Download PDF
ads:
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
1
FABRICIO DA MATA LUCAS
A PRÁTICA DO LAZER EM ÁREAS URBANAS SUJEITAS À
EXCLUSÃO SOCIAL EM PRESIDENTE PRUDENTE - SP
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Geografia - Área de
Concentração: Produção do Espaço
Geográfico, para obtenção do Título de Mestre
em Geografia.
Orientador: Prof.º Dr.º Raul Borges
Guimarães
Presidente Prudente
2007
ads:
2
Lucas, Fabrício da Mata.
L966p A prática do lazer em áreas urbanas sujeitas à exclusão social em
Presidente Prudente – SP / Presidente Prudente : [s.n], 2007
xiv, 170 f. : il.
Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista,
Faculdade de Ciências e Tecnologia
Orientador: Raul Borges Guimarães
Banca: Maria E. Beltrão Spósito, Gilmar Mascarenhas de Jesus
Inclui bibliografia
1. Geografia. 2. Lazer. 3. Exclusão social. I. Autor. II. Título. III
Presidente Prudente - Faculdade de Ciências e Tecnologia.
CDD(18.ed.) 910
Ficha cartográfica elaborada pelo Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação
UNESP – FCT – Campus de Presidente Prudente
BANCA EXAMINADORA
Profº Dr. Raul Borges Guimarães
(Orientador)
Profª Dra. Maria Encarnação Beltrão Spósito (UNESP)
Profº Dr. Gilmar Mascarenhas de Jesus (UERJ)
3
Dedico este trabalho a minha
mãe, pela força, carinho, amor e
dedicação que me acompanha em
toda vida!
4
AGRADECIMENTOS
Agradeço em primeiro lugar a minha mãe Imirene e minha irmã Luciana,
pela força e perseverança em todos os momentos, principalmente nos mais difíceis.
Agradeço ao Profº. Raul Borges Guimarães por me orientar no decorrer
desses anos e se mostrar mais que um orientador.
Agradeço à FAPESP, pelo apoio financeiro fundamental para o
desenvolvimento desta Dissertação.
Agradeço ao Profº. Mário, docente do Departamento de Matemática,
Estatística e Ciências da Computação por ter colaborado na elaboração e análise das
informações de campo.
Agradeço de uma forma geral a todas as pessoas que contribuíram de alguma
forma para o desenvolvimento deste trabalho, colegas do CEMESPP que são vários, entre eles
o Oséias pela ajuda com os mapas, o Fernando e o Rafael pela ajuda na aplicação de
questionários; a Maria da Sala de Desenho, a Aline e todas as demais pessoas que forneceram
ajuda para a consecução desta Dissertação.
Por fim, agradeço a todas as pessoas que têm convivido comigo no decorrer
desses anos, aos diversos colegas da Unesp pelo bom papo, muitos ainda presentes e outros
que não se encontram mais presentes, mesmo assim, as lembranças dos bons momentos com
certeza permanecem. Aos colegas de república pela convivência, (Hérculis, Rones, Geraldo,
Cloves, Evandro, Rancharia, Ivair) dentre outros que conviveram comigo nessa casa e nos
tempos de moradia estudantil.
5
RESUMO
Este trabalho tem como principal objetivo analisar as práticas de lazer na cidade de Presidente
Prudente – SP, focando algumas áreas sujeitas à exclusão social. Observa-se a importância de
verificar como estão implantadas as políticas desenvolvidas pelo poder público municipal
referentes à área do lazer na cidade de Presidente Prudente, visando ainda verificar como as
pessoas que habitam tais áreas periféricas sujeitas à exclusão vivenciam suas práticas de lazer
e principalmente como estas concebem as opções de lazer oferecidas pelo poder público. O
trabalho está estruturado por meio de duas importantes fontes de dados. Uma primeira procura
identificar em recortes extraídos do jornal “O Imparcial” as principais políticas de lazer
implementadas a partir do ano de 1990 até 2004, com maior enfoque na atual administração
que vem estabelecendo como principal política a urbanização e implantação de praças de lazer
em áreas de fundo de vale. Uma segunda fonte tem o intuito de identificar a visão dos
moradores de algumas áreas periféricas a respeito do lazer, objetivando verificar se existe
associação entre a oferta de tais políticas e a contemplação das mesmas por parte desses
moradores. Consideramos existir um padrão de política de lazer que vem sendo estabelecido
mais recentemente nessa cidade, no entanto, apesar dessa política se disseminar pela malha
urbana e contemplar muitas áreas sujeitas à exclusão social, observou-se uma subutilização
em algumas dessas praças devido ao fato de não passarem por manutenção e não garantirem
segurança para as famílias residentes no entorno vivenciarem seus momentos de lazer.
Palavras – chave: lazer, políticas públicas, exclusão social, Presidente Prudente.
6
ABSTRACT
This research, aims to analyse the leisure practices in the city of Presidente Prudente - SP,
emphasizing some areas subject to social exclusion process. It is observed as the local
government introduce the leisure areas in the city of Presidente Prudente and how the people
who live in such areas utilize them, principally how these people understand the leisure
options offered by the local government. This research is based on two important data
sources. The first one tries to identify in extracts from the newspaper “ O Imparcial”, the
principal policy of leisure introduced from 1990 a 2004, emphasizing the current
administration which has been establishing as its principal policy the urbanization and leisure
parks in isolated areas. The second source aims at identifying the residents understanding of
leisure to verify if there is a relation between the policy offered and the acceptance of the
residents. We consider there is a leisure policy pattern which has been established recently in
this city, however besider this policy has spread out the city and contemplated areas subject to
social exclusion process, it can be noticed the low use of some of these parks due to the fact
there is no maintenance and principally because the family security is not guaranteed during
the leisure practices.
Key words: leisure practices, public policy, social exclusion, Presidente Prudente.
7
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS P.09
LISTA DE FOTOS P.09
LISTA DE GRÁFICOS P.10
LISTA DE MAPAS P.10
LISTA DE QUADROS P.11
LISTA DE TABELAS P.11
INTRODUÇÃO P.12
CAPÍTULO 1 - CONCEITUANDO O LAZER P.15
1.1 - Resgatando as principais concepções de lazer P.15
1. 2 - O Lazer na sociedade atual P.25
1.3 - Lazer e Geografia: Uma possível aproximação P.29
CAPÍTULO 2 - EXCLUSÃO SOCIAL E O LAZER NA CIDADE P.35
2.1 - Os processos de exclusão social P.35
2.2 - A exclusão social em Presidente Prudente P.42
2.3 - A inserção das políticas públicas P.47
CAPÍTULO 3 - O LAZER NO TEMPO E NO ESPAÇO: UMA VISÃO
DAS POLÍTICAS DE LAZER ENTRE OS ANOS DE 1990 A 2004
P.52
3.1- O lazer através dos jornais P.53
3.2 - Considerações acerca das políticas de lazer apresentadas em cada
gestão municipal
P.93
CAPÍTULO 4 - O LAZER NA CIDADE: UMA VISÃO GERAL A
RESPEITO DAS ATUAIS POLÍTICAS DE LAZER
P.97
4.1 - As principais políticas e ações voltadas para o lazer P.97
4.2 - Definindo as áreas estudadas P.111
CAPÍTULO 5 - O LAZER SOB A ÓTICA DOS MORADORES DE P.114
8
ALGUMAS ÁREAS PERIFÉRICAS
5.1 - A visão dos moradores acerca do lazer P.121
5.2 - Análise das políticas públicas de lazer pela população P.147
5.3 - Possíveis caminhos P.155
CONSIDERAÇÕES FINAIS P.158
BIBLIOGRAFIA P.165
ANEXOS P.171
9
LISTA DE FIGURAS
1 - Linhas do tempo (Gestão Paulo Constantino/ 1989 - 1992) P.89
2 - Linhas do tempo (1ª Gestão Agripino Lima / 1993 - 1996) P.90
3 - Linhas do tempo (Gestão Mauro Bragato/ 1997 - 2000) P.91
4 - Linhas do tempo (2ª Gestão Agripino Lima / 2001 - 2004) P.92
LISTA DE FOTOS
1 - Praça de lazer da área 1 (Ana Jacinta) P.142
2 – Praça de lazer da área 2 (Vila Brasil) P.143
3 - Praça de lazer da área 2 (Vilas Líder e Planaltina) P.144
4 - Praça de lazer da área 3 (Watal Ishibashi) P.145
10
LISTA DE GRÁFICOS
1 - Percentual de pessoas que usufruem momentos de lazer (área 1 - Ana
Jacinta)
P.119
2 - Percentual de pessoas que usufruem momentos de lazer (área 2 - Zona
Leste)
P.119
3 - Percentual de pessoas que usufruem momentos de lazer (área 3 - Watal
Ishibashi)
P.120
LISTA DE MAPAS
1 - Presidente Prudente - Distribuição dos setores de Exclusão/ inclusão
social
P.45
2 - Presidente Prudente - Reivindicações de áreas de lazer segundo o jornal
“O Imparcial”
P.84
3 - Presidente Prudente - Implantação de áreas de lazer segundo o jornal “O
Imparcial”
P.85
4 - Presidente Prudente - Localização das áreas de Exclusão/ inclusão social
e dos equipamentos de lazer e de cultura em 2003
P.101
5 - Presidente Prudente - Localização das áreas de Exclusão/ inclusão
social e praças esportivas de lazer em 2006
P.102
6 - Presidente Prudente - Localização das praças de lazer estudadas e do
Parque do Povo
P.113
7 - Presidente Prudente - Equipamentos e espaços de convivência próximos
da área de lazer 1 (Ana Jacinta)
P.132
8 - Presidente Prudente - Equipamentos e espaços de convivência próximos
da área de lazer 2 (Vila Brasil)
P.133
9 - Presidente Prudente - Equipamentos e espaços de convivência próximos
da área de lazer 2 (Vila Líder)
P.134
10 - Presidente Prudente - Equipamentos e espaços de convivência
próximos da área de lazer 3 (Watal Ishibashi)
P.135
11
LISTA DE QUADROS
1 - Lista dos artigos levantados no jornal ligados à área do lazer P.57
2 - Praças de lazer implantadas e/ ou reformadas a partir de 2001 P.104
LISTA DE TABELAS
1 - Distribuição dos entrevistados nas três áreas P.116
2 - Distribuição das faixas etárias em cada área P.117
3 - Distribuição dos moradores que usufruem momentos de lazer P.118
4 - Distribuição das opções de lazer nas três áreas (Nº absoluto e percentual
%)
P.122
5 - Distribuição das opções de lazer nas três áreas agrupando os itens
primários e secundários (Nº absoluto e percentual %)
P.129
6 - Distribuição referente à freqüência e ao horário dos moradores nas
praças de lazer
P.137
7 - Distribuição referente à freqüência dos moradores nas praças de lazer P.138
8 - Distribuição da freqüência dos moradores que usufruem momentos de
lazer em outros locais da cidade
P.146
9 - Avaliação da atual política de lazer desenvolvida pelo poder público P.148
10 - Gestão municipal que mais privilegiou ações ou políticas de lazer P.151
11 - Nº e Percentual de chefes de família entre 21 e 30 anos dentre o total de
entrevistados entre 21 e 50 anos
P.152
12
INTRODUÇÃO
Nesta dissertação, procura-se compreender a prática do lazer no espaço
urbano de Presidente Prudente – SP, uma cidade média do interior paulista. O trabalho tem o
intuito de enfocar as práticas de lazer na cidade, principalmente no que diz respeito à
consolidação das principais políticas que contemplam tais práticas, sobretudo em áreas que se
encontram sujeitas à exclusão social. Tal propósito exige identificar como se manifestam as
diferentes práticas de lazer da população mais carente e com menor poder de consumo que
habita essas áreas.
Partimos de três importantes eixos norteadores para situar nossa discussão.
Um primeiro procura identificar a manifestação da prática do lazer perante a sociedade, com o
intuito de identificar a sua consolidação na cidade de Presidente Prudente. Um outro eixo visa
identificar como o lazer se manifesta para as pessoas sujeitas aos processos excludentes nessa
cidade. Para isso, a ênfase será dada às áreas periféricas do espaço urbano sujeitas à exclusão
social. Um terceiro eixo tem em mente compreender as principais ações e políticas de lazer
voltadas, especificamente, para essas populações mais vulneráveis.
As inquietações a respeito dessa temática surgem em pesquisas anteriores
ainda na iniciação científica, quando foi possível visualizar como vinha se consolidando a
prática do lazer para populações residentes em algumas áreas de periferia da cidade. Em
seguida, nossas preocupações começaram a se direcionar para a implantação de políticas de
lazer subsidiadas por algumas Secretarias ligadas ao poder público municipal. Em nossa
Monografia de Bacharelado (LUCAS, 2003)
1
, apresentamos uma análise das práticas de lazer
vivenciadas por jovens adolescentes na faixa etária entre 14 a 19 anos em algumas áreas
sujeitas a processos de exclusão social.
Nesse sentido, procuramos nesta Dissertação de Mestrado ampliar o foco de
discussão, tendo como referência a experiência que vem sendo acumulada desde a iniciação
científica acerca de tal temática. No presente trabalho, queremos compreender como o lazer se
1
LUCAS, Fabrício da Mata. O Lazer no contexto das políticas públicas de combate à exclusão social: O
caso do lazer vivenciado pelo jovem de 14 a 19 anos em áreas de exclusão. (Monografia de Bacharelado em
Geografia). FCT/ UNESP, Presidente Prudente, 2003.
13
insere na vida das pessoas que habitam áreas periféricas sujeitas as diversas formas de
exclusão social. Afinal, apesar de ser verificada nas últimas décadas essa maior preocupação
com o aproveitamento do tempo de lazer e o aumento da qualidade de vida de uma forma
geral
2
, observa-se a ocorrência de uma apropriação extremamente desigual, tanto do ponto de
vista das práticas de lazer, quanto da apropriação dos equipamentos urbanos necessários para
efetivação dessas práticas, de acordo com o poder aquisitivo e a condição social de cada
indivíduo.
Para o desenvolvimento dessa discussão, o presente trabalho se encontra
estruturado da seguinte forma. No capítulo 1, “Conceituando o lazer”, discutimos a
ocorrência do lazer de forma propriamente dita, apresentando uma série de conceituações,
enfatizando como o lazer ganha importância e se insere na sociedade atual e se aproxima da
Geografia. No capítulo 2, “Exclusão social e o lazer na cidade”, desenvolvemos a temática a
partir da discussão do conceito de exclusão social, visando em seguida, trazer à tona como tal
processo se manifesta na cidade de Presidente Prudente, sobretudo no que se refere à
possibilidade de se vivenciar o lazer, com enfoque para as áreas periféricas nas quais os
moradores estão sujeitos a processos excludentes. Por sua vez, no capítulo 3, “O lazer no
tempo e no espaço: Uma visão das políticas de lazer entre os anos de 1990 a 2004”,
realizamos um levantamento das manchetes e artigos apresentados no jornal “O Imparcial” no
período de janeiro de 1990 até dezembro de 2004, se referindo às principais ocorrências
ligadas às práticas de lazer desenvolvidas pelo poder público municipal. Agrupamos as
manchetes apresentadas no jornal em um quadro, em seguida separando-as em diferentes
períodos no âmbito de cada uma das gestões municipais presentes no decorrer desses quinze
anos. Essa separação em diferentes períodos encontra-se exposta no trabalho através de
algumas ‘linhas do tempo’, permitindo uma melhor compreensão da ação do poder público no
incentivo ao lazer nesse período mais recente de 1990 a 2004. No capítulo 4, “O lazer na
cidade: uma visão geral a respeito das atuais políticas de lazer”, analisamos a realidade de
Presidente Prudente através de alguns indicadores fornecidos pelo poder público municipal,
apresentando nesse sentido, a representação cartográfica com os equipamentos de lazer, assim
como as ações da atual gestão municipal no campo do lazer. No capítulo 5, “O lazer sob a
ótica dos moradores de algumas áreas periféricas”, apresentamos a visão dos moradores
do entorno de quatro praças de lazer localizadas em áreas sujeitas à exclusão social na cidade,
com o intuito de demonstrar como se consolidam suas práticas de lazer, e também, o
entendimento e a aceitação dessas pessoas em relação às políticas direcionadas à área do lazer
2
(Cf. Dumazedier 1979 e Marcellino 1995).
14
por parte do poder público municipal. Nas considerações finais, retomamos os aspectos
principais da análise empreendida.
15
CAPÍTULO 1 - CONCEITUANDO O LAZER
Procuramos apresentar neste capítulo uma conceituação do lazer de acordo
com as concepções de diferentes autores, procurando explorar especificamente num primeiro
tópico, diferentes idéias que possam subsidiar na compreensão acerca da prática do lazer,
destacando como esta se consolida e passa a ganhar relevância do ponto de vista intelectual e
social. É importante ressaltar a dificuldade existente no sentido de identificar a complexa
discussão que envolve a temática do lazer, alvo de diferentes áreas do conhecimento e ainda
em processo de consolidação.
Ao trabalhar a temática que envolve o fenômeno lazer, devemos antes de
tudo contextualizá-lo no tempo e no espaço, destacando sua construção histórica e social, para
posteriormente inserirmos essa discussão no âmbito do espaço urbano de Presidente Prudente
e analisar a disposição (através dos espaços e equipamentos) e a vivência desse lazer nessa
cidade.
1.1 - Resgatando as principais concepções de lazer
A origem da palavra lazer, conforme Andrade (2001) nos apresenta, vem do
latim ‘licere’ e significa ser lícito, permitido. A partir desse termo oriundo do latim é que se
apresenta inerente ao lazer a idéia de permissão, de liberdade, num contexto de liberação do
indivíduo de suas necessidades (obrigatórias) básicas para o seu bel prazer.
Para compreendermos a ocorrência do lazer, faz-se necessário retomarmos
as diferentes concepções que permeiam o significado deste ao longo da história do homem.
Para isso, devemos pensar o lazer sobre duas vertentes. Numa primeira, devemos destacá-lo
como um fenômeno que sempre esteve presente na humanidade, tendo como grande momento
o período clássico que se refere à concepção grega de lazer.
Na Grécia antiga, o tempo livre recebia a denominação de ócio, e era
atribuído maior valor a esse momento do que à vida de trabalho. De acordo com Bacal:
Para o homem grego, o ócio não significava estar ocioso no sentido de não
fazer nada, mas implicava operações de natureza intelectual e espiritual que
16
se traduziam no exercício da contemplação da verdade, do bem e da beleza,
de forma não utilitária. (BACAL, 2003, p.43).
Parker (1978, p.26) destaca que “a concepção grega de lazer baseava-se
numa associação à aprendizagem ou cultivo do eu, em lugar de basear-se em tempo livre”.
Dessa forma, “[...] a concepção grega de lazer era realmente parte, de uma concepção mais
ampla da natureza de um homem livre”. (PARKER, 1978, p.27).
Essa valorização do ‘eu’ pode ser interpretada como sendo um momento
utilizado pelos gregos para sua livre criação, seja nas artes ou na filosofia, momento este de
plena liberdade, destinado para os indivíduos se dedicarem a suas aspirações individuais, em
detrimento de atividades que pudessem estar ligadas a obrigações rotineiras, como é o caso do
próprio trabalho.
Ao se referir a essa conceituação de ‘ócio’, De Masi (2000, p.14) ressalta
que esse conceito recebe geralmente um sentido negativo. Para o autor, “[...] o ócio pode ser
muito bom, mas somente se nos colocarmos de acordo com o sentido da palavra”. Nesse
sentido, De Masi reforça essa concepção de ócio trazida pelos gregos, destacando que para
esses, as virtudes físicas do ócio estavam ligadas estritamente ao esporte.
Quem trabalhava, isto é, suava, ou era um escravo ou era um cidadão de
segunda classe. As atividades não - físicas (a política, o estudo, a poesia, a
filosofia) eram ‘ociosas’, ou seja, expressões mentais dignas somente dos
cidadãos de primeira classe. (DE MASI, 2000, p.15).
Assim, mesmo nesse período de plena harmonia e valorização das virtudes
do ócio e também da liberdade ligada a esses momentos, existia a exploração do trabalho por
parte de uma classe abastada sobre as populações de classes mais baixas baseada na
escravidão. Os homens livres, principalmente detentores de riqueza material, contavam com
um número significativo de pessoas ao seu dispor, sendo as atividades de trabalho realizadas
por esses escravos ou pelos cidadãos de segunda classe e não consideradas dignas de um
homem nobre.
Ao remetermos a outros períodos históricos com o intuito de identificar a
possível ocorrência do lazer em outras sociedades, torna-se possível evidenciar que para as
sociedades mais primitivas, não havia uma distinção entre os tempos, supostamente de “lazer”
e de “trabalho”, já que momentos dedicados à “livre fruição” e ao “trabalho” se intercalavam
mutuamente no cotidiano das pessoas. Conforme Requixa nos aponta:
A inexistência do vocábulo trabalho, entre os povos primitivos, significava
principalmente que não havia uma clara distinção entre a vida e o trabalho,
entre o tempo de viver e o tempo de trabalhar. Trabalhar era ao mesmo
17
tempo existir, como existir era ao mesmo tempo se recrear. (REQUIXA,
1973, p.11).
Nos períodos referentes à Idade Média, as possibilidades de lazer se
encontravam subordinadas ao estrato social no qual cada pessoa se encontrava inserida, sendo
essas possibilidades ampliadas para as pessoas com maior ascensão social. Mesmo assim,
continua não havendo grande distinção no que se refere à utilização do tempo, pois as horas
destinadas ao trabalho continuam sendo ligadas a “possíveis” momentos de lazer, sendo esses
momentos acima de tudo vinculados a atividades e festas religiosas.
Segundo Medeiros (1975), a valorização artística, literária, filosófica e
científica que ocorre no Renascimento, reflete uma volta à Grécia Clássica e pode ser também
considerada uma valorização do lazer, ampliando em muito os horizontes teóricos a respeito
de sua conceituação.
Pensando dessa forma, o lazer estaria relacionado, em uma escala de longa
duração, ao processo de produção e reprodução da sociedade, numa tênue fronteira entre as
atividades obrigatórias e não obrigatórias. Mas as situações vividas até aquele momento se
alterariam com a implantação da reforma protestante nos séculos XVI e XVII, uma vez que
ocorre uma supervalorização do trabalho e uma condenação do tempo livre ou de lazer,
passando este a ser associado a tempo “desperdiçado”. Assim, o protestantismo passaria a
justificar o tempo destinado ao lazer como ocioso e improdutivo, ou seja, tempo ocupado com
práticas “sujeitas ao pecado”.
Para Andrade (2001, p.13), até o século XIX “[...] era quase dogmática a
interpretação da mentalidade bíblica, segundo a qual os homens nasceram para trabalhar e seu
trabalho era considerado como meio e forma de purgação de pecados ou culpas”. Com isso,
percebe-se que o dever religioso principalmente protestante, associado ao trabalho intensifica
a idéia de produção para servir o capital juntamente como forma de servir a Deus. (WEBER,
1967). Portanto, o tempo de lazer passa a ser visto como inimigo do trabalho e não como algo
que o complemente.
Uma segunda vertente justifica a existência do lazer como fenômeno que
ganha significado a partir do advento dessa sociedade industrial, observando que o lazer
somente passa a fazer sentido a partir do momento que existe uma nítida separação entre o
tempo imposto ao trabalho e o restante do tempo, geralmente revertido em descanso para
reposição das energias utilizadas na intensa jornada de trabalho.
Conforme Valente (2005) nos apresenta, percebe-se que a primeira vertente
está ligada às idéias do sociólogo Stanley Parker e a segunda corresponde às idéias do
18
sociólogo Jofre Dumazedier, ambos importantes estudiosos que contribuíram para teorizar a
respeito do lazer.
Parker (1978) argumenta que embora o lazer possa ser verificado nas mais
diferentes sociedades e nos mais diversos períodos históricos, ganha conotação diferente com
o período industrial.
No dizer do autor:
É possível argumentar que o lazer nunca existiu para as massas populares
enquanto parte separada da vida, até ser conquistado em razão dos períodos
de trabalho excessivamente longos. Segundo esse princípio, o lazer poderia
ser considerado um produto da sociedade industrial. (PARKER, 1978, p.29).
Para Dumazedier, o lazer vai surgir como decorrência do avanço da técnica
que permitiu a expansão da sociedade industrial. Esse autor destaca que:
Nas sociedades pré – industriais do período histórico, o lazer não existe
tampouco. O trabalho inscreve-se nos ciclos naturais das estações e dos dias:
é intenso durante a boa estação, e esmorece durante a estação má. Seu ritmo
é natural, ele é cortado por pausas, cantos, jogos, cerimônias. Em geral se
confunde com a atividade do dia [...]. Entre trabalho e repouso o corte não é
nítido. Nos climas temperados, no decurso dos longos meses de inverno, o
trabalho intenso desaparece para dar lugar a uma semi – atividade durante a
qual a luta pela vida é, muitas vezes, difícil. [...] Esta inatividade é
suportada; ela é amiúde associada a um cortejo de adversidades.
Evidentemente, não apresenta as propriedades do lazer moderno.
(DUMAZEDIER, 1999, p. 26).
Diante dessas duas principais vertentes, as quais apresentam concepções
diferenciadas no que se refere ao surgimento do lazer, é possível identificá-lo ora por um viés
que o considera como uma prática sempre existente na vida do homem, ou por outro lado,
como produto e expressão da sociedade industrial. Ao pensar nessa última vertente,
considerando o lazer como produto do período industrial, é possível admitir que a forma como
o lazer passou a ser incorporado na sociedade urbano-industrial é resultante de uma drástica
separação dos “tempos” na vida das pessoas, especificamente das massas trabalhadoras. Nesse
âmbito, até mesmo Parker ressalta que esse tipo de lazer vivenciado separadamente das
atividades obrigatórias ligadas ao trabalho é produto da sociedade industrial. Na visão de
Dumazedier, o lazer não pode ser verificado através das pausas aleatórias, ou dos ciclos
naturais ligados a algum tipo de intempérie que tenha impedido as atividades ligadas ao
trabalho nos períodos pré - industriais, devendo ser identificado como uma prática
especificamente ligada ao período de não - trabalho, portanto, oriundo dessa segmentação das
atividades desenvolvidas durante o dia entre a obrigatoriedade e a não obrigatoriedade, sendo
marca dessa sociedade industrial.
19
Diante desse contexto, apresentamos a seguir um conjunto de conceituações
acerca do lazer trazidas por diferentes autores, para em seguida tentar compreender como se
estrutura tal fenômeno a partir do surgimento dessa sociedade urbano/ industrial até o período
atual.
Segundo Marcellino (1995):
Entre os autores que se dedicam ao estudo do lazer não existe um acordo
sobre seu conceito, podendo-se distinguir duas grandes linhas: a que
enfatiza o aspecto atitude, considerando o lazer como estilo de vida,
portanto independente de um tempo determinado, e a que privilegia o
aspecto tempo, situando-o como liberado do trabalho, ou como tempo livre,
não só do trabalho, mas de outras obrigações - familiares, sociais, religiosas
- destacando a qualidade das ocupações desenvolvidas.
MARCELLINO
(1995, p.28-9).
Com base no presente autor brasileiro é possível destacar que essa primeira
linha, a qual considera o lazer um ‘estilo de vida’ ou uma ‘atitude’, possui David Riesman
como um de seus principais representantes, prevendo haver momentos de lazer até no próprio
ambiente de trabalho, desde que exista uma relação de satisfação entre o “sujeito e a
experiência vivida”. (MARCELLINO, 1995).
Essa afirmação nos faz refletir sobre a possibilidade de o lazer ser
encontrado nos diversos ambientes, se confundindo com o próprio trabalho dependendo da
satisfação proporcionada, o que pode levar a pensar em um caráter de não distinção entre
esses dois pólos que compreendem respectivamente ao lazer e ao trabalho.
Partindo dessa idéia, podemos indagar atualmente se é possível haver
momentos de lazer no próprio tempo e ambiente de trabalho. Porém, percebe-se que nem todo
ambiente de trabalho desperta prazer ao indivíduo, ocorrendo na maioria das vezes o
contrário, pois a grande parte dos ambientes de trabalho desempenha um caráter hostil,
gerando insatisfação e desprazer ao trabalhador, sobretudo devido a forte relação de
imposição e obrigatoriedade encontrada aí presente.
A outra linha citada por Marcellino, a qual inclui o lazer a um tempo
determinado, pode ser enfatizada, sobretudo a partir das considerações elaboradas por
Dumazedier, sendo tais considerações freqüentemente exploradas no presente trabalho devido
principalmente à grande influência desse autor no Brasil.
Para esse autor, o lazer compreende,
[...] (o) conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de livre
vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se ou
ainda para desenvolver sua formação desinteressada, sua participação social
voluntária, ou sua livre capacidade criadora, após livrar-se ou desembaraçar-
20
se das obrigações profissionais, familiares e sociais. (DUMAZEDIER, 1973,
p.34).
Esse autor destaca o lazer como algo que possa vir a ser desenvolvido na
esfera do tempo livre, nos momentos de total liberdade, os quais o indivíduo possui para se
portar da maneira que lhe for desejada, pressupondo não haver mais nenhuma obrigação a ser
cumprida, nem mesmo com relação a algum tipo de atividade desenvolvida no próprio âmbito
familiar.
Ribas (1998) faz referência a Dumazedier quando este destaca que existe:
O tempo que o indivíduo possui fora das obrigações de trabalho e tambémpressupondo n0 Tw -15.65 -1.153 Td[(dasnecres(ida(esbiolrgicais,podeondoem)8x)-2(er )]TJ0.0005 Tc498 Tw 7.4325 0 Td[cirtar livrmensteiv!ridas )-5 ati(ida(es )]TJ0.0006 Tc 0.7730 Tw -7.4325 -1.147 Td[cob)-8(m)8oe t redas msticais,co(m)8probmiliaeis,seondota(m)8(b)28(é)94(m)3(pressupon016 Tc .10346 TwT*d[chaum)9(ndo de tem)9(po livro não libe(nd. )]TJ0.0017 Tc 010353 Tw 160005 0 Td[Densroa do t)8(em)9(po livrohv! gum)9( tem)9(c)-1ol
das obri iliaeio e socl do temb
DUMAZD(IER, 196d)4 apdd RIBASR, dp94).
aaçã a
21
Com relação às atividades de cunho sócio-espiritual, destacamos no decorrer
do trabalho como elas se integram nos lazeres das pessoas que vivem em áreas de periferia
sujeitas à exclusão na cidade de Presidente Prudente, já apontando antecipadamente o
destaque dado por algumas pessoas a essas atividades, colocando essas últimas no seu
universo de lazer.
Um quarto enfoque, diz respeito à “realização da pessoa como fim último”,
juntando-se as propriedades resultantes da combinação de um caráter liberatório, hedonístico,
desinteressado e pessoal. Na visão do presente autor é uma forma melhor e mais apropriada
de orientar a consumação do tempo de lazer. (DUMAZEDIER, 1999).
Dessa forma, a atividade de lazer se associaria a um tipo de tempo presente
no âmbito do tempo livre, sendo totalmente desvinculado de qualquer tipo de obrigação ou
imposição social.
Na visão de Bacal,
O lazer também se caracteriza pela realização de atividades discricionais (de
livre arbítrio) que se efetivam nesse tempo livre. Essas atividades, dentre as
quais se destaca o turismo, são vistas como um fim em si mesmas,
despertando do indivíduo sentimentos de bem - estar e satisfação. (BACAL,
2003, p.98).
Para a autora, esse tempo livre nasce de uma marcação no relógio pelo
mundo industrial, visto como fenômeno complementar, justificado ao tempo de trabalho e não
se opondo a este.
Para Parker (1978, p.12) “[...] enquadrar o lazer como tempo livre é uma
visão extremamente simplista”, pois na visão desse autor, não se pode enquadrar a riqueza de
opções proporcionadas pelas atividades de lazer a um único período de tempo, sem mesmo se
importar com o caráter das atividades desenvolvidas nesse tempo. O autor considera que
embora o lazer possa remeter a atividades de livre escolha do indivíduo, não se deve deixar de
lembrar que não existe tempo totalmente desvinculado de coações normativas.
Parker destaca ser muito complicado definir e conceituar o lazer, pois é
possível apontar diferentes enfoques. Um deles seria pensar nas 24 horas do dia e subtrair os
períodos do dia que compreendem atividades obrigatórias, como trabalho, alimentação e
necessidades fisiológicas. Outro seria pensar na qualidade das atividades realizadas nesse
tempo livre. Destaca-se também, a junção dessas duas idéias, sendo possível vê-lo como “[...]
uma série de ocupações as quais o indivíduo pode comprazer-se de livre e espontânea
vontade”. (PARKER, 1978, p.19).
22
Parker (1978, p.21) afirma que “uma compreensão adequada de lazer exige
que consideremos tanto as suas dimensões de tempo quanto de atividade”. É inadequado na
visão deste autor, classificar o lazer somente como tempo livre, pois o tempo que um
desempregado possui com certeza não é visto por ele mesmo como tempo de lazer.
É importante pensarmos que lazer e trabalho são dois conceitos intrínsecos,
podendo o lazer ser visto como algo que pressupõe o trabalho. Esse tipo de tempo ocioso, sem
ocupação nenhuma com qualquer tipo de atividade profissional não pode constituir-se em
tempo e nem em atividade de lazer, pois para pressupor a vivência de momentos de lazer, o
indivíduo deve estar em primeiro lugar inserido em alguma atividade que garanta a sua
manutenção e sobrevivência.
Marcellino (1995) ressalta que restringir
[...] o lazer a um tempo determinado também engloba aspectos nebulosos,
uma vez que, uma mesma pessoa pode, num certo período de tempo,
desenvolver mais de uma atividade. [...] Além disso, tempo algum pode ser
considerado livre de coações ou normas de conduta social.
(MARCELLINO, 1995, p.29).
Nesse sentido, o autor acredita ser mais correto utilizar a nomenclatura que
identifica o lazer no contexto do ‘tempo disponível’, ao invés do ‘tempo livre’.
Por tempo disponível é possível pensar na parte do tempo que resta ao
indivíduo após o mesmo já ter cumprido suas obrigações ligadas principalmente ao trabalho,
ou seja, essa parte do tempo sucede os períodos relacionados às obrigações do trabalho. Nesse
tempo disponível, torna-se possível vivenciar atividades práticas e contemplativas ligadas ao
lazer.
Este autor brasileiro, considerado um dos principais referenciais nos estudos
sobre o lazer no país, parte dessa conceituação trazida por Dumazedier e vai além da
utilização do termo “tempo livre” para identificar a vivência do lazer. Marcellino acredita que
qualquer que seja o instante de tempo vivenciado, sempre haverá conotação com algum tipo
de ocupação ligada a uma conduta social, podendo o indivíduo vivenciar mais de uma
atividade ao mesmo tempo. Por tempo disponível é possível compreender a parte do tempo
que é disposta (concedida) à livre opção de quem a vivencia a partir do já cumprimento de
atividades ligadas principalmente ao trabalho, pois “[...] a disponibilidade de tempo significa
possibilidade de opção pela atividade prática ou contemplativa”. (MARCELLINO, 1995,
p.31).
23
Portanto, para o presente autor o “lazer é como a cultura compreendida no
seu sentido mais amplo - vivenciada (praticada ou fruída) no tempo disponível”.
(MARCELLINO, 1995, p.31).
A partir de agora, identificaremos como a visão de Dumazedier influencia a
concepção de importantes estudiosos que se dedicaram a discutir a temática referente ao lazer
no Brasil. Esses autores abordam o lazer a partir de uma perspectiva que o coloca, sobretudo,
como fenômeno vivenciado no tempo livre.
Um desses autores é Requixa, o qual se refere ao lazer “como uma ocupação
não obrigatória, de livre escolha do indivíduo que a vive e cujos valores propiciam condições
de recuperação psicossomática e de desenvolvimento pessoal e social”. (REQUIXA, 1973,
p.41).
Outra autora é Medeiros, a qual destaca o lazer como “espaço de tempo não
comprometido, do qual podemos dispor livremente, porque já cumprimos nossas obrigações
de trabalho e vida”. (MEDEIROS, 1975, p.3).
No âmbito desse conjunto de conceituações que relacionam de um modo
geral o lazer a essa esfera do ‘tempo livre’, Marcellino traz à tona aspectos apresentados em
alguns trabalhos, entre esses, nos trabalhos desses dois últimos autores citados, que
direcionam a existência de uma visão “funcionalista” a respeito do lazer, compreendendo as
abordagens “romântica”, “moralista”, “compensatória” e “utilitarista”.
Tais abordagens são marcadas por apresentarem o lazer como uma
possibilidade de ‘recuperar’ e repor as energias utilizadas nas jornadas de trabalho, acalmando
as tensões proporcionadas em tais ambientes.
A abordagem ‘romântica’ é “marcada pela ênfase nos valores da sociedade
tradicional e pela nostalgia do passado”, (MARCELLINO, 1995, p.36). Verifica-se a
possibilidade de uma volta ao passado, contemplando as lembranças familiares de tempos
anteriores. A abordagem ‘moralista’ se encontra “[...] motivada justamente pelo caráter de
ambigüidade do lazer”, pois por um lado, são consideradas as virtuosidades ligadas ao lazer
(considerando-o como uma higiene mental), mas por outro, também é possível ressaltar a
possibilidade de se verificar os lazeres perigosos (como o uso de álcool, drogas, etc.).
Portanto, essa abordagem é direcionada no sentido de proporcionar uma aparente
tranqüilidade às atividades e contemplações ligadas ao lazer, garantindo a ordem e a
segurança social (MARCELLINO, 1995, p.36). As abordagens ‘compensatória’ e
‘utilitarista’, colocam o lazer como um momento compensador da insatisfação e alienação
gerada no trabalho, visto como um tempo capaz de “humanizar” o trabalhador. Designando ao
24
lazer a “[...] função de recuperação da força de trabalho, ou sua utilização como instrumento
de desenvolvimento”. (MARCELLINO, 1995, p.37).
Segundo Marcellino, “em todas essas abordagens - romântica, moralista,
compensatória ou utilitarista -, pode-se depreender uma visão ‘funcionalista’ do lazer,
altamente conservadora, que busca a ‘paz social’, a manutenção da ‘ordem’”.
(MARCELLINO, 1995, p.38). Nesse sentido, essas abordagens colocam o lazer como
‘válvulas de escape’, visando garantir a manutenção do “status quo”, não se verificando
muitas vezes uma efetiva intenção em ver o lazer como algo realmente humanizador, ou seja,
como um fim prazeroso em si mesmo, vendo-o apenas como um instrumento
fundamentalmente diminuidor das tensões proporcionadas no ambiente de trabalho.
Partilhamos neste trabalho dessa conceituação apresentada por Marcellino,
considerando o lazer como essa ‘cultura mais ampla’, ou seja, os vários momentos que podem
estar relacionados a atividades práticas e contemplativas ligadas à livre fruição durante o
tempo disponível das pessoas. Muito embora, acreditamos que deva haver uma
transformação na visão da sociedade, de forma que o lazer possa restituir o sentido do lúdico
na vida cotidiana das pessoas.
Pretendemos identificar neste trabalho, dentre o montante de possibilidades
de se usufruir o lazer, os momentos prazerosos que os indivíduos possam dispor ao seu bel-
prazer, sobretudo associados ao convívio nos ‘espaços públicos’, podendo esses momentos
serem ou não de socialização e de contato coletivo entre as pessoas que os vivenciam. Assim,
torna-se possível estabelecer uma forte ligação entre as atividades de lazer e a vida urbana.
O presente trabalho se atém justamente à tentativa de compreender este
tipo de lazer moderno, o qual permeia a sociedade atual. Com vistas a entender como esta
prática se situa nas cidades médias e de porte médio brasileiras
3
, mais especificamente em
algumas áreas de periferia da cidade de Presidente Prudente, é que nos posicionamos no
sentido de analisar um tipo de lazer oriundo de uma sociedade técnica e industrial, que
atualmente tende a se encontrar cada vez mais próximo dos conteúdos e componentes do
consumo e do mercado.
