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Ao observarmos o Monumento às Bandeiras, instalado na Praça Armando Salles
de Oliveira, no Ibirapuera, observamos imagens esculpidas em granito, que
representam uma expedição bandeirante. Na frente vemos dois homens a cavalo, e
atrás, há um grupo formado por índios, negros, portugueses e mamelucos, que puxam
uma canoa, usada pelos bandeirantes nas expedições pelos rios. As raças podem ser
identificadas por detalhes nas estátuas: os portugueses apresentam barbas; as figuras
nuas, com uma cruz ao pescoço são os índios catequizados. Essas imagens nos
remetem a uma São Paulo antiga, quase primitiva. Uma época que só pode ser
rememorada através de seus monumentos, de suas imagens históricas.
Segundo Hillman (1993), uma cidade necessita de imagens de culto que possam
constituir a cultura da cidade. Quando a alma da cidade não se reconhece em suas
imagens cria substitutos, buscando seu espaço, sua identidade visual, por meio da
ação humana, através de cartazes de rua, grafite e pichações.
A cidade apresenta-se como um emaranhado de linhas, formas, volumes,
texturas, cores, sons, odores, movimentos, etc. Ela está ali, presente em sua
temporalidade, revelando-se em seus contrastes e harmonias.
Segundo Nojima (1999, p. 26):
[...] a cidade é uma imbricação de signos multisensoriais produzindo
mensagens intertextuais – visuais/sonoras/sinestéticas/olfativas/táteis, que
atingem simultaneamente o indivíduo a qualquer tempo e lugar, de modo muito
dinâmico e sincrético – tudo veloz e ao mesmo tempo.
Cada cidade possui uma qualidade visual específica. Como um livro, a cidade
está lá para ser lida (como já adiantou Rolnik).
Sua forma é apresentada pela sobreposição de imagens públicas e imagens
individuais. Essa imagem pública, para Lynch (1997), se traduz por imagens mentais,
comuns aos vários habitantes de uma cidade. Composta por elementos móveis, as
pessoas e suas atividades; e de elementos físicos, arquitetura e design, a imagem da
cidade forma-se e transforma-se, adquirindo ou perdendo qualidades. Qualidades ou
atributos estes, que podem ser identificados e capturados por meio dos olhares que
lançamos à cidade, quando a flagramos nos passeios que fazemos, a pé, pelas ruas e