sujeito reforçou a cultura
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individualista, competitiva e excludente, características de
uma sociedade capitalista. O individualismo instaurado demonstra assim os seus
resultados, numa sociedade cujos cidadãos empenham seus esforços,
predominantemente, para fins particulares, incorrendo em ações abusivas com o
objetivo de alcançar interesses estratégicos. A potencialização técnica
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das
atividades humanas colocou a própria humanidade diante de problemas que se
estendem ao mundo comum a todos. Tais problemas expõem a urgência da
responsabilidade ética, diante das conseqüências que colocam em risco o próprio
ecossistema. Entre esses problemas destacam-se os desequilíbrios bio-ecológicos,
provocados, principalmente, pelo aquecimento global (efeito estufa), desencadeando
diversos fenômenos climáticos que põem em risco a vida humana e a sua própria
sustentabilidade devido aos prejuízos causados à natureza. A sempre eminente
ameaça de uma guerra nuclear é uma demonstração do inconseqüente uso da
tecnologia científica. A violência urbana também se apresenta como outro problema
na sociedade atual, causando insegurança diante da criminalidade que banaliza a
vida humana.
Esta situação agrava-se ainda mais no quadro da corrupção política, que
tem se acentuado ultimamente em nosso meio, através da negligência dos
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Expor aqui um conceito claro de cultura é tarefa complexa e requer aprofundamentos por vários caminhos.
Relacionar educação e cultura requer esforço adicional, pois se trata de um campo teórico vasto e complexo, no
qual há referências sobre um conceito definindo cultura no sentido da transmissão do patrimônio intelectual da
humanidade; ou enquanto patrimônio de conhecimentos, valores e tradições de uma cultura específica; ou ainda,
dando ênfase às culturas pluralistas das formas de vida de grupos sociais; como também, ocorrendo a noção de
“cultura humana” ( FORQUIN, 1993). O autor ainda discorre sobre a cultura sui generis específica da prática
escolar, a chamada cultura escolar. A relação entre educação e cultura, de forma sucinta, estabelece-se na
dinâmica que envolve a educação de alguém por alguém, o que supõe “a comunicação, a transmissão, a
aquisição de alguma coisa: conhecimentos, competência, crenças, hábitos, valores, que constituem o que se
chama precisamente de ‘conteúdo’ da educação” (p.10). Habermas (1990) entende a cultura como um dos
componentes do mundo da vida além da sociedade e as estruturas da personalidade. Os três componentes
reproduzem-se a partir de processos de socialização mediados pela rede da prática comunicativa. Para Habermas,
“a cultura é o armazém do saber, do qual os participantes extraem interpretações no momento em que se
entendem mutuamente sobre algo[...]. O saber cultural está encarnado em formas simbólicas – em objetos de
uso, tecnologias, em palavras e teorias, em livros e documentos, bem como ações” (p.p. 96-98). Sendo assim,
cultura não é apenas o legado da tradição encontrado no mundo objetivo, mas relaciona-se dialeticamente com o
mundo social e subjetivo e abre horizontes para uma reconstrução racional dos saberes, tarefa para uma
hermenêutica filosófica. É sob esta concepção que cultura está sendo referida no decorrer do trabalho. Este
conceito inspira-se na idéia de formação (Bildung) do idealismo alemão do século XVIII. A cultura seria o
caminho para que o indivíduo pudesse desenvolver-se de forma integral: a sua formação intelectual, moral e
estética (HELL,1989). Neste sentido, a idéia de formação no decorrer do trabalho apresenta-se na tentativa de
ampliar um conceito reduzido de formação proporcionado pelas atuais posturas educativas, uma vez que entende
a formação enquanto aperfeiçoamento técnico do sujeito em detrimento de sua formação ética e estética.
APEL, Karl-Otto, 1994.
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