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1.3. A qualidade e as pessoas
O que precisamos nesses encontros é precisamente isso. É despertar o país para o
que há de fundamental na criatividade. E, por mais que se diga, e por mais que se
imagine que nós vivemos hoje num mundo em que a sociedade é de massa, e que a
cultura é de massa, isto é uma ilusão, porque a cultura, no momento em que nós
vivemos hoje, ela está ultrapassando esse limiar da imaginação de que tudo se
resolvia através da cultura de massa para outra vez ver-se que houve uma
fragmentação imensa de tudo, inclusive dos públicos e dos criadores, o que é
preciso, outra vez, que haja uma quase – perdoem-me e não me entendam mal –
volta à artesania num novo patamar.
De novo, se valorizo aquilo que é feito especificamente. Os públicos específicos, o
artista específico, e isto é assim na produção industrial.
Visitei recentemente a Volkswagen na Alemanha, e agora os senhores podem visitar a
Volkswagen Resende. O chassi do caminhão, que vai sai de Resende, tem o nome do
artesão responsável, do operário especializado, que é responsável por aquele chassi.
Nós estamos vivendo uma nova revolução tecnológica que faz revalorizar esses
aspectos da criatividade, de responsabilidade individual, da liberdade, porque é
preciso ter liberdade para ser responsável. Isso se funde com a cultura”
2
(CARDOSO, apud KULLER,1996, p. 181).
Dentro da perspectiva da relação dos recursos humanos na gestão da qualidade
é marcante o desenvolvimento das pessoas, pois a participação delas reflete o
resultado da instituição. Para isso é necessário instituir uma gestão participativa, que
implica a distribuição da responsabilidade e ao mesmo tempo o respeito à escuta,
considerando-as co-partícipes do desenvolvimento organizacional (MALIK, 1996).
Para a escola de relações humanas, a função gerencial, em relação à gestão
de pessoas, consistia basicamente, para a alta cúpula, na definição das diretrizes
básicas e aprovação das normas e estratégias estabelecidas por setores
especializados, e a média gerência e supervisores operacionalizavam as normas e
estratégias (KULLER, 1996).
A partir do movimento para a qualidade total as organizações se modificaram.
As pessoas dentro da organização deixaram de ser encaradas como “recursos”,
2
Trecho do discurso do presidente Fernando Henrique Cardoso no Teatro Nacional de Brasília em 5
de novembro de 1995, na solenidade de comemoração do Dia da Cultura, publicado em 19 de
novembro no Caderno Mais, páginas 4 e 5, da Folha de S.Paulo.