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O documento “Diagnóstico do Habitat da Bolívia” apresentado pela delegação oficial
em 1996 à Confederação das Nações Unidas sobre assentamentos Humanos
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apresentava
a seguinte informação: 52,3% dos lares bolivianos não possuem água potável por rede,
desse total, 85% estão situados em áreas rurais e 25% em áreas urbanas; 75% dos lares
carecem de banheiros sanitários na moradia, 22% estão situadas nas capitais de
departamento. Em 1992, 13% dos lares não possuíam rede de energia elétrica na moradia,
mas nas áreas rurais apenas 16% das moradias contavam com este serviço; a coleta de lixo
era deficiente nos bairros populares, pois só 43% dos lares eram abastecidos por este
serviço em áreas urbanas e 1,5% em áreas rurais. (SOLARES, 1999:265)
A nível regional, segundo o censo de 1992, a cidade de Cochabamba apresentava
as seguintes características: 93.447 moradias particulares, abrigando 398.010 habitantes,
considerados 4,26 habitantes por moradia. Desse total, 72% são moradias próprias; 28%
ambientes diversos ou abrigos improvisados. Considerando a conurbação Sacaba-
Cochabamba-Quillacollo - Área Metropolitana de Cochabamba - AMC - alcançava 112.639
moradias que abrigavam 518.732 habitantes com uma família de 4,6 habitantes por
moradia, abrangendo 8.557 hectares. Estes dados determinam o predomínio de uma
estrutura urbana mais horizontal; deste total 47,74% era ocupada pelos proprietários,
26,99% ocupada em regime de aluguel, 8.45% por contrato de anticrese
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e 16,82% estava
cedida geralmente aos parentes. Apresentavam um grau de aglomeração baixo - só 2,02%
com alto grau de aglomeração - 42,25% das moradias tinham distintos graus de
aglomeração sem atingir níveis extremos. Por outro lado, analisando as condições
construtivas, de serviços básicos e de uso, 46,07% foram consideradas moradias boas,
31,38% aceitáveis, 18,29% regulares e 4,26% deficientes.
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(GORDILLO E RICHMOND,
1995).
Diferente do crescimento vertical da cidade de La Paz, Cochabamba realizou um
processo de busca de soluções ao problema, procurando alternativas de expansão de novos
assentamentos horizontais na extensa periferia
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, assim, entre 1967 e 1992, a cidade
duplicou de tamanho, mas a relação entre população por zonas urbanas cadastradas e
tendências de expansão física expressava situações contraditórias. A zona central do Casco
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Conferência Habitat II, organizada pela ONU, de 3 a 14 de Junho de 1996, em Istambul, Turquia.
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Contrato pelo qual o devedor entrega ao credor um imóvel, dando-lhe o direito de receber os frutos e
rendimentos como compensação da divida.
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As moradias não habitáveis consideradas críticas estavam concentradas: na zona Oeste de Quillacollo, zona
Nordeste e bairros populares de Cochabamba e uma boa parte da conurbação Cochabamba-Sacaba.
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Em1967, a cidade ocupava 3.500 hectares, em 1976, 6.135 hectares e em 1992, 7.638 hectares.