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estreitar, cada vez mais os elos da Federação e abolir das nossas tradições e
das nossas leis, tudo, absolutamente tudo, que, por qualquer forma, como
bandeiras e hinos de Estados, possa afrouxar os laços que entre si devem
unir as circunscrições da República. Na verdade, para que bandeiras de
Estado, que não representam mais que pedaços, verdadeiros retalhos do
pavilhão sagrado da Pátria, pedaços e retalhos sem cor e sem expressão?
Para que hinos de Estados que são apenas acordes dispersos desse hino
magnífico, cuja nota vibrante sacode os nossos nervos, faz bater intenso o
nosso coração, acordes dispersos cuja harmonia o povo não sente?
Sim, senhores, para que bandeiras de Estados, quando possuímos pavilhão
tão belo que há inspirado tantos heroísmos e tantos sacrifícios? Pavilhão
Sagrado que fortaleceu Tiradentes no patíbulo, guiou Ozório em Tuyuty,
Barroso em Riachuelo; pavilhão bendito que inspirou idéias liberais a
Benjamin Constant, iluminou a mentalidade possante de Rio Branco, na
defesa de nossos direitos, em pendências internacionais, acendeu na
conferência de Haya, o gênio extraordinário de Ruy Barbosa, o expoente
máximo das gerações contemporâneas; pavilhão gentil que há criado tantos
artistas da palavra, artistas na escultura, na pintura, na música, na poesia,
pavilhão querido que fala tão suavemente ao nosso coração.
Sim, senhores, nem bandeiras nem hinos de Estados.
Que, do Norte ao Sul do País, ecoe aos nossos ouvidos, fazendo pulsar
inteira a nossa alma, a alma patriótica, a música, unicamente essa musica
maravilhosa que encanta e arrebata – o Hino Nacional.
Que os filhos desta grande pátria, brasileiros do Amazonas e brasileiros do
Paraná, se abriguem todos sob a mesma e única bandeira, confundindo-se,
irmanando-se tão intimamente, que todas as nossas aspirações, todos os
anseios da nossa alma, todos os afetos do nosso coração se vão cristalizar ali,
em um sentimento só, sentimento brasileiro, precisamente ali, unicamente
ali, á sombra do Pavilhão Sagrado da Pátria” (Estado do Paraná, 1922, p.
101-103)
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Lysimaco Ferreira da Costa, ao expor a questão, provocou muitos protestos
entre os Congressistas, pela forma desrespeitosa pela qual se referiu às bandeiras
estaduais. Nas palavras de Lysimaco Ferreira da Costa:
Quero pedir ao Congresso que não se torne alheio á necessidade de
secundarmos o acto do Sr. Presidente do Estado do Paraná, que acabou de
enviar uma mensagem ao Congresso Estadual, pedindo a supressão da
bandeira e do hymno parananenses, de modo que repercuta em todo o paiz
este acto do Congresso de Ensino, reprovando solemnemente os muitos
farrapos, digamos pedaços deslustradores do nosso pavilhão (Anais..., p.
331).
Após muito tumulto, alguns congressistas se recusaram a votar o assunto
por julgar que escapava à competência do Congresso. A questão foi considerada de um
“radicalismo nacionalista”. Um dos congressistas, José Freitas Valle, professor do
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Relatório apresentado ao Exmo. Snr. Dr. Secretario Geral do Estado pelo professor César
Prieto Martinez, inspetor Geral do Ensino. 1922 – Tipografia da Penitenciária do Estado.