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GEYSA SPITZ ALCOFORADO DE ABREU
A trajetória de Lysimaco Ferreira da Costa: educador, reformador e
político no cenário da educação brasileira.
(Final do século XIX e primeiras décadas do século XX)
DOUTORADO EM EDUCAÇÃO
Tese apresentada à Banca Examinadora da
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo,
como exigência parcial para obtenção do título
de DOUTORA em Educação, sob a orientação
do Professor Doutor Bruno Bontempi Júnior.
PUC / São Paulo
2007
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2
LYSIMACO FERREIRA DA COSTA DA COSTA
FONTE: MEMORIAL LYSIMACO FERREIRA DA COSTA
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3
Comissão Julgadora:
____________________________________
____________________________________
____________________________________
____________________________________
____________________________________
4
RESUMO
____________________________________________________
Trata-se do estudo da trajetória do intelectual paranaense Lysimaco Ferreira
da Costa, que teve por objetivos: reconstituir sua trajetória de formação e trajetória
profissional, identificando seus grupos de pertencimento e sua rede de relações sociais,
intelectuais e políticas; examinar os ambientes e as situações em que se deu a sua
formação; identificar as idéias que defendeu, caracterizando seus traços distintivos, ou
aparentados aos dos demais projetos então em circulação no Brasil; verificar o alcance
de sua intervenção, como intelectual, tanto no debate educacional de sua época, como
na configuração das instituições de que fez parte, e, mesmo, na organização do sistema
de educação pública em gestação. Este estudo revela que Lysimaco Ferreira da Costa foi
um intelectual preocupado com a construção de um projeto cultural para o país. Foi um
grande divulgador do Paraná, e suas qualidades intelectuais e sua “polivalência
ideológica” lhe conferiram projeção e circulação entre os renomados educadores
brasileiros. Participou ativamente do projeto de criação da Associação Brasileira de
Educação, bem como ajudou a consolidá-la, prestando auxílio a muitos de seus
integrantes, de forma diversa e em variados momentos. Fez parte, ainda, do seleto grupo
de educadores nacionais incumbidos da tarefa de elaborar um parecer que serviria de
capítulo sobre a educação nacional para o anteprojeto da Constituição de 1934,
conhecido como “Grupo dos Dez”. Para a realização deste estudo, foram utilizadas
fontes legais localizadas no Departamento Estadual de Arquivo Público do Paraná -
DEAP, na Divisão de Pesquisa Histórica e Publicações - DPAP, tais como: Coleção de
Leis, Decretos, Actos e Regulamentos e Relatórios de Instrução Pública; as fontes da
Divisão de Documentação Paranaense, da Biblioteca Pública do Paraná, com destaque
para os microfilmes de jornais da época. Consultou-se, ainda, o arquivo do Instituto
Neo-Pitagórico em Curitiba, onde estão localizados exemplares de diversos periódicos,
incluindo os de maçons e anticlericais. Destaca-se, porém, que a maior parte da
documentação utilizada neste estudo foi fruto de um intenso trabalho de garimpagem de
dados no Memorial Lysimaco Ferreira da Costa, sendo este, portanto, o seu principal
acervo.
Palavras-chave: Lysimaco Ferreira da Costa, intelectuais da educação, Paraná.
5
ABSTRACT
____________________________________________________
It is the study of the path of the intellectual Paranaense Lysimaco Ferreira
da Costa, that has as main objectives: to reconstitute his formation path and professional
path, identifying the groups he belonged to and his net of social, intellectuals and
political relationships; to examine the atmospheres and the situations where his
formation took place; to identify the ideas that he defended, characterizing his
distinctive lines, or linked to the others projects in circulation in Brazil; to verify the
reach of his intervention, as intellectual, both in the education debate of his time, and in
the configuration of the institutions that he was part of, and even in the organization of
the system of public education in gestation. This study reveals that Lysimaco Ferreira
da Costa was an intellectual concerned with the construction of a cultural project for the
country. He was a great marketer for Paraná, and his intellectual qualities and his
"ideological polyvalence" checked him projection and circulation among the renowned
Brazilian Educators. He participated actively on the project of creation of the Brazilian
Association of Education, as well as helped to consolidate it, helping many of its
members, in several ways and in different moments. He was member of the selected
group of national educators who were given the select task of elaborating an opinion
that would serve as chapter on the national education, for the project of the Constitution
of 1934, known as "Group of the Ten." For the accomplishment of this study, legal
sources were used in the State Department of Public File of Paraná - DEAP, in the
Division of Historical Research and Publications - DPAP, such as: Collection of Laws,
Ordinances, Acts and Regulations and Reports of Public Instruction; the sources of
Paranaense’s Documents Division, of the Public Library of Paraná, with prominence for
the microfilms of newspapers of that time. It was consulted, still, Neo-Pitagórico's file
Institute in Curitiba, where there are located many copies of several newspapers,
including the one of Freemasons and anticlerical. It stands out; however, that most of
the documentation used in this study was the result of an intense work of data’s search
in the Memorial Lysimaco Ferreira da Costa, his main collection.
Key-words: Lysimaco Ferreira da Costa, Intellectuals of the Education, Paraná.
6
DEDICATÓRIA
____________________________________________________
Esta tese é dedicada ao Amilcar, meu amado,
por tornar a minha vida mais alegre e iluminada;
a Carolina e Gabriela, minhas filhas,
cujas existências me fazem profundamente feliz.
7
AGRADECIMENTOS
____________________________________________________
Em primeiro lugar, agradeço ao prof. Dr. Bruno Bomtempi Júnior que
aceitou o desafio de acompanhar-me no final desta jornada. A leitura criteriosa do meu
texto e a orientação segura me proporcionaram a tranqüilidade necessária para a
conclusão da tese.
À Profª. Dra. Mirian Jorge Warde, orientadora primeira, a quem devo muito
pela minha formação, pela orientação durante muito tempo, pela confiança, incentivo ao
meu trabalho e apoio em momentos imprevistos e difíceis da vida. Sua presença foi
sempre marcante.
Às professoras Dras. Marta Maria Chagas de Carvalho e Maurilane Souza
Biccas, pela participação na banca de qualificação e pelas valiosas sugestões que foram
muito importantes para a conclusão deste trabalho.
Aos professores do Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação:
História, Política, Sociedade na PUC de São Paulo, pelo muito que contribuíram para a
minha formação.
À Profª. Dra. Alda Junqueira Marin pelo equilíbrio e bom senso, sugerindo
uma boa dose de calma, quando tudo parecia “impossível”.
Ao Prof. Dr. Odair Sass, pelo apoio e incentivo.
Um agradecimento muito especial à D. Maria José Franco Ferreira da Costa
(In memoriam), que me recebeu com muito carinho no Memorial Lysimaco Ferreira da
Costa, tornando o trabalho de pesquisa muito agradável e prazeroso. Pena ter nos
deixado antes da conclusão deste trabalho.
À D. Maria Josefina (Zefi), ao Fernando Schena e a Sandra, pela boa
vontade e apoio para que eu pudesse continuar a pesquisa no Memorial após a morte da
D. Maria José.
À Profª. Dra. Ana Lúcia Silva Ratto que alimentou meu gosto pela História
da Educação, desde os tempos da graduação, quando foi minha orientadora na Iniciação
Científica.
À Profª. Dra. Gizele de Souza pelo constante incentivo ao meu trabalho e
pelos empréstimos incontáveis de livros.
8
À Profª. Cristina Frutuoso Teixeira, de quem fui aluna e monitora na
graduação, pelo incentivo para seguir a carreira acadêmica.
À Profª. Dra. Serlei Maria Fischer Ranzi, da UFPR, por ter me recebido e
disponibilizado o acesso a sua produção sobre o Ginásio Paranaense.
Ao meu marido, Amilcar, pelo amor, pelo apoio incondicional, pelo
incentivo constante, por tolerar as minhas freqüentes ausências e ter suportado meus
momentos de ansiedade, fruto do esforço de conciliar a vida acadêmica e profissional
com a vida em família.
Às minhas filhas Carolina e Gabriela por me ajudarem a digitar alguns
documentos e pelo apoio constante.
À minha mãe, que sempre me estimulou a seguir em busca dos meus
sonhos, pelo amor incondicional.
Ao meu pai, meu grande amigo, pela garra e exemplos de coragem quase
inabaláveis, pelo incentivo, pelos conselhos, pelas críticas sempre pertinentes e pela
leitura de várias versões desse trabalho.
Á Janice Janet Persuhn Alcoforado, minha madrasta, pelo auxílio num
delicado momento da minha vida e pelo incentivo.
À minha querida amiga Maria Angélica Pedra Minhoto que com suas sábias
palavras, seus gestos carinhosos e o tempo dedicado a me escutar, fez com que eu
escutasse a mim mesma. Sua amizade foi o maior presente que recebi nesses quatro
últimos anos.
Ao amigo Ângelo Ricardo de Souza, meu professor na graduação e meu
colega de doutorado, companheiro de muitas viagens, pelo muito que sempre me
incentivou.
Às minhas irmãs, Simone, Alessandra e Mariana. Cada uma delas é uma
presença especial em minha vida.
Ao meu primo Júlio César, que é mais do que um primo, é meu irmão de
coração.
À minha sogra, Claudete, pelo apoio e incentivo constantes.
Aos demais familiares e amigos, de quem e por quem tenho tanto carinho e
de cujo convívio subtraí tantas horas para a realização deste trabalho. O amor da família
foi imprescindível.
A muitas pessoas especiais: Simone Spitz Guedes Alcoforado, Mirian J.
Warde, Maria Angélica Pedra Minhoto, Hardy Guedes Alcoforado Filho, Julio César
9
Spitz Pinel, Edgard Spitz Pinel, Neiva Beatriz Marinho Pinel, Clélia Braun, Simone
Fraga, Juçara Eller Coelho, Waleria Külkamp Haeming, meu agradecimento sincero por
todo o carinho e, principalmente, pela atenção que dispensaram a mim e a Carolina,
num desses momentos da vida em que somos surpreendidos com acontecimentos
adversos e as dificuldades pareciam intransponíveis. O apoio de vocês foi fundamental
para que eu pudesse acreditar que seria possível superar os obstáculos.
Agradeço ao amigo José Tarcísio Grunnenvaldt que generosamente enviou-
me material sobre o exército.
Fiz muitos amigos no doutorado e consolidei algumas amizades do
mestrado. Agradeço àqueles que se tornaram mais próximos: Adriane knoblauch, Marco
Antônio Rodrigues de Paulo, Cristina Aparecida Reis Figueira. Andrew B. Boyd,
Valéria Moreira Rezende, Omar Schneider, Ivanete Batista dos Santos, Josefa Eliana de
Souza, Valéria Medeiros, Claudia Panizzolo B. da Silva.
A todos os demais colegas do Doutorado, companheiros de boas discussões,
pela trajetória compartilhada.
Agradeço à Elisabete Adania (Betinha), secretária no Programa de Pós-
graduação EHPS, pela boa vontade para me ajudar e resolver os problemas que
apareceram no final do doutorado.
Agradeço ao Prof. Dr. Norberto Dallabrida, da UDESC, pela excelente
interlocução e pelo convite para participar do seu grupo de pesquisa, minimizando as
dificuldades da mudança de cidade e de Estado.
Agradeço ao CNPq e a CAPES que, em momentos diferentes, concederam
as bolsas de estudo que possibilitaram a realização da pesquisa.
Durante a realização deste trabalho, contei com o apoio de inúmeras
pessoas; na impossibilidade de nomear a todas, deixo-lhes meu agradecimento sincero.
10
SUMÁRIO
____________________________________________________
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 14
Corpus Conceitual.......................................................................................................17
As Fontes da Pesquisa .................................................................................................20
Organização dos Capítulos ..........................................................................................24
CAPÍTULO I............................................................................................................................... 26
A TRAJETÓRIA DE FORMAÇÃO DE LYSIMACO FERREIRA DA COSTA ..................... 26
1.1. Notícias do Paraná em meados do século XIX ......................................................26
1.2. Primeiros estudos de Lysimaco em Curitiba..........................................................30
1.3. Educação Militar ..................................................................................................34
1.3.1. Lysimaco na Escola Preparatória e de Tática de Rio Pardo ................................38
1.3.2. A conformação das condutas na Escola de Rio Pardo.........................................44
1.3.3. Escola Militar do Brasil .....................................................................................49
1.3.4. A expulsão de Lysimaco da Escola Militar do Brasil..........................................54
1.4. Lysimaco Ferreira da Costa e a Universidade do Paraná .......................................56
CAPÍTULO II ............................................................................................................................. 70
A TRAJETÓRIA PROFISSIONAL DE LYSIMACO FERREIRA DA COSTA ...................... 70
2.1. Lysimaco Ferreira da Costa e o concurso para a cadeira de Física e Química ........70
2.2. Lysimaco Ferreira da Costa na Maçonaria ............................................................73
2.3. A Associação Cívica Sete de Setembro.................................................................79
2.4. O rompimento de Lysimaco Ferreira da Costa com a Maçonaria...........................82
2.5. Católicos e anticlericais na política da década de 1920..........................................87
2.6. O internato do Ginásio Paranaense ou os meandros da política educacional ..........91
2.6.1. O ensino público nas mãos de religiosos ............................................................94
2.7. Inspetoria Geral do Ensino....................................................................................98
2.8. Reforma na Escola Normal.................................................................................103
2.8.1. A Avaliação da Reforma da Escola Normal, por Lysimaco Ferreira da Costa...116
2.9. Lysimaco Ferreira da Costa na Direção da Instrução Pública ..............................121
2.10. Ação Política Partidária ....................................................................................123
CAPÍTULO III.......................................................................................................................... 130
LYSIMACO FERREIRA DA COSTA NO CENÁRIO EDUCACIONAL BRASILEIRO..... 130
11
3.1. A comemoração do Centenário da Independência ...............................................130
3.2. O IV Congresso Brasileiro de Instrução Secundária e Superior ...........................133
3.2.1. A ausência de teses na Comissão de Engenharia ..............................................137
3.2.2 A participação de Lysimaco Ferreira da Costa no Congresso ............................138
3.2.3. Os pareceres relatados por Lysimaco Ferreira da Costa no Congresso..............140
3.3. Lysimaco Ferreira da Costa e a Associação Brasileira de Educação ....................149
CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................... 169
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................... 172
ANEXOS .................................................................................................................................. 187
12
LISTA DE QUADROS
____________________________________________________
Quadro 1
DISTRIBUIÇÃO DAS DOUTRINAS POR SEÇÕES
NAS ESCOLAS PREPARATÓRIAS E DE TÁTICA
.....................39
Quadro 2
CURSO PREPARATÓRIO E DE TÁTICA POR ANO
E DOUTRINAS
.....................39
Quadro 3
DESEMPENHO DE LYSIMACO FERREIRA DA
COSTA NA ESCOLA DE RIO PARDO
.....................41
Quadro 4
RELAÇÃO DAS ATIVIDADES DO ENSINO
PRÁTICO DA ESCOLA MILITAR DO RIO PARDO
.....................42
Quadro 5
TRANSFERÊNCIA DE ALUNOS EM 1901 .....................47
Quadro 6
DISTRIBUIÇÃO DAS DOUTRINAS DO CURSO
GERAL, POR ANO E POR CADEIRA
.....................50
Quadro 7
DISTRIBUIÇÃO DAS DOUTRINAS DO CURSO
ESPECIAL, POR ANO E POR CADEIRA
.....................50
Quadro 8
PRIMEIRO GRUPO QUE CONSTITUIU A
UNIVERSIDADE DO PARANÁ
.....................59
Quadro 9
EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE LOJAS
MAÇÔNICAS NO PARANÁ (EM QÜINQÜÊNIOS,
1886 A 1920)
.....................74
Quadro 10
DISTRIBUIÇÃO E CARGA HORÁRIA DAS
MATÉRIAS DO CURSO GERAL, POR ANO
...................107
Quadro 11
DISTRIBUIÇÃO E CARGA HORÁRIA DAS
MATÉRIAS DO CURSO ESPECIAL, POR ANO
...................109
Quadro 12
ESTUDO PSICOLÓGICO DE UM ALUNO ...................113
13
LISTA DE FIGURAS
____________________________________________________
Foto 1
Colegas de Lysimaco em Rio Pardo .....................45
Foto 2
Escola Militar do Brasil .....................49
Foto 3
Estatutos da associação cívica sete de setembro .....................80
Foto 4
Internato do Ginásio Paranaense .....................95
Foto 5
Corpo docente do Internato do Ginásio Paranaense .....................96
Foto 6
Folheto com o programa da comemoração do
Centenário
...................131
Foto 7
Trabalho de Lysimaco Ferreira da Costa publicado pela
Liga Pedagógica em 1923
...................155
Foto 8
Perfil em Bronze ...................171
Foto 9
Primeira sala do Memorial Lysimaco Ferreira da Costa ...................186
Foto 10
Segunda sala do Memorial Lysimaco Ferreira da Costa ...................186
14
INTRODUÇÃO
____________________________________________________
Na cada de 1920, alimentou-se a certeza de que o país vivia um
“momento decisivo”, devendo estar preparado para responder aos desafios impostos
pelas transformações sociais, e de que caberia à escola “preparar os brasileiros de
amanhã
1
”. A conseqüência do “estado de espírito” que marcou especialmente aquele
período foi o aparecimento de amplos debates, envolvendo a participação de um grande
número de intelectuais e educadores, preocupados com o atraso brasileiro em relação às
nações “civilizadas” da Europa e da América do Norte. O papel da educação foi, então,
superdimensionado, cabendo-lhe organizar o país e colocá-lo no caminho do progresso,
desde que reformada e bem distribuída, pois somente ela seria capaz de preparar o
homem para um padrão de civilização que se pretendia instaurar no país.
A intensa agitação dos anos 20 se traduziu, entre outras iniciativas, nas
diversas reformas do ensino nos Estados
2
. No âmbito federal, procedeu-se à
reorganização da escola secundária e superior, com o Decreto-lei 16.782-A, de 13 de
janeiro de 1925, posteriormente conhecido como Reforma Francisco Alves-Rocha Vaz.
Primeira iniciativa de caráter mais abrangente com o objetivo de “moralização do
ensino”, essa reforma promoveu a substituição do sistema de exames parcelados pelos
exames seriados e a tentativa de reformulação da escola técnico-profissional, em 1926.
O projeto de tese que na ocasião da seleção apresentei ao Programa de Pós-
Graduação em Educação: História, Política, Sociedade, intitulava-se "Ensino
Secundário (1922 a 1942): um estudo das reformas e da cultura escolar" e tinha como
objetivo examinar os debates, inquéritos e congressos que antecederam as reformas
1
Termo utilizado por Lysimaco Ferreira da Costa, em discurso proferido em dezembro de 1926.
2
A Reforma do Ensino em São Paulo, promovida por Sampaio Dória, em 1920; no Paraná,
promovida por Lysimaco Ferreira da Costa, em 1923; no Ceará, por Lourenço Filho, em 1923;
na Bahia, por Anísio Teixeira, em 1925; em Minas Gerais, por Francisco Campos, em 1927; em
Pernambuco, por Carneiro Leão em 1928.
15
direcionadas ao ensino secundário, no período compreendido entre 1922 e 1942
3
. Tal
recorte partiu da constatação de que na historiografia da educação brasileira os estudos
disponíveis sobre o ensino secundário têm privilegiado os atos de reforma,
desconsiderando os debates que as antecederam, as disputas entre diferentes concepções
e a cultura das próprias escolas, reiterando interpretações solidificadas (Cf. Warde,
2003). O projeto previa também o exame da participação, nesses eventos, de
intelectuais engajados no movimento de renovação da educação nacional nas décadas de
1920 e 1930, procurando também trazer à cena outros intelectuais cuja ão permanece
ignorada pela historiografia da educação. Um desses intelectuais relativamente
desconhecidos é o paranaense Lysimaco Ferreira da Costa, citado no projeto inicial,
uma vez que os primeiros contatos com a bibliografia disponível indicavam ter ele
exercido um relevante papel na instrução secundária, especialmente por sua atuação no
IV Congresso Brasileiro de Ensino Secundário e Superior, realizado em 1922.
Após discussões a respeito do projeto de pesquisa com a primeira
orientadora, o contato mais aprofundado com a documentação do Memorial Lysimaco
Ferreira da Costa
4
e a leitura sobre o ensino secundário e a educação paranaense
relativa ao início do culo XX, ficou evidente a atuação intensa e relevante dessa
3
Foram muitas as reformas dirigidas ao ensino secundário: Decreto n.º 1.075, de 22 de
novembro de 1890 (Reforma Benjamim Constant); Decreto n.º 2.857, de 30 de março de 1898
(Reforma do Ministro Amaro Cavalcanti); Decreto n.º 3.890, de 1.º de janeiro de 1901
(Reforma do Ministro Epitácio Pessoa); Decreto n.º 8.659, de 5 de abril de 1911 (Reforma do
Ministro Rivadávia Correia); Decreto n.º 11.530, de 18 de março de 1915 (Reforma do
Ministro Carlos Maximiliano); Decreto n.º 16.782-A, de 13 de janeiro de 1925, posteriormente
conhecido como Reforma Francisco Alves / Rocha Vaz. Quanto a iniciativas de debates sobre o
tema, destaquem-se, no período considerado, o IV Congresso Brasileiro de Instrução
Secundária e Superior, a fundação da Associação Brasileira de Educação (ABE), em 1924, as
Conferências Nacionais de Educação (1927, 1928, 1929) e os Inquéritos (1926; 1928 e 1929). O
Inquérito de 1926 foi promovido pelo jornal “O Estado de S. Paulo, sob a organização de
Fernando de Azevedo. Trata-se de um estudo a respeito da situação da instrução pública
paulista, realizado junto a educadores, jornalistas e instituições que ofertavam os cursos
superiores de Medicina, Direito e Engenharia. O grupo selecionado por Azevedo foi convidado
a responder questões a respeito do ensino normal e secundário e os rumos da instrução pública
paulista. O trabalho foi posteriormente publicado pelo organizador sob o título “A Educação na
Encruzilhada”. O inquérito de 1928 foi promovido pela Secção de Ensino Técnico e Superior da
Associação Brasileira de Educação, sob a coordenação de Ferdinando Labouriau. O Inquérito de
1929 foi promovido pela Secção de Ensino Secundário da Associação Brasileira de Educação,
sob a coordenação de Barbosa de Oliveira, com a finalidade de subsidiar a discussão dobre a
organização da escola secundária brasileira.
4
Trata-se de um acervo privado, organizado e mantido pela filha do professor Lysimaco
Ferreira da Costa, D. Maria José Franco Ferreira da Costa, desde 1992. O Memorial consta de
documentos, fotos, artigos e trabalhos de Lysimaco Ferreira da Costa, como também de uma
farta biblioteca, notadamente sobre educação, com livros e documentos raros sobre o tema.
16
personagem, não somente no Paraná, mas em eventos do campo educacional em âmbito
nacional. Surgiu, então, um outro interesse de estudo, de que resultou o
redirecionamento do projeto inicial. O novo projeto, intitulado “Lysimaco Ferreira da
Costa e o ensino secundário e normal no Paraná nas primeiras décadas do século XX”, ,
tinha como foco a atuação e as idéias do intelectual Lysimaco Ferreira da Costa no
ensino secundário paranaense e brasileiro, nas primeiras décadas do século XX.
Após o exame de qualificação, por sugestão da banca, a trajetória do
intelectual ganhou centralidade, em detrimento do estudo a respeito do ensino
secundário no período.
Quanto ao fato de ter escolhido a trajetória do intelectual Lysimaco Ferreira
da Costa como objeto de estudo, é preciso afirmar inicialmente que tal escolha deve-se,
menos à excepcionalidade de suas experiências, mas ao entendimento de que por meio
delas pode-se apreender o ambiente, os traços característicos dos intelectuais do seu
tempo, além de uma melhor compreensão da sociedade e da cultura, para o
enriquecimento da interpretação da educação brasileira no período em estudo. Assim, a
relevância do estudo dos intelectuais para a história da educação deve-se a possibilidade
de entender ideários e práticas políticas, como, por exemplo, as reformas de ensino.
Outra fecundidade importante do estudo de uma trajetória é a possibilidade
de diálogo entre diferentes disciplinas. Conforme destaca Bomeny (2001, p. 20),
A eleição de biografias e trajetos pessoais como objetos legítimos de
investigação acadêmica tem sido referida e associada à abertura e
oxigenação do campo intelectual com o rompimento de barreiras rígidas, de
fronteiras entre disciplinas, barreiras e fronteiras que o debate
contemporâneo trata de pôr sob suspeita.
A trajetória de Lysimaco Ferreira da Costa está sendo entendida como uma
entrada para a compreensão de projetos, atores, políticas e contextos sociais mais
amplos do que aqueles circunscritos à sua vida pessoal. Para tanto, procurou-se situar o
lugar social que ocupou e observar as conexões e deslocamentos tecidos numa rede de
relações, ou seja, testar suas vinculações com intelectuais de outros estados, em
particular com os intelectuais paulistas e cariocas. Conforme afirma Carvalho (1999b),
... os intelectuais que, nas décadas de 1920 e 1930, de algum modo tomaram
a si a tarefa de remodelar o imaginário e as práticas pedagógicas no país são
personagens-chave na elucidação dos processos materiais de produção,
circulação e uso dos saberes pedagógicos no Brasil. Os crivos que
configuraram a apropriação que fizeram, do que leram, viram, ouviram e
17
vivenciaram, na sua privilegiada itinerância por circuitos culturais estranhos
à grande maioria das populações brasileiras, foi determinante na
configuração de suas estratégias de reconstrução do país pela cultura, na
qualidade de autores, editores, organizadores de coleções, tradutores,
professores ou reformadores dos sistemas públicos de ensino. Identificar os
modelos culturais inscritos nas suas práticas de apropriação e transitar pela
complexa rede de relações culturais tecida nos seus itinerários pedagógicos é
questão de interesse central para a história da educação no Brasil.
Tendo por objeto o intelectual Lysimaco Ferreira da Costa, este estudo teve
por objetivos: reconstituir sua trajetória de formação e trajetória profissional,
identificando seus grupos de pertencimento e sua rede de relações sociais, intelectuais e
políticas, que permanecem ignoradas pela historiografia; examinar os ambientes e as
situações em que se deu a sua formação; identificar as idéias que defendeu,
caracterizando seus traços distintivos ou aparentados aos dos demais projetos então em
circulação no Brasil; verificar o alcance de sua intervenção como intelectual, tanto no
debate educacional de sua época, como na configuração das instituições de que fez
parte, e, inclusive, na organização do sistema de educação pública em gestação.
Corpus Conceitual
Dada a polissemia e os diversos usos do termo intelectual, cabe explicitar a
noção adotada neste estudo. Recorrendo a Sirinelli (1996, p.242-243), que propõe uma
definição de “geometria variável, mas baseada em invariantes”, são duas, porém não
excludentes, as acepções do termo intelectual:
uma ampla e sociocultural, englobando os criadores e os “mediadores”
culturais, a outra mais estreita, baseada na noção de engajamento. No
primeiro caso, estão abrangidos tanto o jornalista como o escritor, o
professor secundário como o erudito. [...] Uma segunda definição, mais
estreita e baseada na noção de engajamento na vida da cidade como ator
mas segundo modalidades específicas, como por exemplo a assinatura de
manifestos - , testemunha ou consciência. Uma tal acepção o é, no fundo,
autônoma da anterior, que são dois elementos de natureza sociocultural,
sua notoriedade eventual ou sua especialização”, reconhecida pela
sociedade em que vive – especialização esta que legitima e mesmo privilegia
sua intervenção no debate da cidade -, que o intelectual põe a serviço da
causa que defende. Exatamente por esta razão, o debate entre as duas
definições é em grande medida um falso problema, e o historiador do
político deve partir da definição ampla, sob a condição de, em determinados
momentos, fechar a lente, no sentido fotográfico do termo.
18
Para o desenvolvimento deste trabalho, duas importantes dimensões no
estudo dos intelectuais estão sendo consideradas: o campo intelectual e o campo
político, pois, “sob determinadas condições históricas, o intelectual se torna um agente
político marcante na sociedade, seja porque participa da organização do poder
estabelecido, seja porque é por ele reprimido e confinado” (Bontempi Jr.,2001, p. 16).
Ainda segundo Sirinelli (1996, p. 248-250), os agrupamentos intelectuais
organizam-se em torno de “estruturas de sociabilidade”, ou “redes”, fundadas num
desejo de conviver e aglutinar forças. Tais estruturas, entretanto, são
mais difíceis de perceber do que parece. [...] As estruturas de sociabilidade
variam, naturalmente, com as épocas e os subgrupos intelectuais estudados.
[...] Mas, em todo caso, é possível e necessário fazer sua arqueologia,
inventariando as solidariedades de origem, por exemplo de idade ou de
estudos, que constituem muitas vezes a base de “redes” de intelectuais
adultos. É lógico, sobretudo no caso dos acadêmicos, remontar a seus jovens
anos escolares e universitários, numa idade em que as influências se exercem
sobre um terreno móvel e em que uma abordagem retrospectiva permite
reencontrar as origens do despertar intelectual e político (Sirinelli, 1996, p.
248-250).
Deve o historiador ocupar-se, portanto, da “arqueologia” das redes de
relações, buscando nos seus elementos constitutivos, não apenas a semelhança de
propósitos com grupos congêneres, mas também, a singularidade de cada grupo,
determinada pelo compartilhamento de experiências vividas anteriormente. Nessa
perspectiva, há uma relação necessária entre o trabalho intelectual e a tradição, dado que
um intelectual se define sempre por referência a uma herança, como legatário ou como
filho pródigo: que haja um fenômeno de intermediação ou, ao contrário, ocorra uma
ruptura e uma tentação de fazer tábua rasa, o patrimônio dos mais velhos é, portanto,
elemento de referência explícita ou implícita (Cf. Sirinelli, 1996, p. 254-255).
Trabalhar com a história dos intelectuais é procurar desvelar o duplo sentido
que se reveste a noção de sociabilidade. Ao mesmo tempo em que constitui um espaço
privilegiado de aprendizagem e de trocas intelectuais, é também o lugar onde o “peso da
afetividade” adquire um sentido próprio:
A atração e a amizade e, ao contrário, a hostilidade e a rivalidade, a ruptura,
a briga e o rancor desempenham igualmente um papel às vezes decisivo.
Isto, alguns poderão objetar, se aplica a toda microssociedade. Mas, de um
lado, esse peso da afetividade adquire uma significação específica, num
meio teoricamente colocado sob o signo da clarividência, e cuja garantia, aos
olhos do resto da sociedade, é saber jugular suas paixões, a serviço exclusivo
da Razão. De outro lado, a imbricação das tensões devidas aos debates de
19
idéias e desses fatores afetivos desemboca talvez, em alguns casos, numa
patologia do intelectual. Com toda certeza, uma tal abordagem é delicada,
pois uma tal constatação pode ser desviada e, de clínica, tornar-se polêmica,
alimentando sobretudo uma certa visão antiintelectualista. Podemos por isso
abandoná-la totalmente? (Sirinelli, 1996, p. 250)
A socialização, igualmente importante nesta pesquisa, é o processo por meio
do qual o indivíduo é introduzido no mundo objetivo de uma sociedade ou de um setor
dela (Berger & Luckmann, 1987). Na socialização primária, o indivíduo entra em
contato com o mundo social, assumindo como seu o mundo do outro. Nesse processo, o
indivíduo
identifica-se [...] não somente com os outros concretos, mas com uma
generalidade de outros, isto é, com a sociedade. Somente em virtude desta
identificação generalizada, sua identificação consigo mesmo alcança
estabilidade e continuidade (Cf. Berger & Luckmann, 1987).
Assim, a família assume papel fundamental, pois é o primeiro núcleo
promotor de ão educativa sobre seus integrantes, responsável pelo desenvolvimento
sociocultural. A socialização secundária é o processo subseqüente à socialização
primária, que introduz um indivíduo já socializado em novos setores do mundo objetivo
da sociedade (Berger & Luckmann, 1987, p. 175). Outros sistemas de valores, vistos
como “maquinaria conceitual”, interiorizados na socialização secundária, atuam para
formar uma estrutura mental marcada pelo entrecruzamento com os valores adquiridos
na socialização primária. O contato com outras instituições sociais, além da família,
possibilita mudanças na concepção de mundo, sendo esta redefinida em referência a um
campo especializado de atividades, sobretudo nas instituições escolares, mas também
em associações religiosas, sindicatos, no exército, entre outras. A construção da
identidade social seria estruturada, portanto, dentro de um contexto em que diferentes
concepções de mundo se entrecruzam, se redefinem e, muitas vezes, entram em conflito.
Dessa forma, as instituições de socialização não são consideradas como funcionalmente
integradas e complementares umas às outras, existindo a possibilidade de transformação
da identidade social adquirida na socialização primária. Em outras palavras, ao
considerar a possibilidade de conflito entre os valores dos padrões normativos da
primeira e da segunda socialização, atribui-se uma participação ativa do indivíduo nas
instâncias socializadoras, conferindo a ele maior autonomia e liberdade reflexiva. Esse
indivíduo é concebido como tendo capacidade de dialogar, questionar e escolher um
20
universo de relações, bem como os valores que constituem esse universo diferente dos
demais (Cf. Berger & Luckmann, 1987; Setton, 2005).
À luz das noções fundamentais aqui expostas, esta pesquisa parte das
seguintes hipóteses: 1) que Lysimaco Ferreira da Costa tenha sido um intelectual, na
acepção adotada; 2) que os ambientes em que se deram a sua socialização e formação
lhes forneceram os recursos intelectuais e sociais que mobilizou para diagnosticar os
problemas e projetar soluções para a educação paranaense; 3) que as “estruturas de
sociabilidade” de que fez parte foram cruciais para o modo como pôde projetar suas
idéias e ocupar espaços nos campos intelectual e político de sua época.
As Fontes da Pesquisa
Para a realização deste estudo, foram utilizadas fontes legais localizadas no
Departamento Estadual de Arquivo Público do Paraná - DEAP, na Divisão de Pesquisa
Histórica e Publicações - DPAP, tais como: Coleção de Leis, Decretos, Actos e
Regulamentos e Relatórios de Instrução Pública; as fontes da Divisão de Documentação
Paranaense, da Biblioteca Pública do Paraná, com destaque aos microfilmes de jornais
da época. Consultou-se, ainda, o arquivo do Instituto Neo-Pitagórico em Curitiba, onde
estão localizados exemplares de diversos periódicos, incluindo os de maçons e
anticlericais. Destaca-se, porém, que a maior parte da documentação utilizada neste
estudo foi fruto de um intenso trabalho de garimpagem de dados no Memorial Lysimaco
Ferreira da Costa, sendo este, portanto, o principal acervo desta pesquisa
5
.
Durante toda a sua vida, Lysimaco Ferreira da Costa preocupou-se em
conservar os registros de sua trajetória como homem público. Esse dado permite
conjeturar um desejo de tornar pública a própria existência, de exibir a exemplaridade
da própria vida. Intencionalmente ou não, foi a acumulação desses registros e vestígios
5
O arquivo da Associação Brasileira de Educação, no Rio de Janeiro, também foi visitado.
Durante a visita, não foi permitido o acesso aos documentos da Associação, pois a responsável
pelo acervo estava ausente por motivo de doença. Foi permitido apenas consultar a biblioteca da
Associação. Por diversas vezes, tentou-se agendar outras visitas, mas novamente não foi
possível, porque a senhora responsável pelo acervo iria fazer uma cirurgia; posteriormente,
estava deixando o cargo na associação e não havia encontrado ainda uma substituta. A maior
dificuldade da ABE é o fato de o trabalho ser realizado em caráter voluntário. Por fim, quando
uma nova voluntária assumiu o trabalho, a consulta não foi permitida, pois os documentos
precisavam ser primeiramente restaurados.
21
de diferentes procedências que possibilitou à sua família, em dezembro de 1992, a
fundação do Memorial Lysimaco Ferreira da Costa. O projeto de criação do Memorial
Lysimaco Ferreira da Costa foi idealizado e concretizado por Maria José Franco
Ferreira da Costa, filha de Lysimaco, que a esse projeto se dedicou integralmente até
falecer, em setembro de 2004, aos 88 anos de idade.
Por conta do cuidado da curadora do acervo pessoal, o trabalho de consulta
e coleta de fontes para a pesquisa foi lento. Apenas após um longo período de trabalho
no acervo, conquistando lentamente a confiança da organizadora, foi possível acessar
alguns desses documentos conservados. Infelizmente, não foi possível ter acesso a
muitos outros, cuja existência fora por ela mencionada, em virtude do falecimento de
Dona Maria José Franco Ferreira da Costa.
Tendo sido o Memorial organizado pela própria família, poder-se-ia supor
que ele traduz uma visão mais verdadeira do intelectual em estudo. Ao contrário, ele
está sendo aqui entendido como um monumento, no sentido de “feito para lembrar”, ou
seja, elaborado pela ação intencional daqueles que pretendiam construir uma imagem
para a posterioridade. Foi preciso, então, começar por desestruturar esta construção,
pois como alerta Marc Bloch,
...não obstante o que por vezes parecem pensar os principiantes, os
documentos não aparecem, aqui ou ali, pelo efeito de um qualquer
imperscrutável desígnio dos deuses. A sua presença ou a sua ausência nos
fundos dos arquivos, numa biblioteca, num terreno, dependem de causas
humanas que não escapam de forma alguma à análise, e os problemas postos
pela sua transmissão, longe de serem apenas exercícios técnicos, tocam, eles
próprios, no mais íntimo da vida do passado, pois o que assim se encontra
posto em jogo é nada menos do que a passagem da recordação através das
gerações (Marc Bloch apud Le Goff, 1990, p. 101).
A criação do Memorial deixa evidente que a autora do projeto, Maria José
Franco Ferreira da Costa, intentava enunciar uma história, que tinha por finalidade
redefinir o lugar particular que ocupou seu pai na pluralidade dos acontecimentos
históricos; ao mesmo tempo em que pretendia colaborar para a história paranaense e
brasileira, disponibilizando para o público em geral o material que tinha em os. Na
organização e gestão do memorial, destacando a relação que o pai teria estabelecido
com seus pares, construiu uma versão da história e da vida de Lysimaco Ferreira da
Costa que, evidentemente, dá visibilidade a determinados aspectos e silencia sobre
diversos outros. Nessa escrita fragmentária, a família elaborou uma imagem modelar de
Lysimaco Ferreira da Costa como educador e homem público, dando destaque à
22
“grandeza” de sua capacidade intelectual. Muitos aspectos da vida pessoal e familiar
que contribuem para evidenciar suas virtudes foram também postos em relevo. Nesse
trabalho de construção de memória, todos os objetos e documentos que puderam ser
expostos para engrandecê-lo foram selecionados. Em contrapartida, os documentos que
pudessem, na concepção de Maria José Franco Ferreira da Costa, de alguma forma,
expor desfavoravelmente a imagem do pai, ou de pessoas a ele ligadas, ficaram
“guardados a sete chaves”.
Assim sendo, o Memorial Lysimaco Ferreira da Costa é aqui tratado como
um monumento, no sentido atribuído por Le Goff (1990, p. 535), segundo o qual, o que
de fato sobrevive não é o conjunto daquilo que existiu no passado, mas uma escolha
efetuada quer pelas forças que operam no desenvolvimento temporal do mundo e da
humanidade, quer pelos que se dedicam à ciência do passado e do tempo que passa, os
historiadores”. Monumentos e documentos são, portanto, materiais da memória e fruto
de uma seleção que depende tanto das condições do desenvolvimento de uma sociedade
quanto da ação específica daqueles agentes que se dedicam à “ciência do tempo que
passa”, os historiadores em sentido amplo. Entendendo que os arquivos precisam ser
interrogados, decifrados e criticados, o Memorial Lysimaco Ferreira da Costa tornou-se
um objeto de questionamento e investigação.
O acervo do Memorial Lysimaco Ferreira da Costa é composto por
documentos de origem privada e documentos de procedência pública, que remetem a
instâncias do Estado. Alguns desses documentos deveriam integrar fundos de arquivos
públicos, mas, tendo Lysimaco Ferreira da Costa permanecido à frente de cargos
públicos por um longo período de tempo, tais documentos acabaram por integrar a sua
documentação pessoal.
As fontes disponíveis sobre o período em que Lysimaco Ferreira da Costa
esteve em Rio Pardo foram cruzadas com os relatórios do Ministério da Guerra e o
Decreto n. 2881, de 18 de abril de 1898, em vigor no período. Algumas informações
foram buscadas também no livro publicado por um companheiro seu em Rio Pardo, o
General Pantaleão Pessôa (1972).
Além dos documentos mencionados, compõem o acervo: móveis, objetos de
uso pessoal, fotografias, artigos de jornal e trabalhos de Lysimaco Ferreira da Costa,
bem como alguns trabalhos escritos sobre ele. Uma outra parte da documentação trata
de assuntos políticos pedidos de empregos e favores, para os próprios solicitantes ou
23
para terceiros, agradecimentos por favores prestados, entre outros. Há também uma farta
biblioteca, notadamente sobre educação, com livros e documentos raros sobre o tema
6
.
ainda uma grande quantidade de correspondências recebidas por
Lysimaco Ferreira da Costa - cartas, telegramas e bilhetes que foram conservados
independentemente de quem fosse o autor; e pedidos de ordem diversa. Algumas das
cartas e telegramas podem ser representativas de suas relações de amizade e de prestígio
político, mesmo sem que se leve em conta o conteúdo. Outras tantas revelam a troca de
idéias com outros intelectuais. São, muitas vezes, pedidos para avaliação de livros,
pedidos de opinião sobre artigos ou pedidos de sugestão de bibliografia. Há também
grande quantidade de correspondência social mensagens de natal, felicitações pelo
aniversário, congratulações por novos cargos ocupados, convites e agradecimentos por
manifestações de pesar.
Dentre os documentos disponíveis, as trocas epistolares se mostraram
especialmente úteis para este estudo. A correspondência privada de Lysimaco Ferreira
da Costa está sendo aqui entendida como um “lugar de sociabilidade”, que permite
analisar as relações tecidas entre ele e outros intelectuais e políticos, revelando seu
papel nos múltiplos cargos que ocupou e o lugar da comunidade política entre ambos.
Assim, por meio da correspondência é possível o acesso e o mapeamento de uma rede
de sociabilidade, uma vez que nela estão presentes os indícios para identificar e
caracterizar tais relações, iluminando a sua atuação como homem público e pessoa
privada, como político e intelectual. A correspondência de Lysimaco Ferreira da Costa
encontra-se presente em boa parte do arquivo, porém, dispersa em pastas referentes a
inúmeras temáticas, tanto de caráter público quanto pessoal. A presença de
correspondência ativa, no entanto, é rara no acervo.
Embora sejam muitas as dificuldades de lidar com esses documentos, é
certo que possibilitam “mapear uma rede de trocas de favores políticos (ao mesmo
tempo públicos e pessoais), principalmente considerando a posição em que se situava o
destinatário das cartas” e, assim, possibilitar a discussão de “questões clássicas da
historiografia e da sociologia, tais como as práticas clientelísticas e dos circuitos de
poder em momentos específicos da história republicana do Brasil” (Gomes, 1993, p.
6
Todo este material está no Memorial à disposição do público para consultas e pesquisas,
mediante um agendamento prévio.
24
21). Ainda sobre o uso das correspondências como fonte de pesquisa para o historiador,
Gomes (1993, p. 41) afirma que
as correspondências permitem que o pesquisador se aproxime de aspectos
subjetivos, integrantes e mesmo definidores de redes de sociabilidade, mas
de difícil acesso quando se utiliza outros tipos de fontes. Entre tais aspectos
está toda uma dimensão expressiva, um clima intensamente emocional que
se pode detectar da troca de cartas. Ela envolve aproximações e afastamentos
entre os missivistas, momentos mais estratégicos na construção dos
relacionamentos e também diversas espécies de integrantes da rede,
conforme os graus de afetividade nela explicitados. Além disso, a
correspondência pessoal é sempre um lugar particularmente especial para se
avaliar o investimento efetuado na construção da imagem do titular do
arquivo, tanto por ele mesmo quanto pelos que a ele se dirigem por carta.
A carta, como prática de escrita, tanto fala de quem escreve quanto de quem
a recebe, revelando o grau de relacionamento entre os envolvidos, assim,
Trocar cartas, corresponder-se, são formas de se expor, compartilhar
experiências cotidianas e/ou profissionais e, muito especialmente pôr ordem
em suas idéias, clarificar e recordar pensamentos, sensações e sentimentos
(Vinão Frago 1999, pp 127-128).
Acrescenta-se ainda que a intenção aqui foi, menos de trabalhar com um
número significativo de cartas, e mais de construir uma amostra da qual se pudesse
extrair dados qualitativos no que se refere às sociabilidades nos campos intelectual e
político.
Organização dos Capítulos
O primeiro capítulo trata das circunstâncias nas quais Lysimaco Ferreira da
Costa desenvolveu a sua formação, abrangendo desde os primeiros estudos iniciados em
Curitiba, sua passagem pelas Escolas Militares de Rio Pardo–RS e do Rio de Janeiro, e
a formação acadêmica no curso de Engenharia da Universidade do Paraná, enfatizando
não somente a formação intelectual bem como as redes de relações intelectuais e
políticas que estabeleceu com seus companheiros de trajetória.
O segundo capítulo aborda a trajetória profissional de Lysimaco Ferreira da
Costa no Paraná, como educador, reformador da instrução pública e político, trazendo a
cena os embates ideológicos e políticos que permearam a sua atuação nos primeiros
25
anos do século XX. Nesse capítulo evidencia-se que os recursos intelectuais e sociais
que Lysimaco mobilizou para diagnosticar os problemas e projetar soluções para a
educação paranaense e brasileira na década de 1920, período de sua maior atuação, são
marcadas pela formação que recebeu, especialmente nas escolas militares, e pelas redes
sociais as quais pertenceu.
O terceiro e último capítulo põe em evidência a atuação e circulação de
Lysimaco Ferreira da Costa entre os renomados educadores brasileiros. Apresenta a sua
atuação no IV Congresso Brasileiro de Instrução Secundária e Superior, realizado em
1922, no Rio de janeiro, como parte das comemorações do Centenário da
Independência, entendido como o “evento” a partir do qual Lysimaco Ferreira da Costa
se insere num determinado circuito fora do ambiente paranaense, ganhando visibilidade
em âmbito nacional. A partir da atuação nesse Congresso Lysimaco Ferreira da Costa
amplia sua rede de sociabilidade, inserindo-se numa rede de relações mais ampla, da
qual faziam parte, por exemplo: Everardo Adolfo Backeuser, Fernando Raja Gabaglia,
José Piragibe, Edgard Sussekind de Mendonça, Venâncio Filho, Heitor Lyra da Silva,
entre outros. O capítulo apresenta ainda a participação de Lysimaco Ferreira da Costa
no projeto de criação da Associação Brasileira de Educação (ABE) e seu esforço para
consolida-lo, por exemplo, tendo sido o organizador da I Conferência Nacional de
Educação.
26
CAPÍTULO I
A TRAJETÓRIA DE FORMAÇÃO DE LYSIMACO
FERREIRA DA COSTA
____________________________________________________
1.1. Notícias do Paraná em meados do século XIX
Lysimaco Ferreira da Costa nasceu em uma década marcada por muitas
transformações no país: acelerado crescimento urbano, a substituição do trabalho
escravo pelo trabalho assalariado; a mudança do regime monárquico para o regime
republicano; a mudança de uma economia exclusivamente agrária para a organização de
uma indústria; o estabelecimento de uma política imigratória, entre outras.
No Paraná, desde a emancipação política
7
, os primeiros presidentes
provinciais esforçaram-se por consolidar Curitiba como a capital, construindo ou
melhorando as ligações desta cidade com outros núcleos populacionais da Província,
notadamente Paranaguá (Padis, 1981, p. 28). Curitiba começou a apresentar um
crescimento significativo desde a conclusão da Estrada da Graciosa, que ligava a capital
ao litoral, por volta de 1873. A finalização das obras da estrada de ferro também
exemplifica a preocupação da administração pública com o progresso da região
8
.
Na época, a extração e transformação da erva-mate era a principal atividade
econômica da Província. Com a criação de tais estradas, o escoamento do produto foi
favorecido, tanto em relação ao volume transportado, quanto à rapidez, incentivando a
transferência da maioria dos engenhos beneficiadores de mate que se encontravam no
7
O Paraná foi elevado a categoria de Província em 19 de Dezembro de 1853. A escolha por
Curitiba para capital da província deveu-se ao fato de ser “mais central e bastante populosa”.
Segundo o Presidente da Província, “por estar serra-acima, poderia atender melhor aos
interesses e necessidades que se faziam sentir nessa parte da Província” (Westphalen, 1998).
8
Considerada uma das obras ferroviárias mais “notáveis do país”, a Estada de Ferro Paranaguá-
Curitiba foi construída entre 1880 e 1884 e nela trabalharam os engenheiros Antônio Rebouças,
João Teixeira Soares e Francisco Pereira Passos: “Com seus túneis encarreirados, viadutos que
se sucedem pontes que se estendem uma após a outra” (Jornal do Commercio, dezembro de
1884).
27
litoral para o Planalto. A localização dos ervais e dos engenhos beneficiadores na
mesma área facilitou muito o trabalho daqueles que se dedicavam apenas à coleta do
produto, pois antes, deveriam transportá-lo às costas até o litoral, por caminhos difíceis.
Assim sendo, um número maior de pessoas passou a se dedicar a essa atividade,
incrementando a produção. O aprimoramento do processo de industrialização da erva-
mate contribuiu para estimular o comércio e o ritmo de sua exportação, proporcionando
o crescimento da capital, por volta de 1880
9
(Padis, 1981, p. 50).
A intensificação do movimento imigratório para o Paraná também
contribuiu para o desenvolvimento da região e aumento da população. O total da
população na Província em 1854 era de 62.258 habitantes, passando para 126.722
habitantes, em 1872, quando foi realizado o primeiro recenseamento geral do Brasil
(Padis, 1981, p. 27). Em 1890, um novo recenseamento fora realizado, acusando, no
Paraná, um total de 249.491 habitantes. A partir de meados do século XIX, além de uma
maior movimentação da vida política, da industrialização da erva-mate e do incremento
do comércio, verifica-se o crescimento de atividades culturais e de lazer, tanto na capital
como nas cidades e vilas do interior da Província (Abreu, 2003).
O crescimento urbano desordenado passa a ser alvo de preocupação para a
sociedade curitibana. A elite paranaense passa a reivindicar “obras de grande porte que
atestassem o status da cidade e essas obras deveriam ser executadas de forma científica”
(Berberi, 1998, p. 39). As idéias de “salubridade” e “recreio”, segundo Berberi,
pautaram algumas construções, como, por exemplo, o Passeio Público, em 1886. À
medida que a cidade ia crescendo, aumentavam os problemas de infra-estrutura. Na
tentativa de minimizar tais problemas, criou-se, em 1888, uma “comissão de
melhoramentos urbanos, composta por engenheiros, médicos, higienistas, políticos e
alguns engenheiros do mate” (Berberi, 1998, p. 40). A Comissão elaborou o primeiro
“Código de Posturas de Curitiba”, em 1895. Segundo Berberi (1998), este código
“determinava como e onde construir, e também tratava da higiene relativa aos
estabelecimentos comerciais”.
No que tange ao ensino, nos primeiros anos da Província, eram precárias as
condições de funcionamento das escolas públicas, não atraindo muitos candidatos ao
magistério. Ao professor cabia providenciar as condições necessárias ao ensino, desde o
9
A produção da erva mate continuou em alta crescente até 1915, quando então, começou a
decair, dando lugar à produção cafeeira em ascendência.
28
“aluguel de casa com sala adequada, aa chamada dos alunos em idade escolar para a
matrícula e freqüência à escola” (Wachowicz, 1981, p. 32).
Até meados do século XIX, o havia em Curitiba, tampouco em
Paranaguá, um edifício próprio para o ensino das primeiras letras (Cf Kubo, 1986, pp.
206-208). Em 1883, a Assembléia Provincial decretou que a construção de casas
escolares fosse confiada às Câmaras municipais e, até aquela data, ainda não havia casas
próprias destinadas às escolas (Cf. Wachowicz, 1981, pp. 95-96).
Muitos alunos eram pobres e não dispunham de recursos para aquisição de
material escolar. Em muitos casos, era o professor quem supria os materiais necessários,
como o caso de um professor de Paranaguá que, em 1866, “mandava copiar os livros
para os alunos pobres, pelos alunos adiantados” (Wachowicz, 1981, p. 94). Em muitas
outras escolas, as crianças ficavam impossibilitadas de realizar as tarefas por não
possuírem o material nem poder o professor fornecê-lo. A baixa freqüência escolar era
preocupação permanente das autoridades administrativas (Cf. Oliveira, 1986, p. 41).
Em 1876, no governo do Presidente Lamenha Lins, foi aprovado um novo
Regulamento da Instrução Pública, considerado o mais completo e melhor elaborado da
Província
10
.
A liberdade de ensino em todos os graus foi conferida por esse regulamento,
como tentativa de promover o surgimento de colégios particulares, para ajudar o
governo na expansão do ensino. O resultado da iniciativa pode ser aferida nas palavras
do Presidente Lamenha Lins:
Notei com verdadeiro prazer instalarem-se diferentes escolas e colégios
particulares depois de promulgado o regulamento. [...] Penso que para
semelhante resultado deveria concorrer essa bem entendida liberdade, que
não prejudicando o ensino oficial, pode despertar a iniciativa cidadã (rel. do
Presidente da Província, em 15/02/1876, apud Oliveira, 1986, p. 43).
A formação de professores foi contemplada no governo do Presidente
Lamenha Lins com a criação de uma Escola Normal. Em 12 de abril de 1876, foi
sancionada a Lei 456, criando o Instituto Paranaense, no qual seria realizado o curso
de preparatórios
11
. Anexa ao Instituto, foi criada a Escola Normal. O ensino realizado
10
Regulamento Orgânico da Instrução Pública da Província do Paraná. In: Paraná, Leis
Decretos etc. Leis e Regulamentos da Província do Paraná. Curityba, Typ. Paranaense, 1876.
11
O Liceu de Curitiba, extinto em 1874, fora reaberto em 1876, com o nome de Instituto
Paranaense.
29
nas duas instituições seria ministrado pelos mesmos professores, pois a situação
financeira da Província não permitia a contratação de novos professores:
O ensino das disciplinas nestes cursos, ambos secundários, era simultâneo e
ministrado pelos mesmos professores. A Escola Normal tinha duração de
dois anos e no seu plano de estudos constavam, entre outras, duas disciplinas
específicas para a formação de professores primários: Pedagogia e
Metodologia (Miguel, 2000, p. 208).
A reorganização da situação funcional dos professores foi prevista no
Regulamento de 1876, que estabeleceu o ingresso no magistério por meio de concurso,
“como forma de moralizar a admissão de professores, a fim de serem evitados os
apadrinhamentos políticos” (Oliveira, 1994, p. 41).
Outras medidas para melhoria das condições de funcionamento das escolas
públicas foram previstas pelo Regulamento de 1876, mas nem sempre postas em
prática, como a determinação que as câmaras municipais fornecessem vestuário, livros,
e o mais necessário para os alunos pobres. Segundo Wachowicz (1981, p. 94), a
insuficiência de recursos não permitiu a “realização destas despesas”.
De acordo com Wachowicz (1981, p. 38), a reforma eleitoral de 1882, que
permitia o voto somente àqueles que soubessem ler e escrever, “teve muita influência no
discurso das autoridades sobre a instrução pública, as quais redobraram a ênfase na sua
importância proclamada”. Várias escolas foram criadas, porém, muitas delas
permaneciam fechadas por falta de professores.
Ao final do império, a Província estava endividada e as deficiências na área
da educação permaneciam as mesmas do período anterior: falta de professores
habilitados, de equipamentos e instalações adequadas, baixa freqüência por parte dos
alunos. Segundo dados apresentados por Oliveira (1994, p. 44), a rede escolar pública e
particular de ensino primário no Paraná contava com 199 escolas, distribuídas por 130
localidades, sendo 180 públicas e 19 particulares. Das 180 escolas da rede pública, 43
estavam vagas (sem professores).
Essas primeiras considerações a respeito de alguns aspectos da vida
paranaense no século XIX são aqui apresentadas, tão somente, para dar ao leitor umas
tantas informações das condições sócio-culturais do Paraná, lugar no qual está imerso o
objeto central deste trabalho, o intelectual Lysimaco Ferreira da Costa, uma vez que as
condições econômicas e sociais eram bastante diferentes dos grandes centros do país.
30
1.2. Primeiros estudos de Lysimaco em Curitiba
O avô paterno de Lysimaco, Antonio Ferreira da Costa, nascido na cidade
do Porto, em Portugal, fora comandante da marinha mercante portuguesa. Embora essa
fosse uma carreira civil, a formação dos oficiais da Marinha Mercante Portuguesa só foi
separada e retirada da Escola Naval em 1903.
É provável que Antonio Ferreira da Costa tenha se formado na Academia
Real da Marinha e Comércio do Porto, uma vez que, desde a sua criação em 1803 e
posterior conversão em Academia Politécnica do Porto (1837), era nessa instituição que
se formavam os oficiais da Marinha de Guerra, da Marinha Mercante e os Engenheiros
do Exército
12
. A Academia chegou a ser considerada a “mais importante e atualizada da
época”, devido à ênfase que nela se conferia à Matemática e a suas aplicações práticas,
com vistas ao desenvolvimento da náutica e das atividades comerciais. Com três anos
de duração, seu curso era composto de aulas de “Aritmética, Geometria e Trigonometria
Plana; Cálculo Diferencial e Integral, noções de Estática, Dinâmica, Hidrostática e
Óptica; Trigonometria Esférica e Arte de Navegar, teórica e prática” (Cf. Henriques,
2005).
Após a terceira viagem ao Brasil, a serviço da Marinha Mercante
Portuguesa, Antonio Ferreira da Costa abandonou a Marinha para aqui se estabelecer.
Casou-se com Inácia Ferreira, com quem teve 8 filhos, e se fixou em Guaraqueçaba,
litoral do Paraná, onde lecionou na escola primária local, “nomeado pelo Governo
Provisório de São Paulo, em 1851” (A República, 15/10/1927, apud Costa, 1995). Ao se
transferir para Curitiba, fundou sua própria escola, enquanto dava aulas particulares
para os filhos de distintas famílias curitibanas”. Foi professor de Português, Literatura
Nacional e Religião no Liceu Paranaense, de 1871 até falecer, em 1879. Consta, ainda
que, teria sido nomeado para a cadeira de Química e Física da Escola Normal de
Curitiba (Cf. Vianna, apud Costa 1995).
A bagagem cultural trazida pelo avô, particularmente, a inclinação para a
matemática, marcou as escolhas familiares. O pai de Lysimaco Ferreira da Costa,
Antonio Ferreira da Costa Filho (1845-1902), também fora professor primário em
Guaraqueçaba, cidade onde nasceu. Ao se transferir com a família para Curitiba,
12
Portugal criou as primeiras organizações com este fim em 1761, localizadas em Lisboa e
Porto, com fontes de financiamento que incluíam as Associações de Comerciantes.
31
assumiu o cargo de escriturário da Fazenda Nacional, sem abandonar totalmente o
magistério, lecionando particularmente nas horas livres. Além do avô, do pai e do tio de
Lysimaco Ferreira da Costa, consta que seus irmãos teriam sido, igualmente,
“excelentes alunos e professores de Matemática” (Cf. Costa, 1995).
Nascido em 1883, em Curitiba, Lysimaco Ferreira da Costa iniciou seus
estudos na “Escola da Primeira Cadeira”, dirigida por seu tio, Manoel Ferreira da
Costa
13
.
A liberdade de ensino, presente na legislação paranaense, incentivava a
abertura de escolas por particulares
14
. De acordo com o “Regulamento da Instrução
Pública” do Estado do Paraná, de 1891, no capítulo referente às escolas particulares:
Art.38º. É livre o exercício do magistério em qualquer dos graus de ensino,
assim como a escolha de methodos, programmas e compêndios, nas escolas
particulares. (Capítulo VII, p.141).
As obrigações das escolas particulares perante o Estado resumiam-se em
comunicar a instalação e o fechamento do estabelecimento; disponibilizá-lo às visitas
das autoridades; remeter ao diretor geral da instrução pública, a cada trimestre, os
mapas de matrículas, freqüências e grau de aproveitamento dos alunos.
A instrução primária pública, de acordo com o mesmo regulamento, estava
organizada em dois graus de ensino: o primeiro grau ou elementar e o segundo grau ou
complementar
15
. No grau elementar, o currículo era compreendido por: Instrução Moral
e Cívica; Leitura e escrita; Noções gerais e práticas de Gramática Portuguesa;
Elementos de Aritmética (incluindo o sistema métrico); Desenho. O currículo do grau
complementar, além das matérias do Grau, compreendia: Aritmética aplicada;
Cálculo Algébrico e de Geometria; Regras de Contabilidade usual e Escrituração
Mercantil; Ciências Físicas e Naturais; Desenho Geométrico e de ornamento; Geografia
Industrial e Comercial (Cf. Oliveira, 1994, p. 187-188).
Aos dez anos de idade, Lysimaco Ferreira da Costa prestou exames finais na
“Escola dos Bons Meninos”, dirigida por José Cleto da Silva, tendo obtido aprovação
13
Lysimaco Ferreira da Costa nasceu em 1883 e faleceu, em Curitiba, em 1941, aos 58 anos de
idade.
14
Segundo Oliveira (1994, p. 42), desde a instalação da Província, houve incentivo aos
particulares para fundarem escolas.
15
A lei paulista de 1846, que serviu de base para a legislação paranaense depois da emancipação
política (1853), dividia o ensino primário em dois graus – elementar e superior. A denominação
cadeira de primeiras letras referia-se à escola elementar ou de 1ª ordem (Vechia, 1998).
32
com o grau de “distinção”
16
. Pouco tempo depois, Lysimaco começou a trabalhar para
auxiliar o pai na manutenção da casa. Foi admitido, em 1895, como encarregado da
escrituração na Farmácia Requião, função que exerceu até ingressar no serviço militar
(Cf. Costa, 1995). Em 1896, ingressou no Gymnasio Paranaense.
17
O Gymnasio Paranaense, antigo Instituto Paranaense, foi criado em 1892,
para se adequar à legislação federal. Foi esta uma tentativa de superação dos estudos
fragmentários pelo estudo seriado. De acordo com o Relatório apresentado pelo Dr.
Victor Ferreira do Amaral e Silva, em de Novembro de 1893, tendo sido modificado
o programa geral do Gymnasio Nacional pelo Decreto Federal 1, de 28 de Dezembro
de 1892, o Governo do Estado do Paraná teria feito, por sugestão sua, idêntica
modificação no Gymnasio Paranaense, lavrando o decreto 6, de 17 de Fevereiro de
1893 (Cf. Rel. 1893).
No ano de 1893, em função da nova organização, funcionaria apenas o
primeiro ano do curso do recém criado Gymnasio Paranaense. Segundo Victor Ferreira
do Amaral e Silva,
tendo-se transformado radicalmente o antigo Instituto Paranaense no actual
Gymnasio, cujo programma é bem diverso, poderia este anno funccionar
regularmente o anno do curso do Gymnasio único para o qual podia ser
aberta a matrícula.
No entretanto, em obediência ao artigo 97 do citado Regulamento,
admittiu-se á inscripção alumnos que querião (sic) freqüentar aulas de
preparatórios avulsos. A matrícula geral deu o seguinte resultado:
1 Anno do gymnasio – 33 alumnos
Aulas avulsas – 107 alumnos. (Rel 1893, p. 15).
Naquele ano, informa o mesmo relatório, as aulas de desenho e música não
puderam funcionar por falta de salas com condições apropriadas. No ano seguinte, o
16
Documento em exposição no Memorial.
17
Pela Lei nº 33 de 13 de março de 1846, da Província de São Paulo, foi criado o “Liceo de
Coritiba”, recebendo as seguintes denominações posteriores: em 1876, pela Lei n.º 456, de 12
de abril, de Instituto Paranaense; em 1892, pelo Decreto n. 3 de 18 de outubro, passou a chamar-
se Gymnasio Paranaense – denominação mantida até 1942 (Straube, 1990).
33
Gymnasio ainda não pôde funcionar regularmente, desta vez, em conseqüência da
Revolução Federalista
18
:
O Gymnasio Paranaense ainda este anno não pôde funccionar regularmente,
porque a época de sua matrícula incidio (sic) no período anormal e foi feita
pelo delegado do governo revolucionário (Rel. 1894).
O Relatório apresentado pelo Dr. Victor Ferreira do Amaral e Silva,
Superintendente Geral do Ensino, em 29 de setembro de 1894, após reassumir o cargo,
do qual estivera afastado em função da Revolução, informava que professores e alunos
abandonaram as escolas por “falta de garantias”, e que muitas das cadeiras vagas não
eram preenchidas por falta de “pessoal idôneo”.
Lysimaco Ferreira da Costa freqüentou o Gymnasio Paranaense em um
período em que a instituição passava por transformações, tanto em função do Decreto
Estadual n. 3, de 18 de outubro de 1892, quanto pelas dificuldades geradas pela
Revolução, na condição de aluno avulso, a mais comum à época
19
. Sabe-se que algumas
matérias que faziam parte do programa de estudos do Ginásio Paranaense, em
consonância com o programa do Ginásio Nacional, o foram cursadas por Lysimaco
Ferreira da Costa, por exemplo, Desenho e Inglês (Cf. carta do pai a Lysimaco em
02/08/1901).
20
Procedente de família pobre, mas intelectualizada, as dificuldades
financeiras o o impediram de deixar Curitiba, em 1901, para prosseguir seus estudos;
destino incomum entre os curitibanos cujos pais não pertenciam às elites econômicas ou
políticas. Segundo Oliveira (1986, p. 174), os filhos de famílias abastadas iam estudar
18
Com a renúncia de Deodoro à presidência da república, em 1892, o vice, Floriano Peixoto,
deveria convocar novas eleições. O General negou-se a isso e fechou o Congresso. A marinha
do Brasil rebelou-se e exigiu a queda de Floriano. No Rio Grande do Sul, os federalistas passam
a exigir a saída de Flores da Cunha do governo do Estado, único governador não substituído por
Floriano, e se rebelam. Os federalistas avançaram sobre Santa Catarina, juntando-se aos
combatentes da revolta armada, que se iniciara nos navios estacionados no Rio de Janeiro.
Juntos invadem o Paraná, tomando Curitiba. Depois, sem uma estrutura apropriada para a
guerra, recuaram, concentrando-se no Rio Grande do Sul. Milhares de pessoas morreram nos
dois anos e meio de guerra. Apesar da enérgica intervenção do presidente Floriano Peixoto,
apoiado pelo Exército e pelo Partido Republicano Paulista, o conflito se resolveu em 1895,
com a rendição dos revoltosos, pela mediação do novo presidente eleito, Prudente de Morais.
19
Somente o grau de bacharel em letras concedido pelo Ginásio Nacional habilitava para a
matrícula em qualquer dos cursos superiores, independentemente de novos exames junto às
faculdades. Este fato desestimulava a freqüência nos Ginásios provinciais, contribuindo para a
baixa procura pelo ensino regular no país.
20
Foram 22, as cartas enviadas a Lysimaco Ferreira da Costa pelo pai.
34
nos grandes centros, ficando em Curitiba somente os filhos de famílias pobres e, destes
últimos, apenas uma pequena parcela tinha acesso à educação.
Aos jovens eram oferecidas reduzidas alternativas de carreira: a destinação
para o clero mantinha sua alta cotação entre as famílias católicas, mas essa opção não
parece ter sido cogitada para Lysimaco. o constam também que lhe tenham sido
estimuladas as academias de Direito ou de Medicina sediadas em outros Estados. A
carreira militar, que acabou prevalecendo, foi sugestão do pai, que desejava que seu
filho se tornasse um general (Costa, 1995, p. 17). Não consta ter havido qualquer
resistência, por parte de Lysimaco, ao desejo paterno (Cf. Costa, 1995, p. 18).
