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destinada a pastagens, hortas, pomares e “lavouras brancas”, delimitada na parte
superior por uma estrada e no fundo do vale por um curso de água (MORO, 1980).
Todavia, a Companhia tinha um planejamento tecnológico cuidadoso para
habilitar pequenas propriedades a se tornarem lucrativas e, conseqüentemente,
sobreviverem na competição com fazendas maiores. Além de plantar o café
tradicionalmente, os agricultores eram incentivados a plantar no meio deste produto,
outros, necessários à subsistência de sua família, como o arroz, feijão e o milho.
Entretanto, a agricultura paranaense no início da década de 1960 começou a
demonstrar sinais de mudanças. O setor cafeeiro enfrentava problemas relacionados
às geadas e secas que desde 1955 vinham interferindo negativamente nesta cultura.
Para agravamento sucessivo desse quadro, no final da década de 60 o governo
brasileiro, levado pela evidente “super capacidade produtiva e produção de café,
invendáveis em razão da baixa qualidade”, implantou a “política de erradicação de
cafeeiros” a fim de diminuir a produção nacional e fazer com que os agricultores
plantassem outras culturas, diversificassem. E para completar, os cafezais da região
norte do Paraná foram atingidos pela ferrugem e uma forte geada em 1975, que
arrasou boa parte das plantações de café (PADIS, 1981).
Para não serem prejudicados e ficarem sem renda, muitos agricultores
deixaram de plantar somente o café e começaram a plantar outras culturas. É
importante dessa forma então lembrar, que a principal característica da agricultura
norte paranaense é a policultura, a diversificação de lavouras. Assim, paralelamente,
produzia-se milho, trigo, arroz e feijão.
Nas áreas em que predomina a pequena propriedade, aparece
freqüentemente, entre a faixa de pastos e a de café, um
terceiro domínio, representado por culturas variadas. O
pequeno produtor, o sitiante, de finanças mais precárias que o
fazendeiro, procura prover a sua subsistência, plantando aí
cereais (milho, arroz), a mandioca e outros produtos; em
alguns casos, como garantia contra os riscos apresentados por
um único produto para venda, procura por-se a salvo das
oscilações do mercado introduzindo um outro produto
comercial, como o algodão. Com o acréscimo desses novos
campos de cultura, a paisagem diversifica-se, ganhando em
variedades e colorido (MÜLLER, 2001, p. 104).
Outro importante elemento introduzido na paisagem pela predominância da
pequena propriedade, segundo esta mesma autora, é o “habitat” disperso, onde se