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CHRISTIAN J. CORONADO RODRIGUEZ
ANALISE TÉCNICA – ECONÔMICA DE UM
GASEIFICADOR DE BIOMASSA DE 100 kg/h PARA
ACIONAMENTO DE UM MOTOR DE COMBUSTÃO
INTERNA
Dissertação apresentada à Faculdade de
Engenharia do Campus de Guaratinguetá,
Universidade Estadual Paulista, para a
obtenção do título de Mestre em Engenharia
Mecânica na área de Transmissão e
Conversão de Energia.
Orientador: Prof. Dr. José Luz Silveira
Guaratinguetá
2007
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3
DADOS CURRICULARES
CHRISTIAN J. CORONADO RODRIGUEZ
NASCIMENTO 10.06.1980 – AREQUIPA / PERU
FILIAÇÃO Julian Coronado LLerena
Maria Nilza Rodriguez de Coronado
1997/2002 Graduação em Engenharia Mecânica
Universidade Nacional de San Agustin, Arequipa -Perú
2003/2004 Estagiário – Dep. Manutenção Eletro-Mecânica
Sedapar S.A. Companhia de Saneamento básico da
cidade de Arequipa - Peru.
04-2005/09-2005 Bolsista (ALFA) – Dep. De Engenharia Química e
Tecnologias do Médio Ambiente. Universidade de
Zaragoza - Espanha
05-2005/08-2005 Curso de Especialização em Sistemas de Energias
Renováveis.
Centro de Pesquisa em Recursos e Consumos
Energéticos – Universidade de Zaragoza - Espanha
2004/2007 Curso de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica,
nível de Mestrado, na Faculdade de Engenharia do
Campus de Guaratinguetá da Universidade Estadual
Paulista. Brasil
4
À meus pais pelo carinho e incentivo para concretizar este trabalho e à minha irmã
pelo carinho, amizade e preocupação que tem por mim.
5
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar agradeço a Deus, fonte da vida e da graça. Agradeço pela
minha vida, minha família e meus amigos,
Ao meu orientador, Prof. Dr. José Luz Silveira que jamais deixou de me
incentivar, pela paciência e dedicação na conclusão deste trabalho.
Aos meus pais Julian e Nilza, que sempre incentivaram meus estudos.
Ao Prof. Dr. Jesus Arauzo da Universidade de Zaragoza (Unizar) pela
cooperação, amizade e acolhida durante minha estadia nessa faculdade e aos meus
amigos do Grupo de Processos Termoquimicos da Unizar: Maria Aznar, Gorka, Joan,
Alberto, Jose Luis, Javier e Maria Ayllon que de maneira direta e indireta contribuíram
no desenvolvimento deste trabalho.
Aos funcionários da Pós – graduação e professores do DEN que sempre foram
prestativos na execução deste trabalho, em especial às secretárias da pós-graduação
Regina, Elisa e Cristina e a secretaria do DEN, Luisa; pela dedicação e alegria no
atendimento.
Aos meus amigos da Moradia da Feg e moradores da República Socapincanela
pela amizade e acolhida neste maravilhoso país.
6
Este trabalho contou com apoio financeiro das seguintes entidades
- CAPES (BR) – Bolsa de nível mestrado.
- PROGRAMA ALFA (UE) – Bolsa de Estadia; Contrato N° II-0444-FA; Titulo
do projeto: Bioenergy, Rede; ALE: Thermochemical Conversion of Biomass
into energy and fuels.
7
Um homem é sábio, não por sua inteligência, mas sim pelas decisões que toma.
Anônimo
8
CORONADO, C. J. R. Analise Técnica – Econômica de um Gaseificador de
Biomassa de 100 kg/h para acionamento de um Motor de Combustão Interna.
2007. 195f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Mecânica). Faculdade de
Engenharia do Campus de Guaratinguetá, Universidade Estadual Paulista,
Guaratinguetá, 2007.
RESUMO
Após as crises do petróleo de 1973 e de 1979, notou-se um efeito nocivo dos
elevados custos e contínuo aumento dos preços do petróleo, razão pela qual aumentou
o interesse pelas fontes de energias renováveis, amplamente disponíveis nos países em
desenvolvimento. Em todo o mundo, tornaram-se objetivos prioritários de se
economizar energia e buscar tecnologias racionais, levando-se sempre em
consideração os efeitos relacionados ao meio ambiente. Por outro lado, a escassez
iminente dos combustíveis fósseis tem exigido da humanidade o uso racional de
energia primária e como conseqüência, novas plantas em versões tecnológicas mais
desenvolvidas têm sido concebidas visando sempre o aumento da eficiência
energética. Neste contexto, destacam-se as tecnologias de gaseificação de madeira, que
consistem em técnicas de conversão da biomassa em gás combustível. O objetivo
principal deste trabalho é o desenvolvimento e a demonstração de uma metodologia de
dimensionamento de um gaseificador de leito fixo tipo Downdraft para uma
alimentação de 100 kg/h de biomassa lignocelulósica. Avalia-se e escolhe-se os
diversos equipamentos e acessórios necessários para a limpeza e acondicionamento do
gás combustível para a alimentação de um motor de combustão interna. A análise
técnica inclui além dos parâmetros construtivos específicos do gaseificador, o balanço
de massa, de energia, e a determinação das eficiências, tanto para a eficiência a frio
como para a eficiência a quente do gaseificador. A análise econômica inclui uma
avaliação e obtenção dos custos tanto do gaseificador como do Motor de Combustão
Interna acoplado, os custos dos equipamentos e acessórios da zona de gaseificação, os
custos operacionais e os custos da instalação e amortização do projeto. Também é
9
realizado um estudo financeiro do projeto, obtendo três dos principais parâmetros para
a escolha final: Taxa Interna de Retorno (TIR), Valor Liquido Presente (VLP) e
payback (Retorno do investimento) considerando uma vida útil de 15 anos para o
gaseificador.
PALAVRAS CHAVE: Biomassa, gaseificador, motor, eficiência, economia.
10
CORONADO, C. J. R. Technical and Economical Analyses of a 100 kg/h
Biomass Gasifier for operation of a Internal Combustion Engine. 2007. 195f.
Dissertação (Mestrado em Engenharia Mecânica). Faculdade de Engenharia do
Campus de Guaratinguetá, Universidade Estadual Paulista, Guaratinguetá, 2007.
ABSTRACT
After the oil crisis of 1973 and 1979, an effect of the increase costs and
continuously increment of the oil prices was noted. For this reason, the interest for
renewable energies sources widely available in developing countries was increased.
The governments have formulated main objectives for energy savings and search for
friendly technologies, taking into account the effects related with the environment. The
new plants with improved technology have been conceived always taking into account
energy savings and efficiency improvement. In this context, biomass gasification
technologies are important, since they consist in techniques of parallel production of
electricity and heat from just one fuel. The main objective of this work is to develop
and to demonstrate a scale up methodology for the construction of a bed fix downdraft
gasifier with a 100 kg/h supply using as raw material lignocelulosic biomass. It will be
evaluated and analytically chosen the necessary accessories and equipments for the
cleaning and preparation of the biomass fuel gas, then this gas will be used in a
internal combustion engine. The technical analysis includes in addition to the
constructive specifics parameters, the balance of mass, balance of energy and
determination of the efficiencies for thermal generation and power generation (hot
efficiencies or cold efficiencies, respectively. The economic analysis includes cost
evaluation of the gasifier, internal combustion engine, equipment and accessories of
the gasification zone, operational and installation and amortization of the project.
Finally, a financial study of project is made, obtaining three of the main parameters for
the final election: IRR, LPV and payback considering a life utility of 15 years for the
gasification installation
KEYWORDS: Biomass, gasifier, engine, efficiency, economy.
11
SUMARIO
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
ABREVIATURAS, SIGLAS E SIMBOLOS
1. INTRODUÇÃO………………………………………………………………….. 21
2. BIOMASSA: ASPECTOS GERAIS……………………………………………. 25
2.1. Introdução……………………………………………………………………….. 25
2.2. Situação atual da biomassa……………………………………………………… 26
2.3. Vantagens que apresenta o uso da biomassa……………………………………. 29
2.3.1. Vantagens ambientais…………………………………………………………. 29
2.3.2. Vantagens socioeconômicas………………………………………….……….. 30
2.4. Problemas que representam a sua utilização……………………………………. 30
2.5. Tipos de biomassa.……………………………………………………………… 31
2.6. Propriedades da biomassa………………………………………………………. 38
2.6.1. Conteúdo de umidade…………………………………………………………. 38
2.6.2. Poder calorífico………………………………………………………………... 38
2.6.3. Proporção de carvão fixos e voláteis………………………………………….. 39
2.6.4. Cinzas…………………………………………………………………………. 40
2.6.5. Metais alcalinos.................................................................................................. 40
2.7. Conversão da biomassa......................................................................................... 42
2.7.1. Conversão Termoquímica da biomassa.............................................................. 43
a. Combustão.................................................................................................................43
b. Pirólises..................................................................................................................... 44
c. Gaseificação.............................................................................................................. 49
3. TEORIA DA GASEIFICAÇÃO........................................................................... 51
3.1. Introdução.............................................................................................................. 51
3.2. Princípios básicos do processo.............................................................................. 51
3.3. Base química.......................................................................................................... 53
3.4. Produtos da gaseificação........................................................................................ 56
3.5. Aplicações do gás produto do processo de gaseificação........................................ 58
3.6. A evolução da gaseificação.................................................................................... 60
3.6.1. O caso do carvão................................................................................................. 61
3.6.2. O caso da biomassa............................................................................................. 62
3.7. Cenário futuro da gaseificação............................................................................... 68
3.8. Gaseificação de pequeno porte............................................................................... 69
4. TIPOS DE GASEIFICADORES........................................................................... 72
4.1. Gaseificadores de leito fixo.................................................................................... 73
4.1.1. Gaseificador Updraft........................................................................................... 73
4.1.2. Gaseificador Downdraft...................................................................................... 74
4.1.3. Gaseificador de tiro transversal........................................................................... 78
4.1.4. Operação e performance dos gaseificadores de leito fixo.................................. 79
4.2. Gaseificadores de leito fluidizado.......................................................................... 80
4.2.1. Leito fluidizado borbulhante............................................................................... 82
12
4.2.2. Leito fluidizado circulante.................................................................................. 83
4.3. Comparação entre os gaseificadores...................................................................... 83
4.4. Outros tipos de gaseificadores............................................................................... 85
5. LIMPEZA E ACONDICIONAMENTO DO GAS DE BIOMASSA
– ESTADO DA ARTE........................................................................................... 89
5.1. Considerações iniciais.......................................................................................... 89
5.2. Principais poluentes do gás de saída..................................................................... 89
5.2.1. Material particulado............................................................................................ 90
5.2.2. Componentes alcalinos....................................................................................... 90
5.2.3. Alcatrão presente na gaseificação....................................................................... 92
5.2.4. Poluentes de conteúdos nitrogenados..................................................................93
5.2.5. Enxofre................................................................................................................ 93
5.3. Tecnologias para a remoção de material particulado............................................. 95
5.3.1. Ciclones............................................................................................................... 95
5.3.2. Filtro de mangas.................................................................................................. 96
a. Filtros rígidos............................................................................................................ 97
b. Filtros de bolsa.......................................................................................................... 97
5.3.3. Purificadores eletrostáticos................................................................................. 99
5.3.4. Depuradores úmidos........................................................................................... 99
5.4. Tecnologias para remoção de alcatrões............................................................... 101
5.4.1. Depuradores úmidos (wet Scrubber)................................................................ 102
5.4.2. Filtro de barreira............................................................................................... 103
5.5. Catalise e destruição térmica do alcatrão.............................................................105
6. DIMENSIONAMENTO E FUNCIONAMENTO DO GASEIFICADOR...... 107
6.1. Fluxos produzidos em gaseificadores Downdfrat................................................ 107
6.2. Sistema de alimentação de biomassa
......................................................................... 108
6.3. Projeto do gaseificador Downdraft...................................................................... 111
6.3.1. Parâmetros específicos do projeto.................................................................... 115
6.3.2. Balanço de massa no gaseificador.................................................................... 117
7. EQUAÇÕES UTILIZADAS NO DIMENSIONAMENTO E
DETERMINAÇÃO DA EFICIÊNCIA DO GASEIFICADOR............................ 121
7.1. Dimensionamento do Gaseificador...................................................................... 121
7.2. Balanço de Energia.............................................................................................. 122
7.2.1. Calculo do gás de biomassa (PCI
gas
)................................................................ 123
7.2.2. Cálculo da entalpia do gás de biomassa........................................................... 124
7.2.3. Cálculo da entalpia da biomassa e do ar.......................................................... 126
7.2.4. Perda de calor................................................................................................... 127
7.2.5. Eficiência do gaseificador................................................................................ 128
8. SELEÇÃO DE EQUIPAMENTOS PARA O
CONDICIONAMENTO E LIMPEZA DO GÁS DE BIOMASSA.................. 131
8.1. Diagrama de fluxo da instalação.......................................................................... 131
8.2. Equipamentos fundamentais................................................................................ 134
8.2.1. Ciclone.............................................................................................................. 134
8.2.2. Catalisador........................................................................................................ 136
8.2.3. Trocadores de calor........................................................................................... 138
13
8.2.4. Lavadores de gases........................................................................................... 142
a. Lavadores de gás em base seca............................................................................... 142
b. Lavadores de gás em base úmida........................................................................... 144
8.2.5. Equipamento eliminador de umidade............................................................... 149
8.3. Equipamentos adicionais..................................................................................... 150
8.3.1. Soprador (blower)............................................................................................ 150
8.3.2. Compressor....................................................................................................... 151
9. ESTUDO ECONÔMICO E FINANCEIRO DA INSTALAÇÃO.................... 153
9.1. Benefícios do uso de gás de madeira ...................................................................153
9.2. Estudo Econômico............................................................................................... 154
9.2.1. Custos dos equipamentos e obra civil............................................................... 154
9.2.2. Custos de operação e manutenção.................................................................... 158
a. Custos da biomassa................................................................................................. 159
b. Custos de manutenção............................................................................................ 159
c. Custo de mão de obra.............................................................................................. 159
d. Custos de amortização............................................................................................ 159
9.3. Estudo Financeiro................................................................................................ 159
9.3.1 Fluxo de caixa, TIR e VPL................................................................................ 161
9.3.2. Análise de sensibilidade.................................................................................... 165
10. CONCLUSÕES...................................................................................................167
REFERÊNCIAS........................................................................................................ 169
ANEXOS.................................................................................................................. 178
14
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 2.1: Variedade do uso de tecnologia a partir da biomassa............................ 27
FIGURA 2.2: Quantidade de biomassa utilizada no mundo........................................ 28
FIGURA 2.3: Exemplo da Biomassa natural............................................................... 32
FIGURA 2.4: Exemplo de biomassa residual, resíduos florestais............................... 34
FIGURA 2.5: Exemplo de biomassas florestais industriais, serragem da indústria
madeireira............................................................................................. 34
FIGURA 2.6: Exemplo de resíduos agrícolas.............................................................. 35
FIGURA 2.7: Exemplo de resíduos agro-industrial sólidos, cana de açúcar................36
FIGURA 2.8: Resíduos sólidos urbanos, RSU............................................................. 36
FIGURA 2.9: Cultivos energéticos.............................................................................. 37
FIGURA 2.10: Formas de conversão da biomassa...................................................... 42
FIGURA 2.11: Etapas da combustão da madeira......................................................... 45
FIGURA 2.12: Produção de carvão em forno Lambiote............................................. 47
FIGURA 3.1: Diagrama de fluxos e aplicações dos produtos da gaseificação............. 52
FIGURA 3.2a: Variação da temperatura de combustão e das concentrações de CO
e CO
2
com o coeficiente de excesso de ar em combustão real............... 57
FIGURA 3.2b: Variação da temperatura de combustão e das concentrações de CO
e CO
2
com o coeficiente de excesso de ar numa combustão teórica..... 58
FIGURA 3.3: Produção de gás sínteses nas ultimas 3 décadas................................... 62
FIGURA 3.4: Opções tecnológicas da gaseificação.................................................... 69
FIGURA 4.1: Gaseificador de corrente ascendente ou de tiro direito......................... 74
FIGURA 4.2:Gaseificador de Corrente Descendente ou de tiro invertido
(Tipo Garganta)........................................................................................ 75
FIGURA 4.3: Gaseificador de tiro transversal............................................................. 79
FIGURA 4.4: Gaseificador de leito fluido................................................................... 82
FIGURA 4.5: Leito fluidizado borbulhante................................................................. 84
FIGURA 4.6: Leito fluidizado circulante CFBs.......................................................... 84
FIGURA 4.7: Gaseificador de duas fases.................................................................... 88
15
FIGURA 4.8: Gaseificadores tipo Downdraft (Ezq) e de Leito Fluidizado
(Der) ambos de pequeno porte................................................................ 88
FIGURA 5.1: Filtro de ciclone..................................................................................... 96
FIGURA 5.2: Filtros cerâmicos.................................................................................... 98
FIGURA 5.3: Filtro de mangas.................................................................................... 98
FIGURA 5.4: Filtros Eletrostáticos............................................................................ 100
FIGURA 5.5: Depurador úmido do Tipo Venturi...................................................... 101
FIGURA 5.6: Eficiências na separação de partículas em sistemas convencionais de
limpeza do gás de saída....................................................................... 102
FIGURA 5.7: Depurador úmido (wet scrubber)......................................................... 104
FIGURA 6.1: Fluxo de ar e gás produzido em função da biomassa processada para
um gaseificador tipo Downdraft com garganta.................................... 108
FIGURA 6.2: Coifa de alimentação.......................................................................... 110
FIGURA 6.3: Cilindro de alimentação...................................................................... 110
FIGURA 6.4: Gaseificador, vista frontal.................................................................. 113
FIGURA 6.5: Gaseificador, vista de perfil............................................................... 113
FIGURA 6.6: Grelha, vista de perfil......................................................................... 114
FIGURA 6.7: Parte inferior do gaseificador............................................................. 115
FIGURA 6.8: Montagem do Gaseificador................................................................ 117
FIGURA 6.9: Relação ar/biomassa para a zona de gaseificação............................... 118
FIGURA 6.10: Balanço de massa do gaseificador..................................................... 119
FIGURA 7.1: Eficiência a frio em gaseificadores..................................................... 129
FIGURA 7.2: Eficiência a quente em gaseificadores................................................. 130
FIGURA 8.1: Fluxograma da instalação de gaseificação.......................................... 133
FIGURA 8.2: Dimensões para um ciclone de alta eficiência..................................... 136
FIGURA 8.3: Variação do Cp do gás para distintas temperaturas............................. 141
FIGURA 8.4: Principio de desenho, Venturi – Reither............................................. 145
FIGURA 8.5: Sistema Venturi – Reither................................................................... 145
FIGURA 8.6: Principais dimensões do Venturi – Reither......................................... 147
FIGURA 8.7: Perda de carga respeito ao avanço do pistão....................................... 149
16
FIGURA 8.8: Conteúdo de água no gás em função da temperatura.......................... 150
FIGURA 8.9: Sistema eliminador de umidade.......................................................... 151
FIGURA 9.1. Metodologia para a determinação de custo de equipamento............... 155
FIGURA 9.2: Variação da TIR considerando diminuição do o investimento............ 165
FIGURA 9.3: Variação do VLP considerando um aumento da potencia instalada....165
FIGURA 9.4: Variação do TIR considerando aumento do preço da energia elétrica.166
FIGURA 9.5: Retorno do Custo do Investimento (Payback)..................................... 166
17
LISTA DE TABELAS
TABELA 2.1: Características técnicas de diferentes tipos de biomassas em base
seca........................................................................................................ 41
TABELA 2.2: Análise de material volátil, carvão fixo e cinzas de biomassas típicas.41
TABELA 2.3: Massa teórica de ar necessária para queimar 1 kg de biocombustível
seco...................................................................................................... 45
TABELA 2.4: Tecnologias para pirólises da biomassa................................................ 49
TABELA 3.1a: Principais reações na gaseificação...................................................... 54
TABELA 3.1b: Principais reações na gaseificação...................................................... 54
TABELA 3.2: Poderes caloríficos dependendo do tipo de agente gaseificante........... 55
TABELA 3.3: Principais agentes gaseificantes............................................................ 56
TABELA 3.4: Composição volumétrica típica do gás pobre de diferentes tipos de
gaseificadores......................................................................................... 59
TABELA 3.5: Projetos de demonstração da tecnologia de gaseificação aplicada a
biomassa vegetal como combustível...................................................... 66
TABELA 3.6: Gaseificadores de leito fixo em operações........................................... 70
TABELA 4.1: Vantagens e desvantagens dos diferentes tipos de gaseificadores........86
TABELA 4.2: Principais características de operação dos diferentes tipos de
gaseificadores......................................................................................... 87
TABELA 5.1: Qualidade do gás para geração de potência.......................................... 91
TABELA 5.2: Composição da cinza a partir da biomassa selecionada....................... 91
TABELA 5.3: Concentrações de alcalinos no combustível......................................... 92
TABELA 5.4: Comparação do conteúdo de alcatrão e partículas assim como
qualidade do gás obtido em distintos tipos de gaseificadores.............. 94
TABELA 5.5: Quedas de pressão e tamanhos de partículas recolhidas em
depuradores úmidos............................................................................ 103
TABELA 5.6: Eficiências na remoção de alcatrões reportados de depuradores úmidos
em sistemas de gaseificação de biomassa........................................... 104
TABELA 6.1: Dados técnicos de gaseificadores Downdraft tipo garganta............... 109
18
TABELA 6.2: Características das válvulas do sistema de alimentação..................... 112
TABELA 6.3: Características técnicas de diferentes tipos de biomassa em base
seca..................................................................................................... 120
TABELA 6.4: Conteúdo energético de alguns recursos com distintas percentagens
de umidade.......................................................................................... 120
TABELA 7.1: Principais características da construção do gaseificador.................... 122
TABELA 8.1: Tipos de reações na fase gasosa......................................................... 137
TABELA 8.2: Principais características dos trocadores de calor IC
1
, IC2.................141
TABELA 8.3: Principais dimensões e parâmetros do lavador Venturi VR-100........ 147
TABELA 8.4: Variação da perda de carga em função do passo (S) e a velocidade
na garganta......................................................................................... 148
TABELA 8.5: Características principais do soprador (Blower)................................ 151
TABELA 9.1: Valores do expoente “b” para equipamentos de química industrial....156
TABELA 9.2: Custos estimados de equipamentos de sistema de gaseificação para
uma alimentação de 100 kg/h de biomassa lignocelulosica................158
TABELA 9.3: Fluxo de caixa, TIR e VPL................................................................. 163
19
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SIMBOLOS
ARBRE - Energia renovável de biomassa (Arable Biomass Renewable Energy)
atm - Pressão (1 Atmosfera = 1,01325 bar)
BIGCC - Gaseificação de biomassa em ciclo combinado (Biomass Integrated
Gasification Cicle Combined)
Cp - Calor espécifico a pressão constante (kJ / kg.°K)
cp - : Centipoise (unidade de viscosidade no sistema CGS) (1 poise =
N.s/m
2
)
CH
4
- Metano
CO - Monóxido de Carbono
CO
2
- Dióxido de Carbono
C
2
H
2
- Acetileno
C
2
H
4
- Etileno
C
2
H
6
- Etano
CFB - Leito Fluidizado Borbulhante (Circulating Fluidized Bed)
- Euro (moeda oficial da Comunidade Européia)
g - gramos
gmol - gramos mol
GICC - Gaseificação com ciclo combinado (Gasification Integrated Cicle
Combined)
GLP - Gás Liquefeito de Petróleo
H
2
- Hidrogênio
HRSG - Caldeira de recuperação (Heat Recovery Steam Generation)
mb - Milibar (1 b (bar) = 10
5
N/m
2
)
min - Minuto
MCI - Motor de Combustão Interna
MPa - Pressão
Mtep - Milhões de toneladas equivalentes de petróleo
N
2
- Nitrogênio
NOx
-
Óxidos de nitrogênio
O
2
- Oxigênio
PCI - Poder calorífico Inferior
PCS - Poder calorífico Superior
Pie - 1 Pie (foot) = 0,3048 m
Polg H
2
O - Polegadas de coluna de H
2
0
Pol - Polegada (0,0254 m)
TIR - Taxa interna de retorno
ton - Toneladas
US$ - Dólares americanos
UK - Reino Unido (United Kingdon)
VPL - Valor Presente Líquido
20
PROLOGO
Se o fogo foi a pedra angular da civilização, o uso de combustíveis gasosos e líquidos
chegou a ser a tecnologia da idade moderna. Sem estes combustíveis refinados, todos
os processos seriam menos eficientes, menos convenientes e mais poluentes. No
entanto a civilização deve sobreviver à extinção dos combustíveis fósseis . Modernas
tecnologias serão afetadas se não se encontrar um substituto. A tecnologia da
gaseificação proporciona uma base para o fornecimento suplementar de combustíveis
líquidos e gasosos. [Redd, 1981].
21
CAPITULO 1
1. INTRODUÇÃO
Por cerca de 20 anos, os baixos preços do petróleo têm feito que a obtenção de
líquidos e gases combustíveis a partir da biomassa não fosse tão atrativa. Mais,
recentemente, o rápido incremento dos preços do mineral líquido, tem gerado interesse
renovado para aqueles combustíveis procedentes da biomassa via métodos
termoquímicos.
O uso do “gás de biomassa” para funcionamento de motores de combustão
interna, teve seus primeiros ensaios aproximadamente no ano 1881. Por volta de 1920
este gás foi usado para funcionamento de caminhões e tratores na Europa. Na ocasião
os geradores de gás operavam com madeira e carvão produzindo um gás com elevadas
proporções de alcatrão. Enquanto foi possível seu uso em motores, a falta de limpeza
deste gás mostrava que estes métodos não eram a melhor opção da época e assim, os
combustíveis sólidos para usos automotores não atingiram o nível de aceitação como
se esperava. Vários trabalhos que apontavam ao melhoramento destes geradores de gás
foram concebidos por parte de inventores independentes e de poucas companhias até o
período da segunda guerra mundial. Com o começo da guerra e a escassez de
combustíveis líquidos na Europa, se intensificaram as pesquisas para a disponibilidade
de novos combustíveis e resultaram no surgimento das atividades em projetos e
instalações geradoras de gás de biomassa [Reed, 1981].
O final da guerra trouxe o uso dos combustíveis fósseis líquidos e uma rápida
conversão para os veículos a diesel e a gasolina. Desde a guerra, uns poucos geradores
utilizando gás de biomassa tem estado em operação e principalmente em países
subdesenvolvidos. O governo da Suécia, por exemplo, assim como a maioria dos
países do leste da Europa (Finlândia, Noruega, etc.) têm mantido um alto nível em
pesquisa e desenvolvimento em programas de gaseificadores de biomassa de pequeno
e grande porte, com a intenção de manter-se alertas e preparados tanto militar como
economicamente a possíveis eventos de embargo ou crises de combustíveis líquidos.
22
Tendo em conta que não existe um único tipo de gaseificador adequado para a
variedade de biomassas existentes, em cada projeto tem se que estudar
convenientemente, qual é a tecnologia mais adequada para as necessidades do trabalho
a que vai ser destinado o gás combustível, assim mesmo, considerando que a biomassa
é uma fonte de energia que se encontra muito dispersa no território, na maioria dos
paises desta parte do hemisfério. É conveniente propor instalações de gaseificação de
capacidades inferiores a 1000 kg/h de alimentação, do que instalações de grande e
médio porte, especialmente para diminuir o preço do transporte e considerar como
quase nulo o preço da biomassa quando esta for considerada como resíduo [G.P.T,
2005].
Estas pequenas instalações demandariam uma grande flexibilidade tanto da
biomassa a se utilizar como na utilização que se possa dar ao gás produzido, propondo
em quase todos os casos o desejo de uma dupla utilização, tanto para a sua combustão
em pequenas caldeiras ou fornos, quanto para a geração de eletricidade através do uso
de MCI. Estes fatos fazem com que no mercado atual exista uma possível demanda de
gaseificadores especialmente do tipo “downdraft”, que podem ser utilizados para uma
ampla variedade de biomassa, com simples e algumas vezes nulos pré-tratamentos da
mesma e a posterior utilização do gás em MCI através de simples processos de
limpeza. Nesse contexto, este tipo de instalação requer um simples manejo e
manutenção, que lhe confere uma alta disponibilidade.
Considerando tudo isso, a gaseificação utilizando gaseificadores downdraft
resulta numa boa e interessante alternativa, frente aos atuais baixos preços de outras
fontes de energias como, por exemplo, do gás natural, uma possível regulação do setor
elétrico no que se refere à eletricidade gerada a partir da biomassa, faria com que esta
tecnologia obtivesse uma viabilidade econômica otimista para os anos vindouros.
Cabe assinalar também que recentemente tem havido interesse na gaseificação de
biomassa para a produção de hidrogênio para uso em células a combustível (Fuel
Cell). A produção de um gás limpo e rico em hidrogênio, requer tecnologias
adequadas, incluindo a remoção de partículas e de alcatrão. Tudo isto, ante uma
possível mudança a uma economia mundial baseada no hidrogênio.
23
Neste capitulo 1, apresenta-se o objeto de estudo da presente dissertação. No
capitulo 2, estuda-se a biomassa e seus principais aspectos de forma geral incluindo a
situação atual deste recurso renovável, tanto a nível nacional como internacional;
vantagens e desvantagens que representa o seu uso; uma classificação dos principais
tipos de biomassa que existem na natureza; propriedades deste recurso e seus
principais processos de conversão energética.
No capitulo 3, apresenta-se um estudo detalhado da gaseificação como principal
processo de conversão energética incluindo os princípios básicos do processo, os
produtos da gaseificação, aplicações do gás de biomassa, estado atual da gaseificação
tanto do carvão como da biomassa (em instalações de grande e pequeno porte); um
possível cenário futuro da gaseificação e experiências em instalações de pequeno porte
também são apresentados.
