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pessoal já... às vezes, até [nem dá tempo de] tirar uma foto pra ver mesmo, né, o
pessoal desgarra tudo aquelas árvores, sabe? Levam tudo embora aquilo. E eles
têm pro ano inteiro, sabe, por exemplo as pessoas vão plantar roça, eles queimam
a roça, lá, pegam aquelas folhas e enterram nos cantos da roça, assim. Então eu
também tenho aquele costume desde pequeno, quando eu vou plantar a minha
roça, a primeira roça que eu vou plantar, então eu pego aquelas folhas que já estão
secas, né, eu pego uma em pó, assim, sabe, e jogo ali dentro do feijão ou do milho
que eu vou plantar, o arroz, coloco, e também enterro nos cantos da roça. E como
aquilo ali protege, sabe, às vezes se ajeita a pedreira, sabe, a pedreira já vai cair,
né, e às vezes passa por cima...
Passa por cima e não cai ali?
Não cai ali. Um dia nóis tinha, bem aqui em cima, uma roça plantada. Mas, a
coisa mais linda, sabe? E eu tinha aquele costume de enterrar. Eu disse pra minha
mãe, né? Nós tava lá embaixo, naquele paiolzinho, eu era solteiro ainda. Daí a
mãe disse, “olha a pedreira que vem lá”, e eu disse “pois deixe que venha”, né,
fazer o quê, eu não ia segurar a pedreira, sabe?
Chuva de pedra, mesmo?
Chuva de pedra, granizo mesmo. Mas veio, que caía aquelas bolas, sabe, e eu digo
“fazer o quê, mãe?” E nisso o feijão tava daquela altura assim, sabe, hum, já,
campo, sabe, florescendo e já embainhado, digo “se vai tudo”. E nóis enterremo
lá as coisa, sabe, no campo assim, sabe, a mãe disse “mas será que adianta”, e eu,
“tendo fé acho que vai adiantar”. Daí veio aquela pedra, começou a cair umas
pedrinha aqui, sabe, daqui pra cá, pros faxinalzão, rapaz, mas foi de lascar galho
de gabirobeira, sabe, de pedra assim. E depois da chuva, nós fomos ver, o vento
virou algum pé de feijão e deu algum furinho lá no meio, sabe? E pra cá, no
faxinal, mas olha, foi de varrer. Eu digo, “tá vendo”, né, então às vezes a fé da
gente, nós temos a maior certeza, temos um sistema antigo, já, né?
E isso é a mesma coisa do Domingo de Ramos?
É, tem, por exemplo, o padre benze ramos, aquelas folhagens, né? Daí é nosso
costume de a gente pegar, aí quando vem uma tormenta feia, sabe, nosso costume
é de pegar e pôr um pouquinho dentro do fogo, sabe? Põe no fogão que ele
espalha, né? Sai na fumaça e espalha. É sistema nosso desde pequenininho, estou
com 45 anos, né? Então aquele sistema nós nunca... nós sempre temos assim, né?
E agora, você tem ramos do domingo de ramos, aí?
Tem, nós sempre guardamos, né. Porque, por exemplo, usa, tem quem faz aquelas
defumações, sabe, por exemplo, defumar, às vezes a criação não tá indo bem, nós
pegamos aquele negócio benzido, né, defumamos a criação. Por exemplo, tá
criando umas galinhas e uns porco, e não vai, e não vai, fica pintinho, morre, sabe,
daí nóis faz aqui uma defumação aqui do galinheiro e da criação, sabe, mas olha...
já endireita. Uma época que nóis tava, assim, né, que as galinhada nossa não ia, a
mulher caprichava, e ela gosta de lidar com galinha, sabe, pegava, não ia. Mas não
vai, eu digo, “ah, não, pegue e faça defumação, faz defumação pra ver se não vai”.
Pois olha, ela fez uma defumação, uma benzida, né, defumar o galinheiro, precisa
ver, seu Paulo, como endireitou. Endireitou que fez uma beleza. Mas é por causa
daquele sistema que a gente tem, antigo, né? A gente preserva, né? E aqui a