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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO DO SUL
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ECOLOGIA
Comparações entre taxas de encontro de mamíferos de médio e grande porte em
focagens noturnas, em dois períodos sazonais, na Fazenda San Francisco
(Pantanal, Miranda – Mato Grosso do Sul).
Rodrigo Teribele
Dissertação apresentada ao programa de
s-graduação em Ecologia e Conservação
da Universidade Federal do Mato Grosso
do Sul como parte dos requisitos para a
obtenção dotulo de Mestre.
Orientador:
Dr. Rodiney de Arruda Mauro
Co-orientadora:
Dr. Almira Hoogesteijn
Campo Grande
2007
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Livros Grátis
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ii
Dedicado a minha filha Giovana
Vitória Serafini Teribele, a maior
motivação para a conclusão desse
trabalho.
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iii
Que é quando se estende a rede em dois
de pau e noite vem pelo Pantanal...”
Almir Sater e Renato Teixeira
iv
Agradecimentos
Ao meu grande amigo M. Sc. Henrique V. B. Concone por ter me incentivado (junto
com sua mãe) a ingressar no curso e pelo apoio e crítica, principalmente nas coletas de
campo;
Ao Dr. Rodiney de Arruda Mauro pela orientação, amizade e por ter aberto diversas
portas para minha vida pessoal, assim como sua esposa Dra. Marta Pereira da Silva;
À minha amiga Dra. Almira Hoogesteijn pelas críticas e sugestões pessoais e do
trabalho e por ter aceitado me co-orientar mesmo tendo se mudado para o México;
A Carol e aos seus pais Beth e Roberto por terem permitido realizar meu trabalho na
Fazenda San Francisco e pela amizade;
Aos funcionários da Fazenda San Francisco pela ajuda, principalmente aos guias por
todo o auxílio nas coletas de dados e ao Edimar pelas fotos;
À minha eterna (ex) orientadora Dra. Ana Lúcia Dias pela amizade e auxílio nas
publicações de grande valia para a conquista da bolsa;
Ao M.Sc. José Carlos Chaves dos Santos (Zé Carlos) do Instituto Forpus pela amizade,
ajuda e confiança durante minha qualificação e nos tempos em que lá trabalhei;
Aos meus colegas de curso em especial Maurício (Limão), Augusto (Bira), Rogério,
Fernando (Chefito), Nicolay e Felipe pelas dicas e sugestões e pela grande amizade;
Ao meu amigo Fernando (Cereja) pelo auxílio com o programa DISTANCE;
Ao professor Prof. Dr. Antônio C. Paranhos F° (Toni) por toda a ajuda e aos estagiários
de seu laboratório, em especial a Aline, por terem me ajudado com a parte de
geoprocessamento, de grande valia para esse trabalho;
Aos funcionários da PROGEO pelo fornecimento das imagens e dos mapas;
v
Ao CNPq pelo fornecimento da bolsa de estudo, essencial para a conclusão do projeto;
À minha mãe, aos meus tios Miriam, Ildo e Lourdes e a meu primo Larson pelo apoio
moral e financeiro.
Aos meus irmãos Alessandra e Diogo pela confiança e apoio;
À minha filha Giovana e meu sobrinho Murilo pela alegria contagiante;
A Inês e ao Oziel por sempre me receberem de braços abertos” e por toda a ajuda;
À família Serafini pela ajuda por terem cuidado de minha filha em momentos difíceis;
A Fabiola por todo auxílio na minha vida e pela confiança em mim depositada.
vi
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS vii
LISTA DE TABELAS viii
RESUMO ix
ABSTRACT x
1 – INTRODUÇÃO ......................................................................................................01
2 – MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................04
3 – RESULTADOS .......................................................................................................13
4 – DISCUSO ...........................................................................................................28
5 – CONCLUSÃO .........................................................................................................33
6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................34
vii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Imagem de satélite da área de estudo ...........................................................05
Figura 2 – Foto de um dos vculos utilizado nas coletas .............................................07
Figura 3 – Regressão entre distâncias estimadas e observadas .....................................10
Figura 4 – Fotos de algumas das espécies observadas durante as coletas .....................15
Figura 5 – Localizações de cervo-do-pantanal
viii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Comparação entre as espécies de mamíferos observadas e as diversidades
nas diferentes áreas da Fazenda San Francisco...............................................................14
Tabela 2 – Comparação entre as densidades e taxa de encontro de algumas espécies de
mamíferos observadas durante as estações de cheia e seca ..........................................16
Tabela 3 – Comparação entre as taxas de encontro das demais espécies mamíferos
observadas durante as estões de cheia e seca ............................................................25
ix
Resumo
A focagem noturna é uma atividade realizada no mundo inteiro como forma de procura ativa de diversas
espécies de animais. Além de auxiliar em pesquisas científicas, também é utilizada no meio turístico para
a observação de espécies ativas nesse período. Na Fazenda San Francisco (Pantanal de Miranda-MS),
além de outras atividades turísticas, a focagem noturna é realizada em média de cinco a seis vezes por
semana. Com isso, o objetivo desse trabalho foi acompanhar as focagens noturnas realizadas com os
turistas nessa fazenda para fazer o levantamento das espécies de mamíferos de médio e grande porte que
ocorrem na área. Três áreas da fazenda foram definidas, dependendo do uso da terra dado: a) área de
arrozal, b) pecuária e c) reserva. As localizações das espécies foram georreferenciadas e plotadas sobre
uma imagem de Satélite CBERS-2 (sensor CCD). Com os dados foram comparadas as taxas de encontro
de cada espécie observadas durante as estações de cheia e seca e os índices de Shannon-Winner para as
três diferentes áreas. Foram realizadas 21 coletas sendo 10 na cheia e 11 na seca. Ao todo, foram
percorridos 540 km (270 km em cada uma das estações), sendo 280 km na área de cultivo de arroz, 185
km na área de reserva e 75 km na área de pecuária. Foram observadas quinze espécies de maferos de
médio e grande porte das quais cinco ocorreram apenas na seca. Doze das quinze espécies foram
observadas na área de reserva, nove na região do arrozal e o mesmo número na área de pecuária. A maior
diversidade observada foi da área de reserva (1,670) depois na área de pecuária (1,493) e, por fim, na área
de arrozal (0,545). Além disso, na maioria das observações feitas na região de arrozal as espécies estavam
próximas a áreas de mata (menos de 360 m), com exceção de capivara Hydrochoerus hydrochaeris,
mostrando a importância das bordas de mata. As densidades, calculadas através do programa
DISTANCE, na cheia e na seca, respectivamente, para as diferentes espécies foram as seguintes: cervo-
do-pantanal (Blastocerus dichotomus) 0,273 ±0,080 indiv./km
2
, 0,301 ±0,088 indiv./km
2
; capivaras (H.
