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VANESCA KORASAKI
BESOUROS SCARABAEOIDEA EM FRAGMENTOS
FLORESTAIS, LONDRINA - PARANÁ, BRASIL
LONDRINA
2007
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VANESCA KORASAKI
BESOUROS SCARABAEOIDEA EM FRAGMENTOS
FLORESTAIS, LONDRINA - PARANÁ, BRASIL
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Agronomia, da
Universidade Estadual de Londrina.
Orientador: Prof. Dr. José Lopes
Co- Orientador: Dr. George Gardner Brown
LONDRINA
2007
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VANESCA KORASAKI
BESOUROS SCARABAEOIDEA EM FRAGMENTOS FLORESTAIS,
LONDRINA - PARANÁ, BRASIL
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Agronomia, da Universidade
Estadual de Londrina.
Aprovada em: 27/02/2007
COMISSÃO EXAMINADORA
Prof. Dr. Amarildo Pasini UEL
Dr. Lenita Jacob Oliveira EMBRAPA-Soja
Prof. Dr. Mauricio Ursi Ventura (suplente) UEL
Prof. Dr. Jo Cirino Zequi (suplente) UNIFIL
____________________________________
Prof. Dr. José Lopes
Orientador
Universidade Estadual de Londrina
DEDICATÓRIA
A Deus, aos meus pais Pedro Korasaki in
memorian e Teruco Korasaki, irmãos e
sobrinhos.
AGRADECIMENTOS
A Deus, por ter me concedida saúde e disposição para o
desenvolvimento deste trabalho, pois sem Ele nada seria possível.
A toda minha família, pelo incentivo.
A Universidade Estadual de Londrina e ao Departamento de
Agronomia pela oportunidade de realização do curso.
Aos professores do programa de pós-graduação em Agronomia,
pelos ensinamentos e dedicação em suas tarefas de formarem mestres e doutores.
A Embrapa-Soja por toda ajuda logística e financeira.
Ao Doutor José Lopes, pela orientação e amizade.
Ao pesquisador Dr. George Gardner Brown pelo incentivo, amizade
e confiança, enfim por toda ajuda que vem dá graduação até o mestrado e me serão
para a vida toda.
Ao Dr. Amarildo Pasini pela colaboração e amizade.
A pesquisadora Dr. Lenita Jacob Oliveira pelos conselhos, incentivo,
amizade e confiança em mim depositada.
As pesquisadoras Dr. Clara Beatriz Hoffmann Campo e Beatriz
Spalding Corrêa Ferreira, pelo apoio e amizade.
Ao técnico de laboratório Aparecido pela ajuda nas coletas,
sugestões e pela amizade.
A equipe técnica de entomologia da Embrapa-Soja, em especial ao
Pavão, Póla, e Eupídio e ao funciorio da UEL David César Tramontina, pela ajuda
em outros trabalhos e amizade.
Aos funcionários da fazenda escola da UEL.
Ao Instituto Ambiental do Paraná (IAP) por permitir a realização
desta pesquisa no Parque Estadual Mata dos Godoy, e a Liliana diretora do parque,
pela ajuda.
A Secretaria do Estado e Meio Ambiente (SEMA) por permitir a
realização desta pesquisa no Parque Municipal Arthur Thomas.
A meus colegas dos laboratórios de Entomologia da Agronomia e
Biologia da UEL e Entomologia da Embrapa-Soja, pelos anos de amizade.
A minhas grandes amigas de mestrado Mari, Silvia, Adriana, Daliana
e Má, companheiras de festa e de aula e as amigas de fora do mestrado,
principalmente Ingria, Thá, Carol e Vivi.
Aos orientados do NIP11, pela amizade e ajuda, em especial a
Flederico, Annelyse, Taciana, Kawani, Murillo e Denise.
A todos os amigos da UEL e a todos os amigos da Embrapa que fiz
nestes anos.
Ao Fernando Z. Vaz-de-Mello pela identificação dos Scarabaeoidea
e ajuda nas vidas sobre os besouros.
As minhas sobrinhas Giulia e Vitória que adoram os besouros e a
meu sobrinho Thiago por sempre preencherem nossas vidas comsg
A natureza é a arte de Deus
Sir Thomas Browne
Religio Médici, 1642
O preceito antigo, Conhece-te a ti mesmo, e o preceito moderno, Estuda a
natureza, tornaram-se por fim uma só máxima
Ralph Waldo Emerson,
The American Scholar”
KORASAKI, Vanesca. Besouros Scarabaeoidea em fragmentos florestais,
Londrina Paraná, Brasil. 2005-2006. 48p. Dissertação de Mestrado
Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2007.
RESUMO
As transformações no ambiente realizadas pelo homem são as principais causas de
mudanças e decréscimo na biodiversidade. O estudo comparativo entre ambientes
preservados e degradados no estado do Para, se torna importante devido à falta
de informação da fauna, principalmente artrópodes antes da colonização deste
estado. A comunidade de besouros Scarabaeoidea foi estudada no período de
setembro de 2005 a agosto de 2006 em três fragmentos florestais. Os objetivos do
trabalho foram realizar o levantamento das espécies de Scarabaeoidea atraídas por
diferentes iscas; comparar qualitativamente e quantitativamente a população nos
diferentes fragmentos. As coletas foram realizadas com armadilhas de solo do tipo
pitfall trap com diferentes iscas e a testemunha. Foram coletados 7312 espécimes,
pertencentes a seis tribos, 17 gêneros e 39 escies. As escies mais abundantes
foram Coilodes gibbus (Perty, 1930) (61,96 %), Coilodes sp.2 (13,93%), Deltochilum
aff. morbillosum (5,00%), Canthon chalybaeus (Boucomonti, 1928) (4,58%), as
demais espécies foram coletadas em porcentagem inferior a 4,0%. A maioria das
espécies apresentaram bito alimentar generalista. Ocorreu maior riqueza de
espécies e abundância de besouros Scarabaeoidea no fragmento de maior tamanho
considerado mais preservado. O cálculo do índice de Shannon o mostrou valor
condizente com a riqueza encontrada, havendo uma queda do índice quando a
população de alguma espécie é alta. Constatou-se que algumas escies de
besouros Scarabaeoidea que se alimentam de fezes e material em decomposição
podem ser possíveis bioindicadores de ambientes perturbados.
Palavras-chave: Coleoptera, Scarabaeidae, copro-necrófago, floresta tropical,
guilda.
BEETLES SCARABAEOIDEA IN FOREST FRAGMENTS, LONDRINA PARANÁ,
BRASIL KORASAKI, Vanesca. Beetles Scarabaeoidea in forest fragments,
Londrina-Paraná, Brazil
. 2005-2006. 48p. Dissertação de Mestrado Universidade
Estadual de Londrina, Londrina, 2007.
ABSTRACT
The transformation in the environment carried through by the man are the main
cause of changes and decrease in biodiversity. The comparative study between
preserved and degraded environments in Paraná state becomes important due to
lack of fauna information, mainly arthropods before its settling. The Scarabaeoidea
beetle community was studied in the period of September 2005 to August 2006 in
three forest fragments. The objective of the work were to carry through the survey of
different species of Scarabaeoidea attracted by the baits, to compare qualitatively
and quantitatively different fragments of population. The collection had been carry
through with pitfall trap with different baits and witness. 7.312 specimens had been
collect, pertaining the 6 tribes, 17 genera and 39 species. The most abundant specie
were Coilodes gibbus (Perty, 1930) (91,96%), Coilodes sp 2 (13,93%), Deltochilum
aff. morbillosum (5,00%), Canthon chalybaeus (Boucomonti, 1928) (4,58%), the
others species had been collected in inferior percentage of 4,0%. The majority of the
species had presented generalist alimentary habit. Bigger wealth and abundance of
Scarabaeoidea beetles species occurred in the preserved and great fragment. The
calculation of Shannon index did not show the same consonant with the wealth
founded, having a falling index when the population of some species is high. It was
verified that some species of excrement and decomposition material feeding
Scarabaeoidea bettles can be possible bioindicators of disturbed enviroments.
Key-words: Coleoptera, Scarabaeidae, copro-necrophagous, tropical forest, guild.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................... 1
2 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................. 2
2.1 Fragmentação ..................................................................................................... 2
2.2 Parque Estadual Mata dos Godoy ....................................................................... 3
2.3 Parque Municipal Arthur Thomas ........................................................................ 4
2.4 Horto da Universidade Estadual de Londrina ...................................................... 5
2.5. Scarabaeoidea ................................................................................................... 6
3 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 13
4 ARTIGO: BESOUROS SCARABAEOIDEA EM FRAGMENTOS FLORESTAIS,
LONDRINA-PARANÁ, BRASIL ............................................................................... 19
4.1 Resumo ..............................................................................................................19
4.2 Abstract.............................................................................................................20
4.3 Introdução ..........................................................................................................21
4.4 Material e todos............................................................................................22
4.4.1 Áreas de estudo.............................................................................................22
4.4.2 todos de amostragem ............................................................................... 23
4.4.3 Análise dos dados.........................................................................................25
4.4.3.1 Diversidade de espécies..............................................................................25
4.4.3.2 Similaridade entre habitats ........................................................................... 26
4.4.3.3 Curva de acumulação de escies ...............................................................26
4.4.3.4 Freqüencia absoluta de espécies ..................................................................26
4.4.3.5 Formação de guildas .................................................................................... 27
4.4.3.6 Separação por tamanho ............................................................................... 27
4.5 Resultados e Discussão ..................................................................................... 27
4.6 Conclusões ......................................................................................................... 45
4.7 Referências ........................................................................................................ 46
1
1. INTRODUÇÃO
A conservação da biodiversidade representa um dos maiores
desafios em função do elevado nível de perturbações antrópicas nos ecossistemas
naturais, tendo como conseência à fragmentação destes ambientes (Viana &
Pinheiro, 1998). O crescente interesse em estudar estes fragmentos, associando a
fauna e flora, relaciona-se à constatação de que a maior parte da biodiversidade
encontra-se atualmente localizada em pequenos fragmentos florestais. Os parques e
as reservas poderão responder pela manutenção de apenas 10% da cobertura
natural dos ecossistemas tropicais (Gradwohl & Greenberg, 1991). Segundo
Louzada & DeSouza (1999), os fragmentos florestais são os principais objetos de
políticas conservacionistas e os estudos devem visar informações para melhor
planejar as propriedades de reservas biológicas.
