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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO
REGIONAL E AGRONEGÓCIO
DALIANA CARLA VIEIRA
ANÁLISE DA SITUAÇÃO FINANCEIRA DA COOPERATIVA
AGROINDUSTRIAL LAR EM RELAÇÃO A 31 COOPERATIVAS
AGROPECUÁRIAS DO ESTADO DO PARANÁ: UMA ANÁLISE
APLICANDO UM MODELO DE PREVISÃO DE INSOLVÊNCIA
Toledo
2007
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO
REGIONAL E AGRONEGÓCIO
DALIANA CARLA VIEIRA
ANÁLISE DA SITUAÇÃO FINANCEIRA DA COOPERATIVA
AGROINDUSTRIAL LAR EM RELAÇÃO A 31 COOPERATIVAS
AGROPECUÁRIAS DO ESTADO DO PARANÁ: UMA ANÁLISE
APLICANDO UM MODELO DE PREVISÃO DE INSOLVÊNCIA
Dissertação apresentada ao programa de Pós-
Graduação em Desenvolvimento Regional e
Agronegócio, da Universidade Estadual do Oeste do
Paraná, como requisito parcial à obtenção do título de
mestre.
Orientador: Prof. Dr. Miguel Angel Uribe Opazo
Co-orientadora: Profa. Dra. Sandra Maria Coltre
Toledo
2007
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TERMO DE APROVAÇÃO
DALIANA CARLA VIEIRA
ANÁLISE DA SITUAÇÃO FINANCEIRA DA COOPERATIVA AGROINDUSTRIAL
LAR EM RELAÇÃO A 31 COOPERATIVAS AGROPECUÁRIAS DO ESTADO DO
PARANÁ: UMA ANÁLISE APLICANDO UM MODELO DE PREVISÃO DE
INSOLVÊNCIA
Esta dissertação foi julgada adequada para obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento
Regional e Agronegócio, e aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós-Graduação em
Desenvolvimento Regional e Agronegócio, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná,
Campus de Toledo.
_______________________________________
Prof. Jefferson Andronio Ramundo Staduto, Dr.
Coordenador do Curso
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________
Prof. Miguel Angel Uribe Opazo, Dr.
Universidade Estadual do Oeste do Paraná
____________________________________________
Prof. Weimar Freire da Rocha Júnior, Dr.
Universidade Estadual do Oeste do Paraná
____________________________________________
Prof. Régio Marcio Toesca Gimenes, Dr.
Universidade Paranaense
Toledo, 9 de março de 2007.
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, José Carlos e Izaulete, pelo amor,
dedicação e por seus ensinamentos.
Aos meus irmãos, Diego e Carlinhos, por
compartilharem comigo a alegria de se ter uma família.
Ao meu namorado, Renato, por seu amor e
compreensão.
AGRADECIMENTOS
A Deus, que me deu o dom da vida e a chance de poder vencer mais essa etapa.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Miguel Angel Uribe Opazo, e à minha co-orientadora, Profa.
Dra. Sandra Maria Coltre, pelo conhecimento e sabedoria empregados durante as orientações.
Ao Prof. Dr. Régio Marcio Toesca Gimenes, pela enorme colaboração para realização desta
pesquisa.
Aos professores do Mestrado em Desenvolvimento Regional e Agronegócio, pelos
ensinamentos.
Ao Presidente da Cooperativa Agroindustrial Lar, Sr. Irineo da Costa Rodrigues, que permitiu
que esta pesquisa pudesse ser realizada, e ao amigo Clédio Roberto Marshall, que foi meu
interlocutor junto à cooperativa.
À Assistente da Coordenação do Mestrado em Desenvolvimento Regional e Agronegócio,
Clarice T. Stahl, pelo profissionalismo e carinho com os alunos.
Aos meus grandes amigos, por manterem a nossa amizade na minha ausência. Também
agradeço aos novos amigos que fiz durante o Mestrado, que se transformaram em minha
família em Toledo.
E a todos os que, mesmo longe, torceram pelo meu êxito em mais essa etapa.
VIEIRA, D. C. Análise da Situação Financeira da Cooperativa Agroindustrial Lar em
relação a 31 Cooperativas Agropecuárias do Estado do Paraná: uma Análise Aplicando um
Modelo de Previsão de Insolvência. Toledo, 2007, 142 p. Dissertação (Mestrado em
Desenvolvimento Regional e Agronegócio) – Programa de Pós-Graduação em
Desenvolvimento Regional e Agronegócio, Unioeste, Campus de Toledo.
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi realizar uma análise da situação financeira da Cooperativa
Agroindustrial Lar em relação a 31 cooperativas do Estado do Paraná, através de um modelo
de previsão de insolvência, no período de 2000 a 2004. Para tanto, examinaram-se alguns
indicadores financeiros das cooperativas em estudo a partir da classificação segundo os
índices-padrão. Para verificar a situação de solvência ou insolvência financeira das
cooperativas foi utilizado o modelo de previsão de insolvência de Gimenes e Opazo (2001).
Finalmente, foi analisada a similaridade entre o conjunto das cooperativas agropecuárias por
meio da análise multivariada de agrupamento ou Cluster Analysis. Os resultados obtidos
permitem concluir, de uma forma geral, que, no período analisado, a Cooperativa
Agroindustrial Lar apresentou um desempenho financeiro bastante satisfatório, característica
muito particular desta cooperativa, já que não se verificou alta similaridade entre a
cooperativa Lar e as demais cooperativas.
Palavras-chave: Cooperativas agropecuárias; Previsão de insolvência; Índices-padrão; Cluster
analysis.
VIEIRA, D. C. Analysis of the Financial Situation of the Lar Agro-Industrial Cooperative
Compared to 31 Agricultural Cooperatives from the State of Paraná: an Analysis Applying an
Insolvency Prevision Model. Toledo, 2007, 142 p. Dissertation (Master in Regional
Development and Agribusiness) – Post Graduation Program in Regional Development and
Agribusiness, Unioeste, Toledo Campus.
ABSTRACT
The aim of this dissertation was to accomplish an analysis of the financial situation of the Lar
Agro-Industrial Cooperative compared to 31 cooperatives from the State of Paraná, through
an insolvency prevision model, from the year 2000 to 2004. Thus, some financial indexes of
the cooperatives studied were examined in accordance to the standard indexes. The Gimenes
and Opazo (2001) insolvency prevision model was used to verify the financial solvency or
insolvency situation of the cooperatives. Then the similarity among the group of agricultural
cooperatives was analyzed through Cluster Analysis. The results lead to a general conclusion
that, in the period analyzed, Lar Agro-Industrial Cooperative presented a highly satisfactory
performance, a particular characteristic of this cooperative, due to the fact that high
similarities between Lar cooperative and other cooperatives were not verified.
Keywords: Agricultural cooperatives; Insolvency prevision; Standard indexes; Cluster
analysis.
vii
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Características de uma sociedade cooperativa e de uma sociedade mercantil.... 14
Quadro 2 – Principais agentes econômicos e seus interesses com relação aos modelos de
previsão de insolvência....................................................................................... 34
Quadro 3 – Conceitos atribuídos aos índices segundo a sua posição relativa....................... 54
Quadro 4 – Conceitos alcançados pela Lar segundo índices-padrão de 2000 a 2004..........117
Quadro 5 – Matriz de classificação das cooperativas nos grupos de insolvência e solvência,
segundo OCEPAR e predição segundo Modelo Discriminante........................121
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Número de cooperativas, cooperados e empregados por ramo de atividade em
dezembro de 2005................................................................................................ 16
Tabela 2 – Cooperativas registradas na OCEPAR em 2005.................................................. 20
Tabela 3 – Matriz de valores dos índices por cooperativas – Ano 2000............................... 67
Tabela 4 – Matriz de decis por índices das cooperativas – Ano 2000................................... 68
Tabela 5 – Matriz de classificação das cooperativas segundo índices-padrão – Ano 2000.. 76
Tabela 6 – Matriz de valores dos índices por cooperativas – Ano 2001............................... 78
Tabela 7 – Matriz de decis por índices das cooperativas – Ano 2001................................... 79
Tabela 8 – Matriz de classificação das cooperativas segundo índices-padrão – Ano 2001.. 86
Tabela 9 – Matriz de valores dos índices por cooperativas – Ano 2002............................... 88
Tabela 10 – Matriz de decis por índices das cooperativas – Ano 2002................................. 89
Tabela 11 – Matriz de classificação das cooperativas segundo índices-padrão – Ano
2002.................................................................................................................... 96
Tabela 12 – Matriz de valores dos índices por cooperativas – Ano 2003............................. 98
Tabela 13 – Matriz de decis por índices das cooperativas – Ano 2003................................. 99
Tabela 14 – Matriz de classificação das cooperativas segundo índices-padrão – Ano
2003..................................................................................................................106
Tabela 15 – Matriz de valores dos índices por cooperativas – Ano 2004............................108
Tabela 16 – Matriz de decis por índices das cooperativas – Ano 2004...............................109
Tabela 17 – Matriz de classificação das cooperativas segundo índices-padrão – Ano
2004..................................................................................................................116
viii
Tabela 18 – Análise de agrupamento hierárquico das cooperativas, utilizando a distância
euclidiana e o método de formação de grupo de McQuitty – Ano 2000........... 126
Tabela 19 – Análise de agrupamento hierárquico das cooperativas, utilizando a distância
euclidiana e o método de formação de grupo de McQuitty – Ano 2001........... 127
Tabela 20 – Análise de agrupamento hierárquico das cooperativas, utilizando a distância
euclidiana e o método de formação de grupo de McQuitty – Ano 2002........... 129
Tabela 21 – Análise de agrupamento hierárquico das cooperativas, utilizando a distância
euclidiana e o método de formação de grupo de McQuitty – Ano 2003........... 130
Tabela 22 – Análise de agrupamento hierárquico das cooperativas, utilizando a distância
euclidiana e o método de formação de grupo de McQuitty – Ano 2004........... 132
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Dendograma das cooperativas pelo método de formação de grupo de McQuitty –
Ano 2000.............................................................................................................. 126
Figura 2 – Dendograma das cooperativas pelo método de formação de grupo de McQuitty –
Ano 2001.............................................................................................................. 128
Figura 3 – Dendograma das cooperativas pelo método de formação de grupo de McQuitty –
Ano 2002.............................................................................................................. 129
Figura 4 – Dendograma das cooperativas pelo método de formação de grupo de McQuitty –
Ano 2003.............................................................................................................. 131
Figura 5 – Dendograma das cooperativas pelo método de formação de grupo de McQuitty –
Ano 2004.............................................................................................................. 132
ix
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................... 01
1.1 Objetivo Geral....................... ........................................................................................... 03
1.2 Objetivos Específicos....................................................................................................... 03
2 REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO.................................................................................. 05
2.1 Agronegócio Cooperativo. ............................................................................................... 05
2.1.1 As Sociedades Cooperativas.......................................................................................... 09
2.1.2 As Sociedades Cooperativas no Estado do Paraná........................................................ 16
2.1.3 O Atual Ambiente Competitivo e a Visão Empresarial das Sociedades Cooperativas..21
2.2 Insolvência Empresarial....................................................................................................33
2.2.1 Estudos sobre Previsão de Insolvência...........................................................................36
2.2.1.1 O Modelo de Altman.................................................................................................. 37
2.2.1.2 O Modelo de Elizabetsky............................................................................................ 38
2.2.1.3 O Modelo de Kanitz.................................................................................................... 39
2.2.1.4 O Modelo de Silva.......................................................................................................40
2.2.1.5 O Modelo Discriminante de Gimenes e Opazo...........................................................41
2.2.1.6 O Modelo Logit de Gimenes e Opazo.........................................................................41
2.3 Análise de Agrupamento (Cluster Analysis).....................................................................42
3 METODOLOGIA................................................................................................................ 45
3.1 Características Estudadas. ................................................................................................ 46
3.2 Análises segundo Índices-Padrão Univariados................................................................. 52
3.3 Análise Multivariada Discriminante................................................................................. 54
3.4 Análise Multivariada de Agrupamento (Cluster Analysis)............................................... 59
3.4.1 Medida de Similaridade e Dissimilaridade.................................................................... 61
3.4.2 Distância Euclidiana.......................................................................................................62
3.4.2.1 Distância euclidiana padronizada................................................................................62
3.4.2.2 Matriz de distâncias.....................................................................................................63
3.4.3 Formação de Agrupamentos...........................................................................................63
3.4.4 Nível de Similaridade.....................................................................................................64
3.4.5 Dendogramas..................................................................................................................65
3.4.6 Variáveis Utilizadas na Análise de Agrupamento..........................................................65
x
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES....................................................................................... 66
4.1 Classificação das Cooperativas Agropecuárias segundo Índices-Padrão Univariados.....66
4.1.1 Índices-Padrão para o Ano 2000.................................................................................... 66
4.1.2 Índices-Padrão para o Ano 2001.................................................................................... 77
4.1.3 Índices-Padrão para o Ano 2002.................................................................................... 87
4.1.4 Índices-Padrão para o Ano 2003.................................................................................... 97
4.1.5 Índices-Padrão para o Ano 2004................................................................................... 107
4.2 Resumo da Classificação da Cooperativa Agroindustrial Lar segundo Comportamento dos
Índices-Padrão nos Anos de 2000 a 2004........................................................................ 117
4.3 Previsão de Insolvência Utilizando o Modelo Discriminante Gimenes e Opazo............ 120
4.4 Análise de Agrupamento.................................................................................................. 125
4.4.1 Análise de Agrupamento para o Ano 2000................................................................... 125
4.4.2 Análise de Agrupamento para o Ano 2001................................................................... 126
4.4.3 Análise de Agrupamento para o Ano 2002................................................................... 128
4.4.4 Análise de Agrupamento para o Ano 2003................................................................... 130
4.4.5 Análise de Agrupamento para o Ano 2004................................................................... 131
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................. 134
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................. 136
ANEXO................................................................................................................................. 141
1. INTRODUÇÃO
A abertura da economia, a desregulamentação dos mercados, a crise
das formas tradicionais de intervenção do Estado e a formação de blocos econômicos
são as principais mudanças estruturais que trouxeram a nova realidade de uma economia
globalizada para o cotidiano do agribusiness brasileiro (CAMARGO, 2004).
O processo de desenvolvimento econômico apresenta, cada vez mais,
interdependência entre os diferentes setores produtivos da economia (visão sistêmica).
Neste sentido, a agricultura não pode mais ser abordada de forma dissociada dos outros
agentes responsáveis pelas atividades de produção de insumos, de transformação, de
distribuição e de consumo de alimentos e matérias-primas (CARDOSO, 2003).
A agricultura deixou de ser considerada, neste contexto, um setor
estanque e passou a interagir com os demais setores da economia, não só como
fornecedora de insumos, mas como consumidora de muitos produtos dos outros setores.
A complexificação da atividade agrícola, as inovações tecnológicas na produção
agropecuária e as demandas do mercado fizeram com que fomentasse o agronegócio.
Neste sentido, para se efetuar uma abordagem do cooperativismo, é
importante compreender este cenário em que as cooperativas agropecuárias brasileiras
estão inseridas, não devendo ignorar suas múltiplas implicações. Assim, a inserção das
cooperativas no agronegócio influenciou, diretamente, sua organização, exigindo
padrões diferentes de estratégias, isto é, um comportamento competitivo para que possa
sobreviver e crescer no mercado.
Inseridas nesse processo, de interdependência entre os diferentes
setores produtivos da economia, as cooperativas agropecuárias se orientam na busca de
qualidade, de maiores níveis de produtividade, de redução de custos e de alianças
2
estratégicas, como forma de enfrentar a competição no mercado interno e capacitar-se
para disputar parcelas do mercado externo.
A integração entre as cooperativas e a agregação dos interesses rurais
permitiram a montagem de uma infra-estrutura básica de armazenagem da produção e,
posteriormente, as sociedades cooperativas passaram a investir em agroindústrias,
objetivando a geração de valores adicionais para os produtores. Com este processo, elas
passaram a ser detentoras dos modernos parques agroindustriais em diversas regiões
brasileiras (BIRCK, 2005).
Se para o país as cooperativas agropecuárias são importantes, dentro
do Estado do Paraná representam uma força dinamizadora vital da economia. A aptidão
do Paraná à produção agropecuária oferece um grande potencial para o
desenvolvimento do setor agroindustrial cooperativo, diante da disponibilidade de
matérias-primas, de energia, de infra-estrutura para o armazenamento e para o
escoamento da produção, proximidade dos grandes centros de consumo e, de modo
especial, capacidade empreendedora de seus cooperados.
O cooperativismo agropecuário representa cerca de 53% da economia
agrícola do Estado do Paraná (com um faturamento de 18 bilhões de reais no
ano de 2004 correspondente a cerca de 18% do Produto Interno Bruto do
Paraná), e participa de forma intensa em todo o processo de produção,
beneficiamento, armazenamento e industrialização agropecuário, fazendo
com que o cooperado seja um agente ativo no mercado interno e externo,
bem como nas ações sociais em sua comunidade (OCEPAR, 2006a).
Diante da importância do cooperativismo no Estado do Paraná e das
grandes mudanças observadas no agronegócio brasileiro, é de se esperar que alterações
se manifestem de forma diferenciada nas cooperativas agropecuárias, com implicações
em seu desempenho financeiro. Por isso se buscou, nesta pesquisa, realizar uma análise
3
da situação financeira de cooperativas agropecuárias do Estado do Paraná, enfocando a
Cooperativa Agroindustrial Lar.
O presente trabalho está estruturado em cinco Seções. Após esta
Seção introdutória, a Seção 2 apresenta o referencial bibliográfico pertinente ao estudo e
que será a base para o entendimento do restante do texto. Em seguida, a Seção 3
apresenta a metodologia empregada nesta pesquisa. Os resultados e a discussão fazem
parte da Seção 4. Finalmente, na Seção 5, são apresentadas as considerações finais
advindas do estudo e recomendações para o desenvolvimento de pesquisas posteriores.
1.1 Objetivo Geral
O objetivo geral deste trabalho foi analisar a situação financeira da
Cooperativa Agroindustrial Lar, em relação a 31 cooperativas do Estado do Paraná,
através do modelo de previsão de insolvência de Gimenes e Opazo (2001).
1.2 Objetivos Específicos
Mais especificamente este trabalho procurou atingir os seguintes
objetivos:
a) examinar o comportamento de alguns indicadores financeiros das
cooperativas agropecuárias a partir da classificação segundo índices-padrão a fim de
apresentar a situação financeira das mesmas;
b) verificar a situação de solvência ou insolvência financeira da
Cooperativa Agroindustrial Lar, em relação a 31 cooperativas do Estado do Paraná,
4
através do modelo de previsão de insolvência de Gimenes e Opazo (2001) no período de
2000 a 2004;
c) analisar o agrupamento entre o conjunto das cooperativas do
estudo, identificando os grupos homogêneos entre si, verificando a existência de
similaridade entre a Cooperativa Agroindustrial Lar e as demais cooperativas.
2. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO
2.1 Agronegócio Cooperativo
A agricultura brasileira tem sofrido, ao longo do tempo, inúmeras
transformações. Esta atividade tradicional, quase sempre isolada e marcada pela auto-
suficiência, cedeu lugar a uma produção de base tecnológica e geradora de excedentes,
integrada na visão sistêmica de agribusiness.
Neste sentido, Bialoskorski Neto (2000, p. 236) afirma que “A
atividade agrícola passou, nos últimos anos, por uma intensa transformação. O que era
uma atividade de subsistência e auto-suficiência tornou-se uma unidade dependente do
mercado e das indústrias de insumos e processamento”.
Durante anos, fatores como a distribuição espacial da população, a
carência de infra-estrutura, a pouca evolução da tecnologia de conservação de produtos
e as dificuldades de comunicação, condicionaram as propriedades rurais, ou mesmo
pequenas comunidades, a sobreviverem praticamente isoladas ou a ser auto-suficientes.
As propriedades praticamente produziam e industrializavam tudo de que necessitavam,
por isso qualquer referência à “agricultura” relacionava-se a todo o conjunto de
atividades desenvolvidas no meio rural, das mais simples às mais complexas, quase
todas dentro das próprias fazendas (ARAÚJO, 2003).
Segundo Pinazza, Alimandro e Tejon (1999), a agricultura incorporou
progressos técnicos na segunda metade do século XX. A chamada Revolução Verde
tirou o setor do seu arcaísmo milenar, que vivia no ciclo de repetição nos costumes e
práticas agropecuárias. A força motriz do processo foi a combinação dos insumos
químicos com a melhoria genética vegetal e animal.
6
Neste sentido, Montoya e Guilhoto (2000) entendem que, ao longo das
últimas décadas, na economia mundial, os sistemas produtivos agrícolas sofreram
transformações importantes em virtude da era da mecanização agrícola (1920 a 1950),
que permitiu aos fazendeiros aumentarem a produtividade do fator de produção
trabalho. Também devido à era da agricultura química (1950 a 1980), que deu suporte
tecnológico para a chamada Revolução Verde, por meio do desenvolvimento e uso de
defensivos e fertilizantes químicos, houve aumento da produtividade do fator de
produção terra. E ainda, por meio da biotecnologia e da tecnologia da informação (a
partir de 1980), cujos reflexos fizeram-se presentes com o surgimento de grandes
conglomerados agroindustriais, fortaleceu a expansão das indústrias de manufaturas
destinadas à fabricação de máquinas agrícolas e insumos químicos. Segundo estes
autores, foi a partir do conjunto dessas transformações estruturais que ocorreu, assim, a
“modernização da agricultura” brasileira.
Foi com a expansão da produção industrial – assentada no “modelo de
substituição de importações”, inicialmente dirigida para a produção de bens de consumo
não duráveis e, depois, para a produção de bens de consumo duráveis, intermediários e
de capital – e, a partir da década de 1980, com o fortalecimento das indústrias de base
agrícola, que a agricultura brasileira passou definitivamente a se integrar à dinâmica da
produção industrial, integração conhecida atualmente como agronegócio (MONTOYA
e GUILHOTO, 2000).
Neste contexto, a produção agropecuária passou a se situar,
economicamente, entre as indústrias produtoras de bens e insumos para a agricultura (a
montante) e as indústrias processadoras e de serviços de base agrícola (a jusante).
Assim, segundo Araújo (2003), a agricultura passa a depender de
muitos serviços, máquinas e insumos oriundos de outros segmentos. Depende também
7
do que ocorre depois da produção, como armazéns, infra-estruturas diversas (estradas,
portos e outras), agroindústrias, mercados atacadista e varejista, exportação. Cada um
desses segmentos assume funções próprias, cada dia mais especializadas, mas
compondo um elo importante em todo o processo produtivo e comercial de cada
produto agropecuário. Por isso, surgiu a necessidade de uma concepção diferente de
“agricultura”. Já não se trata de propriedades auto-suficientes, mas de todo um
complexo de bens, serviços e infra-estrutura que envolvem agentes diversos e
interdependentes.
Analisando esse processo complexo, John Davis e Ray Goldberg
lançaram, em 1957, um conceito para entender a nova realidade da agricultura, criando
o termo agribusiness, e definindo-o como “a soma das operações de produção e
distribuição de suprimentos agrícolas, das operações de produção nas unidades
agrícolas, do armazenamento, processamento e distribuição dos produtos agrícolas e
itens produzidos a partir deles” (Davis e Goldberg
1
apud BATALHA e SILVA, 2001, p.
27).
Segundo Davis e Goldberg (1957), a agricultura já não poderia ser
abordada de maneira indissociada dos outros agentes responsáveis por todas as
atividades que garantiriam a produção, transformação, distribuição e consumo de
alimentos. Eles consideravam as atividades agrícolas como fazendo parte de uma
extensa rede de agentes econômicos que iam desde a produção de insumos,
transformação industrial até armazenagem e distribuição de produtos agrícolas e
derivados (BATALHA e SILVA, 2001).
1
DAVIS, J. H.; GOLDBERG, R. A. A concept of agribusiness. Division of research. Graduate School of
Business Administration. Boston: Harvard University, 1957.
8
Mais tarde, em 1968, Goldberg
2
ampliou o conceito inicial de
agribusiness para as “agribusiness industries”, quando, além de considerar as
tradicionais relações entre compradores e vendedores, o autor incluiu na análise as
influências institucionais (políticas governamentais, mercados futuros e associações
comerciais) (BATALHA, 2005).
Surge, assim, a necessidade de entender o agronegócio a partir de uma
visão sistêmica, caracterizada por uma teia de relacionamentos econômicos e
contratuais entre diversos atores que formam os chamados negócios do sistema
agroindustrial. Segundo Batalha e Silva (2001, p. 32), o sistema agroindustrial:
Pode ser considerado o conjunto de atividades que concorrem para a
produção de produtos agroindustriais, desde a produção dos insumos
(sementes, adubos, máquinas agrícolas etc.) até a chegada do produto final
(queijo, biscoito, massas etc.) ao consumidor. Ele não está associado a
nenhuma matéria-prima agropecuária ou produto final específico.
Como, segundo Batalha e Silva (2001), o sistema agroindustrial não
está associado a nenhuma matéria-prima agropecuária ou produto final específico, cabe
definir aqui, complexo agroindustrial e cadeia de produção agroindustrial. Assim, de
acordo com os autores, o complexo agroindustrial tem como ponto de partida
determinada matéria-prima de base, como, por exemplo, complexo soja, complexo leite,
complexo cana-de-açúcar, complexo café, etc. Já ao contrário do complexo
agroindustrial, a cadeia de produção é definida a partir da identificação de determinado
produto final.
Para se efetuar uma abordagem do cooperativismo é importante
compreender este cenário em que as cooperativas agropecuárias brasileiras estão
inseridas, não devendo ignorar suas múltiplas implicações. Assim, a inserção das
2
GOLDBERG, R. A. Agribusiness coordination: a system approach to the wheat, soybean and Florida
orange economies. Division of research. Graduate School of Business Administration. Boston: Harvard
University, 1968.
9
cooperativas no agronegócio influenciou, diretamente, sua organização, exigindo
padrões diferentes de estratégias, isto é, um comportamento competitivo para que possa
sobreviver e crescer no mercado.
Neste sentido, a Seção 2.1.1 caracteriza as sociedades cooperativas de
modo geral, abordando aspectos de constituição, objetivos, suas diferenças com relação
às sociedades de capital e associações, entre outros aspectos. A Seção 2.1.2 expõe sobre
as sociedades cooperativas no Estado do Paraná, foco deste estudo, e a Seção 2.1.3
discute a nova visão empresarial das sociedades cooperativas diante do atual ambiente
competitivo em que estão inseridas.
2.1.1 As Sociedades Cooperativas
Historicamente, a primeira cooperativa moderna foi montada por 28
tecelões, na cidade Rochdale, distrito de Lancashire, próximo a Manchester (um
importante centro têxtil), na Inglaterra, em 1844, em um contexto de estratégia de
sobrevivência após uma greve prolongada. Esses trabalhadores haviam perdido suas
atividades, principalmente em razão da Revolução Industrial, ao ser utilizado o vapor
como força propulsora e também pela criação das máquinas. Como se encontravam com
dificuldades financeiras para comprar gêneros de primeira necessidade, resolveram se
associar para fazer a compra desses produtos em conjunto, conseguindo, assim, melhor
preço. Dessa forma, em 21 de dezembro de 1844 foi criado um armazém cooperativo,
chamado de Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale (Rochdale Society of
Equitable Pioneers), procurando melhorar as condições de trabalho e de vida dos
cooperados (MARTINS, 2003).
10
Segundo Veiga e Fonseca (2001, p. 21), o estatuto da Sociedade dos
Probos Pioneiros de Rochdale continha princípios que determinavam a estrutura e as
regras de funcionamento da cooperativa, que depois passaram a constituir os
fundamentos da doutrina cooperativista. São eles:
- escolha da direção da sociedade mediante eleições em assembléias gerais;
- livre adesão e desligamento dos sócios;
- cada associado tem um voto independentemente do capital que tenha
investido;
- pagamento de juros limitados ao capital;
- distribuição dos ganhos proporcionalmente às compras efetuadas pelos
associados, depois de descontadas as despesas de administração;
- quotas de reserva para aumento de capital destinadas à extensão das
operações e à porcentagem para a educação;
- as vendas deveriam ser efetuadas a dinheiro, isto é, à vista, para que os
associados só assumissem compromisso dentro de suas possibilidades
orçamentárias;
- a sociedade só venderia produtos puros e de boa qualidade (esta regra
trouxe enormes benefícios para a cooperativa, pois, na época, a adulteração
dos produtos era muito comum);
- neutralidade política e religiosa (esta regra tem relação direta com a de livre
adesão e desligamento dos sócios, pois se a cooperativa assumisse caráter
político ou religioso ela excluiria implicitamente os que pensassem de outro
modo).
É possível afirmar que, deste conjunto de princípios dos Pioneiros de
Rochdale, nenhum deles foi inovador, para a época. No entanto, até então nenhuma
cooperativa tinha se regido pelo conjunto desses princípios e, ao mesmo tempo,
conseguido operar no mercado com eficiência, trazendo benefícios reais para seus
associados. Isso foi a razão de sucesso e o que constituiu o marco de fundação do
cooperativismo moderno (VEIGA e FONSECA, 2001).
No Brasil, por volta de 1887 foram fundadas as primeiras
cooperativas, como a Cooperativa de Consumo dos Empregados da Companhia
Paulista, na cidade de Campinas - SP. Em 1889 foi a vez da Cooperativa de Consumo
de Ouro Preto - MG, a Sociedade Econômica Cooperativa dos Funcionários Públicos de
Minas Gerais. Em 1891, em Limeira - SP, a Cooperativa da Companhia Telefônica, e,
em 1894, no Rio de Janeiro, a Cooperativa dos Militares. A primeira cooperativa de
11
crédito foi fundada em 1902, por produtores de vinho, em Nova Petrópolis - RS
(VEIGA e FONSECA, 2001).
Segundo esses autores, até 1930, o cooperativismo no Brasil
engatinhava. O governo reconhecia a utilidade das cooperativas, mas não a sua forma
jurídica distinta de outras entidades. A Revolução de 30 criou condições para que o
cooperativismo fosse reconhecido como uma necessidade nacional. A promulgação do
Decreto 22.239 de Getúlio Vargas deu amplas liberdades para a constituição e o
funcionamento de cooperativas no Brasil, pois apresentou as características das
cooperativas e consagrou as postulações doutrinárias do sistema cooperativista. Esse
decreto foi revogado em 1934, sendo restabelecido em 1938. Em 1943, foi novamente
revogado, para ressurgir em 1945, permanecendo em vigor até 1966.
Em 1964, com o golpe militar, vários direitos que favoreciam o
fomento do cooperativismo foram cancelados. A partir de 1966, o cooperativismo foi
submetido ao centralismo estatal, perdendo muitos incentivos fiscais e liberdades já
conquistadas. Em 12 de dezembro de 1971, no governo Médici, veio o Decreto-Lei
5.764, que regula até hoje as cooperativas. Em 1988, ocorreu o X Congresso das
Cooperativas. Com a Constituição de 1988, ficou vetada a participação do Estado nas
cooperativas e definida a autogestão (VEIGA e FONSECA, 2001).
Segundo a Lei Cooperativista 5.764, de 16 de dezembro de 1971, as
cooperativas são “[...] sociedades de pessoas, com forma e natureza jurídica próprias, de
natureza civil, não sujeitas a falência, constituídas para prestar serviços aos associados”
(art. 4º, caput).