No capitulo 4, estuda-se os principias tipos de gaseificadores que existiram e
aqueles que existem na atualidade, as vantagens, desvantagens, operação e
desempenho de cada tipo de gaseificador.
No capitulo 5, apresenta-se o estado da arte da limpeza e acondicionamento que
o gás de biomassa precisa antes de seu ingresso em um MCI; neste capítulo inclui
descritivo dos principais poluentes e as tecnologias disponíveis no mercado para a
limpeza e acondicionamento do mesmo.
No capítulo 6, apresenta-se o dimensionamento e funcionamento do
gaseificador projetado incluindo o sistema de alimentação e a metodologia de
construção; desenvolve-se também o balanço de massa do gaseificador. Todos os
desenhos (planos) citados neste capítulo encontram-se nos anexos do presente
trabalho.
No capítulo 7, apresentam-se os cálculos e equações utilizadas para o
dimensionamento do gaseificador, e efetua-se o balanço de energia a fim de conhecer a
perda de calor e as eficiências do equipamento.
No capítulo 8, apresentam-se os cálculos e metodologia utilizada para a seleção
dos principais tecnologias de limpeza e acondicionamento do gás de biomassa. A
seleção é baseada no fluxo de gás de biomassa produzido, na temperatura e no nível de
24
impurezas deste gás. O capitulo inclui também um diagrama de fluxo geral da
instalação onde se detalha a posição dos equipamentos fundamentais selecionados e de
alguns equipamentos adicionais e/ou auxiliares.
No capítulo 9, apresenta-se o estudo econômico e financeiro da instalação
proposta. No estudo econômico se incluem os custos dos equipamentos, custos de
instalação e custos operacionais (custos de biomassa, custo de manutenção, custo de
mão de obra e custos de amortização); o estudo financeiro inclui o fluxo de caixa dos
principais custos, a Taxa Interna de Retorno (TIR), o Valor Presente Líquido (VPL) e
o respectivo “Payback”; por último, apresenta-se uma análise de sensibilidade
mediante gráficos comparando a TIR x custo de investimento, a potência instalada x
VPL e a TIR x preço da eletricidade.
Finalmente, no capítulo 10, são citadas as conclusões finais deste trabalho de
dissertação.
25
CAPITULO 2
BIOMASSA ASPECTOS GERAIS
2.1. INTRODUÇÃO
A biomassa é o termo utilizado para todo o material orgânico que provenha dos
vegetais e animais (incluindo as algas, as árvores, resíduos vegetais, resíduos animais,
resíduos sólidos urbanos (RSU), produtos biodegradáveis). Esta é a forma mais
comum das energias renováveis, sendo usada intensamente nos países do terceiro
mundo, mas somente há poucos anos alguns países industrializados começaram a
utilizá-la. A biomassa é reconhecida por muitos pesquisadores da área energética como
uma das mais relevantes novas formas de energia para produção de eletricidade
tendendo a um crescente uso. Nos últimos tempos, a atenção tem-se focalizado em
identificar as espécies convenientes da biomassa, que possam proporcionar opções
para substituir as fontes convencionais de energia provenientes de combustíveis
fósseis.
A biomassa vegetal é produzida pelas plantas verdes que convertem a luz solar
no material que precisam para seu desenvolvimento por meio da fotossíntese e inclui
toda a vegetação da terra com base na água, assim como todos os lixos orgânicos. O
recurso da biomassa pode-se considerar como matéria orgânica onde a energia da luz
do sol é utilizada para promover as frações químicas. A biomassa tem sido sempre
uma fonte importante de energia para a humanidade e estima-se que atualmente
contribui na ordem de 10 a 14% como fonte de energia mundial [McKendry (Part I),
2002].
O principal desafio do aproveitamento energético da biomassa é a geração de
eletricidade ou a geração simultânea de energia térmica e eletricidade (cogeração),
com altas eficiências, utilizando MCI, turbinas a gás e turbinas a vapor ou a
combinação nas duas. O potencial de um processo de gaseificação de biomassa para a
contribuição na geração de energia para qualquer país é alto. Isto está claramente
26
associado com os elevados benefícios ao meio ambiente como por exemplo os altos
níveis de redução de emissões.
No Brasil, no inicio do século, a biomassa foi o primeiro combustível utilizado
em plantas termelétricas, em 1995, a geração de eletricidade a partir de recursos
bioenergéticos chegava a 6,5 TWh, com uma potência instalada superior a 2 GW e
representando 30% da geração de origem térmica e 2,5% da geração total de
eletricidade [Nogueira e Moreira, 1997].
Com respeito ao uso energético, só se comercializa 30% da biomassa utilizada, e
se fixarmos no setor industrial, este porcentual baixa para 16%. Isto indica que um dos
fatores que leva à utilização de biomassa é o custo quase nulo do combustível (custo
zero da biomassa), como é o caso da eliminação de um resíduo. A União Européia tem
o objetivo de duplicar a contribuição atual das energias renováveis no ano 2010 (no
ano 2000 era de quase 6% do consumo de energia primária); o consumo de energia
primária com energias renováveis deverá passar de 74 Mtep a 182 Mtep/ano. Para a
biomassa supõe um incremento até 135 Mtep para o ano 2010. Há quem considera que
este é um objetivo modesto. No entanto, levando-se em conta a contribuição das
energias renováveis, a biomassa, tem variado muito pouco nas últimas décadas.
Portanto, ao se pensar em dobrar esta contribuição na União Européia num período de
10 anos, se pode qualificar como um objetivo ambicioso [Becerra, 1999].
2.2. A SITUAÇÃO ATUAL DA BIOMASSA
A energia de recursos provenientes da biomassa apresenta, em muitos aspectos,
um quadro mais complicado que outras energias renováveis devido a uma variedade
ampla de matéria prima e de tecnologias de conversão. Seu crescimento tem se
intensificado mais em algumas áreas que em outras. A Fig. 2.1 mostra a variedade de
usos de tecnologia a partir da biomassa.
27
Figura. 2.1 .Variedade do uso de tecnologia a partir da biomassa [Gross et. al, 2003].
O uso atual da biomassa como energia primária do mundo está na ordem de 14%;
a maioria é utilizada nos países em vias de desenvolvimento, onde a biomassa
corresponde até em um terço das necessidades energéticas [Bauen e Kaltschmitt,
2001]. Por outro lado, a biomassa proporciona na maioria dos países industrializados
cerca de 3% de energia consumida. [Gross et al., 2003]. A Fig. 2.2 mostra que a
quantidade de biomassa utilizada no mundo é muito mais baixa que seu potencial na
maioria das regiões. No entanto, seu uso parece exceder o consumo sustentável em
28
algumas regiões como por exemplo na Ásia e em alguns países em vias de
desenvolvimento onde são necesarias aplicações modernas para o uso sustentável de
biomassa.
Figura. 2.2 Quantidade de Biomassa utilizada no mundo [Bauen e Kaltschmitt, 2001].
Modernamente o uso da biomassa pode proporcionar a produção simultânea de
calor e eletricidade; este modo de utilização contribui em quase 4% da energia
primária nos EUA; 11% na Áustria, 20% na Finlândia e 17% na Suécia. A biomassa
também é utilizada para fins de aquecimento urbano e para fins de cogeração em
países como Dinamarca e Alemanha [Bauen e Kaltschmitt, 2001]. A produção
acumulativa de eletricidade a base de biomassa ao longo de nossa historia atinge os
100 TWh, e por isso as centrais térmicas a partir da biomassa têm uso mais
considerável no mercado que qualquer outra opção de energia renovável emergente.
Segundo Williams e Larson (1993) nos Estados Unidos, a capacidade instalada
de geração elétrica a partir da biomassa no início dos anos 90 era de 8,4 GW; na
29
mesma época o DOE (Departamento de Energia do Governo dos EUA) planejava para
o ano 2000 uma capacidade instalada de 12 GW, prevendo-se chegar , em 2030 a 100
GW.
2.3. VANTAGENS QUE APRESENTA O USO DA BIOMASSA
O emprego da biomassa apresenta numerosas vantagens, não só para o
proprietário da instalação de aproveitamento energético, mas também para a
sociedade. As vantagens mencionadas são fundamentalmente econômicas e ambientais
já que diminui os gastos energéticos ao reduzir quantidade de combustível fóssil que
se deve adquirir.
2.3.1. VANTAGENS AMBIENTAIS
Considera-se que todo o CO
2
emitido na utilização energética da biomassa tem
sido previamente fixado nas estruturas da matéria vegetal durante seu
crescimento, pelo que não contribui ao incremento da sua concentração na
atmosfera. No entanto, este balanço não é completamente nulo como
demonstra uma completa análise de ciclo de vida. Para a geração elétrica tendo
como combustível biomassa por exemplo, precisa-se de transporte (ou seja
consumo de combustíveis fosseis no caso do transporte da biomassa à central de
geração). Mas não há dúvida que no global, o balanço de CO
2
é praticamente
nulo.
A biomassa tem teores muito baixos de enxofre, geralmente inferiores a 0,1%.
Por esse motivo, as emissões de dióxido de enxofre, junto com as emissões de
óxidos de nitrogênio, que são as causadoras da chuva acida, são mínimas.
Por outro lado o uso de biocombustíveis em MCI, supõe uma redução das
emissões geradas (hidrocarbonatos, voláteis, partículas, SO
2
e CO).
Por último, o emprego da tecnologia de digestão anaeróbica para tratar a
biomassa residual úmida, e os resíduos sólidos urbanos além de reduzir a sua
30
carga poluente, reduzem maus cheiros e eliminam quase na sua totalidade os
germes e os microorganismos patogênicos. Os subprodutos resultantes do
processo de digestão anaeróbica podem ser utilizados como fertilizantes na
agricultura.
2.3.2. VANTAGENS SOCIOECONÔMICAS
O uso energético da biomassa contribui à diversificação energética que é um
dos objetivos dos planos energéticos, tanto em nível nacional como em nível
mundial.
A implantação de recursos energéticos (plantações) em terras abandonadas
evita a erosão e a degradação do solo. Política internacional, como por exemplo
a Européia (PAC – Política Agrária Comunitária), permite a utilização de terras
em retiro para a produção de cultivos não alimentícios, como são os cultivos
energéticos e podas que incrementam as rendas dos agricultores.
O aproveitamento de alguns tipos de biomassa (principalmente a florestal e dos
cultivos energéticos) contribui à criação de postos de trabalhos no meio rural.
2.4. PROBLEMAS QUE REPRESENTAM A SUA UTILIZAÇÃO
A utilização energética da biomassa apresenta, devido a suas características,
pequenos inconvenientes com relação aos combustíveis fósseis.
Os rendimentos das caldeiras de biomassa são inferiores em comparação ao
daquelas que usam combustíveis fósseis líquidos e gasosos.
A biomassa possui menor densidade energética, e para conseguir a mesma
quantidade de energia é preciso utilizar mais quantidade desta. Isto implica que
os sistemas de armazenamento de combustível sejam em geral, maiores.
Os sistemas de alimentação de combustível e eliminação de cinzas, são mais
complexos e requerem maiores custos de operação e manutenção em relação
aos sistemas que trabalham com combustíveis fósseis líquidos ou gasosos. No
31
entanto, cada vez existem no mercado sistemas mais automatizados que
minimizam estes inconvenientes.
As vias de distribuição da biomassa não estão desenvolvidas como as dos
combustíveis fósseis (só aplicável no caso que os recursos não sejam próprios).
Além de que a baixa densidade afeta os custos de transporte, tornando difícil à
viabilidade econômica conforme aumenta a distância do ponto de produção do
recurso até a instalação para o seu aproveitamento.
Em muitos casos a biomassa apresenta elevados teores de umidade, o que faz
que em determinadas aplicações seja necessário um processo prévio de secagem
[Circe, 2005].
2.5. TIPOS DE BIOMASSA
Uma correta classificação da biomassa teria que considerar toda a matéria
orgânica de origem vegetal e animal, incluindo aqueles materiais procedentes de sua
transformação natural e artificial, alem da existência de inúmeras classificações. A
seguinte lista pode ser elaborada resumindo algumas pesquisas apresentadas na
literatura científica.
Atendendo a composição da biomassa, esta pode ser dividida em:
BIOMASSAS AÇUCARADAS: Estão dentro deste grupo, aquelas biomassas
com um alto conteúdo de açucares solúveis, geralmente “sacarose”. A cana de
açúcar e a beterraba quando são utilizadas com fins energéticos são dois exemplos
importantes deste grupo.
BIOMASSAS AMILÁCEAS: As biomassas amiláceas possuem na sua
composição quantidades importantes de amido (poliglicose) ou insulina (polímero
da frutuosa e glicose). Dentro deste grupo situam-se os grãos de cereais (contêm
amido) e os tubérculos como a batata.
32
BIOMASSAS OLEAGINOSAS: Contém óleos vegetais que podem ser
utilizados como combustíveis de motores. São exemplos deste tipo os girassóis,
canola e a soja.
BIOMASSA LIGNOCELULÓSICA: Os componentes principais deste tipo
de biomassa são a celulose, hemicelulose (polissacarídeos) e a lignina. Além destes
compostos, também se encontram líquidos e hidrocarbonetos. A madeira e os
resíduos florestais são exemplos típicos deste grupo.
Atendendo à origem, a biomassa pode-se classificar em:
BIOMASSA NATURAL: A qual produz espontaneamente a natureza sem
nenhum tipo de intervenção humana; os recursos gerados nas podas naturais de um
bosque constituem um exemplo deste tipo de biomassa. A figura 2.3 ilustra um
exemplo de biomassa natural.
Figura 2.3. Exemplo da Biomassa natural [http://www.biomass.org, Consultado em
Junho 2005].
Os ramos que por ação do vento, tempestades ou pelo efeito combinado da
gravidade e dos processos de putrefação, caem ao solo de um bosque são biomassa
33
natural. A utilização destes recursos requer da gestão do recolhimento e transporte até
a empresa, o que junto com a baixa produção de biomassa por unidade de superfície,
pode indicar em algumas vezes que o seu uso seja inviável economicamente.
BIOMASSA ANTROPOGÊNICA: Como o seu nome o indica, é aquela em
cuja formação intervém o homem. Esta se pode divide em
o BIOMASSA RESIDUAL: Produz-se como conseqüência das atividades
agrícolas, florestais e das indústrias (se incluem neste campo os resíduos
orgânicos). Este tipo de biomassa compreende a seguinte classificação.
- Residuais Florestais: Esta biomassa obtém-se dos trabalhos de manutenção
que se efetuam nos bosques de exploração madeireira e que constituem na
prática a totalidade dos recursos existentes nos países industrializados.
Por exemplo, na União Européia (centro e norte de Europa), a produção
potencial média de resíduos florestais num bosque madeireiro, com um ciclo de
vida de 70 a 90 anos, é de aproximadamente 2 toneladas de matéria seca por
hectare ao ano. Nos países mediterrâneos, este valor se situa entre 1 a 1,5 ton
por hectare ao ano. Por limitações do meio ambiente só 45% a 50% desta
produção se deveria recolher, deixando sobre a terra algumas ramas e folhas
que contém a maior parte dos nutrientes. A figura 2.4 mostra o tipo de
biomassa residual.
- Resíduos florestais industriais: São aqueles oriundos das indústrias de madeira.
Também se incluem neste grupo os licores negros das industrias de celulose e
papel que são aproveitados como combustíveis uma vez que têm concentrações
de 50 a 60% de sólidos, os resíduos de madeira gerados na mesma industria
(vide a figura 2.5).
34
Figura 2.4. Exemplo de biomassa residual, resíduos florestais
[http://www.biomass.org, consultado em Junho 2005].
Figura 2.5 Exemplo de biomassas florestais industriais, serragens da indústria
madeireira [http://www.biomass.org, Consultado em Junho 2005].
- Resíduos Agrícolas: Este tipo de biomassa é formado pelo resíduo gerado nos
cultivos agrícolas, como apresentado na figura 2.6. Atendendo a natureza da sua
35
biomassa, estes resíduos podem se classificar em herbáceos e lenhosos.
Exemplos do primeiro grupo se constituem a palha de cereais, que é o principal
resíduo agrícola das zonas frias e temperadas do planeta. Outros resíduos
importantes deste grupo são o sabugo de milho e as cabeças do girassol. No
segundo grupo, incluem-se os resíduos de poda de árvores frutíferas, da oliveira
e o caule da uva.
- Resíduos agroindustriais sólidos: Como seu próprio nome o indica, são
aqueles gerados pelas agroindústrias, Fig 2.7. Entre estes se podem mencionar o
bagaço de cana de açúcar, a palha de arroz, a casca de amendoim e caroço de
azeitona resultante da extração do azeite de oliveira.
- Resíduos biodegradáveis: Constitui-se de uma série de materiais líquidos ou
semi-sólidos entre os quais se incluem os resíduos agro-industriais líquidos
(rações de animais), resíduos líquidos urbanos e lodos de depuração. Também
de forma geral, pode-se incluir dentro deste grupo á fração orgânica dos
resíduos sólidos urbanos (RSU). Como apresentado na figura 2.8.
Figura 2.6. Exemplo de resíduos agrícolas [http://www.biomass.org, consultado em
Junho 2005].
36
Figura 2.7. Exemplo de resíduos agro-industrial sólidos, cana de açúcar
[http://www.biomass.org, Consultado em Junho 2005].
Figura 2.8. Resíduos sólidos urbanos, RSU [http://www.biomass.org, Consultado em
Junho 2005].
37
o CULTIVOS ENERGÉTICOS: Fazem parte deste tipo de biomassa aquelas
espécies vegetais que se cultivam especificamente para a produção de energia.
Em certos casos os cultivos energéticos são as mesmas espécies agrícolas ou
florestais, mas, em geral, com distintas condições de cultivo (vide figura 2.9).
Assim ocorre por exemplo, com o salgueiro e o eucalipto. Estas espécies
quando têm por finalidade o uso energético cultivam-se com períodos de
colheita muito curtos e densidades de plantação maior, com diferença daquela
produção destinada as indústrias madeireiras e de papel. Entre as espécies que
hoje em dia estão-se dedicando à produção de energia, podem-se citar a cana de
açúcar, cereal e matérias primas utilizadas para a produção de etanol como
combustível; assim mesmo cabe citar, em menor importância que as anteriores,
aquelas espécies oleaginosas como a colza (canola), soja e o girassol que são
utilizados na produção de biodiesel. No caso da Europa, em vista da elevada
produtividade que oferecem os cultivos energéticos lignocelulósicos,
geralmente acima das 10 ton de biomassa seca ao ano, a sua utilização se prevê
ligada fundamentalmente ao abastecimento de grandes usinas energéticas,
principalmente usinas de bio-eletricidade [Carrasco, 2003].
Figura 2.9. Cultivos energéticos [http://www.biomass.org, Consultado em Junho
2005].
38
2.6. PROPRIEDADES DA BIOMASSA
As principias características de interesse da biomassa no que se refere a sua
futura conversão são as seguintes [McKendry (Part I), 2002]:
Conteúdo de umidade
O poder calorífico inferior
Proporções de carvão fixos e voláteis
Conteúdo de cinzas e/o resíduos
Conteúdo de metais alcalinos
Relação entre a celulose e a lignina
Para processos de conversão com biomassa seca, as primeiras 5 propriedades são
de interesse. Para processos de conversão de biomassa úmida a primeira e a última
propriedade merecem especial atenção.
2.6.1. CONTEUDOS DE UMIDADE
Existem duas formas quanto à existência de umidade numa biomassa: A umidade
própria do material sem influência dos meios climáticos; e a umidade devido a agentes
externos, influenciados pelas condições climáticas no momento da colheita.
Neste ponto, o interessante é a umidade devido a agentes externos, já que a
umidade intrínseca do material é tomada em conta em pesquisas de laboratório e não
em aspectos de gaseificação em nível geral. Na tabela 2.1 mostram-se os conteúdos de
umidade própria de cada material.
2.6.2. PODER CALORÍFICO
A escolha do correto tipo de biomassa, depende em parte por seu poder calorífico
inferior. Como se sabe, existem dois tipos de poderes caloríficos:
39
O poder calorífico de um combustível é a quantidade de energia que é liberada
durante a combustão completa da unidade de massa (1 kg) ou unidade de volume
(1Nm
3
) do combustível podendo ser medida em kJ/kg (kcal/kg) ou kJ/Nm
3
(kcal/Nm
3
).
Se na temperatura de referência, 25 °C, a água estiver no estado vapor nos produtos da
combustão, aplica-se o termo Poder Calorífico Inferior (PCI), enquanto que se a água
estiver em estado líquido nos produtos, aplica-se o termo de Poder Calorífico Superior
(PCS). A diferença entre o PCS e o PCI é o calor latente de condensação da água
[Carvalho e McQuay, 2007].
Entretanto, em instalações industriais, geralmente a temperatura dos gases de
saída é maior que a temperatura de condensação, portanto o calor latente não é
possível de ser recuperado e por esse motivo, o PCI é de maior aplicação para os
cálculos de rendimento termodinâmico e viabilidade econômicos [Nogueira e Lora,
2003].
Os valores de PCS apresentam uma visão muito otimista sobre o conteúdo
energético do combustível; estes valores ignoram o conteúdo real de umidade do
combustível, e dão estimações ainda mais otimistas do conteúdo energético. Para fins
de gaseificação, poderes caloríficos inferiores (PCI) são os mais utilizados. A tabela
2.1 apresenta o PCI de diferentes tipos de biomassa.
2.6.3. PROPORÇÃO DE CARVÃO FIXO (CF) E VOLATÉIS (MV)
O conteúdo volátil ou material volátil (MV) de um combustível sólido é a porção
que é extraída ou retirada como gás (incluindo a umidade) por aquecimento (a 950 °C
durante 7 min). O conteúdo de carvão fixo (CF) é a massa que fica depois de atingir os
voláteis excluindo as cinzas e conteúdo de umidade
Testes em laboratórios são usados para determinar conteúdos de MV e CF de
combustíveis provenientes das biomassas. Análises completas baseadas em conteúdos
de MV, cinzas e umidade com valores de CF obtidos por diferenças são termos
chamados de ”Análises Próximas” de combustíveis ou “composição imediata”. Por
outro lado, análises de combustíveis que incluem elementos como C, H, O, N, e S
40
junto com o conteúdo de cinzas, são termos chamados “Análises Últimos” ou
“composição elementar”. Vide tabela 2.1.
O significado do conteúdo dos MV e do CF proporcionam uma medição com a
qual a biomassa pode ser aquecida, gaseificada e oxidada posteriormente, dependendo
de como esta for utilizada como fonte de energia.
2.6.4. CINZAS
Dependendo da quantidade de cinzas contida na biomassa, a disponibilidade de
energia do combustível é reduzida proporcionalmente. Num processo de conversão
termoquímica, a composição química da cinza pode significar em graves problemas
operacionais. Isto é importante, sobretudo para os processos de combustão onde a
cinza pode-se converter em “escória” originada pela mesma cinza em fase líquida a
altas temperaturas, a qual pode reduzir o rendimento da central e incrementar os custos
operacionais.
2.6.5. METAIS ALCALINOS
A reação dos metais alcalinos como, por exemplo, Na, K, Mg, P e Ca, com o
silício presente na cinza, produz um líquido pegajoso, o qual pode levar a obstruções
das entradas de ar na fornalha e na caldeira. Cabe fazer notar que mesmo que o
conteúdo intrínseco de silício na biomassa seja baixo, a contaminação com o solo
durante a sua colheita, pode incrementar o conteúdo de silício significativamente. O
conteúdo total de silício pode criar dificuldades operacionais. Esta última parte será
abordada com maior claridade no capítulo 5, que trata sobre o estado da arte na
limpeza do gás combustível proveniente de um gaseificador. A tabela 2.2 mostra
análises de biomassas típicas.
41
Tabela 2.1. Características técnicas de diferentes tipos de biomassas em base seca
[Jenkins, 1990] e [McKendry (Part I) 2002]
Composição elementar (%) Tipo de biomassa
C H O N S H
2
O
PCI
MJ/kg
Pinho
49,29 5,99 44,36 0,06 0,03 0,30 20,0
Eucalipto
49,00 5,87 43,97 0,30 0,01 0,72 19,04
Casca de arroz
40,96 4,30 35,86 0,40 0,02 18,34 16,1
Bagaço de cana
44,80 5,35 39,55 0,38 0,01 9,79 17,3
Casca de coco
48,23 5,23 33,19 2,98 0,12 10,25 19,0
Sabugos de milho
46,58 5,87 45,46 0,47 0,01 1,40 18,8
Ramas de algodão
47,05 5,35 40,97 0,65 0,21 5,89 18,3
Palha de trigo
48,5 5,5 3,9 0,3 0,1 4 17,3
Palha de Cevada
45,7 6,1 38,3 0,4 0,1 6 16,1
Lignina
56,4 4,2 18,4 1,6 - 5 26,8
Carvão Betuminoso
73,1 5,5 8,7 1,4 1,7 9 34
Tabela 2.2. Análise de material volátil, carvão fixo e cinzas de biomassas típicas.
[Jenkins, 1990] [McKendry (Part I), 2002]
Biomassa MV (%) CF (%) Cinza (%)
Pinho
82,54 17,70 0,29
Eucalipto
81,42 17,82 0,79
Casca de arroz
65,47 16,67 17,89
Bagaço de cana
73,78 14,95 11,27
Casca de coco
67,95 23,8 8,25
Sabugos de milho
80,10 18,54 1,36
Ramas de algodão
73,29 21,20 5,51
Palha de trigo
59 21 4
Palha de Cevada
46 18 6
Lignina
29 31 6
Carvão Betuminoso
35 45 9
42
2.7. CONVERSÃO DA BIOMASSA
As técnicas de aproveitamento energético aplicado à biomassa não são
procedimentos novos. No entanto, desde a década de 1970, estas técnicas têm
progredido extraordinariamente de tal forma que na atualidade têm-se tecnologias
específicas que fazem ressurgir a biomassa com expectativas energéticas; além disso
existe uma tendência de desenvolver processos para o refino destes combustíveis de
forma tal que sejam fontes energéticas acessíveis e de alta eficácia. Fig. 2.10
Figura 2.10. Formas de conversão da biomassa. [Circe, 2005].
Para a conversão de biomassa em energia se usam dois principais processos
tecnológicos: os processos termoquímicos e os processos bioquímicos / biológicos. A
extração mecânica (com esterificação) é a terceira tecnologia para a produção de
energia a partir de biomassa. Um exemplo deste último é o Metil ou Etil Ester ou
43
também mais conhecido como Biodiesel. [McKendry (Part I), 2002]. Atualmente o
custo do Biodiesel comparado com o preço dos combustíveis fósseis, faz com que a
tecnologia não seja competitiva, mas o incremento das poluições ambientais e a
procura na melhoria da qualidade do ar, especialmente em cidades super povoadas,
deve mudar esta situação nos próximos anos.
Quanto aos processos termoquímicos, são quatro os principais: combustão,
pirólise, gaseificação e hidrogenação. Para os processos bioquímicos dois são os
principais: digestão (produção de biogás, mistura de metano principalmente e dióxido
de carbono) e fermentação (produção de etanol). A combustão, a pirólise e a
gaseificação, constituem provavelmente as alternativas com maiores possibilidades da
implantação industrial em curto prazo para o uso dos resíduos lignocelulósicos.
2.7.1. CONVERSÃO TERMOQUÍMICA DA BIOMASSA
a. COMBUSTÃO
A combustão da biomassa constitui o sistema mais empregado para o
aproveitamento de resíduos lenhosos; representa cifras relativamente importantes
dentro da estrutura de consumo energético dos países menos desenvolvidos, sendo
neste caso mais favorecido o meio ambiente por ter menores a emissões de CO
2
comparando-a com as dos combustíveis fósseis [Ghetti et al., 1996]. Este processo
termoquímico (combustão) domina as aplicações industriais e residenciais na
atualidade [Bhat e Agarwal, 1996].
A combustão produz gases quentes atingindo temperaturas de 800 a 1000 ° C. É
possível queimar qualquer tipo de biomassa, mas na prática, a combustão é factível
somente para a biomassa com um conteúdo de umidade menor ao 50% [Circe, 2005],
e em caso contrário, recomenda-se ser feito uma pré-secagem. Quando se tem um alto
conteúdo de umidade na biomassa, são mais apropriados os processos biológicos de
conversão. A combustão envolve desde pequenas escalas, como por exemplo,
aquecimento doméstico, até grandes escalas nas usinas industriais atingindo potencias
44
de 1000 até 3000 MW. De acordo com Hellwig (1982), a combustão da biomassa
transcorre em seis etapas bem definidas: secagem, emissão dos voláteis, ignição dos
voláteis, queima dos voláteis em chama, extinção da chama dos voláteis e a combustão
do resíduo de carbono (coque). Na figura 2.11 apresenta-se a relação entre a fração de
massa consumida e a temperatura corresponde a cada uma destas etapas para o caso da
queima da madeira por exemplo.
O coeficiente de excesso de ar é um parâmetro importante que indica a condição
de combustão, e se define como a relação da massa de ar real e a massa de ar teórica
ou estequiométrica. Quando se tem excesso de ar, aumentam-se as perdas de calor
com os gases de exaustão e se houver falta de ar, aparecem nos gases produtos
provenientes de uma combustão incompleta, representando um desperdício de energia.
Segundo Nogueira et al., (2003), recomendam-se 20% de excesso de ar para a queima
de biomassa em suspensão e 30% para queima de biomassa em grelha. Na tabela 2.3
são apresentados valores de massa teórica de ar (ma) para algumas biomassas secas.
A co-combustão da biomassa em centrais elétricas com carvão é uma opção
especialmente atrativa devido à alta eficiência na conversão de energia para estas
centrais. As eficiências líquidas para as centrais elétricas com combustão de biomassa
atingem valores de 20% a 40%. As melhores eficiências são obtidas com sistemas
acima dos 100 MW ou quando a biomassa é combustiva com carvão em centrais
elétricas [McKendry (Part II), 2002].
b. PIRÓLISE
Pode-se definir a pirólise como a decomposição da matéria orgânica por meio da
energia em forma de calor numa atmosfera inerte ou em vácuo. Em outras palavras,
trata-se de descompor a matéria na ausência de oxigênio, o que favorecerá os
processos de oxidação. Submete-se a matéria orgânica a um aquecimento, de forma
que favoreça a ruptura das estruturas macromoleculares, criando-se produtos na forma
sólida, liquida e/ou gasosa.
45
Tabela 2.3. Massa teórica de ar necessária para queimar 1 kg de bio-combustível seco
[Nogueira e Lora, 2003]
TIPO DE BIOMASSA kg ar / kg biomassa seca
Biomassa padrão (CH
1,4
O
0,7
)
5,58
Pinho
5,79
Eucalipto
5,73
Casca de arroz
4,62
Bagaço de cana
5,26
Casca de coco
5,89
Sabugo de milho
5,39
Ramas de algodão
5,46
Figura 2.11. Etapas da combustão da madeira [Hellwig., 1982].
46
No processo da pirólise envolve-se um grande número de reações químicas, cuja
operação depende da composição química do material e das condições operacionais.
Neste processo, em primeiro lugar, acontece a liberação da umidade presente na
biomassa, já que em baixas temperaturas é o único processo promovido. No intervalo
de 250 a 350 °C tem-se lugar a fase quantitativamente mais importante da pirólise (da
madeira em especial), a decomposição térmica da hemicelulose e na sua grande parte
da celulose. Depois deste intervalo lhe segue a atmosfera volátil [Zanzi et al., 1996].
Finalmente permanecem em forma sólida os carvões fixos das cinzas.
A pirólise não é uma idéia surgida recentemente, mas por séculos tem sido usada
a técnica da pirólise para a geração de certos tipos de substancias. Por exemplo, nas
antigas culturas como na egípcia, grega, romana ou a chinesa, realizava-se a pirólise da
madeira com o objetivo de se produzir carvão vegetal, num processo usualmente
conhecido como carbonização. Os vapores condensáveis se utilizavam para
embalsamar ou como piche nas embarcações de madeira.
b.1. Produtos sintetizáveis em processos pirolíticos
Carbonização: O produto obtido é o carvão vegetal usualmente utilizado em
nível doméstico. No setor industrial, usa-se na metalurgia ou na indústria
química, como por exemplo, na fabricação de filtros de carvão ativo. A análise
imediata do carvão vegetal permite obter um material com 80% de carvão fixo,
10 a 14% de voláteis e 1 a 3% de cinzas, com um poder calorífico de 7000 a
8000 kcal/kg. Este processo pode-se realizar por métodos tradicionais (como a
produção de carvão em forno Lambiotte) ou com uso de fornos modernos, (Fig.
2.12).
Destilação da madeira: Obtêm-se líquidos pirolíticos e alcatrões principalmente
ou carvões e alcatrões, em função das temperaturas e o modo de operação. Em
qualquer caso, nas indústrias dedicadas à obtenção de líquidos pirolíticos,
interessa minimizar a matéria sólida e maximizar a condensação dos vapores.
47
GAS
SOBRANTE
SISTEMA DE
SEPARAÇÃO
DE GASES
GAS PARA
AQUECIMENTO
DO FORNO
Figura 2.12. Produção de carvão em forno Lambiote.
Os produtos pirolíticos obtidos são compostos por ácido acético, fórmico,
metanol, azeites, alcatrões e água. A rentabilidade deste processo depende da
capacidade para a depuração do líquido obtido e da separação eficaz das espécies
químicas. Os óleos obtidos podem ser utilizados, uma vez separados como
combustíveis com o correspondente problema de um maior controle no tratamento do
mesmo. Num futuro próximo, o maior campo de aplicação previsto para estes óleos
procedentes da pirólise é a geração termoelétrica. Estes óleos apresentam a vantagem
de armazenamento e do transporte, no entanto, com respeito aos combustíveis fósseis,
os óleos pirolíticos apresentam-se menos vantajosos, devido a suas piores propriedades
para a combustão.
SISTEMA DE
REFRIGERAÇÃO
DE GASES
ENTRADA DE
BIOMASSA
FORNO
LAMBIOTE
FRAÇÕES
PIROLENHOSAS
PARA
DESTILAÇÃO
GERAÇÃO DE
CALOR
SAIDA DE CARVÃO
VEGETAL
48
O grande problema para a adaptação na combustão está na necessidade de
reformar os atomizadores comerciais atuais e configurar os sistemas de combustão
adaptados a seu poder calorífico, densidade e velocidade de combustão. Além de
requerer sistemas prévios de limpeza, principalmente com o objetivo de eliminar
alcatrões, ceras e metais, por processos como o “Upgrading”, é possível obter, a partir
dos líquidos pirolíticos, um composto hidrocarboneto muito similar à gasolina. Num
futuro, espera-se o desenvolvimento e implantação deste tipo de aplicação [Circe,
2005].
Geração de produtos gasosos:
Tem-se por finalidade a produção de um gás adaptável à geração térmica. A
vantagem é obter gases com elevados poderes caloríficos (3000 a 4000 kcal/kg)
frente aqueles gases procedentes do processo de gaseificação (aproximadamente
1500 kcal/kg). Isto traz vantagens na hora de adaptar estes gases para grupos
geradores, por sua maior semelhança aos combustíveis fósseis utilizados
atualmente, assim como na hora de armazená-los e na redução dos custos de
limpeza [Circe, 2005].
b.2. Condições de operação e tipos de pirólises:
Para uma mesma biomassa se podem obter diferentes produtos em função do
modo em que se realizem os processos de pirolização. As principais variáveis a
considerar são:
- Velocidade de aquecimento
- Tempo de residência
- Temperatura
- Pressão
Uma variável muito importante é a velocidade de aquecimento, cujos valores
fazem que o processo de pirólise seja dividido em vários tipos, começando desde a
pirólise convencional (baixa velocidade de aquecimento), pirólise rápida e pirólise
49
flash (com alta velocidade de aquecimento). Uma qualificação do processo de pirólise
em função da velocidade de aquecimento é apresentada na tabela 2.4.
Tabela 2.4. Tecnologias de pirólise da biomassa [Bridgwater, 1992]
Pirólises Tempo de
residência
Velocidade de
aquecimento
Pressão
(bar)
Temp.
(ºC)
Produto
Principal
Carbonização
Horas – dia Muito baixa 1 400 Sólidos
Convencional
5 a 30 min Baixa 1 600 Todos
Rápida
0,5 a 5 seg Muito alta 1 650 Líquido
Flash –
Liquido
< 1 seg Alta 1 < 650 Líquido
Flash – Gás
< 1 seg Alta 1 > 650 Gás
Ultra
< 0,5 seg Muito Alta 1 1000 Gás
Vácuo
2 – 30 seg Media < 0,1 400 Líquido
A velocidade de aquecimento e o tempo de residência estão ligados de forma
inversamente proporcional, no entanto possuem certa independência. Ou seja se gera
grande quantidade de produtos voláteis (gases e líquidos) com altas velocidades de
aquecimento, já que em temperaturas elevadas estão favorecidas as reações de
craqueamento gerando um aumento do rendimento de geração dos gases. Em
temperaturas intermediarias, um aumento da velocidade de aquecimento origina
maiores quantidades de alcatrão.
c. GASEIFICAÇÃO
A gaseificação é um processo termoquímico pelo qual se transforma a biomassa
num gás combustível (gás sínteses), mediante oxidação parcial com ar, oxigênio ou
vapor de água a altas temperaturas, tipicamente, na faixa de 800-900 °C. Este gás cujo
poder calorífico se situa entre 4 – 6 MJ/Nm
3
, pode ser queimado diretamente ou usado
50
como combustível para motores de combustão interna e turbinas a gás. Trata-se de
uma operação que poderia se considerar intermediária entre a “pirólise”, processo de
decomposição térmica em atmosfera inerte, e a “combustão”, na que se produz a
reação em presença de uma atmosfera oxidante, o ar (oxigênio) [Arauzo, 1999].
A gaseificação é vista como método de aproveitamento dos resíduos
lignocelulósicos, e oferece uma grande versatilidade com diferença da combustão, já
que este último método só tem como objetivo a obtenção de energia. No próximo
capitulo se abordará com detalhe a gaseificação de biomassa.
51
CAPITULO 3
TEORIA DA GASEIFICAÇÃO
3.1. INTRODUÇÃO
A gaseificação transforma um material sólido em gás susceptível de ser
aproveitado como combustível ou em matéria prima (metano, amoníaco, metanol,
gasolina). Enquanto a pirólise objetiva principalmente a obtenção de sólidos e em
certas ocasiões a obtenção de líquidos, a gaseificação procura uma elevada produção
de gases, fundamentalmente contendo CO (10 –20 %), H
2
(4 a 17 %), CH
4
(2 a 5 %) e
N
2
(40 a 60%). Esta diferença de objetivos caracteriza as condições operativas já que a
gaseificação opera em temperaturas superiores as utilizadas na pirólise e na presença
de agentes gaseificantes como o vapor de água para forçar a produção de H
2
e CO. A
gaseificação é portanto uma reação heterogênea do tipo gás – sólido. Estão presentes
como agentes gaseificantes: o ar, o oxigênio, dióxido de carbono, vapor de água ou a
mistura entre eles em função do objetivo do processo [Van Belle, 1998].
O objetivo principal da gaseificação é a conversão de biomassa em um gás
combustível, através de sua oxidação parcial a temperaturas elevadas. Este gás
conhecido como gás pobre é um energético intermediário, e poderá ser empregado
mais adiante em outro processo de conversão a fim de gerar calor, potência mecânica
ou elétrica, adequando-se aos sistemas em que a biomassa sólida não possa ser
utilizada. Este gás combustível possui um poder calorífico relativamente baixo, por
volta de 4 a 6 MJ/Nm
3
(utilizando ar). Um esquema dos diferentes fluxos que podem
se aproveitar para a valorização energética deste gás é apresentado na figura 3.1.
3.2. PRINCIPIOS BÁSICOS DO PROCESSO
O processo de gaseificação da biomassa é conseqüência de dois sub-processos
fundamentais:
52
- Pirólise (também chamada decomposição térmica, redução ou volatilização):
Biomassa + Calor = char (coque) + gases
- Gaseificação:
Char + agente gaseificante + calor = gases + cinzas
BIOMASSA
AGÊNTE
GASEIFICANTE
GASEIFICADOR
MOTOR TURBINA CALDEIRA
GASES DE EXAUSTÃO VAPOR
POTÊNCIA CHAMINÉ
ELETRICA
TURBINA DE
VAPOR
Figura 3.1. Diagrama de fluxo e aplicações dos produtos da gaseificação.
Quando a biomassa entra num gaseificador, primeiro se esquenta e produz a
secagem da mesma, uma vez que a temperatura é superior a 400 °C, tem lugar a
GAS DO GASEIFICADOR
53
pirólise, dando lugar a um resíduo carbonoso (char), formado por carbono
principalmente e gases condensáveis (hidrocarbonatos leves e pesados) e não
condensáveis (CH
4
, vapor de água, CO, H
2
, CO
2
). Quando a temperatura do “char
supera os 700 °C, tem lugar as reações de gaseificação, que se dividem em reações
heterogêneas (gás – sólido) e homogêneas (gás – gás). Assim este “char” reage com
O
2
, vapor de água, CO
2
, H
2
e os gases reagem entre si para produzir a mistura de gás
final.
O resultado final do processo é um gás, que tem como constituintes principais
CO, H
2
, N
2
, CO
2
, vapor de água e hidrocarbonatos ou alcatrão (tar). A composição
deste gás varia com as características da biomassa, o agente gaseificante e as
condições do processo. Como as reações de C, H, O para diferentes tipos de biomassa
são muito similares, o principal parâmetro da biomassa que influi na composição do
gás é seu conteúdo de umidade. Assim, com maior conteúdo de umidade na biomassa,
mais agente gaseificante precisa-se, porque a água tem-se que aquecer e evaporar. Um
gás que provenha de uma biomassa úmida contém quantidades relativamente altas de
vapor, H
2
e N
2
, comparado com uma biomassa seca. Para uma gaseificação com ar, a
mistura obtida denomina-se gás pobre ou gás de poder calorífico baixo (4000 a 6000
kJ/Nm
3
) já que contém 40 a 60% de N
2
. O aporte da água no agente gaseificante é
necessário sim se quer enriquecer o gás com H
2
, produzindo um gás de poder
calorífico médio [Circe, 2005].
De forma global, a gaseificação termoquímica pode-se classificar dependendo do
tipo de reator (leito fixo concorrente ou em contracorrente, leito fluidizado borbulhante
ou circulante), da pressão de trabalho (atmosférico ou pressurizado), do agente
gaseificante (ar, oxigênio, vapor ou hidrogênio), do sistema de limpeza do gás
convencional (sistema de filtragem a alta temperatura, catalisadores, etc); [Becerra,
1999].
3.3. BASE QUÍMICA
As reações que ocorrem no gerador de gás são as seguintes:
54
Tabela 3.1a: Principais reações na gaseificação [McKendry (Part III), 2002]
Oxidação parcial
C + ½ O
2
CO
dH = - 268 MJ / kg mol
Oxidação completa
C + O
2
CO
2
dH = - 406 MJ / kg mol
Reação de gás de água ou
reação carbono vapor
C + H
2
0 CO + H
2
dH = + 118 MJ / kg mol
dH: Diferencial de Entalpia
A reação parcial do carbono a monóxido de carbono considera somente cerca de
65% da energia necessária durante a oxidação completa. Outras reações que podem
ocorrer no processo de gaseificação são:
Tabela 3.1b: Principais reações na gaseificação [McKendry (Part III), 2002]
Reação de deslocamento
da Água
CO + H
2
O CO
2
+ H
2
dH = - 42 MJ/kg mol
Formação de Metano
CO + 3H
2
CH
4
+ H
2
O
dH = - 88 MJ/kg mol
O gás da gaseificação consiste numa mistura de CO, CO
2
, CH
4
, H
2
, vapor de
água. O agente principal gaseificante é geralmente o ar, mas a gaseificação com
oxigênio, vapor de água e hidrogênio, também ocorre. A gaseificação catalítica do
vapor é outro modo de operação que influência o funcionamento total e a eficiência do
processo.
Gaseificação com Ar: Obtém-se um gás combustível de baixo poder
calorífico inferior (menos de 6 MJ/Nm
3
). Este gás pode empregar-se como
combustível para queimadores de caldeira, turbinas a gás, ou em motores de
combustão interna. O processo de gaseificação com ar apresenta grande
interesse econômico e social. Neste processo o oxigênio do ar queima
parcialmente o char” procedente da pirólise e gera-se o calor necessário para o
55
processo. Por não precisar de uma fonte de calor externa, este processo permite
aproveitar com um baixo custo os diversos resíduos locais agrícolas e florestais.
Gaseificação com Oxigênio: Produz-se um gás com médio poder calorífico
inferior (10 a 20 MJ/Nm
3
). Tem as mesmas aplicações que o gás de baixo
conteúdo energético, sendo este de maior qualidade por não contar com
nitrogênio. Este processo pode ser também utilizado para obter gás de síntese
para a produção de metanol.
Gaseificação com Vapor de Água e oxigênio ou ar: Produz-se um gás que ao
estar enriquecido com H
2
e CO, se pode utilizar como gás de síntese para
produzir metanol, amoníaco ou gasolina.
Gaseificação com H
2
: Produz-se um gás de alto PCI (mas de 30 MJ/Nm
3
), o
qual por ter uma alta porcentagem de metano e olefinas; pode se utilizar como
substituto do gás natural. Na tabela 3.2 se apresentam os três tipos de gases
produzidos e seus diversos poderes caloríficos.
Tabela n° 3.2: Poderes caloríficos dependendo do tipo de agente gaseificante
[Nogueira e Lora, 2003]
TIPO PCI (MJ/Nm
3
) AGENTE GASEIFICANTE
Baixo Poder calorífico
4 – 6 com ar e vapor / ar
Medio Poder calorífico
10 – 20 com Oxigênio e vapor
Alto Poder calorífico
30 com Hidrogênio ou
hidrogenação
Como oxigênio puro para a gaseificação é caro, o ar é normalmente usado para
processos que requerem acima de 50 MW térmicos; a desvantagem é que o nitrogênio
diluído no ar, diminui a eficiência do processo de conversão. (Vide tabela 3.3).
Embora o gás produzido possua um poder calorífico relativamente baixo (quando
da utilização do ar) e também pelo fato de existir perdas energéticas na gaseificação,
56
em diversas situações, a gaseificação apresenta algumas vantagens em comparação
com a combustão direta.
Tabela 3.3: Principais agentes gaseificantes. Adaptado de [Nogueira e Lora, 2003],
[McKendry (Part III), 2002]
Agente gaseificante Oxigênio Vapor de Água Ar
Pressão de operação
Pressurizado Atmosférica Atmosférica
PCI (MJ/Nm
3
)
8 – 15 10 – 20 4 - 6
Aplicação
Produção de potência ou combustíveis
líquidos sintéticos (metanol, amoníaco,
gasolina)
Produção de
potencia
Por exemplo, é possível a combustão do gás em motores de combustão interna,
projetados originalmente para combustíveis líquidos e gasosos, sem grandes
modificações do motor e sem redução significativa da eficiência. Isto é muito
importante quando se pretende converter sistemas convencionais, que utilizam
combustíveis fósseis, em sistemas adaptados para biomassa. Assim, também a geração
de eletricidade em pequena escala pode ser realizada utilizando o gás de biomassa
diretamente em um motor de combustão interna ou numa micro turbina a gás ou célula
de combustível. Estes sistemas são interessantes devido a sua simplicidade de
operação e manutenção, adequando-se como sistemas isolados, exatamente onde a
biomassa possa ser eventualmente fornecida a custos competitivos ou a custo de
produção [Nogueira e Lora, 2003].
3.4. PRODUTOS DA GASEIFICAÇÃO
Segundo Nogueira e Lora (2003), os produtos da combustão da biomassa com o
ar são: CO
2
, SO
2
e H
2
O; no caso de uma oxidação completa, o conteúdo de enxofre da
biomassa é sempre baixo; N
2
,O
2
e eventualmente a umidade do combustível e do ar
57
no caso de uma combustão com excesso de ar; CO, H
2
, CH
2
, fuligem no caso de uma
combustão incompleta ou com insuficiência do ar; e frações minerais contidas nas
“cinzas”. CO e CO
2
são os produtos de maior interesse pelo fato de ser o primeiro
nocivo para o ser humano e o segundo o principal responsável do efeito estufa
respectivamente. A figura 3.2.a e 3.2.b apresentam as porcentagens destes dois gases
com relação à temperatura de combustão e ao coeficiente de excesso de ar. [Harel e
Baquant, 1992] . O combustível neste caso foi o bagaço de cana. No processo real,
para se obter valores mínimos de CO nos produtos de combustão, devem-se
estabelecer um excesso de ar de 1,3, mesmo assim, observa-se a redução da
temperatura de combustão e do teor de CO
2
.
Figura. 3.2a. Variação da temperatura de combustão e das concentrações de CO e CO
2
com o coeficiente de excesso de ar em combustão real [Harel e Baquant, 1992].
Os gases produtos da gaseificação da biomassa, como já foi mencionado, podem
conter poluentes tais como; material particulado, alcatrão, metais alcalinos, sulfito de
hidrogênio e amônia. Para nosso caso, onde o gás produzido será introduzido em um
motor de combustão interna, Kaltchmitt e Hartmann (2001), Hassler e Nussbaumer
58
(1999) e Jenbacher (1998) recomendam os seguintes teores: particulados menores que
50 mg/Nm
3
, alcatrões menores que 100 mg/Nm
3
, NH
3
menor que 55 mg/Nm
3
, H
2
S
menor que 1150 mg/Nm
3
; as dimensões das partículas devem estar na faixa de 3 a 10
µm. Kaltchmitt e Hartmann (2001) apresentam uma composição volumétrica do gás
pobre ou gás síntese obtido em diferentes tipos de gaseificadores e diferentes agentes
de gaseificação, Tab. 3.4.
Figura 3.2b. Variação da temperatura de combustão e das concentrações de CO e
CO
2
com o coeficiente de excesso de ar. numa combustão teórica
[Harel e Baquant., 1992].
3.5. APLICAÇÕES DO GÁS PRODUTO DO PROCESSO DE GASEIFICAÇÃO
A combustão do gás produto da gaseificação pode ter diversas aplicações. As
mais importantes são:
Calefação: Produção de calor para usos industriais, calefação municipal, em
hotéis, etc.
59
Tabela 3.4. Composição volumétrica típica do gás de diferentes tipos de gaseificadores
[Kaltschmitt e Hartman, 2001]
Gaseificador Atmosférico
Componente
Ar (%) Vapor (%)
Gaseificador
pressurizado com ar
(5 – 20 bar) (%)
H
2
12,5 38,1 4,0 15,0
CO
16,3 28,1 10,0 19,0
CO
2
13,5 21,2 14,0 19,0
CH
4
4,4 8,6 5,0 9,0
HC
1,2 3,0 -
N
2
52,0 0 45,0 60,0
Eletricidade: Geração e/ou cogeração (MCI, motores stirling, motores de vapor,
turbinas de vapor (de pequena escala), GICC, célula a combustível
(hidrogênio)).
Produtos químicos: Amoníaco, gás de síntese, etileno.
Transporte: H
2
, metanol, gasolina, diesel.
Os gases obtidos na gaseificação de biomassa com o ar podem conter alcatrão e
partículas sólidas. A quantidade permitida destes poluentes no gás depende do uso
final do mesmo e do equipamento utilizado na sua obtenção. Assim, se o gás do
processo vai ser utilizado numa turbina, num MCI ou como gás de síntese, o gás tem
que passar por uma etapa previa de limpeza. Na verdade o alcatrão pode ser
consumido em qualquer equipamento, além de incrementar o poder calorífico do gás.
No entanto se não estiver nos limites estabelecidos, pode causar problemas
significativos devido a sua condensação e deposição, provocando estragos nas
tubulações e mau funcionamento nos aparelhos de aproveitamento do gás. Alem disso,
a sua combustão pode produzir problemas de corrosão devido à alta porcentagem de
compostos oxigenados.
60
O alcatrão pode-se apresentar no gás na forma de gotas líquidas, como no caso
dos gaseificadores de leito fixo a contracorrente, onde a temperatura de saída do gás é
baixa, ou na fase de vapor, como no caso dos gaseificadores de leito fluidizado ou de
leito fixo concorrente (downdraft), onde a temperatura de saída do gás é elevada. A
quantidade presente destes poluentes no gás combustível pode ser muito variada.
Num MCI, o gás tem que ingressar com baixa temperatura relativa podendo gerar
condensados que levam ao bloqueio do motor. No caso dos ciclos de gaseificação
integrada com um ciclo combinado GICC, o gás produto deve ser tratado amplamente
para eliminar as partículas e alcatrão antes do seu ingresso na turbina a gás,
necessitando desenvolver sistemas de limpeza a baixa e alta temperatura como são os
filtros cerâmicos, reatores catalíticos e os lavadores úmidos (wet scrubbers) [Becerra.,
1999].
Quando o gás produzido aplica-se à produção de calor ou eletricidade, o processo
de gaseificação tem que competir com o processo de combustão direta, mas mesmo
assim, a gaseificação com respeito à combustão direta apresenta uma serie de
vantagens, como é o caso da geração de eletricidade de pequeno porte com a
combustão direta do gás em MCI.
3.6. A EVOLUÇÃO DA GASEIFICAÇÃO
Desde 1990, tem-se tido grande interesse pela demonstração de ciclos avançados
de geração de energia baseados em tecnologias de gaseificação de biomassa.
Precisamente um conceito inovador foi a gaseificação integrada num ciclo combinado
tanto para a biomassa, BIGCC, como para o carvão, GICC, onde as turbinas a gás
transformam o combustível gasoso em eletricidade com elevada eficiência na
conversão total, principalmente nos ciclos GICC e nos ciclos de turbina com ar quente
(HATC). Este interesse tem sido ainda refletido em projetos de demonstração que se
está executando no Brasil, Estados Unidos e a União Européia. Estes avançados
sistemas têm eficiências entre 35 e 40%, e com custos mais baixos de produção de
eletricidade que os sistemas convencionais de combustão direta [Becerra, 1999].
61
3.6.1. O CASO DO CARVÃO
Por muitos anos, o governo e a indústria têm trabalhado para desenvolver o
conceito da gaseificação do carvão de uma maneira limpa que possa integrar a
gaseificação e um ciclo combinado alcançando grandes eficiências; isto se torna viável
por intermédio de um ciclo GICC.
No começo do século XIX a gaseificação de carvão já era usada para a produção
de gás, empregado para aquecimento e iluminação das cidades. Posteriormente, a
gaseificação foi amplamente utilizada para a síntese de produtos químicos como
amônia, uréia, metanol e gasolina. Recentemente, tem alcançado grandes atrativos para
a aplicação da gaseificação do carvão na geração de eletricidade em ciclos
combinados, devido ao fato desta tecnologia tornar possível o uso do carvão como
combustível nas modernas centrais de ciclo combinado, de forma limpa e eficiente.
Dados de 2003 indicavam a existência de mais de 130 usinas de gaseificação
com uma capacidade de gaseificação superior aos 400 milhões de Nm
3
de gás de
síntese ao dia, equivalentes a mais de 43000 MW. A maioria destas instalações está
situada na Europa ocidental, no litoral do pacífico, África, e América do Norte
[Treviño, 2003].
Dados indicam que até o ano 2008, 33 usinas adicionais com 48 gaseificadores
sejam construídas agregando outros 18.000 MW de capacidade. Fig 3.3. A maioria
deste crescimento ocorrerá nos países em desenvolvimento no litoral do pacífico,
como necessidade de eletrificação adicional destas economias. Espera-se que a
segunda área maior de crescimento esteja na Europa ocidental, onde as refinarias
necessitarão utilizar completamente a matéria básica disponível, enquanto reduzem-se
as produções do petróleo. O crescimento na América do Norte será a metade da
Europa e será concentrado na industria da refinação. Muito pouco ou nada de
crescimento se antecipa para ocorrer nas outras regiões do mundo.
62
Figura 3.3. Produção de gás sínteses nas ultimas 3 décadas [Stiegel, 2001],
[Treviño, 2003]
3.6.2. O CASO DA BIOMASSA
Enquanto a gaseificação de carvão se justifica para potências acima de 300 MW,
a gaseificação de biomassa usando especificamente a madeira e/ou resíduos florestais
lignocelulósicos, se justifica para potências entre 30 a 50 MW; especialistas no tema
afirmam que usinas com potências abaixo de 20 MW, não são economicamente
viáveis [Henk De Lange, 2001]. A maioria das usinas com este tipo de tecnologia se
encontram em etapas demonstrativas como veremos mais adiante, sendo que na
maioria delas os resultados tem sido satisfatórios.
A gaseificação integrada com centrais de ciclo combinado (BIGCC) oferece
eficiências elevadas e convenientes para o desenvolvimento da geração
descentralizada de eletricidade (geração distribuída). Existem atrativos particulares
devido à distribuição natural de plantações da biomassa e os custos relativamente altos
de transporte para estas instalações descentralizadas. Em longo prazo é possível que a
tecnologia BIGCC conduza à gaseificação para o uso em células a combustível,
principalmente para aquelas que operam em elevadas temperaturas. A tecnologia
63
BIGCC, está atualmente na etapa pre-comercial de demonstração. A seguir apresenta-
se um descritivo de algumas espalhadas pelo mundo.
Suécia: Central de cogereção de Varnamo, que utiliza um gaseificador Alhstrom
de leito fluidizado circulante pressurizado operando com temperatura de 1000 °C e
pressão de 22 atm, usando resíduos de madeira; com turbina a gás tipo EGT/Typhoon,
a planta produz 6 MW de potência elétrica e 9 MW de potência térmica com uma
eficiência elétrica de 32 % e uma eficiência global de 83%, considerando o
aquecimento distrital da cidade; esta central foi construída pela companhia Bioflow
junto com a empresa Sueca SydKraft S.A e a provedora de tecnologia de gaseificação
Foster Wheeler S.A; o programa de demonstração foi satisfatória e atualmente esta em
fase de otimização [Ståhl et. al., 1998].
Reino Unido: Central Elétrica de Yorkshire, localizado em Eggborough próximo
da cidade de York, desenvolvido por First Renewables Ltd (UK) e TPS – Termiska
Processer AB da Suécia; utiliza um gaseificador atmosférico circulante, com
tecnologia TPS a base de madeira e neste caso também o gás alimenta um ciclo
combinado. Esta usina requer aproximadamente 43000 t de madeira seca por ano e
uma área de 1500 a 2000 hectares para o cultivo da metade da madeira que precisa.
Nesta usina, a HRSG utiliza um queimador suplementar a base de lenha. A usina
foi comissionada no ano 2001 e a integração total realizou-se em 2006. Este projeto é
conhecido pelo nome de ARBRE – Arable Biomass Renewable Energy com uma
potência elétrica de 10 MW; o sistema trabalha com uma turbina a gás tipo
EGT/Typhoon, a uma temperatura do leito de 900 °C e pressão de 1,5 atm. Planeja-se
a construção na Grã-Bretanha de uma série de centrais, com potências de 35 MW e
eficiências cerca de 50% para o ano 2010 [Henk De Lange., 2001] [Beenackers e
Maniatis., 1996] e [Pitcher., 2001].
