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UFBA – UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
ICI – INSTITUTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
MESTRADO EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
FRANCISCO JOSÉ ARAGÃO PEDROZA CUNHA
A GESTÃO DA INFORMAÇÃO NOS HOSPITAIS
IMPORTÂNCIA DO PRONTUÁRIO ELETRÔNICO
NA INTEGRAÇÃO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE
SALVADOR
2005
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FRANCISCO JOSÉ ARAGÃO PEDROZA CUNHA
A GESTÃO DA INFORMAÇÃO NOS HOSPITAIS
Importância do prontuário eletrônico na
integração de sistemas de informação em saúde
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em
Ciência da Informação, Universidade Federal da
Bahia – UFBA, como requisito parcial para obtenção
do grau de Mestre em Ciência da Informação.
Orientador: Prof ª Drª. Helena Pereira da Silva
Salvador
2005
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___________________________________________________________________
C972g Cunha, Francisco José Aragão Pedroza.
A gestão da informação nos hospitais: importância do prontuário
eletrônico na integração de sistemas de informação em saúde / Francisco
José Aragão Pedroza Cunha. Salvador, 2005.
226f.; il.
Orientador: Professora Helena Pereira da Silva.
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal da Bahia. Instituto de
Ciência da Informação, 2005.
1. Gestão da informação. 2. Integração de Sistemas. 3. Produtos e
serviços informacionais em saúde. I. Universidade Federal da Bahia. Instituto
de Ciência da Informação. II. Silva, Helena Pereira da. III. Título.
CDU.: 002.6:614
___________________________________________________________________________
FRANCISCO JOSÉ ARAGÃO PEDROZA CUNHA
A GESTÃO DA INFORMAÇÃO NOS HOSPITAIS
Importância do prontuário eletrônico na
integração de sistemas de informação em saúde
Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do grau
de mestre em Ciência da Informação, Universidade Federal da Bahia, a
seguinte banca examinadora:
Aida Varela Varela
______________________________________________
Doutora em Ciência da Informação, Universidade de Brasília (UNB)
Helena Pereira da Silva – Orientador ___________________________
Doutora em Engenharia da Produção, Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC)
Vera Lúcia Peixoto Santos Mendes ____________________________
Doutora em Administração Pública, Escola de Administração,
Universidade Federal da Bahia (UFBA)
Salvador, 29 de abril de 2005
Aos usuários dos serviços de saúde e aos
que laboram em prol destes serviços.
AGRADECIMENTOS
Aquele pôr do sol no Solar do Unhão (Salvador-Bahia-Brasil), em dezembro
de 2002, sob o som da cantora Margareth Menezes, significando o
start
em direção
ao universo da Ciência da Informação.
A interação de diversos sujeitos (físicos e jurídicos) e aos incentivos de
pessoas que acreditam em mim.
Ao estímulo dos professores Raimundo Machado, Amílcar Baiardi e Helena
Pereira da Silva na empreitada inicial desta pesquisa.
Aos professores Gey Espinheira e Edward McRei do Programa de Pós-
Graduação em Ciências Sociais da UFBa.
Um agradecimento especial a todos os professores do POSICI e funcionários
do ICI.
Aos colegas, que compartilharam e compartilham a angústia de construir um
trabalho desta natureza.
A Mariza Stumpf, do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
A Heimar Marin, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
A CAPES.
Aos amigos: Alana, Evelyn, Jef, Ivana, Rita, Marcelo, Simone, Flávia e
Marihita por estarem presentes em momentos de catarses provocados pelo
caminhar epistemológico.
Ao prof. Francisco Teixeira, por indicar a Profa. Vera Mendes.
A Vera, que viabilizou um olhar crítico e científico nas questões relativas à
Gestão em Saúde, em particular nos Hospitais.
Aos professores Aida Varela (ICI/UFBA) e Cláudio Cardoso (FACOM/UFBA),
pelas sugestões no momento final.
Aos meus tios Lucinha e Benedito, pelas acolhidas carinhosas.
Ao Afrânio, por ser quem é, e por participar de um momento especial em
minha vida.
A Helena, companheira no devir da pesquisa, sugerindo caminhos a serem
percorridos, em particular, o da Gestão da Informação e Integração de Sistemas.
Por finalizar, a Ciência da Informação e a todos os pesquisadores.
[...] À transformação técnica pede-se não só que provoque por si mesma o
encadeamento virtuoso dos ganhos de produtividade das últimas décadas, mas
também que resolva o problema da perda do consenso social.
A revolução informática augura modos mais flexíveis de gestão da vontade geral.
É chamada a modificar o sistema nervoso das organizações e de toda a
sociedade e, assim,
[...] o que vai mudar a longo prazo é a repartição elitista dos poderes, ou seja,
em ultima análise, dos saberes e das memórias.
Como?
Pela socialização da informação, isto é, pelo alargamento da participação.
“Socializar a informação é pôr em prática os mecanismos através dos quais se
gerem e harmonizem os constrangimentos e as liberdades [...]. É fomentar a
articulação dos dados a partir dos quais a estratégia do centro e os desejos da
periferia possam encontrar um acordo: o acordo pelo qual a Sociedade e o Estado
não só se suportem, mas se construam reciprocamente”.
A informatização generalizada da sociedade vai criar essa nova rede ,
em que cada comunidade homogênea poderá comunicar
com suas semelhanças e com o centro:
A palavra oral, com os seus rituais, equilibrava a aldeia.
A palavra informatizada, com os seus códigos, terá de criar uma ágora informativa
alargada às dimensões da nação moderna.
Assim se identificarão, gradualmente, acordos, compromissos.
Estes darão expressão a um consenso envolvendo comunidades cada vez maiores,
perspectivas cada vez mais vastas.
ARMAND MATTELART, 2000
RESUMO
Cunha, Francisco José Aragão Pedroza. A gestão da informação nos hospitais:
importância do prontuário eletrônico na integração de sistemas de informação em
saúde. Salvador, 2005. 226 f. Dissertação (Mestrado), Instituto de Ciência da
Informação, Universidade Federal da Bahia. 2005.
Este trabalho, intitulado “A gestão da informação nos hospitais”, tem como propósito
verificar se os hospitais de alta complexidade em Salvador-Bahia-Brasil estão
implementando o Prontuário Eletrônico e Sistemas de Informação Hospitalar, com
vistas a otimizar a Gestão da Informação frente à Política Nacional de Informação e
Informática em Saúde (PNIIS) e o contexto da Sociedade em Rede. Para tanto, o
trabalho é fundamentado por um quadro teórico e político articulado com uma
pesquisa de campo aplicada em oito hospitais. Caracteriza-se como uma pesquisa
qualitativa, exploratória, descritiva, bibliográfica, documental e de campo. A análise
dos resultados baseia-se na temática de BARDIN. Os resultados empíricos são
analisados e discutidos em três categorias: Gestão da Informação, Integração de
Sistemas e PNIIS e dezesseis núcleos de sentido/significado. Os dados coletados e
tratados revelam que são poucos os hospitais que adotam o prontuário eletrônico
integrado ao sistema de informação. A pesquisa também revela que a concretização
da PNIIS parece depender do estabelecimento de um canal de comunicação entre
os hospitais e as Secretarias de Saúde Municipais e Estaduais e o Ministério da
Saúde, num trabalho efetivo de orientação, não só com relação à adoção e
capacitação em infra-estrutura tecnológica mas, principalmente, na conscientização
da necessidade de mudança comportamental e cultural dos sujeitos, com relação às
considerações sobre o processamento e uso da informação no atual contexto de
uma economia baseada na informação em rede. Para a eficácia dos sistemas e
serviços de saúde pressupõe-se a telemática como uma ferramenta para a Gestão
da Informação. Isto porque facilita a convergência da produção de conhecimentos
que possibilitem interações entre os diversos sujeitos sociais envolvidos nos
processos de gestão e atenção à saúde e ações condizentes com as diversas
realidades do país.
Palavras-Chaves: Gestão da Informação; Integração de Sistemas; Produtos e
Serviços Informacionais em Saúde.
ABSTRACT
Cunha, Francisco José Aragão Pedroza. Information management in hospitals:
importance of electronic files for the integration of health information systems.
Salvador, 2005. 226 f. Essay (Master Degree), Instituto de Ciência da Informação,
Universidade Federal da Bahia. 2005.
This work called “Information management in hospitals”- aims at check whether the
hospitals in Salvador are implementing the Electronic File for Hospital Information in
order to improve the Information Management related to the National Information and
Informatics Policy in Health (PNIIS) as well as the context of the Society in a
Network. Therefore, this work is based in a theoretical and political board articulated
with a poll applied in eight hospitals. That means It had a qualitative, exploratory,
descriptive, bibliographic, documented and field research. The analysis of the results
is based in BARDIN’S theme. The empirical results are analised and discussed in
three categories – Information Management, System Integration and PNIIS – and
sixteen meaning groups. The data collected reveal there are few hospitals that adopt
this kind of file integrated to the information system. The poll also reveals that the
setting of the PNIIS seems to depend on a communication channel among the
hospitals and the City and State Health Secretaries and the health Ministry, in an
effective orientation work, not only in technological infra structure adoption, but
especially in a change of behavior and culture regarding data processing and its use
in the context of an economy which is based on a network information. We assume
that telematics is important for the Health Systems because it is a tool for the
Information Management, facilitating the meeting of productions to generate
knowledge that may interact the several instances involved in the management
processes and actions which will reflect the innumerous realities we can find in the
country.
KEY WORDS: Information Management; System Integration; Information Products
and Services for Health.
EXTRACTO
Cunha, Francisco José Aragão Pedroza. La gestion de la información en los
hospitales: importancia del registro electrónico en la integracion de los sistemas de
información en la salud. Salvador, 2005, 226f. Disertación (maestria), Instituto de
Ciencias de la Información, Universidad Federal de Bahía, 2005.
Este trabajo titulado “La gestión de la información en los hospitales”, tiene como
propósito verificar si en los hospitales de alta complejidad en Salvador, Bahia, Brasil
estan implementando el registro electrónico y sistemas de informacion hospitalario
con vistas a optimizar la gestion de información frente a la Política Nacional de
Información e Informática en la Salud (PNIIS) en el contexto de la Sociedad en Red.
Por tanto el trabajo es fundamentado por un cuadro teórico y político articulado con
una investigacion de campo aplicada en ocho hospitales. Se caracteriza como una
investigación qualitativa, exploratoria, descriptiva, bibliográfica, documental y de
campo. El análisis de los resultados empíricos son analizados y discutidos en tres
categorías: Gestión de Información, Integración de Sistemas y PNIIS y dieciseis
núcleos de sentido/significado. Los datos recolectados y tratados revelan que son
pocos los hospitales que adoptan el registro electrónico integrado al sistema de
información. La investigación también revela que la concretización del PNIIS parece
depender del establecimiento de un canal de comunicación entre los hospitales y las
secretarías de salud, en un trabajo efectivo de orientación, no solo en relación a la
adopción y capacitación en infraestructura tecnológica y principalmente en la
concientización de la necesidad del cambio comportamental y cultural de los sujetos,
con relacion a las consideraciones sobre el proceso y uso de la información en el
actual contexto de una economía basada en la información en Red. Para la eficacia
de los sistemas y servicios de Salud se presupone la teleinformática como una
herramienta para la gestión de la información. Esto facilita la convergencia de la
producción de conocimientos que posibiliten interacciones entre los diversos sujetos
sociales envueltos en los procesos de gestión y atención a la salud y acciones
relacionados con las diversas realidades del país.
Palabras clave: Gestión de Información; Integración de Sistemas; Productos y
Servicios Informacionales en Salud.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Diagrama do campo da Ciência da Informa
ç
ão 25
Figura 2 Os níveis hierárquicos da informação 40
Figura 3 O conceito de inteligência na hierarquização: dado-
informação-conhecimento
41
Figura 4 Esquema teórico de qualquer sistema 49
Figura 5 A organização do conhecimento 53
Figura 6 Forças competitivas de Porter 54
Figura 7 Modelo conceitual sobre gestão do conhecimento na
empresa
57
Figura 8 Modelo proposto para representar o fluxo da
informação
58
Figura 9 O processo de gerenciamento da informação 58
Figura 10 O modelo processual de administração da informação 59
Figura 11 Um modelo ecológico para o gerenciamento da
informação
66
Figura 12 Integração entre as informações assistenciais e
administrativas
84
Figura 13 Visão sistêmica da organização interna do hospital 85
Figura 14 Visão sistêmica do hospital mostrando que os sistemas
externos afetam os insumos e
outputs
do hospital
86
Figura 15 Abordagem clássica e sistêmica para a organização e
fluxo de informação
89
Figura 16 Integração entre os sistemas de gestão, de informação
e de produtos e serviços de informação
99
Figura 17 PEP = UTCC 110
Figura 18 O PEP como Banco de Dados (BD) de um SIH 111
Figura 19 Rede do Sistema Cartão Nacional de Saúde (SCNS) 113
Figura 20 A visão do SNIS a partir do PEP hospitalar 119
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 Tempo de Formado 138
Gráfico 2 Formação Escolar 138
Gráfico 3 Tempo na Função 138
Gráfico 4 Tempo de Experiência na Área 139
Gráfico 5 Grau de Importância da Informação Produzida em
um Hospital
143
Gráfico 6 Grau de Entrave nas Etapas da G.I. no Hospital 149
Gráfico 7 Grau de Benefício para os Sujeitos com a
Padronização da Informação no Formato
Eletrônico
159
Gráfico 8 Formação específica : Administração, Informação e
Informática
196
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Sistema de Gerenciamento da Informa
ç
ão 63
Quadro 2 A gênese das informações em saúde 76
Quadro 3 Padrões vocabulário no Brasil 114
Quadro 4 População e sujeitos da coleta de dados 127
Quadro 5 Categorias e núcleos de significado 134
Quadro 6 Formação dos sujeitos entrevistados 137
Quadro 7 Categoria e núcleos de sentidos – Gestão da
Informação
140
Quadro 8 Núcleo de sentido 1 – Informações Produzidas 144
Quadro 9 Núcleo de sentido 2 – Significado da G.I. 146
Quadro 10 Núcleo de sentido 3 – Necessidades Informacionais 148
Quadro 11 Núcleo de sentido 4 – Coleta, Tratamento,
Armazenamento, Uso e Descarte
151
Quadro 12 Núcleo de sentido 5 – Disseminação da Informação
Interna
153
Quadro 13 Categoria e núcleos de sentidos – Integração de
Sistemas
154
Quadro 14 Núcleo de sentido 6 – Padrão da Informação 156
Quadro 15 Núcleo de sentido 7 – Beneficiários com a
Padronização
160
Quadro 16 Núcleo de sentido 8 – PEP 163
Quadro 17 Núcleo de sentido 9 – SIH 167
Quadro 18 Núcleo de sentido 10 – Interoperabilidade 170
Quadro 19 Núcleo de sentido 11 – Telemática 172
Quadro 20 Categoria e núcleos de sentidos – PNIIS 176
Quadro 21 Núcleo de sentido 12 – Participação na PNIIS 178
Quadro 22 Núcleo de sentido 13 – Sistema do Cartão Nacional
de Saúde (SCNC)
181
Quadro 23 Núcleo de sentido 14 – Compartilhar Informação 185
Quadro 24 Produtos e serviço de informação – benefícios e
barreiras
190
Quadro 25 Núcleo de sentido 15 – Capacitação e Conscientização
frente as TIC’s
190
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 15
1.1 DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA 15
1.2 OBJETIVOS 22
1.2.1 Geral 22
1.2.2 Específicos 23
1.3 JUSTIFICATIVA E CONTRIBUIÇÕES 23
1.4 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO 26
2 A GESTÃO DA INFORMAÇÃO NO CONTEXTO DA SOCIEDADE EM
REDE
29
2.1 A SOCIEDADE EM REDE 29
2.2 INFORMAÇÃO E TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO 36
2.3 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO 47
2.4 GESTÃO DA INFORMAÇÃO 51
3 A GESTÃO DA INFORMAÇÃO NA REDE HOSPITALAR 68
3.1 O SISTEMA DE SAÚDE BRASILEIRO 69
3.2 OS HOSPITAIS E A SAÚDE NO CONTEXTO POLÍTICO, ECONÔMICO
E SOCIAL
74
3.2.1 A Gênese dos Hospitais e das Informações em Saúde 74
3.2.2 Os Hospitais na Rede das Ações de Saúde 82
3.2.2.1 A Gestão e a Comunicação neste Contexto 89
3.3 A GESTÃO DA INFORMAÇÃO NOS HOSPITAIS – POLÍTICAS,
PRODUTOS E SERVIÇOS DE INFORMAÇÃO
91
3.3.1 A Política Nacional de Informação e Informática em Saúde (PNIIS) - sua
relação com a G.I. e a integração de sistemas
91
3.3.2 A G.I. nos Hospitais 98
3.3.3 Produtos e Serviços de Informação em Saúde – PEP, Arquivo, SIH e SIS 105
4 METODOLOGIA 121
4.1 TIPO DE ESTUDO 121
4.2 UNIVERSO E POPULAÇÃO 122
4.3 SUJEITOS DA PESQUISA 124
4.4 INSTRUMENTO DE PESQUISA 125
4.5 COLETA DE DADOS 126
4.6 ORGANIZAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS 128
4.7 CATEGORIAS E OBTENÇÃO DOS NÚCLEOS DE SIGNIFICADO 133
5 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 136
5.1 CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO E DOS SUJEITOS 136
5.2 CATEGORIA I – GESTÃO DA INFORMAÇÃO 140
5.2.1 Núcleo de Sentido 1 – Informações Produzidas 141
5.2.2 Núcleo de Sentido 2 – Significado da G.I. 144
5.2.3 Núcleo de Sentido 3 – Necessidades Informacionais 147
5.2.4 Núcleo de Sentido 4 –Coleta, Tratamento, Armazenamento, Uso e
Descarte
149
5.2.5 Núcleo de Sentido 5 – Disseminação da Informação Interna 151
5.3 CATEGORIA II – INTEGRAÇÃO DE SISTEMAS 154
5.3.1 Núcleo de Sentido 6 – Padrão da Informação 155
5.3.2 Núcleo de Sentido 7 – Beneficiários com a Padronização 158
5.3.3 Núcleo de Sentido 8 – PEP 160
5.3.4 Núcleo de Sentido 9 – SIH 164
5.3.5 Núcleo de Sentido 10 – Interoperabilidade 168
5.3.6 Núcleo de Sentido 11 – Telemática 171
5.4 CATEGORIA III - PNIIS 176
5.4.1 Núcleo de Sentido 12 –Participação na PNIIS 177
5.4.2 Núcleo de Sentido 13 – Sistema do Cartão Nacional de Saúde (SCNS) 180
5.4.3 Núcleo de Sentido 14 – Compartilhar Informação 184
5.4.4 Núcleo de Sentido 15 – Capacitação e Conscientização frente as TIC’s 188
5.4.5 Núcleo de Sentido 16 – Profissionais de Informação 193
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 199
REFERÊNCIAS 209
APÊNDICE A – Roteiro das Entrevistas 218
APÊNDICE B – Carta de Apresentação 220
APÊNDICE C – Consentimento Livre e Pré-Esclarecido 222
ANEXO A – Modelo de Organização Hierárquica do Hospital 223
ANEXO B – Sistema de Informações em Saúde (SIS) no Brasil 224
ANEXO C – Deferimento do Comitê de Ética em Pesquisa em Saúde 225
15
1 INTRODUÇÃO
1.1 DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA
O interesse pelo tema gestão da informação em hospitais para a
integração de sistemas de informação em saúde vem da vivência deste
pesquisador como cidadão e usuário, aliado a sua experiência profissional na
condição de administrador em serviços desta natureza.
Tais circunstâncias fizeram com que este pesquisador constatasse
algumas premissas na existência e condução dos serviços de hospitais,
ambulatórios e centros de saúde, quais sejam:
ter a missão de assistir na doença aos usuários (pacientes) e aos
seus familiares (pessoas com quem os pacientes tenham laços de
sangue ou convívio constante), condição potencial na vida de
todos os seres humanos, e cada vez mais a de promoção da
saúde;
na missão de promoção da saúde fazem parte do complexo que
forma o setor saúde no país tipos diferenciados de organizações
prestadoras de serviços de saúde;
o conjunto dessas organizações precisa estabelecer uma estreita
comunicação com as instituições de governo que cuidam das
diretrizes de promoção, assistência e controle de questões
pertinentes à saúde e que têm como órgão máximo o Ministério
da Saúde (MS), responsável pela formulação de políticas públicas
de saúde no Brasil;
são organizações de ambiente interno complexo e mutável, em
razão da própria natureza dos serviços propostos e que ainda -
16
arrisca-se a afirmar - não contemplam a informação como insumo
básico na gestão organizacional;
estar inseridas num ambiente externo de economia globalizada,
no qual a lógica da formação de redes e de sistemas de
informação interligados é cada vez mais considerada e à qual as
organizações devem se adaptar.
Além disso, o resultado do trabalho monográfico para a obtenção do
título de especialista em administração hospitalar, apresentado em 2001,
reforçou o interesse para desenvolver um problema de pesquisa de mestrado
no contexto do tema: Gestão da Informação e Integração de Sistemas. Aquela
pesquisa, de cunho quantitativo, descritivo e de campo, investigou cento e sete
hospitais psiquiátricos no Brasil, objetivando averiguar aspectos conjunturais de
gestão praticada naquelas instituições (CUNHA, 2001).
O estudo citado revelou que os hospitais investigados não eram
informatizados, nem utilizavam o prontuário como um banco de dados.
Corroborando assim com a experiência profissional do pesquisador, que
empiricamente evidenciava as dificuldades existentes no registro e
processamento de dados e informações em saúde e, conseqüentemente, na
interligação com os Sistemas de Informação em Saúde (SIS) do país.
Segundo a Organização Pan-americana de Saúde (OPAS), 62% dos
hospitais brasileiros não estão informatizados (CENADEM, 2003). O que
compromete a coleta dos dados e das informações dos serviços prestados e do
gerenciamento eletrônico dos dados e das informações.
Essa situação caracteriza o re-trabalho e aumenta a probabilidade de
erros e vieses na informação produzida e utilizada para a tomada de decisão, e
17
na construção do conhecimento para a gestão organizacional. Essas
constatações ilustram a dimensão do processo de registro dos dados e
informações nos serviços de saúde. Infere-se que esse processo alimenta toda
a cadeia de sujeitos que compõem o sistema de saúde (pacientes,
profissionais, gestores, governo, fornecedores, financiadores, sociedade civil),
portanto a cadeia produtiva e de valor dos hospitais. Além de subsidiar a
máxima desses serviços: a assistência ao paciente.
Esse processo, da maneira que é operacionalizado, causa um pesado
encargo e não fornece dados e informões fidedignas para as questões
pertinentes ao setor saúde (BRASIL, 2004). Percebem-se então as
necessidades:
a) da integração de Sistemas de Informação (SI) e,
b) da utilização de um produto de informação, como o
prontuário do paciente, representando um importante
Banco de Dados (BD) de informações em saúde.
A essas necessidades é pertinente associar procedimentos e premissas
subjacentes a uma efetiva G.I.. Na prática, observa-se um problema de G.I.
nesses serviços, o que fundamenta a delimitação do problema desta pesquisa.
Nesse contexto, a problemática da G.I. nos hospitais é associada à
importância do prontuário eletrônico na integração dos Sistemas de Informação
em Saúde (SIS). Esta dissertação, então, é fundamentada num quadro
conceitual da Sociedade em Rede e da Gestão da Informação, associado a um
quadro político, no qual são abordados: a Lei Orgânica em Saúde (LOS) nº
8.080/90 e a Política Nacional de Informação e Informática em Saúde (versão
março de 2004).
18
Esse tema corrobora com a Ciência da Informação por considerar o
fenômeno “Informação” como objeto a ser tratado e utilizado. A informação é
identificada como a alavanca do comportamento humano em sociedade,
associada ao processo de comunicação, que tem nos meios de transmissão da
informação um novo sistema, a telemática, que fala cada vez mais uma
linguagem universal digital, promovendo a integração global da produção
(KUMAR, 1997), (CASTELLS, 2000), (MATTELART, 2000).
Nesse processo, a telemática agiliza o tratamento e o armazenamento
da informação para o uso racional. Ressalta-se que o ser humano é
considerado o elemento central no sucesso da G.I. O foco da G.I. é o trabalho
intelectual, no qual a informação é o insumo para gerar o conhecimento que,
por sua vez agrega valor a serviços e a produtos.
Teóricos como: McGee e Prusak, 1994; Davenport, 1998; Davenport e
Prusak, 1998; Drucker, 1999; Tarapanoff, 2001; Druker, 2002; Choo, 2003,
dentre outros, preconizam que a Informação, por conseguinte, a G.I. são
fatores estratégicos para o desenvolvimento socioeconômico. Esses autores
salientam que a G.I. é um processo para:
a) obter conhecimento,
b) tomar decisões racionalmente,
c) promover a sustentabilidade nas ações, e
d) garantir a competitividade no mercado.
Segundo Mota e Carvalho (1999, p.507), há uma produção relevante de
dados nos serviços de saúde, entretanto, não são transformados em
informação com potencial de uso. Esses autores justificam essa suposição em
19
razão da ausência de mecanismos no processamento e na disseminação, além
de não integrar o processo a sistemas de informação.
Os hospitais, ao que parece, demonstram que não seguem um processo
de G.I.. A Informação, na maioria das vezes, não é tratada e a informatização,
quando existe, não tem como base a G.I. com vistas, também, a alcançar a
interoperabilidade de Sistemas de Informação em Saúde do país. Para tanto, a
eficácia desses sistemas depende dos Sistemas de Informação (SI) das
instituições dos serviços em saúde, dentre as quais estão inseridos os hospitais
com seus respectivos Sistemas de Informação Hospitalar (SIH’s).
Os SIH’s e a integração de SI, segundo Moraes (1994), Souza (2002) e
Stumpf (1996):
a) estabelecem a comunicação entre os agentes
governamentais e a rede de serviços de saúde;
b) são vistos como solução para a resolutividade dos
processos de produção, administrativo e assistencial dos
hospitais;
c) otimizam as funções da administração de planejamento,
de direção e de controle nos hospitais;
d) propiciam a gestão do sistema de saúde de uma nação.
No entanto, o tratamento da informação e o estabelecimento de SIH’s,
no Brasil, ainda têm um longo caminho a percorrer (BRASIL, 2004). Os
hospitais têm acompanhado a expressiva evolução da tecnologia voltada para
a saúde, tanto em termos do ambiente físico quanto da terapêutica, mas a
informação, o fator básico do conhecimento, permanece sem a devida
consideração. Os registros assistenciais, que compõem os prontuários dos
20
pacientes são a base da G.I. hospitalar, são tratados manualmente e de
maneira precária, mesmo em centros considerados avançados.
Hammond (2002), numa demonstração sobre as vantagens do registro
dos dados e informações no formato eletrônico, evidencia o exemplo do
hospital da
Duke University (North Carolina, USA)
, comparando imagens do
centro cirúrgico e de um apartamento de pacientes em 1930 e 2002. Constata
com fotos a enorme evolução que houve na tecnologia aplicada à saúde e,
também, como o arquivo do hospital continua com a mesma imagem de papéis
empilhados com relação ao tratamento da informação em 1930 e 2002.
Entretanto, tentando superar essa deficiência no tratamento da
informação do setor saúde no Brasil, o Ministério da Saúde (MS), que tem
atribuição legal, a partir da Lei nº 8.080 de 1990, para organizar o Sistema
Nacional de Informação em Saúde (SNIS), vem formulando, de forma
participativa com a sociedade, uma Política Nacional de Informação e
Informática em Saúde (PNIIS) que está disponível no
site
www.saude.gov.br .
Ela ressalta a importância da adoção de padrões eletrônicos para a integração
dos sistemas que comporão o SNIS. Nesse sentido, o emprego do PEP é
fundamental nos hospitais. Ele deve ser visto como uma ferramenta gerencial
no hospital e como um elo de ligação com os sistemas externos.
Em contrapartida, a busca da qualidade na G.I. nos hospitais recai no
aprimoramento da utilização dos prontuários. A
práxis
indica o computador
como o instrumento para a guarda e recuperação do registro assistencial, uma
vez que a partir do século XX, “o impacto do volume crescente de uma pletora
de dados, de sinais biológicos a informes de patologia” é observado,
comprometendo a ocupação de área física, volume de prontuários, falta de
21
legibilidade e redundância de informações, dificuldade de recuperação de
dados e informação, além do excesso de documentos (STUMPF, 1996, p.05).
Nesse sentido, a aplicação de tecnologias na coleta de dados sobre
pacientes gera a expectativa de uma eficiência muito maior na própria coleta,
no tratamento, no acesso, e na transferência desses dados.
Portanto, o objeto de estudo desta pesquisa é a Gestão da Informação
(G.I.) em hospital a partir do prontuário no suporte eletrônico, isto é, o PEP com
vistas à integração de Sistemas de Informação em Saúde (SIS) .
Defende-se o PEP como a fonte de captação, registro e geração de
dados e informações pertinentes ao usuário (paciente) do serviço, o que o
caracteriza como um produto de informação e que, integrado estrategicamente
ao Sistema de Informação Hospitalar (SIH), gera conhecimento e otimiza a G.I.
no hospital.
Acredita-se ainda que o SIH, caracterizado como um serviço de
informação, interagindo com os Sistemas de Informação em Saúde (SIS) do
país, promove o conhecimento da realidade de uma população, viabiliza a
elaboração de políticas de saúde e o planejamento dos serviços para o
município, estado, nação ou região.
Se por um lado as organizações em saúde estão longe de
considerações efetivas de G.I. para uma efetiva gestão hospitalar e de
interligação de sistemas do setor saúde no país, por outro lado, diante da
proposta da PNIIS e da conjuntura da Sociedade em Rede, na qual a
informação e a telemática representam a mola propulsora da economia,
consideram-se os pressupostos abaixo:
22
a) Os hospitais de alta complexidade em Salvador-Ba começam
a utilizar SIH’s, como um serviço de informação, otimizando o
processo de G.I.;
b) Esses hospitais implementam o PEP nos processos
assistenciais como o principal banco de dados dos SIH’s;
c) O PEP, como um produto de informação, está sendo
implementado pelos hospitais, com vistas a otimizar o
processo de G.I.;
d) Por esse raciocínio, os hospitais participam na formulação da
PNIIS e vislumbram as suas inserções no contexto da
Sociedade em Rede.
Os pressupostos acima originam a seguinte questão norteadora da
presente pesquisa:
Os Hospitais de alta complexidade, em Salvador-
Bahia-Brasil, estão implementando o PEP e Sistemas de
Informação Hospitalar (SIH) com vistas a otimizar a Gestão da
Informação (G.I.) frente à PNIIS e ao contexto da Sociedade em
Rede?
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Geral
Verificar se os Hospitais de alta complexidade, em Salvador –
Bahia – Brasil , estão implementando o PEP e SIH com vistas
a otimizar a G.I., frente à PNIIS e ao contexto da Sociedade
em Rede.
23
1.2.2 Específicos
a) Levantar na PNIIS os pontos em que é propagada a
necessidade da representação da informação no formato
eletrônico (do PEP), com vistas a uma G.I. nos serviços de
saúde e que proporcione a integração dos SIS.
b) Compreender a visão dos gestores (diretores, coordenadores,
chefes, assessores, gerentes, dentre outros) dos hospitais
locus
deste estudo, sobre a padronização da representação da
informação por meio eletrônico;
c) Descrever o uso de SIH nos hospitais e a sua relação com os
SIS;
d) Identificar a contribuição desses hospitais na construção da
PNIIS;
1.3 JUSTIFICATIVA E CONTRIBUIÇÕES
Nas últimas três décadas, mudanças sociais, econômicas e políticas
levaram diversas nações a procurar novos modelos de gestão em saúde para
responder efetivamente às demandas da população, num contexto de restrição
de recursos, explosão demográfica, expectativa de vida maior dos povos,
mudanças de hábitos e costumes, como o aumento da violência urbana e o
consumo maior de psicoativos entre os jovens no mundo, dentre outros.
Para tanto, os modelos de desenvolvimento socioeconômicos passam a
priorizar políticas de saúde, dentre as políticas sociais, por configurar-se como
um desafio para as autoridades de saúde e os gestores de hospitais.
O esforço coletivo de melhorar o funcionamento, a gestão
organizacional, a eficiência e a qualidade da assistência prestada pelos
24
hospitais a partir da Gestão da Informação e da integração de Sistemas de
Informação, compreendem a justificativa deste trabalho. Novas abordagens de
gestão são pertinentes, objetivando melhorar a qualidade dos cuidados de
saúde prestados à população, exigindo uma investigação científica contínua
desse campo do conhecimento, composto por disciplinas de diversas
naturezas.
Ressalta-se que os hospitais são partes integrantes de um sistema de
saúde com responsabilidade social, constituídos por um grupo de recursos
humanos de diversas disciplinas; requerem informações, que precisam ser
utilizadas gerando resultados de ordens administrativas e assistenciais à
sociedade civil, governo e sistema produtivo.
Assim, novos processos de gestão como a G.I. tendem a contribuir com
o processo de gestão hospitalar. Além disso, produtos e serviços de
informação como o PEP e SIS, respectivamente, promovem na rede de saúde
a disseminação da informação.
A abordagem de informação, produtos e serviços de informação e de
integração de sistemas no setor saúde no Brasil, justifica-se no mestrado em
Ciência da Informação, por considerar essa ciência inserida num campo
transdiciplinar; que tem como objeto de estudo a Informação e suas
propriedades. Nela, a “Informação” é concebida como fenômeno social, tal
qual a questão comunicação ou os meios de transmissão da informação na
perspectiva de racionalizar as ações humanas em sociedade (Figura 1).
25
Figura 1: Diagrama do campo da Ciência da Informação
Fonte: Silva; Ribeiro, 2002, p.80.
Nesse sentido, trabalhar com “Informação” implica estudá-la sob a
perspectiva da G.I. e da integração de sistemas de informação, que são objetos
de especulação da PNIIS. Essa política preconiza que a informação e o
conhecimento são bases da gestão dos serviços em saúde, e as tecnologias
são indispensáveis na G.I., na perspectiva de otimizá-la. Condição esta que
acontecerá a partir da gestão efetiva da informação, corroborando para a
efetivação deste estudo.
Pensando ainda na integração de sistemas de informação em saúde,
este estudo justifica-se em razão da G.I. atender uma rede de necessidades
informacionais e, quando aplicada na
networking
do Sistema Único de Saúde
26
(SUS), as necessidades informacionais dos sujeitos que conformam essa rede
serão minimizadas, levando aos mesmos o conhecimento da realidade desse
setor.
Dessa forma, este trabalho pretende contribuir com a ampliação:
de novos conceitos (produtos e serviços de informação) na
dinâmica da gestão hospitalar;
da literatura sobre a aplicação do PEP em hospitais;
do conhecimento sobre a G.I. em hospitais de Salvador-Ba;
do conhecimento sobre SIH’s em Salvador-Ba;
do conhecimento sobre a integração de SIS;
de disseminar as considerações da PNIIS entre os
hospitais de Salvador-Ba;
dos esforços do MS em construir de forma participativa
com a sociedade brasileira a PNIIS.
1.4 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
Esta dissertação está organizada em mais cinco capítulos, além da
presente a introdução que:
delimitou o problema, definiu os objetivos a serem
investigados, relatou a justificativa e contribuições do tema
a ser explorado e a forma de estruturação do trabalho.
No segundo capítulo é dissertado sobre a G.I. no contexto da Sociedade
em Rede, conformando um quadro teórico, no qual:
27
a informação é concebida como o recurso de propulsão da
humanidade, desde sempre, no entanto no estágio atual
de uma Sociedade em Rede, soma-se consciência o seu
valor e é referenciada como o subsídio básico das
relações socioeconômicas;
conceitos como: Informação, Tecnologias de Informação,
Telemática, Gestão da Informação, Sistemas de
Informação e Sociedade em Rede são abordados.
No terceiro capítulo é discutido a G.I. na rede hospitalar, referendando a
um quadro político que compreende:
o sistema de saúde brasileiro;
os hospitais e a saúde no contexto político, econômico e
social;
a G.I. nos hospitais – política, produtos e serviços de
informação.
No quarto capítulo evidencia-se a metodologia aplicada à pesquisa: o
tipo de estudo, o universo e população, os sujeitos investigados, o instrumento
da pesquisa, a coleta de dados, a organização, análise e interpretação dos
dados e as categorias e a obtenção dos núcleos de significado dos dados
coletados.
No quinto capítulo os resultados e discussões da coleta de dados são
demonstrados por meio das respostas apresentadas pelos entrevistados aos
questionamentos.
E, finalizando, no sexto capítulo apontam-se algumas considerações
finais retomadas do decorrer da pesquisa.
28
Lembra-se que, ao produzir uma pesquisa de caráter eminentemente
qualitativo, o pesquisador não tem a pretensão de encontrar a solução do
problema, mas de encontrar e levantar idéias que contribuam para a busca das
ações necessárias a edificar a G.I. em hospitais e a integração de SIS. O
método qualitativo foi aplicado em razão do objeto investigado ser um produto
social com o objetivo de identificar os fatos tais como acontecem e o
estabelecimento das relações entre PEP, SIH e G.I. numa Sociedade em Rede.
29
2 A GESTÃO DA INFORMAÇÃO NO CONTEXTO DA
SOCIEDADE EM REDE
2.1 A SOCIEDADE EM REDE
A sociedade contemporânea ratifica a integração de uma extraordinária
diversidade cultural e étnica de grupos e indivíduos, cabendo “às teorias
sociológicas conceber a unidade dos antagonismos, bem como o antagonismo
da unidade” (MORIN, 1981, p. 116). Nessa perspectiva, não cabem mais as
visões mecanicistas ou deterministas que procuram explicar a sociedade. É
necessário entender as profundas transformações e inovações do momento
atual à luz de novos parâmetros, uma vez que se vive num período
caracterizado pelo desenvolvimento acelerado e ininterrupto das Tecnologias
de Informação e de Comunicação (TIC’s).
As TIC’s representam uma transição entre o raciocínio analógico e o
digital, afetando radicalmente as relações sociais e de trabalho, o que
fundamenta o princípio da Sociedade em Rede. Os sujeitos sociais (seres
humanos, instituições, organizações e Estados-Nação) precisam se munir de
teorias e instrumentos a viabilizar seus processos. As TIC’s como instrumentos
podem ser associadas à Telemática, que Kumar (1997, p.36) considera como o
casamento sinergístico entre os computadores e as telecomunicações.
Neste trabalho, a Telemática é entendida como o enlace de tecnologias
de informação e as redes de comunicação (humanas automatizadas e virtuais).
Assim, o processamento eletrônico de dados e informações tornam-se não
apenas um instrumento para a gestão, mas também um elemento presente na
organização do trabalho, que exerce função dupla: como força produtiva e
ferramenta de controle, voltada à geração de conhecimento.
30
A análise dessas questões requer um entendimento, no qual as
sociedades evoluíram e evoluem por meio de revoluções causadas por
descobertas de novos territórios de conhecimento científico, dentre os quais os
da Telemática concomitantemente à sistemas e ideologias, como o
Capitalismo e o Socialismo.
Esses fatores causaram mudanças no pensamento do homem e,
conseqüentemente, no
modus operandis
econômico do globo, objetivando, ao
menos em tese, à construção de uma sociedade que propiciasse o bem estar
dos cidadãos, ratificando a concepção da materialização da comunicação
associada à materialização de teorias, ideologias e sistemas (MATTELART,
2000). Isto posto, em consonância com a automatização da produção, modelos
de regulação e flexibilização do mercado corroboram a condição da morfologia
social em rede, por conseguinte a materialização de uma economia
informacional (CASTELL, 1999).
Esta condição da economia se dá a partir da década de oitenta do
século passado, quando o modelo da “Sociedade do Controle” ou da
“Sociedade Organizacional” adotados sob os auspícios da regulamentação
para atender aos requisitos da “Sociedade Fordista” é posto abaixo. Aquela
mudança que o capitalismo sofre após a I Grande Guerra, caracterizada pela
regulamentação do estado na vida econômica e pelo agravamento das
desigualdades sociais, ratificava o mercado como a instituição básica da
economia, em que as trocas de informações uma vez processadas, ensejam
transações (HARVEY, 1999), (MATTELART, 2000).
Essas transações, condicionadas ao desenvolvimento tecnológico e
científico, permearam o capitalismo industrial transformando-o em
31
informacional. Essa condição é o resultado do conjunto convergente de novas
tecnologias em microeletrônica, computação (
software
e
hardware
),
telecomunicações, radiodifusão e optoleletrônica e que caracterizam a
Sociedade em Rede (CASTELLS, 1999).
Para esse autor, o sistema capitalista passa a ser distinguido por maior
flexibilidade de gerenciamento, descentralização das empresas, fortalecimento
do papel do capital
versus
trabalho, individualização e diversificação cada vez
maior das relações de trabalho, intervenção estatal para desregular os
mercados de forma seletiva, dentre outros. Essas transformações em
consonância com a revolução tecnológica aumentam a concorrência
econômica global, num contexto de progressiva diferenciação dos cenários
geográficos e culturais para a acumulação e gestão de capital.
Os fatores do paradigma produtivo reinante até meados da década de
setenta do século XX eram os de padrões tecnológicos e os de gestão das
empresas capitalistas sedimentados nos desdobramentos e avanços ocorridos
no padrão tecnológico eletromecânico dos equipamentos do capital fixo, como
os modelos “fordista-taylorista” de organização dos processos de trabalho, e
com suas estruturas departamentalizadas típicas do fayolismo. (PASSOS,
1999, p.64).
Esse autor sinaliza que as organizações, por necessidade de haver uma
retroalimentação do sistema para obter o crescimento econômico, iniciam um
novo modelo o de alta performance, que tem como características os quatros
pontos abaixo indicados.
a) O desenvolvimento de um conjunto de inovações tecnológicas de largo
espectro de utilização e mutuamente estimuladoras entre si, novos
32
materiais, biotecnologia e microeletrônica
.
Esta última se desdobra no
complexo eletrônico – a informática, a telemática, a mecatrônica, a
eletrônica de consumo etc. – criando novos setores industriais e de
serviços e provocando uma reformulação nos padrões de consumo da
sociedade, nos materiais, nos processos produtivos e nos produtos de
todo os setores econômicos e no ritmo das atividades humanas;
b) Formas de gestão inovadoras, as quais descartam os modelos fordista,
taylorista e fayoliano”
.
Essa nova organização do trabalho conduz a uma
crescente multiplicação de tarefas pelos trabalhadores, com aumento de
suas responsabilidades operacionais e da própria gestão da produção.
Exige-se um aumento de conhecimento e compreensão do conjunto dos
processos produtivos, não apenas dos empresários, gerentes e quadro
técnicos, e sim de todos os trabalhadores, induzindo-os a um maior nível
de educação geral e polivalência. Esses profissionais associam-se aos
da informação, os humanos multifacetados tal como são designados por
Carvalho (2002);
c) Uma revolução nos processos produtivos”. Estes processos se tornam
flexíveis superando à antiga automação rígida das cadeias fordista de
produção;
d) Uma profunda modificação nos processos organizacionais, nas
estratégias e na cultura das organizações empresariais”. Inicia-se a
concepção de modelos sistêmicos de gestão do aprendizado
organizacional (ARGYRES: 1977), cujos dados e informações precisam
ser gerenciados, potencializando conhecimentos, representando o
diferencial para a sobrevivência das organizações.
33
Nessa parte da “estória” universal, os homens passam a adotar novas
práticas de produção, de comercialização e consumo de bens e serviços, de
cooperação e competição entre os sujeitos sociais, o que afeta as formas de
circulação e a valorização do capital, fundamentadas em um novo paradigma
técnico e econômico, o qual é um arcabouço conceitual caracterizado pelo
paradigma tecno-econômico das tecnologias da informação associadas às
teorias da economia da informação, do conhecimento e da aprendizagem.
Vivenciar a era da intensidade do uso de informação e do conhecimento
dos processos exige a revisão dos papéis dos Estados-Nação, uma vez que o
poder agora não mais está restrito às questões materiais e aos aparatos
políticos e institucionais, e sim ao controle sobre o imaterial e o intangível – a
informação e o conhecimento. Essa mudança imperiosa requer tanto uma
nova abordagem de modelos e instrumentos institucionais, normativos e
reguladores, como novas políticas industriais, tecnológicas e de inovação
capazes de dar conta das questões pertinentes à nova configuração da
realidade socioeconômica do mundo (KUMAR, 1997), (LASTRES; ALBAGLI,
1999) (CASTELLS, 1999), (MATTELART, 2000).
Além desses fatores de transformações, há evidências que os sistemas
capitalista e socialista passam de antinômicos para complementares. Ianni
(1998, p.21) caracteriza-os como “processos civilizatórios universais,
essencialmente distintos e antagônicos, mas reciprocamente referidos,
cúmplices, constitutivos um do outro”, principalmente após a queda do muro de
Berlim quando é desmistificado o paradigma de que a sociedade podia e devia
controlar os indivíduos, remetendo o ser humano a crer em suas
responsabilidades individuais.
34
Vive-se numa sociedade diferente, evoluída em razão da própria
reflexão e transformação das ações do homem por meio da sua racionalidade.
O aspecto desta sociedade reside no atributo de uma forma específica de
organização social em que a geração, o processamento e a transmissão da
informação tornam-se as fontes constitucionais de produtividade e poder. Tal
circunstância leva a perceber que a sociedade passa por processos dialéticos,
que é real e não virtual, e que a contemporaneidade configura-se por novos
modos de interpretação, provocados, sobretudo pela telemática.
Em contrapartida, o impacto dessa tecnologia no gerenciamento da
informação nas organizações promove a sinergia no processo de seleção,
tratamento, recuperação, armazenamento da informação qualificando o fluxo
da informação. Em conseqüência, Ianni (1998, p.90) alerta que o mundo
encolhe em virtude da eficácia das telecomunicações e do transporte, os quais
propiciam a possibilidade de grupos de uma nação combinarem as suas
habilidades com as de outros grupos localizados em outras nações por meio de
rede de comunicação.