O primeiro passo rumo à carreira militar foi dado por Lysimaco ao
ingressar, em 1900, no “Sexto Regimento de Artilharia de Campanha”, sediado em
Curitiba, ficando encarregado do “ensino de recrutas e empregado na Secretaria”
(Costa, 1995, p. 21). No mesmo ano, obteve autorização e licença para matricular-se na
Escola Preparatória e de Tática do Rio Pardo, no Rio Grande do Sul, para onde seguiu
no dia 3 de março de 1901.
O trânsito por aquele circuito cultural singular, estranho à maioria da
população, colocou à disposição de Lysimaco Ferreira da Costa os instrumentos para se
projetar como intelectual e homem público, assim como lhe forneceu as condições
sociais para fomentar uma rede de relações duradouras, na qual estavam os colegas que
partilharam a sua trajetória.
1.3. Educação Militar
Nas escolas militares, Lysimaco Ferreira da Costa entrou em contato com
idéias e ideais positivistas. A direção da educação militar para a ciência e a técnica,
fruto da orientação positivista introduzida desde fins do Império, contrastava com a
predominante formação literária das elites, a cultura livresca dos bacharéis, atraindo
grande parte de seus formandos para carreiras civis de destaque, como engenheiros e
professores das ciências físico-matemáticas.
O positivismo, cujos princípios sicos foram formulados por Augusto
Comte (1798-1857), representa uma reação contra o apriorismo, o formalismo, o
idealismo, predominantes na primeira metade do século XIX, propagando maior ênfase
35
na experiência e nos dados “positivos”, ou seja, valorizando a descrição e a análise
objetiva da experiência. Como produto do progresso das ciências naturais,
particularmente das biológicas e fisiológicas, do século XIX, o positivismo tem como
proposta aplicar à filosofia os princípios e os métodos daquelas ciências, a fim de
compreender a sociedade e o homem, e promover a reorganização da primeira, mediante
a reforma intelectual do segundo.
De acordo com Comte, o espírito humano e as ciências teriam se
desenvolvido em três estados sucessivos: o teológico, o metafísico e o positivo. No
estado teológico, o espírito humano explica os fatos por meio da crença na intervenção
de seres sobrenaturais - divindades e espíritos. Este estado teria um papel importante de
coesão social, fundamentando a vida moral. No estado metafísico, substituem-se os
deuses por princípios abstratos, e a argumentação toma o lugar da imaginação. Na
esfera política, o espírito metafísico corresponderia a uma substituição dos reis pelos
juristas (Cf. Comte, 2005). O estado positivo caracterizar-se-ia pela subordinação da
imaginação e da argumentação à observação. Tal concepção repercute diretamente na
técnica: o conhecimento das leis positivas, ou dos fenômenos da natureza, permitiria
prever o fenômeno que se seguirá e, eventualmente, agindo sobre o primeiro, modificar
o segundo. Assim, uma das características do estado positivo é a previsibilidade: ver
para prever é o lema da ciência positiva. No plano social e político, o estágio positivo
marcaria a passagem do poder espiritual para as mãos dos sábios e cientistas, e do poder
material para o controle dos industriais.
Comte defendeu a idéia de que as ciências, no decurso da história, não se
tornaram "positivas" na mesma data, mas numa certa ordem de sucessão que
corresponde a uma classificação de acordo com a complexidade crescente de seus
objetos. Assim, a complexidade crescente permite estabelecer a seguinte seqüência:
matemática, astronomia, sica, química, biologia, sociologia. A sociologia é vista por
Comte como “o fim essencial de toda a filosofia positiva”, em um sentido amplo, em
que se incluem a psicologia, a economia política, a ética e a filosofia da História.
Comte distingue a sociologia estática da sociologia dinâmica. A primeira
estuda as condições gerais de toda a vida social, considerada em si mesma, em qualquer
tempo e lugar. A sociologia dinâmica estuda as condições da evolução da sociedade. A
idéia principal da estática é a ordem; da dinâmica, o progresso, e a evolução é tida como
lei fundamental dos fenômenos empíricos, isto é, de todos os fatos humanos e naturais,
decorrendo, daí, a crença no progresso.
36
No Brasil, o positivismo assumiu feições diversificadas. Um positivismo
herdeiro das últimas concepções comtianas da mística Religião da Humanidade,
defendido por um dos discípulos de Comte, Pierre Laffitte; e que se manteve distante da
movimentação política
21
; outro, defendido por Émile Littré, que encontrou nas Escolas
Militares um ambiente favorável à sua divulgação.
No Brasil, segundo Lins (1967, p. 11), o positivismo foi “o eixo em torno
do qual girou o estado de espírito de toda uma geração”. Apareceu como um todo
que pretendia modificar a sociedade, por meio de um surgimento pacífico e natural de
um estado positivo. Esse estado seria decorrente da evolução da humanidade, desde que
essa se imbuísse de seus princípios. O projeto dos positivistas brasileiros seria a de
formação de um estado superior, concretizado pela República, que primaria pela ordem
e progresso, pautados na ciência.
A condenação da Monarquia em nome do progresso; a separação da Igreja
do Estado; a idéia de ditadura republicana e o apelo a um Executivo forte e
intervencionista foram algumas das idéias que encontraram eco entre o grupo dos
militares. A formação técnica dos militares em oposição à formação literária da elite
civil contribuiu para exercer atração sobre o grupo, devido à ênfase dada pelo
positivismo à ciência e ao desenvolvimento industrial.
Um grupo social que se sentiu particularmente atraído por esta visão da
sociedade e da república foi o dos militares. Para Carvalho (1999a, pp.95-96), esse é um
fato extremamente irônico, de vez que, de acordo com as teses positivistas,
um governo militar significaria retrogradação social. [...] Acontece que os
militares tinham formação técnica, em oposição à formação literária da elite
civil, e sentiam-se fortemente atraídos pela ênfase dada pelo positivismo à
ciência, ao desenvolvimento industrial. Por outro lado, por serem parte do
próprio Estado, não podiam dele prescindir como instrumento de ação
política. A idéia de ditadura republicana tinha para eles um forte apelo,
embora na América Latina ela pudesse aproximar-se perigosamente da
defesa do caudilhismo militar e assim tenha sido vista por observadores
estrangeiros, sobretudo europeus, durante os dois governos militares que
iniciaram a República (Carvalho, 1999a, pp.95-96).
21
Nos últimos quinze anos de sua vida, Comte estabeleceu os princípios de uma religião da
Humanidade, substituindo o Deus das religiões reveladas pela própria humanidade, considerada
como Grande-Ser.
37
Assim, foi primeiramente nas Escolas Militares que essas idéias
encontraram um ambiente favorável à sua divulgação. De acordo com Lins (1967, p.
37), as idéias comtianas começaram a repercutir abertamente na Escola Militar do Rio
de Janeiro, por volta de 1850. Desde então,
Foram numerosas [...] as dissertações positivistas apresentadas nos principais
estabelecimentos de ensino do Rio de Janeiro: Colégio Pedro II, Escola
Militar, Escola da Marinha, Escola de Medicina, Escola Politécnica,
encontrando repercussão, inclusive, fora dos meios didáticos.
Muitos dos professores da Escola Militar foram influenciados pelo
positivismo: Benjamin Constant
22
, Miguel Joaquim Pereira de Sá, Joaquim Alexandre
Manso Sayão, Manoel Faria Pinto Peixoto, Augusto Dias Carneiro, Roberto
Trompowsky Leitão de Almeida (discípulo e substituto de Benjamin Constant),
Sebastião Francisco Alves, F. de Almeida Fagundes, Licínio Cardoso, Liberato
Bittencourt, J. J. Firmino, Manuel Almeida Cavalcanti, Samuel de Oliveira, José Eulálio
da Silva Oliveira, Lauro Sodré, Cândido Mariano Rondon, Octávio Saint Jean Gomes,
Saturnino Nicolau Cardoso, Antônio Gabriel de Morais Rêgo, Antônio José Ozório e
André Bernardino Chaves (Cf Lins, 1967, p. 289).
Por ser o Rio de Janeiro, no século XIX, sede da Corte e do Parlamento,
centralizando a vida política do país, contando com diversos estabelecimentos de ensino
e centros culturais de valor, estava, segundo Lins (1967, p. 243), “fadado a ser o teatro
do mais intenso surto do Positivismo no Brasil”.
Considera-se, portanto, que a importância do positivismo na formação
daquela geração está no fornecimento de um método, uma chave para o conhecimento
da realidade e na crença da ciência como meio de transformação da realidade em
benefício da sociedade, um meio de alavancar o progresso do país.
É nessa perspectiva que as idéias positivistas tiveram um grande alcance
entre os militares e, conseqüentemente, marcaram profundamente os indivíduos que
passaram por essas escolas.
22
Em novembro de 1873, ao participar do concurso para professor da Escola Militar, antes de
prestar as provas orais, fez Benjamin a declaração de que, aceitando o Positivismo e devendo
por ele pautar as suas lições, indagava à mesa examinadora se tal adesão o incompatibilizava
para o lugar para o qual se propunha. Achava-se presente Dom Pedro II, e a mesa examinadora,
depois de um aceno do Imperador, declarou que Benjamin podia prestar a sua prova... (Lins,
1967, p. 317).
38
1.3.1. Lysimaco na Escola Preparatória e de Tática de Rio Pardo
Lysimaco Ferreira da Costa dirigiu-se para a Escola Preparatória e de Tática
de Rio Pardo, uma vez que para seguir a carreira militar teria de freqüentar uma das
escolas práticas do Exército.
Eram duas as escolas preparatórias e de tática existentes: a Escola do
Realengo, no Rio de Janeiro e a Escola de Infantaria e Cavalaria, na cidade de Rio
Pardo, no Rio Grande do Sul (Grunennvaldt, 2005, p. 25). Essas escolas eram
destinadas a ministrar o ensino teórico e prático exigido para a matrícula no primeiro
ano da Escola Militar do Brasil, localizada no Rio de Janeiro.
A viagem de Lysimaco Ferreira da Costa até Rio Pardo durou 10 dias, sendo
cinco dias de navio de Paranaguá até a cidade de Rio Grande e, de lá, mais cinco dias,
passando por Pelotas e Porto Alegre, achegar ao destino final, no dia 13 de março de
1901. Lysimaco Ferreira da Costa escrevia com freqüência ao pai, indicando ter com
este uma maior afinidade. Durante a viagem, foram enviadas três cartas.
A cidade de Rio Pardo não tinha muitos atrativos. Quanto à Escola,
funcionava “em edifício acanhado, [...] não comportando mais de 120 alunos, estando,
porém, em estado de asseio e conservação” (Relatório do Ministério da Guerra, 1899).
Quando o programa de ensino da Escola Preparatória e de Tática do Rio
Pardo foi enviado por Lysimaco Ferreira da Costa ao pai, causou surpresa por estar
além das suas expectativas, possivelmente pautadas nos padrões paranaenses de ensino
da época. O pai elogia o programa e afirma entender, então, a razão “por que dizem
serem reprovados muitos alunos...” (carta do pai a Lysimaco, 18/04/1901). Reprovar era
indicativo de ensino sério; portanto, o argumento da reprovação era utilizado para
atestar a boa qualidade do ensino ministrado (Cf. Barros, 1986, p. 213)
23
.
De acordo com o programa, o ensino teórico e prático era ministrado em
três anos, o podendo o aluno freqüentá-lo por mais de quatro (Decreto n. 2881, de 18
de abril de 1898, Art. 60).
O Plano de ensino previa dois grupos de “doutrinas”, conforme o quadro 1.
23
Victor Ferreira do Amaral, um dos fundadores da Universidade do Paraná, em 1913, atesta a
qualidade da universidade paranaense utilizando por argumento o elevado índice de reprovação:
“...a seriedade com que foram realizados os exames finais, em que não foram raras as
reprovações, tudo demonstra que se trata de uma instituição com todos os requisitos de
viabilidade” (Relatório Geral da Universidade do Paraná, 1913, p. 07).
39
QUADRO 1 – DISTRIBUIÇÃO DAS DOUTRINAS POR SEÇÕES
NAS ESCOLAS PREPARATÓRIAS E DE TÁTICA
SEÇÃO
DOUTRINAS
Português
Francês
Inglês
Alemão
Geografia
História e Corografia
Aritmética
Álgebra
Geometria e Cosmografia
Elementos de História Natural, precedidos de noções de
Física e Química.
Desenho.
Fonte: Decreto n. 2881, de 18 de abril de 1898, art. 62.
O Plano de ensino indica uma tentativa de conciliar as aulas de
Humanidades, as Línguas Modernas, as Ciências Exatas, Físicas e Naturais com o
conteúdo prático que materializaria o ensino militar. Essa configuração é indicativa de
uma concepção de formação no Exército que procurava articular a formação intelectual
com a utilidade prática, ou seja, os fundamentos teóricos antecederiam os práticos, mas
de forma articulada, de sorte a atender aos objetivos de formação de um oficial “a um só
tempo político e técnico-especialista” (Grunennvaldt, 2005, pp. 24-25). As “doutrinas”
deveriam ser distribuídas nos três anos do Curso Preparatório e de Tática, na seguinte
ordenação:
QUADRO 2 – CURSO PREPARATÓRIO E DE TÁTICA POR ANO E DOUTRINAS
ANO DOUTRINAS
Gramática Portuguesa;
Gramática Francesa, com leitura e versão fácil;
Geografia, especialmente a da América do Sul;
Aritmética;
Desenho Linear.
Estudo Complementar da Língua Vernácula;
Estudo Complementar da Língua Francesa;
Gramática Inglesa ou Alemã, seguida de leitura e versão fácil;
Álgebra;
Desenho de Aquarela.
Estudo Complementar da Língua Inglesa ou Alemã;
História Universal, especialmente do Brasil e Corografia Pátria;
Geometria Elementar com seu complemento trigonométrico e
cosmografia;
Elementos de História Natural, precedidos de noções de Física e
Química.
Fonte: Decreto n. 2881, de 18 de abril de 1898, art. 62.
40
De acordo com o Regulamento da Escola Preparatória e de Tática do Rio
Pardo, três meses após a matrícula era realizado um exame parcial para avaliar se o
progresso alcançado pelo aluno o habilitava a continuar os seus estudos (Pessôa, 1972).
Sobre os resultados alcançados por Lysimaco Ferreira da Costa nesse
exame, escreve-lhe o pai:
As tuas cartas de 10 e 24 do mez findo, esta hoje recebida, nos encheram de
contentamento. Nem podia deixar de ser assim, attento o conceito que aqui
firmaste de estudante intelligente e applicado; e espero, nunca hás de
desmentir. Tua mãe até melhorou e levantou-se da cama com a leitura de
tuas cartas. Recebi de meus amigos muitos parabéns pelos bons resultados
das provas que exhibiste. Fiquei admirado de teres feito exame de inglês e
desenho, com apenas 4 meses de estudo. Fizeste muito. Nos surprehendeste
(carta de 02/08/1901).
O pai demonstrava sempre muito orgulho pelos bons resultados obtidos pelo
filho destacando o “valor” que atribuía à educação e secundando os sacrifícios da
família para mantê-lo na Escola:
se é sacrifício porque ganho muito pouco, não o é quando se trata da
educação dos filhos; é, pois, bem gasto; se aplica mal quando se aplica a
fins que prejudicam a saúde, o crédito, a dignidade... (Costa, 1995, p. 24)
As dificuldades financeiras da família são atestadas, por exemplo, no fato de
Lysimaco o viajar para casa, nas férias de fim de ano, para passar o Natal com a
família. Contudo, o pai o poupou esforços para mantê-lo e comprar os livros
necessários, cujos custos eram elevados, dado que estes eram procedentes do Rio de
Janeiro ou de São Paulo (Cf. Costa, 1995).
Lysimaco Ferreira da Costa realizou o programa do curso em apenas dois
anos. Tendo cumprido algumas disciplinas no Ginásio Paranaense, foi dispensado de
algumas aulas e adiantou-se em outras. Em março de 1902, foi promovido a
sargenteante da segunda série do curso
24
.
O resultado final obtido nas disciplinas indica que, com a Matemática
(Aritmética, Álgebra e Geometria) ele tinha, de fato, maior familiaridade.
24
Os alunos que apresentassem certidões de aprovação nos exames do Ginásio Nacional e
instituições similares, excetuados os de Matemática, poderiam ser dispensados dos exames,
podendo freqüentar as aulas que faltassem para completar o período e, ainda, freqüentar as aulas
de outros anos, desde que respeitadas as possíveis dependências entre as matérias. No caso da
Matemática, seriam aceitos os atestados oriundos da Escola Politécnica, da Escola Naval e a
de Minas, de Ouro Preto (Decreto n. 2881, de 18 de abril de 1898, art. 68 a 76).
41
QUADRO 3 – DESEMPENHO DE LYSIMACO FERREIRA DA COSTA
NA ESCOLA DE RIO PARDO
ANO DISCIPLINAS NOTAS
Aritmética (1º ano) 10
Desenho Linear (1º ano) 8
Gramática Inglesa, seguida de leitura e versão fácil. (2º ano) 7
1901
Álgebra. (2º ano) 9
Desenho de Aquarela (2º ano) 6
História Universal, especialmente do Brasil e Corografia Pátria
(3º ano)
7
Estudo Complementar da Língua Inglesa (3º ano) 9
Geometria Elementar com seu complemento trigonométrico e
cosmografia (3º ano)
10
1902
Elementos de História Natural, precedidos de noções de Física
e Química (3º ano)
7
Fonte: Van Erven (1944, p. 14).
Em janeiro de 1903, prestou os exames finais do curso, tendo sido aprovado
em todas as disciplinas, conforme o quadro acima.
O corpo docente era composto por um grupo de 11 professores, todos
oficiais do Exército com curso nas três armas. Os professores da Escola, na época, eram
os seguintes:
de matemática eram Anfilóquio de Azevedo, Francisco Sérgio de Oliveira e
Hipólito das Chagas Pereira, todos competentes e dedicados ao ensino. Em
Português pontificava Oscar Miranda; em Francês, Marques de Sousa; em
Inglês, Barreto Viana; em desenho, Joaquim de Andrade Vasconcelos; em
Aquarela, Marques Guimarães; em Física e Química, José Rafael de
Azambuja; em Geografia, Marcolino de Souza; e em História, Honório de
Aguiar (Pessôa, 1972, p. 06).
Quanto ao ensino prático,o há registros sobre o seu desempenho. Sabe-se
que, conforme o Regulamento de 1898, o ensino prático pelas atividades descritas no
quadro a seguir:
42
QUADRO 4 – RELAÇÃO DAS ATIVIDADES DO ENSINO PRÁTICO
DA ESCOLA MILITAR DE RIO PARDO
Ensino Prático
Instrução elementar das três armas [infantaria, cavalaria e artilharia]
combatentes até a escola de batalhão ou regimento;
Estudo descritivo do armamento e munições de guerra;
Curso experimental de tiro;
Noções de balística e serviço de campanha;
Escrituração militar até a de batalhão ou regimento;
Preceitos de subordinação; honras e precedências militares;
Honras e precedências militares; Esgrima de baioneta;
Esgrima de baioneta;
Escola de lança e espada;
Equitação, Ginástica e Natação;
Geometria Prática.
Fonte: Decreto n. 2881, de 18 de abril de 1898.
Para o funcionamento das aulas práticas, a Escola dispunha de espaço e
alguns poucos materiais, necessitando de algumas aquisições, sendo freqüentes as
queixas nos relatórios por parte do comando da Escola. registros de que parte do
material fora encomendado na Europa, de sorte a atender às solicitações.
No ano de 1900, a organização escolar foi alterada para poder melhor
contemplar os estudos práticos. O trecho abaixo, retirado do Relatório de 1900 do
Ministério da Guerra, embora extenso, foi transcrito por detalhar a realização das
atividades práticas, tão defendidas por alguns oficiais do exército e pouco mencionadas
nos estudos sobre as Escolas Militares:
Procurando dar ao ensino prático a importância que merece, visto
corresponder as exigências mais imediatas do serviço militar, imprimiu-se-
lhe o interesse que deve inspirar, aproximando-o quanto possível das
condições de guerra.
Encerradas as aulas teóricas e os respectivos exames, foram os trabalhos
escolares concentrados exclusivamente nos exercícios práticos, segundo um
programa convenientemente organizado.
Nos de tiro ao alvo, quer individuais, quer de conjunto, em posição fixa e em
movimento, as porcentagens obtidas foram satisfatórias. Nos exercícios de
cada arma isolada, como nos combinados de duas armas n’um ensaio de
castrametação em que as três manobraram conjuntamente, foi observado o
rápido progresso dos alunos, em poucos dias familiarizados com as
manobras e operações táticas executadas.
Com o intuito de habituá-los à fadiga das marchas e predispor-lhes o ânimo a
suportá-las oportunamente, partiu a escola na madrugada de 10 de janeiro,
43
com um contingente do batalhão de engenharia, formando uma brigada
mista das três armas, composta de uma divisão de cavalaria, outra de
artilharia e um batalhão de infantaria.
Em duas marchas, realizadas pela manhã, foram vencidos 36 quilômetros até
a vila de Santa Cruz, observando-se em todo o trajeto o dispositivo da
marcha de guerra mais conveniente às armas e mais adequado ao número de
praças de que se compunha a coluna.
Nos acampamentos mantiveram-se as regras de castrametação e todas as
medidas acauteladoras.
Com o espontâneo concurso de um grupo do Grêmio dos Gaúchos ali
existente, que se aprestou para tolher o passo a coluna, houve o ensejo de
pôr-se em prática os princípios da tática de combate, exigidos pelos
acidentes dos terrenos, com a cautela de guardar quando se desconhece as
espécies e o número das forças adversas.
Nos últimos 11 quilômetros em que o terreno era mais acidentado,
entremeado de escabrosas elevações, desfiladeiros sucessivos e cortado por
fortes depressões, além de esparsos carrascais que bordam barrancosos
regatos – a coluna sustentou renhido simulado, pondo em ação as três armas.
No torneio de tiro com os atiradores civis, realizado em Santa Cruz,
conquistaram os alunos três prêmios.
Depois de dois dias de falha, efetuou-se o regresso em três etapas até a sede
da escola. O percurso de 36 quilômetros foi feito em 10 altos horários.
Com o duplo fim de exercitar no embarque e desembarque de tropas em via
férrea e simular um assalto a cidade de Cachoeira, marchou a mesma brigada
mista escolar, em comboio especial formado por 18 wagons.
O embarque efetuou-se com a maior regularidade possível dentro de uma
hora, tendo sido convenientemente embarcados todo o pessoal, oitenta
animais, material de artilharia, ambulância para doentes e veículo de
provisões, e, na melhor ordem, desembarcados em ¾ de hora, apesar de não
serem apropriadas as estações das duas cidades para tais operações.
No dia da chegada, foi simulada com todas as regras a ocupação militar da
cidade, realizando-se também exercícios de fogo; e, nos dois subseqüentes,
tomaram os alunos parte nos torneios de tiro de clubes civis, em duas
respectivas linhas, alcançando êxito favorável.
Deviam os exercícios práticos terminar com assalto simulado a uma posição
fortificada, conforme o programa organizado. Essa operação não foi efetuada
por falta de tempo, iniciando-se apenas a construção de um redente
(Relatório do Ministério da Guerra de 1900).
Ainda em relação ao ensino prático, consta que foram realizadas
modificações para serem “ministradas com a precisa regularidade” a instrução das três
armas - infantaria, cavalaria e artilharia (Relatório do Ministério da Guerra, 1901).
44
1.3.2. A conformação das condutas na Escola de Rio Pardo
Em Rio Pardo, Lysimaco Ferreira da Costa experimentou um ambiente
escolar diverso daquele que conheceu como aluno avulso do Ginásio Paranaense. O
maior contraste era o rígido regime disciplinar que, por meio de normas, sanções e
recompensas, procurava estruturar a conduta dos alunos.
De acordo com o relato de Pessôa (1972, pp 05-06), o ambiente escolar
intimidava os calouros quechegavam:
para mim, o contraste da vivência e o horror aos trotes eram indescritíveis. O
ambiente escolar, mesmo para quem não viesse de morada pacífica e
familiar, era pouco acolhedor, e o formalismo militar ficava abaixo de
qualquer crítica. [...] O meu refúgio, o lugar em que me sentia bem, era a
casa da boníssima amiga D. Adelaide, a única pessoa que me dava a
convicção de não ter mudado de mundo.
Lysimaco Ferreira da Costa também se queixara ao pai, que, por sua vez,
procurava estimular o filho, por intermédio das cartas, ao desanimar frente às
“injustiças” e dificuldades que enfrentava:
Embora soffras alguma injustiça, muito própria, ou natural nos homens,
prossegue com perseverança; pois deves ter sempre em vista que estás
tratando de ti, preparando o teu futuro; plantando hoje para colheres aman
e quanto te é penoso agora e diffícil a tarefa, daqui a 5 annos reconhecerás o
teu bem-estar de alumno e podes dizer meu futuro está feito... (Carta de
02/08/1901).
Em contrapartida, o rígido regime disciplinar contribuiu para o
estabelecimento de uma cumplicidade e de um sistema de ajuda mútua entre os alunos.
Isso se revela, por exemplo, no auxílio dado àqueles que apresentavam dificuldades de
aprendizagem. Com um bom domínio na Matemática, evidenciado pelas notas que
apresentava, Lysimaco Ferreira da Costa prestou auxílio aos demais, conforme o relato
transcrito abaixo:
Pelo regulamento em vigor, três meses depois da matrícula, haveria um
primeiro exame parcial para julgar se o progresso alcançado pelo aluno o
habilitava a continuar os seus estudos. Com grau 4 em aritmética, na
primeira sabatina, procurei quem me esclarecesse nos mistérios das
quantidades literais e encontrei em Lisímaco (sic) Ferreira da Costa um
bondoso e hábil professor. O bom resultado veio logo (Pessôa, 1972, p 06).
45
F
OTO
1 –
COLEGAS DE LYSIMACO EM
R
IO
P
ARDO
ACERVO: MEMORIAL LYSIMACO FERREIRA DA COSTA.
Alguns dos colegas de Lysimaco Ferreira da Costa em Rio Pardo foram:
OCTAVIO FRANCO DE SOUZA (Paraná)
THUCYDIDES NEGRÃO (Paraná)
CLOTÁRIO (?)
ILDEFONSO (?)
PLÍNIO ALVES MONTEIRO TOURINHO (Paraná)
CYRO CORREIA (Paraná)
CAETANO JOSÉ MUNHOZ (Paraná)
MANOEL DE CERQUEIRA DALTRO FILHO (Bahia)
25
ULYSSES VIEIRA (Paraná)
BRAZILIO CARNEIRO DE CASTRO
MANOEL FLORENCIANO DA SILVA
IBANEZ CARDOZO
EVARISTO MARQUES
JOÃO GUEDES DA FONTOURA
TANCREDO VIEIRA DA CUNHA
JOÃO FERREIRA JOHNSON
ARNALDO SOARES
PANTALO PESSÔA
26
25
Daltro Filho transferiu-se para Curitiba por volta de 1910 e participou da fundação da
Universidade do Paraná.
26
Pantaleão da Silva Pessôa (1885-1980) nasceu em Bagé (RS). Militar, ocupou o cargo de
secretário geral da interventoria do Estado do Rio de Janeiro de junho a novembro de 1931.
Assumiu então efetivamente a interventoria, em substituição ao general Mena Barreto, que
solicitara demissão. Ocupou o cargo até 15 de dezembro de 1931, quando se definiu a disputa
pelo governo do estado em favor da corrente tenentista contra a oligarquia local. Em outubro de
1932 foi designado para a chefia do Estado-Maior do Governo Provisório, correspondente ao
atual Gabinete Militar da Presidência da República. Como atribuição do cargo, chefiou também
a secretaria geral do Conselho Superior de Segurança Nacional, até 27 de junho de 1935. Em
46
GETÚLIO DORNELES VARGAS
JAYME POGGI DE FIGUEIREDO
BRAZ DO REVOREDO BARROS
Os três últimos citados teriam sido expulsos da Escola por terem vaiado o
Capitão Marcos Telles, nomeado para substituir o coronel do corpo de engenheiros,
Bellarmino Mendonça, no comando da Escola (Cf. Pessôa, 1972, p. 08). O novo
comandante não encontrara apoio entre os alunos, por ter uma postura muito rígida.
Além disso, os alunos não concordaram com a substituição do Cel. Bellarmino
Mendonça. Conforme relata Pessôa,
a vaia dada ao Capitão Marcos Telles, foi motivada por exigência de
compostura no responder à chamada da revista do recolhedor. O Capitão
era áspero no trato e pouco conciliador. Na noite da vaia, os alunos se
contiveram em sua presença, mas, na sua retirada, quando descia as escadas
do vestíbulo, irromperam em vaia, acompanhada pelo lançamento de
sapatos. Esse fato ocorreu na Companhia. Não assisti por pertencer à 2ª,
que formava em local distante. Soube, logo depois, que o Capitão Telles
voltou para a frente da Companhia indisciplinada, apelou para a hombridade
dos vaiadores, relacionou os que se apresentaram e logo participou o fato ao
Comandante da Escola.
No dia seguinte, foram, além de presos, desligados da Escola e recolhidos a
corpos de tropa, os vaiadores e os que tinham se solidarizado com eles. O
Exército perdeu com essa estudantada, bons e valorosos elementos, entre os
quais lembro Getúlio Dorneles Vargas, Jayme Poggi de Figueiredo e Braz do
Revoredo Barros (Pessôa, 1972, p 06).
Pelo teor da carta enviada pelo pai, depreende-se que Lysimaco Ferreira da
Costa manifestara sua insatisfação, menos por ser o “severo” Capitão Marcos Telles o
novo comandante da escola, mas sim pela destituição do Coronel Bellarmino Mendonça
do comando da Escola:
Senti que os Drs. Bellarmino e Firmino sahiram dahi. A tua [carta] sobre as
ocorrências mostrei ao Dr. [ilegível] que também ficou triste com sua leitura,
apreciando muito tua opinião franca acerca da política, achando que tens
muito juízo. O que aconteceu ao Dr. Bellarmino sirva de exemplo para os
outros militares. Não me disseste quem é o novo comandante da Escola. Se
mesmo o Dr. Joaquim Martins de Mello? Assim que entre um Cel, seja quem
for, manda-me dizer sem perda de tempo... (Carta de 02/08/1901).
julho, foi designado para a chefia do Estado-Maior do Exército, deixando o cargo no ano
seguinte. Foi reformado em novembro de 1937, logo após o envio de uma carta sua ao então
Ministro da Guerra, Eurico Dutra, fazendo críticas ao golpe de estado que implantara o Estado
Novo. Fontes: ABREU, Alzira de & BELOCH, Israel (coords.). Dicionário histórico-biográfico
brasileiro:1930-1983. Rio de Janeiro. Ed. Forense Universitária: FGV/CPDOC: FINEP, 1984,
v.4. LACOMBE, Lourenço Luiz. Os chefes do executivo fluminense. Petrópolis:Vozes, 1973.
47
Em 1901, dos 349 alunos matriculados, 117 alunos teriam sido “desligados
da Escola. Dentre esses, 29 eram oficiais e 88 praças (Relatório de 1901). Os motivos
alegados foram os seguintes:
QUADRO 5 – TRANSFERÊNCIA DE ALUNOS EM 1901.
MOTIVOS ALUNOS TRANSFERIDOS
Por transferência para a Escola Militar do Brasil 33
Por transferência para a Escola do Realengo 5
Por terem sido reprovados em exames adiados 19
Por inabilidade nos primeiros exames parciais 14
Incursos no art. 128 10
Idem no art. 222 28
Idem no art. 223 4
Por trancamento de matrícula 4
Fonte: Relatório do Ministério da Guerra de 1901.
Naquele ano, o rígido regime disciplinar vigente fora o motivo do
desligamento de 10 alunos. Segundo o artigo 128 do Regulamento de 1898,
Para que possa exercer tão efficazmente como convém a sua elevada
autoridade, poderá o commandante da escola desligar della qualquer alumno
ou empregado da administração, que commetter falta grave contra a
disciplina, moralidade, ordem e subordinação que devem reinar no
estabelecimento, dando parte motivada desse acto ao Governo.
Os artigos 222 e 223, com base nos quais foram desligados 28 e 4 alunos,
respectivamente, referiam-se a freqüência:
Art. 222. O alumno, que tiver mais de 30 pontos, perderá o anno e o
commandante da escola o mandará desligar, dando-lhe o conveniente
destino
27
.
Art. 223. Por uma falta não justificada marcar-se-ão três pontos. O Alumno
que commetter 10 faltas não justificadas perdeo anno e será desligado da
escola, na forma do artigo antecedente (Regulamento de 1898).
Sob o comando do Coronel de Engenheiros Joaquim Martins de Mello,
concluíram o curso, em 1902, apenas 50 alunos, sendo 10 oficiais e 40 praças.
27
O aluno recebia um ponto caso faltasse a uma ou mais aulas ou trabalhos no mesmo dia (Cf.
Regulamento de 1898).
48
Por meio de um sistema de punições e recompensas, procurava-se modelar o
comportamento dos alunos. Para isso, a conduta do aluno, tanto quanto o desempenho
intelectual, eram alvo de avaliação.
Em virtude da morte do pai, o maior interlocutor de Lysimaco Ferreira da
Costa, em março de 1902, são poucas as informações referentes ao último ano do curso
em Rio Pardo. Apesar do precário estado de saúde de sua mãe, a morte do pai não
alterou, naquele momento, sua trajetória. Lysimaco Ferreira da Costa terminou o ano
letivo de 1902 com o título de melhor aluno da Escola, tendo, por isso, recebido um
prêmio do Ministério da Guerra, de trezentos mil réis em dinheiro e um revólver com
cabo de marfim (Cf. Costa, 1995, p. 28)
28
.
Sendo a Escola altamente seletiva, quer pelo rigoroso regime disciplinar,
quer pelo alto nível de exigência de desempenho intelectual, estar entre os concluintes
era significativo, ainda mais, considerando-se que cumpriu todo o programa em apenas
dois anos.
28
O encerramento do ano letivo, ao que tudo indica, ocorria mediante os exames prestados em
janeiro do ano seguinte.
49
1.3.3. Escola Militar do Brasil
Em 1903, Lysimaco Ferreira da Costa ingressou no primeiro ano do Curso
Geral da Escola Militar do Brasil, também conhecida como Escola Militar da Praia
Vermelha, sediada no Rio de Janeiro.
F
OTO
2 - E
SCOLA
M
ILITAR DO
B
RASIL
A
CERVO
: M
EMORIAL
L
YSIMACO
F
ERREIRA DA
C
OSTA
.
A Escola Militar do Brasil era o lugar de formação de grande parte dos
oficiais do fim do Império e da primeira década da República (Carvalho, 2005, p. 24). A
Escola teve origem na Academia Real Militar de 1810, dividida em 1858 para separar o
ensino militar da parte de engenharia civil. O ensino de engenharia passou a ser
ministrado pela Escola Central, posteriormente transformada em Escola Politécnica.
Modificada pelo Regulamento de 1898, a Escola Militar do Brasil oferecia o
Curso Geral, com três anos de duração, para habilitar o oficial nas “três armas
combatentes” e o Curso Especial, com dois anos de duração, destinado àqueles que
obtivessem aprovação em todas as disciplinas do Curso Geral. O Curso Especial
compreendia o Curso de Estado-Maior e Engenharia Militar (Grunennvaldt, 2005, p.
62).
Em 1898, o Plano de ensino do Curso Geral foi distribuído por três anos, da
seguinte forma:
50
QUADRO 6 – DISTRIBUIÇÃO DAS DOUTRINAS DO CURSO GERAL,
POR ANO E POR CADEIRA
1º ANO 2º ANO 3º ANO
1ª cadeira
Geometria
Algébrica,
Diferencial e
Integral.
Mecânica;
Balística.
Artilharia, compreendendo o estudo e fabrico da
pólvora, substâncias explosivas, artifícios de guerra,
bocas de fogo, armas de guerra portáteis, reparos,
viaturas, projéteis, metralhadoras, foguetes de guerra e
torpedos – tudo precedido do conhecimento das
madeiras de construção, bem como das indispensáveis
noções sobre resistência dos materiais.
2ª cadeira
Física
Experimental;
Noções de
Meteorologia
Química;
Metalurgia.
Fortificação;
Minas militares.
3ª cadeira
Estratégia
e
História
Militar.
Direito internacional, com aplicação às relações de
guerra, precedendo noções de direito público;
Constituição da República;
Direito Militar;
Justiça militar.
Aula
Geometria
Descritiva;
Planos
Cotados.
Topografia;
Desenho
Topográfico.
Perspectiva e sombras;
Desenho de fortificações e máquinas de guerra.
Fonte: Decreto n. 2881, de 18 de abril de 1898, art.79.
O Plano do Curso Especial, dividido em dois anos, compreendia as
seguintes cadeiras:
QUADRO 7 – DISTRIBUIÇÃO DAS DOUTRINAS DO CURSO ESPECIAL,
POR ANO E POR CADEIRA
1º ANO 2º ANO
cadeira
Astronomia, precedida da revisão de
Trigonometria Esférica;
Geodésia.
Resistência dos materiais;
Estabilidade das construções;
Grafostática;
Mecânica aplicada às maquinas.
cadeira
Preparação do exército para a guerra, no que
concerne a missão do Estado-Maior.
Hidráulica;
Pontes
Estradas, principalmente em relação à arte da
guerra.
cadeira
Mineralogia;
Geologia
Botânica.
Administração militar, precedida de noções de
economia política e direito administrativo.
Aula
Teoria e Desenho das Cartas Geográficas. Arquitetura;
Desenho correspondente;
Stereotomia
29
.
Fonte: Decreto n. 2881, de 18 de abril de 1898, art. 79.
29
Possivelmente, refere-se a estereotomia, que significa “arte de dividir e cortar com rigor os
materiais de construção”.
51
A introdução dos estudos científicos na formação militar originou-se da
própria necessidade colocada pela prática bélica. O estudo equivocadamente qualificado
como “teórico” decorreu de uma necessidade prática colocada pela sofisticação do
armamento. Conhecer os princípios da física e da química, por exemplo, era uma
exigência para o domínio dos novos artefatos de guerra (Cf. Alves, 2006). Para a defesa
do território pertencente ao Estado-Nação, os conhecimentos de história e geografia
eram igualmente importantes.
Por influência do positivismo, sobretudo após a entrada de Benjamin
Constant no quadro de professores, em 1872, a Escola Militar do Brasil tornou-se um
centro de estudos de matemática, filosofia e letras, mais do que disciplinas militares,
sintetizando, melhor do que qualquer outra instituição, determinados traços do
panorama intelectual do período final do Império e inicial da República (Cf. Alves,
2006)
30
.
A crença na ciência como vetor do progresso moral e material da sociedade
encontrava ali um campo de difusão preparado por um ensino tradicionalmente ligado
aos conhecimentos científicos que estiveram na base da modernização das guerras e,
conseqüentemente, na formação militar, desde o século XVIII.
A constituição de traços “humanístico-científicos” foi consolidada nos
regulamentos da Escola Militar de 1890, de 1898 e de 1905 (Cf. Grunennvaldt, 2005,
pp. 24-25). A formação de oficiais que pudessem desenvolver atividades tanto políticas
quanto cnicas foi uma tentativa de conciliar interesses divergentes dentro do próprio
Exército.
A tradição de uma formação intelectualizada, acrescida de uma tendência
pacifista, contribuía para que as escolas militares fossem alvo de muitas críticas. O
General Tito Escobar, por exemplo, afirma, em 1914, que:
Raros soldados de escol produziram as escolas militares e raríssimos
exemplares deles nos legaram; sobram-nos, entretanto, enraizados
burocratas, literatos, publicistas e filósofos, engenheiros e arquitetos
notáveis, políticos sôfregos e espertíssimos, eruditos professores de
matemática, ciências físicas e naturais, como amigos da santa paz universal,
do desarmamento geral, inimigos da guerra, adversários dos exércitos
permanentes (apud Carvalho, 1977, p. 196).
30
Segundo Alves (2006) foram duas as vias de introdução das ciências no Brasil no período, o
ensino médico e o ensino militar. Na cidade do Rio de Janeiro, onde as academias coexistiam,
os alunos de medicina e cirurgia chegaram a buscar aulas de química na Academia Militar.
52
Suplantando o mero uso das armas, o objetivo da Escola Militar era formar
o oficial habilitado também para ocupar cargos na burocracia estatal. Para tanto, era
preciso propiciar o conhecimento e a interação com
os mais modernos institutos, arsenais, laboratórios, observatórios, fábricas,
Escola de Minas, minas em exploração, obras de engenharia, principais
obras e oficinas relacionadas ao exercício das profissões de engenharia,
como repartições telegráficas, enfim, o mundo da produção em que o
epicentro eram as atividades práticas, era a condição para interagir com a
dinâmica da sociedade moderna. Formava-se o oficial para o exercício de
funções na nova ordem republicana em que se imbricavam as estratégias de
formação externos à escola, buscando no mundo da produção e no exercício
da função de oficial complementar sua formação, dirigindo
estabelecimentos, regimentos, comandando soldados e instruindo-os para
torná-los cidadãos da República (Grunennvaldt, 2005, p. 235).
Assim, desenvolveu-se um campo de experiências fundamentais para a
formação intelectual dos oficiais, do que decorreu a imagem do exército como
instituição capaz de fornecer homens para dirigir a nação. Esse conjunto de experiências
práticas propiciadas em seu interior configurou a modernidade no exército e conformou
o modo de pensar, o discurso e as ações dos homens que por passaram. Desse
ambiente, Lysimaco Ferreira da Costa soube absorver os saberes que lhe forneceram a
base intelectual com a qual ingressou na educação e na política paranaense. Lysimaco
Ferreira da Costa e seus companheiros de trajetória, identificados com aqueles valores,
compuseram uma elite intelectualizada que se posicionou politicamente dentro e fora do
exército para propor alternativas de modernização para o país.
A partilha daquelas vivências propiciou também o estabelecimento de laços
de amizade duradouros. Por meio da correspondência trocada, alguns nomes podem ser
citados:
Salvador Cezar Obino
31
,
Arnaldo Ferreira Soares
32
,
Alziro Marinho,
General Possolo,
Francisco José Dutra
Eurico Gaspar Dutra
33
31
Salvador Cesar Obino (1876-1979) foi Chefe do Estado-Maior Geral (antigo Estado-Maior
das Forças Armadas - EMFA e hoje Ministério da Defesa).
32
Foi Coronel do Exército, tendo comandado o 6º Regimento de Artilharia Montada em 1939.
33
Eurico Gaspar Dutra (1883-1974), ingressou na Escola Militar da Praia Vermelha, no Rio de
Janeiro, em 1904. Participou da Revolta da Vacina e, por conta disso, foi expulso da Escola
53
Sebastião Corrêa Fontes
34
Coronel Euclides de Oliveira Figueiredo
35
O prestígio de Lysimaco Ferreira da Costa junto aos ex-colegas pode ser
aferido, por exemplo, quando, nas cartas, dirigiam-se a ele como “Marechal”, patente
máxima no Exército. Consta, também, que a sua casa teria sido sempre o ponto de
encontro de seus ex-colegas, tanto de Rio Pardo quanto do Rio de Janeiro, cada vez que
um deles passava por Curitiba (Cf. Costa, 1995).
Militar, retomando seus estudos no ano seguinte, quando foi anistiado. Em 1906, ingressou
na Escola de Guerra de Porto Alegre; em seguida, cursou a Escola de Artilharia e Engenharia.
Foi freqüente colaborador da revista Defesa Nacional, destinada ao meio militar. Em 1922,
concluiu o curso da Escola do Estado-Maior. Durante a década de 20, por várias vezes esteve
envolvido na repressão aos levantes tenentistas então deflagrados contra o governo federal,
como em 1922, no Rio de Janeiro, e em 1924, em São Paulo. Convidado a participar da
Revolução de 1930, preferiu manter-se ao lado das forças legalistas. Em 1932, teve importante
participação no combate ao movimento constitucionalista desencadeado contra o governo
federal, em o Paulo. Pouco tempo depois, atingiu o generalato e, entre 1933 e 1934, presidiu
o Clube Militar. Em 1936, foi nomeado ministro da Guerra. Nesse posto, cumpriu papel
decisivo, junto com Vargas e com o general Góis Monteiro, no fechamento do regime, que
levou à instauração da ditadura do Estado Novo, em novembro de 1937. Foi o décimo nono
Presidente do Brasil, tendo tomado posse em 31 de janeiro de 1946 e encerrado seu mandato em
janeiro de 1951.
34
Sebastião Corrêa Fontes (1884-1943) ingressou na Escola Militar da Praia Vermelha,
permanecendo até 1904. Quando cursava o último ano da Escola Militar, foi acometido de grave
doença, sendo por isso internado em Hospital Militar em Minas Gerais, o que lhe valeu não
tomar parte na rebelião dos alunos desse estabelecimento de ensino, motivada pela decretação
da vacina obrigatória, instituída por Oswaldo Cruz, para a erradicação da febre amarela. Ao ter
alta do hospital, estando a Escola fechada e os alunos desligados, foi incorporado aos quadros
do Exército como praça, assim permanecendo até ser submetido a exames, nos quais foi
aprovado, que lhe deu o posto de "Alferes-Aluno". Ele e outro colega que se encontrava em
condições semelhantes a sua, foram os dois últimos oficiais, na História Militar do País, a
ocuparem tal posto, pois o mesmo foi extinto, passando a ser denominado Aspirante à Oficial.
Logo depois promovido a Tenente, durante a sua carreira fez todos os cursos que a organização
militar exigia de seus oficiais, incluindo o de Estado Maior e, ainda, os de engenharia civil-
militar e doutorado em Ciências Físicas e Matemáticas. Foi professor substituto de Física e
Química da Escola Militar do Realengo (atual Academia Militar das Agulhas Negras) e,
posteriormente, catedrático, da cadeira de Balística dessa mesma Escola, função que
desempenhou até o seu falecimento.
35
Euclides de Oliveira Figueiredo fez o curso de Cavalaria no Exército Alemão, de 1910 a
1912. Era veterano do Contestado. Chefiou o Curso de Cavalaria da célebre Missão Indígena, da
Escola do Realengo. Participou da pacificação da Revolução de 1923, no Rio Grande. Foi
contra a revolução de 30 como comandante da atual 2a Bda C Mec Brigada Charrua em
Uruguaiana. Pai do ex-presidente João Figueiredo, foi também um dos 13 idealizadores da
revista A Defesa Nacional, junto com Klinger.
54
1.3.4. A expulsão de Lysimaco da Escola Militar do Brasil
Os planos de Lysimaco Ferreira da Costa de se tornar um oficial do Exército
tiveram seu curso alterado em novembro de 1904, quando o Rio de Janeiro foi palco de
uma violenta revolta popular, secundada pela revolta da Escola Militar do Brasil.
A revolta começou como um movimento contra a vacinação obrigatória,
cuja lei havia sido aprovada pelo Congresso Nacional em 31 de outubro de 1904, e por
isso ficou conhecido como a Revolta da Vacina
36
.
No Rio de Janeiro, no início do século XX, a falta de saneamento sico
deixava a população vulnerável a epidemias de febre amarela, varíola e outras doenças.
As camadas menos favorecidas da população eram as principais vítimas da ineficiência
da saúde pública. O presidente Rodrigues Alves decidiu investir no saneamento,
apoiando os projetos de reurbanização do centro da cidade do prefeito Pereira Passos, e
promovendo uma reforma sanitária. Para conduzir a reforma, nomeou o médico
sanitarista Osvaldo Cruz, que passou a chefiar o Departamento Nacional de Saúde
Pública.
Sem entender o alcance e a eficácia das medidas e incitadas pelas notícias
dos jornais, a população reagiu:
Parece propósito firme do governo violentar a população desta capital por
todos os meios e modos. Como não bastassem o Código de Torturas e a
vacinação obrigatória, entendeu provocar essas arruaças que, dois dias já,
trazem em sobressalto o povo. Desde ante-ontem que a polícia, numa
ridícula exibição de força, provoca os transeuntes, ora os desafiando
diretamente, ora agredindo-os, desde logo, com o chanfalho e com a pata de
cavalo, ora, enfim, levantando proibições sobre determinadas pontos da
cidade (Correio da Manhã, 12/11/1904).
A remoção dos moradores dos cortiços e morros centrais para bairros
distantes agravou ainda mais a tensão na capital da República. A oposição criou a Liga
contra a Vacina Obrigatória, e, no dia 10, começou o confronto entre populares e forças
policiais.
Pela Rua Senhor dos Passos, às 7 horas da manhã, subia uma grande massa
de populares, dando morras à vacina obrigatória. Pelos indivíduos que a
compunham foram atacados alguns bondes da o Cristóvão. Ao entrar na
Praça da República foram virados os seguintes bondes: ns. 140, 95, 113, 27,
36
Sobre a revolta da vacina, ver Carvalho, J. M. 2000.
55
55, 105, 87, 101, 38, 41, 85, 56, 31, 13, 130, 101 e 129. Em alguns casos os
populares atearam fogo. A Jardim Botânico sofreu também prejuízos. seus
carros no Catete e Larangeiras (sic), foram atacados (Gazeta de Notícias,
14/11/1904).
Por parte dos militares, havia uma conspiração para derrubar o governo,
chefiada pelo tenente-coronel Lauro Sodré, apoiado nas Escolas Militares (Cf.
Carvalho, 2000, p. 127). No dia 14 de novembro, os cadetes da Escola Militar do Brasil
rebelaram-se contra o governo federal, que ordenara o bombardeio dos morros do bairro
da Saúde, reduto da insurreição.
Os alunos da Escola Militar do Brasil, depois de deporem o general Costallat
do comando desse estabelecimento, elegeram, em substituição, o sr. general
Travassos e em saída saíram em grupos, naturalmente para se reunirem na
praia de Botafogo. Ao seu encontro seguiu do Palácio o 1
o
de infantaria do
exército, sob o comando do coronel Pedro Paulo Fonseca Galvão (Gazeta de
Notícias, 14/11/1904).
Em 16 de novembro, Rodrigues Alves revogou a Lei da Vacina Obrigatória.
No dia seguinte, a polícia ocupou o bairro da Saúde e, com o apoio do Exército e da
Marinha, acabou com a revolta.
Lysimaco Ferreira da Costa deixou registradas as suas impressões sobre o
ocorrido, em um artigo intitulado “O levante de 14 de Novembro”, publicado no jornal
Diário da Tarde:
Era a vacina obrigatória o tema de todas as conversações naquela época, não
na Escola Militar do Brasil como em todo o Rio de Janeiro. Os alunos da
Escola Militar do Brasil acompanhavam todos os movimentos da população
do Rio com simpatia. O Rio fervia; o povo gritava contra a vacina. Lembro-
me da impressão que tive quando me disseram que o governo começaria a
vacina pelo exército para mostrar ao povo que ela era benéfica... A Escola
começou, então, a mostrar verdadeiros movimentos hostis ao governo...
Eu era, nessa ocasião, fila esquerda da secção da companhia, secção
que ficava atrás da bandeira, ao lado da qual seguia Lauro Sodré com
oficiais. Reinava grande entusiasmo na Escola no início do levante... Mas
grande foi a decepção, logo após a volta dos alunos, que foram ter na
Fortaleza de São João com um bravo general do Exército, que foi também
sacrificado.
O heróico general Travassos [comandante da Escola] deixou pender a cabeça
e nada mais disse: a tudo respondia por monossílabos... A tristeza do general
Travassos comunicou-se a todos. Eu estou certo de que naquele instante...
ele tinha a certeza de que ia conduzir ao sacrifício esse grupo de moços que
constituía a Escola Militar do Brasil, tão inconscientes dos perigos a que se
atiravam. Não restava mais dúvida. Nós, alunos, perderíamos, quando muito,
o nosso futuro... (Costa, 1995, p. 30)
56
Pouco antes de morrer, o general Travassos presenteou Lysimaco Ferreira
da Costa com sua arma
37
.
Todos os alunos da Escola Militar do Brasil foram expulsos. Lysimaco
Ferreira da Costa, juntamente com outros alunos, foi enviado para a cidade de Rio
Grande (RS), no porão de um navio e, depois, levado para Paranaguá, de onde seguiu
para Curitiba (Cf. Costa, 1995, p. 30).
Em setembro de 1905, o governo decretou a anistia a todos os alunos que
foram expulsos da Escola Militar, mas Lysimaco Ferreira da Costa o retornou para o
Exército. Para ele, a Revolta de 1904 significou uma alteração profunda nos planos que
ele e seu falecido pai traçaram para o seu futuro. Em contrapartida, a formação que
recebeu nas escolas militares e os laços de amizade que estabeleceu foram decisivos em
diversos momentos da sua vida.
1.4. Lysimaco Ferreira da Costa e a Universidade do Paraná
Confirmando a inclinação pelos estudos interrompidos na Escola Militar do
Brasil, Lysimaco Ferreira da Costa matriculou-se no Curso de Engenharia, em 1913, na
recém-criada Universidade do Paraná
38
.
Fundada em Curitiba, em dezembro de 1912, a Universidade do Paraná foi a
terceira a ser fundada no país
39
(Cunha, 2000, p. 162). A iniciativa foi obra de Victor
37
A arma encontra-se exposta no Memorial Lysimaco Ferreira da Costa.
38
A primeira iniciativa em prol da criação do ensino superior no Paraná data de 1892, quando
José Francisco da Rocha Pombo, político e historiador, na época jornalista e professor,
conseguiu aprovação para o seu projeto. De acordo com a referida lei, a Universidade seria
constituída pelos cursos de Direito, Letras, Comércio, Agronomia, Agrimensura e Farmácia (art.
4º). O próprio Rocha Pombo chegou a colocar a pedra fundamental do prédio da Universidade,
no Largo Ouvidor Pardinho, mas o projeto não pode ser levado adiante em virtude da eclosão da
Revolução Federalista.
39
A primeira universidade criada foi em Manaus, em 1909, durante o curto período de
prosperidade proporcionado pela exploração da borracha. Segundo Cunha (2000, pp 161-162), a
Universidade de Manaus, iniciativa de grupos privados, oferecia os cursos de Engenharia,
Direito, Medicina, Farmácia, Odontologia e de formação de oficiais da Guarda Nacional. Em
1926, a instituição fechou, devido ao esgotamento da prosperidade econômica da região,
restando apenas a Faculdade de Direito, incorporada em 1962 à recém-criada Universidade do
Amazonas. A segunda Universidade criada foi a de São Paulo, com recursos de um “sócio
capitalista” que pretendia recuperar o investimento mediante a cobrança de taxas dos estudantes.
Os cursos ofertados eram: Medicina, Odontologia, Farmácia, Comércio, Direito e Belas Artes.
A concorrência provocada pela criação da Faculdade de Medicina, pelo governo paulista, teria
inviabilizado a Universidade privada, que deixou de funcionar em 1917.
57
Ferreira do Amaral, médico, deputado federal e ex-diretor da Instrução Pública do
Estado, com a ajuda de outros intelectuais, particularmente do médico, engenheiro civil
e militar Nilo Cairo da Silva
40
.
A Universidade do Paraná começou a funcionar em 1913. Tratava-se de
uma instituição particular e autônoma, reconhecida e subvencionada pelo Governo
Estadual. Os primeiros cursos ofertados foram: Ciências Jurídicas e Sociais,
Engenharia, Medicina e Cirurgia, Comércio, Odontologia, Farmácia e Obstetrícia
(Westphalen, 1987).
Em 13 de setembro de 1913, foram aprovados os estatutos da Universidade
do Paraná pelo seu Conselho Superior, apoiados no Decreto n.º 8.659, de 5 de abril de
1911, posteriormente conhecido como Reforma Rivadávia Correia.
O Presidente do Estado, Carlos Cavalcanti, concedeu um crédito especial de
oitenta contos de réis para a construção do patrimônio da Universidade, inicialmente
sediada em prédio alugado, na rua Comendador Araújo, nº 42, (Decreto n. 389, de 23 de
Maio de 1913). Concedeu ainda uma subvenção anual no valor de trinta e seis contos de
réis.
Carlos Cavalcanti de Albuquerque tinha por intenção fazer de Curitiba uma
capital “moderna” e, para tanto, não poupou investimentos, concedendo poderes
especiais ao prefeito e com uma aplicação mais gida do Código de Posturas, foram
colocadas em prática medidas e obras necessárias” para colocá-la em sintonia com o
mundo civilizado.
É uma verdade muito sabida e constantemente glosada essa que as capitaes
representam o expoente maior de progresso dos paizes ou das
circunscripções políticas de que são centro. Partindo desse postulado, fazem-
se os maiores sacrifícios para sanear, embellesar, policiar, e emfim dar todas
as condições de conforto e habitabilidade a essas cidades, cuja situação
excepcional autorisa e exige taes sacrifícios. Os trabalhos colosaes e
grandemente dispendiosos, levados a effeitos com patriotismo e esclarecida
previsão, na Capital da Republica e em S. Paulo, demonstram brilhantemente
as vantagens de uma tal política, compensando com rapidez e amplitude
todos os ônus e compromissos por ventura contrahidos para realisal-a, no
desdobramento do comercio, no augmento da população e na entrada de
novos capitaes que invertem-se em obras de valor ou entram na circulação,
creando serviços, animando industrias e irradiando-se por todo o território
dependente daquelles centros (Mensagem dirigida ao Congresso Legislativo
40
Dr. Nilo Cairo foi engenheiro civil e militar e médico homeopata. Um dos fundadores e
secretário da Universidade do Paraná, foi professor de fisiologia, patologia geral e anatomia
patológica no curso de Odontologia; e homeopatia e terapêutica homeopática no curso de
Medicina. Ministrou ainda algumas disciplinas nos cursos de Farmácia e Engenharia.
58
do Estado do Paraná pelo Exmo. Sr. Dr. Carlos Cavalcanti de Albuquerque,
1914. p. 25).
Dentre as obras realizadas na gestão de Carlos Cavalcanti e Candido
Ferreira de Abreu destacam-se: calçamento das ruas centrais; arborização das ruas;
abertura de avenidas; embelezamento de praças; ampliação do sistema de bondes
elétricos; demolição das construções consideradas insalubres e feias; construção de um
novo mercado, um teatro e do prédio próprio para a prefeitura, entre outras (Cf.
Benvenutti, 2004).
Cândido Ferreira de Abreu foi uma das lideranças políticas que também
colocou o poder público a serviço do projeto universitário. Para favorecer a implantação
da Universidade do Paraná, concedeu, a título gratuito, o terreno situado à Praça Santos
Andrade para que nele fosse construída a sede da Instituição (Cf. Lei n. 399, de 17 de
novembro de 1913). Conforme relata João Soares Barcellos,
com desmedido prazer, também consignamos no nosso relatório a avultada
oferta de um dos mais belos e valiosos terrenos que possui esta Capital, com
o qual o Exmo. Sr. Dr. Cândido Ferreira de Abreu, digníssimo Prefeito de
Curitiba, doou à Universidade do Paraná, para que nele fosse construído o
imponente edifício deste estabelecimento, o qual se acha em adiantada
construção (Relatório Geral da Universidade do Paraná)
41
.
Cândido de Abreu teria exercido a função de prefeito concomitantemente à
função de professor do curso de Engenharia. Por isso, é possível que tenha sido
professor de Lysimaco Ferreira da Costa.
Em 1914, a Universidade do Paraná transferiu-se para o imóvel próprio,
ainda em construção. Não contava com o reconhecimento do Governo Federal, em
função da proibição da equiparação de instituições de ensino superior em cidades com
menos de 100 mil habitantes
42
. À época, Curitiba contava com apenas 66 mil habitantes.
Essa exigência foi contestada e revogada, mas o Conselho Superior de
Ensino indeferiu o pedido de inspeção preliminar da Universidade, “fundado no fato de
não haver no país outra Universidade padrão, à qual [...] pudesse ser equiparada,
41
Cândido Ferreira de Abreu, engenheiro civil, trabalhou na estrada de ferro Madeira-Mamoré.
Foi diretor de Obras Públicas no Paraná e no Rio de Janeiro. Exerceu por duas vezes o cargo de
Prefeito Municipal de Curitiba, foi Deputado Geral e Senador da Republica pelo Paraná.
Faleceu em 22 de fevereiro de 1919.
42
Pelo Decreto n.º 11.530, de 18 de março de 1915, conhecido como a Reforma Carlos
Maximiliano, não seria reconhecido o funcionamento de Universidades em cidades com menos
de 100.000 habitantes.
59
segundo o regime instituído pela lei” (Macedo filho, apud Governo do Estado do
Paraná, 1953). A alternativa para escapar dos impedimentos legais foi desmembrar a
Universidade em três faculdades, Direito, Medicina e Engenharia. Pretendia-se assim,
isoladamente, pleitear o reconhecimento oficial.
Após o desmembramento, passaram a funcionar nove cursos: Direito;
Comércio; Engenharia Civil; Agronomia; Medicina e Cirurgia, Farmácia, Odontologia,
Obstetrícia, Medicina Veterinária (Governo do Estado do Paraná, 1953). As faculdades
de Medicina, Engenharia e de Direito, como faculdades livres, foram equiparadas nos
anos vinte. Em 1950, segundo Cunha (2000), essas faculdades foram incorporadas à
recém-criada Universidade Federal do Paraná.
O grupo que constituiu a Universidade do Paraná foi composto de
intelectuais que exerceram atividades profissionais e/ou políticas na capital paranaense.
Com muitos desses, Lysimaco manteve um vínculo muito próximo.
QUADRO 8: PRIMEIRO GRUPO QUE CONSTITUIU A UNIVERSIDADE DO PARANÁ
CARGO OUTRA OCUPAÇÃO CURSO
CADEIRAS QUE OCUPOU
VICTOR FERREIRA DO AMARAL
DIRETOR Deputado Federal e ex-Diretor da
Instrução Pública do Estado do Paraná
MEDICINA
EUCLIDES BEVILAQUA
VICE-DIRETOR
Desembargador DIREITO: Teoria e Prática do Processo
Civil e Criminal
NILO CAIRO
SECRETÁRIO
Engenheiro civil e militar e médico
homeopata
MEDICINA: Homeopatia e Terapêutica
Homeopática
ODONTOLOGIA: Fisiologia, Patologia
Geral e Anatomia Patológica
FARMÁCIA
ENGENHARIA
MANOEL DE CERQUEIRA DALTRO FILHO
SUB-SECRETÁRIO
Engenheiro Militar ENGENHARIA: Mecânica Geral,
Mecânica Racional e Álgebra
FLÁVIO FERREIRA DA LUZ
TESOUREIRO
Diretor do Ginásio Curitibano DIREITO: Parte Geral do Direito
Criminal, Sociologia Criminal,
Criminologia.
JOÃO SOARES BARCELLOS
TESOUREIRO
HUGO SIMAS
60
BIBLIOTECÁRIO
Advogado e professor da Escola
Normal
DIREITO: Economia Política e Finanças,
Contabilidade do Estado
PAMPHILO DE ASSUMPÇÃO
Membro do
Conselho Econômico
Advogado e Presidente da Associação
Comercial
DIREITO: Parte Geral do Direito Civil,
Direito Civil das Obrigações.
ARTHUR FRANCO.
Membro do
Conselho Econômico
Professor de Português do Ginásio
Paranaense
BENJAMIN LINS
Membro do
Conselho Superior
da Universidade
VIEIRA CAVALCANTI
Membro do
Conselho Superior
da Universidade
Desembargador DIREITO
AFFONSO ALVES DE CAMARGO
Membro do
Conselho Superior
da Universidade
Advogado e Vice-presidente do
Estado (1912-1916)
DIREITO
VIEIRA DE ALENCAR
Membro do
Conselho Superior
da Universidade
DIREITO
CLAUDINO ROGOBERTO F. DOS SANTOS
Membro do
Conselho Superior
da Universidade
Secretário d’Estado dos Negócios do
Interior, Justiça e Instrucção Pública
em 1914.
CIRURGIÃO-DENTISTA
VIRGOLINO BRASIL
Membro do
Conselho Superior
da Universidade
Redator-chefe de O Progresso
ARTHUR OBINO
Membro do
Conselho Superior
da Universidade
ABDON PETIT GUIMARÃES CARNEIRO
Membro do
Conselho Superior
da Universidade
Médico
JOÃO ESPÍNDOLA
Membro do
Conselho Superior
da Universidade
JOÃO MOREIRA GARCEZ
Membro do
Conselho Superior
Engenheiro e Prefeito de Curitiba de
1920-1928
ENGENHARIA
61
da Universidade
ADRIANO GOULIN
Membro do
Conselho Superior
da Universidade
Médico MEDICINA
PLÍNIO TOURINHO
Membro do
Conselho Superior
da Universidade
Engenheiro militar ENGENHARIA: Geometria Analítica e
de Cálculo Infinitesimal
MANOEL CARRÃO
Membro do
Conselho Superior
da Universidade
JOÃO DAVID PERNETA
Membro do
Conselho Superior
da Universidade
CÂNDIDO DE ABREU
Membro do
Conselho Superior
da Universidade
Engenheiro
Prefeito de Curitiba (1913-1916)
ENGENHARIA
NIÉPCE DA SILVA
Membro do
Conselho Superior
da Universidade
ENGENHARIA
SEBASTIÃO PARANÁ
Membro do
Conselho Superior
da Universidade
Bacharel em Ciências Jurídicas e
Sociais, Professor do Ginásio
Paranaense, Diretor Geral de Ensino
do Paraná
DIREITO
GENEROSO BORGES DE MACEDO
Membro do
Conselho Superior
da Universidade
Proprietário do jornal “Diário da
Tarde”, membro fundador da
Academia Paranaense de Letras
CARLOS CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE
Presidente Honorário Engenheiro Militar
Presidente do Estado (1912-1916)
ENGENHARIA: Economia Política
62
O Presidente do Estado, Carlos Cavalcanti de Albuquerque, engenheiro
militar, membro do Partido Republicano Paranaense, fora eleito Presidente Honorário
da Universidade do Paraná. Foi também professor catedrático de Economia Política da
Faculdade de Engenharia do Paraná. Consta que não teria exercido atividades docentes
durante o período em que esteve na presidência do Estado, portanto, o teria sido
professor de Lysimaco.
Lysimaco Ferreira da Costa, aluno da primeira turma do curso de
Engenharia, obteve o título de Engenheiro Geógrafo e de Engenheiro Arquiteto, em
1914 e de Engenheiro Civil, em 1916 (Costa, 1995, p. 20).
Na Universidade do Paraná, Lysimaco Ferreira da Costa foi professor de
Química Inorgânica, Descritiva e Analítica do Curso de Engenharia Civil, em 1914,
enquanto ainda era aluno daquele curso. Fez parte também do Conselho Superior da
Universidade e, em 1917, foi eleito Catedrático de Mineralogia e Geologia do Curso de
Engenharia Civil. Assumiu, posteriormente, as cadeiras de Química Mineral e Orgânica,
Geometria Algébrica e Cálculo Infinitesimal.
Para as funções políticas que assumiu nos anos vinte, a atuação de Lysimaco
Ferreira da Costa na Universidade do Paraná, quer como aluno, quer como professor e
membro do Conselho Superior, foram decisivas. Supõe-se que tenha sido na
Universidade que os laços entre Carlos Cavalcanti e Lysimaco se estreitaram.
As fontes primárias disponíveis no Memorial revelam que Carlos Cavalcanti
de Albuquerque teve um papel fundamental na inserção de Lysimaco na política
paranaense. Essa afirmação decorre da premissa de que o encontro com Carlos
Cavalcanti foi mais do que o encontro de dois intelectuais com afinidades profissionais,
mas o encontro entre dois militares, que se viam como intelectuais e como portadores de
um projeto para a nação. Toma-se aqui Lysimaco como um militar, lembrando que ele
não deixou o exército por vontade própria, mas por forças de circunstâncias especificas.
Além disso, em determinado momento, houve inclusive a disposição de Lysimaco em
voltar para o Exército.
No trecho abaixo, extraído de uma carta de Carlos Cavalcanti a Lysimaco, o
primeiro relata a sua satisfação com a disposição que lhe fora mencionada numa carta
anterior, por Lysimaco, para voltar para o exército:
63
Prezado Amº Dr. Lysimaco
Affectuosas saudações
Ainda não esqueci sua interessante carta a propósito da guerra e na qual
promptificava-se a tornar a seu posto de bom patriota entre os combatentes
da República, si porventura esta em virtude das attitudes que assumia
perante o conflicto que devasta o mundo, fosse obrigada a combater.
