tenham acontecido modificações na educação pública brasileira. Mas foi,
entretanto, a preocupação com o elevado número de analfabetos que
ocasionou a reforma educacional paulista na década de 1920. Tal movimento
propunha a oferta do ensino primário em dois anos como forma de
democratizar o acesso à educação. Outras reformas educacionais também
tiveram este objetivo em diversos estados brasileiros. Multas e penas
buscavam garantir a implementação da obrigatoriedade do ensino. Como
vimos os esforços para a propagação da educação foram variados. “A reforma
paulista de 1920 representa um exemplo singular nesse esforço para dar
instrução primária a todos, de acordo com a pregação nacionalista da época”
(Nagle, 1974, p. 207).
Em 1932, o Manifesto dos Pioneiros pelo movimento da Escola Nova,
liderado por Fernando de Azevedo
2
e Afrânio Peixoto
3
, apresentou-se como
resposta ao declínio da educação ocasionado pela reforma de 1920. O
manifesto que tinha como objetivo a democratização do ensino e propunha
uma revolução na educação brasileira, conforme encontramos: “na hierarquia
dos problemas nacionais, nenhum sobreleva em importância e gravidade ao da
educação”.
4
A preocupação com a proteção e assistência à infância alavancou
o crescimento da rede educacional oficial e particular, aumentando assim a
quantidade de crianças matriculadas nos grupos escolares. Todavia, segundo
Souza (1998), era perceptível o favorecimento de determinados grupos sociais.
2
Fernando de Azevedo (1894-1974), bacharel em Direito, iniciou sua carreira como jornalista
em O Estado de São Paulo. Desenvolveu a primeira e vasta pesquisa sobre a situação da
educação em São Paulo. Foi integrante do movimento reformador da educação pública, na
década de 20, que ganhou o país e foi impulsionado pela Associação Brasileira de Educação,
fundada em 1924. Entre 1927 e 1930, promoveu ampla reforma educacional no Rio de Janeiro,
capital da República, animada pela proposta de extensão do ensino a todas as crianças em
idade escolar; articulação de todos os níveis e modalidades de ensino: primário, técnico
profissional e normal; e adaptação da escola ao meio-urbano, rural e marítimo.
3
Julio Afrânio Peixoto (1876-1947), formou-se em medicina pela Universidade da Bahia,
considerado como o fundador da Psicologia forense no Brasil. Atuou nas mais diversas áreas,
foi médico legista, político, professor, crítico, ensaísta, romancista, historiador literário,
acadêmico, polemista. Foi eleito para a Academia Brasileira de Letras na cadeira de Euclides
da Cunha. No Rio de Janeiro, foi inspetor de Saúde Pública (1902). Diretor do Hospital
Nacional de Alienados (1904). Após concurso, foi nomeado professor de Medicina Legal da
Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro (1907) e assumiu os cargos de professor
extraordinário da Faculdade de Medicina (1911); diretor da Escola Normal do Rio de Janeiro
(1915); diretor da Instrução Pública do Distrito Federal (1916); deputado federal pela Bahia
(1924-1930); professor de História da Educação do Instituto de Educação do Rio de Janeiro
(1932). No magistério, chegou a reitor da Universidade do Distrito Federal, em 1935. (Fonte:
http://www.polbr.med.br/arquivo/wal0802.htm, adaptado pela autora).
4
Manifesto dos Pioneiros, a Escola Nova, 1934.