A economia informacional revoluciona o modo de pensar, de trabalhar, e
até mesmo de viver, pois a informação, matéria prima do conhecimento, torna-
se um bem precioso gerador de riqueza e prosperidade em todos os espaços.
Nessa economia, chamada por Castells (1999) de “informacional e global”, a
sobrevivência de uma nação, como ente autônomo e participante ativo no
mundo, depende de sua capacidade de fortalecer, expandir e manter
atualizado o seu setor de informação, para gerar um conhecimento que
viabilize a
expertise
dos sujeitos sociais.
35
Pela primeira vez, na história do homem, o “capital intelectual” é
admitido como insumo de produção tornando-se conteúdo decisivo no sistema
produtivo. Nesse sentido, o capital intelectual é visto não como “mão de obra”
nos modos de produção, mas como “capital de obra”. Destaca-se assim, a
importância do envolvimento das pessoas e organizações no processo de
gestão, em conformidade com o uso da telemática, que devem ser
empreendidos de forma holística. (ANGELLONI, 2002).
Castells (1999, p.35) salienta que o conhecimento e a informação fazem
parte dos modos de desenvolvimento econômico, seja no agrário, no industrial
e no informacional como elementos axiais, visto que o processo produtivo
sempre se baseia em algum grau de conhecimento e no processamento de
informações.
Esse autor sinaliza que o incremento de excedentes no modo de
desenvolvimento agrário é resultante dos aumentos quantitativos da mão-de-
obra e dos recursos naturais envolvidos nos processos produtivos. No modo de
desenvolvimento industrial, a principal fonte de produtividade é a introdução de
novas fontes de energia e a capacidade de descentralização do uso dessa
energia ao longo dos processos produtivos e da circulação de bens e serviços.
Já no modo de desenvolvimento informacional, a fonte de produtividade é
constituída pela tecnologia de geração de conhecimentos, de processamento
de informação e de comunicação de símbolos.
Um traço peculiar ao momento contemporâneo é a ação de
conhecimentos sobre os próprios conhecimentos, considerado o agente
principal de produtividade. As diversas transformações efetivadas no modo de
produção fazem o homem entender que a sobrevivência é sustentada por meio
36
da informação e da tecnologia, que expressam e organizam as forças sociais
dominantes num dado espaço (agrário, industrial e informacional).
Assim, a sociedade atual vislumbra a informação e o conhecimento
como os recursos estratégicos de intercâmbio entre os seres humanos e o seu
habitat, por viabilizar os meios indispensáveis na definição de estratégias em
relação ao seu destino e o das organizações subsidiarem as suas tomadas de
decisões num ambiente caracterizado complexo, global e turbulento.
Para tanto, este ambiente passa a ser qualificado por forte concorrência,
acompanhado por rapidez da mudança da tecnologia, o que influencia as
transformações do sistema socioeconômico e o modo de vida dos cidadãos.
Essa configuração demanda mudança cultural e competência dos homens em
tratar a informação como insumo estratégico, transformando-a numa forma de
obtenção de competitividade e de produtividade, por meio do conhecimento
compartilhado e aplicado.
Nessa lógica, ratifica-se o pensamento de que o cenário da sociedade
em rede se edifica por meio da telemática viabilizando a transformação dos
fatos em informação. Supõe-se que as organizações contemporâneas atuem
tendo como recursos estratégicos: informação e tecnologias de informação,
propiciando a inovação, garantindo a sustentabilidade organizacional nessa
sociedade.
2.2 INFORMAÇÃO E TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO
O foco de preocupação atual da sociedade direciona-se para a
Informação, e conseqüentemente, para os Sistemas de Informação. Logo, o
papel das unidades de informação, como bibliotecas, centros e sistemas de
informação e de documentação, processos de inteligência, dentre outros são
37
determinantes para o direcionamento das estratégias organizacionais. Essas
unidades são voltadas para a aquisição, o processamento, o armazenamento e
a disseminação de informações (TARAPANOFF; ARAUJO; CORMIER, 2000).
A operacionalização dessas unidades subsidia a “obtenção de informação”, o
que é imperioso, pois a cada minuto surgem novas tendências, necessitando-
se promover a “recuperação da informação” de forma acelerada, que possibilite
ao homem a tratá-las, garantindo, assim, a sua sustentabilidade nas relações
(CARVALHO, 2001).
O desafio maior de uma unidade informacional é responder às
demandas em tempo real, disponibilizando a informação com oportunidade ao
usuário. Torna-se necessário perceber a definição desse usuário quanto ao
que ele quer de informação para poder disponibilizá-la. É imperioso para a
efetividade desses serviços, reconhecer o valor da informação e a finalidade de
utilização da informação, em consonância com as T.I.’s. Esse desafio, para
Saracevic (1995), se resume na interação do humano com o tecnológico.
Para Pinheiro e Loureiro (1995), a expressão Informação é de difícil
conceituação, controversa e enganosa, uma vez que há uma série de
concepções heterogêneas com complexos relacionamentos. Entretanto,
Barreto (2002) coloca a “condição da informação” como a via do homem para
discernir melhor a sua ação junto às diversas situações a serem enfrentadas.
Barreto (2002, p.70) preconiza a “informação” como elemento
harmonizador e organizador, referência do destino do homem. Este já nasce
com a sua identidade genética, ou seja, com um “estoque” inicial de informação
e, durante a sua existência, tem a capacidade de relacionar suas memórias do
passado em consonância com as suas expectativas de futuro. Por “estoques
38
de informação” entende-se um conjunto estático de itens agregados, segundo
critério de interesse de uma comunidade de receptores potenciais (BARRETO,
2002, p.68). Assim, o homem é capaz de estabelecer diretrizes para realizar o
seu caminho idiossincrático no espaço e no tempo.
Barreto (2002, p.71-2), evidencia que em “tempo da gerência da
informação e da relação informação e conhecimento”, a condição da
informação é “a
in-tenção
para gerar o conhecimento no indivíduo e
conseqüentemente em sua realidade”. Faz-se necessário ordenar, organizar e
controlar uma avalanche de informação, sendo recorrentes teorias e
instrumentos a viabilizar esse processo, sinalizando a telemática como
ferramenta para processar, armazenar e recuperar documentos textuais, os
quais contêm informação, promovendo então, o gerenciamento relacionado ao
volume, controle e disseminação.
A relação entre informação e conhecimento exige a percepção do que
representam essas duas nuances. O destino de qualquer informação é o
conhecimento, e esse é organizado em estruturas mentais por meio das quais
um sujeito assimila a “coisa” informação. “Conhecer é um ato de interpretação
individual, uma apropriação do objeto informação pelas estruturas mentais de
cada sujeito”. Essas estruturas mentais são construídas pelo sujeito sensível,
que percebe o meio, não sendo algo concebido ou pré-formatado nos genes
dos seres humanos (BARRETO, 2002, p.72).
Ainda Barreto (2002, p. 68-72), a geração do conhecimento é uma re-
construção das estruturas mentais do indivíduo, realizada por meio de suas
competências cognitivas. É uma modificação no estoque mental do saber
acumulado do indivíduo, resultante de uma interação com uma “forma de
39
informação”, reconstruindo, assim o seu conhecimento. A ênfase nessa relação
passa da gestão dos estoques de informação para a ação na coletividade.
Esse autor explica que a condição da informação é determinada pelo
conhecimento, a inteligência e o saber. Esse último é relacionado ao processo
biológico do corpo humano, que tem como pressuposto seu estoque inicial de
informação, que se acumula, e conseqüentemente, aumenta com o processo
de vida. O conhecimento advém da conquista, do trabalho; é resultante de
práticas da ação da inteligência em consonância com o real. Essa é concebida
como a ação dinâmica de um conhecimento assimilado na realidade do
receptor, caracterizada por uma ação de ordem política, social, econômica ou
técnica. A inteligência “representa um conjunto de atos voluntários pelo qual o
indivíduo re-elabora seu mundo e tenta modificar o seu espaço”.
Moresi (2002) salienta que, genericamente, o termo informação é usado
para se referir ao modo de descrição ou representação de sinais e dados,
sendo necessário entender as diferenças entre as classes – dados, informação,
conhecimento e inteligência –, pois as mesmas possuem valores variados no
contexto de ação dos organismos, comunidades e indivíduos. Dado que, Beal
(2004) demonstra os níveis hierárquicos da informação (Figura 2):
40
Figura 2: Os níveis hierárquicos da informação
DADOS
Registros ou fatos em “estado
bruto”
•Facilmente estruturados;
•Facilmente transferíveis;
•Facilmente armazenados em
computadores
INFORMAÇÃO
Dados dotados de
relevância e propósito
•Exige consenso em
relação ao significado
CONHECIMENTO
Combinação de
informação contextual,
experiência,
insight
•Inclui reflexão, síntese e
contexto;
•De difícil estruturação;
•De difícil captura;
•De difícil transferência.
Os Níveis Hierárquicos da Informação
Fonte: Beal, 2004, p. 12
Nesse sentido, MacGee; Prusak (1994) e Davenport (1998) , preconizam
a importância da compreensão do que é informação, objetivando entender o
processo de gerenciamento da informação:
Dados como observações sobre o estado do mundo, os
quais podem ser estruturados, obtidos por máquinas,
quantificados e transferidos;
Informação são os dados, potencializados de relevância e
propósito, que necessitam de análise e consenso em
relação ao seu significado, inerente ao cognoscível da
mente humana;
Conhecimento é a informação contida na mente humana,
pertinente a uma reflexão e uma síntese de difícil
estruturação e captura em máquinas; o conhecimento é
tácito e de difícil transferência;
41
Inteligência como informações analisadas e
contextualizadas para fins decisórios de alto valor
agregado.
Silva (2000, p.79), entende a inteligência como um “processo de
relacionamento analítico de informações, que gera conhecimento para a
tomada de decisão”. Dado que a tomada de decisão acontece a partir do
conhecimento decorrente do processo descrito abaixo:
[...] informações externas analisadas que geram um conhecimento
externo, aliado a;
informões internas analisadas que geram um conhecimento
interno;
os dois conhecimentos analisados geram a tomada de decisão em
nível organizacional.
Para tal, a autora representa o conceito de inteligência fundamentado
na hierarquização de dado-informação-conhecimento conforme a Figura 3:
Figura 3: O conceito de inteligência na hierarquização:
Dado-Informação-Conhecimento
Conceitos - Hierarquia
DADOS
TOMADA DE DECISÃO
INFORMAÇÃO CONHECIMENTO
• Não são sinônimos
•Necessidade de
definição clara
42
da sociedade, resultando em um agente modificador da produção do
conhecimento. Este fica caracterizado como qualitativamente superior ao uso
da informação, uma vez que provoca alteração no estado cognitivo do
indivíduo. Pois se essa alteração não ocorre, não há assimilação da
informação, não se consolidando a relação entre informação e conhecimento.
Barreto (2002, p.70), preconiza que a caracterização do fenômeno da
informação ocorre quando há a assimilação da informação no receptor, criando
um conhecimento modificador e inovador nele e em seu contexto. Para a
efetivação deste processo, a informação é utilizada por meio de formas, de
momentos e por usuários diferentes durante uma situação em que é necessária
uma ação. Conseqüentemente, ocorre a interação entre pessoas, por meio da
capacidade cognitiva desses seres da natureza e do formato da própria
informação. Essa assimilação é concretizada quando há interesse da pessoa e
se, de fato, a informação for relevante.
Saracevic (1970
apud
PINHEIRO; LOUREIRO, 1995), entende que
“informação relevante” está relacionada a mecanismos da comunicação
seletiva, ou seja, àquilo que se quer, é inerente aos usuários de sistemas de
recuperação da informação e que o processo de comunicação do
conhecimento se concretiza quando ocasiona mudanças, caracterizado por
uma informação, a qual é relevante.
O fundador da cibernética, Wiener (1954, p.17), quando faz o seu estudo
da comunicação e controle em seres humanos e máquinas definiu a
informação como:
[...] o termo que designa o conteúdo daquilo que permutamos com o
mundo exterior ao ajustar-nos a ele, e que faz com que nosso
43
ajustamento seja nele percebido. Viver de fato é viver com
informão.
A acepção de Wiener torna-se apreensível quando associa-se ao
pensamento de Barreto (1999). Este entende a sensibilidade na percepção do
conteúdo semântico dos produtos de informação por meio dos sentidos e da
consciência como o fenômeno da informação, o qual se efetiva pela
transformação de estruturas simbólicas em realizações de uma consciência
individual ou coletiva. Define informação como “conjuntos significantes com a
competência e a intenção de gerar conhecimento no indivíduo, em seu grupo
ou na sociedade”.
As assertivas de Wiener (1968
apud
KUMAR, 1997, p.19) esclarecem a
informação como um requisito para a sobrevivência humana, permitindo o
intercâmbio entre esta espécie e o planeta. As tecnologias da comunicação e
do controle configuram as Tecnologias de Informação (T.I.), impondo assim o
conceito e a ideologia da informação, inextricável aos humanos, integrantes na
sociedade e ao desenvolvimento do computador, durante e após a grande
guerra, período de 1940 a 1950.
Dessa perspectiva, para lidar com a explosão informacional pós-guerra,
elaborar todo esse estoque de informação e promover a interação do homem
com os demais organismos vivos e o ecossistema, o subsidio das T.I.’s é
inquestionável. Entretanto é primordial que se empreenda uma abordagem
ecológica da informação, nos moldes de McGee; Prusak (1994), Saracevic
(1995) e Davenport (1998), ratificando que a mesma deve ser aplicada tanto
no plano individual quanto no organizacional, em consonância com a
telemática.
44
No primeiro plano, os indivíduos e organizações devem saber
claramente o que entendem por Informação, para depois investirem em
tecnologia. Conscientes da Informação necessária, os mesmos passam a focar
os processos informacionais, concebendo a tecnologia como elemento
periférico na sistematização dos dados que geram as informações e,
conseqüentemente o conhecimento, promovendo, assim, a sua inteligência e a
sua ação, o que caracteriza a competência desses atores (McGEE; PRUSAK,
1994); (DAVENPORT, 1998).
Pacheco (1995) coloca a informação na condição de artefato moderno,
para ser utilizada em diversos contextos de sua geração, caracterizando
artefato como o registro de vários conteúdos, os quais se dão por meio de
suportes relacionados a bancos de dados.
Um banco de dados se realiza por conter um grande número de arquivos
de dados inter-relacionados capazes de gerar as informações que se deseja.
Essas informações são contextualizadas pelo usuário, considerando
características de ordem espacial, temporal e da sua morfologia. A T.I., pois,
deve ser vista como a ferramenta gerencial que é utilizada para a formatação
dos bancos de dados, cuja função de análise dos dados, de modo a
transformá-los em informações realmente úteis aos usuários que se
interessem.
Turban, Rainer Jn e Potter (2003) consideram as T.I.’s como “um
conjunto dos componentes tecnológicos individuais, normalmente organizados
em sistemas de informação baseados em computador – SIBC”. Otimizando a
sistematização da informação e, conseqüentemente, seus processos
produtivos num mercado competitivo, turbulento, digital e global, as T.I.’s
45
estruturam-se como sistemas estratégicos com foco no cliente e no serviço,
motivam esforços contínuos de melhoria e reengenharia de processo de
negócio e fomentam o trabalho colaborativo.
Para McGee e Prusak (1994, p.32-5) a informação e T.I. são recursos a
serem desenvolvidos em consonância com: capital, mão-de-obra e demais
recursos subjacentes à estratégia organizacional. Esses autores sinalizam
algumas peculiaridades da informação, caracteriza-a como dicotômica e
dualista:
A informação aparece tanto de maneira explicita e abundante
quanto em forma sutil;
É difícil criar informações, mas é fácil reproduzi-las;
A informação possui valor real apenas quando é proprietária;
Informação não se deprecia da mesma forma que os bens de
capital.
Davenport (1998) sugere que, para uma melhor efetividade de resposta
das T.I.’s, os arquitetos informacionais devem estabelecer um canal de
comunicação com aqueles que utilizam o ambiente informacional, devendo
existir uma interação ampla, freqüente e contínua desses profissionais com os
elementos humanos da corporação. Os tecnólogos devem conversar com os
usuários focando questões do comportamento destes, e não apenas tratando
de peças eletrônicas ou códigos de programação.
Para esse autor, o comportamento informacional desejado é aquele em
que os funcionários, a equipe e as pessoas envolvidas no processo adquirem,
usam, compartilham ou atuam de alguma forma sobre a informação. As
decisões devem ser baseadas em dados factuais, mesmo que sejam
incorretas, em vez de estimular as tomadas de decisão com base na intuição.
Davenport preconiza que “é necessário criar uma cultura organizacional que
46
valorize e ofereça oportunidades para a comunicação de conhecimento tácito”,
pois se vive na era do conhecimento, das organizações do conhecimento.
Concebe-se a idéia de que todos numa sociedade são dependentes dos
processos informacionais. Como preconiza Capra (2003), uma visão holística,
a qual “concebe o mundo como um todo integrado e não como uma coleção de
partes dissociadas”, há de reconhecer a interdependência fundamental de
todos os fenômenos, entendendo o fenômeno da informação como o principal
dessa integração. Corroboram-se mecanismos para entrelaçar as partes de um
sistema, como o gerenciamento da informação, oportunizado na
contemporaneidade pelo uso da Telemática, destacando a condição do
humano sobre o tecnológico, principalmente, nas redes de comunicação.
É importante, segundo Stumpf (1996, p.16) conceber as dimensões de
Informação e da T.I.. A informação é condição humana, como já visto, é um
dado que tem significado ou utilidade para um receptor e que altera suas
expectativas ou a sua visão diante de alternativas disponíveis. Já a T.I., é um
conjunto de recursos não humanos (
Hardware
e
Software
) dedicados ao
armazenamento, processamento e comunicação da informação e a forma pela
qual estes recursos são classificados ou organizados em um sistema capaz de
realizar um conjunto de tarefas.
A T.I. subsidia as bases teóricas e os instrumentos pertinentes ao
desenvolvimento dos Sistemas de Informação adequado às reais necessidades
do ambiente organizacional. Nesse sentido, é imprescindível que as
organizações, quando na oferta de produtos e serviços informacionais, adotem
Sistemas de Informação subjacentes aos procedimentos de Gestão da
Informação.
47
2.3 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO
A integração de sistemas de informação implica trabalhar as
organizações na perspectiva da informação, que tenha na informação e no
conhecimento a base da gestão organizacional apoiada por tecnologias de
processos e de automação de informação. Dessa maneira, o início da
integração de sistemas de informação está no funcionamento eficiente dos
sistemas de informação automatizados, dentro das organizações, para uma
efetiva gestão organizacional e que tem na G.I. um recurso para otimizar todo
esse processo.
O conceito de Sistema de Informação (S.I.) está inserido na abordagem
da Teoria Geral de Sistemas propagada pelo biólogo e filósofo alemão Ludwig
von Bertalanfy, entre 1950 e 1968, que se fundamenta em três premissas
básicas:
os sistemas existem dentro de sistemas;
os sistemas são abertos; e,
as funções de um sistema dependem de sua estrutura.
Nessa visão, sistema é um conjunto de unidades reciprocamente
relacionadas de onde decorrem dois conceitos: o de propósito (ou objetivo) e o
de globalismo (ou totalidade) (MORAES, 1994).
Para Chaves (
apud
MORAES, 1994), sistema é um todo complexo e
organizado; uma reunião de coisas ou partes formando um todo unitário e
complexo. Dá a idéia de plano, método, ordem, arranjo. O antônimo de sistema
é o caos. Está implícita a noção de relação entre as partes, de modo que o
todo reúne características próprias não existentes em cada parte isoladamente.
O sistema, incluindo as partes e mais as relações entre elas, torna-se uma
48
entidade nova, não uma simples soma de partes.
Assim, os Sistemas de Informações (S.I.’s.) nas suas construções,
seguem essa visão organizacional. Atualmente, pensar S.I.’s. implica em trazer
para o primeiro plano como concretizadoras desses sistemas a telemática, que
muda de forma radical o tratamento e a comunicação da informação na
sociedade.
Cada vez mais, as organizações se estruturam em torno da necessidade
da conectividade e interatividade em tempo real, através das tecnologias de
informação e das redes de comunicação. Os processos organizacionais
moldam-se em torno da coleta de dados fidedignos, os quais associados vão
gerar informações que levem ao conhecimento da realidade para uma tomada
de decisão que resulte em ações efetivas.
As organizações gravitam em torno de S.I.’s. formais e
computadorizados, que são definidos como: um conjunto de componentes
inter-relacionados trabalhando juntos para coletar, processar, armazenar,
distribuir e recuperar informação com a finalidade de facilitar o planejamento, o
controle, a coordenação, a análise e o processo decisório nas organizações.
Eles, sistemas, coletam dados tanto internos quanto externos. As
organizações, por sua vez, procuram conectar seus S.I.’s. com outras
organizações formando redes interativas de cooperação, o que vislumbra uma
imensa rede mundial (LAUDON; LAUDON, 1999, p.4).
Um S.I. computadorizado existe basicamente para a solução de
problemas. Otimiza, em muitas vezes, o processo manual de coleta,
armazenamento, recuperação e análise de dados. Com isso, torna muito mais
49
ágeis os processos humanos de transformar dados em informações que,
relacionadas e analisadas, permitem chegar a um conhecimento da realidade
de atuação da organização.
O conhecimento da realidade de forma ágil deve fazer parte da filosofia
de gestão estratégica de qualquer organização na atualidade. Para uma
atuação efetiva, a estratégia de atuação deve estar permanentemente
condizente com a realidade sempre mutante. Um S.I. computadorizado faz isso
através de um ciclo de três atividades básicas:
a entrada (
input
), que envolve a coleta de dados brutos da
organização ou do seu ambiente externo;
o processamento, que envolve a conversão dessa entrada
bruta em uma forma mais útil e apropriada;
a saída (
output
) que envolve a transferência da informação
processada.
O sistema é realimentado quando os dados processados retornam aos
membros da organização e podem ser refinados ou corrigidos (LAUDON;
LAUDON, 1999) (ROSINE;PALMISANO, 2003), conforme demonstrado no
esquema teórico abaixo (Figura 4).
Figura 4: Esquema teórico de qualquer sistema
Fonte: Rosine; Palmisano, 2003, p.03
Um S.I., no entanto não é simplesmente o computador. É composto
pelas dimensões: organizacional, humana e tecnológica. Na dimensão
organizacional ele existe para responder às necessidades das organizações,
50
que são estruturas formais dotadas para um determinado fim e precisam
resolver seus problemas de procedimentos e funcionamento. A dimensão
humana é representada pelas pessoas que registram os dados e utilizam as
informações depositadas nos sistemas. Então, S.I.’s. bem construídos vão
influenciar na produtividade das pessoas e da organização. Na dimensão
tecnológica os S.I.’s são baseados na tecnologia de informação e de
comunicação. A T.I. é representada pelo
hardware
; pelo
software
e pela
tecnologia de armazenamento. A tecnologia de comunicação é representada
pelos meios de comunicação que possibilitam às organizações a conectividade
em redes (LAUDON; LAUDON, 1999).
O papel dos S.I.’s é imponderável, mas pode-se afirmar ainda que eles
são desenvolvidos para otimizar o fluxo de informação relevante em
determinado espectro de atuação, desencadeando um processo de
conhecimento e de tomada de decisão e intervenção na realidade. A função
dos S.I.’s reside na padronização da ação, adequando e harmonizando
resultados, uma vez que a informação se torna, nesta era em redes, o recurso
chave de competitividade efetiva, além de diferencial de mercado e de
lucratividade. Esses sistemas, aliados aos recursos da telemática, processam
transações de forma rápida e precisa, armazenam e acessam rapidamente
grandes massas de dados, permitem comunicação rápida (de uma máquina
para outra, de um ser humano para outro), reduzem a sobrecarga de
informação, expandem fronteiras, fornecem suporte para a tomada de decisão,
além de se constituírem numa arma competitiva.
Nessa lógica Stumpf (1996, p.16), alerta para não confundir informação,
informações e sistemas de informação
51
[...] A informação é um processo pelo qual uma organização se
informa sobre ela própria e sobre o seu meio ambiente, e informa o
meio ambiente sobre ela. As informações são um resultado do
processo de informão. O sistema de informações [...]
é o conjunto
interdependente das pessoas, das estruturas da organização, das
tecnologias de informação – Hardware e Softwares -, dos
procedimentos e métodos que deveriam permitir à empresa dispor, no
tempo desejado, das informações que necessita ou necessitará para
seu funcionamento atual e para a sua evolução
.
Conclui-se que a efetividade dos S.I.’s é determinada não apenas pela
tecnologia, mas também pelo entendimento claro da organização sobre o que
ela pretende com a informação e como as pessoas usam a informação. Um S.I.
deve estar moldado de acordo com as necessidades e objetivos da
organização, vinculado ao processo de G.I..
2.4 GESTÃO DA INFORMAÇÃO
No contexto da sociedade atual, a informação é vista como o insumo
52
Tanto McGee; Prusak (1994) quanto Davenport (1998) e Choo (2003)
corroboram com Sveiby, quando preconizam que para tornar estratégica a
informação é preciso transformá-la em conhecimento para guiar a ação
organizacional. Esta transformação exige dos indivíduos conceber o uso da
informação em aprendizado,
insight
e compromisso com a ação, determinando
atitudes para administrar recursos, ferramentas, tecnologias, políticas e
padrões de informação.
A gestão desses elementos, segundo Choo (2003, p.403), constituem a
infra-estrutura tecnológica da G.I.. Salienta que o processo de transformação é
moldado “pela cultura organizacional, pela maneira como a organização
interpreta seus propósitos e compromissos, pela especificação de regras,
rotinas e papéis”. Este autor ilustra três arenas de uso da Informação pela
organização:
1º Arena – Criar Significados – é a construção de consenso sobre
o que é a organização e o que a mesma está fazendo;
2º Arena – Construção do conhecimento – é quando a
organização cria, organiza e processa a Informação objetivando
novos conhecimentos por meio da aprendizagem;
Arena – Tomar Decisões – é o momento no qual a organização
busca e avalia as informações de modo a processá-las e analisá-las
a partir de alternativas disponíveis, cuja vantagem e desvantagem
são pesadas.
53
O autor diz que essas três arenas são processos interligados, se
alimentam mutuamente causando uma visão holística do uso da informação.
Elas estão em consonância com os modos de interpretação, de conversão e de
processamento da informação efetivando o uso da informação para a ação
organizacional, conforme Figura 5.
Figura 5: A organização do conhecimento
Fonte: Choo, 2003, p.31
Esse autor entende que informações e significados são forjados nos
pensamentos, sentimentos e ações dos indivíduos de toda a cadeia produtiva e
alicerça a cadeia de valor. Nesse sentido, a G.I. subsidia a construção do
modelo de “forças competitivas” proposto por Porter (1991), o qual descreve a
interação das ameaças e das oportunidades externas às organizações com o
objetivo de orientar a sua estratégia e a sua habilidade em competir,
corroborando com o princípio de ação organizacional.
Para isso, a organização deve examinar sua idiossincrasia no cenário
que é constituído de mercados e competidores e empreender uma análise
54
sistêmica das forças competitivas pertinentes ao “poder de negociação dos
fornecedores, poder de negociação dos clientes ou compradores, empresas
entrantes no mercado, pressão dos produtos e serviços substitutos e
intensidade da rivalidade entre os concorrentes, através da indústria no
mercado”, para levantar os subsídios necessários à estratégia; definindo e
direcionando às políticas necessárias ao alcance das metas de permanência
nesse ambiente em redes. Isso se associa ao processo de aquisição de dados
e informações externos, quando tratados com os dados e informações internas
coletadas, gera um significado a organização (Figura 6).
Figura 6: Forças Competitivas de Porter
Fonte: Porter, 1991
Esse mesmo autor sinaliza que, a vantagem competitiva pode ser obtida
por meio da “cadeia de valor” constituída pelas atividades distintas que uma
organização executa no projeto, na produção, no marketing, na entrega e no
suporte de seu produto (bem ou serviço). Pode-se, então associar este
conceito aos processos ou a fluxos de valor, os quais constituem uma coleção
de atividades do empreendimento com o propósito de entregar um bom
resultado a um cliente ou a um usuário final. Mantendo um monitoramento
sistêmico de avaliação das atividades exercidas de como elas interagem e
descobrindo fontes de vantagem competitiva, alcança-se, assim, a
55
“diferenciação”. Isso significa atingir um meio mais econômico de
operacionalizar as suas ofertas do que a concorrência, satisfazendo às
expectativas de um determinado grupo de usuários. O processo de G.I., e
conseqüentemente o uso de S.I.’s. é imprescindível para alcançar a efetividade
dessa cadeia.
SILVA (2000, p.42) percebe a G.I. como relevante na definição da
estratégia organizacional, pois a informação deve possibilitar estratégias e
alternativas, a partir de uma utilização adequada de fontes, serviços e
fornecedores de informação, tanto internos como externos à organização
promovendo o aperfeiçoamento de produtos e serviços e a inovação
permanente de forma a garantir a competitividade. Para alcançar essa
condição é necessário ter como competência essencial a comunicação, o
envolvimento e um profundo comprometimento com trabalhos que ultrapassem
as fronteiras organizacionais e abranjam muitos níveis de pessoas e a
diversidade de funções existentes. As competências, desenvolvidas à medida
que são aplicadas e compartilhadas, são os elementos aglutinadores que liga
empreendimentos e idéias para o desenvolvimento de novos empreendimentos
e novas idéias.
Nesse contexto, é importante considerar o que Prahalad e Hamel (1990)
classificam como competências essenciais: um conjunto de habilidades e
tecnologias que habilitam uma organização proporcionar um benefício
particular para os seus usuários. Eles consideram que o conhecimento
organizacional é fruto de interações que ocorrem num ambiente organizacional
desenvolvido por meio de processos de aprendizagem. Assim sendo,
competência é o saber agir responsável e reconhecido que implica mobilizar,
56
integrar, transferir conhecimentos, recursos e habilidades que agreguem valor
econômico à organização e valor social ao indivíduo. A competência implica
compreender um conjunto de conhecimentos tácitos e coletivos, aplicados por
meio de processo de aprendizagem e que constitui uma fonte de vantagem
competitiva quando seus resultados são estendidos para todo o sistema:
organizações, indivíduos e até os Estados-Nação.
Corrobora com as premissas acima o processo de aprendizagem que
Senge (1990) julga a ferramenta indispensável para a obtenção do sucesso
organizacional e a promoção da vantagem competitiva. Para isto, devem-se
considerar disciplinas como: “pensamento sistêmico, domínio pessoal, modelos
mentais, a construção de uma visão compartilhada e a aprendizagem em
equipe”, capazes de promover uma nova onda de experimentação e progresso,
ou seja, a inovação.
Cabe, quanto a esse aspecto, uma associação com o pensamento de
Sveiby (1998), o qual define o conhecimento como “uma capacidade de agir”
alicerçado nos princípios de que o mesmo é tácito, orientado para ação
sustentado por regras e em constante mutação, ligando-se à competência, na
qual engloba o conhecimento explícito, a habilidade, a experiência, os
julgamentos de valor e as redes sociais. Conclui-se que inovações são
conhecimentos em ação para fins coletivos.
Assim, consideram-se as efetividades desses modelos e processos –
Forças Competitivas, Cadeia de Valor, Competência e Aprendizagem
Organizacional – inerentes à eficácia do processo de G.I. Esta será eficiente
57
quando for capaz de criar, armazenar e compartilhar informações para gerar o
conhecimento com vistas à estratégia ou ação organizacional.
A G.I. concebida como um processo catalisador alicerçado por uma
infra-estrutura organizacional: processos, recursos humanos e tecnológicos
promove uma organização fundamentada em práticas de Gestão do
Conhecimento. Esta prática tem como planos e dimensões processos de
criação e aprendizado individual, bem como a coordenação sistêmica de
esforços em vários níveis: organizacional e individual, institucional e
operacional, normas formais e informais com repercussões na satisfação, no
bem estar e na qualidade coletiva, conforme Terra (2001) (Figura 7).
Figura 07: Modelo conceitual sobre gestão de conhecimento na empresa.
G.I.: PLANOS E DIMENSÕES
Ambiente Externo
Empresa
Nível
Estratégico
Visão Estratégica – Alta Administração
Políticas
de RH
Cultura
Organizacional
Estrutura
Organizacional
Nível
Organizacional
Sistemas
de
Informação
Mensuração
de Resultados
Infra-estrutura
Fornecedores
Parceiros
Universidades
Clientes
Concorrência
Governo
Fonte: Terra, 2001, p.215
O conhecimento organizacional é visto como uma qualidade de uma
rede de processos de uso da informação. A G.I. viabiliza esse conhecimento e
pode ser definida como um processo que trata de um conjunto estruturado de
atividades nas quais incluem o modo como as organizações obtêm, distribuem
58
Determinação
das exigências
Obtenção Distribuição Utilização
e usam a informação para chegar ao conhecimento e agregá-lo a produtos e
serviços (McGEE; PRUSAK, 1994) (DAVENPORT, 1998) (TARAPANOFF,
2001) (CHOO, 2003) (BEAL, 2004). Para Beal (2004, p.30), ainda faz parte
desse processo o descarte, conforme Figura 8.
Figura 8: Modelo proposto para representar o fluxo da informação
nas organizações
Fonte: Beal, 2004, p.29
Davenport (1998, p.178) e Beal (2004, p.29) preconizam que a
informação estruturada em papel ou em computadores, bem como a não
estruturada, a formal e a informal, passam por um fluxo na organização.
Davenport propõe um modelo genérico para esse fluxo, conforme a Figura 9.
Figura 9: O processo de gerenciamento da informação
Fonte: Davenport, 1998, p.175
59
Esse autor afirma que a maioria das organizações acredita que a G.I. é
um processo elementar e de fácil aplicação, entretanto são poucas as que têm
os seus processos sistematizados de forma efetiva. Sinaliza a G.I. como um
processo de um conjunto de atividades, por isso é pertinente definir alguém
que o gerencie e que atue de maneira a reforçar a cooperação necessária
entre os vários setores da organização. É importante ainda, a organização
identificar todos os passos de um processo informacional, descrevê-lo e
ordená-lo. Isto inclui os vários sub-processos ou passos, as pessoas e as
fontes, sendo possível aperfeiçoar ou mudar radicalmente todo o processo
Choo (2003, p.404) concebe a G.I. como um processo para monitorar
um conjunto de processos distintos, mas inter-relacionados, os quais designa
como: identificação de necessidades informacionais; aquisição de informação;
organização e armazenagem da informação; produtos e serviços de
informação; distribuição da informação; e uso da informação. É um processo
cíclico e deve ser realimentado constantemente em razão do comportamento
adaptativo organizacional. Esta premissa é condição para o resultado do uso
eficiente da informação, uma vez que a organização seleciona e executa ações
direcionadas a objetivos e condicionadas às condições do ambiente, conforme
Figura 10.
Figura 10: Modelo processual de administração da informação
Fonte: Choo, 2003, p.404
60
Conceitualmente, os autores Beal, Choo, Davenport, McGee e Prusak
discordam quanto às taxionomias das etapas e a ordem entre elas. No
presente trabalho, explora-se a concepção de todos entrelaçando-os.
Conforme abaixo:
a) Identificação das necessidades informacionais - Esta
atividade age como o
start
de todo o processo de gestão.
Promove um ciclo de coleta, tratamento, armazenamento,
distribuição e uso de informações com a finalidade de suprir
processos decisórios e/ou operacionais internos, tanto quanto
viabiliza a oferta de informações para o ambiente externo.
As necessidades informacionais nascem de problemas,
incertezas e ambigüidades, encontradas em situações e
experiências específicas. Tais situações e experiências são as
interações de um grande número de fatores relacionados não
apenas à questão subjetiva, mas também à cultura
organizacional, aos limites na execução de tarefas, à clareza dos
objetivos e do consenso, ao grau de risco, às normas
profissionais, à quantidade de controle, etc. A determinação das
necessidades de informação exige perguntas constantes como
essas abaixo:
O que você deseja saber?
Por que você precisa saber isso?
Qual é o seu problema?
O que você já sabe?
O que você espera descobrir?
Como isso vai ajudar você?
Como você precisa saber isso?
Em que forma você precisa saber isso?
(CHOO, 2003, p. 405).
61
Essas questões sinalizam que não se deve estar apenas
preocupadas com o significado da informação, mas também com
as condições, padrões e regras de uso que tornam a informação
significativa para determinados indivíduos em determinadas
situações.
Essa etapa propicia avaliar acuradamente as necessidades
de informações dos vários grupos e indivíduos que conformam a
organização (CHOO, 2003, p. 406). É fundamental para
desenvolver produtos informacionais orientados para cada grupo
e necessidades avaliadas. Isto corrobora com as premissas de
Davenport, quando defende que o enfoque desse processo deve
estar nas necessidades e na satisfação dos usuários da
informação, o que leva a administração informacional efetiva.
b) Aquisição da informação - Etapa na qual é desenvolvida
atividade de criação, recepção ou captura da informação para
suprir as necessidades identificadas na fase anterior. É uma
atividade ininterrupta por meio de exploração do ambiente
informacional (fontes externas e internas) e depende de uma
combinação de abordagens: automatizadas e humanas.
c) Organização e armazenamento da informação - Estas
duas atividades ocorrem simultaneamente, embora possam ser
entendidas e analisadas como uma tarefa independente (McGEE;
PRUSAK, 1994, p.118). A informação antes de ser aproveitada
deve passar por processos de organização, formatação,
estruturação, classificação, análise, síntese e apresentação
62
tornado-as mais acessíveis e fácil de ser localizada pelos
usuários (BEAL, 2004, p.30).
Conseqüentemente, o armazenamento assegura a
conservação dos dados e informações. Esses são fisicamente
organizados e armazenados em arquivos, bancos de dados
computadorizados e outros sistemas de informação de modo a
facilitar sua partilha e sua recuperação. A maneira como a
informação é armazenada reflete como a organização percebe e
representa seu ambiente, inclusive a maneira como denomina
suas entidades, especifica os relacionamentos, acompanha
transações e avalia desempenhos. A informação armazenada
representa um componente importante da memória da
organização (CHOO, 2003, p.410).
Davenport (1998, p.175) privilegia uma estrutura pertinente
para a classificação da informação por ser inerente à atividade
humana, que exige concentração e mão-de-obra; trabalha com
pensamento, percepção, ação e linguagem. A criação de
categorias ou padronização afeta a maneira da recepção da
informação, principalmente porque
[...] os sistemas de armazenamento da informação são cada vez mais
requisitados para oferecer flexibilidade necessária para captar
informões, apoiar as múltiplas visões que os usuários têm dos
dados, conectar itens que são funcional ou logicamente relacionados
e permitir que os usuários explorem padrões e conexões (CHOO,
2003, p.410).
d) Produtos e serviços de informação - Esta atividade
imprime as qualidades que agregam valor à informação;
63
sinalizam, intensificam ou reforçam a utilidade potencial das
mensagens no sistema de informação. Nesta lógica, oferece uma
estrutura para criação de produtos e serviços que levam em conta
o ambiente em que os usuários irão utilizar a informação (CHOO,
2003, p.412-3).
Carvalho (
apud
SILVA, 2000, p. 39),-Fn4ca l par.2(ecs q10(u5.1(0.90(pr.1(od.1(ut(v)-Fn()]Tf)-003s)-2197 TD0.0033 Tc2.3987 Tw[e7(r)6.v(ç)13.3(i)5.ç(c)3.1(o, i)5.3(n)-0.3(f)-8.7(o)-0.7(16)9.3(m)-3.ac, i)5. po)9.na, i)5.s3, peçor otrçidaddeas
64
e) Distribuição da informação – Esta etapa possibilita levar
a informação necessária a quem precisa dela. Esta distribuição
será eficiente caso a organização tenha uma efetiva rede de
comunicação. A organização deve preocupar-se tanto com a
distribuição interna da informação quanto com a distribuição
externa (parceiros, fornecedores, acionistas, governo etc.). Em
síntese, a distribuição da informação
[...] promove a sua partilha e sua recuperação. Para lidar com a
ambigüidade e a incerteza, as pessoas geralmente preferem canais
mais ricos de comunicação, que lhes permitam concentrar-se nas
questões, buscar esclarecimentos, resolver diferenças e estimular a
criatividade. Elas também precisam de um fluxo contínuo de
informões externas para monitorar os desenvolvimentos presentes,
atualizar interpretações, preencher lacunas e obter
feedback
(CHOO,
2003, p.420).
Davenport (1998, p.175) considera alguns pontos para que
haja uma efetiva distribuição da informação, como:
Estar ligada ao modo como a informação é informada;
Uma arquitetura informacional eficiente conduz ao usuário à
informação de que precisa;
Certos tipos de estrutura política – como o federalismo –
tornam mais viáveis a distribuição entre as funções e
unidades;
O investimento tecnológico da empresa afeta diretamente a
distribuição;
Importante escolha da estratégia: as informações devem ser
divulgadas aos usuários ou procuradas por eles?
f) Uso da informação - É considerada por uns teóricos
como a etapa final de todo o processo de G.I.. O uso da
65
informação é um processo social dinâmico de pesquisa e
construção que resulta na criação de significado na construção de
conhecimento e na seleção de padrões de ação organizacional.
A existência da informação não garante melhores resultados a
organização e, sim, o uso delas. O uso deve possibilitar o
conhecimento dos ambientes internos e externos da organização
e a sua atuação nesses ambientes (CHAUMIER
apud
BEAL,
2004, p.31).
g) Descarte - É necessário quando a informação se torna
obsoleta ou perde a utilidade para a organização. Para isso é
necessário obedecer
[...] a normas legais, políticas operacionais e exigências internas.
Excluir dos repositórios de informação corporativos os dados e
informões inúteis melhora o processo de gestão da informação de
diversas formas: economizando recursos de armazenamento,
aumentando a rapidez e eficiência na localização da informação
necessária, melhorando a visibilidade dos recursos importantes etc.
(BEAL, 2004, p.31-2)
O desafio do processo de G.I. é projetar e criar estruturas e processos
informacionais que sejam tão flexíveis, energéticos e permeáveis quanto os
processos de pesquisa e tomada de decisões. A condição essencial de
sustentabilidade organizacional em uma sociedade em rede é o
comportamento adaptativo dos sujeitos diante dos processos informacionais, o
qual pode ser associado à Ecologia da Informação que é descrita como a
“administração holística da informação ou administração informacional centrada
no homem” (DAVENPORT, 1998).
A condição para uma abordagem ecológica é enxergar o ambiente
informacional em três dimensões, compreendendo todo o cenário em que a
66
informação é utilizada, conforme Figura 11. Além dessa condição holística de
pensar, Davenport preconiza quatro atributos-chaves para o sucesso desta
abordagem: integração dos diversos tipos de informação; reconhecimento de
mudanças evolutivas; ênfase na observação e descrição; e ênfase no
comportamento pessoal e informacional.
Figura 11: Um modelo ecológico para o gerenciamento da informação
Fonte: Davenport, 1998, p.51
Na sociedade em rede a informação é o grande insumo dinamizador
para as organizações sustentarem suas ações, assim o gerenciamento da
informação é um processo a ser adotado em todos os setores
socioeconômicos. Pensando na integração de sistemas de informação em
saúde, foco da presente pesquisa, os hospitais, vistos como organizações,
precisam se munir de tecnologias, processos e profissionais de informação
objetivando cumprir a sua missão de dar assistência em saúde de forma
equânime, universal e integral aos cidadãos de um território, nação, planeta ou
região.
67
Esse quadro teórico traz ao leitor uma visão panorâmica da conformação
da sociedade em rede, na qual o paradigma da telemática exige dos sujeitos
sociais se munirem de comunicação e flexibilidade de comportamento em suas
estratégias para a consecução dos seus objetivos. Surge uma nova cultura, na
qual a compreensão de conceitos: informação, tecnologias de informação,
sistemas de informação, gestão da informação e integração de sistemas são
essenciais na dinâmica da economia neste estágio da “estória” da humanidade.
68
3 A GESTÃO DA INFORMAÇÃO NA REDE HOSPITALAR
No campo da saúde a gestão hospitalar destaca-se como um desafio
frente às autoridades de saúde e gestores dessas organizações. Apontam-se a
necessidade de novas perspectivas de gestão a partir de uma cultura que
69
indica que estes fatores, uma vez adotados, venham fortalecer a
práxis
da
gestão e ações em saúde e dos serviços pertinente a esta rede.
3.1 O SISTEMA DE SAÚDE BRASILEIRO
O Sistema Único de Saúde (SUS) nasce no contexto da sociedade
brasileira, no final da década de oitenta do século passado, com a promulgação
da Constituição Federal. É fruto de um processo de reforma sanitária nos anos
setenta, cujo o cenário político econômico no país registra uma ebulição nos
processos sociais de mudanças institucionais e inovação em ações sanitárias.
No ano de 1978 é preconizado na declaração de Alma Ata a eqüidade em
“Saúde”, e que esta nada mais é que questões de oportunidade e qualidade de
vida que uma Nação possibilita a sua população
Registra-se um marco de um novo compromisso ético entre as nações e
início de uma corrida tecnológica a promover “saúde para todos no ano 2000”.
Nesse sentido, o Art. 196 da Constituição Brasileira pontua que “a saúde é
direito de todos e dever do Estado”, levando a concepção do SUS. Esta ação é
vista como uma inovação, entendida por Bernardes (2003) como “
a imagem
ideal, sistêmica, de uma rede ou malha de interações dinâmicas e complexas
networking
”, estabelecidas entre agentes dos setores públicos e privados, os
quais englobem: um contexto instrucional (leis, regras sociais, normas culturais,
rotinas, padrões técnicos); organizações, entendidas como estruturas formais;
e, indivíduos.
Esse sistema tem como princípios doutrinários a integralidade, a
eqüidade e a universalidade. Para a consecução dessa inovação, são
instituídos princípios operacionais, re-ordenando o setor a exercer a
descentralização do sistema por meio da municipalização, hierarquização e
70
regionalização na
práxis
dos serviços e contar com a participação social na
consecução de suas ações (Brasil, 1988). Na perspectiva de operacionalizar
esses princípios (doutrinários e operacionais) é sancionada em 1990 a Lei de
nº 8.080, na qual dispõe sobre a organização de um Sistema Nacional de
Informação em Saúde (SNIS).
Vale reproduzir alguns pontos dessa Lei como demonstração da
concepção do SUS como uma
networking
social
,
destacando pontos
associados à concepção de Sociedade em Rede, produtos e serviços
informacionais, e Gestão da Informação
:
Art. 1º - Esta lei regula, em todo território nacional, as ações e serviços de
saúde, executados, isolada ou conjuntamente, em caráter permanente ou
eventual, por pessoas naturais ou jurídicas de direito público ou privado. (grifo
nosso) (caracteriza no contexto de uma sociedade em rede).
Art. 2º - A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado
prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício,
# 1º - O dever do Estado de garantir a saúde consiste na reformulação e
execução de políticas econômicas e sociais que visem à redução de riscos de
doenças e de outros agravos e no estabelecimento de condições que
assegurem acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para a
promoção, proteção e recuperação.
# 2º - O dever do estado não exclui o das pessoas, da família, das empresas e
da sociedade.
#3º - A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre outros,
a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a
renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços
essenciais; os níveis de saúde da população expressam a organização social e
econômica do País (ênfase para a prática de indicadores em saúde; exige-se
registros informacionais em saúde).
Parágrafo único. Dizem respeito também à saúde as ações que, por força do
disposto no artigo anterior, se destinam a garantir às pessoas e à coletividade
condições de bem-estar físico, mental e social. (ênfase para o recurso
Informação a gerar Conhecimento promovendo atitudes = ações).
Art. - O conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por órgãos e
instituições públicas federais, estaduais e municipais, da administração direta e
indireta e das fundações mantidas pelo Poder Público, constitui o Sistema
Único de Saúde –SUS.
#1º - Estão incluídas no disposto neste artigo as instituições públicas federais,
estaduais e municipais de controle de qualidade, pesquisa e produção de
insumos, medicamentos, inclusive de sangue e hemoderivados, e de
equipamentos para a saúde.
#2º - A iniciativa privada poderá participar do Sistema Único de Saúde-SUS,
em caráter complementar.
71
Art 5º - São objetivos do Sistema Único de Saúde-SUS:
I – a identificação e divulgação dos fatores condicionantes e determinantes da
saúde; (cabe aqui a adoção de produtos e serviços informacionais)
IIa formulação de política de saúde destinada a promover, nos campos
econômico e social, a observância do dispositivo no # 1º do artigo 2º desta Lei;
III a assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção e
recuperação da saúde, com a realização integrada das ações assistenciais e
das atividades preventivas.
Art 6º - Estão incluídas ainda no campo de atuação do Sistema Único de
Saúde-SUS:
I - a execução de ações:
a) de vigilância sanitária;
b) de vigilância epidemiológica;
c) de saúde do trabalhador; e
d) de assistência terapêutica integral, inclusive a farmacêutica.
(inovação -exige informações e ações, também, no contexto dos hospitais;
elemento diferenciador).
Art 7º - As ações e serviços públicos de saúde e os serviços privados
contratados ou conveniados que integram o Sistema Único de Saúde-SUS são
desenvolvidos de acordo com as diretrizes previstas no art 198 da Constituição
Federal, obedecendo ainda aos seguintes princípios:
I universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de
assistência;
II – integralidade de assistência, entendida como um conjunto articulado e
contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos,
exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema;
(ênfase para a adoção da G.I. na rede do SUS).
III – preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade
física e moral;
IV – igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de
qualquer espécie;
V- direito à informação, às pessoas assistidas, sobre a saúde;
VI – divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de saúde e
sua utilização pelo usuário;
VII – utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a
alocação de recursos e a orientação programática; (fazer uso de informação
em saúde para gerar ações).
VIII participação da comunidade;
IX – descentralização político-administravivo, com direção única em cada
esfera de governo; (o princípio da flexibilização, paradigma da Sociedade em
Rede)
a) ênfase na descentralização dos serviços para os municípios;
b) regionalização e hierarquização de rede de serviços de saúde;
X – integração, em nível executivo, das ações de saúde, meio ambiente e
saneamento básico;
XI – conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos
da União, dos estados, do Distrito federal e dos municípios, na prestação de
serviços de assistência à saúde da população;
XII – capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de assistência
e;
XIII – organização dos serviços públicos de modo a evitar duplicidade de meios
para fins idênticos. (ênfase na interoperabilidade dos sistemas de informação e
72
na comunicação entre os sujeitos para a consecução desta conjugação,
resolução e organização).
Art 9º - A direção do Sistema Único de Saúde é única, de acordo com o inciso I
do artigo 198 da Constituição Federal, sendo exercida em cada esfera de
governo pelos seguintes órgãos:
I – no âmbito da União, pelo Ministério da Saúde;
II – no âmbito dos estados e do Distrito Federal, pela respectiva secretaria de
saúde ou órgão equivalente;
III – no âmbito dos municípios, pela respectiva secretaria de saúde ou órgão
equivalente
Art. 39º - (Vetado)
# 8º - O acesso aos serviços de informática e base de dados, mantidos pelo
Ministério da Saúde e pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social, será
assegurado às secretarias estaduais e municipais de saúde ou órgãos
congêneres, como suporte ao processo de gestão, de forma a permitir a
gerência informatizada das contas e a disseminação de estatísticas sanitárias e
epidemiológicas médico-hospitalares. (ênfase no uso da telemática).
Art. 47º - O Ministério da Saúde, em articulação com os níveis estaduais e
municipais do Sistema Único de Saúde-SUS organizará, no prazo de 2 (dois)
anos, um sistema nacional de informações em saúde, integrado em todo
território nacional, abrangendo questões epidemiológicas e de prestação de
serviços. (registra-se que já se passaram catorze anos e ainda não foi
efetivada a interoperabilidade entre os sistemas). (BRASIL, 1990).
A opção em destacar os Artigos acima, além dos já citados
anteriormente, é o de apontar a amplitude social desta Lei. O SUS é
considerado o mais importante programa social da atualidade, a maior reforma
de Estado em andamento e que contribui para o processo da globalização pela
base por ser uma política pública, universalista e igualitária (CARVALHEIRO,
2000), (ALVES SOBRINHO, 2003).
Entretanto, como um programa de inclusão social, parece ainda não
trabalhar na perspectiva da G.I., nem ser entendida como uma organização do
conhecimento. Entende-se organização como um conjunto de sistemas
mediados por sujeitos, os quais interagem e trabalham com outros sujeitos e
grupos na perspectiva de alcançarem objetivos comuns. Esses objetivos só se
concretizam se os sujeitos que conformam a organização tiverem engajados
em atividades de interesse coletivo. (CHOO, 2003, p.353).
73
O SUS na condição de uma
networking
tem como missão traçar políticas
de saúde que integrem ações curativa e preventiva, assim como articular as
esferas municipal, estadual e federal. Neste sentido, o SUS é um Sistema -
Organização que emerge da adoção de teorias de ação sustentadas por
estratégias, normas, culturas subjacentes ao comportamento social e
profissional daqueles que o compõe. Seus objetivos são capitalizar
conhecimento, recursos físicos, tecnológicos, materiais, equipamentos e
trabalho para consolidar esta rede e integrar ações desenvolvidas pelos
prestadores, sociedade e governo.
Não obstante, ao tratar as redes sociais a partir da Teoria das
Organizações pressupõe-se que o público é parte da organização. Quando se
analisa a relação usuário organização percebe-se uma ruptura nesta relação.
Este fato se evidencia na análise de que as relações entre os profissionais que
atuam na organização são diferentes daquelas dos usuários. Ao interagir o
produtor e o usuário gera-se uma relação fundamentada no modelo
comunitário e ao introduzir a ruptura outra forma de relação entre usuário e
organização se estabelece: a mercantil e política (MENDES; CUNHA, 2005).
No entanto, o SUS, uma vez contextualizado nas premissas de uma
Sociedade em Rede, poderá consolidar os seus princípios doutrinários e
operacionais. É pertinente inculcar a esses princípios o processamento e o uso
da informação objetivando criar significado do seu ambiente; construir
conhecimento para inovar em suas ações; e nas tomadas de decisões das três
esferas institucionais e no âmbito dos agentes de serviços, incluindo os
hospitais, que conformam esse sistema de maneira racional. Em contrapartida,
possibilitará ainda, o aprendizado contínuo e a adaptação às intempéries que
74
um sistema de saúde de uma nação está sujeito, alicerçando a sua
manutenção e o seu progresso.
3.2 OS HOSPITAIS E A SAÚDE NO CONTEXTO POLÍTICO,
ECONÔMICO E SOCIAL.
3.2.1 A Gênese dos Hospitais e das Informações em Saúde
A organização hospitalar é historicamente considerada como parte
importante do sistema socioeconômico. Para tanto, várias transformações
ocorreram desde a organização dos sistemas de saúde. Inicialmente, os
hospitais voltavam-se aos pobres e necessitados com fins de caridade,
passando a um instrumento no aparelhamento do Estado, do espaço urbano e
da força de trabalho, até se conformar em uma organização prestadora aos
cuidados assistenciais em saúde individuais e coletivo.
Essas transformações se dão em consonância com as etapas da
materialização da comunicação, das teorias, ideologias, sistemas, da
automatização da produção, entendidos neste trabalho como contextos da
concepção inicial da Sociedade em Rede. A partir daí, a produção de
conhecimentos médicos evoluiu, corroborando para a própria reprodução do
saber e prática da assistência à saúde, edificando os hospitais como
organizações imprescindíveis na complexidade das ações da rede em saúde
de uma região.
Originalmente, os primeiros hospitais remontam há muitos anos e foram
criados como locais de isolamento, abrigo, ou entretenimento de convidados ou
desconhecidos. Para um melhor entendimento, a palavra
hospital
é derivada
do latim
hospitalis
que se refere a um convidado, hóspede, ou
hospitium,
lugar
onde se hospedam pessoas, ou ainda,
hospitale
, correspondente “a
75
hospedaria, hospedagem, ou aquele/aquilo que pratica a hospitalidade, que é
hospitaleiro” (JOHNSON; SCHULZ, 1979, p.43) (GONÇALVES, 1989, p.03).
No ocidente, a Igreja Católica foi a responsável pela construção dessas
organizações em razão da sua missão: “a caridade cristã”. Esse fato
caracterizou, inicialmente, a natureza dessas organizações como religiosa,
filantrópica, de caridade, de assistência aos pobres e desamparados, e não de
natureza médica ou de assistência à saúde.
Ressalta-se ainda, que historicamente eram locais para pobres,
devassos, prostitutas, delinqüentes, mulheres desamparadas, velhos,
desabrigados, loucos e doentes crônicos, sob os cuidados dos princípios e dos
agentes cristãos (monges e religiosos). Além disso, nesta época, na maioria
dos eventos, os doentes iam para os hospitais esperar a morte chegar em um
ambiente de acolhimento e cuidado cristão e não para serem curados. Para
tanto
[...] constituíam o último recurso que a caridade se exercia como um
dos aspectos do cristianismo. A tecnologia médica disponível era
suficiente apenas para minorar o sofrimento. Os pacientes com
maiores recursos econômicos tratavam-se a domicilio e a relação
médico-paciente era independente da organização hospitalar (grifo
nosso). (TEIXEIRA, 1989, p.20).
Tal circunstância exige uma análise complementar, na qual os hospitais
eram organizações de assistência aos pobres, de separação e exclusão.
Representavam um local para isolar uma população que comprometia a ordem
social, oferecendo atenção custodial e serviços de enfermagem para consolo.
Desde então, esses dados os caracterizavam como um aparelhamento de
controle de Estado, corroborando com a ordem política, econômica e social, no
sentido de exclusão dos pobres do convívio social.
[...] O pobre como pobre tem necessidade de assistência e, como
doente, portador de doença e de possível contágio, é perigoso. Por
76
estas razões, o hospital deve estar presente tanto para acolhê-lo,
quanto para proteger os outros do perigo que ele encarna (grifo
nosso). O personagem ideal do hospital, até o século XVIII, não é o
doente que é preciso curar, mas o pobre que está
morrendo.(FOUCAULT, 2004, p.101).
O processo de transformação destas organizações para os cuidados
médicos e de registros de informação em saúde, se deu por volta dos anos de
1775/1780, com a re-construção do Hospital Geral de Paris (FOUCAULT, 2004,
p.99), no contexto dos processos que instituíram a medicina social, por
conseguinte, os registros informacionais em saúde (Quadro 2).
A medicina como prática social e coletiva nasce do mercantilismo, o qual
promove o crescimento urbano e concentra as pessoas nas cidades. Estes
fatores afetam o meio ambiente e este começa a sofrer a sua deteriorização.
Há a disseminação do adoecimento da população, causado pelas más
condições de saúde. Isto aumenta as taxas de mortalidade geral,
testemunhando o rápido crescimento dos hospitais como organizações
médicas.
Quadro 2: A gênese das informações em saúde
A GÊNESE DAS INFORMAÇÕES EM SAÚDE
Quando Local Razão
Inicio do século XVIII Alemanha Medicina de Estado
Final do século XVIII França
Medicina de Espaço
Urbano
Metade do século XIX Inglaterra Medicina da Força de
Trabalho
Fonte: o autor, fundamentado em Foucault (2004)
No início do século XVIII é instituída na Alemanha a Ciência de Estado,
que segundo Foucault (2004, p. 81) é “o conjunto dos procedimentos pelos
quais o Estado extraiu e acumulou conhecimentos para melhor assegurar o seu
funcionamento”. Os conhecimentos referenciados são os especializados como
77
a demografia, geografia, estatística que servem para reestruturar normas e
regras de controle institucionais.
Nessa lógica, segundo Foucault (2004, p.82-3), a Alemanha foi a
primeira a instituir a “medicina de Estado”, objetivando a melhoria do estado de
saúde da população. Essa
práxis
médica qualificava os indivíduos como
componentes de uma nação e não como tratamento de doenças ou da redução
do sofrimento causados por elas. Nota-se esforços para os primeiros registros
informacionais em saúde naquele país com a adoção da “polícia médica” .
A “polícia médica” consistia em vários fenômenos e aparece mesmo
antes da medicina científica. Abaixo são reproduzidos esses fenômenos, os
quais se assimilam, de maneira paradoxal, aos mesmos da medicina moderna:
[...] um sistema muito mais completo de observação da morbidade do
que os simples quadros de nascimento e morte. Observação da
morbidade pela contabilidade pedida aos hospitais e aos médicos que
exercem a medicina em diferentes cidades ou regiões e registro, ao
nível do próprio Estado, dos diferentes fenômenos epidêmicos ou
endêmicos observados. (grifo nosso) (registros informacionais
epidemiológicos em saúde).
[...] um fenômeno importante de normalização da prática e do saber
médico... Aparece a idéia de uma normalização do ensino médico e,
sobretudo, de um controle pelo Estado, dos programas de ensino e
das atribuições dos diplomas. A medicina e o médico são, portanto, o
primeiro objeto da normalização. Antes de aplicar a noção de normal
ao doente, se começa por aplicá-la ao médico. O médico foi o
primeiro individuo normalizado na Alemanha. (um sistema de
normalização da prática e do saber médico. Uma forma de transferir
conhecimento em saúde para ações do Estado).
[...] uma organização administrativa para controlar a atividade dos
médicos. Tanto na Prússia quanto nos outros Estados alemães, ao
nível do Ministério ou da administração central, um departamento
especializado é encarregado de acumular as informações que os
médicos transmitem, ver como é realizado o esquadrinhamento
médico da população, verificar que tratamentos são dispensados,
como se reage ao aparecimento de uma doença epidêmica, etc., e,
finalmente, emitir ordens em função dessas informações
centralizadas. Subordinação, portanto, da prática médica a um poder
administrativo superior. (o que representa um banco de dados e
informões sobre médicos e sobre tratamentos, a prática da
assistência subordinada a um poder administrativo estatal).
[...] a criação de funcionários médicos nomeados pelo governo com
responsabilidade sobre uma região, seu domínio de poder ou de,
exercício de seu saber... Aparece, neste momento, o médico como
78
administrador da saúde. (praticas de gestão em saúde).(FOUCAULT,
2004, p..83-4).
O aspecto paradoxal da estatização da saúde com o que se apresenta
nos dias atuais, conforme Foucault, é que naquela época os corpos eram
tratados como corpos do Estado. Não havia a visão de corpos doentes a serem
tratados, nem corpos sadios a serem prevenidos de doenças, oposto à visão
contemporânea do Estado. A idéia principal era a da denominação do corpo de
cada indivíduo como constituinte do Estado.
Contrário à Alemanha, o que edifica a organização das práticas
assistenciais na França, é o processo de urbanização. O início da conformação
da sociedade em rede: o mercantilismo, o princípio da ideologia capitalista e a
industrialização emergente, fazem das cidades arenas de conflito. Apontam-se
o crescimento da pobreza e do proletariado, gerando questões sociais
sanitárias e políticas. Além de conflito de jurisdição e de poderes, os quais
desembocam na Revolução Francesa.
Para Cabanis a cidade representava o medo, a angústia:
[...] Todas as vezes que os homens se reúnem, seus costumes se
alteram; todas as vezes que se reúnem em lugares fechados, se
alteram seus costumes e sua saúde. (CABANIS
apud
FOUCAULT,
2004, p.87).
Esse medo Foucault o caracteriza por um conjunto de elementos, quais
sejam: medo das oficinas e fábricas que estavam sendo construídas; do
amontoado da população, das casas altas demais; das epidemias urbanas; dos
cemitérios numerosos e que invadiam as cidades; dos esgotos e das
caves
,
onde as casas eram construídas e que corriam o perigo de desabarem.
Nesse sentido, investimentos para ordenar o espaço urbano eram
necessários. O aspecto preponderante da medicina na França foi imprimir três
79
objetivos: a análise de lugares onde poderiam se formar e reproduzir as
doenças; o controle da circulação da água e do ar e a instituição do sistema de
água, esgoto e a disposição adequada de vários elementos da cidade. Fatos
que conformam dados e informações em saúde e que caracterizam os serviços
da vigilância sanitária contemporânea.
Outras medidas paralelas eram implementadas, “o modelo médico e
político de quarentena”, que para Foucault representava uma intervenção bem
estabelecida, entretanto raramente utilizada que consistia em :
[...] Todas as pessoas deveriam permanecer em casa para serem
localizadas em um único lugar...A cidade devia ser dividida em
bairros que se encontravam sob a responsabilidade de uma
autoridade designada para isso. Esse chefe de distrito tinha sob suas
ordens inspetores que deviam durante o dia percorrer as ruas, ou
permanecer em suas extremidades, para verificar se alguém saía de
seu local. Sistemas, portanto, de vigilância generalizada que dividia,
esquadrinhava o espaço urbano. (grifo nosso) (similar aos distritos
sanitários instituídos na contemporaneidade) [...] Esses vigias de rua
ou de bairro deviam fazer todos os dias um relatório preciso ao
prefeito da cidade para informar tudo que tinha observado. Sistema,
portanto, não somente de vigilância, mas de registro centralizado (o
que caracteriza um banco de dados em saúde) ... Em todas as ruas
por onde passavam, pediam a cada habitante para se apresentar em
determinada janela, de modo que pudessem verificar, no registro-
geral, que cada um estava vivo. Se, por acaso, alguém não aparecia,
estava, portanto, doente, tinha contraído a peste, era preciso ir buscá-
lo e colocá-lo fora da cidade em enfermaria especial. Tratava-se,
portanto, de uma revista exaustiva dos vivos e dos mortos. (origem
dos sistemas de informões de nascimentos e de óbitos)
(FOUCAULT, 2004, p.88).
Esses regulamentos imprimem a noção de dados informacionais
pertinentes às taxas de natalidade e de mortalidade. Segundo Ferreira e Lira
(2000, p.176), nesta época, surge a organização de um sistema de registro no
hospital, permanente e exaustivo dos eventos acontecidos. Esses registros
acumulavam e transmitiam informações dos tipos: registro geral de entradas e
saídas, local dos doentes nas enfermarias, o diagnóstico prescrito pelo médico,
a condição da alta (morte ou cura), anotações da enfermeira-chefe, farmácia,
receitas e tratamentos prescritos, dentre outros.
80
Os princípios de ordenar a saúde no condicionante ao espaço urbano,
produzem também o conceito de salubridade e higiene pública. Assim,
nascem as informações pertinentes a esses dois conceitos, os quais se
definem naquela época como:
a) Salubridade – relacionado ao estado das coisas, do meio e de seus
elementos constitutivos, possibilitando uma saúde melhor para a
cidade. Contrário ao entendimento atual que é relacionada à saúde
de cada pessoa.
b) Higiene Pública – técnica de controle e de modificação dos
elementos materiais do meio capazes de favorecer ou de prejudicar
a saúde. É o controle político-científico deste meio.
Nesse aspecto, a ecologia – meio ambiente, torna-se objeto da
medicina, conseqüentemente para a saúde individual e coletiva. Por
conseguinte, associa a saúde às ciências físico-químicos e biológicos
ampliando as bases e estratégias das intervenções médicas. Naquele
momento, a França demarcava ações coletivas e sociais do que ações de
intervenção no indivíduo. Não associava à medicina terapêutica e curativa do
corpo biológico e sim para o espaço urbano.
Em contrapartida, em meados do século XIX surge na Inglaterra
estratégias médicas voltadas ao controle da saúde e do corpo das classes mais
pobres, tornando-os mais aptos ao trabalho e menos perigosos aos mais ricos.
(FOUCAULT, 2004, p.97).
Aquelas estratégias se consolidaram à medida que a Revolução
Industrial se instalava naquele país e os efeitos prejudiciais à saúde foram
notados. Este fato originou um movimento em direção a uma reforma sanitária,
81
estabelecendo instituições de saúde pública: a Lei dos Pobres, os sistemas de
health service
e
health officers
.
O aspecto relevante dessas instituições foi a originalidade em imprimir
três práticas de assistência à saúde superpostos e coexistentes:
a) Uma medicina social destinada aos mais pobres;
b) Uma medicina administrativa voltada aos problemas gerais como a
vacinação, as epidemias, etc;
c) Uma medicina privada que beneficiava para quem tinha meios para
pagá-la.
Esse sistema possibilitou organizar uma medicina assistencial,
administrativa e privada. Delimitam-se os setores de atuação das ações em
saúde adotados na maioria das nações e sistemas de saúde até os dias atuais.
Para corroborar com esta premissa, o Artigo 6º da Lei 8.080, analisada
anteriormente, traz claramente esta delimitação: as ações de vigilância
epidemiológica (Alemanha); de vigilância sanitária (França); e, de saúde do
trabalhador (Inglaterra). A inovação desta Lei é a ação de assistência
terapêutica integral, as quais exigem registros informacionais dos cuidados
diretos recebidos pelos pacientes.
Esses três momentos da “estória da sociedade”, em particular, a “estória
da medicina e do capitalismo”, consolidam:
a) os registros primários informacionais em saúde e que servem às
práticas de gestão neste setor na contemporaneidade;
b) a importância dos hospitais que deixam de ser um instrumento de
exclusão para um instrumento terapêutico.
82
Para Foucault (2004, p.80), o capitalismo socializou um primeiro objeto –
o corpo humano, enquanto força de produção, força de trabalho. Transforma-se
assim a concepção do hospital como instrumento terapêutico de intervenção
sobre a doença e o doente.
3.2.2 Os Hospitais na Rede das Ações de Saúde
Desde a concepção do hospital como instrumento terapêutico até os
dias atuais as transformações continuam e delimitam novos papéis a este tipo
de organização. Em geral, os hospitais têm funções das mais variadas, quais
sejam no âmbito externo ou interno:
a) Prestar atendimento médico e complementar aos doentes em
regime de internação;
b) Desenvolver atividades de natureza preventiva, em particular, exige
registros informacionais e controles de natureza estatística e
epidemiológica. No Brasil, o SUS vem implantando ações, tais
como: o Programa de Saúde da Família (PFS);
c) Participar em programas de natureza comunitária – iniciativas de
educação em saúde a divulgação dos conceitos de promoção,
proteção e prevenção à saúde;
d) Ser integrante ativo no sistema de saúde – traduz a necessidade
do hospital participar da formação de uma consciência e de uma
mentalidade voltadas para a indispensável coordenação de
recursos instalados na rede dos serviços incumbidos no
atendimento da população, entre os quais estão inseridos;
83
e) Participar na formação de Recursos Humanos para a área de
saúde – desenvolver equipes capazes de compreender o processo
social da saúde e de nele inserir-se ativamente;
f) Dinamizar as atividades profissionais das pessoas que ali
trabalham, cuja motivação precisa ser preservada e estimulada;
g) Participar no desenvolvimento de pesquisas de tecnologia e
científicas em todos os âmbitos de sua
práxis
(assistencial,
biológica, farmacológica, médica, institucional, gerencial,
organizacional, administrativa, dentre outras mais).
Para um melhor entendimento dessas funções pertinente à rede
hospitalar é preciso entender que um hospital
[...] é parte integrante de um sistema coordenado de saúde, cuja
função é dispensar à comunidade completa assistência médica,
preventiva e curativa, incluindo serviços extensivos à família em seu
domínio e ainda um centro de formação dos que trabalham no campo
da saúde e para pesquisas biossociais. (OPAS
apud
GONÇALVES,
1989, p. 03).
Desse ponto, a organização hospitalar na atualidade passa a ser
considerada como uma das mais complexas devido as suas múltiplas
atividades. Tal circunstância, exige a participação de uma equipe
multidisciplinar desde a sua construção até a operacionalização dos serviços
(FERNANDES, 2002).
Segundo Fernandes, o hospital é um
locus
reservado aos usuários em
condições clínicas mais severas; concentrando recursos tecnológicos de maior
complexidade e recursos humanos mais especializados. Exige uma capacidade
de organização e de gestão fundamentados nos princípios da Administração
científica, nos quais a integração entre as informações assistenciais e
administrativas são fundamentais para a consecução de suas ações, tanto no
84
âmbito interno quanto externo. Para tanto, é demonstrado na Figura 12, o fluxo
da informação num hospital.
Figura 12: Integração entre as informações assistenciais e administrativa
Fonte: Adaptado de Arantes, 1998, p.315
Em geral, as organizações hospitalares possuem duas linhas de
produção: assistencial e administrativa. A primeira se caracteriza por atividades
diversificadas, especializadas e personalizadas atuando sobre pessoas com a
Ambiente
Externo
ASSISTENCIAL ADMINISTRATIVA
PLANEJAMENTO DIREÇÃO CONTROLE
RECURSOS
HUMANOS
FINANCEIR
A
HOTELARIA
SEGURANÇA
MATERIAIS
EQUIPAMENTOS
RECEPÇÃO
NUTRIÇÃO
MARKETING
HIGIENE E
LAVANDERIA
Ó
RG
Ã
OS
EXTERNOS
INFORMA
ÇÕ
ES
I
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F
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Ç
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O
E
S
85
finalidade de melhorar a sua saúde. Já a segunda, fornece suporte para a
comunicação, coordenação e controle caracterizando-se por atividades mais
repetitivas. Estas duas linhas de produção configuram as unidades como
organizações complexas (CUNHA; MENDES, 2004).
Para Johnson e Schulz (1973, p. 40) o hospital deve ser visto como um
sistema aberto complexo, por depender de relações externas. O hospital
mantém interesse pelo paciente, consumidor, cliente, comprador ou receptor de
bens ou serviços. A atenção é dirigida para fora da organização, para os
relacionamentos externos e exige uma postura de comunicação para fora de
sua ambiência. Em contrapartida há toda uma relação interna entre os sujeitos
que desenvolvem as atividades fins. Nesse sentido, implica a visão sistêmica e
em rede nesta relação, conforme as Figuras 13 e 14.
Figura 13: Visão sistêmica da organização interna do hospital
Fonte: Johnson; Schulz, 1973, p. 41
86
Quando há uma necessidade de sanar um problema grave de saúde em
um ser humano, o hospital é o foco de atenção. Para tanto, no âmbito interno, o
enfermo é encaminhado e se envolve com o pessoal da admissão,
profissionais da assistência (médicos, enfermeiras, nutricionistas, dentre
outros), pessoal administrativo, e demais profissional (hotelaria, auxiliares
diversos).
Figura 14: Visão sistêmica do hospital mostrando que os sistemas
externos afetam os insumos e
outputs
do hospital
Fonte: Johnson; Schulz, 1973, p. 42
Assim, no âmbito externo, o paciente se envolve com os familiares,
amigos, a agência pagadora; é influenciado pelas agências reguladoras
(governo e credenciamento) e a própria comunidade. Nesta seara é o hospital
87
que otimiza e controla essas relações, o que exige o uso de dados e
informações a estabelecer a comunicação entre as partes. Inclusive, as que
são emanadas de fora, como por exemplo uma mudança ou introdução de uma
política ou procedimentos, instituídos por uma medida de governo, conselho
profissional, uma nova doença, dentre outros.
Como todo sistema há uma conversão de
inputs
em
outputs,
nos
hospitais, os pacientes são os insumos-chave, entretanto as habilidades e o
conjunto de competências da equipe do hospital, representados pelos
conhecimentos das equipes de assistência e administrativa; associadas a
equipamentos utilizados, dentre outras tecnologias, perfazem o insumo total no
sistema assistencial, por conseguinte, no sistema de gestão.
Revans (
apud
JOHNSON; SCHULZ, 1973, p. 41) descreve um
fluxograma com cinco etapas que o paciente vivencia ao chegar em um
hospital:
a) Admissão - o paciente é admitido a partir de evidência
suficientemente convincente da necessidade de
internação;
b) Diagnóstico – diagnósticos são realizados sobre a sua
condição;
c) Tratamento - fundamentado no diagnóstico é traçado um
plano terapêutico;
d) Inspeção - a resposta ao tratamento é continuadamente
observada e comparada com a resposta esperada quanto
ao plano terapêutico traçado;
88
e) Controle - em consonância com os resultados dessa
comparação, o paciente recebe alta, ou tem seu tratamento
alterado ou prolongado, ou sua condição é
rediagnosticada.
Para tais fins terapêuticos, exige-se disponibilidade e capacidade de
recursos físicos e humanos em consonância com uma rede de poder
(hierarquia) e comunicação, por meio da qual são geradas e transmitidas
decisões que monitoram as experiências do paciente em qualquer um desses
estágios e a sua transferência para o estágio seguinte. Tornam-se
imprescindíveis esforços na sistematização das informações,
conseqüentemente na comunicação dessas – informações - no âmbito da
organização hospitalar e em sua rede.
Com tudo isso, o paciente, o seu fluxo ou os tratamentos prescritos e as
demais funções do hospital são o foco dos processos no sistema de gestão
hospitalar. Para tanto, o hospital necessita atualizar/rever conceitos
permanentes na administração de empresas válidas (ARANTES, 1998). Este
autor preconiza que as organizações ou empresas organizam-se em vários
subsistemas de gestão: operacional, gerencial, organização, humano,
comunicação e informação.
Pela lógica de Arantes, conclui-se que nos hospitais esses subsistemas
necessitam estar relacionados com o sistema básico do paciente, que compete
ao subsistema operacional – a assistência. Nesse sentido, o subsistema de
informação deve ser adequado ao subsistema de comunicação para
efetividade das relações e ações pertinentes ao hospital.
89
3.2.2.1 A Gestão e a Comunicação neste Contexto
Para Arantes, o subsistema de informação na maioria das organizações
é um desconhecido. Este se fundamenta em sistemas estruturados que
fornecem informações sistemáticas, ágeis e no tempo certo; propiciem
estabelecer objetivos e avaliar alternativas de cursos de ação das
organizações; orientem a coordenar as operações e avaliar resultados de
forma integrada.
Dado ao fato de que na maioria dos hospitais o subsistema de
organização tem uma concepção hierárquica (ANEXO A), uma abordagem
sistêmica do fluxo da informação deve ser adotada para a consecução das
suas ações na rede de saúde. Arantes (1999, p.316) enfatiza que esta
abordagem objetiva a efetividade dos processos de comunicação, conforme
ilustrado na Figura 15.
Figura 15: Abordagem clássica e sistêmica para a organização e fluxo de informação
Fonte: Murdick e Ross
apud
Arantes, 1998, p.317
Essa ênfase se dá em razão dos requisitos de informação variarem
conforme os níveis organizacionais, suas funções, graus de autoridade e áreas
______ Clássica (Autoridade)
----------Sistêmica (Informação)
90
específicas. Para tanto, é necessária definição clara sobre os papéis,
responsabilidades e nível de autoridade de cada unidade organizacional para
que as informações produzidas sejam usadas e gerem conhecimento e
estabeleçam a comunicação entre essa hierarquia (ARANTES, 1998, p.316).
Para esse autor, o subsistema de informação não está restrito aos boxes
organizacionais. As informações ultrapassam as fronteiras departamentais e
percorrem toda a estrutura organizacional, atendendo as necessidades
especificas de cada unidade da organização. A adoção do fluxo sistêmico da
informação e da definição dos papéis contribui para o primeiro passo do
processo de gestão da informação – a identificação das necessidades
informacionais.
Consequentemente a
práxis
sistêmica do fluxo informacional, possibilita
a coordenação do hospital minimizar seus entraves de comunicação e de levar
os dados e informações aos diversos sujeitos no contexto da rede hospitalar.
Lembra-se que o hospital acima de tudo é humanitário, até certo ponto é
burocrático e autoritário, com a sua divisão de trabalho especializado, mobiliza
habilidades e esforços de grande número de profissionais e não profissionais
para cumprir as suas diversas funções. Diante do exposto é imponderável a
adoção e práticas de novos conceitos de gestão como a G.I.. Contudo, essa
práxis
poderá ameaçar esta estrutura de poder.
Nesse sentido, um produto de informação concebido para os registros
informacionais do paciente é inerente a este processo. Por conseguinte, este
produto ligado a um serviço de informação é imprescindível para a eficácia das
múltiplas linhas de comunicação entre os vários subsistemas da gestão
hospitalar.
91
Assim, uma efetiva gestão da informação vem estimular a modernização
gerencial dos hospitais, mediante integração de sistemas informatizados, nos
quais o PEP é a principal fonte de dados para integrar as duas linhas de
produção. Além de otimizar a interação do hospital com os demais integrantes
que conformam a rede dos serviços de atenção à saúde da população e do
sistema de saúde de uma região.
3.3 A GESTÃO DA INFORMAÇÃO NOS HOSPITAIS – POLÍTICAS,
PRODUTOS E SERVIÇOS DE INFORMAÇÃO.
3.3.1 A Política Nacional de Informação e Informática em Saúde (PNIIS)
- sua relação com a G.I. e a Integração de Sistemas
A formulação da PNIIS pelo Ministério da Saúde (MS) objetiva integrar
sua agenda estratégica ao contexto internacional, o qual preconiza a adoção
de políticas e estratégias setoriais em comunicação e informação em saúde, na
expectativa de gerar novos processos e produtos e de promover mudanças nos
modelos de gestão organizacional. O foco dessa política reside no uso e na
disseminação da tecnologia da informação entre os profissionais de saúde,
visando à interoperabilidade dos sistemas que consiste: na compatibilização,
interface e modernização dos sistemas de informação do SUS.
Conforme Leão (2000, p.21), interoperabilidade é a capacidade de
comunicar sistemas de informação independentes e heterogêneos com a
finalidade de promover uma rede de comunicação entre governo, setor privado
(hospitais, clínicas, prestadores de serviços), financiadores, comunidade.
Justifica-se, assim a preocupação do MS em reforçar a democratização da
informação e da comunicação, integrando sistemas e bases de dados de
interesse para a gestão dos serviços em saúde com a participação da
sociedade brasileira.
92
No setor saúde, a transformação do conhecimento em ação não é
novidade. De fato os pioneiros do Instituto Osvaldo Cruz já investiam neste
sentido, e as Conferências Nacionais em Saúde (CNS) estão cada vez mais
reforçando a importância da geração e socialização de conhecimento (ROCHA,
2000). O que ratifica a deliberação da 12ª CNS, realizada em dezembro/2003,
em construir e implementar políticas articuladas de informação, comunicação e
educação em saúde, nas três esferas de governo para garantir visibilidade das
diretrizes do SUS, da política de saúde, de ações e utilização de recursos,
ampliação, participação, controle social e atendimento de demandas e
expectativas sociais.
Para tanto, as tecnologias de informação se inserem neste cenário como
instrumentos capazes de modificar a organização do processo de trabalho em
saúde. A identificação, aprimoramento e formação de redes de informação e
comunicação entre sociedade e governos, além da capacitação de
trabalhadores e cidadãos para o uso dessas tecnologias são prioridades
definidas na PNIIS.
Os Sistemas de Informação em Saúde (SIS) brasileiros foram instituídos
para atender às necessidades imediatas de gestão ou geração de
conhecimento do setor pelos órgãos centrais da união, o que representam hoje
iniciativas fragmentadas e que não otimizam ações concretas para a tomada de
decisão, principalmente pelo mesmo e micro níveis organizacionais. Apesar de
esses sistemas terem seu significado e servirem de exemplos a outros países,
na prática ainda não respondem às disposições legais, nem atendem às
demandas de gestores, trabalhadores, pesquisadores e à rede de controle
social (BRASIL, 2004).
93
O uso da informática nos serviços de saúde contribuirá no
aprimoramento dos processos de trabalho, quando o processamento de seus
dados passarem a ser automático, após a sua coleta no ato do atendimento do
usuário. Objetivando, além de promover a interoperabilidade nos sistemas,
apoiar a realização dos serviços no seu ato. Por conseguinte, os dados
coletados devem ser processados e armazenados em um banco de dados,
cuja missão é repassá-los aos SIS, interagindo-os e possibilitando o
funcionamento do Sistema Nacional de Informação em Saúde (SNIS) com a
finalidade de gerar conhecimento, e conseqüentemente, o planejamento de
ações condizentes às necessidades de saúde (BRASIL, 2004).
O cenário brasileiro atual demonstra a fragmentação na coleta de dados,
os quais são coletados, na maioria das vezes, para atender exigências legais
dos órgãos financiadores ou da administração das organizações de saúde sem
uma conexão com as políticas de informação em saúde de modo a facilitar o
planejamento e a tomada de decisão. Os mecanismos de coleta e transferência
dos dados acontecem de forma exaustiva, gerando re-trabalho e descréditos
dos mesmos, não propiciando, assim efetividade na gestão da informação, e
por conseguinte, não fomentando ações condizentes com a realidade dos
serviços e necessidades de usuários, profissionais e gestores (BRASIL, 2004).
Registra-se também uma diversidade de
softwares
implementados em
vários órgãos, em razão da falta de padrões estabelecidos de representação da
informação em saúde, e que resulta num conjunto de tecnologias e aplicativos
que não intercambiam os dados entre os serviços e nem alimentam
automaticamente os atuais SIS. Destaca-se como principal componente
94
inovador da PNIIS, a possibilidade de integrar os vários níveis de complexidade
de atenção e dar transparência na aplicação dos recursos financeiros.
No âmbito do SUS, a Gestão da Informação (G.I.) visa alcançar a Rede
Básica de Serviços de Saúde trazendo benefícios para a população, para os
profissionais e para os gestores. Além disso, a informatização do processo de
trabalho em saúde pode gerar ganhos de produtividade e qualidade. Isso
coaduna com o que Beal, Choo, Davenport, McGee, Prusak e Tarapanoff
preconizam: a G.I. trata-se de um conjunto estruturado de atividades que
incluem o modo como as organizações produzem, obtêm, distribuem e usam a
informação e geram o conhecimento tendo nos recursos tecnológicos o
instrumento facilitador desse processo. Isto posto, o conhecimento torna-se a
única fonte sustentável de vantagem competitiva em todos os processos e
sistemas organizacionais (DAVENPORT; PRUSAK, 1998).
Para alcançar os objetivos da PNIIS fica estabelecida a Informação e a
Informática como questão macro estratégica de gestão do SUS, reduzindo a
sua visão instrumental e tornando-as organismos facilitadores dos serviços e
implantação das Políticas de Saúde. Nessa perspectiva é prioridade adotar
práticas de planejar, de definir, de implantar e de avaliar os SIS. Inserindo-as
no contexto das necessidades de usuários, de profissionais de saúde, dos
prestadores de serviços e dos gestores municipais, estaduais e federais
(BRASIL, 2004).
Na implementação da PNIIS um dos desafios identificados é a
integração e articulação das informações em saúde, o que significa definir
como efetivar a interoperabilidade entre os sistemas e a difusão do seu uso.
Uma das ações estratégicas para minimizá-los é a padronização do registro
95
eletrônico dos eventos em saúde, sejam esses individuais ou coletivos e a
capacitação permanente de trabalhadores, gestores e usuários. O objetivo
maior dessa ação é a melhoria da qualidade e a eficiência dos processos de
trabalho, uma vez que, a cadeia de informações será alimentada
automaticamente o que eliminará instrumentos paralelos de coleta, otimizando
a ação dos profissionais que realizam esses serviços. Contudo, os sistemas de
contingência não podem ser esquecidos.
Nesse contexto, a PNIIS traz diretrizes que pontuam a organização dos
serviços de atenção à saúde e o próprio SUS, nas premissas de Gestão da
Informação e Integração de Sistemas, tais como:
a) Organizar e desenvolver, nas três esferas
governamentais, as áreas de Informação e Informática,
articulando a integração dos Sistemas de Informação
em Saúde, capacitando e mantendo duas categorias
profissionais: o de informação e informática (dotando o
ambiente organizacional da saúde nas premissas de
uma ecologia informacional);
b) Reforçar a democratização da informação e da
comunicação em todos os aspectos no ambiente do
SUS (focando a disseminação da informação);
c) Definir recursos, fontes de financiamento, prazos,
cronogramas e critérios para a implantação do Cartão
Nacional de Saúde em todo o país, por meio do amplo
debate com gestores estaduais, municipais, conselhos
de saúde e prestadores de serviços, incluindo os pré-
96
requisitos de informatização das unidades e infra-
estrutura tecnológica, capacitação de gestores e
profissionais de saúde e implantação da rede de
informações (promovendo o uso de produto e serviço
de informação);
d) Fomentar investimentos em telecomunicações,
viabilizando a interoperabilidade entre os serviços de
saúde e as instâncias governamentais (viabilizando
investimentos em serviços de informação e no uso da
telemática);
e) Estabelecer registros eletrônicos de saúde do
indivíduo, possibilitando que esses registros sejam
disponibilizados aos profissionais de assistência em
qualquer lugar que esse indivíduo procure o
acolhimento assistencial (organizando, armazenando e
disseminando informação por meio do PEP);
f) Padronizar a representação da informação em saúde
(vocabulários, conteúdos e formatos de mensagens)
por meio de um processo participativo, a garantir o
intercâmbio entre os sistemas de informação
(classificando/organizando a informação);
g) Dotar o segmento de saúde de instrumentos jurídicos,
normativos e organizacionais, com a finalidade de
assegurar a confidencialidade, a privacidade e a
disponibilidade dos dados e das informações em
97
saúde, garantindo a sua autenticidade e integridade,
por meio de certificação digital (promovendo a
segurança da informação).
A PNIIS fomenta o uso da telemática nos serviços de saúde, o que
contribuirá no aprimoramento dos processos de trabalho, quando o
processamento de seus dados passar a ser automático após a sua coleta no
ato do atendimento do usuário. Objetivando, não só promover a
interoperabilidade nos sistemas, bem como apoiar a realização dos serviços no
seu ato.
Neste sentido, a PNIIS promove a G.I. na rede dos serviços de saúde
que por sua vez, tem como foco o indivíduo ou a coletividade. A adoção de um
registro eletrônico, por meio de um banco de dados, designado de Prontuário
Eletrônico do Paciente (PEP) como um produto de informação estratégico,
dado que possibilita a recuperação de forma integrada de toda a informação de
saúde sobre o usuário, do primeiro ao último atendimento independente da
organização que o acolheu, desde que haja uma interoperabilidade de todo o
sistema por meio de um SNIS.
Para tal é inexorável que os sujeitos que conformam a rede em saúde,
em particular os hospitais, assimilem o processo de G.I. e sua finalidade.
Destacando que o processo de informatização é essencial, mas, acima de tudo
é periférico; representa um subsistema do sistema maior da Gestão da
Informação.
98
3.3.2 A Gestão da Informação nos Hospitais
Nos hospitais a qualidade é o elemento diferenciador no processo de
atendimento das expectativas de seus usuários, dada a sua missão essencial
de cura ou alívio do sofrimento humano. Para tanto, o processo de G.I. deve
ser aplicado à realidade da organização hospitalar. É imprescindível identificar
as informações produzidas, coletadas e a finalidade dessas para os hospitais.
O tratamento e o uso da informação é mister a melhoria contínua da
qualidade da gestão hospitalar objetivando uma integração harmônica das
áreas: tecnológica, administrativa, econômica, assistencial, de docência e
pesquisa, com a razão última de atender a adequada prevenção e assistência
a indivíduos ou a populações em situação de risco (BRASIL, 2002, p.147).
Essas organizações são responsáveis pelos registros e dados que
originam grande parte das informações em saúde. Tais informações
configuram um Sistema de Informação (SI) e que são entendidos como um
serviço de informação e instrumento de apoio decisório para o conhecimento
da realidade sócio-econômica, demográfica e epidemiológica de uma região
(CARVALHO; EDUARDO, 1998) (MORAES,1993). Assim, são úteis não só
para a realidade interna, bem como, para o planejamento, organização e
avaliação das esferas que constituem o SUS (federal, estadual e municipal) e
toda a rede de organizações de saúde.
Desse ponto de vista, os hospitais para serem efetivos em sua missão,
demandam de um sistema de gestão, no qual sua eficácia dependerá da
integração da gestão da informação ao subsistema de produtos e serviços de
informação, como demonstrado na Figura 16.
99
Figura 16: Integração entre os sistemas de gestão,
de informação e de produtos e serviços de informação
Fonte: Adaptado de Arantes, 1998, p.297
O hospital, para a consecução da sua missão, há de consolidar o
planejamento e a organização da informação. Principalmente quando a missão
de um hospital não é descolada da perspectiva de uma rede coordenada de
serviços de saúde. A função da G.I. é atender os seguintes focos: a obtenção,
a administração e o uso de dados interpretados – informação, tanto internos,
quanto externos.
Rivera (2003, p.38) compreende o hospital como “uma organização
pró-ativa, centrada sobre o exterior, que assume seu ambiente como recurso e
não como restrição”. Nesse aspecto, destaca-se a capacidade e atuação
dinâmica sobre o ambiente. O hospital tem como foco o ambiente externo
institucional, incluindo os demais hospitais da área onde está instalado.
O primeiro passo é atender às necessidades informacionais da direção,
dos coordenadores e profissionais das áreas de assistência e administrativa,
dos pacientes em consonância com as demandas externas (financiadores,
governos, agências reguladoras, fornecedores, parceiros, etc).
MISSÃO HOSPITAL
SISTEMA DE GESTÃO
SUBSISTEMA DE GEST
Ã
O D
A
INFORMÃO
SUBSISTEMA DE PRODUTOS E
SERVIÇOS DE INFORMAÇÃO
100
A partir daí, assimilado o fenômeno ou objeto “informação” como o
recurso fundamental na definição e no alcance dos objetivos, na fixação das
estratégias e políticas, na avaliação dos resultados de todo o hospital; é
pertinente elaborar um plano contemplando os processos e as atividades de
produção, difusão e utilização de informação de acordo o tamanho e
complexidade do hospital.
Tal circunstância exige, por parte dos gestores e profissionais, o
entendimento da existência de tipos de informações. Para Nicz e Karman
(1995), as informações de natureza externa são denominadas de “Informações
Estratégicas”. Essas informações fundamentam o planejamento organizacional,
situam o hospital no “mercado” onde atua e o coloca perante a este. Esses
autores associam as informações a:
[...] Características gerais (geográficas, econômicas, culturais, etc).
Dados sobre serviços comunitários que afetam as condições de
saúde da população (rede de esgotos, sistemas de abastecimento de
água, tratamento de lixo, etc).
Dados sobre as atividades econômicas da população (tipos de
atividades, nível de renda, estratificação sócio-econômica, etc).
Dados demográficos da população.
Dados sobre a morbi-mortalidade da população.
Dados sobre a cobertura assistencial da população pelos sistemas
públicos e privados de saúde.
Dados sobre a rede de saúde disponível: ambulatorial, de
urgência/emergência, hospitalar.
Dados sobre a assistência prestada pelos hospitais (dados de
101
setorialmente (promoção, prevenção especifica, tratamento,
acompanhamento, reabilitação, etc) e,...
uma distribuição das operações-ações entre as varias
unidades de serviços de saúde da área (em função do grau de
complexidade de acordo para as mesmas) e as unidades extra-
setoriais. (RIVERA; ARTMANN, 2003, p.26).
Outras informações podem ser coletadas e algumas das citadas podem
ser detalhadas. Esses fatores dependem dos objetivos específicos de cada
hospital, e consequentemente do projeto de desenvolvimento gerencial e
assistencial, por conseguinte, da sua cadeia de valor.
No tangente a um projeto gerencial, informações internas contribuem
para o monitoramento do desenvolvimento do hospital. Essas informações são
classificadas como “Informações Gerenciais” e inextricavelmente estão
inseridas as “Informações Assistenciais e Administrativas”. Para tal é
pertinente identificar o que o hospital oferece ao público ou aos demais da rede
de saúde, concomitante ao que acontece enquanto é desenvolvida esta oferta.
Uma vez sistematizadas essas informações, é possível atuar na correção de
problemas e na qualidade final do produto ou serviço oferecido pelo hospital.
Nicz e Karman (1995, p.224) afirmam que para o sucesso gerencial é
necessário hierarquizar as informações. Isto requer sensibilidade em filtrar
dentre uma gama de dados, quais serão utilizados. Cabe assim, uma reflexão
sobre o interesse de cada um em dispor de tais ou quais informações.
Esses autores sugerem três relatórios gerenciais para atender um
hospital de médio porte, tais:
1.
Boletim de movimento hospitalar
– as informações contidas são
aquelas que qualificam as atividades finalísticas do hospital. No
102
geral, os dados para este relatório são aqueles coletados com
vistas ao censo diário do hospital.
2.
Relatório de atividades do hospital
- é o relatório que quantifica
as atividades de natureza finalística (consultas médicas e
atendimento de urgência/emergência na unidade de pacientes
externos e dados sobre as internações hospitalares); as de apoio
diagnóstico e terapêutico (exames laboratoriais e radiológicos,
sessões de fisioterapia, etc); as de apoio administrativo (pessoal,
lavanderia, etc) .
3.
Relatório de apuração de resultado
– é o relatório que quantifica
as receitas e despesas do hospital, por principais itens, com a
finalidade de chegar aos resultados operacionais e ao custo
unitário da diária hospitalar.
Para esses autores
[...] informação obtida mas não discutida nem analisada criticamente
é informação inútil; e esta discussão e análise crítica deve ser feita
entre todos os chefes de setor/coordenadores de tais atividades (grifo
nosso), buscando-se sempre interpretar o número contido no
relatório, dando-lhe significado frente à necessidade de maior
eficiência e melhor qualidade das atividades hospitalares. (Nicz;
Karman, 1995, p.225). (destaca-se aqui a relevância no processo de
G.I. os gestores e chefes das áreas de: arquivo, administrativa,
assistência e informática de um hospital).
Em conseqüência, as informações estratégicas (externas) em conjunto
com as informações gerenciais (internas), fundamentam a ”cadeia de valor” do
hospital. Esse termo, imprime o desenho das atividades que a organização
implementa para operacionalizar e ofertar produtos e serviços ao seu público
de maneira diferenciada e com vantagem competitiva. Para um hospital isso
significa delinear atividades, tais como:
103
[...] A gerência e o conjunto de atividades estruturantes, incluindo a
negociação com os financiadores e os fornecedores, a organização
de atividades, a gestão de recursos humanos, o financiamento, do
investimento, os estudos de mercado, as escolhas tecnológicas e de
tipo de serviços etc.
As atividades de suporte operacional: considera-se atividade de
suporte operacional toda atividade logística que não corresponde a
um fator chave de sucesso para determinado segmento de atividade,
mas que é necessária para a realização da prestação de serviço. Em
geral, esta atividade corresponde à logística não médica, passível de
ser terceirizada porque não corresponde a um
savoir-faire
determinante no jogo concorrencial.
As atividades operacionais principais: todas aquelas que concorrem
principal e diretamente para a realização do serviço. Podem ser mais
ou menos específicas de um segmento ou ser compartilhada entre
vários, como é o caso da estrutura tecnológica relativa aos setores de
imagem e de biologia, por exemplo. Estas tecnologias se organizam
em torno de processos de atendimento mais ou menos formalizados,
precisos e controlados. A concepção e a condução destes processos
deveriam estar no centro da reflexão sobre ganhos em eficiência e
em valor. Esta dimensão depende totalmente da experiência de
profissionais (médicos e para médicos) e não costuma ser objeto de
intercâmbio de experiências. É nesses processos de atendimento que
as práticas rotineiras dominam e são raramente questionadas de
maneira regular e organizada. Porém, são causas habituais de
acréscimos no custo: redundância de exames, exames inúteis e
custosos, entre outros (grifo nosso). (RIVERA, 2003, p.73). (destaca-
se a necessidade da adoção do processo de G.I., integração de
produtos e serviços de informação, com vista a minimizar essas
104
clínico. Este objetivo pode ser alcançado por um desenvolvimento dos
seguintes processos:
a) Identificação das informações necessárias;
b) Organização de produtos e serviços de informação
voltados para o apoio aos processos administrativos e
assistenciais;
c) Definição do processo de coleta e transformação
(classificação e organização) de dados e de
informação no hospital;
d) A análise e a transformação de dados em informação;
e) O armazenamento, transferência e disseminação dos
dados e das informações;
f) A integração e utilização das informações;
g) Interfaces interdepartamentais;
h) Descarte dos dados e informações obsoletos.
O gestor hospitalar, a partir dos processos acima implementados, tende
a coordenar as informações de maneira a manter o equilíbrio da organização.
Nesse sentido a implementação de recurso da telemática torna-se essencial a
este processo. A adoção deste instrumento possibilita a comunicação,
integração e controle das informações. Essa prática deve abranger as diversas
áreas que compõem um hospital: administrativa, assistencial, pesquisa e
ensino, dentre outras formando assim um amplo Sistema de Informação
Hospitalar (SIH).
105
Para tanto, é pertinente um conjunto mínimo de dados essenciais e
padronizado a atender exigências de alguns conteúdos. Para Gonçalves (1989,
p.15) esses conteúdos restringem-se a:
Proporcionar dados para o exame periódico dos padrões de
atendimento oferecido aos doentes;
Proporcionar dados para uma administração econômica e eficiente dos
hospitais;
Estabelecer uma relação entre os gastos de hospitalização atribuídos a
cada doente e a informação de diagnóstico e dados individuais do
mesmo;
Proporcionar informações para os serviços de saúde e investigações
epidemiológica;
Elaborar levantamentos de natureza financeira, em particular com
vistas ao custeio das despesas hospitalares.
A
práxis
da gestão hospitalar volta-se para a adoção de processos
pertinentes à Informação, por conseguinte, a adoção de produtos e serviços de
informação. Como produtos de informação existem o prontuário, seja no
suporte físico ou no eletrônico – PEP. No tangente a serviços de informação,
considera-se a área de arquivo e os sistemas de informação: o dos hospitais -
SIH ou os de saúde – SIS.
3.3.2 Produtos e Serviços de Informação em Saúde – Prontuário e
PEP - Arquivo, SIH e SIS
Um produto de informação a ser considerado em um hospital e nos
demais serviços de saúde é o prontuário”. Este é documento de importância
primordial, no qual são registrados os dados ou informações sobre as
intervenções no paciente ou usuário do serviço assistencial.
De acordo com Lourenço (2001), não há consenso com relação à
delimitação do termo “prontuário”. Alguns denominam de prontuário médico,
outros de prontuário do paciente. No entanto, a Resolução do Conselho
Federal de Medicina (CFM), nº 1.638/2002 de 10 de julho de 2002, define
106
prontuário médico e torna obrigatória a criação da Comissão de Revisão de
Prontuários nas organizações.
Vale reproduzir essa Portaria como demonstração da definição; da
importância do prontuário nos serviços de saúde, e também como demonstram
as frases grifadas, a portaria é uma diretriz para o entendimento deste como
um produto de informação em saúde, e o arquivo como um serviço de
informação:
Considera... que o médico tem o dever de elaborar o prontuário para cada
paciente a que assiste, conforme previsto no art. 69 do Código de Ética
Médica; ... que o prontuário é documento valioso para o paciente, para o
médico que o assiste e para as instituições de saúde, bem como para o ensino,
a pesquisa e os serviços públicos de saúde, além de instrumento de defesa
legal; (grifo nosso) (destaca-se o quanto este documento caracteriza-se como
um produto de informação a várias finalidades) ... que compete à instituição de
saúde e/ou ao médico o dever de guarda do prontuário, e que o mesmo deve
estar disponível nos ambulatórios, nas enfermarias e nos serviços de
emergência para permitir a continuidade do tratamento do paciente e
documentar a atuação de cada profissional; ... que as instituições de saúde
devem garantir supervisão permanente dos prontuários sob sua guarda,
visando manter a qualidade e preservação das informações neles contidas; ...
que para o armazenamento e a eliminação de documentos do prontuário
devem prevalecer os critérios médico-científicos, históricos e sociais de
relevância para o ensino, a pesquisa e a prática médica; considerando que a
legislação arquivística brasileira, que normatiza a guarda, a temporalidade e a
classificação dos documentos, inclusive dos prontuários médicos, define: (grifo
nosso) (destaca-se aqui o arquivo como um serviço de informação a ser
valorizado).
Art. 1º - ... prontuário médico como o documento único constituído de um
conjunto de informações, sinais e imagens registradas, geradas a partir de
fatos, acontecimentos e situações sobre a saúde do paciente e a assistência a
ele prestada, de caráter legal, sigiloso e científico, que possibilita a
comunicação entre membros da equipe multiprofissional e a continuidade da
assistência prestada ao indivíduo;
Art. 5º - Compete à Comissão de Revisão de Prontuários:
I. Observar os itens que deverão constar obrigatoriamente do prontuário
confeccionado em qualquer suporte, eletrônico ou papel: (destaca-se a
possibilidade deste produto de informação estar no meio eletrônico)
a.
Identificação do paciente – nome completo, data de nascimento (dia,
mês e ano com quatro dígitos), sexo, nome da mãe, naturalidade
(indicando o município e o estado de nascimento), endereço completo
(nome da via pública, número, complemento, bairro/distrito, município,
estado e CEP);
107
a. Anamnese, exame físico, exames complementares solicitados e
seus respectivos resultados, hipóteses diagnósticas, diagnóstico
definitivo e tratamento efetuado;
b. Evolução diária do paciente, com data e hora, discriminação de
todos os procedimentos aos quais o mesmo foi submetido e
identificação dos profissionais que os realizaram, assinados
eletronicamente quando elaborados e/ou armazenados em meio
eletrônico;
c. Nos prontuários em suporte de papel é obrigatória a legibilidade
da letra do profissional que atendeu o paciente, bem como a
identificação dos profissionais prestadores do atendimento. São
também obrigatórias a assinatura e o respectivo número do
CRM;
d. Nos casos emergenciais, nos quais seja impossível a colheita de
história clínica do paciente, deverá constar relato médico
completo de todos os procedimentos realizados e que tenham
possibilitado o diagnóstico e/ou a remoção para outra unidade.
(CFM, 2002) .
A portaria deixa patente o prontuário como um documento, uma fonte de
informação primária, essencial para o paciente no acompanhamento da sua
saúde ou doença e estratégica para o serviço de saúde, pois gera
conhecimentos de ordem administrativa, assistencial, de ensino e pesquisa e,
de aspectos legais como frisado.
O serviço de arquivo, destacado na Portaria acima torna-se um elemento
estratégico para a gestão da informação no hospital. Os serviços de arquivo,
segundo Barquin (1972
apud
ARNODO,1993, p.34), devem se responsabilizar:
a) pelo arranjo correto dos prontuários, abrangendo a
intercalação dos vários documentos pertinentes à
integração desses;
b) pela coleta de dados gerais e específicos relativos à
prestação da assistência, a perfazer a estatística geral
e a bioestatística;
c) pelo movimento e conservação dos prontuários;
d) pela guarda e descarte dos mesmos.
108
Dessa forma, a participação de um profissional do arquivo na Comissão
de Revisão de Prontuários deve ser considerada já que esse setor é que terá a
função da recuperação da informação de forma relevante e oportuna.
Entende-se que o objetivo primeiro do arquivo hospitalar é fomentar a
gestão da informação para uma efetiva gestão hospitalar, o que por lógica,
deveria ter acompanhado a evolução da tecnologia em saúde que vem
caminhando a passos largos. No entanto, a informação é, ainda tratada de
forma precária, mesmo em centros considerados avançados como demonstra
Hammond (2002) sobre as vantagens do registro dos dados e informações no
formato eletrônico num estudo realizado no hospital da
Duke University
(
North
Carolina, USA
).
Numa sociedade na qual a informação é considerada como o subsídio
básico, parece evidente que as organizações hospitalares passem a priorizar o
arquivo de suas informações de uma perspectiva da G.I. para uma efetiva
gestão hospitalar e, como demonstra a Portaria do CFM (2002) acima
comentada, a partir do registro dos dados assistenciais de forma clara e
confiável.
Por essa razão, os registros eletrônicos ganham importância
fundamental pela possibilidade oferecida, por exemplo, pelos bancos de dados
relacionais nos quais uma única entrada, um único ambiente de
armazenamento possibilita, com o cruzamento dos dados o atendimento à
diferentes necessidades de informação. Isso evita a duplicação, a
inconsistência dos dados e garante a clareza dos registros, muitas vezes
prejudicada no modo manuscrito. Permite, ainda a interoperabilidade entre
109
sistemas servindo a vários usuários ao mesmo tempo e de forma remota,
caracterizando-o como um produto de informação.
Assim, o Prontuário Eletrônico é uma fonte de captação e registro de
dados e geração de informações. É uma ferramenta que, estrategicamente
integrada em um Sistema de Informação Hospitalar (SIH), gera conhecimentos
e possibilita a gestão do hospital de forma efetiva. Além disso, o SIH pode
interligar, via telemática, um sistema de informação único em saúde
contemplando, no caso do Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS).
Possibilitando, dessa forma, o conhecimento da realidade do país em termos
de saúde e doença para fomentar políticas públicas condizentes, por meio de
serviços de informação entendida como os SIH e os SIS.
Apesar da Portaria CFM (2002), denominar de Prontuário Médico a
literatura que trata de registro de atendimentos assistenciais em saúde no
formato eletrônico, traz a expressão Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP),
utilizada, inclusive por autores brasileiros responsáveis pela elaboração da
PNIIS.
O PEP é uma tecnologia proposta para unir os diferentes tipos de dados
produzidos em variados formatos em papel, em épocas diferentes alimentado
por diferentes profissionais de saúde e em distintos locais. É um formato
eletrônico para manutenção da informação sobre o estado de saúde e o
cuidado recebido por um indivíduo durante a sua vida. É um repositório de
informações de saúde, clínicas e administrativas, conforme Figura 17, que
segundo Marin e outros (2003, p.06) pode proporcionar:
a) Acesso rápido aos problemas de saúde e intervenções
atuais;
110
b) Acesso ao conhecimento científico atualizado,
influenciando o processo de tomada de decisão;
c) Melhoria de efetividade da assistência;
d) Possível redução de custos e otimização dos recursos.
Figura 17: PEP = UTCC
Fonte: adaptado do Manual do Prontuário do Paciente, Hospital de
Clinicas de Porto Alegre, 2002, p. 5
O PEP viabiliza o acesso distribuído de dados e informações, promove
o conhecimento do conjunto das ações assistenciais e permite, assim, um
melhor desempenho dessas atividades, bem como das demais:
administrativas, de ensino e pesquisa, de aspectos legais dentre outras. É,
portanto, um módulo fundamental de um Sistema de Informação Hospitalar
(SIH) como instrumento para a tomada de decisão. Deste ponto de vista, o
PEP aliado à telemática passa a impor um novo
modus operandis
nos
processos de trabalho e na organização hospitalar e dos serviços em saúde.
Nessa lógica, o PEP é entendido como uma Unidade de Transferência
de Conhecimento (UTC) que conforme Barreto (1999), essas unidades
formalizam um processo de transferência que se efetiva a partir da assimilação
da informação, contida na UTC, pelo receptor em seu destino final. A UTC tem
111
por objetivo promover o desenvolvimento do indivíduo, de seu grupo e da
sociedade. Para este autor as funções básicas para gestão de uma UTC
seriam:
I) a função de conhecer e fornecer estratégias (grifo nosso) para
disponibilizar estoques de informação; (aplicar a gestão da
informão)
II) a função de comunicação para promover o conhecimento e o
desenvolvimento. (BARRETO, 1999)
Como principal base de dados, o PEP alimenta outros sub-sistemas que
formam um SIH, o qual é constituído por: Sistema de Informação Transacional
(SIT) ou Sistema de Informação Operacional (SIO), Sistema de Apoio a
Decisão (SAD), Sistema de Apoio ao Ensino (SAE), Sistemas Estatísticos
(SE), dentre outros (STUMPF, 1996) (Figura 18).
Figura 18: PEP como BD de um SIH
PEP
CONHECIMENTO
ASSISTENCIAL
CONHECIMENTO
ADMINISTRATIVO
DECI O
INTERVENÇÃO
ASSISTENCIAL
INTERVENÇÃO
ADMINISTRATIVA
PESQUISA
SISTEMA DE INFORMAÇÃO HOSPITALAR = SIH
SIT/SIO
SIG
SE
SAE
SAD
CIÊNCIA &
TECNOLOGIA
Fonte: adaptado de Stumpf, 1996
Esses sistemas, de acordo com Cunha e Mendes (2004), deverão
informar sobre:
a) a (s) doença (s) dos indivíduos, o perfil epidemiológico de um
território ou micro-área de risco, contribuindo para identificar
causas e condições que propiciam o aparecimento delas,
direcionando o planejamento de ações mais custo – efetivas;
112
b) informações administrativas que envolvem os materiais,
medicamentos, equipamentos de alto custo, geração de despesas
e receitas, as quais não podem ser improvisadas e descoladas
dos serviços assistenciais.
Nesse sentido, este pesquisador entende quando o PEP é associado a
uma UTC e a um banco de dados, o mesmo pode ainda ser considerado como
uma Unidade de Transferência e Criação de Conhecimento (UTCC). Na
medida em que os dados e as informações estocados, uma vez disseminados,
subsidia a pesquisa, que por sua vez estará fomentando a ciência e a
tecnologia de uma região, grupo ou nação. Assim, há a criação de
conhecimentos, isto é novos conhecimentos.
A aplicação do PEP implica necessariamente, conforme Leão (2000;
2003), a adoção de padrões na representação da informação (vocabulário), dos
meios de armazenamento (
hardwares
e
softwares
), bem como ao que se refere
à telecomunicações (transmissão e acesso) e padrões de segurança da
informação em saúde. No Brasil, o Sistema do Cartão Nacional da Saúde
(SCNS) é uma iniciativa de padrão para a construção do registro eletrônico em
saúde (Figura 19).
O SCNS objetiva registrar o atendimento em saúde e possibilitar a
construção do repositório nacional de atendimentos. Este sistema é
fundamentado em três cadastrados nacionais, com identificações unívocas
para os usuários dos SUS, quais sejam: o Cadastro Nacional de Usuários do
SUS (CADSUS), o Cadastro Nacional de Profissionais de Saúde, e por último,
o Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde (CNES).
113
Figura 19: Rede do Sistema Cartão Nacional de Saúde (SCNS)
Fonte: Leão, 2003, p 163
A Padronização, ou normalização, de acordo com
International
Standards Organization
(ISO) (
apud
LEÃO, 2000, p.22):
[...] é um documento estabelecido por consenso e aprovado por um
grupo reconhecido, que consolida para uso geral e repetido um
conjunto de regras, protocolos ou características de processos com o
objetivo de ordenar e organizar atividades em contextos específicos
para o benefício de todos.
Para Leão (2000), o uso de padrões viabiliza a troca de dados e de
textos livres, possibilitando a automação dos processos (assistencial,
administrativo, de pesquisa, ensino e da gestão de um sistema de saúde).
Nesse contexto torna-se imprescindível adotar :
a) Padrões de vocabulário, os quais institui a descrição da
informação em saúde, para representar diagnósticos e
procedimentos deste seguimento. No Brasil a padronização de
vocabulário utilizada para designar diagnósticos, procedimentos e
faturas, variam conforme as instâncias (públicas ou privadas);
quanto às informações pertinentes a classificação de ocupação das
114
pessoas dos municípios e código postal há um consenso por todas
as instâncias (Quadro 3).
Quadro 03: Padrões de vocabulário no Brasil
PADRÃO VOCABULÁRIO PÚBLICO PRIVADO
01
CID-10
XX
02
TABELA DE PROCEDIMENTO DO SUS
XX
03
TUNEP
X
04
LPM – AMB
X
05
CBO
XX
06
TABELA DE MUNICÍPIOS - IBGE
XX
07
CEP - EBCT
XX
Fonte: O autor, fundamentado em Leão, 2000, p.24
b) Padrões de comunicação, são definições de métodos a fincar a
interoperabilidade entre os diferentes SIS. São fundamentados em
mensagens e conhecidos também como Padrões de Transação,
que definem o formato e conteúdo de dados das mensagens, o
protocolo de transmissão e os requisitos de telecomunicações. A
partir do advento da Internet, surgem novas propostas de padrões
para integrar a comunicação, publicar e armazenar univocamente.
Uma linguagem cada vez mais utilizada é a de extensão XML
(
Xtensive MarkUp Language
) que estabelece a interoperabilidade
entre sistemas, bem como o PEP a textos e a imagens. Este
padrão de comunicação foi o acordado para estabelecer as trocas
de informações contidas no SCNS.
c) Padrões de segurança é o aspecto mais complexo a ser
especificado, uma vez que nas questões de saúde, as informações
115
do usuário dos serviços são, em tese, de propriedade deles. Assim,
é imperiosa a privacidade das mesmas, uma vez que a ênfase é
alcançar a interoperabilidade dos sistemas com o aperfeiçoamento
e especificação da infra-estrutura de rede. O que torna necessário
construir políticas de privacidade, confidencialidade e controle de
acesso. Os dados de saúde só devem ser visualizados e
compartilhados com o consentimento do paciente, entretanto para
uma assistência integrada, os profissionais de saúde necessitam do
acesso a informações pertinentes ao paciente para obter uma
performance otimizada no processo assistencial, com a finalidade
de curar ou minimizar o sofrimento da dor desses pacientes. Nesse
caso, a legislação deve contemplar o acesso de profissionais de
saúde a dados e informações pertinentes ao paciente. Hoje a
prática orienta que o paciente deve consentir o acesso a seus
dados. É uma situação complexa e difícil, pois há de ter um
comportamento ético entre todos os atores do processo
assistencial. Uma solução de segurança que tem sido aplicada é
trabalhar com níveis de segurança diferentes para pedaços de
informação do prontuário. Assim, trabalha-se com o conceito de
informação de alta sensibilidade, que representa a identificação de
partes do prontuário que só são acessadas mediante autorização do
paciente (resultados de HIV, internações psiquiátricas, uso de
drogas ou alcoolismos). Sabe-se que é possível identificar um
conjunto de dados que poderá estar disponível ao acesso da equipe
assistencial. Sabe-se também que o prontuário em papel é muito
116
pouco seguro, e que na realidade qualquer pessoa pode ter acesso
à informação nele armazenada. Logo, quando se pensa em
trabalhar no formato digital e de transferi-la via rede, é
imprescindível criar uma infra-estrutura para o processo eletrônico
ser mais seguro que o manual. Nesse sentido aspectos
relacionados à integridade da informação, autenticação do usuário,
confidencialidade e privacidade, não repudiação e assinatura
eletrônicas estão inextricáveis a este processo.
d) Padrões de conteúdo e estrutura são os modelos para
representar a informação em saúde, com a finalidade de construir o
Prontuário Eletrônico e, também, o SCNS, quais sejam:
[...] Automação de laboratórios clínicos;
[...] Padrões para descrição de dados de admissão e transferência de
pacientes;
[...] Descrição de conteúdo e estrutura do PEP;
[...] Propriedades de identificadores únicos do paciente;
[...] Especificações para um modelo de objetos para admissão,
alta e transferência de pacientes;
[...] Guia para autenticação eletrônica da informação em saúde;
[...] Guia de propriedades do PEP;
[...] Requisitos para a construção de software voltado ao PEP, de
caráter livre, aplicado a um banco de dados independentes. Este se
adapta a todos os cenários de atenção a saúde, da atenção primária
ao hospital terceirizado. (LEÃO, 2000, p.25)
A adoção de padrões em saúde vem sendo instituída em vários países
por meio de comissões técnicas especializadas em informação e informática,
ligadas diretamente ao processo decisório dos Ministérios de Saúde, e com um
diálogo aberto entre os envolvidos neste setor (governo, iniciativa privada,
hospitais, prestadores de serviços e sociedades científicas).
117
No Brasil esta iniciativa tende a se consolidar com a proposta da PNIIS.
A integração dos sistemas de informação das diversas unidades de saúde no
plano municipal, estadual e federal tem como objetivo o meta conhecimento da
realidade de saúde no país, por meio de um Sistema Nacional de Informação
em Saúde (SNIS).
Para Moraes (2002), quando se trata de Informação em Saúde, o
trabalho deve ser no sentido de reforçar os direitos humanos, de contribuir para
a redução da miséria e das desigualdades sociais, subsidiando, além disto, o
processo decisório na área de saúde, com a finalidade maior de promover
“uma atenção com efetividade, qualidade e respeito à singularidade de cada
individuo e ao contexto de cada população”.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os Sistemas
de Informação em Saúde (SIS) são um mecanismo de coleta, processamento,
análise e transmissão da informação necessário para se organizar e operar os
serviços de saúde e, também, para a investigação e o planejamento com vistas
ao controle de doenças. Tem como objetivo de selecionar os dados pertinentes
a esses serviços e transformá-los em informação necessária para o processo
de decisões próprio das organizações e indivíduos que planejam, financiam,
administram, provêem, medem e avaliam os serviços de saúde
(MORAES,1993).
O Ministério da Saúde no Brasil identifica como objetivos dos SIS:
avaliar e apoiar o planejamento, as tomadas de decisões e as ações em todos
os níveis do arcabouço organizacional do sistema de saúde; apoiar o
desenvolvimento científico e tecnológico do setor saúde; subsidiar a avaliação
das relações de eficiência e efetividade das políticas, das estratégias e das
118
ações de saúde; apoiar o desenvolvimento e capacitação de recursos humanos
no setor saúde; e, por fim, subsidiar no processo de comunicação dos órgãos
do setor saúde com a população. (MENDES
et al
, 2000).
Supõe-se que o objetivo de integrar sistemas de informações ao sistema
de saúde é criar uma infra-estrutura a propiciar a eqüidade, a cobertura
universal das ações e o atendimento das demandas (MOTA; CARVALHO,
1999, p.507). Os sistemas de informação representam os meios na construção
do conhecimento em saúde. Para tal, Mota e Carvalho esclarecem a
necessidade de informações em saúde classificadas de acordo com a
aplicabilidade às diferentes ações e serviços, às práticas de atenção à saúde e
à gestão, quais sejam:
[...] As de caráter clínico que se relacionam com atenção individual e
compõem o conjunto de informações sobre morbidade e mortalidade,
acesso e demandas por serviços;
A informação epidemiológica que revela os perfis e tendências nas
condições de saúde e se aplica às atividades de vigilância;
As que definem as condições gerais de vida e características
populacionais;
As de natureza administrativa relacionadas com os recursos
humanos, com a infra-estrutura física, com os recursos financeiros,
tecnológicos e de trabalho, incluindo ainda, documentação relevante
que registra atos legais, normas, rotinas e relatos diversos (MOTA;
CARVALHO, 1999, p.508)
.
Em conseqüência, a coleta e o processamento dos dados, a produção e
a disseminação das informações são processos que compõem os SIS, que
podem ser classificados em sistemas de informação operacionais e sistemas
de informação gerenciais. No primeiro, observa-se a geração de informações
quanto às atividades de rotina, utilizando mecanismos pré-estabelecidos,
testados e normatizados para processo de coleta de dados. No segundo, são
geradas informações voltadas para uma avaliação permanente das respostas
que estão sendo produzidas e do impacto obtido sobre a situação de saúde
(MENDES et al, 2000).
119
Infere-se que, na atividade de planejamento e gerência em saúde são
necessárias informações inter e extra-setoriais, advindas de diversas fontes
como: censos, pesquisas populacionais, estatísticas vitais, produção e
utilização de serviços etc. Quanto à natureza os SIS podem ser classificados
em: Sistemas de Informações Estatístico-epidemiológicas, Sistemas de
Informações Clínicas e Sistemas de Informações Administrativas. Este conjunto
de sistemas compõe o Sistema de Apoio à Decisão em Saúde (SAD),
caracterizando os Sistemas de Informação relacionados aos gestores
municipal, estadual e federal (CARVALHO; EDUARDO, 1998).
Nesse sentido, o SNIS deve ser pensado como sendo a integração dos
sistemas de informação das diversas unidades do Setor Saúde e dos vários
SIS já existentes no país (ANEXO B). A Figura 20 demonstra a idealização de
um SNIS tomando como base um hospital, a partir do registro assistencial no
PEP, como unidade básica de coleta e registro; sua integração com um
sistema de informação hospitalar contribuindo para a gestão organizacional do
hospital e, sucessivamente, a integração municipal, estadual e finalmente
nacional.
Figura 20: A visão do SNIS a partir do PEP hospitalar
Fonte: Cunha; Silva, 2003, p. 22
120
As abordagens dissertadas apontam novos horizontes aos hospitais, por
conseguinte, toda a rede de saúde caso efetivem o uso de produtos e serviços
de informação. Compreende-se ainda, a possibilidade do setor saúde ratificar a
morfologia das relações sociais do mundo atual. Como Castells preconiza: a
máxima de ser contemporâneo é estar em rede,
[...] as funções e os processos dominantes na era da informação
estão cada vez mais organizados em torno de redes. Redes
constituem a nova morfologia social de nossas sociedades, e a
difusão da lógica de redes modifica de forma substancial a operação
e os resultados dos processos produtivos e de experiência, poder e
cultura. (CASTELLS, 1999, p. 497).
Nessa lógica, a organização hospitalar deve atuar tendo como recursos
estratégicos: informação e tecnologias de informação. A adoção dos processos
de gestão da informação é essencial para que esses recursos propiciem a
inovação, promovam a sustentabilidade organizacional numa sociedade
configurada em rede.
121
4 METODOLOGIA
4.1 TIPO DE ESTUDO
O caminho desta pesquisa e, por conseguinte, os procedimentos
utilizados, são os voltados à pesquisa qualitativa. A realidade e o conhecimento
investigado, objeto da pesquisa é um produto social e, conseqüentemente,
incapaz de ser identificado independentemente de sujeitos inseridos no
contexto dos hospitais.
Nesse sentido, Godoy (1995, p.58), afirma que esse caminho se
caracteriza como um esforço cuidadoso para a descoberta de novas
informações ou relações e para a verificação e ampliação do conhecimento
existente.
O quadro teórico é pautado na concepção da Sociedade em Rede e da
Gestão da Informação (G.I.) em consonância com um quadro político,
fundamentado na Lei 8.080/90, que trata da regulamentação do SUS, e na
PNIIS que versa sobre informação e informática em saúde. Objetiva verificar o
uso de produtos e serviços de informação para otimizar a G.I. nos hospitais, em
especial, a padronização da informação no formato eletrônico – PEP e os
sistemas de informação. O que permitiu o uso do método qualitativo de estudo
que apontasse para a identificação dos fatos tal como acontecem e o
estabelecimento das relações entre os mesmos.
A pretensão não é estudar o porquê da ocorrência dos fatos, e sim,
verificar se a G.I. e Integração de Sistemas acontecem ou não nos hospitais
pesquisados. Ainda assim, em razão do problema e dos objetivos
estabelecidos, a pesquisa caracteriza-se também, como exploratória, descritiva
e de campo, com a finalidade final de um posicionamento interpretativo.
122
Considera-se exploratória por ser realizada em uma área onde há pouco
conhecimento acumulado e sistematizado sobre o problema. No tangente ao
aspecto descritivo, associa-se às questões de expor características de
determinada população (hospitais) ou de um determinado fenômeno (G.I.) e
que estabeleça relação entre a G.I. em hospitais e a integração de SIS
(TOBAR; YALOUR, 2001, p.69).
Dada à especificidade do objeto utiliza-se a pesquisa de revisão
bibliográfica e documental (Portarias, Leis, Resoluções, Políticas
Governamentais) na perspectiva de fundamentar o trabalho. Para Luna (1999,
p.105), uma revisão assim formata um cabedal de conhecimentos de outros
sujeitos e gera a crítica contínua ao produto destes, o que corrobora com os
resultados da nova pesquisa e provoca o aprimoramento da ciência.
4.2 UNIVERSO E POPULAÇÃO
O universo para a realização da pesquisa de campo são hospitais
situados em Salvador, Bahia. A população desse universo são hospitais
inseridos no Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde (CNES) nível
de hierarquia oito.
O CNES foi instituído pela Portaria nº 376 Ministério da Saúde (MS) /
Secretaria de Atenção a Saúde (SAS), de 03 de outubro de 2000, publicada no
Diário Oficial da União em outubro daquele ano. O acesso ao CNES se dá por
meio do
site
: www.datasus.gov.br.
O CNES tem como finalidade atender a todos os sujeitos que utilizam
informações em saúde, como base para subsidiar trabalhos, tanto no âmbito
operacional quanto gerencial. Visa adquirir e disponibilizar o conhecimento do
universo de estabelecimentos que cuidam da saúde da população brasileira,
123
desde os grandes centros até nas mais longínquas localidades, tornando
visível esse cenário a toda sociedade. Fortalece a elaboração da programação,
controle e avaliação da assistência hospitalar e ambulatorial, corroborando com
o controle social em saúde. (http://cness.datasus.gov.br/Info_Introducao.asp
em 05/06/2004).
Justifica-se a escolha desses hospitais, nível hierarquia oito, por terem
uma demanda variada de atendimento, estabelecendo uma pluralidade de
serviços. Esses realizam procedimentos de alta complexidade no âmbito
hospitalar e ou ambulatorial.
Entende-se por procedimentos de alta complexidade hospitalar e ou
ambulatorial os seguintes: hemodinâmica, hemoterapia, quimioterapia,
radioterapia, ressonância magnética, tomografia computadorizada, terapia
renal substitutiva, medicina nuclear, radiologia intervencionista, imunologia,
oncologia, cardiologia (cirurgia cardíaca, marca-passo, estudo eletro
fisiológico), implante coclear, epilepsia, gastroplastia, labiopalatal, implante
ósteo-integrado, ortopedia, neurocirurgia (níveis I, II e III), UTI (tipo II e III),
transplante, gestação de alto risco, urgência e emergência e queimados
(BRASIL, 2001, p. 14 ; p. 33).
Esses serviços na Bahia encontram-se fortemente concentrados em
Salvador e que somam um total de sessenta e nove em todo o Estado
(BRASIL, 2001, p.35).
Dos onze hospitais de alta complexidade de Salvador, oito aceitaram
fazer parte da presente pesquisa, constituindo assim, a população pesquisada.
Registra-se que os onze hospitais foram selecionados do CNES. Uma primeira
consulta foi realizada em 05/06/04, na qual constavam nove hospitais. Em
124
14/08/04 foi realizada uma nova consulta ao CNES, constatando-se mais três
hospitais agregados à listagem anterior e apenas um havia sido suprimido.
4.3 SUJEITOS DA PESQUISA
A primeira proposta deste trabalho foi entrevistar apenas os diretores
administrativos e assistenciais do grupo de hospitais acima mencionado, de
forma a compreender a visão do corpo diretivo desses hospitais, em relação ao
objeto de investigação aqui proposto.
Entretanto, não houve respostas da maioria desses diretores para a
realização das entrevistas. As principais alegações foram:
não há disponibilidade de tempo
”;
esses diretores são difíceis de conceder tempo para
entrevistas, são muito ocupados, apesar do interesse
”;
os diretores estão participando de um treinamento do
novo sistema de informação que estamos implementando
no hospital
”;
os diretores estão preocupados com o processo de
acreditação hospitalar, pois seremos avaliados no mês
que vem, não sobrando tempo para entrevistas
”, dentre
outras.
Assim, os sujeitos contemplados passam a ser: diretores, gerentes,
coordenadores, assessores, consultores ou chefes de áreas estratégicas de
um hospital. Essas áreas correspondem à Administrativa, Assistencial, Arquivo
e Informática.
Além de esses sujeitos oportunizarem o encontro com o pesquisador,
eles são participantes ativos nos hospitais, pois suas atividades propiciam a
125
geração, o armazenamento e tratamento de informações em saúde
(assistencial, administrativa, epidemiológica, dentre outras).
A importância deles abrange tanto no âmbito interno do hospital, quanto
o externo. Eles necessitam disseminar e usar as informações geradas e
armazenadas para operacionalizar e gerenciar as suas ações e de outros.
Estas áreas são estratégicas para os hospitais e, conseqüentemente, a todo
sistema de saúde.
Optou-se, então, compreender a visão desses sujeitos sobre a
padronização da representação da informação por meio eletrônico - PEP,
conseqüentemente, da G.I. e Integração de Sistemas.
4.4 INSTRUMENTO DE PESQUISA
O instrumento aplicado foi a entrevista semi-estruturada. A partir do
quadro conceitual, foi elaborado o roteiro das entrevistas (APÊNDICE A).
Segundo Tobar e Yalou (2001, p.101), essa técnica possibilita respostas por
meio de alternativas pré-definidas, no entanto oferecem uma flexibilidade a
seguir novas pistas.
Essa flexibilidade permite ao pesquisador e ao informante liberdade não
perdendo de vista o conjunto de instruções claras pertinentes às principais
perguntas feitas ou ao tema explorado. Torna-se mais fácil sistematizar os
dados desse tipo de técnica, pois as perguntas centrais são indagadas a cada
sujeito.
As perguntas procuram descobrir a visão do informante a respeito dos
aspectos mais importantes de determinado fato ou fenômeno, assim como
possibilitam a expressão do ponto de vista de cada um deles com informações
126
4.5 COLETA DE DADOS
A coleta de dados foi realizada pelo próprio pesquisador e seguiu os
critérios da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), resolução
196/96 do Ministério de Saúde (http://conselho.saude.gov.br) (BRASIL, 2003).
Esta pesquisa teve seu deferimento homologado em 07/07/04 pelo
Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Maternidade Climério de Oliveira
(MCO) da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Parecer / Resolução nº
63/2004 (ANEXO C).
A coleta dos dados efetivamente começou em 14/07/04, apesar dos
contatos com os hospitais, inicialmente, ter se dado em data anterior, no dia
05/06/04. Não foi fácil a comunicação e o entendimento por parte dos sujeitos
em acatar a solicitação da pesquisa.
O contato com os hospitais se deu no primeiro momento por telefone
para agendar as entrevistas. Não houve uma ordenação lógica, e sim em razão
das oportunidades de aceite. As marcações sempre se concretizavam por meio
de uma Carta de Apresentação da Entrevista - APÊNDICE B, e nesta, era
anexado o Termo de Consentimento Livre e Pré-esclarecido – APÊNDICE C.
Na realidade um hospital puxava o outro. A presença do pesquisador
junto aos entrevistados despertava o interesse pelo assunto quando
observavam o valor do tema. No geral, os sujeitos eram apáticos no início da
entrevista, entretanto quando ao final, ficavam empolgados e indicavam algum
colega de um outro hospital, o que facilitava o acesso aos respondentes.
O prazo dado para encerramento da coleta de dados foi a última semana
de setembro de 2004, assim registra-se a conclusão das entrevistas em
127
21/09/04. No sentido de ter alguma resposta daqueles que até então não
haviam agendado uma hora, esperou-se até 30/09/04.
Dos onze hospitais que compuseram a pesquisa, três não responderam
positivamente a carta de apresentação isto é, apenas oito hospitais nos quais
foram possíveis gerar um total de vinte e nove entrevistas, pois em um deles
não foi possível entrevistar os sujeitos da área de assistência e arquivo, e
noutro, o sujeito do arquivo.
Abaixo segue quadro da população hospitalar e sujeitos que molda a
coleta de dados:
Quadro 04: População e Sujeitos da Coleta de Dados.
HOSPITAIS
ABCDEFGH I JK
SUJEITOS
Administrativo
Arquivo
Assistência
Informá tica
Administrativo
Arquivo
Assistência
Informá tica
Administrativo
Arquivo
Assistência
Informá tica
Administrativo
Arquivo
Assistência
Informá tica
Administrativo
Informá tica
Administrativo
Arquivo
Assistência
Informá tica
Administrativo
Assistência
Informá tica
Administrativo
Arquivo
Assistência
Informá tica
Nã o respondeu Nã o respondeu Nã o respondeu
Fonte: elaborado por este autor a partir dos dados coletados, 2005
As justificativas dos hospitais que não atenderam à solicitação para a
realização das entrevistas, foram as seguintes:
Hospital “I” comunicou que não havia como fazer parte da
pesquisa por não ter PEP, nem disponibilidade de tempo
dos gestores para responder a entrevista. Registra-se que
se despendeu umas cinco semanas até a comunicação
final, que a unidade não teria condição de atender a
investigação;
O Hospital “J” solicitou um novo processo no CEP daquela
unidade, o qual foi empreendido pelo pesquisador.
128
Entretanto, o CEP não homologou a solicitação em razão
de não constar na documentação exigida o orçamento da
pesquisa. Sendo então justificado que a pesquisa trata-se
de um projeto acadêmico objetivando o título de mestre e
que a mesma é de custo próprio do pesquisador e que este
é bolsista da CAPES. O CEP não acatou esta justificativa.
Em razão do exíguo espaço de tempo, não fora formulado
nenhum orçamento e encaminhado ao Comi
desconsiderando assim esta unidade para efeito da
pesquisa. Registra-se que demandou cerca de quarenta e
cinco dias de contato entre pesquisador e o hospital, entre
telefonemas e três idas à referida unidade;
O hospital “K” recebeu a carta de apresentação da
pesquisa, contudo não encaminhou nenhuma notificação,
apesar da insistência do pesquisador. O tempo despendido
entre uma ida ao hospital e cinco telefonemas do
pesquisador foi cerca de trinta e cinco dias.
As entrevistas foram realizadas utilizando-se gravador digital, permitindo
o
downlowd
para o computador. A partir daí, foram transcritas as entrevistas à
medida que eram realizadas, fomentando a pré-análise das mesmas. Partindo-
se assim, para o tratamento dos dados na primeira semana de outubro de
2004.
4.6 ORGANIZAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS
A consecução da análise de dados foi realizada com base na temática
de Análise de Conteúdo (A.C.) proposta por Bardin (1977). Na perspectiva
129
qualitativa, o pesquisador prende-se à presença ou ausência de uma dada
característica de conteúdo ou de um conjunto de características num
determinado fragmento de mensagem tomado em consideração.
Para Bardin (1977, p.31) essa técnica representa um conjunto de
técnicas de análise das comunicações, cujos objetivos são a ultrapassagem da
incerteza e o desenvolvimento da leitura objetivando à compreensão exata da
mensagem. O campo de aplicação é vasto e aplicado a qualquer comunicação,
qualquer transporte de significado de um emissor para um receptor.
Essa autora considera essa análise como:
Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter,
por procedimentos, sistemáticos e objectivos de descrição do
conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que
permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de
produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens
.
(BARDIN, 1977, p.42).
Essa técnica é um método de tratamento e análise de informações,
colhidas por meio de técnicas de coleta de dados aplicada a textos ou qualquer
comunicação (oral, visual) reduzida a um texto ou documento. Objetiva a
compreensão do sentido das comunicações, o discurso dos sujeitos sociais,
seu conteúdo manifesto ou oculto, munindo-se da decodificação dos escritos
por meio da decomposição do texto em unidade léxica ou categorial.
Conforme Alves (2003, p.63), na análise categorial ou temática, o
pesquisador busca apreender o conteúdo da mensagem por meio de
operações de desmembramento do texto em categorias a partir de
reagrupamentos analíticos.
Segundo Bardin (1977, p.42) o pesquisador configura operações
analíticas, mais ou menos adaptadas à natureza do material e à questão a
resolver, associando ao (s) objetivos (s) e ao quadro conceitual. O que
130
corrobora com uma das funções da A.C. - a heurística, enriquecendo a
tentativa exploratória e propiciando a descoberta.
Para efetivar a análise temática prioriza-se o tema como unidade,
propiciando a descoberta de “núcleos de sentido”. Esses compõem uma
comunicação cuja “presença” ou “freqüência” signifiquem alguma coisa para o
objetivo analítico visado. Para Bardin (1977, p.95) a A.C. consta de três etapas
distintas:
a) Pré-análise - fase de organização dos documentos e das
idéias, objetivando operacionar e sistematizar um esquema de
análise. Dá-se liberdade à intuição. Nesse momento, a autora
indica a leitura flutuante do material como condição para que o
pesquisador conheça o conteúdo dos documentos com a
finalidade de aprofundar o entendimento das mensagens.
Nesta pesquisa, essa parte se deu no momento das
entrevistas, seguida das leituras e releituras para a análise,
inferência e interpretação. Sempre tendo como eixos orientadores
o objetivo a ser alcançado e o quadro conceitual. Conforma-se um
olhar crítico e analítico, um momento de reflexão.
Viabiliza-se assim o universo de documentos sobre o qual
será realizada propriamente a análise, constituindo, portanto, o
corpus
que para Bardin (1977, p.96) “é o conjunto dos
documentos tidos em conta para serem submetidos aos
procedimentos analíticos”.
Nesta pesquisa, as entrevistas foram transcritas
imediatamente a sua realização. Cada documento gerado recebia
131
um número seqüencial, enumerando e formatando o
corpus
de
documentos: E
1
x
(entrevista um, hospital
x
) até a E29
x
(entrevista
vinte e nove, hospital
x
). Onde “
x
” corresponde a uma das letras –
a,b,c,d,e,f,g,h,i
- representando um dos oitos hospitais.
A montagem do
corpus
de documentos para os procedimentos
analíticos seguiu as regras aconselhadas por Bardin (1977, p. 97):
Exaustividade – todos os elementos relacionados ao
assunto devem ser analisados;
Representatividade – o número de amostras deve ser
representativo dentro do universo pesquisado;
Homogeneidade – os documentos a serem analisados
devem tratar sob o mesmo tema;
Pertinência – os documentos devem ser adequados aos
objetivos da pesquisa.
b) Exploração do material – representa a segunda
fase da A.C., longa e fastigiosa quando essencialmente são
realizadas operações de codificação, enumeração e classificação
associada a regras previamente definidas. Bardin (1977, p.103)
sinaliza que o tratamento do material nada mais é que a
transformação dos dados brutos do texto por recorte, agregação e
enumeração. Assim, viabiliza a representação do conteúdo ou da
sua expressão para a análise propriamente dita.
Para a autora (BARDIN,1977, p.104), a organização da
codificação compreende três escolhas: o recorte (escolha das
132
unidades), a enumeração (escolha das regras de contagem) e a
classificação e a agregação (escolha de categorias).
O recorte do material possibilita a definição de unidades de
registro e de contexto. As unidades de registro, chamadas
também de unidades de significação, correspondem ao segmento
de conteúdo a considerar como unidades de base, vislumbrando
a categorização e a contagem freqüencial. Essas unidades
podem ser associadas à palavras, ao tema, ao objeto, ao
personagem, ao acontecimento e ao documento.
Já as unidades de contexto representam o segmento da
mensagem cujas dimensões permitem compreender o significado
exato da unidade de registro. A partir daí, o pesquisador define o
modo de contagem destas unidades e, posteriormente, classificá-
las e agregá-las em categorias.
A categorização não é obrigatória na A.C. (BARDIN, 1977,
p.117), entretanto, consiste da reunião de unidades de registro
em grupos sob um tíitulo genérico organizado em razão de
caracteres comuns. Os critérios de categorização fundamentam-
se nos aspectos semântico, sintático, léxico e expressivo e possui
características que garantam um processo de exclusão mútua,
pertinência, objetividade, fidelidade e produtividade.
Nesse momento, o pesquisador fez uma releitura do material,
uma vez findado o processo da pesquisa de campo - das
entrevistas. O
corpus
de documentos efetivado anteriormente foi
decomposto em unidades de registro e unidades de contexto,
133
fracionado-os em quatro áreas (administrativa, assistencial,
arquivo e informática) de cada hospital investigado.
c) Tratamento dos resultados, a inferência e a
interpretação – correspondem a terceira e última fase da A.C..
Nesse momento, os resultados brutos`foram tratados de maneira
a serem significativos e válidos.
Na presente pesquisa, essa fase foi concretizada com a ajuda
de quadros nos quais foram registradas as unidades de
registros/significados extraídas das entrevistas classificadas em
áreas temáticas (unidades de contexto), originando os núcleos
de sentido, e conseqüentemente, as categorias.
Núcleos de significados ou sentidos são os segmentos de
mensagens cujas dimensões permitem ao pesquisador
compreender o significado da unidade de registro, ou seja, o que
o pesquisador consegue extrair das falas dos sujeitos. É o que
de oculto e não revelado explicitamente.
4.7 CATEGORIAS E OBTENÇÃO DOS NÚCLEOS DE SIGNIFICADO
As categorias são rubricas ou classes de um conjunto de unidades de
registro, sob um titulo genérico em razão de caracteres comuns. No caso desta
pesquisa, o critério de categorização adotado foi o semântico, ou seja,
categorias temáticas.
Na perspectiva de Bardin (1977, p.118) a categorização é um processo
estruturalista e comporta duas etapas:
1. Inventário: isolar as unidades de registro (significação) e de contexto;
134
2. Classificação por analogias: repartir essas unidades inventariadas,
objetivando certa organização das mensagens a fim de possibilitar uma
análise e discussão.
Nesta pesquisa, essa etapa teve início após a transcrição das
entrevistas para o computador. Um momento de reflexão no qual se buscou o
que há de comum nos discursos dos sujeitos sociais, efetivando o
agrupamento em categorias. Por conseguinte, executa-se o inventário e a
classificação por analogias. Originando-se, naturalmente, os núcleos de
significado / sentido.
Foram delineados três grupos de categorias e sucessivamente
originaram-se os respectivos núcleos de significado/sentido, com vistas a
alcançar o propósito da presente pesquisa. Conforme demonstrado no quadro
05, encontra-se na primeira linha as categorias e nas demais linhas, os núcleos
de sentido e as correspondentes categorias, vistas no topo de cada coluna.
Quadro nº 05: Categorias e Núcleos de Significado
Gestão da Informação
Integração de Sistemas
PNIIS
Informações Produzidas Padrão de Informação Participação na PNIIS
Significado da G.I. Beneficiários com a
Padronização
Conhecimento do SCNS
Necessidades Informacionais PEP Compartilhar
Informação
Coleta, Tratamento, Armazenamento,
Uso e Descarte
SIH Capacitação e Conscientização
frente as TIC’s
Disseminação de Informão Interna
Interoperabilidade Profissionais de Informação
Telemática
Fonte: elaborado por este autor a partir dos dados coletados, 2005
Nesta pesquisa, a partir das unidades de significação foram agrupadas
as unidades de contextos, que por sua vez, para efeito do agrupamento dos
núcleos de sentido e das categorias considerou-se a mesma taxonomia.
135
A aplicação deste método de estudo, nesta pesquisa, é para verificar por
meio das falas expressas dos sujeitos o uso do PEP com vistas a subsidiar a
G.I. frente à PNIIS nos hospitais de Salvador-Ba.
Num segundo momento, a análise dos dados foca a compreensão dos
sujeitos das áreas investigadas a respeito da padronização da representação
da informação por meio eletrônico: PEP; a descrição do SIH e a sua relação
com os SIS; e, por último a participação desses hospitais na construção da
PNIIS.
136
5 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
5.1 CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO E DOS SUJEITOS
Dos oito hospitais que atenderam a pesquisa, sete são conveniados ao
SUS. Destaca-se que, cinco desses são de natureza jurídica privada, dentre os
quais quatro filantrópicos e apenas um com fins lucrativos. Os três restantes
são de natureza pública.
Nota-se que a amostra maior desta população conforma-se em hospitais
particulares e dentre eles, os filantrópicos estão em maior número. Como visto
no quadro político, há a transformação dos hospitais em sua gênese, quando
deixam de ser unidades de práticas caridosas para as de assistência e
promoção da saúde. Isto significa uma mudança de práticas amadoras
(assistencial e administrativa) para práticas qualificadas e profissionais. No
entanto, os números demonstram que em termos de natureza jurídica os
hospitais continuam filantrópicos.
Conforme Fernandes (2002, p.43) os hospitais filantrópicos são
pioneiros no Brasil e existem em maior número que todos os demais. Eles
estão presentes na maioria dos municípios brasileiros e praticamente em todos
os estados. Nesse sentido, os resultados corroboram com a assertiva do autor.
Os vinte e nove sujeitos que configuram o quadro da pesquisa
pertencem às seguintes áreas do hospital: oito da área administrativa, seis da
de arquivo, sete da assistência e oito da informática. Ocupam as funções de
diretores, gerentes, coordenadores, chefes, assessores e suas formações são
das mais variadas, conforme Quadro 6.
137
Quadro 6: Formação dos Sujeitos Entrevistados
ADMINISTRATIVO ARQUIVO ASSISTÊNCIA INFORMÁTICA
Médico (02) Médico (01) Médico (05) Engenheiro (02)
Psicólogo (01) Bibliotecário (01) Enfermeiro (02) Analista de Sistemas (01)
Nutricionista (01) Pedagogo (02) Estatístico (01)
Engenheiro (01) Enfermeiro (01) Biólogo (01)
Adm. Público (01) Técnico em Arquivo (01) Enfermeiro (01)
Adm. de Empresas (01) Técnico em Informática (01)
Contador (01) Agente de Vigilância (01)
Fonte: elaborado por este autor a partir dos dados coletados,
2005
O perfil do grupo é plural e interdisciplinar. Esse fator consubstancia com
a característica de que nos hospitais as atividades são diversificadas,
especializadas e personalizadas. Nestes ambientes encontram-se profissionais
com diferentes competências e habilidades, que realizam procedimentos dos
mais variados tipos, assistenciais e administrativos (CUNHA; SILVA, 2003,
p.21) (FERREIRA; LIRA, 2000, p.177).
Constata-se que a maior parte dos diretores, gerentes, coordenadores,
chefes, 1 188(r)6.7.3e fator 6.7.3e fatori0(do i)-3.1.asnãesf -esiadas.
138
Gráfico 1: Tempo de Formado dos Entrevistados
1
4
0
5
15
4
até 01 ano
>01 ano até 05 anos
>05 anos até 10 anos
>10 anos até 15 anos
> 15 anos
Não Responderam
Fonte: elaborado por este autor a partir dos dados coletados, 2005.
Gráfico 2: Formação escolar dos entrevistados
2
1
6
17
2
1
Segundo Grau
Curso Técnico
Graduado
Lato Sensu Especialista
Stricto-Sensu Mestre
Stricto-Sensu Doutor
Fonte: elaborado por este autor a partir dos dados coletados, 2005.
Gráfico 3: Tempo na Função
10
9
8
0
1
1
até 01 ano
>01 ano até 05 anos
>05 anos até 10 anos
>10 anos até 15 anos
>15 anos
Não Responderam
Fonte: elaborado por este autor a partir dos dados coletados, 2005.
139
Gráfico 4: Tempo de Experiência na Área
4
7
7
3
6
2
até 01 ano
>01 ano até 05 anos
>05 anos até 10 anos
>10 nos até 15 anos
> 15 anos
Não Responderam
Fonte: elaborado por este autor a partir dos dados coletados, 2005.
A análise desses gráficos chama a atenção para o pouco tempo dos
sujeitos em sua ocupação e experiência na área de hospitais. Nota-se,
também, a existência de poucos profissionais com grau
stricto-sensu
, apesar
das palavras doutor e mestre serem ditas corriqueiramente nos hospitais. Os
resultados da pesquisa demonstram que apenas um sujeito possui a titulação
em doutoramento e dois em mestrado.
Os resultados apontam a diversidade de formação do quadro de
profissionais. Essas características da população e do perfil dos sujeitos, em
consonância com as peculiaridades desses serviços, ratificam a real
complexidade dessas organizações de serviços de saúde.
Essas organizações podem ter problemas de comunicação,
coordenação e controle, se não tiverem uma gestão da informação efetiva.
Nesse sentido, parte-se agora para a análise do que esses coordenadores,
gestores, chefes, assessores, pensam a respeito deste processo, por
conseguinte a identificar considerações de como essa população se
contextualiza na morfologia em rede.
140
5.2 CATEGORIA I - GESTÃO DA INFORMAÇÃO
Nesta etapa da apresentação dos resultados são discutidas as análises
dos núcleos de sentidos compreendidos na categoria temática da G.I.,
conforme Quadro 7 abaixo.
Quadro 7: Categoria e Núcleos de Sentidos – Gestão da Informação
CATEGORIA I GESTÃO DA INFORMAÇÃO
Núcleo de Sentido 1 Informações Produzidas
Núcleo de Sentido 2
Significado da G.I.
Núcleo de Sentido 3 Necessidades Informacionais
Núcleo de Sentido 4
Coleta, Tratamento, Armazenamento, Uso e
Descarte.
Núcleo de Sentido 5
Disseminação de Informão Interna
Fonte: elaborado por este autor a partir da Análise de Conteúdo de Bardin (1977)
O interesse é verificar a compreensão dos sujeitos a respeito da
práxis
do processo da G.I., e se os hospitais pesquisados estão no contexto da
morfologia contemporânea, isto é, em rede.
Procura-se verificar então por meio desses núcleos de sentidos:
a) É verificada qual a informação relevante produzida em uma unidade
de saúde, segundo esses sujeitos (Informações Produzidas);
b) O significado de uma G.I. para os sujeitos entrevistados, por
conseguinte, os hospitais (Significado da G.I.);
c) O que os sujeitos pensam sobre a avaliação das necessidades
informacionais, conseqüentemente se esses hospitais avaliam as
necessidades informacionais de seus pacientes, profissionais,
gestores, instituições e demais sujeitos físicos e jurídicos que
conformam uma rede em saúde (Necessidades Informacionais);
141
d) Em seguida procura-se compreender as demais fases da G.I. no
hospital. Foi solicitado aos respondentes pontuar o maior entrave
no processo de G.I. do hospital, isto é, se na coleta, no tratamento,
no armazenamento, no uso ou no descarte de dados e informação
(Coleta, Tratamento, Armazenamento, Uso e Descarte) ;
e) É verificado se há uma estratégia de disseminação de informação
entre as áreas administrativa e assistencial no hospital
(Disseminação de Informação Interna).
Isto posto, parte-se então para a análise dos cinco núcleos de sentidos
pertinentes a esta categoria.
5.2.1 Núcleo de Sentido 1 – Informações Produzidas
Compreende-se que informações em saúde são dados coletados e
gerados, na maioria das vezes, nos serviços de atenção à saúde. Essas
informações revelam a situação de saúde de uma dada região e contribui para
ações estratégicas de planejamento e programação, controle e avaliação,
auditoria, vigilância epidemiológica, sanitária e ambiental em saúde, além das
políticas.
Por sua vez, as informações organizadas e tratadas podem servir de
base para a resolução de diversos problemas (críticos e crônicos) da Saúde no
Brasil, quais sejam: “o acesso aos serviços de saúde, a necessidade de
investimentos financeiros, a alocação de recursos humanos, o custeio do
sistema e a avaliação da qualidade dos serviços prestados”, como coloca
Souza (2002, p. 07).
Para essa autora, as informações assistenciais representam o conjunto
de informações que avaliam as condições de assistência médico-hospitalar de
142
um determinado hospital; conferem se as condutas diagnóstico - terapêuticas
estão de acordo com o estado da arte da Medicina, usando como exemplo a
reação ou o efeito colateral a alguma medicação administrada ao paciente; a
evolução clínica, dentre outras.
Já as administrativas perfazem as informações, que subsidiam o
planejamento das atividades do hospital, visam alcançar a eficiência em
todos os serviços prestados, podendo ser considerados como exemplos: a
taxa de ocupação hospitalar; a representatividade dos centros de custos da
unidade hospitalar; os recursos humanos alocados por setor; os recursos
financeiros aplicados na unidade, dentre outras.
Ressalta-se ainda que essas informações, assistenciais e
administrativas conformam as informações gerenciais, isto é, aquelas
informações internas produzidas em um hospital já discutidas no capítulo três
(seção 3.3.2) desta dissertação.
As informações epidemiológicas objetivam conhecer o estado de
saúde/doença da população. Isto representa a possibilidade de (re) conhecer
as características de saúde de uma dada região por meio de dados e
informações de internação por diagnóstico; correlacionados à patologias por
idade, sexo, residência, ocupação do indivíduo e taxa de mortalidade por
causa, dentre outros.
A análise deste núcleo de sentido revela que em termos de natureza de
informações produzidas nos hospitais, os sujeitos consideram a epidemiológica
de maior valor depois a assistencial, passando a administrativa. Alguns sujeitos
salientam que devem ser trabalhadas informações na perspectiva de: ensino e
pesquisa, ética, marketing e ambiental (Gráfico 5) (Quadro 8).
143
Gráfico 5: Grau de Importância de Informações Produzidas em um Hospital
(5 para a mais importante até 01 para a menos importante)
Fonte: elaborado por este autor a partir dos dados coletados, 2005.
Santos (1999) esclarece que as informações não devem ser trabalhadas
de maneira estanque, uma vez que o conhecimento do conjunto de todas as
informações geradas em um hospital permite um melhor desempenho de seus
processos. Nesta lógica, deduz-se que não há a mais importante informação e
sim o conjunto delas é que representa a geração de conhecimento para a
consecução das ações hospitalares.
Entretanto, ressalta-se que uma informação é usada de diferentes
formas em diferentes momentos e por diferentes pessoas durante um processo
decisório, o que quer dizer que ocorrem interações complexas entre usuários,
sua capacidade cognitiva, natureza e formato da informação. Portanto, ela só
tem importância quando for ao encontro do interesse do usuário. O importante
é a informação relevante no momento certo para o usuário interessado
(SARAVECIC, 1995) (SANTOS; DIAS, 1996) (BORGES; CARVALHO, 1998).
144
Quadro 8: Núcleo de Sentido 1 – Informações Produzidas
HOSPITAL ADMINISTRATIVO ARQUIVO ASSISTÊNCIA INFORMÁTICA
A
ASSISTENCIAL COMO A
BASE.
INFORMAÇÃO DE ENSINO.
ADMINISTRATIVA,
SEGUIDA DA
ASSISTENCIAL E
EPIDEMIOLÓGICA.
COLOCA O ARQUIVO
ESTRATÉGICO NA
DISSEMINAÇÃO DOS
DADOS E INFORMAÇÕES
.
AGREGAR INFORMAÇÕES DE
NATUREZA DE ENSINO E PESQUISA.
SEM COMENTÁRIO.
B
PRIORIZA, TAMBÉM, A
INFORMAÇÃO EXTERNA.
ADMINISTRAÇÃO,
EPIDEMIOLÓGICA E
ASSISTENCIAL.
TODAS. SÓ ASSOCIA INDICADORES A
INFORMAÇÕES DE NATUREZA
EPIDEMIOLÓGICA.
SEM COMENTÁRIO.
C
EPIDEMIOLÓGICA E
ADMINISTRATIVA.
NÃO COMPREENDE A
ATRIBUIÇÃO DA
NATUREZA DA
INFORMAÇÃO.
AGREGAR INFORMAÇÕES DE
NATUREZA DE MARKETING.
INFORMAÇÃO DE EMERGÊNCIA
GRAVE.
D
ADMINISTRATIVA. NÃO ENTENDE A
QUESTÃO.
TODAS SÃO IMPORTANTES. AS INFORMAÇÕES SÃO IMPORTANTES
DESDE QUE HAJA O USO SISTÊMICO E
OTIMIZEM A INFORMÁTICA COMO
FERRAMENTA CONFIÁVEL.
E
TODAS. NÃO ENTENDE A
QUESTÃO.
TODAS SÃO IMPORTANTES. SEM COMENTÁRIO.
F
INFORMAÇÕES
ESPECIFICAS DE CADA
CATEGORIA E
PROCEDIMENTOS.
SEM COMENTÁRIO.
G
AS TRÊS NATUREZAS SÃO
RELEVANTES. TRABALHÁ-
LAS NA PERSPECTIVA DE
GERAR INDICADORES E
QUE ESSES SEJAM
MONITORADOS PARA
EFETIVAR A QUALIDADE NA
ASSISTÊNCIA E,
CONSEQÜENTEMENTE, NO
SERVIÇO.
SEM COMENTÁRIO. SEM COMENTÁRIO. SEM COMENTÁRIO.
H
ASSISTENCIAL.
INFORMAÇÃO DE NATUREZA
AMBIENTAL. TODAS.
Fonte: elaborado por este autor a partir dos dados coletados, 2005.
5.2.2 Núcleo de Sentido 2 – Significado da G.I.
A maioria dos sujeitos entrevistados compreende a G.I. como um
processo de aquisição e disseminação de dados e informação com fins de
geração de conhecimento para uma melhor assistência em saúde, conforme os
seguintes depoimentos:
GI é fazer o papel de intermediário entre a ação das informações e os usuários
finais, é coletando informações simples e não organizadas e tornando-as úteis
e compreensíveis para todas as necessidades dos serviços.
E21f
.
[...] é necessário que as informões do paciente rendam dados que ajudem
na vigilância para o controle de infecção; olhando para esse mesmo dado, o
técnico de suprimentos ver o que é preciso comprar mais; o farmacêutico ver o
que precisa dispensar; o diretor do hospital ver quanto está gastando com
determinado convênio, com determinado médico, com determinado grupo.
Penso que gerir a informação é tirar o máximo que possa dar, sintetizando a
informão.
E28g
;
145
Significa facilitar os trabalhos, os acessos a todos os dados, fazer um link
entre todos os serviços, fazer toda uma rede.
E17e
;
[...] a informação é base de tudo. Só gerencia com informação. Não adianta ter
os dados, dados são dados. Precisa realmente trabalhar os dados, alimentar,
criticar, para gerar a informação.
E05a
;
[...] A GI dá o suporte a toda a assistência de saúde que o médico,
nutricionista, fisioterapeuta oferece. Na verdade a GI converge tudo: material,
medicamento, toda a infra-estrutura de pessoal; disponibiliza todo um
conhecimento desses detalhes e do que a parte médica assistencial, a
atividade fim do hospital, necessita. A GI possibilita estruturar o conhecimento
do hospital.
E01a
.
Entretanto, pensam a G.I. indissociável ao processo de informatização:
[...] está ligado simbiosamente a tecnologia da informação.
E02b
;
[..] é o sistema de informação [...].
E11c
;
Muito importante porque quando era só papel, tudo era mais difícil prá gente e
hoje, até se quiser mandar uma CI (
comunicação interna
), vai ao sistema e
emite a CI e manda pelo sistema.
E09c
;
Sem ela agente não é nada. Agente não consegue pensar mais sem a
informatização, é tudo [...]
E23g
;
GI é utilizar o recurso informatizado do dado para direcionar a sua tomada de
decisão.
E26h
;
[...] a informatização dos indicadores, que anteriormente era feita manual, no
papel, o cálculo a fazer.
E29g
;
Percebe-se que não há uma visão ecológica da G.I., conforme o enfoque
dado por McGee e Prusak (1994), Davenport (1998) . Não visualizam o
ambiente informacional nas três dimensões propostas por Davenport, isto é, da
equipe, do organizacional e externo.
Foram poucos respondentes que associam a esse processo à aquisição
de informações estratégicas, isto é, as informações externas e que possibilitam
configurar as forças competitivas de Porter (1991). Nota-se ainda, que a
maioria dos sujeitos associa este processo às informações assistenciais e
epidemiológicas, descarta às administrativas o que compromete toda a
concepção da cadeia de valor. Essa cadeia delineia-se a partir das informações
estratégicas e das gerenciais.
146
Os resultados apontam a compreensão da G.I. como processo apenas
para usar a informação na tomada de decisão (Quadro 9). Quanto ao uso desta
para criar significados e construir conhecimento (CHOO, 2003), ao que parece
se distancia da fala dos sujeitos.
Quadro 9: Núcleo de Sentido 2 – Significado da G.I.
HOSPITAL ADMINISTRATIVO ARQUIVO
ASSISTÊNCIA
INFORMÁTICA
A
FERRAMENTA DE
ADMINISTRAÇÃO.
FINALIDADE DE
TRANSFORMAR DADOS EM
INFORMAÇÃO.
MODELO DE GESTÃO A
TRATAR A INFORMAÇÃO
PARA FINS DE USO.
IMPORTANTE. PROCESSO DE COLETA DA
INFORMAÇÃO, ORIGEM NO PACIENTE.
TRATA E TRANSFORMA O DADO E
INFORMAÇÃO EM CONHECIMENTO
PARA MELHORAR A ASSISTÊNCIA.
HOSPITAIS GERAM DADOS E
INFORMAÇÕES DE NATUREZA
DIVERSA E NUMEROSA A PARTIR DE
UMA ÚNICA FONTE (O PACIENTE).
PROCESSO QUE SUPRI
NECESSIDADES INFORMACIONAIS
DIFERENCIADAS DE SUJEITOS PARA
MELHORAR E MANTER AS AÇÕES DE
ASSISTÊNCIA EM SAÚDE.
B
DAR QUALIDADE À
INFORMAÇÃO COM VISTAS
AO CLIENTE EXTERNO.
REPRESENTA A
SIMBIOSE ENTE AS TI’S E
OS PROCESSOS DE
ARMAZENAR E
DISSEMINAR A
INFORMAÇÃO.
O SERVIÇO DE ARQUIVO
FAZ PARTE DA GI.
AGILIZA E SISTEMATIZA TODO UM
PROCESSO A ADQUIRIR E TRATAR A
INFORMAÇÃO, PARA O USO EFETIVO,
COM VISTAS À TOMADA DE DECISÃO.
REDES E SISTEMAS DE INFORMAÇÃO
AUTOMATIZADOS COM O APOIO
HUMANO DOS TÉCNICOS DE
INFORMÁTICA.
C
SISTEMA DE INFORMAÇÃO.
INFORMATIZAÇÃO.
PROCESSO DE COLETA E
TRATAMENTO DE DADOS E
INFORMAÇÕES COM VISTAS A
GERAR RESULTADOS
(CONHECIMENTO E INDICADORES),
COM A FINALIDADE DE DAR
SUSTENTABILIDADE AO HOMEM E A
ORGANIZAÇÃO NO QUAL ELE ES
INSERIDO.
TUDO. PROCESSO DE
INFORMATIZAÇÃO.
D
INFORMAÇÃO COMO
INSUMO PARA
ADMINISTRAR ALIADA A
INFORMÁTICA.
ASSOCIA AO
TRATAMENTO DA
INFORMAÇÃO COM FINS
DE SER
COMPARTILHADA,
QUANDO POSSÍVEL.
SISTEMATIZAÇÃO DAS FUNÇÕES,
NORMAS, ROTINAS, PROTOCOLOS.
PROCESSO PARA VIABILIZAR A
EFETIVIDADE DA INFORMAÇÃO
PROCESSO QUE POSSIBILITA
MESCLAR A FUNÇÃO ASSISTENCIAL
CURATIVA, PREVENTIVA E
EDUCATIVA. FOMENTA A INTERAÇÃO
DO HOSPITAL COM A COMUNIDADE.
E
IMPORTANTE OTIMIZAR OS
PROCESSOS DE ACESSO
E DISSEMINAÇÃO DE
DADOS E INFORMAÇÃO,
NA PERSPECTIVA DO
TRABALHO EM REDE.
PROCESSO DE DISSEMINAÇÃO E
TRANSPARÊNCIA DA INFORMAÇÃO
NUM CICLO ENTRE OPERACIONAL E
ESTRATÉGICO.
PRIMORDIAL.
F
MAXIMIZA E OTIMIZA
RECURSOS E REDUZ
CUSTOS.
PROCESSO DE COLETA,
TRATAMENTO, ARMAZENAMENTO,
DIFUSÃO E USO DE DADOS E
INFORMAÇÃO COM VISTAS A SUPRIR
NECESSIDADES INFORMACIONAIS
DOS SERVIÇOS E SUJEITOS.
G
INFORMATIZAÇÃO. INFORMATIZAÇÃO.
FACILITADOR DO
PROCESSO DE TOMADA
DE DECISÃO.
PROCESSO PARA OTIMIZAR O DADO
E A INFORMAÇÃO COMO UM
PRODUTO A SER DISPONIBILIZADO A
VÁRIOS SUJEITOS QUE CONFORMAM
O HOSPITAL. POSSIBILITA AOS
SUJEITOS, OBTER CONHECIMENTOS
PARA A CONSECUÇÃO DE SUAS
AÇÕES.
PROMOVE A SUSTENTABILIDADE DO
HOSPITAL FRENTE A
COMPETITIVIDADE DE MERCADO
ATUAL.
H
DADO INFORMATIZADO
QUE SUBSIDIA O
PROCESSO DE TOMADA DE
DECISÃO.
IMPRESCINDÍVEL PARA A
ADMINISTRAÇÃO; OS PROCESSOS
DE TRABALHO. COLETA,
TRATAMENTO, ARMAZENAMENTO E
USO DOS DADOS E INFORMAÇÕES
GERADOS A PARTIR DO
ATENDIMENTO DO PACIENTE, COM
VISTAS A GERAR INDICADORES E
CONHECIMENTO. TER COMO
SUPORTE UM SI.
PROCESSO DE PRODUÇÃO E ANÁLISE
DE DADOS E INFORMAÇÃO COM
VISTAS A ELUCIDAR CONHECIMENTO
SOBRE O HOSPITAL.
Fonte: elaborado por este autor a partir da coleta de dados, 2005
147
5.2.3 Núcleo de Sentido 3 – Necessidades Informacionais.
No que diz respeito à avaliação das necessidades informacionais dos
usuários (pacientes, profissionais, instituições e organizações) que lidam com o
hospital, vinte e um respondentes afirmam que . Contudo, quando
comentam, deixam claro que não sabem o seu significado. Associam ao
processo de informatização.
Apenas dois dos sujeitos a coloca como um procedimento para otimizar
a implantação do PEP e efetivar o SIH. O que parece apontar o entendimento
para a promoção do ciclo de coleta, tratamento, armazenamento, distribuição e
uso de informações (DAVENPORT, 1998) (CHOO, 2003).
No entanto, muitos associam a outro tipo de necessidade organizacional
e não informacional, conforme relatos abaixo e quadro 10:
[...] temos um opinário aqui. De uma forma geral da própria assistência,
da higienização, do atendimento, o paciente, os grupos externos,
acompanhantes, os fornecedores. Eles têm essa condição de nos dizer de
como é que anda os nossos serviços de uma forma geral.
E13b
;
[...] agente não tem de forma informatizada ainda, mas temos uns
boletins que já classificam a assistência, no qual é feita essa pesquisa de
informões, de forma empírica entre, quer dizer, no caso de enfermagem
com as coordenadoras e o pessoal de enfermagem. Mensalmente fazemos
uma avaliação dos serviços, pontuando se as metas foram alcançadas ou
não.
E20e
;
[...] Sim, estamos passando exatamente por esse processo, trocando o
software
corporativo, saindo do [Y], que abrange apenas a parte
administrativa financeira e o nosso [X], que foi desenvolvido por nós
especificamente. Estamos transformando esses dois
softwares
corporativos em um único, que é o [XY]. Pra tanto, todo o pessoal da área
de saúde e da área administrativa está participando do processo.
E22f
;
O tempo todo, o tempo todo. Com a acreditação hospitalar, mapeamos
todas as áreas, sentamos com os usuários e com a informática. O tempo
inteiro é definido o que tem que informatizar, o que é prioridade. Então por
exemplo: desenvolvi o sistema da padronização das rotinas, que agente
colocou informatizado, inclusive considerou como grau um porque vai
permear a organização como um todo, certo?
E23g.
A análise revela que os sujeitos não entendem o primeiro passo deste
processo, o que corrobora com a percepção da análise do núcleo de sentido 2,
148
isto é, a não compreensão da G.I. É perceptível que caso ocorra alguma
avaliação informacional, esta só se desenvolve apenas no ambiente interno e
para os seus profissionais. Um dos respondentes deixa claro que isto é uma
questão estratégica, e se não ocorre é por vontade própria dos sujeitos que
ocupam essa posição:
[...] Às vezes a necessidade premente nem o administrador que es
naquele momento se toca, não tem interesse, o cara tem outro interesse,
se aproveita da falta de sistematização. O Tribunal de Contas vem, mas se
passam três ou mais anos.
E14d
.
Quadro 10: Núcleo de Sentido 3 – Fase Inicial da G.I. – Necessidades Informacionais
HOSPITAL ADMINISTRATIVO ARQUIVO ASSISTÊNCIA INFORMÁTICA
A
DEMONSTRA O NÃO
ENTENDIMENTO SOBRE
NECESSIDADE
INFORMACIONAL.
RELATÓRIOS DE
CONTROLES, A
INDICADORES DE FLUXO
DE PACIENTES E A
NECESSIDADES
OPERACIONAIS DO
SERVIÇO.
DESCONHECE. ASSOCIA A AVALIAÇÃO À
DIFICULDADE DE INFORMATIZAR O
HOSPITAL.
ESCLARECE QUE SÓ TRABALHAM
NO ÂMBITO DOS PROFISSIONAIS.
B
DEMONSTRA O NÃO
ENTENDIMENTO SOBRE
NECESSIDADE
INFORMACIONAL.
VINCULA O
CADASTRAMENTO DOS
MÉDICOS A
NECESSIDADES
INFORMACIONAIS.
NÃO ESCLARECE. PARA IMPLANTAR O PEP, AVALIAM AS
NECESSIDADES INFORMACIONAIS DOS
PROFISSIONAIS.
C
SEM COMENTÁRIO
NÃO DEIXA CLARO O
ENTENDIMENTO DE
NECESSIDADES
INFORMACIONAIS.
NÃO ESCLARECE.
ASSOCIA AS INFORMAÇÕES
GERADAS NO SIH COMO FRUTO DE
UMA AVALIAÇÃO DE NECESSIDADES
INFORMACIONAIS.
D
DEMONSTRA O NÃO
ENTENDIMENTO SOBRE
NECESSIDADE
INFORMACIONAL.
ASSOCIA AVALIAÇÃO
INFORMACIONAL A UM
COMPROMISSO
ESTRATÉGICO
(DIRETORIA),
INFORMÁTICA E OS
DIVERSOS SETORES
ALIADOS AO RH. NÃO
DEIXA CLARO O
ENTENDIMENTO DE
NECESSIDADES
INFORMACIONAIS.
DIZ QUE HÁ. PORÉM SEM SER
SISTEMATIZADO. NÃO ESCLARECE.
ASSOCIA A ESTA AVALIAÇÃO A FALTA
DE INTERESSE DOS SUJEITOS QUE
ESTÃO NO NÍVEL ESTRATÉGICO.
E
SEM COMENTÁRIO.
ACREDITA QUE
ATENDIDA AS
NECESSIDADES
PRÓPRIAS, SERÁ
ATENDIDA A
NECESSIDADE DOS
DEMAIS. NÃO DEIXA
CLARO O ENTENDIMENTO
DE NECESSIDADES
INFORMACIONAIS.
ASSOCIA NECESSIDADES
INFORMACIONAIS ÀS METAS DE
ASSISTÊNCIA REALIZADAS.
SEM COMENTÁRIO.
F
NÃO DEIXA CLARO O
ENTENDIMENTO DE
NECESSIDADES
INFORMACIONAIS.
INFORMATIZÃO.
SEM COMENTÁRIO.
G
PROCESSO DE
INFORMATIZAÇÃO.
SEM COMENTÁRIO. SEM COMENTÁRIO. SEM COMENTÁRIO.
H
SEM COMENTÁRIO.
SEM COMENTÁRIO. HÁ A AVALIAÇÃO SÓ INTERNA, AS DE
PROFISSIONAIS E DE GESTORES.
ASSOCIA ESTE PROCEDIMENTO A
INFORMATIZAÇÃO E NÃO AO
PROCESSO DE GI.
Fonte: elaborado por este autor a partir da coleta de dados, 2005
149
5.2.4 Núcleo de Sentido 4 – Coleta, Tratamento, Armazenamento, Uso e
Descarte.
Com relação as demais etapas da G.I., questionou-se aos respondentes
onde estaria o maior entrave, se na coleta, no tratamento, no armazenamento,
no uso ou no descarte. Os sujeitos sinalizam que o maior entrave está na
coleta de dados e informação e, por conseguinte no uso destes. Em grau de
entrave, o tratamento e o armazenamento equiparam-se, e quanto ao descarte
de dados e informação, praticamente é impossível proceder na área de saúde
(Gráfico 06).
Gráfico 06: Grau de Entrave nas Etapas da Gestão da Informação no Hospital.
(5 para o maior entrave até 1 para o menor entrave)
Fonte: elaborado por este autor a partir da coleta de dados, 2005.
Infere que a G.I. promove o conhecimento, para tanto é pertinente uma
visão de processo, o qual é designado como conjunto estruturado de atividades
(avaliação das necessidades, coleta, organização, armazenamento, uso e
descarte) a tratar dados e informação e que a ação do cérebro humano é peça
chave em todo este processo. Para tanto, o foco deste núcleo de sentido é
perceber a visão dos entrevistados sobre o processo sistêmico e cíclico da G.I.
Percebe-se então em uma das falas:
O maior entrave está na mudança de conceito administrativo e na visão
de que todos os setores têm que trabalhar interagindo, têm que ter o
sentido de equipe, falta muito ainda aos setores, o senso de que os
ENTRAVES NA GI
17
9
9
10
5
Coleta
Tratamento
Armaz.
Uso
Descarte
150
trabalhos deles refletem no todo...Chega ao ponto em que se pergunta
quantas crianças de uma determinada região foram atendidas com
determinada patologia e o hospital hoje não responde. Mas pra que isso
ocorra, o SAME (Serviço de Arquivo Médico e Estatística) que é
responsável pela recepção do paciente, a enfermagem que é responsável
pela alocação do paciente em determinado leito de acordo com a patologia
e o setor da informática, todos precisam trabalhar juntos... Os gestores
setoriais ficam enclausurados, um não conversa com o outro...
Mudar de
um modelo pra outro dá muito trabalho porque trabalhar a resistência de
hábito, a mudança de hábito é um trabalho muito grande.
E14d
.
Uma das características principais da sociedade informacional é a lógica
de sua morfologia em redes, isto é, o homem interagindo com o (s) outro (s)
homem (ns) por meio de qualquer artefato tecnológico (CASTELLS, 1999). Os
resultados que aparecem nesta pesquisa são os trabalhadores hospitalares
agindo em estruturas rígidas e verticais. Há a premência em métodos de
trabalhos, os quais exigem mudança e uso de mentalidade do que a mudança
e uso de máquinas ou computadores.
Tudo indica, ainda, a influência da
práxis
fordista na dinâmica da gestão
hospitalar. Para Castells, o obstáculo maior na adaptação da organização
vertical às exigências de flexibilidade da economia global é a rigidez das
culturas corporativas tradicionais. O que corrobora com o pensamento de
Moraes (2002, p.74), quando preconiza que o desafio da gestão das
informações em saúde será trabalhar um centro de saúde, um hospital, uma
secretaria municipal, como possibilidades criativas de mudanças, seja em
termos da produção de novos saberes, sejam novas relações de poder num
mundo globalizado.
A emergência para um comportamento adaptativo (CHOO, 2003) é
condição humana e não da máquina. Essa premissa promove o uso efetivo da
informação, considerando que o hospital seleciona e executa ações visando a
sua missão e que é condicionada às condições do ambiente. A adaptabilidade
151
e a visão holística (CAPRA, 2003) são condições
sine qua non
para o sucesso
da G.I.. Nesse sentido, no momento essas condições representam uma
limitação no âmbito dos hospitais, quando os respondentes priorizam o
processo de informatização ao da informação (Quadro 11).
Quadro 11: Núcleo de Sentido 4 - Coleta, Tratamento, Armazenamento, Uso e Descarte
HOSPITAL ADMINISTRATIVO ARQUIVO ASSISTÊNCIA INFORMÁTICA
A
SEM COMENTÁRIO. NÃO SABE AS ETAPAS DA
GI.
SEM COMENTÁRIO. COLETA COMO A BASE DE TODO O
PROCESSO, COM VISTAS AO USO.
B
INFORMAÇÃO SEM
TRATAMENTO, NÃO HÁ
USO.
NÃO SABE O
SIGNIFICADO E,
CONSEQÜENTEMENTE,
DAS ETAPAS DA GI.
O MAIOR ENTRAVE É NÃO HAVER UM
SISTEMA INTEGRADO QUE
DISPONIBILIZE OS DADOS E
INFORMAÇÕES AO USUÁRIO
INSTANTANEAMENTE.
É CENTRALIZADO NO CPD, QUE FAZ
COM QUE O TRATAMENTO SEJA O
MAIOR ENTRAVE.
ASSOCIA MINIMIZAR O ENTRAVE DO
USO DE DADOS E INFORMAÇÃO A
APLICAÇÃO DO B.I. O USO DEPENDE
DA COLETA, DO TRATAMENTO E DO
ARMAZENAMENTO. E CONDICIONA O
PROCESSO DE GI A INFORMATIZAÇÃO.
C
DIFICULDADE DE
PROCEDER AO DESCARTE
O ARMAZENAMENTO DE
DADOS E INFORMAÇÕES
EM SAÚDE, NO
GERAL É MAL FEITO .
AFIRMA PROBLEMAS NA
COLETA, MAS
CLASSIFICA COMO MAIOR
ENTRAVE O
ARMAZENAMENTO E O
USO. NÃO HÁ COMO
DESCARTAR DADOS E
INFORMAÇÕES EM
SAÚDE.
SEM COMENTÁRIO. ASSOCIA AS ETAPAS E A DIFICULDADE
DE UMA GI À CONDIÇÃO HUMANA.
D
NÃO ASSOCIA QUE CADA
FASE TEM SUAS
LIMITAÇÕES E
CARACTERÍSTICAS.
A COMUNICAÇÃO É
PREPONDERANTE NA
FASE DA COLETA. SE
NÃO HÁ DESCARTE,
GERA OCUPAÇÃO DE
ESPAÇO FÍSICO E
NÚMERO MAIOR DE
PROFISSIONAIS.
O MAIOR ENTRAVE ESTÁ NA COLETA
E, CONSEQÜENTEMENTE, POR NÃO
HAVER UM SISTEMA INTEGRADO, EM
REDE. ALÉM DE DIFICULTAR O
TRATAMENTO, ALIADO A NÃO
EXISTÊNCIA DE FUNCIONÁRIOS PARA
ALIMENTAR O SISTEMA.
ENTRAVE CONSIDERADO É O
PARADIGMA DE GESTÃO. NÃO SE
TRABALHA COM A VISÃO SISTÊMICA E
SIM, APENAS, COM A
ORGANIZACIONAL, VERTICALIZADO.
CHAMA ATENÇÃO PARA A
IMPORTÂNCIA DA PADRONIZAÇÃO
NESTE PROCESSO.
E
ASSOCIA O PROCESSO DE
GI A INFORMATIZAÇÃO.
ASSOCIA A QUESTÃO AO
ARQUIVO E DIZ QUE O
MAIOR ENTRAVE É O
ARMAZENAMENTO.
PERCEBE-SE O
DESCONHECIMENTO DOS
PROCESSOS.
CONSIDERA TODAS AS ETAPAS COM
ENTRAVES MÁXIMOS.
A COLETA É O MAIOR ENTRAVE.
F
NÃO ASSOCIA AS
LIMITAÇÕES E
CARACTERÍSTICAS DE
CADA FASE.
NA PERSPECTIVA DO NOVO SI O
ENTRAVE TENDE A NÃO EXISTIR. NÃO
CONSIDERA A CONDIÇÃO HUMANA NA
GI.
G
ASSOCIA A GI A
INFORMÁTICA. ESCLARECE
QUE PARA UMA MELHOR
EFETIVIDADE DO USO DOS
DADOS E INFORMAÇÕES É
NECESSÁRIO UM
TRABALHO CORPO A
CORPO COM A EQUIPE.
SEM COMENTÁRIO. SEM COMENTÁRIO. SEM COMENTÁRIO.
H
COLETA, TRATAMENTO E
USO DE DADOS E
INFORMAÇÃO SÃO OS
MAIORES ENTRAVES NO
HOSPITAL.
É O SER HUMANO.
RESUME O TRATAMENTO DOS DADOS
A UMA ÚNICA PESSOA. O ENTRAVE
MAIOR ESTÁ NO USO.
Fonte: elaborado por este autor a partir da coleta de dados, 2005
5.2.5 Núcleo de Sentido 5 – Disseminação da Informação Interna
O foco da análise deste núcleo é perceber se os hospitais internamente
concebem a morfologia do paradigma atual, a de rede. Posto que, uma das
152
propriedades de uma rede é se estender em todas as direções, o que configura
um padrão de relação não linear.
A mensagem, por exemplo em uma rede, viaja ao longo de um caminho
cíclico e passa por conexões variadas. Essas conexões podem ser entendidas
por “nós”, os quais caracterizam o padrão de rede e causa o fenômeno de
realimentação, retroalimentação ou
feedback
(CASTELLS, 1999) (CAPRA,
2003).
Esta propriedade possibilita ao hospital organizar seu fluxo de
informação de forma transversal. Por exemplo, parafraseando Nicz e Karman
(1995, p.220), o agendamento de consultas ambulatoriais ou de visitas aos
leitos dos enfermos internados junto aos serviços médicos-técnicos (radiologia,
endoscopias, consultas especializadas, etc) objetiva suprimir filas, dispor de
resultados no momento oportuno o que permite tratar dos casos urgentes
quando se apresentam. Para alcançar esta ação, o fluxo da informação deve
existir em tempo real.
Nesta pesquisa os sujeitos se posicionam dizendo que há estratégia
interna de disseminação da informação entre as equipes administrativa e
assistencial, apesar de apenas quatro hospitais trabalharem na direção de um
Sistema de Informação Hospitalar (SIH), e apenas um sujeito colocar o PEP
como aglutinador de dados e informações a serem disseminados (Quadro 12).
Para tanto, transcrevemos alguns trechos das entrevistas:
Intranet e Jornal Interno e criamos a própria ouvidoria, que pode ser
externa e interna.
E13b
;
A estratégia é o trabalho no dia a dia, corpo a corpo. Temos um
encontro mensalmente com todos os gestores do hospital, participação
obrigatória, onde se apresenta tudo que esta sendo desenvolvido,
independente da sua área. E
23g
153
Implantamos um sistema onde o gerenciamento é eletrônico do dado,
desde a entrada até a saída do paciente, por meio de indicadores
específicos de gestão.
E08c
;
Inclusive porque as pessoas não valorizam a informação ainda, vejo
que acham perda de tempo a informação, o trocar de idéias, o conversar...
Temos um prejuízo financeiro porque as pessoas não se comunicam [....]
as pessoas ainda acreditam que guardando a informação elas têm o
poder..... Não fico sozinha fazendo, passo para o outro e o outro passa a
minha informação, vira uma rede de informão, acho importante aqui no
hospital. Na verdade não digo aqui no hospital, digo no Estado, não existe
essa cultura nos hospitais, nas organizações do Estado, é como se nós
guardássemos as informações sem disseminá-las.
E15d
.
Quadro 12: Núcleo de Sentido 5 – Disseminação da Informação Interna
HOSPITAL ADMINISTRATIVO ARQUIVO ASSISTÊNCIA INFORMÁTICA
A
SEM COMENTÁRIO. NÃO RESPONDE. SEM COMENTÁRIO. ASSOCIA DISSEMINAÇÃO DE
INFORMAÇÃO A TREINAMENTO.
B
NÃO HÁ UM SISTEMA. HÁ O
USO DE
INTRANET, JORNAL
INTERNO E UMA
OUVIDORIA.
PAPEL E E-MAIL’S. POR MEIO DE UM SISTEMA
INFORMATIZADO E CORREIO
ELETRÔNICO INTERNO.
SIH COM BASE NO PEP.
C
NÃO DIZ COMO. PAPEL E CONVERSA. SIH E CURSOS DE CAPACITAÇÃO. HÁ O SIH E AS TECNOLOGIAS COMO
ESTRATÉGIA DE DISSEMINAÇÃO DA
INFORMAÇÃO.
D
NÃO HÁ UM SISTEMA. HÁ
REUNIÕES PRESENCIAIS,
MURAIS E JORNAIS.
PAPEL. NÃO HÁ. O QUE FAZ COM QUE O
HOSPITAL FIQUE PARA TRÁS E,
CONSEQÜENTEMENTE, O ESTADO.
SEM COMENTÁRIO.
E
NÃO HÁ UM SISTEMA. HÁ
REUNIÕES E
COMUNICAÇÕES VIA
PAPEL.
PAPEL. SIM. DISCUSSÕES. SEM COMENTÁRIO.
F
AQUI HÁ UM SISTEMA,
TENDO NO PEP UM
ELEMENTO AGLUTINADOR
DE DADOS E
INFORMAÇÕES A SEREM
DISSEMINADOS.
SEM COMENTÁRIO.
G
REUNIÕES E TRABALHO
CORPO A CORPO. HÁ UM
SISTEMA, ENTRETANTO
NÃO OTIMIZADO PARA
DISSEMINAR A
INFORMAÇÃO ENTRE AS
ÁREAS.
SEM COMENTÁRIO. HÁ UM SIH E UM SISTEMA MANUAL
COMO PLANO DE CONTINGÊNCIA,
QUANDO HÁ UMA PANE NO SISTEMA
COMPUTADORIZADO
SIH.
H
REUNIÕES E UM MURAL.
NÃO HÁ UM SISTEMA DE
INFORMAÇÃO.
DISSEMINAÇÃO POR MEIO DE MURAIS
E REUNIÕES CONSTANTES.
A ESTRATÉGIA É O TREINAMENTO,
CAPACITAÇÃO, PAINÉIS,
BOOK
DAS
ESTATÍSTICAS E CORREIO
ELETRÔNICO. NÃO SINALIZA O SIH
COMO DISSEMINADOR DE
INFORMAÇÕES E INTEGRANDO AS
ÁREAS.
Fonte: elaborado por este autor a partir da coleta de dados, 2005
Observa-se que a partir das respostas e do quadro acima, a prática da
troca e disseminação da informação quando ocorre internamente na maioria
destes, é por meio de tecnologias rudes e obsoletas. Parece que há uma
carência no uso de tecnologias automatizadas, o que indica que a tarefa de
localizar e identificar o paciente hospitalizado ou ambulatorial de maneira clara
154
e certa e indicar sua posição na estrutura em tempo real, ainda, é uma tarefa
árdua.
5.3 CATEGORIA II - INTEGRAÇÃO DE SISTEMAS
Nesta seção é analisada a segunda categoria temática desta pesquisa,
que compreende seis núcleos de sentidos (os de números seis ao onze)
(Quadro 13).
Quadro 13: Categoria e Núcleos de Sentidos – Integração de Sistemas
CATEGORIA II INTEGRAÇÃO DE SISTEMAS
Núcleo de Sentido 6 Padrão da informação
Núcleo de Sentido 7
Beneficiários com a Padronização
Núcleo de Sentido 8
PEP
Núcleo de Sentido 9
SIH
Núcleo de Sentido 10
Interoperabilidade
Núcleo de Sentido 11
Telemática
Fonte: elaborado por este autor a partir da Análise de Conteúdo de Bardin, 2005.
O interesse é compreender o que os sujeitos desta pesquisa pensam a
respeito da padronização da informação. Por conseguinte, tenta-se descrever
os Sistemas de Informação Hospitalar (SIH) desta amostra de hospitais
investigados e a relação destes (SIH) com os Sistemas de Informação em
Saúde (SIS).
Para tanto, os núcleos de sentidos pertinentes a essa categoria
compreendem:
a) O entendimento dos sujeitos a respeito da padronização da
representação da informação no formato eletrônico (Padrão da
Informação);
b) Procura-se ainda, entender, na opinião dos respondentes,
quem mais se beneficiará com a padronização da informação e se há
155
a correlação da padronização na formação e manutenção da
tipologia em rede (Beneficiários com a Padronização);
c) Verifica-se o uso do PEP, além de tentar extrair desses
sujeitos o entendimento do PEP como uma Unidade de Transferência
e Criação de Conhecimento (UTCC), isto é, associado a uma
Unidade de Transferência de Conhecimento (UTC) e a um banco de
dados (PEP);
d) O tipo de Sistema de Informação Hospitalar adotado por
essa amostra de hospitais (SIH);
e) Como são articulados os dados e informações entre
esses hospitais e o DATASUS (Departamento de Informática do
SUS) (Interoperabilidade).
f) Qual a capacidade de
hardwares
,
softwares
e
telecomunicações nesses hospitais (Telemática).
5.3.1 Núcleo de Sentido 6 – Padrão da Informação.
O foco deste núcleo de sentido é compreender a opinião dos sujeitos a
respeito da padronização da representação da informação em saúde no
formato eletrônico.
Conforme o quadro conceitual desta pesquisa, a adoção de padrões
reflete benefícios diretos a toda a cadeia de sujeitos que trabalham em saúde.
A padronização da informação viabiliza a troca de dados e de textos livres,
otimizando assim, os processos de assistência e administrativo. Para tanto, se
torna imprescindível adotar padrões de vocabulário, de comunicação, de
segurança, de conteúdo e estrutura (LEÃO, 2000; 2003).
156
A análise dos resultados revela que dos vinte e nove sujeitos, apenas
três não se manifestaram a respeito. No geral, acreditam que a padronização
fomenta o intercâmbio de dados e informações e possibilita integrar os setores
internos e as instituições que trabalham em saúde. Suscita a consistência, a
fidedignidade, a qualidade, a segurança e a transparência dos dados e
informações geradas (Quadro 14).
Quadro 14: Núcleo de Sentido 6 – Padrão da Informação
HOSPITAL
ADMINISTRATIVO ARQUIVO ASSISTÊNCIA INFORMÁTICA
A
INTERCAMBIAR DADOS E
INFORMAÇÕES, FAVORECE
OS INDICADORES.
IMPORTANTE PARA A
CONDIÇÃO SISTÊMICA,
EM REDES.
DE GRANDE VALIA. UM CAOS. SEM COMENTÁRIOS.
B
FUNDAMENTAL POIS
PROPICIA A VISÃO
SISTÊMICA.
PEP. CRITÉRIOS PARA
UNIVERSALIZAR A
INFORMAÇÃO, O QUE
GERA OTIMIZAÇÃO DOS
PROCESSOS DE
PRODUÇÃO.
FAVORÁVEL DESDE QUE ATENDA
AOS CRITÉRIOS DE INTEGRALIDADE,
SIGILO E SEGURANÇA.
PRATICAMENTE INEXISTENTE. ALERTA
QUE É NECESSÁRIO A
CONSCIENTIZAÇÃO E APLICAÇÃO A
TODOS QUE CONFORMAM O SETOR
SAÚDE. FAZ UMA ANALOGIA AOS
BANCOS.
C
AVANÇO DESDE QUE
AQUELES QUE ALIMENTEM
O SISTEMA TENHAM UMA
EDUCAÇÃO CONTINUADA.
IMPORTANTE PARA A
REDUÇÃO DO VOLUME
DE PAPÉIS PRODUZIDOS.
ALERTA PARA A
SEGURANÇA E O FUTURO
DOS DOCUMENTOS EM
PAPEL.
ASSOCIA À QUALIDADE DOS DADOS E
INFORMAÇÕES.
ACHA IMPORTANTE, MAS VER UMA
SÉRIE DE ENTRAVES NA AGILIZAÇÃO,
INCLUSIVE À CONVENIÊNCIA POR
PARTE DE ALGUNS SUJEITOS,
CULTURA E COMPORTAMENTO DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
D
NECESSÁRIO. IDEAL DESDE QUE A
PADRONIZAÇÃO
SEGUISSE AS
NECESSIDADES DE CADA
SERVIÇO E SUAS
DIMENSÕES.
IMPORTANTE DESDE QUE SEJA
CAPACITADO O PROFISSIONAL E QUE
HAJA UM SISTEMA DE INFORMAÇÃO
EM REDE.
VER COMO UMA NECESSIDADE PARA
AGILIZAR O PROCESSO DE
RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO,
DESDE QUE HAJA O ENTENDIMENTO
DE QUE CADA HOSPITAL TENHA UMA
CULTURA. O DESAFIO É PADRONIZAR
CULTURAS DIVERSAS.
E
IMPORTANTE PARA A
INTEGRAÇÃO DOS
SETORES.
DINAMIZA O PROCESSO
DE ENTENDIMENTO E
AUMENTA A
FIDEDIGNIDADE DAS
INFORMAÇÕES.
EVASIVA A RESPOSTA. ACHA IMPORTANTE, MAS NÃO
ESFORÇOS PARA AGILIZAR O
PROCESSO. ALERTA PARA AS
DIFERENÇAS ENTRE AS ESFERAS
GOVERNAMENTAIS
F
PROMOVE A QUALIDADE E
DISSEMINAÇÃO DOS
DADOS E INFORMAÇÃO.
SUSCITA MUDANÇA DE
COMPORTAMENTO.
FUNDAMENTAL PARA A AGILIZAÇÃO
NA DISSEMINAÇÃO DA INFORMAÇÃO
ENTRE AQUELES SUJEITOS DE SAÚDE.
OTIMIZA A INTEROPERABILIDADE,
MAS, QUESTÕES LEGAIS DIFICULTAM
O PROCESSO.
G
FUNDAMENTAL PARA A
DINÂMICA E INTERAÇÃO
DAS ÁREAS. FOMENTA E
CONTRIBUI A GESTÃO DOS
SERVIÇOS.
IMPORTANTE POR
POSSIBILITAR A
DISSEMINAÇÃO DA
INFORMAÇÃO.
PADRONIZAÇÃO ASSOCIADA A
SISTEMA DE INFORMAÇÃO PROMOVE
A TRANSPARÊNCIA, FIDEDIGNIDADE E
VELOCIDADE DAS INFORMAÇÕES EM
SAÚDE.
AGILIZA O PROCESSO DE BUSCA DA
INFORMAÇÃO.
H
POSSIBILITA UM
ENTENDIMENTO DE TODAS
AS PARTES E FAVORECE O
INTERCÂMBIO.
DÁ CONSISTÊNCIA AOS
DADOS.
FUNDAMENTAL POIS POSSIBILITA UM
ACOMPANHAMENTO EM REDE DESDE
A ENTRADA ATÉ A SAÍDA DO
PACIENTE NO HOSPITAL. HÁ UMA
RESISTÊNCIA POR PARTE DA EQUIPE
MÉDICA EM ACELERAR O PROCESSO
DE INFORMATIZAÇÃO DOS DADOS E
INFORMAÇÕES ASSISTENCIAIS. DÁ A
DICA QUE É IMPORTANTE UM
TRABALHO EM EQUIPE PARA DEFINIR
OS DADOS E INFORMAÇÕES A SEREM
PADRONIZADOS, VIABILIZANDO
ASSIM A CONSTRUÇÃO DE
INDICADORES. SÓ TRABALHAM NO
ÂMBITO DA INTERNAÇÃO, FALTA A
AMBULATORIAL.
ALERTA QUE PARA UM SISTEMA DE
INFORMAÇÃO FUNCIONAR É
NECESSÁRIO A PADRONIZAÇÃO DA
INFORMAÇÃO. TRABALHAM NA
PERSPECTIVA INTERNA, DE SUPRIR AS
NECESSIDADES INFORMACIONAIS
INTERNAS, NÃO ATENTAM PRA
INTEROPERABILIDADE EXTERNA.
PENSA NA PERSPECTIVA DE PEP NO
CONTEXTO INTERNO.
Fonte: elaborado por este autor a partir da coleta de dados, 2005
157
O desafio maior é padronizar culturas diversas e conscientizar as
esferas de governo, bem como os profissionais médicos, além de questões
legais e a falta de capacitação dos profissionais deste segmento em interagir
com as ferramentas de Tecnologias de Informação (TI), o que dificulta o
processo.
Para os sujeitos, conforme transcrito abaixo, há um comportamento e
uma cultura resistente a utilizar o mecanismo da padronização da informação.
Apenas um sujeito sinaliza o PEP como um instrumento a convergir e
universalizar os dados e informações geradas nos serviços de saúde,
otimizando assim, a gestão neste setor.
Acho extremamente relevante, pois oportuniza o intercâmbio da
informão, de falarmos a mesma linguagem, utilizar a mesma
terminologia, a facilidade de obter estatísticas comparativas mais seguras.
São as vantagens que me ocorrem de imediatas.
E05a
;
Acho um avanço. Agora falar em padronizar é complicado, porque
depende do entendimento de quem vai alimentar o sistema. Humanos
alimentando sem o entendimento correto geram problemas.
E11c
;
Ultimamente o hospital está investindo muito sobre essa parte,
chamada de PEP. O hospital contratou uma empresa, onde a padronização
significa a globalização da informação. Não seria esse o termo? Mas na
verdade a padronização significa critérios. O fato de que a padronização
evita prejuízo, o que evita prejuízo promove a economia.
E02b
;
Seria o ideal a padronização desde que de acordo com a necessidade
de cada unidade. Porque uma unidade hospitalar de urgência e
emergência, não poderia ter o mesmo padrão de um posto de saúde de
atendimento menor, com determinações em áreas menores. Padronizar
sim, mas de acordo com as necessidades informacionais de cada unidade.
E12d
;
A padronização é super importante. A mesma leitura que faço aqui, o
ambulatório faz, o internamento faz, o centro cirúrgico faz e facilita a vida
do paciente, produz inclusive, informações mais precisas.
E17e
;
Importante e necessária desde que haja a capacitação dos
profissionais. Normalmente o que se vê é que se implanta o sistema e que
não se capacita. Há a implantação, mas no final das contas às vezes não
funciona. Perde-se todo um trabalho, há custos de compra de
equipamentos e não usamos os computadores. Temos computadores no
hospital e não há rede. Os computadores são usados como datilografia,
pois não há outra opção, já que não tem rede aplicada ao sistema de
informão.
E15d
;
158
É de suma importância, não tem nem pra onde correr. Inclusive, se o
projeto que a Secretaria da Saúde, quando fala de SUS, de central de
regulação, saúde da família, funcionar realmente, vamos ter o melhor
plano de saúde. O projeto de informação no sistema de saúde é
maravilhoso. Mas até implantar com os recursos que têm, com a
velocidade de gestão que tem e com a tecnologia, é complicado, é difícil.
E10c
;
Nós temos hoje a obrigação de partir por esse caminho, não tem
alternativa, mesmo com as culturas diferentes dos hospitais, tem que haver
uma padronização, respeitando a cultura de cada unidade. A padronização
possibilita a busca rápida de informações, independente do local.
E14d
;
A padronização é fundamental, infelizmente é um processo ainda em
definição, é demorado, questões legais interferem para a efetivação dessas
instruções de padronização como um todo.
E21f
;
Pra implantar qualquer sistema de informação, tem que haver uma
informão padronizada, porque sem a padronização não consegue ao
final fazer um levantamento estatístico [....] Buscamos agora as normas do
MS em relação à padronização e ao PEP, principalmente.
E27h
.
5.3.2 Núcleo de Sentido 7 – Beneficiários com a Padronização
A adoção de padrões reflete nos seguintes benefícios diretos: melhoria
da comunicação entre prestadores da assistência, governo e pagadores;
habilidade de executar análise de custo e benefício de investimentos na área
da saúde; transferência automática da informação na rede de atenção, levando
a menor custo e a maior qualidade na assistência; possibilidade de
comparação e análise de desempenho organizacional (institucional) implicando
a otimização de recursos e o aumento da qualidade e maior facilidade na
obtenção de informação para estudos epidemiológicos, planejamento,
avaliação e definição de políticas em saúde (LEÃO, 2000).
Nesse sentido, o objetivo deste núcleo visa compreender dos
respondentes quem mais se beneficiariam com a padronização. Para eles os
maiores beneficiados com a padronização da informação serão os gestores,
depois os profissionais de assistência e pesquisadores, passando aos
pacientes, profissionais da administração e sociedade civil, governo e, por
último, os financiadores dos serviços (Gráfico 7) (Quadro 15).
159
Gráfico 7: Grau de Beneficio para os Sujeitos com a
padronização da informação no formato eletrônico
(5 para o mais beneficiado até 01 para o menos beneficiado)
Fonte: elaborado por este autor a partir da coleta de dados, 2005.
Pensando na condição da morfologia em redes, na qual a comunicação
horizontal é primazia, todos os sujeitos mencionados acima, em tese, se
beneficiariam com a padronização das informações em saúde. Principalmente,
quando é entendida a estrutura em rede como uma forma específica, cujo
sistema de meios é constituído pela intersecção de segmentos de sistemas
autônomos e objetivos.
Ao mesmo tempo em que são autônomos, são dependentes em relação
à rede, e ainda, podem ser parte de outras redes, o que compreende a ligação
a outros sistemas de meios destinados a outros objetivos (CASTELLS, 1999).
Nessa lógica, a padronização da informação estaria contribuindo para esta
concepção, e beneficiando um conjunto de sujeitos, os quais podem estar
contextualizados em vários tipos de redes: redes de assistência em saúde,
redes de ensino, redes de governo, redes de ciência, dentre outros.
22
23
19
23
24
15
16
19
Pacientes
Prof. Assistencia
Prof. Adm.
Pesquisadores
Gestores
Financiadores
Governo
Sociedade
160
Quadro 15: Núcleo de Sentido 7 – Beneficiários com a Padronização
HOSPITAL ADMINISTRATIVO ARQUIVO ASSISTÊNCIA INFORMÁTICA
A
PACIENTES, APESAR DA
EXCLUSÃO, NÃO SÓ DIGITAL,
MAS INFORMACIONAL.
DESCONHECEM O SIGNIFICADO
DA INFORMAÇÃO.
O BENEFICIO SERÁ A
TODOS, POIS O
PROCESSO CONTA COM
A VELOCIDADE E
INTEGRAÇÃO DOS
DADOS E INFORMAÇÕES.
SEM COMENTÁRIO. VISÃO SISTÊMICA NO FLUXO DA
INFORMAÇÃO.
B
SEM COMENTÁRIO. SEM COMENTÁRIO. TODOS. SEM COMENTÁRIO. SEM COMENTÁRIO.
C
NADA OTIMISTA, ACREDITA
QUE O SISTEMA DE SAÚDE
TENHA SOLUÇÃO, QUANDO
FOR ENTENDIDO COMO ALGO
SEM PARTIDO. ASSIM, AS
INFORMAÇÕES PODEM SER
TRABALHAS E DISSEMINADAS
PARA EFETIVAR AÇÕES.
O PACIENTE. A
INFORMAÇÃO
ELETRÔNICA ALIVIARÁ A
FUNÇÃO DO ARQUIVO
FÍSICO.
ALERTA QUE OS PACIENTES NÃO
SABEM SE CONDUZIR NUMA
SITUAÇÃO DE SAÚDE.
DESTACA O PACIENTE E OS
PESQUISADORES.
D
SEM COMENTÁRIO. O PACIENTE. SEM COMENTÁRIO. CONCEBE QUE A PADRONIZAÇÃO
DA INFORMAÇÃO NO FORMATO
ELETRÔNICO PROMOVERÁ A
MUDANÇA DE CONDUTA DAS
AÇÕES, BENEFICIANDO A TODOS.
COM ALGUMAS RESSALVAS
POLÍTICAS E DE ORDEM
CAPITALISTA.
E
SEM COMENTÁRIO. SEM COMENTÁRIO. SEM COMENTÁRIO. TODOS SERÃO BENEFICIADOS.
F
TODOS SE BENEFICIARÃO. SEM COMENTÁRIO.
G
TODOS SERÃO BENEFICIADOS SEM COMENTÁRIO. SEM COMENTÁRIO. SEM COMENTÁRIO.
H
PACIENTES E SOCIEDADE
CIVIL.
É POSSÍVEL SOBREVIVER SEM A
INFORMATIZAÇÃO.
SEM COMENTÁRIO.
Fonte: elaborado por este autor a partir da coleta de dados, 2005.
5.3.3 Núcleo de Sentido 8 – PEP.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Prontuário Médico
(PM) ou Prontuário do Paciente (PP) é a ferramenta mais importante para
armazenamento de informações, recuperação e análise do atendimento
médico. É o repositório de todas as informações que dizem respeito à saúde do
paciente, doenças, riscos, diagnósticos, prognósticos, testes, exames,
condutas terapêuticas, seguimentos, etc. É também a principal fonte de
informação para a administração de serviços de saúde para assegurar a
qualidade, elaborar estatísticas de saúde, analisar a utilização de serviços e os
indicadores de saúde. Assim, tentativas de sistemas de suporte à saúde são
centradas e começam com o sistema de Prontuário. Embora o sistema seja
essencialmente o mesmo entre os diversos níveis de atendimento, o conteúdo
161
dos registros médicos, armazenados no computador, podem diferir a cada
nível. Várias razões são reconhecidas como sendo importantes para o uso de
Prontuários Eletrônicos (STUMPF, 1996, p.06).
Esse último aspecto é o que interessa, em particular, a este trabalho. Ele
parte do pressuposto que o PEP é como um produto de informação, com a
finalidade de subsidiar o planejamento da assistência e gestão hospitalar, por
conseguinte, uma fonte de transferência de informação para o Ministério da
Saúde (MS), conseqüentemente, para o SUS.
Ressalta-se que não foi encontrada nenhuma referência de estudo à
eficácia do PEP na gestão hospitalar, nem da sua eficiência como ferramenta
de gestão da informação na própria organização hospitalar. No entanto, este
pesquisador, destaca alguns trechos da conferência intitulada “Por que uma
infra-estrutura para sistemas de informação hospitalar é necessária para
manter a competitividade?”, tendo como conferência subordinada “Prontuário
Médico Eletrônico”:
[...] O tema a ser abordado é muito controverso. [...] o prontuário
médico, que todos conhecem (suporte papel)... Tem páginas difíceis
de ler, escritas a mão, rasuradas... Mas apesar de um documento de
difícil recuperação, existem algumas vantagens em sua forma atual:
seu manuseio é fácil, sem dúvida, ele é um volume na mão. A forma
com que eu escrevo é absolutamente livre, não é preciso alguém com
treinamento especial para manusear o prontuário. Teoricamente
todos os que escrevem devem ter um treinamento absolutamente
especializado. E ele não sai do ar, está sempre lá. Às vezes ele
desaparece isso é verdade, mas ele independe da energia elétrica.
[...] quando passo para o prontuário eletrônico, tenho uma serie de
vantagens. A primeira é que consigo recuperar a informação, o que,
no papel, é absolutamente impossível... Em um sistema, utilizando
um computador, posso ter uma forma de comunicação mais
adequada, através da voz, linguagem natural. Nestes sistemas,...,
posso trabalhar com padrões universalmente aceitos e vocabulários
ponte para troca de mensagens. Com ele poderei fazer estudos
multicêntricos, comparar resultados de fato entre uma instituição e
outra. Posso interagir sinais e imagens, acessarem simultaneamente
vários locais. E se não pudesse nada disso, poderia ler o prontuário,
porque muitas vezes não consigo lê-lo no papel. [...] prontuário
eletrônico melhora a assistência ao paciente, porque a qualidade da
informação melhora... (grifo nosso) (CLASS, 1997, p. 65-6).
162
No tangente à utilização do PEP na amostra dos hospitais pesquisados,
os resultados sinalizam, conforme trechos transcritos abaixo e o Quadro 16,
que apenas uma está implantando na perspectiva de interagir com o SIH. Há
outros três hospitais em fase inicial, sendo que dois destes trabalham apenas
com a prescrição eletrônica de medicamentos em unidades fechadas (UTI’s), e
outro, sinaliza que para implantar o PEP é imperioso quebrar a barreira da
equipe assistencial no uso do computador. No geral não associam o PEP ao
processo de G.I. e integração de sistemas, nem como um produto de
informação a subsidiar a gestão hospitalar.
Sei que há toda uma prioridade para implantar o PEP, mas ainda não
foi viabilizado. O eletrônico permite essa variedade de usuários fazendo
análise, utilizando o mesmo banco de dados e no manual não tem isso.
Tem que ficar o papel para lá, quando não está lá, aqui, e aí some, demora
de chegar. Com certeza é uma prioridade assim zero.
E05a.
Agente já implantou na UTI e alguns módulos no hospital, mas agente
mantém o dois, ainda, eletrônico e papel.
E23g.
Estamos pensando agora em implantar as prescrições eletrônicas, mas
o PEP não. A prescrição eletrônica por causa da dispensação de
medicamentos, porque as pessoas não conseguem entender a letra dos
médicos. A dificuldade vai ser pedir pro médico digitar a prescrição. Acho
que para implantar o PEP, a dificuldade é os médicos interagir com o
computador. Vai ter que dar treinamento para todos os médicos.
E26h.
Atualmente temos prescrições eletrônicas que estão sendo
implantadas nos andares. Mas, aonde temos mais informatização é na UTI,
lá há a evolução médica e prescrição já há algum tempo, além das
solicitações de exames, que são feitas via sistema. Na verdade não sei o
que mudaria em termos de SAME (Serviço de Arquivo Médico e
Estatística), o prontuário seria arquivado da mesma forma. Não deixaria de
ter esse prontuário, não deixaria de existir, o que mudaria seria a questão
da segurança, assim no que diz respeito na circulação do prontuário.
Nessa circulação eu posso perder uma folha e com o PEP, isso não
aconteceria. Acho que as definições não são claras quanto à redução do
papel, continuaríamos tendo que ter o prontuário impresso e arquivado.
Tudo que é gerado hoje via sistema é gerado no papel para ir pro
prontuário do paciente
. E29g.
Estamos orientando o pessoal de informática pra iniciarmos através da
prescrição médica, entendemos a importância do prontuário, mas
entendemos também a necessidade de romper uma serie de barreiras
culturais, particularmente com o profissional médico. E esse pontainicial
nós já demos, com as unidades intensivas, unidades fechadas, que temos
cinco. Quatro delas hoje já fazem a prescrição eletronicamente, mas ela
faz dentro do seu ambiente, ela é impressa lá mesmo, ela não esta ainda
163
on-line
na dispensação de medicamento, ela não esta integrada ainda com
o sistema
GGG
no global do hospital, essa é a fase.
E25h
.
Incipiente. Para vencer a barreira das pessoas na utilização do
computador, no próprio consultório para agente começar o PEP, é muito
difícil. A barreira é muito grande, quebrar com os médicos esse
comportamento. Quebrar o paradigma de estar escrevendo no papel e
depois escrever no computador é um trauma muito grande para eles.
E01a
.
A previsão é para o ano que vem, pois temos algumas prioridades
para este ano, como tecnologia. E o PEP não depende só da gente,
depende muito mais dos médicos. Temos que prepará-los.
E10c.
Nós temos informações acumuladas desde 1996 referentes a uma
parte de informações necessárias ao PEP, ao uso do sistema que
fazíamos. Hoje nós estamos mudando para um novo sistema pra uma
solução de PEP mais moderna e abrangente. Então estamos avaliando
ainda se há a possibilidade de migrar essas informões históricas pra
esse prontuário no novo formato, acho muito mais dinâmico, diria até, um
acesso pra consultas ao prontuário anterior e é a partir do primeiro de
janeiro que passaremos a usar esse sistema. Estamos fazendo estudos
pra compartilhar com as normas do Conselho Federal de Medicina no que
diz respeito ao PEP. Não podemos abandonar o papel, porque não uma
solução especificada, pois é necessária a certificação pra poder abandonar
esse suporte. E tem muito caminho ainda pela frente.
E21f.
Quadro 16: Núcleo de Sentido 8 – PEP
HOSPITAL ADMINISTRATIVO ARQUIVO ASSISTÊNCIA INFORMÁTICA
A
UMA PRIORIDADE EM
IMPLEMENTAR
NÃO HÁ. NÃO TEM. INCIPIENTE. NECESSITA QUEBRAR A
BARREIRA ASSISTENCIAL QUANTO AO
USO DO COMPUTADOR.
B
TESTE.
IMPLANTAÇÃO. BEM NO
INICIO.
HÁ A PRESCRIÇÃO ELETRÔNICA. O
PEP É PREVISTO PARA 2005.
NÃO HÁ.
C
DESCONHECE.
NÃO HÁ. NÃO HÁ. EM ESTUDOS PARA A
IMPLANTAÇÃO.
IMPLANTAÇÃO INICIAL. FASE DE
TREINAR A ÁREA ASSISTENCIAL NO
MENTAL.
D
INCIPIENTE.
NÃO HÁ. NÃO HÁ. NÃO HÁ.
E
DESCONHECE.
NÃO HÁ. NÃO HÁ. NÃO HÁ.
F
NA PERSPECTIVA DE
IMPLANTAÇÃO.
TRABALHAM DESDE DE 1996, MAS
ESTÃO MUDANDO PARA UMA
SOLUÇÃO DE SISTEMA, ONDE O PEP
TEM UMA MELHOR
PERFORMATIVIDADE.
G
IMPLANTADO NA UTI E EM
ALGUNS MÓDULOS DO
HOSPITAL.
IMPLANTAÇÃO NA
PERSPECTIVA DE
INTERAGIR COM O SIH.
ALERTA PARA O TEMPO
DE GUARDA DO
PRONTUÁRIO
IMPLEMENTADO NAS UTI’S E
UNIDADES CRITICAS. NA
INTERNAÇÃO E NO AMBULATÓRIO
NÃO.
HÁ A PRESCRIÇÃO E SOLICITAÇÃO
DE EXAMES ELETRONICAMENTE.
O PEP É VISTO COMO UM AGENTE
QUE DISSEMINA UM MESMO DADO E
INFORMAÇÃO A PROFISSIONAIS
DIFERENTES, DE MANEIRA QUE
ESSES POSSAM GERIR
EFETIVAMENTE AS SUAS AÇÕES.
PERMITE A INTEROPERABILIDADE
ENTRE AS DIVERSAS ÁREAS.
EM CONSTRUÇÃO E INTEGRADO AO
SIH.
H
IMPLANTANDO A
PRESCRIÇÃO ELETRÔNICA
PARA DEPOIS IMPLANTAR
O PEP.
HÁ A PRESCRIÇÃO ELETRÔNICA NAS
UNIDADES FECHADAS SEM SER
INTEGRADA. ANTES DA
IMPLANTAÇÃO DO PEP É
NECESSÁRIO QUEBRAR BARREIRAS
CULTURAIS DO MÉDICO.
IMPLANTANDO PRIMEIRAMENTE A
PRESCRIÇÃO ELETRÔNICA PARA
DEPOIS O PEP. HÁ DÚVIDAS E NÃO
CONTA COM ESCLARECIMENTO DO
CONSELHO DE MEDICINA DE
SALVADOR.
Fonte: elaborado por este autor a partir da coleta de dados, 2005
164
Infere-se a partir das respostas transcritas, do quadro acima e das
discussões abordadas, que estes hospitais, ainda, não concebem o PEP na
perspectiva de uma Unidade de Transferência e Criação de Conhecimento
(UTCC).
5.3.4 Núcleo de Sentido 9 – SIH
Um Sistema de Informação Hospitalar (SIH) é entendido como um
serviço de informação para o hospital e conforma-se como uma das fases do
processo de Gestão da Informação. Para tanto, é necessário esclarecer
algumas premissas para a existência de um SIH, que segundo Kaihara (1988
apud
STUMPF, 1996, p.19) são: fornecer informações ao administrativo e ao
assistencial; representar um suporte de informação à equipe profissional;
fornecer informações ao paciente e fornecer informações à pesquisa clínica.
Dado a essas premissas, associadas à abordagem do capítulo três
desta dissertação (seção 3.3.3), um SIH deve abarcar algumas características,
quais sejam:
A informação deve ser capturada diretamente em terminais e
nunca ser digitada a partir de papéis;
Esta informação deve tornar-se disponível imediatamente e ser
acessada preferencialmente
on-line
, visto que relatórios impressos
perdem a sua atualidade rapidamente;
O tempo de resposta dos computadores deve ser rápido.
Tempo de resposta de segundos não é aceitável;
O computador deve ser confiável. Na ocorrência de falhas, o
sistema deve ser corrigido imediatamente e as informações não
podem ser perdidas;
A confidencialidade deve ser assegurada e apenas pessoas
autorizadas podem ter acesso às informações, com diferentes níveis
de acessos possíveis;
Os programas e as interfaces devem ser amigáveis ao usuário.
Não deve ser necessário o uso de manuais de instrução. Devem ser
mais fácil para o médico obter um resultado de exame através do
terminal do que por telefone, por exemplo. (BLEICH et alii 1985
apud
SUMPF, 1996, p.20).
165
Agrega-se a esses objetivos e a essas características uma declaração
de um diretor superintendente de um hospital numa mesa redonda intitulada,
“Soluções integradas de automação/ Informação na área de saúde”:
[...] os sistemas corporativos precisam ser integrados para poder
garantir, através das informações, a possibilidade do resultado
econômico na aquisição, estocagem, consumo, faturamento, etc. Isso
tudo certamente precisa estar automatizado e integrado... É um
processo que tem de estar o mais rápido possível sob domínio e
como rotina dentro do hospital.
[...] o grupo de informações disponíveis, os sistemas de informação
intra-hospitalar são extremamente limitados no que tange ao aspecto
assistencial e às informações necessárias à equipe técnica. É
impressionante como os hospitais hoje dispõem de pouquíssimas
informões técnicas. Elas ficam restritas a dois ou três funcionários,
normalmente com uma taxa de ocupação e tempo de permanência
fundamentada numa visão econômica e não assistencial... Os
sistemas precisam ser integrados.
[...] sistemas integrados são extremamente necessários para a equipe
técnica ter também capacidade de produzir resultados assistenciais.
Os sistemas assistenciais integrados são prescrições médicas,
prontuário médico, protocolos assistenciais, bula eletrônica – que tem
informões sobre padronizações de materiais e medicamentos-,
interação medicamentosa e resistência antimicrobiana.
[...] a integração dos processos administrativos e assistenciais pode
potencializar resultados da equipe administrativa e técnica, em função
do resultado maior combinado e sinérgico.
[...] a gestão de custos e a avaliação de desempenho assistencial
compõem um bloco de informações que possibilita a análise dos
resultados, em termos de qualidade assistencial e resultados
econômicos, como um binômio do resultado global do hospital.
[...] entendemos que a instituição que tem oportunidade de
crescimento e desenvolvimento, fruto da sua capacidade de gestão
ou do seu modelo assistencial, deve repartir seu conhecimento, sua
informão com os demais, contribuindo para sustentar a base, o
meio, o segmento da saúde em que estamos inseridos. (CLASS,
1997, p.128-32).
Nesse contexto, tendo como um dos objetivos específicos descrever os
SIH dos hospitais pesquisados observa-se que três deles utilizam Sistemas de
Informação (SI) disponibilizados no mercado, os quais possibilitam a
interoperabilidade, e um desenvolveu o próprio sistema. Salienta-se que
apenas um sujeito, de um dos quatro hospitais, concebe o PEP como um
banco de dados a integrar o SI.
Registra-se que dez sujeitos desconhecem o SI e outros cinco sinalizam
que o SI não é totalmente automatizado. São informatizados, mas não
166
integrados, são sistemas independentes, em módulos, sem comunicação
necessitando da intermediação humana. Conforme trecho das entrevistas
abaixo, nota-se que o fluxo da recuperação e disseminação da informação
torna-se exaustivo na maioria dos hospitais desta pesquisa. Salienta-se ainda,
que um dos sujeitos diz que o Sistema de Informação é o papel e a
comunicação oral (Quadro 17).
Sistema de informação hospitalar? Não sei responder. Sistema
marcacional
, porque fazemos muitas consultas e temos sistemas internos.
Sistemas eletrônicos, sistemas de compras, de medicamentos, dos
materiais hospitalar de maneira geral que compramos, o acompanhamento
disto em termos de saída, de média de gasto, de consumo. Temos
sistemas de faturamento que é eletrônico, contas, tudo que foi produzido
agente sabe eletronicamente por cada procedimento, identificando o
paciente. É tudo isso, é um sistema maior, esse último que falei, do
controle interno de medicamento é nosso mesmo, desenvolvido
internamente, ou eventualmente um
software
de licença da praça, mas
temos muita coisa eletrônica
. E05a.
Nós temos o sistema
XYXY
, é um sistema que estamos implantando. É
um sistema considerado hoje no mercado como um dos sistemas mais
completos e complexos que existe, é usado em mais de 450 hospitais no
Brasil. Pra gente tem sido assim um veiculo de comunicação e controle
muito bom.
E13b.
Nós temos sistema gerencial nos setores com seus programas
específicos. E tenho uma rede que utiliza mais para usar, mandar com
borderô, os dados para o Estado, é mais usado pra folha de pessoal, de
compras, utilizamos. Especificamente não tenho integrado.
E19e.
O que é que você chama de sistema de informão? Nós criamos os
nossos programas, essa parte técnica da informática não sei
. E26h.
O arquivo tem um sistema, há o programa do SAME. As informações
todas no sistema, a relação de prontuários será tirada do protocolo, que é
um sistema. Só que pra isso estamos com o trabalho de registrar todos os
prontuários e não conseguimos porque é muito prontuário, é um trabalho
muito, na hora de emprestar, todos devem estar registrados. Para poder
começar a emprestar através do sistema. Por enquanto é o protocolo,
porque os prontuários não estão registrados no SAME. Estamos correndo,
mas a quantidade é muito grande. Ainda não houve condição. Mas o
projeto é esse aí. O sistema XX tem essa solução, todo o material retirado,
emprestado, tudo vai ser na base do sistema.
E09c.
Sistema de informação hospitalar? O manual, o manual, se bem que
manual é uma palavra tão abrangente, porque quando vamos armazenar
os dados no computador é manual.
E06a.
Normalmente é por meio de comunicação interna CI, é verbal, entra na
sala e fala ou por meio de CI.
E15d.
167
Sistema de informação? Você fala em relação com usos de
estatísticas, de censos diários, são dados levantados diariamente pelo
censo, mas nada informatizado. É manual, escrito.
E20e.
... grande parte do hospital é inserida no ORACLE. Alguns setores
como o laboratório não possui o mesmo sistema, mas foi feito um
interfaceamento, automático [...] sem a presença de intermediário. Aí
praticamente aumenta a segurança dos dados. O resultado sai da máquina
do laboratório e vai para o sistema do laboratório e desse sistema vai direto
para o sistema do hospital.
E28g.
Sistemas de informação hospitalar? [...] não dispomos de tais, é o
correio eletrônico mesmo.
E18e.
Estamos implementando um sistema único integrado e que cobre a
área assistencial, diagnostica e administrativa. A administrativa a partir de
(não entendo a palavra), controle de custos e de contabilidade dessas
atividades, o sistema é um sistema único. Com integração de alguns
outros módulos de áreas mais especializados, por outros fornecedores,
que nos permitem entrar em áreas mais especializadas, por exemplo:
como implementar sistemas de automão do laboratório de anÁlises
clinicas com sistemas especializadas em áreas técnicas, para os
resultados dos exames. Para outros sistemas especializados são previstos
interfaceamento para monitorar sinais vitais, resultados de terapia
intensiva. O sistema passa para a tecnologia de diagnose em
determinados serviços.
E21f.
Quadro 17: Núcleo de Sentido 9 – SIH
HOSPITAL ADMINISTRATIVO ARQUIVO ASSISTÊNCIA INFORMÁTICA
A
HÁ VÁRIOS MÓDULOS DE
SISTEMAS DE
INFORMAÇÃO, A MAIORIA
DELES COMPRADOS DE
TERCEIRO E APENAS UM
DESENVOLVIDO
INTERNAMENTE.
I NFORMATIZADO. NÃO HÁ
INTEGRAÇÃO, SÃO
SISTEMAS
INDEPENDENTES, SEM
COMUNICAÇÃO,
NECESSITAM DA
INTERFERÊNCIA HUMANA
PARA HAVER A
COMUNICAÇÃO. O FLUXO
DE RECUPERAÇÃO DA
INFORMAÇÃO
(PRONTUÁRIOS) É
EXAUSTIVO.
SIH É O MANUAL. EVASIVA A
RESPOSTA.
HÁ UMA INFRA-ESTRUTURA DE
SISTEMAS AUTOMATIZADOS,
DESENVOLVIDOS INTERNAMENTE E
OUTROS, COM A CESSÃO DE USO.
NÃO A INTEGRAÇÃO.
B
SISTEMA DE INFORMAÇÃO
ELETRÔNICO E INTEGRADO
HÁ A IMPLEMENTAÇÃO DE
UM SIH INTEGRADO.
NÃO ABORDA O USO DE UM SIH,
APENAS O QUE É DISPONIBILIZADO
EM MEIO ELETRÔNICO E O QUE É
USADO POR MEIO PAPEL.
IMPLANTANDO UM SIH INTEGRADO,
COM PERSPECTIVA DO USO DO PEP.
C
SISTEMA DE INFORMAÇÃO
ELETRÔNICO E
INTEGRADO.
EXISTE SISTEMA, MAS NÃO
HÁ UMA INTEGRAÇÃO E
NEM TUDO ESTÁ
REGISTRADO NO SISTEMA.
HÁ A IMPLEMENTAÇÃO DE
UM NOVO SIH , ONDE
INTEGRARÁ TODAS AS
ATIVIDADES.
SIH INFORMATIZADO NA
PERSPECTIVA DE UMA REDE DE
INFORMAÇÃO.
HÁ UM SIH INTEGRADO. NA
PERSPECTIVA DE INTEGRALIZAR
QUANDO EFETIVAR O USO DO PEP.
D
NÃO EXISTE. DESCONHECE. SIH ORAL E PAPEL. EXISTE MAS NÃO EM TODAS AS ÁREAS
E NÃO HÁ UMA INTEGRAÇÃO.
E
SISTEMA DE INFORMAÇÃO
ELETRÔNICO
ADMINISTRATIVO, NÃO
INTEGRADO.
DESCONHECE. DESCONHECE O CONCEITO DE
SISTEMA. HÁ O ESCRITO.
NÃO HÁ.
F
SISTEMA DE INFORMAÇÃO
ELETRÔNICO E INTEGRADO
EXISTE UM SIH INTEGRADO.
G
NÃO SABE RESPONDER INFORMATIZADO E
INTEGRADO.
SIH INTEGRADO, COMPOSTO POR
DIFERENTES PROGRAMAS,
ENTRETANTO HÁ A
INTEROPERABILIDADE DOS
MESMOS.
EXISTE UM SIH INTEGRADO. O PEP
SERÁ O PRINCIPAL BANCO DE DADOS.
H
NÃO SABE RESPONDER. INFORMATIZADO SEM
INTEGRAÇÃO.
SIH ELETRÔNICO.
Fonte: elaborado por este autor a partir da coleta de dados, 2005
168
5.3.5 Núcleo de Sentido 10 – Interoperabilidade
No intuito de perceber se os sujeitos entrevistados trabalham no
consenso e no entendimento de haver interoperabilidade entre a rede daqueles
que operacionalizam o setor saúde, questionou-se como estes hospitais se
articulam com o DATASUS. Este órgão do Ministério da Saúde (MS) tem como
missão:
[...] prover os órgãos públicos do sistema de informação
(conseqüentemente a informar a sociedade civil), suporte e
informática necessários ao processo de planejamento, operação e
controle do SUS. Isso é feito através da manutenção da base de
dados nacionais, apoio no desenvolvimento e implantação de
sistemas locais e coordenação das atividades de informática
inerentes ao funcionamento integrado dos mesmos. (CLASS, 1997,
p.145).
Nessa lógica, ao menos as organizações de saúde conveniadas ao SUS
necessitam se comunicar com o DATASUS para alimentar as bases de dados
nacionais, relacionadas aos sistemas de informações: ambulatoriais,
hospitalares, sistemas de mortalidade, de nascidos vivos, programa nacional
de imunizações, controle de endemias dentre outros Sistemas de Informação
em Saúde (SIS).
Na análise das respostas, verifica-se que dezessete sujeitos
responderam que não (re) conhecem a interoperabilidade e alguns outros
disseram que a relação com o DATASUS se dá em razão do faturamento dos
serviços realizados. No geral, o encaminhamento dos dados e informações do
faturamento se processa por meio do disquete. Alguns sujeitos relataram ainda,
que a articulação se dá por meio de papel,
home page
do MS, telefonemas e
idas a Brasília (Quadro 18). Abaixo segue alguns trechos das entrevistas
transcritas:
Rapaz quer uma nota? Menos cinco menos cinco.
E16d;
169
É no momento a articulação com o DATASUS é mais pra fins das
recomendações gerais da vigilância sanitária, de alguns programas do
SUS, mas agente não interage com o SUS em temos assistenciais. A
nossa obrigação para com o SUS é fornecer as doenças de notificação
compulsória, que são geradas aqui, os índices de surtos de raiva, a
síndrome de respiratória aguda grave, controle de água, controle de ar,
seguindo as recomendações gerais da ANVISA (Agência Nacional de
Vigilância Sanitária), da vigilância sanitária que são veiculadas via SUS.
Então é esse o nosso contato. O SUS se comunica conosco por papel,
agente procura na maioria das vezes responder via eletrônica, mas às
vezes não conseguimos acesso, o
site
cai, etc, mas, a comunicação de
pra cá é sempre feita via papel, via ofício, de cá para agente tenta na
maior parte das vezes responder eletronicamente, mas nem sempre é
possível, o
site
da ANVISA por exemplo muitas vezes não está dispovel.
E28g
;
O que a gente hoje utiliza são alguns
softwares
do DATASUS: AIH
(Autorização de Internação Hospitalar), e APACS. E quando termina o
mês, a parte ambulatorial desenvolvida por nós, tratamos e geramos as
informões para serem levadas mensalmente para a prefeitura e o
estado. Levamos em disquete.
E01a
;
Pega no nosso sistema e re-digitamos tudo. Não há uma integração.
E03b
;
DATASUS é o do SUS? Podia ser bem melhor, mas não depende só
da agente. É meio burocrático, faturamos o SUS e importamos para o
sistema deles, pra validar as informações, geramos o arquivo, não tem
como mandar via magnético, aí tem que levar lá pra eles importarem as
informões lá.
E10c
;
Nossa relação com o DATASUS é bastante reduzida, apenas na área
do faturamento, o pessoal das AIH’s. Dispositivo eletrônico, mesmo por
meio do
site
, faz o
downloud
dos programas deles, eles mandam o pessoal
deles e repassamos os dados através de disquetes.
E18e
;
O relacionamento com o DATASUS se dá pelo fato de padrões a
serem utilizados, em situações de aquisição ou envio de informações para
instituições públicas. Não temos um relacionamento forte com o
DATASUS, além da relação de dados pra faturamento e dados
epidemiológico. Infelizmente as trocas de informações ainda no Brasil são
feitas por disquetes, muito menos através de via eletrônico, Internet, de
e-
mails
. Com as seguradoras, ainda temos uma grande estrada, pois ainda é
por disquete e papel.
E21f
;
O DATASUS vem ultimamente avançando muito nessa parte de
informática. Nos convida para treinamento para operacionalizar os
sistemas desenvolvidos por ele. O Sistema de Cartão Nacional do SUS,
onde os estabelecimentos de saúde são responsáveis pelo cadastro dos
pacientes para poder obter o cartão. Agora mesmo tem o novo sistema o
SISREG, que é para o controle da regulação de leitos e controle de AIH,
de internação e só estamos aguardando a liberação deles para que possa
ser utilizado. Eles estão tendo algumas dificuldades operacionais, fiz o
treinamento e ficaram de marcar uma data para começar entre as
instituições. Nosso sistema não conversa com o deles. Ainda não
trabalhamos nada nesse sentido, inclusive na época do treinamento
abordamos sobre isso, questão de re-trabalho. Porque temos toda uma
rotina, com protocolos que segue para atender um paciente, internar um
paciente, colocar ele no sistema, alocar em um leito. E o SUS chega com
um sistema que agente aqui tem que internar no nosso sistema e internar
170
no sistema do SUS, nós aqui não atendemos só paciente SUS, atendemos
SUS e convênios, o nosso sistema atende esses pacientes de forma igual
e o SUS chega com uma rotina de sistema, muito especifico, diferente do
que agente tem, o que nos leva a fazer um re-trabalho. O sistema do SUS
é muito especifico para só a realidade do SUS. O nosso sistema hoje é
desenvolvido por uma linguagem que é considerada padrão, que é o JAVA.
Agente tem um banco de dados ORACLE, agente precisa conhecer pra
não fazer re-trabalho. Abertura tem, mas é necessário sentar para verificar
isso, o MS não sentou com agente ainda pra ver essa questão.
E27h
.
Quadro 18: Núcleo de Sentido 10 – Interoperabilidade
HOSPITAL ADMINISTRATIVO ARQUIVO ASSISTÊNCIA INFORMÁTICA
A
171
Destaca-se que a interoperabilidade, bem como a Internet crescem não
apenas por razões da informática, mas principalmente por possibilitar a reunião
de pessoas cérebros compartilhando informações.
O foco desta análise prende-se à idealização da PNIIS (BRASIL, 2004)
justificando que a democratização da informação e da comunicação acontece
por meio da interoperabilidade (compatibilização, interface e modernização)
dos sistemas de informação do SUS, fomentando integração e articulação dos
sistemas e bases de dados de interesse para a saúde.
A interoperabilidade é condição para a morfologia de estar em rede.
Para Castells (1999, p.191), há dois atributos básicos que determinam o
desempenho de uma rede: a) conectividade, entendida como a capacidade
estrutural de facilitar a comunicação sem ruídos entre seus componentes e, b)
coerência, isto é, à medida que há interesses compartilhados entre os objetivos
de rede e de seus componentes. Atributos estes que concretizam a cultura da
economia informacional, a partir da transformação de sinais em
commodities
,
processando conhecimentos.
Isto posto, há de haver esforços maiores pelos idealizadores da PNIIS,
por conseguinte, do Ministério da Saúde na conscientização e formação dos
sujeitos (físicos e jurídicos) que lidam com as questões e serviços de saúde,
reforçando o segundo atributo preconizado por Castellscoerência.
Principalmente, em uma
networking
social, como o SUS, abordado no capítulo
terceiro desta dissertação (seção 3.1).
5.3.6 Núcleo de Sentido 11 – Telemática
A definição de recursos e fontes de financiamento são algumas das
metas que a PNIIS vislumbra para viabilizar a rede de informação em saúde. O
172
alvo desses recursos será a infra-estrutura tecnológica e a capacitação de
gestores e profissionais dos serviços de saúde (BRASIL, 2004).
A partir do primeiro alvo acima grifado, este núcleo de sentido foca
verificar a capacidade dos hospitais desta pesquisa no quesito:
hardwares
,
softwares
e telecomunicações. Objetiva traduzir a telemática e a possibilidade
destes hospitais processarem alguma ação em rede virtual. Ressalta-se que
apenas os responsáveis pela área de informática foram entrevistados, dado ao
foco específico da questão, descartando assim, as demais áreas
(administrativo arquivo e assistência).
Diante das respostas, constata-se que apenas dois hospitais não
dispõem de infra-estrutura (
softwares
,
hardwares
e telecomunicação)
suficientemente para operacionalizar a interoperabilidade entre os Sistemas de
Informação (SI), sejam os internos e os externos a esses hospitais. Os demais,
ao que parece, possuem um mínimo de capacidade para a integração (Quadro
19).
Quadro 19: Núcleo de Sentido 11 – Telemática
HOSPITAIS A B C D E F G H
TELEMÁTICA EXISTE EXISTE EXISTE NÃO HÁ NÃO HÁ EXISTE EXISTE EXISTE
Fonte: elaborado por este autor a partir da coleta de dados , 2005
Abaixo são transcritos trechos das oito respostas:
a)
Hardwares:
420 computadores, 160 impressoras, entre
hubs
e
swiches
uns 42 e 07 servidores.
Softwares
:
Oracle, Windows
– sistema operacional
,
Unix
. Telecomunicações: Rede
XZYW
.
E01a
;
b)
Hardwares
: Temos o servidor de alta disponibilidade, caso um
computador saia do ar, o outro entra automático. O pessoal trabalha 24
horas. Temos na faixa de 280 micros em rede, acessando o servidor
principal de alta disponibilidade.
Softwares:
Office
. Temos o financeiro é o
XXXXX,
são dois sistemas hoje,
o que é o Hospitalar e a parte de
Back Office
que é o XXXX –
contabilidade, contas a pagar, contar a receber. Telecomunicações: não
temos nenhum acesso remoto com outros hospitais, não. Um
link
com a
Telemar.
E03b
;
c)
Hardwares
: Temos quase trezentas máquinas, dois servidores,
Internet, Intranet. Temos um
backbone
, com
swiches
que tratam sete
173
fibras ópticas. Temos uma integração fora do hospital, porque o RHo
fica aqui, temos uma fibra ótica passando pelo posto, temos uns projetos
externos que ficam lá em
SA
que a comunicação é via lupa com o hospital.
Temos uma tecnologia de meia ponta.
Softwares:
Digo que temos os
melhores. O
XX Sistemas
, que, sinceramente não deixa a desejar não.
Precisamos ir pra uma coisa que há e é de suma importância, o
B.I.
(Business Intelligence
). A maioria dos
softwares
vendidos para área
hospitalar, parece uma colcha de retalhos, temos que ter um sistema de
gestão para atender atendimento, internamento, cirurgia, contabilidade, as
oficinas, estoque. Temos que tratar com tópicos variados, outras empresas
e é uma confusão.
Telecomunicações: Trabalhando na parte de telefonia, na parte de dados
é a
BBBBdigital
. É nessa fibra que passa voz e dados, então a telefonia, é
só eu modificar ali, que agora é dados, agora é voz. O que muda é que às
vezes é telefone, às vezes é dado.
E10c
;
d) Uma capacidade boa, uma capacidade excelente uma capacidade
muito boa. Equipamentos nós estamos com mais de cinqüenta micros em
rede. Uma rede. Tem uma rede interna com cinqüenta e dois pontos
interligados, mas não foram desenvolvidas ainda rotinas, além do controle
de almoxarifado e da nutrição para que esses pontos tivessem realmente
utilidade, utilização sobre as informações. Apesar de estar na rede física,
mas essa rede trafega muito ainda
Word
e
Excel
, mas não um
software
especifico para tratamento das informões, porque ainda não foi
desenvolvido um
software
para tratamento critico das informações clínicas.
Como só há o de nutrição e controle de almoxarifado, os outros setores de
enfermagem, CCIH não foram contemplados com essa rede.
Telecomunicações têm um setor de controle de órgãos, de transplantes,
que tem uma conexão direta, via telefone, apesar de ter uma estrutura
física, a Embratel disponibilizou o sinal, mas o DATASUS não
disponibilizou o programa.
E14d
;
e) Dispomos hoje de um número razoável, temos hoje cerca de sessenta
a setenta computadores.
Software
agente utiliza os básicos da própria
secretaria, os sistemas da
YYYY,
ZZZZ
, sistema de controle de
almoxarifado, de consumo, um sistema de protocolos da ZZZZ.
Telecomunicações? É o que de sistema telefônico?
E18e
;
f) ... vou descrever brevemente a tecnologia que estamos
implementando. Teremos em torno de 700 estações de trabalho, com
Internet, com
backbone gigabytes
, situação horizontal, com sistema
operacional
Windows
XP, temos mais ou menos 150 estações integradas.
A configuração dos equipamentos suficiente para instalar os XP. No que
diz aos servidores, teremos mais ou menos nove servidores, incluindo
ambiente de teste e de validação do
software
em ambiente de produção.
Todos com ambiente operacional
Windows
2003 ou
Linux
. No caso
Linux
,
estamos instalando o
Oracle,
no total deveremos ter capacidade de
armazenamento em tono de um
terrabyte
, capacidade de disco.
Resumindo é isso.
Em termos de telecomunicações não temos quase nada, temos
comunicação remota com um posto avançado na FFFF, com interface
dedicada, provedor Telemar, estamos comentando sobre a necessidade de
um
link
, para estabelecer uma rede.
E21f
;
g) Hoje estamos com dois servidores, um servidor de correios, um
servidor da rede com um banco de dados. Em termos de
software
é o
Oracle,
que é um
software
de banco de dados, tem as linguagens todas
pertinentes ao sistema e os
softwares
de automação de escritório que
agente usa alguma coisa ainda da
Microsoft
e usa ainda muitos
softwares
livres,
Open Office
.
174
Telecomunicações temos uma rede LAN, local, temos em alguns pontos
fibras ópticas para prédios perto daqui, e temos o
link
com a XXXXX e
outras unidades, Telemar.
E24g
;
h) Hardwares: 310 equipamentos, são seis servidores e
link
de 512
(comunicação remota), Internet comunicação.
Softwares:
banco de dados ORACLE e aplicação de desenvolvimento
JAVA.
Telecomunicações: É o
link,
Internet, com o hospital comunicação de
ligação de antenas
wireless
, Internet o
link
da Telemar. Rede local,
topologia estrela,
swit
a distribuição, temos a parte de
firewall
na Internet.
E27h.
Infere-se que, o propósito da PNIIS poderá ser consolidado caso
dependa apenas da capacidade dos recursos de
softwares
e
hardwares
associados à rede de telecomunicação destes hospitais. Elucida-se tal
propósito como o de:
[...] promover o uso inovador, criativo e transformador da tecnologia
da informação, para melhorar os processos de trabalho em saúde,
resultando em Sistema Nacional de Informação em Saúde articulado,
que produza informões para os cidadãos, a gestão, a pratica
profissional, a geração de conhecimento e o controle social,
garantindo ganhos de eficiência e qualidade mensuráveis através da
ampliação de acesso, equidade, integralidade e humanização dos
serviços e, assim, contribuindo para a melhoria da situação de saúde
da população (grifos nosso) (BRASIL, 2004).
No entanto, dentre as limitações para o alcance desse propósito, a infra-
estrutura telemática é primordial, mas não exclusiva. Concebe-se como o
desafio maior compatibilizar a arquitetura múltipla e multidimensional da rede
do sistema de saúde brasileiro em consonância com mecanismos eficazes de
gestão de trabalho, para gerar o conhecimento esperado pela PNIIS.
A idéia de rede é inextricável à forma de organização, como um modo de
organizar elementos distintos e fazê-los funcionar em conjunto de maneira
coordenada e com as características de horizontalidade e de insubordinação
(MARTINHO, 2002). A Lei Orgânica da Saúde (LOS), de 1990, discutida na
seção 3.1 desta dissertação, dispõe condições para regulamentar o
funcionamento da rede de saúde no Brasil. Essa Lei, em conjunto com as
175
normas operacionais básicas (NOB) aprimoram a gestão pluriinstitucional, com
a criação de conselhos, em âmbito nacional, estadual e municipal
(ARRETCHE; RODRIGUEZ, 1999, p.127).
O objetivo maior desses instrumentos jurídicos é promover o
funcionamento da rede, por meio dos princípios doutrinários e operacionais do
SUS. Assim, o desafio advém da concepção de articular a universalização em
consonância com a descentralização e a hierarquização. Lembrando ainda,
que a herança recente do paradigma fordista nas relações organizacionais
permeia na
práxis
das relações organizacionais. Para Martinho (2002), a
tendência a superar um desafio como este, seria equacionar questões:
a) de cultura - “as exigências democratizadoras e
emancipatórias de um projeto distributivo de poder”;
b) de política - “a gestão da impermanência e da mobilidade da
estrutura reticular na medida em que as materialidades são
substituídas por fluxos de informação”;
c) de gestão: “a superação da noção de controle implicada no
conceito de gestão”.
Isto posto, acrescenta-se a essas questões os modelos
mentais de cada um “de nós” ou “dos nós”, isto é, do público que perfaz uma
rede. No caso da
networking
do SUS, relaciona-se a este público: as esferas
institucionais (Ministério da Saúde, Secretarias de Saúde Estaduais e
Municipais), prestadores de serviços (ambulatórios, hospitais, centros de
saúde, laboratórios), fornecedores, sociedade civil, dentre outros.
Para finalizar este núcleo de sentido, retornamos ao segundo alvo
grifado no primeiro parágrafo desta seção, que objetiva a consolidação da rede
176
de informação em saúde brasileira. Para tanto, defende-se que antes mesmos
de investir em toda uma infra-estrutura tecnológica, a capacitação dos gestores
e profissionais de saúde é essencial em todo este processo para efetivar a
networking
do SUS. Visto que, a partir dos onze núcleos de sentidos
analisados até então, percebe-se um dissenso a respeito da morfologia em
rede e de gestão da informação entre os respondentes desta pesquisa.
5.4 CATEGORIA III - PNIIS
Finaliza-se a apresentação dos resultados, discutindo nesta seção, os
núcleos de sentidos associados à categoria: Política Nacional de Informação e
Informática (PNIIS) (Quadro 20).
Quadro 20: Categoria e Núcleos de Sentidos – PNIIS
CATEGORIA III PNIIS
Núcleo de Sentido 12 Participação na PNIIS
Núcleo de Sentido 13
Conhecimento do SCNS
Núcleo de Sentido 14
Compartilhar Informação.
Núcleo de Sentido 15 Capacitação e Conscientização
frente às TIC’s
Núcleo de Sentido 16
Profissionais de Informação
Fonte: elaborado por este autor a partir da Análise de Conteúdo de Bardin, 2005
Para tanto, os núcleos de sentido dos números doze aos dezesseis
correspondem a:
a) Detectar entre os sujeitos a participação na construção da PNIIS
(Participação na PNIIS);
b) Verificar junto a esses sujeitos o conhecimento sobre o Sistema
do Cartão Nacional de Saúde (Conhecimento do SCNS);
c) Se há uma estratégia de comunicação com as demais instituições
de saúde sobre dados e informações (Compartilhar Informação);
177
d) Se há capacitação e conscientização frente às Tecnologias de
Informação e Comunicação no hospital (Capacitação e
Conscientização frente as TIC’s);
e) Perceber a adoção no quadro de profissionais destes hospitais o
profissional de informação (Profissionais de Informação).
5.4.1 Núcleo de Sentido 12 – Participação na PNIIS
Dado ao propósito da PNIIS, é fundamental a participação dos vários
sujeitos que perfazem a rede dos serviços de saúde na sua construção.
Inclusive, é previsto na versão 2.0 desta política que:
[...] a diversidade de experiências e pontos de vista, as contribuições
cientificas, de instâncias de governo, da sociedade organizada e de
instâncias de controle social do SUS são essenciais para a
viabilidade e os resultados da política em construção. (BRASIL, 2004,
p.8).
Assim, este núcleo de sentido, pretende extrair dos sujeitos, por
conseguinte, dos hospitais desta pesquisa, as suas participações no processo
de construção dessa política.
Os resultados revelam que vinte e seis dos sujeitos nunca ouviram falar
da iniciativa do Ministério da Saúde (MS) na condução da PNIIS. Os três
sujeitos que responderam positivamente se preocupam com a condução e
aplicação dessa política num país com dimensões continentais e problemas
estruturais básicos em saúde; evidenciam a falta de envolvimento das
secretarias estaduais e municipais de saúde (Quadro 21).
178
Quadro 21: Núcleo de Sentido 12 – Participação na PNIIS
HOSPITAL ADMINISTRATIVO ARQUIVO ASSISTÊNCIA INFORMÁTICA
A
SEM COMENTÁRIO. SEM COMENTÁRIO. SEM COMENTÁRIO. DESCONHECE.
B
OUVIU FALAR. NA COMPREENSÃO DO
SUJEITO, A PNIIS PARECE
NÃO SER DE INTERESSE
DO ARQUIVO.
SEM COMENTÁRIO. DESCONHECE.
C
CONHECE. ACHA QUE NÃO
HÁ UMA PREOCUPAÇÃO
COM AS PARTES E SIM
COM O TODO. PENSA QUE
NÃO IRÁ FUNCIONAR.
SEM COMENTÁRIO. SEM COMENTÁRIO. DESCONHECE.
D
SEM COMENTÁRIO. SEM COMENTÁRIO. SEM COMENTÁRIO. ACREDITA QUE A POLÍTICA DEVERIA
ENVOLVER AS SECRETARIAS DE
ESTADO.
E
DESCONHECE POR ESTAR
HÁ POUCO TEMPO NA
ÁREA.
SEM COMENTÁRIO. SEM COMENTÁRIO. DESCONHECE.
F
EVASIVO. CONHECE E PENSA QUE O PAÍS
DEVERIA INVESTIR ESFORÇOS EM
QUESTÕES MAIS PRIORITÁRIAS, COMO
DISSEMINAR MÉDICOS EM LOCAIS
QUE AINDA NÃO HÁ.
G
SEM COMENTÁRIO. SEM COMENTÁRIO. DESCONHECE. DESCONHECE.
H
SEM COMENTÁRIO. DESCONHECE. DESCONHECE.
Fonte: elaborado por este autor a partir da coleta de dados, 2005.
Segundo alguns entrevistados, as suas preocupações diante da
construção da PNIIS são:
É preciso entender que não se faz uma política se não conseguir
segmentar. A própria legislação do SUS, a própria NOA’s (Normas
Operacionais de Assistência), trabalha com o principio da territorialidade,
como é que é trabalhar e criar uma política de informão que não
dimensões diferentes, onde tenho o desenvolvimento de uma rede de
hospital de um estado pequenininho ou um estado muito grande. Não
consigo entender como é que a mesma política de informação vai entrar
no estado Bahia e vai entrar no Acre ... Será que no Amapá vou ter
profissionais que cumpram os mesmos requisitos que os profissionais de
São Paulo?
E11c
;
Infelizmente não conheço. Mas deixa dar um pouco da minha critica a
respeito disso. Vejo o MS (Ministério da Saúde) como gestor federal, já o
gestor estadual não se envolve muito na área hospitalar, particularmente
aqueles que não são públicos. Percebo isso, disse isso até recentemente
na SESAB (Secretaria de Saúde do Estado da Bahia). Na condição de
filantrópico, após o hospital público, são os filantrópicos a área
complementar ao sistema de saúde e no entanto, não sei por que razões,
não somos envolvidos nas discussões dessas questões e quem sabe,
poderíamos até ter uma ajuda mútua.
E25h
;
179
Sei que deságua na padronização nacional da informão. Acho que a
padronização torna-se mais fácil no Sul, existe o descompasso em termos
de que nem todos os hospitais estão aparelhados com a informática para
adotar essa padronização. Nem todos os secretários estaduais de saúde
estão engajados nessa política, o que parece que esta política é do MS e
essa política poderia ser uma de saúde, não do Ministério mas de todas
as secretarias de saúde.
E14d
;
... conheço, participei de reuniões e estou acompanhando. A política
em si é interessante, acho que o governo ainda está com um grande
desafio pra conseguir uma acreditação geral em um território grande como
o Brasil, implementar todos os instrumentos necessários pra realizar o seu
projeto. É uma coisa que me deixa um pouco perplexo, em uma discussão
que tive com um representante do governo, no congresso, perguntei
qual é o sentido de informatizar postos de saúde aonde nem existem os
médicos? Não seria interessante começar gastar dinheiro pra colocar
médicos nestes postos do que informatizar...
E21f
.
Diante das respostas, percebe-se um contra-senso no desenvolvimento
dessa política, uma vez que, ao menos, na amostra pesquisada não há uma
participação efetiva dos principais sujeitos (hospitais) que irão disponibilizar os
dados e as informações ao tão almejado Sistema Nacional de Informação em
Saúde (SNIS). Apesar de constar no documento (BRASIL, 2004, p.17), na
seção – Estratégias da PNIIS – Diretriz: promover as iniciativas locais de
desenvolvimento de sistemas de informação, considerando a diversidade e a
complexidade dos serviços de saúde, respeitando as características regionais,
suscitando uma cultura de informação e informática em saúde local.
Outro ponto a ressaltar, é a constatação da não interoperabilidade entre
as três esferas governamentais, segundo as vozes dos sujeitos
E25h
e
E14d
transcritas acima. Consta na PNIIS (BRASIL, 2004, p.16) que as três esferas
governamentais têm que organizar e desenvolver as áreas de informação e
informática em saúde.
O envolvimento sincrônico das esferas governamentais é primordial,
tanto no tangente à participação dos serviços de saúde na construção dessa
180
política, bem como no seu funcionamento, por conseguinte, da
networking
de
saúde brasileira.
Supõe-se que a maior parte dos dados e informações em saúde é
coletada nos hospitais, quando tratados e armazenados geram conhecimentos
fidedignos da realidade de saúde do país. Mais uma vez, a análise deste
núcleo em conjunto com os demais corrobora a este pesquisador perceber as
ausências dos atributos pertinentes a uma rede, tais como: os da conectividade
e da coerência, quando associados à dinâmica da rede em saúde brasileira.
5.4.2 Núcleo de Sentido 13 – Sistema do Cartão Nacional de Saúde
(SCNS)
A concepção do Sistema do Cartão Nacional de Saúde (SCNS) advém
de uma proposta para um novo modelo de atenção à saúde:
[...] a instituição do cartão SUS-MUNICIPAL, com numeração
nacional, de modo a identificar o cidadão com o seu sistema e
agregá-lo ao sistema nacional. Essa numeração possibilita uma
melhor referência intermunicipal e garante o atendimento de urgência
(grifo nosso) por qualquer serviço de saúde, estatal ou privado, em
todo o País. (NOB-SUS 96, 1997, p. 14).
Em suma, pelo relato acima o projeto do SCNS consubstancia às
iniciativas de padronização da informação em saúde no formato eletrônico, que
tem origem na Norma Operacional Básica para o SUS no ano de 1996. Essas
iniciativas representam um dos focos da discussão desta dissertação, isto é,
produtos de informação em saúde que possibilitem a integração dos SIS.
[...] O projeto se encontra na fase piloto de implantação em 44
municípios, com aproximadamente 13 milhões de usuários e 2000
Unidades de Saúde. O SCNS criou a infra-estrutura de
telecomunicações para os municípios do piloto e para os 27 estados
da federação que contam com servidores estaduais conectados à
rede permanente (
frame-relay
”) aos servidores federais (vide fig.19).
A rede trabalha com o protocolo TCP-IP caracterizada uma Intranet
corporativa. (LEÃO, 2003, p. 167).
181
A essência da proposta do SCNS vincula-se ao atributo da
conectividade, pertinente a uma rede com a prevalência da padronização da
informação. Neste núcleo de sentido, o foco é averiguar o conhecimento dos
sujeitos a respeito do SCNS, conseqüentemente, dos hospitais, uma vez que,
dos oito hospitais da amostra sete são credenciados ao SUS.
Supõe-se o interesse desses hospitais quanto dos componentes da rede
de saúde que planejam a proposta do SCNS, compartilharem os objetivos do
projeto com vistas à consecução das ações de implantação do mesmo. No
entanto, a análise das entrevistas revela que quinze sujeitos da pesquisa
desconhecem o sistema. Os catorze sujeitos que responderam positivamente
salientam que o SCNS é o carro chefe da padronização da informação em
saúde no Brasil, todavia o mesmo, é desenvolvido sem a participação dos
hospitais o que dificulta a sua implantação (Quadro 22).
Quadro 22: Núcleo de Sentido 13 – Sistema do Cartão Nacional de Saúde (SCNS)
HOSPITAL ADMINISTRATIVO ARQUIVO ASSISTÊNCIA INFORMÁTICA
A
DESCONHECE DESCONHECE. SEM COMENTÁRIO. ACREDITA QUE O SISTEMA FOI
DESENVOLVIDO SEM A PARTICIPAÇÃO
DAS UNIDADES, O QUE DIFICULTA A
IMPLEMENTAÇÃO DO MESMO, POIS A
REALIDADE LOCAL É BEM
DIFERENCIADA DO QUE É PROJETADO.
B
SEM COMENTÁRIO. É CADASTRADO NO
SCNS.
SIM, MAS NA PRÁTICA NÃO. CONHECE E É OPERACIONALIZADO NA
HEMODIÁLISE DO HOSPITAL.
C
SEM COMENTÁRIO. SEM COMENTÁRIO. SIM, MAS NÃO OS PORMENORES. SEM COMENTÁRIO.
D
EVASIVO. CONHECE EM TESE. OUVIU FALAR. VÊ COMO O CARRO CHEFE DA
PADRONIZAÇÃO PARA A
INFORMATIZAÇÃO.
E
SEM COMENTÁRIO. SEM COMENTÁRIO. SEM COMENTÁRIO. CONHECE, MAS NÃO SABE COMO E
QUANDO OPERACIONALIZAR.
F
SEM COMENTÁRIO. SEM COMENTÁRIO.
G
SEM COMENTÁRIO. SEM COMENTÁRIO. SEM COMENTÁRIO. SEM COMENTÁRIO.
H
SEM COMENTÁRIO. SEM COMENTÁRIO. SEM COMENTÁRIO.
Fonte: elaborado por este autor a partir da coleta de dados, 2005.
182
Diante do exposto no parágrafo anterior, ao que parece, a deliberação
aprovada na 12ª Conferência Nacional de Saúde (CNS) em dezembro de 2003,
ainda não foi implementada:
[...] Definir recursos, fontes de financiamento, prazos, cronograma e
critérios para a implantação do Cartão Nacional de Saúde em todo o
país, por meio de amplo debate com gestores estaduais, municipais,
conselhos de saúde e prestadores de serviços, incluindo os pré-
requisitos de informatização das unidades e infra-estrutura
tecnológica, capacitação de gestores e profissionais de saúde, e
implantação da rede de informações (grifo nosso). Os recursos
deverão ser provenientes de financiamento pelas três esferas de
governo, por meio de transferência fundo a fundo. (BRASIL, 2004,
p.11).
Para corroborar com o descompasso entre os que planejam e os que
operacionalizam o SCNS, segue abaixo trechos de algumas entrevistas:
É o de marcação de consulta? Não, não conheço não.
E05a;
Conheço. Temos alguns pontos aqui do cartão nacional de saúde, mas
não foi operacionalizado
. E04b;
... conheço a idéia mas não os detalhes. A idéia é bastante
interessante e pode ser transportada até para o setor privado, acho muito,
muito importante, é um avanço, é um salto quântico.
E08c;
... vieram aqui, conversaram comigo, mas, é um projeto
desestruturado, não conhece a realidade de cada hospital, tanto que o
projeto para a instalação de computadores para o cartão aqui no hospital
foi totalmente inadequado. Em termos de equipamento e tudo, e,
conversamos, mostrei a eles que o projeto não era adequado para o
hospital. O hospital é grande com três prédios distintos, em áreas
diferentes, precisando ser interligados e não trouxeram nada disso.
Disseram que foi em Brasília que fizeram, mais uma vez o governo erra,
mas uma vez é feita a coisa no gabinete, sem ouvir as pessoas
adequadas, ficando inadequado
. E01a;
Vai ser o grande carro chefe da padronização, mesmo com o perfil de
controle financeiro, mas vai desaguar nisso, o carro chefe para a
informatização em saúde aqui no país
. E14d.
Ao confrontar os resultados desta pesquisa com o discurso dos
idealizadores do SCNS, infere-se a necessidade de ações efetivas na
disseminação sobre a utilidade do cartão para os usuários, os profissionais de
saúde, os gestores dos serviços, organizações e instituições de saúde,
consoante à capacitação de todos esses sujeitos aos objetivos, finalidades e
183
operacionalização do SCNS. Caso contrário, desde então, será mais uma
ação,
[...] um conjunto - às vezes errôneo – de leis, normas operacionais e
portarias ministeriais ... regulamentando o processo, ainda em curso,
de institucionalização de medidas e procedimentos do sistema
público de prestação de serviços. (ARRETCHE; RODRIGUES, 1999,
p.126).
O SCNS pode ser visto como um verdadeiro prontuário do paciente no
tamanho de um cartão de crédito convencional, propiciando vantagens à
gestão do sistema de saúde e das unidades hospitalares, quais sejam: agilizar
o sistema de internação e alta; eliminar fraudes; facilitar a integração dos dados
dos Sistemas de Informação em Saúde (SIS) gerenciados pelo Ministério da
Saúde, estados e municípios, dentre outras (SOUZA, 2002, p.68).
Conforme Souza, um dos maiores problemas identificados no uso do
Cartão Nacional é a segurança para a manutenção da privacidade dos dados
dos usuários e o “controle do cidadão pelo Estado”. No entanto, esses
problemas são considerados a partir da padronização da informação no quesito
padrões de segurança abordado na seção 3.3.3 desta dissertação.
Vale ressaltar que o SCNS não deve ser visto como um mero
instrumento de coleta de dados nem como garantia de atendimento em
qualquer hospital da união, mas sim como um produto de informação a
possibilitar a integração dos Sistemas de Informação em Saúde (SIS) no Brasil.
Os SIS representam um serviço de informação e que propiciam os gestores,
usuários, profissionais, potencializar as informações em conhecimento de
maneira oportuna.
Defende-se o SCNS não apenas para a rede de saúde pública, mas
também para a rede particular. Afinal, um país só terá o conhecimento da sua
184
realidade em saúde quando todos os setores que ofereçam serviços de saúde
direcionem seus dados e informações a um único banco de dados e de
preferência pela mesma via: padrões de informação.
5.4.3 Núcleo de Sentido 14 – Compartilhar Informação
A análise deste núcleo de sentido parte do princípio de se estabelecer
mecanismos de compartilhamento de dados pertinentes à saúde com a
finalidade de ampliar a produção e disseminação de informações de saúde a:
usuários, profissionais, gestores, prestadores de serviços e controle social; e,
intercambiar essas informações entre: instituições de ensino e pesquisa, outros
setores governamentais e da sociedade e instituições internacionais (BRASIL,
2004, p.17).
Logo, o foco é descobrir entre os sujeitos pesquisados se nos hospitais
nos quais atuam, há uma estratégia de comunicação com as demais
organizações e instituições de saúde sobre dados e informações. Além de ser
uma diretriz da PNIIS, a troca de experiência entre os hospitais é foco da Rede
Colaborativa para Desenvolvimento de Tecnologia e Educação Permanente em
Gestão e Assistência Hospitalar (Rede GeAH).
A finalidade da Rede GeAH é articular mecanismos que promovam a
integração e o intercâmbio entre as instituições e as organizações participantes
do programa Centros Colaboradores. Parte-se da premissa de utilizar o
espaço, seja o físico e o virtual, objetivando compartilhar experiências
realizadas, difundir as tecnologias desenvolvidas, monitorar o processo de
educação permanente, por conseguinte, fortalecer a imagem institucional e
organizacional dos hospitais participantes (SILVA, 2003, p.308).
Esta rede foi criada a partir do programa Centros Colaboradores para a
Qualidade da Gestão e Assistência Hospitalar no ano de 2002 (BRASIL, 2002,
185
p.147), do qual participam vinte e nove hospitais como centros colaboradores e
sessenta e um como hospitais clientes em todo o Brasil. Registra-se que entre
os hospitais desta pesquisa, encontram-se alguns que estão neste programa.
A análise das entrevistas revela que quatorze sujeitos afirmaram que
sim, seis disseram que sim e que não, quatro negaram e cinco não
responderam. A análise dos comentários elucida que na maioria dos hospitais
pesquisados não há nenhuma troca de informações a não ser as compulsórias
com o governo e de forma rudimentar (Quadro 23).
Quadro 23: Núcleo de Sentido 14 – Compartilhar a Informação
HOSPITAL ADMINISTRATIVO ARQUIVO ASSISTÊNCIA INFORMÁTICA
A
NÃO HÁ. HÁ APENAS A
DISSEMINAÇÃO DO QUE É
PRODUZIDO EM RAZÃO DO
FATURAMENTO
DESCONHECE. DESCONHECE. PARTICIPAÇÃO DE UM GRUPO DE
INFORMÁTICA E COM O GOVERNO, SÓ
COMUNICAÇÃO DE FATURAMENTO
POR DISQUETE.
B
EVASIVO. EXISTE A COMUNICAÇÃO,
MAS NÃO ESCLARECE A
ESTRATÉGIA DE
COMUNICAÇÃO – O MEIO.
DIZ QUE SIM E ESCLARECE QUE NÃO
É VIA ELETRÔNICA. DESCONHECE.
C
EVASIVO. CONSIDERA
ESTRATÉGIA REUNIÕES,
QUALIFICAÇÃO DE
PESSOAL. NÃO EXPLICITA
NENHUM CANAL DE
COMUNICAÇÃO DE
DISSEMINAÇÃO DE DADOS
E INFORMAÇÕES
DESCONHECE. HÁ A COMUNICAÇÃO COM O
GOVERNO, NÃO ESCLARECE O
CAMINHO. IMPLANTANDO OS MEIOS
PARA VIDEOCONFERÊNCIA E
TELEMEDICINA.
EXISTE POR MEIO
ON-LINE
, INTERNET
- SISREG.
D
NÃO HÁ. DESCONHECE. DIZ QUE SIM, MAS NÃO ESCLARECE
OS MEIOS.
SÓ EM ÉPOCA DE CAMPANHA.
E
POR MEIO DE PAPEL
QUANDO É SOLICITADO
PELOS AGENTES DE
GOVERNO.
RECUSA-SE A
RESPONDER.
DIZ QUE SIM, POR MEIO DE FAX E E-
MAIL.
DESCONHECE.
F
PARTICIPA PASSANDO AS
EXPERIÊNCIAS A OUTRAS
UNIDADES. NÃO EXPLICITA
NENHUM CANAL DE
COMUNICAÇÃO DE
DISSEMINAÇÃO DE DADOS
E INFORMAÇÕES.
EXISTE MAS DESCONHECE.
G
NÃO EXPLICITA NENHUM
CANAL DE COMUNICAÇÃO
DE DISSEMINAÇÃO DE
DADOS E INFORMAÇÕES.
HÁ UMA COMUNICAÇÃO
POR MEIO DOS MEIOS
TRADICIONAIS: PAPEL E
DISQUETE.
SIM, POR MEIO TRADICIONAL, PAPEL
E DISQUETE AO GOVERNO. JÁ COM
OUTROS HOSPITAIS, HÁ A
COMUNICAÇÃO ELETRÔNICA POR
MEIO DA PÁGINA DO HOSPITAL.
PAPEL NA INSTÂNCIA DE GOVERNO.
ELETRÔNICO PARA CONVÊNIOS.
H
A ESTRATÉGIA É O
PROGRAMA DE REGISTRO
HOSPITALAR DE CÂNCER.
NÃO HÁ. EXISTE UM JORNAL ONDE
SÃO VEICULADAS INFORMAÇÕES À
COMUNIDADE INTERNA E EXTERNA.
EXISTE MAS DESCONHECE.
Fonte: elaborado por este autor a partir da coleta de dados, 2005.
Para um melhor entendimento das análises das respostas, abaixo são
transcritos alguns trechos das respostas:
186
Como estratégia diria que não. Não tem uma estratégia pontual,
estamos até trabalhando em cima disso. Mas pelo pouco tempo que estou
no hospital não tenho um conhecimento de que tenha uma estratégia de
uma gestão instituída de comunicação entre os serviços de saúde. Nós
temos aqui hoje, desde de outubro, uma gestão plena estadual, mas o
estado nunca nos cobrou, quer dizer: ele sabe o que fazemos, ele sabe
porque a produção nossa agente fala para eles.
E05a
;
Acredito que sim, mas não tenho assim melhores condições de afirmar
isso não.
E13b
;
Sim nós temos, nós participamos de alguns projetos do próprio MS.
Somos um hospital estratégico, fizemos, participamos efetivamente como
hospital monitor de programas específicos do MS. Levamos pra eles o
conhecimento, a estratégia, de como ser aplicada alguma ferramenta de
gestão, lá no Mato Grosso do Sul e no estado de Sergipe.
E22f
;
Nós estamos iniciando agora o registro nacional de câncer. Este é um
trabalho, é um programa nacional, e, recebem dados de todos os hospitais
conveniados as informações dos registros de contas hospitalar. Então, nós
estamos iniciando esse contrato com a secretaria de saúde e o MS para
participarmos desse programa. E está sendo informatizado e alimentando a
rede deles sobre o câncer no Brasil. Não sei se com isso estou
respondendo o que você me perguntou. A estratégia seria o programa de
registro hospitalar de câncer.
E26h
;
Fornecemos as informações obrigatórias que atendem os sistemas
epidemiológicos. Estamos agora “
linkando”
com os hospitais de São Paulo
para trazer a Telemedicina, estamos ainda no processo de construção da
Videoconferência e da Telemedicina especificamente, está incipiente, mas
a construção do conhecimento já foi feita.
E08c
;
Usamos através de fax e e-mail.
E20e
;
O hospital informa pra SESAB os dados de epidemiologia, número de
atendimento. O SAME é responsável e a SESAB passa ao SUS.
E15d
;
Não, estamos em fase justamente de implementação desse
interfaceamento com o sistema “SINAIS” (sistema de informação voltado
às informações sobre infecção hospitalar) pra que os nossos dados sejam
exportados pra lá, na hora em que isso for de fato obrigatório. Pra os
demais órgãos públicos agente se comunica pelas vias que eles
recomendam, eletrônica quando é possível, mas muito mais ainda por
papel. Com os demais hospitais, formalizado, não. Temos algumas trocas
com hospitais parceiros, há a comunicação pelo
site
do hospital, mas nada
formalizado;
E28g
;
Em Salvador tem um grupo dos hospitais que participamos da área de
informática (grifo nosso). É importante, porque ficamos conhecendo qual
a política de gestão da informação (nota-se a confusão entre informática e
informão) das outras instituições, e, conhecendo o que estão vivendo, o
que o gerente faz, sentir o que está sendo encaminhado em termos de
informão. E as dificuldades são as mesmas, é difícil o médico sair de trás
da carteira sem ter nenhuma capacitação administrativa e comandar um
hospital... De estratégia só utilizamos a comunicação para efeito de
faturamento.
E01a
;
Com os convênios, com o MS. Temos até um cadastro lá pra trabalhar.
Temos uma central de regulação aqui dentro, que funciona da seguinte
187
maneira: um paciente vem pra internar no hospital pelo SUS, ele vem via
central de regulação, quem manda para cá é a central de regulação, que é
de lá. Sistema de Informação, nós acessamos o sistema, on-line, por isso
que agente tem que ter Internet. É
on-line
. Entramos no sistema
DATASUS, lá sabemos, quando internamos um paciente aqui, e lá (SUS)
tem ciência. Temos leitos aqui reservados apenas pra o SUS. O SUS
quando encaminha pra cá o paciente, chega aqui com a guia, vamos ao
sistema e vê que o cara ta lá, encaminhado para o hospital.... É o
SISREG, sistema de informação de regulação.
E10c
;
em época de campanha. Campanha de vacinação, campanha
contra tuberculose, não existe ainda essa interação com os outros
hospitais.
E14d
;
Bom, conheço que o hospital participa de algum grupo e divulga
algumas informações, é algo que não parte daqui de dentro da informática.
Não é uma coisa que agente tem muito domínio, acho que a
XXX
, deve ter
respondido melhor do que eu. Ela tem um grupo, esqueci até o nome, que
passa as informações daqui com base nas estatísticas mensais, para ser
comparada com outras instituições, acho que é até um grupo do Rio
Grande do Sul, se eu não me engano.
E27h
.
Essas respostas fazem pensar que há uma cultura que não permite o
intercâmbio de conhecimento em razão da máxima de que:
quem tem
informação tem poder
ainda está impregnada nos modelos mentais da maioria
desses sujeitos. Nota-se, por meio das respostas, que a troca se dá em razão
da obrigatoriedade da prestação de contas e não simplesmente para
compartilhar os dados e as informações com a finalidade de gerar
conhecimentos. Talvez ainda seja pela falta cultural do processo de gestão da
informação na
práxis
cotidiana destes sujeitos.
Quanto aos hospitais desta amostra, integrantes do Programa Centros
Colaboradores para a Qualidade da Gestão da Assistência Hospitalar, parece
haver uma percepção diferenciada com relação às trocas de conhecimentos
entre instituições. Em contrapartida, observa-se que entre os sujeitos
específicos desse grupo, não há uma coerência e unicidade entre as suas
respectivas respostas.