hydrochaeris) 12,965 ±2,081 indiv./km
2
, 28,959 ±5,449 indiv./km
2
; lobinho (C. thous) 0,919 ±0,306
indiv./km
2
, 2,034 ±0,621 indiv./km
2
e jaguatirica (Leopardus pardalis) 0,428 ±0,052 indiv./km
2
, 0,516
±0,149 indiv./km
2
. A taxa de encontro de tamanduá-bandeira Myrmecophaga tridactyla na cheia foi de
0,007 indiv./km e na seca foi de 0,140 indiv./km sendo que só foi posvel calcular a densidade dessa
espécie nesse último peodo (1,054 indiv./km
2
). As densidades de grupos de H. hydrochaeris também
foram maiores na seca (dens. cheia = 4,295 ± 0,514 grupos/km
2
; dens. seca = 6,072 ±0,819 grupos/km
2
).
Com exceção do lobo-guará Chrysocyon brachyurus, que teve uma taxa de encontro maior na cheia, todas
as demais espécies tiveram um taxa de encontro na seca maior do que na cheia. Dessa forma, a melhor
época do ano para a observação a maioria das escies é a seca e essa informação pode ser usada para
melhorar a atividade turística. A diversidade de mamíferos é dependente da floresta – foram observadas
mais espécies na área de reserva e próximo às bordas de mata do que em outro ecossistema. Essa
informação pode ser útil no planejamento do uso da paisagem, considerando a imporncia dos corredores
de florestas nas diferentes atividades das quais as terras no Pantanal são tradicionalmente usadas.
Palavras-chave: Focagem noturna, maferos, Pantanal, densidade, taxa de encontro
.
x
Abstract
Spotlighting is used to actively search for animals with research or tourism purposes. In Fazenda San
Fancisco, located in the Pantanal of Miranda in the State of Mato Grosso do Sul – Brazil, spotlighting is
performed five to six times a week for tourism purposes. The objective of this study was to attend the
tourism spotlighting activity in order to obtain an inventory of mammals of middle and large size that
occur in the area. Three areas of the ranch were defined depending on the land use given: a) rice
plantation area, b) cattle ranching area and c) forest reserve. Location of species were geo-referenced and
plotted on a Satellite image CBERS – 2 (CCD). With the data we established the encountered rate for
each species observed during the wet and the dry season and the Shannon-Winner indices for three
different areas. We collected data during 21 events, 11 of them happened in the dry season and 10
happened in the wet season. The total distance traveled in the farm was of 540 km, 270 km for each
season, 280 km in the rice plantation area, 185 km in the forest reserve and 75 km in the cattle ranching
area. A total of 15 species were observed, 5 of them only in the dry season. Twelve species were observed
in the forest reserve, nine in the rice plantation area, and nine in the cattle ranching area. The highest
diversity was observed in the forest reserve (1,670), followed by the cattle ranching area (1,493),
followed by the rice plantation area (0.545). The majority of the observations made in the rice plantation
area happened very close to the forest (less than 360 mt.) with the exception of Hydrochoerus
hydrochaeris, this shows the importance of the forest edge effect. Density during wet and dry season
respectively for the different species are as follows: Marsh deer (Blastocerus dichotomus) 0,273 ±0,080
indiv./km
2
; 0,301 ±0,088 indiv./km
2
; Capybara (H. hydrochaeris) 12,965 ±2,081 indiv./km
2
; 28,959
±5,449 indiv./km
2
; Crab-eating fox (Cerdocyon thous) 0,919 ±0,306 indiv./km
2
; 2,034 ±0,621 indiv./km
2
;
Ocelot (Leopardus pardalis) 0,428 ±0,052 indiv./km
2
; 0,516 ±0,149 indiv./km
2
. The encounter rate for
the giant ant-eater (Myrmecophaga tridactyla) was of 0,007 indiv./km in the wet season and 0,140
indiv./km in the dry season; we could only calculate the density of the species in the dry season which
was of 1,054 indiv./km
2
. The group density for H. hydrochaeris was also higher in the dry season 4,295 ±
0,514 groups/km
2
; than in the wet season 6,072 ± 0,819 groups/km
2
. For all species with exception of the
Maned Wolf (Chrysocyon brachyurus) all encounters rates were higher during the dry season than during
the wet season. We conclude that in Fazenda San Francisco the best time of the year to observe the most
species would be the dry season, this data could be used for the advance of the tourism activity. Diversity
of mammals in is forest - dependent, we observed more species in the Forest Reserve and close to the
forest edge than in other ecosystems. This information could be useful in the planning of landscape use
considering the importance of forest corridors in the different activities for which Pantanal land is
traditionally used.
Key words: Spotlight, mammals, Pantanal, density, encounter rate.
1
1 – INTRODUÇÃO
O Pantanal brasileiro é uma das maiores áreas inundáveis do planeta (138.183
km
2
) com 65% de seu terririo no estado de Mato Grosso do Sul e 35% no Mato
Grosso (Mauro, 2002). A principal atração turística do pantanal é a fauna silvestre. Por
sua diversidade e fácil avistamento o Pantanal é muitas vezes comparado com o delta do
rio Okavango da África do Sul (Pearson & Beletsky, 2002). A maior razão pela qual a
observação de fauna é relativamente fácil se deve pela topografia plana e formações de
vegetação abertas, típicas da região (Lacher et al., 1996), e a estacionalidade da cheia e
a seca. Durante a cheia muitos animais terrestres se vêm forçados a se moverem a áreas
um pouco mais elevadas, e seu avistamento fica mais fácil nestes locais. Na seca os
animais que estão dispersos se concentram nas áreas com água, lá seu avistamento se
torna, também, mais fácil. O fato do Pantanal ter duas estações bem definidas (seca e
cheia) e de possuir um mosaico de vegetação variando entre campo, cerrado etc. faz
com que o avistamento de mamíferos possa variar ao longo do ano (Silva e Mauro,
2002). Dessa forma, as maiores variações aparentes no avistamento das espécies de
mamíferos no Pantanal parecem ocorrer entre as estações de cheia e de seca. Rodrigues
et al. (2002) mostraram, ainda, que as espécies do Pantanal diferem entre a planície
propriamente dita e o planalto no entorno.