Intimamente satisfeito com o seu digno movimento que applaudo sem
restrições, sinto não ter, na minha modesta situação que occupo no exército,
attribuições capazes de aproveitar suas excelentes aptidões para o officio em
cuja aprendizagem foi outrora dos mais distinctos... (Carta de Carlos
Cavalcanti a Lysimaco, 30/08/1917).
Para reforçar a idéia de ser Lysimaco um “militar-civil”, acrescenta-se o
interesse dele por assuntos e estudos relacionados ao exército. Foi assinante, durante
anos, da Revista A Defesa Nacional
43
. Essa revista era exclusivamente técnica, e
dedicou-se a traduzir regulamentos do exército alemão, difundir seu sistema de
treinamento, suas práticas e costumes, bem como lutar por medidas como o sorteio
militar, o afastamento da polícia e a defesa nacional. Os “jovens turcos”
44
tornaram
possível uma noção de defesa que incluía a mobilização de recursos humanos, técnicos
e econômicos; no que se incluía também o desenvolvimento de indústrias estratégicas,
como a siderurgia. Tratava-se, portanto, de um grupo que decidiu pela intervenção
política como prioridade número um.
Lysimaco Ferreira da Costa manteve estreita ligação com militares durante
toda a sua vida. Consta que sua casa teria sido local de reuniões, sempre que um militar
passava por Curitiba (Cf. Costa, 1995).
Da formação militar, Lysimaco carregou o domínio dos princípios da física,
química, matemática, mineralogia, metalurgia, a crença no poder da técnica e da
tecnologia, ou seja, a certeza de que a ciência oferecia as soluções seguras para os
problemas nacionais. Lysimaco conservou traços adquiridos na formação militar,
síntese entre militarismo, positivismo, cientificismo, que resultaram num espírito
esclarecido, que sonhava com uma nação positiva e cientificamente conduzida.
43
Encontra-se no memorial uma correspondência do editor avisando que a assinatura estava
para vencer e propondo a renovação. Vários exemplares da Revista foram conservados e
encontram-se no Memorial.
44
“Jovens turcos” foi o nome pelo qual ficaram conhecidos os jovens oficiais enviados para
servirem arregimentados no exército alemão, considerado um dos mais organizados da época.
Foram 3 turmas de oficiais (1906; 1908; 1910) que sofreram durante dois anos o impacto da
organização militar alemã. A última turma, com 22 membros, antes de regressar traçou um
plano para difundir no Brasil os conhecimentos adquiridos na Alemanha. Fundaram a revista “A
Defesa Nacional” em aliança com alguns oficiais que não tinham ido para a Alemanha, mas se
identificava com os propósitos renovadores (Cf. Carvalho, 1977).
64
Absorveu ainda, da formação recebida, a habilidade para administrar e comandar, que
lhe foram muito úteis na sua vida profissional.
Lysimaco desenvolveu estudos científicos sobre siderurgia, agricultura,
física, matemática, mineração e muitos outros assuntos estratégicos, relativos ao que se
possa chamar de “infra-estrutura”. Compartilhava a tese dos jovens turcos? Poder-se-ia
chamá-lo de um “militar-civil”? A aproximação com Carlos Cavalcanti teria sido uma
tática, com vistas à política?
Carlos Cavalcanti de Albuquerque nasceu a 22 de março de 1864, no Rio de
Janeiro. Seu pai, o major Inocêncio José Cavalcanti de Albuquerque, morreu em
combate na Guerra do Paraguai. Carlos Cavalcanti, trazido para Curitiba por seu tio,
padrinho e protetor, general José de Almeida Barreto, freqüentou o Colégio Serapião, de
onde saiu para Porto Alegre para concluir o curso na Escola de Cadetes, em 1879.
Posteriormente, transferiu-se para a Escola Militar da Praia Vermelha, onde se formou
engenheiro militar, titulando-se bacharel em ciências físicas e matemáticas.
Casou-se em Curitiba com Francisca, irmã de Caetano Munhoz da Rocha.
Iniciou-se na política em 1890, como oficial de gabinete do governador provisório,
Inocêncio Serzedelo Correia. Contribuiu no episódio da deposição de Generoso
Marques dos Santos, após a queda de Deodoro, e se elegeu à Constituinte Estadual de
1892. Após a Revolução Federalista, foi elevado (1900) à Câmara Federal, reelegendo-
se em 1903 e 1909. Integrou várias comissões cnicas, com reconhecido brilho. Em
1910, no seu terceiro mandato federal, insurgiu-se contra a política ferroviária da União,
que favorecia Santa Catarina em detrimento dos interesses paranaenses. Em dramático
gesto de indignação, renunciou ao mandato parlamentar. Essa atitude emocionou o
Paraná e lhe deu ampla notoriedade. Consta que teria sido recebido em Curitiba como
verdadeiro herói, em meio a “manifestações de apreço e simpatia” (Carneiro e Vargas,
1994).
Quando se tratou da sucessão de Xavier da Silva ao governo do Estado, seu
nome surgiu com naturalidade como solução conciliatória no Partido Republicano.
Eleito sem adversários em 1911, após vencer algumas resistências internas,
representadas pelas lideranças de Alencar Guimarães e Generoso Marques dos Santos,
que se opunham ao seu vice Affonso Camargo, procurou governar, segundo Carneiro &
Vargas (1994), “acima dos partidos, à semelhança de um magistrado”.
A imprensa noticiava com entusiasmo a posse do novo Presidente do Estado
do Paraná. Nas páginas do Jornal Diário da Tarde observa-se o entusiasmo em relação
65
ao novo Presidente do Estado do Paraná
45
:
Dr. Cavalcanti.
Está, desde hontem, á frente do governo do Estado o sr. Dr. Carlos
Cavalcanti de Albuquerque.
[...]
O relevante problema do ensino preoccupa a s. s.
A instrucção publica, principalmente, diz o sr. Dr. Carlos Cavalcanti, precisa
ser encaminhada, seguindo nova orientação mais compatível com as nossas
necessidades actuaes. É indispensável que se reorganise sob inspiração
pedagógica mais adequada a formar cidadãos que sejam unidades efficientes
na sociedade, factores positivos de progresso, evitando-se, portanto, o
excesso, a plethora, da direcção exclusiva para os estudos acadêmicos, que
tanto concorre para augmentar o proletariado das letras.
Abordando largamente esse problema, que tão descurado tem sido, até hoje,
entre nós, o dr. Carlos Cavalcanti accentua, de uma maneira brilhante, o seu
desejo de promover a felicidade do Paraná, pois a instrucção publica é o
maior factor da prosperidade das nações.
O Diário da Tarde, folha independente, reflectindo o pensar do povo
paranaense, espera só ter palavras com que engrinalde o quatriênio que,
hontem, começou (Diário da Tarde, 26 de fevereiro de 1912).
Ao lado de Carlos Cavalcanti, Affonso Alves de Camargo, membro do
Conselho Superior da Universidade e professor, foi vice-presidente do Paraná de 1912 a
1916. Affonso Alves de Camargo nasceu em Guarapuava a 25 de setembro de 1873.
Depois de concluir o curso primário, transferiu-se para Curitiba, onde freqüentou o
Parthenon Paranaense e o Colégio Arthur Loyola. Ingressou na Faculdade de Direito de
São Paulo em 1891, onde se graduou em Ciências Jurídicas e Sociais em 1894 (Cf.
Sottomaior, 1922). Envolveu-se desde cedo na política, graças ao apadrinhamento do
conselheiro Jesuíno Marcondes, do Partido Liberal e último presidente provincial do
Paraná. Durante a Revolução Federalista, foi promotor público da capital do Estado.
Nas eleições parlamentares de 1897 disputou, com sucesso, pela oposição, lugar no
Congresso Legislativo Estadual. Cumpriu cinco legislaturas, sempre com destacada
atuação, graças à habilidade e competência na condução das questões político-
partidárias. Culto, capaz, dinâmico e planejador, não custou a ocupar espaços
importantes, notadamente quando se celebrou a Coligação Republicana, em 1908, de
45
Fundado em 18/3/1899, o Diário da Tarde foi o jornal de maior circulação no estado nas
primeiras décadas do século XX. De acordo com o seu primeiro editorial, o jornal surgira em
virtude da necessidade de uma folha que fosse “entre as luctas partidarias, um elemento
ponderativo”; fazendo-se presente em inúmeras questões políticas locais e estaduais. Segundo
Benvenutti (2004, p. 28), ao contrário do seu rival, o jornal A República, órgão do Club
Republicano e do Partido Republicano Paranaense, “o Diário da Tarde colocava-se muitas vezes
como oposição ao governo”.
66
que participou da coordenação do movimento de reconciliação entre os pica-paus e
maragatos. (Carneiro & Vargas, 1994).
Desde a sua primeira eleição, manteve-se no Congresso Legislativo até
1914. Mantinha permanente colaboração na imprensa, além de uma movimentada
agenda de advocacia, apesar dos encargos parlamentares que lhe absorviam o tempo,
principalmente a presidência do Congresso Legislativo. Foi Vice-presidente do Paraná
de 1908-1912 e 1912-1916 (Cf. Carneiro & Vargas, 1994; Sottomaior, 1922).
Despreocupado com os assuntos partidários, Carlos Cavalcanti de
Albuquerque confiou a Affonso Camargo os encargos dessa área, permitindo-lhe ampla
liberdade de ação (Oliveira, 1994, p. 26). De olho na sucessão presidencial, Affonso
Camargo preparou terreno para vôos mais altos. No quadriênio seguinte, foi eleito
Presidente do Estado do Paraná, tendo como vice Caetano Munhoz da Rocha, cunhado
de Carlos Cavalcanti (Cf. Carneiro & Vargas, 1994).
Affonso Camargo, contudo, não ganhou pacificamente o governo. Teve pela
frente a candidatura do médico e deputado Randolpho Pereira Serzedelo, apoiado por
forte dissidência comandada por Alencar Guimarães, Generoso Marques dos Santos e
Xavier da Silva, poderoso triunvirato de largas tradições na política local. Mas, ainda
assim, Affonso elegeu-se, tendo por base a plataforma de defender a todo custo a
ameaça ao território paranaense na região do Contestado.
A questão do Contestado vinha se arrastando muito tempo, desde 1904
com a publicação da decisão do Supremo Tribunal Federal, contrária aos direitos
paranaenses. Depois de muitos recursos interpostos, o conflito foi resolvido quando
Affonso Camargo, pressionado por diversas instâncias, assinou um acordo em 20 de
outubro de 1916. Segundo Oliveira (1994, pp. 28-29), a “decisão que encerrou a
delongada questão de limites com Santa Catarina descontentou adversários políticos e,
mesmo, correligionários, devido à perda de grande faixa de terra, historicamente
pertencente ao Paraná..
Apesar dos reveses, Affonso Camargo não declinou. Preparou,
estrategicamente, seu sucessor, Caetano Munhoz da Rocha, que exerceu dois mandatos
consecutivos.
Caetano Munhoz da Rocha nasceu em Antonina, a 14 de maio de 1879.
Iniciou seus estudos nos Colégios Parthenon Paranaense e Arthur Loyola, em Curitiba.
Matriculou-se, a seguir, no Colégio São Luiz, em Itu, Estado de São Paulo, onde
concluiu humanidades. Ingressou na Faculdade Nacional de Medicina, no Rio de
67
Janeiro, formando-se na turma de 1902. Depois de formado, transferiu-se para
Paranaguá, onde iniciou sua vida profissional. Clinicou até 1905, na Santa Casa de
Misericórdia e na Inspetoria de Saúde dos Portos. Atraído pela política, integrou-se ao
Partido Republicano e candidatou-se, com sucesso, a uma cadeira no Congresso
Legislativo estadual em 1904, onde permaneceu a1917, com eleições sucessivas (Cf.
Carneiro & Vargas, 1994).
Como a legislação eleitoral facultava a acumulação de cargos eletivos,
Caetano Munhoz da Rocha foi eleito também prefeito municipal de Paranaguá, em
1908. No desempenho do mandato de prefeito de Paranaguá, construiu rede de água e
esgotos, mercado municipal, praças, alargou ruas e ligou a cidade ao Porto D. Pedro II,
desenvolvendo amplos projetos de saneamento urbano. Com tal bagagem
administrativa, dilatou-se o prestígio de que dispunha no litoral. Foi reeleito para o
quatriênio seguinte, mas não chegou a concluir o segundo período administrativo.
Renunciou, em 1915, para transferir-se para a capital paranaense, em virtude do convite
do Partido Republicano para compor a chapa, como 1º vice-presidente, juntamente com
o candidato ao governo do Estado, Affonso Camargo.
Vitoriosos num pleito renhido para o período 1916-1920, eles puderam
realizar juntos uma ação governamental proveitosa. Exerceu paralelamente os cargos de
Secretário da Fazenda, Agricultura e Obras Públicas. Esteve no exercício da presidência
durante a celebração do Acordo de 1916, que tratou da questão do Contestado. Na
sucessão de Affonso Camargo, seu nome fluiu naturalmente. Candidato único, sem
riscos eleitorais, assumiu o governo para o quatriênio 1920-24 (Carneiro & Vargas,
1994).
O maior problema que enfrentou foi a situação econômica do Estado, mas
Caetano Munhoz da Rocha soube bem administrar, conseguindo fechar o balanço do
exercício financeiro de 1920-21 com vultoso saldo. Segundo Oliveira (1994, p. 29), a
recuperação das finanças do Estado foi um dos principais objetivos de Caetano Munhoz
da Rocha, que também “se voltou para os problemas da educação, saúde e assistência
social”. Cuidou do ensino profissional, dos abrigos para menores e, para assegurar
melhor direção à educação pública no Estado, contratou os serviços do professor
paulista Prieto Martinez, conseguindo melhorar a eficiência da alfabetização (Carneiro
& Vargas, 1994).
Em vias de concluir seu primeiro mandato governamental, era tamanho o
seu poder de liderança e influência, que se arquitetou no Congresso Legislativo estadual
68
uma reforma constitucional para lhe permitir a reeleição, vedada pela Carta de 07 de
abril de 1892. O movimento deu certo, mesmo contra a vontade do presidente do
partido, Affonso Camargo. Assegurado o direito à reeleição, com a mudança do texto
constitucional, foi reeleito, sem adversários, para novo quatriênio (Carneiro & Vargas,
1994).
De acordo com Cancian (1981, pp 24-25), a expansão das plantações de
café e o aumento da produção contribuíram positivamente na arrecadação no Estado. Na
gestão de Caetano Munhoz da Rocha foi elaborado um programa para “a construção de
vias de comunicação para pôr em contato a zona cafeeira com o porto de Paranaguá,
uma vez que o escoamento da produção era feito por Ourinhos para o Porto de Santos”
(Oliveira, 1994, p. 29).
Somente em 1928, Affonso Camargo voltou ao governo paranaense. Foi
eleito deputado federal em 1921, sendo o 1º Vice-presidente da Câmara dos Deputados.
No ano seguinte, com a vaga aberta por Xavier da Silva, chegou ao Senado, onde se
manteria até 1927, tendo sob controle a liderança que exercia na política paranaense,
cada vez mais abrangente, que a própria oposição não se aventurava aos
enfrentamentos das urnas. Seus dois períodos governamentais foram agitados, o
primeiro, pelas tensões provocadas pela Primeira Guerra Mundial e pela crise da erva-
mate, a qual aniquilou as finanças do Estado; o segundo, pela quebra da Bolsa de Nova
Iorque. Com essas repercussões, o funcionalismo viu atrasarem seus vencimentos e a
economia estadual diluir-se. Apesar dos desgastes característicos das oligarquias
demasiado longas, seu predomínio absoluto na política paranaense foi interrompido
em 1930, com a revolução liderada por Getúlio Vargas. Afastado das lides políticas,
dedicou-se exclusivamente ao magistério, “onde suas qualidades de professor realçaram
cada vez mais seu perfil intelectual” (Cf. Carneiro & Vargas, 1994).
Carlos Cavalcanti, por sua vez, em 1921, foi eleito senador, reelegendo-se
em 1924 e 1927, interrompendo sua carreira somente em 1930 com a Revolução da
Aliança Liberal. Seu desempenho parlamentar caracterizou-se pela ênfase em temas de
defesa nacional. Exerceu ainda cargos de chefe de gabinete da Administração do
Exército e do Ministério da Guerra, chefe do Estado-Maior da Região Militar e
comandante do 1º Regimento de Infantaria da Vila Militar (Carneiro & Vargas, 1994).
Na gestão de Caetano Munhoz da Rocha (1920-1928), Lysimaco Ferreira da
Costa ocupou diversos cargos de confiança do Governo do Estado. Reformou a Escola
Normal, representou o Paraná em Congressos, ocupou a Direção da Instrução Pública,
69
entre outros. Com o retorno de Affonso Camargo ao cargo de Presidente do Estado do
Paraná, em 1928, Lysimaco Ferreira da Costa foi nomeado para ocupar a Secretaria da
Fazenda do Estado, cargo que permitia alto controle da máquina de governo,
acumulação de capital financeiro, grande visibilidade, conferindo-lhe, portanto,
elementos imprescindíveis para atingir postos mais altos.
70
CAPÍTULO II
A TRAJETÓRIA PROFISSIONAL DE LYSIMACO
FERREIRA DA COSTA
_______________________________________________________
2.1. Lysimaco Ferreira da Costa e o concurso para a cadeira de Física e
Química
Lysimaco Ferreira da Costa retornou a Curitiba, em 1904, após o
fechamento da Escola Militar do Brasil, e começou a ministrar aulas particulares de
Matemática, Física e Química nas casas das famílias da cidade
46
.
Em 1906, o Ginásio Paranaense, por ter sido equiparado ao Ginásio
Nacional, abriu o primeiro concurso para a cátedra de Física e Química. Até então, os
candidatos à cadeira de Física e Química eram todos nomeados pelo governo (Cf.
Sepúlveda, 2002, p. 85)
47
. À época, o Ginásio Paranaense era considerado o mais
importante centro intelectual da capital, dado que não havia sido criado ainda o ensino
superior no Paraná.
Ao saber da vaga existente no Gymnasio Paranaense e Escola Normal, que
funcionavam conjuntamente, Lysimaco Ferreira da Costa se inscreveu. Consta que
havia apenas dois candidatos inscritos para o concurso: Lysimaco Ferreira da Costa e o
Padre João Leconte, recém chegado de Paris. Os demais candidatos retiraram suas
inscrições, ao saber do “valor” do concorrente padre João Leconte (Cf. Costa, 1995).
O fato de o concorrente ser padre, formado na França e ser um professor
experiente não intimidou Lysimaco Ferreira da Costa, seguro da formação que recebera
nas Escolas Militares.
46
Segundo Costa (1995, p. 15), lecionando particularmente às filhas do Coronel Evaristo
Martins Franco apaixonou-se por uma delas, Esther, com a qual se casou a 8 de dezembro de
1906. Tiveram onze filhos: Esther, Zoé, Antonio, Evaristo, Laura, Lysimaco, Carlos, Maria
José, Alberto, Maria Josefina e Plínio. Em 1920, após dar a luz ao último filho, Esther faleceu.
Lysimaco Ferreira da Costa casou-se com sua cunhada, Maria Ângela, com quem não teve
filhos.
47
Sepúlveda estudou o ensino de Física no Paraná de 1858 a 1906.
71
O concurso, realizado em conformidade com o Decreto n. 3.890, de 01 de
janeiro de 1901, constava de três ordens de provas: escrita, oral e prática.
Os dois candidatos foram aprovados pela comissão julgadora, sendo que
Lysimaco Ferreira da Costa foi classificado em primeiro lugar. Consta que Lysimaco
Ferreira da Costa teria levado vantagem nas provas, em função da dificuldade do padre
Leconte com a língua portuguesa. De acordo com a ata do concurso,
A prova escrita dos dois candidatos trataram da questão mais ou menos
detalhada e desenvolvidamente, notando-se na prova do Sr. Lysimaco Costa
um maior desenvolvimento expositivo essencialmente metódico, claro e
preciso, subordinado aos moldes da moderna ciência, evidenciando a energia
do caráter positivo dela. O Sr. Leconte, apesar de ter abordado a todas as
questões, sua prova não apresenta as mesmas características da do outro
candidato, pois que, a par das dificuldades inerentes à escrita da língua
portuguesa, em que se revela neófito, faz as suas exposições sem obediência
ao método, tornando em versos bastante obscuros as teorias que expõe, como
por exemplo, na parte em que trata dos equivalentes chimicos, onde, além de
confuso foi deficiente. Prova oral – Nesta prova o candidato Lysimaco
revelou conhecimento profundo da matéria, método de exposição, precisão e
clareza em suas demonstrações, aliando a estes predicados uma dicção fácil
e sugestiva. O Sr. Leconte nesta prova, lutando com grande dificuldade de
expreso não pôde talvez, por este motivo fazer uma exposição que
satisfizesse a nossa expectativa. Prova prática Nesta prova os dois
candidatos mantiveram-se quase no mesmo nível, havendo mais uma vez o
candidato Lysimaco se avantajado por expressar-se corretamente na língua
portuguesa, o que não se deu com o Sr. Leconte. Em vista, pois, do paralelo
que vimos de fazer entre as provas dos candidatos somos de parecer que o
Sr. Lysimaco Costa satisfaz de modo brilhante as exigências do concurso
conquistando a nossa aprovação em primeiro lugar, alcançando o Sr.
Leconte classificação em segundo lugar (assinado)... (Ata do concurso para
preenchimento da cadeira de Physica e Chimica do Gymnasio Paranaense e
Escola Normal).
Lysimaco Ferreira da Costa tomou posse no cargo de Lente de Química e
Física a 15 de setembro de 1906, dando início a sua trajetória como professor
catedrático do Ginásio Paranaense
48
. Acostumado com os padrões das escolas militares,
Lysimaco Ferreira da Costa deparou-se com a inexistência de instalações adequadas
para o desenvolvimento das aulas. Passa, então, a reivindicar a instalação de
laboratórios de Física e Química, justificando essa necessidade numa longa exposição
48
Em 1909, foi nomeado pelo então Presidente do Estado, Francisco Xavier da Silva, para reger
interinamente a cadeira de História Natural no Gymnasio Paranaense. Em 1917, depois de
formado em Engenharia pela Universidade do Paraná, assumiu interinamente a cadeira de
Aritmética e Álgebra.
72
de motivos apresentada ao então diretor do Gymnasio, Dr. Arthur Pedreira de
Cerqueira. Lysimaco Ferreira da Costa identificou vários problemas, tais como: má
distribuição do espaço; substâncias se deteriorando em função do acondicionamento em
frascos impróprios; inexistência de lavatórios nas salas; a necessidade de armários
apropriados e mesas de trabalho cobertas de rmore ou ladrilhos, entre outros. Para o
bom desenvolvimento das aulas, solicitava também a contratação de um preparador para
a limpeza dos objetos:
A sala de lições e laboratórios devem ficar na parte térrea do edifício, devido
às necessidades da lavagem diária dos aparelhos usados e outros motivos de
comodidade. Na sala devem existir um lavatório para o professor e alunos;
uma banheira pequena para lavagem das peças de vidro durante as lições, no
decorrer de uma análise, de uma preparação qualquer, e uma torneira capaz
de fornecer água em qualquer momento (apud Straube, 1990, p. 39).
Incessantemente, Lysimaco Ferreira da Costa insistia na necessidade das
providencias solicitadas. Num relatório datado de 1910, afirmava que:
dia a dia, vai-se tornando mais urgente a necessidade da instalação dos
referidos laboratórios, já por não estarem montados e não servirem, em
grande parte, aos trabalhos práticos, por se acharem estragadas muitas
substâncias químicas, impropriamente acondicionadas, e que estão em
verdadeiro abandono, por falta de uso, e sobretudo, porque, nas condições
em que se acham esses laboratórios, são incompatíveis com o primeiro
estabelecimento de educação de nosso Estado.
O visitante que entrar no edifício do Ginásio, e tiver pequeno conhecimento
de ciências naturais, sentir-se-á, por certo, mal impressionado em presença
dos laboratórios existentes, e não poderá deixar de censurar a
administração do ensino público. É preciso que se anote: dos aparelhos de
Física e Química, diversos são incompletos; as drogas, mal acondicionadas,
vieram da Europa e foram abandonadas até hoje, sem que os gabinetes
fossem montados; aqueles estão guardados em um armário enorme e estas
estragadas em sua quase totalidade, pela ação recíproca e da umidade, estão
em um pequeno quarto em péssimo estado de conservação (apud Straube,
1990, p. 40).
Em relação aos colegas de trabalho, merece destaque o fato de ter sido eleito
por seus pares para o Conselho Superior de Ensino, tendo sido nomeado em 1915
49
.
Conforme determinava a Lei n. 1236, de 2 de maio de 1912, os conselhos superiores de
ensino seriam compostos por 9 membros efetivos:
O superintendente geral do ensino; o diretor do Gymnasio Paranaense; o
diretor da Escola Normal da capital; e por 6 membros eleitos, sendo: um
49
Dec. Nº 799 de 09/12/1915.
73
lente do Gymnasio Paranaense, eleito pela respectiva congregação; um lente
da Escola Normal da capital, eleito pela respectiva congregação; dois
professores públicos da capital, eleitos pelos professores públicos da capital;
um professor e um director de estabelecimentos particulares de ensino da
capital, eleitos respectivamente pelos professores e directores de
estabelecimentos particulares de ensino da capital (Art. § 1 e 2) (grifos
meus).
Outro fato digno de destaque foi o convite para ingressar na Maçonaria,
feito por um de seus colegas de trabalho.
2.2. Lysimaco Ferreira da Costa na Maçonaria
Lysimaco Ferreira da Costa teria ingressado na Maçonaria em 1907, na Loja
Maçônica Luz Invisível, fundada, em Curitiba, em 20 de setembro de 1900
50
. Uma das
características marcantes dessa Loja Maçônica foi a de uma acentuada postura
anticlerical
51
.
Sabe-se que, em 1902 funcionavam em Curitiba as seguintes lojas
maçônicas: Fraternidade Paranaense, Luz Invisível, Unione e Fratelanza, Acácia
Paranaense, Filhas da Acácia, Apóstolo da Caridade e Electra. Nenhuma outra Loja em
funcionamento naquele momento, em Curitiba, combateu tão veementemente a Igreja
Católica quanto a Loja Luz Invisível.
No Paraná, foi significativo o crescimento do número de lojas em fins do
século XIX e início do século XX, conforme se observa no quadro a seguir:
50
A base da estrutura organizacional maçônica é a Loja, que deve ser entendida como o local
onde os maçons se reúnem. O termo “Loja” pode também significar um agrupamento ou
assembléia de maçons, de uma determinada região, que praticam o mesmo rito. A Loja possui
autonomia, podendo estabelecer seu próprio regulamento, desde que não contrarie os princípios
gerais da Ordem Maçônica (Cf Barata, 1999). Encontra-se no Memorial Lysimaco Ferreira da
Costa os recibos de pagamento de mensalidades e taxas para a construção de um templo,
assinados pela Loja Maçônica “Luz Invisível”, desde 1907.
51
O termo anticlerical adjetiva aquele que é contrário ao clero, e não à religião. Sobre o
movimento anticlerical em Curitiba, ver Marchette, 1999.
74
QUADRO 9– EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE LOJAS MAÇÔNICAS NO PARANÁ
(EM QÜINQÜÊNIOS, 1886 A 1920)
LOJAS MAÇÔNICAS NO PARANÁ
1886 a 1890
1891 a 1895
1896 a 1900
1901 a 1905
1906 a 1910
1911 a 1915
1916 a 1920
9 9 23 27 22 22 22
Fonte: Barata (1999, p. 75)
Para ser admitido na Ordem Maçônica, o candidato deveria possuir alguns
requisitos mínimos. No Brasil, de acordo com as várias constituições e regulamentos
que vigoraram neste período, os requisitos eram: ter 21 anos de idade, instrução
primária, ter reputação de bons costumes e de observar os deveres sociais, ter ocupação
livre e decente e meios suficientes de subsistência, estar isento de crime e não possuir
nenhum defeito físico (Barata, 1999, p. 42). Além disso, o novo membro precisava ser
indicado por um maçom ativo, do grau de Mestre ou superior.
A proposta para admissão de um novo membro deveria ser submetida em
assembléia da Loja, onde seria composta uma comissão de sindicância para verificar se
o candidato possuía os requisitos mínimos para a admissão. Após a verificação, a
comissão deveria apresentar os resultados à assembléia de maçons, que, através de
votação secreta, decidiria pela admissão ou o do novo membro (Barata, 1999, pp 42-
43).
Considerando que Lysimaco Ferreira da Costa e Dario Vellozo, Grão-
Mestre da Loja Maçônica Luz Invisível, trabalhavam juntos no Ginásio Paranaense, é
possível que o próprio Dario Vellozo o tenha indicado.
Dario Persiano de Castro Vellozo nasceu no Rio de Janeiro em 1869. Após
ter estudado no Liceu de São Cristóvão, iniciou-se como aprendiz de encadernador. Em
1885, tornou-se compositor-tipógrafo na oficina de Moreira Maximino & Cia. Em
agosto daquele ano, transferiu-se com a família (pai e irmãos, pois sua mãe havia
falecido) para Curitiba. Na capital paranaense, começou a trabalhar como tipógrafo no
jornal Dezenove de Dezembro, o primeiro a ser impresso no Estado (Denipoti, 2001, pp.
75-76).
A aceitação de Dario Vellozo na cidade não se deu de pronto. Alguns
daqueles que se tornaram seus parceiros, admitiram que, “a princípio, acharam-no
petulante, mas foram vencidos ou pelo maior volume de leituras que trazia em sua
formação, ou pela rica biblioteca da casa de seu pai” (Denipoti, 2001, p. 76). A
75
biblioteca da família Vellozo foi considerada uma das maiores e seletas da cidade.
Conforme a descrição de Tasso da Silveira
52
:
Num puxado [do Retiro Saudoso], a bibliotheca do philosopho, que reúne a
mais admirável collecção de grandes obras de que se possa orgulhar
Coritiba, a arte, a sciencia, a philosophia se alinham nas estantes vastas em
volumes que o uso e o tempo envelheceram. Aqui e alli, curiosidades raras.
Alguma velha edição da Bíblia, impressa em caracteres antigos. Sobre alta
estante, o “sorriso de Voltaire”, em nítida gravura. Sobre outra, uma cabeça
de Christo, levemente inclinada para baixo, em attitude de meditação (apud
Denipoti, 2001, p. 76).
Interessado em ler e discutir as obras de Casimiro de Abreu, Castro Alves,
Fagundes Varela, Álvares de Azevedo, entre outras, Vellozo reuniu um grupo pequeno
que, mais tarde, veio a constituir a associação literária denominada O Cenáculo,
responsável por diversas publicações.
Sendo o grupo constituído por professores do Ginásio Paranaense,
certamente que as discussões incluíam questões educacionais e pedagógicas. O próprio
Dário Vellozo foi autor de livros de Pedagogia, e Lysimaco Ferreira da Costa publicou
artigos sobre o ensino de Geometria em uma revista dirigida por Vellozo, conforme será
visto.
Em 1895, o grupo liderado por Vellozo resolveu divulgar “seus próprios
escritos, bem como os dos simbolistas que os inspiravam”. Fundou-se, então, um
periódico batizado com o mesmo nome da associação (Cf. Denipoti, 2001p. 78).
Foi nas páginas de O Cenáculo que o grupo começou uma campanha contra
a Igreja Católica, por entender que a imprensa não poderia cruzar os braços ante a
questão do ensino ministrado pelo clero católico à infância (Balhana, 1981, p. 44).
O grupo de intelectuais liderado por Vellozo era composto por livre-
pensadores, ateus, maçons, positivistas, bem como os espíritas, protestantes e, anos mais
tarde, também os neo-pitagóricos, “cuja igreja teria sede mundial em Curitiba”.
Dentre os intelectuais que compunham o grupo, destacaram-se Júlio
Pernetta, Emiliano Pernetta, Euclides Bandeira
53
, Silveira Neto, Sebastião Paraná
54
,
52
Tasso da Silveira, anos depois, passa a defender o “espiritualismo de linha católica” (Carollo,
1991, p. 154, apud Miguel, 1997).
53
Euclides Bandeira estudou na Escola Militar da Praia vermelha, no Rio de Janeiro, tendo sido
expulso, em 1895, juntamente com outros alunos, após um protesto contra o governo civil de
Prudente de Morais.
54
Sebastião Paraná (1874-1938) bacharelou-se em Direito no Rio de Janeiro e foi “capitão
honorário do Exército”. Foi professor de Geografia e Corografia do Brasil no Ginásio
76
José Niepce da Silva, Ismael Martins, João Pamphilo d'Assumpção, Tasso da Silveira,
Andrade Muricy, Leôncio Correia, Azevedo Macedo, Raul Gomes, entre outros
55
.
A inclusão de Lysimaco Ferreira da Costa nesse circuito certamente lhe
abriu algumas oportunidades, dado que a ajuda mútua entre os maçons constituía a
própria essência da instituição, consubstanciada no ideal da fraternidade.
Em 1907, um artigo de autoria de Lysimaco Ferreira da Costa, sobre “A
Geometria do seo Ensino Secundário e Normal”, é publicado em A Escola - Revista
do Grêmio dos Professores Públicos, dirigida por Dario Vellozo. No mesmo número da
revista (6 e 7, de junho e julho), Lysimaco Ferreira da Costa assina um Parecer,
juntamente com João Podeleck Boué e Francisco R. Azevedo Macedo, favorável à
publicação de um “Compêndio de Pedagogia” elaborado por Dario Vellozo, durante o
tempo em que fora Lente de Pedagogia da Escola Normal. O parecer assinado pelos três
professores, ao que tudo indica, contribuiu para a publicação da obra, que foi adotada
por diversos estabelecimentos de ensino
56
. Naquele mesmo ano, outro artigo de
Lysimaco Ferreira da Costa foi publicado em A Escola, (n. 10, de outubro a dezembro),
sob o título “Meteorologia e Agricultura”
57
.
A Loja Luz Invisível pertencia ao Grande Oriente do Brasil, cuja
“Constituição”, promulgada em 1907, estabelecia que a Maçonaria Brasileira,
instituição essencialmente filantrópica, filosófica e progressista, tem [..] por
objetivo o aperfeiçoamento material, moral e intelectual da Humanidade, por
meio da investigação constante da verdade científica, do culto inflexível da
moral e da prática desinteressada da solidariedade. Considerando o trabalho,
seja manual ou intelectual, como o principal dever de todos os homens, que
por ele se dignificam, a Maçonaria mantém a divisa Liberdade,
Igualdade, Fraternidade sustentando como seu princípio cardeal a mais
completa liberdade de consciência, pela prática inflexível da tolerância, que
se traduz pelo respeito à razão e às convicções individuais de cada um
(Constituição do Grande Oriente do Brasil, 1907, p. 5).
Paranaense e na Escola Normal, onde exerceu também o cargo de direção das duas instituições.
Foi sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, dirigiu a Biblioteca
Pública e foi diretor da Instrução Pública do Estado do Paraná. Professor da Universidade do
Paraná, foi membro da Academia Paranaense de Letras e do Centro de Letras do Paraná (Cf.
Dicionário histórico-biográfico do Paraná, p. 335).
55
Todos os nomes citados fizeram parte da Academia de Letras do Paraná, criada em 1923. Os
fundadores dessa instituição integravam um grupo maior de intelectuais ligados ao movimento
simbolista no Paraná. Dentre esses, vários foram professores do Ginásio Paranaense.
56
Naquele mesmo ano, a obra de Dario Vellozo foi publicada. Existe uma cópia do livro no
Memorial, a saber, Vellozo, Dario (coord). Compendio de Pedagogia. Coritiba, 1907.
57
Os exemplares da Revista “A Escola” foram localizados no acervo do Instituto Neo-
Pitagórico.
77
De acordo com Barata (1999) é inegável o papel da maçonaria na “formação
de uma expressiva parcela da elite política do período”. O autor mostra também que a
Maçonaria se mostrou estreitamente ligada à vida política do país, reunindo expressiva
parcela da elite que influiu na estruturação do Brasil. Para tanto, esteve envolvida na
defesa da liberdade de consciência, no fim da escravidão, no advento da República.
Evidentemente, a participação e a identificação dos maçons nos movimentos citados
apresentaram graus diferentes. A partir da crença na universalidade da natureza
humana e no racionalismo”, na “formação moral da humanidade”, na “liberdade de
pensamento e a independência da razão”, a Maçonaria assumiu o compromisso das
“Luzes” de combater as “trevas”, representadas pela ignorância, pela superstição e pela
religião revelada (Barata, 1999, p. 92).
O projeto político da maçonaria fora bem definido por Quintino Bocaiúva,
em 1897, por ocasião de sua posse como Grão-Mestre Adjunto do Grande Oriente do
Brasil:
[...] se nós nos limitássemos a fazer a caridade, a dar pensões, a ser
sociedade de beneficência, cairíamos no ridículo de uma organização tão
complicada e tão aparatosa, com cerimonial tão minucioso de palavras,
sinais, toques e passos, com sessões noturnas secretas, tão prolongadas, para
fins tão insignificantes plenamente preenchido, sem tantas formalidades, por
quantas associações, estrangeiras ou nacionais, que se acham, para esse fim,
estabelecidas entre nós. É esta a contraprova da asserção, tantas vezes por
mim afirmada nesta Assembléia. A Maçonaria é uma associação altamente
política. Mas qual é essa política? Tendes o direito de perguntar-me.
Responderei, começando por definir os termos da controvérsia: - Política é a
arte de educar o povo e dirigi-lo nas vias do progresso e do
engrandecimento, até a consecução dos seus fins no seio da humanidade. É
isto que nós Maçons chamamos de ALTA POLÍTICA; tal qual delineada na
nossa constituição... (apud Barata, 1999, p. 116).
As Lojas Maçônicas foram lugares privilegiados para a discussão dos
problemas nacionais. Para aquele grupo, pertencer à ordem maçônica era justamente,
segundo Marchette (1999, p. 40), propugnar pelo liberalismo, especificamente na
manifestação da livre consciência, justificando, ao mesmo tempo, a necessidade da
maçonaria no mundo moderno. Mas a civilização só poderia se erigir num espaço
nacional republicano laico. Sendo a ciência um dos vetores do progresso, deveria tomar
o lugar ocupado pelos clérigos, que em nada contribuíam para o desenvolvimento da
nação.
78
Na luta pela estruturação de uma nova identidade nacional, confrontou-se
diretamente com a Igreja Católica, fortalecida pelo discurso conservador ultramontano.
Seguindo uma tendência internacional, a partir de meados do culo XIX, a Igreja
Católica iniciou no Brasil um processo de reorganização interna, conhecido como
romanização do clero católico. De acordo com Barata (1999, p. 100)
tal processo significou a condenação da Maçonaria, do Protestantismo, do
Espiritismo e dos cultos de origem africana por parte da Igreja Católica,
numa tentativa de consolidação das concepções ultramontanas no que se
refere à sua organização interna e à sua ascendência sobre a sociedade. A
romanização significou o fortalecimento da Igreja como instituição e é nesse
contexto que o conflito entre a Igreja e a Maçonaria ganha sentido.
Uma das formas de se contrapor ao processo de fortalecimento da Igreja
Católica, segundo Barata (1999), deu-se por meio de uma maior investida da Maçonaria
nos campos da beneficência e da instrução, particularmente, a instrução voltada aos
setores populares. Estava em jogo a capacidade de cada uma das instituições de
influenciar a organização social.
Nas escolas laicas dever-se-ia ensinar: ciência, moral e civismo. Essa era a
defesa feita pelo movimento anticlerical de Curitiba para restringir a ação da religião
católica e seu ensino confessional aos limites da lei republicana.
Quanto à Igreja Católica, esse é o período do auge do processo de
“institucionalização” iniciado desde fins do c. XIX e marcado pela criação de várias
dioceses nas principais cidades do país, começando a ganhar força na segunda década
do século XX.
Em Curitiba foi crescente o número de colégios católicos, sobretudo a partir
de 1895. Quanto às congregações femininas, a primeira a chegar foi a dos Santos Anjos,
em 1895. Seguiram-se as Irmãs de São José (francesas-1896); as Missionárias Zeladoras
do Sagrado Coração de Jesus (italianas-1900); as Irmãs da Divina Providência (alemãs-
1903); as Filhas de Caridade de São Vicente de Paulo (polonesas-1904); as Irmãs de
Nossa Senhora do Sion (francesas-1906); e as Franciscanas da Sagrada Família
Polonesa (polonesas-1906), fundando um número aproximado de 23 casas escolares [...]
(Cf. Trindade, 1992).
Assim, frente à ameaça da clericalização da sociedade curitibana,
republicana e laica, a preocupação dos “homens modernos” foi de colocar a “escrita a
serviço da razão”, fazendo surgir o movimento anticlerical e sua luta contra a
79
influência da religião nas esferas pública e privada, agitando a sociedade curitibana da
época” (Marchette, 1999, p. 32).
2.3. A Associação Cívica Sete de Setembro
Em agosto de 1907, foi fundada a Associação Cívica Sete de Setembro, em
Curitiba. Não é possível afirmar que essa associação fosse um braço da Maçonaria, mas
dentre os seus integrantes, os maçons estavam representados. Um deles era o próprio
Lysimaco Ferreira da Costa, que ocupou o cargo de secretário da Associação, eleito por
voto direto.
O fomento a manifestações públicas de civismo era uma das finalidades da
Associação, conforme o seu Estatuto:
Art. - A Associação Cívica Sete de Setembro, fundada a 4 de Agosto de
1907, tem por fim comemorar as datas que assignalam feitos valorosos na
historia pátria, e que algum tempo vêm passando em silencio de
esquecimento e de indifferentismo, bem como, glorificar a memória dos
mais notáveis vultos que a ellas se ligam, e que vão pouco a pouco
mergulhando em uma penumbra criminosa de olvido, de onde é preciso
erguel-os para o Pantheon da Pátria e para o coração do povo.
§ - Ficam desde já consignadas as datas da nossa historia social que se
impõem como grandes marcos de ensinamentos cívicos e ás quaes a
Associação prestará a homenagem das festas populares. São ellas:
Primeira de Março dia em que se commemora a finalisação da guerra
do Paraguay e de todas as guerras Americanas, e em que se celebram os
feitos dessa tragédia sangrenta, rememorando os seus heróes no vulto do
grande chefe;
Segunda 21 de Abril dia consagrado á glorificação dos precursores da
nossa independência, representados pelo Martyr Tiradentes;
Terceira – 3 de Maio
58
– data commemorativa da descoberta do Brazil;
Quarta – 13 de Maio – abolição da escravatura;
Quinta 29 de Junho dia em que se venera a memória dos consolidadores
da República, synthetisados no Marechal Floriano;
Sexta – 7 de Setembro – emancipação do nosso paiz pelo brado do Ipiranga;
Sétima – 12 de Outubro – descoberta da América, e...
Oitava – 15 de Novembro – proclamação da República.
§ Poderão ser accrescidas a esse numero outras datas que se prendam a
feitos gloriosos, e se destaquem no evoluir histórico do nosso paiz como
outras tantas licções de civismo, desde que, em se tratando dellas, seja
58
Apesar dos protestos do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro que, baseado na Carta de
Pero Vaz de Caminha, afirmava que a esquadra portuguesa aportou no Brasil no dia 22 de Abril
de 1500, o descobrimento era comemorado oficialmente a 3 de maio. A comemoração na data
correta foi alterada em 1949, após a realização do IV Congresso de Historia Nacional, por
iniciativa do deputado Aurelino Leite.
80
exactamente observado o que dispõe o art. Seguinte quando se refere á
acceitação de nomes dos vultos pátrios.
Art. - Em quadro especial e denominado “Honra” figurarão os nomes dos
grandes homens a cuja memória a Associação renderá homenagem, e a
nenhum outro será dado merecer as honras de uma glorificação, salvo si,
apresentado pelo menos por vinte e cinco (25) sócios, tiver 10 annos de
extincto e fôr, em assembléa geral extraordinária para esse fim convocada,
acceito por mais de 2/3 dois terços do numero total de associados, como
inteiramente digno de figurar entre os que compõem o alludido quadro
(Exemplar existente no acervo do Memorial Lysimaco Ferreira da Costa).
Ainda de acordo com o Estatuto da Associação, as manifestações de
civismo deveriam ser levadas ao povo, nas diferentes localidades do Estado, mediante a
organização de eventos que trouxessem visibilidade e ajudassem a formar uma nova
mentalidade:
Art. As festas comemorativas serão feitas por meio de conferências
públicas na sede da Associação e nas diversas localidades do Estado; de
passeatas cívicas; espetaculosa de galla; sessões magnas; concursos públicos
em que sejam conferidos prêmios aos melhores trabalhos sobre os assumptos
de educação vica e historia nacional, etc de forma a dar a cada uma
dellas um matiz empolgante que bem traduza o enthusiasmo popular.
FOTO
3 – E
STATUTOS DA ASSOCIAÇÃO CÍVICA SETE DE SETEMBRO
ACERVO:
M
EMORIAL
L
YSIMACO
F
ERREIRA DA
C
OSTA.
A participação como membro dessa Associação possibilitou a Lysimaco
Ferreira da Costa o acesso e a aproximação com políticos influentes em Curitiba,
passando a integrar um grupo que o levaria, mais tarde, a ingressar na Política
81
paranaense. Dentre os integrantes da Associação, os militares tiveram uma participação
importante.
Dentre os membros da Associação, foi possível localizar alguns nomes, a
saber: João Gualberto (militar), Ermelino de Leão, Manoel Ignácio Carvalho de
Mendonça, Benjamin Augusto Lage, Francisco de Paulo Arantes, Alfredo Dulcídio
Pereira (coronel).
O Cel. João Gualberto, um dos fundadores da Associação Cívica Sete de
Setembro, foi amigo e companheiro de farda do então Presidente do Estado do Para
Carlos Cavalcanti.
59
Segundo dados biográficos, João Gualberto teria promovido sessões solenes
no Teatro Guaíra, com palestras de Dario Velloso, Sebastião Paraná, Emiliano Pernetta,
Emílio de Menezes, entre outros. Essa informação é um indício da inter-relação entre os
dois grupos.
João Gualberto foi, aos poucos, tornando-se um líder da mocidade de
Curitiba. Em face da projeção de João Gualberto na capital paranaense e das atividades
por ele desenvolvidas, foi convidado pelo então Presidente do Estado do Paraná, Carlos
Cavalcanti, para ocupar o cargo de Prefeito de Curitiba. O convite foi aceito. Entretanto,
o fato não agradou a alguns políticos. Dias depois de tê-lo convidado, o Presidente
Carlos Cavalcanti, alegando a necessidade de ter no Comando do Regimento de
Segurança um amigo de sua confiança, pediu a João Gualberto que aceitasse o posto.
Acabou por declinar o convite anterior, o de ser prefeito, para comandar o Regimento de
Segurança (Cf. Sargento Wilson Rogel, do 12º BPM).
60
A Associação se apresentava como apolítica. De acordo com o artigo e 13
do Estatuto:
Art. 4º Não intervirá em luctas partidárias de ordem política, a menos que:
periguem de qualquer modo as instituicções republicanas, e
59
João Gualberto nasceu em Recife, em 1874. Ingressou em 1890 na Escola Militar do Rio de
Janeiro, graduando-se Alferes em 1894. Em Curitiba, casou-se com Leonor de Moura Brito.
Durante a Revolução Federalista em 1894, o Cadete João Gualberto serviu na Guarnição das
Fortalezas da Guanabara. Formou-se em Engenharia Militar e como Tenente veio ao Paraná.
Em Curitiba, passou a trabalhar no 13º Regimento de Cavalaria Em 1909, já no posto de
Capitão, foi eleito presidente do Tiro de Guerra Rio Branco. Em 21 de agosto de 1912, ainda no
posto de Capitão, o Governador Carlos Cavalcanti o comissiona ao posto de Coronel e lhe dá o
comando do Regimento de Segurança do Estado. João Gualberto morreu em outubro de 1912.
60
Disponível em: http://www.pmpr.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=2126,
acessado em 10/01/2007.
82
hajam perturbações de ordem social, dentro do Estado ou nas fronteiras,
ameaçando a sua autonomia ou integridade.
Art. 13º Concorrerá, por todos os meios legaes, para a expansão da língua
vernácula no Estado, e trabalhará pelas causas patrióticas sem preocupações
partidárias.
Um dos eventos promovidos pela Associação Cívica Sete de Setembro foi
uma conferência realizada no Teatro Guaíra, proferida pelo Dr. Niépce da Silva, que era
maçom e participava do grupo de anticlericais liderado por Dario Vellozo
61
.
A posição de Niépce da Silva, contrária ao ensino religioso, pode ser
claramente apreendida num trecho de um de seus artigos, publicado no Ramo de
Acácia, n. 02, de 15 de novembro de 1908. Para ele, “a Igreja Romana deve ser
necessariamente considerada uma excrescência incomoda, cuja eliminação radical se faz
mister”. No mesmo texto, também atacava o Papa, a “Sagrada Eucaristia”, enfim, os
sacramentos da Igreja (Cf. Balhana, 1981, p. 54).
Considerando a proximidade de Niépce da Silva com Dario Vellozo, é
possível supor que o segundo estivesse de alguma forma também ligado à Associação
Cívica Sete de Setembro. Talvez, o discurso cívico fosse o elemento capaz de produzir o
consenso e aglutinar pessoas de posições distintas em torno de uma causa comum.
2.4. O rompimento de Lysimaco Ferreira da Costa com a Maçonaria
A posição assumida por Dario Vellozo era contrária ao ensino religioso, à
vida conventual, à freqüência ao confessionário, à Eucaristia, ao casamento religioso, à
presença de Ordens religiosas no Brasil (Balhana, 1981, p. 44). Partindo do argumento
de que os clericais eram “inimigos do Progresso, adversários da Razão, da Verdade e da
Ciência, bem como porque corrompem, desonram, são cruéis, ateiam as carnificinas; era
necessário combatê-los” (Balhana, 1981, p. 56).
O plano operacional articulado por Dario Vellozo previa uma ação
educativa junto ao povo e por meio da imprensa, para esclarecer sobre os processos e
61
Niépce da Silva foi um dos redatores do Ramo de Acácia, órgão da Maçonaria no Paraná.
Tratava-se de uma publicação mensal, iniciada em 1908, sob a direção de Dario Vellozo. Dentre
os redatores também se incluíam Emiliano Pernetta e Sebastião Paraná.
83
meios de que os jesuítas se utilizavam para obter seus desígnios (Balhana, 1981, p.
55)
62
.
Como professor do Ginásio Paranaense e da Escola Normal, Dario Vellozo
utilizava suas aulas para fazer campanhas contra a Igreja, tendo, por isso, recebido
severas críticas ao longo de sua carreira e sofrido algumas sanções.
No movimento liderado por Vellozo, segundo Balhana (1981, p. 58),
buscou-se a renúncia aos padrões fixos, aos hábitos estabelecidos, às freqüências
rotineiras. Inspirado na Escola de Crotona, fundada na antiguidade por Pitágoras,
Vellozo fundou o Instituto Neo-Pitagórico (I.N.P.), em 1909, juntamente com Euzébio
Silveira Motta, professor de Lógica do Ginásio Paranaense
63
. Considerado uma
“frateria”, o Instituto Neo-Pitagórico destinava-se
ao estudo, ao desenvolvimento das faculdades superiores do ser, ao
altruísmo, inspirado nos VERSOS DE OURO de Pitágoras, para a Cultura,
para a Verdade, para a Justiça, para a Liberdade, para a Paz, para a
Fraternidade e para a Harmonia (A Lâmpada, apud Marchette, 1999, p. 18).
Os Neo-pitagóricos, nome atribuído aos adeptos da instituição criada por
Dario Vellozo,
abandonam o tradicional que conheciam e passam a deificar os gregos. Era a
transposição do princípio do arquétipo.
Mergulham na literatura e procuram reconstruir o pensamento e o modo de
viver dos antigos. Em Pitágoras, egípcio de espírito, e grego de forma,
realizam a unificação da Grécia e o Egito. Pitágoras está na Maçonaria e no
Simbolismo.
Desejam em Curitiba, reprisar não somente as idéias, mas a arquitetura, o
vestuário e até os nomes pessoais.
Daí porque certas manifestações como a Festa da Primavera, que constituíam
não uma representação, mas uma demonstração explicita da nova maneira de
pensar e de ser. Era a vivência, ainda que por um dia, daquilo que pensavam,
62
Juntamente com alguns intelectuais paranaenses, Dario Vellozo ajudou a fundar e colaborou
em diversos periódicos, tais como: O Cenáculo (1895); Jerusalém (1898); a Esphynge (1899);
Electra (1901); Acácia (1901); Ramo de Acácia, que foi um órgão da maçonaria (1908); A
Batina (1911).
63
Pitágoras, um dos grandes pensadores gregos, após uma série de viagens se transferiu para
Crotona onde fundou uma sociedade filosófico-religiosa com regras rígidas, e que mesmo não
sendo de natureza política, ainda assim exerceu uma influência política considerável. Aquela
organização além de escola de ensinamentos filosóficos era também uma sociedade secreta, e
comunidade religiosa. A rigor, a escola o pode ser classificada nem como científica e nem
somente religiosa. Era de grande rigidez em muitos sentidos, mas basicamente primava pelo
desenvolvimento do caráter humano, pelo exercício da caridade, pelo respeito ao cumprimento
dos compromissos e pela palavra empenhada.
84
era como se os gregos voltassem à terra, valorizando o homem. (Balhana,
1981, p. 58)
O Instituto Neo-Pitagórico, onde Vellozo também reunia seus ex-alunos da
Escola Normal e do Ginásio Paranaense, de acordo com o fundador, pretendia ser o
lugar
onde pelo menos pudessem se afinizar cada vez mais aquelas boas almas, a
fim de que se, embora separados fisicamente pela distância, estivessem
sempre unidos pelo mesmo grande e nobre pensamento de Verdade e Justiça,
que são as duas colunas da Ordem e do Progresso (Livro de Atas do I.N.P.,
apud Balhana, 1981, p. 60).
A fundação do Instituto satisfaria o “coração e o espírito de todos”. Mas
também serviria de alento a Dario Vellozo, que se sentia “torturado moralmente” pela
“anarquia por onde se encaminha a sociedade moderna, na qual como que se reflete o
estado caótico do Espírito da Época(Livro de Atas do I. N. P. apud Balhana, 1981, p.
61).
Dario Vellozo, incomodado com “os erros da sociedade moderna”, num
projeto ambicioso, pretendeu executar uma ampla reforma social. Para ele, Catolicismo
e Materialismo deveriam desaparecer e, em seu lugar, apresenta a idéia de um “Neo-
espiritualismo, provindo, não de dogmas que a razão não poderia aceitar, mas de
hipóteses científicas”. Segundo Vellozo,
do ponto de vista religioso, o Catolicismo não pode[ria] satisfazer mais,
dado o antagonismo absoluto entre a doutrina simples e (a) fátua do clero,
revelando a hipocrisia, e a mistificação da palavra do Mestre. Em assim
sendo, o povo não pode mais acreditar na palavra do padre, visto como ele
não representa mais o sacerdote da paz, mas o instrumento monstruoso de
uma seita exclusivista e interesseira (Balhana, 1981, p. 61).
Os integrantes do I.N.P., ainda que ocupados com sua iniciação teórica e
moral, continuavam de modo direto atacando a Igreja Católica. Para tanto, fundaram
uma revista, sob o título Myrto e Acácia.
Não registros que indiquem que Lysimaco Ferreira da Costa tenha feito
parte do Instituto Neo-Pitagórico. Em consulta aos periódicos existentes no arquivo do
Instituto Neo-Pitagórico, não foram encontrados artigos de Lysimaco Ferreira da Costa
em nenhum periódico maçom ou anticlerical. Apenas na revista A Escola, já citada
anteriormente, foram localizados três artigos assinados por Lysimaco Ferreira da Costa.
Porém, como foi afirmado, a ausência de documentos em acervos privados não deve
85
fazer supor que vestígios não existam, ou não tenham existido, que possam comprovar
tal pertencimento.
As manifestações públicas de religiosidade, como as procissões, eram
severamente criticadas pelos maçons e neo-pitagóricos. Veríssimo de Souza, pelo
Diário da Tarde, combatia os atos religiosos praticados fora da Igreja, pelos católicos:
As procissões e as romarias solenes não são mais que ocasiões de
escândalos, ou ruidosas provocações públicas do ultramontanismo às
consciências dissidentes... Não passam de pompas teatrais, origem do
fanatismo, de idéias perniciosas, de sentimentos idólatras, e ensejo
formidável a um partido faccioso de turbar a tranqüilidade comum,
especulando com os instintos da turba multa indouta e crédula... (Diário da
Tarde, 4 de abril de 1917).
Segundo depoimento de Costa, numa determinada reunião maçônica, na
qual Lysimaco Ferreira da Costa estava presente, tratavam os maçons do apedrejamento
de uma “Procissão Eucarística que sairia da Igreja do Bom Jesus”. Lysimaco Ferreira da
Costa teria se posicionado contra tal ato, afirmando que “apedrejar procissão não era
finalidade de coisa alguma e sim um ato de molecagem”. De acordo com o relato de
Costa, a procissão o chegou a ser apedrejada, mas Lysimaco teria recebido um ofício
“insultuoso” da Loja Maçônica, intimando-o a comparecer em reunião especialmente
convocada para prestar esclarecimentos”
64
.
O ofício dirigido a Lysimaco Ferreira da Costa encontra-se arquivado no
Memorial. O documento, em papel timbrado da Loja Maçônica “Luz Invisível”, com
data de 20 de maio de 1913, convocando-o para prestar esclarecimentos, foi redigido
nos seguintes termos:
Por ordem do (nome abreviado) convido-vos a comparecer a sessão especial
a realizar-se nesta Loja, feira, 26 do corrente, as 7 horas da noite a fim de
prestardes os esclarecimentos necessários da vossa parte e que dizem
respeito a actos profanos de um irmão de nosso quadro e affectam a
dignidade da ordem. Saúde e Fraternidade. O Secretario, Manoel Ricardo
Negrão.
Lysimaco Ferreira da Costa teria comparecido à reunião, na qual teria se
desligado definitivamente da maçonaria. No mesmo depoimento, Costa afirma que
Lysimaco teria comparecido armado,
64
Trata-se de um depoimento datilografado e assinado por Maria José Franco Ferreira da Costa,
com data de 20 de janeiro de 1992, localizado na pasta n. 157 do Memorial Lysimaco Ferreira
da Costa.
86
pronto para enfrentar seus acusadores. Com sua honradez e força magnética
com “que a natureza o dotou” expôs todos os pontos negativos da instituição
e dos seus componentes, pegou sua arma e disse: “Vou me retirar para
sempre e que ninguém se atreva a impedir-me”.
Devido ao seu posicionamento, Lysimaco Ferreira da Costa teria sido
perseguido pela Maçonaria pelo resto da vida, tendo sido, inclusive, ameaçado de morte
por aqueles que se tornaram seus adversários. Parece existir um certo exagero nessa
afirmação. Os dados indicam que realmente a desavença maior foi com Dario Vellozo.
Os dois tornaram-se inimigos e muitos foram os conflitos travados entre eles.
Em relação à Associação Cívica Sete de Setembro, os últimos recibos de
pagamento de mensalidades existentes no acervo referem-se ao ano de 1912. Foi
naquele ano que o fundador, João Gualberto, veio a falecer durante um conflito no qual
sua expedição foi dizimada, “nos faxinais do Irani, pelos fanáticos do monge José
Maria” (Carneiro, D.; Vargas, T. 1994)
65
. Não é possível afirmar se a Associação
continuou funcionando após esse período.
Em relação à Igreja Católica, pode-se afirmar que estava lutando para
recuperar seu espaço numa sociedade que entendia cada vez mais secularizada. A
década de 1910 representa o auge do processo de “institucionalização” iniciado desde
fins do séc. XIX e marcado pela criação de rias dioceses nas principais cidades do
país.
Em 1922, conforme mostra o Relatório de Inspeção Pública, dentre as
escolas particulares existentes na cidade, predominavam as católicas. Na lista abaixo,
pode-se identificar que, dentre as 18 escolas enumeradas, pelo menos 14 eram católicas:
1) Escola polonesa da “Sagrada Família ...
2) Escola “Progresso” (alemã)...
3) Escola “Divina Providencia”(alemã) ...
4) Escola polonesa “José Pilzudski” ...
5) Escola Evangélica (alemã)...
6) Escola polonesa “Sagrada Família”...
7) Escola “Sagrado Coração de Jezus”(italiana)...
8) Escola italiana “Dante Allighiéri”
9) Escola dos Frades Franciscanos “Bom Jezus
10) Collegio “S. José”(diretora francesa)
11) Escola Americana
12) Escola Lutherana (alemã)
65
Carneiro, David; Vargas, Túlio. 1994. História Biográfica da Republica no Paraná. Curitiba:
Banestado.
87
13) Escola polonesa do “Campo da Gallicia”
14) Escola parochial da “Água Verde”(italiana)
15) Escola parochial de S. Felicidade” (italiana)
16) Escola parochial do “Umbará” (italina)
17) Escola parochial da “Colônia Orlens”
18) Escola dos Padres Ruthenos
Segundo Balhana (1981, p. 75), apesar de todos os embates travados com os
anticlericais, em 1922, a Igreja Católica já contava com 27 paróquias e 22 curatos no
Paraná, servidos por 88 sacerdotes religiosos e 20 padres seculares”. Quanto aos
estabelecimentos de ensino, além do Seminário Diocesano, existiam “6 colégios
masculinos e 35 colégios femininos, atendidos por Ordens religiosas diversas”.
Dentre os intelectuais ligados ao grupo de Dario Vellozo, além de Lysimaco
Ferreira da Costa, outros também mudaram de posição em relação à Igreja Católica.
Segundo Miguel (1997, p. 19), parte do grupo criado em 1910, que se intitulava Os
Novos, também se dividiu, passando a defender o espiritualismo de linha católica”.
Segundo a autora, os integrantes do grupo:
diziam-se admiradores do grupo liderado por Dario Vellozo e propunham
dar continuidade ao movimento intelectual do grupo simbolista. Mais tarde,
esse grupo dividiu-se: uns, liderados por Tasso da Silveira, passaram a
defender o “espiritualismo de linha católica” (Carollo, 1991, p. 154), e
denominaram-se daí em diante de Os Novíssimos; o outro grupo permaneceu
como Os Novos, marcando sua atuação pelas idéias anticlericais.
O Civismo, o cientificismo, as discussões sobre os problemas nacionais,
com ênfase no progresso da Nação foram um bom atrativo para o ingresso e a
permanência de Lysimaco Ferreira da Costa na Maçonaria. Curiosamente, foi o perfil
religioso progressivamente acentuado naquela Loja que o expulsou da instituição.
2.5. Católicos e anticlericais na política da década de 1920.
Em 1920, Caetano Munhoz da Rocha, um “católico fervoroso”, foi eleito
para o governo do Estado do Paraná.
Os progressos verificados na catolicidade da população e o seu crescimento,
e a presença no Governo do Estado de um católico praticante que fora o
primeiro paranaense, a 8 de setembro de 1913, a entronizar solenemente o
88
Sagrado Coração de Jesus no seu lar
66
, ensejavam a oportunidade para a
constituição da Província Eclesiástica de Curitiba, com a sua elevação a
Arcebispado e a criação das Dioceses de Ponta Grossa, Jacarezinho, bem
como da Prelazia de Foz do Iguaçu (Balhana, 1981, p. 76).
Lysimaco Ferreira da Costa foi um dos homens de confiança do Presidente
do Estado. Sustenta-se aqui que a relação entre Lysimaco e Caetano Munhoz da Rocha
tenha se dado mais por questões políticas do que religiosas. Ambos pertenciam ao
Partido Republicano Paranaense.
Lysimaco Ferreira da Costa foi nomeado diretor da Escola Agronômica do
Paraná
67
, que, inaugurada a de julho de 1918, inicialmente funcionaria no mesmo
edifício do Ginásio Paranaense. Em 1920, assumiu também a direção do Ginásio
Paranaense e Escola Normal. Ainda em 1920, assumiu a cadeira de Pedagogia da Escola
Normal.
O cargo de Diretor, de acordo com o Código de Ensino aprovado em 9 de
janeiro de 1917, seria “exercido commulativamente por um dos lentes nomeados pelo
governo, sem prejuízo das funcções da respectiva cadeira e com direito á gratificação
especial de 1:200$000 annuaes, além dos seus vencimentos” (art. 300). Sendo um cargo
de livre nomeação pelo Governo Estadual, pode-se afirmar que Lysimaco Ferreira da
Costa contasse com total apoio de Caetano Munhoz da Rocha, haja vista a quantidade
de funções para as quais fora nomeado.
Como será visto, Caetano Munhoz da Rocha incumbiu Lysimaco Ferreira da
Costa de escolher em São Paulo um educador para dirigir a Inspetoria Geral do Ensino
(antes Diretoria Geral da Instrução Pública). Para representar o Paraná no IV Congresso
de Instrução Secundária e Superior, em 1922, foi Lysimaco Ferreira da Costa o
escolhido pelo Presidente do Estado. Posteriormente, em 1925, Caetano Munhoz da
Rocha, em seu segundo mandato na Presidência do estado do Paraná, nomeou Lysimaco
para a direção da Inspetoria Geral do Ensino.
Durante os oito anos de governo de Caetano Munhoz da Rocha, muitas
foram as disputas entre católicos e os anticlericais, devido a inúmeras concessões feitas
pelo governo paranaense em favor da Igreja Católica. Um dos episódios mais rumorosos
66
Munhoz da Rocha, Gabriel. Si Scires Donun Dei. Revista do Circulo de Estudos
Bandeirantes, Tomo II, n. 3, p. 301, Curitiba, 1944.
67
Pelo Decreto 15.774, de 6 de novembro de 1922, foi autorizado o reconhecimento da
Escola pelo Ministério da Agricultura, passando a gozar dos mesmos direitos de qualquer outro
estabelecimento de ensino profissional agrícola e veterinário.
89
ocorreu quando, ao se criarem dois Bispados no Paraná, o Presidente do Estado
autorizou que as despesas da implantação fossem às expensas do Estado. Contra essa
participação levantaram-se os livre-pensadores e anticlericais de origem diversa.
Entretanto, na concepção de Caetano Munhoz da Rocha, o apoio financeiro
do Estado à Igreja era legítimo. Em suas palavras:
Na verdade, eu mesmo sugeri a idéia em Mensagem ao Congresso
Legislativo, sancionei a Lei de autorização, expedi o decreto fixando a
quantia do auxílio e abrindo o necessário crédito, mandei efetuar o
pagamento. Assim fiz consultando os altos interesses do Estado, pois a
criação dos novos Bispados e a elevação de Curitiba à Arquidiocese, se
tinham grande alcance de ordem moral e espiritual, constituíam igualmente
uma segurança de incalculáveis benefícios de ordem material... E fiz muito
bem! (Citado por Loureiro Fernandes, apud Balhana, 1981, p. 76-77).
Sob o argumento de que essa medida violava a Constituição Federal, que em
seu artigo 72, § determina que “Nenhum culto ou igreja gozará de subvenção oficial,
nem terá relações de dependência ou aliança com o Governo da União, ou o dos
Estados”, o apenas Dario Vellozo, mas pessoas de outras filiações religiosas, como,
por exemplo, Luiz Lenz de Araújo César - presbiteriano, Lins de Vasconcelos e Flávio
Ferreira da Luz membros da Federação Espírita do Paraná, dentre outros,
manifestaram-se contra a atitude do Presidente do Estado, tendo enviado um telegrama
notificando o ocorrido ao presidente da República e publicando-o em jornais de Curitiba
e do Rio de Janeiro.
Como conseqüência, os signatários foram processados pelo Executivo e
pelo Legislativo estaduais, e condenados a um ano de prisão celular, além de uma multa
de 14 contos de réis. Foram, porém, absolvidos pelo Supremo Tribunal do Estado. O
Governo Paranaense recorreu, mas o Superior Tribunal de Justiça manteve a absolvição
(Luz de Krotona, 1925/1927, apud Balhana, 1981, p. 77).
