 2003). Foi avaliada, também, a esfericidade dos dados
com teste de Mauchly.
Uma ANOVA para medidas repetidas foi realizada em um modelo misto de dois
fatores (3X3): três corridas e três intervalos. A fim de identificar as possíveis diferenças
significativas, foi aplicado um teste post-hoc LSD. Foi verificada, também, a interação entre
as corridas e os intervalos.
Para comparar os intervalos específicos da corrida no triathlon, foi aplicada uma
ANOVA para medidas repetidas de um fator.
Um teste t de Student para dados pareados foi aplicado com o intuito de verificar as
possíveis diferenças entre o percentual do VO
2
relativo ao segundo limiar ventilatório e o
percentual do VO
2
em cada corrida e intervalo.
42
Foi considerado, para todos os cálculos, α < 0,05. Para a realização do tratamento
estatístico foi utilizado o aplicativo SPSS (Statistical Package for Social Sciences), versão
12.0.
O quadro 1, a seguir, resume a análise estatística utilizada neste estudo.
Quadro 1. Testes e análises estatísticas, utilizados neste estudo nas diferentes situações e as
variáveis analisadas.
Teste e condições Variáveis
Teste de Shapiro-Wilk Fisiológicas e biomecânicas em diferentes
corridas e intervalos
Transformada logarítmica Fisiológicas e biomecânicas em diferentes
corridas e intervalos.
Teste de Mauchly Fisiológicas e biomecânicas em diferentes
corridas e intervalos
Análise de variância (ANOVA) para
medidas repetidas em um modelo
misto de dois fatores (3X3)
Fisiológicas e biomecânicas em diferentes
corridas e em diferentes intervalos, bem como a
interação entre esses fatores
Análise de variância (ANOVA) para
medidas repetidas de um fator
Fisiológicas e biomecânicas entre os intervalos
da corrida no triathlon
Teste t de Student para dados
pareados
% do VO
2
relativo ao 2° limar ventilatório e %
do VO
2
em cada corrida e intervalo
Teste post-hoc LSD Identificar as diferenças indicadas pelas análises
de variância
43
3.8 Estudo Piloto
Com o intuito de testar a metodologia empregada nesse trabalho, foi realizado um
estudo piloto, no qual participou um triatleta, do sexo masculino, que, posteriormente, fez
parte da amostra oficial.
Os resultados do estudo piloto (FRAGA et al., 2005) permitiram verificar que a
metodologia estava de acordo com os objetivos que aqui foram propostos.
4 RESULTADOS
Esse capítulo apresenta os resultados na forma de figuras e tabelas. Para tanto, foi
estabelecida a seguinte ordem de apresentação: dados gerais (VO
2
máx e percentual do VO
2
máx relativo ao segundo limiar ventilatório; dados da velocidade de teste nas corridas); dados
cinemáticos (freqüência e amplitude de passada); dados eletromiográficos (valor RMS dos
músculos bíceps femoral, reto femoral, vasto lateral, gastrocnêmio medial e tibial anterior);
dados do VO2; e, dados da comparação específica entre os intervalos da corrida no triathlon.
Para facilitar a apresentação dos resultados, foram utilizadas as seguintes
nomenclaturas: CT (corrida do triathlon), CP (corrida prolongada) e CI (corrida isolada), C1
(intervalo no 1° km de corrida), C5 (intervalo no 5° km de corrida) e C9 (intervalo no 9° km
de corrida).
Os dados referentes à análise da normalidade de distribuição e de sua esfericidade,
para as diferentes corridas e intervalos, são apresentados no anexo 4.
4.1 Dados Gerais
A tabela 2 apresenta os dados do VO
2
máx e do segundo limiar ventilatório para cada
atleta, bem como a média e desvio-padrão dos indivíduos avaliados.
45
Tabela 2. Valores individuais, média e desvio-padrão do VO
2
máx e % do VO
2
máx relativo ao 2° limiar
ventilatório.
VO
2
máx
(ml.kg
-1
.min
-1
)
2° LV
(%VO
2
máx)
atleta 1
74 84
atleta 2
66 92
atleta 3
58,6 85
atleta 4
59,3 86
atleta 5
60 85
atleta 6
58,5 86
atleta 7
49,6 83
atleta 8
51,6 82
atleta 9
50,2 87
Média 58,64 85,59
DP 7,87 2,94
Na figura 6 são apresentados os resultados referentes à velocidade de teste, a qual foi
escolhida pelo próprio atleta na corrida do triathlon. Essa velocidade é apresentada em cada
intervalo da CT, e foi mantida constante nos diferentes intervalos de CI e CP. A figura 7
demonstra que o grupo de triatletas avaliados utilizou uma estratégia de aumento progressivo
de velocidade no transcorrer da CT (13,4 km.h
-1
, 13, 9 km.h
-1
e 14,4 km.h
-1
, em cada intervalo,
respectivamente). Conforme o protocolo proposto, a velocidade deveria ser mantida constante
durante a CI e CP (14 km.h
-1
).
46
12
13
14
15
16
C1 C5 C9
Corridas e Intervalos
Velocidade (km.h
-1
)
CT
CI e CP
Figura 5. Velocidade média em cada intervalo de corrida (1°, 5° e 9° km), nas diferentes corridas (CT= Corrida
do Triathon; CI = Corrida do Isolada; CP = Corrida Prolongada). A velocidade de CP e CI foi normalizada pela
velocidade média em CT.
4.2 Dados Cinemáticos
Os resultados referentes à comparação dos valores de freqüência de passada, nas
diferentes corridas e intervalos, são apresentados na figura 7. Não foram encontradas
diferenças entre as corridas e intervalos analisados para essa variável.
47
0
25
50
75
100
CT1 CT5 CT9 CI1 CI5 CI9 CP1 CP5 CP9
Corridas e Intervalos
Freqüência de passada (passada.min
-1
)
Figura 6. Médias e desvios-padrão da freqüência de passada para diferentes corridas (CT= Corrida do Triathlon;
CI = Corrida do Isolada; CP = Corrida Prolongada) e intervalos 1, 5 e 9 (1°, 5° e 9° km); n = 9 para todas as
situações, exceto para CP9, onde n = 8.
Os resultados referentes à comparação dos valores de amplitude de passada, nas
diferentes corridas e intervalos, são apresentados na figura 8. Ocorreu uma redução na
amplitude de passada entre os intervalos C1 e C5 (do 1° km para o 5° km), e C1 e C9 (do 1°
km para o 9° km) para todas as corridas.
48
0,90
0,95
1,00
1,05
C1 C5 C9
Intervalos
Amplitude de passada (m)
Figura 7. Médias da amplitude de passada para os diferentes intervalos 1, 5, 9 (1°, 5° e 9° km). O colchete ()
indica diferenças significativas: (p = 0,013) e (p = 0,036); n = 9 para todas as situações, exceto para CP9
onde n = 8.
4.3 Dados Eletromiográficos
São apresentados nas figuras 9, 10, 11, 12 e 13, os dados referentes à média dos
valores RMS do sinal EMG para os músculos bíceps femoral, reto femoral, vasto lateral,
gastrocnêmio medial e tibial anterior, respectivamente. Não houve diferença significativa
entre os valores RMS das diferentes corridas nas comparações respectivas de cada músculo.
Foi encontrado um aumento do valor RMS somente entre os intervalos C1 e C9 (p = 0,044)
no músculo vasto lateral (figura 11).
*
49
0
10
20
30
40
CT1 CT5 CT9 CI1 CI5 CI9 CP1 CP5 CP9
Corridas e Intervalos
Valor RMS (% do pico)
Figura 8. Médias e desvio-padrão do valor RMS para o músculo bíceps femoral, nas diferentes corridas (CT=
Corrida do Triathlon; CI = Corrida do Isolada; CP = Corrida Prolongada) e intervalos 1, 5 e 9 (1°, 5° e 9° km).
CT1, CT2, CT3, CI1, CI2, CI3 e CP1: n = 7; CP2 e CP3 n = 6.
0
10
20
30
40
CT1 CT5 CT9 CI1 CI5 CI9 CP1 CP5 CP9
Corridas e Intervalos
Valor RMS (% do pico)
Figura 9. Médias e desvios-padrão do valor RMS para o músculo reto femoral, nas diferentes corridas (CT=
Corrida do Triathlon; CI = Corrida do Isolada; CP = Corrida Prolongada) e intervalos 1, 5 e 9 (1°, 5° e 9° km).
CT2, CI1, CI2: n = 8; CT1, CT3, CI3, CP1, CP2 e CP3: n = 7.
50
0
10
20
30
40
CT1 CT5 CT9 CI1 CI5 CI9 CP1 CP5 CP9
Corridas e Intervalos
Valor RMS (% do pico)
Figura 10. Médias e desvios-padrão do valor RMS para o músculo vasto lateral, nas diferentes corridas (CT=
Corrida do Triathlon; CI = Corrida do Isolada; CP = Corrida Prolongada) e intervalos 1, 5 e 9 (1°, 5° e 9° km). O
colchete () indica diferença significativa: (p =0,044) CI1, CI2, CI3, CP1 e CP2: n = 9; CT2: n = 8; CT1, CT3
e CP3: n = 7.
0
10
20
30
40
CT1 CT5 CT9 CI1 CI5 CI9 CP1 CP5 CP9
Corridas e Intervalos
Valor RMS (% do pico)
Figura 11. Médias e desvios-padrão do valor RMS para o músculo gastrocnêmio medial, nas diferentes corridas
(CT= Corrida do Triathlon; CI = Corrida do Isolada; CP = Corrida Prolongada) e intervalos 1, 5 e 9 (1°, 5° e 9°
km). CI1, CI2: n = 8; CT1, CT3, CI3, CP1, CP2: n = 7; CT2, CP3 n = 6.
51
0
10
20
30
40
CT1 CT5 CT9 CI1 CI5 CI9 CP1 CP5 CP9
Corridas e Intervalos
Valor RMS (% do pico)
Figura 12. Médias e desvios-padrão do valor RMS para o músculo tibial anterior, nas diferentes corridas (CT=
Corrida do Triathlon; CI = Corrida do Isolada; CP = Corrida Prolongada) e intervalos 1, 5 e 9 (1°, 5° e 9° km).
CI2 e CI3: n = 9; CT2, CI1, CP1 e CP2: n = 8; CT1: n = 6; CT3 e CP3: n = 5.
4.4 Dados Fisiológicos
Na figura 14 são apresentados os valores de média e desvio-padrão do percentual do
VO
2
máx para cada corrida e intervalo, bem como do percentual do VO
2
máx para o segundo
limar ventilatório. A análise do percentual do VO
2
máx não indicou diferenças entre as
corridas e intervalos. Entretanto, o percentual do VO
2
máx correspondente ao segundo limiar
ventilatório foi maior que os percentuais do VO
2
máx. nas diferentes corridas e intervalos,
exceto em CT9.
52
0
20
40
60
80
100
Limiar
CT1 CT5 CT9 CI1 CI5 CI9 CP1 CP5 CP9
Corridas e Intervalos
% do VO
2
máx
Figura 13. Médias e desvios-padrão do percentual do VO
2
máx
em cada corrida (CT= Corrida do Triathlon; CI
= Corrida do Isolada; CP = Corrida Prolongada) e intervalo 1, 5 e 9 (1°, 5° e 9° km). Os números de 1 a 8
indicam diferenças entre o % do VO
2
máx correspondente ao valor de segundo limiar ventilatório e o % do VO
2
máx em cada intervalo; n = 9 para todas as situações, exceto para CP3 (n = 8).
4.5 Comparação Específica Entre os Intervalos da Corrida no Triathlon
A análise das variáveis biomecânicas e fisiológicas entre os intervalos da corrida no
triathlon se torna pertinente, uma vez que esse estudo tem como enfoque a análise dessa
corrida específica.
Na tabela 3 são apresentadas as médias e desvios-padrão das variáveis cinemáticas
freqüência de passada e amplitude de passada. Houve um aumento da freqüência de passada
do 1° km para o 9° km, e do 5° km para o 9° km. Também foi observado um aumento da
amplitude de passada do 1° km para 5° km, e do 1° km para o 9° km.
1a 8
1 2 3 4
5
6 7 8
53
Tabela 3: Médias e desvios-padrão das variáveis freqüência e amplitude de passada para CT nos diferentes
intervalos (1°, 5° e 9° km). Para freqüência de passada, * e indicam p = 0,009. Para amplitude de passada * e
indicam p = 0,023.
Freqüência de passada
(passada/min)
Amplitude de passada
(metros)
1° km 85,28 ± 3,73 * 1,03 ± 0,21 *
5° km 85,31 ± 3,30 1,05 ± 0,19 *
9° km 86,81 ± 3,64 * 1,07 ± 0,19
Na tabela 4 são apresentados os valores de percentual do VO
2
máx em cada intervalo
da CT. Na tabela 5 são apresentados os valores RMS para os músculos bíceps femoral, reto
femoral, vasto lateral, gastrocnêmio medial e tibial anterior. Não foram encontradas
diferenças para o VO
2
máx e para os valores RMS entre os intervalos analisados.
Tabela 4: Médias e desvios-padrão do percentual do VO
2
máx em cada intervalo da CT (1°, 5° e 9° km).
Percentual do VO
2
máx
em cada intervalo de CT
1° km 74,70 ± 9,39
5° km 76,76 ± 7,94
9° km 80,60 ± 7,78
Tabela 5: Médias e desvios-padrão dos valores RMS normalizado para os músculos bíceps femoral, reto
femoral, vasto lateral, gastrocnêmio medial e tibial anterior, em cada intervalo da CT (1°, 5° e 9° km).
bíceps
femoral
reto
femoral
vasto
lateral
gastrocnêmio
medial
tibial
anterior
1° km 22,79 ± 3,57 19,27 ± 6,97 20,07 ± 3,66 23,73 ± 2,91 22,39 ± 3,36
5° km 22,91 ± 3,05 21,23 ± 2,85 20,74 ± 2,87 24,04 ± 1,88 26,56 ± 3,80
9° km 24,6 ± 3,19 23,42 ± 5,78 24,07 ± 2,86 26,7 ± 1,77 27,19 ± 2,16
54
5 DISCUSSÃO
O presente estudo procurou verificar se, no triathlon, o ciclismo era capaz de
influenciar a corrida subseqüente, considerando aspectos cinemáticos, eletromiográficos e o
VO
2
. Para tanto, foi estabelecida a comparação entre três corridas - Corrida do Triathlon,
Corrida Isolada e Corrida Prolongada -, bem como entre três intervalos em cada uma dessas
corridas - 1°, 5° e 9° km.
A partir da primeira hipótese desse estudo, era esperado que, na corrida prolongada, a
amplitude de passada fosse menor e a freqüência de passada maior, comparada à corrida do
triathlon. Além disso, também era esperado que a corrida do triathlon apresentasse amplitude
de passada menor e freqüência de passada maior em relação à corrida isolada.
Já na hipótese (2), esperava-se que a amplitude de passada diminuísse e a freqüência
de passada aumentasse ao longo dos 10 km, nas diferentes corridas.
A hipótese (1) foi rejeitada na medida em que não foram encontradas diferenças nas
variáveis cinemáticas entre as diferentes corridas (figuras 7 e 8).
Os resultados da figura 8 demonstram uma redução na amplitude de passada de todas
as corridas ao longo dos intervalos (do 1° km para o 5° km; e, do 1° km para o 9° km),
confirmando parcialmente a hipótese (2). No entanto, não foi demonstrado um aumento na
freqüência de passada, conforme descrito na hipótese (2), (figura 7).
Esses dados estão de acordo com MARINO & GOEGAN (1993) e ELLIOT &
ACKLAND (1981), os quais afirmam que, na análise da fadiga, a amplitude de passada
representa um parâmetro mais sensível de mudança quando comparado à freqüência de
passada.
MARINO & GOEGAN (1993) comparando uma corrida isolada com uma corrida do
triathlon encontraram significativa diminuição na velocidade na corrida do triathlon, sendo
55
que essa foi acompanhada por diminuição na amplitude de passada (não foi encontrada
diferença significativa na freqüência de passada). Já, ELLIOT & ACKLAND (1981),
analisando a fadiga a partir de quatro estágios de uma corrida de 10 km, perceberam uma
diminuição da velocidade da corrida no último estágio, também relacionada a uma redução da
amplitude de passada, sendo que a freqüência da passada permaneceu relativamente
constante.
De acordo com CAVANAGH & KRAM (1990), o aumento da velocidade parece estar
associado com a manutenção da freqüência de passada de forma aproximadamente constante,
o que acarreta necessariamente em um aumento da amplitude de passada.
No que se refere aos dados de ativação elétrica dos diferentes músculos, era esperado
que o valor RMS médio de todos os músculos fosse maior na corrida prolongada do que na
corrida do triathlon e, maior na corrida do triathlon do que na corrida isolada (hipótese 3), e
que o valor RMS médio aumentasse ao longo dos 10 km nas diferentes corridas (hipótese 4).
Os dados EMG demonstraram que não houve diferença entre os valores RMS das
diferentes corridas, rejeitando a hipótese (3). Já o aumento significativo do valor RMS do
músculo vasto lateral, do intervalo 1 para o intervalo 9 (1° km para o 9° km), confirmou
parcialmente a hipótese (4).
Assim, foi possível constatar uma resposta diferenciada na atuação dos músculos
extensores do joelho aqui analisados (reto femoral e vasto lateral). Foi verificada diferença
somente para o músculo vasto lateral, que é monoarticular. Nessa perspectiva, SILVA &
GONÇALVES (2005), em um estudo envolvendo contrações isométricas, encontraram
respostas diferenciadas para o valor RMS nos músculos do quadríceps, sendo que o músculo
reto femoral não apresentou predomínio de características de fadiga pelo comportamento do
valor RMS, diferentemente do músculo vasto lateral. Para esses autores, isso demonstra que,
quando uma sobrecarga é aplicada no grupo muscular do quadríceps femoral com objetivo de
56
força ou resistência, diferentes respostas decorrentes da fadiga são obtidas entre os músculos
superficiais deste grupo.
Especula-se, assim, que existam algumas peculiaridades que diferem a atuação dos
músculos monorticulares e biarticulares.
HOF (2001) encontrou diferenças significativas nas ações dos músculos mono e
biarticulares, na análise de forças resultantes. Enquanto a linha de ação dos músculos
monoarticulares é direcionada de forma aproximadamente longitudinal, os músculos
biarticulares podem apresentar considerável componente transversal. Para ENOKA (2000), os
músculos monoarticulares teriam importante papel na produção de movimento, enquanto que
os músculos biarticulares teriam função de refinar a coordenação do movimento.
KYRÖLÄINEN et al. (2005), afirmam que a maior produção de força na direção
ótima para aumento da velocidade de corrida requer aumento da atividade de músculos
biarticulares – efeito que não foi encontrado no presente estudo, uma vez que os músculos
biarticulares não apresentaram quaisquer diferenças significativas na corrida do triathlon.
Para DOORENBOSCH et al. (1995) e VAN INGEN SCHENAU et al. (1994),
músculos monoarticulares apresentam importante papel na produção de contrações
concêntricas, enquanto que os músculos biarticulares fornecem uma fina regulação da
distribuição dos momentos sobre as articulações.
De acordo com DOORENBOSCH et al. (1995) e HANON et al. (2005), músculos
monoarticulares seriam responsáveis pela “grosseira” regulação da produção dos momentos,
sendo que os biarticulares seriam responsáveis por regulações mais refinadas. Dessa forma,
especula-se que a ativação muscular pode ser controlada a partir de um critério de
prevalência. Quando uma tarefa requer certa distribuição dos momentos independente do
comprimento muscular, os músculos biarticulares são ativados. Por outro lado, quando um
57
grande trabalho é realizado durante uma tarefa particular, a contribuição dos músculos
monoarticulares é mais pronunciada.
Assim, esse aumento da atividade dos músculos monoarticulares em situações mais
extenuantes poderia justificar as diferenças encontradas para o músculo vasto lateral.
Como a diferença encontrada para o músculo vasto lateral foi observada entre os
intervalos um e três (do 1° km para o 9° km), isso pode sugerir que essa diferença esteja
relacionada à instalação de um processo de fadiga muscular, que poderia justificar o aumento
da atividade desse músculo.
Esses dados estão de acordo com o estudo de HANON et al. (2005), no qual foi
analisada a fadiga na corrida em esteira em diferentes intervalos, verificando-se um aumento
significativo dos valores da integral do sinal EMG para o músculo vasto lateral no último
intervalo avaliado.
AVOGADRO et al. (2003), relatam um aumento da atividade do músculo vasto lateral
quando comparado o período inicial de uma corrida com um período final. Destaca-se que o
período inicial foi correspondente ao terceiro minuto de corrida e o período final foi
correspondente à coleta realizada antes da exaustão em um protocolo com intensidade
constante de 90% do VO
2
máx. Não foram encontradas diferenças significativas entre os
demais músculos estudados (bíceps femoral, gastrocnêmio medial e tibial anterior). Nesse
contexto, os autores relatam que a inexistência de diferenças significativas entre os demais
músculos se justifica na medida em que são realizados ajustes neuromusculares com o
objetivo de estabilizar os parâmetros fisiológicos, reduzindo a possibilidade de
desenvolvimento de fadiga.
VUORIMAA et al. (2006) verificaram que após corridas intensas foram utilizadas
diferentes estratégias de coordenação entre os músculos agonistas e antagonistas extensores
do joelho, uma vez que houve redução do sinal EMG dos músculos vasto lateral e vasto
58
medial, enquanto que não foram encontradas diferenças significativas no sinal EMG do
músculo bíceps femoral.
A hipótese (5) desse estudo era que o VO
2
seria maior na corrida prolongada do que na
corrida do triathlon, e maior na corrida do triathlon do que na corrida isolada. Os resultados
da figura 14 indicam que não foram verificadas diferenças para VO
2
entre as corridas. Esse
resultado contrapõe aqueles encontrados por BENTLEY et al. 2002; HAUSSWIRTH et al.
(1996); VITO et al. (1995), os quais indicam que corridas com diferentes atividades prévias
apresentariam valores de VO
2
diferenciados.
Nesse sentido, BOUSSANA et al. (2001), mediante a comparação de diferentes
sucessões (ciclismo-corrida, corrida-ciclismo), verificaram que o ciclismo é capaz de induzir a
maiores índices de fadiga fisiológica do que a corrida. Caso esses resultados fossem
aplicáveis ao presente estudo, possivelmente a escolha da velocidade da corrida no triathlon
estaria sendo capaz de reverter esses efeitos, na medida em que não foram encontradas
mudanças no VO
2
após o ciclismo. Isso poderia indicar que os triatletas adotaram padrões de
locomoção de acordo com sua própria escolha, de forma a minimizar as alterações no VO
2
.
A hipótese (6) desse estudo era que o VO
2
aumentaria ao longo dos 10 km nas
diferentes corridas. Essa hipótese não se confirmou, o que poderia indicar que no transcorrer
dos intervalos de corrida, não estariam sendo criadas condições características de fadiga
fisiológica.
Entretanto, supõe-se que a explicação para esses resultados esteja relacionada ao fato
que a velocidade adotada como constante na corrida isolada e na corrida prolongada, de
acordo com o protocolo proposto, foi significativamente menor do que os valores do segundo
limiar ventilatório (figura 14).
Nesse sentido, de acordo com HUE et al. (2000), a determinação do segundo limiar
ventilatório corresponde à intensidade em que há a demarcação que permite avaliar drásticas
59
mudanças em diversos sistemas fisiológicos. Essa intensidade tem aplicação na prescrição de
intensidade adequada de exercício, predição de desempenho, avaliação e acompanhamento
longitudinal de um treinamento.
BAPTISTA et al. (2005), citam que o desempenho de atividades esportivas
prolongadas apresenta melhor correlação com o limiar anaeróbico do que com a potência
aeróbica máxima. Para HUE et al. (2000), o limiar ventilatório tem sido empregado como
melhor preditor de desempenho para a corrida e para o ciclismo quando comparado ao VO
2
máx. Segundo RIBEIRO (1995) e DENADAI (1995), a utilização dos valores de limiar
representa o ponto de referência para melhor expressar intensidades de exercícios
submáximos.
Dessa forma, como as intensidades correspondentes às velocidades da corrida do
triathlon e daquela adotada como constante para a corrida isolada e corrida prolongada, foram
significativamente menores que o valor do segundo limar, pressupõe-se que isso possa
justificar a inexistência de diferenças significativas no VO
2
entre os intervalos.
Destaca-se, ainda, que não foram encontradas diferenças entre as corridas, para
nenhuma variável analisada, o que contraria as hipóteses (1), (3) e (5) desse estudo. Vários
estudos têm relatado diferenças entre essas corridas. HUE at al. (1998), a partir da
comparação entre uma corrida no triathlon e uma corrida isolada, encontraram maior VO
2
em
corrida do triathlon, sem a presença de alterações cinemáticas. HAUSSWIRTH et al. (1996)
verificaram que a corrida prolongada induz a maiores níveis de fadiga quando comparada com
a corrida do triathlon e a corrida isolada. Segundo KREIDER et al. (1988), a prática de
exercícios prévios aumenta a demanda fisiológica das atividades subseqüentes.
A ausência de diferenças significativas entre as corridas analisadas pode estar
relacionada a fatores como a história de treinamento dos triatletas avaliados, ou ainda, às
60
características físicas da amostra. Há evidências de que os efeitos agudos de diferentes
corridas dependam do controle desses fatores (VUORIMAA, 2006).
Contudo, o fato dos atletas estarem numa intensidade abaixo dos valores de segundo
limiar ventilatório e, consequentemente, abaixo da sua capacidade fisiológica, poderia,
também, justificar a inexistência de diferenças significativas entre as corridas analisadas.
De acordo com a hipótese (7) desse estudo, na corrida do triathlon, as variáveis de
VO
2
, valor RMS de todos os músculos analisados e freqüência de passada, aumentariam ao
longo dos 10 km, enquanto que a amplitude de passada diminuiria. Essa hipótese foi
parcialmente confirmada na medida em que somente a freqüência de passada apresentou
aumento no transcorrer dos intervalos. A amplitude de passada apresentou comportamento
oposto à hipótese do presente estudo, pois também aumentou no transcorrer da corrida do
triathlon. Tais aumentos possivelmente caracterizam uma estratégia especifica adotada pelos
triatletas avaliados, os quais aumentaram sua velocidade de corrida ao longo do teste.
BRISSWALTER et al. (2000) e CAVANAGH & KRAM (1990), afirmam que em
uma corrida de velocidade ajustada pelo próprio atleta são adotados padrões de locomoção –
freqüência e amplitude de passada – com combinações correspondentes aos menores valores
de VO
2
. Possivelmente, a diferença das variáveis cinemáticas entre os intervalos da corrida do
triathlon, representa uma tentativa de controlar o aumento do VO
2
- o que acarretaria maior
fadiga fisiológica, nessa corrida em que velocidade foi estabelecida pelos triatletas.
Dessa forma, sugere-se que, quando submetidos à competição do tipo contra-relógio
na corrida do triathlon, os atletas utilizaram uma estratégia específica para ajustar sua corrida
sem modificação dos valores de VO
2
, a qual resultou em modificações cinemáticas entre os
intervalos analisados.
O aumento das variáveis cinemáticas também pode estar relacionado à especificidade
da corrida desenvolvida em esteira.
61
Estudos apontam respostas contraditórias na análise do comportamento da freqüência
e amplitude de passada, em corridas realizadas sobre o solo (TEW, 2005; BUS, 2003).
Todavia, HANON et al. (2005) relatam a existência de poucos estudos analisando
aspectos biomecânicos em corridas realizadas em esteira, o que dificulta estabelecer
comparações específicas com esse tipo de atividade.
De acordo com CAVANAGH & KRAM (1990), as similaridades entre a corrida
realizada na esteira e sobre o solo permanecem controversas. Entretanto, assume-se que vários
princípios da corrida realizada em esteira (como por exemplo, a análise de variáveis
cinemáticas), poderiam ser aplicados diretamente à corrida realizada sobre o solo.
62
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados não demonstraram diferenças significativas entre as diferentes corridas.
Esse fato contraria a hipótese inicial desse estudo de que a Corrida Prolongada seria capaz de
induzir a maiores índices de fadiga, quando comparada às demais corridas. Entretanto, os
resultados encontrados se justificam na medida em que o VO
2
de teste correspondente à
velocidade adotada pelos triatletas durante a Corrida do Triathlon e pré-determinada, de
acordo com o protocolo proposto, para Corrida Isolada e Corrida Prolongada, manteve-se
abaixo do VO
2
relativo ao segundo limiar ventilatório.
Foi demonstrada diferença significativa entre os intervalos para a amplitude de
passada e para o valor RMS do músculo vasto lateral. A amplitude de passada apresentou
diminuição entre os intervalos do 1° km e do 5° km e, entre os intervalos do 1° km e do 9°
km. Já o músculo vasto lateral apresentou aumento do valor RMS dos intervalos do 1° km
para o intervalo do 9° km.
A partir da análise entre os intervalos específicos da corrida do triathlon, foi
encontrado aumento das variáveis cinemáticas de freqüência e amplitude de passada. Esses
resultados também confirmam parcialmente a hipótese inicial desse estudo em ralação às
variáveis cinemáticas, visto que era esperada uma diminuição da amplitude de passada para
compensar o aumento da freqüência de passada.
63
7 PERSPECTIVAS
Na tentativa de ampliar o entendimento acerca dos resultados aqui mencionados, será
realizada uma análise cinemática mais completa, na qual serão verificados ângulos articulares
do tornozelo, joelho e quadril, bem como a trajetória dos pontos representativos dos centros
articulares. Na medida em que esses dados ainda não foram explorados, embora esses já
tivessem sido coletados, sua análise representará uma importante ferramenta no intuito de
melhor esclarecer os resultados aqui encontrados.
Será realizada uma análise complementar dos dados do sinal EMG, procurando
verificar outros aspectos como períodos de ativação e, até mesmo, uma análise no domínio da
freqüência.
Pretende-se, também, estender esse protocolo a um número maior de atletas em
diferentes períodos de treinamento, para uma determinada competição. De acordo com alguns
técnicos e atletas, isso contribuiria para adequada avaliação do desempenho em cada fase
específica do treinamento.
Para tanto, almeja-se determinar a intensidade de teste por meio de uma normalização
fisiológica, com valores de VO
2
correspondentes ao segundo limiar ventilatório. Dessa forma,
poderemos verificar o comportamento das variáveis aqui analisadas mediante maiores
intensidades fisiológicas.
64
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72
ANEXO 1
73
TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO
Você está sendo convidado a participar de um estudo sobre o desempenho da corrida
no triathlon, o qual pretende verificar se há influências do ciclismo no desempenho da corrida
subseqüente. Neste sentido, pedimos que você leia este documento e esclareça suas dúvidas
antes de consentir, com sua assinatura, sua participação neste estudo.
Objetivo do Estudo:
Verificar a influência do ciclismo na corrida do triathlon a partir da análise do
consumo de oxigênio, do padrão de passada (freqüência de passada e amplitude da passada) e
da ativação muscular.
Procedimentos:
¾ Participar de uma avaliação do consumo máximo de oxigênio (VO
2 máx.
), no Laboratório
de Pesquisa do Exercício da Escola de Educação Física da UFRGS, realizada em esteira,
no seu próprio ritmo, até a exaustão ou até o VO
2
atingir um platô. Essa avaliação
permitirá o cálculo do seu limiar ventilatório, bem como correlacionar o consumo máximo
com as intensidades dos testes que serão realizados posteriormente.
¾ Participar de duas avaliações: (1) teste que envolverá a sucessão ciclismo-corrida da prova
de triathlon, com 40 km de ciclismo, seguidos por 10 km de corrida; e, (2) teste de corrida
prolongada, em que você deverá correr o tempo correspondente ao ciclismo (obtido no
teste anterior), seguidos de mais 10 km de corrida. Durante esses testes, estarão sendo
coletados (a) dados obtidos através da filmagem, (b) dados de eletromiografia dos
músculos do membro inferior direito (reto femoral, vasto lateral, bíceps femoral,
gastrocnêmio medial e tibial anterior) e, (c) o consumo de oxigênio. Destaca-se que essas
avaliações também serão realizadas no Laboratório de Pesquisa do Exercício da Escola de
Educação Física da UFRGS.
¾ As avaliações serão realizadas com o intervalo mínimo de 48 horas entre elas.
Riscos e Benefícios do Estudo:
Primeiro: Nenhuma das etapas da avaliação oferece nenhum risco à sua saúde, tão
pouco o expõe a situações constrangedoras.
Segundo: Cada indivíduo receberá um relatório com os resultados de suas avaliações,
que poderá beneficiar os atletas em seus treinos.
74
Terceiro: Este estudo poderá contribuir no entendimento científico dos problemas
relacionados com a transição ciclismo-corrida, no triathlon.
Quarto: No segundo dia de teste (avaliação da sucessão ciclismo-corrida), será
estabelecida uma competição do tipo contra-relógio, em que o atleta disputará uma premiação
previamente divulgada.
Confidencialidade:
Ficará resguardado ao pesquisador responsável e protegidas de revelação não
autorizada o uso das informações recolhidas.
Os treinadores e técnicos dos atletas envolvidos receberão um relatório das avaliações
realizadas.
Voluntariedade:
A recusa do indivíduo em participar do estudo será sempre respeitada, possibilitando
que seja interrompido a rotina de avaliações a qualquer momento, a critério do indivíduo
participante.
Novas informações:
A qualquer momento os indivíduos e os treinadores e/ou técnicos poderão requisitar
informações esclarecedoras sobre o estudo, através de contato com o pesquisador.
Os treinadores e/ou técnicos poderão acompanhar a realização das avaliações, se assim
preferirem.
Contatos e Questões:
Prof.a. Carina Helena Wasem Fraga.
(51) 3316-5859 Celular - 91975287
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Programa de Pós Graduação em Ciências do Movimento Humano.
Rua Felizardo, 750 – Bairro Jardim Botânico / POA – RS.
Orientador: Dr. Antônio Carlos Stringhini Guimarães.
75
DECLARAÇÃO
Eu ______________________________________________ tendo lido as informações
oferecidas anteriormente, e tendo sido esclarecido das questões referentes ao estudo, concordo
em participar livremente do presente estudo.
Assinatura_________________________________ Data ________________
76
ANEXO 2
77
Questionário para cadastramento dos dados:
1. Nome:___________________________________________________
2. Idade:_________
3. Tempo de prática no triathlon:________________________
4. Freqüência de treino por semana (em horas):___________________
5. Freqüência de treino por semana em corrida (em horas):______________
6. Quantas competições participou no último ano? Quais? Qual a classificação?
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
7. Qual a sua especificidade de treinamento?
Triathlon ( ) short
( ) olímpico
( ) longa distância
8. Você sente dor após os treinos? ( ) não ( ) sim, onde?
( ) costas ( ) joelho ( ) coxa ( ) tornozelo ( ) cervical ( ) panturrilha
( ) outra ______________
9. Você já ficou afastado dos treinos devido alguma lesão? ( ) sim ( ) não
Qual? _____________
78
ANEXO 3
79
Rotinas de processamento do sinal EMG, utilizadas no sistema SAD32:
Primeira rotina de processamento do sinal EMG, para obtenção dos valores de pico,
utilizada para normalização no eixo vertical.
//tibial
//gastroc
//biceps
//reto femoral
//vasto
//gluteo
//sinc
NomeCurva (0, "Tibial");
NomeCurva (1, "Gastroc");
NomeCurva (2, "Biceps");
NomeCurva (3, "Reto");
NomeCurva (4, "Vasto");
NomeCurva (5, "Gluteo");
NomeCurva (6, "Sinc");
RemoveDC (0..5);
RecortaX (0..5, 26, 33.7);
ApagaCurva (5..0);
FiltroButterworth_FFT (1..6, 10, 500, 5);
ApagaCurva (6..1);
EnvelopeRMS (1..6, 80, Hamming);
ApagaCurva (6..1);
Rotina completa de processamento do sinal EMG:
//tibial
//gastroc
//biceps
80
//reto femoral
//vasto
//gluteo
//sinc
NomeCurva (0, "Tibial");
NomeCurva (1, "Gastroc");
NomeCurva (2, "Biceps");
NomeCurva (3, "Reto");
NomeCurva (4, "Vasto");
NomeCurva (5, "Gluteo");
NomeCurva (6, "Sinc");
RemoveDC (0..5);
RecortaX (0..5, 26, 33.7);
ApagaCurva (5..0);
FiltroButterworth_FFT (1..6, 10, 500, 5);
ApagaCurva (6..1);
EnvelopeRMS (1..6, 80, Hamming);
ApagaCurva (6..1);
EscalaY (1, 461.6805);
EscalaY (2, 670.2412);
EscalaY (3, 330.1419);
EscalaY (4, 632.1112);
EscalaY (5, 697.8367);
EscalaY (6, 619.5786);
RecortaX (1, 26, 26.7);
RecortaX (1, 27.4, 28.1);
RecortaX (1, 28.1, 28.8);
RecortaX (1, 28.8, 29.5);
RecortaX (1, 29.5, 30.2);
RecortaX (1, 30.2, 30.9);
RecortaX (1, 30.9, 31.6);
RecortaX (1, 31.6, 32.3);
RecortaX (1, 32.3, 33);
RecortaX (1, 33, 33.7);
81
RecortaX (2, 26, 26.7);
RecortaX (2, 27.4, 28.1);
RecortaX (2, 28.1, 28.8);
RecortaX (2, 28.8, 29.5);
RecortaX (2, 29.5, 30.2);
RecortaX (2, 30.2, 30.9);
RecortaX (2, 30.9, 31.6);
RecortaX (2, 31.6, 32.3);
RecortaX (2, 32.3, 33);
RecortaX (2, 33, 33.7);
RecortaX (3, 26, 26.7);
RecortaX (3, 27.4, 28.1);
RecortaX (3, 28.1, 28.8);
RecortaX (3, 28.8, 29.5);
RecortaX (3, 29.5, 30.2);
RecortaX (3, 30.2, 30.9);
RecortaX (3, 30.9, 31.6);
RecortaX (3, 31.6, 32.3);
RecortaX (3, 32.3, 33);
RecortaX (3, 33, 33.7);
RecortaX (4, 26, 26.7);
RecortaX (4, 27.4, 28.1);
RecortaX (4, 28.1, 28.8);
RecortaX (4, 28.8, 29.5);
RecortaX (4, 29.5, 30.2);
RecortaX (4, 30.2, 30.9);
RecortaX (4, 30.9, 31.6);
RecortaX (4, 31.6, 32.3);
RecortaX (4, 32.3, 33);
RecortaX (4, 33, 33.7);
RecortaX (5, 26, 26.7);
RecortaX (5, 27.4, 28.1);
RecortaX (5, 28.1, 28.8);
RecortaX (5, 28.8, 29.5);
RecortaX (5, 29.5, 30.2);
RecortaX (5, 30.2, 30.9);
RecortaX (5, 30.9, 31.6);
82
RecortaX (5, 31.6, 32.3);
RecortaX (5, 32.3, 33);
RecortaX (5, 33, 33.7);
RecortaX (6, 26, 26.7);
RecortaX (6, 27.4, 28.1);
RecortaX (6, 28.1, 28.8);
RecortaX (6, 28.8, 29.5);
RecortaX (6, 29.5, 30.2);
RecortaX (6, 30.2, 30.9);
RecortaX (6, 30.9, 31.6);
RecortaX (6, 31.6, 32.3);
RecortaX (6, 32.3, 33);
RecortaX (6, 33, 33.7);
NormalizaX (7..66);
ApagaCurva (66..7);
CompoePeriodos (7..16);
CompoePeriodos (17..26);
CompoePeriodos (27..36);
CompoePeriodos (37..46);
CompoePeriodos (47..56);
CompoePeriodos (57..66);
ApagaCurva (66..7);
NomeCurva (7, "TibialM");
NomeCurva (8, "Tibial DP");
NomeCurva (9, "GastrocM");
NomeCurva (10, "Gastroc DP");
NomeCurva (11, "BicepsM");
NomeCurva (12, "Biceps DP");
NomeCurva (13, "RetoM");
NomeCurva (14, "Reto DP");
NomeCurva (15, "VastoM");
NomeCurva (16, "Vasto DP");
NomeCurva (17, "GluteoM");
NomeCurva (18, "Gluteo DP");
Destaca-se que os valores foram alterados para cada sujeito e para cada situação.
83
ANEXO 4
84
Análise Estatística:
Normalidade de distribuição dos dados - (teste de Shapiro-Wilk):
VO
2
C. P. F. P. B.F. R.F. V.M. T.A. G.M
CT1 0,704 0,036 0,195 0,702 0,482 0,639 0,051 0,329
CT2 0,502 0,099 0,280 0,220 0,394 0,772 0,724 0,393
CT3 0,384 0,081 0,523 0,439 0,369 0,489 0,239 0,850
CI1 0,727 0,021 0,897 0,740 0,158 0,688 0,324 0,531
CI2 0,483 0,018 0,451 0,665 0,113 0,295 0,703 0,047
CI3 0,204 0,012 0,432 0,016 0,471 0,698 0,576 0,508
CP1 0,848 0,010 0,666 0,419 0,323 0,953 0,533 0,430
CP2 0,259 0,010 0,791 0,037 0,492 0,195 0,864 0,741
CP3 0,529 0,354 0,400 0,924 0,356 0,459 0,224 0,080
Normalidade de distribuição dos dados de C. P. com aplicação de transformada logarítmica:
Esfericidade dos dados (teste de Mauchly):
VO
2
C. P. F. P. B.F. R.F. V.M. T.A. G.M
Corridas (C) 0,279 0,558 * 0,692 0,963 0,181 0,560 0,983 0,206
Intervalos (M) 0,530 * 0,216 0,459 0,798 0,183 0,715 0,716 0,975
Interação C-M 0,466 * 0,689 0,693 0,360 0,355 0,989 0,502 * 0,445
Fator de correção Epsilon de Greenhouse-Geisser.
Normalidade de distribuição dos dados do segundo limiar ventilatório.
CT1 CT2 CT3 CI1 CI2 CI3 CP1 CP2 CP3
C. P. 0,843 0,893 0,884 0,842 0,838 0,829 0,740 0,794 0,918
2° limiar ventilatório 0,248
85
ANOVA para medidas repetidas em um modelo misto de dois fatores (3X3):
três corridas e três momentos:
Freqüência de passada:
Fator corridas:
F (2, 14) = 2,313; p = 0,136; η
2
= 0,248
Fator intervalos:
F (2,14) = 3,246; p = 0,069; η
2
= 0,317
Interação entre os fatores corrida-intervalo:
F (4, 28) = 2,672; p = 0,053; η
2
= 0,276
Amplitude de passada:
Fator corridas:
F (1,116, 7,812) = 0,707; p = 0,441; η
2
= 0,092
Fator intervalos:
F (2,14) = 4,873; p = 0,025; η
2
= 0,410
Interação entre os fatores corrida-intervalo:
F (4, 28) = 2,056; p = 0,114; η
2
= 0,227
EMG Bíceps femoral:
Fator corridas:
F (2, 8) = 1,804; p = 0,226; η
2
= 0,311
Fator intervalos:
F (2,8) = 2,623; p = 0,113; η
2
= 0,396
Interação entre os fatores corrida-intervalo:
F (4, 16) = 0,598; p = 0,670; η
2
= 0,130.
86
EMG Reto femoral:
Fator corridas:
F (2, 10) = 0,467; p = 0,640; η
2
= 0,085
Fator intervalos:
F (2,10) = 2,219; p = 0,159; η
2
= 0,307
Interação entre os fatores corrida-intervalo:
F (4, 20) = 0,165; p = 0,954; η
2
= 0,032
EMG Vasto Lateral:
Fator corridas:
F (2, 10) = 0,948; p = 0,420; η
2
= 0,159
Fator intervalos:
F (2,10) = 4,338; p = 0,044; η
2
= 0,465
Interação entre os fatores corrida-intervalo:
F (4, 20) = 0,626; p = 0,649; η
2
= 0,111
EMG Gastrocnêmio medial:
Fator corridas:
F (2, 8) = 2,051; p = 0,191; η
2
= 0,339
Fator intervalos:
F (2,8) = 0,662; p = 0,542 η
2
= 0,142
Interação entre os fatores corrida-intervalo:
F (4, 16) = 0,723; p = 0,589; η
2
= 0,153
EMG Tibial anterior:
87
Fator corridas:
F (2, 6) = 0,296; p = 0,754; η
2
= 0,090
Fator intervalos:
F (2,6) = 0,588; p = 0,584 η
2
= 0,164
Interação entre os fatores corrida-intervalo:
F (2,008, 6,024) = 2,727; p = 0,143; η
2
= 0,476
VO
2
:
Fator corridas:
F (2, 14) = 0,410; p = 0,671; η
2
= 0,087
Fator intervalos:
F (1,060, 7,421) = 4,521; p = 0,068; η
2
= 0,392
Interação entre os fatores corrida-intervalo:
F (1,864, 13,048) = 0,634; p = 0,642; η
2
= 0,083
teste t de Student para dados pareados
CT1: t (8) = 3,134; p = 0,014;
CT2: t (8) = 3,070; p = 0,015;
CT3: t (8) = 2,132; p = 0,066;
CI1: t (8) = 3,963; p = 0,004;
CI2: t (8) = 4,086; p = 0,004;
CI3: t (8) = 3,917; p = 0,004;
CP1: t (8) = 3,852; p = 0,005;
CP2: t (8) = 3,868; p = 0,005;
CP3: t (8) = 3,5650; p = 0,009.
88
ANEXO 5
89
Premiação para o menor tempo obtido na prova do tipo contra-relógio:
1° Lugar:
Um tênis da marca Diadora;
Uma mochila da marca Rainha;
Uma camiseta da marca Rainha;
Uma garrafa da marca Rainha.
2° Lugar:
Um tênis da marca Diadora;
3° Lugar:
Uma mochila da marca Rainha;
Uma camiseta da marca Rainha;
Uma garrafa da marca Rainha.
1° Sorteado:
Um tênis da marca Olympikus.
2° Sorteado:
Uma mochila da marca Rainha;
Uma camiseta da marca Rainha;
Uma garrafa da marca Rainha.
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