3
É necessário identificar as diferenças intrínsecas a esses dois conceitos, pois, no dizer de Spósito, “enquanto
para caracterizar ‘cidade de porte médio’ o tamanho demográfico é suficiente, para dotar a noção ‘cidade média’
de um conteúdo conceitual é fundamental que se estudem os papéis desempenhados por cidades deste nível, para
que esse aspecto prevaleça sobre o do tamanho demográfico, a partir da perspectiva [...] da articulação entre os
níveis interurbano e intra-urbano das cidades”. (SPÓSITO, 2004, p.327).
25
1.2 - O lazer na sociedade atual
Como foi possível observar até então, é com o advento da sociedade
industrial que passa a existir uma nítida separação do(s) tempo(s) na vida das pessoas, através
de uma drástica ruptura entre os tempos destinados ao trabalho e o que pode ser considerado
“livre ou disponível”.
Com a revolução industrial, chegaram a ser estabelecidas longas jornadas de
trabalho por dia. Contudo, paulatinamente, com a criação e organização dos movimentos
operários e de constantes reivindicações organizadas pelos mesmos, a jornada de trabalho foi
sendo reduzida, chegando atualmente a uma média de 8 horas por dia, dependendo da
ocupação e do local de trabalho.
É nesse período que Paul Lafargue escreve o manifesto intitulado ‘O Direito
À Preguiça’. De acordo com Chauí, esta obra apresenta:
“[...] um painel da sociedade burguesa, visando alcançar o ploretariado no
nível da consciência de classe e por isso é a crítica da ideologia do trabalho,
isto é, a exposição das causas e da forma do trabalho na economia
capitalista, ou o trabalho assalariado”. (CHAUÍ, 2000, p.23).
Podemos refletir, que essa livre interação entre o trabalho e o restante da
vida das pessoas existente num período anterior ao advento da revolução industrial,
questionada por alguns e enfatizada por outros como possível de se vivenciar momentos de
lazer é substituída a partir desse período industrial, principalmente, através da subordinação
ao tempo do relógio, que contribui para a divisão de tempos destinados às diversas esferas da
vida, sobretudo nas cidades.
Portanto, torna-se evidente que com a expansão da era industrial e a
crescente ascensão da produção em grande escala decorrente dessa fase, o processo de
urbanização se intensifica e a vida nas cidades impõe uma divisão cada vez mais voraz no(s)
tempo(s) das pessoas, verificando-se um aumento brusco do período destinado ao trabalho,
sendo dicotomizadas consideravelmente as parcelas do tempo no dia a dia. Nesse contexto é
que constantes reivindicações por mais “tempo fora do trabalho” vêm à tona, pois a pequena
parcela de tempo restante aos trabalhadores além do trabalho era destinada para a reposição
das energias físicas e das necessidades fisiológicas, não podendo nem pensar em momentos
dedicados a algum tipo de atividade prazerosa e descompromissada.
26
Segundo Jesus (2003),
“percebe-se que a institucionalização em massa do tempo livre é,
basicamente, um fenômeno relacionado ao modo de vida urbano e
sobretudo à opressão do trabalho nas fábricas. Seu advento se insere,
portanto, no contexto mais amplo das novas formas de reprodução da força
de trabalho nos marcos do capitalismo industrial” (JESUS, 2003, p.4).
Tendo em mente, portanto, essa divisão entre o tempo destinado ao trabalho
e o tempo que passa possivelmente a ser destinado ao lazer, decorrente da revolução industrial
e dos processos intrínsecos à sociedade urbano-industrial, os quais impuseram uma expansão
da jornada de trabalho e sua conseqüente especialização, vários autores viram a necessidade
de haver uma discussão mais aprofundada sobre o tema “lazer”, mais especificamente no
século XX. Dessa forma, torna-se possível destacar que a prática do lazer vem ganhando
grande impulso na sociedade atual, seja através da ampliação de um possível ‘tempo livre e/
ou disponível’, ou mesmo de uma ampliação e diversificação das atividades de lazer, podendo
sugerir que esse maior impulso seja tanto o resultado de uma maior preocupação com a
qualidade de vida, bem como resultado de uma maior apropriação e ênfase do mercado em
relação às atividades de lazer.
Voltando a Dumazedier (1999), vale ressaltar que este destaca a existência
de uma tendência ao aumento do lazer para a maioria dos trabalhadores a longo prazo. Porém,
verifica-se que essa tendência até nos dias atuais não se apresenta de forma igual para todos, o
que deixa claro que apenas uma parcela da população vem se beneficiando plenamente do
acesso a tal prática.
Com base nessa formulação de Dumazedier (1999), percebe-se que nos
países que conheceram primeiro um alto grau de desenvolvimento econômico em decorrência
da industrialização, principalmente os países da Europa Ocidental, vem ocorrendo um
aumento significativo do tempo ‘livre’ (ou disponível) em virtude de uma constante
diminuição do trabalho industrial com o passar dos anos, o que acarreta em uma ampliação do
tempo de lazer nesses países para muitos segmentos da população.
No Brasil, entretanto, somente a partir da 2ª metade do século XX (década
de 60 em diante) é que o lazer passa a ser reconhecido como necessidade do trabalhador,
sobretudo através da criação do Serviço Social da Indústria (SESI) e do Serviço Social do
Comércio (SESC).
27
Segundo Melo (2003, p.22), “as preocupações com o lazer, a partir da
década de 80, começam também a timidamente fazer parte de forma mais estruturada de
programas governamentais”.
Valente por sua vez, destaca que:
“[...] Diferente dos países desenvolvidos, onde a emergência do tema
esteve relacionada à discussão dos efeitos sociais, econômicos, políticos e
culturais da industrialização, no Brasil o lazer ganhou destaque
principalmente vinculado à questão da urbanização e da qualidade de vida
nos grandes centros urbanos”. (VALENTE, 2005, p.13)
Todavia, vem ocorrendo atualmente uma vinculação a nível global das
atividades de lazer com o consumo. Ou seja, o lazer passa a ser cada vez mais identificado
com o ‘shopping center’ ou mesmo com ‘passeios turísticos’, sendo cada vez menos
identificado com atividades gratuitas e lúdicas que possam despertar prazer e entretenimento
às pessoas.
Nos anos 90, é possível observar a ascensão de um novo modelo que
verifica no lazer um mercado altamente lucrativo. Desenvolve-se rapidamente um novo
mercado nos países da Europa Ocidental e nos EUA, para em seguida ganhar relevo no Brasil.
De acordo com essa nova visão o lazer passa a ser visto sob a ótica da “indústria do
entretenimento” (MELO, 2003), que transforma e molda os seus valores em algo a ser
consumido, inserindo uma visão mercadológica na prática e na contemplação do lazer.
Pensando assim, é possível identificar que o lazer o qual vem sendo
disseminado de forma mais preponderante no espaço urbano representa muito mais algo
funcional do que um lazer que promova uma auto – reflexão e bem estar ao indivíduo. Trata-
se de um lazer cada vez mais comprometido com o mundo do consumo e também com a
função de levantar ‘tipos’ ou marcas a serem seguidas, em contrapartida a um lazer que vise
qualidade de vida e a livre ação e criação das pessoas.
Marcellino (1995, p.28) faz uma crítica a essa visão mercadológica do lazer.
Para ele, o lazer atualmente é diferente do tempo livre ou disponível, pois “[...] a prática do
lazer na sociedade moderna é marcada por fortes componentes de produtividade. Valoriza-se
a performance, o produto e não o processo de vivência que lhe dá origem”.
Santos (1987) destaca que o intenso processo de urbanização, pelo qual as
cidades vêm atravessando, proporciona a existência de uma cidade cada vez mais
“coorporativa”, onde os grupos com maior ascensão econômica e social se apropriam mais
intensamente desta, excluindo os pobres de seus direitos básicos, embora estes paguem por
28
isso. Dessa forma, o mesmo autor ressalta que “o lazer na cidade se torna igualmente o lazer
pago, inserindo a população no mundo do consumo”. (SANTOS, 1987, p.48).
Segundo Carlos (1992: p.40), “[...] hoje o lazer é mediado pela mercadoria,
que faz com que o cidadão, longe de se apropriar socialmente da cidade, através de
brincadeiras, dos jogos, do ócio, se veja obrigado ao consumo de diversão”.
Assim, observa-se a tendência de mercantilização do lazer, sobretudo pelo
fato de poder representar uma enorme fonte de renda, diferenciando cada vez mais os usos e
os segmentos sociais de acordo com o poder de compra de cada um.
É nesse âmbito que procuraremos destacar como são disseminadas e
produzidas as práticas de lazer atualmente numa cidade média como Presidente Prudente,
buscando enfocar especificamente algumas áreas periféricas da cidade habitadas por
populações de rendas que vão de baixa a média-baixa, no intuito de identificar como essas
pessoas vivenciam suas práticas de lazer, sobretudo no que se refere ao uso de espaços
públicos, onde seja possibilitado um uso gratuito.
Consideramos importante analisar o lazer através da análise espacial das
principais políticas que vêm sendo direcionadas nesse sentido, assim como as práticas não
institucionais de lazer vivenciadas livremente pelas pessoas. É dessa forma que queremos
identificar a inserção da fruição do lazer no âmbito do espaço urbano.
29
1.3 - Lazer e Geografia: Uma possível aproximação
Pensar o lazer numa sociedade que vem atingindo um alto grau de
informação, manuseando novas técnicas
4
e se caracterizando como pós – industrial, significa
pensar em uma permanente diminuição da jornada de trabalho e em conseqüência uma maior
preocupação com relação ao aumento da qualidade de vida. Essa preocupação com o bem
estar e a qualidade de vida vem crescendo em escala mundial, o que não significa dizer que o
tempo destinado a práticas que promovam bem estar e que contemplem momentos de lazer
vem se expandindo de maneira análoga entre os diversos segmentos da sociedade e entre os
diversos países. O que vem ocorrendo, sobretudo, é uma expansão das práticas e atividades de
lazer para as classes mais abastadas e que detêm um maior poder de consumo.
Ao pensarmos no lazer no âmbito da ciência geográfica, temos em vista a
dificuldade existente na tentativa de aproximar atividades possíveis de serem vivenciadas em
um tempo ‘livre’ ou ‘disponível’ com qualquer disciplina científica, especificamente no caso
da Geografia.
Na visão de Jesus (2003), ao tentar lidar com uma discussão acerca da
utilização do tempo livre, possível de se vivenciar o lazer, verifica-se a pouca expressividade
dada a essa discussão na literatura geográfica.
Nesse sentido, o autor destaca que:
Cabe aos geógrafos, indubitavelmente, o estudo de suas implicações
territoriais ou, no sentido mais geral, de sua espacialidade. Entretanto, esta
dimensão espacial permanece pouco estudada, pois quando examinamos a
trajetória do pensamento geográfico, o que se percebe em seu extenso e
mutante repertório temático é justamente a escassez de preocupações quanto
ao uso do tempo livre. (JESUS, 2003, p.8).
Diante do exposto, denota-se imprescindível refletirmos acerca do lazer no
âmbito da Geografia, e nessa perspectiva tentar compreender como se configura
espacialmente os locais de lazer na cidade, buscando entender como são distribuídos no
4
Podemos utilizar a expressão “meio técnico científico informacional” elaborada por Milton Santos para
identificar esse período no qual ciência e técnica se fundem, gerando uma aceleração espaço/temporal e um
aumento da informação, sendo que a ciência precede a técnica, e sua realização se encontra grandemente atrelada
a esta última.
30
aspecto espacial os programas voltados ao lazer, bem como os equipamentos públicos ligados
a tal prática. O estudo pretende ainda verificar o entendimento da população (especificamente
os que se encontram em áreas sujeitas à exclusão) a respeito do lazer institucionalizado pelo
poder público, bem como a concepção de lazer de tais pessoas e como essas concebem o
espaço onde vivem.
Para intensificarmos essa discussão e tentarmos formular um debate mais
amplo acerca da relação entre o lazer e a Geografia, torna-se pertinente partirmos de uma
possível conceituação da Geografia, a qual enfatize a importância do espaço geográfico, para
que tenhamos os subsídios necessários para identificar a relação espacial presente na prática
do lazer.
Corrêa (2003) destaca que:
Como ciência social a Geografia tem como objeto de estudo a sociedade que,
no entanto, é objetivada via cinco conceitos – chave que guardam entre si
forte grau de parentesco, pois todos se referem à ação humana modelando a
superfície da terra: paisagem, região, espaço, lugar e território. (CORRÊA,
2003, p.16).
No dizer de Santos (1988), a ciência geográfica caracteriza-se como uma
ciência do espaço do homem. Assim, cabe a nós situarmos o espaço geográfico como
categoria que apresenta grande relevância para a compreensão da Geografia enquanto ciência.
Conforme nos apresenta Corrêa (2003), é necessário pensarmos o espaço
geográfico em sua multidimensionalidade, ou seja, como algo que é absoluto e relativo, “[...]
descrito através de diversas metáforas, reflexo e condição social, experenciado de diversos
modos, rico em simbolismos e campo de lutas”. (CORRÊA, 2003, p.44).
Para Santos,
O espaço seria um conjunto de objetos e de relações que se realizam sobre
estes objetos; não entre estes especificamente, mas para as quais eles servem
de intermediários. [...] O espaço é resultado da ação dos homens sobre o
próprio espaço, intermediados pelos objetos, naturais e artificiais.
(SANTOS, 1988, p.71).
Esse mesmo autor faz referência à característica do movimento inerente ao
espaço e destaca que o “[...] espaço é o resultado de um matrimônio ou um encontro, sagrado
enquanto dura, entre a configuração territorial, a paisagem e a sociedade”. (SANTOS, 1988,
p.77). Sendo que a paisagem ganha o status de conjunto de coisas diretamente perceptíveis
aos nossos sentidos, enquanto a configuração territorial representa o conjunto total e integral
de todas as coisas que formam a natureza em seu aspecto superficial e visível.
31
Segundo o referente autor, numa primeira consideração acerca do espaço
realizada em momento anterior no decorrer de sua obra, este considerava o espaço como um
“conjunto de fixos e fluxos”. Sendo que “os elementos fixos, fixados em cada lugar, permitem
ações que modificam o próprio lugar, fluxos novos ou renovados que recriam as condições
ambientais e as condições sociais, e redefinem cada lugar”. (SANTOS, 2002, p.61).
Em um momento posterior, o autor considera que nos tempos atuais esses
fixos são cada vez mais artificiais e fixados ao solo, enquanto os fluxos são mais amplos e
numerosos, propondo então uma outra possibilidade de trabalhar a concepção de espaço,
através do par configuração territorial e das relações sociais. (SANTOS, 2002). Nesse sentido
é que entra mais diretamente essa proposta do autor destacada anteriormente de pensar no
espaço geográfico como um conjunto de objetos e de ações.
Corrêa enfatiza a organização espacial como sendo o “conjunto de objetos
criados pelo homem e dispostos sobre a superfície da terra, sendo uma materialidade social”.
(CORRÊA, 1986 apud CORRÊA, 2003, p.28). Esse autor adverte ainda que o espaço se
constitui através das ‘práticas espaciais', que são “[...] ações que contribuem para garantir os
diversos projetos. São meios efetivos através dos quais objetiva-se a gestão do território”.
(CORRÊA, 2003, p.35).
Com base então nos diversos posicionamentos colacionados acima,
podemos, então, pensar no espaço como sendo uma totalidade que compreende objetos
(naturais e artificiais), atores sociais, ações e conflitos que se inter-relacionam e se realizam
num constante movimento. Essa totalidade, por sua vez, é constituída pela ação do homem
sobre o próprio espaço por intermédio de tais objetos e se materializa por via do território.
É importante, então, pensar o espaço geográfico como uma categoria de
suma importância para o entendimento da Geografia e interpretá-lo como “[...] resultado de
um processo onde o homem, a produção e o tempo exercem papel essencial”. Pensando assim,
em um espaço concreto e não em um espaço ideológico que oculte a realidade e esteja
somente a serviço do capital. (SANTOS, 1990, p.88).
Portanto, devemos compreender como as formas espaciais que são dadas
num determinado momento podem conter muitas vezes os reflexos do passado ou de outras
formas espaciais que se transformaram e vêm se transformando, por via de um constante
movimento que se estabelece pelo intermédio das ações do homem.
Faz-se necessário enfatizarmos nesse sentido, a relação espacial presente no
conteúdo das práticas de lazer. Pois, conforme Marcellino (1996, p.3) nos apresenta, “é
32
importante ressaltar, [...], que o entendimento do lazer não é efetuado ‘em si mesmo’, mas
como uma das esferas de ação humana historicamente situada”.
Queremos, nesse momento, identificar o lazer como uma prática essencial
ao ser humano independente de classe, sexo, idade, etnia ou religião. Mas acima de tudo, é
relevante pensarmos além do aspecto pertinente ao tempo, procurando enfocar o espaço como
lócus fundamental da ocorrência dessa prática.
É nesse sentido que estamos pensando nessa relação entre a Geografia e o
lazer, ou seja, como o homem enquanto ator social que garante a produção e (re) produção do
espaço no qual se insere, portanto, espaço este que é construído socialmente, consegue pensar
em um espaço destinado ao lazer. O que pode ser compreendido como espaço de lazer? Será
que pode ser caracterizado como espaço de lazer apenas as áreas portadoras de equipamentos
(específicos ou não) que sejam destinadas a tal prática? Acreditamos que os espaços de lazer
estejam muito além da delimitação de áreas específicas, mesmo assim, destacamos ser de
grande relevância pensar em espaços direcionados para tal uso.
Para Camargo (2003, p.36), “[...] hoje percebe-se que não apenas a cidade é
em si mesma um espaço de lazer, como todos os seus espaços podem e devem servir a esta
finalidade”. Seguindo esse raciocínio apresentado por Camargo, cabe a nós inserirmos a
seguinte reflexão: Pensar a cidade como espaço de lazer, seja através de suas ruas, praças,
parques, áreas verdes, teatros, shopping centers, clubes, bares, lojas, através do contato entre
vizinhos, etc, corresponde a múltiplos espaços de lazer que se inserem no âmbito do espaço
vivido ou vivenciado por cada indivíduo dentro da cidade. Assim, pode-se dizer que os
espaços de lazer são denominados através dos mais diferentes anseios da população, cada um
tendo em mente a representação do seu espaço de lazer, discussão esta que remete a uma
reflexão no nível subjetivo.
A partir, portanto, dessa lógica que vê a cidade em si mesma como espaço
de lazer, significa pensar que o espaço de lazer de um morador que habita um condomínio ou
loteamento fechado de médio a alto padrão aquisitivo não é o mesmo que o de outro morador
da mesma cidade que habita um bairro mais pobre. Isso nos remete à idéia da existência de
uma apropriação desigual do espaço intra-urbano, o que reflete numa lógica de fruição
desigual da prática do lazer. Essa lógica desigual de apropriação do lazer é que propicia a
identificação de diferentes espaços destinados a tal prática.
Ao tentarmos exemplificar essa apropriação desigual dos equipamentos
dispostos no espaço intra-urbano para a fruição do lazer, focamos a cidade de Presidente
Prudente, alvo de nossa investigação no presente trabalho. No âmbito dessa cidade, tomamos
33
como exemplo o “Parque do Povo”, o qual pode ser caracterizado como um dos principais
espaços públicos de lazer de Presidente Prudente. Esse parque pode ser considerado como
grande exemplo e ‘modelo’ para a implantação de várias outros parques e praças de lazer
instaladas em áreas de fundo de vale ao longo da cidade, muitas delas em áreas periféricas
sujeitas a processos de exclusão, destacando entre essas, algumas praças localizadas em áreas
periféricas que serão alvo de nossa investigação e reflexão no decorrer do trabalho.
Pensando no “Parque do Povo”, torna-se possível estabelecer uma
importante diferenciação no uso desse espaço de acordo com os diversos públicos que o
freqüentam, tendo em vista que o mesmo encontra-se localizado numa área mais central da
cidade. Tal espaço pode ser caracterizado por múltiplos olhares através das diversas formas de
vê-lo e representá-lo, pois cada um se apropria dele de forma diferenciada.
O cidadão de classe média se apropria predominantemente da pista de
caminhada, transformando esse equipamento em verdadeiras ‘passarelas’ nos finais de tarde
ao longo da semana. Já o cidadão que pertence a classes mais baixas, geralmente residente em
bairros mais periféricos e distantes das imediações desse parque, se apropria desse espaço de
forma temporária, acima de tudo nos finais de semana ficando em torno de bares, lanchonetes,
playground com crianças e do teatro de arena onde ocasionalmente ocorrem eventos, como
por exemplo, alguns shows.
Temos em um mesmo espaço, considerando o Parque do Povo como um
todo, uma nítida divisão em outros dois. De um lado o lazer da classe média e de outro o lazer
das classes com menor poder de consumo, divisão essa que é evidenciada em termos de
apropriação do espaço e do tempo de lazer.
Uma outra possibilidade de se vivenciar o lazer, é trazida à tona por
Camargo (2003), se encontrando segundo este, grandemente associada à vida de pessoas mais
desfavorecidas economicamente, embora essas na maioria das vezes ainda usufruem
precariamente desse espaço. Para o referente autor, torna-se possível usufruir momentos de
lazer no espaço da própria casa, ou seja, no espaço doméstico. Sendo que na visão deste, “a
casa é, pois, o principal equipamento de lazer das pessoas”. (CAMARGO, 2003, p.37). Nessa
afirmação, é apresentada a idéia de que a maior parte do tempo livre ou disponível das
pessoas é utilizado no espaço da própria casa, já que o indivíduo deixa de ser mais uma
pessoa em meio a tantas outras, reconhecido pelo crachá do emprego ou por fazer parte de
uma associação e passa a desenvolver a sua intimidade, o seu ‘eu mesmo’, seja
individualmente ou com a família.
34
De fato, o espaço doméstico ou a casa, constitui-se em importante espaço de
vivência do lazer consigo mesmo ou com a família, seja no descanso, na distração ou no
entretenimento. E como o próprio autor destaca, “uma cidade que se preocupa com o lazer das
pessoas, deve começar a preocupar-se com as casas em que seus habitantes moram”.
(CAMARGO, 2003, p.37).
No entanto, apesar de corroborarmos com a idéia de que a casa possa vir a
constituir mais um componente na esfera do lazer, importa destacar que para este trabalho
queremos compreender fundamentalmente a vivência do lazer além do espaço da própria casa
e ligado às pessoas que se encontram em áreas periféricas, destacando principalmente a forma
como estas se apropriam da cidade em busca de lazer.
Tentamos, então, aproximar esse componente espacial inerente à Geografia
com a questão do lazer, para termos condições de observar o lazer como uma prática que é
socialmente construída no cotidiano das pessoas e que seus espaços são e devem continuar
sendo pensados de variadas maneiras.
No Capítulo 2 adentraremos mais especificamente a uma discussão que
ressalta a ligação entre o lazer e o conceito de exclusão social, visando compreender como a
prática do lazer se insere no âmbito da exclusão social e como pode vir a representar um
possível ‘componente’ que possibilite um maior acesso à cidadania.
35
CAPÍTULO 2 - EXCLUSÃO SOCIAL E O LAZER NA CIDADE
Entendemos o lazer como uma prática fundamentalmente urbana que se
desenvolve largamente nesse período mais recente (últimas décadas do Séc. XX) numa
sociedade desigual como esta na qual estamos inseridos. É evidente que tal prática se encontra
diferenciada em função do “lugar de cada um” na sociedade, ou seja, em função da posição
social e das diferentes possibilidades que cada indivíduo possui de vivenciar e se apropriar de
práticas de lazer.
Cabe ressaltar nesse momento, a íntima relação que temos estabelecido
desde o período de Graduação com essa temática, tendo em vista alguns trabalhos
desenvolvidos na iniciação científica, entre esses o destaque para nossa Monografia de
Bacharelado. Nesse trabalho, procuramos discutir como a prática do lazer se insere na vida de
jovens (entre 14 a 19 anos) habitantes de áreas de periferia sujeitas à exclusão social.
Percebemos que para esses jovens, as principais ações voltadas para a área do lazer por parte
do poder público não atendiam a seus reais anseios e interesses, sendo muito mal distribuída a
oferta de programas e equipamentos de lazer na cidade. Foi referindo-se ao lazer vivenciado
pelos jovens habitantes dessas áreas que participamos da discussão acerca da exclusão social.
2.1 - Os processos de exclusão social
Pensar em exclusão social significa levar em conta uma série de ‘termos’,
‘noções’ e ‘conceitos’
5
que se aproximam e podem servir para nos auxiliar em nossa análise.
Dentre esses, podemos destacar pobreza, precariedade, vulnerabilidade, desenraizamento,
marginalidade, dentre outros. Mesmo assim, compreendemos que a maior parte desses
possíveis conceitos vão corresponder a etapas ou estágios que irão desencadear num sentido
mais abrangente em processos de exclusão social.
5
Escorel (1999) ressalta que é importante diferenciar as várias possibilidades existentes de se evidenciar essa
discussão, apresentando ser importante identificar os ‘termos’, ‘noções’ e ‘conceitos’ que culminam no que
estamos considerando como exclusão social.
36
De acordo com Véras (1999), atualmente:
Chama-se a atenção para a questão da democracia, da segregação urbana
(efeitos perversos da legislação urbanística), a importância do território para
a cidadania, a falência das ditas políticas sociais, os movimentos sociais, as
lutas sociais. (VÉRAS, 1999, p.19).
Essa afirmação permite refletirmos acerca de uma série de tensões que
permeiam nossa sociedade, desde as desigualdades que estão presentes tanto no acesso ao
trabalho, a moradia, a bens e serviços coletivos, como o próprio acesso ao lazer e às chamadas
políticas de Estado, compreendendo políticas públicas ou sociais que na maior parte das vezes
funcionam apenas como medidas paliativas que são necessárias, mas não conseguem resolver
os reais problemas apresentados na sociedade. Com isso, surge a importância de se refletir
acerca dos movimentos e/ ou grupos sociais organizados, os quais tenham como objetivo
reivindicar melhores condições de vida tentando propor alternativas ao Estado, mesmo que
essas alternativas muitas vezes possam ganhar direcionamentos mais amplos e se contraporem
ao próprio Estado.
Shwartzman (2004, p.40) vai enfatizar que “a participação no mercado de
trabalho é a principal forma de inclusão das pessoas nas sociedades modernas, e o ponto de
partida de todas as análises sobre a inclusão e exclusão social”.
Assim, observa-se a importância da remuneração gerada através da inserção
no mercado de trabalho, considerada como pilar fundamental de análise da exclusão social.
Torna-se evidente apresentar a relevância do fator econômico, materializado por via dessa
inserção a qual possibilita ao trabalhador garantir uma remuneração básica necessária a sua
sobrevivência.
Ao se pensar então nesses processos de exclusão, podemos enfatizar que,
grande parte das análises estão centradas no econômico, abordando tal processo como
sinônimo de pobreza, derivado sobretudo dos profundos processos de mutação ocorridos na
produção capitalista, ocasionando impactos consideráveis no mundo do trabalho. (SAWAIA,
2002). Mesmo assim, veremos adiante a existência de outros fatores que ampliam
efetivamente esse processo de exclusão.
Segundo Escorel (1999), a difusão da idéia do que vem a ser denominado de
‘exclusão social’ possui sua origem em território francês, inicialmente na obra de René Lenoir
em 1974, momento este, no qual não se verifica uma elaboração teórica do conceito de
exclusão social. Naquele momento segundo Escorel, evidenciava-se que [...] a noção de
exclusão estava relacionada à sua dimensão subjetiva [...], e não a sua dimensão objetiva,
37
econômico - ocupacional”. (ESCOREL, 1999, p.51). Tal processo ainda não afetava
diretamente as condições de vida em países como a França, sendo mais identificado como um
problema a nível individual, e não como um processo mais amplo capaz de desajustar e
degradar a vida de muitos segmentos da sociedade.
Observa-se que a discussão em torno da exclusão social é incorporada no
âmbito acadêmico em momento posterior à sua difusão no âmbito do discurso político -
partidário, sobretudo na Europa, sendo que essa discussão torna-se alvo de debates político -
eleitorais em tal continente na década de 1990. (MELAZZO, 2004).
Essa problemática ressaltada na década de 1990 ficou conhecida na Europa
como a “nova questão social”, sendo estabelecido um debate amplo a respeito de qual
categoria melhor interpretaria tal problemática nascente (exclusão social, desqualificação
social, desvinculação social, etc). Para Escorel, o importante é destacar que:
“O núcleo duro da problemática foi identificado na crise do assalariamento
como mecanismo de inserção social, ou seja, em mudanças no processo
produtivo e na dinâmica de acumulação capitalista”. (ESCOREL, 1999,
p.52).
Um dos principais autores que levanta essa questão de acordo com
(ESCOREL, 1999) e (MELAZZO, 2004) corresponde a Robert Castel. Escorel ao analisar as
idéias de tal autor, destaca que o núcleo central de inserção e integração social através do
trabalho apresenta sérias complicações atualmente, pois a desintegração do vínculo
ocupacional em meio a essa sociedade do trabalho tende a gerar processos de vulnerabilidade
em massa, ocasionando uma ‘desvinculação’ (exclusão) social. (ESCOREL, 1999).
Outro autor que tem contribuído para a reflexão sobre esses processos que
podem culminar num sentido mais amplo na exclusão social é Serge Paugam. O presente
autor ressalta que o conceito de ‘desqualificação social’ “corresponde a uma das possíveis
formas de relação entre a população designada como pobre (em função de sua dependência
em relação aos serviços sociais) e o resto da sociedade”. (PAUGAM, 2002, p.69). Para esse, a
exclusão estaria colocada numa situação limite, não sendo verificada mais nenhuma forma de
luta e de ação organizada capaz de reverter essa situação extrema proporcionada pela
desqualificação social.
Paugam ressalta que a idéia acerca da ‘exclusão’ se trata de algo ainda
equívoco, abarcando um universo de preocupações, as quais podem ser apontadas como:
A) “Precariedade do emprego, ausência de qualificação suficiente,
desocupação, incerteza do futuro”. B) “uma condição tida por nova,
combinando privação material com degradação moral e dessocialização”, e C)
“desilusão do progresso”. (PAUGAM, 1996 apud DEMO, 2002, p.17).
38
Podemos então compreender a exclusão como algo que vai além do
universo das desigualdades sociais calcadas acima de tudo nos fatores econômicos, sendo
iniciada por meio de uma perda da remuneração básica que garanta a sobrevivência, atingindo
em seguida um estágio no qual o indivíduo se vê desiludido ou degradado moralmente. A
exclusão pode representar a nosso ver, o estágio máximo de degradação atravessada por um
indivíduo, partindo de uma precarização decorrente da não inserção no mundo do trabalho.
Esta pode acarretar também situações nas quais o indivíduo se submete a qualquer
subemprego ou encontrando-se às vezes à margem de qualquer tipo de remuneração, levando
esse indivíduo a assumir um sentimento de ‘incapacidade’ diante dos desafios colocados. Tais
desafios são acirrados quando eclode algum tipo de pressão no âmbito familiar, o que resulta
em uma sensação de fracasso, verificando-se aí uma ausência e a ruptura de qualquer
possibilidade do indivíduo tentar reverter esse quadro.
Devemos ter em mente que tais processos, os quais podem culminar num
sentido mais amplo na exclusão social, possuem direcionamentos bem mais perversos
(intensificação de miseráveis) em países como o Brasil, ou qualquer outro da América Latina,
por exemplo, se comparado à realidade dos países europeus onde essa discussão iniciou-se
num primeiro momento. Principalmente, devido à maior quantidade de pobres e miseráveis
presentes nessas nações da América Latina, fruto da alta concentração de renda nas mãos de
uma minoria da população, bem como da intensa e histórica relação de dependência,
sobretudo em relação às nações mais ricas da Europa Ocidental e num período mais recente
em relação aos EUA.
No Brasil, esse conceito vem sendo constantemente utilizado e trabalhado
através de uma ‘ferramenta’ técnica, a qual compreende o mapeamento de áreas urbanas,
visando medir o grau de exclusão e/ ou inclusão social presente nessas áreas. Tal ferramenta
apresenta uma função prática que visualiza e serve de grande valia no combate a esse
processo de exclusão. É nesse sentido que se verifica o desenvolvimento de uma metodologia
utilizada para identificar os processos de exclusão e/ ou inclusão social, destacando um
conjunto “[...] de linguagens quantitativas, qualitativas e de geoprocessamento [visando
produzir] dois índices territoriais que hierarquizam regiões de uma cidade quanto ao grau de
exclusão/ inclusão social”. (SPOSATI, 2000, p.1).
Um dos principais nomes que vai então desenvolver inicialmente essa
metodologia de mapeamento da exclusão/ inclusão social no Brasil vai ser a assistente social
Aldaíza Sposati. De acordo com essa autora, “[...] o mapa da Exclusão/ Inclusão social é a
39
construção de indicadores territoriais intra-urbanos que partem do conceito de
heterogeneidade dos territórios internos da cidade”. (SPOSATI, 2000, p.4).
Já no que diz respeito à conceituação da exclusão social no Brasil, essa
discussão vem merecendo destaque e sendo consideravelmente trabalhada por alguns autores.
Entre esses, podemos nos referir a Demo (2002), o qual destaca que:
A exclusão não se esgota no afastamento do mercado de trabalho, mas ganha
significação tanto mais drástica no processo de destruição de valores
integrativos tradicionais, atingindo os patamares da precariedade marcada
pela não – pertença e impotência. (DEMO, 2002, p.21).
Outro importante autor que tem promovido também uma discussão a
respeito dos efeitos da exclusão social no Brasil é José de Souza Martins. Esse autor questiona
a existência de uma fetichização da idéia de exclusão, pois,
[...] essa categoria tão extremamente vaga (no sentido de imprecisa e vazia),
que é a de exclusão, substitui a idéia sociológica de processos de exclusão
(entendidos como processos de exclusão integrativa ou modos de
marginalização). (Vista dessa forma), a exclusão deixa de ser concebida
como expressão de contradição no desenvolvimento da sociedade capitalista
para ser vista como estado, uma coisa fixa, como se fosse uma fixação
irremediável e fatal. (MARTINS, 1997, p.16 -7).
Consideramos a exclusão nesse sentido como uma série de processos que de
forma mais ampla pode culminar em um rompimento absoluto com os vínculos sociais e
também com a possibilidade de uma expectativa de reversão de tais processos, e não um
“estado, ou coisa fixa” conforme o próprio Martins ressalta. É razoável pensarmos a idéia
proposta por Martins de inclusão precária e marginal, pois, por mais que um indivíduo se
encontre desprivilegiado do acesso a bens e serviços coletivos e individuais considerados
primordiais para sua vida, muitos desses indivíduos se encontram inseridos direta ou
indiretamente no mercado, o que pode representar então uma forma parcial de inclusão.
Contudo, apesar de poder ocorrer essa inclusão precária e parcial, esta não impede que
desencadeie um processo mais amplo de exclusão social ainda de forma mais preponderante.
Acreditamos que esse tipo de inclusão parcial e/ ou precária constitui uma
das várias etapas do processo de exclusão às quais os indivíduos se submetem na medida em
que vão se pauperizando e perdendo seus vínculos com o trabalho e a sociedade, seja num
primeiro momento se mantendo ainda atrelados à assistência social, o que já os coloca à
margem, para em seguida consolidar a exclusão social de fato.
Santos (2002) nos apresenta três formas de se analisar a pobreza, uma
primeira é apresentada como “pobreza incluída”, em que “[...] as situações de pobreza podiam
ser definidas como reveladoras de uma pobreza acidental, residual, estacional, intersticial,
40
vista como desadaptação local aos processos mais gerais de mudança”. (SANTOS, 2002,
p.70). Uma segunda forma pode ser destacada como “marginalidade”, sendo “[...] a pobreza
[...] identificada como uma doença da civilização cuja produção acompanha o próprio
processo econômico”. (SANTOS, 2002, p.70 – 1). Mesmo nesse momento ainda existe a
expectativa de reversão desse quadro, podendo já ser visto como bastante grave, mas não
irreversível. Numa terceira forma de se analisar a pobreza, observa-se a “pobreza estrutural e
globalizada”, sendo que nessa fase, “[...] os pobres não são incluídos nem marginais, eles são
excluídos”. (SANTOS, 2002, p.72). Essa fase pode ser caracterizada por uma banalização da
pobreza e até mesmo da possibilidade de se pensar em reverter tal realidade buscando uma
expectativa de vida mínima, compreendendo o que estamos considerando como exclusão
social.
A exclusão pode, então, ser verificada pela ausência de ações que garantam
a inserção das pessoas a uma vida digna, ou seja, à capacidade de integrar plenamente a
população aos diversos mecanismos que garantam a cidadania.
No entanto, Demo (2002, p.34) argumenta que devemos superar uma visão
superficial que está presente em torno da exclusão social, visão esta que deturpa e acaba por
gerar um vazio teórico. Pois, “[...] imaginam dar conta de um fenômeno de intenso confronto
social com alegações em torno da coesão social”.
Esse autor levanta a presença de duas visões. De um lado, a do liberalismo,
a qual acredita que a exclusão pode ser combatida a partir do momento em que houver uma
inserção no mercado. Por outro lado, existe a visão assistencialista dos teóricos da exclusão
social, que serve apenas como um paliativo e atribui uma “fé” excessiva ao Estado, não
apresentando um perfil de emancipação que tenha em mente um rompimento com o atual
modelo econômico. (DEMO, 2002). Devemos indagar a respeito de quais mecanismos podem
realmente garantir esse acesso à cidadania como uma prática cotidiana no universo das
pessoas, sendo importante ressaltar também que, tais processos excludentes podem ser
diminuídos através desse maior acesso à cidadania, mas não totalmente sanados no bojo do
modo de produção capitalista no qual nos encontramos inseridos.
Concordando com Shwartzman, “o conceito de exclusão é, portanto,
inseparável do de cidadania, que se refere aos direitos que as pessoas têm de participar da
sociedade e usufruir certos benefícios considerados essenciais”. (SHWARTZMAN, 2004,
p.36).
Do ponto de vista geográfico, considerar as idéias de Shwartzman é
ressaltar que a manifestação de processos excludentes é decorrência dos mecanismos de
41
produção e reprodução da desigualdade em nossa sociedade. Em cada lugar os processos
excludentes se manifestam de modo singular, fruto do arranjo espacial específico. No caso
brasileiro, apesar da enorme concentração dos mais pobres nas metrópoles, há fortes
evidências de que as chamadas cidades médias são os territórios por excelência da exclusão
social.
Segundo Guimarães, Vieira e Nunes (2005), alguns fatores como a falta de
movimentos sociais fortes e reivindicatórios, a ação mais intensa de agentes imobiliários e a
própria ação do poder público direcionam para um maior acirramento da exclusão social
nessas cidades. Evidencia-se de acordo com essas idéias levantadas, a presença de uma
intensa concentração da riqueza nessas cidades médias e de porte médio e ao mesmo tempo,
uma acentuada pobreza nessas áreas urbanas.
De acordo com esses autores,
[...] o aumento da verticalização, com caráter mais concentrado nas cidades
médias, acompanhado de uma segregação sócio-espacial mais nítida, [...],
(permite que) as classes mais pobres (estejam) mais distantes espacialmente
das classes altas em relação às metrópoles. [...] Nota-se também que o poder
público dessas cidades não busca instrumentos urbanísticos (ou se os tem,
não os utiliza de maneira eficaz) que contribuam para solucionar, por
exemplo, as ocupações ilegais do solo citadino, bem como a falta de
moradias e/ ou acesso homogêneo das diferentes classes sociais às infra-
estruturas e serviços básicos, tais como água, esgoto, educação, saúde, lazer,
etc.. (GUIMARÃES, VIEIRA e NUNES, 2005, p.283).
É diante desse quadro que analisaremos a seguir como se configura a
exclusão social na cidade de Presidente Prudente.
42
2.2 - A exclusão social em Presidente Prudente
A produção e reprodução da desigualdade foi um processo que se
desenvolveu em Presidente Prudente desde sua gênese. O surgimento de Presidente Prudente
foi influenciado acima de tudo pelo impulso da economia cafeeira, sendo que a cidade após
sua implantação recebe outros estímulos econômicos como o algodão, a pecuária e
obviamente as diversas culturas de subsistência, principalmente milho e feijão. (ABREU,
1997).
Tal dinamismo econômico provocou um representativo crescimento da
população urbana, crescimento este que se destacou por ser proporcionalmente mais
expressivo que o referente à própria região da Alta Sorocabana, Estado de São Paulo e Brasil
no período que compreende sua fundação - Início Séc. XX. (SPÓSITO, 1983).
Conforme ressalta Spósito, esse expressivo aumento da capacidade de
absorção de mão-de-obra pelas atividades urbanas, se apresenta como reflexo do dinamismo
econômico da cidade que impulsionou o movimento migratório rural – urbano e centrou em
Presidente Prudente o papel de capital regional. (SPÓSITO, 1983, p.53).
É então de fundamental importância destacar que a cidade de Presidente
Prudente, assim como qualquer outra cidade inserida no modo de produção capitalista,
apresenta um espaço urbano diferenciado que traz à tona uma série de contrastes, sejam estes
tanto do ponto de vista morfológico quanto socioeconômico.
Segundo Spósito (1983):
A progressiva valorização de algumas áreas da cidade impetrada sobretudo
pela alocação de benfeitorias, serviços públicos, e de todas as externalidades
advindas desta alocação, promoveu na década de 70 um destacável processo
de afastamento dos extratos sociais de renda mais baixa. (SPÓSITO, 1983,
p.217).
Percebe-se que essa valorização de algumas áreas através da alocação de
benfeitorias tem apresentado ao longo dos anos, a tendência de influenciar no deslocamento
das populações mais carentes e com menor poder aquisitivo para novos loteamentos distantes
do centro principal e com pouca infra – estrutura, não respeitando nem mesmo áreas de
preservação e mananciais próximas da cidade. Essa influência exercida pelo poder público,
atendendo a interesses de incorporadores imobiliários, pode ser verificada quando nos
reportamos a alguns trabalhos, (BERNARDELLI, 2001 e CALIXTO, 2001). Em ambos os
trabalhos são destacados os interesses na valorização de certas áreas da cidade, havendo em
43
conseqüência disso, o deslocamento desses segmentos mais pobres da população para novos
loteamentos implantados em áreas cada vez mais distantes das áreas centrais da malha urbana.
Muitas dessas áreas antes habitadas por esses segmentos mais pobres, passam a receber uma
série de infra-estruturas que as valorizam, sendo implantados em seus arredores loteamentos
para atender segmentos de médio a auto padrão aquisitivo.
A cidade de Presidente Prudente é retratada através de diversos estudos
realizados por outros pesquisadores. Em Spósito (2001), por exemplo, no livro “Textos e
Contextos para a Leitura Geográfica de uma Cidade Média”, o leitor poderá encontrar uma
amostra significativa destes trabalhos.
Alguns trabalhos realizados na Universidade Estadual Paulista - Campus de
Presidente Prudente, por via de vários laboratórios vinculados ao Departamento de Geografia,
vêm realizando constantes estudos acerca da realidade local. Entre esses, destacamos o
mapeamento das áreas de inclusão/ exclusão social de Presidente Prudente. O presente
mapeamento é fruto de um trabalho realizado pelo LAGHU (Laboratório de Geografia
Humana) que posteriormente deu origem ao SIMESPP
6
(Sistema de Informação e de
Mapeamento da Exclusão Social para Políticas Públicas) em parceria com a Prefeitura
Municipal de Presidente Prudente (Gestão 1997-2000).
Através desse mapeamento gerou-se um Mapa base, ou síntese. Esse mapa
representou a distribuição dos setores censitários presentes na malha urbana de acordo com
seu grau inclusão/ exclusão social. Abordado em nosso trabalho como Mapa 1, este é o
resultado de um amplo levantamento, se tornando público no ano de 2000, sendo justamente a
partir dessa base que partimos num momento posterior para uma sobreposição dos principais
equipamentos esportivos e culturais que manifestam conotação direta com as práticas de lazer
subsidiadas pelo poder público municipal presentes na cidade.
Tal mapa (apresentado na página 45) faz referência a um conjunto de
indicadores levantados através de outros diferentes mapas, sendo possível destacarem os
seguintes: (*Cadastrados a procura de emprego; *imóveis precários até 70 m2; *imóveis
precários; *imóveis de 70 m2; *grandes proprietários de terras urbanas; *cadastrados no
programa de garantia de renda mínima; *exclusão escolar; *eventos sentinela em saúde;
*acessibilidade por transporte coletivo; *necessidade de asfalto; *nível de exposição a
resíduos sólidos).
Segundo Spósito etal. , 2002:
6
O presente laboratório recebe atualmente uma nova nomenclatura, passando a ser chamado de CEMESPP
(Centro de Estudos e de Mapeamento da Exclusão Social para Políticas Públicas).
44
Cada um dos mapas produzidos seguiu os mesmos procedimentos de
construção possibilitando uma leitura territorializada dos fenômenos
escolhidos para indicar, em diferentes perspectivas, como se manifesta a
exclusão social, econômica e ambiental em Presidente Prudente. (SPÓSITO
etal. , 2002, p.99).
Nesse sentido, o presente mapa, “[...] ao sintetizar o resultado de cada
variável em cada setor censitário, indica as áreas de atuação prioritárias para as políticas
públicas de enfrentamento da exclusão”. (SPÓSITO, 2000, p.37).
46
Assim, ao se pensar na dimensão da cidadania, torna-se possível refletirmos
acerca das políticas sociais que podem possibilitar uma tentativa de combater a exclusão
social. Essas políticas acabam muitas vezes atendendo de forma parcial e irregular à
população, negando assim ‘direitos’ que, embora mínimos, são garantidos por lei através da
‘Constituição Brasileira’. Entre esses, o ‘direito ao lazer’, lembrado na Constituição Federal
em seu Capítulo II, Art. 6º, que trata dos Direitos Sociais, o qual aponta a “educação”, a
“saúde”, o “trabalho”, a “moradia”, a “segurança”, a “previdência social”, a “proteção à
maternidade e à infância”, a “assistência aos desamparados”, e também ao “lazer” como
direitos sociais constitucionalmente garantidos à população. Tal questão será tratada com
maior profundidade quando apresentarmos a seguir uma discussão acerca das políticas
públicas, pois embora essas políticas possam vislumbrar no máximo uma diminuição desse
processo de exclusão, ainda assim elas compreendem para população importante alternativa
de fornecer uma maior qualidade de vida por meio do acesso a algumas benfeitorias.
É importante, então, retratarmos como a prática do lazer vem se
consolidando na cidade, salientando a importância do lazer como mais um componente
fundamental no que tange aos serviços e benfeitorias que devem ser ofertadas à população
pelo poder público.
47
2.3 - A inserção das políticas públicas
Ao inserirmos essa discussão, queremos ressaltar a importância de se pensar
naquelas políticas que possam amenizar o processo de exclusão social. É nesse sentido que
refletiremos acerca das políticas públicas, tendo em vista qual pode ser o impacto dessas no
incentivo à cidadania.
Segundo Costa (1997)
Considera-se como política pública o espaço de tomada de decisão
autorizada ou sancionada por intermédio de atores governamentais,
compreendendo atos que viabilizam agendas de inovação em políticas ou
que respondem a demandas de grupos de interesse. (COSTA, 1997, p.7).
O mesmo autor faz referência a Lowi quando este destaca que "as áreas de
políticas ou de atividade governamental constituem arenas reais de poder". (LOWI, 1964 apud
COSTA, 1997, p.7).
Percebe-se que as políticas públicas representam a organização e análise de
planos e metas que num determinado espaço de decisão, seja a nível municipal, estadual ou
federal, são transformadas em ações e políticas que visam atender aos interesses de diversas
demandas da população.
Para Belloni, Magalhães e Sousa (2000):
Política pública é a ação intencional do Estado junto à sociedade. Assim, por
estar voltada para a sociedade e envolver recursos sociais, toda política
pública deve ser sistematicamente avaliada do ponto de vista de sua
relevância e adequação às necessidades sociais, além de abordar os aspectos
de eficiência, eficácia e efetividade das ações empreendidas. (BELLONI,
MAGALHÃES e SOUSA, 2000, p.44 - 5).
Dessa forma, pensar em políticas públicas de lazer significa pensar na
necessidade de identificar a demanda a ser atendida, bem como identificar onde essas
diferentes demandas se localizam no tecido urbano, com o intuito de se obter informações
sobre quais são as reais necessidades da população que habita os diferentes bairros da cidade
no que compete às práticas de lazer.
Assim, Costa (1997) destaca que:
A relevância da problematização das políticas públicas para as análises
urbanas deve-se ao pequeno desenvolvimento dos estudos sobre as arenas
decisórias de políticas específicas relacionadas às mudanças sociais na
cidade. (COSTA, 1997, p.11).
Cabe ressaltar a inexistência de políticas específicas que apresentem
efetividade visando pensar e propor mudanças sociais significativas na cidade. Pressupõe-se,
48
então, que as políticas públicas aparecem no sentido de tentar amenizar as desigualdades
sociais presentes no espaço urbano, com o intuito de gerar desenvolvimento para a cidade,
devendo este desenvolvimento ser visto na sua forma mais ampla, não levando em conta
somente os aspectos econômicos.
Denota-se, portanto, que a cidade representa por sua vez, o principal lugar
de implementação das políticas públicas, sendo possível ressaltar a importância de tais
políticas que visam resgatar junto à população condições de cidadania.
Segundo Costa (1997),
a prevalência deste arranjo institucional que privilegiou a esfera da
acumulação em vez da equidade fez com que no Brasil a cidadania se tenha
desenvolvido subordinada a um sistema de estratificação ocupacional
definido por normas legais, e não por um código de valores políticos.
(COSTA, 1997, p.37).
O processo de cidadania tal como foi implantado se fez mediante um
conjunto de direitos associados às profissões, ou seja, à posição hierárquica que cada um
assume na esfera social, não reconhecendo o cidadão como uma pessoa inserida no Estado
nacional a qual possui direitos. No entanto, ainda que legalmente e oficialmente esses
‘direitos’ sejam instituídos e proclamados, na prática estes se encontram associados a esse
sistema de estratificação ocupacional. Tornando-se possível pensar, que a cidadania se
encontra atrelada à profissão das pessoas, e conseqüentemente os direitos do cidadão estão
restringidos à posição que cada um ocupa no espaço produtivo.
Para Santos (1987)
A geografização da cidadania supõem que se levem em conta pelo menos
dois tipos de franquias, a serem abertas a todos os indivíduos: os direitos
territoriais e os direitos culturais, entre os quais o direito ao entorno.
(SANTOS, 1987, p.121).
É muito importante respeitar e privilegiar os direitos territoriais e culturais
das diferentes camadas sociais, principalmente daquelas mais sujeitas à exclusão no que se
refere ao acesso a condições de vida básicas, como infra-estrutura e benfeitorias públicas.
Quando se fala em direitos territoriais, ao se pensar no lazer podem ser levadas em conta duas
vertentes. Uma delas pode compreender a ampliação dos espaços públicos de lazer nos
diferentes pontos de uma cidade, ou seja, um aumento dos espaços de lazer principalmente
nos bairros periféricos e sujeitos a processos de exclusão.
A outra vertente diz respeito ao direito que o cidadão possui de freqüentar os
diferentes pontos da cidade, correspondendo a um dos elementos presentes no direito ao
entorno, sendo que, tal acesso muitas vezes não é possível, pois o cidadão sujeito à exclusão
49
acaba ficando restrito ao próprio bairro ou mesmo à própria casa, não apenas por causa das
distâncias físicas a serem superadas, mas também por causa da enorme distância social.
Já os direitos culturais correspondem a todas as possíveis formas de
manifestações culturais ou artísticas às quais a população deve ter acesso, bem como às
atividades culturais produzidas por essa população.
Para se propor uma (re) implantação do conceito de cidadania,
principalmente no contexto brasileiro, faz-se necessário a identificação de uma discussão
referente aos ‘direitos’. Devendo haver uma articulação entre esses direitos reservados ao
cidadão no que se refere ao enfrentamento da exclusão social e à renovação da idéia de
solidariedade. Por acesso a direitos, compreendem-se formas elementares à vida humana
(moradia, alimentação, saúde, trabalho, educação, etc.), como direitos políticos e civis, entre
eles o destaque para os direitos sociais já mencionados, dentre os quais se inclui o lazer.
Nessa articulação dos direitos no âmbito do combate à exclusão social, esta
última pode ser vista como expressão das desigualdades no acesso a condições elementares de
vida, enquanto a solidariedade pode ser associada à idéia de compromisso e responsabilidade
social.
Segundo Telles (1999):
É, portanto, no horizonte de uma sociedade que se fez moderna e promete a
modernidade, que a pobreza inquieta. Nas suas múltiplas evidências, evoca o
enigma de uma sociedade que não consegue traduzir direitos proclamados
em parâmetros mais igualitários de ação. (TELLES, 1999, p.82).
Dessa maneira, “[...] espanta que o aumento visível da pobreza no correr dos
anos nunca tenha suscitado um debate público sobre a justiça e a igualdade”. (TELLES, 1999,
p.85).
Observa-se que a condição básica de fornecer direitos ao cidadão, direitos
estes que assegurem uma maior equidade e acesso a condições dignas de vida, permanecem
na prática de forma camuflada e precária. Mesmo a partir do momento em que esses direitos
passam a ser proclamados e ‘assegurados’ ao cidadão, permanece a existência de um enorme
distanciamento entre a sociedade ideal e a real, ou seja, entre a cidadania ideal e a ‘parcial’ ou
real.
De acordo com Telles (1999, p.88), “o enigma da pobreza está inteiramente
implicado no modo como direitos são negados na trama das relações sociais”. Sendo “[...]
essa uma figuração que corresponde a uma sociedade em que direitos não fazem parte das
regras que organizam a vida social”. É possível, então, identificar em nosso país a existência
de uma ‘cidadania regulada’, sendo os direitos compreendidos como uma proteção do Estado
50
que se manifesta de forma limitada, pois assim como fora dito antes, a identidade do cidadão
fica atrelada a seu vínculo profissional.
Esse processo, conforme vem sendo analisado, gera o que Milton Santos
chamou de “Espaço sem cidadãos”, ou seja, um espaço que apresenta áreas com alto grau de
exclusão, tais como as áreas periféricas de uma cidade grande ou média que apresentem um
elevado adensamento populacional e ao mesmo tempo não possuem hospitais, escolas,
creches e áreas de lazer por perto constitui um grande exemplo. (SANTOS, 1987, p.43).
É de grande importância ressaltar o caráter contraditório que se encontra
contido no discurso de igualdade e justiça que permeou até hoje o Estado Brasileiro, sendo
que:
[...] a igualdade prometida pela lei reproduz e legitima desigualdades,
[...], um lugar que proclama a realização da justiça social, mas
bloqueia os efeitos igualitários dos direitos na trama das relações
sociais. (TELLES, 1999, p.91).
Também é imprescindível destacar a herança hierárquica que prevaleceu até
hoje em nossa sociedade, uma sociedade que apesar de proclamar valores modernos de
igualdade e justiça, ainda privilegia e beneficia as camadas mais abastadas que apresentam
maior poder de consumo, em detrimento da maioria da população que não possui acesso às
mais diversas benfeitorias públicas.
Todas essas considerações acerca dos ‘direitos’ e da cidadania, permitem
refletir que no Brasil direitos e ajuda se confundem, assim como se confunde cidadania e
proteção assistencial, haja vista a ampla rede assistencialista que vem se formando no Estado
brasileiro.
Assim está lançado, portanto, o importante desafio de direcionar as políticas
públicas no sentido de tentar reverter essas desigualdades e implementar um maior acesso à
cidadania. Para isso, será necessária além da atuação do poder público, a atuação também de
diversos segmentos da sociedade civil, podendo então compreender as parcerias com os
movimentos sociais, comunidades de bairro e mesmo de alguns setores privados ou ONGs
que tenham em mente “a organização de um espaço urbano mais justo”. O que nos faz refletir
acerca do interesse em uma esfera pública que vise atender aos anseios da sociedade como um
todo, ressaltando a crescente importância de se propor e formular políticas de lazer.
No entanto, devemos fazer uma ressalva no que se refere à atuação de
alguns setores nessa tentativa de se buscar a cidadania, sobretudo dos privados, pois na maior
51
parte das vezes como já destacado essas medidas são apresentadas apenas de forma residual e
atreladas a uma lógica que atende privilegiadamente aos interesses do capital.
Em contrapartida, há de se relevar a importância da ação comunitária,
compreendendo esta como a organização e ação de um grupo em prol de uma intervenção que
atenda aos interesses de uma determinada comunidade.
A ação comunitária pode ser abordada, então, como um trabalho sócio-
educativo que consiste numa intervenção deliberada em determinada comunidade, através de
uma série de atividades em conjunto com pessoas e instituições locais, visando ampliar a
consciência para os problemas da comunidade. (REQUIXA, 1974). Tal iniciativa apresenta
grande relevância no processo de construção da cidadania, sendo possível destacar a
capacidade de unir e integrar as pessoas em defesa de causas relevantes.
No Capítulo 3, partiremos para um levantamento jornalístico junto ao
acervo do Jornal O Imparcial procurando enfocar manchetes que lidam de alguma forma com
o lazer a partir da década de 1990. Assim, contextualizaremos Presidente Prudente no tempo e
no espaço, referindo-se às principais políticas de lazer que foram estabelecidas pelas gestões
municipais que estiveram à frente do poder público municipal a partir desse período.
52
CAPÍTULO 3 - O LAZER NO TEMPO E NO ESPAÇO: UMA VISÃO DAS
POLÍTICAS DE LAZER ENTRE OS ANOS DE 1990 A 2004
No presente capítulo, faremos uma abordagem mais detalhada de como vem
sendo consolidadas as principais políticas de lazer na cidade de Presidente Prudente. Para
isso, iremos considerar a forma como o poder público vem lidando com tal questão,
apresentando um panorama das principais ações voltadas para a área do lazer desenvolvidas a
partir da década de 1990 com base nas manchetes levantadas no jornal “O Imparcial”.
Conforme iremos apresentar a seguir, o nosso recorte empírico e analítico
trouxe visibilidade a um padrão de política pública estabelecida nos últimos anos na cidade de
Presidente Prudente. Essa política corresponde a um processo de urbanização e transformação
de áreas marcadas pelo abandono e mau uso, muitas deterioradas e alvo de depósito de
diversos tipos de resíduos, geralmente sendo encontradas em fundos de vale.
Cabe observar que essas áreas passaram por uma sobreposição de usos. Em
momentos anteriores a essa urbanização se encontravam bastante degradadas, passando
posteriormente por um processo de valorização. Considerações mais específicas com relação
à implantação de algumas dessas áreas de lazer, sua real importância para o entorno no
sentido de propiciar a prática do lazer, atendendo às normas estabelecidas na legislação
urbana e ambiental da cidade, serão apresentadas de forma mais apropriada nos próximos
capítulos do trabalho.
Nesse momento, queremos ressaltar as diversas políticas voltadas para o
lazer levantadas no referido material impresso. Nesta análise destacamos a atual política de
urbanização de fundos de vale, principalmente por estar sendo efetivada até os dias atuais.
Pensar o lazer no espaço e no tempo nos possibilita refletir acerca da cidade de Presidente
Prudente, constituindo assim o espaço no qual queremos identificar a ocorrência do lazer,
sobretudo no que diz respeito ao lazer destinado e/ ou vivenciado nas áreas mais periféricas,
sendo algumas delas caracterizadas por processos de exclusão social.
Para isso, torna-se necessário considerar como o lazer vem fazendo parte da
agenda do poder público e como as pessoas absorvem essas políticas e vivenciam essa prática,
permitindo uma compreensão mais global do te
53
lazer num período mais recente, para que assim possamos estabelecer parâmetros de análise
das políticas implementadas nessa área.
3.1 - O lazer através dos jornais
O Jornal O Imparcial, a fonte documental de nossa pesquisa, fundado em
02/02/1939, é um importante jornal de circulação local e regional. Pertencente a um grupo de
empresários locais (Deodato da Silva, Mário Peretti e Adelmo Santos Reis Vanalli), possui
uma maior aproximação com uma das gestões municipais levantadas no período entre 1990 a
2004, como veremos mais adiante. A escolha deste jornal resultou do fato dele ser um dos
mais importantes e representativos meios de informação local no período analisado,
correspondendo atualmente em um dos dois veículos de informação de maior circulação local
e regional.
Para fundamentar tal discussão, nos baseamos em estudos realizados por
outros pesquisadores que também lidaram com acervos de informações jornalísticas. É o caso
de Abreu (1996 e 1997) e de Melo (1995 e 1997). Esses dois historiadores utilizam fontes
documentais para trazer à tona como se constituiu a cidade de Presidente Prudente, referindo-
se à sua formação histórica, a qual esteve atrelada a um tipo específico de política vinculada a
essa cidade durante o Século XX, baseada no estabelecimento do “poder do coronéis”. Para
essa análise, esses pesquisadores tiveram como referência antigos periódicos e jornais, os
quais foram importantes meios de circulação local e fazem parte da história de Presidente
Prudente, como no caso do jornal “A Voz do Povo”.
Num momento mais recente, o trabalho de Valente (2005) utilizou o mesmo
tipo de levantamento documental, trazendo à tona justamente a discussão em torno do lazer
em Presidente Prudente no decorrer do século XX. Em sua Dissertação de Mestrado, o autor
enfatiza o lazer como uma prática social expressiva na cidade, demonstrando sua íntima
relação com o desenvolvimento da vida urbana. Com base nessa pesquisa, é possível afirmar
que a partir da década de 1970 ocorrem mudanças significativas nas práticas de lazer dos
prudentinos. Em primeiro lugar observa-se um acirramento da crise de referência do centro da
cidade desde essa década de 1970. (VALENTE, 2005, p.81). A prática do “footing” foi
substituída gradualmente pelo encontro na frente das vitrines dos Shopping Centers, sendo
instalado um primeiro no ano de 1986 e um segundo em 1990. Os cinemas da área central
54
também entraram em decadência, assim como alguns bares
7
que foram durante muitos anos
importantes para a cidade.
Uma das conclusões obtidas por Valente (2005) refere-se à crescente
importância dos espaços privados em relação aos espaços públicos voltados para a prática do
lazer a partir da década de 1970. Para o autor, esse processo pode ser relacionado com a crise
do uso do espaço público, culminando no que podemos observar através da presença do
fenômeno “shopping center” a partir da década de 90. Em seguida, observa-se uma mudança
significativa na lógica de produção e reprodução do espaço urbano, passando esta a ditar um
ritmo cada vez mais mercantil à prática do lazer.
O ‘Shopping Americanas’ teve sua implantação anterior ao período
analisado em nossa pesquisa, 1986, mesmo em dimensões bem reduzidas sofrendo uma
ampliação considerável no final do ano de 1991. No que diz respeito ao ‘Prudenshopping’,
observa-se que este proporcionou um impacto no espaço intra – urbano de Presidente
Prudente, sendo implantado no final do ano de 1990, constituindo-se num ponto fundamental
para a reestruturação dos fluxos e da circulação dentro da cidade, se localizando em uma área
um pouco mais distante do centro principal.
Mais especificamente com relação à instalação desse segundo Shopping,
observa-se a presença de mudanças consideráveis na organização espacial da cidade,
garantindo a (re) concentração de uma série de atividades (econômicas, serviços e lazer) em
uma nova área, permitindo tamm o “[...] próprio reconhecimento dos fluxos expressos pelas
novas formas de circulação” (MONTESSORO, 2001, p.218), gerando uma diversificação dos
usos do solo e novas formas de centralidade.
Além dessa influência dos shopping centers a partir da década de 1990,
ocorre também uma expansão da malha urbana de Presidente Prudente, sendo caracterizada
através da implantação de diversos loteamentos populares
8
, tais como o Conjunto
Habitacional Ana Jacinta, Vale do Sol, Brasil Novo, Cambuci, dentre outros implantados em
anos anteriores a essa década e também nos anos que seguem a partir de 1990.
Essa expansão do espaço urbano através da ampliação desses novos
conjuntos habitacionais reforça a descontinuidade territorial dos tecidos urbanos, com
7
Podemos citar como exemplo, o Bar Cruzeiro do Sul, ‘espaço’ este que concentrava alguns segmentos da elite
local para se discutir política, futebol, etc. Esse bar, ou melhor, a “imagem” do que foi esse bar é ressaltada no
trabalho de Miño (2004), quando este autor destaca uma exposição desse antigo bar tradicional do centro da
cidade realizada em um dos shopping centers da cidade, no caso o Prudenshopping.
8
De acordo com Sousa (1992), o financiamento desses programas de loteamentos coloca a questão da moradia
na lógica do capital, pois o poder público entendia que para solucionar o problema da falta de moradia bastaria a
produção de unidades em número suficiente, sem se importar com o preço das parcelas, cabendo ressaltar que
mesmo assim esse número de unidades não supriu totalmente a falta de moradia na cidade.
55
destaque para a enorme quantidade de espaços vazios localizados entre os bairros adjacentes
ao centro principal e esses novos loteamentos. Sobre este processo Spósito (2004) ressalta
que:
A lógica da produção do espaço urbano é, no geral, orientada pela contínua
extensão do território, juridicameterrit fat, is di en 0.14ea pelm qu14equnovdos foreTJ0 ntos. is ‘vala czvdos’ torn]TJ0-sadjacouts eis oriradconteriec 0.1481 T9 12.370 6 10.95.25eral, im06(idvei2 T(SPÓSITO c 0.1481 25.802-481 T9 1153 5.25erxten47l, )-5ta 3gica dc 17.377 75.8020.43474 Tz 0xteEssTj0 Tc 0.1foi es ontivaba pe 17.377 78.8020.43334 Tz1l95ral, entos. is des]TJ0.2842 sãc 0.1481 Tw 12.3758931.725 04765re:
56
Esse quadro possibilita reunir com maior precisão o conjunto de atividades
que se aproximam dos conteúdos presentes na prática do lazer, permitindo uma análise mais
global da consolidação destas a partir da década de 1990. Embasando-nos nessa separação do
conjunto de manchetes e artigos destacados nesses quinze anos, tornou-se possível diferenciar
as atividades elencadas de acordo com os períodos das gestões municipais presentes em tal
período: a do prefeito Paulo Constantino (01/01/1989 a 31/12/1992), seguida pela gestão do
prefeito Agripino Lima (01/01/1993 a 31/12/1996), depois pela gestão do prefeito Mauro
Bragato (01/01/1997 a 31/12/2000) e em seguida novamente pela gestão de Agripino Lima,
(01/01/2001 a 31/12/2004), o qual se reelege no ano de 2004.
57
Quadro 1 - Lista dos artigos levantados no jornal ligados à área do lazer
Programas e eventos
destacados
Áreas e Equipamentos
Destacados
Principais reivindicações e
carências identificadas
Demais artigos
listados
(1) 26/01/1990
Gincana no São
Mateus
(Realizado pela
Associação de
Moradores)
(1) 09/01/1990
Matarazzo foi licitado mas
poderá ser centro cultural
(Prédio privado)
(1) 14/10/1990
Piscinas do Centro Olímpico
continuam sem utilidade
(Equipamento subutilizado -
Sec. de Esportes)
(1) 04/04/1990
Domingo no
Parque do Povo
(Opinião de uma
freqüentadora)
(2) 13/02/1990
Curso de recreação
infantil movimentando
o CPP e o PUM
(Prefeitura - Sec. de
Esportes)
(2) 09/01/1990
Freqüência na biblioteca do
município
(Prefeitura- Sec. Cultura)
(2) 30/11/1990
Moradores querem reforma
de parques infantis
abandonados
(2) 11/09/1990
Uma lanchonete
levou animação à
área reurbanizada
do Bacarin
(3) 18/02/1990
O despertar da
criatividade
(Desenvolvido pela
comunidade)
(3) 21/01/1990
Os efeitos das águas quentes
no balneário
(Prefeitura- Sec. Cultura)
(3) 25/07/1993
Moradores reivindicam área
de lazer
(Bairro Watal Ishibashi)
(3) 30/10/1990
O lazer não é
brincadeira
(Artigo publicado
por uma
professora)
(4) 20/02/1990
Arte Nota 10
(Desenvolvido por um
grupo de artesãos em
parceria com a Sec. de
Cultura)
(4) 24/01/1990
Reurbanização do Parque do
Povo
(Prefeitura - Sec. de Obras)
(4) 27/07/1993
Moradores do Watal
Ishibashi convivem com
muitos problemas
(Falta espaço dotado de
equipamentos de lazer)
(4) 24/03/1991
Com a Amepp o
esporte cumpre
sua função social
(Espaço que foi
destinado às
publicações do
prefeito Paulo
Constantino)
(5) 27/02/1990
Nos bastidores da folia
(Realizado pela
Associação das
Escolas de Samba e
Sec. de Cultura)
(5) 22/02/1990
Amepp agilizando reforma
em praças esportivas
(Prefeitura - Sec.de Esportes)
(5) 04/05/1994
Autoridades buscam solução
para a interdição do
Balneário da Amizade
(Espaço deteriorado -
Prefeitura)
(5) 01/09/1991
Começa amanhã
o cadastramento
de candidatos a
4400 casas
populares
(6) 02/03/1990
Escolinhas da Amepp
recomeçam segunda
com seis modalidades
(Prefeitura- Sec. de
Esportes)
(6) 25/03/1990
Quadra poliesportiva para o
Ciem do Jardim Planaltina
(Prefeitura - Sec. Educação e
Esportes)
(6) 27/07/1994
Prudentinos reclamam da
lentidão das obras
(Parque do Povo)
(6) 27/05/1994
Hip Hop, um som
que mostra a
força dos negros
americanos e
brasileiros
(Manifestação de
um grupo
prudentino que se
organiza
eventualmente)
58
(7) 01/04/1990
O mundo maravilhoso
da criança estará hoje
no Povo no Parque
(Prefeitura- Sec.
Esportes e Cultura)
(7) 30/03/1990
Casa do artesão será reaberta
nesta sexta
(Prefeitura - Sec. Cultura)
(5) 03/12/1994
Prefeitura é acusada de lotear
área de lazer
(Nas imediações da Cohab)
(7) 21/07/1998
Noites de
domingo dividem
opiniões na
Cohab
(8) 06/04/1990
Conhecendo de perto
as escolinhas
(Prefeitura- Sec. de
Esportes)
(8) 01/04/1990
Reformulação do Parque do
Povo em projeto
(Prefeitura - Sec. de Obras)
(6) 08/12/1994
Erosão está destruindo o
Parque do Povo
(Impacto no Espaço Público
de
lazer)
(8) 16/07/2002
Lazer, consumo e
prazer
(Opinião de um
colunista)
(9) 15/04/1990
Praça das Andorinhas
ganha pólo novo do
Povo no Parque
(Prefeitura- Sec.
Esportes e Cultura)
(9) 28/04/1990
Sugestão de lazer
(Lanchonete próxima de Pçª.
Pública)
(6) 09/12/1994
Moradores cobram
urbanização de área verde
(Bairros Santa Paula, Cohab
e Cecap)
(10) 24/05/1990
Projeto O Povo no
Parque recebendo
grande público
(Prefeitura- Sec.
Esportes e Cultura)
(10) 04/08/1990
Prudente poderá ganhar um
complexo cultural
(Prefeitura - Sec. Cultura)
(7) 27/12/1994
Banhistas continuam usando
o Balneário da Amizade
(Espaço Público interditado)
(11) 26/05/1990
Aulas de ginástica no
Jardim Guanabara
(Prefeitura- Sec. de
Esportes)
(11) 12/08/1990
O inverno no Thermas
Municipal de Prudente
(Prefeitura)
(8) 26/11/1995
Lazer é o problema do São
Mateus
(12) 27/05/1990
Coordenadoria da
Cultura com múltiplos
eventos
(Prefeitura- Sec. da
Cultura)
(12) 17/08/1990
Prefeitura entrega hoje
campo de futebol de areia
(Prefeitua - Sec. de Esportes)
(9) 03/12/1995
Vila Marcondes
(Carente de área de lazer)
(13) 17/06/1990
Povo no Parque
prossegue hoje nos
seus dois pólos
(Prefeitura- Sec.
Esportes e Cultura)
(13) 12/09/1990
Pçª. de esportes do Jardim
Brasília foi inaugurada
(Prefeitura - Sec. de
Esportes)
(10) 22/01/1997
Praças esportivas estavam
abandonadas
(14) 04/08/1990
Projeto intercultural
teve início ontem
(Prefeitura- Sec. da
Cultura)
(14) 18/10/1990
Balneário da Amizade
aguarda remodelação
(Prefeitura - espaço aberto ao
público)
(11) 10/05/1997
Moradores do Parque
Alvorada pedem creche e
área de lazer
(15) 12/08/1990
Milhares de pessoas
(15) 18/10/1990
Shopping centraliza vida do
(12) 23/07/1997
Parque de diversões está
59
hoje no 10º Festival de
Pipas
(Parceria entre Sec.de
Esportes e “O
Impacial”)
prudentino
(Espaço Privado aberto ao
público)
irregular
(Equipamento de lazer da
Cidade da Criança apresenta
falhas)
(16) 11/09/1990
Milhares de pessoas
prestigiam o IX
Festival de Coros em
Prudente
(Prefeitura- Sec. de
Cultura)
(16) 14/12/1990
Centro Olímpico aberto ao
povo
(Prefeitura - Sec. de
Esportes)
(13) 02/03/2003
Moradores querem solução
urgente para balneário
(17) 12/10/1990
Sinfonia Bamerindus
no Parque do Povo
(Parceria entre
Prefeitura e Banco)
(17) 16/12/1990
Centro Olímpico
(Prefeitura - Sec. de
Esportes)
(14) 13/07/2003
Polêmica sobre área de lazer
divide mutuários
(Bairro Maré Mansa)
(18) 19/12/1990
Último Povo no
Parque com sucesso
absoluto
(Prefeitura- Sec.
Esportes e Cultura)
(18) 03/01/1991
Ciem, educação e cultura em
tempo integral
(Prefeitura - Sec. Cultura e
Educação)
(15) 31/08/2003
Bairro cobra obras de
revitalização da praça
(Jardim Aviação)
(19) 26/01/1991
No verão o Parque do
Povo oferece ginástica
aeróbica
(Prefeitura - Sec. de
esportes)
(19) 05/01/1991
Verão leva muita gente ao
Centro Olímpico
(Prefeitura - Sec. de
Esportes)
(20) 08/02/1991
Atividades especiais
terão novas opções
(Prefeitura - Sec. de
esportes)
(20) 03/02/1991
Praça no Inocoop
(Prefeitura - Sec. de Obras)
(21) 19/02/1991
Amepp inicia visitação
nas escolas oficiais
(Prefeitura - Sec. de
Esportes)
(21) 14/04/1991
Os Ciems de Constantino são
mais completos que os Cieps
de Brizola
(Prefeitura - Sec. Educação e
Cultura)
(22) 07/03/1991
Oficina Timochenco
continua com
espetáculos e filmes
premiados
(Prefeitura - Oficina
Cultural Regional)
(22) 16/06/1991
Centro Integrado de
Educação Municipal do
Jardim Everest, orgulho da
Educação
(Prefeitura - Sec. Educação e
Cultura)
(23) 29/03/1991
Ciem realiza projeto
Resgate Cultural
(23) 01/08/1991
Tobogã no Balneário
(Prefeitura - Sec. de
60
(Prefeitura - Sec. da
Educação)
Esportes)
(24) 07/04/1991
O Povo no Parque a
partir das 16 hs
(Prefeitura - Sec.
Cultura e Esportes)
(24) 03/11/1991
Crianças movimentam
parques infantis em
Presidente Prudente
(Prefeitura)
(25) 21/04/1991
Hoje o GP Ciclístico
no Parque do Povo
(Parceria entre Sec. de
Esportes e “O
Imparcial”)
(25) 05/11/1991
O Shopping começa a mudar
o comportamento do
prudentino
(Espaço Privado)
(26) 25/04/1991
Encontro da 3ª idade
com 150 participantes
(Prefeitura - Sec. de
Esportes)
(26) 25/04/1992
Parceria com iniciativa
privada em obras de
Presidente Prudente
(Parceria Prefeitura e
Texaco/ Brasil)
(27) 03/05/1991
Oficinas de Dança na
Timochenco Wehbi
(Prefeitura - Oficina
Cultural Regional)
(27) 05/07/1992
Recuperada a pista de skate
(Prefeitura - Sec. de
Esportes)
(28) 23/05/1991
Divertindo-se nos
bairros no Parque
Alexandrina
(Prefeitura - Sec.
Esportes e Cultura)
(28) 29/07/1992
Prefeitura inaugura várias
obras nos próximos 3 meses
(Prefeitura)
(29) 13/06/1991
Mais de 200 pessoas
no projeto 3ª idade
(Prefeitura - Sec. de
Esportes)
(29) 17/04/1993
Pçª. das Andorinhas é
freqüentada pelos moradores
da Cohab e de bairros
vizinhos
(Prefeitura - Espaço Público)
(30) 06/07/1991
Amanhã o II Grande
Passeio Ciclístico
(Parceria Sec. de
Esportes e “O
Imparcial”)
(30) 27/03/1994
Cine Presidente agora só
existe em nossa memória
(Antigo cinema)
(31) 01/08/1991
Ultimadas
providências para o
Festival de Pipas Raul
Albieri
(Parceria Sec. de
Esportes e “O
Imparcial”)
(31) 14/04/1994
Pçª. 9 de Julho ganhará
visual mais moderno
(Prefeitura - Espaço Público)
61
(32) 03/08/1991
Encontro da Terceira
Idade oferece esporte e
lazer
(Prefeitura - Sec. de
Esportes)
(32) 29/05/1994
Teatro de Arena na Pçª. 9 de
Julho
(Prefeitura - Espaço Público)
(33) 04/08/1991
O Povo no Parque
(Prefeitura - Sec.
Esportes e Cultura)
(33) 24/09/1994
Os responsáveis pela
remodelação da Pçª. 9 de
Julho
(Prefeitura)
(34) 18/08/1991
11º Festival de Pipas
hoje no Centro
Olímpico
(Parceria Sec. de
Esportes e “O
Imparcial”)
(34) 19/07/1995
Oficina Cultural será
reativada
(Oficina Cultural Regional)
(35) 20/08/1991
Cinco mil pessoas no
11º Festival de Pipas
(Parceria Sec. de
Esportes e “O
Imparcial”)
(35) 19/11/1995
Pçª. é a melhor opção de
lazer
(Prefeitura - Espaço Público)
(36) 07/09/1991
I Mostra de Teatro
Fetapp começa 2ª
(Prefeitura - Sec. de
Cultura)
(36) 10/11/1995
Prefeitura constrói Parque
Ecológico
(Prefeitura - Espaço Público)
(37) 14/09/1991
Divertindo-se nos
bairros
(Prefeitura - Sec.
