Download PDF
ads:
Universidade Estadual de Maringá
Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes
Departamento de Geografia
Programa de Pós-graduação – Mestrado em Geografia
DINÂMICA FLUVIAL E QUALIDADE DA ÁGUA DA BACIA DE
DRENAGEM DO RIBEIRÃO MARINGÁ: CONTRIBUIÇÃO PARA O
PLANEJAMENTO E GESTÃO AMBIENTAL
ADILSON RODRIGUES COELHO
Sob Orientação de
Prof. Dr. Manoel Luiz dos Santos
MARINGÁ
2007
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
Universidade Estadual de Maringá
Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes
Departamento de Geografia
Programa de Pós-graduação – Mestrado em Geografia
DINÂMICA FLUVIAL E QUALIDADE DA ÁGUA DA BACIA DE
DRENAGEM DO RIBEIRÃO MARINGÁ: CONTRIBUIÇÃO PARA O
PLANEJAMENTO E GESTÃO AMBIENTAL
Dissertação de mestrado apresentada ao
Programa de Pós-graduação, Mestrado em
Geografia como parte dos requisitos para
obtenção do título de “Mestre em Análise
Ambiental e Regional”.
ADILSON RODRIGUES COELHO
Sob Orientação de
Prof. Dr. Manoel Luiz dos Santos
MARINGÁ
2007
ads:
iii
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao criador de
todas as coisas, aos meus pais: Dulce
Rodrigues Coelho e Ivo Maich Coelho,
aos meus avós, (in memorian) Palmira
e Julio Antonio, aos meus irmãos, à
minha irmã, à minha sogra Maria, à
minha esposa Edina e aos meus
filhos Jorge Luis e Ivo Antonio. Dedico
ainda a todos os Moradores da bacia
hidrográfica do ribeirão Maringá.
iv
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente ao Prof. Dr. Manoel Luiz dos Santos, pela orientação,
amizade e confiança depositada na realização desse trabalho.
Ao Grupo de Estudos Multidisciplinares do Ambiente (GEMA) por disponibilizar
seus laboratórios e equipamentos necessários para realização da pesquisa, bem como
a contribuição de professores, funcionários e demais colegas.
Ao acadêmico Eduardo S. de Morais pelo auxílio na análise da evolução da
malha urbana.
Ao Prof. Dr. Nelson Vicente L. Gasparetto, pela amizade e pelas contribuições
em todas as etapas deste trabalho.
Ao Prof. Dr. José Candido Stevaux, pela oportunidade de realizar o Estágio de
Docência em Geografia.
Ao Prof. Dr. Paulo Fernando Soares pelo ensino de hidrologia prestado nas
etapas conclusivas deste trabalho.
A prof. Drª. Marta L. de Souza pela disponibilidade e auxílio nos trabalhos de Pós
graduação.
Ao Prof. Dr. Ervim Lenzi do Laboratório de Agroquímica e Meio Ambiente pelo
auxílio prestado.
A Geógrafa Maria Moraes (Laboratório de Sedimentologia – GEMA), pelo apoio e
pela atenção dispensada aos alunos de Pós-graduação nas atividades do laboratório.
Aos técnicos do Laboratório de Agroquímica e Meio Ambiente Dirseu Galli e
Sandra Adriana Ricardo de Mello.
Ao Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Estadual de
Maringá, em especial a Cida, pelo apoio e amizade.
A Prefeitura Municipal de Maringá, que disponibilizou as informações para o
desenvolvimento da pesquisa.
A Estação Climatológica Principal de Maringá, que disponibilizou os dados
pluviométricos dos últimos 6 anos.
A (CAPES) Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior,
pela concessão de bolsa de estudos, a qual possibilitou a realização da pesquisa e a
participação em cursos de aperfeiçoamento pessoal, como Congressos, Simpósios,
Palestras, etc.
v
Ao criador de todas as coisas. Meus pais, irmãos em especial a Prof. Dr. Dulce
Elena Coelho Barros pelo estímulo e revisão gramatical, sobrinhos, minha esposa Edina
e meus filhos Jorge Luis e Ivo Antonio, pela compreensão de todas as horas as quais os
troquei pelo presente estudo.
vi
SUMÁRIO
ÍNDICE DE FIGURAS ............................................................................................. VIII
ÍNDICE DE TABELAS ............................................................................................... X
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS................................................................... XI
ÍNDICE DE GRÁFICOS .......................................................................................... XIII
RESUMO.................................................................................................................XIV
ABSTRACT..............................................................................................................XV
CAPÍTULO 1...............................................................................................................1
INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA .............................................................................1
1.1- OBJETIVOS .....................................................................................................4
1.2- LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO..........................................................5
1.3- CARACTERIZAÇÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIBEIRÃO MARINGÁ 6
1.4- OCUPAÇÃO DA BACIA E OS PROBLEMAS AMBIENTAIS DECORRENTES
DA URBANIZAÇÃO...............................................................................................10
CAPÍTULO 2.............................................................................................................16
MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................................16
2.1- PERFIL LONGITUDINAL DO RIBEIRÃO MARINGÁ......................................23
2.2- ESTUDO DA EXPANSÃO URBANA ..............................................................23
2.3- PRECIPITAÇÕES...........................................................................................24
2.4- SEÇÕES TRANSVERSAIS – MEDIDAS........................................................25
2.5- VELOCIDADE DO FLUXO .............................................................................25
2.6- VAZÃO ...........................................................................................................26
2.7- NÍVEL DE ÁGUA (LÂMINA DE ÁGUA) ..........................................................26
2.8- CURVA CHAVE DE VAZÃO...........................................................................26
2.9- CORRELAÇÃO PROC CORR........................................................................26
2.10- METAIS PESADOS......................................................................................27
2.11- CARGA SUSPENSA E ARMADILHAS DE SEDIMENTOS SUSPENSOS...27
2.12- TRANSPARÊNCIA .......................................................................................29
2.13- TEMPERATURA ..........................................................................................30
2.14- PH, ACIDEZ E ALCALINIDADE ...................................................................30
2.15- OXIGÊNIO DISSOLVIDO.............................................................................30
2.16- CARACTERIZAÇÃO DO USO DO SOLO ....................................................30
CAPÍTULO 3.............................................................................................................31
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA................................................................................31
3.1-MONITORAMENTO DA ÁGUA: IMPORTÂNCIA E PARÂMETROS
ESTUDADOS ........................................................................................................41
3.2- VARIÁVEIS LEVANTADAS NESTE TRABALHO E SUA IMPORTÂNCIA ....44
3.3- CONCENTRAÇÃO DE SEDIMENTOS SUSPENSOS ...................................47
3.4- USO DOS AGROTÓXICOS ...........................................................................48
vii
3.5- USO DE AGROTÓXICOS NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIBEIRÃO
MORANGUEIRA....................................................................................................48
CAPÍTULO 4.............................................................................................................50
RESULTADOS..........................................................................................................50
4.1- DINÂMICA DO ESCOAMENTO DO RIBEIRÃO MARINGÁ ...........................50
4.2 EXPANSÃO URBANA DO MUNICÍPIO...........................................................52
4.3- PRECIPITAÇÃO.............................................................................................55
4.4- VAZÃO E CURVA CHAVE DE VAZÃO ..........................................................57
4.5- ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DOS METAIS PESADOS NO PERÍODO DE
OUTUBRO DE 2000 A FEVEREIRO DE 2006......................................................59
4.6- O PROCESSO DE DISPERSÃO DA POLUIÇÃO E A AMOSTRAGEM POR
ARMADILHAS .......................................................................................................73
4.7- CARGA SUSPENSA HIDROTRANSPORTADA ............................................78
4.8- CONCENTRAÇÃO DA CARGA SUSPENSA NOS PONTOS DE
MONITORAMENTO ..............................................................................................81
4.9- TRANSPARÊNCIA .........................................................................................82
4.10- TEMPERATURA ..........................................................................................86
4.11- PH ACIDEZ E ALCALINIDADE ....................................................................87
4.12- OXIGÊNIO DISSOLVIDO.............................................................................88
4.13- AMOSTRAGENS DE ÁGUA SUBTERRÂNEA (POÇO SR. ZICO) ..............89
4.14- O USO DO SOLO E APLICAÇÃO DE AGROQUÍMICOS ............................93
CONCLUSÃO ...........................................................................................................95
BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................98
ANEXOS .................................................................................................................104
viii
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 – Recreação aquática nas águas do Ribeirão Maringá.................................2
Figura 2 – Uso da água do Ribeirão Maringá pela população, para a lavagem de
roupas e utensílios domésticos ............................................................................2
Figura 3 – Mapa de localização da área de estudo (adaptado de BIAZIN, 2002).
Organização Coelho 2006....................................................................................5
Figura 4 - Córrego Mandacaru, na parte superior direita, junto à mancha urbana de
Maringá, onde parcialmente tem suas nascentes. Na parte inferior esquerda,
desenvolve-se o ribeirão Maringá. O intenso uso agrícola reservou pequenas
manchas de mata nativa extremamente degradada. .........................................11
Figura 5 - Aerofotografia mostrando as nascentes do ribeirão Maringá no sitio urbano
e o intenso uso agrícola da área rural. Note a pequena ocorrência de áreas
vegetadas...........................................................................................................11
Figura 6 - Instalação de régua no córrego Romeira seção 2 ....................................17
Figura 7 - Régua no baixo curso do Ribeirão Maringá..............................................17
Figura 8 - Instalação de régua e armadilha sob a ponte do Córrego Mandacarú -
seção 3...............................................................................................................18
Figura 9 - Detalhe da armadilha construída com garrafas PET. Sentido do fluxo
para a direita ......................................................................................................18
Figura 10 - Instalação de régua no curso médio do Ribeirão Maringá - seção 4 ......18
Figura 11 - Régua instalada na seção 4. Esta seção está situada após a estação de
tratamento de esgoto da SANEPAR. Note a coloração da água .......................18
Figura 12 - Instalação de régua próxima a exutória do Ribeirão Maringá - seção 5 .19
Figura 13 - Instalação de régua na seção 5. exutória do ribeirão Maringá. O fluxo é
para o lado esquerdo .........................................................................................19
Figura 14 – Cruzamento de estrada no Ribeirão Maringá.........................................20
Figura 15 – Assoreamento na margem direita do córrego Romeira..........................20
Figura 16 – Ponte sobre a seção do córrego Mandacarú .........................................21
Figura 17 – Ribeirão Maringá após Estação de Tratamento da Sanepar..................22
Figura 18 – Baixo curso do ribeirão Maringá. Note-se o desenvolvimento de uma
planície de inundação em ambos os lados da ponte. A seta indica a seção
monitorada do canal...........................................................................................22
ix
Figura 19 – Armadilhas de água (metais e sedimentos) ...........................................28
Figura 20 – Perfil longitudinal da bacia hidrográfica do Ribeirão Maringá (COELHO,
2006)..................................................................................................................51
Figura 21 – Inundação da planície do ribeirão Maringá próxima à exutória, com suas
margens ocupadas pelo uso agropecuário e cultivo de milho (época de cheia) 51
Figura 22 – Mapa de Expansão Urbana da Bacia do Ribeirão Maringá....................54
Figura 23 - Coloração da água do ribeirão Maringá, antes da estação de tratamento
da Sanepar.........................................................................................................82
Figura 24 - Coloração da água do ribeirão Maringá, após a estação de tratamento da
Sanepar, a água escura é provocada por um sensível aumento na turbidez.....82
Figura 25 - Abundante formação de espumas no ribeirão Maringá (trecho inferior),
após a estação de tratamento da Sanepar ........................................................83
Figura 26 – Poço do Sr. Zico.....................................................................................92
x
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 - Tabela De Georeferrenciamento..............................................................16
Tabela 2 - Concentrações de metais pesados (µg L
-1
) totais em matrizes ambientais:
água, rochas e solos comparadas às da bacia do ribeirão Maringá, segundo Santos
et al (2005) ................................................................................................................32
Tabela 3 - Concentrações totais máximas permitidas de metais pesados, em µg L-1,
pH e oxigênio dissolvido (OD), em mg L-1, em águas naturais, segundo diversos
organismos internacionais e normas nacionais (SANTOS et alli, 2005). ..................32
Tabela 4 - Concentração Máxima de Metais Pesados, estabelecida no CONAMA, na
resolução nº 20 de 18 de Junho de 1986 e resolução n º 357 de 17 de Março de
2005. .........................................................................................................................39
Tabela 5 - Ocorrência de metais pesados e classificação toxicológica.....................46
Tabela 6 - Levantamento dos agrotóxicos utilizados ao redor da bacia do ribeirão
Morangueira ..............................................................................................................49
Tabela 7 - Correlação de Spearman (Vazão vs Carga Suspensa & Vazão vs
Concentração de Metais) ..........................................................................................59
Tabela 8 – Concentração de metais pesados dos cinco pontos de monitoramento..60
Tabela 9 - Sedimentos coletados pelas armadilhas em 25 de maio de 2005 ...........74
Tabela 10 - Sedimentos coletados pelas armadilhas em 25 de agosto de 2005 ......74
Tabela 11 - Sedimentos coletados pelas armadilhas em 25 de setembro de 2005 ..74
Tabela 12 - Sedimentos coletados pelas armadilhas em 25 de outubro de 2005 .....75
Tabela 13 - Concentração de Metais no mês de maio de 2005 ................................75
Tabela 14 - Concentração de Metais no mês de agosto de 2005 .............................76
Tabela 15 - Concentração de Metais no mês de setembro de 2005.........................76
Tabela 16 - Concentração de Metais no mês de outubro de 2005............................76
Tabela 17 - Metais Pesados detectados no Poço do Sr. Zico...................................91
xi
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ANA: Agência Nacional de águas
CONAMA: Conselho Nacional de Meio Ambiente
Cfa: Clima sub-tropical
IAP: Índice de abastecimento público
IVA: Índice de vida aquática
APP: Área de proteção permanente
GEMA: Grupo de Estudos Multidisciplinares do Ambiente
ETE: Estação de tratamento de esgotos
UEM: Universidade Estadual de Maringá
SANEPAR: Companhia de saneamento do Paraná
ECPM: Estação Climatológica Principal de Maringá
OD: oxigênio dissolvido
PROC CORR: Procedure correlation
SAS: Software
pH: potencial hidrogeniônico
INPE: Instituro Nacional de Pesquisas Espaciais
PET: polietileno
BIRD: Banco Internacional de Desenvolvimento
GPS: Sistema de Posicionamento Global
SIG: Sistema de informação geográfica
IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
OMS: Organização Mundial da Saúde
CE: Comunidade Européia
Zn: Zinco
Fe: Ferro
Cu: Cobre
Co: Cobalto
Mn: Manganês
Cr: Cromo
Ni: Níquel
Pb: Chumbo
xii
Cd: Cádmio
DQO: Demanda Química de Oxigênio
DBO: Demanda Biológica de Oxigênio
xiii
ÍNDICE DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Precipitação no setor leste (a) e oeste (b) da bacia do ribeirão Maringá
de novembro/2005 a março/2006..............................................................................55
Gráfico 2 – Curva chave de vazão ............................................................................58
Gráfico 3 - Ponto 1 – ribeirão Maringá ......................................................................83
Gráfico 4 – Ponto 2 – córrego Romeira.....................................................................84
Gráfico 5 – Ponto 3 – córrego Mandacaru ................................................................84
Gráfico 6 – Ponto 4 – ribeirão Maringá......................................................................84
Gráfico 7 – Ponto 5 – ribeirão Maringá......................................................................85
Gráfico 8 – Concentração de metais pesados totais no poço do Sr. Zico .................91
xiv
RESUMO
A cidade de Maringá está localizada no divisor de águas entre as bacias dos rios Pira
e Ivaí. As bacias hidrográficas ocorrentes no município são constituídas de sub-bacias
de pequena ordem da bacia do rio Pirapó (ribeirão Maringá e ribeirão Morangueira,
quadrante norte do município) e da bacia do rio Ivaí (ribeirão Pingüim, quadrante Sul).
As cabeceiras dessas drenagens estão dentro do sítio urbano, sendo que o seu
desenvolvimento se dá em direção às áreas rurais. Uma conseqüência desta situação
peculiar é a forte vulnerabilidade dos recursos hídricos do município ante os agentes
poluentes produzidos pela atividade antrópica, recebendo efluentes produzidos tanto da
cidade quanto da área rural. A degradação ambiental, daí resultante, é facilmente
reconhecida mesmo após uma rápida observação. Dentro das drenagens tem-se a
ocorrência de lixo e de compostos químicos orgânicos e inorgânicos que provocam, em
certas épocas do ano, visíveis alterações na qualidade da água. Este estudo analisa as
características geoambientais da bacia hidrográfica do Ribeirão Maringá, por intermédio
da integração de dados físico-químicos da água, de geomorfologia de base e das
características de ação antrópica. A produção de sedimentos na bacia foi monitorada
por intermédio da concentração de carga sedimentar hidrotransportada nos pontos fixos
de coleta. Apresenta as características da bacia hidrográfica do ribeirão Maringá,
contemplando os aspectos biótico, abióticos e antrópicos que se inter-relacionam na
bacia, a fim de entender as dinâmicas que regem esses processos físico-químicos e
suas implicações com a urbanização da bacia. Neste sentido, ao longo de seis anos,
foram coletadas amostras de água em cinco pontos de monitoramento na bacia.
Analisou-se mensalmente a variação das características físico-químicas da água e a
concentração dos metais pesados Cd, Pb, Cr, Fe, Cu, Mn, Zn, Ni e Co. Procurou-se
correlacionar os diferentes teores de metais com as diferentes taxas de precipitação e
vazão dos cinco pontos monitorados, com relação ao uso e ocupação do solo. Nas
coletas foram medidos: pH , temperatura , transparência , oxigênio dissolvido. A carga
de sedimentos nos pontos amostrados foi submetida à análise granulométrica e
comparada às vazões que a carrearam, utilizou-se de curva chave de vazão, percebeu-
se que os sedimentos com diferentes granulometrias distribuem-se de forma não
homogênea ao longo da coluna d`água. Pelos resultados conclui-se que os metais
pesados impactam a bacia ultrapassando os limites da resolução CONAMA 357/2005,
em conseqüência da atividade antrópica exercida na mesma.
Palavras-chave: Qualidade da água, planejamento ambiental, bacia hidrográfica.
xv
ABSTRACT
Maringá City is located in the water divisor within the basins of the rivers Pirapó and
Ivaí. The existing hydrographic basins in the municipality are constituted by small
order sub-basins of the river Pirapó basin (Maringá riverside and Morangueira
riverside, North quadrant of the city) and of the river Ivaí basin (Pingüim riverside,
South quadrant). The heads of this drainage are inside the urban site, being their
development towards the rural areas. A consequence of this peculiar situation is the
strong vulnerability of the city’s water resources facing the polluting agents produced
by anthropic activity, receiving effluents produced both in the city as well as in the
rural area. The environmental degradation, resulting from this, is easily recognized
even after a brief observation. In the drainage there is the occurrence of garbage
together with organic and inorganic chemical compounds which induce, in certain
times of the year, visible alterations in water quality. This study analyses the
geoenvironmental characteristics of the hydrographic basin of Maringá riverside
through the integration of water physicochemical data, base geomorphology, and
characteristics of anthropic action. The production of sediments in the basin was
monitored through the concentration of sedimentary load hydrotransported in the
fixed points of the sampling collection. It presents the characteristics of the
hydrographic basin of Maringá riverside, contemplating biotic, abiotic and anthropic
aspects which inter-relate in the basin, in order to understand the dynamics that rule
these physicochemical processes and their implications in the basin urbanization.
Hence, during six years, water samples were collected in five monitoring points of the
basin. The variation in water physicochemical characteristics was evaluated monthly
as well as the concentration of the heavy metals Cd, Pb, Cr, Fe, Cu, Mn, Zn, Ni, and
Co. The different metal percentages were related to the different rates of precipitation
and flow in the five monitored points, concerning the use and soil occupation. In the
sample collections the following were measured: pH, temperature, transparence,
dissolved oxygen. The sediment load in the sample points underwent granulometrical
analysis and compared to the flows that carried it, rating curve flow was used,
sediments with different granulometries were distributed heterogeneously along the
water column. Through the results, it may be concluded that the heavy metals cause
an impact to the basin breaking the limits of CONAMA 357/ 2005 resolution, due to
anthropic activity performed in it.
Key words: Water quality, environmental planning, hydrographic basin.
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA
Na análise da paisagem como um sistema global, torna-se implícito que os
elementos que fazem parte desse sistema participam de uma mesma dinâmica, em
que a evolução de cada elemento não pode ser vista de modo separado.
Para Bertrand (1971), a paisagem não é a simples adição de elementos
geográficos disparatados. É, numa determinada porção do espaço, o resultado da
combinação dinâmica, portanto instável, de elementos físicos biológicos e antrópicos
que, reagindo dialeticamente uns sobre os outros, fazem da paisagem um conjunto
único indissociável em perpétua evolução.
O aumento demográfico e as necessidades antrópicas começaram a
deteriorar e poluir o ambiente de forma preocupante. Assim, nos últimos 50 anos, a
humanidade está se conscientizando da necessidade de preservar o ambiente
(água, ar, solo). Em diversos países, legislações e normatizações pertinentes, com
definições claras destes controles, foram surgindo e estão se aperfeiçoando, visando
o uso racional dos recursos naturais. No Brasil estabeleceu-se uma Política Nacional
para o Meio Ambiente, na qual, o Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA
é o mentor de normas de conduta ambientais para o cidadão, empresa, ou mesmo o
Estado (JUNGSTED, 1999).
A bacia do ribeirão Maringá é uma importante bacia da porção norte da
cidade de Maringá. O acelerado crescimento do município e a conseqüente
ocupação dessa bacia provocam transformações ambientais. Nas observações de
campo constatou-se que em diversos pontos da bacia do ribeirão Maringá os
resíduos industriais e domésticos estão depositados numa área de recarga do
sistema hidrológico. No córrego Mandacarú são despejados esgotos clandestinos de
lavanderias e outros tipos de indústrias instaladas às margens do córrego. As
populações residentes na bacia usufruem de suas águas para recreação aquática.
No ribeirão Maringá existe, a jusante do bairro Moradias Atenas, um local conhecido
pelas crianças dessa região como o piscinão. O que mostra a necessidade de
recreação da população mais carente e a falta de um projeto de ordem pública, já
que o município não oferece, nessa região a esta população, outra opção de
2
banhos. Nos períodos de verão é normal a ocorrência de crianças pescando e
nadando nos córregos contaminados da bacia. Conforme figuras 1 e 2.
Figura 1 – Recreação aquática nas águas do Ribeirão Maringá
Figura 2 – Uso da água do Ribeirão Maringá pela população, para a lavagem de roupas e
utensílios domésticos
3
Faz-se necessário um estudo que contemple uma análise geoambiental
multidisciplinar nessa bacia hidrográfica. Nesse sentido, o presente estudo contribui
no conhecimento das características hidráulicas da bacia, estudando a dinâmica da
vazão e a variabilidade das características físico-químicas da água em diferentes
pontos de monitoramento ao longo da drenagem. Dessa maneira, pretende servir
como um estudo piloto para a implantação futura de uma rede de monitoramento
para todas as outras sub-bacias hidrográficas do município de Maringá. Esse estudo
permitiu obter-se uma correlação entre as atividades desenvolvidas nos sítios
urbano e rural que tenham reflexos nas variáveis levantadas no rio principal.
A rede de drenagem se constitui em um dos aspectos do meio físico que
melhor representa as condições ambientais de uma região. A análise da qualidade
da água exprime as condições do uso do solo, pois existe uma relação direta do uso
do solo e da qualidade da água que o drena. Nesse sentido, esta pesquisa
apresenta méritos hidrológicos e com reflexos sócio-econômicos.
Os méritos científicos residem em se realizar um estudo sobre as
características hidráulicas e os metais hidro-transportados em drenagens do
município, relacionando-se a ocorrência de metais pesados e a alteração de
parâmetros físico-químicos e uso do solo do ribeirão Maringá. Este estudo possibilita
avaliar se estes parâmetros são bons indicadores de alterações geoambientais
promovidas pela atividade antrópica.
O mérito sócio-econômico consiste em se obter um resultado aplicável e
concreto sobre aspectos ambientais (poluição hídrica) de suma importância para o
planejamento ambiental do município, além de dotar o município de Maringá de um
conjunto de estações fixas de monitoramento dos ribeirões. Com a continuidade
dessa pesquisa, a partir de um monitoramento contínuo, o município terá uma série
histórica de dados que permitirão a qualquer momento se reconhecer alterações das
características da drenagem e com isso identificar os prováveis focos de
contaminação, em razão da malha de amostragens. Permitirão, então, que sejam
traçados planos de gestão de recursos hídricos do município que possibilitem o uso
sustentável dos mesmos.
O conhecimento da dinâmica atual é fundamental para estudos ambientais
nesse ecossistema, pois permite a análise do comportamento do período de cheias
do canal e sua inter-relação com a precipitação. Este levantamento permite ainda,
4
uma comparação com as futuras alterações do regime hidrológico da bacia
promovidas pela ação antrópica.
1.1- OBJETIVOS
Objetivo geral: A partir do monitoramento de variáveis físico-químicas da
água, avaliar o grau de degradação da bacia hidrográfica, bem como as
características do meio físico (relevo, vegetação, clima) em conjunto com as
condições de uso e ocupação do solo da bacia hidrográfica do ribeirão Maringá.
Objetivos específicos: Analisar a degradação ambiental produzida pela ação
antrópica.
Avaliar o impacto da ocupação e do uso do solo na bacia hidrográfica do
ribeirão Maringá, com base nos parâmetros de qualidade da água.
Avaliar, quantitativamente, os metais pesados presentes nas drenagens da
bacia hidrográfica.
Medir a quantidade de oxigênio dissolvido, pH, temperatura como indicador
geoambientais.
Avaliar a variabilidade da concentração da carga suspensa hidrotransportada
em diferentes vazões e o comportamento hidrológico das drenagens.
5
1.2- LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
A bacia hidrográfica do ribeirão Maringá está localizada na porção norte do
município de Maringá entre as latitudes 23º 16’ e 23º 26’ S, e longitudes 51º 55’ e
51º 61’ W, conforme mostra a figura n.º 3.
Figura 3 – Mapa de localização da área de estudo (adaptado de BIAZIN, 2002). Organização
Coelho 2006.
6
1.3- CARACTERIZAÇÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIBEIRÃO MARINGÁ
A bacia hidrográfica se desenvolve sobre as rochas vulcânicas pertencentes à
formação Serra Geral (WHITE, 1908), esta formação é composta por rochas
vulcânicas principalmente básicas, com cores em geral preta e cinza escura, cinza
esverdeada a castanho-escura e tons mais claros quando alterados. Sua textura
varia de afanítica a porfirítica, exceto nas porções amigdalóides do topo dos
derrames. Em termos mineralógicos destacam-se plagioclásios, piroxênios,
anfibólios, opacos e quartzo.
Pinese e Nardy (apud, SALA 2005) descrevem que essa litologia se
originou de um extenso evento vulcânico global de natureza fissural que inundou de
lavas e recobriu aproximadamente 75% de toda superfície da bacia. Dividem as
rochas vulcânicas do Terceiro Planalto paranaense em 3 unidades fundamentais,
que podem ser reconhecidas por três tipos litológicos distintos: basaltos e andesitos
toleíticos (negros, subfaneríticos, maciços ou vesiculares); riodacitos e riolitos do tipo
Palmas (afíricos, com textura “sal e pimenta” e matriz granofírica); quartzo latitos e
riolitos do tipo Chapecó (porfiríticos com textura vitrofírica). A de maior distribuição e
mais tradicional é de caráter básico representada pelos basaltos.
A região de Maringá está inserida no Terceiro Planalto paranaense, onde
também ocorrem preferencialmente rochas vulcânicas. No setor sudoeste, a
montante da bacia, próximo a nascente do córrego Romeira, verifica-se a Formação
Caiuá. Soares (1980, apud SALA 2005) descrevem essa formação, como
constituídas de arenitos finos a médios, seleção regular a boa, arroxeados,
estratificação cruzada de grande porte, assentadas discordantemente sobre o
basalto. Na confluência do ribeirão Maringá com o rio Pirapó, são encontrados
depósitos recentes que acompanham a drenagem da área, formando acumulações
inconsolidadas de cascalho, areias, silte e argila de origem fluvial.
As características geomorfológicas, segundo Maack (1981), diz que a
topografia da região é composta de suaves platôs com presença de vales mais
profundos na direção do rio Ivaí, que, ao lado de pequenos espigões, constituem
divisores de água secundários. Não são constatadas linhas de serras elevadas
acima do nível geral do planalto, que é cortado por um nível de denudação
visivelmente uniforme (Pós Gondwana Neo-Terciário). Abaixo desta linha uniforme,
7
foi modelada uma paisagem de colinas ou espigões suavemente arredondados
durante o Neo-Terciário e Quartenário.
Inserida no Terceiro Planalto Paranaense, a bacia do ribeirão Maringá
apresenta os interflúvios longos com centenas de metros de comprimento e topos
suavemente arredondados de altitude não expressiva (SALA, 2005).
As características morfológicas de uma bacia de drenagem são importantes, à
medida que determinam a maior ou menor rapidez e intensidade com que são
sentidos os efeitos das precipitações.
Ao estudar os diferentes tipos de solos, deve-se considerar a influência das
variações do relevo na formação da cobertura pedológica. O fator relevo influi, uma
vez que a declividade das vertentes é responsável pela maior ou menor infiltração da
água pluvial, bem como pela velocidade do escoamento da mesma, em superfície.
Assim, se pode dizer que entre outros fatores, a espessura e o grau de
desenvolvimento dos solos estão relacionados com a inclinação dos terrenos.
As margens dos córregos monitorados são formados por gleissolo cobertos
por solos mais eutroférricos. A bacia apresenta enclaves de solos areníticos,
pertencentes à formação caiuá. O solo lança uma solução de óxido de ferro para a
água fazendo com que o aspecto da água sub-superficial, nesses locais, seja de
uma cor ferruginosa (amarelo avermelhado).
Observa-se, ao longo das vertentes, formas retilíneas suavemente onduladas,
onde o substrato rochoso basáltico, associado ao clima tropical, permitiu a evolução
de solos como: latossolo vermelho na parte superior da vertente, nitossolo na parte
média e solos apresentando hidromorfia na parte inferior da vertente.
Para Sala (2005), a classe do Latossolo Vermelho de textura média,
originados do arenito, encontra-se em uma área restrita a oeste da bacia, próximo ao
córrego Romeira. E no setor leste da bacia, na parte média a inferior, próximo das
pedreiras, verifica-se a presença de solos rasos, formados a partir da associação de
Neossolos Litólicos e Cambissolos. Próximo às áreas de várzeas, nesse mesmo
setor e na confluência dos corpos d’água tributários com o ribeirão Maringá, também
foi verificado a presença de Gleissolos.
Os Nitossolos Vermelhos distroférricos latossólicos fazem parte da classe do
quarto nível categórico do Sistema Brasileiro de Classificação de Solos da
EMBRAPA (1999). Esses solos apresentam no horizonte B nítico a presença de
cerosidade, assim não atende aos requisitos para o B latosssólico, no entanto, o B
8
latossólico pode ocorrer abaixo do B nítico aproximadamente a 2 metros da
superfície. São derivados de basaltos, com textura argilosa ou muito argilosa,
estrutura em blocos subangulares, angulares ou prismática moderada ou forte, com
superfície de agregados reluzente, relacionada a cerosidade e/ou superfície de
compressão EMBRAPA (1999).
O Latossolo Vermelho distroférrico e/ou eutroférrico derivado do basalto é
profundo, contendo uma quantidade elevada de argila, superior a 60% e
oxihidróxidos de ferro, possui uma consistência friável, muito plástica e pegajosa
quando molhado. Varia de fortemente a bem drenado, embora ocorra variedades
que apresenta cores pálidas, de drenagem moderada ou até imperfeitamente
drenados, transicionais para condições de maior grau de gleização (EMBRAPA,
1999).
Os Neossolos Flúvicos aluviais (hidromórficos) são solos que apresentam
oxiredução de compostos ferruginosos, por se encontrarem próximo aos canais de
drenagem, por essa razão são solos gleizados de cores cinza a marrom escuro-
avermelhada. Conforme o IAPAR (1984), esses solos também compreendem os
solos orgânicos, pouco evoluídos, provenientes de restos vegetais em grau variável
de decomposição acumulados em ambientes saturados em água. São solos
constituídos por horizonte superficial de coloração escura, devido aos elevados
teores de carbono orgânico residual recente.
Os Neossolos Litólicos compreendem solos constituídos por material mineral
ou por material orgânico, pouco espesso com pouco desenvolvimento pedogenético,
com horizonte A ou O hístico com menos de 40cm de espessura, assentado
diretamente sobre a rocha ou sobre um horizonte C, admitindo um horizonte B em
inicio de formação (EMBRAPA, 1999).
Os Cambissolos também são constituídos por material mineral, com horizonte
B incipiente abaixo de qualquer horizonte superficial, admitindo a seqüência de
horizonte A ou hístico, Bi, C, com ou sem R. O horizonte Bi pode apresentar textura
argilosa, podendo ocorrer no perfil ligeiro acréscimo ou incremento de argila do A
para o Bi. A estrutura desse horizonte pode se apresentar em blocos, granular ou
prismática, em alguns casos também em grãos simples ou maciça. Alguns solos
desta classe apresentam características morfológicas similares à da classe dos
Latossolos, no entanto apresentam algumas características de solos pouco
9
evoluídos, como exemplo, 5% ou mais do volume do solo constando de fragmentos
de rocha semi-intemperizada (EMBRAPA, 1999).
O clima do Paraná é classificado, segundo Koeppen (1948), como clima Cfa
(sub-tropical), com médias térmicas entre 17ºC e 19 ºC, com pluviosidade média de
1.500 mm/ano e com chuvas bem distribuídas. O clima subtropical úmido abrange o
Brasil meridional na porção localizada ao sul do trópico de capricórnio, com
predominância da massa tropical atlântica úmida, que provoca chuvas fortes quando
do encontro com a massa polar atlântica. No inverno, há freqüência de penetração
de frente polar, dando origem às chuvas frontais, com precipitações decorrentes do
encontro da massa quente com a fria, ocorrendo a condensação do vapor de água
atmosférica.
