56
recente realizado por MENCKE et al. (2003) sugere que é a qualidade da intubação
que contribui para a morbidade laríngea. Estudos de BASTIAN e RICHARDSON
(2001), por sua vez, relataram que a intubação por curto período é segura.
A maior parte dos estudos sobre alterações laríngeas pós-intubações
orotraqueias por curto período não se relaciona específica e exclusivamente às
tireoidectomias. Além disso, a intubação é pouco estudada como fator causal para as
mudanças da voz pós-tireoidectomia. Os achados mais comuns ocasionados pela
intubação orotraqueal, não se referindo às tireoidectomia, são edema laringeo e/ou de
prega vocal, fechamento incompleto das pregas vocais no mo mento da fonação,
paralisia de prega vocal, granuloma, inflamação, hiperemia, hematoma, laringofibrose,
e subluxação da cartilagem aritenóidea. A queixa referida mais comum é a rouquidão,
que normalmente desaparece até um mês (SHIMOKOJIN et al. 1998; BASTIAN e
RICHARDSON 2001; PEREIRA et al. 2003; MAKTABI et al. 2003). Após a
extubação, alguns pacientes apresentam tosse, sendo este também um fator irritativo
para a laringe. Em nossa experiência, se a queixa de voz não desaparece em 15 dias
após as tireoidectomias, outras causas podem estar envolvidas.
Indivíduos que são tabagistas e etilistas, que apresentam dificuldade no
momento da intubação orotraqueal, tempo longo de anestesia e esvaziamento cervical,
apresentam maior chance de apresentar alterações na telelaringoscopia do pós-
operatório. No presente estudo (Tabela 8) não encontramos associação significante
entre essas variáveis e a presença de laringoscopia normal ou alterada, somente para
tabagistas (p=0,034), mostrando que indivíduos que não fumam apresentam uma
chance maior de ter laringoscopia sem alterações (71%). Isto pode estar associado ao
fato de que indivíduos fumantes apresentam uma laringe mais sensível e mais