USA: (Burlington, Vermont). Planta Termelétrica com Gaseificador atmosférico
desenvolvido pelo Laboratório Battelle Columbus (BCL) e comercializado por
FERCO S.A. Apresenta como vantagem a obtenção de um gás com maior poder
calorífico, como agente gaseificante, utiliza-se vapor, o que evita o efeito de diluição
64
do nitrogênio no ar, permitindo uma turbina a gás convencional de potência elétrica de
15 MW, sem muitas modificações [Beenackers e Maniatis, 1996].
Outro projeto nos Estados Unidos situa-se nas Ilhas Hawai; consiste de um
gaseificador pressurizado em leito borbulhante cujo provedor é IGT – RENUGAS;
utiliza bagaço de cana como combustível; potencia elétrica de 5 MW e com uma
eficiência de 30 – 35 % na turbina a gás [Beenakers e Maniatis., 1996].
Itália: (Pisa). O projeto denominado Energy Farm localizado na cidade de Di
Cascina utiliza um gaseificador leito fluidizado circulante com ar atmosférico da firma
LURGI (1,4 atm). Utiliza como combustível a madeira e opera a 800 °C; utiliza uma
turbina a gás tipo EGT/Typhoon com uma potencia elétrica de 11,9 MWe e uma
eficiência de 33 % [www.nf-2000.org].
Dinamarca: Projeto Biocycle TBD com companhia provedora ENVIRO-
POWER; utiliza um gaseificador de Leito Fluidizado Circulante pressurizado (950 °C
a 22 atm) o qual utiliza como combustível madeira. Utiliza uma turbina a gás
EGT/Typhoon; potencia elétrica de 7,2 MW e eficiência de 40 %.
Brasil: O Projeto Demonstrativo "Brazilian Wood BIG-GT” (Biomass Integrated
Gasificator – Gás Turbine) para a geração de eletricidade o qual tem por objetivo
demonstrar a viabilidade comercial assim como a geração de eletricidade a partir da
madeira (plantações de eucalipto), mediante o emprego de uma turbina a gás integrada
à tecnologia de gaseificação, operando em ciclo combinado. Utiliza um gaseificador
atmosférico com uma potencia na turbina de 30 MW, prevista a ser implantada no
estado da Bahia. Como aspecto novo deste sistema, tem-se o reator de craqueamento
do alcatrão presente nos gases utilizando a dolomita (tipo de catalisador). A
companhia Lurgi tem desenvolvido um sistema semelhante. Os detalhes do projeto
podem ser encontrados em, Waldheim et al., (2001).
Bélgica: Projeto BINAGAS cujo provedor é a DINAMEC; utiliza um
gaseificador de leito fluidizado atmosférico; a central tem uma potencia de 0,7 MW
na turbina a gás; o tipo de biomassa utilizada são resíduos florestais [Cervelló, 2002].
65
Áustria: Projeto TINA cujo provedor é a VOLUND; utiliza um gaseificador de
leito Fixo de corrente ascendente (Updraft); a central tem uma potencia de 2 MW; o
tipo de biomassa utilizada são resíduos florestais [Cervelló, 2002].
Para ter uma idéia do custo de energia destas tecnologias [Bauen et.al, 2001], a
usina Sueca produz energia a um custo de aproximadamente 7 cents US$/kWh e a
usina Britânica (que produz somente eletricidade) aproximadamente 11,5 cents
US$/kWh. Os custos capitais deverão ser reduzidos à metade, uma vez que as
tecnologias BIGCC serão introduzidas em operações comerciais; isto reduziria os
custos energéticos entre 2,3 a 4,5 e 5,2 a 9 centavos US$/kWh para as usinas Suecas e
Britânicas, respectivamente (US$ com referência ao ano 2002).
Segundo Gross et al., (2003), a chave para geração de eletricidade a partir da
biomassa são plantas geradoras altamente eficientes e sobretudo comerciais,
assegurando o fornecimento sustentável de combustível a um custo relativamente
baixo. A tabela 3.5 apresenta um resumo dos principais projetos apresentados e suas
características; locação, financiamento, estado atual, tipo de reator, combustível
utilizado, potência, etc.
66
Tabela 3.5. Projetos de demonstração da tecnologia de gaseificação aplicado à biomassa vegetal como combustível
[http://www.bioenergy.org.nz, http://www.biomass.org, http://www.agores.org, consultado em Junho 2005)
Nome do
Projeto
BIG - GT TINA BGF BIOFLOW ARBRE VERMONT BINAGAS BIOCYCLE ENERGY
FARM
Locação
Brasil –
Bahia
Graz –
Austria
Hawai – USA Varnamo –
Suecia
Valle
Aire –
UK
Burlington –
USA
Bruselas –
Bélgica
Dinamarca Di
Cascina
Italia
Financiamento
Banco
Mundial
DGXII –
CE
DOE /St.
Haw/pr
Privada DGXVII
– CE
DOE – USA
/Privado
FGXVII –
CE
DGXVII –
CE
DGXVII –
CE
Estado
Fase V –
Operação
Comercial
Construção Operação Operação Desenho Posta em
Marcha
Construção Desenho Desenho
Tipo de
Gaseificador
LFC atm Updraft
atm
LF a P LFC a P LFC atm Calor Indireto
atm
LFB atm LFC a P LFC a P
Processo de
Gasificação
GICC
Ciclo
Indireto
Ar
GICC/Metanol GICC GICC Gaseificador/TG Ciclo
Indireto
Ar
GICC GICC
Tecnologia de
gaseificação
TPS VOLUNT RENUGAS AHLSTROM,
Fi
TPS Batelle
Columbus
DINAMEC Enviropower LURGI
67
Continuação da Tabela 3.5
Condições
Oper. (ºC/bar)
850 – 900
/ 1,5
825/1,0 ND 950-1000/22 850
900/1,5
650 – 750
/1,04
850 – 950
/22
800 / 1,4
Combustível
Madeira
/Eucalipto
Resíduos
Madeira/
Florestais
Bagaço Resíduos
Madeira
Esp.
Arbórea
de Curta
Rotação
Biomassa
lenhosa
Resíduos
Madeira
Esp. Arbórea
de Curta
Rotação
Esp.
Arbórea
de Curta
Rotação
Vazão
combustível
(t/h)
16,1 1,8 4,2 4,1 5,75 8,3 0,4 3,5 6,18
Limpeza
Alcatrões
Dolomita
Combustão
direta
Reator
Catalítico
Craque a alta
temp (lecho)
Reator
Catalítico
com
Dolomita
Combustão
Direta
Craque de
Temp. (leito)
Scrubber
água
Limpeza do
gás
Filtro
Mangas /
Scrubber
Ciclone +
Filtro de
alta temp
Filtro
Cerâmico
Filtro
cerâmico
Filtro
Mangas /
Scrubber
Ciclone Filtro
cerâmico
Filtro de
mangas
MWe/MWt
30 /238
GWh/a
2,0 / 4,7 5,0/N.D 6,0 / 9,0 10,0/0 15 / N.D 0,8 / 1,5 7,2 / 6,8 11,9/0
ND: Não Disponível
68
3.7. CENÁRIO FUTURO DA GASEIFICAÇÃO
A disputa entre as tecnologias existentes e futuras que satisfaçam as normas
ambientais, e mais ainda, aquelas cujo combustível provenha de energias
renováveis, poderão ser as tecnologias que no futuro dominem a geração de
energia.
Segundo Stiegel et al., (2001), para que a tecnologia de gaseificação seja a
escolha correta num cenário futuro, ela deve ter: uma eficiência térmica elevada
(60% para ciclo combinado), ter custos capitais menores que US$ 1000/kWe,
muito pouco ou quase nada de emissões de enxofres e óxidos de nitrogênio, que
possa utilizar todas as matérias primas a base de biomassa ou carvão que se
encontrem disponíveis. De todas as tecnologias atuais em desenvolvimento, as
baseadas na gaseificação são as únicas que têm o potencial para alcançar os
objetivos descritos. Estas tecnologias podem estar configuradas de distintas
maneiras para alcançar os custos e parâmetros citados acima.
Observa-se na figura 3.4 uma ilustração do avanço da gaseificação nas
últimas duas décadas, se refere à integração da gaseificação a um ciclo
combinado para produzir eletricidade, completando a idéia do parágrafo anterior,
para que esta tecnologia seja uma opção para futuro; a nova configuração terá
que incluir: produção (em termos ambientais) de combustíveis para o transporte,
produtos químicos, hidrogênio para aplicações em refinarias e uso em células a
combustível com altas eficiências.
Com o desenvolvimento de tecnologias de remoção de CO
2
, as grandes
reservas de carvão e matérias primas a base de carvão, a tecnologia da
gaseificação se tornam uma grande opção num cenário futuro, durante a transição
de uma possível economia baseada no hidrogênio para o século 21
.
69
Figura 3.4. Opções tecnológicas da gaseificação [Stiegel et al, 2001].
3.8. GASEIFICAÇÃO DE PEQUENO PORTE
Entende-se por gaseificação de pequeno porte aqueles processos que
alcançam potências inferiores a 5 MW. Para estas potências é comum trabalhar
com gaseificadores de leito fixo; potências maiores a 5 MW, já predominam os
gaseificadores de leito fluidizado [Revista Infopower http://www.infopower.es.
consultado em Julho 2005]. Como apresentado na tabela 3.6.
Uma característica do sistema energético dos países em desenvolvimento,
particularmente, nas zonas rurais, é que os motores de combustão interna são
muito empregados em instalações fixas, para produção de energia elétrica,
aquecimento, funcionamento de bombas hidráulicas, etc. Tecnologias de
70
gaseificação que permitem a utilização de biomassa nestas instalações, são
portanto de muita importância no cenário da geração descentralizada ou
distribuída, permitindo qualidade de vida para populações rurais isoladas de
redes elétricas.
Tabela 3.6. Gaseificadores de leito fixo em operações [Revista Infopower
http://www.infopower.es. consultado em Julho 2005]
Localização Tipo de Planta Capacidade
Instalada
Estado
Hogild,
Dinamarca
Gaseificador Martezo com
motores de gás “Mercedes”
0,5 MWe 220 h. de operação
em 2000, 7000 horas
desde 1994
Harboare,
Dinamarca
Gaseificador de corrente de ar
ascendente com instalação de 2
motores de gás
1,5 MWe Operação desde 1993
em produção de
calor, 900 h de
produção de
eletricidade
Espenhaim,
Alemanha
Gaseificador Jush, com sistemas
de limpeza dos gases
1 MWe Em operação
Londonderry,
Irlanda
Gaseificador de corrente de ar
descendente.
Combustível: Cultivos
energéticos
0,1 MWe Em operação
Áustria
Gaseificadores de madeira
Gruebl
0,05 MW Em operação, grande
quantidade de sítios
Suiza
Gaseificador Pyroforce de alta
temperatura
0,2 MW Inicio dos testes em
2000
71
Segundo Ghosh. et al., 2004, a título de explicação, uma comunidade na
Índia de 10000 habitantes utiliza um gaseificador tipo Donwdraft e um motor de
165 HP de potência para geração de eletricidade usando madeira; nesta
comunidade a porcentagem de crescimento anual de estabelecimentos comerciais
incrementou-se de 1,8% em 1996, para 7,2 % em 1999.
Para países em desenvolvimento, segundo o estudo realizado pela ONU
[Forest Industries Division, 1993] o futuro da gaseificação de pequeno porte,
utilizando resíduos lignocelulósicos para alimentar motores de combustão interna
para a geração de eletricidade em instalações estacionárias, depende sobre tudo
de que existam iniciativas dos governos para promover esta tecnologia, com a
finalidade de substituir com biomassa os combustíveis derivados do petróleo. No
caso dos países industrializados, não parece ter um futuro imediato para a
gaseificação de pequeno porte, visto que estes sistemas somente podem ser
econômicos em circunstâncias especiais, como nas indústrias com excesso de
biomassa.
Em 1983 o Banco Mundial iniciou o “Programa de monitoramento de
gaseificadores de pequena escala para biomassa”. Numas das conclusões do
referido programa, afirmava-se que os gaseificadores de biomassa não eram uma
opção economicamente atrativa para geração de potencia [Stassen, 1995], mas
isto era considerando o preço do barril de petróleo que oscilava nessa época entre
15 a 20 US$ por barril.
Considerando que o preço do barril de petróleo está hoje em US$ 66,10
[http://www.opec.org/home, consultada em Maio 2007] e conforme este valor se
incremente, a atratividade para esta tecnologia de pequeno porte seguirá
aumentando; mesmo assim autores do programa consideram uma eficiência
média do sistema de gaseificador – MCI, inferior a 13 %, mas nos últimos anos
tem-se conhecido sistemas que atingem valores superiores a 20% [Ghosh et al.,
2004] e [Rabou e Jansen, 2001]. Por último, a substituição do Diesel pelo gás em
sistemas de cogeração atinge atualmente valores de eficiência global entre 50 e
70% [Ghosh et al., 2004] e [Raja et al., 1997].
72
CAPITULO 4
TIPOS DE GASEIFICADORES
Os gaseificadores para biomassa são atualmente equipamentos com uma
grande diversidade tecnológica e podem ser classificados de distintas maneiras,
embora a classificação tradicional envolva só dois tipos de gaseificadores, os de
leito fixo e os de leito fluidizado [Nogueira e Lora, 2003]; além desta
classificação tradicional podemos classificá-los também de acordo com os
seguintes parâmetros:
Segundo o poder calorífico do gás produzido:
- Gás de baixo poder calorífico: até 5 MJ/Nm
3
.
- Gás de médio poder calorífico: de 5 - 10 MJ/Nm
3
- Gás de alto poder calorífico: de 10 a 40 MJ/Nm
3
Segundo o tipo de agente gaseificante:
- Ar
- Vapor de água
- Oxigênio
Segundo a pressão de trabalho:
- Baixa pressão (atmosférica)
- Pressurizados (até 3 MPa).
Segundo a direção do movimento relativo da biomassa:
- De corrente ascendente, tiro direto, Updraft (contracorrente)
- De corrente descendente, tiro invertido, Downdraft (concorrente)
- De tiro transversal (fluxo cruzado)
- Leito fluidizado. (Borbulhante ou Circulante)
73
4.1. GASIFICADORES DE LEITO FIXO
4.1.1. GASEIFICADORES DE CORRENTE ASCENDENTE, TIRO
DIRETO OU CONTRACORRENTE (UPDRAFT GASIFIER)
O gaseificador mais antigo e mais usado é o chamado de Tiro Direto ou
Gaseificador Ascendente, apresentado na figura 4.1. Neste caso, o ar ingressa
pelo fundo e os gases produzidos são coletados próximos ao topo do
gaseificador´; no fundo após a região de ingresso do ar, tem-se lugar as reações
de combustão. Mais acima ocorrem as reações de redução.
Na figura 4.1 podemos observar claramente as temperaturas de cada etapa
da gaseificação. No topo do gaseificador tem lugar o aquecimento e a pirólise da
carga (biomassa), como resultado da transferência de calor por convecção
forçada e radiação das regiões inferiores.
O alcatrão e produtos voláteis produzidos no processo são levados pela
corrente de gás. A temperatura na zona da gaseificação é controlada agregando
vapor de água ao ar, ou humidificando o ar. Devido à baixa temperatura do gás
que sai do gaseificador, o rendimento energético total do processo é alto, mas o
conteúdo de alcatrão no gás também; para este tipo de gaseificador o teor de
alcatrão varia entre 10.000 e 100.000 mg/Nm
3
. Quanto às partículas, (material
particulado) estas variam entre 100 e 1000 mg/Nm
3
[Guigon e Large, 1990]. O
efeito de filtragem da alimentação ajuda a produzir um gás com baixo teor de
partículas.
As principais vantagens deste tipo de gaseificador são a simplicidade, alta
porcentagem de carbono vegetal queimado, troca de calor interno que faz com
que a temperatura do gás seja menor, alta eficiência térmica do sistema, assim
como a facilidade de trabalhar com qualquer tipo de carga. (cascas de cereais,
serragem, etc)
74
Figura 4.1. Gaseificador de corrente ascendente ou de tiro direito [Forest
Industries Division, 1993] [McKendry (Part III), 2002].
A principal desvantagem é a necessidade de se instalar grelhas de
movimento automático. Existem ainda problemas relacionados com a eliminação
dos líquidos condensados que contém alcatrão, que é produto das operações de
depuração do gás, esta eliminação torna-se necessária para sua utilização em
motores de combustão interna.
4.1.2. GASIFICADORES DE CORRENTE DESCENDENTE, TIRO
INVERTIDO OU CONCORRENTE (DOWNDRAFT GASIFIER)
Como resposta ao problema do arraste de alcatrão com a corrente do gás,
projetaram-se os Gaseificadores de Corrente Descendente ou de Tiro Invertido,
nos quais o ar da primeira gaseificação ingressa na região de oxidação do
75
gaseificador ou por acima desta. O gás sai pelo fundo do equipamento, como
apresentado na figura 4.2.
Estes gaseificadores conhecidos também como “Downdraft” apresentam
um fluxo da biomassa e do gás no mesmo sentido. O material a gaseificar forma
um leito de partículas que descem lentamente conforme estas vão sendo
consumidas pelo processo, e a correspondente operação de retirada de cinzas. O
espaço livre entre as partículas é ocupado pelo gás gerado no processo e o agente
gaseificante, os quais circulam no sentido descendente até a saída dos gases que
se encontra na parte inferior do equipamento.
Basicamente apresentam-se duas configurações, os “Open – Core”, e
aqueles que têm uma espécie de garganta “Throat”. Esta última categoria é a
mais difundida.
Figura 4.2. Gaseificador de Corrente Descendente ou de Tiro Invertido
(Tipo Garganta), [Forest Industries Division, 1993 e McKendry (Part III), 2002].
76
No tipo “Open – Core”, tanto a biomassa como os agentes gaseificantes
entram pela parte superior do gaseificador sem apresentar variações significativas
de diâmetro ao longo do seu corpo. É complexo delimitar suas regiões podendo-
se considerar que se encontra dividido em duas partes. Uma região na parte
superior de pirólise / combustão, e outra de gaseificação do resíduo carbonoso na
parte inferior. Por outro lado, nos gaseificadores downdraft tipo garganta podem-
se distinguir 4 regiões, conforme a biomassa desce: a região de secagem, a região
de pirólise, a região de oxidação e a região de redução (gaseificação).
Quando a biomassa entra no gaseificador pela parte superior, a mesma ao
descer sofre os seguintes processos: Aquece-se até 200 °C produzindo a secagem
completa desta, conforme continua descendo, a partir dos 250 °C inicia-se o
processo de pirólise gerando gás, alcatrão e um resíduo carbonoso (char). Dado
que a pirólise ocorre lentamente a temperaturas baixas, a fração de biomassa
convertida em alcatrão é muito alta. A seguir aparece a região de oxidação, onde
se produz a injeção do agente gaseificante (ar ou oxigênio). Este reage
rapidamente com os gases combustíveis procedentes da pirólise, elevando a
temperatura nessa região em níveis de 1000 a 1200 °C; estas elevadas
temperaturas favorecem o fracionamento (craking) dos alcatrões presentes.
Finalmente se atinge a região de “redução”, onde se produz a gaseificação do
char” por parte do CO
2
e o vapor de água presentes no gás produto, o qual
retifica a sua composição conforme ocorre o equilíbrio gasoso do conjunto de
reações que têm lugar a temperaturas ao redor de 700 ° C. Desta região sai uma
corrente final do gás, uma corrente de cinzas e restos de “char” sem gaseificar.
a. SISTEMA DE ALIMENTAÇÃO
Dado que a alimentação destes gaseificadores realiza-se pela parte superior,
é preciso um sistema de elevação da biomassa até o ponto de alimentação. Este
sistema permite o fluxo do material com uma ampla granulométrica. Para se
conseguir uma alimentação relativamente continua e garantir o fechamento
77
hermético necessário para evitar a saída dos gases, faz-se a utilização de uma
câmara intermediária cilíndrica delimitada por válvulas.
b. CORPO DO GASEIFICADOR
Em geral o corpo do gaseificador é de forma cilíndrica e apresenta as
seguintes características: resistência térmica para elevadas temperaturas,
resistência estrutural, resistência à fricção e isolamento térmico do interior.
Como não é fácil conseguir com um só material todas estas características,
os gaseificadores são construídos com diferentes materiais. Uma camada de aço
que lhe dá a resistência estrutural, uma capa de isolante térmico e uma capa de
cimento refratário que o isola termicamente e oferece uma resistência mecânica
interna requerida. Um bom controle do processo de gaseificação é realizado
mantendo um adequado perfil de temperatura ao longo do gaseificador.
Dado que a região da garganta é crucial para se conseguir um gás livre de
alcatrão, deve-se ter cuidado ao se projetar um gaseificador deste tipo, por
exemplo, uma inclinação adequada em torno a 45 °C, facilita o deslizamento da
biomassa e permite delimitar as regiões de pirólise, oxidação e redução. Por
outro lado a área de entrada da garganta determina entre outros fatores a
capacidade de processamento da biomassa. Nos gaseificadores tipo “downdraft
o parâmetro utilizado para o desenho da garganta é a sua “capacidade específica”
que varia entre 0,1 e 0,7 kg/h.m
2
[Arauzo, 1999].
A distribuição uniforme do agente gaseificante (ar) ao longo da superfície
da garganta, representa outro ponto chave no projeto do corpo do gaseificador.
Deve-se dispor de um número suficiente de entradas de ar que garantam a boa
introdução do fluxo. Neste aspecto tem grande importância a granulométrica da
biomassa já que partículas muito pequenas dificultam a entrada do ar.
Outro elemento é a grelha onde se encontra sustentada toda a biomassa
submetida ao processo de gaseificação. A grelha permite uma correta evacuação
das cinzas e restos de “char” sem gaseificar. A velocidade com que os sólidos
78
(cinzas) são retirados permite calcular o tempo de residência dos mesmos dentro
do gaseificador. Tem-se então um compromisso entre o aproveitamento térmico
do resíduo carbonoso e a retirada de cinzas do gaseificador em função da
capacidade de processamento. Finalmente o gaseificador deve ter um sistema de
retirada de cinzas que evite a sua acumulação na parte inferior.
Do exposto, pode-se dizer que os gaseificadores tipo “downdraft” são
adequados em cenários onde se deseja uma geração de energia descentralizada
para pequenos núcleos de população ou pequenas indústrias que atingem
potencias até 0,5 MW e com a possibilidade de utilizar o gás simultaneamente
para fins térmicos ou de geração de eletricidade, permitindo uma relativa
flexibilidade na biomassa utilizada assim como um fácil manejo.
4.1.3. GASEIFICADORES DE TIRO TRANSVERSAL
Este tipo de gaseificador é uma adaptação para o uso de carvão vegetal
como combustível. A gaseificação do carvão vegetal ocorre em altas
temperaturas (maiores que 1500 °C) na região de oxidação; isto pode acarretar
problemas estruturais. Nos gaseificadores de Tiro Transversal, o próprio
combustível (carvão vegetal) é o isolamento térmico, Fig. 4.3.
A alimentação é realizada pela parte superior do equipamento com direção
descendente; o ar é introduzido de um lado e os gases são retirados do lado
oposto e no mesmo nível. A região da fornalha fica perto da entrada do ar; as
regiões de pirólise e secagem se encontram localizados um pouco mais na parte
superior. As cinzas são removidas pela parte inferior e a temperatura que atingem
os gases de saída se situam entre 800 a 900 °C, o que resulta num baixo
rendimento energético total para o processo, e num gás com alto conteúdo de
alcatrão, necessitando de se empregar um carvão vegetal de alta qualidade (baixo
conteúdo de produtos voláteis).
As vantagens do sistema é poder trabalhar em pequena escala, o que pode
tornar viáveis instalações inferiores a 10 kW (potência de eixo); isto por que a
79
instalação de depuração do gás é muito simples (só precisa de um ciclone e um
filtro quente). No caso do alcatrão e material particulado este tipo de gaseificador
apresenta um teor parecido ao do tipo concorrente (Downdraft)..
4.1.4. OPERAÇÃO E PERFORMANCE DOS GASEIFICADORES DE
LEITO FIXO
Como já mencionado, em geral estes gaseificadores tem a vantagem de uma
construção simples, mas a desvantagem é a produção de um gás com baixo poder
calorífico e alto conteúdo de alcatrão. A composição típica do gás neste tipo de
gaseificadores é a seguinte: 40 a 50% de N
2
, 15 a 20% de H
2
, 10 a 15% de CO
2
, 3
a 5% de CH
4
, com um poder calorífico em geral de 4 a 6 MJ/Nm3 [McKendry.,
2002].
Figura 4.3. - Gaseificador de tiro transversal [Zanzi, 1996].
80
É importante ressaltar que num leito fixo, a pirólise tem lugar numa região
de relativamente baixa temperatura (300 a 400 °C) formando-se muitos produtos
líquidos, principalmente alcatrão. No caso de ser operado com um fluxo a
contracorrente, estes líquidos serão arrastados pelo gás até regiões de menor
temperatura e fora do gaseificador. Em conseqüência, o gás obtido teria muito
alcatrão e poeira; por isso neste caso seria necessária a sua purificação antes de
ser usado como combustível em MCI. Não entanto este gás pode ter aplicações
diretas na secagem de materiais e na geração de vapor em caldeiras.
Com o fluxo de correntes paralelas apresenta-se uma quarta região no reator
“região de redução” que permite obter maiores quantidades de CO e CH
4
no gás
produto, aumentando o conteúdo energético deste. Este gás pode ser também
usado diretamente (devido à elevada temperatura na sua saída) em queimadores
de caldeiras e turbinas a gás, ou se resfriado previamente utilizado em MCI.
4.2. GASEIFICADORES DE LEITO FLUIDIZADO
A tecnologia de leito fluidizado se pôs em marcha na escala comercial na
década de 80. Ahlstrom Corporation, da Finlândia desenvolveu e colocou em
operação 4 gaseificadores chamados “Pyroflow“ onde se utilizou como
combustíveis resíduos lenhosos submetidos a uma etapa de pré-secagem para
obter um combustível com umidade abaixo de 15%. Os 4 gaseificadores foram
aplicados em fornos rotativos de pedra calcária com potências que vão desde 15
até 35 MW [Becerra, 1999].
O funcionamento dos gaseificadores de tiro direto e de tiro invertido
(Updraft e Downdraft respectivamente) é afetado pelas propriedades
morfológicas, físicas e químicas dos combustíveis. Os problemas mais freqüentes
são a formação de escória e a excessiva queda de pressão no gaseificador. Um
sistema que permite eliminar estes problemas é o gaseificador de leito fluido, que
é ilustrado na figura 4.4; este tipo de gaseificador tem sido usado extensamente
para a gaseificação de carvão há vários anos e suas vantagens sobre os
81
gaseificadores de leito fixo têm a ver com a temperatura uniforme que se atinge
na região de gaseificação.
Explicando mais detalhadamente, neste tipo de sistema o ar ingressa através
de um leito de partículas sólidas com velocidade suficiente para mantê-las em
suspensão. O leito é aquecido e quando alcança uma temperatura elevada, as
partículas do combustível são introduzidas e rapidamente alcançam a temperatura
do leito. Como resultado deste processo, o combustível é pirolisado rapidamente,
resultando um produto com uma quantidade elevada de materiais gasosos. Na
fase de gás, ocorre uma nova gaseificação e reações de transformação do
alcatrão. Muitos destes equipamentos têm um ciclone interno, com a finalidade
de reduzir ao mínimo o escape de alcatrão. Partículas de cinza são transportadas
também para a parte superior, na saída do gás, o que normalmente exige um
equipamento de filtragem [F.I.D, 1993] [Circe, 2005].
Os gaseificadores de leito fluidizado têm capacidades mais altas, eficiências
mais elevadas e maior flexibilidade de uso de matéria base (biomassa) do que
aqueles gaseificadores de leito fixo [Williams et al., 1993]. Precisamente esta
habilidade de manejar uma ampla variedade de combustíveis de biomassa com
um mínimo de modificação no processo, tem feito ultimamente desta tecnologia
a mais utilizada para muitas aplicações. As vantagens de alta pressão são
evidentes para instalações de maior potência na faixa de 50 – 80 MW
[Blackadder et al., 1993].
O controle da qualidade do gás é sempre mais problemático nestes
gaseificadores de leito fluidizado por duas razões: Primeiro, devido às altas
temperaturas existentes no gaseificador (800 a 900 °C), alguns alcalinos se
apresentaram na fase de vapor; neste caso é muito provável que se requeira um
resfriador de gás para condensar tais alcalinos. Isto conseqüentemente aumentará
o custo total do equipamento. Segundo, há muitas mais sobras de partículas
(desperdício) com este tipo de gaseificador, cujo controle com ciclones pode não
ser adequado; por isso, filtros cerâmicos são provavelmente necessários.
[Kurkela et al., 1991] e [Pitrolo et al., 1990]. Outros inconvenientes dos
82
gaseificadores de leito fluidizado são o conteúdo de alcatrão do gás produzido
(entre 1300 e 10000 mg/Nm³), material particulado (entre 1.700 a 100.000
mg/Nm
3
), a combustão incompleta do carbono e a resposta muito lenta frente às
mudanças de carga. Por precisarem de equipamentos de controle, destinam-se
estes sistemas para aplicações acima de 500 kW [Guigon e Large, 1990].
Figura 4.4.- Gaseificador de Leito Fluidizado [Williams et al., 1989].
Os gaseificadores de leito fluidizado podem-se classificar atendendo à
variável de operação “Velocidade de fluidificação”; por exemplo, no leito
fluidizado borbulhante esta velocidade varia entre 1 a 2 m/s e no leito circulante
a velocidade normalmente é maior de 5 m/s [Becerra., 1999].
4.2.1. LEITO FLUIDIZADO BORBULHANTE
Atualmente são poucos utilizados e consistem num recipiente com uma
grelha no fundo através do qual se introduz ar (Fig 4.5). Sobre a grelha está o
83
leito fixo de material de grão fino, na qual se introduz a alimentação preparada
de biomassa. A regulação da temperatura do leito é por controle da relação entre
o ar e a biomassa. Esta é pirolisada no leito para formar um carvão com
componentes gasosos. O alto peso molecular dos componentes são craqueados
pelo contato com o material do leito, produzindo um gás final com baixo
conteúdo de alcatrão, tipicamente com 1 a 3 g/Nm
3
[McKendry (Part III), 2002].
4.2.2 LEITO FLUIDIZADO CIRCULANTE (CFBs)
Estes gaseificadores (Fig 4.6) podem fazer frente aos processos de alta
capacidade; utilizam-se por exemplo na indústria de papel para a gaseificação
dos resíduos das árvores e de outros resíduos da silvicultura. O material do leito
circula entre a área de reação e um separador tipo ciclone onde a cinza é
removida e o material do leito e o carvão residual retornam ao gaseificador. Estes
gaseificadores podem funcionar a elevadas pressões; a vantagem é que este gás
pode ser usado direto em turbinas a gás por exemplo [McKendry (Part III),
2002].
As empresas como Lurgi (Alemanha), Ahlstrom (Finlandia) e Studsvik
(Suécia) têm experiência neste tipo de gaseificador. Não há muita experiência de
CFBs (Circulating Fluidized Beds) pressurizados operando com matéria
incluindo carvão. A Ahlstrom esteve desenvolvendo um CFBs pressurizado para
aplicações de biomassa, considerando para iso equipamentos de resfriamento e
filtragem do gás [Williams et al., 1989].
4.3. COMPARAÇÕES ENTRE OS GASEIFICADORES
Os gaseificadores Updraft e Downdraft também chamados de
gaseificadores de primeira geração são mais simples e baratos de construir que os
de leito fluidizado.
84
Figura 4.5. Leito fluidizado borbulhante [Williams et al., 1989].
Figura 4.6. Leito fluidizado circulante CFBs [Williams et a., 1989].
85
Por outro lado nos gaseificadores tipo concorrente (Downdraft), o conteúdo
de alcatrão é baixo, devido ao craqueamento deste na região de oxidação, os de
contracorrente apresentam alta eficiência térmica e conteúdo relativamente alto
de alcatrão, sobretudo quando a biomassa gaseificada é úmida. Por isso os
gaseificadores de leito concorrente são os mais utilizados para o acionamento de
motores de combustão interna.
No caso de gaseificador de contracorrente, apesar de produzir gás sujo, são
de dimensionamento melhor, por não possuírem restrições em relação ao
diâmetro da garganta; por esta razão estes tipos de gaseificadores têm sido
aplicados no fornecimento de energia térmica doméstica ou industrial
[Beenackers e Maniatis, 1996].
Os gaseificadores de leito fluidizado são mais convenientes para aplicações
de alta capacidade, como em sistemas BIG/GT, por causa de sua alta
flexibilidade em relação ao combustível (permite usar combustíveis de baixa
densidade e granulométria fina, como é o caso da maioria dos resíduos
agroindustriais), assim como pela facilidade no dimensionamento. [Blackadder et
al.,1993]. A tabela 4.1 apresenta as vantagens e desvantagens tanto dos
gaseificadores de tipo leito fixo e leito fluidizado.
4.4. OUTROS TIPOS DE GASEIFICADORES
Na atualidade estão se desenvolvendo novos tipos de gaseificadores, tendo
sempre como base os tradicionais, em especial dando importância ao
aproveitamento energético dos gases de exaustão, para reduzir o conteúdo de
umidade na biomassa de alimentação.
A tabela 4.2 apresenta as principais características quanto a material
particulado, conteúdo de alcatrão e potência elétrica que se conseguiriam com os
diferentes tipos de gaseificadores.
86
Tabela 4.1. Vantagens e desvantagens dos diferentes tipos de gaseificadores
Adaptado de [Arauzo, 1999]
DOWNDRAFT UPDRAFT
Construção relativamente simples Construção simples e robusta
Requer-se baixa umidade nos
combustíveis
Alta eficiencia térmica
Produz-se um gás relativamente limpo Gás com alto conteúdo de alcatrão
Alta temperatura do gás na saída Baixa temperatura do gás na saída
Possível fusão de cinzas e formação de
escorias na grelha
O gás produzido é apto para a
combustão direta
Baixa capacidade específica Facilidade de operação com baixa
escala
Elevado tempo de residência
(permanência) dos sólidos
Elevado tempo de residência
(permanência) dos sólidos
Elevada conversão da biomassa Elevada conversão da biomassa
Potencial de dimensionamento muito
limitado
É necessário um bom sistema de
limpeza dos gases para sua utilização
em motores
Fácil dimensionamento Fácil dimensionamento
LEITO FLUIDIZADO
BORBULHANTE
LEITO FLUIDIZADO
CIRCULANTE
Permitem-se variações na qualidade
dos combustíveis
Grande dificuldade de operação em
relação ao leito fixo
Bom controle da temperatura e alta
velocidade de reação do sólido
Bom controle da temperatura e alta
velocidade de reação do sólido
Bom contato da mistura de gás - sólido Bom contato da mistura de gás - sólido
Moderado nível de alcatrão no gás
produzido
Gás na saída com nível moderado de
alcatrão
Possível processo catalítico no leito Elevada conversão
Grande quantidade de partículas no gás
na saída, que num leito fixo
Limitações ao operar a baixa
temperatura
Fácil arranque e parada Alta capacidade especifica
Limitações ao operar a baixas cargas
Elevada conversão da biomassa
Fácil dimensionamento
Facilidade para seu dimensionamento
87
Tabela 4.2. Principais características de operação dos diferentes tipos de
gaseificadores [Arauzo, 1999]
REATOR TEMP. ° C ALCATRÃO MATERIAL
PARTICULADO
MWe *
Reação - Saída Min Max
Downdraft
1000 - 800 Muito baixo Moderado 0,1 1
Updraft
1000 - 250 Muito alto Moderado 1 10
Borbulhante
850 - 850 Medio Alto 1 50
Circulante
1000 - 850 Baixo Muito alto 5 100
* Aplicado para geração de energia elétrica.
Os últimos projetos de gaseificação de pequeno porte levam por nome
“gaseificação em duas fases” e caracteriza-se por ter a pirólise e a gaseificação
em reatores separados com uma temperatura alta ou intermediária na região de
craqueamento do alcatrão, permitindo um fino controle da temperatura do
processo, resultando em concentrações muito baixas de alcatrão na produção do
gás, ainda sem ser este um gás limpo (25 mg/Nm
3
).
O gaseificador de duas fases conhecido pelo nome de “Viking” foi
comissionado pela DTU (Universidade cnica da Dinamarca). Durante os
meses de fevereiro e março do ano 2003 um ciclone foi agregado para remover
partículas das correntes dos gases quentes.
A Fig 4.7 apresenta um esquema deste tipo de sistema desenvolvido pela
Universidade Técnica de Dinamarca (DTU) [Jens et. al., 2000].
88
Figura 4.7. Gaseificador de duas fases, adaptado de [Jens et al., 2000].
Figura 4.8. Gaseificadores tipo Downdraft (Esq) e de Leito Fluidizado (Der)
ambos de pequeno porte [http://www.biomass.org, consultado em Maio
2007].
89
CAPITULO 5
LIMPEZA E ACONDICIONAMENTO DO GÁS DE BIOMASSA -
ESTADO DA ARTE
5.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Nos MCI e nas turbinas a gás, a limpeza extensiva do gás deve ser
obrigatória e rigorosa para garantir a qualidade de funcionamento do sistema. As
conseqüências de uma limpeza inadequada do gás de gaseificação de biomassa
têm sido amplamente demonstradas.
Desde meados da década de 80, se obtiveram significantes avanços com a
finalidade de melhorar a limpeza do gás, sobretudo para instalações de
gaseificadores de biomassa de grande porte acoplados com grandes turbinas
geradoras de potência. Em meados da década de 90, distintos projetos de
gaseificação de grande porte com turbinas foram propostos e alguns deles
continuam em construção e outros em fases de operação. Em 2000, foi expresso
o interesse adicional no uso da gaseificação de biomassa como método para a
produção de gás sínteses e hidrogênio. Os gases sínteses seriam usados para
produzir combustíveis para o transporte ou na produção de produtos químicos; o
interesse no hidrogênio derivado da biomassa é especificamente com a finalidade
de produzir um combustível limpo para a operação em células de combustível.
5.2. PRINCIPAIS POLUENTES NO GÁS DE BIOMASSA
Os principais componentes a eliminar no gás são:
Material particulado
Componentes Alcalinos
Alcatrão
Componentes que contenham nitrogênio
90
Enxofre
De todos eles, os mais importantes em quantidade e quanto ao nível de
eficiência que representaria o gaseificador são o conteúdo de partículas e o
conteúdo de alcatrão presentes nos gases. A tabela 5.1 mostra os conteúdos
limites típicos destes componentes no gás combustível para uso em MCI e
turbinas a gás.
5.2.1. MATERIAL PARTÍCULADO
São definidos como materiais em fase sólida arrastados pelo gás produzido
no reator. As partículas tipicamente incluem material inorgânico (cinza) que é
derivado do material mineral da biomassa de alimentação, biomassa não
transformada na forma de “char” (resíduo sólido produto da pirólise da
biomassa) e material do leito. A maioria dos gaseificadores de grande porte
utiliza configuração fluidizada borbulhante e/ou circulante para assegurar as
condições uniformes do leito durante a gaseificação. As condições turbulentas
nestes equipamentos produzem uma alta carga de material particulado no gás.
Como resultado, a limpeza dos mesmos é muito necessária para estes sistemas.
5.2.2. COMPONENTES ALCALINOS
A composição química das cinzas determina as propriedades físicas do
material tais como ponto de fusão e ponto de vaporização. A composição
química de cinzas procedentes da biomassa é apresentada na tabela 5.2. Como
pode ser visto, a biomassa deve conter uma quantidade significativa de sais
alcalinos, particularmente potássio. Este último é um elemento requerido para o
crescimento do vegetal; concentrações altas deste elemento são evidenciadas
sobretudo nos cultivos energéticos. Na tabela 5.3 apresentam-se as concentrações
de alcalinos presentes no gás de biomassa.
91
Tabela 5.1. Qualidade do gás para geração de potência [H.E.M. Stassen, 1993;
Milne T.A et al., 1998]
MCI Turbina
Partículas (mg/Nm
3
)
< 50 < 30
Tamanho da partícula (µm)
< 10 < 5
Alcatrão (mg/Nm
3
)
< 100 -
Metais alcalinos (mg/Nm
3
)
- 0,24
Tabela 5.2. Composição da cinza a partir da biomassa selecionada [Klass,1998]
Composição da cinza por constituinte, % base seca
CaO K
2
O P
2
O
5
MgO Na
2
O SiO
2
SO
3
Outros
Álamo
47,2 20,0 5,0 4,4 0,2 2,6 2,7 17,9
Pinus
49,2 2,6 0,3 0,4 0,4 32,5 2,5 12,1
Grama
4,8 15,0 2,6 2,6 0,1 69,9 1,9 3,1
A importância da remoção de material alcalino no fluxo de gás de biomassa
dependerá do uso final do mesmo. O problema da formação de vapores alcalinos
e a sua deposição são particularmente críticos em sistemas onde os produtos
quentes do gaseificador são usados sem um significante resfriamento. Um
moderado resfriamento do gás seguido pela remoção de grandes quantidades de
partículas é possível com adequada limpeza do mesmo em evaporadores que
podem tolerar alguma deposição de cinzas. Outras aplicações como as turbinas
requerem uma significante limpeza destes componentes. Ainda em sistemas onde
a condensação de vapores alcalinos não é um problema, a presença de sais
alcalinos pode criar outros problemas, entre os quais corrosão de superfícies
metálicas, entre outros.
92
Tabela 5.3. Concentrações de alcalinos no combustível [Miles et al., 1996]
Biomassa Óxidos Alcalinos
(kg/GJ)
Probabilidade de
conversão em escória
Resíduos de jardim
0,50 Muito alta
Madeira – Casca de
amêndoa
0,40 Muito alta
Resíduos florestais
0,22 Media
Álamo híbrido
0,17 Alguma
Carvalho vermelho
0,09 Baixa
5.2.3. ALCATRÃO PRESENTE NA GASEIFICAÇÃO
Alcatrão é um termo genérico que descreve um complexo grupo de
constituintes orgânicos que são produzidos pela reação parcial da biomassa. Tais
materiais residem na corrente do gás quente como fluxo vaporizado ou como
uma nevoa, e que tipicamente condensam a temperaturas mais baixas. Este
alcatrão inclui uma variedade de aromáticos oxigenados formados no processo de
pirólise. O termo alcatrão tem sido ativamente discutido faz poucos anos sem
nenhuma conclusão resolutiva. Pode se definir o alcatrão como sendo moléculas
orgânicas com pesos maiores que o benzeno 78. Esta definição tem sido usada
em algumas referências de sistemas de gaseificação de biomassa [Neef et al.,
1999].
O alcatrão pode ser tolerado em sistemas onde o gás deve ser utilizado
diretamente em queimadores, por exemplo, já que o conteúdo de alcatrão eleva o
poder calorífico do gás combustível. No entanto, quando utilizado para outros
fins, o alcatrão representa problema de limpeza e deve ser classificado como
perigoso. A presença de alcatrão não é desejada na produção de gás síntese ou
em aplicações de hidrogênio. A presença de alcatrão representa uma redução na
eficiência do gaseificador, tendo em vista que menos biomassa é convertida em
93
combustível ou gás síntese. Na tabela 5.4 apresentam-se as quantidades de
alcatrão para diversos tipos de gaseificadores.
5.2.4. POLUENTES DE CONTEUDOS NITROGENADOS
O poluente primário do conteúdo nitrogenado no gás de saída é a amônia
(NH
3
). Os níveis aceitáveis de amônia na corrente do gás são tipicamente ditados
por regulamentações locais. Os sistemas de gaseificação devem ser projetados
necessariamente conhecendo-se estas regulamentações. As concentrações de
amônia são relativamente baixas na maioria dos gaseificadores, mas na corrente
do gás é indesejável, principalmente porque propicia a formação de NOx quando
os produtos de gás são queimados.
A limpeza de NH
3
é requerida para sistemas em localizações com
regulamentações estritas de emissões NOx. Eles são produzidos por reações do
nitrogênio ou moléculas que contem nitrogênio com oxigênio a elevadas
temperaturas representativas em sistemas de combustão.
5.2.5. ENXOFRE
Os enxofres na biomassa podem converter-se em sulfito de hidrogênio ou
óxidos de enxofre durante a gaseificação. Na maioria de aplicações onde os
produtos da biomassa são usados como gases combustíveis, não são necessárias
as tecnologias para remover enxofre. Alguns catalisadores de craque do alcatrão
são também sensíveis ao enxofre.
Em resumo, pode-se dizer que os principais problemas para melhorar a
qualidade do gás combustível são a quantidade de material particulado e o
conteúdo de alcatrão. A seguir se enumera as tecnologias apropriadas para a
remoção destas substâncias.
94
Tabela 5.4. Comparação do conteúdo de alcatrão e material particulado assim
como qualidade do gás obtido em distintos tipos de gaseificadores [Graham e
Bain, 1993; Neef et al., 1999; Hasler e Nussbaumer, 1999]
Downdraft Updraft CFB
Umidade (%)
6 - 25 13 - 20
Partículas
(mg/Nm
3
)
100 - 8000 100 - 3000 8000 - 100000
Mínimo
10 100 8000
Maximo
10000 3000 100000
Valor
representativo
(níveis aceitáveis)
100 – 200 100 – 1000 10000 – 35000
Alcatrão
Mínimo
0,4 1 < 1
Maximo
6,0 150 30
Valor
representativo
(níveis aceitáveis)
0,1 – 1,2 20 - 100 1 – 15
PCI (MJ/Nm
3
)
4,0 – 5,6 3,7 – 5,1 3,6 – 5,9
H
2
15 – 21 10 – 14 15 – 22
CO
10 – 22 15 – 20 13 – 15
CO
2
11 – 13 8 – 10 13 – 15
CH
4
1 – 5 2 – 3 2 – 4
C
n
H
m
0,5 - 2 nd 0,1 – 1,2
N
2
Resto Resto Resto
nd: Não disponível
95
5.3. TECNOLOGIAS PARA A REMOÇÃO DE MATERIAL
PARTICULADO
Os níveis de partículas devem estar abaixo de 50 mg/Nm
3
para motores a
gás [Abatzoglou et al., 2000], e abaixo de 15 mg/Nm
3
(> 5 µm) para turbinas a
gás é abaixo de 0,02 mg/Nm
3
para sistemas de gás de síntese [Graham e Bain,
1993]. Os métodos para remoção de partículas incluem os seguintes
equipamentos:
Ciclones
Filtros de mangas
Purificadores eletrostáticos
Depuradores úmidos (wet scrubbers)
A seguir se descreve cada um desses equipamentos:
5.3.1. CICLONES
São usados como primeiro passo para a limpeza do gás na maioria de
sistemas de gaseificação, já que são eficientes e relativamente de menor custo de
construção e operação. Em gaseificadores de leito circulante, o ciclone já faz
parte do gaseificador. Os ciclones, Fig 5.1, são utilizados para remover partículas
grandes e podem operar numa ampla gama de temperaturas, limitadas pelo
material de sua construção. Estes equipamentos podem remover mais de 90% de
partículas acima de 5 µm de diâmetro com mínima perda de carga (0,01 atm). A
remoção parcial de material entre 1 a 5 µm é também possível, mas neste caso o
sistema é ineficaz. Os ciclones também ajudam na remoção do alcatrão
condensado e materiais alcalinos da corrente do gás [Stevens, 2001].
96
Figura 5.1. Ciclone [htpp://www.bioenergyinternational.com, consultado em
Agosto 2005].
5.3.2. FILTRO DE MANGAS
Os filtros incluem uma gama de materiais porosos que permitem o fluxo
dos gases, mas impedem a passagem de partículas. Estes filtros removem
pequenas quantidades de partículas entre 0,5 e 100 µm de diâmetro. Conforme o
diâmetro do poro seja menor, a perda de carga no mesmo é incrementada. Por
isso, existe uma série de condições técnicas e econômicas que limitam a remoção
de partículas. Deve-se ter muito cuidado sobretudo nos gaseificadores onde se
manejam maiores volumes de gases.
Estes filtros devem ser limpos periodicamente com fluxos de ar a alta
pressão na direção contraria ao fluxo de gases, diminuindo a carga de
particulados. Normalmente ficam instalados depois dos ciclones. Os filtros são
apropriados para remover partículas secas, mas são menos apropriados para
remover poluentes úmidos e pegajosos como é o caso do alcatrão. Os filtros de
manga dividem-se tipicamente em: filtros rígidos e os filtros de bolsa (bag or
fabric filtres).
97
a. FILTROS RÍGIDOS
Quanto aos filtros rígidos (vide Fig 5.2), os mas típicos são os filtros
metálicos e os filtros cerâmicos. Os primeiros requerem um esfriamento prévio
do gás para evitar a sinterização do metal e a corrosão do mesmo; por outro lado
os cerâmicos são especiais para trabalhar a elevadas temperaturas, mas são muito
frágeis chegando inclusive a se fraturar por choques térmicos [Sydkraft, 1998].
b. FILTROS DE BOLSA
Este filtro de gases é o mais comum; consta de um grande depósito
cilíndrico ou em forma de paralelepípedo dividido longitudinalmente em duas
partes. O gás carregado de sólidos penetra pela parte inferior dele e passa através
das mangas onde se filtra e sai pela parte superior, arrastado por um aspirador.
Em intervalos regulares e num grupo atrás do outro, as mangas de filtragem são
limpas mediante as válvulas solenóides e bocais que injetam ar. O processo de
limpeza consta de rápidos pulsos de grande vazão de ar a pressão em
contracorrente, de aproximadamente 0,2 segundos de duração cada um. Com
cada um destes sopros, as mangas inflam-se abruptamente provocando o
desprendimento de partículas que estavam fixadas em sua parte externa. Fig 5.3.
Estes requerem que o gás seja resfriado primeiramente a temperaturas
abaixo de 300 °C. Deve-se ter muito cuidado para prevenir a condensação do
alcatrão, o que poderia criar sérios problemas de perda de carga e obstrução,
devido às características pegajosas do alcatrão [Stevens, 2001]. Existem outros
tipos de filtros que utilizam leito como material de filtragem; o leito pode ser de
areia, serragem, esferas cerâmicas, etc.
Para gaseificadores com capacidade nominal de 270 kW de potência
térmica, a quantidade total de areia usada deve ser de aproximadamente 1100 kg;
o gás limpo sai do filtro de areia a temperaturas entre 5 a 25 °C. Na prática o
98
procedimento de limpeza dos filtros de areia apresenta desvantagens em
comparação com outras tecnologias [Hasler and Nussbaumer, 1999].
Figura 5.2. Filtros cerâmicos [htpp://www.bioenergyinternational.com.
consultado em Agosto 2005].
Figura 5.3. Filtros de bolsa [htpp:/www.prillwitz.com.ar, consultado em Agosto
2005].
99
5.3.3. PURIFICADORES (PRECIPITADORES) ELETROSTÁTICOS
Mediante estes filtros, cria-se um campo eletrostático que captura as
partículas pela contínua ionização das mesmas. Estes filtros especiais podem ser
construídos utilizando-se pratos coletores de polaridades opostas em cuja
superfície acumulam-se partículas carregadas eletricamente. Fig 5.4.
Vantagens Diretas do uso de purificadores eletrostáticos:
- Melhor nível de retenção. Alta eficácia, consegue-se rendimento comparável
e na maioria dos casos superiores aos filtros tradicionais.
- Podem trabalhar a elevadas temperaturas. Os precipitadores eletrostáticos
permitem filtrar a corrente sem que seja necessário reduzir a temperatura dos
gases. Têm sido projetados para trabalhar até 500 °C.
- Menor perda de carga. Pelas características de projeto e princípios de
funcionamento a perda de carga é muito baixa. Por esse motivo a potência
necessária no ventilador reduz-se notavelmente, e portanto o custo e
consumo de eletricidade também.
- Pouca manutenção: Os filtros eletrostáticos não têm muitos componentes de
troca periódica, e sua manutenção reduz-se a uma simples revisão anual.
Estes filtros são apropriados para a gaseificação de médio e grande porte
devido ao tamanho físico e os elevados custos de investimento. Em geral, o uso
destes filtros em sistemas de gaseificação de pequeno porte e em alguns de médio
porte, apresenta uma desvantagem sobre o ponto de vista econômico.
5.3.4. DEPURADORES ÚMIDOS (WET SCRUBBERS)
A depuração úmida é um processo útil para tratar fluxos de gases ácidos,
amoníaco ou fluxos com partículas sólidas.
100
(a)
(b)
(c)
Figura 5.4. Purificadores (precipitadores) Eletrostáticos
[htpp://www.bioenergyinternational.com. consultado em Agosto 2005].
O mais comum é do tipo Venturi, que são depuradores nos quais se acelera o
fluxo de gás contra uma pulverização aquosa de alta densidade. As gotas aquosas
impactam a uma grande velocidade relativa com os sólidos do fluxo de gás. As
velocidades do gás são tipicamente entre 60 a 125 m/s na região de estreitamento, a
eficiência na remoção de partículas é proporcional à queda de pressão no Venturi; por
exemplo, com uma caída da pressão de 2,5 a 25 kPa, estes depuradores podem
remover 99% de partículas acima de 2 µm e 95 a 99% destes acima de 1 µm [Baker et
al., 1986].
O conglomerado de partículas resultante se separa do fluxo de gás numa torre de
separação em virtude da força de inércia. A pulverização de alta densidade também
possibilita uma transferência de massa para a adsorção de poluentes gasosos.
101
Figura 5.5. Depurador úmido do Tipo Venturi
[htpp://www.bioenergyinternational.com. consultado em Agosto 2005].
Os sistemas de gaseificação de biomassa que atualmente usam depuradores úmidos, os
utilizam sobretudo para eliminar mais alcatrão do que partículas sólidas. [Stevens.,
2001]. De o gráfico a seguir, observa-se a eficiência de separação de acordo com o
tamanho da partícula. Fig 5.6.
5.4. TECNOLOGIAS PARA A REMOÇÃO DE ALCATRÃO
A remoção de alcatrão é particularmente necessária em sistemas onde o gás é
resfriado por trocadores de calor devido à condensação dos vapores destas substâncias,
já que provocariam grandes problemas operacionais na instalação e diminuição da
eficiência total do gaseificador.
102
Figura 5.6. Eficiências na separação de partículas em sistemas convencionais de
limpeza do gás de saída [Hasler e Nussbaumer, 1999].
É inevitável a formação de alcatrão, ocorre em todo tipo de gaseificador, em
alguns com maior concentração que em outros. O alcatrão é considerado perigoso e até
cancerígeno em especial se são formados a elevadas temperaturas, portanto requer um
maior nível de segurança quanto a sua manipulação e disposição [Neef et al., 1999];
[Elliot, 1985].
5.4.1. DEPURADORES ÚMIDOS (WET SCRUBBER)
Tal como foi mencionado, os depuradores úmidos (wet scrubbers) são, utilizados
principalmente para a remoção de alcatrão. Umas amplas variedades de equipamentos
estão disponíveis, como por exemplo, as torres de spray (spray towers), sistemas que
usam líquidos depuradores (impingement scrubber), depuradores com defletores e os
conhecidos depuradores Venturi. Os detalhes deste e outros tipos de depuradores
apresentam-se na tabela 5.5 e 5.6 e na figura 5.7.
103
Tabela 5.5. Quedas de pressão e tamanhos de material particulado recolhido em
depuradores úmidos [Baker et al., 1986]
Queda de
pressão, cm c.a
Tamanho de partícula (µm)
para 80% de colheita
Torre de spray 1,5 – 4,0 10
Packed – Bed Scrubber 5 - 125 1 – 10
Venturi 10 - 250 0,2 – 0,8
Para sistemas de gaseificação de grande escala, tem-se demonstrado a elevada
efetividade dos depuradores úmidos para a remoção de alcatrão, como por exemplo,
aqueles usados no projeto ARBRE, como sempre, o gás é resfriado antes da sua
entrada nos depuradores.
Por outro lado, o uso destes depuradores, em sistemas de gaseificação de
pequeno porte, provou ser um método menos confiável para a remoção. A produção de
alcatrão neste sistema é susceptível a mudança no conteúdo de umidade da biomassa.
O elevado conteúdo de umidade reduz a temperatura interna do gaseificador promove
a formação de mais alcatrão. Alguns autores consideram que a utilização de
depuradores úmidos para a gaseificação de pequeno porte não é prática, já que
aumentam os custos operacionais [Stevens, 2001].
5.4.2. FILTRO DE MANGAS
O alcatrão é capturado pela impregnação do mesmo em estado líquido na
superfície do filtro. Devido ao fato de que o alcatrão apresenta-se na forma líquida,
este é mais fácil de remover. O problema da remoção é quando este se apresenta junto
com material particulado. Esta combinação não beneficiaria a rápida limpeza do
material na filtragem. Estas diferenças fazem com que os filtros de mangas sejam
menos apropriados para remover alcatrão que para remover o material particulado.
Como já se sabe, além dos tradicionais filtros de mangas, existem os filtros rígidos
(cerâmicos e metálicos); estes últimos são geralmente inapropriados para remover
104
alcatrão em sistemas de gaseificação. A acumulação de alcatrão nestes filtros leva a
obstrução do mesmo.
Tabela 5.6. Eficiências na remoção do alcatrão reportados de depuradores úmidos em
sistemas de gaseificação de biomassa [Neeft et al., 1999]
Tecnologia Eficiência na remoção do alcatrão
Torres de spray 11 – 25% de alcatrão pesados
40 – 60% Hidrocarbonatos Poliaromáticos
0 – 60 % Compostos fenolitos
Venturis e depuradores de spray 83 – 99% Material condensável
Venturi mais decantador
ciclónico
93 – 99% Orgânicos condensáveis
Depurador Vortex 66 – 78% Evaporação de resíduos
Figura 5.7. Depurador úmido- Wet Scrubber [htpp://www.unizar.es, consultado
Setembro 2005].
105
5.5. CATÁLISE E DESTRUIÇÃO TERMICA DO ALCATRÃO
Neste processo, o resultado da decomposição térmica do alcatrão é um produto
do gás chamado “char”; a decomposição do alcatrão pode ocorrer a uma temperatura
por acima de 1200 °C ou com catalisadores a temperaturas moderadas de 750 a 900
°C. Estes métodos são interessantes porque incrementam a eficiências na conversão e
simultaneamente eliminam o alcatrão. Por isso, estes processos são apropriados para
gaseificadores de grande porte sobretudo nos de leito fluidizado onde a temperatura de
saída dos gases esta por acima de 800°C.
A destruição do alcatrão por catalisadores em sistemas de gaseificação de
biomassa foi usada há 20 anos [Bridgwater, 1994; Beenakers, 1994; Aznar et al.,
1997; Caballero et al., 1999]. Catalisadores metálicos e não metálicos foram utilizados
para o craqueamento e destruição do alcatrão no próprio reator [Baker et al., 1986] ou
em recipientes separados na saída do gaseificador.
Em gaseificadores de leito fixo, o contato entre o catalisador e o alcatrão é
algumas vezes insuficiente, resultando numa destruição incompleta do alcatrão. As
pesquisas sugerem que o uso de catalisadores para a destruição do alcatrão in situ pode
reduzir o nível, mas indicam que não parece ser este um efetivo método em instalações
de grande porte. Grande parte das pesquisas tem sido desenvolvida utilizando
recipientes com catalisadores localizados fora do gaseificador. Esta reação separada
propicia um melhor controle na temperatura e redução da turbulência no leito,
contribuindo desta forma, a incrementar a vida útil do catalisador. As dolomitas e
materiais similares (catalisadores não metálicos) têm elevado potencial de
craqueamento do alcatrão em sistemas de gaseificação de biomassa, em condições de
laboratório reduzem entre 95 a 99% do alcatrão no fluxo de gás a temperaturas de 750
a 900°C [Alden et al., 1997].