Um dos fatores determinantes do clima de Maringá, é sua localização na
altura do trópico de Capricórnio. Esta posição condiciona a ocorrência de elevadas
temperaturas nos períodos de verão. Além desse fator, a condição topográfica do
norte do Paraná favorece a penetração dos sistemas atmosféricos tanto tropicais
quanto extratropicais, os quais acentuam os valores médios do clima registrados no
município (SALA, 2005).
A precipitação média anual varia entre 1.250 a 1.500mm, sendo que no verão
apresenta um maior índice pluviométrico, concentrando maior pluviosidade nos
meses de novembro, dezembro, janeiro e fevereiro (ECPM, 2005).
Maack (1981) ressalta que, quando as matas da floresta Estacional
Semidecidual estavam presentes em grandes extensões do Terceiro Planalto
Paranaense, em especial a região, Norte do Paraná, o clima existente era mais
úmido, a mata mantinha uma umidade relativa do ar mais elevada. Com o avanço da
colonização e do progresso da região, houve um desmatamento quase total da área,
tornando o clima local e microclima mais seco.
A cobertura vegetal apresenta-se segmentada em três compartimentos. Em
alguns topos área florestada, com a presença de algumas espécies de vegetação
natural típica da floresta estacional semidecidual submontana, que outrora chegou a
ocupar grandes extensões dessa área. Na média vertente verifica-se a presença da
cultura temporária do soja e trigo. No vale observa-se apenas a presença de
gramíneas e algumas espécies arbóreas isoladas, como a Santa Bárbara e leucena.
10
A bacia hidrográfica do ribeirão Maringá, passa por um intenso processo de
aumento na produção agrícola, acelerado desenvolvimento urbano que levou à
quase total eliminação da sua cobertura vegetal. Atualmente, encontram-se na área
pequenos fragmentos de mata natural em algumas propriedades rurais e em
algumas nascentes, sendo que a maior parte dos cursos dos rios se apresentam,
totalmente desprotegidas de vegetação marginal, com culturas de grãos ou
pastagens chegando até suas margens.
1.4- OCUPAÇÃO DA BACIA E OS PROBLEMAS AMBIENTAIS DECORRENTES DA
URBANIZAÇÃO
O uso do solo urbano e rural induz alterações nas características físicas,
químicas e biológicas naturais das drenagens nas bacias hidrográficas nas quais
estas áreas estão inseridas. Na região de Maringá, o intenso desmatamento
promovido a partir da década de 1950 mudou drasticamente as condições naturais
das bacias hidrográficas. A cobertura vegetal natural já na década de 1990 não
representava 2% da cobertura original, como mostram as figuras 4 e 5. Isso
ocasionou uma mudança no padrão da circulação da água, tanto de superfície como
subterrânea, promovendo uma maior produção de sedimentos. Parte dos
sedimentos produzidos, ficam retidos na bacia hidrográfica (na planície: em terraços
e em colúvios e no canal fluvial), e parte deles é carreada pelas drenagens como
carga suspensa (principalmente) e de fundo.
11
Figura 4 - Córrego Mandacaru, na parte
superior direita, junto à mancha urbana de
Maringá, onde parcialmente tem suas
nascentes. Na parte inferior esquerda,
desenvolve-se o ribeirão Maringá. O intenso
uso agrícola reservou pequenas manchas de
mata nativa extremamente degradada.
Figura 5 - Aerofotografia mostrando as
nascentes do ribeirão Maringá no sitio
urbano e o intenso uso agrícola da área rural.
Note a pequena ocorrência de áreas
vegetadas
As nascentes do ribeirão Maringá e córrego Mandacaru são
predominantemente urbanizadas. Esse aspecto modifica-se ao longo do percurso
dos ribeirões que constituem a bacia hidrográfica do ribeirão Maringá. A partir do
ponto 1 (figura 3), no alto curso do ribeirão Maringá, o uso e ocupação da bacia
passa a ser predominantemente rural.
À medida que as vertentes da bacia hidrográfica vão sendo ocupadas,
processos como a evapotranspiração, a infiltração e o escoamento superficial vão
sendo alterados num sistema cumulativo. Decorrem disso, mudanças no estado
energético da água, acumulada no solo na forma de energia potencial, que passa
para a forma de energia dinâmica, sendo, por sua vez, afetada diretamente pela
impermeabilização do solo nos topos das vertentes da bacia hidrográfica.
A partir das nascentes do ribeirão Maringá (onde o capital impõe-se à
geomorfologia das áreas dos mananciais, através dos impactos gerados pela
valorização do território), observa-se que as nascentes do ribeirão Maringá foram
N
N
12
aterradas. Nessas áreas são canalizadas as águas pluviais, com a finalidade de
aumentar a juzante das cabeceiras das nascentes, estendendo-se a área de terra
útil para a ocupação imobiliária. Assim, foram realizadas obras visando minimizar a
erosão, através da impermeabilização e tubulação de nascentes que, por ora,
demonstram-se intermitentes. Contudo, a erosão continua se acelerando nas
descargas das tubulações de galerias pluviais.
As nascentes e seus mananciais tendem a deslocar-se para juzante,
conforme o capital investe na exacerbação do uso irregular do solo, em desacordo
com as leis ambientais. A mesma situação acontece ao longo dos córregos
Mandacaru, ribeirão Maringá, Ibitinga e Romeira, que drenam a bacia hidrográfica do
ribeirão Maringá, com uma invasão da área de proteção permanente – APP para os
mais diversos tipos de uso do solo. Constata-se que em toda extensão do ribeirão
Maringá, da nascente até a sua exutória, existe uma supressão da mata ciliar, que
dá lugar ao desenvolvimento urbano, agrícola, industrial e pecuário, somada à
avicultura, suinocultura e à piscicultura. A maior parte da bacia é ocupada pela
agricultura, com vários tipos de culturas temporárias, cuja rotação do plantio ocorre
duas vezes ao ano, podendo ocorrer até três vezes.
A bacia sedia, junto ao ribeirão Maringá, uma ETE (Estação de Tratamento de
Esgotos) que lança nas águas deste ribeirão os seus resíduos “tratados”, lodo,
espuma, matéria orgânica e carga sedimentar.
O ribeirão Maringá (figura 3) experimenta, desde suas nascentes e ao longo
de suas vertentes e drenagens, a contaminação por esgotos clandestinos que, no
período da seca, constituem a maior parte da água que escorre nas cabeceiras das
vertentes.
O ribeirão Mandacaru (figura 3) sedia o mesmo tipo de ocupação e supressão
de nascentes, além de experimentar uma descarga constante de galerias pluviais
infectadas por esgotos clandestinos que também aumentam a vazão e o volume de
água do mesmo. Cabe a ressalva de que, nas nascentes de ambos, instala-se um
processo de desperenização das nascentes agravado, principalmente, pela
impermeabilização do solo.
O ribeirão Ibitinga (figura 3) tem suas nascentes fora do perímetro urbano,
porém capta as águas pluviais de “lavagem” da rodovia Maringá – Paranavaí.
Constatou-se, em outros pontos da bacia hidrográfica, o uso das águas dos ribeirões
para dessedentação de animais e piscicultura.
13
Na confluência desses ribeirões, as vertentes são cultivadas sob o plantio
intensificado, mecanizado e com uso intensivo de agrotóxicos. Os peixes resultantes
da piscicultura em tanques ali implementada são alimentados pelas águas do
ribeirão Ibitinga e vendidos no comércio maringaense.
A área do córrego Romeira (figura 3) também é destinada ao
agroecossistema, à criação intensiva de aves e suínos, à dessedentação de animais
desenvolvidas por meio de utilização de agrotóxicos e insumos agrícolas.
No córrego Mandacaru, no seu médio curso, percebe-se visualmente e
através das análises físico-químicas a contaminação de suas águas em desacordo
com o artigo 225 da Constituição Federal, que garante ao homem o ambiente
equilibrado para o progresso e a vida.
Observou-se no ribeirão Maringá, próximo ao bairro Moradias Atenas,
ocupações irregulares, indicando o início de uma favelização nas áreas de
preservação permanente. Essas ocupações agravam o desmatamento da vegetação
ciliar e dá espaço aos entulhos e descartes sem valor comercial. As famílias que ali
residem com suas crianças utilizam-se da água do ribeirão Maringá para consumo,
banho e recreação, além de lançarem seus dejetos e lixos domésticos. Essas
famílias criam animais e se alimentam da caça e pesca no local, vivendo, portanto,
sem as mínimas condições de saneamento necessárias. Observou-se, ainda, que à
medida que o sítio urbano cresce, essas famílias e seus animais (cavalos, bois) vão
se deslocando para locais com melhores pastagens e, para locais sem legislações
específicas ou omissas.
É habitual perceber grandes áreas de descartes de lixo ao longo do ribeirão
Maringá e de seus afluentes, como também são freqüentes os depósitos de lixo
(vazadouros) em áreas de preservação permanente - APP invadidas e
transformadas em áreas de estoque de materiais recicláveis.
No local da confluência do ribeirão Maringá com o ribeirão Pirapó ocorreu, em
1968, segundo proprietário rural da área, a dragagem do ribeirão Maringá. A
retilinização do canal posteriormente efetuada permitiu o uso e ocupação de antigas
lagoas e pântanos. Em conseqüência disso a sinuosidade do ribeirão foi diminuída,
restando diques marginais e lagoas secas como testemunhos.
O canal fluvial do ribeirão Maringá evolui ao longo do seu curso,
apresentando-se encaixado desde suas nascentes e, ao receber seus tributários,
sua vazão aumenta, e o ribeirão torna-se mais sinuoso, apresentando uma planície
14
de inundação apenas no seu curso inferior. Nesse local ocorre a interação entre o
nível das águas do ribeirão Maringá e o nível das águas do rio Pirapó. Quando o
último apresenta um nível elevado em suas águas tende a barrar a descarga da
exutória do ribeirão Maringá o que faz com que as águas do ribeirão Maringá se
elevem, extravasando-se para a planície de inundação. Assim, as alterações na
geometria do canal podem aumentar os eventos de cheia no curso inferior.
Portanto, o capital local, regional e até mesmo global interpenetra de forma
aguda os hábitos e os costumes locais e “infesta” a sociedade de mercadorias, por
sua vez, substituíveis num piscar de olhos. Esses valores mercadológicos afetam os
costumes, as tradições e principalmente os meios de vida com os quais o homem
pretende lidar, influenciando no seu modo de envolvimento e relacionamento
responsável e desejável com a sua realidade ambiental. Diante disso percebe-se a
necessidade de diminuir a pressão socioeconômica nos pequenos córregos a fim de
evitar uma total degeneração da bacia hidrográfica.
Nas margens dos ribeirões percebe-se a falência do Estado em lidar com as
questões ambientais, evidenciando que nesses locais a Sociedade e Estado estão
ainda no sub-desenvolvimento, possibilitando analisar o uso e ocupação da bacia
sob a ótica de grandes contrastes.
De acordo com Ab’Saber (1998), se reflete a parcela de responsabilidade
global sobre o local, onde os países desenvolvidos devem arcar com uma maior
parcela do prejuízo ambiental, à medida que exportam boa parte do lixo tóxico ao
fomentarem o uso de seus produtos, sejam agrotóxicos e outras substâncias que
compõem os insumos agrícolas. O homem desprovido do conhecimento nega-se a
acreditar que as águas e os peixes do ribeirão Maringá possam estar contaminados,
deixa a sua racionalidade de lado e utiliza-se deles, assume que consome os peixes,
a água, banha-se e defende seu uso, demonstrando resistência a adaptação ao
meio em que ele (ribeirinhos) vive. Lembra as capivaras do Tietê, excluídas,
segregadas, além de cegas dos seus direitos.
Iniciativas estão sendo tomadas por parte do Estado a longo prazo, no sentido
de preservar os remanescentes de mata ciliar, tomando providências no
cumprimento das legislações ambientais, leis federais e planos diretores. No
entanto, a bacia reflete a forma pela qual se impõe o seu uso e ocupação,
modificando sua dinâmica e funcionamento, com uma aceleração no tempo de
resposta da bacia frente às precipitações pluviométricas. Pois o rápido processo de
15
urbanização concorre para o aumento do volume da água de escoamento superficial
drenada pela bacia.
CAPÍTULO 2
MATERIAIS E MÉTODOS
Foram escolhidas cinco seções transversais dos canais para amostragens de
água e sedimento (Figuras 6 a 16). As seções foram localizadas na confluência do
ribeirão Maringá com o rio Pirapó e no médio curso do ribeirão Maringá e próximas
às confluências com os principais afluentes os córregos Mandacarú, Maringá e
Romeira (Figura 3). Cada seção foi georreferenciada e medida sua geometria e área
(Tabela 1).
Tabela 1 – Tabela De Georeferrenciamento
Localização da área de estudos e pontos de monitoramento, georreferenciamento
e perfis transversais
ponto localização altitude Latitude longitude uso e
ocupação
seção
1 ribeirão Maringá 445 m S 23º
22'26,5"
W 51º
58'07,6"
urbano/rural 4,7 m
2 córrego Romeira 420 m S 23º
21'28,8"
W 51º
57'47,6"
rural 2,9 m
3 córrego
Mandacarú
412 m S 23º
21'24,7"
W 51º
57'19,8"
urbano/rural 4,12 m
4 ribeirão Maringá 401 m S 23º
20'37,5"
W 51º
56'45,7"
rural 6,22 m
5 ribeirão Maringá 375 m S 23º
17'23,8"
W 51º
55'03,3"
rural 6,38 m
6 ECPM 480 m S 23º 25' W 51º 57' urbano
7 pluviômetro 465 m S 23º
23'10,9"
W 51º
58'04,5"
urbano
Utilizou-se de um GPS de Sistema portátil para o georeferenciamento dos 5
pontos de coleta, seções e pluviômetros. Posicionou-se o GPS portátil no ponto
pretendido, anotou-se a leitura e desligou-se o aparelho por 15 minutos até a
próxima leitura. Anotou-se a leitura novamente e desligou-se o aparelho por 30
17
minutos. Registrou-se a terceira e última leitura, 60 minutos após a segunda leitura,
a fim de diminuir a ambigüidade e perceber a leitura com maior precisão.
As seções 3 e 4 foram localizadas embaixo de pontes (Figuras 9 a12), para
se aproveitar a construção em concreto que mantém inalterada a geometria da
seção e, assim, possibilitar a construção de curvas chaves de vazão. A estrutura em
concreto também permitiu a instalação de armadilhas para a coleta de água em
diferentes vazões em um mesmo evento de cheia (Figura 10). As outras seções
foram localizadas no leito natural do canal. Em todas as seções foram instaladas
réguas para medição do nível d’água no momento da coleta.
Figura 6 - Instalação de régua no córrego
Romeira seção 2
Figura 7 - Régua no baixo curso do Ribeirão
Maringá
18
Figura 8 - Instalação de régua e armadilha sob
a ponte do Córrego Mandacarú - seção 3
Figura 9 - Detalhe da armadilha construída
com garrafas PET. Sentido do fluxo para a
direita
Figura 10 - Instalação de régua no curso
médio do Ribeirão Maringá - seção 4
Figura 11 - Régua instalada na seção 4. Esta
seção está situada após a estação de
tratamento de esgoto da SANEPAR. Note a
coloração da água
19
Figura 12 - Instalação de régua próxima a
exutória do Ribeirão Maringá - seção 5
Figura 13 - Instalação de régua na seção 5.
exutória do ribeirão Maringá. O fluxo é para o
lado esquerdo
Para fazer o estudo, foram utilizados dados referentes às características
físico-químicas da água, nos cinco pontos de monitoramento nas principais
drenagens da bacia hidrográfica do ribeirão Maringá, obtidos por Biazin (2004) no
período de outubro de 2000 a junho de 2002 e, pelo pesquisador no período de
agosto de 2004 a fevereiro de 2006. Esses dados foram compilados em uma tabela
hexaenal, a qual foi submetida a tratamentos estatísticos e comparações da
evolução das variáveis físico-químicas dos dois triênios.
Foram realizadas coletas mensais de 2 litros de água, para análise de metais
pesados e carga suspensa (no nível de base) das drenagens. As amostragens em
todas as seções tiveram como objetivo reconhecer as alterações das variáveis físico-
químicas medidas nos diferentes meses dos seis anos de pesquisa.
Um questionário (anexo 1) foi aplicado como forma de avaliar os agrotóxicos
usados na bacia, ainda que não tenham sido realizadas análises de agroquímicos. A
presença de metais pesados pode indicar a contaminação das águas por
agrotóxicos. Os agrotóxicos mais utilizados na região segundo Oliveira et. ali
(2003b), são: os inseticidas - Azodrim, Metafos, Karate, e da classe dos herbicidas
– Round-up, Cobra, Classic, Scepter, Trifluralina, Scorpion e Pivot.
No ribeirão Maringá (ponto 1), perdeu-se a seção após o período de
monitoramento, devido a construção de um novo cruzamento de estrada (figura 14).
Esta construção exerceu influência sobre o fluxo de água na seção.
20
Figura 14 – Cruzamento de estrada no Ribeirão Maringá
No córrego Romeira (ponto 2), a seção permitiu perceber o assoreamento da
margem direita, conforme figura abaixo, apresenta a sua margem esquerda mais
baixa que a direita ocorrendo planície de inundação devido a construção de um
cruzamento de estrada a juzante da seção. Conforme figura 15.
Figura 15 – Assoreamento na margem direita do córrego Romeira
21
No córrego Mandacarú (ponto 3), local de fixação das armadilhas de água e
seção referente a curva chave de vazão, trata-se de uma seção fixa, sob a ponte do
ribeirão Mandacarú cujas laterais em concreto não são erodidas e permitem o
melhor monitoramento da mesma. Observando-se que no iníciop da chuva ocorre a
completa limpeza da seção e após a chuva torrente ocorre uma pequena
sedimentação lateral na margem direita, devido a diminuição da velocidade da chuva
(figura 16).
Figura 16 – Ponte sobre a seção do córrego Mandacarú
No ribeirão Maringá (ponto 4), trata-se também de uma seção fixa sob ponte
de concreto com detritos e entulhos de concreto descartados na margem esquerda
da seção (Figura 17).
22
Figura 17 – Ribeirão Maringá após Estação de Tratamento da Sanepar
No baixo curso do ribeirão Maringá (ponto 5), trata-se de uma seção
localizada sob ponte de madeira, local que ocorre o extravasamento das águas para
fora do canal principal, ocorrendo assoreamento na margem esquerda da seção e
erosão na margem direita da seção, trata-se da última seção antes da exutória do
ribeirão Maringá no rio Pirapó (Figura 18).
Figura 18 – Baixo curso do ribeirão Maringá. Note-se o desenvolvimento de uma planície de
inundação em ambos os lados da ponte. A seta indica a seção monitorada do canal.
23
2.1- PERFIL LONGITUDINAL DO RIBEIRÃO MARINGÁ
A partir da carta base do Município de Maringá, fornecida na escala de
1:50.000, com a eqüidistância de 20 metros, elaborou-se o perfil longitudinal do
curso principal do ribeirão Maringá. Utilizou-se o curvímetro para se obter o
comprimento total do ribeirão. As altitudes foram obtidas a partir das curvas de nível
da carta base. Posteriormente, os valores adquiridos foram compilados, para
gerarem um gráfico que representasse a variação de declividade longitudinal do
canal.
2.2- ESTUDO DA EXPANSÃO URBANA
Para o estudo da expansão da malha urbana de Maringá na bacia
hidrográfica homônima, foram utilizadas três imagens orbitais de duas diferentes
resoluções. A primeira do satélite Landsat 5, sensor TM, datada de 27/08/1987 e
distribuída pela University of Maryland (http://glcf.umiacs.umd.edu/index.shtml).
possui resolução espacial de 30 metros. A segunda imagem, datada de 03/08/2005,
é do satélite CBERS 2, sensor CCD com resolução espacial de 20 metros, a qual foi
adquirida via Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) por intermédio do site
<http://www.dgi.inpe.br>. A diferente resolução dessas imagens, segundo Moreira et
ali. (2005), não implica em interferências na análise digital dos alvos desses
sensores. Todas operações referentes ao geoprocessamento das imagens foram
realizadas no laboratório de geoprocessamento do GEMA, pelo sistema de
informação georreferênciado (SIG) ENVI 4.0.
Utilizou-se ainda parte do mosaico Landsat 5 disponibilizada pela NASA
(http://zulu.ssc.nasa.gov/mrsid) como base para a correção geométrica das duas
imagens. No caso de estudos multitemporais como este, faz-se necessário o ajuste
das imagens para garantir o mesmo posicionamento dos objetos no espaço,
conforme a projeção e o datum. O registro procedeu-se a partir da determinação de
6 a 10 pontos de controle no terreno, buscando uma margem de erro menor que 1
pixel ou 1 RMS. O método de processamento adotado para o ajuste das imagens foi
o de convolução cúbica, considerado de maior interesse pela sua relevância com a
perda de qualidade visual da imagem (CENTENO, 2003).
24
As imagens de sensoriamento remoto, em função de diversos fatores naturais
e técnicos dos sensores, concentram seus níveis de cinza em pequenas faixas,
dentre a variação de 0 a 255 às vezes dificulta a discriminação dos elementos
presentes nas imagens. Para suprir essa deficiência e gerar uma imagem com boa
visualização foi necessário aplicar técnicas de contraste. Empregou-se, nas
imagens, o realce a partir do balanceamento das bandas em modo monocromático,
optando-se pelo modo linear de ajuste do contraste, manipulando o histograma
adequando-o de forma a encontrar uma boa qualidade de visualização das imagens
(LILLESAND, 1994). Isto é possível devido a existência de diversas técnicas
presentes em SIG’s com o realce de informações texturais, morfológicas e
geométricas a partir da manipulação do contraste nas imagens orbitais.
Já o recorte do limite da bacia do ribeirão Maringá foi realizado sobre as
imagens a partir do vetor adquirido com a digitalização das cartas topográficas do
município de Maringá produzidas pelo IBGE em 1972. O mesmo foi utilizado como
base para elaboração do mapa de localização de Maringá.
A classificação de imagens orbitais é divida em dois modos: supervisionadas
e não supervisionadas. Considerando que o trabalho foi realizado em uma área de
estudo conhecida, adotou-se o método de classificação supervisionada, pois, assim,
as regiões de interesse pertinentes à cada classe constam de maior confiabilidade
para o processamento do mapa temático. Constam como métodos de classificação
supervisionada: paralelepípedo, distância mínima e máxima verossimilhança. O
último foi utilizado devido a maior confiabilidade em generalizações estatísticas dos
temas componentes do estudo.
O mapa de expansão urbana foi obtido pela superposição da área do sítio
urbano de 1987 com a área do sítio urbano de 2005, obtida a partir de análises das
imagens supracitadas.
2.3- PRECIPITAÇÕES
A precipitação é medida como a altura de água em milímetros ou lâmina que
seria acumulada em uma superfície plana se nenhuma perda ocorresse (PAIVA,
2001).
25
Para se quantificar a precipitação da bacia no período deste estudo instalou-
se um pluviômetro de cunha (PROLAB) de leitura direta na porção oeste da bacia
hidrográfica do ribeirão Maringá.
Outros dados de Precipitação foram fornecidos pela Estação Climatológica
Principal de Maringá (ECPM), que se encontra localizada na porção leste da bacia
hidrográfica do ribeirão Maringá.
Comparou-se os dados obtidos no pluviômetro da ECPM (Estação
Climatológica Principal de Maringá) porção leste com os dados obtidos no
pluviômetro de Cunha instalado na porção oeste da bacia.
2.4- SEÇÕES TRANSVERSAIS – MEDIDAS
Os Perfis Transversais, nos cinco pontos de monitoramento na bacia
hidrográfica do ribeirão Maringá, foram obtidos por meio da instalação de estacas de
madeira nas extremidades da seção, compreendendo o nível de margens plenas.
Como linha referencial para efetuar as medidas foi colocado um fio de nylon
nivelado, a partir do qual foram obtidas as alturas de 30 em 30 cm, desde a linha até
o leito do canal fluvial.
2.5- VELOCIDADE DO FLUXO
No momento da coleta mediu-se a velocidade da água (m/s) dos cinco pontos
com molinete fluviométrico, que fornece a velocidade em número de bips por
minutos. Para se obter a velocidade em m/s é necessário aplicar equações
específicas para esse molinete.
N = N.º bips X 10
60
Se: N for 3,103 V = 0,27037 X N + 0,0068.
Se: N for 3,103 V = 0,27688 X N – 0,0134.
V = m/s obteve-se as respectivas velocidades em m/s.
26
2.6- VAZÃO
A vazão foi determinada a partir da área das seções de medição e a
velocidade em todos os pontos monitorados. A área da seção foi determinada pela
medição da largura da seção e de sua profundidade.
Q = A x V
Onde:
Q = Vazão (m³/s)
A Área da seção molhada (m²)
V Velocidade (m/s)
2.7- NÍVEL DE ÁGUA (LÂMINA DE ÁGUA)
O nível de água foi medido por meio de réguas limnimétricas instaladas nos
cinco pontos de monitoramento. As séries de níveis obtidas, foram transformadas
em séries de vazões, utilizou-se das vazões na construção de curva chave da seção
do córrego Mandacarú (ponto 3). Esta curva relaciona nível vazão ao longo da
coluna de água.
2.8- CURVA CHAVE DE VAZÃO
Uma vez obtida a série de níveis e suas respectivas vazões, ao longo da
coluna de água no córrego Mandacarú (ponto 3), foram as mesmas relacionadas
obtendo-se a curva de vazão para cada nível de água apontado na régua
limnimétrica. Nesse ponto a medição das vazões consistiu em determinar a área da
seção e a velocidade do fluxo de água em vários pontos distribuídos na vertical
dessa mesma seção, tornando possível a construção da curva chave para o córrego
Mandacarú.
2.9- CORRELAÇÃO PROC CORR
Com o intuito de verificar uma possível correlação entre as variáveis vazão,
carga suspensa e concentração de metais, utilizou-se o coeficiente de correlação de
27
Spearman, denotado pela letra grega ρ. Esse coeficiente mede o grau de associação
linear entre duas variáveis. O valor de ρ pode variar de –1 a 1, dependendo da
relação encontrada: positivamente correlacionada (se uma variável tende a
aumentar em grandeza conforme a outra variável também aumenta) ou
negativamente correlacionada (se uma variável tende a diminuir conforme a outra
variável aumenta). Esses coeficientes foram obtidos utilizando a PROC CORR
(Procedure Correlation) do software SAS v.9.
2.10- METAIS PESADOS
Foram coletados dois litros de água de cada um dos cinco pontos de
monitoramento. 500 mL de água de cada um desses pontos foi encaminhada para o
laboratório de agroquímica do GEMA/UEM. Do poço do Sr. Zico foram coletadas
amostras de água subterrânea, tendo sido 500 mL enviada para o referido
laboratório, e submetida à análise dos seguintes metais pesados: Cd, Pb, Cr, Fe, Cu,
Mn, Zn, Ni e Co. Para leitura química desses elementos, as amostras foram
colocadas em beckers de 500 mL com 5 mL de ácido nítrico em banho-maria, até
concentrarem-se em 50 mL através da evaporação. Os valores obtidos foram
comparados com a concentração de metais pesados (em mg/L) permitidos pelo
CONAMA/2005 (Conselho Nacional do Meio Ambiente). O ácido nítrico é
responsável pela queima da matéria orgânica existente nessas amostras. A leitura
dessas amostras foi feita pelo espectrômetro de absorção atômica (modalidade
chama), que indica a quantidade de cada elemento químico, em mg/L. No momento
da coleta foram medidas a temperatura e pH (com um pHmetro de campo), o
oxigênio dissolvido (com um oxímetro) e a velocidade do curso da água (com o
molinete fluviômetro, em m/s). O uso do solo na bacia hidrográfica do ribeirão
Maringá, ao longo desta pesquisa, foi sempre atualizado pelas verificações de
campo.
2.11- CARGA SUSPENSA E ARMADILHAS DE SEDIMENTOS SUSPENSOS
Foi separado um litro de água de cada ponto monitorado, para a análise da
Carga Suspensa, por intermédio da filtragem da água por bomba de sucção e
posterior secagem e pesagem dos filtros.
28
Foi instalado no ponto 3 (um aparato, constituído de 10 garrafas pet), fixadas
a uma régua e numeradas de baixo para cima, num intervalo de 30 cm. Foram
fixadas voltadas para o sentido contrário ao fluxo do ribeirão Mandacaru, para captar
água, e com elas os sedimentos nas diferentes alturas da coluna de água. Foram
encaminhados 500 mL de água de cada armadilha para análise de metais pesados e
1000 mL para o laboratório de sedimentologia do GEMA.
Posteriormente separou-se a água restante nas garrafas do sedimento retido
no fundo das mesmas. A água foi medida no balão volumétrico e os sedimentos
foram encaminhados para a estufa por 12 horas para a retirada da umidade, após
efetuou-se a pesagem dos sedimentos na balança de precisão, a fim de se obter a
carga hidro transportada em g/L (Figura 19).
Figura 19 – Armadilhas de água (metais e sedimentos)
29
2.12- TRANSPARÊNCIA
São os materiais em suspensão que tornam a água mais ou menos
transparente, o que influi na penetração de luz. Utilizou-se para tanto o disco de
Secchi
1
em todos os pontos de monitoramento para determinar a quantidade e
qualidade da energia que chega a uma determinada profundidade na lâmina da
água, verificando a profundidade da zona fótica.
Os procedimentos para leitura da profundidade de desaparecimento visual do
disco de Secchi são:
a leitura do desaparecimento visual do disco deve ser efetuada
preferencialmente no mesmo local e hora;
no local selecionado o disco é afundado na parte sombreada da água,
preso a uma corda graduada;
o disco é continuamente afundado até o seu completo desaparecimento;
após anotar a profundidade de desaparecimento do disco (profundidade 1),
este deve ser afundado mais um pouco;
posteriormente, o disco é levantado até sua completa visualização
(profundidade 2);
a profundidade do desaparecimento visual do disco (transparência da
água) é igual ao valor médio das profundidades 1 e 2;
as leituras devem ser feitas no campo preferencialmente entre 10 e 14
horas. Devem ser evitadas medidas ao amanhecer e ao anoitecer.
1
O disco de Secchi foi inventado pelo padre italiano Pietro Angelo Secchi. Foi utilizado pela primeira
vez em 1865, durante suas viagens na nave Papal Imaculada Conceição, para medir a transparência
da água do mar mediterrâneo. Era, na época, constituído de um pesado disco de metal preso por
uma corda graduada afundado na água até seu desaparecimento. Inicialmente foram utilizados
discos de diâmetro variado, tendo atingido até 2m. Atualmente são utilizados discos com 20cm de
diâmetro. Este pode ser inteiramente branco como utilizado por muitos grupos de pesquisa no Brasil,
ou pode ter alternado partes brancas e pretas. Segundo a literatura, este último oferece melhores
possibilidades de ser contrastado com a água, sendo a profundidade determinada melhor relacionada
com a transparência da água (TOLEDO, TALARICO, CHINEZ & AGUDO, 1983).
30
O tipo e concentração de matéria em suspensão controlam a transparência da
água. Onde matéria e suspensão consiste em silte, argila, partículas finas de matéria
orgânica e inorgânicas, compostos orgânicos solúveis, plâncton, e outros
organismos microscópicos. Sendo a transparência o limite de visibilidade na água.
No momento da coleta foram levantados dados referentes a:
2.13- TEMPERATURA
Para a obtenção da temperatura da água nos pontos de monitoramento,
utilizou-se o aparelho de campo de instrumentação analítica, termômetro DIGIMED,
com a leitura efetuada após a estabilização do aparelho.
2.14- PH, ACIDEZ E ALCALINIDADE
O pH da água nos cinco pontos de monitoramento, foi medido com o
pHgâmetro de campo Digimed, instrumentação analítica, com a leitura efetuada
após a estabilização do aparelho.
2.15- OXIGÊNIO DISSOLVIDO
A concentração de oxigênio nos cinco pontos de monitoramento foi medida
com oxímetro da Digimed, instrumentação analítica, pelo Método do Eletrodo de
membranas, a leitura foi efetuada após a estabilização do aparelho.
2.16- CARACTERIZAÇÃO DO USO DO SOLO
O uso do solo ao redor dos pontos de amostragem, ao longo da pesquisa, foi
sempre atualizado pelas verificações de campo para cada um dos pontos cotados.
CAPÍTULO 3
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O banco mundial (BIRD, 1993), com base em análise de evolução
populacional das cidades brasileiras, (Cenários de Projeção e Perspectivas de
Ocupação), concluiu que o nível de degradação ambiental tende a se agravar com o
significativo comprometimento dos mananciais, em termos de quantidade e
qualidade para abastecimento público. Constatou o aumento do risco de
inundações, a disposição inadequada dos resíduos líquidos e sólidos, com reflexos
sobre a poluição orgânica doméstica e industrial e inorgânica dos rios. Problemas
dessa magnitude e complexidade são verificados em todo o Brasil, em suas regiões
metropolitanas e rurais.
Diante desse contexto atual, muitas iniciativas governamentais e não
governamentais, caminham no sentido de se viabilizar instrumentos técnicos e legais
que possibilitem a recuperação ambiental. Assim, o monitoramento constante dos
recursos hídricos se faz necessário, bem como a capacitação institucional para o
controle do uso e ocupação do solo e dos recursos hídricos envolvendo as áreas de
fiscalização, gestão e planejamento, bem como a mobilização e o ordenamento
territorial, disposição adequada de efluentes, mecanismos para a reposição
florísticas e recuperação de áreas degradadas. Essas iniciativas envolvem a
população em geral, os agentes privados da urbanização e as diversas
comunidades de interesses específicos visando a proteção dos recursos hídricos e
mananciais de uso prioritário, medidas de conservação e manejo de solos, e a
adequação da infra-estrutura.
