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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CONSTRUÇÃO CIVIL
COMPORTAMENTO DE VIGAS PROTENDIDAS
PRÉ-MOLDADAS COM LIGAÇÕES SEMI-RÍGIDAS
Bruna Catoia
Orientador: Prof. Dr. Marcelo de
Araujo Ferreira
São Carlos
2007
Dissertação apresentada à Universidade
Federal de São Carlos como parte dos
requisitos para a obtenção do título de
Mestre em Construção Civil
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Ficha catalográfica elaborada pelo DePT da
Biblioteca Comunitária da UFSCar
C366cv
Catoia, Bruna.
Comportamento de vigas protendidas pré-moldadas com
ligações semi-rígidas / Bruna Catoia. -- São Carlos :
UFSCar, 2007.
149 f.
Dissertação (Mestrado) -- Universidade Federal de São
Carlos, 2007.
1. Concreto pré-moldado. 2. Ligações viga-pilar. 3.
Ligações semi-rígidas. 4. Vigas protendidas de concreto. 5.
Rigidez à flexão. I. Título.
CDD: 624.183414 (20
a
)
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UNIVERSIDADEFEDERALDESÃo CARLOS
Centro de Oêndas Exatas e de Tecnologia
Departamento de Engenharia Civil
Programa de Pós-Graduação em Construção Civil
ViaWashington Luís,Km235 - CEP:13.565-905 - 5ão Canos/SP/Brasil
Fone(16) 3351-8262- Ramal: 232 - Fax (16) 3351-8259
Site: www.deciv.ufscar.brlppqcivl:mail: pDQciv@oower .~r .br
"COMPORTAMENTO DE VIGAS PROTENDIDAS PRÉ-MOLDADAS COM
LIGAÇÕES SEMI-RÍGIDAS"
BRUNA CATOIA
Dissertação de Mestrado defendida e aprovada em 28 de fevereiro de 2007
Banca Examinadora constituída pelos professores
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Prot. Dr.Marcelo de Araújo Ferreira -Departamento de Engenharia CiviljUFSCar
Orientador
Prot. Dr. Roberto Chust Carvalho -'b~pá~m~nto ~~ Engenharia CiviljUFSCar
Examinador Interno
Prot. Dr. Ângelo Rubens MiglioreJr.-~rtamento de Engenharia CiviljBarretos
Examinador Externo
À minha mãe Lucia
e ao meu pai Roberto
dedico esse trabalho,
com todo amor.
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Ao “Senhor” por estar ao meu lado em todos os momentos.
Aos meus pais Lucia Helena Catoia e Roberto Carlos Catoia, exemplos de união coragem
e amor agradeço de coração por todo o esforço e empenho dedicados a mim.
Ao meu orientador, Marcelo de Araújo Ferreira, exemplo de profissional e pessoa, pelo
indispensável apoio, amizade e compreensão, durante esse período.
Ao meu namorado Fernando Periotto, pela indispensável contribuição para a preparação
dos modelos e realização dos ensaios, por estar sempre presente e disposto a contribuir seja
qual for o trabalho, pelo amor dedicado a mim e pela incansável luta para tornar as coisas
mais si mple s.
Ao meu amigo e irmão Thiago Catoia pela contribuição nos ensaios experimentais dos
modelos, pela realização dos ensaios dos corpos-de-prova para a caracterização dos materiais
e por sempre estar pronto a me auxiliar sempre que preciso, seja qual for a hora e o lugar.
À minha verdadeira amiga e querida irmã Micheli Catoia, sempre presente em todos os
momentos da minha vida, contribuindo com todo seu amor e carinho.
Aos meus irmãos, Denise Aparecida Pim e Fabio Rodrigues Pim, pelo apoio e amor
sempre dedicados a mim.
À Regina Candeloro Grabarz, pelo apoio e pelas contribuições oferecidas na realização
dos ensaios experimentais.
Ao amigo Isaías de Oliveira Júnior, quem nunca esquecerei, por ser tão especial, pelo
companheirismo dedicado a minha família, contagiando a todos com sua serenidade e amor
ao próximo.
Ao meu amigo Marcelo Cover, pelo carinho destinado à minha família e por me
proporcionar momentos especiais.
Ao professor e grande amigo Roberto Chust Carvalho, por estar sempre presente e
contribuir com sua sabedoria e experiência indispensáveis a realização desse trabalho.
Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Construção Civil da UFSCar,
especialmente ao professor Guilherme Ariz Parsekian, por me apoiar sempre que precisei, e
ao professor Sydney Furlan pelas contribuições no exame de qualificação.
Ao professor Jefferson Benedicto Libardi Liborio, por conceder o Laboratório de
Materiais Avançados à Base de Cimento (LMABC) da Escola de Engenharia de São Carlos
(EESC), do Departamento de Estruturas (SET) da Universidade de São Paulo (USP), para a
realização dos ensaios de caracterização dos materiais.
Aos funcionários do PPGCIV-UFSCar, em especial a Solange, sempre disposta e
preocupada com o bem-estar de todos.
Ao Luiz Vareda, pelas informações necessárias à utilização do sistema de aquisição de
dados.
Aos colegas do NETPRE, Carlos Alberto, Abner, Marcela e em especial ao Altibano,
Fábio e Leonardo pela grande contribuição ao longo desse trabalho.
Ao amigo Marcelo Cuadrado, pelo apoio e grande empenho para o fornecimento das
peças utilizadas nos ensaios.
À FAPESP, pela bolsa e pelo apoio financeiro concedido a presente pesquisa.
À LEONARDI CONSTRUÇÃO INDUSTRIALIZADA de São Paulo, pela doação das
vigas protendidas e corpos-de-prova, utilizados nessa pesquisa.
Ao Ângelo Rubens Migliore Jr., por sua contribuição no detalhamento do modelo.
À ABCIC, pela doação do laboratório do NETPRE, possibilitando a realização dos
ensaios físicos necessários a presente pesquisa.
Resumo
Bruna Catoia (2007)
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CATOIA, B. Comportamento de vigas protendidas pré-moldadas com ligações
semi-rígidas. São Carlo. 2007. 149f. Dissertação (Mestrado em construção civil) –
Universidade Federal de São Carlos. São Carlos, 2007
O comportamento das vigas pré-moldadas de concreto protendido é diretamente afetado pela
relação momento-rotação do apoio. Dessa forma, embora a viga protendida apresente um
comportamento linear, o comportamento conjunto viga e ligações, é determinado pela não
linearidade das ligações. Os estudos experimentais existentes sobre o comportamento das
ligações semi-rígidas em estruturas pré-moldadas têm se restringido a caracterização da
rigidez à flexão de maneira isolada, devido principalmente à falta de uma metodologia
experimental que integre parâmetros teóricos de controle, como o fator de restrição à rotação
α
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e o procedimento Beam-line. Na presente pesquisa, desenvolveu-se um procedimento
experimental, através do qual foi possível integrar diversos equacionamentos teóricos, que
levam em consideração diferentes parâmetros para a análise dos resultados. Com a
investigação experimental do comportamento conjunto de uma viga pré-moldada de concreto
protendido e de suas ligações viga-pilar de extremidade, a partir de ensaios físicos de dois
modelos, foi possível estimar o engastamento parcial nas ligações viga-pilar. Foram
ensaiados dois modelos, sendo um composto por uma viga protendida com ligações semi-
rígidas, e o outro composto por uma viga protendida bi-apoiada, ainda que em caráter
exploratório Com base nas análises dos resultados experimentais obtidos para os modelos
estudados, o engastamento parcial efetivo da ligação, ou seja, a capacidade de restrição à
rotação da ligação viga-pilar de extremidade, no Estado Limite Último, foi estimada como
sendo um valor entre 60% e 70%, apresentando, assim, um bom desempenho. Embora tais
resultados sejam restritos aos momentos negativos, acredita-se que essa ligação possui um
elevado potencial para aplicação em pórticos, na medida em que o detalhe utilizado na
interface entre a viga e o pilar possibilitou uma maior capacidade de restrição ao giro da
ligação.
Palavras-chave: ligações viga-pilar, ligações semi-rígidas, vigas protendidas, rigidez à flexão.
Abstract
Bruna Catoia (2007)
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CATOIA, B. Behaviour of prestressed precast beams with semi-rigid connections. São
Carlos. 2007. 149f. Dissertação (Mestrado em construção civil) – Universidade Federal de
São Carlos. São Carlos, 2007.
The behaviour of prestressed precast beams is directly affected by the rotational stiffness of
the end connections. Although the prestressed beam presents a linear behaviour in service,
the effective behaviour of the precast beam depends on the interaction of the beam with the
behaviour of its connections. The majority of the experimental investigations on semi-rigid
connections in precast concrete structures are focused on the testing of isolated models of
connections aiming to the characterization of their moment-rotation relationships. However,
the effective behaviour of precast beams with semi-rigid connections can only be determined
through tests of precast subframes, wherein the interaction of the beam with its connections
can be evaluated. The present research presents a development of an experimental procedure
for testing of precast subframes with semi-rigid connections, which integrates analytical
equations, allowing estimate the partial restrained moment at the beam-column connections.
Using this approach, this research presents the results of an experimental investigation. With
the experimental inquiry of the prestressed beam behavior together with the beam-column
connections of extremity, through physical tests, was possible esteem the partial restrained in
the beam-column connections, despite in exploratory character. Were testing two models,
being one compose for a prestressed beam with semi-rigid connections, and the other
compose for a simply supported prestressed beam With the analyses of the experimental
results for the studied models, the effective restrained of the connections, in other words, the
capacity of restriction to the rotation of beam-column connections of extremity in the U.L.S,
was esteem as being a value between 60% and 70%, presenting, thus, a good performance.
Although these results are restricted to the negative moments, it gives credit that these
connections possess one high potential for application in porches, because the detail used in
the interface between the beam and the column made possible a bigger capacity of restriction
to the rotation of the connection.
Keywords: beam-column connections, semi-rigid connections, prestressed beams, flexural stiffness.
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1.1 Importância do Estudo das Ligações entre os Elementos Pré-Moldados ............. 6
1.2 Objetivos .......................................................................................................................... 7
1.3 Metodologia ..................................................................................................................... 7
1.4 Apresentação da Dissertação ........................................................................................... 9
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2.1 Considerações Iniciais ................................................................................................... 11
2.2 Estudos Encontrados na Literatura ................................................................................ 14
2.3 Ligações Viga-Pilar ....................................................................................................... 28
2.3.1 Zonas de Distúrbio em Ligações............................................................................. 30
2.3.2 Mecanismos de Deformação das Ligações Viga-Pilar ........................................... 32
2.3.3 Fator de Restrição à Rotação α
R
............................................................................. 34
2.3.4 Classificação das Ligações Viga-Pilar .................................................................... 35
2.3.5 Determinação Teórica da Relação Momento-Rotação ........................................... 41
2.3.6 Método Beam-Line.................................................................................................. 47
2.4 Tipologia de Ligações Viga-Pilar .................................................................................. 50
2.4.1 Tipologias de Ligações Semi-Rígidas .................................................................... 51
2.5 Exemplos de Ligações Viga-Pilar.................................................................................. 53
2.6 Concreto Protendido: Vantagens e Desvantagens ......................................................... 56
2.7 Classificações do Concreto Protendido ......................................................................... 57
2.7.1 Classificação quanto a Aderência ........................................................................... 57
2.7.2 Classificação Quanto à Intensidade de Protensão................................................... 60
2.8 Estados Limites ............................................................................................................ .. 61
2.9 Vigas .............................................................................................................................. 62
2.9.1 Considerações Gerais .............................................................................................. 62
2.9.2 Vigas Protendidas ................................................................................................... 63
2.9.3 Cisalhamento em Vigas .......................................................................................... 64
2.10 Tipologias de Vigas Protendidas ................................................................................. 66
2.11 Influência das Ligações Semi-Rígidas no Comportamento da Viga ........................... 67
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3.1 Objetivos do Programa Experimental ............................................................................ 74
3.2 Detalhamento do Programa Experimental ..................................................................... 74
3.2.1 Descrição dos Modelos ........................................................................................... 74
3.2.2 Características dos Materiais .................................................................................. 82
3.2.3 Confecção, Transporte e Montagem dos Modelos ................................................. 91
3.2.4 Instrumentação ...................................................................................................... 100
3.3 Metodologia Experimental........................................................................................... 110
3.4 Resultados Experimentais ............................................................................................ 116
3.4.1 Modelo BA............................................................................................................ 116
3.4.2 Modelo SR ............................................................................................................ 122
3.5 Análise dos Resultados Experimentais ........................................................................ 127
3.5.1 Comparações ......................................................................................................... 138
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4.1 Considerações Gerais ................................................................................................... 140
4.2 Cumprimento dos Objetivos ........................................................................................ 141
4.3 Avanços em Relação a Trabalhos Anteriormente Realizados ..................................... 143
4.4 Sugestões para Trabalhos Futuros ............................................................................... 144
4.5 Considerações Finais ................................................................................................... 144
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Figura 1-1: Esquema da ligação viga-pilar em estudo. .............................................................. 5
Figura 2-1: Tipos de ligações viga-pilar, a) ligação viga-pilar com consolo embutido em pilar
contínuo, b) viga-pilar sobre consolo aparente, c) vigas e pilares descontínuos, d): pilar
descontínuo com viga contínua. [FIB (2003)] ......................................................................... 12
Figura 2-2: Exemplo de estrutura pré-moldada em esqueleto para múltiplos pavimentos. [FIB
(2003)]...................................................................................................................................... 12
Figura 2-3: Ligação BC15. [DOLAN et al (1987)] ................................................................. 15
Figura 2-4: Ligação BC16A. [DOLAN et al (1987)] .............................................................. 16
Figura 2-5: Ligação CC1. [DOLAN et al (1987)] ................................................................... 16
Figura 2-6: Ligação BC25. [DOLAN et al (1987)] ................................................................. 17
Figura 2-7: Ligação BC26. [DOLAN et al (1987)] ................................................................. 17
Figura 2-8: Ligação BC27. [DOLAN et al (1987)] ................................................................. 17
Figura 2-9: Ligação BC28 e BC29. [DOLAN et al (1987)] .................................................... 18
Figura 2-10: Ligação viga-pilar do tipo 1. [DARDARE & COMAIR (1992)] ....................... 20
Figura 2-11: Esquema da ligação do tipo 2. [CHEFDEBIEN (1998)] .................................... 20
Figura 2-12: Ligações viga-pilar utilizadas na Inglaterra. [ELLIOTT et al (1998)] ............... 21
Figura 2-13: Carregamento da estrutura. [ELLIOTT (2003)] ................................................. 22
Figura 2-14: Ligações viga-pilar ensaiadas por KERONEN (1996). ...................................... 24
Figura 2-15: Ligações viga-pilar estudadas por FERREIRA (1999) ....................................... 25
Figura 2-16: Segundo tipo de ligação ensaiado por MIOTTO (2002)..................................... 26
Figura 2-17: Arranjo do ensaio à flexão para a ligação viga-pilar. [SOUZA (2006)] ............. 27
Figura 2-18: Instrumentação do modelo. [(SOUZA (2006)] ................................................... 27
Figura 2-19: Região da ligação viga-pilar. [FIB (2003)] ......................................................... 30
Figura 2-20: Exemplos de zonas de distúrbio em elementos pré-moldados. [FIB (2003)] ..... 31
Figura 2-21: Mecanismos de deformação em ligações com armadura de continuidade a)
Mecanismo de abertura de junta; b) Mecanismo de formação de rótula plástica. [FERREIRA
(2001)]...................................................................................................................................... 32
Figura 2-22: Mecanismos de fissuração em ligações com armadura de continuidade. [PCI
(1986)]...................................................................................................................................... 33
Figura 2-23: Esquema da ligação ensaiada em FERREIRA (2001). ....................................... 34
Figura 2-24: Fissuras nas vigas ensaiadas em FERREIRA (2001).......................................... 34
Figura 2-25: Fator de restrição à rotação. [NBR 9062:2006] .................................................. 35
Figura 2-26: Classificação de ligações resistentes à flexão como rígidas, semi-rígidas ou
articuladas segundo o Manual de Ligações Estruturais da FIB (draft 2003). .......................... 36
Figura 2-27: Ligação considerada como semi-rígida segundo o Manual de Ligações da FIB
(draft 2003). ............................................................................................................................. 37
Figura 2-28: Casos extremos de comportamento mecânico: a) ligações com pouca armadura
de continuidade, onde a rotação se concentra na interface viga-pilar. b) ligações com
resistência à flexão da mesma ordem do elemento estrutural, onde as fissuras são espalhadas
em toda a região da ligação na extremidade da viga. [FERREIRA & ELLIOTT (2002) e FIB
(2003)]...................................................................................................................................... 38
Figura 2-29:Sistema de classificação para ligações semi-rígidas. [FERREIRA (2003)] ........ 40
Figura 2-30: Rigidez secante para a relação momento-rotação. [FERREIRA (2003)] ........... 43
Figura 2-31: Regiões de distúrbio na extremidade de ligações viga-pilar. [FERREIRA (2001)]
.................................................................................................................................................. 45
Listas
Bruna Catoia (2007) ii
Figura 2-32: Variações na consideração do comprimento de embutimento λ
e
. [FERREIRA
(2001)]...................................................................................................................................... 46
Figura 2-33: Curva momento fletor-rotação. [MIOTTO (2002)] ............................................ 47
Figura 2-34: Reta Beam-Line com a curva Momento-rotação da ligação. [FERREIRA (1999)]
.................................................................................................................................................. 48
Figura 2-35: Ilustração do comportamento de diferentes ligações, com ruptura na ligação
(ligação B) e com ruptura na viga (ligação A)......................................................................... 49
Figura 2-36: Obtenção dos valores
lig
φ
e
lig
M através da rigidez secante da ligação semi-
rígida. ........................................................................................................................ ............... 49
Figura 2-37: Configurações da ligação viga-pilar. [PCI (1988)] ............................................. 50
Figura 2-38: Ligação viga-pilar semi-rígida com consolo e chumbador.
[Projeto Jovem Pesquisador – UFSCar (2003)] ....................................................................... 51
Figura 2-39: Ligação viga-pilar com consolo metálico embutido.
[Projeto Jovem Pesquisa
Listas
Bruna Catoia (2007) iii
Figura 3-14: Ensaio para determinação do módulo de elasticidade do concreto moldado no
local. ......................................................................................................................................... 87
Figura 3-15: Ensaio de compressão axial simples em corpo-de-prova composto pelo graute
utilizado.................................................................................................................................... 89
Figura 3-16: Ensaio para a determinação do módulo de elasticidade do graute empregado. .. 89
Figura 3-17: Protensão das armaduras empregadas nas vigas referentes a presente pesquisa.91
Figura 3-18: a) Pista de protensão; b) e c) Disposição das armaduras; d) Indicação do
isolamento das armaduras de protensão na extremidade das vigas. ........................................ 92
Figura 3-19: Produção dos trechos de pilares. ......................................................................... 92
Figura 3-20: Concretagem das vigas protendidas estudadas. .................................................. 93
Figura 3-21: Chegada das vigas e transporte interno. .............................................................. 93
Figura 3-22: Preparação dos consolos para o posicionamento da viga. .................................. 94
Figura 3-23: Posicionamento da vig a sobre os consolos. ........................................................ 94
Figura 3-24: a) colocação do graute na betoneira; b) homogeneização dos componentes
juntamente com a água utilizada; c) detalhe do graute pronto; d) aplicação do graute na junta
entre viga e pilar; e) modelo após o grauteam ento da junta e dos chumbadores. .................... 95
Figura 3-25: a) Rosqueamento de dispositivos metálicos em luvas existentes no interior do
pilar; b), e c) rosqueamento das armaduras negativas nos dispositivos metálicos, através das
luvas presentes na extremidade das armaduras. ....................................................................... 96
Figura 3-26: a) Montagem das fôrmas do modelo SR; b) montagem da fôrma do modelo BA.
.................................................................................................................................................. 96
Figura 3-27: a), b) e c) Concretagem do modelo SR; d), e) e f) Concretagem do modelo BA;
g) e h) Colocação de desmoldante em corpos-de-prova; i) moldagem de corpo de pro v a. ..... 97
Figura 3-28: Etapa de cura dos m odelos realizado s na presente pesquisa. .............................. 98
Figura 3-29: a) Modelo SR após desfôrma; b)modelo BA após a desforma; c) desforma dos
corpos-de-prova. ...................................................................................................................... 98
Figura 3-30: Posicionamento do pórtico para a realização dos ensaios................................... 98
Figura 3-31: Camada de graute realizada para o adequado apoio dos pilares. ........................ 99
Figura 3-32: a) Mecanismo de contraventamento dos pórticos laterais; b) detalhe do
dispositivo metálico soldado na canaleta, necessário a fixação da parte inferior das barras. .. 99
Figura 3-33: Colocação do mecanismo utilizado para garantir o travamento da “cabeça” dos
pilares. .................................................................................................................................... 100
Figura 3-34: Arranjo do ensaio à flexão para a caracterização da viga protendida. .............. 101
Figura 3-35: Arranjo do ensaio à flexão para a avaliação do efeito da ligação viga-pilar na
resposta da rigidez da viga pré-moldada de concreto. ........................................................... 101
Figura 3-36: a) Colagem do Strain Gage; b) envolvimento do Strain Gage com fita isolante de
alta fusão, e fita isolante; c) ligação do fio do extensômetro ao fio condutor; d) teste para
verificação da passagem de corrente...................................................................................... 102
Figura 3-37: Aplicação do carregamento na viga em dois pontos localizados. ..................... 102
Figura 3-38: Instrumentação do modelo BA (composto por uma viga bi-apoiada) .............. 105
Figura 3-39: Detalhe do apoio das extremidades da viga bi-apoiada. ................................... 105
Figura 3-40: Posicionamento dos transdutores utilizados no modelo BA (viga bi-apoiada). 106
Figura 3-41: Detalhe do posicionamento dos extensômetros elétricos de base removível no
modelo BA. ............................................................................................................................ 106
Figura 3-42: Detalhe do posicionamento dos transdutores e clinômetro para a obtenção da
rotação na extremidade do modelo BA.................................................................................. 107
Figura 3-43: Instrumentação do modelo SR (composto por uma viga com ligações semi-
rígidas). .................................................................................................................................. 107
Figura 3-44: Posicionamento do transdutor e relógio, utilizados para obtenção da flecha no
modelo SR. ............................................................................................................................. 108
Listas
Bruna Catoia (2007) iv
Figura 3-45: Posicionamento dos extensômetros elétricos de base removível, no modelo SR.
................................................................................................................................................ 108
Figura 3-46: Posicionamento dos transdutores e clinômetro na extremidade da viga com
ligações. ................................................................................................................................. 109
Figura 3-47: Localização e detalhe do sistema de aquisição de dados utilizado na realização
dos ensaios. ............................................................................................................................ 109
Figura 3-48: Esquemas estáticos para as vigas a) com ligações bi-articuladas; b) com ligações
semi-rígidas. ........................................................................................................................... 110
Figura 3-49: Obtenção da rotação da ligação a partir das leituras dos transdutores
posicionados nos consolos (para viga com ligações semi-rígidas) e na extremidade da viga
(para viga bi-apoiada). ........................................................................................................... 110
Figura 3-50: Posicionamento dos extensômetros de base removível na viga protendida para os
dois modelos ensaiados. ......................................................................................................... 112
Figura 3-51: Viga com ligações semi-rígidas ........................................................................ 112
Figura 3-52: Viga com ligações rígidas. ................................................................................ 112
Figura 3-53: Esquema da deformação do modelo SR (viga com ligações resistentes à flexão).
................................................................................................................................................ 114
Figura 3-54: Esquema da deformação do modelo BA (composto por uma viga bi-apoiada).
................................................................................................................................................ 114
Figura 3-55: Força no atuador central versus deslocamento no vão central da viga bi-apoiada.
................................................................................................................................................ 117
Figura 3-56: Força no atuador versus deformação nos extensômetros de base removível. ... 118
Figura 3-57: Força no atuador versus rotações livres na extremidade da viga bi-apoiada. ... 119
Figura 3-58: Força no atuador versus curvatura na região central da viga bi-apoiada .......... 119
Figura 3-59: Início da fissuração da viga bi-apoiada para uma carga de 270 kN. ................. 120
Figura 3-60: Fissuração da viga para carga de 290 kN. ......................................................... 121
Figura 3-61: Fissuração da viga para carga de 315 kN e 345 kN. ......................................... 121
Figura 3-62: Força no atuador versus deslocamentos verticais no vão central da viga do
modelo SR. ............................................................................................................................. 122
Figura 3-63: Força no atuador versus flecha, considerando o modelo SR. ........................... 123
Figura 3-64: Força no atuador versus deformação obtida pelos extensômetros, para o modelo
SR. .......................................................................................................................................... 124
Figura 3-65: Força no atuador versus rotação, considerando o modelo SR. ......................... 125
Figura 3-66: Início da fissuração da região central da viga. .................................................. 126
Figura 3-67: Momento versus curvatura obtida pelos extensômetros considerando o modelo
BA. ......................................................................................................................................... 127
Figura 3-68: Momento versus curvatura obtida através de rotações e flecha, considerando o
modelo BA. ............................................................................................................................ 128
Figura 3-69: Força no atuador versus curvatura na região central da viga, considerando o
modelo SR. ............................................................................................................................. 128
Figura 3-70: Força no atuador versus flecha considerando o modelo BA............................. 129
Figura 3-71: Força no atuador versus rotação considerando o modelo BA. .......................... 129
Figura 3-72: Força no atuador versus rotação........................................................................ 131
Figura 3-73: Força no atuador versus curvatura considerando os modelos ensaiados. ......... 132
Figura 3-74: Força no atuador versus curvatura p ara os dois modelos ensaiados. ................ 133
Figura 3-75: Força no atuador versus flecha considerando os d o is modelos ensaiados. ....... 134
Figura 3-76: Caracterização da ligação e do apoio para a carga de 190 kN. ......................... 137
Figura 3-77: Caracterização da ligação e do apoio para a carga de 270 kN. ......................... 137
Listas
Bruna Catoia (2007) v
L
L
I
I
S
S
T
T
A
A
D
D
E
E
T
T
A
A
B
B
E
E
L
L
A
A
S
S
Tabela 2-1: Resumo dos momentos previstos e suportados e das máximas rotações para cada
ligação. [DOLAN
et al (1987)] ................................................................................................ 18
Tabela 2-2: Classificação das ligações de acordo com a rigidez. [NBR 9062:2006] .............. 41
Tabela 2-3: Classificação das ligações de acordo com o fator de restrição à rotação. [NBR
9062:2006] ............................................................................................................................... 41
Tabela 2-4: Fatores de redução de rigidez dos elementos. [FERREIRA (2003)] .................... 46
Tabela 2-5: Determinação da classe de agressividade ambiental. [NBR 6118:2003] ............. 60
Tabela 2-6: Níveis de protensão. [NBR 6118:2003] ............................................................... 61
Tabela 3-1: Composição do concreto utilizado nas vigas ensaiadas. ...................................... 82
Tabela 3-2: Determinação das porcentagens dos materiais que compõem o aglomerante o
agregado miúdo e o agregado graúdo. ..................................................................................... 83
Tabela 3-3: Relação entre os componentes: água, aditivo, aglomerante e cimento. ............... 83
Tabela 3-4: Determinação da resistência à compressão dos concretos utilizados para várias
idades. ...................................................................................................................................... 86
Tabela 3-5:Tabela resumo da resistência média à compressão dos concretos utilizados na data
dos respectivos ensaios. ........................................................................................................... 86
Tabela 3-6: Determinação do módulo de elasticidade (E) dos concretos utilizados, para várias
idades. ...................................................................................................................................... 88
Tabela 3-7: Tabela resumo do módulo de elasticidade médio dos concretos utilizados nas
datas dos respectivos ensaios. .................................................................................................. 88
Tabela 3-8: Determinação da resistên cia à compressão do graute utilizado no modelo SR.... 90
Tabela 3-9: Determinação do módulo de elasticidade do graute utilizado no modelo SR. ..... 90
Tabela 3-10: Informações a respeito das armaduras passivas utilizadas nas vigas ensaiadas. 90
Tabela 3-11: Informações sobre as cordoalhas u tilizadas nas vigas ensaiadas. ...................... 91
Tabela 3-12: Planilha de orientação p ara a instrumentação do modelo BA. ......................... 104
Tabela 3-13: Planilha de orientação p ara a instru mentação do modelo SR. .......................... 104
Tabela 3-14: Abertura de fissuras para diversas etapas de ap licação de carga. ..................... 120
Tabela 3-15: Abertura da fissura localizada na junta entre a viga e o pilar para diversas
cargas. .................................................................................................................................... 126
Tabela 3-16: Abertura de fissuras na região central da viga.................................................. 126
Tabela 3-17: Determinação da porcentagem de engastamento para o apoio, considerando a
igualdade da relação momento/curvatura entre os modelos ensaiados. ................................. 132
Tabela 3-18: Determinação da porcentagem de engastamento para o apoio, considerando as
flechas medidas em cada modelo ensaiado. ........................................................................... 133
Tabela 3-19: Determinação da porcentagem de engastamento para o apoio, considerando a
relação entre as rotações dos modelos ensaiados................................................................... 135
Tabela 3-20: Determinação da porcentagem de engastamento médio no apoio da viga. ...... 135
Tabela 3-21: Determinação do momento mobilizado nos apoios da viga no m odelo SR. .... 135
Tabela 3-22: Determinação da rig idez do apoio (incluindo restrição da ligação e do pilar). 136
Tabela 3-23: Determinação da porcen tagem de engastamento da ligação viga-pilar............ 136
Listas
Bruna Catoia (2007) vi
L
L
I
I
S
S
T
T
A
A
D
D
E
E
S
S
Í
Í
M
M
B
B
O
O
L
L
O
O
S
S
a - Distância entre o apoio e a aplicação da carga concentrada
A
h
- Área da seção homogeneizada
A
p -
Área de armadura ativa
A
s
- Área de armadura
A
s,neg
- Área de armadura negativa
A
s,vão
- Área de armadura passiva no vão
b
c
- Largura do pilar
b
w
Largura da seção transversal
d - Altura útil da viga
d
p
- Altura útil da viga considerando armadura ativa positiva
d
s
- Altura útil da viga considerando armadura passiva positiva
d
1
- Distância entre os equipamentos que medem deformação
d
2
- Distância entre o equipamento de medição superior e a face superior da viga
e
p
- Excentricidade da armadura ativa
E
c
- Módulo de elasticidade do concreto
E
cs -
Módulo secante do concreto
E
s
- Módulo de elasticidade do aço
ER
i
- Leitura de deformação do equipamento localizado na parte inferior da vi ga
ER
s
- Leitura de deformação do equipamento localizado na parte superior da viga
(EI)
sec
- Rigidez secante da ligação
f - Flecha
f
cd
- Resistência à compressão de projeto do concreto
f
ck
- Resistência à compressão do concreto
f
ct
- Resistência à tração direta do concreto
ctm
f - Resistência à tração média do concreto
f
s
- Tensão na armadura
f
SR
- Flecha para o modelo com ligações semi-rígidas;
f
u
- Tensão de ruína das barras de aço
f
yd
- Tensão de escoamento do aço
f
yk
- Tensão característica de escoamento do aço
f
1
- Flecha para o modelo com ligações bi-articuladas.
Listas
Bruna Catoia (2007) vii
F - Resultante de força
F
c
- Força atuante no concreto
F
p -
Tensão
de protensão devido a armadura ativa determinada
h - Altura da viga
h
c
- Altura do pilar
I - Momento de inércia
I
bruto -
Momento de inércia da seção bruta
I
eq,ext
- Momento de inércia equivalente na extremidade da viga
I
eq,vão
- Momento de inércia equivalente no vão
I
eq,viga
- Momento de inércia equivalente na viga
I
I
- Momento de inércia no Estádio I
I
II
- Momento de inércia no Estádio II
e
l - Comprimento de embutimento da armadura dentro do pilar
p
l
- Comprimento da região da ligação
L - Comprimento da viga
L
ef
- Vão efetivo entre os apoios, distância entre centros de giros nos apoios
M
a -
Momento atuante
M
E
- Momento de engastamento perfeito
M
E.Rig
- Momento na extremidade da viga com ligações rígidas
M
Eng
- Momento de engastamento perfeito.
M
extr
- Momento na extremidade da viga;
M
g1 -
Momento devido ao peso próprio da viga e da laje
M
g2 -
Momento devido a capa de concreto
M
q -
Momento devido a sobrecarga
M
lig
- Momento na ligação
M
neg
- Momento negativo
M
pos
- Momento positivo
M
P
-Momento de engastamento perfeito
M
r
- Momento de fissuração
M
RC
- Momento resistente da ligação no limite do escoamento da armadura
tracionada
M
rd
- Momento-fletor resistente de cálculo
M
sd
- Momento-fletor solicitante de cálculo
Listas
Bruna Catoia (2007) viii
M
SR
- Momento na extremidade da viga com ligações semi-rígidas
M
serv,extr
- Momento na extremidade da viga considerando comportamento em serviço
M
serv,vão
- Momento no vão da viga considerando comportamento em serviço
M
u
-Momento último
M
VSR
- Momento no meio do vão da viga com ligações semi-rígidas
M
Vão
- Momento no meio do vão da viga
M
y
- Momento de plastificação da ligação
N -Força de protensão
P -Reação no apoio
p - Carregamento distribuído
p
1
- Carregamento distribuído referente ao peso próprio da viga mais a laje
p
2
- Carregamento distribuído referente ao peso próprio da capa mais a
sobrecarga
q - Carregamento uniformemente distribuído
R -Rigidez da ligação viga-pilar
R
apoio
-Rigidez no apoio da extremidade da viga
R
ligaçãp
-Rigidez da ligação viga-pilar
R
sec
- Rigidez secante ao momento fletor da ligação viga-pilar
R
s
- Rigidez equivalente entre a v iga e a ligação
R
,rig
- Rigidez da ligação rígida
R
semirig
- Rigidez da ligação semi-rígida
s - Base de medição
x - Posição da linha neutra
x
1
-Posição da linha neutra no estádio I
x
2
-Posição da linha neutra no estádio II
z - Distância entre o centro de gravidade da armadura ao centro de gravidade da
região comprimida do concreto
z
eq
-parâmetro z intermediário entre o estádio I e II
w
k
- Abertura de fissuras
W
i
- Módulo de resistência à flexão na borda inferior da viga
W
s
- Módulo de resistência à flexão na borda superior da viga
y - Distância do centro de gravidade da seção a fibra mais tracionada
r
1
-Curvatura
Listas
Bruna Catoia (2007) ix
α
- Fator que relaciona aproximadamente a resistência à tração na flexão com a
resistência a tração direta
e
α - Relação entre os módulos de deformação longitudinal do aço e do concreto
R
α
- Fator de restrição à rotação
ε
p
- Deformação da armadura ativa
Ri
ε
- Deformação específica do concreto na posição do extensômetro de base
removível superior
Rs
ε
- Deformação específica do concreto na posição do extensômetro de base
removível inferior
ε
s
- Deformação específica do aço
ε
t
- Deformação total da armadura
φ - Rotação
φ
ap
- Rotação no apoio da extremidade da viga
φ
apm
- Rotação média no apoio da extremidade da viga
φ
art
- Rotação na extremidade da viga bi-apoiada
φ
c
-Rotação relativa viga-pilar devido ao momento M
y
φ
E
- Rotação na ligação viga-pilar
φ
lig
- Rotação específica de uma ligação
φ
R
- Rotação na rótula
φ
serv
- Rotação da ligação considerando situação de serviço.
φ
viga-pilar
- Rotação viga-pilar
φ
1
- Rotação da extremidade da viga
φ
2
- Rotação combinada da viga e da ligação devido a um momento
1
ψ
- Fator de redução de combinação freqüente para E.L.S
2
ψ
- Fator de redução de combinação quase permanente para E.L.S
σ
p
- Tensão de protensão
σ
pi
- Tensão de protensão inicial
σ
s
- Tensão de compressão no aço
τ
máx
- Máxima tensão de aderência
δ
i
-Deslocamento horizontal
Capítulo 1 – Introdução
Bruna Catoia (2007)
1
CAPÍTULO 1
1
1
.
.
I
I
N
N
T
T
R
R
O
O
D
D
U
U
Ç
Ç
Ã
Ã
O
O
Do ponto de vista do comportamento estrutural, a presença das ligações é o que diferencia
basicamente uma estrutura de concreto pré-moldado de uma estrutura convencional moldada
no local. Dessa forma, quando se deseja conhecer o comportamento de um sistema estrutural
de concreto pré-moldado, inicialmente, é importante o conhecimento do comportamento de
suas ligações, que são responsáveis, entre outros fatores pela redistribuição dos esforços ao
longo da estrutura.
As ligações correspondem a regiões de comportamento complexo, onde ocorrem
concentrações de tensões, as quais podem ou não mobilizar deslocamentos e esforços
decorrentes dos elementos por elas ligados, fazendo com que haja uma redistribuição dos
esforços ao longo da estrutura, interferindo no comportamento da mesma. Assim, o
desempenho do sistema estrutural e o êxito nas suas aplicações estão relacionados com o
desempenho das suas ligações.
Na análise estrutural, as ligações são idealizadas de maneira a permitir ou impedir
completamente os deslocamentos relativos entre os elementos pré-moldados. No entanto,
geralmente as ligações não se comportam da forma como são consideradas na análise
estrutural. Sabe-se que as ligações consideradas como articuladas, na realidade, podem
possuir certa rigidez à flexão e resistência, já as ligações consideradas como rígidas, podem
apresentar deformações à flexão e ao cisalhamennde oegi-6.Tronsávcal. Dões10.3sa formte as ligações3(ral )]TJ-20.1277 -1.7178 TD-0.001 Tc3730754 Tws, entrr deentos préemplda [(po eljá)]TJ1570309 0 TD-0.8001 Tc3742139 Tw[, na ões9(realiutu)6euir cerdefobaliutu
Capítulo 1 – Introdução
Bruna Catoia (2007)
2
Com a consideração do efeito da ligação semi-rígida no comportamento da estrutura, é
possível a obtenção de significativa economia ligada a redução de mão-de-obra necessária
para produção de ligações rígidas, além da redução das dimensões da estrutura no caso das
ligações articuladas.
Tem sido evitada a incorporação do comportamento real das ligações na análise estrutural
devido ao aumento na complexidade dos cálculos e também à insuficiência de dados
confiáveis.
Quando ligações semi-rígidas são projetadas, a rigidez das ligações se torna um parâmetro
de projeto, que é descrito pela curva momento-rotação da ligação quando o esforço
preponderante na estrutura corresponde ao momento fletor.
Assim, a maneira mais precisa de se determinar a curva momento-rotação de uma ligação
é através de ensaios laboratoriais, que são basicamente limitados as atividades científicas
devido a exigência de fatores como capital e tempo, não sendo diretamente aplicável na
prática corrente.
De acordo com ELLIOTT
et al. (1997), não existe um acompanhamento da indústria de
pré-fabricados na linha da investigação acadêmica, devido ao fraco desempenho do setor de
pré-moldados em relação à pesquisa e a divulgação que estão sendo realizadas no setor das
estruturas metálicas, podendo-se dizer que o número de pesquisadores de pré-moldados em
relação aos de estruturas metálicas, corresponde a 1/30. Segundo ELLIOTT
et al. (1998) as
comissões normativas não têm considerado os resultados de pesquisa disponíveis na literatura
em benefício das estruturas pré-moldadas.
Existem resultados experimentais para uma grande parte de configurações de ligações
(metálicas, mistas e pré-moldadas) na Europa, América do Norte e Japão. O estudo
experimental de ligações viga-pilar em estruturas pré-moldadas iniciou-se de forma
sistemática ainda nos anos 60, havendo uma grande base de dados na literatura internacional.
No entanto, a maior parte das pesquisas experimentais atribui maior enfoque à questão da
resistência, sendo o comportamento momento-rotação não reportado de forma adequada.
Em algumas pesquisas realizadas nos EUA nos anos 80, a preocupação com a rigidez à
flexão em ligações pré-moldadas tornou-se mais clara, como foi o caso de um programa
especial do
Precast Concrete Institute (PCI), cujos resultados estão apresentados em
STANTON
et al (1986).
Capítulo 1 – Introdução
Bruna Catoia (2007)
3
Posteriormente, durante os anos 90, o COST-C1 conduziu, na Europa, um projeto
temático sobre ligações semi-rígidas em estruturas de concreto pré-moldado, sendo os
resultados obtidos nessas pesquisas apresentados em vários
workshops organizados pela
comissão e um resumo dos trabalhos gerais apresentados no relatório final COST-C1 (1999).
Cabe ressaltar que os estudos referentes às pesquisas experimentais realizadas nos EUA e
na Europa, foram mais de caráter experimental do que analítico. Devido a isso, nos ensaios
houve uma maior preocupação na medição de valores globais de rigidez em relação ao estudo
parametrizado dos mecanismos internos de deformação, que são na verdade os responsáveis
pelo comportamento global das ligações. Assim, a maior parte dos resultados experimentais,
existentes nos EUA e Europa, não foram capazes de gerar modelos analíticos para prever o
comportamento semi-rígido das ligações, fazendo com que os projetistas daqueles países não
fossem capazes de prever o comportamento de ligações semi-rígidas em estruturas pré-
moldadas, o que representou uma barreira para o desenvolvimento de sistemas estruturais
pré-moldados em esqueleto com aplicação em edifícios de múltiplos pavimentos.
Na Europa, as estruturas em esqueleto (com ligações viga-pilar articuladas e emprego de
núcleos rígidos com painéis estruturais) são limitadas entre 5 e 7 pavimentos. Edifícios mais
altos, acima de 10 a 15 pavimentos, são encontrados geralmente com sistemas de painéis
estruturais pré-moldados (internos e externos na fachada).
O conceito de ligação semi-rígida e seus efeitos na estrutura pré-moldada podem ser
encontrados em várias normas e manuais de procedimento de projeto, como o PCI -
Design
and Typical Details of Connections for Precast and Prestressed Concrete
(1988).
Quanto à norma brasileira, a NBR 9062:2006 estabelece que quando o projeto para
execução das ligações for tal que a condição de engastamento perfeito não seja uma evidência
comprovada, deve ser considerada no cálculo, a influência desfavorável de um engastamento
parcial, de modo que dedique especial atenção ao comportamento da ligação nos casos de
ocorrências de cargas repetidas ou alternadas. Com relação às estruturas com continuidade
estabelecida posteriormente à montagem, a NBR 9062:2006 estabelece que o projeto da
ligação deve ser realizado de maneira a limitar a rotação relativa entre as seções ligadas ao
valor de cálculo, onde a eficiência da ligação deve ser comprovada. Entretanto, não se
consegue facilmente no projeto das estruturas pré-moldadas liberar ou limitar completamente
as rotações relativas entre as seções ligadas, de forma que as ligações venham a se comportar
como articuladas ou como rígidas, quer no caso de ligações parafusadas, soldadas ou mesmo
Capítulo 1 – Introdução
Bruna Catoia (2007)
4
no caso com continuidade estabelecida posteriormente à montagem.
No Brasil não existe essa ampla disponibilidade de dados, relacionados às estruturas de
concreto pré-moldado. O estudo das ligações semi-rígidas em estruturas pré-moldadas teve
início em FERREIRA (1993). Foi proposto nessa pesquisa o desenvolvimento de um modelo
analítico que representasse a deformabilidade de ligações típicas, a partir do equacionamento
adequado dos mecanismos internos de deformação das ligações. Com o intuito de realizar
uma validação experimental, em FERREIRA (1999) foram realizados ensaios em ligações
viga-pilar articuladas e com resistência à flexão por meio de chapas soldadas, sendo os
equacionamentos analíticos comparados com os resultados experimentais. SOARES (1998)
avaliou teórica e experimentalmente a deformabilidade à flexão de uma ligação viga-pilar
executada através de consolo e chumbador, comum em galpões industriais. MIOTTO (2002)
estudou experimentalmente e analiticamente a deformabilidade de ligações viga-pilar de
concreto pré-moldado.
Em FERREIRA & ELLIOTT (2001), FERREIRA & ELLIOTT (2002) e em
FERREIRA (2003) estão apresentados os resultados de pesquisas de pós-doutorado na
Inglaterra e no Brasil, que englobam a continuidade de estudos teóricos e experimentais sobre
ligações semi-rígidas e também os estudos e desenvolvimento de projeto e análise para
estruturas pré-moldadas considerando o efeito das ligações semi-rígidas.
Mesmo as metodologias sendo consideradas como uma boa aproximação para o
comportamento real da ligação, inúmeros fatores dificultam a reprodução, em laboratório, das
condições das estruturas pré-moldadas nos canteiros. É necessário lembrar que além do
elevado custo envolvido nos ensaios estáticos para ligações, os resultados desses ensaios
somente são aplicáveis às ligações com o mesmo detalhamento e dimensionamento das
ligações ensaiadas (com parâmetros idênticos para materiais e geometria), sendo necessária à
realização de ponderações por parte dos projetistas em relação à aplicação desses resultados
em projetos de ligações similares.
Assim, a justificativa para o estudo na área de ligações está na necessidade de modelos
teóricos mais realistas que possam ser aplicados na prática de projetos. Nesse contexto, a
principal meta das pesquisas que estudam ligações deve ser o desenvolvimento de modelos
que permitam prever o comportamento mecânico a partir do
layout da ligação. Tão
importante quanto conhecer o comportamento da ligação viga-pilar é compreender o efeito do
seu comportamento sobre a estrutura pré-moldada.
Capítulo 1 – Introdução
Bruna Catoia (2007)
5
O presente trabalho destina-se ao estudo do comportamento de uma viga pré-moldada
protendida considerando o efeito das ligações semi-rígidas na análise do comportamento da
mesma, ou seja, na presente pesquisa, pretende-se estudar o efeito não linear das ligações
sobre vigas protendidas pré-moldadas.
A ligação estudada corresponde a uma ligação com apoio sobre consolo e a presença de
chumbadores e armaduras de continuidade passando no pilar (figura 1-1), bastante utilizada
por empresas brasileiras devido à facilidade de execução, uma vez que corresponde a uma
derivação de uma ligação articulada de grande emprego no Brasil.
O interesse no estudo desse tipo de ligação é justificado pela grande utilização na
Indústria de Estruturas de Concreto Pré-Moldado no Brasil.
Armadura de
continuidade
5 cm
Solidarização da armadura
negativa por meio de luvas
rosqueadas
Chumbador Ø 22 mm
rosqueado parafusado no topo
e preen chido co m graute
Armadura de
continuidade
5 cm
Solidarização da armadura
negativa por meio de luvas
rosqueadas
Chumbador Ø 22 mm
rosqueado parafusado no topo
e preen chido co m graute
Chumbador φ 22 mm rosq ueado
parafusado no topo e preenc hido
com graute
Ar ma d ura d e
continuidade
Solidarização da
armadura negativa por
meio de luvas
rosqueadas
Armadura de
continuidade
5 cm
Solidarização da armadura
negativa por meio de luvas
rosqueadas
Chumbador Ø 22 mm
rosqueado parafusado no topo
e preen chido co m graute
Armadura de
continuidade
5 cm
Solidarização da armadura
negativa por meio de luvas
rosqueadas
Chumbador Ø 22 mm
rosqueado parafusado no topo
e preen chido co m graute
Chumbador φ 22 mm rosq ueado
parafusado no topo e preenc hido
com graute
Ar ma d ura d e
continuidade
Solidarização da
armadura negativa por
meio de luvas
rosqueadas
Figura 1-1: Esquema da ligação viga-pilar em estudo.
Capítulo 1 – Introdução
Bruna Catoia (2007)
6
1.1 Importância do Estudo das Ligações entre os Elementos
Pré-Moldados
As ligações entre os elementos pré-moldados correspondem a uma parte muito importante
no estudo das estruturas pré-moldadas, pois o desempenho das ligações irá influenciar no
desempenho, no funcionamento adequado e no êxito nas aplicações de sistemas estruturais
em concreto pré-mo ldado.
As ligações semi-rígidas entre os elementos pré-moldados geralmente são idealizadas na
análise estrutural, sendo geralmente concebidas como ligações articuladas ou rígidas. Isso
ocorre devido a grande dificuldade de se propor modelos analíticos simplificados que
representem o comportamento da ligação semi-rígida, uma vez que é necessário atribuir
valores experimentais de deformabilidade e resistência para calibração desses.
Como o desempenho do sistema estrutural depende do comportamento da ligação, a
idealização das ligações na análise estrutural permite a obtenção de seções menos otimizadas
ou até insatisfatórias.
O comportamento estrutural, no caso das estruturas pré-moldadas, não pode ser
inteiramente determinado, devido à falta de conhecimento quanto ao comportamento das
ligações, principalmente de ligações semi-rígidas. Dessa forma, no cálculo prático, torna-se
necessário subestimar em muito o desempenho da rigidez de ligações nos pórticos
pré-moldados para alcançar uma condição de projeto segura.
Para a formação de um pórtico com elementos pré-moldados, é de grande importância o
desempenho apresentado pelas ligações empregadas, pois o desempenho de toda estrutura
depende do desempenho das ligações. Quando se tratar de ligações resistentes aos esforços de
flexão, para apresentar bom desempenho, as mesmas devem possuir: resistência, elevada
rigidez, ductilidade, construtibilidade e durabilidade.
Com a determinação da rigidez das ligações da estrutura pré-moldada, é possível a
obtenção da redistribuição dos esforços e deslocamentos ao longo da estrutura, possibilitando
um maior controle de sua estabilidade. Assim é possível viabilizar um projeto estrutural mais
adequado para estruturas em múltiplos pavimentos.
Os estudos experimentais mais freqüentes analisam apenas o valor global da rigidez da
ligação, não fornecendo critérios para que seja possível a realização de uma avaliação
qualitativa da mesma. Dessa forma, o fato de se ter apenas medidas globais, faz com que, na
Capítulo 1 – Introdução
Bruna Catoia (2007)
7
prática, os resultados obtidos nesses estudos experimentais não forneçam subsídios para o
projeto de futuras ligações, pois não se compreende como se desenvolve o mecanismo de
deformação da ligação. Assim, além do elevado custo dos estudos experimentais existe uma
limitação quanto a utilização direta dos seus resultados no projeto.
1.2 Objetivos
O objetivo geral na presente pesquisa de mestrado foi investigar experimentalmente o
comportamento conjunto de uma viga pré-moldada protendida considerando o efeito das
ligações semi-rígidas nas suas extremidades. Dessa forma, verificou-se um procedimento de
ensaio para obtenção simultânea da rigidez à flexão da ligação viga-pilar e da rigidez
equivalente da viga, com a função de avaliar o engastamento parcial nas extremidades da
viga. Ainda nessa pesquisa, investigou-se a validade e a confiabilidade de procedim entos para
leituras diretas de rotações viga-pilar, através do uso de clinômetros, e para obtenção de
medidas de curvatura, no meio do vão, por meio da utilização de extensômetros elétricos de
base removível. Tais valores foram comparados com os obtidos por meio de leituras
indiretas, alcançadas através de transdutores lineares. Além disso, com a presente pesquisa,
alcançou-se a validação experimental de equacionamentos analíticos que englobam o fator de
restrição à rotação α
R
e o método Beam-Line. Dessa forma, acrescentaram-se informações
disponíveis sobre o comportamento à flexão, no que diz respeito à rigidez e à resistência da
ligação proposta, a qual é bastante utilizada no Brasil.
1.3 Metodologia
Para que os objetivos desse trabalho fossem atendidos foi estabelecida a seguinte
metodologia de trabalho:
a) Definição das ligações a serem estudadas
A escolha da tipologia da ligação viga-pilar a ser estudada na presente pesquisa, foi
realizada considerando as ligações comumente utilizadas no Brasil. Através do convênio
com a ABCIC, foi possível um maior contato com empresas fabrican tes de elementos pré-
moldados, o que foi favorável para a obtenção de informações técnicas e para o
conhecimento da aceitação do mercado em relação a diversos tipos de ligações viga-pilar.
Capítulo 1 – Introdução
Bruna Catoia (2007)
8
Dessa forma, a escolha da tipologia de ligação viga-pilar, além de detalhes de ligações e a
determinação de dimensões dos elementos pré-moldados, empregados na presente
pesquisa, foram definidos juntamente com empresas associadas à ABCIC (Associação
Brasileira de Construções Industrializadas em Concreto), conciliando conhecimentos
acadêmicos e experiências práticas. A justificativa apresentada é que se trata de uma
solução para solidarização de ligações viga-pilar, a qual pode ser conseguida facilmente a
partir da modificação de um a ligação simples com consolo e chumbador (articulada).
b) Revisão Bibliográfica
Através da revisão bibliográfica, foi possível a obtenção de conhecimentos teóricos e
experimentais sobre as tipologias de ligações viga-pilar utilizadas em algumas partes do
mundo. Além de conhecimentos sobre o comportamento dessas ligações, incluindo
aspectos de deformabilidade, resistência e rigidez, e do efeito das ligações nos elementos
da estrutura pré-moldada. Além disso, foi possível definir uma metodologia teórica e
experimental com o emprego de equacionamentos analíticos que levaram em
consideração o fator de restrição à rotação e o método
Beam-Line.
c) Realização dos Ensaios
A investigação experimental, na presente pesquisa, foi baseada nos resultados
apresentados a partir de dois ensaios. Os modelos corresponderam a semi-pórticos em
forma “H”, em escala real 1:1, sendo compostos por elementos de vigas e elementos de
pilares de extremidade. Um dos modelos foi composto por uma viga pré-moldada
protendida com ligações viga-pilar solidarizadas por meio de continuidade da armadura
negativa, e o outro modelo foi composto por uma viga pré-moldada protendida
simplesmente apoiada. Cada ensaio realizado no semi-pórtico correspondeu a um ensaio
de flexão pura, com dois pontos de cargas concentradas no trecho central da viga, onde
foram realizadas medidas de deslocamentos e deformações no meio do vão, para
avaliação da curvatura e da linha neutra, bem como medidas de deslocamentos e
deformações nos trechos das ligações nas extremidades da viga, onde foram avaliadas as
rotações e a rigidezes à flexão nas ligações viga-pilar (com a presença de armadura de
continuidade).
Dessa forma, pode-se dizer que o ensaio realizado com a viga simplesmente apoiada
permitiu analisar a viga pré-moldada protendida através da caracterização de sua relação
momento-curvatura. Com o ensaio do modelo composto por ligações semi-rígidas, foi
possível analisar o efeito das ligações semi-rígidas no comportamento da viga protendida.
Capítulo 1 – Introdução
Bruna Catoia (2007)
9
d) Análise dos Resultados
De acordo com as leituras de deslocamentos e rotações obtidas através dos modelos
ensaiados, tomando como base de referência situações conhecidas de apoio, de engaste e
de rótula, foi possível avaliar o comportamento conjunto viga-ligações.
Foram realizadas análises dos resultados adquiridos nos ensaios através de ábacos e
através de comparações com equacionamentos analíticos apresentados expressos na
revisão bibliográfica.
1.4 Apresentação da Dissertação
A ordem e os conteúdos dos capítulos que constituem a presente dissertação versam
sobre:
Capítulo 1 – Introdução: Relata a importância do estudo das ligações entre os elementos
pré-moldados, os objetivos da dissertação e por último um resumo da metodologia
empregada.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica: Apresentação dos principais conceitos relacionados
às ligações viga-pilar, incluindo a definição de zonas de distúrbio, os mecanismos de
deformação das ligações viga-pilar, a definição do fator de restrição à rotação, a classificação
das ligações, determinação teórica da relação momento-rotação das ligações viga-pilar, a
influência das ligações no comportamento da viga adjacente e a definição e forma de
utilização do método
Beam-Line. Também são apresentadas nesse capítulo, algumas
tipologias de ligações viga-pilar, alguns exemplos de ligações viga-pilar comumente
utilizadas por empresas brasileiras, a definição da tipologia das ligações utilizadas para
compor os modelos referentes a presente pesquisa, exposição de uma fundamentação teórica
em relação ao concreto protendido, incluindo aspectos como suas vantagens e desvantagens,
suas classificações, os estados limites referentes ao tipo de concreto protendido e tipologias
de vigas protendidas.
Capítulo 3 – Programa Experimental: Relata os objetivos e o detalhamento do programa
experimental, incluindo a descrição dos modelos, as características dos materiais
empregados, a confecção, transporte e montagem dos modelos e a instrumentação utilizada.
Também é apresentada nesse capítulo, a metodologia experimental utilizada e os resultados
experimentais obtidos.
Capítulo 1 – Introdução
Bruna Catoia (2007)
10
Capítulo 4 – Conclusões: São apresentadas algumas considerações gerais, o cumprimento
dos objetivos, os avanços alcançados em relação a outros trabalhos anteriores e sugestões
para trabalhos futuros.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
11
CAPÍTULO 2
2
2
.
.
R
R
E
E
V
V
I
I
S
S
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O
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B
B
L
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I
I
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R
R
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Á
F
F
I
I
C
C
A
A
2.1 Considerações Iniciais
As principais diferenças na análise das estruturas de concreto pré-moldado e moldado no
local estão relacionadas com a presença de ligações e das situações transitórias que estarão
submetidos os elementos pré-moldados.
De acordo com a dificuldade de execução, custo e o comportamento estrutural, as ligações
viga-pilar podem ser realizadas de diferentes maneiras. Em relação aos pilares, as ligações
viga-pilar pré-moldadas, de uma maneira geral, podem ser:
Ligação de extremidade da viga ou ligação viga-pilar: ocorre quando o pilar é
contínuo e os componentes são conectados a ele.
Ligação de “topo”: ocorre quando o pilar é descontínuo, em termos construtivos, e os
componentes horizontais são contínuos ou separados por ligações.
Os tipos de ligações em relação aos pilares podem ser observados na figura 2-1.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
12
Pilares contínuos
Consolo
Consolo metáli co
ou chapa soldada
Vigas contínuas
na li gaç ão
Pilares des contí nuos
por pa vime nt o
Vi gas de s cont í nu as
devem est ar no
mesmo nível
Vigas des contínu a s
não necessitam estar
no mesmo nível
Tipo I Tipo II
Pilares com
Seção
variável
Pilares contínuos
Consolo
Consolo metáli co
ou chapa soldada
Vigas contínuas
na li gaç ão
Pilares des contí nuos
por pa vime nt o
Vi gas de s cont í nu as
devem est ar no
mesmo nível
Vigas des contínu a s
não necessitam estar
no mesmo nível
Tipo I Tipo II
Pilares com
Seção
variável
Figura 2-1: Tipos de ligações viga-pilar, a) ligação viga-pilar com consolo embutido em pilar contínuo, b)
viga-pilar sobre consolo aparente, c) vigas e pilares descontínuos, d): pilar descontínuo com viga
contínua. [FIB (2003)]
A presente pesquisa enfocou o estudo das ligações viga-pilar com pilares contínuos, em
estruturas de esqueleto em concreto pré-moldado, com interesse de aplicação para múltiplos
pavimentos. Esse tipo de estrutura é observado na figura 2-2.
Figura 2-2: Exemplo de estrutura pré-moldada em esqueleto para múltiplos pavimentos. [FIB (2003)]
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
13
É necessário utilizar ligações viga-pilar que atendam a todas as situações de serviço e de
projeto, para a obtenção de um resultado eficiente. Para a fabricação de uma edificação
utilizando elementos pré-moldados, é indispensável que esses elementos sejam ligados de
forma a garantir a integridade da estrutura global. Após a montagem, as ligações entre os
elementos pré-moldados irão influenciar na composição do modelo estrutural, sendo suas
características e comportamentos de fundamental importância para a determinação do
desempenho da estrutura. Dessa forma, é importante conhecer o comportamento das ligações
para auxiliar no desenvolvimento do arranjo estrutural, no posicionamento dos elementos de
contraventamento (núcleos rígidos ou paredes), no projeto do sistema estrutural (e seus
subsistemas) e no projeto e detalhamento das ligações. A principal característica das ligações
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
14
contraventadas, até certa altura, podem ser projetadas usando ligações rígidas (ou
semi-rígidas).
É importante prever a proteção contra fogo para apoios e armaduras.
A aparência das ligações e minimização das regiões estruturais. As ligações
escondidas (embutidas) devem ser projetadas dentro das dimensões dos elementos,
enquanto que as ligações aparentes não precisam.
A facilidade e custo de fabricação.
Os requisitos para a estabilidade temporária para permitir que a montagem prossiga, e
a necessidade de uma estabilidade transitória, como por exemplo, a necessidade de
restrição torsional na extremidade das vigas durante a montagem das lajes.
A acessibilidade do canteiro pode influenciar o projeto estrutural e, portanto,
influenciar o projeto da ligação.
A escolha do método construtivo para a execução das juntas, isto é: preenchimento
com graute; uso de chumbadores; ligações por meio de solda; e o tipo de apoio a ser
utilizado.
A capacidade da fábrica para estocagem e movimentação interna.
A escolha do sistema da ligação deve ser compatível com o projeto do sistema estrutural,
e consistente durante toda a edificação. Em uma situação ideal somente uma tipologia de
ligação deve ser usada em um edifício.
Para que seja garantida a segurança da ligação é importante que sua execução tenha
cuidados, evitando possíveis falhas, e que as operações no canteiro de obras sejam mais
simples possíveis. As operações importantes devem ser realizadas na fábrica onde o controle
de qualidade é assegurado.
2.2 Estudos Encontrados na Literatura
Foram iniciados na década de 60 estudos experimentais mais abrangentes em ligações
entre elementos de concreto pré-moldado, através da realização de um programa de pesquisa
experimental desenvolvido pela
Portland Cement Association (PCA). De acordo com
FERREIRA (1999), a abordagem do programa estava voltada para o estudo da continuidade
em elementos pré-moldados em duplo T para pisos, de Rostasy (1962), resistência do apoio
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
15
no topo de pilares para vigas pré-modadas, de Kris e Raths (1963), ligações viga-viga e viga-
pilar com fixação através de parafusos em dentes rebaixados, de Gaston e Kris (1964),
resistência em consolos, de Kris e Raths (1965) e ligações por chapas metálicas em bases de
pilares, de Lafraugh e Magura (1966). Os resultados desses estudos estão registrados em
vários artigos intitulados
Connections in Precast Structures, publicados no PCI Journal.
Foi fundado em 1986 o projeto PCI-SFRAD (
Specially Funded Research and
Development - Programs 1 and 4 - PCI 1/4), nos Estados Unidos, com um programa de
pesquisa intitulado:
Moment Resistant Connections and Simple Connections. Para a análise
da resistência, rigidez e ductilidade das ligações de elementos pré-moldados mais usuais
foram ensaiadas vários tipos de ligações viga-pilar. O programa de ensaio, a descrição dos
modelos, os resultados encontrados e as conclusões são apresentados resumidamente em
DOLAN
et al. (1987).
Foram realizados testes individuais em oito tipos de ligações, submetidas a carregamentos
gravitacionais, forças laterais ou carregamentos cíclicos equivalentes. As ligações
corresponderam: BC15, BC16A, BC25, BC26, BC27, BC28, BC29 e CC1 (BC -
Beam to
Column Connections – Ligações viga-pilar; CC - Column to Column Connections – Ligações
pilar-pilar).
Segundo DOLAN et al (1987), BC15 corresponde a uma ligação fácil de ser executada
(figura 2-3). Além disso, com os ensaios experimentais, DOLAN
et al (1987) acreditam que a
ligação BC15 foi completamente dúctil, mas ocorreram falhas precipitadamente em ambas as
direções devido a aspectos relacionados com o detalhamento da ligação. Os autores também
identificaram a importância do projeto da solda para garantir a ductilidade desejada, e que a
rigidez inicial apresentada pela ligação foi significativamente inferior ao valor teórico
apresentado para um sistema contínuo em concreto moldado no local.
Figura 2-3: Ligação BC15. [DOLAN et al (1987)]
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
16
De acordo com DOLAN
et al (1987), na ligação BC16A foram grauteadas as barras
passando através do pilar para assegurar a formação de uma região de rótula plástica, que
corresponde a um espalhamento da fissuração ao longo da região da ligação, não havendo a
abertura da junta. Da mesma forma, os autores afirmaram que foi realizado o grauteamento
da região da ligação entre a viga e o pilar para melhorar a capacidade e a ductilidade da
ligação e para assegurar a transferência da compressão.
Segundo DOLAN
et al (1987), a ligação BC16A (figura 2-4) possuiu razoável ductilidade
em ambas as direções, mas ocorreu a falta de graute na cavidade onde se situava a armadura
de continuidade no interior do pilar, gerando uma dim inuição da rigidez elástica da ligação.
Figura 2-4: Ligação BC16A. [DOLAN et al (1987)]
Segundo DOLAN
et al (1987), tanto a ligação CC1 (figura 2-5) como a BC25 (figura 2-6)
apresentaram um comportamento dúctil. A ligação BC25 apresentou ruptura após três ciclos
de carga em um modo combinado de compressão, flexão e cisalhamento.
Figura 2-5: Ligação CC1. [DOLAN et al (1987)]
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
17
Figura 2-6: Ligação BC25. [DOLAN et al (1987)]
De acordo com DOLAN
et al (1987), a viga utilizada na ligação BC26 (figura 2-7)
apresentou-se extremamente dúctil, gerando uma rotação de aproximadamente 12% antes de
falhar devido ao cisalhamento. A falha por cisalhamento ocorreu devido à falta de estribo na
borda da viga.
Figura 2-7: Ligação BC26. [DOLAN et al (1987)]
De acordo com DOLAN
et al (1987), acima da carga monotônica, a ligação BC27 (figura
2-8) alcançou uma rotação de aproximadamente 8% e pode ser considerada como dúctil.
Figura 2-8: Ligação BC27. [DOLAN et al (1987)]
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
18
De acordo com DOLAN
et al (1987), as ligações BC28 e BC29 (figura 2-9) não requerem
cuidados com a realização de solda, sendo simples e econômicas para montar. Na ligação
BC28, os chumbadores foram parcialmente grauteados, enquanto que na ligação BC29, os
chumbadores foram totalmente grauteados. Ambos os modelos apresentaram comportamento
dúctil. A resistência das ligações ao momento fletor foi muito baixa, não correspondendo a
uma situação vantajo s a para ser utilizada na constituição de u ma estrutura real.
Figura 2-9: Ligação BC28 e BC29. [DOLAN et al (1987)]
Com os ensaios em cada uma dessas ligações foi possível determinar os momentos
negativos previstos e suportados, os momentos positivos suportados e também as máximas
rotações considerando os momentos positivos e negativos. O resumo dos resultados obtidos
para cada ligação pode ser observado na tabela 2-1.
Tabela 2-1: Resumo dos momentos previstos e suportados e das máximas rotações para cada ligação.
[DOLAN et al (1987)]
Momento negativo Momento positivo Máxima rotação
Tipo de
Ligação
Momento de
projeto (kN.m)
Capacidade
prevista
(kN.m)
Capacidade
medida
(kN.m)
Capacidade
medida (kN.m)
Negativo
(%)
Positivo
(%)
BC15
161,34 215,12 246,87 163,82 3,7 1,2
BC16A
161,34 215,12 395,44 137,61 10,0 4,0
BC25
179,30 281,10 512,38 477,69 4,0 4,0
CC1
115,24 184,39 172,07 177,95 4,0 3,65
BC26
161,34 215,12 350,25 -------- 12,5 --------
BC27
235,68 290,93 269,80 -------- 8,3 --------
BC28
32,87 45,08 65,07 -------- 4,1 --------
BC29
32,87 45,08 61,01 35,92 3,9 3,75
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
19
Com os resultados foi possível observar que as ligações BC15, BC16A, BC25, BC26,
BC28 e BC29 apresentaram resistência última, considerando o momento fletor negativo,
superior à capacidade prevista.
Além disso, pode-se dizer que a ligação correspondente a BC16A apresentou uma
capacidade resistente ao momento fletor positivo cerca de 30% da capacidade ao momento
fletor negativo, enquanto que a ligação BC15 apresentou uma capacidade resistente ao
momento fletor positivo cerca de 65% da capacidade ao momento fletor negativo.
Observou-se também que as ligações BC28 e BC29 suportaram pequenos valores de
momento negativo e sofreram grandes deformações.
Essa e outras publicações relacionadas a esse programa de pesquisa iniciaram a
composição da literatura técnica referente aos estudos de ligações viga-pilar semi-rígidas
presentes nas estruturas de concreto pré-moldado.
Em 1990 foi realizado um programa de pesquisa denominado PRESS-PCI (
Precast
Structural Seismic System) que englobou o estudo de ligações especiais em zonas sísmicas, o
qual envolveu diversas universidades nos EUA e Japão ao longo de 10 anos, com o objetivo
da viabilização de sistemas estruturais de concreto pré-moldado em regiões sísmicas através
do estudo e desenvolvimento de ligações viga-pilar resistentes e dúcteis. O projeto foi
dividido em três partes: a primeira envolvendo projetos de caráter de definição de critérios e
diretrizes básicas; a segunda parte envolvendo projetos relacionados com o estudo do
comportamento e ensaios de ligações e a terceira parte envolvendo projetos relacionados a
ensaios de estruturas de edifícios.
Em 1990 foi iniciado, um programa de pesquisa intitulado
Investigation of the Behaviour
of the Semi-rigid Connections
pelo centro de pesquisa da indústria de pré-moldados da
França CERIB (
French Precast Concrete Industry Study and Research Center). Esse
programa tinha como objetivo o estudo da semi-rigidez das ligações (viga-pilar, viga-viga e
pilar-fundação) mais utilizadas pela indústria francesa, dando ênfase às ligações entre os
elementos de concreto pré-moldado presentes nas estruturas em esqueleto. Até esse momento
nenhum outro programa tinha sido realizado na França para avaliar o comportamento das
ligações dessas estruturas.
O programa de pesquisa sobre as ligações em estruturas de concreto pré-moldado
realizado pelo CERIB é descrito por DARDARE & COMAIR (1992), que mostram o
procedimento e os resultados obtidos no ensaio realizado em uma ligação viga-pilar (tipo 1)
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
20
muito empregada na França, que pode ser observada na figura 2-10. Essa ligação com a viga
apoiada em uma camada de graute presente na cabeça do pilar é fixada por meio de
chumbadores, sendo aplicada uma camada de concreto para proporcionar a continuidade.
armadura de continuidade
aparelho de
apoio
chumbador
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
21
disponíveis sobre o comportamento das ligações, utilização de técnicas computacionais para
extrapolar os dados, a fim de abranger mais condições de geometria e carregamento, e
padronização nas medições de rigidez, na forma de curvas momento fletor-rotação, para a
inclusão dessas curvas em programas de análises gerais utilizados para o projeto das
estruturas de concreto pré-moldado. Os trabalhos experimentais envolveram várias
universidades européias, sendo que a
University of Nottingham foi escolhida como centro
referencial para ensaios de ligações viga-pilar. Os principais resultados das referidas
pesquisas encontram-se nos anais das conferências realizadas pelo COST C1 em 1992, 1994,
1996 e 1998 e no relatório final em COST C1 (1999). Ambos os programas de pesquisa do
PCI e do COST-C1 constituem-se numa grande base de dados experimentais para o estudo do
comportamento de ligações em estruturas pré-moldadas. Todavia, as pesquisas experimentais
não geraram procedimentos para projeto.
Com o intuito de determinar, principalmente através de ensaios experimentais, o
comportamento semi-rígido das ligações viga-pilar de concreto pré-moldado, sujeitas a
momentos positivos e negativos e a carregamentos cíclicos e monotônicos, ELLIOTT
et al.
(1998) e ELLIOTT (2003) juntamente com a universidade de
Nottingham e City University,
realizaram alguns ensaios experimentais utilizando as tipologias de ligações comumente
empregadas na Inglaterra (indicadas na figura 2-12), considerando as estruturas em esqueleto
e com pilares contínuos.
consolo metálico
cantoneira
graute ou concreto
ancoragem das barras
coluna
viga
solda
concreto/graute
solda
chapa
cantoneira parafusada ao pilar
graute ou concreto
parafuso
(conectar a viga à cantoneira)
consolo metálico
cantoneira
graute ou concreto
ancoragem das barras
coluna
viga
solda
concreto/graute
solda
chapa
cantoneira parafusada ao pilar
graute ou concreto
parafuso
(conectar a viga à cantoneira)
Figura 2-12: Ligações viga-pilar utilizadas na Inglaterra. [ELLIOTT et al (1998)]
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
22
No ensaio experimental foi aplicado um carregamento sobre a estrutura submetendo-a a
momentos fletores, sendo ensaiadas ligações assimétricas (pilares de extremidade) e ligações
simétricas (pilares intermediários). O sistema estrutural estudado pode ser observado na
figura 2-13.
Na realização do ensaio envolvendo as ligações assimétricas foi aplicado um
carregamento horizontal submetendo a ligação a momentos positivos e negativos
separadamente. Nas ligações simétricas, inicialmente foi aplicado um carregamento
horizontal sobre o pilar, gerando momentos positivos e negativos e posteriormente foi
aplicado somente carregamento gravitacional, gerando momento negativo na ligação.
Com o intuito de medir a rotação relativa entre a viga e o pilar foram utilizados
clinômetros e transdutores.
Momento devido car gas gravitac iona is
Junt a
Junt a
MM
Junt aJunta
Momento a lternado nas vigas
M
Junta
Mo me nt o po s it ivo a p lic a d o
M
Junta
Mo me nt o neg a t ivo ap lic a d o
a)
LIGAÇ ÃO ASSIMÉ T RI CA
b)
LIGAÇÃO SIMÉTRICA
Carga ap licada
Reação
Reação
Reação
Reação
Carga ap lic ada
Carga ap licada
Reação
Reação
Momento devido car gas gravitac iona is
Junt a
Junt a
Momento devido car gas gravitac iona is
Junt a
Junt a
MM
Junt aJunta
Momento a lternado nas vigas
MM
Junt aJunta
Momento a lternado nas vigas
M
Junta
Mo me nt o po s it ivo a p lic a d o
M
Junta
Mo me nt o po s it ivo a p lic a d o
M
Junta
Mo me nt o neg a t ivo ap lic a d o
M
Junta
Mo me nt o neg a t ivo ap lic a d o
a)
LIGAÇ ÃO ASSIMÉ T RI CA
b)
LIGAÇÃO SIMÉTRICA
Carga ap licada
Reação
Reação
b)
LIGAÇÃO SIMÉTRICA
Carga ap licada
Reação
Reação
Reação
Reação
Carga ap lic ada
Carga ap licada
Reação
Reação
Carga ap licada
Reação
Reação
Figura 2-13: Carregamento da estrutura. [ELLIOTT (2003)]
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
23
Com os ensaios mencionados, foi possível observar que a resistência e a rigidez ao
momento fletor das ligações viga-pilar ensaiadas dependem: do tipo de conector utilizado; da
geometria da estrutura e do modo de carregamento. Com relação ao tipo de conector
utilizado, a chapa soldada e o consolo metálico forneceram melhores valores que cantoneiras
e conectores inseridos. Com relação à geometria da estrutura, as ligações internas (simétricas)
apresentaram melhor comportamento do que as ligações externas (assimétricas). Quanto ao
modo de carregamento, carregamentos gravitacionais geraram melhor desempenho que
carregamentos horizontais.
Com os gráficos de momento fletor-rotação observou-se que as estruturas assimétricas
sob aplicação de carga horizontal apresentaram rigidez inicial elevada e em seguida um
rápido comportamento dúctil. As estruturas simétricas, sob a aplicação do mesmo
carregamento, apresentaram rigidez inicial menor do que as estruturas assimétricas, no
entanto apresentaram momentos de plastificação superiores.
Comparando os carregamentos horizontais, considerando as ligações simétricas, com
carregamentos apenas gravitacionais, ocorreu uma diminuição da resistência e rigidez da
ligação. Isso pode ser explicado pelo fato de existirem momentos alternados nas vigas, que
criaram grandes mome ntos no pilar.
Uma pesquisa realizada na Universidade Tecnológica de Tampere, na Finlândia,
compreendeu estudos a respeito do comportamento semi-rígido de ligações viga-pilar de
estruturas reticuladas de concreto pré-moldado, com um ou mais pavimentos. Tal pesquisa
apresentou como objetivo, viabilizar o uso da rigidez parcial das ligações viga-pilar na
análise das estruturas de concreto pré-moldado, conduzindo a uma economia de material (em
pilares, ligações pilar-fundação e fundações) e de tempo de construção, e conseqüentemente a
uma estrutura mais competitiva. Os resultados dessa pesquisa podem ser observados em
KERONEN (1996).
KERONEN (1996) apresentou os resultados de ensaios em uma estrutura aporticada (com
apenas um vão e um pavimento), em escala real, tendo como objetivo o estudo, na prática, do
efeito do comportamento semi-rígido das ligações viga-pilar no deslocamento e no momento
na base do pilar. Os tipos de ligações estudadas estão apresentados na figura 2-14. Esse tipo
de estrutura é objeto de pesquisa da Universidade de Tampere desde 1983.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
24
chapa
metálica
C3
C4/C5
C6
C7/C8
elastômero
C1
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
25
autor, outra maneira de proporcionar um aumento na rigidez da estrutura foi através da
protensão do chumbador. Porém, na prática, otimizar o tamanho da ligação metálica
(C4 e C7) corresponde a uma tarefa mais econômica do que protender o chumbador.
O Manual FIB (
draft 2003) para Ligações em Estruturas de Concreto Pré-Moldado,
reflete os principais avanços na pesquisa de ligações pré-moldadas alcançados nos últimos 15
anos de pesquisa (principalmente na pesquisa realizada dentro do COST-C1 na Europa).
Existe pouca disponibilidade de dados experimentais no Brasil quanto ao estudo de
ligações entre elementos pré-moldados. Na EESC-USP a pesquisa em ligações pré-moldadas
teve início com BALLARIN (1993), que reuniu as bases de fundamentação teórica e
apresentou as principais necessidades de pesquisa nessa área.
Em FERREIRA (1993) pode-se observar o desenvolvimento analítico de algumas
expressões para a determinação da deformabilidade de alguns tipos de ligações de concreto
pré-moldado. FERREIRA (1999) realizou um estudo experimental sobre dois tipos de
ligações entre viga e pilar pré-moldados, com o intuito de observar o comportamento à
torção, flexão e cisalhamento das m esmas. Essas ligações podem ser observadas na
figura 2-15.
elastômero
graute expansivo
a) b)
elastômero
graute expansivo
a) b)
Figura 2-15: Ligações viga-pilar estudadas por FERREIRA (1999)
a) com almofada de elastômero e chumbador - (b) com chapa soldada.
MIOTTO (2002) estudou dois tipos de ligações viga-pilar de concreto pré-moldado. O
primeiro tipo de ligação com sistema estrutural de pórticos para telhado com duas águas,
muito utilizada em galpões industriais, e o segundo tipo correspondeu a uma ligação utilizada
em estruturas de edifícios com múltiplos pavimentos, ilustrada na figura 2-16.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
26
7
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
27
VIGA METÁLICA
RÓTULA
570 mm
1 Me tro
VIGA METÁLICA
RÓTULA
570 mm
VIGA METÁLICA
RÓTULA
570 mm
1 Me tro
Figura 2-17: Arranjo do ensaio à flexão para a ligação viga-pilar. [SOUZA (2006)]
Considerando a pesquisa desenvolvida por SOUZA (2006), as medidas de curvatura
foram obtidas através de transdutores e extensômetros elétricos de base removível.
Entretanto, nessa pesquisa, ficou clara a eficiência dos extensômetros de base removível para
a leitura de pequenas flechas, até o aparecimento de fissuras. A partir desse instante, os
transdutores posicionados no centro da viga proporcionaram medidas mais eficazes, o que
permitiu concluir que as fissuras próximas aos extensômetros atrapalharam as leituras dos
mesmos. Ainda nesse mesmo ensaio, foi possível observar que as medidas de curvatura
posicionando os transdutores na região dos consolos como indicado na figura 2-18
permitiram leituras eficazes.
Figura 2-18: Instrumentação do modelo. [(SOUZA (2006)]
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
28
Além disso,em SOUZA (2006), o início da fissuração da ligação ocorreu com apenas 60
kN, o que não estava previsto. Acredita-se que devido ao fato das luvas rosqueadas na
interface viga-pilar apresentarem uma superfície lisa, houve a perda de aderência, logo após a
fissuração nessa interface, com escorregamento do concreto em relação às luvas rosqueadas,
causando o aumento sensível da fissura localizada nessa região. Com o ensaio realizado em,
foi possível observar que a fissura na ligação viga-pilar afetou as curvas da flecha e da
curvatura no meio do vão da viga, demonstrando que a não linearidade da viga pré-moldada
em concreto armado foi fortemente afetada pela não linearidade da ligação viga-pilar.
Dessa forma, de acordo com SOUZA (2006), o comportamento das vigas pré-moldadas
de concreto armado foi fortemente influenciado pelo desempenho da rigidez à flexão das suas
ligações viga-pilar. A complexi dade do problema advém de tratar-se da interdependência
entre duas não linearidades físicas, a primeira decorrente das diferentes configurações de
fissuração ao longo da viga de concreto armado e a segunda decorrente da relação
momento-rotação nas ligações viga-pilar.
Mesmo sendo a ligação dimensionada para resistir a 100% dos momentos elásticos no
E.L.U (Estado Limite Último), em virtude das rotações relativas entre a viga e o consolo, a
ligação apresentou um coeficiente de engastamento parcial correspondente a 53%, ou seja, a
ligação foi capaz de absorver somente cerca de 53% do momento elástico (considerando o
E.L.U), havendo um acréscimo de 170% no mo mento positivo no centro da viga. Apesar da
viga ensaiada ter apresentado flechas com valores reduzidos, observou-se que a condição de
engastamento parcial pode afetar sensivelmente a estabilidade global de estruturas
pré-moldadas com mais de 5 pavimentos, e m virtude do aumento dos deslocamentos de
primeira ordem para ações horizontais. Devido a isso, SOUZA (2006) aponta para a
necessidade de mais estudos nessa área, com o objetivo de possibilitar projetos mais
adequados e seguros de estruturas pré-moldadas em esqueleto para múltiplos pavimentos.
2.3 Ligações Viga-Pilar
Uma ligação deve possuir bom desempenho de resistência, rigidez e ductilidade. A
resistência de uma ligação será determinada pela resistência de cada elemento que a compõe,
a rigidez à flexão de uma ligação está relacionada com o momento fletor resistido por ela e a
rotação ocorrida entre a viga e o pilar.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
29
Segundo HANAI (2005), a ductilidade está relacionada com a capacidade do material ou
da estrutura de sofrer deformações plásticas significativas antes da ruptura. Quando o
material ou a estrutura possui pouca ou nenhuma ductilidade, é qualificado como frágil.
Uma ligação deve ser responsável pela transferência de esforços e quando corresponder a
uma ligação resistente à flexão pode auxiliar na estabilidade global da estrutura.
De acordo com a norma NBR 9062:2006, as ligações podem ser consideradas como
dispositivos utilizados para compor um conjunto estrutural, sendo destinadas a transmitir os
esforços solicitantes nas várias fases de utilização, considerando as condições de projeto e
preservando as condiçõe s de durabilidade em toda a vida útil da estrutura.
A ligação entre os elementos pré-mol dados deve ser realizada com a finalidade de unir as
peças à estrutura de apoio, permitir a transferência de esforços através dos nós, permitir a
transferência de esforços para estabilizar a estrutura, garantir o efeito de diafragma, garantir a
distribuição de cargas e garantir a ação de pórtico.
A execução das ligações corresponde a uma das atividades mais difíceis e caras na
produção de estruturas pré-moldadas. Dessa forma, a escolha da ligação afeta o tempo de
execução da mesma e o custo da construção, pois as facilidades na execução das ligações
permitem uma redução no tempo de utilização de equipamentos para montagem e com isso,
uma redução de custos.
As ligações dos elementos pré-moldados podem ser realizadas através de diferentes
dispositivos mecânicos como: chumbadores, solda e transpasse de armadura com
preenchimento de graute ou concreto.
A ligação não corresponde a um simples serviço de unir os elementos, mas deve ser
realizada de forma a garantir a integridade da estrutura. Como as ligações irão determinar a
configuração da estrutura, o desempenho da mesma estará vinculado ao desempenho das
ligações. Devido a isso, o dimensionamento da estrutura como um todo (considerando o
posicionamento dos elementos de contraventamento, o arranjo estrutural, o detalhamento das
ligações e o projeto do sistema estrutural) deve ser realizado tendo como base o
conhecimento do comportamento das ligações presentes na estrutura.
Segundo FERREIRA (1999), as ligações correspondem a regiões de descontinuidade que
podem ou não mobilizar deslocamentos e esforços provenientes dos elementos por elas
ligados, permitindo uma redistribuição desses esforços ao longo da estrutura, influenciando
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
30
no comportamento da mes ma. Como as ligações se encontram em regiões críticas é
necessária à utilização de ligações resistentes e que possuam rigidez e ductilidade, de forma a
aproximar as estruturas pré-moldadas de estruturas moldadas no local.
2.3.1 Zonas de Distúrbio em Ligações
De acordo com o Manual da FIB (draft 2003), dentro de uma ligação pode haver diversas
juntas conduzindo carga, sendo necessário realizar uma distinção entre juntas e ligações. Uma
junta corresponde à interface entre dois ou mais elementos estruturais, onde a ação de forças
(tração, cisalhamento e compressão) e ou momentos ocorrem. Uma ligação corresponde a
uma união, composta de uma ou mais interfaces e partes de elementos adjacentes, projetados
para resistir à ação de forças ou momentos. O pr ojeto da ligação é, entretanto, realizado em
função de ambos, elementos estruturais e das juntas entre eles. Isso é explicado na
figura 2-19, para o caso de uma ligação viga-pilar, onde a zona da ligação se estende além da
superfície de contato.
Dessa forma, uma ligação deve ser projetada para resistir a ações de forças e mo mentos,
sendo necessária a consideração tanto dos elementos estruturais quanto dos mecanismos de
transmissão de forças nas interfaces entre esses elementos.
Zona
comprimida
Regi ã o da
ligação
Junta compri mida
Resistência e rigidez
da viga à flexão
Resistência e ri gidez da
v iga ao cisalhamento
1,5 – 2,0 h
viga
h
viga
h
pilar
Resistência e
ri gide z do pila r
Junta subme ti da à
tração e ao cortante
4 – 5 h
plar
Figura 2-19: Região da ligação viga-pilar. [FIB (2003)]
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
31
De acordo com o Manual da FIB (
draft 2003), ligações estruturais e zonas de ligações
entre elementos pré-moldados, estão frequentemente sujeitas a alta concentração de forças e
deslocamentos localizados. Quando tais forças são transferidas direto às ligações e aos
elementos adjacentes, há uma grande distribuição de tensões através das seções. O desvio das
forças (por exemplo: em mudança de direção) e a propagação de tensões, frequentemente
conduzem a elevadas tensões transversais. Se a resistência à tração do concreto é alcançada,
fissuras podem aparecer nessas zonas. No caso de detalhamento impróprio, tais fissuras
podem resultar em estragos, os quais limitam a capacidade da ligação, ocasionando uma
intensa falha na região do apoio. Nesse contexto, o Manual da FIB (
draft 2003) considera
apropriado fazer uma distinção entre as regiões dos elementos pré-moldados. Segundo o
referido manual, existem regiões onde é possível considerar a linearidade da distribuição das
deformações, de acordo com as hipóteses de Bernoulli. Entretanto, existem outras
regiões,denominadas regiões de descontinuidade ou zonas de distúrbio, onde a distribuição
das deformações se afasta consideravelmente de uma distribuição linear, onde métodos
específicos são necessários para sua análise e projeto. Devido à descontinuidade geométrica
nas ligações estruturais, as zonas de ligações podem ser consideradas como regiões de
descontinuidade.
Assim, é possível observar vários exemplos de zonas de distúrbio na extremidade de
elementos pré-mo ldados na figura 2-20.
h
h
h
h
h
h
h
h
h
2
Figura 2-20: Exemplos de zonas de distúrbio em elementos pré-moldados. [FIB (2003)]
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
32
2.3.2 Mecanismos de Deformação das Ligações Viga-Pilar
De acordo com PCI (1986), que apresenta resultados de diversos ensaios realizados com
vários tipos de ligações, os mecanismos de deformação das ligações viga-pilar com armadura
de continuidade podem ser definidos em quatro situações.
A ligação é projetada com armadura de continuidade com capacidade à flexão semelhante
a capacidade dos elementos conectados.
A ligação é projetada com armadura, que atravessa a interface viga-pilar, com capacidade
à flexão inferior a capacidade da viga conectada.
A ligação é projetada com armadura de cisalhamento insuficiente.
A viga e o consolo são projetados com arm adura de tirante insuficientes.
No primeiro caso, a ligação resistirá ao mo mento fletor e ocorrerá um espalhamento de
fissuração na extremidade da viga ao longo da “região” da ligação, o que podemos chamar de
formação de rótula plástica na extremidade da viga. Tal mecanismo é considerado como
ideal, pois as fissuras se estendem ao longo de um trecho da viga, não se concentrando apenas
na interface viga-pilar. No segundo caso, a rotação entre a viga e o pilar tenderá a de se
concentrar na ligação, devido a falta de armadura de flexão, e muitas vezes, devido a um
grauteamento inadequado. Os dois primeiros casos podem ser observados na figura 2-21.
a)
b)
a)
b)
Figura 2-21: Mecanismos de deformação em ligações com armadura de continuidade a) Mecanismo de
abertura de junta; b) Mecanismo de formação de rótula plástica. [FERREIRA (2001)]
No terceiro caso, ocorrerá fissuração na interface do concreto pré-moldado e o concreto
moldado no local, devido a falta de armadura de cisalhamento (estribos) que garante o
trabalho conjunto de ambos. No quarto caso, ocorrerá um fendilhamento nos cantos do
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
33
consolo e da viga, devido a falta de armadura de tirante no consolo e na viga. Esses quatro
mecanismos de deformação das ligações podem ser observados na figura 2-22.
Região de rótula
Plástica
Região de rótula
Plástica
graute
Região de rótula
Plástica
Região de rótula
Plástica
graute
A
bertura da
ligação
A
bertura da
ligação
Fissuração entre a
laje e a viga
Abertura da
ligação
Fissuração entre a
laje e a viga
Abertura da
ligação
Rasgamento
dos cantos
Rasgamento
dos cantos
Região de rótula
plástica
Abertura da
ligação
Fissuração entre
a laje e a viga
Graute
Abertura da
ligação
Rasgamento
dos cantos
Região de rótula
Plástica
Região de rótula
Plástica
graute
Região de rótula
Plástica
Região de rótula
Plástica
graute
A
bertura da
ligação
A
bertura da
ligação
Fissuração entre a
laje e a viga
Abertura da
ligação
Fissuração entre a
laje e a viga
Abertura da
ligação
Rasgamento
dos cantos
Rasgamento
dos cantos
Região de rótula
Plástica
Região de rótula
Plástica
graute
Região de rótula
Plástica
Região de rótula
Plástica
graute
A
bertura da
ligação
A
bertura da
ligação
Fissuração entre a
laje e a viga
Abertura da
ligação
Fissuração entre a
laje e a viga
Abertura da
ligação
Rasgamento
dos cantos
Rasgamento
dos cantos
Região de rótula
plástica
Abertura da
ligação
Fissuração entre
a laje e a viga
Graute
Abertura da
ligação
Rasgamento
dos cantos
Figura 2-22: Mecanismos de fissuração em ligações com armadura de continuidade. [PCI (1986)]
De acordo com CHEOCK & LEW (1991), as ligações que apresentam um mecanismo de
deformação com formação da rótula plástica na extremidade da viga apresentam maior
capacidade de rotação e de dissipação de energia, possuindo ductilidade maior.
Assim, nota-se que o comportamento mecânico de uma ligação está relacionado
diretamente a maneira como a ligação é projetada. No primeiro caso, a ligação é projetada
considerando sua capacidade de resistir a momentos fletores, sendo que a rotação presente na
extremidade da viga irá depender da distribuição da curvatura dentro da região de
plastificação na extremidade da me sma. No segundo caso, pode-se notar que a ligação é
projetada com pequenas armaduras que não apresentarão a função de resistir a momentos
fletores, sendo a rotação relativa viga-pilar delimitada pela capacidade de alongamento ou
ancoragem das barras tracionadas.
De acordo com FERREIRA (2001), onde foram realizados ensaios com o intuito de
estudar o comportamento semi-rígido de uma lig ação com apoio sobre camada de graute em
cabeça de pilar com chumbadores verticais parafusados, pode-se observar o terceiro
mecanismo de fissuração, caracterizado pela fissuração na região entre o concreto
pré-moldado e o concreto moldado no local. O esquema da ligação pode ser observado na
figura 2-23, e o mecanismo de fissuração pode ser claramente observado na figura 2-24.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
34
As,top
500
490 m m
400 100
180 70 250
80 270 15 0
100
PP
143 51435100
Gr out Pa ck i ng h = 10 mm
(30 N/mm
2
)
1500 1500
F
250 kN j ac k , lo ad
cell and roller,
onto pl ate
1220 1150
Precast Beam (40 N/mm
2
)
To p p i n g ( 3 0 N / m m
2
)
Capa de concreto
Viga pré-mo ldada
Célula de carga
Capa de concreto
Graute
As,top
500
490 m m
400 100
180 70 250
80 270 15 0
100
PP
143 51435100
Gr out Pa ck i ng h = 10 mm
(30 N/mm
2
)
1500 1500
F
250 kN j ac k , lo ad
cell and roller,
onto pl ate
1220 1150
Precast Beam (40 N/mm
2
)
To p p i n g ( 3 0 N / m m
2
)
Capa de concreto
Viga pré-mo ldada
Célula de carga
Capa de concreto
Graute
Figura 2-23: Esquema da ligação ensaiada em FERREIRA (2001).
Fissuras na região
entre o concreto pré-
moldado e o concreto
moldado no local.
Fissuras na região
entre o concreto pré-
moldado e o concreto
moldado no local.
Figura 2-24: Fissuras nas vigas ensaiadas em FERREIRA (2001).
2.3.3 Fator de Restrição à Rotação α
R
De acordo com a norma NBR 9062:2006, o fator de restrição à rotação α
R
define a rigidez
relativa de cada ligação da extremidade do elemento conectado, sendo calculado da seguinte
forma:
2
1
efsec
sec
R
LR
)EI.(3
1
1
φ
φ
=
+
=α
(2-1)
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
35
onde:
sec
)EI( : Rigidez secante da viga;
ef
L : Vão efetivo entre apoios, distância entre centros de giros nos apoios;
sec
R : Rigidez secante ao m omento fletor da ligação viga-pilar.
De acordo com a mesma norma, o fator de restrição à rotação pode ser interpretado como
a relação da rotação φ
1
da extremidade do elemento em relação à rotação combinada φ
2
do
elemento e da ligação devido ao momento de extremidade, conforme a figura 2-25.
θ
2
θ
1
M
θ
2
θ
1
M
Figura 2-25: Fator de restrição à rotação. [NBR 9062:2006]
2.3.4 Classificação das Ligações Viga-Pilar
De acordo com o Manual de Ligações Estruturais da FIB (draft 2003), as ligações em
estruturas pré-moldadas de concreto podem ser classificadas de acordo com o grau de
engastamento como: rígidas, semi-rígidas ou articuladas, conforme pode ser observado na
figura 2-26. Tais ligações estão descritas a seguir:
Ligação rígida: possui elevada capacidade de restringir as rotações relativas entre a viga e
o pilar.
Ligação articulada: corresponde àquela que não possui capacidade de restrição às
rotações relativas entre a viga e o pilar.
Ligação semi-rígida: corresponde àquela que desempenha comportamento intermediário
ao das ligações rígidas e articuladas, ou seja, uma ligação semi -rígida apresenta um
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
36
engastamento parcial que pode estar próximo da situação engastada ou da situação
articulada.
Momento
M
Rígida
Semi-Rígida
Flexível
Rotação φ
Momento
M
Rígida
Semi-Rígida
Flexível
Rotação φ
Figura 2-26: Classificação de ligações resistentes à flexão como rígidas, semi-rígidas ou articuladas
segundo o Manual de Ligações Estruturais da FIB (draft 2003).
É usual, na prática de projeto de estruturas de concreto pré-moldado, considerar as
ligações viga-pilar como articulações ou engastes. Na verdade, por serem ligações executadas
entre elementos pré-moldados de concreto, elas possuem um comportamento semi-rígido
(entre o engastado e o flexível). A consideração das ligações com esse efeito, recebe na
literatura técnica a denominação de ligações semi -rígidas. O efeito das ligações na estrutura
pré-moldada influencia, em particular: na redistribuição dos esforços ao longo dos elementos
pré-moldados, nos deslocamentos laterais, na estabilidade global das estrutur as não
contraventadas e nas flechas locais das vigas com extremidades sem i-rígidas.
O termo “ligações semi-rígidas” foi utilizado inicialmente na década de 30 nas estruturas
metálicas, sendo incorporado no final dos anos 80 ao estudo das estruturas pré-moldadas. Tal
notação, a princípio, está relacionada com a rigidez à flexão da ligação. O comportamento
semi-rígido em uma ligação é caracterizado pela relação momento-rotação que é tratada mais
adiante no item 2.3.5.
Segundo ELLIOTT (2002), a maior parte das ligações viga-pilar que possuem resistência
à flexão (considerando estrutura com pilares contínuos) apresentam um comportamento
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
37
semi-rígido que corresponde a um comportamento intermediário entre o das ligações
engastadas e das articuladas.
O fato de nas ligações semi-rígidas haver uma consideração das deformabilidades das
ligações nas extremidades das vigas pré-moldadas, permite uma alteração na rigidez das
mesmas, gerando uma redistribuição dos esforços e deslocamentos ao longo da estrutura
global.
Um exemplo de ligação semi-rígida corresponde a uma ligação com pino e armadura de
continuidade passante no pilar contínuo, tendo o preenchimento de graute (argamassa que
possui consistência fluida, dispensando o adensamento, atinge altas resistências iniciais e
finais e apresenta expansão controlada) no local para a ligação negativa, que pode ser
observada na figura 2-27.
Continuity reinforcement
Threaded bars
Precast concrete
Cast in situ concrete
Mortar
Concreto pré-moldado
Co nc r e to mo ld a d o no
loc a l
Graute
Chumbadores
Armadura de continuidade
Continuity reinforcement
Threaded bars
Precast concrete
Cast in situ concrete
Mortar
Concreto pré-moldado
Co nc r e to mo ld a d o no
loc a l
Graute
Chumbadores
Armadura de continuidade
Figura 2-27: Ligação considerada como semi-rígida segundo o Manual de Ligações da FIB (draft 2003).
Em geral, as ligações resistentes à flexão são utilizadas com a finalidade de: estabilizar e
aumentar a rigidez em pórticos pré-moldados; diminuir a altura dos elementos resistentes à
flexão; distribuir momentos de segunda ordem para as vigas e lajes, e conseqüentemente
reduzir os momentos no pilar e aumentar a resistência ao colapso progressivo.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
38
Segundo o FIB (2003), uma ligação resistente à flexão deve ser projetada de tal forma que
apresente falha dúctil e cuja capacidade não esteja limitada por tensões de cisalhamento, por
comprimentos curtos de solda ou por outros detalhes similares que podem conduzir a
fragilidade.
Como indicado na figura 2-28, as ligações rígidas e semi-rígidas podem ser classificadas
de acordo com a transferência de mome ntos fletores em: ligação com resistência completa e
ligação com resistência parcial.
h
l
p
M
RC
l
e
?
Tie st eel
d
Rig id bod y ro t ati o n
M
RC
Armadura de continuidade
Rotação da ligação
M
M
a) b)
h
l
p
M
RC
l
e
?
Tie st eel
d
Rig id bod y ro t ati o n
M
RC
Armadura de continuidade
Rotação da ligação
M
M
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
39
L
I.E.8
R
C
rig
(2-2)
L
)I.E.5,0(
RR
C
semirigrig
>
L
I.E.8
R
L
I.E.5,0
C
semirig
C
(2-3)
Para pórticos não contraventados, os valores limites são:
L
I.E.25
R
L
I.E.5,0
C
semirig
C
(2-4)
onde:
rig
R
: Rigidez da ligação rígida;
semirig
R : Rigidez da ligação semi-rígida.
Segundo um sistema de classificação proposto por BJORDHODVE (1990), os valores
limites, para a rigidez da ligação, são relacionados com a altura da viga (h) através das
seguintes expressões:
h2
I.E
R
C
rig
(2-5)
)h.10(
)I.E(
RR
C
semirigrig
> (2-6)
Em FERREIRA (2003), foi proposta uma classificação para as ligações viga-pilar, com a
identificação de cinco zonas, sendo as ligações semi-rígidas subdivididas em três zonas de
projeto. As zonas identificadas por essa classificação correspondem a:
Zona I ligação articulada com o fator de restrição 14,00
<
<
R
α
Zona II ligação semi-rígida com baixa resistência fator de restrição
4,014,0 <<
R
α
Zona III ligação semi-rígida com média resistência e fator de restrição 67,04,0 <<
R
α
Zona IV ligação semi-rígid a com alta resistência e fator de restrição 9,067,0 <<
R
α
Zona V ligação rígida com fator de restrição
9,0
R
α
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
40
As zonas podem ser observadas na figura 2-29.
α+
α
=
R
R
E
vão
2
.5,13
M
M
α+
α
=
φ
φ
R
R
R
E
2
.3
1
α+
α
=
R
R
1
SR
2
.4,12
f
f
α+
α
=
R
R
E
lig
2
.3
M
M
R
α
R
α+
α
=
R
R
E
vão
2
.5,13
M
M
α+
α
=
φ
φ
R
R
R
E
2
.3
1
α+
α
=
R
R
1
SR
2
.4,12
f
f
α+
α
=
R
R
E
lig
2
.3
M
M
R
α
R
Figura 2-29:Sistema de classificação para ligações semi-rígidas. [FERREIRA (2003)]
Foi escolhido o valor do fator de restrição (α
R
) como sendo igual a 0,4 para diferenciar as
ligações semi-rígidas com baixa resistência à flexão das ligações semi-rígidas com média
resistência, devido ao fato de que quando α
R
> 0,4 as ligações semi-rígidas mobilizam mais
de 50% do momento de engastamento. Para distinguir entre as ligações semi-rígidas com
média resistência à flexão das com alta resistência à flexão, foi escolhido o valor do fator de
restrição como sendo igual a 0,67, pois acima desse valor, os momentos nas extremidades da
viga são maiores do que o momento no meio do vão.
É importante ressaltar que as equações expressas na figura 2-29 se referem a uma viga
submetida a carregamento uniformemente distribuído e com ligações nas extremidades.
De acordo com a NBR 9062:2006 as ligações podem ser classificadas como indicado na
tabela 2-2 e na tabela 2-3.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
41
Tabela 2-2: Classificação das ligações de acordo com a rigidez. [NBR 9062:2006]
Comportamento no apoio Estruturas contraventadas Estruturas não contraventadas
Articulado
ef
sec
sec
L
)EI(5,0
R
ef
sec
sec
L
)EI(5,0
R
Semi-rígido
ef
sec
sec
ef
sec
L
)EI(8
R
L
)EI.(5,0
<
ef
sec
sec
ef
sec
L
)EI(20
R
L
)EI.(5,0
<
Rígido
ef
sec
sec
L
)EI(8
R
ef
sec
sec
L
)EI(20
R
Tabela 2-3: Classificação das ligações de acordo com o fator de restrição à rotação. [NBR 9062:2006]
Comportamento no apoio Estruturas contraventadas Estruturas não contraventadas
Articulado 15,0
R
α
15,0
R
α
Semi-rígido 70,015,0
R
α
<
85,015,0
R
α<
Rígido
70,0
R
α
85,0
R
α
2.3.5 Determinação Teórica da Relação Momento-Rotação
A rigidez de uma ligação está relacionada com o mo mento fletor resistido por ela e a
rotação relativa viga-pilar causada por esse momento. Dessa forma, a rigidez de uma ligação
pode ser obtida pelo gradiente da curva momento–rotação.
Entretanto, para a obtenção da rigidez à flexão de ligações entre elementos pré-moldados
é necessária a realização de ensaios experimentais, pois diferentemente das estruturas de
concreto armado, o pré-moldado não possui modelos analíticos consagrados pela literatura
para obtenção da relação momento-rotação nas ligações viga-pilar.
Devido à complexidade do comportamento da ligação, é difícil o desenvolvimento de
equações que representem o comportamento semi-rígido das ligações pré-moldadas.
Para uma ligação ter capacidade de transmitir grande quantidade de flexão é importante
que, tanto a ligação, como a viga, possuam rigidez à flexão, ou seja, a rigidez de uma ligação
não pode ser caracterizada somente pela relação mo mento-rotação, mas tam m pela rigidez
da viga ligada a ela. Assim, a rigidez pode ser expressa de forma adimensional como a razão
entre a rigidez da ligação e a rigidez da viga adjacente. Essa rigidez relativa entre ligação e
viga é denominada de rigidez equivalente e pode ser obtida da seguinte form a:
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
42
I.E.4
L.R
R
S
=
(2-7)
onde:
S
R : rigidez equivalente;
I : momento de inércia da viga;
L : vão efetivo da viga;
R
: rigidez da ligação viga-pilar.
A relação entre o fator de restrição α
R
e a rigidez equivalente R
S
é dada por:
)1(
.75,0
)1(4
3
R
R
R
R
R
S
α
α
=
α
α
=
(2-8)
Com essa expressão pode-se observar que quanto maior o fator de restrição maior será a
rigidez equivalente, ou seja, quando
R
α
tende a seu valor máximo igual a 1 a rigidez
equivalente tende ao .
A rigidez secante de uma ligação corresponde a relação entre o momento fletor e a
rotação relativa viga-pilar no início do escoamento da armadura de continuidade. Assim, a
rigidez secante pode ser determinada através da seguinte fórmula:
C
RC
sec
M
R
φ
=
(2-9)
Onde:
RC
M : momento resistente da ligação no limite do escoamento da armadura tracionada;
C
φ : rotação relativa viga-pilar devida ao momento M
RC
;
sec
R : rigidez secante.
Com a curva momento-rotação pode-se determinar a rigidez secante de uma ligação.
Através da obtenção do momento de escoamento da armadura (My =
RC
M ), traça-se a reta
secante a curva momento-rotação da ligação ligando a origem do gráfico ao ponto
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
43
correspondente ao M
y
. Desde que
y
MM
, a rigidez secante será a mínima rigidez possível no
projeto para a ligação ao longo da vida útil da estrutura.
M
y
M
u
M
E
θ
E
arctg R
sec
Rigidez secante ao momento fletor
Secante
Curva momento-rotação
Início da plastificação
Centro de giro
no apoio
Rotação localizada na
extremidade da viga
θ
E
M
E
M
y
M
u
M
E
E
arctg R
sec
Rigidez secante ao momento fletor
Secante
Curva momento-rotação
Início da plastificação
Centro de giro
no apoio
Rotação localizada na
extremidade da viga
θ
E
M
E
φ
E
φ
E
M
y
M
u
M
E
θ
E
arctg R
sec
Rigidez secante ao momento fletor
Secante
Curva momento-rotação
Início da plastificação
Centro de giro
no apoio
Rotação localizada na
extremidade da viga
θ
E
M
E
M
y
M
u
M
E
θ
E
arctg R
sec
Rigidez secante ao momento fletor
Secante
Curva momento-rotação
Início da plastificação
Centro de giro
no apoio
Rotação localizada na
extremidade da viga
θ
E
M
E
M
y
M
u
M
E
E
arctg R
sec
Rigidez secante ao momento fletor
Secante
Curva momento-rotação
Início da plastificação
Centro de giro
no apoio
Rotação localizada na
extremidade da viga
θ
E
M
E
φ
E
φ
E
M
y
M
u
M
E
E
arctg R
sec
Rigidez secante ao momento fletor
Secante
Curva momento-rotação
Início da plastificação
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
44
FERREIRA
et al. (2002), propôs que a rigidez secante à flexão negativa, para as ligações
com armadura de continuidade, pode ser obtida pela expressão:
1
IIcs
p
2
Ss
e
C
y
sec
I.E
l
d.A.E.9,0
l
M
R
+=
φ
=
(2-10)
Sendo:
+=φ=
e
s
yk
p
IIcs
y
CykSy
l.
d.E
f
l.
I.E
M
d.f.A.9,0M
(2-11)
onde:
p
l : comprimento da região da ligação;
e
l : comprimento de embutimento dentro do pilar;
d : altura efetiva na extremidade da viga;
s
E : módulo de elasticidade do aço;
II
I
: momento de inércia da seção homogeneizada fissurada no estádio II;
cs
E : módulo secante do concreto, equivalente a
ccs
EE .85,0
=
;
S
A : área de armadura negativa passante no pilar.
De acordo com FERREIRA
et al. (2003), a expressão geral que representa o
desenvolvimento da relação momento-rotação para
y
MM0
corresponde a seguinte:
5,0
y
e
s
s
p
eqc
M
M
.l.
d.E
l.
I.E
M
σ
+
=φ
(2-12)
onde:
eq
I : corresponde ao momento de inércia equivalente da ligação, dado por:
II
3
a
r
I
3
a
r
eq
I.
M
M
1I.
M
M
I
++
=
(2-13)
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
45
sendo:
r
M : momento de fissuração;
a
M : momento atuante.
s
σ : corresponde a tensão na armadura obtida pela seguinte expressão:
eqS
s
z.A
M
=σ
(2-14)
onde:
+
=
5,0
y
II
5,0
y
Ieq
M
M
.x
M
M
1.x.
3
1
dz
(2-15)
sendo:
I
x : posição da linha neutra no estádio I;
II
x : posição da linha neutra no estádio II;
eq
z : z intermediário entre o estádio I e II.
O co mpr i men to
p
l depende da altura da viga, da posição do centro de rotação na ligação e
do caminho das forças internas na extremidade da viga (figura 2-31). Para ligações típicas o
comp ri ment o
p
l pode ser obtido pelo comprimento do consolo somado a altura útil na
extremidade da viga sobre o apoio.
Figura 2-31: Regiões de distúrbio na extremidade de ligações viga-pilar. [FERREIRA (2001)]
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
47
O cálculo da rigidez secante [(E.I)
sec
] de uma viga protendida deve ser realizado sem a
utilização dos fatores de redução apresentados na tabela 2-4. No caso de vigas protendidas o
cálculo da sua rigidez secante (considerando a fissuração no estado limite último) deve ser
realizado através da equação de Branson.
2.3.6 Método Beam-Line
O método Beam-Line, inicialmente foi desenvolvido por Batho & Rowan em 1934 para a
utilização no estudo das ligações semi-rígidas em estruturas metálicas. Esse método é
utilizado para determinar, de forma aproximada, a resistência requerida da ligação através da
consideração de sua rigidez. A resistência determinada é compatível com o comportamento
elástico da viga e com a rigidez da ligação.
A reta denominada
Beam-Line, é obtida através da determinação de dois pontos, que
ligam as situações de engastamento perfeito e de articulação perfeita nas extremidades da
viga.
A situação de engastamento perfeito corresponde àquela em que não há rotação na ligação
com a extremidade da viga qualquer que seja o momento fletor resistido pela ligação. A
situação de articulação perfeita corresponde àquela em que a ligação não é capaz de resistir
ligaçãs semi-ríe do poe suvez,do fisi A
itosaoos me2.3[(tn e)-3.9po n e que resiera a
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
48
Assim, a reta
Beam-Line pode ser traçada através da união entre o ponto correspondente
ao momento de engastamento perfeito (
p
M ), na situação de engastamento perfeito e o ponto
correspondente ao momento nulo com a rotação de uma rótula perfeita (
rot
φ ), na situação de
articulação perfeita. A determinação da reta
Beam-Line pode ser observada na figura 2-34.
R
φ
R
E
R
φ
R
E
Figura 2-34: Reta Beam-Line com a curva Momento-rotação da ligação. [FERREIRA (1999)]
O ponto E da reta Beam-Line corresponde ao ponto onde existe a compatibilização entre o
giro da extremidade da viga com o giro relativo entre a viga e o pilar. A ligação deve ser
capaz de suportar pelo menos o momento correspondente ao ponto E indicado. Com a
determinação da reta
Beam-Line é possível identificar o local da ruptura, se a ruptura ocorreu
na ligação ou na viga.
Se para uma determinada ligação viga-pilar semi-rígida for constatado que a ruptura da
ligação ocorreu antes de alcançar o ponto E, pode-se dizer que a ruptura ocorreu na ligação e
não na viga, como é o caso da ligação B ilustrada na figura 2-35. Caso contrário, sendo
constatado que a ligação rompeu após ter alcançado o ponto E, pode-se dizer que a ruptura
ocorreu na viga, como é o caso da ligação A ilustrada na figura 2-35.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
49
Reta B eam -Line
ligA
M
ligaç ão A
E
rot
φ
p
M
M (KN )
φ
(rad)
Reta B eam -Line
ligA
M
ligaç ão A
E
rot
φ
p
M
M (KN )
φ
(rad)
E
ligação B
ligB
M
M (kN.m)
Reta B eam -Line
ligA
M
ligaç ão A
E
rot
φ
p
M
M (KN )
φ
(rad)
Reta B eam -Line
ligA
M
ligaç ão A
E
rot
φ
p
M
M (KN )
φ
(rad)
E
ligação B
ligB
M
M (kN.m)
Figura 2-35: Ilustração do comportamento de diferentes ligações, com ruptura na ligação (ligação B) e
com ruptura na viga (ligação A).
Teoricamente, os valores correspondentes ao mo mento fletor na ligação (
lig
M ) e a rotação
específica de uma ligação (
lig
φ ) podem ser determinados graficamente, considerando a
rigidez da ligação e da viga, através da interseção da reta correspondente a rigidez secante da
ligação com a reta
Beam Line, como pode ser observado na figura 2-36.
M (k N. m)M (k N. m)
Figura 2-36: Obtenção dos valores
lig
φ e
lig
M através da rigidez secante da ligação semi-rígida.
No caso da presente pesquisa, com aplicação para as vigas protendidas, a representação da
reta
Beam-Line poderá considerar a seção bruta da viga para o Estado Limite de Serviço, mas
a relação momento-rotação da ligação viga-pilar deverá ser não linear.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
50
2.4 Tipologia de Ligações Viga-Pilar
De acordo com o PCI (1988), considerando a tipologia construtiva, as ligações viga-pilar
basicamente podem ser:
1) Ligação com pino de encaixe;
2) Ligação com parafuso;
3) Ligação com solda;
4) Ligação com perfil metálico de encaixe;
5) Ligação com emenda da armadura e concreto moldado no local;
6) Ligação com cabos de protensão.
A figura 2-37 ilustra algumas configurações (GC = g
irder-column – viga mestra-pilar)
1) Liga ção co m pino de encaixe 2) Ligação co m parafuso
3) L igação co m so lda
4) L igação co m per fil met á lico d e enca ixe
5) L igação co m emend a da ar madura e
co ncret o mo ldado no loca l
6) Liga ção co m ca bo de prot ensão
1) Liga ção co m pino de encaixe 2) Ligação co m parafuso
3) L igação co m so lda
4) L igação co m per fil met á lico d e enca ixe
5) L igação co m emend a da ar madura e
co ncret o mo ldado no loca l
6) Liga ção co m ca bo de prot ensão
Figura 2-37: Configurações da ligação viga-pilar. [PCI (1988)]
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
51
2.4.1 Tipologias de Ligações Semi-Rígidas
Como mencionado anteriormente, as ligações semi-rígidas possuem certa restrição ao
momento fletor negativo, sendo realizadas com o emprego de armadura negativa na região da
ligação submetida a esse mo mento fletor.
Uma ligação viga-pilar de grande utilização no Brasil corresponde à ligação articulada
com apoio sobre consolo e chumbador. No entanto, essa mesma ligação com a presença de
armadura de continuidade passando no pilar apresentará uma modificação em seu
comportamento podendo ser caracterizada como uma ligação semi-rígida. Essa tipologia de
ligação pode ser observada na figura 2-38.
Figura 2-38: Ligação viga-pilar semi-rígida com consolo e chumbador.
[Projeto Jovem Pesquisador – UFSCar (2003)]
Um tipo de ligação semi-rígida bastante utilizada na Inglaterra corresponde àquela
realizada com a presença de consolo metálico embutido e armadura de continuidade. Esse
tipo de ligação originou-se da ligação articulada, a partir da introdução de armadura de
continuidade com o intuito de evitar o colapso progressivo da estrutura. Exemplos desse tipo
de ligação podem ser observados na figura 2-39.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
52
Figura 2-39: Ligação viga-pilar com consolo metálico embutido.
[Projeto Jovem Pesquisador - UFSCar (2003)]
Uma das vantagens desse tipo de ligação está relacionada com o ponto de vista estético,
pois os consolos ficam embutidos. No entanto esse tipo de ligação não é muito utilizado no
Brasil.
As ligações semi-rígidas também podem ser obtidas através de:
Chapas soldadas com insertos no concreto, como pode ser observado na figura
2-40;
Solidarização no canteiro através da utilização de concreto moldado no local. Esse
tipo de ligação pode ser observado na figura 2-41;
Utilização de ancoragem ativa, ou seja, através da protensão, como pode ser
observado na figura 2-42.
Arm a d u r a n eg a t i va
Armadura positiva
Elem en to d e vi ga
Chapas sold adas com
insert o no conc ret o
Chapas soldadas com
ins erto no c oncreto
Arm a d u r a n eg a t i va
Armadura positiva
Elem en to d e vi ga
Arm a d u r a n eg a t i va
Armadura positiva
Elem en to d e vi ga
Chapas sold adas com
insert o no conc ret o
Chapas soldadas com
ins erto no c oncreto
Figura 2-40: Ligações viga-pilar com chapas soldadas com inserto no concreto. [EL DEBS (2000)]
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
53
Figura 2-41: Ligação viga-pilar com solidarização da armadura. [EL DEBS (2000)]
Figura 2-42: Ligação semi-rígida por meio de protensão. [EL DEBS (2000)]
2.5 Exemplos de Ligações Viga-Pilar
Para o conhecimento da utilização de ligações semi-rígidas nas edificações realizadas no
Brasil, serão apresentados alguns exemplos de ligações semi-rígidas viga-pilar e algumas
particularidades que estão sendo executadas por algumas empresas brasileiras.
Algumas empresas brasileiras têm realizado certa rugosidade na região da ligação
viga-pilar. São realizados pequenos dentes na viga e no pilar com o intuito de aumentar a
aderência entre as peças pré-moldadas e o concreto moldado no local que é utilizado para
solidarizar a ligação. Esse tipo de ligação pode ser observado na figura 2-43.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
54
Figura 2-43: Ligação viga-pilar com chapa soldada e solidarização no canteiro.
[T&A Pré-Fabricados (2005)]
Muitas empresas brasileiras estão realizando as ligações viga-pilar de forma a permitir
que entre a viga e o pilar haja um espaço entre 50 mm e 100 mm , com o intuito de facilitar as
atividades relacionadas com o preenchimento da ligação com concreto moldado no local.
Esse detalhe pode ser observado na figura 2-44.
Figura 2-44: Detalhe da ligação viga-pilar com chapa soldada e armadura de continuidade.
[T&A Pré-Fabricados (2005)]
Na figura 2-45 pode ser observada uma ligação com a presença de armadura de
continuidade inserida no interior do pilar sendo solidarizada com concreto moldado no local.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
55
Figura 2-45: Ligação viga-pilar com armadura de continuidade solidarização no canteiro.
[T&A Pré-Fabricados (2005)]
Alguns exemplos de ligações semi-rígidas, com consolo metálico embutido, realizadas na
Inglaterra podem ser observados na figura 2-46.
Figura 2-46: Ligações com consolo metálico embutido. [(TRENT CONCRETE, UK)]
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
56
2.6 Concreto Protendido: Vantagens e Desvantagens
De acordo com a NBR 6118:2003 os elementos de concreto protendido são aqueles nos
quais parte das armaduras é previamente alongada por equipamentos especiais de protensão
com a finalidade de, em condições de serviço, impedir ou limitar a fissuração e os
deslocamentos da estrutura e propiciar o melhor aproveitamento de aços de alta resistência no
ELU (estado limite último).
O princípio do concreto protendido está relacionado com a diminuição da fissuração do
concreto através da introdução de tensões normais de compressão em regiões submetidas a
tensões de tração. A introdução de tensões de compressão é realizada através de u m
pré-alongamento da armadura ativa constituída por barras, fios isolados ou cordoalhas. Sabe-
se que o concreto possui menor resistência à tração quando comparada à compressão (cerca
de dez vezes menor). Dessa forma, em regiões onde ocorre a presença de tensões causadas
pela flexão, a função do concreto é pouco significativa ou até mesmo desprezada.
Assim, uma peça de concreto protendido deve ser projetada de forma a garantir que em
todas as regiões e nas diversas combinações de ações, as tensões sejam somente de
compressão ou de pequenos valores de tração.
Em muitas situações as estruturas de concreto protendido são mais econômicas quando
comparadas com estruturas realizadas com outros tipos de materiais. As estruturas de
concreto protendido sempre têm a vantagem de necessitar de manutenção mais simples e
mais barata quando comparadas com as estruturas metálicas e de madeira. Quando
comparadas com as estruturas de concreto armado, as peças protendidas têm a fissuração
impedida ou mais controlada na região tracionada dos trechos submetidos à flexão.
De acordo com CARVALHO (2005), em estruturas de concreto protendido, apesar de
ocorrerem perdas de protensão, ocorre uma diminuição da fissuração da peça protendida, o
que gera um aumento de sua inércia e consequentemente uma diminuição de sua flecha. As
estruturas de concreto protendido apresentam outras vantagens como:
Permitem a execução de estruturas mais leves quando comparadas com estruturas
similares de concreto armado. Isso é possível devido ao controle de fissuração obtido
com a protensão;
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
57
Com pequenos custos de manutenção é mantida uma grande durabilidade. O controle
da fissuração, adquirido com a protensão, é responsável pelo aumento da resistência
do concreto ao ataque de agentes agressivos na armadura;
Possuem boa resistência ao fogo;
Possuem menores deformações em comparação às estruturas similares de concreto
armado;
As propriedades do aço e do concreto possuem maior controle. Em estruturas
protendidas, o concreto e principalmente o aço são colocados sob carga durante a
protensão, o que acaba colocando em teste a resistência de seus m ateriais;
A tecnologia para a execução das peças pré-moldadas é bastante conhecida nos
grandes centros do país.
As desvantagens da utilização de estruturas protendidas são:
Quando comparadas com as estruturas metálicas e de madeira, o peso da estrutura
final é relativamente elevado;
Em peças moldadas no local é necessária a realização de escoramento e a espera do
tempo de cura do concreto;
Possuem elevada condutividade de calor e de som;
Em algumas situações apresentam dificuldade para a execução de reformas;
Para a fabricação das peças é necessária a utilização de elementos específicos como
bainhas e cabos.
2.7 Classificações do Concreto Protendido
2.7.1 Classificação quanto a Aderência
De acordo com a norma NBR 6118:2003, o concreto protendido pode ser classificado
como: concreto com armadura ativa pré-tracionada ou protensão com aderência inicial;
concreto com armadura ativa pós-tracionada ou protensão com aderência posterior e
protensão sem aderência.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
58
Concreto com armadura ativa pré-tracionada ou protensão com aderência inicial
Segundo VASCONCELOS (1992), a idéia da pré-tração já existia nas primeiras
aplicações práticas do concreto armado e, devido à fissuração em serviço é que as tentativas
de utilização da armadura previamente tracionada tiveram início. No entanto, todas as
tentativas fracassaram devido à utilização de aço comum, o qual não conseguia manter o
efeito do estiramento prévio da armadura devido à retração e a deformação lenta do concreto.
Somente em 1924 iniciou-se a utilização de aços de elevada resistência.
Nesse tipo de protensão (pré-tracionada), a armadura é tracionada antes da produção da
peça de concreto, ou seja, antes do lançamento do concreto. Geralmente as armaduras (fios
ou cordoalhas) são dispostas em pistas de protensão e após seu estiramento são fixadas
temporariamente em dispositivos (cabeceiras) próprios para essa finalidade. Após o
posicionamento das eventuais armaduras construtivas são preparadas as fôrmas e
posteriormente é lançado o concreto. Assim, a aderência entre a armadura e o concreto
inicia-se no instante do lançamento do mesmo.
Transcorrido o tempo suficiente para que o concreto tenha resistência adequada para
impedir o escorregamento da armadura e suportar as tensões devido às forças de protensão,
promove-se a retirada da ancoragem. A armadura tenta retornar ao comprimento que tinha
antes da distensão provocando compressão no concreto em virtude de estar aderente ao
mesmo. Nesse tipo de concreto, a ancoragem da armadura é realizada apenas pela aderência
entre ambos.
Concreto com armadura ativa pós-tracionada ou protensão com aderência posterior
Segundo VASCONCELOS (1992) a protensão com armadura pós-tracionada,
correspondeu a primeira protensão a ser introduzida no Brasil. Nesse tipo de protensão, a
armadura é tracionada após o endurecimento do concreto, sendo o próprio elemento estrutural
utilizado como apoio.
Na protensão com aderência posterior, cria-se uma aderência permanente entre o
elemento de concreto e a armadura após a protensão da mesma. Para promover a aderência
entre o concreto e a armadura ativa, é realizada a injeção de pasta de cimento nas bainhas,
que devem conter as armaduras ativas. Dessa forma, a aderência entre a armadura e o
concreto é iniciada posteriormente a execução da protensão quando o concreto já está
endurecido.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
59
Concreto com armadura ativa pós-tracionada sem aderência ou protensão sem
aderência
As primeiras obras em concreto protendido no Brasil foram executadas com protensão
não aderente.
Segundo VASCONCELOS (1992) a ponte do Galeão localizada no Rio de Janeiro
correspondeu a primeira obra brasileira a utilizar a protensão sem aderência. Nessa obra, a
protensão sem aderência foi obtida através da utilização de cabos pintados com tinta
betuminosa e envolvidos por camadas de papel resistente (Kraft). A tinta betuminosa foi
utilizada com a finalidade de impedir o contato do concreto, proteger a armadura contra a
corrosão e permitir o estiramento do cabo após o endurecimento do mesmo.
Em 1956 teve início o procedimento de enrolamento dos cabos com fitas plásticas usando
ainda o betume para pintura dos mesmos. Somente em 1958 é que as bainhas de chapas
metálicas costuradas em hélices semelhantes às utilizadas atualmente, começaram a serem
fabricadas.
A protensão sem aderência pode ser alcançada com a utilização de bainhas convencionais
sem a injeção de nata de cimento. No entanto, esse procedimento pode deixar a armadura
ativa suscetível ao processo de corrosão, pois o aço, quando solicitado por tensões de grande
intensidade, pode sofrer uma rápida corrosão.
A prática mais comum da protensão sem aderência é realizada com a utilização de
cordoalhas envoltas em graxa e encapadas com capa plástica protetora. Dessa forma, a capa
faz a função da bainha isolando o concreto do cabo e a graxa além de preencher os vazios
entre o cabo e a capa plástica, ajuda na fase de protensão permitindo o seu estiramento ao
diminuir bastante o atrito na superfície do cabo.
Na protensão sem aderência o concreto e a armadura protendida ficam ligados apenas em
pontos localizados, não havendo uma aderência permanente entre ambos.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
60
2.7.2 Classificação Quanto à Intensidade de Protensão
Segundo a NBR 6118:2003, a protensão pode ser classificada de acordo com sua
intensidade. Essa classificação é baseada na durabilidade das peças, nos tipos de ambientes e
na maneira de se evitar a corrosão da armadura, ou seja, nos estados limites de serviço
referentes à fissuração. No concreto protendido, como as armaduras estão submetidas a um
nível elevado de tensão, maiores cuidados quanto à fissuração do concreto devem ser
tomados.
Assim, a protensão pode ser classificada em: protensão completa, protensão limitada e
protensão parcial.
Na protensão completa basicamente não haverá tração no elemento protendido, na
protensão limitada haverá tração limitada a um determinado valor e na protensão parcial pode
haver fissuração e deve ser realizada a verificação da abertura de fissuras. Os níveis de
protensão estão relacionados com os níveis de intensidade da força de protensão que por sua
vez é função da proporção de armadura ativa utilizada em relação à passiva.
O tipo de protensão a ser utilizada é determinado a partir do tipo de construção e da
agressividade do meio ambiente. De acordo com a NBR 6118:2003 a classe de agressividade
para cada estrutura pode ser determinada através da tabela 2-5.
Tabela 2-5: Determinação da classe de agressividade ambiental. [NBR 6118:2003]
Classe de Agressividade
do Ambiente
(CAA)
Agressividade
Classificação Geral do tipo de
ambiente para projeto
Risco de deterioração
da estrutura
I
fraca Rural e Subme rsa insignificante
II
média Urbana
1) 2)
pequeno
III
forte Marinha
1),2)
e Industrial
1), 2)
grande
III
Muito forte
Industrial
1), 3)
Respingos de Maré
elevado
1) Pode-se admitir um microclima com uma classe de agressividade mais branda (um nível acima) para
ambientes internos secos (salas, dormitórios, banheiros, cozinhas e áreas de serviço de apartamentos residenciais
e conjuntos comerciais ou ambientes com concreto revestido com argamassa e pintura).
2) Pode-se admitir uma classe de agressividade mais branda (um nível acima) em: obras em regiões de clima
seco, com umidade relativa do ar menor ou i gual a 65%, partes da estrutura protegid as de chuva em ambientes
predomi nant emente secos, ou regiões onde chove raramente.
3) Ambientes quimicamente agressivos: tanques industriais, galvanoplastia, branqueamento em indústrias de
celulose e papel, armazéns de fertilizantes, indústrias químicas.
Após a definição do tipo de protensão a ser realizada, é necessária a verificação de
diversas condições relacionadas aos estados de serviço ligados a fissuração. Além da
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
61
determinação do tipo de protensão também é importante atender as condições mínimas de
resistência à compressão e de cobrimentos exigidos pela NBR 6118:2003.
2.8 Estados Limites
Para o cálculo de peças de concreto protendido, assim como para a fabricação das peças
de concreto armado é necessário garantir a segurança no estado limite último como também
nos estados limites de serviço, ou seja, verificar a estrutura em seu funcionamento. Uma
estrutura não deve possuir somente segurança a ruptura, mas também deve funcionar
adequadamente e possuir a durabilidade esperada.
Para a verificação das peças nos estados limites de serviço é necessário realizar as
verificações da fissuração e da deformação excessiva das peças quando em funcionamento.
Em uma peça de concreto protendido, além de outros fatores, a fissuração pode ocasionar
uma degradação rápida do concreto superficial e também da armadura afetando a
durabilidade da estrutura. Dessa forma, a fissuração excessiva devido à flexão pode ser
evitada com um detalhamento adequado da armadura na seção transversal ou através do
aumento da mesma.
Na tabela 2-6 obtida na NBR 6118:2003 pode-se observar os valores limites para a
abertura característica das fissuras (w
k
) e outras providências necessárias para garantir a
correta proteção das armaduras quanto à corrosão.
Tabela 2-6: Níveis de protensão. [NBR 6118:2003]
Tipos de Concreto
Estrutural
Agressividade
Ambiente
Exigência Combinação De
Ações A Considerar
Concreto simples
CAA I a CAA IV Não há -
Concreto Armado (sem
protensão)
CAA I
ELS-W ω 0,4 mm
Freqüente
Concreto Armado (sem
protensão)
CAA II a III
ELS-W ω 0,3 mm
Freqüente
Concreto Armado (sem
protensão)
CAA IV
ELS-W ω 0,2 mm
Freqüente
Protensão parcial Nível 1
Pré-tração CAA I
Pós tração –CAA I e II
ELS-W ω 0,2 mm
Freqüente
Protensão limitada Nível 2
Pré-tração CAA II
Pós-tração CAA III e IV
(*) E.L.S-F. Fiss.
(*) E.L.S-D. Fiss.
Freqüente
Quase permanente
Protensão completa Nível 3
Pré-tração com CAAIII e
IV
(*) E.L.F. Fiss.
(*) E.L.S-D. Fiss.
Rara
Freqüente
(*) As duas condições devem ser verificadas simultaneamente; Com ω abertura máxima de fissura; CAA refere-
se às condições ambientais.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
62
De acordo com a tabela definida pela NBR 6118:2003, o concreto protendido pré-
tracionado e pós-tracionado pode ser fabricado com a utilização da protensão parcial desde
que a estrutura esteja na classe de agressividade I e a abertura de fissuras w
k
não ultrapasse
0,2 mm, conforme definido pelo estado limite de abertura de fissuras (ELSW) considerando a
combinação freqüente definida pela norma. O concreto protendido pré-tracionado e pós-
tracionado pode ser fabricado com a utilização da protensão limitada, desde que a estrutura
esteja na classe de agressividade II para a pré-tração e III e IV para pós-tração, e seja
verificado o estado limite de formação de fissuras (ELS-F) considerando combinação
freqüente, e o estado limite de descompressão (ELS-D) considerando combinação quase
permanente. Por fim, o concreto protendido pré-tracionado pode ser fabricado utilizando a
protensão completa desde que a estrutura esteja na classe de agressividade III e IV, e sejam
verificados os estados limites de formação de fissuras e de descompressão, considerando
combinação rara e freqüente, respectivamente.
2.9 Vigas
2.9.1 Considerações Gerais
Segundo ELLIOTT (2002), em um sistema estrutural esqueletal, em que a estrutura é
composta por pilares, vigas e lajes, as vigas correspondem a elementos submetidos
principalmente a carregamento horizontal (ação do vento). Elas são, por definição, pequenas
seções prismáticas de grande capacidade de flexão e cisalhamento. Em estruturas
pré-moldadas, as vigas devem ser capazes de suportar seu peso próprio, o peso dos elementos
de piso, quando houver, e todas as possíveis combinações de carregamentos que as
construções pré-moldadas trazem como a torção por exemplo, que pode ocorrer se, em um
estágio temporário da construção, os elementos de piso forem posicionados em apenas um
lado da viga.
Segundo ELLIOTT (2002), o critério limitante do projeto de vigas, é frequentemente
minimizar a altura da viga para aumentar o pé-direito. Dessa forma, as vi gas são
frequentemente pré-tracionadas com o intuito de diminuir suas alturas.
As vigas podem ser projetadas de forma a se tornarem vigas compostas. Essas vigas
podem ser ligadas a certos tipos de lajes de piso, como as lajes alveolares, através da
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
63
introdução de um mecanismo para resistir ao cisalhamento apropriado na interface, e do
preenchimento com concreto moldado no local.
2.9.2 Vigas Protendidas
A utilização de armaduras de elevada resistência em concreto armado fica limitada pela
fissuração do concreto. Quando são empregados aços com tensões de tração elevadas, ocorre
grande alongamento dos mesmos, ocasionando fissuras muito abertas e diminuindo a
proteção das armaduras contra corrosão.
Quando ocorre a fissuração do elemento de concreto, a inércia da seção não pode ser
considerada como sendo a seção total da peça, pois não será toda a seção que irá garantir a
rigidez da estrutura, mas apenas as regiões de concreto íntegro. Com a aplicação da
protensão, através da utilização de cabos de alta resistência, são introduzidas tensões de
compressão nas partes das seções tracionadas pelas solicitações dos carregamentos,
reduzindo ou eliminando a fissuração. Quando as tens ões de tração provocadas pelos
carregamentos forem inferiores às tensões prévias de compressão, a seção continuará
comprimida não sofrendo fissuração. Sob ação de cargas ma is elevadas, as tensões de tração
ultrapassam as tensões prévias, de modo que o concreto fica tracionado e fissura.
Retirando-se a carga, a protensão provoca o fechamento das fi ssuras.
Dessa forma, com a protensão é realizada a manipulação das tensões internas, o que
garante a contribuição da área total da seção da viga para a inércia da mesma. Com isso,
pode-se observar que devido ao controle da fissuração, as peças de concreto protendido
podem ser realizadas com menores alturas. Assim, as vigas quando protendidas permitem
uma redução da altura quando comparadas com as vigas de concreto armado, moldadas no
local e pré-moldadas.
Quando se utiliza viga protendida com ligações semi-rígidas, é possível uma melhor
análise da não linearidade da ligação quando comparado com o emprego de viga
pré-moldada. Isso ocorre, pois em uma viga protendida o efeito da não linearidade é reduzido
(devido ao controle da fissuração, considerando o momento positivo), quando comparado
com uma viga pré-moldada de concreto armado, permitindo que seja verificado o efeito da
ligação no comportamento da viga. Sem o efeito da não-linearidade (da viga para o momento
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
64
positivo), o comportamento da viga protendida será determinado pela não linearidade da
ligação.
Durante a fabricação de uma viga protendida com o emprego de cabo reto, deve-se
verificar as tensões na extremidade da viga, pois nos apoios não haverá momento que
equilibre as tensões advindas da protensão. Dessa forma, em caso de fissuração excessiva nas
extremidades da viga deve-se prever um mecanismo para impedir a aderência da armadura
ativa nas regiões mais solicitadas quando do emprego da protensão.
Além disso, quando é feita a retirada da ancoragem da armadura ativa, no caso de
protensão inicial, a armadura tenta retornar ao comprimento que tinha antes da distensão,
provocando compressão no concreto em virtude de estar aderente ao mesmo. Entretanto, a
armadura ativa, quando tende retornar a sua situação inicial, acaba desenvolvendo tensões de
tração que se estendem a partir do início da armadura na extremidade da viga como é visto na
figura 2-47. Quando tais tensões de tração se mostrarem prejudiciais, podendo provocar
fissuras em algumas regiões próximas a extremidade da viga, devem ser previstas armaduras
com o intuito de evitá-las.
armadura protendida
tensões de tração
Figura 2-47: Espalhamento das tensões de tração em uma viga protendida.
2.9.3 Cisalhamento em Vigas
Quando uma viga é submetida a um carregamento vertical qualquer, havendo ou não
esforço normal, na realidade ela está trabalhando em flexão simples ou composta não-pura.
Dessa forma, o momento fletor é variável e a força cortante é diferente de zero, o que permite
o surgimento, além das tensões normais, de tensões tangenciais na seção transversal,
equilibrando o esforço cortante.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
65
Assim, na flexão não-pura, sempre atuam tensões normais de flexão, juntamente com as
tensões tangenciais, criando um estado duplo de tensões, com tensões principais de tração e
compressão, geralmente inclinadas em relação ao eixo da viga.
O estudo do cisalhamento é complexo, pois envolve mecanismos resistentes
essencialmente tridimensionais. No estudo do cisalhamento influem alguns fatores como:
forma da seção;
variação da forma da seção ao longo da peça;
esbeltez da peça;
disposição das armaduras transversais e longitudinais;
aderência;
condições de apoio;
carregamento.
Devido à ação da força cortante (cisalhamento) diversos tipos de colapso podem ocorrer
em vigas como: o rompimento da viga devido ao escoamento da armadura transversal, o
esmagamento do concreto da biela comprimida na alma da viga, o rompimento da viga
devido à falha na ancoragem da biela junto ao apoio (escorregamento da armadura
longitudinal), entre outros.
De acordo com CARVALHO e FIGUEIREDO (2005), quando a viga é submetida a
determinado carregamento capaz de tornar o concreto fissurado (estádio II), ocorre um
complexo reajuste de tensões entre o concreto e a armadura, que podem expandir até chegar a
ruptura. Na alma da viga, as tensões de compressão são resistidas pelo concreto comprimido,
que se mantém íntegro entre as fissuras (bielas comprimidas), e as armaduras transversais
(armaduras de cisalhamento) são responsáveis p or resistir às tensões de tração.
Assim, a armadura transversal é capaz de proporcionar segurança diante dos diversos
tipos de ruptura e manter a fissuração dentro de limites admissíveis.
Além disso, é importante que o detalhamento da armadura longitudinal da viga
proporcione uma adequada ancoragem das bielas de concreto. Em vigas pré-moldadas de
concreto armado e de concreto protendido, geralmente as ancoragens são realizadas através
de ganchos acoplados às armaduras longitudinais, quando possível, ou através de armaduras
em laço distribuídas em certas regiões da viga.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
66
2.10 Tipologias de Vigas Protendidas
As vigas em uma edificação podem ser fabricadas utilizando concreto protendido com
aderência inicial, posterior ou sem aderência.
Atualmente no Brasil, o uso mais comu m das vigas protendidas é nas edificações
pré-moldadas. As peças são produzidas nas fábricas, transportadas até o local, içadas e
colocadas na posição final para servirem de apoio das lajes e paredes das edificações.
O uso mais comum das vigas protendidas se dá com a utilização da protensão com
aderência inicial. As vigas também podem ser produzidas no local, com a utilização de
cordoalhas engraxadas, mas esse procedimento não é muito com um no Brasil.
A mínima largura que uma viga protendida deve possuir é determinada pelo tipo de laje
de piso que será usada na edificação. Os elementos de laje necessitarão de espaços na viga
destinados a seu correto apoio. Dessa forma, deve ser somado à largura da viga o espaço
necessário para o correto posicionamento dos elementos de laje.
Os tipos de vigas protendidas mais comuns e m edificações correspondem às vigas com
seção retangular e as vigas com seção “T” invertido. Esses dois tipos de seções de vigas
podem ser observados na figura 2-48.
Figura 2-48: Esquema da seção transversal da viga retangular e da viga “T” invertido.
As vigas protendidas podem ser utilizadas de tal forma que trabalhem juntamente com a
laje. Essas vigas são denominadas de vigas compostas. O principal benefício obtido com a
utilização de vigas compostas está relacionado com o aumento da resistência à flexão e
rigidez (redução de deformações). O mais comum é a utilização de vigas com seção “T”
invertido, em que parte da seção estrutural fica dentro da zona do piso, reduzindo
consideravelmente a altura estrutu ral e permitindo a ação composta com a laje.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
67
2.11 Influência das Ligações Semi-Rígidas no Comportamento
da Viga
De acordo com o Manual FIB (2003), o projeto e detalhamento de uma ligação são
influenciados pelo projeto e detalhamento dos elementos adjacentes por ela conectados,
devido ao fato das ligações estruturais interagirem fortemente com os elementos adjacentes.
Dessa maneira, os elementos e as ligações devem ser detalhados e projetados como uma
unidade, considerando um fluxo de forças lógico e natural de modo que as forças que serão
resistidas pela ligação possam ser transferidas pelos elementos e pelos demais sistemas
resistentes.
O processo construtivo, as propriedades dos materiais (principalmente o módulo de
elasticidade e a resistência à tração), a geometria dos elementos e os tipos de solicitações a
que a viga é submetida correspondem a fatores os quais a rigidez de uma viga de concreto
depende.
De acordo com FERREIRA (2005), a rigidez efetiva de uma viga pré-moldada resulta da
interação entre a rigidez equivalente da viga de concreto, conforme o modelo adotado na
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
68
Geralmente os estudos sobre ligações viga-pilar envolvem experimentos com ligações
isoladas, tendo grande importância na verificação da capacidade resistente de um
determinado mecanismo de transferência de esforços, podendo ser esse mecanismo realizado
através de armadura de continuidade passando no pilar ou por dispositivos soldados
(cantoneiras e perfis unidos à viga).
Analisando as ligações, pode-se dizer que a situação de vínculo mais desfavorável ao
controle das flechas corresponde a situação em que a deformada da viga apresenta maior
concavidade, correspondendo a situação em que a viga se encontra mais fissurada,
apresentando maior redução em sua rigidez.
Considerando as vigas conectadas ao pilar através de ligações semi-rígidas (resistentes a
momentos fletores), a rigidez é menos afetada, uma vez que parte dos esforços solicitantes
será mobilizado pela ligação, havendo, assim, um maior impedimento aos deslocamentos
verticais causados pela ligação que reduz a so
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
69
bielas comprimidas
Em uma viga simplesmente apoiada submetida a certo carregamento ou a cargas
concentradas, as tensões de compressão são suportadas pelo concreto comprimido que se
mantém íntegro entre as fissuras (bielas comprimi das). Assim, na parte inferior da
extremidade da viga existe uma concentração de tensões de compressão provenientes da
força cortante que a viga está submetida.
viga simplesmente apoiada
biel a comprimi da
Figura 2-50: Esquema da formação da biela comprimida em uma viga bi-apoiada.
protensão
Na protensão de uma viga são introduzidas tensões de compressão na parte inferior da
mesma, justamente na região onde haverá a existência de tensões de tração quando da
aplicação de um determinado carregamento (figura 2-51).
tensões de compressão
armadura protendida
Figura 2-51: Esquema da introdução de tensões de compressão devido à protensão.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
70
ligação resistente ao momento fletor (semi-rígida)
Uma viga, com ligações semi-rígidas solidarizadas possuirá uma concentração de tensões
de compressão em sua parte inferior e de tensões de tração na parte superior da
extremidade, devido ao fato da ligação tentar impedir a deformação da viga (figura 2-52).
compressão devido
a ligação semi-rígida
Figura 2-52: Esquema da concentração de tensões de compressão devido à ligação semi-rígida.
Dessa forma, é importante que esses mecanismos sejam considerados quando se projetar
uma viga protendida que se unirá ao pilar através de ligações resistentes à flexão, de forma a
manter tanto as tensões de tração como as de compressão dentro de limites admissíveis.
Quando se analisa uma viga isolada com ligações nas extremidades, dependendo da
rigidez das ligações, a solução para a viga pode se aproximar da solução para uma viga
bi-apoiada ou para uma viga bi-engastada. Considerando as ligações com a mesma rigidez, a
solução da viga aproxima-se da solução de uma viga bi-apoiada na medida em que a rigidez
da ligação tende a zero. Da mesma forma, a solução da viga aproxima-se da solução de uma
viga bi-engastada na medida em que a rigidez da ligação tende ao infinito.
O efeito das ligações semi-rígidas na rigidez da viga adjacente pode ser visto mais
claramente, examinando-se o comportamento de uma viga de comprimento “L” com
carregamento uniformemente distribuído “q”. A figura 2-53 mostra a deformabilidade dessa
viga de acordo com cada tipo de ligação.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
71
Considerando uma viga com ligações flexíveis nas extremidades, pode-se notar que há
apenas o momento no meio do vão, não havendo momento na ligação, ou seja, a ligação não
é capaz de transmitir mo mento fletor e permite que haja rotação relativa viga-pilar. Quando
se trata de uma ligação semi-rígida, a ligação é capaz de transmitir todo o momento fletor,
diminuir o momento no meio do vão e não permitir que haja giro entre a viga e o pilar. As
ligações semi-rígidas são capazes de transmitir uma parte da flexão e também permitem certa
rotação entre a viga e o pilar. Dessa forma, as ligações semi-rígidas permite m que haja uma
redistribuição entre os momentos de extremidade e do meio do vão da viga.
Para a mesma viga com carregamento uniforme e comprimento “L”, é possível a
determinação dos momentos considerando as ligações semi-rígidas, em função do fator de
restrição (
α
R
) e dos momentos para as vigas com ligações rígidas, como indicado na
figura 2-54.
q
M =0
L
e
e
3
q
L
Ø =q.L/24.E.I
e
3
a =5q.L/384.E. I
v
4
v
M =q.L/8
2
(LIGAÇÕES FLEXÍVEIS)
L
L
q
q
2
e
Ø =0
e
M =q.L/12
(LIGAÇÕES RÍGIDAS)
v
M =q.L/24
2
a =q.L/384.E.I
v
4
L
L
q
q
2
e
0<M <q.L/12
0<Ø <q.L/24.E.I
(LIGAÇÕES SEMI-RÍGIDAS)
q.L/24<M <q.L/8
2
2
q.L/384.E.I<a <5q .L/384.E.I
4
4
v
v
Figura 2-53: Efeito da ligação no comportamento da viga. [adaptado de FERREIRA (1999)]
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
72
q q
q
+=α
RL
EI3
11
R
8
Lq
M
2
Vão
=
α+
α
=
R
R
2
SR
2
3
12
Lq
M
α+
α
=
R
R
2
VSR
2
36
24
Lq
M
12
Lq
M
2
Rig
=
24
Lq
M
2
Rig
=
1
R
R
SR
f.
2
4.12
f
α+
α
=
φ
α+
α
=φ
R
R
R
e
.
2
.3
1
1
f
R
φ
Figura 2-54: Efeito das Ligações semi-rígidas nas vigas.
Considerando uma viga com a aplicação de duas cargas concentradas (como as vigas
empregadas nos ensaios), a relação entre as flechas da viga bi-apoiada (
1
f ) e da viga com
ligações semi-rígidas (
SR
f ), pode ser obtida através da seguinte expressão:
1 + 1.0723 - 0.3172
f
f
R
2
R
1
SR
αα= (2-16)
Essa relação foi encontrada considerando a aplicação, em uma viga, de duas cargas
concentradas, variando os valores correspondentes ao fator de restrição à rotação
α
R
de 0 a 1,
com o auxílio do programa
ftool.
Adicionalmente, a relação entre a rotação no apoio com a presença de ligações (
ap
φ ) e na
rótula (
art
φ ), é obtida, de acordo com FERREIRA (2001) da seguinte maneira:
onde
EI24qL
3
art
=φ
eng
extr
art
ap
2
R
2
RR
art
ap
M
M
1
4
264
=
φ
φ
α
α+α
=
φ
φ
(2-17)
Considerando os equacionamentos desenvolvidos em FERREIRA (1993), para uma viga
com aplicação de duas cargas concentradas, foi possível obter a expressão que permite a
determinação da porcentagem de engastamento, da seguinte maneira:
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Bruna Catoia (2007)
73
2
R
2
RR
eng
extr
4
36
M
M
α
αα
=
(2-18)
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
74
CAPÍTULO 3
3
3
.
.
P
P
R
R
O
O
G
G
R
R
A
A
M
M
A
A
E
E
X
X
P
P
E
E
R
R
I
I
M
M
E
E
N
N
T
T
A
A
L
L
3.1 Objetivos do Programa Experimental
O objetivo central da presente pesquisa foi investigar experimentalmente o
comportamento de vigas pré-moldadas protendidas, considerando o efeito das ligações
semi-rígidas no desempenho estrutural das vigas adjacentes conectadas, ou seja, considerando
o efeito da deformabilidade das ligações na redistribuição dos esforços e deslocamentos.
Dessa forma, foi escolhida uma ligação viga-pilar típica com resistência à flexão,
contendo armadura negativa de continuidade na borda superior da extremidade da viga. A
ligação semi-rígida foi conseguida através da armadura negativa de continuidade que, na
presente pesquisa, foi fixada aos elementos de pilares por meio de luvas rosqueadas.
A avaliação do efeito das ligações na extremidade de uma viga pré-moldada em concreto
protendido foi realizada através da comparação entre os resultados experimentais de um
modelo composto pela viga com ligações semi-rígidas descritas, e um modelo composto pela
viga bi-articulada. Realizaram-se comparações entre os resultados de deslocamentos e
deformações, conforme descrito na metodologia experimental.
3.2 Detalhamento do Programa Experimental
3.2.1 Descrição dos Modelos
Foram ensaiados, na presente pesquisa, dois modelos denominados de modelo BA e
modelo SR. O modelo BA foi composto por uma viga pré-moldada protendida bi-apoiada,
como pode ser observado na figura 3-1. O modelo SR, foi composto por uma viga
pré-moldada protendida (idêntica à viga do modelo BA) com a presença de ligações
semi-engastadas, utilizando armadura de continuidade. Assim, o modelo SR foi constituído
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
75
por uma viga pré-moldada protendida e por dois elementos de pilares em “L”, simulando
pilares de extremidade, como pode ser observado na figura 3-2.
articulaçãoarticulação
Modelo BA
Viga pré-moldada protendida bi-apoiada
camada de concreto
moldado no local
Figura 3-1: Esquema do modelo BA.
Modelo SR
Elemento de pilar em "L"
Viga pré-moldada protendida
Elemento de pilar em "L"
armadura de continuidade
camada de concreto
moldado no local
Figura 3-2: Esquema do modelo SR.
O detalhamento dos elementos de pilares em “L”, empregados no modelo SR, pode ser
observado na figura 3-3.
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
76
Isopor com
1cm de espessura
4 N2 Ø 16.0 C = 80 cm
8 N1 Ø 20.0 C =166 cm
Preenchimento com
graute
CORTE A-A
Chumbadores
A
A
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
77
com porcas sobre chapas metálicas presentes no topo da viga. Os chumbadores
corresponderam a barras rosqueadas realizadas com aço SAE 1020 (f
yb
250 MPa), sendo
ancorados através de uma chapa de aço com 16 mm de espessura soldada na extremidade de
cada barra.
O detalhamento do consolo presente nos elementos de pilares utilizados para compor o
modelo SR pode ser observado na figura 3-4.
N1-5 Ø 12.5 C=92
SOLDA
N3 - 4 Ø 8.0 C=164
37
72
72
20
35
37
N4-4 Ø 8 C=245 c 5,0 cm
3 N3
A
A
CORTE A - A
32
32
DETALHE A
N2 - 1 Ø 12.5 C = 37
DETALHE A
5 N1
7.0
10.0
N1-5 Ø 12.5 C=92
7.0
72
5 N1
1 N2
4 N3
6 N4
2 N5
N5-2 Ø 12.5 C=72
6 N4
2 N5
10
10
Figura 3-4:Detalhe do consolo e suas armaduras (Modelo SR)
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
78
Nos modelos ensaiados (modelo BA e modelo SR), foram utilizadas vigas pré-moldadas
protendidas, sendo essas pré-fabricadas pela empresa Leonardi. Utilizou-se a protensão com
aderência inicial e foram empregados cabos retos com uma área de 390 mm
2
(4 φ12,7 mm) e
aço correspondente ao CP190-RB. Além disso, também foram utilizadas armaduras passivas
com aço CA-50 correspondendo a uma área de 160 mm
2
(2 φ10,0 mm). A fôrma da viga
pré-moldada protendida utilizada nos ensaios dos modelos pode ser observada na figura 3-7 e
o detalhamento de sua armação está ilustrado na figura 3-8. É importante ressaltar que as
vigas pré-moldadas protendidas fabricadas pela empresa Leonardi apresentaram largura e
altura de 400 mm, constituindo uma pré-viga com a presença de estribos acima da seção
concretada, como pode ser observado na figura 3-5.
Figura 3-5: Pré-vigas fabricadas pela empresa Leonardi.
Para ambos os modelos, a pré-viga teve sua parte superior preenchida com concreto
moldado no local, atingindo uma altura de 600 mm, como pode ser observado na figura 3-6.
Figura 3-6: Vigas após concretagem de suas camadas superiores.
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
79
Considerando o modelo SR, foram utilizadas armaduras longitudinais negativas (aço CA-
50), acopladas em luvas inseridas nos elementos de pilares através de rosqueamento. A
solidarização das armaduras foi realizada através da concretagem e preenchimento de 200
mm sobre a viga pré-moldada. Desse modo, a viga passou a apresentar 600 mm de altura,
mantendo a largura de 400 mm e o comprimento de 5900 mm. Com o objetivo de promover a
continuidade entre a viga pré-moldada e o complemento concretado no local, todos os
estribos verticais de 8 mm foram projetados para fora da parte pré-moldada.
Os valores experimentais para a resistência e o módulo elástico dos materiais utilizados
nos modelos foram obtidos nas datas correspondentes a cada ensaio executado, e podem ser
observados no item referente às características dos materiais.
As armaduras dos modelos foram ajustadas tendo em vista: questões de ordem prática;
dimensões de bitolas mais empregadas na indústria; evitar a ruína localizada;
compatibilização de disp osições construtivas e de facilidade de concretagem.
A empresa Leonardi forneceu os elementos de viga e a empresa Protendit forneceu os
elementos de pilares e as luvas rosqueadas para a composição dos modelos ensaiados. Todos
os modelos foram concretados no mesmo dia, o que permitiu que os mesmos possuíssem
materiais com características bastante semelhantes (fator favorável para as verificações
pretendidas).
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
80
40
CORTE A-A
9.5
590
DETALHE A
Alça para içamento
40
590
Alça para içamento
9.5
40
A
A
40
40
VISTA
40
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
81
N3 - 52 Ø 8 C = 160
6
N1 - 2 Ø 10 C = 585
N2 - 4 Ø 10 C = 585
C1 - 2 Ø 12,7 C = 590
C2 - 2 Ø 12,7 C = 590
C2C1
C1
C2
N6 - 4 Ø 16 C = 240
35
35
10
4 Np Ø 12.7
8
8
12
4 N2 Ø 10
N1 Ø 10
4,5
52 N5 Ø 8
6
4 N2
2 N1
138
sem aderência
4 N3+N5 c/7
3 N4 c/5
N6 - 4 Ø 16 C = 240
10
55
20
N5 - 52 Ø 8 C = 190
10
4 Np Ø 12.7
52 N3 Ø 8
3 N4 Ø 8
6 5
N4 - 3 Ø 8 C = 163 C/5
33
65
Total
143,5 kN
Cordoalha
143,5 kN
C2
C1
Força de
protensão total
574kN
Armadura ativa-CP190-RB
4 N3+N5 c/7
4 Np
44 N3+N5 c/12
3 N4 c/5
Armadura ativa-CP190-RB
138
sem aderência
N1 Ø 10
4 N6 4 Ø 16
Corte A-A
A
A
Figura 3-8: Detalhamento da armação da viga pré-moldada protendida utilizada para compor os
modelos BA e SR.
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
82
A determinação da carga a ser aplicada nos modelos, o dimensionamento da viga
pré-moldada protendida e de suas alças de içamento, e o dimensionamento dos consolos que
foram empregados nos ensaios, estão apresentados nos apêndices 1, 2, 3 e 4. Além disso, no
apêndice 5 da presente pesquisa, pode-se observar o desenvolvimento de um procedimento
para o dimensionamento de uma viga pré-moldada protendida considerando o efeito das
ligações semi-rígidas. A tipologia de viga e ligações utilizadas nesse dimensionamento é
semelhante à estudada n a presente pesquisa
3.2.2 Características dos Materiais
Concreto
Para compor as vigas utilizadas na presente pesquisa foram empregados dois tipos de
concreto, sendo a fabricação da viga dividida em duas partes. Primeiramente foram
fabricadas, pela empresa Leonardi, as pré-vigas pré-moldadas de concreto protendido, que
apresentaram largura e altura de 400 mm, com a presença de estribos acima da seção
concretada.
Em seguida foi realizado o preenchimento de parte da seção resistente da viga com a
utilização de concreto moldado no local, permitindo que a viga passasse a apresentar uma
altura de 600 mm.
Através de contatos com a empresa Leonardi, fornecedora das
vigas, foi possível a
obtenção de informações a respeito de ensaios realizados com o concreto utilizado para a
produção das peças estruturais.
A composição do concreto utilizado para a fabricação das pré-vigas apresenta-se na
tabela 3-1.
Tabela 3-1: Composição do concreto utilizado nas vigas ensaiadas.
Material Tipo Traço 1m³ (Kg)
Cimento
CPV ARI-plus 350
Filer Calcáreo
------------- 39
Pedrisco
AG.1 350
Areia Artificial
AG.2 420
Areia de Quartzo
AG.3 350
Brita 1
AG.4 735
Aditivo
Glenium 51 1,47
Água
------------- 172
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
83
Com as quantidades dos elementos utilizados para compor o concreto foi possível
determinar o traço utilizado, que correspondeu a 1:2:2,8 (aglomerante:agregado
miúdo:agregado graúdo) sendo a relação água/cimento correspondente a 0,49 e a relação
aditivo/cimento correspondente a 0,42.
Algumas porcentagens dos elementos empregados podem ser observadas na tabela 3-2, e
algumas relações entre os componentes utilizados podem ser observadas na tabela 3-3.
Tabela 3-2: Determinação das porcentagens dos materiais que compõem o aglomerante o agregado miúdo
e o agregado graúdo.
Componente do traço Material
Total
(Kg)
Porcentagem
(%)
Cimento 90
Aglomerante
Filer Calcáreo
389
10
Areia Artificial 54,54
Agregado miúdo
Areia de Quartzo
770
45,46
Pedrisco 32,26
Agregado graúdo
Brita 1
1085
67,74
Tabela 3-3: Relação entre os componentes: água, aditivo, aglomerante e cimento.
Relação dos Componentes Relação
Água/Aglomerante
0,44
Água/Cimento
0,49
Aditivo/Aglomerante
Aditivo/Cimento
0,38
0,42
Na empresa fornecedora das peças, o padrão de resistência à compressão do concreto
cj
f
ideal para o emprego da protensão corresponde a 20 MPa, tendo o concreto idade de
12 horas, devido aos fatores de ganho de produção e resistência. A empresa Leonardi realizou
ensaios de compressão axial em dois corpos-de-prova, que proporcionaram uma resistência
média para o concreto com 12 horas de idade, correspondente a 20,1 MPa.
O concreto utilizado para compor a pré-viga apresentou Slump correspondente a 150 mm,
sendo utilizados aditivos superplastificantes para atingir essa trabalhabilidade.
Foram realizados ensaios para a determinação da resistência à compressão e módul o de
elasticidade dos concretos utilizados, em diversas idades, no laboratório de Materiais
Avançados à Base de Cimento (LMABC) da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da
Universidade de São Paulo (USP). A seguir serão descritos os procedimentos empregados
para a realização dos ensaios em corpos-de-prova com diâmetro de 100 mm e altura de
200 mm.
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
84
Ensaio para a determinação da resistência à compressão do concreto
Os corpos-de-prova compostos pelo concreto utilizado para a fabricação da pré-viga,
foram moldados pela empresa Leonardi, fornecedora das vigas. A empresa também foi
responsável pela determinação da resistência à compressão de 2 corpos-de-prova na idade da
protensão, que correspondeu a 1 dia.
Os corpos-de-prova compostos pelo concreto utilizado para o preenchimento da seção
resistente da viga, foram moldados no laboratório NETPRE (Núcleo de Estudo e Tecnologia
em Pré-Moldados de Concreto), juntamente com a concretagem dos modelos. Após a
moldagem dos corpos-de-prova, iniciou-se a cura por aspersão (quando superfícies expostas
são permanentemente umedecidas) após o fim de pega dos mesmos. Com a desmoldagem dos
corpos-de-prova, realizada após 2 dias da concretagem, os mesmos foram levados ao
laboratório LMABC, onde foram submetidos à cura por imersão (figura 3-9) até a data de
realização dos ensaios.
Figura 3-9: Corpos-de-prova submetidos à cura por imersão.
O preparo dos corpos-de-prova para a execução dos ensaios de compressão axial simples,
foi realizado retificando suas superfícies de contato com os pratos da prensa servo-hidráulica
(topo e base), por meio de um faceador de corpos-de-prova com disco diamantado, ilustrado
na figura 3-10.
Figura 3-10: Faceador para corpo-de-prova utilizado para a etapa de retificação.
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
85
Pode-se observar na figura 3-11, que após a retificação, os corpos-de-prova apresentaram
as superfícies lisas.
Figura 3-11: Corpos-de-prova após o processo de retificação.
Os ensaios de corpos-de-prova cilíndricos de concreto foram realizados de acordo com a
NBR 5739:1994, sendo ensaiados até a ruptura em prensa servo-hidráulica, ilustrada na
figura 3-12, com velocidade de carregamento de 0,6 MPa/s.
Figura 3-12: Prensa servo-hidráulica.
Na figura 3-13, pode-se observar o ensaio de compressão axial simples de um
corpo-de-prova composto pelo concreto pré-moldado (PM) utilizado para fabricação da pré-
viga.
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
86
Figura 3-13: Ensaio de compressão axial simples.
Os resultados dos ensaios para a determinação da resistên cia à compressão dos
corpos-de-prova podem ser observados na tabela 3-4.
Tabela 3-4: Determinação da resistência à compressão dos concretos utilizados para várias idades.
Corpo de
Prova
Especificação
Idade
(dias)
Força
(kN)
Área
(cm²)
Tensão
(MPa)
Tensão média
(MPa)
1
1 170 78,540 21,6
2
PM
1 146 78,540 18,6
20,1
1
10 193,5 78,540 24,6
2
10 203,1 78,540 25,9
3
ML
10 207,9 78,540 26,5
25,7
1
27 360 78,540 45,8
2
27 340 78,540 43,3
3
PM
27 342,2 78,540 43,6
44,23
1
19 257,5 78,540 32,8
2
ML
19 251,9 78,540 32,1
32,45
1
36 404,6 78,540 51,5
2
36 420,5 78,540 53,5
3
PM
36 413,7 78,540 52,7
52,6
1
28 278,1 78,540 35,4
2
ML
28 271,8 78,540 34,6
35,0
PM:Concreto referente a pré-viga, composta por concreto pré-moldado
ML: Concreto referente a seção resistente da viga composta por concreto mo ldado no local
Na tabela 3-5, estão apresentados os resultados dos ensaios de resistência à compressão na
data da experimentação de cada modelo.
Tabela 3-5:Tabela resumo da resistência média à compressão dos concretos utilizados na data dos
respectivos ensaios.
Especificação Idade (dias) Ensaio Tensão média (MPa)
ML
10 Viga bi-apoiada 25,7
PM
27 Viga bi-apoiada 44,23
ML
19 Viga com ligações semi-rígidas 32,45
PM
36 Viga com ligações semi-rígidas 52,6
PM:Concreto referente a pré-viga, composta por concreto pré-moldado
ML: Concreto referente a seção resistente da viga composta por concreto mo ldado no local
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
87
Ensaio para a determinação do módulo de elasticidade do concreto
Os corpos-de-prova destinados à realização do ensaio para a determinação do módulo de
elasticidade receberam os mesmos cuidados que descritos anteriormente para os
corpos-de-prova utilizados no ensaio de compressão axial simples.
Os ensaios de determinação do módulo de elasticidade foram realizados seguindo
recomendações da NBR 8522:1984. Através de dois extensômetros (fixos em lados opostos
do corpo-de-prova) foram realizadas medidas de deslocamentos a cada 2 segundos até a carga
de 80% da carga de ruptura, sendo 0,5 MPa/s a velocidade de carregamento.
Na figura 3-14, pode-se observar o ensaio para a determinação do módulo de elasticidade
de um corpo-de-prova composto pelo concreto moldado no local (ML) utilizado para o
preenchimento de parte da seção resistente das vigas ensaiadas.
Figura 3-14: Ensaio para determinação do módulo de elasticidade do concreto moldado no local.
Após a determinação da média dos deslocamentos dos dois extensômetros foram traçados
os gráficos tensão-deformação, a partir dos quais foi possível a obtenção do módulo de
elasticidade para cada corpo-de-prova ensaiado. Os resultados dos ensaios para a
determinação do módulo de elasticidade correspondentes aos concretos utilizados podem ser
observados na
tabela 3-6.
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
88
Tabela 3-6: Determinação do módulo de elasticidade (E) dos concretos utilizados, para várias idades.
Corpo de
Prova
Especificação
Idade
(dias)
Módulo E
(kN/mm²)
Módulo E médio
(kN/mm²)
1
10 27,450
2
ML
10 27,400
27,425
1
27 25,241
2
PM
27 23,793
24,517
1
19 32,507
2
ML
19 31,870
32,1885
1
36 27,374
2
PM
36 26,906
27,14
1
28 34,591
2
ML
28 34,923
34,757
PM:Concreto referente a pré-viga, composta por concreto pré-moldado
ML: Concreto referente a seção resistente da viga composta por concreto mo ldado no local
Na tabela 3-7 são apresentados os resultados dos ensaios para a determinação do módulo
de elasticidade na data da experimentação de cada modelo.
Tabela 3-7: Tabela resumo do módulo de elasticidade médio dos concretos utilizados nas datas dos
respectivos ensaios.
Especificação
Idade
(dias)
Ensaio
Módulo E médio
(kN/mm²)
ML
10 Viga bi-apoiada 27,425
PM
27 Viga bi-apoiada 24,517
ML
19 Viga com ligações semi-rígidas 32,1885
PM
36 Viga com ligações semi-rígidas 27,14
PM:Concreto referente a pré-viga, composta por concreto pré-moldado
ML: Concreto referente a seção resistente da viga composta por concreto mo ldado no local
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
89
Figura 3-15: Ensaio de compressão axial simples em corpo-de-prova composto pelo graute utilizado.
Na figura 3-16, pode-se observar o ensaio realizado para a determinação do módulo de
elasticidade de um corpo-de-prova composto pelo graute empregado no modelo SR.
Figura 3-16: Ensaio para a determinação do módulo de elasticidade do graute empregado.
De acordo com os dados técnicos do Masterflow 320 Graute, obtido em catálogo da
Degussa, a resistência à compressão axial simples deve ser:
Para 1 dia : superior a 25MPa
Para 3 dias: superior a 40 MPa
Para 28 dias: superior a 50 MPa
Os resultados dos ensaios de compressão axial simples, realizados na data do ensaio do
modelo composto pela viga com ligações semi-rígidas podem ser observados na tabela 3-8.
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
90
Tabela 3-8: Determinação da resistência à compressão do graute utilizado no modelo SR.
Corpo de
Prova
Especificação
Idade
(dias)
Força
(kN)
Área
(cm²)
Tensão
(MPa)
Tensão média
(MPa)
1
GR 23 78,7 19,63 40,1
2
GR 23 78,5 19,63 40,0
3
GR 23 79,5 19,63 40,5
40,2
GR: Graute utilizado n o preenchimento das ligaçõ es e buracos dos chumbadores.
Considerando a idade dos corpos-de-prova, correspondente a 23 dias, pode-se confirmar
os dados oferecidos pelo fabricante do graute, uma vez que o mesmo apresentou resistência à
compressão superior a 4 0 MPa para uma idade superior a 3 dias.
Na tabela 3-9, pode-se observar os resultados dos ensaios para a determinação do módulo
de elasticidade do graute empregado no ensaio da viga com ligações semi-rígidas
.
.
Tabela 3-9: Determinação do módulo de elasticidade do graute utilizado no modelo SR.
Corpo de
Prova
Especificação
Idade
(dias)
Módulo E
(kN/mm²)
Módulo E médio
(kN/mm²)
1
GR 23 39,025
2
GR 23 47,823
43,424
GR: Graute utilizado n o preenchimento das ligaçõ es e buracos dos chumbadores.
Aço
Nas vigas ensaiadas foram utilizados aços CA-25 e CA-50 para compor as armaduras
passivas com bitolas de 8 mm, 10 mm e 16 mm. Outras informações a respeito das armaduras
passivas utilizadas podem ser observadas na tabela 3-10.
Tabela 3-10: Informações a respeito das armaduras passivas utilizadas nas vigas ensaiadas.
Tipo
Bitola
(mm)
L.E.
(MPa)
L.R.
(MPa)
A
(%)
L.R./L.E.
CA-25
10,0 325 455 32,0 1,4
CA-50
8,0 558 824 14,53 1,48
CA-50
10,0 654 775 15,50 1,19
L.E: limite de escoamento;
L.R: limite de resistência;
A: alongamento;
L.R./L.E: relação elástica.
Também foram utilizadas cordoalhas nuas CP 190-RB de 12,7 mm, com área do cabo
correspondente a 98,7 mm². Outras informações a respeito das cordoalhas podem ser
observadas na tabela 3-11.
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
91
Tabela 3-11: Informações sobre as cordoalhas utilizadas nas vigas ensaiadas.
Tipo
Módulo de elasticidade
(kN/mm²)
Resistência
à ruptura
(kN)
Resistência apresentada
com 1% de extiramento
(kN)
Alongamento em
(L
0
>24”/610 mm)
(%)
Intervalo
185-205 kN/mm²
Min
183,7 kN
Min
165,3 kN
Min
3,5 %
CP190
RB
201,3 189 182 5 %
3.2.3 Confecção, Transporte e Montagem dos Modelos
As pré-vigas utilizadas na realização dos ensaios foram fabricadas pela empresa Leonardi
da cidade de São Paulo, e corresponderam a vigas pré-moldadas de concreto protendido.
Assim, foi aplicada uma força de protensão correspondente a 143,5 kN em cada um dos
quatro cabos (com 12,7 mm diâmetro) somando um total de 574 kN. Ess a força de protensão
proporcionou um alongamento dos cabos correspondente a 39,5 cm. O alívio da protensão foi
realizado quando o concreto atingiu um Fcj de 34,1 MPa, obtido através do ensaio de
esclerometria. A etapa de protensão pode ser observada na figura 3-17.
Figura 3-17: Protensão das armaduras empregadas nas vigas referentes a presente pesquisa.
As vigas protendidas foram fabricadas em pista de protensão, sendo empregado, em
alguns trechos, um isolamento da cordoalha, que correspondeu a 46% do comprimento do
cabo. A pista de protensão utilizada, a disposição e o posicionamento das armaduras passivas
e ativas e a presença de isolamento em algumas cordoalhas podem ser observados na
figura 3-18.
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
92
a) b)
c) d)
Isolamento
Iso lame nto
a) b)
c) d)
a) b)
c) d)
Isolamento
Iso lame nto
Figura 3-18: a) Pista de protensão; b) e c) Disposição das armaduras; d) Indicação do isolamento das
armaduras de protensão na extremidade das vigas.
Os elementos de pilares com consolo foram fabricados pela empresa Protendit de São
José do Rio Preto, com o emprego de concreto com 35 MPa. A armação desses elementos de
pilares pode ser observada na figura 3-19. Os elementos de pilares foram transportados até o
laboratório NETPRE (Núcleo de Estudo e Tecnologia em Pré-Moldados de Concreto) por um
caminhão próprio da empresa Protendit.
Figura 3-19: Produção dos trechos de pilares.
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
93
As vigas foram fabricadas com o emprego de concreto de 40 MPa, sendo produzido pela
própria empresa. A caracterização do concreto utilizado pela empresa Leonardi foi descrita
anteriormente no item 3.2.2. A etapa da concretagem das vigas pode ser observada na
figura 3-20.
Figura 3-20: Concretagem das vigas protendidas estudadas.
As vigas foram transportadas da fábrica até o laboratório NETPRE (Núcleo de Estudo e
Tecnologia em Pré-Moldados de Concreto) por um caminhão concedido pela própria
Universidade (UFSCar). O transporte das peças no interior do laboratório foi realizado com o
auxílio de uma ponte rolante com capacidade de 5 toneladas e com a utilização de fitas para
içamento com capacidade de 8 toneladas. A chegada das vigas e o transporte interno podem
ser observados na figura 3-21.
Figura 3-21: Chegada das vigas e transporte interno.
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
94
A montagem do modelo com a presença de ligações semi-rígidas iniciou-se com a
preparação dos consolos para o posterior posicionamento da viga. Para garantir um melhor
posicionamento da viga sobre os apoios, fixou-se uma chapa metálica em cada consolo com o
auxílio de massa plástica. Para isso realizou-se uma pequena fôrma permitindo que a chapa
ficasse nivelada e com altura de 1 cm a partir da superfície do consolo. Após a fixação das
chapas, colocou-se tiras de isopor de 1 cm de espessura ao longo do perímetro do consolo,
criando uma fôrma para seu posterior preenchimento com graute. Essa etapa de preparação
dos consolos pode ser observada na figura 3-22.
Figura 3-22: Preparação dos consolos para o posicionamento da viga.
Com isso, foi possível o posicionamento da viga sobre os consolos, como pode ser
observado na figura 3-23.
Figura 3-23: Posicionamento da viga sobre os consolos.
O próximo passo da montagem correspondeu ao preenchimento das juntas entre a viga e
os pilares, entre a viga e os consolos, além do preenchimento dos nichos dos chumbadores.
Para isso, foi utilizado um graute industrializado com alta resistência e retração compensada
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
95
Masterflow 320. Utilizou-se betoneira para possibilitar uma correta homogeneização e
atuação dos componentes que constituíram o graute utilizado. Utilizou-se tiras de isopor, de 1
cm de espessura, na interface viga-pilar com o intuito de impedir a passagem do graute no
instante do preenchimento da mesma. A etapa de preparação e grauteamento podem ser
observadas na figura 3-24.
a)
b)
c)
d) e)
Tiras de iso por
a)
b)
c)
d) e)
a)
b)
c)
d) e)
Tiras de iso por
Figura 3-24: a) colocação do graute na betoneira; b) homogeneização dos componentes juntamente com a
água utilizada; c) detalhe do graute pronto; d) aplicação do graute na junta entre viga e pilar; e) modelo
após o grauteamento da junta e dos chumbadores.
A próxima etapa da montagem do modelo com a presença de ligações semi-rígidas
correspondeu ao processo de fixação das armaduras negativas. Tal processo iniciou-se com o
rosqueamento de um dispositivo metálico em luvas rosqueadas existentes no interior dos
pilares. Em seguida, as armaduras de continuidade, que igualmente aos pilares também
possuíram luvas em uma de suas extremidades, foram rosqueadas junto ao dispositivo,
proporcionando maior rigidez à ligação. A etapa de rosqueamento das armaduras negativas
pode ser observada na figura 3-25.
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
96
a) b) c)a) b) c)
Figura 3-25: a) Rosqueamento de dispositivos metálicos em luvas existentes no interior do pilar; b), e c)
rosqueamento das armaduras negativas nos dispositivos metálicos, através das luvas presentes na
extremidade das armaduras.
Após a fixação das armaduras negativas e da colagem dos
Strain Gages, detalhada no
item 3.2.4 que trata da instrumentação, realizou-se a preparação da viga para a concretagem.
Essa preparação consistiu na montagem e fixação das fôrmas na viga.
O modelo composto por uma viga bi-apoiada, teve sua montagem iniciada nessa etapa,
com a compra, corte e fixação das tábuas de maneira a compor a fôrma para possibilitar a
concretagem da mesma.
Para os dois modelos executados, utilizou-se uma lona plástica envolvendo cada parte da
fôrma, com o intuito de facilitar a desmoldagem. Para a adequada fixação das fôrmas nas
vigas, foram empregadas barras rosqueadas em diversos pontos na parte inferior da mesma e
sarrafos nas partes superiores, com o intuito de proporcionar maiores rigidezes às fôrmas que
deveriam se manter niveladas e com dimensões pré-estabelecidas.
A etapa de montagem das fôrmas para ambos os modelos pode ser observada na
figura 3-26.
a) b)a) b)
Figura 3-26: a) Montagem das fôrmas do modelo SR; b) montagem da fôrma do modelo BA.
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
97
Com a preparação das fôrmas realizou-se a concretagem das vigas. Foi utilizado concreto
usinado fornecido por empresa especializada local, e para o adequado prenchimento da viga
utilizou-se vibrador de agulha. No instante da concretagem foram moldados alguns
corpos-de-prova para a determinação da resistência à compressão e módulo de elasticidade do
concreto empregado. A etapa, de concretagem, pode ser observada na figura 3-27.
a) b) c)
d) e) f)
g) h) i)
a) b) c)
d) e) f)
g) h) i)
Figura 3-27: a), b) e c) Concretagem do modelo SR; d), e) e f) Concretagem do modelo BA; g) e h)
Colocação de desmoldante em corpos-de-prova; i) moldagem de corpo de prova.
Com o fim do tempo de pega do concreto, foi iniciada a etapa de cura por aspersão dos
modelos. Os modelos foram molhados e posteriormente cobertos por uma lona plástica com o
intuito de preservar a água necessária à cura dos mesmos. A etapa de cura dos modelos pode
ser observada na figura 3-28.
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
98
Figura 3-28: Etapa de cura dos modelos realizados na presente pesquisa.
Após dois dias realizou-se a desfôrma dos modelos e dos respectivos corpos-de-prova,
como ilustrado na figura 3-29.
a)
b) c)
a)
b) c)
Figura 3-29: a) Modelo SR após desfôrma; b)modelo BA após a desforma; c) desforma dos corpos-de-
prova.
Com a preparação dos modelos, realizou-se o correto posicionamento dos pórticos para
possibilitar a instrumentação dos ensaios. O correto posicionamento dos pórticos foi realizado
com o auxílio da ponte rolante existente no laboratório. Essa etapa pode ser observada na
figura 3-30.
b)
a)
b)
a)
Figura 3-30: Posicionamento do pórtico para a realização dos ensaios.
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
99
Para a execução do ensaio referente ao modelo SR (viga com ligações resistentes à
flexão), realizou-se uma camada de graute (o mesmo utilizado para o preenchimento das
juntas) para o apoio dos pilares, garantindo que os mesmos ficassem totalmente apoiados
(figura 3-31).
Figura 3-31: Camada de graute realizada para o adequado apoio dos pilares.
Para a instrumentação do modelo SR, foi necessária a criação de um mecanismo para
garantir o contraventamento adequado dos pórticos laterais, devido a elevada rigidez
apresentada pelo modelo SR. O contraventamento dos pórticos foi realizado com o emprego
de barras de aço estrutural 1045 com diâmetro de 1 ¼”, fixadas através de um pino em um
dispositivo metálico (criado para essa finalidade) soldado na canaleta metálica presente na
laje de reação do laboratório. O mecanismo de contraventamento pode ser observado na
figura 3-32.
a) b)a) b)
Figura 3-32: a) Mecanismo de contraventamento dos pórticos laterais; b) detalhe do dispositivo metálico
soldado na canaleta, necessário a fixação da parte inferior das barras.
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
100
Além disso, observou-se a necessidade do travamento dos pilares, evitando a excessiva
rotação dos mesmos no instante da aplicação de carga na região central da viga. O travamento
da “cabeça” dos pilares foi obtido através da aplicação de cargas excêntricas e com a
utilização de perfis metálicos do tipo “I” e barras de aço estrutural 1045, com diâmetro de
1 ¼”. A colocação desse mecanismo para o travamento da “cabeça” dos pilares pode ser
observada na figura 3-33.
a) b) c)a) b) c)
Figura 3-33: Colocação do mecanismo utilizado para garantir o travamento da “cabeça” dos pilares.
3.2.4 Instrumentação
Foi realizada a investigação experimental de dois modelos, sendo o primeiro composto
por uma viga bi-apoiada, e o segundo composto por uma viga com ligações resistentes à
flexão. O ensaio foi realizado com a aplicação de um carregamento incremental monotônico
de curta duração, composto de duas forças concentradas no meio do vão. Foram utilizados
diversos equipamentos de medição (transdutores, clinômetros, extenômetros elétricos de base
removível,
Strain Gages, relógio comparador e células de carga) nos ensaios. O esquema da
instrumentação do modelo BA pode ser observado na figura 3-34, e o esquema para o
modelo SR está ilustrado na figura 3-35.
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
101
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
102
a) b) c) d)a) b) c) d)
Figura 3-36: a) Colagem do Strain Gage; b) envolvimento do Strain Gage com fita isolante de alta fusão, e
fita isolante; c) ligação do fio do extensômetro ao fio condutor; d) teste para verificação da passagem de
corrente.
Nos modelos aplicou-se um carregamento incremental monotônico com curta duração por
meio da utilização de um atuador hidráulico da marca ENERPAC com capacidade de
500 kN, alimentado por uma bomba ma nual. A carga de projeto foi estimada em 270 kN no
atuador, dividido em dois pontos de aplicação no trecho central da viga. Os pontos de
aplicação das cargas estavam distantes 1000 mm, sendo realizada a aplicação através de duas
chapas metálicas fixadas na viga e adequadamente niveladas, como ilustrado na figura 3-37.
Figura 3-37: Aplicação do carregamento na viga em dois pontos localizados.
Durante a realização dos ensaios foram aplicados 3 carregamentos, atingindo cerca de
40% do carregamento último no primeiro, e atingindo 100% do carregamento último nos dois
restantes. Realizou-se esse procedimento com o intuito de verificar o comportamento secante
da rigidez à flexão nas ligações viga-pilar.
Para a captação de dados, foi utilizado um sistema de aquisição de dados do modelo
5100 B do
System 5000. Esse sistema de aquisição de dados possui um total de 20 canais de
recepção de dados.
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
103
Para a instrumentação dos modelos relaci onados com a presente pesquisa, foram
utilizados instrumentos de medição como:
Célula de carga da marca MSI (Micro Sensor Industrial) que forneceu leituras de força;
Cilindro hidráulico da marca ENERPAC, utilizado para a aplicação de cargas nos pilares
e nas vigas;
Transdutor LVTD (Linear Variable Differential Transducers) que forneceu leituras de
deslocamentos;
Strain Gage da marca KYOWA ELETRONIC INSTRUMENTS que forneceu leituras de
deformação;
Extensômetro Elétrico com Base Removível que forneceu leituras de deformação;
Clinômetro da marca MSI (Micro Sensor Industrial) que apresentou leituras de rotação;
Relógio comparador com mostrador de 60 mm da marca Pantec fixado em um suporte
com base magnética que forneceu medidas de deslocamento.
Foi desenvolvido um roteiro da instrumentação dos modelos a serem ensaiados, contendo
o tipo de equipamento, sua nomenclatura, seu canal correspondente e sua função em relação
ao fornecimento das leituras. Esse roteiro permitiu a realização de projetos no sistema de
aquisição de dados para cada ensaio a ser executado, facilitando a execução dos mesmos e
indicando corretamente os canais correspondentes as determinadas leituras. Esse roteiro foi
desenvolvido tanto para o ensaio do modelo BA, como para o ensaio do modelo SR. A
planilha realizada para o ensaio do modelo composto por uma viga bi-apoiada pode ser
observada na tabela 3-12.
A planilha realizada para o ensaio do modelo com ligações semi-rígidas pode ser
observada na tabela 3-13.
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
104
Tabela 3-12: Planilha de orientação para a instrumentação do modelo BA.
Equipamento de Medição Especificação Capacidade Nomenclatura Canal Função
Célula de carga 1
-------- 500kN CC-1 1 leituras de força
Extensômetro elétrico com
base removível-superior
042611 2 mm ERs 2
leituras de
deformação
Extensômetro elétrico com
base removível-inferior
042610 2 mm ERi 3
leituras de
deformação
Transdutor-1
4437 25 mm TD-1 4
leituras de
deslocamento
Transdutor-2
4438 25 mm TD-2 5
leituras de
deslocamento
Transdutor-3
4450 25 mm TD-3 6
leituras de
deslocamento
Transdutor-4
4399 50 mm TD-4 7
leituras de
deslocamento
Transdutor-5
4398 50 mm TD-5 8
leituras de
deslocamento
Transdutor-6
4453 25 mm TD-6 9
leituras de
deslocamento
Clinômetro-1
042904 CL-1 10 leituras de rotação
Clinômetro-2
042903 CL-2 11 leituras de rotação
Tabela 3-13: Planilha de orientação para a instrumentação do modelo SR.
Equipamento de Medição Especificação Capacidade Nomenclatura Canal Função
Célula de carga 1
-------- 500kN CC-1 1 leituras de força
Célula de carga-2
ELK 500kN CC-2 2 leituras de força
Célula de carga-3
042604 250kN CC- 3 3 leitur as de força
Strain Gage-1
-------- 5 mm SG-1 4
leituras de
deformação
Strain Gage-2
-------- 5 mm SG-2 5
leituras de
deformação
Strain Gage-3
-------- 5 mm SG-3 6
leituras de
deformação
Strain Gage-4
-------- 5 mm SG-4 7
leituras de
deformação
Extensômetro elétrico com
base removível-1
042610 2 mm ER-1 8
leituras de
deformação
Extensômetro elétrico com
base removível-2
042611 2 mm ER-2 9
leituras de
deformação
Transdutor-1
4450 25 mm TD-1 10
leituras de
deslocamento
Transdutor-2
4453 25 mm TD-2 11
leituras de
deslocamento
Transdutor-3
4399 50 mm TD-3 12
leituras de
deslocamento
Transdutor-4
4398 50 mm TD-4 13
leituras de
deslocamento
Transdutor-5
4399 50 mm TD-5 14
leituras de
deslocamento
Transdutor-6
4438 25 mm TD-6 15
leituras de
deslocamento
Transdutor-7
4437 25 mm TD-6 16
leituras de
deslocamento
Clinômetro-1
042903 CL-1 17 leituras de rotação
Clinômetro-2
042904 CL-2 18 leituras de rotação
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
105
A instrumentação do ensaio juntamente com seu esquema geral fornece uma idéia do tipo,
quantidade e posicionamento dos aparelhos de medição, contribuindo para um melhor
entendimento dos ensaios realizados. O modelo BA após a instrumentação pode ser
observado na figura 3-38.
Figura 3-38: Instrumentação do modelo BA (composto por uma viga bi-apoiada)
Para o apoio do modelo BA foram empregadas rótulas como pode ser observado no
detalhe ilustrado na figura 3-39.
Rótula para
apoio da viga
Rótula para
apoio da viga
Figura 3-39: Detalhe do apoio das extremidades da viga bi-apoiada.
Considerando o modelo BA, pode-se dizer que a flecha no meio do vão foi obtida a partir
da leitura do transdutor posicionado na região central da viga. Além disso, com os quatro
transdutores posicionados na região correspondente a distância entre a aplicação das cargas,
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
106
foi possível estimar a curvatura da viga bi-apoiada. O posicionamento dos transdutores pode
ser observado na figura 3-40.
Transdutores posicionados na
região central da viga bi-apoiada
Transdutores posicionados na
região central da viga bi-apoiada
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
107
Transdutores
Clinômetro
Transdutores
Clinômetro
Figura 3-42: Detalhe do posicionamento dos transdutores e clinômetro para a obtenção da rotação na
extremidade do modelo BA.
O modelo SR após a instrumentação pode ser observado na figura 3-43.
Figura 3-43: Instrumentação do modelo SR (composto por uma viga com ligações semi-rígidas).
A flecha obtida para o modelo SR foi determinada a partir da leitura de um transdutor
posicionado na região central da viga descontando as leituras obtidas por dois relógios
posicionados na região próxima às ligações. O posicionamento do transdutor e do relógio
podem ser observados na figura 3-44.
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
108
Transdutor posicionado
no centro do modelo SR
Relógio posicionado
próximo à ligação
Transdutor posicionado
no centro do modelo SR
Relógio posicionado
próximo à ligação
Figura 3-44: Posicionamento do transdutor e relógio, utilizados para obtenção da flecha no modelo SR.
A determinação da curvatura da viga para o modelo SR, foi realizada através das leituras
fornecidas pelos extenômetros elétricos de base removível, posicionados na região central do
modelo, como pode ser observado na figura 3-45.
Figura 3-45: Posicionamento dos extensômetros elétricos de base removível, no modelo SR.
As medidas de rotação, no modelo SR, foram obtidas através de dois clinômetros,
posicionados nas extremidades da viga, e através de dois transdutores fixados nos consolos,
como pode ser observado na figura 3-46. Os clinômetros foram responsáveis pelas
determinações das rotações globais das extremidades do modelo SR, ou seja, essas rotações
medidas pelos clinômetros consideram os giros das ligações juntamente com os eventuais
giros causados por deformações nos apoios (incluindo eventuais giros dos pilares e pórticos).
Já os transdutores forneceram medidas de rotações relativas entre a viga e o pilar,
proporcionando a obtenção somente das rotações referentes às ligações.
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
109
Transdutores
Medid a de Rota ção
re lat i va vi ga - co n s ol o
Medi da de Rot ação
(global) na extremidade
da vi g a
Clinômetro
Célu la de carg a
Transdutores
Medid a de Rota ção
re lat i va vi ga - co n s ol o
Medi da de Rot ação
(global) na extremidade
da vi g a
Clinômetro
Célu la de carg a
Clinômetro
Transdutores
Clinômetro
Transdutores
Figura 3-46: Posicionamento dos transdutores e clinômetro na extremidade da viga com ligações.
Os clinômetros foram localizados na região inferior da viga, com o intuito de diminuir o
risco de erros de leitura devido a possibilidade de fissuração por flexão no topo da mesma.
Além disso, observou-se que, caso os transdutores fossem posicionados horizontalmente, as
leituras fornecidas seriam errôneas, devido à influência de possíveis fissuras na base dos
mesmos, optando-se assim, pelo posicionamento dos transdutores na região dos consolos.
Todos os equipamentos de medição foram conectados ao sistema de aquisição de dados
(
Sistem 5000), presente no laboratório, que forneceu as leituras diretamente ao computador
ligado a ele. A disposição do sistema de aquisição de dados e do computador, no laboratório,
juntamente com o detalhe da ligação dos equipamentos, podem ser observados na
figura 3-47.
Figura 3-47: Localização e detalhe do sistema de aquisição de dados utilizado na realização dos ensaios.
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
110
3.3 Metodologia Experimental
Foi escolhida uma metodologia experimental que engloba a realização de ensaios em dois
modelos, sendo o primeiro composto por uma viga bi-apoiada (modelo BA), e o segundo
composto por uma viga com ligações semi-rígidas (modelo SR). Os modelos foram ensaiados
com a aplicação de duas cargas concentradas incrementais como pode ser observado na
figura 3-48.
PPP
2,40
5,70 m
2,40
2,40 2,40
5,70 m
P
a) b)
F F FF
PPP
2,40
5,70 m
2,40
2,40 2,40
5,70 m
P
a) b)
PPP
2,40
5,70 m
2,40
2,40 2,40
5,70 m
P
a) b)
F F FF
Figura 3-48: Esquemas estáticos para as vigas a) com ligações bi-articuladas; b) com ligações
semi-rígidas.
Foram realizadas comparações entre os resultados obtidos com os ensaios do modelo BA
e do modelo SR. Dessa forma, o ensaio realizado com o modelo BA serviu de referência para
comparações, entre as medidas de curvatura e flecha no vão central da viga e entre as
medidas de rotação nos apoios do modelo SR.
Através de dois transdutores TDA e TDB, como pode ser observado na figura 3-39,
determinou-se a rotação da ligação da seguint e maneira:
y
TDA
TDB
φ
y
Figura 3-49: Obtenção da rotação da ligação a partir das leituras dos transdutores posicionados nos
consolos (para viga com ligações semi-rígidas) e na extremidade da viga (para viga bi-apoiada).
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
111
y
TDBTDA
=φ
onde:
TDA
: leitura fornecida pelo transdutor TDA;
TDB
: leitura fornecida pelo transdutor TDB;
y : distância entre os dois transdutores posicionados para a obtenção da rotação,
correspondente a 100 mm.
A curvatura foi obtida de forma indireta com a utilização de extensômetros elétricos de
base removível, posicionados no centro das vigas (ilustrados na figura 3-50) e distantes
500 mm (quinhentos milímetros) entre si, da seguinte maneira:
1
si
1
RsRi
vão
d
s
ERER
dr
1
+
=
ε+ε
=
(3-1)
onde:
vão
r
1
: curvatura no meio do vão;
i
ER : leitura de deformação do equipamento localizado na parte inferior da viga;
s
ER : leitura de deformação do equipamento localizado na parte superior da viga;
1
d : distância entre os extensômetros que medem as deformações;
s : base de medição do extensômetro equivalente a 100 mm (cem milímetros);
Ri
ε : deformação específica do concreto na posição do extensômetro de base removível
superior;
Rs
ε : deformação específica do concreto na posição do extensômetro de base removível
inferior.
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
112
s
ER
i
d
1
2
h
ER
Extensômetro de
base removível
s
d
Figura 3-50: Posicionamento dos extensômetros de base removível na viga protendida para os dois
modelos ensaiados.
O momento no meio do vão da viga presente no modelo SR foi determinado através da
igualdade da relação momento/curvatura entre os modelos ensaiados. Considerando as vigas
com mesma rigidez (igualdade da relação momento/curvatura), para um mesmo valor de
curvatura obtido em cada ensaio foi possível determinar o valor do momento no meio do vão
para a viga com ligações semi-rígidas, considerando a carga de projeto.
Considerando a figura 3-51, o momento atuante na extremidade da viga (M
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
113
Considerando a figura 3-52, o momento de engastamento perfeito (M
eng
) foi determinado
da seguinte maneira:
)aL.(
L
aF
M
eng
= (3-3)
Com a obtenção do momento na extremidade da viga com ligações resistentes à flexão,
foi possível determinar a porcentagem de engastame nto
(
)
engextr
MM dos apoios
considerando a aplicação de duas cargas concentradas, através da seguinte expressão:
2
R
2
RR
eng
extr
4
36
M
M
α
αα
=
Analogamente, a relação entre a rotação no apoio do modelo SR (
ap
φ
) e a rotação livre na
extremidade do modelo BA (
art
φ ) pode ser dada por:
eng
extr
art
ap
M
M
1 =
φ
φ
É importante lembrar que as rotações dos apoios, considerando o modelo SR, são obtidas
a partir dos clinômetros, posicionados na extremidade da viga.
Outra relação que pode ser expressa em função do fator de restrição à rotação (α
R
),
corresponde a relação entre as flechas nos vãos centrais para o modelo SR (
SR
f ) e para o
modelo BA (
1
f ), dada por
1
SR
f
f
. Essa relação teórica pode ser determinada com a
equação 3-5:
()
22
1
4a3L
24EI
aP
f
= (3-4)
1.0723,1.3172,0
f
f
R
2
R
1
SR
+αα=
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
114
Dessa forma, com base na estimativa experimental de M
extr
, nas medidas das rotações e
flechas obtidos para cada um dos modelos, foi possível estimar o fator de restrição à rotação
α
R
para os apoios do modelo SR.
O esquema da deformação do modelo SR com a indicação das rotações dos apoios e da
flecha, após a aplicação das cargas F, pode ser observado na f igura 3-53.
F
φ
ap
φ
ap
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
115
onde:
art
φ : rotação na extremidade da viga bi-articulada;
1
f : flecha da viga bi-articulada.
A determinação da rigidez equivalente da viga [
vigaeq,
E.I)( ], considerando o modelo BA,
foi realizada através de duas maneiras: com a utilização da flecha medida no meio do vão e
com a utilização da rotação do apoio.
Através da flecha medida
(
1
f )
1
22
viga,eq
viga,eq
22
1
f.24
)a.4L.3.(a.P
).E(
I).E.(24
)a.4L.3.(a.P
f
=Ι
Ι
=
(3-5)
Através da rotação
(
art
φ )
()
art
viga,eq
viga,eq
art
L
a
1.
2
L
.a.P
).E(
L
a
1.
).E.(2
L.a.P
φ
=Ι
Ι
=φ
(3-6)
A rigidez no meio do vão da viga [
vão
)I.E( ] foi determinada através da relação entre o
momento no vão (
vão
M ) e a curvatura considerando a região central da viga
vão
r
1
, que por
sua vez foi obtida através da leitura dos extensômetros de base removível.
Relação entre momento e curvatura
vão
vão
vão
vão
vão
vão
)I.E(
M
r
1
r
1
M
)I.E( =
=
( 3-7)
Considerando o modelo SR, determinou-se a rigidez à flexão da ligação (R), através da
obtenção da rotação da ligação (
E
φ ), e do momento na extremidade da viga (M
extr
), da
seguinte maneira:
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
116
E
extr
M
R
φ
=
(3-8)
É importante ressaltar que as rotações das ligações (
E
φ
) presentes no modelo SR, foram
obtidas através das leituras relativas fornecidas pelos transdutores posicionados nos consolos.
Assim, é possível notar que existe uma distinção entre as rotações obtidas pelos clinômetros e
pelos transdutores, havendo a possibilidade de monitorar a existência de giros nos elementos
de pilares utilizados no modelo SR.
Conhecendo o fator de restrição à rotação, a rigidez à flexão da ligação foi determinada
através da rigidez equivalente da viga, da seguinte maneira:
L1
α
1
3(EI)
R
R.L
3.(E.I)
1
R
vigaeq,vigaeq,
R
=
+=α
1
3.4 Resultados Experimentais
A seguir são apresentados os resultados obtidos com os modelos ensaiados na presente
pesquisa, sendo o modelo BA composto por uma viga bi-apoiada, e o modelo SR composto
por uma viga com ligações semi -rígidas.
3.4.1 Modelo BA
Aplicou-se, nesse modelo, uma força incremental através da utilização de um atuador
hidráulico com capacidade de 500 kN. Foram realizados dois ciclos de escorvamento com
carregamentos aplicados da ordem de 30 kN e 100 kN, respectivamente, no atuador central.
Após o escorvamento deu-se início ao carregamento monotônico incremental com a força
última da ordem de 350 kN. A força de projeto foi estimada em 270 kN (considerando o
E.L.U) no atuador central, a qual foi dividida em dois pontos de aplicação no trecho central
da viga, distantes 100 cm entre si, resultando na reação de 135 kN nos apoios.
Adicionalmente, para a análise dos resultados, foi prevista uma carga correspondente a 70%
da carga de projeto, estimada em 190 kN no atuador central.
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
117
Os deslocamentos verticais medidos nos quatro transdutores posicionados na parte central
da viga estão apresentados na figura 3-55. As medidas desses transdutores foram utilizadas
para a obtenção da curvatura média no trecho central da viga.
A medida de deslocamento apresentada pelo transdutor especificado como TD4,
corresponde a flecha no meio do vão da viga. Considerando as cargas de 190 kN e 270 kN, as
flechas corresponderam a 2,63 mm e 4,16 mm respectivamente. A flecha máxima alcançada
no ensaio do modelo BA correspondeu a 22,45 mm, para a carga de 350 kN no atuador
central.
0
40
80
120
160
200
240
280
320
360
400
0 2 4 6 8 10121416 18202224
Deslocamento (mm)
Força no atuador (kN)
TD3
TD4
TD5
TD6
TD4
TD5
TD3
TD6
Modelo BA
Figura 3-55: Força no atuador central versus deslocamento no vão central da viga bi-apoiada.
Na figura 3-56 estão apresentadas as medidas de deformação que foram registradas nos
extensômetros elétricos de base removível, no trecho central da viga. Esses instrumentos
foram posicionados na face lateral da viga, distantes 500 mm entre si. O extensômetro
especificado como ERs foi posicionado no trecho comprimido, ou seja, na parte superior e o
extensômetro especificado como ERi foi posicionado no trecho tracionado, correspondendo a
parte inferior da viga. Tais leituras foram utilizadas para determinar a curvatura no trecho
central da viga.
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
118
0
50
100
150
200
250
300
350
400
-0,1 -0,08 -0 ,06 -0,04 -0, 02 0 0,0 2 0,04 0,06
Deformação (mm)
Força no atuador (kN)
ERs
ERi
Modelo BA
270 kN
190 kN
ERs
ERi
Figura 3-56: Força no atuador versus deformação nos extensômetros de base removível.
As medidas de rotação na extremidade da viga bi-apoiada foram obtidas através de
transdutores e clinômetros posicionados na extremidade da mes ma, sendo indicadas na
figura 3-57.
A curvatura no meio do vão, como apresentada na metodologia, foi obtida a partir das
leituras dos extensômetros de base removível (ER), posicionados na região central da viga.
Além disso, com as leituras de rotação obtidas pelos transdutores e clinômetros, posicionados
nas extremidades da viga, e também através das leituras de flechas obtidas pelo transdutor
posicionado na região central da mesma, foi possível a obtenção de valores médios de
curvatura da viga, ilustrados na figura 3-58.
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
119
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
-0,0140 -0,0100 -0,0060 -0,0020 0,0020 0,0060 0,0100 0,0140
Rotação livre (rad)
Força no atuador (kN)
TD1 e TD2 - extremidade
CL1 - lado esquerdo
CL2 - lado direito
TD1
TD2
TD1
TD2
CL
270 kN
190 kN
Modelo BA
Figura 3-57: Força no atuador versus rotações livres na extremidade da viga bi-apoiada.
0
50
100
150
200
250
300
350
400
0,0E+00 1,0E-06 2,0E-06 3,0E-06 4,0E-06 5,0E-06 6,0E-06 7,0E-06 8,0E-06
Curvatura (mm
-1
)
Força no Atuador (kN)
Rotação (TD1eTD2)
Rotação (CL médio)
Fle ch a
ER
Modelo BA
Figura 3-58: Força no atuador versus curvatura na região central da viga bi-apoiada
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
120
A curvatura no meio do vão, também foi obtida através das leituras de deslocamentos
verticais apresentadas pelos quatro transdutores posicionados numa região correspondente a
100 cm no meio do vão. Entretanto, a curvatura obtida a partir das leituras dos extensômetros
de base removível apresentou uma melhor regularidade do que a curvatura obtida pelos
transdutores verticais. Assim, como observado em SOUZA (2006), acredita-se que a falta de
regularidade na curvatura obtida pelos transdutores seja decorrente do fato da viga pré-
moldada protendida apresentar pequenos deslocamentos, que podem afetar a leitura dos
transdutores de 500 mm devido a sensibilidade desses para pequenos deslocamentos.
A viga bi-apoiada que compõe o modelo BA apresentou o início da fissuração para a
carga de projeto correspondente a 270 kN, como pode ser observado na figura 3-59.
Figura 3-59: Início da fissuração da viga bi-apoiada para uma carga de 270 kN.
Na tabela 3-14, pode-se observar a abertura de fissuras correspondente a algumas etapas
da aplicação de cargas.
Tabela 3-14: Abertura de fissuras para diversas etapas de aplicação de carga.
Especificação da carga Carga
(kN)
Abertura de fissura
(mm)
carga de projeto
270 < 0,1
84% da carga máxima
290 0,3
91% da carga máxima
315 1,0
carga máxima
345 > 1,5
carga máxima
350 > 1,5
A figura 3-60 ilustra a fissura com abertura de 0,3 mm para a carga de 290 kN, sendo
possível observar, que essa fissura está presente na parte lateral da viga se estendendo ao
longo da parte inferior da mesma.
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
121
Figura 3-60: Fissuração da viga para carga de 290 kN.
A figura 3-61 indica a abertura de fissuras, em diferentes pontos da região central da viga,
para a carga máxima, correspondente a 345 kN. Assim, pode-se observar que a fissura com
maior abertura (acima de 1,5 mm), considerando essa mesma carga, foi encontrada na parte
inferi or da viga.
Figura 3-61: Fissuração da viga para carga de 315 kN e 345 kN.
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
122
3.4.2 Modelo SR
Aplicou-se, nesse modelo uma força incrementa l através da utilização de um atuador
hidráulico com capacidade nominal de 500 kN. Antes de iniciar o carregamento no atuador
central, os dois atuadores posicionados excentricamente aos elementos de pilares nas
extremidades, foram carregados de forma sincronizada até atingir 120 kN, sendo que essa
força foi mantida durante todo o ensaio, com a finalidade de travar a “cabeça” dos elementos
de pilares. Após esse procedimento, foram realizados dois ciclos de escorvamento com
carregamentos aplicados da ordem de 30 kN e 100 kN, respectivamente, no atuador central.
Após o escorvamento deu-se início ao carregamento monotônico incremental com a força
última da ordem de 500 kN. A força de projeto correspondeu a 270 kN no atuador central, a
qual foi dividida em dois pontos de aplicação no trecho central da viga, distantes 100 cm
entre si, resultando na reação de 135 kN nos apoios. Para a situação de engastamento perfeito,
essa força representa um momento negativo de 187 kN.m nas extremidades da viga.
Adicionalmente, foram obtidos resultados para uma carga correspondente a 70% da carga de
projeto, estimada em 190 kN no atuador central.
Os deslocamentos verticais medidos por dois transdutores posicionados na parte central
da viga estão apresentados na figura 3-62.
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
550
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0 11,0 12,0
Deslocamento (mm
)
Força no atuador (kN)
TD3 TD 4
Modelo SR
TD3
TD4
TD3
TD4
Figura 3-62: Força no atuador versus deslocamentos verticais no vão central da viga do modelo SR.
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
123
Na figura 3-62 é apresentada a flecha no meio da viga, a qual foi obtida a partir do
deslocamento no transdutor central (TD4) descontando-se os deslocamentos nos dois apoios
obtidos através das leituras fornecidas por dois relógios posicionados nas extremidades da
viga, ou seja, a flecha foi determinada corrigindo os valores de deslocamento obtidos pelo
transdutor TD4.
Considerando as cargas de 190 kN, correspondente a 70% da carga de projeto, e 270 kN,
correspondente a carga de projeto (considerando E.L.U), foram obtidas as flechas de
1,39 mm e 2,20 mm, respectivamente. A flecha máxima atingida no ensaio foi de 8,34 mm,
para o carregamento de 500 kN no atuador central. O gráfico de força no atuador (2.F) versus
flecha, considerando o modelo SR, pode ser observado na figura 3-63.
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
550
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0 11,0 12,0
Flecha (mm)
Força no atuador (kN)
TD4 corrigido
Modelo SR
Figura 3-63: Força no atuador versus flecha, considerando o modelo SR.
Na figura 3-64 são apresentadas as medidas de deformação que foram registrada s nos
extensômetros de base removível no trecho central da viga. Esses instrumentos foram
posicionados na face lateral da viga, distantes 500 mm entre si, estando um extensômetro no
trecho comprimido, correspondente a parte superior e o outro no trecho tracionado
correspondente a parte inferior. Tais leituras foram utilizadas para avaliar a curvatura no
trecho central da viga.
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
124
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
550
-0,1 -0,05 0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3
Deformação (mm)
Força no atuador (kN)
ERs
ERi
Modelo SR
270 kN
190 kN
ERs
ERi
ERs
ERi
Figura 3-64: Força no atuador versus deformação obtida pelos extensômetros, para o modelo SR.
As medidas de rotação na extremidade da viga com ligações resistentes à flexão, foram
obtidas através de transdutores e clinômetros posicionados na extremidade da mesma. Os
clinômetros foram posicionados na região considerada como sendo o centro de rotação da
ligação, fornecendo leituras globais de rotação, ou seja, através dos clinômetros foi possível
obter as rotações relativas entre a viga e o pilar somadas às eventuais rotações causadas por
deformações nos apoios (incluindo eventuais rotações dos elementos de pilares e dos
pórticos). Os transdutores posicionados na extremidade da viga e fixados nos consolos
forneceram as rotações relativas entre a viga e o pilar, correspondendo aos valores de rotação
efetiva na ligação. As rotações obtidas através dos transdutores e clinômetros podem ser
observadas na figura 3-65.
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
125
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
126
Tabela 3-15: Abertura da fissura localizada na junta entre a viga e o pilar para diversas cargas.
Especificação da carga Carga
(kN)
Abertura de fissura
(mm)
35% da carga de projeto
95 < 0,1
44% da carga de projeto
119 0,2
70% da carga de projeto
190 > 0,2
carga de projeto
270 0,35
64% da carga máxima
326 0,4
93% da carga máxima
474 0,6
carga máxima
500 > 0,6
Na tabela 3-16, pode-se observar a abertura de fissuras correspondente a algumas etapas
de aplicação de cargas, considerando a região central da viga.
Tabela 3-16: Abertura de fissuras na região central da viga.
Especificação da carga Carga
(kN)
Abertura de fissura
(mm)
81% da carga máxima
415 < 0,1
carga máxima
500 0,2
Como observado na tabela 3-16, o início da fissuração da região central da viga ocorreu a
partir da carga correspondente a 415 kN, como pode ser observado na figura 3-66.
415 kN
415 kN
415 kN
415 kN
Figura 3-66: Início da fissuração da região central da viga.
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
127
3.5 Análise dos Resultados Experimentais
Através dos resultados obtidos com o ensaio do modelo BA, foi possível realizar a
caracterização da viga pré-moldada protendida a partir da determinação de sua relação
momento-curvatura. Além disso, os resultados obtidos no ensaio do modelo BA, auxiliaram
na determinação da rigidez e porcentagem de engastamento da ligação viga-pilar.
A curvatura da viga bi-apoiada foi obtida através dos extensômetros elétricos de base
removível (figura 3-67) e através dos valores de rotações e flechas (figura 3-68).
0
50
100
150
200
250
300
350
400
0,00E+00 5,00E-07 1,00E-06 1,50E-06 2,00E-06 2,50E-06 3,00E-06
Curvatura (mm
-1
)
Momento (kN.m)
ER
190 kN
270 kN
Modelo BA
Figura 3-67: Momento versus curvatura obtida pelos extensômetros considerando o modelo BA.
É importante ressaltar que os valores de curvatura obtidos, considerando valores de
rotação e flecha, foram determinados a partir da relação entre momento e rigidez equivalente
da viga, ou seja, para a determinação dessa curvatura a viga foi considerada como se
possuísse uma rigidez constante. O que não pode ser dito para a curvatura obtida através dos
extensômetros de base removível, que permitiram a determinação da rigidez da região central
da viga. Assim, para a caracterização da viga foi considerado o gráfico momento versus
curvatura obtido através da leitura dos extensômetros, ilustrado na figura 3-67, devido a
possibilidade do mesmo ser comparado com o gráfico mome nto versus curvatura, obtidos
através dos extensômetros durante o ensaio do modelo SR, ilustrado na figura 3-69.
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
128
0
50
100
150
200
250
300
350
400
0,0E+00 1,0E-06 2, 0E-06 3,0E-06 4,0E-06 5,0 E-06 6,0E-06 7, 0E-06 8,0E-06
Curvatura (mm
-1
)
Momento (kN.m)
Rotação (TD1eTD2)
Rotação (CL médio)
Flecha
Modelo BA
Figura 3-68: Momento versus curvatura obtida atras de rotações e flecha, considerando o modelo BA.
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
550
0,00E+00 1,00E-06 2,00E-06 3,00E-06 4,00E-06 5,00E-06 6,00E-06 7,00E-06 8,00E-06
Curvatura (mm
-1
)
Força no atuador (kN)
ER
270 kN
190 kN
ERs
ERi
ERs
ERi
Modelo SR
Figura 3-69: Força no atuador versus curvatura na região central da viga, considerando o modelo SR.
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
129
Com os valores de flecha (indicado na figura 3-70) e rotação (indicado na figura 3-71)
obtidos com o ensaio do modelo BA, foi possível determinar a rigidez equivalente da viga da
seguinte forma:
0
50
100
150
200
250
300
350
400
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
Flecha (mm
)
Força no Atuador (kN)
viga bi-apoiada
Modelo BA
270 kN
4,16
Figura 3-70: Força no atuador versus flecha considerando o modelo BA.
0
50
100
150
200
250
300
350
400
0 0,001 0,002 0,003 0,004 0,005 0,006 0,007 0,008 0,009 0,01 0,011
Rotação (rad)
Força no atuador (kN)
viga bi-apoiada
Modelo BA
270 kN
0,0023
Figura 3-71: Força no atuador versus rotação considerando o modelo BA.
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
130
Através da flecha
(
)
mm10.4,2
16,4.24
2360.45720.3.2360.
2
270
f.24
)a.4L.3.(a.P
).E(
11
22
1
22
viga,eq
=
=
=Ι
Através da rotação
()
mm10.3,2
0023,0
5720
2360
1.
2
5720
.2360.
2
270
L
a
1.
2
L
.a.P
).E(
11
art
viga,eq
=
=
φ
=Ι
Os valores para a rigidez equivalente da viga apresentaram-se muito próximos do valor de
rigidez equivalente obtido considerando a seção bruta da viga, que correspondeu a
2,3.10
11
mm. Através desses resultados, pôde-se observar que a viga se encontrou no estádio I
de deformação mesmo quando submetida a carga de projeto (270 kN).
Através dos resultados obtidos com o ensaio do modelo SR, foi possível caracterizar a
ligação viga-pilar empregada, a partir de sua relação momento-rotação, e analisar o
comportamento da viga pré-moldada protendida considerando o efeito dessas ligações.
A metodologia empregada, na presente pesquisa, permitiu monitorar a existência de
rotação na base dos apoios. Dessa forma, analisando os resultados do ensaio do modelo SR,
observou-se a ocorrência de deformação nos apoios (existindo giro nos pilares), ou seja,
mesmo empregando diversos mecanismos de contraventamento dos pórticos e travamento
dos pilares, não foi possível garantir a ausência de deformação nos apoios. Isso facilmente
pode ser identificado comparando as leituras de rotação obtidas pelos clinômetros e
transdutores. Como já descrito anteriormente os clinômetros fornecem leituras globais de
rotação (todos os fatores que permitam a ocorrência de deformações fora das ligações como
as rotações dos pilares e dos pórticos, somada a rotação da ligação), enquanto que os
transdutores fornecem leituras relativas de rotação (rotação da ligação). Assim, como
ilustrado na figura 3-72, pode-se obter a rotação devida à deformação dos apoios através da
diferença entre as leituras fornecidas pelos clinômetros e transdutores, respectivamente.
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
131
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
550
0 0,0005 0,001 0,0015 0, 002 0,0025 0,003
Rotação (rad)
Força no Atuador (kN)
TD médio
CL médio
270 kN
190 kN
Modelo SR
Figura 3-72: Força no atuador versus rotação.
Assim, para que a deformação dos apoios fosse considerada na análise dos resultados , foi
necessária a identificação dos resultados considerando todas as deformações do apoio e a
identificação dos resultados considerando somente a deformação das ligações.
Determinou-se a porcentagem de engastamento considerando todas as deformações do
apoio através: das curvaturas, flechas e rotações dos modelos ensaiados.
Curvaturas
Na tabela 3-17 pode-se observar as porcentagens de engastamento do apoio, para a carga
correspondente a 70% da carga de projeto (190 kN) e a carga de projeto (270 kN),
determinados através da consideração da igualdade da relação momento/curvatura entre a
viga bi-apoiada e a viga com ligações resistentes à flexão.
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
132
Tabela 3-17: Determinação da porcentagem de engastamento para o apoio, considerando a igualdade da
relação momento/curvatura entre os modelos ensaiados.
Carga
Curvatura
(mm
-1
)
M
vão
(kN.m)
M
extr
(kN.m)
M
eng
(kN.m)
M/M
eng
apoio
α
R
190 kN
6,95E-07 136,24 87,95 132 66% 0,56
270 kN
9,9E-07 207,68 110,92 187 59% 0,49
Considerando a mesma curvatura, foi possível conhecer o momento no meio do vão da
viga, através do modelo BA. Assim, foi possível obter o momento na extremidade do modelo
SR deduzindo o momento isostático no meio do vão. Através da figura 3-73 pode-se observar
os valores de força correspondentes à mesma curvatura para cada um dos modelos.
0
30
60
90
120
150
180
210
240
270
300
0,0E+0
0
1,0E-07 2,0E-07 3,0E-07 4,0E-07 5,0E-07 6,0E-07 7,0E-07 8,0E-07 9,0E-07 1,0E-06 1,1E-06
Curvatura (mm
-1
)
Força no atuador (kN)
ER - modelo SR
ER - modelo BA
6,95E-07 9,9E-07
M
vão
= 136,2 kN.m
M
extr
= 87,9 kN.m
M
extr
= 110,9 kN.m
M
vão
= 207,7 kN.m
270 kN
190 kN
Figura 3-73: Força no atuador versus curvatura considerando os modelos ensaiados.
A distribuição dos momentos fletores determinados através das curvaturas obtidas pelos
extensômetros elétricos de base removível pode ser observada na figura 3-74.
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
133
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
550
0,0E+00 1, 0E-06 2, 0E-06 3,0E-06 4,0E-06 5,0E-06 6,0E-06 7,0E-06
Curvatura (mm
-1
)
Força no Atuador (kN)
viga bi-apioada
viga com ligações semi-rígidas
270 kN
176 kN
9,9.10
-07
mm
-1
Figura 3-74: Força no atuador versus curvatura para os dois modelos ensaiados.
Flechas
Na tabela 3-18 pode-se observar as porcentagens de engastamento do apoio, para a carga
correspondente a 70%
da carga de projeto (190 kN) e a carga de projeto (270 kN), determinados através da
relação entre as flechas medidas no ensaio de cada modelo.
Tabela 3-18: Determinação da porcentagem de engastamento para o apoio, considerando as flechas
medidas em cada modelo ensaiado.
Carga
Flecha BA (f
1
)
(mm)
Flecha SR (f
SR
)
(mm)
f
SR
/f
1
α
R
M/M
eng
apoio
190 kN
2,63 1,39 0,53 0,52 62%
270 kN
4,16 2,20 0,53 0,52 62%
BA: se refere ao modelo composto pela viga bi-apoiada;
SR: se refere ao modelo composto pela viga com ligações semi-rígidas.
onde:
f
1
: flecha correspondente a viga bi-articulada;
f
SR
: flecha correspondente a viga com ligações semi-rígidas;
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
134
Os gráficos com as flechas correspondentes a cada modelo podem ser observados na
figura 3-75.
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
550
0 2 4 6 8 1012141618202224
Flecha (mm)
Força no Atuador (kN)
viga b i-a po ia d a
Viga com ligações semi-rígidas
4,16 mm
2,20 mm
270 kN
Figura 3-75: Força no atuador versus flecha considerando os dois modelos ensaiados.
Considerando os modelo BA e SR, pode-se dizer que houve uma redução significativa das
flechas obtidas pelo modelo SR quando comparado com o modelo BA. Assim, mesmo não
alcançando um engastamento total do apoio, as ligações presentes no modelo SR
possibilitaram uma diminuição dos deslocamentos da viga. Desse modo, pode-se dizer que as
ligações, ainda que para engastamentos parciais, não só melhoram as redistribuições dos
momen tos , co mo ta mbém red uzem os deslocamentos da viga.
Rotações
Na tabela 3-19 pode-se observar as porcentagens de engastamento do apoio, para a carga
correspondente a 70% da carga de projeto (190 kN) e a carga de projeto (270 kN),
determinados através da relação entre as rotações medidas através dos clinômetros em cada
modelo ensaiado.
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
135
Tabela 3-19: Determinação da porcentagem de engastamento para o apoio, considerando a relação entre
as rotações dos modelos ensaiados.
Leitura
Carga
(kN)
Rotação SR
(φ
ap
) (rad)
Rotação SR
média (
φ
apm
)
(rad)
Rotação BA (
φ
art
)
(rad)
φ
apm
/φ
art
M/M
eng
apoio
α
R
CL-DIR
0,00060 0,0015
CL-ESQ
190
0,00062
0,00061
0,0015
0,41 59% 0,49
CL-DIR
0,0010 0,0023
CL-ESQ
270
0,0010
0,0010
0,0023
0,43 57% 0,47
onde:
φ
ap
: rotação no apoio da viga com ligações semi-rígidas;
φ
apm
: rotação média no apoio da viga com ligações semi-rígidas;
φ
art
: rotação na extremidade da viga bi-articulada.
Os valores correspondentes às porcentagens de engastamento dos apoios determinados
através dos três métodos descritos anteriormente, possibilitaram a obtenção da porcentagem
de engastamento média do apoio. Os resultados podem ser observados na tabela 3-20.
Tabela 3-20: Determinação da porcentagem de engastamento médio no apoio da viga.
Carga Método M/M
eng
apoio M/M
eng
médio no apoio
α
R
Curvatura 66 %
Flecha 62 %
190
Rotação - CL 59 %
62 % 0,52
Curvatura 59 %
Flecha 62 %
270
Rotação - CL 57 %
59 % 0,49
Com a porcentagem de engastamento do apoio e sabendo o momento de engastamento
perfeito (considerando a rotação da ligação nula), foi possível a determinação do momento
existente no apoio, ou seja, determinou-se o momento que solicitou a ligação para a carga
correspondente a 70% da carga de projeto e para a carga de projeto. Esses momentos podem
ser observados na tabela 3-21.
Tabela 3-21: Determinação do momento mobilizado nos apoios da viga no modelo SR.
Carga
M
eng
(kN.m)
M/M
eng
médio no apoio
M
extr
(kN.m)
190
132 62% 81,84
270
187 59% 110,33
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
136
Com os valores de rotação e momento referentes ao apoio, determinou-se a rigidez para o
mesmo, como pode ser observado na tabela 3-22
Tabela 3-22: Determinação da rigidez do apoio (incluindo restrição da ligação e do pilar).
Carga
M
extr
(kN.m)
Rotação média no apoio
(rad)
Rigidez no apoio
(kN.m/rad)
190
81,84 0,00061 134163
270
110,33 0,00096 114927
Com os valores de rotação e momento referentes à ligação, determinou-se a rigidez da
mesma para a carga correspondente a 70% da carga de projeto e para a carga de projeto,
como pode ser observado na tabela 3-23.
Tabela 3-23: Determinação da porcentagem de engastamento da ligação viga-pilar.
Leitura
Carga
(kN)
Rotação
(φ
E
)
(rad)
Rotação média
(
φ
EM
) (rad)
M
extr
(kN.m)
Rigidez da
ligação
(kN.m/rad)
TD-DIR
0,00030
TD-ESQ
190
0,00062
0,00030 81,84 272800
TD-DIR
0,00050
TD-ESQ
270
0,00048
0,00049 110,33 225163
onde:
φ
E
: rotação na ligação semi-rígida.
Na figura 3-76, pode-se observar os gráficos de momento versus rotação considerando o
apoio e a ligação, sendo indicada a reta
Beam Line para a carga correspondente a 190 kN
(70% da carga de projeto).
Na figura 3-77 pode-se observar os gráficos de momento versus rotação considerando o
apoio e a ligação, sendo indicada a reta
Beam Line para a carga correspondente a 270 kN
(carga de projeto).
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
137
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
220
240
0 0,00025 0,0005 0,00075 0,001 0,00125 0,0015 0,00175 0,002 0,00225 0,0025
Rotação (rad)
Momento (kN.m)
Beam Line para 190 kN
Reta do a poio
Reta da ligação
62 %
R
apoio
= 134.163 kN.m/rad
R
ligação
= 272.800 kN.m/ra d
132
0,000610,0003
81
Figura 3-76: Caracterização da ligação e do apoio para a carga de 190 kN.
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
220
240
0 0,00025 0,0005 0,00075 0,001 0,00125 0,0015 0,00175 0,002 0,00225 0,0025
Rotação (rad)
Momento (kN.m)
Beam Line pa ra 270 k N
Reta do apoio
Reta da ligação
59 %
R
apoio
= 114.927 kN.m/radR
ligação
= 225. 163 kN . m/rad
187
0,00049
110
0,00096
Figura 3-77: Caracterização da ligação e do apoio para a carga de 270 kN.
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
138
Observando a figura 3-77, pode-se dizer que com a aplicação de 270 kN no atuador
central, a ligação mobilizou um momento de 104,72 kN.m, que correspondeu a 56% do
momento elástico. Dessa forma, a rigidez obtida para a ligação, está relacionada com a
aplicação desse momento (104,72 kN.m), não sendo conhecida a rigidez da ligação
correspondente ao momento existente na intersecção da reta
Beam-line com a reta da ligação
(140 kN.m). Caso a rigidez da ligação se mantivesse constante mesmo com o aumento da
carga aplicada (alcançando o momento correspondente a intersecção da reta
Beam-line com a
reta da ligação), e considerando que a rotação do pilar fosse nula, pode-se dizer que a
porcentagem de engastamento parcial da ligação, para a carga de projeto, corresponderia a
75%, o que não pode ser afirmado.
É importante ressaltar que caso os pilares tivessem rotações nulas, as extremidades da
viga teriam absorvido maiores mo mentos e, portanto, as ligações teriam maiores deformações
para o mesmo nível de carregamento (considerando uma curva característica
momento-rotação), resultando em um valor de rigidez inferior ao determinado para a ligação,
e consequentemente resultando em uma porcentagem de engastamento inferior. Da mesma
forma, com a redução das rotações dos pilares, a ligação passaria a apresentar uma rigidez
superior, para o mesmo nível de carregamento, e consequentemente a porcentagem de
engastamento da ligação aumentaria.
Assim sendo, com a análise dos resultados, acredita-se que o engastamento parcial da
ligação correspondeu a um valor entre 60% e 70%, considerando a carga de projeto.
3.5.1 Comparações
O modelo ensaiado, na presente pesquisa, apresentou-se muito semelhante ao modelo
ensaiado em SOUZA (2006), havendo muitos aspectos em comum nos dois trabalhos:
Área de armaduras negativas de continuidade;
Fixação das armaduras negativas por meio de luvas rosqueadas;
Dimensões das vigas;
Elementos de pilares em “L”, simulando pilares de extremidade.
Capítulo 3 – Programa Experimental
Bruna Catoia (2007)
139
Entretanto, diferentemente das ligações executadas em SOUZA (2006), na presente
pesquisa, os nichos dos chumbadores foram preenchidos com graute e, na interface entre a
viga e o consolo, utilizou-se uma chapa metálica (com o intuito de definir o centro de giro do
apoio e nivelar a região) e o preenchimento com o mesmo graute. Além disso, a presente
pesquisa englobou ensaios com o emprego de vigas pré-moldadas protendidas. Já nas
ligações do modelo ensaiado em SOUZA (2006), uma almofada de argamassa reforçada com
fibras foi posicionada na interface entre a viga e o consolo e os nichos dos chumbadores se
mantiveram vazios, sendo empregada, no ensaio, uma viga pré-moldada de concreto armado.
Analisando os resultados obtidos com o trabalho de SOUZA (2006), pode-se dizer que
considerando, no atuador, ações inferiores a 270 kN as rotações obtidas através dos
clinômetros e dos transdutores foram muito próximas, indicando que os elementos de pilares
apresentaram rotações desprezíveis. Entretanto, as rotações obtidas, na presente pesquisa, a
partir dos clinômetros e dos transdutores, corresponderam a valores muito inferiores às
apresentadas pelos mesmos instrumentos utilizados na pesquisa de SOUZA (2006). Pode-se
dizer que as rotações obtidas pelos clinômetros para a carga de 270 kN, na presente pesquisa,
corresponderam a 46% dos valores obtidos em SOUZA (2006). Desse modo, as rotações
obtidas pelos transdutores para a carga de 270 kN, considerando a presente pesquisa,
corresponderam a 28,5% dos valores obtidos em SOUZA (2006). portanto, observou-se que o
modelo SR, estudado no presente trabalho apresentou uma rigidez superior ao estudado em
SOUZA (2006), podendo observar que tanto as ligações como a viga possuíram rigidezes
superiores, apresentando fissurações inferiores.
Analisando as diferenças de rotações apresentadas, é possível afirmar que a condição do
apoio na extremidade da viga, corresponde a um fator muito importante, que pode influenciar
no giro da ligação viga-pilar. Além disso, pode-se dizer que a ligação do modelo SR, da
presente pesquisa, foi capaz de mobilizar maior momento, quando comparada com o modelo
de SOUZA (2006), indicando que a utilização do graute e da chapa metálica nos apoios
(principal diferença entre a execução das ligações empregadas na presente pesquisa e as
utilizadas em SOUZA (2006)) se mostrou com grande potencial para melhorar a capacidade
de restrição ao giro dos apoios presentes nas extremidades da viga.
Capítulo 4 – Conclusões
Bruna Catoia (2007)
140
CAPÍTULO 4
4
4
.
.
C
C
O
O
N
N
C
C
L
L
U
U
S
S
Õ
Õ
E
E
S
S
4.1 Considerações Gerais
O comportamento das vigas pré-moldadas protendidas, é diretamente afetado pela relação
momento-rotação no apoio. Portanto, embora a viga protendida apresente um comportamento
linear, o comportamento conjunto viga e ligações, é determinado pela não-linearidade
física das ligações viga-pilar.
O comportamento conjunto das vigas pré-mo ldadas com as suas ligações não tem sido
objeto de estudos experimentais, tanto na literatura nacional como na internacional, que têm
tratado a questão da caracterização da rigidez à flexão das ligações semi-rígidas de ma neira
isolada. Assim, os estudos existentes sobre o comportamento das ligações semi-rígidas em
estruturas pré-moldadas têm se restringido a caracterização da rigidez à flexão de maneira
isolada, devido principalmente à falta de uma metodologia experimental que integre
parâmetros teóricos de controle, como o fator de restrição à rotação α
R
e o procedimento
Beam-line.
Ainda que em caráter exploratório, na presente pesquisa procurou-se desenvolver uma
metodologia experimental através do ensaio de um modelo composto por uma viga
bi-apoiada e de um modelo composto por uma viga com ligações semi-rígidas, que permitiu
estimar os momentos mobilizados nos apoios, a partir dos quais foi possível avaliar a
redistribuição dos momentos, ou seja, o coeficiente de engastamento parcial. Desse modo,
com a metodologia experimental empregada, pretendeu-se integrar diversas análises teóricas
com a finalidade de tornar possível a análise dos parâmetros de rigidez da ligação e da viga
através das medidas experimentais.
Capítulo 4 – Conclusões
Bruna Catoia (2007)
141
4.2 Cumprimento dos Objetivos
Considerando o objetivo, proposto na presente pesquisa, de investigar o comportamento
conjunto de uma viga pré-moldada protendida levando em conta o efeito das ligações
semi-rígidas, foi possível a obtenção das seguintes considerações:
A partir dos ensaios realizados na presente pesquisa, foi possível avaliar o
comportamento conjunto de uma viga pré-moldada protendida com a presença de
ligações semi-rígidas em suas extremidades.
As medidas de rotações globais (em relação ao solo) nos apoios da viga pré-mo ldada
protendida foram realizadas diretamente através de clinômetros fixados nas laterais da
viga e nos eixos dos seus apoios sobre os consolos. As medidas de rotações relativas entre
a extremidade da viga e o consolo foram obtidas através de transdutores fixados nos
consolos, com pontos de referência na parte inferior da lateral da viga, no trecho do seu
apoio sobre o consolo. Dessa forma, também foi possível monitorar se os giros globais na
extremidade da viga estavam próximos ou não dos giros relativos entre a viga e o
consolo.
Na presente pesquisa, as medidas de curvatura no trecho central da viga protendida foram
realizadas através de extensômetros elétricos de base removível. Com base nos resultados
obtidos, esse procedimento foi julgado adequado, principalmente para o caso de uma viga
protendida, pois a mesma possui pequenas deformações, podendo causar imprecisões nas
leituras realizadas através de transdutores verticais. Assim sendo, pode-se dizer que a
utilização dos extensômetros elétricos de base removível mostrou-se adequada para a
obtenção de curvatura em vigas com pequenas deformações.
Os momentos atuantes nas extremidades da viga pré-moldada protendida foram
deduzidos por três métodos. No primeiro método, tais momentos foram deduzidos a partir
do momento isostático subtraído do momento obtido no meio do vão da viga bi-apoiada,
considerando a igualdade da relação entre momento e curvatura para os dois modelos
ensaiados (viga bi-apoiada e viga com ligações semi-rígidas). No segundo método, os
momentos nas extremidades foram deduzidos a partir dos fatores de restrição à rotação α
R
determinados através das relações entre as flechas obtidas com o ensaio do modelo BA e
as flechas obtidas com o ensaio do modelo SR. No terceiro método, os momentos
atuantes nas extremidades da viga foram deduzidos a partir dos fatores de restrição à
Capítulo 4 – Conclusões
Bruna Catoia (2007)
142
rotação α
R
determinados através das relações entre as rotações da viga bi-apoiada e da
viga com ligações semi-rígidas.
Com a metodologia experimental empregada, foi possível integrar diversas análises
teóricas, que permitiram estimar os momentos mobilizados nos apoios e
consequentemente avaliar a redistribuição dos momentos, ou seja, o coeficiente de
engastamento parcial. A validação desses métodos analíticos permitirá aos engenheiros
estimar o comportamento semi-rígido das ligações viga-pilar em estruturas pré-moldadas.
Essas equações são baseadas no fator de restrição à rotação, o qual pode ser facilmente
incorporado em programas de análise estrutural existentes, fornecendo estimativas mais
exatas para flechas em vigas pré-moldadas ou em estruturas semi-rígidas em esqueleto.
Com base nos resultados experimentais obtidos na presente pesquisa, a ligação viga-pilar
estudada apresentou uma rigidez à flexão da ordem de 232711 kN.m/rad para uma carga
de projeto referente a um momento elástico de 187 kN.m (E.L.U).
A viga estudada na presente pesquisa, foi capaz de mobilizar 56% do momento elástico
(187 kN.m) considerando a carga de projeto correspondente a 270 kN. Para o momento
mobilizado (104,72 kN.m), a ligação apresentou uma rigidez correspondente a
232711 kN.m/rad e através dos resultados obtidos, pôde-se observar que os pilares
apresentaram certa rotação. Todavia, pode-se afirmar que considerando a rotação nula dos
pilares, a porcentagem de engastamento parcial efetiva da ligação viga-pilar correspondeu
a um valor intermediário a 60% e 70%.
Considerando a carga correspondente ao E.L.U, observou-se que a flecha obtida no
ensaio da viga com ligações semi-rígidas correspondeu a 57% da flecha obtida no ensaio
da viga bi-apoiada. Pode-se dizer que tal fato ocorre devido a ligação viga-pilar promover
a redistribuição dos esforços ao longo da viga, alterando a sua configuração da fissuração.
Com o ensaio do modelo composto por uma viga com ligações semi-rígidas, constatou-se
um espalhamento da fissuração ao longo da região da ligação, sendo inicialmente
identificada uma fissura na interface entre a viga e o pilar, para uma carga correspondente
a 95 kN, sendo que ao alcançar a carga de projeto de 270 kN, essa mesma fissura
apresentou uma abertura correspondente a 0,35 mm. Além disso, também foi possível
observar o aparecimento de uma fissura distante 35 cm da face do pilar, para a carga de
178 kN, que posteriormente atingiu uma abertura de 0,1 mm para a carga de projeto
(270 kN). A terceira principal fissura que pôde ser identificada visualmente, surgiu a uma
distância de 75 cm da face do pilar para uma carga de 415 kN. Assim, foi possível
Capítulo 4 – Conclusões
Bruna Catoia (2007)
143
observar a formação da rótula plástica na região da ligação, não havendo a concentração
de deformação em uma única fissura.
Comparando o modelo ensaiado por SOUZA (2006), que utilizou os mesmos elementos
de pilares e as mesmas luvas rosqueadas para a fixação das armaduras negativas, pode-se
dizer que o grande aumento da rigidez da ligação obtida na presente pesquisa se deve as
melhores condições do apoio, que diferentemente da almofada empregada por
SOUZA (2006), foi realizado, na presente pesquisa, o preenchimento das interfaces
viga-pilar e nichos dos chumbadores com um graute que apresentou um módulo de
elasticidade da ordem de 43 GPa. Dessa forma, acredita-se que para o ensaio realizado em
SOUZA (2006), o principal fator que proporcionou uma pequena rigidez da ligação, está
relacionado com a utilização da almofada para o apoio da viga, que apresentou um
reduzido módulo de elasticidade, e não com a utilização das barras rosqueadas.
4.3 Avanços em Relação a Trabalhos Anteriormente Realizados
Na presente pesquisa realizou-se o primeiro ensaio, em escala real, de uma viga
pré-moldada protendida com a presença de ligações semi-rígidas compostas por armaduras de
continuidade passando através dos pilares de extremidade.
Ainda que em caráter exploratório, a investigação experimental do comportamento
conjunto da viga pré-moldada de concreto protendido e de suas ligações viga-pilar de
extremidade a partir de dois ensaios físicos, com um modelo composto por uma viga com
ligações semi-rígidas e um modelo composto por uma viga bi-apoiada, permitiu integrar toda
a conceituação teórica que envolve conceitos como fator de restrição à rotação α
R
e o método
Beam-Line, constituindo-se em um grande avanço em relação aos trabalhos anteriormente
realizados no Brasil e no exterior.
Dando prosseguimento ao trabalho apresentado em SOUZA (2006), foi possível a
utilização de todas as equações presentes na conceituação teórica, para a obtenção do
momento na extremidade da viga protendida com ligações semi-rígidas, através dos
resultados obtidos com os ensaios realizados em um modelo composto por uma viga
pré-moldada protendida bi-apoiada e um modelo composto por uma viga pré-moldada
protendida com ligações semi-rígidas. O presente trabalho contribuiu para a consolidação
Capítulo 4 – Conclusões
Bruna Catoia (2007)
144
desse procedimento de ensaio, o qual ainda não se encontra padronizado na bibliografia
internacional.
Assim, embora a presente pesquisa, apresente certa limitação em sua base de dados,
devido ao emprego de diversos equacionamentos e parâmetros teóricos de controle com o
intuito de avaliar o desempenho da rigidez das ligações e da viga pré-moldada protendida,
acredita-se que os estudos aqui realizados, contribuirão para o avanço no conhecimento sobre
o tema, além de fornecer informações para pesquisas futuras.
4.4 Sugestões para Trabalhos Futuros
Em função da elevada rigidez apresentada pelas vigas e ligações, empregadas nos ensaios
da presente pesquisa, recomenda-se que ensaios semelhantes sejam realizados com modelos
em escala reduzida.
A realização de ensaios semelhantes com modelos em escala reduzida, proporcionaria
maior facilidade na execução do mesmo, redução de custos devido à diminuição dos
elementos e facilidade na obtenção das medições. Com o emprego de modelos mais
deformáveis, as leituras seriam menos influenciadas por possíveis problemas relacionados à
sensibilidade dos equipamentos de medição. Além disso, pode-se dizer que com a utilização
de um modelo semelhante em escala reduzida, haveria maior facilidade para garantir o
travamento dos pilares de extremidade, pois ocorreria uma relação mais favorável entre a
rigidez do modelo ensaiado e a rigidez da estrutura de reação.
A presente pesquisa limita-se ao estudo do comportamento da viga pré-moldada
protendida com ligações semi-rígidas, considerando somente o carregamento vertical. Nesse
sentido, futuros estudos que permitam a análise do comportamento da ligação semi-rígida em
pórticos sob ações horizontais, seriam de grande importância.
4.5 Considerações Finais
Finalizando, acredita-se que a presente pesquisa contribuiu para o aumento de
informações a respeito do comportamento de ligações semi-rígidas presentes nas
extremidades de vigas pré-moldadas de concreto protendido. Com base nas análises dos
resultados experimentais obtidos para o modelo estudado, o engastamento parcial efetivo da
Capítulo 4 – Conclusões
Bruna Catoia (2007)
145
ligação, ou seja, a capacidade de restrição à rotação da ligação viga-pilar de extremidade no
E.L.U foi estimada como sendo um valor entre 60% e 70%, apresentando, assim, um bom
desempenho.
Embora os resultados sejam restritos aos momentos negativos, acredita-se que essa
ligação possui um elevado potencial para aplicação em pórticos solidarizados, na medida em
que o detalhe utilizado na interface entre a viga e o pilar possibilitou uma maior capacidade
de restrição ao giro da ligação.
Referências Bibliográficas
Bruna Catoia (2007)
146
R
R
E
E
F
F
E
E
R
R
Ê
Ê
N
N
C
C
I
I
A
A
S
S
B
B
I
I
B
B
L
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Apêndice A
Bruna Catoia (2007)
A-1
A
A
P
P
Ê
Ê
N
N
D
D
I
I
C
C
E
E
A
A
1 Determinação da carga a ser aplicada no ensaio da viga protendida
Para a realização dos ensaios das vigas protendidas, inicialmente atribuiu-se um valor para as
armaduras de continuidade inseridas nos pilares, que serão solidarizadas à viga com concreto
moldado no local, e posteriormente determinou-se o valor da carga de projeto a ser aplicada.
Realizaram-se os cálculos considerando a viga como sendo bi-engastada, submetida a duas
cargas concentradas, como indicado na figura 1, e considerou-se a altura útil da seção como
56 cm, ilustrada na figura 2.
FF
a=236 cm
L=572 cm
M =P.a.(L-a)/L
100 cm
M =P.a.(L-a)/L
rd
rd
Figura 1: Viga com ligações rígidas.
A
d=56 cm
s
Armadura de continuidade 4 Ø 16 mm
Figura 2: Seção transversal da viga com indicação da armadura de continuidade.
Apêndice A
Bruna Catoia (2007)
A-2
Sabendo que para uma viga bi-engastada, com duas cargas concentradas aplicadas a uma
distância “a” da extremidade, com o va lor do momento no apoio correspondente a:
)aL.(
L
a.F
M
rd
=
, determinou-se o valor da carga “F” através da armadura de continuidade.
Considerando o equilíbrio das forças atuantes na seção transversal de uma viga de seção
retangular (indicado na figura 3), foi possível determinar o momento negativo resistente de
cálculo no apoio (M
rd
), da seguinte maneira:
d
y=0,8x
z
F
p
M
b
c
F
d
A
p
w
0,85.f
cd
1
Figura 3: Viga de seção retangular com a indicação das forças internas e momento externo aplicado.
z.Fz.FM
scrd
== (1)
Wcdc
b.x.8,0.f.85,0F =
)x.4,0d).(b.x.8,0.f.85,0(M
Wcdrd
= (2)
Considerando um parâmetro adimensional
d
x
=β e substituindo na equação (2),tem-se:
ββ= )d..4,0d).(b.d..8,0.f.85,0(M
Wcdrd
).4,01).(b.d..f.68,0(M
W
2
cdrd
ββ= (3)
O parâmetro β pôde ser determinado através do valor da área de armadura de continuidade
como indicado na equação 6.
z
M
A.fF
rd
sss
== (4)
yd
Wcd
s
f).d..4,0d(
)d..4,0d).(b.d..f.68,0(
A
β
ββ
=
(5)
Apêndice A
Bruna Catoia (2007)
A-3
)b.d.f.68,0(
f.A
Wcd
yds
=β (6)
onde:
d
M : momento negativo de cálculo no apoio;
s
A : área de armadura de continuidade;
d : altura útil da seção;
W
b : largura da viga;
cd
f : resistência de cálculo do concreto à compressão;
yd
f : tensão de escoamento do aço.
Dessa forma, considerando aço CA-50, mm400b
W
=
, mm560d
=
,
2
s
mm804A =
e
MPa35f
ck
= , obteve-se:
091797,0
4,1
35
.560.400.68,0
15,1
500
.804
)b.d.f.68,0(
f.A
Wcd
yds
=
=β=β
E com o valor de
β obteve-se o valor da carga P:
).4,01).(b.d..f.68,0(M
W
2
cdrd
ββ=
m.kN18810).091797,0.4,01.(400.)560.(091797,0.
4,1
35
.68,0M
62
rd
=
=
kN135P)36,272,5.(
72,5
36,2.P
188)aL.(
L
a.P
M
rd
===
Assim, realizou-se o dimensioname nto da viga protendida considerando a aplicação de duas
cargas concentradas correspondentes a 135 kN.
Apêndice B
Bruna Catoia (2007)
B-1
A
A
P
P
Ê
Ê
N
N
D
D
I
I
C
C
E
E
B
B
1 Dimensionamento da Viga Pré-Moldada Protendida
1.1 Introdução
Para o dimensionamento da viga em estudo empregou-se protensão limitada, considerando
que a estrutura pertenceu a classe de agressividade ambiental II (agressividade moderada),
segundo a NBR 6118:2003. Como as peças foram fabricadas pela empresa Leonardi,
empregou-se protensão com aderência inicial e, portanto, a armadura de protensão foi
composta por cabos retos.
1.2 Dados da seção transversal e seção longitudinal retangular
A viga em estudo correspondeu a uma viga composta, pois a mesma era constituída uma
parte por concreto pré-moldado e outra parte por concreto moldado no local. Desse modo,
para o dimensionamento da viga consideraram-se duas fases distintas, a viga no momento da
protensão e a viga no momento do ensaio. No momento da protensão, a viga possuiu altura
correspondente a 40 cm, enquanto que no momento da realização do ensaio, a viga possuiu
altura de 60 cm, sendo a diferença de 20 cm composta por concreto moldado no local. As
duas situações descritas podem ser observadas na figura 1.
Situação da viga no momento do ensaio
Situação inicial da viga
40 cm
40 cm
40 cm
572 cm
590 cm
572 cm
590 cm
40 cm
60 cm
60 cm
Figura 1: Seção Transversal e longitudinal da viga em suas duas situações.
Apêndice B
Bruna Catoia (2007)
B-2
1.3 Materiais
1.3.1 Concreto
Foram utilizados dois tipos de concreto para a configuração da viga com seção
correspondente a 40 x 60 cm. Na viga executada pela empresa Leonardi com seção de
40 x 40 cm foi empregado concreto com MPa40f
ck
=
, e a parte da viga executada no
laboratório foi constituída por concreto moldado no local com MPa30f
ck
=
.
1.3.2 Aço
O tipo de aço de protensão utilizado correspondeu ao aço CP190-RB com tensão
correspondente a
MPa1900f
ptk
=
e
MPa1710f
pyk
=
.
As armaduras passivas utilizadas corresponderam a aço CA-50.
1.4 Características geométricas
1.4.1 Considerando a data da protensão
Foram determinadas algumas características considerando a seção transversal no momento da
protensão, equivalente ao tempo = 0.
Área.
A = 0,40.0,40 = 0,16 m
2
Momento de Inércia
4
33
m0021333,0
12
4,0.4,0
12
h.b
I ===
Módulo de resistência à flexão
Na borda inferior da seção transversal
4
i
i
m0106665,0
2,0
0021333,0
y
I
W ===
Na borda superior da seção transversal
4
si
m0106665,0WW ==
Apêndice B
Bruna Catoia (2007)
B-3
1.4.2 Considerando a data do Ensaio
Da mesma maneira que anteriormente, foram determinadas algumas características
considerando a seção transversal no momento do ensaio.
Área.
A = 0,4.0,60 = 0,24 m
2
Momento de Inércia
4
33
m0072,0
12
6,0.4,0
12
h.b
I ===
Módulo de resistência à flexão
Na borda inferior da seção transversal
4
i
i
m024,0
3,0
0072,0
y
I
W ===
Na borda superior da seção transversal
4
si
m024,0WW ==
1.5 Verificação e dimensionamento da armadura de protensão da viga
1.5.1 Na data da protensão
Inicialmente determinou-se a máxima protensão possível no tempo zero de maneira a não
causar a ruptura da seção no meio do vão, tratando-se, portanto de uma verificação de ruptura
“em vazio” de acordo com a norma NBR 6118:2003.
Dessa forma, como foi utilizado na viga em estudo protensão limitada, determinou-se a força
de protensão limitando as tensões de tração a um determinado valor, que segundo a
NBR 6118:2003 correspondeu a 1,5.
ctm
f (para seção transversal retangular).
De acordo com a mesma norma
ctm
f corresponde a resistência à tração média do concreto e
pôde ser determinada da seguinte maneira:
3
2
ckctm
)f.(3,0f =
Considerando que na data da protensão o concreto adquiriu apenas 60% de sua capacidade
resistente, obteve-se o valor de
ctm
f.
Apêndice B
Bruna Catoia (2007)
B-4
2
3
2
ctm
m
kN
2496MPa2,4960)0,3.(0,6.4f ===
Na data de protensão, ou seja, no tempo=0, a viga estava submetida apenas ao seu peso
próprio (equivalente às dimensões iniciais de 0,4 x 0,4 m), designado por
1
g
. A viga e o
diagrama de momentos podem ser observados na figura 2.
Tempo=0
M devido a g1
Apêndice B
Bruna Catoia (2007)
B-5
Considerou-se a excentricidade
m15,0e
p
=
como pode ser observado na figura 3.
CG
4,5cm
20cm
40cm
40cm
4,0cm
Armadura ativa
Armadura passiva
e =15,5cm
Figura 3: Excentricidade para ao viga na data de protensão.
Com a aplicação da protensão, as bordas da seção transversal da viga foram submetidas a
tensões como ilustradas na figura 4.
p
p
Compressão
Compressão
tração
F /A F e /W
p
Figura 4: Tensões nas bordas da seção transversal devido a protensão.
Considerando tração positiva temos:
Na borda superior
ctm
1,5.ftraçãodeTensão
ctm
pp
f.5,1
0106665,0
155,0.F
16,0
F
7,1533 +
2496.5,1
0106665,0
155,0.F
16,0
F
7,1533
pp
+
3744
0106665,0
155,0.F
16,0
F
7,1533
pp
+
kN637F
p
Apêndice B
Bruna Catoia (2007)
B-6
Empregando uma força de protensão menor que 637 kN, a peça não sofre ruptura, no meio do
vão, devido a tração excessiva na borda superior.
Área de armadura ativa
A NBR 6118:2003 estabelece que as forças de tração na armadura, durante as operações de
protensão, não devem superar os valores decorrentes das limitações das tensões no aço
correspondentes a essa situação transitória.
Desse modo, segundo a NBR 6118:2003 em caso de pré-tração a tensão da armadura de
protensão na saída do aparelho de tração deve respeitar os limites:
)RBclassedaaçospara(
f.85,0
f.77,0
pyk
ptk
pi
σ
Sabendo-se que MPa1900f
ptk
= MPa1710f
pyk
=
, assim, tem -se:
2
pi
2
2
pi
cm
kN
35,145
cm
kN
35,145171.85,0
cm
kN
3,146190.77,0
=σ
=
=
σ
kN574Fcm948,3Amm7,124cm38,4A
35,145
637
F
A
p
2
p
2
p
pi
p
p
==φ=
σ
Assim, a viga deve ser produzida com a aplicação de uma força de protensão correspondente
a 574 kN, sendo distribuída tal força para cada cabo, o que resultou em uma aplicação de
protensão correspondente a 143,5 kN por cabo.
1.5.2 Na data da realização do ensaio
Na data da realização do ensaio, ou seja, no tempo=t
ensaio
, a viga foi submetida a duas cargas
concentradas de 135 kN cada (que causaram um momento designado por
q
M
) e ao seu peso
próprio considerado anteriormente acrescido do peso próprio referente a camada de 20 cm de
concreto moldado no local (designado por g
2
). A viga e os diagramas de momento podem ser
observados na figura 5.
Apêndice B
Bruna Catoia (2007)
B-7
Tempo=tensaio
M devido as
M devido a g1
M devido a g2
cargas concentradas
8,1796 kN.m
16,3592 kN.m
318,6 kN.m318,6 kN.m
572 cm
100 cm
236 cm
40 cm
g1+g2=4,0+2,0=6,0 kN/m
135 kN 135 kN
Figura 5: Solicitações da viga no tempo=t
ensaio
.
Para a data do ensaio considerou-se a excentricidade m25,0e
p
=
ilustrado na figura 6.
CG
Armadura ativa
Armadura passiva
30 cm
e =25,5 cm
40 cm
4,5 cm
4,0 cm
60 cm
Figura 6: Excentricidade para ao viga na data de protensão.
Apêndice B
Bruna Catoia (2007)
B-8
1.6 Verificação e determinação da armadura passiva necessária na data do ensaio.
Considerando o Estado Limite Último (ELU), inicialmente determinou-se a necessidade de
armadura passiva, sendo posteriormente determinado o valor da respectiva armadura para a
viga resistir ao momento solicitante.
0,8x
40cm
d = 56cm
d = 55,5cm
z = d - 0,4x
z = d - 0,4x
2
2
1
1
F
M
z
F
t
c
F
F
s
p
Figura 7: Equilíbrio da seção transversal.
Inicialmente determinou-se a posição da linha neutra (LN) a partir do equilíbrio das forças
atuantes na seção transversal.
Como não há força externa e a força atuante no concreto, (
c
F ) deve ser igual a força atuant e
na armadura (
t
F).
ctps
FFFF ==+
O momento das forças internas em relação a qualquer ponto (em relação ao CG da armadura)
deve ser igual ao momento externo de cálculo (
s
M ). Assim, igualou-se o momento
solicitante (
sd
M ) ao momento resistido pelo concreto (
c
M).
m.kN14,3431796,83592,166,318MMMM
2g1gqsd
=
+
+=++=
1csd
z.FM =
)x4,0555,0.(4,0.x8,0.40000)x4,0d.(b.x8,0.fz.FM
ck1csd
===
Apêndice B
Bruna Catoia (2007)
B-9
cm0,5m050,0x
014,343x7104x5120
14,343)x4,0555,0.(4,0.x8,0.40000
2
==
=+
=
Com a posição da linha neutra foi possível identificar o domínio de deformação que está
situada a viga em estudo. Para que a viga se encontrasse no domínio 2 a posição da LN
deveria estar entre zero e um determinado valor obtido através das deformações do concreto e
da armadura.
cm4,14m144,0555,0.
105,3
5,3
d.x
sc
c
2
==
+
=
ε+ε
ε
=
Como a posição da LN para a viga em estudo correspondeu a 5,0 cm, pode-se dizer que a
mesma encontrou-se no domínio 2, podendo-se notar que o concreto comprimi do
correspondeu a uma região do concreto moldado no local.
Figura 8: Domínio 2. [CARVALHO E FIGUEIREDO (2005)]
Com a determinação da posição da LN, foi possível a determinação do valor da força de
protensão considerando o pré-alongamento da armadura ativa (
p
ε
), a deformação da
armadura após o contato com o concreto (
s
ε
) e as perdas de protensão.
Tabela-1: Tensão no aço σ
sd
(MPa) [VASCONCELOS (1980)].
ε(%o)
5,25 6,794 7,438 8,167 9,000 9,962 10,00 12,50 15,00 17,5
CP175
1025 1264 1316 1344 1365 1368 1368 1378 1388 1397
CP190
1025 1314 1411 1459 1482 1486 1486 1496 1507 1517
ε(%o)
20,00 22,50 25,00 27,5 30,00 32,50 35,00 37,50 40,00
CP175
1407 1416 1 426 1436 1 445 1455 1464 14,74 1484
CP190
1527 1538 1 5,48 1559 1569 1 579 1590 1600 1611
Apêndice B
Bruna Catoia (2007)
B-10
Considerou-se uma perda de protensão de 7% reduzindo a força de protensão correspondente
ao pré-alongamento determinada anteriormente de 1453 MPa. Dessa for ma a força de
protensão considerando as perdas correspondeu a 1453.0,93=1351,29 MPa.
Com a força de protensão equivalente a 1351,29 MPa, e realizando uma interpolação linear
considerando a tabela determinou-se ε
p
, da seguinte maneira:
04,7
13141411
794,6438,7
13141351
794,6
p
p
=ε
=
ε
%
0
pst
ε+ε=ε
04,1704,710
t
=+=ε %0
De acordo com a mesma tabela e realizando uma interpolação linear obteve-se:
MPa16,1515
15071517
0,155,17
1517
04,175,17
s
s
=σ
=
σ
Com a determinação da tensão de protensão determinou-se a força de protensão
correspondente, considerando o E.L.U, da seguinte maneira:
kN18,598948,3.516,151F16,1515
A
F
p
p
s
====σ
Verificação
Para verificar a necessidade de armadura passiva na viga em estudo, realizou-se uma
comparação entre o momento solicitante (
sd
M ) e o momento resistido pela armadura de
protensão (
p
M
) determinada anteriormente.
Sendo:
m.kN14,3431796,83592,166,318MMMM
2g1gqsd
=
+
+=++=
m.kN03,320)05,0.4,0555,0.(18,598z.FM
1pp
=
==
Dessa forma, observou-se que apenas a armadura de protensão não foi capaz de resistir a todo
o momento solicitante, sendo necessária a determinação de armadura passiva.
Armadura passiva
O cálculo da armadura passiva necessária foi realizado de maneira simples a partir do
equilíbrio das forças atuantes na seção, considerando flexão simples e de acordo com a
figura 7:.
Apêndice B
Bruna Catoia (2007)
B-11
Sendo:
m.kN14,3431796,83592,166,318MMMM
2g1gqsd
=
+
+=++=
m535,0)05,0.4,0555,0(z
1
=
=
m54,0)05,0.4,056,0(z
2
=
=
sdu
MM =
Determinou-se a armadura passiva da seguinte forma:
2s1pu
z).F(z)F(M +=
2ys1ppu
z).f.A(z).A(M +σ=
()
54,0.50.A535,0).516,151.948,3(14,343
s
+=
2
s
2
s
cm6,1Amm0,102cm86,0A =φ=
onde:
1
z : distância entre a força de compressão
c
F e a força correspondente a armadura ativa;
2
z : distância entre a força de compressão
c
F e a força correspondente a armadura passiva;
p
F : força na armadura ativa;
s
F : força na armadura passiva;
p
A : área da armadura de protensão;
p
σ
: tensão na armadura de protensão;
s
A : área da armadura passiva;
y
f : tensão na armadura passiva sem a consideração de coeficiente de segurança;
u
M : momento último resistido pela seção.
1.7 Determinação do momento de fissuração
Considerando o concreto protendido, o momento de fissuração (
r
M ) pôde ser determinado
da seguinte maneira:
++α=
A
N
y.
I
e.N
.f.
y
I
M
ctr
m.kN81,277M
24,0
49,533
3,0.
0072,0
255,0.49,533
5,1.16,2456.
3,0
0072,0
M
rr
=
++=
Apêndice B
Bruna Catoia (2007)
B-12
sendo
kN49,533948,3.129,135948,3.93,0.3,145A.N
pp
=
==σ=
onde:
I : momento de inércia da seção bruta;
ct
f : resistência à tração direta do concreto, correspondente a
16,24567,0.8,3508f.7,0f
ctminf,ctk
=== ;
N
: força de protensão considerando situação de serviço e as perdas de protensão;
e : excentricidade da armadura ativa;
A : área da seção transversal;
y : distância do centro de gravidade da seção a fibr a mais tracionada;
α
: fator que relaciona aproximadamente a resistência à tração na flexão com a resistência à
tração direta, equivalente a 1,5 para seções retangulares.
%81
14,343
81,277
M
M
sd
r
==
Dessa forma, observou-se que o momento de fissuração estava próximo do máximo momento
solicitante.
Utilizando a armadura ativa correspondente a 3,984 cm
2
o início da fissuração na viga ocorre
quando a carga aplicada gerar um momento superior a 277,81 kN.m.
1.8 Verificação de Ruptura
Para que não houvesse a ruptura da peça de concreto, não deveria haver tensões de tração
excessivas na borda superior da viga, e igualmente, não deveria haver tensões de compressão
excessiva na borda inferior da mesma. Portanto foi importante a realização de uma
verificação de ruptura na data de protensão.
Para a determinação da força de protensão, realizada anteriormente, foi considerado o limite
de ruptura para a tensão de tração na borda superior da viga.
Assim, foi realizada a verificação da tensão de compressão na borda inferior da viga, no meio
do vão, considerando a data de protensão. De acordo com a norma NBR 6118:2003, a tensão
de compressão no concreto não pode ultrapassar o valor correspondente a
ctk
0,7.f .
Apêndice B
Bruna Catoia (2007)
B-13
Verificação de Ruptura
Considerando tração positiva tem -se:
ctk
0,7.fcompressãodetensão
ctk
pp
f.7,0
0106665,0
155,0.F
16,0
F
7,1533 +
40000.7,0
0106665,0
155,0.18,598
16,0
18,598
7,1533 +
2800036,10897
excessivacompressãohaveráNão2800036,10897
De acordo com a norma NBR 6118:2003, quando é empregada protensão
limitada, devem ser realizadas verificações em serviço, sendo verificado o estado
limite de descompressão, considerando combinação quase permanente, e o estado
limite de formação de fissuras, considerando combinação freqüente. No entanto,
como no presente trabalho dimensionou-se uma viga visando a realização do
ensaio, sem o emprego de cargas acidentais e carregamentos provenientes de lajes,
como no caso de um projeto real, não foram realizadas as verificações em serviço.
1.9 Determinação da quantidade de cabos necessários na extremidade da viga dentro do
limite de formação de fissuras.
Considerando a viga bi-apoiada, na seção do apoio o momento é nulo, não contribuindo para
equilibrar as tensões devido a protensão. Assim sendo, a seção do apoio da viga correspondeu
a seção mais desfavorável na data da protensão, e foi verificada com o intuito de evitar
possíveis danos ao concreto nessa região devido a um excesso de tensões de tração na
mes ma.
Considerando armadura de 12,7 mm cuja área corresponde a 0,987 cm
2
tem-se:
pipp
.AF σ=
n.46,14335,145.987,0.nF
p
==
Considerando seção do apoio e borda superior.
3744
W
e.F
A
F
s
ppp
+
Apêndice B
Bruna Catoia (2007)
B-14
3744
0106665,0
155,0.n.46,143
16,0
n.46,143
+
15,3n
Dessa forma, observou-se que para não haver a formação de fissuras na extremidade da viga
deveriam ser empregados apenas 3 cabos de protensão. Assim, foi necessário que a aderência
dos cabos fosse controlada. Com isso, determinou-se em que região da viga poderiam ser
utilizados 4 cabos com aderência.
Considerando a data da protensão, identificou-se na seção onde puderam ser empregados 4
cabos com aderência, da seguinte forma:
3744
0106665,0
M
0106665,0
155,0.46,143.4
16,0
46,143.4
1g
+
m.kN75,10M
1g
Com isso, determinou-se a distância correspondente ao momento como pode ser observado
na figura 9:.
Tempo=0
M devido a g1
3 cabos com
aderência 4 cabos com
aderência
236 cm
100 cm
572 cm
118 cm 168 cm
10,75 kN.m
16,3592 kN.m
g1 = 4,0 kN/m
Figura 9: Diagrama de momento com indicação dos cabos.
Apêndice B
Bruna Catoia (2007)
B-15
1.10 Consideração das ligações semi-rígidas.
Na presente pesquisa foi ensaiada uma viga pré-moldada protendida considerando ligações
semi-rígidas, que apresentou um comportamento diferente das ligações flexíveis consideradas
no dimensionamento da viga. Dessa forma, observou-se que para a situação com ligações
semi-rígidas houve um momento negativo nos apoios que juntamente com a protensão,
causaram um excesso de tração na borda superior dos apoios e uma concentração de tensões
de compressão na parte inferior da extremidade da viga. Então, notou-se a necessidade de um
maior controle da protensão na região dos apoios.
Determinou-se o diagrama de momento para a viga ensaiada considerando as ligações
bi-engastadas através do Programa
Ftool, sendo possível observar que o momento negativo
estendeu-se dos apoios até uma distância correspondente a 1,38 m, como pode ser observado
na figura 11.
1.38m1.38m
Figura 11: Momento para viga bi-engastada.
Entretanto, quando as ligações semi-rígidas são empregadas, ocorre certa deformabilidade da
ligação, o que ocasiona uma redução no momento negativo e um aumento no momento
positivo. Dessa forma, a distância do momento negativo até o apoio considerando as ligações
semi-rígidas seria inferior ao obtido com as ligações rígidas.
Assim, realizou-se uma redução da protensão na região da extremidade da viga através do
isolamento de duas armaduras ativas. O isolamento dessas duas armaduras foi realizado na
distância correspondente a 1,38 m da extremidade da viga. Esse valor foi estimado tendo
como base a distância do momento negativo considerando a viga bi-engastada.
A partir dessas colocações foi realizado um novo diagrama de interrupção de aderência que
pode ser observado na figura 13.
Apêndice B
Bruna Catoia (2007)
B-16
Distância do eixo
Cabos com aderência
2
4
138 452
590
Diagrama de Interrupção da Aderência
236 cm
100 cm
572 cm
Figura 13: Diagrama de interrupção de aderência considerando a viga com ligações semi-rígidas.
Com o intuito de ancorar as bielas comprimidas da região do apoio da viga, foram
empregadas armaduras em laço nas extremidades da viga protendida, além das armaduras de
cisalhamento presentes na mesma.
Apêndice C
Bruna Catoia (2007)
C-1
A
A
P
P
Ê
Ê
N
N
D
D
I
I
C
C
E
E
C
C
1 Dimensionamento das alças de içamento das vigas
Para a produção das alças de içamento foram empregadas cordoalhas de 12,7 mm.
Constatou-se, de acordo com a empresa Leonardi, que as vigas seriam transportadas de forma
que as alças ficariam submetidas a esforços inclinados 45° em relação a vertical.
1.1 Determinação do esforço solicitante da alça de içamento
De acordo com a figura 1 determinou-se o esforço (F
al
) que solicitou a alça de içamento
quando do transporte da viga.
θ
G
F
β
al
Figura 1: Alça submetida ao esforço F
al
. [adaptado de EL DEBS (2000)].
Dessa forma, a força F
al
correspondeu a uma derivação da força correspondente ao peso
próprio do elemento (G). Um esquema do levantamento de uma viga através das alças de
içamento pode ser observado na figura 2.
Apêndice C
Bruna Catoia (2007)
C-2
Alça
β
G
Alça
Figura 2: Esquema do levantamento da viga através das alças de içamento.
Inicialmente, logo após serem fabricadas, as vigas possuíram uma altura correspondente a
40 cm, e no momento do ensaio as vigas já mediam 60 cm de altura, apresentando um maior
peso próprio.
Considerando:
peso específico do concreto
3
c
m
kN
25=γ
área da seção transversal da viga considerando o transporte da fábrica até o
laboratório
22
c
m16,0cm160040.40A ===
área da seção transversal da viga considerando o transporte após a realização do
ensaio
22
c
m24,0cm240040.60A ===
comprimento da viga m9,5L =
Assim, considerando o transporte da fábrica até o laboratório, temos:
kN6,2390,5.16,0.25GL.A.G
cc
=
=
γ
=
Considerando °= 45
β
a força F
al
pode ser determinada da seguinte maneira:
kN69,16
45cos.2
6,23
F
cos.2
G
F
44
Apêndice C
Bruna Catoia (2007)
C-3
kN03,25
45cos.2
4,35
F
cos.2
G
F
alal
=
°
=
β
=
1.1 Determinação do comprimento de embutimento para a alça de içamento
Através da tabela 3.8 de EL DEBS (2000), considerando laço simples e utilizando cordoalha
17,2 mm, pôde-se obter o comprimento de embutimento correspondente a uma força F
a
l
determinada.
De acordo com essa tabela, para que a alça inclinada 45° em relação a vertical, considerando
laço simples e utilizando cordoalha 17,2 mm, suportasse uma força tf2,2F
al
= seria
necessário um comprimento de em butimento correspondente a 41 cm.
Dessa forma, para que as alças dimensionadas suportassem as vigas utilizadas na presente
pesquisa após a fabricação, foi necessário fazer com que elas possuíssem um comprimento de
embutimento de 40 cm .
De acordo com a mesma tabela, para que as alças inclinadas em 45° considerando laço
simples e utilização de cordoalhas de 17,2 mm suportassem uma força tf6,3F
al
= foi
necessário um comprimento de embutimento correspondente a 56 cm. Entretanto como as
vigas ensaiadas tinham parte de sua seção resistente (uma altura de 20 cm) preenchida com
concreto moldado no local, as alças que inicialmente possuíam 40 cm de comprimento de
embutimento, tinham ao final do ensaio um comprimento de embutimento superior ao
necessário (indicado na tabela 3.8 em EL DEBS (2000)).
Na figura 3 pode-se observar o detalhe das alças necessárias ao içamento das vigas
protendidas.
Apêndice C
Bruna Catoia (2007)
C-4
A
l
ç
a
p
ara i
ç
amento C=185 cm
2040
Alça para içamento
4
5
°
1
0
4
5
4
0
r
=
5
4
5
°
1
5
r
=
5
8
5
8
5
Cordoalha de Ø 12,7 mm
Figura 3: Detalhe das alças empregadas nas vigas protendidas.
Apêndice D
Bruna Catoia (2007)
D-1
A
A
P
P
Ê
Ê
N
N
D
D
I
I
C
C
E
E
D
D
1 Dimensionamento do consolo
1.1 Caracterização do consolo
Para o dimensionamento do consolo, determinou-se a força resultante da viga que solicitou o
mesmo quando foram aplicadas as cargas previstas. A viga com as solicitações e as reações
nos apoios pode ser observada na figura 1.
Apêndice D
Bruna Catoia (2007)
D-2
Na figura 1 está ilustrado o valor da carga proveniente da viga protendida estudada na
presente pesquisa, denominada como “V” e correspondente a 152,16 kN. Para o
dimensionamento do consolo em estudo, utilizou-se o coeficiente de segurança equivalente a
1,4 para a majoração da carga atuante no mesmo. Assim, para os cálculos utilizou-se
kN024,213V
d
= .
De acordo com a NBR 9062:2006, o tipo de cálculo utilizado para o adequado
dimensionamento dos consolos pode ser determinado através da relação:
d
a
onde :
a: distância entre o ponto de aplicação da carga V e o pilar;
d: altura útil da seção.
De acordo com o valor da relação
d
a
obtida, o consolo pode ser dimensionado da seguinte
mane ir a:
Para 1,0 <
d
a
2,0
o dimensionamento pode ser realizado considerando o
consolo como uma viga em balanço;
Para 0,5 <
d
a
1,0
o consolo é considerado curto e o dimensionamento
deve ser realizado utilizando o modelo biela e tirante;
d
a
0,5
o consolo é considerado muito curto e o dimensionamento deve
ser realizado utilizando o modelo atrito e cisalhamento.
Dessa forma, foi determinada a relação
d
a
para o consolo estudado.
Sendo a altura do dente 40,0 cm e considerando 1,5 cm de cobrimento, determinou-se o
valor de d = 38,5 cm.
Considerando a = 20,0 cm tem-se:
d
a
=
5,38
20
= 0,52 > 0,5
Apêndice D
Bruna Catoia (2007)
D-3
De acordo com a relação
d
a
determinada, o consolo estudado foi dimensionado como um
consolo curto, ou seja, através do método biela e tirante.
1.2 Determinação da armadura do tirante
De acordo com a NBR 9062:2006, a armadura do tirante foi determinada considerando o
modelo biela e tirante da seguinte maneira:
yd
d
SVtir,S
f
H
AA +=
onde:
²cm035,3
15,1
50
024,213
).
5,38
20
1,0(
f
F
).
d
a
1,0(A
yd
d
SV
=+=+=
SV
A : área de armadura disposta na direção vertical;
tir,S
A : armadura do tirante;
d
H : força horizontal;
yd
f : resistência de cálculo do aço à tração.
De acordo com a NBR 9062:2006, em seu item 7.3.9, para elementos assentados com
argamassa, o valor da força horizontal
d
H pode ser considerado como 0,5 de
d
F.
Assim:
kN51,1065,0.024,213H
d
==
²cm50,5
15,1
50
51,106
035,3
f
H
AA
yd
d
SVtir,S
=+=+= 5 φ 12,5 mm A
s
= 6,1 cm²
Armadura mínima do tirante
15,0w04,0 <<
057,0
35.5,38.40
500.1,6
f.d.b
f.A
w
ck
yktir,S
=== logo “w” está dentro do intervalo!
Apêndice D
Bruna Catoia (2007)
D-4
onde:
w : taxa mínima de armadura;
b : largura do consolo;
yk
f : resistência característica do aço à tração;
ck
f : resistência característic a do concreto à compressão.
1.3 Determinação da armadura de costura
De acordo com EL DEBS (2000), para consolos curtos a armadura de costura é obtida da
seguinte forma:
²cm44,21,6.4,0A4,0A
tir,Ssh
===→ 6 φ 8 mm A
s
= 3,0 cm²
onde:
sh
A : armadura de costura.
Com isso, a armadura de costura corresponde a
6φ 8 mm, equivalendo a uma área de 3,0 cm
2
.
1.4 Determinação dos estribos verticais
De acordo com EL DEBS (2000), os estribos verticais podem ser obtidos da seguinte
mane ir a:
²cm24,240.40.0014,0h.b%.14,0A
SW
=== 5 φ 8 mm A
SW
= 2,5 cm²
onde:
SW
A : área de armadura transversal (estribo).
Verificação
De acordo com EL DEBS (2000), a área da armadura do estribo vertical, deve ser:
tir,SSW
A.2,0A >
2
SWtir,SSW
cm22,11,6.2,0AA.2,0A ==>
Portanto, a armadura do estribo está verificada pois:
Apêndice D
Bruna Catoia (2007)
D-5
2
SW
cm22,1A >
1.5 Verificação do esmagamento do concreto
De acordo com EL DEBS (2000) para consolos curtos, não há esmagamento do concreto se a
tensão de cisalhamento for menor do que um det erminado valor limite.
wuwd
ττ
²m/kN27,1383
385,0.40,0
024,213
d.b
V
d
wd
===τ→ 1,4 MPa
()
MPa33,4
52,0)9,0(.4,1
35.1.18,0
d
a
)9,0(
f..18,0
2
2
2
cd
wu
=
+
=
+
β
=τ
MPa33,4MPa4,1
wuwd
=τ<=τ→ Não há esmagamento da biela de concreto
onde:
wd
τ : tensão convencional de cisalhamento;
wu
τ : valor último da tensão de cisalhamento;
β : ângulo de inclinação da biela comprimida;
cd
f : resistência de cálculo do concreto à compressão.
1.6 Armadura construtiva
Foram empregadas armaduras construtivas para a fixação da armadura do tirante,
correspondendo a
1φ 12,5 mm
Também foram empregadas armaduras construtivas, com o intuito de aumentar a rigidez do
consolo, correspondentes a
2φ 12,5 mm.
Apêndice D
Bruna Catoia (2007)
D-6
3 N3
5 N1
2 N5
6 N4
1 N2
Figura 3: Detalhamento do consolo.
N1-5 Ø 12.5 C=92
N3 - 4 Ø 8.0 C=164
37
72
72
20
35
37
N4-4 Ø 8 C=245 c 5,0 cm
32
32
N2 - 1 Ø 12.5 C = 37
7.0
10.0
N1-5 Ø 12.5 C=92
7.0
72
10
10
Armadura do tirante
7.0
Armadura de costura
Estribo vertical
Armadura construtiva
Armadura construtiva
N5-2 Ø 12.5 C=72
Figura 3: Armaduras do consolo.
Apêndice E
Bruna Catoia (2007)
E-1
A
A
P
P
Ê
Ê
N
N
D
D
I
I
C
C
E
E
E
E
1 Desenvolvimento de um Procedimento para o Dimensionamento de uma Viga
Protendida com Ligações Semi-Rígidas
Com a bibliografia apresentada foi possível o desenvolvimento de um procedimento para o
dimensionamento de uma viga protendida considerando as ligações semi-rígidas, com a
presença de chumbadores e armaduras de continuidade inseridas nos pilares.
Para a realização do projeto da viga, foram consideradas duas situações: a primeira
Apêndice E
Bruna Catoia (2007)
E-2
a) b)a) b)
Figura 1: a) Situação em que a viga está bi-apoiada , b) situação em que a viga está bi-engastada.
1.1 Materiais
Para o dimensionamento da viga utilizou-se concreto com f
ck
= 40 MPa. Considerou-se que a
o concreto apresentou cerca de 60% de sua capacidade resistente na data de protensão.
Utilizou-se aço de protensão correspondente ao CP190-RB com tensão correspondente a
MPa1900f
ptk
= e MPa1710f
pyk
= .
Algumas características da seção de concreto no momento da protensão podem ser
observadas na tabela 1.
Tabela 1 - Características considerando a seção transversal no momento da protensão.
b (m) h (m) Área (m
2
) I(m
4
) W
i
=W
s
0,38 0,4 0,152 0,0020267 0,010133
onde:
b: largura da viga;
h: altura da viga;
I: momento de inércia da seção bruta;
Wi:módulo de resistência à flexão na borda inferior da viga;
Ws: módulo de resistência à flexão na borda superior da viga.
Apêndice E
Bruna Catoia (2007)
E-3
1.2 Determinação da Armadura de Protensão
Segundo a NBR 6118:2003 em caso de pré-tração a tensão da armadura de protensão na saída
do aparelho de tração deve respeitar os lim ites:
)RBclassedaaçospara(
f.85,0
f.77,0
σ
pyk
ptk
pi
(1)
Sabendo-se que MPa1900f
ptk
= MPa1710f
pyk
=
, assim, tem -se:
2
pi
2
2
pi
cm
kN
35,145
cm
kN
35,145171.85,0
cm
kN
3,146190.77,0
=σ
=
=
σ
Os diagramas dos momentos fletores, para cada situação, estão ilustrados nas figuras 2 e 3.
gv+gl=3,8+25=28,8 kN/m
Situação antes da solidarização da viga
116,96 kN.m
M devido
gv: peso próp rio da viga
gl: peso prório da laje
a gv+gl
40cm
570 cm
Figura 2 : Viga bi-apoiada (primeira situação)
Apêndice E
Bruna Catoia (2007)
E-4
sobrecarga+capa=60+12,5=72,5 kN/m
Situação após a solidarização da viga
98,14 kN.m
M devido a
196,3 kN.m 196,3 kN.m
sobrecarga e capa
570 cm
65 cm
Figura 3: Viga bi-engastada (segunda situação)
Realizando-se a verificação de ruptura considerando o estado em vazio, verificou-se o limite
para a tensão de ruptura do concreto equivalente a
ctm
f.5,1 , e consequentemente obteve-se um
valor limite para a força de protensão (
p
F
) equivalente a 640 kN. Nessa verificação de
ruptura, considerou-se que o concreto adquiriu cerca de 60% de sua capacidade resistente.
Na borda superior
ctm
f.5,1traçãodeTensão
ctm
s
ppp
s
gv
f.5,1
W
e.F
A
F
W
M
+
(2)
2496.5,1
010133,0
15,0.F
152,0
F
75,1522
pp
+
kN40,640F
p
Sendo:
3
2
ckctm
)f.(3,0f = (3)
MPa496,2)40.6,0.(3,0)f.(3,0f
3
2
3
2
ckctm
===
Apêndice E
Bruna Catoia (2007)
E-5
onde:
ctm
f : resistência à tração média do concreto
Desse modo obteve-se uma área de armadura ativa dentro dos limites estabelecidos para
evitar a ruptura da peça.
pi
p
p
F
A
σ
(4)
kN84,573Fcm984,3Amm7,124cm4,4
35,145
640
F
A
p
2
p
2
pi
p
p
==φ=
σ
onde:
p
A : área de armadura ativa;
pi
σ : tensão de protensão inicial;
p
F : força de protensão devido a armadura ativa determinada.
1.3 Verificação e Determinação da Armadura Passiva Positiva
Para a verificação da necessidade de armadura passiva, determinou-se a deformação total da
armadura ativa quando na situação final. O equilíbrio das forças na seção transversal pode ser
observado na figura 4.
M
0,8x
Z
Fc
Fp
1
s1
Apêndice E
Bruna Catoia (2007)
E-6
Como não há força externa, a força atuante no concreto (
C
F
) deve ser igual a força atuante na
armadura de protensão (
P
F
). Assim:
1Csd
z.FM =
(5)
Como
=
+= m.kN06,4114,1).96,1168,1.14,98(M
sd
temos:
°°
°
=ε=== /10domínioIIcm3,8x)x4,06,0.(38,0.x8,0.f06,411z.FM
scd1Csd
onde:
s
ε
: deformação da armadura;
x : posição da linha neutra.
Considerando 20% de perdas a tensão de protensão (
p
σ ) será:
2
p
c
m
kN
24,1168,0.3,145 ==σ
Com a tensão de protensão correspondente a MPa1162 , determinou-se o pré-alongamento
da armadura ativa, denominado como
p
ε , através da tabela 2.
Tabela 2: Tensão no aço σsd (MPa) [VASCONCELOS (1980)].
ε(%o)
5,25 6,794 7,438 8,167 9,000 9,962 10,00 12,50 15,00 17,5
CP175
1025 1264 1316 1344 1 365 1368 1368 1378 1388 1397
CP190
1025 1314 1411 1459 1 482 1486 1486 1496 1507 1517
ε(%o)
20,00 22,50 25,00 27,5 30,00 32,50 35,00 37,50 40,00
CP175
1407 1416 1426 1436 1445 1455 1464 14,74 1484
CP190
1527 1538 15,48 1559 1569 1 579 1590 1600 1611
Assim, determinou-se que
°°
°
= /0,6ε
p
. Com isso, tem-se:
2
sdspt
c
m
kN
1,151tabeladaatravés/16100,6 =σ=+=ε+ε=ε
°°
°
Determinou-se o momento resistido pela armadura ativa (
p
M
) com
56,0
1
=
z .
1sdp1pp
z..Az.FM σ== (6)
m.kN0,33056,0.1,151.948,3z..Az.FM
1sdp1pp
=
=σ==
Apêndice E
Bruna Catoia (2007)
E-7
Como apenas a armadura ativa não é capaz de resistir ao momento solicitante de cálculo
(m.kN06,411M
sd
= ), observou-se a necessidade de armadura passiva (
vão,s
A
), considerando
)x.4,062,0(z
2
=
e sendo obtida da seguinte maneira:
2ydvão,s1sdp2s1psd
z.f.Az..Az.Fz.FM +σ=+=
(7)
²cm2,3Amm104²cm8,2
59,0.48,43
56,0.1,151.9,306,411
A
vão,svão,s
=φ=
=
1.4 Verificações em Serviço
As verificações em serviço corresponderam a verificação do estado limite de descompressão
(considerando combinação quase-permanente), e o estado limite de formação de fissuras
(considerando combinação freqüente). A verificação do estado limite de descompressão foi
realizada através da verificação da existência de compressão na armadura ativa quando a viga
se encontrou na segunda situação. No estado limite de formação de fissuras foi verificado se a
tensão de tração na borda mais solicitada não ultrapassou o valor limite equivalente a
ctm
f.5,1
sendo:
MPa508,3)40.(3,0)f.(3,0f
3
2
3
2
ckctm
===
Para a realização das verificações em serviço, foram determinados os parâmetros indicados
na tabela 3.
Tabela 3 - Características considerando a seção transversal com a armadura solidarizada.
b (m) h (m) Área (m
2
) I(m
4
) y (m) W
i
=W
s
(m³)
0,38 0,65 0,247 0,008696458 0,325 0,026757
Estado Limite de Descompressão
kN54,596948,3.1,151.AF
sdpp
=
=σ=
m.kN96,116
8
7,5).258,3(
8
L).gg(
M
2
2
lv
1g
=
+
=
+
=
Apêndice E
Bruna Catoia (2007)
E-8
m.kN92,16
24
7,5.5,12
24
L.g
M
2
2
capa
2g
===
m.kN225,81
24
7,5.60
24
L.q
M
2
2
aargsobrec
q
===
onde:
1g
M : momento devido ao peso próprio da viga e da laje;
2g
M : momento devido a capa de concreto;
q
M
: momento devido a sobrecarga.
Borda Inferior
Considerando tração positiva e combinação quase perm anente.
0
W
e.F
A
F
W
.M
W
M
W
M
i
ppp
i
2q
i
2g
i
1g
ψ
+++ (8)
0
010133,0
275,0.54,596
152,0
54,596
026757,0
4,0.225,81
010133,0
92,16
010133,0
96,116
+++
serviçoemcompressãodetensãoHaverá06,5687
Estado Limite de Formação de Fissuras
Borda Superior
Considerando tração positiva e combinação freqüente.
ck
s
ppp
s
1q
s
2g
s
1g
f.7,0
W
e.F
A
F
W
.M
W
M
W
M
+
ψ
(9)
40000.7,0
010133,0
275,0.54,596
152,0
54,596
026757,0
6,0.225,81
010133,0
92,16
010133,0
96,116
+
excessivacompressãodetensõeshaverãoNão280007,2768
Borda Inferior
Considerando tração positiva e combinação freqüente
ctm
s
ppp
s
1q
s
2g
s
1g
f.5,1
W
e.F
A
F
W
.M
W
M
W
M
ψ
+++ (10)
3508.5,1
010133,0
275,0.54,596
152,0
54,596
026757,0
6,0.225,81
010133,0
92,16
010133,0
96,116
+++
traçãodeaeriorsupcompressãodeTensão52625,5080
Apêndice E
Bruna Catoia (2007)
E-9
onde:
1
ψ : fator de redução de combinação freqüente para E.L.S;
2
ψ : fator de redução de combinação quase permanente para E.L.S.
1.5 Determinação do Momento de Fissuração para a Viga Protendida
Após as verificações, determinou-se o momento de fissuração (
r
M
) da viga em estudo.
++α=
A
N
y.
I
e.N
.f.
y
I
M
p
ctr
(11)
m.kN56,274
247,0
07,459
325,0.
008696,0
275,0.07,459
5,1.2456.
325,0
008696,0
M
r
=
++=
sendo kN07,459948,3.28,116948,3.8,0.35,145A.8,0.N
ppi
=
Apêndice E
Bruna Catoia (2007)
E-10
cd
2
w
sd
f.d.b
M
KMD =
(12)
9697,0KZ04938,0
4,1
40000
.62,0.38,0
22,147.4,1
f.d.b
M
KMD
2
cd
2
w
sd
====
Com o valor de KMD, e através da tabela 3.1 de CARVALHO e FIGUEIREDO (2005),
obteve-se o valor de KZ, que permitiu a determinação da armadura negativa necessária da
seguinte maneira:
S
sd
S
f.d.KZ
M
A =
(13)
2
S
2
S
sd
S
cm42,9Amm203cm88,7
15,1
50
.62,0.9697,0
22,147.4,1
f.d.KZ
M
A =φ===
1.7 Determinação do Momento de Fissuração para a Região da Ligação
Determinou-se o momento de fissuração considerando a região da ligação entre a viga e o
pilar:
y
I.f.
M
ct
R
α
=
(14)
m.kN58,98cm.kN77,9857
5,32
10.696,8.10.2456.5,1
y
I.f.
M
54
ct
R
===
α
=
1.8 Determinação do Fator de Restrição (
R
α
) e da Porcentagem de Engastamento
Considerando E.L.U
Alguns parâmetros considerando a região da ligação estão ilustrados na tabela 4.
Apêndice E
Bruna Catoia (2007)
E-11
Tabela 4 – Parâmetros determinados considerando a região da extremidade da viga para E.L.U e
considerando fator de restrição a rotação de 0,5 .
r
M
(kN.m)
a
M
(kN.m)
extr,serv
M
(kN.m)
S
A
(cm²)
h
A
(cm²)
c
E
(kN/mm²)
e
α
p
l
(mm)
98,58 164,89 117,78 9,42 2516,43 35 6,0 725
I
I
(mm
4
)
I
x
(mm)
ΙΙ
Ι
(mm
4
)
II
x
(mm)
yk
f
(N/mm²)
s
E
(kN/mm²)
d
(mm)
e
l
(mm)
9,04.10
9
330,07 1,50.10
9
121,1 500 210 602 450
onde:
a
M :momento atuante na extremidade da viga considerando 5,0
R
=
α
que corresponde a 60%
de engastamento
;
extr,serv
M : momento de serviço na extremidade da viga considerando 5,0
R
=
α
;
S
A :área de armadura negativa;
h
A :área da seção homogeneizada;
c
E :módulo de elasticidade de concreto;
e
α :relação entre os módulos de deformação longitudinal do aço e do concreto;
p
l : comprimento da região da ligação;
e
l : comprimento de embutimento dentro do pilar;
I
I
: momento de inércia no estádio I;
ΙΙ
Ι
: momento de inércia no estádio II;
I
x : posição da linha ne utra no estádio I;
II
x : posição da linha neutra no estádio II;
yk
f : tensão de escoamento do aço;
s
E :módulo de elasticidade do aço;
d : altura útil da viga.
Com tais parâmetros foi possível determinar a rigidez secante da ligação (
sec
R ) e do
momento de inércia equivalente da extremidade (
extr,eq
I
), da seguinte forma:
Apêndice E
Bruna Catoia (2007)
E-12
1
IIcs
p
2
Ss
e
sec
I.E
l
d.A.E.9,0
l
R
+=
rad
mm.kN
10.34,4
10.5059,1.417,35.85,0
725
602.10.42,9.210.9,0
450
R
7
1
922
sec
=
+=
II
3
a
R
I
3
a
R
extr,eq
I.
M
M
1I.
M
M
I
+
=
499
3
9
3
extr,eq
mm10.1,310.50,1.
89,164
58,98
110.04,9.
89,164
58,98
I =
+
=
Também determinou-se alguns parâmetros considerando a região do meio do vão, como
ilustrado na tabela 5.
Tabela 5 – Parâmetros determinados considerando a região do meio do vão da viga para E.L.U e
considerando fator de restrição a rotação de 0,5.
r
M
(kN.m)
a
M
(kN.m)
vão,serv
M
(kN.m)
p
A
(cm²)
vão,S
A
(cm²)
h
A
(cm²)
c
E
(kN/mm²)
e
α
e
l
(mm)
p
l
(mm)
274,56 411,06 293,61 3,948 3,2 2504,12 35 5,65 450 725
I
I
(mm
4
)
I
x
(mm)
II
I
(mm
4
)
II
x
(mm)
yk
f
(N/mm²)
sp
E
(kN/mm²)
s
E
(kN/mm²)
p
d
(mm)
s
d
(mm)
8,97.10
9
328,9 1,20.10
9
104,7 500 200 210 600 602
onde:
p
d : altura útil considerando a armadura ativa positiva;
s
d : altura útil considerando a armadura passiva positiva.
Determinou-se o valor do momento de inércia equivalente do vão (
vão,eq
I ), da seguinte forma:
II
3
a
R
I
3
a
R
vão,eq
I.
M
M
1I.
M
M
I
+
=
499
3
9
3
vão,eq
mm10.51,310.20,1.
06,411
56,274
110.97,8.
06,411
56,274
I =
+
=
Com a determinação de
extr,eq
Ie
vão,eq
I determinou-se o momento de inércia equivalente da
viga (
viga,eq
I ) da seguinte maneira:
Apêndice E
Bruna Catoia (2007)
E-13
4999
vão,eqextr,eqviga,eq
mm10.39,310.51,3.7,010.1,3.3,0I.7,0I.3,0I =+=+=
Dessa forma, foi possível a determinação do fator de restrição
R
α
da seguinte maneira:
40,0
10.7,5.10.34,4
10.39,3.417,35.3
1
L.R
)I.E.(3
1
1
37
9
1
sec
sec
R
=
+=
+=α
Através do fator de restrição determinou-se a porcentagem de engastamento da seguinte
mane ir a:
%50
40,02
40,0.3
2
.3
M
M
R
R
Eng
extr
=
+
=
α+
α
=
Para a determinação das armaduras positivas, estimou-se o fator de restrição
R
α como sendo
igual a 0,5, o que correspondeu a um aumento de 80% no momento no meio do vão e uma
redução de 40% do momento na extremidade da viga. Após o dimensionamento da viga,
obteve-se o valor do fator de restrição correspondente a 0,40 que se apresentou diferente do
valor estimado, indicando que no ELU o momento no meio do vão foi maior que o estimado
e, portanto, foi necessária uma área de arma dura maior do que a calculada. Dessa forma,
realizaram-se os cálculos novamente da mesma maneira que descrito, considerando o fator de
restrição correspondente a 0,4. Entretanto para a determinação da armadura negativa foi
mantida a redução de 25% no momento de engastamento com o intuito de manter a ligação
com elevada resistência mesmo para situação de serviço.
Assim, obtiveram-se os parâmetros indicados na tabela 6 e posteriormente da tabela 7.
Tabela 6 – Parâmetros determinados considerando a região do meio do vão da viga para E.L.U e
considerando fator de restrição a rotação de 0,4.
r
M
(kN.m)
a
M
(kN.m)
vão,serv
M
(kN.m)
p
A
(cm²)
vão,S
A
(cm²)
h
A
(cm²)
c
E
(kN/mm²)
e
α
e
l
(mm)
p
l
(mm)
274,56 438,54 313,24 3,948 4,0 2508,06 35 5,65 450 725
I
x
(mm)
I
I
(mm
4
)
II
I
(mm
4
)
vão,eq
I
(mm
4
)
II
x
(mm)
yk
f
(N/mm²)
s
E
(kN/mm²)
p
d
(mm)
s
d
(mm)
329,33 9,0.10
9
1,32.10
9
3,2.10
9
110,1 500 200 600 602
Apêndice E
Bruna Catoia (2007)
E-14
Tabela 7– Parâmetros determinados considerando a região da extremidade da viga para E.L.U, e
considerando fator de restrição a rotação de 0,4.
r
M
(kN.m)
a
M
(kN.m)
extr,serv
M
(kN.m)
S
A
(cm²)
h
A
(cm²)
c
E
(kN/mm²)
e
α
e
l
(mm)
p
l
(mm)
98,58 137,41 98,15 9,42 2516,43 35 6,0 450 725
Apêndice E
Bruna Catoia (2007)
E-15
estimando uma porcentagem de engastamento com o intuito de diminuir os cálculos até a
estabilização dos resultados.
1.9 Determinação do Fator de Restrição (
R
α
) e da Porcentagem de Engastamento
Considerando Situação de Serviço
Realizou-se a determinação da porcentagem de engastamento considerando situação de
serviço, com o intuito de verificar se a porcentagem de engastamento adotado para a
diminuição do momento de engastamento perfeito (na extremidade) empregado no cálculo da
armadura negativa, pode ser utilizada sem que a ligação sofra tensões superiores a capacidade
da área de armadura empregada. Se a porcentagem de engastamento determinada em serviço,
corresponder a um valor superior ao considerado (75%), a área de armadura utilizada, não
será capaz de resistir ao momento de serviço atuante na ligação.
Determinou-se o momento de inércia equivalente na extremidade da viga considerando
situação de serviço e
4,0
R
=α , correspondendo a uma porcentagem de engastamento de
50%.
Como o momento de serviço atuante na extremidade
a
M é inferior ao momento de fissuração
r
M m.kN58,98Mm.kN15,985,0.3,196M
ra
=
<
== o momento de inércia equivalente
da extremidade correspondeu ao momento de inércia no estádio I.
49
Iextr,eq
mm10.04,9II ==
Determinou-se alguns parâmetros necessários ao cálculo da rotação
serv
φ
, que estão ilustrados
na tabela 8.
Tabela 8 – Parâmetros necessários a determinação da rotação
serv
φ
, considerando a extremidade da viga.
s
σ
(kN/mm)
extr,serv
M
(kN.m)
y
M
(kN.mm)
c
E
(kN/mm²)
s
E
(kN/mm²)
d
(mm)
0,1947 98,15 2,55. 10
5
35 210 602
I
x (mm)
II
x (mm)
extr,eq
I (mm
4
)
p
l (mm)
e
l (mm)
eq
z (mm)
330,44 121,1 9,04. 10
9
725 450 535,13
Determinou-se a rotação em serviço (
serv
φ
) correspondente ao momento de serviço
(
extr,serv
M).
Apêndice E
Bruna Catoia (2007)
E-16
+
=
5,0
y
II
5,0
y
.Ieq
M
M
.x
M
M
1x.
3
1
dz
mm13,535
10.55187,2
10.15,98
.1,121
10.55187,2
10.15,98
1.44,330.
3
1
602z
5,0
5
3
5,0
5
3
eq
=
+
=
mm
kN
1947,0
13,535.10.42,9
10.15,98
z.A
M
2
3
eqs
s
===σ
5,0
y
extr,serv
e
s
s
p
extr,eqc
extr,serv
serv
M
M
.l.
d.E
l.
I.E
M
σ
+
=φ
rad10.5676,0
10.55187,2
10.15,98
.450.
602.210
1947,0
725.
10.04,9.4175,35
10.15,98
3
5,0
5
3
9
3
serv
=
+=φ
rad
m.kN
10.729,1
10.5676,0
15,98
M
R
5
3
serv
extr,serv
==
φ
=
onde:
serv
φ : rotação da ligação em serviço;
s
σ : tensão de compressão no aço;
y
M
: momento de plastificação da ligação;
eq
z
: z intermediário en tre o estádio I e II.
Também foi determinado o momento de inércia equivalente do vão da viga, indicado na
tabela 9.
Tabela 9– Parâmetros necessários para a determinação do momento de inércia equivalente da viga
considerando situação de serviço e a região do vão da viga.
r
M
(kN.m)
a
M
(kN.m)
I
I
(mm
4
)
ΙΙ
Ι
(mm
4
)
vão,eq
Ι
(mm
4
)
274,56 313,24 9,0.10
9
1,32.10
9
6,49.10
9
4999
vão,eqextr,eqviga,eq
mm10.26,710.49,6.7,010.04,9.3,0I.7,0I.3,0I =+=+=
56,0
10.7,5.10.729,1
10.26,7.4175,35.3
1
L.R
I.E.3
1
1
38
9
1
viga,eqc
R
=
+=
+=α
Apêndice E
Bruna Catoia (2007)
E-17
%66
56,02
56,0.3
2
.3
M
M
R
R
Eng
extr
=
+
=
α+
α
=
Com os resultados obtidos, considerando situação de serviço, pode-se observar que a
porcentagem de engastamento resultou em um valor inferior ao adotado para o cálculo da
armadura negativa, ou seja, a armadura negativa utilizada pode ter uma área inferior a
calculada, uma vez que apenas 66% do momento de engastamento será mobilizado pela
ligação.
Através dos resultados obtidos, pode-se notar que no ELS, a ligação apresenta um fator de
restrição e consequentemente uma porcentagem de engastamento superior quando comparado
ao ELU, sendo possível observar a diminuição da rigidez tanto da viga como da ligação
(comparando os ELS e ELU). Notou-se que no ELU a ligação foi capaz de transmitir menor
momento fletor quando comparado com o ELS. Dessa forma, o dimensionamento da
armadura negativa presente na ligação, deve ser realizado de forma a garantir a segurança da
ligação no ELS (correspondente ao Estado Limite mais crítico para essa situação).
Da mesma maneira, o momento fl etor no meio do vão apresentou maior valor no ELU
quando comparado com o ELS. Assim, a armadura positiva deve ser dimensionada
considerando o ELU.
1.10 Determinação da Flecha (f)
Determinou-se a flecha da viga protendida considerando a presença das ligações rígidas,
articuladas e semi-rígidas, com o intuito de realizar posteriormente uma comparação entre as
mesmas. Para a determinação das flechas foram considerados valores referentes a situação de
serviço.
Considerando ligação rígida
m
kN
3,1015,120,600,258,3gqggp
capaaargsobreclv
=+++=+++=
Ι
=
.E.384
L.p
f
c
4
(15)
mm08,1
10.26,7.4175,35.384
)10.7,5.(10.3,101
.E.384
L.p
f
9
433
c
4
==
Ι
=
Apêndice E
Bruna Catoia (2007)
E-18
Considerando ligação articulada
Ι
=
.E.384
L.p.5
f
c
4
(16)
mm41,5
10.26,7.4175,35.384
)10.7,5.(10.3,101.5
.E.384
L.p.5
f
9
433
c
4
==
Ι
=
Considerando o efeito da ligação semi-rígida.
m
kN
8,280,258,3ggp
lv1
=+=+=
m
kN
5,725,120,60gqp
capaaargsobrec2
=+=+=
onde:
1
p : carregamento devido ao peso próprio da viga e da laje;
2
p : carregamento devido a capa e a sobrecarga.
α+
α
+=
R
R
21
c
4
2
.4,12
.pp.
I.E.384
l.5
f
(17)
mm38,3
56,02
56,0.4,12
.10.5,7210.8,28.
10.26,7.4175,35.384
)10.7,5.(5
f
33
9
43
=
+
+=
Através da determinação das flechas para os diversos tipos de ligações, observou-se que a
viga com ligações semi-rígidas apresentou um comportamento intermediário ao da viga com
ligações articuladas e semi-rígidas. Não somente em relação aos valores dos momentos
fletores na extremidade e no meio do vão, mas também com relação aos valores de flecha.
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