Alguns pesquisadores têm usado catalisadores não metálicos seguidos de
depuradores úmidos para a eliminação quase completa do alcatrão. Em temperaturas
de operação de aproximadamente 800 °C, a concentração de alcatrão utilizando
reatores de leito fluidizado com um catalisador não metálico como craqueador foi
reduzido de 23 g/m
3
a 1,4 g/m
3
posteriormente, este gás foram levados a depuradores
106
úmidos; esta combinação resultou numa produção quase nula de alcatrão [Paisley,
1997]. Este craqueador foi testado em Battelle Columbus, Estados Unidos.
Os catalisadores metálicos para o craqueamento de alcatrão, incluem aqueles
baseados em Ni, Ni/Mo, Ni/Co/Mo, NiO, Pt, Ru em suportes tais como sílica alumina,
zeolitas e outros [Aznar et al., 1997] e [Alden et al., 1997]. A vantagem do uso destes
catalisadores é a destruição também da amônia presente no gás.
Com a finalidade de uniformizar os métodos para a redução do alcatrão, e desta
forma comparar os resultados obtidos em laboratórios e centros de pesquisa de
diferentes lugares, tem-se estabelecidos certos protocolos para uniformizar os métodos
[Maniatis e Beenakers, 2000].
107
CAPÍTULO 6
DIMENSIONAMENTO E FUNCIONAMENTO DO GASEIFICADOR E
DO SISTEMA DE ALIMENTAÇÃO
No presente capítulo detalha-se o dimensionamento e o funcionamento do
gaseificador para uma capacidade de processamento de 100 kg/h de biomassa
lignocelulósica, assim como o seu correspondente sistema de alimentação.
Como já mencionado, a escolha do o tipo de gaseificador depende do tipo de
material a ser gaseificado e do uso final do gás produzido. Como o sistema de
gaseificação deverá alimentar com gás de biomassa um MCI, um gaseificador de leito
fixo tipo “downdraft” deve ser utilizado, devido a sua capacidade de produzir menos
alcatrão no gás combustível [Mendis et al., 1989], alem do fato de apresentar distintas
vantagens que serão apresentadas ao longo deste capítulo. Destes modelos tipo
downdraft, se elege sobretudo aqueles de tipo “garganta”. [Bilbao e Fernández, 1988],
[Arauzo. 1999]. Como a biomassa depende do fluxo de ar introduzido e do sistema de
remoção de resíduos, as influências de ambas variáveis serão consideradas para o
estudo do sistema [Jenkins e Goss, 1980].
6.1. FLUXOS PRODUZIDOS EM GASEIFICADORES DOWNDRAFT
De acordo a dados reais obtidos de gaseificadores de pequeno porte construídos
pelo Grupo de Processos Termoquímicos da Universidade de Zaragoza – Espanha,
quanto a condições de operação, fluxo de ar de entrada e fluxo de gás produzido em
relação à biomassa processada (entre 25 e 620 kg/h), tem-se o gráfico apresentado na
figura 6.1.
Da figura 6.1 pode-se estimar que o fluxo de ar necessário para os 100 kg/h de
alimentação é de 120 Nm
3
/h e o gás gerado nestas condições é de 200 Nm
3
/h. A tabela
6.1 mostra dados obtidos de gaseificadores tipo downdraft construídos nos últimos
anos com o mesmo projeto da grelha e mesmo sistema de remoção de partículas.
108
FLUXO DE AR, GAS E SOLIDOS PRODUZIDOS DE GASEIFICADORES
DOWNDRAFT COM GARGANTA
0
200
400
600
800
1000
1200
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650
Biomassa processada (kg/h)
Fluxo
(Nm3/h)
0
5
10
15
20
25
30
35
Solidos produzidos (kg/h)
Gas Produzido
Fluxo de ar
Produçao de sólidos
Figura 6.1. Fluxo de ar necessário e gás produzido em função da biomassa processada
em um gaseificador tipo Downdraft com garganta [Grupo de Procesos
Termoquímicos, 2005].
6.2. SISTEMA DE ALIMENTAÇÃO DE BIOMASSA
O sistema de alimentação é composto de uma coifa principal de armazenamento
de biomassa com capacidade para várias horas de operação, a fim de garantir a
alimentação desta ao gaseificador em função do consumo. Desta coifa, a biomassa é
descarregada sobre um pequeno cilindro (C
1
) que conecta à parte inferior da coifa com
a tampa superior do gaseificador. Para mais detalhes da coifa e do cilindro de
alimentação, apresentam-se as figuras 6.2 e 6.3 respectivamente, por outro lado os
planos dos desenhos tanto da coifa como do cilindro são apresentados nos anexos
planos N° 9 e 10 respectivamente.
109
Tabela 6.1: Dados técnicos de gaseificadores Downdraft tipo garganta, adaptados de
[Arauzo, 1999], [Redd e Dass, 1989], [Beenackers e Bridgwater, 1989], [Garcia et al.,
1994]
GERAL
Capacidade de processamento
10 - 750 kg/h
Quente (600 a 700 ºC)
0,11 - 12 GJ/h
Frio(40 a 70ºC)
0,10 - 10 GJ/h
Energia do gás de saída
Pot. Elétrica do motor
10 - 750 kW
Capacidade específica na garganta
180 - 3600 kg/m
2
h
SISTEMA DE ALIMENTAÇÃO DA BIOMASSA
Dimensões
20 - 80 mm
Umidade
0 - 30 %
Cinzas
0 - 15 %
Relação ar / biomassa (l.c.u)
1,25 – 2,00
CONDIÇÕES DE OPERAÇÃO
Pressão
1 - 10 bar
Temperatura (máxima)
1000 - 1200 °C
GAS DE SAÍDA
Temperatura
500 – 800 °C
Composição média (base seca)
H
2
(16%), CO (20%), CO
2
(12%), CH
4
(2%),
C
2
(<1%), N
2
(50%)
PCI
4,5 - 6 MJ/m
3
Quantidade de partículas
Baixa
Alcatrão gerado
0 - 300 mg alcatrão/Nm
3
gás
Gás gerado
2 - 2,5 Nm
3
de gás/kg de biomassa l.c.u.
Efic. Gás Frio
75 - 89%
Teor de alcatrão
1 %
Balanço de Energia
Perdas
2 - 7%
l.c.u : livre de cinzas e umidade
110
Figura 6.2. Coifa de alimentação (planos mostrados nos anexos).
Figura 6.3. Cilindro de alimentação (planos mostrados nos anexos).
111
Este sistema é regulado pelo nível de sólidos no interior do gaseificador; quando
um detector de nível dá um sinal que a biomassa dentro do gaseificador já desceu por
debaixo de um nível assinalado, inicia-se a seqüência de carga abrindo uma válvula
(V
1
), localizada na parte superior do cilindro (C
1
). Depois de um tempo pré-fixado
(suficiente para encher o cilindro (C
1
)) se procede a abertura de outra válvula (V
2
)
localizada na parte inferior do cilindro (C
1
); logo, por ação da gravidade, a biomassa
cai dentro do gaseificador e finalmente se fecha novamente a válvula (V
2
). É
importante ressaltar que durante a abertura da válvula V
2
, a válvula V
1
permanece
fechada com a finalidade de evitar as fugas no interior do gaseificador. A seqüência
das operações das válvulas se repete até que o nível de biomassa no interior do
gaseificador situe-se no nível do controlador instalado.
As válvulas V
1
e V
2
, como já mencionado, são válvulas acionadas
pneumaticamente cujo projeto permitirá que ao se encontrar em posição aberta, estas
deixem livre todo o diâmetro do cilindro C1, evitando obstáculos ao fluxo de biomassa
e possíveis congestionamentos. A seção livre de passo das válvulas é de 20 cm. A
coifa é projetada de forma cônica com a finalidade de aumentar o volume de
armazenamento da biomassa.
Dentro do gaseificador e distribuídos ao longo deste, deverão ser instalados 4
termopares com o objetivo de manter um registro contínuo da temperatura no interior
do gaseificador. Para a monitoração da perda de carga no leito, deverão ser instalados
medidores de pressão na entrada de ar de gaseificação e na saída do gás produzido. Na
coifa estão instalados alarmes de nível, que enviam sinais acústicos ou luminosos que
avisam ao trabalhador encarregado que é necessário repor biomassa no sistema de
alimentação, para dar continuidade a operação normal.
6.3. PROJETO DO GASEIFICADOR DOWNDRAFT
O gaseificador constará dos seguintes componentes:
Corpo do gaseificador
Grelha que sustenta o leito de biomassa e regula a eliminação das cinzas.
112
Uma tampa superior onde se instala o sistema de válvulas para o ingresso da
biomassa.
Um agitador que evita a formação de ar no leito de biomassa.
Uma região inferior de recolhimento de resíduos sólidos.
Um parafuso sem fim para a retirada dos resíduos.
Um tubo de ar ao redor da região da garganta para a injeção do mesmo.
Tabela. 6.2. Características das válvulas do sistema de alimentação
Acionamento
Pneumático 7 Bar
Material
Aço Inox
Diâmetro de passo
250 mm
Guarnições
Borracha
O corpo do gaseificador será composto de três diferentes camadas de materiais; a
primeira camada exterior será de aço carbono de 5 mm de espessura que é a estrutura
do gaseificador, seguida de uma camada de material isolante de 20 mm de espessura
que pode ser lã (isolante mineral) e cuja temperatura máxima de operação é de 1200
°C; esta camada tem a função de absorver possíveis dilatações térmicas; finalmente
encontra-se no interior uma camada de cimento refratário de 110 mm de espessura que
realizará o isolamento térmico; esta camada será utilizada para a construção do interior
do corpo para a região oxidação conhecida como “garganta”, para o material cerâmico
recomenda uma densidade de 350 kg/m
3
. Para mais detalhes, apresentam-se as
figuras 6.4 e 6.5, por outro lado os planos dos desenhos do gaseificador são
apresentados nos Anexos, Planos N° 1,2 e 3.
A grelha é construída por três discos de aço refratário com diâmetros
decrescentes “Closed – Grate Design” [Garcia et al.,1994]. Os diferentes discos (8
mm de espessura) são colocados excentricamente em relação ao eixo do mesmo; as
paredes laterais da grelha são de aço refratário de 5 mm de espessura e com buracos de
aproximadamente 9 mm de diâmetro.
113
Figura 6.4. Gaseificador, vista frontal (planos mostrados nos anexos).
Figura 6.5. Gaseificador, vista de perfil (planos mostrados nos anexos).
114
A grelha será acionada por um motor elétrico de 1 CV de potencia acoplado ao
correspondente redutor terminando num conjunto de engrenagem que se conecta ao
eixo da grelha. Os detalhes apresentam-se nos Anexos, Planos Nº 7 e 8 e figura 6.6.
Figura 6.6. Grelha, vista de perfil (planos mostrados nos anexos).
A injeção de ar realiza-se através de uma serie de tubos que penetram o
gaseificador de forma radial numa altura de 90 mm acima do ponto mais estreito da
garganta, sem sobressair muito da camada de cimento refratário. O número de tubos na
garganta está relacionado com o conteúdo de alcatrão no gás de saída; se dispõe de 4
tubos nesta zona com um diâmetro de ¼” (pol) cada um (ver Anexos, Planos Nº 1 e
3).
Os resíduos, cinzas (ash), provenientes da grelha, são recolhidos por um parafuso
sem fim que as transporta até um depósito de descargas. O parafuso é acionado por um
motor elétrico de menos de 1 CV. O agitador interior do gaseificador (ver Anexos,
Plano Nº 12), cujo eixo finaliza na parte exterior num pinhão, é acionado através de
um motor elétrico também de 1 CV acoplado ao redutor. Estes motores não se
115
encontram em permanentemente funcionamento; prevê-se que estes funcionem menos
do 10% do tempo de operação da instalação. A operação da grelha, que sustenta o leito
e retira as cinzas, é ativada em intervalos regulares de tempo previamente
determinado. Desta forma, regula-se o consumo de biomassa, já que uma maior
atividade da grelha faz que o tempo de retenção dos sólidos seja menor, não se
completando a gaseificação do “char” formado na pirólise. Para mais detalhe da parte
inferior do gaseificador, se recomenda ver os Anexos, nos Planos Nº 4, 5 e 6 e a figura
6.7.
Figura 6.7. Parte inferior do gaseificador (planos mostrados nos anexos).
6.3.1. PARÂMETROS ESPECÍFICOS DO PROJETO
Um importante aspecto neste tipo de gaseificador, é o projeto da região de
oxidação (zona da garganta) que influência no craqueamento do alcatrão e na
formação de óleo na região da pirólise.
116
O tamanho desta região depende da quantidade no consumo de biomassa. A
capacidade específica do sistema varia entre 180 a 3600 kg/h.m
2
[Groenvelt e Van
Swaaij, 1980]; [Kaupp e Goss, 1981]; [Van Swaaij, 1981]; por outro lado, levando em
conta a experiência na construção de gaseificadores de leito fixo “Downdraft” tipo
garganta por parte do Grupo de Processos Termoquímicos [G.P.T, 2005] da
Universidade de Zaragoza em Espanha, que recomenda capacidades específicas de
processamento entre 1200 a 1300 kg/h.m
2
e cujos valores lhes deram bons resultados.
Para o presente projeto se tomará um valor de 1250 kg/h.m
2
como capacidade
especifica de consumo; com este valor é possível determinar a área da região de
oxidação (região de combustão ou chamada também região da garganta). (ver Anexos,
Plano Nº 2)
Como o projeto da região da garganta é crucial para a redução do alcatrão, se
deve ter cuidado em seu dimensionamento; a maioria dos autores considera uma
inclinação em relação a vertical de 45° para esta região, o que permite delimitar a
região de pirólise, a região de oxidação e a região de redução (gaseificação); no
entanto é recomendado um valor de 33° em relação à vertical para o projeto da
garganta [G.P.T, 2005] e desta forma melhorar o fluxo de biomassa e se evitar a
possível formação de ar no leito. Para o presente projeto se tomará um ângulo de 30°
em relação a vertical. Por outro lado, no caso da altura do gaseificador, são
recomendados um valor de 2,5 vezes o diâmetro da região de pirólise e tempo de
residência da biomassa de 3,5 horas, baseando-se em tempos de residência de projetos
anteriores do mencionado grupo espanhol. O volume da região de redução é
recomendado que seja aproximadamente 30% do volume total. [G.P.T, 2005]. (ver
Anexos, Plano Nº 1). Outro parâmetro a se levar em conta é o volume desta região de
redução (região de gaseificação). Este deverá ter aproximadamente 0,5 m
3
por cada m
2
da região de oxidação (área da garganta) [Twenty University, 1981].
Os cálculos para as dimensões do gaseificador são apresentados no capítulo 7 e
os planos do projeto baseados nos cálculos anteriores são apresentados nos Anexos
(Planos Nº. 1 até o 14). A seguir, apresenta-se a figura 6.8 para uma visão geral da
instalação e montagen do gaseificador.
117
Figura 6.8. Montagem do Gaseificador (planos mostrados nos anexos).
6.3.2. BALANÇO DE MASSA NO GASEIFICADOR
O gaseificador “Downdraft” recebe duas correntes na entrada: alimentação de
biomassa e de ar pré-aquecido. Como correntes de saída apresentam o gás gerado no
processo de gaseificação e as cinzas acompanhadas do “char” residual que deverão ser
retiradas pelo sistema de eliminação de resíduos.
A figura 6.9 apresenta o balanço de matéria do gaseificador. Como é de
conhecimento, a alimentação é de 100 kg/h de biomassa e o ar para a gaseificação é
de 120 Nm
3
/h (155,19 kg/h). Um valor recomendável na relação ar/biomassa para a
região de gaseificação está entre 0,25 a 0,4, sendo este último valor o limite máximo
recomendável para a operação do equipamento. Ou seja, para estes valores, o gás de
118
biomassa teria um maior poder calorífico. Esta explicação pode-se observar com
detalhe na figura 6.10 [Reed e Dass, 1989].
Figura 6.9. Relação ar/biomassa para a zona de gaseificação [Reed e Dass, 1989].
Nestas condições se obterão aproximadamente 200 Nm
3
/h de gás combustível,
o qual em base úmida apresentará aproximadamente a seguinte composição: 17,90%
de H
2
, 13,40% de CO, 13,40% de CO
2
, 3,60% de CH
4
, 0,90% de O
2
, 40,20% de N
2
e
10,60% de H
2
O. Com estes valores a massa molecular do gás de saída é de 24,034
g/gmol e desta forma se poderá expressar a produção do gás em kg/h obtendo um
valor de 214,55 kg/h. A corrente de saída dos gases terá uma composição bastante
estável.
Quanto à biomassa de alimentação, estima-se um poder calorífico de
16500kJ/kg. Para maiores detalhes deste valor, podem ser consultadas nas tabelas 6.3
e 6.4, onde são apresentadas as características técnicas dos diferentes tipos de
biomassa lignocelulósica em base seca e variando as percentagens de umidade. Esta
biomassa apresenta as seguintes características:
119
1
1
T
AR
20 Nm
3
/h
55,19 kg/h
º
250 ºC
BIOMASSA
100 kg/h
2,7% de Cinzas
12,1 % de Umidade
PCI 16500 kJ/kg
CINZAS E CHAR
Entre 30 a 40 kg/h
600 ºC
GAS
200 Nm
3
/h 214,55
kg/h
600 ºC
6 g (pó) / Nm
3
PCI 5,17 MJ/Nm
3
Alcatrão
3 g/Nm
3
Figura 6.10. Balanço de massa do gaseificador.
É composta em sua maior parte de carbono e hidrogênio, variando muito
pouco de um tipo de lenha a outro.
A maioria dos tipos de biomassa tem um conteúdo de cinzas baixo, com
exceção da casca de arroz e o bagaço.
O conteúdo de carbono da biomassa é menor que o do carvão mineral ou dos
combustíveis derivados do petróleo.
A corrente do gás arrastará parte das cinzas e o carbono residual que ficou na
grelha do gaseificador numa quantidade aproximada de 6 g de pó/Nm
3
de gás. Esta
concentração de material sólido variará segundo os ciclos de funcionamento da
grelha. A quantidade de alcatrão que se poderá obter no pior dos casos oscilará entre
1 a 3 g/Nm
3
do gás de saída. No caso da produção de sólidos, se espera produzir entre
30 e 40 kg/h entre cinzas e char residual. Os restos de matéria são os condensados de
alcatrão e possíveis perdas por fugas no reator [G.P.T, 2005].
120
Tabela 6.3. Características técnicas de diferentes tipos de biomassa em base seca
[Jenkins, 1990]
Composição elementar (%) Tipo de biomassa
C H O N S A
PCI
MJ/kg
Pinho
49,29 5,99 44,36 0,06 0,03 0,30 20,0
Eucalipto
49,00 5,87 43,97 0,30 0,01 0,72 19,04
Casca de arroz
40,96 4,30 35,86 0,40 0,02 18,34 16,1
Bagaço de cana
44,80 5,35 39,55 0,38 0,01 9,79 17,3
Casca de coco
48,23 5,23 33,19 2,98 0,12 10,25 19,0
Sabugos de milho
46,58 5,87 45,46 0,47 0,01 1,40 18,8
Ramas de algodão
47,05 5,35 40,97 0,65 0,21 5,89 18,3
Tabela 6.4. Conteúdo energético de algumas biomassas com distintas porcentagens
de umidade [Nogués e Royo, 2002]
P.C.I (kJ/kg) com X (% de umidade) PRODUTO
X P.C.I X P.C.I X P.C.I
Lenha
0 19.353 20 15.006 40 10.659
Serragens
0 19.069 15 15.842 35 11.537
Caroço de Oliva
0 18.839 15 15.800 35 11.746
Casca de amêndoa
0 18.559 10 16.469 15 15.424
0 19.437 20 15.257 40 11.077
Cortiça das árvores
Tipo Coníferas
Tipo Frondoso
0 18.225 20 14.087 40 9.948
Poda de frutíferos
0 17.890 20 13.836 40 9.781
Palha de cereais
0 17.138 10 15.173 20 13.209
30 11.286 - - -
Caroço de uva
0 18.894 25 13.543 50 8.193
121
CAPÍTULO 7
EQUAÇÕES UTILIZADAS NO DIMENSIONAMENTO E DETERMINAÇÃO
DA EFICIÊNCIA DO GASEIFICADOR DE BIOMASSA
Neste capítulo, apresentam-se todos os cálculos e equações utilizadas para o
dimensionamento do gaseificador e balanço de energia, de modo a determinar a
eficiência do gaseificador.
7.1 DIMENSIONAMENTO DO GASEIFICADOR
Para conhecer a área da garganta (região de oxidação), conhecendo o fluxo de
biomassa e a capacidade especifica de processamento estabelecido no capitulo
anterior, pode-se escrever a seguinte equação:
)(gargantadaArea
)./(ntoprocessamedeespecificaCapacidade
)/(biomassadaoAlimentaçã
2
2
m
mhkg
hkg
=
(1)
2
2
08,0
)./(1250
)/(100
m
mhkg
hkg
=
A área da garganta é de 0,08 m
2
. Portanto, o diâmetro desta região será de 0,32
m, e de acordo com Reed e Dass, 1989, o diâmetro na região de pirólise será o dobro
da região da garganta, ou seja será 0,64 m.
Como mencionado no capitulo anterior, o volume da região de redução deverá
ser maior de 0,5 m
3
por cada m
2
da zona da garganta. Como a área da região da
garganta é 0,08 m
2
, o volume da região de redução deverá ser de 0,04 m
3
. Com estes
parâmetros pode-se dimensionar do corpo do gaseificador. As características de
construção são mostradas na tabela 7.1. O gaseificador e suas respectivas dimensões e
principais partes são apresentadas nos Anexos (Plano N° 14) e o gaseificador já
acoplado é apresentado nos Anexos (plano N° 13).
122
Tabela 7.1: Principais características da construção do gaseificador
CONCEITO CARACTERISTICAS
Material exterior
Chapa de aço ao carbono, espessura 5
mm
Diâmetro exterior
912 mm
Juntas de união entre o corpo principal
e a parte inferior do gaseificador
Aço carbono de 1,5 cm de espessura com
50 buracos de 13 mm de diâmetro com
parafusos de 12 mm para a união entre os
corpos.
Material da grelha
Aço refratário AISI 310
Material interior
Cimento refratário
Diâmetro interior
0,64 m
Diâmetro da garganta
0,32 m
Material do sistema de injeção de ar
Aço Inox AISI 310
Entrada de biomassa
0,25 m de diâmetro
Saída de gases
AISI 304 de 0,046 m de diâmetro
Motor acionamento da grelha
1 CV
Motor acionamento parafuso sem fim,
retirada das cinzas
1 CV
Motor agitador interior
1 CV
Todas as soldas se realizarão mediante uso de fio com material compatível. Será feita
a solda com corrente contínua, com uso de eletrodo básico nos pontos que possam ser
considerados mais críticos.
7.2 BALANÇO DE ENERGIA
O balanço de energia contabiliza a energia total que entra no gaseificador
como sendo igual a que sai. Neste caso, se utilizará a entalpia para medir a energia
123
térmica por unidade de massa de ar, gás e cinzas. Portanto, um balanço energético do
gaseificador pode ser apresentado da seguinte forma:
macincinggaabb
Qhmhmhmhm
+
+
=+
(2)
Sendo:
m
b
: Fluxo de biomassa que entra no gaseificador, kg/s
m
g
: Fluxo de gás produzido na gaseificação, kg/s
m
a
: Fluxo de ar introduzido no gaseificador, kg/s
m
cin
: Fluxo de cinzas, kg/s
Q
ma
: Calor perdido para o meio ambiente, kW.
h
b
: Entalpia da Biomassa (kJ/kg)
h
g
, h
a
: Entalpia do gás e do ar (kJ/kg)
h
cin
: Entalpia das cinzas, (kJ/kg)
7.2.1. CALCULO DO GÁS DE BIOMASSA (PCI
g
)
Como é de conhecimento, em base seca o gás de biomassa tem geralmente uma
composição de: CO
2
13%, C
2
H
4
0,19%, C
2
H
6
0,15%, C
2
H
2
0,01%, H
2
16%, O
2
0,60%,
N
2
48%, CH
4
2%, CO 20% [G.P.T 2005] e para calcular o P.C.I pode-se utilizar a
seguinte equação apresentada, conforme Nogueira e Lora, (2003).
PCI
g
= 0,126 C
CO
+0,358 C
CH4
+0,108C
H2
+0,59 C
C2H4
+ 0,637 C
C2H6
, (MJ/Nm
3
)
(3)
Onde, C
CO2
, C
CH4
, C
H2
, C
C2H4
, C
C2H6
, são as concentrações volumétricas do gás
produzido em “porcentagens”. Portanto resolvendo a Eq (3):
PCIg = 0,126(20) + 0,358(2) + 0,108(16) + 0,59(0,19) + 0,637(0,15)
PCIg = 5,1716 MJ/Nm
3
124
Este valor é bem próximo dos encontrados na literatura a respeito do PCI de gás
de biomassa.
7.2.2. CÁLCULO DA ENTALPIA DO GÁS DE BIOMASSA
Para o gás de biomassa produzido, a entalpia (h
g
) resulta do efeito dos vários
gases que o compõem (composição do gás em base úmida) e portanto:
h
g
= C
CO2
.h
CO2
+C
CH4
.h
CH4
+C
H2
.h
H2
+C
N2
.h
N2
,+C
O2
.h
O2
+C
CO
.h
CO
+C
H2O
.h
H2O
(4)
Onde:
C
elem
: Concentrações volumétricas do gás produzido em “porcentagens” (base úmida):
CO
2
13,40%, H
2
17,90%, O
2
0,90%, N
2
40,20%, CH
4
3,60%, CO 13,40%, H
2
O
10,60%.
h
elem
: Entalpia dos elementos que compõem o gás.
A entalpia de cada um dos elementos que compõem o gás de saída pode ser
determinada utilizando os calores específicos a pressão constante (Cp) dos gases
apresentados [Perry, 1984], cujos valores estão expressos em função da temperatura
em cal/mol.°K, estes são:
Cp CO = 6,6 + 0,0012T (5)
Cp CO
2
= 10,34 + 0,00274T – 195500 / T
2
(6)
Cp H
2
= 6,62 + 0,00081T (7)
Cp N
2
= 6,50 + 0,00100T (8)
Cp O
2
= 8,27 + 0,000258T – 187700/T
2
(9)
Cp H
2
0 = 8,22 + 0,00015T + 0,00000134T
2
(10)
Cp CH
4
= 5,34 + 0,0115T (11)
A entalpia de cada elemento do gás é dada pela seguinte expressão:
125
+=
Tf
f
dTCphh
298
.
(12)
Sendo:
h
f
: Entalpia de formação (kJ/kmol)
T: K
Cp: kJ/kmol.K
Substituindo os calores específicos a uma temperatura de 600°C na equação
(12) (temperatura aproximada com a que o sai o gás de biomassa) e as respectivas
entalpias de formação dos elementos que compõem o gás, obtém-se a entalpia de
cada um [Perry. R, 1984].
h
N2
= 17,38 kJ/mol
h
O2
= 18,326 kJ/mol
h
H2
= 16,714 kJ/mol
h
CH4
= -45,33 kJ/mol
h
CO
= -92,93 kJ/mol
h
CO2
= -366,87 kJ/mol
h
H2O
= -220,752 kJ/mol
Substituindo estes valores na Eq (4), tem-se:
h
g
= 0,1340.(-366,87) + 0,0360.(-45,33) + 0,1790.(16,714) + 0,402.(17,38) +
0,09.(18,326) + 0,134.(-92,93) + 0,106.(-220,752)
h
g
= -76,5012 kJ/mol
Dividendo este valor pela massa molecular do gás (24,034 g .mol
-1
) tem-se:
126
1000
034,24
5012,76
×
=
mol
g
mol
kJ
h
g
h
g
= -3183,04 kJ/kg
(O valor negativo deve-se a entalpia de formação de certos elementos da
composição do gás).
7.2.3. CÁLCULO DA ENTALPIA DA BIOMASSA E DO AR
Considerando uma temperatura ambiente de 25°C, mediante a Eq (12) obtém-se
a entalpia da biomassa é a entalpia de formação da biomassa mesma. Portanto,
partindo das reações de oxidação completa da biomassa, tem-se a seguinte expressão.
Biomassa + Ar = CO
2
+ H
2
O + SO
2
+ N
2
Onde, os produtos da reação são CO
2
, H
2
O, SO
2
(quase desprezível) e N
2
; os
reagentes são a biomassa e o ar. Sabe-se que o salto entálpico (h) é o poder
calorífico; o PCI para a biomassa lignocelulosica foi considerado como 16500 kJ/kg,
[Nogueira e Lora, 2003] então pode escrever a seguinte expressão:
∑∑
==
PRODUTOS REAGENTES
hfhfPCIh
(13)
Sendo:
h : Salto entálpico
hf : Entalpia de formação
Por outro lado, a análise elementar da biomassa em base seca é de: 45,8% de C,
5,90% de H, 0,09% de S, 0,30% de N e 47,90 % de O; considera-se nos cálculos um
127
conteúdo de umidade na biomassa de 12,10% [Arauzo, 1999]. Assim, calcula-se que
de 1 kg de biomassa obtém-se 1,67 kg de CO
2
, 0,531 kg de H
2
O e 0,0018 kg de SO
2
.
Portanto, resolvendo a Eq (13).
-PCI
BIOMASSA
= (hf
CO2
+ hf
H2O
+ hf
SO2
+ hf
N2
) – hf
BIOMASSA
– (hf
N2
+ hf
O2
)
-16500 = ((1,6793 * -8946,6) – (0,531 * 15879,4) – (0,0018*4638) + 0 ) –
hf
BIOMASSA
– 0
hf
BIOMASSA
= -6959,59 kJ/kg
Levando em conta uma umidade de 12,10 %, tem-se que a entalpia da biomassa
será:
h
BIOMASSA
= (0,879 * (-6959,59)) + (0,121 * (-15879,4))
h
BIOMASSA
= - 8038,89 kJ/kg
Por último, a entalpia do ar à temperatura de entrada do gaseificador (250 ° C),
é de 225,7 kJ/kg.
7.2.4. PERDA DE CALOR
Substituindo todos estes resultados na equação do balanço de energia, Eq (2),
obtém-se que o calor perdido ao meio ambiente é de 32,6 kW, o sinal negativo indica
que o calor foi transferido do sistema.
ma
Q
kg
kJ
h
kg
kg
kJ
h
kg
kg
kJ
h
kg
kg
kJ
h
kg
+×+×=×+× 83,7884004,318359,2147,22519,15589,8038100
Q
ma
= -32,6 kW
128
7.2.5. EFICIÊNCIA DO GASEIFICADOR
Em aplicações térmicas de gaseificação, quando o gás é queimado diretamente
num forno, é mais conveniente referir-se a eficiência a quente, pois se aproveita a
energia térmica dos gases. Em aplicações de potência, como é o caso dos motores de
combustão interna e turbinas a gás, quando o gás é resfriado durante seu
acondicionamento (remoção de partículas e alcatrão), é valido referir-se a eficiência a
frio [Nogueira e Lora, 2003]. Para mas detalhes desta diferença vide a Fig. 7.1 e 7.2
bio
g
PCI
PCIY
FrioEficiência
×
=)(
(14)
Onde:
Y: Nm
3
do gás por kg de biomassa, 200 Nm
3
/h (vide Fig 6.1)
PCI
g
: Poder calorífico do gás de saída (kJ/Nm
3
), 5,1716 MJ/Nm
3
PCI
bio
: Poder calorífico da biomassa (kJ/kg), 16500 kJ/kg
Por tanto, temos:
bio
gas
kg
Nm
hkg
hNm
Y
3
3
2
/100
/200
==
6268,01000
16500
1716,52
)( =×
×
=FrioEficiência
Eficiência (Frio) = 62,68 % [Silveira et al., 2005] [Coronado et al., 2006]
bio
g
h
hY
QuenteEficiência
×
=)(
(15)
129
Y: Kg de gás por kg de biomassa.
h
g
: Entalpia do gás de saída (kJ/kg), -3183,04452 kJ/kg
h
bio
: Entalpia da biomassa (kJ/kg), -8038,89176 kJ/kg
Resolvendo Y:
14,2
/100
/55,214
==
hkg
hkg
Y
(vide Fig 6.3 para verificação do valor 214,55 kg/h)
0,8473=
×
=
891,8038
0445,318314,2
)(QuenteEficiência
Eficiência (Quente) = 84,73 % [Silveira et al., 2005] [Coronado et al., 2006]
Figura 7.1. Eficiência a frio em gaseificadores [Nogueira e Lora, 2003].
130
Figura 7.1. Eficiências a quente em gaseificadores [Nogueira e Lora, 2003].
131
CAPITULO 8
SELEÇÃO DE EQUIPAMENTOS PARA O CONDICIONAMENTO E
LIMPEZA DO GÁS DE BIOMASSA
Para uma fácil e rápida compreensão dos equipamentos para a limpeza e
condicionamento do gás de biomassa utilizados na instalação de gaseificação; se
apresentará um diagrama de fluxo na figura 8.1.
8.1. DIAGRAMA DE FLUXO DA INSTALAÇÃO
A biomassa será alimentada no gaseificador por meio da coifa (T1) em intervalos
de tempo marcados pelo medidor de nível do material. Da coifa, a biomassa passa a
um cilindro de alimentação (C1) delimitado por duas válvulas, as quais evitam a saída
dos gases e asseguram a estanqueidade nesta região.
Uma vez no interior do gaseificador, o primeiro processo que sofre a biomassa é
a secagem, logo continua o processo da pirólise. Na região da garganta (região de
oxidação) se produz a injeção de ar previamente pré-aquecido oxidando os gases de
pirólise e gerando o calor necessário para a gaseificação do char.
As correntes de saída do gaseificador são duas: a) o gás gerado e b) as cinzas
junto com o char residual, cuja corrente é retirada por meio de um parafuso sem fim.
O gás gerado passa por uma primeira etapa de limpeza num ciclone (CY
1
) para
eliminação da maior quantidade possível de partículas sólidas que são retiradas pela
parte inferior.
O gás, uma vez limpo no ciclone, tem duas possibilidades: A primeira consiste
em introduzir este gás num sistema de leito catalítico (CT
1
) com a finalidade de
craquear o alcatrão arrastado em forma de vapor onde as temperaturas variam entre
500 e 600°C; com posteriores resfriamentos este vapor se condensa. Por outro lado, a
decisão final da utilização de leitos catalíticos dependerá do conteúdo de alcatrão que
se deseja obter no gás final e dos resultados finais dos testes que forem realizados. A
132
segunda possibilidade consiste em eliminar o alcatrão em futuras etapas,
especificamente nos lavadores de gás (wet escrubber).
Sem o leito catalítico, os gases depois do ciclone passam por um trocador de
calor (ar de gaseificação) (IC
1
); desta forma se pré-aquece aproveitando calor do gás
de saída. Este trocador dispõe de uma saída de líquidos para a eliminação de possíveis
condensados.
Numa segunda etapa, se utiliza um segundo trocador de calor (IC
2
) para
continuar o resfriamento do gás até uma temperatura na faixa de 100 a 125 °C,
mediante uso de água da rede, condensando nesta etapa parte do alcatrão. Finalmente,
o gás entra num sistema de lavagem de gases, onde através de um lavador de gás tipo
venturi (SC
1
) se retém o alcatrão (no caso de não usar um leito catalítico).
Normalmente, no sistema de lavagem, os gases saem saturados, e para evitar que
um resfriamento posterior possa condensar os líquidos ainda remanescentes no gás
antes de sua entrada ao MCI, se resfria o gás até temperaturas o suficientemente baixas
para condensar grande parte do líquido que foi arrastado (IC
3
/ IC
4
). Desta maneira se
obterá um gás não saturado, se evitando os problemas de possíveis condensações
posteriores dentro do MCI.
Depois destes processos, o gás se encontrará disponível para a sua utilização no
motor de combustão interna ou para o armazenamento do mesmo.
Figura 8.1. Fluxograma proposto para a instalação de gaseificação 100 kg/h.
134
8.2. EQUIPAMENTOS FUNDAMENTAIS
8.2.1. CICLONE
O ciclone se localiza na saída dos gases de exaustão do gaseificador, tal como se
mostra no digrama de fluxo (vide Fig 8.1), retirando os resíduos sólidos que possam
ser arrastados pelo gás. Estas partículas sólidas compõem-se principalmente de cinzas
e algumas partículas de char.
Este é um equipamento primário para remover as partículas da corrente de gás; o
seu funcionamento baseia-se no uso da força centrífuga para separar os sólidos. Uma
das principais dificuldades consiste em separar as partículas de char, que apresentam
uma típica densidade de 200 kg/m
3
; as cinzas apresentam uma densidade entre 600 a
1000 kg/m
3
; recomenda-se uma velocidade de saída dos gases de aproximadamente
15m/s [E.P.A, 1998], temperatura do gás de saída em torno de 600°C e vazão de 200
Nm
3
/h [vide Fig 6.1].
O desempenho do ciclone está relacionado com o tamanho da partícula (a
nomenclatura dp
50
significa o diâmetro de partícula capturado com 50% de eficiência).
Por outro lado, a relação entre as eficiências na captura das partículas do material é
dada pela seguinte expressão [Reed e Dass, 1989].
dp50 = ½ dp80 = 1/3 dp90 = ¼ dp95 (16)
MÉTODO DE DIMENSIONAMENTO DO CICLONE
Utiliza-se normalmente um método de iteração para calcular as principais
dimensões. Assume-se um diâmetro da tubulação de saída do gás de 0,075 m e com
este valor a velocidade do gás será calculada:
2
4
D
Q
V
π
=
(17)
Onde:
135
Q = Vazão do gás produzido 200 Nm
3
/h a 600 °C (639,3 m
3
/h)
h
m
639,3
K273,15
K873,15
h
Nm
200
33
=
D = Diâmetro assumido (0,075m)
Substituindo os valores na equação (17), a velocidade do gás é de 40,21 m/s, cujo
valor é ainda acima do mínimo (15 m/s) [E.P.A., 1998]; portanto se seleciona um
tamanho de entrada do ciclone igual ao diâmetro da tubagem. Fazendo um calculo
iterativo para uma seção quadrada de 0,075 m de largura e uma altura de 0,15 m
utilizando-se a equação (17) tem-se uma velocidade do gás de entrada do ciclone de
15,78 m/s, valor ainda acima do mínimo. Com estes valores se dimensiona o ciclone
levando em conta as referências que se mostram na figura 8.2, obtém-se um diâmetro
do ciclone de 0,375m. Por outro lado calcula-se mediante a equação (18) o diâmetro
de uma partícula de “char” assumindo uma densidade típica de 200 kg/m
3
e uma
densidade de 1000 kg/m
3
para as cinzas [Reed e Dass, 1989].
Pg)π2NeVi(Pp
dpc
b
=
(18)
Onde
dpc = Diâmetro de partícula, µm
µ
b
= Viscosidade típica do gás produzido, kg/m-s [Reed e Dass, 1989]
Ne = Altura da entrada do gás, (0,15m)
Vi = Velocidade de entrada do ciclone (15,78 m/s)
Pp = Densidade de partícula (kg/m
3
)
Pg = Densidade do gás produzido entre 0,5 - 0,4 kg/m
3
[ Reed e Dass, 1989]
Substituindo os dados na equação (20), obtêm-se um diâmetro dpc
50
(50% de
eficiência na remoção) para as partículas de “char” de 8,81 µm e um dpc90% de 26
µm; um dpc
50
para as partículas de cinzas de 3,92 µm e um dp90 de 12 µm.
136
Figura 8.2. Dimensões para um ciclone de alta eficiência [Perry, 1984] [Redd e Dass.,
1989] [Kaupp., 1984].
8.2.2. CATALISADOR (Sistema de craqueamento do alcatrão)
Depois da primeira limpeza das partículas do gás e encontrando-se este ainda
aquecido, é possível submetê-lo a um processo catalítico com a finalidade de eliminar
o alcatrão; as possíveis reações neste caso são mostradas na tabela 8.1.
Como a temperatura de saída dos gases é em média de 600 °C descartam-se
processos utilizando catalisadores como “dolomitas” e “calcitas”, que trabalham em
altas temperaturas. Pode-se usar um tipo de catalisador baseado em Níquel sobre um
suporte de alumina ou silício. Como o catalisador precisa de um processo de
regeneração, é necessário dispor de um sistema de leitos em paralelo, de modo que
quando um deles se encontra em processo de regeneração, depois da redução de sua
atividade catalítica, o gás fluirá pelo outro leito catalítico. Para determinar a
quantidade mínima de catalisador em cada um dos leitos, deve-se conhecer a relação
137
entre a vazão de gases e o volume de catalisador para um determinado conteúdo de
alcatrão na corrente gasosa.
Tabela 8.1 Tipos de reações na fase gasosa. [G.P.T., 2005]
DENOMINAÇÃO REAÇÃO T (° C) CATALISADOR
Shift CO+H
2
O = H
2
+CO
2
315 – 485 Óxidos de Metais
Metanação
CO+3 H
2
O =
CH
4
+H
2
O
250 – 450
Ni sobre Sílice –
Alumina
Reformado com
Vapor
Alcat + H
2
O = CO+H
2
550 – 1000
Níquel sobre
Alumina
Craque
Alcat Gases
800 – 900
Dolomitas,
Calcitas e
Magnesitas
Craque
Alcat Gases
250 – 500
Sílice – Alumina
Ni/W sobre
sílice-alumina
Hidrocraque
Alcat + H
2
Gases
250 - 500
Ni/W sobre
sílice-alumina
Alcat = Alcatrão
Por exemplo, catalisador de Ni-Mo sobre um suporte de Alumina requer 1 m
3
de catalisador por cada 1000 Nm
3
/h da corrente gasosa para concentração de alcatrão
de até de 10000 mg/m
3
. [G.P.T., 2005]. Assumindo que a saída do alcatrão prevista do
gaseificador é da ordem de 300 mg/m
3
do gás, implica que para um fluxo de gás de
200 Nm
3
/h a 600 °C será necessário aproximadamente 0,2 m
3
de catalisador em cada
leito, sendo o tempo de contato do leito de 1,12 seg. Este volume representará leitos
cilíndricos de 50 cm de diâmetro e 1 m de comprimento ou 35 cm de diâmetro com um
comprimento de 2 m [G.P.T., 2005].
Para a operação utilizando catalisadores, se disporá de válvulas de fluxo para
direcionar os gases para um e outro catalisador, assim como linhas “bypass” para estes
sistemas. Também se disporá de medidores de temperatura e pressão em cada leito
para monitorar tanto a sua operação como o processo de regeneração. No caso de
138
detectar algum aumento drástico da pressão diferencial ou uma elevação da
temperatura que possa chegar a estragar o catalisador, o fluxo se comunicará com o
outro leito catalítico; caso contrário se desviará o fluxo do gás para a tocha.
8.2.3. TROCADORES DE CALOR (sistema de resfriamento do gás e pré-
aquecimento do ar)
A finalidade deste equipamento é o aproveitamento energético do gás de saída
para o aquecimento do ar de gaseificação, assim como o resfriamento do gás
combustível na saída do gaseificador antes de sua entrada num sistema de lavagem de
gases. Para este caso serão utilizados 2 trocadores de tipo tubo e carcaça. No primeiro
trocador será utilizado o ar como fluido de resfriamento, e o segundo será utilizado a
água como fluido de resfriamento.
No caso do primeiro trocador, o gás chegará com uma temperatura
aproximadamente de 500°C. Realiza-se uma troca de calor com o ar proveniente do
soprador (blower) para aquecê-lo antes de sua injeção no gaseificador a uma
temperatura ao redor de 250°C, diminuindo a temperatura do gás de biomassa. Nesta
primeira etapa, não se espera que se produza a condensação do alcatrão, mas se
instalará uma purga de líquidos (para os condensados) durante a fase de partida. No
segundo trocador, se resfriará o gás desde 400 °C (temperatura na saída do primeiro
trocador) até temperaturas entre 100 a 150 °C, com uso de água da rede.
Com a finalidade de facilitar a limpeza do primeiro trocador, o gás circulará pelo
interior dos tubos e estes serão de diâmetro suficientemente grande para tornar
possível a sua limpeza e manutenção, se utilizará neste caso tubos de aço inox de 1”
pol (25,4 mm) de diâmetro exterior e 0,67“ polegadas (17,02 mm) de diâmetro
interior. A disposição do trocador será vertical com a entrada do gás pela parte
superior descendo pelos dutos, facilitando a eliminação por gravidade dos
condensados (alcatrão) caso existam nesta fase.
A velocidade recomendada do fluxo de gás, para conseguir uma troca de calor
ótima, é 25 m/s [G.P.T, 2005]. O ar ao aquecer circulará a contracorrente com o gás de
139
biomassa que vai ser resfriado. O coeficiente de troca de calor nestas condições é de
15,7 W/m
2
°K. Para o segundo trocador o gás também fluirá pelo interior dos tubos,
neste caso o coeficiente de transferência de calor será de 40 W/m
2
°K. O gás se
resfriará de 400 a 150 °C e a temperatura da água da rede será e aproximadamente 20
°C, a temperatura de saída da água será de 200°C. Utilizaram-se tubos de 25,4 mm
(diâmetro exterior) * 17,02 mm (diâmetro interior). Com estes dados podemos
dimensionar estes trocadores valendo-se das fórmulas de transferência de calor.
[G.P.T, 2005].
3600
)(
.. sgeggasgasg
gas
TTCpm
Q
×××
=
ρ
(19)
=
1
2
12
T
T
Ln
TT
DTML
(20)
TML
U
Q
A
gas
×
=
(21)
Onde os dados para o primeiro trocador são:
Q
gas
: Calor Transferido, kW
m
g :
Fluxo do gás produzido a 500 °C (200 Nm
3
/h = 566,08 m
3
/h)
Cp
gas
: Calor Especifico a pressão constante do gás;
1,5076 kJ/Nm
3
.K (1,32 kJ/kg °K) (vide Fig. 8.3)
ρ
gás
: Densidade do gás; 0,41 kg/m
3
T
g. e :
Temp. do gás de entrada, 500°C
T
a. e :
Temp. do ar de entrada, 30° C
T
g. s :
Temp. do gás de saída, 400°C
T
a. s :
Temp. do ar de saída, 300°C
DTML: Temperatura média logarítmica °C
T
2
: T
g.e
– T
a.s =
(500 – 300)
140
T
1
: T
g.s
– T
a.e
= (400 – 30)
A : Superfície total de troca de calor, m
2.
Os dados para o segundo trocador são:
m
g :
Fluxo do gás produzido a 400 °C (200 Nm
3
/h = 492,87 m
3
/h)
Cp
gas
: Calor Especifico do gás; 1,478 kJ/Nm
3
.K (1, 28 kJ/kg .K) (ver Fig. 8.3)
ρ
gas
: Densidade do gás; 0,47 kg/m
3
T
g.e :
Temp. do gás de entrada, 400°C
T
a.e :
Temp. da água de entrada, 20°C
T
g.s :
Temp. do gás de saída, 150°C
T
a.s :
Temp. da água de saída, 200°C
T
2
: T
g.e
– T
a.s
= (400 – 200)
T
1
: T
g.s
– T
a.e
= (150 – 20)
Substituindo estes valores nas fórmulas, obtêm-se os seguintes valores
apresentados na tabela 8.2.
Os coeficientes de transferência de calor foram obtidos de relatórios internos do
Grupo de Processos Termoquímicos da Universidade de Zaragoza, Espanha [G.P.T,
2005]. Já o calor específico e a densidade do gás de biomassa foram calculados a partir
dos valores específicos de cada um dos gases que compõem o gás de biomassa, em
função da pressão e da temperatura; utilizou-se a composição do gás em base seca
como sendo: 16% de H
2
, 20% de CO, 13% de CO
2
, 2% de CH
4
, 0,6% de O
2
, 48% de
N
2
, 0,19% de C
2
H
4
, 0,15% de C
2
H
6
y 0,01 de C
2
H
2
. A figura 8.3 mostra as variações
do calor especifico a pressão constante do gás de biomassa.
141
Tabela 8.2. Principais características dos trocadores de calor IC
1
, IC
2
Características Ar - Gás Água - Gás
Material dos Dutos
Aço Inox AISI 304 Aço Inox AISI 304
Troca de calor (kW)
8,381 20,591
DTML (°K)
516,53 283,18
Área total de troca de calor (m
2
)
1,033 1,82
Comprimento total dos dutos (m)
12,94 22,80
Comprimento de cada duto (m)
0,5 0,95
Número de dutos
28 24
Distância entre cada duto (m).
31,75 x 10
-3
39,68 x 10
-3
Diâmetro de carcaça (m)
0,254 0,305
VARIAÇÃO DO Cp DO GÁS COM A TEMPERATURA (0-900ºC)
y = -8E-13x
4
+ 2E-09x
3
- 1E-06x
2
+ 0,0007x + 1,3161
R
2
= 0,9993
1,3
1,35
1,4
1,45
1,5
1,55
1,6
1,65
1,7
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900
Temperatura, C
Cp, kJ/Nm3.K
1 bar
Polinómica (1 bar)
Figura 8.3. Variação do Cp a pressão constante do gás de biomassa para distintas
temperaturas.
142
Ambos trocadores terão um sensor de nível que acionará uma válvula de
descarga inferior para a eliminação de possíveis condensados que possam inundar os
equipamentos ou ser arrastados pela corrente gasosa.
8.2.4. LAVADOR DE GASES
Como explicado no capitulo 5, existem vantagens e desvantagens de realizar a
limpeza dos gases a base seca ou úmida. Quanto aos lavadores a base úmida, não há
geração de água residual e no caso dos lavadores em base seca existe a necessidade de
manutenção e troca de alguns filtros depois de algumas horas de operação. Por outro,
lado o uso de filtros cerâmicos e metálicos não é muito conhecido devido que a
maioria deles estão em fase experimental e com elevados custos.
a. LAVADORES DE GÁS A BASE SECA
a.1. FILTROS DE MANGAS (Bag Filters)
Segundo o catalogo de filtros de uma empresa conhecida no mercado (filtros de
mangas) [Prillwitz S.A http://www.prillwitz.com.ar], para a escolha do modelo, deve-
se calcular a superfície de filtragem necessária. A seguinte equação pode ser usada:
Sf = Qg / i (22)
Sendo:
Sf = Superfície de filtragem (m
2
)
Qg = Vazão do gás (m
3
/min)
i = 0 a 2,5 para produtos finos, pegajosos, de alta concentração.
i = 2,5 a 4,0 para produtos intermediários.
i = 4,0 a 7,0 para produtos grossos, secos e com baixa concentração.
143
Como o fluxo dos gases é de 200 Nm
3
/h (7,77 m
3
/min) e considerando uma
quantidade intermediaria dos produtos do gás, será usado, i = 4 m/min; esse valor é
muito próximo às velocidades recomendadas para filtros de manga 0,005 a 0,05 m/s
[Perry, 1986]. Substituindo estes valores na Eq (22), a superfície de filtragem
necessária de 1,44 m
2
. Segundo o catalogo da empresa, o modelo HDFT 4/1200 é o
recomendado. O filtro consta de 4 mangas com uma altura de 1,2 m. O diâmetro das
mangas será de 120 mm de poliéster montadas dentro de um cesto galvanizado. Para a
limpeza destes filtros utilizam-se jatos de ar em fluxo reverso (jatos pulsantes de ar),
ou seja, a limpeza realiza-se por meio de um pulso de ar a alta pressão que expande
fortemente a manga.
Perda de carga no filtro
A perda de carga pode ser expressa mediante a equação de Laplace, que
apresenta uma alternativa da equação de Billings e Wilder para a perda de carga em
filtros de mangas [Perry, 1984], assim:
m
tVCdKdPi ×××µ×=
2
(23)
Sendo:
Pi = Perda de carga (polegada de H
2
O)
Kd = Coeficiente de resistência da camada de pó (in H
2
O/(cp*ft/min*g/ft
2
))
µ = Viscosidade (cp)
Cd = Concentração de pó no gás (g/ft
3
)
V = Velocidade do gás (ft/min)
t
m
= Tempo de filtragem (min)
A viscosidade do gás de saída é de 0,0336 cp (valor calculado, segundo a
composição do gás de saída) [Perry, 1984], a velocidade do gás no interior da manga
é de 0,05 m/s (velocidade recomendada); para a concentração de pó no gás foram
144
consideradas quantidades elevadas de material particulado e alcatrão presentes no gás
para o gaseificador downdraft [Graham e Bain, 1993], [Neef et al., 1999], [Hasler e
Nussbaumer, 1999], com relação ao coeficiente de resistência para a camada de pó, foi
tomado um valor máximo de 1 [Perry, 1984] e por último, considerando se um tempo
de operação para estes filtros de 10 horas. Substituindo estes dados na Eq. (23), obtém-
se uma queda de pressão para estes filtros de 63,85 polegadas H
2
O (0,15 bar).
b. LAVADORES DE GÁS EM BASE ÚMIDA (wet scrubber)
Para a presente instalação foi escolhido o lavador venturi tipo “Reither”. As
características destes modelos são: o venturi perfeitamente acoplado transversalmente
e o líquido de lavagem que se pulveriza por injeção axial ou transversal à baixa
pressão. Devido ao grande efeito cortante da corrente do gás, as partículas do líquido
se convertem em partículas muito finas. A elevada aceleração do gás na entrada do
equipamento e a elevada velocidade relativa provocada entre as partículas e as
gotículas é a razão da boa capacidade de separação deste tipo de lavador. O lavador
venturi influencia muito na perda de carga. Soluciona–se este problema modificando a
seção transversal da entrada ou aspirando o ar de recirculação.
O sistema “Reither”
É um lavador tipo venturi com um pistão. O princípio do funcionamento aparece
representado nas figuras 8.4, 8.5 e 8.6. O gás circula pelo interior do equipamento
antes de encontrar um estrangulamento transversal formado por dois cilindros menores
colocados horizontalmente.
O líquido de lavagem é pulverizado axialmente por bocais. É possível a
construção em aço ou aço nobre do corpo principal do equipamento. Os dados obtidos
para este sistema são do fabricante Plastoquimica S.A, situada em Zaragoza (Espanha).
145
Figura 8.4. Principio do Lavador de gases, Venturi – Reither [Plastoquimica S.A].
Figura 8.5. Sistema Venturi– Reither e separador centrifugo [Plastoquimica S.A].
146
Cálculo da perda de carga e dimensionado do Venturi.
A perda de carga é calculada pela equação dada pelo fabricante de acordo com os
parâmetros fixos da instalação.
2
2
2
2
]036,0)
2
1(130,0[
G
G
VL
d
S
Pv ×××+
×
+=
ρ
(24)
Sendo:
α : Ângulo da fenda.
ρ
G
: Densidade do gás (kg/m
3
)
Pv : Perda de carga (Pa)
D : Diâmetro do tubo principal (mm). (vide Fig 8.6)
d
1
: 0,5*D
d
1
: Diâmetro dos tubos transversais (mm); Fig. 8.6
d
2
: 0,25 * D
d
2
: Diâmetro de tubo transversal (pistão) (mm); Fig. 8.6
H
min
: Avanço do pistão; Fig. 8.6.
L : Fluxo do líquido de limpeza (l/m
3
do gás )
S : Fenda (garganta) (mm); Fig. 8.6
Va : Vazão dos gases à entrada do venturi (m
3
/h)
Vd : Velocidade do gás na entrada do venturi (m/s)
V
G
: Velocidade do gás na garganta (m/s)
Sabendo-se que o fluxo dos gases de saída é de 200 Nm
3
/h a uma temperatura
de 150 °C (na saída do segundo trocador de calor), com uma sobre-pressão de 0,6 atm
e que a velocidade do gás no duto principal pode ser estimada em 10 m/s. Portanto, da
equação de vazão, o diâmetro do duto principal do venturi (D) será de 82,76 mm. Do
catálogo do fabricante será escolhido um valor comercial para o duto principal de 100
mm (Tab 8.3) indicando o modelo VR-100 em chapa de aço inox.
147
Figura 8.6. Principais dimensões do Venturi – Reither. [Plastoquimica S.A].
Segundo Schifftner e Hesketh (1996), a velocidade dos gases na região da
garganta pode variar entre 27 e 121 m/s, por outro lado em lavadores venturi é
recomendado que a perda de carga não supere os 200 mbar e que o consumo de água
deve estar entre 5 a 20 l/m
3
de gás de biomassa [G.P.T., 2005]. Com estes dados, a
perda de carga em função do avanço do pistão é determinada de acordo com a Eq. (24)
(Vide tabela 8.4 e Fig. 8.7).
Tabela 8.3. Principais dimensões e parâmetros do lavador Venturi VR-100
D
(mm)
d
1
(mm)
d
2
(mm)
B
(mm)
V
D
(m/s)
L
(l/m
3
)
Va
T = 150 º C
P = 1, 6 bar.
ρ
G
(kg/m
3
)
H
min
(mm)
100 50 30 80 10 15 194 m
3
/h 1,2 15
148
Tabela 8.4. Variação da perda de carga em função da dimensão da fenda (S) e a
velocidade na garganta
V
G
(m/s)
Pv (Pa) cos α α
H (mm) H real
S (Fenda)
(mm)
Pv
(mbar)
119,56 11234,87 0,95 17,56 35,61 20,61 3,0 112,35
102,48 7925,14 0,95 18,31 37,23 22,23 3,5 79,25
89,67 5826,48 0,95 19,02 38,79 23,79 4,0 58,26
79,70 4421,53 0,94 19,71 40,30 25,30 4,5 44,22
71,73 3440,79 0,94 20,36 41,76 26,76 5,0 34,41
65,21 2733,05 0,93 21,00 43,17 28,17 5,5 27,33
59,78 2208,38 0,93 21,60 44,55 29,55 6,0 22,08
55,18 1810,65 0,93 22,19 45,89 30,89 6,5 18,11
51,24 1503,47 0,92 22,76 47,20 32,20 7,0 15,03
47,82 1262,42 0,92 23,31 48,48 33,48 7,5 12,62
44,83 1070,69 0,91 23,85 49,73 34,73 8,0 10,71
42,20 916,38 0,91 24,37 50,95 35,95 8,5 9,16
39,85 790,92 0,91 24,87 52,15 37,15 9,0 7,91
37,75 688,00 0,90 25,36 53,33 38,33 9,5 6,88
35,87 602,91 0,90 25,84 54,49 39,49 10,0 6,03
34,16 532,08 0,90 26,31 55,62 40,62 10,5 5,32
32,61 472,76 0,89 26,77 56,74 41,74 11,0 4,73
31,19 422,81 0,89 27,21 57,84 42,84 11,5 4,23
29,89 380,57 0,89 27,65 58,93 43,93 12,0 3,81
28,69 344,70 0,88 28,07 60,00 45,00 12,5 3,45
27,59 314,12 0,88 28,49 61,06 46,06 13,0 3,14
Para poder controlar o funcionamento do venturi, deve ser colocado no mesmo
um medidor de pressão diferencial, que permitirá ajustar a posição da garganta
regulável do venturi e conseguir a separação das partículas.
149
8.2.5. EQUIPAMENTO ELIMINADOR DE UMIDADE.
O objetivo deste sistema é eliminar a maior fração possível de água contida no
gás na saída do sistema de lavagem de gases (venturi - separador). Portanto, este gás
será resfriado mediante uma unidade frigorífica condensando boa parte da água
contida no mesmo.
PERDA DE CARGA RESPECTO AO AVANÇO DO PISTÃO
1,00
10,00
100,00
1000,00
20,00 25,00 30,00 35,00 40,00 45,00 50,00 55,00 60,00
AVANÇO DO PISTÃO, mm
PERDA DE CARGA, mbar
Figura 8.7. Perda de carga respeito ao avanço do pistão.
A Fig 8.8 mostra a quantidade de água contida no gás de biomassa. [G.P.T.,
2005]. Como o gás de combustível (gás de biomassa) não precisa que seja de baixas
temperaturas, o sistema contará com dois trocadores – condensadores (vide Fig. 8.9).
O primeiro é um trocador a contracorrente entre o gás proveniente do venturi -
separador e o gás de saída de menor temperatura proveniente do segundo trocador que
faz parte do eliminador de umidade. No segundo trocador se utilizará um fluido
150
refrigerante proveniente de uma unidade frigorífica para resfriar o gás a temperaturas
perto de 10°C, se condensando boa parte da água ainda presente neste gás. Este mesmo
gás será recirculado no trocador de calor 1 e aquecido até 18 ºC para a alimentação do
M.C.I. Antes da entrada ao motor, se deverá instalar um medidor de vazão, um
medidor de temperatura e um de pressão. Também se deverá instalar um aceso à linha
do gás a fim de recolher algumas mostras para conhecer a composição e o conteúdo
de alcatrão do gás de biomassa.
Temperatura do gás em função do conteudo de agua
de saturação
0
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
0,06
0,07
0,08
0,09
0,1
010203040
T ºC
kg H2O/kg gás
50
Figura 8.8. Teor da água no gás de biomassa em função da temperatura [G.P.T. 2005].
8.3. EQUIPAMENTOS ADICIONAIS
8.3.1. SOPRADOR (Blower)
É preciso dispor de um soprador capaz de fornecer a quantidade de ar
consumida pelo gaseificador. A pressão de fornecimento necessária não é elevada já
que o sistema opera a pressão atmosférica, por isso um soprador que forneça ar a 0,7
bar será suficiente.
151
Figura 8.9. Sistema eliminador de umidade [G.P.T, 2005].
A vazão de ar, considerando a alimentação de biomassa no gaseificador, é de 120
Nm
3
/h de ar, aplicando um fator de segurança de 20%, a escolha do soprador deverá
ter uma capacidade de 145 Nm
3
/h (vide Tab 8.5).
Tabela 8.5. Características principais do soprador (blower) [G.P.T, 2005].
Vazão máxima
145 Nm
3
/h
Pressão de descarga
0,5 bar
Potência estimada
5 kW
Tipo recomendado
Lóbulos, lubrificada por óleo.
8.3.2 COMPRESSOR
Será preciso dispor de um compressor que proporcione a vazão de ar necessário
para a manobra das válvulas pneumáticas do sistema de alimentação de biomassa
152
assim como as demais válvulas ou dispositivos pneumáticos que forem necessários na
instalação. O compressor deverá operar a 10 bar de pressão aproximadamente.
153
CAPÍTULO 9
ESTUDO ECONÔMICO E FINANCEIRO DA INSTALAÇÃO
Neste capítulo realiza-se um estudo prévio dos investimentos e dos custos
associados à instalação de sistemas com uso de gaseificadores de biomassa para
acionamento de conjunto Motor de Combustão Interna / Gerador Elétrico. São
considerados os custos operacionais tanto do gaseificador como dos equipamentos
para o acondicionamento e limpeza do gás de biomassa. O estudo financeiro permite
determinar a Taxa Interna de Retorno (TIR) e o Valor Presente Líquido (VPL) (vide
Anexos). Considera-se uma vida útil de 15 anos para os cálculos da receita anual
esperada com base na economia pela redução do consumo de energia via rede elétrica.
9.1 BENEFÍCIOS DO USO DE GÁS DE MADEIRA
No aspecto econômico alguns fatos devem ser abordados:
A possibilidade do não uso de combustíveis fosseis para a produção de
eletricidade;
A utilização de resíduos florestais inapropriados para a elaboração industrial;
Os recursos como a lenha, poderiam cobrir as necessidades de interconexão a
rede elétrica durante muito tempo, reduzindo o custo marginal de escansão da
rede.
A possibilidade de criação de novos postos de trabalho na colheita, transporte e
preparação da lenha.
Evita-se o transporte de óleo diesel (entre outros combustíveis) de longas
distâncias, cujos custos crescem continuamente.
Custos consideravelmente menores, por kWh de eletricidade produzido, com
gás de madeira com relação, por exemplo, ao óleo diesel.
Possibilidade de promover uma auto-suficiência regional, sem depender do
clima e do óleo diesel.
154
9.2. ESTUDO ECONÔMICO
9.2.1. CUSTOS DOS EQUIPAMENTOS E OBRA CIVIL
Para o caso do conjunto motor/gerador adaptado para queima de gás de
biomassa, tem se para um motor/gerador de 50 kW um valor estimado em 48800 €
(Euros), para um motor/gerador de 600 kW é estimado um custo de 270.000 € e para
um motor/gerador de 1,9 MW um custo de 602.410 €. (Dados reais de fabricantes).
No caso da estimativa de custos, optou-se pela técnica de Boehm (1987) e
adaptada por Silveira (1990) para obter os custos de equipamentos, a técnica se baseia
na seguinte equação, a figura 9.1 ilustra esta técnica:
m
Sr
S
CrC
= .
(25)
Onde:
C : Custo de equipamento para uma grandeza de interesse S;
m : Fator de incidência que indica a escala de economia (0,5 – 1). Tab (9.1)
Cr : Custo de equipamento para uma grandeza de referência Sr.
Para aplicar tal técnica são requeridas as seguintes etapas:
- Caracterização do equipamento
- Identificação de Cr, Sr e m
- Incidência da grandeza de interesse sobre S
min
e S
max
- Correção do fator “m” por opções típicas de equipamentos [Vian, 1991]
Desta maneira, com o conhecimento do investimento “Cr” para uma planta de
capacidade “Sr”, calcula-se facilmente o investimento “C” necessário para outra
planta semelhante, mas de capacidade distinta “S”, desde que se tenha o valor do fator
de incidência “m”. Esta regra é válida também para equipamentos e máquinas em
155
particular, mas neste caso é preciso conhecer o preço do outro equipamento ou
máquina semelhante. A necessária semelhança implica identidade na forma e no
material de construção.
Fig. 9.1. Metodologia para a determinação de custo de equipamento [Boehm,1987].
a. Estimativa de custo do Motor/Gerador
A partir da técnica descrita anteriormente, pode-se determinar o custo do
motor/gerador usando a seguinte equação:
m
P
P
C
C
=
1
2
1
2
(26)
Onde:
C: Custo do motor, € (Euros)
P: Potência do motor, MW
m: Fator de incidência 0,7 [G.P.T, 2005].
156
Tabela 9.1. Valores do “m” para equipamentos de química industrial [Vian, 1991]
Tipo de Equipamento (e
parâmetro funcional)
Tipo “m”
- Centrífugo 0,87
Aspiradores de gás (Vazão)
- De hélice 0,87
- De vácuo 0,41
- De embolo 0,60
- Centrífugas 0,52 – 0,76
- Rotatórias 0,60 – 0,70
Bombas (vazão)
- De diafragma 0,50 – 0,65
- De duplo tubo 0,56
Trocadores de calor (superfície
de troca de calor)
- De tubos e carcaça (extremo
flutuante)
0,60
- Ciclones simples e múltiplos 0,84
Coletores de pó (vazão)
- Eletrostáticos 0,77 – 0,98
Compressores (vazão)
- de um ou mais efeitos 0,73
Catalisadores (volume)
- Descontínuos e a vácuo 0,40 – 0,45
- Cilindros pequenos (3 a 10 at) 0,40
- Esféricos (3 – 12 at) 0,65
- Gasômetros 0,60
Equipamentos de
armazenamento (volume)
- Cilindros, grande porte 0,66
- Trituradores 0,57 – 0,78
- Moinhos de bolas e tubulares 0,60 – 0,72
Desintegradores mecânicos
(potência e capacidade de
produção)
- Pulverizadores 0,70 – 0,80
Filtros (superfície de filtragem)
- Qualquer tipo 0,58 – 0,66
Sopradores (vazão)
- Centrífugos 0,60
157
Utilizando, como já foi dito anteriormente, os custos reais para motor/gerador de
50 kW estimado em 48800 € (Euros), para um motor/gerador de 600 kW é estimado
um custo de 270.000 € (Euros), e para um motor/gerador de 1,9 MW este é estimado
em 602.410 € mencionados anteriormente na Eq (26), pode-se escrever a seguinte
equação:
7,0
9,1
602410/
×=
P
geradormotordoCusto
(27)
Neste caso, pode-se determinar o custo do motor/gerador de 100 kW necessário
para a instalação em estudo, que será de 76700 €. Para o caso dos motores/geradores
com reatores downdraft, o custo associado ao sistema de gaseificação inclui: Área de
alimentação, gaseificador, equipamentos de limpeza e equipamentos para o
condicionamento dos gases, tem-se os seguintes valores: Para um reator de 50 kg/h de
alimentação de biomassa, o custo estimado é 53.800 €, já para um reator de 250 kg/h
de alimentação de biomassa, o custo estimado é 180.700 €, para um reator de 500 kg/h
o custo estimado é 283.100 €, e para um reator de 600 kg/h, o custo estimado é
374.000 €. Os preços foram obtidos de dados reais do G.P.T. Os equipamentos de
limpeza e condicionamento do gás incluem ciclones, lavadores de gás tipo venturi,
torres de absorção, trocadores de calor e secadores de gás. Não incluem nenhuma
classe de filtros.
Seguindo esta técnica para a estimativa de custos, pode-se ter com relação à área
de gaseificação, a seguinte equação:
78,0
600
374000
×=
P
ãoGaseificaçdeSistemadoCusto
(28)
Portanto, o custo do sistema de gaseificação para 100 kg/h de alimentação de
biomassa será de 92.450 € (E
UROS).
158
Para o custo da instrumentação e controles eletro-mecânicos, considera-se como
10% do custo total da instalação, para os custos de obra civil 14% do custo total da
mesma e para o custo da engenharia de projeto considera-se como 35% do custo total
[G.P.T, 2005]. Os resultados dos custos obtidos para o sistema gaseificador de 100
kg/h de alimentação são apresentados na tabela 9.2.
9.2.2. CUSTO DE OPERAÇÃO E MANUTENÇÂO
Nesta seção estima-se o custo de operação e manutenção da instalação, que
incluem, o custo da biomassa, os gastos com pessoal que trabalha na instalação, os
gastos de manutenção, entre outros. Com estes valores pode-se avaliar o resultado
econômico da instalação em função da tarifa praticada para compra de eletricidade
(quando da conexão em rede elétrica), ou do custo marginal de expansão do setor
elétrico (quando do caso de região desprovida de eletrificação).
Tabela 9.2. Custos de equipamentos do sistema de gaseificação para uma alimentação
de 100 kg/h de biomassa lignocelulosica. 1,33 US$ = 1 € (Taxa de cambio Março
2007) [G.P.T, 2005]
CONCEITO
Motor / Gerador 76.700
Sistema de alimentação + Gaseificador +
Sistema de limpeza de gases
92.450
Bombeio 7.000
Tubagens 15.000
Flare
3.000
Retirada de cinzas 6.000
Subtotal 200.150
Instrumentação (10 %) 48.817
Obra civil (14 %) 68.344
Engenharia do projeto (35 %) 170.860
TOTAL (€) 488.171
TOTAL (US$) 649.267
159
a. Custo da Biomassa.
No caso dos resíduos de madeira e lenha pode-se adotar um custo inferior e até
mesmo nulo (caso de resíduos). Para prover de dados reais ao analises financeiro a
seguir, considera-se para a biomassa um custo de US$ 5000 por ano.
b. Custo de manutenção
O custo de manutenção anual será de 3% do custo total do investimento
necessário para a instalação [G.P.T, 2005].
C. Custo de mão de obra.
O custo de pessoal de operação para estas instalações é bastante reduzido, isto se
deve a introdução de sistemas automáticos de monitoramento e controle das
instalações, que pode ser operada por 1 homem, assim sendo, não se considera o preço
da mesma nos cálculos financeiros.
D. Custos de amortização (depreciação)
Considera-se um tempo de amortização do investimento de 15 anos, com
pagamentos sendo efetuados num valor fixo e constante ao ano.
9.3. ESTUDO FINANCEIRO
Não há duvida de que os gaseificadores de madeira desempenharam um papel
importante no passado, principalmente na crise de petróleo. Hoje, com o elevado custo
dos derivados de petróleo e devido as questões ambientais, tem havido um interesse
crescente de uso desta tecnologia, por parte dos pesquisadores, organismos
internacionais e membros governamentais de vários países, de modo a reduzir a
160
importação dos combustíveis derivados de petróleo, sobretudo nos países que dispõem
de grandes recursos de biomassa, como é o caso do Brasil.
O impacto da gaseificação de biomassa sobre os sistemas de oferta de energia
nos países em desenvolvimento depende de vários fatores entre os quais,
modernização de tecnologia, desenvolvimento dos gaseificadores, e de ajuda
econômica por parte dos governos dos países envolvidos para o investimento de novas
tecnologias limpas, e de grande interesse nas regiões limitadas ao acesso a rede
elétrica.
Para o presente estudo financeiro, considera-se que a instalação estará localizada
em regiões onde o acesso à rede elétrica é quase impossível, e que as necessidades
energéticas (para uma comunidade isolada de pessoas) incluem necessidades básicas
diárias e as necessidades de iluminação nas noites. Por outro lado, a disponibilidade
dos recursos renováveis, como é o caso da biomassa lignocelulósica próprias destas
regiões, representa um custo bem reduzido.
Considerando um subsídio governamental, de entidade privada ou de entidades
internacionais interessadas neste tipo de sistemas, ao redor 30 % do custo total do
investimento, a receita é baseada na economia anual esperada no caso do consumo da
energia elétrica (tanto do ponto de vista de proximidade de rede, pela tarifa de
eletricidade, como do ponto de vista de comunidade isolada, neste caso baseando-se no
custo marginal de expansão do setor elétrico). Para o cálculo, considera-se um custo da
eletricidade de 0,281 R$/kWh – 0,138 US$/kWh [Aneel, 2007]. Considerando-se que
a potência instalada para a comunidade seja de 90 kW , e que o conjunto gaseificador e
motor/gerador para 100 kg de biomassa (pode gerar até 100 kW), trabalhará em carga
parcial para toda a geração da potência necessária, com uma operação de 15 horas ao
dia, totalizando 492.750 kWh/ano. Portanto, as poupanças anuais que se conseguiriam,
atingiriam US$ 68.042,98 ao ano.
Por outro lado, dos 70% restante do custo total do investimento (US$ 454.487,
(30 % de subsídio governamental)), considera-se que 10 % será financiado de fundos
próprios da comunidade de proprietários (US$ 45.448,7) e que os 90 % restante será
coberto por uma entidade financeira (US$ 409.038,3), com taxa anual de juros de 5 %
161
(tempo de financiamento de 15 anos). Adota-se também uma valor de 30% em
impostos (sobre o valor total do investimento), com uma inflação anual de 3,5%.
Assim, tem-se um Valor Presente Líquido (VPL) de US$ 113.242,5 e uma Taxa
Interna de Retorno (TIR) de 19% para uma taxa de desconto considerada igual a taxa
anual de juros. (vide figuras 9.2, 9.3 e 9.4).
9.3.1. FLUXO DE CAIXA, TAXA INTERNO DE RETORNO (TIR) E VALOR
PRESENTE LIQUIDO (VPL)
A seguir apresentam-se os cálculos para a construção do fluxo de caixa, (Tab
9.3). A teoria para o calculo da Taxa Interna de Retorno (TIR) e o Valor Presente
Liquido (VPL) são apresentados nos Anexos; na tabela 9.3, apresentam-se também os
resultados para estes parâmetros.
68.042,98
1
A
= (29)
x
68.042,98
w
A
+×=
100
1 (30)
649.26
7
Y
= (31)
Y
0,03 B ×= (32)
5000C = (33)
C
-B -
A
D
= (34)
(
)
W
Y
0,
7
E
×
= (35)
E
-
D
F
= (36)
EM
U
G ×=
100
(37)
G-
F
H
= (38)
H
V
I ×=
100
Somente se H > 0 (39)
162
I
-
H
J
= (40)
K
0
= 45.448,7 (41)
W
409038,3
K =
1
(42)
K
-
E
J
C
F
+= (43)
EM
0
= 409.038,3 (44)
10
K
EM
W
EM = (45)
Onde:
A
1
: Receita para o primeiro ano da instalação (US$)
A
W
: Receita para o segundo e consecutivos anos da instalação (US$)
B : Custo de manutenção (US$)
C : Custo da biomassa (US$)
D : Beneficio bruto (US$)
E : Custo de amortização (US$)
F : Beneficio antes dos juros (US$)
G : Custo de Juros (US$)
H : Beneficio antes dos impostos (US$)
I : Custo de Impostos (US$)
J : Beneficio Total (US$)
K
0
: Desembolso, para o ano 0 da instalação (US$)
K
W
: Desembolso, para o primeiro e consecutivos anos da instalação (US$)
CF : Fluxo de caixa (Cash Flow) (US$)
EM
0
: Empréstimo para o ano 0 da instalação (US$)
EM
W
: Empréstimo para o primeiro e consecutivos anos da instalação (US$)
X : Inflação (%)
Y : Custo de investimento (US$)
U : Juros (%)
V : Impostos (%)
W : Tempo de amortização e financiamento (15 anos)
163
Tabela 9.3. Fluxo de caixa, TIR e VPL (US$)
BAJ: Beneficio antes dos juros
BAI: Beneficio antes dos impostos.
Anos 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Empréstimo (EM)
409038,3 381769,04 354499,82 327230,60 299961,39 272692,17 245422,95 218153,74 190884,52 163615,30
ANOS
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
RECEITAS (A)
68042,98 70424,48 72889,34 75440,47 78080,88 80813,71 83642,19 86569,67 89599,61
CUSTOS
Manutenção (B)
19478,01 19478,01 19478,01 19478,01 19478,01 19478,01 19478,01 19478,01 19478,01
Custo de biomassa (C) 5000,00 5000,00 5000,00 5000,00 5000,00 5000,00 5000,00 5000,00 5000,00
BENEFICIO BRUTO (D)
43564,97 45946,47 48411,33 50962,45 53602,87 56335,70 59164,18 62091,66 65121,60
Amortizações (E)
30299,13 30299,13 30299,13 30299,13 30299,13 30299,13 30299,13 30299,13 30299,13
BAJ (F)
13265,84 15647,34 18112,20 20663,32 23303,74 26036,57 28865,05 31792,53 34822,47
Juros (G)
20451,91 19088,45 17724,99 16361,53 14998,07 13634,61 12271,15 10907,69 9544,23
BAI (H)
-7186,08 -3441,11 387,21 4301,79 8305,67 12401,96 16593,90 20884,84 25278,24
Impostos (I)
0,00 0,00 116,16 1290,54 2491,70 3720,59 4978,17 6265,45 7583,47
BENEF. TOTAL (J)
-7186,08 -3441,11 271,04 3011,26 5813,97 8681,37 11615,73 14619,39 17694,77
Amortizações (E)
30299,13 30299,13 30299,13 30299,13 30299,13 30299,13 30299,13 30299,13 30299,13
DESEMBOLSO (K)
-45448,70 27269,22 27269,22 27269,22 27269,22 27269,22 27269,22 27269,22 27269,22 27269,22
Fluxo de caixa (Cash Flow)
-45448,70 -4156,16 -411,20 3300,96 6041,17 8843,88 11711,29 14645,65 17649,30 20724,68
164
Fluxo de caixa (US$) (continuação)
10 11 12 13 14 15
92735,59 95981,34 99340,69 102817,61 106416,23 110140,80
TIR 19%
VPL 113.242,5
19478,01
19478,01 19478,01 19478,01 19478,01 19478,01
5000,00 5000,00 5000,00 5000,00 5000,00 5000,00
Impostos (V) 30%
68257,58 71503,33 74862,68 78339,60 81938,22 85662,78
Juros (U) 5,0%
30299,13 30299,13 30299,13 30299,13 30299,13 30299,13
Amortização (W) 15 anos
37958,45 41204,20 44563,54 48040,47 51639,09 55363,65
Tempo de financia. (W) 15 anos
8180,77
6817,30 5453,84 4090,38 2726,92 1363,46
29777,69 34386,89 39109,70 43950,09 48912,16 54000,19
8933,31
10316,07 11732,91 13185,03 14673,65 16200,06
20844,38 24070,83 27376,79 30765,06 34238,51 37800,13
30299,13
30299,13 30299,13 30299,13 30299,13 30299,13
27269,22 27269,22 27269,22 27269,22 27269,22 27269,22
23874,29 27100,74 30406,70 33794,97 37268,43 40830,05
10 11 12 13 14 15
136346,09 109076,87 81807,65 54538,43 27269,22 0,00
165
9.3.2. Análise de sensibilidade
TIR com relação ao Custo de Investimento
10%
14%
18%
22%
26%
30%
500000 540000 580000 620000 660000 700000 740000
Custo de Investimento (US$)
TIR %
Figura. 9.2. Variação da TIR considerando diminuição do custo de investimento.
Potência Instalada com relação ao VPL
75
79
83
87
91
95
99
103
30000 60000 90000 120000 150000 180000
VPL (US$)
kW
Figura. 9.3. Variação do VLP considerando aumento da potência instalada.
166
TIR com relação ao preço de electricidade
0%
8%
16%
24%
32%
40%
48%
0,1 0,12 0,14 0,16 0,18 0,2
US$/kWh
TIR %
Figura 9.4. Variação do TIR considerando um aumento do preço da energia elétrica.
PAYBACK
-50000,00
-40000,00
-30000,00
-20000,00
-10000,00
0,00
10000,00
20000,00
30000,00
01234567
ANOS
CASH FLOW (US$)
Figura 9.5. Retorno do Custo do Investimento (Payback).
167
CAPITULO 10
CONCLUSÕES
Os resultados e valores encontrados neste trabalho são fortemente dependentes
do conteúdo de umidade na biomassa processada e do tempo de residência da
biomassa no interior do gaseificador, sendo que este último parâmetro, influência no
projeto do sistema de remoção de resíduos, e portanto, no dimensionamento da
garganta. Deverá se assegurar da hermeticidade do gaseificador e o correto sistema de
alimentação de biomassa com a finalidade de alcançar um bom funcionamento da
planta. Dois equipamentos primordiais, quanto ao condicionamento do gás de
biomassa, são os trocadores de calor e os lavadores úmidos de gás (wet scrubber).
No caso do uso de catalisadores para a eliminação do alcatrão, é recomendado
que para trabalharem em elevadas temperaturas, a eliminação seria mais eficiente se o
gás opera acima de 600 °C. Se a preferência não for para trabalhar com catalisadores,
a melhor opção é o uso de lavador úmido de gás (wet scrubbers), seguidos de torres de
absorção, ambos comercialmente disponíveis no mercado. O uso de precipitador
eletrostático pode se tornar inviável economicamente, tendo em vista o seu elevado
custo. Por outro lado, a eleição de filtros cerâmicos está condicionada a sua
manutenção e contínuos problemas de obstrução e limpeza periódica do mesmo.
Espera-se um maior desenvolvimento destes sistemas no futuro, no entanto, o seu uso
esta sendo orientado para instalações de gaseificação de grande porte.
Comparando os custos de pequenos gaseificadores downdraft com pequenos
gaseificadores de leito fluidizado, estes últimos são indicados quando se querem
produzir potências acima de 1 MW. Para o uso de gás de biomassa por gaseificação
em MCI, para o uso de gaseificadores downdraft, recomenda-se um limite máximo de
1000 kg/h de biomassa de alimentação. Acima deste valor, a escolha apropriada seria
gaseificador de leito fluidizado com turbina a gás de baixa potência e adaptada para a
queima deste gás.
168
A metodologia de dimensionamiento é baseada principalmente na experiência do
Grupo de Processos Termoquímicos - GPT da Universidade de Zaragoza – UNIZAR
(Espanha), especificamente na construção de gaseificadores downdraft de grande e
pequeno porte. Seguiram-se também as recomendações encontradas na bibliografia
disponível com algumas modificações propostas no presente projeto. Recomenda-se
que esta metodologia utilizada neste trabalho seja adaptada para outras situações
incorporando-se as distintas condições de operação. Pode-se considerar que a
metodologia desenvolvida neste trabalho seja um ponto de partida para análise de
outros casos.
Do balanço energético desenvolvido para o gaseificador de biomassa, obteve-se
uma eficiência a frio de 62,68% e uma eficiência a quente de 84,73%. Ambos os
resultados estão de acordo aos dados encontrados na literatura e em protótipos
desenvolvidos por outros pesquisadores.
De acordo com o estudo econômico e financeiro realizado para o gasificador de
100 kg/h de alimentação de biomassa lignocelulósica, tem-se um Valor Presente
Líquido (VPL) de US$ 113.242 e uma Taxa Interna de Retorno (TIR) de 19%
considerando uma taxa de desconto igual a taxa anual de juros. Na seção 9.3.1
apresentou-se o fluxo de caixa do presente estudo. Como se pode observar nesta
tabela, o valor do investimento, levando-se em conta todas as considerações
mencionadas, é recuperado a partir do quarto ano.
Recomendam-se como sugestões de trabalho futuros:
-Análise Exergética do sistema proposto.
-Análise Termoeconômica do Sistema Proposto;
-Estudo de Sistemas de Gaseificação de portes menores do que 100 kW para o
fortalecimento da geração distribuída nos países em desenvolvimento.
-Uso de outras metodologias de análise econômica.
169
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178
ANEXOS
179
1. VPL (Valor Presente Líquido)
O valor presente líquido (VPL) é o valor presente de pagamentos futuros
descontados a uma taxa de juros apropriada, menos o custo do investimento inicial.
Basicamente, é o calculo de quanto os futuros pagamentos somados a um custo inicial
estaria valendo atualmente. Temos que considerar o conceito de valor do dinheiro no
tempo, pois, exemplificando, R$ 1 milhão hoje, não valeria R$ 1 milhão daqui a um
ano, devido ao custo de oportunidade de se colocar, por exemplo, tal montante de
dinheiro na poupança para render juros. É um método padrão nas finanças para a
análise do orçamento de capitais - planejamento de investimentos em longo prazo.
Usando o método VPL um projeto de investimento potencial deve ser empreendido se
o valor presente de todas as entradas de caixa menos o valor presente de todas as
saídas de caixa (que iguala o valor presente líquido) for maior que zero. Se o VPL for
igual a zero, o investimento é indiferente, pois o valor presente das entradas é igual ao
valor presente das saídas de caixa; se o VPL for menor do que zero, significa que o
investimento não é economicamente atrativo, já que o valor presente das entradas de
caixa é menor do que o valor presente das saídas de caixa. Para cálculo do valor
presente das entradas e saídas de caixa é utilizada a TMA (Taxa Mínima de
Atratividade) como taxa de desconto. Se a TMA for igual à taxa de retorno esperada
pelo acionista, e o VPL > 0, significa que a sua expectativa de retorno foi superada e
que os acionistas estarão esperando um lucro adicional a qualquer investimento que
tenha valor presente igual ao VPL. Desta maneira, o objetivo da corporação é
maximizar a riqueza dos acionistas, os gerentes devem empreender todos os projetos
que tenham um VPL > 0, ou no caso se dois projetos forem mutuamente exclusivos,
deve escolher-se o com o VPL positivo mais elevado.
FORMULA
O valor presente líquido para fluxos de caixa uniformes, pode ser calculado
através da seguinte fórmula, onde t é a quantidade de tempo (geralmente em anos) que
180
o dinheiro foi investido no projeto, n a duração total do projeto (no caso acima 6 anos),
i o custo do capital e FC o fluxo de caixa naquele período.
Se a saída do caixa é apenas o investimento inicial, a fórmula pode ser escrita
desta maneira: Em que
FC
j
representa os valores dos fluxos de caixa de ordem "j",
sendo j = 1, 2, 3, ..., n;
FC
0
representa o fluxo de caixa inicial e "i" a taxa de juro da
operação financeira ou a taxa interna de retorno do projeto de investimentos.
Para fluxos de caixa uniformes ou não, podemos utilizar a fórmula abaixo:
2. TIR (TAXA INTERNA DE RETORNO)
A Taxa Interna de Retorno (TIR), em inglês IRR (Internal Rate of Return), é a
taxa que iguala o valor de um investimento (valor presente) com os seus respectivos
retornos futuros ou saldos de caixa. Sendo usada em análise de investimentos e
significa a taxa de retorno de um projeto.
A taxa interna de rentabilidade (TIR) representa de rentabilidade gerada pelo
investimento, ou seja, representa uma taxa de juro tal, que se o capital investido
tivesse sido colocada a essa taxa, obteríamos exatamente a mesma taxa de
rentabilidade final. Por outras palavras, representa uma taxa que se utilizada como
taxa de desconto, torna o VAL igual a zero. A partir do momento em que a
181
rentabilidade dos projetos de investimento seja conhecida, o critério de decisão
sobre o investimento consiste simplesmente em aceitar os que apresentam uma TIR
superior ao custo de financiamento.
FÓRMULA
()
0
1
0
=
+
n
i
i
t
CF
CFi = Cash-flow no ano i
t = Taxa Interna de Rentabilidade
[http://pt.wikipedia.org]
182
183
183
184
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193
194
195
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