Na direção do Ginásio Paranaense, com a autorização do governo do
Estado, Lysimaco Ferreira da Costa contratou 11 professores para compor o quadro
docente do Internato do Gymnasio Paranaense, sem a realização de concurso. Dentre os
11 contratados, 8 eram padres.
No mesmo relatório, Lysimaco Ferreira da Costa informa ainda que Dario
Persiano de Castro Vellozo teria sido suspenso das suas funções no Ginásio, pelo
período de 90 dias, em virtude do telegrama enviado ao Presidente da República.
Segundo o Relatório:
90
Por Portaria n. 374 de 10 do corrente mez, de V. Exa. Foi suspenso por 90
dias das funcções de seu cargo, o lente de Historia Universal e Historia do
Brasil, Sr. Dario Persiano de Castro Velloso, por quebra de disciplina
funccional manifestada publicamente nos termos insolentes dirigidos aos
Poderes Executivo e Legislativo do Estado, expressos no telegramma que
assignou e endereçou ao Exmo. Sr. Dr. Presidente da Republica e inserto nos
jornaes desta capital a 7 do corrente (Relatório apresentado ao Exmo. Snr.
Alcides Munhoz, digníssimo Secretario Geral D’Estado pelo Dr. Lysimaco
Ferreira da Costa, director do Gymnasio Paranaense, referente ao anno de
1924).
Este é apenas um exemplo de uma das diversas disputas travadas entre
Dário Vellozo e Lysimaco Ferreira da Costa. O embate foi apaziguado somente com a
Revolução de 1930. Durante uma reunião do I.N.P., em 9 de novembro de 1930, foram
homenageados o “General Mário Tourinho e o General Plínio Tourinho, líderes e
vencedores da Revolução no Paraná” (Balhana, 1981, p. 62). Segundo o autor, a
homenagem representava o “agradecimento da família pitagórica aos militares que
haviam garantido a ordem e a tranqüilidade da família paranaense”.
Considerando as posições políticas e religiosas de Mário e de Plínio
Tourinho; bem como a luta travada entre clericais e anticlericais no Paraná, sobretudo a
atuação de Dario Vellozo; considerando ainda as posições políticas e religiosas dos
governantes que caíram com a Revolução, particularmente o grupo ligado ao Caetano
Munhoz da Rocha; é fácil entender porque a homenagem aos generais revolucionários
marcou o fim dos embates públicos promovidos por Dario Vellozo.
Progressivamente, Lysimaco Ferreira da Costa vai tornando-se um homem
de confiança de Caetano Munhoz da Rocha, e não poupa esforços para corresponder às
expectativas do parceiro político e amigo.
Embora conste que tenha sido formado num ambiente católico e tenha
educado os filhos dentro dos princípios do catolicismo, Lysimaco Ferreira da Costa
deixou a sua para o âmbito privado, entendendo que a convicção religiosa deve
habitar a intimidade das consciências. Um dos elementos que permite tal afirmação é o
fato de ter se aliado a pessoas pertencentes ao grupo católico em Curitiba, tanto quanto
conservou em seu círculo de amizades protestantes e pessoas de diferentes crenças,
desde que não se posicionassem contra os seus interesses políticos. A aproximação
maior com os católicos se deu menos por motivos religiosos e mais por questões
políticas. Não consta da documentação do Memorial Lysimaco Ferreira da Costa
filiação a nenhuma Liga Católica.
91
Assim, parece mais plausível pensar que a "polivalência ideológica" de
Lysimaco, que ele parece ter "fundido" muito bem, conferiu-lhe as habilidades
adequadas para exercer as funções "típicas" da política clientelista, ao mesmo tempo
que manteve a "polivalência ideológica" aparando as arestas e as zonas de conflito,
exatamente para poder chegar ao "campo" que pretendiaa política.
Filiado ao Partido Republicano Paranaense, não deixou de manter estreita
amizade com um grupo que representava oposição ao Partido Republicano, como, por
exemplo, Plínio Alves Monteiro Tourinho, que juntamente com o irmão, Mario
Tourinho, liderou a Revolução de 1930 no Paraná. Mário Tourinho foi nomeado
interventor federal por Getúlio Vargas. Tanto antes, como após 1930, Plínio e Lysimaco
ajudaram-se, indicando que os laços de amizade estabelecidos desde Rio Pardo falaram
mais alto do que as diferentes posições políticas que posteriormente assumiram.
2.6. O internato do Ginásio Paranaense ou os meandros da política
educacional
Até 1924, o Ginásio Paranaense era composto por duas seções, internato e
externato, ambas dirigidas por Lysimaco Ferreira da Costa.
Os professores do internato e do externato também eram os mesmos, até
aquele momento, a saber:
1 – Arthur Ferreira de Loyola, Português;
2 – Elysio de Oliveira Vianna, Francês;
3 – Guilherme Butler, Inglês;
4 – Padre Antonio Mazzarotto, Latim;
5 – Dr. Alvaro Pereira Jorge, Arithmetica e Álgebra;
6 Dr. Waldemiro Teixeira de Freitas e Benjamin Mourão, Geometria e
Trigonometria;
7 Dr. Sebastião Paraná, Geographia, Chorographia e Elementos de
Cosmographia;
8 Dario Persiano de C. Velloso e Padre José Falarz, Historia Universal e
do Brasil.
Também ensinaram Desenho e Gymnastica os respectivos professores do
Externato – Dr. Pedro Macedo e Luiz Bastos.
A sub-diretoria do Internato deu aos alumnos mais os seguintes
explicadores:
1 – Dr. José de Sá Nunes, de Português;
2 – Ângelo Lopes, de Aritmética e Álgebra;
3 – Julio Machado da Luz, do Curso Preliminar;
4 – Roberto Regnier, de Escripturação Mercantil;
92
5 – Francisco Angarano, de Musica;
6 – D. Nezinha Branco, de Dactylographia.
(Cf. Relatório de 1924).
Em virtude da crescente procura por matrícula no internato, que não
comportava mais de 81 alunos e, em 1924 tinha 91 alunos matriculados
(considerando os alunos do curso preliminar, do curso ginasial e avulsos), foram feitas
algumas reformas no prédio para poder acomodar a todos. Porém, os pedidos de
matrícula já chegavam a duzentos.
Na direção do Ginásio Paranaense, Lysimaco Ferreira da Costa vinha
fazendo constantes pedidos ao Governo do Estado para que fosse construído um prédio
especial para o Internato, capaz de receber pelo menos 300 alunos (Relatório de 1924)
68
.
Autorizado pelo Presidente do Estado, Caetano Munhoz da Rocha,
Lysimaco Ferreira da Costa saiu à procura de um prédio ou terreno, em zonas afastadas
do centro da cidade, mas que fossem servidas de água, esgoto e luz, para tentar melhor
instalar o Internato. Não tendo encontrado um lugar apropriado, Lysimaco apresentou
uma solução diferente: extinguir o Gymnasio Diocesano para instalar o Internato do
Ginásio Paranaense. Assim relata o próprio autor da proposta:
Puz todo o empenho possível em adquirir o immovel apropriado a esse fim e
embora tivesse tido eu a mais ampla liberdade quanto ao preço de compra da
parte do Exmo. Sr. Dr. Presidente do Estado, nada pude conseguir por vários
motivos que não importa especificar no presente relatório.
Cumpria, pois, achar a solução e a que se apresentou foi a da extincção do
Gymnasio Diocesano e a da installação, no mesmo prédio, do Internato do
Gymnasio Paranaense.
Era a única e a melhor possível; era a que melhor consultava os interesses da
educação da mocidade paranaense e os interesses do Estado.
Não podia ser mais completo, mais perfeito nem mais patriótico o acto do
Exmo. Sr. Dr. Caetano Munhoz da Rocha, D. D. Presidente do Estado, que
reorganizou o Internato do Gymnasio Paranaense, cujo numero de alumnos
elevou-se immediatamente a 254! (Relatório de 1924).
É provável que Lysimaco Ferreira da Costa e Caetano Munhoz da Rocha
tenham feito algum acordo com os padres do Seminário Diocesano, para que a medida
atendesse, a contento, ambas as partes envolvidas. A contratação de professores sem
concurso, como de fato ocorreu, pode ter sido a medida conciliatória encontrada.
68
Relatório apresentado ao Exmo. Snr. Alcides Munhoz, digníssimo Secretario Geral D’Estado
pelo Dr. Lysimaco Ferreira da Costa, director do Gymnasio Paranaense, referente ao anno de
1924.
93
Parte-se da hipótese de que as transformações operadas no Internato do
Ginásio Paranaenses não foram obra particular de Lysimaco Ferreira da Costa, como
diretor do estabelecimento. A separação do Internato do externato foi uma questão que
visava muito mais a aspectos políticos do que pedagógicos. É visível a disputa entre o
Diretor do Ginásio, contando com o apoio do Presidente do Estado, e seus opositores. E,
para conseguir êxito ao seu intento, o pouparam esforços, utilizando-se de caminhos
“alternativos” para dar legitimidade à proposta.
Como diretor do Ginásio Paranaense, Lysimaco Ferreira da Costa apresenta,
no Rio de Janeiro, um requerimento ao Dr. Affonso Penna Júnior, Ministro da Justiça e
Negócios Interiores, pedindo autorização para contratar professores, sem a abertura de
concurso, nos seguintes termos:
Exmo. Snr. Ministro da Justiça e Negócios Interiores.
O Gymnasio Paranaense, com sede em Curityba, mantido pelo Estado do
Paraná e dotado de duas secções, Externato e Internato, é o único
estabelecimento de ensino secundário equiparado ao Collegio Pedro II que
existe nesse Estado.
A secção do Internato fora creada com as vantagens da equiparação, em
conseqüência da autorização expressa no “Parecer n. 20 da Comissão de
Ensino Secundário” do Egrerio Conselho Superior do Ensino, em sua sessão
de Julho de 1918, com a condição de serem ainda mais, de se reger esta
secção pelo Regimento Interno do Collegio Pedro 2º.
Desejando, porem, o Governo do Paraná ampliar esta secção do Internato de
modo que possa corresponder mais efficazmente a todas as exigências da
matricula e do ensino, sempre crescentes no estabelecimento, de anno para
anno, resolveu dotal-a também de um corpo docente próprio, á semelhança
do Collegio Modelo e nos termos do Art. 173 do Decreto n. 11.530, de 18 de
Março de 1915 que reorganizou o ensino secundário e o superior na
Republica.
Considerando, ainda, o Governo do Paraná, que seria quase impraticável
formar corpo docente para a secção do Internato por meio de concursos:
- por estarem suspensos os concursos de que trata o art. 43 do Decreto
11.530 citado, único artigo que regula a matéria;
2º - porque taes concursos para o preenchimento de 11 cadeiras seriam
demorados e, uma vez realizados, impediriam a medida que se impõe
immediatamente no sentido de serem attendidos os numerosos pedidos de
matricula, ainda que dentro do corrente mez;
Considerando mais ser de praxe administrativa em toda a Republica que,
para os estabelecimentos de ensino que se organizam ou se reorganizam as
primeiras nomeações de professores são de livre escolha dos Governos na
conformidade das autorizações Legislativas Estadoaes;
Venho requerer a V. Exª. que se digne a autorizar o Gymnasio Paranaense a
reorganizar a secção do Internato:
com corpo docente próprio;
podendo ser de livre escolha do Governo do Estado a nomeação tão somente
dos primeiros professores independentemente de concurso;
94
sujeitando-se, como até esta data, ás demais normas dictadas pelo regimento
interno do Collegio Pedro 2º, tudo sem prejuízo dos privilégios da
equiparação, ao Collegio Modelo, de que goza actualmente.
Nestes termos aguarda de V. Exª. deferimento.
(ass) Lysimaco Ferreira da Costa, Director do Gymnasio Paranaense
(Relatório de 1924).
O Ministro da Justiça e Negócios Interiores resolveu consultar o Presidente
do Conselho Superior do Ensino, Barão de Ramiz Galvão, que em longo parecer
favorável justificou plenamente a pretensão do Gymnasio Paranaense, “a bem do ensino
secundário no Paraná” (Relatório de 1924)
69
.
2.6.1. O ensino público nas mãos de religiosos
O Internato do Ginásio Paranaense, dirigido pelos Padres da Congregação de
S. Vicente de Paulo e equiparado ao colégio de D. Pedro II do Rio de
Janeiro, tem por fim ministrar oficialmente o ensino secundário e
proporcionar aos alunos que lhe forem confiados a mais sólida educação
física, intelectual e moral.
[...]
Situado no Batel um dos arrabaldes mais pitorescos da formosa Capital do
Paraná, servido por linhas de bondes e auto-omnibus, - O Internato do
Ginásio Paranaense, graças á vasta chácara que o circunda, á excelente água
potável, própria, de que é abastecido, á espaçosa área de que dispõe para
recreios e jogos higiênicos, aos seus grandes e confortáveis edifícios
recentemente construídos, segundo as regras da moderna arquitetura e que
constituem um dos primeiros do Brasil, garante ás Exmas Famílias tudo que
é preciso para o bem-estar, o bom tratamento e a boa formação de seus filhos
(prospecto do Internato do Ginásio Paranaense, sem data).
69
É possível que Lysimaco Ferreira da Costa e Ramiz Galvão fossem amigos, pois numa das
vitrines da primeira sala do Memorial encontra-se exposto um telegrama do Barão de Ramiz
Galvão Diretor Geral do Conselho Nacional de Ensino (1923), agradecendo e retribuindo
saudações e elogiando a modelar direção do Ginásio Paranaense e Escola Normal. Ressalta-se
que Ramiz Galvão, Presidente do Conselho Superior do Ensino e Reitor da Universidade do Rio
de Janeiro, elaborou o Regimento do IV Congresso Brasileiro de Instrução secundária e
Superior, aprovado pelo Governo Federal (Cf Anais do IV Congresso..., p. 335).
95
FOTO 4 - I
NTERNATO DO
G
INÁSIO
P
ARANAENSE
A
CERVO
: M
EMORIAL
L
YSIMACO
F
ERREIRA DA
C
OSTA
.
Com todo amparo legal de que precisava, o Presidente do Estado, Caetano
Munhoz da Rocha baixou o Decreto n. 362, reorganizando o Internato e nomeando os
seguintes lentes:
Padre Fernando Taddei, sub-director do Gymnasio Paranaense e lente
cathedratico de Historia Universal e do Brasil.
Este sacerdote conta nesta data 36 annos de serviço de ensino secundário no
Brasil e era o diretor do Gymnasio Diocesano, cujo conceito, como
estabelecimento de ensino secundário, era o mais elevado e bastante
conhecido em todo o Estado.
2 Padre Francisco Souza, com 8 annos de exercício no magistério
secundário, lente de Historia Natural.
3 Padre Manoel Gonzáles, com 25 annos de magistério secundário, lente
de Francês.
4 Padre José Bonifácio Leite, com 12 annos de magistério secundário,
lente de Latim.
5 Padre Dr. Francisco Torres, com 4 annos de magistério secundário, lente
de Arithmetica e Álgebra.
6 Padre Luiz Gonzaga Miéle, com 6 annos de magistério secundário, lente
de Lógica, Psychologia e Historia de Philosophia.
7 Padre Olympio de Oliveira e Souza, com 14 annos de magistério
secundário, lente cathedratico do Português da Escola Normal Secundaria
desta Capital, lente de Português.
8 Padre Jeronymo Mazzarotto, com 4 annos de magistério secundário,
lente de Geographia, Chorographia e elementos de Cosmographia.
9 Amilcar Silva, ex-aluno da Escola Militar, com um anno de magistério
secundário, lente de Geometria e Trigonometria.
10 – Dr. Benjamin Mourão, Engenheiro – Geographo, com 3 annos de
magistério secundário, lente de Physica e Chimica.
11 Professor Jose Bohner, com 2 annos de magistério secundário, lente de
Inglês e Allemão (Rel. 1924).
96
Para justificar o “arranjo”, Lysimaco Ferreira da Costa se apóia na alta
capacidade intelectual” dos contratados, afirmando que
Á escolha dos professores acima presidiu o mais elevado critério, pois que,
alem de alta capacidade intellectual, possuem todos muita competência
didactica, excellente moralidade, optimos costumes e grande dedicação ao
ensino.
Podem perfeitamente alliar á sua palavra instructiva e educadora o exemplo
de uma vida honrada, condições completas para a formação de bons
cidadãos.
Afirma ainda que a modificação realizada no Internato, além de atender aos
interesses da “educação moral, intelectual e física dos alunos do Ginásio”, também fora
favorável “aos interesses econômicos do Estado”. No que se refere ao corpo docente,
aponta as vantagens de poder contar com um corpo de professores próprio,
possibilitando o bom funcionamento dos exames, sem ter de contar com pessoas
estranhas para a composição das bancas examinadoras, que nem sempre julgavam com
a mesma “imparcialidade e severidade que os lentes da casa”. Ressalta ainda que, com
os novos contratados, haveria a possibilidade de substituição de lentes que,
eventualmente, precisassem entrar em licença, podendo um professor do internato
substituir um outro do externato e vice-versa. Ainda destaca que não haveria problema
em relação à assiduidade dos professores, posto que os mesmos morariam no internato.
FOTO 5:
CORPO DOCENTE DO
I
NTERNATO DO
G
INÁSIO
P
ARANAENSE
A
CERVO
: M
EMORIAL
L
YSIMACO
F
ERREIRA DA
C
OSTA
.
97
Uma conseqüência da reorganização do Internato foi a exoneração do Sr.
Olympio de Almeida do cargo de subdiretor do Internato do Gymnasio Paranaense,
sendo nomeado para substituí-lo, o Padre Fernando Taddei.
Na seqüência, Lysimaco Ferreira da Costa alega ainda que “nada há de mais
prejudicial em matéria de educação do que a falta de homogeneidade entre os elementos
do corpo docente”. De acordo com Lysimaco Ferreira da Costa, os professores do
externato, por passarem apenas o tempo referente às aulas juntamente com seus alunos,
não poderiam contribuir para a criação de ambiente educativo desejável, devido a
“diversidade de suas opiniões e de seus princípios religiosos” (Rel. 1924).
A mesma idéia já vinha sendo defendida por Lysimaco Ferreira da Costa em
outras situações. Num outro texto de sua autoria, publicado pela Liga Pedagógica do
Ensino Secundário, em 1923 e na revista A Educação
70
, em 1925, defendia que estudar
com professores de diversas orientações religiosas provocaria uma “influência
desordenada, dispersiva, desorientada” na mente dos alunos. Nas palavras do autor:
Um dos erros das excellentes escolas normaes argentinas e esse também da
Escola Normal do Rio: o da multidão de professores. E esse erro consiste em
complicar um mecanismo que deve ser naturalmente simples.
Com tantos professores, cada um delles pregando doutrinas especiaes ao
sabor próprio, formando quasi sempre uma polyarchia no ensino com o seu
cortejo de idéias boas, más e absurdas que pregam, não é possível mesmo ao
mais perfeito director formar um ambiente educativo, apreciável, mormente
se esses professores não estacionam em sua escola normal por mais de uma
hora diária.
Que influencia pode ter taes professores no espírito dos seus alumnos, se
esses estudam arithmetica com um no primeiro anno, com outro no segundo
e assim por deante; quando estudam historia antiga com A, moderna com B
e a do Brasil com C, sendo que A, B e C podem ter as mais desencontradas
opiniões, os mais diversos pontos de vista nas doutrinas ensinadas? Se A é
por exemplo catholico, B protestante, C atheu ou anticlerical?
pode ser uma influencia desordenada, dispersiva, desorientada que nada
tem de educativa e que se caracteriza por anarchisadora da mentalidade do
educando.
Outros seriam os resultados educativos se o corpo docente fosse constituído
de elementos homogêneos, em número apenas sufficientes, capazes de
comprehender a necessidade de se completarem mutuamente na obra
educativa empenhada e que, devidamente remunerados, pudessem passar ao
lado dos seus alumnos duas, ou três horas por dia, no mínimo, informando-
os, orientando-os, instruindo-os e animados sempre do mesmo enthusiasmo,
tão nobre, moralmente tão compensador, de formar os futuros educadores do
nosso povo (Costa, 1925; Costa 1923)
70
Tratava-se de uma publicação mensal, dedicada à “defesa da educação pública no Brasil”.
Fundada pelo Dr. José Augusto, Governador do Rio Grande do Norte; e dirigida por Heitor Lyra
da Silva, fundador da ABE.
98
Ainda a respeito da unidade religiosa, no mesmo relatório, quando o autor
aponta as vantagens de se ter um grupo homogêneo no Internato, faz questão de
salientar que aos alunos a religião não seria imposta:
Felizmente, com a reorganização que sobreveio, póde o Internato possuir um
ambiente educativo homegeneo, alheio a lutas e questões religiosas, pois
que, apezar de ser dirigido por um digno sacerdote catholico e serem seus
professores na sua maioria sacerdotes catholicos, nenhum alumno é obrigado
ao estudo ou á pratica de assumptos religiosos, em plena conformidade ao
regulamento vigente e ao espírito altamente liberal e imparcial do Exmo. Sr.
Dr. Presidente do Estado.
No Relatório de 1924, Lysimaco Ferreira da Costa não perdeu a
oportunidade de provocar seu inimigo Dario Vellozo. Em relação à diversidade de
princípios religiosos, faz questão de acrescentar que
a excepção do lente de Historia Universal, Sr. Dario Persiano de Castro
Velloso, todos os demais lentes, catholicos, protestantes, espíritas, atheus ou
livre-pensadores, procuraram sempre ser justos e imparciaes não pregando
em aulas suas doutrinas religiosas ou anti-religiosas (Rel 1924).
Por fim, aproveita para assinalar a preocupação constante do Governo do
Estado em estabelecer um bom sistema de “cultura physica” para os alunos do Ginásio,
que a reorganização do internato também poderia contemplar, dado que possuía uma
área de “cerca de 100 hectares de campo e matto”, diferentemente do antigo prédio onde
estava instalado o Internato.
2.7. Inspetoria Geral do Ensino
Na gestão de Caetano Munhoz da Rocha, a educação passou a ser
priorizada, no sentido de expandir a rede escolar e melhorar a qualidade do ensino.
Desde o início do culo XX, o Estado de São Paulo foi visitado por
autoridades de ensino paranaenses para ver de perto o que se considerava experiência
modelar (Abreu; 2003; Souza, 2004). Em relatório apresentado em 1903, o Professor
Vitor Ferreira do Amaral e Silva, Diretor Geral da Instrução Pública do Paraná, faz
referência à visita que realizou ao Estado de São Paulo, a fim de conhecer o
funcionamento e a organização do ensino público paulista:
99
No Estado de S. Paulo, cujos mais importantes estabelecimentos de ensino
tive a ventura de visitar ultimamente, em commissão do nosso governo, as
condições são muito differentes. A plethora de recursos de annos atraz e a
iniciativa de homens eminentes, da tempera do saudoso Dr. Cezario Mota,
deram áquelle prospero Estado uma organisação modelo, mesmo luxuosa,
que não se arreceia do confronto dos paizes mais civilisados (Rel. Inst.
Pública de 1903).
No Paraná, os reformadores encontraram muitas dificuldades para realizar a
desejada reorganização escolar. Assim, em 1907, o Governo do Estado designou uma
comissão de professores, sob a responsabilidade da professora Carolina Pinto Moreira,
para ir a São Paulo, conhecer a organização dos grupos escolares e estudar os métodos
didáticos ali desenvolvidos (Oliveira, 1994; Abreu, 2003; Souza, 2004).
O envio de professores foi criticado pela imprensa paranaense (Abreu, 2003,
p. 134). Desde 1914, Rubem do Amaral, contrário à idéia do governo de enviar um
grupo de professores para estudar a organização do ensino em São Paulo, defendia a
vinda de uma missão de professores paulistas para organizar o ensino público no
Estado:
A missão de professores paulistas poderia reunir ao mesmo tempo, as duas
vantagens do conhecimento perfeito do assumpto e da rapidez com que
iniciaria sua obra, tão depressa quanto o quizessem os poderes públicos
paranaenses. no magistério publico do visinho Estado verdadeiras
capacidades profissionaes, que alliam a um sólido preparo principalmente
pedagógico, um espírito constructor que muito collaboraria no êxito do
inaudível emprehendimento. Não citamos nomes, para evitar omissões
injustas, ou a idéia de que estejamos a fazer insinuações neste ou naquelle
sentido. [...] é uma assimilação dos melhores methodos norte-americanos,
suissos e allemães. o seria coisa difficil moldar o ensino aqui pelas
exigências locaes.
Este Estado não se deixaria distanciar neste ponto pelo de Santa Catharina,
que está fundando sobre sólidos alicerces sua instrucção pública.
(Diário da Tarde, 05/01/1914).
Em outro artigo, publicado em 20 de março de 1914, o mesmo autor retoma
a questão do ensino, insistindo na proficuidade da vinda de uma “missão paulistapara
uma completa remodelação do ensino público no Paraná:
Reformas parciaes poderão ser úteis, mas não são completamente efficazes.
uma remodelação “de fond em comble” será capaz de elevar o ensino
público á altura das necessidades do Estado. E essa remodelação, poderá
leval-a a effeito uma missão paulista chefiada por um Arnaldo Barreto, um
João Lourenço Rodrigues, um Mariano de Oliveira ou outro dos illustres
100
pedagogos e educacionistas que têm feito o grande e justo renome da
instrucção pública de S. Paulo.
Os debates no jornal continuaram acontecendo. Em 1916, o governo decide
enviar outra comissão de professores para estudar o funcionamento dos grupos escolares
paulistas (Cf. Abreu, 2003; Souza, 2004).
Diferentemente dos governos anteriores, a solução defendida por Munhoz
da Rocha foi a de trazer um experiente educador paulista para ocupar a Inspetoria Geral
do Ensino e realizar uma reforma na instrução pública paranaense. Lysimaco Ferreira da
Costa, então diretor da Escola Normal e do Ginásio Paranaense, foi enviado para São
Paulo para convidar um profissional capaz de reorganizar o ensino no estado.
O Estado de São Paulo foi o pioneiro a investir na organização e expansão
do ensino público, elementar e normal, tornando-se uma referência para a remodelação
do ensino em outros estados brasileiros. A criação dos grupos escolares, considerados
uma das mais importantes contribuições das primeiras reformas educacionais
republicanas, atraiu as atenções para aquele estado.
A crença de que os problemas sociais poderiam ser solucionados pela
educação fazia parte do imaginário paranaense. Na década de 1910, o governo do
Paraná havia encaminhado algumas missões de professores a São Paulo, a fim de
estudar a organização e métodos de ensino daquele estado para promover uma
modernização na escola paranaense
71
. O envio de professores paranaenses para São
Paulo o produziu o efeito esperado. Assim, coube a Lysimaco Ferreira da Costa a
escolha de um professor paulista que pudesse contribuir para a organização do ensino
público no Paraná.
Segundo Souza (2004), para ocupar o referido cargo, o primeiro nome
cogitado foi o de João Lourenço Rodrigues, que o pôde aceitar o convite. As cartas
trocadas entre João Lourenço Rodrigues e Lysimaco Ferreira da Costa revelam que
muitos nomes foram cogitados, “como foi o caso da sugestão que João Rodrigues fez ao
secretário geral de Estado do Paraná, Marins de Camargo, em favor de João Toledo, que
declinou da oferta do cargo” (Souza, 2004, p. 50).
71
Segundo Gizele de Souza (2004, p. 40), que estudou a criação dos grupos escolares e jardins
de infância no Paraná, o então presidente do estado, Carlos Cavalcanti, era contrário à idéia da
vinda de missão de professores paulistas ao Paraná para auxiliar o processo de reforma da
instrução pública. O próprio Cavalcanti teria dado essa informação em entrevista ao jornal
paulista O Estado de S. Paulo, comentada em artigo do Diário da Tarde. Para ele, seria mais
proveitoso enviar professores do Paraná ao estado de São Paulo.
101
O educador que acabou por aceitar o convite foi o diretor da escola Normal
de Pirassununga, sar Prieto Martinez. Em carta datada de 19 de março de 1920
72
,
João Lourenço Rodrigues, confidencialmente, sugeria a Lysimaco Ferreira da Costa que
não entregasse seu cargo a Martinez; este deveria começar seu trabalho pela
Escola Modelo e depois poderia até ocupar a cadeira de Psicologia
Pedagógica e todos de Ensino na Escola Normal. Assim, aos poucos, na
qualidade de inspetor geral do Ensino, Martinez deveria visitar as escolas da
Capital, conhecer o pessoal e aproveitar os melhores elementos para quando
chegasse a oportunidade. Além disso, Martinez deveria designar para
pequenas turmas os professores, os quais precisavam visitar a Escola
Modelo, e, em seguida, também deveria fundar grupos, baseados nos moldes
da escola paradigma. Outra sugestão era que o professor Lysimaco não
passasse “a vara ao Martinez sem verificar praticamente o seu critério”
(Souza, 2004, p. 51).
As advertências de Rodrigues estavam pautadas no convívio que tivera,
“especialmente na condição de seu professor em 1898, com o professor paulista” (Cf.
Souza, 2004, p. 51).
Os conselhos de Rodrigues a Lysimaco Ferreira da Costa indicam que o
primeiro supunha que o educador paranaense, incumbido pelo Presidente do Estado do
Paraná de escolher um educador paulista para auxiliar na reestruturação do ensino no
Estado, exercesse autoridade suficiente para dirigir a ação de Martinez, impondo-lhe
limites e concedendo-lhe espaço conforme o desempenho do professor paulista.
Em matéria de educação, a ascendência de Lysimaco Ferreira da Costa
sobre Caetano Munhoz da Rocha é evidente, mas não pode ser facilmente explicada.
Nas inaugurações dos prédios para a instrução pública, diversas vezes o Presidente do
Estado abriu mão de seu discurso “em favor do apanhado técnico pedagógico de
Lysimaco” (Cf. Moreno, 2003, p. 20).
A crítica ao poder conferido a Lysimaco se observa na imprensa:
O seu alto e nunca assaz prestígio junto à administração pública. [...] ...esse
funcionário genuíno “Je sais tout” [...], com a sua mania de açambarcar a
direção e orientação do ensino secundário, e, por outro lado de apresentar-se
como orientador do governo em questões econômicas... (O Dia, 12/12/1923,
apud Moreno, 2003, p. 20).
72
A referida carta fazia parte do acervo do Memorial Lysimaco Ferreira da Costa. Foi, porém,
retirada de por D. Maria JoFranco Ferreira da Costa, por julgar que as informações eram
confidenciais e, portanto, seu falecido pai não gostaria de vê-las divulgadas. Essa atitude revela
que, assim como a carta, outros documentos importantes para a compreensão do período não
puderam ser acessados.
102
A presença de Lysimaco Ferreira da Costa em diversos espaços da
administração pública é uma constante na década de 1920. Talvez por isso, a reforma do
ensino no Paraná seja freqüentemente referida como empreendida por Lysimaco
Ferreira da Costa. Na verdade, o professor Lysimaco Ferreira da Costa foi autor da
reforma implantada na Escola Normal, a partir de 1923. A pouca referência a Martinez
como autor da reforma da educação paranaense também foi provocada pela ausência de
uma lei ou regulamento que as enfeixasse, dando-lhes um caráter orgânico. Apenas a
Reforma da Escola Normal empreendida por Lysimaco Ferreira da Costa foi
regulamentada e reconhecida oficialmente pelo governo.
Soma-se ainda o fato da presença de Martinez no Paraná ter sido marcada
por questionamentos e oposição à sua ação por parte da imprensa paranaense. As
críticas incidiam, em parte, sobre as medidas que pôs em prática nas escolas
paranaenses, tais como: controle e normatização de procedimentos; unificação de
material didático; o reforço da inspeção escolar entendida “como pivot, em torno do
qual o apparelho escolar” se moveria
73
.
Em relação à inspeção escolar, Souza (2004, p. 34) aponta que
a tarefa que predominava na inspeção escolar [...] era a fiscalização do
ensino, seja das condições de funcionamento dos estabelecimentos escolares,
seja diretamente do próprio trabalho docente. [...] O entendimento era de que
os inspetores técnicos assumiriam a tarefa de “porta-vozes” das “ordens”
públicas, representariam o inspetor geral “em todos os actos” oficiais junto
aos estabelecimentos de ensino, averiguariam e regularizariam os serviços
administrativos escolares, fiscalizariam o trabalho docente e o
funcionamento das escolas...
Além disso, muitos paranaenses não aprovavam a vinda de um técnico de
outro Estado para reorganizar o ensino no Paraná, por acreditar que existiam
paranaenses competentes e capazes de realizar a tarefa, sem a necessidade de trazer
alguém de fora para isso.
A relação entre Lysimaco Ferreira da Costa e Martinez foi marcada por
tensões e divergências desde o primeiro ano de trabalho do professor paulista no Estado.
Em cartas trocadas com João Lourenço Rodrigues, fica evidente que Lysimaco Ferreira
da Costa se afastara de Martinez, preocupado em preservar sua imagem política, diante
de tantas críticas dirigidas à ação daquele professor.
73
Relatório do inspetor geral do Ensino, Cesar Prieto Martinez, ao secretário geral de Estado,
Marins Alves de Camargo, 1920, assinado em janeiro de 1921, p. 10.
103
Em 1923, ano da Reforma da Escola Normal promovida por Lysimaco
Ferreira da Costa, Martinez teria apontado as suas divergências em relação às bases da
Reforma, durante o seu discurso como paraninfo, na colação de grau das normalistas.
Em seguida, Lysimaco Ferreira da Costa pediu a palavra para responder às críticas de
Martinez. O acontecimento teve grande repercussão na imprensa. Em A República,
órgão oficial do governo, a atitude de Martinez foi seriamente repreendida. Numa
direção oposta, O Dia censurava a postura de Lysimaco:
Não queremos tomar o partido do sr. Prieto Martinez mas o que é bem
verdade é que aberra das mais comezinhas normas de delicadeza, o
procedimento insólito com que o diretor da Escola Normal se permitiu,
numa solenidade pública, refutar o seu colega, paraninfo da turma de
normalistas, dando assim um bem-triste exemplo às novas educadoras de
nossa mocidade. Esse funcionário [...] não suporta que se possa ter uma idéia
ou uma opinião que destoem das que consultam os seus interesses. Com isso,
compreenderá o Sr. Presidente do Estado, os únicos prejudicados o seu
próprio governo e, o que é mais importante, os créditos do ensino secundário
do Paraná. Não se pode ser, impunemente, ao mesmo tempo, diretor da
Escola Normal, diretor do Ginásio, lente de física e química desses
estabelecimentos, diretor da Escola Agronômica, lente de Universidade,
industrial e, ainda, nas horas vagas, “mentor” das classes conservadoras e
arquiteto de toda sorte de picuinhas contra seus colegas mais bonitos e
menos ocupados... (O DIA, 08/12/1923).
2.8. Reforma na Escola Normal
Em 1920, no governo de Caetano Munhoz da Rocha, assumiu a Inspetoria
Geral do Ensino o professor César Prieto Martinez, oriundo de São Paulo, com a tarefa
de remodelar o ensino existente. De acordo com o artigo 7º da lei n. 1999, de
09/04/1920, o governo estava autorizado a “remodelar o ensino primário e Normal do
Estado, podendo, para este fim, desmembrar a Escola Normal do Ginásio Paranaense”.
Uma das primeiras medidas do novo Inspetor foi separar o Curso Normal do
Ginásio, mantendo-se, entretanto, os mesmos professores em ambos os
estabelecimentos, que funcionavam no mesmo prédio.
Considerando o quanto eram prejudiciais ao ensino taes lições em commum,
disvirtuando (sic) completamente o destino de caracter mais profissional
do CURSO NORMAL, difficultando o ensino no CURSO GYMNASIAL,
fez o Exmo. Snr. Dr. Presidente do Estado baixar o Decreto n. 636 de 19 de
Maio de 1920, mandando separar esses dois cursos que passaram a
104
funccionar com horários differentes, embora no mesmo edifício do
GYMNASIO e regidos pelo mesmo CORPO DOCENTE.
Ainda que fosse uma medida de caracter provisório, até que se effectivasse a
construcção do prédio conveniente á adaptação do CURSO NORMAL,
representou esta resolução do GOVERNO DO ESTADO um impulso
vigoroso no sentido do aperfeiçoamento do ensino que passou a ser
ministrado com mais ordem e regularidade, preenchendo melhor os seus
destinos, quer na preparação dos candidatos aos cursos superiores, quer na
formação do nosso professorado primário (Relatório da Secretaria Geral do
Estado do Paraná apresentado a S. Exa. O Sr. Dr. Caetano Munhoz da
Rocha, Presidente do Estado por Alcides Munhoz, secretário Geral D’Estado
referente aos serviços do exercício financeiro de 1922-1923). (grifos no
original). (Localizado no Memorial Lysimaco Ferreira da Costa).
Outra medida importante foi o desdobramento do programa de pedagogia
em três disciplinas: Antropologia Pedagógica na série do curso; Psicologia Infantil
aplicada à educação na 3ª série; Metodologia Geral e História da Pedagogia na série.
Essas medidas foram as primeiras iniciativas para a reforma da Escola Normal,
passando a ser uma instituição desvinculada do Ginásio. Além das alterações
curriculares, foi criado um grupo escolar anexo à Escola Normal para a realização da
prática escolar (Miguel, 1997, p. 33).
A formação de professores foi entendida como peça fundamental da reforma
a ser empreendida no Paraná. A construção do novo prédio para a instalação da Escola
Normal foi a materialização dessa concepção. Cada detalhe da obra fora acompanhado
de perto por Lysimaco Ferreira da Costa: dimensão das salas de aulas, aeração,
colocação das carteiras de maneira a receberem luz pela esquerda, pintura das paredes,
quadros-negros, material didático adequado (Costa, 1997, p. 115).
O prédio, conhecido como “Palácio da Instrução”, foi inaugurado do dia 7
de setembro de 1922, durante as comemorações do Centenário da Independência, no
Estado. Na concepção do autor da Reforma da Escola Normal Secundária, em 1923,
formar o professor primário senhor da didactica, perfeito conhecedor dos
programmas de ensino que vae ministrar, capaz de comprehender em pouco
tempo a alma da creança e ornado das mais completas qualidades Moraes – é
o fim capital da Escola Normal.
Si o realizar, será o maior padrão de gloria do Paraná. (Bases Educativas
para a organização da nova Escola Normal Secundária do Paraná).
105
O projeto intitulado Bases Educativas para a organização da nova Escola
Normal Secundária do Paraná”, foi apresentado por Lysimaco Ferreira da Costa ao
Exmo. Sr. Dr. Marins Alves de Camargo, Secretário Geral d’Estado
74
.
Um governo pode dispender sommas fabulosas com a abertura de estradas e
de portos, com o lançamento de estradas de ferro, com o fomento agrícola,
com a protecção ás industrias e ás correntes immigratórias, com a exploração
de minérios ou, em geral, pode estimular a producção e a riqueza publica
com os maiores sacrifícios do thesouro e de energias; mas, si não cuidar
parallelamente da educação do seu povo, creando nelle através da boa
escola, o habito do trabalho productor, procurando resolver o problema
fundamental do analphabetismo, que exige não só o ensino das noções
indispensáveis para que cada um seja um bom cidadão e tenha um
conhecimento elementar que o torne apto para a luta pela vida, como
também o aperfeiçoamento das suas qualidades moraes, intellectuaes e
physicas, então esse Governo não terá sabido fazer o seu povo aproveitar as
largas estradas, os portos amplos, as possibilidades industriaes e agrícolas, as
escolas superiores, e o progresso estimulado se annullará fatalmente ante a
incapacidade de um povo inapto para a exploração da riqueza; nessas
condições não terá esse Governo cuidado devidamente da felicidade
individual e collectiva, dos que lhe confiaram a suprema direcção da sua
existência livre (Bases Educativas para a organização da nova Escola
Normal Secundária do Paraná).
A Reforma foi marcada pelas observações que colheu em visitas às Escolas
Normais da Argentina. Em texto publicado na Revista O Ensino, em setembro de 1922,
Lysimaco Ferreira da Costa descreve a aplicação da Pedagogia de Herbart
75
pelos
professores argentinos:
A lição comprehende cinco passos formales: Preparação do
conhecimento; Apresentação do conhecimento novo; Associação deste
com os conhecimentos anteriormente adquiridos; Generalisação do
conhecimento novo; 5º Aplicação deste. Quem ouve um professor argentino,
74
Regulamentado pelo Decreto n. 274 de 26 de Março de 1923, em face das autorizações
expressas no art. da Lei n. 1999 de 9 de abril de 1920 e nos artigos e da Lei n. 2.114 de
25 de Março de 1922, passando a Escola Normal a denominar-se Escola Normal Secundária,
por comportar o seu plano de estudos a formação do professor secundário, já por sua posição em
relação às Escolas Normais Primárias (Relatório da Secretaria Geral do Estado do Paraná
apresentado a S. Exa. O Sr. Dr. Caetano Munhoz da Rocha, Presidente do Estado por Alcides
Munhoz, secretário Geral D’Estado referente aos serviços do exercício financeiro de 1922-
1923).
75
Fazem parte da Biblioteca de Lysimaco Ferreira da Costa e estão disponíveis no Memorial os
seguintes títulos:
HERBART, J. F. Pedagogía general derivada del fin de la educación. Madrid :Ediciones de la
lectura, 1806.
HERBART, J. F. Bosquejo para un curso de pedagogía. Madrid: ediciones de la lectura , 1923.
HERBART, J. F. Informes de um preceptor. Madrid :ediciones de la lectura , s.d
HERBART, J.F. Comment élever nos enfants. Paris.
106
ouve todos: estas cinco passagens da lição são perfeitamente distintas do
observados, seja qual for o objecto da lição. Também devo dizer que achei
verdadeiramente admirável a facilidade dos professores argentinos na
technica didactica, em face da diversidade diárias das lições distinctas,
em presença de aspectos psychologicos infantis tão variados. Assim, em uma
lição, reúnem as idéias perceptíveis trazendo ao campo da consciência
infantil todas as idéias que possam preparar o espírito do alumno para
receber o novo conhecimento; passam ao enunciado deste e procedem a
fixação deste enunciado por formas variadas que ferem integralmente a
imaginação da creança; em seguida despertam a intuição do assumpto e dão
a sua percepção synthetica e percepção analytica; o terceiro passo formal
realisam com a comparação finalisada com a abstracção do objeto da lição,
completando-se desta maneira sua associação com os conhecimentos
anteriomente dominados pelo alumno; a systematisação e as definições
caracterisam a quarta parte da lição e a recapitulação, em que trabalham
todas as creanças estimuladas por hábeis perguntas, a applicação
propriamente dita e o dever constituem o quinto passo formal.
Desta maneira seguiu o professor o caminho expontaneo que impõe a
actividade mental da creança...
A profissionalização de professores foi o ponto central da Reforma.
Lysimaco Ferreira da Costa apontava que “ministrar aos normalistas os conhecimentos
que devem transmitir mais tarde a seus discípulos e preparar a cultura geral do futuro
professor” eram as finalidades da Reforma. Contudo, ressaltava que tão importante
quanto o conhecimento era a preparação didática:
Ora, eu não contesto que, quanto maior for o número de conhecimentos que
razoavelmente se possa ministrar ao futuro professor de modo a tornal-o um
erudito consciente e tornal-o sabedor de muito e muito mais do que aquillo
que se deve um dia saber transmittir aos seus escolares, tanto mais completa
será a Escola Normal; porém, não posso admittir que se exaggere a
preparação cultural dos professores ao mesmo tempo que se deixa
estacionaria a parte profissional do curso, tão importante quanto a primeira, e
que consiste não no conjuncto de conhecimentos que o professor deve ter
sobre o objecto do seu ensino a creança, como também de todos os recursos
que a methodologia, aperfeiçoada e especializada ás differentes doutrinas,
nos ensina para a transmissão dos conhecimentos de maneira efficaz e nos
mais curto prazo de tempo.
Para tanto, sugeria que o plano de estudos da Escola Normal fosse dividido
em duas etapas: a fundamental ou geral e a profissional ou especial.
Impõe-se, portanto, o desdobramento do ensino normal em curso geral,
destinado a formar a cultura geral do professor, e curso especial cujo fim é
fazer o profissional. No primeiro o normalista educa-se, no segundo aprende
a educar
O Curso geral teria três anos de duração e o especial seria desenvolvido em
um ano e meio.
107
QUADRO 10 – DISTRIBUIÇÃO E CARGA HORÁRIA DAS MATÉRIAS
DO CURSO GERAL, POR ANO
CURSO GERAL
ANO MATÉRIAS AULAS/ SEMANA
Português 3
Geographia Geral e Chorographia do Brasil 3
Arithmetica e Algebra 6
Desenho 2
Música 2
Trabalhos de Agulha e Economia Doméstica
(para o sexo feminino)
2
Trabalhos Manuaes 2
1º anno
Gymnastica 2
Português 3
Geometria Plana 3
Physica e Chimica 4
História Geral da Civilização 3
Desenho 2
Música 2
Trabalhos de Agulha e Economia Doméstica
(para o sexo feminino)
2
Trabalhos Manuaes 2
2º anno
Gymnastica 2
Português 4
História do Brasil 3
História Natural 3
Geometria no Espaço 3
Desenho 2
Música 2
Trabalhos de Agulha e Economia Doméstica
(para o sexo feminino)
2
Trabalhos Manuaes 2
3º anno
Gymnastica 2
Fonte: Bases Educativas para a organização da nova Escola Normal Secundária do Paraná.
108
Em relação ao currículo do curso geral, uma das alterações mais
significativas era a eliminação do ensino de línguas vivas, na proposta. A justificativa
apresentada foi a seguinte:
O ensino de línguas vivas é sempre bom e útil; educa e prepara melhor o
professor para a vida pratica; quanto mais idiomas conhecer, tanto mais
erudito e mais apto será o professor. Mas procuro attender neste esboço de
reforma ás necessidades do Estado; o Curso Geral delineado, tenho certeza,
de ser ampliado com a inclusão de novas doutrinas que mais cultuem a
intelligencia dos professores, á medida que os recursos financeiros o
permittirem; assim sendo, mais útil do que o Francês seria, para o professor
paranaense, o ensino em o curso normal do Allemão, do Italiano e do
Polaco, dadas as numerosas colônias das respectivas nacionalidades que
convivem comnosco e cuja instrucção e educação o Estado não pode
descurar (Bases Educativas para a organização da nova Escola Normal
Secundária do Paraná, pp. 17-18).
76
Havia uma preocupação grande com a nacionalização do elemento
imigrante, considerado um “complexo problema no Estado”. Caberia à educação escolar
a “formação do tipo de cidadão desejável para a Nação”
77
. Assim, o Plano de Reforma
deixava evidente que o investimento na formação do professor tinha também um caráter
nacionalista. Por isso a defesa da retirada do Francês do currículo, pautado na defesa de
que outras línguas, Alemão, Polonês e Italiano, seriam mais úteis no território
Paranaense.
O desconhecimento da língua portuguesa por um grande número de
imigrantes, desde a virada do século XIX para o século XX, vinha preocupando as
autoridades paranaenses, que salientavam o “risco de desnacionalização que as escolas
estrangeiras provocavam entre as crianças...” (Oliveira, 1994, p. 53). Em muitos casos,
a língua nacional foi inteiramente desconhecida, falando-se a língua do grupo – polonês,
alemão ou italiano. Muitas medidas foram tomadas para resolver a questão, chegando-se
a considerar o fechamento das escolas que não mudassem o procedimento do ensino em
língua portuguesa. E, embora já salientado em regulamentos diversos, o ensino da
Língua Portuguesa em escolas particulares ou em escolas públicas de colônias
estrangeiras só se tornou obrigatório pela lei nº 1.775, de 3 de abril de 1918.
Na Reforma da Escola Normal Secundária, o fortalecimento do espírito
nacional” seria promovido pela ação do professor primário, por meio da sua cultura, boa
conduta, pela implementação do regime de ordem, disciplina, respeito à lei, às
76
Sobre o ensino de imigrantes no Paraná, ver Abreu, 2003.
77
Cf. Bases Educativas para a organização da nova Escola Normal Secundária do Paraná.
109
autoridades e às instituições nacionais e, ainda, pelo culto aos heróis nacionais. Em
relação à educação Cívica, considerada essencial para o desenvolvimento do espírito
nacional, era atribuída ao diretor uma função importante, a de incentivar a prática da
educação cívica “nos dias feriados e sempre que a opportunidade se offerecer”.
Ainda em relação ao ensino de línguas vivas, a solução encontrada pelo
Presidente do Estado do Paraná foi concordar com a supressão do Francês do currículo,
porém, facultando aos futuros normalistas o estudo de línguas vivas no Instituto
Comercial, com matrícula gratuita. Determinou, ainda, a criação das cadeiras de
Alemão e Polonês no Instituto Comercial; atitude destacada por Lysimaco como
“poderoso recurso de nacionalização dos nossos colonos”.
No Plano de Reforma, a parte especial do curso forneceria uma “boa técnica
metodológica”, fundamentado nas regras gerais da Pedagogia e nas noções
fundamentais da Psicologia da Educação.
QUADRO 11 – DISTRIBUIÇÃO E CARGA HORÁRIA DAS MATÉRIAS
DO CURSO ESPECIAL, POR ANO
CURSO ESPECIAL
ANO MATÉRIAS AULAS/ SEMANA
Psychologia 6
Methodologia Geral 2
Methodologia da Leitura e Escripta 3
Methodologia do Desenho 2
4º anno
1º semestre
Hygiene e Agronomia 4
Moral e Educação Cívica: sua Methodologia.
Noções de Direito Pátrio e de Legislação Escolar
3
Methodologia do idioma vernáculo 3
Methodologia da Arithmetica 3
Methodologia do ensino intuitivo 3
Methodologia das Sciencias Naturaes 2
4º anno
2º semestre
Methodologia da Geographia 3
Puericultura 1
Methodologia da Historia 3
Methodologia da Geometria 2
Methodologia da Música 2
Methodologia dos exercícios Physicos 2
O ensino dos trabalhos manuaes 2
5º anno
1º semestre
Prática e Crítica Pedagogicas 4
Fonte: Bases Educativas para a organização da nova Escola Normal Secundária do Paraná.
110
A Psicologia foi considerada pelo autor da reforma como um dos pilares da
educação. As lições dessa disciplina deveriam ser teórico-práticas, exercitando a
exploração com tests, desenhos simples, quadros numéricos, borrões de tintas
symetricos, reprezentações graphicas de episódios de contos ouvidos etc”, fornecendo
assim, ao futuro professor “os recursos para a exploração da fadiga, da attenção, da
imaginação, etc”, para que pudessem identificar e corrigir “ora a desattenção de um
alumno, ora compensando a fadiga que percebe em outro ou educando a imaginação
falha em outro” (Cf. Costa, 1923)
78
.
A função dos testes nas escolas, de acordo com Lysimaco seria: -
determinação da idade mental da criança; - exploração da attenção; 3ª. exploração da
imaginação.
No Relatório de 1924, da Escola Normal Secundária, Lysimaco descreve
como estavam sendo utilizadas na Escola as escalas de Simon e Binet, e as escalas de
Terman, para a determinação da Idade Mental das Crianças:
Sob a excitação dos “tests” distinguem-se desde logo os mais desenvolvidos
mentalmente dos que o são menos.
Os alumnos normalistas animam-se, enthusiasmam-se, porque sob o influxo
dos “tests” desapparecem os conceitos indecisos referentes ás aptidões
mentaes dos escolares: o que mais sabe geographia, historia, etc, nem
sempre é o mais apto mentalmente.
Calculada as idades mentais dos escolares, conforme a escala métrica
applicada, são confrontadas com as idades chronologicas respectivas,
tornando-se claros os casos de anormalidade, de precocidade ou de atrazo.
[...]
Sem fazer outras referencias, devem ser mencionadas duas grandes
vantagens que o exercício dos “tests” traz aos professores primarios:
a 1ª. é a maior tolerância e paciencia para com os escolares; as dificuldades,
os erros, as distracções, etc. destes são objecto de explicações e
78
Fazem parte da Biblioteca de Lysimaco Ferreira da Costa os seguintes títulos sobre testes:
BINET, A. & SIMON, Th. La mesure: du developpement de l’intelligence chez les jeunes
enfants. Paris: Societé paur l’étude psychologique de l’enfant, 1926.
BINET, A & SIMON, Th. Les Enfant’s anormaux. Paris Alemand Colen, 1927.
BINET, Alfred & SIMON, Th. Testes para a medida do desenvolvimento da inteligência. São
Paulo: Melhoramentos, s.d.
BINET, Alfred. Les idéias modernes sur les enfants Paris: Ernest Flammarion,1924.
BOMFIM, M. O methodo dos tests com aplicaçãoes á linguagem.
DECROLY, D. & BUYSE, R. La Pratique des tests mentaux (Atlas). Paris: Félix Alcan, 1928.
DHERS , Victor. Les tests de fatique: essai de critique theorique. Paris: J.B Baillière et fils,
1924.
HALLER, M. Du chair des tests dans la determination pratique de l’age mental. Paris: Félix
Alcan, s.d.
MEDEIROS & ALBUQUERQUE. Tests. São Paulo: Francisco Alves, 1925.
PRESSEY , S. & PRESSEY, L. C. Initation a la méthode des tests. Paris: Delagrave, 1925.
SIMON, Th . Pedagogie experimentale. Paris Laibrairie Armans Colin, 1924.
111
ensinamentos feitos em bons termos, sem irritação; os tests” abrem melhor
os olhos dos professores, porque dão a estes um valor mais real a
Psychologia;
a 2ª. é facultar uma quase perfeita distribuição dos alumnos em classe,
igualmente nivelados do ponto de vista das aptidões mentaes, depois de
terem sido esses alumnos classificados por seus conhecimentos de
português, arithmetica, geographia, etc., como é de uso nas escolas
primarias.
São muitas as observações individuaes sobre a idade mental, principalmente
nos alumnos novos (Relatorio da Escola Normal Secundaria apresentado ao
Exmo Snr. Alcides Munhoz (Secretário Geral d’Estado) pelo Director Dr
Lysimaco Ferreira da Costa referente ao Ano de 1924).
O diretor deixa clara a preocupação com a composição de classes
homogêneas que, segundo ele, facilitaria muito o trabalho do professor e o progresso
dos alunos.
Em relação à “exploração da attenção” , o processo utilizado para aferi-la se
daria por meio do cancelamento de traços de cores” para alunos analphabetos ou de
“letras” para os alfabetizados, sendo que a atividade seria de cancelamento de uma ou
duas letras num trecho de um texto, para alunos de classes “atrasadas” e de três ou
quatro letras nas classes “adiantadas”, conforme a descrição a seguir:
Na observação da attenção por classes, o que mais aproveita as professor que
a rege, dispensa-se o factor tempo, a attenção é avaliada relativamente ao
alumno que chegou primeiro ao fim do cancellamento; mas, como o
primeiro que chegou ao termo pode não ser o mais attento, porque o numero
de erros que commetteu pode ser muito grande, o professor toma na segunda
observação (desprezada a primeira) o alumno que mais se approximou do
fim com o menor numero de erros, e, quando este tiver accusado em voz alta
que “terminou”, fará com que os demais suspendam o cancellamento e
procederá ao julgamento. As lições em classe depois de um trabalho desta
ordem passarão a ser dadas pelo professor relativamente á attenção media de
seus alumnos (Relatorio da Escola Normal Secundaria de 1924).
Num teste para explorar a atenção, aplicado num aluno em três momentos
diferentes, sendo, no primeiro dia, na primeira aula; no segundo dia, na segunda aula e
no terceiro dia, na terceira aula, incluindo, ainda, algumas outras variáveis, como a
ausência ou a presença de colegas no local do teste e as condições climáticas em cada
dia. O resultado apresentado foi o seguinte:
CONSIDERAÇÕES GERAES: Na 1ª. hora trabalhou isolado, relativamente,
do que o pudesse distrahir e com o espírito descançado; na 2ª. hora a pressão
atmospherica e a presença de estranho distrahem; na 3ª. hora o espirito
cançado por 2 horas de lições, não está disposto.
112
RESULTADO GERAL: É um menino distrahido (Relatorio da Escola
Normal Secundaria de 1924).
Para a exploração da imaginação, Lysimaco explica como era realizado o teste
pelas normalistas:
dentre os vários processos empregados nas observações em classe, um dos
mais interessantes pelos resultados que offerece, quando a imaginação é
apreciada relativamente, quer entre os pequenos do anno, quer entre os
mais adeantados (annos superiores), é o seguinte:
Depois de referir o professor um conto, pede aos alumnos quem em seus
cadernos reprezentem a lápis o quadro principal ou um qualquer dos
principaes do conto.
Terminada a explicação clara e precisa, a um sinal do professor todos
desenham o quadro. Exemplo:
Pedro é um menino desobediente; sua mãe recommenda sempre que não
furte as fructas do quintal do visinho; Pedro não houve os conselhos
maternos e quando tirava um pesego da arvore do visinho este aparece e
uma varada em Pedro.
Desenhem Pedro levando a varada.
Meia dúzia de riscos e apparece um homem em attitude de quem chega
correndo e com o corpo inclinado applica uma vara nas costas de um menino
ainda com o braço ergido para uma fructa: denota imaginação.
E deste resultado graphico, para menos, apparecem muitos outros, alguns
incomprehensiveis; meninos que não sabem como principiar e choram:
nada fazem (Relatorio da Escola Normal Secundaria de 1924).
O Diretor da Escola Normal explica que o teste seria repetido em outros dias
para confirmar os resultados e a sua finalidade seria a seguinte:
Distingue, o professor, os alumnos que precisam desenvolver a imaginação.
Não dirá o professor: “Este menino é vadio; não para o desenho; não tem
intelligencia”, etc., etc.
O professor conhecendo a causa do mal não se irrita com o alumno e não o
expõe ao ridículo dos pequenos companheiros, como infelizmente ainda é de
muito uso. Prosseguindo nas explorações individuaes, os estudantes do
Curso Especial fazem estudos psychologicos de cada alumno da Escola de
Applicação.
Segundo Lysimaco, além destas explorações eram feitas outras relativas “ás
sensações especiaes”. O relatório foi, ainda, ilustrado com uma tabela apresentando o
resultado obtido por um dos alunos, para dar uma noção, mesmo que superficialmente,
sobre os trabalhos que vinham sendo desenvolvidos.
113
QUADRO 12: ESTUDO PSICOLÓGICO DE UM ALUNO
OBJECTO EM QUE CONSISTIU RESULTADO
Raiar traços verdes e amarellos em um conjuncto de varias cores
+
ATTENÇÃO
Riscar as letras m e d de um trecho impresso
+
Repetir um pequeno trecho lido duvidoso
Repetir cinco numeros +
Repetir uma serie de 5 cores na mesma ordem +
MEMÓRIA
Reproduzir um desenho assymetrico -
Dizer com que se parece um borrão de tinta symetrico +
IMAGINAÇÃO
Desenhar um menino que cahe de uma janella -
Associar a uma palavra todas as que evocar -
Associar por oposição +
ASSOCIAÇÃO
Dada uma parte nomear o todo +
Repetir de memória um desenho linear duvidoso
Comparar dois objetos ausentes -
Dizer o que falta em um desenho -
Contar de 81 a 67 +
NIVEL
INTELECTUAL
Contar com moedas de 2$700 +
F
ONTE
: R
ELATORIO DA
E
SCOLA
N
ORMAL
S
ECUNDARIA APRESENTADO PELO
D
IRECTOR
D
R
LYSIMACO FERREIRA DA COSTA REFERENTE AO ANO DE 1924.
Mais uma vez, percebe-se a referência ao modelo pedagógico observado nas
escolas que visitou na Argentina. No texto publicado no ano anterior, Lysimaco
afirmava que, nas escolas argentinas:
Não há fadigas, não há atrazados na classe, principalmente si a seleção se fez
no inicio do anno, de modo que cada classe seja constituída por creanças que
tenham, mais ou menos, a mesma capacidade intellectual.
Muito poderia dizer ainda sobre os fundamentos psychologicos de tão
perfeita marcha na organisação da unidade methodica ou lição. Por ella,
entretanto, se pode comprehender que a methodologia Argentina assenta
em alicerces sólidos, pois della decorre naturalmente a perfeição da technica
methodologica, podendo-se sob tal fundamento, exercer com rigor a selecção
dos systemas, modos, formas, processos e methodos de ensino (Costa, 1922).
Em relação à matrícula, a proposta a facultava, no curso especial, a quem
tivesse o curso ginasial completo; aos aprovados no curso de preparatórios; e aqueles
que tivessem cursado qualquer Escola Normal Primária do Estado.
114
O ponto mais polêmico da proposta dizia respeito à seleção de professores.
Lysimaco Ferreira da Costa era contra a seleção por meio de concursos públicos. O
“bom preparo de professores” dependeria do ambiente educativo da Escola Normal.
Assim, a primeira reforma que precisava ser feita, na opinião do autor, era a do corpo
docente, que deveria ser “radicalmente modificado” para que o diretor pudesse contar
com
Lentes compenetrados de que acima das suas opiniões individuais,
quaesquer que sejam, estão os sagrados direito da educação, e que, o
sentimento de gravidade da nobre missão que acceitaram do Estado, lhes
impõe hábitos de obediência, disciplina, modéstia, tolerância, observação,
estudo e dedicação leal.
Para tanto, argumentava que o critério de escolha não poderia ser o do
concurso, alegando que os professores primários normalistas, desde que satisfizessem as
condições acima citadas, seriam mais merecedores do cargo. Para Lysimaco, mais
importante do que a capacidade intelectual, que poderia ser adquirida após um ano de
exercício, desde que o professor fosse inteligente, eram as virtudes morais, que não
poderiam ser aferidas por meio de concurso. Nas palavras do autor:
O regimem do concurso tem suas vantagens, mas, a observação em todo paiz
nos tem demonstrado que uma só, dentre as muitas das suas desvantagens,
pode annullar as suas virtudes; temos visto por mais de uma vez um lente
conquistar o seu primeiro logar em concurso, assenhorear-se da cathedra e,
estribado nas prerrogativas que o concurso lhe dá, ou quando bem
intencionado, estimulado pelo exemplo do meio perturbado pelos hábitos
dos lentes antigos, á menor observação do director gritar em bom som: “eu
sou o lente da cadeira”, como se lembrando a sua infallibilidade e fazendo
desta forma alarde da sua mediocridade moral e profissional, procurando
furtar-se á direcção didactica e administrativa dos que tem o dever de zelar
pelo conjuncto e de estabelecer o equilíbrio e a harmonia indispensáveis á
homogeneidade do aparelho educativo.
Lysimaco Ferreira da Costa consulta a opinião de alguns amigos sobre a sua
proposta de Reforma. João Lourenço Rodrigues faz diversos elogios ao plano e
concorda com a ineficácia do concurso como meio de seleção dos docentes.
Em carta datada de 30 de novembro de 1923, Hugo Simas
79
faz diversos
elogios ao projeto, apontando a real necessidade de uma boa formação profissional.
79
Advogado, professor da Universidade do Paraná e professor de Pedagogia da Escola Normal.
115
Entretanto, teria algumas considerações a fazer a respeito da autoridade do diretor e a
organização do corpo docente. Diz o missivista:
Neste particular teria restrições a fazer e peço que m’as tolere.
Tenho como verdadeiro o conceito de que o homem tem marcadas
tendências para a Tyrannia, e dahi o meu receio de investil-o de poderes
absolutos. Si vejo na idéa do aproveitamento dos professores primários para
logares de cathedraticos da Escola, uma alta expressão de justiça, uma
reparação e um estímulo necessário, não condenno o concurso. E
estabeleceria que os logares de lente seriam providos, pelo concurso, entre os
professores primários, e no caso de não os haver habilitado em prova
pública, concurso entre extranhos ao magistério primário.
Hugo Simas cita o exemplo de um diretor que nomeou uma de suas filhas,
não apta ao cargo e que teria transformado as aulas em “horas de recreio e ócio” para os
alunos. Sugere a revisão desse posicionamento pelo autor da Reforma.
Elysio de Oliveira Vianna
80
, em carta datada de abril de 1923, também faz
restrições a nomeações sem concurso.
Devido ao apoio incondicional do Presidente do Estado as suas idéias,
Lysimaco Ferreira da Costa conseguiu alterar a composição do corpo docente da Escola
Normal. Baseado no fato do concurso ter sido realizado para o Ginásio Paranaense, os
professores foram dispensados, conforme o que se segue:
Attendendo á representação feita por essa directoria, aos documentos juntos
a esta representação e ao parecer do Sr. Dr. Consultor Jurídico, resolveu o
Governo do Estado, por despacho de 16 de fevereiro de 1923, dispensar os
srs. Drs. Francisco Martins Franco e Waldomiro Teixeira de Freitas
respectivamente dos cargos de lentes cathedraticos de Historia Natural,
Hygiene e Agronomia e de Geometria da Escola Normal, bem como os Srs.
Drs. Guido Straube, Porthos Moraes de Castro Vellozo, Durval Ribeiro,
prof. Elysio de Oliveira Vianna e Padre José Fallarz, dos cargos de lentes
substitutos das cadeiras de Historia Natural, Hygiene e Agronomia, Physica
e Chimica, Arithmetica e Álgebra, Francês e Historia Universal e do Brasil,
da mesma Escola, visto se ter verificado que as nomeações desses
professores infringiam disposições expressas do Código de Ensino em vigor
e os respectivos concursos versarem tão somente sobre disciplinas do
Gymnasio Paranaense (Relatório da Secretaria Geral do Estado do Paraná
apresentado a S. Exa. o Sr. Dr. Caetano Munhoz da Rocha, Presidente do
Estado, por Alcides Munhoz, secretário Geral D’Estado referente aos
serviços do exercício financeiro de 1923-1924).
80
Lente de Francês do Externato do Ginásio Paranaense.
116
Para compor o quadro de professores da nova “Escola Normal Secundária”
foram nomeados aqueles que estavam comprometidos com o diretor do
estabelecimento, com seu ponto de vista, partilhando idéias, posições políticas, ou que
fizessem parte de suas relações pessoais, ex-alunos, enfim, pessoas de sua confiança.
2.8.1. A Avaliação da Reforma da Escola Normal, por Lysimaco
Ferreira da Costa
Em dezembro de 1926, ao pronunciar o discurso como paraninfo da turma
de normalistas que se formava naquele ano, Lysimaco Ferreira da Costa apontava os
limites do seu Plano de Reforma, “esboçada ainda que imperfeitamente para a
organização da Escola Normal Secundária em 1923” e “desenvolvida e melhorada
posteriormente.” Percebe-se em sua fala, registrada na íntegra no Relatório da Secretaria
Geral do Estado do Para
81
, de 1926, que Lysimaco Ferreira da Costa teria se
atualizado em leituras e discussões consideradas mais avançadas na Educação”, numa
determinada vertente do ideário da Escola Nova.
Enfatizava aos formandos, “moços de brilhante caráter e moral
elevadíssima”, que teriam recebido uma excelente educação “científica e profissional”,
que estariam proporcionando a ele a oportunidade de “sujeitar à crítica dos interessados
no grande problema de educação do povo, as novas diretrizes da instrução pública”, por
ele traçadas.
Lysimaco Ferreira da Costa começou falando que o “espírito do ensino
atual”, em todos os “países civilizados” estava marcado pelas “concepções de Comênio,
Pestalozzi, Herbart e Froebel”. Segundo ele, Comênio, o “fundador da dialética
moderna” teria uma “influência menos direta nas escolas atuais”. Os outros três autores
teriam, em graus diferentes, dominado o ensino nas “escolas de todos os países cultos”.
Herbart e Pestalozzi teriam sido “mais ouvidos”, enquanto que Fröebel, mal
compreendido, fora “reduzido ao Kindergarten”.
81
Relatório da Secretaria Geral do Estado do Paraná, apresentado a Sua Excelência o Dr.
Caetano Munhoz da Rocha, Digníssimo Presidente do Estado, por Alcides Munhoz, Secretário
Geral D’Estado, referente aos serviços do exercício financeiro de 1925-1926 (1926, pp 467-
476).
117
De acordo com Lysimaco, Herbart teria imperado na Alemanha, nos
Estados Unidos e em “todos os recantos civilizados do globo”, dando bases “racionais à
instrução” e “formidáveis golpes no empirismo educativo”. Além disso, Herbart teria
dado uma grande contribuição ao fazer da instrução a “base da virtude”. Quanto a
Pestalozzi, “emotivo e um intuitivo”, segundo o paraninfo, teria implementado o
“adestramento da expressão e a atividade produtiva na escola”. Teria o mérito de ter
procurado “fazer bem à criança, transformando-a em um ser evoluído para Deus”.
As concepções desses dois autores, Herbart e Pestalozzi, teriam
predominado nas “escolas primárias do Paraná” e nas “brasileiras em geral e as de
qualquer outro país”. O “estado atual” da educação, com seus benefícios e erros, seria o
resultado da “influência exercida durante um século” por aqueles autores, “dois grandes
vultos da pedagogia”. Sem querer criticar a contribuição daqueles autores, o orador
dizia que uma etapa da evolução sociológica, indispensável ao progresso geral da
humanidade” estava sendo preparada.
Criticando o ensino predominante nas escolas; destacando o professor como
“o centro de atividade”; os alunos “em condições de receptividade passiva”, precisando
“recordar e repetir” os ensinamentos do professor, sem aprender a pensar por si; os
extensos programas a serem executados, limitando a possibilidade do professor observar
o desenvolvimento dos seus alunos...; apontava a escola atual como:
a escola do esforço, na sua quase totalidade estéril, porque não desperta o
interesse da criança que, neste caso, tem que lutar com os reflexos da defesa
do organismo, como a fadiga, a desatenção, o enfado, etc.
Além disso, a disciplina escolar rígida era “incompatível com a natureza da
criança, embora muito conveniente como fundamento da disciplina social”.
Lysimaco Ferreira da Costa não deixava de considerar que tal sistema
educativo tinha produzido “homens de incontestável valor”, que teriam elevado “o
plano intelectual da sociedade moderna”. Nem era sua intenção afirmar que todos
tivessem sofrido as “más conseqüências apontadas”, mas que esta escola mais
instrutiva do que educativa” teria assinalado uma fase preparatória para outra “mais
desejável e de resultados mais fecundos”.
Em seguida, o orador apontava a orientação que seria dada ao ensino nas
escolas paranaenses. Voltando a falar de Fröebel, afirmava que, embora reduzido ao
domínio das realizações dos jardins de infância, teria sido o que melhor compreendeu o
118
“papel da criança na vida, e a função da educação”. Lysimaco Ferreira da Costa fez uma
longa explanação apontando as diferenças entre Fröebel e os outros autores
anteriormente citados, apontando a superioridade do pensamento froebeliano sobre os
demais. Nas palavras do orador:
Froebel foi filósofo e investigador, pois, estudou a criança durante trinta
anos em todas as fases de sua evolução; confrontou o seu desenvolvimento
progressivo até a virilidade com o da espécie humana. A Educação de
Froebel tinha por base a atividade espontânea; assim, mostrou como se
deviam educar as emoções e as sensações infantis para o fim da formação do
caráter. Para Froebel cada indivíduo deve ser o ideal da raça organizada.
Este grande pedagogo compreendeu que é da natureza infantil a falta de
persistência na ação, que tanto amargura pais e professores. E referindo-se a
essa falta de unidade, exprime ser dever de todo mestre conservar e
fortalecer essa unidade desenvolvendo o laço unificador, o hábito da
execução.
Comênio diz: “O menino deve aprender fazendo.” Froebel aumenta a
significação do aforismo comeniano: “O menino se desenvolve fazendo.”
O primeiro subentende uma atitude passiva do escolar; e o segundo exige
uma atividade própria da criança em que o seu eu se desenvolve com o
exercício das faculdades receptivas, reflexivas e executivas. Um conduz à
formação dum caráter negativo; o outro, a um caráter positivo. A liberdade
deve ser consciente na escola como fonte absoluta da responsabilidade
consciente na sociedade.
Para Herbart o professor deve modelar o menino; Froebel impõe ao mestre a
função de guiar o desenvolvimento do menino, sem prejuízo da sua
capacidade latente, que um dia se poderá revelar na vida social como um
expoente de elite.
Herbart fez da vontade o resultado da ão; Froebel fez da ação o resultado
da vontade. O ideal de Froebel foi a atividade produtiva criadora.
A educação pelo excessivo esforço intelectual é moralmente funesta, porque
destrói o próprio fim que tem em vista; o elevado e nobre é fazer, durante o
trabalho escolar, o menino empregar expontaneamente (sic) nas suas tarefas
todas as energias do corpo e do espírito.
Com as idéias de Fröebel, segundo Lysimaco Ferreira da Costa, coincidiam
as de Decroly, na Bélgica e as de Dewey, nos Estados Unidos. Sendo que os dois
últimos forneciam “os modelos das escolas capazes de satisfazer as exigências atuais da
civilização”. Assinalava, ainda, que o pensamento humano evolui e avança “na ânsia
suprema do máximo aperfeiçoamento individual como base de melhor organização
social”. Caberia a escola a formação de “homens melhores, susceptíveis de fornecerem
uma elite, cujo plano mental seja o mais alto possível”.
Destacava a importância e o dever de preparar os brasileiros de amanhã” ,
sob o influxo do pensamento novo sobre a educação da infância”, que seria baseada
119
nas idéias de “Rousseau, Froebel, Decroly, Dewey e outros da mesma escola”
82
. Para
tanto, seria condição de êxito a
plena harmonia de ambientes educativos nos jardins de infância, nas escolas
primárias, nas secundárias e superiores, sucedendo-se estes institutos em
plena conexão de ideais educativos, cada um realizando o seu alto destino
com amplo aproveitamento da capacidade do aluno, consoante o período de
evolução ou desenvolvimento em que o receber.
Lysimaco aproveitou a ocasião para destacar que o desenvolvimento da
educação no Estado fora possibilitado graças ao interesse e respeito que o Exmo. Dr.
Caetano Munhoz da Rochatinha pela educação do povo paranaense; ressalta ainda a
necessidade de uma Faculdade Superior de Pedologia, como a “cúpula de todo o
aparelho educacional do Estado”, especialmente se
pudesse interessar a todos os lentes e professores de nossas Faculdades
Superiores e dos cursos secundários para o estudo do menino paranaense em
todos os seus aspectos, como educando.
82
Títulos no Memorial Lysimaco Ferreira da Costa:
DECROLY. Le traitement et l’éducation des enfants erréguliers. Bruxelles: Maurice Lamertin,
1925.
DECROLY & MONCHAMP. L’initiation a láctivité intellectuelle et motrice par les jeux
éducaifs. Contribution a la pedagogie des jeunes enfants et des irreguliers. Paris D. & N.,1925 (
I. J. J. R. – G.)
DECROLY , O. Quelques nations génerales sur l’évolution affechive chaz l’enfant.
Bruxelles:Maurice Lamertin , 1927.
DECROLY , Ovide y BOON , Gérard. Hacia de la escuela renovada. Madrid :Ediciones de la
lectura , s.d
DECROLY, O. & Buyse, r. La Pratique des tests mentaux (Atlas). Paris: Félix Alcan, 1928.
DECROLY, O. & BUYSE , R. , La pratique dês tests mentaux. Paris:Feliz Alcan , 1928.
DECROLY, O. Lexamen affechif em général et chez l’enfant en particulier. Bruxellles:
maurice Lamertin, 1926.
DECROLY, O & BUON, Gérard. Vers l’ école rénovíe ( une premiér étape) Paris: Fernand
Nathan, 1921.
DEWEY, John . Las escuelas de mañana. Madrid: Librería de los sucesores de Hermando, 1918.
DEWEY, John. Lécole et l’enfant. Neuchatel/ Paris: Delachaux & Niestlé,1922 (I.J.J.R.G.)
Obras de Dewey. I. La escuela y el niño.. Madrid: E.L. , s. d.
Obras de Dewey . II. Ensayos de Educación . Madrid: E.L. , s.d.
Obras de Dewey. III. Teorias sobre la Educación. (Democracia y Educación). Lineal: E.L., 1926
Obras de Dewey. IV. Filosofia de la educación los valores educatios. (Democracia y Educación
III). Madrid: E.L. , s.d.
Obras de Dewey V. Los fines, las materias y los métodos de la educación: (la educación
y la democracia). Madrid: La Lectura, s/d.
Obras de Dewey .VI. Cómo pensamos. Madrid: E.L.,s.d.
120
Comprometia-se, como Diretor Geral do Ensino, a adequar “em face das
novas diretrizes” a educação da infância paranaense, iniciando imediatamente
uma fase de observações, experiências e realizações, que permitam a
passagem, sem perturbação no aparelho escolar, do estado atual do ensino
para a escola ideal, capaz de transformar cada indivíduo em uma forte
unidade social, criadora e produtora, e capaz de conduzir à formação de uma
elite social de elevado plano mental e moral. (grifos meus)
Tal tarefa levaria muitos anos, dizia o orador, mas os resultados seriam
“fecundos”. Ressaltava a importância de preparar o “futuro homem”, mais criativo,
independente, mais apto aos desafios da vida moderna. Quanto às novas diretrizes, o
aluno passaria a ser o centro da atividade escolar, e partícipe da sua educação:
E assim terá início a escola da vida, em que o menino vive a sua própria vida
e não a do adulto, e em que é o principal fator ou colaborador da sua própria
educação, principalmente da formação da consciência moral.
O centro da atividade escolar desloca-se para o educando, sendo o
menino o principal artífice do seu desenvolvimento
; os trabalhos manuais
desempenharão elevada tarefa na obra encetada, não como estudos especiais
com tendências vocacionais, mas como inspiradoras dos métodos da vida.
A Pedagogia nos revela que o menino, em cada uma das fases do seu
desenvolvimento, tem interesses e necessidades que determinam a natureza
das suas atividades, congênitas e adquiridas, de caráter global e sintético.
Para que seja fecundo, procuraremos ajustar o sistema educativo das escolas
primárias paranaenses, a esta lei do organismo infantil. [...] Iniciaremos com
esta marcha o método pragmático ou funcional, como a maneira mais eficaz
e econômica de realizar os fins da educação, devidamente ajustado ao
desenvolvimento pragmático do menino. [...]Nos seus trabalhos empregará
todas as potências do seu corpo e do seu espírito, facilitando e
impulsionando o seu próprio desenvolvimento, em seu tríplice aspecto físico,
intelectual e moral , de uma maneira uniforme, integral e harmônica. (grifos
meus)
Formado na nova orientação, o novo homem, “habituado a empregar nos
seus trabalhos toda a energia das potências cerebrais”, tenderia a agir com os mesmos
impulsos em que fora preparado o seu “caráter, a sua moral e o conjunto das aptidões
vocacionais”; apto para agir como “cidadão e chefe de família”, de forma mais
“criadora que imitadora”, podendo, assim, contribuir para o “aperfeiçoamento geral da
raça”.
O homem assim formado deixa de ser o escravo descrito por Platão, para ter
a convicção de que os seus pensamentos e atos devem ser a expressão real
do seu espírito bem formado, da sua vontade firme para o bem da sua
consciência moral.
121
Para encerrar, Lysimaco Ferreira da Costa afirma que teria ainda muito a
dizer sobre as “diretrizes que começam a iluminar a escola primária do Paraná”, mas
que deixaria o esclarecimento detalhado desse pensamento para o terreno das
realizações,”:
através dos novos aspectos dos programas especiais e mínimos, dos sistemas
adequados de correlação de estudos, das funções do mestre em face das
classes, da disciplina escolar sem rigidez e mais espontânea.
Esta será a base da disciplina social; e a escola paranaense se edificará com
um fim social definido que se enquadra integralmente nos idéias de grandeza
que sonhamos todos para o nosso querido e muito amado Brasil. (Relatório
da Secretaria Geral do Estado do Paraná, 1926, pp 467-476).
Quanto às realizações anunciadas, no ano seguinte foi realizada em Curitiba
a I Conferência Nacional de Educação, organizada por Lysimaco Ferreira da Costa.
Pelo discurso proferido, pelos Relatórios que apresentou e pela presença em
sua biblioteca de obras sobre a pedagogia ativa, percebe-se que Lysimaco Ferreira da
Costa não estava alheio ao movimento em prol dos novos métodos em discussão pelos
renomados educadores nacionais naquele período.
2.9. Lysimaco Ferreira da Costa na Direção da Instrução Pública
Em 1925, Lysimaco Ferreira da Costa foi nomeado Inspetor-Geral do
Ensino (Decreto 272, de 7 de março de 1925), assumindo o cargo em seguida. A
proposta do novo inspetor era de
procurar cumprir o seu dever em face das novas diretrizes da educação da
infância paranaense, iniciando imediatamente uma fase de observações,
experiências e realizações, que permitam a passagem, sem perturbação no
aparelho escolar, do estado atual do ensino para a escola ideal, capaz de
transformar cada indivíduo em uma forte unidade social, criadora e
produtora, e capaz de conduzir à formação de uma elite social de elevado
plano mental e moral (Relatório da Secretaria Geral do Estado do Paraná,
1926).
A nomeação teve ampla aceitação na cidade, por ser ele um paranaense à
frente da Instrução Pública:
122
[...] Se não possuímos celebridades, o mal não é nosso, contentemo-nos,
pois, com a prata da casa, pura e apanhada nas minas paranaenses, ao invés
de irmos buscar material ferrugento e falsificado em mercados estranhos
(Gazeta do Povo, 09/03/1925).
Dando continuidade às transformações realizadas por Martinez, e
coerentemente com o projeto do Governo do Estado, a fim de expandir a rede escolar e
melhorar a qualidade do ensino, sob a gestão de Lysimaco Ferreira da Costa foram
inaugurados os grupos escolares: de Foz do Iguaçu, novembro de 1927; Carlópolis,
1926; Marechal Mallet, 1926; Teixeira Soares, 1926; Affonso Camargo, 1926;
Clevelândia, 1926; Piraí, 1927; Dom Pedro II, na capital, Cambará, Tomazina; Santo
Antonio da Platina; São Mateus e Escola isoladas espalhadas por todo o Estado. Foram
inaugurados e instalados também a Escola Normal Primária de Paranaguá e o Ginásio
Regente Feijó, de Ponta Grossa, escolas complementares em Paranaguá, Rio Negro e
Escola Complementar Comercial de Ponta Grossa (Relatórios de 1926 e 1927).
Uma marca da ação desse professor era a defesa do cultivo da ciência
experimental. Esse traço se revela, por exemplo, na aquisição de material para a
instalação dos gabinetes de Física, Química e História Natural para a Escola Normal
Secundária de Curitiba, para a Escola Normal Primária de Ponta Grossa e a de
Paranaguá, para o Ginásio Regente Feijó (Ponta Grossa), Escola Agronômica do Paraná
e a ampliação do material do Ginásio Paranaense. O material adquirido para tais
escolas, segundo Costa (1995), foi o mais completo da época,
adquirido em Paris da firma LES FILS D’EMILE DEYROLLE
MAGASINS, 46, rue du Bac. Paris USINE & LABORATOIRES, 9, Rue
Chenez, Paris, como comprovam as extensas e especificadas relações de
material e os relatórios dos anos de 1926 e 1927.
À frente da Direção Geral do Ensino, Lysimaco Ferreira da Costa se
preocupou em organizar uma biblioteca para professores na Escola Normal,
disponibilizando, assim, um “conjunto de saberes representados como necessários e
suficientes ao exercício da prática docente” (Carvalho, 2001, p. 154). Em 04 de junho
de 1925, assim informava o jornal Gazeta do Povo:
123
BIBLIOTECA DA ESCOLA NORMAL
Remodelado o ensino pelo competente paidologo dr. Lysimaco Ferreira da
Costa, uma lacuna se fez sentir imediatamente: a falta de livros que
estudassem a moderna organização escolar.
Os interessados na difícil ciência do ensino, os professores formados sob os
antigos métodos pedagógicos lutaram grandemente sem chegarem a
compreender o valor inconteste da nova organização escolar.
A escola psico-fisiológica adotada para a observação do progresso da criança
nos seus estudos escolares sofreu os ataques daqueles que não
compreenderam o seu alcance.
Materialistas uns, espiritualistas outros, não arredaram um passo das suas
convicções pessoais, arraigada como estava em seu espírito a supremacia da
escola que aceitavam, para entrar no terreno das realizações práticas.
Do estudo observativo da criança, parte imprescindível para a boa orientação
do mestre, os ataques se passaram aos ensinamentos que a estas eram
ministrados.
O método analítico-sintético foi então, alvejado com fúria pelos iconoclastas
negadores do progresso.
Hoje os ataques serenaram, conseqüência natural do tempo, a Escola Normal
adquire uma biblioteca, destinada a servir àqueles que desejarem conhecer os
modernos processos de educação infantil.
A lacuna es preenchida, restando que os interessados procurem as obras
que, com esforço, o digno inspetor de ensino adquiriu, por conta do governo
do Estado, para a Escola que até há pouco dirigiu.
Foi também Lysimaco Ferreira da Costa quem organizou dois grandes
eventos de educação no Paraná: O Primeiro Congresso de Ensino Primário e Normal,
realizado em Curitiba, de 19 a 22 de dezembro de 1926, com a finalidade de tratar de
assuntos pedagógicos que interessassemà unidade e ao melhoramento do ensino
público e particular ministrado no Paraná” (A República, 12/11/1926); a Primeira
Conferência Nacional de Educação, promovida pela Associação Brasileira de
Educação
83
. Ambos assumiram um caráter cívico, sendo inaugurados no dia 19 de
dezembro, aniversário da emancipação política do Paraná.
2.10. Ação Política Partidária
No período estudado, o Partido Republicano Paranaense, ao qual Lysimaco
Ferreira da Costa estava filiado, foi o partido dominante no Paraná. O forte esquema
partidário conservava os chefes políticos locais nos municípios, controlando as
83
Tais eventos já foram estudados por outros autores, ver Moreno, 2003; Costa, 1988.
124
prefeituras locais e garantindo votos, contribuindo para o desenvolvimento da república
oligárquica.
O sistema político paranaense compreendia as facções: oligárquica e
latifundiária e industrial ervateira; resultando na configuração do coronelismo como
sistema. Esse sistema envolvia o poder público estadual e federal e o poder privado,
representado pela figura do coronel, que garantia o controle da ordem municipal, num
esquema de favores políticos recíprocos. O coronel adquiria autoridade em seu
território, pois controlava social e economicamente a população local, as instituições
públicas locais com favores, o acesso a serviços públicos (inclusive do Estado) e o
empréstimo de dinheiro. O coronelismo, segundo Leal (1976, p. 20),
é sobretudo um compromisso, uma troca de proveitos entre o poder público,
progressivamente fortalecido, e a decadente influencia social dos chefes
locais, notadamente dos senhores de terras. o é possível, pois,
compreender o fenômeno sem referencia à nossa estrutura agrária, que
fornece a base de sustentação das manifestações de poder privado ainda tão
visíveis no interior do Brasil.
Paradoxalmente, entretanto, esses remanescentes de privatismo são
alimentados pelo poder público, e isto se explica justamente em função do
regime representativo, com sufrágio amplo, pois o governo não pode
prescindir do eleitorado rural, cuja situação de dependência ainda e
incontestável.
Assim sendo, o coronelismo é um sistema político, uma complexa rede de
relações que vai desde o coronel até o Presidente da República, envolvendo
compromissos políticos. A existência desse sistema tornou-se possível por dois motivos:
o federalismo implantado pela República, que criou um novo ator político, com amplos
poderes, o governador de Estado; e a conjuntura econômica. Diferentemente do antigo
presidente de província, que era um homem de confiança do Ministério, sem poder
próprio, o governador republicano, eleito pelas máquinas dos partidos estaduais, era o
chefe da política local. A conjuntura econômica era a decadência econômica dos
fazendeiros, que acarretava o enfraquecimento do poder político dos coronéis em face
de seus dependentes e rivais. A manutenção desse poder passava a exigir a presença do
Estado, que cada vez mais fortalecia sua influência, na medida que o poder local
diminuía. Esse sistema durou de 1889 a1930 (Carvalho, 1999a, p. 131).
No Paraná pode-se perceber a consolidação do sistema coronelista,
conforme a definição de Leal, com a conciliação dos interesses do Partido Republicano
Paranaense com os interesses dos “homens mais importantes dos municípios”,
125
possibilitando que esses tivessem acesso aos favores concedidos pelo governo estadual.
fontes no acervo do Memorial Lysimaco Ferreira da Costa que permitem fazer essa
afirmação.
Caetano Munhoz da Rocha foi eleito sem concorrentes para o primeiro
mandato e, a partir da alteração que promoveu na constituição do Estado, foi reeleito,
permanecendo no poder de 1920 a 1928. Em matéria de educação, a ascendência de
Lysimaco sobre o Presidente do Estado foi destacada. O envolvimento de Lysimaco
Ferreira da Costa na política é mais difícil de explicar.
Antes mesmo de ocupar o cargo de Diretor da Inspeção Pública, são
diversas as correspondências dirigidas a Lysimaco Ferreira da Costa, para tratar de
assuntos políticos. A seqüência de cartas a seguir, enviada a Lysimaco pelo Cel.
Zefferino Salles Bittencourt, prefeito de Irati de 1924 a 1928, foi selecionada por
permitir flagrar a relação de poder entre o Estado e os municípios, bem como a
participação de Lysimaco nesse processo.
Numa primeira carta, o Cel Bittencourt, proprietário de jornal, comerciante,
político, agradece as atenções recebidas quando esteve em Curitiba e mantém o amigo
informado sobre as articulações políticas que estão sendo tramadas pela oposição:
A Semana (Semanário noticioso de grande circulação)
Zefferino S. Bittencourt – Director proprietário.
Iraty – Paraná
Iraty, 14 de abril de 1924.
Illmo. Snr. Dr. Lisimaco (sic) Costa.
Curityba
Meu presado Amigo
Mais uma vez confesso-me agradecido ao meu amigo pelos innumeros
obséquios que recebi quando foi da minha ida á essa Capital. Para melhor
esclarecimento do meu illustre Amigo, devo dizer que chegando a esta Villa,
soube de fonte limpa e autorizada que o já celebre Cel. Emilio e o Snr.
Francisco Vianna, foram até essa, afim de uzarem dos recursos indecorosos
do Major Xisto, com quem vergonhozamente estão de pleno accordo.
Peço portanto ao amigo estar alerta, como sempre evitando assim o bote das
víboras.
Sem mais sou com muita estima e consideração, vosso amigo grato.
Zefferino Bittencourt.
Numa segunda carta, o Cel. Bittencourt presta contas a Lysimaco Ferreira
da Costa sobre uma procuração, indicando quem seriam os aliados políticos com quem
poderiam contar. É curioso o envolvimento de Lysimaco Ferreira da Costa em assuntos
políticos que não estavam diretamente ligados à educação, sendo que, em 1924, era
diretor do Ginásio Paranaense, diretor da Escola Normal, Lente de Física e Química. É
126
nesse período também que Lysimaco Ferreira da Costa estentando articular a criação
da ABE, junto aos intelectuais cariocas e paulistas.
Cabeçalho:
BITTENCOURT & CIA.
Commissoes, consignações e CONTA PROPRIA
Fazendas, armarinhos, ferragens
SECCOS E MOLHADOS
Compram Herva Matte em grande escala e mais gêneros do Paiz
Iraty, 17 de abril de 1924.
Meu Prezado Amigo.
Junto segue o instrumento da procuração, subscripta com as respectivas
assignaturas.
Não foi possível conseguir mais nomes, em virtude de estarem os serradores
da Linha ahi na Capital para assistirem á reunião dos madereiros (sic), na
Associação.
Aqui tudo corre bem, felizmente. A população radiante e satisfeita pella
attitude digna e nobre do illustre Dr. Munhoz.
Constatei hontem de “visu” o Plano do Cel. Emilio Gomes, pois as reuniões
succedem na casa do major Xisto, que se acha desapontadíssimo.
O nosso Cichewicz recusou-se terminantemente a assignar a alludida
procuração, allegando motivos inverossímeis. Em todo o caso elle revogou a
procuração do SNR. Alberico X. Miranda, sendo portanto uma força
negativa.
Quanto ás despezas, eu é que lhe fico devendo, grato como estou á pessoa do
Amigo.
Abraços cordeaes do Amigo Att. Obr.
Zefferino Bittencourt.
Na mesma pasta em que estão arquivados tais correspondências, encontra-se
um convite, para a posse do Cel. Zefferino Bittencourt para a Prefeitura de Irati PR,
nomeado por decreto presidencial:
A Comissão abaixo, tem o prazer de convidar V. Excia. e Exma. Família
para assistirem as grandes homenagens que serão levadas a effeito, no dia 21
do corrente, ás 13 horas no Prédio da Prefeitura, por motivo da posse do Cel.
Zeferino Salles Bittencourt, nomeado por Decreto Presidencial para exercer
o cargo de Prefeito Municipal deste Termo.
Somos gratos por seu comparecimento. A Commissão.
Na seqüência, o novo prefeito empossado escreve a Lysimaco Ferreira da
Costa, então Diretor da Instrução Pública, para transmitir as suas ordens. A exoneração
e a nomeação de professores para ocupar cargos públicos são tratadas com uma
naturalidade espantosa:
Gabinete da Prefeitura Municipal de Iraty
Iraty, 23 de maio de 1925.
Exmo. Sr. Lisimaco (sic) Costa – Curityba.
127
Presado amigo
O fim desta é pedir ao meo Illustre Amigo não nomear a Sra. D. Habuba
Gaspar para Carrinhos [...] peço não esquecer da exoneração do Sr. José
Blanc e nomeação de Lademiro Kozakiewcz para Inspetor escolar de Itapara,
e também para a exoneração de Appolinario Teigão e nomeação de
Sebastião Thomaz de Lima para Barra Mansa; peço também a nomeação de
Feliciano Gomes Castanha para Inspector Escolar de Bom Retiro,
exonerando o actual; Como Pirapé é uma freguesia bastante populoza e o
povo reclamam (sic) escola se for, peço a nomeação de uma (sic) professor
para aquella localidade, e indico o Sr. Luiz Borges de Moraes.
Sem mais como sempre de V. As.
Amig. Att. Criad. –
Zeferino Bittencourt
O pedido talvez tenha sido atendido, uma vez que segue da Prefeitura uma
outra comunicação referente a alguns presentes” que estão sendo enviados, e
anunciando outros que virão na seqüência:
Gabinete da Prefeitura Municipal de Iraty
Iraty, 16 de Junho de 1925.
Amigo Dr. Lysimaco.
Saudo-o.
Junto um conhecimento referente a umas gallinhas e ovos que vos envio
como presente, e por estes dias farei também remessa de um Peru e um
leitão.
Espero que tudo chegue em seu perfeito estado.
Sem outro aqui permaneço como de sempre as suas mui apreciadas ordens.
Do amigo Crd Obrg.
Zeferino Bittencourt
Os indivíduos que compunham o Diretório Central do PRP ocupavam os
cargos mais importantes do Paraná nos anos de 1910 e 1920, alternando-se entre o
governo estadual e o senado. Por exemplo, Affonso Camargo e Carlos Cavalcanti
estiveram presentes na cena política ora no executivo estadual, ora no Senado, por um
longo período. Mesmo sem possuirem representatividade nacional, como o Partido
Republicano Paulista, por exemplo, no âmbito estadual conseguiram viabilizar seus
interesses partidários com os interesses dos chefes políticos locais.
À frente da Direção da Instrução Pública Paranaense, Lysimaco Ferreira da
Costa estava assumindo funções que fugiam da alçada de um educador, como, por
exemplo, representar o Estado do Parano Primeiro Convênio do Café, realizado em
São Paulo, em setembro de 1927.
No capítulo anterior, defendeu-se que a "polivalência ideológica" de
Lysimaco lhe conferiu as habilidades adequadas para exercer aquelas funções "típicas"
128
da política clientelista, ao mesmo tempo em que a manteve, aparando as arestas e as
zonas de conflito, para chegar ao "campo" da política. Essa hipótese se reforça quando
Lysimaco Ferreira da Costa deixa a direção da Instrução Pública e a direção do Ginásio
Paranaense para assumir, em fevereiro de 1928, no governo de Affonso Alves de
Camargo, a Secretaria da Fazenda do Estado do Paraná.
Considerando que a Secretaria da Fazenda permitiria "alto controle da
máquina de governo", e a "acumulação de capital financeiro" para viagens e campanhas
políticas, compra de votos etc., pode-se reafirmar o interesse manifesto de Lysimaco
Ferreira da Costa na direção de uma carreira política no Executivo.
Filiado ao Partido Republicano Paranaense, não deixou de manter estreita
amizade com um grupo que representava oposição ao Partido Republicano, como, por
exemplo, Plínio Alves Monteiro Tourinho, que juntamente com o irmão, Mario
Tourinho, liderou a Revolução de 1930 no Paraná. Com a Revolução de 1930,
Lysimaco Ferreira da Costa foi preso e graças a amizade que mantinha com Plínio
Tourinho, consta que teria sido muito bem tratado na prisão e gozado de alguns
privilégios.
Após a Revolução de 1930, Lysimaco Ferreira da Costa reassumiu suas
funções de professor do Ginásio Paranaense e na Faculdade de Engenharia do Paraná.
Mesmo fora do campo político, continuou habilidoso, mediando a transição entre as
velhas lideranças e as novas forças políticas no estado. Um bom exemplo é a carta de
Lysimaco ao amigo Plínio Tourinho pedindo “favores”, na defesa dos interesses dos
produtores de mate do Paraná.:
Amigo Plínio
Saudações. Aqui vae tudo bem, afinal os últimos acontecimentos e suas
conseqüências, decorrentes do teu trabalho ahi têm-se refletido muito bem
em favor dos teus amigos políticos e da administração do Gal. Mario. Assim
é melhor, mais calma e as ambições se diluem, deixando que os
responsáveis pela administração actual do Estado trabalhe em paz, coisa que
tanto necessitam: o próprio Estado, o povo e o Governo Provisório da
República. [...]
Mas, parece que tudo está em vias de normalização o que só deve ser motivo
de congratulações.
O motivo desta, porém, é o seguinte: Um grupo aqui dos teus amigos, sem
cor partidária qualquer, resolveram que o Durval e eu te escrevêssemos no
sentido de fazer as possíveis tentativas para que o Dr. Frederico Perracini
seja nomeado chimico do Ministério da Agricultura para ficar encarregado
das analyses e demais trabalhos chimicos do matte, aqui no Paraná, trabalhos
esses hoje a cargo do Dr. Almeida, chimico aqui residente e que trabalha sob
a direção do Saraiva, do Jardim Botânico.
Isto não é impossível e é quase uma necessidade capaz de bem resolver os
interesses que tem a União, o Paraná e a industria hervateira, aqui no Paraná,
129
pois, ao Perracini não falta technica de bom observador e pesquisador; tem
os melhores attestados dos grandes laboratórios italianos; é formado pela
Real Academia de Milão; tem espírito de disciplina; comprehenderá a
harmonia que vae envolver a sua actividade decorrente da sua subordinação
ao Dr. Saraiva que é o Diretor Geral do serviço no Brasil; é diretor do
Instituto de Chimica do Paraná que dispõe de bons laboratórios de chimica e
optimo gabinete de microscopia; trabalha, como tem feito até hoje, somente
em beneficio das nossas industrias; portanto, que desvantagem possa
porventura decorrer do facto de bem o acolher o M. [Ministério] da
Agricultura, incorporando-o ao seu quadro de chimicos?
Falle nesse sentido ao Dr. Saraiva que é um velho amigo meu; é um sábio no
sentido chimico da palavra; garanta-lhe que elle terá tudo o que quizer em
matéria do respectivo serviço; assegure-lhe que nós somos chimicos do
Instituto; e estamos certo (sic) que o dr. Saraiva tudo fará para bem dispor no
Paraná de um núcleo de chimicos de boa vontade para o trabalho e que têm o
mesmo devotado, o maior interesse, coisa que ele sempre semonstrou com o
mais sadio patriotismo.
Não é nosso fim tirar daqui o Almeida que é pessoa mto. distincta e capaz; o
Almeida, em collaboração convosco é considerado elemento muito capaz,
mas, se o dr. Saraiva quizer poderá aproveital-o em qualquer outro Estado.
Enfim, se para este objectivo precisares de uma exposição do serviço como
deve ser organizado para que o Perracini tenha a nomeação que pedimos, em
beneficio de todos, estaremos promptos a envial-a com urgência. Seria uma
accordo entre a União, o Estado e a F. [Faculdade} de Engenharia, a cujo
cargo está o Instituto de Chimica: e o Dr. Saraiva contaria no Paraná, sob a
sua direcção, com um apparelhamento de chimicos e de material, que
emprestaria aos seus esforços a maior efficiencia possível.
Com um forte abraço e os mais sinceros desejos de mta. Felicidades
Somos Am
os
Lysimaco Ferreira da Costa
(Carta de Lysimaco a Plínio Tourinho, 23/11/31. Memorial ..., pasta n. 180).
Não se têm notícias se o pedido foi atendido, mas pode-se afirmar que
conciliação, mediação e equilíbrio foram marcas características da capacidade de
articulação política de Lysimaco Ferreira da Costa.
130
CAPÍTULO III
LYSIMACO FERREIRA DA COSTA NO CENÁRIO
EDUCACIONAL BRASILEIRO
____________________________________________________
3.1. A comemoração do Centenário da Independência
A comemoração do Centenário da Independência quase nunca é mencionada
nos estudos de História da Educação, a não ser em citações passageiras. Foi, no entanto,
um evento que mobilizou a população e a intelectualidade de diversas cidades
brasileiras, em particular, do Rio de Janeiro e São Paulo (Cf. Motta, 1992).
Pelo Decreto n. 4175, de 11 de novembro de 1920, o governo Federal
autorizava o Poder Executivo a promover a “Commemoração do Centenario da
Independencia Politica do Brasil”, não poupando esforços para mostrar ao mundo que
fazíamos parte do mundo civilizado. O Rio de Janeiro, então capital federal, teve suas
feições modificadas para sediar um importante evento: a Exposição Universal do Rio de
Janeiro. A reforma urbana planejada pelo engenheiro Carlos Sampaio, nomeado pelo
presidente Epitácio Pessoa, teve como alvo o morro do Castelo (Cf. Motta, 1992).
O projeto de demolição do morro promoveu acesas discussões na imprensa.
Para alguns, a medida era mais do que necessária; era uma condição essencial ao
ingresso do país no século XX, representando a submissão da natureza à ordem da
cultura” (Motta, 1992). Para outros, porém, a derrubada do morro do Castelo era uma
afronta à memória da cidade, pois abrigava as igrejas de São Sebastião do Castelo e de
Santo Inácio, o relógio da torre e o observatório astronômico. Além disso, residiam
cerca de 5.000 pessoas pobres, distribuídas em mais de 400 casas. Segundo Motta
(1992), depois de dois anos de trabalho, uma parte do morro do Castelo foi demolida,
abrindo espaço para a construção dos prédios da Exposição Universal do Centenário.
131
FOTO 6 – F
OLHETO COM O PROGRAMA DA COMEMORAÇÃO DO
C
ENTENÁRIO
.
A
CERVO
: M
EMORIAL
L
YSIMACO
F
ERREIRA DA
C
OSTA
.
A respeito do programa para a comemoração, o Decreto n. 15.066, de 24 de
outubro de 1921, dando execução ao Decreto Legislativo n. 4.175 de 11 de Novembro
de 1920, determinava que:
I - Inauguração de uma Exposição Nacional, comprehendendo as principaes
modalidades do trabalho no Brasil, attinentes á lavoura, á pecuaria, á pesca,
á industria extractiva e fabril, ao transporte marítimo, fluvial, terrestre e
aéreo, aos serviços de communicações telegraphicas e postaes, ao
commercio, ás sciencias e ás bellas artes.
A Exposição realizar-se-á no edificio do antigo Arsenal da Guerra e suas
dependencias, e nos terrenos circumvisinhos de que o Estado e a
Municipalidade possam dispôr. (...)
Reservar-se-á uma área contigua á Exposição Nacional para cessão, a
titulo precário, aos Governos ou industriaes estrangeiros, que se proponham
erguer, por conta propria, pavilhões destinados á exhibição de productos
originários destinados á exhibição de productos originarios de seus paizes.
II - Inauguração das estatuas de brasileiros illustres, que nessa época estejam
promptas para ser erguidas na Capital.
Inauguração do Pantheon dos Andradas, na cidade de Santos, Estado de
São Paulo.
III - Inauguração do Museu da independência que será installado numa parte
do antigo palácio da Quinta da Boa Vista, devendo nelle figurar tudo quanto
interesse á historia do Brasil. (...)
IV - Cunhagem de medalhas de ouro, prata e bronze, (...)
V - Emissão de selo postal da Independência.
132
VI - Realização do Congresso de Instrucção Primaria, organizado pela
Prefeitura do Districto Federal, do Congresso de Ensino Secundário e
Superior, pela Universidade do Rio de Janeiro, e do Congresso Internacional
de Historia Americana, convocado pelo Instituto Historico e Geographico
Brasileiro. Realização do Congresso Ferroviário SulAmericano e do XX
Congresso Internacional de Americanistas.
VII - Exhibição gratuita em dias determinados, no recinto da Exposição, de
films referentes á historia, (...)
VIII - Parada militar, (...)
IX - Revista da esquadra brasileira (...)
X - Recepção no Club Militar.
XI - Recepção no Club Naval.
XII - Recepções officiaes e outras festas do mesmo caracter, determinadas
pela presença, nesta Capital, de Embaixadas especiaes ou missões
estrangeiras e de representantes dos Governos Estadoaes. (...) (pp.7-11)
(Grifos meus)
A Exposição era enorme para os padrões brasileiros. O visitante percorria
2.500 metros entre pavilhões descritos pela imprensa como "deslumbrantes
monumentos arquitetônicos". Diversos países estavam representados no evento:
Argentina, México, Inglaterra, Estados Unidos, França, Itália, Portugal, Dinamarca,
Suécia, Tchecoslováquia, Bélgica, Noruega e Japão, sendo que, segundo Motta (1992)
alguns desses países ainda construíram pavilhões para a exposição de seus produtos
industriais: Bélgica, Portugal, Estados Unidos, França, Itália e Tchecoslováquia.
A Exposição Nacional foi composta pelas seguintes seções:
educação e ensino; instrumentos e processos gerais das letras, das ciências e
das artes; material e processos gerais da mecânica; eletricidade; engenharia
civil e meios de transporte; agricultura; horticultura e arboricultura; florestas
e colheitas; industria alimentar; industrias extrativas de origem mineral e
metalurgia; decoração e mobiliário dos edifícios públicos e das habitações;
fios, tecidos e vestuários; indústria química; indústrias diversas; economia
social; higiene e assistência, ensino prático, instituições econômicas e
trabalho manual da mulher; comércio; economia geral; estatística; forças de
terra e mar; e esportes (Motta, 1992)
A Exposição Universal durou aabril de 1923, e o número de expositores
chegou a dez mil. Em setembro, o presidente Artur Bernardes fechou as comemorações
do Centenário da Independência com uma parada militar na capital federal.
133
3.2. O IV Congresso Brasileiro de Instrução Secundária e Superior
84
Como parte importante das comemorações do centenário, organizou-se o IV
Congresso Brasileiro de Instrução Secundária e Superior, de setembro a outubro de
1922. Foram convidados a participar do evento intelectuais e educadores de todos os
estados brasileiros
85
.
Considerado como um dos mais importantes fatos comemorativos da nossa
independência, a proposta do Governo era a de promover um amplo debate, com o
intuito de discutir a organização do ensino secundário e superior no país, os problemas
observados e elaborar propostas de soluções. As propostas seriam encaminhadas ao
Congresso Nacional para serem discutidas posteriormente. Nas palavras de um
congressista, o Sr. Luiz Cantanhede:
Estamos exercendo aqui as funcções de consultor, chamados pelo Governo
para emittir opinião. Nada estamos decidindo em definitiva. (Anais..., p.
502).
A importância atribuída ao Congresso também se revela nas palavras de
Almeida Magalhães, representante de um estabelecimento de ensino secundário
particular em Minas Gerais:
O Congresso de Ensino Secundário e Superior se acha reunido para tratar
dos altos interesses do ensino no paiz [...] Estamos reunidos justamente para
discutir o meio mais fácil da intervenção do centro no ensino dos Estados
(Anais..., p. 353).
Foram nomeadas 5 comissões que seriam responsáveis por discutir as teses
e elaborar os pareceres. A primeira comissão era de Teses Gerais; a segunda do Ensino
Jurídico; a terceira, do Ensino dico; a quarta, do Ensino de Engenharia e a quinta
84
divergências no nome do Congresso. Nos anais do evento, ora aparece como “4º
Congresso Brasileiro de Instrucção Superior e Secundária” , ora aparece como Congresso
Brasileiro de Ensino Secundário e Superior”.
85
Folheto impresso: Commemoração do Centenario da Independencia. Congresso Brasileiro de
Ensino Secundario e Superior. Rio de Janeiro, 1922. 9 páginas.
134
comissão, do Ensino Secundário. Os trabalhos das comissões foram realizados no
edifício da Escola Politécnica do Rio de Janeiro
86
.
As sessões de inauguração e de encerramento dos trabalhos do Congresso
foram realizadas no Palácio das Festas da Exposição Internacional. A sessão
preparatória e as outras sessões plenas foram realizadas no salão de honra da Escola
Politécnica do Rio de Janeiro (Cf. Programa e Anais do Congresso).
A primeira sessão plena do Congresso realizou-se no dia 20 de setembro, no
salão de honra da Escola Polytechnica do Rio de Janeiro, sob a presidência do sr. Conde
de Affonso Celso, Diretor da Faculdade de Direito do Rio de Janeiro e Reitor interino
da Universidade do Rio de Janeiro
87
(Anais do 4º Congresso Brasileiro de Ensino
Secundário e Superior).
Para a elaboração do regulamento do Congresso tomou-se por referência o
regulamento executado e cumprido no Primeiro Congresso de Ensino, presidido pelo Sr.
Everardo Backheuser, em 1911, no Estado de S. Paulo, que, “em matéria de ensino,
pode ser considerado o leader da federação e servir de modelo e paradigma a qualquer
outro.” (Cf. Anais, p. 350)
88
.
O Estado de São Paulo foi o pioneiro a investir na organização e expansão
do ensino público, elementar e normal, tornando-se uma referência para a remodelação
do ensino em outros estados brasileiros. Os grupos escolares, organizados nos moldes
das Escolas-Modelo, com ensino graduado e classes constituídas segundo o grau de
adiantamento dos alunos, foram considerados uma das mais importantes contribuições
das primeiras reformas educacionais republicanas. Posteriormente, o ensino público
paulista, enviando seus professores a outros Estados ou recebendo professores para
conhecer a sua organização pedagógica, serviu de modelo para a reorganização do
ensino público em diversos estados – como: Minas Gerais, Santa Catarina, Goiás,
Sergipe, Paraná, Pernambuco, Piauí, Acre (Cf Souza, 1998). De acordo com Carvalho
(2003), no início dacada de 1920, a Reforma Sampaio Dória traz à cena os limites do
86
De acordo com o Programa, para as reuniões da 1
a
Comissão estava reservado o gabinete do
diretor da Escola Politécnica; para a 2
a
. Comissão, a sala dos professores; para a 3
a
. Comissão, a
sala de leitura da biblioteca da Escola; para a 4
a
. Comissão, a Sala da biblioteca e para a 5
a
.
Comissão, a sala de Projeções Cinematográficas. Todas as salas estariam devidamente
aparelhadas para o fim a que se destinavam.
87
O sr. Conde de Affonso Celso assumiu a presidência do evento em substituição ao Dr.
Benjamin Franklin Ramiz Galvão, Presidente do Conselho Superior do Ensino e Reitor da
Universidade do Rio de Janeiro.
88
O Segundo Congresso foi realizado em Belo Horizonte e o Terceiro, na Bahia.
135
modelo escolar paulista e, em meados da década de 1920, o modelo pedagógico que
vinha balizando as iniciativas de institucionalização da escola, passa a ser
questionado
89
.
A 5ª Comissão, do Ensino Secundário, foi composta por: Dr. Carlos de Laet;
Dr. Antenor Nascentes; Dr. Fernando Raja Gabaglia; Dr. Floriano de Brito; Dr.
Henrique de Toledo Dodsworth; Dr. Honório de Souza Silvestre; Dr. João de Oliveira
Franco; Dr. Joaquim Mafra de Laet; Dr. Horácio Campos; Dr. José de Freitas Valle; Dr.
José Piragibe; Professor Julio Nogueira; Professor João de Camargo; Dr. Lysimaco
Ferreira da Costa e Dr. Pedro Uchôa Cavalcanti.
As teses enviadas ao Congresso deveriam ser discutidas nas comissões
competentes. Aos presidentes das Comissões cabia a distribuição entre seus membros
das teses do programa que deveriam relatar e, ao relator, cabia a defesa no plenário das
conclusões aprovadas pela comissão. A cada um dos congressistas eram facultadas
assistência e participação em todas as discussões, podendo, inclusive, propor emendas.
Nas sessões plenas só seriam debatidas as conclusões (Cf. Anais..., p. 335)
Para a organização das teses referentes ao ensino secundário foram
convidados: Gastão Ruch, Floriano Brito, Henrique Costa, Raja Gabaglia
90
e Paula
Lopes (Cf. Anais..., p. 350). Com um ano de antecedência do evento, as teses foram
publicadas em jornais do Rio de Janeiro e, em seguida, foram encaminhadas circulares
aos Estados, convidando-os a participar do Congresso.
Compunham a Comissão, do Ensino de Engenharia: Dr. José Agostinho
dos Reis; Dr. Adolpho Murtinho; Dr. Américo Furtado Simas; Dr. Archimedes de
Siqueira Gonçalves; Dr. A. Cownley Slater; Dr. Barbosa de Oliveira; Dr. Epaminondas
dos Santos Torres; Dr. Everardo Backheuser; Dr. Francisco Bhering; Dr. Heitor Lyra;
Dr. Henrique César de Oliveira Costa; Dr. Julio Kocler; Dr. Luiz Castanheda; Dr. Luiz
Orsini de Castro; Dr. Lysimaco Ferreira da Costa; Dr. Antônio de Góes Cavalcanti; Dr.
89
Sobre Sampaio Dória ver: Medeiros, 2005.
90
Fernando Antonio Raja Gabaglia (1895-1954), foi professor do Colégio Pedro II, autor de
livros didáticos e um dos fundadores do Curso de Geografia da Universidade do Estado do Rio
de Janeiro. Atuou ainda como secretário de Educação do Distrito Federal em 1944 e ocupou o
cargo de Diretor do Colégio Pedro II, tendo lecionado Fisiografia na Escola de Economia e
Direito. Era autodidata e buscava constante atualização sobre discussões geográficas dos
Centros Internacionais de Pesquisas da época. Seu trabalho contribuiu também para a formação
do Centro Nacional de Geografia e do Instituto Brasileiro de Geografia - IBGE.
136
Mario de Brito; Dr. Miguel Calmon du Pin e Almeida; Dr. Danniel Henninger; Dr.
Tobias Moscoso.
Um dos congressistas, o sr. Elpídio Pimentel, representante do Espírito
Santo, fez críticas contundentes à organização do Congresso, dizendo que todo o
trabalho fora enfeixado na mão de Comissões formadas por elementos principalmente
do Rio de Janeiro, deixando de fora elementos estaduais (Anais..., p. 352). A crítica foi
exagerada, já que os quatro professores indicados para representar o Paraná tiveram
assento nas Comissões, sendo que o Lysimaco Ferreira da Costa fez parte de duas
Comissões, a Comissão do Ensino Secundário e a Comissão do Ensino de Engenharia.
João de Oliveira Franco fez parte da Comissão do Ensino Secundário, Victor Ferreira
do Amaral, da Comissão do Ensino Médico e Luiz Orsini de Castro, da Comissão do
Ensino de Engenharia (Cf. Anais do Congresso Brasileiro de Ensino Secundário e
Superior).
A participação de Lysimaco Ferreira da Costa em duas Comissões foi
definida no Paraná. O presidente do Estado do Paraná, Caetano Munhoz da Rocha o
nomeou para, juntamente com João de Oliveira Franco e Victor Ferreira do Amaral,
representar o Paraná naquele evento:
[...]
Devendo realizar-se na Capital da República, no próximo mês de setembro,
por ocasião das festas do Centenário, o Congresso de Instrução Secundária e
Superior, comunico-vos que tomei a liberdade de fazer a vossa nomeação
por decreto desta data, para, juntamente com os Srs. Drs. João Franco e
Victor do Amaral, representardes este Estado naquela reunião, atendendo,
assim, ao convite feito a esta Presidência, pelo Sr. Presidente do Conselho
Superior do Ensino. Certo de que vos dignareis ade prestar mais esse serviço
ao Estado, desde já vos apresento os meus cordiais agradecimentos,
comunicando que a Secretaria Geral vos fornecerá as passagens necesrias.
Com elevada estima e distinta consideração, subscrevo-me
Atº Patr.º Obr.º
Munhoz da Rocha
Presidente do Estado
O diretor da Faculdade de Engenharia do Paraná, Affonso Augusto Teixeira
de Freitas, também convidou Lysimaco Ferreira da Costa para, juntamente com o Dr.
Luiz Orsini de Castro, representar a Faculdade de Engenharia no IV Congresso. O
diretor da Instituição justifica o convite fazendo elogios à capacidade intelectual de
Lysimaco Ferreira da Costa:
137
[...] tendo sido esta Faculdade distinguida com um convite para nele (IV
Congresso) tomar parte, resolvi convidar-vos para, conjuntamente com o
Dr. Luiz Orsini de Castro, representa-la naquela importante assembléia, onde
podereis, com a competência que vos é peculiar, colaborar na discussão e
estabelecimento de teses e medidas de proveito para o ensino secundário e
superior da nossa pátria.
Esse dado é representativo das ligações políticas de Lysimaco Ferreira da
Costa, dos serviços prestados no Estado e da amizade com pessoas influentes na
sociedade paranaense.
3.2.1. A ausência de teses na Comissão de Engenharia
A Comissão do Ensino de Engenharia não recebeu nenhum trabalho a
respeito das teses do programa, as quais incidiam sobre problemas de ordem cnica.
Assim sendo, optou-se por não formular parecer sobre as teses e aproveitar o evento
para estudar as principais bases sobre as quais deveria assentar a organização geral do
ensino de engenharia (Cf. Anais... p. 279). Após as discussões na Comissão, foram
elaboradas as seguintes conclusões, assinadas por Heitor Lyra da Silva, para a
apreciação do Congresso:
1. O Ensino deverá ter sempre em mira a aplicação prática,
colocando os alunos com problemas reais e concretos.
2. Realização obrigatória de repetidos trabalhos práticos;
3. Exigir a prática de trabalhos manuais (enquanto não se
introduzir no ensino secundário brasileiro a instituição
americana do “Manual Training”).
4. Exigência de elaboração de um projeto completo ao término de
qualquer curso de Engenharia;
5. A direção das escolas deverá ser feita por Engenheiro de notória
competência, professor ou não, com prolongado tirocínio
administrativo ou industrial;
6. Ensino teórico, prático e gráfico nos cursos de engenharia;
7. Adotar o regime de enviar professores de engenharia ao
estrangeiro;
8. Atestam a necessidade de existência de escolas para formação
de “técnicos práticos” que possam ser encarregados da sub-
direção de serviços, além das escolas superiores de engenharia;
9. As escolas técnicas deverão conter um curso preparatório com
caráter de utilidade prática, e os alunos devem trabalhar
manualmente em oficinas. (Anais..., p. 98)
138
As conclusões apresentadas por Heitor Lyra da Silva revelam a direção
pretendida pelos membros daquela comissão: um ensino profissional prático. Foi
também essa a direção defendida por Lysimaco Ferreira da Costa, em diversos
momentos durante o Congresso, num posicionamento claro contra a defesa do ensino da
“ciência pura”
91
. Essa era a orientação defendida pela maioria dos professores da Escola
Politécnica e pela Faculdade de Engenharia. A sugestão para conciliar os interesses
divergentes, ou seja, o interesse daqueles que defendiam a formação do “cientista”, foi a
criação de uma Escola Superior de Ciências (Anais..., p. 741).
3.2.2 A participação de Lysimaco Ferreira da Costa no Congresso
na Primeira sessão Plena, realizada em 20 de Setembro, Lysimaco
Ferreira da Costa apresentou duas indicações para discussão. A primeira, sugeria ao
Congresso que autorizasse o presidente a dirigir ao ministro da Instrução Pública da
Argentina uma moção de solidariedade sul-americana, agradecendo a propaganda que
aquele país vinha fazendo pela aproximação ao Brasil, propaganda esta observada
durante uma viagem que fizera à Argentina. A indicação foi aprovada sem discussões.
A segunda indicação era de pedir ao Congresso que o se tornasse alheio
ao ato do Presidente do Estado do Paraná, que acabara de enviar ao Congresso Estadual
uma mensagem pedindo a supressão da bandeira e do hino paranaenses, ficando apenas
a bandeira nacional, como inspiração do unitarismo político
92
.
A decisão do Presidente do Estado do Paraná, Dr. Caetano Munhoz da
Rocha, foi anunciada em Curitiba no dia 07 de Setembro, nos seguintes termos:
No dia que o Povo Brasileiro comemora o primeiro Centenário da
Independência Política da tria, dirijo-me a essa ilustre Corporação para
sugerir a idéia de serem revogadas as disposições de lei pelas quais foram
adotadas o hino e a bandeira do Estado. O Paraque tem edificado as
demais unidades da Federação com belo exemplo de civismo, fazendo
desaparecer as divergências de limites com os Estados vizinhos, que tome
agora a iniciativa de um gesto tão patriótico que vira estreitar ainda mais os
laços da Federação. [...] É que compreendemos, Senhores, que o nosso claro
Brasil, somente, unido e forte, realizará os seus destinos, cumprindo, pois,
91
Esse foi um motivo de divergências entre Venâncio Filho e Lysimaco Ferreira da Costa no
Congresso. O primeiro, defendia “o cultivo da ciência pura” (ver Anais do IV Congresso..., p.
740-741).
92
A bandeira e o hino do Paraná só foram restabelecidos em 1950, pelo governador Lupion.
139
estreitar, cada vez mais os elos da Federação e abolir das nossas tradições e
das nossas leis, tudo, absolutamente tudo, que, por qualquer forma, como
bandeiras e hinos de Estados, possa afrouxar os laços que entre si devem
unir as circunscrições da República. Na verdade, para que bandeiras de
Estado, que não representam mais que pedaços, verdadeiros retalhos do
pavilhão sagrado da Pátria, pedaços e retalhos sem cor e sem expressão?
Para que hinos de Estados que são apenas acordes dispersos desse hino
magnífico, cuja nota vibrante sacode os nossos nervos, faz bater intenso o
nosso coração, acordes dispersos cuja harmonia o povo não sente?
Sim, senhores, para que bandeiras de Estados, quando possuímos pavilhão
tão belo que inspirado tantos heroísmos e tantos sacrifícios? Pavilhão
Sagrado que fortaleceu Tiradentes no patíbulo, guiou Ozório em Tuyuty,
Barroso em Riachuelo; pavilhão bendito que inspirou idéias liberais a
Benjamin Constant, iluminou a mentalidade possante de Rio Branco, na
defesa de nossos direitos, em pendências internacionais, acendeu na
conferência de Haya, o gênio extraordinário de Ruy Barbosa, o expoente
máximo das gerações contemporâneas; pavilhão gentil que criado tantos
artistas da palavra, artistas na escultura, na pintura, na música, na poesia,
pavilhão querido que fala tão suavemente ao nosso coração.
Sim, senhores, nem bandeiras nem hinos de Estados.
Que, do Norte ao Sul do País, ecoe aos nossos ouvidos, fazendo pulsar
inteira a nossa alma, a alma patriótica, a música, unicamente essa musica
maravilhosa que encanta e arrebata – o Hino Nacional.
Que os filhos desta grande pátria, brasileiros do Amazonas e brasileiros do
Paraná, se abriguem todos sob a mesma e única bandeira, confundindo-se,
irmanando-se tão intimamente, que todas as nossas aspirações, todos os
anseios da nossa alma, todos os afetos do nosso coração se vão cristalizar ali,
em um sentimento só, sentimento brasileiro, precisamente ali, unicamente
ali, á sombra do Pavilhão Sagrado da Pátria” (Estado do Paraná, 1922, p.
101-103)
93
.
Lysimaco Ferreira da Costa, ao expor a questão, provocou muitos protestos
entre os Congressistas, pela forma desrespeitosa pela qual se referiu às bandeiras
estaduais. Nas palavras de Lysimaco Ferreira da Costa:
Quero pedir ao Congresso que não se torne alheio á necessidade de
secundarmos o acto do Sr. Presidente do Estado do Paraná, que acabou de
enviar uma mensagem ao Congresso Estadual, pedindo a supressão da
bandeira e do hymno parananenses, de modo que repercuta em todo o paiz
este acto do Congresso de Ensino, reprovando solemnemente os muitos
farrapos, digamos pedaços deslustradores do nosso pavilhão (Anais..., p.
331).
Após muito tumulto, alguns congressistas se recusaram a votar o assunto
por julgar que escapava à competência do Congresso. A questão foi considerada de um
“radicalismo nacionalista”. Um dos congressistas, José Freitas Valle, professor do
93
Relatório apresentado ao Exmo. Snr. Dr. Secretario Geral do Estado pelo professor César
Prieto Martinez, inspetor Geral do Ensino. 1922 – Tipografia da Penitenciária do Estado.
140
Gymnasio de S. Paulo
94
sugeriu evitar incursões em assuntos rigorosamente políticos,
tais como aquele que provocara tantas discussões, a fim de não se semear a discórdia no
início dos trabalhos do Congresso (Anais..., pp. 332-333).
Ao apresentar tal questão num Congresso de ensino, Lysimaco Ferreira da
Costa deixava clara a sua posição de entender a educação como um dos meios para a
unificação nacional. A questão foi levada à votação e foi aprovada a proposta dos srs.
Pedro Coutto, Freitas do Valle e outros, para não se votar a moção sobre bandeiras
estaduais.
3.2.3. Os pareceres relatados por Lysimaco Ferreira da Costa no
Congresso
Lysimaco Ferreira da Costa foi relator de seis dos 47 pareceres da Comissão
do Ensino Secundário.
O primeiro parecer relatado por Lysimaco Ferreira da Costa, o parecer da
Comissão do Ensino Secundário, tratava da introdução das noções modernas no estudo
da matemática elementar. A defesa que fez do parecer lhe rendeu muitos elogios.
Lysimaco Ferreira da Costa começou a defesa do parecer dizendo que a tese
apresentada pelo professor Corregio de Castro era “uma das mais brilhantes theses a
serem discutidas” no Congresso. Dito isso, pediu permissão para fazer uma “ligeira
exposição do ponto de vista que teve a Comissão de Ensino Secundário ao approvar o
parecer”. (Anais..., p. 404). Para a exposição, dividiu o parecer em duas partes. A
primeira, sobre a introdução das noções modernas na matemática. Nas palavras de
Lysimaco Ferreira da Costa:
O Sr. Corregio de Castro fez um estudo, apesar de succinto, brilhante, sobre
as difficuldades actuaes do ensino da mathematica elementar nos gymnasios
e mesmo também aos collegios particulares ellas se estendem.
A experiência de alguns anos no ensino da matemática, segundo Lysimaco,
o autorizava a afirmar que o autor da tese acertara perfeitamente ao criticar a
orientação actual desse ensino, que difficulta extraordinariamente a boa comprehensão
94
Freitas do Valle não fez parte de nenhuma das comissões.
141
dos estudantes”. Corregio de Castro teria discutido tanto as teorias a serem introduzidas
no ensino da Matemática quanto o método de ensino, fazendo uma crítica, segundo
Lysimaco, considerada procedente pela Comissão.
Na seqüência, Lysimaco Ferreira da Costa aproveita a audiência para
mostrar o seu conhecimento do assunto, dizendo:
Sobre tal assumpto eu me louvo nas palavras do illustre mathematico francez
Poincaré, que escreveu, em França, sobre As tendências modernas da
mathematica” e procedeu, em seguida, á modificação lenta dos programmas
officiaes.
A opinião desse notável scientista, por demais conhecido de todos, é que não
se comprehende que uma sciencia de que Augusto Comte fez simplesmente
a lógica do entendimento, que os mais eminentes philosophos não põem
duvida em fazer coincidir com a verdadeira lógica, não se comprehende que
essa sciencia tenha o seu ensino quase posto fora do alcance do estudante,
pelo enorme subsídio que o precede, exigindo um esforço formidável de
abstração, faculdade que o alumno, em geral, não sabe se tem ou se não tem,
faculdade que elle desconhece por completo, que em alguns é preciso que o
professor desperte pela habilidade do ensino que lhes ministra.
Poincaré diz ainda que não comprehende como quem quer que fosse
exprimisse a falta de vocação para a mathematica, a sciencia da lógica por
excellencia.
E continua, afirmando que o pretendia demorar na exposição, em virtude
da escassez do tempo, mas queria dar apenas uma idéia do que eram as tendências
modernas da matemática e no que consistia o ensino que vinha sendo praticado, para
que todos os congressistas, mesmo aqueles que não eram professores de matemática,
pudessem compreender o ponto de vista da comissão. E prossegue, dizendo que o autor
da tese apontara que havia duas tendências no estudante, que deveriam ser aproveitadas
pelo professor no ensino da matemática: a tendência intuitiva, experimental e sintética e
a tendência lógica e analítica. Lysimaco Ferreira da Costa explica o que seriam essas
tendências:
Evidentemente, a designação de experimental nessa tendência intuitiva,
preliminar, não se confunde com a noção de experiência, que adquirimos no
domínio da Physica, como método de investigação dictado pela natureza dos
phenomenos physicos, conforme bem expoz e coordenou o eminente
philosopho positivista na sua classificação das sciencias.
A experiência tem aqui mais o caracter de observação concreta, dada ao
alumno sobre as noções fundamentais que precedem os differentes ramos da
sciencia positiva, como a mathematica.
Assim é que o professor deve fornecer o subsidio concreto para que o
alumno crie o habito de observar, adquirindo as noções sem necessidade de
definições, tal como o esboçou Descartes no seu “Discurso sobre o
methodo”.
142
Não devem ser as sciencias preliminares tratadas com esse cortejo enorme de
definições, que Poincaré e outros mathematicos têm demonstrado
fracassarem todas, por não poderem abranger o definido em toda a extensão,
e não forneceram ao alumno o subsídio indispensável, a observação capaz de
o conduzir ao apanhado total, de definir o que a definição deve abranger.
Afirmou, ainda, estar de acordo com o Corregio de Castro, quando este
defendia que a matemática deveria ser ensinada por meio de “fundamentaes, de
postulados; antes isso que demonstrações difficeis e complicadas”. Para exemplificar,
aproveita novamente para mostrar aos congressistas o seu conhecimento do assunto:
E um outro notável mathematico, Hilbert, em seus “Elementos de
Geometria”, estabeleceu todos os postulados relativos á linha recta, que
devem ser o fundamento da Geometria de Euclides, com 8 axiomas de
vinculação, 4 de ordenação, 5 de congruência, um de parallelas e 2 de
continuidade. Em meia dúzia de theoremas elle ao alumno todas as bases
indispensáveis, para que possa fazer uma geometria sua, para que seja capaz
de comprehender perfeitamente o domínio positivo da mathematica, em toda
a sua extensão, reduzindo todos os problemas, mesmo aquelles que se
afigurem de caracter mais abstracto, a meras construções geométricas,
finalizando evidentemente, depois de certo grão de desenvolvimento, com o
enunciado das relações analyticas (Muito bem).
Está claro que assim fornece um subsidio valioso ao alumno, o que e a
mathematica inteiramente ao seu alcance, e o estudante, como tive occasião
de observar com meninos até de dez annos, é capaz de fazer relatórios, por
mais complexos que pareçam, sobre questões como a da equação do circuito
em toda a sua extensão, sem ter tido a menor noção de Analytica (Anais..., p.
405)
Corregio de Castro teria mencionado na tese diversas questões de Geometria
que poderiam ser resolvidas “á luz da nova orientação da mathematica”. Não dispondo,
porém, de tempo para tanto, Lysimaco apenas afirmou que:
a tendência moderna não é sobrecarregar a mathematica com as novas
theorias complexas, que viriam a difficultar o apparelhamento básico que o
alumno deve trazer para uma Escola Polytechnica, ou, melhor, que tem de
formar o fundamento da sua educação scientifica, que cumpre não
encaremos senão como assento lógico dos conhecimentos humanos.
Também não perde a mathematica , sob as novas feições, o seu caracter
positivo. Esse, ninguém lhe poderá tirar; ella permanece com o mesmo
caracter. Mas, assim, partindo sempre do exame concreto em todas as
questões, dá, afinal, uma amplitude de idéas ao alumno que o póde levar, por
si mesmo, á solução dos maiores problemas (sem grifos no original).
Esse método, segundo ele, ainda não tinha no Brasil muitos defensores, mas
encontrava adeptos em diversos países do mundo:
143
... está preconizado na França por Poincaré, Laisant, Hadamard, Appel,
Picard, Borel, Tannery, Bourlet; na Alemanha, foi instituído por Felix Klein,
Pasch, Staecket, reputado um dos maiores mathematicos modernos, Bunge,
etc,; na Itália, por Veronese, Peano, Loria, Euriques; na República
Argentina, pelo professor Doclos
95
(sic). Aliás, está em observação o novo
methodo de ensino da mathematica, cerca de dez annos, com os
resultados mais fecundos, nos Estados Unidos, por Smith e Halsted.
(Anais..., p. 406)
Dada a dificuldade de se alterar rapidamente os programas do Colégio Pedro
II, Lysimaco Ferreira da Costa, em nome da Comissão do ensino secundário, sugeria
que a Congregação do Colégio modelo alterasse lentamente os programas, de modo a
introduzir as noções modernas no ensino da matemática e pudessem acompanhar os
resultados obtidos com tal modificação.
A segunda parte do parecer era um apelo aos professores catedráticos para
que escrevessem livros didáticos, dada a escassez de livros estrangeiros e nacionais
sobre o assunto. Quanto a essa questão, acrescenta Lysimaco Ferreira da Costa que
É muito louvável que o professor escreva seus livros; é o que faz a riqueza
da literatura scientifica norte-americana. Nas Universidades, são todos
obrigados a isto, sujeitos, annualmente, a modificação e correcção por parte
às Congregações.
Ora, não é excessivo esse voto lavrado pela Comissão para que isto prolifere
por ahi fora, por todos os Estados da República. (Apoiados). (Anais..., p.
406)
Euclides Roxo, professor de matemática do Colégio Pedro II e um dos
encarregados da redação das teses para o Congresso, pediu a palavra para declarar seu
“franco applauso á brilhante defesa que fez o illustre Relator do trabalho do Sr.
Corregio de Castro...(Anais..., p. 407). Everardo Backeuser também pediu a palavra
para elogiar a defesa de Lysimaco Ferreira da Costa:
Sr. Presidente, estamos todos ainda debaixo da encantadora impressão
deixada pelas palavras do illustre Relator do parecer, o distincto professor da
Universidade do Paraná, que expoz com clareza (apoiados geraes) uma
questão que se afigurava talvez extraordinariamente complexa.
Para mim, pessoalmente, foi de immenso prazer verificar o apoio que á idea
do Relator trouxe o Sr. Euclides Roxo, digno professor do Collegio Pedro II.
(Muito bem).
95
Refere-se a Duclout.
144
Numa outra discussão, Venâncio Filho diz não concordar com a proposta
para que a matemática pura deixasse de ser feita. Para ele, a Engenharia não precisava
de tanta matemática como se supunha, mas ele não concordava que o ensino da
matemática na Escola [Politécnica], fosse exagerado (Anais..., p. 740). Não estando de
acordo com o posicionamento do colega, Lysimaco Ferreira da Costa pede a palavra
para “rectificar um conceito emittido pelo illustre professor Sr. Venâncio Filho”, que
não lhe parecia justo, “conceito esse relativo á orientação actual ou á tendência da
Escola Polytechnica”. Assim se pronuncia:
A tendência concreta actual, que vemos aqui proclamada por quase toda a
Congregação da Escola Polytechnica, tem sido no sentido exclusivo de
melhorar e não limitar o ensino da mathematica, quer no curso secundário,
quer no curso da Escola Polytechnica, de modo que a mathematica se torne
mais acessível ao espírito dos nossos estudantes e seu conhecimento se
generalize integralmente, e não observemos essas formulas que nos resôam
constantemente aos ouvidos, de que a mathematica é destinada a certos
indivíduos que têm para ella vocação.
(ver Anais..., p. 741).
A defesa de Lysimaco Ferreira da Costa era em favor da ciência aplicada.
Lysimaco Ferreira da Costa foi o relator do parecer n. 5, favorável a que o exame de
Geometria, nos preparatórios, fosse de Geometria e Trigonometria; foi relator do
parecer n. 29, favorável ao desdobramento da Cadeira de Física e Química, nos cursos
secundários e sugerindo que o estudo da Química fosse rigorosamente experimental;
relator do parecer n. 30, contrario à inclusão no curso secundário, de noções da
Geometria Descritiva, Geometria Analítica e Mecânica.
O parecer n. 23, da Comissão do Ensino Secundário, relatado por Lysimaco
Ferreira da Costa, sugeria a aprovação da seguinte indicação:
O Congresso reconhece a immensa vantagem que advirá ao Brasil de
instituir, parallelamente aos estudos scientificos e literários, a pratica dos
trabalhos manuaes, conhecida na América do Norte pela denominação de
“Manual Training”. (Anais..., p. 669)
O parecer foi aprovado sem discussão, causando surpresa ao autor da tese,
Heitor Lyra da Silva, pois esperava que o assunto suscitasse um amplo debate, ao seu
ver, necessário (Silva, s/d, p. 107).
Ainda em 1922, Heitor Lyra da Silva foi convidado para fazer uma
conferência na “Liga Pedagógica do Ensino Secundário”. O convite deu-se em
145
decorrência da proposta apresentada ao Congresso de Ensino, para que se promovesse a
instituição do “manual training” no ensino secundário no Brasil. Heitor Lyra da Silva
afirma faltar-lhe autoridade para falar do assunto, mas não pôde recusar o convite da
Liga. Durante a sua exposição, tratando do “manual training” como um elemento
poderoso de educação intelectual, Heitor Lyra da Silva faz referências a uma fala de
Lysimaco Ferreira da Costa sobre o assunto, dizendo:
Tanto o Congresso, como a Liga, tiveram o prazer de ouvir as formosas
palavras do Professor Lysimacho (sic) da Costa, da Universidade do Paraná.
A conferencia desse illustre educador salientou bem o valioso contingente
que o trabalho manual, a modelagem, a confecção de objectos de madeira e
de metal, deveriam trazer á applicação do methodo racional do ensino
elementar da mathematica. A correlação do desenho e do trabalho de
officina com os estudos mathematicos é extraordinariamente proveitosa, de
um e de outro lado (Silva, s/d, p. 115).
Coube a Lysimaco Ferreira da Costa relatar o parecer n. 41, relativo à II tese
do programa do ensino secundário, que perguntava sobre a urgência da criação no
Colégio Pedro II de uma Escola Normal Superior, na qual se ministrasse preparo
profissional aos professores de humanidades. A formação de professores para o ensino
secundário foi considerada por Lysimaco Ferreira da Costa como um dos grandes
problemas da época. O parecer foi redigido nos seguintes termos:
...Faz ardentes votos para que o Governo Federal, atendendo ao apelo que
lhe fizeram as Congregações Reunidas da Universidade do Rio de Janeiro,
quando de sua instalação, e á autorização que o Congresso Nacional, em sua
alta sabedoria, lhe conferiu, resolva incorporar o Colégio Pedro II á
Universidade, mantendo-lhe o curso secundário e, ao mesmo tempo, nele
fundando um curso superior de ciências e letras, ao qual competiria a função
de fornecer o bacharelado em letras e o diploma de professor do ensino
secundário. Será o meio mais prático e mais rápido, com despesas não
avultadas, criando poucas cadeiras indispensáveis, como as de metodologia,
e aproveitando elementos ao seu dispor no magistério e campo de
aplicação que será o próprio Colégio, de resolver o Governo, de prompto,
este problema do professor secundário, de importância vital para o ensino
em nosso paiz.
Essa questão o interessava muito, especialmente por defender que a
formação de professores deveria ter duas dimensões: intelectual e profissional. A
146
dimensão profissional forneceria o domínio metodológico, apoiado na Pedagogia e na
Psicologia da Educação
96
.
Em relação à competência Estatal nas questões educacionais, Lysimaco
Ferreira da Costa era favorável à cooperação entre a União, Estados e Municípios. Uma
das teses do Congresso, concluía que a União deveria promover e estimular o ensino
primário, secundário e profissional em todo o Brasil, mediante acordos com os governos
estaduais e municipais e subsídios a escolas fundadas por particulares e associações. O
parecer foi aprovado unanimemente pela Comissão de Teses Gerais. Durante a
discussão da conclusão, na qual muitos congressistas se posicionaram contra o parecer,
Lysimaco pediu a palavra para dizer que
...as conclusões do parecer se me afiguram perfeitamente aceitáveis deante
do problema da instrucção, e para informar à Casa que, dentro dessa norma,
o Estado do Paraná entrou em accôrdo com a União e recebe, com a mais
viva satisfação, a instrucção que o Governo Federal ministra, através de
cerca de 120 escolas primarias, que mantém no Estado. (Muito bem)
(Anais..., p. 466-467)
No Congresso de Ensino Superior, realizado no Rio de Janeiro, em 1927,
Lysimaco Ferreira da Costa apresentou a tese n. VI, que tratava, dentre outras coisas, da
interferência estatal no ensino superior. A questão era saber se “A cultura universitária
deve ser dictada pelos governos para o povo, ou deve ser originada e desenvolvida
consoante as necessidades populares sob o amparo econômico do Estado?
Para Lysimaco Ferreira da Costa, sendo o ensino secundário e superior no
Brasil vinculado aos poderes públicos da União, em termos constitucionais, caberia à
União ditar as linhas gerais desses níveis de ensino, sem dever, entretanto, entrar nas
questões estritamente pedagógicas, para não ferir a autonomia didática do professor:
Aqui, pois, a liberdade de ensinar e de aprender está, até certo ponto,
tratando-se do ensino superior e secundário, subordinada ás prescripções da
lei commum respectiva.
Cumpre-nos, pois, considerar justa a intervenção do Estado na
systematização de assumpto de tal monta, que affecta em toda a sua extensão
a formação do espírito nacional para os fins de assegurar a autonomia e a
integridade territorial do paiz e a collaboração efficaz da civilisação
brasileira no vertiginoso progresso hodierno das letras, artes e sciencias.
Mas, é necessário evitar que essa intervenção desça a minúcias tais que firam
os princípios liberais da democracia republicana ao ponto de arrancar do
magistério a direcção technica do ensino e do povo e sua cooperação social.
96
Essas foram as bases da Reforma da Escola Normal Secundária de Curitiba, empreendida por
Lysimaco Ferreira da Costa em 1923.
147
Se os poderes legislativo e executivo, ao lançarem a lei ordinária reguladora
do ensino superior e secundário, mantiverem intenções geraes e elevadas que
garantam á educação universitária o espírito liberal decorrente do regime
republicano; se nessa lei não descer o governo ao rythmo mecânico dos
passos do professor e a disciplina férrea, deformadora da physionomia moral
dos mestres e educandos, a pretexto de instruir e educar o povo; se não
procurarem os dirigentes transformar o magistério em um rebanho amorpho;
então, srs., será a própria lei básica do ensino a primeira e mais sólida
garantia do desenvolvimento do espírito universitário entre os elementos
docentes e discentes (manuscrito da Tese n. VI, apresentada pelo Dr.
Lysimaco Ferreira da Costa, no Congresso de Ensino Superior).
Diversas são as referências à atuação de Lysimaco Ferreira da Costa no
Congresso de 1922. A fonte disponível para exame o os Anais do IV Congresso, com
881 páginas, que traz as discussões nas sessões plenas, mas não apresenta as discussões
que foram realizadas nas Comissões, onde cada tese foi discutida mais detalhadamente.
Heitor Lyra da Silva, por exemplo, cita algumas passagens de conferências feitas por
Lysimaco Ferreira da Costa que não constam nos Anais do IV Congresso.
Em correspondência dirigida a Lysimaco Ferreira da Costa, o Conde de
Affonso Celso, diretor da Faculdade de Direito do Rio de Janeiro e Reitor interino da
Universidade do Rio de Janeiro, que durante o IV Congresso de Instrução Secundária e
Superior presidiu as sessões, declara que
Ao Exmo. Sr. Professor Dr. Lysimaco Costa, cumprimenta, com o maior
acatamento, o abaixo assinado, agradecendo o exemplar com que Sua Excia.
o obsequiou, do belo opúsculo.
Muito sensibilizou, ao mesmo abaixo assinado, essa gentileza do Dr.
Lysimaco Costa, cuja brilhante atuação no Congresso de Instrução
Secundária e Superior, reveladora de tamanho critério, erudição e civismo,
impressionou da mais favorável maneira todos os congressistas, sobretudo
ao seu Presidente.
Queira Sua Excia. apertar a mão que, muito cordialmente, lhe estende o seu
sincero admirador.
Ass. Conde de Affonso Celso. (Carta enviada do Rio de Janeiro em 28 de
novembro de 1922).
Um dos congressistas, o professor Jacques Raymundo, escreve a Lysimaco
Ferreira da Costa dizendo que, no Rio de Janeiro, estavam cogitando convida-lo para
dirigir a Escola Normal:
Meu Caro Lysimaco
Saudações
Recebi os seus postais e agradeço-lhe muito o não se ter esquecido de mim.
Aliás, devo dizer-lhe que não esperava de V. senão o lembrar-se de mim.
Aqui tenho falado de V. aos nossos companheiros de Congresso, do Rio,
148
e em casa com minha senhora, lembro-me sempre com saudade. Se fiz em
V. um camarada e amigo, aliás generoso, não é menos verdade que V. em
mim deixou um amigo e camarada.
Não fosse o terem transferido os exames no Sul para o fim deste mês, eu iria
até Santa Maria, e na volta, como até comuniquei ao João Franco, passaria
por Curityba especialmente para vê-lo. Todavia penso que é para breve
rever-nos este anno ainda. Cogita-se e até por lembrança minha em fazer de
você director da nossa Escola Normal.
Se o mudarem os desígnios da política, que costuma ser instável, creio
bem que por cá o teremos com carta branca para fazer da nossa Escola
Normal uma verdadeira Escola Normal.
[...]
Sei que V. tem uma industria de matte, e temo que os interesses deste o
prendam de modo que não venha para a nossa Escola Normal... (Carta de
Jacques Raymundo a Lysimaco, em 07/11/1922).
Existem, ainda, referências feitas na imprensa à atuação de Lysimaco
Ferreira da Costa no Congresso. Este trecho é um exemplo dessa afirmação.
"A Escola Nova e o Paraná”
Os professores paranaenses vão ao Rio.
Muita gente desconhece a atuação decisiva que teve o Paraná no movimento
renovador da Escola Primária no Brasil.
Começou a ação dos professores paranaenses no Congresso de Ensino
Secundário e Superior, em 1922, no Rio de Janeiro.
Um dos nossos professores, e dos mais provectos, o Dr. Lysimaco Ferreira
da Costa, desfere golpe certeiro no ensino da matemática e defende as
doutrinas de Felix Klein, revestidas de orientação completamente diversa da
seguida até então no ensino da Aritmética e da Álgebra ministrado a alunos
de 10 a 12 anos. A orientação de Klein é claramente exposta em uma
conferência pelo mesmo professor, no Centro Paulista (a unica permitida
pela mesa diretora do Congresso), causando surpresa por ser o assunto
inteiramente desconhecido no Rio.
Por fim, o professor do Colégio Pedro II, em moção dirigida ao
Departamento Nacional do Ensino, pede a adoção, nos ginásios da
República, da tese paranaense.
O professor Escobar, da Escola Normal de São Paulo, baseado na mesma
conferência organiza um programa pragmático do Ensino da Aritmética,
verdadeiramente admirável, que coloca uma doutrina abstrata ao alcance da
inteligência infantil (publicado no Jornal "O Imparcial" a 10 de março de
1931, Curitiba).
A consulta à documentação disponível no Memorial Lysimaco Ferreira da
Costa permite afirmar que a partir da participação no IV Congresso Brasileiro de
Instrução Secundária e Superior, Lysimaco Ferreira da Costa estabeleceu um contato
mais próximo com os intelectuais do Rio de Janeiro e de São Paulo. As
correspondências entre eles são mais freqüentes e surgem diversos convites para
participar de discussões a respeito do ensino.
149
Em seguida ao IV Congresso, Lysimaco Ferreira da Costa foi convidado
para a “sessão solene de instalação” da Sociedade de Educação. O convite datado de 18
de novembro de 1922, foi assinado por Oscar Freire de Carvalho, Renato Jardim,
Antonio de Sampaio Dório, Alexandre de Albuquerque, José Rizzo, Djalma Forjaz. No
Rio de Janeiro, foi convidado por José Piragibe, em seguida ao Congresso, a participar
da Liga Pedagógica do Ensino Secundário como sócio correspondente.
Ilustre e muito caro amigo Dr. Lysimaco da Costa
Cordiais saudações
Um escritor, cujo nome não me ocorre, já disse que os amigos não se
procuram, vêm-nos trazidos pelas forças desconhecidas às quais ninguém
pode desobedecer. Viu o Dr. Muito bem quanto eu estava sofrendo com a
repugnante desarmonia existente muito no professorado carioca, contra a
qual tenho em vão empregado todos os esforços, e feito todos os sacrifícios,
estando disposto a faze-los ainda maiores. Se a Liga Pedagógica promove a
dificílima missão entre o professorado particular e oficial, e não fizer nada
mais, terá cumprido esplendidamente a sua missão. Continuarei firme no
meu propósito, porque não desanimo nunca. As sessões do Congresso foram
para mim, realmente, uma tortura, mas graças a Deus sempre
compensações: conheci o Dr. Lysimaco, consegui faze-lo meu amigo. Creia
que me esqueço de todos aqueles aborrecimentos, quando me lembro de sua
amizade.
E, agora, para a frente. Para a minha quase nula ação no Rio conto com o seu
apoio, não só aqui, como também no Paraná.
[...]
O Dr., na sessão de 30, foi aceito, por unanimidade de votos, sócio
correspondente da Liga. Não se esqueça de me dizer quando virá ao Rio.
E até lá escreva-me sempre, dando-me notícias suas, transmitindo-me as
suas ordens, enviando os seus trabalhos para a Liga, indicando-me todas as
vezes que puder, boas obras de Pedagogia e bons livros didáticos... (carta de
01/11/1922).
Lysimaco foi também convidado a apresentar na Liga Pedagógica do Ensino
Secundário, em 1923, seu projeto de Reforma da Escola Normal Secundária de Curitiba.
O projeto foi tão bem recebido, que a Liga Pedagógica resolveu mandar publicá-lo. Em
1924, Lysimaco Ferreira da Costa reuniu-se no Rio de Janeiro com Heitor Lyra da Silva
e outros intelectuais para discutir a fundação da Associação Brasileira de Educação.
3.3. Lysimaco Ferreira da Costa e a Associação Brasileira de Educação
“É dever de quantos se interessam pelo futuro do Brasil, auxiliar por todas as
formas possíveis a campanha da EDUCAÇÃO NACIONAL. Quem o
dispuzer de tempo para trabalho directo, nem de recursos para contribuição
150
maior, faça-se simples associado da ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
EDUCAÇÃO” (Boletim da ABE, Agosto de 1928, p. 09).
“Em outubro de 1924, um grupo de treze intelectuais cariocas fundou, em
uma sala da Escola Politécnica do Rio de Janeiro, a Associação Brasileira de Educação”
(Carvalho, 1998, p. 53). A iniciativa foi resultado de entendimentos iniciados em março
daquele mesmo ano, numa reunião na qual estavam presentes Heitor Lyra da Silva,
Lysimaco Ferreira da Costa, Everardo Backheuser
97
, Edgard Sussekind de Mendonça
98
e Francisco Venâncio Filho
99
(Carvalho, 1998, p.53).
A participação de Lysimaco Ferreira da Costa no projeto de criação da
Associação Brasileira de Educação (ABE) é pouco referida nos trabalhos de História da
Educação. Os dados sugerem que por divergências políticas entre os fundadores da
ABE e Lysimaco Ferreira da Costa o projeto inicial da Associação foi reformulado e a
participação de Lysimaco limitou-se a “sócio correspondente e organizador da
Primeira Conferência Nacional de Educação.
Considerando as datas e o conteúdo das correspondências trocadas entre
Lysimaco Ferreira da Costa e alguns dos intelectuais que vieram a fazer parte da ABE, a
97
Everardo Adolpho Backheuser (1879-1951) foi engenheiro geógrafo, engenheiro civil,
bacharel em Ciências Físicas e Matemáticas e doutor em Ciências Físicas e Naturais. Foi
professor de Mineralogia e Geologia da Escola Politécnica do Rio de Janeiro; professor do
Colégio Pedro II; professor da Escola Normal de Niterói; do Curso Superior de Geografia da
Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro; do Instituto de Pesquisas Educacionais da Prefeitura
do Distrito Federal e do Curso de Pedagogia da Faculdade Católica de Filosofia. Paralelamente
ao magistério, Backheuser desempenhou outras funções, dentre as quais se destacaram as
político-administrativas (Barreira, 1999, 175-181).
98
Edgard Sussekind de Mendonça (1896-1958) Foi professor particular, professor substituto da
Escola Superior de Agricultura e professor de Desenho da Escola Normal. Fundou o Grêmio
Literário Euclides da Cunha, da qual participava Vanâncio Filho e Roberto Lyra. Reuniu
durante quase 40 anos material sobre Euclides da Cunha. Associou-se em 1921 à Liga
Pedagógica do Ensino Secundário. Em 1922, contribuiu para a Reforma da Instrução Pública
efetuada por Carneiro Leão. Casou-se com Armanda Álvaro Alberto e juntos fundaram a Escola
Regional de Meriti, contando com a participação de Venâncio Filho. Em 1924, prefaciou e
assinou com o irmão Carlos Sussekind de Mendonça o libelo “Iniciando uma campanha contra a
ação Católica no Brasil” um conjunto de artigos publicados em jornais cariocas, sobre o
prefácio que Carlos escreveu ao livro de Roberto Lyra, condição Moral e Jurídica do
encarcerado, e sobre a suposta conversão de Lúcio Mendonça ao Catolicismo. De 1927 a 1930,
Edgard participu intensamente da Reforma da Instrução Pública de Fernando de Azevedo. Em
1931, indicado por Francisco Campos para tomar parte da Comissão encarregada de elaborar o
anteprojeto da reorganização do ensino profissional no Brasil, declinou do convite, alegando
discordar da orientação do Ministério da Educação e Saúde ao Instituir o Ensino Religioso nas
escolas brasileiras. Esteve preso de 1935 a 1936, acusado de ser um dos organizadores do
movimento comunista. Em 1953, foi eleito para a Academia Carioca de Letras.
99
Francisco Venâncio Filho (1894-1946), Bacharel em Ciências e Letras e Engenheiro Civil, foi
professor da Escola Normal do Rio de Janeiro por 30 anos.
151
aproximação entre eles ocorreu a partir do IV Congresso Brasileiro de Instrução
Secundária e Superior. O impacto positivo nos congressistas, causado pela atuação de
Lysimaco Ferreira da Costa no evento foi registrado nos Anais do Congresso, em textos
publicados nos jornais e nas correspondências trocadas com intelectuais de diferentes
locais do país. A partir daí, suas propostas educacionais passaram a ser conhecidas, para
além das fronteiras paranaenses, ganhando uma boa repercussão
100
. Na ocasião,
Lysimaco Ferreira da Costa divulgou uma bibliografia que era desconhecida de grande
parte dos participantes e, por isso, foi convidado a expor suas idéias em outros
momentos, na Liga Pedagógica do Ensino Secundário (Heitor Lyra da Silva, s/d).
Num artigo publicado na Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos,
Venâncio Filho também fez referência ao papel de Lysimaco no Congresso, divulgando
um livro de Omer Buyse:
Em 1922, no Congresso de ensino com o que se comemorou o
centenário, divulgou-se aqui o livro de Omer Buyse “Métodos
Americanos de Educação” graças à palavra do eminente educador
paranaense, Lisímaco (sic) da Costa. O livro era citado na candente
Psicologia da educação de Le Bon e a proclamação das excelências de
processos pedagógicos, por via francesa, era meio caminho para a
aceitação deles, menos em aplicação, que em citações (Venâncio
Filho, 1946, p. 261).
Uma das formas de acesso por Lysimaco Ferreira da Costa a um material
bibliográfico pouco conhecido no Brasil deu-se pela Argentina. Dentre as diferentes
atividades exercidas por Lysimaco Ferreira da Costa, incluí-se a de industrial do Mate,
atividade que o levou à Argentina, por diversas vezes. Durante as viagens, aproveitou
para conhecer escolas daquele país, participou de conferências e congressos e adquiriu
bibliografia sobre educação.
Em consulta ao acervo da biblioteca de Lysimaco Ferreira da Costa
localizou-se diversos títulos publicados na Argentina, o que permite afirmar que ele
também aproveitava a oportunidade das viagens para adquirir obras para a sua
100
São inúmeros os pedidos de material dirigidos a Lysimaco Ferreira da Costa por educadores
de todo o pais. Após 1923, com a Reforma da Escola Normal Secundária, promovida por
Lysimaco Ferreira da Costa, e a publicação da proposta de reforma pela Liga Pedagógica do
Ensino Secundário, as idéias do reformador ganham mais visibilidade.
152
biblioteca pessoal. Muitas dessas, inclusive, desconhecidas pelos educadores
brasileiros
101.
Lysimaco Ferreira da Costa nutria um interesse especial por aquele país.
Cabe lembrar que na primeira sessão plena, realizada em 20 de Setembro, apresentou
uma indicação, sugerindo ao Congresso que autorizasse o presidente a dirigir ao
ministro da Instrução Pública da Argentina uma moção de solidariedade sul-americana,
agradecendo a propaganda que aquele país vinha fazendo pela aproximação ao Brasil,
propaganda esta observada durante uma viagem que fizera à Argentina. A indicação foi
aprovada sem discussões (Cf. Anais do Congresso Brasileiro de Ensino Secundário e
Superior).
A intenção de estreitar as relações com aquele país é compartilhada por
Pablo Pizzurno
102
. Em carta datada de dezembro de 1922, depois de agradecer a
Lysimaco Ferreira da Costa que, atendendo a um pedido seu, havia enviado material
sobre o plano de estudo das escolas normais brasileiras, acrescenta:
Tem você muita razão quando diz, com tanta graça, que nossos países teriam
muito em ganhar se abandonassem a idéia infeliz de travar relações só pelos
pés (como o foot-bal) para procurar faze-lo melhor também pela cabeça. Isso
também chegará, e seu projeto, nesse sentido, me parece excelente. Não
necessito dizer-lhe que me será muito agradável atender devidamente a todos
os professores brasileiros que queiram favorecer-nos com a sua visita (Costa,
1995, p. 227).
Num artigo publicado na revista O Ensino, em setembro de 1922, Lysimaco
Ferreira da Costa relata com entusiasmo o que observou na sua visita às escolas
argentinas:
O ensino primário na República Argentina está relativamente perfeito.
Penso mesmo que poucas serão as nações cultas que poderão formar o
maestro ou professor primário tão completo como neste grande paiz.
101
A respeito da biblioteca particular de Lysimaco Ferreira da Costa pode-se afirmar que
possuía um número considerável de obras para a época. Em 1924, Lysimaco Ferreira da Costa
coloca sua biblioteca particular à disposição da Escola Normal Secundária, recém reformada,
até que chegassem as obras encomendadas pelo Governo do Estado: “Como ainda não estivesse
chegado à Bibliotheca encommendada pelo Governo, puz a minha bibliotheca particular á
disposição dos lentes e alumnos, para que mais efficazmente fossem attingidos os objectivos da
reforma do ensino normal”. (Relatório da Escola Normal Secundária apresentada ao Exmo. Snr.
Alcides Munhoz, Secretario Geral D’Estado pelo director Dr. Lysimaco Ferreira da Costa,
referente ao anno de 1924).
102
Pablo Pizzurno (1865-1940), renomado intelectual argentino, foi professor, Inspetor Geral da
Educação Pública na Argentina e autor de reformas da Instrução Pública Argentina. Escreveu
diversas obras sobre educação.
153
Tendo observado, em um curto contacto, seis Escolas Normaes, uma Escola
Normal de Educação Physica, alguns grupos escolares e escolas primárias,
gymnasios, e etc, verifiquei, em synthese, que todo o progresso argentino na
instrucção primaria é essencialmente devido á ideal systematisação da lição
que, tanto o professor das escolas normaes, como o maestro das escolas
primarias, subordina a um typo geral, baseado no mecanismo pyschico (sic)
do entendimento infantil.
O professor argentino sabe dar uma lição e, conseqüentemente, sabe
transmittir um conhecimento novo de uma forma durável e sem fadiga para o
espírito infantil. Nestas condições, sabe cumprir um programma, em cuja
execução accumula annualmente novas observações psychologicas reveladas
em detalhes curiosíssimos, impostos pelo aspecto sempre variável e attraente
da alma da creança. (sem grifos no original).
A aproximação com o grupo carioca que veio a fundar a ABE realizou-se,
inicialmente, com os membros da Liga Pedagógica do Ensino Secundário, que
participaram do IV Congresso. Durante o evento, Lysimaco Ferreira da Costa parece ter
discutido com José Piragibe a idéia de trocar experiências de educação com outros
países sul americanos. Assim lhe escreve Piragibe:
[...]
Escrevi em data de hoje ao José Augusto, transmitindo a sua idéia magnífica.
Já escrevi aos grandes vultos da instrução nacional da Argentina, no Uruguai
e no Chile Jorge Boero, Carlos Fernandes Peña e Dr. Aguirre y Gonzáles.
Espero que o Dr. me indique outros nomes de professores ilustres...
[...] escreva-me sempre, dando notícias suas, transmitindo-me as suas
ordens, enviando os seus trabalhos para a Liga, indicando-me todas as vezes
que puder, boas obras de Pedagogia e bons livros didáticos...
(carta de 01/11/1922)
Também com Everardo Backheuser Lysimaco Ferreira da Costa resolveu
compartilhar o projeto de estreitar relações com outros países, em especial, com a
Argentina; e pede apoio à idéia. Em carta datada de 27 de outubro de 1922, Backheuser
ainda o tinha novidades sobre o pedido de Lysimaco, mas aproveitou a ocasião para
convidá-lo a fazer parte de uma das nove campanhas das quais esteve ativamente
envolvido
103
:
Illustre patrício snr. Dr. Lysimacho da Costa
103
Backheuser , segundo Barreira (1999) participou ativamente de 9 campanhas politico sociais:
“Campanha pró-independência de Cuba” (1895); “Campanha em favor do Esperanto” (1906);
“Campanha em prol da habitação do pobre” (1906);Campanha em favor da cooperativa civil –
a pedra do lar”, “Campanha Pró-Germânia”; “Campanha pela renovação do Ensino de
Geografia”; “Campanha em prol da Escola Nova”, ao lado de Fernando de Azevedo (1927);
“Campanha em prol do ensino religioso”, após a sua reconversão ao catolicismo.
154
Temos o prazer de remeter a V. S. os estatutos da Sociedade Brasileira de
Amigos da Cultura Germânica, dando assim conhecimento a V. S. dessa
tentativa para o estreitamento dos elos intellectuaes entre Brasil e a
Allemanha.
Caso V. S. Esteja de acordo com esse empreendimento, ficaríamos gratos si
nos quizesse dar a sua adhesão e mesmo os seus conselhos sobre os mais
adequados meios de conseguirmos o nosso desideratum, e mesmo de tornar a
Sociedade e os seus nobres fins conhecidos do maior numero de pessoas.
Subscrevemo-nos
Patricio e ad
Everardo Backheuser.
Presidente da Sociedade
Nota sobre os assuntos da sua carta não é ainda possível responder hoje.
Fal-o-ei em breve.
Além da Campanha Pró-Germânia, iniciado durante a Primeira Guerra,
Backheuser convidou Lysimaco Ferreira da Costa a fazer parte da Liga Esperantista.
Nessa campanha, Backheuser vinha trabalhando desde 1906:
Levarei nessa viagem também uma incubencia (sic) do nosso colega Dr.
Couto Fernandes que é o presidente da Brasila Liga Esperantista. Porque eu
também sou esperantista, tendo sempre o meu espírito, desde a mocidade, se
seduzido pelo aspecto universal do mundo e da difícil intercomprehensão
por falta de uma língua internacional neutra. O seu espírito talvez ainda não
tenha sido chamado a pensar nesse caso, mas quando for estou certo que tel-
o-emos ao nosso lado nessa crusada santa. (Carta de 1º de novembro de
1922).
Na mesma carta, Backheuser informava que havia discutido com o Dr.
José Augusto e com o Lyra [Heitor Lyra da Silva], que pedia sigilo sobre o assunto até a
nomeação do novo ministro, com o qual se entenderia para “combinar as coisas”:
Agradeço-lhe muito sinceramente a sua bondosa carta de domingo e a
excelente oferta que se dignou a me fazer do livro de Duclout que lhe havia
sido dado pela Diretoria da Escola Normal n. 6 de B. Aires. Não sei como
lhe agradecer o favor! Espero que apareça a ocasião propicia para isso.
estive com o Dr. José Augusto a quem entreguei o folheto sobre o ensino
na Argentina, tendo antes lido (e dado a ler ao Lyra). Conversamos também
sobre á União á Argentina. Ele pediu-me que lhe dissesse que logo que for
escolhido o novo ministro, com o mesmo se entenderá para combinar as
coisas. Lembra-lhe também a conveniência de ficar isso muito secreto
(mesmo muitíssimo) para que possam ser nomeados para a comissão pessoas
capazes e não cavadores (carta enviada em 1 de novembro de 1922).
Backheuser avisava também que estava planejando fazer uma viagem ao Sul
e, rever o amigo em Curitiba.
155
A série de cartas do Backheuser existentes no Memorial não escompleta.
Na carta seguinte, datada de fevereiro de 1923, Backheuser queixa-se por não ter obtido
resposta a suas cartas anteriores: “Já soube por outros, que apesar de não me ter honrado
e alegrado com uma resposta, o amigo recebeu todas as minhas cartas anteriores”. Cabe
destacar que reclamações dirigidas a Lysimaco Ferreira da Costa por o responder às
cartas que recebia são constantes, no acervo do Memorial.
Lysimaco deve ter se comunicado com Piragibe, pois na sessão da Liga
Pedagógica do Ensino Secundário daquele mês, a primeira do ano, foi decidida a
publicação de um projeto de Reforma na Escola Normal do Rio de Janeiro, de autoria de
Lysimaco Ferreira da Costa (A Noite, 19/02/1923).
FOTO 7–
TRABALHO DE
L
YSIMACO
F
ERREIRA DA
C
OSTA PUBLICADO PELA
L
IGA
P
EDAGÓGICA EM
1923.
A
CERVO
: M
EMORIAL
L
YSIMACO
F
ERREIRA DA
C
OSTA
.
Em março, Backheuser agradece a “adesão” de Lysimaco à Sociedade
Brasileira de Amigos da Cultura Germânica e comenta as impressões que lhe causara a
leitura sobre o Plano de Reforma da Escola Normal, de Lysimaco Ferreira da Costa,
publicado pela Liga Pedagógica do Ensino Secundário:
Agradeço pela sua última carta e pela adesão á Soc. De C. Germânica. E será
com grande prazer que receberemos a adesão de novos batalhadores.
[...]
Acabo de ler o seu opúsculo sobre ensino normal. Meus parabéns. Franco,
leal e sincero diz o que é preciso dizer. Estou de acordo creio que em tudo.
Penso porém estará a chover em terreno arenoso; a sua cae, se infiltra,
156
desaparece. Talvez este conceito seja efeito do meu pessimismo, mas talvez
seja fruto da minha experiência e conhecimento dos nossos administradores.
[...]
Amigo devotado addor.
Everardo Backheuser. (Carta de 7 de Março de 1923)
A filiação de Lysimaco à Sociedade Brasileira de Amigos da Cultura
Germânica não parece ter sido uma “adesão” às idéias da Associação, mas sim uma
estratégia de aproximação a Backheuser.
Os dois voltaram a trocar correspondências com freqüência. Em abril do ano
seguinte, Backheuser, acompanhado pela esposa, D. Ricarda, faz uma longa viagem
pelo Sul do país
104
. Em Curitiba, foram recebidos por Lysimaco Ferreira da Costa e sua
família. Lysimaco encarregou-se de divulgar a presença de Backheuser na cidade, e seu
projeto de organizar centros de cultura alemã. O “ilustre professor” da Escola
Politécnica do Rio de Janeiro foi recebido com muita reverência. Lysimaco organizou
um almoço no salão nobre do Clube Thalia, oferecido pela Faculdade de Engenharia do
Paraná. Durante o almoço, Lysimaco saudou o visitante em nome da corporação
docente ali reunida, enaltecendo o valor científico das produções de Backheuser. A
presença de Backheuser na cidade foi registrada pelo jornal Diário da Tarde:
[...]
Essa festa, se caracterizou uma fidalga gentileza dos nossos homens de
ciência, foi ao mesmo tempo uma demonstração de quanto é aqui prezado o
ilustre engenheiro e cientista brasileiro, que ora nos visita... (Trecho do
Diário da Tarde, 30/04/1923).
Acompanhado do amigo, Backheuser visitou o Ginásio Paranaense e
assistiu a uma aula de Física e Química, ministrada por Lysimaco Ferreira da Costa.
Esse encontro foi fundamental para estreitar os laços de amizade entre os dois, incluindo
as respectivas famílias e, aprofundar discussões sobre educação:
Prezado Amigo e Collega
Não sei como lhe agradecer todas as atenções e amabilidades que me
despensou bem acima do meu merecimento. Minha Senhora por seu lado
está captiva pelo modo por que foi tratada pelas distinctas curitybanas em
geral e por sua Exma. Snra. e filhas em particular. Temos sem exagero ou
lisonja, Curityba no coração. Vontade não nos faltou de ahi permanecer por
longas semanas, mas... quem se aluga a S. Miguel
104
Backheuser casou-se duas vezes. Ricarda Restier Backheuser, sua primeira esposa, morreu
em 1928. Católica praticante, desejava ver o marido reconvertido ao catolicismo. Segundo
Barreira (1999), na missa de corpo presente de D. Ricarda, Backheuser realizou tal aspiração.
157
Ainda o tive tempo de nada, pois, chegado, tive de ver uma porção de
pequenas coisas e hoje, domingo, é que tenho um lugarzinho de escrever
algumas cartas e cuidar alguma leitura. A primeira será a da “sua” reforma.
Espero que me mande mais alguns exemplares para serem distribuídos por
interessados.
O meu filho ficou muito encantado pela sua gentil lembrança e lhe agradece
muito.
Creia, meu prezado collega, que estou muito devedor e que espero ancioso
(sic) o momento de lhe retribuir as suas provas de cavalheirismo, e fica
um abraço de amizade sincera.
Do amigo obdo
Everardo Backheuser (carta de 13 de maio de 1923).
Backheuser retornou ao Rio de Janeiro levando uma cópia completa da
Reforma da Escola Normal Secundária e, possivelmente, o livro de Duclout
105
que
Lysimaco lhe oferecera. Naquele mesmo ano, Heitor Lyra da Silva apresenta Methodo
de ensino e norma de exame de mathematica” - uma contribuição offerecida por
intermédio da Liga Pedagógica, ao projecto de Reforma do Ensino, em 1923 (Silva, s/d,
p. 175-180). Nessa “contribuição”, Heitor Lyra da Silva faz referência a Lysimaco
Ferreira da Costa e ao livro de Duclout, sugerindo que, o ensino da matemática deveria
ser organizado da seguinte forma:
Reunir em um corpo as diversas partes constitutivas dessa sciencia, que
até agora são geralmente estudadas separadamente, como se fossem matérias
independentes.
Esta é a orientação seguida por alguns dos mais eminentes mathematicos
modernos (Felix Klein, Laisant e outros). Essa tendência, a que na Itália se
chama fusionista, é também a que foi defendida em brilhante conferencia
realizada em 1922 pelo Professor Lysimacho (sic) da Costa.
Escreve a este respeito o illustre Professor Jorge Duclout no seu “Guia para
o ensino das Mathematicas nas Escolas Normaes da Republica Argentina”:
“Considero muito importante e quase fundamental a nomeação de um único
e mesmo professor de Mathematica em cada anno de ensino. Deve ser o
mesmo que exponha Arithmetica, Álgebra e Geometria, pois estas matérias
se encontram intimamente vinculadas nestes programmas como o estão na
história e na realidade da sciencia. É mister que em partyes difíceis de cada
um destes ramos, o professor possa referir-se directamente ao que foi
ensinado antes em outro, e que a mesma pessoa ensine os mesmos princípios
seguindo os mesmos methodos, sejam numéricos, sejam analyticos, sejam
geométricos”. (Grifos meus).
Entusiasmado com a capacidade intelectual de Lysimaco Ferreira da Costa
desde o Congresso de 1922, somada à propaganda positiva feita por Barbosa de
105
Duclout, Jorge. Guia para o ensino das Mathematicas nas Escolas Normaes da Republica
Argentina.
158
Oliveira
106
, professor da Escola Politécnica, Heitor Lyra da Silva convida-o para
publicar alguns trabalhos. Lysimaco mostra-se favorável à idéia:
Prezado collega Dr. Lysimaco da Costa
Attenciosas saudações.
O nosso amigo Barbosa de Oliveira acaba de me mandar a grata notícia de
que a nossa Bibliotheca de Educação Geral pode contar com a sua honrosa
collaboração para o volume de Arithmética. Foi com verdadeira satisfação
que recebemos essa notícia e venho lhe agradecer a aceitação do nosso
convite.
Aproveito o ensejo para lhe comunicar que acabo de assumir a direcção da
Educação graças a um honroso convite do Dr. José Augusto.
Tenho grande empenho em tornar essa publicação cada vez mais interessante
e desejo crear uma secção destinada a tornar conhecidos os nossos melhores
estabelecimentos de educação. Lembrei-me por sim de sua Escola Normal.
Poderia eu contar com um artigo seu descrevendo o que é essa instituição,
que o Barbosa de Oliveira me descreve em termos enthusiasticos? Seria
necessário fazer acompanhar esse artigo de duas a quatro photographias [...] ,
á sua escolha.
Certo de que serei attendido em meu pedido, mando-lhe os meus
agradecimentos antecipados.
Collega e admirador abrigado
Heitor Lyra da Silva
Carta de 11/02/1924.
A Biblioteca de Educação Geral, coleção que estava sendo organizada pelo
Heitor Lyra da Silva em parceria com Barbosa de Oliveira, parece ter se transformado
na “Biblioteca de Educação Ativa”, cujo programa foi publicado pela ABE por ocasião
da morte de Heitor Lyra da Silva. Destinava-se principalmente ao ensino elementar
(primário, profissional e secundário) de nosso paiz”. De acordo com o Programa, ela
seria
106
Carlos Américo Barbosa de Oliveira foi professor catedrático de Hidráulica da Escola
Politécnica; foi diretor da Escola Normal de Artes e Ofícios Wenceslau Brás a partir de março
de 1924, permanecendo no cargo até outubro de 1931; foi encarregado, em 1929, pelo Ministro
da Agricultura, de organizar um anteprojeto de reorganização geral do Ensino Técnico
Profissional; em 1931, foi convidado pelo Ministro da Educação e Saúde Pública para a
Comissão que deveria preparar o ante-projeto de reforma do ensino técnico e profissional. Em
1928, foi eleito vice-presidente do Círculo Católico do Rio de Janeiro e, instalada a Associação
de professores Católicos do Distrito Federal a 12 de Outubro de 1931, foi eleito presidente da
Seção de Ensino Profissional e Membro do Conselho Diretor. Em junho de 1925, foi em
Comissão do Governo à Europa para estudar a organização do Ensino Técnico Profissional.
Como engenheiro, trabalhou, a partir de 1907, no serviço de Inspeção de Obras Públicas, na
construção da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil (1909), na firma Guinle & Cia. E na
Companhia Brasileira de Energia Elétrica, no Estado de São Paulo (1910-1916), dirigindo o
escritório técnico e comercial daquela firma, projetando e construindo instalações hidroelétricas.
Foi um dos 11 fundadores do Instituto de Engenharia de São Paulo (Carvalho, 1998, pp. 284-
285, nota 49).
159
constituída de séries de volumes que serão manuaes didacticos e guias ou
cadernos para trabalhos práticos de todas as matérias que, como por exemplo
as sciencias physicas e naturaes, comportem uma parte experimental.
Esses volumes, quer de um, quer de outro grupo, embora sob a
responsabilidade pessoal dos respectivos autores, obedecerão em conjuncto a
uma orientação geral única, com os característicos da obra que a Bibliotheca
se propõe a realizar em nosso meio escolar e social.
Taes característicos serão fundamentalmente os seguintes: simplificar os
programmas, empregar linguagem correcta mas sempre extremamente fácil,
dar ao ensino um cunho essencialmente nacional e objectivo, fazer a
inducção predominar sobre a deducção, substituindo a memória das palavras
pela dos factos, tentar melhorar quanto possível a parte material do livro,
procurando torna-lo attrahente.
Como os livros de ensino elementar da Bibliotheca não se destinam apenas
aos alumnos das escolas primarias, profissionais e secundarias, mas também
aos adultos das classes populares que queiram melhorar sua instrucção, e
aperfeiçoar os conhecimentos de sua profissão, não se deve estranhar que o
plano da Bibliotheca exceda os limites dos programmas d’aquellas escolas e
contenha tudo que possa ser útil a esta ultima classe de elitores.
O escopo principal da Bibliotheca é portanto concorrer para que o ensino
elementar adquira uma feição objectiva e caracteristicamente brasileira, de
modo a servir em todas as classes e em todas as profissões para proporcionar
aos que elle tiverem passado, um conhecimento mais perfeito do ambiente
em que vivem e uma maior capacidade de acção pratica.
assim, não se limitando apenas ao aprendizado da leitura e da escripta,
que é um meio e não um fim, o ensino elementar será benéfico ás classes
populares, que nelle verão o caminho mais seguro de melhorar as suas
condições de existência. De outro modo, elle apenas concorrerá para
augmentar o numero de incapazes e dos revoltados.
A Victoria sobre o analphabetismo que, de facto assim entendida,
transformará o Brasil, será ganha, menos decretando leis de instrucção
obrigatória, que poderão ficar no papel, do que incutindo no povo a
convicção da vantagem que terá em instruir-se, fornecendo-lhe o que ler com
agrado e proveito.
Não consta que Lysimaco Ferreira da Costa tenha colaborado com a
publicação de Aritmética para a coleção que Heitor Lyra da Silva estava organizando.
Depois da carta de maio, a próxima e última carta de Backheuser a
Lysimaco, existente no acervo do Memorial, é datada de 25 de dezembro de 1923. É
curta e direta. Ele e o Lyra estão ansiosos para conversar com Lysimaco Ferreira da
Costa:
Prezado Lysimaco
Saudações!
O Lyra e eu precisamos conversar com o prezado colega e por isso lhe
pedimos a fineza de nos avisar quando estiver de viajem para aqui, indicando
o dia da chegada e o hotel onde se vae hospedar.
Com recomendações a Exma. Snra. e aos amigos
Creia-me
Seu amigo colega grato
160
Everardo Backheuser.
Em março de 1924, Lysimaco Ferreira da Costa foi ao Rio de Janeiro, onde
ocorreu a reunião na qual se discutiu a viabilidade de uma Federação de Associações de
Ensino. As cartas de Heitor Lyra da Silva a Lysimaco permitem elucidar algumas
dúvidas a respeito da referida reunião. De acordo com Carvalho (1998, p. 54), Venâncio
Filho teria afirmado que nesse encontro decidiu-se
pela inoportunidade da Federação e optou-se pela organização de um partido
político a Acção Nacional que foi iniciada com a redação e a circulação
de um documento a ser subscrito por um número estimado de quinhentos
adeptos.
As cartas informam que essa decisão foi tomada depois do encontro no
Hotel Glória, sem a participação de Lysimaco Ferreira da Costa.
Ainda em março, Lysimaco Ferreira da Costa início a um trabalho de
divulgação da proposta da Federação de Associações de Ensino, cujo objetivo inicial
proposto por ele era o de representar o Brasil num Congresso que aconteceria no ano
seguinte, no Chile. Na tentativa de conseguir a adesão dos educadores paulistas,
Lysimaco Ferreira da Costa segue para São Paulo, encarregado de fazer a mediação
entre os dois grupos.
Prezado amigo Dr. Lysimaco
Cordiais saudações.
Recebi sua carta de 27, na qual me animadoras notícias do acolhimento
que teve em S. Paulo a nossa iniciativa de Federação.
Veremos portanto dentro em pouco se realmente podemos contar com a
cooperação dos professores d’aquelle Estado.
Como tínhamos combinado, começamos a trabalhar aqui sobre o caso do
Chile, sem esperar notícias de S. Paulo.
Convoquei em nome d’ A Educação12 professores compareceram 7 e
um disse que não tinha recebido o convite mais que estava prompto para
trabalhar. Ficou deliberado, depois da leitura da indicação que me entregou
que se escreveria para a Secretaria da Universidade de Santiago pedindo
informações exatas sobre o programma do Congresso e que se procurasse
também obtel-as nas secretarias do Interior e do Exterior.
Já escrevi para o Chile, citando o nome do D. Miguel Ronault (?) da
Embaixada. pedi as informações ao [ilegível] e nesta semana devo saber
se encontraram alguma cousa. Quanto ao Interior, houve quem se
encarregasse disso. Vou também comunicar o que estamos pedindo ao Dr.
Carneiro Leão Director da I. Pública.
A 2ª reunião da comissão será convocada para quando tivermos obtido
alguma informação segura.
161
Mando-lhe junto 5 exemplares do prospecto que fiz imprimir de nossa
Bibliotheca. Se desejar maior numero, queira dar suas ordens, porque
enviarei com muito prazer.
Escrevi também ao Dr. José Augusto comunicando o que estamos fazendo a
respeito do Chile e pedindo seu apoio.
Queira dispor do
Amigo e admirador
Heitor Lyra (carta de 06/04/1924).
Um mês depois, novamente Heitor Lyra da Silva escreve a Lysimaco,
dizendo não ter novidades sobre o Congresso no Chile, “apesar de as ter solicitado
diretamente da Universidade de Santiago e por intermédio do Ministério do Exterior”.
Avisa ao amigo que a comissão estaria pronta a se reunir, assim que recebesse as
informações solicitadas. Aproveita para pedir a colaboração de Lysimaco Ferreira da
Costa na elaboração de material didático para as escolas profissionais agrícolas:
Remetto-lhe hoje o caderno de minha colleção dos Problemas Práticos da
Physica Elementar. A propósito, tomo a liberdade de lhe lembrar mais uma
vez, pedindo que desculpe-me a importunação, que conto com a sua
colaboração e que a considero mui valiosa. O Ministério da Agricultura vae
dentro em pouco abrir um concurso para a organização de manuaes
didacticos para suas escolas profissionais e agcolas, e precisamos estar
preparados para nos apresentar.
Queira dispor do amigo e admirador
Heitor Lyra da Silva
Rio – 24-5-24
OS. Se não receasse ser importuno, eu lhe pediria para não se esquecer do
artigo que solicitei para a Educação, sobre a Escola Normal de Curitiba.
Lysimaco Ferreira da Costa parece ter estranhado a ausência de notícias a
respeito da Sociedade de Educação de São Paulo, na carta recebida. O silêncio sobre o
assunto parece tê-lo levado a cobrar tais notícias do Rio. Heitor Lira da Silva escreve
prestando os esclarecimentos sobre o assunto:
A Sociedade de Educação de S. Paulo officiou de facto á Liga com data de
12 de Maio dizendo que em reunião de 31 de Março tinham resolvido
adderir á nossa iniciativa mandando porém uma contra-proposta (grifos no
original). Examinando esta, verificamos que seria antes um addendo á nossa
do que uma contra proposta. Reunimo-nos immediatamente e respondemos
em officio, que seguiu dias, que tínhamos tomado as devidas
considerações as suggestões que elles mandaram, mas que nos parecia que
só com um entendimento directo se poderia fundar a federação e que por isso
insistíamos no convite de mandarem elles ao Rio dous representantes para se
entenderem comnosco. Estamos de novo aguardando resposta.
comuniquei aos amigos a notícia de sua próxima viagem, notícia que foi
recebida com grande satisfação.
Até breve pois
Heitor Lyra (carta de 04/06/1924).
162
Conforme o relato de Venâncio Filho, a 29 de agosto de 1924, num jantar
no Restaurante Sul América, os mesmos companheiros de março: Venâncio Filho,
Heitor Lyra da Silva, Everardo Backheuser e Edgard Sussekind de Mendonça,
definiram as bases da ABE (Carvalho, 1998, p. 54). Não consta que Lysimaco Ferreira
da Costa tenha sido convidado para essa reunião.
Em outubro de 1924, numa sala da Escola Politécnica do Rio de Janeiro, a
Associação Brasileira de Educação foi fundada, por um grupo de 13 intelectuais
cariocas. Em carta datada de 17 de outubro, Heitor Lyra da Silva escreve para
comunicar a Lysimaco Ferreira da Costa que a ABE fora fundada:
Rio, 17 – out – 1924
Meu caro amigo
Saudações cordiais
Em seguimento das conversas que aqui tivemos acerca da formação de uma
sociedade de educação que tivesse autoridade para representar o
professorado nacional e inicialmente se ocupasse de organizar a
representação brasileira no Congresso de Santiago em Setembro de 1925,
decidimos afinal no nosso grupo fundar uma Associação Brasileira de
Educação.
A reflexão e experiencia nos fizeram ver que não era possível dar esse papel
á Liga do Ensino Secundário, nem modificar-lhe radicalmente a organização
e o título. E sendo assim, era melhor fundar uma associação diversa.
Ella está fundada e com enthusiasmo de um pequeno grupo. Perdurará?
A organização que adoptamos prevê a formação de departamentos estaduaes
com plena autonomia e liberdade de acção, apenas subordinados ao título
commum e aos mesmos objetivos de ordem geral.
Um rapaz engenheiro nosso amigo, Antonio Cavalcanti, que tem estado no
Paraná, e para regressa dentro de poucos dias, procurou-nos e nos
comunicou que estava há tempos pensando em organizar ahi uma associação
que tinha alguma coisa de comum com a nossa e que sendo assim poderia
trabalhar pela formação do Departamento da Ass., no Paraná. Respondi lhe
eu que tinhamos por vezes trocado ideias com o sr. Acerca do assumpto e
portanto que era indispensavel ouvir no caso sua opinião. Elle nos disse
então que o procuraria ahi para trocar ideias a respeito.
O programma que elle nos esboçou era um pouco mais complexo do que o
nosso pois abrangia também a organização de centros de reunião social,
cultura physica etc, sem o que de facto talvez não seja possivel despertar o
interesse pelas questões da educação nos centros menores do Brasil. Por isso,
os nossos estatutos ficaram bastante elasticos para permittir, sem prejuizo
dos objectivos fundamentais da Ass., que ella forme outras sub-divisões que
indirectamente e conforme as instâncias locaes possam concorrer, ainda que
indirectamente, para a solução do problema fundamental.
Espero que esteja de accordo com o que aqui fica escripto e que possamos
contar com seu apoio inestimável.
Amigo mto. Obg.
Heitor Lyra da Silva.
163
A última carta de Heitor Lyra da Silva
107
existente no acervo do Memorial,
o missivista menciona que a idéia da ABE nasceu de um jantar no Hotel Gloria
oferecido por Lysimaco Ferreira da Costa:
Prezado amigo
A A.B.E. continua a progredir. Breve devo lhe remetter o n. 2 do Boletim
com 20 pgs. Espero que tenha recebido sempre os exemplares d’ A
Educação. Esperamos sempre com ansiedade notícias do que possa ter feito
no Paraná em benefício da causa por que trabalha a Associação.
Contamos que não se esqueça de que esta nasceu de um encontro nosso no
jantar que nos offereceu gentilmente no H. Glória e no qual debatemos a
questão da representação do Brasil no Congresso de Santiago. Entretanto,
nada podemos fazer no Paraná sem o seu apoio. Do amigo mto. Obgdo.
Heitor Lyra da Silva. (07/12/1925).
Pode-se, portanto, afirmar que Lysimaco Ferreira da Costa esteve envolvido
com o projeto inicial de fundação da ABE. Foi ele também o responsável pela
organização da Primeira Conferência Nacional de Educação, mas é difícil mensurar o
grau de envolvimento posterior de Lysimaco com os projetos dessa Associação, que
parece ter sido pequeno após 1927.
Havia diferenças ideológicas, teóricas e religiosas, mas não foram essas que
distanciaram Lysimaco do grupo fundador da ABE. Sustenta-se aqui que as maiores
diferenças foram políticas, uma vez que alguns dos membros da ABE estiveram
diretamente vinculados à organização do Partido Democrático do Distrito Federal
(Carvalho, 1998), cujos interesses diferiam diametralmente dos interesses dos políticos
ligados ao Partido Republicano Paranaense, do qual Lysimaco Ferreira da Costa fazia
parte.
Mais uma vez, reforça-se a hipótese de que Lysimaco Ferreira da Costa
deixou a religião para o âmbito privado. É interessante mencionar que a aproximação de
Lysimaco Ferreira da Costa com aqueles que vieram a fundar a ABE deu-se
inicialmente com Everardo Backheuser – que na época não era católico, tendo se
convertido apenas em 1928, após a morte da primeira esposa. O período em que
Backheuser tornou-se um católico radical coincide com o período em que se distanciam.
Também Heitor Lyra da Silva, segundo Venâncio Filho (apud Carvalho,
1998, p. 113), não era católico “no momento de fundação da ABE e mais tarde
abraçou a religião que professava nos últimos tempos de sua vida”.
107
Em dezembro de 1925, morreu Heitor Lyra da Silva.
164
Edgard Sussekind de Mendonça, em 1924, assinou e prefaciou com o irmão,
Carlos, o libelo Iniciando uma campanha contra a ação católica no Brasil”. De 1927 a
1930, participou intensamente da Reforma da Instrução Pública de Fernando de
Azevedo. Em 1931, indicado por Francisco Campos para tomar parte da Comissão
encarregada de elaborar o anteprojeto da reorganização do ensino profissional no Brasil,
declinou do convite, alegando discordar da orientação do Ministério da Educação e
Saúde ao instituir o Ensino Religioso nas escolas brasileiras. Esteve preso de 1935 a
1936, acusado de ser um dos organizadores do movimento comunista. Foi, ainda,
ativista do ateísmo (Cf. Carvalho, 1998, p. 221).
Venâncio Filho apoiou Edgar Sussekind de Mendonça na defesa da ABE
como instituição de objetivos estritamente pedagógicos, contra propostas de rituais
católicos em eventos da ABE.
O distanciamento de Lysimaco da ABE coincide também com a sua
nomeação para a Secretaria da Fazenda do Estado do Paraná. Da segunda Conferência
Nacional de Educação, realizada em 1928, em Belo Horizonte, Lysimaco não
participou.
Na terceira Conferência Nacional de Educação, realizada em São Paulo, em
setembro de 1929, Lysimaco Ferreira da Costa não estava inscrito (Costa, 1995, p. 387).
Estando apenas de passagem por São Paulo, sua presença causou surpresa entre os
congressistas:
O Sr. Presidente (Aloysio de Castro) Communico á casa que compareceu
também aos nossos trabalhos, como membro da Conferencia, o sr. Dr.
Lysimaco Ferreira da Costa, nome dos mais prestigiosos e conhecidos na
educação nacional. Acredito que esta comunicação será recebida por todos
com especial agrado (Cf. Anais da III Conferência, p. 163).
Acredita-se que a presença de Lysimaco Ferreira da Costa naquele evento se
deu como forma de apoio a Julio Prestes, que estava envolvido com a organização do
evento e era apoiado pelo Partido Republicano Paranaense.
Em 1929, a Associação Brasileira de Educação promoveu o Inquérito: O
problema Brasileiro da Escola Secundária, organizado pela Seção do Ensino
Secundário do Departamento carioca da ABE, com um caráter de opinião bastante
dirigida. Os inquiridos foram escolhidos dentre “todas as pessoas capazes, pelo
165
verdadeiro conhecimento da questão, de colaborar com a sua valiosa resposta [...]
precisa e concisa para a boa solução do problema
108
” (Carvalho, 1998, p. 235).
Lysimaco Ferreira da Costa recebeu o convite para responder ao Inquérito,
conforme a correspondência que se segue:
Associação Brasileira de Educação
Rua Chile, 23 – 1º andar
Caixa postal, 1471 – Rio
Rio, 2 de Maio de 1929.
Illmo. Snr. Dr. Lysimaco da Costa.
A Secção de Ensino Secundário desta Associação – com a alta finalidade de
facilitar o estudo do grande problema brasileiro relativo á organização da
escola secundária resolveu promover um inquérito em que fossem ouvidas
as autoridades em assumpto de tão característica preponderância na
educação nacional.
Consta o inquérito de oito quesitos abrangendo as partes essenciaes do
problema cuja solução efficaz se procura fixar.
As autoridades consultadas autoridades pela sua posição social, pela sua
cultura geral e pedagógica especializada ou pelas duas qualidades reunidas –
darão os seus depoimentos sobbre todos os quesitos, ou, apenas, sobre
alguns ou mesmo algum, em que considere a sua contribuição de maior peso
e valia. Desse modo pretende a Secção de Ensino Secundário auscultar a
opinião dos competentes nesta Capital, como nos Estados e assim fazer um
livro destinado á Terceira Conferência Nacional de Educação a reunir-se em
S. Paulo a 7 de Setembro próximo.
O folheto annexo separata do Boletim da A. B. E. apresenta as
condições do inquérito e as bases para a reforma do ensino secundário,
trabalho enviado, como um anteprojeto, á Segunda Conferência de
Educação, realizada em Bello Horizonte.
Aguardando a vossa valiosa resposta até o dia 30 de Junho, reservando
destarte o tempo necessário á impressão do livro, valho-me do ensejo para
em nome da Secção de Ensino Secundário – que resolveu vos ouvir –
apresentar sinceros agradecimentos pela vossa contribuição ao estudo desse
problema brasileiro.
Saudações
Barbosa de Oliveira
Presidente da Secção do Ensino Secundário.
(Memorial Lysimaco Ferreira da Costa, pasta n. 7).
108
Os inquiridos deveriam responder às seguintes queses:
Qual a verdadeira finalidade de um curso secundário? Como organizar o ensino, de um modo
geral, para atender a essa finalidade? Deve ser adotado o ensino clássico, o moderno, ou outro
tipo que melhor consulte a finalidade colimada? Como garantir em todo o território nacional o
ensino secundário com a necessária eficiência? Qual o caráter que deve ter o ensino das diversas
disciplinas e qual a extensão dos respectivos programas? Como corrigir os defeitos da atual
legislação relativos à organização de mesas examinadoras e processos de exame? Qual o melhor
modo de articular o ensino secundário com o primário e o profissional no grau elementar e
superior? Como formar a opinião pública sobre a vantagem de um curso secundário-base da
cultura média do país?
166
Lysimaco não respondeu ao Inquérito, embora a amizade entre ele e
Barbosa de Oliveira, dentre os membros da ABE, tenha sido a mais duradoura.
Provavelmente, Lysimaco estivesse muito ocupado com as funções de Secretário da
Fazenda na época da realização do Inquérito.
Lysimaco Ferreira da Costa não compareceu à IV Conferência Nacional de
Educação, realizada em dezembro de 1931, no Rio de Janeiro. Em seguida a
Conferência, Barbosa de Oliveira escreve a Lysimaco, dizendo que a sua ausência fora
lamentada:
Rio – 11 Janº 932.
Illmo. Snr. Dr. Lysimaco Costa
Meu caro amigo
Estou há muitos dias projetando esta carta que deverá dizer-lhe quanto
sentiram os seus velhos amigos a sua ausência na IV Conferencia de
Educação.
Habituado a encontral-o sempre em qualquer lugar onde se tratasse das
questões educativas, e a ouvir, com prazer as suas justas ponderações nesse
assumpto, no qual é reputado um especialista de cultura superior e de grande
pratica, fiz tenção de escrever para manifestar a falta que nos fez.
Não sendo outro o objecto desta carta, envio-lhe com votos de “Boas Festas”
e recomendações aos seus.
Um estreito abraço devéras affectuoso
Amigo de sempre
C. A. Barbosa de Oliveira
Lysimaco fora convidado por Barbosa de Oliveira e por Belisário Augusto
de Oliveira Pena, mas não quis comparecer, por não ter sido escolhido pelo interventor
do Estado do Paraná. Numa carta enviada ao amigo Barbosa de Oliveira, Lysimaco
menciona que a
Representação Oficial dos Estados na Conferencia Nacional de Educação
pode ser escolhida pelos respectivos interventores. Quaisquer outros
convites emanados da comissão executiva ou deste Ministério autorizam
apenas uma colaboração individualizada das pessoas ou instituições
convidadas (Cf. Costa, 1995, pp 387-389).
Lysimaco Ferreira da Costa indicou Algacyr Mader, professor da Faculdade
de Engenharia do Paraná e do Ginásio Paranaense para participar da IV Conferência, e
pediu ao Barbosa de Oliveira que o recebesse bem, mostrando-lhe a obra da ABE em
toda a sua extensão (Costa, 1995, p. 389).
167
Apesar de não comparecer à IV Conferencia, em 1932, Lysimaco foi convidado por
Carneiro Leão
109
para compor a “Comissão dos Dez”, grupo organizado pela ABE para
organizar um “corpo de disposições orgânicas e codificadas, de modo a poder servir de
capítulo sobre a educação nacional para o anteprojeto da Constituição”. A Comissão dos
Dez deveria elaborar um parecer sobre o tema “Quais as atribuições respectivas dos
Governos Federal, Estaduais e Municipais, relativamente à educação”; mas optou por
apresentar um trabalho compreendendo a “fixação da competência, em matéria
educativa da União, dos Estados e dos Municípios, a constituição dos órgãos, por que se
deve exercer aquela competência e a determinação dos recursos necessários ao
cumprimento das atribuições” (Cf. Costa, 1995, p. 398). De acordo com o documento
elaborado pela comissão, caberia à União, como poder central, a função de elaborar um
plano geral de educação para todo o país, plano que obedeceria a
características fixadas na própria constituição e teria a flexibilidade e
extensão necessárias para permitir o livre desenvolvimento de iniciativas
regionais, locais e a adaptação às condições diversíssimas (sic) do meio
brasileiro.
A diretrizes da educação nacional foram estabelecidas pela Comissão nos
seguintes termos:
democrática, isto é, destinada a oferecer a todos os brasileiros as mesmas
oportunidades de ordem educativa, limitadas tão somente pelas suas
diferentes capacidades: - humana, isto é destinada à formação integral do
homem e do cidadão, de modo que a sua condição de brasileiro não o torne
despercebido da necessária solidariedade de todos os povos; - e geral, leiga e
gratuita, isto é, destinada a não estabelecer entre os educandos, nenhuma
restrição ou diversificação, seja de ordem social, doutrinária ou religiosa, ou
econômica.
[...]
...os princípios assentados no anteprojeto encontram a sua justificativa,
exatamente, nesse grande esforço nacional de fugir às divisões e lutas de
classe e de religião, para fundar, desse lado do Atlântico, uma nação livre,
social e espiritualmente, e cujos filhos tenham, todos, oportunidades
proporcionais à sua capacidade.
A Comissão também defendia a transferência, da União para os Estados, da
competência de “organizar, administrar e custear os sistemas educacionais”, porém,
caberia à União “a fixação do plano geral, a coordenação suprema das atividades
educacionais e ao exercício de umaão estimulante ampla e vigorosa”.
109
Carneiro Leão, juntamente com Anísio Teixeira, ocupava a Direção da ABE desde outubro
de 1931.
168
Fizeram parte da “Comissão dos Dez”:
Fernando de Azevedo
Lourenço Filho
Afrânio Peixoto
Lysimaco Costa
Frota Pessôa
José Augusto
Isaias Alves
Sampaio Dória
Anísio Teixeira
Arthur Moses
110
Dos 10 membros que compuseram a Comissão, apenas 3 não assinaram o
Manifesto de 1932, elaborado por Fernando de Azevedo: Lysimaco Costa, José Augusto
e Arthur Moses.
110
Anísio Teixeira e Arthur Moses substituíram Mario Casassanta e Mario de Castro que não
estavam comparecendo às reuniões.
169
CONSIDERAÇÕES FINAIS
__________________________________________
O estudo da trajetória de Lysimaco Ferreira da Costa, aqui desenvolvido da
perspectiva da “História dos Intelectuais”, começou como uma pesquisa exploratória.
Num primeiro momento o Memorial Lysimaco Ferreira da Costa tornou-se objeto de
questionamento e investigação, sendo entendido como um “lugar de memória” e de
difusão de uma determinada versão da história.
O desenvolvimento da pesquisa trouxe à cena um intelectual preocupado
com a construção de um projeto cultural para o Parae para o Brasil, cuja trajetória
peculiar mostrou-se relevante para a compreensão das idéias e das relações sociais que
pautaram, por um lado, a presença de um atuante representante do Paraná no debate em
torno dos rumos da educação no país na Primeira República, por outro, os mecanismos
pelos quais Lysimaco, filho de uma família de poucas posses, de um estado
relativamente apartado do centro político do país, veio a se tornar um membro da
restrita comunidade de homens letrados que passou a portar projetos educativos e
culturais de longo alcance para o Brasil.
Os recursos intelectuais e sociais que Lysimaco Ferreira da Costa mobilizou
nos anos vinte para diagnosticar os problemas e projetar soluções para a educação
paranaense e brasileira indiciam as marcas do seu itinerário de formação, das
instituições por que passou e das redes sociais às quais pertenceu. Nas escolas militares
que freqüentou Lysimaco Ferreira da Costa travou contato com idéias e ideais
positivistas. A direção da educação militar para a ciência e a técnica, fruto da orientação
positivista introduzida desde fins do Império, forneceu a Lysimaco “régua e compasso”
para atuar, tanto como reformador de instituições de ensino, quanto como intelectual e
homem público, à medida que tomou, como muitos de seus contemporâneos, a filosofia
positivista como pensamento e ão política. A convivência nesse ambiente lhe
permitiu, ainda, construir uma rede de relações que se mostrou duradoura, porque atada
pela ideologia e pela afetividade.
Da educação militar, Lysimaco conservou traços marcantes, como uma
síntese entre militarismo, positivismo, cientificismo, que resultaram num espírito
esclarecido, que sonhava com uma nação positiva e cientificamente conduzida. Foi com
170
esse espírito que se esforçou em inserir o Paraná nas discussões de questões
educacionais nacionais, por exemplo, fazendo de Curitiba a sede da Primeira
Conferência Nacional de Educação.
Absorveu ainda, da formação recebida, a habilidade para administrar e
comandar, que lhe foram muito úteis na sua vida profissional. Esses traços, somados ao
grande interesse que alimentou e estudos que desenvolveu sobre assuntos estratégicos,
como o desenvolvimento da siderurgia, da mineração, da agricultura, entre outros; e,
ainda, à rede de relações militares a que pertenceu e com a qual manteve contato
durante toda a vida, permitiu identificar em Lysimaco Ferreira da Costa um “militar-
civil”, cujas ações confirmaram as inscrições indeléveis deixadas pela formação militar.
Em relação à Maçonaria, pode-se afirmar que foi uma oportunidade para
Lysimaco aprofundar discussões sobre questões pedagógicas, uma vez que o próprio
Grão-Mestre da Loja Luz Invisível, Dario Persiano de Castro Velloso, fora professor do
Ginásio Paranaense e da Escola Normal e autor de livros de Pedagogia. Outros
membros daquela loja também eram professores. Contudo, é evidente que o peso da
Maçonaria foi bem menos significativo do que a bagagem adquirida nas escolas
militares.
Na coleta de fragmentos que ajudassem a compor o educador, foi
encontrado também o político, dimensão não retratada pelos poucos estudos de história
da educação paranaense, tampouco pela organizadora do Memorial Lysimaco Ferreira
da Costa, cuja tensão entre as identidades do político no contexto do poderio
oligárquico e do intelectual devotado ao progresso e à modernização o conseguiu
dissimular ou conciliar.
Em perspectiva diametralmente oposta à assumida, por exemplo, por Costa
(1995); Ranzi & Silva (2004, p. 164); Ferreira (2006); que situam Lysimaco Ferreira da
Costa no campo intelectual da direita católica, este estudo constatou que a relação entre
Lysimaco e pessoas pertencentes ao grupo católico em Curitiba deu-se mais por
questões políticas, do que por vias religiosas. Pelo que se apreende do estudo de sua
sociabilidade, pode-se dizer que conservou, em seu círculo de amizades, católicos,
protestantes e pessoas de crenças diversas, desde que essas não se opusessem, diante de
circunstâncias de tomada de decisão e partido, aos seus interesses políticos.
Assim, embora conste que tenha sido formado num ambiente católico e
tenha educado os filhos nos princípios do catolicismo, Lysimaco Ferreira da Costa
deixou a sua para o âmbito privado, entendendo que a convicção religiosa deveria
171
habitar a intimidade das consciências. Em relação à educação, distanciou-se do
movimento católico, porque esse teria restringido a sua luta em defesa da instrução
religiosa e da introdução do ensino religioso nas escolas oficiais, deixando de lado
questões importantes em torno da escolarização. O projeto de Lysimaco, em que a
ciência falava mais alto, era, para ele, mais amplo.
A hipótese sobre a "polivalência ideológica" de Lysimaco, um militar,
positivista, católico, maçom, foi confirmada, mostrando que soube, de um modo
estratégico, combinar-se aos diferentes, em habilidade ”típica" da cultura política
clientelista. Ao mesmo tempo, verificou-se que manteve a "polivalência ideológica"
aparando as arestas e as zonas de conflito, exatamente para poder chegar ao "campo"
que pretendia a política. Não casualmente, Lysimaco Ferreira da Costa deixou a
direção da Instrução Pública e a direção do Ginásio Paranaense para assumir, em
fevereiro de 1928, a Secretaria da Fazenda do Estado do Paraná, cargo que lhe
permitiria ter condições necessárias para prosseguir em direção a uma carreira política
no Executivo, o que só não se efetivou devido à Revolução de 1930.
Lysimaco Ferreira da Costa não só participou ativamente do projeto de
criação da Associação Brasileira de Educação, como ajudou a consolidá-la, prestando
auxílio a muitos dos seus integrantes de forma diversa e em variados momentos. Fez
parte, ainda, do seleto grupo de educadores nacionais incumbidos da tarefa de elaborar
um parecer que serviria de capítulo sobre a educação nacional para o anteprojeto da
Constituição de 1934, conhecido como “Grupo dos Dez”. Foi um grande divulgador do
Paraná, e suas qualidades intelectuais e sua polivalência ideológica lhe conferiram
projeção e circulação entre os renomados educadores brasileiros.
F
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8 –P
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Candido Ferreira de Abreu, Secretario d'Estado dos Negocios das Obras Publicas e
Colonisação, 1892.
RELATÓRIO apresentado ao SNR. Caetano Alberto Munhoz Secretario do Interior,
Justiça e Instrução Pública pelo Dr. Victor Ferreira do Amaral e Silva,
Superintendente geral do Ensino Público do Estado, em de Novembro de 1893.
(Ref. 353.3, 1893, P.223).
RELATÓRIO apresentado ao Exmo. Snr. Dr. Francisco Xavier da Silva, Governador do
Estado do Paraná, por Caetano Alberto Munhoz, Secretario dos Negocios do Interior,
Justiça e Instrucção Pública, em 31 de Agosto de 1895.
RELATÓRIO apresentado pelo Inspetor Geral de Colonização do Estado ao Secretario
de Obras Publicas e Colonização, em 1895.
RELATÓRIO apresentado ao Governo do Estado do Paraná, pelo Bacharel. Antônio
Augusto de Carvalho Chaves, Secretário dos negócios do Interior, Justiça e Instrução
Pública, Em 1º de Setembro de 1896.
RELATÓRIO apresentado ao Exmo. Snr. Dr. José Pereira Santos Andrade, Governador
do Estado do Paraná, por Antônio Augusto de Carvalho Chaves, Secretario dos
Negocios do Interior, Justiça e Instrucção Pública, Em 1º de Setembro de 1897.
RELATÓRIO apresentado ao Governo do Estado do Paraná, pelo Bacharel. Antônio
Augusto C. Chaves, Secretario do Estado dos Negócios do Interior, Justiça e
Instrução Pública, em 31 de dezembro de 1898.
RELATÓRIO apresentado Governo do Estado do Paraná, pelo Dr. Otávio Ferreira do
Amaral e Silva, secretário de Estado dos Negócios do Interior, Justiça e Instrução
Pública, em 31 de Dezembro de 1900.
RELATÓRIO apresentado ao Exmo. Sr. Dr. Secretrario do Interior, Justiça e Instrucção
Publica pelo Dr. Victor Ferreira do Amaral e Silva - Director Geral da Instrucção
Publica. Em 31 de Dezembro de 1903. Curytiba, Typ d' A Republica, 1904.
RELATÓRIO do Inspetor Escolar de S. Mateus, Maurício Távora, ao Diretor Geral da
Instrução Pública, Arthur Cerqueira, em 07/02/1910. DAMI, Officios, 1910, v. 23.
Documento manuscrito.
RELATÓRIO apresentado ao Exmo. Snr. Dr. Secretario Geral de Estado pelo Professor
Cesar Prieto Martinez - Inspector Geral do Ensino. Semestre, Capítulo V (Das
escolas particulares, mantidas por estrangeiros).1922. Typ da Penitenciaria do
Estado. Curityba. (publicado em 1923) (353.844 P223 1922).
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República, 1929.
DECRETO 2 de 24 de Agosto de 1892. Regulamento do Ensino Popular. Decretos,
Regulamentos, Leis e Actos do Estado do Paraná. Curityba, Typ. D’A República,
1892.
DECRETO 35 de 9 de Fevereiro de 1895. Regulamento da Instrução Pública do
Estado do Paraná. Leis, Decretos e Regulamentos do Estado do Paraná. 1895-1896.
Curityba, Typ. da Penitenciária do Ahú, (s.d.).
DECRETO nº 93 de 11 de Março de 1901. Regulamento da Instrução Pública do Estado
do Paraná. Leis, Decretos e Regulamentos do Estado do Paraná, 1901. Coritiba, Typ.
da Penitenciária do Ahú., (s.d.).
DECRETO 479 de 10 de Dezembro de 1907. Regulamento da Instrução Pública do
Estado do Paraná. Decretos e Regulamentos do Estado do Paraná, 1907. Curiyiba,
Typ. da Penitenciária do Estado, 1912.
DECRETO 710, de 18 de Outubro de 1915. Código do Ensino. Collecção de
Decretos e Regulamentos de 1915.
DECRETO 17 de 9 de janeiro de 1917. Código do Ensino. Collecção de Decretos e
Regulamentos de 1917. Coritiba, Typ. d’ A República, 1917.
ATO de 30 de março de 1891, aprova regulamento para a Instrução Pública do Estado
do Paraná. Decretos, Regulamentos, Leis e Actos do Estado do Paraná. 1890-1892.
Coritiba, Typ. da Penitenciária do Estado, 1911.
LEI 2005 de 9 de abril de 1920. As escolas particulares estrangeiras que funcionam
no Estado são obrigadas a ensinar em língua vernácula. Leis de 1920. Curityba, Typ.
d’ A República, 1921.
RELATÓRIO Geral da Universidade do Paraná. Curitiba, 1913-1916.
RELATÓRIO do Ministério da Guerra de 1898, disponível no site da Universidade de
Chicago.
Relatório do Ministério da Guerra de 1900 disponível no site da Universidade de
Chicago.
Relatório do Ministério da Guerra de 1901 disponível no site da Universidade de
Chicago.
185
Documentos localizados no Memorial Lysimaco Ferreira da Costa
ANNAES do IV Congresso Brasileiro de Instrucção Superior e Secundária. 1926.
Realizado de Setembro a Outubro de 1922. Rio de Janeiro: Typ do Carmo.
ATA do concurso para preenchimento da cadeira de Physica e Chimica do Gymnasio
Paranaense e Escola Normal.
MENSAGEM dirigida ao Congresso Legislativo do Estado do Paraná pelo Exmo. Sr.
Dr. Carlos Cavalcanti de Albuquerque, Presidente do Estado ao installar-se a 1a
Sessão da 12a Legislatura em 1o de Fevereiro de 1914. Curityba: Typ. do Diario
Official, 1914.
RELATÓRIO do Inspetor Geral da Instrução Pública, Bento Fernandes de Barros, ao
Presidente da Província do Paraná, Venâncio José de Oliveira Lisboa, em 29 de
dezembro de 1870, p. 26. Curitiba. Typ. Candido Lopes, 1871.
RELATÓRIO apresentado à Assembléia Legislativa Provincial do Paraná, em 15 de
Fevereiro de 1877, pelo presidente Dr. Adolpho Lamenha Lins. 1877. Typ. Da Viúva
Lopes.
RELATÓRIO apresentado ao illustre cidadão Caetano Alberto Munhoz, D.D.
Secretário do Interior, Justiça e Instrucção Pública, pelo Dr. Victor Ferreira do
Amaral e Silva, em de Novembro de 1893.
RELATÓRIO apresentado ao Exm. Sr. Dr. Claudino Rogoberto F. dos Snatos,
Secretário d’Estado dos Negócios do Interior, Justiça e Instrucção Pública pelo Dr.
Francisco Ribeiro de Azevedo Macedo, Director Geral da Instrucção Pública..
Coritiba: Typ. Do Diário Official, 1914.
RELATÓRIO da Secretaria Geral do Estado do Paraná apresentado a S. Exa. O Sr. Dr.
Caetano Munhoz da Rocha, Presidente do Estado por Alcides Munhoz, secretário
Geral D’Estado referente aos serviços do exercício financeiro de 1922-1923.
(Localizado no Memorial Lysimaco Ferreira da Costa).
RELATÓRIO da Escola Normal Secundária apresentada ao Exmo. Snr. Alcides
Munhoz, secretario Geral D’Estado pelo director Dr. Lysimaco Ferreira da Costa,
referente ao anno de 1924.
Folheto Impresso: Commemoração do Centenario da Independencia. Congresso
Brasileiro de Ensino Secundario e Superior. Rio de Janeiro, 1922.
Folheto Impresso: Commemoração do Primeiro Centenario da Independencia Politica
do Brasil - 1822-1922 programma da Commemoração Regulamento Geral da
Exposição Nacional 1922 Rio de Janeiro: Papelaria Americana, Rua da
Assembléa, 90, 1921.
186
Fontes localizadas no acervo do Instituto Neo-Pitagórico, em Curitiba
A Escola Revista do Grêmio dos Professores Públicos do Estado do Paraná. Anno II –
Coritiba, Janeiro a Abril de 1907. N º
s
1 a 4.
A Escola Revista do Grêmio dos Professores Públicos do Estado do Paraná. Anno II –
Coritiba, maio de 1907. N º
5.
A Escola Revista do Grêmio dos Professores Públicos do Estado do Paraná. Anno II –
Coritiba, Junho e Julho de 1907. N º
s
6 e 7.
A Escola Revista do Grêmio dos Professores Públicos do Estado do Paraná. Anno II –
Coritiba, Agosto e Setembro de 1907. N º
s
8 e 9.
A Escola Revista do Grêmio dos Professores Públicos do Estado do Paraná. Anno II –
Coritiba, Outubro a Dezembro de 1907. N º
10.
A Escola Revista do Grêmio dos Professores Públicos do Estado do Paraná. Anno III
– Coritiba, Março de 1908. N º
1.
A Escola Revista do Grêmio dos Professores Públicos do Estado do Paraná. Anno III
– Coritiba, Maio e Junho de 1908.
A Escola Revista do Grêmio dos Professores Públicos do Estado do Paraná. Anno III
– Coritiba, Julho a Setembro de 1908.
A Escola Revista do Grêmio dos Professores Públicos do Estado do Paraná. Anno III
– Coritiba, Outubro a Dezembro de 1908.
A Escola – Revista do Grêmio dos Professores Públicos do Estado do Paraná. Anno IV -
Coritiba, Junho de 1909.
A Escola – Revista do Grêmio dos Professores Públicos do Estado do Paraná. Anno IV -
Coritiba, Julho e Agosto de 1909.
A Escola – Revista do Grêmio dos Professores Públicos do Estado do Paraná. Anno IV -
Coritiba, Setembro a Outubro de 1909.
A Escola – Revista do Grêmio dos Professores Públicos do Estado do Paraná. Anno V -
Coritiba, Janeiro a Março de 1910.
A Escola – Revista do Grêmio dos Professores Públicos do Estado do Paraná. Anno V -
Coritiba, Abril a Junho de 1910.
A Escola – Revista do Grêmio dos Professores Públicos do Estado do Paraná. Anno V -
Coritiba, Julho a Dezembro de 1910.
187
ANEXOS
____________________________________________
FOTO 9 – PRIMEIRA SALA DO MEMORIAL
F
OTO
10 –
SEGUNDA SALA DO MEMORIAL
188
MEMORIAL LYSIMACO FERREIRA DA COSTA
CONTEÚDO DAS VITRINES E PAINÉIS
SALA 1
VITRINE 1 - DADOS PESSOAIS
1.
CERTIDÃO DE NASCIMENTO
2.
ORIGEM DO NOME
3.
CERTIDÃO DE BATISMO
4.
ORIGEM DA FAMILIA
5.
MOEDAS DO ANO EM QUE NASCEU
6.
FOTOGRAFIA DO PAI, MÃE E IRMÃOS
7.
FOTOGRAFIA DA MÃE AOS 83 ANOS
8.
FOTOGRAFIA DA CASA ONDE NASCEU ( a chácara)
9.
FOTOGRAFIA DO AVÔ PATERNO ANTONIO FERREIRA DA COSTA
10.
DOCUMENTO DE RELATÓRIO DA PROVÍNCIA DO PARANÁ NOMEANDO O
PROFESSOR ANTONIO FERREIRA DA COSTA, PROFESSOR PRIMÁRIO EM
GUARAQUEÇABA – (1854).
11.
CARTA DE DOM ALBERTO JOSÉ GONÇALVES, BISPO DE RIBEIRÃO PRETO, SOBRE O
PROFESSOR ANTONIO FERREIRA DA COSTA, DO QUAL FOI ALUNO.
12.
ESCRITO DO PROFESSOR JOÃO DA COSTA VIANA SOBRE O PROFESSOR ANTONIO
FERREIRA DA COSTA, AFIRMANDO QUE O PROFESSOR ANTONIO FERREIRA DA
COSTA FOI O PRIMEIRO PROFESSOR QUE INSTITUIU NAS ESCOLAS DO PARANÁ, O
MÉTODO DE ENSINO SIMULTÂNEO.
13.
OFICIO DO DIRETOR DO COLÉGIO ESTADUAL DO PARANÁ, COMUNICANDO AO DR
LYSIMACO FERREIRA DA COSTA A INAUGURAÇÃO DO RETRATO DO PROFESSOR
ANTONIO FERREIRA DA COSTA NA GALERIA DOS PROFESSORES DO
ESTABELECIMENTO POR TER SIDO PROFESSOR CATEDRÁTICO DE PORTUGUÊS,
LITERATURA NACIONAL E RELIGIÃO.
14.
TESTAMENTO DO SOGRO DO PROFESSOR FERREIRA DA COSTA, FALECIDO NA
CIDADE DE PARANAGUÁ.
15.
CERTIDÃO DE CURSO PRIMÁRIO DE LYSIMACO, ESCOLA PROFESSOR CLETO
SILVA, (ANO DE 1893).
16.
CERTIDÃO DA ESCOLA DO PROFESSOR ARTHUR FERREIRA DA COSTA DE EXAMES
FINAIS PREPARATÓRIOS DE LYSIMACO, APROVADO COM DISTINÇÃO, SENDO
PRESIDENTE DA BANCA EXAMINADORA A PROFESSORA JULIA WANDERLEY.
17.
REQUERIMENTO DO PAI DE LYSIMACO, SOLICITANDO INGRESSO DO FILHO NO
GINÁSIO PARANAENSE.
VITRINE Nº 2 - VIDA MILITAR
1.
FOTOGRAFIA DA ESCOLA PREPARATÓRIA E DE TÁTICA DE RIO PARDO, RIO
GRANDE DO SUL, NA QUAL LYSIMACO MATRICULOU-SE APÓS CONCLUIR OS
ESTUDOS NO GINÁSIO PARANAENSE.
2.
COLEGAS DA ESCOLA DE RIO PARDO: COM LYSIMACO, OCTAVIO FRANCO DE
SOUZA, THUCYDIDES NEGRÃO, PLÍNIO ALVES MONTEIRO TOURINHO, CYRO
189
SOUZA, THUCYDIDES NEGRÃO, PLÍNIO ALVES MONTEIRO TOURINHO, CYRO
CORREIA, CAETANO JOSÉ MUNHOZ, ULYSSES VIEIRA E OUTROS.
3.
CARTA DO PAI DE LYSIMACO, DURANTE SUA ESTADA EM RIO PARDO.
4.
SABATINA DE LYSIMACO, QUE FOI LAUREADO COMO O MELHOR ALUNO DE RIO
PARDO.
5.
RETRATO DO GENERAL PANTALEÃO PESSOA ENTÃO CHEFE DA CASA MILITAR DO
PRESIDENTE GETÚLIO VARGAS COM DEDICATÓRIA A LYSIMACO.
6.
LIVRO ESCRITO PELO GENERAL PANTALEÃO PESSOA “REMINISCÊNCIAS E
IMPOSIÇÕES DE UMA VIDA” 1885-1965 NO QUAL ELE FAZ REFERÊNCIAS A
LYSIMACO SEU COLEGA DE RIO PARDO NAS PÁGINAS 6, 190 E 191.
7.
CERTIDÃO DO 14º REGIMENTO DE CAVALARIA SEDIADO EM CURITIBA, ONDE
LYSIMACO INGRESSOU APÓS TERMINAR O CURSO EM RIO PARDO.
8.
CARTA DO COMANDANTE DO 14º REGIMENTO DE CAVALARIA, CORONEL COSTA
LIMA, DESEJANDO FELICIDADES A LYSIMACO NA ESCOLA MILITAR DO BRASIL,
ONDE ELE ACABAVA DE SE MATRICULAR.
9.
CARTÃO E CARTA DE SEU EX-COLEGA DE RIO PARDO GENERAL BRAZÍLIO
CARNEIRO DE CASTRO E ENVELOPE EM QUE O MESMO, COMO OUTROS EX-
COLEGAS DE LYSIMACO, TRATAVAM-NO DE MARECHAL.
10.
CERTIDÃO DA ESCOLA MILITAR DO BRASIL, ONDE LYSIMACO INGRESSOU EM
1904.
11.
RETRATO DA PRAIA VERMELHA NO RIA DE JANEIRO, QUE NA ÉPOCA ERA
PRIVATIVA DA ESCOLA MILITAR, COM DEDICATÓRIA DO SEU EX-COLEGA PLINIO
ALVES MONTEIRO TOURINHO.
12.
RETRATO DE ACAMPAMENTO DOS ALUNOS DA ESCOLA MILITAR.
13.
ARTIGO DE LYSIMACO SOBRE A REVOLTA DA ESCOLA MILITAR (1904).
14.
NOTÍCIA DA MORTE DO MARECHAL TROMPOWSKI, GRANDE MATEMÁTICO, QUE
FOI PROFESSOR DE LYSIMACO NA ESCOLA MILITAR DO BRASIL.
15.
ARMA QUE PERTENCEU AO GENERAL TRAVASOS, COMANDANTE DA ESCOLA
MILITAR DO BRASIL, QUE FOI ENTREGUE A LYSIMACO, QUANDO FOI FERIDO NO
COMBATE ENTRE ESCOLA E AS FORÇAS FEDERALISTAS NA RUA DA PASSAGEM
NO RIO DE JANEIRO, NA REVOLTA DA ESCOLA A OBRIGATORIEDADE DA VACINA
CONTRA FEBRE-AMARELA.
16.
REVISTA DA ESCOLA MILITAR QUANDO LYSIMACO ERA ALUNO.
17.
LYSIMACO NA AVENIDA RIO BRANCO, RIO DE JANEIRO, COM O GENERAL, EX-
PRESIDENTE DO ESTADO E SENADOR CARLOS CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE.
18.
DUAS CARTAS E CARTÃO DO GENERAL PLINIO ALVES MONTEIRO TOURINHO.
19.
CARTA DE SEU EX-COLEGA DA ESCOLA MILITAR GENERAL POSSOLO.
20.
CARTA DE SEU EX-COLEGA DA ESCOLA MILITAR FRANCISCO JOSÉ DUTRA.
VITRINE 3 - CASAMENTO E FILHOS
1.
LEMBRANÇA DA PRIMEIRA COMUNHÃO DE ESTHER FRANCO.
2.
DIPLOMA DE MÉRITO DA EXPOSIÇÃO ESCOLAR, CONFERIDO A ESTHER FRANCO.
3.
COMPOSIÇÃO ESCOLAR “ A ÁGUIA E O SOL” DE AUTORIA DE ESTHER FRANCO.
4.
CARTÃO DE LYSIMACO À SUA NOIVA ESTHER FRANCO, DESEJANDO-LHE
FELICIDADES PARA O ANO DE 1906.
190
5.
“LIVRO DAS NOIVAS” DEDICADO POR LYSIMACO A SUA NOIVA.
6.
VERSOS À ESTHER.
7.
FOTOGRAFIA DE LYSIMACO E ESTHER 7 DIAS ANTES DO CASAMENTO.
8.
NOTÍCIA DO CASAMENTO A 08/12/1906.
9.
PARTICIPAÇÃO DO CASAMENTO.
10.
AGENDA COM ANOTAÇÃO DE LYSIMACO SOBRE O NASCIMENTO DE TODOS OS
FILHOS.
11.
FOTOGRAFIA DE LYSIMACO, ESTHER E SEUS QUATRO PRIMEIROS FILHOS: ESTHER
ZOÉ, ANTONIO E EVARISTO.
12.
RETRATO DOS OITO FILHOS, TIRADO PARA PARTICIPAR O NASCIMENTO DO NONO,
ALBERTO.
13.
ÚLTIMO RETRATO DE DONA ESTHER.
14.
NOTÍCIAS DE SEU FALECIMENTO.
15.
AGRADECIMENTO DE LYSIMACO E FILHOS PELAS MANIFESTAÇÕES DE PESAR.
16.
ESCRITOS SOBRE A PESSOA DE DONA ESTHER FRANCO DA COSTA.
17.
SEUS ONZE FILHOS APÓS SEU FALECIMENTO.
18.
CARTA DO ENTÃO BISPO DOM JOÃO FRANCISCO BRAGA, DIRIGIDA A LYSIMACO
NO DIA DO FALECIMENTO DE DONA ESTHER.
19.
CARTA DO PADRE GERCINO QUE REALIZOU O CASAMENTO DE LYSIMACO E
ESTHER.
20.
NOTÍCIA DO SEGUNDO CASAMENTO.
21.
CARTÃO DO PRESIDENTE DO ESTADO CAETANO MUNHOZ DA ROCHA
CUMPRIMENTANDO PELO SEGUNDO CASAMENTO.
22.
LYSIMACO E SUA SEGUNDA ESPOSA DONA MARIA ANGELA FRANCO DA COSTA.
23.
LYSIMACO E SUA FAMILIA.
24.
OS ONZE FILHOS DE LYSIMACO.
25.
RETRATO E XEROX DA DEDICATORIA DE MONSENHOR CELSO ITIBERÂ DA CUNHA
NO VERSO.
26.
LYSIMACO E SUA FAMILIA EM MAIO DE 1930.
27.
QUADRO DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS QUE SEMPRE ESTEVE NO QUARTO DE
LYSIMACO.
28.
“IMITAÇÃO DE CRISTO” LIVRO EM QUE LYSIMACO FAZIA MEDITAÇÃO DIÁRIA.
29.
LYSIMACO E SUA PRIMEIRA NETINHA MARIA ESTHER.
30.
CARTA EM QUADRINHOS QUE LYSIMACO ESCREVEU A NETINHA.
31.
MARIA ESTHER, APÓS O SEU FALECIMENTO 10 MESES DEPOIS DE LYSIMACO A
13/05/1942.
191
VITRINE 4 - GINÁSIO PARANAENSE
1.
“EPISÓDIO QUE ENALTECE” ARTIGO DO DR JOÃO CANDIDO FERREIRA ENTÃO
PRESIDENTE DO ESTADO EM EXERCÍCIO, LOUVANDO LYSIMACO PELO
BRILHANTISMO DE SEU CONCURSO NO GINÁSIO PARANAENSE (1906)
2.
FOTOGRAFIA DE LYSIMACO, DR JOÃO CANDIDO FERREIRA, DR LEONIDAS
FERREIRA, SENHORA NATÁLIA MARQUES E SUAS FILHAS
3.
TÍTULO DE NOMEAÇÃO DE LYSIMACO PARA CATEDRÁTICO DE FÍSICA E QUÍMICA
DO GINÁSIO PARANAENSE. (1906)
4.
O PRESIDENTE FRANCISCO XAVIER DA SILVA, NOMEIA LYSIMACO PARA REGER,
INTERINAMENTE, A CADEIRA DE HISTÓRIA NATURAL DO GINÁSIO PARANAENSE,
(1909).
5.
TÍTULO DESIGNANDO LYSIMACO PARA ASSUMIR A CADEIRA DE ARITIMÉTICA E
ALGEBRA DO GINÁSIO PARANAENSE E DA ESCOLA NORMAL, (1917) .
6.
TITULO DESIGNANDO LYSIMACO PARA ASSUMIR AS CADEIRAS DE HISTÓRIA
NATURAL, HIGIENE E AGRONOMIA DO GINÁSIO PARANAENSE E DA ESCOLA
NORMAL, (1918).
7.
COMUNICADO DE QUE FOI ESCOLHIDO PARA FAZER PARTE DO CONSELHO
SUPERIOR DE ENSINO PRIMÁRIO, (1919)
8.
ESCRITO DE LYSIMACO SOBRE O ENSINO DA GEOMETRIA, (1907).
9.
ESCRITO DE LYSIMACO SOBRE A INSTRUÇÃO PÚBLICA, (1908).
10.
FOTOGRAFIA DE LYSIMACO COM O PROFESSOR ANTENOR NASCENTES, PIETRO
MARTINEZ, JOÃO DE OLIVEIRA FRANCO E JOSÉ BUSNARO.
11.
SOLICITAÇÃO DA CIDADE DE SALVADOR, BAHIA, SOBRE PROGRAMAS DO ENSINO
NO PARANÁ. DR. BERNARDINO DE SOUZA (1921).
12.
CONVITE PARA O BANQUETE QUE O ENTÃO MINISTRO PLENIPOTENCIÁRIO DA
POLÕNIA OFERECIA AO GOVERNO DO ESTADO, (1921).
13.
CARTA DE ILDEFONSO MUNHOZ DA ROCHA SOBRE A ATUAÇÃO DE LYSIMACO NO
CONCURSO DE HISTÓRIA UNIVERSAL E DO BRASIL, (1921).
14.
CARTA DO EMINENTE EDUCADOR PABLO PIZZURNO DA REP. DA ARGENTINA,
(1922).
15.
BALLANCETE FEITO POR LYSIMACO, TESOUREIRO DO GINASIO, (1919).
16.
COMUNICANDO DESIGNAÇÃO DO SENHOR PRESIDENTE DO CONSELHO SUPERIOR
DE ENSINO PARA EXAMINADOR DO CONCURSO DE ARITIMÉTICA, ALGEBRA,
GEOMETRIA NO GINÁSIO DA CIDADE DE SANTE MARIA DA BOCA DO MONTE, RIO
GRANDE DO SUL, (1922).
VITRINE 5 - GINÁSIO PARANAENSE EXTERNATO E INTERNATO
1.
ARTIGO DO “DIÁRIO DA TARDE” 1920 LOUVANDO A NOMEAÇÃO DE LYSIMACO
PARA DIRETOR DO GINÁSIO PARANAENSE E ESCOLA NORMAL.
2.
FELICITAÇÕES DO DR CELSO BRAGA, SECRETÁRIO DO MINISTÉRIO DA
AGRICULTURA, PELA NOMEAÇÃO DE LYSIMACO PARA DIRETOR DO GINÁSIO E
ESCOLA NORMAL (1920).
3.
ARTIGO DE GASTÃO FARIA “ESTABELECIMENTOS DE INSTRUÇÃO DIRIGIDA POR
UM HOMEM QUE OS ELEVA” ELOGIANDO A ATUAÇÃO DE LYSIMACO NA DIRE
ÇÃO
192
DO GINÁSIO PARANAENSE E DA ESCOLA NORMAL (1920).
4.
ARTIGO DO JORNAL “A GAZETA” SOBRE AS MEDIDADS TOMADAS POR LYSIMACO
INSTITUINDO O UNIFORME AS ALUNAS DA ESCOLA NORMAL (1920).
5.
ARTIGO DA “A REPÚBLICA” SOBRE O MESMO ASSUNTO (1920).
6.
ARTIGO DE “O DIA” ELOGIANDO A ATUAÇÃO DE LYSIMACO NO GINÁSIO (1920).
7.
RETRATO DA FORMATURA DO GINÁSIO EM 1920.
8.
NOTICIÁRIO DO JORNAL “COMÉRCIO DO PARANÁ” SOBRE A VISITA DO DR
PARANHOS DA SILVA SECRETÁRIO DO CONSELHO SUPERIOR DO ENSINO,
ELOGIANDO A ATUAÇÃO DO DIRETOR LYSIMACO FRENTE AO INTERNATO DO
GINÁSIO PARANAENSE (1922).
9.
TELEGRAMA DO BARÃO DE RAMIZ GALVÃO – DIRETOR GERAL DO CONSELHO
NACIONAL DE ENSINO (1923) , AGRADECENDO E RETRIBUINDO SAUDAÇÕES E
ELOGIANDO A MODELAR DIREÇÃO DO GINÁSIO PARANAENSE E ESCOLA
NORMAL.
10.
PORTARIA 18 DE LYSIMACO ELOGIANDO O EMPREGADO FRANCISCO ALVES DE
FREITAS PELA MANEIRA CORRETA E HONESTA COM QUE PRESTOU SERVIÇOS
DURANTE 24 ANOS AO GINÁSIO PARANAENSE (1923).
11.
ARTIGO DE “A REPÚBLICA” – A MOCIDADE PARANAENSE SE UNE PELA ORDEM E
PELA PAZ” ELOGIANDO LYSIMACO, OS PROFESSORES E ALUNOS NA SESSÃO
CÍVICA DE 15/11/1924.
12.
O ANTIGO INTERNATO DO GINÁSIO PARANAENSE À RUA MARECHAL FLORIANO
VENDO-SE LYSIMACO NO PRIMEIRO PLANO.
PAINEL Nº 1 - UNIVERSIDADE
1.
PORTARIA DO DR VITOR FERREIRA DO AMARAL NOMEANDO LYSIMACO PARA
REGER A CADEIRA DE QUÍMICA MINERAL E ORGÂNICA DO ANO DO CURSO DE
ENGENHARIA CIVIL (1915).
2.
CURRÍCULO DE LYSIMACO ALUNO DA UNIVERSIDADE. FOI O ALUNO QUE
RECEBEU O PRIMEIRO DIPLOMA DA UNIVERSIDADE DO PARANÁ (1917).
3.
DESIGNADO PELA CONGREGAÇÃO DA FACULDADE DE ENGENHARIA PARA
CONSTITUIR A BANCA EXAMINADORA PARA O CONCURSO DE FÍSICA
EXPERIMENTAL E METEOROLOGIA (1919).
4.
FACULDADE DE MEDICINA DO PARANÁ: DR VITOR DO AMARAL CONVIDANDO
LYSIMACO PARA FAZER PARTE DA BANCA DOS EXAMES DE ADMISSÃO À
MATRÍCULA DOS CURSOS DE MEDICINA E ODONTOLOGIA.
5.
OFICIO 448 DO DIRETOR DA FACULDADE DE ENGENHARIA DO PARANÁ, AFONSO
TEIXEIRA DE FREITAS, PELOS RELEVANTES SERVIÇOS PRESTADOS POR
LYSIMACO NA REPÚBLICA ARGENTINA EM PROL DA MESMA, E AGRADECENDO
AS PLANTAS E LIVROS QUE OFERECEU À FACULDADE E SUA BIBLIOTECA.
6.
OFÍCIO 1824 DO DEPARTAMENTO NACIONAL DE ENSINO NOMEANDO LYSIMACO
INSPETOR ESPECIAL DA FACULDADE DE ENGENHARIA DO PARANÁ.
7.
PARECER DE LYSIMACO ENCAMINHANDO RELATÓRIO QUE REFUTOU ACUSAÇÕES
CONTRA A FACULDADE DE ENGENHARIA E ANULOU A CASSAÇÃO DA MESMA.
193
PAINEL Nº 2 - UNIVERSIDADE DO PARANÁ
1.
TELEGRAMA DO DIRETOR GERAL DO DEPARTAMENTO DE ENSINO DR. ROCHA
VAZ ACUSANDO RECEBIMENTO DO RELATÓRIO DE LYSIMACO SOBRE A
FACULDADE DE ENGENHARIA E ENVIANDO CONGRATULAÇÕES.
2.
TELEGRAMA DE FELICITAÇÕES DO PRESIDENTE DO ESTADO CAETANO MUNHOZ
DA ROCHA PELA INVESTIDURA DE INSPETOR ESPECIAL JUNTO A FACULDADE DE
ENGENHARIA.
3.
CONGRATULAÇÕES DE FRANCISCO FERREIRA PEREIRA
4.
OFÍCIO DO DIRETOR DO DEPARTAMENTO NACIONAL DO ENSINO DR. ALOYSIO DE
CASTRO DECLARANDO ULTIMADA A MISSÃO DE LYSIMACO DE INSPETOR
ESPECIAL JUNTO A FACULDADE DE ENGENHARIA E LOUVANDO O ÊXITO DE SUA
AÇÃO.
5.
ARTIGO DA “GAZETA DO POVO” – “FILOSOFANDO” DE JOÃO DA EGA (1927).
6.
MATÉRIAS LECIONADAS POR LYSIMACO NA FACULDADE DE ENGENHARIA.
7.
ARTIGO DA “GAZETA DO POVO” SOBRE AS HOMENAGENS QUE SERÃO PRESTADAS
POR OCASIÃO DO REGRESSO DE LYSIMACO DA CAPITAL FEDERAL.
8.
OFÍCIO 177 DO DIRETOR DA FACULDADE DE ENGENHARIA PLÍNIO TOURINHO,
COMUNICANDO A LYSIMACO A INAUGURAÇÃO DE SEU RETRATO NO GABINETE
DE FÍSICA DA REFERIDA ESCOLA PELOS RELEVANTES SERVIÇOS PRESTADOS À
MESMA.
9.
OFÍCIO 35 DO DIRETOR AFONSO TEIXEIRA DE FREITAS, COMUNICANDO A
LYSIMACO SUA NOMEAÇÃO PARA REGER, INTERINAMENTE A CADEIRA DE
ORGANIZAÇÃO E TRÁFEGO DAS INDUSTRIAS, CONTABILIDADE PÚBLICA E
DIREITO ADMINISTRATIVO DA FACULDADE DE ENGENHARIA (1931).
10.
OFÍCIO Nº 58 COMUNICANDO A NOMEAÇÃO, PARA REGER INTERINAMENTE A
CADEIRA DE GEOLOGIA ECONÔMICA E NOÇÕES DE METALURGIA (1931).
11.
OFÍCIO COMUNICANDO A DESIGNAÇÃO DE LYSIMACO PARA REGER
INTERINAMENTE, A CADEIRA DE RESISTÊNCIA GRAFOSTÁTICA E MÁQUINAS,
PROCEDIDO O SEU ESTUDO DOS MOTORES”, DA FACULDADE DE ENGENHARIA
(1931).
12.
CONVIDADO A FAZER PARTE DA COMISSÃO DOS EXAMES PREPARATÓRIOS DE
GEOMETRIA DA FACULDADE DE DIREITO DO PARANÁ (1932).
13.
OFÍCIO 18 DE 1932 DO DR. ARNALDO ISIDORO BECHERT, DIRETOR DA
FACULDADE DE ENGENHARIA, DELEGANDO A LYSIMACO PLENOS PODERES PARA
TRATAR DOS INTERESSES DA FACULDADE JUNTO ÀS AUTORIDADES FEDERAIS.
SALA 2
VITRINE N. 6 - ESCOLA NORMAL SECUNDÁRIA DO PARANÁ
1.
OS ALUNOS DO GRUPO ANEXO À ESCOLA NORMAL, SAINDO INCORPORADOS DA
ANTIGA SEDE À RUA ÉBANO PEREIRA PARA A NOVA SEDE À RUA EMILIANO
PERNETA, NO DIA DA INAUGURAÇÃO – 7/9/1922.
2. NOVA SEDE DA ESCOLA NORMAL SECUNDÁRIA.
3. INAUGURAÇÃO DO PALÁCIO DA INSTRUÇÃO, COMO ERA CHAMADA A ESCOLA
NORMAL SECUNDÁRIA. CÓPIA TIRADA DOS ARQUIVOS DA ESCOLA.
194
NORMAL SECUNDÁRIA. CÓPIA TIRADA DOS ARQUIVOS DA ESCOLA.
4. RETRATOS DA INAUGURAÇÃO.
5.
DISCURSO DO DIRETOR LYSIMACO FERREIRA DA COSTA POR OCASIÃO DA
INAUGURAÇÃO.
6.
RETRATO DO GABINETE DE HISTÓRIA NATURAL DA ESCOLA QUANDO DA
INAUGURAÇÃO.
7.
RETRATO DAS ALUNAS NO PÁTIO DA ESCOLA NORMAL NO DIA DA
INAUGURAÇÃO.
8.
RETRATO DA SESSÃO CÍVICA NO SALÃO NOBRE DA ESCOLA NORMAL NO DIA
15/08/1923.
9.
ARTIGO DO DR. JOSÉ DE NUNES, PUBLICADO NO JORNAL COMÉRCIO DO
PARANÁ” , “A INSTRUÇÃO BLICA DO PARANÁ, NO ACTUAL QUATRIÊNIO
PRESIDENCIAL”.
10.
LIVRO DE AUTORIA DE LYSIMACO “BASES EDUCATIVAS PARA A ORGANIZAÇÃO
DA NOVA ESCOLA NORMAL SECUNDÁRIA DO PARANÁ”.
11.
ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL “DIÁRIO DA TARDE” DE 11/04/1923, COMENTANDO
AS BASES EDUCATIVAS – “A ESCOLA NORMAL”.
12.
CARTA DO DR. RAUL DE AZEVEDO DE MANAUS, ESTADO DO AMAZONAS, SOBRE O
TRABALHO DE LYSIMACO “BASES EDUCATIVAS” – 1/5/1923.
13. ARTIGO DA “GAZETA DO POVO” SOBRE AS “BASES EDUCATIVAS” – 4/4/1923.
14. CARTÃO DO DR. EUCLIDES BANDEIRA SOBRE O MESMO ASSUNTO.
15.
CARTÃO DO PROFESSOR ALBERTO RODRIGUES DE PELOTAS, RIO GRANDE DO SUL,
SOLICITANDO TRABALHOS PUBLICADOS POR LYSIMACO SOBRE EDUCAÇÃO.
16.
ARTIGO DO “DIÁRIO DA TARDE” – 07/09/1924 ATO COMEMORATIVO DE 7 DE
SETEMBRO NA ESCOLA NORMAL.
17.
TRABALHO DE LYSIMACO NA LIGA PEDAGÓGICA DO ENSINO SECUNDÁRIO DO
RIO DE JANEIRO SOBRE “O ENSINO NA ESCOLA NORMAL”, PUBLICADO AINDA, NA
REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO.
18.
TELEGRAMA DO PRESIDENTE DA “LIGA” COMUNICANDO A LYSIMACO A
PUBLICAÇÃO.
19.
ARTIGO DO JORNAL “A NOITE” DO RIO DE JANEIRO, SOBRE A SESSÃO DA “LIGA
PEDAGÓGICA DO ENSINO SECUNDÁRIO” EM QUE FOI APRESENTADO TRABALHO
DE LYSIMACO E POR DECISÃO UNÂNIME “A LIGA” SE PROPÕS A PUBLICÁ-LO.
20. ARTIGO DO “DIÁRIO DA TARDE” - “O PARANÁ LÁ FORA” - 22/02/1923.
21.
ARTIGO DA “GAZETA DO POVO” DE 1/09/1924, “ORIGEM DO ENSINO SECUNDÁRIO
DO PARANÁ”, “AO DR. LYSIMACO COSTA, A PEDAGOGIA BRASILEIRA DEVE O
PLANO E PRÁTICA MAIS NOTÁVEIS DENTRE TODAS AS REORGANIZAÇÕES DO
NOSSO “ENSINO NORMAL”.
22.
ARTIGO DO PADRE ALCIDINO PEREIRA “IMPRESSÕES DE UMA VISITA À ESCOLA
NORMAL SECUNDÁRIA” – “GAZETA DO POVO” – 14/03/1924.
23.
CARTÃO DO DR. DJALMA HASSELMANN PROFESSOR DO INSTITUTO DE QUÍMICA E
DA ESCOLA NORMAL DO RIO DE JANEIRO SOLICITANDO ORIENTAÇÃO DE
LYSIMACO SOBRE A EDUCAÇÃO, AFIRMANDO QUE O O CONHECE
PESSOALMENTE, MAS O CONHECE BASTANTE, COMO UM DOS MAIORES
EDUCADORES BRASILEIROS.
24.
“DIÁRIO DA TARDE” 15/7/1926, ARTIGO “ESCOLA NORMAL SOBRE A
FORMATURA DE NORMALISTAS DE 1926, SENDO LYSIMACO O PARANINFO.
25. “GAZETA DO POVO” 7/06/1927, “A FALA DO PARANINFO” – LYSIMACO PARANINFO
DA PRIMEIRA TURMA DA NOVA “ESCOLA NORMAL SECUNDÁRIA”.
195
DA PRIMEIRA TURMA DA NOVA “ESCOLA NORMAL SECUNDÁRIA”.
26. DISCIPLINAS LECIONADAS POR LYSIMACO NA ESCOLA NORMAL.
27.
HOMENAGEM DOS PROFESSORES E ALUNAS DA ESCOLA NORMAL A LYSIMACO
EM QUE O QUALIFICAM SEIVA, VIDA, ALMA, DA ESCOLA NORMAL SECUNDÁRIA.
28.
CARTÃO DO PROFESSOR RAUL GOMES SOLICITANDO OS TRABALHOS DE
LYSIMACO SOBRE A APLICAÇÃO DE TESTES E RESULTADOS COLHIDOS PARA
SATISFAZER PEDIDOS URGENTES DOS ÓRGÃOS DE EDUCAÇÃO DO RIO DE
JANEIRO.
29.
“REVISTA BRASILEIRO DE ENSINO” 3 E 4 DE 1926 – ARTIGO DO PROFESSOR JOSÉ DE
NUNES, DIRETOR DA ESCOLA NORMAL, COMPROVANDO QUE FOI LYSIMACO, O
PRIMEIRO EDUCADOR QUE NO BRASIL APLICOU TESTES PARA MEDIR A
INTELIGÊNCIA E IDADE MENTAL DOS ALUNOS DE CURSO PRIMÁRIO.
30.
VISITA DO MILITAR ARGENTINO HERMENEGILDO TOCAGNI À ESCOLA NORMAL
14/10/1927, SAUDADO POR LYSIMACO, JÁ, ENTÃO, DIRETOR GERAL DA INSTRUÇÃO
PÚBLICA.
VITRINE N. 7 – INSPETORIA DE ENSINO
1.
“A POSSE DO DIRETOR DA INSTRUÇÃO PÚBLICA” - “DIÁRIO DA TARDE”
28/02/1920.
2.
TÍTULO DA NOMEAÇÃO DE LYSIMACO PARA INSPETOR GERAL DO ENSINO 1925
ASSINADO PELO PRESIDENTE DO ESTADO DR. CAETANO MUNHOZ DA ROCHA.
3.
CARTÃO DE PLÍNIO TOURINHO, CUMPRIMENTANDO LYSIMACO PELA NOMEAÇÃO.
4.
CARTÃO DE HAYDÉC NICLEWVICZ, CUMPRIMENTANDO PELA NOMEAÇÃO.
5.
CARTA DO PROFESSOR RAUL GOMES, CUMPRIMENTANDO PELA NOMEAÇÃO.
6.
“HÁ ANOS PASSADOS” EM 1927, A MOCIDADE PARANAENSE PRESTAVA
HOMENAGEM A LYSIMACO – “GAZETA DO POVO”, 14/03/1972.
7.
OFÍCIO N. 07 CONVIDANDO LYSIMACO PARA HOMENAGEM DOS ALUNOS DO
GINÁSIO PARANAENSE, PELA INVESTIDURA NA FUNÇÃO DE INSPETOR GERAL DO
ENSINO – 16/04/1925.
8.
“VERDADES IMPRESSIONANTES”, COMENTANDO A HOMENAGEM – 21/04/1925
9.
TELEGRAMA DO CHEFE DA POLÍCIA ALBUQUERQUE MARANHÃO,
CUMPRIMENTANDO PELA NOMEAÇÃO.
10.
“UMA HOMENAGEM AO INSPETOR DO ENSINO”, COMENTANDO A SESSÃO
ACADÊMICA DO GINÁSIO PARANAENSE. “DIÁRIO DA TARDE” – 04/1925.
11.
“INSPETORIA GERAL DO ENSINO” – “GAZETA DO POVO” – 09/03/1925.
12.
VISITA DE LYSIMACO ÀS ESCOLAS DE BUENOS AIRES. “LA NACION” – 09/06/1926.
13.
“MEDICINA SOCIAL E EDUCAÇÃO NO PARANÁ PELO DR. BELISÁRIO PENNA” –
“GAZETA DO POVO” – 05/11/1927.
14.
“COLAÇÃO DE GRAU” DA TURMA DE PROFESSORES DA ESCOLA NORMAL DE
PONTA GROSSA - LYSIMACO PARANINFO “DIÁRIO DOS CAMPOS”
PONTA
GROSSA – 07/10/1926.
15.
FOTOGRAFIA DA FORMATURA DA ESCOLA NORMAL.
16.
FOTOGRAFIA DE LYSIMACO COM ALGUNS PROFESSORES DA ESCOLA NORMAL DE
PONTA GROSSA.
17.
HOMENAGEM DOS ALUNOS PARANAENSES DO COLÉGIO SANTA ROSA – NITERÓI.
196
18.
LYSIMACO EM SUAS VISITAS ÀS ESCOLAS DO INTERIOR DO ESTADO.
19.
FOTOGRAFIA DO GRUPO ESCOLAR D. PEDRO II, INAUGURADO NA GESTÃO DE
LYSIMACO.
20.
ATA DA SESSÃO SOLENE DA INSTALAÇÃO DO GINÁSIO REGENTE FEIJÓ DE PONTA
GROSSA – 28/03/1927.
21.
FOTOGRAFIA DO GINÁSIO REGENTE FEIJÓ – PONTA GROSSA.
22.
INAUGURAÇÃO DO GINÁSIO REGENTE FEIJÓ – “DIÁRIO DOS CAMPOS” – 28/03/1927.
23.
OFÍCIO DA INSPETORIA GERAL DO ENSINO DO PARANÁ AO REPRESENTANTE DA
CASA “LÊS FILS D’EMILLE DYROLLE” DE PARIS, ENCOMENDANDO O MATERIAL DE
LABORATÓRIO PARA PONTA GROSSA E PARANAGUÁ – 29/07/1926.
24.
FOTOGRAFIA DA ESCOLA NORMAL DE PARANAGUÁ.
25.
NOTÍCIA DA INAUGURAÇÃO “HÁ 50 ANOS ATRÁS” “O ESTADO DO PARANÁ”
29/07/1977.
26.
CARTA DE LYSIMACO AO DIRETOR DA ESCOLA NORMAL DE PARANAGUÁ SOBRE
A INSTALAÇÃO DE UM GABINETE DENTÁRIO.
27.
CARTA DO CAPITÃO DO PORTO DE PARANAGUÁ SAMPAIO D’ALMINLA,
REFERINDO-SE A UMA VISITA À ESCOLA NORMAL LOCAL DO DR. ROCHA VAZ,
DEIXANDO CONSIGNADO NO LIVRO DE VISITAS, REFERÊNCIA A “LYSIMACO
COSTA A MAIOR CAPACIDADE ORGANIZADORA DE ENSINO QUE O BRASIL
POSSUE”.
VITRINE N. 08 – CONGRESSOS DE EDUCAÇÃO
1.
CONGRESSO DE ENSINO PRIMÁRIO – “DIÁRIO DA TARDE” – 21/12/1926.
2.
“ A GRANDE PARADA ESCOLAR NA PRAÇA DA UNIVERSIDADE” – “GAZETA DO
POVO” – 19/12/1926.
3.
REGULAMENTO DO CONGRESSO DE ENSINO PRIMÁRIO E NORMAL – 1926.
4.
ARTIGO “CONGRESSO DE ENSINO PRIMÁRIO E NORMAL” – 03/12/1926.
5.
PRIMEIRO CONGRESSO OFICIAL DE ENSINO PRIMÁRIO E NORMAL “A
REPÚBLICA” – 23/12/1926.
6.
FOTOGRAFIAS DA PARADA ESCOLAR EM FRENTE À UNIVERSIDADE.
7.
“O 1º CENTENÁRIO DA ESCOLA PRIMÁRIA NO BRASIL” “GAZETA DO POVO” –
05/11/1927.
8.
“CONGRESSO DE ENSINO SUPERIOR” – 27/08/1927
9.
“ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO” – 14/10/1927.
10.
O CONGRESSO DE EDUCAÇÃO NACIONAL A SE REUNIR EM CURITIBA – “GAZETA
DO POVO” – 24/09/1927.
11.
“INSTRUÇÃO PÚBLICA NO PARANÁ” “CORREIO DA MANHÔ RIO DE JANEIRO
25/08/1927.
12.
CURITIBA SERÁ SEDE DO PRIMEIRO CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO
“DIÁRIO DOS CAMPOS” – 30/08/1927.
13.
CARTÕES DE INSCRIÇÃO DA 1ª CONFERÊNCIA NACIONAL DE EDUCAÇÃO.
14.
FOTOGRAFIA – GRUPO DE CONGRESSISTAS.
15.
“A CONFERÊNCIA NACIONAL DE EDUCAÇÃO E OS ILUSTRES EDUCADORES QUE
HOJE CURITIBA HOSPEDA” – “GAZETA DO POVO” – 17/12/1927.
197
16.
“UM TESTEMUNHO VALIOSODE VITOR JACOMBINA (SIC) LACOMBE BRASÍLIA
25/08/1978.
17.
TELEGRAMA DE ANÍSIO TEIXEIRA CUMPRIMENTANDO PELO SUCESSO DA
CONFERÊNCIA – 22/01/1928.
18.
TELEGRAMA DO PROFESSOR FERNANDO DE AZEVEDO, DIRETOR DA INSTRUÇÃO
PÚBLICA DO DISTRITO FEDERAL, CUMPRIMENTANDO PELO SUCESSO DA
CONFERÊNCIA – 4/01/1928.
19.
RELATO DA 1ª CONFERÊNCIA – “DIÁRIO DE NOTÍCIAS” – CURITIBA – 20/12/1927.
20.
1ª CONFERÊNCIA NACIONAL DE EDUCAÇÃO – “GAZETA ACADÊMICA” – 04/10/1927.
21.
BOLETIM DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO RELATANDO SOBRE A
CONFERÊNCIA.
22.
RETRATO DO DR. LYSIMACO SAUDANDO OS CONGRESSISTAS NA ABERTURA DA
CONFERÊNCIA NACIONAL DE EDUCAÇÃO.
23.
TELEGRAMA DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA AGRADECENDO COMUNICAÇÃO DA
1ª CONFERÊNCIA NACIONAL DE EDUCAÇÃO – 30/01/1928.
24.
TELEGRAMA DE FERDINANDO LABORIAU, CUMPRIMENTANDO PELA
CONFERÊNCIA – 03/01/1928.
25.
OFÍCIO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO, FAZENDO UM VOTO DE
LOUVOR AOS PROFESSORES E ALUNOS DA ESCOLA NOEMAL DE CURITIBA PELOS
TRABALHOS REALIZADOS – 21/12/1927.
26.
ÁLBUM DA PRIMEIRA CONFERÊNCIA NACIONAL DE EDUCAÇÃO.
27.
TELEGRAMA DE PARANHOS DA SILVA SECRETÁRIO DO DEPARTAMENTO
NACIONAL DE EDUCAÇÃO, CUMPRIMENTANDO PELA CONFERENCIA.
28.
FOTOGRAFIA DA SESSÃO DA CONFERÊNCIA NACIONAL DE EDUCAÇÃO NO
PRÉDIO DO PALÁCIO RIO BRANCO – ATUAL CÂMARA DOS VEREADORES.
29.
FOTOGRAFIA DA FESTA DE ENCERRAMENTO DA CONFERÊNCIA NACIONAL DE
EDUCAÇÃO NO TEATRO GUAIRÁ.
30.
“HOMENAGEM A UM PROFESSOR PARANAENSE” “DIÁRIO DA TARDE” 1/8/1942
CURITIBA HOMENAGEM QUE O VIII CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO
REUNIDO EM GOIÂNIA PRESTOU À MEMÓRIA DE LYSIMACO, REALIZADOR DA
CONFERÊNCIA NACIONAL DE EDUCAÇÃO.
VITRINE N. 09 – ESCOLA AGRONÔMICA DO PARANÁ
1.
INSTALAÇÃO DA ESCOLA AGRONÔMICA DO PARANÁ JORNAL “DIÁRIO DA
TARDE” – 02/07/1918.
2.
TÍTULO DE NOMEAÇÃO DE LYSIMACO PARA PROFESSOR DA CADEIRA DA
ESCOLA AGRONÔMICA DO PARANÁ – 1918.
3.
TÍTULO DE NOMEAÇÃO DE LYSIMACO PARA CATEDRÁTICO DA CADEIRA DE
FÍSICA AGRÍCOLA DA ESCOLA AGRONÔMICA DO PARANÁ.
4.
LIVRO “DIÁRIO DA ESCOLA AGRONÔMICA DO PARANÁ” ABERTO POR LYSIMACO
EM 15/07/1918.
5.
LIVRO “CAIXA” ABERTO POR LYSIMACO – JULHO DE 1918.
6.
LIVRO ABERTO POR LYSIMACO EM 01/07/1920, PARA SER ESCRITURADA A CARGA
E DESCARGA DE IMÓVEIS, MÓVEIS E UTENSÍLIOS DA ESCOLA AGRONÔMICA DO
PARANÁ.
7.
LIVRO DE PONTO DOS LENTES ABERTO POR LYSIMACO – 1918.
198
8.
LIVRO DE ATAS DAS SESSÕES DA CONGREGAÇÃO DA ESCOLA AGRONÔMICA DO
PARANÁ.
9.
FOTOGRAFIA DOS PRIMEIROS ALUNOS EM FRENTE AO ANTIGO GINÁSIO
PARANAENSE, ONDE FUNCIONAVA A ESCOLA.
10.
PLACA DE HOMENAGEM OFERECIDA PELOS ALUNOS A LYSIMACO NO SEU
ANIVERSÁRIO – 01/12/1918.
11.
GRUPO DE ALUNOS DEFRONTE A “CHÁCARA” DE LYSIMACO NO DIA DO SEU
ANIVERSÁRIO.
12.
FOTOGRAFIA DE LYSIMACO, LENTES E ALUNOS DA ESCOLA.
13.
“PARANÁ JORNAL 05/10/1918 HOMENAGEM DOS ALUNOS DA ESCOLA AO
PRESIDENTE DO ESTADO E A LYSIMACO.
14.
JORNAL “GAZETA DO POVO” DE 12/06/1918 – “QUEM LAVRA A TERRA SERVE A
PÁTRIA”.
15.
“ESCOLA AGRONÔMICA” ARTIGO DE LYSIMACO 24/07/1919 REFUTANDO
CONCEITOS INJUSTOS SOBRE A ESCOLA NO JORNAL “O COMÉRCIO DO PARANÁ”.
16.
A ESCOLA AGRONÔMICA É RECONHECIDA PELO GOVERNO FEDERAL – ARTIGO DO
“DIÁRIO DA TARDE” – 02/10/1919.
17.
ALUNOS FORMADOS EM 1923, CONVIDANDO LYSIMACO PARA PARANINFO.
18.
GRUPO DE ALUNOS EM TRABALHO NO “CAMPO DO PORTÃO” PRIMEIRO CEDIDO
PELO GOVERNO DO ESTADO PARA EXPERIÊNCIAS DA ESCOLA.
19.
INAUGURAÇÃO DO PATRONATO AGRÍCOLA ANEXO À ESCOLA AGRONÔMICA,
FUNDADO POR LYSIMACO, O PRIMEIRO DO ESTADO DO PARANÁ “GAZETA DO
POVO” – 04/10/1920.
20.
MENINOS INTERNOS NO PATRONATO COM ALUNOS DA ESCOLA E ALGUNS
PROFESSORES.
21.
A ESCOLA AGRONÔMICA PROPORCIONANDO CURSO AGRÍCOLA AOS RECRUTAS
QUE VEM DO MEIO RURAL PARA A CIDADE. “DIÁRIO DA TARDE” – 01/01/1920.
22.
VISITA DO MINISTRO DA AGRICULTURA SIMÕES LOPES, À ESCOLA AGRONÔMICA
DO PARANÁ, JÁ FUNCIONANDO NO CAMPO DO BACACHERY.
23.
PLANTAÇÃO DOS ALUNOS DA ESCOLA TENDO, AO LADO PAREDÃO DE CEDROS
LATERAL À AVENIDA QUE ELES DENOMINARAM DE “LYSIMACO DA COSTA”.
24.
É INSTITUÍDO O “ENSINO AMBULANTE AGRÍCOLA” POR SUGESTÃO DE LYSIMACO.
VITRINE N. 10 - MATE, BRACATINGA
1.
CARTA DE NILO CAIRO A LYSIMACO SOBRE O ERVA MATE – 11/10/1917 – SÃO
PAULO.
2.
CURRÍCULO DE LYSIMACO SOBRE O MATE.
3.
RETRATO DE LYSIMACO JUNTO AOS DIRETORES DA FIRMA VEIGA E CIA.
4.
RETRATO DE LYSIMACO A CAMINHO DO TERRITÓRIO DE MISSIONES NA
ARGENTINA.
5.
“A PEDIDOS” CENTRO DE MATE ATA DA ASSEMBLÉIA DE 19/09/1922 “GAZETA
DO POVO” – CURITIBA – 13/12/1923.
6.
REGULAMENTO DA HERVA-MATE (SIC) D AUTORIA DE LYSIMACO – 27/05/1928.E
7.
DECRETO N. 347 INÍCIO DA SAFRA DE HERVA-MATE DIÁRIO OFICIAL
11/04/1928.
199
8.
LEI N. 2559 – DIÁRIO OFICIAL – 19/04/1928 – SOBRE O CORTE DA ERVA MATE.
9.
FOTOGRAFIA DE LYSIMACO NA REPÚBLICA ARGENTINA.
10.
ALMOÇO OFERECIDO A LYSIMACO PELA CÂMARA DO COMÉRCIO ARGENTINO-
BRASILEIRA EM BUENOS AIRES QUANDO LYSIMACO ESTAVA TRATANDO DAS
QUESTÕES DO MATE ENTRE BRASIL E ARGENTINA.
11.
ATESTADO DA FACULDADE DE MEDICINA DO PARANÁ SOBRE A EFICÁCIA DO
MATTE – 05/08/1929.
12.
“MERCADOS PARA O MATE” - |LIVRO “LYSIMACO” DE HERBERT M. VAN ERVEN.
13.
“O SUCESSO DA BRACATINGA DO PARANÁ EM SÃO PAULO” “A REPÚBLICA”
10/10/1929 – LYSIMACO FAZ A DIVULGAÇÃO DA BRACATINGA.
14.
BOLETIM DA AGRICULTURA TRABALHO DE LYSIMACO SOBRE A BRACATINGA E
A ESCASSEZ DA LENHA – NOV/DEZ - 1929.
VITRINE N. 11 – SECRETARIA DA FAZENDA
1.
TÍTULO DE NOMEAÇÃO DE LYSIMACO PARA O CARGO DE SECRETÁRIO DE
ESTADO DOS NEGÓCIOS DA FAZENDA, INDÚSTRIA E COMERCIO – 25/02/1928.
2.
ARTIGO “O FUTURO SECRETÁRIO DA FAZENDA”.
3.
REVISTA “ILUSTRAÇÃO DOS ESTADOS”.
4.
SECRETÁRIO D’ESTADO – “LYSIMACO” – DE HERBERT M. VAN ERVEN.
5.
DECRETO-LEI DA ORGANIZAÇÃO DO BANCO DO ESTADO DO PARANÁ – 27/03/28.
6.
INAUGURAÇÃO DO BANCO DO ESTADO DO PARANÁ “GAZETA DO POVO”
27/11/28 – DISCURSO DE INAUGURAÇÃO DE LYSIMACO.
7.
ARTIGO SOBRE OS 60 ANOS DA FUNDAÇÃO DO BANESTADO – 27/11/88.
8.
ATA DA ASSEMBLÉIA GERAL DE CONSTITUIÇÃO DEFINITIVA E INSTALAÇÃO DO
BANCO DO ESTADO DO PARANÁ – 24/10/28.
9.
RETRATO DE LYSIMACO EM FRENTE À SECRETARIA DA FAZENDA.
10.
CARTÃO DE LYSIMACO QUANDO SECRETÁRIO.
11.
TRABALHO DE LYSIMACO SOBRE A REORGANIZAÇÃO FINANCEIRA DO PARANÁ.
12.
TRABALHO DE LYSIMACO SOBRE A VALORIZAÇÃO DA MOEDA.
13.
CAPÍTULO DO LIVRO DE HERBERT M. VAN ERVEN – LYSIMACO – SECRETÁRIO
D’ESTADO.
14.
“JUSTAS CONSIDERAÇÕES” NILO DO EGITO “DIÁRIO DA TARDE” 14/02/28
CURITIBA.
15.
TELEGRAMA DE GOMES MACHADO CUMPRIMENTANDO LYSIMACO PELA GRANDE
ATUAÇÃO FRENTE À SITUAÇÃO ECONÔMICA DO ESTADO DO PARANÁ NA EUROPA
– 27/05/30.
16.
ARTIGO SOBRE A VIAGEM À EUROPA.
17.
ARTIGO SOBRE O PRÓXIMO REGRESSO, A ESTA CAPITAL, DO DR. LYSIMACO F. DA
COSTA – GAZETA DO POVO – 24/04/1930.
18.
CARTA DE CARLOS PINHEIRO DA FONSECA A LYSIMACO – PARIS – 5/5/1930.
19.
- “UM DEPOIMENTO VALIOSO” - DE MARIA JOSÉ FRANCO FERREIRA DA COSTA.
200
VITRINE N. 12 – OURO, GALENA, MANGANÊS E CHUMBO
1.
CARTA DO SECRETÁRIO GERAL DO ESTADO DR. MARINS DE CAMARGO
SOLICITANDO TRABALHO DE GEOLOGIA – 1931.
2.
“TALHADO PARA GRANDES REALIZAÇÕES” AGOSTO DE 1929, ENTREVISTA DE
LUIZ CATRIÚ, SOBRE COMO ENCARA LYSIMACO AS INDUSTRIAS EXTRATIVAS DO
ESTADO.
3.
CARTA DO DR. AFFONSO CAMARGO, APRESENTANDO AO SR. CHAS G. D. GRAY
QUE DESEJA TRATAR COM LYSIMACO SOBRE MINERALOGIA NO ESTADO.
4.
ARTIGO “GAZETA DO POVO” 1932 ENTREVISTANDO LYSIMACO.
5.
ARTIGO “DIÁRIO DA TARDE” - 1934 – SOBRE OURO EM MORRETES.
6.
ARTIGO “DIÁRIO DA TARDE” SOBRE OURO EM MORRETES.
7.
DECRETO DO GOVERNO PROVISÓRIO AUTORIZANDO LYSIMACO A FAZER
EXPLORAÇÕES DE OURO.
8.
ARTIGO DO JORNAL “DIÁRIO DA MANHÔ DO RIO DE JANEIRO, SOBRE A
EXPLORAÇÃO DO OURO EM MORRETES.
9.
MORRETES EM REVISTA.
10.
RETRATOS DA MINA DE MORRETES.
11.
ARTIGO DE LYSIMACO “A EXPLORAÇÃO DO OURO” PUBLICADO NA REVISTA DE
ADMINISTRAÇÃO MILITAR – RIO DE JANEIRO – 1937.
12.
FOTOGRAFIAS DA MINA DE MORRETES.
13.
ARTIGO “GAZETA DO POVO” 11/02/38, “GRATIDÃO QUE SE IMPÕE” DE CORDEIRO
JUNIOR.
14.
VISITA DO GOVERNADOR MANOEL RIBAS À MINA PENAJÓIA DE MORRETES.
15.
TRABALHO DE LYSIMACO SOBRE A EXPLORAÇÃO DO OURO EM GOYAZ (BONFIM).
16.
LISTA DE ALGUMAS EXPLORAÇÕES DE MINÉRIOS FEITAS POR LYSIMACO.
17.
PLANTA DE LYSIMACO DE TERRAS AURÍFERAS DE BONFIM GOYAZ.
18.
ESQUEMA FEITO POR LYSIMACO DA MINA DE OURO DE BONFIM – GOIÁS.
19.
TRABALHO DE LYSIMACO SOBRE A MINA DE BONFIM GOYAZ “O SEU
FINANCIAMENTO”.
20.
TRABALHO DE LYSIMACO SOBRE A MINA DE MORRETES.
21.
TRABALHO DE LYSIMACO SOBRE MANGANÊS NA REGIÃO DA RIBEIRA.
22.
TRABALHO DE LYSIMACO SOBRE GALENA.
23.
FOTOGRAFIAS DE EMBALAGENS DE MAGNETITA.
VITRINE N. 13 - PETRÓLEO
1.
TRABALHO DE LYSIMACO SOBRE JAZIDA DE ARENITO BETUMINOSO EM
GUAREHY – MUNICÍPIO DE TATUY – SÃO PAULO.
2.
CARTA DO PRESIDENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO JÚLIO PRESTES, SOBRE O
MESMO ASSUNTO, DE 25/01/1928.
3.
ARTIGO DE LYSIMACO “HAVERÁ PETRÓLEO NO BRASIL?”.
4.
RELATÓRIO DE LYSIMACO SOBRE EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO NO PARANÁ.
5.
ARTIGO DE LYSIMACO PUBLICADO NO O DIA” – 04/02/1936, “O PETRÓLEO NO
PARANÁ”.
201
PARANÁ”.
6.
ARTIGO DE “O DIA” DE 25/02/1936 – “ O PETRÓLEO NO PARANÁ”.
7.
ARTIGO DE LYSIMACO SOBRE PETRÓLEO PUBLICADO NO BOLETIM DA
ASSOCIAÇÃO DOS AGRÔNOMOS E MÉDICOS VETERINÁRIOS DO PARANÁ
JANEIRO DE 1932.
8.
O ESCÂNDALO DO PETRÓLEO SOBRE TRABALHOS DE LYSIMACO EM SÃO
MATEUS.
9.
ARTIGO “O PETRÓLEO NO PARANÁ” PUBLICADO NO “O DIA” 24/05/1932, POR
“GIPSO”.
10.
“O PETRÓLEO NO PARANÁ”, ARTIGO DE LYSIMACO, “O DIA”, 04/02/1936.
11.
“AS NOSSAS POSSIBILIDADES MINERALÓGICAS” “DIÁRIO DA TARDE”
15/04/1941.
12.
“O ESCÂNDALO DO PETRÓLEO” – “DIÁRIO DA TARDE” – 29/11/1936.
13.
CARTA DO PRESIDENTE JULIO PRESTES DO ESTADO DE SÃO PAULO SOBRE
EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO.
14.
EXPLORAÇÃO DE MANGANÊS EM CAMPO LARGO FEITA POR LYSIMACO
RECORDAÇÃO DA “GAZETA DO POVO” – 28/06/92.
15.
“A IMPORTÂNCIA DOS METAIS ESTRATÉGICOS NA DEFESA NACIONAL
ENTREVISTA DE LYSIMACO AO JORNAL “O RADICAL” – RIO DE JANEIRO.
16.
TELEGRAMA DO GERENTE DA CIA. DE MINERAÇÃO LTDA., PEDINDO INSTRUÇÕES
TÉCNICAS A LYSIMACO.
17.
TRABALHO DE LYSIMACO SOBRE “A LAVRA DE OURO” NAS JAZIDAS DO CUNHA
EM CATTAS ALTAS DA NORUEGA, MINAS GERAIS.
VITRINE N. 14 - CARVÃO
1.
“LYSIMACO FERREIRA DA COSTA” (O ARÚSPICE DE CARVÃO NO PARANÁ).
2.
“O CARVÃO PARANAENSE É O MELHOR DO BRASIL. ENTREVISTA DE LYSIMACO
AO JORNAL “CORREIO DO PARANÁ” NOVEMBRO DE 1933.
3.
A CENTRAL DO BRASIL VAI QUEIMAR CARVÃO PARANAENSE” JORNAL “CORREIO
DO PARANÁ”, 7/10/33.
4.
“O CARVÃO NACIONAL E AS BACIAS CARBONÍFERAS DO RIO DO PEIXE DO
IMBITUBA E EMBAÚ”, CONFERÊNCIA DE LYSIMACO REALIZADA NO CLUBE
CURITIBANO.
5.
“A OBRA DE UM PENITENTE” ARTIGO DE FREDERICO FARIA DE OLIVEIRA
“GAZETA DO POVO” – 08/06/1934.
6.
“A HULHA NEGRA”, ARTIGO DE ELIAS KARAM – “GAZETA DO POVO” – 12/06/1934.
7.
“O NOSSO CARVÃO” – FREDERICO DE OLIVEIRA – “GAZETA DO POVO” – 3/07/1934.
8.
“O MOMENTOSO PROBLEMA DO CARVÃO NACIONAL ARTIGO “CORREIO DO
PARANÁ” – 12/05/1934.
9.
“O PLENO ÊXITO DO CARVÃO PARANAENSE”, COMUNICANDO O INTERVENTOR
MANUEL RIBAS CONTRATO CENTRAL DO BRASIL PARA O FORNECIMENTO DE
CARVÃO PARANAENSE.
10.
“CARVÃO DO PARANÁ”, ARTIGO DE LEÔNCIO CORREIA, PUBLICADO NA “GAZETA
DO POVO”, 12/04/1934, COMENTANDO ARTIGO DO “CORREIO DA MANHÔ DO RIO,
SOBRE O CARVÃO PARANAENSE.
202
11.
“PARABÉNS PARANÁ!”, ARTIGO DO “CORREIO DO PARANÁ” DE 04/06/1934,
COMUNICANDO REGISTRO NO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO, DO CONTRATO
PARA O FORNECIMENTO DE CARVÃO À CENTRAL DO BRASIL.
12.
“AINDA O NOSSO CARVÃO” ARTIGO DE FREDERICO FARIA DE OLIVEIRA, “GAZETA
DO POVO”, 21/04/1934.
13.
“O NOSSO CARVÃO” – ARTIGO DE “O DIA” – 1º/08/1934, COMUNICANDO QUE O
PARANÁ INICIARÁ EXPORTAÇÃO DE CARVÃO.
14.
TELEGRAMA DE LYSIMACO A SUA FAMÍLIA COMUNICANDO CONTRATO DE
FORNECIMENTO DE CARVÃO A CENTRAL DO BRASIL.
15.
“O NOSSO CARVÃO”, JORNAL “O DIA”, DE 19/08/1934, COMENTANDO ENTREVISTA
DE LYSIMACO SOBRE O CARVÃO NO PARANÁ.
16.
“O CARVÃO DE PEDRA PARANAENSE”, ENTREVISTA DO DR. ARNALDO IZIDORO
BECHERT, DIRETOR DA FACULDADE DE ENGENHARIA, SOBRE A VISITA QUE FEZ À
MINA DE “PINHALÃO DA GRAMMA”.
17.
“O CARVÃO DE PEDRA NO PARANÁ”, ARTIGO DO JORNAL “A VANGUARDA”, DO
RIO DE JANEIRO.
18.
“O CARVÃO E O FUTURO DO PARANÁ” – ARTIGO DO JORNAL “O DIA” – 1º/06/1934.
19.
“PARA A FRENTE”, ARTIGO DE FREDERICO FARIA DE OLIVEIRA, “GAZETA DO
POVO” – 20/08/1934.
20.
FOTOGRAFIAS DE LYSIMACO E AUXILIARES PERTO DA MINA E FOTOGRAFIA DE
ENTRADAS DA MINA.
21.
TRECHO DE CARTA DE LYSIMACO À SUA FAMÍLIA SOBRE SEU TRABALHO NA
MINA DE CARVÃO.
22.
VISITA DO GENERAL OLIWMPIO MOURÃO ÀS MINAS DE CARVÃO DE PINHALÃO
DA GRAMMA.
23.
PLANTA ESQUEMA DA SITUAÇÃO DOS AFLORAMENTOS DA MINA.
24.
“O PARANÁ JÁ EXPORTA CARVÃO DE PEDRA” ENTREVISTA DE LYSIMACO AO
JORNAL “O DIA” DE 11/08/1934.
25.
“UMA GIGANTESCA INICIATIVA EM MARCHA”, ARTIGO DO JORNAL “CORREIO DO
PARANÁ” DE 04/04/1935, SOBRE O PLANO “SOUZA PITANGA” QUE COM O
TRABALHO DE LYSIMACO, VISAVAM A RESTAURAÇÃO DO LLOYD BRASILEIRO E
A IMPLANTAÇÃO DA SIDERURGIA NACIONAL MEDIANTE EMPRÉSTIMO JAPONÊS.
26.
ARTIGO DO JORNAL “A NOITE” DO RIO DE JANEIRO, DE 27/02/1935. ENTREVISTA DE
LYSIMACO “GRANDIOSA PERSPECTIVA DO CARVÃO NACIONAL EM FACE DO
PLANO DO DR. SOUZA PITANGA PARA A REORGANIZAÇÃO DO LLOYD
BRASILEIRO.
27.
“A REORGANIZAÇÃO DO LLOYD E A CRIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS SIDERÚRGICAS E
DE CONSTRUÇÕES NAVAIS” ENTREVISTA DO DR. SOUZA PITANGA AO JORNAL “O
GLOBO” DO RIO DE JANEIRO, 6/6/35.
28.
“EMPRÉSTIMO DE CEM MILHÕES DE DÓLARES” ENTREVISTA DO GENERAL GÓES
MONTEIRO AO JORNAL “O GLOBO”, AFIRMANDO QUE O PLANO SOUZA PITANGA É
O ÚNICO QUE CONDIZ COM A DEFESA NACIONAL.
29.
“MARINHA E ECONOMIA NACIONAL”, (CORREIO DO PARANÁ 17/03/1935)
ARTIGO PUBLICADO NO CORREIO DA MANHÃ, DO RIO DE JANEIRO, SOBRE
ENTREVISTA PELO DR. RAUL RIBEIRO.
30.
“O PROJETO SOUZA PITANGA NA CÂMARA FEDERAL” (CORREIO DO PARANÁ,
1º/06/1935). O DEPUTADO PLÍNIO TOURINHO DO PARANÁ PEDE INFORMAÇÃO AO
GOVERNO SOBRE A SOLUÇÃO DADA AO CASO.
203
31.
“O CARVÃO DO PARANÁ” GAZETA DE NOTÍCIAS DO RIO DE JANEIRO 09/02/1943
– ARTIGO DE NAPOLEÃO LOPES.
32.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA RECONHECE A LEGÍTIMA PROPRIEDADE DA HULHA
BRASILEIRA LTDA., DA QUAL LYSIMACO ERA O TÉCNICO E QUE HAVIA SIDO
INVADIDA POR AVENTUREIROS SOB O COMANDO DO ENGENHEIRO ANTONIO
TAVARES LEITE. LYSIMACO FEZ DO PRÓPRIO PUNHO A DEFESA JURÍDICA DA
POSSE DA MINA, MAS SÓ TEVE GANHO DE CAUSA DEPOIS DA SUA MORTE.
33.
FOTOGRAFIA DO CORONEL ALFREDO FERREIRA DA COSTA E DO CORONEL RENÉ
PALMA SOARES À FRENTE DA MESMA, QUANDO RETOMARAM A POSSE DA MINA.
34.
CARTA DO CORONEL RENÉ PALMA SOARES AO CORONEL ALFREDO FERREIRA DA
COSTA SOBRE OS ACONTECIMENTOS NA MINA DE CARVÃO.
VITRINE N. 15 – SIDERURGIA
1.
“SIDERURGIA”. EXPOSIÇÃO SOBRE OS TRABALHOS DE LYSIMACO DESDE 1911.
2.
“A EXPORTAÇÃO DE MINÉRIOS E A INDÚSTRIA SIDERÚRGICA” JORNAL “A
PÁTRIA” – RIO DE JANEIRO – 24/07/1938.
3.
“OS GRANDES PROBLEMAS NACIONAIS” – ARTIGO DE LEÔNCIO CORREIA – “O DIA”
– 18/10/1936.
4.
DOIS ARTIGOS DE LYSIMACO. “AS IMPUREZAS DO CARVÃO PARANAENSE” E “A
SIDERURGIA NACIONAL”. PUBLICAÇÃO DO BOLETIM DO INSTITUTO DE
ENGENHARIA DO PARANÁ- -1936.
5.
MAPA DO ESTADO DO PARANÁ COM A LOCALIZAÇÃO FEITA POR LYSIMACO DOS
ESTUDOS DE JAZIDAS PARANAENSES E O TRAÇADO NA ESTRADA JAGUARIAÍVA-
ANTONINA PARA TRANSPORTES DE MINÉRIOS.
6.
“A INSTALAÇÃO DAS INDUSTRIAS DE FERRO E AÇO NO PARANÁ” PUBLICAÇÃO
DO DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO, DESPACHO DO GENERAL JOÃO GOMES, MINISTRO
DE GUERRA.
7.
PROJETO DA ESTRADA DE FERRO JAGUARIAÍVA-ANTONINA PROJETO DE
LYSIMACO.
8.
CARTA DO CHEFE DO ESTADO MAIOR DO EXÉRCITO, GENERAL ARNALDO PAES DE
ANDRADE, DIRIGIDA AO MINISTRO DA AGRICULTURA, RECOMENDANDO O
PLANO DE SIDERURGIA DE LYSIMACO.
9.
“O FERRO NO PARANÁ E OS INCRÉDULOS”. ARTIGO DE LEÔNCIO CORREIA
PUBLICADO NA “GAZETA DE NOTÍCIAS” – RIO DE JANEIRO – 12/11/38.
10.
“O PROBLEMA DA SIDERURGIA NACIONAL, ARTIGO SOBRE CONFERÊNCIA DE
LYSIMACO NO CONSELHO TÉCNICO DE ECONOMIA E FINANÇAS.
11.
“A CRIAÇÃO DA GRANDE SIDERURGIA NACIONAL” “DIÁRIO DA NOITE” 9/06/38,
SOBRE A PARTE DA CONFERÊNCIA DE LYSIMACO NO CONSELHO TÉCNICO DE
ECONOMIA E FINANÇAS”.
12.
“A SIDERURGIA NO PARANÁ” GAZETA DO POVO 23/08/1939 ARTIGO DE
CARLOS LUIZ LUCK.
13.
“VAMOS TER A SIDERURGIA NO PARANÁ” ARTIGO DO “DIÁRIO DA TARDE”
17/07/1938.
14.
“INDÚSTRIA SIDERÚRGICA NO PARANÁ” “O DIA” 25/12/1937, SOBRE
CONFERÊNCIA DE LYSIMACO NO CLUBE CURITIBANO A CONVITE DO “CENTRO DE
OFICIAIS DA GUARNIÇÃO”.
15.
“A PROPOSTA DE FERRO” ARTIGO DE “O DIA” 1946, CITANDO O TRABALHO DE
LYSIMACO.
204
16.
CONGRATULAÇÕES DO CENTRO PARANAENSE” DO RIO DE JANEIRO SOBRE
BRILHANTE CONFERÊNCIA REALIZADA POR LYSIMACO 12/09/1936.
17.
“EM DISCUSSÃO O PROBLEMA DA SIDERURGIA NACIONAL”, ARTIGO DE “A
PÁTRIA” DO RIO DE JANEIRO DE 26/06/1938 SOBRE CONFERÊNCIA DE LYSIMACO
REALIZADA NO CENTRO PARANAENSE DO RIO.
18.
RETRATO DE LYSIMACO PROFERINDO CONFERENCIA NO “CENTRO PARANAENSE”
DO RIO DE JANEIRO.
19.
“O PROBLEMA DA SIDERURGIA” SEGUNDO UM GRANDE TÉCNICO PARANAENSE
JORNAL “DIÁRIO DA TARDE” DE 09/01/1940, COMENTANDO O TRABALHO DE
LYSIMACO.
20.
CONVITE DA DIRETORIA DO “INSTITUTO CIENTÍFICO DE ESTUDOS CORPORATIVOS
DE SÃO PAULO” PARA A CONFERÊNCIA DE LYSIMACO SOBRE “O PROBLEMA DA
SIDERURGIA NACIONAL”.
21.
ARTIGO DO “O ESTADO DE SÃO PAULO” COMENTANDO A CONFERENCIA DE
LYSIMACO NO “INSTITUTO CIENTÍFICO DE ESTUDOS CORPORATIVOS”.
22.
“A PEQUENA SIDERURGIA NO BRASILARTIGO DO JORNAL” A NOITE” DO RIO DE
JANEIRO, DE 04/08/1940, COMENTANDO O TRABALHO DE LYSIMACO.
23.
“CONSELHO TÉCNICO DE ECONOMIA E FINANÇAS”, JORNAL “CORREIO DA
MANHÔ DO RIO DE JANEIRO COMENTÁRIO SOBRE A EXPOSIÇÃO DE LYSIMACO
DO SEU PLANO DE SIDERURGIA.
24.
ARTIGO DO “JORNAL DO BRASIL 10/06/1938, COMENTANDO REUNIÃO DO
CONSELHO TÉCNICO DE ECONOMIA E FINANÇAS.
25.
PUBLICAÇÃO DE “O DIA” DE 10/06/1938, TRANSCREVENDO NOTÍCIA DO RIO DA
REUNIÃO DO CONSELHO TÉCNICO DE ECONOMIA E FINANÇAS .
26.
“A SIDERURGIA PAULISTA” ARTIGO DE “A GAZETA” DE O PAULO, DE
24/04/1940 SOBRE TRABALHOS DE LYSIMACO.
27.
“O PROBLEMA SIDERÚRGICO E A PALAVRA DE UM GRANDE TÉCNICO”, JORNAL
“GAZETA DO POVO”, 05/08/1938, TRANSCREVENDO CONFERÊNCIA PROFERIDA POR
LYSIMACO NA SEDE DA SOCIEDADE DOS AMIGOS DE ALBERTO TORRES RIO DE
JANEIRO.
28.
ARTIGO DO JORNAL “DIÁRIO DA TARDE, DE 10/06/1938, COMENTANDO
CONFERÊNCIA DE LYSIMACO NO CONSELHO TÉCNICO DE ECONOMIA E FINANÇAS
– RIO.
29.
ARTIGO DO JORNAL “GAZETA DO POVO”, DE 30/06/1938, COMENTANDO
CONFERENCIA PROFERIDA POR LYSIMACO NO “CENTRO PARANAENSE DO RIO DE
JANEIRO”.
30.
ARTIGO DA “GAZETA DE NOTÍCIAS”, DO RIO DE JANEIRO DE 24/07/1938, “PARANÁ E
SANTA CATARINA EM FACE DA SIDERURGIA”, COMENTANDO CONCEITOS DE
LYSIMACO.
31.
ARTIGO DO “JORNAL DO COMERCIO”, RIO DE JANEIRO 14/10/1940
COMENTANDO CONFERÊNCIA DE LYSIMACO NO INSTITUTO DE CIÊNCIA
POLÍTICA”.
32.
BOLETIM DO INSTITUTO DE ENGENHARIA DO PARANÁ TRANSCRIÇÃO DA
CONFERÊNCIA DE LYSIMACO NO “INSTITUTO NACIONAL DE CIÊNCIA POLÍTICA”,
REALIZADA NO RIO DE JANEIRO – 29/03/1941.
33.
“LYSIMACO É CONVIDADO PARA FAZER CONFERÊNCIA NA SOCIEDADE AMIGOS
DE ALBERTO TORRES”- NOTÍCIA DE “O GLOBO” DO RIO DE JANEIRO DE 05/07/1938.
34.
“A EXISTÊNCIA DE JAZIDAS DE FERRO NO PARANÁ” “O GLOBO”, 05/07/1938,
PUBLICANDO TELEGRAMA DO INSTITUTO DE ENGENHARIA DO PARANÁ.
205
VITRINE N. 16 OBJETOS DE LABORATÓRIO – MINERAIS
1.
ALGUNS OBJETOS USADOS POR LYSIMACO PARA PESQUISAS NO SEU
LABORATÓRIO QUE ERA LOCALIZADO NESTE MESMO LUGAR ONDE HOJE SE
ENCONTRA O “MEMORIAL”.
2.
MINERAIS QUE PERTENCERAM À COLEÇÃO DO MESMO LABORATÓRIO.
3.
COLEÇÃO DE MINERAIS CLASSIFICADOS POR LYSIMACO NO ANO DE 1936 PARA A
SUA NETINHA MARIA ESTHER DA COSTA FIGUEIREDO, SALIENTANDO-SE O
NOTICIÁRIO E AS CINZAS DO VULCÃO “DESCABEZADO” DA REPÚBLICA
ARGENTINA, QUE ENTROU EM ERUPÇÃO EM 1932.
4.
BÚSSOLA E LUPA DE USO DE LYSIMACO EM SUAS PESQUISAS MINERAIS.
VITRINE N. 17 – HOMENAGENS; HOMENAGENS PÓSTUMAS.
1.
HOMENAGEM DO TIRO DE GUERRA DA REGIÃO MILITAR 10/10/1926,
COMUNICANDO QUE O BATALHÃO DE ESCOTEIROS FOI DENOMINADO
“BATALHÃO LYSIMACO COSTA”.
2.
“PARANAENSE ILUSTRE” ARTIGO DE PHAMPHILO D’ASSUNÇÃO SOBRE
LYSIMACO – “DIÁRIO DA TARDE” – 31/08/1927.
3.
“DR. LYSIMACO FERREIRA DA COSTA” – “GAZETA DO POVO” – 23/11/1927.
4.
“INSPETORIA REGIONAL DE RENDAS DO ESTADO DO PARANÁ” PONTA GROSSA
OFÍCIO 10/04/1929 – COMUNICANDO INAUGURAÇÃO DO RETRATO DE LYSIMACO
NA REPARTIÇÃO.
5.
TELEGRAMA DO MESMO ÓRGÃO ACIMA EM RESPOSTA À CARTA DE LYSIMACO
PROIBINDO A INAUGURAÇÃO DO RETRATO.
6.
TÍTULO DE NOMEAÇÃO PARA A DIRETORIA DA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL DO
PARANÁ – 19/06/1941.
7.
ÚLTIMO RETRATO TIRADO POUCOS DIAS ANTES DO SEU FALECIMENTO COM
SUAS FILHAS MARIA JOSÉ E MARIA JOSEFINA.
8.
ÀS 23 HORAS DO DIA 23/07/1941, LYSIMACO FALECIA. “ENLUTADA A CULTURA
NACIONAL” - “GAZETA DO POVO” – 24/07/1941.
9.
“JUSTAS E SENTIDAS HOMENAGENS A UM ILUSTRE MORTO”, DECRETO DO
INTERVENTOR FEDERAL SUSPENDENDO O EXPEDIENTE NAS REPARTIÇÕES
PÚBLICAS. PORTARIA DO SR. SECRETÁRIO DA FAZENDO SUSPENDENDO O
EXPEDIENTE. SUSPENSAS AS AULAS NA FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS E
CANCELADA REUNIÃO NO CÍRCULO DE ESTUDOS BANDEIRANTES.
10.
“O BRASIL ESTÁ DE LUTO”, ARTIGO DE DIRDEU LACERDA, “GAZETA DO POVO”-
31/07/41.
11.
“FALECEU UM CIENTISTA PARANAENSE” “A VANGUARDA” RIO 26/07/41 “A
UNIÃO” RIO 27/07/41, E NOTÍCIA DE MISSA MANDADA REZAR PELOS AMIGOS DA
IGREJA SANTA CRUZ DOS MILITARES – RIO DE JANEIRO.
12.
NOTICIÁRIO DE IRATI- PARANÁ.
13.
NOTICIÁRIO DE CAMPO LARGO – PARANÁ.
14.
DIÁRIO DA NOITE – RIO DE JANEIRO.
15.
“CAUSOU CONSTERNAÇÃO EM PONTA GROSSA” DIÁRIO DOS CAMPOS
25/07/1941.
16.
“IN MEMORIUM” – VERSO DE ÂNGELO ANTONIO DALEGRAVE – 23/07/1941.
206
17.
TELEGRAMA DE PESAR DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA GETÚLIO VARGAS.
18.
TELEGRAMA DE PESAR DO MINISTRO DA FAZENDA SOUZA COSTA.
VITRINE N. 18 – HOMENAGENS PÓSTUMAS.
1.
OFÍCIO DA ASSOCIAÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS DO PARANÁ
COMUNICANDO À VIÚVA DE LYSIMACO HOMENAGEM QUE SERÁ PRESTADA A
SUA MEMÓRIA COM UMA PLACA E O RETRATO DE LYSIMACO NA BIBLIOTECA DA
SEDE.
2.
PORTARIA N. 05 DA ASSOCIAÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS DO PARANÁ,
RESOLVENDO DENOMINAR LYSIMACO FERREIRA DA COSTA A SUA BIBLIOTECA.
3.
NOTICIÁRIO DA SESSÃO NA ASSOCIAÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS DO
PARANÁ – 23/12/1941.
4.
OFÍCIO DO EXMO. DIRETOR DA FACULDADE DE ENGENHARIA DO PARANÁ À
VIÚVA DE LYSIMACO, COMUNICANDO QUE A CONGREGAÇÃO DA FACULDADE
PRESTOU SIGNIFICATIVA HOMENAGEM À SUA MEMÓRIA.
5.
ORAÇÃO PROFERIDA PELO PROFESSOR PLÍNIO TOURINHO NA SOLENIDADE
ACIMA.
6.
NOTICIÁRIO DE “O DIA”, 24/07/1941 SOBRE A SOLENIDADE.
7.
A CIDADE DE LONDRINA COMUNICA A CRIAÇÃO DE UMA UNIVERSIDADE
LYSIMACO COSTA.
8.
JORNAL DO GINÁSIO PARANAENSE EXTERNATO” DE 23/08/1941, TODA A EDIÇÃO
SOBRE A PERSONALIDADE DE LYSIMACO.
9.
“GAZETA INFANTIL DO GRUPO ESCOLAR PROF. BRANDÃO, DA CAPITAL,
07/07/1941, HOMENAGEANDO LYSIMACO.
10.
IDEM AO JORNAL “19 DE DEZEMBRO”, DO GRUPO ESCOLAR 19 DE DEZEMBRO
07/09/1941.
11.
TURMA “LYSIMACO FERREIRA DA COSTA”, PATRONO DOS ENGENHEIROS DE 1945.
12.
GRUPO ESCOLAR D. PEDRO II, DA CAPITAL, 15/11/1941, PRESTA HOMENAGEM A
LYSIMACO.
13.
“PROFESSOR”, ARTIGO DA GAZETA DO POVO” DE 25/07/1941 HOMENAGEM DO
LYSIMACO COMO PROFESSOR.
14.
“A VOZ INFANTIL” DO GRUPO ESCOLAR PROFESSOR CLETO. IDEM. 07/09/1941.
15.
TELEGRAMA DO EX-PRESIDENTE CAETANO MUNHOZ DA ROCHA, COMUNICANDO
TER MANDADO CELEBRAR EM PARANAGUÁ, MISSA PELA ALMA DE LYSIMACO,
23/07/42.
16.
DISCURSO DO PROF. RAUL GOMES EM NOME DO CENTRO DE LETRAS DO PARANÁ
– HOMENAGEM PRESTADA NO CEMITÉRIO MUNICIPAL.
17.
“A VOZ DA ESCOLA”, HOMENAGEM DA ESCOLA NORMAL SECUNDÁRIA À
MEMÓRIA DE LYSIMACO NOS 20 ANOS DA SUA INSTALAÇÃO DISCURSO DO
PROFESSOR OSVALDO PILOTTO.
18.
PROFESSORES DA ESCOLA NORMAL VÃO À CASA DE LYSIMACO OFERECER BAIXO
RELEVO À SUA FAMÍLIA. ESCULTURA DO PROFESSOR OSVALDO LOPES
(RETRATO).
19.
ESCULTURA EM BAIXO RELEVO OFERTADA A FAMÍLIA DE LYSIMACO.
20.
COMUNICAÇÃO DA PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO AZUL PARANÁ,
COMUNICANDO TER SIDO CRIADA A ESCOLA MUNICIPAL LYSIMACO FERREIRA
207
DA COSTA – 22/04/1942.
21.
OFÍCIO DA DIRETORIA GERAL DA EDUCAÇÃO DE LONDRINA COMUNICANDO QUE
O GRUPO ESCOLAR OSVALDO ARANHA DAQUELA LOCALIDADE PRETA
HOMENAGEM A LYSIMACO, ELEVANDO-O PATRONO DO CENTRO DE
PROFESSORES DO ESTABELECIMENTO” – 22/04/1942.
22.
OFÍCIO DO EXMO. SR. DIRETOR DA REDE DE VIAÇÃO PARANÁ-SANTA CATARINA,
CORONEL JOSÉ MACHADO LOPES, COMUNICANDO QUE SE DENOMINADA
LYSIMACO COSTA A NOVA ESTAÇÃO A SER INAUGURADA NO KM 117 DA LINHA
BARRA BONITA-RIO DO PEIXE – 11/09/1948.
23.
OFÍCIO DO SR. PRESIDENTE DO INSTITUTO DE ENGENHARIA DO PARANÁ,
CONGRATULANDO-SE COMO DIRETOR DA REDE DE VIAÇÃO PARANÁ-SANTA
CATARINA, CORONEL JOSÉ MACHADO LOPES, PELA HOMENAGEM A LYSIMACO.
24.
NOTICIÁRIO DA GAZETA DO POVO” DE 15/09/1948, LOUVANDO A ATITUDE DA
REDE DE VIAÇÃO PARANÁ-SANTA CATARINA.
25.
“SUGESTÃO ALTAMENTE SIMPÁTICA”, ARTIGO DA “GAZETA DO POVO”
LOUVANDO A MUDANÇA DO NOME DA ESTAÇÃO DE BARBOSAS PARA LYSIMACO
FERREIRA DA COSTA, “JUSTA HOMENAGEM À MEMÓRIA DO PROFESSOR
LYSIMACO”.
26.
ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA HOMENAGEM À MEMÓRIA DE LYSIMACO COSTA
“O DIA” – 02/12/1941.
27.
UMA OBRA SOBRE LYSIMACO FERREIRA DA COSTA – NOTICIÁRIO DE “O DIA”
SOBRE A PUBLICAÇÃO DO LIVRO DE HERBERT VAN ERVEN.
28.
“AS PRIMEIRAS IMPRESSÕES DE UM LIVRO” COMENTÁRIO DO CORONEL
AMILCAR SALGADO DOS SANTOS SOBRE O LIVRO DE HERBERT VAN ERVEN.
29.
NOTICIÁRIO DA “GAZETA DO POVO” 01/12/44, SOBRE O LIVRO DE HERBERT VAN
ERVEN.
30.
ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA E VETERINÁRIA DO PARANÁ CONVIDANDO
A FAMÍLIA DE LYSIMACO PARA HOMENAGENS À SUA MEMÓRIA SENDO ORADOR
O PROFESSOR OSWALDO PILOTTO.
31.
“O CENTRO PARANAENSE INAUGURA RETRATO DE LYSIMACO FERREIRA DA
COSTA” – “O GLOBO” – RIO DE JANEIRO – 1948.
VITRINE N. 19 - FILHOS
FOTOGRAFIAS DIVERSAS DOS FILHOS DE LYSIMACO FERREIRA DA COSTA.
PAINÉL N. 05 – CONGRESSOS DE ENSINO SUPERIOR
1.
OFÍCIO DO DIRETOR DA FACULDADE DE ENGENHARIA DO PARANÁ PROFESSOR
PLÍNIO TOURINHO, AGRADECENDO “O RARO BRILHANTISMO” COM QUE
LYSIMACO REPRESENTOU A FACULDADE NO CONGRESSO DE ENSINO SUPERIOR
REALIZADO EM AGOSTO DE 1927, NA CAPITAL FEDERAL.
2.
CARTA DA SOCIEDADE RURAL BRASILEIRA COM SEDE EM SÃO PAULO DE
08/05/1929, SOLICITANDO VALIOSA CONTRIBUIÇÃO DE LYSIMACO PARA A
REVISTA DE AGRICULTURA A PECUÁRIA.
3.
OFÍCIO DO DIRETOR DA FACULDADE DE ENGENHARIA DO PARANÁ, DELEGANDO
LYSIMACO PARA TOMAR PARTE, EM NOME DA FACULDADE, DA ASSEMBLÉIA
INAUGURAL DO INSTITUTO PAN AMERICANO DE GEOGRAFIA E HISTÓRIA A
26/12/1932, NO RIO DE JANEIRO.
4.
ARTIGO DO “CORREIO DO PARANÁ” DE 15/12/32 SOBRE A ESCOLHA DE LYSIMACO
PARA REPRESENTAR A FACULDADE DE ENGENHARIA NO CONGRESSO PAN
208
PARA REPRESENTAR A FACULDADE DE ENGENHARIA NO CONGRESSO PAN
AMERICANO DE GEOGRAFIA E HISTÓRIA.
5.
OFÍCIO DO DIRETOR DA FACULDADE DE ENGENHARIA DO PARANÁ PROFESSOR
ARNALDO ISIDORO BECKERT, AGRADECENDO DOCUMENTOS REFERENTES AO
CONGRESSO PAN AMERICANO DE GEOGRAFIA E HISTÓRIA E LOUVANDO A
ATUAÇÃO DE LYSIMACO (20 DE ABRIL DE 1933).
6.
“SOCIEDADE DOS AMIGOS DAS ÁRVORES”, RIO DE JANEIRO, 25/02/1933, CONVITE A
LYSIMACO PARA PARTICIPAR DA PRIMEIRA CONFERÊNCIA BRASILEIRA DE
PROTEÇÃO À NATUREZA E SOLICITANDO O INDISPENSÁVEL CONCURSO DOS
ENSINAMENTOS DE LYSIMACO PARA MAIOR BRILHO E PATRIOTISMO DA MESMA.
7.
“TERCEIRO CONGRESSO SUL-AMERICANO DE QUÍMICA”, CONVITE PARA
LYSIMACO PARTICIPAR DA REUNIÃO PREPARATÓRIA DO CONGRESSO A
08/07/1927, NO RIO DE JANEIRO.
8.
OFÍCIO DO PRESIDENTE DO INSTITUTO DE ENGENHARIA DO PARANÁ, PLÍNIO
TOURINHO, COMUNICANDO AO SR. PRESIDENTE DO CONSELHO FEDERAL DE
ENGENHARIA E ARQUITETURA RIO DE JANEIRO, 08/03/1939, DESIGNANDO
LYSIMACO PARA DELEGADO ELEITOR DO INSTITUTO DE ENGENHARIA DO
PARANÁ NAS PRÓXIMAS ELEIÇÕES DO CONSELHO.
PAINÉL N. 06 – CONVÊNIO DO CAFÉ
1.
ARTIGO DO “DIÁRIO DA TARDE”, 1º/09/1927, SOBRE A ABERTURA DO CONVÊNIO
DOS ESTADOS PRODUTORES DE CAFÉ, LYSIMACO REPRESENTANDO O PARANÁ.
2.
ARTIGO DA “FOLHA DA NOITE” DE SÃO PAULO, 3/09/1927, LYSIMACO ESCOLHIDO
PARA FALAR EM NOME DOS ESTADOS CAFEEIROS, NO ALMOÇO OFERECIDO NO
HOTEL TERMINUS PELO GOVERNO DE O PAULO. (FOTOGRAFIA DOS
CONGRESSISTAS E FOTOGRAFIA DE LYSIMACO DISCURSANDO.
3.
ARTIGO DO JORNAL “DIÁRIO NACIONAL DE SÃO PAULO, DE 02/09/1927, “OS
ESTADOS CAFEEIROS DO BRASIL ASSINARAM O COMPROMISSO DE DEFENDER O
CAFÉ”. LYSIMACO REPRESENTANDO O PARANÁ.
4.
“O SR. LYSIMACO COSTA É RECEBIDO EM AUDIÊNCIA ESPECIAL PELO SR. JULIO
PRESTES, PRESIDENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO”.NOTÍCIA DE SÃO PAULO
TRANSCRITA PELO “DIÁRIO DA TARDE” DE 12/09/1927.
5.
“O PROGRESSO DO PARANÁ ATRAVÉS DE UMA ENTREVISTA DO DR. LYSIMACO
COSTA”. O “CORREIO PAULISTANO” OUVE O NOSSO EMBAIXADOR NA EXPOSIÇÃO
DO CAFÉ”. “GAZETA DO POVO” , 08/11/1927.
6.
“DIA DO PARANÁ”, ARTIGO “DIÁRIO DA TARDE”, 07/11/27.
7.
“LÁ FORA SE FAZ JUSTIÇA QUE AQUI MUITO ESPÍRITO DERROTISTA NEGA AOS
NOSSOS HOMENS PÚBLICOS”, ARTIGO DO “DIÁRIO DA TARDE” – 11/11/1927.
8.
“VALORES NOSSOS”. O SR. LYSIMACO DA COSTA TÃO RUDEMENTE TRATADO
PELOS NOSSOS JORNAES AMARELLOS É CONSIDERADO COMO UM “PALADINO DA
BRASILIDADE, ENCARNADOR VIVO DO BRASIL DENTRO E FORA DO PAIZ”
“DIÁRIO DA TARDE” – 11/11/1927.
9.
“O PARANÁ EM SÃO PAULO”, ARTIGO DA “GAZETA DO POVO”, 5/11/1927
“CONFERENCIAS PARANISTAS DO DR. LYSIMACO COSTA” E UM CHÁ DE NOSSA
“ILEX” OFERECIDO PELA REPRESENTAÇÃO DA NOSSA TERRA”.
209
PAINÉL N. 07 – A REVOLUÇÃO DE 1930
1.
CARTA DE LYSIMACO A SEUS FILHOS QUANDO FOI PRESO PELOS
REVOLUCIONÁRIOS.
2.
“A LEGIÃO PARANAENSE E O SR. LYSIMACO DA COSTA” RESPOSTA AOS MEUS
CONCIDADÃOS – “GAZETA DO POVO” - 1º/07/1932.
3.
“O SR. AMORETY OZÓRIO E A SUA CARTA”. ARTIGO DE LYSIMACO REFUTANDO
ACUSAÇÕES DO SR. AMORETY OZÓRIO – “GAZETA DO POVO” – 03/07/1932.
4.
“COMO VIVEM HOJE NO PARANÁ OS POLÍTICOS DA REPÚBLICA VELHA”. ARTIGO
DE “A TARDE”, 02/07/1931.
5.
“HISTÓRIA LOCAL”. ARTIGO DE NARCIZO VICENTE DE CASTRO SOBRE ATITUDES
DE LYSIMACO NA REVOLUÇÃO.
PAINÉL N. 8 – HOMENAGENS PÓSTUMAS
1.
“UM GRANDE EDUCADOR” – ARTIGO DO PROFESSOR VENÂNCIO FILHO DE SÃO
PAULO – REVISTA LEITURA MAIO DE 1945.
2.
FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS - CONVITE - LYSIMACO É O PATRONO
DOS FORMANDOS – DEZEMBRO DE 1945.
3.
OFÍCIO DO AERO CLUB DO PARANÁ 10/09/1945 COMUNICANDO HOMENAGEM A
LYSIMACO CONVIDANDO PARA O BATISMO DO AVIÃO QUE TERÁ SEU NOME.
4.
FOTOGRAFIA DO AVIÃO E DA FILHA DE LYSIMACO, MARIA JOSEFINA,
PROCEDENDO O BATISMO.
5.
“LYSIMACO”, ARTIGO DE LEÔNCIO CORREIA – “DIÁRIO DA TARDE”, 07/05/1945.
6.
CARTA DO SR. DIRETOR GERAL DA EDUCAÇÃO, HOMERO DE BARROS,
COMUNICANDO A INAUGURAÇÃO DO RETRATO DE LYSIMACO NA SEDE DA
DIRETORIA.
7.
INAUGURAÇÃO DO GRUPO ESCOLAR LYSIMACO FERREIRA DA COSTA EM
CURITIBA COM A SUA VIÚVA DESATANDO A FITA – 05/12/1946.
8.
ASSOCIAÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS DO PARANÁ – “CHAPA LYSIMACO
COSTA” – 02/10/1949.
9.
“OS TRONCOS DOS PINHEIRAIS” HOMENAGEM DA RÁDIO GUAIRACÁ A
LYSIMACO.
10.
OFÍCIO DO SR. PREFEITO DE IBERÊ DE MATOS COMUNICANDO INSTITUIÇÃO PELA
PREFEITURA DO PRÊMIO LYSIMACO FERREIRA DA COSTA PARA ALUNOS
SELECIONADOS PELO DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CULTURA E TURISMO, DA
PREFEITURA.
PAINÉL N. 9 – HOMENAGENS PÓSTUMAS
1.
INAUGURADO NA ESCOLA AGRÍCOLA DE RIO NEGRO O RETRATO DO PROFESSOR
LYSIMACO FERREIRA DA COSTA – 11/05/1959.
2.
OFÍCIO DO SR. PRESIDENTE DO CREA DA 7º REGIÃO JOAQUIM QUEIRÓS CUNHA,
COMUNICANDO A INSCRIÇÃO DO NOME DE LYSIMACO NO LIVRO DO MÉRITO DA
ENGENHARIA NACIONAL, CONFERIDO PELO CONSELHO FEDERAL DE
ENGENHARIA E ARQUITETURA – 24/11/1959.
3.
OFÍCIO DO PROFESSOR RENÉE REIS COMUNICANDO A CRIAÇÃO DA “ESCOLA
TÉCNICA DO COMÉRCIO ESTADUAL LYSIMACO FERREIRA DA COSTA”, 07/12/1960.
210
4.
O CENTRO PARANAENSE DO RIO DE JANEIRO CONVIDA PARA HOMENAGEM A
LYSIMACO NO DIA 19/12/1962.
5.
“LYSIMACO DA COSTA”, LIVRO DE NELSON SALDANHA D’OLIVEIRA ARTIGO DO
“CORREIO DO PARANÁ” – 21/04/1963.
6.
CLUBE SOROPTIMISTA DE CURITIBA COMUNICANDO PRÊMIO ESTÍMULO
“LYSIMACO FERREIRA DA COSTA”.
7.
NOTICIÁRIO DO PRÊMIO ESTÍMULO – “CORREIO DO PARANÁ” – 28/11/63.
8.
LEI N. 2987 DA CÂMARA MUNICIPAL AUTORIZANDO O EXECUTIVO A ERIGIR EM
UMA DAS PRAÇAS DA CAPITAL, O BUSTO DE LYSIMACO FERREIRA DA COSTA. O
EXMO. PREFEITO OMAR SABBAG APROVA E ABRE CRÉDITO. 04/05/1967.
9.
A DIRETORIA DO COMÉRCIO DO ESTADO DO PARANÁ CONVIDA PARA O
LANÇAMENTO DO “CARIMBO POSTAL” COMEMORATIVO AO CENTENÁRIO DO
NASCIMENTO DE LYSIMACO. DESENHO DO CARIMBO PELO GRANDE ARTISTA
PARANAENSE THEODORO DE BONA.
10.
INAUGURAÇÃO DO BUSTO DE LYSIMACO NA PRAÇA SANTOS ANDRADE PELO
ENTÃO SENHOR PREFEITO MUNICIPAL MAURICIO FRUET.
11.
O EXMO. DEPUTADO RAFAEL GRECA DE MACEDO, PEDE SEJA INSERIDO NOS
ANAIS DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA, VOTO DE CONGRATULAÇÕES À AUTORA
DO LIVRO “LYSIMACO FERREIRA DA COSTA – A DIMENSÃO DE UM HOMEM” – 1975.
12.
INAUGURAÇÃO DO CIAC LYSIMACO FERREIRA DA COSTA”, EM COLOMBO,
PARANÁ, PELO GOVERNO FEDERAL – 1991.
211
Pastas do Memorial Lysimaco Ferreira da Costa
Nº da
pasta
Nome
001 Letra A
Affonso Alves de Camargo
Agostinha de Souza
Alba Playsant
Alfredo Andersen
Agradecimentos
Antenos Nascentes
Antonio Bacila (Federação do Mate)
Antonio Marcondes
Archias Pereira
Assistência Social
Audiências (Presidente da República)
Azevedo Pio
002 Academia de Letras
003 Academia dos Esquecidos
004 Açúcar – Morretes
005 Alcacyr Lecatina de Moraes (riscado e anotado: sem efeito)
006 Asfalto – Arenito asfástico
007 Associação Brasileira de Educação
008 Associação Cívica “Sete de Setembro”
009 Associação Comercial – 1911 a 1923
010 Associação Comercial – sem data
011 Associação Comercial – Caso David Carneiro
012 Associação Paranaense de Educação
013 Assuntos Gerais – 1900 a 1919 e s/ data
014 Assuntos Gerais – 1920 a 1929
015 Assuntos Gerais – 1930 em diante
016 Assuntos Gerais –Jornais históricos
017 Assuntos Gerais -Publicações
018 Assuntos Gerais -Mapas
019 Letra B
Benedicto Nascimento
Biblioteca Pública do Paraná
020 Banco do Estado do Paraná
021 Barbosa de Oliveira
022 Bases Educativas
023 Brasil Coffee Warehcusing Company
024 Letra C
Caetano Munhoz da Rocha
Carlos Cavaco
Carlos Walz de Figueiredo
Carneiro Leão
Casa – Caiobá
Casa – Praça
Coelho da Silva
Colégio Cristo Rei
Colégio Partenon
Coluna Leste
Contas
Convites
Creso Braga
Cultura Germânica
Custódio Raposo Neto
212
025 Café – 2º Centenário do Café – “Dia do Paraná” – 1927
026 Café – 1928/1929
027 Café – 1930 a 1939
028 Café – incompletos e sem data
029 Café – Publicações (no Armário Grande – fichas de Plásticos
030 Caixa de Amortização
031 Caixa Econômica Federal – 1941
032 Carvão – diversas datas entre 1918 a 1932
033 Carvão – 1933
034 Carvão –1934
035 Carvão –1935/1936
036 Carvão –1937/1939
037 Carvão –1940 a 1980
038 Carvão – sem data e incompletos
039 Caso História Universal – Cyro Moraes de Castro Vellozo
040 Castelhados
041 Centenário da Independência
042 Centenário da Organização do Ensino Primário no Brasil - 1927
043 Centro de Letras do Paraná
044 Chumbo – Prata – Galena
045 Cobre
046 Comissão de Sindicância
047 Concurso Ginásio – Dr. Lysimaco – 1906
048 Congresso Brasileiro de Ensino Secundário e Superior - 1922
049 Congresso de Ensino Primário e Normal – 1926
050 Congresso de Ensino Primário e Normal – 1926 – teses e pareceres
051 Congresso Ensino Superior - 1927
052 Congressos (diversos)
053 Cuchet – invento
054 Cumprimentos diversos
055 Diário Oficial – Estado do Paraná – 1928 a 1930 (coleção encadernada – armário Grande)
056 Letra D
Didino Agapito da Veiga
“Divina Providência” – Colégio
Dom Alberto Gonçalves
Dom Antônio Mazzarotto
Dom João Braga
Dom José de Camargo Barros
Dom Taddei
Dupuy de Lome Moreno
057 Dario Persiano de Castro Velloso (sic)
058 Diplomas – Dr. Lysimaco
059 Disponibilidade
060 Letra E
Ernesto Lamberg
Ethelburga Syndikat
Evaristo da Veiga
061 Educação - 1926/1927
062 Educação - 1928 em diante e sem data
063 Educação – trabalhos do Dr. Lysimaco.
064 Educação Moral e Cívica
065 Escola Agronômica – 1911 – 1917 a 1919
066 Escola Agronômica – 1920
067 Escola Agronômica – 1921 a 1924
068 Escola Agronômica – 1925 a 1930
069 Escola Agronômica – 1931 a 1934
070 Escola Agronômica – 1935/1940 e até 1974
071 Escola Agronômica – sem data – data ilegível – incompletos
213
072 Escola Agronômica – Contas – notas – recibos – 1918 a 1835 (sic)
073 Escola Agronômica - Fotografias
074 Escola Agronômica – Livros – Ponto 1918/1926
Pagamentos – 1918 – 1920
Atas – 1922/1927
075 Escola de Engenharia – 1915 a 1926
076 Escola de Engenharia – 1927 a 1933
077 Escola de Engenharia – 1934 a 1979
078 Escola de Engenharia – Relatório Especial – 1924/1925
079 Escola de Engenharia – Relatório Especial – 1926/1927
080 Escola de Engenharia –Documentos s/ data e incompletos
081 Escola de Química
082 Escola Normal –1920-1924
083 Escola Normal – 1925/1926 1928/1929 1931- 1942 – 1948 – s/ data e incompletos
084 Escola Normal – 1907 – 1927 – 1977.
085 Escola Normal – Instituto de Educação – diversas datas
086 Escola Normal – fotografias da Instrução Pública
087 Escola Normal de Paranaguá.
088 Escola Normal de Ponta Grossa.
089 Escola Normal “Lysimaco Ferreira da Costa”
090 Escola Paraná – Rio de Janeiro
091 Escolas - Complementar de Guarapuava
- de Menores
- Profissional Feminina
092 Estado do Paraná – Publicações: Relatórios, mensagens, leis, anuários estatísticos (no
armário grande)
093 Letra F
Ferdinando Borba
Fernando de Azevedo
094 Felicitações – Inspetoria Geral do Ensino – 1925
095 Felicitações – Diversas datas
096 Ferro – Siderurgia – 1923/1924 – 1929/1930 – 1932
097 Ferro – Siderurgia – 1933/1934
098 Ferro – Siderurgia – 1935
099 Ferro – Siderurgia – 1936
100 Ferro – Siderurgia – 1937
101 Ferro – Siderurgia – 1938 – 1º semestre
102 Ferro – Siderurgia – 1938 – 2º semestre
103 Ferro – Siderurgia – opções de compra – 1934 a 1938
104 Ferro – Siderurgia – 1939
105 Ferro – Siderurgia – 1940
106 Ferro – Siderurgia – 1941
107 Ferro – Siderurgia – s/ data
108 Ferro – Siderurgia – 1945 – 1948 – 1954 – 1977
109 Ferro – Siderurgia – Pastas avulsas de nrs. 1 a 4 – diversas datas
Fornos “Anderson”
110 Finanças
111 Francisco de Azevedo Macedo (dr.)
112 Letra G
Geraldo Rocha
Gomy Júnior
113 Geofísica
114 Ginásio Paranaense – 1914/1920
115 Ginásio Paranaense – 1921/1922
116 Ginásio Paranaense – 1923/1924
117 Ginásio Paranaense – 1925
118 Ginásio Paranaense – 1926
119 Ginásio Paranaense – 1927 a 1929
214
120 Ginásio Paranaense – 1930 a 1933 – 1940 – 1980.
121 Ginásio Paranaense – s/ data e incompletos.
122 Guido Straube
123 Letra H
Heitor Valente
Henrique da Silva Fontes
História Natural
124 Heitor Lyra da Silva
125 Homenagens diversas (pessoal prateleira 07)
126 Homenagens pêsames (pessoal prateleira 07)
127 Homenagens póstumas (pessoal prateleira 07)
128 Letra I
Ivo Felisberto da Silva
129 Inspetoria Geral do Ensino – 1911- 1919 a 1924
130 Inspetoria Geral do Ensino – 1925 – janeiro a agosto.
131 Inspetoria Geral do Ensino – 1925 – setembro a dezembro
132 Inspetoria Geral do Ensino – 1926 – janeiro a abril
133 Inspetoria Geral do Ensino –1926 – maio a dezembro.
134 Inspetoria Geral do Ensino –1927
135 Inspetoria Geral do Ensino –1928 a 1933 e 1973
136 Inspetoria Geral do Ensino – sem data e incompletos
137 Inspetoria Geral do Ensino – Álbum de fotografias.
138 Inspetoria Geral do Ensino – Ponta Grossa
139 Inspeção Médico – escolar
140 Instituto Pan- Americano de Geografia e História – 1932
141 Instrução Pública – 1871 – 1932
142 Internato Paranaense – 1920 a 1933 e sem data
143 Isaura Torres Cruz
144 Jackson de Figueiredo (Plástico vazio)
Jackson, W.M.
João Gualberto
João Sampaio
João Simões Lopes
Juan Escurdia
Júlia Wanderley
145 Jardim de Infância
146 Josefa Correia de Freitas
147 Junta Comercial
148 Letra L
Blanc
Leôncio Correia
149 Liga Pedagógica
150 Lothar Stehr
151 Lourenço Filho
152 Dr. Lysimaco (pessoal prateleira 07)
153 Dr. Lysimaco – vida militar (pessoal prateleira 07)
154 Dr. Lysimaco – original de documentos (pessoal prateleira 07)
155 Livro de recotes
156 Letra M
Manoel Ferreira da Costa
Manoel Louzada
Manzoni B. Cornetta
Maranhão (Dr.)
Miguel Quadros
157 Maçonaria
158 Madeiras
159 Manequinho
160 Manganês
161 Marques Ferreira (dr)
215
162 Mate – 1900 – 1908 a 1910, 1915 – 1917 – 1919 a 1923
163 Mate – 1924 a 1927
164 Mate – 1928/1929
165 Mate – 1930/1931
166 Mate – 1932 em diante – diversas datas
167 Mate – s/ data e incompletos
168 Mate – Trabalhos sobre o mate – Dr. Lysimaco
169 Mate – Pasta avulsa – Rocha e Cia. Ltda
Munhoz da Rocha e Cia.
170 Mineração – 1910 a 1942
171 Mineração – Tibagi – 1920 a 1936
172 Ministério de Minas e Energia
173 Meira de Vasconcelos – (gen)
174 Monte Alegre
175 Morretes – Penajóia
Letra N
Narcizo Borba
Ney de Lima Costa
176 Letra O
Octávio C. Franco de Souza
Odorico G. de Senna Braga
Osmar Motta
Oscar Martins Gomes
Oswaldo Wanderley
177 Ouro
178 Ouro “Bomfim
179 Letra P
Padre José Falarz
Padre Miele
Paes de Andrade (gen)
Paranhos da Silva
Parque Esplanada
Paulo Tacla
Pedro R. de Macedo Costa
Polônia
Procurações
Protocolos
180 Particular – diversas datas – 1906 a 1939
181 Particular – diversos
182 Pedido de demissão
183 Pedidos de colaboração
184 Pronunciamentos – apreciação de livros e trabalhos
185 Petróleo – 1920 a 1931
186 Petróleo – 1932 a 1935
187 Petróleo 1936
188 Petróleo – diversas datas – 1937 a 1981
189 Petróleo – s/ data e incompletos
190 Petróleo – Aparelhos Geofísicos1928/1929 e s/ data
191 Petróleo – Trabalhos do Dr. Lysimaco
192 Petróleo – “Tatuí e Guareí” – Arenito asfáltico – diversos anos
193 Plínio Tourinho – diversas datas
194 Política – diversos anos
195 Prestação de Contas – viagem Europa
196 Prieto Martinez – Professor – 1920 – 1924
197 Primeira Conferência Nacional de Educação – Adesões - 1927
198 Primeira Conferência Nacional de Educação – 1927
199 Primeira Conferência Nacional de Educação 1928 – 1965/ 1966
200 Primeira Conferência Nacional de Educação – sem data e incompleto
201 Primeira Conferência Nacional de Educação – fotografias
216
202 Primeira Conferência Nacional de Educação – teses e pareceres (1 a 39)
203 Primeira Conferência Nacional de Educação - teses e pareceres (40 a 76)
204 Primeira Conferência Nacional de Educação - teses e pareceres (77 a 111)
205 Professores – João Rodrigues
José Cardoso
Pablo Pizzurno
Trajano Sigwalt
206 Letra R
Radecky
Raymundo de Almeida
Receitas médicas
Rede Viação Paraná – Sta. Catarina
René Galvão
Rio da Prata
Rocha Vaz
Romário Martins
Romeu Balster
Rondon, gal. Cândido
207 Reforma do Ensino – depois de 1930
208 Regente Feijó – Caso prof. Oscar de Paula Soares – 1927 - 1931
209 Reorganização Financeira – valorização da moeda
210 Revolução de 1930
211 Letra S
Santa Casa de Misericórdia
Santa Casa de Misericórdia – publicações (armário Grande)
Sá de Nunes, J
Sebastião Paraná
Sebastião Ribeiro
Seiler
Sérvulo Camargo, J.
Solfieri, dr.
212 Secretaria da Fazenda – 1913 a 1927
213 Secretaria da Fazenda – 1927 a 1928
214 Secretaria da Fazenda – Cumprimentos – 1928
215 Secretaria da Fazenda –1928 – fevereiro a julho
216 Secretaria da Fazenda – 1928 – agosto a dezembro
217 Secretaria da Fazenda – Balancete diário – 1928
218 Secretaria da Fazenda – Livro de recortes – jornais franceses – 1928/1929/1930
219 Secretaria da Fazenda – Códigos
220 Secretaria da Fazenda – 1929 – janeiro a abril
221 Secretaria da Fazenda – 1929 – maio a junho
222 Secretaria da Fazenda – 1929 – julho a agosto
223 Secretaria da Fazenda – 1929 – setembro a outubro
224 Secretaria da Fazenda – 1929 – novembro a dezembro
225 Secretaria da Fazenda – 1929 – Balancete
226 Secretaria da Fazenda – 1930 – janeiro e fevereiro
227 Secretaria da Fazenda – 1930 – março e abril
228 Secretaria da Fazenda – 1930 – maio
229 Secretaria da Fazenda – 1930 – junho e julho
230 Secretaria da Fazenda – 1930 – agosto e setembro
231 Secretaria da Fazenda – 1930 – outubro a dezembro
232 Secretaria da Fazenda – Livro de telegramas - 1930
233 Secretaria da Fazenda –1930 – Relatórios I, II, III, IV e VI
234 Secretaria da Fazenda –1931
235 Secretaria da Fazenda –1932/1936 e 1938/1940
236 Secretaria da Fazenda – s/ data e incompletos
237 Secretaria da Fazenda – s/ data e incompletos
238 Sericicultura
239 Sindicato de Madeiras
217
240 Sociedade de Educação
241 Letra T
Trigo
242 Letra U
União dos Acadêmicos de Agronomia – (Centro Agronômico)
243 Veiga – DA VEIGA
244 Xisto
245 Zeferino Bittencourt
218
PARECERES NO IV CONGRESSO BRASILEIRO DE INSTRUÇÃO
SECUNDÁRIA E SUPERIOR
IV CONGRESSO BRASILEIRO DE INSTRUÇÃO SECUNDÁRIA E SUPERIOR
PARECERES DA 5ª COMISSÃO (ENSINO SECUNDÁRIO)
Parecer n.
Relatado por
Assunto
1.
Honório de Souza
Silvestre
Favorável ao ensino obrigatório do desenho no Gymnasio, se
estendendo do primeiro ao último anno do curso.
2.
Lafayette
Rodrigues Pereira
Sobre ensino de Physica.
3.
Honório de Souza
Silvestre
Sobre o ensino da Historia do Brasil.
4.
Lysimaco Ferreira
da Costa
Sobre a introdução das noções modernas no estudo da
matemática elementar.
5.
Lysimaco Ferreira
da Costa
Favorável que o exame de Geometria, nos preparatórios, seja
de Geometria e Trigonometria.
6.
Renato Jardim Sobre a conveniência de se franquearem ao sexo feminino os
institutos de ensino secundário official, destinados á cultura
geral, o Collegio Pedro II inclusive.
7.
João de Camargo Sobre a necessidade de educação moral e cívica nos
internatos, exigindo-se para os inspectores de alumnos ou
vigilantes uma conveniente habilitação pedagógica.
8.
Antenor Nascentes Sobre a restauração do ensino do hellenismo no curso de
humanidades.
9.
José Piragibe Sobre o critério que deve obedecer o estudo da História
Natural, nas humanidades.
10.
Honório de Souza
Silvestre
sobre o desenvolvimento do ensino de Geographia.
11.
Honório de Souza
Silvestre
sobre o ensino de Chorographia e de Historia do Brasil.
12.
Honório de Souza
Silvestre
sobre a prova escripta nos exames de geographia.
13.
J. de Oliveira
Franco
considerando incoveniente a inclusão, no curso de
humanidades, de matérias facultativas.
14.
Antenor Nascentes Sobre o methodo directo no ensino das línguas vivas.
15.
Lafayette
Rodrigues Pereira
Sobre a moção apresentada por Henrique de Toledo
Dodsworth Filho, propondo a alteração da disposição que
manda computar no resultado dos exames a média annual dos
alumnos do Colégio Pedro II.
219
16.
Horacio Campos sobre o ensino da Philosophia
17.
Raja Gabaglia sobre a restauração do ensino da Literatura
18.
Mafra de Laet sobre a orientação preferível ao ensino de Historia.
19.
Julio Nogueira opinando pela obrigatoriedade do ensino de Latim nas
humanidades.
20.
Raja Gabaglia rejeitando uma indicação do Dr. Colombo de Almeida sobre
provas escriptas.
21.
Não consta nos anais do Congresso. Entretanto, aparecem
dois pareceres com o nº 23 (ver n. 23).
22.
Raja Gabaglia rejeitando outra indicação do Dr. Colombo de Almeida sobre
a simultaneidade das provas escriptas de cada disciplina.
Lysimaco Ferreira
da Costa
relatado pelo Dr. Lysimaco da Costa, approvando a indicação
relativa á instituição dos trabalhos manuaes.
23.
Raja Gabaglia recusando uma indicação sobre a nacionalização do ensino no
Brasil.
24.
Raja Gabaglia approvando uma indicação do Dr. Jonathas Serrano sobre o
ensino de Philosophia.
25.
Raja Gabaglia sobre o desenvolvimento do estudo da História
Contemporânea no ensino da Historia Universal.
26.
Antenor Nascentes approvando uma indicação do Dr. Colombo de Almeida
sobre a juntada do curriculum vitae dos discentes aos seus
requerimentos de inscripção.
27.
Antenor Nascentes sobre uma indicação dos professores Bertha Lutz e Roquette
Pinto referente ao ensino de línguas vivas.
28.
Raja Gabaglia sobre a inscripção de professores no Registro do Conselho
Superior de Ensino, bem como sobre o exercício do
magistério particular por professores officiaes.
29.
Lysimaco Ferreira
da Costa
favorável ao desdobramento da Cadeira de Physica e
Chimica, nos cursos secundários e opinando para que o
estudo da Chimica seja rigorosamente experimental.
30.
Lysimaco Ferreira
da Costa
contrario á inclusão no actual curso secundário , de noções da
Geometria Descriptiva, Geometria Analytica e Mecânica.
31.
Antenor Nascentes Sobre o methodo de ensino de latim, empregado na Escola
Normal de S. Paulo.
32.
Raja Gabaglia Sobre a monografia do Professor Gustavo Enge, sobre o
ensino da Geographia.
33.
Antenor Nascentes sobre uma indicação do Prof. Renato Jardim referente aos
programmas officiaes de ensino.
34.
Oliveira Franco sobre a uniformização da technica grammatical no ensino das
línguas vivas e mortas.
35.
João de Camargo sobre educação moral e cívica, e também sobre a educação
physica.
220
36.
Raja Gabaglia sobre uma indicação do Dr. Uchôa Cavalcanti referente á
adopção do Alphabeto da Association Phonétique
Internationale.
37.
Raja Gabaglia sobre o registro de alumnos dos cursos secundários.
38.
Oliveira Franco sobre uma indicação do Dr. Colombo de Almeida, referente a
exames.
39.
Oliveira Franco sobre uma indicação do Dr. Paranhos da Silva, relativa ao
Collegio Pedro II.
40.
Oliveira Franco contrário á inclusão do ensino de Stenographia no curso de
humanidades.
41.
Lysimaco Ferreira
da Costa
sobre a creação de uma escola normal superior.
42.
Mafra de Laet contrario a uma indicação em que se pede que o Governo
Federal custeie as despesas com as bancas examinadoras de
collegios particulares.
43.
Mafra de Laet contrario a uma indicação do Dr. Lacerda Coutinho pedindo
a instituição de uma fiscalização permanente dos collegios
particulares.
44.
Mafra de Laet fixando a organização preferível nos institutos de ensino
secundário.
45.
Mafra de Laet sobre os exames parciaes.
46.
Renato Jardim regulando os exames de admissão nos cursos secundários.
47.
Raja Gabaglia louvando a contribuição prestada ao Congresso pela Liga
Pedagógica de Ensino Secundário.
IV CONGRESSO BRASILEIRO DE INSTRUÇÃO SECUNDÁRIA E SUPERIOR
PARECERES DA 1ª COMISSÃO (Theses Geraes)
Parecer n.
Relatado por
Assunto
1.
Freitas Valle Favorável á União promover e estimular o ensino primário,
secundário e profissional em todo o paiz, mediante accordos
com os governos estaduaes e municipaes e subsídios a
escolas fundadas por particulares ou assossiações.
2.
Bertha Lutz Sobre a these do Sr. Lupercio Hoppe “As grandes linhas na
evolução mental de Augusto Comte”, Julgando que por não
se relacionar directamente com problemas do ensino, não
depende de discussão e votação.
3.
Tavares Cavalcanti Favorável á reconstituição no Collegio Pedro II do
Bacharelado em Letras.
221
4.
Tavares Cavalcanti Aprovando que se deve dar ao ensino secundário o caracter
clássico de outrora com o desenvolvimento scientifico
exigido pelas necessidades dos tempos modernos.
5.
Henrique de Toledo
Dodsworth Filho
Recusando as 5 indicações formuladas pelo Sr. Elpidio
Pimentel.
6.
José Augusto Aprovando o appello a todos os brasileiros e estrangeiros
aqui domiciliados afim de conjugarem os seus esforços no
combate ao analphabetismo.
7.
Freitas Valle Opinando pelo archivamento de uma proposta apresentada
sobre filiaes de alguns institutos de ensino commercial.
8.
Tavares Cavalcanti Sobre uma indicação apresentada pelo Dr. Philadelpho de
Azevedo referente ao regimen legal preferível para a
instrucção secundária.
9.
Roquette Pinto com
um additivo de
Freitas Valle
Approvado pela Commissão, sobre uma proposta para a
representação no Conselho Superior do Ensino, dos institutos
equiparados aos congêneres officiaes.
10.
Henrique de Toledo
Dodsworth Filho
Aceitando a indicação do Dr. Sussekind de Mendonça sobre
a representação da Escola Nacional de Bellas Artes no
Conselho Superior do Ensino.
11.
Freitas Valle Opinando pelo archivamento de uma indicação apresentada
pelo Dr. Francisco de Sá Filho, sobre o ensino primário.
12.
Freitas Valle Opinando pelo archivamento de uma indicação apresentada
pelo Dr. Uchôa Cavalcanti, sobre o ensino primário.
13.
Jonathas Serrano Sobre a memória do Dr. Almeida Magalhães, intitulada
“União Intellectual Pan-Americana”.
14.
Freitas Valle Resolvendo que em qualquer seriação de estudos não deve
ser concedido ao candidato prestar em uma época maior
número de exames.
15.
Tavares Cavalcanti Resolvendo sobre as normas que devem ser adoptadas nos
institutos de ensino estaduaes equiparados, quer quanto á
seriação, programmas, etc., quer quanto ao corpo docente.
16.
Roquette Pinto Recomendando que se faça inscrever nos jardins públicos os
nomes das plantas ali cultivadas.
17.
Tavares Cavalcanti Opinando pela simplificação dos programmas de ensino nos
actuaes Institutos Superiores e nos Secundários e pela
creação de uma Faculdade de Sciencias.
18.
Carlos Pennafiel Sobre o regimen universitário.
19.
Tavares Cavalcanti Sobre uma indicação do Dr. Moraes de Andrade para se
tornar extensivo ao ensino superior a liberdade de estudos
vigente no ensino secundário.
20.
José Augusto Sobre a instituição de um Conselho Nacional de Educação na
Capital da República.
21.
Freitas Valle Sobre uma indicação do Prof. Figueira de Almeida, referente
á representação dos substitutos nas respectivas
Congregações.
222
22.
Tavares Cavalcanti Sobre officialização de institutos de ensino commercial.
23.
Tavares Cavalcanti Sobre uma indicação do Prof. Arrobas Martins, referentes a
taxas de exames.
24.
Carlos Pennafiel Sobre o regimen universitário.
25.
Freitas Valle Sobre uma indicação do Dr. Roquette Pinto, referente á
permuta temporária de professores de institutos officiaes.
26.
Henrique de Toledo
Dodsworth Filho
Sobre uma indicação do Dr. Heitor Lyra para que, a exemplo
do que faz o Ministério da Agricultura, o Ministério do
Interior adopte a praxe de enviar annualmente ao estrangeiro
representantes do magistério.
27.
Henrique de Toledo
Dodsworth Filho
Sobre um trabalho do Dr. Heitor Lyra, denominado “Alguns
problemas actuaes do ensino no Brasil”.
28.
Carlos Pennafiel Sobre uma indicação do Dr. Heitor Lyra, propondo o
contracto de professores estrangeiros para ensinarem no
Brasil methodologia do ensino primário e secundário.
29.
Jonathas Serrano Sobre uma indicação e um substituto dos professores Mozart
Monteiro e Figueira de Almeida, referente á adopção de uma
graphia uniforme.
30.
Roquette Pinto Sobre uma indicação do Dr. Mario de Brito, referente á
acquisição de material para os laboratórios.
31.
Carlos Pennafiel Sobre uma indicação do Dr. Sá Filho para tornar effectiva a
execução integral dos programmas de ensino.
32.
Freitas Valle Sobre uma indicação do Dr.Freitas Malta, referente á
fiscalização de institutos de ensino superior equiparados.
33.
José Augusto Fazendo um appelo ao Congresso Nacional para que venha a
ser completada a alta administração do paiz com a creação do
Ministério de Educação Nacional.
34.
Tavares Cavalcanti Contrario á suppressão de exames.
35.
Bertha Lutz Opinando pela obrigatoriedade do ensino de Psychologia, da
Lógica e da Moral.
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