Esportes)
(37) 24/11/1996
Tranqüilidade e lazer, pontos
fundamentais
(Bairro que apresenta boa
infra-estrutura para o lazer -
Jardim das Rosas)
(38) 05/10/1991
Passeio Ciclístico no
Parque do Povo
(Parceria Sec. de
Esportes e “O
Imparcial”)
(38) 24/09/1997
Ana Jacinta ganha espaço
para lazer
(Prefeitura - Espaço Público)
(39) 19/10/1991
Amepp inaugura novo
projeto segunda - feira
na Vila Operária
(Prefeitura - Séc. de
Esportes)
(39) 14/09/1997
Pq. do Povo, um ponto de
encontro dos prudentinos e
charme da paisagem urbana
(40) 12/11/1991
Curso de pintura aos
(40) 22/01/1999
Prédio da Matarazzo será
62
moradores do Cecap
(Curso ministrado por
moradora do bairro)
Centro Cultural
(Espaço Privado)
(41) 29/02/1992
Amepp promove
gincana e Encontro da
3º Idade
(Projeto Prefeitura -
Séc. de Esportes)
(41) 01/04/2001
Festa (Inauguração da Pçª. de
lazer no Ana Jacinta)
(Prefeitura - Espaço Público)
(42) 27/02/1992
Projeto da Amepp
realizado domingo no
São Judas Tadeu
(Prefeitura - Séc. de
Esportes)
(42) 17/01/2002
Urbanização (Finalização das
obras da Pçª. de lazer do Ana
Jacinta)
(Prefeitura - Espaço Público)
(43) 08/03/1992
Divertindo-se nos
bairros hoje de manhã
no Eldorado
(Prefeitura - Sec. de
Esportes)
(43) 28/02/2002
Nova Praça (Bairro
Jequitibás)
(Prefeitura - Espaço Público)
(44) 15/03/1992
Passeio de bicicleta
nas pistas do Parque
(Parceria Sec. de
Esportes, “O
Imparcial” e Ultragaz)
(44) 20/03/2002
Jardim Regina e São Mateus
ganharão centro de lazer
(Prefeitura - Espaço Público)
(45) 19/05/1992
Mais de quatro mil
pessoas no V Passeio
Ciclístico
(Parceria Sec. de
Esportes, “O
Imparcial” e Ultragaz)
(45) 05/06/2002
Lazer (Finalização das obras
da área de lazer no São
Mateus)
(Prefeitura - Espaço Público)
(46) 02/07/1992
Passeio Ciclístiso
domingo no parque
(Parceria Sec. de
Esportes, “O Imparcial
e Ultragaz)
(46) 06/07/2002
Urbanização (Inaugurada a
área de lazer do Paq. São
Mateus)
(Prefeitura - Espaço Público)
(47) 02/07/1992
Oficina de teatro
(Delegacia Regional
de Cultura)
(47) 18/07/2002
Prefeitura inicia urbanização
de fundo de vale na Vila
Líder
(Prefeitura - Espaço Público)
(48) 25/08/1992
Festival de pipas bate
recorde de
participação e o
público vibra com a
(48) 08/11/2002
Lazer (Pçª das Andorinhas)
(Prefeitura - Espaço Público)
63
defesa do Stº.
Anastácio
(Parceria Sec. de
Esportes e “O
Imparcial”)
(49) 24/01/1993
Coordenadoria de
Cultura leva projeto
aos bairros
(Sec. de Cultura)
(49)17/12/2002
Vila Líder ganha área de
lazer
(Prefeitura - Espaço Público)
(50) 26/03/1993
Noite de Seresta
(Prefeitura - Sec. de
Cultura)
(50) 23/04/2003
Praça das Andorinhas
(Reinauguração da Pçª.
reformada e ampliada)
(Prefeitura - Espaço Público)
(51) 27/04/1993
Espaço aberto com
incentivo a artistas
(Prefeitura - Sec. de
Cultura)
(51) 08/07/2003
Parque do Povo terá
quiosques, nova iluminação e
pista interna
(Prefeitura - Espaço Público)
(52) 29/07/1993
Projeto transforma rua
em área de lazer
(Prefeitura - Sec. de
Cultura)
(52) 24/03/2004
Segunda etapa da
revitalização do Pq. do Povo
começa
(Prefeitura - Espaço Público)
(53) 20/08/1994
Vídeo e teatro na
Oficina Cultural
(Delegacia Regional
de Cultura)
(54) 27/08/1994
Comemorões
encerram a semana do
folclore
(Prefeitura - Sec.
Cultura)
(55) 13/11/1994
Amepp prepara
convênio para
fortalecer todas
modalidades
(Prefeitura - Sec.
Esportes)
(56) 25/11/1994
Peça teatral Radio
Paradiso com entrada
64
franca na Timochenco
Wehbi
(Oficina Cultural
Regional)
(57) 11/06/1995
Noite de Seresta
resgata o romantismo
da Pçª. 9 de Julho
(Prefeitura - Sec.
Cultura)
65
(Parceria entre “O
66
Roleman será em
junho
(Evento organizado
por grupo de
moradores)
(74) 17/05/1997
Exposições e projetos
culturais agitam a
cidade
(Prefeitura - Sec.
Cultura)
(75) 03/07/1997
Conservatório faz
apresentação no Teatro
Municipal esta noite
(Prefeitura - Sec.
Cultura)
(76) 09/07/1997
Cultura realiza II
Concurso Literário
(Prefeitura - Sec.
Cultura)
(77) 22/07/1997
PrudenFest/97 será no
Pq. do Povo
(Prefeitura)
(78) 24/07/1997
Cultura realiza curso
sobre danças populares
(Prefeitura - Sec.
Cultura)
(79) 14/08/1997
Festival folclórico de
capoeira será sábado
(Parceria Sec. Cultura,
federação Paulista de
Capoeira e Grupo
Urucungo)
(80) 23/08/1997
Prefeitura oferece
curso de ginástica
comunitária
(Prefeitura. Sec. de
Esportes)
(81) 02/09/1997
15º Festival de Pipas
(Parceria Sec. de
Esportes, “O
Imparcial” e Colégio
67
Agrícola)
(82) 01/10/1997
Passeio ciclístico
reúne mais de 250
participantes
(Parceria entre Colégio
Universitário e Ponto
Zero)
(83) 03/12/1997
Música na Pçª.
(Organizado por uma
professora de Música)
(84) 07/12/1997
Secretaria de Turismo
quer que moradores
conheçam seu bairro
(Prefeitura - Sec.
Turismo)
(85) 31/12/1997
Projeto Férias na
Escola terá cerca de
600 alunos
(Delegacia de Ensino e
Rede Pública de
Ensino)
(86) 04/02/1998
Programa beneficia
projetos culturais
(Prefeitura - Sec. de
Cultura)
(87) 24/02/1998
Desfile das escolas
atrai 15 mil
(Parceria entre Sec. de
Turismo e Grupos
Carnavalescos)
(88) 19/04/1998
II Mostra Coletiva de
Artes Plásticas
(Parceria Sec. Cultura
e artistas locais)
(89) 06/05/1998
Feira reunirá artesãos
da região
(Prefeitura - Sec
Cultura)
(90) 30/05/1998
Cidade da Criança terá
seu 1º Festival de
Aeromodelismo
68
(Organizado por um
praticante do esporte)
(91) 15/07/1998
Moradores da Cohab
fazem festa hoje
(Parceria entre
comunidade local e
Sec. Cultura e
Turismo)
(92) 25/08/1998
Festival de Pipas bate
recordes e abre
festejos
(Parceria Sec. de
Esportes e “O
Imparcial)
(93) 29/08/1998
Evento envolveu mais
de 50 mil alunos
(Rede Estadual de
Ensino)
(94) 17/09/1998
Feira regional de artes
abre programação
(Parceria Sec. Cultura
e entidades privadas)
(95) 30/09/1998
Esporte ajuda na
integração social
(Parceria entre Sec. de
Assistência Social e
Academia de Karatê)
(96) 20/11/1998
Curso de Cinema abre
programa
(Prefeitura - Sec.
Cultura)
(97) 20/02/1999
Pçª. 9 de Julho terá
Show musical
(Prefeitura - Sec.
Cultura)
(98) 23/03/1999
Recreação reúne 41
deficientes
(Grupo de
Peregrinação do
Rosário)
(99) 26/03/1999
Viva Prudente
69
prossegue domingo
(Parceria entre a
Prefeitura e Conselho
Regional de
Segurança)
(100)30/03/1999
Secretaria realiza 3ª
Mostra de Artes
(Prefeitura - Sec.
Cultura)
(101) 03/06/1999
Viva Prudente é muito
prestigiado
(Prefeitura - Sec.
Cultura)
(102) 03/07/1999
Viva Prudente pode
ser ampliado
(Prefeitura - Sec.
Cultura)
(103) 09/07/1999
Evento abre
comemorações em
Presidente Prudente
(Parceria Sec. de
Esportes, “O
Imparcial” e Colégio
Agrícola)
(104) 31/08/1999
17ª edição supera
expectativas
(Parceria Sec. de
Esportes, “O
Imparcial” e Colégio
Agrícola)
(105) 15/09/1999
Hoje tem Festival de
Pesca em Presidente
Prudente
(Prefeitura - Sec. de
Turismo)
(106) 25/09/1999
Crianças de Presidente
Prudente aprendem
brincando
(Prefeitura - Sec.
Cultura)
(107) 07/11/1999
Projeto coloca crianças
70
para sambar
(Projeto criado por um
morador da zona
norte)
(108) 14/11/1999
Presidente Prudente
terá quatro dias de
teatro
(Prefeitura - Sec. de
Esportes e Cultura)
(109) 23/01/2000
Folia de Reis ainda é
tradição
(Organizado por
moradores de alguns
bairros)
(110) 30/03/2000
Música beneficia 140
crianças de Presidente
Prudente
(Prefeitura - Sec.
Cultura)
(111) 21/04/2000
Música marca
comemoração em
Presidente Prudente
(Prefeitura - Sec.
Cultura)
(112) 25/08/2000
Agita Galera começa
amanhã em Presidente
Prudente
(Parceria entre Sec.
Estadual da Educação
e Saúde e Sesi)
(113) 29/08/2000
Agita Galera superou
expectativa
(Parceria ente Sec.
Estadual da Educação
e Saúde e Sesi)
(114) 07/09/2000
Festival de Pipas
acontece domingo
(Parceria Sec. de
Esportes, “O
Imparcial” e Colégio
Agrícola)
(115) 10/09/2000
Encontro reúne 32
71
corais em Presidente
Prudente
(Prefeitura - Sec.
Cultura)
(116) 19/10/2000
9ª Festa das crianças
na Cecap
(Realizado por um
casal de moradores)
(117) 18/02/2001
Atividades
prosseguem em
Presidente Prudente
(Prefeitura - Sec.
Cultura)
Cu1T403 0tiv4z0.001 Tw 0 -1.15 TD[(casal d2.88 69 ref171 TD[(casal d2.88 69 ref324 TD[(casal d2.88 69 ref477 TD[(casal d2.88 69 ref576 TD[(casal d2.88 69 refBT/TT0 1 Tf-0.0001 Tc 0.0001 Tw 12 0 0 12 54536.960.2403 Tm(8a)503/03//02/2001 )0007 Tc 0 Tw 0 -1.15 TUnesp8 6toor ua)7(rSec. )]TJ0.0012-]TJ0.00 0 Tw Ta[(eitAtivisasal d)5(s )]TJ0.0008 Tc -0.0008 Tw 0 -1.15 T*[gra9( ea pau)63[(9Ativi6(te )]TJ0.0007 Tc 0 Tw 0 1.145 TUnespa)5(01 ]TJ12.5 Tc 10.2 4.6 Td( )TjET48 TD3 0tiv4z0.001 Tw 0 -1.154791.76 0.48 69 ref1714791.76 0.48 69 ref3244791.76 0.48 69 ref4774791.76 0.48 69 ref5764791.76 0.48 69 refBT/TT0 1 Tf-0.0001 Tc 0.0001 Tw 12 0 0 12 5446776 0.2403 Tm(9(1171/03//02/2001 )TJ0.0008Tc -0.0004 Tw 0 -1.15 T Cine9( ea ao ar livrem)9( )]TJ0.0006 Tc -0.0006 Tw Thojem)9(8em)9[(Preside)9( )]Tc 0 Tw 0 1.145 TD(Prudente Tc -00.001 Tw 0 -1.15TD[arceas Ministérioest2001 )TJ0.0004 Tc -0.0004 Tw *[(Cul e Banespaa)5(01 ]TJ12.5 Tc 0 Tw 10.2 5.7012 Tc 0 Tw T*[(4788 61 0tiv4z0.001 Tw 0 -1.15390.22casal d2.88 69 ref171390.22casal d2.88 69 ref324390.22casal d2.88 69 ref477390.22casal d2.88 69 ref576390.22casal d2.88 69 refBT/TT0 1 Tf-0.0001 Tc 0.0001 Tw 12 0 0 12 5438f320.2403 Tm20a)528/03//02/2001 )TJ0.001 Tc -0.0035 Tw 0 -1.15 T*[(Cul rechal ds agensal a6(te )]TJ0.0007-]TJ0.0004 Tw vi6evPruos2000 )Tj0.0009 Tc -0.0025 Tw 0 -1.15 TD[((Prefeitu)6(ra - Svi6(te )]TJ0.0012 Tc 0 Tw 0 -1.15 TD[(Cultura)5() )]TJ12.5 Tc 10.2 4.6 Td( )TjET48390.1D3 0tiv4z0.001 Tw 0 -1.1532f576.76 0.48 69 ref17132f576.76 0.48 69 ref32432f576.76 0.48 69 ref47732f576.76 0.48 69 ref57632f576.76 0.48 69 refBT/TT0 1 Tf-0.0001 Tc 0.0001 Tw 12 0 0 12 54310.260.2403 Tm21a)508/07//02/2001 )TJ0.0008 Tc -03Tc 0 Tw 0 -1.15 TOf)4(iciT*c[(Cull tern)615() ) Tc -0.0008 Tw Ta[(eitAtivisacriam)9( feas liz(te )]TJ00.001 Tc --0.001 Tw 0 -1.15 TmOficiT*C[(Cull 001 )TJ0.0008T.001 Tw 0 -1.15 Regionala)5(01 ]TJ12.5 Tc 10.2 4.6 Td( )TjET48320.23 0tiv4z0.001 Tw 0 -1.15218 76.76 0.48 69 ref171218 76.76 0.48 69 ref324218 76.76 0.48 69 ref477218 76.76 0.48 69 ref576218 76.76 0.48 69 refBT/TT0 1 Tf-0.0001 Tc 0.0001 Tw 12 0 0 12 54240.1D0.2403 Tm22a)505/08//02/2001 )TJ0.0002 Tc -0.0002 Tw 0 -1.15[arceas gau)rudente )Tj0.003-]TJ090008 Tw T252 iv(casdenipasm)9(8em)9( )]TJ0.0006 Tc -0.0006 Tw 0 -1.15 TD[(Presidente P)7(r)-1(udente ) Tc -5.0006 Tw 0 -1.15TD[arceas “Oente 8epauciala224 e Unespa)
218 261 0tiv4z0.001 Tw 0 -1.151732 54asal d2.88 69 ref1711732 54asal d2.88 69 ref3241732 54asal d2.88 69 ref4771732 54asal d2.88 69 ref5761732 54asal d2.88 69 refBT/TT0 1 Tf-0.0001 Tc 0.0001 Tw 12 0 0 12 541.18900.2403 Tm23(1171/08//02/2001 )TJ1.0007-]TJ4.0002 Tw 0 -1.15 TTeatro (8te 9ª [(e7(ll 09( )]TJ050006 Tc -210004 Tw NacionalasdeTeatro ddente )Tj0.003-]TJ03Tc 0 Tw 0 -1.15 TD[(Presidente P)72r)-1(uda)5() )]TJ0.001 Tc -0.0035 Tw 0 -1.15 TD[((Prefeitu)6(ra - Sec. )]TJ0.0012 Tc 0 Tw T*[(Cultura)5() )]TJ12.5 Tc 10.2 5.7012 Tc 0 Tw T*[(172.941 0tiv4z0.001 Tw 0 -1.1590324asal d2.88 69 ref17190324asal d2.88 69 ref32490324asal d2.88 69 ref47790324asal d2.88 69 ref57690324asal d2.88 69 refBT/TT0 1 Tf-0.0001 Tc 0.0001 Tw 12 0 0 12 54788 60.2403 Tm24a)528/08//02/2001
72
mil pessoas
(Programa realizado
pelo Sindicato de
Estabelecimentos de
Ensino de São Paulo)
(125) 04/09/2001
Um show no ar
(Parceria “O
Imparcial” e Unesp)
(126) 01/03/2002
“Música na Feira”
volta no Domingo
(Prefeitura - Sec.
Cultura)
(127) 22/06/2002
Alto Estilo é atração
hoje na Pçª. Dóbio
Zaina
(Prefeitura - Sec.
Cultura)
(128) 03/07/2002
Prefeitura fará 42
Festas Julinas nos
bairros de Presidente
Prudente
(Prefeitura - Sec.
Cultura)
(129) 14/07/2002
Secut oferece
atividades gratuitas
hoje e amanhã
(Prefeitura - Sec.
Cultura)
(130) 02/04/2003
Noite da Paquera vira
atração do domingo
(Organizado por
moradores)
(131) 20/04/2003
Programação cultural é
bastante diversificada
(Prefeitura - Sec.
Cultura)
(132) 08/08/2003
1ª Festa na Praça
começa hoje em
Prudente
(Paróquia São
Sebastião)
(133) 23/09/2003
73
Fonte: Jornal O Imparcial (1990 - 2004)
Organizador: Fabrício da Mata Lucas
Tradicional “Raul
Albieri” reúne famílias
(Parceria “O
Imparcial” e Unesp)
(134) 24/09/2003
X Fentepp leva peça à
Pçª. Nove de Julho
(Prefeitura - Sec.
Cultura)
(135) 15/02/2004
Terceira idade conta
com opção de lazer em
Presidente Prudente
(Unesp)
(136) 13/10/2004
Famílias aproveitam
feriado na Cidade da
Criança
(Prefeitura)
74
Tendo como base o quadro anterior, formulamos diferentes linhas do tempo,
divididas em três tópicos principais, sendo uma composta pelos ‘programas e eventos’, outra
pelas ‘áreas e equipamentos’ e uma última composta pelas ‘reivindicações e carências’
constatadas.
Através dessas linhas do tempo, foi possível analisar o discurso apresentado
pelo jornal no que se refere às práticas de lazer, sobretudo daquelas implementadas pelo poder
público durante esses anos. Estas serão apresentadas no final desse item, pois as três linhas
mencionadas são acopladas em cada uma das gestões municipais levantadas. (Ver Figuras 1,
2, 3, 4 nas páginas 87,88, 89, 90).
Os diversos artigos e manchetes apresentados compreendem desde a
implantação de equipamentos ou eventos públicos, até programas ou eventos desenvolvidos
através de parcerias com a comunidade, e também com segmentos privados. Recebe destaque
também o impacto proporcionado pela instalação de um dos shopping centers, no caso o
Prudenshopping. Ainda é destacada uma manchete fazendo referência à implantação de uma
quantidade significativa de casas populares em alguns novos loteamentos na cidade.
Partindo da linha do tempo a respeito de “programas e eventos”, torna-se
possível comparar tanto quantitativamente, quanto qualitativamente as ações do poder público
destacadas pelo jornal em cada uma das quatro gestões municipais.
Assim, no período referente à gestão Paulo Constantino, constatou-se um
considerável número de programas e eventos, aproximadamente 48, sendo que desses, a
grande maioria apresentou vínculo com a atuação do poder público municipal. São programas
desenvolvidos por Secretarias Municipais, como é o caso das Secretarias de Cultura, Esportes
e Educação, enquanto outros são ligados a diferentes instituições públicas, como os
programas vinculados à Oficina Cultural Regional, por exemplo.
Dentre os programas mantidos pela prefeitura, é possível destacar
principalmente aqueles desenvolvidos pelas Secretarias de Esportes e Cultura. Para citar
alguns programas de destaque, podemos mencionar “O Povo no Parque”, ou mesmo as
“escolinhas esportivas” desenvolvidas em alguns bairros da cidade.
O programa “O Povo no Parque” é apresentado de forma constante entre os
anos de 1990 a 1992, podendo ser caracterizado como um programa que se iniciou no Parque
do Povo (local não tão distante do centro da cidade) e depois se expandiu para outros pólos da
cidade, como no Parque das Andorinhas, por exemplo.
Com relação aos eventos, os destaques são os diversos passeios ciclísticos
realizados através de parcerias entre empresas da cidade e a Secretaria de Esportes. Outras
75
manchetes de destaque corresponderam à realização do “Festival de Pipas”, evento este que
vai ser alvo de referência do jornal no decorrer dos períodos analisados. Este festival obteve
algumas parcerias para garantir sua realização, mais especificamente nesse período, contou
com as parcerias entre a Secretaria de Esportes, Colégio Agrícola e do próprio jornal “O
Imparcial”.
Entre os anos de 1993 e 1996 o governo municipal esteve no comando de
Agripino Lima. A oferta de programas e eventos vinculados a esse período de acordo com o
apresentado pelo jornal não foi tão considerável assim, totalizando cerca de 17 ocorrências. O
destaque nesse período esteve vinculado principalmente aos programas desenvolvidos pela
Secretaria de Cultura, sobretudo através das “agendas culturais”. Como exemplos dessas
‘agendas’ podemos citar uma programação envolvendo música, artes plásticas e ‘espaço para
artistas’, sendo levados programas até mesmo para alguns bairros da cidade.
Mais uma vez o “Festival de Pipas” foi apresentado como evento de
destaque. Atividades recreativas organizadas por empresas em parceira com a Secretaria de
Esportes e até mesmo pelo Sesi também foram levantadas, assim como outros eventos ligados
a comemorações e amostras culturais.
Na gestão Mauro Bragato (1997 a 2000) foi possível observar um
representativo número de programas e eventos, cerca de 51, sendo a maior parte desses
desenvolvidos pela própria prefeitura. São muitos os programas vinculados às Secretarias de
Cultura, Esportes e até mesmo de Turismo, havendo também alguns ligados ao governo
estadual e à iniciativa individual dos próprios moradores. Destaque para os programas “Viva
Prudente”, bem como para as diversas oficinas envolvendo dança, música, cinema, etc.
Nesse período foram levantados muitos eventos ligados à recreação e à
cultura na cidade, entre eles novamente destaca-se o “Festival de Pipas” e também alguns
festivais e campeonatos realizados (festival de capoeira, música na praça, show circense,
passeio ciclístico, mostra de artes, etc.). Também observou-se a ocorrência de outros eventos
os quais contaram com iniciativas individuais e/ ou de um grupo de pessoas, como por
exemplo, o “Campeonato de Roleman”.
No último período analisado, o qual compreende novamente a gestão
Agripino Lima, destacou-se a presença de aproximadamente 20 programas e eventos, sendo a
maior parte de responsabilidade da prefeitura. Grande parte dos programas desenvolvidos
nesse momento foram mantidos pela Secretaria de Cultura, entre eles o “Cinema ao ar livre”,
“Música na feira”, dentre outros. Outro grande destaque dessa gestão foi o “Festival Nacional
de Teatro” realizado também por essa secretaria. Por outro lado, o “Festival de Pipas” não
76
deixou de ser realizado devido a uma parceria entre o próprio jornal “O Imparcial” e a
“UNESP”, não contando com o apoio da Prefeitura segundo o jornal.
Um evento realizado mais recentemente e promovido pela própria
população chamou a atenção do jornal, corresponde à “Noite da Paquera”, a princípio
realizado no bairro Ana Jacinta e atualmente já não vem sendo mais desenvolvido. Tal evento,
realizado por um grupo de moradores do bairro Ana Jacinta, contou com a colaboração tanto
dos próprios moradores do bairro, quanto de radialistas da cidade. Consistia basicamente em
uma festa realizada num primeiro momento semanalmente na praça de lazer desse bairro,
contando com um ‘carro de som’, sendo este o local de onde os organizadores colocavam uma
série de músicas e liam os recados mandados entre os jovens, reunindo um grande número de
jovens de diversas idades.
Tentando analisar de forma conjunta as linhas referentes a esses quatro
diferentes momentos, podemos traçar um paralelo estabelecendo algumas possíveis hipóteses
sobre a incidência de realizações voltadas ao lazer entre essas gestões. Em primeiro lugar cabe
ressaltar a quantidade significativa de programas e eventos ligados ao período em que Paulo
Constantino esteve à frente da prefeitura, sendo esse montante realizado em três anos. Nosso
levantamento se inicia já com um ano de andamento dessa gestão, mesmo assim foram
consideravelmente expressivos em número se comparado aos períodos referentes às outras
gestões, estando bem próximo da gestão Mauro Bragato que se destacou em termos de
ocorrências referentes a programas e eventos segundo o jornal.
Em segundo lugar torna-se possível enfatizar que os programas ligados à
área de recreação foram os que mais se destacaram nesses quinze anos levantados, sendo
muitos desses programas relacionados às escolinhas esportivas desenvolvidas pela Secretaria
de Esportes, principalmente no que se refere às gestões Paulo Constantino e Mauro Bragato.
Também se destacou as diversas programações culturais que estiveram presentes nesses anos,
ligadas diretamente à Secretaria de Cultura, ressaltando sobretudo, as amostras de música,
teatro e artes que levaram uma diversidade de programas e eventos para determinados pontos
da cidade.
Um programa que merece ser evidenciado compreende o “Povo no
Parque”, desenvolvido no início da década de 1990 durante a primeira gestão municipal
levantada em nosso trabalho (Paulo Constantino). Esse programa foi resultado de parceria
entre algumas Secretarias Municipais, sobretudo a de Esportes e de Cultura. Aos poucos se
expandiu do Parque do Povo para outras áreas da cidade, podendo ser caracterizado como
importante programa propagador do lazer e da recreação. Esse programa recebe até mesmo
77
destaque de freqüentadores que escreveram para o jornal em forma de artigo ressaltando sua
importância.
Em um momento posterior, já na gestão Mauro Bragato, aparece um
programa que a nosso ver nada mais é, um retorno tanto ao programa “O Povo no Parque”
quanto ao “Divertindo-se nos bairros”, ambos implementados pela gestão Paulo Constantino.
Esse programa desenvolvido nesse momento posterior (Gestão Mauro Bragato) recebe o
nome de “Viva Prudente”, alvo de uma iniciativa da Prefeitura através de suas Secretarias
(Esportes, Cultura e Educação), juntamente com o Conselho de Segurança Comunitária,
levando lazer e recreação até alguns bairros mais pobres e carentes da cidade.
Nos períodos das duas gestões nas quais Agripino Lima esteve à frente do
poder local, verificou-se um montante de atividades culturais, dentre essas podemos enfatizar
alguns cursos e amostras de teatro, dança, pintura, etc. Cabe destacar a presença do “Espaço
aberto com incentivo a artistas”, realizado durante alguns finais de semana em uma praça do
centro da cidade, iniciativa esta que de acordo com o jornal incentivou a participação da
população para que pudessem descobrir o seu potencial na música. O programa “Música na
Feira”, também foi outro importante meio propagador da cultura popular em uma das feiras
livres realizada em uma área central de Presidente Prudente nessa última gestão Agripino
Lima, levando animação e descontração através da música popular até um considerável
número de pessoas, tornando-se um ponto de encontro dos prudentinos nas tardes de sábado
segundo o jornal.
Um conjunto de programas e eventos relacionados ao campo de atuação de
diversas esferas governamentais, bem como da sociedade civil como um todo, foram
destacados nos quatro diferentes períodos analisados. É o caso, por exemplo, dos programas
“Férias na Escola” e “Agita Galera”, realizados com o apoio do governo do Estado, ou ainda,
uma manchete enfatizando um projeto realizado por morador de um bairro de periferia, com o
intuito de proporcionar aulas de ‘expressão corporal’ para as crianças, desenvolvidos na
gestão Mauro Bragato.
Destacam-se então, muitas manchetes e artigos que trazem à tona a presença
de programas e eventos relacionados a outras esferas governamentais de uma forma geral,
tanto aos governos estadual e federal, ou realizados por segmentos da sociedade civil. Em
todas as gestões analisadas, observa-se a presença desses programas e eventos desenvolvidos
através dessas parcerias, é o caso dos eventos relacionados à programação da Oficina Cultural
Regional Timochenco Wehbi, projetos voltados para a 3ª idade mantidos em parceria com a
UNESP, alguns programas estabelecidos no espaço das próprias escolas organizados pela
78
Secretaria Estadual da Educação, bem como o próprio ‘festival de pipas’ e alguns ‘passeios
ciclísticos’ relacionados à atuação de vários segmentos da sociedade.
Quanto à presença das áreas e equipamentos voltados para a prática do
lazer, o jornal pesquisado fez referência à utilização e implementação de diversos
equipamentos, levando em conta alguns equipamentos que não se encontram mais presentes
(Cine Presidente, por exemplo), e até mesmo espaços que podem vir a ser aproveitados com o
intuito de ampliar as opções de lazer na cidade. (antigo prédio da Matarazzo).
A maior quantidade de ocorrências referentes à presença de áreas e
equipamentos relaciona-se à gestão Paulo Constantino. A maioria dos apontamentos destaca a
presença de equipamentos esportivos e/ ou culturais nesse período, estando diretamente
relacionados à atuação do poder público municipal. São manchetes que destacaram desde a
implantação e reforma de praças, dentre elas, a inauguração da “Praça de Esportes do Jardim
Brasília” e a reurbanização ou reforma do “Parque do Povo”. A presença de público nas
“Thermas Municipais”, no “Balneário da Amizade”, bem como a inauguração e utilização dos
“Ciems” (Centros Integrados de Educação Municipal), são exemplos de alguns dos espaços
dotados de equipamentos, que podem ser utilizados com a prática do lazer bastante
enfatizados no período.
Outras manchetes referentes à instalação de áreas e/ ou equipamentos de
lazer indiretamente relacionados à atuação do poder público também apareceram. É o
exemplo das manchetes referentes à inauguração de um shopping na cidade, no caso o
“Prudenshopping”.
A idéia de enfocar tais manchetes ligadas à inauguração desse Shopping
Center resulta, por um lado, do fato desse empreendimento ter representado um novo
direcionamento no fluxo intra-urbano da cidade, proporcionando o estabelecimento de um
novo eixo, no qual se desloca uma série de serviços que antes estavam concentrados nos
arredores do centro principal da cidade
9
. Por outro lado, foram consideráveis as manchetes do
jornal fazendo referência à instalação do shopping e ao impacto gerado por este no sentido de
ser um ponto de encontro que “começa a mudar o comportamento do prudentino”, ou seja, se
tornando um importante local destinado ao lazer. (O IMPARCIAL, 05/11/1991, p.01,
Caderno A).
No período referente à primeira gestão Agripino Lima, foram elencados
alguns artigos e manchetes que retrataram o uso e a implementação de áreas e equipamentos
voltados para a prática do lazer. Dentre esses, a maior parte refere-se à atuação da prefeitura.
9
Cf. MONTESSORO, 2001.
79
Podemos exemplificar a reforma e remodelação da praça “9 de Julho” e ainda a construção de
um “Parque Ecológico” como sendo alguns dos pontos de destaque nesse período.
No que diz respeito ao período que Mauro Bragato esteve à frente do poder
local, foram verificadas pouquíssimas ocorrências que fazem relação com o uso/ ou a
instalação de algum tipo de área e equipamento ligado à prática do lazer. Duas das manchetes
se encontram diretamente veiculadas ao poder público municipal, fazendo referência ao início
do projeto de instalação de um espaço de lazer no bairro Ana Jacinta e à importância do
Parque do Povo como ponto de encontro e de charme na paisagem urbana; uma outra
manchete destaca a possibilidade do antigo prédio da Matarazzo se transformar em Centro
Cultural.
Já no período referente à segunda gestão Agripino Lima, verificou-se a
presença de um conjunto de obras e, a abertura de novas áreas voltadas para a prática do lazer.
Esse conjunto passou a constituir as novas praças instaladas em muitas áreas de fundo de vale
ao longo da cidade, sobretudo nas áreas mais periféricas.
Essas obras transformaram o uso de tais fundos de vale, garantindo uma
renovação e diferentes usos a essas áreas. É possível destacar a inauguração das praças de
lazer do Conjunto Habitacional Ana Jacinta, do Parque São Mateus, Jardim Regina, Jardim
Jequitibás II e da Vila Líder, bem como uma reforma completa na Praça das Andorinhas,
próxima aos Conjuntos Habitacionais Cohab e Cecap e também a mais recente reforma do
Parque do Povo. Com relação a essa última área citada, observaram-se críticas levantadas
durante a primeira gestão Agripino Lima, críticas estas que enfatizaram a lenta reforma e o
processo de erosão que se instalava no leito do córrego que se encontra em tal área. No
entanto, nessa última gestão percebe-se a efetivação de uma ampla reforma realizada nessa
área de lazer, verificada até o ano de 2006.
Temos de uma forma geral, um panorama da implementação de muitos
equipamentos e áreas ligadas à prática do lazer em vários pontos da cidade no decorrer dos
quatro diferentes períodos analisados. Em termos de números de ocorrências, o período
apontado como mais significativo corresponde à gestão Paulo Constantino. Por outro lado, se
levarmos em conta uma maior incidência da instalação de novas áreas e equipamentos,
podemos apontar que a última gestão Agripino Lima desempenhou um papel mais relevante,
pois tal gestão apresenta como sua principal marca a instalação de uma série de praças de
lazer em áreas de fundo de vale ao longo de bairros de periferia da cidade.
Na gestão Paulo Constantino também se verifica a presença de novas obras,
porém em ritmos diferentes. Houve a presença de muitos apontamentos relacionados ao uso
80
de alguns equipamentos, desde a freqüência de pessoas nas ‘Thermas Municipais’ até mesmo
a utilização dos ‘Ciems’ (Centros Integrados de Educação Municipal) inaugurados nessa
gestão. Aparecem também outras manchetes que possuem uma relação indireta com o poder
público, no caso a instalação do Shopping Center conhecido como “Prudenshopping”, obra
esta que recebe o aval e a influência do poder público para sua instalação, diretamente ligada
à ação de incorporadores imobiliários.
Tendo em vista essas idéias, observa-se na segunda gestão Agripino Lima a
expressiva implantação de novos equipamentos esportivos e de lazer, garantindo a
possibilidade de um uso voltado para o lazer nas diversas áreas de fundo de vale da cidade.
Contudo, cabe refletir qual é o real impacto provocado pela instalação dessas praças em tais
áreas de fundo de vale, bem como compreender os interesses referentes a essa instalação, o
que será objeto de discussão nos próximos capítulos.
Com relação ao conjunto de reivindicações e carências trazidas pelo jornal,
tornou-se possível destacar na gestão Paulo Constantino apenas duas ocorrências, uma delas
ressaltando o abandono de parques infantis em alguns bairros da cidade, sendo apresentada
uma reivindicação feita por uma moradora do Parque Alvorada apontando o abandono do
parque infantil do bairro. Outra carência constatada diz respeito à baixa utilização das piscinas
do Centro Olímpico, devido a sua profundidade com pouco mais de 1,8 metros.
Na primeira gestão Agripino Lima houve um número maior de
reivindicações e carências veiculadas pelo jornal, por exemplo, as diversas ocorrências
relacionadas à falta de áreas de lazer e até mesmo entrevistas com moradores cobrando a
instalação de equipamentos de lazer em alguns bairros da cidade. Também foram destacadas
pelo jornal, as carências relacionadas à lentidão das obras do Parque do Povo, o que
ocasionou em erosão do córrego que atravessa essa área. É importante enfatizar também, a
interdição do Balneário da Amizade, constatando-se até a utilização irregular desse balneário
(poluído) por parte de banhistas, sendo que esse permanecia interditado até o ano de 2006.
Tanto no período referente à gestão Mauro Bragato, quanto à segunda
gestão Agripino Lima, não ocorreu um número representativo de notícias no jornal
evidenciando reivindicações ou carências ligadas à área do lazer. Verificamos no período
Mauro Bragato três ocorrências, sendo que duas delas se referiram ao abandono de praças de
lazer e a irregularidade do parque de diversões da Cidade da Criança na gestão anterior
Agripino Lima (1993/ 1996). Na segunda gestão Agripino (2001/ 2004) também foram
identificadas três ocorrências, sendo que uma delas não apresentou relação direta com o poder
público.
81
Percebe-se que nesses quinze anos não houve tantas reivindicações e/ ou
carências destacadas pelo jornal. Mesmo assim, do montante apresentado é possível destacar
que a quantidade mais representativa está ligada à primeira gestão Agripino Lima, não se
verificando o mesmo em sua segunda gestão, pois esse segundo momento é marcado pela
instalação de diversos equipamentos. Muitos possivelmente ganharam importância devido à
constatação dessas reivindicações apontadas nesse momento anterior. Essas reivindicações e
carências, bem como as contemplações de algumas obras voltadas para o lazer, nos levaram a
formular dois mapas que serão apresentados a seguir (páginas 82 e 83), auxiliando-nos na
escolha das áreas que serão levantadas empiricamente para verificar a vivência do lazer da
população. Um dos mapas apresenta a ocorrência dessas reivindicações segundo o jornal,
enquanto outro apresenta também segundo o jornal a contemplação de algumas obras
realizadas, em muitos casos atendendo a essas reivindicações constatadas no primeiro mapa.
Esses dois mapas se complementam, já que ora apresentam reivindicações e
ora contemplações se referindo a benfeitorias voltadas para a área do lazer. No primeiro
(Mapa 2), as reivindicações apresentadas correspondem sobretudo ao início da década de
1990, entre os anos de 1993 a 1995 (gestão Agripino Lima). Já no segundo (Mapa 3), as
benfeitorias contempladas pelo poder púbico referem-se acima de tudo a dois períodos, um
que corresponde ao início da década de 90, entre os anos de 1990 a 1992 na gestão Paulo
Constantino, e um segundo período, concentrando-se mais no início do Século XXI,
correspondendo mais especificamente a partir do ano de 2001. Coincidentemente, tanto as
reivindicações quanto as contemplações apresentadas a partir de 2001 correspondem a uma
mesma gestão, a qual assumiu a prefeitura justamente em 1993 e ficou no poder até 1996,
retornando em 2001, se encontrando presente até os dias atuais após se reeleger
consecutivamente em 2004, esses dois diferentes períodos estão relacionados à gestão
Agripino Lima.
0
84
Ainda com relação às manchetes e artigos trazidos pelo jornal, podemos
nesse último momento apontar outras ocorrências destacadas que não se enquadraram
diretamente com os três tópicos (linhas do tempo) elencados até então. Esses apontamentos
são chamados de “demais artigos”, podendo ser classificados através de manchetes que
evidenciaram a presença de artigos escritos por cronistas, moradores, ou de opiniões
formuladas pelo jornal fazendo referência à questão do lazer.
Nesse sentido, foram poucos os apontamentos levantados nos quatro
períodos analisados, sendo possível destacar na primeira gestão Agripino Lima e na gestão
Mauro Bragato a presença de um artigo em cada uma delas. Na gestão Agripino Lima,
apareceu uma ocorrência enfatizando a presença de um grupo de “Hip Hop” da cidade. Nessa
manchete foi destacada uma entrevista com o Sargento Guerra, que ressaltou a importância do
Hip Hop na vida de muitos jovens de áreas de periferia, principalmente de origem negra. Esse
sargento, juntamente com alguns jovens moradores da zona oeste da cidade, vinham
organizando a divulgação do Hip Hop pela cidade, através de apresentações de dança em
diversos locais, sendo esse sargento o empresário desses jovens artistas. Na gestão Mauro
Bragato, apareceu um artigo enfatizando que as “noites de domingo dividem opiniões na
Cohab”, (O IMPARCIAL, 21/07/1998, p.5, Caderno B). Tal artigo se referiu à grande
aglomeração de pessoas no entorno de alguns bares e lanchonetes na principal avenida do
bairro, alvo de reclamações por parte de alguns moradores, devido a grande intensidade do
som proporcionada pela aparelhagem utilizada nos carros estacionados no entorno desses
bares e lanchonetes na avenida.
Na segunda gestão Agripino Lima também foi apresentado apenas um
artigo, escrito por Alexandre Garcia intitulado “lazer, consumo e prazer”. Nesse artigo, o
colunista apresentou uma discussão que relaciona essas três idéias, colocando o lazer como
algo estritamente direcionado ao rompimento com a rotina do trabalho, o prazer aparecendo
como algo possível de ser verificado em qualquer ambiente, e por fim, o consumo como algo
mais amplo que tende a direcionar em muitos casos as possibilidades dos indivíduos
usufruírem momentos de prazer e/ ou lazer.
Já na gestão Paulo Constantino, verificou-se a presença de um número
maior de manchetes enquadradas como “demais artigos”, sendo cinco ao todo. Uma diz
respeito à opinião bastante favorável de uma moradora a respeito do programa “Domingo no
Parque”. Outra foi um artigo escrito por uma professora dando destaque à importância do
lazer na vida das pessoas, enfatizando que “o lazer não é brincadeira”. Tivemos uma
85
manchete referindo-se ao papel exercido por uma lanchonete como responsável por trazer
animação a uma determinada área da cidade.
Foi levantada também, uma manchete a respeito da instalação de um
número considerável de casas populares na cidade. Mesmo essa última não apresentando uma
relação com algum tipo de prática de lazer, o destaque a nosso ver deve-se acima de tudo, ao
fato de que esses novos conjuntos habitacionais são instalados num momento que compreende
uma considerável expansão da malha urbana da cidade e, conseqüentemente, observa-se a
maior necessidade da disposição de equipamentos e espaços de lazer pela cidade.
Por último, resolvemos enfatizar uma manchete apresentada pelo jornal
destacando o papel exercido pela Secretaria de Esportes no âmbito local, verificando-se a
seguinte afirmação: “Com a Amepp o esporte cumpre sua função social”, levantando uma
série de obras e ações realizadas pela respectiva Secretaria. (O IMPARCIAL, 24/03/1991,
p.05, Caderno C). Nesse momento, o destaque foi dado a todas as ações e obras ligadas às
Secretarias de Esportes e Obras Públicas municipais, sendo possível constatar uma relação
bastante íntima entre o jornal e essa gestão ao ressaltar a ‘função social’ presente nessas
obras, algo que não é verificado em outras gestões marcadas pela instalação de outras obras
voltadas para a área do lazer.
Isso nos faz refletir sobre a forte ligação estabelecida entre o jornal e a
referida gestão municipal, sendo possível constatar que o jornal nesse momento exercia o
papel de “porta voz” das ações da Prefeitura Municipal.
Através dessas linhas do tempo, tornou-se possível verificar com maior
clareza a quantidade de notícias veiculadas pelo jornal referentes a essas diferentes gestões
municipais.
No período Paulo Constantino, observa-se a representativa quantidade de
programas e eventos concentrada nos três anos levantados de sua gestão, de 1990 a 1992, com
destaque para 1991. Quando nos referimos às áreas e equipamentos, verifica-se uma
concentração das ocorrências nos anos de 1990 e 1991. Já com relação às reivindicações e
carências constatadas, percebe-se a presença de apenas duas ocorrências no ano de 1990.
Na primeira gestão Agripino Lima, nota-se a presença de uma quantidade
não muito representativa de programas e eventos, sendo bem distribuída a presença desses no
decorrer dos anos de 1993 a 1996. As ocorrências referentes às áreas e equipamentos
aparecem de forma mais concentrada no ano de 1994, com exceção de ocorrências
esporádicas em outros anos. Com relação às reivindicações e carências, observa-se a presença
dessas de forma dispersa no decorrer de três anos, de 1993 a 1995.
86
Na gestão Mauro Bragato, constatamos a presença de uma grande
quantidade de programas e eventos durante os quatro anos de seu governo, havendo grande
concentração dessas ocorrências em todos os anos de sua gestão. Tornando-se perceptível
conforme já destacamos, que essa é a gestão representada com a maior quantidade de
programas e eventos relacionados à prática do lazer. As ocorrências referentes às áreas e
equipamentos aparecem em pequeno número em 1997 e 1999. Observa-se ainda, a presença
de pouquíssimas ocorrências relacionadas a reivindicações e carências ligadas ao lazer,
apresentadas no ano de 1997.
Na segunda gestão Agripino Lima, verifica-se a presença de programas e
eventos concentrados mais especificamente entre 2001 e 2003. A presença de notícias sobre
as áreas e equipamentos de lazer aparece com grande relevância nessa gestão, sobretudo
concentradas no ano de 2002, sendo possível constatar ainda ocorrências nos outros anos.
Com relação às reivindicações e carências, detectamos a presença de três reivindicações no
ano de 2003.
LINHAS DO TEMPO (GESTÃO PAULO CONSTANTINO/ 1989 - 1992)
1
2
0
91
3.2 - Considerações acerca das políticas de lazer apresentadas em cada gestão municipal
Tivemos até aqui, um panorama nesses quinze anos das notícias veiculadas
no jornal. A partir disso, tornou-se possível refletirmos a respeito da constituição de algumas
políticas voltadas para a área do lazer presentes nas agendas das respectivas gestões que
comandaram o município. Para isso, é de grande relevância a tentativa de traçar possíveis
identificações e divergências entre essas gestões, a fim de entender como cada uma priorizou
sua agenda de lazer, de acordo com as informações trazidas pelo jornal.
Com base nesses artigos, percebe-se então um duelo de forças no âmbito
local estabelecido na década de 1990, forças estas representando de um lado um grupo
conduzido pelo ex-prefeito Paulo Constantino e, de outro lado, um grupo que esteve e ainda
está no poder liderado pelo atual prefeito Agripino Lima.
De acordo com o que foi apresentado pelo jornal “O Imparcial”, tornou-se
possível identificar sua maior aproximação com a gestão de Paulo Constantino.
Empreendimentos realizados na gestão Paulo Constantino, como a
construção dos CIEMS (Centros Integrados de Educação Municipal), o papel exercido pela
Secretaria de Esportes (Amepp) e demais programas que receberam grande relevância como o
“Povo no Parque” ou o “Divertindo-se nos bairros”, foram algumas das atividades destacadas
em forma de manchetes, evidenciando uma intensa relação do jornal com a referida gestão,
sobretudo quando foi enfatizada a “função social” existente nessas ações. Ao salientarmos
isso, não estamos apenas nos referindo ao número absoluto de ocorrências das manchetes
levantadas no jornal, mas sim à forma como essas manchetes foram apresentadas, sendo
possível verificar um tratamento mais próximo e uma maior ênfase por parte desse jornal com
relação às ações dessa gestão municipal.
Na gestão Agripino Lima, embora tenha ficado evidente a presença de um
número consideravelmente menor de ocorrências enquadradas ou próximas de algum tipo de
prática de lazer, é pertinente lembrar que em sua segunda gestão é apresentado um tipo de
política específica voltada para a instalação de “praças esportivas” em áreas de fundo de vale
em vários pontos da cidade.
Podemos dizer num âmbito geral que esse tipo de política vem sendo uma
das marcas da gestão Agripino Lima a partir do ano de 2001, pois muitas dessas ações
atendem a certas reivindicações e carências destacadas pelo jornal em período anterior
92
correspondente a uma gestão comandada por esse mesmo prefeito. Essa considerável
instalação de praças esportivas nos diversos pontos da cidade atende acima de tudo a bairros
habitados por uma população mais pauperizada e mais desprovida de equipamentos urbanos.
Essa política segue a influência da (re) urbanização do Parque do Povo que se torna alvo de
grande interesse paisagístico nesse período, passando por constantes reformas e
transformando-se numa espécie de vitrine e cartão postal para a cidade
10
.
Ao analisar as reformas realizadas nessa área, Miño (2004) destaca que tal
política “[...] reforça o ideário de uma administração dinâmica realizadora de obras que são
apresentadas como exemplos de desenvolvimento, progresso e avanço para a cidade,
reforçando a imagem do prefeito como ‘tocador de obras’”. (MIÑO, 2004, p.83).
Para se referir à urbanização dessas áreas de fundo de vale, o mesmo autor
destaca que “a atual administração municipal demonstra uma preocupação especial de se
consolidar como uma grande executora de obras na cidade, passando sempre a idéia de
‘Prudente, um canteiro de obras’”. (MIÑO, 2004, p.84).
Assim, podemos concluir que a instalação de praças esportivas em áreas de
fundo de vale constitui a principal política voltada para o lazer presente na gestão Agripino
Lima, compreendendo então, a principal agenda de lazer dessa gestão.
Na gestão Paulo Constantino, podemos enfocar a presença de dois
programas vinculados à área de recreação. Um deles se destaca mais, no caso o programa “O
Povo no Parque”, outro também aparece com grande destaque e compreende o programa
“Divertindo-se nos bairros”, ambos ligados à recreação e contemplados por grandes públicos
segundo o jornal.
No período em que Mauro Bragato esteve à frente do poder local não ficou
perceptível um tipo de política específica voltada para a área do lazer. Nesse período de uma
forma geral, o ponto principal foram os programas e eventos implementados, ficando evidente
a presença da Secretaria da Cultura frente a uma programação bem diversificada, sobretudo
referente às diversas amostras culturais que foram realizadas.
Como já foi evidenciado em outro momento, o programa “Viva Prudente”
aparece mais especificamente no ano de 1999. Podemos associá-lo ao mesmo papel
10
A instalação do Parque do Povo teve início na década de 1970 com recursos públicos oriundos do governo
federal e repassados à prefeitura do então prefeito Walter Lemes Soares (1973-1977). Contribuiu politicamente
para a eleição de Paulo Constantino, que eleito adquiriu perante a população a imagem de grande empreendedor.
(CALIXTO, 2001). Numa fase mais recente, conforme destacamos acima nessas últimas gestões Agripino Lima,
adquire um novo formato cada vez mais moderno e também favorece a imagem desse prefeito que lança uma
‘campanha de revitalização dessa área’.
93
desenvolvido em momento anterior no período Paulo Constantino com os dois principais
programas recreativos já destacados nessa outra gestão.
Embora possamos associar de uma forma geral a gestão Mauro Bragato
com a gestão Paulo Constantino, sobretudo através da presença das manchetes e artigos que
enfatizam a prática do lazer, existe um apontamento feito por Spósito (1997) diferenciando e
qualificando a presença da gestão Mauro bragato como sendo um novo período da política
local.
Para Spósito (1997):
O revezamento do poder entre diferentes agentes econômicos, ligados às
mais diversas associações de classes ou de grupos, só vai sofrer mudança
em sua base de sustentação com a eleição do prefeito em 1996, (Mauro
Bragato) cuja coligação, pela primeira vez na história de Presidente
Prudente, apresenta uma plataforma baseada em estudos da realidade da
cidade, cujas formas de atuação levam em conta o papel do cidadão.
(SPÓSITO, 1997, p.25).
Se o período correspondente a essa gestão foi um marco rompendo a
política que vinha sendo estabelecida pelos diferentes grupos hegemônicos até então e, se
realmente coloca em pauta o papel do cidadão, não cabe a nós aprofundarmos nesse trabalho,
mesmo assim, é importante apontarmos a aproximação realizada nessa gestão com alguns
segmentos da sociedade, entre esses a UNESP de Presidente Prudente. Essa aproximação
permitiu à prefeitura introduzir em sua pauta alguns estudos acerca da realidade local
desenvolvidos por pesquisadores dessa faculdade.
Podemos apresentar como exemplo, a elaboração de um mapa síntese
(apresentado no Capítulo 2), o qual destaca as áreas de inclusão/ exclusão social da cidade
com base em uma série de indicadores sociais, parceria do LAGHU (Laboratório de
Geografia Humana da Unesp) com essa respectiva gestão municipal (gestão Mauro Bragato).
Essa experiência de trabalho em conjunto, permitiu “[...] que o poder público divulgasse à sua
população os limites e a distribuição espacial das áreas de exclusão social da cidade”.
(SPÓSITO etal. , 2002, p.98).
Com relação às agendas de lazer apresentadas nesses anos, conforme o
destaque do jornal, verifica-se que cada governo procurou enfocar de forma diferenciada essa
questão, ora direcionando mais atenção aos programas e eventos e mais recentemente à
instalação de praças esportivas em fundos de vale.
Podemos destacar de uma forma geral que diferentes políticas foram
priorizadas por cada gestão, recebendo a devida importância nesses quinze anos. Não fica
94
claro a existência de um eixo norteador e articulador dessas políticas, pois observa-se em cada
período a presença de diferentes aspirações envolvidas e, conforme iremos demonstrar
posteriormente, as ações realizadas pelo poder público nem sempre contemplam plenamente
as populações de baixa renda que mais necessitam dessas políticas direcionadas ao lazer.
Observa-se muitas vezes a falta de manutenção das áreas destinadas a tal uso e também a falta
de um eixo programático e itinerante que passe pelos bairros e ressalte os reais anseios da
população no que diz respeito ao lazer.
A seguir, abordaremos no próximo capítulo como vem sendo estruturada
essa atual política voltada para a área do lazer na cidade, tendo em vista a implantação de
diversas áreas de lazer em fundos de vale localizados principalmente nas periferias que
possuem população com renda baixa a média baixa sujeitas à exclusão social.
95
CAPÍTULO 4 - O LAZER NA CIDADE: UMA VISÃO GERAL A RESPEITO DAS
ATUAIS POLÍTICAS DE LAZER
Neste capítulo, direcionamos nossa atenção para identificar as principais
políticas de lazer que vem sendo estabelecidas atualmente em Presidente Prudente, enfocando
exclusivamente o “padrão” implantado de urbanização de fundos de vale.
Tendo em vista a política de lazer estabelecida nos últimos anos, a qual
compreende a implementação de um conjunto de praças dotadas de equipamentos de lazer na
malha urbana de Presidente Prudente, partimos para a escolha das áreas selecionadas para a
aplicação do questionário. Escolhemos quatro áreas de fundo de vale que foram urbanizadas,
transformando-se em praças dotadas de equipamentos de lazer. Isso foi possível a partir de
várias informações levantadas empiricamente e mapeadas no decorrer da pesquisa.
4.1 - As principais políticas e ações voltadas para o lazer
No mapa apresentado a seguir (Mapa 4), elaborado no ano de 2003,
plotamos os espaços e equipamentos de lazer nas áreas consideradas de inclusão/ exclusão
social. Com base nesse mapa, foi possível observar que há uma nítida concentração desses
espaços e equipamentos nas áreas centrais da cidade, sobretudo dos equipamentos culturais,
sendo muitos deles ligados à Secretaria de Cultura. Esses se encontram dispostos em um
círculo que engloba poucos bairros, ressaltando principalmente as áreas centro e centro –
oeste da cidade. Nessa primeira área podemos destacar a presença do Teatro Municipal, do
Parque de Uso Múltiplo (PUM), da Biblioteca Municipal se estendendo até a Faculdade
Toledo e ao SESI. Na segunda área, que corresponde à faixa centro – oeste da cidade se
destaca a presença da UNESP, do SENAC, das Termas Municipais, da Casa do Médico e da
Faculdade UNOESTE. Em alguns desses espaços e equipamentos mencionados, apesar de não
haver o subsídio direto do poder público municipal, constata-se a presença de programas
abertos à comunidade desenvolvidos em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura.
No que se refere aos espaços e equipamentos esportivos, percebe-se que
esses se encontram um pouco mais disseminados pela cidade, se estendendo em direção a
96
alguns pontos mais dispersos da malha urbana, contemplando algumas áreas de periferia.
Nota-se nesse momento que os equipamentos públicos de lazer mais presentes na cidade são
os campos de futebol, sendo possível detectar esses equipamentos como predominantes e
praticamente os únicos a contemplar a maior parte das áreas periféricas da cidade.
A cidade de Presidente Prudente (no momento desse levantamento) não
apresentava uma boa oferta de equipamentos públicos de lazer para atender a população em
geral. Conforme fica evidente no mapa 4, observa-se que a distribuição dos equipamentos
existentes se concentra nas áreas mais centrais da cidade, contrastando com os setores que
apresentam um grau mais elevado de exclusão, já que esses setores compreendem as áreas de
maior carência social e, por sua vez, são aquelas que mais necessitam de equipamentos
públicos de lazer. É possível identificar que as áreas mais excluídas do ponto de vista sócio-
espacial e econômico, coincidem com aquelas com baixa oferta de equipamentos de lazer,
sendo que as áreas mais carentes da cidade correspondem às zonas leste e norte. Essas duas
grandes áreas são contempladas por alguns campos de futebol, um ramal de biblioteca na Vila
Operária, um teatro de arena na Vila Furquim, pelo SESI, pela Instituição Toledo de Ensino e
por algumas áreas verdes que vêm sendo urbanizadas com o intuito de contemplar
equipamentos de lazer. (LUCAS, 2003, p.31 - 2). Nesse mapa ainda se encontram presentes, a
localização dos dois shopping centers da cidade.
No decorrer da pesquisa de Mestrado, elaboramos um novo mapa (Mapa 5),
produzido a partir das informações coletadas entre os anos de 2004 e 2006. No que diz
respeito à disposição dos equipamentos de lazer, não procuramos dividi-los em equipamentos
culturais e esportivos conforme o mapa anterior, porque concluímos que ambos são resultado
de uma política comum efetivada sob o comando do mesmo prefeito e que teve à sua frente o
papel da Secretaria de Obras como responsável pela implantação.
Tal política faz parte dessa nova agenda da prefeitura nesses anos mais
recentes, que coloca a urbanização de fundos de vale como uma das principais marcas do
governo e, por conseqüência, como a principal política voltada para o lazer na cidade. Nesse
sentido é que adotamos nesse novo mapa o seguinte título: “Praças esportivas em áreas de
fundo de vale”.
Percebe-se que a implantação dessas praças foi resultado da ação da
Secretaria de Obras e compreende uma política articulada com a ação das duas Secretarias
citadas anteriormente, a de Esportes e de Cultura. Possui em sua base, a implantação de
determinados equipamentos vistos como “padrão” e presentes em quase todas as novas
97
praças, recebendo ainda influência do principal espaço público de lazer da cidade, instalado
nas mesmas condições que compreende o Parque do Povo.
Esse segundo mapa se diferencia um pouco do primeiro se considerarmos a
não disposição dos atuais equipamentos culturais e esportivos ligados às respectivas
Secretarias Municipais. No entanto, observa-se que a prefeitura se mantém sob o comando da
mesma gestão municipal desde o ano de 2001. Com base nisso, observamos a permanência de
programas e equipamentos já mencionados no mapa anterior.
Fica claro nesse segundo momento que houve uma considerável
disseminação de praças dotadas principalmente de equipamentos esportivos em diversas áreas
de fundo de vale, sobretudo na periferia, compreendendo acima de tudo as áreas mais sujeitas
à exclusão social.
Uma área da cidade significativamente contemplada por esses equipamentos
corresponde à zona leste. Situação muito diferente em 2003, quando tínhamos a presença de
pouquíssimas áreas dotadas de equipamentos esportivos voltados para o lazer, eram
principalmente as praças do Jardim Brasília e da Vila Iti, além das praças da Vila Líder e Stª.
Mônica recém inauguradas. No mapa atual, constatamos a presença de cerca de dez novas
áreas de fundo de vale urbanizadas e dotadas de equipamentos de lazer, além das praças já
existentes que passaram por reforma, sendo esse um dos fatores mais considerados para
justificar a escolha de duas das áreas de nossa investigação empírica na zona leste de
Presidente Prudente. (Praça de lazer da Vila Líder, que se encontra entre as Vilas Líder e
Planaltina e, a Praça de lazer da Vila Brasil, a qual se encontra entre as Vilas Brasil e Iti).
O mesmo ocorreu com outra área da cidade composta por setores com alto
grau de exclusão social, a zona norte. Nesse local, tínhamos a presença de praticamente uma
única área que na verdade corresponde a um campo de futebol no bairro Brasil Novo,
havendo em seguida a instalação de uma praça de lazer na Vila Angélica. Atualmente,
verifica-se a implementação de seis novas praças dotadas desses equipamentos nessa área da
cidade.
Portanto, percebe-se que essa política que vem implementando novas praças
esportivas obedece a um “padrão”, disseminando os mesmos equipamentos esportivos em
quase todas as áreas de fundo de vale urbanizadas. Esse novo “padrão” rompe com o anterior
verificado nas praças esportivas, cuja maioria delas, eram compostas basicamente por campos
de futebol. Nas mais recentes, verifica-se a expansão de uma quantidade variada de
equipamentos, como quadras de cimento ou areia, parques infantis, quiosques, ou ainda as
pistas de skate e de caminhada. (Mapas nas páginas seguintes).
0
1
100
Com o intuito de verificar a presença dessas novas áreas de lazer, bem como
a composição dos equipamentos presentes em cada uma delas, realizamos um levantamento
na cidade visitando mais de quarenta praças instaladas e/ ou reformadas nesses últimos anos, a
maioria delas em áreas de fundo de vale.
A maior e mais bem aparelhada dessas praças passou por recente reforma e
compreende o já citado ‘Parque do Povo’
11
. Com uma extensão de aproximadamente 3 km,
possui um amplo conjunto de equipamentos disponibilizados no decorrer dessa extensão.
Apresentamos agora o número de equipamentos presentes nessa área, são eles: (Pista de
caminhada envolvendo toda sua extensão, pista de ciclismo, barras de musculação,
playground ou parques infantis em diferentes pontos, quadra de areia, teatro de arena,
banheiros públicos, dois campos de futebol society, duas quadras de cimento e ainda existe a
presença do Centro Olímpico, que compreende uma área dotada com um conjunto de piscinas,
pista para ciclismo, quadra de bocha e onde se encontra a sede da Secretaria Municipal de
Esportes).
Com relação aos outros locais visitados, não pretendemos nos desdobrar
muito na descrição, mas destacamos uma listagem com o nome e o número de equipamentos
presentes em cada um para em seguida tecer alguns comentários a respeito.
11
Uma planta urbana trazendo à tona a localização dessa área será apresentada no final do capítulo.
101
Quadro 2 - Praças de lazer implantadas e/ ou reformadas a partir de 2001
Praças: Equipamentos presentes:
1 - Vila Nova Prudente Parque infantil
2 - Jardim Cambuci Campo de futebol de areia, parque infantil (ao lado de
escola)
3 - Jardim Sumaré Campo de areia, quadra de areia, parque infantil, quiosque
4 - Parque Alvorada Campo de areia, pista de skate, parque infantil
5 - Rotatória Abílio Nascimento Campo de areia, parque infantil, quadra de areia
6 - Vila Brasil 2 quadras de areia, 2 parques infantis, pista de skate,
campo de areia, quiosque
7 -Jardim Stª. Filomena Parque infantil, pista de skate, 2 campos de areia, mini-
campo de areia
8 - Jardim Itapura Parque infantil, campo de areia, quadra de bocha, quiosque
9 – Av. Ibrain Nobre/ Xingu Parque infantil
10 - Parque Furquim Quadra de areia, parque infantil, teatro de arena
11 - Parque Primavera Campo de futebol, parque infantil, quadra
12 - Parque Alexandrina Pista de skate, campo de futebol, 2 quadras de areia,
parque infantil, quadra de bocha, quiosque
13 - Parque Watal Ishibashi 2 quadras de areia, pista de skate, campo de futebol,
parque infantil, campo de malha, quiosque
14 - Jardim Humberto Salvador 2 quadras de areia, 2 parques infantis, campo de areia
15 - Jardim Cobral Parque infantil, campo de areia
16 - Jardim Leonor Parque infantil
17 - Jardim Novo Bongiovanni Quadra de areia, campo de areia, parque infantil
18 – Jd América e Barcelona Campo de areia, 2 quadras de areia, parque infantil
19 - Jd. Santa Olga e Vitória
Régia
Quadra de areia, parque infantil
20 - Jardim Regina Parque infantil, quadra de areia, campo de malha, campo
de futebol, pista de skate
21 - Parque Bandeirantes Campo de areia, quadra de areia, parque infantil, quiosque
22 - Jardim Maracanã Campo de areia, parque infantil, quiosque
23 - Jardim Stª. Paula 2 quadras de areia, parque infantil, quiosque, barras
24 - Jardim Vale Verde 2 quadras de areia, teatro de arena, pista de skate, campo
de futebol, 2 quiosques, quadra de cimento, parque
infantil, pista de caminhada, banheiro, campo de malha
desativado
25 - Jardim Mediterrâneo 2 quadras de areia, pista de skate, parque infantil, quiosque
26 - Jardim Vale do Sol 2 quadras de areia, parque infantil, pista de skate, quiosque
27 - Jardim Shiraiwa 2 quadras de areia, parque infantil, quiosque
102
28 - Jardim Vila Real Quadra de areia, parque infantil, quiosque
29 - Conjunto Habitacional
Mário Amato
Parque infantil, 2 quiosques, 2 quadras de areia, pista de
skate, campo de futebol, banheiro, quadra de cimento
30 - São João Parque infantil, quadra de areia
31 - Jardim Alto da Boa Vista Campo de futebol, mini-campo gramado, parque infantil,
quiosque, quadra de areia
32 - Jardim Icaraí Campo de areia, quadra de areia, barras, parque infantil
quiosque
33 - Jardim Bongiovanni 2 quiosques, barras, parque infantil
34 - Jardim Jequitibás I e II Parque infantil, quadra de cimento, campo de futebol,
quiosque, banheiro
35 - Jardim Sabará Parque infantil, quadra de areia, campo de areia, pista de
skate, 2 quiosques, barras
36 - Parque São Judas Tadeu 2 parques infantis, quadra de cimento, pista de skate,
quiosque
37 - Parque São Mateus 3 parques infantis, 2 quadras de areia, quadra de cimento,
campo de areia, banheiro, quiosques, fonte
38 - Vila Angélica 2 campos de areia, quadra de areia, parque infantil,
banheiro
40 - Vila Iti Ginásio, campo de futebol, parque infantil, campo de areia
41 - Vila Líder 3 parques infantis, 2 quadras de cimento, pista de skate,
campo de várzea, campo de futebol, pista de caminhada, 2
banheiros, quiosque
42 - Stª. Mônica Campo de areia, quadra de areia, quadra de cimento, teatro
de arena, parque infantil
43 - São Gabriel *
44 - Vila Aurélio e Rotária *
45 - Jardim Brasília Campo de futebol, piscina
46 - Conjunto Habitacional Ana
Jacinta
2 quadras de areia, 2 quadras de cimento, pista de skate, 2
banheiros, parque infantil, pista de caminhada, barras
47 - Parque das Andorinhas
(COHAB/CECAP)
2 quadras de cimento, 2 quadras de bocha, pista de
caminhada, parque infantil, quiosque com lanchonete
* praças não localizadas
Fonte: Trabalho de campo (agosto/ 2006)
Organizador: Fabrício da Mata Lucas
103
Essa é uma listagem do conjunto de praças instaladas e/ ou reformadas
geralmente em áreas de fundo de vale que contemplam uma série de equipamentos voltados
para a prática do lazer, sendo esses essencialmente esportivos. Essa listagem corresponde a
uma atualização feita pela atual Prefeitura Municipal por meio de sua Secretaria de Obras em
23/01/2006. Portanto, são inclusas nesse quadro tanto as novas praças de lazer com obras
iniciadas no decorrer de 2001, onde um conjunto representativo delas foram implantadas a
partir de 2004, mas também são contempladas outras praças mais antigas que nos últimos
anos receberam algum tipo de reforma, ou a instalação de novos equipamentos
12
.
De uma forma geral, o que se observa é a predominância nas praças de
Presidente Prudente de um conjunto de equipamentos esportivos, sendo bastante ínfima a
presença de outros tipos de equipamentos culturais voltados para atividades coletivas, como
teatro, música, dentre outras atividades. As quadras de areia, os parques infantis e os
quiosques representam alguns dos equipamentos mais presentes nas áreas (praças) de lazer da
cidade de Presidente Prudente.
Outro aspecto de grande relevância que merece ser analisado a respeito
dessas praças refere-se à presença de áreas verdes. Se a implantação de praças não deveria vir
desacompanhada de vegetação arbórea que possa propiciar um maior conforto térmico
durante os momentos de lazer, observa-se nas praças de Presidente Prudente a predominância
de extensas faixas compostas por ‘gramados’, sendo possível constatar ainda a presença de
outras espécies de maior porte, que ora aparecem de forma bastante reduzida em algumas
praças, ora de forma mais presente em outras.
Ao se pensar na instalação dessas praças de lazer do ponto de vista dos
impactos que são gerados no ambiente, nos reportamos a alguns trabalhos que podem apoiar
nossa discussão
13
.
A implantação de novos loteamentos na cidade nem sempre tem obedecido
aos critérios mais adequados estabelecidos nas legislações urbana e ambiental, seja no nível,
federal, estadual ou municipal. Isso reflete diretamente na instalação das novas praças de
lazer, pois como temos destacado até agora, a ampla maioria dessas praças está sendo
instalada em áreas de fundo de vale, passando por um processo de urbanização que (re)
qualifica o uso desses espaços.
12
Esse levantamento não contemplou algumas novas praças dotadas desses equipamentos instaladas nos distritos
de Presidente Prudente, como em Ameliópolis, Eneida e Floreta do Sul. Também não foi feita menção a uma
importante área localizada fora da malha urbana da cidade que passou por um conjunto de reformas e oferece
uma série de equipamentos voltados para a prática do lazer, conhecida como “Cidade da Criança”.
13
Cf. Ikuta 2003 e Amorim 2001.
104
Ao pensar nessas áreas podemos destacar, fundamentalmente, conforme já
apontamos, a importância de gerar um novo uso, pois ambas se encontravam na maior parte
das vezes degradadas, sendo marcadas pela deposição e acúmulo de diversos tipos de
resíduos. Pensando assim, torna-se possível levantar a importância desse novo uso através da
instalação de equipamentos de lazer, propiciando sem dúvida, ao menos paisagisticamente
num primeiro momento, melhorias no âmbito das opções de lazer das pessoas que habitam
essas áreas de periferia.
Mesmo assim, não devemos deixar de ressaltar, conforme Amorim (2001)
aponta, que segundo a lei municipal que regula a instalação de loteamentos urbanos, as áreas
que deveriam ser destinadas para a formação de “sistemas de lazer” não poderiam ser as
topograficamente menos privilegiadas no loteamento, não cabendo a ocupação das áreas de
fundo de vale.
A autora destaca que:
Segundo a lei 2110/80, que dispõe sobre o loteamento urbano do município
de Presidente Prudente, no artigo 6º, inciso V, todas as áreas destinadas a
sistemas de lazer e a usos institucionais deverão ocupar posições de
topografia privilegiada no loteamento, não podendo, de forma alguma,
ocupar fundo de vale ou área de superfície erodida. (AMORIM, 2001, p.
42).
No entanto, sabe-se que as principais áreas alvo de interferências do poder
público no sentido de direcionar sistemas e equipamentos de lazer correspondem justamente a
essas áreas de terrenos mais íngremes e próximas de mananciais e fundos de vale.
Segundo a Lei Complementar Nº 031/ 96, a qual institui o Zoneamento de
uso e ocupação do solo da área urbana do município de Presidente Prudente, o artigo 18
apresenta as Zonas de Preservação e Proteção Ambiental (ZPPA), definindo da seguinte
forma o uso e a ocupação dessas:
Art. 18 - As Zonas de Preservação e Proteção Ambiental - ZPPA
destinam-se exclusivamente a preservação e proteção de mananciais,
fundos de vales, nascentes, córregos, ribeirões e matas, quaisquer
obras nestas zonas, restringem-se a correções de escoamento de águas
pluviais, saneamento, combate a erosão ou de infra-estrutura, e
equipamentos de suporte as atividades de lazer e recreação. (LEI
COMPLEMENTAR Nº 031 /96, Art. 18).
Ainda segundo essa Lei, no Art.19 referente às Zonas Especiais (ZE), é
possível ressaltar outras atribuições ligadas ao lazer, como por exemplo no Inciso XII,
referindo-se à “zona especial de recreação e lazer”.
105
Tendo em vista essa Lei mais recente, fica atribuída a possibilidade de
instalação de infra-estrutura voltada para o lazer nessas áreas de fundo de vale, sendo bastante
recorrente essa prática a partir de 2000.
Ikuta (2003) chama a atenção para o pequeno valor dado aos cursos d água
na composição desses novos empreendimentos voltados para o lazer, pois,
[...] os projetos, em grande maioria, não atribuem aos fundos de vale um
uso múltiplo, que combine área verde com espelho d água e área de lazer. O
que se verifica com freqüência é a canalização aterrada, o que denota que
nestes projetos não se concebem os cursos d água como elemento de
valorização paisagística. (IKUTA, 2003, p.135).
Percebemos na prática, que com o passar dos anos prevalece a destinação
das melhores áreas dos lotes para a comercialização e implantação das edificações. Em
contrapartida, as áreas menos valorizadas, que não estão sob o interesse direto do mercado
imobiliário e compreendem as proximidades de mananciais e fundos de vale, mantém-se sem
uso específico, na maioria das vezes degradadas e suas proximidades ocupadas por
populações de baixa renda. Mais recentemente, um grande número dessas áreas vem passando
por uma intervenção urbana, consolidando a instalação de um conjunto de praças dotadas de
equipamentos de lazer, muito embora, em praticamente todas essas áreas seja dado pouco
valor aos cursos d água, prevalecendo a canalização aterrada.
É perceptível a concretização de diversos interesses ao longo dos anos,
interesses que estiveram acima de tudo ao lado do grande capital imobiliário, ficando aparente
o menor interesse com relação a essas áreas de fundo de vale, pouco valorizadas e sujeitas até
a inundações. Tendo em vista esse contexto, percebe-se a atuação do poder público no sentido
de direcionar essas áreas, as quais compreendem muitas vezes as nascentes de córregos e
geralmente se encontram bastante deterioradas a um tipo de uso voltado para o lazer. Ou seja,
essas áreas acabam se tornando locais apropriados para a instalação de equipamentos e
sistemas de lazer para atender bairros com população de baixa renda.
Pretendemos deixar claro que, embora originalmente essas áreas de fundos
de vale não estivessem direcionadas a receber a instalação de equipamentos de lazer, sendo
em seguida apresentadas algumas mudanças nas leis municipais nesse sentido, observa-se
atualmente, um tipo de política inspirada numa obra que começava a ser estabelecida na
cidade no final da década de 1970 (implantação do Parque do Povo).
Essa obra representa o grande referencial para a implantação de áreas de
lazer em fundos de vale na cidade, não cabendo questionar conforme Calixto (2001, p.147)
destaca, a instalação dessa obra como importante espaço destinado à prática do lazer, “[...],
106
mas sim, chamar a atenção para a forma como foi conduzido o processo”, pois na visão da
autora, a construção desse ‘parque’ foi muito mais uma forma de valorizar as áreas adjacentes
através da implantação de importantes vias de circulação e loteamentos destinados a receber
população com maior poder aquisitivo do que necessariamente valorizá-lo como área de lazer.
Essas atuais obras realizadas na maioria das vezes em áreas de fundo vale
reforçam nossas considerações realizadas no capítulo anterior, quando nos referimos à
importância dada pela atual administração municipal na criação de áreas de lazer em tais
locais.
Segundo Miño (2004):
“O prefeito Agripino Lima tem definido como um dos objetivos de sua
administração ‘acabar com os fundos de vale’, colocando sempre essas
obras como prioritárias quando se trata de conseguir recursos externos à
prefeitura”. (MIÑO, 2004, p.85).
Na visão do autor citado, a implantação desse conjunto de obras ligadas à
urbanização dessas áreas de fundo de vale é algo consideravelmente positivo, ao constituir:
“[...] Um fato muito interessante que os bairros beneficiados são áreas
residenciais de população de renda baixa e média - baixa, [...], já que
possibilitam áreas para o lazer da população que tem tido, historicamente,
menos direito à apropriação de espaços como esses”. (MIÑO, 2004, p.85).
Portanto, esses espaços podem ser considerados como obras de extrema
importância, tendo em vista as possibilidades que passam a ser ofertadas de se vivenciar o
lazer em espaços de acesso livre e gratuito, e ainda próximos de áreas periféricas sujeitas à
exclusão. Podendo essas obras, desde que consigam garantir a possibilidade do pleno uso por
parte dos usuários, representar um dos possíveis “pilares” no combate à exclusão social.
Ainda que Miño (2004) destaca a relevância de tais obras nessas áreas, não
deixa de evidenciar a forte relação clientelista existente no interior do discurso ligado à
implementação dessas obras. Na análise realizada por esse autor, são verificados dois
momentos reveladores dessa relação clientelista, sendo um primeiro durante as cerimônias de
inauguração de algumas praças de lazer, quando “[...] o prefeito apresentava o Secretário de
Obras e Serviços Públicos [...] como seu sucessor ou vice para a reeleição, preparando-se para
a eleição municipal”. (MIÑO, 2004, p.89). Outro momento corresponde, segundo o autor, à
própria visão de muitos dos moradores entrevistados, também reforçada pelos meios de
comunicação, referindo-se à instalação dessas obras “[...] não [...] como uma função precípua
da administração municipal e sim como uma capacidade especial do prefeito para ‘resolver’
os problemas da população”. (MIÑO, 2004, p.89).
107
Diante das informações apresentadas, concordamos com o autor citado,
tanto em relação à importância ligada a instalação dessas praças de lazer, quanto à verificação
de práticas clientelistas, algo que ainda hoje é bastante comum em muitas das administrações
presentes no cenário da política brasileira.
Essa visão a respeito do atual prefeito como “alguém que faz”, capaz de
resolver os problemas e contemplar as necessidades dos moradores é algo extremamente
relevante para esse trabalho, tendo em vista o grande conjunto de obras que vem sendo
realizadas visando a implantação dessas praças de lazer. Esse discurso dos moradores
favorável à atual administração municipal, sobretudo em relação ao incentivo ao lazer, se
encontra verificado adiante no presente trabalho.
Essas informações fornecidas até o momento permitiram direcionar nosso
enfoque para algumas áreas da cidade, com vistas a verificar os reais anseios dos moradores
de algumas áreas periféricas a respeito do lazer conforme se apresenta no próximo Capítulo.
A escolha das áreas esteve vinculada à implantação de um grande número de praças de lazer
pela cidade, havendo maior destaque para algumas dessas praças com considerável dimensão
física inseridas em diferentes bairros com população de renda baixa a média - baixa. O
cruzamento de informações obtidas através do acervo jornalístico analisado no Capítulo 3,
também nos auxiliou em tal escolha, pois essas informações referem-se ora a uma série de
reivindicações feitas pela população por áreas e mais opções de lazer em seus respectivos
bairros e, já em outros momentos por algumas iniciativas realizadas pelo poder público no
incentivo ao lazer na cidade.
Essas informações coletadas forneceram a base necessária para a produção
de dois mapas já mencionados no Capítulo 3, um primeiro (Mapa 2) apresentando as
reivindicações veiculadas pelo jornal e realizadas pela população de alguns bairros se
referindo à falta de lazer, em seguida, um segundo mapa (Mapa 3) fazendo menção às
iniciativas realizadas pelo poder público no sentido de contemplar algumas áreas com
benfeitorias e equipamentos de lazer segundo o jornal.
108
4.2 - Definindo as áreas estudadas
Para a definição das áreas de estudo, temos como ponto de partida o fato de
haver um expressivo aumento do número de praças de lazer em áreas de fundo de vale,
sobretudo nas proximidades de bairros mais periféricos com predomínio de populações de
renda baixa a média - baixa. Outro fator considerável, diz respeito a essas informações
trazidas pelo jornal “O Imparcial” a respeito da falta de opções de lazer em algumas áreas e,
em momento posterior destacando a implantação de áreas de lazer.
Nesse sentido, uma área da cidade que merece atenção refere-se à zona
leste, principalmente devido ao grande número de praças de lazer implementadas e
reformadas. Assim, foram escolhidas duas praças de lazer próximas uma da outra, sendo uma
delas mencionada no mapa que ressalta a implantação de várias praças de lazer em período
mais recente segundo o jornal, compreendendo à “Praça de lazer da Vila Líder”. Outra
importante praça instalada nessa área da cidade e próxima dessa praça anterior, diz respeito à
“Praça de lazer da Vila Brasil”. A escolha dessas duas praças para a análise está ligada
fundamentalmente ao grande espaço físico compreendido por cada uma delas, ambas
localizadas no entorno de vários bairros densamente povoados, apresentando médio grau de
exclusão social (Ver Mapa 1).
Outra praça escolhida encontra-se numa área da cidade que apresenta entre
alto e médio grau de exclusão social (Ver Mapa 1), compreendendo as imediações de um
bairro localizado na zona norte da cidade, área esta que recebe a instalação de algumas praças
de lazer nesses últimos anos, a partir de 2004. Estamos nos referindo à “Praça do Watal
Ishibashi”, instalada nas imediações do Parque Watal Ishibashi, onde se verificou ainda, uma
reivindicação dos moradores cobrando por áreas de lazer no início da década de 1990,
constatada no acervo jornalístico levantado.
Uma outra praça de lazer de considerável extensão e levantada nesse
trabalho localiza-se na porção sudoeste da cidade. Refere-se às imediações de um bairro
populoso (cerca de 15% da população da cidade) que apresenta considerável distância do
centro principal de Presidente Prudente. Trata-se do Conjunto Habitacional Ana Jacinta, cujos
setores que o compõem, apresentam baixa exclusão social (Ver Mapa 1). Apesar de existir
uma elevada distância dessa área com relação ao centro da cidade, reforçando a existência de
uma fragmentação da malha urbana, o bairro Ana Jacinta se encontra servido de uma série de
109
equipamentos urbanos, principalmente ligados aos setores comerciais e de serviços,
constituindo-se um sub centro
14
.
A praça de lazer desse bairro se encontra evidenciada no mapa que traz à
tona as informações fornecidas pelo acervo jornalístico a respeito das praças de lazer
instaladas na cidade.
No próximo Capítulo, abordaremos a opinião da população residente no
entorno dessas diferentes praças destacadas, considerando-se a “praça do bairro Ana Jacinta”
como área 1, a junção das duas praças de lazer da zona leste da cidade, “praça da Vila Brasil”
e “praça da Vila Líder” como área 2 e, a “praça do Watal Ishibashi” como área 3.
Segue no final deste capítulo a presença de um mapa que traz a malha
urbana da cidade (Mapa 6), apresentando a localização do Parque do Povo e das quatro
praças de lazer que são alvo de nossa investigação empírica.
14
Tal local vem se constituindo conforme nos aponta Pereira (2002, p.57) em um dos subcentros presentes na
cidade. Essa área da cidade constitui-se um sub centro predominantemente ligado ao comércio e serviços de
vizinhança. O predomínio de tais serviços está ligado ao fato dessa área não ser considerada como atrativa para
investimentos, “ [...] pois a clientela residente possui um baixo poder aquisitivo em comparação a outras áreas da
cidade que se desenvolveram, em termos de equipamentos comerciais e de serviços, por possuir nas suas
imediações residentes com poder aquisitivo mais elevado”.
0
111
CAPÍTULO 5 – O LAZER SOB A ÓTICA DOS MORADORES DE ALGUMAS
ÁREAS PERIFÉRICAS
Resgatando a conceituação de política pública de Costa (1997), nesse
momento procuramos verificar se realmente as políticas públicas de lazer implementadas em
Presidente Prudente atendem aos interesses da população habitante de áreas de periferia
15
e
sujeitas à exclusão social.
Para isso, vamos nos remeter a Milton Santos (1987), quando este destaca a
importância de um ideal de modelo cívico que traga à tona a cultura e o território. Nesse
momento, fazendo referência às palavras do referido autor, é necessário refletir acerca da
existência desses componentes territoriais e culturais perante a população. Podemos pensar
qual é o grau de acessibilidade que as pessoas de baixa renda ocupantes de áreas sujeitas à
exclusão possuem diante do território no qual estão inseridas, especificamente falando do
acesso à contemplação de práticas de lazer no entorno de seus bairros e ao longo da cidade.
Para Santos (1987), esse “componente cívico” em um país como o Brasil se
encontra incompleto, pois se observa a maior prioridade ao econômico em detrimento de uma
cidadania verdadeiramente completa.
Com o intuito de verificar como está sendo instrumentalizado o território no
sentido de disponibilizar aos habitantes da cidade uma série de bens e serviços indispensáveis,
entre estes o acesso ao lazer, abordamos como os moradores de algumas áreas periféricas
sujeitas à exclusão social vivenciam suas práticas de lazer e como concebem as políticas de
lazer ofertadas pelo poder público.
Tendo como referência as três áreas classificadas para nossa análise,
destacamos nesse momento o levantamento de um conjunto de informações referentes às
15
A respeito do que vem a ser a “periferia”, ver Spósito (2004). Esta autora destaca a necessidade de se aplicar
corretamente o uso do termo, “[...] a partir de realidades espaço-temporais bem definidas, de forma a se
contribuir, em algum plano, para sua consistência conceitual” (Spósito, 2004, p.288). Tal autora enfoca o
importante papel que cabe aos geógrafos no estudo das diferentes formas de produção dos espaços urbanos
periféricos, distinguindo a forma como foi sendo constituída a ‘periferia propriamente dita’ e os subúrbios. É
relevante compreender a diversificação de formas de ocupação dessas áreas periféricas distantes do centro,
sobretudo na atual realidade urbana brasileira, tendo em vista tanto a produção de loteamentos para abrigar
populações de baixa renda, vistos como uma tentativa de solucionar os problemas ligados à habitação, bem como
os loteamentos voltados para os segmentos de médio e alto poder aquisitivo. As áreas de periferia contempladas
nesse trabalho compreendem esses loteamentos que abrigam populações de renda baixa a média-baixa.
112
práticas de lazer vivenciadas pelos moradores habitantes do entorno dessas áreas, tendo em
vista verificar como são configuradas as políticas de lazer na visão desses moradores. Com o
intuito de verificar os anseios da população dessas áreas periféricas em relação ao lazer,
partimos para a elaboração de um questionário visando abordar as opiniões dos segmentos
familiares que compõem cada um dos domicílios elencados.
Para isto, tivemos a supervisão do Prof. Mário Tarumoto
16
, e de acordo com
sua orientação, a amostragem foi estabelecida através de três etapas. Uma primeira
denominada de amostragem estratificada, sendo selecionados três estratos de análise, um que
compreende o entorno da praça de lazer do bairro Ana Jacinta (área 1); um segundo
correspondendo a uma área que abrange o entorno de duas praças de lazer localizadas na zona
leste da cidade devido à proximidade, respectivamente o entorno das praças de lazer dos
bairros Vila Brasil e Vila Líder (área 2); um terceiro que compreende o entorno da praça de
lazer do bairro Watal Ishibashi (área 3).
Uma segunda etapa amostral refere-se à amostragem por conglomerados,
sendo as quadras cada um desses conglomerados. Em uma terceira etapa, utilizamos a amostra
aleatória simples das casas nas respectivas quadras selecionadas, enfocando uma em cada
cinco casas, procurando demonstrar de forma mais fidedigna a diversidade dos habitantes
dessas áreas.
Buscamos no âmbito de cada um desses estratos incluir os setores censitários
mais próximos das praças de lazer mencionadas, destacando no caso da zona leste os setores
que compreendem a junção das duas praças de lazer analisadas. A partir dessa etapa,
selecionamos um número proporcionalmente semelhante de quadras nas três áreas, passando a
representar os chamados ‘conglomerados’. Em seguida partimos justamente para a aplicação
dos questionários junto aos moradores, estabelecendo-se nesse momento a contagem de uma
em cada cinco casas nas respectivas quadras selecionadas. Ficou estabelecida uma
proporcionalidade no número das quadras selecionadas em cada área, ou seja, entre dez e
doze quadras sorteadas ao redor de cada uma das três áreas de lazer. No caso específico da
área 2 (Z. Leste), selecionamos as quadras que se encontram ao redor das duas praças de
lazer, tendo em vista a mesma proporcionalidade estabelecida sobretudo na área 1 (A.
Jacinta).
16
Consultamos o Prof. Drº. Mario Tarumoto, Estatístico e Docente do Departamento de Matemática, Estatística
e Ciências da Computação da FCT/ UNESP - P. Prudente. Esse professor nos auxiliou durante toda fase de
tabulação das informações fornecidas pelos entrevistados ou respondentes, desde a elaboração até a análise dos
questionários aplicados.
113
Através dessa amostragem aleatória simples por domicílio em cada uma das
áreas, procuramos enfocar especificamente as informações fornecidas pelos “chefes de
família”, ou seja, pelos entrevistados responsáveis por cada domicílio, o que não restringiu
esse levantamento somente ao universo de lazer vivenciado por esses respondentes, mas
também foi nosso intuito verificar as opções e a vivência do lazer de todos os moradores
residentes em cada domicílio
17
.
Entrevistamos um total de 172 domicílios nas três áreas, cuja distribuição dos
domicílios e do número de pessoas residentes em cada um pode ser verificada na Tabela 1.
Essa tabela também contempla o número médio de pessoas por domicílio, comprovando que
esse número médio de pessoas em cada domicílio é semelhante nas três áreas
18
.
Tabela 1 - Distribuição dos entrevistados nas três áreas
Área
Número de
domicílios
Número de
pessoas nos
domicílios
Número médio (desvio
padrão) pessoas por
domicílio
1 - Ana Jacinta 67 257 3,83 (1,27)
2 - Zona Leste 72 248 3,44 (1,44)
3 - Watal Ishibashi 33 123 3,73 (1,42)
Total 172 628 3,65 (1,39)
Fonte: Trabalho de campo (julho/ agosto de 2006)
Organizador: Fabrício da Mata Lucas
Através dessa tabela, é possível observar que embora o número dos “chefes
de família” por domicílio entrevistado tenha sido ligeiramente maior na área 2 (Z. Leste),
quando nos referimos ao número total de pessoas presentes nos domicílios, percebe-se a
presença de um número maior de pessoas nos domicílios próximos da área de lazer 1 (A.
Jacinta). Tanto o número de “chefes de família” entrevistados por domicílio, quanto o número
total de pessoas no entorno da área 3 (W. Ishibashi) correspondem a totais relativamente
17
No que se refere a esses respondentes ou “chefes de família”, em muitos casos houveram informações
fornecidas pelos seus respectivos companheiros(as) de matrimônio, prevalecendo nesse caso a opinião de
mulheres “donas de casa” que responderam enquanto seus maridos estavam fora de casa.
18
Para testar a confiabilidade das informações fornecidas, no caso dessa primeira tabela, foi realizada através do
auxílio do já mencionado profissional em Estatística a análise de variância para testar a igualdade das médias,
tendo obtido uma estatística F=1,47 com um p_valor = 0, 2332, indicando que não há diferença na composição
dos domicílios entre as áreas.
114
menores se comparado às outras duas áreas. No entanto, é necessário ressaltar a presença de
um número menor de domicílios nas quadras ou conglomerados próximos dessa área. Ao
compararmos o número médio, observa-se a equivalência nas três áreas com relação ao
número de pessoas por domicílio.
Uma segunda tabela faz referência à distribuição da população por faixa
etária de acordo com cada área. As informações fornecidas através dessa tabela (Tabela 2)
permitem verificar que existe uma distribuição semelhante dos moradores por faixa etária
entre as três áreas.
Tabela 2: Distribuição das faixas etárias em cada área
Faixa etária - anos (Nº total e percentual %)
Área
< 10 10 - 14 15 - 20 21 - 50 > 51
Total
1 - Ana
Jacinta
37
14,40
20
7,78
35
13,62
127
49,42
38
14,79
257
2 - Zona
leste
30
12,10
22
8,87
27
10,89
110
44,35
59
23,79
248
3 - Watal
Ishibashi
24
19,51
11
8,94
13
10,57
52
42,28
23
18,70
123
Total 91 51 75 290 120 628
Fonte: Trabalho de campo (julho/ agosto de 2006)
Organizador: Fabrício da Mata Lucas
Observa-se através dessa tabela uma equivalência entre as três áreas no que
diz respeito à distribuição dos moradores
19
de acordo com cada uma das faixas etárias
estabelecidas, notando uma correspondência entre os maiores percentuais na idade adulta
entre 21 e 50 anos, acima dos 42% em todas elas. Considerando-se que as três áreas estudadas
possuem estrutura familiar e distribuição por faixa etária dos moradores semelhantes,
podemos em seguida adentrar na análise das informações mais relevantes no âmbito desse
trabalho, se referindo ao hábito e à vivência de práticas de lazer por parte dos moradores
dessas áreas, sendo possível traçar uma comparação entre essas.
19
Foi aplicado no decorrer das informações apresentadas nas tabelas o teste qui-quadrado, para verificar se
existe associação entre as áreas e as respectivas informações levantadas. Comprovando em todas as informações
um p_valor calculado acima de 0,005, indicando confiabilidade na amostragem realizada, podendo
conseqüentemente estabelecer uma comparação das informações levantadas nas três áreas estudadas.
115
A tabela 3 nos mostra os números absolutos e os percentuais referentes às
opiniões dos moradores que usufruem ‘sempre’, ‘irregularmente’, ou ‘não usufruem’
momentos de lazer
20
. Esses números revelam que através de um montante de 257 moradores
da área 1 (A. Jacinta), 201 usufruem momentos de lazer, denotando um percentual em torno
de 78%. A grande maioria, representada por mais de 56% não usufrui de forma regular, não se
evidenciando dias nem horários pré-determinados para a vivência de tal prática. Na área 2
(Z.Leste), dos 248 moradores ressaltados, 188, o que representa mais de 75% usufruem
momentos de lazer, em torno de 58% usufruem irregularmente, sem período específico. Na
área 3 (W. Ishibashi), dos 123 moradores destacados, 107 usufruem momentos de lazer,
representando aproximadamente 87%, sendo possível apontar que em torno de 73% usufruem
irregularmente dessas práticas ligadas ao lazer.
Tabela 3: Distribuição dos moradores que usufruem momentos de lazer
Usufrui momentos de lazer (Nº total e percentual %)
Área
Não usufrui Irregularmente Sempre
Total
1 - A. Jacinta 56 (21,79) 145 (56,42) 56 (21,79) 257
2 - Z. Leste 60 (24,19) 145 (58,47) 43 (17,34) 248
3 – W. Ishibashi 16 (13,01) 90 (73,17) 17 (13,83) 123
Total 132 380 116 628
Fonte: Trabalho de campo (julho/ agosto de 2006)
Organizador: Fabrício da Mata Lucas
Observa-se na área 1 (A. Jacinta) que o percentual de moradores que
usufruem regularmente dessa prática é ligeiramente maior se compararmos às duas outras
áreas, enquanto na área 3 (W. Ishibashi), o percentual de moradores que usufruem
irregularmente de práticas ou momentos de lazer é maior comparado às demais. Com relação
aos moradores que não usufruem dessas práticas de lazer, nota-se um certo equilíbrio entre as
áreas 1 (A. Jacinta) e 2 (Z. Leste), com um ligeiro predomínio da área 2, apresentando um
percentual em torno de 24%. Por sua vez, a área com menor incidência de moradores que não
20
Foi aplicado o teste qui-quadrado para verificar se a fruição dos momentos de lazer está associada à área. O
teste encontrado foi qui-quadrado=12,37 com um p_valor=0,0148, indicando que o fato de utilizar ou não os
momentos de lazer depende de cada da área.
116
usufruem momentos ou práticas de lazer corresponde à área 3 (W. Ishibashi), com um
percentual aproximadamente 10% menor que na área 2.
São destacados abaixo três gráficos que particularizam para cada uma das
áreas o hábito de usufruir momentos de lazer conforme foi exposto.
Gráfico 1 - Percentual de pessoas que usufruem
momentos de lazer - Área 1 (A. Jacinta)
21,79 21,79
56,42
Sempre Irregularmente Não usufrui
Fonte: Trabalho de campo (julho/ agosto de 2006)
Organizador: Fabrício da Mata Lucas
G
ráfico 2 - Percentual de pessoas que usufruem
momentos de lazer - Área 2 (Z. Leste)
17,34
58,47
24,19
Sempre Irregularmente Não usufrui
Fonte: Trabalho de campo (julho/ agosto de 2006)
Organizador: Fabrício da Mata Lucas
117
Gráfico 3 - Percentual de pessoas que usufruem
momentos de lazer - Área 3 (Watal Ishibashi)
13,83
73,17
13,01
Sempre Irregularmente o usufrui
Fonte: Trabalho de campo (julho/ agosto de 2006)
Organizador: Fabrício da Mata Lucas
Através dessas informações preliminares, percebemos que embora a área 2
(Z. Leste) compreenda o entorno de duas praças de lazer próximas de bairros com elevado
adensamento populacional e fácil acesso ao restante da malha urbana, principalmente do
centro principal, constata-se um percentual representativo de pessoas que não usufruem lazer
em suas vidas. Mesmo assim, apesar dos percentuais referentes às pessoas que não usufruem
momentos de lazer serem relativamente expressivos, sobretudo na já citada área 2 e na área 1,
percebe-se uma soma dos percentuais das pessoas que usufruem irregularmente ou sempre
essa prática consideravelmente maior se comparado aos que não usufruem.
Com isso, podemos reforçar nossas reflexões ao constatar que de fato a
prática do lazer ganha importância cada vez maior na sociedade atual, sendo evidenciada para
grande parte das pessoas como uma atividade complementar ao tempo das obrigações
identificadas acima de tudo no trabalho. Assim, cabe a nós identificarmos quais são as opções
de lazer dessas pessoas.
Marcellino (2000, p.14) destaca que “a possibilidade de escolha das
atividades e o caráter ‘desinteressado’ de suas práticas são características básicas do lazer”.
Supõe-se então, que a prática do lazer possa apresentar um caráter de livre escolha na vida das
pessoas e, conforme foi possível observar, podemos apontar que a vivência do lazer para as
pessoas dessas áreas de periferia, com relação a suas diferentes perspectivas e anseios se
encontra ligada principalmente à condição sócio-econômica. Ao apontarmos isso, não
significa ressaltar que tal fato não ocorra em outros segmentos da sociedade com maior
ascensão social, pois é evidente na sociedade capitalista, que a apropriação das práticas de
lazer ganha diferentes contornos e perspectivas de acordo com o âmbito das diferentes classes
sociais, tendo em vista a associação dada à prática do lazer e ao mundo do consumo. Mesmo
assim, é relevante apontar com relação aos habitantes dessas áreas de periferia de renda baixa
118
a média - baixa, que o fator sócio-econômico reflete de forma bem mais preponderante e
perversa nas possibilidades ou não dessas pessoas usufruírem momentos de lazer.
5.1 - A visão dos moradores acerca do lazer
Para muitos entrevistados, o grande empecilho na vivência do lazer é
justamente a falta de uma condição econômica mais favorável, pois alguns apontaram existir
em suas respectivas residências outros membros da família usufruindo práticas de lazer,
mesmo quando esses chefes de família não usufruem, predominando nesses casos um tipo de
lazer próximo dos locais de morada, estando principalmente ligado à utilização de
equipamentos esportivos por parte dos mais jovens.
É possível refletir que, embora procuramos pensar em um tipo de lazer que
garanta o sentido da fruição e livre escolha dos indivíduos, colocando-o como essa “cultura
mais ampla vivenciada no tempo disponível” conforme Marcellino traz à tona, nos dias atuais
essa livre escolha apresenta uma forte conotação com o ‘poder de compra’ dos indivíduos. E
mesmo em áreas de periferia sujeitas à exclusão social, as possibilidades de usufruir o lazer,
seja nos espaços públicos ou em outros espaços, apresenta uma forte relação com a
capacidade de consumir, pois esse consumo se inicia no próprio deslocamento para outros
locais, incorporando outros componentes ao se chegar no destino escolhido.
Dentro dessa perspectiva, é possível pensarmos que essa forte associação
entre a vivência do lazer e a condição econômica do indivíduo, reflete de forma mais ampla
essa ‘mercantilização’ dos componentes do lazer, por mais corriqueiras e lúdicas que sejam as
práticas ligadas à vivência desse lazer.
Isso se tornou bastante claro na pesquisa de campo, credenciando assim a
presente constatação que reforça esse caráter mercadológico ou consumista na esfera do lazer
já evidenciado ao longo do trabalho quando nos referimos a alguns autores como, Santos
(1987), Carlos (1992) e Marcellino (1995 e 2000).
A seguir, apresentamos o conjunto das opções de lazer vivenciadas pelos
moradores habitantes dos domicílios levantados. (Tabela 4)
119
Tabela 4 - Distribuição das opções de lazer nas três áreas (Nº absoluto e percentual %)
Resposta (Item
Nº)
Área 1 (A.
Jacinta)
Área 2 (Z.
Leste)
Área 3 (W.
Ishibashi)
Total
1 09 (4,47) 08 (4,25) 08 (7,47) 25
2 13 (6,46) 11 (5,85) 0 (0,00) 24
3 21 (10,44) 19 (10,10) 05 (4,67) 45
4 09 (4,47) 05 (2,65) 01 (0,93) 15
1,2 22 (10,94) 14 (7,44) 30 (28,03) 66
1,3 07 (3,48) 19 (10,10) 11 (10,28) 37
1,4 01 (0,49) 13 (6,91) 13 (12,14) 27
2,3 68 (33,83) 26 (13,82) 06 (5,60) 100
2,4 03 (1,49) 07 (3,72) 04 (3,73) 14
3,4 02 (0,99) 07 (3,72) 0 (0,00) 09
1,2,3 39 (19,40) 20 (10,63) 07 (6,54) 66
1,2,4 03 (1,49) 05 (2,65) 06 (5,60) 14
1,3,4 0 (0,00) 01 (0,53) 03 (2,80) 04
2,3,4 04 (1,99) 28 (14,89) 12 (11,21) 44
1,2,3,4 0 (0,00) 05 (2,65) 01 (0,93) 06
Total 201 188 107 496
Fonte: Trabalho de campo (julho/ agosto de 2006)
Organizador: Fabrício da Mata Lucas
Legenda:
1 - Fica em casa (descanso, assistir TV, ouvir música, atividades manuais)
2 - Freqüenta espaços públicos (praças, parques, etc.)
3 - Freqüenta outros tipos de espaços de uso coletivo - semipúblicos ou privados (clubes, shopping,
bares, casas noturnas, lanchonetes, etc.)
4 - Nenhuma das alternativas (especifique)
Para nos referirmos ao conjunto de opções de lazer vivenciadas pelos
moradores presentes nos domicílios entrevistados, destacamos alguns tópicos, enquadrando
uma série de possibilidades presentes na esfera do tempo disponível ou de lazer. São
basicamente quatro tópicos, o primeiro compreende o ato de ‘ficar em casa’ como uma das
opções de lazer (item nº1), podendo identificar diferentes atividades desenvolvidas no interior
dessa opção, desde o simples descanso acompanhado da TV ou do rádio, até algum tipo de
120
atividade de caráter ativo, como por exemplo, ‘cuidar do jardim’, desde que não se torne uma
atividade obrigatória, proporcionando desprazer.
Para enfatizarmos mais especificamente o item 2, bem como o item 3 que
virá a seguir, torna-se necessário adentrarmos num conjunto de considerações apontadas por
Gomes (2002). Esse autor destaca alguns equívocos presentes na forma de se conceber os
espaços públicos. Um primeiro refere-se a uma forma negativa largamente utilizada que
considera o “[...] público aquilo que não é privado, [...]”. Pois existe uma “[...] ambigüidade
de fronteiras assim delimitadas, somada ao fato de também existirem outros estatutos
possíveis para o espaço, comum, coletivo, etc”. (GOMES, 2002, p. 159).
Um segundo equívoco na visão desse autor diz respeito ao fato de:
[...] Tomar o espaço público como uma área juridicamente delimitada, ou
seja, apelar para o texto legal que regulamenta a existência desses espaços,
[...]. Em outros termos, partimos da lei que regulamenta uma existência para
definir o objeto, quando é possível imaginar que este precede a lei e que,
além disso, manifeste-se em uma variedade fenomenológica que não
obrigatoriamente é do interesse estrito da legislação descrever. (GOMES,
2002, p. 159 - 160)
Um terceiro obstáculo para se compreender os espaços públicos, está
ligado à difusão da idéia “[...] de que ele é simplesmente definido pela qualidade de livre
acesso”. Essa concepção traz alguns equívocos na visão desse autor, pois não distingue
público de coletivo ou comum, pois “[...] a simples característica de ter um acesso livre não
configura um estatuto público ao espaço”. (GOMES, 2002, p.160).
Serpa (2004, p.22) ressalta que “na análise do espaço público urbano,
forma e conteúdo são, portanto, indissociáveis”. E, ao se referir à acessibilidade nos espaços
públicos, destaca que essa “[...] não é somente física, mas também simbólica, e a apropriação
social dos espaços públicos urbanos tem implicações que ultrapassam o design físico de ruas,
praças, parques, largos, shoppings e prédios públicos”.
Para Gomes, o espaço público deve considerar as relações que permeiam a
vida pública. “Fisicamente, o espaço público é, antes de mais nada, o lugar, praça, rua,
shopping, praia, qualquer tipo de espaço, onde não haja obstáculos à possibilidade de acesso e
participação de qualquer tipo de pessoa”. (GOMES, 2002, p.162).
Nesse sentido, qualquer tipo de ‘espaço’ no qual exista a confluência e a
inserção de diferentes públicos com os mais diversos anseios possíveis, compreendendo algo
que vá além da identificação através do gosto comum ou coletivo, pode ser considerado um
espaço público. Os espaços públicos, apesar de serem constituídos pelas diferenças, devem
121
estar submetidos num sentido mais geral às normas e regras estabelecidas na sociedade, ou
seja, às regras de civilidade impostas a cada lugar.
Acreditamos haver um conjunto de regras que condicionam o uso desses
espaços públicos e permitem um convívio das diferenças nesses espaços, sendo que em última
instância prevalecem tais regras, muito embora possam existir transgressões a essas.
Diante desse contexto, queremos apresentar dois itens levantados nessa
tabela 4 referentes à utilização dos espaços destinados ao lazer. Identificamos os espaços
públicos de lazer principalmente através das ‘praças e parques’ subsidiados pelo poder
público municipal (item 2), compreendendo essas praças e parques como espaços
essencialmente destinados à prática do lazer nas cidades. Portanto, o item nº2 corresponde
mais especificamente a uma opção de lazer que entendemos ser o ponto mais significativo
para esse trabalho, se referindo aos ‘espaços públicos’ voltados para a prática do lazer,
evidenciando assim, sobretudo as praças e parques abertos destinados a tal uso, servindo para
abrigar pessoas de diferentes origens sociais em busca de diversos anseios, seja a nível
individual ou coletivo.
Nosso enfoque é dado a esse tipo de ‘espaço público’ em específico,
voltado acima de tudo para ser utilizado como ‘ponto de encontro’, ‘local de descanso’,
‘recreação’, ‘prática de esportes’, ‘ensaios artísticos’, dentre outras tantas possibilidades que
compõem a esfera de uma cultura de lazer, identificado consideravelmente através dessas
praças e parques. Ao entendermos o lazer numa perspectiva já enfatizada, a qual visa
compreendê-lo no âmbito de um universo de possibilidades de serem vivenciadas no tempo
disponível, com base na conceituação de Marcellino (1995), procuramos enfocar dentre essas
possibilidades principalmente as práticas de lazer associadas ao convívio nesses espaços
públicos. Portanto, apresentamos especial atenção a este tópico, sobretudo no que diz respeito
às implicações ligadas ao uso ou não dessas quatro praças de lazer elencadas neste trabalho.
Um terceiro tópico (item nº3) refere-se à freqüência aos outros tipos de
espaços, que na classificação apresentada por Gomes (2002), alguns deles compõem
fisicamente os chamados espaços públicos. Referimo-nos no trabalho aos “outros espaços de
uso coletivo e individual de livre acesso e/ ou privados”. Podemos considerar no interior
desses outros espaços uma série de alternativas, dentre essas, ‘os clubes’, ‘shopping-centers’,
‘bares’, ‘casas noturnas’, ‘lanchonetes’, etc.
Nesses espaços, encontra-se presente um sistema de regras e condutas
diferenciadas, e mesmo esse livre acesso estando condicionado às regras estabelecidas, o
momento máximo de lazer relacionado à utilização desses locais se encontra condicionado ao
122
consumo. Foi pensando nessas ponderações que resolvemos identificar esses espaços
classificando-os como semipúblicos e/ ou privados, facilitando assim, a identificação e
diferenciação das práticas e hábitos de lazer dos moradores das três áreas no que compreende
à utilização dos espaços de lazer destinados pelo poder público, ou por outros segmentos da
sociedade.
O quarto tópico (item nº4) traz à tona o item “nenhuma das alternativas”,
compreendendo outras formas de se vivenciar o lazer não evidenciadas nestes três primeiros
itens ou tópicos apresentados. Temos nesse momento algumas opções destacadas pelos
entrevistados, como por exemplo: ‘Visita a familiares’, ‘pescaria’, ‘visita a sítios’ e, ainda o
item que merece maior reflexão a respeito, ‘freqüência a igrejas’.
Este item apontado, o qual coloca a ‘igreja’ como um espaço apropriado
para se vivenciar o lazer requer uma maior atenção de nossa parte, principalmente se
remetermos a uma conceituação trazida por Dumazedier, colocando o lazer como um
momento de máxima liberdade ligado ao uso do tempo livre. Assim, o autor acredita ser mais
prudente, “[...] destinar o vocábulo lazer ao único conteúdo do tempo orientado para a
realização da pessoa com fim último”, pois este tempo é outorgado supondo que a pessoa já
desempenhou suas obrigações profissionais, familiais e sócio-espirituais. (DUMAZEDIER,
1999, p.91).
Mesmo assim, apesar de haver essa separação da esfera do lazer de uma
série de obrigações, entre elas as “sócio-espirituais”, existe a possibilidade de se pensar no
‘espaço’ da igreja não como uma obrigação, mas sim como um espaço que pode ser destinado
à fruição e ao lazer. Nesse sentido, para o próprio autor citado o lazer pode se apropriar desses
espaços, pois “[...] o espaço de lazer penetra também as igrejas e os templos, alguns dos quais
estão equipados não apenas para o culto, mas outrossim para reuniões, jogos, concertos [...]”.
(DUMAZEDIER, 1999, p.169).
Interessa pensarmos que o ambiente da ‘igreja’ proporciona na vida de
muitas pessoas um grau de prazer e descontração elevado, podendo os momentos de lazer
serem buscados nas igrejas visando os mais diversos fins, seja através do contato coletivo com
outras pessoas, ou por meio de viagens, atividades musicais e recreativas, ou através de fins
puramente espirituais, mesmo as vezes exigindo uma certa contrapartida desses
freqüentadores, ligada tanto a trabalhos voluntários ou alguma outra exigência, o que na visão
dos entrevistados proporciona uma vida mais agradável.
Ao esclarecermos um pouco a respeito da inclusão do item ‘igreja’ como
uma possibilidade de se usufruir momentos de lazer, adentramos às informações fornecidas
123
pelos entrevistados acerca das opções de lazer do conjunto de pessoas que habitam os
domicílios levantados. Ao analisarmos a disposição dos percentuais referentes a cada item,
encontram-se presentes os percentuais apontados individualmente sobre cada item (item 1, ou
item 2), bem como o cruzamento verificado entre os diversos itens (item 1,2 ou item 2,3).
Com relação aos itens 1 e 2 analisados individualmente, verifica-se um
número total de ocorrências muito semelhante somado as três áreas analisadas, 25
correspondendo ao item 1, e 24 ao item 2. Comparando as três áreas, observa-se uma
semelhança entre a distribuição do item 1 em ambas as áreas, respectivamente 4.47% na área
1 (A. Jacinta), 4,25% na área 2 (Z. Leste) e 7,47% na área 3 (W. Ishibashi), revelando um
maior destaque para as pessoas que usufruem momentos de lazer somente em casa nessa
última área. A distribuição dos percentuais apresentados no item 2 (freqüenta espaços
públicos) é bastante semelhante entre as áreas 1 e 2, 6,46% na primeira e 5,85% na segunda,
não sendo constatada nenhuma ocorrência na área 3. O item 3 (freqüenta outros espaços de
uso coletivo e individual de livre acesso e/ ou privados) por sua vez, recebe um considerável
destaque nas áreas 1 e 2, sendo mais uma vez verificada a semelhança entre essas duas áreas,
10,44% na área 1 e 10,10% na área 2, enquanto na área 3 verifica-se um percentual de 4,67%.
O item 4, referente a outras alternativas não contempladas no itens anteriores, apresenta maior
expressão na área 1 com 4,47%, seguido por 2,65% na área 2 e 0,93% na área 3.
Ao analisarmos o conjunto de ocorrências ou apontamentos destacados,
enfatizando separadamente cada um dos quatro itens elencados, observamos a priori a maior
relevância dada ao item 3, o qual menciona a freqüência a outros espaços de uso coletivo e
individual privados ou de livre acesso. Este item recebe uma razoável relevância nas três
áreas, sendo um pouco menor na área 3, mesmo assim, prevalece na opinião dos moradores a
freqüência a lanchonetes como sendo a opção de lazer favorita compartilhada pelas famílias,
enquanto os bares e casas noturnas são apontados para os segmentos mais jovens. As pessoas
que compartilham das opções enquadradas neste item, independentemente da idade ressaltam
o shopping center como um importante espaço de lazer para a família presente na cidade e
freqüentado de forma mais esporádica.
Quando nos referimos às informações cruzadas, ou seja, às ocorrências que
levantam mais de um dos itens mencionados separadamente, podemos analisar diversos tipos
de cruzamentos enquadrando a escolha das opções de lazer dos moradores residentes nos
domicílios ressaltados nessas áreas.
Tendo em vista a identificação já mencionada dos itens, ou seja, dos
chamados itens primários conforme iremos apontá-los daqui a diante, destacando-os como
124
item 1 (ficar em casa), 2 (freqüência a espaços públicos), 3 (freqüência a “outros espaços”) e
4 (nenhuma das alternativas), verifica-se nas três áreas (ver Tabela 4) os seguintes
cruzamentos gerando os novos itens: “1,2” variando percentuais entre 28,03% na área 3 (W.
Ishibashi) a 7,44% na área 2 (Z. Leste); “1,3” com 10,10 e 10,28% nas áreas 2 e 3
respectivamente e, em contrapartida 3,48% na área 1(A. Jacinta); “1,4” entre 12,14% na área
3 e apenas 0,49% na área 1; “2,3” variando entre 33,83% na área 1 a 5,60% na área 3; “2,4”
com percentuais razoavelmente baixos e praticamente iguais nas áreas 2 e 3 (3,72% na
primeira e 3,73% na segunda) e 1,49% na área 1; “3,4” variando entre 3,72% na área 2 e
nenhuma ocorrência na área 3; “1,2,3” entre 19,40% na área 1 e 6,54% na área 3; “1,2,4”
entre 5,60% na área 3 e 1,49% na área 1; “1,3,4” variando entre 2,80% na área 3 e nenhuma
ocorrência na área 1; “2,3,4” com percentuais próximos entre as áreas 2 e 3 (14,89% na
primeira e 11,21% na segunda) e apenas 1,99% na área 1; por fim, o cruzamento entre todos
os itens, “1,2,3,4” com baixíssimos percentuais variando entre 2,65% na área 2 e nenhuma
ocorrência na área 1.
De uma forma geral, o destaque para o número absoluto referente a essas
ocorrências pode ser dado para três desses cruzamentos. Primeiramente, cabe destacar a
junção dos itens “2,3”, caracterizados como opção de lazer de 100 pessoas nas três áreas,
apresentando um percentual consideravelmente mais alto na área 1 (A. Jacinta) conforme
observa-se na Tabela 4 e no parágrafo anterior. Em seguida cabe apontar outros dois
cruzamentos trazendo à tona um número absoluto exatamente igual de ocorrências,
correspondendo a 66, tanto se referindo ao cruzamento dos itens “1,2” quanto dos itens
“1,2,3”.
Até esse momento, consideramos dois grupos de informações apresentadas
numa mesma tabela. Num primeiro, verificamos as opções de lazer das pessoas que
vivenciam apenas um dos itens incluídos como opção de lazer (itens primários), prevalecendo
nesse momento o item 3, destacando uma maior utilização dos “outros tipos de espaços de uso
coletivo ou não”, sejam privados e/ ou de livre acesso. Um segundo grupo de informações
corresponde ao cruzamento dos itens, ou seja, ao público que vivencia variadas opções de
lazer presentes em mais de um dos itens primários apresentados (itens secundários). Nesse
segundo momento, prevalece a utilização de dois tipos de ‘espaços’, os espaços públicos (item
2) juntamente com os “outros espaços de uso coletivo ou não” privados e/ ou de livre acesso
(item 3).
Diante dessas informações, torna-se de grande relevância analisar através
de uma próxima tabela que absorve a apresentada anteriormente, os números absolutos e os
125
percentuais correspondentes ao total de ocorrências referentes a cada um dos quatro primeiros
itens levantados, separando nesse momento os itens cruzados (secundários) e anexando-os em
seguida separadamente aos quatro itens considerados primários. Apresenta-se nessa tabela, a
soma das ocorrências que enquadram os itens primários, os quais enfatizam apenas uma única
opção de lazer, juntamente com as ocorrências referentes aos itens secundários, os quais
absorvem mais de uma opção de lazer num mesmo item.
Assim, temos um aumento considerável dos números correspondentes aos
totais de ocorrências ligadas ao lazer em cada área. Esse aumento ocorre devido a uma
duplicação das informações relativas aos itens cruzados ou secundários, por exemplo, ao
contrário de considerar o apontamento ‘1,2’ como um único item, é separada a informação
referente ao item 1 (ficar em casa) do item 2 (freqüenta espaços públicos) incorporando em
seguida cada um ao conjunto das ocorrências verificadas anteriormente de forma separada,
aos chamados itens primários. Nesse sentido, apresenta-se a seguir o total absoluto de
ocorrências e os percentuais ligados a cada um dos quatro itens.
Tabela 5 - Distribuição das opções de lazer nas três áreas agrupando os itens primários
e secundários (Nº absoluto e percentual %)
Resposta (Item
Nº)
Área 1 (A.
Jacinta)
Área 2 (Z.
Leste)
Área 3 (W.
Ishibashi)
Total
1 81(20,45) 85(21,41) 79(34,34) 245
2 152(38,38) 116(29,21) 66(28,69) 334
3 141(35,60) 125(31,48) 45(19,56) 311
4 22(5,55) 71(17,88) 40(17,39) 133
Total 396 397 230 1023
Fonte: Trabalho de campo (julho/ agosto de 2006)
Organizador: Fabrício da Mata Lucas
Legenda:
1 - Fica em casa (descansar, assistir TV, ouvir música, atividades manuais)
2 - Freqüenta espaços públicos (praças, parques, etc.)
3 - Freqüenta outros tipos de espaços de uso coletivo e individual - semi-públicos ou privados (clubes,
shopping, bares, casas noturnas, lanchonetes, etc.)
4 - Nenhuma das alternativas (especifique)
Através dessa última tabela, podemos estabelecer diferenças significativas
entre as três áreas no que diz respeito às opções de lazer mais relevantes em cada uma delas.