Neste sentido, uma cooperativa consiste numa associação voluntária
de, no mínimo, 20 pessoas, sem fins lucrativos, porém com fins econômicos, que
exercem uma mesma atividade para realizar objetivos comuns, que, para tanto,
12
contribuem eqüitativamente para a formação do capital necessário por meio da
aquisição de quotas-partes e aceitam assumir de forma igualitária os riscos e benefícios
do empreendimento. Os excedentes são distribuídos na proporção do trabalho de cada
cooperado (VEIGA, 2003).
As sociedades cooperativas são caracterizadas como sociedades de
pessoas onde há a agregação inicial do fator de produção trabalho. São sociedades de
pessoas, com forma e natureza jurídica própria, e que são constituídas para prestar
serviços aos associados. Assim, o objetivo é o associado e não a sociedade.
Segundo Silva, Pereira e Botelho (2005, p. 137):
A constituição de uma cooperativa dá-se a partir do momento que os
associados, por meio de interesses comuns e almejando atingir determinados
fins, unem-se para gerir democraticamente seu empreendimento, assumindo
todos os benefícios e perdas advindas das atividades da cooperativa. É por
meio dessa união de interesses que pessoas das mais diversas camadas sociais
procuram, sob o olhar dos princípios de solidariedade e igualdade,
concretizar desejos, dificilmente realizados individualmente.
O empreendimento cooperativista está baseado nos princípios de
solidariedade, igualdade, democracia e fraternidade. Esta organização foi constituída
tendo-se uma assembléia-geral como órgão máximo de decisão democrática e espelha a
igualdade a cada homem, sendo que a cada um caberia um único voto, independente de
sua participação na empresa (PINHO, 1996).
Ainda segundo esta autora, no princípio a cooperativa formada não
visaria lucro em seus negócios, mas objetivaria o apoio e a prestação de serviços aos
seus associados, como uma empresa social. Deste modo foi iniciado o movimento
cooperativista, formado de empreendimentos que respeitariam os mesmos princípios
doutrinários de liberdade de associação, de democracia nas decisões, de igualdade entre
os associados e, portanto, não deveriam promover a segregação por motivos religiosos,
13
políticos ou, ainda, de raça ou gênero. Atualmente, existe a Aliança Cooperativa
Internacional – ACI, a maior e mais antiga organização não-governamental (ONG) do
mundo, que tem como objetivo preservar os princípios doutrinários e incentivar o
cooperativismo em todos os continentes.
A respeito do funcionamento das sociedades cooperativas, e das
sociedades de capital, as cooperativas não se confundem com as empresas. As
sociedades cooperativas funcionam diferentemente das sociedades de capital em que o
voto é proporcional ao capital de cada investidor. Assim, nas empresas, quanto mais
ações ou cotas tiver o sócio, maior possibilidade de direção terá na sociedade. Na
cooperativa, o cooperado só tem direito a um voto, independentemente do número de
cotas que possuir na cooperativa. É o princípio cooperativista da igualdade que dá a
cada associado um único voto e apresenta-se como órgão máximo de decisão na
empresa cooperativista (MARTINS, 2003).
Gimenes corrobora esse conceito da igualdade de voto nas
cooperativas (2004, p. 32), ao afirmar que:
A empresa cooperativa difere da empresa de capital por ter uma relação
diferente com os fatores de produção, capital e trabalho. O voto em uma
cooperativa é proporcional ao trabalho – a cada homem um único voto
enquanto que, em uma empresa de capital, a decisão é proporcional ao
número de ações, isto é, proporcional ao capital de cada investidor.
Para o autor também, enquanto em uma cooperativa a distribuição do
resultado é proporcional à atividade de cada sócio, em uma empresa de capital, o
resultado é dividido de forma proporcional ao capital investido por cada proprietário. A
cooperativa é uma empresa de trabalho com o objetivo de gerar serviços aos seus
associados. Isto só é possível de forma consistente, se ela crescer sob alguns preceitos
de mercado, de acordo com premissas usuais de maximização de resultados,
14
distribuindo seus frutos após o exercício, de modo a possibilitar os investimentos com
capital próprio. Além disso, deve exigir dos cooperados associados que mantenham
também o nível de eficiência econômica de mercado sem transferir para a empresa
cooperativa as suas ineficiências econômicas.
O Quadro 1 caracteriza melhor a diferença entre uma sociedade
cooperativa e uma sociedade de capital.
Quadro 1 – Características de uma sociedade cooperativa e de uma sociedade mercantil
Sociedade cooperativa Sociedade mercantil
É uma sociedade de pessoas que funciona
democraticamente.
É uma sociedade de capital que funciona
hierarquicamente.
Mínimo de 20 pessoas. Mínimo de 1 pessoa.
Seu objetivo principal é a prestação de serviços aos
seus associados.
Seu objetivo principal é o lucro.
O associado é sempre dono e usuário da sociedade. Os sócios vendem seus produtos e serviços a uma
massa de consumidores.
Cada associado tem direito a um voto nas
assembléias gerais. As associações entre
cooperados se dão em cima de propostas.
Cada ação ou quota corresponde a um voto nas
assembléias. Aqui as associações se dão
majoritariamente entre os que detêm mais capital na
empresa.
O controle é democrático. O controle é financeiro.
As cotas não podem ser transferidas a terceiros. As ações ou quotas podem ser transferidas a
terceiros.
Afasta ou disciplina as ações dos intermediários. São, muitas vezes, os próprios intermediários.
Os resultados retornam aos associados de forma
proporcional às operações efetuadas com a
cooperativa.
Dividendos retornam aos sócios proporcionalmente
ao número de ações de cada um.
Aberta à participação de novos associados. Pode limitar a quantidade de acionistas.
Defende preços justos. Defende o maior preço possível.
Promove integração entre as cooperativas. Promove concorrência entre as empresas.
O compromisso é educativo, social e econômico. O compromisso é puramente econômico.
Nas assembléias gerais, o quórum é baseado no
número de associados presentes.
Nas assembléias gerais, o quórum é baseado no
capital presente.
Fonte: VEIGA e FONSECA (2001, p. 77).
Apesar das colocações anteriores uma cooperativa é, no entanto,
caracterizada por possuir uma dupla natureza, pois é ao mesmo tempo uma entidade
social (isto é, um empreendimento financiado, administrado e controlado coletivamente)
a serviço de seus associados e uma empresa, que, portanto, deve ser eficiente e eficaz
nas relações intercooperativas, na construção de redes de negócios cooperativos e se
tornar um embrião de uma nova ordem econômica, social e de uma nova cultura e ética.
15
O ponto de equilíbrio entre essas duas naturezas da cooperativa é um dos fatores
essenciais do seu sucesso (VEIGA, 2003).
Pinho (1996, p. 12) corrobora a idéia de haver um equilíbrio entre as
duas naturezas da cooperativa:
O fato da cooperativa combinar os caracteres de associação e de empresa
acarreta muitas dificuldades aos seus administradores. Se estes priorizarem o
aspecto associativo, correrão o risco de encontrar problemas na gestão
financeira da empresa; se considerarem apenas o aspecto empresarial,
poderão distanciar-se dos cooperados e esquecer as finalidades sociais da
cooperativa. O ideal será, evidentemente, o equilíbrio entre ambos os
enfoques.
Cabe destacar, como foi feito um comparativo entre as sociedades
cooperativas e as sociedades de capital, que uma cooperativa também não se confunde
com uma associação. Esta geralmente tem por objetivo a realização de atividade
assistenciais, culturais ou recreativas. As cooperativas têm por finalidade a prestação de
serviços aos sócios. Nas associações não existe capital, nem são distribuídas sobras
(MARTINS, 2003).
Encontram-se cooperativas em vários setores da economia e estas
subdividem-se nos chamados ramos ou segmentos, como o agropecuário, que é a
associação de produtores rurais, o habitacional, que é a associação com intuito da
construção de unidades habitacionais, o de trabalho, que é a associação de profissionais,
cujo propósito é prestar serviços, ou, ainda o de crédito, saúde, serviços, mineral,
educacional, de produção, consumo, entre outros.
Neste sentido, a Tabela 1 apresenta o número de cooperativas, de
cooperados e de empregados por ramo de atividade em dezembro de 2005, segundo a
Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB).
16
Tabela 1 – Número de cooperativas, cooperados e empregados por ramo de atividade em dezembro de
2005
Ramo Cooperativas Cooperados Empregados
Agropecuário 1.514 879.918 123.368
Consumo 147 2.181.112 6.938
Crédito 1.101 2.164.499 20.555
Educacional 319 73.951 3.144
Especial 10 529 -
Habitacional 355 91.299 1.562
Infra-estrutura 160 600.399 5.213
Mineral 44 15.212 52
Produção 173 17.569 323
Saúde 899 287.868 28.599
Trabalho 1994 425.181 6.506
Transporte 783 50.600 3.411
Turismo e lazer 19 2.917 9
Total 7.518 6.791.054 199.680
Fonte: OCB (2006).
Tendo em vista que este estudo enfoca as cooperativas agropecuárias,
destaca-se que este tipo de organização é um interessante instrumento de coordenação
de relações de contrato que possibilita a agregação de valor às atividades produzidas
pelos produtores rurais e, por esta razão, é que estas passam a ser muito importantes na
agropecuária.
2.1.2 As Sociedades Cooperativas no Estado do Paraná
O desenvolvimento do cooperativismo no Estado do Paraná é
relativamente recente em comparação com os outros Estados da Região Sul do Brasil. A
17
cooperativismo, articulando-a com a própria política econômica do governo, tornando
as cooperativas dependentes da ação do Estado, principalmente com relação a créditos
subsidiados (BIRCK, 2005).
A partir daí o movimento cooperativista paranaense ganha proporções,
com o início das discussões para a implantação dos projetos de integração,
desenvolvidos conjuntamente pela Associação de Crédito e Assistência Rural do Paraná
(ACARPA) e Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), com o
apoio do Banco do Brasil, do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul
(BRDE) e do Banco Nacional de Crédito Cooperativo (BNCC). O objetivo dos projetos
era de discutir a forma de atuação das cooperativas, pois alguns municípios tinham mais
de uma cooperativa operando em concorrência, o que enfraquecia essas cooperativas,
enquanto que outros municípios não tinham nenhuma (BIRCK, 2005).
Os projetos foram desenvolvidos em três etapas, abrangendo regiões
diferentes. O Projeto Iguaçu de Cooperativismo – PIC, criado em 1973, contemplou a
região Oeste e Sudoeste do Paraná. Buscava a harmonia de um processo de integração,
tendo como objetivo final a formação de economias de escala, com a qual o pequeno
produtor rural pode tornar-se competitivo diante dos grandes concorrentes. Este projeto
desencadeou todo um processo de fundação de cooperativas e reorganização de outras já
existentes (GIMENES, 1999).
O Projeto Norte de Cooperativismo – NORCOOP, surge no ano de
1974, abrangendo a região norte do Estado. Entre seus princípios básicos, além daqueles
delimitadores do processo de integração, se destaca a busca de convênios que
favorecessem a realização de compras e vendas em comum, tanto no mercado interno
quanto externo (GIMENES, 1999).
18
Após o desenvolvimento e implantação do Projeto Iguaçu de
Cooperativismo – PIC, e do Projeto Norte de Cooperativismo – NORCOOP, surge em
1976 o Projeto Sul de Cooperativismo – SULCOOP, que reorganizou as cooperativas da
região centro-sul do estado do Paraná. Sua finalidade básica era a mesma dos projetos
anteriores. Realizar um trabalho de integração das cooperativas em uma determinada
área, buscar uma harmonia nos interesses que resultasse no desenvolvimento
sócioeconômico das cooperativas de toda a região (GIMENES, 1999).
A OCEPAR nasceu no decorrer do primeiro projeto, no ano de 1971,
dando grande apoio à execução destes. A OCEPAR – Organização das Cooperativas do
Estado do Paraná tem como missão representar e defender os interesses do sistema
cooperativista paranaense perante as autoridades constituídas e a sociedade, bem como
prestar serviços adequados ao pleno desenvolvimento das cooperativas e de seus
integrantes. Ela passou também a exercer funções de sindicato patronal das cooperativas
paranaenses desde 1997, e é a unidade da Organização das Cooperativas Brasileiras –
OCB no Estado do Paraná (OCEPAR, 2006b)
3
.
É importante destacar que tais projetos propiciaram um contato mais
efetivo entre produtores e cooperativas e despertou o cooperativismo para o espírito
empresarial, fortaleceu e fez prosperar este tipo de organização no Paraná.
A integração possibilitou uma participação mais efetiva das
cooperativas na atividade econômica, em função da agregação dos interesses dos
produtores para a economia de mercado, o que levou as cooperativas à montagem da
infra-estrutura para o início da integração e agroindustrialização.
3
O sistema cooperativista no Brasil é representado por organizações estaduais, as Organizações das
Cooperativas Estaduais (OCEs), e em nível nacional, a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB).
Em nível internacional, a OCB é filiada à organização americana Organização das Cooperativas
Americanas (OCA), e esta à Aliança Cooperativa Internacional (ACI).
19
Nesta nova fase do movimento cooperativista, estas organizações passaram a
se preocupar em estudar a implantação de projetos de investimento que
possibilitaram a construção de complexos agroindustriais onde as
cooperativas poderiam escapar do modelo que as tinha feito até então, de
meras repassadoras de matérias-primas para as indústrias (GIMENES, 1999,
p. 138).
Dessa forma, então, de acordo com Birck (2005), as cooperativas
inseriram-se no processamento dos produtos agropecuários ao invés da comercialização
dos produtos in natura. O resultado foi que a atividade industrial passou a impulsionar a
crescente geração de sobras, tornando-se a principal atividade destas sociedades.
A partir de 1993, o cooperativismo paranaense realizou uma
experiência altamente positiva, experiência no que se refere ao desatrelamento da
ingerência estatal nas cooperativas. Após ampla discussão entre governo, entidades de
representação e cooperativas, foi implantado o Projeto Piloto de Autofiscalização,
projeto que permitiu alicerçar os primeiros passos para a autogestão das cooperativas no
Paraná. Foi com a promulgação da Constituição do Brasil de 1988, que, em seu art. 5°,
inciso XVIII, veta a interferência estatal no funcionamento das cooperativas, que essas
organizações no Paraná aprovaram, em setembro de 1991, em Assembléia Geral da
OCEPAR, o Programa de Autogestão (BIRCK, 2005).
O Programa de Autogestão foi viabilizado com a criação, em 1991,
dos Núcleos Regionais Cooperativistas. Estes tinham, além da finalidade de implantar
as bases para a autogestão do sistema cooperativista, através da discussão e intercâmbio
de experiências e procedimentos técnicos e administrativos adotados a nível regional e
estadual; a finalidade de viabilizar condições de participação e integração de um maior
número de lideranças cooperativistas nas discussões sobre temas do interesse comum do
sistema; bem como a de promover um relacionamento maior entre os diversos
segmentos de cooperativas filiadas à OCEPAR, entre outras finalidades (OCEPAR,
2006b).
20
No que diz respeito aos segmentos de cooperativas filiadas à
OCEPAR, a Tabela 2 demonstra os diferentes ramos de cooperativas registradas na
OCEPAR, o número de cooperativas e cooperados de cada ramo específico.
Tabela 2 – Cooperativas registradas na OCEPAR em 2005
Ramo N° de cooperativas N° de cooperados
Agropecuário 74 106.211
Consumo 01 681
Crédito 67 261.671
Educacional 14 2.913
Habitacional 01 52
Infra-estrutura 08 7.865
Saúde 33 10.606
Trabalho 14 11.137
Transporte 14 1.970
Turismo e lazer 02 89
Total 228 403.195
Fonte: OCEPAR (2006b)
Destaca-se, na Tabela 2, a importância do ramo agropecuário para a
economia paranaense. As cooperativas agropecuárias se constituem em elemento
fundamental para implantar novos projetos, pois é através delas que as suas ações no
setor resultam na agregação de valores sobre o produto primário retornando ao produtor,
que, por sua vez, poderá reinvestir na atividade produtiva.
O cooperativismo agropecuário representa cerca de 53% da economia
agrícola do Estado do Paraná (com um faturamento de 18 bilhões de reais no
ano de 2004 correspondente a cerca de 18% do Produto Interno Bruto do
Paraná), e participa de forma intensa em todo o processo de produção,
beneficiamento, armazenamento e industrialização agropecuário, fazendo
com que o cooperado seja um agente ativo no mercado interno e externo,
bem como nas ações sociais em sua comunidade (OCEPAR, 2006a).
Segundo o presidente da OCEPAR e SESCOOP/ PR, João Paulo
Koslovski (2006), as cooperativas paranaenses, como todas as empresas, passam por um
momento de grandes transformações, em função da sua inserção nos mercados mundiais
globalizados. Para crescerem mesmo frente à competitividade mundial, terão que
repensar o seu potencial e as suas estratégias. A profissionalização dos negócios, a
escala da produção, a concentração de energias no foco de seu negócio são algumas das
21
principais condições para o fortalecimento e crescimento do sistema cooperativo
(OCEPAR, 2006b).
2.1.3 O Atual Ambiente Competitivo e a Visão Empresarial das Sociedades
Cooperativas
Os anos de 1990 definiram, para as organizações de modo geral, um
período de grandes transformações em sua estrutura competitiva. A evolução nos
hábitos de consumo e as ocorrências econômicas e políticas, em nível global e local,
promoveram grande alteração no ambiente e estabeleceram necessidades de ações
competitivas, fundamentais para a sobrevivência dessas organizações. Ser competitivo
neste novo ambiente passou a requerer não apenas atenção aos novos referenciais, como
a novos paradigmas.
Ainda nos anos de 1990, a estabilidade econômica e a abertura de
mercado assinalaram as bases para o desempenho de diversos setores. Embora, ainda,
carente de uma política capaz de promover o desenvolvimento de estratégias
modernizantes e fornecer o aparato tecnológico necessário, um ambiente estrutural mais
favorável parecia se delinear. Erber e Cassiolato (1997) observam que o país
apresentava, naquele momento, condições favoráveis a uma política industrial para um
novo desenvolvimento, tendo em vista a estabilidade no campo econômico e político, o
grande e complexo parque industrial que precisava ser modernizado, a precariedade da
tecnologia de setores de uso mais intenso, um mercado interno em expansão e a
existência de um mercado internacional ávido de oportunidades de investimento.
Associa-se a isto uma política cambial favorável ao desempenho das exportações e ao
domínio do mercado interno.
22
O atual ambiente competitivo em que as empresas estão inseridas
caracteriza-se por intensas, rápidas, freqüentes e profundas transformações no modo de
produção e de organização da sociedade capitalista. Segundo Caron (2003, p. 73) essas
transformações podem ser assim sintetizadas:
a) Reconversão da produção, que consiste em um processo de aumento da
qualidade, da racionalidade no uso dos fatores de produção para reduzir
custos, desperdícios e aumentar produtividade dos recursos naturais,
humanos, das tecnologias e financeiros e por meio da racionalidade no uso
dos fatores de produção para conquistar competitividade nos mercados
nacional e internacional.
b) Relocalização da produção caracterizada pelo aumento do volume dos
investimentos externos diretos, pelo aumento do número de empresas e pelo
fortalecimento da ação das multinacionais e transacionais, pelo crescimento
do número de empresas nacionais de pequeno e médio porte que se
internacionalizam ou buscam novos espaços internacionais para produção,
novos mercados de suprimento e vendas.
c) Um novo modo de reorganização da produção capitalista por meio de
intensos e crescentes processos de fusões, terceirização, subcontratação,
alianças, parcerias e cooperação, com o objetivo de ampliar mercados,
aumentar os lucros e tirar proveito dos novos produtos e tecnologias, cujos
ciclos de vida útil se encurtam cada vez mais e crescem na mesma
intensidade de invenções e inovações para competir.
d) Um intenso e crescente processo de invenções e inovações tecnológicas
implicando morte e vida de produtos, tecnologias e empresas, provocado pela
redução dos ciclos de vida das tecnologias, dos produtos e das empresas.
Esses fatores definiram um novo padrão e condições para atuação nos
mercados. O desenvolvimento tecnológico acentuado e os próprios fatores competitivos
existentes em seu meio, como aspectos culturais, sociais e ambientais, impuseram o
deslocamento da indústria a uma movimentação estratégica permanente. Novas funções
e características são exigidas para os produtos, num crescente de inovações e requisitos.
Neste contexto, as disparidades globais tornam o processo concorrencial ainda mais
acirrado e difícil.
Como resultado, o desempenho das empresas nacionais passa a ser
afetado. Surpreendidas por uma ampla abertura de mercado, as firmas são sujeitas, não
só à concorrência de novos produtos, como também à dos diversos fatores a eles
associados, como aspectos tecnológicos e gerenciais.
23
Como entendem Verdolin e Alves (2005), com um ambiente
empresarial cada vez mais competitivo e volátil, que insere empresas na competição em
escala planetária, principalmente devido à integração dos mercados, a busca pela
conquista de níveis cada vez maiores de competitividade e produtividade leva as
empresas a mudarem suas estratégias de negócios e padrões gerenciais.
Nesse ambiente de maior abertura da economia brasileira, a
competição nos processos produtivos tem aumentado, forçando, em conseqüência, as
empresas a serem mais competitivas, se quiserem sobreviver. Segundo Mendes (2003,
p. 18), são três os elementos fundamentais para uma empresa ser competitiva:
a) maior produtividade dos fatores de produção – por produtividade entende-
se a produção por unidade de recurso. Só se consegue aumentá-la se houver
investimento em tecnologia.
b) menor custo unitário de produção – a maior produtividade pode resultar na
redução do custo médio de produção, pois a relação entre custo médio e
produtividade é inversa.
c) qualidade dos produtos e serviços – com a adoção do Código de Defesa do
Consumidor, a partir de 1991, é crescente a conscientização dos
consumidores em termos de exigência da qualidade dos produtos que
adquirem. Em termos de qualidade, o país ainda tem muito a melhorar. Basta
verificar que a indústria de fiação e tecelagem ainda prefere o algodão
importado, porque a fibra é melhor; a indústria de panificação prefere o trigo
importado; ou o consumidor norte-americano prefere o café colombiano, de
melhor qualidade.
As soluções para os aspectos competitivos dos produtos dessas
empresas ganham, então, perspectivas a partir da percepção da interdependência dos
diversos integrantes envolvidos, que se estruturam nas denominadas cadeias produtivas
ou cadeias agroindustriais. Farina e Zylbersztajn (1992) definem a cadeia produtiva
como um recorte dentro do sistema agroindustrial, em que são privilegiadas as relações
envolvendo a agropecuária, indústria de transformação e distribuição, em torno de um
produto principal. Neste contexto, a competitividade de cada cadeia dependerá do nível
de integração e influência de fatores ambientais, notadamente institucionais,
tecnológicos e organizacionais, além da estrutura de coordenação que a envolve.
24
Assim, a busca da competitividade passa pela consideração de
aspectos que extrapolam os limites da eficiência e desempenho. Agrega aspectos
dinâmicos que, fundamentados em estratégias de competição, objetivam a adequação da
estrutura organizacional, de fatores ambientais e de aspectos relacionais de agregação de
valor às condições competitivas presentes em cada momento no mercado. Buscam,
neste sentido, o gerenciamento da capacidade competitiva a partir da articulação e
coordenação dos fatores estratégicos presentes no sistema, adequados à conjuntura
competitiva.
Nesse aspecto, Belik (1995) observa que todo o sistema agroindustrial
passa por um processo de reestruturação envolvendo aspectos “tecnoprodutivos”,
financeiros e organizacionais. Afirma, no entanto, que é no lado organizacional que
estão ocorrendo as principais mudanças, não só no país como em nível mundial.
As cooperativas agropecuárias, foco de estudo do trabalho,
encontram-se imersas em todo esse cenário de mudanças inicialmente contextualizado.
Para se efetuar uma abordagem do cooperativismo, não se podem ignorar estas
múltiplas implicações, além do que a análise do sistema agroindustrial é adequada,
como um recorte do agribusiness, para se proceder ao estudo das empresas
cooperativistas. As economias empresariais cooperativas aparecem como estruturas
intermediárias entre o mercado e as economias dos cooperados para promover o seu
incremento, proporcionando a integração do produtor à cadeia produtiva
(BIALOSKORSKI NETO, 2000).
Compreende-se, contudo, que as cooperativas agropecuárias, inseridas
no atual ambiente social, político e econômico, têm passado nas últimas décadas por
significativas transformações. A competitividade empresarial, aliada às necessidades de
adaptação ao mercado, tem feito com que as cooperativas revejam os paradigmas do
25
setor, visando à sua sobrevivência. Nesse contexto, a necessidade de adaptação do
mercado tem levado o modelo de cooperativismo agropecuário a uma nova forma de
conduta empresarial, absorvendo o mesmo padrão competitivo capitalista.
Devido a esses novos desafios econômicos enfrentados em função das
transformações da economia, é necessário um contínuo processo de adaptação do
empreendimento para se fazer frente aos novos desafios colocados pelos mercados.
Neste sentido, Bialoskorski Neto (2000) destaca quatro momentos
históricos importantes. O primeiro foi o X Congresso Brasileiro de Cooperativismo,
onde se discutiu a questão da autogestão do sistema cooperativista. Este momento é
importante, pois a partir dele, e da promulgação da Constituição Federal em 1988, o
sistema cooperativista brasileiro não depende da ação e da intervenção do Estado em
seu funcionamento.
O segundo momento diz respeito ao processo de abertura comercial do
Brasil, que se iniciou no fim da década de 1980 e que vai exigir paulatinamente novos
padrões de eficiência do empreendimento cooperativo, dado o aumento da concorrência.
Esta situação colocou a empresa frente a novas oportunidades e ameaças, tanto para a
ampliação dos mercados interno e externo, como na busca de parcerias e na
racionalização de custos. O empreendimento cooperativo deve ser eficiente
economicamente para subsistir no mercado e poder trazer benefícios para os seus
associados.
O terceiro momento ocorreu com o Congresso Centenário da Aliança
Cooperativa Internacional, em Manchester, em 1995, no qual foram discutidos os
princípios fundamentais do cooperativismo. Nesta oportunidade foram reafirmados os
princípios da democracia interna, ou seja, a cada homem um único voto, e da
26
remuneração limitada ao capital, que são importantes referenciais para a discussão da
gestão, da estrutura financeira e capitalização da empresa cooperativista.
O último momento refere-se à fase de reforma do Estado no Brasil e à
conseqüente transformação da política pública, que implica a diminuição da presença
deste no funcionamento da economia, determinando novos desafios aos negócios
privados. Esta mudança também é responsável por possibilitar para o movimento
cooperativista um sistema financeiro próprio, através dos bancos cooperativos,
indicando a possibilidade da existência no médio prazo, de um novo padrão de
financiamento e capitalização para as empresas cooperativistas.
A própria estrutura doutrinária do empreendimento cooperativo causa,
entretanto, diversas dificuldades em sua gestão, cabendo, assim, serem analisadas e
trabalhadas de modo a permitir a sua melhor performance econômica e social.
É possível identificar algumas dificuldades de gerenciamento nas
cooperativas, como a questão da necessária agilidade no processo de tomada de decisão
frente ao princípio da democracia que obriga esta sociedade a manter esferas
determinadas para a decisão dependentes da participação dos associados, como as
assembléias-gerais ordinárias e extraordinárias.
O princípio de cada homem um único voto faz com que a cooperativa,
num primeiro momento, não tenha uma estrutura apropriada à participação do capital de
terceiros, nem mesmo possa emitir títulos e ter acesso a fontes alternativas de
capitalização.
Neste sentido, alguns problemas de desempenho podem ser atribuídos
ao fato de que a cooperativa necessita do capital para o seu funcionamento. Estes
problemas de desempenho seriam também uma conseqüência da não divisão entre a
propriedade e o controle da empresa cooperativa, sendo os associados, ao mesmo
27
tempo, usuários e donos da organização, além de não apresentarem geralmente o devido
preparo e experiência para bem administrar um empreendimento agroindustrial
(RAÍCES, 2003).
Diante disso, a questão do financiamento e da capitalização da
empresa cooperativista que, tanto pelos novos bancos cooperativos, como por meio da
abertura do seu capital à participação do capital de risco de terceiros, respeitando os
princípios doutrinários da cooperação, ou ainda, por meio do estabelecimento de
alianças estratégicas entre empresas cooperativas e não-cooperativas, deve ser levado
em consideração no atual momento do empreendimento cooperativo.
Além disso, outros problemas de desempenho se apresentam devido às
tênues formas contratuais observadas entre os associados e as cooperativas, já que os
cooperados são, ao mesmo tempo, agentes e principais do mesmo instrumento
contratual.
O associado pode, portanto, implementar ações oportunísticas, sendo
o indivíduo beneficiado em detrimento da empresa cooperativa, tendo em vista ser, ao
mesmo tempo, usuário e proprietário de seu empreendimento.
Além do problema da não-separação entre a propriedade e o controle e
das dificuldades de capitalização das cooperativas, existem também problemas de
gestão no que diz respeito ao despreparo dos associados quando assumem cargos de
direção dentro do empreendimento cooperativo.
Neste sentido, Bialoskorski Neto (2000, p. 244) sugere, para
resguardar doutrinariamente o empreendimento cooperativo e possibilitar um acréscimo
de sua eficiência econômica e social, alguns pontos relevantes para um moderno
gerenciamento:
a. A profissionalização do quadro gestor do empreendimento cooperativo
[...];
28
b. A ampliação da responsabilidade do conselho fiscal, de modo que este
auxilie o sucesso da autogestão do sistema [...];
c. Nas assembléias-gerais ordinárias e extraordinárias, a necessidade de se
computarem os votos favoráveis, desfavoráveis e as abstenções e, quando
estas forem relevantes, proceder um novo processo de discussão visando a
melhoria do sistema de informação, participação e co-responsabilidade na
cooperativa;
d. A necessidade de que sejam incentivadas inovações na gestão com a
participação de capital externo e através de alianças estratégicas, sempre
mantendo-se os princípios doutrinários da cooperação;
e. A questão da emissão de títulos para proporcionar a capitalização do
empreendimento cooperativista;
f. A possibilidade da abertura de capital das cooperativas a terceiros, onde
esta poderia contar com uma nova fonte de recursos para seu crescimento e
capitalização;
g. As alianças estratégicas entre cooperativas e empresas não-cooperativas,
para proporcionar a oportunidade de avançar em determinados mercados de
forma mais flexível;
h. A existência de um sistema de auditoria independente, ligado ao sistema
cooperativista [...];
i. A existência de um órgão especializado de treinamento e capacitação, de
modo a possibilitar a melhoria na formação dos profissionais ligados à gestão
do empreendimento cooperativo.
Com isso, segundo o autor, quando se discute o empreendimento
cooperativo, há a necessidade de referir alguns pontos básicos, como a questão da
gestão da empresa cooperativa vista sob a ótica da eficiência empresarial em um
ambiente econômico internacional aberto e competitivo. Isto deve ser considerado
objetivando a solidificação da cooperativa, solidez aliada à necessária eficiência deste
empreendimento, dada a responsabilidade da empresa para com o cooperado.