Dentro deste contexto, os besouros Scarabaeoidea são de grande
importância para o processo de ciclagem de nutrientes em ecossistemas, realizando
o papel de processadores de matéria orgânica em decomposição (Halffter &
Matthews, 1966). Em sua dinâmica populacional respondem negativamente a
destruição, fragmentação e isolamento de florestas tropicais (Halffter et al. 1992).
A maioria destes besouros são coprófagos e com alguma
especificidade para estrume de grandes herbívoros, no entanto, existem exceções,
quanto ao hábito alimentar, especialmente no sudeste Asiático e em toda a região
Neotropical (Halffter, 1991a). A maioria dos Scarabaeoidea são intimamente ligados
ao solo, utilizando-se dele para alocação de recurso, abrigo e nidificação (Halffter &
Matthews, 1966).
Com a hitese que algumas espécies de besouros Scarabaeoidea
podem ser usados como bioindicadores em estudos ecológicos. O objetivo do
trabalho foi comparar qualitativamente e quantitativamente a população de besouros
Scarabaeoidea em diferentes fragmentos florestais em Londrina, Paraná.
2
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Fragmentação
Originalmente, a Mata Atlântica ocupava 1.290.000 Km
2
, ou seja,
cerca de 12% do território brasileiro, sua extensão levou à formação de diferentes
ecossistemas, sendo que este ambiente preserva um patrimônio cultural e histórico
imenso, além disto, das 202 espécies ameaçadas de extinção no Brasil, 171 são da
Mata Atlântica. Um estudo da organização ambientalista Conservation International
(CI) coloca a Mata Atlântica entre os cinco primeiros colocados na lista dos Hot
Spots, áreas de alta biodiversidade mais ameaçadas do planeta e prioritárias para
ações urgentes de conservação (Estadão, 2006).
O monitoramento desse ecossistema realizado pela Fundação SOS
Mata Atlântica, em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)
e o Instituto Socioambiental (ISA), mostrou que, somente entre 1990 e 1995, mais de
meio milhão de hectares de florestas foram destruídos em nove estados nas regiões
Sul, Sudeste e Centro-Oeste, que concentram aproximadamente 90% do restante da
Mata Atlântica no Brasil (Estao, 2006).
O estado do Paraná sofreu uma grande devastação de sua
cobertura nativa e na região norte resta apenas alguns fragmentos de floresta
circundados por terras cultivadas ou pastagens (Medri & Lopes, 2001a), esta
devastação se iniciou no ano de 1920 em função da fértil terra roxa (Anjos, 1998).
Atualmente a paisagem do Paraná, antigamente dominada por uma extensa
vegetação, é representada por pequenos fragmentos florestais, resquícios da antiga
vegetação, imersa numa matriz de campos agrícolas e pecuários; o desenvolvimento
da região resultou no empobrecimento da paisagem e na extinção de escies
(Bianchini, 2006).
O desmatamento resulta em fragmentos isolados uns dos outros por
uma paisagem altamente modificada (Primack & Rodrigues, 2001). Em grande parte
da paisagem essa matriz modificada apresenta menor biodiversidade e a fauna que
consegue colonizar estas áreas acabam adquirindo status de pragas, principalmente
onde a matriz é formada por campos de monocultura agrícola (Louzada & DeSouza,
3
1999).
Muitos estudos estão dirigidos a determinar o que ocorre a nível
pontual quando a vegetação original é destruída ou drasticamente reduzida, sendo
que a visão resultante é alarmante, pois poucas espécies da fauna original
sobrevivem, trazendo uma perda grande da biodiversidade. Estes resultados trazem
muitas especulações sobre a extinção de espécies, no entanto, estas conclusões
não devem ser extrapoladas ao nível de paisagem salvo em caso de escies
endêmicas (Halffter & Arellano, 2002). Um caso atual que ressalta essa extrapolação
é o da minhoca branca que foi coletada pela última vez em 1969, por isso foi incluída
na lista de animais extintos formulada em 2002, no entanto, foi encontrada em Minas
Gerais pelo pesquisador George Gardner Brown, neste ano (Revista Época, 2006),
Os efeitos da fragmentação não são homoneos nos diversos
grupos faunísticos porque a utilização do fragmento florestal pelos diversos taxas é
bastante variável (Anjos, 1998). Segundo Louzada & DeSouza (1999) dos estudos
realizados com Scarabaeoidea (Coleoptera) pode-se concluir que eles são sensíveis
à diminuão da área do fragmento e que ainda são necessários muitos estudos
visto que estas áreas sustentam muitas vezes o único elo entre as comunidades da
paisagem atual e a fauna original da região.
2.2 Parque Estadual Mata dos Godoy
No estado do Paraná o trabalhos registrando o mero total de
fragmentos florestais, sendo que o principal fragmento da região norte deste estado
é o Parque Estadual Mata dos Godoy, que se localiza no distrito de São Luiz,
pertencendo ao município de Londrina, ficando 18 Km do centro, a comunidade mais
próxima é a Vila Regina, distante 5 Km da área. O parque foi criado em 5 de junho
de 1989, pelo Decreto Estadual 5130 (Bianchini. 2006). Esse parque encontra-se
circundado por áreas cultivadas e é delimitado, ao sul pelo Ribeirão dos Apertados,
afluente do rio Tibagi (Fávaro & Anjos, 2005).
Sua área é de aproximadamente 680 ha, sendo que destes, 570 ha
são constituídos por floresta connua em boas condições de preservação e os 110
restantes constituem áreas de reflorestamento e floresta secunria. O Parque
4
Estadual Mata dos Godoy é conectado por meio de capoeira a outros fragmentos,
totalizando uma área de 2800 ha, é um dos mais importantes remanescentes
florestais do norte do Para, e deve sua importância não apenas a sua extensão
em área connua de floresta, mas principalmente ao seu estado de conservação e a
diversidade de sua flora e fauna (Bianchini, 2006). É uma das poucas áreas de
preservação de grande porte da floresta estacional semidecidual do norte do estado
do Para (Anjos, 1998).
As espécies vegetais mais abundantes ao norte do Parque Estadual
Mata dos Godoy onde é presente a floresta primária são a canjearana (Cabralea
canjerana) (Vell.), o palmito (Euterpe edulis) (Mart.), a canela (Ocotea indecora)
(Schott.), e a canela-preta (Nectandra megapotamica) (Spreng.) e ocorrem outras
dispersas no estrato emergente como a peroba-rosa (Aspidosperma polyneuron)
(ll.Arg), o pau dalho (Gallesia integrifólia) (Spreng) e a sapopema (Sloanea
monosperma) (Vell.), no estrato inferior estão as espécies capoteiro-da-pindva
(Eugenia verrucosa) (Legr.), a Maranta sp., o jacatirão pequeno (Miconia tristis)
(Spring), o Piper sp. e o cincho (Sorocea bonplandii) (Baill.) (Silveira, 1993).
2.3 Parque Municipal Arthur Thomas
Outro fragmento existente no município de Londrina é o Parque
Municipal Arthur Thomas que possui área de 85,47 ha, ele está inserido no médio
curso do ribeirão Cambé, encontra-se em um vale encaixado, com abertura em V,
com altitude variando entre 471 a 583 m e relevo suave ondulado à forte ondulado,
com cobertura vegetal predominantemente Floresta Estacional Semidecidual. Os
solos são formados a partir de materiais provenientes de rochas eruptivas básicas
(diabásios) do grupo São Bento e ocupam toda a área do parque (SEMA, 2004). A
interferência antrópica neste local foi mais intensa, restando da vegetação original
apenas alguns pequenos remanescentes. Esses, ainda que bastante alterados pela
extração seletiva de algumas espécies de interesse comercial, resguardam várias
espécies e características ecológicas bastante peculiares a Floresta Estacional
Semidecidual, devendo sua conservação e preservação figurar entre as prioridades
da política ambiental do Município (SEMA, 2004).
5
O Parque Municipal Arthur Thomas apresenta uma área de 14,65 ha
(16,39%) de zona primitiva. Essa zona compreende duas áreas, nessas são
encontrada a vegetação secundária em estádio avançado, essa formação se
apresenta mais desenvolvida estrutural e floristicamente em relação às outras
formações (SEMA, 2004). Abriga escies vegetais como A. polyneuron, G.
integrifolia, C. canjerana, Parapiptadenia rigida (Benth.) (angico vermelho) e E.
edulis. (Reis et al., 2003).
Em relação à fauna de vertebrados, restam ainda algumas escies
de mamíferos como a capivara (Hydrochaerus hydrochaeris) (Linnaeus, 1766), o
quati (Nasua nasua) (Aranda & Sanchez-Cordero, 1996), o macaco-prego
(Cebus apella) (Linnaeus, 1766), o gambá (Didelphis albiventris) (Lund, 1841) e aves
como o gavião-do-rabo-curto (Buteo brachyurus) (Vieillot, 1816) e o jacu (Penelope
obscura) (Temminck, 1815), entre outros (SEMA, 2004).
Estudos envolvendo o Parque Municipal Arthur Thomas já foram
realizados, enfocando importantes grupos indicadores como morcego (Felix et al.,
2001) e peixes (Gominho, 2000), no entanto carece de estudos quando se referem à
fauna de artrópodes, principalmente besouros.
2.4 Horto Florestal da Universidade Estadual de Londrina
Outro fragmento localizado em Londrina é o Horto da Universidade
Estadual de Londrina, localizado dentro do campus, ele é formado por vegetação
remanescente de floresta nativa, apresentando área de 10 ha, com vegetação em
estádio secundário tardio de sucessão (Anjos & Lopes, 2006), abrigando poucos
representantes da mata nativa, e apresentando algumas espécies pioneiras, é um
fragmento alterado, pois está cercado por ambiente antrópico (Reis et al., 2003), no
entanto, fica localizado em zona periurbana podendo sofrer menos inflncia
antrópica connua, quando comparado ao fragmento localizado na área urbana.
6
2.5 Scarabaeoidea
Entre os diferentes grupos animais, os besouros Scarabaeoidea são
utilizados como grupo indicador em estudos sobre diversidade de insetos, sendo
também considerados importantes em estudo sobre fragmentação florestal, uma vez
que o alimento (raízes, resíduos vegetais, fezes e carcaças) de grande parte deste
grupo é produzido por organismos fortemente afetados pela fragmentação, como
diversidade de árvores, população de primatas e outros mamíferos de grande porte
e ssaros (Lovejoy et al., 1986 apud Thomazini & Thomazini, 2000).
Paulian (1988) separou a superfamília Scarabaeoidea em 29
famílias: Lucanidae, Passalidae, Geotrupidae, Taurocerastidae, Belohinidae,
Pleocomidae, Diphyllostomatidae, Trogidae, Ceratocanthidae, Hybosoridae,
Ochodaeidae, Aegialiidae, Aulonocnemidae, Chironidae, Aphodiidae, Scarabaeidae,
Orphnidae, Allidiostomidae, Glaphyridae, Lichniidae, Aclopidae, Pachypodidae,
Systellopodidae, Melolonthidae, Phaenomeridae, Rutelidae, Euchiridae, Dynastidae
e Cetoniidae. No entanto, outros autores separam esta superfamília em cinco
famílias: Lucanidae, Passalidae, Trogidae, Melolonthidae e Scarabaeidae.
(Kohlmann & Morón, 2003). Todavia ocorrem divergências entre taxonomistas
especialistas deste grupo.
Muitos insetos desta superfamília são detritívoros, utilizando
principalmente fezes, carcaças e frutos em decomposição como recurso alimentar,
apresentando grande diversidade de espécies na faixa tropical (Vaz-de-Mello, 1999).
Mundialmente se conhecem 6000 espécies e 200 gêneros de escarabeídeos
coprófagos (Halffter, 1991a). Besouros-de-esterco ou “rola-bosta são alguns dos
nomes populares dadas a estes escarabeídeos, encontrados alimentando-se,
conduzindo ou colocando ovos nas fezes de outros animais (Lopes et al., 1994).
Muitas escies de florestas tropicais das Américas, apresentam bito alimentar
diversificado e uma explicação ecológica para este fato é a extinção de grande parte
da fauna de grandes mamíferos da região Neotropical durante o Pleistoceno,
obrigando a diversificação alimentar devido à competição por este tipo de recurso
(Halffter, 1991a).
Portanto besouros Scarabaeoidea podem ser separados conforme o
grau de generalização de dieta: escies coprófagas, necrófagas, copro-necrófagas
7
ou generalistas, compondo guildas conforme o bito alimentar. Todavia existem
diferentes denominações para os agrupamentos de espécies, bem como há
dificuldade de se estabelecer, com base nos conhecimentos atuais, a correta
identificação do hábito alimentar das espécies e a sua conseqüente inclusão em um
agrupamento trófico (Marinori, 2001).
Louzada & Lopes (1997) seguiram mesmo critério que Halffter et al.
(1992) na classificação das espécies em relação à dieta, onde escies coletadas
somente em fezes são tidas como coprófagas, somente em carcaça tidas como
necrófagas e nas duas iscas copro-necrófagas, independentemente das proporções.
Louzada & Lopes (1997) realizando estudo em fragmento de mata Atlântica
coletaram um total de 728 indivíduos pertencentes a 21 espécies e 11 gêneros
sendo que ocorreu predomínio das espécies copro-necrófagas (11 espécies) em
relação às necrófagas (8 espécies) e coprófagas (2 escies). Halffter et al. (1992)
estudando três áreas de floresta no México, encontraram estrutura similar entre 24 e
27 escies, sendo que os copro-necrófagos predominaram sobre os coprófagos e
necrófagos.
Lopes et al. 1994 separando os Scarabaeoidea em relação ao hábito
alimentar, coletaram 16 espécies de bito alimentar coprofágico exclusivo, 14
espécies com preferência por fezes, mas também ocorrendo em armadilhas com
outros tipos de isca, uma espécie exclusivamente necrófaga, duas escies com
preferência por necrofagia, duas foram atraídas exclusivamente por banana, quatro
apresentando preferência por banana, uma atraída indiferentemente por carne ou
fezes, uma atraída indiferentemente por fezes e banana e duas que mostraram
indiferença na atratividade por banana, carne e fezes.
Scarabaeoidea pode ser separado ainda em guildas conforme o
padrão temporal de atividade (espécies diurnas, noturnas e de atividade contínua),
conforme o trabalho de Estrada et al. (1993) e Salas & Gámez (2001). Oca & Halffter
(1995) realizaram coleta de 12 e 24 horas separando em: a) dia (06:00 as 18:00 hrs),
b) noite (18:00 as 6:00 hrs), c) dia-noite (06:00 as 06:00 hrs) e d) noite-dia (18:00 as
18:00 hrs), encontrando diferença significativa na atividade de colonização
relacionada ao tempo de exposição da armadilha em alguns períodos de coleta para
três Scarabaeidae coletados.
A separação de guilda pode ainda ser baseada de acordo com
variações do tempo e espaço com que se alimentam no esterco, conforme Finn &
8
Gittings (1999) que relacionaram a diversidade de escies de Scarabaeidae
reunindo-as em guildas baseada nestas variações.
Estes besouros podem apresentar ainda diferente estratégia de
alocação de recurso e de acordo com estas características são separados em
espécies paracoprídeas, telecoprídeas e endocoprídeas. Esses grupos de escies
são denominados guildas por apresentar proximidade taxomica e similaridade na
forma de utilização de recurso Louzada & Lopes (1997).
As espécies paracoprídeas constroem túneis abaixo ou adjacente ao
depósito alimentar, através do qual o material é conduzido para o fundo do túnel que
será utilizado para reprodução e/ou alimentação das larvas e adultos (Halffter &
Edmounds, 1982). O que facilita a abertura de túneis no solo é a presença de bias
anteriores bastante desenvolvida nestas espécies (Cambefort & Hanski, 1991). As
espécies paracoprídeas americanas pertencem à tribo Dichotomiini, Onthophagini e
Phanaeini Louzada & Lopes (1997).
As espécies telecoprídeas confeccionam bolas de alimento que são
roladas a distancias variadas da fonte original, estas bolas são então enterradas aos
túneis por eles cavados Lopes et al., (1994); Louzada & Lopes, (1997). O
desenvolvimento da habilidade de rolagem deste recurso foi possível devido à
adaptação das bias posteriores para um formato alongado e curvo (Halffter &
Edmounds, 1982). Segundo Louzada & Lopes (1997), as espécies telecoprídeas das
Américas são na grande maioria pertencentes à tribo Canthonini.
Os besouros da tribo Eurysternini são espécies endocoprídeas, pois
nestes não ocorre alocação de recursos, os besouros ficam enterrados logo abaixo
ou estão dentro do próprio desito de alimento (Louzada & Lopes, 1997). Este
gênero apresenta as pernas médias bastante desenvolvidas, permitindo a
manipulação do recurso dentro da fonte (Halffter & Edmounds, 1982).
Muitas espécies apresentam cooperação entre macho e fêmea para
alocação deste recurso e/ou nidificação como mostrado nos trabalhos de Halffter
(1991b) e Morelli et al. (1996). Quando a bola está destinada a alimentação do
adulto, o processo é realizado por só um indivíduo, macho ou fêmea; quando a bola
esta destinada à nidificação, o processo é realizado por uma cooperação bissexual
Halffter & Halffter (1989).
Halffter (1991a) constatou que nas savanas da África os besouros
estritamente coprófagos são dominantes, neste local ocorre grande número de
9
mamíferos de grande porte, conseqüentemente grande quantidade de estrume
disponível; enquanto que nas florestas tropicais da América os besouros
generalistas são predominantes.
Devido as suas características de alocação de recurso, torna-se um
grupo de importância ecomica em sistemas de pastagem, pois promovem a
fertilização do solo devido à incorporação de esterco (Gillard, 1967), promovendo o
melhor aproveitamento destas (Aidar, et al. 2000) É um grupo importante na
reciclagem de nutrientes do solo, na dispersão de sementes (Klein, 1989), na
retenção de água no solo (Kirk, 1992) e no controle de alguns parasitos de
vertebrados, principalmente a mosca-dos-chifres, uma das piores pragas de
rebanhos bovinos conhecido no mundo (Flechtmann & Rodrigues, 1995) e
nematóides, já que estes ficam parte do seu ciclo biológico no esterco, portanto, o
enterro além de quebrar esse ciclo exe a inimigos naturais (Galbiati et al., 1995).
Rodrigues & Marchini (1998) classificando as espécies capturadas
em área de pastagem ao lado de área de confinamento de bovinos, segundo este
comportamento, coletaram quatro gêneros de espécies endocoprídea, um gênero de
espécie paracoprídea e um gênero de telecoprídeo; sendo que os endocoprídeos
além de terem sido coletados em maior mero de espécies foram tamm
coletados em maior abundância (99,6%), concluindo que esta guilda se desenvolve
melhor neste tipo de ambiente.
Koller et al. (1999) realizando coletas também em pastagem
observaram que das 37 escies coletadas, 57% apresentavam comportamento
endocoprídeo, 35% paracoprídeo e 8% telecoprídeo, corroborando com os dados de
Rodrigues & Marchini (1998) onde a maioria das escies encontradas em
pastagem são endocoprídeas.
Halffter & Arellano (2002) encontraram biomassa de quase seis
vezes maior em área que apresenta rotação extensiva de gado tanto na pastagem
quanto nos remanescentes de bosque, quando comparado com área de vale
agrícola, portanto nas ladeiras o possui gado e na área plana apresenta apenas
poucos animais, este trabalho mostra que em área com maior número de gado
ocorre escies maiores, devido a maior disponibilidade de recurso.
Os excrementos e carcaças de animais são recursos alimentares
que concentram grande quantidade de energia, por isso são utilizados por vários
grupos de artrópodes, entre eles muitos besouros, principalmente os Scarabaeidae
10
(Medri & Lopes, 2001b), desta forma um método apropriado para monitorar a
abunncia de insetos desta família consiste de armadilhas de queda iscada com
excrementos, carcaças ou frutos em decomposição, as quais são enterradas Favila
& Halffter (1997).
As iscas para captura dos coprófagos são geralmente excrementos
humanos ou de algum herbívoro como vaca, mula ou cavalo e para os necrófagos a
isca mais comum é a de pedaços de peixe (Halffter & Favila, 1993).