Não devemos deixar falsas impressões, pois apesar dessa tabela trazer à tona um total de
126
ocorrências amplamente maior se comparado às ocorrências ligadas ao número real de
pessoas presentes nos domicílios entrevistados, essas informações levantadas a partir dessa
tabela são extremamente importantes para se verificar num âmbito geral quantas ocorrências
enfatizam cada um dos itens ou opções de lazer elencadas.
A partir desse conjunto de informações, observa-se um grande aumento das
ocorrências, pois dos 201 moradores que usufruem momentos de lazer na área 1 (A. Jacinta),
passa-se a verificar um total de 396 ocorrências. Valor também muito semelhante na área 2
(Z. Leste), dos 188 moradores levantados, aumenta para 397 o total de ocorrências. Na área 3
(W. Ishibashi) dos 107 moradores, expande para 230 as ocorrências.
Nesse sentido, torna-se possível evidenciar na área 1 (A. Jacinta) um
ligeiro predomínio do item 2, ressaltando a freqüência aos espaços públicos como parques e
praças, com um percentual de 38,38%. Nessa área constata-se a presença do maior percentual
de moradores que utilizam praças e parques em busca de lazer. O percentual referente à
freqüência em outros espaços de uso coletivo ou não, também é bastante considerável,
35,60%.
Na área 2 (Z. Leste) evidencia-se praticamente os mesmos percentuais de
ocorrências ligadas aos itens 2 e 3, a busca por outros espaços de uso coletivo ou não,
privados e/ ou de livre acesso (item 3) representa 31,48%, enquanto a utilização de espaços
públicos (item 2) corresponde a 29,21%. Podemos apontar que embora o item 3 seja
verificado com grande destaque para essa área, ainda é possível enfatizar que o percentual
relativo a este item não é maior que o correspondente a este mesmo item na área 1 (A.
Jacinta).
Na área 3 (W. Ishibashi) ao contrário dessas anteriores, verifica-se um
predomínio das ocorrências ligadas ao item 1, onde 34,34% destacam a opção ficar em casa.
O item 2, referente à utilização de espaços públicos tamm recebe um percentual de destaque
nessa área, 28,69%.
O item 1, relacionado ao aproveitamento da própria casa como local de
lazer aparece de forma representativa nas três áreas, verificando-se com certeza o maior
destaque na área 3. As pessoas que apontaram ‘ o ficar em casa’ como opção de lazer em
ambas as áreas e, independentemente de contemplarem ou não de outras opções, vivenciam
esse “espaço da casa” para fins de descanso, geralmente acompanhados da TV, do rádio e até
de algum “churrasquinho” esporádico entre familiares e amigos é considerável nesse
levantamento. Ao pensarmos nessas considerações, principalmente se referindo à área 3 (W.
Ishibashi), onde temos um percentual representativo de pessoas utilizando-se da própria casa
127
como espaço de lazer, podemos nos remeter às considerações de Camargo (2003), quando
este destaca a importância do espaço doméstico para o lazer.
É importante ressaltar, que dentre as diversas possibilidades de se usufruir
momentos de lazer, mesmo o ‘espaço da casa’ aparecendo com significativo destaque,
buscamos contemplar acima de tudo as práticas vivenciadas a partir de espaços que
possibilitam o contato coletivo, mais especificamente os espaços públicos.
O item 4 referente às outras alternativas além dessas três definitivamente
caracterizadas nos itens anteriores, contempla nesse trabalho os seguintes apontamentos:
‘Visita a familiares’, ‘pescaria’, ‘visita a sítios’e ‘freqüência a igrejas’. Este item aparece com
maior destaque nas áreas 2 (Z. Leste) e 3 (W. Ishibashi), apresentando percentuais muito
semelhantes, respectivamente 17,88% na primeira e 17,39% na segunda. Nessas duas áreas
observamos esses quatro tipos de apontamentos ligados a esse item, principalmente as ‘visitas
a familiares’ e a ‘freqüência a igrejas’. Já na área 1 (A. Jacinta), o percentual correspondente a
este item aparece com menor importância, representado por 5,55% e relacionado sobretudo às
visitas a familiares, mas também aparecendo mais esporadicamente a ‘freqüência a igrejas’.
Pensando em alguns espaços utilizados para o lazer, tanto públicos, de livre
acesso e/ ou privados, apresentamos através de alguns mapas a localização das quatro praças
de lazer identificadas no trabalho e uma série de equipamentos e espaços de convivência
localizados no entorno dessas. (Mapas 7, 8, 9, 10).
Nesses quatro mapas, encontram-se presentes alguns equipamentos e
espaços utilizados durante os momentos de lazer dos moradores das adjacências das quatro
praças de lazer levantadas, correspondendo principalmente a ‘bares’, ‘mercearias’, ‘lanches
ou lanchonetes’, ‘igrejas’, ‘centros comunitários’ e ‘escolas’. Nosso intuito não foi o de
considerar todos os equipamentos presentes ao longo dos setores entrevistados, mas sim,
identificar estritamente os equipamentos localizados ao redor dessas praças.
No entorno da praça que se encontra na área 1 (A. Jacinta), percebe-se uma
maior diversidade de equipamentos presentes, sendo evidenciado especificamente os
equipamentos localizados nas quadras mais próximas à praça.
No que diz respeito a um desses itens em especial, enquadrado nas duas
tabelas anteriores como “outras alternativas”, o qual se refere às ‘igrejas’, podemos identificar
nesses quatro mapas um conjunto significativo de igrejas no entorno das quatro praças de
lazer, sobretudo de igrejas evangélicas.
128
A seguir, encontram-se os quatro mapas mencionados trazendo à tona as
quatro praças de lazer, bem como alguns equipamentos que podem ser utilizados para tal
prática localizados no entorno dessas praças. (páginas 129, 130, 131,132).
0
1
2
3
133
Podemos nesse momento ponderar que a freqüência a esses espaços
públicos ou não, vistos como pontos materializados na cidade (“sistema de objetos”) e
dotados de relações sociais (“ações”) as mais diversas possíveis, compreendem o principal
‘lócus’ de vivência de práticas de lazer no espaço urbano.
Gomes ressalta (2002, p.172) que ao se pensar no espaço público sob um
viés geográfico, torna-se possível por um lado conceber “[...] sua configuração física e, por
outro, os tipos de práticas e dinâmicas sociais que aí se desenvolvem. Ele passa então a ser
visto como um conjunto indissociável das formas com as práticas sociais”. Percebendo aí, a
forte conotação com a concepção de espaço abordada por Milton Santos.
A utilização de muitos desses espaços públicos se encontra sujeita a uma
coexistência de ocupações e interações muitas vezes conflituosas, mesmo esse conflito
estando às vezes no plano simbólico, o que acaba deixando algumas pessoas inibidas de usar e
freqüentar tais espaços, caminhando no sentido de algumas soluções excludentes, implicando
em certo abandono do espaço público
21
.
Algumas situações verificadas nas áreas analisadas se aproximam dessas
considerações mencionadas no parágrafo anterior, ao menos em relação à opinião dos
moradores entrevistados, podendo destacar que mesmo se tratando de uma cidade como
Presidente Prudente, esses conflitos ligados ao uso dos espaços públicos conforme Frúgoli
Júnior (1995) destaca ao retratar a realidade de São Paulo se encontram presentes.
A tabela 6 apresenta a distribuição percentual dos moradores que
freqüentam essas praças de acordo com os diferentes períodos do dia, incluindo tanto os que
visitam todos os dias (manhã, tarde ou noite), bem como os freqüentadores dos finais de
semana, aqueles freqüentadores sem regularidade específica e ainda os que não freqüentam
essas praças.
Através dessa tabela, temos um panorama interessante que diferencia
significativamente o uso dessas praças pela população de acordo com cada uma das áreas
selecionadas. Nesse sentido, constatamos que a praça com maior presença de pessoas do
bairro e de seu entorno corresponde à praça da área 1 (A. Jacinta), com uma freqüência
21
Ao pensarmos nessas soluções excludentes, nos remetemos a Frúgoli Júnior (1995), que ao trabalhar com a
realidade dos espaços públicos de São Paulo, mostra as diversas formas apontadas para se resolver os conflitos
ligados ao uso desses espaços, destacando que as maneiras do poder público agir nesses espaços visam,
sobretudo reforçar o policiamento e resolver os problemas com ‘populações indesejáveis’, ressaltando “[...] uma
atitude conservadora quanto aos rumos da cidade em sua dimensão pública, uma vez que, em vez de tentarem
criar novas formas de relação entre grupos diferentes, caminharão no sentido de soluções excludentes que
implicam um abandono do espaço público”. (FRÚGOLI JÚNIOR, 1995, p.72).
134
relativamente alta se comparado às demais. Apresentamos uma primeira tabela (6) separando
os percentuais referentes às pessoas que freqüentam as praças todos os dias nos diferentes
períodos já especificados, e uma segunda tabela (7) agrupando em um mesmo item o
percentual das pessoas freqüentadoras durante todos os dias, sem definir os diferentes
períodos de uso dessas praças no decorrer de cada dia.
Tabela 6 - Distribuição referente à freqüência e ao horário dos moradores nas praças de lazer
Freqüência às praças de lazer (Nº absoluto e percentual %)
Área
Não Todos
os dias
(manhã)
Todos
os dias
(tarde)
Todos
os dias
(noite)
Finais
de
semana
Não possui
regularidade
Manhã
e tarde
Total
1 - A.
Jacinta
51
25,37
4
1,99
7
3,48
2
1,00
25
12,44
108
53,73
4
1,99
201
2 - Z.
Leste
121
64,36
4
2,13
7
3,72
1
0,53
3
1,60
52
27,66
0
0,00
188
3 - W.
Ishibashi
58
54,21
1
0,93
2
1,87
0
0,00
10
9,35
36
33,64
0
0,00
107
Total 230 9 16 3 38 196 4 496
Fonte: Trabalho de campo (julho/ agosto de 2006)
Organizador: Fabrício da Mata Lucas
135
Tabela 7 - Distribuição referente à freqüência dos moradores nas praças de lazer
Freqüência às praças de lazer (Nº absoluto e percentual %) Área
Não Todos os dias Finais de
semana
Não possui
regularidade
Total
1 - A.
Jacinta
51
25,37
17
8,46
25
12,44
108
53,73
201
2 - Z.
Leste
121
64,36
12
6,38
3
1,61
52
27,65
188
3 - W.
Ishibashi
58
54,21
3
2,80
10
9,35
36
33,64
107
Total 230 32 38 196 496
Fonte: Trabalho de campo (julho/ agosto de 2006)
Organizador: Fabrício da Mata Lucas
Analisando tanto separadamente os períodos do dia freqüentados, quanto
em conjunto, percebe-se a presença de percentuais relativamente baixos nessas áreas quando
nos referimos às pessoas que freqüentam essas praças todos os dias. Mesmo assim, é
relativamente maior a presença de pessoas que freqüentam todos os dias a praça do bairro Ana
Jacinta se compararmos com a freqüência diária nas outras praças elencadas, pois temos
8,46% de pessoas usufruindo todos os dias a praça da área 1 (A. Jacinta), com
aproximadamente 3,5% no período da tarde. Nas praças da área 2 (Z. Leste) encontramos um
percentual de 6,38% de uso diário, sendo o período da tarde também o de maior destaque com
3,72%. No caso específico da área 3 (W. Ishibashi) foi possível constatar a presença ínfima de
pessoas freqüentadoras dessas praças durante todos os dias, correspondendo apenas a 2,8%.
Algo interessante e possível de ser enfatizado é o fato de termos 2% de
pessoas a mais usufruindo diariamente a praça de lazer da área 1 (A. Jacinta) se comparado à
área 2 (Z. Leste) representada por duas praças, no entanto, o período de maior freqüência de
ambas as áreas corresponde ao período da tarde, com um ligeiro predomínio de
freqüentadores na área 2, em torno de 0,24%.
Podemos destacar a princípio, que não existe uma quantidade
representativa de pessoas freqüentadoras dessas praças durante todos os dias, segundo os
respondentes “chefes de família”, essa freqüência durante os períodos da manhã e da tarde
136
está exclusivamente ligada à presença de crianças, no período da noite observa-se a presença
de outros segmentos como adolescentes e adultos. Muito embora a presença nesse período da
noite seja praticamente insignificante, se levarmos em conta o montante de pessoas
entrevistadas e residentes nos respectivos domicílios entrevistados. É importante destacarmos
que grande parte dos respondentes enfatiza não haver condições de freqüentar essas praças no
período noturno, pois nesse período as praças se tornam verdadeiros “(...) redutos de
marginais”, prevalecendo o consumo de ‘drogas’ e entorpecentes. Afirmações como essa
aparecem de forma constante nas áreas 2 (Z. Leste) e 3 (Watal Ishibashi), cabendo realizar
uma maior reflexão a respeito.
Quando nos referimos à freqüência nos finais de semana, bem como à
freqüência que não apresenta uma regularidade específica, chegamos a percentuais bem
maiores em ambas as áreas, com exceção da freqüência durante os finais de semana na área 2
(Z. Leste). Embora a freqüência de forma irregular em todas as três áreas seja considerável,
não podemos perder de vista as diferenças fundamentais presentes no uso das quatro praças de
lazer. É significativo apontarmos que em apenas uma praça das quatro analisadas verificamos
grande freqüência de pessoas, apresentando um percentual somando as freqüências diárias,
em finais de semana e irregulares de aproximadamente 75%, correspondendo à chamada área
1(A. Jacinta).
Nessa área (área 1), ao contrário das outras duas, percebemos uma maior
‘familiaridade’ por parte das pessoas com tal praça. Muitos apontamentos indicaram a
utilização esporádica ligada a “passeios com cachorros”, “caminhadas” e “conversas entre
amigos” mesmo em momentos bastante limitados sem regularidade quanto ao dia. A única
ressalva que pode ser considerada refere-se ao período noturno, pois muitos dos entrevistados
alegaram haver pouca segurança, ocasionalmente ocorrendo problemas com grupos de jovens
muitas vezes portadores de ‘drogas’.
Conforme apontamos, essa área levantada acima compreende uma exceção
dentre as três áreas analisadas na cidade referentes ao entorno das quatro praças de lazer
mencionadas. Na área 3 (W. Ishibashi), 45,79% das famílias levantadas usufruem momentos
de lazer na praça localizada no bairro, percentual este, menor se comparado ao referente às
pessoas que não se utilizam dessa praça, representado por 54,21%.
A área 2 (Z. Leste) apresenta um percentual maior ainda de pessoas que
não usufruem das duas praças de lazer destacadas nessa área, dentre o montante de famílias
levantadas, em torno de 64,36% não freqüentam tais praças, restando 35,64% de
freqüentadores.
137
Fica realmente evidente a baixa freqüência nas praças de lazer das áreas 2 e
3 por parte dos moradores habitantes de suas adjacências, principalmente na área 2 (Z. Leste).
Isso nos permite compreender que embora as praças mencionadas estejam localizadas em
áreas sujeitas à exclusão social, onde a instalação dessas pode propiciar a geração de
importantes espaços destinados a práticas de lazer gratuitas, não existe uma plena utilização
dessas praças, sugerindo que para a ampliação das práticas de lazer da população de baixa
renda não basta implantar equipamentos. A dimensão de uma política pública de lazer efetiva
torna-se, portanto, extremante relevante.
É possível enfatizarmos um trabalho anterior também ligado à temática do
lazer em Presidente Prudente, o qual retrata a implantação e o uso de uma área de lazer
denominada “Parque das Andorinhas”. Nesse trabalho, Ribas (1998) destaca a subutilização
dessa área de lazer citada, mostrando que nos anos iniciais correspondentes à sua implantação,
a plena utilização dessa área deixou a desejar. A autora atesta a inexistência de programas
articulados levando em conta a esfera do lazer, destacando que a constituição de áreas de lazer
em fundos de vale possui muito mais uma função paisagística, do que necessariamente de
espaço para o lazer, garantindo a “[...] esses locais desvalorizados [...] uma nova função [...]”.
(Ribas, 1998, p.91).
Em meio a essa baixa utilização das praças de lazer localizadas nas áreas 2
e 3, é que se verifica um conflito de interesses presente entre os diferentes públicos de
moradores habitantes das proximidades dessas áreas. A maior utilização da praça de lazer da
área 1, certamente está atrelada à distância significativa deste bairro com relação a outras
áreas de lazer localizadas em áreas mais centrais da cidade, fato este que não ocorre
necessariamente na área 3 apesar de sua razoável distância de outros equipamentos de lazer
disponíveis na cidade. Nessa área (área 3) e principalmente na área 2, a qual se encontra
bastante próxima da área central, percebe-se uma freqüência pouco considerável dos
moradores a essas respectivas praças de lazer destacadas.
Esse conflito de interesses se encontra caracterizado através da visão dos
moradores que ressaltaram não haver condições de freqüentar essas praças, pois de acordo
com um morador
22
, “no horário que (podia) se freqüentar que é depois do serviço..., depois
das 6 da tarde tem sempre gente usando drogas e mexendo com as crianças...”.
Portanto, observa-se claramente os traços de uma apropriação dessas
praças (áreas 2 e 3) por alguns segmentos a partir do final da tarde, segmentos estes
22
Fala apresentada por um morador das imediações da Vila Líder, área 2 (Zona Leste), momentos antes de
responder o questionário, aproximadamente às 18:35 horas do dia 01/08/2006.
138
geralmente compostos por adolescentes que sempre se encontram em “rodas” aparentemente
conversando. Ao abordar um adolescente, aparentando ter entre 16 e 18 anos no período
noturno na ‘praça de lazer da Vila Líder’ (área 2), iniciamos uma conversa informal para
saber se ele morava nas proximidades da área de lazer, a recepção a princípio não foi muito
“amigável”, pois pensou se tratar de alguma pesquisa eleitoral, mas aos poucos ficou mais
tranqüilo e começou a relatar como era sua relação com aquele espaço. “Aqui é legal, a gente
joga bola, faz o que quer..., a gente manda aqui..., fica na (moral) a noite, fuma..., é isso
aí”
23
.
Percebe-se nesse sentido, a existência de uma apropriação do espaço
público por parte desses jovens no período noturno, cabendo com as suas devidas diferenças,
fazer uma breve relação com a diversidade de usos e a apropriação por parte de alguns
segmentos verificada por Frúgoli Júnior (1995) nas praças analisadas em seu trabalho na
cidade de São Paulo.
É importante ressaltar essas diferenças, pois nas praças de lazer analisadas
em Presidente Prudente, especificamente as quatro abordadas em nosso trabalho, não se
constata essa diferença de usos ligada a um grande complexo de atividades desenvolvidas, o
que prevalece é o uso voltado para o lazer, seja nos parques infantis, nas caminhadas, no
“campinho”, ou na simples conversa entre colegas ou conhecidos, momento esse que inclui as
práticas desenvolvidas por esses jovens já destacados. Mesmo as atividades comerciais
instaladas nessas áreas, são na maioria das vezes itinerantes e se encontram voltadas para um
uso através do lazer, como os “pula - pulas” nos finais de semana, ou esporadicamente a
chegada de vendedores de “algodão doce”, “picolé” ou “cachorro quente”.
A seguir, apresentamos um conjunto de fotos das quatro praças
identificadas nessas três áreas.
139
FOTO 1 – Praça de lazer da área 1 (Ana Jacinta)
FONTE: Fabrício da Mata Lucas
Trabalho de campo – 03/07/2005
Nesta foto observa-se a freqüência de algumas crianças na praça de lazer
da área 1 (A. Jacinta) numa tarde de domingo, constando-se um intenso uso dessa área,
sobretudo nos finais de semana.
140
FOTO 2 – Praça de lazer da área 2 (Vila Brasil)
FONTE: Fabrício da Mata Lucas
Trabalho de campo – 07/07/2005
Através desta foto é possível verificar a presença de algumas crianças
utilizando o parque infantil e “empinando pipas” na praça de lazer da área 2 (Z. Leste - Vila
Brasil).
141
FOTO 3 - Praça de lazer da área 2 (Vilas Líder e Planaltina)
FONTE: Fabrício da Mata Lucas
Trabalho de campo – 08/07/2005
Esta foto retrata a praça de lazer da área 2 (Z. Leste - Vilas Líder e
Planaltina), sendo possível observar a presença de alguns transeuntes retornando do trabalho e
de algumas crianças na pista de skate.
142
FOTO 4 - Praça de lazer da área 3 (Watal Ishibashi)
FONTE: Fabrício da Mata Lucas
Trabalho de campo – 13/07/2005
Esta foto apresenta a praça de lazer da área 3 (Watal Ishibashi), sendo
possível observar algumas crianças utilizando o parque infantil.
Em seguida, destacaremos uma tabela com os percentuais referentes aos
moradores das três áreas analisadas que se deslocam para outros locais da cidade em busca de
momentos de lazer.
143
Tabela 8 - Distribuição da freqüência dos moradores que usufruem momentos de lazer em
outros locais da cidade
Periodicidade de busca por outros locais (Nº absoluto e
percentual %)
Área
Não buscam Finais de semana Não possui
regularidade
Total
1 - A. Jacinta 68
33,83
22
10,95
111
55,22
201
2 - Z. Leste 28
14,89
24
12,77
136
72,34
188
3 - W. Ishibashi 35
32,71
4
3,74
68
63,55
107
Total 131 50 315 496
Fonte: Trabalho de campo (julho/ agosto de 2006)
Organizador: Fabrício da Mata Lucas
Essa tabela nos permite compreender dentre o contingente de moradores
residentes nos domicílios entrevistados, o percentual referente aos que se deslocam de seus
bairros em busca de momentos de lazer em outros locais da cidade, sendo esse percentual
consideravelmente maior em relação aos que não buscam momentos de lazer em outros locais
em todas as três áreas levantadas. Na área 1 (A. Jacinta), incluindo quem se desloca do bairro
nos finais de semana ou sem uma regularidade específica, soma-se um percentual de 66,17%.
Na área 2 (Z. Leste) esse percentual chega a 85,11%, enquanto na área 3 (W. Ishibashi) esse
percentual representa 67,29%.
Esses percentuais são altos nas três áreas, no entanto, são bem mais
expressivos na área 2 (Z. Leste). Algo relevante trazido por essa tabela, refere-se também aos
percentuais das pessoas que não se deslocam de seus bairros em busca de lazer para outros
locais, percebendo o baixo percentual referente a essa alternativa na área 2 (Z. Leste), 14,89%
no entorno das duas praças de lazer. Um certo equilíbrio é verificado entre as áreas 1 e 3, com
percentual de 33,83% na área 1 (A. Jacinta) e de 32,71% na área 3 (W. Ishibashi).
Para atestarmos esse baixo percentual de pessoas que não se deslocam para
outros locais da cidade em busca de lazer verificado na área 2 (Z. Leste), poderíamos até nos
remeter a uma possível relação com o fato de ter sido verificada baixa freqüência dos
144
moradores nas duas praças de lazer levantadas nessa área (Ver Tabela 7). No entanto,
compreendemos não ser possível estabelecer uma relação direta entre essas duas informações.
Pois embora o percentual de freqüentadores dessas duas praças (35,64%) seja
consideravelmente menor se comparado aos não freqüentadores (64,36%), muitas dessas
pessoas freqüentadoras de tais praças podem também freqüentar outros locais da cidade para
se obter momentos de lazer.
Algo mais evidente para justificar essa considerável saída de pessoas dessa
área (Z. Leste), resulta-se do fato de haver uma maior ligação dessa área da cidade com o
restante da malha urbana, diferentemente das outras duas áreas levantadas nesse trabalho,
principalmente da área 1 (A. Jacinta).
Essa ligação da qual falamos corresponde à proximidade física. Ou seja,
embora bairros como as Vilas Líder, Brasil ou Planaltina estejam localizados em áreas
consideradas de média exclusão social e habitados na sua maioria por populações de baixa
renda, o acesso ao restante da cidade não compartilha de grandes esforços, sendo os
deslocamentos facilitados para pedestres e transeuntes que queiram se dirigir, por exemplo,
para o “Parque do Povo”, para o “Shopping Center Americanas”, ou mesmo para o centro da
cidade. Esse deslocamento das duas outras áreas analisadas (A. Jacinta e W. Ishibashi) para
outros espaços e equipamentos de lazer localizados nas áreas mais centrais da cidade não se
encontra facilitado devido a maior distância física dessas duas áreas, existindo nesse caso uma
grande dependência de meios de transporte.
5.2 - Análise das políticas públicas de lazer pela população
Nesse momento do trabalho, partimos para a análise de algumas
informações referentes à avaliação realizada pelos moradores a respeito das atuais políticas de
lazer instituídas pelo poder público municipal. Também destacamos uma enquete com o
intuito de identificar qual das gestões municipais mais se empenhou ao estruturar políticas
voltadas para a área do lazer, com vistas a enfocar, sobretudo as gestões municipais que
governaram a cidade a partir do ano de 1990, coincidindo com o período no qual foram
levantados os periódicos trabalhados no Capítulo 3 junto ao jornal “O Imparcial”.
Essas informações nos forneceram um rico material para avaliarmos como
os moradores entrevistados concebem as atuais políticas de lazer desenvolvidas em Presidente
145
Prudente e ainda, verificar como as gestões municipais destacadas através do levantamento do
material jornalístico realizado são compreendidas quanto ao desenvolvimento de ações
voltadas para o lazer.
Os dados tabulados e expressos nas tabelas apresentadas a seguir
correspondem especificamente ao número oficial de questionários aplicados, compreendendo
exclusivamente à opinião fornecida pelos “chefes de família” respondentes dos respectivos
questionários.
A tabela 9 apresenta a avaliação realizada pela população a respeito das
atuais políticas de lazer fornecidas pelo poder público municipal, sendo importante destacar
nesse momento a inclusão de todos os entrevistados, mesmo aqueles que disseram não
usufruir práticas de lazer.
Tabela 9 - Avaliação da atual política de lazer desenvolvida pelo poder público
Avaliação da política voltada à área do lazer (Nº total e
percentual %)
Área
Excelente Boa Regular Ruim Ñ sabe
Total
1 - A. Jacinta 2
2,99
28
41,79
22
32,84
14
20,90
1
1,49
67
2 - Z. Leste 2
2,78
24
33,33
25
34,72
14
19,44
7
9,72
72
3 - W. Ishibashi 1
3,03
13
39,39
11
33,33
4
12,12
4
12,12
33
Total 5 65 58 32 12 172
Fonte: Trabalho de campo (julho/ agosto de 2006)
Organizador: Fabrício da Mata Lucas
Os resultados expressos nessa tabela não permitem identificar a existência
de uma diferenciação significativa das respostas apresentadas entre uma área ou outra.
Podendo observar de forma geral o mesmo direcionamento para o conjunto das respostas
obtidas nessas áreas.
As ações ligadas ao lazer desenvolvidas pelo poder público municipal
foram avaliadas de acordo com o seguinte critério: ‘Excelentes’, ‘boas’, ‘regulares’, ‘ruins’ ou
‘sem resposta’, sendo demonstrado neste último caso o desconhecimento dessas ações.
146
Constata-se a predominância de dois destes itens, os quais se referem a uma avaliação ‘boa’
ou ‘regular’. Mesmo assim, ao associarmos as respostas que consideram serem boas ou
excelentes as atuais ações voltadas para o lazer, percebemos uma representativa aceitação da
atual gestão municipal, ultrapassando 40% das opiniões nas áreas 1 e 3, respectivamente com
44,78% na área 1 (A. Jacinta), 42,42% na área 3 (W. Ishibashi) e 36,11% na área 2 (Z. Leste),
verificando-se nessa última área um menor percentual de boa ou excelente aceitação dessas
ações.
Um outro item marcante refere-se à avaliação ‘regular’ dessas ações
voltadas para o lazer, havendo uma semelhança muito grande entre as três áreas, 32,84% na
área 1 (A. Jacinta), 34,72% na área 2 (Z. Leste) e 33,33% na área 3 (W. Ishibashi).
Consideramos este item como um mediador, pois o teor das respostas
confirma a existência de um relativo contentamento com a atual política municipal voltada
para o lazer, mas ao mesmo tempo, confirma a necessidade de continuar expandindo as ações
que norteiam essa política. Outro fator de extrema relevância, influenciador dessas respostas e
identificado nas áreas analisadas diz respeito à falta de manutenção e segurança no conjunto
de praças de lazer instaladas nessa atual gestão na cidade.
As respostas que desqualificam a ação da atual gestão municipal no
incentivo ao lazer, considerando ‘ruim’ a atuação da prefeitura também se manifestam de
forma bastante semelhante entre essas áreas, com diferença maior na área 3(W. Ishibashi),
onde o percentual de rejeição às atuais políticas de lazer da prefeitura é menor, 12,12%. Nas
áreas 1(A. Jacinta) e 2(Z. Leste) esses percentuais são razoavelmente maiores e bastante
semelhantes, 20,90% na área 1 e 19,44% na área 2.
Com relação ao último item, constatamos os maiores percentuais referentes
às pessoas que não souberam responder nas áreas 2 e 3, com 9,72% na área 2 (Z. Leste) e
12,12% na área 3 (W. Ishibashi). Na área 1 (A. Jacinta) verificamos um percentual bastante
ínfimo de apenas 1,49%, correspondendo em números absolutos apenas uma resposta.
Através dessas informações, torna-se perceptível o predomínio de uma
avaliação entre ‘regular e boa’ das atuais políticas de lazer, verificando de uma forma geral a
aceitação dessas ações desenvolvidas pela atual gestão municipal.
É possível considerar a avaliação regular como o “divisor de águas” das
opiniões elencadas, estando no meio termo, destacando a importância das ações realizadas,
mas ao mesmo tempo levantando alguns problemas ligados principalmente à falta de
acompanhamento do poder público nas obras inauguradas (praças de lazer). Levando em
consideração o caráter transitório da avaliação ‘regular’, observa-se a presença de
147
considerações positivas e negativas que nem aprovam e também não desaprovam tais políticas
de lazer. As respostas consideradas ‘boas’, aprovando tal gestão, são razoavelmente maiores
nas áreas 1 e 3, enquanto na área 2 (Z. Leste) são ligeiramente menores se comparado às
respostas apresentadas como ‘regulares’. Se associarmos as respostas ‘boas’ e ‘excelentes’
conforme já apontamos, torna-se possível afirmar que no montante geral existe boa aceitação
dessas atuais políticas voltadas para o lazer, predominando afirmações que destacam a atual
gestão municipal como empreendedora no sentido de construir um considerável número de
praças de lazer na cidade.
Mesmo assim, não devemos esquecer das opiniões contrárias, as quais
desaprovam a atual gestão, pois mesmo representando percentuais menores nas três áreas,
esses ainda compreendem informações significativas, tendo em vista a quantidade expressiva
de opiniões, principalmente nas áreas 1 e 2.
A tabela apresentada a seguir (Tabela 10) enfatiza a opinião dos
respondentes “chefes de família” a respeito de qual gestão a partir da década de 1990 melhor
contempla as políticas de lazer na cidade de Presidente Prudente. Essa tabela também inclui as
opiniões que destacam existir nesse período mais de uma importante gestão privilegiando as
políticas de lazer, sendo constatado nesse momento o número total e os percentuais referentes
à quantidade de moradores entrevistados.
Assim como na tabela anterior (Tabela 9), enfatizamos nesse momento a
opinião de todos os entrevistados considerados “chefes de família”, enfocando até mesmo os
entrevistados que não vivenciam momentos de lazer, pois entendemos que mesmo estes não
usufruindo lazer, podem opinar a respeito.
148
Tabela 10 - Gestão municipal que mais privilegiou ações ou políticas de lazer
Gestão mais atuante nas políticas de lazer (Nº total e percentual %) Área
1* 2* 3* 4* 5* 1,2* 1,3* 1,4*
Total
1 - A. Jacinta 38
56,72
4
5,97
4
5,97
2
2,99
11
16,42
1
1,49
6
8,96
1
1,49
67
2 - Z. Leste 37
51,39
3
4,17
1
1,39
6
8,33
21
29,17
0
0,00
4
5,56
0
0,00
72
3 - W.
Ishibashi
20
60,60
1
3,03
1
3,03
2
6,06
8
24,24
0
0,00
1
3,03
0
0,00
33
Total 95 8 6 10 40 1 11 1 172
Fonte: Pesquisa de campo (julho/ agosto de 2006)
Organizador: Fabrício da Mata Lucas
Legenda:
1*- Atual gestão Agripino Lima (2001-2004/ 2005-2006);
2* - Gestão Mauro Bragato (1997-2000);
3* - Gestão Agripino Lima (1993-1996);
4* - Gestão Paulo Constantino (1989-1992);
5* - Nenhuma das alternativas.
Os códigos 1,2* indicam que o entrevistado destacou a atual gestão Agripino Lima e a gestão Mauro
Bragato como principais incentivadoras das políticas de lazer; os códigos 1,3* indicam a atual gestão
Agripino Lima e sua gestão anterior (1993-1996); os códigos 1,4* indicam a atual gestão Agripino
Lima e a gestão Paulo Constantino.
De acordo com as informações expostas nessa tabela percebemos o teor das
opiniões majoritariamente favoráveis à gestão Agripino Lima (2001/2004), a qual teve
continuidade em 2005, sendo vista como a gestão que mais incentivou as práticas de lazer na
cidade a partir da década de 1990. Nosso enfoque nesse momento representa uma tentativa de
resgatar a compreensão da população a respeito das políticas ou ações geradas na área do
lazer desde o ano 1990, coincidindo com o período levantado no acervo jornalístico acerca
das principais manchetes veiculadas às práticas de lazer subsidiadas pelo poder público
municipal.
Ao analisarmos tais informações, devemos ressaltar um aspecto pertinente,
pois embora entrevistamos somente as pessoas consideradas “chefes de família” e em alguns
casos as esposas desses respectivos “chefes”, dentre o montante de entrevistados temos
pessoas com idade mínima de 21 anos, não representando a maioria, mesmo assim,
corresponde uma parcela que se aproxima da metade dos percentuais referentes aos “chefes de
família” entre 21 e 50 anos conforme está caracterizado numa tabela a seguir. Essa tabela
149
serve para comprovarmos o real número de entrevistados “chefes de família” representantes
das menores idades entre 21 e 30 anos, dentre o total daqueles que estão enquadrados entre 21
e 50 anos.
Tabela 11 - Nº e Percentual de chefes de família entre 21 e 30 anos dentre o total de
entrevistados entre 21 e 50 anos
Área Nº e percentual %
entre 21 e 50 anos
Nº e percentual %
entre 21 e 30 anos
Total de
entrevistados
1 - A. Jacinta 50 (74,62) 19 (28,35) 67
2 - Z. Leste 48 (66,66) 23 (31,94) 72
3 - W. Ishibashi 20 (60,60) 08 (24,24) 33
Fonte: Trabalho de campo (julho/ agosto de 2006)
Organizador: Fabrício da Mata Lucas
Percebe-se que esses percentuais referentes aos “chefes de família”
entrevistados entre 21 e 30 anos registrados nas três áreas representam um contingente de
pessoas que possuíam pouca idade no início da década de 1990, não apresentando condição de
avaliar alguma ação voltada para o lazer desenvolvida naquele momento.
Ao referirmos aos baixos percentuais compreendidos no período Paulo
Constantino (1989 - 1992), chegando no máximo a 8,33% de aprovação das políticas de lazer
na área 2 (Z. Leste) e apenas 2,99 na área 1 (A. Jacinta), temos a plena a consciência que esse
público jovem entrevistado não possui os subsídios necessários para avaliar os
acontecimentos ocorridos em tal gestão (Ver Tabela 10).
Ao fazermos tais comparações, pretendemos deixar claro que embora tenha
sido contemplado um considerável percentual de “chefes de família” mais jovens com pouco
conhecimento das gestões mais antigas dentre as quatro analisadas, a grande maioria se
enquadra nas faixas etárias mais elevadas, prevalecendo essa grande identificação com a
gestão Agripino Lima mais recente (2001/ 2004).
Algo interessante para essa análise, diz respeito à grande diferença
constatada entre os apontamentos referentes a essa última gestão do prefeito Agripino Lima
150
(2001/2004)
24
e sua gestão anterior (1993/1996). Na anterior, constata-se a ocorrência de
percentuais bem mais modestos, não ultrapassando os 5,97% verificados na área 1 (A.
Jacinta). Aparecem também alguns percentuais apontando as duas gestões desse prefeito
como sendo as que mais incentivaram as ações e políticas voltadas para o lazer na cidade,
com percentuais entre 8,96% na área 1 e 3,03% na área 3. Essa considJaci1(ver[(Jcentuaisndo)5n)6( as dontaci1(as gest)6(com)v)6(esTd[(s d)-6(esse p(terifiras quonsta343en)68( tst uv)6(a(tuais )]TJ0.00001810 Tc -30.04 -D25 njuntot fal sendo ao dessas)5r essa)9(m)8( v (A. )Tj0.000018Tc 0.182 Tw 17.82 0gn)6eci1( sua ges03 Tm( (2001,ttacaambæ5eambicin)n)9( as gen)6e 3,03%
151
saber responder’ qual gestão mais incentivou o lazer, outros 5,98% não diferenciaram uma
gestão da outra, destacando que tais gestões pouco investiram na área do lazer. Na área 2 o
percentual é maior, dos 29,17% destacados, 15,28% não souberam opinar a respeito, enquanto
outros 13,89% não consideram haver diferenças significativas entre essas gestões. Na área 3,
dos 24,24% enfatizados, 15,15% não souberam responder e, 9,09% apontaram ser iguais as
gestões.
Essas pessoas que não souberam opinar a respeito compreendem na
maioria dos casos aos entrevistados e “chefes de família” mais jovens entre 21 e 30 anos,
aparecendo também, pessoas que se fixaram há pouco tempo na cidade.
De uma forma geral, é possível atribuir a essa segunda gestão Agripino
Lima (2001/ 2004), a maior preponderância no que se refere à instituição de políticas e ações
voltadas para o lazer a partir da década de 1990 segundo os entrevistados, posição esta
atribuída, sobretudo à constante instalação de novas praças de lazer pela cidade,
representando algo visível e presente no imaginário da população. Mesmo assim, cabe
ressaltar também, a presença da “memória curta” da população, algo relevante para se pensar
na forma como essa última gestão é ressaltada pelos moradores entrevistados, pois o que fica
mais presente no imaginário das pessoas com certeza são as ações mais recentes.
Contudo, observa-se que ao ressaltar essas novas praças como o grande
motivador para a aprovação dessa gestão ao se referir às políticas de lazer, muitos dos
moradores destacaram que o atual prefeito atende os diversos anseios da população, atuando e
direcionando plenamente todas as ações e políticas voltadas para o município.
Isso reforça a imagem atrelada ao Prefeito Agripino Lima de “homem que
faz”, demonstrando conforme já destacamos no dizer de Miño (2004), a preocupação especial
em apresentar sua gestão como uma grande executora de obras. Diante de tais características,
podemos reafirmar a presença de práticas clientelistas
25
, verificadas através do discurso da
população num âmbito que vai muito além das ações direcionadas ao lazer, pois de acordo
com uma moradora, “ele faz mesmo..., enfrenta todo mundo que quer atrapalhar seu
trabalho..., isso é pra mostrar (pro) povo quem realmente faz”
26
.
Portanto, percebe-se que a atual administração municipal possui como sua
principal marca, ou seja, como seu principal emblema a “urbanização e implantação de
espaços dotados de equipamentos de lazer” na malha urbana de Presidente Prudente. Prática
25
Cf. MELO, 1997 e MIÑO, 2004.
26
Afirmação registrada em conversa informal, momentos antes de iniciarmos as perguntas do questionário para
uma senhora moradora no entorno da área de lazer 1 (A. Jacinta), às 15:00 horas do dia 06/08/2006.
152
esta que vai ser alvo de questionamentos de adversários políticos e sem dúvida pode ser
associada a atitudes clientelistas, algo que não estamos questionando, mas sim reforçando
neste trabalho.
Nosso intuito é demonstrar que é perceptível o atrelamento a essas práticas
clientelistas, as quais visam obter um retorno futuro, incluindo candidaturas de outros
membros da família do prefeito para cargos políticos importantes conforme é possível
perceber a cada eleição, ou mesmo de outros aliados envolvidos na presente administração
municipal. Mesmo assim, consideramos ser positiva a instalação de tais obras, sobretudo para
se gerar mais possibilidades de lazer para uma população de renda mais baixa que habita
bairros de periferia.
A grande questão que deve ser colocada nesse momento refere-se à
presença de um já mencionado “padrão de política pública” direcionado à área do lazer na
cidade de Presidente Prudente, na qual o estabelecimento de tais praças de lazer em diversos
pontos da malha urbana representa esse padrão. Nosso intuito nesse capítulo é sem dúvida
compreender o entendimento da população acerca do lazer e, principalmente levantar
considerações sobre a concepção dessa população a respeito das atuais políticas estabelecidas,
tendo em vista esse “padrão de política pública”.
5.3 - Possíveis caminhos
Diante de tal perspectiva, torna-se possível enfatizar a forte presença dos
espaços públicos, “semipúblicos” e/ ou privados destinados ao lazer, entendendo estes
primeiros no presente trabalho, sobretudo através dos “parques” e “praças”, enquanto os
segundos são representados através das lanchonetes, bares, shopping centers, etc.
Gomes (2002) atesta para os dias atuais a existência de uma cidade
fragmentada, refletindo numa “[...] soma de parcelas mais ou menos independentes, havendo
uma multiplicação de espaços que são comuns, mas não são públicos”. Verificando-se nesse
sentido, “[...] um confinamento dos terrenos de sociabilidade e diversas formas de nos
extrairmos do espaço público”, entre elas o próprio “shopping center”. (GOMES, 2002,
p.174).
O autor aponta que essa nova forma de conceber os espaços de convivência
comuns, direcionando-os à fragmentação e uma posterior identificação através do “gosto
153
comum” entre cada um dos grupos, acaba rompendo com o princípio da diversidade embutido
nos espaços públicos, resultando em um processo de “recuo da cidadania”. (GOMES, 2002).
Portanto, quando nos referimos a essa forte associação das opiniões dos
moradores com a considerável utilização desses espaços destacados por nós como
“semipúblicos” e/ ou privados, principalmente os shopping centers, compreende que nessa
cidade atual, mesmo para as pessoas habitantes dessas áreas sujeitas à exclusão, tais locais
embora voltados para o consumo representam grande alternativa para se obter lazer. Visão
esta, compartilhada até por aquelas pessoas que ressaltaram não possuir condições financeiras
para se deslocar em busca desses locais.
Ao considerarmos tais espaços de lazer, podendo até associá-los a um
recuo na dimensão da freqüência a outros espaços públicos como praças e parques, não
pretendemos ‘desqualificar’ o uso desses espaços no que compreende a seu direcionamento
voltado para o lazer, pois conforme já verificado, são consideráveis os apontamentos que
reforçam a freqüência a esses espaços. Apenas consideramos que o lazer vivenciado nesses
locais possui em última instância a plena identificação com o consumo.
O que mais nos interessa sem dúvida é ressaltar como vem sendo
direcionado o uso nos espaços públicos de lazer, mais especificamente nas quatro praças
enfatizadas nesse trabalho, sendo que nesse sentido, verificamos a baixa presença dos
moradores em três dessas praças (nas duas praças da área 2 - Z. Leste e na praça da área 3 -
W. Ishibashi). Embora se observe de um modo geral uma razoável aceitação das políticas de
lazer estabelecidas na atual gestão municipal, sendo o conjunto das informações levantadas
resultante do fato de haver sido instalado esse considerável número de praças de lazer, ao
analisar a presença dos moradores nessas praças próximas de suas residências, identifica-se
esse baixo uso das mesmas.
Os principais motivos relacionados a esse baixo uso foram abordados no
decorrer do trabalho, sendo necessário refletir sobre como se encontram instaladas tais praças,
ou seja, como tais espaços dotados de equipamentos de lazer podem garantir a inclusão de
diferentes públicos em busca de lazer. Algo que a nosso ver, vai muito além da simples
instalação dos equipamentos (por mais importantes que sejam), necessitando incluir na
agenda do poder público uma política específica direcionada para a área do lazer. Política que
inclua também a manutenção desses equipamentos, programação cultural que atenda
efetivamente as áreas ressaltando os diversos anseios dos moradores, material humano e, sem
dúvida maior segurança.
154
No dizer de Marcellino (1996, p.24), “esse caráter parcial que se observa
quanto ao conteúdo, dificulta o estabelecimento de ações específicas, e é verificado também
quando se procura detectar os valores associados ao lazer”.
Mesmo assim, algo fundamental que consideramos, diz respeito à inclusão
e não separação dessas novas áreas em “guetos” onde cada um dos grupos se sobressaia
perante o outro, impondo uma espécie de apropriação privada desses espaços de lazer. De
acordo com Gomes (2002, p.177), “o livre acesso (a tais espaços públicos) pressupõe a não -
exclusividade de ninguém ou de nenhum uso diferente daqueles que são os de interesse
comum”. Algo que também é ressaltado por Frúgoli Júnior (1995), o qual reforça a
necessidade do poder público tentar equacionar no mesmo ‘espaço’, os diferentes anseios da
população. Tendo em vista, que a sociedade capitalista por ser em sua origem contraditória e
desigual, congrega pessoas com diferentes origens sociais e com diferentes perspectivas
quanto ao modo de se apropriar dos espaços públicos.
Para finalizar as considerações desse Capítulo, nos remetemos a Henri
Lefébvre (2001, p.128-29) quando este destaca que:
O problema dos lazeres obriga a pensar mais claramente ainda numa
estratégia. Para colocá-la em toda sua amplidão, convém inicialmente
destruir alguns fantasmas misturados com ideologia. O imaginário social
arrumado (pela ideologia, pela publicidade), bem como a triste realidade
dos ‘hobbies’ e da ‘criatividade’ miniaturizada fecham os horizontes. Nem
as saídas em férias, nem a produção cultural industrializada – nem os
lazeres na vida cotidiana, nem os lazeres fora da quotidianidade – resolvem
o problema. [...] O problema é acabar com as separações: ‘quotidianidade-
lazeres’ ou ‘vida quotidiana-festa’. O problema é restituir a festa
transformando a vida quotidiana. (LEFÉBVRE, 2001, p.128-29).
155
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para enfatizarmos os resultados obtidos no trabalho, faz-se necessário
resgatarmos os principais apontamentos referentes a cada capítulo. Num primeiro momento
(Capítulo 1), enfocamos algumas concepções de lazer procurando estabelecer uma maior
visibilidade a esse conceito. Enfatizamos desde sua possível ocorrência em diferentes
períodos históricos, constatando em seguida consideráveis mudanças estabelecidas a partir do
advento de uma sociedade urbano-industrial, verificando-se a partir desse momento uma
rígida divisão do tempo na vida das pessoas.
É, portanto, nas cidades que essa segmentação do(s) tempo(s) passa a ser
preponderante na vida dos indivíduos. Para as populações que vivem no campo, o contato
com o “lazer”, ou com os momentos de não trabalho não se encontra tão rigidamente
delimitado pelo relógio, podendo-se considerar que a forma na qual o lazer se encontra
instituído na sociedade moderna acaba aproximando-o mais dos valores da cidade e do
urbano. Na sociedade urbano-industrial a prática do lazer ganha na maior parte das vezes a
conotação de ‘válvula de escape’, com a função de buscar equilíbrio para garantir a
manutenção da sociedade, sobretudo no que se refere à reposição da força de trabalho.
É pensando no lazer enquanto uma atividade (prática ou contemplativa) que
se torna importante situá-lo como algo que vá além da simples função de válvula de escape,
ou seja, como algo que possa garantir em última instância prazer e liberdade ao indivíduo.
A paisagem urbana é responsável por trazer a coexistência e a interação de
diversos momentos que refletem tanto o velho quanto o novo, sendo que através dessa
constante interação é que se produz e reproduz o espaço urbano e também as diversas
manifestações do lazer que se encontram imbricadas. Essa paisagem contempla dois
elementos fundamentais conforme ressalta Carlos, que são: “o espaço construído, imobilizado
nas construções” e o “movimento da vida”. (CARLOS, 1992, p.40).
Através desses dois elementos fundamentais presentes na paisagem urbana,
torna-se possível compreender como se constitui o lazer inserido como mais um componente
presente no espaço urbano. Nesse contexto, o lazer pode ser verificado no espaço construído a
partir da disposição de seus equipamentos e, sobretudo através desse ‘movimento da vida’ das
pessoas que se organizam para vivenciá-lo, sendo que esse movimento compreende a razão da
existência de tais equipamentos que se encontram no espaço construído.
156
Verifica-se, assim, que o lazer aparece como um dos constituintes
fundamentais do espaço urbano, devendo ser repensada a forma como as práticas e as
políticas de lazer vêm sendo estruturadas nas mais diversas cidades brasileiras. É possível
enfatizar que “o uso diferenciado da cidade demonstra que esse espaço se constrói e se
reproduz de forma desigual e contraditória. A desigualdade espacial é produto da
desigualdade social”. (CARLOS, 1992, p.23).
Ao se pensar, então, nas práticas (contemplações) de lazer em Presidente
Prudente, nosso intuito foi enfocar algumas áreas de periferia da cidade sujeitas à exclusão
social (Capítulo 2). Para isso, nos remetemos a uma discussão acerca de algumas
preocupações que norteiam o conceito de exclusão social, em seguida inserindo a cidade de
Presidente Prudente e, como se configura a distribuição das áreas (setores) sujeitas a tal
processo nessa cidade.
Dessa forma, tivemos os subsídios para refletirmos o foco de nosso
trabalho, ou seja, reforçar a necessidade de haver políticas públicas voltadas para o lazer que
atendam áreas de exclusão social habitadas principalmente por uma população carente.
Após a elaboração desses dois capítulos mais teóricos, partimos para um
levantamento de informações junto a uma fonte documental (Jornal) que nos permitiu
identificar quais foram as principais políticas voltadas para a área do lazer na cidade entre os
anos de 1990 a 2004 (Capítulo 3). Dentre essas, identificamos de uma forma geral dois perfis
de políticas. Um primeiro mais direcionado à implantação de programas e eventos destacado
no início da década de 90 (gestão Paulo Constantino) e entre 1997 e 2000 (gestão Mauro
Bragato). Um segundo perfil é enfatizado por uma gestão mais direcionada à instalação de
equipamentos de lazer, enfocado, sobretudo a partir de 2001 (gestão Agripino Lima).
Tornou-se possível visualizar uma maior identificação entre o jornal
utilizado para o levantamento dessas informações e uma das gestões municipais levantadas
nesse período, no caso a gestão Paulo Constantino que governou a cidade no início da década
de 90. Nesse momento, podemos apontar que o jornal representava o papel de “porta voz” das
ações do poder público municipal, destacando um amplo conjunto de atividades (programas e
eventos) bem como de equipamentos, e também o uso de muitos desses equipamentos
voltados para o lazer. O teor das manchetes referentes às ações voltadas para o lazer
levantadas nas gestões Paulo Constantino e Mauro Bragato se assemelham. Mesmo assim, é
possível destacar uma relação mais próxima das ações realizadas na gestão Constantino com o
referido jornal, principalmente quando é ressaltado pelo jornal a “função social” estabelecida
em algumas das ações voltadas para o lazer levantadas em tal período.
157
Com relação a essa política de lazer estabelecida a partir de 2001 de acordo
com as informações verificadas no jornal, percebe-se que a mesma se encontra mais
direcionada à instalação de equipamentos de lazer. A ênfase dada pelo jornal refere-se à
instalação de alguns novos espaços e equipamentos, e se levarmos em consideração um
conjunto de informações oficiais levantadas além das manchetes enfocadas pelo jornal,
observa-se que uma das principais marcas dessa última gestão Agripino Lima está associada à
crescente expansão desses espaços e equipamentos voltados para o lazer. Portanto, foi
possível perceber através dessas informações, esse perfil empreendedor de obras relacionadas
à gestão Agripino Lima.
Essas manchetes trazidas nos jornais permitem identificar além desses
diferentes enfoques direcionados ao lazer, uma ampla disputa pelo poder local por parte de
dois grupos políticos. Isso fica claro ao relembrarmos das eleições municipais de 2004,
quando houve a atuação desses dois grupos, protagonizando uma disputa pelo poder local.
Percebe-se que o legado deixado pelas raízes “coronelistas” na cidade de
Presidente Prudente sem dúvida é algo marcante na história da formação da cidade. Embora
essa influência “coronelista” tenha sido diminuída devido a importantes mudanças que
começaram a se efetivar a partir da década de 30
27
, conforme Melo (1995 e 1997) destaca,
algumas relações consideradas clientelistas permanecem presentes nos dias atuais. Para
pensarmos nessa perspectiva de disputa do poder atualmente, mais precisamente da década de
1990 em diante, devemos ter em mente de acordo com Melo (1997), que não é possível
afirmar:
[...] que a inexistência do coronelismo clássico em nossos dias seja sinal de
conquista da plena cidadania. As relações de poder ainda expressam, em
grande parte, valores legados pela tradição e manifesto na troca de favores
inerente à prática histórica e patrimonialista da sociedade brasileira, como o
clientelismo, apropriação do público pelo privado. (MELO, 1997, p.32).
Nesse sentido, podemos pensar como foi estabelecida essa disputa pelo
poder local a partir da década de 1990, tendo em vista que esses dois grupos apresentados
anteriormente (de um lado liderado por Paulo Constantino e de outro por Agripino Lima)
representam segmentos mais modernos ligados ao setor empresarial e de serviços, mantendo
traços de uma política de dominação local calcada no clientelismo que reflete também no
direcionamento de políticas e ações ligadas ao lazer.
27
Cf. MELO, Jayro Gonçalves. Presidente Prudente - Coronelismo e Poder Local. In Conjuntura Prudente
1997.
158
Num momento posterior do trabalho (Capítulo 4), identificamos como vem
sendo implantado esse “padrão de política pública” voltado para o lazer nos dias atuais,
ressaltando através da representação cartográfica, um conjunto de novas áreas destinadas à
vivência de práticas de lazer na cidade, sobretudo em muitas áreas periféricas sujeitas à
exclusão social. É possível ressaltar que esse padrão de política de lazer se encontra inserido
na agenda da gestão Agripino Lima, desde 2001 em sua segunda gestão conforme
identificamos nos recortes de jornal e, também nessa sua terceira gestão a partir do ano de
2004.
Em um último momento do trabalho (Capítulo 5), partimos da existência
desse padrão de política direcionada ao lazer e procuramos identificar o entendimento da
população acerca do lazer, bem como sua concepção no que se refere a essa principal política
que vem sendo implementada na cidade. Enfocamos nesse momento três áreas periféricas da
cidade sujeitas à exclusão, sendo identificada a opinião de moradores residentes no entorno de
quatro praças de lazer, duas delas localizadas na zona leste da cidade e próximas uma da
outra, compreendendo então uma mesma área.
Constatamos de uma forma geral, que a vivência do lazer por parte desses
moradores está associada à utilização de espaços, sejam públicos, semipúblicos e/ ou
privados. No que diz respeito aos espaços públicos, vistos para nós como importantes locais
destinados à livre fruição de um tipo de lazer gratuito, observa-se uma alta aceitação de uma
forma geral nas três áreas levantadas, (1 - Ana Jacinta, 2 - Zona Leste e 3 - Watal Ishibashi).
A utilização de outros tipos de espaços considerados semipúblicos e/ ou privados também
recebe destaque na presente abordagem, sobretudo nas áreas 1 e 2.
Embora exista esse alto uso de espaços públicos em busca de lazer, a
utilização de tais espaços nem sempre coincide com a plena utilização das praças dotadas de
equipamentos de lazer localizadas nas três áreas enfatizadas nesse trabalho. Especificamente
em duas das áreas analisadas (2 e 3), a não freqüência a essas praças é maior que a freqüência
ressaltada por parte dos moradores, comprovando que embora exista tais equipamentos de
grande importância para essas áreas, ainda não existem atrativos mais específicos que
influenciem uma maior utilização por parte desses moradores.
A maior utilização de uma dessas praças, localizada na área 1 (A. Jacinta),
sem dúvida pode estar associada à grande distância de tal bairro (Ana Jacinta) com relação a
outros equipamentos localizados ao longo da cidade. Por outro lado, nas áreas onde se
verificou a menor utilização das praças de lazer, podemos apontar, sobretudo na área 2 (Z.
Leste), a pequena distância em relação a vários outros equipamentos, bem como em relação
159
ao próprio centro da cidade. Mesmo assim, foram significativas as considerações a respeito da
falta de manutenção e segurança nessas áreas, comprovando que apesar de se verificar uma
considerável instalação de equipamentos de lazer pela cidade, faz-se necessário também haver
uma preocupação mais ampla com a instituição de uma política de lazer mais efetiva. Política
esta que ressalte a importância da manutenção, segurança e uma programação que atenda
essas áreas e venha a reforçar a utilização desses equipamentos, procurando contemplar os
diferentes tipos de usuários.
Nesse sentido é que se observa uma tendência nos dias atuais das pessoas
recorrerem cada vez mais a práticas de lazer vinculadas a espaços privados ou que possuem
um acesso mais restrito, sendo interessante ressaltar que mesmo em áreas sujeitas à exclusão
social a ênfase a espaços como o shopping center, por exemplo, é considerável.
Repensando nas preocupações trazidas por Lefébvre, devemos refletir
acerca do caminho para uma sociedade urbana que rompa com o sentimento individualista
que tende a camuflar os conflitos e autoproclamar a sensação de pertença e liberdade aos
indivíduos. O que resulta segundo o presente autor, em uma sociedade terrorista de consumo
dirigido
28
. Pois, “a vida urbana se compõe de encontros; ela exclui a segregação e se define
como tempo e lugar de reunião de indivíduos e grupos ainda marcados pela divisão do
trabalho, reunião de classes, [...]”. (LEFÉBVRE, 1991, p.201).
É pensando na composição de uma vida urbana mais humana que gere
coesão e inclusão, ao invés de segregação e exclusão, que procuramos enfatizar a relação
existente entre a prática do lazer e a cotidianidade das pessoas, ou seja, como o lazer se insere
na vida desses moradores levantados.
Pensar em como as pessoas vivem o seu dia a dia seja no trabalho, na
escola, em casa, com familiares, nas rodas de amigos, na “cervejinha do fim de tarde”, na
igreja, no shopping center, etc, constitui a nosso ver diferentes esferas da cotidianidade.
Porém, esse cotidiano tende a nos remeter à rotina, mesmo que muitas vezes
seja entrelaçado de momentos um pouco mais espontâneos. Compreender esse dia a dia
através dessa rotina estabelecida na cotidianidade é o que nos permite apontar o lazer como a
possibilidade de ruptura com essa estrutura que se repete todos os dias e que nem sempre vem
acompanhada de atividades que reservem prazer às pessoas.
28
Nesta sociedade segundo Lefébvre, “convergem então as opressões e o sentimento vivido de liberdade”
(LEFÉBVRE, 1991, p.158). O terror nasce do conjunto e do pormenor, sendo qualquer contestação reduzida ao
silêncio.
160
Para isso, nos reportamos a Lefébvre, (1991, p.07) quando este destaca que
“o inventário do cotidiano faz-se acompanhar de sua negação pelo sonho, pelo imaginário,
pelo simbolismo, negação que supõe também a ironia diante dos símbolos e do imaginário”.
Podemos considerar as diferentes possibilidades que os indivíduos possuem
para romper com suas rotinas em busca de algo minimapvno. Outro ponto
importapa ser destacado diz respeito à possibilidade desse rompim os afes
habituais muitas vezes não ser simplespbené fico à saúde mental e corporal das pessoas,
sendo também prejudicial à saúde destas em alguns casos, como o exemplo do uso abusivo de
“drogas” lícitas ou ilícitas.
Esse rompimeo, sendo elpbenéfico ou não, pode acabar ganhando como
já nos referimos o sentido de ‘válvula de escape’, ou seja, algo funcional que permita sair da
realidade nem que seja por um dado momento para posteriorpvoltar à rotina comu. No
ao, não é dessa forma que queremos compr eender o l no seu sentido pleno, mas se
esse rompim o cotidiano proporcionar satisfação p, elppode vir apresentar
conotação com tal conteúdo.
É no l como já diria Elias (1992) que buscamos momos de excitação,
sendo esta ua excitação que não vai necessariam te eliminar o grau de tensão presente na
vida das pessoas, mas sim tentar aproveitar essa carga de tensão da melhor forma possível.
Esse autor apresenta em u dos seus trabalhos,
[...] como característica comum não a libertação das tensões mas, as, a
produção de tensões de u tipo pa rticula, o desenvolvimma
agradável tensão – excitação, como a peça fundamal de satisfação no
l. (ELIAS, 1992, p.136).
É assim que essa busca da excitação ou do entusiasmo tendepa encontrar nas
atividades de l o lugar privilegiado pa ra a manifestação do imaginário e do sonho,
compreendendo assim o espaço/ tempo ideal para o rompimeo com o cotidiano alienap
que permeia nossa sociedade.
É necessário evidenciar o sentido do lúdico e da festa, como forma dp
proporcionar maior igração ntrepas pessoas e uma mudança nos valores destas, seja no que
se referepa ua maior consciência e valorização com relação aos espaços públicos, bem como
a busca de ua vida aisposa que pode se tornar realidade por via desta aior
igração.
Concordamos com Lefébvre quando este ressalta que “o movim
direção à restituição da festa sepacusa, desde que haja vida urbana”. (LEFÉBVRE, 1991,
p.202).
161
Para tanto, percebe-se que essa transformação da cotidianidade tem como
seu campo de ação principal a cidade e um modo de viver oriundo desta, e que cabe em nosso
dia a dia tentarmos romper com a rotina alienante que assola nossa sociedade, por mais árdua
que tal tarefa pareça ser.
Portanto, queremos ressaltar que nosso trabalho se apresenta como uma
tentativa de qualificar a importância da prática do lazer no âmbito do modo de vida urbano, ou
seja, verificar a importância que tal prática exerce na vida dos citadinos de uma forma geral.
Procurando pensar em alternativas que possam aumentar as possibilidades de ação do poder
público no sentido de incentivar o lazer nas cidades, buscando contemplar fundamentalmente,
os diversos segmentos com menor poder de consumo que se encontram mais desprovidos do
acesso ao lazer.
No caso de Presidente Prudente, nosso intuito foi verificar acima de tudo
como vêm sendo instituídas as políticas públicas de lazer voltadas para as áreas de exclusão
social, evidenciando a presença de diferentes ações realizadas. No entanto, cabe enfocar que
embora possamos enfatizar a presença deste ‘padrão de política pública’ já mencionado e, até
mesmo a considerável aprovação por parte dos moradores entrevistados desta gestão
municipal responsável por tal política, não podemos esquecer das lacunas que são verificadas.
Tornando-se importante enfocar então, os diversos anseios, inquietações e proposições
apresentadas pela população para se pensar em ações ligadas ao lazer que realmente possam
ofertar um maior acesso à cidadania.
162
BIBLIOGRAFIA
ABREU, Dióres Santos. Esboço histórico da fundação de Presidente Prudente. In
SPOSITO, Maria Encarnação B. (Org.) Textos e Contextos para a Leitura Geográfica de
uma Cidade Média. Presidente Prudente: GASPERR/ FCT/ UNESP, 2001. P.11– 14.
______. Poder Político local no Populismo: Presidente Prudente (SP), 1928-1959.
Presidente Prudente: Impress, 1996.
______. Recortes. Presidente Prudente: Impress, 1997.
AMORIM, Margarete Cristiane de C. T. Caracterização das áreas verdes em Presidente
Prudente. In SPOSITO, Maria Encarnação B. (Org.). Textos e Contextos para a Leitura
Geográfica de uma Cidade Média. Presidente Prudente: Programa de Pós – Graduação em
Geografia - (Gasperr), 2001. P.37 – 52.
ANDRADE, José Vicente. Lazer - princípios, tipos e formas na vida e no trabalho. Belo
Horizonte: Autêntica, 2001.
ARAÚJO, Maria M. Ortega e CESÁRIO, Sérgio Roberto. O Lazer em Presidente
Prudente: Reflexões sobre qualidade de vida. Presidente Prudente: FCT/ UNESP, 1997.
BACAL, Sarah. Lazer e o Universo dos Possíveis. São Paulo: Aleph, 2003.
BELLONI, Isaura; MAGALHÃES, Heitor; SOUSA, L. C. Metodologia de Avaliação em
Políticas Públicas: uma experiência em educação profissional. São Paulo: Cortez, 2000.
BERNARDELLI, Mara Lúcia F. da Hora. Programa Cura III em Presidente Prudente:
uma porta para a cidade? In SPOSITO, Maria Encarnação B. (Org.). Textos e Contextos
para a Leitura Geográfica de uma Cidade Média. Presidente Prudente: GASPERR/
FCT/UNESP, 2001. P.121 – 138.
CALIXTO, Maria José M. O papel exercido pelo poder público local no processo de
produção seletiva de um novo padrão ocupacional. In SPÓSITO, Maria Encarnação B.
(Org.). Textos e Contextos para a Leitura Geográfica de uma Cidade Média. Presidente
Prudente: GASPERR/ FCT/UNESP, 2001. P.139 - 155
CAMARGO, Luiz O.de Lima. Apropriação de Espaços Públicos para o Lazer. In
TURINO, Célio (Org.). Lazer nos Programas Sociais – Propostas de combate à violência
e à exclusão. São Paulo: Anita, 2003. P.35 - 44.
CARLOS, Ana Fani A. A Cidade. São Paulo: Contexto, 1992.
CHAUÍ, Marilena. Introdução - O Direito à Preguiça. In LAFARGUE, Paul. O Direito à
Preguiça. São Paulo: Hucitec e Unesp, 2000. P.9 – 56.
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, 1988. Cap. II, Direitos
Sociais, Art. 6º. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 2002.
163
CORRÊA, Roberto L. Espaço, um conceito – chave da Geografia. In CASTRO, Iná E.;
GOMES, Paulo C. C. e CORRÊA, Roberto L. Geografia: Conceitos e Temas. Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil, 2003. P.15 – 47.
COSTA, Nilson do Rosário. Políticas Públicas, Justiça distributiva e inovação: saúde e
saneamento na agenda social. São Paulo: Hucitec, 1997.
DE MASI, Domenico. O ócio criativo; entrevista a Maria Serena Palieri. Rio de Janeiro:
Sextante, 2000.
DEMO, Pedro. Charme da Exclusão Social. Campinas: Autores Associados, 2002.
DUMAZEDIER, Jofre. Lazer e Cultura Popular. São Paulo: Perspectiva, 1973.
______ Sociologia Empírica do Lazer. São Paulo: Perspectiva - SESC, 1999.
ELIAS, Norbert. e DUNNING, Eric. A busca da excitação no lazer. Lisboa: DIFEL, 1992.
ESCOREL, Sarah. Vidas ao léu: Trajetórias de exclusão social. Rio de Janeiro: Fio Cruz,
1999.
FRÚGOLI JÚNIOR, Heitor. São Paulo: espaços públicos e interação social. São Paulo:
Marco Zero, 1995.
GEBARA, A. Considerações para uma história do lazer no Brasil. In BRUHNS, Heloisa
Turini (org.). Introdução aos Estudos do Lazer. Campinas: UNICAMP, 2000. P.61 – 81.
GOMES, Paulo César da C. A condição urbana: ensaios de geopolítica da cidade. Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil, 2002. P.129 -191.
GUIMARÃES, Raul B. , VIEIRA, Alexandre B. e NUNES, Marcelo. Cidades Médias:
Territórios da Exclusão. In CIDADES: Revista Científica/ Grupo de Estudos Urbanos - V.2,
Nº 4, Presidente Prudente, 2005. P.267 – 287.
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) - Censo demográfico, 2000.
IKUTA, Flavia Akemi. A Cidade e as Águas: A expansão territorial urbana e a ocupação
dos fundos de vale em Presidente Prudente - SP. (Dissertação de Mestrado). Presidente
Prudente: FCT/UNESP, 2003.
JESUS, Gilmar Mascarenhas. A cidade moderna e as técnicas: uma nova espacialidade do
tempo livre. (Anais do encontro da Comissão de Geografia Cultural da União Geográfica
Internacional). Rio de Janeiro, 2003.
LEFÉBVRE, Henri. A Vida Cotidiana no Mundo Moderno. São Paulo: Ática, 1991.
______ O Direito à Cidade. São Paulo: Centauro, 2001.
LUCAS, Fabrício da Mata. O Lazer no contexto das políticas públicas de combate à
exclusão social: O caso do lazer vivenciado pelo jovem de 14 a 19 anos em áreas de
164
exclusão. (Monografia de Bacharelado em Geografia). Presidente Prudente: FCT/UNESP,
2003.
MAGNANI, José G. Cantor. Festa no Pedaço: Cultura Popular e lazer na cidade. São
Paulo: Hucitec/ Unesp, 2003.
MARCELLINO, Nelson C. Lazer e Educação. Campinas: Papirus, 1995.
______(Org.). Políticas Públicas Setoriais de Lazer – O papel das prefeituras. Campinas:
Autores Associados, 1996.
_______Estudos do Lazer: Uma introdução.Campinas: Autores Associados, 2000.
MARTINS, José de Souza. Exclusão Social e a Nova Desigualdade. São Paulo: Paulus,
1997. P.7 - 38.
MEDEIROS, Ethel Bauzer. O lazer no planejamento urbano. Rio de Janeiro: FGV, 1971.
MELAZZO, Everaldo Santos. Problematizando o conceito de Exclusão Social: Elementos
para uma reflexão sobre velhas e novas desigualdades no Brasil. In FORMAÇÃO, Revista
Científica. Nº11, V.1: Presidente Prudente, 2004. P.45 – 71.
______. Expansão territorial e mercado imobiliário em Presidente Prudente. In
SPÓSITO, Maria Encarnação B. (Org.). Textos e Contextos para a Leitura Geográfica de
uma Cidade Média. Presidente Prudente: GASPERR/ FCT/ UNESP, 2001. P.109 – 120.
MELO, Jayro Gonçalves. Presidente Prudente - Coronelismo e Poder Local. In
GUIMARÃES, Raul B. e SPOSITO Maria E. B. (Org.) Conjuntura Prudente 97. Presidente
Prudente: FCT/UNESP, 1997.
______. Imprensa e Coronelismo - A Voz do Povo e seu discurso político-ideológico
(1926-1930). Presidente Prudente: FCT/ UNESP - Curso de Pós-Graduação em Geografia,
1995.
MELO, Vitor Andrade de. Lazer e Minorias Sociais. São Paulo: IBRASA, 2003. (Introdução
- p.21 -28).
MIÑO, Oscar A. Sobarzo. Os Espaços da sociabilidade segmentada: a produção do
espaço público em Presidente Prudente. (Tese de Doutorado). Presidente Prudente: FCT/
UNESP, 2004.
MONTESSORO, Cláudia Cristina L. Presidente Prundente: a instalação dos Shopping
centers e a (re)estruturação da cidade.. In SPOSITO, Maria Encarnação B. (Org.). Textos e
Contextos para a Leitura Geográfica de uma Cidade Média. Presidente Prudente:
GASPERR/ FCT/UNESP, 2001. P.215 – 234.
O IMPARCIAL. Jornal. Presidente Prudente: Imprensa - (1990 – 2004).
O IMPARCIAL, Jornal, 24/03/1991, p.05, Caderno C. Presidente Prudente: Imprensa, 1991.
165
O IMPARCIAL, Jornal, 05/11/1991, p.01, Caderno A. Presidente Prudente: Imprensa, 1991.
O IMPARCIAL, Jornal, 21/07/1998, p.5, Caderno B. Presidente Prudente: Imprensa, 1998.
OLIVEIRA, Paulo S. O Lúdico na vida cotidiana. In BRUHNS, Heloisa Turini (org.).
Introdução aos Estudos do Lazer. Campinas: Unicamp, 2000. P.11 – 32.
PARKER, S. A sociologia do lazer. São Paulo: Zahar, 1978.
PAUGAM, Serge. O Enfraquecimento e a Ruptura dos Vínculos Sociais - Uma dimensão
essencial do processo de desqualificação social. In SAWAIA, Bader (Org.). As
Artimanhas da Exclusão - análise psicossocial e ética da desigualdade social. Petrópolis:
Vozes, 2002. P.67 - 86.
PEREIRA, Silvia R. Os subcentros do Jardim Bongiovani e do Conjunto Habitacional
Ana Jacinta.). In MELAZZO, Everaldo S. e GUIMARÃES, Raul B. (Org.). Conjuntura
Prudente 2002. Presidente Prudente: GASPERR/ FCT/ UNESP, 2002. P.55 – 58.
PLANO DIRETOR DE DESENVOLVIMENTO URBANO DE PRESIDENTE
PRUDENTE - SP, 1996. Lei Complementar Nº 031 /96, Cap. IV, Do Zoneamento, Art. 18 e
Art.19.
REQUIXA, R. As Dimensões do lazer. São Paulo: SESI, 1974.
RIBAS, Rosana Alves. O Lazer no contexto do Planejamento Municipal em Presidente
Prudente: Análise do Espaço Público de Lazer, Parque das Andorinhas quanto sua
Delimitação, Ocupação e Ociosidade. 1998. (Dissertação de Mestrado).
Presidente Prudente: FCT/ UNESP, 1998.
SANTOS, Milton. Pensando o Espaço do homem. São Paulo: Hucitec, 1986.
_____O Espaço do Cidadão. São Paulo: Nobel, 1987.
_____Metamorfoses do Espaço Habitado – Fundamentos Teóricos e Metodológicos da
Geografia. São Paulo: Hucitec, 1988.
_____Por uma Geografia Nova – Da Crítica da Geografia a uma Geografia Crítica. São
Paulo: Hucitec, 1990. P.83 – 93.
_____Por uma outra Globalização – do pensamento único à consciência universal. Rio de
Janeiro: Record, 2002. P.69 – 76.
_____ A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo, Razão e Emoção. São Paulo: EDUSP,
2002. P.61 - 87.
SAWAIA, Bader. Exclusão ou Inclusão perversa. In SAWAIA, Bader (Org.). As
Artimanhas da Exclusão - análise psicossocial e ética da desigualdade social. Petrópolis:
Vozes, 2002. (Introdução - p.7 - 13).
166
SCHWARTZMAN, Simon. As Causas da Pobreza. Rio de janeiro: FGV, 2004.
SERPA, Ângelo. Espaço Público e Acessibilidade: Notas para uma abordagem
geográfica. In GEOUSP. Revista Científica/ Espaço e Tempo. São Paulo, Nº 15, 2004. P. 21
- 37.
SILVA, Manoel Carlos Barbosa. A Política de Lazer da Administração Pública da cidade
de Vitória. (Dissertação de Mestrado). Rio de Janeiro: Universidade Gama Filho,1995.
SOUSA, Silvia Ap. Políticas de Estado e a Questão da Moradia em Presidente Prudente.
(Monografia de Bacharelado). Presidente Prudente: FCT/ UNESP,1992.
SPINK, Mary Jane P. e MEDRADO, Benedito. Produção de sentidos no cotidiano: uma
aboradagem teórico - metodológica para análise das práticas discursivas. In SPINK,
Mary Jane P. (Org.). Práticas Discursivas e Produção de Sentidos no Cotidiano -
aproximações teóricas e metodológicas. São Paulo: Cortez, 1999. P. 41 – 61.
SPOSATI, Aldaíza. Cidade, Território, Exclusão/ Inclusão Social. (In Anais do Congresso
Internacional de Geoinformação). São Paulo, 2000. P.1 - 7.
SPÓSITO, Eliseu S. (org.) Sistema de Informação para tomada de decisão municipal.
(SIG) - Presidente Prudente. (Relatório Projeto Políticas Públicas – FAPESP), 2000.
______ Presidente Prudente na linha do tempo. In GUIMARÃES Raul B. e SPÓSITO,
Maria E. B. (Org.) Conjuntura Prudente 97. FCT/UNESP, Presidente Prudente, 1997.
______ ,et al. Exclusão social através de mapas. In MELAZZO, Everaldo S. e
GUIMARÃES, Raul B. (Org.) Conjuntura Prudente 2002. FCT/UNESP, Presidente
Prudente, 2002. P.97 – 126.
SPÓSITO, Maria Encarnação B. O Chão em Presidente Prudente: A Lógica da
Expansão Territorial Urbana. (Dissertação de Mestrado). Rio Claro: IGCE/ UNESP,1983.
______O chão em pedaços: urbanização, economia e cidades no Estado de São Paulo.
(Tese de Livre Docência). Presidente Prudente: FCT/ UNESP, 2004.
______(Org.). Textos e Contextos para a Leitura Geográfica de uma Cidade Média.
Presidente Prudente: Programa de Pós – Graduação em Geografia – (GASPERR), 2001.
TELLES, Vera da Silva. Pobreza e Cidadania: Figurações da Questão Social no Brasil
Moderno. In TELLES, Vera da Silva (Org.). Direitos Sociais do que se trata? Belo
Horizonte: UFMG, 1999. P.79 – 131.
VALENTE, Luís P. Lazer e Vida Urbana em Presidente Prudente - SP. (Dissertação de
Mestrado). Presidente Prudente: FCT/ UNESP, 2005.
VÉRAS, Maria P. B. Notas ainda preliminares sobre exclusão social, um problema
brasileiro de 500 anos. KOWARICK, L.; SPOSATI, A. e VÉRAS, Maria P. B. Por uma
167
Sociologia da Exclusão Social: o debate com Serge Paugam. São Paulo: EDUC, 1999. P.13
– 41.
WEBER, Max. A Ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo: Pioneira, 1967.
(Introdução - P.1 – 15).
168
ANEXOS
QUESTIONÁRIO DE CAMPO
Perguntas:
I - Pessoa entrevistada/ respondente (chefe de família e demais membros)
II – Faixa etária
III – Vc usufrui momentos de lazer?
IV – O que vc faz nestes momentos?
V– Vc freqüenta a praça de lazer de seu bairro?
VI – Vc busca momentos de lazer em outros locais da cidade?
VII – Como vc avalia a política voltada para a área do lazer por parte do poder público?
VIII – Na sua opinião, qual a gestão municipal que mais privilegiou as políticas de lazer em Pres. Prudente?
Bairro: Setor: Quadra:
Código
(casas)
(I) (II) (III) (IV) (V) (VI) (VII) (VIII)
Legenda:
(II) - < 10 anos (1) (III) – Não usufrui (0) (IV) – Fica em casa (1)
10 a 14 anos (2) Irregularmente (1) freqüenta espaços públicos (praças, parques, etc.) (2)
15 a 20 anos (3) Sempre (2) freqüenta outros espaços - privados ou de livre acesso
21 a 50 anos (4) (bares, clubes, casas noturnas, etc.) (3)
> de 50 anos (5) Nenhuma dessas atividades (Especifique) (4)
(V) – Não (0) (VI) – Não (0)
Todos os dias (manhã - 1) Todos os dias (manhã - 1)
Todos os dias (tarde – 2) Todos os dias (tarde – 2)
Todos os dias (noite – 3) Todos os dias (noite – 3)
Finais de semana (4) Finais de semana (4)
o possui regularidade (5) Não possui regularidade (5)
1
(VII) – Excelente (1)
Boa (2)
Regular (3)
Ruim (4)
o Sabe (5)
(VIII) – A atual gestão Agripino Lima (2001 2004 / 2005 – 2006) (1)
A gestão Mauro Bragato (1997 – 2000) (2)
A gestão Agripino Lima anterior (1993 – 1996) (3)
A gestão Paulo Constantino (1989 – 1992) (4)
Nenhuma das alternativas (Especifique) (5)
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo