255
utilizar alguns aspectos da obra luriana, restritos a determinadas temáticas, não é em si um
problema quando não se descola o autor do pensamento vigotskiano e de sua base
marxista.
Diversos autores nacionais
56
e internacionais
57
, ainda, citando ou não Vigotski
vinculado a Luria, não mencionam a base filosófica ou a ligação de ambos ao marxismo.
Tais estudos, ao realizarem este distanciamento - tanto de Luria, quanto dele e Vigotski
juntos - de sua base marxista, acabam por diluir o aspecto sócio-cultural e histórico a um
pano de fundo de menor importância, isso quando este é mencionado. Esses autores ora
enfatizam as relações entre pares, transformando o papel dado à linguagem (verbal, escrita,
matemática) numa mera construção de significados entre pessoas em que predomina a
análise discursiva e a relação dialógica, ora atribuindo importância significativa aos
aspectos biológicos do desenvolvimento, no caso das funções superiores, o seu substrato
cerebral.
A combinação dos dois fatores já apontados, quais sejam, a apropriação de
fragmentos de textos de Luria dissociados da sua base filosófica marxista, bem como a não
associação dos trabalhos dele ao pensamento de Vigotski, vêm conduzindo não só a
distorções como também a alterações e inversões dos conceitos lurianos com sérias
conseqüências no âmbito da educação, que se procurará exemplificar com base em alguns
autores.
Kagan & Saling (1997), por exemplo, tecem severas críticas às tentativas de
padronização e estandartização que vêm sendo feitas, tomando como base as provas
qualitativas lurianas. Dentre as padronizações mais conhecidas, encontram-se o trabalho
realizado por A. L. Christensen, 1974, 1975, e o de Golden, Hmmeke e Purisch, 1980
Moura (2004), Teixeira (2005), Almeida & Antunes (2005) e internacionais, como: Ratner (1995), Fonseca
(1995a, 1995b), Blanck (1996) , Rosa & Montero (1996) , Cole (1996 ), Wertsch (1996) , Díaz, Neal & Amaya-
Williams (1996), Panofsky, John-Steiner e Blackell (1 996), Moll & Greenberg (1996), Rued a (1996),
Ferreiro (1996), Beatón (20 01), Beatón & Calejon (2002).
55
Temos autores nacionais, como: Morais (19 86), Lecours & Parente (1997), Romanelli & Riechi (1999) ,
Capellini & Oliveira (2003), Gonçalves (2003), Tabaquim (2003), Guimarães, Rodrigues & Ciasca (2003),
Tonelotto (2003), Sousssumi (2004), Funayama & Penna (2005), Polônia & Dessen (2005) e internacionais,
como: Downing (1987) , Gerber (1996), Ga rcía (1998), Springer & Deutsch (1998), Gardner (2003), Carter
(2003).
56
Rocco (1990), Setúbal (1993), Lacerda (1996), Fontana (1996a, 1996b), Oliveira (1996, 1999), Azenha
(1997), Romanelli & Riechi (1999), Góes (20 00), Braga (2000), Góes (2 000), Kristensen, Almeida & Go mes
(2001), Japiassu (2001), Vasconcelos (2 001), Japiassu (2001), Reg o (2002), Gonçalves (2003), Tabaqu im
(2003), Tonelotto (2003), Guimarães, Rodrigues & Ciasca (200 3), Camargo (2004), Soussu mi (2004), Leite
& Tagliaferro (2005 ), Fun ayama & Penna (2005)
57
Como Downing (1987), Fonseca (1995a, 1995b), Díaz, Neal & Amaya-Williams (1996), Panofsky, John-
Steiner e Blackell (1996), Moll & Greenberg (1996), Rueda (1996), García (1998), Springer & Deutsch
(1998)