Os primeiros trabalhos sobre a densidade de mamíferos no Pantanal, foram
sobre onças-pintadas Panthera onca (Schaller, 1983; Schaller e Vasconcelos, 1978a;
Schaller e Crawshaw, 1980), sobre cervos-do-pantanal Blastocerus dichotomus
(Schaller e Vasconcelos, 1978b) e sobre capivaras Hydrochoerus hydrochaeris o de
Schaller e Crawshaw (1981). Algumas contagens aéreas de grandes mamíferos do
Pantanal foram realizadas para veado-campeiro Ozotocerus bezoarticus (Mourão et al.,
2
2000) e cervo-do-pantanal B. dichotomus (Schaller e Vasconcelos, 1978b; Mauro, 1993;
Mauro et al., 1998). Porém, esses estudos mostram que a densidade de cada espécie
pode variar em cada região do Pantanal e, em alguns casos, o número total de espécies
dentro de uma mesma área também pode ser distinto.
O método comumente usado para fazer estudos de densidade de espécies é a
contagem de animais, a partir de um veículo em movimento, de dia ou de noite. A
focagem é uma amostragem baseada em observações noturnas de animais ao longo de
estradas, usando uma luz forte (Tannerfeldt e Thiel, 2004).
Em Botswana, África, Jakobsson (2006) comparou as densidades de mamíferos
em quatro tipos diferentes de paisagens (conforme o uso da terra), bem como a variação
entre as densidades, de acordo com a estação do ano. Em um estudo realizado na Suécia
Tannerfeldt e Thiel (2004), por exemplo, estimaram a densidade ou determinaram à
probabilidade de avistamento (no caso das espécies mais raras) de mamíferos existentes
em uma área próxima a uma usina nuclear. Jester e Dillard (1998) citam dicas para se
fazer contagens de veado-de-rabo-branco, Odocoileus virginianus, através de focagens
noturnas na região do Texas, EUA. Ruette et al. (2003) estimaram a densidade de
raposas vermelhas Vulpes vulpes na França, também utilizando à mesma metodologia.
Lacher et al. (1996) observaram diferentes espécies em contagens diurnas e
noturnas bem como variações numéricas dentro de uma mesma espécie na Fazenda
Nhumirim, Pantanal da Nhecolândia. Além dos censos diurnos, percorridos a pé, Lacher
et al. (1996) fizeram o censo noturno utilizando-se de focagens. As contagens noturnas
foram realizadas durante a estação seca, porém havia ainda muitas lagoas com muita
água bem distribuídas na paisagem. Esses autores destacam 28 espécies de mamíferos
para essa região pantaneira. Em trabalho mais recente Desbiez e Tomás (2003)
encontraram 20 espécies de mamíferos de grande e médio porte para a mesma região.
3
Em ambos os trabalhos os autores utilizaram contagem de animais por observação
direta, percorrendo transectos pré-determinados. Na Fazenda San Francisco, no Pantanal
de Miranda, nota-se que em focagens noturnas é possível avistar muitos indivíduos de
jaguatirica (Leopardus pardalis), grupos de capivaras (H. hydrochaeris), entre outras
4
2- MATERIAL E MÉTODOS
Descrição da área de estudos
Este trabalho foi realizado na Fazenda San Francisco (20
º
05’10” S e 56
º
36’57”
W) localizada no Pantanal sul, Município de Miranda – estado de Mato Grosso do Sul.
A propriedade tem como limites ao norte o rio Miranda e ao sul a BR-262 (Fig. 1). Este
agroecossistema possui um total de 14.231 ha, sendo 6.001 ha de área para a pecuária de
corte (2.626 ha de pastagens formada e 3.375 ha de pastagem nativa), 5000 ha de
cultivo de arroz irrigado. Também foi construído um dique de 13,7 km que se estende
quase paralelo ao rio a uma distância que varia de 1,5 a 4 km controlando, dessa forma,
as águas de inundação do rio Miranda. Em praticamente todas as estradas da área de
lavoura há canais de irrigação paralelos às mesmas.
Na área limitada pelo dique e o Rio Miranda existe uma faixa de floresta
estacional semi-decídua nativa de aproximadamente 10 km de extensão e largura
variando de 1,5 a 4 km. Além deste rio, outro corpo d’água de importância na área de
estudo é o denominado Corixo São Domingos, que se estende pela porção nordeste da
fazenda. Juntas, as áreas de floresta estacional do Rio Miranda e da mata ciliar do
Corixo São Domingos perfazem 3.230 ha de reservas legais e áreas de preservação
permanente. Esta floresta estacional semi-decídua apresenta uma estrutura homogênea
com dossel superior ao redor de 15 m, apresentando indivíduos dominantes com cerca
de 30 m de altura (Concone, 2004). Essas áreas de floresta têm continuidade nas
fazendas vizinhas tanto a leste quanto a oeste da San Francisco.
Os remanescentes de Cerrado, situados a oeste e sudoeste da área de estudo
dentro da área de exploração pecuária, formam com as reservas legais um cinturão de
5
Figura 1 – Imagem do satélite CBERS-2 (sensor CCD), órbita-ponto 163-125, da
região do estudo mostrando os limites da Fazenda San Francisco, Pantanal – Mato
Grosso do Sul (linhas pretas, azul e alaranjada) e as estradas percorridas durante o
estudo. Linhas amarelas: arrozal; linhas e pontos amarelos: reserva e pontilhado
marrom: pecuária.