Ao que tudo indica o novo paradigma da tecnologia da informação, a
tipologia em rede, não foi apreendido pelos sujeitos que conformam a rede dos
188
hospitais. Este paradigma fornece a base material para a expansão da rede de
maneira penetrante em toda estrutura social (CASTELLS, 1999, p.497).
Concebe-se neste trabalho, esse paradigma possibilitar a expansão das
informações e do conhecimento a essa estrutura quando transformados em
ação.
189
noção de fazer, isto é, à “habilidade ou arte inata ao homem”, como coloca
Oliveira (2003, p.26).
Para o autor acima, o desenvolvimento tecnológico em consonância com
o fenômeno da globalização intensifica trocas de informações e
conhecimentos, possibilitando o posicionamento de cada sujeito social no
contexto em rede de maneira mais precisa do que em tempos anteriores. As
TIC’s elucidam forças e fraquezas e facilitam a compreensão das distâncias
que separam os sujeitos.
As TIC’s oferecem instrumentos úteis para as comunicações pessoais
e de trabalho, para o processamento de textos e de informação
sistematizada, para acesso a bases de dados e à informação
distribuída nas redes eletrônicas digitais, para além de se
encontrarem integradas em numerosos equipamentos do dia a dia,
em casa, no escritório, na fábrica, nos transportes, na educação e na
saúde (CUNHA; LUCAS, 2004).
A sociedade em rede assume uma importância crescente na vida
coletiva atual e introduz a dimensão das TIC’s nos modos de produção das
organizações modernas. Nesse sentido, a bibliografia analisada que
fundamenta a PNIIS, consubstancia argumentos tecnológicos e informacionais
apontando dois produtos e um serviço de informação (Quadro 24). Naquele
documento é sinalizado benefícios e barreiras na implementação das TIC’s nos
serviços de saúde do mundo (BRASIL, 2004, p.12).
Tal circunstância exige qualificação, capacitação e conscientização dos
recursos humanos para o efetivo uso das TIC’s no setor saúde, em razão
ainda: da “avalanche informacional” (JAMBEIRO; SILVA, 2004) e da
“morfola
190
Quadro 24: Produtos e Serviço de Informação em Saúde: Benefícios e Barreiras
PRODUTOS E SERVIÇO
DE INFORMAÇÃO
BENEFÍCIOS
BARREIRAS
Registros Eletrônicos
Evitam a deteriorização, a perda e a adulteração
de histórias clinicas, a duplicação de prescrições
terapêuticas e de exames, com evidente redução
de custos;
Permitem reunir toda a informação sobre o
paciente, identificando-o univocamente e
preservando a sua privacidade;
Possibilitam armazenar informações de
interconsultas.
Inexistência de padrões desenvolvidos
a atender a identificação, a
comunicação e a representação de
dados clínicos;
Conflitos de interesses com a
medicina privada; (grifo nosso)
Escassez de recursos para
investimento;
Receio de profissionais na exposição
de suas condutas clinicas.
Telesaúde
Existência de sistemas e
sites
para o cuidado
assistido baseadas em serviços de saúde até
aplicativos e
sites
para autocuidado.
Uma oferta demasiada de sistemas
com informações sobre ampla
variedade de especialidades médicas
e há controvérsias sobre a eficiência
destes sistemas para a melhoria da
saúde dos usuários.
Protocolos Clínicos
A padronização de planos terapêuticos;
A regulação da demanda por atenção secundária
e terciária, promovendo a equidade na oferta de
serviços.
Existência de grande variedade de
sistemas disponíveis;
Dificuldades na padronização e na
integração com outros aplicativos;
Ausência de regulação.
Fonte: O autor fundamentado em Brasil, 2004, p.12.
No caso desses hospitais, percebe-se que quatro investe na
capacitação, um está iniciando o processo e os três restantes não se
manifestam a esta questão, como demonstrado no quadro 25:
Quadro 25: Núcleo de Sentido 15- Capacitação e Conscientização frente as TIC’s
HOSPITAL ADMINISTRATIVO ARQUIVO ASSISTÊNCIA INFORMÁTICA
A
NÃO HÁ. NÃO SABE. DESCONHECE. INCIPIENTE.
B
O DIZ NADA FRENTE AS
TIC’S.
SIM, MAS NÃO
ESPECIFICA O
TREINAMENTO FRENTE
AS QUAIS TIC’S.
SIM, MAS NÃO ESCLARECE QUAIS AS
TIC’S.
EXISTE.
C
HÁ, MAS NÃO SUSCITA
QUAL O MEIO.
SIM, MAS NÃO
ESPECIFICA O
TREINAMENTO FRENTE
AS QUAIS TIC’S.
SIM, MAS NÃO ESCLARECE QUAIS AS
TIC’S.
EXISTE.
D
O DIZ NADA FRENTE AS
TIC’S.
NÃO SABE. NÃO. O HÁ AINDA.
E
O HÁ CAPACITAÇÃO
FRENTE AS TIC’S.
NÃO RESPONDEU. NÃO. DESCONHECE.
F
O DIZ NADA FRENTE AS
TIC’S.
IMPLEMENTANDO.
G
CAPACITAÇÃO. SIM, MAS NÃO
ESPECIFICA O
TREINAMENTO FRENTE
AS QUAIS TIC’S.
SIM, UMA AÇÃO CONJUNTA ENTRE
RH E O CPD.
EXISTE.
H
HÁ CAPACITAÇÃO. SIM, UMA AÇÃO CONJUNTA ENTRE
RH E O CPD.
EXISTE.
Fonte: elaborado por este autor a partir da coleta de dados, 2005
191
No entanto, quando os sujeitos afirmam que os seus hospitais investe
em suas capacitações, em geral, eles não especificam quais TIC’s são
disseminadas, por exemplo:
Sim, nossa capacitação de RH não é só externa, mas também interna,
temos um processo de recrutamento interno, que dá sempre a
oportunidade as pessoas a galgar novas posições dentro da empresa, a
qualquer nível, não só a chefia mas auxiliar de serviços gerais a gerência.
E13b
;
Existe não só nessa área, como o hospital tem um programa
maravilhoso de educação continuada. O hospital esta concluindo agora
uma turma de gerenciamento, o MBA em gestão hospitalar. Nesse ponto, o
hospital é impecável e já está providenciando um outro curso de gestão.
Inclui sistemas de informação.
E11c
;
Nós aqui fazemos treinamento com o pessoal do
XYXY
, para o pessoal
utilizar o
Excel
, o
data show
. É isso? O pessoal de informática pode lhe
responder melhor, sei que há capacitação por lá, treinamentos, estão
adquirindo conhecimento de novas tecnologias, novos linguagens, por lá.
E26h
;
Existe. A área de informática é corporativa... o hospital
H
tem essa
infra-estrutura de informação aqui dentro, tudo é gerado através desse
setor, juntamente com a área de RH onde temos uma assessoria de
desenvolvimento de pessoal, que fica também no hospital
H
e há uma
interação entre os setores na formação do pessoal, na busca de novos
recursos. Atualmente acabamos de concretizar um contrato com a
faculdade
ZZZZ
, para absorver estagiários de ciência da computação, da
área de informática aqui no hospital, para um intercâmbio.
E25h
;
Existe sempre que introduzimos uma tecnologia nova. Montamos um
sistema de treinamento pra absorção dessa tecnologia, para culturamento,
in loco
e em salas apropriadas.
E24g;
[...] falamos que o conhecimento não é nosso, estamos aqui para dar
suporte para que as coisas aconteçam. Nós somos os responsáveis pelas
TIC’s e as disseminamos.
E27h
;
Nesse contexto, observa-se o descompasso entre aquilo que os
idealizadores da PNIIS fomentam e os hospitais praticam, ou então, ratificam-
se algumas das fraquezas ou barreiras no tangente ao uso das TIC’s na área
de saúde, tais como as grifadas no Quadro 24 acima.
A intenção do Ministério da Saúde (MS) no uso das TIC’s nos serviços
de saúde é de tê-las como instrumentos disseminador de dados e informações,
e principalmente, como geradoras de bases de informações. A PNIIS enfatiza a
192
adoção do
software
-livre, PEP, Internet, Sistemas de Informação, registro
eletrônico, com vistas a subsidiar os Sistemas de Informação em Saúde
Nacional. Objetiva fomentar informações confiáveis para a gestão, geração de
conhecimento e controle social.
Ao confrontar a análise das respostas com o texto preconizado na
PNIIS, percebe-se que apenas uma das falas, a
E11,
diz a respeito de
capacitação em sistemas de informação. Ao que parece, os gestores
hospitalares entrevistados não concebem a tecnologia como um conhecimento
utilizado na criação ou aperfeiçoamento de produtos e serviços, que se
estendem praticamente a todas as atividades humanas. Dado que, em tempos
modernos a capacitação das equipes de trabalho, deve ser encarada como um
processo ininterrupto e, a conscientização do uso das TIC’s é condição
sine
qua non
para o sucesso dos serviços.
Oliveira (2003, p.27), esclarece que nos dias atuais, praticamente não
existem impedimentos para a aquisição de tecnologia, independentemente do
porte ou da localização do interessado. Nesse sentido, os resultados desta
pesquisa apontam para o desinteresse dos gestores ou o desconhecimento por
parte desses das tecnologias disponíveis para a saúde e que são apontadas na
PNIIS.
As TIC’s devem ser implementadas com vistas à obtenção de resultados
e aproveitamento correto dos benefícios potenciais na sua empregabilidade o
que não deve ser confundido com a sua operacionalidade. Compreende-se,
então que a obtenção de um melhor desenvolvimento das TIC’s está não
apenas na tecnologia em si, e sim nos atributos de estratégia e competência,
os quais só são encontrados nos seres humanos (OLIVEIRA, 2003, p.28).
193
Jambeiro (1998) confirma que o que importa nas questões tecnológicas
para o tratamento informacional são métodos e as qualificações diferenciadas
aplicadas aos processos de concepção e produção de produtos e serviços, e
esses dependem muitos mais de atributos humanos do que tecnológicos.
Em especial, o computador foi a invenção que reforça o processo de
corte e controle da informação, acarretando mudanças em toda a esfera da
vida moderna e atingindo o modo de usar a informação, a acessibilidade, e,
conseqüentemente, o suporte para o processo de tomada de decisão em todos
os níveis dos sujeitos sociais (BURKE; ORNSTEIN, 1998, p.287).
Por fim, acredita-se que o poder dos fluxos de informação reside na
capacidade do uso das TIC’s, na conscientização e na capacitação dos sujeitos
em empregá-las nas suas ações. No entanto, os hospitais pesquisados
demonstram a inaptidão quanto à capacitação e conscientização das TIC’s
junto ao contingente de seus profissionais.
A análise deste núcleo vem corroborar com a dos demais. Ratifica-se a
lacuna destes hospitais para com os novos paradigmas atuais: a de morfologia
em rede e a de produtos e serviços informacionais subjacentes aos
procedimentos de Gestão da Informação. Uma das causas à evidência desta
lacuna nestes serviços, pode estar associada à falta de profissionais de
informação, os quais são imprescindíveis a quaisquer serviços nos dias atuais.
5.4.5 Núcleo de Sentido 16 – Profissionais de Informação
Para finalizar a apresentação e discussão dos resultados desta
pesquisa, será analisada nesta seção, a existência de profissionais de
informação na amostra dos hospitais pesquisados. Para tanto, foi questionado
aos respondentes se eles tinham formação específica nas áreas de
194
administração, informação e informática. O foco de análise é perceber o
conhecimento desses sujeitos a respeito do profissional de informação.
Independentemente da sociedade em rede suscitar no sistema produtivo
a atuação desses profissionais, a PNIIS (BRASIL, 2004, p.16) arquiteta em
uma de suas diretrizes, o desenvolvimento e a manutenção deles nas três
esferas governamentais. Por conseguinte, o propósito dessa política se
concretizará, acredita este pesquisador, caso haja a extensão dessa diretriz a
todos os sujeitos que compõem a
networking
de saúde.
Apesar de o PNIIS preconizar a capacitação e a manutenção da
categoria dos profissionais de informação em suas diretrizes, observa-se nesse
documento que não há nenhuma referência a respeito das
cores
desses. Tal
observação exige deste pesquisador uma análise complementar pertinente a
essas
cores
. Em conseqüência, recorre-se a alguns pressupostos para a
formação deste profissional:
1. monitorar informações sobre o ambiente social, cultural, político,
econômico e de mercado;
2. exercitar visão critica sobre os vários tipos de informação e
respectivas fontes, para que possa produzir, selecionar, organizar e
disseminar as informões requeridas para o desempenho de
distintos usuários;
3. analisar o conteúdo e dialogar com o produtor e o consumidor
sobre a qualidade da informação e seu adequado tratamento;
4. dominar dois níveis de linguagem: a terminologia da fonte ou
produtor, e a linguagem para a comunicação com o usuário;
5. combinar competência de gerenciamento e tratamento de
informões com o domínio do uso das Tecnologias de Informão e
Comunicação com o usuário;
6. reconhecer o valor da informação, do ponto de vista cultural, social,
econômico e político, seja para uma organização determinada, seja
para a sociedade como um todo. (JAMBEIRO; SILVA, 2004).
A corroborar com esses pressupostos, Carvalho (2002), sinaliza que
este profissional deverá estar sempre testando as suas experiências e ser
receptivo a novos aprendizados. Para essa autora, o profissional da informação
é o humano multifacetado.
195
É ainda Carvalho quem afirma que:
[...] O trabalhador do século XXI deve distinguir as competências
técnicas das competências relacionais e sociais e a sua permanência
no trabalho depende dele próprio. Ele deve saber comunicar e
interpretar a informação disponível e planejar ações. Entre as
competências podem ser citadas criatividade, dinamismo, iniciativa,
uso da informação, aprendizado da leitura e da escrita, domínio do
espaço cultural onde se insere a capacidade de liderança. [...] São
muitas as denominações utilizadas para se referir aos profissionais
que lidam com a informação. Profissional de informação, agente de
informão, profissional do conhecimento, entre tantas outras.[...] Ele
é cada vez mais o mediador, entre a informação e o usuário,
representa o elemento humano nas relações com o meio no mundo
em transformação com um modelo de economia global baseada no
conhecimento (CARVALHO, 2002).
O resultado da análise deste núcleo, revela que há um desconhecimento
a respeito de profissionais de informação no âmbito da amostra pesquisada.
Chega-se a esta suposição, quando questionado aos sujeitos se haviam feito
algum curso específico em área de administração, informação e informática, a
maior parte dos sujeitos não sabia diferenciar formação em informação de
formação em informática.
Por meio do gráfico nº 08 abaixo, é possível visualizar que: nove sujeitos
realizaram formação em administração; apenas dois em informação, sendo um
deles graduado em Biblioteconomia e curso de extensão em Recuperação da
Informação e um outro iniciou curso de especialização em Inteligência
Competitiva, porém não concluiu.
Registra-se ainda, que cinco sujeitos não responderam a este quesito e
vinte e três deles assumem uma formação em informática. No entanto, para um
melhor esclarecimento, descartando dos vinte e três, os oito sujeitos
relacionados à área de informática, observa-se que os quinze sujeitos restantes
realizaram cursos básicos de informática:
Word
,
Excel
,
PowerPoint
; e não, uma
formação específica em informática.
196
Gráfico 08: Formação Especifica: Administração, Informação e Informática
Fonte: elaborado por este autor a partir da coleta de dados, 2005.
Nesse sentido, há de haver ações rápidas dos planejadores da PNIIS
em concretizar as diretrizes que pontuam investimentos na formação e
capacitação nas áreas de informação e informática em saúde por meio de:
[...] Articulação entre os Ministérios da Saúde, da Ciência e
Tecnologia e da Educação, com vistas a inclusão de conteúdos
relacionados à área de informão e informática em saúde em cursos
de graduação e pós-graduação de profissionais de saúde e de
informática;
Inserção na lógica dos Pólos de Educação Permanente
enfatizando o uso da tecnologia da Informação na operação do
sistema de saúde e na utilização das informações de saúde,
atendendo as necessidades especifica do controle social, da melhoria
da capacidade de gestão e da geração de conhecimento em saúde;
Desenvolvimento de programas específicos de capacitação na
área tais como: cursos de extensão, cursos técnicos, pós-graduação
senso latu
e
senso stricu
e outros (BRASIL, 2004, p.19).
Paralelo a isso, objetivando dar ênfase ao profissional de informação se
faz necessário promover a manutenção e atuação da rede de centros
colaboradores (Rede GeAH) e estimular a produção científico-tecnológica
voltada a:
[...] formação e capacitação de recursos humanos;
análise de situação de saúde;
pesquisa e desenvolvimento;
produção e disseminação de informações, inclusive cientifico-
tecnológica;
avaliação de alternativas e controle de qualidade de produtos
[...] desenvolvimento, implantação e avaliação de impacto de
sistemas de informação;
padrões para representar a informação;
protocolos clínicos;
avaliação de serviços e necessidades de saúde da população;
0
5
10
15
20
25
Forma
ç
ão
Número de profissionais
Administração
Inf ormaç ão
Inf ortica
o Responderam
197
estratégias de disseminação e comunicação em saúde
(BRASIL, 2004, p.20).
Conforme Jambeiro e Silva (2004), a demanda por profissionais de
informação se dá dado ao fato de grandes bancos de dados estarem
interligados em redes nacionais e associados a serviços personalizados de
informação voltados a usuários com interesses específicos. Associado a esse
dado, as TIC’s possibilitam amplas prestações de novos serviços, tais como:
captar, filtrar, tratar, recuperar, distribuir, disseminar informações. Para esses
autores, as TIC’s elegem, assim, a gestão da informação como atividade vital
a organizações nos níveis internacional, nacional e local da sociedade
contemporânea.
Em particular, nos serviços de saúde, este profissional terá a missão de
ampliar os acervos de dados e informações existentes nestes serviços,
disponibilizando-os a uma comunidade de usuários com interesses
customizados. Isto é, ter a criatividade em habilitar os diversos usuários de
informações em saúde a acessar esses acervos.
Dado ao fato que existe um leque de demandas por informações em
saúde, com vistas a transformá-las em conhecimento e em ação. Estes
profissionais trabalham na perspectiva que:
[...] o conhecimento sobre [...] saúde requer informações sobre o perfil
de morbidade e mortalidade, os principais fatores de riscos e seus
determinantes, as características demográficas e informações sobre
os serviços, como a disponibilidade de recursos humanos, de infra-
estrutura e financeiros. Esse conhecimento se aplica ao
planejamento, a organização e à avaliação de ações e serviços. Além
disso, na atenção à saúde, as informões são imprescindíveis ao
atendimento individual e à abordagem de problemas coletivos,
utilizando-se o conhecimento que gera desde a assistência direta nas
unidades de saúde até o estabelecimento de planos e programas
(MOTA; CARVALHO, 1999, p.505).
198
Isto posto, encerra-se a apresentação e discussão dos resultados,
inferindo que a missão maior do profissional de informação em saúde, no
primeiro momento, será o de facilitador e intermediário entre os produtores e os
usuários das informações em saúde. Supõe-se que, a partir destes hospitais
pesquisados é recorrente a ação emergencial a colocar os serviços de saúde,
ao menos os de Salvador-Ba, no contexto da sociedade em rede. Ressalta-se
ainda, parafraseando Jambeiro e Silva (2004), a necessidade de erradicar a
herança das rígidas delimitações do campo profissional absorvida
historicamente e que fundamenta as corporações de trabalhadores e
profissionais liberais.
199
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Atualmente, as organizações, de maneira geral, não podem prescindir
de um sistema de informação automatizado. Essa condição é observada,
particularmente, pelas organizações ligadas à saúde já que a qualidade do
atendimento à saúde no país, depende de sistemas de informação bem
estruturados. Sendo assim, o Sistema Nacional de Informação em Saúde
(SNIS) no Brasil só se concretizará com a participação das organizações
vinculadas aos serviços de saúde. Dentre essas organizações estão os
hospitais que, por sua vez, devem manter os seus sistemas de informação
internos automatizados e bem organizados.
Um Sistema de Informação Hospitalar (SIH) otimiza a Gestão da
Informação (G.I.) e, por conseqüência a gestão organizacional (processos
gerenciais e assistenciais), além de possibilitar a integração com sistemas de
informação externos ligados à rede de saúde. Essa interligação atenderá uma
rede de necessidades informacionais e, conseqüentemente, quando aplicada à
rede do Sistema Único de Saúde (SUS) possibilitará o conhecimento da
realidade sobre a saúde ou doença do país.
A G.I. no hospital por meio do Prontuário Eletrônico do Paciente é uma
questão fundamental na performatividade, isto é, uma melhor relação
input/output
nos processos informacionais (LYOTARD, 1989), do SIH. Estes,
por sua vez, podem ser utilizados como o elo de comunicação para o SNIS.
Torna-se imperiosa a adoção de padrões de representação da informação em
saúde objetivando gerar automaticamente registros eletrônicos, disseminando
dados e informações ao SNIS, o que resultará em uma maior coerência e
200
consistência na geração de conhecimento e controle social nas questões
pertinentes à saúde.
O Ministério da Saúde (MS) na formulação da Política Nacional de
Informação e Informática em Saúde (PNIIS) aponta, com ênfase, na direção da
interoperabilidade dos sistemas, a partir da utilização de formatos eletrônicos
padronizados na coleta de dados, como o PEP, na expectativa de gerar novos
processos e produtos e promover mudanças nos modelos de gestão
organizacional, conseqüentemente, na assistência e na administração desses
serviços.
Nesse sentido, a trajetória teórica e metodológica deste estudo foi
percorrida objetivando verificar se os hospitais de alta complexidade, na
cidade do Salvador- Ba, implementam o PEP e SIH com vistas a otimizar a
G.I. frente a PNIIS e ao contexto da Sociedade em Rede.
O interesse pelo tema foi despertado em razão de um estudo
monográfico anterior a este, aliado à experiência profissional do pesquisador e
ao fato deste ser usuário dos serviços de saúde. Como colocado na introdução,
tais fatos evidenciaram, empiricamente, as dificuldades existentes no registro e
processamento de dados e informações em saúde, e conseqüentemente, na
interligação com os Sistemas de Informação em Saúde (SIS) do país.
Todo esse interesse no registro e processamento de dados e
informações em saúde justifica-se em razão desses fomentar, promover e
aumentar novas descobertas, novos conhecimentos. Esses conhecimentos
advêm dos registros informacionais em saúde. Por sua vez, elas, informações
em saúde, subsidiam as ações para a terapêutica assistencial (clínica e
201
preventiva), bem como para a gestão de todo um sistema de saúde de uma
nação ou região.
Tal circunstância fundamentou a problematização numa questão que
prioriza o processo de gestão da informação nos hospitais. Supõe-se que, para
tal processo, produtos e serviços informacionais são essenciais para a sua
efetividade.
Defende-se nesta dissertação o PEP e o SIH para a dinâmica dos
serviços de saúde, por conseguinte, para o sistema de saúde brasileiro, quiçá,
mundial, como produtos e serviços informacionais. Tais recursos subsidiam o
homem na criação de significado do ambiente, na construção de conhecimento
e na tomada de decisão para as questões sociais e econômicas do setor
saúde.
Na contemporaneidade o conhecimento torna-se crucial, alicerça o
desenvolvimento e o futuro da humanidade. Tal análise elegeu a telemática em
consonância com os cérebros humanos a otimizar todo o processo de G.I. nos
hospitais, o que remete à condição da sociedade atual e da avalanche
informacional. Essa condição exige dos sujeitos sociais se organizarem no
contexto da morfologia em rede e valorizar meios de acesso à informação.
Inclusive, por entender que os hospitais são inseridos num contexto de uma
rede coordenada de serviços de saúde. Assim, o uso do PEP tem implicações
para o funcionamento desta rede, observando o conceito de Vigilância da
Saúde, entendida como uma prática sanitária que organiza processos de
trabalho sob a forma de operações integradas (MENDES, 1993).
Para legitimar as premissas acima e fundamentar as descobertas da
pesquisa de campo, o presente trabalho, teoricamente aborda a gestão da
202
informação no contexto da sociedade em rede (Capítulo 2), associando um
quadro político, no qual é tratada a gestão da informação na rede hospitalar
(Capítulo 3).
O caminho metodológico escolhido possibilitou atingir os objetivos da
pesquisa. O método qualitativo embasou todo o caminhar investigativo do
produto final desta dissertação. Esse método possibilitou verificar, nos hospitais
pesquisados, aspectos particulares do comportamento desses a contextos
mais amplos. Isto é, foi possível verificar nestes hospitais a relação entre PEP,
SIH e G.I., na conjuntura da formulação da PNIIS e da Sociedade em Rede.
A técnica de Análise de Conteúdo preconizada por Bardin (1977)
corroborou com a descoberta dos fatos como acontecem, pois permitiu por
meio das falas expressas dos sujeitos entrevistados alcançar os objetivos
específicos.
Vale registrar que os resultados da pesquisa de campo, apresentados e
discutidos no capítulo 5, demonstram que apenas quatro dos hospitais estão se
movimentando no sentido de adotar o PEP, contudo o seu uso não parece ser
associado a uma ferramenta de gestão organizacional, de acordo com a
perspectiva da PNIIS. Há também o desconhecimento por parte da maioria dos
gestores entrevistados a respeito: da formulação da PNIIS, do significado de
interoperabilidade e das etapas e da
práxis
de uma G.I..
No tangente a G.I., observa-se que os sujeitos focam esse processo
inerente à informatização. Eles não a concebem como a oportunidade de
otimizar o processamento e o uso da informação no hospital com uma
finalidade de sustentar a manutenção desta organização e a promover um
203
ambiente dinâmico constituindo a base para criar significado, construir
conhecimento e tomar decisões racionalmente.
Por conseguinte, não visualizam o PEP como um produto informacional,
nem concebem como uma Unidade de Transferência e Criação de
Conhecimento (UTCC). Da mesma maneira, constata-se o desconhecimento,
pelos sujeitos do SIH como um serviço de informação e da possibilidade
destes estarem interoperabilizados com os Sistemas de Informação em Saúde
(SIS).
Em suma, pela análise aqui realizada, conclui-se que os pressupostos
balizadores da questão norteadora da pesquisa não se confirmam:
Parte dos hospitais pesquisados começa a utilizar SIH’s,
no entanto, não na perspectiva do processo de G.I.;
Quanto ao uso do PEP, apenas um hospital implementa
com vistas a interagir com o SIH;
Estes hospitais não participaram, até o final desta pesquisa
de campo, na formulação da PNIIS;
Entende-se que a maioria destes hospitais não atuam no
contexto da morfologia em rede e desconhecem o
processo de gestão da informação.
A concretização da proposta da PNIIS parece depender do
estabelecimento de um canal de comunicação entre os hospitais (rede de
serviços) e as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde e o Ministério da
Saúde. Através de um trabalho efetivo de orientação, não só com relação à
adoção e capacitação em infra-estrutura tecnológica, mas principalmente na
conscientização da necessidade de mudança comportamental e cultural dos
204
sujeitos, com relação às considerações sobre processamento e uso da
informação no contexto econômico informacional.
É imperioso disseminar o significado da Política Nacional de Informação
e Informática em Saúde (PNIIS), de Gestão da Informação (G.I.), de Sistemas
de Informação, de profissionais de informática e de informação entre os
sujeitos que conformam o sistema de saúde. Parece ser imprescindível
conscientizar ainda, aos sujeitos, o significado de informação no contexto atual
e a representação da rede hierárquica entre dados, informação e
conhecimento, suscitando que a informática é importante, entretanto é
ferramenta periférica numa G.I..
A telemática é ferramenta de gestão e propicia a eficiência nos sistemas
e serviços de saúde, pois facilita a convergência da produção a gerar
conhecimento, desde que os sujeitos saibam usar a informação e os processos
de G.I..
Compreende ainda, que a telemática viabiliza interações entre os
diversos agentes sociais envolvidos nos processos de atenção à saúde o que
pode fomentar ações condizentes com as diversas realidades do país.
Consubstancia o setor saúde adotar a morfologia em rede. Isso, sem dúvida,
contribui para o planejamento, gestão, organização e avaliação do SUS e na
formulação de políticas de saúde.
Os resultados apontam que a
práxis
dos sujeitos, em saúde,
desconhecem as premissas preconizadas por Mattelart na epígrafe desta
dissertação. Quem sabe ainda, esses sujeitos não associam que
[...] Nesses tempos modernos, em que é moda chamar a informação
de “mercadoria do futuro”, talvez valha a pena lembrar o modo como
a informação tem sido sempre usada como uma “possessão” artificial
por aqueles que a detém. Na época em que o
Australopithecus
talhava o primeiro implemento de pedra (e com ele os meios de fazer
205
coisas que ainda não existiam), os hominídeos tinham uma relação
tão interdependente com o meio ambiente que se poderia dizer que
formava parte dele. Então o machado trouxe à luz algo distinto dessa
realidade compartilhada. Graças ao machado e aos presentes que o
seguiram, havia agora um elemento novo e inatural na vida. Esta
entidade se tornaria conhecida como “conhecimento” e serviria para
mudar o mundo e controlar as pessoas. (grifo nosso) (BURKE;
ORNSTEIN, 1998, p.280).
A pesquisa ratifica a resistência dos hospitais em disseminar ou
compartilhar informações, que caracteriza o paradigma de que “informação é
poder”. Na prática, isso se traduz em uma das limitações desta pesquisa: a
dificuldade de acesso a essas organizações demonstrada pela recusa de três
hospitais em fazer parte do estudo empírico, sendo que um destes é
considerado referência nacional na questão de interoperabilidade.
Dentre outras limitações, evidencia-se o aspecto desta pesquisa ter sido
realizada apenas em hospitais de uma única cidade do Brasil. O que não
consubstancia o resultado para a realidade nacional. Justifica-se a não
extensão para outros estados, em razão do tempo exigido para uma pesquisa
de mestrado, além da falta de recursos financeiros. Apesar de o pesquisador
ter contado com a bolsa da CAPES.
Não obstante as limitações acima, entende-se que a pesquisa atendeu
ao seu objetivo por abordar modelo de gestão para a
práxis
dos serviços de
saúde, isto é, a Gestão da Informação e a integração de Sistemas de
Informação. Evidencia ainda um novo olhar na utilização do prontuário, a
possibilidade de encará-lo como uma Unidade de Transferência e Criação de
Conhecimento. Corroborando com os preceitos da Ciência da Informação de
vislumbrar a informação como objeto de estudo para fins sociais. Ela,
informação, é inextricável a ação humana, seja no contexto cognitivo, político,
econômico, cultural, produtivo, dentre outros.
206
Neste trabalho, necessidades informacionais dos sujeitos sociais que
perfazem a
networking
do sistema de saúde brasileiro foram evidenciadas. Em
especial, como sinalizado na PNIIS, é primazia identificar os usos potenciais
das informações em saúde para os usuários profissionais e gestores que
configuram esse sistema. Como é dito por Drucker (2002, p. 44), é preciso
aprender a assumir a “responsabilidade pela informação”, o que significa
questionar: “De que informações necessito para fazer meu trabalho? De quem?
Que informações devo prestar? A quem?” E, aliado a essas quatros questões,
associa-se mais outras duas: “Em que forma? Quando?”.
Outro ponto discutido e associado à Ciência da Informação foi o uso das
Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC’s) com fins para a Gestão da
Informação e integração de Sistemas de Informação. Para muitos estudiosos
as TIC’s não são apenas outra tecnologia, mas tecnologias revolucionárias,
comparáveis, em impacto, às tecnologias revolucionárias das Primeiras e
Segundas Revoluções Industriais. Daí acreditar-se em modificações radicais no
estilo de vida, em uma nova era, para melhor ou para pior, como aconteceu no
passado em decorrência do motor a vapor, da eletricidade e do motor a
combustão. As TIC’s associadas à telemática imprimem a esta sociedade a
tipologia em rede.
Nesta nova era, a informação é considerada um dos principais
patrimônios dos agentes sociais devendo ser tratada como tal, e protegida nos
seus aspectos de disponibilidade, integridade, confidencialidade e
autenticidade. E, a telemática está permeando a cadeia de valor dos processos
produtivos, em cada um de seus pontos, transformando a maneira como as
atividades são executadas e a natureza das interligações entre elas. Está,
207
também, afetando o escopo competitivo e reformulando a maneira como os
produtos e serviços atendem às necessidades dos cidadãos. Estes efeitos
básicos explicam porque a telemática adquiriu um significado estratégico e
diferencia-se de muitas outras tecnologias utilizadas nos processos de geração
de produtos e serviços.
O que caracteriza a revolução tecnológica não é a centralidade de
conhecimentos e informação em si, mas a aplicação desses conhecimentos e
informações para a geração de conhecimentos e de dispositivos de
processamento / comunicação da informação, em um ciclo de realimentação
cumulativo entre a inovação e seu uso. E, quando, a telemática é aplicada no
sistema de saúde de uma Nação, ela exerce um impacto nas iniqüidades em
saúde ao ampliar o acesso à informação por parte de grupos excluídos (sejam
cidadãos, organizações de serviços de saúde, dentre outros), nos seus
processos de tomada de decisão de todo tipo, gerando conhecimento de
problemas locais e globais, fortalecendo relações entre pessoas e grupos,
permitindo ainda aos gestores o engajamento de ações coletivas, como é
sinalizado por Pellegrine Filho (2000, p. 14).
Nesse sentido, a atitude do Ministério da Saúde em propor a Política
Nacional de Informação e Informática em Saúde como um instrumento
balizador para integrar os Sistemas de Informação em Saúde fortalece a
convergência de produção como no da utilização do conhecimento, com vistas
a possibilitar interações entre diversos agentes sociais envolvidos nos
processos de produção e uso de dados e informações em saúde. Entende-se,
que o MS procura promover a disseminação de informações a gerar ações às
208
demandas em saúde, minimizando as dificuldades a alcançar os princípios de
equidade, universalidade e igualdade nesse setor.
Torna-se necessário, então despertar nos gestores hospitalares a visão
da importância da gestão da informação com a utilização da telemática,
associado a produtos e serviços informacionais para uma efetiva gestão em
saúde. Pensar a gestão da informação no hospital a partir da aplicação desses
produtos e serviços, tendo o PEP como unidade básica de coleta e registro,
consubstanciando o seu papel como uma UTCC.
Pela realização deste estudo, este pesquisador sugere os seguintes
estudos, com vistas a:
Verificar se os hospitais de alta complexidade no Brasil,
estão implementando o PEP e SIH com vistas a otimizar a
G.I., frente a PNIIS e ao contexto da Sociedade em Rede;
Validar a eficácia do PEP na gestão hospitalar ou da sua
eficiência como um produto de informação no processo de
gestão da informação;
Avaliar o processo de implantação da PNIIS nas diferentes
regiões do país;
Verificar se o PEP integra os processos gerenciais e
assistências de um hospital observando o conceito de
Vigilância da Saúde.
Para finalizar, vale considerar a colocação de Foucault (2004, p.110),
para quem o hospital não é somente um lugar de cura, mas onde há, também
um campo documental de registro, acúmulo e formação do saber e poder.
209
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WIENER, Norbert. Cibernética e sociedade. São Paulo: Cultrix, 1954.
218
APÊNDICE A
ROTEIRO PARA ENTREVISTA
1. IDENTIFICAÇÃO DA ENTREVISTA:
1.1
Numero da entrevista
1.2
Hospital:
1.3
Ano de Fundação:
1.4
Nome da Instituição
Mantenedora:
1.5
Local da Entrevista
1.6
Data
1.7
Hora Inicio
1.8
Hora Final:
2. CARACTERIZAÇÃO DO SUJEITO:
Sexo:
Profissão / Ocupação:
Tempo de formado:
Titulação acadêmica mais elevada:
Tempo no cargo /função:
Tempo de experiência nessa área:
Formação especifica na área de administração, informação ou informática:
Contatos (e-mail, telefone, fax, celular):
3. PERGUNTAS:
1. Para você o quê significa a Gestão da Informação no Hospital?
2. Neste hospital existe avaliação das necessidades informacionais de
seus usuários (pacientes, profissionais, gestores, instituições)?
3. Qual é o maior entrave no processo da Gestão da Informação neste
hospital? (Classifique por ordem de entrave, 5 para o maior entrave até 1 para
o menor entrave)
4. Que grau de importância você designa para as informações
(Epidemiológica, Assistencial e Administrativa) produzidas num hospital?
(Cinco para a mais importante até 1 para a menos importante). Para você há
um outro tipo de natureza de informação produzida num hospital?
5. Este hospital utiliza alguma estratégia de disseminação da informação
entre a equipe assistencial e administrativa? Em caso afirmativo qual?
6. Qual a sua opinião sobre a padronização da informação no formato
eletrônico nos serviços de saúde?
219
7. Qual o estágio de utilização do Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP)
neste hospital?
8. Em sua opinião, quem mais se beneficiará com a padronização da
informação no formato eletrônico nos serviços de saúde? Pacientes,
Profissionais da Assistência, Profissionais do Administrativo, Pesquisadores,
Gestores, Agentes Financiadores dos Serviços, Governo (Município, Estado,
Federal), Sociedade Civil. (Classifique por ordem de beneficio, 5 para o maior
beneficiado até 01 para o menor).
9. Que tipo de Sistema de Informação Hospitalar é adotado nesta
unidade?
10. Como este hospital se articula com o DATASUS?
11. Qual a capacidade deste Hospital, em termos de: Hardwares,
Softwares e Telecomunicações?
12. Você conhece a PNIIS que o MS está construindo em conjunto com a
sociedade? Em caso afirmativo, o que você pensa sobre a Política.
13. Você conhece o Sistema Nacional do Cartão Nacional de Saúde
(SCNS)?
14. Este hospital utiliza alguma estratégia de comunicação entre os demais
serviços de saúde e os órgãos institucionais de governo sobre dados e
informações em saúde?
15. Existe programa de capacitação frente às Tecnologias de Informação
e Comunicação neste hospital?
220
APÊNDICE B
CARTA DE APRESENTAÇÃO
Salvador, de ________ de 2004.
Ao HOSPITAL
At.
Ref.: Pesquisa acadêmica sobre a GESTÃO DA INFORMÃO NO
HOSPITAL E A INTEGRAÇÃO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM
SAÚDE: Um estudo dos hospitais de alta complexidade, em Salvador, a partir
das diretrizes da Política Nacional de Informação e Informática em Saúde
(PNIIS).
Prezados Senhores:
Estamos realizando a referida pesquisa acadêmica junto aos hospitais
de Salvador, de alta-complexidade – nível 08, e registrados no CNES –
Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde. Justifica-se a escolha
desses hospitais por serem sistemas organizacionais, onde há uma demanda
variada de atendimento exigindo uma pluralidade de serviços. Busca-se
identificar como esses serviços utilizam a informação e a informática, com
vistas a otimizar a gestão da informação, e conseqüentemente, se estão em
consonância com as diretrizes da PNIIS.
Gostaríamos de esclarecer, que os dados coletados nesta organização serão
analisados com a finalidade de atender aos requisitos acadêmicos a obter o
título de mestre. Todas as respostas serão tratadas de forma confidencial e
agregadas de maneira que nenhuma resposta individual possa ser identificada.
A razão social e os dados cadastrais desses hospitais pesquisados serão
mantidos em sigilo absoluto em todas as publicações advindas dessa
pesquisa.
Na entrevista partimos das diretrizes da PNIIS e de conceitos definidos e
fundamentados na literatura e na prática de autores renomados no âmbito
nacional e internacional. A partir dessas diretrizes e conceitos, verificaremos o
grau do referido alinhamento na prática.
221
As questões serão apresentadas de forma a obter uma resposta que mais
representará a prática atual existente em sua organização e não o que seria
uma situação ideal. Dessa forma, solicitamos um tempo médio de 30 minutos
de V.Sª, no qual será desenvolvida a entrevista com quatro sujeitos nas
seguintes áreas: Informática, Arquivo, Administrativo e Assistência.
Informamos que para otimizarmos o tempo e a apreensão das respostas,
estaremos usando a técnica da gravação eletrônica. Salientamos que a análise
das respostas será relacionada a pontos de acordo com os objetivos e o
referencial teórico da presente pesquisa.
Como contrapartida de sua participação, sua organização receberá uma
síntese dos demais participantes, a tabulação da análise e interpretação dos
dados, retratando a realidade de organizações hospitalares, que poderão
contribuir com a Gestão da Informação e a Integração de Sistemas de sua
organização. Também poderemos enviar a dissertação de mestrado na íntegra,
caso queiram.
Salientamos ainda, que o Projeto de Pesquisa está registrado no Comitê de
Ética em Pesquisa – RG. CEP.: 064/2004 da Maternidade Climério de Oliveira
– UFBA, e em anexo consta, o “Termo de Consentimento Livre e Pré-
esclarecido” em duas vias, para que o entrevistado assine, devolvendo uma via
ao pesquisador.
Sabemos que o tempo dos gestores dos hospitais é bastante curto em relação
às suas atividades. Porém, sua participação e sua contribuição na nossa
pesquisa são muito importantes para que obtenhamos um resultado mais
preciso dessas práticas cotidianas.
Colocamo-nos à disposição para os esclarecimentos que se façam
necessários.
Antecipadamente agradecemos muito.
Atenciosamente.
Helena Pereira da Silva
Doutora (UFSC), Professora Adjunta do
ICI/UFBA. ORIENTADORA da Pesquisa.
End.: Av. Miguel Calmon s/n, Campus do
Canela. CEP.: 40.110-110, Salvador –Ba.
Tel. (71) 336.6755 – E-mail:
helenaps@ufba.br
Francisco José Aragão Pedroza Cunha
Mestrando em Ciência da Informação (ICI/UFBA)
End.: Av Paulo VI, 2114/1102, Pituba. CEP.: 41.810.001
Tel.: (71) 358.5473 e 99689822. E-mail:
222
APÊNDICE C
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E PRÉ-ESCLARECIDO
A Pesquisa: A Gestão da Informação no Hospital e a Integração de
Sistemas de Informação em Saúde (SIS): um estudo nos hospitais, de alta
complexidade, em Salvador - Ba, a partir das diretrizes da Política Nacional de
Informação e Informática em Saúde (PNIIS).
Pesquisador Responsável: FRANCISCO JOSÉ ARAGÃO PEDROZA
CUNHA.
Eu, ____________________________________, afirmo ter conhecimento dos
procedimentos relacionados à pesquisa intitulada acima, cujos objetivos são:
identificar em que estágio as organizações hospitalares de alta complexidade
em Salvador utilizam o Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP) com vistas a
subsidiar a Gestão da Informação (GI), frente a PNIIS do Ministério da Saúde
(MS) em construção coletiva com a sociedade brasileira; levantar na PNIIS os
pontos em que é propagada a necessidade da representação da informação no
formato eletrônico, ou seja, o PEP com vistas a uma gestão da informação nos
serviços de saúde, e que proporcione a integração dos SIS; compreender a
visão dos gestores das organizações
locus
deste estudo, sobre a padronização
da representação da informação por meio eletrônico; descrever o uso de
Sistemas de Informação Hospitalares (SIH) nas organizações hospitalares e a
sua relação com os SIS. Declaro para fins de direito, que estou de acordo em
participar voluntária e gratuitamente no referido estudo, participando de uma
entrevista para a coleta de dados. Estou ciente de que serei interrogado (a)
sobre gestão da informação e integração de sistemas, e da PNIIS. Estou ciente
também de que será garantido absoluto sigilo sobre a minha identidade e que
este estudo não reverterá em benefícios pessoais aos participantes, mas
contribuirá para a ampliação do conhecimento em relação ao tema e ao
processo de construção desta política entre o MS e a sociedade brasileira.
Salvador, ____/ _____/ _____.
__________________________
Assinatura do participante
Contato com o pesquisador:
Instituto de Ciência da Informação (ICI), Programa de Pós-graduação em Ciência
da Informação (POCISI) – Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Av. Miguel Calmon s/n, Campus do Canela. 40.110-110, Salvador –Ba.
Fone: 3336.6755 e 9968-9822.
223
ANEXO A
MODELO DE ORGANIZAÇÃO HIERARQUICA DE UM HOSPITAL
FONTE: Ordenação dos Serviços Hospitalares, Teixeira, 1989, p. 50
224
ANEXO B
SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE NO BRASIL
ITEM SIGLA SISTEMA DE INFORMAÇÃO
01 SIM Sistema de Informação sobre Mortalidade
02 SINASC Sistema de Informação de Nascidos Vivos
03 SINAM Sistema de Informação de doenças e agravos de
notificação compulsória e eventos de relevância
epidemiológica
04 SIH/SUS Sistema de Informação Hospitalar do SUS
05 SIA/SUS Sistema de Informação Ambulatorial do SUS
06 SI/PNI Sistema de Informações do Programa Nacional de
Imunizações
07 SIAB Sistema de Informações de Atenção Básica
08 SIAS Sistema de Informações Administrativa
09 SIARH Sistema de Informações de Recursos Humanos
10 SIEG Sistema de Informações Estratégico e Gerencial
11 SIG/PROFAE Sistema de Informações Gerenciais do Projeto de
Profissionalização dos Trabalhadores da Área de
Enfermagem
12 SIGAB Sistema de Gerenciamento de Unidade Ambulatorial
Básica
13 SIPAD Sistema de Passagem e Diárias
14 SIPAR Sistema de Protocolo e Arquivo
15 SIPAT Sistema de Patrimônio
16 SISMAT Sistema de Materiais
17 SISTRU Sistema de Estrutura Organizacional
18 SISVAN Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional
19 SNA Sistema Nacional de Auditoria
20 SIBNs Sistema de Informações de Base
21 HOSPUB Sistema Integrado de Informatização de Ambiente
Hospitalar
22 SIOPS Sistema de Informação sobre Orçamento Públicos em
Saúde
Fonte: Adaptação do autor, fundamentado em Souza, 2002, p.55 e p. 57.
225
ANEXO C
DEFERIMENTO DO COMITÊ DE ÉTICA
EM PESQUISA EM SAÚDE (CEP)
226
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo