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JULIANO VILAS BOAS RAMOS
ESTUDO DA ESTRUTURA GENÉTICA DE Leporinus
elongatus (PISCES, CHARACIFORMES) NO
COMPLEXO CANOAS – RIO PARANAPANEMA.
Londrina
2007
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JULIANO VILAS BOAS RAMOS
ESTUDO DA ESTRUTURA GENÉTICA DE Leporinus
elongatus (PISCES, CHARACIFORMES) NO
COMPLEXO CANOAS – RIO PARANAPANEMA.
Dissertação apresentada ao curso de Pós-Graduação
em Genética e Biologia Molecular da Universidade
Estadual de Londrina como requisito parcial à
obtenção do título de Mestre em Genética e Biologia
Molecular.
Orientadora: Profª. Drª. Leda Maria Koelblinger Sodré.
Londrina
2007
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JULIANO VILAS BOAS RAMOS
ESTUDO DA ESTRUTURA GENÉTICA DE Leporinus
elongatus (PISCES, CHARACIFORMES) NO
COMPLEXO CANOAS – RIO PARANAPANEMA.
Dissertação apresentada ao curso de Pós-Graduação
em Genética e Biologia Molecular da Universidade
Estadual de Londrina como requisito parcial à
obtenção do título de Mestre em Genética e Biologia
Molecular.
COMISSÃO EXAMINADORA
Profª. Drª. Leda Maria Koelblinger Sodré.
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA
Prof. Dr. Paulo Maurício Ruas
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA
Profª Drª Fernanda Simões de Almeida
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA
Dedico aos meus pais, Hugo Ramos e Esdra Vilas
Boas Ramos, pois muitos passam por nossas vidas, mas
estes são únicos e eternos.
AGRADECIMENTOS
A Universidade Estadual de Londrina, e ao Programa de Mestrado em Genética e
Biologia Molecular da Universidade Estadual de Londrina, EMBRAPA-Londrina e
IAPAR, pela formação concedida;
A CAPES pela concessão da bolsa de mestrado;
A Duke Energy International – Geração Paranapanema e a Agência Nacional de
Energia Elétrica (ANNEL) pelo apoio financeiro ao projeto que gerou esta dissertação;
A Profa. Dra. Leda Maria Koelblinger Sodré, minha orientadora que me acolheu
com carinho desde o segundo ano de minha graduação e que com o tempo depositou
confiança no meu trabalho, me aceitando como orientado e permitindo o desenvolvimento
desta dissertação;
A Profa. Dra. Fernanda Simões de Almeida, grande amiga e companheira do dia a
dia no laboratório, pela indispensável ajuda, orientação e participação na banca examinadora;
A Profa. Dra. Silvia Helena Sofia, pelo carinho e ajuda imediata quando necessário;
Ao Prof. Dr. Oscar Akio Shibatta da Universidade Estadual de Londrina pelas
orientações na correta identificação dos espécimes capturados durante o desenvolvimento
desta dissertação;
Ao grupo do Museu de Zoologia da Universidade Estadual de Londrina, composto
pelo Prof. Dr. Mário Luís Orsi e pelos amigos Edson Santana da Silva e Aparecido de
Souza, pela amizade e pelos esforços nas coletas dos espécimes utilizados neste trabalho;
A Equipe técnica de meio ambiente da Duke Energy International, pelo auxílio
nas coletas das amostras nas escadas para transposição de peixes;
Ao professor Paulo Maurício Ruas por ter aceitado fazer parte da banca examinadora
deste trabalho, trazendo grande colaboração ao mesmo;
Aos funcionários do Departamento de Biologia Geral Dário e Melissa pela prontidão
em ajudar com o uso do inter-laboratório;
A Sueli, secretária do Mestrado em Genética e Biologia Molecular por estar pronta a
ajudar com as burocracias e problemas que surgiram durante a realização do curso;
Aos amigos do Laboratório de Marcadores Moleculares em Peixes e Ecologia de
Abelhas Karen, Bruno, Mirian, Carluxa, Dalita, Douglas, Gabi, Rafael, Olavo e Leandro
pelas horas de descontração e divertimento entre um trabalho e outro;
Aos amigos Francine Matias de Paula e Fernando Yuldi Ashikaga, que um dia
passaram por este laboratório, mas deixaram grande amizade e carinho;
A todos os colegas da turma 2006 de Mestrado em Genética e Biologia Molecular
da Universidade Estadual de Londrina, pela convivência e companheirismo;
Aos amigos Fernando Camargo Jerep e Vitor Mirando Prado por todo
companheirismo e amizade dispensada;
Aos meus pais Hugo e Esdra por terem permitido e apoiado meu trabalho e
principalmente pelo amor puro e irrestrito que somente os pais sabem dar;
A minha irmã Jucielly, cunhado Luiz Cesar e sobrinhos Pedro Luiz e Luiz Otávio
que só pela existência incentivaram o desenvolvimento desta dissertação;
A DEUS que está sempre presente em nossa vida, mesmo quando nos ausentamos
Dele;
MEU MUITO OBRIGADO!!!!
RAMOS, JULIANO VILAS BOAS. Estudo da estrutura genética de Leporinus elongatus
(Pisces, Characiformes) no Complexo Canoas – rio Paranapanema. 2007. Dissertação
(Mestrado em Genética e Biologia Molecular) – Universidade Estadual de Londrina.
RESUMO
As barragens construídas ao longo de sistemas hídricos interrompem a dispersão e a migração
dos organismos aquáticos, afetando principalmente a abundância das espécies de peixes
migradores. Mecanismos para transposição foram construídos em barragens visando
minimizar esses impactos. Poucas são as informações disponíveis sobre o efeito da construção
de barragens na estrutura genética populacional da fauna Neotropical de peixes migradores. A
conservação da diversidade genética é de fundamental importância para sobrevivência de uma
espécie a longo tempo, pois a manutenção de um pool gênico com variabilidade suficiente
faz-se necessário para a adaptação da espécie a alterações ambientais. Nesse contexto,
marcadores moleculares RAPD e microssatélites, foram utilizados para avaliar a diversidade e
estrutura genética da espécie migradora Leporinus elongatus no Complexo Canoas – rio
Paranapanema – Brasil. Dez grupos foram amostrados nas escadas para transposição de
peixes das UHEs Canoas I e Canoas II durante o período reprodutivo em três anos
consecutivos. Ambos os marcadores evidenciaram uma alta diversidade genética para esses
grupos. Os marcadores microssatélites mostraram uma perda de heterozigosidade e uma
considerável taxa de endocruzamento para a espécie. A diferenciação genética encontrada
entre os grupos, com ambos os marcadores utilizados, pode ser considerada de baixa a
moderada. Os dados obtidos com os parâmetros de diversidade genética (distância e
identidade genética, F
ST
e AMOVA) permitiram concluir que os grupos de L. elongatus do
Complexo Canoas estão estruturados como uma única população. Os dados obtidos sobre a
diversidade genética e estrutura populacional de L. elongatus são de grande importância para
o desenvolvimento de programas de manejo e conservação da espécie no Complexo Canoas,
podendo também ser utilizados em programas de aqüicultura.
Palavras-chave: escadas de transposição, RAPD, microssatélites, estrutura populacional.
RAMOS, JULIANO VILAS BOAS. Study of genetic structure of Leporinus elongatus
(Pisces, Characiformes) in Complexo Canoas – Paranapanema river. 2007. Dissertação
(Mestrado em Genética e Biologia Molecular) – Universidade Estadual de Londrina.
ABSTRACT
The dams built along systems of water interrupt the dispersion and the migration of the
aquatic organisms affecting mainly the abundance of the species of fish migraters.
Mechanisms for transposition were built in dams seeking to minimize those impacts. Little are
the available information on the effect of the construction of dams in the population genetic
structure of the fauna Neotropical of fish migraters. The conservation of the genetic diversity
is of fundamental importance for survival of a species at long time because the maintenance
of a genic pool with enough variability is made necessary for the adaptation of the species to
environmental alterations. In that context, molecular markers RAPD and microsatellites, were
used to evaluate the diversity and structure genetics of the migraters species Leporinus
elongatus in the “Complexo Canoas” – Paranapanema river - Brazil. Ten groups were
collected in the ladder for transposition of fish of HPS Canoas I and Canoas II during the
reproductive period in three consecutive years. Both markers evidenced a high genetic
diversity for those groups. The markers microsatellites showed a loss of heterozygosity and a
considerable inbreeding tax for the species. The genetic differentiation found among the
groups with both used markers can be considered low until moderate. The data obtained with
the parameters of genetic diversity (distance and genetic identity, F
ST
and AMOVA) allowed
to conclude that the groups of L. elongatus of the “Complexo Canoas” are structured as a
single population. The data obtained on the genetic diversity and population structure of L.
elongatus are of great importance for the development of handling programs and conservation
of the species in the “Complexo Canoas” and could also be used in aquaculture programs.
Key-Words: fish ladder, RAPD, microsatellites, structure population.
LISTA DE FIGURAS
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Figura 1. Exemplar de Leporinus elongatus, capturado no Complexo Canoas – rio
Paranapanema.....................................................................................................................
24
Figura 2. Mapa mostrando a drenagem do rio Paranapanema, da nascente a foz,
destacando o Complexo Canoas em sua porção média. A Æ UHE Canoas I e B Æ
UHE Canoas II...................................................................................................................
31
Figura 3. Corte transversal do rio Paranapanema com todas as usinas hidroelétricas
presentes em seu curso (1 Æ UHE Jurumirim; 2 Æ UHE Piraju; 3 Æ UHE
Paranapanema; 4 Æ UHE Chavantes; 5 Æ UHE Salto Grande; 6 Æ UHE Canoas II; 7
Æ UHE Canoas I; 8 Æ UHE Capivara; 9 Æ UHE Taquaruçu e 10 Æ UHE Rosana.
Em destaque as UHEs Canoas I e II do Complexo Canoas...............................................
32
ARTIGO
Figura 1. Visão parcial do Rio Paranapanema e seus principais afluentes (rios Tibagi e
das Cinzas). Em destaque, os dois locais de coleta: UHE Canoas I e UHE Canoas II......
41
Figura 2. Dendrogama de distância genética, obtido com os marcadores RAPD, entre
os 10 grupos de Leporinus elongatus provenientes das escadas para transposição de
peixes das UHEs Canoas I e Canoas II - rio Paranapanema. Os números em cada um
dos nós indicam os valores de consistência obtidos a partir do bootstrapping e os
números dentro dos parênteses indicam o número de locos suportando cada nó..............
51
LISTA DE TABELAS
ARTIGO
Tabela 1. Total de espécimes amostrados por grupo de Leporinus elongatus nas
escadas para transposição de peixes das UHE Canoas I e II do Complexo Canoas – rio
Paranapanema, para cada marcador utilizado....................................................................
40
Tabela 2. Seqüências de nucleotídeos das repetições motifs, dos primers franqueadores
e temperatura de anelamento (Ta) para os locos de microsatélite analisados para
Leporinus elongatus...........................................................................................................
43
Tabela 3. Proporção de locos polimórficos (P) obtidos com o marcador RAPD para
os diferentes grupos de Leporinus elongatus capturados nas escadas para transposição
de peixes das UHEs Canoas I e Canoas II – rio Paranapanema.........................................
50
Tabela 4. Identidade genética (diagonal superior) e Distância genética (diagonal
inferior), obtidos com marcadores RAPD, para os grupos de Leporinus elongatus das
escadas para transposição de peixes das UHEs Canoas I (1 – 6) e Canoas II (7 – 10) –
rio Paranapanema...............................................................................................................
50
Tabela 5. Análise da variância molecular (AMOVA), obtida com os marcadores
RAPD, entre os grupos de Leporinus elongatus capturados nas escadas para
transposição de peixes das UHEs Canoas I e Canoas II – rio Paranapanema....................
52
Tabela 6. F
ST
por par de grupos, obtido com os marcadores RAPD, para os grupos de
Leporinus elongatus capturados nas escadas para transposição de peixes das UHEs
Canoas I (1 – 6) e Canoas II (7 – 10) – rio Paranapanema.................................................
52
Tabela 7. Locos de microsatélite analisados, número de alelos obtidos por loco e peso
molecular do maior e do menor alelo de cada loco, para L. elongatus..............................
53
Tabela 8. Total de haplótipos (T.H.), número médio de diferenças entre pares de
haplótipos (π), divergência gênica média por loco (D.G.M.), heterozigosidade média
observada (H
o
) e heterozigosidade média esperada (H
e
), obtidos com os marcadores
microssatélites, para os grupos de Leporinus elongatus amostrados nas escadas para
transposição de peixes das UHEs Canoas I (1 – 6) e Canoas II (7 – 10) – rio
Paranapanema.....................................................................................................................
55
Tabela 9. F
ST
par a par entre os grupos de Leporinus elongatus das escadas para
transposição de peixes das UHEs Canoas I (1 – 6) e Canoas II (7 – 10) – rio
Paranapanema.....................................................................................................................
55
Tabela 10. Análise da variância molecular (AMOVA), obtida com os marcadores
microssatélites, entre os grupos de Leporinus elongatus das escadas para transposição
de peixes das UHEs Canoas I e Canoas II – rio Paranapanema.........................................
57
Tabela 11. Estatísticas de Nei (1987) estimadas através dos locos microssatélites para
os grupos de Leporinus elongatus das escadas para transposição de peixes das UHEs
Canoas I e Canoas II – rio Paranapanema..........................................................................
58
Tabela 12. Estatísticas de Weir e Cockerham (1984) estimadas para os locos de
microssatélite nos grupos de Leporinus elongatus das escadas para transposição de
peixes das UHEs Canoas I e Canoas II –rio Paranapanema...............................................
58
SUMÁRIO
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
1 INTRODUÇÃO............................................................................................................
12
1.1 REVISÃO DE LITERATURA................................................................................
14
1.1.1 Peixes: Valor Econômico e Biológico............................................................
14
1.1.2 Variabilidade Genética e Estrutura Populacional...........................................
15
1.1.3 Marcadores Moleculares.................................................................................
18
1.1.4 Considerações sobre Leporinus elongatus.....................................................
23
1.1.5 Barragens Hidroelétricas e Escadas para Transposição de Peixes.................
26
1.1.6 O rio Paranapanema e o Complexo Canoas...................................................
29
2 OBJETIVOS.................................................................................................................
33
3 ARTIGO.......................................................................................................................
34
Resumo....................................................................................................................
36
Introdução................................................................................................................
37
Material e Métodos..................................................................................................
40
Material coletado...............................................................................................
40
Extração e quantificação do DNA.....................................................................
42
Amplificação do DNA.......................................................................................
42
Marcadores RAPD......................................................................................
42
Marcadores microssatélites.........................................................................
43
Análise eletroforética........................................................................................
44
Marcadores RAPD......................................................................................
44
Marcadores microssatélites.........................................................................
44
Análise genética................................................................................................
45
Marcadores RAPD......................................................................................
45
Marcadores microssatélites.........................................................................
46
Resultados................................................................................................................
49
Marcadores RAPD......................................................................................
49
Marcadores microssatélites.........................................................................
53
Discussão.................................................................................................................
59
Referências bibliográficas.......................................................................................
71
4 CONCLUSÕES..........................................................................................................
75
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GERAL........................................................
77
Introdução_______________________________________________________________
12
1 INTRODUÇÃO
Pode-se atribuir aos peixes duas grandes importâncias: a biológica e a
econômica. Os peixes estão entre os mais importantes recursos naturais, tendo destaque na
dieta de muitas pessoas e influenciando diretamente a economia de diversas nações.
Anualmente toneladas de peixes são retiradas diretamente de populações naturais, suprindo
mais de 15% do total de proteínas necessárias à alimentação humana. A atividade pesqueira
movimenta anualmente valores acima de 55 bilhões de dólares no mundo e emprega
diretamente por volta de 35 milhões de pessoas.
Com mais de 25.000 espécies conhecidas, a biodiversidade e o papel
ecológico dos peixes têm importância na conservação aquática, manejo de ecossistemas,
restauração e controle do meio ambiente aquático. Essa biodiversidade de peixes supre não
somente as necessidades alimentares com as diversas espécies exploradas, mas também pode
ser utilizada no manejo de ecossistemas. Além disso, é reconhecida a contribuição nos
processos do ecossistema, os quais incluem a participação na cadeia trófica, a transferência de
energia entre os níveis tróficos e o transporte de nutrientes entre os ecossistemas marinhos, de
água doce e terrestre.
No entanto, problemas afetando a produção, exploração de estoques,
diversidade global, estrutura trófica, qualidade do hábitat e composição local das
comunidades de peixes têm sido observados. Entre estes problemas estão as alterações
causadas por barragens com fins hidroelétricos, pois a grandiosidade destes empreendimentos
é proporcional às modificações que causam no ambiente onde são instalados.
A partir de 1960, cresceu o número de reservatórios hidroelétricos nos rios
brasileiros. Tentativas de reduzir os impactos destes barramentos foram realizadas, porém
com consideráveis ambigüidades em seus princípios e operação. Uma destas tentativas
Introdução_______________________________________________________________
13
consistiu na construção de mecanismos de transposição para peixes (por exemplo, as escadas
para transposição) como meio de conservação, manejo e/ou mitigação ao impedimento da
continuidade do movimento migratório nos rios barrados.
No geral, os peixes apresentam uma variabilidade fenotípica considerável
quando comparados a outros vertebrados, com muitas destas variações sendo relacionadas ao
ambiente, visto que muitos peixes são altamente hábeis em responder a condições ambientais
favoráveis ou desfavoráveis. Toda esta variabilidade fenotípica (plasticidade adaptativa) tem
uma base genética e a conservação da diversidade genotípica (variabilidade genética) é de
suma importância para a manutenção das espécies de peixes.
Conhecer o grau de variabilidade genética existente dentro e entre
populações de peixes permite a visualização de como estas populações estão estruturadas
geneticamente, sendo importante como subsídio para o correto manejo de uma espécie.
Diferentes ferramentas moleculares têm hoje em dia, permitido aos pesquisadores acessar esta
variabilidade genética mediante detecção de polimorfismos de DNA.
No presente trabalho a espécie migradora neotropical Leporinus elongatus
(Piapara) foi estudada por meio da detecção de polimorfismo de DNA utilizando as técnicas
de marcadores moleculares RAPD (Random Amplified Polymorphic DNA – Polimorfismo de
DNA amplificado ao acaso) e Microssatélites, com a finalidade de avaliar o grau de
variabilidade genética e a estrutura genética da espécie no Complexo Canoas – rio
Paranapanema.
Introdução_______________________________________________________________
14
1.1 Revisão de Literatura
1.1.1 PEIXES: VALOR ECONÔMICO E BIOLÓGICO
Dados da FAO (2004) (Food and Agriculture Organization of United
Nations) em seu documento bianual, denominado SOFIA (The State of World Fisheries and
Aquaculture), mostram a importância econômica dos peixes. Este documento mostra que
somente em 2002, ao redor de 93 milhões de toneladas da produção de peixes foram retiradas
diretamente de populações naturais em mares e águas continentais de todo o mundo, e que 42
milhões de toneladas foram retirados da aqüicultura. Mostra também que por volta de 101
milhões de toneladas, do total combinado de capturas em 2002, foram utilizados diretamente
como alimento, equivalendo a 16 kg de peixe per capita, ou 15% do total de proteínas
animais de que o homem necessita. De acordo com este mesmo documento, 35 milhões de
pessoas são empregadas diretamente na pesca, com esta atividade pesqueira movimentando,
no ano amostrado, 58 bilhões de dólares no mercado internacional, sendo este montante maior
que o produto interno bruto de mais de 70% das nações do mundo.
Ormerod (2003) destaca que os peixes estão entre os recursos naturais
mundiais mais importantes, e que se a importância econômica não é suficiente para enfatizar o
valor que os peixes apresentam, deve-se considerar a importância intrínseca de sua
conservação. Essa importância está na biodiversidade e ciclos de vida que apresentam, na
ecologia comportamental, nas interações ecológicas e nas adaptações fisiológicas
desenvolvidas ao longo da evolução, além da potencial utilidade que muitas espécies
oferecem no manejo de ecossistemas (controle de insetos vetores, manejo de vegetação
invasiva e em biomanipulações usadas para restaurações de sistemas aquáticos). Além disso,
os peixes são reconhecidos pelo importante papel que cumprem nos processos do ecossistema,
Introdução_______________________________________________________________
15
os quais incluem cadeia trófica, transferência de energia entre níveis tróficos e o transporte de
nutrientes entre os ecossistemas marinhos, de água doce e terrestre.
Nelson (1994) escreve que os peixes mostram grande diversidade em suas
morfologias, nos habitats que ocupam e em suas biologias, e que os peixes representam pouco
mais da metade do total aproximado de 48.170 espécies de vertebrados vivos conhecidos. Há
estimativas de 24.618 descrições válidas de espécies de peixes comparadas com 23.550
espécies de tetrápodes. Ainda de acordo com este autor, são hoje reconhecidas 482 famílias de
peixes com espécimes vivos, sendo que oito delas contêm mais de 400 espécies com 66%
delas ocorrendo em água doce. Enquanto, que de todas as espécies de peixes existentes hoje,
40% ocorrem preferencialmente em água doce.
Apesar da grande importância dos peixes para o homem, conhece-se muito
pouco a respeito de sua diversidade. Provavelmente 30 a 40% da fauna de peixes neotropicais
de águas interiores ainda não foram descritas. Estima-se, ainda, que cerca de 20% das
espécies de água doce estejam extintas ou ameaçadas de extinção. A poluição e eutrofização,
assoreamento, construção de represas e controle do regime de cheias, pesca e introdução de
espécies exóticas são alguns exemplos dos impactos sofridos pelos ecossistemas aquáticos
continentais brasileiros (HILSDORF; PETRERE, 2002).
Desta forma estudos sobre a biologia e a dinâmica das populações de peixes
são importantes para que ações de conservação sejam efetuadas de maneira racional e
competente.
1.1.2 VARIABILIDADE GENÉTICA E ESTRUTURA POPULACIONAL
A variação está presente, de alguma forma, em populações naturais de todos
os organismos. A variação genética, a matéria-prima na qual a seleção natural age, é criada
Introdução_______________________________________________________________
16
continuamente através da mutação e ao mesmo tempo erodida através de seleção e da deriva
genética. A habilidade de uma espécie em responder a seleção é dependente da presença de
variações herdáveis. Se a variação genética estiver presente dentro de uma espécie, qualquer
alteração nas pressões seletivas devido a mudanças ambientais permitirá que alguns
indivíduos possam sobreviver e se reproduzir (LOWE; HARRIS; ASHTON, 2004).
Segundo esses autores a variação genética dentro de uma espécie é um
conceito fundamental para a genética aplicada à ecologia e esta possui três componentes:
diversidade genética, diferenciação genética e distância genética.
A diversidade genética é uma expressão comumente utilizada para descrever
a variação herdável, encontrada dentro de entidades biológicas e que pode ser medida em três
níveis: individual, populacional e de espécie. No nível individual, a diversidade pode ser
encontrada em um indivíduo heterozigoto para qualquer loco particular; já no nível
populacional, os alelos presentes em um loco variável são encontrados em indivíduos
diferentes da mesma população. Neste caso, se existem mais que dois alelos para um mesmo
loco e os organismos são diplóides, nenhum indivíduo exibirá a variação total apresentada
pela população; assim, a diversidade populacional é descrita como sendo dividida entre seus
indivíduos. Por fim, em nível de espécie, a variação alélica pode mudar entre populações
dentro dos limites de distribuição da espécie, onde algumas populações exibem alelos que
estão ausentes em outras; neste caso, diz-se que a diversidade encontra-se dividida entre
populações da espécie (LOWE; HARRIS; ASHTON, 2004).
Enquanto a diversidade genética mede a quantidade de variação encontrada
numa população, a diferenciação genética descreve como esta variação é dividida entre
populações. A distância genética quantifica o grau de similaridade entre dois indivíduos, ou
grupos de indivíduos, sejam estes populações ou mesmo espécies
(LOWE; HARRIS;
ASHTON, 2004)
.
Introdução_______________________________________________________________
17
Segundo Whiteley; Spruell; Allendorf (2004) um grande número de estudos
levantou a hipótese de que fatores ecológicos e história de vida, como tamanho populacional,
padrões de migração e sistema reprodutivo estão relacionados com a divergência genética
entre populações, por meio dos efeitos de deriva genética e fluxo gênico.
Rubin et al. (2001) descrevem em seu trabalho ao menos três razões
biológicas que fazem da preservação da variabilidade genética de populações naturais um dos
maiores objetivos da biologia da conservação: a perda de variação genética pode aumentar a
probabilidade de extinção através de um declínio na fecundidade e viabilidade; populações
com baixos níveis de variação genética, sobre as quais a seleção natural pode operar, podem
ter oportunidades reduzidas para futuras adaptações frente a mudanças evolutivas; e, a
preservação da variabilidade genética pode ter papel chave na identificação de unidades
evolutivas significantes para a conservação.
A variação fenotípica, que no geral os peixes exibem, é maior que em outros
vertebrados, sendo esta variabilidade comum dentro e entre populações. Grande parte destas
variações está diretamente relacionada ao ambiente, já que muitos peixes detêm grande
plasticidade em responder a condições ambientais favoráveis ou desfavoráveis. No entanto,
toda esta variabilidade fenotípica tem por trás um componente genético, a variabilidade
genética, e mantê-la é crucial para a conservação das diferentes espécies de peixes
(MOYLE;
CECH, 2000).
A estruturação populacional é quase universal entre os organismos, pois
muitos naturalmente formam subpopulações agregando-se de diversas formas. Além disso, os
hábitats são naturalmente irregulares, compostos por áreas favoráveis misturadas com áreas
desfavoráveis, e ao longo do tempo, mesmo áreas uniformemente favoráveis podem ser
interrompidas por diferentes formas de barreiras (HARTL; CLARK, 1997). Os mesmos
autores ressaltam que se existe subdivisão populacional, há inevitavelmente alguma
Introdução_______________________________________________________________
18
diferenciação entre as subpopulações; sendo a diferenciação genética entendida por eles como
a aquisição de freqüências alélicas que diferem entre as subpopulações.
Avaliações da estrutura genética populacional fornecem um retrato genético
das populações, revelando medidas de endogamia, diversidade genética e diferenciação entre
os espécimes. Esses dados associados ao conhecimento de atributos como o tamanho efetivo
da população, o fluxo gênico e os sistemas de acasalamento são particularmente importantes
no delineamento das ações de manejo a serem adotadas. A longo prazo, as metas de
conservação preocupam-se em evitar a endogamia nas populações que não são normalmente
endogâmicas, permitindo a manutenção do maior potencial evolutivo possível (PEREZ-
SWEENEY; RODRIGUES; MELNICK, 2003).
O conhecimento prévio da distribuição da variabilidade genética dentro e
entre populações de uma espécie, por meio de marcadores moleculares, é uma etapa inicial
importante para o desenvolvimento do manejo e conservação in situ e de repovoamento. Para
isso, deve-se levar em conta se uma espécie está distribuída como apenas uma população, ou
como populações geneticamente diferentes e qual o grau de interação entre elas. No caso dos
peixes de água doce, suas populações em geral se distribuem por locais isolados, o que pode
minimizar as trocas gênicas entre elas, o que leva a processos de diferenciação genética
(HILSDORF; PETRERE, 2002).
1.1.3 MARCADORES MOLECULARES
Os marcadores, utilizados nos estudos genéticos, inicialmente baseavam-se
em caracteres morfológicos, em geral fenótipos de fácil identificação visual. Contudo, o
advento de modernas técnicas em biologia molecular, permitiu o desenvolvimento de um
Introdução_______________________________________________________________
19
conjunto de métodos para detecção de polimorfismo genético (diversidade genética) em nível
de DNA (FERREIRA; GRATTAPAGLIA, 1998).
O desenvolvimento de marcadores genéticos baseados em DNA
revolucionou a genética molecular animal, já que com esses marcadores é teoricamente
possível observar e explorar a variação genética no genoma inteiro. Em nível de DNA, os
tipos de variação genética que podem ser detectados são: substituição de bases, comumente
referido como polimorfismo em um simples nucleotídeo (SNPs), inserções ou deleções de
seqüências de nucleotídeos dentro de um loco, inversão de um segmento de DNA dentro de
um loco, e rearranjos de segmentos de DNA ao redor de um loco de interesse (LIU;
CORDES, 2004).
A tecnologia desenvolvida em meados da década de 1980 e denominada
PCR (Polymerase Chain Reaction – Reação de Polimerase em Cadeia), com sua facilidade,
rapidez, versatilidade e sensibilidade, causou uma revolução na biologia como ferramenta
poderosa para estudos moleculares envolvendo grande número de indivíduos de qualquer
organismo (FERREIRA; GRATTAPLAGLIA, 1998).
A tecnologia de PCR consiste basicamente na reprodução in vitro dos
processos de replicação do material genético dentro das células, gerando exponencialmente,
através de ciclos de replicação, bilhões de cópias de fragmentos específicos de DNA
(MATIOLI; PASSOS-BUENO, 2001), utilizando inicialmente para isso a DNA polimerase
isolada de uma bactéria (Thermus aquaticus) encontrada em fontes térmicas.
A técnica de PCR foi utilizada diretamente em muitos trabalhos científicos
e, desde a sua descrição, técnicas derivadas da mesma têm sido amplamente publicadas e
utilizadas. Estes trabalhos têm permitido avanços tanto em áreas básicas, como aquelas que
buscam o entendimento de processos biológicos fundamentais, como em áreas aplicadas,
dentre as quais estão a identificação de genótipos, diagnóstico de doenças, estudos
Introdução_______________________________________________________________
20
filogenéticos e estudos de melhoramento e conservação, abrangendo todos os grupos de seres
vivos (GOULÃO et al., 2001; XU et al., 2003; STOW; BRISCOE, 2005).
Em 1990, dois grupos americanos, (WELSH; McCLELLAND, 1990 e
WILLIAMS et al., 1990), desenvolveram, independentemente, a técnica de RAPD (Random
Amplified Polymorphic DNA – Polimorfismo de DNA amplificado ao acaso) uma variação da
tecnologia de PCR. Consistindo basicamente na amplificação do DNA genômico usando
iniciadores (primers) curtos (da ordem de 10 nucleotídeos) e de seqüência arbitrária
(WILLIAMS et al., 1990). O fato dos primers serem curtos e, temperaturas de anelamento
relativamente baixas (geralmente de 36 a 40ºC) serem utilizadas, a probabilidade de
amplificação de diferentes fragmentos anônimos do DNA genômico é grande, com cada
fragmento (presumidamente) representando locos diferentes (LIU; CORDES, 2004).
O polimorfismo nos diferentes locos de RAPD pode ser detectado após os
fragmentos de DNA amplificados serem separados em gel de agarose e corados com brometo
de etídio (
WILLIAMS et al., 1990; LIU; CORDES, 2004). Assim, os polimorfismos de
RAPD são visualizados como presença ou ausência de bandas no gel de eletroforese e podem
assim ser facilmente interpretados e convertidos em dados diagnósticos de homologia
molecular entre indivíduos (TORRES; MATOSO; ARTONI, 2004). A fonte deste
polimorfismo ainda é incerta, mas evidências experimentais indicam que mutações de ponto,
inserções e/ou deleções podem gerar tal polimorfismo ao alterarem os sítios de iniciação ou
torná-los mais distantes, impedindo a amplificação de um fragmento por não
complementaridade do primer com o sítio de iniciação, ou por estes estarem a distância
superior àquela que a DNA polimerase pode percorrer (FERREIRA; GRATTAPLAGLIA,
1998).
Williams et al. (1990) caracterizaram como dominante o comportamento
genético (segregação mendeliana) dos marcadores de RAPD. A principal limitação do
Introdução_______________________________________________________________
21
marcador RAPD é essa sua característica dominante, onde a presença da banda ocorre tanto
para os genótipos homozigotos como para heterozigotos, sendo difícil distinguir um genótipo
do outro através da intensidade da banda produzida (ALI et al., 2004; LIU; CORDES, 2004).
Alguns modelos estatísticos foram desenvolvidos no sentido de contornar as limitações,
permitindo as estimativas de parâmetros populacionais com a utilização de marcadores
dominantes (EXCOFFIER; SMOUSE; QUATTRO, 1992; LYNCH; MILLIGAN, 1994). De
acordo com tais modelos deve-se assumir que os alelos dos diferentes locos não co-migram
para a mesma posição em um gel e que os grupos populacionais estão em equilíbrio de Hardy-
Weinberg (LYNCH; MILLIGAN, 1994).
Contudo, a simplicidade e rapidez na obtenção de resultados são vantagens
da técnica RAPD. Outras vantagens como a possibilidade de utilização de um conjunto único
de primers no estudo de qualquer organismo, a quantidade mínima de DNA necessária nas
análises, a possibilidade de se amostrar regiões de DNA repetitivo nos genomas (gerando
assim um incremento no grau de polimorfismo detectado) e o baixo custo em relação a outras
técnicas moleculares para a obtenção de marcadores (FERREIRA; GRATTAPLAGLIA,
1998).
A utilização de marcadores RAPD em estudos populacionais nas mais
diferentes formas de organismos, é destacada por diversos autores (
WELSH;
McCLELLAND, 1990; WILLIAMS et al., 1990; ALMEIDA; FUNGARO; SODRÉ, 2001;
CHIARI; SODRÉ, 2001; RUBIN et al., 2001; ALMEIDA, SODRÉ; CONTEL, 2003;
ALLNUTT et al., 2003; LIU; CORDES, 2004; ALI et al., 2004; WASKO et al., 2004;
JAYASANKAR, 2004; HUANG; LIN; CHEN, 2005; BRAHMANE, 2006).
Microssatélites, também conhecidos como seqüências simples repetidas
(SSRs) ou repetições curtas em tandem (STRs), representam um tipo único de seqüências
genômicas de DNA não codificante repetidas em tandem, as quais são distribuídas
Introdução_______________________________________________________________
22
abundantemente pelo genoma e demonstram altos níveis de polimorfismo alélico. São
marcadores codominantes onde as seqüências são de tamanho relativamente pequeno
(seqüências curtas de 1 – 6 pb) que podem ser amplificadas facilmente pela reação da
polimerase em cadeia (PCR). Os microssatélites geralmente estendem-se de vinte a algumas
centenas de bases (CHISTIAKOV, HELLEMANS, VOLCKAERT, 2006).
Embora os microssatélites sejam extensivamente usados em um
considerável número de estudos que cobrem as mais variadas áreas da genética, a dinâmica
mutacional destas regiões genômicas ainda não é bem entendida, apesar de se saber que a taxa
de mutação de microssatélites é muito mais alta que de outras partes do genoma, variando de
10
-2
a 10
-6
nucleotídeos por loco por geração. Vários mecanismos foram sugeridos para
explicar essa taxa de mutação, incluindo erros durante a recombinação, crossing-over desigual
e deslizamento da polimerase durante a replicação ou reparo do DNA (cf OLIVEIRA et al.,
2006).
O sucesso no uso dos marcadores microssatélites se deve a sua abundância e
grande distribuição no genoma, detecção de alto grau de polimorfismo (multialelismo) e a
facilidade de análise (ZANE; BARGELLONI; PATARNELLO, 2002). Além disso, esses
marcadores apresentam herança mendeliana simples e são considerados co-dominantes sendo
possível à identificação dos heterozigotos
(LOWE; HARRIS; ASHTON, 2004). Todos estes
fatores combinados os colocam como os marcadores moleculares com maior conteúdo de
informação de polimorfismo e de grande interesse para muitos estudos como mapeamento
genético, estudos de DNA forense, estudo da variabilidade genética de populações e
conservação/manejo dos recursos biológicos (HATANAKA; GALETTI Jr., 2003;
LIU;
CORDES, 2004; CHISTIAKOV, HELLEMANS, VOLCKAERT, 2006).
No entanto, conforme Oliveira et al. (2006), a utilização de microssatélites
tem encontrado barreiras devido ao alto custo no desenvolvimento de primers específicos.
Introdução_______________________________________________________________
23
Contudo vários estudos têm mostrado que pares de primers determinados para uma espécie
podem ser utilizados para outras espécies do mesmo gênero ou para gêneros diferentes da
mesma família, esse atributo dos microssatélites é conhecido como transferabilidade ou
amplificação espécie-cruzada. A transferabilidade pode ser um fator importante na
simplificação do uso dos microssatélites pela redução de custos, principalmente quando se
trabalha com taxa com baixa freqüência ou dificuldades de isolamento de microssatélites
(OLIVEIRA et al., 2006).
1.1.4 CONSIDERAÇÕES SOBRE Leporinus elongatus
A espécie Leporinus elongatus (Valenciennes, 1850)
(Figura 1), pertence à
ordem Characiformes, família Anostomidae, subfamília Anostominae. A ordem
Characiformes, juntamente com a de Siluriformes, representa mais de 85% da ictiofauna dos
rios Neotropicais, havendo leve predomínio dos Characiformes (LOWE-McCONNELL, 1987
apud AGOSTINHO et al., 1997a). De acordo com Nelson (1994), esta ordem é representada
por 10 famílias, 237 gêneros e 1.343 espécies (números aproximados) e dentro da família
Anostomidae são encontrados 10 gêneros, distribuídos em duas subfamílias, com cerca de 105
espécies. L. elongatus, é uma espécie pertencente ao gênero Leporinus (Spix, 1829), o qual,
segundo Garavello e Britski (1988), é um dos mais complexos entre os Characiformes,
sobretudo por apresentar grande número de espécies descritas (cerca de sessenta).
Introdução_______________________________________________________________
24
Figura 1: Exemplar de Leporinus elongatus, capturado no Complexo Canoas – rio
Parana
p
anema.
Garavello e Britski (2003) relatam que espécies da família Anostomidae são
encontradas desde o sul da América Central até regiões tropicais e subtropicais da América do
Sul, não ocorrendo nenhuma espécie em rios que drenam a costa Pacífica dos Andes e, que no
Brasil estão presentes nas bacias dos principais rios como Amazonas, São Francisco e Paraná.
Estes autores ressaltam o fato de alguns membros de grande porte do gênero Leporinus e
Schizodon, serem conhecidos por empreenderem migrações reprodutivas no sistema Paraná-
Paraguai e nas bacias do Amazonas e Orinoco, sendo estes peixes explorados na pesca
comercial e de subsistência como um importante item alimentar da população na América do
Sul, devido a essas migrações anuais. De acordo com relatos dos mesmos autores, a espécie L.
elongatus é distribuída somente na América do Sul, nas bacias dos rios brasileiros Paraná e
São Francisco, onde é conhecida pelo nome popular de “Piapara”, e na do argentino La Plata,
onde recebe o nome popular de “Boga”.
Godoy (1975) descreveu algumas características morfológicas da espécie
Leporinus elongatus, destacando o corpo como alongado e relativamente alto, com dorso
cinzento-esverdeado, às vezes apresentando três manchas arredondadas escuras no lado e, em
geral, com sete faixas verticais escuras que vão da cabeça até o pedúnculo; a boca em posição
Introdução_______________________________________________________________
25
ântero-inferior; a cabeça longa e acarneirada, com o dorso cinzento-esverdeado; o olho com
íris denegrida e com faixa vermelho-alaranjada na parte superior; as nadadeiras com padrões
um pouco distintos de coloração, sendo no geral acinzentadas-azuladas, com as nadadeiras
ventral e anal, ao contrário da peitoral, nitidamente amarelo-citrinas na parte distal, a caudal
apresentando um faixa distal de um amarelo claro finamente orlada de cinzento e a adiposa
cinzento-amarelada; e escamas do tipo ciclóides com marcas anuais (annuli) que assinalam
migrações e desovas.
As “piaparas” são peixes de grande porte, podem ser citados como exemplo
os maiores espécimes capturados por Godoy (1975) no rio Mogi Guassu, os quais foram uma
fêmea de 78 cm de comprimento total (L
T
) e 5.380 g de peso total (W
T
) e um macho de 57 cm
(L
T
) e 1.920 g (W
T
), com idades estimadas através de escamas de 12 – 14 anos e de 8 – 9
anos, para a fêmea e para o macho respectivamente; ou ainda um espécime de 51,7 cm (L
T
)
capturado por Vazzoler (1996) no alto rio Paraná.
L. elongatus são peixes migradores, cuja estratégia reprodutiva consiste em
subir os rios maiores até locais com condições físicas e químicas adequadas para desova, e
descer passivamente estes rios, alimentando-se, até próximo à foz, onde encontram rios
adjacentes próximos e passam parte do ano, de fevereiro a agosto, até iniciarem novas
migrações a partir de setembro, reproduzindo-se entre os meses de dezembro e janeiro
(Godoy, 1975; Vazzoler, 1996). São citadas ainda por estes autores características
reprodutivas de L. elongatus tais como: periodicidade sazonal, fecundação externa, desova do
tipo total e ausência de cuidados parentais. Godoy (1975), analisando itens alimentares
utilizados por L. elongatus no rio Mogi Guassu, descreveu a espécie como herbívora,
insetívora, e eventualmente malacófaga e planctófaga; já Agostinho et al. (1997b), estudando
a planície de inundação do alto rio Paraná, classificaram L. elongatus como uma espécie
insetívora e Hahn et al. (1997), estudando esta mesma área, amostraram os principais recursos
Introdução_______________________________________________________________
26
alimentares utilizados, e constatou maior freqüência de insetos (mais de 60%), vegetais
superiores e detritos (ambos de 0 a 30%).
De acordo com Martins (2003), apesar de informações a respeito da
diversidade genética de populações da espécie L. elongatus serem críticas para a
sobrevivência e conservação desta espécie, não há disponibilidade de nenhuma informação
desse tipo. Visto que L. elongatus representa um recurso pesqueiro ameaçado e uma espécie
promissora para ser utilizada em aqüicultura, a seleção cuidadosa dos estoques selvagens,
baseados em critérios genéticos, pode oferecer um grande potencial para o sucesso de
programas de recuperação e manutenção da espécie, além de dar suporte as atividades de
aqüicultura aumentando a produção.
1.1.5 BARRAGENS HIDROELÉTRICAS E ESCADAS PARA TRANSPOSIÇÃO DE
PEIXES
No mundo a maioria dos grandes rios é fragmentada por barragens, e esta
fragmentação altera os padrões de migração entre populações de peixes, pois converte rios de
fluxo livre em reservatórios (JAGER et al., 2001; NILSSON et al., 2005). Os barramentos
causam impactos nas características hidrológicas e, conseqüentemente, nos atributos físicos,
químicos e biológicos dos sistemas naturais, constituindo a maior fonte pontual de
interferência humana nos regimes hídricos naturais (AGOSTINHO, 1992).
Conforme Agostinho et al. (2002), a construção de barragens hidroelétricas
no Brasil teve um grande impulso no início da década de 1960, sendo que os reservatórios
formados são responsáveis por gerar cerca de 95% da energia elétrica brasileira. Estas
barragens têm sido construídas em série, agravando grandemente os impactos nas populações
de peixes migradores, já que interrompem as rotas migratórias, separando o ambiente de
Introdução_______________________________________________________________
27
desenvolvimento inicial, reprodutivo e de crescimento, respondendo diretamente pelo
desaparecimento virtual de grandes espécies migradoras. Barragens também interferem no
ciclo de vida dos organismos aquáticos e produzem alterações importantes nos ecossistemas
ribeirinhos. Entre elas pode-se citar a mudança de ambiente lótico para lêntico, que afeta os
peixes de várias maneiras: interrompe rotas migratórias e elimina obstáculos naturais,
importantes para a reprodução de espécies de peixes de piracema; regulariza a vazão do rio,
fator que influencia o ciclo reprodutivo de peixes que desovam em ninhos; reduz a vegetação
ciliar, importante fonte de alimento; e causa o desaparecimento das lagoas marginais,
fundamentais para a eclosão de ovos e para a fase juvenil de muitas espécies de peixes
(HILSDORF; PETRERE, 2002).
Foram realizadas tentativas de reduzir tais impactos e suas conseqüências
aos estoques naturais de peixes (controle da atividade pesqueira e construção de estruturas que
facilitem a passagem de peixes pela barragem), mas todas com consideráveis ambigüidades
em seus princípios e operação (AGOSTINHO et al., 2002).
Entre os mecanismos de mitigação dos impactos causados pelos
barramentos citados acima estão as escadas para transposição de peixes. No Brasil, a
construção desses empreendimentos é um requerimento legal que determina que “todo aquele
que, por qualquer propósito, represar as águas de rios, córregos e riachos são obrigados a
construir escadas que permitam a livre subida dos peixes”. A obrigatoriedade dessa ação
resulta numa série de equívocos, pois sua efetividade é dependente de interações entre as
características do mecanismo e a natureza da ictiofauna presente. Desta maneira, ao invés de
contribuir para a manutenção das populações locais, é possível que estas passagens sejam
responsáveis por impactos adicionais ao ambiente (AGOSTINHO et al., 2002; HILSDORF;
PETRERE, 2002
; AGOSTINHO; GOMES; LATINI, 2004).
Introdução_______________________________________________________________
28
Agostinho et al. (2002), baseados em dados próprios e da literatura,
analisaram a eficiência da transposição contra corrente dos peixes através das escadas de
transposição, a continuidade da migração reprodutiva ao longo do reservatório, a migração rio
abaixo da prole e a passagem desta prole através da barragem. Estes autores chegaram a
conclusão de que as escadas de transposição, no início, foram construídas sem o
conhecimento técnico e científico do empreendimento ou da biologia da ictiofauna presente
no local de implantação das escadas de transposição. Destacam ainda que, apesar de
conhecimentos escassos e incompletos, resultados publicados até o momento indicam que
experiências com passagens para peixes na América do Sul, baseadas em modelos norte-
americanos para salmonídeos, não foram proveitosas, resultando em desperdício de dinheiro,
esforços e oportunidades de estudos. Por fim, tais autores concluem que há possibilidade que
as escadas possam ter sido responsáveis por impactos adicionais aos estoques de peixes.
Complementando o exposto acima Agostinho e Gomes (2005) colocam
como uma questão de grande importância, aquela que se refere ao recrutamento de peixes à
jusante. Pois mesmo que as escadas ou elevadores possibilitem a transposição da barragem
pelos reprodutores de várias espécies de peixes, parece pouco provável que a prole fará o
movimento oposto. Embora faltem dados precisos sobre esse assunto, é esperado que as
escadas subtraiam do estoque a jusante um grande número de reprodutores, não promovam a
sua reposição pelo recrutamento e tenham benefícios duvidosos quanto à manutenção dos
estoques do trecho à montante, especialmente quando inexistem áreas relevantes de várzeas
(criadouros naturais). Segundo Levin e Schiewe (2001) esta subtração de reprodutores no
estoque à jusante exerceria uma pressão de seleção sobre a variabilidade ou diversidade
genética desse estoque, e por outro lado exerceria uma força seletiva em favor das espécies
não migradoras.