6
florestas nativas em volta da lavoura. Na área de pecuária há remanescentes de mata
nativa sob a forma de capões que variam em tamanho de 1 a 2 ha. Existe também um
corredor de vegetação secundária que se estende por uma área da lavoura, a partir da
mata do rio, no sentido norte-sul até próximo ao limite sul da fazenda (Concone, 2004).
Dados sobre a pluviosidade, obtidos desde 1988 pela unidade de secagem e
armazenagem de arroz da fazenda, mostram que a média na área de estudo está na
ordem de 1300 mm/ano. No entanto, observa-se que as chuvas se concentram no
peodo de outubro a mao se tornando escassas no período de abril a setembro
definindo, assim, duas estações - cheia e seca, respectivamente.
Além da pecuária e do cultivo de arroz a outra atividade realizada na fazenda é o
turismo de natureza, sendo composta por diversos passeios, dentre os quais está à
focagem noturna. Essa última é realizada em veículo aberto acompanhado por um guia
que, sentado na parte traseira do veículo (Fig. 2) com uma luz de 1.000 watts (12 volts),
procura por animais ativos nesse peodo. Quando os guias detectam um animal, param
o veículo para que as pessoas possam observá-los melhor.
Os turistas se em atraídos pela possibilidade de avistar, além de outros
animais, mamíferos considerados raros, dentre eles felinos como a jaguatirica
(Leopardus pardalis) e a onça-pintada (Pantera onca). Em média são realizadas na
Fazenda San Francisco de cinco a seis focagens noturnas por semana.
Utilizando-se de diversas estradas que cortam a fazenda, em cada focagem, que
dura cerca de 2,5 horas, são percorridos em média 28 km por noite. Parte dessas
estradas limita a área de reserva e área de cultivo de arroz, outra parte está localizada
dentro da área de pecuária, e o restante na área de cultivo de arroz, boa parte
acompanhando canais de irrigação. Há, ainda, duas estradas paralelas que acompanham
7
Figura 2 Foto de um dos carros utilizado na Fazenda San Francisco (Pantanal de
Miranda – MS) para a realização de passeios como a focagem noturna e, que foi
utilizado para fazer as coletas de dados do presente estudo.
8
um canal que se estende da área de cultivo de arroz até próximo ao rio Miranda, dentro
da área de reserva (Fig. 1).
Coleta de dados
As coletas foram realizadas no período da cheia, nos meses de janeiro, março e
início de abril de 2006, e no período da seca no fim de maio, meados de julho e agosto
do mesmo ano. Dessa forma, foram realizadas 21 coletas de campo sendo 10 na época
de cheia e 11 na estação seca, sempre nos veículos da fazenda, junto com os turistas,
guia e motorista. As saídas ocorreram entre 19h00min e 19h30min (desconsiderando-se
o horário de verão) e as coletas de dados duraram entre 2 – 2,5 horas. Em algumas
ocasiões as coletas duraram quase três horas.
Os avistamentos de animais foram registrados vocalmente em gravador cassete
portátil. As espécies avistadas foram anotadas juntamente com as coordenadas do local,
utilizando-se GPS (Global Position System) de navegação. Anotou-se a estimativa de
distância perpendicular em que o primeiro animal estava no momento do avistamento e
o número de indivíduos observados. Para grupos maiores de animais os guias
auxiliaram na contagem dos indivíduos. No auxílio da identificação das espécies
utilizou-se um binóculo Zenit (10x50).
Utilizou-se um mapa na escala 1/30.000 (Progeo, 2006) para a anotação da
localização aproximada da espécie observada e, também, os dados de coordenadas e
distância perpendicular.
Para minimizar os erros nas estimativas de distâncias, durante o dia e antes das
coletas foram realizadas estimativas de distâncias de animais e objetos encontrados nas
9
através de medidor de distância ópticorange-finder” (9-80 m, acurácia ± 9 m). Para o
cálculo do erro dos avistamentos realizou-se uma regressão, através do programa
SYSTAT (Wilkinson, 2004), comparando o valor estimado com o valor obtido pelo
range-finder (Fig. 3), obtendo-se um R
2
= 83,7 e p < 0,01.
Para as contagens dos animais na área de estudos as trilhas foram divididas em
46 transectos distintos. As distribuições destes foram separadas em três áreas:
1- Arrozal: transectos onde havia predomincia de cultivo de arroz e, em
alguns casos, pequena parte de área de mata representando um total de 46,85 km;
2 - Pecuária: transectos em geral mais elevados do que os da área de arrozal (± 2
metros acima do nível local) ou de reserva e inseridos nas áreas de criação de gado (área
com predomincia de vegetação típica de cerrado) e que representaram um total de
7,35 km;
3 – Reserva - transectos onde pelo menos um de seus lados havia mata com área
maior que 0,5 km
2
e, em geral, próximo a rios, corixos ou lagos representando um total
de 20,80 km.
As diversidades de animais de cada área foram calculadas pelo Índice de
Shannon-Winner, através do programa ECOSIM (Gotelli e Entsminger, 2001).
Apesar de ser recomendado por Cullen e Rudran (2004), os transectos utilizados
no retorno não foram considerados porque o tempo entre a primeira e a segunda
passagem, em alguns casos, foi menor do que 30 minutos o que representou um total de
26,6 km excluídos.
10
Figura 3 – Gráfico de correlação entre as distâncias estimadas (aferidas) e as distâncias
obtidas pela utilização do range-finder na Fazenda San Francisco (Pantanal de Miranda
– MS) (R
2
= 83,7 e p < 0,01).
11
Imagens e uso de SIG
Para este trabalho utilizou-se uma imagem CBERS-2 (Sensor CCD) da área de
estudos (órbita-ponto 163-125 com as bandas 1, 2, 3 e 4). Utilizou-se também o
programa ERDAS IMAGINE (ERDAS, 1997) para georreferenciar a imagem.
As trilhas utilizadas no presente estudo, os limites da fazenda, e as localizações
das espécies observadas, foram plotadas no mapa utilizando-se o programa Macromedia
FreeHand (MACROMEDIA, 2000), e com o auxílio de dados obtidos no GPS
TrackMaker (Ferreira Jr., 2004) em UTM SAD 69 Brasil/IBGE, fuso21.
