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Na vida do ser humano, a maioria dos comportamentos é operante, dos mais
simples, como, por exemplo, bater na carteira com um lápis, aos mais complexos,
como o de escrever um livro. Podemos observar que tais comportamentos
ocorreram sem nenhum estímulo eliciador, como ocorreria no comportamento
respondente
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; sendo assim, dizemos que os comportamentos operantes são
emitidos.
Conforme destacado pelos autores (Hall, 1973; Ferster et al, 1977; Sidman,
1995; Catania, 1999), qualquer conseqüência (estímulos físicos, sociais, eventos...)
que aumente a força ou probabilidade do comportamento ao qual se segue é
denominado um reforçador. Portanto, define-se o reforçador a partir da relação do
organismo com o ambiente: se tal relação evidenciar aumento da freqüência do
comportamento diz-se que é reforçadora. Podemos observar que esta definição traz
duas características fundamentais, ambas observáveis: a) um reforçador deve
seguir-se uma ação; b) um reforçador deve fazer com que essa ação seja repetida,
isto é, a freqüência da ocorrência deve ser aumentada.
Um dos elementos importantes da definição (item a) tem a ver com o tempo,
isto é, há uma relação temporal entre a ação e o reforçador. Em uma relação de
reforçamento, o ato vem primeiro e o reforçador a seguir. A fim de ter o efeito
máximo, o reforçamento deve se seguir imediatamente ao comportamento. “Quanto
mais rapidamente o reforçamento seguir um comportamento desejado, mas eficaz
será ele” (Hall, 1973, p. 11). Com base em tal afirmação, podemos dizer que uma
professora que, durante a aula, caminha pela classe atendendo os alunos, fazendo
comentários e elogios sobre seus trabalhos, está fornecendo possíveis reforçadores,
de forma mais eficaz do que a professora que espera até o fim da semana para
expressar-se a respeito do trabalho semanal. Ainda, um elogio feito a uma criança
depois que ela tenha terminado adequadamente seu problema de matemática
poderia funcionar como um reforçador (caso preenchesse também a segunda parte
da definição), mas um elogio dado antes de o problema ter sido resolvido poderia
não reforçar este desempenho em particular. O elogio poderia reforçar outros
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O comportamento respondente (reflexo) é eliciado por estímulos. Segundo Catania (1999), o respondente é uma classe de
respostas definida em termos dos estímulos que os produzem fidedignamente. Esta relação fidedigna entre um evento
ambiental, um estímulo e uma mudança resultante no comportamento, uma resposta, tem sido denominada reflexo. Por
exemplo, uma luz forte projetada no olho acostumado ao escuro produzirá inevitavelmente uma contração pupilar; a comida na
boca (estímulo antecedente) elicia a salivação (resposta). Tais exemplos têm em comum a característica de que algum
estímulo produz seguramente alguma resposta. Essa é a propriedade que define o comportamento respondente (reflexo).
Nessas circunstancias, dizemos que o estímulo elicia a resposta ou que a resposta é eliciada pelo estímulo; o estímulo é um
estímulo eliciador, e a resposta é uma resposta eliciada. Vale ressaltar que o comportamento respondente (reflexo) não é o
estímulo nem a resposta, é a relação entre ambos.