Para efeito de comparação dos resultados obtidos, foram compilados os
dados mostrados na Tabela 2, que mostram a concentração de metais pesados
ocorrentes nas três matrizes ambientais: água (DURUM & HAFTTY, 1962), rochas
(LEE, 1979; TAYLOR, 1962) e solos (MCBRIDE, 1994).
Para efeito de análise da qualidade da água da bacia hidrográfica do ribeirão
Maringá, também foram compilados valores limites de concentração para cada
elemento, preconizados pelo CONAMA através da Resolução Nº 357/2005-
CONAMA, e por organismos internacionais, tais como a OMS – Organização
32
Mundial da Saúde, Comunidade Européia - CE, etc. Estes dados estão
apresentados na Tabela 3.
Tabela 2 - Concentrações de metais pesados (µg L
-1
) totais em matrizes ambientais: água,
rochas e solos comparadas às da bacia do ribeirão Maringá, segundo Santos et al (2005)
Elemento Concentração total de metais em
matrizes ambientais
Água Rochas
(
*
)
Solos
Bacia de
estudo
Rios Americanos
(ρ)
(F-1) (F-2) (F-3)
mediana intervalo mediana intervalo média média Intervalo
(σ)
(µg L
-1
) (µg L
-1
) (µg L
-1
) (µg L
-1
) (µg g
-1
) (µg g
-1
) (µg g
-1
)
Cádmio nd nd-11
0,15 0,2 0,06-1,1
Chumbo 20 13-67 4,0 nd-55 16,0 12,5 10-84
Cobalto nd nd-2,0 ~0 nd-5,8 23,0 25 1,6-21,5
Cobre 8,0 1,0-100 5,3 0,83-105 70 55 6,0-80
Cromo nd nd-4,0 5,8 0,72–84 200 100 7,0-220
Ferro 1.080 90-4.400 300 31–1.670 50.000 56.300 ---
Manganê
s 30
nd-130 20 nd-185 1.000 950 80-1.300
Níquel nd nd-6,0 10 nd-71 80 75 4,0-55
Zinco 10 4,0-400 ~0 nd-215 132 70 17-125
(
*
)
rochas ígneas. (ρ) Rios da América do Norte (Durum & Haftty, 1962; (σ) Intervalo de valores
médios; (F-1) Lee (1979); Taylor (1962); (F-3) McBride (1994); nd = não detectado (concentração do
metal abaixo do limite de detecção do método)
Tabela 3 - Concentrações totais máximas permitidas de metais pesados, em µg L-1, pH e
oxigênio dissolvido (OD), em mg L-1, em águas naturais, segundo diversos organismos
internacionais e normas nacionais (SANTOS et alli, 2005).
Organismo Metais Propriedade
Cd Pb Co Cu Cr Mn Ni Zn pH OD
←⎯⎯⎯⎯⎯
µg L
-1
⎯⎯⎯⎯⎯→
mg L
-1
CONAMA 2005 1 10 50 9 50 300 100 25 180 6,0-9,0 >5
OMS
(
)
5 50 --- 1.000 50 300 100 --- ---
CE**
5 50 --- 100 50 300 50 50 100-3.000 6,5-8,5
França 5 50 --- 1.000 50 300 50 50 5.000 6,5-9,0
EUA 10 10 --- 50 10 200 50 --- 5.000 6,5-8,5
Canadá 5 50 --- 1.000 50 300 50 --- 5.000 6,5-8,5
Fonte: Adaptação dos dados de Bittencourt e Hindi (2000).
(
σ
)
Resolução 357/2005-CONAMA
(Conselho Nacional do Meio Ambiente).
(
)
Organização Mundial da Saúde. (---) Limite não
apresentado; CE = comunidade européia
33
Metais pesados
Os metais pesados têm uma ocorrência natural, em concentrações variadas,
nas rochas e nos solos (tabela 2). Por exemplo, o metal cobre (Cu) pode ser
encontrado nas rochas magmáticas, na faixa de 55 µg g
-1
(TAYLOR, 1962) a 70 µg
g
-1
(LEE, 1979). O solo que resulta da meteorização dessas rochas apresenta o
referido metal num intervalo de valores variando de 6,0 a 80 µg g
-1
(MCBRIDE,
1994). Ainda na Tabela 2, observa-se que o mesmo elemento nas águas dos
grandes rios da América do Norte foi detectado num intervalo de valores variando de
0,83 a 105 µg L
-1
, com média de 5,3 µg L
-1
(DURUM & HAFTTY, 1962). A maior ou
menor disponibilidade dos metais da rocha e do solo para a solução do solo e para
os fluxos de água, depende de uma série de fatores, entre eles: tipo de rocha,
agentes físicos, químicos e biológicos atuando no intemperismo, composição do solo
(fração mineral e fração orgânica), concentração hidrogeniônica e sua conseqüente
atividade, atividade eletrônica do meio, ou simplesmente o potencial elétrico (E) que
decide sobre o estado de oxidação do elemento, que o torna mais disponível ou
menos disponível. Por exemplo, o Fe
3+
num ambiente arejado, de pH = 7,0 encontra-
se precipitado na forma de Fe(OH)
3(s)
, pois apresenta um produto de solubilidade
Kps = 4,5.10
-37
(Harris, 2001). O Fe
2+
, se existir no mesmo ambiente encontra-se
solúvel, pois a concentração de HO
-
(íons hidroxilos) não é suficiente para alcançar
seu Kps = 2,2.10
-15
. Os milhares de carros que diariamente andam pelas ruas
liberam entre outros componentes o óxido de nitrogênio (II) –NO. Este vai para
atmosfera e mediante reações fotoquímicas e químicas retorna na forma de
HNO
3(particulado)
, o qual em meio aquoso origina H
+
, que torna o meio mais ácido,
liberando ou solubilizando a maioria dos cátions, entre eles, os metais pesados.
Portanto, o fato de existir um metal numa matriz qualquer não significa que o mesmo
seja solúvel na água (SANTOS et ali, 2005).
A água superficial apresenta em sua composição vários elementos químicos,
sendo que alguns, em alta concentração, podem ser nocivos à saúde, como é o
caso dos metais pesados que, além de toxidez, apresentam efeitos cumulativos nos
organismos vivos. Altas concentrações de metais pesados em águas naturais,
normalmente estão associadas à ação antrópica desenvolvida tanto no meio urbano,
quanto no rural.
34
O Pb apresenta-se “naturalmente” nas matrizes: rocha, solo e água, porém,
em concentrações não poluidoras. A contaminação por chumbo (Pb) provém da
ação antrópica, geralmente da poluição ocasionada pelos gases da descarga dos
carros, gases industriais e depósitos de indústrias metalúrgicas, encanamentos,
soldas, plásticos, tintas, pigmentos, clínicas dentárias, etc. No organismo, esse
elemento pode se acumular primeiramente nos tecidos moles (rins e fígado), e,
posteriormente, nos ossos, dentes e cabelo. Cerca de 95% do chumbo acumulado
se concentra nos ossos. Pequenas quantidades do metal se acumulam na massa
cinzenta do cérebro e nos gânglios basais (KLASSEN, 1985).
O cádmio (Cd) é um elemento geoquimicamente raro, cuja concentração está
na ordem de traços, isto é, abaixo de ppm ou µg L
-1
.
O cromo (Cr) encontra-se naturalmente nas matrizes ambientais não
poluídas. A contaminação por esse metal é devida à ação do homem, que o utiliza
em indústrias, produção de cromados, na soldadura de aço, no acabamento de
metais, curtimento de couros, etc. A presença de teores elevados de cromo na água
possivelmente indica uma poluição antropogênica, uma vez que a concentração
média deste elemento em águas naturais é de 0,43 µg L-1 (BEREZUK, op. cit.). O
cromo na forma de sais ou ácido possui uma ação corrosiva na pele.
A presença de níquel (Ni) é natural nas matrizes ambientais não poluídas. A
ação antrópica o utiliza em atividades metalúrgicas com diversas finalidades, por
exemplo, para dar maior resistência ao aço contra a corrosão. Pode ser encontrado
como revestimento de objetos, em moedas, em catalisadores, em baterias
(recarregáveis), em materiais magnéticos, em ligas e galvanoplastia. O níquel,
quando ingerido em grandes doses, pode ocasionar distúrbios intestinais, afeta
nervos, coração e sistema respiratório.
O zinco (Zn) também tem ocorrência natural em matrizes ambientais não
poluídas. Apesar do Zn ser um micronutriente necessário à biota, em determinadas
condições, ele pode ser considerado como indicador da ação antrópica, isto é, de
poluição proveniente de indústrias metalúrgicas, acabamentos de metais, mineração
e carvão. Segundo Lewis (1996) e Sax (1979) o índice de toxicidade do zinco é
baixo, mas, causa efeitos nocivos ao organismo se o indivíduo ficar muito tempo
exposto ao elemento. Esse elemento pode ocasionar úlceras nos dedos, mãos e
antebraços, bem como promover falha no crescimento.
35
O cobre (Cu), encontra-se, “naturalmente” nas matrizes ambientais não
poluídas. É um micronutriente necessário à biota que entra no ciclo biogeoquímico
natural. O ser humano o espalha no ambiente utilizando-o em produtos industriais
como na produção do bronze (liga de cobre com estanho) e do latão (liga de cobre
com zinco). Na atividade agrícola é utilizado, principalmente, na forma de CuSO
4
,
como fungicida, no cultivo da uva e no combate à ferrugem do café. O cobre apesar
de ser um micronutriente, em doses elevadas, é tóxico para biota. Os derivados do
cobre são grandes responsáveis pela contaminação e intoxicação de pessoas. A
ingestão de grandes quantidades de cobre pode causar: vômito, dor gástrica,
náuseas, anemia, convulsões, danos ao fígado, coma e morte (LEWIS, 1996; SAX,
1979).
O manganês (Mn) tem ocorrência natural nas matrizes ambientais não
poluídas. O manganês (Mn) é um micronutriente e participa do ciclo biogeoquímico
natural. No referido ciclo, esse elemento é liberado durante a decomposição das
plantas e animais. Os microorganismos têm uma função importante na oxidação e
redução do manganês. Algumas dezenas de mg L-1 podem ser encontradas em
águas petrolíferas ou águas termais altamente mineralizadas. O ser humano utiliza o
manganês combinando-o com outros elementos na produção de pilhas, de agentes
oxidantes, na pirotecnia, em catalisadores, desinfetantes, desodorizantes e
medicamentos.
O ferro (Fe) é um dos elementos principais das rochas magmáticas básicas.
Os processos de intemperismo o liberam da rocha original e o introduzem no ciclo
biogeoquímico. Sob a ação do ciclo hidrológico chega aos corpos d’água, seja na
forma de íon livre, complexado ou particulado. A ação antrópica o necessita na
maioria das suas atividades e engenhos que cria. Por exemplo, na construção civil,
estruturas metálicas, máquinas, veículos, ferramentas, pigmentos eletrônicos para
televisores, etc. A elevada concentração de Ferro na área estudada está
diretamente ligada à composição dos basaltos que afloram na maior parte do
Terceiro Planalto e ao cimento ferruginoso do arenito caiuá, que ocorre em uma
pequena parte da área deste estudo.
O manejo do solo para produção agrícola promove uma remoção de
materiais, principalmente no período em que o solo fica exposto
(setembro/dezembro e fevereiro/abril), e com a precipitação, os sedimentos são
36
escoados até a rede de drenagem (BIAZIN et al, 2002). Por isso, a concentração por
várias vezes ultrapassou o teor máximo permitido pelo CONAMA.
O cobalto (Co), encontra-se, também, “naturalmente” nas matrizes ambientais
não poluídas. O ser humano em suas atividades o utiliza nas indústrias
petroquímicas, em catalisadores, na composição de vidros, cerâmicas e esmaltes
coloridos. O cobalto é empregado especialmente na produção de ligas magnéticas,
também é destinado à fabricação de peças de precisão, de ligas especiais para
odontologia, ou como matéria-prima na indústria de cerâmica. É utilizado também
em processos de galvanoplastia, na preparação de agentes secantes e na
fertilização de pastagens. Esse elemento, mesmo em baixas concentrações, sugere
uma contribuição antrópica, a exemplo do que ocorre com o níquel.
Potencial Hidrogeniônico
Na água quimicamente pura os íons H+ estão em equilíbrio com os íons HO-
e seu pH (pH = -log {H+}) é neutro, ou seja, igual a 7. Nas águas da bacia esses
valores se situam entre 6 a 8. Alterações desses valores podem indicar
contaminação antrópica. O intervalo de pH admitido pela Resolução 357/2005 do
CONAMA, para corpos de água de Classe 2, é de 6,0 a 9,0.
Oxigênio Dissolvido (OD)
A quantidade de oxigênio dissolvido (OD) presente na água revela a
possibilidade de manutenção de vida dos organismos aeróbios. A escassez de OD
pode levar ao desaparecimento de peixes, moluscos, crustáceos e microrganismos
necessários ao equilíbrio do sistema hídrico, uma vez que esses organismos são
extremamente sensíveis à diminuição do OD de seu meio. As características de
turbulência do fluxo do rio e a ocorrência de corredeiras ao longo de seu leito
promovem uma aeração natural, permitindo que o rio incorpore, à suas águas, o
oxigênio.
Transparência da água
A transparência da água é função da concentração do material particulado
(orgânico ou inorgânico) em suspensão na água. A principal parcela dos sólidos
suspensos é composta por sedimentos do tamanho silte e argila, que são carreados
pelo fluxo. A concentração desses sedimentos na água varia em função da oferta de
37
sedimentos na bacia hidrográfica, sendo normalmente maior durante o período de
chuva. Porém, deve ser levado em consideração que o uso do solo influi na oferta
de sedimentos para o canal, através da erosão do material das vertentes. Os
estudos de Biazin et ali, 2004b mostram que nas maiores vazões a água apresenta
menor transparência, portanto, com maior concentração de carga suspensa. Por
outro lado, em baixas vazões é evidenciado que a transparência da água é maior. A
grande transparência da água nos momentos de menor vazão deve estar
influenciada pelo uso do solo na bacia, épocas de plantio ou de colheita.
Legislação CONAMA e padrões de potabilidade
A preocupação com a preservação dos recursos naturais para as gerações
futuras não está firmada apenas no artigo 225 na Constituição Federativa do Brasil
de 1988, inspirada ainda nas legislações espanhola, francesa, alemã, italiana e
portuguesa elaborou-se a Lei 9.905/98, para dirimir atos contra o Meio Ambiente.
Com a edição da lei dos crimes ambientais, inovações foram firmadas nos aspectos
jurídicos- ambiental.
A criação da Agência Nacional de Águas (ANA) foi aprovada pelo Congresso
Nacional, em 08 de junho de 2000, e transformada na Lei 9.984 em 17 de julho de
2000. O objetivo da ANA é regular o uso da água dos rios e lagos de domínio da
União, assegurando quantidade e qualidade da água para usos múltiplos. Sendo
assim, implementa o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos e
desenvolve um conjunto de mecanismos jurídicos e administrativos que visa o
planejamento racional da água. Com a participação efetiva de governos municipais,
estaduais e sociedade civil, esses mecanismos passam a referendar a Lei 9.433/97,
conhecida como lei das águas. Essa lei define que o sistema de informações sobre
os recursos hídricos é um sistema de coleta, tratamento, armazenamento e
recuperação de informações sobre recursos hídricos e fatores intervenientes em sua
gestão. Ela estabelece o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos
e implementa uma Política Nacional de Recursos Hídricos, para garantir acesso à
água aos diferentes setores usuários (abastecimento humano, geração de energia
elétrica, irrigação, navegação, abastecimento industrial e lazer, entre outros) .
O ecossistema aquático é extremamente susceptível a sofrer poluições e
contaminações resultantes das atividades humanas. Diariamente nos deparamos
com a proliferação do desrespeito para com a água. Essa barbárie ocorre de
38
diversas formas, em lugares distintos do globo. A inconseqüência do uso abusivo da
água é uma triste face da realidade, em que a ignorância da população se reflete no
desperdício cada vez maior dessa importante fonte de sobrevivência. O esgoto é
uma forma visível de contaminação da água. A expansão demasiada de periferias
metropolitanas e das indústrias sem o tratamento adequado de seus dejetos,
indicam que esse problema tende a se agravar.
Os corpos de água devem ser enquadrados privilegiando o princípio dos usos
múltiplos da água. Isso significa que um mesmo rio pode ter ao longo das suas
drenagens vários enquadramentos em distintos corpos de água, de acordo com o
CONAMA (2005), e com qualidades e usos distintos da água de cada corpo (PAIVA,
2001). O enquadramento total de um rio em uma mesma classe tem sido um
equivoco em outras pesquisas, pois o mesmo rio pode apresentar corpos de água
distintos que se enquadram em diferentes classes.
Segundo Gastaldini & Mendonça (2001), existem critérios e padrões de
potabilidade da água. Os critérios são valores estabelecidos cientificamente que
associam concentrações ou níveis de determinados parâmetros e efeitos no
ambiente. Padrões são valores limites estabelecidos por lei para serem atendidos
num determinado corpo hídrico destinado a um uso específico. Para o
estabelecimento dos padrões de qualidade utilizam-se valores determinados pelos
critérios. Os padrões de qualidade da água podem ser classificados em: padrão de
qualidade da água para determinado uso, como por exemplo abastecimento
doméstico, padrão de qualidade do corpo receptor e padrão de lançamento no corpo
receptor.
O padrão de potabilidade da água para consumo humano, em vigor no Brasil,
é o estabelecido pelo Ministério da Saúde (Portaria nº 36 de 19/01/1990). Esse
padrão apresenta requisitos de características físicas e organolépticas, tais como,
cor, turbidez, odor e sabor, além de características químicas que distinguem 41
substâncias potencialmente tóxicas, determina características bacteriológicas, para
controle de patogênicos, e estabelece limites de radioatividade. Esse padrão, que
tem função específica de proteger a saúde humana, é utilizado para água de
consumo direto pelo homem. Os padrões de qualidade da água apresentam critérios
numéricos ou qualitativos para os parâmetros fundamentais à preservação do uso do
corpo de água. Assim, a resolução CONAMA (2005) classifica as águas doces
segundo seus usos preponderantes. Os cursos de água devem ter o seu uso
39
prioritário definido por legislação e o enquadramento das águas estaduais é de
responsabilidade dos órgãos estaduais. A partir daí, com base nos critérios de
qualidade da água são, estabelecidos limites para todos os parâmetros que
interferem com os usos a que são destinados.
Neste trabalho, um dos parâmetros analisados nas drenagens da bacia do
ribeirão Maringá é a concentração de metais pesados. Esses elementos têm seus
limites máximos de concentração admitidos para a classe 2 de corpos de água pelo
CONAMA (tabela 4).
Tabela 4 – Concentração Máxima de Metais Pesados, estabelecida no CONAMA, na resolução
nº 20 de 18 de Junho de 1986 e resolução n º 357 de 17 de Março de 2005.
Concentração máxima permitida de metais pesados (mg/L)
Substância CONAMA 1986 CONAMA 2005
Cobre 0,02 0,009
Cromo 0,05 0,05
Zinco 0,18 0,18
Chumbo 0,03 0,01
Níquel 0,025 0,025
Cádmio 0,001 0,001
Ferro 0,3 0,3
Manganês 0,1 0,1
Cobalto 0,2 0,05
Fonte: CONAMA, 1986 e 2005.
Comparando-se a resolução CONAMA nº 20, de 18 de junho de 1986, e a
resolução CONAMA nº 357, de 17 de março de 2005 (Tabela 4), observa-se que a
classificação das águas doces à partir da resolução nº 357/2005, quanto ao seu uso
sofreu modificações, pois as águas classificadas como especiais somente poderão
ser utilizadas para consumo humano após desinfecção das mesmas e, se
destinaram à preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação
integral. Águas doces de classe 1 agora são destinadas à proteção das
comunidades aquáticas em terras indígenas, além dos demais usos. Para águas
doces de classe 2, foi permitido que as mesmas podem ser utilizadas para irrigação
de parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os quais as pessoas possam vir
a ter contato. As águas doces de classe 3 podem ser destinadas também a pesca
40
amadora e a recreação de contato secundário. Quanto as águas doces de classe 4 a
partir da nova resolução, não poderão mais serem utilizadas aos usos menos
exigentes, sendo apenas destinadas à navegação e a harmonia paisagística.
Ocorre que em algumas classes de água doces houve o acréscimo dos tipos
de utilização e, em outras foram restritos alguns usos. Verifica-se que os padrões de
qualidade da água para enquadrarem-se na classe 1 ficaram mais exigentes, vários
parâmetros tiveram seus valores reduzidos. Os parâmetros orgânicos foram
acrescentados e servem para limitar elementos derivados de agrotóxicos que não
são eliminados da água com tratamento simplificado (filtração e desinfecção).
Observa-se ainda a inclusão de novos elementos e defensivos agrícolas, com suas
respectivas concentrações, para o controle de suas concentrações na água.
Para cada uma das classes há uma correspondente qualidade a ser mantida
na corpo de água, a qual é expressa por padrões, com o objetivo de preservar a
qualidade do corpo de água. Para que efluentes sejam lançados em um corpo de
água, estes devem ter qualidade que se enquadrem nos padrões de lançamento e,
que não apresentem características em desacordo com o enquadramento do corpo
de água.
O CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente), na sua resolução nº 357,
de 17 de março de 2005 dispõe sobre a classificação dos corpos de água e
estabelece diretrizes ambientais para o seu enquadramento. Esse órgão normatiza
as condições e padrões de lançamento de efluentes e dá outras providências, bem
como, considera que a água integra as preocupações do desenvolvimento
sustentável, baseando-se nos princípios da função ecológica da propriedade, da
preservação, da precaução, do poluidor pagador, do usuário pagador e da
integração. De acordo com a Constituição Federal e a Lei nº 6.938, de 31 de agosto
de 1981 reconhece o valor intrínseco da água para a natureza. Dessa forma, visa
controlar o lançamento de poluentes no meio ambiente, proibe o lançamento em
níveis nocivos ou perigosos para os seres humanos e outras formas de vida. Esse
órgão ainda resolve no seu art. 1º diretrizes ambientais para o enquadramento dos
corpos de água superficiais, bem como estabelece as condições e padrões de
lançamento de efluentes. No seu capítulo IV: Art.24, dispõe das condições e dá
padrões de lançamentos de efluentes. Os efluentes de qualquer fonte poluidora
somente poderão ser lançados direta ou indiretamente, nos corpos de água, após o
41
devido tratamento e desde que obedeçam às condições, padrões e exigências
dispostos nesta resolução e em outras normas aplicadas.
3.1-MONITORAMENTO DA ÁGUA: IMPORTÂNCIA E PARÂMETROS ESTUDADOS
O monitoramento é a determinação contínua e periódica da quantidade de
poluentes ou de contaminação radioativa presente no meio ambiente (Koide &
Souza, 2001). Por meio do monitoramento continuado da água é possível obter
informações acerca da condição da qualidade das águas de uma bacia hidrográfica.
Em outra definição dos autores, o monitoramento é reconhecido como a coleta para
um propósito determinado de medições ou observações sistemáticas e
intercomparáveis, em uma série espaço temporal de qualquer variável ou atributo
ambiental que forneça uma visão sinóptica ou uma amostra representativa do meio
ambiente.
De acordo com Cruz (2003), os rios refletem todas as características da bacia
de drenagem, como litologia, geomorfologia, clima, solo e ação antrópica, além da
ocupação intensa dos solos, orientada ou não para a agricultura.
Segundo Goldenfum (2001) cada estudo poderá abranger um conjunto
diferente de variáveis e processos monitorados, mas de uma forma geral os
seguintes elementos devem ser considerados no monitoramento de uma bacia
hidrográfica: precipitação, interceptação, evaporação, evapotranspiração, água
superficiais, águas subsuperficiais, infiltração, erosão, sedimentação, qualidade da
água, dados climatológicos. No mesmo sentido, Silveira e Tucci (apud PAIVA, 2001)
explicam que o monitoramento convencional de pequenas bacias (áreas menores
que 100 quilômetros quadrados), implica na necessidade de uso de linígrafos,
pluviógrafos, e de manutenção especial dos aparelhos. Uma vez que o leito se altera
com freqüência, além de operações especializadas e seguros contra depredações.
Não diferente, Koide & Souza (2001) consideram ideal fazer o monitoramento da
qualidade da água em conjunto com o monitoramento hidrológico de bacias
hidrográficas, uma vez que é desejável que os dois aspectos do ecossistema
aquáticos (qualidade e quantidade) caminhem juntos.
Segundo Koide & Souza (2001) as seguintes etapas devem ser seguidas no
monitoramento:
42
1- Estabelecimento de objetivos;
2- Definição de métodos e análise de resultados;
3- Definição do modo de apresentação e disseminação dos resultados;
4- Seleção dos locais (pontos) de amostragem;
5- Seleção das características de qualidade da água que serão medidas e
seus métodos de exame;
6- Seleção da metodologia de amostragem;
7- Periodicidade de amostragem;
8- Levantamento dos recursos necessários (orçamento do programa).
Dentre os objetivos, vale ressaltar:
A) Verificar conformidade com padrões de qualidade da água para usos
diversos;
B) Fornecer informações para o planejamento do desenvolvimento dos
recursos hídricos;
C) Determinar eficiência de processos de tratamento e de métodos de
controle de poluição;
D) Fornecer dados para formulação de programa de controle de poluição;
E) Fornecer informação para seleção de processos de tratamento e para
projetos desses sistemas de tratamento.
Para Gastaldini & Mendonça (2001), o conhecimento sobre qualidade da água
evoluiu no último século, a partir do aumento da necessidade de uso da capacidade
de medição e interpretação de característica da água. A seguir é mostrada a
seqüência das preocupações com aspectos da qualidade de água:
Segundo Gastaldini & Mendonça (op.cit.), no monitoramento da qualidade da
água os seguintes aspectos e parâmetros devem ser observados:
Poluição fecal
Poluição orgânica
Salinização
Poluição por metais
Eutrofização
Resíduos radioativos
43
Nitratos
Chuvas ácidas
Os parâmetros utilizados na caracterização de corpos receptores são:
Temperatura
Cor
Odor
Resíduos e sólidos totais em suspensão
Matéria em suspensão, Turbidez e Transparência
Condutividade
Ph, Acidez e Alcalinidade
Potencial Redox ( oxidação-redução na água)
Oxigênio dissolvido
Dióxido de Carbono
Dureza (cálcio dissolvido e magnésio)
Clorofila
Nitrogênio
Fósforo
Algas
Matéria Orgânica
Carbono Orgânico total
DQO (susceptibilidade para oxidação de materiais orgânicos e inorgânicos)
DBO (demanda biológica de oxigênio)
Os termos monitoramento e avaliação de qualidade de água são geralmente
confundidos e usados como sinônimos. A avaliação da qualidade da água é um
estudo das características físicas, químicas e biológicas da água, relativas aos
efeitos humanos e usos propostos, particularmente aqueles que afetam a saúde
pública e do ecossistema em si. O monitoramento de qualidade de água é a coleta
de informações em locais fixos e intervalos regulares para obtenção de dados que
permitam o conhecimento das condições atuais e da evolução.
O desenvolvimento de índices vem com a premissa de oferecer uma
avaliação integrada, entretanto há de se considerar sempre a avaliação detalhada
44
da qualidade das águas. Hoje os índices específicos para os principais usos do
recurso hídrico são:
Águas destinadas para fins de abastecimento público – IAP;
Águas destinadas para a proteção da vida aquática – IVA;
Águas destinadas para o banho – Classificação praia.
Dessa forma, o desenvolvimento de índices encontra-se ainda limitado,
segundo Gastaldini (2001), devido, principalmente, à dificuldade de consenso no
estabelecimento de um índice largamente aplicado. Uma apreensão entre os
profissionais de qualidade da água é que os índices possam ser mal empregados e
as informações técnicas venham a ser perdidas ou ocultadas nas associações dos
dados. Os mesmos devem ser usados para a finalidade para as quais foram criados,
isto é, avaliação média de longo prazo da qualidade da água, para tomadas de
decisão na fase de planejamento. Não devem ser aplicados para decisões que
requeiram conhecimento mais detalhado dos corpos d’água e, podem ser
classificados em três tipos: índices baseados na opinião de especialistas, índices
baseados em métodos estatísticos e índices biológicos.
3.2- VARIÁVEIS LEVANTADAS NESTE TRABALHO E SUA IMPORTÂNCIA
Para este trabalho se elegeu um conjunto de variáveis a ser monitorado com
base na sua importância como um indicador de alterações ambientais por
impactação antrópica. Para a escolha dessas variáveis abaixo listadas, também foi
levada em consideração a facilidade da sua obtenção. O custo de sua análise em
laboratório e sua provável ocorrência devido às características do uso do solo do
município de Maringá. Foram levantados:
- O cromo total (Cr), metal altamente tóxico, no homem causa úlceras
cutâneas, câncer de pulmão, perturbação do septo nasal. Ocorre em curtumes de
couro e em galvanoplastia, atividades essas ocorrentes na bacia do ribeirão
Maringá.
- O níquel total (Ni), que pode causar dermatites nos indivíduos mais
sensíveis, afetar nervos cardíacos e respiratórios, não ocorre como metal nativo,
ocorrendo em industrias químicas, aditivos, óleos de motores e lubrificantes. A
presença do Ni pode indicar contaminação a partir de postos de combustíveis e/ou
de indústrias de reciclagem desses produtos.
45
- O chumbo total (Pb) é altamente tóxico, cumulativo, devendo-se controlar
rigorosamente a exposição pelo homem. O chumbo ocorre em indústrias de baterias,
chapas de metal, aditivos em gasolina, munição, reciclagem de sucata para
reutilização do chumbo, todas essas atividades urbanas estão presentes na bacia
hidrográfica estudada.
- O ferro total (Fe) em pequenas concentrações constitui a hemoglobina do
sangue, ocorre no basalto e em solos eutroférricos, é natural em nossa bacia.
- O cobre total (Cu) ocorre nativo no basalto, e me industrias metalúrgicas,
tratamentos agrícolas, herbicidas (agroecossistema), fungicidas (sulfato de cobre).
- O manganês total (Mn) ocorre em metalúrgicas, tinturarias e também em
fertilizantes, no homem irrita a pele, porem em pequena concentração faz parte da
vitamina B1.
- O zinco total (Zn) causa no homem secura na garganta, paladar adocicado,
tosse, fraqueza e febre, ocorre na metalurgia, fundição e na refinação, indústrias de
recicladoras de chumbo.
- O cadmio total (Cd) é considerado toxico em baixíssima concentração, atua
no aparelho gastrointestinal, podendo causar intoxicação aguda e crônica de efeito
cumulativo, responsável por doenças cardiovasculares e hipertensão.
A tabela 5 mostra uma síntese da ocorrência natural ou derivada da ação
antropica e suas implicações toxicológicas. Ressalte-se que as atividades industriais
na bacia hidrográfica estudada não são intensas, porém são razoavelmente
expressivas. Esse fato justifica a escolha da análise desses elementos na água,
como um indicador geo-ambiental.
46
Tabela 5 - Ocorrência de metais pesados e classificação toxicológica
Metal
Pesado
Ocorrência Classificação Toxicológica
Cobre Ocorre nativo basalto. Indústria
metalúrgica, tratamentos agrícolas,
herbicidas (agroecossistema) fungicidas
– sulfato de cobre.
Ser humano. * Constitui
hemoglobina catalisador celu-
lar. Nocivo, perigo para
organismos aquáticos, vômitos,
câimbras, convulsões, morte no
homem.
Cromo Curtumes de couro, galvano plastia. Úlceras cutâneas, câncer de
pulmão, perturbação do septo
nasal.
Zinco Metalurgia, fundição na refinação, Ind.
recicladoras de chumbo.
Secura na garganta, paladar
adocicado, tosse, fraqueza,
febre.
Chumbo Ind. Baterias, chapas de metal, aditivos
em gasolina, munição. Reciclagem de
sucata para reutilização do chumbo.
*Constitui hemoglobina, afeta o
cérebro e o sistema nervoso
em geral. O sangue, rins, sist.
Digestivo, reprodutor, causa
mutação genética.
Níquel Não ocorre como metal nativo. Ind.
química, aditivos óleos de motores e
lubrificantes.
Não aparenta ser tóxico em
utensílios culinários.
Cádmio Fundição e refinação de metais, como
zinco, chumbo e cobre – derivados de
Cádmio, são utilizados em pigmentos,
tinturas, baterias, solda.
Cancerígeno, e causa danos no
sistema reprodutor.
Ferro Ocorre no basalto e em solos
eutroférricos, é natural em nossa bacia.
*Constitui hemoglobina.
Manganês Metalúrgicas, tinturaria, fertilizantes. Irritação na pele, *Vitamina B
1
.
Cobalto Pigmentos, corados, cerâmicas,
catalisadores, laboratórios, coloração de
vidros azuis.
*Constitui hemoglobina,
Vitamina B
12
.
* podem tornar-se tóxico quando ultrapassam determinada concentração limite. (São os
micronutrientes) em pequenas quantidades.
47
3.3- CONCENTRAÇÃO DE SEDIMENTOS SUSPENSOS
Os sedimentos hidrotransportados pelos ribeirões podem ser relacionados à
remoção intensa de detritos das vertentes, à agricultura, às construções e
edificações urbanas; à erosão dentríticas nos canais, evidenciando determinados
modos de uso do solo e das águas. Isso reflete em prejuízos estéticos, físicos
(aumento da carga de sedimentos em suspensão) ou químicos (materiais
dissolvidos) para os diversos usos das águas fluviais.