Definições e Análises dos dados
As densidades foram estimadas através dotodo de transectos lineares
(Buckland et al., 1993) utilizando-se o programa DISTANCE, Versão 5.0 (Thomas et
al., 2006). Para estimar a densidade o programa utiliza seguinte fórmula:
D(ês) = nif(0) / 2Li
D (ês) = densidade estimada (animal/km
2
)
ni =mero de avistamentos na região (ou estrato) i;
f(0) = função de densidade de probabilidade das distâncias perpendiculares
avaliada na distância zero” (sobre o transecto);
Li = comprimento do transecto (km) percorrido na região i.
O programa DISTANCE utiliza as distâncias perpendiculares dos animais
observados em relação ao transecto e gera uma função de detecção em relação à
distância da transectos (f(x)). Esta detecção é máxima na linha do transecto e diminui à
medida que os animais são encontrados a distâncias maiores. Quatro tipos principais de
funções (“hazard-rate”, semi-normal, exponencial negativa e constante) são ajustadas
12
pelo programa aos dados, sendo que a utilizada para esse trabalho foi a qual apresentou
o melhor ajuste. A seleção do melhor modelo foi baseada no critério de informação de
Akaike (1973), de acordo com o ajuste padrão (default) do programa DISTANCE
(Buckland et al., 1993).
Para o uso desse método quatro premissas são exigidas:
1- todos os animais na trilha devem ser observados;
2- todos os animais são detectados na sua posição inicial, antes de qualquer
movimento em resposta ao observador;
3- as distâncias perpendiculares são medidas corretamente;
4- as detecções devem ser eventos independentes, ou seja, o mesmo animal, ou
grupo de animais, não podem ser observados durante o mesmo esforço amostral.
(Cullen e Rudran, 2004).
A premissa mais difícil de controlar, principalmente no caso de mamíferos
terrestres, é a segunda, pois alguns animais podem fugir devido ao som do veículo e não
depende do desenho amostral como foi observado por Tannerfeldt e Thiel (2004) e
Ruette et al. (2003). Porém, isso ocorreu raras vezes nos levantamentos já que, devido
ao grande número de focagens noturnas realizadas a maioria das espécies já se habituou
com a presença de veículos circulando pela área.
Para calcular a densidade os melhores ajustes do programa DISTANCE foram
utilizados para cada uma das espécies e, em cada período sazonal. No entanto, este
programa o foi utilizado para as escies que tiveram um mero de avistamentos
menor que 20 indivíduos em um mesmo peodo. Nestes casos, foi dividido o número
de indiduos observados pela distância percorrida em quilômetros, obtendo-se a taxa
de encontro.
13
3 - RESULTADOS
Foram realizadas um total de 1087 observações (excluindo-se 5 lobinhos
Cerdocyon thous e 6 tamanduás-bandeira Myrmecophaga tridactyla observados
próximo à sede da fazenda) representando um total de 15 espécies de mamíferos de seis
ordens diferentes.
Ao todo foram percorridos aproximadamente 540 km, divididos em 270 km,
cada período (cheia e seca). Considerando-se ambas as estações foram percorridos
aproximadamente 280 km na área de arrozal, 75 km na área de pecuária e 185 km na
área de reserva.
Apesar do esforço amostral (quilômetros percorridos) na área de arrozal ser
maior que nos outros ambientes o número de espécies observadas foi igual à área de
pecuária (9 espécies cada) e, menor que a área de reserva (12 espécies). A diversidade,
medida através do índice de Shannon-Winner, foi bem menor nesse primeiro ambiente
comparando-se com os outros dois (Tabela 1).
A densidade de cervo-do-pantanal Blastocerus dichotomus (Fig. 4a) foi maior na
seca do que na cheia (dens. cheia = 0,273 ±0,080 indiv./km
2
; dens.seca = 0,301 ±0,088
indiv./km
2
), porém houve na taxa de encontro (T.E.) uma variação muito pequena entre
as duas épocas (T.E. cheia = 0,112 indiv./km; T.E. seca = 0,125 indiv/km) (Tabela 2).
Além disso, os avistamentos de B. dichotomus nas duas épocas do ano foram na área da
reserva e, na sua maioria, na área de cultivo de arroz (Fig. 5). Nesta última, essas
observações se concentraram a noroeste da área amostrada, próximo à área de reserva.
As contagens de capivaras H. hydrochaeris (Fig. 4d) resultaram em densidades
maiores no período da seca do que o de cheia, sendo pouco mais que o dobro (28,959
±5,449 081 indiv./km
2
e 12,965 ±2, indiv./km
2
, respectivamente) (Tabela 2).
14
Tabela 1 – Tabela das espécies de mamíferos encontradas na Fazenda San Francisco
(Pantanal de Miranda – MS), com o total de indivíduos observados em cada uma das
áreas, bem como as diversidades de cada área (Índice de Shannon-Winner).
Ordem nome popular Espécies Arrozal pecuária reserva
Artiodactyla cervo-do-pantanal
Blastocerus dichotomus
58 0 6
veado-catingueiro
Mazama gouazoupira
2 1 4
Veado-mateiro
Mazama americana
0 0 3
Carnívora Jaguatirica
Leopardus pardalis
16 0 5
onça-pintada
Panthera onca
3 0 3
Lobinho
Cerdocyon thous
7 50 14
lobo-guará
Chrysocyon brachyurus
3 0 0
mão-pelada
Procyon cancrivorous
7 7 5
Lagomorpha Tapeti
Sylvilagus brasiliensis
0 6 9
Perissodadactyla Anta
Tapirus terrestris
2 3 2
Rodentia Capivara
Hydrochoerus hydrochaeris
689 68 69
Xenarthra tamanduá-bandeira
Myrmecophaga tridactyla
0 36 4
tamanduá-mirim
Tamandua tetradactyla.
0 0 1
tatu-galinha
Euphractus sexcinctus
0 1 0
tatu-peba
Dasypus novencinctus
0 3 0
Total 787 175 125
Diversidade 0,545 1,493 1,670
15
Figura 4 – Fotos de algumas das espécies observadas durante as coletas na Fazenda San
Francisco (Pantanal de Miranda – MS): a) cervo-do-pantanal Blastocerus dichotomus;
b) tamanduá-bandeira Myrmecophaga tridactyla; c) jaguatirica Leopardus pardalis; d)
capivara Hydrochoerus hydrochaeris; e) anta Tapirus terrestris; f) lobinho Cerdocyon
thous.
16
Tabela 2 – Tabela de algumas das espécies observadas na Fazenda San Francisco
(Pantanal de Miranda – MS) comparando as densidades entre os períodos de cheia e
seca. Sendo que: P= período do ano; T.E. = taxa de encontro (número de indivíduos por
quilometro); D = Densidade (número de indivíduos por quilometro quadrado) e CV =
coeficiente de variação.
nome popular espécie P
T.E.
(indv./ km)
D
(indiv./ km
2
)
CV
(95%)
cervo-do-pantanal
Blastocerus dichotomus
cheia
0,112 0,273 ±0,080 30,36
seca
0,125 0,301 ±0,088 29,98
Lobinho
Cerdocyon thous
cheia
0,078 0,919 ±0,306 33,27
seca
0,184 2,034
±0,621 31,04
Jaguatirica
Leopardus pardalis cheia
0,019 0,428 ±0,052 54,40
seca
0,059 0,516 ±0,149 28,82
Capivara
Hydrochoerus hydrochaeris
cheia
1,160 12,965
±2,081 16,05
seca
1,900 28,959 ±5,449 18,81
tamanduá-bandeira
Myrmecophaga tridactyla
cheia
0,007 - -
seca
0,140 1,054 ±0,318 30,20
17
Figura 5 – Imagem de satélite da área da Fazenda San Francisco (Pantanal de Miranda
– MS) evidenciando as localizações de cervo-do-pantanal Blastocerus dichotomus
observados durante as coletas de dados.
18
A densidade dos grupos de cervos também foi maior na seca (Densidade cheia = 4,295
± 0,514 grupos/km
2
; Densidade seca = 6,072 ±0,819 grupos/km
2
). Porém, a taxa de
encontro de grupos foi apenas um pouco menor na cheia do que na seca (0,352
grupos/km e 0,390 grupos/km, respectivamente). O tamanho médio dos grupos foi de
3,298 indiv./grupo na cheia e 4,868 indiv./grupo na seca. Os grupos foram observados
em sua maioria na estrada ou do outro lado dos canais que margeiam essas estradas
(Fig. 6). Os grupos, no entanto, concentraram-se na região próxima a reserva onde há
um acumulo de água em uma estrada na região do arrozal margeada por um canal com
mata. Em algumas ocasiões foram observadas espécies na área de cultivo de arroz
propriamente dita e, em outras, na área de reserva perto de poças de água.
As densidades de lobinho C. thous (Fig. 4f) na cheia foram a metade da
observada na seca (0,919 ±0,306 indiv./km
2
e 2,034 ±0,621 indiv./km
2
,
respectivamente) (Tabela 2), sendo que a taxa de encontro foi de 0,078 indiv./km para a
cheia e 0,184 indiv./km para a seca. Apesar de ter sido observada em algumas ocasiões
na área de cultivo de arroz a maioria das observações foi realizada nas estradas
próximas à sede da fazenda, principalmente na área de pecuária próximo a construções
(Fig. 7).
Leopardus pardalis jaguatirica (Fig. 4c) é uma espécie que foi mais observada
na área de reserva e, principalmente, nas áreas de cultivo de arroz, possivelmente pela
presença de anbios e roedores nesses locais e que servem de alimentos a essa espécies,
não sendo observada na área de pecuária (Fig. 8). Sua densidade, assim como aquelas
das demais espécies, foi maior na seca do que na cheia (0,516 ±0,149 indiv./km
2
0,428
±0,052 indiv./km
2
, respectivamente). No entanto, o número de indivíduos dessa espécie
observados na cheia foi muito baixo (cinco) produzindo um índice de densidade não
19
Figura 6 – Imagem de satélite da área da Fazenda San Francisco (Pantanal de Miranda
– MS) evidenciando as localizações do veículo durante o avistamento de grupos de
capivaras Hydrochoerus hydrochaeris.
20
Figura 7 – Imagem de satélite da área da Fazenda San Francisco (Pantanal de Miranda
– MS) evidenciando as localizações de lobinho Cerdocyon thous observados durante as
coletas de dados.
21
Figura 8 – Imagem de satélite da área da Fazenda San Francisco (Pantanal de Miranda
– MS) evidenciando as localizações de jaguatirica Leopardus pardalis observados
durante as coletas de dados.
22
muito confiável (Tabela 2). De qualquer forma, a taxa de encontro foi bem menor na
cheia do que na seca (0,019 indiv./km e seca 0,059 indiv./km, respectivamente).
A taxa de encontro de tamanduá-bandeira Myrmecophaga tridactyla (Fig. 4b) na
cheia foi de 0,007 indiv./km, sendo observados apenas dois indivíduos em dias
diferentes. Portanto não foi possível estimar a densidade dessa espécie nesse período.
No entanto, na seca a taxa de encontro foi de 0,140 indiv./km e a densidade foi de 1,054
indiv./km
2
, apresentando uma variação muito maior de avistamentos em relação à cheia.
Alguns indivíduos dessa espécie foram observados nas estradas ao lado da reserva, mas
sua maioria se concentrou na área de pecuária, principalmente, na estrada que liga a
sede da fazenda à área de confinamento dos bois (Fig. 9).
Duas espécies que ocorrem na área de estudos L. pardalis e o mão-pelada
Procyon cancrivorous foram observados na maioria das vezes na área de cultivo de
arroz. Este último foi observado na área de reserva e em duas ocasiões na área da
pecuária (Fig. 10). Em uma das oportunidades avistou-se uma fêmea com quatro
filhotes forrageando em ambiente com água com pouca profundidade. Devido ao
mero baixo de avistamentos não foi possível, contudo, determinar as densidades
dessa espécie em nenhuma das estações. Mas, a taxa de encontro foi maior na seca do
que na cheia (0,055 indiv./km e 0,015 indiv./km, respectivamente).
De todas as espécies observadas cinco foram avistadas apenas no período da
seca, são elas: onça-pintada Panthera onca, tamanduá-mirim Tamandua tetradactyla,
tatu-peba Euphractus sexcinctus, tatu-galinha Dasypus novencinctus e veado-mateiro
Mazama americana (Tabela 3). Com exceção do lobo-guará Chrysocyon brachyurus
todas as demais espécies apresentaram um número de encontro maior na seca do que na
cheia (Tabela 3). Essas espécies, assim como anta Tapirus terrestris (Fig. 4f), tapeti
Sylvilagus brasiliensis, veado-catingueiro Mazama gouazoupira, foram observados na
23
Figura 9 – Imagem de satélite da área da Fazenda San Francisco (Pantanal de Miranda
– MS) evidenciando as localizações de tamanduá-bandeira Myrmecophaga tridactyla
observados durante as coletas de dados.
24
Figura 10 – Imagem de satélite da área da Fazenda San Francisco (Pantanal de Miranda
– MS) evidenciando as localizações de mão-pelada Procyon cancrivorous observados
durante as coletas de dados.
25
Tabela 3 – Tabela de algumas das espécies observadas San Francisco (Pantanal
de Miranda – MS) comparando as taxas de encontro entre os períodos de cheia e seca.
Sendo que: indiv. obsv = número total de indivíduos; T. E. = taxa de encontro
(número de indivíduos por quilômetro).
Cheia Seca
Nome popular Espécies
n° indiv.
obsv.
T. E.
(indiv./km)
n° indiv.
obsv.
T. E.
(indiv./ km)
Anta
Tapirus terrestris
1 0,0037 6 0,0221
lobo-guará
Chrysocyon brachyurus
2 0,0074 1 0,0037
mão-pelada
Procyon cancrivorous
4 0,0150 15 0,0552
onça-pintada
Panthera onça
- - 6 0,0221
tamanduá-mirim
Tamanduá tetradactyla.
- - 1 0,0037
tatu-galinha
Dasypus novencinctus
- - 1 0,0037
tatu-peba
Euphractus sexcinctus
- - 3 0,0110
veado-catingueiro
Mazama gouazoupira
1 0,0037 6 0,0221
veado-mateiro
Mazama americana
- - 3 0,0110
Tapeti
Sylvilagus brasiliensis
7 0,0262 8 0,0295
26
área de reserva e também na área de pecuária. M. gouazoupira, P. onca e um case.3( )]TJ/TT6 1 T5.768 0 TD0.0038 Tc38 TwT0(.26.2.3( )]Tj-3644 -3 0 TD-0.9002 T[(e t11)9.e)-5se t11
27
Figura 11 – Imagem de satélite da área da Fazenda San Francisco (Pantanal de Miranda
– MS) evidenciando as localizações das demais espécies de mamíferos de médio e
grande porte observadas durante as coletas.
28
4- DISCUSSÃO
Todas as espécies já haviam sido observadas na área de estudo por Concone
(2004). Algumas espécies registradas no citado estudo não foram observadas no
presente, como é o caso de Leopardus colocolo e Puma concolor.
Por ser um ambiente muito modificado para o cultivo de arroz, essa área tornou-
se um ambiente muito propício ao cervo-do-pantanal B. dichotomus, com lâminas
d`água em torno de 70cm (Schaller e Vasconcelos, 1978b). Além disso, as densidades,
tanto na cheia quanto na seca, foram semelhantes às observadas por Mauro et al. (1998)
nas regiões de médio e alto níveis de inundação no Pantanal como um todo e, também,
por Mourão et al. (2000) para a região do rio Miranda. Diferença nas densidades entre a
cheia e seca também foram observadas por Tomás et al. (2001) sendo as do período de
seca bem maiores que aquelas de cheia. Estes últimos autores atribuem essa maior
densidade a uma provável organização social e estratégia reprodutiva. Talvez isso
também explique a diferença nas densidades observadas no presente estudo. No entanto,
estudos de densidade dessa espécie, nessa área e no período entre agosto e dezembro
podem apresentar altas densidades porque nessa época os quadros de arroz estão
cobertos por água, beneficiando a espécie que é nômade dependendo do regime
hidrológico da área (Tiepolo e Tomás, 2006).
O fato de B. dichotomus ser observado principalmente na região noroeste da área
de cultivo de arroz (Fig. 5) se deve à área mais deprimida do relevo local, o que permite
um acúmulo de água até nos períodos secos e sem cultivo.
As densidades de capivara H. hydrochaeris encontradas nos dois períodos estão
dentro das observadas por Alho et al. (1987a). No entanto, são de tamanho
intermediário, quando comparada a ambientes mais propícios para a ocupação de
29
capivaras como campos de pastagem, fragmento de mata e água (Alho et al.,1987a). A
densidade não muito alta pode ser devida à falta de fragmentos de mata em parte das
áreas amostradas. Pelo mesmo motivo, o maior número de observações foi nas áreas de
cultivo com grandes concentrações de água e perto de matas.
As maiores densidades estão relacionadas a um maior tamanho médio de grupos
observados na época da seca, bem como a dispersão de grupos e a concentração desses
em capões, como observado por Alho et al. (1987a).
Fisher (1997) observou um aumento considerável de capivaras atropeladas na
BR-262 na região de Miranda, Mato Grosso do Sul. Uma densidade relativamente alta,
bem como um maior número de capivaras na época de maior fluxo de veículos (julho-
agosto) pode contribuir para este fato, sendo que essa rodovia limita a fazenda ao sul.
Comparando as densidades deste estudo de H. hydrochaeris com as observadas
por Verdade e Ferraz (2006) em um outro ambiente antropizado de 40,8 ha no interior
do estado de São Paulo (124 ± 4 indivíduos/ km
2
), pode-se afirmar que são bem
menores. Isso possivelmente porque nesse último ambiente os predadores naturais dessa
espécie estão ausentes e pela presença de uma grande quantidade de gramíneas.
As maiores densidades de C. thous observadas na época de seca podem estar
relacionadas com a falta de oferta de alimentos, principalmente frutos, nesse período, já
que essa espécie é generalista e sua dieta tem variação sazonal (Cheida et al., 2006 e
Pedó et al., 2006). Dessa forma, durante as épocas mais secas essa espécie se acerca as
casas habitadas a procura de restos de alimentos ou então em busca de roedores ou
outros vertebrados que abandonam os fragmentos de mata e encontram-se nas áreas de
campo. No entanto, essa espécie foi observada poucas vezes nas áreas mais centrais de
30
escies como L. pardalis e P. cancrivorous e porque essa espécie é mais adaptada a
áreas secas do que as outras duas (Emmons, 1990).
Segundo Medri (2002) a probabilidade de avistar tamanduá-bandeira M.
tridactyla aumenta em horas com temperaturas mais baixas. Essa espécie também usa
fragmentos de mata para se abrigar de altas temperaturas durante as horas mais quentes
do dia ou, também, das baixas nas noites mais frias de inverno (Mourão e Medri, 2007).
Contudo, a maior taxa de encontro dessa espécie foi observada durante o inverno
(estação seca). Apesar de não ter sido calculado, a grande maioria dos avistamentos
parece ter sido ao período entre 19h:30min e 20h:30min, e nos dias mais frios. Isto se
deve, possivelmente, por ser esse um período de temperaturas ideais para atividade do
animal, já que no inverno alguns dias são quentes e a noites muito frias. Apesar de essa
espécie ser encontrada em uma variedade de habitat suas atividades de forrageamento e
movimentação são maiores nos campos inundáveis e campo cerrado (Medri, 2002). No
entanto, o maior número de avistamento foi nas áreas de cerrado, sendo raras nas áreas
inundáveis, possivelmente, pelas áreas alagáveis serem áreas de cultivo de arroz e não
oferecer alimentos para essa espécie.
L. pardalis é uma espécie relativamente comum na fazenda e tem os roedores
como dieta principal (Concone, 2004). Isso pode ser explicado pelo fato da ocorrência
de espécies de roedores, sendo que algumas foram observadas durante o estudo, porém
sem uma identificação precisa. Estas ocupam a área de cultivo de arroz, principalmente
durante os períodos em que essas áreas não estão alagadas (seca ou fora da época de
cultivo de arroz). Dessa forma, a jaguatirica é freqüentemente encontrada em cultivo de
arroz durante a noite principalmente, e a maior densidade na seca está relacionada à
oferta de alimentos no arrozal (Concone, 2004). Contudo, essa espécie não ocupa os
31
ambientes de pecuária possivelmente porque os fragmentos de mata nessa área são
muito pequenos para essa espécie diminuindo, assim, a competição com C. thous.
Os resultados de densidades para L. pardalis o próximos aos observados por
Trolle e Kéry (2003), na Fazenda Rio Negro e que utilizaram o método de captura e
recaptura com armadilhas fotográficas. A espécie mostrou-se bastante freqüente, mesmo
considerando os dois períodos sazonais, quando comparado aos estudos de Desbiez e
Tomás (2003) na Fazenda Nhumirim (Pantanal de Nhecolândia) onde ela se mostrou
uma espécie rara.
Apesar de menos freqüente que L. pardalis, P. cancrivorous mostrou-se
generalista, sendo encontrado em todos os ambientes amostrados. No entanto, foi um
pouco mais freqüente na área de arrozal do que nos outros locais, possivelmente pelo
fato de se alimentar de moluscos e peixes (Cheida et al., 2006). Em uma ocasião foi
observado um indivíduo, no período de seca, predando um roedor na área de arrozal, o
que também explica o fato dessa espécie ter maior taxa de encontro na seca, assim como
o que foi observado para L. pardalis. Na cheia, os alimentos podem ser encontrados
mais próximos à área de mata, sendo assim, eles não ocupam áreas abertas durante esse
período, o que torna mais raro seu avistamento, mesmo porque as focagens noturnas da
fazenda não são feitas em áreas florestadas.
As demais espécies apresentaram taxas de encontro maiores na cheia do que na
seca devido ao fato de que durante a estação das águas essas espécies provavelmente
fiquem restritas a áreas de matas, saindo durante a seca à procura de recursos. Além
disso, as espécies observadas na área de arrozal estavam sempre perto da área de reserva
ou de matas. Os indivíduos de P. onca avistados poderiam estar à procura de capivaras,
existentes nos canais de arroz, sendo estas suas presas mais freqüente no Pantanal
(Schaller e Crawshaw, 1981) e também na mesma área (Azevedo, 2006). Algumas
32
espécies próximas filogeneticamente foram mais freqüentes que outras, como é o caso
de M. gouazoupira e M. americana. Esta última é considerada mais restrita a áreas de
mata (Tiepolo e Tomás, 2006). Essa mesma situação dessas duas espécies foi observada
por Desbiez e Tomás (2003) por esta última ser mais rara na região da Fazenda
Nhumirim.
O lobo-guará C. brachyurus teve uma taxa de encontro maior na cheia, o que
parece tratar de um evento ocasional. Contudo, a espécie mostrou-se mais adaptada a
áreas típicas de cerrado, como é a área de pecuária da Fazenda San Francisco.
O fato de ter sido observado um maior número e uma maior diversidade de
espécies relacionadas com a de área de reserva (Tabela, 1), deve-se a proximidade das
áreas de reserva legal e matas ciliares, ambientes ideais para a maioria das espécies
33
5 – CONCLUSÕES
A metodologia permitiu identificar 15 diferentes espécies de mamíferos de
médio e grande porte.
A técnica utilizada permitiu, ainda, estimar as áreas de uso desses animais, e,
nos casos que foi possível calcular a densidade, essa correspondeu à densidade de outros
estudos realizados no Pantanal para as seguintes espécies: B. dichotomus, L. pardalis e
H. hydrochaeris.
Os índices de densidade obtidos para as espécies C. thous e M. tridactyla não
devem ser extrapolados para outras áreas da fazenda, e nem como um padrão para o
Pantanal.
Os resultados do presente estudo foram os esperados para a região e poderão
servir de base para outros estudos, como, por exemplo, comparações entre épocas de
cultivo e épocas sem cultivo.
O presente estudo também pode relacionar o turismo à atividade científica,
mostrando ser uma fonte de obtenção de recurso para as pesquisas. Além disso, as
informações obtidas nesse trabalho servem ao ecoturismo, pois os guias podem explicar
as diferenças sazonais de avistamento de algumas escies de animais, evitando assim
constrangimentos em ocasiões de poucas observações.
34
6 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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