Considere-se também a autogestão do sistema cooperativista, tendo como meta o
acompanhamento e o monitoramento da eficácia econômica e social das sociedades
cooperativas, de modo que os objetivos sociais do movimento estejam garantidos e
possam ser alcançados com tranqüilidade.
No Brasil, foi necessário o estabelecimento de uma política pública
específica, o RECOOP – Programa de Revitalização de Cooperativas de Produção
Agropecuária, objetivando uma nova equação de desempenho para as cooperativas, por
meio de modificações gerenciais, fusões, profissionalização do quadro dirigente, e
refinanciamento de passivos. Em outros países estes problemas também ocorrem, como
29
no norte dos EUA e no meio oeste do Canadá, de onde se originaram as cooperativas
chamadas de Nova Geração de Cooperativas (NGC) consiste numa recente tendência no
cooperativismo (BIALOSKORSKI NETO, 1999).
De acordo com Harris, Stefanson e Fulton
4
apud Bialoskorski Neto
(1999), a Nova Geração de Cooperativas – NGC trata-se de uma nova forma
organizacional que mantêm os princípios doutrinários do cooperativismo, como a cada
associado um único voto – igualitarismo – e a participação nos resultados de acordo
com as atividades de cada um com a sua empresa – pro rata, mas que apresenta uma
nova arquitetura organizacional, que conduz a organização cooperativa a um nível
maior de eficiência econômica.
Assim estas organizações mantêm os princípios doutrinários e os
objetivos da cooperação, mas, por outro lado, permitem que haja estímulo e incentivo
no incremento da eficiência econômica.
O empreendimento cooperativo apresenta então aspectos específicos com
dimensões distintas e, muitas vezes, conflitantes, que são, respectivamente, o
foco de mercado, da lógica econômica de maximização de resultados, da
concorrência e dos preços, como sinalizadores da alocação de fatores de
produção, de um lado, e o foco da sociedade, do cooperante, da fidelidade
contratual, da ética de negócios, da transparência e do desenvolvimento, com
distribuição de renda, de outro, de forma a elevar a riqueza e o bem-estar do
associado (BIALOSKORSKI NETO, 2002, p. 77).
O grande desafio das cooperativas, nesse cenário, é escolher
estratégias capazes de manter seu papel de sistema produtivo centrado no homem e, ao
mesmo tempo, tornar-se uma organização apta a competir com empresas que são
orientadas, exclusivamente, para o mercado.
Apesar da importância que deve ser dada aos princípios doutrinários
do cooperativismo, onde o foco central foi e sempre deverá ser o cooperante e a função
4
HARRIS, A.; STEFANSON, B.; FULTON, M. New generation cooperatives and cooperative theory.
Journal of Cooperatives, 1996.
30
social do empreendimento, a nova geração de empreendimentos cooperativos deverá ser
ágil, moderna, flexível e eficiente economicamente.
Segundo Souza e Baldin (2005), as cooperativas para assegurarem um
melhor desempenho competitivo e garantirem sua sobrevivência no mercado devem
formar alianças estratégicas para enfrentar os problemas decorrentes do atual mercado
competitivo globalizado. Isso porque é difícil para as cooperativas – principalmente as
pequenas e médias – que atuam individualmente competirem com as multinacionais
contando apenas com o capital de seus associados. Ao contrário da atuação isolada, a
união de esforços associada a uma administração estratégica aparece como um caminho
alternativo, altamente positivo, capaz de propiciar às cooperativas elevação do nível de
competitividade, mediante o desenvolvimento de economias de escala, aumento de
produtividade, regularidade da produção, maior qualidade dos produtos e uma estratégia
mercadológica.
Neste sentido, a modernização-profissionalização da gestão
cooperativa depende de uma série de mudanças, que possibilitem o crescimento do
empreendimento cooperativo diante do cenário competitivo em que estão inseridas.
Um estudo realizado por pesquisadores da FGV (Fundação Getúlio
Vargas), no período de 1995 a 1997, em quase 80 cooperativas do Rio Grande do Sul,
Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Goiás, pôde exemplificar esta tendência de
profissionalização da gestão das cooperativas. As principais reformas implementadas
pelas cooperativas, sendo reformas administrativas, financeiras, organizacionais e no
posicionamento mercadológico, foram, segundo Lopes et al. (2002, p. 3):
a - Reformas Administrativas
1. Reestruturação do quadro de funcionários, compatível com o mercado
competitivo;
2. Adequação funcional das operações;
3. Modernização dos processos produtivos;
4. Modernização dos sistemas de informação;
31
5. Ampliação das vias e, ou, dos canais de comercialização;
6. Terceirização de serviços em geral;
7. Reformas gerais na logística (armazenamento e transporte);
8. Constituição de colegiado de gerentes; e
9. Profissionalização da gestão cooperativa.
b - Reformas Financeiras
1. Controle e programação de compra, venda, fluxo de caixa e de estoques;
2. Implantação de contabilização de custos e receitas, por tipo de serviço
prestado pela cooperativa (unidade de custo);
3. Redirecionamento do capital para atividade de maior retorno;
4. Eliminação de negócios ou atividades inviáveis/ deficitárias;
5. Renegociação de dívidas do cooperado, securitização e alongamento de
dívidas;
6. Renegociação de dívidas da cooperativa;
7. Capitalização da cooperativa através de quotas-parte dos cooperados;
8. Utilização de parte da capitalização da cooperativa, para saldar dívidas
passadas dos cooperados; e
9. Venda de parte do patrimônio da cooperativa, para saldar dívidas.
c - Reformas Organizacionais
1. Reforma do estatuto da cooperativa;
2. Capacitação educacional e tecnológica dos cooperados para a
competitividade;
3. Criação de vínculos entre cooperado e cooperativa, mediante apoio técnico
à produção, e doutrinamento cooperativista; e
4. Transparência na administração, com o objetivo de aumentar a
credibilidade e a fidelidade dos associados;
d - Reformas no Posicionamento Mercadológico da Cooperativa
1. Celebração de parcerias e alianças estratégicas, como forma de crescer,
integrar e ganhar mercado;
2. Implantação de sistema on line, ou de outro tipo, para obter informações
sobre o mercado agrícola;
3. Diversificação de atividades e de produtos, com o objetivo de atender a
maior número de produtores e estimular a atividade agrícola na região;
4. Gerenciamento e qualidade total na propriedade;
5. Adoção de um programa de qualidade total, ou similar, na cooperativa;
6. Implantação de projeto de criação de uma marca, associada a outra
empresa cooperativa ou não; e
7. Aquisição de outra cooperativa, ou fusão.
Torna-se, portanto, pertinente a promoção de condições e parâmetros
institucionais que possam fazer com que haja a possibilidade de se incentivar, também
no Brasil, uma Nova Geração de Empreendimentos Cooperativistas. Deve-se, deste
modo, modificar a Lei Federa nº 5.764 – que rege as sociedades cooperativas – para
promover organizações prontas para competir nos mais exigentes mercados,
resguardando os princípios doutrinários fundamentais da cooperação (BIALOSKORSKI
NETO, 1999).
32
Esta iniciativa já existe no Brasil, sendo a estruturação de um novo
sistema cooperativista nacional tema de três projetos de lei apresentados em 1999,
projetos n° 171, n° 605 e nº 428, respectivamente de Osmar Dias (PDT-PR), Eduardo
Suplicy (PT-SP) e do então senador José Fogaça (PMDB-RS) (JORNAL DO SENADO,
2006).
O Projeto nº 171, além dos aspectos legais, atende a exigências de
ordem técnica e importantes para a atualização do cooperativismo brasileiro, conforme
estudo comparativo com a legislação de outros países, elaborado pela Organização das
Cooperativas Brasileiras. Muitas das sugestões apresentadas, decorrentes de debates
amplos e continuados promovidos nas bases do sistema por suas entidades de
representação, sob a direção da Organização das Cooperativas Brasileiras, estão
incorporadas neste projeto, fundamental para a modernização do setor cooperativista
(DIAS, 1999).
Pode-se, contudo, concluir que as cooperativas estão inseridas num
novo processo de gerenciamento. Esse novo conceito de cooperativismo procura manter
os princípios doutrinários de um lado, mas de outro, a agregação de valor à sociedade e
ao associado depende cada vez mais de uma postura competitiva e de uma abordagem
empresarial destas.
Assim, para as cooperativas que atuam no agronegócio, a busca por
competitividade e a aproximação com as empresas de capital é uma tendência
inevitável, uma vez que o mercado não as distingue de outras organizações capitalistas,
principalmente no que diz respeito às exigências com preço e qualidade de seus
produtos e serviços.
Algumas das cooperativas que têm adotado essa postura conseguiram
não apenas sobreviver, mas destacar-se e aumentar a participação no mercado em que
33
atuam, o que possibilitou a elas sobressair no ambiente em que estavam inseridas
(FERREIRA e BRAGA, 2002).
Diante deste ambiente competitivo que cerca as empresas de modo
geral, é que justifica-se a importância de se realizar uma análise da situação financeira
das cooperativas agropecuárias. É possível que nenhum empreendimento cooperativista
possa ter vida longa e, portanto, cumprir com seu papel social, se não puder manter-se
saudável financeiramente.
2.2 Insolvência Empresarial
Como existem diferentes conceitos para definir o estado de
insolvência empresarial, não há consenso a respeito da sua definição, porém é
necessário adotar neste estudo um critério objetivo para categorizar empresas solventes
e insolventes.
Segundo Altman (1968), a insolvência de uma empresa é declarada
quando os acionistas recebem por suas ações rentabilidade menor do que a oferecida
pelo mercado, que trabalha com ações similares.
Para Silva (1983), as empresas insolventes são aquelas que tiveram
processos de concordata requerida e ou deferida, e ou falência decretada.
De acordo com Gitman (1997), a insolvência ocorre quando a empresa
é incapaz de pagar suas obrigações em seu vencimento.
Neste estudo será utilizado o conceito de insolvência de acordo com
Gimenes (1999), segundo este autor, a insolvência de uma empresa ocorre quando
declara a suspensão de pagamentos ou quebra, ou seja, quando não pode pagar suas
dívidas aos credores.
34
Com relação às causas que podem contribuir para um estado de
insolvência das empresas, Muñoz (2001) entende que são as condições econômicas e as
medidas políticas que exercem influência na situação de solvência ou insolvência.
Gimenes (1999) apontou causas de origem externa, como forte queda
de demanda, fase depressiva da economia, crises econômicas, políticas governamentais
e mudanças sociais radicais e significantes, e destacou também causas internas, como
ineficácia da direção, estratégias errôneas e inadequadas, além de sistema produtivo
ineficiente, endividamento excessivo, alta morosidade, entre outros.
No que tange aos efeitos econômicos da insolvência empresarial, é
importante destacar que esta pode afetar negativamente um grande número de agentes
econômicos, os quais podem sofrer graves prejuízos quando uma empresa se encontra
em processo de quebra (GIMENES, 1999).
O Quadro 2 apresenta os principais agentes econômicos e os seus
interesses com relação aos modelos de previsão de insolvência.
Quadro 2 – Principais agentes econômicos e seus interesses com relação aos modelos de previsão de
insolvência
Agentes econômicos Interesses
Investidores e analistas financeiros Aquisição-venda de ações
Acionistas Previsão êxito-fracasso empresarial
Entidades financeiras Concessão de Crédito
Clientes, fornecedores, trabalhadores e outros Relações Comerciais e Trabalhistas
Auditores Evolução do cumprimento do Princípio de Gestão
Continuada
Economistas e consultores externos Crises e Reconversões Empresariais
Diretores Planejamento estratégico, Orçamento e Controle
Fonte: Gabás (1990, p. 16), traduzido pela autora.
De acordo com Castro Júnior (2003), os custos envolvidos em uma
eventual falência de uma empresa provocam grandes perdas a uma série de pessoas,
como acionistas, credores e empregados de uma firma. Segundo este autor, boas
técnicas de previsão de insolvência ajudam tanto aos gestores a serem capazes de
35
controlar o desempenho empresarial de sua firma antes que ela ultrapasse uma situação
irrecuperável quanto aos credores que investem naquele negócio e pretendem minimizar
os riscos de seus investimentos.
É importante destacar, ainda com relação à insolvência, que esta pode
ser separada em duas formas conceitualmente distintas: insolvência baseada em fluxos
ou técnica e insolvência baseada em saldos.
Segundo Altman (1993), a insolvência técnica diz respeito a uma falta
de liquidez da firma que impossibilita o cumprimento de uma obrigação. Assim, a
insolvência técnica pode ser uma condição temporária. Já a insolvência baseada em
saldos, segundo Wruck (1990), ocorre quando uma empresa tem valor econômico
negativo, ou seja, o valor presente dos fluxos de caixa futuros é menor que o total de
suas obrigações. É, portanto, mais grave este tipo de insolvência, baseada em saldos.
A insolvência baseada em saldos ocorre quando o valor dos ativos de
uma empresa é inferior ao valor de suas dívidas. Isso significa que o patrimônio líquido
é negativo. A insolvência associada a fluxos se dá quando os fluxos de caixa da empresa
são insuficientes para cobrir pagamentos determinados por contrato (ROSS,
WESTERFIELD e JAFFE, 2002).
Um grande problema em casos de insolvência é a assimetria de
informações entre credores e acionistas. Aos acionistas interessa mostrar aos credores
que a empresa está passando por uma situação de insolvência baseada em fluxo, ou seja,
que se encontra momentaneamente inadimplente, mas tem todas as condições de se
reerguer a partir de seus fluxos de caixa futuros. Os credores, por outro lado, temem o
agravamento da situação, pois não sabem o que realmente está se passando com a
empresa internamente. Eles tendem a pensar que a empresa está passando por uma
situação de insolvência baseada em saldos, pois aumentaria a possibilidade deles serem
36
recompensados com o patrimônio da empresa em uma liquidação (CASTRO JÚNIOR,
2003).
Segundo Wruck (1990), a insolvência baseada em fluxo dá aos
credores prejudicados o direito de demandar uma reestruturação, porque o contrato com
a empresa foi violado. Se, no entanto, a empresa está insolvente baseada em saldos, mas
vem cumprindo com suas obrigações atuais, ou seja, solvente em termos de fluxo, os
credores têm pouco poder para intervir na situação, já que nenhuma obrigação deixou de
ser cumprida.
Neste sentido, segundo Castro Júnior (2003), para resolver o problema
da assimetria de informações entre credores e acionistas, informações importantes
quanto ao desempenho da empresa devem ser compartilhadas abertamente. Como este
processo de abertura de informações nem sempre se mostra eficaz, é importante
estabelecer tentativas quanto à previsão de insolvência também de empresas que passam
por dificuldades financeiras.
Tendo em vista a importância das técnicas de previsão de insolvência
para as empresas que enfrentam problemas financeiros e pesquisas que tratam deste
assunto, a Seção 2.2.1 apresenta os principais estudos de previsão de insolvência
realizados no Brasil.
2.2.1 Estudos sobre Previsão de Insolvência
No decorrer dos anos, muito se avançou em estudos sobre previsão de
insolvência em empresas. Apesar de não ter ainda hoje uma teoria definitiva sobre o
assunto, diversos estudos empíricos com empresas de diversos setores têm sido
realizados sempre com o intuito de buscar conhecer antecipadamente quais os
37
determinantes de uma empresa em vias de entrar em processo de insolvência ou mesmo
simplesmente se esta corre ou não o risco de entrar em um processo como este. A
motivação para esses estudos vem da necessidade de se tomarem atitudes que busquem
evitar uma possível liquidação de empresas ou ainda para resguardar os interesses de
quaisquer que sejam os envolvidos com elas, que pretendem não ter prejuízos com
eventuais rumos desastrosos que possam estar seguindo (CASTRO JÚNIOR, 2003).
Foi a partir da década de 1960 que técnicas estatísticas passaram a
fazer parte dos estudos de previsão de insolvência de empresas. Esses modelos foram
acentuadamente mais eficientes em sinalizar com antecedência a situação indesejável,
permitindo que ações corretivas fossem tomadas para evitar a insolvência.
Inicialmente, a técnica estatística adotada para realizar a previsão de
insolvência de empresas foi a Análise Discriminante Univariada, através do estudo de
Beaver (1967). Em seguida, Altman (1968) introduziu a Análise Discriminante Linear.
A partir do modelo apresentado por Altman (1968), diversos outros
estudos sobre previsão de insolvência foram publicados. A seguir serão apresentados
alguns dos principais modelos utilizados ao longo desses anos de acordo com a técnica
empregada.
2.2.1.1 O Modelo de Altman
Altman (1968) construiu seu modelo original utilizando uma base de
dados de empresas norte-americanas através da análise discriminante múltipla. No
Brasil, as variáveis explicativas do modelo proposto por Altman foram consideradas
adequadas no que se refere à sua compatibilidade com a situação contábil das empresas
nacionais.
O modelo de Altman compõe-se das seguintes equações:
38
Z
1
= – 1,44 + 4,03 X
2
+ 2,25 X
3
+ 0,14 X
4
+ 0,42 X
5
Z
2
= – 1,84 – 0,51 X
1
+ 6,32 X
3
+ 0,71 X
4
+ 0,53 X
5
Sendo:
Z
1
e
Z
2
: Total de pontos obtidos;
X
1
: Ativo circulante – Passivo circulante/Ativo total;
X
2
: Reservas e lucros retidos/Ativo total;
X
3
: Lucro líquido + Gastos financeiros + Imposto de renda/Ativo
total;
X
4
: Patrimônio líquido/Exigível total;
X
5
: Vendas/Ativo total.
Com relação ao modelo Z
1,
Altman afirma que a variável X
1
apresentou pequeno poder explicativo e, no modelo Z
2
, não se incluiu a variável X
2
,
devido à dificuldade para medir os lucros retidos sobre a base, de estados contábeis
recentes. Para os modelos de Altman, o ponto crítico é igual a zero.
2.2.1.2 O Modelo de Elizabetsky
Elizabetsky (1976) construiu um modelo de previsão de insolvência
denominado “Um modelo matemático para decisões de crédito no Banco Comercial”,
no qual desenvolveu um indicador de falência baseado no uso da análise discriminante
para fins de utilização por um setor de crédito de um banco.
Em seu trabalho, Elizabetsky (1976) utilizou a análise discriminante
para um grupo de 373 empresas do setor de confecções que apresentava graves
problemas de liquidez.
O modelo de Elizabetsky compõe-se da seguinte equação:
39
Z
= 1,93 x
32
– 0,20 x
33
+ 1,02 x
35
+ 1,33 x
36
– 1,12 x
37
Sendo:
Z: Total de pontos obtidos;
X
32
: Lucro líquido/Vendas;
X
33
: Disponível/Ativo permanente;
X
35
: Contas a cobrar/Ativo total;
X
36
: Estoques/Ativo total;
X
37
: Passivo circulante/Ativo total;
Neste modelo o ponto crítico assume um valor igual a 0,5.
2.2.1.3 O Modelo de Kanitz
Kanitz (1978) construiu seu modelo de previsão do fracasso
empresarial denominado “Termômetro da Insolvência”. A metodologia adotada é
semelhante à desenvolvida por Altman (1968).
A equação para o cálculo do fator de insolvência no modelo de Kanitz
é a seguinte:
FI
= 0,05 x
1
+ 1,65 x
2
+ 3,65 x
3
– 1,06 x
4
– 0,33 x
5
Sendo:
FI: Fator de insolvência;
X
1
: Lucro líquido/Patrimônio líquido;
X
2
: Ativo circulante + (Ativo realizável a longo prazo/Exigível total);
X
3
: Ativo circulante – Estoques/Passivo circulante;
X
4
: Ativo circulante/Passivo circulante;
X
5
: Exigível total/Patrimônio líquido.
40
De acordo com o modelo de Kanitz, se o fator de insolvência
calculado para uma empresa apresenta um valor entre (0) e (7), esta se classificará como
solvente. Se o fator apresenta um valor entre (0) e (-3), a empresa estará em uma região
denominada penumbra, ou seja, indefinida. Por outro lado, se o fator estiver entre (-3) e
(-7) a empresa será considerada insolvente.
2.2.1.4 O Modelo de Silva
O modelo de previsão de insolvência de Silva (1983) baseia-se em
uma amostra de 419 empresas, sendo 337 empresas industriais e 82 empresas
comerciais. A maior parte das empresas (74,7%) encontrava-se situada no Estado de
São Paulo.
O modelo discriminante de Silva compõe-se da seguinte equação:
Z
= 0,722 – 5,124E23 + 11,016L19 – 0,342L21 – 0,048L26 + 8,605R13
– 0,004R29
Sendo:
Z: Total de pontos obtidos;
E23: Títulos descontados/Direitos de cobrança;
L19: Estoque final/Custo das mercadorias vendidas;
L21: Fornecedores/Vendas;
L26: Estoques intermediário/Custo das mercadorias vendidas;
R13: (Lucro de exploração + Gastos financeiros)/(Ativo total –
Investimento intermediário);
R29: Exigível total/(Lucro líquido + 0,1 * Imobilizado intermediário +
Saldo devedor da correção monetária).
Neste modelo, o ponto crítico assume um valor igual a zero.
41
2.2.1.5 O Modelo Discriminante de Gimenes e Opazo
Gimenes e Opazo (2001) desenvolveram um modelo discriminante de
previsão de insolvência financeira específico para o setor cooperativista agropecuário.
Este se baseia em uma amostra de 42 cooperativas agropecuárias, todas localizadas no
Estado do Paraná.
O modelo discriminante de Gimenes e Opazo (2001) compõe-se da
seguinte equação:
Y
x
= 6,7435 + 0,0031X
1
– 0,0819X
2
– 3,5827X
3
– 0,1044X
4
+ 0,0052X
5
+ 0,1676X
6
Sendo:
X
1
: Capital de terceiros/Patrimônio líquido (CT/PL);
X
2
: Passivo circulante/Capital de terceiros (PC/CT);
X
3
: Liquidez geral (LG);
X
4
: Sobra líquida/Vendas líquidas (SL/V);
X
5
: Relação capital circulante líquido/Ativo circulante (CCL/AC);
X
6
: Giro sobre o ativo líquido (Gi).
De acordo com o modelo, para uma cooperativa agropecuária com
vetor de dados X
k
T
= (X
1
, X
2
, X
3
, X
4
, X
5
, X
6
), a cooperativa será alocada na população
de cooperativas insolventes se Y
k
0; caso contrário, a cooperativa será alocada na
população de cooperativas agropecuárias solventes.
2.2.1.6 O Modelo Logit de Gimenes e Opazo
Gimenes e Opazo (2001) também desenvolveram um modelo baseado
na análise de Probabilidade Condicional-Logit para previsão de insolvência financeira
42
de cooperativas agropecuárias. A população objeto desta pesquisa foram 42
cooperativas agropecuárias localizadas no Estado do Paraná.
O modelo pode ser representado pela seguinte equação:
Log (p
i
/(1 – p
i
)) = 5,079 – 0,09896 X
2
– 0,12773 X
10
Sendo:
X
2
: Passivo circulante/Capital de terceiros (PC/CT);
X
10
: Retorno sobre o ativo líquido (RSAL).
A classificação de insolvência dada pelo modelo segue um critério que
compara a probabilidade de insolvência de cada cooperativa p
i
com o valor 0,5.
2.3 Análise de Agrupamento (Cluster Analysis)
A análise multivariada de agrupamento (originalmente Cluster
Analysis) é um conjunto de técnicas estatísticas que tem por objetivo identificar padrões
ao formar grupos homogêneos (os mais semelhantes pertencem a um mesmo grupo) a
partir de n observações ou elementos existentes. A construção dos grupos é feita de
modo que as observações de um mesmo grupo se pareçam mais entre si do que as
observações existentes nos outros grupos formados (BUSSAB, MIAZAKI e
ANDRADE, 1990).
O princípio da Análise de Agrupamento consiste em que cada
observação de uma amostra multivariada pode ser considerada como um ponto em um
espaço euclidiano multidimensional. Os processos de classificação objetivam agrupar
esses pontos em conjuntos que, essa é a pretensão, evidenciem aspectos marcantes da
amostra. Assim, dado um conjunto de observações conhecidas somente por uma
43
listagem de suas características, objetiva-se encontrar a melhor maneira de descrever
seus padrões de similaridade mútuos. Em termos gerais, a classificação pode ser
entendida como um processo para localizar entidades em classes inicialmente
indefinidas, de modo que os indivíduos da mesma classe sejam similares entre si em
algum sentido definido pelas variáveis consideradas. Essas classes de indivíduos
similares serão os agrupamentos ou clusters (GIMENES, GIMENES e OPAZO, 2004).
Os diversos métodos de agrupamento objetivam transformar um
conjunto heterogêneo de unidades não separadas a princípio em grupos que reflitam
aspectos considerados importantes das relações originais entre as mesmas unidades.
Para isto são propostas muitas técnicas, não existindo ainda uma teoria geral e
amplamente aceita (GIMENES, GIMENES e OPAZO, 2004).
É importante destacar que este estudo não utiliza um método de
classificação, método o qual, segundo Johnson e Wichern (1982), pressupõe que se
conheçam o número de grupos finais e as suas características, sendo o seu objetivo
operacional associar novas observações a um desses grupos.
Comparando a análise de agrupamento à classificação, a primeira
apresenta-se como uma técnica mais primitiva onde não existe assunção sobre a
existência e características dos grupos, tampouco sobre a quantidade dos mesmos. Os
agrupamentos são feitos com base nas medidas de distância (coeficientes de
similaridade ou dissimilaridade), calculadas entre os indivíduos. Como pré-requisito
para aplicar as técnicas de agrupamento, além da existência dos dados no conjunto
inicial, é necessário definir qual o critério a ser utilizado na definição de proximidade
entre os objetos. Na classificação, os objetos são associados a grupos ou classes pré-
definidas e, na análise de agrupamento, os grupos surgem durante o processo. Esta
também pode, portanto, ser utilizada para auxiliar numa classificação a que não tenha
44
sido aplicada ainda a falta de grupos, e características dos mesmos (AZAMBUJA,
2005).
Neste sentido, as técnicas de análise de agrupamento não permitem
determinar antecipadamente as variáveis dependentes e independentes, mas examinar as
relações de interdependência entre todo o conjunto de variáveis, nesse ponto sendo
similar à análise fatorial, porém diferenciando-se da mesma por tratar os objetos,
enquanto que a análise fatorial trabalha com variáveis, buscando reduzir o conjunto das
mesmas através da criação de fatores que medirão aspectos em comum (BARROSO e
ARTES, 2003).
A respeito da formação dos agrupamentos, existem diversos métodos
disponíveis para combinação dos objetos em grupos, os quais são classificados como
hierárquicos e não hierárquicos. Os métodos hierárquicos podem ser aglomerativos ou
divisivos (FERREIRA JÚNIOR, BAPTISTA e LIMA, 2004).
De acordo com Bussab, Miazaki e Andrade (1990), os processos
aglomerativos são mais populares do que os divisivos.
A Análise de Agrupamento é interessante, principalmente sob o
aspecto descritivo, pois o seu resultado final, nos métodos, é um gráfico de esquemas
hierárquicos denominado dendograma. Este representa uma síntese dos resultados, o
que ocasiona certa perda de informações. Ainda assim, mesmo ocorrendo esta perda, o
resumo da informação, tornando-a mais fácil de ser manipulada e armazenada, é
importante para a comparação, a classificação e a discussão do material estudado
(MARDIA, KENT e BIBBY, 1989).
3. METODOLOGIA
Nesta Seção, apresentam-se os procedimentos sistemáticos que
proporcionaram realizar a análise da situação financeira das cooperativas agropecuárias
do Paraná.
A população pesquisada foi a Cooperativa Agroindustrial Lar, em
relação a 31 cooperativas agropecuárias do Estado do Paraná. A Cooperativa Lar foi
utilizada como foco de referência por ser uma cooperativa de grande porte, que atua há
muitos anos no mercado e que permitiu que esta pesquisa fosse realizada. O período
analisado foi do ano de 2000 a 2004.
A Cooperativa Lar foi fundada em 19 de março de 1964, por um
grupo de agricultores que decidiram organizar-se a fim de conseguirem maiores
vantagens e maior competitividade na aquisição de insumos agrícolas, bem como na
comercialização de sua produção. A sede inicial foi na cidade de Missal, PR, para
melhor atender aos seus programas de expansão. Em 1972 transferiu a sua sede para
Medianeira, PR, onde permanece até hoje. Atualmente conta com 6.794 associados e
2.660 funcionários. A sua área de ação está centrada na região oeste do Paraná, sendo os
seguintes municípios com unidades industriais da Lar: Santa Helena, Itaipulândia,
Missal, Medianeira, Matelândia e Céu Azul. Na sua totalidade atua em 12 municípios,
sendo 14 as unidades de recepção de produtos agropecuários. Trata-se de uma
cooperativa que atua no agronegócio, comercializando produtos agropecuários,
industrializando soja, mandioca, vegetais congelados e aves, e comercializando
produtos nas áreas de supermercados e insumos agropecuários (BIRK, 2005).
46
3.1 Características Estudadas
As características estudadas referem-se aos índices financeiros
selecionados para este estudo e pertencem a 32 cooperativas agropecuárias do Estado do
Paraná. O período analisado compreende os anos de 2000 a 2004. Trata-se dos seguintes
índices:
1. Capital de Terceiros/Patrimônio Líquido (CT/PL);
2. Passivo Circulante/Capital de Terceiros (PC/CT);
3. Sobra Líquida/Vendas Líquidas (SL/V);
4. Relação Capital Circulante Líquido/Ativo Circulante (CCL/AC);
5. Giro sobre o Ativo Líquido (Gi);
6. Liquidez Corrente (LC);
7. Liquidez Geral (LG);
8. Liquidez Seca (LS);
9. Relação Ativo Circulante/Ativo Total (AC/AT);
10. Relação Ativo Realizável a Longo Prazo/Ativo Total (RLP/AT);
11. Relação Ativo Permanente/Ativo Total (AP/AT);
12. Índice de Dependência Bancária (IDB);
13. Imobilização do Capital Próprio (ICP);
14. Imobilização dos Recursos Permanentes (IRP);
Estes índices são definidos por Gimenes (1999), como:
1. O Capital de Terceiros/Patrimônio Líquido (CT/PL) diz respeito ao
índice de endividamento. Ele relaciona a soma de capitais de terceiros com o capital
próprio investido na cooperativa. É considerado um bom indicador de risco financeiro.
Tem como fórmula a Equação 1:
47
Ie = CT/PL (1)
Sendo:
I
e
: Índice de Endividamento;
CT: Capital de Terceiros;
PL: Patrimônio Líquido.
2. O Passivo Circulante/Capital de Terceiros (PC/CT) refere-se à
composição do endividamento. Ele determina a porcentagem das obrigações a curto
prazo no passivo exigível total da cooperativa. Tem como fórmula a Equação 2:
Ce = PC/CT (2)
Sendo:
C
e
: Composição do Endividamento;
PC: Passivo Circulante;
CT: Capital de Terceiros.
3. A Sobra Líquida/Vendas Líquidas (SL/V) representa a margem
líquida, ou seja, revela a porcentagem de sobra das vendas, uma vez deduzidos os
custos, os gastos operacionais e financeiros, o resultado não operacional e o gasto pelo
imposto sobre a renda. Na realidade, é o que sobrou definitivamente das vendas geradas
pela cooperativa. Tem como fórmula a Equação 3:
Mi = SL/V (3)
Sendo:
M
i
: Margem Líquida;
SL: Sobra Líquida;
V: Vendas.
48
4. A Relação Capital Circulante Líquido/Ativo Circulante (CCL/AC)
refere-se à parte do ativo circulante que é financiada por recursos permanentes. Tem
como fórmula a Equação 4:
R
c/c
= (AC – PC)/AC (4)
Sendo:
R
c/c
: Relação Capital Circulante Líquido/Ativo Circulante;
AC: Ativo Circulante;
PC: Passivo Circulante.
5. O Giro sobre o Ativo Líquido (Gi) representa o número de rotações
sobre o ativo líquido durante o período analisado. Tem como fórmula a Equação 5:
G
i
= V/AL (5)
Sendo:
G
i
: Rotações sobre o Ativo Líquido;
V: Vendas;
AL: Ativo Líquido.
6. A Liquidez Corrente (LC) é o índice que mede a capacidade de
pagamento das obrigações a curto prazo que a cooperativa possui. Tem como fórmula a
Equação 6:
LC = AC/PC (6)
Sendo:
LC: Liquidez Corrente;
AC: Ativo Circulante;
PC: Passivo Circulante.
49
7. A Liquidez Geral (LG) consiste na relação entre os bens e direitos
realizáveis que a cooperativa possui para pagar suas obrigações a curto e longo prazo.
Tem como fórmula a Equação 7:
LG = (AC + RLP)/(PC + ELP) (7)
Sendo:
LG: Liquidez Geral;
AC: Ativo Circulante;
RLP: Ativos Realizáveis a Longo Prazo;
PC: Passivo Circulante;
ELP: Passivos Exigíveis a Longo Prazo.
8. A Liquidez Seca (LS) representa a capacidade de pagamento da
cooperativa no curto prazo sem considerar os estoques, que são considerados como
elementos menos líquidos do ativo circulante. Ao retirar os estoques do cálculo, a
liquidez da cooperativa passa a não depender de elementos não monetários, suprimindo
a necessidade do esforço de “venda” para quitação das obrigações de curto prazo. Este
índice tem como fórmula a Equação 8:
LS = (AC – E)/PC (8)
Sendo:
LS: Liquidez Seca;
AC: Ativo Circulante;
E: Estoques;
PC: Passivo Circulante.
9. A Relação Ativo Circulante/Ativo Total (AC/AT) determina a
porcentagem de investimentos realizados no ativo circulante sobre o total do ativo das
cooperativas. Tem como fórmula a Equação 9:
50
R
c/t
= AC/AT (9)
Sendo:
R
c/t
: Relação Ativo Circulante/Ativo Total;
AC: Ativo Circulante;
AT: Ativo Total.
10. A Relação Ativo Realizável a Longo Prazo/Ativo Total (RLP/AT)
demonstra o nível de aplicações de recursos que a cooperativa possui cujo retorno se dá
a longo prazo. Tem como fórmula a Equação 10:
R
r/t
= RLP/AT (10)
Sendo:
R
r/t
: Relação Ativo Realizável a Longo Prazo/Ativo Total;
RLP: Ativo Realizável a Longo Prazo;
AT: Ativo Total.
11. A Relação Ativo Permanente/Ativo Total (AP/AT) revela a
porcentagem que representam os ativos de lenta recuperação financeira nos ativos totais.
Tem como fórmula a Equação 11:
R
p/t
= AP/AT (11)
Sendo:
R
p/t
: Relação Ativo Permanente/Ativo Total;
AP: Ativo Permanente;
AT: Ativo Total.
12. O Índice de Dependência Bancária (IDB) determina a
porcentagem que os financiamentos bancários supõem no volume de recursos de
terceiros. Tem como fórmula a Equação 12:
I
db
= EFIN/CT (12)
51
Sendo:
I
db
: Índice de Dependência Bancária;
EFIN: Empréstimos e Financiamentos Bancários;
CT: Capital de Terceiros.
13. A Imobilização do Capital Próprio (ICP) define quanto supõe na
cooperativa o ativo fixo para cada unidade monetária de fundos próprios. Tem como
fórmula a Equação 13:
I
p/t
= AP/PL (13)
Sendo:
I
p/t
: Imobilização do Capital Próprio;
AP: Ativo Permanente;
PL: Patrimônio Líquido.
14. A Imobilização dos Recursos Permanentes (IRP) representa a
parte do ativo fixo que foi financiada mediante recursos permanentes. Tem como
fórmula a Equação 14:
I
rp
= AP/ PL + ELP (14)
Sendo:
I
rp
: Imobilização dos Recursos Permanentes;
AP: Ativo Permanente;
PL: Patrimônio Líquido;
ELP: Passivo Exigível a Longo Prazo.
Na seqüência, a Seção 3.2 apresenta como se procedeu às análises
através de índices-padrão univariados, a Seção 3.3 trata da análise multivariada
discriminante e do modelo de previsão de insolvência em sociedades cooperativas e a
52
Seção 3.4 apresenta os procedimentos necessários para a realização da análise
multivariada de agrupamento, utilizada para o refinamento dos resultados do estudo.
As análises estatísticas foram realizadas usando os programas SPSS
(Statistical Package for Social Sciences) e MINITAB 14.0.
3.2 Análises segundo Índices-Padrão Univariados
Para análise das cooperativas, foi necessária a construção de padrões a
partir dos índices financeiros deste estudo. Isso ocorre porque um índice-padrão se
constitui em referencial de comparação.
De acordo com Matarazzo (2003), a avaliação de uma empresa, por
meio de índices, exige, obrigatoriamente, a comparação com padrões e a fixação da
importância relativa de cada índice, pois, só assim, a análise adquire consistência e
objetividade.
Após serem elencados os índices financeiros que compõem este
estudo, foram calculados, para cada ano, os índices-padrão do setor, para avaliação das
cooperativas. Para isso, recorreu-se as técnicas estatísticas, que tornam possível a
extração de medidas de determinado universo de dados. A medida de posição utilizada
foram os decis, pois apresentam uma ótima idéia de distribuição estatística dos índices
tabulados.
Quando se utilizam os decis, tem-se não uma única medida de
posição, mas nove, de maneira que se pode dispor de informações que proporcionam
uma melhor distribuição estatística dos índices.
53
Com a utilização dos decis, distribui-se o universo em partes, cada
parte com 10% dos elementos. Cada um dos decis é calculado pela média aritmética
entre o último número da classe precedente e o primeiro da subseqüente.
Assim, por meio de decis, obtém-se uma idéia extraordinariamente
próxima de como se distribuem os elementos em determinado universo. Os índices
podem ser dispensados, e passa-se a trabalhar com apenas nove decis.
Na análise a partir de índices-padrão, são atribuídos aos índices
avaliados conceitos e notas, porém primeiramente é necessário observar qual o tipo de
movimento dos índices, ou seja, se estes são classificados como “quanto maior, melhor”
ou como “quanto menor, melhor”.
O Quadro 3 apresenta todos os índices financeiros trabalhados e os
conceitos atribuídos a eles segundo a sua posição relativa ao decil a que pertencem. Os
índices que são classificados como “quanto maior melhor” são a Margem Líquida
(SL/V); a Relação Capital Circulante Líquido/Ativo Circulante (CCL/AC); o Giro sobre
o Ativo Líquido (Gi); a Liquidez Corrente (LC); a Liquidez Geral (LG); a Liquidez
Seca (LS); a Relação Ativo Circulante/Ativo Total (AC/AT); a Relação Ativo
Realizável a Longo Prazo/Ativo Total (RLP/AT) e a Relação Ativo Permanente/Ativo
Total (AP/AT). Os que são do tipo “quanto menor melhor” são o Índice de
Endividamento (CT/PL); a Composição do Endividamento (PC/CT); o Índice de
Dependência Bancária (IDB); a Imobilização do Capital Próprio (ICP) e a Imobilização
dos Recursos Permanentes (IRP).
No que diz respeito aos conceitos, como é apresentado no Quadro 3,
os índices podem assumir, dependendo da posição que ocupam com relação aos decis, a
seguinte classificação: péssimo; deficiente; fraco; razoável; satisfatório; bom ou ótimo.
54
Quadro 3 – Conceitos atribuídos aos índices segundo a sua posição relativa
Índices do tipo
Conceito
2° 3° 5° 6° 8° 9°
Decil Decil Decil Decil Decil Decil Decil Decil Decil
Quanto maior, melhor:
- Margem líquida;
- Relação capital
circulante líquido/ ativo
circulante;
- Giro sobre o ativo
líquido;
- Liquidez corrente;
- Liquidez geral;
- Liquidez seca;
- Relação ativo
circulante/ ativo total;
- Relação ativo realizável
a longo prazo/ ativo
total;
- Relação ativo
permanente/ ativo total;
P
É
S
S
I
M
O
D
E
F
I
C
I
E
N
T
E
F
R
A
C
O
R
A
Z
O
Á
V
E
L
S
A
T
I
S
F
A
T
Ó
R
I
O
S
A
T
I
S
F
A
T
Ó
R
I
O
B
O
M
B
O
M
Ó
T
I
M
O
Quanto menor, melhor:
- Índice de
endividamento;
- Composição do
endividamento;
- Índice de dependência
bancária;
- Imobilização do capital
próprio;
- Imobilização dos
recursos permanentes
Ó
T
I
M
O
B
O
M
B
O
M
S
A
T
I
S
F
A
T
Ó
R
I
O
S
A
T
I
S
F
A
T
Ó
R
I
O
R
A
Z
O
Á
V
E
L
F
R
A
C
O
D
E
F
I
C
I
E
N
T
E
P
É
S
S
I
M
O
Fonte: Considerando as características de cada índice foi adaptado de Matarazzo (2003 p. 209).
3.3 Análise Multivariada Discriminante
Na análise das cooperativas, utilizou-se o modelo de previsão de
insolvência de cooperativas agropecuárias desenvolvido por Gimenes e Opazo (2001).
Este modelo baseia-se em técnicas estatísticas de Análise Multivariada, especificamente
a Análise Discriminante.
Segundo Gimenes e Opazo (2001, p. 78):
55
A análise discriminante permite descobrir as ligações que existem entre um
caráter qualitativo a ser explicado e um conjunto de caracteres quantitativos
explicativos. Também permite prever, por meio de um modelo, as
modalidades do caráter a ser explicado a partir dos valores tomados pelos
caracteres explicativos.
O método estatístico multivariado de análise discriminante considera
um conjunto de indivíduos no qual se observa um caráter qualitativo que toma q (q 2)
modalidades (BOUROCHE e SAPORTA, 1980).
Cada indivíduo sendo marcado por uma única modalidade desse
caráter, define-se assim uma partição do conjunto de indivíduos em q classes distintas.
Além disso, medem-se p (p 2) caracteres quantitativos nos mesmos indivíduos
(BOUROCHE e SAPORTA, 1980).
Segundo Gimenes e Opazo (2001), diversos estudos foram feitos, no
Brasil, sobre a previsão de insolvência em empresas com base na análise discriminante.
Na Seção 2.1.1 foram apresentados os modelos de previsão de insolvência e, dentre
eles, destacam-se os modelos de insolvência de Altman (1968), Elizabetsky (1976),
Kanitz (1978) e Silva (1983). Estes modelos tratavam de empresas financeiras e de
diversos setores de atividade, entretanto nenhum deles foi desenvolvido para aplicação
em cooperativas agropecuárias. Já os modelos discriminante e logit de Gimenes e
Opazo (2001), também apresentados na Seção 2.1.1, foram desenvolvidos
especificamente para o setor cooperativista agropecuário.
Johnson e Wichern (1982) apresentam métodos de decisões
discriminantes considerando certas suposições de interesse. Entre eles destaca-se a
função discriminante de Fisher, que tem características de um modelo linear. Esta
função, para ser construída, considera que nenhuma variável discriminante deve ser
combinação linear de outras variáveis discriminantes, as matrizes de covariância de
56
cada grupo devem ser aproximadamente iguais e as variáveis discriminantes devem ter
uma distribuição normal multivariada.
A função discriminante de Fisher pode ser assim exemplificada:
Sejam Π
1
e Π
2
dois grupos exclusivos entre si, de tal forma que se
deseja determinar um mecanismo que melhor discrimine os dois grupos. Supondo-se n
1
observações de um vetor de variáveis aleatório X
T
= [X
1
, X
2
,..., X
p
] para Π
1
e n
2
medidas de X
T
para Π
2
. As respectivas matrizes de dados são:
],....,,[=
1112111 n
xxxX
matriz de (p x n
1
),
],....,,[=
2222212 n
xxxX
matriz de (p x n
2
).
Para estas matrizes de dados, o vetor de médias amostrais e matrizes
de covariância amostrais são definidos da seguinte forma:
j
n
j
x
n
X
1
1=
1
1
1
1
= Σ
T
j
n
j
j
XxXx
n
S ))((
1
1
111
1
1
1
1
1
=
=
vetor (p x 1); matriz (p x p);
j
n
j
x
n
X
2
1=
2
2
2
1
= Σ
T
j
n
j
j
XxXx
n
S ))((
1
1
222
1
2
2
2
2
=
=
vetor (p x 1); matriz (p x p).
Suponha-se que as matrizes populacionais dos grupos são iguais e
desconhecidas (
Σ=Σ
=
Σ
21
), então o estimador não viciado de
Σ
é uma combinação
de S
1
e S
2
e é obtido da seguinte forma:
[
]
[
]
2
)1-()1-(
1
1
1)-(n1)-(
1
21
2
21
1
SSS
nn
n
n
n
pooled
+
+
+=
Onde S
pooled
é uma matriz de ordem (p x p).
57
Assim, a função discriminante linear de Fischer pode ser escrita da
seguinte forma:
()
XSXXZ
pooled
T
1
21
-
=
O ponto crítico é definido por:
()
)( -
2
1
21
1
21
^
XXSXXm
pooled
T
+=
A regra de classificação da função discriminante de Fisher obedece às
seguintes condições: alocar X
0
em Π
1
se Z
0
-
m
ˆ
0 ou alocar X
0
em Π
2
se Z
0
-
m
ˆ
< 0.
Dessa forma, para uma cooperativa com vetor de dados
k
x , a cooperativa será alocada
na população de cooperativas insolventes se Y
k
0. Caso contrário, a cooperativa será
alocada na população de cooperativas solventes.
É importante destacar que, para a análise discriminante, bem como
para outros métodos multivariados, existe a necessidade de suposições que nem sempre
podem ser verificadas. Como é o caso da multinormalidade, necessária em alguns testes,
além de ser de difícil constatação nas situações gerais, às vezes torna-se impossível de
ser constatada nos estudos de finanças (GIMENES e OPAZO, 2001).
Como foi mencionado anteriormente, para a análise das cooperativas,
utilizou-se o modelo de previsão de insolvência para cooperativas agropecuárias do
Paraná desenvolvido por Gimenes e Opazo (2001). Os modelos de previsão de
insolvência têm sido objeto de estudo dos pesquisadores quando procuram analisar as
causas do fracasso empresarial. O objetivo principal desses modelos pode ser definido
sob dois enfoques teóricos, que, segundo Dietrich (1984, p. 83), segmentam-se da
seguinte maneira:
a) os modelos permitem estabelecer relações estatísticas significativas entre
os resultados dos índices financeiros calculados por meio das demonstrações
58
contábeis e a insolvência empresarial, ou seja, procuram verificar se os dados
contábeis podem fornecer informações seguras sobre a situação econômico-
financeira das empresas;
b) os modelos constituem um instrumento capaz de prever o fracasso
empresarial e, portanto, podem auxiliar diferentes usuários no seu processo
de tomada de decisões.
Com base no método de Fisher descrito na Seção 3.3, tem-se que o
modelo discriminante de insolvência das cooperativas desenvolvido por Gimenes
(1999) e Gimenes e Opazo (2001) pode ser escrito da forma linear como segue:
Y
x
= β
0
+ β
1
X
1
+ β
2
X
2
+ ... + β
p
X
p
Onde:
Y
x
: variável dependente;
β
0
= m
ˆ
: ponto crítico;
β
1
, β
2
,..., β
p
: são pesos; indicam a importância relativa de cada índice
considerado;
X
1
, X
2
,..., X
p
: variáveis explicativas, são os índices financeiros
considerados no estudo.
Após trabalhar com os 14 indicadores financeiros apresentados na
Seção 3.1, destaca-se que seis destes índices compõem o modelo discriminante de
previsão de insolvência para cooperativas agropecuárias desenvolvido por Gimenes e
Opazo (2001). O modelo discriminante é apresentado na Equação 15:
Y
x
=6,7435 + 0,0031X
1
– 0,0819X
2
– 3,5827X
3
– 0,1044X
4
+ 0,0052X
5
+ 0,1676X
6
(15)
Onde:
X
1
: Capital de Terceiros/Patrimônio Líquido (CT/PL);
X
2
: Passivo Circulante/Capital de Terceiros (PC/CT);
X
3
: Liquidez Geral (LG);
X
4
: Sobra Líquida/Vendas Líquidas (SL/V);
59
X
5
: Relação Capital Circulante Líquido/Ativo Circulante (CCL/AC);
X
6
: Giro sobre o Ativo Líquido (Gi).
O fato de o modelo discriminante ser composto por apenas seis
indicadores justifica-se porque, neste caso, não necessita ser composto por um grande
número de índices, mas por aqueles que possam ser relevantes para a explicação correta
daquilo que o modelo se propõe a informar. Com relação a isso, os autores afirmam
que a maioria dos pesquisadores argumentam que não é necessário um grande número
de índices financeiros para alcançar uma maior eficiência nas previsões de insolvência.
Um índice só deve compor o modelo se, de fato, puder melhorar o nível de acerto nas
previsões.
O modelo discriminante de previsão de insolvência para cooperativas
agropecuárias desenvolvido por Gimenes e Opazo (2001), apresentado na equação 15,
tem, portanto, a seguinte regra de decisão, onde são classificadas as cooperativas
insolventes ou solventes: Para uma k cooperativa com vetor de dados X
k
, a cooperativa
será alocada na população de cooperativas insolventes se o valor resultante Y
k
0;
caso contrário, a cooperativa será alocada na população de cooperativas solventes.
3.4 Análise Multivariada de Agrupamento (Cluster Analysis)
Para classificar hierarquicamente as cooperativas agropecuárias em
grupos homogêneos a partir de seus indicadores financeiros foi utilizada a Análise de
Agrupamento (Cluster Analysis). A utilização desta análise teve o intuito de
proporcionar um refinamento dos resultados deste estudo.
A Análise de Agrupamento, já mencionada na Seção 2.3, é uma
variedade de técnicas e algoritmos cujo objetivo é encontrar e separar objetos em grupos
60
similares. Essa atividade pode ser observada, por exemplo, num estudo com diferentes
cooperativas de várias regiões do país. Deste modo, a Análise de Agrupamento
pretende, dada uma amostra de n objetos (ou cooperativas), cada um deles medido
segundo p variáveis, procurar um esquema de classificação que agrupe os objetos em g
grupos. Exigindo-se conceitos científicos mais sofisticados de semelhança, deve ser
determinado também o número e as características desses g grupos (BUSSAB,
MIAZAKI e ANDRADE, 1990).
Segundo Azambuja (2005), a análise de agrupamento vem sendo
utilizada em importantes áreas científicas para a identificação de padrões de
comportamento nos dados analisados, auxiliando com isso o processo de descoberta do
conhecimento, pois a divisão em grupos ou classes facilita a compreensão das
observações e o desenvolvimento posterior de teorias científicas. Elas são utilizadas
inúmeras vezes na fase exploratória da pesquisa, fase na qual a falta de hipóteses a
priori sobre as observações e o desconhecido número de grupos permitem que as
mesmas auxiliem na organização em estruturas significativas de fácil interpretação.
Além da fácil interpretação, uma outra razão pela opção de análise de
agrupamento é a não exigência de pressupostos iniciais quanto à distribuição de
probabilidade dos dados.
Uma das questões vitais das técnicas de Análise de Agrupamento,
após a escolha das variáveis que serão usadas como critérios de semelhança, é a
definição do coeficiente de similaridade ou dissimilaridade. Nos itens seguintes desta
seção apresenta-se o critério de escolha de similaridade e dissimilaridade entre
elementos e o algoritmo de formação dos agrupamentos.
61
3.4.1 Medida de Similaridade e Dissimilaridade
Um conceito fundamental na utilização das técnicas de análise de
agrupamento é a escolha de um critério que possibilite medir a distância entre dois
objetos, ou que quantifique o quanto eles são parecidos. Esta é a medida chamada de
Coeficiente de Parecença ou, como colocado na Seção 2, Coeficiente de Similaridade e
Coeficiente de Dissimilaridade. Cabe observar que, tecnicamente, pode-se dividir em
duas categorias: medidas de similaridade e medidas de dissimilaridade. Na medida de
similaridade, quanto maiores os valores observados mais parecidos são os objetos. Já
para a medida de dissimilaridade, quanto maiores os valores observados menos
parecidos (mais dissimilares) serão os objetos. A Distância Euclidiana, um dos
coeficientes mais conhecidos e utilizados, é um exemplo de coeficiente de
dissimilaridade, enquanto que o Coeficiente de Correlação é um exemplo de coeficiente
de similaridade (BUSSAB, MIAZAKI e ANDRADE, 1990).
A maioria dos Algoritmos da Análise de Agrupamento é programada
para operarem com o conceito de distância (dissimilaridade), exigindo do usuário o
esforço da transformação.
Segundo Azambuja (2005), alguns coeficientes se adaptam melhor a
determinados tipos de variáveis e situações e, em geral, os coeficientes de
dissimilaridade são os mais adequados para as variáveis quantitativas, e os de
dissimilaridade para as variáveis qualitativas.
62
3.4.2 Distância Euclidiana
Considerando o vetor x de coordenadas reais (x
1
, x
2
, ..., x
p
) como o
descritor dos objetos de que serão investigados as semelhanças, a medida mais
conhecida para indicar a proximidade entre os objetos A e B é a distância euclidiana
d(A, B), que é dada pela fórmula:
d( A,B) =
2/12
1
]))()(([ BxAx
p
i
ii
=
Em linguagem matricial a fórmula acima é constituída de:
d( A,B) = [(x(A) – x(B))
T
(x(A) – x(B)) ]
1/2
3.4.2.1 Distância euclidiana padronizada
Quando se trabalha com variáveis quantitativas, a distância euclidiana
comumente soma distâncias não comparáveis, como centímetros, kilogramas, anos,
milhões, etc., e a mudança de uma das unidades pode alterar completamente o
significado e o valor do coeficiente. Esta é uma das razões da padronização das
variáveis x
1
, x
2
, ..., x
p
do vetor x. Deste modo, passa-se a utilizar a seguinte
padronização, segundo Mardia, Kent e Bibby (1989):
i
ii
i
s
xx
z
=
(.)
Onde
i
x e
i
s indicam, respectivamente, a média e o desvio-padrão da
i-ésima coordenada, o que permite evitar inconvenientes derivados da existência de
diferentes unidades de medida.
Uma vez realizada a transformação, a distância euclidiana passa a ser:
63
d( A,B) =
2/12
1
]))()(([ BzAz
p
i
ii
=
Este valor é constituído da soma dos desvios padronizados. A
expressão acima também pode ser escrita da seguinte forma em notação vetorial:
d( A,B) = [ (x(A) – x(B))
T
D
-1
(x(A) – x(B)) ]
½
Onde D é uma matriz diagonal, que tem como i-ésimo componente a
variância
2
i
s
, ou seja, D = diag [
22
2
2
1
,...,,
p
sss
].
Uma vez escolhidas as variáveis que serão usadas como critérios de
semelhança, uma das questões vitais das técnicas da análise de agrupamento é a
definição do coeficiente (ou nível) de similaridade ou dissimilaridade.
3.4.2.2 Matriz de distâncias
A Matriz de Distâncias, também chamada de Matriz de Semelhança
ou Parecença, é uma espécie de tabela que apresenta, em cada célula, o valor do
coeficiente calculado para os elementos posicionados nas respectivas linha e coluna.
Trata-se de uma matriz quadrada que possui dimensão máxima n x n, com n
representando o número de elementos envolvidos. Possui a diagonal principal nula e o
triângulo superior ou inferior vazio (AZAMBUJA, 2005).
3.4.3 Formação de Agrupamentos
A formação de agrupamentos baseia-se em duas idéias básicas
sugeridas por Bussab, Miazaki e Andrade (1990), que são a coesão interna dos objetos e
o isolamento externo entre os grupos.
64
Anteriormente, na Seção 3.4.1 apresentou-se a idéia de parecença
entre objetos. Nesta etapa, a idéia-chave é a parecença entre grupos. As técnicas de
agrupar podem ser classificadas em diferentes categorias. Nessas categorias, as
hierárquicas são as mais utilizadas. Nestas técnicas, os objetos são classificados em
grupos em diferentes etapas, de modo hierárquico, até obter uma árvore de
classificação.
Para a análise, este estudo utilizou o algoritmo hierárquico de
McQuitty (MINITAB 14.0), que é definido pela seguinte fórmula:
2
)(
)(
ljkl
jkl
dd
d
+
=
Onde :
d
(kl)j :
é a distância entre o agrupamento (kl) e o agrupamento j;
d
kl
e d
lj
: são as distâncias entre a maior distância dos membros do
agrupamentos k e j e os agrupamentos l e j.
Desta forma define-se a matriz de distância MD = [d
ij
], de ordem n x
n, que define a distância entre as observações i e j, sendo n o número de objetos em
estudo.
3.4.4 Nível de Similaridade
O nível de similaridade s(ij) entre dois grupos i e j é dado pela
seguinte fórmula:
)1(100)(
(max)
)(
d
d
ijs
ij
=
Sendo que d
(max)
é o valor máximo da matriz distância MD.
65
3.4.5 Dendogramas
Os dendogramas são estruturas gráficas em forma de árvore, utilizadas
para representar as junções (métodos hierárquicos) ou divisões (métodos de partição)
que ocorreram a partir de valores da matriz de semelhança (ou matriz de distância). Para
a construção de um dendograma utilizando os valores da matriz de semelhança com o
objetivo de ilustrar as junções, é necessário colocar, no eixo horizontal, os elementos em
uma ordem conveniente de acordo com os grupos formados, de onde partirá, de cada um
desses elementos, uma linha vertical até a altura correspondente ao nível (o valor da
distância) em que ocorreu a junção (a um outro elemento ou grupo). Essa altura é
marcada no eixo vertical. Os dendogramas são utilizados, principalmente, para
observação dos saltos que ocorrem na formação dos grupos, buscando detectar a
formação de grupos heterogêneos (BUSSAB, MIAZAKI e ANDRADE, 1990).
3.4.6 Variáveis Utilizadas na Análise de Agrupamento
As variáveis utilizadas na análise de agrupamento referem-se aos
índices financeiros que compõem este estudo, pertencentes a 32 cooperativas
agropecuárias, sendo uma delas a Cooperativa Agroindustrial Lar, e o período analisado
compreende os anos de 2000 a 2004. Trata-se dos 14 índices financeiros apresentados
na Seção 3.1.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
A partir da aplicação dos procedimentos metodológicos, demonstrados
na Seção 3, os dados foram trabalhados e os seus resultados são apresentados e
discutidos nesta parte do trabalho.
4.1 Classificação das Cooperativas Agropecuárias segundo Índices-Padrão
Univariados
4.1.1 Índices-Padrão para o Ano 2000
A Tabela 3 apresenta os valores dos índices financeiros das
cooperativas para o ano 2000. Estes dados foram conseguidos a partir do Balanço
Patrimonial e da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) dessas cooperativas.
Assim, a Tabela 3 contém o valor do Índice de Endividamento; da Composição do
Endividamento; da Margem Líquida; da Relação Capital Circulante Líquido/Ativo
Circulante; do Giro sobre o Ativo Líquido; da Liquidez Corrente; da Liquidez Geral; da
Liquidez Seca; da Relação Ativo Circulante/Ativo Total; da Relação Ativo Realizável a
Longo Prazo/Ativo Total; da Relação Ativo Permanente/Ativo Total; do Índice de
Dependência Bancária; da Imobilização do Capital Próprio e da Imobilização dos
Recursos Permanentes.
67
Tabela 3 – Matriz de valores dos índices por cooperativas – Ano 2000
Coop. CT/PL PC/CT SL/V CCL/AC Gi LC LG
a 36 90 3,88 76 5,08 4,10 3,70
b
c 493 73 5,96 14 1,87 1,16 0,85
d 149 53 42 1,72 1,18
e 183 66 2,30 33 1,69 1,50 1,23
f 119 100 3,15 43 3,21 1,75 1,75
g 155 56 -11,89 -57 2,18 0,63 0,40
h 109 95 0,09 21 5,18 1,27 1,22
i 68 94 5,31 52 2,74 2,07 1,98
j
k 148 90 0,62 31 2,38 1,44 1,33
l 583 41 1,80 19 0,97 1,24 0,63
m 218 27 1,34 69 1,70 3,19 0,95
n 1275 98 0,91 0 8,90 1,00 0,98
o 150 76 5,11 -15 3,11 0,87 0,98
p 201 85 0,87 26 1,93 1,35 1,22
q 251 78 1,46 30 3,09 1,43 1,16
r 118 90 0,69 1 2,40 1,01 0,97
s 309 93 9,15 28 6,39 1,38 1,29
t 366 77 -2,76 -38 4,86 0,72 0,66
u 268 100 0,58 20 47,67 1,24 1,33
v 147 92 3,12 1 1,84 1,01 0,95
w 98 66 1,07 23 2,05 1,30 1,04
x
y 142 64 0,18 2 1,62 1,02 0,94
z 97 84 4,09 40 1,52 1,68 1,56
aa 239 4 0,21 29 0,33 1,41 0,15
ab 210 63 1,42 29 1,94 1,40 1,03
ac 380 46 10,33 -80 0,51 0,56 0,50
ad 150 80 1,08 21 3,41 1,27 1,06
ae
LAR
7
128
100
53
9,37
19,91
75
11
0,55
1,36
4,08
1,12
4,74
1,09
68
Coop. LS AC/AT RLP/AT AP/AT IDB ICP IRP
a 3,60 97,67 0,00 2,33 3,65 3,17 3,06
b
c 0,83 91,12 0,08 8,88 8,65 40,99 17,68
d 1,35 54,83 15,48 29,69 20,09 73,79 43,59
e 1,26 64,37 14,95 20,68 42,60 58,59 36,28
f 1,11 94,86 0,37 4,77 69,00 10,45 10,45
g 0,26 21,81 2,78 75,41 16,91 192,60 114,80
h 1,00 63,03 0,36 36,61 13,48 76,50 72,59
i 1,25 78,91 1,35 19,74 26,18 33,41 32,17
j
k 0,86 77,41 2,07 20,52 81,40 50,93 44,3
l 0,56 43,67 10,39 45,94 18,85 313,92 71,0
m 1,94 59,52 5,58 34,90 5,62 110,94 42,91
n 0,59 90,16 0,45 9,39 24,66 129,07 98,86
o 0,63 39,27 19,40 41,33 21,06 104,16 76,58
p 1,16 76,65 4,75 18,61 48,19 55,97 43,14
q 0,98 80,21 2,67 17,12 51,75 60,01 38,84
r 0,72 48,92 3,58 47,49 43,12 103,59 92,24
s 0,65 97,60 0,05 2,35 3,92 9,64 7,99
t 0,63 43,94 7,71 48,35 31,03 225,44 123,23
u 1,15 90,62 6,15 3,23 1,68 11,89 11,89
v 0,62 55,44 1,02 43,54 64,33 107,76 96,94
w 1,02 42,29 8,81 48,91 18,63 97,14 72,83
x
y 0,71 38,00 16,86 45,14 26,32 109,03 71,98
z 1,25 69,64 6,89 23,47 53,44 46,20 40,13
aa 1,23 4,44 5,89 89,68 0,00 304,77 92,71
ab 0,97 59,48 10,48 30,03 37,05 93,24 52,24
ac 0,53 20,43 19,10 60,48 16,17 290,33 95,54
ad 0,82 61,14 2,24 36,63 38,32 91,45 70,59
ae
LAR
3,70
0,68
19,71
33,49
3,19
10,97
64,21
55,54
0,00
37,42
95,08
126,72
95,08
79,22
Fonte: Gimenes (2006).
Nota: As cooperativas que não apresentam os índices não forneceram informações suficientes para o
cálculo no referido ano.
Na Tabela 4 encontram-se os valores dos decis por índices das
cooperativas para o ano 2000.
Tabela 4 – Matriz de decis por índices das cooperativas – Ano 2000
Decil CT/PL PC/CT SL/V CCL/AC Gi LC LG
Mínimo 7,000 4,000 -11,890 -80,000 0,330 0,560 0,150
68,000 41,000 -0,1950 -38,000 0,546 0,720 0,500
109,000 53,000 0,506 1,000 1,488 1,010 0,850
128,000 64,000 0,816 11,000 1,697 1,120 0,950
148,000 73,000 1,076 20,000 1,906 1,240 0,980
150,000 78,000 1,440 23,000 2,115 1,300 1,060
201,000 85,000 2,628 29,000 2,536 1,400 1,180
239,000 90,000 3,943 31,000 3,140 1,440 1,230
309,000 94,000 5,440 42,000 4,904 1,720 1,330
493,000 100,000 9,466 69,000 6,641 3,190 1,980
Máximo 1275,000 100,000 19,910 76,000 47,670 4,100 4,740
69
Decil LS AC/AT RLP/AT AP/AT IDB ICP IRP
Mínimo 0,260 4,440 0,000 2,330 0,000 3,170 3,060
0,560 20,430 0,080 3,230 1,680 10,450 10,450
0,630 38,000 0,450 9,390 5,620 40,990 32,170
0,680 43,670 2,070 19,740 16,170 55,970 40,130
0,820 54,830 2,780 23,470 18,850 73,790 43,590
0,970 59,520 4,750 34,900 24,660 93,240 70,590
1,020 64,370 6,150 41,330 31,030 103,590 72,590
1,160 77,410 8,810 45,940 38,320 109,030 79,220
1,250 90,160 10,970 48,910 48,190 129,070 95,080
1,940 94,860 16,860 64,210 64,330 290,330 98,860
Máximo 3,700 97,670 19,400 89,680 81,400 313,920 123,230
Fonte: Resultados da pesquisa.
Como se pode observar na Tabela 4, para o Índice de Endividamento
(CT/PL), o valor do índice padrão mediano foi de 150%, ou seja, para cada R$ 100,00
de capital próprio (patrimônio líquido), 50% das cooperativas tiveram em seu balanço
R$ 150,00 de capitais de terceiros. Das cooperativas que compõem este estudo, 30%
obtiveram um Índice de endividamento igual ou superior a 239%, enquanto que 10%
alcançaram índices extremamente altos, com valores iguais ou superiores a 493%.
Apenas 10% das cooperativas apresentaram índices iguais ou inferiores a 68%. Estes
valores revelam, a princípio, um alto grau de dependência dos recursos de terceiros e
isto implica assumir maiores níveis de risco financeiro por parte das cooperativas. Com
isso, maiores são as probabilidades de não virem a cobrir as obrigações financeiras
geradas pelo endividamento.
A partir de uma ótica externa, é possível afirmar que o índice-padrão
de endividamento das cooperativas define uma estrutura de capital que produz altos
níveis de risco financeiro (GIMENES, 1999).
Para o índice Composição do Endividamento (PC/CT) que pode ser
observado na Tabela 4, de acordo com o cálculo da mediana, 50% das cooperativas
obtiveram 78% do capital de terceiros constituído por obrigações a curto prazo. Para
20% das cooperativas, este índice foi igual ou superior a 94%. Isto significa que os
compromissos assumidos com terceiros deveriam ser liquidados a curto prazo, elevando
70
a pressão sobre a capacidade de pagamento da cooperativa (liquidez) que, por sua vez,
depende da geração de resultados positivos.
No caso do índice Margem Líquida (SL/V), o valor encontrado da
mediana para 50% das cooperativas foi de 1,44%, sendo o que definitivamente sobra,
deduzindo-se das vendas os custos, os gastos operacionais, o resultado não operacional
e os impostos. Em 10% das cooperativas estudadas, este índice alcançou valores
negativos, o que representa uma perda ao final do exercício fiscal. Para 40% das
cooperativas, observa-se que a margem líquida foi inferior a 1,08%, mas, para 50%
delas, este índice foi igual ou superior a 1,44%.
Para o índice Relação Capital Circulante Líquido/Ativo Circulante
(CCL/AC), também apresentado na Tabela 4, o valor obtido para a mediana foi de 23%,
o que supõe que 50% das cooperativas financiaram suas aplicações no ativo circulante
com 23% de recursos permanentes. Para 10% das cooperativas, o valor do capital
circulante líquido foi negativo, sendo possível interpretar que o financiamento de ativos
a longo prazo se realizou com passivos a curto prazo, o que, seguramente, possibilita a
geração de desequilíbrios financeiros. Um total de 20% das cooperativas apresentaram
uma relação entre o capital circulante líquido e o ativo circulante igual ou superior a
69%, o que propicia uma maior segurança na manutenção das suas atividades
operacionais.
O índice Giro sobre o Ativo Líquido (Gi) obteve um valor de mediana
de 2,11%, com o que se pode compreender que, para 50% das cooperativas analisadas, a
renovação de seus ativos líquidos foi de 2,11 vezes ao ano. Para 10% das cooperativas,
o valor do giro sobre o ativo líquido esteve abaixo de 0,55 vezes ao ano e para 20% das
cooperativas, o valor do índice foi superior a 4,90 vezes ao ano, valores que podem ser
verificados também na Tabela 4.
71
O Giro sobre o Ativo Líquido é considerado um bom indicador da
produtividade dos ativos alcançada pelos gestores da organização. Este índice mede a
capacidade da cooperativa para gerar um maior faturamento com o mesmo volume e
estrutura de ativos disponíveis (GIMENES, 1999).
No caso do índice de Liquidez Corrente (LC), o valor da mediana foi
de 1,30, o que representa que, para cada R$ 1,00 de obrigações a curto prazo, 50% das
cooperativas dispõem de R$ 1,30 de ativos a curto prazo para poder amortizá-las, ou
seja, neste caso ocorreu uma sobra de 30%. Quando o índice de liquidez corrente é
superior a 1,00, significa que os ativos circulantes estão sendo financiados por uma
parte de capital circulante líquido, existindo assim uma certa folga financeira a curto
prazo. A maioria das cooperativas desse estudo apresentaram essa característica no ano
2000 e somente 10% obtiveram um índice de Liquidez Corrente igual ou inferior a 0,72.
Alguns autores afirmam que este índice deve ser maior que 1,00, já
outros acreditam que uma boa liquidez corrente seria um valor de 1,50. Na verdade, o
índice de liquidez é uma boa medida de comparação para empresas do mesmo tamanho
e setor, mas, como medida isolada da situação financeira de uma organização, tem
muitas restrições. Deve-se analisar detalhadamente o ciclo financeiro, especificando os
prazos de vencimento dos ativos e passivos (GIMENES, 1999).
A teoria financeira atual não recomenda, contudo, de modo geral,
nenhum valor de referência para o índice de Liquidez Corrente. É mais importante a
qualidade do que a quantidade, para que ocorra uma adequada correlação e acomodação
entre a liquidez dos ativos circulantes e a exigibilidade dos passivos circulantes.
Analisando o índice de Liquidez Geral (LG), que também compõe a
Tabela 4, observa-se que, para 50% das cooperativas, o índice-padrão é igual a 1,06,
podendo ser interpretado que, para cada R$ 1,00 de dívida a curto prazo, dispõe-se de
72
R$ 1,06 de tesouraria e direitos realizáveis a curto e longo prazo. É possível observar,
neste caso, uma pequena folga financeira de 6%, ou seja, 50% das cooperativas
poderiam liquidar todas suas dívidas, inclusive as estabelecidas a longo prazo, e ainda
haveria uma margem de segurança de 6%. Uma outra informação importante é que 40%
das cooperativas analisadas apresentaram um índice de liquidez geral igual ou inferior a
0,98, enquanto algumas teorias defendem um índice no mínimo igual a 1,00. No
referido ano, apenas 10% das cooperativas tiveram um índice igual ou superior a 1,98,
sabendo-se que um índice assim representa uma maior segurança no que diz respeito à
capacidade de pagamento. Para uma interpretação mais consistente do índice de
Liquidez Geral, sobretudo quando este valor é inferior a 1,00, é necessário analisar a
capacidade da organização de gerar benefícios, uma vez que esta capacidade permite
que sejam feitas transferências de obrigações do longo ao curto prazo para serem
amortizadas.
O índice de Liquidez Seca (LS), na Tabela 4, apresentou um valor de
mediana de 0,97. Isso significa que, para cada R$ 1,00 de dívidas a curto prazo, 50%
das cooperativas tinham disponível R$ 0,97 de ativos a curto prazo, sem considerar os
estoques. Das cooperativas compreendidas por este estudo, somente 10% obtiveram um
índice de liquidez seca igual ou inferior a 0,56, enquanto que 40% delas apresentaram
um índice com valor igual ou superior a 1,02.
Para o índice Relação Ativo Circulante/Ativo Total (AC/AT), o valor
médio da participação do ativo circulante no ativo total das cooperativas foi de 59,52%.
A partir disso, compreende-se que mais da metade dos investimentos realizados no ativo
tiveram a função de financiar as atividades operacionais. Isso significa que dependem
dos níveis de estoques, das políticas de compra e financiamento das vendas, e, mais
concretamente, da adequação dos prazos de entradas e saídas de caixa que demandam
73
um determinado volume de capital circulante para sustentar as operações. Do total das
cooperativas, pode-se afirmar que 30% delas tiveram uma participação do ativo
circulante no ativo total igual ou superior a 77,41%, sendo que 20% apresentaram um
investimento no ativo circulante igual ou superior a 90,16% do ativo total para o ano
2000.
Por sua vez, o valor obtido como padrão para o índice Relação Ativo
Realizável a Longo Prazo/Ativo Total (RLP/AT), foi um percentual de 4,75% dos
ativos totais. Geralmente, na estrutura dos ativos totais das organizações, esta aplicação
acaba consumindo a menor parte dos investimentos realizados. A maior parte do ativo
realizável a longo prazo se encontra em apenas 10% das cooperativas, nas quais o índice
alcança um valor de 16,86%. Das cooperativas analisadas, 20% tiveram um valor igual
ou inferior a 0,45% de investimentos nas contas de ativos realizáveis a longo prazo.
No caso do índice Relação Ativo Permanente/Ativo Total (AP/AT), o
valor encontrado para a mediana demonstrou que os ativos permanentes representaram
34,90% dos ativos totais, enquanto que 40% das cooperativas investiram um valor igual
ou inferior a 23,47% de seus ativos. Em 10% dos casos, este índice supera 64% de
participação nos ativos totais. A participação dos ativos permanentes nos ativos totais
denota as distintas necessidades demandadas na composição técnica do capital
operacional, procedentes de alternativas específicas que buscam determinadas
cooperativas em seu processo de expansão. Geralmente as cooperativas mais
verticalizadas direcionam um maior volume de recursos em investimentos permanentes,
em função do processo de imobilização demandado por seu processo produtivo.
Observa-se, ainda na Tabela 4, que o Índice de Dependência Bancária
(IDB) apresentou um valor de 24,66% de mediana, o que significa que os empréstimos
e financiamentos bancários representam 24,66% do exigível total para 50% das
74
cooperativas. Para 20% das cooperativas, esta fonte de financiamento correspondeu a
valores iguais ou superiores a 48,19% do exigível total e para 10% das cooperativas este
índice alcançou valores iguais ou superiores a 64,33%. Quando a capacidade de
pagamento (liquidez) é baixa, é importante que as cooperativas consigam renovar
constantemente seus passivos circulantes. Uma parte destes passivos, parte denominada
passivos de funcionamento, é constantemente renovada pelas próprias operações da
cooperativa, enquanto que outra parte, que corresponde aos empréstimos e
financiamentos bancários, não oferece garantias de ser renovada, sendo que a
dependência das cooperativas deste tipo de passivo implica assumir maiores níveis de
risco financeiro.
O índice Imobilização do Capital Próprio (ICP) obteve um valor de
93,24% de mediana, ou seja, para 50% das cooperativas praticamente a totalidade dos
recursos próprios foram utilizados para financiar os investimentos em ativos
permanentes. Considerando o índice-padrão acima (93,24%), pode-se concluir que
6,76% restantes dos recursos próprios foram aplicados no ativo circulante. Das
cooperativas analisadas, 20% apresentaram um grau de imobilização do capital próprio
superior a 129% e 10% das mesmas um índice superior a 290%. Quando o índice de
imobilização do capital próprio apresenta um valor superior a 100%, como é o caso de
40% das cooperativas deste estudo analisando o ano 2000, o ativo circulante não é
financiado por recursos próprios, o que aumenta o grau de dependência das cooperativas
dos recursos de terceiros.
Finalizando a análise das informações contidas na Tabela 4,
constatou-se que o índice de imobilização dos recursos permanentes apresentou um
valor-padrão de 70,59%. Isto significa que 50% das cooperativas destinaram 70,59%
dos recursos não correntes ao financiamento do ativo permanente. É importante que este
75
índice seja inferior a 100%, pois, financeiramente, é justificável que uma parte razoável
destes recursos seja utilizada para financiar o ativo circulante. Trata-se da parte que é
denominada de Capital Circulante Líquido. No caso das cooperativas analisadas no ano
2000, observa-se que um pequeno número delas, menos de 4%, apresentou um grau de
imobilização de recursos não correntes superior a 100%.
A Tabela 5 apresenta a classificação das cooperativas segundo os
índices-padrão para o ano 2000. A partir do valor dos índices demonstrados na Tabela 3
e dependendo da posição que cada um deles ocupa de acordo com a matriz de decis
(Tabela 4), foram atribuídos aos mesmos os seguintes conceitos que podem ser
verificados na Tabela 5: P (péssimo); D (deficiente); F (fraco); R (razoável); S
(satisfatório); B (bom) ou O (ótimo).
Como o foco deste estudo é a cooperativa Lar, buscou-se fazer aqui
uma análise mais completa da situação financeira desta organização. As outras
cooperativas, classificadas de (a) até (ae), serviram de comparativo para a análise desta
cooperativa, uma vez que todas elas pertencem ao ramo de cooperativas agropecuárias.
Neste sentido, verifica-se, na Tabela 5, que a cooperativa Lar obteve o
conceito P (péssimo) para os índices Giro sobre o Ativo Líquido (Gi) e Relação Ativo
Circulante/Ativo Total (AC/AT). Os índices Relação Capital Circulante Líquido/Ativo
Circulante (CCL/AC); Liquidez Corrente (LC); Liquidez Seca (LS); Imobilização do
Capital Próprio (ICP) e Imobilização dos Recursos Permanente (IRP) receberam o
conceito F (fraco). Somente o Índice de Dependência Bancária (IDB) foi classificado
como R (razoável). Os índices nos quais a cooperativa alcançou um melhor desempenho
no ano analisado foram: a Liquidez Geral (LG), que obteve o conceito S (satisfatório); o
Índice de Endividamento (CT/PL), a Composição do Endividamento (PC/CT), a
Relação Ativo Realizável a Longo Prazo/Ativo total (RLP/AT) e a Relação Ativo
76
Permanente/Ativo Total (AP/AT), classificados como B (bom); e o único índice que
apresentou o conceito O (ótimo) foi a Margem Líquida (SL/V).
Tabela 5 – Matriz de classificação das cooperativas segundo índices-padrão – Ano 2000
Coop. CT/PL PC/CT SL/V CCL/AC Gi LC LG
a B F S O B O O
b
c P S B F F F D
d S B B B S
e S B S B D B B
f B P S B B B B
g S B P P S P P
h B D P R B R S
i O D B B S B O
j
k S F D B S B B
l P O S F P R P
m R O R O F O F
n P D F P O P R
o S S B P S P R
p R R F S R S S
q F S S S S S S
r B F D D S D F
s D F B S B S B
t D S P P B P P
u F P D R O R B
v B F S D F D F
w O B F S R S R
x
y B B P D D D D
z O S B B D B B
aa F O P S P S P
ab R B S S R S R
ac D O O P P P P
ad S S R R B R S
ae
LAR
O
B
P
B
B
O
O
F
P
P
O
F
O
S
77
Coop. LS AC/AT RLP/AT AP/AT IDB ICP IRP
a O O P P O O O
b
c R B P P B B O
d B R B R S S S
e B S B F F B B
f S O P P P O O
g P P R O B D P
h S S P S B S R
i B B D F S O B
j
k R B F F P B S
l P F B B S P S
m O S S S B F B
n P B D D S D P
o D D O S S R R
p B S S D D B B
q S B F D D B B
r F F R B F R F
s D O P P O O O
t D F S B R D P
u S B S P O O O
v P R D S P R D
w S D B B B S R
x
y F D O S S F S
z B S S R D B B
aa B P S O O P F
ab S R B R R S S
ac P P O B B P D
ad R S F S F S S
ae
LAR
O
F
P
P
R
B
O
B
O
R
S
F
D
F
Fonte: Resultados da pesquisa.
Legenda: P (Péssimo); D (Deficiente); F (Fraco); R (Razoável); S (Satisfatório); B (Bom); O (Ótimo).
4.1.2 Índices-Padrão para o Ano 2001
A Tabela 6 apresenta os valores dos índices financeiros das
cooperativas para o ano 2001. Estes dados foram conseguidos a partir do Balanço
Patrimonial e da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) dessas cooperativas.
Assim como a Tabela 3, a Tabela 6 apresenta o valor do Índice de Endividamento; da
Composição do Endividamento; da Margem quida; da Relação Capital Circulante
Líquido/Ativo Circulante; do Giro sobre o Ativo Líquido; da Liquidez Corrente; da
Liquidez Geral; da Liquidez Seca; da Relação Ativo Circulante/Ativo Total; da Relação
Ativo Realizável a Longo Prazo/Ativo Total; da Relação Ativo Permanente/Ativo Total;
78
do Índice de Dependência Bancária; da Imobilização do Capital Próprio e da
Imobilização dos Recursos Permanentes.
Tabela 6 – Matriz de valores dos índices por cooperativas – Ano 2001
Coop. CT/PL PC/CT SL/V CCL/AC Gi LC LG
a 54 92 1,72 67 5,24 3,04 2,8
b
c 395 97 6,7 15 1,87 1,17 1,17
d 178 52 43 1,75 1,14
e 214 68 2,71 32 1,64 1,47 1,21
f 85 77 3,3 65 3,84 2,89 2,23
g 280 54 -1,14 -17 2,99 0,86 0,49
h 192 48 0,07 17 2,54 1,21 0,58
i 81 97 6,16 47 3,15 1,90 1,88
j
k 130 96 0,52 29 3,1 1,41 1,36
l 540 53 4,89 4 1,13 1,04 0,64
m 188 28 5,7 69 1,34 3,20 0,95
n 2151 87 0,39 12 5,61 1,13 1
o 174 71 0,41 5 3,38 1,05 1
p 229 85 1,02 24 1,94 1,31 1,17
q 250 80 1,69 31 3,91 1,44 1,17
r 196 71 0,57 5 2,08 1,05 0,83
s 148 97 7,85 35 6,23 1,55 1,51
t 208 64 1,65 4 2,21 1,04 1,06
u 186 99 0,71 30 32,98 1,42 1,48
v 128 89 3,63 4 2,17 1,04 0,95
w 105 65 2,49 34 2,23 1,52 1,1
x
y 154 48 1,11 3 1,83 1,03 1,06
z 92 86 6,46 48 1,81 1,92 1,83
aa 285 7 -0,21 20 0,59 1,25 0,19
ab 222 68 1,89 31 2,59 1,44 1,02
ac 398 36 1,58 -13 0,6 0,89 0,55
ad 132 79 4,74 31 2,05 1,45 1,18
ae
LAR
41
124
49
62
3,69
19,73
54
23
0,47
1,68
2,18
1,30
1,12
1,37
79
Coop. LS AC/AT RLP/AT AP/AT IDB ICP IRP
a 2,41 98,45 0,00 1,55 15,92 2,38 2,29
b
c 0,90 92,97 3,11 7,03 14,77 33,84 29,75
d 1,11 58,12 14,90 26,98 19,11 74,92 40,43
e 1,24 68,30 14,07 17,62 46,90 55,41 32,89
f 1,79 88,78 0,44 4,33 50,54 9,14 7,64
g 0,36 34,15 1,89 63,95 18,65 242,79 106,38
h 0,89 38,28 0,03 61,69 10,74 179,86 90,37
i 1,03 82,04 1,68 16,28 11,42 29,74 29,07
j
k 0,92 76,77 0,00 23,23 77,48 53,43 50,99
l 0,47 44,55 6,96 48,49 20,89 327,15 93,17
m 1,81 59,12 3,02 37,86 5,11 109,09 46,43
n 0,81 94,13 1,57 4,30 30,08 96,71 25,61
o 0,76 47,22 15,63 37,15 33,82 102,61 68,50
p 1,08 77,73 3,87 18,40 48,84 60,46 45,39
q 0,74 81,82 1,74 16,44 46,67 57,51 38,03
r 0,71 49,48 5,25 45,27 35,48 133,79 85,45
s 0,80 89,56 0,09 10,34 3,61 25,69 24,66
t 0,90 44,83 26,48 28,69 28,34 88,42 50,26
u 1,31 91,61 4,85 3,55 1,12 10,14 9,94
v 0,63 51,65 1,25 47,11 63,18 107,96 94,41
w 1,26 49,95 6,05 44,00 11,64 90,31 65,87
x
y 0,66 29,75 34,21 36,04 16,05 91,46 50,75
z 1,41 74,54 8,64 16,81 55,79 33,96 30,04
aa 1,06 6,04 8,00 85,96 1,15 331,03 90,38
ab 0,96 67,65 2,98 29,37 35,60 94,56 55,40
ac 0,86 25,77 17,84 56,39 10,56 280,63 79,50
ad 0,91 64,76 2,18 33,06 49,86 76,67 59,88
ae
LAR
2,00
0,84
23,88
44,48
1,19
6,04
51,81
49,48
31,73
41,68
96,06
110,72
79,29
75,07
Fonte: Gimenes (2006).
Nota: As cooperativas que não apresentam os índices não forneceram informações suficientes para o
cálculo no referido ano.
Na Tabela 7 encontram-se os valores dos decis por índices das
cooperativas para o ano 2001.
Tabela 7 – Matriz de decis por índices das cooperativas – Ano 2001
Decil CT/PL PC/CT SL/V CCL/AC Gi LC LG
Mínimo 41,000 7,000 -1,140 -17,000 0,470 0,860 0,190
81,000 36,000 0,042 3,000 0,599 1,030 0,550
105,000 49,000 0,498 4,000 1,580 1,040 0,830
130,000 54,000 0,927 12,000 1,824 1,130 1,000
154,000 65,000 1,622 20,000 2,006 1,250 1,060
186,000 71,000 1,805 29,000 2,190 1,410 1,120
196,000 79,000 2,946 31,000 2,560 1,440 1,170
222,000 86,000 4,005 34,000 3,115 1,520 1,210
280,000 92,000 5,792 47,000 3,854 1,900 1,480
398,000 97,000 6,815 65,000 5,672 2,890 1,880
Máximo 2151,000 99,000 19,730 69,000 32,980 3,200 2,800
80
Decil LS AC/AT RLP/AT AP/AT IDB ICP IRP
Mínimo 0,360 6,040 0,000 1,550 1,120 2,380 2,290
0,630 25,770 0,030 4,300 3,610 10,140 9,940
0,740 38,280 1,190 10,340 10,740 33,840 29,070
0,810 44,830 1,680 16,810 14,770 55,410 32,890
0,890 49,950 2,180 23,230 18,650 74,920 45,390
0,910 59,120 3,110 29,370 28,340 90,310 50,750
1,030 68,300 5,250 37,150 33,820 96,060 59,880
1,110 77,730 6,960 45,270 41,680 107,960 75,070
1,310 88,780 14,070 49,480 48,840 133,790 85,450
1,810 92,970 17,840 61,690 55,790 280,630 93,170
Máximo 2,410 98,450 34,210 85,960 77,480 331,030 106,380
Fonte: Resultados da Pesquisa.
Na Tabela 7, para o Índice de Endividamento (CT/PL), o valor do
índice-padrão mediano foi de 186%, ou seja, para cada R$ 100,00 de capital próprio
(patrimônio líquido), 50% das cooperativas tiveram, em seu balanço, R$ 186,00 de
capitais de terceiros. Das cooperativas que compõem este estudo, 30% obtiveram um
índice de endividamento igual ou superior a 222%, sendo que 10% alcançaram índices
extremamente altos com valores iguais ou superiores a 398%. Apenas 10% das
cooperativas apresentaram índices iguais ou inferiores a 81%. Analisando o índice de
endividamento no ano em questão, os valores também revelam, a princípio, um alto
grau de dependência dos recursos de terceiros e isto implica assumir maiores níveis de
risco financeiro por parte das cooperativas. Com isso, maiores são as probabilidades de
não virem a cobrir as obrigações financeiras geradas pelo endividamento.
Para o índice Composição do Endividamento (PC/CT) na Tabela 7, de
acordo com o cálculo da mediana, 50% das cooperativas obtiveram 71% do capital de
terceiros constituído por obrigações a curto prazo. Para 20% das cooperativas, este
índice foi igual ou superior a 92%. Isto significa que os compromissos assumidos com
terceiros deveriam ser liquidados a curto prazo, elevando a pressão sobre a capacidade
de pagamento da cooperativa (liquidez), liquidez que, por sua vez, depende da geração
de resultados positivos.
81
No caso do índice Margem Líquida (SL/V), o valor encontrado da
mediana para 50% das cooperativas foi de 1,80%, sendo que este valor é
definitivamente o que sobra, deduzindo-se das vendas os custos, os gastos operacionais,
o resultado não operacional e os impostos. Em um número mínimo das cooperativas
estudadas, este índice apresentou valores negativos, o que representa uma perda ao final
do exercício fiscal. Para 40% das cooperativas, observa-se que a margem líquida foi
inferior a 1,63%, mas, em outros 40% delas, este índice foi superior a 2,94%.
Para o índice Relação Capital Circulante Líquido/Ativo Circulante
(CCL/AC), também apresentado na Tabela 7, o valor obtido para a mediana foi de 29%,
o que supõe que 50% das cooperativas financiaram suas aplicações no ativo circulante
com 29% de recursos permanentes. Para um número muito pequeno das cooperativas é
possível afirmar que houve a geração de desequilíbrios financeiros. Pode-se afirmar isso
porque, em menos de 7% delas, o valor do capital circulante líquido foi negativo, o que
ocorre quando o financiamento de ativos a longo prazo se realiza com passivos a curto
prazo. Um total de 10% das cooperativas apresentou uma relação entre o capital
circulante líquido e o ativo circulante igual ou superior a 65%, o que propicia uma
maior segurança na manutenção das suas atividades operacionais.
O índice Giro sobre o Ativo Líquido (Gi) obteve um valor de mediana
de 2,19%, o que faz compreender que, para 50% das cooperativas analisadas, a
renovação de seus ativos líquidos foi de 2,19 vezes ao ano. Para 10% das cooperativas,
o valor do giro sobre o ativo líquido esteve abaixo de 0,60 vezes ao ano e, para 20% das
cooperativas, o valor do índice foi superior a 3,85 vezes ao ano, valores que podem ser
verificados também na Tabela 7.
No caso do índice de Liquidez Corrente (LC), o valor da mediana foi
de 1,41, o que significa que, para cada R$ 1,00 de obrigações a curto prazo, 50% das
82
cooperativas dispõem de R$ 1,41 de ativos a curto prazo para poder amortizá-las, ou
seja, neste caso ocorreu uma sobra de 41%. É importante lembrar que, quando o índice
de liquidez corrente é superior a 1,00, significa que os ativos circulantes estão sendo
financiados por uma parte do capital circulante líquido, existindo assim certa folga
financeira a curto prazo. A maioria das cooperativas desse estudo apresentou essa
característica, no ano 2001 em questão, pois menos de 7% delas obtiveram um índice de
Liquidez Corrente inferior a 1,00.
Analisando o índice de Liquidez Geral (LG), da Tabela 7, observa-se
que, para 50% das cooperativas, o índice-padrão é igual a 1,12, podendo ser
interpretado que, para cada R$ 1,00 de dívida a curto prazo, existem R$ 1,12 de
tesouraria e direitos realizáveis a curto e longo prazo. É possível observar, neste caso,
uma folga financeira de 12%, ou seja, 50% das cooperativas poderiam liquidar todas
suas dívidas, inclusive as estabelecidas a longo prazo, e ainda haveria uma margem de
segurança de 12%. Uma outra informação importante é que um número relativamente
pequeno (20%) das cooperativas analisadas apresentou um índice de liquidez geral igual
ou inferior a 0,83. Um número muito satisfatório (70%) das cooperativas teve um índice
igual ou superior a 1,00, o que representa uma maior segurança no que diz respeito à
capacidade de pagamento.
O índice de Liquidez Seca (LS), na Tabela 7, apresentou um valor de
mediana de 0,91. Isso significa que, para cada R$ 1,00 de dívidas a curto prazo, 50%
das cooperativas tinham disponibilidade de R$ 0,91 de ativos a curto prazo, sem
considerar os estoques. Das cooperativas compreendidas por este estudo, somente 10%
obtiveram um índice de liquidez seca igual ou inferior a 0,63, enquanto que 40% delas
apresentaram um índice com valor igual ou superior a 1,03.
83
Para o índice Relação Ativo Circulante/Ativo Total (AC/AT), o valor
médio da participação do ativo circulante no ativo total das cooperativas foi de 59,12%.
A partir disso, compreende-se que mais da metade dos investimentos realizados no ativo
tiveram a função de financiar as atividades operacionais. Isso significa que dependem
dos níveis de estoques, das políticas de compra e financiamento das vendas, e, mais
concretamente, da adequação dos prazos de entradas e saídas de caixa que demandam
um determinado volume de capital circulante para sustentar as operações. Do total das
cooperativas, pode-se afirmar que 30% delas tiveram uma participação do ativo
circulante no ativo total igual ou superior a 77,73%, sendo que 10% apresentaram um
investimento no ativo circulante igual ou superior a 92,97% do ativo total para o ano
2001.
Por sua vez, o valor obtido como padrão para o índice Relação Ativo
Realizável a Longo Prazo/Ativo Total (RLP/AT) foi um percentual de 3,11% dos ativos
totais. Geralmente, na estrutura dos ativos totais das organizações, esta aplicação acaba
consumindo a menor parte dos investimentos realizados. A maior parte do ativo
realizável a longo prazo se encontra em apenas 10% das cooperativas, nas quais o índice
alcança um valor de 17,84%. Das cooperativas analisadas, 20% tiveram um valor igual
ou inferior a 1,19% de investimentos nas contas de ativos realizáveis a longo prazo.
No caso do índice Relação Ativo Permanente/Ativo Total (AP/AT), o
valor encontrado para a mediana demonstrou que os ativos permanentes representaram
29,37% dos ativos totais, enquanto que 20% das cooperativas investiram um valor igual
ou inferior a 10,34% de seus ativos. Em 10% dos casos, este índice supera 61% de
participação nos ativos totais. A participação dos ativos permanentes nos ativos totais
denota as distintas necessidades demandadas na composição técnica do capital
84
operacional, procedentes de alternativas específicas que buscam determinadas
cooperativas em seu processo de expansão.
Ainda analisando a Tabela 7, observa-se que o Índice de Dependência
Bancária (IDB) apresentou um valor de 28,34% de mediana, o que significa que os
empréstimos e financiamentos bancários representam 28,34% do exigível total para
50% das cooperativas. Para 20% das cooperativas, esta fonte de financiamento
correspondeu a valores iguais ou superiores a 48,84% do exigível total e, para 10% das
cooperativas, este índice alcançou valores iguais ou superiores a 55,79%. Somente 10%
delas apresentaram baixos valores para o índice de dependência bancária, iguais ou
inferiores a 3,61%.
O índice Imobilização do Capital Próprio (ICP) obteve um valor de
90,31% de mediana, ou seja, para 50% das cooperativas praticamente a totalidade dos
recursos próprios foi utilizada para financiar os investimentos em ativos permanentes.
Considerando o índice-padrão acima (90,31%), pode-se concluir que 9,69% restantes
dos recursos próprios foram aplicados no ativo circulante. Das cooperativas analisadas,
20% apresentaram um grau de imobilização do capital próprio superior a 133% e 10%
das mesmas um índice superior a 280%. Quando o índice de imobilização do capital
próprio apresenta um valor superior a 100%, como é o caso de 30% das cooperativas
deste estudo, analisando o ano 2001, o ativo circulante não é financiado por recursos
próprios, o que aumenta o grau de dependência das cooperativas dos recursos de
terceiros.
Finalizando a análise das informações contidas na Tabela 7, é possível
observar que o índice imobilização dos recursos permanentes apresentou um valor-
padrão de 50,75%. Isto representa que 50% das cooperativas destinaram 50,75% dos
recursos não correntes ao financiamento do ativo permanente. É importante lembrar,
85
novamente, que este índice seja inferior a 100%, pois financeiramente é justificável que
uma parte razoável destes recursos seja utilizada para financiar o ativo circulante. Esta
parte é denominada de capital circulante líquido. No caso das cooperativas analisadas
no ano 2001, observa-se que um pequeno número delas apresentou um grau de
imobilização de recursos não correntes superior a 100%, menos de 5% das cooperativas.
A Tabela 8 apresenta a classificação das cooperativas segundo os
índices-padrão para o ano 2001. A partir do valor dos índices demonstrados na Tabela 6
e dependendo da posição que cada um deles ocupa de acordo com a matriz de decis
(Tabela 7), assim como na Tabela 5, foram atribuídos aos mesmos os conceitos: P
(péssimo); D (deficiente); F (fraco); R (razoável); S (satisfatório); B (bom) ou O
(ótimo), que podem ser verificados na Tabela 8.
Analisando a Tabela 8 e considerando que o foco deste estudo é a
cooperativa Lar, verifica-se, neste quadro, que a cooperativa obteve o conceito D
(deficiente) para os índices Giro sobre o Ativo Líquido (Gi) e Relação Ativo
Circulante/Ativo Total (AC/AT). O índice Liquidez Seca (LS); o Índice de Dependência
Bancária (IDB); Imobilização do Capital Próprio (ICP) e Imobilização dos Recursos
Permanente (IRP) receberam o conceito F (fraco). Os índices Relação Capital
Circulante Líquido/Ativo Circulante (CCL/AC) e Liquidez Corrente (LC) foram
classificados como R (razoável). Os índices nos quais a cooperativa alcançou um
melhor desempenho no ano analisado foram: a Relação Ativo Realizável a Longo
Prazo/Ativo total (RLP/AT), que obteve o conceito S (satisfatório); o Índice de
Endividamento (CT/PL), a Composição do Endividamento (PC/CT), a Liquidez Geral
(LG) e a Relação Ativo Permanente/Ativo total (AP/AT), que foram classificados como
B (bom); e o único índice que apresentou o conceito O (ótimo) foi a Margem Líquida
(SL/V).
86
Tabela 8 – Matriz de classificação das cooperativas segundo índices-padrão – Ano 2001
Coop. CT/PL PC/CT SL/V CCL/AC Gi LC LG
a O D R O B O O
b
c D P B F F F S
d S B B B S
e R S S S D S B
f O S S O B O O
g D B P P S P P
h S O P F S F P
i O P B B B B O
j
k B D D S S S B
l P B B D P D P
m S O B O P O D
n P F P F B F F
o S S P D B D F
p F R F R F R S
q F R R S B S S
r R S D D R D D
s B P O B O B B
t R B R D S D R
u S P D S O S B
v S F S D R D D
w B S S B S B R
x
y S B F P F P R
z O F B B D B B
aa D O P R P R P
ab F S S S S S F
ac P O R P P P P
ad B R B S R S S
ae
LAR
O
B
B
B
S
O
B
R
P
D
B
R
S
B
87
Coop. LS AC/AT RLP/AT AP/AT IDB ICP IRP
a O O P P B O O
b
c R O S P B B B
d B R B R S S B
e B S B F F B B
f B B P P D O O
g P P F O S D P
h R D P O B D D
i S B F D B O B
j
k S S P R P B S
l P D B B S P P
m O S R S O F S
n F O D P S R O
o D F B S R R R
p S B S F D B S
q D B F D F B B
r P F S B R D D
s D B P D O O O
t R F O R S S S
u B B S P O O O
v P R D B P F P
w B R S S B S R
x
y P P O S B S S
z B S B F P B B
aa S P B O O P D
ab S S R S R S S
ac F P O B O P F
ad S S R S D S R
ae
LAR
O
F
P
D
D
S
B
B
S
F
R
F
F
F
Fonte: Resultados da pesquisa.
Legenda: P (Péssimo); D (Deficiente); F (Fraco); R (Razoável); S (Satisfatório); B (Bom); O (Ótimo).
4.1.3 Índices-Padrão para o Ano 2002
A Tabela 9 apresenta os valores dos índices financeiros das
cooperativas para o ano 2002. Estes dados também foram conseguidos a partir do
Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) dessas
cooperativas. Assim como as Tabelas 3 e 6, a Tabela 9 apresenta o valor do Índice de
Endividamento; da Composição do Endividamento; da Margem Líquida; da Relação
Capital Circulante Líquido/Ativo Circulante; do Giro sobre o Ativo Líquido; da
Liquidez Corrente; da Liquidez Geral; da Liquidez Seca; da Relação Ativo
Circulante/Ativo Total; da Relação Ativo Realizável a Longo Prazo/Ativo Total; da
88
Relação Ativo Permanente/Ativo Total; do Índice de Dependência Bancária; da
Imobilização do capital Próprio e da Imobilização dos Recursos Permanentes.
Tabela 9 – Matriz de valores dos índices por cooperativas – Ano 2002
Coop. CT/PL PC/CT SL/V CCL/AC Gi LC LG
a 103 97 2,07 50 6,49 2,01 1,95
b 147 62 0,05 37 2,83 1,58 1,15
c 363 99 4,12 17 1,25 1,21 1,21
d 205 63 5,14 36 1,96 1,55 1,15
e 234 66 3,08 28 1,74 1,40 1,13
f 135 87 5,52 48 3,14 1,91 1,67
g 321 61 0,73 10 3,09 1,11 0,72
h 266 37 0,03 39 2 1,64 0,61
i 57 96 5,09 49 3,8 1,96 2,03
j 28 100 0 62 6,28 2,64 2,64
k 118 100 2,54 34 4,16 1,51 1,51
l 519 58 5,96 -34 1,49 0,75 0,48
m 163 35 9,73 66 1,36 2,96 1,06
n 2352 91 0,38 8 5,85 1,09 1
o 156 62 1,54 27 4,6 1,38 1,03
p 203 85 2,06 21 2,5 1,27 1,2
q 239 71 1,86 35 4,01 1,53 1,11
r 263 76 0,63 6 2,84 1,06 0,88
s 118 99 7,2 32 4,43 1,48 1,5
t 170 65 2,01 5 2,89 1,06 1,05
u 209 100 1,35 26 27,16 1,36 1,43
v 165 87 1,32 -1 2,9 0,99 0,87
w 102 52 3,77 47 2,1 1,88 1,25
x
y 178 48 2,36 28 2,05 1,39 1,1
z 107 84 8,1 48 1,82 1,93 1,76
aa 348 6 -2,71 31 0,55 1,45 0,2
ab 220 63 1,73 35 2,8 1,54 1,05
ac 409 55 1,82 -40 0,72 0,71 0,6
ad 163 75 1,1 20 2,41 1,26 1,01
ae
LAR
29
140
29
70
1,84
19,81
75
22
0,58
2,01
3,95
1,29
1,2
1,42
89
Coop. LS AC/AT RLP/AT AP/AT IDB ICP IRP
a 1,77 98,92 0,16 0,92 3,94 1,86 1,81
b 0,91 57,27 10,49 33,23 20,65 249,86 159,80
c 0,80 94,28 1,12 5,72 27,55 26,23 25,11
d 1,20 65,71 11,64 22,66 30,13 69,00 39,30
e 1,12 65,02 14,07 20,91 42,32 69,79 39,09
f 0,98 93,06 0,65 4,14 42,88 9,95 8,43
g 0,61 51,41 3,68 44,91 16,09 188,88 83,96
h 1,42 44,32 0,02 55,66 6,00 203,90 76,31
i 1,15 67,47 5,18 27,35 15,71 43,46 42,47
j 2,55 58,20 0,00 41,80 0,00 53,60 53,60
k 1,25 81,67 0,00 18,33 70,68 39,91 39,91
l 0,16 34,79 3,83 47,49 14,43 306,60 96,40
m 1,58 63,88 1,71 34,40 5,86 90,32 43,87
n 0,86 95,40 0,95 3,66 28,72 89,63 29,31
o 1,07 51,91 10,95 37,14 15,93 95,10 59,71
p 1,02 71,84 8,28 19,88 44,32 60,31 46,02
q 1,07 76,65 1,30 22,05 46,94 74,89 44,18
r 0,78 58,10 5,61 36,29 35,04 131,71 80,24
s 0,72 78,82 2,30 18,87 3,55 41,22 40,64
t 0,89 42,94 23,31 33,75 24,58 91,12 56,86
u 1,24 91,75 4,90 3,36 0,00 10,36 10,32
v 0,60 53,83 0,41 45,76 51,63 121,48 99,72
w 1,50 49,35 13,62 37,04 18,83 74,86 50,37
x
y 0,99 43,10 27,31 29,59 14,35 82,31 42,85
z 1,38 79,03 6,96 14,01 62,40 30,63 26,13
aa 1,25 7,01 8,23 84,76 1,03 379,58 89,11
ab 1,07 66,47 6,05 27,49 34,03 88,01 48,32
ac 0,61 31,24 16,72 52,04 19,22 264,72 92,61
ad 0,64 58,67 3,81 37,53 39,77 98,87 70,45
ae
LAR
3,22
0,78
25,21
51,86
1,47
5,71
72,56
42,43
0,00
42,18
95,24
102,84
78,80
72,06
Fonte: Gimenes (2006).
Nota: As cooperativas que não apresentam os índices não forneceram informações suficientes para o
cálculo no referido ano.
Na Tabela 10 encontram-se os valores dos decis por índices das
cooperativas para o ano 2002.
Tabela 10 – Matriz de decis por índices das cooperativas – Ano 2002
Decil CT/PL PC/CT SL/V CCL/AC Gi LC LG
Mínimo 28,00 6,00 -2,71 -40,00 0,55 0,71 0,20
1º 66,00 35,40 ,034 0,20 ,8260 1,0040 0,6020
111,40 53,20 ,6700 8,80 1,5900 1,0980 0,8740
138,00 61,60 1,3380 20,60 1,9840 1,2660 1,0220
161,60 63,00 1,8020 26,80 2,0900 1,3760 1,0580
170,00 70,00 2,0100 31,00 2,8000 1,4500 1,1300
205,80 77,60 2,3960 35,00 2,8920 1,5320 1,2000
236,00 87,00 3,9100 37,80 3,4040 1,6040 1,3180
299,00 96,60 5,3680 48,00 4,3220 1,9220 1,5060
399,80 99,80 7,9200 59,60 6,1940 2,5140 1,9120
Máximo 2352,00 100,00 19,81 75,00 27,16 3,95 2,64
90
Decil LS AC/AT RLP/AT AP/AT IDB ICP IRP
Mínimo 0,160 7,010 0,000 0,920 0,000 1,860 1,810
0,610 31,950 0,048 3,756 0,206 13,534 13,278
0,744 43,588 0,770 15,738 4,708 40,434 33,220
0,836 51,680 1,402 20,498 14,398 57,626 40,348
0,966 56,582 3,404 26,412 16,058 73,846 43,666
1,070 58,670 4,900 33,230 20,650 88,010 48,320
1,126 65,862 5,778 36,440 29,002 91,916 57,430
1,244 73,764 8,250 39,238 36,932 100,458 73,760
1,404 80,614 11,364 45,420 42,656 166,012 82,472
1,732 94,036 16,190 54,936 50,692 261,740 95,642
Máximo 3,220 98,920 27,310 84,760 70,680 379,580 159,800
Fonte: Resultados da pesquisa.
Na Tabela 10, para o Índice de Endividamento (CT/PL), o valor do
índice-padrão mediano foi de 170%, ou seja, para cada R$ 100,00 de capital próprio
(patrimônio líquido), 50% das cooperativas tiveram, em seu balanço, R$ 170,00 de
capitais de terceiros. Das cooperativas que compõem este estudo, 40% obtiveram um
índice de endividamento igual ou superior a 205,80%, sendo que 10% alcançaram
índices extremamente altos com valores iguais ou superiores a 399,80%. Apenas 10%
das cooperativas apresentaram índices iguais ou inferiores a 66%. Analisando o índice
de endividamento no ano em questão, os valores também revelam, a princípio, um alto
grau de dependência dos recursos de terceiros e isto implica assumir maiores níveis de
risco financeiro por parte das cooperativas. Com isso, maiores são as probabilidades de
não virem a cobrir as obrigações financeiras geradas pelo endividamento.
Para o índice Composição do Endividamento (PC/CT), que pode ser
observado na Tabela 10, de acordo com o cálculo da mediana, 50% das cooperativas
obtiveram 70% do capital de terceiros constituído por obrigações a curto prazo. Para
20% das cooperativas, este índice foi igual ou superior a 96,60%. Isto significa que os
compromissos assumidos com terceiros deveriam ser liquidados a curto prazo, elevando
a pressão sobre a capacidade de pagamento da cooperativa (liquidez), liquidez que, por
sua vez, depende da geração de resultados positivos.
91
No caso do índice Margem Líquida (SL/V), o valor encontrado da
mediana para 50% das cooperativas foi de 2,01%, sendo que este valor é
definitivamente o que sobra, deduzindo-se das vendas os custos, os gastos operacionais,
o resultado não operacional e os impostos. Em um número mínimo das cooperativas
estudadas, este índice apresentou valores negativos, o que representa uma perda ao final
do exercício fiscal. Para 40% das cooperativas, observa-se que a margem líquida foi
inferior a 1,81%, mas, em 50% delas, este índice foi superior a 2,00%. Em 10% dos
casos, este índice alcança um valor de 7,92%.
Para o índice Relação Capital Circulante Líquido/Ativo Circulante
(CCL/AC), também apresentado na Tabela 10, o valor obtido para a mediana foi de
31%, o que supõe que 50% das cooperativas financiaram suas aplicações no ativo
circulante com 31% de recursos permanentes. Para um número muito pequeno das
cooperativas, é possível afirmar que houve a geração de desequilíbrios financeiros.
Pode-se afirmar isso porque, em menos de 10% delas, o valor do capital circulante
líquido foi negativo, o que ocorre quando o financiamento de ativos a longo prazo se
realiza com passivos a curto prazo. Um total de 10% das cooperativas apresentou uma
relação entre o capital circulante líquido e o ativo circulante igual ou superior a 59%, o
que propicia uma maior segurança na manutenção das suas atividades operacionais. Por
outro lado, também 10% das cooperativas obtiveram valores iguais ou inferiores a
0,20% para este índice.
O índice Giro sobre o Ativo Líquido (Gi) obteve um valor de mediana
de 2,80%, o que se faz compreender que, para 50% das cooperativas analisadas, a
renovação de seus ativos líquidos foi de 2,80 vezes ao ano. Para 10% das cooperativas,
o valor do giro sobre o ativo líquido esteve abaixo de 0,82 vezes ao ano e, para 30% das
92
cooperativas, o valor do índice foi superior a 3,40 vezes ao ano, valores que podem ser
verificados também na Tabela 10.
No caso do índice de Liquidez Corrente (LC), o valor da mediana foi
de 1,45, o que representa que, para cada R$ 1,00 de obrigações a curto prazo, 50% das
cooperativas dispõem de R$ 1,45 de ativos a curto prazo para poder amortizá-las, ou
seja, neste caso ocorreu uma sobra de 45%. É importante lembrar que, quando o índice
de liquidez corrente é superior a 1,00, significa que os ativos circulantes estão sendo
financiados por uma parte de capital circulante líquido, existindo assim uma certa folga
financeira a curto prazo. A maioria das cooperativas desse estudo apresentaram essa
característica, no ano 2002 em questão, pois menos de 10% obtiveram um índice de
liquidez corrente inferior a 1,00.
Analisando o índice de Liquidez Geral (LG), que também compõe a
Tabela 10, observa-se que, para 50% das cooperativas, o índice-padrão é igual a 1,13,
podendo ser interpretado que, para cada R$ 1,00 de dívida a curto prazo, existem R$
1,13 de tesouraria e direitos realizáveis a curto e longo prazo. É possível observar, neste
caso, uma folga financeira de 13%, ou seja, 50% das cooperativas poderiam liquidar
todas suas dívidas, inclusive as estabelecidas a longo prazo, e ainda haveria uma
margem de segurança de 13%. Uma outra informação importante é que um número
relativamente pequeno (20%) das cooperativas analisadas apresentou um índice de
liquidez geral inferior a 0,88. No referido ano, um número muito satisfatório (70%) das
cooperativas teve um índice igual ou superior a 1,00, o que representa uma maior
segurança no que diz respeito à capacidade de pagamento.
O índice de Liquidez Seca (LS), como é possível observar na Tabela
10, apresentou um valor de mediana de 1,07. Isso significa que, para cada R$ 1,00 de
dívidas a curto prazo, 50% das cooperativas tinham disponibilidade de R$ 1,07 de
93
ativos a curto prazo, sem considerar os estoques. Das cooperativas compreendidas por
este estudo, somente 10% obtiveram um índice de liquidez seca igual ou inferior a 0,61,
enquanto que 40% delas apresentaram um índice com valor superior a 1,12.
Para o índice Relação Ativo Circulante/Ativo Total (AC/AT), o valor
médio da participação do ativo circulante no ativo total das cooperativas foi de 58,67%.
A partir disso, compreende-se que mais da metade dos investimentos realizados no ativo
tiveram a função de financiar as atividades operacionais. Isso significa que dependem
dos níveis de estoques, das políticas de compra e financiamento das vendas, e, mais
concretamente, da adequação dos prazos de entradas e saídas de caixa que demandam
um determinado volume de capital circulante para sustentar as operações. Do total das
cooperativas, pode-se afirmar que 30% delas tiveram uma participação do ativo
circulante no ativo total superior a 73,76%, sendo que 10% apresentaram um
investimento no ativo circulante superior a 94,03% do ativo total para o ano 2001.
Por sua vez, o valor obtido como padrão para o índice Relação Ativo
Realizável a Longo Prazo/Ativo Total (RLP/AT) foi um percentual de 4,90% dos ativos
totais. Geralmente, na estrutura dos ativos totais das organizações, esta aplicação acaba
consumindo a menor parte dos investimentos realizados. A maior parte do ativo
realizável a longo prazo se encontra em apenas 10% das cooperativas, nas quais o índice
alcança um valor de 16,19%. Das cooperativas analisadas, 30% tiveram um valor igual
ou inferior a 1,50% de investimentos nas contas de ativos realizáveis a longo prazo.
No caso do índice Relação Ativo Permanente/Ativo Total (AP/AT), o
valor encontrado para a mediana demonstrou que os ativos permanentes representaram
33,23% dos ativos totais, enquanto que 20% das cooperativas investiram um valor
inferior a 15,73% de seus ativos. Em 10% dos casos, este índice supera 54,93% de
participação nos ativos totais.
94
Ainda analisando a Tabela 10, observa-se que o Índice de
Dependência Bancária (IDB) apresentou um valor de 20,65% de mediana, o que
significa que os empréstimos e financiamentos bancários representam 20,65% do
exigível total p54 fin% das cooperativas. P54 f2n% das cooperativas, esta fonte de
financiamento correspondeu a valores superiores a 42,65% do exigível total e, p54 f1n%
delas, este índice alcançou valores superiores a 50,69%. Um percentual de 20% das
cooperativas apresentou baixos valores p54 fo índice de dependência bancária,
inferiores a 4,70%.
O índice Imobilização do Capital Próprio (ICP) obteve um valor de
88,01% de mediana, ou seja, p54 fin% das cooperativas, uma grande p54te dos recursos
próprios foram utilizados p54 ffinanciar os investimentos em ativos permanentes.
Considerando o índice-padrão acima (88,01%), pode-se concluir que 11,99% restantes
dos recursos próprios foram aplicados no ativo circulante. Das cooperativas analisadas,
20% apresentaram um grau de imobilização do capital próprio superior f166,01% e
1n% das mesmas apresentaram um índice superior f261,74%. Quando o índice de
imobilização do capital próprio apresenta um valor superior f100%, como é o caso de
3n% das cooperativas deste estudo analisando o ano 2002, o ativo circulante não é
financiado por recursos próprios, o que aument fo grau de dependência das cooperativas
dos recursos de terceiros.
Finalizando a análise das informações contidas na Tabela 10, é
possível observar que o índice imobilização dos recursos permanentes apresentou um
valor-padrão de 48,32%. Isto significa que 5n% das cooperativas destinaram 48,32%
dos recursos não correntes ao financiamento do ativo permanente. É importante
lembrar, mais uma vez, que este índice deve ser inferior f100%, pois, financeiramente,
é justificável que uma p54te razoável destes recursos seja utilizada p54 ffinanciar o ativo
95
circulante. Esta parte é denominada de Capital Circulante Líquido. No caso das
cooperativas analisadas no ano 2002, observa-se que um pequeno número delas
apresentou um grau de imobilização de recursos não correntes superior a 100%, menos
de 5% das cooperativas.
A Tabela 11 apresenta a classificação das cooperativas segundo os
índices-padrão para o ano 2002. A partir do valor dos índices demonstrados na Tabela 9
e dependendo da posição que cada um deles ocupa de acordo com a matriz de decis
(Tabela 10), a Tabela 11 coloca os conceitos atribuídos aos índices: P (péssimo); D
(deficiente); F (fraco); R (razoável); S (satisfatório); B (bom) ou O (ótimo), assim como
nas Tabelas 5 e 8.
Verifica-se, na Tabela 11, que a cooperativa Lar obteve o conceito D
(deficiente) para o índice Liquidez Seca (LS). Os índices Relação Capital Circulante
Líquido/Ativo Circulante (CCL/AC); Giro sobre o Ativo Líquido (Gi); Liquidez
Corrente (LC); Relação Ativo Circulante/Ativo Total (AC/AT); Índice de Dependência
Bancária (IDB) e Imobilização do Capital Próprio (ICP) receberam o conceito F (fraco).
O índice Imobilização dos Recursos Permanentes (IRP) foi classificado como R
(razoável). Os índices nos quais a cooperativa alcançou um melhor desempenho no ano
analisado foram: Composição do Endividamento (PC/CT) e Relação Ativo Realizável a
Longo Prazo/Ativo Total (RLP/AT), que obtiveram o conceito S (satisfatório). O Índice
de Endividamento (CT/PL), a Liquidez Geral (LG) e a Relação Ativo Permanente/Ativo
Total (AP/AT) foram classificados como B (bom). E o único índice que apresentou o
conceito O (ótimo) foi a Margem Líquida (SL/V).
96
Tabela 11 – Matriz de classificação das cooperativas segundo índices-padrão – Ano 2002
Coop. CT/PL PC/CT SL/V CCL/AC Gi LC LG
a O D S B O B O
b B B P S S S S
c D D B D P D S
d S S B S D S S
e R S S R D R S
f B F B B S B B
g D B D D S D P
h F O P B F B P
i O F B B B B O
j O P P O O O O
k B P S S B S B
l P B B P P P P
m S O O O P O R
n P F P P B P D
o B B F R B R F
p S R S F R F S
q F S R S B S R
r F S P P S P D
s B D B S B S B
t S S S P S P F
u R P F F O F B
v S F D P S P P
w O O S B R B S
x
y S O S R F R R
z O R O B D B B
aa D O P S P S P
ab R S F S S S F
ac P B R P P P P
ad S S D D R D D
ae
LAR
O
B
O
S
R
O
O
F
P
F
O
F
S
B
97
Coop. LS AC/AT RLP/AT AP/AT IDB ICP IRP
a O O P P O O O
b F R B S S D P
c F O D P S O O
d S S B F R B B
e S S B F F B B
f R B P P D O O
g P D R B S D D
h B D P O B D F
i S S S R B B B
j O R P B O B S
k B B P D P O B
l P P R B B P P
m B S F S B S S
n F O D P S S O
o S F B S B R R
p R S B D D B S
q S B D F D S S
r D R S S R F F
s P B F D O B B
t F P O S S S S
u S B S P O O O
v P F O B P F P
w B D B S S S S
x
y R P O R B S B
z B B S P P O O
aa B P S O O P D
ab S S S R R S S
ac P P O B S P D
ad P S R S F R R
ae
LAR
O
D
P
F
F
S
O
B
O
F
R
F
F
R
Fonte: Resultados da pesquisa.
Legenda: P (Péssimo); D (Deficiente); F (Fraco); R (Razoável); S (Satisfatório); B (Bom); O (Ótimo).
4.1.4 Índices-Padrão para o Ano 2003
A Tabela 12 apresenta os valores dos índices das cooperativas para o
ano 2003. Estes dados também foram conseguidos a partir do Balanço Patrimonial e da
Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) dessas cooperativas. Assim como as
Tabelas 3, 6, e 9, a Tabela 12 apresenta o valor do Índice de Endividamento; da
Composição do Endividamento; da Margem quida; da Relação Capital Circulante
Líquido/Ativo Circulante; do Giro sobre o Ativo Líquido; da Liquidez Corrente; da
Liquidez Geral; da Liquidez Seca; da Relação Ativo Circulante/Ativo Total; da Relação
Ativo Realizável a Longo Prazo/Ativo Total; da Relação Ativo Permanente/Ativo Total;
98
do Índice de Dependência Bancária; da Imobilização do Capital Próprio e da
Imobilização dos Recursos Permanentes.
Tabela 12 – Matriz de valores dos índices por cooperativas – Ano 2003
Coop. CT/PL PC/CT SL/V CCL/AC Gi LC LG
a 164 95 3,26 40 5,93 1,68 1,6
b 231 77 0,43 22 3,66 1,27 1,07
c 249 100 12,84 23 2,16 1,30 1,3
d 235 68 3,78 28 2,48 1,39 1,1
e 202 65 3,08 32 2,23 1,47 1,13
f 135 100 1,29 36 4,21 1,57 1,58
g 379 70 1,04 13 3,79 1,15 0,82
h 238 30 0,11 27 2,33 1,36 0,61
i 101 95 4,9 38 4,22 1,61 1,58
j 35 100 0 25 10,88 1,33 1,33
k 95 100 5,03 43 4,18 1,74 1,74
l 560 58 1,2 8 1,65 1,08 0,66
m 184 48 9,3 49 1,23 1,96 0,96
n 3339 96 0,58 4 2,41 1,05 1,01
o 176 67 1,13 25 4,52 1,33 1,02
p 259 93 4,58 18 2,49 1,22 1,18
q 196 92 2,06 26 3,91 1,35 1,26
r 419 82 1,04 -1 2,98 0,99 0,86
s 109 94 7,94 41 3,53 1,69 1,65
t 161 68 2,21 16 3,26 1,20 1,12
u 202 100 1,48 25 19,71 1,33 1,41
v 195 88 3,1 -2 3,02 0,98 0,86
w 104 66 7,49 43 2,33 1,76 1,25
x 226 44 1,1 32 2,29 1,46 0,89
y 187 63 3,47 24 2,72 1,32 1,1
z 127 86 8,16 41 2,25 1,70 1,56
aa 403 5 -0,08 36 0,57 1,56 0,21
ab 384 74 1,58 18 2,68 1,22 0,96
ac 413 51 3,3 0 0,88 1,00 0,69
ad 169 82 2,07 20 2,59 1,25 1,08
ae
LAR
51
163
22
65
7,4
19,52
74
22
0,69
2,15
3,80
1,29
0,86
1,41
99
Coop. LS AC/AT RLP/AT AP/AT IDB ICP IRP
a 1,04 99,54 0,00 0,46 0,63 1,21 1,13
b 0,60 67,93 6,59 25,48 14,50 332,85 216,69
c 0,73 92,46 0,22 7,54 4,86 26,33 26,33
d 0,67 66,53 10,38 23,10 14,21 77,27 44,34
e 1,07 63,96 11,83 24,20 36,29 73,12 42,93
f 1,09 90,02 0,65 9,34 53,00 21,90 21,90
g 0,51 64,05 0,96 34,99 16,65 167,61 79,07
h 1,03 28,82 13,90 57,28 0,69 193,33 72,63
i 0,75 76,63 2,95 20,42 0,98 41,08 39,01
j 1,01 34,11 0,00 65,89 25,05 88,70 88,70
k 1,26 85,02 0,00 14,98 83,99 29,23 29,23
l 0,51 53,12 3,11 43,77 26,47 288,71 85,94
m 0,50 61,00 1,26 37,74 24,48 107,00 54,84
n 0,83 97,13 0,45 2,42 58,00 83,15 34,14
o 0,98 56,47 8,70 34,83 23,27 96,35 60,69
p 0,92 82,03 3,34 14,63 52,11 52,46 44,65
q 0,80 82,53 0,98 16,49 46,50 48,78 42,38
r 0,62 65,46 4,11 30,42 36,83 157,75 89,16
s 0,86 83,15 3,21 13,64 7,95 28,59 26,84
t 0,85 49,93 19,42 30,64 23,23 80,08 52,59
u 1,26 89,06 5,12 5,81 8,11 17,59 17,53
v 0,71 56,24 0,25 43,51 57,44 129,58 104,52
w 1,44 58,74 5,18 36,08 19,73 73,68 54,25
x 0,66 44,48 17,07 38,45 14,43 125,21 55,26
y 1,08 54,27 17,21 28,52 14,07 82,00 48,50
z 1,05 79,58 5,77 14,65 39,46 34,03 28,81
aa 1,29 6,72 10,09 83,19 0,24 418,82 86,95
ab 0,78 71,83 4,16 24,01 29,90 116,11 58,55
ac 0,71 41,13 14,40 44,47 19,38 228,49 75,70
ad 0,82 64,49 3,06 32,45 46,91 87,18 67,06
ae
LAR
3,29
0,81
28,66
51,68
0,38
5,34
70,72
42,98
0,00
41,02
107,00
113,78
76,69
72,81
Fonte: Gimenes (2006).
Nota: As cooperativas que não apresentam os índices não forneceram informações suficientes para o
cálculo no referido ano.
Na Tabela 13 encontram-se os valores dos decis por índices das
cooperativas para o ano 2003.
Tabela 13 – Matriz de decis por índices das cooperativas – Ano 2003
Decil CT/PL PC/CT SL/V CCL/AC Gi LC LG
Mínimo 35,00 5,00 -,08 -2,00 0,57 0,98 0,21
96,80 34,20 ,2060 1,20 0,9850 1,0150 0,6690
119,80 55,20 1,0400 14,80 2,1560 1,1800 0,8600
162,80 65,00 1,1930 19,80 2,2860 1,2470 0,9530
177,60 68,00 1,6760 23,20 2,4240 1,3040 1,0300
195,50 75,50 2,6450 25,00 2,6350 1,3300 1,1000
221,20 85,20 3,2920 27,80 3,0120 1,3840 1,1700
239,10 93,10 4,6120 36,00 3,6730 1,5610 1,3030
381,00 95,40 7,4360 40,40 4,1920 1,6840 1,4700
417,20 100,00 8,9580 43,00 5,5070 1,7540 1,5940
Máximo 3339,00 100,00 19,52 74,00 19,71 3,80 1,74
100
Decil LS AC/AT RLP/AT AP/AT IDB ICP IRP
101
No caso do índice Margem Líquida (SL/V), o valor encontrado da
mediana para 50% das cooperativas foi de 2,64%, sendo que este valor é
definitivamente o que sobra, deduzindo-se das vendas os custos, os gastos operacionais,
o resultado não operacional e os impostos. Em um número mínimo das cooperativas
estudadas, este índice apresentou valores negativos, o que representa uma perda ao final
do exercício fiscal. Para 40% das cooperativas, observa-se que a margem líquida foi
inferior a 1,68% e, em outros 40% delas, este índice foi superior a 3,29%. Em 10% dos
casos, este índice alcança valores superiores a 8,95%.
Para o índice Relação Capital Circulante Líquido/Ativo Circulante
(CCL/AC), também apresentado na Tabela 13, o valor obtido para a mediana foi de
25%, o que supõe que 50% das cooperativas financiaram suas aplicações no ativo
circulante com 25% de recursos permanentes. Para um número muito pequeno das
cooperativas, é possível afirmar que houve a geração de desequilíbrios financeiros.
Pode-se afirmar isso porque, em menos de 7% delas, o valor do capital circulante
líquido foi negativo, o que ocorre quando o financiamento de ativos a longo prazo se
realiza com passivos a curto prazo. Um total de 10% das cooperativas apresentou uma
relação entre o capital circulante líquido e o ativo circulante igual ou superior a 43%, o
que propicia uma maior segurança na manutenção das suas atividades operacionais. Por
outro lado, também 10% das cooperativas obtiveram valores iguais ou inferiores a
1,20% para este índice.
O índice Giro sobre o Ativo Líquido (Gi) obteve um valor de mediana
de 2,63%, o que se pode compreender que, para 50% das cooperativas analisadas, a
renovação de seus ativos líquidos foi de 2,63 vezes ao ano. Para 10% das cooperativas,
o valor do giro sobre o ativo líquido esteve abaixo de 0,99 vezes ao ano e, para 30% das
102
cooperativas, o valor do índice foi superior a 3,67 vezes ao ano, valores que podem ser
verificados também na Tabela 13.
No caso do índice de Liquidez Corrente (LC), o valor da mediana foi
de 1,33, o que significa que, para cada R$ 1,00 de obrigações a curto prazo, 50% das
cooperativas dispõem de R$ 1,33 de ativos a curto prazo para poder amortizá-las, ou
seja, neste caso ocorreu uma sobra de 33%. É importante lembrar que, quando o índice
de liquidez corrente é superior a 1,00, significa que os ativos circulantes estão sendo
financiados por uma parte de capital circulante líquido, existindo assim uma certa folga
financeira a curto prazo. A maioria das cooperativas deste estudo apresentou essa
característica no ano 2002 em questão, pois menos de 7% obtiveram um índice de
liquidez corrente inferior a 1,00.
Analisando o índice de Liquidez Geral (LG), que também compõe a
Tabela 13, observa-se que, para 50% das cooperativas, o índice-padrão é igual a 1,10,
podendo ser interpretado que, para cada R$ 1,00 de dívida a curto prazo, existem R$
1,10 de tesouraria e direitos realizáveis a curto e longo prazo. É possível observar, neste
caso, uma folga financeira de 10%, ou seja, 50% das cooperativas poderiam liquidar
todas suas dívidas, inclusive as estabelecidas a longo prazo, e ainda haveria uma
margem de segurança de 10%. Uma outra informação importante é que um número
relativamente pequeno (20%) das cooperativas analisadas apresentou um índice de
liquidez geral inferior a 0,86. No referido ano, a maioria das cooperativas (60%) teve
um índice igual ou superior a 1,00, o que representa uma maior segurança no que diz
respeito à capacidade de pagamento.
O índice de Liquidez Seca (LS), como é possível observar na Tabela
13, apresentou um valor de mediana de 0,84. Isso significa que, para cada R$ 1,00 de
dívidas a curto prazo, 50% das cooperativas tinham disponível R$ 0,84 de ativos a curto
103
prazo, sem considerar os estoques. Das cooperativas compreendidas por este estudo,
somente 10% obtiveram um índice de liquidez seca inferior a 0,54, enquanto que 30%
delas apresentaram um índice com valor superior a 1,04.
Para o índice Relação Ativo Circulante/Ativo total (AC/AT), o valor
médio da participação do ativo circulante no ativo total das cooperativas foi de 64,27%.
A partir disso, compreende-se que mais da metade dos investimentos realizados no ativo
tiveram a função de financiar as atividades operacionais. Isso significa que dependem
dos níveis de estoques, das políticas de compra e financiamento das vendas, e, mais
concretamente, da adequação dos prazos de entradas e saídas de caixa que demandam
um determinado volume de capital circulante para sustentar as operações. Do total das
cooperativas, pode-se afirmar que 30% delas tiveram uma participação do ativo
circulante no ativo total superior a 79,82%, sendo que 10% apresentaram um
investimento no ativo circulante superior a 91,72% do ativo total para o ano 2003.
Por sua vez, o valor obtido como padrão para o índice Relação Ativo
Realizável a Longo Prazo/Ativo Total (RLP/AT), foi um percentual de 3,72% dos
ativos totais. Geralmente, na estrutura dos ativos totais das organizações, esta aplicação
acaba consumindo a menor parte dos investimentos realizados. A maior parte do ativo
realizável a longo prazo se encontra em apenas 10% das cooperativas, nas quais o índice
alcança um valor de 16,26%. Das cooperativas analisadas, 30% tiveram um valor
inferior a 0,98% de investimentos nas contas de ativos realizáveis a longo prazo.
No caso do índice Relação Ativo Permanente/Ativo Total (AP/AT), o
valor encontrado para a mediana demonstrou que os ativos permanentes representaram
29,47% dos ativos totais, enquanto que 20% das cooperativas investiram um valor
inferior a 14,24% de seus ativos. Em 10% dos casos, este índice supera 63,30% de
participação nos ativos totais.
104
Ainda analisando a Tabela 13, observa-se que o Índice de
Dependência Bancária (IDB) apresentou um valor de 23,25% de mediana, o que
significa que os empréstimos e financiamentos bancários representam 23,25% do
exigível total para 50% das cooperativas. Para 20% das cooperativas, esta fonte de
financiamento correspondeu a valores superiores a 46,66% do exigível total e para 10%
delas este índice alcançou valores superiores a 56,10%. Um percentual de 10% das
cooperativas apresentou valores baixíssimos para o índice de dependência bancária,
valores inferiores a 0,65%.
O índice Imobilização do capital Próprio (ICP) obteve um valor de
85,16% de mediana, ou seja, para 50% das cooperativas, uma grande parte dos recursos
próprios foi utilizada para financiar os investimentos em ativos permanentes.
Considerando o índice-padrão acima (85,16%), pode-se concluir que 14,84% restante
dos recursos próprios foram aplicados no ativo circulante. Das cooperativas analisadas,
20% apresentaram um grau de imobilização do capital próprio superior a 161,69% e
10% das mesmas apresentaram um índice superior a 270,64%. Quando o índice de
Imobilização do capital próprio apresenta um valor superior a 100%, como é o caso de
40% das cooperativas deste estudo analisando o ano 2003, o ativo circulante não é
financiado por recursos próprios, o que aumenta o grau de dependência das cooperativas
dos recursos de terceiros.
Finalizando a análise das informações contidas na Tabela 13, é
possível observar que o índice de imobilização dos recursos permanentes apresentou um
valor-padrão de 54,54%. Isto representa que 50% das cooperativas destinaram 54,54%
dos recursos não correntes ao financiamento do ativo permanente. É importante
lembrar, mais uma vez, que este índice deve ser inferior a 100%, pois, financeiramente,
é justificável que uma parte razoável destes recursos seja utilizada para financiar o ativo
105
circulante. Esta parte é denominada de Capital Circulante Líquido. No caso das
cooperativas analisadas no ano 2003, observa-se que um pequeno número delas
apresentou um grau de imobilização de recursos não correntes superior a 100%, menos
de 7% das cooperativas.
A Tabela 14 apresenta a classificação das cooperativas segundo os
índices-padrão para o ano 2003. A partir do valor dos índices demonstrados na Tabela
12 e dependendo da posição que cada um deles ocupa de acordo com a matriz de decis
(Tabela 13), a Tabela 14 contém os conceitos atribuídos aos índices: P (péssimo); D
(deficiente); F (fraco); R (razoável); S (satisfatório); B (bom) ou O (ótimo), assim como
nas Tabelas 5, 8 e 11.
Verifica-se, na Tabela 14, que a cooperativa Lar obteve o conceito P
(péssimo) para o índice Giro sobre o Ativo Líquido (Gi). O índice Relação Ativo
Circulante/Ativo Total (AC/AT) recebeu conceito D (deficiente). Os índices Relação
Capital Circulante Líquido/Ativo Circulante (CCL/AC); Liquidez Corrente (LC) e
Índice de Dependência Bancária (IDB) apresentaram o conceito F (fraco). Já os índices
Liquidez Seca (LS), Imobilização do Capital Próprio (ICP) e o índice Imobilização dos
Recursos Permanentes (IRP) foram classificados como R (razoável). Os índices nos
quais a cooperativa alcançou um melhor desempenho no ano analisado foram: Relação
Ativo Realizável a Longo Prazo/Ativo Total (RLP/AT), que obteve o conceito S
(satisfatório); o Índice de Endividamento (CT/PL); a Composição do Endividamento
(PC/CT); a Liquidez Geral (LG) e a Relação Ativo Permanente/Ativo Total (AP/AT),
que foram classificados como B (bom); e o único índice que apresentou o conceito O
(ótimo) foi a Margem Líquida (SL/V).
106
Tabela 14 – Matriz de classificação das cooperativas segundo índices-padrão – Ano 2003
Coop. CT/PL PC/CT SL/V CCL/AC Gi LC LG
a B F S B O B O
b R S P F S F R
c F P O F D F S
d R S S S R S S
e S B S S D S S
f B P F B B B B
g F S D P B P P
h R O P S F S P
i O F B B B B B
j O P P S O S B
k O P B O B B O
l P B F P P P P
m S O O O P O F
n P D P P F P F
o B B D S B S F
p F R S D R D S
q S R R S B S S
r P S D P S P D
s O F B B S B O
t B S R D S D S
u S P F S O S B
v S R S P S P D
w O B B O F O S
x R O D S F S D
y S B S R S R S
z B R B B D B B
aa D O P B P S P
ab D S F D S D F
ac D O S P P P P
ad B S R F R F R
ae
LAR
O
B
O
B
B
O
O
F
P
P
O
F
D
B
107
Coop. LS AC/AT RLP/AT AP/AT IDB ICP IRP
a S O P P O O O
b P S S R B P P
c F O P P O O O
d D S B F B B B
e R R B R R B B
f B B D P D O O
g P R D S B D F
h S P B B O D R
i F S F F O B B
j S P P O S S D
k B B P D P O B
l P D R B R P D
m P R F S S R S
n R O D P P S B
o S F B S S S R
p S B R D D B B
q F B F F F B B
r P S S S R F P
s S B R P B O O
t S D O S S S S
u B B S P B O O
v D F P B P F P
w O F S S S B S
x P P O B B F S
y B F O R B S S
z B S S D F B O
aa O P B O O P D
ab F S S F R R S
ac D P B B S D F
ad R S F S D S R
ae
LAR
O
R
P
D
P
S
O
B
O
F
R
R
F
R
Fonte: Resultados da pesquisa.
Legenda: P (Péssimo); D (Deficiente); F (Fraco); R (Razoável); S (Satisfatório); B (Bom); O (Ótimo).
4.1.5 Índices-Padrão para o Ano 2004
A Tabela 15 apresenta os valores dos índices das cooperativas para o
ano 2004. Estes dados também foram conseguidos a partir do Balanço Patrimonial e da
Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) dessas cooperativas. Assim como as
Tabelas 3, 6, 9 e 12, a Tabela 15 apresenta o valor do Índice de Endividamento; da
Composição do Endividamento; da Margem quida; da Relação Capital Circulante
Líquido/Ativo Circulante; do Giro sobre o Ativo Líquido; da Liquidez Corrente; da
Liquidez Geral; da Liquidez Seca; da Relação Ativo Circulante/Ativo Total; da Relação
Ativo Realizável a Longo Prazo/Ativo Total; da Relação Ativo Permanente/Ativo Total;
108
do Índice de Dependência Bancária; da Imobilização do Capital Próprio e da
Imobilização dos Recursos Permanentes.
Tabela 15 – Matriz de valores dos índices por cooperativas – Ano 2004
Coop. CT/PL PC/CT SL/V CCL/AC Gi LC LG
a 70 92 3,87 62 4,76 2,63 2,41
b 246 78 0,57 23 3,25 1,29 1,08
c 604 93 7,55 -12 2,4 0,90 0,83
d 228 66 3,22 27 2,51 1,36 1,06
e 217 76 3,46 27 1,84 1,36 1,17
f 195 100 4,75 28 3,34 1,39 1,4
g 405 81 1,16 6 4,88 1,06 0,88
h 224 41 0,17 7 2,83 1,08 0,64
i 82 93 6,15 47 3,68 1,88 1,81
j 47 80 0 -42 4,77 0,71 0,57
k 112 100 4,96 36 2,95 1,57 1,57
l
m 190 50 2,5 33 1,55 1,49 0,78
n 1684 88 0,59 15 2,41 1,17 1,04
o 142 73 1,13 28 3,45 1,39 1,12
p 224 87 3,7 27 2,21 1,38 1,25
q 273 95 1,78 17 3,22 1,21 1,16
r 249 84 1,69 1 2,3 1,01 0,9
s 99 94 7,72 43 2,46 1,75 1,73
t 157 70 2,34 11 4,11 1,13 1,08
u 205 99 2,03 21 13,6 1,26 1,32
v 205 82 3,71 2 2,73 1,02 0,84
w 85 62 5,75 51 2,7 2,06 1,45
x 256 52 1,36 30 3,06 1,42 0,91
y 178 60 14 1,16 0,92
z 106 84 3,79 46 4,03 1,86 1,67
aa 431 3 0,3 47 0,37 1,88 0,19
ab 255 77 1,51 12 2,47 1,14 0,96
ac 441 50 1,42 -7 0,49 0,94 1,37
ad 147 80 2,34 24 2,35 1,32 1,12
ae
LAR
41
206
18
71
5,35
20,02
80
17
0,78
2,06
4,90
1,20
0,91
1,42
109
Coop. LS AC/AT RLP/AT AP/AT IDB ICP IRP
a 1,73 99,23 0,00 0,77 0,98 1,31 1,23
b 0,70 71,26 4,52 24,42 25,39 349,66 227,72
c 0,51 75,98 0,14 24,02 5,67 158,93 111,52
d 0,75 62,66 10,73 26,60 20,35 87,22 49,30
e 1,04 68,67 8,75 22,58 56,14 73,74 48,46
f 0,97 91,77 0,55 7,67 39,87 22,67 22,67
g 0,67 69,13 1,41 29,46 24,65 148,74 84,06
h 0,82 30,43 13,84 55,72 1,72 180,80 77,69
i 1,02 78,80 2,78 18,42 0,06 33,53 31,74
j 0,53 19,07 0,00 79,27 23,03 111,13 101,70
k 1,26 82,92 0,00 17,08 89,30 36,20 36,20
l
m 0,51 49,20 2,09 48,71 28,64 141,47 72,69
n 0,83 92,86 0,70 6,44 53,52 120,13 38,97
o 0,98 59,10 6,63 34,27 31,76 82,95 59,77
p 1,03 82,95 3,36 13,63 60,97 44,39 34,44
q 0,77 84,30 0,90 14,81 58,40 55,21 48,64
r 0,66 60,59 3,88 35,53 47,30 124,10 89,43
s 0,88 81,88 4,03 14,09 19,63 28,03 26,45
t 0,97 47,89 18,25 33,85 15,16 87,06 58,85
u 1,15 84,25 4,73 11,02 6,17 33,59 33,04
v 0,80 55,80 0,20 44,00 55,58 135,20 98,46
w 1,54 58,75 7,83 33,41 17,09 61,88 46,79
x 0,89 52,75 12,86 34,39 8,03 122,26 54,65
y 0,78 44,73 13,89 41,37 25,34 114,97 67,21
z 1,28 78,55 5,61 15,84 42,46 33,31 28,43
aa 1,71 4,94 10,27 84,79 0,00 450,51 87,08
ab 0,73 63,16 5,44 31,40 39,15 111,39 70,21
ac 0,78 23,53 45,86 30,60 22,19 267,18 83,12
ad 0,84 63,08 3,40 33,52 51,15 82,92 64,39
ae
LAR
3,26
0,77
18,31
56,81
0,22
4,06
51,17
39,13
0,00
45,20
104,04
121,07
77,83
75,81
Fonte: Gimenes (2006).
Nota: As cooperativas que não apresentam os índices não forneceram informações suficientes para o
cálculo no referido ano.
Na Tabela 16 encontram-se os valores dos decis por índices das
cooperativas para o ano 2004.
Tabela 16 – Matriz de decis por índices das cooperativas – Ano 2004
Decil CT/PL PC/CT SL/V CCL/AC Gi LC LG
Mínimo 41,000 3,000 0,000 -42,000 0,370 0,710 0,190
72,400 42,800 0,327 5,400 0,857 0,954 0,668
101,800 55,200 1,136 6,400 2,090 1,068 0,856
145,000 68,400 1,447 13,200 2,365 1,152 0,910
187,600 75,400 1,880 17,000 2,464 1,208 1,024
205,000 80,000 2,420 24,000 2,715 1,320 1,080
224,000 82,400 3,604 27,200 3,016 1,382 1,162
247,200 87,400 3,846 31,200 3,313 1,448 1,340
266,200 93,000 5,272 44,800 3,960 1,816 1,438
439,000 98,200 7,410 50,200 4,769 2,024 1,718
Máximo 1684,000 100,000 20,020 80,000 13,600 4,900 2,410
110
Decil LS AC/AT RLP/AT AP/AT IDB ICP IRP
Mínimo 0,510 4,940 0,000 0,770 0,000 1,310 1,230
0,556 19,962 0,028 8,340 0,244 29,086 26,846
0,712 45,994 0,352 14,378 5,870 34,634 33,600
0,770 54,580 1,206 17,884 16,318 59,212 43,662
0,796 59,030 3,244 24,340 21,822 82,944 49,168
0,840 63,080 4,030 30,600 25,340 104,040 59,770
0,970 69,556 4,872 33,586 33,238 116,002 70,706
1,024 78,650 7,110 34,846 43,556 122,996 77,746
1,216 82,938 10,540 42,948 52,572 145,832 85,872
1,676 90,276 13,880 54,810 57,948 249,904 101,052
Máximo 3,260 99,230 45,860 84,790 89,300 450,510 227,720
Fonte: Resultados da pesquisa.
Na Tabela 16, para o Índice de Endividamento (CT/PL), o valor do
índice-padrão mediano foi de 205%, ou seja, para cada R$ 100,00 de capital próprio
(patrimônio líquido), 50% das cooperativas tiveram, em seu balanço, R$ 205,00 de
capitais de terceiros. Das cooperativas que compõem este estudo, 40% obtiveram um
índice de endividamento igual ou superior a 224%, sendo que 10% alcançaram índices
extremamente altos com valores iguais ou superiores a 439%. Apenas 10% das
cooperativas apresentaram índices iguais ou inferiores a 72,40%. Analisando o índice de
endividamento no ano em questão, os valores também revelam, a princípio, um alto
grau de dependência dos recursos de terceiros e isto implica assumir maiores níveis de
risco financeiro por parte das cooperativas. Com esses índices, maiores são as
probabilidades de não virem a cobrir as obrigações financeiras geradas pelo
endividamento.
Para o índice Composição do Endividamento (PC/CT), que pode ser
observado na Tabela 16, de acordo com o cálculo da mediana, 50% das cooperativas
obtiveram 80% do capital de terceiros constituído por obrigações a curto prazo. Para
20% das cooperativas, este índice foi igual ou superior a 93%. Isto significa que os
compromissos assumidos com terceiros deveriam ser liquidados a curto prazo, elevando
a pressão sobre a capacidade de pagamento da cooperativa (liquidez), liquidez que, por
sua vez, depende da geração de resultados positivos.
111
No caso do índice Margem Líquida (SL/V), o valor encontrado da
mediana para 50% das cooperativas foi de 2,42%, sendo que este valor é
definitivamente o que sobra, deduzindo-se das vendas os custos, os gastos operacionais,
o resultado não operacional e os impostos. Para nenhuma das cooperativas analisadas no
ano 2004, este índice apresentou valores negativos, o que significa que nenhuma delas
apresentou uma perda ao final do exercício fiscal. Para 40% das cooperativas, observa-
se que a margem líquida foi igual ou inferior a 1,88%, mas, em outros 40% delas, este
índice foi superior a 3,60%. Em 10% dos casos, este índice alcança um valor de 7,41%.
Para o índice Relação Capital Circulante Líquido/Ativo Circulante
(CCL/AC), também apresentado na Tabela 16, o valor obtido para a mediana foi de
24%, o que supõe que 50% das cooperativas financiaram suas aplicações no ativo
circulante com 24% de recursos permanentes. Para um número muito pequeno das
cooperativas, é possível afirmar que houve a geração de desequilíbrios financeiros.
Pode-se afirmar isso porque, em menos de 10% delas, o valor do capital circulante
líquido foi negativo, o que ocorre quando o financiamento de ativos a longo prazo se
realiza com passivos a curto prazo. Um total de 10% das cooperativas apresentou uma
relação entre o capital circulante líquido e o ativo circulante igual ou superior a 50,20%,
o que propicia uma maior segurança na manutenção das suas atividades operacionais.
Por outro lado, também 10% das cooperativas obtiveram valores iguais ou inferiores a
5,40% para este índice.
O índice Giro sobre o Ativo Líquido (Gi) obteve um valor de mediana
de 2,71%, o que faz compreender que, para 50% das cooperativas analisadas, a
renovação de seus ativos líquidos foi de 2,71 vezes ao ano. Para 10% das cooperativas,
o valor do giro sobre o ativo líquido esteve abaixo de 0,86 vezes ao ano e, para 30% das
112
cooperativas, o valor do índice foi superior a 3,31 vezes ao ano, valores que podem ser
verificados também na Tabela 16.
No caso do índice de Liquidez Corrente (LC), o valor da mediana foi
de 1,32, o que significa que, para cada R$ 1,00 de obrigações a curto prazo, 50% das
cooperativas dispõem de R$ 1,32 de ativos a curto prazo para poder amortizá-las, ou
seja, neste caso ocorreu uma sobra de 32%. É importante lembrar que, quando o índice
de liquidez corrente é superior a 1,00, significa que os ativos circulantes estão sendo
financiados por uma parte de capital circulante líquido, existindo assim uma certa folga
financeira a curto prazo. A maioria das cooperativas desse estudo apresentaram essa
característica, no ano 2004 em questão, pois 80% obtiveram um índice de liquidez
Corrente superior a 1,06.
Analisando o índice de Liquidez geral (LG), que também compõe a
Tabela 16, observa-se que, para 50% das cooperativas, o índice-padrão é igual a 1,08,
podendo ser interpretado que, para cada R$ 1,00 de dívida a curto prazo, existem R$
1,08 de tesouraria e direitos realizáveis a curto e longo prazo. É possível observar, neste
caso, uma pequena folga financeira de 8%, ou seja, 50% das cooperativas poderiam
liquidar todas suas dívidas, inclusive as estabelecidas a longo prazo, e ainda haveria
uma margem de segurança de 8%. Uma outra informação importante é que 30% das
cooperativas analisadas apresentaram um índice de liquidez geral inferior a 0,86. No
referente ano, a maioria das cooperativas (60%), teve um índice igual ou superior a
1,00, o que representa uma maior segurança no que diz respeito à capacidade de
pagamento.
O índice de Liquidez Seca (LS), como é possível observar na Tabela
16, apresentou um valor de mediana de 0,84. Isso significa que, para cada R$ 1,00 de
dívidas a curto prazo, 50% das cooperativas tinham disponibilidade de R$ 0,84 de
113
ativos a curto prazo, sem considerar os estoques. Das cooperativas que este estudo
compreende, somente 10% obtiveram um índice de liquidez seca inferior a 0,56,
enquanto que 30% delas apresentaram um índice com valor superior a 1,02.
Para o índice Relação Ativo Circulante/Ativo Total (AC/AT), o valor
médio da participação do ativo circulante no ativo total das cooperativas foi de 63,08%.
A partir disso, compreende-se que mais da metade dos investimentos realizados no ativo
tiveram a função de financiar as atividades operacionais. Isso significa que dependem
dos níveis de estoques, das políticas de compra e financiamento das vendas, e, mais
concretamente, da adequação dos prazos de entradas e saídas de caixa que demandam
um determinado volume de capital circulante para sustentar as operações. Do total das
cooperativas, pode-se afirmar que 30% delas tiveram uma participação do ativo
circulante no ativo total igual ou superior a 78,65%, sendo que 10% apresentaram um
investimento no ativo circulante superior a 90,27% do ativo total para o ano 2004.
Por sua vez, o valor obtido como padrão para o índice Relação Ativo
Realizável a Longo Prazo/Ativo Total (RLP/AT) foi um percentual de 4,03% dos ativos
totais. Geralmente, na estrutura dos ativos totais das organizações, esta aplicação acaba
consumindo a menor parte dos investimentos realizados. A maior parte do ativo
realizável a longo prazo se encontra em apenas 10% das cooperativas, nas quais o índice
alcança um valor de 13,88%. Das cooperativas analisadas, 30% tiveram um valor
inferior a 1,21% de investimentos nas contas de ativos realizáveis a longo prazo.
No caso do índice Relação Ativo Permanente/Ativo Total (AP/AT), o
valor encontrado para a mediana demonstrou que os ativos permanentes representaram
30,60% dos ativos totais, enquanto que 20% das cooperativas investiram um valor
inferior a 14,38% de seus ativos. Em 10% dos casos, este índice alcançou 54,81% de
participação nos ativos totais.
114
Ainda analisando a Tabela 16, observa-se que o Índice de
Dependência Bancária (IDB) apresentou um valor de 25,34% de mediana, o que
significa que os empréstimos e financiamentos bancários representam 25,34% do
exigível total para 50% das cooperativas. Para 30% das cooperativas, esta fonte de
financiamento correspondeu a valores superiores a 43,55% do exigível total e, para 10%
delas, este índice alcançou valores superiores a 57,94%. Um percentual de 20% das
cooperativas apresentou baixos valores para o índice de dependência bancária, iguais ou
inferiores a 5,87%.
O índice Imobilização do Capital Próprio (ICP) obteve um valor de
104,04% de mediana, ou seja, para 50% das cooperativas, todos os recursos próprios
foram utilizados para financiar os investimentos em ativos permanentes e ainda faltaram
4,04%. Considerando o índice-padrão acima (104,04%), pode-se concluir que nada
restou dos recursos próprios para serem aplicados no ativo circulante. Das cooperativas
analisadas, 20% apresentaram um grau de imobilização do capital próprio superior a
145,83% e 10% das mesmas apresentaram um índice superior a 249,90%. Quando o
índice de imobilização do capital próprio apresenta um valor superior a 100%, como é o
caso de 50% das cooperativas deste estudo analisando o ano 2004, o ativo circulante
não é financiado por recursos próprios, o que aumenta o grau de dependência das
cooperativas dos recursos de terceiros.
Finalizando a análise das informações contidas na Tabela 16, é
possível observar que o índice imobilização dos recursos permanentes apresentou um
valor-padrão de 59,77%. Isto significa que 50% das cooperativas destinaram 59,77%
dos recursos não correntes ao financiamento do ativo permanente. É importante
lembrar, mais uma vez, que este índice deve ser inferior a 100%, pois, financeiramente,
é justificável que uma parte razoável destes recursos seja utilizada para financiar o ativo
115
circulante. Esta parte é denominada de Capital Circulante Líquido. No caso das
cooperativas analisadas no ano 2004, observa-se que um número relativamente pequeno
(10%) apresentou um grau de imobilização de recursos não correntes superior a 100%.
A Tabela 17 apresenta a classificação das cooperativas segundo os
índices-padrão para o ano 2004. A partir do valor dos índices demonstrados na Tabela
15 e dependendo da posição que cada um deles ocupa de acordo com a matriz de decis
(Tabela 16), a Tabela 17 apresenta os conceitos atribuídos aos índices: P (péssimo); D
(deficiente); F (fraco); R (razoável); S (satisfatório); B (bom) ou O (ótimo), assim como
nas Tabelas 5, 8, 11 e 14.
Verifica-se, na Tabela 17, que a cooperativa Lar obteve o conceito P
(péssimo) para o índice Giro sobre o Ativo Líquido (Gi). Os índices Liquidez Corrente
(LC); Liquidez Seca (LS), Relação Ativo Circulante/Ativo Total (AC/AT) e Índice de
Dependência Bancária (IDB) receberam conceito F (fraco). Os índices Relação Capital
Circulante Líquido/Ativo Circulante (CCL/AC), Imobilização do Capital Próprio (ICP)
e o índice Imobilização dos Recursos Permanentes (IRP) foram classificados como R
(razoável). Os índices nos quais a cooperativa alcançou um melhor desempenho no ano
analisado foram: Índice de Endividamento (CT/PL), Relação Ativo Realizável a Longo
Prazo/Ativo Total (RLP/AT), que obtiveram o conceito S (satisfatório); a Composição
do Endividamento (PC/CT), a Liquidez Geral (LG) e a Relação Ativo
Permanente/Ativo Total (AP/AT) classificados como B (bom); e o único índice que
apresentou o conceito O (ótimo) foi a Margem Líquida (SL/V).
116
Tabela 17 – Matriz de classificação das cooperativas segundo índices-padrão – Ano 2004
Coop. CT/PL PC/CT SL/V CCL/AC Gi LC LG
a O F B O B O O
b R S P R S R S
c P D O P F P P
d R B S S R S R
e S S S S P S S
f S P B S B S B
g D S D P O P D
h R O P D S D P
i O D B B B B O
j O S P P O P P
k B P B B S B B
l
m S O S B P B P
n P F P F F F R
o B B P S B S S
p R R S S D S S
q D D F R S R S
r F R F P D P D
s O D O B F B O
t B B R D B D S
u S P R R O R S
v S S S P S P P
w O B B O R O B
x F B D S S S F
y B B F F F
z B R S B B B B
aa D O P B P B P
ab F S F D R D F
ac P O D P P P B
ad B S R S D S S
ae
LAR
O
S
O
B
B
O
O
R
P
P
O
F
F
B
117
Coop. LS AC/AT RLP/AT AP/AT IDB ICP IRP
a O O P P O O O
b P S S R S P P
c P S P F O D P
d D R B R B S S
e B S B F D B B
f S O D P R O O
g P S F R S D F
h R P B O O D R
i S B F F O O O
j P P P O S S P
k B B P D P B B
l
m P D F B S F R
n R O D P D R B
o S R S S S S S
p B B R P P B B
q F B D D P B B
r P S R B F F D
s S B S P B O O
t S D O S B S S
u B B S P B O O
v R F P B D F D
w B F B S B B B
x S D B S B F S
y F P O B S S S
z B S S D R O O
aa O P B O O P D
ab D S S S R S S
ac F P O S S P D
ad S S R S F S S
ae
LAR
O
F
P
F
P
S
B
B
O
F
S
R
F
R
Fonte: Resultados da pesquisa.
Legenda: P (Péssimo); D (Deficiente); F (Fraco); R (Razoável); S (Satisfatório); B (Bom); O (Ótimo).
4.2 Resumo da Classificação da Cooperativa Agroindustrial Lar segundo
Comportamento dos Índices-Padrão nos Anos de 2000 a 2004
O Quadro 4 reúne todos os conceitos alcançados pela cooperativa Lar
segundo classificação dos índices-padrão nos anos de 2000 a 2004.
Quadro 4 – Conceitos alcançados pela Lar segundo índices-padrão de 2000 a 2004
CT/PL PC/CT SL/V CCL/AC Gi LC LG
2000 B B O F P F S
2001 B B O R D R B
2002 B S O F F F B
2003 B B O F P F B
2004 S B O R P F B
118
LS AC/AT RLP/AT AP/AT IDB ICP IRP
2000 F P B B R F F
2001 F D S B F F F
2002 D F S B F F R
2003 R D S B F R R
2004 F F S B F R R
Fonte: Resultados da pesquisa.
Legenda: P (Péssimo); D (Deficiente); F (Fraco); R (Razoável); S (Satisfatório); B (Bom); O (Ótimo).
É possível observar que, no 2000, a Cooperativa Lar apresentou 5
índices classificados como F (Fraco), os índices CCL/AC, LC, LS, ICP e IRP. Nenhum
deles foi considerado D (Deficiente). E apenas 2 deles foram classificados como P
(Péssimo): Gi e AC/AT. Os demais índices receberam bons níveis de classificação.
No ano 2001, a Cooperativa Lar apresentou 4 índices classificados
como F (Fraco): os índices LS, IDB, ICP e IRP. Dois índices foram considerados D
(Deficiente): Gi e AC/AT. Nenhum índice foi classificado como P (Péssimo). Os
demais índices alcançaram boas posições na classificação.
No ano 2002, a Cooperativa Lar apresentou 6 índices classificados
como F (Fraco): os índices CCL/AC, Gi, LC, AC/AT, IBD e ICP. Apenas um índice foi
considerado D (Deficiente): LS. E nenhum índice foi classificado como P (Péssimo). Os
demais índices receberam bons níveis de classificação.
No ano 2003, a Cooperativa Lar apresentou 3 índices classificados
como F (Fraco): os índices CCL/AC, LC e IDB. Um índice foi considerado D
(Deficiente): AC/AT. E apenas um índice, o Gi, foi classificado como P (Péssimo). Os
demais índices alcançaram boas posições na classificação.
No ano 2004, a Cooperativa Lar apresentou 4 índices classificados
como F (Fraco): os índices LC, LS, AC/AT e IBD. Nenhum índice foi considerado D
(Deficiente). E apenas um deles foi classificado como P (Péssimo): o Gi. Os demais
índices receberam bons níveis de classificação.
119
Analisando o comportamento dos índices e o conseqüente
desempenho da cooperativa Lar, é possível afirmar que esta apresentou, relativamente
ao período da análise, mais índices adequados (classificados como razoável, satisfatório,
bom ou ótimo) do que índices inadequados (classificados como péssimo, deficiente ou
fraco). Assim, a Lar apresentou, no somatório dos índices: 4 P (Péssimo), 22 F (Fraco),
4 D (Deficiente), 10 R (Razoável), 7 S (Satisfatório), 18 B (Bom) e 5 O (Ótimo). Os
maiores problemas foram verificados para os índices Giro sobre o Ativo Líquido (Gi) e
Relação Ativo Circulante/Ativo Total (AC/AT). Já os índices Margem Líquida (SL/V) e
Relação Ativo Permanente/Ativo Total (AP/AT) apresentaram o melhor desempenho.
Por meio da análise do índice Giro sobre o Ativo Líquido (Gi) inferiu-
se que a cooperativa Lar encontrou dificuldades para um maior faturamento com o
mesmo volume e estrutura de ativos disponíveis. Além disso, no caso do índice Relação
Ativo Circulante/Ativo Total (AP/AT), verificou-se que menos da metade dos
investimentos realizados no ativo tiveram a função de financiar as atividades
operacionais. Isso significa que a cooperativa não depende em grande medida dos níveis
de estoques, das políticas de compra e financiamento das vendas, e, mais
concretamente, da adequação dos prazos de entradas e saídas de caixa que demandam
um determinado volume de capital circulante para sustentar as operações.
Por outro lado, a partir da análise do índice Relação ativo
Permanente/Ativo Total (AP/AT), compreende-se que a participação dos ativos
permanentes nos ativos totais denota as distintas necessidades demandadas na
composição técnica do capital operacional, procedentes de alternativas específicas que a
cooperativa busca em seu processo de expansão. Geralmente, as cooperativas mais
verticalizadas, como a Lar, direcionam um maior volume de recursos em investimentos
permanentes, em função do processo de imobilização demandado por seu processo
120
produtivo. A respeito do índice Margem Líquida (SL/V), entende-se que a cooperativa
também se destacou pelo excelente desempenho quanto às sobras ao final do exercício
fiscal em todo o período analisado.
Neste sentido, a partir da análise segundo os índices-padrão, é possível
concluir que a Lar apresentou, no decorrer dos anos de 2000 a 2004, uma situação
financeira bastante satisfatória.
4.3 Previsão de Insolvência Utilizando o Modelo Discriminante Gimenes e Opazo
O Quadro 5 apresenta a classificação das cooperativas em solventes
ou insolventes, segundo estudo realizado pelo Departamento de Autogestão da
OCEPAR no ano de 1998 e pelo Modelo Discriminante nos anos de 1999 a 2004. É
importante destacar que a classificação dada às cooperativas no ano de 1999 no Quadro
5 trata de dados dos Balanços Patrimoniais e Demonstrações do Resultado do Exercício
do ano de 1998 e esses dados fazem parte dos resultados da pesquisa de Gimenes
(1999), publicada por Gimenes e Opazo (2001).
121
Quadro 5 – Matriz de classificação das cooperativas nos grupos de insolvência e solvência, segundo
OCEPAR e predição segundo Modelo Discriminante
Coop. Situação (*) Modelo
1999
Modelo
2000
Modelo
2001
Modelo
2002
Modelo
2003
Modelo
2004
a Solvente Solvente Solvente Solvente Solvente Solvente Solvente
b - - - - Solvente Solvente Solvente
c
- -
Solvente Solvente Solvente Solvente Solvente
d Solvente Solvente - - Solvente Solvente Solvente
e Solvente Solvente Solvente Solvente Solvente Solvente Solvente
f Solvente Solvente Solvente Solvente Solvente Solvente Solvente
g Solvente Solvente Insolvente Insolvente Insolvente Solvente Solvente
h Solvente Solvente Solvente Insolvente Insolvente Insolvente Insolvente
i Solvente Solvente Solvente Solvente Solvente Solvente Solvente
j - - - - Solvente Solvente Solvente
k Solvente Solvente Solvente Solvente Solvente Solvente Solvente
l Insolvente Insolvente Insolvente Insolvente Insolvente Insolvente -
m - - Insolvente Insolvente Insolvente Solvente Insolvente
n - - Insolvente Insolvente Insolvente Insolvente Insolvente
o Solvente Solvente Solvente Solvente Solvente Solvente Solvente
p Solvente Solvente Solvente Solvente Solvente Solvente Solvente
q Solvente Solvente Solvente Solvente Solvente Solvente Solvente
r Solvente Solvente Solvente Solvente Solvente Solvente Solvente
s - - Solvente Solvente Solvente Solvente Solvente
t - - Insolvente Solvente Solvente Solvente Solvente
u - - Insolvente Solvente Solvente Solvente Solvente
v - - Solvente Solvente Solvente Solvente Solvente
w Solvente Solvente Solvente Solvente Solvente Solvente Solvente
x - - - - - Insolvente Insolvente
y Solvente Solvente Solvente Solvente Solvente Solvente -
z Solvente Solvente Solvente Solvente Solvente Solvente Solvente
aa Insolvente Insolvente Insolvente Insolvente Insolvente Insolvente Insolvente
ab Solvente Solvente Solvente Solvente Solvente Solvente Solvente
ac - - Insolvente Insolvente Insolvente Insolvente Solvente
ad Solvente Solvente Solvente Solvente Solvente Solvente Solvente
ae - - Solvente Solvente Insolvente Insolvente Insolvente
LAR Solvente Solvente Solvente Solvente Solvente Solvente Solvente
Notas:
(*) Classificação dada pelo Departamento de Autogestão da OCEPAR (1998);
(-) Não foram consideradas pelo modelo discriminante em 1999 devido à impossibilidade de
classificação pelo Departamento de Autogestão da OCEPAR e não forneceram informações
suficientes para o cálculo dos índices nos outros anos.
A partir da análise do Quadro 5, é possível verificar que:
As cooperativas a, e, f, i, k, o, p, q, r, w, z, ab, ad e a Lar
apresentaram-se como solventes tanto na classificação dada pelo Departamento de
Autogestão da OCEPAR quanto nos anos em que foi aplicado o modelo discriminante.
Isto significa que, em todos os anos em que foi analisada a situação de solvência ou
insolvência financeira destas cooperativas, estas empresas demonstraram ótimo
desempenho. Neste sentido, com os resultados deste estudo é possível afirmar que tais
122
cooperativas vêm apresentando, no decorrer dos anos, que se encontram estáveis
financeiramente.
As cooperativas b e j, nos anos analisados, foram classificadas como
solventes. Entretanto, apesar de elas apresentarem bons resultados nos últimos anos,
ainda não é possível afirmar, devido ao curto período que pôde ser analisado (2002 a
2004), que as cooperativas possuem estabilidade financeira.
A cooperativa c não foi classificada pelo Departamento de Autogestão
da OCEPAR em 1998 e pelo modelo discriminante no ano de 1999. De 2000 a 2004
(período de abrangência deste estudo), a cooperativa foi classificada como solvente, o
que permite afirmar que esta vem apresentando bons resultados financeiros.
A cooperativa d foi classificada como solvente pelo Departamento de
Autogestão da OCEPAR em 1998 e pelo modelo discriminante nos anos de 1999, 2002,
2003 e 2004. Apesar de não ter sido possível classificá-la nos anos 2000 e 2001, nota-se
que a cooperativa, em todos os anos analisados, só apresentou resultados positivos.
A cooperativa g foi classificada como solvente pelo Departamento de
Autogestão da OCEPAR em 1998 e pelo modelo discriminante nos anos de 1999, 2003
e 2004. Em 2000, 2001 e 2002 esta foi, porém, classificada como insolvente. Assim, é
possível verificar que a situação financeira desta cooperativa oscilou no decorrer do
período analisado, apresentando bons resultados inicialmente, dificuldades nos anos
2000, 2001 e 2002 e voltando a obter desempenho satisfatório ao final do período em
que foi analisada.
A cooperativa h, assim como pode ser observado no Quadro 5, foi
classificada como solvente tanto pelo Departamento de Autogestão da OCEPAR em
1998 quanto pelo modelo discriminante nos anos de 1999 e 2000. A partir de 2001, a
123
cooperativa passa a ser classificada, no entanto, como insolvente, o que denota que, a
partir deste período, esta vem enfrentando grandes dificuldades financeiras.
As cooperativas que apresentaram maiores problemas, segundo o que
demonstraram os resultados desta pesquisa, foram: l, n, x e aa. Isto assim ocorre porque,
em todos os anos analisados, as cooperativas foram classificadas como insolventes, ou
seja, apresentaram sérios problemas financeiros. Com exceção da cooperativa x, que
pôde ser analisada em 2003 e 2004, provavelmente as outras em questão caminham para
uma situação de falência total.
A cooperativa m, no período analisado (2000 a 2004), só não foi
classificada como insolvente no ano de 2003. Em virtude disto, é possível afirmar que
também esta cooperativa vem enfrentando grandes dificuldades financeiras.
Diferentemente da cooperativa m no período analisado (2000 a 2004),
as cooperativas s e v foram classificadas sempre como solventes. Neste sentido, cabe
colocar que estas caminham para uma situação de estabilidade financeira.
As cooperativas t e u, no período que este estudo abrange, de 2000 a
2004, só foram classificadas como insolventes no ano 2000, apresentando-se, portanto,
como solventes nos outros anos. Assim, verifica-se que as cooperativas t e um
apresentando desempenho satisfatório ao final do período em que foram analisadas.
A cooperativa y demonstrou características quase que idênticas às
cooperativas a, e, f, i, k, o, p, q, r, w, z, ab, ad e a Lar. Foi considerada solvente tanto na
classificação dada pelo Departamento de Autogestão da OCEPAR quanto nos anos em
que foi aplicado o modelo discriminante. Isto significa que, em todo o período em que
foi analisada, a situação financeira desta cooperativa demonstrou ótimo desempenho.
Neste sentido, com os resultados deste estudo é possível afirmar que a mesma vem
apresentando, no decorrer dos anos, uma situação de estabilidade financeira.
124
A cooperativa ac não entrou na pesquisa realizada pelo Departamento
de Autogestão da OCEPAR e no estudo elaborado por Gimenes no ano de 1999. Assim,
nos anos posteriores em que se realizou a análise, de 2000 a 2004 (período de
abrangência deste estudo), a cooperativa só não foi classificada como insolvente no ano
de 2004. Dessa forma, é possível afirmar que também esta cooperativa vem enfrentando
grandes dificuldades financeiras, porém, no último ano do período analisado, a mesma
demonstrou que é capaz de melhorar este quadro.
Finalmente, a cooperativa ae, assim como a cooperativa ac, não
entrou na pesquisa realizada pelo Departamento de Autogestão da OCEPAR e no estudo
elaborado por Gimenes no ano de 1999. Entre 2000 e 2004 (período de abrangência
deste estudo), a cooperativa só não foi classificada como insolvente em 2000 e 2001.
Em virtude disto, é possível afirmar que mais esta cooperativa enfrentou, nos últimos
anos do período analisado, graves problemas financeiros.
Destaca-se, ainda, que a porcentagem de cooperativas insolventes foi,
para o ano 2000, de 28,6%; para o ano 2001, de 25%; para 2002, de 25,8%; para 2003,
de 21,9%; e para 2004, de 20%. São 14 cooperativas que se destacam por serem
solventes desde o ano de 1998 e 1999; são 17 por serem solventes desde o ano 2000;
são 19 desde o ano de 2001; são 22 desde o ano de 2002; são 23 desde o ano de 2003 e
24 em 2004.
Como a Cooperativa Agroindustrial Lar se apresentou como solvente
em todos os anos analisados, a análise da situação de solvência ou insolvência
financeira desta cooperativa a partir do modelo de previsão de Gimenes e Opazo (2001)
permite afirmar que a cooperativa Lar vem apresentando estabilidade financeira.
125
4.4 Análise de Agrupamento
Nesta Seção são apresentados os resultados da análise de agrupamento
a partir dos índices financeiros das 32 cooperativas agropecuárias do Estado do Paraná
que compõem este estudo, para os anos de 2000 a 2004. Como o foco deste trabalho é a
cooperativa Lar, destacam-se, também nesta Seção, os resultados apresentados por esta
organização. As outras cooperativas classificadas de a até ae, como já foi mencionado
anteriormente, serviram de comparativo para a análise da cooperativa Lar, uma vez que
todas elas pertencem ao ramo de cooperativas agropecuárias.
Considerando todos os índices financeiros das cooperativas
agropecuárias deste estudo, foi calculada, para os anos de 2000 a 2004, a distância
euclidiana e se formaram grupos hierárquicos por meio do método McQuitty utilizando
o programa Minitab 14.0.
4.4.1 Análise de Agrupamento para o Ano 2000
Na Tabela 18 e na Figura 1, é possível observar o resultado do
agrupamento das cooperativas agropecuárias para o ano 2000, exceto das cooperativas
b, d, j e x, as quais não apresentaram informações suficientes para o cálculo dos índices
que compõem este estudo no referente ano. É possível verificar no ano 2000 a formação
de quatro grupos homogêneos que se destacam dentro do conjunto das cooperativas
agropecuárias. Um grupo é formado pelas cooperativas e, ab, o, y, w, h, ad, r e v, o qual
apresenta um nível de similaridade de 73,4%. Um outro grupo é formado pelas
cooperativas c, s, f, k, p, q, z e i, com um nível de similaridade de 69,9%. Um grupo que
126
compreende as cooperativas g, t, l e aa que apresenta um nível de similaridade de
58,3%. A cooperativa Lar apresenta 59,3% de similaridade com a cooperativa ac.
Tabela 18 – Análise de agrupamento hierárquico das cooperativas, utilizando a distância euclidiana e o
método de formação de grupo de McQuitty – Ano 2000
Grupos
Nível de
Similaridade
(%)
Nível
de
Distância
Número de
Elementos em
cada Grupo
Cooperativas que
formam os
Grupos
1
2
3
4
73,4
69,9
59,3
58,3
2,8
3,2
4,3
4,4
9
8
2
4
e; ab; o; y; w; h;
ad; r; v
c; s; f; k; p; q; z; i
LAR; ac
g; t; l; aa
Fonte: Resultados da pesquisa.
Figura 1 – Dendograma das cooperativas pelo método de formação de grupo de McQuitty – Ano 2000
Cooperativas
Similaridade (% )
u
n
L
a
r
a
c
a
a
l
t
g
m
v
r
a
d
h
w
y
o
a
b
e
i
z
q
p
k
f
s
c
a
e
a
20,24
46,83
73,41
100,00
Fonte: Resultados da pesquisa.
4.4.2 Análise de Agrupamento para o Ano 2001
Na Tabela 19 e na Figura 2, é possível observar o resultado do
agrupamento das cooperativas agropecuárias, exceto, também neste caso, das
cooperativas b, d, j e x, que não apresentaram informações suficientes para o cálculo dos
127
índices que compõem este estudo no ano 2001. No referido ano, é possível verificar a
formação de cinco grupos homogêneos que se destacam dentro do conjunto das
cooperativas agropecuárias. Um grupo compreende as cooperativas a e f, e possui
75,6% de similaridade. Um outro grupo é formado pelas cooperativas c, i, s, e, p, q, ab,
ad, k e z, e apresenta um nível de similaridade de 67,9%. Um grupo é formado pelas
cooperativas g, h, l, ac e aa, com 66,6% de similaridade. Um outro grupo é composto
pelas cooperativas m, w e ae, e que apresenta um nível de similaridade de 66,5%. Um
grupo é formado pelas cooperativas o, r, v, t e y, com 64,0% de similaridade. A
cooperativa Lar, no ano de 2001, não apresentou um nível de similaridade alto com
outras cooperativas (considera-se nesta pesquisa, índice de similaridade alto o índice
acima de 50%), pois na Figura 2 é possível verificar uma similaridade de somente
49,0% entre a cooperativa Lar e os grupos 2, 4 e 5.
Tabela 19 – Análise de agrupamento hierárquico das cooperativas, utilizando a distância euclidiana e o
método de formação de grupo de McQuitty – Ano 2001
Grupos
Nível de
Similaridade
(%)
Nível
de
Distância
Número de
Elementos em
cada Grupo
Cooperativas que
formam os
Grupos
1
2
3
4
5
75,6
67,9
66,6
66,5
64,0
2,6
3,4
3,5
3,5
3,8
2
10
5
3
5
a; f
c; i; s; e; p; q; ab;
ad; k; z
g; h; l; ac; aa
m; w; ae
o; r; v; t; y
Fonte: Resultados da pesquisa.
128
Figrura 2 Dendograma das cooperativas pelo método de formação de grupo de McQuitty – Ano 2001
Cooperativas
Similaridade (% )
a
a
a
c
l
h
g
L
a
r
a
e
w
m
y
t
v
r
o
z
k
a
d
a
b
q
p
e
s
i
c
n
u
f
a
24,28
49,52
74,76
129
deste estudo. Na Figura 3, é possível verificar uma similaridade de 36,4% entre a
cooperativa Lar e o grupo 3 e 31,1% de similaridade entre a Lar e todos os grupos (1, 2,
3 e 4).
Tabela 20 – Análise de agrupamento hierárquico das cooperativas, utilizando a distância euclidiana e o
método de formação de grupo de McQuitty – Ano 2002
Grupos
Nível de
Similaridade
(%)
Nível
de
Distância
Número de
Elementos em
cada Grupo
Cooperativas que
formam os
Grupos
1
2
3
4
77,3
72,7
66,2
65,3
2,4
2,9
3,6
3,7
2
9
7
6
l; ac
d; e; p; q; ab; o; w;
t; y
a; c; i; s; f; z; k
b; g; r; ad; v; h
Fonte: Resultados da Pesquisa.
Figura 3 – Dendograma das cooperativas pelo método de formação de grupo de McQuitty – Ano 2002
Cooperativas
Similaridade (% )
u
n
a
a
a
c
l
y
t
w
o
a
b
q
p
e
d
h
v
a
d
r
g
b
L
a
r
a
e
m
j
k
z
f
s
i
c
a
19,53
46,35
73,18
100,00
Fonte: Resultados da pesquisa.
130
4.4.4 Análise de Agrupamento para o Ano 2003
Na Tabela 21 e na Figura 4, é possível observar o resultado do
agrupamento de todas as cooperativas agropecuárias que compõem este estudo no ano
2003. No referido ano, é possível verificar a formação de três grupos homogêneos que
se destacam dentro do conjunto das cooperativas agropecuárias. Um grupo, formado
pelas cooperativas a, i, s, z, c, f e k, apresenta um nível de similaridade de 69,0%. Um
outro grupo, formado pelas cooperativas d, e, o, t, y, c, h, ac, g, r, l, v, p, q, ab e ad,
apresenta 68,6% de similaridade. E a cooperativa Lar pertence a um outro grupo, este
formado por outras duas cooperativas e apresenta um nível de similaridade de 69,1%.
Trata-se das cooperativas m e w.
Tabela 21 – Análise de agrupamento hierárquico das cooperativas, utilizando a distância euclidiana e o
método de formação de grupo de McQuitty – Ano 2003
Grupos
Nível de
Similaridade
(%)
Nível
de
Distância
Número de
Elementos em
cada Grupo
Cooperativas que
formam os
Grupos
1
2
3
69,0
68,6
69,1
3,8
3,9
3,8
7
16
3
a; i; s; z; c; f; k
d; e; o; t; y; x; h;
ac; g; r; l; v; p; q;
ab; ad
LAR; m; w
Fonte: Resultados da pesquisa.
131
Figura 4 – Dendograma das cooperativas pelo método de formação de grupo de McQuitty – Ano 2003
Cooperativas
Similaridade (% )
a
e
a
a
b
n
u
j
L
a
r
w
m
a
d
a
b
q
p
v
l
r
g
a
c
h
x
y
t
o
e
d
k
f
c
z
s
i
a
17,58
45,06
72,53
100,00
Fonte: Resultados da pesquisa.
4.4.5 Análise de Agrupamento para o Ano 2004
Finalmente, na Tabela 22 e na Figura 5, é possível observar o
resultado do agrupamento das cooperativas agropecuárias, exceto das cooperativas l e y,
que não apresentaram informações suficientes para o cálculo dos índices que compõem
este estudo no ano de 2004. No referido ano, é possível verificar a formação de dois
principais grupos homogêneos que se destacam dentro do conjunto das cooperativas
agropecuárias. Um grupo é formado pelas cooperativas d, o, x, t, m, e, ad, r, ab, v, g, h,
com um nível de similaridade de 70,7%. Um outro grupo é formado pelas cooperativas
f, p, q, k, i, s, z, o qual apresenta um nível de similaridade de 70,0%. A cooperativa Lar,
também no ano de 2004, não apresentou um nível de similaridade significativa dentro
do conjunto das cooperativas deste estudo, pois na Figura 4 é possível verificar uma
similaridade de somente 39,2% entre a cooperativa Lar e o grupo 1.
132
Tabela 22 – Análise de agrupamento hierárquico das cooperativas, utilizando a distância euclidiana e o
método de formação de grupo de McQuitty – Ano 2004
Grupos
Nível de
Similaridade
(%)
Nível
de
Distância
Número de
Elementos em
cada Grupo
Cooperativas que
formam os
Grupos
1
2
70,7
70,0
3,1
3,2
12
8
d; o; x; t; m; e; ad;
r; ab; v; g; h
f; p; q; k; i; s; z; w
Fonte: Resultados da Pesquisa.
Figura 5 – Dendograma das cooperativas pelo método de formação de grupo de McQuitty – Ano 2004
Cooperativas
Similaridade (% )
a
e
a
a
a
c
L
a
r
j
h
g
v
a
b
r
a
d
e
m
t
x
o
d
c
b
n
u
w
z
s
i
k
q
p
f
a
14,36
42,91
71,45
100,00
Fonte: Resultados da pesquisa.
A análise de agrupamento possibilitou a verificação de informações
importantes a respeito da cooperativa Lar. Considerando todos os anos do estudo, isto é,
de 2000 a 2004, conclui-se que a cooperativa Lar não apresentou níveis elevados de
similaridade com relação às outras cooperativas. O maior nível de similaridade foi
verificado no ano de 2003 com as cooperativas m e w, localizadas, respectivamente, na
Mesorregião Noroeste e Centro Oriental do Paraná, tendo um nível de similaridade de
69,1%. A partir da análise de agrupamento, é possível afirmar, contudo, que a
cooperativa Lar se destacou das demais cooperativas relacionadas, isto é, apresentou
características financeiras muito particulares. Em resposta ao estudo, considerando sua
133
limitação e os métodos utilizados, pode-se, portanto, concluir, a partir dos dados
analisados, que a cooperativa Lar, no decorrer dos anos de 2000 a 2004, vem mantendo
uma excelente situação e estabilidade financeiras.
Finalmente, cabe destacar que os motivos da excelente situação e
estabilidade financeira da cooperativa Lar não puderam ser analisados e avaliados na
presente pesquisa, lacuna esta que, no entanto, poderá inspirar estudos futuros.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tendo em vista a questão principal do estudo, de analisar a situação
financeira da Cooperativa Agroindustrial Lar, em relação a 31 cooperativas
agropecuárias do Estado do Paraná, os resultados demonstraram que, entre 2000 e 2004,
a cooperativa Lar apresentou um desempenho financeiro bastante satisfatório.
Com relação aos indicadores financeiros da Cooperativa
Agroindustrial Lar, de acordo com a análise a partir da classificação segundo os índices-
padrão, conclui-se que a Lar vem apresentando, no decorrer dos anos, uma excelente
situação financeira. Apresentou, relativamente ao período da análise, mais índices
adequados (classificados como razoável, satisfatório, bom ou ótimo) do que índices
inadequados (classificados como péssimo, deficiente e fraco). Os maiores problemas
foram verificados para os índices Giro sobre o Ativo Líquido (Gi) e Relação Ativo
Circulante/Ativo Total. Já os índices Margem Líquida (SL/V) e Relação Ativo
Permanente/Ativo Total (AP/AT) apresentaram o melhor desempenho.
No que diz respeito à análise de solvência ou insolvência financeira da
Cooperativa Agroindustrial Lar, esta apresentou-se sempre como uma cooperativa
solvente, tanto no estudo realizado pelo Departamento de Autogestão da OCEPAR no
ano de 1998 quanto nos anos de 1999 a 2004 em que foi aplicado o modelo de previsão
de insolvência para cooperativas agropecuárias do Estado do Paraná. Os resultados
desta análise demonstram que a cooperativa Lar vem apresentando estabilidade
financeira.
A partir da Análise Agrupamento (Cluster Analysis), das cooperativas
agropecuárias, considerando os anos de 2000 a 2004, verificou-se que a Cooperativa
Agroindustrial Lar não apresentou alta similaridade com relação às outras cooperativas
135
do estudo. A Lar destacou-se das demais cooperativas relacionadas neste trabalho, isto
é, apresentou características financeiras muito particulares.
Neste sentido, como foi possível considerar com esta pesquisa, a
Cooperativa Agroindustrial Lar tem demonstrado que, no decorrer dos anos, apresentou
uma excelente situação e que vem mantendo-se estável financeiramente. Isto significa
que ela se encontra em uma posição privilegiada dentro do cooperativismo agropecuário
no cenário paranaense.
Quanto às recomendações para o desenvolvimento de pesquisas
posteriores com base nos resultados da pesquisa realizada, sugere-se, a realização de
estudos no sentido de como conseguir a melhoria dos indicadores financeiros
deficientes apresentados pela Cooperativa Agroindustrial Lar, bem como se sugerem
pesquisas que possam averiguar, na gestão da cooperativa Lar, a razão de seu bom
desempenho financeiro e de destacar-se dentro do cooperativismo agropecuário
paranaense.
Finalmente, sugere-se, às cooperativas agropecuárias do Estado do
Paraná, que voltem a atenção para a Cooperativa Agroindustrial Lar, no sentido de
estabelecerem parcerias e de seguirem seu exemplo dentro cooperativismo. Isto deve ser
feito principalmente porque o desempenho financeiro satisfatório das cooperativas pode
refletir em benefícios aos seus cooperados.
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WRUCK, K. H. Financial distress, reorganization, organizational efficiency. Journal of
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ANEXO
142
ANEXO – Autorização para divulgação do nome da Cooperativa Agroindustrial Lar
Livros Grátis
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Milhares de Livros para Download:
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