Os constituintes intemperizados das rochas que são transportados em
solução química compõem a carga dissolvida dos cursos de água (PITTI, 1971 in
URBAN, 2002). A constituição química das águas dos rios é determinada por vários
fatores, tais como o clima, a geologia, a topografia, a vegetação, o tempo gasto para
o escoamento superficial ou subterrâneo e, os componentes denudacionais e não
denudacionais. Embora não seja visível, a carga dissolvida representa parcela
importante da denudação continental. Muitos rios carregam maior quantidade de
matéria dissolvida do que partículas em suspensão. A decomposição de florestas
propícia o fornecimento de ácidos orgânicos, principalmente quando existem
pântanos e lagoas. A utilização que se realiza nas áreas drenadas pela bacia
hidrográfica repercute diretamente na composição química das águas.
Em geral a carga em suspensão é a fração mais fina do material do leito,
sendo mantida suspensa pela ação da turbulência. A deposição da carga em
suspensão pode ocorrer em trechos de águas muito calmas ou em lagos. Nos rios
brasileiros, a carga em suspensão é bem maior que a carga dissolvida,
principalmente nos meses da estação chuvosa. Portanto a carga em suspensão é
quase sempre maior na época chuvosa. O canal fluvial funciona como meio de
transporte, mas não como principal elemento produtor de sedimentos.
A carga suspensa monitorada nos cinco pontos da bacia é muito importante,
pois além de ser veículo de contaminação difusa, representa a quantidade de
sedimento produzidos na bacia, demonstrando, indiretamente, os processos
erosivos.
48
3.4- USO DOS AGROTÓXICOS
A partir da década de 1960, os agrotóxicos (inseticidas e herbicidas) e
fertilizantes químicos passaram a ser utilizados em larga escala na para aumentar a
produção agrícola em várias regiões do mundo. Sua utilização se popularizou, entre
outros fatores, porque proporciona o aumento da produtividade por área cultivada. O
uso excessivo ou inadequado de produtos químicos causa, no entanto, graves
impactos ao ambiente: contaminação dos aqüíferos e solos quando transportados
pelas águas da irrigação e das chuvas, comprometem a qualidade hídrica dos rios,
córregos e lagos, poluindo as reservas de água potável. Os produtos químicos
utilizados na agricultura ainda apresentam riscos para a saúde humana. Segundo
dados divulgados no jornal O Estado de São Paulo (2001), nos anos de 1998-1999
foram registrados no Paraná 29,2 mil casos de intoxicação por agrotóxicos de
pessoas envolvidas na sua aplicação nas lavouras. Os consumidores de alimentos
produzidos com agrotóxicos também não estão livres de uma contaminação lenta
processada ao longo dos anos.
3.5- USO DE AGROTÓXICOS NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIBEIRÃO
MORANGUEIRA
Segundo Vandresen & Stipp (2004), grande quantidade de defensivos
agrícolas é utilizada na agricultura com a finalidade de aumentar a produtividade e
garantir a produção de alimentos para a humanidade. Mas o uso de agrotóxicos
oferece riscos ambientais e para a saúde pública, com a contaminação dos solos
agrícolas, águas superficiais, águas subterrâneas, alimentos e intoxicação dos
trabalhadores rurais.
Bevenue (apud VANDRESEN & STIPP, 2004) afirma que a contaminação no
homem por agrotóxicos pode ocorrer de duas maneiras gerais: através da exposição
ocupacional, no manuseio dos agrotóxicos desde a sua fabricação até a sua
aplicação, e pela exposição ambiental, em que a exposição do homem aos
agrotóxicos ocorre principalmente através dos alimentos contaminados e ingeridos,
mas também em menor proporção, na água bebida, no ar respirado e durante o seu
trabalho na denominada exposição ocupacional.
49
O Round up (glifosato), segundo Bacelar Jr. (apud VANDRESEN & STIPP,
2004), é um herbicida não seletivo e de ação sistêmica, provoca no homem
problemas dermatológicos (dermatite de contato) e também irrita as mucosas em
especial a ocular.
Segundo Oliveira et ali (2003), o levantamento dos agrotóxicos utilizados ao
redor da bacia do ribeirão Morangueira, localizada na região norte da cidade de
Maringá, lindeira com a bacia hidrográfica do ribeirão Maringá são demonstrados a
seguir na tabela n.º 6.
Tabela 6 - Levantamento dos agrotóxicos utilizados ao redor da bacia do ribeirão Morangueira
Classe Nome
comercial
Princípio ativo Classe química Lavoura Área
cultivada
(alqueire)
inseticida azodrim monocrotofós Organofosforado Soja, trigo e milho 133
metafos metamidofós Organofosforado Soja, trigo e milho 80
karate Lambda cialotrina piretróide Soja, trigo e milho 26
herbicida Round-up glifosato glisina Soja, trigo e milho 82
cobra lactofen Difenil éter Soja e trigo 20
classic Clorimuron etil Sulfonil uréia Soja e trigo 72
Scepter imazaquin imidazolinona Soja e trigo 91
trifluralina trifluralina dinitroanilina Soja, trigo e milho 91
Scorpion flumetsulan sulfonamida Soja e trigo 20
Pivot imazaquin imidazolinona Soja e trigo 52
Fonte: Oliveira et al (2003)
No mesmo sentido, aplicou-se o questionário (anexo 1) em moradores da
bacia hidrográfica do ribeirão Maringá, verificando-se na área rural a utilização de
13.1 litros de praguicidas como Round-up- 5 a 10 L/alq; Classic- 200g/alg; Aramo -
1.2 L/alq; Cobra com Classiq-1.5 L/alq; Agrofos-3 L/alq; Galaxe-1.2 L/alq; Opera -1.2
litros por alqueire por ano, e dependendo do tempo atmosférico, na hora da colheita
é comum a aplicação de mais 5 litros de Round-up por alqueire para a dessecação
do soja.
CAPÍTULO 4
RESULTADOS
4.1- DINÂMICA DO ESCOAMENTO DO RIBEIRÃO MARINGÁ
O ribeirão Maringá apresenta suas nascentes na parte central da cidade de
Maringá, próximo à estrada de ferro, dentro do sítio urbano na altitude de 580 m. O
curso superior do ribeirão Maringá (os dois km mais a montante) apresenta uma
declividade média de 0,05 %. No curso médio desse ribeirão (o km 2 ao km 16) a
declividade média é de 0,005 %. No seu curso inferior as declividades são ainda
mais baixas (do km 16 ao km 20), fazendo com que essa região seja quase plana
(figura 20).
O ribeirão Maringá desenvolve as suas drenagens no sentido norte da cidade
de Maringá, observando-se que dentro da malha urbana nos primeiros mil metros de
canal ocorre o maior declividade e as maiores cotas. Do km 16 ao km 20 na sua
exutória o ribeirão Maringá está na altitude de 400 m, mantendo essa altitude média
por 5 km. Essa região, em virtude da sua baixa declividade e por estar na mesma
cota do rio Pirapó (400m), é influenciada diretamente por este rio, que ao se elevar
promove o barramento do fluxo de água do canal do ribeirão Maringá.
De acordo com Biazin (2003), a declividade total do ribeirão Maringá é de
0,82%, o que denota uma suave declividade. Próximo à sua nascente a declividade
é de 2,66 %, superior à declividade do córrego Romeira (2%) e do córrego
Mandacarú (1,4%). Verifica-se que as maiores declividades encontram-se próximas
as nascentes e principalmente aos córregos Romeira e ribeirão Maringá.
O perfil longitudinal do ribeirão Maringá mostrado (Figura 20), apresenta-se
de forma côncava, com declividades maiores em direção às nascentes. O leito desse
curso de água, em sua maioria, é rochoso, mas o baixo curso do ribeirão Maringá é
formado por leito móvel, devido à baixa declividade e assoreamento, configurando-
se num perfil típico de clima úmido.
51
360
400
440
480
520
560
600Altitude (m)
19,5
Dist. (Km)
PERFIL LONGITUDINAL DO RIBEIRÃO MARINGÁ
Escala horizontal - 1:8125
Escala vertical - 1:8000
Base: Biazini, P.C. (2003)
Elaboração: Coelho, A. (2006)
Figura 20 – Perfil longitudinal da bacia hidrográfica do Ribeirão Maringá (COELHO, 2006)
As áreas mais suscetíveis à erosão são as áreas das cabeceiras. No entanto,
observa-se erosão próximo ao baixo curso do ribeirão Maringá (ponto 5), devido à
retilinização do canal realizada em 1985, fazendo com que o “novo” curso de água
procure entrar em equilíbrio.
Essa região configura-se na planície de inundação do ribeirão Maringá, com
dinâmicas próprias resultantes dessa inter-relação. O barramento do ribeirão
Maringá promove a elevação da coluna de água por cerca de 5 km a montante da
exutória, onde a altitude do canal se mantém na mesma cota do Pirapó. Com isso,
havendo chuva intensa na bacia hidrográfica do ribeirão Maringá, as águas do canal
extravasam suas margens causando inundações. A Figura 21 demonstra essa
situação.
Figura 21 – Inundação da planície do ribeirão Maringá próxima à exutória, com suas margens
ocupadas pelo uso agropecuário e cultivo de milho (época de cheia)
52
O ribeirão Maringá nesse trecho de 5 km apresenta um canal estreito e raso.
Com a cheia do ribeirão, grande parte da planície original é inundada, surgem
lagoas e charcos. Por se tratar de uma área que está a jusante da ETE (Estação de
Tratamento de Esgotos), cuja água está mais contaminada por metais pesados, o
solo da planície de inundação também é contaminado por metais (SALA, 2001). As
inundações podem trazer mais problemas quando atingem áreas de pastagens, pela
contaminação do pasto por metais pesados, e conseqüentemente do gado devido à
alimentação e à dessedentação. Esses metais são cumulativos e acabam
concentrando-se no topo da cadeia alimentar. Outro fator é relacionado às
inundações, perda de área útil e acidentes com animais ali criados.
As águas do ribeirão Maringá, no seu curso inferior, pode permanecer,
mesmo em dias sem chuva, na bacia hidrográfica acima das margens do canal
fluvial e somente vão baixando conforme baixem também as águas do rio Pirapó.
Este fato demonstra a importância de um estudo integrado de bacias hidrográficas.
Embora tenha ocorrido a retilinização do canal do ribeirão Maringá, observa-se que o
preponderante regulador de vazão nos últimos km do ribeirão Maringá em dias de
grande precipitação é o rio Pirapó.
4.2 EXPANSÃO URBANA DO MUNICÍPIO
A expansão urbana na bacia hidrográfica do ribeirão Maringá se dá no sentido
norte em relação ao centro da cidade de Maringá. A área da bacia corresponde a
50.92 km
2
, destes, 36.75 km
2
são utilizados pela agropecuária juntamente com as
áreas de reserva legal, ou seja, 72.17 % do total da bacia. Até 1986 a área
urbanizada da bacia correspondia a 7.97 km
2
, ou seja 15.66% da bacia, no entanto
de 1987 a 2005 a bacia experimentou um crescimento urbano de 6.20 km
2
, ou seja
mais de 12,17% da mesma. Para o ano de 2005 o urbano total em relação a 1987 é
de 14,17 km
2
, representando 27.83% da bacia (Figura 22).
Esse incremento da área urbanizada foi devido à abertura de novos
loteamentos, tais como Jardim Paris, Jardim Real, Jardim Brasil, etc. Esse
crescimento do sítio urbano gera ocupações de áreas de risco e de preservação
ambiental e produz ,como conseqüência, a diminuição das áreas de cultivo e de
matas nativas.
53
Os novos loteamentos são dominantemente utilizados para moradias.
Conseqüentemente, também abrigam setores comerciais, como postos de gasolina,
oficinas mecânicas, lavanderias, etc, aumentando a pressão sobre o ambiente
natural devido ao aumento da carga de efluentes.
Figura 22 – Mapa de Expansão Urbana da Bacia do Ribeirão Maringá
54
55
4.3- PRECIPITAÇÃO
Comparando-se a precipitação ocorrida no setor leste (ECPM) e oeste
(pluviômetro) da bacia no período de novembro de 2005 a março 2006, observa-se
um diferente comportamento entre os dois setores da bacia. Esses dados estão
apresentados no Gráfico 1.
precipitação ECPM
0
20
40
60
80
1 3 5 7 9 1113151719212325272931
dia
precipitação (mm)
Novembro
Dezembro
Janeiro
Fevereiro
Março
precipitação pluvmetro
0
50
100
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31
dia
precipitação
(mm)
Novenbro
Dezembro
Janeiro
Fevereiro
Março
Gráfico 1 – Precipitação no setor leste (a) e oeste (b) da bacia do ribeirão Maringá de
novembro/2005 a março/2006
Esse comportamento se deve ao movimento geral da atmosfera, com
presença de chuvas convectivas que inferem características e intensidades de
precipitações diferentes, nos diferentes pontos de coleta da precipitação da bacia.
A pluviosidade medida na ECPM (Estação Climatológica Principal de
Maringá) nos últimos 6 anos possibilita acompanhar a freqüência da intensidade da
precipitação que ocorre na porção leste da bacia hidrográfica do ribeirão Maringá.
Verifica-se que no ano de 2000 a precipitação total anual foi de 1748,3 mm de
chuva, com um total de 136 dias de chuva por ano, com onze dias de chuva por mês
(em média). Nesse ano, o maior número de dias de chuva por mês ocorreu em
janeiro, março e dezembro, com dezesseis dias de chuva cada.
(a)
(b)
56
No ano de 2001, o total anual precipitado diminuiu em 99,9 mm, percebendo
um total precipitado de 1648,4 mm de chuva. No entanto, o ano apresentou o
mesmo total de dias de chuva que o ano de 2000 (136 dias de chuva por ano) e a
mesma média de onze dias de chuva por mês. Os meses que apresentaram o maior
número de dias de chuva foram: fevereiro (18 dias de chuva) e dezembro (16 dias
dia de chuva).
No ano de 2002, o total anual precipitado voltou a se elevar, percebendo a
maior precipitação total anual, 1750,9 mm de chuva. O total de dias de chuva por
ano diminuiu para 111 dias e a média de dias de chuva por mês diminuiu para 9,3. O
maior número de dias de chuva ocorreu em janeiro (17 dias de chuva) e em
novembro (16 dias de chuva). Portanto, a intensidade das chuvas aumentou nesse
ano.
No ano de 2003, o total anual precipitado reduziu-se em relação a 2002 em
242,9 mm de chuva, precipitando um total de 1508,0 mm de chuva. O total de dias
de chuva por ano diminuiu para 110 dias, a média de dias de chuva por mês
diminuiu para 9,2. O maior número de dias de chuva ocorreu em janeiro (20 dias de
chuva) e em fevereiro (17 dias de chuva).
No ano de 2004, o total anual precipitado foi de 1714,6 mm, elevando-se em
relação a 2003 em 206,6 mm. Elevou-se também o total de dias de chuva para 127
por ano, resultando em uma média de dias de chuva por mês de 10.5 dias. A maior
quantidade de dias de chuva por mês ocorreu em outubro (14 dias de chuva) e em
dezembro (14 dias).
No ano de 2005 torna a reduzir-se o total precipitado, atingindo o menor valor
ao longo dos 6 anos, 1397,0 mm de chuva (353,5 mm a menos que o ano de maior
precipitação – 2002 com 1750,9 mm), apresentando um total de 110 dias de chuva
por ano e uma média de 9,2 dias de chuva por ano.
De acordo com os dados da ECPM (Estação Climatológica Principal de
Maringá), podemos verificar valores decrescentes, de 2000 a 2005, na precipitação
total anual efetiva sobre a bacia hidrográfica do ribeirão Maringá. Apresentando uma
redução no total precipitado no segundo triênio de 528 mm em relação ao primeiro
triênio.
57
4.4- VAZÃO E CURVA CHAVE DE VAZÃO
A vazão é o volume de água escoado em uma unidade de tempo em uma
determinada seção de um curso de água, sendo o resultado final dos processos
hidrológico de uma bacia (ANTONELI, 2004). Nesse sentido, foram levantadas a
vazão nos 5 pontos fixos de monitoramento na bacia hidrográfica do ribeirão
Maringá.
As medidas de vazão foram mensais, no entanto em dias aleatórios, não
obedecendo nenhum critério com relação à precipitação. Portanto, o maior número
de medidas está relacionado à vazão de base das drenagens da bacia.
No trecho superior do ribeirão Maringá, a vazão no ponto 1, ao longo do
período monitorado (outubro de 2000 a fevereiro de 2006), atingiu seu maior pico
em março de 2002 com 1,37 m³/s, e a menor vazão nessa seção foi de 0,43 m³/s em
agosto de 2005.
No córrego Romeira (ponto 2) a vazão encontrada em março de 2002 foi de
0,81 m³/s e em agosto de 2005, foi de 0,39 m³/s.
Na seção do ribeirão Mandacarú (ponto 3), a vazão encontrada em março de
2002 foi de 4,74 m³/s e em agosto de 2005, foi de 3,40 m³/s. No momento da
precipitação a vazão máxima desse ribeirão foi de 33 m3/s registrada em fevereiro
de 2006. Como será discutido adiante.
No ribeirão Maringá (ponto 4), após a ETE (Estação de Tratamento de
Esgotos) a vazão encontrada em março de 2002 foi de 9,42 m³/s e em agosto de
2005, foi de 5,22 m³/s.
No ponto 5 próximo a exutória do ribeirão Maringá, a vazão encontrada em
março de 2002 foi de 10,34 m³/s e em agosto de 2005, foi de 6,32 m³/s.
Dos dados de vazão, resultantes do estudo de três anos nos mesmos pontos
na bacia hidrográfica do ribeirão Maringá, efetuado por Biazin et.alli (2003) de 2000
a 2002 e dos dados levantados e comparados nos anos de 2004, 2005 e 2006 na
presente pesquisa de Mestrado, refletem uma tendência na diminuição da vazão de
base do ribeirão Maringá. Esse fato deve estar relacionado à diminuição da
precipitação na bacia, em conseqüência disso a oferta de água para o freático
diminui, e a vazão de base retrai-se. Outro fator que concorre no mesmo sentido é a
impermeabilização da bacia aumentada pelo crescimento urbano.
58
0
5
10
15
20
25
30
35
0.
4
0
.6
0
.8
1
.0
1
.2
1.
4
1
.6
1.
8
2
.0
2
.2
2.4
2
.6
2.
8
3
.0
3
.2
3
.4
3
.6
3.
8
4
.0
mina de água (m)
vazão (m3/s)
Q
Para se conhecer as variações nas concentrações de sedimentos suspensos
e dos metais pesados em diferentes vazões na bacia, medidas na armadilha
colocada no córrego Mandacaru (ponto 3), foi necessário se conhecer as diferentes
vazões do canal fluvial.
Para isso coletou-se a variação da vazão (nível X velocidade de água) no
córrego Mandacarú em um dia de intensa precipitação na bacia
No dia 14 de fevereiro de 2006 foram medidas velocidades da água quando o
córrego Mandacarú elevou suas águas a quatro metros. Nesse dia a precipitação
registrada na ECPM foi de 25,8 mm e no pluviômetro de Cunha (oeste da bacia) foi
de 66 mm.
A coleta dos dados correu durante quatro horas e vinte minutos, esperou-se
que o nível de água da seção chegasse ao seu máximo para aquela precipitação. A
partir daí, mediu-se durante o decenso do nível de água as diferentes vazões em
diferentes níveis.
O resultado disso é a curva chave de vazão mostrada no gráfico 2, que
registra para uma altura de lâmina de água de 4 metros a vazão de 32 metros
cúbicos por segundo, com uma velocidade de fluxo de 1,94 m/s. Isso mostra a
enorme variação de vazão dentro do sistema fluvial estudado que varia de cerca de
0,8 metros cúbicos a 32 metros cúbicos por segundo (máxima vazão medida).
Gráfico 2 – Curva chave de vazão
As observações de campo, durante as coletas para a construção da curva
chave demonstram a rápida resposta do sistema fluvial diante da precipitação na
bacia, com o rápido escoamento da água precipitada.
59
Os dados amostrados durante os seis anos foram submetidos à correlação de
Sperarman. Essa correlação avalia o quanto andam juntas as variáveis “vazão” e
“metais pesados”, apenas o metal pesado Zn demonstrou correlação com a vazão
(tabela 7)
Tabela 7 - Correlação de Spearman (Vazão vs Carga Suspensa & Vazão vs Concentração de
Metais)
Vazão vs ρ- Spearman p-valor
Fe -0.05988 0.5440
Cu 0.13644 0.1972
Mn -0.20983 0.0748
Zn 0.31198 0.0015
Cr 0.21839 0.1276
Pb 0.15784 0.1620
Cd -0.07212 0.8431
Co 0.10125 0.5031
Ni 0.23314 0.1189
Carga Suspensa 0.08318 0.3966
Apresentou correlação
O P-valor é a medida que indica se existe ou não correlação entre as variáveis, se p-valor<0.05,
então as variáveis estão correlacionadas.
4.5- ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DOS METAIS PESADOS NO PERÍODO DE
OUTUBRO DE 2000 A FEVEREIRO DE 2006
A análise descritiva da concentração de metais na água dos cinco pontos
amostrados na bacia hidrográfica do ribeirão Maringá está sumarizada na tabela 8.
Nessa tabela, as concentrações acima da permitida pela resolução CONAMA/2005
estão destacados em vermelho. Os dados das coletas mensais relacionados à
concentração de metais pesados dos cinco pontos de monitoramento constam das
tabelas abaixo.
60
Tabela 8 – Concentração de metais pesados dos cinco pontos de monitoramento (mg/L)
Ponto 1
Meses Fe Cu Mn Zn Cr Pb Cd Co Ni
out/00 2,284 0,003 nd 0,095 0,004 0,034 nd 0,003 0,005
nov/00 0,014 0,004 0,0005 0,0002 nd 0,006 nd 0,002 nd
dez/00 0,015 0,0018 0,004 0,0111 nd 0,007 nd 0,002 0,002
jan/01 2,155 0,004 0,13 0,0126 0,002 0,022 nd 0,003 0,004
fev/01 5,963 0,012 0,166 0,0534 0,011 0,024 nd 0,005 0,008
mar/01 6,576 0,0201 0,18 0,0124 0,016 nd nd 0,006 0,006
abr/01 1,004 0,0023 0,053 0,0074 0,002 0,003 0,0014 nd nd
mai/01 0,86 0,0037 0,103 0,008 0,003 0,044 0,0009 0,007 0,009
jun/01 0,013 0,0011 0,081 0,0012 nd 0,009 nd nd 0,002
jul/01 0,007 0,0016 0,047 0,0022 0,006 0,007 nd 0,002 0,003
ago/01 0,316 0,0034 0,067 0,0087 0,003 0,022 nd nd 0,004
set/01 0,007 0,0012 0,011 0,009 0,001 0,007 nd 0,0042 0,0003
out/01 7,5 0,0145 0,07 0,0114 0,004 0,011 nd 0,01 0,003
dez/01 0,605 0,0028 0,013 0,0105 0,006 0,017 0,0005 0,0001 nd
jan/02 0,01 0,0009 0,025 0,0062 0,002 0,009 nd 0,002 0,0045
fev/02 0,009 0,0015 0,027 0,0063 0,003 0,008 nd 0,0085 0,0021
mar/02 0,726 0,0074 0,037 0,0114 0,028 0,058 0,0025 0,0002 0,0112
abr/02 0,402 0,0068 nd 0,0068 0,004 0,006 nd 0,001 0,005
mai/02 1,284 0,0056 0,02 0,02 0,007 0,0038 nd 0,007 0,0043
jun/02 0,688 0,0042 0,058 0,0224 0,0015 0,043 nd 0,0049 0,0085
ago/04 0,137 0,0024 nd 0,0479 nd 0,013 nd nd 0,005
set/04 0,599 0,0041 0,019 0,0108 nd 0,014 nd nd nd
nov/04 nd 0,0053 0,018 0,0746 nd 0,014 nd nd nd
jan/05 0,1457 0,0048 0,016 0,0111 0,001 0,009 nd nd nd
mai/05 0,36 0,0049 0,003 0,0063 nd 0,011 nd nd nd
jul/05 1,461 0,0077 nd 0,0107 nd nd nd nd nd
ago/05 0,726 0,0032 nd 0,0086 nd 0,011 nd nd nd
set/05 0,578 0,0029 nd 0,002 nd 0,005 nd 0,001 nd
out/05 0,018 0,0046 0,002 0,0172 nd nd nd nd nd
nov/05 0,052 0,0026 nd 0,019 nd 0,007 nd nd nd
dez/05 0,922 0,0674 0,0144 0,0056 nd nd nd nd nd
jan/06 0,0081 0,0019 nd 0,003 0,002 nd nd nd nd
fev/06 1,499 nd 0,023 0,0104 nd nd nd nd nd
Ponto 2
Meses Fe Cu Mn Zn Cr Pb Cd Co Ni
out/00 1,077 0,002 nd 0,0103 0,003 0,033 nd 0,003 0,004
nov/00 0,026 0,0005 0,001 0,0004 nd 0,001 nd 0,003 nd
dez/00 0,037 0,0012 0,005 0,0107 nd 0,004 nd 0,002 nd
jan/01 2,082 0,0028 0,094 0,00091 0,001 0,014 nd 0,002 0,003
fev/01 3,703 0,0087 0,118 0,0162 0,007 0,032 0,0002 0,005 0,007
mar/01 1,283 0,0035 0,053 0,0056 0,002 nd nd nd 0,002
abr/01 0,278 nd nd 0,0017 0,0013 nd nd nd nd
mai/01 1,235 0,0058 0,096 0,0109 0,003 0,033 0,0011 0,008 0,01
jun/01 0,036 0,0012 0,056 0,0024 nd 0,007 nd nd 0,001
jul/01 0,006 0,0014 0,04 0,0019 0,011 nd nd 0,002 0,003
ago/01 0,525 0,0023 0,059 0,008 0,001 0,013 nd nd 0,003
set/01 0,004 0,0018 0,011 0,0044 0,001 0,007 nd 0,0045 0,0002
out/01 0,174 0,0009 nd 0,0061 nd nd nd 0,002 0,0005
dez/01 0,896 0,0033 0,025 0,0118 0,008 0,017 0,0005 0,0001 nd
jan/02 0,045 0,0004 0,009 0,0024 0,004 0,038 nd 0,001 0,0032
61
fev/02 0,003 0,0017 0,015 0,0014 0,002 0,006 nd 0,0079 0,0011
mar/02 0,259 0,0044 0,019 0,0134 0,024 0,027 0,0009 0,0001 0,0026
abr/02 0,22 0,0008 nd nd 0,006 0,015 nd nd 0,007
mai/02 1,489 0,0053 0,021 0,0123 0,009 0,0063 nd 0,007 0,0058
jun/02 0,623 0,0034 0,05 0,0075 0,0006 0,029 nd 0,004 0,0072
ago/04 1,281 nd nd 0,0036 nd 0,018 nd nd 0,002
set/04 1,608 0,0038 0,033 0,0075 nd 0,01 nd nd nd
nov/04 0,244 0,0192 0,038 0,1619 nd nd nd nd nd
jan/05 0,2324 0,0656 0,0274 0,035 nd 0,018 nd nd nd
1,805 0,0157 0,021 0,006 nd 0,004 nd nd nd
jul/05 2,508 0,0043 0,035 0,0064 nd nd nd nd nd
ago/05 1,206 nd nd 0,0082 nd 0,016 nd nd nd
set/05 1,159 0,004 nd 0,0036 nd 0,008 nd nd nd
out/05 0,013 0,0028 nd 0,0071 nd nd nd nd nd
nov/05 0,006 0,0014 nd 0,0076 nd 0,005 nd nd nd
dez/05 0,3 nd 0,0548 0,0015 nd 0,008 nd nd nd
jan/06 8 0,0228 nd 0,008 0,0015 nd nd nd nd
fev/06 1,282 nd 0,021 0,0093 nd nd nd nd nd
jan/05 0,2324 0,0656 0,0274 0,035 nd 0,018 nd nd nd
Ponto3
Meses Fe Cu Mn Zn Cr Pb Cd Co Ni
out/00 0,909 0,001 nd 0,0106 0,003 0,036 nd 0,006 0,004
nov/00 0,018 0,0005 0,0008 0,0004 nd 0,006 nd 0,003 0,002
dez/00 0,015 0,0012 0,006 0,0109 nd 0,004 nd 0,002 nd
jan/01 0,846 0,0028 0,026 0,0229 0,001 0,008 nd 0,002 0,003
fev/01 0,127 0,0012 0,039 0,0066 nd 0,014 0,0006 0,003 0,006
mar/01 0,708 0,0032 0,035 0,0078 0,002 nd nd nd 0,001
abr/01 0,454 0,0005 nd 0,0105 nd nd 0,0004 nd nd
mai/01 0,035 0,0017 0,047 0,0051 nd 0,022 0,0007 0,005 0,006
jun/01 0,014 0,0014 0,05 0,0006 0,001 0,008 nd nd 0,002
jul/01 0,003 0,0018 0,022 0,0019 0,017 0,007 nd 0,001 0,002
ago/01 0,197 0,0025 0,027 0,0121 0,002 0,015 nd nd 0,005
set/01 0,392 0,0047 0,002 0,009 0,002 0,024 nd 0,0064 0,0042
out/01 0,234 0,0012 nd 0,0061 nd 0,003 nd 0,004 0,0018
dez/01 0,487 0,0029 0,002 0,0073 0,011 0,019 0,0005 0,001 nd
jan/02 0,009 0,0004 0,003 0,0045 0,006 0,04 nd 0,001 0,005
fev/02 0,007 0,0004 nd nd 0,003 0,01 nd 0,0082 0,0089
mar/02 0,169 0,0027 nd 0,0073 0,024 0,017 0,0008 0,0009 0,0016
abr/02 0,495 0,0097 0,004 0,0161 0,011 0,016 nd 0,001 0,011
mai/02 0,496 0,0034 0,001 0,008 0,009 0,0066 nd 0,005 0,005
jun/02 0,393 0,0035 0,057 0,0135 0,0017 0,045 nd 0,0054 0,0087
ago/04 0,0168 0,0016 nd 0,0609 nd 0,024 nd nd 0,001
set/04 0,314 0,0031 0,009 0,0182 nd 0,013 nd nd nd
nov/04 0,479 0,002 0,015 0,014 nd 0,018 nd nd nd
jan/05 0,1072 0,0245 0,0071 0,0196 nd 0,005 nd nd nd
mai/05 0,238 0,0042 nd 0,0094 nd 0,003 nd nd nd
jul/05 1,418 0,103 0,012 0,0385 nd nd nd nd nd
ago/05 0,442 nd nd 0,0065 nd 0,014 nd 0,001 nd
set/05 0,158 nd nd 0,0005 nd nd nd nd nd
out/05 0,024 0,0062 nd 0,0076 nd nd nd nd nd
62
nov/05 0,108 0,0054 0,005 0,0087 nd 0,008 nd nd nd
dez/05 0,0476 nd 0,0079 0,0049 nd 0,01 nd nd nd
jan/06 0,07 nd nd nd nd nd nd nd nd
fev/06 1,952 0,3625 0,008 0,1442 nd nd nd nd nd
Ponto4
Meses Fe Cu Mn Zn Cr Pb Cd Co Ni
out/00 1,484 0,002 nd 0,026 nd 0,041 nd 0,005 0,006
nov/00 0,007 0,0016 0,001 0,0003 nd 0,008 nd 0,003 nd
dez/00 0,019 0,005 0,005 0,0108 nd 0,004 nd 0,003 nd
jan/01 1,37 0,0079 0,063 0,0384 0,001 0,008 nd 0,004 0,005
fev/01 0,308 0,0167 0,105 0,0873 0,002 0,027 0,001 0,009 0,013
mar/01 1,695 0,0099 0,079 0,0455 0,005 nd nd 0,001 0,002
abr/01 1,72 0,008 0,023 0,0498 0,0023 nd 0,0006 nd nd
mai/01 0,075 0,0067 0,085 0,0409 nd 0,016 0,0005 0,004 0,005
jun/01 0,009 0,0026 0,07 0,0029 0,002 0,011 nd nd 0,003
jul/01 0,012 0,0053 0,04 0,0199 0,023 0,01 nd 0,002 0,003
ago/01 1,616 0,0123 0,102 0,0813 0,005 0,033 nd 0,002 0,007
set/01 0,824 0,0063 0,016 0,0279 0,003 0,024 nd 0,0062 0,0024
out/01 3,5 0,0092 0,014 0,0437 nd 0,016 nd 0,007 0,0021
dez/01 0,093 0,0066 0,015 0,0537 0,014 0,004 0,0005 0,0009 nd
jan/02 0,012 0,0013 0,013 0,0241 0,007 0,039 nd 0,002 0,0058
fev/02 0,004 0,0015 nd nd 0,002 0,008 nd 0,0088 0,0081
mar/02 1,719 0,0162 0,018 0,2 0,027 0,044 0,0009 0,0008 0,0036
abr/02 0,704 0,0093 0,009 0,0412 0,014 0,012 nd 0,002 0,012
mai/02 0,998 0,0086 0,018 0,0794 0,014 0,0149 nd 0,009 0,0065
jun/02 0,754 0,0057 0,064 0,0321 0,0027 0,138 nd 0,0167 0,0304
ago/04 1,91 0,0048 nd 0,0382 0,002 0,34 nd nd 0,002
set/04 0,06 0,0056 0,024 0,0249 0,002 0,009 nd nd nd
nov/04 0,421 0,058 0,028 0,0289 nd 0,022 nd nd nd
jan/05 0,2284 0,1415 0,0238 0,0817 nd 0,009 nd nd nd
mai/05 1,48 0,0205 0,009 0,0461 nd 0,02 nd nd nd
jul/05 1,508 0,0078 0,026 0,0155 nd nd nd nd nd
ago/05 0,892 0,0009 nd 0,0222 nd 0,013 nd 0,001 nd
set/05 0,041 0,0008 nd 0,0168 nd nd nd nd nd
out/05 0,009 0,0043 0,004 0,0124 nd nd nd nd nd
nov/05 0,029 0,0032 0,016 0,0082 nd
0,012 nd nd nd
dez/05 0,0045 nd 0,0559 0,0019 nd 0,005 nd nd nd
jan/06 1,27 0,0045 nd 0,0141 nd nd nd nd nd
fev/06 1,974 0,0177 0,029 0,0221 nd nd nd nd nd
Ponto 5
Meses Fe Cu Mn Zn Cr Pb Cd Co Ni
out/00 2,185 0,003 nd 0,013 nd 0,048 nd 0,004 0,003
nov/00 0,01 0,0008 0,0009 nd nd 0,007 nd 0,004 nd
dez/00 0,063 0,0082 0,005 0,0105 nd 0,001 nd 0,002 nd
jan/01 3,3 0,0092 0,149 0,0176 0,003 0,031 nd 0,005 0,005
fev/01 3,198 0,0147 0,189 0,0198 0,008 0,052 0,0003 0,011 0,016
mar/01 2,443 0,0073 0,156 0,0168 0,006 nd nd 0,002 0,002
abr/01 0,258 0,0015 0,091 0,0143 nd nd nd nd nd
mai/01 0,165 0,0069 0,153 0,0142 nd 0,035 0,0006 0,008 0,008
jun/01 0,167 0,0045 0,134 0,0104 0,003 0,287 nd nd 0,006
jul/01 0,0173 0,1155 0,102 0,002 0,024 0,005 nd 0,003 0,004
ago/01 3,934 0,0131 0,224 0,0335 0,006 0,055 nd 0,008 0,014
set/01 0,009 0,0019 0,046 0,0063 0,002 0,006 nd 0,0071 0,0017
63
out/01 2,582 0,0045 0,029 0,0115 nd nd nd 0,007 0,0012
dez/01 2,179 0,0064 0,042 0,0104 0,016 0,009 0,0005 0,001 nd
jan/02 0,22 0,0034 0,045 0,0105 0,007 0,037 nd 0,003 0,0062
fev/02 0,005 0,0012 nd nd 0,002 0,008 nd 0,009 0,0073
mar/02 3,096 0,0097 0,04 0,0212 0,028 0,027 0,0009 0,001 0,0026
abr/02 2 0,0094 0,035 0,023 0,016 0,014 nd 0,002 0,014
mai/02 0,115 0,0106 0,107 0,0327 0,016 0,0174 nd 0,021 0,0138
jun/02 0,11 0,0094 0,24 0,031 0,0044 0,048 nd 0,0061 0,0091
ago/04 6,97 0,0165 nd 0,0172 0,007 0,026 nd nd 0,007
set/04 0,414 0,0054 0,054 0,0428 0,003 0,015 nd nd nd
nov/04 1,834 0,0169 0,049 0,0157 nd 0,029 nd nd nd
jan/05 0,3999 nd 0,0541 0,008 nd 0,01 nd nd nd
mai/05 1,168 0,0324 0,009 0,0118 nd 0,006 nd nd nd
jul/05 1,663 0,0043 0,03 0,0084 nd nd nd nd nd
ago/05 1,277 nd nd 0,0163 nd 0,014 nd 0,001 nd
set/05 1,318 nd 0,016 0,0086 nd nd nd nd nd
out/05 0,028 0,0062 0,035 0,0096 nd nd nd nd nd
nov/05 0,329 0,0061 0,046 0,0123 nd 0,006 nd nd nd
dez/05 0,0032 nd 0,0641 0,0014 nd nd nd nd nd
jan/06 2,295 nd nd 0,001 0,001 0,001 nd nd nd
fev/06 4,568 0,0173 0,097 0,0136 nd nd nd nd nd
Ferro total (Fe):
Para o período estudado o ribeirão Maringá (ponto 1) revela que o ferro (Fe)
foi detectado na sua maior concentração 6,576 mg/L em março de 2001, a menor
concentração foi registrada em junho de 2001 sendo 0,007 mg/L. O ferro (Fe) não foi
detectado em apenas uma das amostras no ponto 1 (mês de novembro de 2004 ,no
segundo triênio). Esse metal apresenta uma diminuição na sua concentração na
água nos últimos três anos 2004, 2005 e 2006 para o (ponto 1). Os teores de Fe
detectados na água na maior parte das coletas ultrapassou o permitido pelo
CONAMA/2005 que é de 0,3 mg/L de ferro. Nos últimos três anos a maior
concentração de ferro detectada foi de 1,499 mg/L, cerca de 4,3 vezes menor que a
maior concentração dos primeiros três anos. Porém está 4,9 vezes acima do limite
permitido pelo CONAMA/2005 para corpos de água de classe 2; o que sugere uma
correlação com os índices pluviométricos do período.
No ponto 2, córrego Romeira, predominantemente rural, o ferro foi detectado
em todas as amostragens durante os seis anos. A maior concentração de ferro foi
detectada no mês de fevereiro de 2001, sendo encontrado 3,703 mg/L, 12,3 vezes
maior que o limite CONAMA/2005; a menor concentração foi de 0,003 mg/L no mês
de fevereiro de 2002.
64
No II Triênio, a maior concentração de ferro foi de 2,508 mg/L em julho de
2005 e, a menor concentração 0,006 mg/L em novembro de 2005, apresentando
também redução na concentração de ferro quando comparado ao I triênio.
No ponto 3, no ribeirão Mandacaru, predominantemente urbano, a maior
concentração de ferro detectada foi 0,909 mg/L em outubro de 2000, 3,03 vezes
maior que o limite CONAMA e, a menor concentração 0,003 mg/L em julho de 2001.
No II triênio a maior concentração de ferro de 1,952 mg/l obtida em fevereiro de 2006
(após a chuva), foi 6,5 vezes maior que o limite CONAMA e, a menor concentração
para o período de 0,024 mg/l.
O aumento da concentração de ferro nas águas do ribeirão Mandacarú para o
II triênio, sugerem correlação com o rápido crescimento urbano, abertura de
loteamento a montante do ponto 3, que remobiliza materiais ao longo da vertente,
como fator de agravo no índice de concentração de ferro.
No ponto 4, ribeirão Maringá, após a ETE (Estação de Tratamento de
Esgotos) a maior concentração de ferro para o I triênio é de 1,719 mg/L em março
de 2002 e a menor, é de 0,004 mg/L em fevereiro de 2002; para o II triênio o ferro
elevou-se para 1,974 mg/L em fevereiro de 2002, em relação ao I triênio e em
relação ao ponto 3 no II triênio. Os resultados indicam entrada de ferro no sistema
entre o ponto 3 e o ponto 4. O mínimo de ferro percebido para o II triênio é de
0,0045 em dezembro de 2005.
No ponto 5, ribeirão Maringá, o maior índice de ferro no próximo a exutória no
I triênio de 3,934 mg/L em agosto de 2001 e, o menor registro foi de 0,009 mg/L em
setembro de 2001; para o II triênio obteve-se maior concentração de ferro 6,97 mg/L
em agosto de 2004 e, o menor índice 0,0032 mg/L em dezembro de 2005. Nesse
ponto foi percebido a maior concentração de ferro das águas do ribeirão Maringá,
6,97 mg/L que é 23,23 vezes maior que o limite CONAMA para corpos de água de
classe 2; sugere além da entrada de ferro no sistema a juzante do ponto 4 a
tendência na elevação da concentração de ferro do ponto 1 para o ponto 5 próximo
da exutória do canal fluvial do ribeirão Maringá que deságua no rio Pirapó, cabendo
a ressalva de que entre o ponto 3 e o ponto 5 o uso e a ocupação do solo é
predominantemente agrícola e caracteriza-se como um agroecossistema.
É interessante notar que nos pontos mais próximos ao sítio urbano (pontos 1
e 3) as concentrações de Fe total foram as mais baixas do sistema esse fato,
65
provavelmente, se deve à impermeabilização do solo pelo sítio urbano, que induz a
uma pequena produção de ferro, por erosão, nessa área.
Cobre total (Cu):
O cobre foi encontrado em sua maior concentração 0,0201 mg/L em março de
2001 no primeiro triênio, e na mínima concentração 0,0009 mg/L em janeiro de
2002. No segundo triênio o índice máximo foi de 0,0614 mg/L em dezembro de 2005
e o mínimo de 0,0019 em janeiro de 2006. O cobre aumentou mais de 3 vezes no
segundo triênio em relação ao primeiro triênio, percebendo-se também aumento no
teor mínimo.
No córrego Romeira (ponto 2) o cobre não foi detectado em apenas quatro
meses (abril de 2001, agosto de 2004, dezembro de 2005, fevereiro de 2006).
Percebe-se que sua concentração máxima (acima do limite CONAMA/2005) ocorreu
no segundo triênio; muito embora esteja presente na água do córrego Romeira em
99% das amostras do primeiro triênio em concentrações próximas a do limite
CONAMA. Segundo o CONAMA, as águas do córrego Romeira não estavam
contaminadas de outubro de 2000 a setembro de 2004. Pela mesma resolução
estavam contaminadas nos meses de novembro de 2004 (0,0192 mg/L ), em janeiro
de 2005 alcançou o seu índice máximo (0,0656 mg/L) e em maio de 2005 (0,0157
mg/L), e em janeiro (0,0228 mg/L ) de Cu. O ponto 2 é predominantemente de uso
agrícola, com rotação de culturas apresentando 2 safras por ano: milho, soja e
girassol. Sugere-se que essa contaminação decorre do uso de insumos agrícolas.
No córrego Mandacarú (ponto 3) o cobre foi percebido acima do limite
CONAMA apenas em abril de 2002 no primeiro triênio (0,0097 mg/L), pouco acima
do limite. No entanto no segundo triênio, no mês de janeiro de 2005 apresentou a
concentração de 0,0245 mg/L; em julho apresentou 0,103 mg/L e, o seu índice
máximo para esse ponto foi de 0,365 mg/L em fevereiro de 2006. Este último valor é
40,55 vezes maior que o limite CONAMA para corpos de água de classe 2. Nos
meses de agosto, setembro e dezembro de 2005 e janeiro de 2006 não foram
detectados cobre nas amostras de água do ponto 3. O índice mínimo percebido foi
0,0004 mg/L de Cu. Esse ponto é de uso urbano/rural e as contaminações refletem
os usos de seus entornos que podem estar atreladas à atividade industrial no sítio
urbano, além do uso de insumos agrícolas na área agrícola em torno do ponto 3.
66
No ribeirão Maringá (ponto 4) no primeiro triênio o maior índice de Cu foi
percebido em fevereiro de 2001 sendo 0,0167 mg/L e o menor em janeiro de 2002
com 0,0013 mg/L. No segundo triênio a maior concentração ocorreu em maio de
2005 (0,0205 mg/L) e, a menor concentração em setembro de 2005 (0,0008 mg/L).
As concenttações de Cu , para o ponto 4, também sofreram aumento no segundo
triênio analisado, quando comparadas com o primeiro.
No baixo curso do ribeirão Maringá (ponto 50 o maior ídice de cobre
encontrado 0,1155 mg/L ocorreu em julho de 2001 no primeiro triênio e, o menor
0,0008 mg/L em novembro de 2000. No segundo triênio o índice maior foi de 0,0324
mg/L em maio de 2005 e o menor valor registrado foi de 0,0043 mg/L. Refletindo um
aumento de índice de cobre do ponto 4 para o ponto 5 em mais de 50%.
Manganês total (Mn):
No ponto 1 as concentraçãoes de manganês estão normalmente abaixo do
limite permitido pelo CONAMA. Em apenas quatro meses no primeiro triênio de
análise (janeiro, fevereiro, março e maio de 2001) elas estiveram ligeiramente acima
do limite estabelecido. No primeiro triênio e , o menor 0,0008 mg/L. O índice mínimo
para o Iprimeiro triênio foi de 0,0005 mg/L de Mn em novembro de 2000. Os índices
de todas as amostras de água do segundo triênio de agosto de 2004 a fevereiro de
2006 caíram e, em nenhuma amostra, se obteve valor de Manganês superior ao
índice CONAMA/2005 (0,1 mg/L). Isso indica uma melhora na qualidade da água no
ponto 1, no segundo triênio, no que concerne ao elemento Manganês. Embora o
mínimo de Manganês 0,002 mg/L em outubro de 2005 seja maior que o mínimo
obtido em novembro de 2000 sendo 0,0005 mg/L.
No córrego Romeira (ponto 2) o Manganês foi encontrado no primeiro triênio
apenas em fevereiro de 2001 apresentando 0,118 mg/L e no II triênio não
ultrapassou o índice CONAMA, o índice mínimo percebido foi de 0,001 mg/L em
novembro de 2000.
No ribeirão Maringá (ponto 3) o Manganês não ultrapassou o limite CONAMA
em nenhuma das amostras, ao longo de seis anos. A concentração mínima foi obtida
no primeiro triênio 0,0008 mg/L ,em novembro de 2000, e a máxima 0,057 mg/L, em
junho de 2002 no mesmo triênio. Já no segundo triênio os valores apresentam um
pequeno decréscimo. Mostrando uma menor concentração nos últimos anos.
67
No ponto 4 se elevam as concentrações de manganês no primeiro e segundo
triênio para valores acima do permitido pelo CONAMA/2005, tornando as águas do
ribeirão Maringá contaminadas por Manganês para corpos de água de classe 2. Tal
fato sugere a entrada de Manganês no sistema fluvial entre o 3º e o 4º ponto o qual
recebe esgoto “tratado” da ETE (Estação de Tratamento de Esgotos). Esse elemento
atinge as concentrações máximas de 0,105 mg/L em fevereiro de 2001 e 0,102 mg/L
em agosto de 2001, a menor concentração foi percebida em novembro de 2000 com
0,001 mg/L.
No baixo curso do ribeirão Maringá (ponto 5) o Manganês aparece em
concentração acima do limite CONAMA, na maior parte das amostras do primeiro
triênio, obtendo-se o máximo de 0,24 mg/L em junho de 2002. No segundo triênio
não foi encontrado Manganês acima do limite CONAMA em nenhuma amostra.
O aumento da concentração de manganês do córrego Mandacarú (ponto 3)
para o baixo curso do ribeirão Maringá (ponto 5), sugere contaminação das águas
por ação antrópica, provavelmente, ligada à ETE.
Zinco total (Zn):
O zinco não foi encontrado acima do limite CONAMA 0,18 mg/L em nenhuma
das amostras nos cinco pontos de coleta. Esse elemento foi detectado abaixo do
limite ao longo dos seis anos em todas as amostras do ribeirão Maringá (ponto 1),
em 99% das amostras do córrego Romeira (ponto 2), em 98% das amostras do
córrego Mandacarú (ponto 3), em 99% das amostras do ribeirão Maringá (ponto 4) e
em 98% das amostras no baixo curso do ribeirão Maringá (ponto 5). Nos cinco
pontos amostrados, as águas não mostram contaminação para corpos de água de
classe 2. No entanto o zinco é um metal pesado cumulativo e pode trazer prejuízos
ambientais e a seres vivos, podendo acumular-se e causar sérios danos.
Como mostra a tabela 8 a maior concentração de zinco foi detectada no
ribeirão Maringá (ponto 1) no segundo triênio apresentando 0,0746 mg/L em
novembro de 2004, a menor concentração foi encontrada em novembro de 2000 no
primeiro triênio 0,0002 mg/L.
No córrego Romeira (ponto 2), a maior concentração de zinco foi detectada
em novembro de 2004 sendo de 0,1619 mg/L próximo ao limite CONAMA no
segundo triênio, e a menor concentração em novembro de 2000 sendo 0,0004 mg/L
no primeiro triênio.
68
No córrego Mandacarú (ponto 3) a maior concentração de zinco foi detectada
em fevereiro de 2006, apresentando 0,1442 mg/L próximo ao limite CONAMA no
segundo triênio, e a menor concentração encontrada foi de 0,0004 mg/L em
novembro de 2000 no I triênio.
No ribeirão Maringá (ponto 4), a maior concentração de zinco foi detectada
em fevereiro de 2001 sendo de 0,0873 mg/L no primeiro triênio, não apresentando
sensível aumento no segundo triênio, a mínima encontrada foi de 0,0003 mg/L no
primeiro triênio. No segundo triênio a mínima concentração foi percebida em
dezembro de 2005 sendo 0,0019 mg/L de zinco que corresponde a seis vezes mais
que a mínima do primeiro triênio. De modo geral, as concentrações de zinco se
elevam após o ponto 4, mesmo se mantendo dentro do limite permitido pelo
CONAMA/2005.
No baixo curso do ribeirão Maringá (ponto 5) o zinco apresenta a sua maior
concentração sendo 0,0428 mg/L em setembro de 2004 (segundo triênio) e a menor
concentração (0,001 mg/L) em janeiro de 2006.
Cromo total (Cr):
O cromo no ribeirão Maringá (ponto 1) não ultrapassou o limite CONAMA em
nenhuma das amostras No primeiro triênio foi detectado esse metal pesado em 97%
das amostras, no segundo triênio o mesmo foi detectado apenas em 20% das
amostras, demonstrando uma menor disponibilidade do metal no ponto 1 para o
segundo triênio.
No córrego Romeira (ponto 2), o cromo também não ultrapassou o limite
CONAMA, sendo que no primeiro triênio encontrou-se o metal em 96% das
amostras. No segundo triênio, reduziu-se para apenas 10% das amostras,
demonstrando menor disponibilidade no sistema no II triênio. Isso reflete em
melhoria da qualidade da água do córrego Romeira para esse elemento.
No córrego Mandacarú (ponto 3) o cromo apareceu em 95% das amostras
abaixo do limite CONAMA no primeiro triênio. No segundo triênio, não foi detectado
a presença de cromo em nenhuma das amostras do ponto 3.
No ribeirão Maringá (ponto 4), o cromo foi encontrado em 95% das amostras
do I triênio e, em apenas 20% das amostras do segundo triênio. Esse metal ocorre
em pequena concentração abaixo do limite estabelecido pelo CONAMA/2005, mas
69
se evidencia sua entrada no sistema, já que as águas nos pontos a montante da
ETE não apresentam traços de cromo no mesmo período.
No baixo curso do ribeirão Maringá (ponto 5), o cromo foi detectado em 94%
das amostras do primeiro triênio e foi detectado no segundo triênio, nos mesmos
dias de amostragens do ponto 4, em teores mais elevados. O que denota uma
acumulação de cromo do ponto 3 em relação ao ponto 4 e deste para o ponto 5, em
direção à exutória do ribeirão Maringá.
Chumbo total (Pb):
No primeiro triênio (ponto 1), o chumbo foi detectado em 99% das amostras
de água, nesse período apresentou a maior concentração desse mental (0,058
mg/L) sendo 5,8 vezes maior que o permitido pelo CONAMA. Em 50% das
amostragens coletadas, no período de outubro de 2000 a junho de 2002, a
concentração de chumbo ultrapassou o limite CONAMA/2005.
No segundo triênio, a contaminação por chumbo no ribeirão Maringá (ponto 1)
diminuiu sensivelmente, não sendo detectado em 41% das amostras. Deve-se
ressaltar, entretanto, que, em cerca de 30% das amostras restantes, as
concentrações de chumbo estiveram pouco acima do limite estabelecido pelo
CONOMA. Note-se que esse corpo de água é utilizado para a dessedentação de
animais e recreação aquática de contato primário.
No córrego Romeira (ponto 2), o chumbo também diminuiu seus teores no
segundo triênio em relação ao primeiro triênio, mas as águas do córrego Romeira
permanecem contaminadas acima do limite CONAMA/2005.
No córrego Mandacarú (ponto 3), as águas demonstram uma menor
concentração de chumbo no último triênio, embora permaneçam acima do limite
CONAMA, no ribeirão Mandacarú.
No ribeirão Maringá (ponto 4), as águas do ribeirão Maringá encontram-se
contaminadas por chumbo (Pb) em até 4,4 vezes acima do limite permitido pelo
CONAMA/2005 ao longo de seis anos de amostragem.
No baixo curso do ribeirão Maringá (ponto 5), as águas do ribeirão
apresentaram maior concentração de chumbo em relação ao ponto 4, embora
apresentem uma sensível redução na concentração de chumbo no segundo triênio.
Os teores encontrados são suficientes para classificar a água como contaminada por
70
chumbo, segundo CONAMA/2005 para corpos de água de classe 2 em cerca de
50% do período amostrado.
É interessante se notar que em cerca de 40% das amostrascoletadas no
último triênio não se detectou apresença de chumbo (no nível de detecção do
equipamento de leitura). Isso demonstra claramente a contaminação das águas pela
ação antrópica, que promove, em diferentes momentos, uma maior ou mnor
concntraçãode metais pessados no sistema de drenagem.
Cádmio total (Cd):
O cádmio, no ribeirão Maringá (ponto 1), foi detectado em apenas 20% das
amostras do primeiro triênio acima do limite CONAMA/2005 e no segundo triênio
não foram detectadas contaminações por cádmio em nenhuma das amostras do
segundo triênio. Isso aponta para uma melhoria da qualidade das águas no que
concerne ao cádmio no ponto I no II triênio.
No córrego Romeira (ponto 2), o cádmio foi percebido em apenas uma
amostra acima do limite CONAMA/2005, no primeiro triênio, e não foi detectado em
nenhuma das amostras no segundo triênio.
No córrego Mandacarú (ponto 3), não foi encontrado cádmio em nenhuma
das amostras hexaenal acima do limite, e foram encontradas apenas amostras com
cádmio em limites inferiores ao máximo permitido pelo CONAMA/2005, em 5% das
amostras dos 6 anos do ribeirão mandacarú.
No ribeirão Maringá (ponto 4), foi encontrado apenas 1 amostra de cádmio no
limite CONAMA que é de 0,001mg/L, em fevereiro de 2001, no primeiro triênio. No
segundo triênio, o cádmio não foi detectado em nenhuma das amostras.
No baixo curso do ribeirão Maringá (ponto 5), o cádmio não foi detectado
acima do limite CONAMA em nenhuma das amostras dos últimos 6 anos. A
presença de cádmio foi reduzida do ponto 1 em direção ao ponto 5, próximo à
exutória do ribeirão Maringá. Diluiu-se ao longo de 17 km, um percentual muito
pequeno; admite-se ainda que o Cd pode encontrar-se acumulado em sedimentos
do fundo do leito do canal ou em depósitos fluviais. Além da hipótese de ter
alcançado a cadeia alimentar e ictiofauna trata-se de metal pesado, tóxico,
cumulativo e de grande periculosidade. Nesse sentido, deve se restringir sua
exposição ao homem e ao ambiente.
71
Cobalto total (Co):
O cobalto, no ribeirão Maringá (ponto 1), não foi encontrado acima do limite
CONAMA/2005 em nenhuma das amostras do primeiro triênio, muito embora
apareça em concentrações menos expressivas em 97% das amostras do período.
No segundo triênio, o cobalto somente foi encontrado em uma das amostras com
teor abaixo do limite CONAMA/2005. Isso denota uma melhoria na qualidade da
água do ponto 1 no segundo triênio, no que tange ao metal pesado cobalto.
No córrego Romeira (ponto 2), apresentou cobalto abaixo do limite
CONAMA/2005 em 94% das amostras no primeiro triênio, no segundo triênio não se
detectou esse elemento em 100% das amostras de água desse córrego (tabela 8).
No córrego Mandacarú (ponto 3), o cobalto apresentou redução nos seus
teores, tendo sido encontrado no segundo triênio em apenas uma das amostras do
período.
No ribeirão Maringá (ponto 4), o valor de cobalto reduziu-se no segundo
triênio, em relação ao primeiro triênio. O mínimo de concentração percebido
manteve-se no mesmo valor do ponto 3 que é de 0,001mg/L; não apresentando
acréscimo após a ETE, para o mesmo dia de amostragem em 25 de agosto de 2005.
No baixo curso do ribeirão Maringá (ponto 5), o valor de cobalto também
reduziu-se no segundo triênio em relação ao primeiro. O elemento cobalto foi
encontrado em índices abaixo do limite CONAMA/2005 em 98% das amostras. Nas
proximidades do ribeirão Maringá (ponto 1), na área urbanizada da bacia
hidrográfica, tem-se a ocorrência de indústrias texteis, lavanderias, entre outras
atividades poluidoras. Nas nascentes desse ribeirão, observam-se galerias pluviais
lançando rejeitos industriais na drenagem, isso sugere que a fonte da contaminação
por cobalto venha dessa região
Níquel total (Ni):
No ribeirão Maringá (ponto 1), encontrou-se níquel em 97% das amostras do
primeiro triênio, estando as mesmas abaixo do limite CONAMA/2005. No segundo
triênio, encontrou-se níquel em apenas uma das amostras, em agosto de 2004,
apresentando a concentração de 0,005 mg/L de níquel (tabela 8).
No córrego Romeira (ponto 2), o níquel foi encontrado em 96% das amostras
de água no primeiro triênio e no segundo triênio, similarmente ao ribeirão Maringá
72
(ponto 1), foi detectado apenas em agosto de 2004 com a concentração de
0,002mg/L , estando, portanto, abaixo do limite CONAMA/2005.
No córrego Mandacarú (ponto 3), no primeiro triênio, o níquel ocorreu em
97% das amostras, abaixo do índice permitido, tendo sido também detectado no
mesmo dia 25 de agosto de 2004 com a concentração de 0,001mg/L. Isso
demonstra uma redução na concentração nos pontos amostrados do ribeirão
Maringá (ponto 1) e córrego Romeira (ponto 2), em relação ao córrego Mandacarú
(ponto 3). Porém no ribeirão Maringá (ponto 4), após a ETE, há um acréscimo de
100% no teor do níquel encontrado, no mesmo dia 25 de agosto de 2004, no córrego
Mandacarú (ponto 3). Ainda houve acréscimo no seu teor no baixo curso do ribeirão
Maringá (ponto 5), em relação ao alto curso do ribeirão Maringá (ponto 1), passando
de 0,005mg/L para 0,007mg/L.
A única amostra de água do ribeirão Maringá que percebeu valor acima do
permitido pelo CONAMA/2005 foi a amostra de 25 de junho de 2002 (Iprimeiro
triênio), apresentando a concentração de 0,0304mg/L de níquel no ponto à jusante
da ETE (ponto 4). No mesmo dia 25 de junho de 2002, a amostra de água no baixo
curso do ribeirão Maringá (ponto 5) percebeu 0,0091mg/L, estando abaixo do limite
CONAMA/2005. Apresentou a mesma média na concentração de níquel dos pontos
1, 2 ,3 e 5, demonstrando entrada de níquel no sistema fluvial entre o córrego
Mandacarú (ponto 3) e o ribeirão Maringá (ponto 4).
A concentração de metais pesados nos cinco pontos de coleta, embora com
diferentes teores no decorrer dos seis anos desta pesquisa, demonstra que os
córregos são, freqüentemente, contaminados por metais pesados, para corpos de
água de classe 2.
Para os metais Pb, Cu, e Zn, seus elevados níveis de concentração, refletem
a atividade agrícola na bacia do ribeirão Maringá, principalmente no cultivo da soja,
e outras, que vêm utilizando em escala significativa o produto glifosato, no qual foi
constatada a presença destes elementos nas seguintes concentrações: Cu 0,0184
mg L-1; Pb 0,020 mg L-1; e, Zn mg L-1.
Os resultados sugerem que a principal fonte de Ferro para as águas são os
latossolos argilosos e arenosos ricos em Ferro, desenvolvidos sobre os basaltos e o
arenito. Estes são carreados para o rio nos momentos de maior pluviosidade,
aumentando a turbidez da água e a concentração de Fe (COELHO, 2004).
73
Analisando-se comparativamente as concentrações dos metais pesados
encontrados nas águas da bacia com os encontrados nos rios da América do Norte
(Tabela 2), medidos em 1962 (há 43 anos) observa-se que: 1) Os níveis de
concentração dos metais Cd, Co, Cr, Mn, Ni encontram-se abaixo dos apresentados
para os rios Norte-Americanos há 43 anos atrás, o que demonstra o baixo grau de
impactação do rio para estes metais, e reflete, provavelmente, a maior
industrialização nas bacias hidrográficas daquele país, desde aquela época; 2) Os
níveis de concentração dos elementos Pb, Cu, Zn e Fe na bacia do ribeirão Maringá,
encontram-se acima dos apresentados para rios Norte-americanos, refletindo a
vocação agrícola desta bacia.
4.6- O PROCESSO DE DISPERSÃO DA POLUIÇÃO E A AMOSTRAGEM POR
ARMADILHAS
A carga poluidora de um usuário afeta distintamente o padrão ambiental.
Essa dispersão pode ocorrer em várias bacias (sub-bacias) ou (trechos) e, assim,
transferir a poluição para outros usuários. O uso de armadilhas possibilita o estudo
de aspectos da poluição difusa na bacia hidrográfica do ribeirão Maringá. Mapear
essa matriz de impactos requer amplos estudos e conhecimento do processo de
difusão da poluição, ou seja, as contribuições nas emissões de cada usuários numa
bacia, para o padrão de cada bacia, são afetadas pelas emissões de outros usuários
em outras bacias.
As armadilhas foram utilizadas na tentativa de medir a poluição difusa e de
conhecer o comportamento das variáveis monitoradas com aumento da precipitação
e, conseqüentemente, com o aumento da vazão.
4.6.1- Armadilhas de Água (Metais e Sedimentos)
As armadilhas instaladas apresentaram as seguintes vantagens no
monitoramento da qualidade da água do ribeirão Mandacarú: 1) possibilitou o
monitoramento da diluição e da concentração de metais pesados; 2) possibilitou o
monitoramento da carga dentrítica que o ribeirão transporta (transporte de
sedimentos); 3) permitiu correlacionar os dados gerados com dados de chuva e
vazão.
74
Contudo esses dispositivos apresentam algumas desvantagens: os
recipientes coletores da água podem ser obstruídos por detritos, na passagem da
onda de cheia, dificultando a coleta da água; o tempo necessário para encher os
coletores durante a onda de cheia pode ser maior do que o tempo da recessão da
onda de cheia, uma vez que o tempo necessário para encher um coletor (garrafa pet
2 litros) por emersão é próximo a 1 minuto (esse tempo é suficiente para a coluna de
água baixar mais de 10 cm); os recipientes podem ser levados pela onda de cheia;
os coletores de água devem ser verificados, imprescindivelmente, após a chuva e
substituídos por outros vazios, o que nem sempre é tarefa fácil e depende das vias
de acesso ao ponto monitorado; pode ocorrer o aprisionamento de ar nos coletores
de água.
4.6.2- Sedimentos das armadilhas no córrego Mandacarú
A instalação das armadilhas possibilitou a obtenção de dados relativos à
carga de sedimentos e sua distribuição na coluna de água. Esses dados, referentes
ao período de maio a outubro de 2005, estão mostrados na tabela 9. Esse método,
criado especificamente para o presente estudo, proporcionou conhecer a carga
sólida que o ribeirão carrega em uma determinada altura e vazão, sob uma
determinada precipitação na bacia. Armadilhas semelhantes também foram
utilizadas em Douhi (2004), e em Antoneli (2004) na obtenção de descarga fluvial.
Tabela 9 - Sedimentos coletados pelas armadilhas em 25 de maio de 2005
A1(1m) A2(1,3m) A3(1,6m) A4(1,9m) A5(2,2m) A6(2,5m) A7(2,8m) A8(3,1m) A9(3,4m) A10(3,7m)
g/L 13,5 62,8 1,2 13,1 0,44 0,55 2,29 1,52 0,8 2,5
Q m3/s 2,62 4,86 8,12 11,81 15,59 18,11 20,90 23,51 25,78 29,13
Tabela 10 - Sedimentos coletados pelas armadilhas em 25 de agosto de 2005
A1(1m) A2(1,3m) A3(1,6m) A4(1,9m) A5(2,2m)
g/l 77,3 127,9 102,6 193,4 86,4
Q m3/s 2,62 4,86 8,12 11,81 15,59
Tabela 11 - Sedimentos coletados pelas armadilhas em 25 de setembro de 2005
A1(1m) A2(1,3m) A3(1,6m) A4(1,9m) A5(2,2m) A6(2,5m) A7(2,8m) A8(3,1m)
g/l 20,3 4,0 1,4 0,49 1,0 0,68 0,71 0,55
Q m3/s 2,62 4,86 8,12 11,81 15,59 18,11 20,90 23,51
75
Tabela 12 - Sedimentos coletados pelas armadilhas em 25 de outubro de 2005
A1(1m) A2(1,3m) A3(1,6m) A4(1,9m) A5(2,2m) A6(2,5m) A7(2,8m) A8(3,1m) A9(3,4m) A10(3,7m)
g/l 182,8 124,4 69,8 78,0 12,7 28,0 6,0 3,0 2,3 6,6
Q m3/s 2,62 4,86 8,12 11,81 15,59 18,11 20,90 23,51 25,78 29,13
Verifica-se ocorrência de diminuição na concentração dos sedimentos, com o
aumento da vazão. Essa diminuição de concentração é maior nos primeiros
momentos do aumento na vazão devido à chegada da onda de cheia. A intensidade
da precipitação e a variabilidade do tempo de recorrência da vazão influenciam essa
concentração.
Observe-se que, no ponto de coleta, as concentrações de sedimentos em
suspensão, em alguns momentos, é maior do que as cocentrações verificadas por
Biazin (2005) e Kuerten (2006), para o rio Ivaí e as verificadas por Barros (2006).
Segundo Biazin (2005), os meses de outubro e novembro possuem uma alta
concentração de sedimentos suspensos nas águas do rio Ivaí (0,01886 g/L e 0,0252
g/L) apresentando uma média de 0,013 g/L de sedimentos em suspensão, quatro
vezes maior que o valor encontrado no rio Paraná que foi de 0,0032 g/L (BARROS,
2006 e KUERTEN, 2006).
Contudo o estudo do Córrego Mandacaru revela que a carga suspensa no
momento de cheia é 14 mil vezes maior que a do rio Ivaí e 60 mil vezes maior que a
do Rio Paraná.
A grande concentração de sedimentos evidenciada na drenagem monitorada
é produzida principalmente pela erosão marginal à montante do ponto de coleta.
4.6.3- Concentração de metais pesados nas armadilhas do córrego Mandacarú
Tabela 13 - Concentração de Metais no mês de maio de 2005
Mai/05
CONAMA A1-1.0m
Q 2.62
A2-1.3m
Q 4.86
A3-1.6m
Q 8.12
A4-1.9m
Q 11.81
A5-2.2m
Q 15.59
A6-2.5m
Q 18.11
A7-2.8m
Q 20.90
A8-3.1m
Q 23.51
A9-3.4m
Q 25.78
A10-3.7m
Q 29.13
Fe/0,3
0,139 0,078 3,08 0,063 0,055 0,049 1,118 0,074 0,859 2,675
Cu/0,009
0,0033 nd 0,0099 nd nd nd 0,0028 0,0006 0,0005 0,0011
Mn/0,1
0,007 nd 0,173 0,004 nd 0,198 0,517 0,208 0,685 1,697
Zn/0,18
0,04 0,0052 0,0111 0,0089 0,004 0,004 0,0499 0,0135 0,0254 0,0373
Cr/0,05
nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd
Pb/0,01
nd nd nd 0,003 0,002 0,003 0,003 0,004 0,002 0,003
Cd/0,001
nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd
Co/0,05
nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd
Ni0,025
nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd
Vazão (m/s); Metais (g/L)
76
Tabela 14 - Concentração de Metais no mês de agosto de 2005
Ago/05
CONAMA A1-1.0m
Q 2.62
A2-1.3m
Q 4.86
A3-1.6m
Q 8.12
A4-1.9m
Q 11.81
A5-2.2m
Q 15.59
Fe/0,3
11,252 1,931 1,306 1,185 2,579
Cu/0,009
0,0086 0,0034 0,0019 0,0007 0,0018
Mn/0,1
2,056 0,553 0,043 nd nd
Zn/0,18
0,1125 0,0864 0,0133 0,1738 0,0187
Cr/0,05
nd nd nd nd nd
Pb/0,01
0,015 0,015 0,009 0,01 0,01
Cd/0,001
nd nd nd nd nd
Co/0,05
0,009 0,004 nd nd nd
Ni/0,025
nd nd nd nd nd
Vazão (m/s); Metais (g/L)
Tabela 15 - Concentração de Metais no mês de setembro de 2005
Set/05
CONAMA A1-1.0m
Q 2.62
A2-1.3m
Q 4.86
A3-1.6m
Q 8.12
A4-1.9m
Q 11.81
A5-2.2m
Q 15.59
A6-2.5m
Q 18.11
A7-2.8m
Q 20.90
A8-3.1m
Q 23.51
A9-3.4m
Q 25.78
A10-3.7m
Q 29.13
Fe/0,03
9,8 4,5 6,08 6,09 4,614 4,303 0,682 0,65 0,551 0,763
Cu/0,009
0,0598 0,0643 0,0435 0,0349 0,0526 0,0442 0,0301 0,0108 0,0238 0,0344
Mn/0,1
1,342 1,124 0,875 1,019 1,121 0,791 0,23 0,021 0,059 0,124
Zn/0,18
0,1076 0,045 0,0299 0,0288 0,0553 0,0303 0,0198 0,0099 0,075 0,0132
Cr/0,05
0,013 0,008 0,006 0,004 0,005 0,005 0,004 0,003 0,002 0,001
Pb/0,01
0,032 0,017 0,014 0,015 0,01 0,009 nd nd nd nd
Cd/0,001
nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd
Co/0,05
nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd
Ni/0,025
0,009 0,004 0,005 0,003 0,004 0,005 0,004 0,003 0,003 0,002
Vazão (m/s); Metais (g/L)
Tabela 16 - Concentração de Metais no mês de outubro de 2005
Out/05
CONAMA A1-1.0m
Q 2.62
A2-1.3m
Q 4.86
A3-1.6m
Q 8.12
A4-1.9m
Q 11.81
A5-2.2m
Q 15.59
A6-2.5m
Q 18.11
A7-2.8m
Q 20.90
A8-3.1m
Q 23.51
A9-3.4m
Q 25.78
A10-3.7m
Q 29.13
Fe/0,3 5,001
0,115 3,711 4,88 6,79 4,69 9,87 9,73 10,08 8,89
Cu/0,009
nd 0,0011 0,0086 0,0079 0,0155 0,0054 nd nd nd 0,0283
Mn/0,1
1,927 0,522 1,073 1,334 1,125 1,382 1,701 1,564 1,991 0,109
Zn/0,18
0,0151 0,0039 0,0945 0,0256 0,0291 0,005 0,0049 0,0019 0,0037 0,0101
Cr/0,05
nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd
Pb/0,01
nd nd nd 0,001 0,015 nd nd nd nd nd
Cd/0,001
nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd
Co/0,05
nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd
Ni/0,025
nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd
Vazão (m/s); Metais (g/L)
77
A análise dos metais, resultante das coletas na seção do ribeirão Mandacarú
(ponto 3), espelha a concentração de metais pesados ao longo da coluna de água.
As armadilhas instaladas neste ponto foram capazes de captar água em 10 níveis
diferentes. Essas armadilhas proporcionaram analisar a concentração de metais
pesados de 30 em 30 cm ao longo da coluna de água no momento da chuva,
indicando quais metais pesados e em quais concentrações são transportados e
distribuídos no canal fluvial.
As amostras de água, após análise de laboratório (Laboratório de
Agroquímica – GEMA), apresentaram uma concentração de Pb ao longo da coluna
de água acima do limite estabelecido pelo CONAMA/2005, conforme tabela Nº 13 a
16.
Constatou-se a presença de ferro (Fe) em todas as armadilhas ao longo da
coluna d’água no período de 4 meses amostrados; a maioria das amostras
apresentou concentração acima do limite CONAMA/2005 que é de 0,3 mg/L de ferro,
para corpos de água doce de classe 2. A maior concentração de ferro foi verificada
na amostra de água contida na armadilha nº 1, a 1 metro de profundidade, onde
apurou-se 11,252 mg/L de ferro total, uma concentração 37,5 vezes maior que o
permitido pelo CONAMA/2005. Em outubro de 2005, o ferro total (Fe) somente não
foi detectado acima do limite CONAMA/2005 na armadilha nº 2.
O cobre total (Cu), em 25 de setembro de 2005 ultrapassou o limite
CONAMA/2005 em todas as armadilhas, com maior teor encontrado na armadilha nº
2 com 0,0643 mg/L, isto é, 7,14 vezes maior que o limite, a uma altura de 1,30 m na
coluna de água. O cobre total (Cu) não foi detectado em concentraçãoes acima das
estabelecidas pelo CONOMA apenas no mês de agosto de 2006. Nos outros meses
de coleta, em pelo menos uma das coletas, a concentração encontrada foi mais alta
do que a admissível.
O manganês total (Mn) foi encontrado em todas as armadilhas e em todas as
alturas ao longo da coluna de água, com a concentração diminuindo, com o aumento
da coluna de água. A sua maior concentração foi obtida na armadilha nº 1, a 1 metro
de altura da coluna. O manganês total (Mn) foi encontrado acima do limite em todas
as armadilhas em outubro de 2005.
O zinco total (Zn), embora apareça em todas as amostras de todas as
armadilhas em todos os meses amostrados, não ultrapassou o limite CONAMA/2005
em nenhuma das amostras. O zinco total (Zn) foi encontrado em todas as
78
armadilhas abaixo do limite CONAMA/2005.
O cromo total (Cr) foi encontrado, em todas as armadilhas da seção, somente
no dia 25 de setembro de 2005; denotando uso industrial. O Cromo total (Cr) não foi
detectado em nenhuma das armadilhas, nos outros meses de coleta.
O chumbo total (Pb) foi encontrado, em limites acima que o permitido pelo
CONAMA/2005, nas armadilhas 1, 2, 4, e 5, no mês de agosto, nas armadilhas de
número 1 a 6, no mês de setembro e no mês de outubro apenas na armadilha 5. A
maior concentração foi verificada na armadilha n.º 1 (0,032 mg/L) com teor 3,2 vezes
maior que o limite, no mês de setembro.
O cádmio total (Cd) não foi encontrado em nenhuma das amostras.
O cobalto total (Co) foi encontrado apenas nas armadilhas 1 e 2 em 25 de
agosto de 2005. Na armadilha nº 1 foi encontrado cobalto 9 vezes acima do limite; e
na armadilha nº 2, 4 vezes acima do limite CONAMA/2005, havendo diluição com o
aumento da vazão.
O níquel total (Ni) foi percebido em 25 de setembro de 2005 em todas as
armadilhas da coluna de água, nunca ultrapassando o limite estabelecido pelo
CONAMA/2005.
O níquel total (Ni) não foi detectado no mês de outubro de 2005 em nenhuma
das armadilhas.
De maneira geral há uma diluição da concentração de metais com o aumento
da coluna de água, as variações na concentração dos metais Cu, Pb, Cr e Co
indicam a ação antrópica.
4.7- CARGA SUSPENSA HIDROTRANSPORTADA
Constata-se que o rio transporta mais sedimentos no início das chuvas, o que
se pode observar comparando as concentrações das cargas suspensas
hidrotransportadas dos períodos normais e quantidade de sedimentos acumuladas
nas armadilhas de sedimentos, nas maiores vazões.
Segundo Antoneli (2004), as partículas de silte e argila, a partir do momento
em que são colocadas em movimento, são carregados à mesma velocidade da
água, enquanto a força gerada pela turbulência for maior que a gravidade. Quando o
fluxo turbulento atinge o limite crítico, as partículas tendem a se sedimentar.
79
A carga suspensa sedimentar transportada é um importante indicativo do
índice de gradiente, ou seja, relação entre declividade e extensão do canal, sendo
estritamente relacionado aos conceitos de competência e capacidade no transporte
fluvial. A competência refere-se ao tamanho das partículas que podem ser
movimentadas pelo fluxo, e à capacidade refere-se à quantidade de material que
pode ser movimentado por unidade de tempo. Dessa forma, estudos
comportamentais da carga sedimentar transportada são relevantes, pois sua
dinâmica é inerente a outros processos que ocorrem no canal fluvial, tal como a
formação de terraços fluviais e planícies de inundação, permitindo a compreensão
da hidrologia, geomorfologia, entre outros eventos ambientais. A quantificação de
sedimentos transportados é fundamental para elaborar relatórios que tratam de
problemas como assoreamento de rios e assoreamento de reservatórios, que
podem, algumas vezes, provocar a inviabilidade na utilização do canal para
irrigação, navegação entre outros (PAIVA, 2001).
Segundo Cristofoletti (1981), a carga detrítica de um canal se constitui pela
mistura de partículas de várias espécies, tamanhos e formas. Mecanicamente, a
partícula se distingue pela sua densidade, tamanho (pelo seu diâmetro maior) e
forma (pela medição da esfericidade). Esses materiais, em uma pequena parcela,
originam-se dos detritos obtidos no leito dos cursos de água. Por meio da ação
erosiva, todavia, a parcela maior é proveniente da remoção detrítica das vertentes. O
fluxo e o transporte de sedimentos são respostas a inúmeros processos que
caracterizam o estado do equilíbrio do sistema fluvial.
Há décadas o tratamento estatístico da distribuição dos sedimentos em uma
amostra é muito difundido em geociências. Ele permite conhecer a distribuição de
freqüência dos tamanhos dos sedimentos de uma determinada amostra. Silva
(1987) preocupou-se em verificar, através de tratamentos estatísticos, a Média
Aritmética do tamanho dos sedimentos hidrotransportados, que é uma medida de
posição que somente pode ser aplicada a dados apresentados nas escalas de
intervalo ou razão.
Quanto ao Desvio Padrão, seu fundamento é igualmente o da média, consiste
em, primeiramente, tomarmos a somatória do módulo desses desvios, sendo o valor
obtido dividido pelo número de observações. A Assimetria e a Curtose são dois
parâmetros que servem para indicar o quão está próxima da normalidade de uma
distribuição. Essa condição de normalidade (estatística) é simbolizada pela curva de
80
distribuição chamada curva normal ou de Gauss. A Assimetria e a Curtose informam,
portanto, o quanto esta curva é representativa da distribuição deformada em relação
à curva normal. A Assimetria informa, especificamente, sobre a distribuição das
classes quanto à distribuição dos valores máximos das classes, ou seja, o
achatamento da distribuição de freqüência, informa, basicamente, acerca da
deformação lateral da distribuição; a Curtose, por outro lado, fundamentalmente, nos
informa sobre a deformação vertical da mesma. Ambas, todavia, abordam aspectos
relacionados à homogeneidade/heterogeneidade internas da distribuição,
constituem, juntamente com os outros parâmetros considerados, elementos que
permitem a caracterização matemática da realidade ambiental analisada nas
seguintes amostras.
Os sedimentos capturados pelas armadilhas de sedimentos no córrego
Mandacarú foram submetidos à análise granulométrica (dados para curva
acumulativa – escala phi) na seqüência da armadilha 1 para a armadilha 5, no mês
de agosto de 2005. Obteve-se para a Amostra 1 a 1 metro de altura um tamanho
médio das partículas de 6,962 e o desvio padrão de 2,164. Obteve-se para a
Amostra 2 a 1,3 metros de altura a média de 6,390 e o desvio padrão de 2,465.
Obteve-se para a Amostra 3 a 1,6 metros de altura a média de 6,492 e o desvio
padrão de 2,345. Obteve-se para a Amostra 4 a 1,90 metros de altura a média de
6,248 e o desvio padrão de 2,530. Obteve-se para a Amostra 5 a 2,20 metros de
altura a média de 6,149 e o desvio padrão de 2,545. Em todas as amostras o
tamanho médio da distribuição dos sedimentos é da classe argila.
De acordo com a análise granulométrica dos sedimentos coletados no
córrego Mandacarú, a granulometria dos sedimentos tende a diminuir da armadilha 1
para a armadilha 5. Quanto à assimetria e às médias, os dados estatísticos
apresentados nessas análises demonstram também diminuir, assim como a curtose,
apresentando aumento somente no desvio padrão. Esses dados comparados com a
carga sedimentar armazenada nas mesmas armadilhas, que também demonstram
que o rio transporta mais sedimento no início da chuva, carregando as partículas
mais finas e em menor quantidade nas armadilhas superiores da coluna de água
(armadilhas de 5 a 10).
Contudo encontrou-se a presença de seixos na amostra de sedimentos
suspensos. A armadilha nº 4, no mês de setembro de 2005, demonstrou a
capacidade de arraste do ribeirão Maringá em momentos de altas precipitações.
81
Foram, igualmente, encontrados nessa armadilha seixos de basalto, de calcedônia e
de quartzo. Parte desses seixos, muito provavelmente, provém de parte da
decomposição do asfalto e materiais de construção utilizados no sítio urbano, tendo
sido carreados para o canal fluvial.
4.8- CONCENTRAÇÃO DA CARGA SUSPENSA NOS PONTOS DE
MONITORAMENTO
Para se conhecer o comportamento da produção de sedimentos pela bacia
hidrográfica, foi monitorada, ao longo de todo o período desta pesquisa, a
concentração dos sedimentos hidrotransportados nas vazões de base das
drenagens.
Essa análise revela, para o ponto 1 do ribeirão Maringá (ponto mais à
montante), uma concentração média de (0.0347 g/L). Sendo a concentração máxima
de carga suspensa de (0,3234 g/L) registrada em outubro de 2001. A concentração
mínima para esse ponto durante o período monitoradofoi de (0,0016 g/L), obtida em
janeiro de 2006. A máxima concentração obtida para esse ponto decorre da
implantação dos loteamentos Rebouças e Monte Rei, à montante do ponto1. Isso
mostra nitidamente a influência da ação antrópica na produção de sedimentos na
bacia.
No córrego Romeira (ponto 2), a maior concentração de carga suspensa
(0,18755 g/L) ocorreu no mês de março de 2002, e a menor (0,0027 g/L)
concentração de carga suspensa em outubro de 2001. A concentração média
observada foi de (0,0221 g/L).
No córrego Mandacarú (ponto 3) a maior concentração de carga suspensa
encontrada (0,1876 g/L) ocorreu em março de 2002 e a menor concentração de
carga suspensa (0,0014 g/L) foi registrada em agosto de 2004. A concentração
média observada foi de (0,0166 g/L).
No ribeirão Maringá (ponto 4) a maior carga suspensa (0,2585 g/L) ocorreu
em março de 2002 e a menor (0,0066 g/L) em janeiro de 2005. A concentração
média observada foi de (0,0337 g/L).
No baixo curso do ribeirão Maringá (ponto 5) a maior carga suspensa
(0,19635 g/L) foi registrada em março de 2002, e a menor carga suspensa
encontrada (0,0083 g/L) em janeiro de 2005. A concentração média observada foi de
82
(0,0423 g/L).
De um modo geral, a concentração da carga suspensa aumenta no sentido da
montante para jusante da bacia hidrográfica. Isso se deve ao maior a porte de
sedimentos produzidos pelos tributários do canal principal, à medida que ele se
desenvolve. A concentração média dos sedimentos coletados no ponto 3 (córrego
Mandacarú) em período de vazão de vazante foi de (0,016 g/L). Esse valor é 12 mil
vezes menor do que o valor máximo de concentração obtido na armadilha 4, em 25
de agosto de 2005 (193,4 g/L). Isso demonstra a enorme importância da
pluviosidade na produção dos sedimentos na bacia hidrográfica do ribeirão Maringá.
4.9- TRANSPARÊNCIA
A luz que penetra na lâmina de água exerce efeitos básicos sobre a
produtividade aquática, pois ela afeta o ciclo dos nutrientes, os gases dissolvidos e a
bióta. O uso do disco de Secchi nos pontos 1, 2 e 3, não se mostrou eficiente, uma
vez que as lâminas de água nesses pontos apresentaram profundidades inferiores à
profundidade máxima de transparência em dias sem chuva. Porém, nos pontos 4 e 5
foi possível sua utilização, já que o ponto 4 está localizado após a ETE (Estação de
Tratamento de Esgoto).
Para efeito de comparação, foram fotografados trechos do rio cuja água não
apresenta visualmente mudança da coloração por efeito de poluentes e trechos
onde esta alteração é visível (Figuras 23, 24 e 25).
Figura 23 - Coloração da água do ribeirão
Maringá, antes da estação de tratamento da
Sanepar
Figura 24 - Coloração da água do ribeirão
Maringá, após a estação de tratamento da
Sanepar, a água escura é provocada por um
sensível aumento na turbidez
83
Figura 25 - Abundante formação de espumas no
ribeirão Maringá (trecho inferior), após a
estação de tratamento da Sanepar
Os gráficos 3 a 7 mostram os valores de transparência da água nos ribeirões
Maringá, Romeira e Mandacarú (em centímetros de profundidade) dos pontos de 1 a
5, medidos de agosto de 2004 a fevereiro de 2006.
Gráfico 3 - Ponto 1 – ribeirão Maringá
0
20
40
60
80
100
12345678910111213
meses
transparência (cm de
profundidade)
Lâm.dágua/
cm
Transp/cm
Ago
Set
Nov
Jan
Mai
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Jan
Fev
84
0
20
40
60
80
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
meses
transparência (cm de
profunidade)
Lâm.dágua/
cm
Transp/cm
Gráfico 4 – Ponto 2 – córrego Romeira
0
20
40
60
80
100
12345678910111213
meses
transparência (cm de
profundidade)
Lâm.dágua/c
m
Transp/cm
Gráfico 5 – Ponto 3 – córrego Mandacaru
0
20
40
60
80
100
12345678910111213
meses
transparência (cm de
profundidade)
Lâm.
Dágua/cm
Transp./cm
Gráfico 6 – Ponto 4 – ribeirão Maringá
Ago
Set
Nov
Jan
Mai
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Jan
Fev
Ago
Set
Nov
Jan
Mai
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Ago
Set
Nov
Jan
Mai
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Jan
Fev
85
0
20
40
60
80
100
123456789101112
meses
transparência (cm de
profundidade)
Lâm.d'gua
/cm
Transp/cm
Gráfico 7 – Ponto 5 – ribeirão Maringá
Note-se que a transparência no ribeirão Maringá (ponto 1) só pôde ser
medida no mês de janeiro de 2005 e maio de 2005 sendo 40 cm e 50 cm
respectivamente, devido a lâmina de água estar funda o suficiente para que o disco
de Secchi fosse utilizado.
Nos outros meses, o uso do disco de Secchi não se demonstrou aplicável,
devido à lâmina de água estar em profundidade menor que o limite de transparência.
No córrego Romeira (ponto 2), foi possível utilizar o disco de Secchi nos
meses de novembro de 2004 (30 cm), janeiro de 2005 (25 cm), outubro de 2005 (25
cm), janeiro de 2006 (38 cm) e fevereiro de 2006 (30 cm), indicando uma melhor
aplicação do disco nesse ponto. Ocorreu uma diminuição na transparência no mês
de janeiro de 2005 do ribeirão Maringá (ponto 1) de 40 cm para 25 cm no córrego
Romeira (ponto 2), essa diferença pode estar ligada ao uso do solo
predominantemente urbano o ponto 1 e rural no ponto 2. Advém, daí, uma maior
oferta de sedimentos para o ponto 2 o que diminui a transparência da água.
No córrego Mandacarú (ponto 3), o disco de Secchi foi aplicado em todas as
amostragens de agosto de 2004 a fevereiro de 2006, apresentando a transparência
menor em outubro de 2005 com 22 cm apenas.
No ribeirão Maringá (ponto 4), o disco de Secchi foi utilizado em todas as
amostragens dos 3 anos, ocorrendo uma diminuição na transparência do córrego
Mandacarú (ponto 3) em relação ao ribeirão Maringá (ponto 4). A menor
transparência que se obteve foi de apenas 20 cm em julho e setembro de 2005,
esse fato sugere a incorporação de sedimentos lançados pela ETE (Estação de
Ago
Set
Nov
Jan
Mai
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Jan
86
Tratamento de Esgotos) localizada entre o córrego Mandacarú (ponto 3) e o ribeirão
Maringá (ponto 4).
No baixo curso do ribeirão Maringá (ponto 5), o uso de disco de Secchi foi
possível em todas as amostras ao longo dos 3 anos (4,5,6). Percebeu-se que a
menor transparência registrada no ponto foi de 22 cm em julho e em setembro de
2005, sendo que a transparência elevou-se do ribeirão Maringá (ponto 4) após a
ETE (Estação de Tratamento de Esgotos) para o baixo curso do ribeirão Maringá
(ponto 5), em dobro, próximo à exutória, o que sugere a decantação da carga de
sedimentos lançada pela ETE do ribeirão Maringá (ponto 4) para o baixo curso do
ribeirão Maringá (ponto 5).
4.10- TEMPERATURA
A variação do calor da água, promovida pela radiação solar, ou condução de
calor pelos sedimentos ou por rios tributários, modificam os processos químicos,
físicos e biológicos através de resfriamento ou aquecimento da água.
As maiores e menores temperaturas registradas respectivamente para cada
ponto são:
Para o ribeirão Maringá (ponto 1) a maior temperatura registrada é de 28,2 Cº
em dezembro de 2000 e a menor de 17,7 Cº em junho de 2001. E para o córrego
Romeira (ponto 2), a maior temperatura é de 25,5 Cº em fevereiro de 2006 e a
menor de 17,4 Cº em junho de 2001. No córrego Mandacarú (ponto 3) a maior
temperatura registrada foi de 27,6 Cº em janeiro de 2005 e a menor de 18 Cº em
junho de 2001. No ribeirão Maringá (ponto 4) a maior temperatura é de 28,6 Cº em
janeiro de 2005 e a menor temperatura registrada foi de 17,9 Cº em junho de 2001.
No baixo curso do ribeirão Maringá (ponto 5) a maior temperatura é de 28,5 Cº em
dezembro de 2000 e, a menor temperatura em junho de 2001 de 17,1 Cº.
Percebe-se a tendência de aumento da temperatura do ribeirão Maringá
(ponto 4), após a ETE (Estação de Tratamento de Esgotos), em relação aos pontos
1, 2 e 3. No baixo curso do ribeirão Maringá (ponto 5), a temperatura diminuiu em
0,8 Cº em relação ao ponto 4 no mesmo dia de amostragem. Observou-se ao longo
da pesquisa um aumento da temperatura do ribeirão Maringá (ponto 4) em relação
aos demais, o que sugere os efeitos da ETE (Estação de Tratamento de Esgoto).
87
Com o aumento da temperatura da água, a taxa de oxigênio cai, porque a
solubilidade desse gás diminui, podendo ocasionar a morte de organismos,
aumentando a ação decompositora de bactérias, tornando a água mais turva, que
prejudica a passagem da luz e diminui a taxa de fotossíntese. Como há menor
produção de alimentos e de oxigênio, mais organismos morrem.
4.11- PH ACIDEZ E ALCALINIDADE
O pH influencia processos biológicos e químicos nos corpos de água e os
processos associados com abastecimento e tratamento de águas residuárias. O pH
é uma medida do balanço ácido de uma solução e é definido pelo negativo do
logaritmo na base 10 da concentração de íons hidrogênio. Segundo o CONAMA, nas
águas naturais os valores do pH varia entre 6 a 9, para corpos de água de classe 2.
O maior teor de pH 8,07 foi verificado em agosto de 2004 no ribeirão Maringá
(ponto 1), e o menor teor 6,2 em janeiro de 2006.
No córrego Romeira (ponto 2) o maior pH medido foi de 7,65 em setembro de
2004 e o menor pH medido foi de 5,9 em janeiro de 2006.
No córrego Mandacarú (ponto 3) que se desenvolve na área urbana, o maior
pH medido foi de 7,73 em maio de 2002 e o menor pH medido foi de 4,9 em janeiro
de 2006. Isso sugere contaminação da água por atividade antrópica.
No ribeirão Maringá (ponto 4) o maior pH 7,48 em setembro de 2004 e o
menor pH 6,8 em janeiro de 2006.
No baixo curso do ribeirão Maringá (ponto 5) o maior pH 7,49 em maio de
2002 e o menor em janeiro de 2006, pH 6,7.
Isso demonstra que o pH passa de levemente ácido para alcalino nos últimos
três anos monitorados, sendo que no córrego Mandacarú (ponto 3) em janeiro de
2006 ocorreu o menor teor medido do pH sendo de 4,9; no ponto 4 após a ETE
(Estação de Tratamento de Esgotos) novamente sobe o teor do pH para 6,8 no
mesmo mês. Em janeiro de 2006 o pH aumentou do alto curso para o baixo curso
passando de ácido a alcalino. Isso deve estar relacionado ao incremento da vazão
do ribeirão Maringá.
88
4.12- OXIGÊNIO DISSOLVIDO
A medida do Oxigênio Dissolvido na água é uma das maneiras mais
empregadas para se obter informações a respeito das trocas biológicas e
bioquímicas da água. O oxigênio encontrado na água é proveniente da atmosfera ou
da fotossíntese de plantas aquáticas, e é utilizado por muitos processos bioquímicos
respiratórios, bem como nas reações inorgânicas de mineralização. A concentração
de Oxigênio Dissolvido depende da temperatura, da pressão parcial do gás e das
concentrações de vários íons. As variações de OD (Oxigênio Dissolvido) na água
afetam profundamente a vida dos animais aquáticos; de um modo geral, a presença
ou a ausência de oxigênio limita a existência de organismos aquáticos.
O Oxigênio Dissolvido, segundo Gastaldini & Mendonça (2001), varia
sazonalmente e dentro do período de 24 horas, de acordo com a temperatura e
atividade biológica (fotossíntese e transpiração). Como ocorre no ponto 4 após a
ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) queda significativa no Oxigênio Dissolvido
e aumento de temperatura, elevando-se novamente o teor de Oxigênio Dissolvido
no ponto 5 e, diminui a temperatura do corpo de água.
No ribeirão Maringá, a concentração mais elevada de OD foi registrada em
agosto de 2001, 8,87 mg/L, e o menor valor 2,5 mg/L em fevereiro de 2006,
apresentando diminuição no oxigênio dissolvido das amostras dos anos de 2004,
2005 e 2006 em relação aos primeiros três anos de oxigênio dissolvido.
No córrego Romeira (ponto 2), a maior concentração de OD foi verificada em
janeiro de 2001 8,8 mg/L e a menor de 2,4 mg/L em setembro de 2005.
No córrego Mandacarú a maior concentração foi de 8,53 mg/L em julho de
2001 e a menor em fevereiro de 2006 de 2,1 mg/L.
No baixo curso do ribeirão Maringá a maior concentração de OD após a ETE
(Estação de Tratamento de Esgotos) foi de 7,57 mg/L em fevereiro de 2000 e a
menor em fevereiro de 2006 com 1,6 mg/L, diminuindo substancialmente nos últimos
três anos. Isto sugere que uma maior quantidade de esgotos tratados foram
lançados nas águas do ribeirão Maringá, alcançando índices muito abaixo do
permitido pelo CONAMA/2005.
No ribeirão Maringá, próximo a exutória, a maior concentração de OD foi de
6,77 mg/L, em junho de 2001, e a menor de 1,5 mg/L, em fevereiro de 2006, sendo
89
esta a menor concentração encontrada ao longo do estudo de seis anos na bacia
hidrográfica do ribeirão Maringá.
Essa análise dos dados disponíveis revela a perda da qualidade da água em
termos do parâmetro OD, do ribeirão Maringá (ponto 1 zona urbanizada) para o
ribeirão Maringá próximo a exutória (ponto 5), onde verificou-se a maior
discrepância, atingindo a menor quantidade de OD em mg/L de água. Esta análise
sugere que a atividade antrópica tem aumentado a carga de efluentes despejados
nas drenagens analisadas e que em decorrência disso a quantidade de OD tem
diminuído sensivelmente ao longo do período estudado.
4.13- AMOSTRAGENS DE ÁGUA SUBTERRÂNEA (POÇO SR. ZICO)
A água Subterrânea proporciona uma série de benefícios: ela é barata,
porque possui qualidades naturalmente adequadas e ocorre espalhada por extensas
áreas, permanece disponível durante os períodos de seca, devido aos grandes
volumes armazenados em subsuperfície. As áreas próximas à superfície do solo não
estão permanentemente saturadas com água, e apenas recebem um suprimento
temporalmente intermitente.
Segundo Koide (2001), a qualidade da água subterrânea pode afetar nossa
saúde, a sociedade e a economia. Por muito tempo a água subterrânea foi
considerada como um recurso hídrico protegido da contaminação pelas camadas de
rocha e solo que agiriam como barreiras e filtros. No entanto, o excesso de
infiltração que não evapotranspirado ou retido, usualmente penetra pelo solo até
atingir o lençol freático, contribuindo para a recarga do aqüífero. Se esta água
contém solutos, parte desses podem reagir ou ficar retida no solo, ser absorvida
pelas plantas ou mesmo ser devolvida para a atmosfera. A água pode carrear outros
solutos ou substâncias presentes no solo. Esses solutos e ou outras substâncias
carreadas pela água podem contribuir para a poluição dos aqüíferos (HILLEL apud
KOIDE, 2001).
Para Koide (opcit), ao penetrar no solo, a água atravessa uma zona
usualmente aerada e rica em matéria orgânica e microorganismos. O contato da
água com esse meio favorece uma intensa interação física, química e biológica dos
contaminantes já presentes na água. A região mais superficial da zona vadosa é a
mais importante barreira natural contra a contaminação das águas subterrâneas,
90
seja por microorganismos (bactérias, protozoários ou vírus), por compostos
orgânicos (biodegradáveis, hidrocarbonetos ou compostos orgânicos sintéticos), ou
por substâncias inorgânicas (metais, nitratos, carbonatos, fosfatos e outros). Sendo
assim ao atingir a zona saturada os contaminantes podem sofrer um processo mais
intenso de diluição e dispersão.
O processo de contaminação das águas subsuperficiais é extremamente
lento, porém de remediação muito difícil e onerosa caso os contaminantes não
sejam facilmente degradáveis. Alguns contaminantes dissolvidos são absorvidos ou
podem reagir quimicamente com os constituintes do solo. Além disso, plantas e
microorganismos consomem algumas substâncias dissolvidas na água, que podem,
potencialmente, ser poluentes. É recomendável que se mantenham distâncias
mínimas entre poços de bombeamento e fontes poluidoras, tais como foças sépticas,
valas de infiltração de efluentes domésticos, estábulos, silos. Quanto às
contaminações devido às atividades agrícolas. O mesmo autor afirma que o uso e o
manejo de fertilizantes e pesticidas podem introduzir contaminação no meio de três
maneiras: 1) derrame durante a manipulação; 2) escoamento de águas de lavagem
e de carregamento de equipamentos de aplicação; 3) poluição difusa introduzida
pelo uso dos fertilizantes e pesticidas, principalmente quando os produtos são
utilizados em quantidade excessiva. Outra grande fonte de contaminação é
proveniente do armazenamento em locais inadequados, como próximos a poços
abertos ou abandonados, sumidouros e depressões de terreno onde a água tende a
se acumular em locais a céu aberto.
Vandresen & Stipp (2004) afirmam que dentre as conseqüências indesejáveis
do uso de pesticidas, podem ser citadas a presença de resíduos na água, no solo,
no ar, nos tecidos vegetais, animais e como decorrência da destruição de
microorganismos do solo, efeitos prejudiciais sobre organismos não-alvos,
mortalidade de insetos benéficos e presença de resíduos em alimentos, além da
contaminação ocupacional.
A criação de animais gera uma quantidade apreciável de dejetos, que podem
provocar problemas de contaminação semelhantes aos dos esgotos domésticos,
podendo introduzir contaminação por nitratos, bactérias, sulfatos e sólidos
dissolvidos.
Para se avaliar a possível contaminação da água subterrânea no lençol livre
foi amostrada a água do poço escavado na propriedade do Sr. Zico, próximo ao
91
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
nov/05 dez/05 jan/06 fev/06
meses
Concentração (mg/L)
Fe
Cu
Mn
Zn
Cr
Pb
Cd
Co
Ni
baixo curso do ribeirão Maringá (ponto 5), após aplicação de pesticidas e da
ocorrência de chuva. As águas apresentaram contaminação por Zinco, Cobre e
Ferro, decorrente da proximidade do poço com as plantações que ocorrem por toda
a vertente. Os resultados estão apresentados na tabela 17. Isso sugere a
contaminação por herbicida e insumos agrícolas, que têm em sua constituição
metais pesados utilizados como fixadores como o Zinco e o Cobre (COELHO 2003,
2004; SANTOS, et ali., 2005).
Tabela 17 - Metais Pesados detectados no Poço do Sr. Zico
Meses Fe Cu Mn Zn Cr Pb Cd Co Ni
Nov/05 nd nd nd 0,02 nd nd nd nd nd
Jan/06 nd nd nd 0,0061 nd nd nd nd nd
Fev/06 0,186 0,2288 nd 0,1027 nd nd nd nd nd
CONAMA 0,3 0,009 0,1 0,18 0,05 0,01 0,001 0,05 0,025
Legenda:
vermelho – acima do limite CONAMA/2005
nd – não detectado
Metais (mg/L)
Encontrou-se zinco e ferro na água do poço em pequenas concentrações ao
longo de três meses. Também foi encontrado Cobre em concentração além do
permitido pelo CONAMA 2005, que é de 0,18 mg/L. Assim a água estava
contaminada por cobre, e portanto imprópria para consumo humano, conforme
gráfico nº 8 de concentração de metais pesados totais no poço do Sr. Zico.
Gráfico 8 - Concentração de metais pesados totais no poço do Sr. Zico
92
Para Koide (2001), a proteção dos poços para abastecimento pode ser
bastante complexa, caso se deseje estabelecê-la dentro da melhor técnica, sendo
necessário considerar-se as características hidráulicas dos aqüíferos, a taxa de
exploração, as características e persistência dos contaminantes, etc. É necessário
estabelecer-se diferentes perímetros de proteção, em função das atividades que
podem ser exercidas em seu interior. Em uma primeira zona mais próxima do poço,
somente devem ser permitidas atividades relacionadas com a operação dos poços,
de modo a oferecer uma proteção efetiva contra vírus, bactérias patogênicas e
produtos químicos. Em uma segunda zona devem ser proibidas atividades
potencialmente poluidoras, tais como: disposição de resíduos e efluentes, agricultura
e pecuária intensiva. Em uma terceira zona, mais distantes é necessária apenas o
estabelecimento de um certo controle ambiental com vista a proteção do solo e das
águas. A Figura 26 mostra o poço do Sr. Zico, utilizado para dessedentação de
animais.
Figura 26 – Poço do Sr. Zico
É necessário pensar no ambiente dos entornos dos poços de exploração de
água subterrânea. Principalmente nesse caso onde o poço é raso (cavado), que
retira água do lençol freático de superfície livre, e está sujeito a pressão atmosférica
e infiltrações de água de chuva contaminada pela lavoura.
93
4.14- O USO DO SOLO E APLICAÇÃO DE AGROQUÍMICOS
O questionário de uso e ocupação do solo na bacia hidrográfica do ribeirão
Maringá aplicado aleatoriamente nos produtores rurais revela um uso intensivo de
agrotóxicos na área rural da bacia. O herbicida mais usado é o handup (glifosato),
em 100% das propriedades rurais que mantêm culturas temporárias soja e milho, no
entanto, apenas 20% dos entrevistados utilizam-se das águas do ribeirão Maringá
para dessedentação de animais. Indiretamente eles utiizam as águas do rio;
constroem lagoas na planície de inundação. O rio sobe e deposita águas nas
mesmas e essas lagoas servem para a desedentação dos animais. Dez por cento
dos entrevistados mantêm piscicultura, e embora, a água não venha do ribeirão
Maringá são usadas nascentes que afloram dentro da lavoura de soja. Noventa por
cento das propriedades rurais utilizam-se de curva de nível. Apenas dez por cento
dos agricultores utilizam irrigação no cultivo de hortaliças, a água é, nesse caso,
captada em poços.
Quanto a rotação de culturas se dá duas vezes ao ano com a colheita do
milho safrinha (de inverno) e o plantio do soja no verão. Todos os entrevistados
admitem ter orientação técnica, dizem devolver as embalagens de agrotóxicos aos
vendedores, e utilizam adubo todo o ano. Segundo os entrevistados ocorreram três
casos de intoxicação por agrotóxicos na bacia nos últimos três anos. Em cem por
cento das propriedades rurais não há rejeito de sobras de produção, a matéria
orgânica resultante das atividades é incorporada ao solo. Quando a pergunta foi
sobre ao consumo de peixe do rio, todos os proprietários rurais admitiram já ter
consumido peixes do rio e sessenta por cento já consumiram água do rio. Cem por
cento dos entrevistados já se banharam no rio há alguns anos atrás.
Quanto ao manejo do solo cem por cento dos entrevistados aram a terra.
Posteriormente, praticam plantio direto, com pulverização de Handup e utilização de
plantadeiras.
Quando a pergunta foi: Qual a importância do rio para você? A resposta em
cem por cento das entrevistas foi: “precisamos muito da água, para os animais, para
irrigação, recreação e para a pesca, no entanto do jeito que está não precisa nem
ter”. Colocando que fizeram o reflorestamento das áreas de proteção permanente e
o cercamento de 30 m das duas margens do rio. Deixaram a seguinte pergunta: o
que vocês vão fazer para melhorar a qualidade das águas?
94
Na área urbana encontrou-se uso da água para dessedentação de animais
diretamente no rio; lançamento de galerias pluviais, irrigação de plantas e mudas
ornamentais. Dos entrevistados das pequenas indústrias, metalúrgicas, mecânicas e
comércios, oitenta por cento admitem usar algum tipo de produto químico e lançam
pequenas quantidades de resíduos nos esgotos ou fossas.
CONCLUSÃO
O monitoramento da qualidade da água do ribeirão Maringá (para as variáveis
analisadas) e a análise do uso do solo tanto urbano quanto rural revelam que:
- As águas do ribeirão Maringá são usadas para banho, recreação, pesca,
irrigação, dessedentação.
- As análises químicas sobre a concentração dos teores de metais pesados
demonstram que as águas estão contaminadas por metais pesados.
- O Fe e o Mn provêm da sua concentração natural nos solos da bacia,
porém o Pb, o Cd, o Cu e o Zn são provenientes da atividade antrópica.
- A produção dos sedimentos em suspensão é menor na época de estiagem
e está associada à erosão marginal e à atividade antrópica.
- São utilizados 13,1 litros de pesticidas por alqueire de terra na área rural
da bacia.
- O aumento na concentração de Fe e Cu, no segundo triênio, pode estar
ligada ao aumento na produção agrícola.
- As águas do córrego Mandacarú encontram-se contaminadas por chumbo
(Pb), na média total ao longo de seis anos de monitoramento (anexo 4,
gráfico 1).
- As águas do ribeirão Maringá encontram-se contaminadas por chumbo
(Pb), na média total, ao longo dos seis anos de monitoramento (anexo 4,
gráfico 2).
- Segundo a resolução do CONAMA/2005 para corpos de água de classe 2
os índices de Pb (chumbo) em vermelho, dispostos na tabela 8, de metais
pesados monitorados, encontram-se acima do limite permitido. O Cobre
total(Cu), Manganês total (Mn), Cadmio total (Cd), ultrapassaram o limite
permitido, o que tem relação com a chuva que ocorreu nesse período,
conforme observado nas armadilhas, configurando o aumento na
concentração de ferro total da água, que pode ser atribuído a grande
quantidade de ferro contida no solo eutroférrico e no basalto, que
apresentou um aumento no dia de chuva.
- A área de preservação permanente (APP) para o baixo curso do ribeirão
Maringá, na confluência com o rio Pirapó e em sua planície de inundação,
96
deve ser alterada em 30 metros do curso habitual do ribeirão para 30
metros, à partir do leito maior do ribeirão Maringá (margens plenas)
alcançadas na máxima cheia do ribeirão.
- O aumento dessa margem (APP) evitará o uso de solos contaminados por
metais pesados, bem como a exposição da criação de gado à água do
ribeirão.
- O quadro industrial, ainda que pequeno, e aliado ao agroecossistema
mostra-se suficiente para impactar a bacia hidrográfica do ribeirão Maringá.
- A utilização irracional dos recursos naturais conduz a uma degradação
acelerada do meio ambiente, ainda que parte da humanidade esteja mais
consciente das ameaças que pesam sobre ele.
- A suposta crença de que o crescimento econômico possa beneficiar a
todos e permitir conciliar, a um só tempo, progresso material e eqüidade
entre a condição humana, a natureza e o meio ambiente nem sempre é
exercido.
- O gerenciamento ambiental deve considerar os fatores bióticos, abióticos e
antrópicos de maneira holística, visando a preservação dos recursos
renováveis e não renováveis dos ecossistemas.
- O presente estudo propiciou o monitoramento das características químicas
e físicas da água dos principais cursos da bacia, gerando dados que
refletem a atual qualidade dos cursos de água e desse ambiente
geográfico.
- Tratar os esgotos urbanos e industriais é uma necessidade premente para
melhoria ambiental.
- A carga poluidora agrícola (agrotóxicos), pouco estudada, deve se adequar
ao potencial de assimilação dos corpos de água.
- Este estudo revela que não estão sendo efetivadas medidas de
precauções a erosão, embora cem por cento da área agrícola da bacia
seja composta de curva de nível.
- A tomada de decisão em relação ao uso do solo e da água é urgente. Isso
revela a necessidade de criação de normas de conservação do solo nas
áreas agrícolas.
- Emergem questões que necessitam de planos de gestão ambiental
integrados de bacias hidrográficas, que se revertam em soluções de
97
conservação da qualidade do ambiente. Deve-se priorizar a qualidade das
águas e a sua manutenção, visando a recuperação do ambiente e os usos
múltiplos das águas.
BIBLIOGRAFIA
AB’SABER, Aziz N.; MULLER-PLANTENBERG, Clarita (orgs.). Previsão de
impactos. São Paulo: Edusp, 1998.
ANTONELI, V. Monitoramento e Análise Hidro-Sedimentológica da bacia do
Arroio Boa Vista. Guamiranga-Pr, 2004. (dissertação de mestrado).
ATKINS, P.W. Físico – Química. vol. 1, 6. ed. Rio de Janeiro: LTC Editora, 1999.
BARROS, C. S. Dinâmica sedimentar e hidrológica na confluência do rio Ivaí
com o rio Paraná, município de Icaraíma-PR. Universidade Estadual de Maringá.
DGE, 2006. (dissertação de mestrado).
BEREZUK, A. G. Classificação e análise da Qualidade da água subterrânea da
cidade de Maringá-PR. Dissertação de Mestrado. Departamento de Geografia,
Universidade Estadual de Maringá, 2002.102 p.
BERTRAND, G. Paisagem e geografia física global. Esboço Metodológico.
Caderno de Ciências da Terra. São Paulo, v. 13, IG-USP, 1971.
BIAZIN, P. C. Característica sedimentar e hidrológica do rio Ivaí em sua foz com
o rio Paraná, Icaraíma–PR. Universidade Estadual de Maringá. DGE, 2005.
(dissertação de mestrado).
BIAZIN, P. C. Concentração de sedimentod em suspensão na bacia do ribeirão
Maringá, como um indicador geoambiental. Trabalho de Conclusão de Curso.
Maringá, 2003.
BIAZIN, P. C.; SANTOS, M. L. dos; GASPARETTO, N. V. L. Variabilidade na
concentração da carga suspensa no Ribeirão Maringá-PR, em decorrência da
atividade antrópica. In: IV Congresso Brasileiro de Pesquisas Ambientais e Saúde.
Actas do…. 2004b. p. 99-102.
BIAZIN, P. C.; SANTOS, M. L. dos; LANDI, D. Concentração de sedimentos em
suspensão no ribeirão Maringá, como um indicador Geoambiental. In: I Seminário
Nacional de Impactos Sócio-Ambientais Urbanos, 2002, Curitiba. Contribuições
Científico Técnica do I Seminário Nacional de Impactos Sócio-Ambientais. Curitiba:
Universidade Federal do Paraná - DGE, 2002. p. 546-555.
BRADY, E.J. Química Geral. vol. 1, 2. ed. Rio De Janeiro, RJ: LTC Editora, 1896.
CENTENO, Jorge Silva. Sensoriamento remoto e processamento de imagens
digitais. Curitiba: UFPR. 2003
CHIN, A.; GREGORY, K. J. Managing river channel adjustments. Department of
Geography, Texas A&M University, College Station, TX 77843, USA. Department of
99
Geography, University of Southsmpton, Southampton, UK. Received 14 November
2003; received in revised form 8 september 2004; accepted 8 October 2004.
Available online 13 January 2005.
CHRISTOFOLETTI, Antonio (1936). Geomorfologia Fluvial. São Paulo: Edgar
Blucher, 1981. v.1. o canal fluvial.
CHRISTOFOLETTI, Antonio (1974). C 48 G. Geomorfologia. São Paulo: Edgar
Blucher, Ed. Universidade de São Paulo, 1974. Ilust.1. Geomorfologia.
COELHO NETTO. A. L. Hidrologia de Encostas na Interface com a Geomorfologia.
In: Geomorfologia: Uma Atualização de Bases e Conceitos, organizado por
Guerra A. J. T. e CUNHA, SB.; Ed. Bertrand Brasil, cap. 3, 1995.
COELHO, A. R.; SANTOS, M. L. dos; GASPARETTO, N. V. L. Impactos Urbano
Industrial na bacia Hidrográfica do ribeirão Pingüim. In: XIII Semana de Geografia,
2003, Maringá. Clima e Organização do Espaço Geográfico. Universidade
Estadual de Maringá: DGE, 2003. p. 117-121.
CONAMA, Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução n.º 20. Brasília-DF, 18
de Junho, 1986.
CONAMA, Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução n.º 357. Brasília-DF,
17 de março, 2005.
CRUZ, L. B. S. Diagnóstico ambiental da bacia hidrográfica do rio Uberaba-MG.
Tese de Doutorado, UNICAMP, fevereiro 2003.
CURTY, M. G.; CRUZ, A. C.; MENDES, M. T. R. Apresentação de Trabalhos
Acadêmicos, Dissertações e Teses (NBR 14724/2002). Maringá: Dental Press Ed.,
2002.
DOUHI, N. Análise das condições físico-ocupacionais e suas implicações no
comportamento hídrico da bacia hidrográfica do rio Xaxim. Prudentópolis-Pr:
DGE, 2004. (dissertação de mestrado).
DURUM, W. H.; HAFFTY, J. Implications of the minor element contento of some
major streams of the world. Geochim. Cosmochim. Acta. v. 27. 1962. p. 01-11.
EMBRAPA. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos, Serviço de Produção e
Informação - SPI. Brasília (DF), 1999.
ENDLICH, Ângela Maria. Maringá e o tecer da rede urbana regional. Presidente
Prudente. UNESP, 1998.
GARCEZ, L. N.; ALVAREZ, G. A .Hidrologia. 2. ed. Rev. e Atualizada. São Paulo:
Editora Edgard Blucher Ltda, 2002.
100
GASTALDINI, M.C.C. & MENDONÇA, A. S. F. Conceitos para avaliação da
qualidade da água. In: PAIVA, J. B.; PAIVA, E. M. C. D. (Org.). Hidrologia aplicada
à gestão de pequenas bacias hidrográficas. Porto Alegre: ABRH, 2001.
GERARDIE & MENDES, L. H. de O.; Iandara Alves, (org.). Teoria, Técnica,
Espaços e Atividades. Rio Claro: programa de pós-graduação em Geografia –
UNESP; Associação de Geografia Teorética – AGETEO, 2001.
GOLDENFUN, J. A. Simulação hidrosedimentológica em pequenas bacias rurais.
Dissertação (mestrado), 1991. In: Hidrologia aplicada à gestão de pequenas
bacias hidrográficas. Organizado por João Batista Dias de Paiva e Eloiza Maria
Cauduro Dias de Paiva. Porto Alegre: ABRH, 2001.
HARRIS, D. C. Análise Química Quantitativa. Tradução da quinta edição inglesa
feita por Carlos Alberto da Silva Riehl & Alcides Wagner Serpa Guarino. Rio de
Janeiro: LTC – Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., 2001. 862 p.
http://glcf.umiacs.umd.edu/index.shtml
http://www.dgi.inpe.br
http://zulu.ssc.nasa.gov/mrsid
INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ (IAPAR). Cartas climáticas do estado
do Paraná, Londrina-PR, 1984.
INSTITUTO BRASILEIRO de GEOGRAFIA e ESTATISTICA. Manual Técnico da
Vegetação Brasileira. Rio de Janeiro: IBGE (Séries Manuais Técnicos de
GeociênciasI). 1992.
JORNAL O ESTADO DE SÃO PAULO, 2001.
JUNGSTED, L. O. C. Direito Ambiental. Rio de Janeiro: THEX Editora, 1999. 787 p.
KLASSEN, C. D. Metais Pesados e Antagonistas dos Metais Pesados. In:
GILMAN e GOODMAN. As bases farmacológicas da terapêutica. Rio de Janeiro:
Guanabara-Koogan, 1999. 323 p.
KOEPPEN, W. Climatologia. Con un estudio de los climas de la tierra. FCE,
México, 1948.
KOIDE, S.; SOUZA, M. A de. Monitoramento da qualidade da água in: hidrologia
aplicada à gestão de pequenas bacias hidrográficas. Organizado por João
Batista Dias de Paiva e Eloiza Maria Cauduro Dias de Paiva. Porto Alegre: ABRH,
2001.
KUERTEN, S. Variação longitudinal das características sedimentares e
hidrológicas do rio Ivaí-Pr em seu curso inferior. Universidade Estadual de
Maringá. DGE, 2006. (dissertação de mestrado).
101
LEE, J.D. Química inorgânica não tão concisa. 4. ed. Santa Catarina-SC: Editora
Edgard Blüchev Ltda.
LEE, J.D. Química Inorgânica. Tradução da 2.ª edição inglesa feita por MAAR, J. H.
São Paulo: Editora Edgard Blücher Ltda., 1979. p. 484.
Leis ambientais federais e cidadania. Organizado pela Comissão de
Assessoramento para Fundos de Vale. Jorge Guerra Villalobos; Valter Tadeu
Dubiela, Edson Ikeda, Martina Untergberger, Reinaldo Barbosa. Maringá: Massoni,
2002.
LEWIS, R. J. Sax’s Dangerous Properties of Industrial Materials. 9. ed. New
York: Van Nostrand Reinhold, a) v. I, II and III. 1996.
LILLESAND, T. M. E KIEFER, R. W. Remote sensing and image interpretation.
New York: John Wiley e Sons, Inc, 1994.
LUZ, France. O fenômeno da rede urbana numa zona pioneira: Maringá.
Maringá: Prefeitura Municipal de Maringá, 1997.
MAACK, R. Geografia Física do Estado do Paraná. Curitiba: Secretaria da Cultura
e do Esporte do Governo do Estado do Paraná, 1981.
McBRIDE, M. B. Environmental Chemistry of soils. Oxford: Oxford University
Press, 1994. 406 p.
MELO, U.; SUMMERHAYES, C. P.; TONER, L. G. (1975). Metodologia Para o
Estudo de Material em Suspensão na Água do Mar. Boletim Técnico da Petrobrás.
Rio de Janeiro, 18(3/4):115-127.
MENDES, César Miranda. O edifício no jardim: um plano destruído. São Paulo:
USP, 1992.
MONTEIRO, C. A. F. Geossistemas: a história de uma procura. São Paulo:
Contexto, 2000.
MONTEIRO. Clima e excepcionalismo: conjecturas sobre o desempenho da
atmosfera como fenômeno geográfico. Florianópolis: Editora da UFSC, 1991.
MORAIS, E. S., SANTOS, M. L. dos; COELHO, A . R. Indicadores físico-químicos da
qualidade da água do rio Ivaí em seu curso inferior: enfâse em análise geoambiental.
In: XIV EAIC – Encontro Anual de Iniciação Científica. Universidade Estadual do
Centro Oeste – UNICENTRO. Guarapuava-Pr, 2005.
MOREIRA, Maurício Alves. Fundamentos do Sensoriamento Remoto e
metodologia de aplicação. Viçosa: UFV, 2003.
102
MOREIRA, Mauricio Alves; CARDOSO, Viviane; FREITAS; Ramon Morais de;
RUDORFF, Bernado Friedrich Theodor. Comparação da resposta espectral de
alvos em imagens CBERS-2/CCD e LANDSAT-5/TM in Anais do XII Simpósio
Brasileiro de Sensoriamento Remoto. Goiânia, 2005.
MOTTA, R. S. Utilização de critérios econômicos para a valorização da água no
Brasil. Rio de Janeiro. IPEA, 1998.
NOVO, Evlyn M. L. de Moraes. Sensoriamento remoto princípios e aplicações.
São Paulo: Editora Edgard Blucher Ltda, 1988.
OLIVEIRA, T. M. de; COSSICH, E. S.; TAVARES, C. R. G.; ARROYO, P. A.;
PERUÇO, J. D.; SANTOS, M. L. dos; SOUZA FILHO, E. E. de. (2003a). Diagnóstico
da qualidade físico-química e biológica da bacia do alto rio Pirapó. In: XV Simpósio
Brasileiro de Recursos Hídricos. 2003. Curitiba. Anais do XV Simpósio Brasileiro
de Recursos Hídricos. Curitiba: Sociedade Brasileira de Recursos Hídricos, 2003. v.
1, p. 1-7.
OLIVEIRA, T. M. de; COSSICH, E. S.; TAVARES, C. R. G.; ARROYO, P. A.;
PERUÇO, J. D.; SANTOS, M. L. dos; SOUZA FILHO, E. E. de. (2003b). Reflexos
da agricultura nos recursos hídricos. In: IV Seminário Internacional Sobre
Agroecologia. I Congresso Brasileiro de Agroecologia e V Seminário Estadual de
Agroecologia. Porto Alegre- RS. Anais do Cdrom, p.1-4
ORFEO, O. (1992a). Turbidez Como Herramienta Sedimentometrica en Cursos de
Agua del Noreste Argentino. Cuarta Reunión Argentina de Sedimentología, La
Plata. In: Actas da, Tomo II, 145-149.
ORFEO, O. (1992b). Particulometria Por Filtracion Selectiva de Sedimentos
Suspendidos en Muestras muy Pequenãs. Cuarta Reunión Argentina de
Sedimentología, La Plata. In: Actas da. Tomo II, 139-144.
PAIVA, J.B. & PAIVA, M.C.D. Hidrologia Aplicada a Gestão de Pequenas Bacias
Hidrográficas. Porto Alegre: ABRH, 2001.
PERUÇO, J.D. Identificação das principais fontes poluidoras de afluentes da
bacia do Alto rio Pirapó. tese de mestrado, E.Q., 2004.
RAMOS, F. et al. Engenharia hidrológica. Rio de Janeiro: ABRH. Editora UFRJ,
1989. vol.2.
SALA, M. G. Degradação dos solos da bacia do ribeirão Maringá: Análise da
concentração de Metais Pesados. PIBIC/CNPq – UEM, 2001.
SALA, M.G. Indicadores de fragilidade ambiental na bacia do ribeirão Maringá-
Pr. tese de mestrado, DGE, 2005.
SANTOS, M.L.; LENZI, E.; COELHO, A. R. Ocorrência de Metais Pesados no
Curso Inferior do rio Ivaí, em decorrência do uso do solo em sua bacia
hidrográfica. Submetido a revista da Associação Brasileira de Recursos Hídricos.
103
Rio de Janeiro, 2005.
SAX, N. I. Dangerous Properties of Industrial Materials. 5. ed. New York: Van
Nostrand Reinhold, 1979. 217 p.
SILVA, J. X. da. Análise ambiental. Rio de Janeiro: UFRJ, 1987.
TAYLOR, S. R. Abundance of chemical elements in the continental crust: a new
table. Geochim. Cosmochim. Acta. v. 28. 1962. p. 1273-1285.
TOLEDO, J. R. A. P. de; TALARICO, N.; CHINEZ, S. J.; AGUDO, E. G. 1983.
Aplicação de modelos simplificados para a avaliação de processo de
eutrofização em lagos e reservatórios tropicais. Anais 12.º Congresso Brasileiro
de Engenharia Sanitária e Ambiental. CETESB, p.1-34.
TOMAZONI, J. C. (1998). O Processo Erosivo e o Material Hidrotransportado na
Bacia Hidrografica do Rio Pinhal. Curso de Pós-graduação em Geologia da
Universidade Federal do Paraná, Dissertação de Mestrado. Inédito. 238 p.
URBAN, Teresa. Comp. Em outras Palavras: Meio Ambiente para Jornalistas.
Compilado por Teresa Urban. Curitiba: SENAR-Pr/ SEMA, 2002.
VANDRESEN, Júlia; STIPP, Nilza A. F. Uma abordagem sobre o uso de agrotóxicos
na microbacia do Ribeirão dos Apertados-Paraná. In: Boletim de Geografia. Ano
22, n. 1. Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Geografia. 22(1): 49-
66. 2004.
WELZ, B.; SPERLING, M. Atomic absorption spectrometry. 3. rev. ed. Weinheim
(Germany): VCH Verlagsgesellschaft mbH, 1999. 941.
WHITE, L. C. Relatório da Comissão de Estudos das Minas de Carvão de Pedra
do Brasil. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1908.
104
ANEXOS
105
ANEXO 1
QUESTIONÁRIO
USO E OCUPAÇÃO DO SOLO NA BACIA HIDROGR
Á
FICA DO RIBEIRÃO MARING
Á
E
A
SUA RELAÇÃO COM O USO DE AGROT
Ó
XICOS, INSUMOS E PRODUTOS
QUÍMICOS.
A) IDENTIFICAÇÃO:
Nome:
Endereço:
Localização:
Tamanho da Propriedade:
Tipo de cultura:
B) FINALIDADE DO SOLO: 1(sim) 2(não)
1. ( ) urbano
2. ( ) pecuária
3. ( ) agrícola
4. ( ) industrial
5. ( ) rural
6. ( ) comercial
7. ( ) residencial
8. ( ) utiliza água para dessedentação de animais
9. ( ) tem piscicultura
10. ( ) utiliza curvas de nível
11. ( ) irrigada
12. ( ) rotação de cultura. Em que época do ano?
13. ( ) há orientação técnica? Qual?
14. ( ) usa agrotóxico. Qual? Quando?
15. ( ) usa produto químico? Qual o destino das embalagens?
16. ( ) usa insumo? Qual?
17. ( ) usa adubo? Com que freqüência? Qual a época do ano?
18. ( ) há caso de intoxicação?
19. ( ) há rejeito? Qual?...........................
20. ( ) há esgoto?
21. ( ) há fossa?
22. ( ) Já consumiu peixes do rio?
23. ( ) Já consumiu água do rio?
24. ( ) Já banhou-se no rio?
25. ( ) Ritmo de manejo do solo? Arar? Plantio Direto?
Qual a importância do rio para você?
106
ANEXO 2
TABELAS
Tabela 1: Estatísticas descritivas por ano para o ribeirão Maringá ponto 1.
Ano Metais Media Desvio Padrão Variância nimo Mediana Máximo
0 Fe
Cu
Mn
Zn
Cr
Pb
Cd
Co
Ni
0.7710
0.0029
0.0023
0.0354
0.0040
0.0157
.
0.0023
0.0035
1.3103
0.0011
0.0025
0.0519
.
0.0159
.
0.0006
0.0021
1.7169
0.0000
0.0000
0.0027
.
0.0003
.
0.0000
0.0000
0.0140
0.0018
0.0005
0.0002
0.0040
0.0060
.
0.0020
0.0020
0.0150
0.0030
0.0023
0.0111
0.0040
0.0070
.
0.0020
0.0035
2.2840
0.0040
0.0040
0.0950
0.0040
0.0340
.
0.0030
0.0050
1 Fe
Cu
Mn
Zn
Cr
Pb
Cd
Co
Ni
2.2733
0.0061
0.0837
0.0124
0.0054
0.0166
0.0009
0.0047
0.0044
2.9166
0.0064
0.0562
0.0141
0.0047
0.0121
0.0005
0.0031
0.0028
8.5063
0.0000
0.0032
0.0002
0.0000
0.0001
0.0000
0.0000
0.0000
0.0070
0.0011
0.0110
0.0012
0.0010
0.0030
0.0005
0.0001
0.0003
0.8600
0.0034
0.0700
0.0090
0.0035
0.0140
0.0009
0.0046
0.0040
7.5000
0.0201
0.1800
0.0534
0.0160
0.0440
0.0014
0.0100
0.0090
2 Fe
Cu
Mn
Zn
Cr
Pb
Cd
Co
Ni
0.5198
0.0044
0.0334
0.0122
0.0076
0.0213
0.0025
0.0039
0.0059
0.4878
0.0027
0.0151
0.0073
0.0102
0.0232
.
0.0034
0.0033
0.2379
0.0000
0.0002
0.0001
0.0001
0.0005
.
0.0000
0.0000
0.0090
0.0009
0.0200
0.0062
0.0015
0.0038
0.0025
0.0002
0.0021
0.5450
0.0049
0.0270
0.0091
0.0035
0.0085
0.0025
0.0035
0.0048
1.2840
0.0074
0.0580
0.0224
0.0280
0.0580
0.0025
0.0085
0.0112
4 Fe
Cu
Mn
Zn
Cr
Pb
Cd
0.3680
0.0039
0.0185
0.0444
.
0.0137
.
0.3267
0.0015
0.0007
0.0320
.
0.0006
.
0.1067
0.0000
0.0000
0.0010
.
0.0000
.
0.1370
0.0024
0.0180
0.0108
.
0.0130
.
0.3680
0.0041
0.0185
0.0479
.
0.0140
.
0.5990
0.0053
0.0190
0.0746
.
0.0140
.
107
Co
Ni
.
0.0050
.
.
.
.
.
0.0050
.
0.0050
.
0.0050
5 Fe
Cu
Mn
Zn
Cr
Pb
Cd
Co
Ni
0.4772
0.0123
0.0089
0.0101
0.0010
0.0086
.
0.0010
.
0.5091
0.0223
0.0074
0.0058
.
0.0026
.
.
.
0.2592
0.0005
0.0001
0.0000
.
0.0000
.
.
.
0.0180
0.0026
0.0020
0.0020
0.0010
0.0050
.
0.0010
.
0.3600
0.0047
0.0087
0.0097
0.0010
0.0090
.
0.0010
.
1.4610
0.0674
0.0160
0.0190
0.0010
0.0110
.
0.0010
.
6 Fe
Cu
Mn
Zn
Cr
Pb
Cd
Co
Ni
0.7536
0.0019
0.0230
0.0067
0.0020
.
.
.
.
1.0542
.
.
0.0052
.
.
.
.
.
1.1114
.
.
0.0000
.
.
.
.
.
0.0081
0.0019
0.0230
0.0030
0.0020
.
.
.
.
0.7536
0.0019
0.0230
0.0067
0.0020
.
.
.
.
1.4990
0.0019
0.0230
0.0104
0.0020
.
.
.
.
Tabela 2: Estatísticas descritivas por ano para o córrego Romeira ponto 2.
Ano Metais Media Desvio Padrão Variância nimo Mediana Máximo
0 Fe
Cu
Mn
Zn
Cr
Pb
Cd
Co
Ni
0.3800
0.0012
0.0030
0.0071
0.0030
0.0127
.
0.0027
0.0040
0.6036
0.0008
0.0028
0.0058
.
0.0177
.
0.0006
.
0.3644
0.0000
0.0000
0.0000
.
0.0003
.
0.0000
.
0.0260
0.0005
0.0010
0.0004
0.0030
0.0010
.
0.0020
0.0040
0.0370
0.0012
0.0030
0.0103
0.0030
0.0040
.
0.0030
0.0040
1.0770
0.0020
0.0050
0.0107
0.0030
0.0330
.
0.0030
0.0040
1 Fe
Cu
Mn
Zn
Cr
Pb
Cd
0.9293
0.0032
0.0613
0.0064
0.0039
0.0176
0.0006
1.1361
0.0024
0.0352
0.0049
0.0038
0.0108
0.0005
1.2907
0.0000
0.0012
0.0000
0.0000
0.0001
0.0000
0.0040
0.0009
0.0110
0.0009
0.0010
0.0070
0.0002
0.5250
0.0026
0.0560
0.0056
0.0020
0.0140
0.0005
3.7030
0.0087
0.1180
0.0162
0.0110
0.0330
0.0011
108
Co
Ni
0.0034
0.0033
0.0026
0.0032
0.0000
0.0000
0.0001
0.0002
0.0020
0.0030
0.0080
0.0100
2 Fe
Cu
Mn
Zn
Cr
Pb
Cd
Co
Ni
0.4398
0.0027
0.0228
0.0074
0.0076
0.0202
0.0009
0.0040
0.0045
0.5589
0.0020
0.0159
0.0055
0.0086
0.0131
.
0.0035
0.0025
0.3124
0.0000
0.0003
0.0000
0.0001
0.0002
.
0.0000
0.0000
0.0030
0.0004
0.0090
0.0014
0.0006
0.0060
0.0009
0.0001
0.0011
0.2395
0.0026
0.0190
0.0075
0.0050
0.0210
0.0009
0.0040
0.0045
1.4890
0.0053
0.0500
0.0134
0.0240
0.0380
0.0009
0.0079
0.0072
4 Fe
Cu
Mn
Zn
Cr
Pb
Cd
Co
Ni
1.0443
0.0115
0.0355
0.0577
.
0.0140
.
.
0.0020
0.7121
0.0109
0.0035
0.0903
.
0.0057
.
.
.
0.5071
0.0001
0.0000
0.0082
.
0.0000
.
.
.
0.2440
0.0038
0.0330
0.0036
.
0.0100
.
.
0.0020
1.2810
0.0115
0.0355
0.0075
.
0.0140
.
.
0.0020
1.6080
0.0192
0.0380
0.1619
.
0.0180
.
.
0.0020
5 Fe
Cu
Mn
Zn
Cr
Pb
Cd
Co
Ni
0.9037
0.0156
0.0346
0.0094
.
0.0098
.
.
.
0.9225
0.0250
0.0147
0.0106
.
0.0058
.
.
.
0.8510
0.0006
0.0002
0.0001
.
0.0000
.
.
.
0.0060
0.0014
0.0210
0.0015
.
0.0040
.
.
.
0.7295
0.0042
0.0312
0.0068
.
0.0080
.
.
.
2.5080
0.0656
0.0548
0.0350
.
0.0180
.
.
.
6 Fe
Cu
Mn
Zn
Cr
Pb
Cd
Co
Ni
4.6410
0.0228
0.0210
0.0087
0.0015
.
.
.
.
4.7503
.
.
0.0009
.
.
.
.
.
22.5658
.
.
0.0000
.
.
.
.
.
1.2820
0.0228
0.0210
0.0080
0.0015
.
.
.
.
4.6410
0.0228
0.0210
0.0087
0.0015
.
.
.
.
8.0000
0.0228
0.0210
0.0093
0.0015
.
.
.
.
109
Tabela 3: Estatísticas descritivas por ano para o córrego Mandacaru ponto 3.
Ano Metais Media Desvio Padrão Variância nimo Mediana Máximo
0 Fe
Cu
Mn
Zn
Cr
Pb
Cd
Co
Ni
0.3140
0.0009
0.0034
0.0073
0.0030
0.0153
.
0.0037
0.0030
0.5153
0.0004
0.0037
0.0060
.
0.0179
.
0.0021
0.0014
0.2655
0.0000
0.0000
0.0000
.
0.0003
.
0.0000
0.0000
0.0150
0.0005
0.0008
0.0004
0.0030
0.0040
.
0.0020
0.0020
0.0180
0.0010
0.0034
0.0106
0.0030
0.0060
.
0.0030
0.0030
0.9090
0.0012
0.0060
0.0109
0.0030
0.0360
.
0.0060
0.0040
1 Fe
Cu
Mn
Zn
Cr
Pb
Cd
Co
Ni
0.3179
0.0022
0.0278
0.0082
0.0051
0.0133
0.0006
0.0032
0.0034
0.2852
0.0012
0.0173
0.0059
0.0063
0.0073
0.0001
0.0021
0.0019
0.0813
0.0000
0.0003
0.0000
0.0000
0.0001
0.0000
0.0000
0.0000
0.0030
0.0005
0.0020
0.0006
0.0010
0.0030
0.0004
0.0010
0.0010
0.2340
0.0018
0.0270
0.0073
0.0020
0.0140
0.0006
0.0030
0.0030
0.8460
0.0047
0.0500
0.0229
0.0170
0.0240
0.0007
0.0064
0.0060
2 Fe
Cu
Mn
Zn
Cr
Pb
Cd
Co
Ni
0.2615
0.0034
0.0163
0.0099
0.0091
0.0224
0.0008
0.0036
0.0067
0.2297
0.0034
0.0272
0.0048
0.0081
0.0161
.
0.0031
0.0034
0.0528
0.0000
0.0007
0.0000
0.0001
0.0003
.
0.0000
0.0000
0.0070
0.0004
0.0010
0.0045
0.0017
0.0066
0.0008
0.0009
0.0016
0.2810
0.0031
0.0035
0.0080
0.0075
0.0165
0.0008
0.0030
0.0069
0.4960
0.0097
0.0570
0.0161
0.0240
0.0450
0.0008
0.0082
0.0110
4 Fe
Cu
Mn
Zn
Cr
Pb
Cd
Co
Ni
0.2699
0.0022
0.0120
0.0310
.
0.0183
.
.
0.0010
0.2342
0.0008
0.0042
0.0260
.
0.0055
.
.
.
0.0549
0.0000
0.0000
0.0007
.
0.0000
.
.
.
0.0168
0.0016
0.0090
0.0140
.
0.0130
.
.
0.0010
0.3140
0.0020
0.0120
0.0182
.
0.0180
.
.
0.0010
0.4790
0.0031
0.0150
0.0609
.
0.0240
.
.
0.0010
110
5 Fe
Cu
Mn
Zn
Cr
Pb
Cd
Co
Ni
0.3179
0.0287
0.0080
0.0120
.
0.0080
.
0.0010
.
0.4638
0.0424
0.0029
0.0120
.
0.0043
.
.
.
0.2151
0.0018
0.0000
0.0001
.
0.0000
.
.
.
0.0240
0.0042
0.0050
0.0005
.
0.0030
.
0.0010
.
0.1330
0.0062
0.0075
0.0082
.
0.0080
.
0.0010
.
1.4180
0.1030
0.0120
0.0385
.
0.0140
.
0.0010
.
6 Fe
Cu
Mn
Zn
Cr
Pb
Cd
Co
Ni
1.0110
0.3625
0.0080
0.1442
.
.
.
.
.
1.3308
.
.
.
.
.
.
.
.
1.7710
.
.
.
.
.
.
.
.
0.0700
0.3625
0.0080
0.1442
.
.
.
.
.
1.0110
0.3625
0.0080
0.1442
.
.
.
.
.
1.9520
0.3625
0.0080
0.1442
.
.
.
.
.
Tabela 4: Estatísticas descritivas por ano para o ribeirão Maringá ponto 4.
Ano Metais Media Desvio Padrão Variância nimo Mediana Máximo
0 Fe
Cu
Mn
Zn
Cr
Pb
Cd
Co
Ni
0.5033
0.0029
0.0030
0.0124
.
0.0177
.
0.0037
0.0060
0.8493
0.0019
0.0028
0.0129
.
0.0203
.
0.0012
.
0.7213
0.0000
0.0000
0.0002
.
0.0004
.
0.0000
.
0.0070
0.0016
0.0010
0.0003
.
0.0040
.
0.0030
0.0060
0.0190
0.0020
0.0030
0.0108
.
0.0080
.
0.0030
0.0060
1.4840
0.0050
0.0050
0.0260
.
0.0410
.
0.0050
0.0060
1 Fe
Cu
Mn
Zn
Cr
Pb
Cd
Co
1.0202
0.0083
0.0556
0.0447
0.0064
0.0166
0.0007
0.0040
1.0913
0.0038
0.0354
0.0244
0.0074
0.0096
0.0002
0.0029
1.1910
0.0000
0.0013
0.0006
0.0001
0.0001
0.0000
0.0000
0.0090
0.0026
0.0140
0.0029
0.0010
0.0040
0.0005
0.0009
0.8240
0.0079
0.0630
0.0437
0.0030
0.0160
0.0006
0.0040
3.5000
0.0167
0.1050
0.0873
0.0230
0.0330
0.0010
0.0090
111
Ni 0.0047 0.0035 0.0000 0.0020 0.0030 0.0130
2 Fe
Cu
Mn
Zn
Cr
Pb
Cd
Co
Ni
0.6985
0.0071
0.0244
0.0754
0.0111
0.0427
0.0009
0.0066
0.0111
0.6462
0.0056
0.0225
0.0728
0.0094
0.0490
.
0.0061
0.0099
0.4176
0.0000
0.0005
0.0053
0.0001
0.0024
.
0.0000
0.0001
0.0040
0.0013
0.0090
0.0241
0.0020
0.0080
0.0009
0.0008
0.0036
0.7290
0.0072
0.0180
0.0412
0.0105
0.0270
0.0009
0.0054
0.0073
1.7190
0.0162
0.0640
0.2000
0.0270
0.1380
0.0009
0.0167
0.0304
4 Fe
Cu
Mn
Zn
Cr
Pb
Cd
Co
Ni
0.7970
0.0228
0.0260
0.0307
0.0020
0.1237
.
.
0.0020
0.9806
0.0305
0.0028
0.0068
0.0000
0.1875
.
.
.
0.9617
0.0009
0.0000
0.0000
0.0000
0.0351
.
.
.
0.0600
0.0048
0.0240
0.0249
0.0020
0.0090
.
.
0.0020
0.4210
0.0056
0.0260
0.0289
0.0020
0.0220
.
.
0.0020
1.9100
0.0580
0.0280
0.0382
0.0020
0.3400
.
.
0.0020
5 Fe
Cu
Mn
Zn
Cr
Pb
Cd
Co
Ni
0.5240
0.0256
0.0225
0.0256
.
0.0118
.
0.0010
.
0.6674
0.0516
0.0184
0.0262
.
0.0055
.
.
.
0.4455
0.0027
0.0003
0.0007
.
0.0000
.
.
.
0.0045
0.0008
0.0040
0.0019
.
0.0050
.
0.0010
.
0.1347
0.0043
0.0199
0.0162
.
0.0120
.
0.0010
.
1.5080
0.1415
0.0559
0.0817
.
0.0200
.
0.0010
.
6 Fe
Cu
Mn
Zn
Cr
Pb
Cd
Co
Ni
1.6220
0.0111
0.0290
0.0181
.
.
.
.
.
0.4978
0.0093
.
0.0057
.
.
.
.
.
0.2478
0.0001
.
0.0000
.
.
.
.
.
1.2700
0.0045
0.0290
0.0141
.
.
.
.
.
1.6220
0.0111
0.0290
0.0181
.
.
.
.
.
1.9740
0.0177
0.0290
0.0221
.
.
.
.
.
112
Tabela 5: Estatísticas descritivas por ano para o baixo curso do ribeirão Maringá ponto
5.
Ano Metais Media Desvio Padrão Variância nimo Mediana Máximo
0 Fe
Cu
Mn
Zn
Cr
Pb
Cd
Co
Ni
0.7527
0.0040
0.0030
0.0118
.
0.0187
.
0.0033
0.0030
1.2407
0.0038
0.0029
0.0018
.
0.0256
.
0.0012
.
1.5394
0.0000
0.0000
0.0000
.
0.0007
.
0.0000
.
0.0100
0.0008
0.0009
0.0105
.
0.0010
.
0.0020
0.0030
0.0630
0.0030
0.0030
0.0118
.
0.0070
.
0.0040
0.0030
2.1850
0.0082
0.0050
0.0130
.
0.0480
.
0.0040
0.0030
1 Fe
Cu
Mn
Zn
Cr
Pb
Cd
Co
Ni
1.6593
0.0169
0.1195
0.0143
0.0085
0.0600
0.0005
0.0058
0.0064
1.5431
0.0330
0.0632
0.0082
0.0077
0.0938
0.0002
0.0033
0.0053
2.3813
0.0011
0.0040
0.0001
0.0001
0.0088
0.0000
0.0000
0.0000
0.0090
0.0015
0.0290
0.0020
0.0020
0.0050
0.0003
0.0010
0.0012
2.1790
0.0069
0.1340
0.0142
0.0060
0.0330
0.0005
0.0070
0.0050
3.9340
0.1155
0.2240
0.0335
0.0240
0.2870
0.0006
0.0110
0.0160
2 Fe
Cu
Mn
Zn
Cr
Pb
Cd
Co
Ni
0.9243
0.0073
0.0934
0.0237
0.0122
0.0252
0.0009
0.0070
0.0088
1.3063
0.0039
0.0870
0.0089
0.0097
0.0151
.
0.0075
0.0045
1.7065
0.0000
0.0076
0.0001
0.0001
0.0002
.
0.0001
0.0000
0.0050
0.0012
0.0350
0.0105
0.0020
0.0080
0.0009
0.0010
0.0026
0.1675
0.0094
0.0450
0.0230
0.0115
0.0222
0.0009
0.0046
0.0082
3.0960
0.0106
0.2400
0.0327
0.0280
0.0480
0.0009
0.0210
0.0140
4 Fe
Cu
Mn
Zn
Cr
Pb
Cd
Co
3.0727
0.0129
0.0515
0.0252
0.0050
0.0233
.
.
3.4491
0.0065
0.0035
0.0152
0.0028
0.0074
.
.
11.8960
0.0000
0.0000
0.0002
0.0000
0.0001
.
.
0.4140
0.0054
0.0490
0.0157
0.0030
0.0150
.
.
1.8340
0.0165
0.0515
0.0172
0.0050
0.0260
.
.
6.9700
0.0169
0.0540
0.0428
0.0070
0.0290
.
.
113
Ni 0.0070 . . 0.0070 0.0070 0.0070
5 Fe
Cu
Mn
Zn
Cr
Pb
Cd
Co
Ni
0.7733
0.0123
0.0363
0.0096
.
0.0090
.
0.0010
.
0.6528
0.0135
0.0199
0.0043
.
0.0038
.
.
.
0.4262
0.0002
0.0004
0.0000
.
0.0000
.
.
.
0.0032
0.0043
0.0090
0.0014
.
0.0060
.
0.0010
.
0.7840
0.0062
0.0350
0.0091
.
0.0080
.
0.0010
.
1.6630
0.0324
0.0641
0.0163
.
0.0140
.
0.0010
.
6 Fe
Cu
Mn
Zn
Cr
Pb
Cd
Co
Ni
3.4315
0.0173
0.0970
0.0073
0.0010
0.0010
.
.
.
1.6073
.
.
0.0089
.
.
.
.
.
2.5833
.
.
0.0001
.
.
.
.
.
2.2950
0.0173
0.0970
0.0010
0.0010
0.0010
.
.
.
3.4315
0.0173
0.0970
0.0073
0.0010
0.0010
.
.
.
4.5680
0.0173
0.0970
0.0136
0.0010
0.0010
.
.
.
Tabela 6: Estatísticas descritivas por ponto.
Ponto Metais Media Desvio Padrão Variância Mínimo Mediana Máximo
1 Ano
Fe
Cu
Mn
Zn
Cr
Pb
Cd
Co
Ni
2.6364
1.1620
0.0067
0.0475
0.0165
0.0056
0.0157
0.0013
0.0038
0.0048
1.9814
1.9481
0.0118
0.0502
0.0211
0.0066
0.0139
0.0009
0.0029
0.0028
3.9261
3.7951
0.0001
0.0025
0.0004
0.0000
0.0002
0.0000
0.0000
0.0000
0.0000
0.0070
0.0009
0.0005
0.0002
0.0010
0.0030
0.0005
0.0001
0.0003
2.0000
0.5780
0.0039
0.0250
0.0105
0.0030
0.0110
0.0012
0.0030
0.0044
6.0000
7.5000
0.0674
0.1800
0.0950
0.0280
0.0580
0.0025
0.0100
0.0112
2 Ano
Fe
Cu
Mn
Zn
Cr
2.6364
1.0196
0.0068
0.0392
0.0123
0.0050
1.9814
1.5249
0.0128
0.0304
0.0280
0.0058
3.9261
2.3252
0.0002
0.0009
0.0008
0.0000
0.0000
0.0030
0.0004
0.0010
0.0004
0.0006
2.0000
0.5250
0.0031
0.0330
0.0073
0.0030
6.0000
8.0000
0.0656
0.1180
0.1619
0.0240
114
Pb
Cd
Co
Ni
0.0154
0.0007
0.0034
0.0037
0.0110
0.0004
0.0026
0.0028
0.0001
0.0000
0.0000
0.0000
0.0010
0.0002
0.0001
0.0002
0.0135
0.0007
0.0030
0.0030
0.0380
0.0011
0.0080
0.0100
3 Ano
Fe
Cu
Mn
Zn
Cr
Pb
Cd
Co
Ni
2.6364
0.3449
0.0193
0.0175
0.0159
0.0067
0.0152
0.0006
0.0033
0.0043
1.9814
0.4315
0.0687
0.0177
0.0266
0.0070
0.0112
0.0002
0.0023
0.0029
3.9261
0.1862
0.0047
0.0003
0.0007
0.0000
0.0001
0.0000
0.0000
0.0000
0.0000
0.0030
0.0004
0.0008
0.0004
0.0010
0.0030
0.0004
0.0009
0.0010
2.0000
0.1970
0.0027
0.0085
0.0087
0.0030
0.0135
0.0006
0.0030
0.0041
6.0000
1.9520
0.3625
0.0570
0.1442
0.0240
0.0450
0.0008
0.0082
0.0110
4 Ano
Fe
Cu
Mn
Zn
Cr
Pb
Cd
Co
Ni
2.6364
0.8106
0.0129
0.0354
0.0387
0.0075
0.0342
0.0007
0.0046
0.0069
1.9814
0.8578
0.0256
0.0308
0.0377
0.0080
0.0677
0.0002
0.0041
0.0069
3.9261
0.7358
0.0007
0.0009
0.0014
0.0001
0.0046
0.0000
0.0000
0.0000
0.0000
0.0040
0.0008
0.0010
0.0003
0.0010
0.0040
0.0005
0.0008
0.0020
2.0000
0.7040
0.0065
0.0238
0.0284
0.0030
0.0140
0.0006
0.0030
0.0050
6.0000
3.5000
0.1415
0.1050
0.2000
0.0270
0.3400
0.0010
0.0167
0.0304
5 Ano
Fe
Cu
Mn
Zn
Cr
Pb
Cd
Co
Ni
2.6364
1.4643
0.0124
0.0801
0.0150
0.0090
0.0318
0.0006
0.0055
0.0071
1.9814
1.6563
0.0213
0.0661
0.0095
0.0081
0.0558
0.0003
0.0048
0.0048
3.9261
2.7434
0.0005
0.0044
0.0001
0.0001
0.0031
0.0000
0.0000
0.0000
0.0000
0.0032
0.0008
0.0009
0.0010
0.0010
0.0010
0.0003
0.0010
0.0012
2.0000
1.1680
0.0071
0.0515
0.0130
0.0060
0.0150
0.0006
0.0040
0.0062
6.0000
6.9700
0.1155
0.2400
0.0428
0.0280
0.2870
0.0009
0.0210
0.0160
115
ANEXO 3
Tabela 7: Correlação de Spearman (Vazão vs Carga Suspensa & Vazão vs
Concentração de Metais).
Vazão vs ρ- Spearman p-valor
Fe
-0.05988 0.5440
Cu
0.13644 0.1972
Mn
-0.20983 0.0748
Zn
0.31198 0.0015
Cr
0.21839 0.1276
Pb
0.15784 0.1620
Cd
-0.07212 0.8431
Co
0.10125 0.5031
Ni
0.23314 0.1189
Carga Suspensa
0.08318 0.3966
Apresentou correlação
O P-valor é a medida que indica se existe ou não correlação entre as variáveis, se p-valor<0.05,
então as variáveis estão correlacionadas.
116
0.010 0.015 0.020
Ano
Pb (mg/l)
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Média
Total
ANEXO 4
Gráfico 1: Média total de Pb para o ponto 3 – Córrego Mandacarú
Conama
117
0.00 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06
Ano
Pb (mg/l)
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
dia
Total
Gráfico 2: Média total de Pb para o ponto 5 – ribeirão Maringá próximo a exutória
Conama
ANEXO 5
Ponto 1 hexaenal
Meses
Velocidade
(m/s) PH
O2
(mg/l) Temp./Cº
Vazão
(m3/s) Uso do solo
Carga
Susp.g/l Lâm.dágua/cm Transp/cm
out/00 0,637 7,14 6,89 27,6 solo desc./ colhido 0,0074
nov/00 0,3672 7,25 7,29 27,5 solo desc. 0,0249
dez/00 0,86 7,5 8,1 28,2 soja 0,0197
jan/01 0,502 6,98 8,29 27,1 pasto/ soja 0,0182
fev/01 0,9095 7,42 7,04 24,4 pasto/soja alta 0,0597
mar/01 0,637 6,92 7,52 25,6 pasto/ milho safrinha 0,0954
abr/01 0,6827 7,01 7,74 25,3 pasto/ milho safrinha 0,0163
mai/01 0,727 7,04 8,33 23,2 pasto/ milho safrinha 0,0087
jun/01 0,6827 6,86 7,99 17,7 pasto/ milho safrinha 0,026
jul/01 0,727 7 8,44 21,5 pasto/ milho safrinha 0,0091
ago/01 0,637 6,94 8,87 23,2 0,7424646 pasto/ milho colh. 0,0137
set/01 0,5475 6,72 8,3 24,8 1,0926027 pasto/ solo desc. 0,0109
out/01 0,502 7,15 7,99 24,9 1,0191733 pasto/ loteamento 0,3234
dez/01 0,59 7,41 26,9 0,81856 soja/ pasto subst 0,0184
jan/02 0,5475 1,045525 soja 0,0216
fev/02 0,59 6,99 8,2 22,5 0,9570762 soja 0,0256
mar/02 0,4574 7,01 7,57 25,9 1,3739068 soja/ mato 0,1886
abr/02 0,5475 7,2 7,52 23,9 0,8826027 milho peq. 0,0187
mai/02 0,5475 7,69 8,56 21,7 1,1478082 milho 0,0167
jun/02 0,59 7,34 8,6 19,3 0,9409745 milho 0,0042
ago/04 0,4574 8,07 8 25 0,7424646 pasto/ milho colh. 0,0051 29 29
set/04 0,5475 7,65 6,1 24 1,0926027 pasto/mata. 0,0028 28 28
nov/04 5 23,9 pasto/ loteamento 0,0116 35 35
jan/05 0,5475 5 23,9 0,81856
soja/ pasto
substituído 0,0031 51 40
mai/05 0,3672 7,89 4,7 21,8 1,045525 milho 0,0175 80
50
118
119
jul/05 0,5475 7,4 5 17,9 0,64331 Milho/pastagem 0,0017 25
25
ago/05 0,5475 7,7 3,4 24,6 0,43745 Pasto/entre safra 0,0139 17 17
set/05 0,6827 7,85 2,8 20,6 0,4796 pasto s/ mata ciliar 0,0134 15 15
out/05 0,9556 7,3 3,4 21 0,898264 milho 0,0073 20 20
nov/05 0,7728 6,66 3,8 26,5 0,544824 milho 0,0054 15 15
dez/05 0,9556 6,92 4,84 25 0,898264 pasto/milho 0,0025 20 20
jan/06 0,3672 6,2 4,8 24 0,5508 rotação de cultura 0,0016 15 15
fev/06 0,9556 7,15 2,5 26,6 1,347396 solo exposto 0,135 30 30
Ponto 2
Meses
Velocidade
(m/s) PH
O2
(mg/l) Temp./Cº
Vazão
(m3/s) Uso do solo
Carga
Susp.g/l Lâm.dágua/cm Transp/cm
out/00 0,6827 6,85 7,42 24,5 solo desc./ colhido 0,0053
nov/00 0,4574 6,81 7,72 24,2 soja 0,01005
dez/00 0,59 6,97 7,83 24,4 soja 0,0197
jan/01 0,502 6,65 8,8 24,2 soja 0,0143
fev/01 0,6827 7,13 7,4 23,3 soja alta 0,0664
mar/01 0,5 6,53 7,8 23,1 mato/ milho safrinha 0,0199
abr/01 0,637 6,43 7,84 23,3 solo descoberto 0,0173
mai/01 0,6827 6,63 8,37 21,9 trigo/ milho safrinha 0,0147
jun/01 0,59 6,38 8,06 17,4 trigo/ milho safrinha 0,0348
jul/01 0,4574 6,61 8,79 19,5 trigo 0,0157
ago/01 0,5475 6,46 8,48 21 1,0515068 trigo 0,0113
set/01 0,637 6,35 8,37 22,7 0,9037676 trigo 0,0108
out/01 0,637 6,76 7,99 21 0,90243 mato 0,0027
dez/01 0,909 6,88 23,6 0,5538228 soja 0,0209
jan/02 0,637 0,78446 soja 0,0058
fev/02 0,6827 6,66 8,02 22,2 0,8069064 soja 0,0203
mar/02 0,727 6,2 7,73 24 0,8123108 soja/ mato 0,18755
abr/02 0,6827 7,05 7,98 22,3 0,6776036 desnudo 0,0059
119
120
mai/02 1,0479 7,35 8,56 20,2 0,6345548 milho 0,0087
jun/02 0,502 6,99 8,41 19,8 1,0092131 trigo 0,005
ago/04 0,502 7,45 6,1 22,2 1,0515068 trigo/milho 0,0179 21 21
set/04 0,367 7,65 6,1 24 0,9037676 trigo/pastagem 0,0063 23 23
nov/04 4,8 25,3 mato 0,0171 37 30
jan/05 0,502 3,5 25,2 0,5538228 soja 0,0083 33 25
mai/05 0,727 7,33 4,6 23,9 0,78446 Girassol/pasto 0,0318 29 29
jul/05 0,4123 7,38 4,8 18,5 0,2989175 Girassol/pasto 0,0096 25 25
ago/05 0,6827 7,34 3,5 24 0,395966 soja/ mato 0,0233 20 20
set/05 0,59 7,51 2,4 24,3 0,3422 desnudo 0,0207 20 20
out/05 0,59 7,1 3,8 22 0,47908 milho 0,0101 28 25
nov/05 0,3672 6,76 6,1 25,4 0,26622 trigo 0,0066 25 25
dez/05 0,59 6,76 4,54 24 0,42775 trigo/ solo desc. 0,0081 25 25
jan/06 0,4123 5,9 4,2 23,8 0,478268 rotação de cultura 0,0647 40 38
fev/06 0,3672 6,93 2,8 25,5 0,479196 solo exposto 0,0086 45 30
Ponto 3
Meses
Velocidade
(m/s) PH
O2
(mg/l) Temp.Cº
Vazão
(m3/s) Uso do solo
Carga
Susp./gl Lâm.dágua/cm Transp/cm
out/00 0,232 7,23 7,33 25,9 pasto/solo desc. 0,00315
nov/00 0,27717 7,27 7,41 26,5 pasto/ soja 0,00765
dez/00 0,27 7,39 7,9 26,6 soja/ pasto 0,0153
jan/01 0,3223 6,96 8,45 26,2 pasto 0,0105
fev/01 0,3223 7,41 7,2 24,4 soja alta 0,0124
mar/01 0,27717 6,95 7,84 24,8 pasto 0,0181
abr/01 0,59 6,79 7,55 24,5 pasto 0,0145
mai/01 0,5475 6,99 8,28 22,9 pasto 0,007
jun/01 0,5474 6,75 7,87 18 pasto/ trigo 0,0209
jul/01 0,4123 6,77 8,53 20,7 pasto/ solo desc. 0,0124
ago/01 0,4574 6,92 8,4 22,3 6,2949278 pasto 0,0034
set/01 0,4574 6,89 7,98 24,3
pasto/ solo
desc.quei 0,0092
out/01 0,232 7,07 8 23,3 6,7887931 pasto/ soja 0,0023
120
121
dez/01 0,1419 7,37 25,7 5,7734319 pasto/ soja 0,0179
jan/02 0,187 8,6437165 pasto/ soja 0,0028
fev/02 0,232 7,5 8,04 22,5 7,6885775 pasto/ soja 0,0183
mar/02 0,3672 6,86 7,63 25,3 4,7429874 soja/ mato/ pasto 0,1876
abr/02 0,4123 7,17 6,88 24,3 3,9203856 desnudo 0,0324
mai/02 0,4574 7,73 8,41 21,4 2,3979011 trigo 0,0261
jun/02 0,2771 7,31 8,48 20 4,092656 pasto/ trigo 0,003
ago/04 0,141 7,66 13,8 23,9 6,2949278 pasto 0,0014 55 35
set/04 0,141 7,8 6,7 25,9 pasto/ trigo 0,0021 56 35
nov/04 5,2 24,7 pasto/ soja 0,0122 60 40
jan/05 0,141 3 27,6 5,7734319 pasto/ soja/milho 0,0039 54 40
mai/05 0,187 7,66 4,6 24 7,7044 pasto/ milho 0,0164 100 60
jul/05 0,187 7,4 4,2 19,6 4,62264 Trigo/milho 0,0054 60 52
ago/05 0,187 7,47 3,2 25,3 7,7044 trigo/ pasto 0,0216 100 60
set/05 0,141 7,71 24 3,3112 desnudo 0,01 57 50
out/05 0,141 6,9 3,2 21,3 3,4855 trigo 0,0085 60 50
nov/05 0,141 6,57 6,5 25,6 2,9046 pasto/ trigo 0,0017 50 50
dez/05 0,187 6,76 4,58 24,6 3,8522 pasto/ trigo 0,002 50 50
jan/06 0,187 4,9 4,1 23 4,2374 0,0223 55 40
fev/06 0,2771 7,21 2,1 26,7 6,279 0,017 55 45
121
Ponto 4
Meses
Velocidade
(m/s) PH
O2
(mg/l) Temp.
Vazão
(m3/s) Uso do solo Carga Susp.g/l
Lâm.
Dágua/cm Transp./cm
out/00 0,5 7,13 5,49 26,8 solo desc. 0,0183
nov/00 0,54754 7,13 6,07 27,6 soja 0,0263
dez/00 0,36 7,07 5,89 27,7 pasto/ soja 0,0333
jan/01 0,4574 6,89 7,01 27,7 soja 0,032
fev/01 0,7728 7,16 6,31 24,2 pasto/ soja alta 0,0892
mar/01 0,727 6,78 6,18 25,2 pasto/ trigo 0,0421
abr/01 0,817 6,64 5,87 25,2 pasto/ trigo 0,0393
mai/01 0,727 6,78 6,68 22,9 pasto 0,032
jun/01 0,817 6,6 7,03 17,9 pasto/ trigo 0,0261
jul/01 0,59 6,63 6,64 21,6 pasto/ trigo 0,0413
ago/01 0,727 6,61 5,69 23,2 2,496664 pasto/ trigo 0,022
set/01 0,727 6,78 5,85 25,1 2,502373 pasto/ solo desc. 0,0231
out/01 0,59 6,77 5,52 25,1 2,7456 pasto/ milho 0,0896
dez/01 0,637 7,14 27,3 2,895682 pasto/ soja 0,033
jan/02 0,59 4,0883474 pasto/ soja 0,0171
fev/02 0,7728 7,32 7,57 22,6 3,7120535 pasto/ soja 0,0191
mar/02 0,5475 6,57 5,34 26 5,3049771 pasto/ soja/ mato 0,20585
abr/02 0,7728 7,08 5,98 24,2 3,3090062 pasto/ solo desnudo 0,033
mai/02 0,6827 7,47 7,5 21,5 4,5146843 pasto/ trigo 0,0113
jun/02 0,6827 7,12 7,45 20,4 8,9261022 pasto/ trigo 0,0109
ago/04 0,502 6,91 6,3 24,5 2,496664 pasto/ trigo 0,0116 36 20
set/04 0,2771 7,48 4,7 24,8 2,502373 pasto/ solo desc. 0,0187 35 20
nov/04 4,5 24,8 pasto/ milho 0,0293 47 21
jan/05 0,3672 2,4 28,6 2,895682 pasto/ soja 0,0066 38 23
mai/05 0,59 7,22 2 24,8 4,0883474 Milho/aveia 0,0177 54 20
jul/05 0,3672 7,22 2,9 19,3 0,867913 Trigo 0,0145 38 20
ago/05 0,4123 7,19 1,9 24,5 2,0003 trigo 0,0251 78 30
set/05 0,4123 7,23 25,1 1,4874 pasto/ solo desnudo 0,0223 58 20
out/05 0,4574 7,3 2,1 21,2 2,0768 pasto/ trigo 0,0121 73 34
nov/05 0,3223 6,85 2,4 27,3 2,9973 pasto/ trigo 0,0196 93 40
dez/05 0,3223 6,56 2,07 27 1,4634 pasto/ trigo 0,0225 73
30
122
123
jan/06 0,4574 6,8 3,8 24 1,9915 0,0315 70
30
fev/06 0,3223 6,86 1,6 28,4 1,2429 0,0369 62 40
Ponto 5
Meses
Velocidade
(m/s) PH
O2
(mg/l) Temp.
Vazão
(m3/s) Uso do solo Carga Susp.g /l Lâm.d'gua/cm Transp/cm
out/00 0,727 74,64 27,2 pasto/ solo desc. 0,0195
nov/00 0,909 6,96 5,08 27,6 pasto/ soja 0,0396
dez/00 0,502 6,94 4,7 28,5 pasto/ soja 0,0303
jan/01 0,909 6,78 5,77 27,4 pasto 0,0444
fev/01 1,00182 6,98 4,97 25,3 pasto 0,061
mar/01 1,14 6,7 5,5 25,3 pasto/ milho safrinha 0,042
abr/01 0,863 6,51 5,2 25,2 pasto/ milho safrinha 0,0415
mai/01 0,727 6,6 5,63 23,1 pasto 0,0348
jun/01 0,863 6,46 6,77 17,1 pasto 0,0351
jul/01 0,7728 6,5 6,19 21 pasto 0,0619
ago/01 0,9556 7,21 5,39 23,1 pasto 0,0138
set/01 1,00182 6,53 4,97 25,3 pasto/ solo desc. 0,0273
out/01 0,9556 6,66 4,74 25,5 2,00136 pasto 0,0504
dez/01 1,00182 7,05 27,7 1,7 pasto/ soja 0,0401
jan/02 1,2325 2,2069 pasto/ soja 0,0337
fev/02 1,1864 7,16 6,54 22,8 2,0991 pasto/ soja 0,0592
mar/02 1,325 6,42 4,9 26,2 1,6483018 pasto 0,19635
abr/02 0,86 6,99 4,83 23,8 2,6127906 pasto 0,07
mai/02 0,502 7,49 7,7 22 pasto 0,0749
jun/02 0,7728 6,91 6,45 19,8 2,1467391 pasto 0,0214
ago/04 0,637 7,36 11,6 24,4 1,8694 pasto 0,0105 46 40
set/04 0,86 7,38 6,4 24,9 2,1947 pasto/ solo desc. 0,0227 40 35
nov/04 3,4 24,3 pasto 0,0926 47 40
jan/05 0,5475 2,1 28,5 1,7 pasto/ soja 0,0083 40 40
mai/05 0,817 7,21 2,4 24,5 2,2069 pasto 0,0204 60 50
jul/05 0,727 7,19 3,7 19,8 3,7106 pasto/ soja 0,0181 80 50
ago/05 0,637 7,16 4,4 24,2 3,2918
pasto/colheita de
trigo 0,0275 81 40
set/05 1,00182 7,39 24,8 5,1132 pasto 0,0102 80
40
123
124
out/05 0,6827 7,2 2,1 21 3,7458 pasto 0,0522 86
22
nov/05 0,86 6,77 4,8 27 2,7434 pasto 0,0114 50 43
dez/05 0,7728 6,84 3,31 26,6 2,9582 pasto 0,0621 60 40
jan/06 0,5475 6,7 3,9 24 3,4492 0,024 63 41
fev/06 0,86 6,76 1,5 27,4 3,5664 0,038 65 30
124
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo