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Marcia Cristina de Mendonça Tavares Maia
Rio de Janeiro
Outubro 2006
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
CENTRO BIOMÉDICO
FACULDADE DE ENFERMAGEM
COORDENAÇÃO DE ENSINO DE PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE MESTRADO EM ENFERMAGEM
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
CENTRO BIOMÉDICO
FACULDADE DE ENFERMAGEM
COORDENAÇÃO DE ENSINO DE PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE MESTRADO EM ENFERMAGEM
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2
AUTO-ESTIMA DA MULHER IDOSA:
Uma proposta de intervenção de Enfermagem à luz da Teoria de Roy
Marcia Cristina de Mendonça Tavares Maia
Dissertação de Mestrado submetida à Banca
Examinadora da Faculdade de Enfermagem da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, como parte
dos requisitos indispensáveis para a obtenção do Grau
de Mestre.
Orientadora: Prof
a
. Dr
a
. Maria Jalma Rodrigues Santana Duarte
Co-orientador: Prof. Dr. Octavio Muniz da Costa Vargens
Rio de Janeiro
Outubro 2006
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AUTO-ESTIMA DA MULHER IDOSA:
Uma proposta de intervenção de Enfermagem à luz da Teoria de Roy
Marcia Cristina de Mendonça Tavares Maia
Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Enfermagem da UERJ.
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________
Profª. Drª. Maria Jalma Rodrigues Santana Duarte
Presidente
______________________________________________
Profª. Drª. Vivina Lanzarini de Carvalho
1ª Examinadora
______________________________________________
Profª. Drª. Maria Terezinha Nóbrega da Silva
2ª Examinadora
______________________________________________
Prof. Dr. Octavio Muniz da costa Vargens
3º Examinador/ co-orientador
______________________________________________
Profª. Drª. Jaqueline da Silva
Suplente
______________________________________________
Profª. Drª. Célia Pereira Caldas.
Suplente
4
CATALOGAÇÃO DA FONTE
UERJ/REDE SIRIUS/CBB
M217 Maia, Marcia Cristina de Mendonça Tavares.
Auto-estima da mulher idosa: uma proposta de intervenção de
Enfermagem à luz da Teoria de Roy / Márcia Cristina de Mendonça
Tavares Maia. - 2006.
101f.
Orientador: Maria Jalma Rodrigues Santana Duarte
Co-orientador: Octavio Muniz da Costa Vargens
Dissertação (Mestrado) Universidade do Estado do Rio de Janeiro,
Faculdade de Enfermagem.
1. Auto-imagem. 2. Saúde do idoso. 3. Cuidados de Enfermagem.
I. Duarte, Maria Jalma Rodrigues Santana. II. Vargens, Octavio Muniz da
Costa. III. Universidade do Estado do Rio Janeiro. Faculdade de
Enfermagem. IV. Título.
CDU
614.253.5
5
DEDICATÓRIA
Aos meus amados pais, Humberto e Francisca,
carinhosos, conselheiros, amigos sinceros e
verdadeiros, que me geraram e me ensinaram o
sentido da vida, de ajudar as pessoas
necessitadas, de me ensinarem a ser uma pessoa
doce, meiga e carinhosa.
Ao amor da minha vida, Heber, muito mais que
marido, companheiro leal, me incentivando a ser
cada vez melhor no campo da pesquisa. Obrigada
pela sua ajuda e paciência. Agradeço a Deus por
tê-lo em minha vida e que Ele nos conserve
unidos em seu amor.
Aos meus doces e amados filhos, Pedro Henrique e
Maria Clara, meus anjinhos que Deus trouxe para
eu cuidar e amar por toda a vida. Obrigada por
vocês existirem, desculpem a minha ausência em
vários momentos, mas tenham a certeza de
que amo vocês.
Aos meus queridos irmãos, José Napoleão e
Gustavo Antônio, tenho muito orgulho de ser
irmã de vocês por serem especiais e brilhantes.
Que continuemos unidos e amigos pelo resto de
nossas vidas.
6
AGRADECIMENTOS
Ao meu Deus maravilhoso, onipotente,
onipresente, exemplo de perfeição, amor.
Obrigada por eu ter conseguido alcançar mais uma
etapa vitoriosa da minha vida.
A Nossa Senhora das Graças, que me acompanha em
todos os momentos da minha existência.
Ao Padre Marcelo Rossi, instrumento de Deus,
pelas suas orações no momento de fé, onde busco
a minha paz e tranqüilidade espiritual.
À minha família: madrinha Elma, Tia Toinha, Tia
Rose, Tia Maria, Tia Dilceni e Tia Nilza, Tios:
Luiz, Vicente, Chagas, Modesto; primos: Emerson,
Aline, Valéria, Moacir Jorge, Cláudia e José
Vicente, agradeço a Deus por ter
uma família grandiosa e unida.
Aos meus queridos sogros: Heber e Jô, obrigada
por também fazerem parte da minha família, pelos
conselhos e gestos carinhosos e afetuosos,
tenham a certeza de que nunca esquecerei de tudo
o que me apóiam.
Às minhas cunhadas e comadres, Aninha e Teresa.
Obrigada pela amizade e o carinho de vocês.
À minha querida vovó Maria (in memoriam) que me
ensinou a rezar e amar a Deus desde pequenininha
e me mostrou a importância da fé e
espiritualidade. Sinto sua presença comigo.
À querida Chiquinha pelo seu amor, carinho e
dedicação aos meus filhos.
7
À minha mestra, professora Vivina, exemplo de
doçura, amiga e fiel em todas as horas. Obrigada
por acreditar no meu trabalho.
À minha grande mestra e companheira de
trabalho, Virgínia, obrigada por ser amiga e
atenciosa em todos os momentos.
Às amigas da Faculdade de Petrópolis, Cecília,
Claudia,Jaqueline e a você Daniela, obrigada
pelas caronas Rio-Petrópolis e por estar sempre
por perto.
À amiga Margarida, que me apoiou sempre que
precisei de você. Obrigada.
À amiga Maria Fernanda, por compartilhar comigo
as alegrias e angústias vivenciadas nesta
caminhada.
À amiga Laizi, pela presença marcante nesta reta
final da dissertação.
À professora Maria Fernanda da FASE pela sua
dedicação e
paciência. Obrigada.
À professora Ana Lúcia de Carvalho da FASE pela
ajuda inicial.
Às colegas do Alcides Carneiro: Cristina,
Luzimar, Jussara , Ana luíza e Carla.
Às colegas de mestrado, Ana, Fabrícia, Carmem,
Márcia, Bruno, Liana, Sílvia, Selma, Elaine,
Patrícia, Noraísa, Francimar, Théia, Virgínia,
Denise. Foi muito boa a nossa convivência nesses
dois anos. Sucesso para todos nós.
8
Aos professores do mestrado da UERJ pelo
conhecimento que nos foi proporcionado.
Aos bibliotecários da UNATI e FASE/FMP: Íris,
Marcelo, Teresa, Vera e Volmer. Obrigada pela
atenção e paciência.
À Faculdade de Medicina de Petrópolis, em
especial a diretora Sra. Maria Isabel, obrigada
pelos conselhos, pelo apoio. Admiro sua
serenidade e competência.
À banca examinadora: professoras Drª
s
. Maria
Terezinha, Jaqueline, Vivina e Célia. Obrigada
pelas sugestões para que o meu trabalho ficasse
mais enriquecido.
A você Célia Caldas que acreditou no meu
potencial.
À minha orientadora, professora Drª. Maria
Jalma, obrigada pela sua experiência.
Ao co-orientador, professor Dr. Octávio Muniz da
Costa, obrigada pela sua imensa ajuda, sua
competência e paciência.
Às senhoras da minha pesquisa que me ensinaram
com suas sabedorias como é bom viver.
A Equipe de Enfermagem e aos agentes de saúde do
PSF Machado Fagundes.
A Celeste, obrigada pelos ajustes.
9
“Só se nos conhecermos,
amarmos e aceitarmos suficientemente,
poderemos ter um verdadeiro projeto de vida
e concretizá-lo com felicidade”.
A pior desventura que pode acontecer
a um homem é pensar mal de si mesmo”.
10
MAIA, Márcia Cristina de Mendonça Tavares. Auto-estima da mulher idosa: uma
proposta de intervenção de enfermagem à luz da Teoria de Roy. 2006. 102p. Dissertação
(Mestrado em Enfermagem) Faculdade de Enfermagem, Universidade do Estado do Rio
de Janeiro, Rio de Janeiro, 2006.
RESUMO
A palavra auto-estima vem sendo utilizada por tantos e de forma tão diferenciada, tornando
difícil uma definição abrangente, coerente e precisa. Este estudo tem como objetivos:
Analisar a auto-estima das mulheres no processo de envelhecimento, a partir da sua
narrativa; Interpretar esta narrativa à luz da Teoria de Roy, em especial do modo
adaptativo de autoconceito, propondo uma intervenção de Enfermagem para uma velhice
saudável; Identificar as atitudes positivas e negativas das mulheres idosas, a partir do seu
discurso; Descrever os mecanismos utilizados pela mulher idosa para manter-se satisfeita
consigo própria; Verificar os possíveis mecanismos de enfrentamento que a mulher idosa
utiliza para lidar com as dificuldades de sua vida; Propor estratégias de intervenções do
Enfermeiro que contribuam para a auto-estima da mulher idosa. A população foi composta
por vinte idosas, acima de sessenta anos, de um Programa de Saúde da Família de
Petrópolis. A coleta de dados foi realizada no período de dezembro de 2005 a fevereiro de
2006, tendo sido interpretados à luz da teoria de Roy. Foram identificadas as seguintes
categorias: 1) Relacionando a auto-estima e a satisfação pessoal, com as sub-categorias
Sentindo-se feliz por estar no seio da família, Percebendo-se valorizadas por ser solidária
com as outras pessoas, e Sentindo-se bem por desenvolver atividades prazerosas; 2)
Identificando a solidão como sentimento depreciativo à auto-estima; 3) Apreciação do
corpo- Relacionando auto-estima e auto-imagem; 4) Dificuldades encontradas no
cotidiano, com as sub-categorias Relacionando a auto-estima com a situação financeira,
Relacionando auto-estima com a convivência intergeracional e Perda de entes queridos; 5)
Encontrando na espiritualidade a sua paz interior; e, 6) Identificando o trabalho da
Enfermeira como estimulador da auto-estima. Os resultados revelaram uma relação
próxima e pertinente entre os achados e a teoria de Roy. A Enfermagem tem um papel
fundamental na atenção à idosa, com vistas a ajudá-la a manter a independência e apoiá-la
em seu auto-cuidado, estimulando suas potencialidades, e contribuindo para o aumento de
sua auto-estima.
Palavras-Chave: Auto-estima, Enfermagem, Idosa.
11
MAIA, Márcia Cristina de Mendonça Tavares. The elderly woman’s self-steem: a
proposal of nursing intervention from the perspective of the Roy’s Theory. 2006.
102p.Dissertação (Mestrado em Enfermagem) Faculdade de Enfermagem, Universidade
do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2006.
ABSTRACT
The word self-esteem has been so broadly used and in so many ways that it is difficult to
have a coherent and accurate definition. This study has the following objectives: Analyze
the woman's self-esteem in the aging process, taking the point-of-view of their narrative;
Interpret this narrative from the perspective of Roy's Theory, proposing a Nursing
intervention for a healthy elderly; Identify the elderly woman's positive and negative
attitudes, starting from their point of view; Describe the mechanisms used by the elderly
woman to keep satisfied with herself; Verify the possible mechanisms of management that
the elderly woman uses to deal with the difficulties of her life; Propose strategies for the
Nurse intervention which contribute to the elderly woman's self-esteem. The target
population consisted of twenty elderly women, who were over sixty years old, from a
Family Health Program of Petrópolis, Brazil. Data collection was acquired from December
2005 to February 2006 and interpreted from the perspective of Roy's theory. The following
categories have been identified: 1) Relating self-esteem and personal satisfaction, with the
sub-categories Feeling happy for being with the family, Perceiving herself valued for being
helpful to other people and Feeling well for developing pleasant activities; 2) Identifying
loneliness as a depreciative feeling to self-esteem; 3) Appreciation of the body - Relating
self-esteem and self-image; 4) Difficulties found regarded to the every-day life, with the
sub-categories Relating self-esteem to the financial situation, Relating self-esteem with
intergenerational coexistence and Loss of dear people; 5) Finding peace in the spirituality;
and, 6) Identifying the Nurse's work as stimulating to self-esteem. The results showed a
close and pertinent relationship between the findings and Roy's Theory. Nursing has a
fundamental role in the assistance to the elderly woman in order to help her maintain her
independence and to support her in her self-care, stimulating her potentialities, and
contributing to the enhancement of her self-esteem.
Key-words: Self-esteem, Nursing, Elderly Woman.
12
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
12
Objeto de Estudo
17
Questões Norteadoras
17
Objetivos do Estudo
18
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
20
2.1 Modelo Adaptativo de Roy e Autoconceito
20
2.2 Auto-estima
26
2.3 Envelhecimento e Auto-estima
29
2.4 Gênero, Envelhecimento e Auto-estima na Mulher Idosa
35
2.5 Características dos Idosos e suas Necessidades de Cuidado
40
2.6 Intervenções de Enfermagem
45
3. METODOLOGIA
48
3.1. Caracterização do Estudo
48
3.2. Local da Pesquisa
49
3.3. Sujeitos da Pesquisa
50
3.4. Coleta e Análise dos Dados
51
3.5. Aspectos Éticos
53
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
54
4.1. Dados Sócio-demográficos
55
4.2. Análise das Categorias
56
5. CONTRIBUIÇÕES PARA A PRÁTICA DA ENFERMAGEM
82
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
85
REFERÊNCIAS
88
APÊNDICES
Apêndice A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
93
Apêndice B - Carta de Autorização Institucional à Pesquisa
95
Apêndice C - Roteiro de Entrevista (Piloto)
97
Apêndice D - Roteiro de entrevista (Adaptação após Piloto)
99
ANEXO
Anexo A Autorização Institucional à Pesquisa
101
12
1. INTRODUÇÃO
A palavra “auto-estima” vem sendo utilizada por tantos e de forma tão diferenciada,
tornando difícil uma definição abrangente, coerente e precisa, o que é comum à
caracterização de outros processos e traços psicológicos. Assemelha-se a um caixinha de
surpresas onde cada um introduz a mão e obtém supostamente como presente a solução de
seus problemas, a satisfação de suas necessidades e a consecução de suas metas
(ARAGÓN; DIEZ, 2004). Ela é, indubitavelmente, essencial para a felicidade, qualidade
de vida e bem-estar psíquico.
A auto-estima é um fenômeno discutido amplamente no meio acadêmico e popular,
vigorosamente pesquisado e debatido, algumas vezes imbuído de qualidades mágicas,
outras vezes depreciado como uma preocupação banal e burguesa. Embora vários artigos
tenham se devotado ao tópico e livrarias estejam lotadas de livros de auto-ajuda
alimentando a avidez do público para respostas rápidas e milagrosas sobre como melhorar
sua auto-estima, muitos achados conflituosos tendem a colocar o constructo em descrédito.
A auto-estima é uma vítima de sua própria popularidade (OWENS et al., 2001).
Auto-estima refere-se ao apreço, consideração e carinho que cada um tem por si
mesmo, se formos apenas realizar uma análise etimológica. A auto-estima é mais; é uma
atitude que comporta de forma mais ou menos estável um conjunto organizado de crenças,
opiniões e conhecimentos dotados de uma carga afetiva a favor ou contra um objeto
definido (neste caso a própria pessoa), orientando quem a possui a agir ou se comportar em
relação a este objeto de forma consistente e coerente.
A obsessão que a cultura ocidental desenvolveu sobre a juventude estimula o
sentimento de inadequação daqueles que atingiram a terceira idade, levando a um
13
comprometimento significativo de sua auto-estima (KHOURY, 2003). A transição para a
terceira idade pode ser acompanhada de crises, sobretudo em relação ao sentimento de
autoconfiança. Se a pessoa não se sente segura em relação a sua autonomia, isto abalará
sua auto-estima.
O envelhecimento da população mundial é um tema atual relevante, tanto pelo
impacto sócio-econômico quanto pelo desafio que representa para as ciências sociais e da
saúde. O aumento da expectativa de vida tem se dado pela influência de avanços
tecnológicos em saúde (VERAS, 1991). Acredita-se que o Brasil será a sexta população
mais velha do mundo em 2025, totalizando dois milhões de pessoas idosas (BARREIRA,
2004). Estima-se em 2040 uma expectativa de vida em torno de 82,8 anos para mulheres e
75,9 para homens (IBGE, 2000).
As mulheres têm uma tendência à longevidade maior do que a dos homens.
Atualmente no Brasil, dois terços dos idosos de 80 ou mais anos são mulheres, esperando-
se que vivam pelo menos mais nove anos (CAMARANO, 1999). Isto é devido
provavelmente pelo fato de se preocuparem mais com a sua saúde e terem um estilo de
vida diferenciado (menor taxa de tabagismo e etilismo). Como modelo dessa preocupação,
podemos mencionar a realização de periódicos de saúde (colpocitologia e mamografia),
reforçando-se a busca de vida com mais qualidade (CAMARANO, 1999). Esta maior
sobrevida traz problemas tais como viuvez, dificuldades financeiras, doenças crônicas
físicas e psíquicas.
A infância e a adolescência, nas sociedades ocidentais, são ciclos da vida humana
dedicados à formação escolar e preparação profissional. A fase adulta se caracteriza como
momento das realizações pessoais, do crescimento profissional e intelectual. A velhice é o
momento de saída do mercado de trabalho, o que significa a perda do vínculo com uma das
mais importantes fontes de relacionamento social e realização pessoal, sendo comum a
14
ocorrência de quadros depressivos e sensação de desvalia. Os idosos são vistos como um
grupo que onera os sistemas previdenciário e de saúde. Esta é uma visão capitalista, onde o
ser humano tem valor apenas enquanto é produtivo.
Todas estas considerações indicam assim a necessidade de estudo sobre a questão
de gênero e o impacto na qualidade de vida e auto-estima.
A auto-estima está intimamente ligada à autonomia, à independência do ser humano
e à capacidade de autocuidado (ROACH, 2003). Ao se ver positivamente, a pessoa idosa
torna-se capaz de lidar melhor com as mudanças e desafios do avanço da idade. Estas
mudanças e perdas geralmente contribuem para a diminuição da auto-estima. Isto porque
são vivenciadas nesta fase do ciclo vital as conseqüências físicas, emocionais e sociais das
situações pelas quais passou ao longo da vida. Quando o indivíduo apresenta um saldo
positivo de realizações pessoais, familiares e profissionais, o resultado será um
envelhecimento bem sucedido e com boa auto-estima. Do contrário, tendo baixa auto-
estima, muitas perdas e frustrações, o resultado pode ser a temeridade e fragilidade quanto
à chegada do fim da vida. A solidão aparece quando seus filhos decidem morar sozinhos
ou perdem seus companheiros ou mesmo por seus corpos começarem a sofrer alterações,
tais como o aparecimento de rugas, alteração hormonal e psíquica (alternância de humor e
insônia).
A terceira idade no sexo feminino, alvo desta pesquisa, enquanto processo final do
ciclo vital, faz emergir a relação intrínseca entre cuidado e auto-estima. Quem se cuida se
ama e vice-versa. Este binômio cuidar/amar na mulher idosa sempre me inquietou e
instigou, levando-me a realizar este estudo.
Esta questão traz alguns desdobramentos, sobre como a mulher idosa se percebe, o
que faz para preservar sua auto-estima, mecanismos utilizados para lidar com as
dificuldades da vida; crenças quanto ao seu potencial e atitudes para a manutenção da
15
satisfação com a vida. Vários questionamentos surgem no imaginário dessas mulheres:
Como viverei sozinha? Com quem dividirei angústias, ansiedades, sofrimentos,
felicidades? Saberei administrar minhas finanças? O que farei para lidar com as
adversidades decorrentes da vida?
As ações diante destes questionamentos são variadas. Algumas mulheres adotam
um perfil diferenciado de envelhecer, pois continuam a se definir como pessoas integradas
à sociedade através do exercício de cidadania, da inserção no mercado de trabalho ou em
atividades ligadas à arte. O envelhecimento desta forma não é sinônimo de decadência,
isolamento e aniquilamento, posto que não se deixam influenciar pela diminuição de
possibilidades de participação/ integração em atividades formais. Procuram constituir,
então, uma nova auto-imagem, em busca constante de adaptação e de reconversão. A
responsabilidade do envelhecimento bem-sucedido depende do cuidado da mulher com a
sua saúde física e psíquica, aos com o aprendizado permanente e com a qualidade de suas
relações sociais e familiares.
O interesse pela realização deste estudo é justificado pelas experiências e
questionamentos ao longo da minha trajetória pessoal e profissional. Trabalhei
inicialmente como enfermeira residente do programa de Clínica Médica de um hospital
universitário no estado do Rio de Janeiro, depois como enfermeira assistencial numa
unidade de Clínica Médica feminina de um hospital de ensino em Petrópolis, Rio de
Janeiro. Atualmente atuo como docente na cadeira de Enfermagem em Saúde do Adulto de
uma universidade privada neste mesmo município. Isto tem me permitido agregar
conhecimentos na área de geronto-geriatria. Tenho procurado nortear os futuros
enfermeiros a mudarem seus paradigmas em relação aos idosos e, buscarem novas
intervenções no processo de cuidar de pessoas idosas.
16
Como enfermeira assistencial, optando pelo cuidado, participei de várias situações
onde pude observar atitudes positivas e negativas de autovalor e autocuidado das mulheres
idosas no âmbito hospitalar. Algumas possuíam atitudes positivas sobre si mesmas,
buscando orientações dos enfermeiros sobre formas mais saudáveis de se cuidar, tendo
força para continuar a viver de forma harmônica. Outras se isolavam, tinham atitudes
negativas, mostrando-se tristes, prostradas e recatadas em seu leito, demonstrando
desinteresse em viver. Algumas mulheres sentem-se envelhecidas, outras não se aceitam
assim. Algumas procuram mudar sua auto-imagem, submetendo-se a variados
procedimentos rejuvenescedores naturais, ou não.
Nesta prática pude conviver, trocar e compartilhar experiências com mulheres
idosas. Procuro orientá-las para que se mantenham ativas, participativas e autônomas em
suas escolhas, e quando possível estar atenta frente às necessidades psicossociais dessas
mulheres.
Minha motivação aumenta com indagações sobre as situações vivenciadas pelas
mulheres em relação à sua auto-estima durante o envelhecimento e como o Enfermeiro
pode contribuir efetivamente neste processo. Acredito que por meio de ações preventivas
os enfermeiros podem colaborar na manutenção da auto-estima.
Para dar conta dessas indagações, elegi a teoria de Adaptação de Roy, um modelo
adaptativo, holístico e humanizado, como o referencial teórico da análise das experiências
das idosas entrevistadas. Tal teoria é baseada na identificação de estímulos, mecanismos de
enfrentamento e respostas comportamentais para uma melhor compreensão das situações
adaptativas, neste caso àquelas associadas à vida das mulheres em envelhecimento.
Selecionei o modo adaptativo de autoconceito que vai ao encontro da necessidade
de integridade psíquica do indivíduo. Seu enfoque está nos aspectos psicológicos e
espirituais. É dada atenção à auto-estima, auto-imagem e o self. A escolha desse modelo
17
partiu do pressuposto de que o que vai determinar a qualidade do processo de
envelhecimento é a capacidade adaptativa da mulher idosa frente às mudanças internas e
externas que vivencia. Considero que a adoção da base teórica defendida e comprovada por
Roy pode facilitar o meu estudo.
Acredito que as respostas as minhas indagações poderão ser revertidas em reflexões
e ações das mulheres idosas em se manterem ativas no seu processo de envelhecimento. A
partir dos resultados, o Enfermeiro poderá contribuir para a melhoria da qualidade da
assistência de Enfermagem prestada às mulheres idosas no âmbito de trabalho e cuidado,
especialmente no que diz respeito ao estímulo da auto-estima.
Escolhi pesquisar mulheres idosas, devido ao fato da população idosa ser
predominantemente feminina, bem como por estarem em uma posição de maior
vulnerabilidade.
Tenho como objeto de estudo a auto-estima das mulheres idosas como fator
primordial para obtenção de uma velhice bem-sucedida. Frente ao exposto delimitei como
questões norteadoras:
- Como a mulher idosa percebe a si mesma?
- Que mecanismos a mulher idosa utiliza para lidar com as dificuldades de sua
vida?
- Quais suas potencialidades vivenciadas no seu dia a dia?
- O que faz a mulher idosa para se manter satisfeita com ela própria?
- Quais os eventos que influenciam positiva ou negativamente na sua auto-estima?
- De que maneira o Enfermeiro poderia intervir para contribuir no aumento
da auto-estima dessas mulheres?
Para facilitar o desenvolvimento do estudo e tendo em vista as questões
apresentadas, formulei os seguintes objetivos:
18
- Analisar a auto-estima das mulheres no processo de envelhecimento, a partir da
sua narrativa;
- Interpretar esta narrativa à luz da Teoria de Roy, em especial do modo adaptativo
de autoconceito, propondo uma intervenção de Enfermagem para uma velhice
saudável;
- Identificar as atitudes positivas e negativas das mulheres idosas, a partir do seu
discurso;
- Descrever os mecanismos, utilizados pela mulher idosa, para manter-se satisfeita
consigo própria;
- Verificar os possíveis mecanismos de enfrentamento que a mulher idosa utiliza
para lidar com as dificuldades de sua vida;
- Propor estratégias de intervenções do Enfermeiro que contribuam para a auto-
estima da mulher idosa.
Esta pesquisa é importante, pois a auto-estima da mulher idosa tem sido pouco
estudado na literatura nacional e internacional. Em pesquisa bibliográfica consultada na
base de dados MEDLINE em 30/7/2005, utilizando o MeSH Term “self esteem”e os
limitantes “idade maior de 65 anos”, “sexo feminino” e “palavra restrita ao tulo”, foram
conseguidos vinte artigos, dos quais apenas um falava especificamente de diferenças de
gênero e auto-estima na terceira idade (Skultey KS, Krauss WS. Gender differences in
identity processes and self-esteem in middle and later adulthood. J Women Aging. 2004;
16(1-2): 175-88). Este artigo ainda não foi obtido por não existir em universidades
brasileiras ou no portal CAPES.
Este estudo se mostra relevante na medida em que a compreensão da auto-estima
das mulheres idosas poderá vir a favorecer intervenções de Enfermagem na melhoria da
vida dessas mulheres. O conhecimento visa reforçar ações que mantenham a mulher ativa e
19
participante na sociedade ao longo de toda a vida, incluindo o período da velhice. Por ter
no cuidado o eixo de suas ações, o Enfermeiro é um profissional privilegiado para atuar
junto a mulheres idosas que necessitem resgatar sua auto-estima, independência,
autonomia e, assim, exercer plenamente sua cidadania.
A seção do referencial teórico tratará dos seguintes estudos: Modelo adaptativo de
Roy e autoconceito; auto-estima; envelhecimento e auto-estima; gênero, envelhecimento e
auto-estima na mulher idosa.
20
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Modelo Adaptativo de Roy e Autoconceito
Os modelos teóricos de Enfermagem são instrumentos significativos para a boa
prática profissional, em especial como guia para o processo de Enfermagem. Este
entendido como uma forma de prestar cuidados. Os modelos são constituídos de aspectos
filosóficos, conceituais, teóricos e práticos. Dentre os diversos modelos, destaca-se o
trabalho de Callista Roy, conhecido como Modelo Adaptativo de Roy. Este modelo foi
desenvolvido a partir das experiências da teórica com o currículo de enfermagem no
Mount St. Mary’s College, em Los Angeles (EUA), em 1970.
Callista Roy nasceu em 1939, é uma teórica de Enfermagem, no Boston College,
Massachusetts. Atuou como membro do departamento de Enfermagem em Los Angeles,
professora adjunta da Universidade de Portland e consultora de Enfermagem no Arizona.
Realizou o seu mestrado em Enfermagem em 1966 e o doutorado em sociologia em 1977.
A referida autora continua aprofundando seus estudos até a presente data.
Em 1991, Roy e Andrews escreveram um livro sobre The Roy adaptation model:
the definite statement, que apresenta as experiências coletadas de vários autores
colaboradores que ensinaram usando o modelo de Roy nos últimos vinte anos.
A meta da Enfermagem no modelo de adaptação de Roy é conferir plena liberdade
de escolha do cliente para atuar de forma sábia e ativa no seu processo de lidar com as
dificuldades, driblar obstáculos e vencer os desafios. Essa meta não é tratar as doenças,
mas atender às necessidades da pessoa de maneira holística por meio da cura do corpo, da
mente e do espírito.
21
Os quatro elementos essenciais que compõem o modelo de Roy são a pessoa
receptora do atendimento de enfermagem, ambiente, saúde e o profissional de
enfermagem. Centraremos nossa discussão no elemento “pessoa”.
A partir das idéias e pressupostos teóricos de Roy, entende-se por pessoa um
indivíduo, uma família, comunidade ou sociedade. Esta pessoa é vista em uma perspectiva
holística, ou seja, o ser humano fica entrelaçado entre o sistema e o ambiente ocorrendo
uma troca de informações. Roy esquematiza esta visão sistêmica em uma estrutura cíclica
composta de entradas, saídas, controles e retro alimentações (Figura 1).
Figura 1- Modelo adaptativo de Roy*
Fonte: Roy Adaptation Model (Roy; Andrews, 1991).
A entrada no sistema é composta por inputs externos (macrossistema - meio em que
vive e das condições de subsistência) e internos (microssistema). As respostas
comportamentais da pessoa aos estímulos internos e externos, representando suas
adaptações aos mesmos, são conhecidas como mecanismos de enfrentamento (ou controle).
Roy divide os mecanismos de enfrentamento em subsistemas. O subsistema
regulador é composto pelos diversos mecanismos adaptativos fisiológicos (químicos,
MECANISMOS DE ENFRENTAMENTO
RESPOSTAS
ESTÍMULOS DO NÍVEL DE ADAPTAÇÃO
RETROALIMENTAÇÃO
22
neuronais e endócrinos). O subsistema cognato é constituído dos mecanismos adaptativos
cognitivos, incluindo as funções mentais superiores de percepção, processamento de
informações, julgamento e emoção. Os subsistemas agem em conjunto na manutenção da
integridade da pessoa.
Uma vez que estes subsistemas não podem ser diretamente observáveis, Roy elege
as respostas dos processos como os elementos constituintes de seus constructos. Desta
forma, cria quatro categorias, definidas como modos adaptativos, a fim de investigar os
comportamentos resultantes dos mecanismos reguladores e cognatos.
O modo adaptativo fisiológico representa a resposta física aos estímulos
ambientais, sendo a representação dos mecanismos reguladores. As necessidades e
processos relacionados ao modo fisiológico são definidos como sendo: oxigenação,
nutrição, atividade e repouso e integridade da pele, regulação dos sentidos, líquido e
eletrólitos, função endócrina e função neurológica.
Os demais modos relacionam-se aos mecanismos cognatos. O modo de função do
papel tem natureza social, compreendendo os variados papéis que a pessoa desempenha
dentro da comunidade onde mora e na sociedade como um todo. Roy e Andrews (1991)
discutem também, dentro da sua teoria, a importância da interação entre os indivíduos. A
identidade de grupo inclui relacionamentos compartilhados, metas e valores construídos,
convívio social e cultural, auto-imagem do grupo e co-responsabilidade de desempenho.
O modo de interdependência corresponde ao processo de preenchimento de
necessidades afetivas, incluindo as interações entre dar e receber amor, respeito e valor.
O modo de autoconceito relaciona-se aos aspectos psicológicos, morais e espirituais
do sistema humano. A necessidade básica subjacente a este modo é a integridade psíquica
e espiritual, ou seja, a necessidade de um indivíduo se conhecer, de forma a poder ser e
existir com um senso de unidade, significado e propósito no universo.
23
Na intenção de melhor explorarmos os conceitos envolvidos neste modo,
passaremos agora para algumas reflexões sobre o autoconceito e constructos correlatos.
A integridade psíquica é dependente da noção de self (noção do “eu”). O self
envolve a representação mental da experiência pessoal e inclui processos de pensamentos,
um corpo físico e uma experiência consciente de que somos separados e únicos em relação
aos outros (GAZZANIGA; HEARTHERTON, 2005). É um conjunto de pensamentos,
idéias, atitudes, valores e sentimentos que constituem a consciência da existência
individual da pessoa, sua concepção sobre quem é (JERSILD apud GEORGE, 1985). Hall
(1975) postula que o self corresponde às atitudes e sentimentos, da pessoa consigo mesma,
sendo considerado como um grupo de processos psicológicos que governam o
comportamento e seu ajustamento. O self consistiria de quatro aspectos: como a pessoa se
percebe, o que ela pensa de si mesma, como se avalia e como tenta se defender ou realçar
diante das mais diversas situações. As pessoas nem sempre estão conscientes dessas
percepções.
Roy e Andrews (1991), ao discutir o self dentro de seu modo adaptativo de
autoconceito, divide-o em self físico e o self pessoal. O self físico inclui a percepção
sensorial do corpo e imagem corporal. Isto inclui a avaliação do bem estar físico e a
percepção de saúde/doença, atributos físicos e aparência, bem como funcionais e sexuais.
Declarações como: “Eu sinto desânimo”, “Eu me sinto esgotado, exaustado” exemplificam
a percepção sensorial do corpo. A imagem corporal constitui o aspecto valorativo da
percepção corporal, envolvendo aspectos de natureza estética. Afirmações como “Eu
preciso perder peso”, “Eu sinto que sou uma pessoa atrativa” ou “Eu não estou fisicamente
apto para exercer qualquer atividade” são impressões comportamentais relacionados à
imagem corporal.
24
O campo da Psicologia divide o self em vários veis. O self mínimo é considerado
o básico e primitivo, traduzindo uma experiência corpórea e momentânea que separa o
indivíduo de seu meio. O self objetificado é a capacidade cognitiva de servir como objeto
da própria atenção, tal como estar consciente do próprio estado mental. O self simbólico,
expressão máxima da natureza humana, é a capacidade de expressar uma representação
mental de si mesmo através da linguagem. Inclui o senso de identidade, o autoconceito, as
memórias autobiográficas e expectativas e crenças futuras. Ou seja, constitui a história de
vida do indivíduo (GAZZANIGA; HEARTHERTON, 2005).
O autoconceito é definido como uma composição de valores, crenças e sentimentos
que o indivíduo possui acerca dele próprio ao longo do tempo e que é formado a partir da
percepção interna e percepção das reações dos outros. A questão “quem sou eu?” encontra-
se centrada no senso de desempenho e potencialidades individuais (ROY; ANDREWS,
1991). O autoconceito pode ser compreendido como uma estrutura cognitiva de
conhecimentos que orienta a nossa atenção para as informações que são relevantes para
nós e nos ajudam na adaptação ao ambiente (GAZZANIGA; HEARTHERTON, 2005). O
autoconceito abrange uma série de elementos que podem ser entendidos como aspectos
diferenciados do mesmo (Figura 2).
O auto-esquema é o aspecto cognitivo do autoconceito, consistindo em um conjunto
integrado de memórias, crenças e generalizações sobre o self. São os aspectos do
comportamento e personalidade, importantes para o indivíduo, ajudando-o a perceber,
organizar, interpretar e usar informações sobre o self na sua auto-direção.
O autoconceito funcional corresponde às experiências imediatas do self, limitando-
se à quantidade de informações pessoais pertinentes que pode ser processada
cognitivamente em um dado momento. Dependendo da situação, utilizaremos aspectos de
nosso autoconceito que sejam relevantes para nossa tomada de posição. As descrições
25
SELF
Sensação corporal
Imagem corporal
Auto-esquema
Auto-consistência
Auto-ideal
Self moral-ético-espiritual
AUTOCONCEITO
SELF PESSOAL
SELF FÍSICO
AUTO-ESTIMA
AUTOCONCEITO FUNCIONAL
pessoais do self variarão de acordo com as memórias que podem ser recuperadas, sendo
estas afetadas pela situação em que o indivíduo se encontra, as pessoas com quem ele está
e o seu papel nesta dada situação.
O auto-ideal corresponde aos aspectos do autoconceito relacionados àquilo que a
pessoa gostaria de ser ou ser capaz de realizar.
A auto-consistência é o modo estruturador do autoconceito. Corresponde a um
sistema organizado de idéias sobre o self que permitem manter uma auto-organização e
equilíbrio.
A auto-estima é o aspecto avaliativo do autoconceito. Refere-se à percepção
individual de autovalor, correspondendo às respostas emocionais das pessoas ao
contemplarem e avaliarem diferentes características suas. Embora a auto-estima esteja
ligada ao autoconceito, é possível que as pessoas acreditem objetivamente em coisas
positivas sobre si mesmas, sem realmente gostarem de si. É possível que as pessoas gostem
muito de si mesmas e, portanto, tenham auto-estima elevada, mesmo quando indicadores
objetivos não apóiem essa visão positiva de si mesmos.
Figura 2 - Esquema das relações entre o self e o autoconceito*
Fonte: Roy Adaptation Model (Roy; Andrews, 1991).
26
2.2 Auto-estima
No estudo da auto-estima busquei também subsídios em outros autores, cujas idéias
corroboram com as de Roy.
Coopersmith (1967) e Rosenberg (1983), pesquisadores considerados pioneiros no
estudo científico da auto-estima, relatam que ela vem a ser construída a partir da infância,
com a influência direta de seus pais ou cuidadores. Os fatores importantes que contribuem
nesta formação incluem o valor que a criança percebe dos outros em direção a si, expressos
através de elogios e atenção; a experiência da criança com sucessos e fracassos, aspirações
e sucessos e a forma da criança reagir a críticas ou comentários negativos (GOBITTA;
GUZZO, 2002).
A definição corrente de auto-estima é aquela que a como uma característica
individual que se relaciona ao valor que a pessoa tem de si mesma. Maia (2005) acredita
que esta definição geral, embora não seja incorreta, não seria abrangente. A auto-estima
seria uma opinião acerca de si mesmo (aspecto avaliativo do autoconceito), somada ao
valor ou sentimento que se tem de si mesmo (auto-valorização), adicionado de todos os
demais comportamentos, atitudes que demonstrem segurança e confiança nas relações e
interações com outras pessoas.
A redução da auto-estima é vista como um sentimento negativo de desânimo que
diminui a capacidade de uma pessoa se adaptar ao meio ambiente, percebendo-o de forma
negativa e ameaçadora. O indivíduo seguro saberá lidar com os eventos externos
ameaçadores, situações conflituosas, tendo menor ansiedade e sendo mais flexível às
modificações dos aspectos do self. A auto-estima pressupõe alcançar a felicidade sem
necessidade absoluta de sucessos, aceitação dos erros e perspectiva de melhora,
conhecimento dos limites e vislumbre dos insucessos. É preciso viver conscientemente,
27
entendendo de forma clara aquilo que nos afeta (valores e atos), tendo a responsabilidade
pela nossa ação na transformação em que estamos comprometidas.
Khoury (2003, p.16) afirma que
é a avaliação objetiva, honesta e favorável da própria pessoa-que influencia todas
as suas experiências e a sua qualidade de vida. Trata-se de um recurso
importante de adaptação às mudanças. Como a nossa vida está sujeita as
mudanças contínuas, é preciso adaptar-se sempre. É fato que as pessoas que
estão de bem consigo mesmas dispõem de maior energia para enfrentar novos
desafios.
Strocchi (2003) define três aspectos constitutivos da auto-estima: o Cognitivo, que
se refere ao intelecto, profissão e auto-realização; Emotivo, engloba as emoções e
sentimentos interiores como amor, felicidade, raiva, afeto e indiferença; Comportamental,
onde vai ser verificado seu comportamento frente a si mesmo e satisfação de suas
necessidades básicas.