Introdução_______________________________________________________________
29
1.1.6 O RIO PARANAPANEMA E O COMPLEXO CANOAS
O rio Paranapanema (Figura 2) com suas nascentes na vertente ocidental da
Serra de Paranapiacaba, no município de Capão Bonito, estado de São Paulo, é um importante
afluente do rio Paraná, estando localizado na bacia do Alto Paraná. Estende-se por mais de
600 Km, com orientação leste-oeste, da nascente até sua foz com rio Paraná na divisa entre os
municípios de Rosana/SP e Marilena/PR, dos quais por volta de 330 Km, a partir da foz do rio
Itararé, dividem naturalmente os estados de São Paulo e do Paraná. Com seu leito principal e
afluentes, o rio Paranapanema drena uma área aproximada de 109.600 Km
2
(DIAS, 2003;
DUKE ENERGY, 2003). Um desnível aproximado de 500 metros e curso bastante acidentado
fizeram com que houvesse interesse no aproveitamento deste rio na geração de energia
hidroelétrica, o que teve início em 1958 com a construção da usina de Salto Grande, e hoje
estão em operação 10 usinas hidroelétricas ao longo do rio Paranapanema (DUKE ENERGY,
2003),
Figura 3.
O Complexo Canoas (Figuras 2 e 3) é um sistema de duas usinas
hidroelétricas (UHE Canoas I e UHE Canoas II) inauguradas em 1999 e construídas pelo
Consórcio Canoas, formado pela CESP – Companhia Energética de São Paulo, cujas usinas
do rio Paranapanema compuseram a Companhia de Geração de Energia Elétrica
Paranapanema, e pela CBA – Companhia Brasileira de Alumínio (DIAS, 2003). A jusante da
UHE Canoas I encontra-se a foz do rio das Cinzas com o rio Paranapanema e compõe a
porção inicial do reservatório de Capivara, caracterizada por um ambiente lótico, com
profundidades de até 6 m (HOFFMAN, 2003). A montante encontra-se o reservatório da UHE
Canoas I, localizado entre os municípios de Cândido Mota (SP) e Itambaracá (PR), com águas
lênticas, área de 30,85 km
2
, suas margens são compostas principalmente por pastagens e
remanescentes de vegetação ciliar, apresenta ausência de lagoas marginais. Já o reservatório
Introdução_______________________________________________________________
30
da UHE Canoas II está localizado a montante do reservatório da UHE Canoas I, entre os
municípios de Palmital (SP) e Andirá (PR), com águas lênticas, possui área de 22,5 km
2
, suas
margens também são ocupadas por pastagens, com escassos remanescentes de vegetação
ciliar e ausência de lagoas marginais (DIAS,2003; DUKE ENERGY, 2003).
As usinas hidroelétricas que compõem o Complexo Canoas são as únicas no
rio Paranapanema que receberam a implantação de escadas para transposição de peixes, as
quais começaram a operar em novembro de 2000 (BRITTO;SIROL, 2005).
Introdução_______________________________________________________________
31
Figura 2: Mapa mostrando a drenagem do rio Paranapanema, da nascente a foz, destacando o Complexo Canoas em sua porção média. A Æ
UHE Canoas I e B
Æ UHE Canoas II.
Introdução_______________________________________________________________
32
Figura 3: Corte transversal do rio Paranapanema com todas as usinas hidroelétricas presentes em seu curso (1 Æ UHE Jurumirim; 2 Æ UHE
Piraju; 3 Æ UHE Paranapanema; 4 Æ UHE Chavantes; 5 Æ UHE Salto Grande; 6 Æ UHE Canoas II; 7 Æ UHE Canoas I; 8 Æ UHE
Capivara; 9 Æ UHE Taquaruçu e 10 Æ UHE Rosana. Em destaque as UHEs Canoas I e II do Complexo Canoas.
Objetivos________________________________________________________________
33
2. OBJETIVOS
Dentro do cenário descrito acima, a respeito das barragens hidroelétricas,
mecanismos de transposição para peixes e espécies migradoras, surge o objetivo do presente
trabalho: monitorar geneticamente a espécie Leporinus elongatus no Complexo Canoas no rio
Paranapanema, através do uso dos marcadores RAPD e microssatélites.
Os seguintes objetivos específicos delinearam este trabalho:
Analisar grupos de indivíduos capturados nas escadas de
transposição das UHE Canoas I e II, durante diferentes piracemas,
quantificando a variabilidade genética de cada grupo;
Estimar parâmetros de diversidade genética para os grupos
capturados na escada de transposição para peixes da UHE Canoas I
durante diferentes piracemas e, da mesma forma para os capturados
na UHE Canoas II;
Comparar, através de parâmetros de diversidade genética, os grupos
capturados na escada de transposição para peixes na UHE Canoas I
com aqueles provenientes da UHE Canoas II, com a finalidade de
verificar se os grupos amostrados pertencem a uma única população
ou se são originados de populações geneticamente diferenciadas.
A obtenção desses dados sobre a estrutura populacional de L. elongatus será
importante para o desenvolvimento de programas de manejo e conservação da espécie no
Complexo Canoas.
Estrutura genética de L. elongatus ___________________________________________________________________________________________________________________
34
Artigo
Estudo da estrutura genética de Leporinus elongatus (Pisces, Characiformes) no
Complexo Canoas – rio Paranapanema.
Trabalho a ser submetido ao periódico Genetics and Molecular Biology
Estrutura genética de L. elongatus ___________________________________________________________________________________________________________________
35
Artigo
Estudo da estrutura genética de Leporinus elongatus (Pisces, Characiformes) no
Complexo Canoas – rio Paranapanema.
Juliano Vilas Boas Ramos
1
, Fernanda Simões de Almeida
1
, Mário Luís Orsi
2
, Sandro Geraldo
de Castro Britto
3
, Leda Maria Koelblinger Sodré
1*
.
1
Departamento de Biologia Geral, Centro de Ciências Biológicas, Universidade Estadual de
Londrina, Londrina, Paraná, Brasil
2
Departamento de Biologia Animal e Vegetal, Centro de Ciências Biológicas, Universidade
Estadual de Londrina, Londrina, Paraná, Brasil
3
Duke Energy International – Geração Paranapanema, Xavantes, São Paulo, Brasil
Endereço: Rodovia Celso Garcia Cid – PR 445 – Km 380 , Campus Universitário
Caixa Postal, 6001 – CEP 86051-990
Londrina (PR) – Brasil
Telefone 55-43-3371-4437
e-mail: leda @uel.br
Running title – Estrutura genética de L. elongatus
Palavras chave: escada para transposição de peixes, estrutura populacional, RAPD,
microssatélite.
* autor para correspondência
Estrutura genética de L. elongatus ___________________________________________________________________________________________________________________
36
RESUMO
As barragens construídas ao longo de sistemas hídricos interrompem a dispersão e a migração
dos organismos aquáticos, afetando principalmente a abundância das espécies de peixes
migradores. Mecanismos para transposição foram construídos em barragens visando
minimizar esses impactos. Poucas são as informações disponíveis sobre o efeito da construção
de barragens na estrutura genética populacional da fauna Neotropical de peixes migradores. A
conservação da diversidade genética é de fundamental importância para sobrevivência de uma
espécie a longo tempo, pois a manutenção de um pool gênico com variabilidade suficiente
faz-se necessário para a adaptação da espécie a alterações ambientais. Nesse contexto,
marcadores moleculares RAPD e microssatélites, foram utilizados para avaliar a diversidade e
estrutura genética da espécie migradora Leporinus elongatus no Complexo Canoas – rio
Paranapanema – Brasil. Dez grupos foram amostrados nas escadas para transposição de
peixes das UHEs Canoas I e Canoas II durante o período reprodutivo em três anos
consecutivos. Ambos os marcadores evidenciaram uma alta diversidade genética para esses
grupos. Os marcadores microssatélites mostraram uma perda de heterozigosidade e uma
considerável taxa de endocruzamento para a espécie. A diferenciação genética encontrada
entre os grupos, com ambos os marcadores utilizados, pode ser considerada de baixa a
moderada. Os dados obtidos com os parâmetros de diversidade genética (distância e
identidade genética, F
ST
e AMOVA) permitiram concluir que os grupos de L. elongatus do
Complexo Canoas estão estruturados como uma única população. Os dados obtidos sobre a
diversidade genética e estrutura populacional de L. elongatus são de grande importância para
o desenvolvimento de programas de manejo e conservação da espécie no Complexo Canoas,
podendo também ser utilizados em programas de aqüicultura.
Estrutura genética de L. elongatus ___________________________________________________________________________________________________________________
37
Introdução
A maioria dos grandes rios no mundo é fragmentada por barragens, e esta
fragmentação altera os padrões de migração das populações de peixes, pois converte rios de
fluxo livre em reservatórios (Jager et al., 2001; Nilsson et al., 2005). A interrupção de rotas
migratórias dessas espécies, fragmentação de ambientes de desova, desenvolvimento inicial e
crescimento, é em grande parte responsável pelo desaparecimento virtual de espécies
migradoras de grande porte na porção alta da bacia do rio Paraná (Agostinho et al., 2002;
Agostinho e Gomes, 2005).
O rio Paranapanema tem a sua nascente na Serra de Paranapiacaba (Mata
Atlântica), com orientação geral a noroeste e é um importante afluente da margem esquerda
do rio Paraná (bacia do Alto Paraná). Nos últimos 50 anos este rio tem sofrido forte
intervenção humana com a construção de 10 usinas hidroelétricas formando um sistema de
reservatórios em cascata. As usinas hidroelétricas (UHE) de Canoas I e de Canoas II
construídas em 1999, e seus respectivos reservatórios estão localizados no médio rio
Paranapanema, formando o Complexo Canoas. Essas são as únicas UHEs nas quais foram
construídas escadas para transposição de peixes, as quais têm intuito de minimizar o impacto
do represamento na manutenção dos estoques naturais de peixes (Duke Energy, 2003; Britto e
Sirol, 2005).
A construção de escadas para transposição de peixes em alguns reservatórios
é uma das medidas mitigatórias empregadas por determinação de legislação federal brasileira.
Embora não haja dúvidas sobre a habilidade de várias espécies migradoras ascender as
escadas e alcançar o reservatório, a seletividade dessas escadas é consenso nos estudos
realizados. Há indícios de que essas obras teriam eficiência duvidosa na preservação ou
conservação dos estoques em um cenário de barragens em série (Borghetti et al., 1994;
Agostinho et al., 2002; Agostinho e Gomes, 2005).
Estrutura genética de L. elongatus ___________________________________________________________________________________________________________________
38
Sabendo que a existência de barreiras geográficas, como barragens, isola
populações, fica claro que em longo prazo tais empreendimentos poderão causar a redução de
fluxo gênico, mudanças nas freqüências alélicas, polimorfismos intraespecíficos, e
conseqüentemente a diminuição da variabilidade genética das populações (Agostinho et al.,
2002; Hatanaka e Galetti, 2003).
O conhecimento prévio da distribuição da variabilidade genética dentro e
entre populações de uma espécie é uma etapa inicial importante para o desenvolvimento de
planos de manejo e conservação. Para isso, deve-se levar em conta se uma espécie está
distribuída como apenas uma população ou como populações geneticamente diferentes e qual
o grau de interação entre elas. No caso dos peixes de água doce suas populações em geral se
distribuem por locais isolados, o que pode minimizar as trocas gênicas entre elas, levando a
processos de diferenciação genética (Hilsdorf e Petrere, 2002).
Nesse contexto, de identificação da diversidade e estrutura genética é que
estão sendo aplicados os marcadores genéticos e moleculares nos estudos de espécies de
peixes neotropicais, buscando, inclusive, a exploração de características de interesse
econômico, bem como a preservação de unidades evolutivamente significativas para a
manutenção dessa diversidade (Torres et al., 2004).
A espécie Leporinus elongatus (Valenciennes, 1850) pertence à ordem
Characiformes, família Anostomidae, é distribuída somente na América do Sul, ocorrendo no
Brasil nas bacias dos rios Paraná e São Francisco, onde é conhecida popularmente por
“piapara”. Devido ao grande porte que apresentam e por empreenderem migrações
reprodutivas anuais nessas bacias, indivíduos desta espécie são explorados tanto na pesca
comercial como na de subsistência, constituindo-se em um importante item alimentar das
populações ribeirinhas (Garavello e Britski, 2003).
Estrutura genética de L. elongatus ___________________________________________________________________________________________________________________
39
No presente estudo marcadores moleculares RAPD (Random Amplified
Polymorphic DNA) e microssatélites (SSR –Simple Sequence Repeats) foram utilizados para
estimar o índice de variabilidade genética de grupos de Leporinus elongatus coletados nas
escadas para transposição de peixes do Complexo Canoas, bem como para estimar
parâmetros de diversidade genética com a finalidade de verificar se os grupos amostrados
pertencem a uma única população ou se são originados de populações geneticamente
diferenciadas. Com os dados obtidos espera-se contribuir para a compreensão da situação
atual dessa espécie dentro do Complexo Canoas.
Estrutura genética de L. elongatus ___________________________________________________________________________________________________________________
40
Material e Métodos
Material coletado
Dez grupos de Leporinus elongatus foram capturados nas escadas para
transposição de peixes das UHEs Canoas I e UHE Canoas II (Figura 1), no período
reprodutivo compreendido entre o inicio de 2003 e final de 2005: seis na escada de Canoas I e
quatro na de Canoas II (Tabela 1). Foram utilizados para a captura dos exemplares tarrafas,
peneiras e redes de arrasto.
Amostras de tecido muscular ou nadadeira adiposa foram retiradas dos
espécimes e estocadas a -20ºC até a utilização. Alguns exemplares do material estudado
encontram-se depositados no Museu de Zoologia da Universidade Estadual de Londrina.
Tabela 1: Total de espécimes amostrados por grupo de Leporinus elongatus nas escadas para
transposição de peixes das UHE Canoas I e II do Complexo Canoas – rio Paranapanema, para
cada marcador utilizado.
Canoas I Canoas II
Grupos Marcadores Marcadores
microssatélites RAPD microssatélites RAPD
Início 2003 12 12 --- ---
Final 2003 16 16 30 32
Início 2004 20 20 --- ---
Final 2004 30 23 30 32
Início 2005 30 23 30 23
Final 2005 30 23 30 23
Total 138 117 120 110
Estrutura genética de L. elongatus ___________________________________________________________________________________________________________________
41
520.000
AMÉRICA
DO SUL
BRASIL
RIO DAS
CINZAS
RIO TIBAGI
UHE Canoas I
UHE Canoas II
UHE
Capivara
460.000
480.000
500.000
540.000
560.000
580.000
0
510
20 km
RIO PARANAPANEMA
SÃO
PAULO
PARANA
Escala
1:250.000
520.000
AMÉRICA
DO SUL
BRASIL
AMÉRICA
DO SUL
BRASIL
RIO DAS
CINZAS
RIO TIBAGI
UHE Canoas I
UHE Canoas II
UHE
Capivara
460.000
480.000
500.000
540.000
560.000
580.000
0
510
20 km
RIO PARANAPANEMA
SÃO
PAULO
PARANA
Escala
1:250.000
Figura 1: Visão parcial do Rio Paranapanema e seus principais afluentes (rios Tibagi e das Cinzas). Em destaque, os dois locais de coleta:
UHE Canoas I e UHE Canoas II.