Desta forma os trabalhos que estudam besouros Scarabaeoidea
utilizam armadilhas de solo iscadas com fezes suínas como nos trabalhos de Medri
& Lopes (2001b).; fezes bovinas Aidar et al., (2000); Rodrigues & Marchini (1998),
fezes humanas (Lopes et al., 1994; Escobar, 1997; Herrera et al., 2003) ou vários
tipos de iscas como carne suína, carne bovina, rim bovino e gado bovino fresco
para estudar a atratividade em um Scarabaeidae necrófago (Endres et al. 2005).
Milhomem et al. (2003) estudando técnicas de coleta de besouros
copronecrófagos no Cerrado concluíram que armadilha de fezes humana é a mais
indicada para coletas de besouros coprófagos da família Scarabaeidae.
Os estudos feitos visando levantamento específico têm utilizado
diversificação no tipo de isca obtendo-se assim maior diversidade de espécie. Lopes
et al. (1994) usaram banana nanina (Musa cavendishii), carne bovina e fezes
humanas em fragmento de mata Atlântica coletando 46 espécies pertencentes a 19
gêneros. Lopes et al. (2006), utilizando carcaça, fezes humana e banana fermentada
em quatro fisionomias de vegetação consideradas como estágios sucessionais por
besouros Scarabaeidae, capturaram 23 espécies pertencentes a 12 neros.
Louzada & Lopes (1997) estudaram comunidades de Scarabaeidae com diferentes
hábitos alimentares utilizando como isca fezes humanas e carne bovina em
decomposição obtendo 21 escies pertencentes a 11 gêneros.
Em florestas tropicais, existem alguns Scarabaeidae que são
especializados no forrageamento do dossel, pois nestas regiões é comum ocorrer a
retenção de fezes de mamíferos e aves arbóreas nas folhas e galhos Vaz-de-Mello &
Louzada (1997). Os referidos autores utilizaram fezes humana fresca e baço de boi
com armadilhas a 10 m de altura, para estudar espécies que realizam o
forrageamento arbóreo. Neste mesmo tipo de floresta existem ainda outros recursos
que poderiam ser utilizados para alimentação e/ou reprodução por algumas escies
de Scarabaeidae, visando à identificação destes possíveis recursos Louzada & Vaz-
11
de-Melllo (1997) testaram a atratividade com ovos em decomposição já que estes
possuem alto valor energético e são produzidos com regularidade e freqüência, em
florestas com aves e/ou répteis. Os referidos autores deduziram que para algumas
espécies, ovos em decomposição são um recurso alternativo, e provavelmente
utilizado somente pelos adultos.
Realizando coleta de espécies copro-necrófagas e não, Vaz-de-
Mello (1999) utilizou armadilhas do tipo pitfall com fezes humanas e carcaças de
peixe, além de uma armadilha de interceptação de vôo e coletas manuais
capturando 36 escies pertencentes a 12 gêneros.
Gianizella & Prado (1999) estudaram a família Trogidae em
ecossistema artificial de esterco de galinha, os referidos autores relatam que estes
besouros são os últimos membros de sucessão de insetos que invadem carcaças,
porém tem sido observado se alimentando de guano de morcegos em cavernas,
ovos de gafanhotos, larvas de moscas e acredita-se que certas espécies sejam
endêmicas de ninhos de aves predadoras, neste trabalho foram abundantes e
encontrados associados a locais onde havia grande quantidade de ração, ovos
quebrados e penas misturadas com fezes.
Utilizando como iscas carcaças de suínos de aproximadamente 10
Kg em mata e pastagem e fezes bovinas em pastagem Marchiori (2000) constatou
diferença nas escies de Scarabaeidae coletadas em fezes bovina das capturadas
em carcaça suína, constatando a preferência das espécies para o tipo de isca.
Schiffler et al. (2003) utilizando banana, carne e fezes em duas áreas de cabruca,
além de área de mata aluvião, restinga arrea, restinga arbustiva e pastagem
capturaram 23 escies pertencentes a 13 gêneros.
Existe tamm espécies que associam-se a abrigos ou ninhos de
vertebrados, Lobo & Halffter (1994) coletaram 249 indivíduos de três espécies de
escarabeídeos dos gêneros Aphodius e Onthophagus em ninhos de roedores, este
estudo foi realizado para ampliar a área de distribuição desta relação entre estes
besouros e os ninhos de roedores e confirmar esta associação biológica, que já foi
descrita por Halffter & Matthews (1966), corroborando também com Anduaga &
Halffter (1991) que relatam que a grande maioria dos casos descritos pertencem ao
gênero Onthophagus, e em menor número ao Copris.
Nestes ninhos subterrâneos de mamíferos, em especial de roedores
vêm se encontrado uma rica fauna de Scarabaeinae, e este fato não é de se
12
estranhar já que estes ambientes constituem ninhos estáveis em relação à
temperatura e umidade e ainda se encontra excremento do vertebrado que habita o
ninho (Anduaga & Halffter, 1991).
Devido aos besouros Scarabaeoidea habitarem os mais diferentes
ambientes, apresentando variados hábitos alimentares e guildas quando se realiza
pesquisa nestas áreas todos estes fatores devem ser considerados.
13
3. REFERÊNCIAS
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19
4. ARTIGO: BESOUROS SCARABAEOIDEA EM FRAGMENTOS FLORESTAIS,
LONDRINA-PARANÁ, BRASIL.
4.1 Resumo
Besouros Scarabaeoidea compreendem um grupo de insetos fortemente associados
à dinâmica ambiental, principalmente devido ao seu bito alimentar. O estudo foi
realizado de setembro de 2005 a agosto de 2006 em três fragmentos florestais,
Londrina, Paraná. O objetivo do trabalho foi realizar o levantamento das escies de
Scarabaeoidea, atraídas por diferentes iscas; comparar qualitativamente e
quantitativamente a população nos diferentes fragmentos; verificar a sazonalidade; e
classificar os grupos em diferentes guildas. As coletas foram realizadas com
armadilhas de solo do tipo pitfall trap com quatro tipos de iscas (fezes suína, carne,
banana e sardinha em decomposição) e a testemunha. Foram coletados 7312
espécimes, pertencentes a seis tribos, 17 neros e 39 escies de Scarabaeoidea.
As escies mais abundantes foram Coilodes gibbus (Perty, 1930) (61,96 %),
Coilodes sp.2 (13,93%), Deltochilum aff. morbillosum (5,00%), Canthon chalybaeus
(Boucomonti, 1928) (4,58%), as demais espécies foram coletadas em porcentagem
inferior a 4,0%. Das escies que tiveram abunncia acima de 20 indivíduos, 5,6 %
mostraram hábito alimentar coprófago, 44,4% necrófago e 50,0% generalista.
Ocorreu maior riqueza de escies, abundância e escies maiores no fragmento
considerado mais preservado e de maior área. O cálculo do índice de Shannon não
mostrou valor condizente com a riqueza encontrada, havendo uma queda do índice
quando a população de alguma espécie é alta. Constatou-se que algumas escies
de besouros Scarabaeoidea que se alimentam de fezes e/ou materiais em
decomposição podem ser usados como bioindicadores de ambientes perturbados.
Palavras-chave: Coleoptera, Scarabaeidae, copro-necrófago, floresta tropical,
guilda, besouro do esterco.
20
BEETLES SCARABAEOIDEA IN FOREST FRAGMENTS, LONDRINA-PARANÁ,
BRAZIL.
4.2 Abstract
Scarabaeoidea beetles understand a group of insects strong associates to the
dynamic ambient, mainly had to its alimentary habit. The study was carried through
of September 2005 to August 2006 in three fragments of forest , Londrina , Paraná.
The objective of the work was to carry through the survey of Scarabaeoidea species,
attracted by diferents baits, to compare qualitatively and quantitatively different
fragments of population, to verify the sazonality, and to classify the different groups in
guilds. The collections had been carried through with soil traps of the type pitfall
traps with four types of baits ( pigs excrements, meet, banana and sardine in
decomposition) and the witness. 7.312 specimens had been collected, pertaining the
six tribes, 17 genera and 39 Scarabaeoidea species. The most abundant species
were Coilodes gibbus (Perty,1930) ( 61,96%), Coilodes sp2 ( 13,93%), Deltochilum
aff. morbillosum (5,00%), Canthon chalybaeus (Boucomonti, 1928) ( 4,58%), the
others species had been collected in inferior percentage of 4.0%. Of the species that
had abundance above of 20 individuals, 5,6% had shown coprophagous alimentary
habit, 44,4% necrophagous and 50,0% generalist. Bigger wealth of species,
abundance and bigger species occurred in the considered the most preserved
fragment and the most big area. The calculation of Shannon index did not show the
same consonant with the wealth founded, having a falling index when the population
of some species is high. It was verified that some species of excrement and/or
decomposition material feeding Scarabaeoidea bettles can be possible bioindicators
of disturbed enviroments.
Key-words: Coleoptera, Scarabaeidae, copro-necrophagous, tropical forest, guild,
dung beetle.
21
4.3 Introdução
Muitos insetos da superfamília Scarabaeoidea são detrivoros,
utilizando principalmente fezes, carcaças e frutos em decomposição como recurso
alimentar, apresentando grande diversidade de espécies na faixa tropical (Vaz-de-
Mello, 1999). Um método apropriado para monitorar a abundância de insetos desta
família consiste de armadilhas de queda iscada com excrementos, carcaças ou
frutos em decomposição, as quais são enterradas (Favila & Halffter, 1997).
Mundialmente se conhecem 6000 espécies e 200 gêneros de
escarabeídeos coprófagos (Halffter, 1991). Besouros-de-esterco ou “rola-bosta
são alguns dos nomes populares dadas a estes escarabeídeos, encontrados
alimentando-se, conduzindo ou colocando ovos nas fezes de outros animais (Lopes
et al., 1994)
Estes besouros podem apresentar diferente estratégia de alocação
de recurso e de acordo com estas características são separados em escies
paracoprídeas, telecoprídeas e endocoprídeas. Esses grupos de espécies são
denominados guildas por apresentarem proximidade taxonômica e similaridade na
forma de utilização de recurso (Louzada & Lopes,1997).
A maioria dos estudos já realizados consistem em levantamentos
das escies, confeccionando-se listas e procurando comparar a diversidade e
abunncia de acordo com as características do ambiente. Para tanto utilizam-se de
variados tipos de iscas como frutos, carne, fezes e peixe sempre em avançado
estado de decomposição (Galante et al., 1991; Lopes et al., 1994; Galante et al.,
1995; Lopes et al., 2006; Eriksson, 1997; Favila & Halffter, 1997; Cartagena &
Galante, 1998; Medri & Lopes, 2001).
