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Port-Royal fala de idéias universais (idées universelles) obtidas por
abstração.”.
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Entretanto, essa lógica foi capaz de inserir no léxico
filosófico dois conceitos novos que estão presentes até os dias
atuais no campo da lógica.
“No que se refere aos elementos da proposição, há mesmo que
assinalar duas novidades de vocabulário. Primeiro, a substituição da
palavra idéia à de conceito; em seguida, a distinção, nas idéias,
entre a sua compreensão e sua extensão (étendue). (...) a palavra
compreensão, nova para este uso, passará para o vocabulário lógico,
na sua oposição à extensão. É assim definida: ‘Chamo compreensão da
idéia, aos atributos que ela encerra em si, e que não se lhe podem
arrebatar sem destruí-la, como a compreensão da idéia do triângulo
encerra extensão, figura, três linhas, três ângulos, e a igualdade
desses três ângulos a dois rectos, etc.’”.
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Uma observação tem de ser feita aqui relativa à palavra idéia.
Os principais filósofos da modernidade já não mais a usavam no mesmo
sentido platônico; e a palavra correspondente para Kant, em alemão,
é Vorstellung que significa representação. O que se confirma nas
palavras de Tugendhat:
“Deve-se atentar para o fato de que a palavra “idea” tem, no início
da modernidade, tanto em latim como em francês e inglês, o mesmo
significado da palavra alemã ‘Vorstellung (representação)’, não
tendo mais nada a ver com o significado platônico de “idea”.
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13
TUGENDHAT, Ernst e WOLF, Ursula em PROPEDÊUTICA LÓGICO-SEMÂNTICA. Trad. Fernando A. R.
Rodrigues, Editora Vozes Ltda, Rio de Janeiro, 1997, p. 104.
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BLANCHÉ Robert e DUBUCS Jacques em HISTÓRIA DA LÓGICA. Trad. Caps, I a XI: António P. Ribeiro;
Cap. XII: Pedro E. Duarte, Edições 70, Lisboa 1996, pp. 186-187.
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TUGENDHAT, Ernst e WOLF, Ursula em PROPEDÊUTICA LÓGICO-SEMÂNTICA. Trad. Fernando A. R.
Rodrigues, Editora Vozes Ltda, Rio de Janeiro, 1997, p. 104.