Estrutura genética de L. elongatus ___________________________________________________________________________________________________________________
42
Extração e quantificação do DNA
A extração do DNA genômico das amostras seguiu protocolo descrito por
Almeida et al. (2001). A quantificação foi realizada em fluorímetro DyNA Quant 200
(Hoeffer). O DNA das amostras foi ajustado a uma concentração de 5 ng/μL para uso nas
reações de amplificação.
Amplificação do DNA
Marcadores RAPD
Os cinco primers (OPX 4; OPW 3, 9 e 19; OPAM 11) utilizados foram
selecionados, com base na qualidade e quantidade de bandas geradas, a partir de quatro kits de
oligonucleotídeos da Operon Technologies.
Cada reação de amplificação continha 3,3 μl de água bidestilada; 1,5 μl de
tampão de reação 10x; 1,5 μl de dNTPs (250 μM); 5 μl de MgCl
2
(3,3 mM); 2 μl de primer
(0,33 μM) e 0,2 μl de Taq DNA Polimerase (1 U), somando 13,5 μl de solução, mais 1,5 μL
de DNA de cada amostra (0,5 ng/μL). A amplificação das amostras de DNA foi realizada
utilizando-se um termociclador (PTC-100, MJ Research) e seguiu um programa composto de
uma desnaturação inicial a 92ºC por 4 minutos, seguida de 40 ciclos, cada um contendo as
seguintes fases: 40 segundos a 92ºC (desnaturação), 1 minuto e 30 segundos a 40ºC
(pareamento) e 2 minutos a 72ºC (extensão), com uma extensão final de 5 minutos a 72ºC.
Estrutura genética de L. elongatus ___________________________________________________________________________________________________________________
43
Marcadores microssatélites
Morelli et al. (2007) isolaram e caracterizaram oito locos de microssatélites
para a espécie Leporinus macrocephalus, para os quais foram construídos pares de primers
(Lmac 02, 03, 04, 05, 06, 07, 08 e 09) e que testados tiveram resultados satisfatórios para a
amplificação desses locos em Leporinus elongatus. Para a seleção dos pares de primers a
serem utilizados no presente trabalho, foram realizadas otimizações em todo o processo de
amplificação de DNA com os oito pares (acima citados) em L. elongatus coletados no
Complexo Canoas sendo selecionados os primers para os locos Lmac 06, Lmac 08 e Lmac 09.
Cada reação de amplificação continha 9,45 μl de água bidestilada; 2,5 μl de
Tampão 10x; 1,6 μl de dNTPs (200 μM); 3,75 μl de MgCl
2
(1,87 mM); 0,5 μl de cada primer
(Forward e Reverse) (200 μM) e 0,2 μl de Taq DNA Polimerase (1 U), somando 18,5 μl de
solução, mais 1,5 μL de DNA de cada amostra. A amplificação das amostras de DNA foi
realizada utilizando-se um termociclador (PTC-100, MJ Researh) e seguiu os programas de
acordo com o loco a ser amplificado, sendo um programa básico composto de uma
desnaturação inicial a 95ºC por 3 minutos, seguida de 30 ciclos, cada um contendo as
seguintes fases: 15 segundos a 92ºC (desnaturação), 15 segundos a XºC (pareamento, a
temperatura X depender do primer a ser utilizado) e 15 segundos a 72ºC (extensão), com uma
extensão final de 5 minutos a 72ºC. As Tabelas 2 e 3 mostram os pares de primers utilizados
por loco, bem como as características desses locos.
Tabela 2: Seqüências de nucleotídeos das repetições motifs, dos primers franqueadores e
temperatura de anelamento (Ta) para os locos de microsatélite analisados para Leporinus
elongatus.
Locos Repetição motif Seqüência dos Primers (5´- 3´) Ta (ºC)
Lmac 06 (CA)
n
F: CTCTACTTCACTTTTACAGCAG
R: CCCGAGCCGCGTCACACTTC
56
Lmac 08 (TC)
n
F: CCATTTCTGTCTTACCTTTG
R:CTTCGGGAGTTGACAGCACC
55
Lmac 09 (AG)
n
(GG)(AG)
n
F: TAAACAAACGGTGGGCAGTG
R: TATCTTCACTAATCAAACTCC
56
Estrutura genética de L. elongatus ___________________________________________________________________________________________________________________
44
Análise Eletroforética
Marcadores RAPD
Ao DNA amplificado foi acrescido tampão de amostra (glicerol e azul de
bromofenol) e submetido ao processo eletroforético em géis de agarose 1,4% preparados com
tampão TEB 0,5x, diluído da solução 10x (Tris 0,89 M; Ácido Bórico 0,89 M e EDTA 0,01M
pH 8,3), em cubas apropriadas contendo o mesmo tampão. Como marcador de peso molecular
foi utilizado DNA de 100 bp (Amersham Biosciences). Foi mantido entre os eletrodos 3V/cm
e a migração do material estendeu-se por mais ou menos 10 cm do gel (4 horas,
aproximadamente). Os géis então foram corados com brometo de etídio (5 μL/mL) e
fotografados em transiluminador ultravioleta no sistema de foto-documentação digital Kodak
EDAS 290. A partir dessas fotos foram analisados os perfis eletroforéticos de RAPD para a
obtenção dos dados necessários as análises genéticas desejadas.
Marcadores microssatélites
Da mesma forma para os marcadores microssatélites, após amplificação do
DNA, foi adicionado tampão de amostra (glicerol e azul de bromofenol) sendo este então
submetido ao processo eletroforético. A eletroforese para as reações microssatélites foi feita
em géis de poliacrilamida 8% (13,5 mL de água destilada; 4 mL de poliacrilamida 40% [38 g
de Acrilamida; 2 g de Bis-acrilamida; água ultra-pura até completar o volume de 100 mL]; 2
mL de TEB 10x; 500 µL de Persulfato de Potássio [1 g de persulfato de potássio; 9 mL de
água destilada]; 26 µL de TEMED) em cubas apropriadas com tampão TEB 1,0x. O DNA de
10 bp (Invitrogen) foi utilizado como marcador de peso molecular. Foi mantido entre os
eletrodos em torno de 21V/cm e a migração eletroforética estendeu-se por mais ou menos 2
horas. Os géis então foram corados com nitrato de prata (2 g/10 ml) e fotografados no sistema
de foto-documentação digital Kodak EDAS 290.
Estrutura genética de L. elongatus ___________________________________________________________________________________________________________________
45
Análise Genética
As análises genéticas dos resultados obtidos com ambos os marcadores
utilizados foi realizada em dois momentos: (1) estimativa de parâmetros genéticos em nível
intra-populacional (avaliação do índice de variabilidade existente dentro de cada grupo
amostrado) e (2) estimativa de parâmetros genéticos em nível inter-populacional (diversidade
e estrutura genética).
Para a realização das análises genéticas intra-populacionais, foram
considerados os grupos de L. elongatus conforme Tabela 1. Inicialmente cada um dos 10
grupos foi avaliado individualmente quanto ao grau de variabilidade genética que apresentam.
Posteriormente, os seis grupos da UHE Canoas I foram considerados como um único grupo
(denominado CI) e da mesma forma os quatro da UHE Canoas II (denominado CII), sendo
novamente estimado o índice de variabilidade genética.
Quando realizadas as análises genéticas inter-populacionais, inicialmente, os
10 grupos de L. elongatus foram comparados entre si, e em seguida, novamente foi
considerado apenas dois grupos (CI e CII) para as comparações.
Marcadores RAPD
Os dados obtidos dos perfis eletroforéticos de RAPD foram introduzidos
nos programas computacionais utilizados na forma de variáveis binárias (presença ou
ausência de banda). Cada loco foi tratado como um sistema de dois alelos, com somente um
dos alelos por loco sendo amplificado por PCR, também foi assumido que os alelos dos
diferentes locos não co-migram para a mesma posição em um gel e que os grupos estão em
equilíbrio de Hardy-Weinberg (Lynch e Milligan, 1994).
Estrutura genética de L. elongatus ___________________________________________________________________________________________________________________
46
A variabilidade genética dos diferentes grupos de L. elongatus foi estimada
pela proporção dos locos polimórficos (P), através do software TFPGA 1.3 (Miller, 1997),
utilizando a correção de Lynch e Milligan (1994) e o critério de 95%.
Para análise inter-populacional o software TFPGA foi utilizado para o
cálculo da distância (D) e identidade (I) genética não tendenciosa de Nei (1978), e para a
construção do dendrograma de distância genética.
Ainda para a análise inter-populacional, o software ARLEQUIN 3.0
(Excoffier et al., 2005) foi utilizado para a realização da AMOVA (Análise de Variância
Molecular), a qual forneceu estimativas dos componentes de variância e estatísticas análogas
as F de Wright (1951), refletindo a correlação da diversidade haplotípica em diferentes níveis
de subdivisão hierárquica. A significância dos componentes de variância e estatísticas-F foi
testada usando métodos de permutação, eliminando a hipótese de normalidade que é
convencional para análises de variância, mas inapropriado para dados moleculares (Excoffier
et al., 1992). Foi obtido também o F
ST
por par de grupos amostrado através do método de
distância que leva em conta o número de diferenças par a par dos haplótipos.
Wright (1978) sugeriu que os valores de F
ST
podem ser interpretados
qualitativamente em termos de diferenciação genética como: valores de 0 a 0,05 indicam
baixa diferenciação genética; 0,05 a 0,15 moderada; 0,15 a 0,25 alta e acima de 0,25
diferenciação genética muito alta. Essa escala foi adotada como referência na interpretação
dos valores de F
ST
obtidos no presente estudo.
Marcadores microssatélites
A partir do software ARLEQUIN 3.0, considerando o primeiro nível de
análise proposto, foram utilizados os seguintes índices de diversidade molecular: (1) Número
médio de diferenças par a par (π) (Tajima, 1983, 1993)estimativa do número médio de
Estrutura genética de L. elongatus ___________________________________________________________________________________________________________________
47
diferenças entre todos os pares de haplótipos na amostra; (2) Divergência gênica média por
loco (Tajima, 1983; Nei, 1987) – a probabilidade de que dois alelos homólogos escolhidos ao
acaso sejam diferentes. Também foi testado o equilíbrio de Hardy-Weinberg para cada loco
em cada grupo através do “Teste Exato usando uma cadeia de Markov” (Guo e Thompson,
1992), obtendo também as heterozigosidades observadas e esperadas.
As estatísticas-F (Wright, 1951) são um conjunto de ferramentas que
permitem dividir a deficiência de heterozigotos em componentes dentro e entre populações. O
índice F
IS
estima a deficiência de heterozigotos dentro de populações, o F
ST
entre populações
e F
IT
o déficit global de heterozigotos. Dentro do segundo nível de análise (interpopulacional),
o mesmo software citado acima foi utilizado para realizar o teste AMOVA. Esse teste foi
capaz de fornecer estimativas dos componentes de variância e estatísticas análogas as F de
Wright (1951). A significância dos componentes de variância e estatísticas-F foi testada da
mesma forma que para os marcadores RAPD. Foi obtido também o F
ST
por par de grupos
amostrados através do método de distância por número de alelos diferentes.
Utilizando o software Fstat (Goudet, 2001) foram estimadas: (1) estatísticas
análogas as F de Wright (1951): estatísticas de Nei (1987) e estatísticas de Weir e Cockerham
(1984); (2) F
ST
por par de grupos amostrados (cálculo do estimador multi-loco theta de Weir e
Cockerham (1984), o qual é análogo ao F
ST
entre todos os pares de amostras).
Dentro das estatísticas de Nei (1987), foram estimadas: H
o
(proporção de
heterozigotos observada), H
s
(diversidade gênica dentro dos grupos amostrados), H
t
(diversidade gênica total), D
st
(diversidade gênica entre os grupos amostrados), G
st
(análogo
ao parâmetro F
ST
) e G
is
(denominação dada pelo autor do software – análogo ao parâmetro
F
IS
).
Estrutura genética de L. elongatus ___________________________________________________________________________________________________________________
48
Através das estatísticas de Weir e Cockerham (1984) análogas as F de
Wright (1951) foram estimadas: F (análogo ao F
IT
), θ (análogo ao F
ST
) e f (análogo ao F
IS
).
Estrutura genética de L. elongatus ___________________________________________________________________________________________________________________
49
Resultados
Marcadores RAPD
Os cinco primers utilizados nas análises produziram de 08 a 14 fragmentos,
fornecendo um total de 57 locos para as análises genéticas.
Os valores estimados de variabilidade genética (P) para os diferentes
grupos de L. elongatus coletados nas escadas de transposição de Canoas I e II são
apresentados na Tabela 3.
Entre os seis grupos provenientes de Canoas I, o “Final 2005” foi o que
apresentou maior P (80,70 %), em contraste com o grupo “Final 2003” que apresentou o
menor P (66,67 %). Quanto aos grupos de Canoas II, “Final 2005” apresentou maior P
(85,96 %) e “Final 2003” o menor (P = 77,19 %). Entre todos os 10 grupos analisados o que
apresentou o maior valor de P foi o “Final 2005” de Canoas II. A análise considerando os
grupos como CI e CII mostrou altos índices de locos polimórficos, 91,22% e 87,72% para CI
e CII, respectivamente (Tabela 3).
Para a análise entre os 10 grupos de L. elongatus das escadas de Canoas I e
Canoas II, os resultados de identidade (I) e distância (D) genética estão apresentados na
Tabela 4. Esses resultados mostraram que entre os grupos da escada de Canoas I o maior valor
de I (0,9825) foi encontrado entre os grupos “Início 2003-1” e “Final 2003-2”, os quais
também apresentaram o menor valor de D (0,0176). Para os grupos amostrados de Canoas II,
o maior valor de I (0,9561) encontrado foi entre os grupos “Final 2003-7” e “Final 2004-8”,
os quais também apresentaram o menor valor de D (0,0449).
Quando comparados os 10 grupos entre si, o maior valor de I (0,9706) e
menor valor de D (0,0298) foram encontrados entre os grupos “Início 2005-5” e “Final 2003-
Estrutura genética de L. elongatus ___________________________________________________________________________________________________________________
50
7”; sendo que o menor valor de I (0,9119) e maior valor de D (0,0922) foram encontrados
entre os grupos “Início 2004-3” e “Final 2005-10” (Tabela 4).
O dendrograma de distância genética (Figura 2) é formado por dois
agrupamentos com um índice de consistência de 100%. Um agrupamento é formado por 4
grupos de L. elongatus de Canoas I (“Inicio de 2003 -1”, “Final de 2003-2”, “Inicio de 2004 -
3” e “Final de 2004- 4) e o outro formado pelos dois grupos de Canoas I do ano de 2005 (5 e
6) e pelos quatro grupos de Canoas II (7-10). Esses agrupamentos estão de acordo com os
valores de distância apresentados na Tabela 4.
Tabela 3: Proporção de locos polimórficos (P) obtida com o marcador RAPD para os
diferentes grupos de Leporinus elongatus capturados nas escadas para transposição de peixes
das UHEs Canoas I e Canoas II – rio Paranapanema.
Grupos de Canoas I
Início 2003-1 Final 2003-2 Início 2004-3 Final 2004-4 Início 2005-5 Final 2005-6
P
68,42 % 66,67 % 77,19 % 70,17 % 77,19 % 80,70 %
Grupos Canoas II
---
Final 2003-7
---
Final 2004-8 Início 2005-9 Final 2005-10
P
--- 77,19 % --- 80,70 % 78,95 % 85,96 %
Grupo CI – Canoas I
P
91,22 %
Grupo CII – Canoas II
P
87,72 %
Tabela 4: Identidade genética (diagonal superior) e Distância genética (diagonal inferior),
obtidos com marcadores RAPD, para os grupos de Leporinus elongatus das escadas para
transposição de peixes das UHEs Canoas I (1 – 6) e Canoas II (7 – 10) – rio Paranapanema.
1 2 3
4 5 6 7 8 9
10
1
*****
0,9825 0,9609 0,9695 0,9154 0,9458 0,9407 0,9181 0,9303 0,9279
2
0,0176
***** 0,9760 0,9743 0,9261 0,9397 0,9399 0,9216 0,9173 0,9205
3 0,0399 0,0243
***** 0,9523 0,9360 0,9393 0,9427 0,9192 0,9138 0,9119
4 0,0310 0,0260 0,0488
***** 0,9181 0,9372 0,9292 0,9292 0,9157 0,9232
5
0,0884 0,0768 0,0662 0,0855
***** 0,9404 0,9706 0,9471 0,9412 0,9438
6 0,0557 0,0622 0,0626 0,0649 0,0615
***** 0,9498 0,9284 0,9369 0,9532
7 0,0611 0,0620 0,0590 0,0734 0,0298 0,0516
***** 0,9561 0,9483 0,9500
8
0,0855 0,0816 0,0842 0,0734 0,0544 0,0743 0,0449
***** 0,9374 0,9445
9 0,0723 0,0863 0,0902 0,0881 0,0606 0,0652 0,0531
0,0646 ***** 0,9462
10
0,0749 0,0829 0,0922 0,0800 0,0578 0,0480 0,0512 0,0571 0,0553
*****
Estrutura genética de L. elongatus ___________________________________________________________________________________________________________________
51
Figura 2: Dendrogama de distância genética, obtido com os marcadores RAPD,
entre os 10 grupos de Leporinus elongatus provenientes das escadas para
transposição de peixes das UHEs Canoas I (1 a 6) e Canoas II (7 a 10) - rio
Paranapanema. Os números em cada um dos nós indicam os valores de consistênci
a
obtidos a partir do bootstrapping e os números dentro dos parênteses indicam o
número de locos suportando cada nó.
Os resultados obtidos com a AMOVA indicaram, para todas as análises
realizadas, que a maior fonte de variação está dentro dos grupos de L. elongatus amostrados e
não entre eles (Tabela 5). Os valores de F
ST
obtidos indicaram, segundo os critérios propostos
por Wright (1978), uma diferenciação genética moderada entre os grupos amostrados de
Canoas I (F
ST
= 0,095); entre os de Canoas II (F
ST
= 0,106) e entre os grupos CI e CII (F
ST
=
0,101), (Tabela 5).
O cálculo do F
ST
par a par, mostrou que a maior diferenciação ocorre entre
os grupos “Final 2003-2” e “Início 2005-5” (F
ST
= 0,137) e a menor entre “Início 2003-1” e
“Final 2004-4” (F
ST
= 0,032), para as comparações entre os grupos de Canoas I. Nas
comparações entre os grupos de Canoas II, “Final 2004- 8” e “Início 2005-9” apresentaram a
maior diversidade (F
ST
= 0,145), enquanto os de “Final 2003-7” e “Início 2005-9” a menor
(F
ST
= 0,078). Quando comparados entre si os 10 grupos amostrados, foi encontrada a maior
Estrutura genética de L. elongatus ___________________________________________________________________________________________________________________
52
diferenciação entre os de “Final 2003-2” e “Final 2005- 10” (F
ST
= 0,164) e a menor entre os
“Início 2005-5” e “Final 2003-7” (F
ST
= 0,037) (Tabela 6).
Tabela 5: Análise da variância molecular (AMOVA), obtida com os marcadores RAPD, entre
os grupos de Leporinus elongatus capturados nas escadas para transposição de peixes das
UHEs Canoas I e Canoas II – rio Paranapanema.
Grupos F. V. G. L. S. Q. C. V. P. V.
F
ST
Entre os grupos 5 89,934 0,624* 9,53 0,095*
Dentro de Grupos 111 658,05 5,928 90,47
Canoas I
Total
116 747,98 6,552
Entre os grupos 3 103,53 0,966* 10,58 0,106*
Dentro de Grupos 106 866,13 8,171 89,42
Canoas II
Total
109 969,65 9,137
Entre os grupos 8 220,94 0,882* 10,14 0,101*
Dentro de Grupos 195 1523,19 7,811 89,86
CI x CII
Total
203 1744,13 8,693
* valores significativos a 5% de probabilidade com 10.000 permutações.
F. V.: fonte de variação; G. L.: graus de liberdade; S. Q.: soma de quadrados;
C. V.: componentes de variação; P. V.: porcentagem de variação.
Tabela 6: F
ST
por par de grupos, obtido com os marcadores RAPD, para os grupos de
Leporinus elongatus capturados nas escadas para transposição de peixes das UHEs Canoas I
(1 – 6) e Canoas II (7 – 10) – rio Paranapanema.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1
0
2
0,032* 0
3
0,046* 0,038* 0
4
0,068* 0,043* 0,073* 0
5
0,121* 0,137* 0,088* 0,126* 0
6
0,075* 0,093* 0,093* 0,092* 0,103* 0
7
0,060* 0,099* 0,068* 0,100* 0,037* 0,090* 0
8
0,133* 0,145* 0,140* 0,135* 0,097* 0,122* 0,010* 0
9
0,105* 0,162* 0,117* 0,148* 0,095* 0,111* 0,078* 0,145* 0
10
0,095* 0,164* 0,157* 0,148* 0,104* 0,093* 0,099* 0,110* 0,107* 0
* valores significativos a 5% probabilidade com 10.000 permutações.
Estrutura genética de L. elongatus ___________________________________________________________________________________________________________________
53
Marcadores microssatélites
Os resultados referentes ao número de alelos obtidos e o peso molecular
aproximado para os três locos de microssatélites analisados nos 10 grupos de L. elongatus são
apresentados na Tabela 7.
Tabela 7: Locos de microsatélite analisados, número de alelos obtidos por loco e peso
molecular do maior e do menor alelo de cada loco, para L. elongatus.
Locos Número de alelos Pesos moleculares dos alelos
Lmac 06 20
< 107 pb
> 142 pb
Lmac 08 38
< 184 pb
> 291 pb
Lmac 09 21
< 173 pb
> 192 pb
Para os seis grupos de L. elongatus da escada para transposição de peixes de
Canoas I (Tabela 1), essas análises mostraram que no geral, o grupo “Final 2005-5” foi o que
apresentou os maiores índices de diversidade molecular, com um total de 54 haplótipos
amostrados, com um número médio de diferenças entre pares de haplótipos (π) = 2,76 (±
1,48) e uma divergência média por loco de 0,92 (± 0,55). O grupo “Início 2003-1” foi o que
apresentou o menor número de haplótipos (23), no entanto, o grupo “Final 2004-4” foi o que
apresentou os menores valores para π = 2,55 (± 1,39) e de divergência média por loco (0,85 ±
0,51). A maior heterozigosidade média observada (H
o
) foi encontrada no grupo “Final de
2003- 2” (0,67) e a menor H
o
(0,48) no grupo “Final 2004- 4” (Tabela 8).
Para os quatro grupos de L. elongatus amostrados na escada de Canoas II
(Tabela 1), o grupo “Final 2003- 7” com 57 haplótipos amostrados, apresentou os maiores
valores de diversidade molecular (2,64 ± 1,43) e π = 0,88 (± 0,53). O grupo “Início de 2005 –
9” apresentou o menor número de haplótipos (51), mas foi o grupo “Final 2005-10” que
Estrutura genética de L. elongatus ___________________________________________________________________________________________________________________
54
apresentou os menores índices de número médio de diferenças entre pares de haplótipos –
2,53 (± 1,38) e de divergência média por loco = 0,84 (± 0,51). A maior H
o
(0,69) foi
encontrada no grupo “Final de 2003- 7” e a menor H
o
(0,50) no grupo “Final 2004-8
(Tabela 8).
Quando considerados apenas dois grupos maiores de L. elongatus (CI e
CII), a maior diversidade molecular é encontrada em CI que apresentou 251 haplótipos, π =
2,64 (± 1,46) e 0,88 (± 0,53) de divergência gênica média por loco. No entanto ambos os
grupos (CI e CII) apresentam valores deH
o
bastante próximos (0,58 e 0,59) (Tabela 8).
Os resultados dos testes para o equilíbrio de Hardy-Weinberg, para cada
loco em cada um dos 10 grupos, mostraram que três locos de microssatélite investigados
apresentaram desvios significantes das freqüências esperadas pelo equilíbrio genético (P <
0,05), o que é corroborado pelas diferenças nos valores obtidos de H
o
e H
e
apresentados na
Tabela 8.
O resultado da análise de F
ST
par a par entre os grupos de L. elongatus,
apresentado na Tabela 9. Para os seis grupos de Canoas I a maior diferenciação genética foi
entre os grupos “Final 2004- 4” e “Início 2005-5” (F
ST
= 0,077) e a menor entre os grupos
“Início 2003-1” e “Final 2004- 4” (F
ST
= 0,008). Entre os grupos de Canoas II, “Final 2004-
8” e “Final 2005-10” foram os que apresentaram a maior diferenciação (F
ST
= 0,04) enquanto
os “Início 2005- 9” e “Final 2005- 10” a menor (F
ST
= 0,003). Quando comparados os 10
grupos entre si, a maior diferenciação ocorre entre os grupos “Final 2004-4 CI” e “Final 2004-
8 CII” (F
ST
= 0,107) e a menor entre os grupos “Final 2003-2 CI” e “Final 2005-10 CII” (F
ST
= 0,010).
Estrutura genética de L. elongatus ___________________________________________________________________________________________________________________
55
Tabela 8: Total de haplótipos (T.H.), número médio de diferenças entre pares de haplótipos
(π), divergência gênica média por loco (D.G.M.), heterozigosidade média observada (H
o
) e
heterozigosidade média esperada (H
e
), obtidos com os marcadores microssatélites, para os
grupos de Leporinus elongatus amostrados nas escadas para transposição de peixes das UHEs
Canoas I (1 – 6) e Canoas II (7 – 10) – rio Paranapanema.
Grupos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 CI CII
T.H.
23 32 38 52 59 54 57 52 51 55 251 203
π
2,58
(1,43)
2,66
(1,45)
2,72
(1,47)
2,55
(1,39)
2,71
(1,46)
2,76
(1,48)
2,64
(1,43)
2,56
(1.39)
2,60
(1,41)
2,53
(1,38)
2,74
(1,46)
2,64
(1,42)
D.G.M.
0,86
(0,53)
0,89
(0,54)
0,91
(0,55)
0,85
(0,51)
0,90
(0,54)
0,92
(0,55)
0,88
(0,53)
0,85
(0,51)
0,87
(0,22)
0,84
(0,51)
0,91
(0,54)
0,88
(0,52)
H
o
0,61 0,67 0,52 0,48 0,64 0,60 0,69 0,50 0,56 0,63 0,58 0,59
H
e
0,87 0,90 0,93 0,86 0,91 0,93 0,88 0,87 0,88 0,85 0,92 0,88
Tabela 9: F
ST
par a par entre os grupos de Leporinus elongatus das escadas para transposição
de peixes das UHEs Canoas I (1 – 6) e Canoas II (7 – 10) – rio Paranapanema, obtidos com os
marcadores microssatélites.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1
0
2
0,041* 0
3
0,024* 0,028* 0
4
0,008 0,044* 0,039* 0
5
0,057* 0,060* 0,045* 0,077* 0
6
0,031* 0,054* 0,047* 0,049* 0,026 0
7
0,066* 0,057* 0,059* 0,096* 0,059* 0,045* 0
8
0,074* 0,065* 0,076* 0,107* 0,069* 0,062* 0,036* 0
9
0,016* 0,057* 0,034* 0,047* 0,029* 0,022 0,033* 0,034* 0
10
0,010 0,043* 0,017 0,028* 0,028 0,012 0,038* 0,039* 0,003 0
* valores significativos a 5% probabilidade com 10.000 permutações.
A AMOVA realizada entre os seis grupos de L. elongatus de Canoas I,
mostrou que a maior diversidade haplotípica encontra-se dentro dos indivíduos (62,96 %) e
que a menor entre os grupos amostrados (2,56 %). O índice de fixação F
ST
(0,026) mostrou
que apesar da diferenciação genética entre os grupos ser pequena, ela é estatisticamente
significante. O índice de fixação F
IS
mostrou um considerável grau de endogamia entre os
indivíduos dentro de cada grupo (F
IS
= 0,354) (Tabela 10).
Estrutura genética de L. elongatus ___________________________________________________________________________________________________________________
56
Para os quatro grupos coletados em Canoas II a AMOVA mostrou, também,
que a maior diversidade haplotípica encontra-se dentro dos indivíduos (66,92 %) e que a
menor entre os grupos de L. elongatus (2,57 %). Apesar da diferenciação genética entre os
grupos ser baixa, o índice de fixação F
ST
(0,026) mostrou esta é estatisticamente significante.
Um alto grau de endogamia entre os indivíduos dentro de cada grupo foi evidenciado pelo
índice de fixação F
IS
= 0,313 (Tabela 10).
Quando considerados os dois grandes grupos CI e CII, a AMOVA mostrou
a existência de uma baixa, porém significativa diferenciação genética (F
ST
= 0,026). Como
nos dois casos anteriores o índice endogamia (F
IS
= 0,349) entre os indivíduos dentro de cada
grupo foi considerável (Tabela 10).
As estatísticas de Nei (1987) forneceram um índice de heterozigosidade
observada para cada loco e um índice total de heterozigosidade observada reunindo todos os
seis grupos de L. elongatus de Canoas I (Tabela 11). O loco com maior heterozigosidade foi o
loco Lmac 08 (H
o
= 0,741), e o valor estimado para a H
o
total (0,591) foi semelhante àqueles
obtidos para H
o
de cada um dos seis grupos provenientes de Canoas I (Tabela 8).
Ainda para esses seis grupos de L. elongatus de Canoas I, os índices de
diversidade genética de Nei (1987) mostraram alta diversidade gênica dentro dos grupos (H
s
=
0,889) e uma pequena quantidade de diversidade gênica entre os grupos (D
st
= 0,025).
Estimadores de diversidade genética análogos aqueles das estatísticas-F (Tabela 9) foram
obtidos pelas estatísticas de Nei (1987). Estes mostraram também um considerável índice de
endogamia nos grupos amostrados (G
is
= 0,336) e um valor baixo de diversidade entre esses
grupos (G
st
= 0,027) (Tabela 11).
Estrutura genética de L. elongatus ___________________________________________________________________________________________________________________
57
Tabela 10: Análise da variância molecular (AMOVA), obtida com os marcadores
microssatélites, entre os grupos de Leporinus elongatus das escadas para transposição de
peixes das UHEs Canoas I e Canoas II – rio Paranapanema.
Grupos F. V. G. L. S. Q. C. V. P. V. I. F.
Entre os grupos 5 17,08 0,035* 2,56
F
ST
0,026*
Entre indivíduos
dentro dos grupos
132 240,51 0,476* 34,48
F
IS
0,354*
Dentro de indivíduos 138 120,00 0,869* 62,96
F
IT
0,370*
Canoas I
Total
275 377,59 1,381
Entre os grupos 3 11,27 0,034* 2,57
F
ST
0,026*
Entre indivíduos
dentro dos grupos
116 197,75 0,406* 30,51
F
IS
0,313*
Dentro de indivíduos 120 107,00 0,892* 66,92
F
IT
0,331*
Canoas II
Total
239 316,02 133,24
Entre os grupos 1 11,04 0,036* 2,59
F
ST
0,026*
Entre indivíduos
dentro dos grupos
256 466,60 0,471* 33,98
F
IS
0,349*
Dentro de indivíduos 258 227,00 0,880* 63,43
F
IT
0,366*
CI x CII
Total
515 704,64 138,72
* valores significativos a 5% de probabilidade com 10.000 permutações.
F. V.: fonte de variação; G. L.: graus de liberdade; S. Q.: soma de quadrados; I.F.: índice de fixação;
C. V.: componentes de variação; P. V.: porcentagem de variação.
Com relação aos quatro grupos de L. elongatus de Canoas II (Tabela 11) o
loco Lmac 08 apresentou a maior heterozigosidade (H
o
= 0,74), e o índice de heterozigosidade
observada total (0,626), também foi semelhante aos valores deH
o
estimados individualmente
para esses mesmos grupos conforme apresentado na Tabela 8. Os índices de diversidade,
mostraram alta diversidade gênica dentro dos grupos (H
s
= 0,857) uma pequena quantidade de
diversidade gênica entre os grupo (D
st
= 0,016). Essa análise também mostrou um alto índice
de endogamia nos quatro grupos (G
is
= 0,269) e um valor baixo de diversidade entre os
grupos amostrados (G
st
= 0,018) (Tabela 11).
Quando as estatísticas de Nei (1987) são aplicadas para a comparação entre
os dois grupos de L. elongatus CI x CII, os resultados são concordantes com aqueles
Estrutura genética de L. elongatus ___________________________________________________________________________________________________________________
58
apresentados para as comparações entre os seis grupos de Canoas I e os quatro de Canoas II,
(Tabela 11).
Tabela 11: Estatísticas de Nei (1987) estimadas através dos locos microssatélites para os
grupos de Leporinus elongatus das escadas para transposição de peixes das UHEs Canoas I e
Canoas II – rio Paranapanema.
Grupos Loco H
o
H
s
H
t
D
st
G
st
G
is
Lmac 06
0,670 0,894 0,901 0,006 0,007 0,251
Lmac 08
0,741 0,954 0,961 0,007 0,007 0,223
Lmac 09
0,361 0,819 0,881 0,061 0,070 0,560
Canoas I
Total
0,591 0,889 0,914 0,025 0,027 0,336
Lmac 06
0,697 0,789 0,791 0,003 0,004 0,116
Lmac 08
0,74 0,952 0,959 0,007 0,007 0,223
Lmac 09
0,442 0,83 0,868 0,038 0,044 0,467
Canoas II
Total
0,626 0,857 0,873 0,016 0,018 0,269
Lmac 06
0,685 0,847 0,879 0,032 0,036 0,191
Lmac 08
0,737 0,961 0,961 0 0 0,233
Lmac 09
0,413 0,873 0,879 0,007 0,007 0,527
CI x CII
Total
0,612 0,894 0,906 0,013 0,014 0,315
H
o
= proporção de heterozigotos observados; H
s
= diversidade gênica dentro dos grupos;
H
t
= diversidade gênica total; D
st
= quantidade de diversidade gênica entre os grupos;
G
st
= análogo ao parâmetro F
ST
; G
is
= análogo ao parâmetro F
IS
.
As estatísticas de Weir e Cockerham (1984) realizadas para as comparações
entre os grupos de L. elongatus da escada de transposição de Canoas I, entre aqueles de
Canoas II e entre os dois grandes grupos CI e CII mostraram valores semelhantes aos das
estatísticas anteriores apresentadas (Tabela 12).
Tabela 12: Estatísticas de Weir e Cockerham (1984) estimadas para os locos de
microssatélite nos grupos de Leporinus elongatus das escadas para transposição de peixes das
UHEs Canoas I e Canoas II –rio Paranapanema.
Grupos
Locos F
θ
f
Lmac 06
0,257 0,009 0,251
Lmac 08
0,233 0,008 0,227
Lmac 09
0,575 0,074 0,541
Canoas I
Total
0,351 0,030 0,331
Lmac 06
0,117 0,005 0,113
Lmac 08
0,236 0,009 0,229
Lmac 09
0,491 0,057 0,460
Canoas II
Total
0,285 0,024 0,268
Lmac 06
0,253 0,07 0,197
Lmac 08
0,233 0 0,233
Lmac 09
0,537 0,015 0,53
CI x CII
Total
0,337 0,028 0,318
F: análogo ao parâmetro F
IT
; θ: análogo ao parâmetro F
ST
; f : análogo ao parâmetro F
IS
.
Estrutura genética de L. elongatus ___________________________________________________________________________________________________________________
59
DISCUSSÃO
Lowe et al. (2004) argumentam que há três elementos principais compondo
a variabilidade genética de uma espécie: (1) a diversidade genética, a qual representa a
quantidade de variação genética que uma espécie ou grupo de organismos possuem; (2) a
diferenciação genética, que mostra como a variação genética esta distribuída entre as
populações; e (3) a distância genética, a qual quantifica a variação genética existente entre
pares de populações.
Determinados processos genéticos são responsáveis por introduzir variação
genética nas populações, ou ainda reorganizar a já existente, tanto dentro dos genomas quanto
entre populações. A principal fonte de variação genética é a mutação, a qual é definida como
qualquer mudança herdável no material genético. A recombinação e os elementos
transponíveis têm a capacidade de reorganizar essa variação genética, enquanto a migração
(fluxo gênico), a de espalhá-la (Hartl e Clark, 1997).
Marcadores moleculares hiper-variáveis como RAPD e microssatélites são
úteis nos estudos que visam estimar a variabilidade e a estrutura populacional de uma espécie.
No entanto, conforme Oliveira et al. (2006), a utilização de microssatélites tem encontrado
barreiras devido ao alto custo no desenvolvimento de primers específicos. Contudo vários
estudos têm mostrado que pares de primers determinados para uma espécie podem ser
utilizados para outras espécies do mesmo gênero ou para gêneros diferentes da mesma
família, esse atributo dos microssatélites é conhecido como transferabilidade ou amplificação
espécie-cruzada. Considerando a propriedade da transferabilidade, foram utilizados no
presente estudo primers construídos para Leporinus macrocephalus por Morelli et al. (2007).
Para tanto, foram necessárias adequações das condições ideais de amplificação, bem como
nas de análise eletroforética para o estudo da espécie Leporinus elongatus.
Estrutura genética de L. elongatus ___________________________________________________________________________________________________________________
60
Ambos os marcadores, RAPD e microssatélites, utilizados neste estudo
evidenciaram altos índices de diversidade genética para os 10 grupos de Leporinus elongatus
provenientes do Complexo Canoas. Com os marcadores RAPD foram encontrados valores de
P (proporção de locos polimórficos) ao redor de 70 % (Tabela 3). O número de diferenças
encontradas entre os pares de haplótipos microssatélites (π) mostrou-se alta (em média 2,69),
evidenciando elevados valores de divergência média por loco (0,89 em média) (Tabela 8).
DeWoody e Avise (2000) observaram que os níveis médios de variação
genética em locos microssatélites para peixes de água doce foram similares àqueles
correspondentes para outros grupos de animais que não peixes. No entanto peixes marinhos
apresentaram níveis significativamente mais altos de variação genética. Populações analisadas
de peixes anádromos (ex: salmão) geralmente apresentaram valores intermediários entre
populações de espécies marinhas e de água doce. Esses autores observaram que há uma
tendência de aumento nos níveis de variação genética na medida em que se caminha de peixes
de água doce para anádromos e deste para marinhos.
Ainda de acordo com esses mesmos autores, suspeita-se que a inclinação
para uma maior variação genética em populações de peixes marinhos em comparação aquelas
de água doce, pode refletir os tamanhos populacionais efetivos, em média maiores, das
espécies de peixes marinhos, os quais podem estar relacionados à natureza maior e mais
continua dos ambientes marinhos. Populações de peixes de água doce são limitadas a
drenagens particulares por tempos evolutivos curtos a moderados, e então, devem ser menores
em tamanho que muitas populações marinhas às quais são abertas para potenciais trocas
genéticas entre outras da mesma espécie em áreas muito maiores. Com respeito ao nível
esperado de variação genética, uma população local no ambiente marinho provavelmente
estende-se por uma área muito maior e inclui muito mais indivíduos em um senso temporal do
que uma típica de peixes de água doce limitada a um lago particular ou drenagem de rio por
Estrutura genética de L. elongatus ___________________________________________________________________________________________________________________
61
longos períodos de tempo. Uma possibilidade sugerida é que ao longo de séculos ou milênios,
o mar freqüentemente seria um ambiente menos hostil que lagos e rios, significando que suas
populações em geral poderiam ser menos suscetíveis a reduções drásticas de populações
(como aquelas mediadas por efeitos glaciais do Pleistoceno) ou outras formas de redução da
variação por seleção.
Para os grupos de Leporinus elongatus amostrados em Canoas I e Canoas II,
o número de alelos observados por loco microssatélite variou de 20 a 38, com uma média de
26,4 alelos. A heterozigosidade observada variou de 0,361 a 0,741, com um valor médio de
0,60 (Tabela 8). Apesar dessa ser uma espécie migradora potamódroma (migra só em água
doce), os valores encontrados estão dentro da variação das estimativas observadas para outras
espécies de peixes de água doce no geral, e para aquelas migradores anádromas, conforme
observado por DeWoody e Avise (2000). Vários cenários foram propostos para explicar a
manutenção de uma alta diversidade haplotípica dentro de populações, incluindo grande
tamanho populacional, heterogeneidade ambiental e características intrínsecas a história de
vida da espécie que favorecem o rápido crescimento populacional (Nei, 1987).
Estudos da diversidade genética de diversas espécies de peixes têm sido
realizados com diferentes classes de marcadores moleculares. Os diferentes níveis de
variabilidade entre as classes de marcadores, refletem um equilíbrio entre as taxas de mutação
e a deriva genética. As taxas de mutação para marcadores microssatélites são estimadas entre
10
-3
e 10
-4
por loco por geração, enquanto para marcadores RAPD essas taxas têm valores
intermediários às estimadas para microssatélites e para isoenzimas (10
-6
a 10
-9
por loco por
geração) (Lougheed et al., 2000). Resguardando as características particulares de cada
marcador, as comparações da diversidade genética encontrada aqui para L. elongatus com
aquela encontrada em outras espécies de peixes, podem ser realizadas.
Estrutura genética de L. elongatus ___________________________________________________________________________________________________________________
62
Utilizando marcadores isoenzimáticos Revaldaves et al. (1997), em estudos
com Prochilodus lineatus provenientes do rio Paraná, encontraram valores de P em torno de
30%. Chiari e Sodré (1999) investigando a diversidade genética em cinco espécies de
Anostomidae coletados no rio Tibagi, entre elas L. elongatus, utilizando sistemas
isoenzimáticos, verificaram que L. elongatus apresenta uma das maiores diversidades
genéticas (menor apenas que L. friderici) com P = 27,8 % e H
o
= 0,075. Ambos os
trabalhos citados mostraram valores de diversidade genética bem menores que os aqui vistos
para L. elongatus com os marcadores RAPD e microssatélites. Segundo Vandewoestijne e
Baguette (2002), essa diferença é explicada pela detecção de taxas mais altas de mutações e
menor grau de pressão seletiva inerentes aos marcadores RAPD quando comparados aos locos
isoenzimáticos, visto que os marcadores RAPD podem evidenciar variações em regiões
codificantes e em não codificantes. Esse mesmo argumento pode ser utilizado para os
marcadores microssatélites.
Chiari e Sodré (2001), utilizando marcadores RAPD, analisaram oito
espécies de peixes da família Anostomidae do rio Tibagi e encontraram para L. elongatus
valores de P (58,7 %) próximos aos aqui mostrados. Martins et al. (2003) estudaram seis
populações dessa mesma espécie, de diferentes rios da bacia do rio Paraná. Utilizando
marcadores mitocondriais esses pesquisadores encontraram altos índices de diversidade
genética nas populações desta espécie, quando comparados aqueles de outras espécies de
peixes avaliadas com esse mesmo tipo de marcador.
Comparações dos resultados obtidos para os grupos de Leporinus elongatus
com estudos de outras espécies migradoras do Complexo Canoas, mostraram que esta espécie
possui níveis de diversidade genética comparáveis aos de Prochilodus lineatus, também
realizados com RAPD e microssatélites (P 74%; eH
o
0,66) (Paula, 2006), maiores do
que os obtidos com Leporinus friderici (P 62,5%; Ashikaga, 2005), com Salminus
Estrutura genética de L. elongatus ___________________________________________________________________________________________________________________
63
brasiliensis (P 42 %; Lopes, 2005) e com Schizodon nasutus (P 60 %; Tsuchiya,
2006).
Este grau de variabilidade genética encontrada para L. elongatus é de suma
importância para essa espécie, pois a presença de variações herdáveis a torna hábil em
responder a seleção, isto é, se a variação genética estiver presente dentro de uma espécie,
qualquer alteração nas pressões seletivas devido a mudanças ambientais permitirá que alguns
indivíduos sobrevivam e se reproduzam (Lowe et al., 2004).
Os marcadores microssatélites evidenciaram, apesar dos altos índices de
diversidade genética encontrados, um desequilíbrio na quantidade de heterozigotos observada
em relação à esperada sob equilíbrio de Hardy-Weinberg, sendo observado menos
heterozigotos do que o esperado (Tabela 8). Outro fato constatado no presente estudo, através
desses marcadores, foram os níveis consideráveis de endogamia (F
IS
, G
is
e f) dentro dos
grupos (Tabelas 10, 11 e 12).
Markert et al.(2004) observaram que uma redução na heterozigosidade pode
ser um efeito nocivo causado pela perda da diversidade alélica, ou seja, apesar da existência
de um número grande de alelos (diversidade genética), poucos são aqueles que estão em alta
freqüência na população. Essa perda também seria responsável pela diminuição da taxa
reprodutiva e de sobrevivência. Em longo prazo a conseqüência desse evento para a
população seria a perda da capacidade em se adaptar a mudanças nas condições ambientais.
Populações de peixes, no geral, formam metapopulações compostas por unidades reprodutivas
distintas (Hansen e Loeschcke, 1994). Normalmente assume-se que indivíduos (ou
populações) com reduzida heterozigosidade são mais endocruzados que aqueles com alta
(Markert et al., 2004). Estudos recentes mostraram que depressão por endocruzamento pode
afetar as taxas demográficas de uma população e aumentar a probabilidade de extinção. Em
muitos casos, no entanto, as mudanças nas taxas demográficas que regem o declínio
Estrutura genética de L. elongatus ___________________________________________________________________________________________________________________
64
populacional têm origem não genética, como degradação do hábitat ou mortalidade causada
pelo homem (Miller, 2003; Laroche e Durand, 2004).
Os dados encontrados para a espécie L. elongatus no Complexo Canoas,
relativos à quantidade de heterozigotos observada e aos índices de endocruzamento,
evidenciam que apesar da grande diversidade genética, esta espécie está perdendo sua
diversidade alélica. Além disso, mostram que os grupos amostrados ao longo dos anos
tornam-se cada vez mais endocruzados. Esses resultados alertam para o fato de que essa
espécie vem sofrendo reduções em suas taxas demográficas e que em longo prazo corre sério
risco de desaparecer do Complexo Canoas, com conseqüências semelhantes às populações
existentes na represa Capivara, a jusante desse Complexo.
O teste AMOVA realizado com os diferentes grupos de Leporinus elongatus
provenientes das escadas para transposição de peixes de Canoas I e II (Tabelas 5 e 10), e com
ambos os marcadores, mostrou que a maior fonte de variação genética encontra-se nos
indivíduos dentro dos grupos e não entre os grupos. Segundo Hartl e Clarck (1997), de forma
natural, muitos organismos agregam-se de diferentes maneiras dentro de uma população.
Ambientes naturais geralmente são fragmentados em áreas favoráveis e desfavoráveis, sendo
que ao longo do tempo mesmo áreas uniformemente favoráveis podem ser fragmentas por
diferentes ameaças naturais ou antrópicas. Esse cenário descrito faz com que a estruturação
populacional seja quase universal entre os organismos, ou seja, grupos de indivíduos
formando uma população podem apresentar diferenças genéticas, as quais consistem em nada
mais do que a aquisição de freqüências alélicas diferentes por esses grupos ao longo do
tempo.
O índice de fixação F
ST
serve como uma medida conveniente e amplamente
utilizada das diferenças genéticas entre subpopulações. A identificação das causas
determinantes de um dado valor de F
ST
observado em uma população natural é
Estrutura genética de L. elongatus ___________________________________________________________________________________________________________________
65
freqüentemente difícil; freqüências alélicas entre subpopulações podem se tornar diferentes
devido a processos aleatórios bem como por seleção natural (Hartl e Clark, 1997). Portanto, a
diferenciação genética populacional pode ser dirigida por fatores ecológicos, evolutivos e
históricos (Hatanaka e Galetti Jr., 2003).
Os resultados obtidos pelo F
ST
mostraram que os grupos de L. elongatus
apresentam uma diferenciação genética baixa (F
ST
= 0,026; Tabela 10), quando esses são
estimados com os marcadores microssatélites, e moderada (F
ST
entre 0,095 a 0,106; Tabela 5)
quando com os marcadores RAPD [segundo escala sugerida por Wright (1978)]. Quando os
grupos foram comparados par a par, os resultados com o marcador RAPD, com algumas
exceções, parecem indicar uma tendência de aumento na diferenciação genética entre os
grupos ao longo dos anos (Tabelas 4 e 6). No entanto os marcadores microssatélites não
indicam tal tendência.
Essa discrepância entre os resultados obtidos pelos dois marcadores, talvez
possa ser explicada pelo número de locos avaliados para cada um dos marcadores. Os
marcadores microssatélites são considerados mais informativos (detecção de heterozigotos),
porém os três locos utilizados podem não ter detectado toda a possível diferenciação existente
entre os grupos amostrados. Segundo Selkoe e Toonen (2006) cada loco microssatélite pode
ser considerado uma amostra do genoma. Devido à recombinação, seleção e deriva genética,
genes e regiões diferentes do genoma têm histórias genealógicas ligeiramente diferentes. O
uso de um único loco (ou poucos) para estimar características populacionais a partir de dados
genéticos cria uma alta taxa de erro de amostragem. Assim, a análise de múltiplas amostras do
genoma, pela combinação dos resultados de muitos locos, fornece uma maneira mais precisa e
estatisticamente mais poderosa de comparar populações e indivíduos.
Os valores de F
ST
apresentados nas Tabelas 5 (RAPD) e 10 (microssatélites)
foram significantes (P < 0,05), mas indicaram diferenciação genética moderada e baixa,
Estrutura genética de L. elongatus ___________________________________________________________________________________________________________________
66
respectivamente. Similarmente os resultados da AMOVA, apresentados nessas mesmas
tabelas mostrou que a maior parte da variação genética está contida dentro dos grupos e não
entre os grupos. As outras análises de diversidade genética (distância e identidade)
corroboram com os dados acima e revelam que os grupos de Leporinus elongatus coletados
nas escadas de transposição para peixes de Canoas I e Canoas II têm uma estrutura genética
que indica que eles possam compreender uma mesma população.
Dos vários eventos que ocorrem no ciclo vital das espécies, a atividade
reprodutiva é o de maior relevância, pois o sucesso biológico de uma espécie é determinado
pelo sucesso de um indivíduo em estar geneticamente representado na próxima geração. Desta
forma, o sucesso de ocupação e permanência das espécies num dado ecossistema está
amplamente associado a um processo de reprodução bem sucedido (Suzuki, 1999).
Segundo Hatanaka e Galetti Jr (2003) informações sobre o efeito da
construção de uma barragem na estrutura genética populacional da fauna Neotropical de
peixes migradores são praticamente inexistentes. Sabe-se que peixes migradores requerem
condições favoráveis para se reproduzirem, determinadas por fatores endógenos e exógenos,
os quais controlam os processos migratório e reprodutivo. Barragens obstruem a dispersão e a
migração dos organismos aquáticos, afetando principalmente a abundância das espécies
migradoras. Esses empreendimentos, ao interromper as rotas migratórias destas espécies,
separam os ambientes de desenvolvimento inicial, reprodução e crescimento, o que vem
levando ao desaparecimento virtual dos grandes peixes migradores. Além disso, as condições
ambientais que prevalecem nos sistemas hidrológicos dessas regiões sofreram profundas
mudanças tanto a montante quanto a jusante das barragens. Condições ambientais drásticas,
causadas principalmente por redução no fluxo da água (alteração na característica do
ambiente de lótico para lêntico), diminuição na temperatura da água e nas taxas de
oxigenação, podem estar influenciando determinadas características biológicas dos
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organismos aquáticos (Hilsdorf e Petrere, 2002; Agostinho et al., 2002; Hatanaka e Galetti Jr.,
2003; Britto e Sirol, 2005; Nilsson et al., 2005).
Visto que a imposição de barreiras geográficas, como as barragens
hidroelétricas, isola populações, esses empreendimentos em longo prazo poderão causar a
redução do tamanho populacional de muitas espécies devido ao não recrutamento. Essa
redução demográfica pode levar a um gargalo de garrafa genético, reduzindo a variabilidade
genética da espécie e consequentemente aumentando o risco de extinção da mesma
(Agostinho et al., 2002; Hatanaka e Galetti Jr., 2003; Laroche e Durand, 2004). Avaliar a
importância dos fatores genéticos que afetam as taxas demográficas de uma população,
aumentando a probabilidade de extinção, requer o conhecimento do tamanho efetivo
populacional (N
e
) atual e histórico, o qual mede o quanto do pool gênico é passado para a
próxima geração, e é capaz de determinar a taxa de redução da diversidade bem como estimar
o grau de endocruzamento. Infelizmente, estimar o N
e
atual é difícil e poucas estimativas do
N
e
histórico existem. Endocruzamento e/ou perda da variabilidade podem aumentar a
probabilidade de uma população vir a extinguir-se. Os efeitos do endocruzamento na
adaptabilidade de ambos, indivíduo e população, são frequentemente aumentados por
ambientes estressantes, Miller (2003).
De acordo com Agostinho et al. (2002) “o grau de interferência de um
reservatório no processo reprodutivo de uma espécie migradora, depende basicamente de sua
posição em relação às áreas críticas do ciclo de vida do peixe (área de desova, berçários e
áreas de alimentação). Se a área a montante do reservatório é extensa e contém locais
conservados para a reprodução, espera-se que as espécies migradoras que permanecem a
montante mantenham seus estoques, com perdas na diversidade genética com o passar do
tempo. Neste caso, o objetivo da escada para transposição de peixes seria só a manutenção de
diversidade genética, com possível dano para os estoques a jusante da represa. Por outro lado,
Estrutura genética de L. elongatus ___________________________________________________________________________________________________________________
68
extensões curtas a montante que não contenham locais adequados para a reprodução,
reduziriam os estoques dos peixes migradores drasticamente, com a possibilidade de serem
eliminados da porção a montante do rio após alguns anos. As escadas para transposição, deste
modo, poderiam permitir a reprodução a montante. Porém, ovos e larvas seriam carregados
para um reservatório cujo as águas mostram baixa velocidade e alta transparência, permitindo
intensa predação. A construção de escadas para transposição de peixes, neste caso, representa
uma fonte adicional de impacto ao sucesso da reprodução de indivíduos com a chance de
realizar o processo reprodutivo a jusante da barragem”.
Acreditamos que esta última situação descrita aconteça no Complexo
Canoas. Segundo Dias (2003); Duke Energy (2003) os reservatórios de Canoas I e Canoas II
caracterizam-se por possuírem águas lênticas, margens ocupadas por pastagens, escassos
remanescentes de vegetação ciliar, ausência das lagoas marginais e grandes tributários;
características que são desfavoráveis à conclusão do processo reprodutivo de espécies
migradoras. Britto e Sirol (2005), identificaram as espécies migradoras que utilizam as
escadas para transposição de peixes das UHEs Canoas I e II. Em estudos, visando avaliar a
ocorrência de reprodução dessas espécies nos reservatórios, verificaram que para o período de
2000 a 2002 foi obtida baixa captura para os itens de ictioplâncton (ovos, larvas e pós-larvas)
e o período de 2002 a 2004, baixa captura de juvenis, e na identificação do material de ambos
os estudos observaram que este não pertencia aquelas espécies migradoras. Esses resultados
indicaram que há transposição das barragens, mas não há conclusão do ciclo reprodutivo das
espécies migradoras no Complexo Canoas.
Os resultados obtidos para a espécie Leporinus elongatus, presente no
Complexo Canoas, mostraram que os índices de variabilidade genética encontrados para a
mesma são considerados bons, quando comparados a outros estudos já realizados para esta e
outras espécie de peixe, o que é de grande importância para a adaptação da espécie a
Estrutura genética de L. elongatus ___________________________________________________________________________________________________________________
69
alterações nas condições ambientais, no caso as causadas pelas barragens presentes no
Complexo Canoas.
No entanto o fato de nenhum dos locos microssatélites estarem sob
equilíbrio de Hardy-Weinberg, sendo observado menos heterozigotos do que o esperado, e o
de que índices consideráveis de endogamia terem sido detectados dentro de todos os grupos
capturados no Complexo Canoas (F
IS
variando de 0,313 a 0,354), deixam claro que a espécie
L. elongatus vem apresentando perdas demográficas alarmantes para a prevalência da espécie
no Complexo Canoas. Além disso, os parâmetros genéticos estimados com marcadores RAPD
e microssatélites para L. elongatus mostraram uma diferenciação genética baixa tendendo a
moderada entre os grupos provenientes da escada para transposição de Canoas I e entre
aqueles provenientes de Canoas II. Com algumas exceções, observa-se uma diferenciação
genética progressiva ao longo do tempo entre os 10 grupos amostrados, principalmente com a
análise de distancia e identidade genética e F
ST
par a par realizada com os marcadores RAPD
(Tabelas 4 e 6).
Nos estudos ecológicos (Britto e Sirol, 2005), realizados com a espécie L.
elongatus no Complexo Canoas, não foram obtidos ovos, larvas e nem juvenis, nos esforços
de coletas após o período da piracema, nos reservatórios das UHEs desse Complexo; o que
indica a não conclusão do ciclo reprodutivo dessa espécie. Sabe-se que os espécimes de L.
elongatus que realizam a transposição das escadas existentes no Complexo Canoas provêem
do Reservatório Capivara à jusante, o qual possui dois grandes e importantes afluentes, os rios
Tibagi e o das Cinzas. Neste cenário, a não conclusão do ciclo reprodutivo juntamente com o
não retorno dos reprodutores que realizam a migração, estaria causando uma depleção na
população a jusante do Complexo Canoas.
Portanto, para este cenário pode-se imaginar as seguintes hipóteses: (1) o
tempo de barramento é insuficiente para que se possa detectar uma erosão na variabilidade
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70
genética da espécie com os marcadores utilizados, o que explicaria a manutenção de uma alta
variabilidade genética encontrada ao longo do tempo; (2) redução substancial da taxa
demográfica da população do reservatório Capivara pela depleção anual do estoque natural, o
que explicaria a perda de heterozigosidade e das consideráveis taxas de endocruzamento; e (3)
repovoamento dos reservatórios com estoques populacionais com baixa “qualidade” genética,
o que também poderia explicar um aumento na endogamia e conseqüente redução de
heterozigotos.
Um dos objetivos da biologia da conservação é preservar a diversidade
genética em qualquer e possível nível na hierarquia filogenética. Outro objetivo é promover a
continuidade dos processos ecológicos e evolutivos que nutrem e sustentam a biodiversidade.
Deriva genética, fluxo gênico, seleção natural, seleção sexual, especiação, e hibridização são
exemplos dos processos evolutivos naturais e dinâmicos que moldam a distribuição da
diversidade genética (Avise, 2004). O conhecimento prévio da distribuição da variabilidade
genética dentro e entre populações de uma espécie por meio de marcadores moleculares é
uma etapa inicial importante para o desenvolvimento de projetos de manejo, conservação in
situ e de repovoamento. (Hilsdorf e Petrere, 2002).
Nesse contexto os dados obtidos no presente estudo para Leporinus
elongatus provenientes do Complexo Canoas poderão ser utilizados na elaboração de projetos
de manejo e conservação dessa espécie neste local do rio Paranapanema.
Estrutura genética de L. elongatus ___________________________________________________________________________________________________________________
71
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Conclusões_______________________________________________________________
75
4 CONCLUSÕES
Os índices de variabilidade genética encontrados para Leporinus elongatus capturados
no Complexo Canoas, quando comparados a outros estudos para esta espécie de peixe
e para com outras, são considerados bons.
Nenhum dos locos microssatélites encontram-se sob equilíbrio de Hardy-Weinberg,
sendo observado menos heterozigotos do que o esperado.
Um índice considerável de endogamia foi detectado dentro de todos os grupos
capturados no Complexo Canoas e aqui analisados.
Os parâmetros genéticos estimados com marcadores RAPD para L. elongatus
mostraram uma diferenciação genética moderada entre os grupos provenientes da
escada para transposição de Canoas I e entre aqueles provenientes de Canoas II.
Os parâmetros genéticos estimados com marcadores microssatélites para L. elongatus
mostraram uma diferenciação genética baixa entre os grupos provenientes da escada
para transposição de Canoas I e entre aqueles provenientes de Canoas II.
Quando os seis grupos de Canoas I são considerados pertencendo a um grande grupo
(CI) e os quatro de Canoas II um outro grande grupo (CII), sendo esses comparados
entre si, os parâmetros genéticos avaliados com ambos os marcadores repetiram os
resultados descritos nos dois tópicos anteriores.
Com algumas exceções, observa-se uma diferenciação progressiva ao longo do tempo
entre os 10 grupos amostrados, principalmente com a análise realizada com os
marcadores RAPD.
Conclusões_______________________________________________________________
76
No entanto, a diferenciação encontrada entre os grupos deve ser vista com cautela, não
podendo cada um dos grupos, de imediato, ser considerado populações diferentes, mas
talvez subpopulações de uma população maior predominante no Complexo Canoas.
A não obtenção de ovos, larvas e juvenis, nos esforços de coletas após o período da
piracema, à montante das UHEs de Canoas I e Canoas II pode ser indicativo da não
conclusão do ciclo reprodutivo de L.elongatus.
Os espécimes de L. elongatus que realizam a transposição das escadas existentes no
Complexo Canoas provêem do Reservatório Capivara à jusante, o qual tem como
afluentes os rios Tibagi e das Cinzas.
Neste cenário, a não conclusão do ciclo reprodutivo juntamente com o não retorno dos
reprodutores que realizam a migração, estaria causando uma depleção na população o
que explicaria os consideráveis índices de endogamia e a perda de hetorozigotos.
A manutenção da variabilidade genética pode ser explicada pelo curto espaço de
tempo entre o barramento e o estudo realizado, o que não permitiu a detecção através
dos marcadores utilizados de uma possível redução desta variabilidade genética.
Outra possível razão para os índices de endogamia e a perda de heterozigotos
encontrados, seria a introdução com a finalidade de repovoamento de espécimes
cultivados em aqüiculturas sem a “qualidade” genética necessária.
Ações de manejo devem levar em consideração a situação atual da espécie no
Complexo Canoas e ser incrementadas com monitoramento genético constante da
população natural, bem como das cultivadas em aqüiculturas.
Esforços maiores devem ser dispensados para a correta identificação dos locais de
reprodução da espécie e outros maiores ainda para preserva-los.
Referências bibliográficas geral______________________________________________
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