Os besouros Scarabaeoidea são de grande importância para o
processo de ciclagem de nutrientes em ecossistemas, realizando o papel de
processadores de matéria orgânica em decomposição (Halffter & Matthews, 1966).
Eles respondem negativamente a destruão, fragmentação e isolamento de
florestas tropicais (Halffter et al., 1992).
Com as hipóteses: 1) maior riqueza de espécies e abundância de
besouros da superfamília Scarabaeoidea em fragmentos mais conservados, 2)
fragmentos florestais da região Neotropical mesmo separados apresentam
22
composição semelhante de besouros Scarabaeoidea, 3) algumas espécies de
besouros Scarabaeoidea podem ser usados como bioindicadores em estudos
ambientais.
O objetivo do trabalho foi comparar qualitativamente e
quantitativamente a população de besouros Scarabaeoidea em diferentes
fragmentos florestais na região de Londrina, Paraná.
4.4 Material e Métodos
4.4.1 Áreas de estudo
O trabalho foi realizado em três fragmentos florestais no município
de Londrina, estado do Paraná, com diferentes tamanhos e níveis de interferência
antrópica: Parque Estadual Mata dos Godoy (PEMG), (23
°
27'S e 51
°
15'W), com
área de 680 ha, Parque Municipal Arthur Thomas (PMAT), (23º30S e 51º00W) que
possui 85,5 ha e o Horto Florestal da Universidade Estadual de Londrina (HFUEL),
(23º19 e 51º11) com 10 ha (Fig. 1).
O fragmento PEMG, considerado mais conservado neste estudo,
localiza-se fora do perímetro urbano de Londrina, possuindo cobertura vegetal
contínua em boas condições de preservação e mantém exemplares de fauna e flora
típica do Norte do Paraná. O fragmento PMAT, localiza-se dentro do perímetro
urbano e é composto de vegetação secundária remanescente da floresta original. O
fragmento HFUEL, localiza-se na zona periurbana de Londrina e apresenta
vegetação secundária e recebeu diversos reflorestamentos para auxiliar a
recomposição da sua flora.
O clima da região, segundo Köppen, é do tipo Cfa, ou seja, clima
subtropical úmido, com chuvas em todas as estações, podendo ocorrer secas no
período de inverno (Mendonça, 2000). A temperatura média do mês mais quente é
superior a 24° C e a do mês mais frio, inferior a 14° C; a média de pluviosidade
anual é de 1686 mm.
23
Figura 1. Mapa do município de Londrina, PR, com a localização dos três fragmentos
estudados, (Reis et al., 2003) modificado.
4.4.2 Método de amostragem
O experimento foi realizado no período de setembro de 2005 a
agosto de 2006. As coletas foram realizadas com armadilhas de solo, do tipo pitfall
trap e estas consistiram de um recipiente plástico de 23,0 cm de altura e 9,5 cm de
diâmetro. Na borda superior de cada recipiente, foi acoplado, através de fio de
arame um pequeno frasco, servindo como porta-isca, com a tampa do recipiente
crivada de furos para permitir a exalação do odor da isca em decomposição e, em
cada armadilha, foi adicionado 200 ml de formalina a 1% v/v e detergente líquido
para quebrar a tensão superficial da água (Fig. 2).
Em cada fragmento, foram instaladas dez armadilhas, com quatro
tipos de isca (carne bovina moída, sardinha enlatada e banana em decomposição e
fezes suínas), além das testemunhas, sendo que foram utilizados duas repetições de
cada tratamento. O distanciamento comum entre as armadilhas em cada área de
24
estudo foi de 10,0 metros. As armadilhas permaneceram sete dias no campo em
cada mês. Ao redor da armadilha foi colocado um suporte de madeira em forma de
quadrado com 25,0 cm de lado e 2,0 cm de espessura para evitar a queda de terra e
facilitar a coleta e triagem do material.
Para proteger a armadilha contra o ataque de mamíferos e outros
vertebrados foi colocado em torno da armadilha uma armação de ferro em forma de
mesa quadrada com 90,0 cm de lado e altura de 25,0 cm. Na parte superior foi
costurado, com fio cordonett, uma tela de nylon (Fig. 3), esta proteção foi fixada ao
solo deixando um espaço de 5,0 cm entre o solo e a armação, o que permitia a
passagem dos besouros.
A cada coleta, o conteúdo das armadilhas foi transferido para
frascos de transporte devidamente identificados. No laboratório, os Scarabaeoidea
foram selecionados utilizando-se microscópio esteroscópio binocular, quantificados,
montados em alfinetes entomológicos, separados em morfo-espécies, e uma
amostra de cada morfo-espécie foi enviada a taxonomista para identificação das
espécies.
Figura 2. Armadilha de solo utilizada para captura de besouros Scarabaeoidea. (A)
vista de cima, (B) vista lateral.
25
Figura 3. Artefato protetor de armadilha tipo pitfall, para captura de besouros
Scarabaeoidea.
4.4.3 Análise dos dados
4.4.3.1 Diversidade de espécies
Para estudar a diversidade de espécies de cada fragmento e tipo de
isca foi utilizado o índice de Shannon-Wiener (H), que considera com igual peso as
espécies raras e abundantes (Magurran, 1988). Este índice é determinado pela
fórmula:
H = - pi (ln pi)
Onde:
H = índice de diversidade de Shannon-Wiener;
pi = ni / N
ni = de indivíduos da espécie i;
N = total de indivíduos da amostra;
ln = logarítmo neperiano;
26
4.4.3.2 Similaridade entre habitats
Para comparar a composição de espécies entre os ambientes foi
utilizado o índice de similaridade de Jaccard (J). Este índice indexa as similaridades
na composição entre os fragmentos e indica mudanças de diversidade entre
localidades (Wilson & Schimida, 1984). Este índice é determinado pela fórmula:
C
J = ————
A + B + C
Onde:
J= índice de similaridade de Jaccard;
C = de espécies comuns nas duas comunidades;
A = nº de espécies exclusivas no ambiente A;
B = nº de espécies exclusivas no ambiente B;
4.4.3.3 Curva de acumulação de espécies
Para se ter uma indicação da riqueza de espécies em função do
esforço amostral foi construída uma curva de acumulação de espécies, onde o
número de amostras é plotado na abscissa e o número cumulativo de espécies no
eixo das ordenadas (Ricklefs, 1996).
4.4.3.4 Freência absoluta de espécies
Foi calculada a freqüência absoluta de captura de cada espécie para
comparação quanto a sua ocorrência na área:
Freq. Absoluta =
de captura
de amostras em que foi registrada a espécie X 100
total de amostras
27
4.4.3.5 Formão de guildas
Foram separados os besouros da família Scarabaeidae conforme: 1)
forma de alocação de recurso (escies paracoprídea, telecoprídea ou
endocoprídea); 2) tribo Neotropical (Dichotomini, Canthonini, Phanaeini, Eurysternini
e Onthophagini) seguindo o trabalho de Louzada & Lopes (1997) e 3) hábito
alimentar: espécies coprófagas, necrófagas, saprófagas e generalistas, seguindo a
classificação do trabalho de Halffter & Arellano (2002).
Foi calculada a média dos indivíduos em carne e sardinha, para a
comparação dos dados relacionados ao bito alimentar.
4.4.3.6 Separão por tamanho
Foram medidos aleatoriamente 20 indivíduos de cada espécie.
Quando ocorriam menos indivíduos todos eram medidos. As espécies foram
separadas conforme seu tamanho: escies grandes (18,00-28,00 mm), escies
médias (9,00-17,99 mm) e espécies pequenas (menor que 9,00 mm), conforme o
trabalho de Halffter & Arellano (2002).
4.5 Resultados e Discuso
As doze coletas, entre o período de setembro de 2005 a agosto de
2006, totalizaram 7312 espécimes de besouros da superfamília Scarabaeoidea,
pertencentes a 17 neros e 39 escies. Foram coletados seis tribos da família
Scarabaeidae (Canthonini, Dichotomini, Eupariini, Eurysternini, Onthophagini e
Phanaeini) totalizando 33 espécies, duas escies da família Bolboceratidae, duas
da família Trogidae e duas da família Hybosoridae, sendo uma destas da sub-família
Rutelinae (Tab. 1).
28
Tabela 1. Número de indivíduos por espécies de Scarabaeoidea coletadas com
armadilhas de solo em três fragmentos de mata (Londrina, PR), durante o período de
setembro de 2005 a agosto de 2006.
Espécies/Tribo PEMG % PMAT % HFUEL % TOTAL F.C (%)
DICHOTOMINI
Anomiopus aff. virescens 1 0,03 0 0,00 1 0,04 2 0,56
Dichotomius aff. mundus 24 0,72 3 0,21 22 0,86 49 8,06
Dichotomius assifer 8 0,24 0 0,00 0 0,00 8 1,11
Dichotomius carbonarius 4 0,12 0 0,00 10 0,39 14 1,67
Dichotomius mormon 2 0,06 2 0,14 0 0,00 4 0,56
Dichotomius sp. 17 0,51 0 0,00 3 0,12 20 3,61
Canthidium aff. lucidum 2 0,06 0 0,00 4 0,16 6 1,67
Canthidium aff. seladon 5 0,15 0 0,00 0 0,00 5 1,11
Canthidium cavifrons 50 1,5 0 0,00 52 2,03 102 13,06
Canthidium dispar 24 0,72 2 0,14 9 0,35 35 7,22
Canthidium sp. 1 0,03 0 0 0,00 0,00 1 0,28
Canthidium trinodosum 70 2,10 1 0,07 11 0,43 82 9,44
Trichillum hirsutum 2 0,06 3 0,21 10 0,39 15 2,78
Uroxys aff. lata 0 0,00 0 0,00 2 0,08 2 0,56
CANTHONINI
Canthon (Glaphyrocanthon) sp n. 0 0,00 0 0,00 1 0,04 1 0,28
Canthon aff. amabilis 56 1,68 1 0,07 14 0,55 71 9,44
Canthon chalybaeus 0 0,00 6 0,42 329 12,84 335 13,61
Canthon laminatus 48 1,44 0 0,00 12 0,47 60 7,50
Canthon rutilans cyanescens 8 0,24 0 0,00 0 0,00 8 2,22
Coilodes sp. 1 1 0,03 6 0,42 1 0,04 8 1,67
Coilodes sp. 2 31 0,93 603 42,52 385 15,03 1019 13,89
Coilodes gibbus 2449 73,50 626 44,15 1456 56,83 4531 26,94
Deltochilum aff. morbillosum 175 5,25 94 6,63 97 3,79 366 18,61
Deltochilum brasiliense 1 0,03 1 0,07 3 0,12 5 1,39
Deltochilum furcatum 121 3,63 25 1,76 36 1,41 182 14,17
Deltochilum rubripenne 31 0,93 0 0,00 0 0,00 31 5,00
Scybalocanthon nigriceps 62 1,86 1 0,07 6 0,23 69 6,94
PHANAENINI
Coprophanaeus saphirinus 7 0,21 0 0,00 0 0,00 7 1,39
Coprophanaeus jasius
59 1,77 30 2,12 54 2,11 143 13,33
EURYSTERNINI
Eurysternus caribaeus 15 0,45 11 0,78 17 0,66 43 5,83
Eurysternus parallelus 11 0,33 2 0,14 3 0,12 16 2,50
ONTHOPHAGINI
Onthophagus catharinensis 31 0,93 0 0,00 6 0,23 37 1,39
EUPARIINI
Ataenius sp. 0 0,00 1 0,07 0 0,00 1 0,28
Polynoncus sp
Polyno
29
número de escimes e escies, sendo coletados 3332 indivíduos, pertencentes a
33 espécies. No Horto Florestal da Universidade Estadual de Londrina (HFUEL)
foram coletados 2562 indivíduos pertencentes a 28 espécies. O Parque Municipal
Arthur Thomas (PMAT) apresentou o menor número de espécimes e espécies, com
1418 indivíduos de 18 escies (Tab. 1).
Lopes et al. (1994) realizaram coleta no Parque Estadual Mata dos
Godoy, utilizando como iscas banana madura, fezes humanas e carne em
decomposição capturando 46 espécies pertencentes a 19 neros, o maior número
de escies neste trabalho pode ser devido à isca utilizada, pois fezes humanas é
uma isca mais atrativa para Scarabaeoidea, quando comparada com fezes suína,
utilizada neste trabalho.
Medri & Lopes (2001) encontraram 40 escies pertencentes a 18
gêneros quando realizaram coleta no mesmo fragmento de mata, além de borda e
área adjacente ao parque, este maior mero de espécies pode ter sido devido as
coletas em diferentes ecótopos. Louzada & Lopes (1997) encontraram 21 escies
pertencentes a 11 gêneros realizando coleta em fragmento de mata Atlântica e
Schiffler et al. (2003) coletaram 23 escies pertencentes a 13 neros realizando
estudo em área de cabruca (termo original para a cultura do cacau associada à Mata
Atlântica), área de mata de aluvião, área de restinga arbórea, área de pastagem e
área de restinga arbustiva.
Comparando os resultados no PEMG em 1984/1985 (Lopes et al.,
1994) e em 1998/1999 (Medri & Lopes, 2001) e o presente trabalho observa-se
diversidade semelhante, todavia acrescenta-se o registro de ocorrência de dois
gêneros ainda não coletados: Anomiopus e Polynoncus e nove escies:
Canthidium cavifrons (Balthasar, 1939), Canthidium trinodosum (Boheman, 1858),
Trichillum hirsutum (Boucomonti 1928), Canthon laminatus (Balthasar, 1939),
Canthon rutilans cyanescens (Harold, 1868), Coilodes gibbus (Perty, 1930),
Deltochilum rubripenne (Gory, 1831), Scybalocanthon nigriceps (Harold, 1868) e
Onthophagus catharinesis (Paulian, 1936) e o foram coletados os neros
Aphodius, Ateuchus, Cartwrightia, Cyclocephala, Ipselissus, Leucothyreus, Ontherus,
Onthocoris, Paracanthon e Trox e as espécies Canthon latipes (Blanchard, 1843),
Cartwrightia cartwrighti (Cartwirighti, 1967), Deltochilum morbillosum (Burmeister,
1848), Dichotomius ascanius (Harold, 1869), Dichotomius bechynei (Marnez &
Pereira, 1973), Dichotomius fissus (Harold, 1867), Eurysternus hirtellus (Dalman,
30
1824), Ontherus azteca (Harold, 1869), Onthophagus tristis (Harold, 1873),
Paracanthon pereirai (Andreatta & Martinez, 1957), Thichillum boucomonti (Saylar,
1935) e Trichillum externepunctatum (Prudhomme de Borre, 1886).
Do total de 39 escies coletadas nos três fragmentos, apenas 18
fizeram-se presente no Parque Municipal Arthur Thomas. Este se diferencia dos
demais por ter o solo bastante recoberto por plantas de caule volúvel e folhas largas,
manter maior umidade no solo, ter o terreno bastante declivoso e as armadilhas
estarem próximas ao ribeirão Cambé. Outro fator que pode ter influenciado é sua
localização dentro de área urbana.
As escies mais numerosas considerando todos os fragmentos
foram C. gibbus (61,96 %), Coilodes sp. 2 (13,93%), Deltochilum aff. morbillosum
(5,00%), Canthon chalybaeus (Boucomonti, 1928) (4,58%), as demais escies
foram coletadas em porcentagem inferior a 4,0%. No trabalho de Lopes et al. (1994)
no Parque Estadual Mata dos Godoy e Escobar (1997) em bosque seco ao norte de
Tolima, Colômbia; a escie mais abundante também pertencia ao gênero Coilodes.
Três escies foram mais numerosas em cada ecótopo, isto está de
acordo com Halffter (1991) que diz que em florestas tropicais poucas escies são
mais abundantes. Para o PEMG predominou C. gibbus (73,50%), Deltochilum aff.
morbillosum (5,25%) e Deltochilum furcatum (Laporte, 1840) (3,63%), para o PMAT
as escies mais numerosas foram C. gibbus (44,15%), Coilodes sp. 2 (42,52%) e
Deltochilum aff. morbilossum (6,63%) e no HFUEL foram C. gibbus (56,13%),
Coilodes sp. 2 (15,03%) e C. chalybaeus (12,84%). Este resultado pode indicar alta
plasticidade genética para Coilodes sp. 2, que predominou nos fragmentos PMAT e
HFUEL, direcionado-o para colonizar ambientes antrópicos. Coilodes sp. 2, mostrou-
se mais presente no PMAT, ecótopo de maior umidade no solo e localizado dentro
da área urbana.
O nero mais representado foi Canthidium com seis espécies. Este
gênero apresenta 153 escies descritas, sendo que a maior parte das espécies são
copro-necrófagas e vivem em savanas e florestas tropicais (Vaz-de-Mello, 1999). Os
gêneros Dichotomius e Canthon apresentaram cinco escies cada um, sendo que
Dichotomius é relatado com freqüência devido a grande quantidade de escies
novas encontradas, principalmente em florestas e savanas neotropicais e Canthon é
exclusivamente americano, com a maior parte das espécies neotropicais e copro-
necrófagas (Vaz-de-Mello, 1999).
31
D. rubripenne, Dichotomius assifer (Eschscholtz, 1822), C. rutilans
cyanescens, Coprophanaeus saphirinus (Sturm, 1926), Canthidium aff. seladon,
Chaetodus exaratus (Arrow, 1909), Canthidium sp., Polynoncus sp. 2 e uma morfo-
espécie da sub-família Rutelinae, foram exclusivas do Parque Estadual Mata dos
Godoy. Canthon (Glaphyrocanthon) sp n., Uroxys aff. lata, Parathyreus rectus
(Howden, 1984), Bolbapium lucidulum (Klug,1843) foram exclusivas do Horto da
Universidade Estadual de Londrina (Tab. 1). O gênero Uroxys já foi registrado para o
Parque Estadual Mata dos Godoy no trabalho de Medri & Lopes (2001).
A baixa freqüência para as espécies acima citadas, dificulta uma
alise mais aprofundada; apenas para D. rubripenne, com 31 exemplares
coletados, poderia-se levantar a hipótese de escie mais exigente quanto ao meio
em que vive. Embora não tenha ocorrido exclusivamente no Parque Estadual Mata
dos Godoy, nesta mesma linha de hitese, poderiam ser incluídos C. trinodosum,
Canthon aff. amabilis, C. laminatus, D. furcatum, S. nigriceps e Canthidium dispar
(Harold, 1867), que predominaram no ambiente considerado preservado e
apresentaram freqüência acima de 3,5%.
O Parque Municipal Arthur Thomas apresentou apenas um indivíduo
de uma espécie exclusiva Ataenius sp., este nero apesar de não ter sido coletado
no Parque Estadual Mata dos Godoy, já foi documentado nos trabalhos de Lopes et
al. (1994) e Medri & Lopes (2001), como de ocorrência deste parque. Algumas
espécies ocorreram em todos os fragmentos ou em dois fragmentos (Tab. 1).
Sazonalidade foi observada quando se distribuiu a quantidade
coletada nos meses de estudo (Fig. 4). Ocorreu diminuição na coleta nos meses de
fevereiro a setembro. Esta amplitude pode indicar que a flutuação o esteja
totalmente dependente das condões ambientais (Fig. 5,6), provavelmente dependa
também da fase em que o inseto se encontra, pois não são igualmente coletados
pelas armadilhas as fases de larva e pupa. Os picos populacionais para o PEMG e
HFUEL ocorreram em novembro e dezembro. Aqui há semelhança do observado
para a ocorrência das escies (Tab. 1). O PMAT se diferencia dos outros dois
ambientes, já que o pico populacional ocorreu entre outubro e novembro (Fig. 4).
A espécie mais abundante C. gibbus ocorreu entre setembro de
2005 a abril de 2006, o seu pico de abundância foi no mês de novembro em todos
os ambientes, ocorrendo um padrão de sazonalidade semelhante nos diferentes
fragmentos (Fig. 7).
32
Em relação à atratividade das iscas para C. gibbus, sardinha e carne
em decomposição foram as mais atrativas, o que evidencia hábito alimentar
necrófago para esta espécie. Estas iscas atraíram com o mesmo padrão sazonal;
fezes suína atraiu com picos em novembro e dezembro, período em que ocorreu a
maior captura desta escie (Fig. 8).
0
200
400
600
800
1000
1200
set/05 out/05nov/05dez/05jan/06 fev/06mar/06abr/06mai/06jun/06 jul/06 ago/06
Data das Coletas
Númerodio de indivíduos
Parque Estadual Mata dos Godoy
Horto Florestal da Universidade Estadual
de Londrina
Parque Municipal Arthur Thomas
Figura 4. Flutuação de Scarabaeoidea coletados com armadilhas de solo em três
fragmentos de mata (Londrina, PR), durante o período de setembro de 2005 a
agosto de 2006.
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
set/05out/05nov/05dez/05jan/06fev/06mar/06abr/06mai/06jun/06 jul/06ago/06
Data das coleta
Número médio de indivíduos
0
5
10
15
20
25
30
Temperatura média (ºC)
Nº de indivíduos
Temp. média (ºC)
Figura 5. Flutuação de Scarabaeoidea coletados com armadilhas de solo em três
fragmentos de mata (Londrina, PR) relacionado com a temperatura média mensal
(ºC) (IAPAR), durante o período de setembro de 2005 a agosto de 2006.
33
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
set/05out/05nov/05dez/05jan/06fev/06mar/06abr/06mai/06jun/06jul/06ago/06
Data das coletas
mero médio de indivíduos
0
50
100
150
200
250
300
Precipitação (mm)
Nº de indivíduos
Precipitação (mm)
Figura 6. Flutuação de Scarabaeoidea coletados com armadilhas de solo em três
fragmentos de mata (Londrina, PR), relacionado à precipitação mensal (mm)
(IAPAR), durante o período de setembro de 2005 a agosto de 2006.
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06
Data das coletas
Núada
34
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06
Data das coletas
Número de indivíduos
Sardinha Apodrecida
Carne Apodrecida
Fezes Suínas
Banana Apodrecida
Testemunha
Figura 8. Flutuação de C. gibbus em relação à atratividade da isca, coletados com
armadilhas de solo em três fragmentos de mata (Londrina, PR), durante o período de
setembro de 2005 a agosto de 2006.
A segunda espécie mais abundante foi Coilodes sp. 2, ocorrendo
somente entre setembro de 2005 a janeiro de 2006, com pico populacional em
outubro em todos os fragmentos, sendo que no PEMG, ocorreu em baixa
abunncia (Fig. 9). A maior freência e abundância nos fragmentos mais
antropofizados pode indicar ser escie oportunista, capacitadas geneticamente
para colonizar novos ambientes. Carne e sardinha em decomposição foram às iscas
que mais atraíram esta espécie, direcionando-a como necrófagas (Figura 10). Esta
atividade concentrada em apenas um período, como o observado para C. gibbus,
pode indicar serem escies com comportamento reprodutivo univoltino.
A terceira espécie mais abundante foi Deltochilum aff. morbillosum
ocorrendo entre setembro de 2005 a maio de 2006 (Fig. 11), só estando ausente nas
coletas realizadas nos meses mais frios do ano para a região de estudo. Esta
espécie se apresentou com hábito necrófago, sendo coletada mais nas iscas de
carne e sardinha em decomposição, sendo que a única isca atrativa, durante todo o
período em que esta escie ocorreu, foi à sardinha em decomposição (Fig. 12).
35
0
100
200
300
400
500
600
set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06
Data das coletas
Número de indivíduos
Parque Estadual Mata dos Godoy
Horto Florestal da Universidade
Estadual de Londrina
Parque Municipal Arthur Thomas
Figura 9. Flutuação de Coilodes sp. 2, coletados com armadilhas de solo em três
fragmentos de mata (Londrina, PR), durante o período de setembro de 2005 a
agosto de 2006.
0
100
200
300
400
500
600
set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06
Data das coletas
Número de Indivíduos
Carne Apodrecida
Sardinha Apodrecida
Fezes Suínas
Banana Apodrecida
Testemunha
Figura 10. Flutuação de Coilodes sp. 2, em relação à atratividade da isca, coletados
com armadilhas de solo em três fragmentos de mata (Londrina, PR), durante o
período de setembro de 2005 a agosto de 2006.
Em todos os fragmentos estudados, a maioria das escies foram
representadas por poucos indivíduos (Fig. 13). Conforme Halffter (1991), esta
distribuição em que poucas espécies são muito abundantes e muitas escies são
representadas por um número restrito de indivíduos, é característica de florestas
tropicais. Embora os resultados mostrem essa tendência, o fato de existir atração
pela isca, pode mascarar a constatação de femeno desta natureza (Medri &
Lopes, 2001).
36
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06
Data das Coletas
Número de Indivíduos
Parque Estadual Mata dos Godoy
Horto da Universidade Estadual de
Londrina
Parque Municipal Arthur Thomas
Figura 11. Flutuação de Deltochilum aff. morbillosum, coletados com armadilhas de
solo em três fragmentos de mata (Londrina, PR), durante o período de setembro de
2005 a agosto de 2006.
0
10
20
30
40
50
60
70
set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06
Data das coletas
Número de indivíduos
Fezes Suínas
Carne Apodrecida
Sardinha Apodrecida
Figura 12. Flutuação de Deltochilum aff. morbillosum, em relação à atratividade da
isca, coletados com armadilhas de solo em três fragmentos de mata (Londrina, PR),
durante o período de setembro de 2005 a agosto de 2006.
37
0
2
4
6
8
10
12
14
16
1 a 10 11 a 30 31 a 60 61 a 100 101 a 150 151 a 210 > 210
Número de indivíduos
mero de espécies
Parque Estadual Mata dos Godoy
Horto Florestal da Universidade Estadual de Londrina
Parque Municipal Arthur Thomas
Figura 13. Classe de abundância para Scarabaeoidea coletados em três fragmentos
de mata (Londrina, PR), durante o período de setembro de 2005 a agosto de 2006.
Foram coletados quatro exemplares da espécie Dichotomius
mormon (Ljungh, 1799) nas armadilhas iscadas com fezes. Louzada & Lopes (1997),
em um ano de coleta com fezes humana e carne bovina em decomposição
capturaram 19 espécimes estritamente em fezes; no entanto Medri & Lopes (2001)
realizando coleta apenas com carne bovina capturaram 8 indivíduos nesta isca e
Louzada & Vaz-de-Mello (1997) verificaram a atração de D. mormon por ovos em
decomposição. Foi capturado também um indivíduo de Canthon (Glaphyrocanthon)
sp n. em fezes.
Foram coletados dois indivíduos de D. assifer em carne em
decomposição e seis em sardinha. Medri & Lopes (2001) capturaram grande número
de indivíduos desta escie utilizando isca de carne bovina. Louzada & Lopes
(1997) classificaram esta escie como copro-necrófaga visto que foi capturada
tanto nas iscas de fezes como nas de carne. Deltochilum brasiliensis (Castelnau,
1840) foi outra escie encontrada exclusivamente em carne, apresentando cinco
espécimes, sendo também coletada por Medri & Lopes (2001) em iscas de carne.
Outras espécies que foram coletadas em isca necrófaga foram C.
exaratus com dois exemplares em carne e um em sardinha, Canthidium sp. com um
38
exemplar em carne, Polynoncus sp. 2 com um exemplar em sardinha, sendo que
este gênero apresenta distribuição restrita a América do Sul (Gianizella e Prado,
1999) e um espécime da sub-família Rutelinae em carne, no entanto como Rutelinae
não apresenta hábito alimentar coprófago, provavelmente sua captura tenha sido
acidental.
As espécies Uroxys aff. lata, com dois indivíduos e B. lucidulum com
um indivíduo foram coletados somente em isca de banana em decomposição, Medri
& Lopes (2001) coletaram seis indivíduos de Uroxys sp. em carne em
decomposição, constatando atração por este tipo de isca. A escies Ataenius sp.
teve um espécime na armadilha testemunha. Marchiori (2000) realizando coletas
com fezes bovinas e carcaça de suíno capturou 4028 indivíduos do nero Ataenius
em fezes e 105 indivíduos em carcaça de suíno, enquanto Aidar et al. (2000)
capturaram 193 indivíduos em pastagens com o uso de fezes de bovina.
A maioria das espécies, ocorreram em mais de uma isca, no entanto
a baixa abundância da maioria das espécies dificulta a conclusão sobre o hábito
alimentar destas, no entanto Halffter (1991) relata que nas florestas tropicais da
América os besouros generalistas são predominantes. Considerando somente as
espécies que obtiveram abunncia maior que 20 indivíduos durante o período de
coleta, pode-se deduzir que a única espécie que apresentou hábito alimentar
exclusivamente coprófago foi O. catharinensis, sendo que 100% dos indivíduos
capturados neste trabalho foram encontrados na isca de fezes suína, embora
Eurysternus caribaeus (Herbst, 1789) tenha sido fortemente atraída por esta isca.
Anduaga & Halffter (1991) estudaram a associação do nero Onthophagus com
ninhos de roedores, relatando a preferência alimentar deste gênero por fezes.
As espécies que se mostraram necrófagas foram C. laminatus,
Coilodes sp.2, C. gibbus, Deltochillum aff. morbilosum, D. rubripenne, S. nigriceps,
Coprophanaeus jasius (Olivier, 1789) e Polynoncus sp.1, as demais escies
ocorreram em porcentagem inferior a 80% em uma única isca (Tab. 2). Canthon aff.
amabilis, poderia ser incluído neste grupo, já que sua freqüência ficou praticamente
no limite, C. chalybaeus e D. furcatum tamm foram fortemente atraídos por isca de
origem animal. Dichotomius aff. mundus e C. dispar foram atraídos por isca de
banana. Das escies que apresentaram abunncia acima de 20 indivíduos, 5,6%
apresentaram bito alimentar coprófago, 44,4% necrófago e 50,0% generalista.
A grande maioria das escies capturadas nos trabalhos de
39
Louzada & Lopes (1997) e Halffter et al. (1992), eram generalistas, nestes trabalhos
foram consideradas todas as espécies capturadas, independente da porcentagem e
as espécies capturadas somente em fezes eram ditas coprófagas, somente em
carcaças tidas como necrófagas e nas duas iscas, independente da proporção,
copro-necrófagas. Se no trabalho aqui estudado, utilizássemos a mesma forma de
classificação dos autores acima citados os dados seriam bastante semelhantes.
Foi obtida apenas uma espécie considerada de hábito alimentar
coprófago. No trabalho de Halffter e Arellano (2002) a maioria das espécies foram
tidas como coprófagas. Apesar da classificação no trabalho realizado ser a mesma
de Halffter e Arellano (2002), os resultado foram bastante diferentes, isto se deve ao
fato que as coletas dos referidos autores foram em locais onde se apresentava
criação de gado, contribuindo para o desenvolvimento da guilda dos coprófagos,
devido a grande quantidade de recurso para esta guilda.
Tabela 2. Número de indivíduos e porcentagem para os Scarabaeoidea com mais de
20 espécimes capturados em armadilhas de solo, em três fragmentos de mata
(Londrina, PR), durante o período de setembro de 2005 a agosto de 2006.
Espécie/TRIBO T* % F* % C+S*
% B* %
DICHOTOMINI
Dichotomius aff. mundus 5 11,36 3 6,81 5 11,36 31 70,45
Dichotomius sp. 0 0,00 14 82,35 3 17,64 0 0,00
Canthidium cavifrons 14 17,28 22 27,16 21 25,92 24 29,63
Canthidium dispar 2 6,56 5 16,39 4,5 14,75 19 62,30
Canthidium trinodosum 0 0,00 49 74,24 16 24,24 1 1,52
CANTHONINI
Canthon
aff.
amabilis
1 2,53 7 17,72 31,5 79,75 0 0,00
Canthon chalybaeus 0 0,00 51 26,15 140 71,79 4 2,05
Canthon laminatus 1 3,03 4 12,12 27 81,81 1 3,03
Coilodes sp. 2 2 0,37 34 6,34 483 90,11 17 3,17
Coilodes gibbus 17 0,70 276 11,37 2104 86,69 30 1,24
Deltochilum aff. morbillosum 0 0,00 12 6,35 177 93,65 0 0,00
Deltochilum furcatum 0 0,00 42 37,5 70 62,5 0 0,00
Deltochilum rubripenne 0 0,00 3 17,65 14 82,35 0 0,00
Scybalocanthon nigriceps
0 0,00 3 8,33 33 91,67 0 0,00
PHANAENINI
Coprophanaeus jasius 0 0,00 6 8,05 68,5 91,95 0 0,00
EURYSTERNINI
Eurysternus caribaeus 0 0,00 22 67,69 10,5 32,31 0 0,00
ONTHOPHAGINI
Onthophagus catharinensis 0 0,00 37 100,00 0 0,00 0 0,00
Polynoncus sp. 1 (Trogidae) 0 0,00 0 0,00 13 100 0 0,00
Total de espécimes 42 590 3221 127
Total de espécies 7 17 17 8
* T=Testemunha, F=Fezes suína, C + S = Média de carne + sardinha em
decomposição, B=Banana.
40
A curva de espécies acumulada no HFUEL após seis coletas fica
paralelo ao eixo da abscissa, enquanto que nos fragmentos PEMG e PMAT na
penúltima coleta ainda apresenta uma nova escie (Fig. 14). Este resultado indica
que seis coletas seriam suficientes para se obter um bom levantamento das
espécies existentes nos fragmentos estudados. No entanto, quando se pretende
obter informações ecológicas sobre escies, as coletas devem ser prolongadas por
pelo menos mais um ano, assim considerando as condões climáticas, época de
revoada e o ciclo, pois alguns Scarabaeoidea possuem ciclo bivoltino.
Quando se dispõe de pouco tempo de coleta os melhores meses
para obter um grande mero de escies no fragmento PEMG e HFUEL são os
meses de dezembro e janeiro, para o fragmento PMAT o maior número de escies
foram coletados nos meses de novembro e dezembro (Fig. 15).
0
5
10
15
20
25
30
35
40
set/05out/05nov/05dez/05jan/06fev/06mar/06abr/06mai/06jun/06 jul/06ago/06
Data das coletas
Número de espécies
Parque Estadual Mata dos Godoy
Horto Florestal da Universidade Estadual de Londrina
Parque Municipal Arthur Thomas
Figura 14. Curva de acumulação de espécies de Scarabaeoidea coletados com
armadilha de solo em três fragmentos de mata (Londrina, PR), durante o período de
setembro de 2005 a agosto de 2006.
41
0
5
10
15
20
25
set/05 out/05nov/05dez/05 jan/06 fev/06mar/06abr/06mai/06 jun/06 jul/06 ago/06
Data das coletas
mero de espécies
Parque Estadual Mata dos Godoy
Parque Municipal Arthur Thomas
Horto Florestal da Universidade
Estadual de Londrina
Figura 15. Número de espécies de Scarabaeoidea por mês coletados com armadilha
de solo em três fragmentos de mata (Londrina, PR), durante o período de setembro
de 2005 a agosto de 2006.
Em relação à composição de espécies constata-se, com o auxílio do
índice de Jaccard (Tab. 3), que os fragmentos que mais diferiram foram o do PEMG
e PMAT, o que reforça a hipótese inicial que há maiores semelhanças sicas
ambientais entre os fragmentos PEMG e HFUEL, mesmo sendo o HFUEL o menor
fragmento. O cálculo do índice de Shannon não se mostrou condizente com a
riqueza das espécies encontradas, sendo que o maior índice foi no PMAT com valor
de 1,54; seguido pelo HFUEL com 1,22 e PEMG 1,31; isto se deve a queda do valor
do índice quando alguma espécie apresenta muitos indivíduos, no PEMG a espécie
C. coilodes (Tab.1) com muitos espécimes fez com que este fragmento
apresentasse valor baixo. O cálculo do índice para as iscas apresentou o mesmo
problema devido a muitos indivíduos desta espécie nas iscas de carne e sardinha
que apresentaram respectivamente 1,43 e 1,26, enquanto fezes suínas, banana e a
testemunha apresentaram valor de 2,13, 1,95 e 1, 60, respectivamente.
As espécies pequenas foram predominantes em todos os
fragmentos. O fragmento PEMG foi o único que registrou todas as escies grandes
capturadas nos três fragmentos (Fig. 16). Halffter & Arellano (2002), realizando
trabalho em duas localidades, encontraram maiores proporções de escies
grandes, este resultado se deve às áreas estudadas apresentarem gado,
proporcionando maior quantidade de recurso para as grandes espécies coprófagas.
42
Tabela 3. Índice de similaridade de Jaccard para Scarabaeoidea coletado em
armadilha de solo em três fragmentos florestais, Londrina PR, de setembro de
2005 a agosto de 2006.
Fragmentos Florestais Índice de
JACCARD
Parque Estadual Mata dos Godoy X Horto da Universidade
Estadual de Londrina
0,590
Parque Estadual Mata dos Godoy X Parque Municipal Art
hur
Thomas
0,470
Parque Municipal Arthur Thomas X Horto da Universidade
Estadual de Londrina
0,533
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
Parque Estadual Mata
dos Godoy
Horto da Universidade
Estadual de Londrina
Parque Municipal
Arthur Thomas
Local das coletas
Número de espécies
Escies pequenas
Escies médias
Escies grandes
Figura 16. Espécies de Scarabaeoidea em relação ao tamanho corporal das
espécies, coletados em armadilhas de solo iscada ou não, em três fragmentos de
mata (Londrina, PR), durante o período de setembro de 2005 a agosto de 2006.
Se considerada somente as cinco tribos e, observadas as variações
devido à diferença de escala de grandeza dos ambientes estudados, a estrutura
taxomica estudada quando se soma os três fragmentos ou separadamente (Tab.
4), reflete parcialmente a estrutura taxomica da Região Neotropical e da estudada
por Louzada & Lopes (1997) em fragmento de mata Atlântica, Vosa-MG, diferindo
nas proporções, principalmente no PMAT.
43
Tabela 4. Distribuão das tribos de Scarabaeidae Neotropical, da Mata do Paraíso,
em Viçosa-MG (Louzada & Lopes, 1997) e de três fragmentos de mata (Londrina,
PR), durante o período de setembro de 2005 a agosto de 2006. (PEMG=Parque
Estadual Mata dos Godoy, HFUEL = Horto Florestal da Universidade Estadual de
Londrina, PMAT = Parque Municipal Arthur Thomas).
Tribo Número de espécies
Região
Neotropical
Mata do
Paraíso-MG
PE6416 Tc ( Tc (H) Tj0.0679210.56 re h -c (l) Tj1.42416 Tc ( ) Tj4Tf307.44 620.64 TD ( ) Tj76.8 0 Tnh08 Tc (i) Tj0.12 Tn-16.32 TD 0 Tc (P)bo ) Tj201.6 0 TD -0.03792 Tcna
PE6416 Tc ( (eo) Tj0.037U) Tj-028.080.037168 Tc (o) Tj0.037U
44
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
PEMG HFUEL PMAT Mata do
Paraíso
Palenque Boca de Chajul Los Tuxtlas
Localidades
Número de espécies
Paracoprídeas
Telecoprídeas
Endocoprídeas
Figura 17. Estrutura da comunidade de Scarabaeoidea em três localidades
estudadas por Halffter et al. (1992), (Palenque, Boca de Chajul e Los Tuxtlas), da
Mata do Paraíso (Vosa-MG), estudada por Louzada & Lopes (1997) e de três
fragmentos de mata (Londrina, PR), durante o período de setembro de 2005 a
agosto de 2006. (PEMG=Parque Estadual Mata dos Godoy, HFUEL = Horto
Florestal da Universidade Estadual de Londrina, PMAT = Parque Municipal Arthur
Thomas).
Este trabalho apresenta dois novos registros de neros para o
PEMG: Anomiopus e Polynoncus e nove escies: C. cavifrons, C. trinodosum, T.
hirsutum, C. laminatus, C. rutilans cyanescens, C. gibbus, D. rubripenne e S.
nigriceps. Para os fragmentos PMAT e HFUEL todas as espécies e gêneros são
novos registros, pois o dados de levantamentos de escies de Scarabaeoidea
nestes locais.
A fragmentação dos habitats naturais pode induzir a mudanças na
abunncia e na riqueza de espécies de colpteros decompositores, podendo
causar impactos no suprimento e retenção de nutrientes no solo, na dispersão de
sementes e no controle de moscas parasitas de vertebrados e, em conseqüência
disso, pode afetar a estabilidade do ecossistema Medri & Lopes (2001).
45
4.6 Conclusões
A sardinha enlatada em decomposição utilizada no experimento
mostrou ser atrativa para Scarabaeoij0.20832 c (pa) Tj0.08376 Tc (r) Tj0.20832 1c ( ) Tj0.20832 Tcoi
46
4.7 Referências
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47
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