São descritos dois componentes da auto-estima: o sentimento de competência
pessoal e o sentimento de valor pessoal, ou seja, a auto-estima é soma da autoconfiança
com auto-respeito. Assim,
a capacidade de desenvolver uma autoconfiança e um auto-respeito saudáveis é
inerente à nossa natureza, pois a capacidade de pensar é a fonte básica da nossa
competência, e o fato de que estamos vivos é a fonte básica do nosso direito de
lutar pela felicidade. Idealmente falando, todos deveriam desfrutar um alto nível
de auto-estima, vivenciando tanto autoconfiança intelectual como a forte
sensação de que a felicidade é adequada. (BRANDEN, 2000, p.10)
Pesquisadores têm ligado a auto-estima a resultados positivos, incluindo sucesso
profissional, relacionamento sociais saudáveis, bem estar subjetivo, percepção positiva
pelos amigos, realização acadêmica, persistência em enfrentar os fracassos e melhorar suas
habilidades próprias (TRZESNIEWSKI; DONNELLAN; ROBINS, 2003).
Em contrapartida, a baixa auto-estima tem sido ligada a resultados problemáticos,
incluindo sintomas depressivos, problemas de saúde e comportamento anti-social.
Uma das maiores discussões no campo teórico da auto-estima é sobre ser ela uma
característica estável (traço, como a inteligência e personalidade) ou variável (estado,
28
como a depressão e ansiedade) do self. As pesquisas se concentram mais nas fases de
infância e adolescência e poucos são os achados em relação ao idoso. Os conhecimentos
sobre ser a auto-estima mais ou menos estável têm implicações nas intervenções. Os
períodos de maior estabilidade na auto-estima podem ser os melhores momentos para
promover uma auto-avaliação positiva, uma vez que o autoconceito está particularmente
mais flexível.
Baumeister e Campbell (2005) estimam que para avaliar a auto-estima
necessidade, antes de tudo, de uma maneira sensível de medi-la. A maioria dos estudos
apenas pergunta quais valores as pessoas têm de si mesmas, havendo uma tendência de
respostas positivas. O ser humano tende a mostrar, como defesa natural aos outros, o seu
lado positivo.
Muitos autores (TRZESNIEWSKI; DONNELLAN; ROBINS, 2003) acreditam que
a auto-estima seja altamente influenciada pelo ambiente do indivíduo, o que acaba por
prever o futuro comportamento, faltando estabilidade, a longo prazo. A auto-estima seria
melhor conceitualizada em termos de processos de estado, sendo considerado como
termômetro de crenças transitórias, com valor diferenciado de uma pessoa em relação às
outras. Nesta perspectiva, os níveis da auto-estima podem estar vinculados à avaliação
social, continuamente mudando em resposta ao feedback externo. Caracterizar a auto-
estima como um traço também pode esconder o fato de que mudanças expressivas ocorrem
com as experiências vividas. Cada indivíduo reage de forma única aos eventos fisiológicos.
Outros autores discordam deste fato. Rosenberg (1983) utilizou um instrumento
quantitativo para avaliar a auto-estima, com dez itens de respostas do tipo Likert. Existem
duas dimensões nesta escala, a de efetividade pessoal e a de senso de valor pessoal. O alfa
de Cronbach (análise de homogeneidade dos itens) foi de oitenta e seis, valor este que
demonstra a validade e confiabilidade do instrumento. Ao analisar a auto-estima ao longo
29
do ciclo vital com este instrumento, Rosenberg sugeriu que a auto-estima permanece
estável ao longo do tempo. Haveria, porém, certos períodos da vida, quando a auto-estima
exibe maior ou menor estabilidade, em decorrência de fatores como personalidade em
formação, humor ou depressão. Se a auto-estima evidenciasse estabilidade muito baixa ao
longo do tempo, isso desafiaria a noção que ela é importante para resultados psicossociais
de longa duração. Kernis (apud TRZESNIEWSKI; DONNELLAN; ROBINS, 2003)
enfatiza a importância da flutuação diária da auto-estima ao longo do tempo. Apesar da
importância da pesquisa de Rosenberg, ainda se sabe pouco sobre a veracidade quanto à
estabilidade da auto-estima ao longo da vida, se comparado com estudos sobre a
estabilidade de outras características, tais como a personalidade. Como se pode constatar a
questão auto-estima representa um campo de estudo rico em desdobramento e indagações.
2.3 Envelhecimento e Auto-estima
O envelhecimento da população é um fenômeno de amplitude mundial. A
Organização Mundial de Saúde (OMS) prevê que em 2025 existirão 1,2 milhões de
pessoas com mais de sessenta anos, sendo que os muito idosos (com oitenta anos ou mais)
constituem um grupo etário de maior crescimento (OMS, 2001). Ainda por essa mesma
referência, aproximadamente 75% viverão nos países desenvolvidos.
O Brasil tem aproximadamente 170.000.000 de habitantes, dos quais 9,1% o
pessoas com mais de 60 anos (IBGE, 2000). A faixa etária que mais tem aumentado nos
últimos dez anos, de acordo com o último censo é a de mais de setenta e cinco anos
(CAMARANO, 2002). À medida que a idade avança, o risco de dependência aumenta. A
Enfermagem, portanto precisa estar comprometida com o cuidado humanizado deste
contingente populacional.
30
Segundo Veras (1991), a velhice não é um termo preciso, existe uma flutuação no
limite da velhice que compreende complexidade fisiológica, psicológica e social.
No meu entendimento, o envelhecimento não é um processo homogêneo. Cada
pessoa vivencia essa fase de uma forma, considerando sua história particular e todos os
seus aspectos estruturais, tais como classe, etnia e gênero, saúde, educação, condições
psicológicas, sociais e econômicas. As questões da capacidade funcional e autonomia do
idoso podem ser mais importantes que a própria questão de morbidade, pois se relacionam
diretamente à qualidade de vida.
Caldas in Pacheco et al. (2005) afirma que a espécie humana tem um limite
biológico amplo, de até cento e vinte anos e, para a autora estamos cada vez mais próximos
de atingir este limite, o que se dará ainda neste século. Acrescenta que pode ser desejável
viver mais de cem anos, com atividade, independência, saudável e com qualidade de vida e
não apenas anos vividos em números.
De acordo com Minayo et al. (2000, p. 8),
a qualidade de vida é uma noção eminentemente humana que tem sido
aproximada ao grau de satisfação encontrado na vida familiar, amorosa, social e
ambiental e à própria estética existencial. Pressupõe a capacidade de efetuar uma
síntese cultural de todos os elementos que determina sociedade considera seu
padrão de conforto e bem-estar. O termo abrange muitos significados, que
refletem conhecimentos, experiências e valores de indivíduos e coletividades que
a ele se reportam em variadas épocas, espaços e histórias diferentes, sendo,
portanto uma construção social com a marca da relatividade cultural.
Para obtenção de qualidade de vida e velhice bem-sucedida é imprescindível que o
indivíduo tenha sua autonomia preservada e, seja capaz de resolver seus próprios
problemas pessoais e de agir na direção dessa liberdade. Respeitar a sua individualidade
enquanto cidadão é valorizar a consideração sobre suas opiniões e escolhas. Demonstrar
falta de respeito para com o ser que é autônomo é desconsiderar seus julgamentos ou
omitir informações necessárias para que possa ser feito quando razões convincentes
para que se faça isso.
31
A terceira idade reflete a trajetória de vida assumida pela pessoa com valores,
interesses, disposições e atitudes. Cada qual elabora suas perdas e rupturas de modo
subjetivo, através de vivências personalizadas. A percepção dessa idade varia de acordo
com o contexto, incluindo questões socioeconômicas, culturais, biológicas e circunstâncias
familiares, sucessos e frustrações pessoais, amorosas e familiares (NOVAES, 2000).
Trzesniewski, Donnellan e Robins (2003) descrevem uma diminuição da
estabilidade da auto-estima em adultos de meia-idade para idosos. O pique da estabilidade
da auto-estima foi detectado na faixa etária dos quarenta anos de idade e foi maximizada
em quarenta e oito anos de idade. As pessoas, ao longo da meia-idade, tendem a
experimentar poucas mudanças ambientais. Papéis sociais são geralmente estabelecidos,
identidades razoavelmente consolidadas e a carreira e escolhas de relacionamentos já
foram construídas. Em contraste, as mudanças de vida e relações sociais podem ser mais
freqüentes na velhice. Filhos que saem de casa, aposentadoria, problemas de saúde gerando
a dependência de outras pessoas, declínio no status sócio-econômico, perda de seus
cônjuges, afastamento e perda de suporte social podem levar a trocas em papéis sociais e
conseqüentemente afetar o autoconceito do idoso. O impacto destas mudanças pode
desafiar a visão deles mesmos e, portanto, produzir instabilidade da auto-estima. Verifica-
se neste ponto que, ao chegar à maturidade, os indivíduos precisam lidar bem com essas
adversidades.
Os autores supra citados (op.cit.) revelam também que à medida que os indivíduos
ficam mais velhos começam a rever seus desempenhos, experiências e sucessos, levando a
uma auto-avaliação mais crítica, sendo freqüentemente mais rigorosos ou, em outros casos,
aceitando suas limitações. Esse processo seria consistente com a noção de velhice como
uma época em que as pessoas refletem a vida que levaram. Alguns decidem que tiveram
sucesso, desenvolvendo uma integridade maior do self e, assim conseguindo manter ou
32
aumentar sua auto-estima, enquanto outros puderam verificar que fracassaram, passando
por um declínio significativo da auto-estima. Algumas pessoas podem vir a manter um
nível relativo de auto-estima, apesar de experimentar sucessos e fracassos inevitáveis na
vida.
Refletindo a falta de consistência em achados prévios, os pesquisadores estudados
também têm dúvidas quanto a estas afirmações na terceira idade. Novas pesquisas se fazem
necessárias antes de qualquer conclusão, para que possa ser mais bem analisada a mudança
da auto-estima na maturidade e velhice. A literatura sobre bem-estar e envelhecimento
pode contribuir para clarear a percepção sobre a trajetória da auto-estima em idosos. Bem-
estar e auto-estima são constructos empiricamente relacionados, mas conceitualmente
distintos. Embora vários fatores adversos, anteriormente citados, possam contribuir com
a piora da qualidade de vida e auto-estima do idoso, pode-se teorizar que envelhecer
implica em capacidade melhorada e estabilidade emocional, protegendo o idoso em seu
sentimento de bem-estar. A auto-estima e qualidade de vida são mantidas em equilíbrio na
maturidade para velhice, e somente 5 a 10% de grupo apresenta depressão clínica
(KAPLAN, 1997).
Idosos podem estar significativamente protegidos de baixa auto-estima e desordens
psicológicas associadas, em virtude de fortes ligações com a religiosidade, tradição e
família (SNEED; WHITBOURNE, 2001). A auto-estima pode permanecer estável na
maturidade como um mecanismo defensivo para proteger sua identidade frágil, ainda que
rígida.
Até recentemente o processo de envelhecimento foi equiparado ao declínio físico.
Como resultado, a teoria do desenvolvimento deste período de vida focou os aspectos
negativos do envelhecimento em detrimento dos aspectos positivos. Dever-se-ia considerar
que o envelhecimento com sucesso resulta da manutenção da visão de si próprio como
33
amável, competente e bom. Esse senso positivo de si próprio pode ser mantido ao longo do
tempo. Os indivíduos que aceitam as mudanças trazidas pelo amadurecimento, tendo um
censo coesivo de si próprios, estão na melhor posição para se ajustarem e se adaptarem
física e psicologicamente ao envelhecimento (SNEED; WHITBOURNE, 2001).
O envelhecer é um processo fisiológico e irreversível pelo qual todos os seres
humanos naturalmente passam. Segundo Gavião in Duarte (2000), um adulto é
considerado saudável quando tiver satisfação das necessidades pessoais e de trabalho, bem
como laços afetivos satisfatórios, incluindo a auto-estima.
A pessoa ao envelhecer de forma saudável apresenta uma capacidade mental e
consegue se tornar uma pessoa capaz, independente, amada, feliz e realizada. O idoso que
se admira e gosta de se cuidar tem uma vida mais prazerosa. Eles têm suas ansiedades e
medos, mas que vão se superando na medida em que sabem viver, não transformam
pequenos em grandes problemas.
Na minha visão o idoso deve ser admirado e dentro do possível pela população
mais jovem, aceito com suas características, motivações, expectativas, sonhos e
potencialidades. Envelhecer não é seguir um caminho já traçado, mas, pelo contrário,
construí-lo constantemente. Na vida do idoso sempre pode aparecer novos desafios e
expectativas que devem ser enfrentados, bem como suas dificuldades e conflitos,
integrando limites e possibilidades.
O envolvimento dos idosos na construção do futuro é fundamental, pois, por um
lado, são testemunhas de um passado e, por outro, têm o que dizer pela experiência e
sabedoria adquiridos ao longo de suas vidas. O idoso deve procurar continuar tendo seu
papel na sociedade, na qual pode ser útil se dispuser a -lo, assumindo com as forças de
que ainda dispõe, o desafio da realidade futura que se aproxima, ajudando as gerações a
34
estabelecerem os elos intergeracionais e culturais indispensáveis a todo processo da
civilização (GAVIÃO in DUARTE, 2000).
À medida que a morte se aproxima, na velhice, freqüentemente a se manifesta.
Pessoas com crenças consistentes, confiáveis e clareza quanto ao seu autoconceito
possuem, na maioria das vezes, elevada auto-estima, as que não possuem clareza quanto
ao seu autoconceito acabam apresentando baixa auto-estima, que pode ser um fator
complicador da sua relação na sociedade.
Com o avançar da idade as pessoas encontram dificuldades em alcançar os
sucessos desejados e projetados na juventude, sendo mais provável se frustrarem. Para
lidarem com essas dificuldades, os indivíduos devem estar motivados a se
redimensionarem. Nesta perspectiva, as pessoas idosas podem se apresentar melhor
diante da vida. Não que seus problemas desapareçam, mas estes são gradativamente
sublimados na adequação de seu comportamento, alcançando meios de resolvê-los com
serenidade.
Os eventos de vida do cotidiano são às vezes incontroláveis e desafiam a
continuidade e a integridade do autoconceito e da auto-estima na terceira idade. Os
esforços de enfrentamento, em tais situações mostram um efeito sobre o desenvolvimento
do self. Se as estratégias de enfrentamento foram salutares e vitoriosas no passado, os
idosos provavelmente se adaptarão aos fatores, acontecimentos ou condição específica que
produz estresse na velhice. Contudo, se estratégias insatisfatórias de enfrentamento foram
usadas; os idosos precisarão de ajuda para experimentar alternativas de forma que venham
a se recuperar de condições imutáveis pertinentes as vidas (NÉRI; YASSUDA, 2004;
ROACH, 2003).
A pessoa idosa precisa ter um ego integrado e forte para adaptar-se às mudanças e
evitar os sintomas neuróticos. Algumas, entretanto, se preparam para aproveitar a
35
aposentadoria e ter novos interesses, divertir-se e cultivar relacionamentos e amizades,
bem como desenvolver potencialidades e habilidades adormecidas e escondidas durante
muitos anos (D`ANDRÉA, 2003).
2.4 Gênero, Envelhecimento e Auto-estima na Mulher Idosa
As estimativas do IBGE para o ano 2000 mostraram que para cada 100 mulheres
brasileiras entre 60 e 64 anos havia cerca de 88 homens (IBGE, 1991). Diante desses dados
estatísticos, podemos então afirmar que as mulheres sobrevivem mais do que os homens,
pois uma procura precoce de identificação e de tratamento de doenças, melhorando o
prognóstico de vida com qualidade.
Outro fator a ser considerado é a morte do cônjuge. Com a perda da esposa, há uma
tendência dos homens de se casarem com mulheres mais jovens e faz com que um número
maior de mulheres idosas termine suas vidas sem um companheiro. O casamento de
homens idosos é muito mais aceito na sociedade do que o das mulheres. Esta é uma
realidade mais natural pelos fatores culturais da nossa sociedade, com o arraigamento de
preconceitos tipo, o homem “tudo pode” ao passo que a mulher “nada pode”
(CAMARANO, 1999).
As mulheres idosas do Brasil, nascidas até a década de trinta, e que conseguiram
chegar aos sessenta e cinco anos no século XX, em sua maioria, não tiveram suas carreiras
profissionais almejadas e se voltaram exclusivamente para promoção do cuidado e
conforto de suas famílias (CAMARANO, 1999). Elas foram representantes de um modelo
de contrato de gênero, cuidando de seus filhos e de sua casa, na maioria dos casos. Na
atualidade, são responsáveis pelo aumento da renda familiar, mas ao chegar da velhice
sentem-se desamparadas.
36
Sobre o estado civil e trabalho das mulheres, é interessante registrar que as
mulheres casadas e que não trabalharam fora, passaram a vida inteira sem se preocuparem
com elas próprias, cuidando dos filhos, dos maridos e dos lares. Mesmo após um dia
cansativo das tarefas domésticas, todos esperavam que estivessem arrumadas e sorridentes
para satisfazerem as necessidades dos seus maridos e, no processo final, acabavam por
perder a auto-estima. Algumas mulheres iriam cuidar delas mesmas após a morte de
seus maridos. Camarano (1999) refere que as idosas tendem a ser financeiramente menos
desprovidas que os idosos, pois ao longo de sua existência são dependentes de seus
companheiros.
Atualmente, o perfil das mulheres se modificou, tendo sido uma mudança
significativa e bem representativa para a sociedade, pois as mulheres procuraram alcançar
a valorização profissional, tornando-se autônomas. Cada vez mais a mulher se ausenta do
seu lar, com uma carga de trabalho exaustiva, para complementar e ajudar na renda
familiar, além de ter que realizar suas atividades domésticas. Desta forma, os filhos ficam
sendo cuidados e gerenciados por parentes próximos, ficam nas creches por período
integral ou são cuidados por outras pessoas contratadas pela mulher para que ela possa ir
para o mercado de trabalho.
Para compreender melhor a história da mulher contemporânea teremos que nos
reportar a história que a antecede.
A conquista do voto feminino em 1934, com ações de movimento de mulheres,
representou avanço e desafio na condição da mulher na sociedade: o exercício de sua
cidadania. Somente na década de sessenta, com a criação do estatuto da mulher casada é
que se verificaram melhorias das condições femininas, visto que, até então, a mulher
necessitava do consentimento do marido para trabalhar (CAMARANO, 1999). Ainda
imperava uma ideologia de devotamento e de sacrifício da mulher, ressaltando a missão
37
materna e o cuidado familiar. Nesta mesma época, o censo demográfico registrava o
crescimento da população idosa no país (BARROSO, 1990).
O movimento feminista preocupou-se com o rompimento da supremacia de um
gênero sobre o outro, trazendo questionamentos acerca da diferenciação sexual, dos
espaços com vislumbre à igualdade de oportunidades de emprego e ganhos monetários.
Nessa mesma visão, Xavier (1996) comenta que o feminismo promoveu uma
desconstrução de gênero que não é visto pelo sexo, mas pela construção histórica e social
entre os sexos.
Até a década de setenta muito se discutiu sobre a passividade das mulheres, frente à
sua opressão, ou de sua reação apenas como resposta às restrições de uma sociedade
patriarcal, ou seja, voltada para uma dominação da figura masculina. Nessa mesma época,
surge a mulher rebelde, viva e ativa no seu processo de vida e independência. O mundo
passa por grandes transformações, onde as mulheres conquistam seus espaços em suas
trajetórias sejam elas políticas, econômicas e sociais.
Nos anos 70, mesmo com o surgimento dos direitos trabalhistas, as mulheres ainda
eram impedidas de entrar em todos os setores do mercado de trabalho, o que era reforçado
pelo próprio Estado.
O Estado intensifica o reconhecimento do valor da mulher a partir da Constituição
Brasileira de 1988 onde, no artigo 362, encontra-se expresso: “a família, constituída pelo
casamento ou por uniões estáveis, baseadas na igualdade entre o homem e a mulher, terá
proteção do Estado” (BRASIL, 1988).
Na grande maioria das vezes, ao longo de suas vidas, as mulheres foram
rigorosamente controladas pelos homens. A mulher que era autônoma era vista de forma
diferenciada. Uma das lutas das mulheres durante sua vida é a questão do poder e da
38
dominação do homem sobre ela, a proteção e o cuidado com o filho; a capacidade
muscular mais fraca coloca-na, em uma posição de inferioridade (LIMA, 2000).
Atualmente, esse perfil de controle dos homens sobre as mulheres está em franca
modificação. Domicílios chefiados e liderados por mulheres estão se tornando cada vez
mais freqüentes no Brasil. O censo demográfico de 1991 registrou 44,0% de mulheres com
mais de 60 anos sendo chefes de domicílios (VERAS, 1991).
As mulheres, no seu cotidiano, buscam avidamente liberdade, realização pessoal,
familiar e profissional. Como é complicado realizar todas essas tarefas com desejo de
perfeição, a mulher pode acabar sentindo-se frustrada em vários momentos de sua
existência, pelo estresse vivenciado no dia a dia, além do desgaste físico e emocional no
conciliar de todas as suas atividades desenvolvidas.
A transição para a terceira idade normalmente vem acompanhada de crises,
sobretudo no que diz respeito ao sentimento de autoconfiança. Se a idosa não sentir
segurança para tomar conta de si mesma, conseqüentemente sua auto-estima ficará
abalada. Confirmando o texto acima, Duarte (1991, p. 72) descreve de forma precisa essas
turbulências da vida da mulher:
A mulher que se encontra marginalizada nas funções produtivas e apenas passou
a responder pelo bom andamento dos serviços domésticos e na preservação dos
métodos tradicionais de socialização dos imaturos, passou a sua vida a lavar
pratos, a obedecer a alguém e a fazer os filhos cumprirem ordens. Chegando a
velhice sente-se sem identidade e entra em crise ao dar balanço em sua vida.
Tiggermann e Lynch (2001) encontraram um nível de auto-estima mais elevado em
mulheres com a idade de sessenta anos e em decréscimo a partir de setenta a oitenta e
cinco anos. Os achados de Ranzijn, Keeues e Luszcz (1998) sugerem que a auto-estima em
mulheres com idade de setenta anos era maior que mulheres de oitenta e cinco a cento e
três anos.
39
A mulher atinge um nível elevado de satisfação quando suas necessidades são
atendidas. Maslow, estudioso na teoria das necessidades básicas humanas, afirma que o
conceito da auto-realização e auto-estima está em patamares importantes da pirâmide por
ele elaborada.
Como se pode observar os componentes da pirâmide de Maslow reforçam as buscas
sobre a auto-estima. Preferi utilizar as idéias de Maslow referidas por Roach (2003) porque
a autora trata de Enfermagem gerontológica, permitindo adequação dos conceitos
consagrados de Maslow acerca dos cuidados de Enfermagem na atualidade.
Figura 3 - Pirâmide de Maslow
Fonte: Roach (2003)
A aposentadoria traz influência na conduta das mulheres. Elas vivem em contato
com as demandas emocionais e necessidades humanas primárias dos membros da família.
Ocupando-se com a labuta diária do lar, algumas podem ou não se sentir realizadas. Se não
tiveram conflitos em relação à sua posição feminina na sociedade, ao se aposentar, não se
sentirão inúteis, pois as atividades de cuidar da casa, sair às compras, continuam a fazer
parte da vida da mulher.
Auto-realização
Necessidade de estar satisfeito e realizado,
de aprender, criar, compreender
e potencial para experienciar
Auto-estima
Necessidade de estar bem, embora sozinho,
quanto com outras pessoas
Amor (Social)
Necessidade de afeição, sentimentos de
integração social e de ter relações
significativas com o outro.
Segurança e Confiança
Necessidade de acolhimento
e de estar livre de riscos ou perigos.
Fisiológico
Necessidade de oxigênio, alimento, água,
repouso e eliminação. A necessidade de sexo é
dispensável à sobrevivência da pessoa,
mas é necessária à sobrevivência da espécie humana.
40
A aposentadoria, dependendo das diferentes formas de convívio familiar ou social,
pode ter vantagens ou desvantagens, sempre requerendo um reajustamento. O aposentado
demora a assimilar sua mudança de status e, para alguns que passam a depender mais
financeiramente dos filhos, torna-se mais preocupante, haja vista que o salário oferecido
pelo governo é, na maioria das vezes, menor do que a renda que o indivíduo conseguia
obter enquanto ativo. Logo, para esses quanto mais velhos ficam, mais dependentes dos
filhos se tornam. Situação como essa faz com que o idoso passe por expressão de
sofrimento e desadaptação com a nova condição.
Os danos físicos e mentais da mulher, de idade mais avançada, podem ser
minorados e retardados. Um dos principais problemas psicológicos dos idosos é a sua
interação com o meio social, por vezes rejeitador e hostil, levando a sentimentos de baixa
auto-estima, isolamento, desorientação e desagregação. Atividades ocupacionais e
recreativas mantêm as pessoas ocupadas e distraídas, descarregando emoções e as ligando
a realidade exterior.
2.5 Características dos Idosos e suas Necessidades de Cuidado
Todo ser humano precisa ser cuidado. Boff (1999, p.33) afirma que “[...] cuidar é
mais que um ato; é uma atitude”, e essa atitude representa responsabilidade e envolvimento
afetivo e emocional com o outro. O cuidar é uma característica singular do ser humano. A
palavra "cuidado", para Boff (1999), tem dois significados: um representa desvelo,
solicitude; o outro, preocupação e inquietação.
A Enfermagem cuidando de pessoas, segundo Waldow (1999), é vista como uma
forma de se relacionar, de respeitar o indivíduo em sua totalidade e individualidade e de ter
o compromisso em compartilhar o seu eu com o outro, de modo que o idoso possa crescer
dentro de suas possibilidades, seus limites e suas potencialidades.
41
CUIDAR em Enfermagem é “olhar enxergando o outro, é ouvir escutando o outro;
observar, percebendo o outro, sentir, empatizando com o outro” (RADUNZ, 1999, p. 15).
Mayeroff (1971, p. 53) afirma que: “meu cuidado com o outro ajuda a ativar o
cuidado dele comigo e de maneira semelhante o seu cuidado comigo ajuda a ativar meu
cuidado com ele, fortalece meu cuidado com ele”.
O autocuidado é capaz de manter o idoso inserido em seu grupo social, elevando
sua auto-estima. Para isso, ele precisa manter o seu corpo em equilíbrio com a vida,
cuidando do seu próprio corpo (SILVA e DUARTE, 2000).
Duarte (1994) sinaliza que deve ser proposta uma nova forma de assistir, tornando
o cliente capaz de gerenciar a sua própria saúde e sua independência convivendo com a sua
família e a comunidade, sendo este paradigma orientado para a teoria do autocuidado de
Orem. A promoção de ações de saúde eficientes por meio da detenção primária pode
garantir uma assistência efetiva e com resolutividade.
Para Stevenson (1997), o cuidado de Enfermagem geronto-geriátrica é dividido em
dois níveis: macro e micro. O nível micro é definido em cuidados mais diretos ou
individualizados e próximos ao idoso. Começa pelo cuidado, para atingir a meta com
precisão a fim de que a avaliação diagnóstica seja realizada. Isto depende da sensibilidade
apurada do enfermeiro e a relação de ajuda será atingida. Assim, as inovações na área de
cuidar em gerontologia começam pela promoção de saúde a partir da redução de fatores de
risco previsíveis, sendo que o objetivo da inovação é você encontrar o ponto bom, o ponto
ótimo, do funcionamento da recuperação, da restauração e da reabilitação deste idoso que
está sendo cuidado. A Enfermagem em geriatria deve ser criativa e se empenhar em nível
macro de atuação através, da educação de cuidadores leigos e cuidadores profissionais para
que sejam capazes de atuarem junto à clientela idosa.
42
Valorizar a auto-estima da mulher idosa, sendo este um dos princípios básicos do
cuidado de Enfermagem, na qual as idosas devem ser vistas em suas totalidades, no que
tange às questões físicas, biológicas, sociais e espirituais.
A essência do cuidar é a atitude mais sublime do profissional de Enfermagem,
desde o começo do processo acadêmico até a sua formação profissional final é embutido
enfaticamente nas suas atividades assistenciais e teóricas e nas diferentes maneiras de
cuidar. Uma delas é usarmos o toque das mãos; através dele usamos um dos sentidos
preciosos de expressão de envolvimento, apoio, preocupação e proximidade com o outro.
Para Mazza (2002, p. 20), o cuidado é o resultado da boa vontade; intuição é
proporcionar o desempenho de suas atividades de vida diária com autonomia”.
Holinger (1986, p. 10) sugere para os enfermeiros que cuidam de idosos que o
toque “é uma forma de interação não-verbal entre enfermeiro e o paciente”. É benéfico em
pacientes que necessitam de encorajamento ou de acalento, e de tenham dificuldades em
verbalizar seus sentimentos. As pessoas idosas podem apresentar necessidade de
comunicação afetiva devido à sua tendência ao isolamento.
O Enfermeiro pode agir em parceria com o cuidador leigo que pode ser um familiar
como, por exemplo, a esposa ou filha, chamadas de cuidadoras primárias ou a sobrinha ou
cunhado, chamados de cuidadores secundários. A enfermeira, nesse caso, deverá ter sua
atenção redobrada, ser atenciosa e observadora de fatos e ações prestadas ao ser humano
que é cuidado, pois um cuidador desgastado e estressado não consegue atender as reais
necessidades dos idosos.
De acordo com Stevenson (1997), o enfermeiro e cuidador são mantidos num
processo contínuo em uma verdadeira sintonia onde o aperfeiçoamento, uma troca de
informações importantes acerca do melhor tratamento para o idoso; tentando melhorar sua
43
qualidade de vida. Esse cuidado se torna ideal quando é considerado todo o seu contexto de
vida pessoal, familiar, comunitário e seu ambiente físico e social.
Martinez (2003) diz que o que motiva o cuidador de idosos a essa atividade não é
apenas a questão salarial, mas compreendê-la como dom, vocação e desejo. O significado
de cuidar traz satisfação, realização, mas também desgaste psicofísico. Os fatores que
causam sofrimento durante o processo de cuidar dos idosos são a inabilidade de
compreender seu comportamento e de seus familiares, sendo que a grande maioria dos
cuidadores não está capacitada em gerontologia. Acrescentando, o autor informa que
envelhecer bem é aceitar a velhice como um processo normal da existência humana, pois
na medida em que se soube viver também se deve saber e ser capaz de envelhecer.
A pessoa que cuida deixa de prestar atendimento no sentido de realizar um
procedimento em alguém e passa a refletir junto e realiza uma ação, interagindo com a
pessoa a ser cuidada, fazendo, assim, com que haja crescimento do cuidador e do ser que é
cuidado. O processo de cuidar envolve crescimento e ocorre independente da cura. A
finalidade do cuidar é, em primeiro plano, amenizar o sofrimento do outro, manter a
dignidade e facilitar as etapas do processo, que são a do viver e do morrer.
Essa restauração é a capacidade do enfermeiro em usar suas habilidades técnicas e
perceptivas no apoio ao cuidar do idoso carente de seu apoio. Uma dessas percepções é a
sensibilidade, confiança e valor na prestação de seus cuidados.
Com o passar dos anos os idosos apresentam características próprias. Foram
divididas segundo os sistemas do organismo (respiratório, gastrintestinal, urinário,
músculo-esquelético, nervoso central e, endócrino), as principais alterações sofridas pelo
envelhecimento natural e suas conseqüências patológicas e quais são suas necessidades de
cuidado. De acordo com Caldas (1998), são os sistemas supra citados apresentam as
seguintes modificações fisiológicas:
44
Sistema respiratório: o diafragma torna-se pouco elástico, com isso aumenta o risco de
infecção pulmonar e diminuição da oxigenação dos tecidos. A orientação a ser dada é
aumentar a ingestão hídrica, pelo menos dois litros de água por dia; evitar o tabagismo e
estimular á prática de exercícios diários como, por exemplo, a caminhada;
Sistema gastrintestinal: a musculatura intestinal diminui e a peristalse se torna
lentificada. A orientação a ser prescrita é a modificação dos hábitos alimentares com
aumento das fibras na alimentação e atividade física diária favorecendo uma melhora nos
movimentos peristálticos diminuindo a prisão de ventre; a prótese dentária deve ser
avaliada anualmente, pois diminuição da arcada dentária, sendo também importante a
conservação das mesmas e ser mantida uma boa higiene;
Sistema urinário: ocorre diminuição da unidade funcional do rim que é o néfron. Com
isso, a urina é pouco filtrada e pouco produzida, a musculatura da bexiga é diminuída e o
idoso não consegue reter a urina. A orientação a ser dada é que se tome mais água
durante o dia e evitar a noite e ensinar o paciente a fortalecer a musculatura pélvica
contraindo o músculo rias vezes ao dia com um controle melhor da urina, verificar o
uso de absorventes para perdas urinárias;
Sistema músculo-esquelético: ocorre diminuição da força muscular, levando a um
desequilíbrio e queda, na maioria das vezes a causa é da “própria altura”, com índice
elevado de fratura de colo de fêmur e traumatismos cranianos;
Sistema nervoso central: ocorre redução do fluxo sanguíneo cerebral. Não perda da
inteligência e sim uma lentificação da atividade mental; ocorre diminuição dos
neurônios. Em relação à sua necessidade de cuidado é dar tempo suficiente para
memorização e aprendizado, respeitando a seu ritmo e utilizando com mais freqüência à
memória visual;
45
Sistema endócrino: na fase chamada de climatério, ocorre redução da produção de
estrogênios, causando em algumas mulheres tensão, depressão e outros sintomas. Deve-
se encaminhar as idosas ao ginecologista para avaliar a necessidade de reposição de
hormônios pós-menopausa.
Rodrigues (2002) relata problemas causados pelo sistema músculo-esquelético é a
quinta causa de morte nos idosos no mundo, relacionada, também, à hipotensão ortostática,
perda repentina de consciência com recuperação espontânea e uso de psicofármacos
principalmente os benzodiazepínicos. A orientação é favorecer um ambiente longe de
perigos, como tapete e chão liso, colocar grades laterais na cama. Refere ainda que deve
haver uma conscientização dos cuidadores e idosos quanto à sua independência,
permitindo às idosas participarem e refletirem sobre a independência delas.
Na realidade sabemos que o avanço da idade provoca o desgaste fisiológico
esperado e natural, pois o envelhecimento é uma das fases do ciclo biológico. Alertarmos
os idosos quanto aos riscos e o funcionamento do seu corpo é nossa obrigação enquanto
profissionais de saúde, mas não podemos impedi-los de exercer as atividades que eles
próprios se sintam capazes.
2.6 Intervenções de Enfermagem
As intervenções da equipe de Enfermagem têm uma função relevante para elevar
ou manter a auto-estima das pessoas da faixa etária escolhida como alvo do estudo. O
Enfermeiro esta intervindo positivamente na auto-estima, principalmente quando
respeitamos seu direito à autonomia e dignidade.
Para Roach (2003), o enfermeiro é capaz de ajudar a idosa quando:
46
- Desenvolve um relacionamento de confiança entre o idoso e a equipe de
Enfermagem, estabelecendo vínculos afetuosos, e apenas a ela são confidenciados seus
segredos ao se sentiram seguros;
- Oferece tempo suficiente para realizar suas atividades de autocuidado. Esta
valorização é preciosa para os idosos, aumentando a expectativa de vida com qualidade,
preservando sua capacidade cognitiva;
- Encoraja a verbalização do idoso. O profissional deve estar habilitado a prestar
este tipo de ajuda, através de uma relação saudável, com troca de conhecimentos e
experiências;
- Pratica uma escuta atenta e paciente respeitando os seus limites;
- Encoraja uso de comentários positivos e eliminar comentários autodepreciativos;
Há possibilidade do idoso encontrar satisfação em viver, apesar do enfrentamento de
perdas ou de um estado de doença no qual existam sentimentos amorosos e construtivos, as
reações depressivas e de ansiedade são esperadas;
- Inclui na tomada de decisão de seus problemas se sentindo no controle das
situações vivenciadas, constituem os processos internos ligados às formas de
enfrentamento, aumentando o alcance de suas respostas positivas;
- Utiliza a terapia de reminiscência que encoraja a pessoa idosa a recordar fatos
passados da sua vida. Geralmente, este tipo de terapia é uma experiência agradável
permitindo ao idoso reviver sucessos, conquistas e vitórias de tempos antigos favorecendo
e capacitando sua comunicação na reinserção social.
Devemos encorajá-los a conservar laços afetivos com atenção especial, para que
possam receber em contrapartida o carinho, zelo e dedicação que esperam por parte de
filhos, netos e parentes mais próximos. Os sentimentos das idosas sobre as alterações do
seu corpo e forma de agir estão ligadas às percepções de sua família e pessoas importantes
47
da sua convivência, bem como os sentimentos sobre a visão que possuem deles mesmos,
vão afetar vários aspectos de suas experiências; é importante que eles sejam estimulados à
prática da responsabilidade pessoal para que possam ter maior controle e autonomia sobre
sua vida. Pois, se eles se mantiverem ativos, realizados de maneira pessoal, física,
intelectual e social, estarão preservando a conquista da autonomia, que é um dos aspectos
importantes na manutenção da auto-estima.
Para Rodrigues (2002), no que tange à autonomia, a equipe de Enfermagem deve
acreditar na capacidade dos idosos tomarem decisões, porém admite que os mesmos não a
exercem, ficando em situações de dependência, tendo restrições impostas tanto pelos seus
familiares quanto pelo ambiental hospitalar por rotinas de serviços e escasso recursos
material e humano.
Figura 4 - Intervenções para melhorar a auto-estima
Fonte: Roach, (2003)
RESULTADOS DA AUTO-ESTIMA
Fala
própria
positiva
Sucesso
reconhecido nos
relacionamentos
interpessoais por
causa das forças
pessoais
Capacidade
funcional
percebida nos
papéis
preferenciais da
vida
Promover uma fala
positiva sobre si,
eliminar colocações
depreciadoras
Rever as capacidades
existentes, ajudar
com a modificação
do papel quando
necessário
Capacitar o paciente
para
perceber as
capacidades
únicas e dividir
com a
enfermeira
os benefícios
das interações
FUNDAMENTOS PARA MELHORAR A AUTO-ESTIMA
Ajudar os pacientes a desenvolver habilidades de autocuidado
para alcançar domíniosobre o esquema de cuidado.
Resulta em controle percebido.
48
3. METODOLOGIA
3.1 Caracterização do Estudo
Trata-se um estudo descritivo, realizado a partir de uma abordagem qualitativa. A
respeito dessa abordagem, Martinelli (1994, p. 13) ressalta que
as pesquisas qualitativas privilegiam o uso de uma abordagem na qual o contato
pesquisador e sujeito é muito importante. Nessas pesquisas, ao invés de
trabalharmos com grandes temas, com grandes cronologias, o fazemos de forma
mais localizada. Trabalhamos com os fatos de forma a poder aprofundar tanto
quanto possível a análise. Nesse sentido, priorizamos os fatos que estão mais
próximos do sujeito e que repercutem diretamente na sua vida.
No que se refere à pesquisa qualitativa, de acordo com Minayo (1996, p. 5),
trabalha-se com universo de motivos, significados, crenças, aspirações, valores e atitudes,
o que corresponde a um espaço mais profundo das relações dos processos que não podem
ser reduzidos à operacionalização de variáveis.
Soma-se a isto outra finalidade apontada para a pesquisa qualitativa por Chizzoti
(1991), qual seja a de intervir em uma situação insatisfatória, mudar condições percebidas
como transformáveis, onde pesquisador e pesquisado assumem, voluntariamente, uma
posição reativa.
O estudo ocorreu sob a forma de pesquisa de campo que, de acordo com Ludke e
André (1986), estuda os problemas no ambiente, em que eles ocorrem naturalmente, sem
qualquer manipulação intencional, pressupondo um contato direto e prolongado do
pesquisador com o ambiente e a situação, que está sendo investigada.
O método adotado foi o estudo de caso que, segundo Chizzoti (1991, p. 102),
é uma caracterização abrangente para designar uma diversidade de pesquisas que
coletam e registram dados de um caso particular ou de vários casos a fim de
organizar um relatório ordenado e crítico de uma experiência, ou avalia-la
analiticamente, objetivando tomar decisões a seu respeito ou propor uma ação
transformadora ou uma intervenção.
49
O estudo foi realizado com um grupo de mulheres vinte (20) de um posto de
Saúde de Família (PSF) de Petrópolis. O método se aplica uma vez que as participantes da
pesquisa são representantes de um grupo da classe operária/ trabalhadora do Brasil, sendo
assim adequado para este trabalho.
3.2 Local da Pesquisa
Para o desenvolvimento da pesquisa e na intenção de buscar entendimento sobre
como as mulheres idosas fazem para manter sua auto-estima elevada, considerei
indispensável e necessário acompanhar o grupo de idosos do programa da saúde da família
do Município de Petrópolis - Rio de Janeiro.
A pesquisa foi realizada em um Programa Saúde da Família (PSF) no município de
Petrópolis, no Estado do Rio de Janeiro. O PSF. Fica situado em um local de fácil acesso, é
vinculado a uma instituição privada que conta com a participação de uma Enfermeira, uma
médica, uma auxiliar de Enfermagem e sete agentes comunitários de saúde.
O PSF possui atendimento a grupo de idosas, hipertensos, diabéticos, serviço de
pediatria e ginecologia. As ações da Enfermeira da equipe são diversificadas no dia-a-dia,
e em programas especiais com os idosos.
A escolha desse cenário justifica-se pela aproximação da autora com o grupo de
idosas desde setembro de 2005, buscando criar laços de confiança, interação e afinidade
com as idosas depoentes, antes de iniciar as entrevistas, propriamente ditas. Dentro dessas
visitas ao grupo, observei como gostavam de realizar atividades de crochê, pintura e achei
interessante passar um pouco da minha experiência adquirida no curso de "dekoupage" que
é a pintura em madeira. Marcamos um dia de quinta-feira à tarde, levei todo o material e
expliquei todas as etapas da pintura. Foi um dia produtivo, elas gostaram muito e ficaram
agradecidas por eu ter desenvolvido essa atividade com elas. Convivi com as diversas
50
experiências de vida destas mulheres sempre às quintas-feiras, no horário de 13h30m às
16h30m, atendendo, assim, os requisitos de uma pesquisa de campo.
3.3 Sujeitos da Pesquisa
A pesquisa foi realizada com 20 (vinte) mulheres acima de 60 (sessenta) anos, que
concordaram em participar voluntariamente do estudo.
O Programa de Saúde da Família em Petrópolis (PSF) foi inaugurado em fevereiro
de 2001. Até maio de 2001 foram cadastradas duzentas e setenta e seis pessoas acima de
sessenta anos, predominando o sexo feminino com cento e setenta e três (173) em relação
ao masculino com cento e três (103). O grupo de mulheres idosas surgiu há quatro anos, e
o principal fator de procura de atendimento foi a queixa de “aumento da pressão”
(hipertensão arterial), sendo que o problema central encontrava- se no isolamento social
dessas pessoas.
No ano de 2005, a população idosa do PSF de Petrópolis aumentou para duzentos e
um (201) do sexo masculino e trezentos e cinco (305) do sexo feminino.
Trata-se de uma comunidade urbana proveniente, no passado, de área industrial
(têxtil, metalúrgica e alimentícia), cujas famílias possuem raízes no local, sendo muitos
descendentes de italianos. Chamou atenção da equipe o grande número de pessoas com
idade acima de sessenta anos. A partir dessa constatação e predomínio de mulheres, viúvas
e solteiras ficou definida a população alvo de trabalho.
Foi elaborado um roteiro de entrevista que pudesse identificar as reais necessidades
desse grupo. Dessa forma, foi criado o grupo de convivência, que é chamado de “cantinho
do amor”. Esse nome foi escolhido pelas mulheres participantes do grupo, através de um
sorteio. Neste grupo, cada mulher realiza um tipo de atividade como, por exemplo,
bijuteria, tricô, crochê, bordado em tapetes e pintura em tecidos. Existe uma troca de
51
saberes entre as participantes, onde cada uma ensina à outra a sua habilidade. O grupo
acontece todas as segundas e quintas-feiras no horário de 13h e 30 min. às 16h e 30 min,
sendo liderado por uma Enfermeira.
3.4 Coleta e Análise dos Dados
Foi realizado um estudo-piloto, conforme o roteiro de entrevista proposto no
Apêndice C. Segundo Lakatos (1991, p. 227), o pré-teste tem a finalidade de testar o
instrumento que será utilizado na pesquisa e evidenciará se ambigüidade das questões,
existência de perguntas supérfluas [...] e se recomenda a utilização, no roteiro de
entrevista um espaço suficiente para que o entrevistador anote as reações do entrevistado,
sua dificuldade de entendimento e seu embaraço com questões pessoais”.
O pré-teste serviu para avaliar a adequação do instrumento de coleta de dados
(obter-se-ão sempre os mesmos resultados, independente da pessoa que aplica?); a sua
validade (os dados são todos necessários à pesquisa? Algo foi esquecido de perguntar que é
importante?) e a operatividade (o significado e o vocabulário estão claros aos
entrevistados?).
A entrevista foi feita pela pesquisadora com a permissão da enfermeira responsável,
no mês de novembro de 2005, com quatro mulheres, com as seguintes idades: 63, 71, 68,
75 anos. A pesquisa foi realizada em um outro PSF da região serrana. Elas foram
abordadas, se gostariam de participar do estudo e todas que compareceram naquele dia
estavam animadas e entusiasmadas, e foram entrevistadas.
A entrevista inicial era composta de dados de identificação, dados
sociodemográficos e estilo de vida e sete perguntas abertas. A entrevista durou em média
cinqüenta minutos, foi realizada de forma individual, dentro do consultório e gravada em
fita magnética. Após a escuta das falas, foram reformuladas outras perguntas. No segundo
52
momento, após o pré-teste e com o roteiro reformulado, foi realizada a pesquisa com os
sujeitos da pesquisa do Programa Saúde da Família, onde a pesquisadora participou de
reuniões de grupo.
A entrevista foi composta de sete itens abertos, do tipo semi-estruturada, conforme
podemos observar no Apêndice D.
Para Ludke e André (1986, p. 34-35), esse tipo de entrevista permite
a captação imediata e coerente da informação desejada, praticamente com
qualquer tipo de informante sobre os mais variados picos. Além disso, ela
permite o aprofundamento de pontos levantados por outras técnicas de coleta de
dados de alcance mais superficial, atinge informantes que não poderiam ser
atingidos por outros meios de investigação.
Segundo Trivinos (1992, p. 146), entrevista semi-estruturada é
aquela que parte de certos questionamentos básicos apoiados em teorias e
hipóteses, que interessam à pesquisa, e que, em seguida, oferecem amplo campo
de interrogativas, fruto de novas hipóteses que vão surgindo à medida que se
recebem as respostas do informante. Desta maneira, o informante, seguindo
espontaneamente a linha de seu pensamento e de suas experiências dentro do
foco principal colocado pelo investigador, começa a participar na elaboração do
conteúdo da pesquisa.
Os dados foram obtidos do período de dezembro de 2005 a fevereiro de 2006.
A fim de iniciar a pesquisa foi solicitada uma autorização ao Comitê de Ética da
Faculdade de Medicina de Petrópolis, para avaliação da proposta de pesquisa e sua
coerência com os princípios da ética e bioética. Após a autorização, foi feito contato com
os sujeitos da pesquisa, agendando dia e hora convenientes para eles. Iniciei as entrevistas
apresentando a cada participante o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(Apêndice A) no qual constaram os objetivos do estudo e a garantia do sigilo de
informações coletadas.
As entrevistas foram gravadas em fita audiocassete magnética com o consentimento
das entrevistadas. Na seqüência os discursos foram transcritos por mim e retornaram aos
depoentes para que validassem, complementem seu conteúdo ou que também tivessem a
escolha de desistirem de participarem das entrevistas. Nenhuma entrevistada desistiu da
53
pesquisa, muito pelo contrário todas foram solícitas em participar da mesma. A duração de
cada entrevista variou de 20 minutos a 1 hora.
Por se tratar de uma pesquisa qualitativa, o critério representativo da amostra para o
encerramento da coleta de dados foi a saturação dos discursos das entrevistadas.
Para a análise de dados obtidos foi utilizada a análise de conteúdo que, segundo
Bardin (1977), consiste em um conjunto de instrumentos metodológicos que se aplicam a
discursos extremamente diversificados. Esta técnica resulta na extração de estruturas
traduzíveis em modelos. É controlada e baseada na dedução: a inferência.
O percurso metodológico foi baseado nas etapas previstas por Bardin (1977), que
correspondeu a três períodos: a pré-análise, a exploração do material e o tratamento dos
resultados, que inclui a inferência e a interpretação.
Iniciei uma fase de leituras sucessivas das entrevistas que foram realizadas e
busquei reconhecer preliminarmente seu conteúdo. Isto me permitiu desvendar pontos
obscuros em relação aos meus questionamentos. Assim, a cada entrevista realizada e
transcrita, procurei elucidar fatos e obter respostas às questões norteadoras deste estudo.
3.5 Aspectos Éticos
Todas as participantes foram orientadas quanto à participação no estudo assinando
o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido”, segundo a resolução 196/96 do
Conselho Nacional de Saúde sobre pesquisa envolvendo seres humanos, e tiveram que
concordar previamente com a gravação em fita magnética das entrevistas e tiveram acesso
às mesmas, assim que foi efetuada a transcrição.
54
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Dados Sociodemográficos
Foram entrevistadas vinte idosas no total. A idade variou entre 60 e 85 anos. Os
dados gerais da amostra estão no Quadro 1.
55
Quadro 1 - Características sociodemográficas das entrevistadas
Entrevistada
Idade
(anos)
Naturalidade
Escolaridade
Renda
Trabalho
(na atividade)
Religião
Estado
conjugal
Mora com
quem
Número
filhos
Número
netos
casa
1
64
Petrópolis
3º EF *
1 SM
Fábrica
chocolate
Católica
Casada
Marido
4
6
própria
2
71
Petrópolis
5º EF
4 SM.
Fábrica tecido
Católica
Casada
Marido
2
3
própria
3
72
Petrópolis
4º EF
1 SM
Fábrica tecido
Católica
Viúva
Filha
2
3
Própria
4
66
Petrópolis
4º EF
1 SM
Não trabalha.
Espírita
Solteira
Filha
1
-
Própria
5
85
Petrópolis
1º EF
1 SM
Não trabalha.
Espírita
Viúva
Sobrinha e
neta
2
9
Própria
6
76
Espírito
Santo
3º EF
1 SM
Não trabalha.
Católica
Casada
Marido,nora,
filho
2
2
Própria
7
68
Petrópolis
5º EF
1 SM
Doméstica
(ainda trabalha)
Evangélica
Solteira
Sozinha
1
3
Aluguel
8
83
Petrópolis
5º EF
1 SM
-
Espírita
Viúva
Filha
6
18
própria
9
60
Petrópolis
Ens. Médio
4 SM
Professora
Espírita
Viúva
Filho
1
-
Própria
10
68
Baixada
2º EF
4 SM
Não trabalha.
Católica
Viúva
Filho
3
3
própria
11
84
Petrópolis
3º EF
3 SM
-
Católica
Viúva
Sozinha
4
6
Própria
12
83
Petrópolis
5º EF
1 SM
Lavadeira
Católica
Viúva
Sozinha
6
19
Própria
13
69
Petrópolis
6º EF
2 SM.
Costureira
Católica
Casada
Esposo e neto
5
8
própria
14
74
Petrópolis
Ensino
Superior
7 SM
Pedagoga
Católica
Viúva
Filha,genro e
neta
3
5
Própria
15
60
Petrópolis
3º EF
Não tem
Nunca trabalhou
Católica
Solteira
Mãe
-
-
própria
16
60
Petrópolis
2º EF
Variável
Vende salgados
Evangélica
Divorciada
Sozinha
-
-
própria
17
73
Petrópolis
4º EF
2 SM
Não trabalhou
Católica
Casada
Marido
4
4
Própria
18
71
Macaé
Não estudou
2 SM
Tecelã
Católica
Casada
Marido
4
10
Própria
19
70
Petrópolis
2º EF
1 SM
Não trabalhou
Católica
Viúva
Filha
2
2
Própria
20
75
Petrópolis
2º EF
2 SM
Não trabalhou
Católica
Viúva
Sozinha
4
6
Própria
56
4.2 Análise das Categorias
Analisamos as vinte entrevistas, organizando as narrativas em categorias e
subcategorias que pudessem ser posteriormente analisadas à luz da teoria de Roy (modos
adaptativos e mecanismos de enfrentamento). É possível que haja representação de mais de
um modo/mecanismo dentro de uma mesma subcategoria, ou que estes se repitam em
outras subcategorias. A construção das categorias teve como critério a freqüência de
respostas dadas pelas entrevistadas tendo em vista os objetivos do estudo à luz da teoria de
Roy.
A categorização das respostas cria argumentos de análise. Pode-se observar que as
categorias 1 e 4 foram desdobradas em subcategorias. Tal desdobramento tem respaldo em
Bardin (1977) que admite subdivisões para análise de conteúdos e respostas. As categorias
se seguem são: 1- relacionando a auto-estima e a satisfação pessoal, sub-categoria 1:
sentindo-se feliz por estar no seio da família, sub-categoria 2: Percebendo-se valorizadas
por ser solidária com as outras pessoas, subcategoria 3: sentindo-se bem por desenvolver
atividades prazerosas; Categoria 2: Identificando a solidão como sentimento depreciativo à
auto-estima; Categoria 3: Apreciação do corpo- Relacionando auto-estima e auto-imagem;
Categoria 4: Dificuldades encontradas no cotidiano, sub-categoria 1: relacionando a auto-
estima com a situação financeira; sub-categoria 2: Relacionando auto-estima com a
convivência intergeracional; sub-categoria 3: Perda de entes queridos; Categoria 5:
Encontrando na espiritualidade a sua paz interior; Categoria 6: Identificando o trabalho da
Enfermeira como estimulador da auto-estima.
57
Categoria 1: Relacionando a Auto-estima e a Satisfação Pessoal
A forma como a mulher se sente sobre ela mesma é algo que afeta todos os aspectos
de suas experiências. Suas reações aos acontecimentos positivos e negativos são
determinadas por quem e pelo que ela pensa sobre si mesma.
Os acontecimentos negativos de sua vida podem ser reflexos das visões mais
íntimas que ela tem dela mesma. Acredito que a auto-estima tem dois componentes: o
sentimento de competência pessoal e o sentimento de valor pessoal.
Ter auto-estima elevada é um passo para ter o direito de ser feliz, e satisfazer
suas próprias necessidades. No desenvolvimento deste estudo e, através dos depoimentos
das sujeitas, percebo que essas necessidades são satisfeitas quando a mulher está no
convívio da família, o seu grau de satisfação em prestar solidariedade à sua comunidade e
se descontrai quando realiza atividades físicas e desenvolve as suas potencialidades e
habilidades (bordados e pintura).
Sub-categoria 1: Sentindo-se feliz por poder estar no seio da família
As mulheres entrevistadas vêem no convívio familiar o principal fator que gera
felicidade em suas vidas. É na família que depositam suas realizações, anseios,
expectativas, esperanças e realizações. Os laços familiares são considerados importantes na
medida em que a aliança, confiança e cumplicidade levam à sensação de proteção. A
valorização indispensável para a auto-estima neste grupo de idosas parece ser dada,
principalmente, pela possibilidade de convivência familiar.
Para essas mulheres:
“O que me deixa feliz é o bem-estar da minha família... Eu fico muito
feliz me dando bem com os meus filhos e os meus netos... Gosto de
cuidar dos meus filhos e netos... Para mim família é tudo, né?[...].
(ent-1)
58
“O que traz felicidade não é o dinheiro, não, sabe... Me dar bem com os
meus filhos, marido, com os meus netos, o meu genro e a minha nora.”
(ent-2)
“Eu sou feliz por viver quando eu estou em casa com a minha família.
Eu gosto muito de passear com o meu marido.” (ent 6)
“Eu gosto muito de reunir a minha família, meus netos que eu adoro.
Meus filhos quando estão felizes e bem.” (ent-10)
“O meu bem-estar é estar com a minha família.” (ent-16)
“Eu sou realizada em tudo, porque eu tenho meus filhos e meus netos.
Nós somos uma família muito unida.” (ent-17)
“Eu me sinto realizada por que eu criei meus filhos, e o meu marido é
muito bom para mim, tem muita paciência comigo. (ent-18)
Quando eu fico com a minha família, minha filhas, minhas netas felizes
e o meu marido também. Ah!! Como amo o meu marido.” (ent-19)
Identificamos, assim, dentro desta subcategoria o modo de interdependência e,
também o modo função de papel.
Dentro do modo interdependência da teoria de Roy, a mulher preenche suas
necessidades afetivas dentro da sua família, pois é nela que a mulher encontra seu
referencial e seu porto seguro (grifo nosso), sendo neste ambiente privado fornecido o
apoio que necessita, facilitando seu bem estar quando existe a presença dos componentes
alegria e amor. Dentro da família normalmente a mulher adquire vários papéis, entre eles o
de mãe, esposa e avó. Nesses papéis a mulher de uma forma geral se sente feliz e aumenta
a sua auto-estima na medida em que participam ativamente da vida dos mesmos, cuidando
e ajudando os pais no processo educacional dos netos.
Podemos correlacionar os achados supracitados com as observações de Perrot
(2005) sobre a vida da família das operárias tecelãs, uma vez que as duas amostras são
assemelhadas em termos de extrato social. Muitas delas tais como as entrevistadas, no
período de vida laborativa conciliavam o trabalho doméstico e o trabalho nas fábricas.
59
Embora a mulher fosse estimulada a não exercer nenhuma atividade extra-lar, para que
suas ações pudessem estar voltadas exclusivamente para a família, tal fato modificava-se
em extratos sociais menos privilegiados. De qualquer forma, o modelo da mulher até
meados do século passado (correspondente à nossa amostra) era exercido dentro dos
padrões do matrimônio, gestação, cuidado dos filhos, submissão e subserviência ao esposo.
A história de vida destas mulheres era voltada para a moldura doméstica, estando sempre
disposta a renunciar a seus desejos em prol da harmonia familiar e o progresso dos filhos
(BARROSO, 1990).
A relação mantida com os filhos era de gerir conforto e cuidado com a higiene,
alimentação, instrução moral, educacional e espiritual (CAMARANO, 1999).
Nesta ótica, a mulher ao construir sua família acredita em fazer sacrifícios pessoais,
ficando enaltecida e exaltada por exercer tal função. É possível pensar que mesmo a
mulher não exercendo trabalhos remunerados encontre sua alegria de viver dentro das
atividades domésticas, pois é dentro do modelo familiar que a mulher buscou sua auto-
estima e sua auto-valorização. O problema está na idosa achar que seus descendentes têm
obrigação de se dedicarem a ela, na mesma medida em que ela se dedicou a eles. Esta
cobrança pode e na maioria das vezes ocorre, resultando em conflitos familiares e
afastamento dos membros daquela pessoa que fez no passado o que considerou ser sua
obrigação e norte de vida e, agora com o envelhecimento acaba cobrando o que fez de
forma impositiva.
Dentro de seus lares, tais mulheres exerciam um poder doméstico, onde tomavam
posse do espaço da casa, na gerência do lar, sendo vistas como “ministras das finanças”.
Tal postura propicia a identificação deste espaço familiar com a própria vida da mulher,
sendo parte indissociável na formação de seu autoconceito. É compreensível, portanto, que
coloquem na vida familiar a representação máxima de sua felicidade, ao invés de em
60
valores mais individualistas como sucesso profissional. Por conseguinte, a auto-estima
destas mulheres fica associada ao sucesso dentro da família.
Mais tarde, com o surgimento dos netos, um preenchimento da existência da
mulher idosa de maior significado (ABREU, 2005).
Após realizar as entrevistas percebo que a família é a verdadeira âncora da
existência das mulheres entrevistadas, o que pode gerar cobranças delas em relação aos
familiares que não tenham tempo nem disponibilidade interna de estarem próximos e
presentes como elas desejariam. Isso pode gerar conflitos e sofrimentos significativos,
podendo torná-las amargas, solitárias e depressivas, além de mal humoradas, afastando
mais ainda seus familiares do convívio que tanto desejam.
Subcategoria 2: Percebendo-se valorizada por ser solidária com as outras pessoas
O desejo de ajudar destas mulheres ultrapassa o âmbito familiar e encontra-se
também muito presente no envolvimento social (solidariedade). É interessante observar
que, mesmo quando financeiramente comprometidas, podem fazer questão de compartilhar
com os outros o pouco que têm. São condições fundamentais para a auto-estima destas
mulheres o pensamento de união, fraternidade e de interação positiva com outras pessoas,
sentindo-se úteis.
Os depoimentos abaixo reforçam o que sinalizamos:
“Eu acho bom fazer o que eu faço ajudar os outros. Igual a hoje, por
exemplo, eu fiz uma rifa , era para mim o dinheiro, e acabei ajudando
uma pessoa necessitada e dei o dinheiro da rifa e consegui mais
dinheiro ainda, que está com câncer, Eu me sinto muito bem fazendo
isso.” (ent-1)
“Eu gosto muito de fazer o bem e me sentir bem diante de todos.” (ent-
4)
“É servir as pessoas, fazendo bem ao próximo. Eu preparo enxoval de
bebê e faço doação do enxoval para as mais carentes da Igreja.” (ent-
7)
61
“Eu gosto de ajudar e agradar os outros. Dou quilo para os pobres. Eu
faço isso para agradar a mim mesma como pessoa.” (ent- 8)
“Eu gosto muito de ajudar os outros. Se alguém me pedir ajuda eu não
consigo dizer não, parece que me um peso na consciência.” (ent-
10)
“Eu gosto de tratar bem os outros.” (ent-12)
“Ajudar as pessoas que precisam, que são pobres. Eu faço crochê para
as crianças necessitadas, que são pobres e as mães não podem
comprar.” (ent-14)
“O amor ao próximo, servir alguém e ajudar na Igreja.” (ent- 16)
“Eu gosto de visitar os doentes no hospital.” (ent-19)
Identificamos nesta subcategoria o modo de função de papel, quando a mulher
desempenha dentro da comunidade o papel de colaboradora das ações sociais. Emerge nas
entre linhas que são disponíveis, gostam de ajudar, vivem praticamente para se doarem e,
no meu entender podem acabar cobrando, em algum momento, por isso mais tarde. Se suas
famílias puderem corresponder ao esperado por elas, provavelmente se sentirão
recompensadas, do contrário poderão se tornar amargas.
Dentro dessa categoria a mulher desempenha uma importante função, pois dentro
da sua comunidade ajuda os mais necessitados, se sentindo útil aos mesmos.Ela precisa
manter a sua interação social, formando assim laços de dependência mútua. Eles se ajudam,
ajudam os outros, se encorajam em viver e se apóiam. O ser humano é um ser gregário que
necessita de aceitação e reconhecimento, assim, ajudando às outras pessoas, estão
assegurados de que ocupam um lugar no mundo (MONTEIRO, 2003).
No convívio social, a mulher resgata a sua cidadania e sua dignidade (ASSIS in
CALDAS, 1998). É a partir da inclusão social que se pode tornar as pessoas solidárias,
cordiais e conectadas ao mundo. A partir disto podemos resgatar o idoso como um ser de
valor para a sociedade. A visibilidade social das questões do envelhecimento nos convida a
62
refletir sobre os estigmas que existem ao redor do idoso. Para que haja inclusão é preciso
olhar para o verdadeiro papel do idoso na sociedade, suas relações sociais, enfim a sua
história de vida. E isso fará com que o idoso cresça se desenvolva, o que irá aumentar a sua
auto-estima, sua dignidade e o seu bem estar.
As palavras de Assis in Caldas (1998) correlacionam-se bastante a nosso achados.
Relata sobre a importância da participação social que:
[...] voltar-se para dentro de si mesma, interessar-se pelos outros, procurar
tornar-se um ser superior, desenvolver a sabedoria, realizar ões voltadas para
o bem-estar social para que ela reencontre o encantamento.
Subcategoria 3: Sentindo-se bem por desenvolver atividades prazerosas
Outro aspecto marcante na construção da idéia de auto-estima, para estas mulheres,
foi à necessidade de participar ou desenvolver atividades prazerosas. Tais atividades
variam de acordo com o gosto e interesse. As entrevistadas percebem a manutenção deste
tipo de atividades como possibilidade de permanecer alerta, consciente, mentalmente e
fisicamente ativa. Tais são condições básicas para a auto-estima.
Para essas mulheres:
“Eu gosto muito de dançar... Gosto de fazer ginástica dançando em
casa, pego o meu radinho e fico dançando.” (ent-1)
“Eu sou uma pessoa que gosto de passear muito... Eu fico muito feliz
quando eu faço uma costura, eu fico satisfeita quando as pessoas
gostam eu fico tão feliz.” Eu gosto de dançar.” (ent-2)
“Eu fico tão feliz em ler, eu gosto de ler livro espírita e sou de
carteirinha da Igreja Católica... Gosto de assistir filmes educativos.”
(ent-3)
“Eu gosto de bordar, fazer tricô, crochê, gosto de lavar roupa, passar
roupa e arrumar a casa.” (ent-4)
“O que me deixa feliz é a minha pintura, bordado, quando eu pinto, eu
esqueço da vida. Eu me sinto feliz fazendo tudo de casa, fazer bolo,
cozinhar coisas gostosas.” (ent-8)
Gosto muito de passear, adoro passear. Gosto de dançar um
forrozinho. Gosto de todo final de semana estar com os meus filhos,
63
netos e amigos. Adoro ir a uma excursão, eu adoro festinhas, um bom
forrozinho é bom. O meu marido também adora dançar forró e passear
comigo.” (ent-13)
“Gosto de arrumar a casa, fazer as minhas pinturas e os meus cordões
de silicone. Eu tenho vontade de aprender a fazer crochê. Eu pinto
panos de prato.” (ent-15)
“Eu gosto de cozinhar, lavar roupa, fazer crochê.” (ent-18)
Identificamos aqui o modo adaptativo fisiológico. Dentro dessa categoria de Roy, a
função atividade do corpo é importante, pois a pessoa que se movimenta, participando de
atividades físicas, se sente mais revigorada para desempenhar suas atividades rotineiras.
Mantendo outras atividades ligadas à arte e à cultura, ela acabará de alguma forma
sentindo-se mais feliz consigo mesma.
Essa afirmativa de Roy pode nortear nosso trabalho com as idosas, na medida em
que devemos estimular as atividades que elas relataram nesta sub categoria. Que isto se
torne rotina e programa do qual elas não podem e, não devem abrir mão de fazer.
Apesar de haver mulheres hipertensas e diabéticas no grupo, elas não trouxeram
dados relevantes da relação de suas doenças e bem estar físico. Também não foram citados
aspectos relacionados à nutrição. Possivelmente como tais questões são trabalhadas nas
atividades de educação em saúde do PSF, não sentiram desejo de as abordarem, estando
mais estimuladas a falar da saúde e de sua vida íntima. Em relação ao seu corpo, estas
mulheres gostam de se cuidar, por exemplo, em relação à integridade da pele, usando
cremes e hidratantes, assim como o cuidado com seus cabelos e suas unhas.
O grupo é bastante ativo, realizando diversas atividades físicas (caminhada,
hidroginástica, natação), bem como atividades artísticas (pintura em tela ou quadro,
bordado, tricô e bijuteria). A realização de atividades físicas contribui para a diminuição
das complicações das doenças crônicas, além disso oferece uma rie de benefícios ao
corpo da mulher, causando sensação de conforto e relaxamento, além da promoção do
64
processo de interiorização, de auto-conhecimento e de auto- reflexão, nesse momento em
que praticam essas atividades é uma oportunidade de oferecimento e dedicação para si e
esquecem um pouco das atribulações trazidas pela vida.
As atividades artísticas, além de darem satisfação e estimularem a criatividade,
podem servir como fonte de renda na terceira idade. A leitura também foi mencionada
como uma atividade prazerosa, sendo um excelente estímulo intelectual e um exercício
para a memória. Essas atividades funcionam como um recurso terapêutico, autônomo
em relação aos outros tratamentos, auxiliando na manutenção da qualidade de vida e
obtenção de uma velhice saudável e participativa dentro um grupo extra-familiar que
poderá apoiá-la.
Categoria 2: Identificando a Solidão como Sentimento Depreciativo à Auto-estima
Entre as entrevistadas, o medo da solidão foi apontado como sentimento
depreciativo à auto-estima e por isso mesmo um sentimento a ser enfrentado e, na medida
do possível, eliminado da sua existência. Foi caracterizado como sendo um “vazio” que as
acompanha em diferentes momentos de suas vidas, mas que desaparece quando se
permitem conviver harmonicamente com seu grupo social. Para elas, lidar com esta solidão
de forma tranqüila, não a encarando como algo assustador, ajuda a afastar sentimentos
outros como a nostalgia e a depressão, que geralmente fazem parte da vida das pessoas de
mais idade. Procura então preencher o tempo com atitudes positivas em relação à vida.
Do depoimento das entrevistadas emergiu o modo de interdependência citado:
“Quando eu fico em casa sozinha aparece todas as dores é bursite, essa
noite doeu tanto a minha coluna, na segunda-feira quando eu chego
no grupo eu converso com as minhas amigas, e quando eu chego em
casa o pessoal fala e mãe melhorou todas as dores, e eu falo para
eles, no grupo a gente fala tanta bobagem, no final a gente reza, e
agradece a Deus pelas pessoas do grupo que estão doentes, com
problemas e agradece a vida, eu até me esqueço das dores porque eu me
distraio.” (ent- 6)
65
“O pessoal fala como você é realizada morando sozinha?, você vai ter
depressão, e eu falo que depressão que nada, se você tiver depressão vai
em casa, que eu lido o rádio e a gente fica dançando, esse negócio de
depressão eu até brigo porque eu escuto alguém falar para mim hoje eu
estou deprimida,eu pergunto por que que você está deprimida? A pessoa
responde não sei, parece que eu tenho uma tristeza por dentro, ai eu falo
de novo vai para casa que a gente dança, vai para rua ver as modas,
e vai tudo embora.” (ent-7)
Essas mulheres citam o preenchimento de suas necessidades afetivas com o cuidado
a família, filhos e netos. Prestando afeto a seus familiares se sentem prestigiadas e
valorizadas, mas isso se torna perigoso na medida em que esperam uma contra partida
igual à disponibilidade que tem para ajudar os familiares, mas precisamos trabalhar com
elas a questão de que sua disponibilidade é completamente diferente da dos seus membros
familiares. As estratégias de enfrentamento são viver também em grupo extra familiar,
onde possam estar conversando e interagindo com as outras pessoas.
Para Zeldin (1997), a solidão é o pior tipo de sofrimento que qualquer indivíduo
pode ter. A mulher não consegue viver sozinha e, sem família se perderia. A solidão aterra.
O medo da solidão é um obstáculo à vida com plenitude.
A História conta que no início todos viviam no seio da família e não sabiam o que
era solidão. Hoje em dia uma epidemia de solidão varre o mundo. Quanto maior êxito
alcançado, maior seo sofrimento dele decorrente, e o dinheiro não pode reverter o mal
causado. Uma forma de lutar contra a solidão seria a introspecção, a compreensão de si
mesma, a ênfase voltada para a singularidade. A solidão acentuada leva a diminuição da
auto-estima.
Categoria 3: Apreciação do Corpo Relacionando Auto-estima e Auto-imagem
Algumas pessoas têm uma auto-estima baixa por causa de sua aparência física, ao
passo que para outras, esse critério é secundário. Mesmo quando não se sentem “belas”
66
(grifo nosso), isso não as impede de terem um autoconceito favorável. Muitas delas
percebem-se envelhecidas e tratam de si mesmas, procuram se embelezar e se valorizar
tornando a sua auto-estima positiva.
A apreciação do corpo está intimamente ligada à auto-imagem e a auto-estima,
sendo correlacionado à definição do próprio self (eu). A consciência de si própria é a
capacidade de formar uma identidade e depois associá-la a um valor.
Seus depoimentos nos trazem seus gostos de forma clara:
“Eu gosto de ser uma pessoa alegre, eu gosto de amizades, o meu
marido gosta de forró, a gente sempre dança. Eu gosto de usar pintura,
pintar o cabelo, eu não pintei porque eu vou viajar na semana que
vem. eu vou cortar e pintar o meu cabelo. E também essa doença do
meu irmão eu nem pude me cuidar direito. Eu gosto de usar anel,
brinco, cordão. Eu gosto da minha altura, eu gosto de ser alta. O meu
marido é mais baixo do que eu um pouco. Ele diz que para se igualar
a mim, ele tem que andar na ponta do pé. Mas ele não liga não. Eu
gosto de me arrumar para sair, comprar roupa nova. Eu faço para mim
e para ele.” (ent-2)
“Eu não gosto de nada no meu corpo, eu procuro tratá-lo, eu procuro
conservá-lo, eu procuro enfeitá-lo porque é um dom de Deus, foi o
corpo que Deus me deu. È o corpo que eu recebi.” (ent-3)
“Eu gosto do meu cabelo eu gosto, do cabelo eu gosto, do cabelo
também. Os olhos, os ouvidos, a língua eu gosto, mas que são
espirituais. O cabelo é físico. Quando eu olho eu procuro olhar com o
espírito, quando eu falo eu procuro falar com o espírito.” (ent-3)
“Eu gosto de todo o meu corpo, gosto de todo ele, porque todo ele é
valioso para mim. Eu gosto dele todo, e peço a Deus que me guarde
todos os dias e proteja e abençoe todos os meus membros.” (ent-4)
“Sou uma pessoa meiga, carinhosa, aprendi a me gostar toda, porque
muitas das vezes, eu me sinto muito gorda, às vezes eu me sinto muito
gorda, meu corpo horroroso, depois eu comecei a ver outras pessoas, e
aprendi a gostar de mim toda, do jeito que eu gosto. Às vezes a gente vê
aquela obesidade que passa dos limites. Eu gosto de fazer as unhas,
depilar as sobrancelhas a minha vaidade é essa. Não gosto de pintura.
Não gosto de tinta no meu cabelo, gosto dele branco, mas gosto de
cortar e fazer uma escova.” (ent- 1)
“Eu não gosto da minha barriga, eu uso cinta e aperta a minha barriga.
A minha mãe sempre me ensinou a usar cinta para eu não ter barrigão.
Olha o tamanho da minha barriga, e nem parece por causa da cinta.
É feio ser uma velha barriguda. Eu gosto do meu rosto.” (ent-12)
67
“Eu amo o meu corpo dos pés a cabeça. Eu me cuido muito: faço toda
semana as minha unhas, gosto de passar hidratante no corpo todo, gosto
de andar arrumada e bem apresentada. Eu me amo muito fisicamente e,
principalmente interiormente.” (ent-13)
“Eu gosto dos meus olhos que são verdes. Eu não queria ser gorda. Não
há roupa que sirva na gente. É horrível.” (ent-17)
Encontramos aqui o modo de autoconceito, sendo a forma como a mulher se e
imagina. O cultivo de comportamentos saudáveis nas nossas entrevistadas como, por
exemplo, o fato de não fumarem e nem beberem, ou seja, indica que são mulheres
comprometidas com a sua saúde, isto tende a fortalecer a sua auto-estima, pois o cuidado
com o corpo e o respeito consigo mesmas influenciam positivamente ao seu autoconceito,
ou seja, não se pode sentir-se bem ignorando as necessidades do seu corpo.
No momento em que as mulheres foram entrevistadas, observei que mergulhavam
rapidamente em um processo reflexivo sobre seu auto-conhecimento. Algumas
verbalizavam julgamentos negativos quanto à sua beleza externa. Outras assumiram uma
postura diferenciada. Com sabedoria, aprenderam a se admirar, enaltecendo-se ao
chegarem com vivacidade na sua maturidade.
Sendo assim, para definir os julgamentos das mulheres, encontramos o modo auto-
conceito da teoria de Roy (ROY; ANDREWS, 1991) na qual é dividido em imagem
corporal e sensação corporal. A sensação corporal é como a pessoa apresenta o ser físico e
a imagem corporal é como a pessoa o seu físico. A imagem corporal de um indivíduo é
uma avaliação pessoal de seu ser físico e atributos físicos, funcionamento, sexualidade,
estado saúde-doença e aparência. A imagem do eu físico reúne informações dos órgãos dos
sentidos aos processos afetivos e cognitivos (TOWSEND, 2002).
Algumas mulheres atingindo a maturidade se sentem e se percebem envelhecidas.
Outras lidam de forma mais sutil e tranqüila com o seu processo de envelhecer. Durante
esse processo algumas mulheres assumem uma postura rígida e um pensamento auto-
68
depreciativo, e algumas um comportamento inovador. São capazes de acompanhar as
mudanças naturais de seus corpos e reconhecem os seus limites.
A fragilidade e o enrugamento da pele não as torna diferentes das outras pessoas. O
importante é que cada um deve buscar estratégias de enfrentamento de suas vidas. Cada
qual tem a sua auto-imagem construída a partir da sua individualidade, sua atitude, cultura,
família, seus desejos e expectativas. As suas crenças e valores mudam com o passar do
tempo, na medida em adquirem novos comportamentos e passam por várias formas de ver e
sentir o mundo. Valorizando e cuidando da sua aparência interna e externa, será mais fácil
reconhecer seu amor-próprio.
A aparência é destacada por ela, nesta fala abaixo:
“Eu tenho a agradecer o corpo que Deus me deu, eu não tenho esse
negócio de querer mudar nada em mim eu me aceito do jeito que eu sou.
Se estou me sentindo feia eu dou uma ajeitada um pouquinho, eu gosto
de pintar as minhas unhas.” (ent-5)
Cada um de nós possui o seu padrão de beleza. Na sociedade em que vivemos
apenas são valorizadas as pessoas esbeltas, com cintura e quadris finos. Algumas pessoas
procuram atingir o padrão inatingível de beleza.
Cury (2005) salienta que as pessoas fazem de tudo para mudar os seus corpos,
cirurgias estéticas, tratamento de pele rejuvenescedores em busca de um rosto que tinha na
sua juventude. E o que é belo é a sua própria aceitação do seu envelhecimento. A essência
do ser humano é a que tem de maior valor.
Quando foram questionadas quanto às partes do corpo que admiram em si mesmas,
tivemos como resultado: os olhos, cabelo, rosto e outras disseram gostar do seu corpo
inteiro. Outras não admiravam em seus corpos: os cabelos brancos, a barriga, pernas e pés.
Fica difícil analisarmos o que gostam e o que não gostam em si mesmos, pois cada um de
gosta de uma parte do corpo. O gostar é relativo e subjetivo.
69
Morris (2005) explica o significado do estudo do corpo feminino. Vamos nos deter
apenas no que foi elaborado sobre a auto-imagem das nossas entrevistadas.
Olhos: os olhos femininos têm sido foco de grande atenção. Sabe-se que há mais de
seis mil anos usa-se maquiagem nos olhos. Sombras, delineadores, aparelhos para os cílios,
cílios postiços e lentes de contato coloridas são recursos usados pra embelezar os olhos. Os
olhos são os mais importantes órgãos dos sentidos. Os olhos funcionam com uma curiosa
função. Se o olho observa algo que o atraia, a pupila se expande, mas quando observa algo
desagradável a pupila se contrai. Nos olhares dos apaixonados a pupila se dilata.
Algo que é interessante saber é que na Itália as cortesãs pingavam gotas de
beladona nos olhos antes de receber um visitante, pois com o dilatar de suas pupilas dava
aos homens a falsa impressão de que eram amados.
- Mãos: as mãos femininas em relação a masculinas são consideradas delicadas,
ágeis e frágeis. Por isso, sempre foram excelentes em tarefas de costura, tecelagem e,
trabalhos decorativos. Costurar e tecer em alguns locais estão menos evidentes, mas a sua
destreza continua sendo um talento.
- Barriga: a barriga da mulher sempre foi uma região tabu, não apenas por ser uma
zona erótica em si, mas pelo fato de estar intimamente relacionada com os genitais. Roupas
que expõe a barriga atraem o olhar para a região genital. À medida que a mulher fica mais
velha, seu corpo ganha peso, a musculatura abdominal fica menos rígida e sua barriga mais
volume. É nesse aspecto que as mulheres ficam mais incomodadas.
- Cabelos: no simbolismo dos cabelos femininos existe uma simples dicotomia: o
contraste entre os cabelos naturais, longos, soltos e acessíveis e os cabelos curtos, sóbrios
rigidamente penteados. Os cabelos longos representam como símbolo de sensualidade,
liberdade, criatividade. Os curtos têm a simbologia de ser disciplinada, com autocontrole,
eficiência, capacidade de adaptação e assertividade. Evidentemente são generalizações. O
70
maior prazer das mulheres em relação aos cabelos é que permitem expressar seu estilo
pessoal e sua individualidade. Além dos cortes e penteados, ocorre a modificação da cor
dos cabelos. Nenhuma outra parte do corpo feminino passou por tantas e incríveis
mudanças culturais.
- Sorriso: uma característica do sorriso alegre é a prega da pele que aparece entre os
lábios e as bochechas. As linhas diagonais “personalizam” o sorriso estabelecendo o
fortalecimento dos laços de amizade.
- Pernas: o poder erótico das pernas sempre foi valorizado. Uma diferença de
gênero é a forma curvilínea das pernas femininas em comparação com as pernas
masculinas. As suaves curvas ascendentes atraem o olhar dos homens, não porque são
diferentes, mas porque são sinal de um corpo vigoroso e saudável. Pernas muito finas ou
muito gordas não são atraentes para os homens.
Para as entrevistadas, seus corpos têm o seguinte significado pessoal e particular:
“Eu não gosto da minha gordura, antes eu pesava 48 quilos, depois que
eu deixei de fumar, hoje eu peso 75 quilos. Eu não fico desesperada com
isso não é aquilo que eu fico te falando quando a gente chega a uma
certa idade há mudanças, a gente tem que se adaptar a essas mudanças,
a nossa pele não é lisinha, que é enrugada, mas a gente tem que
entender isso. Mas eu não me sinto mal por causa disso, eu tenho 64
anos. Eu me sinto bem assim,eu já fui maravilhosa.” (ent- 1)
“Eu não tinha parado para me observar, se eu tenho algum defeito, eu
gosto muito de observar nas pessoas e que me chama atenção são as
mãos, eu gosto muito das minhas mãos, não é porque elas são bonitas
não, mas é porque eu gosto muito de escrever, e de fazer várias coisas
com as mãos, e tudo o que a gente faz com as mãos é muito precioso. Eu
vou ser sincera, eu nunca me preocupei com o meu corpo, eu não sei se
eu preciso fazer alguma plástica, mas deve ser porque eu me envolvo
com tantas coisas que eu não me preocupo com isso. Eu acho os meus
olhos verdes lindos. (ent-9)
“Para falar a verdade eu me olho no espelho e vejo que poderia mudar
aqui e acolá, mas eu gosto mesmo é do meu rosto. (ent-6)
“Eu não gosto da minha perninha fina e dos meus dedinhos tortinhos.
Eu já estou me tratando com a reumatologista lá do hospital.” (ent-6)
71
“Em relação ao meu corpo, eu posso falar a verdade e ser sincera, eu
não gosto de nada, não gosto do meu cabelo que é muito liso, não gosto
do meu corpo, não gosto da minha pele que é muito enrugada, todo
cheio de pelanca. Eu me olho no espelho e fico com raiva porque eu
estou muito velha.” (ent-8)
“Papai do céu é tão perfeito e nos faz tão perfeito, mas eu não gosto é
da minha barriga. Eu até conversei com o médico sobre a minha
barriga e ele me falou não sei se é verdade que quando a gente vai
envelhecendo automaticamente a gente faz pressão na barriga e a gente
vai encolhendo e aparece as nossas costelas que vão diminuindo de
tamanho. Eu não gosto de ficar também me olhando muito, não sei se
estou certa ou errada, porque senão a gente cria um complexo e passa a
não se gostar, começar a olhar nossos defeitos ou coisas negativas, a
gente passa então a não gostar de si mesmo, ou cair em uma neura e
fazer uma plástica, e eu não gosto de fazer cirurgia.” (ent-9)
“Eu não gosto da minha barriga, eu sou muito gordinha. Eu gosto do
meu rosto.” (ent-15)
“Eu gosto de tudo, eu me amo.” (ent-16)
“Eu não gosto da minha boca, ela é caída.” (ent-18)
“Eu não gosto da minha barriga, eu uso cinta e aperta a minha barriga.
A minha mãe me ensinou a usar cinta para eu não ter barrigão. É feio
ser uma velha barriguda. Eu não gosto do meu rosto.” (ent-12)
“Eu não gosto nada em mim, eu sou tão pequenininha, feia e uma velha
chata.” (ent-14)
Dos depoimentos inegavelmente emergem críticas ao seu corpo atual, contudo não
existe nos mesmos a verbalização do desejo de fazer mudanças com cirurgias ou
tratamentos. Isso nos leva a pensar que dado ao seu poder aquisitivo, esse tipo de opção
para conter ou minimizar o avanço do envelhecimento estão distante de sua realidade
econômica/financeira ou não tem realmente o desejo de buscar o rosto da juventude. Pode
ser que elas venham aceitando seu próprio envelhecimento e acreditando nas palavras de
Cury (2005) de que a essência do ser humano é a que tem de maior valor e beleza.
72
Categoria 4: Dificuldades Encontradas no Cotidiano
Essa categoria reflete os obstáculos que as mulheres enfrentam no seu cotidiano
(dia-a-dia). As subcategorias são definidas como dificuldade financeira, conflito
intergeracional e o sentimento de perda de seus entes queridos. Elas poderão a interferir de
forma negativa na auto-estima das mulheres.
Subcategoria 1: Relacionando a autoestima com a situação financeira (vivenciando
dificuldade financeira)
A dificuldade financeira foi o aspecto mais relevante apresentado pelas
entrevistadas. Esta é fruto de uma época em que a mulher se dedicava apenas a sua família,
que sua capacidade intelectual não era valorizada. Desta forma, não se preparavam para
um emprego especializado, sendo mal remunerados. Atualmente a renda familiar é muito
pequena (média de um salário mínimo), sendo voltada não para o próprio sustento, mas
também para o apoio à vida financeira dos filhos e, netos. As mulheres idosas entrevistadas
nesta pesquisa, ainda precisam ajustar a sua vida a um orçamento financeiro extremamente
limitado, em razão da perda ou redução de pensão, quando o marido morre. Sendo assim,
suas necessidades básicas ficam comprometidas. Suas aspirações e anseios não são
realizáveis. Torna-se difícil até desfrutar de uma boa saúde, uma vez que necessita realizar
exames e não tem condições para arcar financeiramente.
Retiramos de seus depoimentos:
“O único problema é o financeiro. Porque eu quero fazer logo meu
exame de colonoscopia, mas eu tenho que esperar.” (ent-6)
“A minha única dificuldade é a financeira.” (ent-9)
“Ultimamente é o problema financeiro, porque ganhando um salário
mínimo é muito difícil, ás vezes eu quero fazer alguma coisa, e não faço,
porque eu ainda ajudo alguém que tem mais dificuldades do que eu,
mais necessidade do que eu, a gente tem que ajudar as pessoas e essa
sobrinha que eu crio. (ent-4)
73
“Eu tenho dificuldade financeira. Tem que esticar o dinheiro, estica dali
estica daqui. Eu tenho tanta vontade de arrumar a minha casa, mas
agora o meu filho está morando comigo, ele está sem mulher nenhuma
no momento, ele fala: mãe ,eu vou te ajudar, mas ele é vendedor e não
tem aquele dinheiro certo. (ent-12)
“O único problema é o financeiro. O nosso salário é cada vez menor. O
meu marido faz biscate em casa de serralheria, mas é um serviço
pesado. (ent-13)
“É a falta de dinheiro, eu puxo para e para lá. Para resolver isso eu
uso a inteligência, dou importância ao que é importante, as outras
coisas eu compro no outro mês. (ent-14)
È só o dinheiro, mas eu tenho muita dificuldade e as pessoas me
ajudam com comida.” (ent-16)
“Eu só tenho problema financeiro. (ent-17)
Foi a partir do processo de industrialização que se estabeleceu à divisão do trabalho
no campo social entre o publico e o privado, atribuindo-se ao primeiro as características de
produtividade e remuneração, enquanto que ao segundo, coube a afirmação de sua
condição de não produtivo e, por conseqüência, o fato de não ser remunerado. A
participação das mulheres, a quem coube o cuidado com os filhos e com as tarefas de casa,
limitou consideravelmente as atividades das mulheres, não cabendo a elas nenhuma
remuneração. Como conseqüência dessa situação, e vivendo dentro de um sistema
capitalista os ganhos financeiros são determinantes para a inserção social de quem as
possui, exercer então uma atividade não remunerada era ter seu trabalho invisibilizado e
sua voz calada, até mesmo como cidadãs. Na segunda metade do século XIX, em virtude
de uma série de fatores, as mulheres entraram no espaço público, trabalhando em
atividades diversas e equiparadas ao trabalho masculino e recebiam suas remunerações
inferiorizadas (PREHN; MATTOS, 2002).
No Brasil, torna-se evidente que o perfil econômico de muitas pessoas idosas é a
pobreza (VERAS, 1991). Para a maioria dos idosos, a renda do seguro social, que serviria
74
de um suplemento, é atualmente o recurso principal de rendimento da aposentadoria, e nem
assim tem acompanhado os índices inflacionários.
A aposentadoria tem a necessidade de assegurar não a própria manutenção, em
face das despesas crescentes com a saúde, mas também de contribuir principalmente no
orçamento familiar, mesmo depois de uma vida dedicada ao trabalho. Essa questão
financeira precisa ser repensada com seriedade, pois a pessoa que contribuiu a vida inteira
com seus esforços, sejam eles físicos ou intelectuais não podem ser desprezados, e sim
precisam ser respeitados e tratados com mais dignidade.
Poucos idosos acumularam bens durante suas vidas para terem segurança financeira
na velhice. Mais que um sexto de todos os idosos, vivem economicamente com
dificuldades, uma minoria está financeiramente confortável. Isso resulta em uma
adaptação significativa em sua vida, pois muitas vezes dará prioridade a sua alimentação
em detrimento da sua própria saúde (ELIOPOULOS, 2005).
Subcategoria 2: Relacionando auto-estima com a convivência intergeracional
(Vivendo um conflito intergeracional)
O conflito intergeracional apareceu no discurso de algumas depoentes. O conflito
foi evidenciado com seus próprios filhos, bem como genros e noras.
Foi observado durante as entrevistas que algumas mulheres ficaram entristecidas, e
não se sintam plenamente realizadas, em função das constantes discussões familiares. Isso
mostra que as pessoas mais novas têm uma grande dificuldade em se relacionarem com as
pessoas de outras gerações, não aceitando suas opiniões.
Os depoimentos confirmam as dificuldades que possuem.
“Tenho muita dificuldade familiar, os meus filhos não se dão, depois
que eles casaram se modificaram da água para o vinho. Eu não sou uma
75
pessoa realizada por causa das brigas dos meus filhos e netos. E eu criei
os meus filhos com tanto amor e carinho. (ent-8)
“Quando meu irmão saiu do hospital, eu gostaria de fazer uma visita,
mas a minha cunhada não deixa eu ir lá na casa deles. Eu já liguei para
ela duas vezes, eu fico com pena porque ele deve sentir a minha falta, e
ela não sei por que não gosta de mim. (ent-2)
“Meu genro que é uma pessoa boa e eu sei que ele gosta de mim, mas
ele é bronco não cresce, ele é uma criança. E eles moram na minha
casa. Ele fala cada bobeira e ás vezes eu fico pensando meu Deus o que
eu estou fazendo aqui, mas eu odeio morar sozinha. Eu tenho horror de
morar sozinha. E se eu morar sozinha eu vou morar com quem? Passa
semanas que não vai ninguém na minha casa, e ele é uma criatura muito
chata. Ele não compreende nada.” (ent-3)
Em todas as famílias existe uma transmissão de valores, crenças e condutas de uma
geração para outra, que é definido como aspecto transgeracional. É importante que os pais
estabeleçam vínculos entre avós e netos. Quando não é estabelecido este vínculo ocorre o
“conflito de gerações”, que acontece com noras, genro e sogras ou avós e netos
(ZIMERMAN, 2000).
Este fato pode ser decorrente da falta de contato, convivência e comunicação entre
os mesmos, uma dificuldade natural dos seres humanos de se colocarem no lugar do
outro e entender as transformações que ocorrem no mundo de uma época para
outra.Normalmente quando olhamos para uma pessoa mais velha e uma mais jovem
devemos enxergar as inúmeras diferenças existentes no mundo de um e no mundo do
outro, para podermos entender o conflito natural que pode existir entre eles.
Nas pessoas mais jovens uma necessidade de auto-afirmação e de imposição da
modernidade, e por outro lado a pessoa mais velha quer também impor suas idéias.
Em um convívio ideal é interessante que, haja respeito de ambas as partes, as
épocas são diferentes assim como os valores, sendo imprescindível que cada um conheça o
outro. Na verdade, nunca sabemos de tudo. Quanto mais houver a troca/comunicação entre
os envolvidos na relação, mais horizontes podem e devem ser abertos em nome de uma
76
convivência familiar mais harmônica. É preciso então haver a busca de entendimento entre
as gerações dentro das famílias, no intuito de buscar entendimento, humildade, aceitação e
afeto.
Subcategoria 3: Perda de entes queridos
Ficam evidentes, nas falas das depoentes, os sentimentos de tristeza, solidão e
depressão gerados pela morte de seus companheiros e de seus filhos. A vida cotidiana
parece que é difícil quando perdem seus entes queridos. A sensação de que passam é como
se perdessem seu porto seguro e seu ponto de apoio. A vida dessas mulheres fica amarga e
nostálgica, contribuindo de forma negativa para a sua auto-estima.
Os depoimentos abaixo corroboram a presente subcategoria:
A perda do meu marido. Eu tento resolver vindo no grupo, não adianta
eu ficar em casa chorando, olhando para o teto, olhando para as
paredes. Eu saio, dou uma voltinha, vejo as modas na Rua Tereza, vou
ao mercado, vou na padaria. E quando eu volto venho renovada. (ent-
10)
Às vezes eu fico muito triste quando eu lembro do meu filho que morreu
de câncer de esôfago. Espera um pouquinho que eu vou pegar as
cartinhas para você ler. Eu cuidei muito dele, e ele foi morrendo aos
pouquinhos, e isso é muito triste para mim. (ent-5)
Sendo assim, foi colocado por elas que a perda do companheiro, com quem a
mulher compartilhou seu amor, e sua vida para algumas é intolerável.
A adaptação à ausência daquela pessoa ocorre de forma lentificada, e essa falta é
somada à necessidade de aprender uma nova tarefa que é a de conviver sozinha. A maioria
das viúvas, depois do sofrimento pela morte do marido, adapta-se bem a essa nova
condição. O grande número de mulheres idosas viúvas propicia a conquista de novas
amizades ao compartilhar dos mesmos problemas e ter estilos da vida semelhantes.
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Amizades antigas podem ser reavivadas e se tornam fonte de prazer (ELIOPOULOS,
2005).
Foi identificado nessas três últimas subcategorias o modo autoconceito da teoria de
Roy. Apesar de essas dificuldades depreciarem a sua auto-estima, observamos que as
mulheres da amostra pesquisada buscaram formas de enfrentar suas dificuldades e de se
conterem em seus gastos econômicos. Os conflitos intergeracionais são superados na
medida em as idosas passam a compreender seus familiares e a perda de seus entes
queridos é superada, bem como buscando atividades para se manterem ativas.
Categoria 5: Encontrando na Espiritualidade a Sua Paz Interior
O aspecto espiritual foi relevante no grupo entrevistado. Foi interessante observar
que em todas as reuniões realizadas no grupo, as pessoas com religiões diferentes, uniam-se
de mãos dadas, com o mesmo objetivo: pedidos, agradecimento da existência (sua e de
familiares) e preenchimento de necessidades espirituais. Existiu em cada reunião a vontade
de exaltar o Divino. Foi interessante observar que acreditam em um ser que as protege,
guarda, ampara e abençoa.
Nesses depoimentos, podemos observar que independente da crença religiosa de
cada uma, existe como senso comum, a presença e crença numa divindade superior que as
ampara:
“Peço a Deus que me guarde todos os dias e proteja e abençoe todos os
meus membros. (ent-4)
“Eu gosto de ouvir o Padre Marcello Rossi, eu fico numa paz que você
nem imagina. (Ent-6)
“A minha nora sempre vem me ver e eu gosto muito dela, e ela traz o
meu bisneto que nasceu para eu rezar, ele fica tão calminho no meu
colo, eu rezo e peço a Deus proteção para ele. (Ent-8)
“Tudo o que eu peço a Deus eu consigo. (ent-5)
78
“Eu gosto da minha fé. Eu sou feita a imagem e a semelhança de Cristo
Gosto de rezar e estar na igreja.” (ent-16)
“Eu rezo todos os dias. Eu peço muito a Deus, eu tenho muita que ele
vai me curar.” (ent-18)
Identificamos nessa categoria o self ético-moral-espiritual. Emerge desta categoria a
forma como as mulheres encontram um conforto para resolver seus conflitos internos e
externos a partir de sua fé em um ser transcendental.
Para Koenig (2005), as necessidades espirituais tornam-se particularmente fortes
em tempos que as doenças ameaçam a vida ou o modo de viver. Negligenciar a dimensão
espiritual é como ignorar o estado psicológico do paciente. Buscar apoio e conforto nas
crenças religiosas, significa dizer, que pode haver uma redução de estresse emocional
causado por perdas ou mudanças, ou seja, essas práticas espirituais são usadas para regular
a emoção durante as mudanças, por exemplo, quando algumas pessoas têm medo de
envelhecer.
A espiritualidade engloba assuntos da alma que transcendem as dimensões físicas e
psicossociais. A sensação de finalidade, de esperança e de amor é promovida por meios
espirituais da vida (ELIOPOULOS, 2005).
É na oração que buscam soluções para as dificuldades vivenciadas no seu dia a dia.
Parte do plano de Deus é um elemento-chave do autoconceito que permite que as idosas
mantenham um estado de paz. O desenvolvimento da espiritualidade torna a vida do ser
humano mais harmônica.
Acreditamos que a volta da fé, da crença em Deus e da religião são freqüentes na
velhice. O papel da fé o de descobrir o sentido de suas vidas e sua verdadeira visão terrena.
Para alguns que apenas vivem de seus corpos, a velhice pode representar a decadência, mas
para aqueles que viveram para o espírito pode representar a revelação. A mudança de
79
valores é fundamental, pois o corpo, a mente e, principalmente, o espírito devem ser
cuidados.
Dentro de sua religiosidade, as pessoas buscam avidamente o equilíbrio mente,
corpo e espírito. Esse equilíbrio pode ser mantido através do ato da oração, seja sozinha ou
em grupo.
Para Fleck e Borges (2003), a espiritualidade depende de três componentes:
necessidade de encontrar significado, razão e preenchimento da vida, necessidade de
esperança, vontade para viver, necessidade de ter fé em si mesmo, nos outros ou em Deus.
Um dos motivos de se cultivar a espiritualidade é o medo da morte. Quando a
pessoa se depara com a sua idade, começa a se questionar o quanto viveu e o quanto
viverá.
Categoria 6 - Identificando nas Ações de Enfermagem possibilidades para o
Aumento da Auto-estima
Encontramos nessa categoria o modo interdependência da teoria de Roy.
Observamos que no conjunto das ações de Enfermagem podem ser identificadas
possibilidades de elevação da auto-estima do grupo assistido, porque em cada reunião de
que participava, presenciava a atenção oferecida às mulheres pelos profissionais de
Enfermagem.
Essas reuniões eram consideradas fundamentais, pois se compunham de momentos
de convivência, com atividades de descontração, alegria e relaxamento, além do que
dúvidas e incertezas quanto aos vários aspectos relacionados aos cuidados da família e,
principalmente, a saúde do seu próprio corpo eram debatidas. Tudo ocorria com
responsabilidade, confiança, troca de informações e aprendizagem.
Percebemos nas falas das depoentes:
80
“O dia que eu fico no grupo, fico feliz e esqueço da vida. Eu já chego lá
pintando o sete. Não há nada que reclamar.” (ent-7)
“Elas vem aqui em casa tiram a minha pressão, quando não posso ir
no posto. Elas são muito legais.” (ent-8)
“Eu gosto de todo mundo aqui, eu converso com as minhas amigas, eles
falam para a gente fazer caminhada, ginástica. (ent-12)
“Eu gosto das palestras, nos esclarece e ficamos informadas e
atualizadas, eu só queria que tivesse caminhada.” (ent-14)
“Eu gosto de estar aqui todos a semana, eu gostaria que tivesse
caminhada.(ent-15)
“Eu gosto das excursões que tive no grupo. (ent-17)
“É o carinho que elas me dão. Não tenho nada a dizer. Eles me tratam
muito bem que é uma maravilha.” (ent-18)
uma preocupação por parte da equipe de Enfermagem que sempre demonstrou
afeição, cuidado e o compromisso com esse grupo de mulheres. Por sua vez, elas se
sentiam lisonjeadas e valorizadas por terem alguém naquele momento zelando por elas.
A participação da equipe ajudou a estimular a mulher a desenvolver atividades
criativas, prazerosas, compensadoras e atrativas. Sendo uma forma de lazer para ocupar o
tempo ocioso. Semanalmente eram realizadas palestras pela Enfermeira, onde auxiliares
de Enfermagem e acadêmicos de Enfermagem também participavam ativamente.
Assim, foi observado que o Enfermeiro é o agente facilitador das ações
proporcionadas no grupo de mulheres, sendo a pessoa apaziguadora e mais indicada nas
intervenções de suas ações.
Essas atividades também auxiliam a pessoa idosa a fugir do isolamento e do
recolhimento social. Na medida em que presença do profissional de Enfermagem, a
mulher se sente prestigiada. Cria-se um espaço de comunicação e cuidado entre a mulher e
a equipe, com trocas, atenção e disseminação de valores humanitários.
81
O cuidado e o conforto levam ao atendimento das necessidades de quem é
assistido. O profissional de Enfermagem interage com a mulher, favorecendo condições de
mais conhecimento e de auto-valorização.
Portanto, a promoção da auto-estima saudável realizada pela equipe de
enfermagem deve ser registrada como uma possibilidade real de uma ação de Enfermagem.
82
5. CONTRIBUIÇÕES PARA A PRÁTICA DA ENFERMAGEM
A proposta de intervenções e ações de Enfermagem pode contribuir no aumento da
auto-estima das mulheres. O Enfermeiro deve procurar cotidianamente, ao optar realizar
seu labor com pessoas idosas, criar diferentes ações educativas. Tais ações exigem do
enfermeiro a capacidade de atender as necessidades e problemas de natureza pedagógica,
tais como encontrar formas de ensinar uma analfabeta a valorizar conhecimentos e atitudes
que podem reverter em benefício do grupo.
Essas ações e intervenções do enfermeiro devem buscar: estimular a idosa a manter
estilo de vida saudável, sem vícios que prejudiquem sua saúde; incentivar a pratica de
realização de atividades físicas regulares, para que a mulher idosa sinta-se revigorada,
favorecendo assim a circulação e oxigenação de seus tecidos, além de diminuir problemas
como os cardiovasculares. Proporcionar a manutenção de um estado ativo pode representar
um desafio para a idosa, pois algumas apresentam uma certa resistência a realizar
atividades físicas. Nesse momento o papel do enfermeiro é buscar sempre, na medida do
possível, estimular as mulheres a participar dessas atividades que são essenciais para o
corpo e para o aumento da auto-estima.
Manter o bom-humor é fator preponderante na convivência com os outros. A idosa,
conseguindo transparecer otimismo, aproveitando mais a vida terá maior facilidade para
enfrentar o estresse e as dificuldades. Elas devem ser estimuladas a manter seu cérebro
ativo, criando novos desafios, descobrindo fontes de atividades que nunca fizeram antes,
como as atividades voluntárias, participação em grupo de igrejas, da terceira idade, dança,
pintura, atividades relativas à música, escrita, leitura que pode ser sozinha ou em
instituições de deficientes visuais, carentes de recurso humano disponível para isso, devem
83
procurar passear, assistir a um bom filme, ouvir músicas que lembrem do seu passado ou
do seu presente bem vivido, conhecer pessoas e lugares novos.
A pessoa idosa deve procurar manter sua crenças religiosas pois, a conexão com o
espiritual faz parte da essência humana; a religião e a espiritualidade podem ter um efeito
positivo sobre a duração e a qualidade de vida dessas mulheres; a tolerância deve ser uma
característica humana a ser mantida pelos idosos para melhor se relacionar com a família e
seu grupo social, descobrindo dessa forma o melhor dentro do outro;
As idosas devem ser encorajadas a estabelecerem relacionamentos de confiança
com os seus familiares, desde que não cobrem exageradamente atenção e disponibilidade
das pessoas que as cercam. Ter ciência de que seus familiares, na maioria das vezes, estão
em plena luta pela sobrevivência no mercado de trabalho capitalista. Tais familiares, às
vezes, nem podem atender ao que é solicitado. As pessoas, dentro da família, devem
procurar um convívio sadio mantendo a socialização e a interação dentro e fora da sua
comunidade.
Os enfermeiros precisam estar atentos e intervir quando detectam o isolamento e a
solidão em uma idosa podendo criar e liderar grupos de ajuda; o auto-cuidado deve ser
estimulado, as pessoas devem procurar o respeito mútuo e a solidariedade.
Cada um deve demonstrar responsabilidade pela vida, não se acomodando no
isolamento, mas buscando formas positivas de bem viver.
A mulher idosa deve ter capacidade de conquistar e manter sua autonomia e ser
capaz de lidar com as suas próprias decisões, enfrentando os desafios mais desgastantes da
vida. Talvez algumas fiquem deprimidas ao transferir a sua função a outra pessoa com
sentimentos de dependência, de inutilidade e de impotência. Os enfermeiros então podem
reconhecer os pontos fortes e as capacidades das idosas para que elas sejam responsáveis,
84
participativas e ativas, com isso elas se sentirão valorizadas e prestigiadas pelo seu grau de
sabedoria, experiência e capacidade.
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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A análise dos dados apontou questões importantes vivenciadas pela mulher idosa, e
estes são capazes de influenciar na satisfação e qualidade de vida das mesmas.
Os resultados revelaram uma relação próxima e pertinente entre os achados e a
teoria de Roy, se mostrando aplicável a essa pesquisa na medida em que o auto-conceito e
auto-estima estão interligados, não havendo como dissociar esses dois construtos, pois um
interferirá no outro, o que possibilitou a análise, a discussão dos resultados e a elaboração
da presente proposta de intervenção à luz da teoria de Roy.
Além disso, o estudo apontou contribuição para Enfermagem na área de ensino,
pesquisa e extensão.
Em relação às suas atitudes quanto ao processo de envelhecimento, as mulheres
idosas, se mostraram, de maneira geral, mais otimistas e altivas, do que pessimistas e
negativas. Estes achados foram encontrados nas categorias: sentindo-se feliz e realizada na
família e pela sua atuação, participação e colaboração na sociedade, mantendo-se ativas
através de realizações de atividades prazerosas, bem como na e na religiosidade
encontraram mecanismos de resolução de conflitos e dificuldades.
no tocante à dificuldade encontrada no cotidiano, foi possível constatar que estas
são basicamente impostas pela perda de entes queridos, pelo conflito intergeracional e
dificuldade financeira associada ao nível baixo de escolaridade.
Envelhecer de maneira saudável significa fundamentalmente que, além da
manutenção de um bom estado de saúde física e mental, estas mulheres necessitam de
reconhecimento, respeito, segurança e sentirem-se participantes de sua comunidade, onde
podem colocar suas experiências, sabedoria e seus interesses.
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Neste contexto, a Enfermagem tem um papel fundamental na atenção a idosa, com
vistas a ajudá-la a manter a independência e apoiá-la em seu auto-cuidado, estimulando
suas potencialidades, e contribuindo para o aumento de sua auto-estima. Assim, a
Enfermagem ajudará a garantir a melhoria da qualidade de vida na terceira idade.
Nós enfermeiros, como educadores em saúde, podemos contribuir para ajudar a
mulher idosa a se sentir com auto-estima elevada através de realização de palestras
educativas, mostrando que nós somos responsáveis pelas nossas atitudes positivas, por
nossas escolhas, decisões e pelos valores que temos, por nossas percepções da realidade, da
forma que aproveitamos o nosso tempo, pela escolha de nossos relacionamentos e pelos
cuidados que temos com o nosso corpo. Desta forma teremos força e segurança, a fim de
enfrentarmos os novos desafios da vida.
Os grupos de idosas no PSF representam um espaço de educação em saúde onde os
enfermeiros podem atuar. Esses espaços vão facilitar o exercício da cidadania dessas
pessoas, através de projetos que podem ser criados e podem atender a demanda da
população idosa feminina. Inegavelmente, constituem alternativa para que as idosas
retomem seus papéis sociais e realizem outras atividades de ocupação do seu tempo livre,
local onde poderão ter um relacionamento social e interpessoal diferente do ambiente
estritamente familiar. Agregam idosas com dificuldades semelhantes e vai possibilitar o
convívio, fato de primordial importância visto que a solidão é uma queixa freqüente dos
idosos em todas as classes sociais.
Na realidade trata-se de estratégia de facilitação do vínculo que pode existir entre
enfermeiros e usuários e que, inegavelmente poderá interferir positivamente na adesão das
pessoas a instituição de saúde, no caso o PSF, tornando a idosa próxima dos tratamentos de
saúde oferecidos e medidas de prevenção.
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Como foi possível constatar, a meta da Enfermagem no modelo de adaptação de
Roy ofereceu subsídios para as ações aqui propostas uma vez que elas atendem as
necessidades da pessoa de maneira holística e aos elementos essenciais do modelo
escolhido: a pessoa, o ambiente e a saúde.
É necessário que exista a educação permanente dos enfermeiros, a busca da
compreensão das características desta clientela idosa, que leve à identificação e expressão
de construções culturais e de atendimento a necessidades específicas.
As atividades desenvolvidas em grupos diversificam-se e adaptam-se à clientela,
seus interesses, características sociais e epidemiológicas e à disponibilidade e formação
dos profissionais enfermeiros.
A variedade das atividades desenvolvida permite a redescoberta de diferentes
potencialidades e, conseqüentemente, o aumento da auto-estima desta clientela idosa
feminina. Com a depressão nesta faixa etária apresenta-se com alta prevalência (BRASIL,
2000), o desenvolvimento das atividades observadas, como dança e atividades corporais,
torna-se altamente significativo.
Por meio deste estudo foi possível buscar formas de ação para elevar a auto-estima
da mulher idosa em um determinado extrato social, podendo posteriormente, em outros
estudos levantar questionamentos sobre a auto-estima da mulher idosa em outra esfera
social Saber sobre a auto-estima dos homens idosos e a auto-estima dos profissionais de
Enfermagem que cuidam dos idosos, abrindo campos de estudo para um tema também
importante em outras faixas etárias.
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REFERÊNCIAS
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93
APÊNDICES
APÊNDICE A
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Este trabalho sobre “A auto-estima da mulher idosa e sua relação com o cuidado de
enfermagem”, tem como finalidade o cumprimento das exigências do curso de pós-
graduação em Enfermagem-Mestrado da Universidade do Estado do Rio de Janeiro-UERJ,
de autoria de Marcia Cristina de M. Tavares Maia, sob orientação da Prof. Dra.Maria
Jalma Rodrigues Santana Duarte.
Objetivo geral do estudo: Analisar a auto-estima das mulheres no processo de
envelhecimento, a partir da sua narrativa e, a relação do modo adaptativo do autoconceito à
luz da Teoria de Roy propondo uma intervenção de Enfermagem de qualidade para uma
velhice saudável.
Confiabilidade: Ressaltamos que os aspectos contidos na Resolução 196/96 sobre
pesquisas envolvendo seres humanos serão respeitados pela pesquisadora, dentre eles: a
garantia do sigilo que assegure a privacidade dos participantes quanto aos dados
confidencias envolvido na pesquisa.
Risco ou desconfortos previsíveis: Não risco as participantes da pesquisa. Os
responsáveis pela realização do estudo se comprometem a zelar pela integridade e bem-
estar dos participantes da pesquisa.
Benefícios: Serão assegurados aos participantes da pesquisa os benefícios
resultantes do estudo, sejam em termos de retorno social, e desenvolvimento de outras
pesquisas.
94
Conseqüências da decisão de abandonar o estudo: Esta garantia a liberdade do
participante de se recusar a participar ou retirar seu consentimento, em qualquer fase da
pesquisa, sem penalização alguma e sem prejuízo.
Petrópolis, _____ de ________________ de _______.
__________________________________________________________
Declaro estar ciente das informações deste termo de consentimento e concordo em
participar da pesquisa. Autorizo a utilização dos dados nesse trabalho (Dissertação de
Mestrado) e em outros estudos desenvolvidos pela autora.
Participante
Contato com a pesquisadora: Márcia Cristina de M. Tavares Maia.
Telefone: 2237-6399. Ramal: apoio.
95
APÊNDICE B
CARTA DE AUTORIZAÇÃO INSTITUCIONAL À PESQUISA
Da: Diretora do Programa de Mestrado da Faculdade de Enfermagem da Universidade do
Estado do Rio de Janeiro
Para: Comitê de ética da Faculdade de Medicina de Petrópolis
Assunto: Solicitação para realização de pesquisa
Prezado (a) Senhor (a),
Vimos, pelo presente, solicitar autorização para que a aluna Marcia Cristina de
Mendonça Tavares Maia do Curso de Mestrado em Enfermagem desta Universidade, sob
orientação da Profª. Drª. Maria Jalma Rodrigues Santana Duarte, possa coletar dados nessa
Instituição conforme informações anexas, a fim de realizar o trabalho científico previsto
para defesa da dissertação de mestrado. A pesquisa tem como tema: a auto-estima das
mulheres idosas e sua relação com o cuidado de Enfermagem. Como objetivo geral:
Compreender os fatores que influenciam a auto-estima das mulheres idosas no processo de
envelhecimento. A metodologia utilizada é de uma pesquisa qualitativa e de campo. O
instrumento de coleta de dados será um roteiro de entrevista.
Certos de contarmos com a colaboração de V. As apresentamos protestos de estima
e apreço.
Petrópolis, _______ de ______________________ de _________.
Atenciosamente,
Diretora da Faculdade de Enfermagem da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
96
Resposta da Instituição:
( ) autorizo a pesquisa ( ) não autorizo a pesquisa.
Rio de janeiro, _______ de _________________ de ________.
_________________________________________________
Responsável
97
APÊNDICE C
ROTEIRO DE ENTREVISTA (PILOTO)
1-Identificação:
Iniciais do paciente:
Data de nascimento:
Local de nascimento (zona urbana, zona rural, não sabe).
Há quanto tempo mora em Petrópolis (em anos completos)?
Qual o seu estado conjugal? (nunca se casou ou morou com companheiro, Mora com
esposo ou companheiro, separada, divorciada ou desquitada, viúva).
Quanto filho próprio teve?
Tem algum adotado?
Tem algum falecido?
2- Perfil social da idosa:
Escolaridade (em anos):
Qual dessas rendas você tem?
Aposentadoria
Pensão
Aluguel
Trabalho próprio
Doações (família, amigos, instituições):
Outras
Principal atividade exercida anteriormente:
Idade que se aposentou:
98
A casa onde mora é: próprio aluguel.
Com quem mora: sozinha, esposo, outra pessoa.
3- Estilo de vida:
Você fuma? Há quantos anos? Quantos cigarros por dia?
Você bebe? Há quantos anos? Com que freqüência por semana?
Você pratica atividade física?
Você apresenta algum problema de saúde? Toma medicamentos?
Perguntas à cliente:
1- O que você gosta no seu modo de ser como pessoa?
2- O que você não gosta no seu modo de ser como pessoa?
3-Quais são as coisas que você faz que a deixa feliz?
4- Em qual tipo de atividade que lhe dá prazer?
5- Quais são as dificuldades que você tem enfrentado ultimamente? Como você tenta
resolvê-los?
6- Você julga ser uma pessoa realizada nessa fase da vida? Em que aspectos?
7- De que maneira o Enfermeiro pode contribuir a você sentir-se melhor consigo mesma?
99
APÊNDICE D
ROTEIRO DE ENTREVISTA (ADAPTAÇÕES APÓS PILOTO)
1-Identificação:
Iniciais do paciente:
Data de nascimento:
Quantos anos você tem?
Local de nascimento (zona urbana, zona rural, não sabe).
Há quanto tempo mora em Petrópolis? Qual o bairro em que você mora?
Qual o seu estado conjugal? (nunca se casou ou morou com companheiro, mora com
esposo ou companheiro, separada, divorciada ou desquitada, viúva).
Quantos filhos próprios você tem?
Você tem neto? Quantos?
2- Perfil social da idosa:
Qual é o grau de sua escolaridade?
Qual dessas rendas você tem? Chega a quantos salários mínimos?
Aposentadoria
Pensão
Aluguel
Trabalho próprio
Doações (família, amigos, instituições):
Outras
Principal atividade exercida anteriormente ou que ainda exerce:
Idade que se aposentou:
100
A casa onde mora é: próprio aluguel.
Com quem mora: sozinha, esposo, outra pessoa? Quem?
Você tem amigos? Quem são?
3- Estilo de vida:
Você fuma? Há quantos anos? Quantos cigarros por dia?
Você bebe? Há quantos anos? Com que freqüência por semana?
Você pratica atividade física? Quantas vezes?
Você apresenta algum problema de saúde? Toma medicamentos?
Você faz uso de terapia hormonal?
Você tem alguma religião?
Perguntas à cliente:
1- O que você gosta no seu modo de ser como pessoa? E em relação ao seu corpo?
2- O que você não gosta no seu modo de ser como pessoa? E em relação ao seu corpo?
3- Como as pessoas que convivem com você gostam do seu modo de ser? E o que elas não
gostam?
4- Quais são as coisas que você faz que a deixa feliz?
5- Quais são as dificuldades que você tem enfrentado ultimamente? Como você tenta
resolvê-los?
6- Você se sente uma pessoa realizada nessa fase da vida? Como assim?
7- Que tipo de atividade que a equipe de Enfermagem pode fazer para você se sentir feliz
nessa fase da vida?
101
ANEXO
ANEXO A
AUTORIZAÇÃO INSTITUCIONAL À PESQUISA
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo