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tais sintomas não são (também) fatores desencadeantes de vitiligo em indivíduos
predispostos. Estudos ulteriores são necessários para melhorar o entendimento desses
e de outros aspectos da patogênese do vitiligo.
O inventário utilizado para avaliação de qualidade de vida (WHOQOL) caracteriza-
se por sua subjetividade e multidimensionalidade. Por meio desse inventário podem ser
avaliados parâmetros diversos de qualidade de vida, classificando-os em domínios
físico, psicológico, social e ambiental.
No presente estudo observou-se que o grupo de vitiligo apresentava menores
índices relacionados a esses parâmetros. No domínio físico o grupo de vitiligo
manifestou com mais freqüência queixas de fadiga e dificuldades de sono e repouso.
No domínio psicológico apresentava maiores dificuldades de aprendizado, memória e
concentração. Aparentemente, a suscetibilidade desse grupo foi maior quanto ao
comprometimento da imagem corporal, com predominância de pensamentos negativos
e baixa auto-estima. Os resultados sugerem que os indivíduos com vitiligo podem
apresentar consideráveis dificuldades de convívio com a doença.
No domínio social, os resultados sugerem desajuste nas relações interpessoais,
inclusive comprometimento negativo da atividade sexual e grau de insatisfação em
relação a vários aspectos de suas vidas.
No domínio ambiental as diferenças não foram estatisticamente significantes,
ainda que fossem observadas dificuldades relativas de desempenho individual. As
questões relativas ao domínio ambiental pareceram afetar igualmente indivíduos dos
dois grupos, independentemente das doenças associadas. Isso se explica,
possivelmente, pelo fato desse domínio relacionar-se à qualidade de vida ligada aos
recursos financeiros, segurança física, proteção e ambiente físico (poluição, trânsito,
clima, transporte). Não seriam esperadas, pois, diferenças significativas, uma vez que
os dados demográficos dos dois grupos foram homogêneos.
Chama atenção o fato das mulheres de ambos os grupos apresentarem maiores
escores médios de sintomas de ansiedade e depressão e menores escores médios em
todos os domínios da avaliação da qualidade de vida. Esses dados concordam com a
literatura e são, possivelmente, associados às pressões sociais, exigências relativas à
aparência física, entre outras variáveis que merecem ser averiguadas.
Do presente estudo pode-se inferir que os métodos de avaliação dos níveis de
ansiedade e depressão (Inventários de Beck) e qualidade de vida (WHOQOL) são