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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
CURSO DE MESTRADO
A PSICANÁLISE NOS CURSOS DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA NO
ESTADO DE SANTA CATARINA
HUMBERTO MICHELLI
FLORIANÓPOLIS
2006
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ii
HUMBERTO MICHELLI
A PSICANÁLISE NOS CURSOS DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA NO
ESTADO DE SANTA CATARINA
Dissertação apresentada como requisito
parcial à obtenção de grau de Mestre em
Psicologia no Programa de Pós-Graduação
em Psicologia do Curso de Mestrado no
Centro de Filosofia e Ciências Humanas da
Universidade Federal de Santa Catarina.
Orientador: Prof. Dr. Fernando Aguiar Brito
de Sousa
FLORIANÓPOLIS
2006
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iii
iv
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador, Prof. Dr. Fernando Aguiar Brito de Sousa, pela sua
disponibilidade e dedicação, mesmo à distância, motivando o desenvolvimento deste trabalho
e redimensionado minhas idéias sobre a Psicanálise e a Universidade.
Aos membros da banca, Profs. Drs. Ivanir Barp Garcia, Mara Coelho Lago e Sérgio
Scotti, pelas suas valiosas contribuições.
Aos professores deste Mestrado, Drs. Andréa Vieira Zanella, Kleber Prado Filho e
Maria Juracy Toneli, pelas suas brilhantes aulas e pelo seu auxílio na construção da
problemática desta dissertação.
Aos Coordenadores dos Cursos de Psicologia, Profs. Álvaro Luiz de Aguiar (FEHH),
Júlio Schruber Júnior (FPJ), Sionara Wouters (FURB), Carlos Augusto Remor (UFSC), Jeane
Patrícia Santos (UNC - Caçador), Adriana Rovani (UNC - Concórdia), Tadeu David
Geronasso (UNC - Mafra), Luciani Geraldi (UNC - Porto União), Nerilza V. Beltrame
Alberton (UNESC), Daniela Regina da Silva (UNIDAVI), Lilia Kanan (UNIPLAC), Andréa
Volpato Wronski (UNISUL - Araranguá), Dâmaris de O. Batista da Silva (UNISUL -
Palhoça), Paulo Roberto Sandrini (UNISUL - Tubarão), Almir Pedro Sais (UNIVALI -
Biguaçu), Giovana Delvan Stuhler Avi (UNIVALI - Itajaí), Tania Furtado (UNIVEST),
Márcio Cesar Ferraciolli (UNOCHAPECÓ), Carmen Lúcia DAgostini (UNOESC - Joaçaba)
e Jo Luiz Crivelatti de Abreu (UNOESC - São Miguel do Oeste), por terem confiado e
dispostos os seus Planos de Ensino para esta pesquisa.
Ao Padre Ademar Gadotti, pelas suas aulas de francês que me fizeram compreender
muito dos textos apresentados e principalmente à Cláudia por ter ouvido as minhas dúvidas e
me ajudado a suportar as minhas angústias durante este tempo de muda.
v
O que é a muda para os pássaros, a época em que
trocam de plumagem, é a adversidade ou a infelicidade, os
tempos difíceis, para nós, seres humanos. Uma pessoa pode
ficar neste tempo de muda; também pode sair dele como que
renovada.
Vincent van Gogh, carta 133 a Theo
vi
RESUMO
Esta é uma dissertação de mestrado em psicologia sobre o ensino da psicanálise na
universidade. O estudo parte da análise documental dos planos de ensino das disciplinas
lecionadas nos cursos de graduação em psicologia no Estado de Santa Catarina que têm
relação com a psicanálise. Os resultados possibilitam pensar sobre os conteúdos que vem
sendo oferecidos aos alunos, através do ensino da psicanálise na universidade e suas
repercussões na formação dos psicólogos.
Palavras-chave: Psicanálise, Psicologia, Ensino, Universidade.
vii
ABSTRACT
This is a psychology master dissertation about the psychoanalysis teaching in the university.
The study depar from documental analysis of the Teaching Plans of the disciplines taught in
the Psychology graduate in the Santa Catarina State of Brazil in connections with the
psychoanalysis. The results make ponder about the contents offered to the students, through
the psychoanalysis teaching in the university and his effects in the formation of the
psychologists.
Key words: Psychoanalysis, Psychology, Teaching, University.
SUMÁRIO
RESUMO ..........................................................................................................................
vi
ABSTRACT ......................................................................................................................
vii
INTRODUÇÃO ................................................................................................................
1
Histórico da Psicanálise na Universidade ...............................................................
3
1.1
O ensino da psicanálise na universidade ........................................................
7
1.2
Psicanálise e ciência .......................................................................................
11
Histórico da Psicologia no Brasil .............................................................................
14
1.3
Formação dos psicólogos ................................................................................
15
1.4
Diretrizes curriculares ....................................................................................
17
Instituições de Ensino Superior em Psicologia de Santa Catarina .......................
18
1.5
O início do ensino superior de Psicologia em Santa Catarina .......................
21
1.6
Características dos Cursos de Psicologia em Santa Catarina .......................
21
Análise Documental ...................................................................................................
26
Coleta de Informações ...............................................................................................
28
Material Obtido .........................................................................................................
31
1.7
Planos de ensino ..............................................................................................
32
1.8
Roteiro dos planos de ensino ...........................................................................
34
1.9
Localização dos planos de ensino nas grades curriculares ............................
36
1.10
Disciplinas optativas .......................................................................................
39
1.11
Disciplinas de psicanálise e disciplinas de conteúdo psicanalítico ................
40
2.
ANÁLISE DOS PLANOS DE ENSINO ....................................................................
41
Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Ibirama FACSAI .........................
41
2.1
Psicologia, Ciência e Profissão ......................................................................
41
2.2
História do Pensamento Psicológico II ...........................................................
41
2.3
Teorias da Personalidade I .............................................................................
42
2.4
Teorias e Técnicas Psicoterápicas I ................................................................
43
2.5
Princípios da Atenção Individual e Coletiva V ...............................................
45
2.6
Práticas V ........................................................................................................
45
2.7
Psicopatologia I ..............................................................................................
46
2.8
Síntese da FACSAI ..........................................................................................
46
Faculdade de Psicologia de Joinville FPJ .............................................................
47
2.9
Psicologia de Desenvolvimento II ...................................................................
47
ix
2.10
Psicologia da Personalidade III ......................................................................
48
2.11
Teorias e Técnicas Psicoterápicas I ................................................................
50
2.12
Teorias e Técnicas Psicoterápicas II ..............................................................
50
2.13
Síntese da FPJ .................................................................................................
51
Universidade Regional de Blumenau FURB ........................................................
52
2.14
Psicologia do Desenvolvimento I ....................................................................
53
2.15
Psicologia do Desenvolvimento II ...................................................................
53
2.16
Teorias e Sistemas em Psicologia Psicanálise I ..........................................
54
2.17
Psicologia Social I ...........................................................................................
55
2.18
Psicologia Social II .........................................................................................
55
2.19
Teorias e Sistemas em Psicologia Psicanálise II .........................................
55
2.20
Psicologia da Personalidade I ........................................................................
56
2.21
Psicologia da Educação Especial ...................................................................
56
2.22
Psicossomática ................................................................................................
57
2.23
Orientação Vocacional e Profissional ............................................................
57
2.24
Psicopatologia .................................................................................................
57
2.25
Teorias e Técnicas Psicoterápicas Existencial/Humanista ..........................
57
2.26
Teorias e Técnicas Psicoterápicas Psicanálise ............................................
58
2.27
Psicologia Forense ..........................................................................................
59
2.28
Psicologia Hospitalar e Ambulatorial ............................................................
59
2.29
Psiquiatria Clínica ..........................................................................................
59
2.30
Estágio Supervisionado em Clínica II .............................................................
59
2.31
Síntese da FURB .............................................................................................
60
Universidade Federal de Santa Catarina UFSC ..................................................
62
2.32
História da Psicologia .....................................................................................
62
2.33
Psicologia Diferencial .....................................................................................
62
2.34
Psicologia do Desenvolvimento II ...................................................................
63
2.35
Psicologia Cognitiva .......................................................................................
63
2.36
Escolas Psicológicas III ..................................................................................
63
2.37
Psicopatologia I ..............................................................................................
65
2.38
Psicologia da Personalidade I ........................................................................
65
2.39
Psicopatologia II .............................................................................................
66
2.40
Psicologia da Personalidade II .......................................................................
67
2.41
Cultura e Personalidade .................................................................................
67
x
2.42
Psicologia Existencial .....................................................................................
67
2.43
Distúrbios Psicológicos da Infância ...............................................................
68
2.44
Jacques Lacan .................................................................................................
68
2.45
Dinâmica de Grupo e Relações Humanas II ...................................................
69
2.46
Técnicas de Exame e Aconselhamento Psicológico I ......................................
69
2.47
Técnicas Projetivas II ......................................................................................
70
2.48
Psicoterapias Breves .......................................................................................
70
2.49
Clínica Psicanalítica .......................................................................................
70
2.50
Síntese da UFSC ..............................................................................................
71
Universidade do Contestado UNC ........................................................................
74
2.51
Filosofia ...........................................................................................................
74
2.52
História da Psicologia .....................................................................................
74
2.53
Psicologia do Desenvolvimento I ....................................................................
74
2.54
Psicologia Geral II ..........................................................................................
75
2.55
Processos de Avaliação Psicológica I .............................................................
75
2.56
Sistêmicas I ......................................................................................................
75
2.57
Técnicas de Entrevista .....................................................................................
75
2.58
Psicologia da Aprendizagem I ........................................................................
75
2.59
Psicologia da Personalidade I ........................................................................
76
2.60
Psicologia do Desenvolvimento II ...................................................................
76
2.61
Psicologia da Aprendizagem II .......................................................................
77
2.62
Psicologia da Personalidade II .......................................................................
77
2.63
Psicologia da Personalidade III ......................................................................
77
2.64
Psicologia Escolar e Problemas de Aprendizagem ........................................
77
2.65
Psicopatologia I ..............................................................................................
77
2.66
Teorias e Técnicas Psicoterápicas - Psicodinâmicas I ...................................
78
2.67
Psicanálise I ....................................................................................................
78
2.68
Psicoterápicas II ..............................................................................................
78
2.69
Psicanálise II ...................................................................................................
78
2.70
Síntese da UNC ...............................................................................................
78
Universidade do Extremo Sul Catarinense UNESC ...........................................
80
2.71
História da Psicologia I ..................................................................................
80
2.72
Psicologia do Desenvolvimento I ....................................................................
80
2.73
Psicologia na Educação ..................................................................................
80
xi
2.74
Psicologia da Personalidade II .......................................................................
81
2.75
Teorias e Técnicas Psicoterápicas I ................................................................
82
2.76
Ética Geral ......................................................................................................
83
2.77
Psicologia Social II .........................................................................................
83
2.78
Psicopatologia I ..............................................................................................
83
2.79
Técnicas de Exames Psicológicos I .................................................................
84
2.80
Dinâmica de Grupo I .......................................................................................
84
2.81
Teorias e Técnicas Psicoterápicas II ..............................................................
84
2.82
Dinâmica de Grupo II .....................................................................................
84
2.83
Pesquisa em Psicologia ...................................................................................
84
2.84
Psicanálise .......................................................................................................
85
2.85
Síntese da UNESC ...........................................................................................
85
Universidade para o Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí UNIDAVI .........
87
2.86
Bases Filosóficas dos Sistemas em Psicologia ................................................
87
2.87
Contextualização da Psicologia, Ciência e Profissão ....................................
87
2.88
História da Psicologia .....................................................................................
88
2.89
Psicologia do Desenvolvimento I ....................................................................
88
2.90
Psicologia do Desenvolvimento II ...................................................................
88
2.91
Sistema Psicanalítico de Psicologia ................................................................
88
2.92
Teoria Psicanalítica da Personalidade e Técnicas Psicoterápicas ................
89
2.93
Teorias Psicológicas II ....................................................................................
91
2.94
Psicopatologia .................................................................................................
92
2.95
Teorias Psicológicas III ..................................................................................
92
2.96
Técnicas Psicoterápicas II ..............................................................................
92
2.97
Síntese da UNIDAVI ........................................................................................
93
Universidade do Planalto Catarinense UNIPLAC ..............................................
94
2.98
História da Psicologia .....................................................................................
95
2.99
Psicologia da Personalidade I ........................................................................
95
2.100
Teorias e Sistemas Psicológicos ......................................................................
96
2.101
Psicologia da Personalidade II .......................................................................
96
2.102
Psicologia Social .............................................................................................
96
2.103
Estágio Básico Supervisionado em Psicologia Escolar ..................................
96
2.104
Psicologia da Aprendizagem e da Inteligência ...............................................
96
2.105
Psicologia das Relações Familiares ...............................................................
97
xii
2.106
Psicologia do Desenvolvimento Infância e Adolescência ............................
97
2.107
Psicologia Escolar ..........................................................................................
97
2.108
Psicopatologia da Infância e da Adolescência ...............................................
97
2.109
Técnicas de Avaliação Psicológica na Infância e na Adolescência ...............
98
2.110
Psicologia do Desenvolvimento Vida Adulta e Velhice ...............................
98
2.111
Psicopatologia Geral ......................................................................................
98
2.112
Psicologia Organizacional ..............................................................................
98
2.113
Técnicas de Entrevista Psicológica .................................................................
98
2.114
Tópicos em Psicopatologia Dependência Química e Violência ..................
99
2.115
Psicologia da Comunicação ............................................................................
99
2.116
Psicologia Jurídica ..........................................................................................
99
2.117
Teorias Psicológicas do Desenvolvimento Moral ...........................................
99
2.118
Teorias e Técnicas Psicoterápicas ..................................................................
99
2.119
Sexualidade Humana .......................................................................................
100
2.120
Síntese da UNIPLAC .......................................................................................
100
Universidade do Sul de Santa Catarina UNISUL ...............................................
102
2.121
Sociologia ........................................................................................................
103
2.122
Filosofia I ........................................................................................................
103
2.123
Filosofia II .......................................................................................................
103
2.124
Fundamentos de Psicanálise ...........................................................................
103
2.125
Fundamentos da Epistemologia Genética .......................................................
104
2.126
Teoria Psicanalítica I ......................................................................................
105
2.127
Observação do Desenvolvimento Psicológico ................................................
106
2.128
Psicologia da Idade Adulta .............................................................................
106
2.129
Técnicas Projetivas .........................................................................................
106
2.130
Técnicas de Exame e Aconselhamento Psicológico I ......................................
106
2.131
Teoria Psicanalítica II .....................................................................................
107
2.132
Teoria Psicanalítica III ...................................................................................
109
2.133
Sistemas em Psicologia A ................................................................................
110
2.134
Técnicas de Exame e Aconselhamento Psicológico II ....................................
111
2.135
Técnicas de Exame e Aconselhamento Psicológico III ...................................
111
2.136
Dinâmica de Grupo e Relações Humanas ......................................................
111
2.137
Psicopatologia I ..............................................................................................
112
2.138
Saúde Mental Coletiva ....................................................................................
112
2.139
Teorias e Técnicas Psicoterápicas IV .............................................................
112
2.140
Síntese da UNISUL ..........................................................................................
113
Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI ...........................................................
116
2.141
História da Psicologia .....................................................................................
116
2.142
Psicologia do Desenvolvimento I ....................................................................
116
2.143
Psicologia da Personalidade I ........................................................................
117
2.144
Psicologia do Desenvolvimento II ...................................................................
117
2.145
Psicologia do Desenvolvimento III .................................................................
117
2.146
Psicologia da Personalidade II .......................................................................
117
2.147
Fundamentos Teóricos dos Processos Grupais ..............................................
118
2.148
Técnicas de Entrevista e Diagnóstico .............................................................
118
2.149
Psicologia Hospitalar ......................................................................................
118
2.150
Teorias e Técnicas Psicoterápicas ..................................................................
119
2.151
Síntese da UNIVALI ........................................................................................
120
Faculdades Integradas da Rede de Ensino UNIVEST ...........................................
122
2.152
Teorias e Sistemas em Psicologia ...................................................................
122
2.153
Fundamentos de Psicanálise I .........................................................................
123
2.154
Fundamentos de Psicanálise II .......................................................................
124
2.155
Psicologia da Personalidade ...........................................................................
125
2.156
Síntese da UNIVEST ........................................................................................
125
Universidade Comunitária Regional de Chapecó UNOCHAPECÓ .................
127
2.157
Teorias em Psicologia I ...................................................................................
127
2.158
História da Psicologia II .................................................................................
128
2.159
Prática de Observação I ..................................................................................
128
2.160
Prática de Observação II ................................................................................
128
2.161
Psicologia do Desenvolvimento I ....................................................................
128
2.162
Técnicas de Entrevista .....................................................................................
129
2.163
Teorias da Personalidade I .............................................................................
129
2.164
Psicologia do Desenvolvimento II ...................................................................
130
2.165
Psicologia Social II .........................................................................................
130
2.166
Teorias da Aprendizagem I .............................................................................
130
2.167
Diagnóstico Psicológico I ...............................................................................
130
2.168
Psicopatologia I ..............................................................................................
131
2.169
Teorias da Aprendizagem II ............................................................................
131
xiv
2.170
Teorias e Técnicas Psicoterápicas I ................................................................
131
2.171
Psicologia Hospitalar ......................................................................................
132
2.172
Psicopatologia II .............................................................................................
132
2.173
Economia, História e Subjetividade ................................................................
132
2.174
Introdução à Pesquisa em Psicologia .............................................................
132
2.175
Teorias e Técnicas Psicoterápicas III .............................................................
132
2.176
Oficina de Vivência Grupal .............................................................................
132
2.177
Prática de Pesquisa em Psicologia I ...............................................................
133
2.178
Psicologia dos Processos Grupais ..................................................................
133
2.179
Psicologia e Educação Especial .....................................................................
133
2.180
Psicopatologia III ............................................................................................
133
2.181
Estágio Acompanhado em Psicologia Clínica I ..............................................
133
2.182
Prática de Pesquisa em Psicologia II .............................................................
133
2.183
Estágio Acompanhado em Psicologia Clínica II ............................................
133
2.184
Seminário de Estudos da Subjetividade ..........................................................
134
2.185
Seminário de Socialização de Pesquisa ..........................................................
134
2.186
Prática de Pesquisa em Psicologia III ............................................................
134
2.187
Síntese da UNOCHAPECÓ .............................................................................
134
Universidade do Oeste de Santa Catarina UNOESC ..........................................
137
2.188
Psicologia Geral ..............................................................................................
138
2.189
Desenvolvimento Humano II ...........................................................................
138
2.190
Estudos sobre Cognitivismo ............................................................................
138
2.191
História da Psicologia II .................................................................................
138
2.192
Psicologia do Desenvolvimento I ....................................................................
139
2.193
Desenvolvimento Humano III ..........................................................................
139
2.194
Psicologia do Desenvolvimento II ...................................................................
139
2.195
Estudos Sobre a Psicanálise ............................................................................
140
2.196
Teorias e Sistemas Psicológicos ......................................................................
141
2.197
Psicologia e Fenômenos Sociais II .................................................................
141
2.198
Técnica de Entrevista I ....................................................................................
141
2.199
Teorias da Aprendizagem II ............................................................................
141
2.200
Psicologia Institucional ...................................................................................
141
2.201
Psicopatologia III ............................................................................................
142
2.202
Teorias e Técnicas Psicoterápicas I ................................................................
142
xv
2.203
Teorias e Técnicas Psicoterápicas II ..............................................................
142
2.204
Clínica do Inconsciente ...................................................................................
142
2.205
Técnicas Psicoterápicas Psicanálise ............................................................
143
2.206
Estágio Supervisionado em Psicologia Clínica I ............................................
144
2.207
Epistemologia da Psicologia ...........................................................................
144
2.208
Estágio Supervisionado em Psicologia Clínica II ...........................................
144
2.209
Síntese da UNOESC ........................................................................................
144
Análise da Bibliografia Psicanalítica .......................................................................
147
3.
CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................
220
4.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................
232
1 INTRODUÇÃO
Todos os anos,
milhares de
estudantes de
psicologia se
matriculam nas
disciplinas de seus
cursos e passam a
ter contato com a
multiplicidade de
saberes que
compõem esta
ciência. Assim se
inscrevem,
estudam,
contemplam e
escolhem a partir
das escolas e
movimentos que se
apresentam,
fundamentando sua
postura acadêmica
e posteriormente
profissional, a
partir das
alternativas
dispostas nos
conteúdos
programáticos. A
psicologia como
ciência humana é
composta por uma
diversidade
considerável de
posturas
metodológicas e
teóricas que nem
sempre concordam
em seu ponto de
vista. Um curso de
psicologia dispõe
de conteúdos
através de suas
disciplinas,
responsáveis por
cumprir uma série
de objetivos que
visam introduzir o
aluno no
conhecimento das
teorias e técnicas
que embasam a
atividade do
psicólogo. Neste
aspecto muitas
disciplinas
privilegiam o
enfoque
psicanalítico entre
as outras matrizes
do pensamento
psicológico, o que
reflete o interesse
dessa pesquisa.
Este é um trabalho
sobre a formação
universitária dos
cursos de
psicologia em
relação à
psicanálise no
Estado de Santa
Catarina. Foram
investigados os
planos de ensino
das disciplinas dos
cursos
universitários de
Psicologia, a partir
do seguinte
problema de
pesquisa: Como se
apresenta o ensino
da psicanálise nos
cursos de
graduação em
Psicologia no
Estado de Santa
Catarina? Este
estudo pretende
contribuir para o
conhecimento da
formação do
estudante a partir
de uma análise
documental dos
Planos de Ensino
das disciplinas do
curso de psicologia.
Para que alguém se
torne analista não é
necessário que se
tenha freqüentado
um curso de
psicologia, no
entanto, é no
contato que alguns
alunos têm com
certas disciplinas
dos cursos de
graduação que seu
interesse para este
tipo de atuação é
despertado, como
uma espécie de
iniciação a um
saber que se
diferencia dos
conteúdos mais
próprios da
psicologia. 1 A
integração da
psicanálise à
universidade
iniciou-se na
França, resultado
do esforço dos
psicólogos pela
independência
profissional e a
busca de
suprimentos
teóricos e
metodológicos para
o exercício clínico
(Aguiar, 2000,
p.216).
1 A formação em
psicanálise costuma se
fazer fora da
universidade,
principalmente, nas
associações
psicanalíticas, através
do tripé constituído por
análise pessoal,
supervisão e
aprendizagem teórica,
esta última, em parte,
possível de ser obtida
no contexto da
universidade. Os alunos
podem encontrar
disciplinas de
psicanálise em seus
cursos, sobretudo na
graduação em
Psicologia e de um
modo geral na pós-
graduação, seja em
especializações (lato
sensu), mestrado,
doutorado e pós-
doutorado (stricto
sensu), apesar do
último não ser um
curso formal.
Transmitida através
de disciplinas
obrigatórias ou
optativas, às vezes
com nomenclaturas
variadas: Teoria e
Sistemas,
Psicologia da
Personalidade,
Escolas
Psicológicas, etc., a
psicanálise faz
parte das grades
curriculares dos
cursos de
psicologia do 2
Brasil desde
quando estes foram
criados, nos anos
60. Renato Mezan,
em um artigo
publicado na
revista Percurso
em 1998, comentou
o fenômeno: Quanto
à introdução da
psicanálise na
universidade, ela se dá
em dois tempos. Nos
anos 60, a partir de
supervisões e
disciplinas como
psicologia do
desenvolvimento, os
cursos de psicologia
funcionaram como
canal de divulgação da
maneira de pensar
psicanalítica. Ainda
hoje, e mesmo com a
predominância de
outras correntes no
currículo, alguns cursos
– como o da
Universidade de São
Paulo, onde trabalham
vários analistas
experientes –
proporcionam aos
estudantes um primeiro
contato com a
psicanálise, o que
freqüentemente os
estimula a buscar uma
formação nas
instituições
propriamente
psicanalíticas (Mezan,
1998, p. 13). A
história pessoal do
pesquisador não
raramente afeta os
interesses da
pesquisa científica.
Meu primeiro
contato com
disciplinas de
psicanálise ocorreu
durante a
graduação em
psicologia, sendo
retornado
posteriormente em
cursos de formação
profissional, análise
pessoal,
supervisões e a
própria curiosidade
de aprender mais
sobre um saber que
comumente se
constitui à margem,
fora da
universidade, pelo
mérito de seus
fundadores,
principalmente
Sigmund Freud.
Recentemente,
como professor
universitário, ao
lecionar em
disciplinas de
Psicologia do
Desenvolvimento e
Aprendizagem,
passei a me
questionar sobre
quais deveriam ser
os conteúdos
apropriados ao seu
ensino. Na medida
em que refletia,
estendia as
discussões a outros
colegas,
percebendo a
necessidade de
estudar a própria
história da
disciplina, sua
relação com a
ciência e a
formação
profissional. O
Programa de pós-
graduação em
psicologia da
Universidade
Federal de Santa
Catarina ofereceu-
me a oportunidade
de aprofundamento
nestas questões, a
partir de encontros
informais com o
Prof. Dr. Fernando
Aguiar, dedicado
ao tema Psicanálise
e Universidade, no
esclarecimento de
dúvidas em relação
aos seus artigos e
no encorajamento
aos estudos,
resultando no
ingresso a este
Curso de Mestrado
e ao
desenvolvimento
desta pesquisa.
Pesquisar como se
apresentam os
planos de ensino,
através de suas
ementas, objetivos,
conteúdos
programáticos,
metodologia,
avaliação e
bibliografia, é um
meio de investigar
o ensino e a
formação dos
psicólogos e
contribuir para sua
ciência e profissão.
Para compreender a
inserção do ensino
da psicanálise na
universidade serão
contextualizados
historicamente os
seus precedentes,
de tal forma que
fundamentem este
trabalho. Tanto a
psicologia, desde a
sua constituição
que subsidiou o
surgimento dos
cursos superiores
universitários,
quanto à
psicanálise, desde
seus pioneiros, cuja
produção se inseriu
na sociedade e
cultura, produzindo
entrelaçamentos de
diversas ordens:
psicanálise e 3
universidade;
psicanálise e
psicologia,
psicanálise e
ciência; psicanálise
e ensino;
universidade e
psicologia;
psicologia e
ciência; psicologia
e ensino; etc.
Caberá a esta
pesquisa, dentro
dos seus objetivos
propostos, verificar
algumas destas
situações e
compreendê-las à
luz de sua história,
teoria e conceitos.
O objetivo geral
desta pesquisa foi o
de investigar a
situação atual do
ensino da
psicanálise nos
cursos de
graduação em
psicologia do
Estado de Santa
Catarina, através de
uma análise
documental dos
planos de ensino de
suas disciplinas. Os
objetivos
específicos foram
os de contextualizar
historicamente o
ensino da
psicanálise na
universidade;
discutir a influência
do ensino da
psicanálise nos
cursos de
psicologia das
universidades
catarinenses; isolar
e descrever
algumas relações
de ensino
estabelecidas entre
a psicanálise e os
cursos de
psicologia em
Santa Catarina.
Histórico da
Psicanálise na
Universidade A
partir de um breve
histórico em
relação ao tema
pretende-se
levantar alguns
tópicos e tecer um
panorama para
melhor delinear
este trabalho.
Discutir a história
da psicanálise
requer um esforço
constante de síntese
e condensação,
frente ao enorme e
complexo campo
que se desdobra
àqueles que
escolhem dissertar
sobre o assunto.
Para compreender a
inserção do ensino
da psicanálise na
universidade é
necessário
contextualizar
alguns precedentes,
a começar por pelo
seu criador,
Sigmund Freud
(1856-1939). Ainda
na universidade ele
adia seus planos de
se tornar médico,
porque preferia ser
pesquisador
universitário. Em
função de uma
condição financeira
precária, acaba
aceitando a
condição de médico
clínico e
especialista em
neurologia
mediante seu
trabalho de
laboratório
(1877-1897).
Muitos obstáculos
se opuseram a
Freud na sua
relação com a
universidade, em
parte pela
resistência
oferecida pelos
catedráticos à nova
teoria sobre o
psiquismo, pelas
associações
médicas e também
pelo sentimento
anti-semita da
época, pois era de
origem judaica.
Após muito
esforço, em 1885
iniciou um trabalho
na Universidade de
Viena, como
Privat-Dozent2,
passando
posteriormente ao
cargo de Professor
Extraordinário
(Ausserordentlicher
Professor), uma
espécie de
professor
substituto.
2 Não há cargo
universitário
equivalente entre nós.
Um Privat-Dozent
poderia oferecer cursos
ou disciplinas
optativas, fora do
currículo, sem qualquer
vínculo com um
departamento. (Jones,
1975).
Freud e outros
colegas, na maioria
médicos judeus,
simpatizantes às
suas teorias,
passaram a se
encontrar
semanalmente em
um espaço extra-
universitário. A
partir desses
encontros, fundou-
se em 1902 a
Sociedade
Psicológica das
Quartas-feiras. Este
círculo aos 4
poucos se ampliou,
incluindo
representantes da
arte, filosofia,
história, literatura,
mitologia, etc. A
psicanálise poderia
ser aplicada a
outros campos do
saber, sendo
difundida de outras
maneiras, restritas
anteriormente à
medicina (Gay,
1989). Esta via
ficou conhecida
como psicanálise
aplicada e é em
grande parte o que
fazemos nas
universidades
(Mezan, 1994).
Apesar de alguns
psicanalistas, como
Jacques Lacan,
considerarem que a
psicanálise não se
aplica senão como
tratamento (Mezan,
1994).
Gradualmente os
membros do círculo
se formam e
regulamentam a
instituição,
ampliando a
sociedade e
institucionalizando
o processo para
novos adeptos. O
primeiro Congresso
Internacional de
Psicanálise
realizou-se em abril
de 1908, em
Salzburg, pouco
depois de formada
a Sociedade
Psicanalítica de
Viena. Somente a
partir de 1909
Freud atingia um
público mais
amplo,
principalmente
estudantes de
medicina. Naquele
momento, uma
universidade
americana, a Clark
University de
Worcester, o
convidou para
participar dos 20
anos de sua
fundação. Ele
aproveitou a
oportunidade para
pronunciar suas
Cinco lições de
psicanálise,
comentando o fato:
“... isto pareceu a
concretização de
um incrível
devaneio: a
psicanálise não era
mais um produto de
delírio, tornara-se
uma parte valiosa
da
realidade.” (Freud,
1970, p. 67). À
medida que o
movimento
psicanalítico
ganhou espaço e
reconhecimento
social, surgiu a
necessidade de
definir critérios
sobre a formação e
atuação do
psicanalista. Em
1920 o Instituto de
Berlim criou
normas para
viabilizar este
processo, propondo
três vias: análise,
estudo teórico e
supervisão. Entre
1925 e 1933 a
Associação
Psicanalítica
Internacional (IPA)
universalizou este
modelo para seus
adeptos. Para
Birman (1994) a
psicanálise surgiu
ligada à tradição da
psicologia com a
medicina, através
dos cursos de
psiquiatria e mais
tarde nas cadeiras
de psicanálise dos
cursos de
psicologia. A
França e os EUA se
dizem pioneiros da
Psicologia Clínica,
havendo diferenças
em relação ao
método de trabalho,
experimental na
América do Norte e
mais clínico na
Europa (Aguiar,
2001). Os
psicólogos
franceses lutaram
pela sua autonomia
na ciência e no
exercício
profissional, o que
segundo Aguiar
(2000) favoreceu a
integração da
Psicanálise à
Universidade, em
função da
necessidade de um
modelo teórico e
metodológico para
embasar a
psicologia clínica.
Em troca a
psicologia serviu de
veículo de
propagação para a
psicanálise (D.
Anzieu, apud
Aguiar, 2000). As
primeiras cadeiras
de psicanálise
foram instituídas na
França, em Paris
VII por Laplanche e
Fédida, e em Paris
VIII (Vincennes)
pelos lacanianos,
influenciados pela
reformulação do
ensino,
conseqüência do
Movimento
Estudantil em maio
de 1968. (Mezan,
2002).
A psicanálise
surgiu no Brasil em
contraproposta às
teorias
excessivamente
organicistas que
embasavam o
trabalho da
psiquiatria no
tratamento das
doenças mentais
Rocha (1989). O
psiquiatra Juliano
Moreira introduziu
os primeiros temas
de psicanálise no 5
curso de Medicina
da Bahia em 1899.
Em 1915 é
publicado o
primeiro texto
sobre as idéias de
Freud, por
Genserico Aragão
de Souza Pinto,
após a sua tese
apresentada à
Faculdade de
Medicina do Rio de
Janeiro em 1914.
Desde 1918,
Francisco Franco
da Rocha já
divulgava idéias de
psicanálise na
Faculdade de
Medicina de São
Paulo. Pessotti
(1975) ainda cita
uma conferência de
Maurício de
Medeiros; um
pequeno volume de
Franco da Rocha: A
doutrina de Freud,
de 1919, e um
capítulo do Manual
de psiquiatria, de
Henrique Rocho
(1919). A Escola
Livre de Sociologia
e Política de São
Paulo foi a primeira
instituição a criar
formalmente uma
cátedra de
psicanálise, sendo
seus responsáveis,
Durval Marcondes
e posteriormente
Virgínia L. Bicudo.
Aos poucos a
psicanálise foi
inserida juntamente
com a psicologia
nos currículos de
algumas
universidades
brasileiras, como
temas de estudo
(Birman, 1994).
Em 1927 cria-se a
primeira Sociedade
Brasileira de
Psicanálise,
constituídas a partir
de dois pólos: Em
São Paulo, com
Franco da Rocha e
Durval Marcondes,
Raul Briquet,
Lourenço Filho. No
ano seguinte, no
Rio de Janeiro, com
Juliano Moreira,
Júlio Porto
Carneiro entre
outros. Neste ano,
os dois grupos
fundam a primeira
revista brasileira de
psicanálise. No Rio
Grande do Sul a
psicanálise entra na
universidade em
1934, através de
um curso de
criminologia e
psiquiatria forense
por Celestino
Prunes (Mokrejs,
1993). Na
Universidade do
Rio Grande do Sul,
a disciplina
Psicanálise foi
inserida nos
currículos:
Introdução Geral à
Psicologia no
primeiro ano,
Estudos da
Personalidade no
segundo ano e
Psicanálise no
terceiro (Antunes,
1997). Segundo
Roudinesco & Plon
(1998), Durval
Marcondes deve ser
considerado como
fundador do
movimento
psicanalítico
brasileiro. Ele
tentou aliar a
psicanálise à
universidade
através dos cursos
de medicina. Tinha
interesse especial
no projeto da
Universidade de
São Paulo, modelo
para a América
Latina, mas
encontrou oposição
entre os
neurocientistas.
Com ajuda da
analista didata
Adelheid Koch,
que emigrou da
Europa, indicada
por Ernest Jones,
desenvolveu o
primeiro núcleo de
formação
psicanalítica do
Brasil, integrando-
se à IPA em 1944,
passando a ser
denominada
Sociedade
Brasileira de
Psicanálise de São
Paulo.
Após a morte de
Freud, em 1939, a
psicanálise
subdividiu-se em
escolas, como a
psicologia do ego,
o kleinismo, a
escola das relações
de objeto e o
movimento
lacaniano (Mezan,
2002). Estas
tendências
seguiram cada qual
seu rumo, que
podem ser
encontradas em
muitas biografias
(Gay, 1989; Jones,
1975; Schur, 1981),
inclusive com
maiores detalhes
sobre a história da
psicanálise. Sobre
Freud
especificamente,
Patrick Mahony
(1992) afirma que
nunca se escreveu
tanto sobre um ser
humano em todos
os tempos, o que
prova a
impossibilidade de
esgotar o tema. 6
Segundo
Roudinesco & Plon
(1998), na década
de 40 muitos
psicólogos vinham
se formando nas
universidades,
utilizando a
psicanálise para
embasar sua
postura profissional
e acadêmica. As
instituições
psicanalíticas
reafirmaram sua
existência para não
caírem no domínio
da psicologia,
como foi
pretendido pela
medicina, a partir
dos critérios de
formação analítica.
A partir desse
período a
psicanálise se
expande pelo
mundo, repetindo a
história de seu
início: adotada
inicialmente por
médicos locais e
institucionalizada
posteriormente
pelas sociedades
psicanalíticas. A
psicanálise
participou da
formação dos
psicólogos desde os
primeiros cursos de
graduação nos anos
60: “... a partir das
supervisões e
disciplinas como
psicologia do
desenvolvimento,
os cursos de
psicologia
funcionaram como
canal de divulgação
da maneira de
pensar
psicanalítica.” (Me
zan, 2002, p. 239).
Até o final dessa
década houve
grande produção de
trabalhos e
pesquisas de
orientação
psicanalítica.
Somente no início
de 80 surgem
trabalhos que
utilizam uma
metodologia
psicanalítica mais
definida (Safra,
2001). Na
Universidade
Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ) foi
criado a primeiro
curso brasileiro de
pós-graduação em
psicanálise. A
partir deste
momento ampliou-
se a oferta de
cursos de pós-
graduação onde a
psicanálise passou
a “atuar sem
disfarces”. (Aguiar,
2002b). De 90 em
diante obtivemos
uma produção
literária mais
consistente sobre a
prática universitária
da psicanálise, em
parte em função da
estruturação da
pós-graduação
(Aguiar, 2002b).
Mais recentemente,
três eventos
impulsionaram a
produção
universitária da
psicanálise no
Brasil: o XVIII
Congresso Latino-
Americano de
Psicanálise e os I e
II Encontro de
Pesquisa
Acadêmica em
Psicanálise, estes
em 1991 e 1992 na
PUC de São Paulo,
com a participação
de muitos
profissionais
brasileiros
interessados em
discutir a relação
da Psicanálise na
Universidade. É o
início de um novo
ciclo em que a
psicanálise passa a
ser convocada
como objeto e
instrumento de
pesquisa
universitária
(Aguiar, 2002a). O
crescimento do
número de
pesquisas
psicanalíticas
provocou o
aumento de
disciplinas que
fornecem subsídios
para elaboração
desses trabalhos
(Pinto & Vaisberg,
2001). “Ainda hoje,
e mesmo com a
predominância de
outras correntes do
currículo, alguns
cursos (...)
proporcionam aos
estudantes um
primeiro contato
com a psicanálise,
o que
freqüentemente os
estimula a buscar
uma formação nas
instituições
propriamente
psicanalíticas.” (Me
zan, 2002, p. 239).
Geralmente a
psicanálise está
presente nos cursos
de graduação de
psicologia, através
de suas disciplinas,
cujos planos de
ensino se tornaram
foco desta
dissertação. A
psicanálise também
é objeto de estudo
de outros campos
das ciências
humanas e
principalmente na
pós-graduação, em
forma de aulas,
monografias,
dissertações ou
teses. 7
1.1 O ensino da
psicanálise na
universidade Para
Freud a
universidade fez o
possível para
ignorar a
psicanálise até
1919. Depois da
Primeira Guerra
Mundial a teoria
começou a ficar na
moda por causa das
neuroses de guerra
e de suas
aplicações para o
tratamento.
Segundo Mezan
(1994), deste
momento em diante
a universidade
passou a se
interessar pela
psicanálise.
Freud sempre
tomou cuidados ao
se manifestar sobre
o ensino da
psicanálise. Na
ocasião do V
Congresso
Psicanalítico
Internacional, em
Budapeste, na
Hungria, os
estudantes de
medicina se
interessaram pela
inclusão da
psicanálise em seu
currículo. Sandor
Ferenczi, que
assumiu o ensino
de psicanálise
naquele local,
traduziu um texto
de Freud, cujo
título em húngaro
significa: “Deve a
psicanálise ser
ensinada na
universidade?”3 O
questionamento
revela a hesitação
de Freud sobre o
que de fato poderia
ser ensinado, sob
dois pontos de
vista: o da
psicanálise e o da
universidade. Para
o psicanalista a
universidade é
dispensável, pois a
literatura
especializada
fornece os
subsídios teóricos,
além dos encontros
nas sociedades e o
contato com
profissionais mais
experientes. A
universidade
poderia utilizar a
psicanálise para a
formação de
cientistas. Neste
aspecto, Freud
considerou que a
psicanálise poderia
contribuir para
complementar os
estudos de
medicina.
Possivelmente hoje
ele diria o mesmo
em relação à
psicologia (Aguiar,
2002b). A
formação médica
foi considerada
incompleta, pois
não ensinava
suficientemente ao
estudante sobre as
atividades
psíquicas e sua
relação com o
corpo. Diante disso,
Freud sugeriu que
houvesse uma
disciplina
introdutória de
psicanálise a todos
os alunos de
medicina e outra
mais aprofundada
para o estudo da
psiquiatria. Um
curso de psicanálise
também poderia ser
aplicado a outros
campos do
conhecimento,
como a
antropologia, arte,
filosofia, história,
contribuindo assim
para o
esclarecimento de
aspectos humanos
relacionados a estas
áreas.
3 Kelle-e az egyetemen
a psychoanalysist
tanitani? Este artigo foi
publicado pela primeira
vez em tradução para o
húngaro no periódico
médico de Budapeste
Gyógyászat, a 30 de
março de 1919. (Freud,
S., 1976c, p. 215).
Fernando Aguiar
traduziu esta questão da
seguinte maneira:
Convém ensinar a
psicanálise...?, do
francês faut-il, de
tradução fidelíssima a
Freud: é preciso, é
necessário.
Enfim, “... pode-se
afirmar que a
universidade só
teria a ganhar com
a inclusão, em seu
currículo, do ensino
da
psicanálise.” (Freud
, 1976c [1919], p.
219). Mas segundo
ele, este ensino só
poderia ser
lecionado de forma
dogmática e
crítica, por meio de
aulas teóricas.
Interessante
verificar que Freud
utiliza métodos de
ensino
aparentemente
antagônicos na sua
acepção. Na
filosofia o dogma
representa a
existência de
verdades
indiscutíveis,
portanto para serem
aceitos, dispensam
a crítica. Para o
filósofo alemão
Emmanuel Kant
(1724-1804), o
dogma parte de
princípios e
proposições que
são aceitos de
modo não crítico. A
palavra 8
“crítica”, aqui, não
quer dizer ataque e
sim análise crítica.
Kant não se põe a
atacar a “razão”, a
não ser para
mostrar suas
limitações (Kant,
1983). Mezan
(1994) lhes dá um
significado
hipotético-
dedutivo:
Dogmático no
sentido de uma
exposição baseada
em pressupostos
que se aceitam ou
não, e crítico na
avaliação dos
resultados e
métodos da
psicanálise. Para
exemplificar, Freud
(1976a) comparou
o ensino de
psicanálise com o
de história. Não é
preciso ter
participado de uma
guerra para
acreditar nos fatos
relatados. É
possível apresentar
elementos que
podem evidenciar a
narração dos
acontecimentos. Da
mesma forma, na
psicanálise não há
possibilidade de
uma exposição
objetiva, nem de
demonstração de
qualquer afirmação,
mas ela pode ser
transmitida por
meio de
argumentos e
verificada através
do próprio
estudante. Por
último, Freud
adverte que por
mais que se
esforcem, os
universitários
jamais aprenderão a
psicanálise
propriamente dita.
Em seu ambiente
podem, no máximo,
assimilar algo
sobre psicanálise e
a partir da
psicanálise. A
essência desta
experiência é
acessível somente
através da própria
análise pessoal. “A
psicanálise é
essencialmente
uma experiência,
uma experiência
intersubjetiva que
ocorre em
condições
codificadas.” (Mez
an, 1994, p.59). O
aprendizado deste
código ocorre
através de uma
formação nas
instituições
psicanalíticas. A
psicanálise dá a
impressão de ser
uma “ciência
secreta”, tanto que
Freud utiliza a
expressão
Geheimbünden
para se referir aos
seus membros
como se à eles
fosse confiado um
legado, uma
espécie de
“associação
secreta”,
gradualmente mais
ampla, mais
pública, inclusive
por membros não-
médicos e não-
judeus, por
interesse de seu
fundador, em
contraste a muitos
dispositivos
psicanalíticos
atuais, bem como
discursos,
sociedades, grupos
de transmissão e
formação em
psicanálise, muitas
vezes se
transformando em
vias de ascensão
para os seus
transmissores, com
seus discursos
herméticos e
pretensiosos que
segundo Figueiredo
(1999)
caracterizam um
neobacharelismo,
de exclusão e
humilhação,
convertendo-se
também em
instrumentos de
negação,
desqualificação e
até de condenação
de aspectos
decisivos das
subjetividades.
Outros analistas na
contramão do que
foi exposto, como
Laplanche, desde
1962 na Ecole
Normale e desde
1969 na Unité
d•Enseignement et
Recherche des
Sciences Humaines
Cliniques na
Sorbonne
(Université Paris
VII), contrapõe em
cursos públicos um
ensino
administrado a
pessoas não
selecionadas,
segundo os critérios
de muitas
sociedades de
analistas. Um
ensino esotérico em
contraposição a um
ensino exotérico,
um seminário
aberto versus um
seminário fechado,
seminários de
iniciação e
seminários
reservados aos
alunos mais
instruídos, etc.
Muitas condições
são justificáveis
pela necessidade de
submeter-se à
análise antes de
empreender-se com
a pesquisa em
psicanálise.
“Pretende-se desse
modo garantir a 9
irredutibilidade de
um saber
verdadeiro, que no
limite, pode
somente ser
indutivamente
apropriado por
quem tenha vivido,
através da análise,
certas experiências
sobre sua própria
pessoa.” (Aguiar,
2002b, p. 98).
Além do que na
psicanálise
“pesquisa e
tratamento
coincidem” (Freud,
1976b, p. 152).
Logicamente este
processo não é
simultâneo. Por
razões éticas,
somente após a
análise é que
vamos lhe dar um
tratamento
científico. Freud
(1976b) chamou
atenção sobre a
possível alteração
dos resultados em
casos dedicados a
propósitos
científicos. Para o
psicanalista Fábio
Herrmann há uma
diferença entre o
estudo da
psicanálise e a
formação
psicanalítica, pois
esta não é função
que se possa
cumprir na
Universidade.
“Quando se
confunde
psicanálise com
terapia
psicanalítica,
quando se confunde
clínica de divã com
método da
psicanálise, não há
espaço para
integração
Psicanálise e
Universidade.” (20
01, p.164). Trata-se
de uma posição, e
uma posição cara
aos psicanalistas
diferenciar a
Psicanálise da
Psicologia ensinada
na universidade.
Para Souza (2001)
a relação entre
pares, estabelecida
na instituição
psicanalítica,
possui
características não
comparáveis entre
professores e
alunos ou entre
professores, como a
intensidade nas
aproximações
clínicas ou
doutrinárias. Este
autor acha
relevante
percebermos que
cada vez mais
alunos,
principalmente dos
cursos de
graduação de
psicologia, fazem
sua análise pessoal
sem nenhum
vínculo com
qualquer instituição
psicanalítica. Para
o Aurélio (1999) as
palavras ensino e
transmissão são
sinônimos, mas
segundo Rosa
(2001), o ensino dá
ênfase à resolução
das questões a
partir do debate
teórico enquanto
que a transmissão
utiliza o saber para
atingir
socraticamente a
verdade própria do
sujeito, ou seja, o
auto-conhecimento.
Concordando com
Laplanche (1998, p.
2), esta discussão
deve remeter a
oposição entre o
saber e a verdade:
“o saber seria o que
é depositado,
constituído,
sistematizado;
precisamente
aquilo que o
indivíduo deve
superar, por
exemplo, em sua
análise, rumo a sua
própria verdade,
para além do
pretenso saber
sobre si mesmo.” A
psicanálise
comporta a
conversão do
sujeito e obriga-o a
se colocar de outra
forma quanto ao
saber. Miller
(1997) compara-o
com o sujeito
cartesiano:
“esvaziado”,
“evanescente”, ou
seja, um sujeito
“antiuniversitário”.
A psicanálise
trabalha com um
tipo de transmissão,
segundo Brauer
(2001, p. 203), “...
da transmissão
daquilo que é
familiar, do traço
de família. Uma
transmissão que
não é biológica,
genética, mas que é
a transmissão de
uma marca que
condiciona desejo e
gozo atravessados
pela lei”.
Há uma exigência
mínima do discurso
universitário: é o
professor quem fala, o
estudante limita-se a
imitar o professor
quando fala. Ele é
suposto saber o que diz.
Na psicanálise a
experiência é fundada
sobre o imperativo
inverso, ou seja, o
sujeito que fala está
desligado do
imperativo de saber o
que diz, onde, ao
contrário, é convidado
a se excluir de saber. É
o que comporta a regra
fundamental de Freud:
10
dizer tudo o que passa
pela cabeça , que ele
não saiba o que diz... É
do analisando que se
espera a matéria-prima
do saber e, aí está o por
quê de não se poder
ensiná-lo. (Miller,
1997, p.114-6). Joel
Birman, em
entrevista à revista
Percurso (2002),
atribui aos
processos de
formação
psicanalíticos mais
maciços, como da
IPA (International
Pscychoanalytical
Association) ou do
Movimento
Lacaniano,
conseqüências
massificadoras e
normalizadoras,
como a criação de
cursos de
psicanálise fora e
dento do contexto
universitário,
impedindo que seus
membros
mantenham uma
postura mais
exterior ou
excêntrica em
relação às normas
estabelecidas para a
formação de um
analista,
prejudicando a
liberdade de escuta
do inconsciente.
Laplanche (apud
Aguiar 2002a)
encontra saída no
descentramento da
psicanálise
(l•extraterritorialité
de la
psychanalyse), para
evitar este efeito, a
psicanálise não
deveria ser o centro
de uma formação.
Talvez aqui seja
conveniente
comentar que um
certo grau de
marginalidade é
desejado para evitar
uma posição
excessivamente
oficial, um lugar
comum. Nenhuma
escola psicanalítica
pretende formar
analistas na
universidade. Há
quem seja “contra”
a prática
universitária da
psicanálise,
principalmente pelo
risco da sua
“intelectualização”
como denuncia a
IPA ou pela
submissão às regras
universitárias no
que advertem as
instituições
lacanianas. Para
Garcia-Roza (1994)
a psicanálise corre
o risco de perder
sua identidade, se
for inserida na
universidade, sem
nenhum critério.
Miller (1997) diz
que a psicanálise
não depende da
universidade para
existir, assim como
a filosofia, como
posição subjetiva,
não esperou uma
instituição para se
manifestar. A
presença de
psicanalistas na
universidade não
implica que se faça
um trabalho de
psicanálise, mas
antes que se
adaptem como
analistas nas
situações e
demandas, como
por exemplo no
caso de uma
supervisão clínica.
Outros
psicanalistas, como
Roudinesco (2000),
consideram a
universidade um
local privilegiado
para o ensino da
psicanálise, desde
que se respeitem as
particularidades e
suas limitações
institucionais.
Octávio Souza
(2001) considera
possível estudar ou
fazer trabalhos de
psicanálise na
universidade
voltados para
metapsicologia,
teoria da clínica,
história da
psicanálise, crítica
da cultura, clínica
do social ou outras
pesquisas
qualitativas das
ciências humanas.
A dificuldade
consiste em
transmitir a
experiência clínica
propriamente dita,
esta portanto
somente possível
de acontecer na
própria analise.
Para Aguiar, 2002a,
as universidades
oferecem um
ensino introdutório
da doutrina
freudiana, de
evolução e de suas
aplicações. As
formações
analíticas,
administradas por
sociedades
competentes,
tentam assegurar
seu caráter exterior,
independente e
específico. 11
Portanto, a
psicanálise como
profissão não se
ensina na
universidade. A
psicanálise vive da
prática clínica e a
universidade da
produção do
conhecimento.
Ambas são
independentes em
suas funções. Neste
sentido Miller
(1997) considera
que o atrito entre o
discurso
universitário e o
psicanalítico pode
ser fecundo. Para
Migliavacca
(2001), a
universidade, em
especial, pode se
beneficiar
largamente da
atividade de
pesquisa em
psicanálise em seu
meio. A recíproca é
verdadeira, por
vários motivos:
interesse em
ampliar o
conhecimento, uma
certa idealização da
vida acadêmica,
campo de trabalho
em tempos
razoavelmente
difíceis, etc.
(Eizirik, 2001).
No ambiente
universitário
francês, Jean
Laplanche
questiona o ensino
da psicanálise na
universidade e em
seus cursos
públicos apresenta
um método
interpretativo e o
levantamento de
problemas ao longo
dos eixos principais
da teoria
psicanalítica sob o
título
Problemáticas4.
Para ele, falar de
psicanálise na
universidade não é
algo que possa ser
considerado
desprezível, neste
aspecto a
universidade não
seria um lugar pior
do que os outros.
Figueiredo (2001)
não encontra
nenhum lugar
institucional no
qual a psicanálise
possa existir e ser
exercida totalmente
à vontade.
Laplanche (1992)
recomenda iniciar
através de uma
leitura histórica,
problematizante e
interpretativa dos
textos
psicanalíticos. O
material deve ser
lido através do
método
psicanalítico: com
atenção às
dissonâncias,
contextualização e
conceitualização
adequadas. Esta
proposta pressupõe
para a universidade
um papel mais
amplo do que
Freud atribuía em
1919, como meio
de propagação da
psicanálise, mas,
além disso, um
lugar para
criatividade, de
descoberta e
invenção (Mezan,
1993). Partindo
desse pressuposto a
psicanálise pode se
transformar em
aulas, artigos,
livros, não apenas
pertencentes aos
psicanalistas, sem a
intenção de
substituir a
formação
propriamente dita.
1.2 Psicanálise e
ciência
4 Até então foram
publicadas: I - A
Angústia; II -
Castração/
Simbolizações; III - A
Sublimação; IV - O
Inconsciente e o Id. São
Paulo: Martins Fontes.
A ciência estava
entre as metas de
Freud e a
universidade era
uma das maneiras
de obter este
estatuto. Ainda na
fase pré-
psicanalítica Freud
(1976b) escreve o
Projeto, um texto
baseado no modelo
mecanicista da
Física de sua época,
na tentativa de
demonstrar
empiricamente,
através de suas
observações
clínicas, o que a
filosofia daquele
momento abordava
intuitivamente. A
psicanálise surgiu
não só como
possibilidade de
tratamento, mas
como método de
investigação,
inicialmente
subordinada à
intenção de um
projeto científico.
Segundo Joel
Birman (1994),
Freud não publicou
o Projeto de uma
psicologia
científica 12
porque seu discurso
era da ordem da
especulação, pois o
modelo proposto do
psiquismo não
tinha possibilidade
de aferição
empírica.
Sintetizando:
“Podemos dizer
que registramos o
esforço de Freud
para tentar retirar a
psicanálise e a
pesquisa
psicanalítica do
campo da
especulação, para
definir a psicanálise
como sendo uma
ciência empírica,
como uma ciência
realizada num
laboratório
experimental.” (Bir
man, 1994, p.16).
Em outro texto,
Análise terminável
e interminável
(Freud, 1975), esta
perspectiva se
evidencia a partir
de um
posicionamento
mais claro: não
para alcançar um
objetivo específico,
mas para se
caracterizar como
um processo. Para
Mezan (1993), essa
continuidade não
pode ser
confundida com um
eterno recomeço. A
psicanálise não
pode repetir
sempre, da mesma
maneira, a sua
história. Para ser
ciência deve
acumular
conhecimento para
permitir o avanço e
elucidação do seu
objeto de pesquisa:
o inconsciente.
Como então fazer
pesquisa em
psicanálise, sendo
que não é possível
proceder nos
moldes tradicionais
da ciência –
observação,
controle de
variáveis,
mensurações, etc.?
A tentativa de
definir a psicanálise
de maneira
demasiado unívoca
como ciência, ou
não, ciência
humana, baseada
neste modelo, ou
no modelo das
ciências exatas,
conduz a
discussões estéreis
que não levam a
lugar nenhum,
“criando ansiedade,
na medida em que
se traduz
concretamente
através de uma
exigência
superegóica
projetada neste
fantasma chamado
Universidade, ou
Academia, ou
Discurso
Acadêmico, cujo
fanta
1 INTRODUÇÃO
Todos os anos,
milhares de
estudantes de
psicologia se
matriculam nas
disciplinas de seus
cursos e passam a
ter contato com a
multiplicidade de
saberes que
compõem esta
ciência. Assim se
inscrevem,
estudam,
contemplam e
escolhem a partir
das escolas e
movimentos que se
apresentam,
fundamentando sua
postura acadêmica
e posteriormente
profissional, a
partir das
alternativas
dispostas nos
conteúdos
programáticos. A
psicologia como
ciência humana é
composta por uma
diversidade
considerável de
posturas
metodológicas e
teóricas que nem
sempre concordam
em seu ponto de
vista. Um curso de
psicologia dispõe
de conteúdos
através de suas
disciplinas,
responsáveis por
cumprir uma série
de objetivos que
visam introduzir o
aluno no
conhecimento das
teorias e técnicas
que embasam a
atividade do
psicólogo. Neste
aspecto muitas
disciplinas
privilegiam o
enfoque
psicanalítico entre
as outras matrizes
do pensamento
psicológico, o que
reflete o interesse
dessa pesquisa.
Este é um trabalho
sobre a formação
universitária dos
cursos de
psicologia em
relação à
psicanálise no
Estado de Santa
Catarina. Foram
investigados os
planos de ensino
das disciplinas dos
cursos
universitários de
Psicologia, a partir
do seguinte
problema de
pesquisa: Como se
apresenta o ensino
da psicanálise nos
cursos de
graduação em
Psicologia no
Estado de Santa
Catarina? Este
estudo pretende
contribuir para o
conhecimento da
formação do
estudante a partir
de uma análise
documental dos
Planos de Ensino
das disciplinas do
curso de psicologia.
Para que alguém se
torne analista não é
necessário que se
tenha freqüentado
um curso de
psicologia, no
entanto, é no
contato que alguns
alunos têm com
certas disciplinas
dos cursos de
graduação que seu
interesse para este
tipo de atuação é
despertado, como
uma espécie de
iniciação a um
saber que se
diferencia dos
conteúdos mais
próprios da
psicologia. 1 A
integração da
psicanálise à
universidade
iniciou-se na
França, resultado
do esforço dos
psicólogos pela
independência
profissional e a
busca de
suprimentos
teóricos e
metodológicos para
o exercício clínico
(Aguiar, 2000,
p.216).
1 A formação em
psicanálise costuma se
fazer fora da
universidade,
principalmente, nas
associações
psicanalíticas, através
do tripé constituído por
análise pessoal,
supervisão e
aprendizagem teórica,
esta última, em parte,
possível de ser obtida
no contexto da
universidade. Os alunos
podem encontrar
disciplinas de
psicanálise em seus
cursos, sobretudo na
graduação em
Psicologia e de um
modo geral na pós-
graduação, seja em
especializações (lato
sensu), mestrado,
doutorado e pós-
doutorado (stricto
sensu), apesar do
último não ser um
curso formal.
Transmitida através
de disciplinas
obrigatórias ou
optativas, às vezes
com nomenclaturas
variadas: Teoria e
Sistemas,
Psicologia da
Personalidade,
Escolas
Psicológicas, etc., a
psicanálise faz
parte das grades
curriculares dos
cursos de
psicologia do 2
Brasil desde
quando estes foram
criados, nos anos
60. Renato Mezan,
em um artigo
publicado na
revista Percurso
em 1998, comentou
o fenômeno: Quanto
à introdução da
psicanálise na
universidade, ela se dá
em dois tempos. Nos
anos 60, a partir de
supervisões e
disciplinas como
psicologia do
desenvolvimento, os
cursos de psicologia
funcionaram como
canal de divulgação da
maneira de pensar
psicanalítica. Ainda
hoje, e mesmo com a
predominância de
outras correntes no
currículo, alguns cursos
– como o da
Universidade de São
Paulo, onde trabalham
vários analistas
experientes –
proporcionam aos
estudantes um primeiro
contato com a
psicanálise, o que
freqüentemente os
estimula a buscar uma
formação nas
instituições
propriamente
psicanalíticas (Mezan,
1998, p. 13). A
história pessoal do
pesquisador não
raramente afeta os
interesses da
pesquisa científica.
Meu primeiro
contato com
disciplinas de
psicanálise ocorreu
durante a
graduação em
psicologia, sendo
retornado
posteriormente em
cursos de formação
profissional, análise
pessoal,
supervisões e a
própria curiosidade
de aprender mais
sobre um saber que
comumente se
constitui à margem,
fora da
universidade, pelo
mérito de seus
fundadores,
principalmente
Sigmund Freud.
Recentemente,
como professor
universitário, ao
lecionar em
disciplinas de
Psicologia do
Desenvolvimento e
Aprendizagem,
passei a me
questionar sobre
quais deveriam ser
os conteúdos
apropriados ao seu
ensino. Na medida
em que refletia,
estendia as
discussões a outros
colegas,
percebendo a
necessidade de
estudar a própria
história da
disciplina, sua
relação com a
ciência e a
formação
profissional. O
Programa de pós-
graduação em
psicologia da
Universidade
Federal de Santa
Catarina ofereceu-
me a oportunidade
de aprofundamento
nestas questões, a
partir de encontros
informais com o
Prof. Dr. Fernando
Aguiar, dedicado
ao tema Psicanálise
e Universidade, no
esclarecimento de
dúvidas em relação
aos seus artigos e
no encorajamento
aos estudos,
resultando no
ingresso a este
Curso de Mestrado
e ao
desenvolvimento
desta pesquisa.
Pesquisar como se
apresentam os
planos de ensino,
através de suas
ementas, objetivos,
conteúdos
programáticos,
metodologia,
avaliação e
bibliografia, é um
meio de investigar
o ensino e a
formação dos
psicólogos e
contribuir para sua
ciência e profissão.
Para compreender a
inserção do ensino
da psicanálise na
universidade serão
contextualizados
historicamente os
seus precedentes,
de tal forma que
fundamentem este
trabalho. Tanto a
psicologia, desde a
sua constituição
que subsidiou o
surgimento dos
cursos superiores
universitários,
quanto à
psicanálise, desde
seus pioneiros, cuja
produção se inseriu
na sociedade e
cultura, produzindo
entrelaçamentos de
diversas ordens:
psicanálise e 3
universidade;
psicanálise e
psicologia,
psicanálise e
ciência; psicanálise
e ensino;
universidade e
psicologia;
psicologia e
ciência; psicologia
e ensino; etc.
Caberá a esta
pesquisa, dentro
dos seus objetivos
propostos, verificar
algumas destas
situações e
compreendê-las à
luz de sua história,
teoria e conceitos.
O objetivo geral
desta pesquisa foi o
de investigar a
situação atual do
ensino da
psicanálise nos
cursos de
graduação em
psicologia do
Estado de Santa
Catarina, através de
uma análise
documental dos
planos de ensino de
suas disciplinas. Os
objetivos
específicos foram
os de contextualizar
historicamente o
ensino da
psicanálise na
universidade;
discutir a influência
do ensino da
psicanálise nos
cursos de
psicologia das
universidades
catarinenses; isolar
e descrever
algumas relações
de ensino
estabelecidas entre
a psicanálise e os
cursos de
psicologia em
Santa Catarina.
Histórico da
Psicanálise na
Universidade A
partir de um breve
histórico em
relação ao tema
pretende-se
levantar alguns
tópicos e tecer um
panorama para
melhor delinear
este trabalho.
Discutir a história
da psicanálise
requer um esforço
constante de síntese
e condensação,
frente ao enorme e
complexo campo
que se desdobra
àqueles que
escolhem dissertar
sobre o assunto.
Para compreender a
inserção do ensino
da psicanálise na
universidade é
necessário
contextualizar
alguns precedentes,
a começar por pelo
seu criador,
Sigmund Freud
(1856-1939). Ainda
na universidade ele
adia seus planos de
se tornar médico,
porque preferia ser
pesquisador
universitário. Em
função de uma
condição financeira
precária, acaba
aceitando a
condição de médico
clínico e
especialista em
neurologia
mediante seu
trabalho de
laboratório
(1877-1897).
Muitos obstáculos
se opuseram a
Freud na sua
relação com a
universidade, em
parte pela
resistência
oferecida pelos
catedráticos à nova
teoria sobre o
psiquismo, pelas
associações
médicas e também
pelo sentimento
anti-semita da
época, pois era de
origem judaica.
Após muito
esforço, em 1885
iniciou um trabalho
na Universidade de
Viena, como
Privat-Dozent2,
passando
posteriormente ao
cargo de Professor
Extraordinário
(Ausserordentlicher
Professor), uma
espécie de
professor
substituto.
2 Não há cargo
universitário
equivalente entre nós.
Um Privat-Dozent
poderia oferecer cursos
ou disciplinas
optativas, fora do
currículo, sem qualquer
vínculo com um
departamento. (Jones,
1975).
Freud e outros
colegas, na maioria
médicos judeus,
simpatizantes às
suas teorias,
passaram a se
encontrar
semanalmente em
um espaço extra-
universitário. A
partir desses
encontros, fundou-
se em 1902 a
Sociedade
Psicológica das
Quartas-feiras. Este
círculo aos 4
poucos se ampliou,
incluindo
representantes da
arte, filosofia,
história, literatura,
mitologia, etc. A
psicanálise poderia
ser aplicada a
outros campos do
saber, sendo
difundida de outras
maneiras, restritas
anteriormente à
medicina (Gay,
1989). Esta via
ficou conhecida
como psicanálise
aplicada e é em
grande parte o que
fazemos nas
universidades
(Mezan, 1994).
Apesar de alguns
psicanalistas, como
Jacques Lacan,
considerarem que a
psicanálise não se
aplica senão como
tratamento (Mezan,
1994).
Gradualmente os
membros do círculo
se formam e
regulamentam a
instituição,
ampliando a
sociedade e
institucionalizando
o processo para
novos adeptos. O
primeiro Congresso
Internacional de
Psicanálise
realizou-se em abril
de 1908, em
Salzburg, pouco
depois de formada
a Sociedade
Psicanalítica de
Viena. Somente a
partir de 1909
Freud atingia um
público mais
amplo,
principalmente
estudantes de
medicina. Naquele
momento, uma
universidade
americana, a Clark
University de
Worcester, o
convidou para
participar dos 20
anos de sua
fundação. Ele
aproveitou a
oportunidade para
pronunciar suas
Cinco lições de
psicanálise,
comentando o fato:
“... isto pareceu a
concretização de
um incrível
devaneio: a
psicanálise não era
mais um produto de
delírio, tornara-se
uma parte valiosa
da
realidade.” (Freud,
1970, p. 67). À
medida que o
movimento
psicanalítico
ganhou espaço e
reconhecimento
social, surgiu a
necessidade de
definir critérios
sobre a formação e
atuação do
psicanalista. Em
1920 o Instituto de
Berlim criou
normas para
viabilizar este
processo, propondo
três vias: análise,
estudo teórico e
supervisão. Entre
1925 e 1933 a
Associação
Psicanalítica
Internacional (IPA)
universalizou este
modelo para seus
adeptos. Para
Birman (1994) a
psicanálise surgiu
ligada à tradição da
psicologia com a
medicina, através
dos cursos de
psiquiatria e mais
tarde nas cadeiras
de psicanálise dos
cursos de
psicologia. A
França e os EUA se
dizem pioneiros da
Psicologia Clínica,
havendo diferenças
em relação ao
método de trabalho,
experimental na
América do Norte e
mais clínico na
Europa (Aguiar,
2001). Os
psicólogos
franceses lutaram
pela sua autonomia
na ciência e no
exercício
profissional, o que
segundo Aguiar
(2000) favoreceu a
integração da
Psicanálise à
Universidade, em
função da
necessidade de um
modelo teórico e
metodológico para
embasar a
psicologia clínica.
Em troca a
psicologia serviu de
veículo de
propagação para a
psicanálise (D.
Anzieu, apud
Aguiar, 2000). As
primeiras cadeiras
de psicanálise
foram instituídas na
França, em Paris
VII por Laplanche e
Fédida, e em Paris
VIII (Vincennes)
pelos lacanianos,
influenciados pela
reformulação do
ensino,
conseqüência do
Movimento
Estudantil em maio
de 1968. (Mezan,
2002).
A psicanálise
surgiu no Brasil em
contraproposta às
teorias
excessivamente
organicistas que
embasavam o
trabalho da
psiquiatria no
tratamento das
doenças mentais
Rocha (1989). O
psiquiatra Juliano
Moreira introduziu
os primeiros temas
de psicanálise no 5
curso de Medicina
da Bahia em 1899.
Em 1915 é
publicado o
primeiro texto
sobre as idéias de
Freud, por
Genserico Aragão
de Souza Pinto,
após a sua tese
apresentada à
Faculdade de
Medicina do Rio de
Janeiro em 1914.
Desde 1918,
Francisco Franco
da Rocha já
divulgava idéias de
psicanálise na
Faculdade de
Medicina de São
Paulo. Pessotti
(1975) ainda cita
uma conferência de
Maurício de
Medeiros; um
pequeno volume de
Franco da Rocha: A
doutrina de Freud,
de 1919, e um
capítulo do Manual
de psiquiatria, de
Henrique Rocho
(1919). A Escola
Livre de Sociologia
e Política de São
Paulo foi a primeira
instituição a criar
formalmente uma
cátedra de
psicanálise, sendo
seus responsáveis,
Durval Marcondes
e posteriormente
Virgínia L. Bicudo.
Aos poucos a
psicanálise foi
inserida juntamente
com a psicologia
nos currículos de
algumas
universidades
brasileiras, como
temas de estudo
(Birman, 1994).
Em 1927 cria-se a
primeira Sociedade
Brasileira de
Psicanálise,
constituídas a partir
de dois pólos: Em
São Paulo, com
Franco da Rocha e
Durval Marcondes,
Raul Briquet,
Lourenço Filho. No
ano seguinte, no
Rio de Janeiro, com
Juliano Moreira,
Júlio Porto
Carneiro entre
outros. Neste ano,
os dois grupos
fundam a primeira
revista brasileira de
psicanálise. No Rio
Grande do Sul a
psicanálise entra na
universidade em
1934, através de
um curso de
criminologia e
psiquiatria forense
por Celestino
Prunes (Mokrejs,
1993). Na
Universidade do
Rio Grande do Sul,
a disciplina
Psicanálise foi
inserida nos
currículos:
Introdução Geral à
Psicologia no
primeiro ano,
Estudos da
Personalidade no
segundo ano e
Psicanálise no
terceiro (Antunes,
1997). Segundo
Roudinesco & Plon
(1998), Durval
Marcondes deve ser
considerado como
fundador do
movimento
psicanalítico
brasileiro. Ele
tentou aliar a
psicanálise à
universidade
através dos cursos
de medicina. Tinha
interesse especial
no projeto da
Universidade de
São Paulo, modelo
para a América
Latina, mas
encontrou oposição
entre os
neurocientistas.
Com ajuda da
analista didata
Adelheid Koch,
que emigrou da
Europa, indicada
por Ernest Jones,
desenvolveu o
primeiro núcleo de
formação
psicanalítica do
Brasil, integrando-
se à IPA em 1944,
passando a ser
denominada
Sociedade
Brasileira de
Psicanálise de São
Paulo.
Após a morte de
Freud, em 1939, a
psicanálise
subdividiu-se em
escolas, como a
psicologia do ego,
o kleinismo, a
escola das relações
de objeto e o
movimento
lacaniano (Mezan,
2002). Estas
tendências
seguiram cada qual
seu rumo, que
podem ser
encontradas em
muitas biografias
(Gay, 1989; Jones,
1975; Schur, 1981),
inclusive com
maiores detalhes
sobre a história da
psicanálise. Sobre
Freud
especificamente,
Patrick Mahony
(1992) afirma que
nunca se escreveu
tanto sobre um ser
humano em todos
os tempos, o que
prova a
impossibilidade de
esgotar o tema. 6
Segundo
Roudinesco & Plon
(1998), na década
de 40 muitos
psicólogos vinham
se formando nas
universidades,
utilizando a
psicanálise para
embasar sua
postura profissional
e acadêmica. As
instituições
psicanalíticas
reafirmaram sua
existência para não
caírem no domínio
da psicologia,
como foi
pretendido pela
medicina, a partir
dos critérios de
formação analítica.
A partir desse
período a
psicanálise se
expande pelo
mundo, repetindo a
história de seu
início: adotada
inicialmente por
médicos locais e
institucionalizada
posteriormente
pelas sociedades
psicanalíticas. A
psicanálise
participou da
formação dos
psicólogos desde os
primeiros cursos de
graduação nos anos
60: “... a partir das
supervisões e
disciplinas como
psicologia do
desenvolvimento,
os cursos de
psicologia
funcionaram como
canal de divulgação
da maneira de
pensar
psicanalítica.” (Me
zan, 2002, p. 239).
Até o final dessa
década houve
grande produção de
trabalhos e
pesquisas de
orientação
psicanalítica.
Somente no início
de 80 surgem
trabalhos que
utilizam uma
metodologia
psicanalítica mais
definida (Safra,
2001). Na
Universidade
Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ) foi
criado a primeiro
curso brasileiro de
pós-graduação em
psicanálise. A
partir deste
momento ampliou-
se a oferta de
cursos de pós-
graduação onde a
psicanálise passou
a “atuar sem
disfarces”. (Aguiar,
2002b). De 90 em
diante obtivemos
uma produção
literária mais
consistente sobre a
prática universitária
da psicanálise, em
parte em função da
estruturação da
pós-graduação
(Aguiar, 2002b).
Mais recentemente,
três eventos
impulsionaram a
produção
universitária da
psicanálise no
Brasil: o XVIII
Congresso Latino-
Americano de
Psicanálise e os I e
II Encontro de
Pesquisa
Acadêmica em
Psicanálise, estes
em 1991 e 1992 na
PUC de São Paulo,
com a participação
de muitos
profissionais
brasileiros
interessados em
discutir a relação
da Psicanálise na
Universidade. É o
início de um novo
ciclo em que a
psicanálise passa a
ser convocada
como objeto e
instrumento de
pesquisa
universitária
(Aguiar, 2002a). O
crescimento do
número de
pesquisas
psicanalíticas
provocou o
aumento de
disciplinas que
fornecem subsídios
para elaboração
desses trabalhos
(Pinto & Vaisberg,
2001). “Ainda hoje,
e mesmo com a
predominância de
outras correntes do
currículo, alguns
cursos (...)
proporcionam aos
estudantes um
primeiro contato
com a psicanálise,
o que
freqüentemente os
estimula a buscar
uma formação nas
instituições
propriamente
psicanalíticas.” (Me
zan, 2002, p. 239).
Geralmente a
psicanálise está
presente nos cursos
de graduação de
psicologia, através
de suas disciplinas,
cujos planos de
ensino se tornaram
foco desta
dissertação. A
psicanálise também
é objeto de estudo
de outros campos
das ciências
humanas e
principalmente na
pós-graduação, em
forma de aulas,
monografias,
dissertações ou
teses. 7
1.1 O ensino da
psicanálise na
universidade Para
Freud a
universidade fez o
possível para
ignorar a
psicanálise até
1919. Depois da
Primeira Guerra
Mundial a teoria
começou a ficar na
moda por causa das
neuroses de guerra
e de suas
aplicações para o
tratamento.
Segundo Mezan
(1994), deste
momento em diante
a universidade
passou a se
interessar pela
psicanálise.
Freud sempre
tomou cuidados ao
se manifestar sobre
o ensino da
psicanálise. Na
ocasião do V
Congresso
Psicanalítico
Internacional, em
Budapeste, na
Hungria, os
estudantes de
medicina se
interessaram pela
inclusão da
psicanálise em seu
currículo. Sandor
Ferenczi, que
assumiu o ensino
de psicanálise
naquele local,
traduziu um texto
de Freud, cujo
título em húngaro
significa: “Deve a
psicanálise ser
ensinada na
universidade?”3 O
questionamento
revela a hesitação
de Freud sobre o
que de fato poderia
ser ensinado, sob
dois pontos de
vista: o da
psicanálise e o da
universidade. Para
o psicanalista a
universidade é
dispensável, pois a
literatura
especializada
fornece os
subsídios teóricos,
além dos encontros
nas sociedades e o
contato com
profissionais mais
experientes. A
universidade
poderia utilizar a
psicanálise para a
formação de
cientistas. Neste
aspecto, Freud
considerou que a
psicanálise poderia
contribuir para
complementar os
estudos de
medicina.
Possivelmente hoje
ele diria o mesmo
em relação à
psicologia (Aguiar,
2002b). A
formação médica
foi considerada
incompleta, pois
não ensinava
suficientemente ao
estudante sobre as
atividades
psíquicas e sua
relação com o
corpo. Diante disso,
Freud sugeriu que
houvesse uma
disciplina
introdutória de
psicanálise a todos
os alunos de
medicina e outra
mais aprofundada
para o estudo da
psiquiatria. Um
curso de psicanálise
também poderia ser
aplicado a outros
campos do
conhecimento,
como a
antropologia, arte,
filosofia, história,
contribuindo assim
para o
esclarecimento de
aspectos humanos
relacionados a estas
áreas.
3 Kelle-e az egyetemen
a psychoanalysist
tanitani? Este artigo foi
publicado pela primeira
vez em tradução para o
húngaro no periódico
médico de Budapeste
Gyógyászat, a 30 de
março de 1919. (Freud,
S., 1976c, p. 215).
Fernando Aguiar
traduziu esta questão da
seguinte maneira:
Convém ensinar a
psicanálise...?, do
francês faut-il, de
tradução fidelíssima a
Freud: é preciso, é
necessário.
Enfim, “... pode-se
afirmar que a
universidade só
teria a ganhar com
a inclusão, em seu
currículo, do ensino
da
psicanálise.” (Freud
, 1976c [1919], p.
219). Mas segundo
ele, este ensino só
poderia ser
lecionado de forma
dogmática e
crítica, por meio de
aulas teóricas.
Interessante
verificar que Freud
utiliza métodos de
ensino
aparentemente
antagônicos na sua
acepção. Na
filosofia o dogma
representa a
existência de
verdades
indiscutíveis,
portanto para serem
aceitos, dispensam
a crítica. Para o
filósofo alemão
Emmanuel Kant
(1724-1804), o
dogma parte de
princípios e
proposições que
são aceitos de
modo não crítico. A
palavra 8
“crítica”, aqui, não
quer dizer ataque e
sim análise crítica.
Kant não se põe a
atacar a “razão”, a
não ser para
mostrar suas
limitações (Kant,
1983). Mezan
(1994) lhes dá um
significado
hipotético-
dedutivo:
Dogmático no
sentido de uma
exposição baseada
em pressupostos
que se aceitam ou
não, e crítico na
avaliação dos
resultados e
métodos da
psicanálise. Para
exemplificar, Freud
(1976a) comparou
o ensino de
psicanálise com o
de história. Não é
preciso ter
participado de uma
guerra para
acreditar nos fatos
relatados. É
possível apresentar
elementos que
podem evidenciar a
narração dos
acontecimentos. Da
mesma forma, na
psicanálise não há
possibilidade de
uma exposição
objetiva, nem de
demonstração de
qualquer afirmação,
mas ela pode ser
transmitida por
meio de
argumentos e
verificada através
do próprio
estudante. Por
último, Freud
adverte que por
mais que se
esforcem, os
universitários
jamais aprenderão a
psicanálise
propriamente dita.
Em seu ambiente
podem, no máximo,
assimilar algo
sobre psicanálise e
a partir da
psicanálise. A
essência desta
experiência é
acessível somente
através da própria
análise pessoal. “A
psicanálise é
essencialmente
uma experiência,
uma experiência
intersubjetiva que
ocorre em
condições
codificadas.” (Mez
an, 1994, p.59). O
aprendizado deste
código ocorre
através de uma
formação nas
instituições
psicanalíticas. A
psicanálise dá a
impressão de ser
uma “ciência
secreta”, tanto que
Freud utiliza a
expressão
Geheimbünden
para se referir aos
seus membros
como se à eles
fosse confiado um
legado, uma
espécie de
“associação
secreta”,
gradualmente mais
ampla, mais
pública, inclusive
por membros não-
médicos e não-
judeus, por
interesse de seu
fundador, em
contraste a muitos
dispositivos
psicanalíticos
atuais, bem como
discursos,
sociedades, grupos
de transmissão e
formação em
psicanálise, muitas
vezes se
transformando em
vias de ascensão
para os seus
transmissores, com
seus discursos
herméticos e
pretensiosos que
segundo Figueiredo
(1999)
caracterizam um
neobacharelismo,
de exclusão e
humilhação,
convertendo-se
também em
instrumentos de
negação,
desqualificação e
até de condenação
de aspectos
decisivos das
subjetividades.
Outros analistas na
contramão do que
foi exposto, como
Laplanche, desde
1962 na Ecole
Normale e desde
1969 na Unité
d•Enseignement et
Recherche des
Sciences Humaines
Cliniques na
Sorbonne
(Université Paris
VII), contrapõe em
cursos públicos um
ensino
administrado a
pessoas não
selecionadas,
segundo os critérios
de muitas
sociedades de
analistas. Um
ensino esotérico em
contraposição a um
ensino exotérico,
um seminário
aberto versus um
seminário fechado,
seminários de
iniciação e
seminários
reservados aos
alunos mais
instruídos, etc.
Muitas condições
são justificáveis
pela necessidade de
submeter-se à
análise antes de
empreender-se com
a pesquisa em
psicanálise.
“Pretende-se desse
modo garantir a 9
irredutibilidade de
um saber
verdadeiro, que no
limite, pode
somente ser
indutivamente
apropriado por
quem tenha vivido,
através da análise,
certas experiências
sobre sua própria
pessoa.” (Aguiar,
2002b, p. 98).
Além do que na
psicanálise
“pesquisa e
tratamento
coincidem” (Freud,
1976b, p. 152).
Logicamente este
processo não é
simultâneo. Por
razões éticas,
somente após a
análise é que
vamos lhe dar um
tratamento
científico. Freud
(1976b) chamou
atenção sobre a
possível alteração
dos resultados em
casos dedicados a
propósitos
científicos. Para o
psicanalista Fábio
Herrmann há uma
diferença entre o
estudo da
psicanálise e a
formação
psicanalítica, pois
esta não é função
que se possa
cumprir na
Universidade.
“Quando se
confunde
psicanálise com
terapia
psicanalítica,
quando se confunde
clínica de divã com
método da
psicanálise, não há
espaço para
integração
Psicanálise e
Universidade.” (20
01, p.164). Trata-se
de uma posição, e
uma posição cara
aos psicanalistas
diferenciar a
Psicanálise da
Psicologia ensinada
na universidade.
Para Souza (2001)
a relação entre
pares, estabelecida
na instituição
psicanalítica,
possui
características não
comparáveis entre
professores e
alunos ou entre
professores, como a
intensidade nas
aproximações
clínicas ou
doutrinárias. Este
autor acha
relevante
percebermos que
cada vez mais
alunos,
principalmente dos
cursos de
graduação de
psicologia, fazem
sua análise pessoal
sem nenhum
vínculo com
qualquer instituição
psicanalítica. Para
o Aurélio (1999) as
palavras ensino e
transmissão são
sinônimos, mas
segundo Rosa
(2001), o ensino dá
ênfase à resolução
das questões a
partir do debate
teórico enquanto
que a transmissão
utiliza o saber para
atingir
socraticamente a
verdade própria do
sujeito, ou seja, o
auto-conhecimento.
Concordando com
Laplanche (1998, p.
2), esta discussão
deve remeter a
oposição entre o
saber e a verdade:
“o saber seria o que
é depositado,
constituído,
sistematizado;
precisamente
aquilo que o
indivíduo deve
superar, por
exemplo, em sua
análise, rumo a sua
própria verdade,
para além do
pretenso saber
sobre si mesmo.” A
psicanálise
comporta a
conversão do
sujeito e obriga-o a
se colocar de outra
forma quanto ao
saber. Miller
(1997) compara-o
com o sujeito
cartesiano:
“esvaziado”,
“evanescente”, ou
seja, um sujeito
“antiuniversitário”.
A psicanálise
trabalha com um
tipo de transmissão,
segundo Brauer
(2001, p. 203), “...
da transmissão
daquilo que é
familiar, do traço
de família. Uma
transmissão que
não é biológica,
genética, mas que é
a transmissão de
uma marca que
condiciona desejo e
gozo atravessados
pela lei”.
Há uma exigência
mínima do discurso
universitário: é o
professor quem fala, o
estudante limita-se a
imitar o professor
quando fala. Ele é
suposto saber o que diz.
Na psicanálise a
experiência é fundada
sobre o imperativo
inverso, ou seja, o
sujeito que fala está
desligado do
imperativo de saber o
que diz, onde, ao
contrário, é convidado
a se excluir de saber. É
o que comporta a regra
fundamental de Freud:
10
dizer tudo o que passa
pela cabeça , que ele
não saiba o que diz... É
do analisando que se
espera a matéria-prima
do saber e, aí está o por
quê de não se poder
ensiná-lo. (Miller,
1997, p.114-6). Joel
Birman, em
entrevista à revista
Percurso (2002),
atribui aos
processos de
formação
psicanalíticos mais
maciços, como da
IPA (International
Pscychoanalytical
Association) ou do
Movimento
Lacaniano,
conseqüências
massificadoras e
normalizadoras,
como a criação de
cursos de
psicanálise fora e
dento do contexto
universitário,
impedindo que seus
membros
mantenham uma
postura mais
exterior ou
excêntrica em
relação às normas
estabelecidas para a
formação de um
analista,
prejudicando a
liberdade de escuta
do inconsciente.
Laplanche (apud
Aguiar 2002a)
encontra saída no
descentramento da
psicanálise
(l•extraterritorialité
de la
psychanalyse), para
evitar este efeito, a
psicanálise não
deveria ser o centro
de uma formação.
Talvez aqui seja
conveniente
comentar que um
certo grau de
marginalidade é
desejado para evitar
uma posição
excessivamente
oficial, um lugar
comum. Nenhuma
escola psicanalítica
pretende formar
analistas na
universidade. Há
quem seja “contra”
a prática
universitária da
psicanálise,
principalmente pelo
risco da sua
“intelectualização”
como denuncia a
IPA ou pela
submissão às regras
universitárias no
que advertem as
instituições
lacanianas. Para
Garcia-Roza (1994)
a psicanálise corre
o risco de perder
sua identidade, se
for inserida na
universidade, sem
nenhum critério.
Miller (1997) diz
que a psicanálise
não depende da
universidade para
existir, assim como
a filosofia, como
posição subjetiva,
não esperou uma
instituição para se
manifestar. A
presença de
psicanalistas na
universidade não
implica que se faça
um trabalho de
psicanálise, mas
antes que se
adaptem como
analistas nas
situações e
demandas, como
por exemplo no
caso de uma
supervisão clínica.
Outros
psicanalistas, como
Roudinesco (2000),
consideram a
universidade um
local privilegiado
para o ensino da
psicanálise, desde
que se respeitem as
particularidades e
suas limitações
institucionais.
Octávio Souza
(2001) considera
possível estudar ou
fazer trabalhos de
psicanálise na
universidade
voltados para
metapsicologia,
teoria da clínica,
história da
psicanálise, crítica
da cultura, clínica
do social ou outras
pesquisas
qualitativas das
ciências humanas.
A dificuldade
consiste em
transmitir a
experiência clínica
propriamente dita,
esta portanto
somente possível
de acontecer na
própria analise.
Para Aguiar, 2002a,
as universidades
oferecem um
ensino introdutório
da doutrina
freudiana, de
evolução e de suas
aplicações. As
formações
analíticas,
administradas por
sociedades
competentes,
tentam assegurar
seu caráter exterior,
independente e
específico. 11
Portanto, a
psicanálise como
profissão não se
ensina na
universidade. A
psicanálise vive da
prática clínica e a
universidade da
produção do
conhecimento.
Ambas são
independentes em
suas funções. Neste
sentido Miller
(1997) considera
que o atrito entre o
discurso
universitário e o
psicanalítico pode
ser fecundo. Para
Migliavacca
(2001), a
universidade, em
especial, pode se
beneficiar
largamente da
atividade de
pesquisa em
psicanálise em seu
meio. A recíproca é
verdadeira, por
vários motivos:
interesse em
ampliar o
conhecimento, uma
certa idealização da
vida acadêmica,
campo de trabalho
em tempos
razoavelmente
difíceis, etc.
(Eizirik, 2001).
No ambiente
universitário
francês, Jean
Laplanche
questiona o ensino
da psicanálise na
universidade e em
seus cursos
públicos apresenta
um método
interpretativo e o
levantamento de
problemas ao longo
dos eixos principais
da teoria
psicanalítica sob o
título
Problemáticas4.
Para ele, falar de
psicanálise na
universidade não é
algo que possa ser
considerado
desprezível, neste
aspecto a
universidade não
seria um lugar pior
do que os outros.
Figueiredo (2001)
não encontra
nenhum lugar
institucional no
qual a psicanálise
possa existir e ser
exercida totalmente
à vontade.
Laplanche (1992)
recomenda iniciar
através de uma
leitura histórica,
problematizante e
interpretativa dos
textos
psicanalíticos. O
material deve ser
lido através do
método
psicanalítico: com
atenção às
dissonâncias,
contextualização e
conceitualização
adequadas. Esta
proposta pressupõe
para a universidade
um papel mais
amplo do que
Freud atribuía em
1919, como meio
de propagação da
psicanálise, mas,
além disso, um
lugar para
criatividade, de
descoberta e
invenção (Mezan,
1993). Partindo
desse pressuposto a
psicanálise pode se
transformar em
aulas, artigos,
livros, não apenas
pertencentes aos
psicanalistas, sem a
intenção de
substituir a
formação
propriamente dita.
1.2 Psicanálise e
ciência
4 Até então foram
publicadas: I - A
Angústia; II -
Castração/
Simbolizações; III - A
Sublimação; IV - O
Inconsciente e o Id. São
Paulo: Martins Fontes.
A ciência estava
entre as metas de
Freud e a
universidade era
uma das maneiras
de obter este
estatuto. Ainda na
fase pré-
psicanalítica Freud
(1976b) escreve o
Projeto, um texto
baseado no modelo
mecanicista da
Física de sua época,
na tentativa de
demonstrar
empiricamente,
através de suas
observações
clínicas, o que a
filosofia daquele
momento abordava
intuitivamente. A
psicanálise surgiu
não só como
possibilidade de
tratamento, mas
como método de
investigação,
inicialmente
subordinada à
intenção de um
projeto científico.
Segundo Joel
Birman (1994),
Freud não publicou
o Projeto de uma
psicologia
científica 12
porque seu discurso
era da ordem da
especulação, pois o
modelo proposto do
psiquismo não
tinha possibilidade
de aferição
empírica.
Sintetizando:
“Podemos dizer
que registramos o
esforço de Freud
para tentar retirar a
psicanálise e a
pesquisa
psicanalítica do
campo da
especulação, para
definir a psicanálise
como sendo uma
ciência empírica,
como uma ciência
realizada num
laboratório
experimental.” (Bir
man, 1994, p.16).
Em outro texto,
Análise terminável
e interminável
(Freud, 1975), esta
perspectiva se
evidencia a partir
de um
posicionamento
mais claro: não
para alcançar um
objetivo específico,
mas para se
caracterizar como
um processo. Para
Mezan (1993), essa
continuidade não
pode ser
confundida com um
eterno recomeço. A
psicanálise não
pode repetir
sempre, da mesma
maneira, a sua
história. Para ser
ciência deve
acumular
conhecimento para
permitir o avanço e
elucidação do seu
objeto de pesquisa:
o inconsciente.
Como então fazer
pesquisa em
psicanálise, sendo
que não é possível
proceder nos
moldes tradicionais
da ciência –
observação,
controle de
variáveis,
mensurações, etc.?
A tentativa de
definir a psicanálise
de maneira
demasiado unívoca
como ciência, ou
não, ciência
humana, baseada
neste modelo, ou
no modelo das
ciências exatas,
conduz a
discussões estéreis
que não levam a
lugar nenhum,
“criando ansiedade,
na medida em que
se traduz
concretamente
através de uma
exigência
superegóica
projetada neste
fantasma chamado
Universidade, ou
Academia, ou
Discurso
Acadêmico, cujo
fanta
1
INTRODUÇÃO
Todos os anos, milhares de estudantes de psicologia se matriculam nas disciplinas de
seus cursos e passam a ter contato com a multiplicidade de saberes que compõem esta ciência.
Assim se inscrevem, estudam, contemplam e escolhem a partir das escolas e movimentos que
se apresentam, fundamentando sua postura acadêmica e posteriormente profissional, a partir
das alternativas dispostas nos conteúdos programáticos.
A psicologia como ciência humana é composta por uma diversidade considerável de
posturas metodológicas e teóricas que nem sempre concordam em seu ponto de vista. Um
curso de psicologia dispõe de conteúdos através de suas disciplinas, responsáveis por cumprir
uma série de objetivos que visam introduzir o aluno no conhecimento das teorias e técnicas
que embasam a atividade do psicólogo. Neste aspecto muitas disciplinas privilegiam o
enfoque psicanalítico entre as outras matrizes do pensamento psicológico, o que reflete o
interesse dessa pesquisa.
Este é um trabalho sobre a formação universitária dos cursos de psicologia em relação
à psicanálise no Estado de Santa Catarina. Foram investigados os planos de ensino das
disciplinas dos cursos universitários de Psicologia, a partir do seguinte problema de pesquisa:
Como se apresenta o ensino da psicanálise nos cursos de graduação em Psicologia no Estado
de Santa Catarina? Este estudo pretende contribuir para o conhecimento da formação do
estudante a partir de uma análise documental dos Planos de Ensino das disciplinas do curso de
psicologia.
Para que alguém se torne analista não é necessário que se tenha freqüentado um curso
de psicologia, no entanto, é no contato que alguns alunos têm com certas disciplinas dos
cursos de graduação que seu interesse para este tipo de atuação é despertado, como uma
espécie de iniciação a um saber que se diferencia dos conteúdos mais próprios da psicologia.
1
A integração da psicanálise à universidade iniciou-se na França, resultado do esforço
dos psicólogos pela independência profissional e a busca de suprimentos teóricos e
metodológicos para o exercício clínico (Aguiar, 2000, p.216).
Transmitida através de disciplinas obrigatórias ou optativas, às vezes com
nomenclaturas variadas: Teoria e Sistemas, Psicologia da Personalidade, Escolas
Psicológicas, etc., a psicanálise faz parte das grades curriculares dos cursos de psicologia do
1
A formação em psicanálise costuma se fazer fora da universidade, principalmente, nas associações
psicanalíticas, através do tripé constituído por análise pessoal, supervisão e aprendizagem teórica, esta última,
em parte, possível de ser obtida no contexto da universidade. Os alunos podem encontrar disciplinas de
psicanálise em seus cursos, sobretudo na graduação em Psicologia e de um modo geral na pós-graduação, seja
em especializações (lato sensu), mestrado, doutorado e pós-doutorado (stricto sensu), apesar do último não ser
um curso formal.
2
Brasil desde quando estes foram criados, nos anos 60. Renato Mezan, em um artigo publicado
na revista Percurso em 1998, comentou o fenômeno:
Quanto à introdução da psicanálise na universidade, ela se em dois tempos. Nos anos 60, a partir de
supervisões e disciplinas como psicologia do desenvolvimento, os cursos de psicologia funcionaram
como canal de divulgação da maneira de pensar psicanalítica. Ainda hoje, e mesmo com a
predominância de outras correntes no currículo, alguns cursos como o da Universidade de São Paulo,
onde trabalham vários analistas experientes proporcionam aos estudantes um primeiro contato com a
psicanálise, o que freqüentemente os estimula a buscar uma formação nas instituições propriamente
psicanalíticas (Mezan, 1998, p. 13).
A história pessoal do pesquisador não raramente afeta os interesses da pesquisa
científica. Meu primeiro contato com disciplinas de psicanálise ocorreu durante a graduação
em psicologia, sendo retornado posteriormente em cursos de formação profissional, análise
pessoal, supervisões e a própria curiosidade de aprender mais sobre um saber que comumente
se constitui à margem, fora da universidade, pelo mérito de seus fundadores, principalmente
Sigmund Freud.
Recentemente, como professor universitário, ao lecionar em disciplinas de Psicologia
do Desenvolvimento e Aprendizagem, passei a me questionar sobre quais deveriam ser os
conteúdos apropriados ao seu ensino. Na medida em que refletia, estendia as discussões a
outros colegas, percebendo a necessidade de estudar a própria história da disciplina, sua
relação com a ciência e a formação profissional.
O Programa de pós-graduação em psicologia da Universidade Federal de Santa
Catarina ofereceu-me a oportunidade de aprofundamento nestas questões, a partir de
encontros informais com o Prof. Dr. Fernando Aguiar, dedicado ao tema Psicanálise e
Universidade, no esclarecimento de dúvidas em relação aos seus artigos e no encorajamento
aos estudos, resultando no ingresso a este Curso de Mestrado e ao desenvolvimento desta
pesquisa.
Pesquisar como se apresentam os planos de ensino, através de suas ementas, objetivos,
conteúdos programáticos, metodologia, avaliação e bibliografia, é um meio de investigar o
ensino e a formação dos psicólogos e contribuir para sua ciência e profissão. Para
compreender a inserção do ensino da psicanálise na universidade serão contextualizados
historicamente os seus precedentes, de tal forma que fundamentem este trabalho. Tanto a
psicologia, desde a sua constituição que subsidiou o surgimento dos cursos superiores
universitários, quanto à psicanálise, desde seus pioneiros, cuja produção se inseriu na
sociedade e cultura, produzindo entrelaçamentos de diversas ordens: psicanálise e
3
universidade; psicanálise e psicologia, psicanálise e ciência; psicanálise e ensino;
universidade e psicologia; psicologia e ciência; psicologia e ensino; etc. Caberá a esta
pesquisa, dentro dos seus objetivos propostos, verificar algumas destas situações e
compreendê-las à luz de sua história, teoria e conceitos.
O objetivo geral desta pesquisa foi o de investigar a situação atual do ensino da
psicanálise nos cursos de graduação em psicologia do Estado de Santa Catarina, através de
uma análise documental dos planos de ensino de suas disciplinas. Os objetivos específicos
foram os de contextualizar historicamente o ensino da psicanálise na universidade; discutir a
influência do ensino da psicanálise nos cursos de psicologia das universidades catarinenses;
isolar e descrever algumas relações de ensino estabelecidas entre a psicanálise e os cursos de
psicologia em Santa Catarina.
Histórico da Psicanálise na Universidade
A partir de um breve histórico em relação ao tema pretende-se levantar alguns tópicos
e tecer um panorama para melhor delinear este trabalho. Discutir a história da psicanálise
requer um esforço constante de síntese e condensação, frente ao enorme e complexo campo
que se desdobra àqueles que escolhem dissertar sobre o assunto.
Para compreender a inserção do ensino da psicanálise na universidade é necessário
contextualizar alguns precedentes, a começar por pelo seu criador, Sigmund Freud (1856-
1939). Ainda na universidade ele adia seus planos de se tornar médico, porque preferia ser
pesquisador universitário. Em função de uma condição financeira precária, acaba aceitando a
condição de médico clínico e especialista em neurologia mediante seu trabalho de laboratório
(1877-1897).
Muitos obstáculos se opuseram a Freud na sua relação com a universidade, em parte
pela resistência oferecida pelos catedráticos à nova teoria sobre o psiquismo, pelas
associações médicas e também pelo sentimento anti-semita da época, pois era de origem
judaica. Após muito esforço, em 1885 iniciou um trabalho na Universidade de Viena, como
Privat-Dozent
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, passando posteriormente ao cargo de Professor Extraordinário
(Ausserordentlicher Professor), uma espécie de professor substituto.
Freud e outros colegas, na maioria médicos judeus, simpatizantes às suas teorias,
passaram a se encontrar semanalmente em um espaço extra-universitário. A partir desses
encontros, fundou-se em 1902 a Sociedade Psicológica das Quartas-feiras. Este círculo aos
2
Não cargo universitário equivalente entre nós. Um Privat-Dozent poderia oferecer cursos ou disciplinas
optativas, fora do currículo, sem qualquer vínculo com um departamento. (Jones, 1975).
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poucos se ampliou, incluindo representantes da arte, filosofia, história, literatura, mitologia,
etc. A psicanálise poderia ser aplicada a outros campos do saber, sendo difundida de outras
maneiras, restritas anteriormente à medicina (Gay, 1989). Esta via ficou conhecida como
psicanálise aplicada e é em grande parte o que fazemos nas universidades (Mezan, 1994).
Apesar de alguns psicanalistas, como Jacques Lacan, considerarem que a psicanálise não se
aplica senão como tratamento (Mezan, 1994). Gradualmente os membros do círculo se
formam e regulamentam a instituição, ampliando a sociedade e institucionalizando o processo
para novos adeptos. O primeiro Congresso Internacional de Psicanálise realizou-se em abril
de 1908, em Salzburg, pouco depois de formada a Sociedade Psicanalítica de Viena.
Somente a partir de 1909 Freud atingia um público mais amplo, principalmente
estudantes de medicina. Naquele momento, uma universidade americana, a Clark University
de Worcester, o convidou para participar dos 20 anos de sua fundação. Ele aproveitou a
oportunidade para pronunciar suas Cinco lições de psicanálise, comentando o fato: ... isto
pareceu a concretização de um incrível devaneio: a psicanálise não era mais um produto de
delírio, tornara-se uma parte valiosa da realidade. (Freud, 1970, p. 67).
À medida que o movimento psicanalítico ganhou espaço e reconhecimento social,
surgiu a necessidade de definir critérios sobre a formação e atuação do psicanalista. Em 1920
o Instituto de Berlim criou normas para viabilizar este processo, propondo três vias: análise,
estudo teórico e supervisão. Entre 1925 e 1933 a Associação Psicanalítica Internacional (IPA)
universalizou este modelo para seus adeptos.
Para Birman (1994) a psicanálise surgiu ligada à tradição da psicologia com a
medicina, através dos cursos de psiquiatria e mais tarde nas cadeiras de psicanálise dos cursos
de psicologia. A França e os EUA se dizem pioneiros da Psicologia Clínica, havendo
diferenças em relação ao método de trabalho, experimental na América do Norte e mais
clínico na Europa (Aguiar, 2001). Os psicólogos franceses lutaram pela sua autonomia na
ciência e no exercício profissional, o que segundo Aguiar (2000) favoreceu a integração da
Psicanálise à Universidade, em função da necessidade de um modelo teórico e metodológico
para embasar a psicologia clínica. Em troca a psicologia serviu de veículo de propagação para
a psicanálise (D.Anzieu, apud Aguiar, 2000). As primeiras cadeiras de psicanálise foram
instituídas na França, em Paris VII por Laplanche e Fédida, e em Paris VIII (Vincennes) pelos
lacanianos, influenciados pela reformulação do ensino, conseqüência do Movimento
Estudantil em maio de 1968. (Mezan, 2002).
A psicanálise surgiu no Brasil em contraproposta às teorias excessivamente
organicistas que embasavam o trabalho da psiquiatria no tratamento das doenças mentais
Rocha (1989). O psiquiatra Juliano Moreira introduziu os primeiros temas de psicanálise no
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curso de Medicina da Bahia em 1899. Em 1915 é publicado o primeiro texto sobre as idéias
de Freud, por Genserico Aragão de Souza Pinto, após a sua tese apresentada à Faculdade de
Medicina do Rio de Janeiro em 1914. Desde 1918, Francisco Franco da Rocha divulgava
idéias de psicanálise na Faculdade de Medicina de São Paulo. Pessotti (1975) ainda cita uma
conferência de Maurício de Medeiros; um pequeno volume de Franco da Rocha: A doutrina
de Freud, de 1919, e um capítulo do Manual de psiquiatria, de Henrique Rocho (1919).
A Escola Livre de Sociologia e Política de São Paulo foi a primeira instituição a criar
formalmente uma cátedra de psicanálise, sendo seus responsáveis, Durval Marcondes e
posteriormente Virgínia L. Bicudo. Aos poucos a psicanálise foi inserida juntamente com a
psicologia nos currículos de algumas universidades brasileiras, como temas de estudo
(Birman, 1994).
Em 1927 cria-se a primeira Sociedade Brasileira de Psicanálise, constituídas a partir de
dois pólos: Em São Paulo, com Franco da Rocha e Durval Marcondes, Raul Briquet,
Lourenço Filho. No ano seguinte, no Rio de Janeiro, com Juliano Moreira, Júlio Porto
Carneiro entre outros. Neste ano, os dois grupos fundam a primeira revista brasileira de
psicanálise.
No Rio Grande do Sul a psicanálise entra na universidade em 1934, através de um
curso de criminologia e psiquiatria forense por Celestino Prunes (Mokrejs, 1993). Na
Universidade do Rio Grande do Sul, a disciplina Psicanálise foi inserida nos currículos:
Introdução Geral à Psicologia no primeiro ano, Estudos da Personalidade no segundo ano e
Psicanálise no terceiro (Antunes, 1997).
Segundo Roudinesco & Plon (1998), Durval Marcondes deve ser considerado como
fundador do movimento psicanalítico brasileiro. Ele tentou aliar a psicanálise à universidade
através dos cursos de medicina. Tinha interesse especial no projeto da Universidade de São
Paulo, modelo para a América Latina, mas encontrou oposição entre os neurocientistas. Com
ajuda da analista didata Adelheid Koch, que emigrou da Europa, indicada por Ernest Jones,
desenvolveu o primeiro núcleo de formação psicanalítica do Brasil, integrando-se à IPA em
1944, passando a ser denominada Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo.
Após a morte de Freud, em 1939, a psicanálise subdividiu-se em escolas, como a
psicologia do ego, o kleinismo, a escola das relações de objeto e o movimento lacaniano
(Mezan, 2002). Estas tendências seguiram cada qual seu rumo, que podem ser encontradas em
muitas biografias (Gay, 1989; Jones, 1975; Schur, 1981), inclusive com maiores detalhes
sobre a história da psicanálise. Sobre Freud especificamente, Patrick Mahony (1992) afirma
que nunca se escreveu tanto sobre um ser humano em todos os tempos, o que prova a
impossibilidade de esgotar o tema.
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Segundo Roudinesco & Plon (1998), na década de 40 muitos psicólogos vinham se
formando nas universidades, utilizando a psicanálise para embasar sua postura profissional e
acadêmica. As instituições psicanalíticas reafirmaram sua existência para não caírem no
domínio da psicologia, como foi pretendido pela medicina, a partir dos critérios de formação
analítica. A partir desse período a psicanálise se expande pelo mundo, repetindo a história de
seu início: adotada inicialmente por médicos locais e institucionalizada posteriormente pelas
sociedades psicanalíticas.
A psicanálise participou da formação dos psicólogos desde os primeiros cursos de
graduação nos anos 60: ... a partir das supervisões e disciplinas como psicologia do
desenvolvimento, os cursos de psicologia funcionaram como canal de divulgação da maneira
de pensar psicanalítica. (Mezan, 2002, p. 239). Até o final dessa década houve grande
produção de trabalhos e pesquisas de orientação psicanalítica. Somente no início de 80
surgem trabalhos que utilizam uma metodologia psicanalítica mais definida (Safra, 2001).
Na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) foi criado a primeiro curso
brasileiro de pós-graduação em psicanálise. A partir deste momento ampliou-se a oferta de
cursos de pós-graduação onde a psicanálise passou a atuar sem disfarces. (Aguiar, 2002b).
De 90 em diante obtivemos uma produção literária mais consistente sobre a prática
universitária da psicanálise, em parte em função da estruturação da pós-graduação (Aguiar,
2002b). Mais recentemente, três eventos impulsionaram a produção universitária da
psicanálise no Brasil: o XVIII Congresso Latino-Americano de Psicanálise e os I e II
Encontro de Pesquisa Acadêmica em Psicanálise, estes em 1991 e 1992 na PUC de São Paulo,
com a participação de muitos profissionais brasileiros interessados em discutir a relação da
Psicanálise na Universidade. É o início de um novo ciclo em que a psicanálise passa a ser
convocada como objeto e instrumento de pesquisa universitária (Aguiar, 2002a). O
crescimento do número de pesquisas psicanalíticas provocou o aumento de disciplinas que
fornecem subsídios para elaboração desses trabalhos (Pinto & Vaisberg, 2001). Ainda hoje, e
mesmo com a predominância de outras correntes do currículo, alguns cursos (...)
proporcionam aos estudantes um primeiro contato com a psicanálise, o que freqüentemente os
estimula a buscar uma formação nas instituições propriamente psicanalíticas. (Mezan, 2002,
p. 239).
Geralmente a psicanálise está presente nos cursos de graduação de psicologia, através
de suas disciplinas, cujos planos de ensino se tornaram foco desta dissertação. A psicanálise
também é objeto de estudo de outros campos das ciências humanas e principalmente na pós-
graduação, em forma de aulas, monografias, dissertações ou teses.
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1.1 O ensino da psicanálise na universidade
Para Freud a universidade fez o possível para ignorar a psicanálise até 1919. Depois da
Primeira Guerra Mundial a teoria começou a ficar na moda por causa das neuroses de guerra e
de suas aplicações para o tratamento. Segundo Mezan (1994), deste momento em diante a
universidade passou a se interessar pela psicanálise.
Freud sempre tomou cuidados ao se manifestar sobre o ensino da psicanálise. Na
ocasião do V Congresso Psicanalítico Internacional, em Budapeste, na Hungria, os estudantes
de medicina se interessaram pela inclusão da psicanálise em seu currículo. Sandor Ferenczi,
que assumiu o ensino de psicanálise naquele local, traduziu um texto de Freud, cujo título em
húngaro significa: Deve a psicanálise ser ensinada na universidade?
3
O questionamento
revela a hesitação de Freud sobre o que de fato poderia ser ensinado, sob dois pontos de vista:
o da psicanálise e o da universidade. Para o psicanalista a universidade é dispensável, pois a
literatura especializada fornece os subsídios teóricos, além dos encontros nas sociedades e o
contato com profissionais mais experientes. A universidade poderia utilizar a psicanálise para
a formação de cientistas.
Neste aspecto, Freud considerou que a psicanálise poderia contribuir para
complementar os estudos de medicina. Possivelmente hoje ele diria o mesmo em relação à
psicologia (Aguiar, 2002b). A formação médica foi considerada incompleta, pois não
ensinava suficientemente ao estudante sobre as atividades psíquicas e sua relação com o
corpo. Diante disso, Freud sugeriu que houvesse uma disciplina introdutória de psicanálise a
todos os alunos de medicina e outra mais aprofundada para o estudo da psiquiatria. Um curso
de psicanálise também poderia ser aplicado a outros campos do conhecimento, como a
antropologia, arte, filosofia, história, contribuindo assim para o esclarecimento de aspectos
humanos relacionados a estas áreas.
Enfim, ... pode-se afirmar que a universidade teria a ganhar com a inclusão, em
seu currículo, do ensino da psicanálise. (Freud, 1976c [1919], p. 219). Mas segundo ele, este
ensino poderia ser lecionado de forma dogmática e crítica, por meio de aulas teóricas.
Interessante verificar que Freud utiliza métodos de ensino aparentemente antagônicos na sua
acepção. Na filosofia o dogma representa a existência de verdades indiscutíveis, portanto para
serem aceitos, dispensam a crítica. Para o filósofo alemão Emmanuel Kant (1724-1804), o
dogma parte de princípios e proposições que o aceitos de modo não crítico. A palavra
3
Kelle-e az egyetemen a psychoanalysist tanitani? Este artigo foi publicado pela primeira vez em tradução para
o húngaro no periódico médico de Budapeste Gyógyászat, a 30 de março de 1919. (Freud, S., 1976c, p. 215).
Fernando Aguiar traduziu esta questão da seguinte maneira: Convém ensinar a psicanálise...?, do francês faut-il,
de tradução fidelíssima a Freud: é preciso, é necessário.
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crítica, aqui, não quer dizer ataque e sim análise crítica. Kant não se põe a atacar a razão,
a não ser para mostrar suas limitações (Kant, 1983). Mezan (1994) lhes um significado
hipotético-dedutivo: Dogmático no sentido de uma exposição baseada em pressupostos que se
aceitam ou não, e crítico na avaliação dos resultados e métodos da psicanálise.
Para exemplificar, Freud (1976a) comparou o ensino de psicanálise com o de história.
Não é preciso ter participado de uma guerra para acreditar nos fatos relatados. É possível
apresentar elementos que podem evidenciar a narração dos acontecimentos. Da mesma forma,
na psicanálise não possibilidade de uma exposição objetiva, nem de demonstração de
qualquer afirmação, mas ela pode ser transmitida por meio de argumentos e verificada através
do próprio estudante.
Por último, Freud adverte que por mais que se esforcem, os universitários jamais
aprenderão a psicanálise propriamente dita. Em seu ambiente podem, no máximo, assimilar
algo sobre psicanálise e a partir da psicanálise. A essência desta experiência é acessível
somente através da própria análise pessoal. A psicanálise é essencialmente uma experiência,
uma experiência intersubjetiva que ocorre em condições codificadas. (Mezan, 1994, p.59). O
aprendizado deste código ocorre através de uma formação nas instituições psicanalíticas.
A psicanálise dá a impressão de ser uma ciência secreta, tanto que Freud utiliza a
expressão Geheimbünden para se referir aos seus membros como se à eles fosse confiado um
legado, uma espécie de associação secreta, gradualmente mais ampla, mais pública,
inclusive por membros não-médicos e não-judeus, por interesse de seu fundador, em contraste
a muitos dispositivos psicanalíticos atuais, bem como discursos, sociedades, grupos de
transmissão e formação em psicanálise, muitas vezes se transformando em vias de ascensão
para os seus transmissores, com seus discursos herméticos e pretensiosos que segundo
Figueiredo (1999) caracterizam um neobacharelismo, de exclusão e humilhação, convertendo-
se também em instrumentos de negação, desqualificação e até de condenação de aspectos
decisivos das subjetividades.
Outros analistas na contramão do que foi exposto, como Laplanche, desde 1962 na
Ecole Normale e desde 1969 na Unité dEnseignement et Recherche des Sciences Humaines
Cliniques na Sorbonne (Université Paris VII), contrapõe em cursos públicos um ensino
administrado a pessoas não selecionadas, segundo os critérios de muitas sociedades de
analistas. Um ensino esotérico em contraposição a um ensino exotérico, um seminário aberto
versus um seminário fechado, seminários de iniciação e seminários reservados aos alunos
mais instruídos, etc.
Muitas condições são justificáveis pela necessidade de submeter-se à análise antes de
empreender-se com a pesquisa em psicanálise. Pretende-se desse modo garantir a
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irredutibilidade de um saber verdadeiro, que no limite, pode somente ser indutivamente
apropriado por quem tenha vivido, através da análise, certas experiências sobre sua própria
pessoa. (Aguiar, 2002b, p. 98). Além do que na psicanálise pesquisa e tratamento
coincidem (Freud, 1976b, p. 152). Logicamente este processo não é simultâneo. Por razões
éticas, somente após a análise é que vamos lhe dar um tratamento científico. Freud (1976b)
chamou atenção sobre a possível alteração dos resultados em casos dedicados a propósitos
científicos.
Para o psicanalista Fábio Herrmann há uma diferença entre o estudo da psicanálise e a
formação psicanalítica, pois esta não é função que se possa cumprir na Universidade.
Quando se confunde psicanálise com terapia psicanalítica, quando se confunde clínica de
divã com método da psicanálise, não espaço para integração Psicanálise e Universidade.
(2001, p.164). Trata-se de uma posição, e uma posição cara aos psicanalistas diferenciar a
Psicanálise da Psicologia ensinada na universidade. Para Souza (2001) a relação entre pares,
estabelecida na instituição psicanalítica, possui características não comparáveis entre
professores e alunos ou entre professores, como a intensidade nas aproximações clínicas ou
doutrinárias. Este autor acha relevante percebermos que cada vez mais alunos, principalmente
dos cursos de graduação de psicologia, fazem sua análise pessoal sem nenhum vínculo com
qualquer instituição psicanalítica.
Para o Aurélio (1999) as palavras ensino e transmissão são sinônimos, mas segundo
Rosa (2001), o ensino ênfase à resolução das questões a partir do debate teórico enquanto
que a transmissão utiliza o saber para atingir socraticamente a verdade própria do sujeito, ou
seja, o auto-conhecimento. Concordando com Laplanche (1998, p. 2), esta discussão deve
remeter a oposição entre o saber e a verdade: o saber seria o que é depositado, constituído,
sistematizado; precisamente aquilo que o indivíduo deve superar, por exemplo, em sua
análise, rumo a sua própria verdade, para além do pretenso saber sobre si mesmo. A
psicanálise comporta a conversão do sujeito e obriga-o a se colocar de outra forma quanto ao
saber. Miller (1997) compara-o com o sujeito cartesiano: esvaziado, evanescente, ou seja,
um sujeito antiuniversitário. A psicanálise trabalha com um tipo de transmissão, segundo
Brauer (2001, p. 203), ... da transmissão daquilo que é familiar, do traço de família. Uma
transmissão que não é biológica, genética, mas que é a transmissão de uma marca que
condiciona desejo e gozo atravessados pela lei.
uma exigência mínima do discurso universitário: é o professor quem fala, o estudante limita-se a
imitar o professor quando fala. Ele é suposto saber o que diz. Na psicanálise a experiência é fundada
sobre o imperativo inverso, ou seja, o sujeito que fala está desligado do imperativo de saber o que diz,
onde, ao contrário, é convidado a se excluir de saber. É o que comporta a regra fundamental de Freud:
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dizer tudo o que passa pela cabeça , que ele não saiba o que diz... É do analisando que se espera a
matéria-prima do saber e, aí está o por quê de não se poder ensiná-lo. (Miller, 1997, p.114-6).
Joel Birman, em entrevista à revista Percurso (2002), atribui aos processos de
formação psicanalíticos mais maciços, como da IPA (International Pscychoanalytical
Association) ou do Movimento Lacaniano, conseqüências massificadoras e normalizadoras,
como a criação de cursos de psicanálise fora e dento do contexto universitário, impedindo que
seus membros mantenham uma postura mais exterior ou excêntrica em relação às normas
estabelecidas para a formação de um analista, prejudicando a liberdade de escuta do
inconsciente. Laplanche (apud Aguiar 2002a) encontra saída no descentramento da
psicanálise (lextraterritorialité de la psychanalyse), para evitar este efeito, a psicanálise não
deveria ser o centro de uma formação. Talvez aqui seja conveniente comentar que um certo
grau de marginalidade é desejado para evitar uma posição excessivamente oficial, um lugar
comum.
Nenhuma escola psicanalítica pretende formar analistas na universidade. Há quem seja
contra a prática universitária da psicanálise, principalmente pelo risco da sua
intelectualização como denuncia a IPA ou pela submissão às regras universitárias no que
advertem as instituições lacanianas. Para Garcia-Roza (1994) a psicanálise corre o risco de
perder sua identidade, se for inserida na universidade, sem nenhum critério. Miller (1997) diz
que a psicanálise não depende da universidade para existir, assim como a filosofia, como
posição subjetiva, não esperou uma instituição para se manifestar. A presença de psicanalistas
na universidade não implica que se faça um trabalho de psicanálise, mas antes que se adaptem
como analistas nas situações e demandas, como por exemplo no caso de uma supervisão
clínica.
Outros psicanalistas, como Roudinesco (2000), consideram a universidade um local
privilegiado para o ensino da psicanálise, desde que se respeitem as particularidades e suas
limitações institucionais. Octávio Souza (2001) considera possível estudar ou fazer trabalhos
de psicanálise na universidade voltados para metapsicologia, teoria da clínica, história da
psicanálise, crítica da cultura, clínica do social ou outras pesquisas qualitativas das ciências
humanas. A dificuldade consiste em transmitir a experiência clínica propriamente dita, esta
portanto somente possível de acontecer na própria analise. Para Aguiar, 2002a, as
universidades oferecem um ensino introdutório da doutrina freudiana, de evolução e de suas
aplicações. As formações analíticas, administradas por sociedades competentes, tentam
assegurar seu caráter exterior, independente e específico.
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Portanto, a psicanálise como profissão não se ensina na universidade. A psicanálise
vive da prática clínica e a universidade da produção do conhecimento. Ambas são
independentes em suas funções. Neste sentido Miller (1997) considera que o atrito entre o
discurso universitário e o psicanalítico pode ser fecundo. Para Migliavacca (2001), a
universidade, em especial, pode se beneficiar largamente da atividade de pesquisa em
psicanálise em seu meio. A recíproca é verdadeira, por vários motivos: interesse em ampliar o
conhecimento, uma certa idealização da vida acadêmica, campo de trabalho em tempos
razoavelmente difíceis, etc. (Eizirik, 2001).
No ambiente universitário francês, Jean Laplanche questiona o ensino da psicanálise
na universidade e em seus cursos públicos apresenta um método interpretativo e o
levantamento de problemas ao longo dos eixos principais da teoria psicanalítica sob o título
Problemáticas
4
. Para ele, falar de psicanálise na universidade não é algo que possa ser
considerado desprezível, neste aspecto a universidade não seria um lugar pior do que os
outros. Figueiredo (2001) não encontra nenhum lugar institucional no qual a psicanálise possa
existir e ser exercida totalmente à vontade. Laplanche (1992) recomenda iniciar através de
uma leitura histórica, problematizante e interpretativa dos textos psicanalíticos. O material
deve ser lido através do método psicanalítico: com atenção às dissonâncias, contextualização
e conceitualização adequadas.
Esta proposta pressupõe para a universidade um papel mais amplo do que Freud
atribuía em 1919, como meio de propagação da psicanálise, mas, além disso, um lugar para
criatividade, de descoberta e invenção (Mezan, 1993). Partindo desse pressuposto a
psicanálise pode se transformar em aulas, artigos, livros, não apenas pertencentes aos
psicanalistas, sem a intenção de substituir a formação propriamente dita.
1.2 Psicanálise e ciência
A ciência estava entre as metas de Freud e a universidade era uma das maneiras de
obter este estatuto. Ainda na fase pré-psicanalítica Freud (1976b) escreve o Projeto, um texto
baseado no modelo mecanicista da Física de sua época, na tentativa de demonstrar
empiricamente, através de suas observações clínicas, o que a filosofia daquele momento
abordava intuitivamente. A psicanálise surgiu não como possibilidade de tratamento, mas
como método de investigação, inicialmente subordinada à intenção de um projeto científico.
Segundo Joel Birman (1994), Freud não publicou o Projeto de uma psicologia científica
4
Até então foram publicadas: I - A Angústia; II - Castração/Simbolizações; III - A Sublimação; IV - O
Inconsciente e o Id. São Paulo: Martins Fontes.
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porque seu discurso era da ordem da especulação, pois o modelo proposto do psiquismo não
tinha possibilidade de aferição empírica. Sintetizando: Podemos dizer que registramos o
esforço de Freud para tentar retirar a psicanálise e a pesquisa psicanalítica do campo da
especulação, para definir a psicanálise como sendo uma ciência empírica, como uma ciência
realizada num laboratório experimental. (Birman, 1994, p.16). Em outro texto, Análise
terminável e interminável (Freud, 1975), esta perspectiva se evidencia a partir de um
posicionamento mais claro: não para alcançar um objetivo específico, mas para se caracterizar
como um processo.
Para Mezan (1993), essa continuidade não pode ser confundida com um eterno
recomeço. A psicanálise não pode repetir sempre, da mesma maneira, a sua história. Para ser
ciência deve acumular conhecimento para permitir o avanço e elucidação do seu objeto de
pesquisa: o inconsciente. Como então fazer pesquisa em psicanálise, sendo que não é possível
proceder nos moldes tradicionais da ciência observação, controle de variáveis, mensurações,
etc.? A tentativa de definir a psicanálise de maneira demasiado unívoca como ciência, ou não,
ciência humana, baseada neste modelo, ou no modelo das ciências exatas, conduz a
discussões estéreis que o levam a lugar nenhum, criando ansiedade, na medida em que se
traduz concretamente através de uma exigência superegóica projetada neste fantasma
chamado Universidade, ou Academia, ou Discurso Acadêmico, cujo fantasma acaba tendo
uma função muito mais inibidora do que propriamente facilitadora do trabalho intelectual...
Mezan (1994, p. 56-7).
Toda ciência é definida por um método. A psicanálise, desde o seu início, estabeleceu-
se como uma intervenção clínica e um método de investigação da psique humana. É muito
difícil, talvez impossível submeter a psicanálise aos moldes da pesquisa empírica positivista,
uma tarefa equivalente à lenda grega do Leito de Procusto. Trata-se de um personagem
obsessivo que estendia aqueles que se hospedavam em seu palácio, cortando-lhes os pés
quando ultrapassavam seu leito de ferro ou esticando-os quando não lhe alcançavam o
tamanho. No esforço de tornar a psicanálise científica corremos o risco de deformá-la,
afastando-nos daquilo que a define, ou seja, seu método. Herrmann (2001) recomenda que a
psicanálise entre na universidade como método, a partir de uma epistemologia que lhe sirva,
de sua parte renunciando à idéia de que somente as pessoas analisadas possam entender de
psicanálise e, da parte da universidade, aceitar a diversidade dos conhecimentos inclusive o da
psicanálise, o ponto de partida para que isso aconteça é a aceitação da singularidade do seu
método.
Segundo Kuhn (2001), os paradigmas caracterizam as distintas formas de ver e pensar
da ciência. Para Mezan (1993) existem basicamente três perspectivas teóricas que
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fundamentam a maioria das práticas da psicanálise, Freud, Lacan e Melanie Klein, sendo
preferível utilizar o termo matrizes disciplinares para nos referirmos a elas, apesar de Freud
não estar no mesmo patamar que as demais, pois todas as teorias psicanalíticas são derivadas
dele. É possível analisar um material de pesquisa por cada uma dessas perspectivas. A
abordagem epistemológica se concentra sobre a consistência dessas teorias. É a partir dessa
base que toda disciplina dispõe de uma racionalidade própria, objeto da análise
epistemológica, que pressupõe segundo Mezan (2002, p.452) toda uma série de
informações que pode ser proporcionada pelo estudo histórico dos diversos contextos no
interior dos quais se configura a teoria.
Na universidade, é comum encontrarmos pesquisas do tipo psicanálise aplicada ou
histórico-conceituais, como este caso, a teoria psicanalítica ocupa aqui um papel de maior
relevo. A pesquisa psicanalítica também pode se beneficiar com a universidade, pois neste
lugar reside maior rigor teórico.
As agências governamentais, de fomento à pesquisa, como a Capes e o CNPQ,
baseiam-se nos moldes das ciências exatas e biológicas para avaliar os resultados das
pesquisas, de acordo com critérios experimentais, quantitativos, julgando-os mais respaldados
cientificamente, portanto mais merecedores de novos incentivos financeiros, em
contraposição com as áreas do conhecimento que não trabalham com os experimentos, como
a psicanálise, a história, a antropologia, a sociologia, a economia, etc. Esta política, além dos
seus efeitos injustos, provoca grande confusão por parte do público que acredita na ineficácia
do método psicanalítico ao comparar o crescimento das outras áreas que recebem mais apoio.
A universidade é o local que reúne a tensão, de um lado, entre a integração de saberes
e práticas e por outro, uma separação, compartimentalização ou dissociação entre as áreas.
Figueiredo (2001) acha difícil fazer as conexões, conservar a especificidade, sem invalidar o
saber do outro. Ele não acredita que haja uma incompatibilidade epistemológica,
metodológica, institucional entre a psicanálise e a universidade. Este é o local privilegiado
para comportar saberes completamente heterogêneos e estabelecer entre eles canais de
comunicação. É um espaço mais neutro, menos carregado transferencialmente e
politicamente, mais apto a aceitar e mesmo a estimular a pluralidade de pontos de vista do que
a instituição psicanalítica típica, por natureza voltada para a transmissão e perspectiva de um
determinado estilo de praticar a psicanálise. (Mezan, 2002, p. 395-6). A universidade tem
algo a ganhar com a inclusão da psicanálise em seus programas, tanto que isto tem ocorrido
ultimamente de um modo cada vez mais intenso (Mezan, 1993).
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Histórico da Psicologia no Brasil
É na República Velha (1889-1930) que começam a ser utilizados os conhecimentos e
práticas considerados próprios da psicologia, como o uso de testes psicológicos para avaliar o
desempenho de crianças e as condições de saúde de doentes mentais. Estes fatos ocorreram
principalmente em escolas e clínicas médicas. Em 1923, Gustavo Riedel, diretor da colônia
Engenho de Dentro, convidou Waclaw Radecki, provindo da Polônia, país que já havia
institucionalizado a psicologia, para iniciar a criação de um laboratório de psicologia. Além
das atividades de experimentação, esta entidade atuou como núcleo de pesquisas e formação
de técnicos brasileiros (Centofanti, 1981). Desde então Radecki dedicou-se intensamente ao
desenvolvimento da psicologia no Brasil. Chegou a criar em 1932, um instituto de psicologia,
uma espécie de escola superior de psicologia, tendo como um dos objetivos a formação de
profissionais de psicologia (Jacó-Vilela, 2001). Seria um curso de quatro anos, dividido em
três etapas: primeiro se introduziriam as disciplinas consideradas fundamentais para a
psicologia, depois seriam ensinadas teorias psicológicas e por último se aprenderia a prática
da psicologia. Mas o Instituto de Psicologia durou apenas sete meses, nem sequer formando
os primeiros profissionais. Segundo Centofanti (1981), a falta de recursos financeiros e a
pressão de grupos médicos e católicos impossibilitou a continuidade das atividades.
A partir da década de 30 cresce a preocupação com o fator humano, principalmente na
área da educação e na indústria (Mancebo, 1997). Getúlio Vargas investiu maciçamente na
indústria brasileira, o que aumentou consideravelmente a demanda pelo profissional
psicotécnico. Mira y López ajudou a fundar e dirigiu o Instituto de Seleção e Orientação
Profissional da Fundação Getúlio Vargas (ISOP/FGV) em 1947. O ISOP era um laboratório
escola que auxiliava psicotécnicos a desenvolverem testes para o ajustamento das pessoas na
sociedade moderna. Em 1951 oficializa-se a profissão do psicotécnico e inicia-se a instituição
de um curso de psicologia. Somente em 1953 surge o primeiro curso de psicologia no Rio de
Janeiro, na Pontifícia Universidade Católica (PUC/RJ).
O Conselho Nacional de Educação (CNE) solicita às associações e institutos de
psicologia sugestões referentes à regulamentação da profissão e o fornecimento de uma
formação regular aos futuros psicólogos. Conseqüentemente diversos projetos, que defendiam
políticas distintas, propunham composições curriculares mínimas para formação deste novo
profissional (Lourenço Filho, 1957) .
Ainda no ano de 1953, Mira e López, representante da ISOP, juntamente com a
Associação Brasileira de Psicotécnica (ABP), sugeriu um curso que compreendesse três anos
de bacharelado, que forneceria subsídios teóricos da área de psicologia e afins (biologia,
15
sociologia, estatística, etc.) e dois anos de licenciatura, responsável por uma formação mais
prática, na área da educação, indústria ou clínica.
Em 1957 uma comissão do CNE apresenta um projeto, que substitui o anterior da ABP
e do ISOP, propondo um bacharelado em três anos e licenciatura em dois. A mudança não
permitia a atuação na área clínica, a não ser como técnico, supervisionado por um médico
especializado. Esta etapa revela a influência do corporativismo médico pelo domínio da
prática clínica fantasma que ronda ainda nossos dias com a proposta do Ato Médico.
Algumas associações de São Paulo organizaram uma formação de seis anos, dividida
proporcionalmente em bacharelado e licenciatura, mas garantia a possibilidade do psicólogo
atuar na área clínica a partir do último ano de licenciatura, conforme Jacó-Vilela (2001, p.21),
... a nova proposta substitui o exercício da prática psicoterápica pela solução de problemas
de ajustamento, esta última assumindo a feição de função privativa do psicólogo.
Em 27 de agosto de 1962, aprova-se a Lei 4.119, muito parecida com a proposta de
São Paulo. O CNE aprova o parecer 403 que estabelece o currículo mínimo e a duração dos
cursos de psicologia. A partir desta regulamentação a profissão de psicólogo no Brasil vem
ampliando seu quadro ano a ano. Em 2001 o MEC propôs extinguir o currículo e o substituir
pelas Diretrizes Curriculares.
1.3 Formação dos psicólogos
Em 1962 foi aprovada a Lei n º. 4119, que regulamenta a profissão de psicólogo e fixa
normas para a formação profissional. A lei reconheceu a importância social das técnicas
psicológicas e a necessidade da formação universitária como requisito para o exercício
profissional (Taverna, 1997).
O parecer n º. 403/62 do Conselho Federal de Educação fixou o Currículo Mínimo
(1962) composto pelas disciplinas: Fisiologia, Estatística, Psicologia Geral e Experimental,
Psicologia do Desenvolvimento, Psicologia da Personalidade, Psicologia Social,
Psicopatologia Geral, para o curso de bacharelado e licenciatura, com duração de quatro anos
e um currículo com as matérias Técnicas de Exame e Aconselhamento Psicológico, Ética
Profissional, além de mais três, dentre as de Psicologia do Excepcional, Dinâmica de Grupo e
Relações Humanas, Pedagogia Terapêutica, Psicologia Escolar e Problemas de
Aprendizagem, Teorias e Técnicas Psicoterápicas, Seleção e Orientação Profissional e
Psicologia da Indústria, Estágio Supervisionado (500 horas), para o curso de formação de
psicólogo, com duração de 5 anos. Para Taverna (1997), o currículo assim estabelecido
16
pretendia ser de formação generalista, formando psicólogos capacitados para atuar nas áreas
clínica, escolar e organizacional.
O surgimento das primeiras escolas superiores de psicologia no país, como foi
descrito, expandiu a cultura psicológica, constituindo-se para Mancebo (1997) num
referencial comum de análise, o que tem sido amplamente discutido por diversos cientistas
sociais (Foucault, 1979; Machado, 1978; Velho, 1986) e psicanalistas (Costa, 1979; Figueira,
1985; Figueiredo, 1992; Russo, 1993).
Segundo Massimi (1990), desde o início do século retrasado, as práticas psicológicas
eram exercidas no país, através de cursos que comportavam diversas áreas de
conhecimento, como Medicina, Pedagogia e Filosofia. Em contrapartida, dificilmente
alcança-se homogeneidade na formação, que as psicologias nem sempre compartilham a
mesma visão de homem, em função das diversas abordagens que constitui esta ciência. Para
Figueiredo (1995), nascemos sob o signo da diversidade e nem temos uma delimitação
unívoca do campo, uma compreensão partilhada do que é fundamentalmente nosso objeto, o
que, segundo Thomas Kuhn (2001), dificulta os avanços no campo científico, em função de
uma ciência ainda pré-paradigmática. Demandamos um processo de formação mais crítico e
reflexivo frente a multiplicidades de modelos teóricos e metodológicos (Figueiredo, 1991). Na
maneira ver das agências de fomento à pesquisa, não alcançamos status científico suficiente
para justificar os mesmos investimentos que as ciências tecnológicas. O ensino da psicologia
é condicionado pela própria sociedade, ou seja, de um lado, somos resultado do curso, e por
outro, daquilo que vamos buscar nos cursos, ou seja da imagem social da profissão (Carvalho,
1982). Foi através dessa performance, a partir das mais variadas ciências, que veio a se
construir o pensamento psicológico em nossa sociedade. O caráter fragmentado dos
conhecimentos teóricos, oferecido nos cursos, reflete a própria situação atual da psicologia, na
qualidade de disciplina autônoma, produtora de profissionais autônomos.
Este tema se faz presente desde a regulamentação da profissão no Brasil e continua
sendo uma preocupação crescente, em função das significativas transformações que têm
ocorrido na sociedade brasileira e no mundo, marcando um período de aceleradas mudanças
nos planos político, econômico e social (Japur, 1998). A formação dos psicólogos sempre foi
objeto de questionamentos, trabalhos, pesquisas e discussões que têm envolvido toda classe
profissional (Carvalho, 1984; Mendonça Filho, 1993; Bastos & Achcar, 1994; Duran, 1994;
Branco, 1998)
5
. Quem determina o que o aluno deve saber? O governo através do MEC ou
CNE; os professores e estudantes, através das universidades; os próprios psicólogos por
5
A Revista Ciência e Profissão tem discutido continuamente o assunto, segundo os editores, tema considerado
crucial para categoria.
17
intermédio dos conselhos da categoria? Ultimamente as discussões centralizaram-se nas
Diretrizes Curriculares, acompanhamento e avaliação dos cursos de graduação existentes e
restrições aos novos cursos, exigindo diversos acordos políticos que repercutirão na formação
e identidade profissional.
1.4 Diretrizes curriculares
A proposta de substituição do Currículo caracterizado pelas disciplinas e conteúdos
programáticos, por Diretrizes Curriculares baseadas em competências e habilidades
profissionais, iniciou tendo como base a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), face
ao desenvolvimento científico e profissional, acumulado ao longo de quase quatro décadas
desde a implantação do Currículo Mínimo.
De acordo com o parecer do CNE (2001), as Diretrizes Curriculares são orientações
sobre princípios, fundamentos, condições de oferecimento e procedimentos para o
planejamento, a implementação e a avaliação de cursos de graduação em psicologia, devendo
esta formação estruturar-se no curso intitulado Curso de Psicologia, tendo como meta central
a formação para a pesquisa em psicologia, o ensino de psicologia, e a atuação do psicólogo
6
.
Os perfis apóiam-se em um núcleo comum de formação, partindo do domínio dos
conhecimentos básicos e estruturantes, concentrados na diferenciação e domínio de
conhecimentos psicológicos e de áreas afins, e na capacitação para utilizá-los em diferentes
contextos de atuação. Tanto o núcleo comum como os perfis profissionalizantes foram
definidos em termos de competências e habilidades.
Definida a estrutura geral, as Diretrizes estabelecem limites e possibilidades para que
as Instituições de Ensino Superior (IES) configurem os seus projetos de curso de acordo com
condições institucionais e regionais. É obrigatória a oferta do perfil de formação do psicólogo
para todos os cursos. No entanto, os cursos podem diferenciar-se em cada perfil oferecido ao
fazerem escolhas quanto às ênfases, competências e habilidades específicas.
Na definição dos eixos estruturantes que organizam os conhecimentos, habilidades e
competências ao longo do processo de formação, procurou-se uma posição de equilíbrio entre
as muitas dicotomias que ainda se alojam no interior da área. Os aspectos priorizados são a
importância da diversidade de perspectivas teóricas, metodológicas, epistemológicas e
históricas, no estudo dos fenômenos psicológicos e suas múltiplas interfaces com as ciências.
A Comissão de Especialistas da Secretaria de Ensino Superior do Ministério da
Educação (SESu/MEC) apresentou as novas Diretrizes Curriculares, aprovadas pelo Conselho
6
Parecer CNE/CES 1.314/2001 Colegiado CES Aprovado em 7/11/2001.
18
Nacional de Educação. As propostas apresentadas pela Comissão foram disponibilizadas para
debate e posicionamento de professores, estudantes, entidades e psicólogos interessados na
formação. Os representantes dos Conselhos Regionais de Psicologia (CRPs), juntamente com
o CFP e coordenadores de cursos também tem se reunido periodicamente para discutir a
respeito das mudanças na formação de profissionais
7
. A Associação Brasileira de Ensino de
Psicologia (ABEP) e o Conselho Federal de Psicologia (CFP) compilaram recentemente
propostas para as Diretrizes Curriculares e aguardam posicionamento do CNE e a
homologação do MEC
8
.
Essa discussão tem sido feita desde a década de 90, quando foi promovido o primeiro
fórum nacional das universidades e entidades profissionais em Serra Negra (1993),
constituindo-se num marco histórico, em que foram aprovadas as Diretrizes Gerais para a
formação em psicologia, reunidas num documento chamado Carta de Serra Negra, indicando
princípios norteadores para a formação acadêmica, como por exemplo, compromisso com a
realidade social; atitude ética, científica, crítica e investigativa; de formação básica pluralista,
fundamentada na discussão epistemológica. As propostas de Diretrizes Curriculares para os
Cursos de Graduação em Psicologia são o último registro histórico para o contínuo debate
sobre a formação do psicólogo no Brasil.
Instituições de Ensino Superior de Psicologia de Santa Catarina
Uma universidade é uma instituição destinada a ministrar ensino superior, através do
desenvolvimento dos diversos ramos do conhecimento científico, pelo ensino, pesquisa e
extensão. Seu objetivo é formar profissionais capacitados a atuar no mercado de trabalho e na
sociedade como um todo. Ela é composta de um número variável de escolas ou faculdades,
autorizadas a conferir títulos de graduação e pós-graduação aos alunos que cumprem os
regulamentos instituídos.
Segundo a legislação em vigor no Brasil, quanto à organização acadêmica, as
instituições de educação superior estão organizadas da seguinte forma: Universidades,
Universidades Especializadas, Centros Universitários, Centros Universitários Especializados,
Faculdades, Faculdades Integradas, Institutos Superiores ou Escolas Superiores, e Centros de
Educação Tecnológica.
Quanto à Organização Acadêmica, estas instituições se dividem em faculdades e
universidades. As universidades são instituições pluridisciplinares, públicas ou privadas, de
7
Jornal do Conselho Regional de Psicologia 12
a
. Região Março / Abril 2002, p. 6.
8
Jornal do Conselho Federal de Psicologia Ano XVIII Nº 76 Julho de 2003, p. 17.
19
formação de quadros profissionais de nível superior, que desenvolvem atividades regulares de
ensino, pesquisa e extensão. As faculdades integradas e faculdades são instituições de
educação superior públicas ou privadas, com propostas curriculares em mais de uma área do
conhecimento, organizadas sob o mesmo comando e regimento comum, com a finalidade de
formar profissionais de nível superior, podendo ministrar cursos nos vários níveis
(seqüenciais, de graduação, de pós-graduação e de extensão) e modalidades do ensino.
Todas as Instituições de Ensino Superior (IES) têm uma forma de se organizar
administrativamente. Segundo a natureza jurídica de suas mantenedoras, as IES podem ser
públicas, criadas por projeto de lei de iniciativa do Poder Executivo e aprovado pelo Poder
Legislativo; ou privadas, criadas por credenciamento junto ao Ministério da Educação. As
universidades públicas são criadas ou incorporadas, mantidas e administradas pelo Poder
Público e estão classificadas em Federais, Estaduais ou Municipais. As universidades privadas
são mantidas e administradas por pessoas físicas ou pessoas jurídicas de direito privado, e
dividem-se entre instituições privadas com fins lucrativos ou privadas sem fins lucrativos.
Algumas IES são exclusivamente empresariais, logo são consideradas particulares em
sentido estrito. Outras incorporam em seus colegiados representantes da comunidade sendo
consideradas comunitárias. As confessionais são constituídas por motivação confessional ou
ideológica a particularidade regional é que elas não mantêm cursos de psicologia em Santa
Catarina. A mantenedora da IES, sem fins lucrativos, obtendo junto ao Conselho Nacional de
Assistência Social o Certificado de Assistência Social, torna-se filantrópica. Quase um terço
das IES pesquisadas em Santa Catarina são denominadas filantrópicas: muitas assim o fazem
para obter abatimento nos impostos, sem fazerem jus aos ideais humanitários a que se
propõem.
Em Santa Catarina treze instituições de educação superior mantêm os vinte cursos de
graduação em psicologia vigentes até 2004: Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de
Ibirama (FACSAI); Faculdade de Psicologia de Joinville (FPJ); Universidade Regional de
Blumenau (FURB); Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); Universidade do
Contestado (UNC); Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC); Universidade para o
Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí (UNIDAVI); Universidade do Planalto Catarinense
(UNIPLAC); Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL); Universidade do Vale do
Itajaí (UNIVALI); Faculdades Integradas da Rede de Ensino UNIVEST; Universidade
20
Comunitária Regional de Chapecó (UNOCHAPECÓ); e Universidade do Oeste de Santa
Catarina (UNOESC)
9
.
Quanto à Categoria Administrativa ou Forma de Natureza Jurídica das 20 Instituições
existentes, quatro são públicas: uma mantida e administrada pelo Governo Federal e as outras
três pelo poder público municipal. Nove IES são privadas, mantidas e administradas por
pessoas físicas ou jurídicas de direito privado: Três são instituições privadas com fins
lucrativos ou particulares em sentido estrito, ou seja, com vocação exclusivamente
empresarial, instituídas e mantidas por uma ou mais pessoas físicas ou jurídicas de direito
privado. As outras seis são instituições privadas sem fins lucrativos, todas filantrópicas, ou
seja, instituições cuja mantenedora, sem fins lucrativos, obteve junto ao Conselho Nacional de
Assistência Social o Certificado de Assistência Social. São instituições de educação ou de
assistência social que prestam serviços para os quais foram instituídas e os coloquem à
disposição da população em geral, em caráter complementar às atividades do Estado, sem
qualquer remuneração. Quatro destas, além de filantrópicas, agregam o caráter comunitário,
instituído por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas, inclusive
cooperativas de professores e alunos que inclui, na sua entidade mantenedora representantes
da comunidade.
Segue abaixo um quadro demonstrativo da organização acadêmica das instituições
mantenedoras dos cursos de psicologia do Estado de Santa Catarina, bem como sua categoria
administrativa correspondente.
Instituição
Organização Acadêmica
Categoria Administrativa
FACSAI
Faculdade
Privada - Filantrópica
FPJ
Faculdade
Privada - Particular em Sentido Estrito
FURB
Universidade
Pública Municipal
UFSC
Universidade
Pública Federal
UNC
Universidade
Privada - Filantrópica - Comunitária
UNESC
Universidade
Pública Municipal
UNIDAVI
Universidade
Privada - Filantrópica - Comunitária
UNIPLAC
Universidade
Privada - Particular em Sentido Estrito
UNISUL
Universidade
Pública Municipal
UNIVALI
Universidade
Privada - Filantrópica
UNIVEST
Universidade
Privada - Particular em Sentido Estrito
UNOCHAPECÓ
Universidade
Privada - Filantrópica - Comunitária
UNOESC
Universidade
Privada - Filantrópica - Comunitária
9
Esta é a relação de todas as instituições autorizadas oficialmente pelo Ministério da Educação a manter cursos
de graduação em psicologia no Estado de Santa Catarina até o início de março de 2005, segundo o site
www.mec.gov.br, acessado em 06/03/2005.
21
A forma como as instituições mantenedoras dos cursos de psicologia do Estado foram
construídas, política e economicamente, repercute na formação dos profissionais. Por
exemplo, se a IES for instituída com fins lucrativos, dispõem de conteúdos programáticos
mais enxutos em suas disciplinas, para diminuir os custos com carga horária e remuneração
de professores, com a intenção de oferecer cursos mais baratos e atrair o maior número de
estudantes, sendo mais competitiva no mercado. Se a IES for mantida por uma entidade que
atenda a alguma orientação confessional e ideológica específica, pode vetar determinadas
disciplinas que contradigam sua filosofia.
1.5 O início do ensino superior de Psicologia em Santa Catarina
Emiliana Maria Simas Cardoso da Silva, numa entrevista ao Conselho Regional de
Psicologia, 12
a
. Região
10
, revelou alguns momentos da trajetória histórica da Psicologia em
Santa Catarina.
A Universidade Federal de Santa Catarina foi fundada em 1961. Alguns anos mais
tarde, com a reforma universitária, todos os professores da área de psicologia foram reunidos
num departamento: eram apenas seis. A partir dali começaram a mobilizar a Universidade em
prol da criação do primeiro curso de psicologia em Santa Catarina. Foi realizado um
seminário para chamar todos os psicólogos do Estado. Naquela época apareceram entre 10 e
12 registrados no Ministério da Educação (MEC). Foi feito um levantamento da demanda de
profissionais para o mercado, dividindo em três áreas: educacional (escolas), organizacional
(empresas) e clínica. Foi apresentado um projeto ao MEC que retornou dizendo que o curso
era elitista e haviam outros em funcionamento nos estados do Paraná e Rio Grande do Sul.
Apesar da frustração, seguiram em frente, fizeram a reconsideração, argumentando sobre os
interesses sociais e o curso foi aprovado em 1976, tendo sido implantado em março de 1978.
No primeiro ano, o Curso não contratou professores novos, mantendo-se com o
pessoal da Pedagogia, Biologia, Filosofia, Serviço Social, Administração e das Licenciaturas.
A professora Emiliana iniciou com outros seis docentes, saindo da chefia do Departamento no
terceiro mandato com 46 membros.
1.6 Características dos Cursos superiores de Psicologia em Santa Catarina
Desde a implantação do primeiro curso de psicologia no Estado o da Universidade
Federal de Santa Catarina até a coleta destes dados, vinte cursos de Psicologia encontram-se
10
Jornal do Conselho Regional de Psicologia / 12
a
. Região. Julho/Agosto/Setembro 2002. p.4.
22
na ativa. Na segunda metade da década de 1980, dois outros cursos iniciaram suas atividades,
o primeiro em Joinvile (FPJ) e o outro em Itajaí (UNIVALI). Nos anos 90 houve um
crescimento exagerado de novos cursos praticamente um por ano e, a partir do ano 2000,
acelerou-se ainda mais esta marcha, ao passo de dois por ano. Não é uma prerrogativa do
Estado de Santa Catarina: pode-se estender este crescimento, descrito oficialmente como
descontrolado e, supõe-se, com graves prejuízos para o ensino e a pesquisa, às
universidades brasileiras como um todo.
A partir de 2004 o MEC criou restrições para abertura de cursos, em função da pressão
de diversos órgãos de representação de categorias profissionais, como a Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB), o Conselho Federal de Medicina e os Conselhos (federal e
regionais) de Psicologia. Entre outros aspectos criticou-se a falta de critérios para a
autorização e a insuficiente verificação da qualidade dos cursos vigentes. Para responder ao
grande numero de pedido de aberturas, que se acumularam na transição entre o extinto
Conselho Federal de Educação e seu sucedâneo, o Conselho Nacional de Educação, foram
elaborados os Padrões de Qualidade para Cursos de Graduação em Psicologia, tornados
públicos em 2000. As diretivas têm o objetivo de estabelecer e definir critérios e indicadores
de qualidade na criação e no funcionamento dos cursos, sujeitos a revisões periódicas, visando
seu aprimoramento e o atendimento a modificações na legislação sobre o ensino na área de
Psicologia.
Todos os cursos pesquisados atuam na modalidade de ensino presencial e dispõem de
um prazo para sua integralização: metade dos cursos em dez semestres
11
e oito deles em oito
semestres
12
. O regime letivo é semestral com exceção de uma instituição (FACSAI), que
oferece um prazo intermediário de nove semestres. Somente uma instituição (FPJ) o faz em
regime anual, totalizando cinco anos.
A maioria dos cursos pesquisados está autorizada a oferecer 50 vagas por turno
13
,
quatro instituições oferecem de 40 a 45 vagas
14
, e a FURB e a UFSC de 80 a 100 vagas. Seis
destes cursos
15
oferecem suas vagas no período matutino e cinco
16
, tanto no período matutino
como no vespertino. Quatro cursos
17
o fazem no período noturno, e três cursos
18
, tanto no
11
UNC (Caçador, Concórdia, Mafra e Porto União), UNESC, UNIPLAC, UNIVEST, UNOCHAPECÓ e
UNOESC (Joaçaba e São Miguel dOeste).
12
FURB, UFSC, UNIDAVI, UNISUL (Araranguá, Palhoça e Tubarão) e UNIVALI (Biguaçu e Itajaí).
13
FACSAI, UNIVEST, FPJ, UNC (Concórdia e Porto União), UNIDAVI, UNISUL (Palhoça e Tubarão),
UNIVALI (Biguaçu e Itajaí), UNOCHAPECÓ e UNOESC (Joaçaba e São Miguel dOeste).
14
UNC (Caçador e Mafra), UNIPLAC e UNISUL (Araranguá).
15
UNESC, UNIDAVI, UNISUL (Tubarão), UNOCHAPECÓ e UNOESC (Joaçaba e São Miguel dOeste).
16
FURB, UNC (Mafra), UNIPLAC e UNIVALI (Biguaçu e Itajaí).
17
FACSAI, UNC (Concórdia e Porto União) e UNISUL (Araranguá).
18
FPJ, UNC (Caçador) e UNISUL (Palhoça).
23
período matutino como no noturno. Somente a UNIVEST e a UFSC oferecem suas vagas em
período integral.
Os cursos superiores de psicologia duram de três a cinco mil horas. Durante este
tempo um pouco mais da metade dos cursos
19
oferecem aos alunos a possibilidade de se
tornarem bacharéis, licenciados ou com formação profissional. Bacharel termo derivado do
latim baccalariu equivale ao primeiro grau universitário. A grande maioria dos cursos de
psicologia (85%) concede este título ao aluno que freqüenta um núcleo comum de disciplinas
introdutórias com duração de oito semestres, correspondente a uma carga horária média de
3.600 horas. Somente três cursos
20
em todo o Estado não oferecem este título a seus alunos.
Nos restantes, é obrigatório ser bacharel para obter a licenciatura ou formar-se profissional.
Muitos alunos também se interessam pelo título a fim de se tornarem pesquisadores através da
pós-graduação ou por meio de uma formação extra-universitária, ou ainda como autodidatas.
A licenciatura plena é concedida por 75% dos cursos: são, portanto, em número de
cinco em todo o Estado os que não oferecem este título a seus alunos
21
. A licenciatura pode
ser composta por um núcleo comum de disciplinas introdutórias, mas na grande maioria dos
cursos (70%) ela é oferecida em seus currículos como formação optativa após a obtenção do
bacharelado. Somente um dos cursos (UNC Mafra) tem como objetivo formar apenas
professores licenciados. Quase sempre é possível obter a licenciatura plena durante um
semestre, após a freqüência das disciplinas do bacharelado ou da área de formação.
A prática de ensino de psicologia sob a forma de estágio supervisionado é obrigatória
para todos os alunos que desejam obter a licenciatura plena. Esta disciplina tem uma carga
horária média de 300h para permitir que o aluno tenha contato com a área do magistério,
buscando com isso ter uma visão de um dos campos de atuação do psicólogo. Geralmente é
dividida em três fases: planejamento, execução e avaliação. O planejamento através de
elaborações de aula, plano de ensino, confecções de instrumentos, propiciando acesso aos
multimeios, utilizados em uma aula: retroprojetor, multimídia, data-show, etc. Em seguida
uma fase de execução, através da observação e experimentação com a oportunidade de
ministrar aulas em situações reais ou simuladas. Por fim a fase de avaliação com a elaboração
de um relatório de estágio.
A Didática, também chamada de Didática Geral, ou Metodologia do Ensino da
Psicologia (UNC), está presente em quase todas as licenciaturas dos cursos de psicologia,
com exceção da UNOCHAPECÓ. É um ramo da pedagogia que se propõem ao conhecimento
19
UNIVEST, FPJ, FURB, UFSC, UNIDAVI, UNISUL (Araranguá e Tubarão), UNIVALI (Biguaçu e Itajaí),
UNOCHAPECÓ e UNOESC (Joaçaba).
20
FACSAI, UNC (Mafra) e UNIPLAC.
21
FACSAI, UNESC, UNIDAVI, UNIPLAC e UNOESC (São Miguel dOeste).
24
dos métodos, do planejamento e das técnicas de ensino e aprendizagem para fornecer aos
acadêmicos subsídios práticos e teóricos necessários para orientar a sua ação na sala de aula.
A disciplina também aborda o papel da didática em diferentes tendências educacionais e
relações pedagógicas seus pressupostos e características; a formação do educador; a
interdisciplinaridade e sua relação com o processo de ensino; formas e instrumentos de
avaliação; o currículo à luz das diferentes concepções teóricas e práticas dos projetos
pedagógicos e dos roteiros diários de trabalho; a contextualização da realidade educacional,
etc.
Esta disciplina oferece subsídios para que o psicólogo interessado em atuar na escola
conheça a estrutura e funcionamento do Ensino, em geral, desde o Fundamental (primeira a
oitava série) até o Ensino Médio (antigo segundo grau). A UNOESC (Joaçaba), além deste
conteúdo, inclui a pré-escola, supletivo e superior. A UNIVEST é a única instituição com
licenciatura em psicologia que não oferece esta disciplina aos seus alunos. Estrutura e
Funcionamento do Ensino inclui conceitos de estrutura e organização formal da Escola. O
Ensino Fundamental: a obrigatoriedade e gratuidade, o currículo e a avaliação. O Ensino
Médio: a qualificação profissional e a escola acadêmica. Características do profissional da
educação e identificação do papel do psicólogo na escola. Por outro lado, encontramos a
História da Educação no Brasil e no mundo; Problemas atuais da educação básica no Brasil;
Características do Sistema Educacional Brasileiro: modelo econômico e político, sistema
escolar brasileiro e a questão da qualidade; A ação do Estado na educação: reformas
educacionais. Nesta disciplina o aluno ainda deve reconhecer os pré-supostos da LDB; A
Educação nas Constituições Brasileiras e a legislação básica para o ingresso no magistério
público estadual e municipal.
Fundamentos da Educação também é uma disciplina própria das licenciaturas de
psicologia, apesar de poucas instituições a oferecerem em seus cursos.
22
Aqui o aluno tem
contato com esquemas geral sobre as principais teorias que fundamentam a educação e as
correntes filosóficas que sustentam a educação atual. Estas instituições abordam o processo do
ensino no enfoque tradicional, comportamental, humanista e sócio-crítico. Estuda-se e
discute-se sobre o pensamento de Pestalozzi, Herbart, Gramsci, Makerenko, Maria
Montessori, Jilian Dewey, Anísio Teixeira, Piaget, Freinet e Paulo Freire. Encontramos ainda
estudo de tópicos e questões específicas e atuais referentes ao papel da Educação face à
cultura individual e à cultura de grupo - educação como processo e educação como produto.
A Filosofia da Educação está presente somente na UFSC e na UNIVEST. Na
UNIVALI e UNIVEST encontramos disciplinas na Licenciatura que discutem a questão do
22
UNC, UFSC e UNIVEST, esta última voltada exclusivamente para aspectos biopsicológicos.
25
currículo, as avaliações e seus paradigmas. A UNIVALI oferece ainda como alternativa
Tópicos Especiais em Licenciatura, para os alunos que se interessem em aprofundar em temas
voltados para esta atuação.
Mais de 80% dos cursos superiores de psicologia dispõem de um núcleo de
disciplinas, no final do curso, especialmente voltadas para a formação de psicólogo. Esta
formação condições legais para o exercício da profissão, mas é um equívoco pensar que o
aluno que tenha concluído um curso de psicologia esteja apto a atuar com autonomia no
mercado de trabalho: nenhum curso dispõe de tempo de formação suficiente para esta
capacitação, e nenhum psicólogo que pretenda exercer de maneira eticamente seu ofício,
consideraria suficiente sua formação universitária. É possível obter no máximo uma iniciação,
seja numa área específica, escolar, organizacional, hospitalar, clínica, e, mesmo dentro desta,
recomendações de atuação a partir de alguma teoria: psicanalítica, cognitivista, existencialista,
etc.
Pouco mais da metade das instituições
23
(55%) impede que o aluno tenha acesso
aleatório às disciplinas subseqüentes, exigindo como pré-requisito determinadas disciplinas
para o seu curso, no pressuposto de que os alunos devem avançar a partir da aprovação em
disciplinas anteriores. Outros fatores que pressionam a matrícula numa determinada etapa
seqüencial de disciplinas são a incompatibilidade de horários e a turma na qual o aluno está
inserido, que, com os colegas dispõe de mais entrosamento, engajamento, companheirismo,
tudo isso que faz parte de qualquer cultura universitária.
Existe um período de conclusão de curso mínimo, médio e máximo para o aluno. Se
freqüentar todas as disciplinas necessárias para a conclusão do curso, o candidato se forma
num prazo médio que, entre as instituições pesquisadas, como mencionado, é de oito a dez
semestres. Somente uma instituição (FACSAI) oferece o curso em nove semestres. O aluno
também tem a possibilidade de adiantar as disciplinas, desde que oferecidas em horários não
conflitantes com os que lhe estão previamente disponíveis, seja em outra turma ou em outros
cursos, até mesmo de outras instituições, desde que tenham no mínimo a mesma carga
horária. Se o conteúdo da disciplina for diversificado, solicita-se que o professor verifique a
possibilidade de dispensar parcialmente o aluno daquelas matérias aprovadas
anteriormente. Esta situação ocorre normalmente com alunos formados anteriormente em
outros cursos ou que chegam transferidos de cursos de outras instituições.
23
UFSC, UNC (Caçador, Concórdia, Mafra e Porto União), UNIDAVI, UNIPLAC, UNIVEST,
UNOCHAPECÓ, UNOESC (Joaçaba e São Miguel dOeste).
26
Análise Documental
Phillips (1974) considera documentos quaisquer materiais escritos que possam ser
usados como fonte de informação sobre o comportamento humano. Diria que qualquer
material que tenha sofrido ação humana é passível de análise, inclusive arquivos escolares.
Para Gil (1994), uma pesquisa documental vale-se de materiais que não receberam ainda um
tratamento analítico, tal qual uma carta, um contrato, uma fotografia ou uma gravação,
considerados documentos de primeira mão.
O que caracteriza a pesquisa documental é que a fonte de coleta de dados está restrita a
documentos, neste caso escritos e constituída pelo que se denomina de fontes primárias. As
fontes são compiladas, a princípio, pelos professores, autores dos documentos. Além de serem
escritos contemporâneos, os documentos pretendidos são considerados publicações
administrativas. Sua fidelidade é menor do que a dos documentos oficiais e jurídicos e das
publicações parlamentares (Marconi & Lakatos, 1999).
O documento que será usado nesta pesquisa é do tipo técnico (Lüdke e André, 1986),
como um planejamento, um plano de ensino de uma disciplina. Envolverá informações de
arquivos escolares, dos cursos de graduação em psicologia. Será portanto um material
instrucional que combina várias destas características. Mais do que um registro acurado que
prevê, visa a imagem da instituição, quando disposto ao público, e a imagem e filosofia
do professor, quando dirigida aos alunos. O momento político, interno e externo, em que
atravessa a instituição também afeta os documentos produzidos.
Embora pouco aplicada nas áreas humanas, a análise documental pode se constituir
numa boa indicação técnica para verificação dos aspectos do tema desta dissertação, a partir
da abordagem dos seus dados qualitativos. O uso de documentos apresenta uma série de
vantagens na pesquisa. Os documentos podem ser consultados várias vezes e servir de base a
diferentes estudos, oferecendo mais estabilidade aos resultados obtidos (Guba & Lincoln,
1981). Os documentos constituem uma fonte para retirar evidências que fundamentam
afirmações e declarações para a pesquisa. Representam ainda uma fonte de informação
contextualizada, fornecendo inclusive informação sobre o mesmo contexto (Lüdke e André,
1986). Outra vantagem adicional desta técnica é o seu baixo custo. Seu uso requer apenas
investimento de tempo, acesso à internet, telefone, além de contar com a participação das
instituições, o que não é difícil, por se tratar de pessoas familiarizadas com pesquisas
científicas.
A documentação escolhida será o acervo dos planos de ensino, dos cursos de
graduação de psicologia, decisivos para efetuar a análise do tema desta pesquisa. Através da
27
análise documental serão identificadas as informações nos planos de ensino a partir das
questões de interesse, relacionadas aos conteúdos de psicanálise, lecionadas a partir de suas
disciplinas.
Selecionados os documentos, procedeu-se à análise propriamente dita dos conteúdos.
Para isso recorreu-se à metodologia de análise de conteúdo, que é definida por Krippendonff
(apud Lüdke & André, 1986, p. 41) como uma técnica de pesquisa para fazer inferências
válidas e replicáveis dos dados para o seu contexto. Segundo essa concepção, pode haver
variações na unidade de análise: uma palavra, um texto, uma obra, um autor, ou variações no
tratamento dessas unidades, como forma de analisar os temas e enfoques específicos:
filosóficos, éticos, epistemológicos, etc.
De fato os documentos de domínio público podem refletir várias práticas discursivas,
o que foi objeto de investigação da escola de Frankfurt, enquanto categoria da sociedade
burguesa, como nos exemplifica Juergen Habermas (1984, apud Spink):
(...) como gênero de circulação, como artefatos do sentido de tornar público, e como conteúdo, em
relação aquilo que está impresso em suas páginas. São produtos em tempo e componentes significativos
do cotidiano; complementam, completam e competem com a narrativa e a memória. Os documentos de
domínio público, como registros, são documentos tornados públicos, sua intersubjetividade é produto da
interação com um outro desconhecido, porém significativo e freqüentemente coletivo. São documentos
que estão à disposição, simultaneamente traços de ação social e a própria ação social. São públicos
porque não são privados. Sua presença reflete o adensamento e ressignificação do tornar-se público e do
manter-se privado; processo que tem como seu foco recente a própria construção social do espaço
público. (Spink, 1999, p. 126).
Optou-se pela análise documental por ser mais acessível, tendo em vista as limitações
de tempo e deslocamento, em função do prazo de entrega da dissertação do mestrado, 24 a 36
meses, a contar da data de ingresso no curso. Trata-se também de uma fonte estável, pois os
documentos permitem selecionar segmentos específicos de conteúdo para realizar a análise,
determinando, por exemplo, a freqüência com que aparecem no plano: tópicos, temas,
expressões, autores, obras ou determinados itens.
Com a posse do material, foi executada a análise propriamente dita dos dados, em
relação às disciplinas: ementas; objetivos gerais e específicos; conteúdo programático;
competências e habilidades básicas, gerais e específicas; e bibliografia. Esta pesquisa incluiu
somente este tipo de material: os planos de ensino que, segundo Lüdke & André (1986)
consiste em documentos de tipo técnico e de domínio público.
A partir do material coletado o processo de análise de conteúdo teve início com as
escolhas sobre as unidades de análise. Como os planos de ensino apresentaram-se de modo
28
esquemático: objetivos (gerais ou específicos), ementas, bibliografia, etc., partiu-se destes
elementos para fazer a análise, sendo de igual importância explorar o contexto em que os
mesmos ocorreram, como a natureza da disciplina (História ou Testes), ou ciclo/fase/período
correspondente (básico, licenciatura ou formação).
Depois de organizar os dados, num processo de exaustiva verificação, foram definidos
os temas mais freqüentes, os aspectos mais recorrentes ou sua ausência, sendo possível
explorar a ligação entre determinados elementos. Um procedimento indutivo que resultou na
construção de categorias refletindo os propósitos da pesquisa. A análise dos dados foi de
natureza qualitativa e exigiu sistematização e coerência com o que pretende o estudo.
Além da exploração dos vários itens, mais recorrentes ou ausentes, suas ligações,
combinações ou separações, acabam reorganizando todo material, tendo como finalidade
ampliar o campo de informação, identificando também os elementos emergentes que precisam
ser mais aprofundados.
Este método não é definitivo, mas um esforço para padronizar os temas nas suas
categorias a fim de permitir a sua análise. É um processo criativo que requer cuidado no
julgamento sobre o que seja relevante e significativo a partir das considerações históricas,
teóricas e conceituais que apóiam este trabalho.
Coleta de Informações
A pesquisa foi iniciada pelo Ministério da Educação (MEC), por ser o órgão da
administração direta do governo brasileiro e ter como área de competência a política nacional
de educação; o ensino superior; avaliação, informação e pesquisa educacional; pesquisa e
extensão universitária, entre outros.
24
A Secretaria de Educação Superior (SESu) é a unidade do MEC que planeja, orienta,
coordena e supervisiona o processo de formulação e implementação da política nacional de
educação superior. É responsável, também, pela manutenção, supervisão e desenvolvimento
das Instituições Públicas Federais de Ensino Superior (IFES), que hoje compreendem as
universidades federais, as escolas federais isoladas e os Centros Federais de Educação
Tecnológica (CEFETs), que mantêm cursos de nível superior. A supervisão das Instituições
Privadas de Educação Superior, conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDB), é também de responsabilidade da SESu.
24
Conforme Decreto N.º 3.772, de 14 de março de 2001, publicado no Diário Oficial da União no dia
15/03/2001, p. 2, col. 3.
29
Além das atribuições acima, a SESu promove e dissemina estudos sobre a educação
superior e suas relações com a sociedade; realiza intercâmbio com entidades nacionais,
estrangeiras e internacionais sobre matérias de sua competência e apóia técnica e
financeiramente as instituições de ensino superior, articulando-se com outros órgãos e
instituições governamentais e não- governamentais. Atua ainda como órgão setorial de ciência
e tecnologia do MEC para as finalidades previstas na legislação que dispõe sobre o Sistema
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Subsidia a elaboração de programas
e projetos de reforma e aprimoramento do sistema federal de ensino e zela pelo cumprimento
da legislação educacional no âmbito federal de ensino superior.
Para obter às informações acerca dos cursos de graduação em psicologia em Santa
Catarina, acessamos o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP), uma
autarquia federal vinculada ao MEC, que tem como uma das finalidades e atribuições,
organizar e manter o sistema de informações e estatísticas educacionais, além de promover
estudos, pesquisas e avaliações sobre o Sistema Educacional Brasileiro, com o objetivo de
subsidiar a formulação e implementação de políticas públicas para a área educacional a partir
de parâmetros de qualidade e eqüidade, bem como produzir informações claras e confiáveis
aos gestores, pesquisadores, educadores e público em geral.
Para gerar seus dados e estudos educacionais o INEP realiza levantamentos estatísticos
e avaliativos em todos os níveis e modalidades de ensino, como: Avaliação Institucional;
Avaliação das Condições de Ensino; Exame Nacional de Cursos (ENC); Exame Nacional de
Ensino Médio (ENEM); Exame Nacional para Certificação de Competências (ENCCEJA);
Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB); Censo Escolar; e o Censo
Superior, que coleta uma série de dados do ensino superior no País, incluindo os cursos de
graduação, objeto desta pesquisa.
O INEP dispõe de um site
25
, com um cadastro de todos os cursos e instituições de
educação superior do Brasil. Baseado nestes dados tem-se 420 Cursos de Psicologia no Brasil,
a maioria deles, 237 cursos (56%) concentrados na Região Sudeste, em contraste com o
Norte, que oferece apenas 18 cursos (4%) em sua Região. No Nordeste encontramos 58
cursos (14%), o dobro da Região Centro-Oeste, com seus 30 cursos (7%). Em nossa Região
Sul, oferecemos 77 cursos (18%) distribuídos assim nos três estados: 26 no Paraná, 31 no Rio
Grande do Sul e 20 Cursos de Psicologia em Santa Catarina.
As informações foram coletadas sabendo-se de antemão, através do INEP, quais as
instituições mantenedoras dos cursos de psicologia em Santa Catarina. As mesmas foram
contatadas para solicitar os nomes e e-mails dos coordenadores de seus cursos de psicologia.
25
www.educacaosuperior.inep.gov.br
30
Foi feita uma apresentação formal, através de um Termo de consentimento livre e
esclarecido
26
, solicitando a permissão para pesquisa, descrevendo suas intenções e solicitando
as informações desejadas ou ser encaminhado ao coordenador de ensino para fazê-lo.
Muitas instituições disponibilizaram seus materiais, como a grade curricular ou os
planos de ensino das disciplinas no próprio site da instituição, o que dispensou parte deste
caminho, por se tratar de documentos de domínio público. Apesar desta fonte de informações
ser, com freqüência, excessivamente condensada, desatualizada ou disposta para efeito de
marketing, o que poderia comprometer a confiabilidade dos documentos, mesmo assim, por
razões éticas, foi importante informar à instituição de que uma pesquisa está sendo feita com
o seu material de ensino.
O primeiro documento a ser solicitado foi a grade curricular atualizada do curso de
psicologia. Através deste documento pode-se ter uma idéia da estrutura do curso, da sua carga
horária e o nome das disciplinas do curso. Desta forma identificaram-se algumas disciplinas
de psicanálise, como por exemplo, Jacques Lacan, Melaine Klein ou Clínica Psicanalítica.
Deduziu-se que outras disciplinas, ao menos parcialmente, apresentassem conteúdos
psicanalíticos como Psicologia do Desenvolvimento, Escolas Psicológicas ou Psicologia da
Personalidade, o que foi verificado na prática.
A identificação inequívoca das disciplinas de psicanálise ocorreu com a oportunidade
de verificação de todos os planos de ensino dos respectivos cursos. Por isso, a título de
precaução, foram solicitados todos os planos de ensino de cada curso.
Com a posse dos planos de ensino das disciplinas freqüentadas pelos alunos dos
cursos de psicologia, procedeu-se a análise documental. Uma crítica freqüentemente
mencionada ao material de pesquisa é que os documentos não são amostras representativas
dos fenômenos estudados. Neste caso pretendeu-se fazer um levantamento do que ocorre no
dia-a-dia de uma disciplina de psicanálise em um curso de psicologia através dos planos de
ensino. Em geral os professores não mantêm registro das suas atividades, das experiências
feitas e dos resultados obtidos. Quando existe um material escrito, ele é esparso e
conseqüentemente pouco representativo do que se passa no cotidiano. Lüdke & André (1986)
evidenciam que esse fato também é um dado do contexto escolar e deve ser levado em conta
quando se procura estudá-lo.
26
Baseado no modelo fornecido pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal
de Santa Catarina. http:/cepsh.ufsc.br . Acessado em dezembro de 2003.
31
Material Obtido
O interesse desta pesquisa concentrou-se nos Planos de Ensino, por tratar-se de um
documento que se refere objetivamente aos cursos superiores de psicologia, seus
mantenedores e principalmente aos professores, elo privilegiado de produção e reprodução do
conhecimento transmitido aos alunos. Os planos de ensino foram utilizados para compreender
como se apresenta o ensino da psicanálise nos cursos de graduação em psicologia no Estado
de Santa Catarina.
Pouco mais de um terço das IES
27
(35%) enviaram prontamente os planos de ensino
pedidos. Vinte por cento delas
28
(20%) já os tinham disponibilizado na sua home page,
aceitando a utilização do material para fins de pesquisa. Um quarto das IES
29
(25%) liberou
os documentos somente na presença do pesquisador, com dispêndio de tempo e dinheiro não
previstos anteriormente. Em compensação esta imposição possibilitou o conhecimento in loco
da estrutura física e humana dessas instituições. Os vinte por cento restantes
30
(20%)
liberaram o material mediante muita resistência e por diversos motivos: receio de que o
material pudesse ser utilizado para outros fins; falta de tempo para separar o material; falta de
autonomia administrativa para liberação; ou até mesmo em razão da indisponibilidade dos
mesmos. Em várias circunstâncias os coordenadores não enviaram todos os planos de ensino,
julgando desnecessário contemplar disciplinas de outras áreas de conhecimento, tais como as
estritamente biológicas, metodológicas, estatísticas, línguas ou informática, reduzindo com
isso o percentual obtido, mas certamente sem prejuízo para a pesquisa.
Não foi possível obter integralmente os Planos de Ensino correspondentes ao semestre
vigente à coleta dos mesmos, pois os professores não costumam cumprir sua obrigação de
envia-los à secretaria de seus cursos a cada semestre ou ano letivo. Mesmo assim o material é
muito recente e devidamente datado a cada abordagem, com exceção dos documentos que
foram obtidos sem dada.
Para ter uma visão mais abrangente do material obtido, através da tabela abaixo é
possível identificar todas as IES mantenedoras do Estado; o número total de planos de ensino,
correspondentes à grade curricular dos mesmos; os planos de ensino obtidos através da
solicitação direta nos cursos e seu percentual correspondente; os planos de ensino que
apresentam conteúdos de psicanálise, e também o seu percentual correspondente.
27
FURB (em parte), UFSC (em parte), UNC (Caçador, Concórdia, Mafra e Porto União), UNOCHAPECÓ,
UNOESC (São Miguel dOeste).
28
FURB (em parte), UFSC (em parte), UNIDAVI, UNIPLAC, UNOESC (Joaçaba). Atualmente somente a
UFSC (em parte) e a UNIDAVI mantém planos de ensino disponíveis na internet.
29
UNISUL (Araranguá, Palhoça e Tubarão), UNIVALI (Biguaçu e Itajaí).
30
FPJ, FACSAI, UNESC, UNIVEST.
32
Instituições
pesquisadas
N º. total de
Planos de
Ensino
Planos de
Ensino
Recebidos
Percentual de
Planos
obtido
Planos de
Psicanálise
Analisados
Percentual de
Planos
Analisados
FACSAI
68
48
70%
7
14,5%
FPJ
43
5
12%
4
80%
FURB
76
47
62%
17
36%
UFSC
80
72
90%
18
25%
UNC
280
240
86%
76
32%
UNESC
69
45
65%
14
31%
UNIDAVI
58
58
100%
11
19%
UNIPLAC
66
66
100%
22
33%
UNISUL
189
189
100%
57
30%
UNIVALI
128
108
84%
20
19%
UNIVEST
53
14
26%
4
29%
UNOCHAPECÓ
76
76
100%
30
40%
UNOESC
100
80
80%
42
52,5%
Total
1286
1048
322
Média
64
52
81%
16
34%
Verificou-se que a quantidade de material arrecadado para esta pesquisa é
suficientemente representativa para desenvolver a pesquisa sem risco de maiores distorções, o
que comprometeria os resultados obtidos e, conseqüentemente, as conclusões do trabalho.
1.7 Planos de ensino
Segundo os Padrões de Qualidade para Cursos em Psicologia (2000), para a
avaliação de pedido de reconhecimento e de renovação de reconhecimento de cursos e da
organização do curso, a IES deve informar sobre as ementas e programas das disciplinas
contendo objetivos, metodologia, sistemática de avaliação e bibliografia básica.
Dois terços dos cursos de psicologia do Estado nomeiam este documento como Plano
de Ensino. Este documento também é chamado de Plano de Ensino-Aprendizagem, numa
referência a Paulo Freire (a compreensão do ensino como via de mão dupla ensino-
aprendizagem). Ou ainda Plano de Curso, Programa de Disciplina e Programa de
Ensino, nomenclaturas muito semelhante à majoritária. Alguns cursos
31
divulgam este
documento através de ementários, dos quais a UNC (Concórdia) e a UNOESC (Joaçaba)
acrescem bibliografias referentes às suas disciplinas. A maioria dos professores nomeia este
documento de plano de ensino, e, em que pese suas particularidades, e salvo os casos em
que seja relevante utilizar o nome original, é assim referido também nesta dissertação.
31
UNC (Caçador e Concórdia), UNIPLAC e UNOESC (Joaçaba).
33
O plano de ensino é um documento que registra sistematicamente a prática docente
através do planejamento. Um plano de ensino é um corte no processo permanente de planejar.
As ações planejadas são registradas, mas podem passar por um replanejamento, pois o plano
de ensino não tem de ser necessariamente um documento definitivo e imutável ele serve de
guia para a ação, mas sem ser rígido, que representa um determinado momento do
planejamento. Ele pode, por exemplo, sofrer alterações com o início de um novo ciclo de
atividades ou durante o próprio curso, e muitos professores reservam um espaço dentro do
plano de ensino para inserção de novos elementos a partir da demanda discente, de suas
próprias pretensões ou da instituição ao qual está inserido.
Todas as IES produzem instrumentos de gestão acadêmico-administrativa e constroem
o seu fazer pedagógico. Às vezes esta construção é coletiva, às vezes unilateral. Neste
processo são definidos quais sujeitos se quer formar, e com que princípios teóricos e
metodológicos; com que perfil docente; com qual organização curricular; com que projetos
inovadores; com que recursos, etc. O resultado pode ser atribuído a um Projeto Político
Pedagógico (PPP), cuja função é a de nortear o trabalho docente: as relações de ensino-
aprendizagem; o próprio plano de ensino da disciplina; os projetos de ensino, pesquisa e
extensão que se queira propor; a sistemática de avaliação a ser adotada. Esta etapa explica em
parte a grande semelhança dos planos de ensino da maioria das instituições, resultado da
adoção de um padrão norteador definido pelo PPP.
Todas as IES foram abordadas em relação ao seu PPP. Na FACSAI o coordenador do
curso articula junto aos professores um PPP que baliza princípios gerais. O PPP de Psicologia
é feito para ter uma vida útil e longa (cinco anos). Se não atende mais à necessidade é
alterado, mudado ou trocado. A FPJ e a UNIVALI (Biguaçu e Itajaí) fazem reuniões anuais
em torno do seu PPP. Na FURB os professores reúnem-se em várias instâncias para discutir
as novas propostas que surgem de pequenos grupos. Na UFSC os professores discutem as
propostas no colegiado para as reuniões em torno do PPP. Na UNC (Caçador, Concórdia,
Mafra e Porto União) as reuniões são bienais para discutir o projeto e traçar novas metas.
Existem peculiaridades em cada curso e características comuns em relação aos outros cursos
dos mesmos campi. A UNESC discute continuamente a sua proposta. A UNIDAVI faz
reuniões periódicas e extraordinárias na necessidade de alterações do PPP. A UNIPLAC
somente declarou que tem um PPP. A UNISUL (Araranguá, Palhoça e Tubarão) informou que
o seu corpo docente redigiu um novo PPP. O planejamento ocorreu em onze áreas diferentes,
de pequenos grupos ao grande grupo. Os encontros acontecem a cada bimestre, além de uma
reunião de congregação semestral. O projeto também é comum a todos os cursos de
psicologia do campi. A UNIVEST discute periodicamente o seu projeto. Atualmente a
34
atenção está voltada às ênfases curriculares. A UNOCHAPECÓ promove reuniões semestrais
para rever os planos. A UNOESC (Joaçaba e São Miguel do Oeste) tem se reunido quatro
horas semanais em torno do novo PPP. O atual foco das discussões é a integralização das
grades curriculares dos cursos de psicologia do campi.
Ao planejar, o professor organiza sua função essencial, a de ensinar, compreendida
como um conjunto de procedimentos amparados teoricamente, que visam fazer o aluno a
construir conhecimentos. Para tanto é necessário conhecer a instituição, o projeto pedagógico,
o perfil dos alunos e a área de atuação relativa ao curso. O plano de ensino de cada disciplina
evidencia a sistematização das discussões ocorridas no projeto pedagógico, contemplando os
objetivos e as competências (conhecimentos, habilidades e atitudes) constantes nas diretrizes
curriculares.
1.8 Roteiro dos planos de ensino
O roteiro da maioria dos planos de ensino segue um padrão definido pela IES a qual
pertence, imposto por esta de forma unilateral ou a partir de um projeto pedagógico discutido
conjuntamente com outros professores. Ainda assim muitos professores impõem sua maneira
de ensinar contrariando os colegas ou a IES. Procurou-se apresentar os planos de ensino a
partir dos itens mais recorrentes, seguindo um roteiro baseado nos modelos das IES de Santa
Catarina, e incluindo aspectos minoritários ou até mesmo particulares, desde que relevantes
para a pesquisa.
Inicialmente encontramos um cabeçalho em que consta: o nome da IES, geralmente
acompanhado de seu logotipo; o nome do curso (sempre Psicologia); o nome da disciplina
32
e
seu respectivo código, o nome do(a) professor(a), as vezes no plural; o ano vigente,
acompanhado do semestre; o período, fase ou ano da turma na qual será lecionada a
disciplina; o número de créditos e a carga horária teórica, de acordo com o currículo da IES.
Um número reduzido de professores dispõe de uma carga horária prática para suas
atividades ou a inclui no item carga horária, sem discriminação. Acompanham o cabeçalho,
com menor incidência, os pré-requisitos para a disciplina, horário de aula, e-mail do professor
e o código da turma. Quatro instituições
33
que oferecem mais de um curso de Psicologia em
suas universidades indicam o seu Campus, com o nome da cidade em que está instalado. O
número do currículo está presente em três cursos, pois existem currículos em fase de
implantação. A UNIPLAC dispõe de disciplinas homônimas, mas com ênfases curriculares
32
Este item é importante para localizar a disciplina no currículo e compara-la com outros currículos. O fato de
uma disciplina de um currículo possuir um nome diferente de outra disciplina de outro currículo não significa
que não possam ter muito em comum.
33
UNC, UNISUL, UNIVALI e UNOESC.
35
distintas, de acordo com o semestre. A grade curricular deste curso dedica dois semestres
(sétimo e oitavo) à Psicologia Social e outros dois (nono e décimo) à Psicologia da Saúde.
Deste modo, disciplinas como Trabalho de Conclusão de Curso, se dispostas nos semestres
sétimo ou oitavo, vão ter ênfase em Psicologia Social, se dispostas nos semestres nono ou
décimo, vão ter ênfase em Psicologia da Saúde.
Em seguida aparece a ementa, que é um sumário, um resumo do que será cursado ao
longo da disciplina. A ementa não é flexível como o conteúdo programático, que veremos a
seguir. Ele pode sofrer alterações constantes, mas ela é a própria insígnia da disciplina, pois
além de representa-la distingue a sua função dentro do curso. Articulada com o projeto
pedagógico, a sua mudança exige uma avaliação minuciosa por parte dos professores. Tanto
que quase a metade dos cursos
34
utiliza somente os ementários para divulgar as disciplinas em
seus sites, dos quais a UNC (Caçador) acrescenta uma bibliografia básica a cada ementa. Na
FURB, antes da ementa, os professores inserem em seus planos de ensino os objetivos do seu
Curso de Psicologia. Na UNESC, além dos Objetivos do Curso, acrescenta-se a Missão da
própria instituição. Da sua maneira a UNIVEST, antes da ementa, destaca os fundamentos e
justificativas da inclusão da disciplina e a sua integração com as outras disciplinas da grade
curricular. A metade dos professores de cinco instituições
35
utiliza a Justificativa, após a
ementa e antes dos objetivos, para expor os motivos da escolha dos temas da disciplina. Os
objetivos da disciplina são divulgados na maioria das vezes de maneira geral. Um em cada
três professores separa os objetivos gerais dos específicos.
É crescente a exigência, inclusive do MEC, para que o professor explicite as
habilidades e competências que ele, seu curso e sua instituição queiram desenvolver em
seus alunos. Para atingir esses objetivos, torna-se necessário um método. Alguns
professores utilizam erroneamente o termo metodologia para indicá-lo, o que é um
equívoco: metodologia refere-se à ciência, ao estudo das técnicas, ao passo que método é a
descrição das técnicas a serem utilizadas para se atingir os objetivos propostos na disciplina.
Uma pequena parte dos professores utiliza o termo Estratégias de ensino para designar o
método, outros poucos mencionam recursos didáticos e/ou recursos pedagógicos para
incrementar a metodologia.
O conteúdo programático expõe a matéria prevista para o semestre letivo, o que
ocorre em quase todos os casos. Aqui são discriminados todos os assuntos em ordem
cronológica, discutidos no primeiro dia de aula, inclusive para alterar, antecipar ou adiar
34
FURB, UNC (Caçador, Concórdia, Mafra e Porto União), UNIPLAC e UNISUL (Araranguá, Palhoça e
Tubarão).
35
FPJ, UNISUL (Araranguá, Palhoça e Tubarão) e UNOESC (Joaçaba).
36
algum tema de interesse da turma ou de ocasião
36
. Após esta programação, quarenta por cento
dos professores apresentam um cronograma de atividades previstas, inclusive, para uma
menor parte, atividades de extensão e atividades de pesquisa.
O sistema de avaliação está igualmente muito presente nestes documentos, o que é
de interesse do aluno, pois vai determinar como ele será aprovado ou reprovado. É um
dispositivo de controle às vezes objetivo, com atividades programadas, como provas,
produção de textos, seminários, análises críticas, freqüência, e também subjetivo, como
participação em aula, envolvimento social, maturidade psicossocial, conhecimentos de vida,
auto-avaliação, etc. Um em cada cinco professores descreve a maneira com que os alunos se
submeterão a uma nova avaliação, caso assim necessitem para evitar a reprovação na
disciplina o que anteriormente era chamado de recuperação ou segunda época.
Na parte final dos planos de ensino, recomenda-se uma bibliografia básica, ou seja,
autores e obras de referência para os temas abordados dentro da disciplina. A metade das
bibliografias recebe um acréscimo conhecido como bibliografia complementar. Neste
ínterim encontrou-se em oito planos a indicação de filmes ou filmografia e em outros seis,
periódicos, ou seja, materiais de publicação periódica, como jornais e revistas. Em raros
planos encontramos indicações de legislação
37
, leitura obrigatória, livro-texto e relato
de pesquisas, útil para demonstrar experiências bem sucedidas na área da disciplina.
Percebe-se ainda nas bibliografias o crescente aparecimento de publicações on-line e de sites
com o neologismo Sitegrafia.
Abaixo das referências, poucos professores reservam um horário de atendimento aos
alunos, com mais freqüência, entre os que trabalham em regime de tempo integral. Neste
espaço aparece o nome de estagiários ou monitores, com seus respectivos horários e e-mails.
1.9 Localização dos planos de ensino nas grades curriculares
As disciplinas estão distribuídas nas grades curriculares pertencentes ao seu curso.
Conforme já mencionado, um curso de psicologia em Santa Catarina tem de oito a dez
semestres. Cada semestre corresponde a uma fase, período ou ciclo de estudos. De maneira
geral, a primeira metade dos cursos, até a quinta ou sexta fase, é composta por um núcleo
comum de disciplinas básicas que visam uma formação geral. Após esta etapa inicia-se um
ciclo profissionalizante que, após dois períodos, culmina com a obtenção do título de
Bacharelado ou Licenciatura Plena. Finalmente os últimos semestres são destinados à
Formação do Psicólogo, com acesso às disciplinas de estágio supervisionado.
36
Sabemos que alguns temas então em voga, por exemplo, em função da mídia ou da mudança de legislação.
37
Mais comumente em disciplinas de Ética.
37
Esta tabela representa a soma dos planos de ensino de psicanálise de todos os cursos
de psicologia de Santa Catarina distribuídos no semestre correspondente.
Semestre / Fase / Período
Planos de Ensino de Conteúdo Psicanalítico
1
o
.
22
2
o
.
36
3
o
.
55
4
o
.
47
5
o
.
55
6
o
.
24
7
o
.
22
8
o
.
30
9
o
.
11
10
o
.
11
Optativas
9
Total
322
Média
30 por semestre
No primeiro semestre a psicanálise costuma aparecer timidamente em disciplinas
tradicionais como Filosofia, Sociologia, História da Psicologia e Psicologia Geral ou
Psicologia, Ciência e Profissão. Do segundo ao quinto semestre ocorre uma escalada vertical,
concentrando 60% dos planos de ensino de psicanálise de toda grade curricular da maioria dos
cursos
38
. Nesta fase não foram encontrados planos de ensino dedicados exclusivamente à
psicanálise.
No segundo semestre a psicanálise é parcial na seqüência das disciplinas de Filosofia,
História da Psicologia, Psicologia Geral e Psicologia do Desenvolvimento. Encontram-se
disciplinas dedicadas à introdução dos fundamentos da psicanálise como teorias e sistemas em
psicologia.
No terceiro semestre a disciplina de Psicologia do Desenvolvimento ainda é
influenciada pela psicanálise, incluindo-se Psicologia Social, Sistêmicas I e Técnicas de
Entrevista. A disciplina Psicologia da Personalidade e Teorias e Sistemas em Psicologia são
auxiliadas neste período por conteúdos, ora parcialmente psicanalíticos, ora totalmente
psicanalíticos. Mais estritamente a teoria psicanalítica ainda faz-se presente em disciplinas de
Fundamentos de Psicanálise e Teorias Psicológicas.
O quarto semestre se passa com a participação crescente de conteúdos psicanalíticos:
na Psicologia do Desenvolvimento, agora com práticas de observação; Psicologia da
Aprendizagem ou Escolar; em disciplinas técnicas de entrevista, exame e aconselhamento
38
FACSAI, UNC (Caçador, Concórdia, Mafra e Porto União), UNIDAVI, UNIPLAC, UNISUL (Araranguá,
Palhoça e Tubarão), UNIVALI (Biguaçu e Itajaí) e UNIVEST.
38
psicológico; no aparecimento das técnicas de avaliação psicológicas e projetivas; e no
prosseguimento da Psicologia Social, na descrição de seus fenômenos, e Psicologia da
Personalidade, como disciplina exclusivamente psicanalítica, além de Teoria Psicanalítica
com ênfase em seus fundamentos, voltadas para compreensão da personalidade e na
introdução de técnicas conhecidas como psicoterápicas.
39
O quinto semestre é o período de maior assiduidade psicanalítica entre as disciplinas
de técnicas de entrevista, aconselhamento, diagnóstico e exames psicológicos. A
Psicopatologia também é marcante, neste sentido, seguida de disciplinas de Psicologia Escolar
e Problemas de Aprendizagem, em geral para subsidiar as teorias de aprendizagem. A
psicanálise se apresenta como fundamento em disciplinas para compreensão da personalidade,
inclusive a título de distorções, como um sistema psicoterápico ou uma escola psicológica.
No sexto semestre a psicanálise participa nas disciplinas de Dinâmica de Grupo e
Relações Humanas, e com mais freqüência em disciplinas institucionais como Psicologia
Hospitalar. A psicanálise novamente colabora nas Psicopatologias e nas disciplinas técnicas
de entrevista, exame e aconselhamento psicológico. Nos planos de ensino, novamente a
psicanálise é denominada como uma teoria ou técnica psicoterápica.
No sétimo semestre, a presença da psicanálise tem continuidade nas disciplinas
psicodinâmicas ou disciplinas de grupo, inclusive, fortuitamente em Orientação Vocacional e
Profissional. Algumas instituições insistem na aprendizagem de disciplinas de psicopatologia,
sempre parcialmente psicanalíticas. Neste período aparecem disciplinas com o nome de
Psicanálise, com conteúdos exclusivamente psicanalíticos.
Na oitava fase a psicanálise novamente é notada nas disciplinas de grupo, mas num
contexto mais definido, como desenvolvimento interpessoal e outros processos grupais, como,
por exemplo, oficinas de vivência. A psicanálise contribui em disciplinas institucionais em
setores de comunicação, educação especial, fórum, hospital, ambulatório, e principalmente
saúde mental coletiva. As disciplinas nomeadas de Psicanálise têm seqüência em alguns
cursos
40
, enquanto que outras instituições
41
a denominam de Teorias e Técnicas
Psicoterápicas.
39
A Psicoterapia é um método de tratamento psicológico que utiliza a relação entre o terapeuta e o paciente para
atingir os seus objetivos. A catarse, a hipnose, a sugestão, a persuasão e a própria psicanálise no sentido amplo,
podem ser consideradas formas de psicoterapia. Segundo Laplanche & Pontalis (1970), num sentido mais
restrito, as psicoterapias analíticas que se apóiam nos princípios teóricos e técnicos da psicanálise não realizam
as condições de um tratamento psicanalítico rigoroso. De acordo com Roudinesco & Plon (1998) Sigmund Freud
aperfeiçoou, com a psicanálise, um método de psicoterapia baseado na exploração do inconsciente e da
sexualidade, através da transferência, propondo que ela fosse analisada na própria relação entre o terapeuta e o
paciente.
40
UNC (Caçador, Concórdia, Mafra e Porto União).
41
FURB, UNISUL (Araranguá, Palhoça e Tubarão) e UNOESC.
39
São poucas as disciplinas de psicanálise nos últimos semestres, primeiro porque
somente a metade das instituições
42
oferece o curso de psicologia em dez semestres. Segundo
porque as poucas disciplinas oferecidas estão voltadas para os estágios com incremento
expressivo de carga horária prática. Na nona fase a psicanálise está presente nos planos de
ensino das disciplinas de estágio supervisionado em psicologia clínica; em algumas práticas
de pesquisa; e como Teoria e Técnica Psicoterápica, esta também de forma estrita, como a
disciplina Clínica do Inconsciente. O décimo semestre, assim como no primeiro, não oferece
disciplinas dedicadas exclusivamente à psicanálise. Os estágios acompanhados em psicologia
clínica têm prolongamento com a contribuição da psicanálise. Como no semestre anterior,
aparecem de última hora disciplinas de prática de pesquisa, ora em forma de seminários, ora
voltados para temas específicos, como epistemologia, sexualidade, subjetividade, etc. os quais
contam com a psicanálise como aporte teórico.
1.10 Disciplinas optativas
Durante todo o curso, algumas instituições
43
dispõem de uma carga horária mínima
obrigatória para que o aluno possa cursar disciplinas optativas de seu interesse. Os alunos de
psicologia da UFSC dispõem de disciplinas optativas para o Bacharelado, Licenciatura e para
a Formação do Psicólogo
44
. São optativas todas as disciplinas oferecidas pela UFSC, desde
que obedecidos os pré-requisitos, porém o Colegiado do Curso sugere a escolha dentre as
disciplinas do seu rol. Para o Bacharelado e Licenciatura é obrigatória a freqüência de 360
horas-aula de disciplinas optativas. A perspectiva psicanalítica está presente no Plano de
Ensino da disciplina Cultura e Personalidade, Psicologia Existencial e duas disciplinas
estritamente psicanalíticas: Distúrbios Psicológicos da Infância e Jacques Lacan.
Ainda na UFSC, para a Formação do Psicólogo é obrigatória a freqüência de 180
horas-aula de disciplinas optativas. psicanálise apenas no Plano de Ensino da disciplina
Psicoterapias Breves e temos também um Plano de Ensino representando uma disciplina
inteiramente psicanalítica: Clínica Psicanalítica.
A UNESC tem a oferecer apenas uma disciplina optativa com o próprio nome de
Psicanálise. É necessária a matrícula de um número mínimo de alunos para possibilitar o
curso das 72 horas-aula desta disciplina. A UNOCHAPECÓ oferece duas disciplinas
optativas com conteúdos de psicanálise: no sexto semestre, Psicologia Hospitalar e no sétimo,
Economia, História e Subjetividade.
42
FURB, UFSC, UNIDAVI, UNISUL (Araranguá, Palhoça e Tubarão) e UNIVALI (Biguaçu e Itajaí).
43
UFSC, UNESC e UNOCHAPECÓ.
44
Veja o Currículo do Curso de Psicologia da UFSC através do site www.cfh.ufsc.br/~psico/
40
1.11 Disciplinas de psicanálise e disciplinas de conteúdo psicanalítico
Entre os Planos de Ensino dos Cursos de Psicologia do Estado de Santa Catarina
existem disciplinas estritamente psicanalíticas e disciplinas portadoras de algum conteúdo de
psicanálise. As Disciplinas Parcialmente Psicanalíticas são aquelas portadoras de conteúdos
de psicanálise, dividindo espaço dentro da disciplina com outras abordagens ou escolas
psicológicas. Às vezes esta menção se faz através de autores psicanalistas ou através da
citação de obras ou trabalhos reconhecidamente psicanalíticos. As Disciplinas Estritamente
Psicanalíticas são aquelas totalmente voltadas ao estudo da psicanálise. Pode-se ter uma idéia
da proporção do material obtido pela tabela abaixo:
Instituições
Planos de Ensino
Obtidos
Planos Parcialmente
Psicanalíticos
Planos Estritamente
Psicanalíticos
FACSAI
48
5
2
FPJ
5
2
2
FURB
47
14
3
UFSC
72
12
6
UNC
240
56
20
UNESC
45
11
3
UNIDAVI
58
7
4
UNIPLAC
66
22
0
UNISUL
189
39
18
UNIVALI
108
16
4
UNIVEST
14
2
2
UNOCHAPECÓ
76
27
3
UNOESC
80
32
10
Total
1048
245
77
Média
52
12 (23%)
4 (7%)
41
ANÁLISE DOS PLANOS DE ENSINO
Os Planos de Ensino serão analisados a seguir, na seqüência das grades curriculares, a
partir das suas Instituições de Ensino Superior, estas em ordem alfabética. A análise da
bibliografia psicanalítica está disposta na última parte deste capítulo, para evitar a repetição
excessiva dos comentários e facilitar o seu acesso.
Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Ibirama FACSAI
No Curso de Psicologia da Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Ibirama
(FACSAI), pertencente à Fundação Educacional Hansa Hammonia, verificaram-se sete Planos
de Ensino de disciplinas que fazem menção à psicanálise de maneira parcial, através da
abordagem de um tema, uma obra ou autor reconhecidamente psicanalista, ou estritamente
voltadas à psicanálise.
São estas as disciplinas: Psicologia, Ciência e Profissão; História do Pensamento
Psicológico II; Teorias da Personalidade I; Teorias e Técnicas Psicoterápicas I; Princípios da
Atenção Individual e Coletiva V; Práticas V; e Psicopatologia I.
2.1 Psicologia, Ciência e Profissão (2003/1)
No primeiro semestre o Plano de Ensino da disciplina Psicologia, Ciência e Profissão
menciona a psicanálise como um dos diferentes saberes Psi, além da psicologia, da
psiquiatria e da parapsicologia.
2.2 História do Pensamento Psicológico II (2003/2)
No segundo semestre, na disciplina História do Pensamento Psicológico II, a
Psicanálise é referida como uma teoria e método das diferentes grande escolas de Psicologia,
ou como uma diversidade teórica da psicologia, como o Behaviorismo, a Fenomenologia e a
Psicologia Sócio-Histórica. A professora da disciplina destaque à influência do
Romantismo
45
alemão na psicanálise, o que, segundo Figueiredo (2000), teria muito mais
relação com as idéias originais da Psicanálise do que Freud estaria disposto a admitir.
45
O Romantismo foi um movimento do século XIX em que os autores abandonavam as regras de composição e
estilo dos autores clássicos, pelo individualismo, pelo predomínio da sensibilidade, pelo subjetivismo,
valorizando-se a expressão de sentimentos e estados da alma. Os românticos valorizavam a expressão das
emoções, sonhos, fantasias. A consideração do eu como centro do universo provoca a introversão, o mergulho do
próprio íntimo, derivando numa auto-análise. Descobre-se um mundo interior conflitante, instável, insatisfeito
com a realidade em que se vive, instável e sujeito a contradições, terreno fértil para o desenvolvimento da
42
2.3 Teorias da Personalidade I (2004/1)
No terceiro semestre a disciplina Teorias da Personalidade I tem como objetivo
posicionar o aluno frente às diferentes escolas em personalidade
46
e aprofundar os estudos em
personalidade na Escola Psicanalítica
47
. A Ementa da disciplina posiciona a Psicanálise
enquanto uma Escola de Psicologia
48
.
A primeira unidade aborda como fenômenos psicológicos: signo lingüístico; real,
simbólico e imaginário; e o desejo. A última unidade trabalha especificamente o enfoque
psicanalítico, a partir das subunidades, história: início, linha de pensamento, articulações,
evolução teórica; aparelho psíquico: primeira tópica (inconsciente, pré-consciente, consciente)
e segunda tópica (id, ego, superego); conceitos básicos: inconsciente, representação, sonhos,
identificação, castração, narcisismo, e Édipo (a metáfora paterna como encruzilhada estrutural
da subjetividade); estruturas psíquicas da personalidade: neurose, psicose; e o inconsciente
estruturado como linguagem. Os temas abordados nestas unidades e subunidades de ensino
são lacanianos ou freudianos, construídos com os recursos dos próprios autores ou
emprestados de outras vertentes, como a lingüística ou o estruturalismo.
Os seguintes documentos são recomendados, como bibliografia básica: Edição
standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (1987) de Sigmund
Freud (24 vols.); Freud e o inconsciente (1983) de Alfredo Luiz Garcia-Roza; Os complexos
familiares na formação do indivíduo (1987) de Jacques Lacan; Freud: a trama dos conceitos
(1992) de Renato Mezan; e Freud, o pensador da cultura (1985), também de Renato Mezan.
Como bibliografia complementar são mencionados: Introdução à leitura de Lacan: o
inconsciente estruturado como linguagem (1989) de Joël Dor; Palavra e verdade na filosofia
antiga e na psicanálise (1990) de Alfredo Luiz Garcia-Roza; Acaso e repetição em
psicanálise: uma introdução à teoria das pulsões (1993), também de Alfredo Luiz Garcia-
Roza; Lacan e a filosofia (1987) de Alain Juranville; El descubrimiento del inconsciente
(1987) de Octave Mannoni; Estrutura lacaniana das psicoses (1991) de Charles Melman;
Cinco lições sobre a teoria de Jacques Lacan (1992) de Juan-David Nasio; e Lições sobre os
sete conceitos cruciais da psicanálise (1989), também de Juan-David Nasio. Como
psicanálise. Estas idéias, expostas por artistas como Goethe, Schiller e Fichte que influenciaram Freud, também
foram assimiladas pelo cientificismo alemão da época e repassadas às pretensões de reconhecimento da
psicanálise pela comunidade científica.
46
O PE não esclarece quais seriam as diferentes escolas em personalidade, nas quais estaria incluída a
psicanálise.
47
Escola Psicanalítica é uma referência limitada diante da história da teoria e da prática psicanalíticas que
resultaram em diversas escolas, como a psicologia do ego, o kleinismo, a escola das relações de objeto e o
movimento lacaniano.
48
Este posicionamento não é isento de conflitos e de mútuos interesses (Aguiar, 2002a). A Psicologia oferece
um espaço, como uma de suas escolas, em troca de subsídio teórico e metodológico para sua prática clínica.
43
Publicações on-line: www.appoa.com.br
49
da Associação Psicanalítica de Porto Alegre. Por
fim, está indicado o filme Freud além da alma
50
(1962), dirigido por John Huston, que cobre
o período da vida do pai da psicanálise desde que ele se graduou no curso de medicina na
Universidade de Viena até a formulação da Teoria da sexualidade (1905).
2.4 Teorias e Técnicas Psicoterápicas I (2004/2)
No quinto semestre a disciplina Teoria e Técnicas Psicoterápicas I tem como um dos
objetivos apreender a teoria e a técnica psicanalítica para intervir enquanto futuro profissional.
A primeira unidade
51
aborda o inconsciente freudiano
52
a partir dos seguintes conteúdos: o
mecanismo psíquico do esquecimento; lembranças encobridoras; as sutilezas de um ato falho;
os chistes e sua relação com o inconsciente; um caso de histeria; um caso de neurose
obsessiva; um caso de paranóia; a perda da realidade na neurose e na psicose; uma neurose
infantil; associação de uma criança de quatro anos de idade; análise de uma fobia em um
menino de cinco anos; inibições, sintomas e ansiedade. Sobre a técnica apresentam-se os
seguintes artigos: o manejo da interpretação de sonhos na psicanálise; recomendações aos que
exercem a psicanálise; sobre o início do tratamento; recordar, repetir e elaborar; sobre o amor
transferencial; a questão da análise leiga; e psicanálise selvagem.
Este material foi selecionado para exemplificar, aos alunos, como foi demonstrado o
mecanismo de funcionamento do inconsciente. Estão presentes conceitos introduzidos e
relacionados ao funcionamento da memória, fantasias, amnésias dos primeiros anos,
acrescentados de esclarecimentos sobre a sexualidade, enfatizando o seu aspecto infantil que
se encontra nos jogos de linguagem. Através destes casos Freud procurou validar suas teses e
expor melhor ao público os métodos, técnicas e concepções teóricas do tratamento
49
Este é um canal de divulgação das atividades da Associação Psicanalítica de Porto Alegre, que desde 1989
reúne psicanalistas e interessados na psicanálise freudiana e lacaniana. uma estrutura, composta de uma mesa
diretiva e associados que promovem eventos, seminários, cartéis, grupos, núcleos, reuniões, oficinas, publicações
de livros, uma revista, correio, biblioteca e resenha de materiais psicanalíticos. O ainda site dispõe de notícias
sobre eventos e um canal de contato com o público interessado nos trabalhos da associação e atendimento
clínico, além de outros links de afinidade com a instituição.
50
O roteiro original do filme foi elaborado pelo filósofo existencialista, Jean-Paul Sartre. Coube a Charles
Kaufman e Wolfgang Reinhardt encaixá-lo aos moldes de Hollywood. Uma de suas grandes virtudes foi a de
inter-relacionar a vida pessoal de Freud com as suas descobertas. Longe de ser uma obra-prima, talvez por ser
didático demais, cumpre de forma satisfatória com a sua função de mostrar parte da vida de Freud para o grande
público.
51
Os subitens desta unidade, são nomeados com textos da Edição standard brasileira das obras psicológicas
completas de Sigmund Freud (1987e), que serão relacionados na bibliografia desta disciplina.
52
Este material foi selecionado para exemplificar aos alunos, de como foi demonstrado o mecanismo de
funcionamento do inconsciente. Estão presentes conceitos introduzidos e relacionados ao funcionamento da
memória, fantasias, amnésias dos primeiros anos, acrescentados de esclarecimentos sobre a sexualidade,
enfatizando o seu aspecto infantil que se encontra nos jogos de linguagem. Através destes casos Freud procurou
validar suas teses e expor melhor ao público os métodos, técnicas e concepções teóricas do tratamento
psicanalítico.
44
psicanalítico. Os artigos sobre a técnica foram escritos por Sigmund Freud e baseados em sua
experiência clínica, contêm regras e recomendações sobre a técnica da psicanálise,
aconselhadas aos futuros analistas.
A segunda unidade trata do inconsciente estruturado como linguagem
53
, dividido entre
o Estádio do espelho
54
e o Édipo; e a Etnopsicanálise
55
. Esta unidade emprega enunciados
lacanianos que consideram um sujeito construído pela linguagem e pela percepção de sua
expressão corporal. O mito de Édipo, utilizado por Freud, designa a representação
inconsciente referente aos desejos de amor e ódio que a criança sente em relação aos pais.
Ambos relacionados ao desenvolvimento infantil até a possível instalação de distúrbios
psicopatológicos compreendidos na particularidade de cada cultura.
Os seguintes documentos são recomendados como bibliografia básica: Edição
standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (1987) de Sigmund
Freud (24 vols.); Como trabalha um psicanalista? (1999) de Juan-David Nasio. O professor
sugere como bibliografia: A psicopatologia da vida cotidiana (1987) de Sigmund Freud (Vol.
6), além dos seguintes textos freudianos: O mecanismo psíquico do esquecimento (1898)
Signorelli; Lembranças encobridoras (1899); Um caso de histeria (1905[1901]) caso
Dora; Os chistes e sua relação com o inconsciente (1905) familionário; Romances
familiares (1909[1908]); Análise de uma fobia em um menino de cinco anos (1909) pequeno
Hans; Um caso de neurose obsessiva (1909) homem dos ratos; Um caso de paranóia
(1911) o caso de Schreber. Sobre a técnica (1911-1915[1914]): O manejo da interpretação
de sonhos na psicanálise (1911); Recomendações aos que exercem a psicanálise (1912); Sobre
o inicio do tratamento (1913); Recordar, repetir e elaborar (1914); Sobre o amor transferencial
(1915); A questão da análise leiga (1926); Psicanálise selvagem (1910). Uma neurose infantil
(1918[1914]) homem dos lobos; Associação de uma criança de quatro anos de idade (1920);
A dissolução do complexo de Édipo (1924); A perda da realidade na neurose e na psicose
(1924); Inibições, sintomas e ansiedade (1926[1925]); O problema do charlatanismo (1928)
Dr. Reik; As sutilezas de um ato falho (1935). Além de, Introdução à leitura de Lacan: o
inconsciente estruturado como linguagem (1989) de Joël Dor; Os complexos familiares na
formação do indivíduo (1987) de Jacques Lacan; O seminário livro I: os escritos técnicos de
Freud (1974) de Jacques Lacan; O seminário livro II: o eu na teoria de Freud e na técnica da
53
Jacques Lacan, no Seminário Mais, ainda (1972-1973), declara o inconsciente é estruturado como uma
linguagem. Segundo Roudinesco & Plon (1998), este enunciado considera que o sujeito não aprende a falar,
mas é construído pela linguagem.
54
Expressão lacaniana que designa um momento situado entre seis e dezoito meses de idade, durante a qual a
criança antecipa a sua imagem corporal, através de um processo de identificação no semelhante e na percepção
do espelho.
55
A Etnopsicanálise estuda os distúrbios psicopatológicos na particularidade de cada cultura a maneira delas de
classificar e organizar as doenças psíquicas.
45
psicanálise (1985) de Jacques Lacan; Estrutura lacaniana das psicoses de Charles Melman
(1991); Cinco lições sobre a teoria de Jacques Lacan (1992) de Juan-David Nasio; O
desenlace de uma análise (1990) de Gérard Pommier; Psicanálise e sintoma social II (1998)
de Mário Fleig; Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund
Freud (1987) de Sigmund Freud (24 vols.).
O Plano de Ensino recomenda ainda como bibliografia complementar: O seminário
livro III: as psicoses (1985) de Jacques Lacan; O seminário livro IV: a relação de objeto
(1995) de Jacques Lacan; O seminário livro V: as formações do inconsciente (1999) de
Jacques Lacan; O seminário livro VII: a ética da psicanálise (1995) de Jacques Lacan; O
seminário livro VIII: a transferência (1994) de Jacques Lacan; O seminário livro XI: os
quatro conceitos fundamentais da psicanálise (1979) de Jacques Lacan; O seminário livro
XVII: o avesso da psicanálise (1994) de Jacques Lacan; O seminário livro XX: mais, ainda
(1982) de Jacques Lacan; Psicanálise e sintoma social I (1994) de Mário Fleig; Lacan e a
filosofia (1987) de Alain Juranville; O mito individual do neurótico (1985) de Jacques Lacan;
Escritos (1999) de Jacques Lacan; A querela dos diagnósticos (1985) de Jacques Lacan; e
Lições sobre os sete conceitos cruciais da psicanálise (1989) de Juan-David Nasio. E
finalmente como Publicações on-line: www.appoa.com.br, da Associação Psicanalítica de
Porto Alegre.
2.5 Princípios da Atenção Individual e Coletiva V (2005/1)
Ainda no quinto semestre o Plano de Ensino da disciplina Princípios da Atenção
Individual e Coletiva V faz menção à obra O processo grupal (1986) de Enrique Pichon-
Rivière
56
.
2.6 Práticas V (2004/2)
Neste semestre o Plano de Ensino da disciplina Práticas V também faz menção à obra
O processo grupal (1986) de Enrique Pichon-Rivière e Teoria do vínculo (1986), do mesmo
autor.
56
Embora seja considerado por Roudinesco & Plon (1998) como o pai fundador do freudismo argentino e, ao
lado de Marie Langer, a figura mais eminente da escola psicanalítica latino-americana, Pichon-Rivière, por ser
muito independente, recusou fechar-se num dogma. Com espírito socialista e adepto da psiquiatria dinâmica,
desenvolveu diversas formas de práticas de grupo, até a criação em 1947 do grupo operativo.
46
2.7 Psicopatologia I (2005/1)
Por último, na sexta fase, a disciplina de Psicopatologia I indica a leitura de Juan Carlo
Kusnetzoff, Introdução à psicopatologia psicanalítica (1982).
2.8 Síntese da FACSAI
Um dos objetivos da FACSAI foi posicionar o aluno frente às diferentes escolas em
personalidade, mas a psicanálise foi apresentada como um dos diferentes saberes Psi,
referida como uma teoria e método das diferentes grande escolas de psicologia, ou como uma
diversidade teórica da psicologia, como o behaviorismo, a fenomenologia e a psicologia
sócio-histórica.
Os professores preocuparam-se em informar aos alunos sobre os fatores que
constituíram a precondição para o surgimento da psicanálise, tais como os primeiros conceitos
de Freud que se tornaram pilares da teoria psicanalítica, no contexto de suas obras. A maioria
dos documentos recomendados tem como referência central a Edição standard brasileira das
obras psicológicas completas de Sigmund Freud (1987).
Os temas abordados nas unidades de ensino são lacanianos ou freudianos, construídos
com os recursos dos próprios autores. Neste aspecto apresentaram-se as principais teses destes
autores acompanhada de uma bibliografia que elucida seus escritos, servindo como guia para
a leitura dos originais. Propõem-se também interrogar sobre as aplicações destes temas nos
elementos do cotidiano, como a problemática da cultura, respondendo sobre a crescente
demanda da presença da psicanálise no social. Questiona-se se a abstração cultural da família
e do indivíduo seria inteiramente acessível aos métodos da psicologia concreta, observação e
análise.
Os Planos de Ensino objetivaram ainda fazer o aluno apreender a teoria e a técnica
psicanalítica para intervir enquanto futuro profissional. Expõem-se aos alunos os métodos,
técnicas e concepções teóricas do tratamento psicanalítico, como regras e recomendações
sobre a técnica da psicanálise, aconselhadas por Freud aos futuros analistas.
Percebe-se o interesse dos professores em estimular a leitura psicanalítica. Conforme
declaração de um dos professores, as biografias são fiéis, escritas por autores confiáveis e de
fácil entendimento, sem distorcer os eventos históricos. O empreendimento pedagógico
acentua o aspecto didático dos textos, como uma espécie de alfabetização em psicanálise.
47
Faculdade de Psicologia de Joinville ACE
A Faculdade de Psicologia de Joinville, mantida pela Associação Catarinense de
Ensino, preferiu enviar para pesquisa, somente os Planos de Ensino que teriam relação direta
com a Psicanálise em seu Curso de Psicologia, ou seja, disciplinas estritamente psicanalíticas:
Psicologia de Desenvolvimento II no terceiro ano; Psicologia da Personalidade III do quarto
ano; Teorias e Técnicas Psicoterápicas I, e Teorias e Técnicas Psicoterápicas II, do quinto e
último ano do curso.
2.9 Psicologia de Desenvolvimento II (2002)
O Programa de Ensino da disciplina Psicologia de Desenvolvimento II propõe em sua
ementa o estudo das contribuições de René Spitz: a constituição do objetivo libidinal;
estágios; origem da percepção; papel das relações mãe-filho; papel e evolução das pulsões
instintuais; patologia das relações objetivas; desvios e distúrbios das relações e distúrbios
psicotóxicos. Contribuição teórica de Anna Freud: etapas da evolução psicossexual;
características da sexualidade infantil; conceito de defesas egóicas; mecanismos de defesas; a
visão psicanalítica da infância; avaliação de normalidades na infância. Introdução da teoria de
Donald Winnicott: a importância do relacionamento mãe-bebê; o primeiro ano de vida do
bebê; a criança de cinco anos; objetivos transicionais e fenômenos transicionais; falso self; e
indivíduo saudável. Contribuição de Melaine Klein: posições esquizo-paranóide e depressiva;
defesas maníacas; reparação; fantasias inconscientes; conceito e transferência.
A primeira parte da disciplina procura definir os conceitos e descrever as
características do bebê conforme os autores René Spitz, Anna Freud e Donald Winnicott;
classificar as fases do desenvolvimento do indivíduo; discutir a opinião dos autores sobre o
indivíduo saudável; e diferenciar os fundamentos, conceitos, análise e técnica dos autores do
desenvolvimento já citados.
A primeira unidade aborda a teoria de René Spitz
57
: o estágio pré-objetal; o estágio do
objeto precursor; a plasticidade do psiquismo infantil; os estágios do objeto propriamente
dito; relação mãe-filho; o terceiro organizador; patologias ocorridas com a criança. A segunda
unidade verifica a contribuição de Anna Freud: etapas da evolução psicossexual;
características da sexualidade infantil; fases oral, anal e fálica; a visão psicanalítica da
infância; o advento da análise infantil; a observação direta da criança; os derivados do
inconsciente; o ego e seu mecanismo de defesa do ego. A terceira unidade estuda as teorias e
57
René A. Spitz, psicanalista americano, inspirou-se nos trabalhos de Anna Freud e estudou as situações de
abandono infantil, o desmame, a formação do eu e a depressão, em oposição teórica a Melanie Klein.
48
conceitos de Donald Winnicott
58
: concepções modernas do desenvolvimento emocional; a
importância do primeiro ano de vida e seu desenvolvimento emocional até os cinco anos; o
relacionamento inicial entre uma mãe e seu bebê; fatores de integração e desintegração na
vida familiar; objetos transicionais e fenômenos transicionais; O conceito de falso self.
Até esta etapa o PE recomenda como bibliografia, O primeiro ano de vida (1979) de
René Spitz; Infância normal e patológica: determinantes do desenvolvimento (1972) de Anna
Freud; e A família e o desenvolvimento individual (1993) de Donald Winnicott. Como
biblioteca complementar, são citados: Introdução à psicopatologia psicanalítica (1982) de
Juan Carlo Kusnetzoft; Clínica psicanalítica de crianças e adolescentes: desenvolvimento,
psicopatologia e tratamento (1998) de José Outeiral; Mães da psicanálise: Helene Deutsch
Karen Horney Anna Freud Melaine Klein (1992) de Janet Sayes; A criança e seu mundo
(1968) de Donald Winnicott; Conversando com os pais (1993) de Donald Winnicott; O
brincar e a realidade (1975) de Donald Winnicott; e Tudo começa em casa (1996) de Donald
Winnicott.
A segunda parte da disciplina se propõe a classificar as posições do bebê para Melaine
Klein. Conhecer os conceitos básicos propostos pela autora, sua teorização e técnica com as
crianças pequenas. Compreender sua vida e obra, analisando os escritos propostos, à escolha
do próprio aluno. A quarta e última unidade vai abordar a contribuição de Melaine Klein:
posições esquizo-paranóide; posição depressiva; defesas maníacas; reparação; e fantasias
inconscientes. A bibliografia recomenda mais três obras: Inveja e gratidão e outros trabalhos
(1946-1963) (1985) de Melaine Klein; Amor, ódio e reparação: as emoções básicas do
homem do ponto de vista psicanalítico (1975) de Melaine Klein & Joan Riviere; e Introdução
à obra de Melaine Klein (1983) de Hanna Segal.
2.10 Psicologia da Personalidade III (2002)
A disciplina Psicologia da Personalidade III tem como objetivo aprofundar o
entendimento da psicanálise freudiana e lacaniana e situar a linhagem divergente da
psicologia analítica de Jung, tratando-se assim de viabilizar recursos teóricos para o afazer
clínico-psicológico. A sua ementa aborda o inconsciente e a linguagem; a função da micro-
língua e as formações do inconsciente; a ética analítica e o conceito de diferença na direção da
análise; afirmação, negação e os processos psicopatológicos: neurose, perversão e psicose; a
58
Donald Winnicott, médico inglês, fundador da psicanálise de crianças em seu país de origem. Interessou-se
pela influência da mãe em relação à criança, mas manteve uma postura teórica independente de Anna Freud e
Melanie Klein.
49
pulsão enquanto um dos conceitos fundamentais da psicanálise; a psicologia analítica de Jung:
diferenças e acordos em relação à psicanálise freudiana.
A primeira unidade trata das linhas mestras do pensamento psicanalítico e tem como
objetivos específicos: estabelecer o nexo de inconsciente e linguagem a partir da noção
lacaniana de lalangue (micro-língua), investigando seu funcionamento efetivo nos sonhos,
lapsos e outras formações do inconsciente; considerar a ética da análise como uma ética da
diferença, e a maneira pela qual constitui e orienta a técnica psicanalítica; situar, a partir da
noção de denegação, a separação da função intelectual e do processo afetivo, indicando as
vias de negação pelas quais se instauram os processos psicopatológicos denominados de
neurose, perversão e psicose; possibilitar uma visão apropriada da noção de pulsão e sua
implicação ética, evidenciando a razão pela qual constitui um fundamento tanto da teoria
como da clínica psicanalíticas.
O conteúdo programático menciona o inconsciente e o dizer; a noção de estrutura e de
processo; a psicopatologia da vida cotidiana e a análise dos sonhos; a ética da psicanálise; o
procedimento denegatório e suas origens: a divisão do sujeito, as estruturas e os processos
psicopatológicos; a pulsão enquanto atividade e enquanto dizer; a pulsão e seus destinos; a
sublimação como destino originário. A segunda unidade estuda a psicologia analítica de Jung
e tem como um dos objetivos estabelecer convergências e divergências entre as teorias
psicanalíticas de Freud e de Jung, considerando seus desenvolvimentos mais atuais. Dois itens
do conteúdo programático têm relação com a psicanálise: a noção de inconsciente em Freud e
Jung; e o conceito de libido e o sentido do processo analítico em Freud e Jung.
A bibliografia básica desta disciplina recomenda: A interpretação dos sonhos (1987)
de Sigmund Freud (Vol. 4 e 5); A psicopatologia da vida cotidiana (1987) de Sigmund Freud
(Vol. 6); O inconsciente (1974) de Sigmund Freud (Vol. 14); As pulsões e seus destinos
(1915), publicado como Os instintos e suas vicissitudes (1974) de Sigmund Freud (Vol. 14);
A negação (1921), publicada como A negativa (1976) de Sigmund Freud (Vol. 19); O
seminário livro I: os escritos técnicos de Freud (1974) de Jacques Lacan; O seminário livro
II: o eu na teoria de Freud e na técnica da psicanálise (1985) de Jacques Lacan; O seminário
livro XI: os quatro conceitos fundamentais da psicanálise (1979) de Jacques Lacan; O
seminário livro XX: mais, ainda (1982) de Jacques Lacan; Escritos (1999) de Jacques Lacan;
Estética da psicanálise: seminário de 1989 (1992) de Machado Dias Magno.
Como bibliografia complementar verificou-se: O anti-édipo: capitalismo e
esquizofrenia (1976) de Gilles Deleuze e Félix Guattari; Mil platôs: capitalismo e
esquizofrenia (1998) de Gilles Deleuze e Félix Guattari (v. 1-5); Caosmose: um novo
paradigma estético (1992) de Félix Guattari; O sexo dos anjos: a sexualidade humana em
50
psicanálise (1988) de Machado Dias Magno; A natureza do vínculo (1994), também de
Machado Dias Magno.
2.11 Teorias e Técnicas Psicoterápicas I (2002)
Teorias e Técnicas Psicoterápicas I, em seu conteúdo de técnicas e posturas
psicoterápicas, aborda termos psicanalíticos fundamentais, como transferência, contra-
transferência e resistência. O professor da disciplina recomenda apenas uma bibliografia
básica de conteúdo psicanalítico: Psicoterapia breve de orientação analítica (1997) de
Eduardo Alberto Braier.
2.12 Teorias e Técnicas Psicoterápicas II (2002)
Teorias e Técnicas Psicoterápicas II dá seqüência à disciplina anterior, desta vez
aplicada à infância. A primeira unidade aborda a ludoterapia na clínica psicanalítica. Nesta
unidade a professora recomenda como bibliografia básica o livro Psicanálise e psicoterapia
de crianças (1988), organizado por Jules Glenn e A criança na clínica psicanalítica (2004) de
Angela Maria Resende Vorcaro. Como bibliografia complementar, o PE recomenda Técnica
da psicanálise infantil (1982) de Joseph Sandler, e os Tomos I e II dos Anais do Congresso
Internacional de Psicanálise e suas Conexões Trata-se uma criança? (1999), organizado, pela
Escola Lacaniana de Psicanálise do Rio de Janeiro. Entre os objetivos específicos desta
unidade, está a definição de conceitos; a abordagem das fases do desenvolvimento, conforme
os autores da bibliografia; e o de apresentar e trabalhar os aspectos práticos com a teoria.
A segunda unidade desta disciplina aborda: a ludoterapia, como técnica em
psicanálise, desde o nascimento da Psicanálise de Crianças
59
; o significado do silêncio; a
interpretação; as duas correntes em psicanálise de crianças
60
; a entrevista com os pais; o
consultório; o material de jogo; os conflitos na elaboração do luto; e algumas interpretações e
leituras de desenhos infantis.
Nesta unidade são apresentados casos clínicos para estudo e como bibliografia básica
recomendam-se os livros: Abordagem à psicanálise de crianças (1982), Psicanálise da
59
De acordo com Aberastury (1992) uma das primeiras tentativas de psicanalisar crianças foi a de Hug-
Hellmuth, que observou e participou do jogo de seus pacientes dentro de seu próprio ambiente, para superar a
impossibilidade de conseguir deles associações verbais, instrumento fundamental da análise de adultos. Sophie
Morgenstern, na França, e Anna Freud e Melanie Klein, em Viena, publicaram os primeiros livros sobre este
tema.
60
Surgiram duas escolas em psicanálise de crianças, representadas por Anna Freud e Melanie Klein, que
apresentaram desde o início posturas diferentes, principalmente na forma de abordar a transferência, a partir dos
conceitos teóricos sobre a formação do ego e do superego, o complexo de Édipo e a relação de objeto.
51
criança: teoria e prática (1982), ambos de Arminda Aberastury, e Criança na psicanálise:
clínica, instituição, laço social (1999) de Angela Maria Resende Vorcaro e A criança na
clínica psicanalítica (2004), também de Angela Maria Resende Vorcaro. Como bibliografia
complementar, ocorrem: O silêncio em psicanálise (1989), organizado por Juan-David Nasio;
O pequeno Hans, publicado como, Análise de uma fobia em um menino de cinco anos (n.d.)
de Sigmund Freud (Vol. 10); Psicanálise e(m) prática (1995) de Noé Marchevsky;
Psicanálise e psicoterapia de crianças (1996), organizado por Jules Glenn; e novamente os
Tomos I e II dos Anais do Congresso Internacional de Psicanálise Trata-se uma criança?
(1999), organizados pela Escola Lacaniana de Psicanálise do Rio de Janeiro.
A terceira unidade tem como objetivos específicos estudar: a técnica e a análise
infantil a partir dos seus fundamentos psicológicos, na criança pequena, no período de latência
e na puberdade; os primeiros estádios do conflito edípico e a formação do superego; as
relações entre a neurose obsessiva e os primeiros estádios do superego; o significado das
primeiras situações de angústia sobre o desenvolvimento sexual do menino. Nesta unidade
recomenda-se como bibliografia básica: A criança na clínica psicanalítica (2004) de Angela
Maria Resende Vorcaro; Psicanálise da criança (1969) de Melanie Klein; Psicanálise de
crianças (1989), organizado por Alduísio Moreira de Souza; e, já citados anteriormente,
Técnica da psicanálise infantil de Joseph Sandler (1982); os Tomos I e II dos anais do
Congresso Internacional de Psicanálise Trata-se uma criança? (1999), organizados pela
Escola Lacaniana de Psicanálise do Rio de Janeiro. Como bibliografia complementar: O ego e
os mecanismos de defesa (1986) de Anna Freud; Psicanálise e psicoterapia de crianças,
organizado por Jules Glenn (1996); Abordagem à psicanálise de crianças (1982) de Arminda
Aberastury; Comunicação entre os dois sistemas (1974) de Sigmund Freud (Vol. 14); e O ego
e o id (1976), também de Sigmund Freud (Vol. 19).
2.13 Síntese da FPJ
O Curso deu ênfase ao entendimento da psicanálise freudiana e lacaniana e situou
outras linhagens divergentes, como a psicologia analítica de Jung, tratando-se assim de
viabilizar recursos teóricos para o afazer clínico-psicológico. Considerou-se a ética da análise
como uma ética da diferença, e a maneira pela qual constitui e orienta a técnica psicanalítica.
Estudaram-se os processos psicopatológicos denominados de neurose, perversão, psicose e
suas razões pelas quais constituem um fundamento tanto da teoria como da clínica
psicanalíticas. Os conteúdos programáticos mencionam o inconsciente e o dizer, a noção de
52
estrutura e de processo psicopatológicos, a pulsão enquanto atividade e enquanto dizer, e a
sublimação como destino originário.
A bibliografia é composta basicamente de obras de Sigmund Freud, seguidas também
de seminários e escritos de Jacques Lacan, indispensáveis para o conhecimento da proposta de
leitura por ele empreendida da obra de Freud. São abordadas questões vinculadas à teoria da
técnica, como transferência, interpretações, análise de sonhos, o problema da abstinência, o
papel dos pais, as indicações e contra-indicações da psicanálise. A leitura dos livros da
biblioteca complementar, além de proporcionar uma alfabetização em psicopatologia
psicanalítica, pode se prestar para a consulta de alguns conceitos não muito divulgados na
bibliografia clássica.
As psicoterapias de orientação analítica, particularmente as chamadas breves,
aumentaram sua demanda por assistência psicológica. Nas obras recomendadas os autores
procuraram estruturar uma modalidade técnica deste tipo de terapia, que reconhece a
psicanálise como fonte, mas se diferencia de seu método. Algumas obras puseram em questão
os fundamentos teóricos da psicanálise.
Foram dispostos as contribuições de vários autores envolvidos em temas ligados à
psicologia do desenvolvimento, psicopatologia e tratamento. Privilegiou-se o estudo dos
aportes de René Spitz, Anna Freud, Donald Winnicott e Melaine Klein. Entre os objetivos
está a definição de conceitos, a abordagem das fases do desenvolvimento, conforme os
autores da bibliografia e o de apresentar e trabalhar os aspectos práticos com a teoria.
Reuniram-se sob seus títulos alguns especialistas em infância, oferecendo conhecimentos
teóricos em relação à psicanálise e à criança, acompanhados de exemplos clínicos.
Apresentam-se estudos da condição da criança no tratamento psicanalítico, uma série de
debates sobre a técnica psicanalítica com enfoque nos pontos mais significativos do contato
com a criança, sobre a técnica da analise infantil, situações de angústia e seu efeito sobre o
desenvolvimento da criança. Aborda-se a ludoterapia, como técnica em psicanálise, desde o
nascimento da Psicanálise de Crianças, as correntes nesta área, o material de jogo, algumas
interpretações e leituras de desenhos infantis.
Universidade Regional de Blumenau FURB
A FURB dispôs de 17 Planos de Ensino com conteúdos de psicanálise das seguintes
disciplinas: Psicologia do Desenvolvimento I; Psicologia do Desenvolvimento II; Psicologia
Social I; Psicologia da Personalidade I; Psicologia Social II; Psicologia da Educação Especial;
Psicossomática; Orientação Vocacional e Profissional; Psicopatologia II; Teorias e Técnicas
53
Psicoterápicas Existencial/Humanista; Psicologia Forense; Psicologia Hospitalar e
Ambulatorial; Psiquiatria Clínica; e Estágio Supervisionado Clínica II.
2.14 Psicologia do Desenvolvimento I (2003/1)
A psicanálise aparece na FURB na terceira fase com a disciplina Psicologia do
Desenvolvimento I como um dos modelos de desenvolvimento. A professora da disciplina
recomenda alguns documentos básicos: Psicanálise e desenvolvimento infantil: um enfoque
transdisciplinar (1999) de Alfredo Jerusalinsky e colaboradores (1999); O sorriso da
Gioconda (1999) de Catherine Mathelin; O primeiro ano de vida (1979) de René Spitz; e Os
bebês e suas mães (1994) de Donald Winnicott. Também são recomendados os documentos
complementares: Infância normal e patológica: determinantes do desenvolvimento (1972) de
Anna Freud; O nascimento psicológico da criança: simbiose e individuação (1993) de
Margaret Mahler; e O brincar e o significante: um estudo psicanalítico sobre a constituição
precoce (1990) de Ricardo Rodulfo.
O Plano de Ensino considera a contribuição da psicanálise à Psicologia do
Desenvolvimento e de sua articulação com outras especialidades clínicas, como pediatras e
educadores, o que representa um incentivo ao trabalho com equipes multiprofissional e o
estabelecimento de uma prática que não se limite à clínica. A disciplina incentiva o
entendimento normativo da constituição precoce do psiquismo, a partir dos determinantes do
desenvolvimento, na estruturação psíquica do indivíduo, para capacitar ao aluno avaliar a
infância, desde os pré-estádios, até que possa analisar os estágios, desde os primeiros sinais da
personalidade. Com esta compreensão seria possível deduzir as possibilidades patológicas e
as técnicas de intervenção terapêutica, como a importância do jogo e o envolvimento dos pais,
no fenômeno do desenvolvimento.
2.15 Psicologia do Desenvolvimento II (2003/1)
Na quarta fase, a disciplina Psicologia do Desenvolvimento II seqüência à
psicanálise como um dos modelos de desenvolvimento dentro de uma concepção estrutural. A
criança de sete a doze anos é compreendida a partir da teoria psicanalítica freudiana em sua
fase de latência. O professor recomendou como documento básico: Psicanálise e
desenvolvimento infantil: um enfoque transdisciplinar (1999) de Alfredo Jerusalinsky e
colaboradores. Como documento complementar encontra-se De Piaget a Freud para
54
repensar as aprendizagens: a (psico) pedagogia entre o conhecimento e o saber (1992) de
Leandro de Lajonquière.
A bibliografia revela interesse com trabalho de equipe multidisciplinar, com
experiência no tratamento de problemas infantis em centros hospitalares e educacionais.
Exploram-se as possibilidades de intervenção enquanto conhecimento intelectual e desejo
inconsciente, para repensar as abordagens tradicionais destes problemas. O psicanalista
americano Erik Erikson também é citado como representante de uma concepção evolutiva,
segundo seu modelo psicossocial, influenciado pelas teorias do movimento culturalista. A
cada estágio de sua evolução o sujeito poderia fazer uma escolha baseada na confiança ou na
desconfiança. Suas produções aproximam-se da Ego Psychology e se distinguem do
freudismo clássico, pois minimizam o peso do psiquismo inconsciente.
2.16 Teorias e Sistemas em Psicologia Psicanálise I (2004/1)
A disciplina, Teorias e Sistemas em Psicologia Psicanálise I, traz em sua ementa os
primórdios da psicanálise; Freud e a descoberta do inconsciente; o método psicanalítico; a
história do movimento psicanalítico; a estrutura mental segundo Freud; e as principais
abordagens da psicanálise: kleiniana, egopsicologia, e lacaniana. O conteúdo programático é
desenvolvido a partir de três unidades. Primórdios da psicanálise: período da hipnose (1885-
1892); contribuições de Charcot; período de defesa e sedução (1893-1896); período de
elaboração do modelo analítico (1896-1900). A estrutura mental segundo Freud: construções
da primeira tópica (delimitação do conceito de inconsciente e método); construção da segunda
tópica freudiana (o inconsciente e suas instâncias de funcionamento / o inconsciente e o
método da associação livre). A história do movimento psicanalítico e o desenvolvimento de
novas leituras de Freud: o desenvolvimento do método analítico; os dissidentes de Freud; as
contribuições kleinianas, lacanianas e ego-psicologia; os antecedentes históricos e
metodológicos da produção científica em relação ao sofrimento mental anteriores à descoberta
freudiana; o corte epistemológico que Freud aponta na descoberta do inconsciente; articular o
método analítico nos vários momentos da história do movimento psicanalítico, assim como a
compreensão do mesmo nas outras abordagens psicanalíticas; a constituição da estrutura
psíquica segundo Freud.
Os seguintes documentos básicos são recomendados: A interpretação dos sonhos
(1987) de Sigmund Freud (Vol. 4 e 5); A psicopatologia da vida cotidiana (1987) de Sigmund
Freud (Vol. 6); Cinco lições de psicanálise (1970) de Sigmund Freud (Vol. 11); A história do
movimento psicanalítico (1974) de Sigmund Freud (Vol. 14); O futuro de uma ilusão (1974)
55
de Sigmund Freud (Vol. 21); O mal-estar na civilização (1974) de Sigmund Freud (Vol. 21);
Esboço de psicanálise (1975) de Sigmund Freud (Vol. 23); A correspondência completa de
Sigmund Freud para Wilhelm Fliess (1887-1904) (1986) de Jeffrey Monssaieff Masson et al.;
Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (1987) de
Sigmund Freud (24 vols.); Dicionário enciclopédico de psicanálise: o legado de Freud e
Lacan (1996) de Pierre Kaufmann. É também indicada a leitura Complementar de Luiz
Alfredo Garcia-Roza, Freud e o inconsciente (1983). E como Eletrônico, www.appoa.com.br,
em função dos livros, textos, seminários, congressos e resenhas, dispostos neste site.
2.17 Psicologia Social I (2003/1)
Ainda nesta fase, o Plano de Ensino da disciplina Psicologia Social I traz, como
subunidade, as contribuições da psicanálise à psicologia social. Nesta perspectiva são
recomendados: o livro Micropolítica: cartografias do desejo (1987) de Felix Guattari e Suely
Rolnik, e o artigo Ética e cultura (1995) de Renato Mezan, publicado na Revista Extensão.
2.18 Psicologia Social II (2003/1)
Para o semestre seguinte o professor propõe, na disciplina Psicologia Social II, o
estudo do grupo no pensamento de Enrique Pichon-Rivière.
2.19 Teorias e Sistemas em Psicologia Psicanálise II (2004/1)
Na quinta fase a disciplina Teorias e Sistemas em Psicologia Psicanálise II tem como
ementa, a estrutura do sintoma; a estrutura da transferência; a escuta analítica; o conceito de
entrada em análise; e o conceito de fim de análise. Estes temas são explorados a partir de
cinco unidades de ensino.
Na primeira unidade o inconsciente e suas manifestações: a constituição do sujeito; o
sintoma como efeito da constituição do sujeito; e a relação entre inconsciente e sintoma. Na
segunda unidade o sintoma: conceituação na primeira e segunda tópica freudiana; sintoma
estrutural e sintoma clínico; sintoma e entrada em análise. Na terceira unidade a estrutura da
transferência: conceitualização de transferência, lugar do analista e atualização do
inconsciente; transferência na cultura e transferência em análise; transferência e repetição;
transferência e entrada em análise; contra-transferência e os ideais terapêuticos. Na quarta
unidade a direção da cura e suas implicações na clínica psicanalítica: o conceito de início e
fim de análise; Na quinta e última unidade a psicanálise em intensão e extensão: o
56
conhecimento de conceitos teóricos da psicanálise e as orientações práticas para o manejo
com os mesmos; os critérios de início e fim de análise; a especificidade da psicanálise em
intensão e extensão.
Os documentos recomendados são: Edição standard brasileira das obras psicológicas
completas de Sigmund Freud (1987) de Sigmund Freud (24 vols.); Dicionário enciclopédico
de psicanálise: o legado de Freud e Lacan (1996) de Pierre Kaufmann; Os complexos
familiares na formação do indivíduo (1987) de Jacques Lacan; O seminário (24 vols.) de
Jacques Lacan; Por que a psicanálise? (2000) de Elizabeth Roudinesco; Três ensaios sobre a
teoria da sexualidade (1989) de Sigmund Freud (Vol. 7); e a Revista eletrônica, Correio da
Appoa
61
, da Associação Psicanalítica de Porto Alegre.
2.20 Psicologia da Personalidade I (2003/1)
O Plano de Ensino da disciplina Psicologia da Personalidade I, nesta fase, faz menção
à teoria da personalidade psicanalítica a partir de Freud e Jung. Carl Gustav Jung foi fundador
de uma escola de psicoterapia, apesar de ter sido amigo e discípulo de Freud entre 1907 e
1913. Jung persistiu em descrever suas teorias como psicanálise.
No artigo A história do movimento psicanalítico Sigmund Freud (1974) estabelece
claramente os postulados e hipóteses fundamentais da psicanálise, a fim de demonstrar que as
teorias de Jung eram incompatíveis com ela. Embora a opinião pública ter insistido em
considerar psicanalítica a teoria da personalidade junguiana, a opinião de Freud prevaleceu.
Após o episódio Jung adotou a designação de Psicologia Individual para as suas teorias.
2.21 Psicologia da Educação Especial (2003/1)
Na sexta fase, a professora da disciplina Psicologia da Educação Especial recomenda
como documento básico o livro: Os atrasados não existem: psicanálise de crianças com
fracasso escolar (1996) de Anny Cordié. também os documentos complementares:
Educação para o futuro: psicanálise e educação (2001) de Maria Cristina Machado Kupfer;
Freud e a educação: o mestre impossível (1995), também de Maria Cristina Machado Kupfer;
A psicanálise escuta a educação (1998) de Eliane Marta Texeira Lopes; Freud antipedagogo
(1992) de Catherine Millot; Psicanálise e educação: novos operadores de leitura (1999) de
Leny Magalhães Mrech; e a revista eletrônica Psicanálise e Educação: Uma Transmissão
Possível (Ano IX N º. 16 julho de 1999) da APPOA.
61
Acessível através do site www.appoa.com.br.
57
2.22 Psicossomática (2003/1)
Ainda nesta fase a professora da disciplina Psicossomática recomenda a título de
bibliografia básica: A psicossomática na clínica lacaniana (1992) de Jean Guir; Psicossoma
II: psicossomática psicanalítica (1998), de Rubens Marcelo Volich, Flávio Carvalho Ferraz e
Maria Auxiliadora de A. C. Arantes (Orgs.) et al.; e Psicossomática e psicanálise (1998) de
Roger Wartel. Como bibliografia complementar: Un lugar para el encuentro entre medicina y
psicoanálisis (1995) de Luis Chiozza; O futuro da psicanálise e outros ensaios correlatos
(1996) de Luiz Carlos Osório; e Repressão e subversão em psicossomática: pesquisas
psicanalíticas sobre o corpo (1997) de Christophe Dejours.
2.23 Orientação Vocacional e Profissional (2003/2)
Na sétima fase, o Plano de Ensino da disciplina Orientação Vocacional e Profissional
tem como um dos objetivos gerais estudar as diversas abordagens em orientação profissional.
A professora da disciplina chama a psicanálise de escola psicológica, ao lado da Gestalt,
Psicodrama, Sistêmica e Existencial. Ainda em relação à psicanálise, a professora recomenda
o texto O processo clínico de orientação profissional (1998) de Maria Luiza Camargo Torres,
publicado na Revista da ABOP
62
.
2.24 Psicopatologia (2003/1)
Também nesta fase, o Plano de Ensino da disciplina Psicopatologia considera a
psicanálise como uma das diferentes escolas e responsável por um dos principais modelos
teóricos do funcionamento psíquico humano. O professor recomenda como documento básico
apenas Curso básico de psicanálise (1989) de Alberto Tallaferro, considerado um clássico da
bibliografia psicanalítica latino-americana.
2.25 Teorias e Técnicas Psicoterápicas Existencial/Humanista (2003/1)
Ainda nesta fase o Plano de Ensino da disciplina Teorias e Técnicas Psicoterápicas
Existencial/Humanista recomenda como documentos complementares, entre outros, a obra A
teoria como ficção (1982) de Maud Mannoni e A metáfora freudiana: uma mudança
paradigmática na psicanálise (1992) de Donald P. Spence.
62
Associação Brasileira de Orientação profissional.
58
2.26 Teorias e Técnicas Psicoterápicas Psicanálise (2004/1)
Na oitava fase a disciplina Teorias e Técnicas Psicoterápicas Psicanálise parte, em
sua ementa, dos conceitos teóricos centrais da terapia psicanalítica e o manejo da técnica
psicanalítica. A disciplina apresenta quatro temas centrais em psicanálise: o inconsciente; o
método e a técnica da psicanálise; o sintoma; a resistência e a sugestão.
Na primeira unidade o inconsciente se divide nas seguintes subunidades: o
inconsciente e suas relações com o método e técnica da psicanálise; o inconsciente e suas
relações com a prática da psicanálise; o sujeito do inconsciente; o método da sugestão
hipnótica; a técnica da psicanálise se sustentando na descoberta do inconsciente; as relações
entre a teoria, o método e a técnica da psicanálise; as implicações do conceito de inconsciente
na teoria e na técnica da psicanálise. A segunda unidade aborda as recomendações sobre o
método e a técnica da psicanálise: sobre a função das entrevistas preliminares; a interpretação;
a transferência e seu manejo ético; os aspectos da transferência (sugestão, repetição e
resistência); a função diagnóstica; a escuta do inconsciente; a construção e a interpretação no
processo de análise; a reflexão sobre a técnica e o método da psicanálise; a prática da
psicanálise; a transferência como rapport da relação analista-analisando e suas relações com a
ética; a noção de escuta do inconsciente; as implicações éticas diante do sofrimento psíquico;
as noções referentes ao manejo da técnica e das intervenções na prática da psicanálise. A
terceira unidade estuda o sintoma, subdividido em: o sintoma e suas relações com o
inconsciente; o sintoma e suas relações com as representações fantasmáticas; o sintoma como
satisfação substitutiva do desejo inconsciente; a noção conceitual de sintoma e suas relações
com o inconsciente; a diferença entre sintoma clínico e sintoma de estrutura. A última unidade
apresenta a resistência e a sugestão: a resistência como obstáculo no tratamento; a resistência
do analista na direção da cura; a formação do analista; e a indissociabilidade dos princípios
técnicos com os princípios éticos.
Documentos básicos recomendados para esta disciplina: Para ler o seminário XI de
Lacan: os quatro conceitos fundamentais da psicanálise (1998) de Richard Feldstein, Bruce
Fink et al.; Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud
(1987) de Sigmund Freud (24 vols.); O seminário livro II: o eu na teoria de Freud e na
técnica da psicanálise (1985) de Jacques Lacan; Vocabulário da psicanálise (1982) de Jean
Laplanche & Jean-Bertrand Pontalis; Percurso de Lacan: uma introdução (1988) de Jacques-
Alain Miller. Documentos complementares: Dicionário de psicanálise Larousse (1995) de
Roland Chemama; Novos estudos sobre o inconsciente (1994) de Charles Melman;
Vocabulário contemporâneo de psicanálise (2001) de David Zimerman.
59
2.27 Psicologia Forense (2003/1)
Ainda na oitava fase a professora da disciplina Psicologia Forense recomenda em seu
Plano de Ensino, como documento complementar, Os efeitos da modernidade: a violência e
as figurações da lei na cultura (1999) de Mário Fleig.
2.28 Psicologia Hospitalar e Ambulatorial (2003/1)
O Plano de Ensino da disciplina Psicologia Hospitalar e Ambulatorial tem como
referência psicanalítica apenas a obra de Marisa Decat de Moura, Psicanálise e hospital: a
criança e sua dor (2000).
2.29 Psiquiatria Clínica (2003/1)
Nesta fase, o Plano de Ensino de Psiquiatria Clínica recomendou apenas, como
documento básico, a obra de Alberto Tallaferro, Curso básico de psicanálise (1989).
2.30 Estágio Supervisionado em Clínica II (2003/1)
Na décima e última fase, no Plano de Ensino do Estágio Supervisionado em Clínica II
encontrou-se uma ampla bibliografia básica na área da psicanálise: Educa-se uma criança?
(1994) de Contardo Calligaris et al.; Dialogando sobre crianças e adolescentes (1989) de
Françoise Dolto; O estádio do espelho como formador da função do eu (1999) de Jacques
Lacan; Perversão: versão paterna (1992) de Shirley Rialto; O brincar e o significante: um
estudo psicanalítico sobre a constituição precoce (1990) de Ricardo Rodulfo; A organização
genital infantil: uma interpolação na teoria da sexualidade (1976) de Sigmund Freud (Vol.
19); A dissolução do complexo de Édipo (1976) de Sigmund Freud (Vol. 19); Algumas
conseqüências psíquicas da distinção anatômica entre os sexos (1976) de Sigmund Freud
(Vol. 19); Sexualidade feminina (1974) de Sigmund Freud (Vol. 21); Feminilidade (1976) de
Sigmund Freud (Vol. 22); O futuro de uma ilusão (1974) de Sigmund Freud (Vol. 21); O
estranho (1976) de Sigmund Freud (Vol. 17); Inibições, sintomas e ansiedade (1976) de
Sigmund Freud (Vol. 20); Construções em análise (1975) de Sigmund Freud (Vol. 23); A
dinâmica da transferência (1969) de Sigmund Freud (Vol. 12); Sobre o início do tratamento
(1969) de Sigmund Freud (Vol. 12); Recordar, repetir e elaborar (1969) de Sigmund Freud
(Vol. 12); Observações sobre o amor transferencial (1969) de Sigmund Freud (Vol. 12); Três
60
ensaios sobre a teoria da sexualidade (1989) de Sigmund Freud (Vol. 7); e O mal-estar na
civilização (1974) de Sigmund Freud (Vol. 21).
Como bibliografia complementar a professora recomenda: o Dicionário de psicanálise
Larousse (1995) de Roland Chemama; Freud e o inconsciente (1983) de Alfredo Luiz Garcia-
Roza; e Investigação e Psicanálise (1993) de Maria Emília Lino da Silva.
2.31 Síntese da FURB
A psicanálise é utilizada como um dos modelos de desenvolvimento dentro de uma
concepção estrutural. Consideram-se as contribuições de René Spitz, Donald Winnicott, Anna
Freud e Margaret Mahler à psicologia do desenvolvimento. O psicanalista americano Erik
Erikson também é citado como representante de uma concepção evolutiva, segundo seu
modelo psicossocial, influenciado pelas teorias do movimento culturalista. Os Planos de
Ensinos consideram a contribuição da psicanálise à psicologia do desenvolvimento e de sua
articulação com outras especialidades clínicas, como pediatras e educadores, o que representa
um incentivo ao trabalho com equipes multiprofissional e o estabelecimento de uma prática
que não se limite à clínica.
A bibliografia desta área revela interesse com trabalho de equipe multidisciplinar, com
experiência no tratamento de problemas infantis em centros hospitalares e educacionais, de
maneira a explorar seus efeitos funcionais, com possibilidades de intervenção enquanto
conhecimento intelectual e desejo inconsciente. Ao trazer casos da psicanálise, de crianças
adotadas ou institucionalizadas, os alunos são convidados ao exame da especificidade da
violência em nossa cultura, à luz do debate entre teses de antropologia e psicanálise. A
psicanálise é um discurso inserido nos demais discursos que compõe a cultura. São utilizados
exemplos de diversos campos da cultura como o cinema, a literatura e a arte.
Constitui-se uma variedade de reflexões críticas sobre o modo de intervenção da
psicanálise e da psiquiatria, sua relação mútua, e a teoria como fator de influência sobre a
ação terapêutica da análise. A psicopatologia considera a psicanálise como uma das diferentes
escolas e responsável por um dos principais modelos teóricos do funcionamento psíquico
humano.
A fecundidade que se encontra em psicossomática a partir desta opção epistemológica
no campo do pensamento psicanalítico abrem novas perspectivas de pesquisa, como a
psicossomática da criança, saúde mental, psicossomática e trabalho, a psicossomática na
formação e a formação em psicossomática.
61
Textos interdisciplinares sobre a criança e a forma de educação que lhe é proposta,
reúne diversos colaboradores que partilham de diversos temas e interrogações desse interesse,
a partir da aplicação de conceitos da teoria psicanalítica. Transmitem-se as idéias de Freud e
Lacan sobre a educação, os paradoxos por ele colocados, sua figura de mestre, e suas
concepções sobre o aprender. Reconhece-se o desejo e os limites impostos ao sujeito neste
âmbito. Uma das disciplinas visa a proporcionar uma interlocução entre o trabalho de
orientação profissional e a teoria freudiana, uma vez que esta teoria pode servir de subsídios
para a modalidade clínica de intervenções nesta área.
Foram incentivadas visitas a endereços eletrônicos, em função dos livros, textos,
seminários, congressos e resenhas, dispostos em determinados sites recomendados aos alunos.
Fez-se um balanço dos cem anos da psicanálise e uma projeção de seu futuro no novo
milênio. Verificaram-se contribuições da psicanálise à psicologia social com temas sobre os
problemas da psicanálise com a ética e com a cultura. Nesta perspectiva também foram
recomendadas obras que relacionam filosofia, psicanálise e política. Em relação às atividades
de grupo, foram propostas as leituras das obras de Enrique Pichon-Rivière, adepto da
psiquiatria dinâmica. Desenvolveu diversas formas de práticas de grupo, inclusive a criação
do grupo operativo.
As disciplinas estudam a história do movimento psicanalítico e o desenvolvimento de
novas leituras de Freud: o desenvolvimento do método analítico, os dissidentes de Freud, as
contribuições kleinianas, lacanianas e ego-psicologia, os antecedentes históricos e
metodológicos da produção científica em relação ao sofrimento mental anteriores à descoberta
freudiana, o corte epistemológico que Freud aponta na descoberta do inconsciente, o método
analítico articulado nos vários momentos da história do movimento psicanalítico, assim como
a compreensão do mesmo nas outras abordagens psicanalíticas. A psicanálise parte, em suas
ementas, dos conceitos teóricos centrais da terapia psicanalítica e o manejo da técnica
psicanalítica. Desta maneira apresentam-se quatro temas centrais em psicanálise: o
inconsciente, o método e a técnica da psicanálise, o sintoma, a resistência e a sugestão.
Vários vocabulários e dicionários de psicanálise se propõem a abarcar o conjunto das
contribuições psicanalíticas, o conjunto dos conceitos por ela progressivamente elaborados,
com apresentações precisas e referenciados de conceitos psicanalíticos. São recomendados
todos os seminários de Jacques Lacan, indispensáveis para o conhecimento da proposta de
leitura por ele empreendida da obra de Freud, com textos que constituem uma espécie de
tábua de orientação que permite ao aluno um acesso mais didático ao pensamento
lacaniano. Ensaios de autoria de psicanalistas, estando engajados em programas
universitários, buscam conciliar o método psicanalítico e o científico.
62
Universidade Federal de Santa Catarina UFSC
O Curso de Psicologia da UFSC tem 18 disciplinas com conteúdos de psicanálise em
seus Planos de Ensino: História da Psicologia; Psicologia Diferencial; Psicologia do
Desenvolvimento II; Psicologia Cognitiva; Escolas Psicológicas III; Psicopatologia I A;
Psicologia da Personalidade I; Psicopatologia II A; e Psicologia da Personalidade II. Como
disciplinas optativas para o Bacharelado e Licenciatura encontram-se: Psicologia Existencial;
Distúrbios Psicológicos da Infância; Cultura e Personalidade; e Jacques Lacan.
Se o aluno optar pelo Bacharelado encontrará nos Plano de Ensinos das disciplinas de
Dinâmica de Grupo e Relações Humanas II; Técnicas de Exame e Aconselhamento
Psicológico I; e Técnicas Projetivas II, conteúdos parcialmente psicanalíticos. Na opção pela
Licenciatura, com exceção das disciplinas optativas, não haverá PE de conteúdo psicanalítico.
Como disciplina optativa para a Formação de Psicólogo, encontra-se, com este perfil, as
disciplinas Psicoterapias Breves e Clínica Psicanalítica.
2.32 História da Psicologia (2002/2)
No primeiro semestre, o Plano de Ensino da disciplina História da Psicologia refere-se
à psicanálise como uma das grandes orientações teóricas em psicologia. Em seu conteúdo
programático a psicanálise é abordada a partir dos seus aspectos históricos e principais
conceitos. Os temas estão programados para serem expostos e dialogados pelos próprios
alunos em forma de seminário. Dois deles estão reservados para a psicanálise: primeiro, em
relação aos seus primórdios e um segundo, aos dissidentes e descendentes da psicanálise.
2.33 Psicologia Diferencial (1994/2)
No segundo semestre a disciplina Psicologia Diferencial aborda, com referência à
psicanálise, as diferenças etárias a partir do texto Três ensaios sobre a teoria da sexualidade
(1989) de Sigmund Freud (Vol. 7), e o estudo das diferenças individuais e a identidade, com a
bibliografia Identidade, juventude e crise (1972) de Erik Erikson. Este psicanalista, ao
emigrar para os Estados Unidos teve contato com as correntes culturalistas, que o motivaram
a dedicar-se aos problemas da adolescência. Assumindo uma concepção adaptativa redigiu
seus trabalhos no quadro da Ego Psychology.
63
2.34 Psicologia do Desenvolvimento II (2003/1)
No terceiro semestre a disciplina Psicologia do Desenvolvimento II traz a psicanálise
em sua bibliografia complementar, nas obras: A criança e seus jogos (1992) de Arminda
Aberastury; A formação e o rompimento de laços afetivos (1982) de John Bowlby; Infância
normal e patológica: determinantes do desenvolvimento (1982) de Anna Freud; e A família e
o desenvolvimento do indivíduo (1980) de Donald Winnicott.
Anna Freud ingressou no movimento psicanalítico através da psicanálise com
crianças, apesar de ter tido contato com o círculo dos discípulos de seu pai. Migrou para
Londres em 1938, representou a corrente inglesa mais ortodoxa da psicanálise e rivalizou
diretamente com os kleinianos. Defendia uma abordagem analítica integrada à pedagogia,
pois considerava criança frágil demais para ser submetida à análise.
John Bowlby e Winnicott foram membros do Grupo dos Independentes na Grã-
Bretanha, que preferiram manter uma postura neutra em relação aos conflitos de Anna Freud e
Melanie Klein.
2.35 Psicologia Cognitiva (2002/2)
No quarto semestre a disciplina Psicologia Cognitiva faz menção à psicanálise em sua
bibliografia básica através das seguintes obras: Freud e a alma humana (1984) de Bruno
Bettelheim; Sobre os sonhos (1987) de Sigmund Freud (Vol. 5); e Eros e civilização: uma
interpretação filosófica do pensamento de Freud (1968) de Herbert Marcuse.
2.36 Escolas Psicológicas III (2002/2)
No quinto semestre, o Plano de Ensino da disciplina Escolas Psicológicas III aborda
em sua ementa: a escola psicanalítica; os precursores da psicanálise; a teoria psicanalítica; os
seguidores de Freud (Otto Rank
63
, Alfred Adler
64
e Carl G. Jung); e a psicanálise atual. Tem
como objetivo geral apresentar, de maneira dogmática [hipotético-dedutiva] e crítica e
através de aulas teóricas, temas-chave, conceitos e noções fundamentais da teoria
psicanalítica, a fim de possibilitar ao aluno aprender algo sobre psicanálise e […] a partir da
63
Discípulo de primeira geração, permaneceu freudiano mesmo após sua dissidência em 1923.
64
As discordâncias de Adler em relação a Freud culminaram em 1910. Apesar das divergências, Adler continuou
a descrever sua teoria como psicanálise, fazendo com que o senso comum pensasse que houvesse mais escolas
de psicanálise, até que Freud demonstrou que as teorias de Adler eram incompatíveis com os postulados e
hipóteses fundamentais da psicanálise. Adler passou então a denominar as suas teorias de Psicologia
Individual.
64
psicanálise (Freud, 1976c).
65
Especificamente: situar historicamente o nascimento e o
desenvolvimento da psicanálise, e sua especificidade em relação à ciência psicológica e à
herança psiquiátrica; apresentar o método e o objeto da psicanálise; e estimular a leitura do
texto freudiano. O conteúdo programático divide-se em quatro unidades de estudos, suas
respectivas subunidades e textos de leitura obrigatória.
A primeira unidade trata das origens, do nascimento e do desenvolvimento da
psicanálise: psicanálise e universidade; a tradução brasileira de Freud; a descoberta freudiana
e sua genealogia; o que é a psicanálise?; o método psicanalítico; a exposição da psicanálise
(sumário e ordem das razões). Textos de leitura obrigatória: Tratamento psíquico (ou mental)
(1989) de Sigmund Freud (Vol. 7); O método psicanalítico de Freud (1989) de Sigmund
Freud (Vol. 7); Sobre a psicanálise (1969) de Sigmund Freud (Vol. 12); Uma nota sobre o
inconsciente na psicanálise (1969) de Sigmund Freud (Vol. 12).
A segunda unidade trabalha as formações do inconsciente: a noção de formação do
inconsciente; o sintoma no quotidiano (do ato falho à recordação encobridora); o witz
(chiste). Textos de leitura obrigatória: O mecanismo psíquico do esquecimento (1987) de
Sigmund Freud (Vol. 3); Lembranças encobridoras (1987) de Sigmund Freud (Vol. 3); A
psicopatologia da vida cotidiana (1987) de Sigmund Freud (Vol. 6).
A terceira unidade aborda o discurso do desejo: sonho (sentido e interpretação);
elaboração onírica e interpretação; sobredeterminação e superinterpretação; a realização de
desejos; regressão; recalcamento; e aparelho psíquico. Textos de leitura obrigatória: Sobre os
sonhos (1987) de Sigmund Freud (Vol. 5); Esboço de psicanálise (1975) de Sigmund Freud
(Vol. 23); O aparelho psíquico (1975) de Sigmund Freud (Vol. 23).
A quarta e última unidade apresenta o discurso da pulsão: a sexualidade perverso-
polimorfa e a sexualidade infantil; o auto-erotismo e o narcisismo; zonas erógenas e pulsões
parciais; a organização libidinal e a teoria da libido; a teoria das pulsões. Textos de leitura
obrigatória: A vida sexual dos seres humanos (1976) de Sigmund Freud (Vol. 16); Dois
verbetes de enciclopédia: a teoria da libido (1976) de Sigmund Freud (Vol. 18); Esboço de
psicanálise (1975) de Sigmund Freud (Vol. 23); A teoria das pulsões
66
(1975) de Sigmund
Freud (Vol. 23).
65
Freud afirmava que o ensino da psicanálise na universidade poderia ser lecionado de forma dogmática e
crítica, por meio de aulas teóricas (1976c, p. 219). Mezan lhes um significado hipotético-dedutivo:
Dogmático no sentido de uma exposição baseada em pressupostos que se aceitam ou não. E crítico na avaliação
dos resultados e métodos da psicanálise (1994, p. 53).
66
Este texto aparece no Capítulo II da Parte I (A mente e seu funcionamento) do Esboço de psicanálise
(1940[1938]) da Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (1987) como A
teoria dos instintos. É melhor ler pulsão quando se encontra a palavra instinto, pois a tradução inglesa preferiu
utilizar um termo mais familiar aos médicos. Segundo Roudinesco & Plon (1998) Freud quis marcar a
especificidade do psiquismo humano e deixar o instinto para qualificar o comportamento animal.
65
Como bibliografia básica, são recomendadas as seguintes obras: Estudos sobre
histeria (1988) de Sigmund Freud (Vol. 2); Os chistes e sua relação com o inconsciente
(1977) de Sigmund Freud (Vol. 8); O interesse científico da psicanálise (1974) de Sigmund
Freud (Vol. 13); Sobre o ensino da psicanálise nas universidades (1976) de Sigmund Freud
(Vol. 17); Dicionário de psicanálise Larousse (1995) de Roland Chemama; Vocabulário da
psicanálise (1982) de Jean Laplanche & Jean-Bertrand Pontalis; Dicionário enciclopédico de
psicanálise: o legado de Freud e Lacan (1996) de Pierre Kaufmann; Dicionário de
psicanálise (1998) de Elisabeth Roudinesco & Michel Plon.
O Plano de Ensino apresenta como bibliografia complementar os seguintes textos: A
interpretação dos sonhos (1987) Sigmund Freud (Vol. 4 e 5); Três ensaios sobre a teoria da
sexualidade (1989) de Sigmund Freud (Vol. 7); A história do movimento psicanalítico (1974)
de Sigmund Freud (Vol. 14); Um estudo autobiográfico (1976) de Sigmund Freud (Vol. 20);
A auto-análise de Freud e a descoberta da psicanálise (1989) de Didier Anzieu; Chaves da
psicanálise (1990) de Georges Philippe Brabant; Freud e o inconsciente (1983) de Alfredo
Luiz Garcia-Roza; Artigos de metapsicologia: narcisismo, pulsão, recalque, inconsciente
(1914-1917) (2000) de Alfredo Luiz Garcia-Roza; Freud, uma vida para nosso tempo (1989)
de Peter Gay; Lacan elucidado: palestras no Brasil (1997) de Jacques-Alain Miller; O prazer
de ler Freud (1999) de Juan-David Nasio.
2.37 Psicopatologia I (2003/2)
Neste semestre a disciplina de Psicopatologia I refere-se à psicanálise com a
recomendação dos livros Sintoma y angustia: estúdio psicanalítico (1981) de Jamil
Abuchaem e A ciência da benzedura: mau olhado, simpatias e uma pitada de psicanálise
(1999) de Alberto Manuel Quintana.
2.38 Psicologia da Personalidade I (2003/2)
O Plano de Ensino da disciplina Psicologia da Personalidade I tem como um de seus
objetivos específicos distinguir algumas das correntes da psicanálise, segundo a questão da
estrutura da personalidade. Em seu conteúdo programático, o PE apresenta Groddeck,
Ferenczi, Adler, Jung, Rank, Reich, Melanie Klein, Anna Freud e Lacan, como representantes
de escolas de personalidade. As atividades do cronograma apresentam inicialmente a história
e política da psicanálise, a partir de um percurso crítico, ilustrado por um vídeo não
identificado sobre Freud.
66
A teoria da personalidade e a estrutura metapsicológica são abordadas através dos
textos Além do princípio do prazer e O ego e o id, ambos encontrados na seguinte bibliografia
básica: A história da psicanálise através de seus pioneiros (1981) de Franz Alexander,
Samuel Eisenstein, & Matin Grotjahn; Groddeck: a doença como linguagem (1988) de
Michèle Lalive dÉpinay; Thalassa: ensaio sobre a teoria da genitalidade (1990) de Sandor
Ferenczi; O ego e os mecanismos de defesa (1986) de Anna Freud; A história do movimento
psicanalítico (1974) de Sigmund Freud (Vol. 14); Além do princípio do prazer (1976) de
Sigmund Freud (Vol. 18); O ego e o id (1976) de Sigmund Freud (Vol. 19); Freud, uma vida
para nosso tempo (1989) de Peter Gay; O livro dIsso (1984) de Walter Georg Groddeck
67
; O
mundo e a obra de Melanie Klein (1992) de Phyllis Grosskurth; O círculo secreto: o círculo
íntimo de Freud e a política da psicanálise (1992) de Phyllis Grosskurth; The drive for self:
Alfred Adler and the founding of individual psychology (1994) de Edward Hoffman; O
sentimento de solidão (1975) de Melanie Klein; Contribuições à psicanálise (1981) de
Melanie Klein; O seminário livro I: os escritos técnicos de Freud (1974) de Jacques Lacan;
Jacques Lacan: uma introdução (1986) de Anika Lemaire; Acts of will: the life and work of
Otto Rank (1985) de E. James Lieberman; Melanie Klein II: o ego e o bom objeto (1932-
1960) (1988) Jean-Michel Petot; El mito del nacimiento del héroe (1991) de Otto Rank; El
trauma del nacimiento (1985) de Otto Rank; Análise do caráter (1998) de Wilhelm Reich
68
;
Freud e seus discípulos (1978) de Paul Roazen; Jacques Lacan: esboço de uma vida, história
de um sistema de pensamento (1994) de Elisabeth Roudinesco; Ferenczi: paladino e grão-
vizir secreto de Pierre Sabourin (1988); As idéias de Melanie Klein (1983) de Hanna Segal;
Anna Freud: uma biografia (1992) de Elisabeth Young-Bruehl.
2.39 Psicopatologia II (2003/2)
No sexto semestre o cronograma do Plano de Ensino da disciplina de Psicopatologia II
parte de uma revisão teórica com referência às obras: Teoria psicanalítica das neuroses
(1981) de Otto Fenichel e Luto e melancolia (1974) de Sigmund Freud (Vol. 14).
Como bibliografia, além dos textos citados, são recomendados: Neurose e psicose
(1976) de Sigmund Freud (Vol. 19); Fundamentos psicanalíticos: teoria, técnica e clínica
67
Groddeck acreditou que havia inventado a psicanálise, pois desde 1895 praticava a psicossomática. Passada a
frustração, ele reconhece a precedência de Freud, com quem inicia uma troca de idéias, entre 1917 e 1925,
período suficiente para concordâncias, mútuo apreço e divergências essenciais. Foi convidado por Freud a
participar das atividades do movimento psicanalítico e afiliar-se a IPA. Introduziu o termo Isso (Id) em 1923,
apesar de Freud retomar o termo na segunda tópica e modificar radicalmente sua definição.
68
Foi o maior dissidente da segunda geração freudiana, excluído da International Psychoanalytical Association
(IPA).
67
uma abordagem didática (1999) de David Zimerman; e Vocabulário contemporâneo de
psicanálise (2001), também de David Zimerman.
2.40 Psicologia da Personalidade II (2004/1)
Ainda neste semestre o Plano de Ensino da disciplina Psicologia da Personalidade II se
propõe a fazer um estudo comparativo e crítico das teorias mais representativas, entre as quais
Jacques Lacan, Melanie Klein e Wilhelm Reich representam as teorias psicodinâmicas. Em
relação a Jacques Lacan está programado: o retorno a Freud; je e moi; o sujeito e o outro; o
inconsciente estruturado como linguagem; a metáfora paterna e o Édipo. Em Melanie Klein: a
fantasia inconsciente; posição esquizo-paranóide; patologia da posição esquizo-paranóide;
posição depresiva; patologia da posição depresiva; e reparação. Wilhelm Reich é requisitado
para estudar a relação da psicanálise com o marxismo.
Nas referências bibliográficas a psicanálise está presente nas seguintes obras:
Introdução à leitura de Lacan: o inconsciente estruturado como linguagem (1989) de Joël
Dor; Amor, ódio e reparação: as emoções básicas do homem do ponto de vista psicanalítico
(1975) de Melanie Klein & Joan Riviere; O seminário livro II: o eu na teoria de Freud e na
técnica da psicanálise (1985) de Jacques Lacan; Lições sobre os sete conceitos cruciais da
psicanálise (1993) de Juan-David Nasio; e Introdução à obra de Melanie Klein (1983) de
Hanna Segal.
2.41 Cultura e Personalidade (n.d.)
A partir da sexta fase o aluno tem a obrigação de cursar 360 horas-aula de disciplinas
optativas. Para o Bacharelado e Licenciatura foram encontradas quatro disciplinas de
conteúdos psicanalíticos. A perspectiva psicanalítica está presente no Plano de Ensino de uma
destas disciplinas, chamada Cultura e Personalidade, no estabelecimento de conceitos de
personalidade individual e caráter cultural.
2.42 Psicologia Existencial (2003/2)
Como disciplina optativa para o Bacharelado e Licenciatura a disciplina Psicologia
Existencial utiliza a psicanálise para criticar os fundamentos da própria psicologia.
68
2.43 Distúrbios Psicológicos da Infância (2002/2)
Distúrbios Psicológicos da Infância é uma disciplina optativa para o Bacharelado e
Licenciatura, estritamente psicanalítica, com 72 horas-aula. No conteúdo programático do seu
PE, a psicanálise infantil aparece como contribuição inicial à compreensão dos distúrbios
evolutivos na infância. No cronograma encontram-se os seguintes temas de estudo: a
causalidade em psicopatologia, abordada através da Introdução à psicopatologia psicanalítica
(1982) de Juan Carlo Kusnetzoff; a avaliação da normalidade na infância por meio da
Infância normal e patológica: determinantes do desenvolvimento (1972) de Anna Freud; as
contribuições iniciais à compreensão dos distúrbios evolutivos na infância estudados em A
criança e seus jogos (1992) de Arminda Aberastury, e Psicanálise da criança: teoria e
prática (1982), também de Arminda Aberastury; a abordagem winnicottiana sobre os
distúrbios psicológicos da infância vistos em A psicanálise depois de Freud: teoria e clínica
(1992) de Norberto M. Bleichmar & Célia Leiberman D. Bleichmar; e o conceito de
distúrbios evolutivos na infância, no qual estão inclusos os distúrbios de adormecimento e de
sono referidos em Donald Winnicott (1991) de José Outeiral & Roberto Barberena Graña.
Além das obras citadas no cronograma deste PE, a bibliografia básica é composta por
Psicanálise e psicoterapia de crianças (1996), organizado por Jules Glenn; Significado e
função do brinquedo na criança (1985) de Serge Lebovici e Diatkine René; O conhecimento
da criança pela psicanálise (1980) de Serge Lebovici, Michel Soulé et al.; e As psicoses
infantis (1983) de Margaret Mahler.
Arminda Aberastury trabalhou na linha de ensino de Melanie Klein, a qual
desenvolveu-se na psicanálise de crianças, formando uma geração de analistas com esta
especialidade. Margaret Mahler, embora marcada pelos trabalhos de Melanie Klein, inspirou-
se em Donald Winnicott e foi fiel à corrente de Anna Freud.
2.44 Jacques Lacan (2003/2)
Jacques Lacan é outra disciplina optativa para o Bacharelado e Licenciatura com 36
horas-aula. A ementa do PE menciona o retorno ao sentido da obra de Freud em Lacan; os
três registros lacanianos; o imaginário: o estádio do espelho como formador do eu; o
simbólico: o inconsciente estruturado como uma linguagem; o Outro; o sujeito; o real: a falta
no Outro; das ding; e a pulsão. Seu objetivo geral é oferecer aos alunos uma introdução dos
principais conceitos da teoria lacaniana relativos à constituição do sujeito e à clínica
psicanalítica. Especificamente introduzir a noção do inconsciente estruturado como uma
69
linguagem e desenvolver os conceitos relativos à constituição do sujeito e à clínica
psicanalítica, objetivando dar ao aluno uma compreensão da importância da linguagem tanto
na teoria sobre o sujeito quanto sobre as estruturas clínicas. Preparar teoricamente o aluno que
pretenda desenvolver posteriormente um estágio prático na clínica psicanalítica.
Na primeira unidade do conteúdo programático ocorrem: o sujeito e o eu; e o sentido
da obra de Freud; Na segunda unidade aparecem: a noção de estrutura; metáfora e metonímia;
e o sintoma como metáfora. Na quarta: o imaginário (estádio do espelho); o simbólico
(metáfora paterna); o real e a falta no Outro (a coisa); gozo e desejo (necessidade, pulsão e
demanda). Na quinta: transferência e repetição; as neuroses (histeria e obsessão); a perversão;
a forclusão e a psicose. No cronograma do PE encontram-se cinco temas de estudo, ainda não
mencionados: crítica à outra psicanálise; o sujeito e o eu (je e moi); a supremacia do
significante; os três registros e a construção do sujeito; a metáfora paterna e o Édipo.
Como bibliografia localizou-se: Estruturas e clínica psicanalítica (1997) de Joël Dor;
Introdução à leitura de Lacan: o inconsciente estruturado como linguagem (1989), também
de Joël Dor; Lacan e a filosofia (1987) de Alain Juranville; La dirección de la cura y el
princípio de su poder (1972) de Jacques Lacan; O seminário livro I: os escritos técnicos de
Freud (1974) de Jacques Lacan; O seminário livro II: o eu na teoria de Freud e na técnica da
psicanálise (1985) de Jacques Lacan; O seminário livro XI: os quatro conceitos fundamentais
da psicanálise (1979) de Jacques Lacan; Vocabulário da psicanálise (1982) de Jean
Laplanche & Jean-Bertrand Pontalis; e A estrutura da histeria em Madame Bovary (1998) de
Sérgio Scotti.
2.45 Dinâmica de Grupo e Relações Humanas II (2003/2)
Na sétima fase parte diversificada do Bacharelado o Plano de Ensino da disciplina
Dinâmica de Grupo e Relações Humanas II traz como bibliografia básica O mal-estar na
civilização (1974) de Sigmund Freud (Vol. 21), cujo tema principal é o antagonismo entre as
pulsões e as exigências do grupo. A professora indicou esta leitura para compreender o
processo de interação psicossocial, a coesão e a moral, e a pressão do grupo relacionada à
motivação individual.
2.46 Técnicas de Exame e Aconselhamento Psicológico I (2004/1)
Na oitava fase parte diversificada do Bacharelado o Plano de Ensino da disciplina
Técnicas de Exame e Aconselhamento Psicológico I diferencia, em seu conteúdo
70
programático, psicoterapia e psicanálise. Em sua bibliografia são indicados os Fundamentos
psicanalíticos: teoria, técnica e clínica uma abordagem didática (1999) de David
Zimerman, comentados na disciplina Psicopatologia II do sexto semestre do Curso e a Edição
standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (1987) de Sigmund
Freud (24 vols.).
2.47 Técnicas Projetivas II (1998/1)
Nesta mesma fase o Plano de Ensino da disciplina de Técnicas Projetivas II traz Didier
Anzieu como um dos autores, o qual mantém sua posição enquanto psicanalista na
investigação do inconsciente com os métodos projetivos.
2.48 Psicoterapias Breves (n.d.)
Para a Formação do Psicólogo da UFSC é obrigatória a freqüência de 180 horas-aula
de disciplinas optativas. Entre estas, a psicanálise está representada nas indicações de leitura
da disciplina Psicoterapias Breves em: Escritos psicanalíticos (1909-1933) (1988) de Sandor
Ferenczi; Psicoterapia breve de orientação analítica (1986) de Eduardo Alberto Braier; e no
artigo Psicanálise e psicoterapia breve (1993) escrito por Rafael Raffaelli, publicado na
Revista Estudos de Psicologia.
As psicoterapias
69
de orientação analítica, particularmente as chamadas breves,
adquiriram fundamental importância ante a demanda maciça de assistência psicológica.
2.49 Clínica Psicanalítica (2005/1)
Clínica Psicanalítica é outra disciplina optativa da Formação do Psicólogo com 54
horas-aula. É necessário cumprir uma carga horária mínima obrigatória de 180 horas-aula de
disciplinas optativas para formar-se psicólogo na UFSC. A ementa desta disciplina aborda: de
que trata a clínica psicanalítica; as formações do inconsciente (sonhos); atos-falhos; chistes;
sintoma; inibição, sintoma e angústia; sintoma e transferência. O PE tem como objetivo geral
traçar um panorama das diversas psicoterapias, explicitando-lhes as diferenças, para demarcar
a especificidade da clínica psicanalítica: das condições de sua descoberta às derradeiras
aquisições, dos princípios de seu método à particularidade de seus efeitos. O conteúdo
69
Segundo Laplanche & Pontalis (2004), no lato senso, é considerado psicoterapia qualquer tratamento que
utilize meios psicológicos na relação entre um terapeuta e um paciente, inclusive a psicanálise. Psicoterapia de
orientação analítica é uma forma de psicoterapia que utiliza princípios teóricos e técnicas da psicanálise, sem ser
de fato um tratamento psicanalítico, no sentido mais estrito.
71
programático inclui a linguagem; a clínica psicanalítica; a especificidade da psicanálise; os
críticos da psicanálise: Karl Popper; Ludwig Wittgenstein; Adof Grümbaum; Isabelle
Stengers; Mikkel Borch-Jacobsen; o protocolo do ato analítico: a regra da associação livre (a
disposição à transferência; o sintoma; o gozo; o gozo pulsional; o gozo outro); o fim do
tratamento; a neutralidade do analista; a atenção igualmente flutuante; do desejo do analista
ao desejo de analista; a intervenção; da formação dos analistas e da instituição analítica; e
fragmento de um tratamento.
A bibliografia básica traz os seguintes textos: A dinâmica da transferência (1969) de
Sigmund Freud (Vol. 12); Recomendações aos médicos que exercem a psicanálise (1969) de
Sigmund Freud (Vol. 12); Sobre o início do tratamento (1969) de Sigmund Freud (Vol. 12);
Recordar, repetir e elaborar (1969) de Sigmund Freud (Vol. 12); Observações sobre o amor
transferencial (1969) de Sigmund Freud (Vol. 12); A questão da análise leiga (1976) de
Sigmund Freud (Vol. 20); Análise terminável e interminável (1975) de Sigmund Freud (Vol.
23); Construções em análise (1975) de Sigmund Freud (Vol. 23); O seminário livro I: os
escritos técnicos de Freud (1974) de Jacques Lacan.
A bibliografia de apoio recomenda dois livros-texto: Psychanalyse, psychotérapie:
quelles différences? (2004) de Pierre Marie; e Cartas a um jovem terapeuta: reflexões para
psicoterapeutas, aspirantes e curiosos (2004) de Contardo Calligaris. Três obras
complementam a bibliografia: Dicionário de psicanálise Larousse (1995) de Roland
Chemama; Vocabulário da psicanálise (1982) de Jean Laplanche & Jean-Bertrand Pontalis; e
o Dicionário de psicanálise (1998) de Elisabeth Roudinesco & Michel Plon.
2.50 Síntese da UFSC
Os Planos de Ensino da UFSC referem-se à psicanálise como uma das grandes
orientações teóricas em psicologia, abordada a partir dos seus aspectos históricos e principais
conceitos. Revisa-se a história do movimento psicanalítico, em alguns momentos confundida
com a história pessoal do fundador.
As bibliografias tratam de uma apresentação clara e ordenada das teses de Lacan e
uma elucidação de seus escritos, no contexto de um projeto filosófico determinado,
mencionando-se o retorno ao sentido da obra de Freud, portanto incentivando-se leituras
quase que exclusivamente de textos freudianos, abordando-se temas como: a associação livre,
as formações do inconsciente (sonhos), atos-falhos, chistes, gozo, sintoma, inibição, angústia,
transferência e a própria postura do psicanalista: o fim do tratamento, a neutralidade do
analista, a atenção igualmente flutuante, do desejo do analista ao desejo de analista, a
72
intervenção, da formação dos analistas e da instituição analítica. Demonstra-se que as
traduções inglesas da obra de Freud não só distorcem alguns dos conceitos centrais da
psicanálise, mas ainda leva o aluno a um trágico mal-entendido e a um mau uso generalizado
da psicanálise.
As disciplinas traçaram um panorama de diversas psicoterapias, explicitando-lhes as
diferenças, para demarcar a especificidade da clínica psicanalítica. Em muitas situações
procurou-se especificar a modalidade técnica dessas terapias, que reconhecem a psicanálise
como fonte, mas se diferenciam da sua técnica clássica, como por exemplo, as psicoterapias
de orientação analítica, particularmente as chamadas breves. Critica-se a tendência de
assimilar a psicanálise como uma forma de psicoterapia, propondo exatamente uma reflexão
sobre as suas diferenças. As disciplinas são dirigidas para os alunos que estão iniciando ou
consideram iniciar sua formação de psicoterapeuta e para os que se interessam pela
psicoterapia. Aos iniciantes da profissão ou da formação, são apresentados os problemas,
dificuldades, devaneios, alegrias e satisfações do futuro psicólogo.
Textos versam sobre o significado do tratamento psíquico e o modo de como a ciência
é empregada para aplica-lo, suas variações e eficácias. Dicionários e vocabulários de
psicanálise compõem parte da bibliografia básica, referenciando-se os principais conceitos
psicanalíticos. Através de biografias importantes situa-se historicamente o nascimento e o
desenvolvimento da psicanálise e sua especificidade em relação à ciência psicológica e à
herança psiquiátrica, apresenta-se o método e o objeto da psicanálise, estimulando-se a leitura
do texto freudiano. Expressam também as inovações teóricas, casos clínicos, a produção, o
contexto social e histórico em que viveram aqueles que contribuíram para o desenvolvimento
desta ciência.
Atividades do cronograma apresentam inicialmente a história e política da psicanálise,
a partir de um percurso crítico. São selecionados textos de Lacan e Freud, passando pela ética
e a lógica, oferecendo uma verdadeira introdução ao método psicanalítico. Algumas obras
foram disponibilizadas com o objetivo de introduzir o aluno aos pressupostos da teoria
lacaniana, resgatando a historicidade dos conceitos e percorrendo a via dos textos e dúvidas
que o impulsionaram. São livros que ajudam a se aproximar da obra de Lacan, servindo como
guia para a leitura dos originais, indispensáveis para o conhecimento da proposta de leitura
por ele empreendida da obra de Freud. As biografias delineiam um retrato da vida deste
pensador através do levantamento das circunstâncias sociais, culturais e pessoais em meio às
quais foi elaborada a radical retomada do pensamento freudiano. Estudam-se casos utilizando-
se de conceitos psicanalíticos originados de Freud e desenvolvidos por Lacan, servindo de
auxílio na compreensão de casos reais, com o objetivo de preparar teoricamente o aluno que
73
pretenda desenvolver posteriormente um estágio prático na clínica psicanalítica. Os temas
estão programados para serem expostos e dialogados pelos próprios alunos em forma de
seminário.
As indicações inspiram-se no período em que foram concebidos os conceitos básicos
desta ciência, mostrando-se a articulação de certos fatores dos séculos XVIII e XIX que
constituíram a precondição para o surgimento da psicanálise. Desta maneira, parte da
bibliografia básica tem a intenção de descrever a história dos pioneiros da psicanálise e o
papel destes no movimento psicanalítico, especialmente uma história que apresentasse um
quadro genético da psicanálise durante o seu desenvolvimento. O principal propósito de
algumas obras é descrever a história da psicanálise através das vidas e das obras de seus
professores, pensadores e clínicos.
Freud seleciona e observa uma série de situações que devem ser enfrentadas no
manejo da transferência durante a análise. São expostas recomendações sobre a técnica da
psicanálise, baseadas na experiência do fundador da psicanálise, aconselhadas aos futuros
analistas e as limitações da terapêutica da psicanálise. A maneira com que os procedimentos
técnicos descritos nestes estudos e as descobertas clínicas conduziram aos pontos de vista
teóricos e prepararam terreno para a prática da psicanálise.
A disciplina Psicologia do Desenvolvimento traz a psicanálise em sua bibliografia
complementar, com obras de autores renomados: Arminda Aberastury, John Bowlby e Donald
Winnicott. Os planos também são ilustrados por biografias referenciadas, sobre personagens
importantes da história do movimento psicanalítico, como Alfred Adler e sua Psicologia
Individual, Carl Gustav Jung e sua psicologia analítica, Otto Rank e suas teses sobre o trauma
do nascimento, Georg Groddeck e suas práticas pioneiras sobre a psicossomática, Wilhelm
Reich e suas alusões sobre a sexologia, Anna Freud, Melanie Klein e suas contribuições na
psicanálise infantil, e Jacques Lacan, indispensável para o conhecimento da proposta de
leitura por ele empreendida da obra de Freud. Em algumas fases as Técnicas Projetivas trazem
Didier Anzieu como um dos autores, o qual mantém sua posição enquanto psicanalista na
investigação do inconsciente com os métodos projetivos. Também são valorizados autores
críticos da psicanálise: Karl Popper, Ludwig Wittgenstein, Adof Grümbaum, Isabelle
Stengers, Mikkel Borch-Jacobsen, e outras matrizes, como a Psicologia Existencial, que
utilizam a psicanálise para criticar os fundamentos da própria psicologia.
Foram descritas as aplicações da psicanálise ao campo de outras áreas, do interesse
psicológico da psicanálise e pelas ciências não psicológicas: filologia, filosofia, biologia,
desenvolvimento, história, estética, sociologia e educação. São detalhadas as idéias de Freud a
respeito das relações do indivíduo com a sociedade e com a cultura, assim como as críticas
74
que lhe foram dirigidas com base neste ponto. Convidam-se os alunos para refletir sobre
temas da antropologia e medicina popular, à presença da psicanálise no social, sobre o
antagonismo entre as pulsões e as exigências do grupo, para compreender a pressão do grupo
e o processo de interação psicossocial.
Universidade do Contestado UNC
A UNC mantém quatro cursos de Psicologia em seus campi: Caçador, Concórdia,
Mafra e Porto União. Todos trabalham com o mesmo projeto político pedagógico e proposta
curricular, salvo algumas particularidades que não interferem na pesquisa. Foram analisadas
19 disciplinas de conteúdos psicanalíticos em seus Planos de Ensino: Filosofia; História da
Psicologia; Psicologia do Desenvolvimento I; Psicologia Geral II; Processos de Avaliação
Psicológica I; Sistêmicas I; Técnicas de Entrevista; Psicologia da Aprendizagem I; Psicologia
da Personalidade I; Psicologia do Desenvolvimento II; Psicologia da Aprendizagem II;
Psicologia da Personalidade II; Psicologia da Personalidade III; Psicologia Escolar e
problemas de Aprendizagem; Psicopatologia I; Teorias e Técnicas Psicoterápicas -
Psicodinâmicas I; Psicanálise I; Psicoterápicas II; e Psicanálise II.
2.51 Filosofia (2004)
No primeiro semestre, o Plano de Ensino da disciplina Filosofia desenvolve dois
assuntos em seu conteúdo programático com relação à psicanálise: ética e psicanálise, e o
inconsciente e a psicanálise.
2.52 História da Psicologia (2004)
Neste semestre o PE da disciplina História da Psicologia coloca a psicanálise entre
uma das concepções do psiquismo ao longo da história da psicologia. A psicanálise também
está presente na obra Três psicologias: idéias de Freud, Skinner e Rogers (2002) de Robert D.
Nye.
2.53 Psicologia do Desenvolvimento I (2004)
No segundo semestre o PE da disciplina Psicologia do Desenvolvimento I menciona
três obras de conteúdos psicanalíticos: O primeiro ano de vida (1979) de René Spitz; Os
75
bebês e suas mães (1994) de Donald Winnicott; e A família e o desenvolvimento individual
(1993) também de Donald Winnicott.
2.54 Psicologia Geral II (2004)
Neste semestre temos ainda o PE da disciplina Psicologia Geral II que coloca a
psicanálise como um dos conteúdos a serem desenvolvidos ao lado do Empirismo Crítico,
Associacionismo Britânico, Materialismo Científico, Estruturalismo, Funcionalismo, Gestalt,
Comportamentalismo, e Humanismo.
2.55 Processos de Avaliação Psicológica I (2004)
No semestre três, o PE da disciplina Processos de Avaliação Psicológica I menciona o
livro Psicanálise e psicoterapia de crianças (1988) de Jules Glenn.
2.56 Sistêmicas I (2004)
O ementário do PE de Sistêmicas I faz menção ao histórico da terapia familiar, no qual
estão presentes Sigmund Freud e Alfred Adler como precursores desta disciplina, ao lado de
Jacob Levy Moreno, mais conhecido por ter desenvolvido o Psicodrama. Em seus conteúdos é
explorada a diferença entre Psicanálise e Terapia Sistêmica.
2.57 Técnicas de Entrevista (2004)
Na disciplina Técnicas de Entrevista a psicanálise faz parte dos assuntos a serem
desenvolvidos em seus conteúdos: técnicas de entrevista do ponto de vista psicanalítico;
principais conceitos que envolvem a entrevista do ponto de vista psicanalítico; apresentação e
discussão dos textos técnicos de Freud. Apesar das menções, nenhum texto de Freud ou
referencia psicanalítica foi indicada neste PE.
2.58 Psicologia da Aprendizagem I (2004)
A disciplina Psicologia da Aprendizagem I cita a obra Psicanálise e educação: novos
operadores de leitura (1999) de Leny Magalhães Mrech.
76
2.59 Psicologia da Personalidade I (2004)
A disciplina Psicologia da Personalidade I traz em sua ementa a história da
psicanálise; desenvolvimento das concepções freudianas sobre o aparelho psíquico: primeira e
segunda tópica; teoria da sexualidade e vicissitudes da pulsão; processo primário e
secundário. Como conteúdos o PE se propõe a explorar os seguintes conceitos: inconsciente,
consciente e pré-consciente; ego , id e super ego; fases do desenvolvimento (oral, anal, fálica,
etc.); complexo de Édipo; complexo de castração; posição esquizo-paranóide; e posição
depressiva. Na bibliografia encontra-se: Vocabulário da psicanálise (1982) de Jean Laplanche
& Jean-Bertrand Pontalis; Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de
Sigmund Freud (1987) de Sigmund Freud (24 vols.); Freud e o inconsciente (1983) de
Alfredo Luiz Garcia-Roza; Introdução às obras de Freud, Ferenczi, Groddeck, Klein,
Winnicott, Dolto, Lacan (1995) de Juan-David Nasio; e Dicionário de psicanálise (1998) de
Elisabeth Roudinesco & Michel Plon.
2.60 Psicologia do Desenvolvimento II (2004)
Ainda neste semestre a disciplina Psicologia do Desenvolvimento II visa em sua
ementa o estudo do desenvolvimento psicológico da criança de zero a um ano, em bases
analíticas, buscando o entendimento do mundo fantástico para o mundo real, descrevendo
principalmente as relações emocionais entre mãe e filho. Como conteúdos, apresentam-se:
René Spitz e a psicologia do desenvolvimento a partir de uma introdução teórica e
metodológica; os organizadores: estágio pré-objetal; estágio precursor do objeto; e estágio do
objeto libidinal. Donald Winnicott, o ambiente e os processos de maturação: objetos e
fenômenos transicionais; o uso de objetos no relacionamento e identificações; o papel da mãe
e da família no desenvolvimento; e o papel de espelho da mãe e da família no
desenvolvimento infantil. Margaret Mahler e as idéias sobre a separação e a individualização.
E as contribuições de Melanie Klein: fantasias inconscientes; posição esquizo-paranóide;
inveja; psicopatologia da posição esquizo-paranóide; posição depressiva; defesas maníacas; e
reparação.
Como bibliografia: O primeiro ano de vida (1979) de René Spitz; O brincar e a
realidade (1975) de Donald Winnicott; Introdução à obra de Melanie Klein de (1983) Hanna
Segal; e O processo de separação-individualização (1982) de Margaret Mahler.
77
2.61 Psicologia da Aprendizagem II (2004)
No quarto semestre a disciplina Psicologia da Aprendizagem II aborda a relação da
psicanálise com a educação em seu conteúdos programáticos, além de novamente mencionar
Psicanálise e educação: novos operadores de leitura (1999) de Leny Magalhães Mrech.
2.62 Psicologia da Personalidade II (2004)
Neste semestre a ementa do PE da disciplina Psicologia da Personalidade II aborda a
personalidade em seu desenvolvimento, estrutura e dinâmica a partir de Freud e a psicanálise,
entre outras teorias da personalidade. Temos duas obras de conteúdos psicanalíticos na
bibliografia desta disciplina: Introdução às obras de Freud, Ferenczi, Groddeck, Klein,
Winnicott, Dolto, Lacan (1995) de Juan-David Nasio, e o Dicionário de psicanálise (1998) de
Elisabeth Roudinesco & Michel Plon.
2.63 Psicologia da Personalidade III (2004)
No quinto semestre a disciplina Psicologia da Personalidade III aprofunda o estudo da
personalidade a partir da teoria psicanalítica, entre outras. Na ementa os mecanismos de
defesa do ego aparecem como extensão ao desenvolvimento da personalidade. Nos conteúdos
ocorrem o complexo de Édipo e o complexo de castração. Na bibliografia aparecem o
Vocabulário da psicanálise (1982) de Jean Laplanche & Jean-Bertrand Pontalis, além da
Introdução às obras de Freud, Ferenczi, Groddeck, Klein, Winnicott, Dolto, Lacan (1995) de
Juan-David Nasio e o Dicionário de psicanálise (1998) de Elisabeth Roudinesco & Michel
Plon.
2.64 Psicologia Escolar e Problemas de Aprendizagem (2004)
O livro Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem (1985) de Sara Paín
é a única indicação psicanalítica que consta na bibliografia do PE da disciplina Psicologia
Escolar e Problemas de Aprendizagem.
2.65 Psicopatologia I (2004)
A disciplina de Psicopatologia I apresentou o PE mais extenso desta pesquisa com
onze páginas. No primeiro módulo dos conteúdos, algumas questões são suscitadas pela
78
psicopatologia no campo das ciências do psíquico, entre elas as distinções entre
psicopatologia fenomenológica e psicopatologia psicanalítica. Na bibliografia constam o
Vocabulário da psicanálise (1982) de Jean Laplanche & Jean-Bertrand Pontalis e o livro
Enfermidade e loucura (1980) de Joel Birman.
2.66 Teorias e Técnicas Psicoterápicas - Psicodinâmicas I (2004)
No sétimo semestre o PE da disciplina Teorias e Técnicas Psicoterápicas -
Psicodinâmicas I inicia os seus conteúdos a partir de conceitos gerais, entre eles as
psicoterapias mais comuns e suas indicações, entre estas a psicoterapia de inspiração ou de
orientação psicanalítica.
2.67 Psicanálise I (2004)
Ainda neste semestre, a disciplina Psicanálise I menciona em seu programa: as
diferenças entre psicanálise, psicoterapia de base psicanalítica breve, e de apoio; a teoria da
técnica (transferência, contra-transferência, resistência, e intervenções terapêuticas); o
desenvolvimento do raciocínio clínico; e a dinâmica da cura.
2.68 Psicoterápicas II (2004)
No oitavo semestre a disciplina de Psicoterápicas II aborda, em seus conteúdos, a
psicanálise e a psicoterapia de orientação analítica, como modelos de psicoterapia. As
diferenças entre psicoterapia e psicanálise também são debatidas neste curso.
2.69 Psicanálise II (2004)
A ementa da disciplina Psicanálise II do oitavo semestre apresenta-se com: a
abordagem teórico-prática do processo psicoterapêutico e seus personagens; as avaliações
clínicas e não-clínicas da técnica psicanalítica; o estudo das variações do método clínico
proposto pelos sucessores de Freud; e o seu aprofundamento teórico-prático.
2.70 Síntese da UNC
A disciplina Filosofia desenvolve com relação à psicanálise, a questão da ética e o
inconsciente. A disciplina História da Psicologia refere-se à psicanálise entre uma das
79
concepções do psiquismo ao longo da história da psicologia. Psicologia Geral coloca a
psicanálise como um dos conteúdos a serem desenvolvidos ao lado do Empirismo Crítico,
Associacionismo Britânico, Materialismo Científico, Estruturalismo, Funcionalismo, Gestalt,
Comportamentalismo, e Humanismo. As Terapias Sistêmicas fazem menção ao histórico da
terapia familiar, no qual estão presentes Sigmund Freud e Alfred Adler como precursores
desta disciplina. Em Técnicas de Entrevista a psicanálise faz parte dos assuntos a serem
desenvolvidos em seus conteúdos: técnicas de entrevista do ponto de vista psicanalítico,
principais conceitos que envolvem a entrevista do ponto de vista psicanalítico, apresentação e
discussão dos textos técnicos de Freud. As disciplinas psicoterápicas abordam em seus
conteúdos a psicanálise e a psicoterapia de orientação analítica, como modelos de
psicoterapia. Também foram estudadas neste Curso as diferenças entre psicoterapia e
psicanálise.
Psicologia do Desenvolvimento visa o estudo do desenvolvimento psicológico da
criança em bases analíticas, descrevendo principalmente as relações emocionais entre mãe e
filho, com os seguintes autores: René Spitz a partir de uma introdução teórica e metodológica
dos organizadores, Donald Winnicott, o ambiente e os processos de maturação, Margaret
Mahler e as idéias sobre a separação e a individualização e as contribuições de Melanie Klein
e Anna Freud, oferecendo um conhecimento teórico-clínico em relação à psicanálise e à
criança, acompanhados de exemplos clínicos. Nesta área, propõem-se novos operadores de
leitura no âmbito da educação, a partir da aplicação de conceitos da teoria psicanalítica
lacaniana, inter-relacionando conceitos como, transferência e saber, saber e gozo, etc.
Psicologia da Personalidade traz a história da psicanálise e o desenvolvimento das
concepções freudianas sobre o aparelho psíquico: primeira e segunda tópica; teoria da
sexualidade e vicissitudes da pulsão; processo primário e secundário. Como conteúdos são a
explorados os seguintes conceitos: inconsciente, consciente e pré-consciente; ego , id e super
ego; fases do desenvolvimento (oral, anal, fálica, etc.); complexo de Édipo; complexo de
castração; posição esquizo-paranóide; e posição depressiva.
Vocabulários e dicionários de psicanálise propõem-se a abarcar o conjunto das
contribuições psicanalíticas e o conjunto dos conceitos por ela progressivamente elaborados
para traduzir as suas descobertas, com seus conceitos, os países de implantação, a biografia
dos protagonistas, as disciplinas para as quais contribuiu, os casos clínicos sobre os quais
elaborou seu método terapêutico, as técnicas de cura e os fenômenos psíquicos. Por fim são
recomendados os grandes autores da psicanálise, sua vida e sua obra, como Freud, Ferenczi,
Groddeck, Klein, Winnicott, Dolto, Lacan, com objetivos didáticos, oferecendo ao aluno uma
visão global e sistematizada das principais teses que compõem o legado psicanalítico. Além
80
de proporcionar acesso às obras dos grandes nomes da psicanálise, os professores pretendem
também que este seja um estímulo para que o aluno passe diretamente às fontes, voltando-se
para os textos originais.
Universidade do Extremo Sul Catarinense UNESC
O Curso de Psicologia da UNESC tem 14 disciplinas com conteúdos de psicanálise em
seus Planos de Ensino: História da Psicologia I; Psicologia do Desenvolvimento I; Psicologia
na Educação; Psicologia da Personalidade II; Teorias e Técnicas Psicoterápicas I; Ética Geral;
Psicologia Social II; Psicopatologia I; Técnicas de Exames Psicológicos I; Dinâmica de
Grupo I; Teorias e Técnicas Psicoterápicas II; Dinâmica de Grupo II; Pesquisa em Psicologia;
e Psicanálise.
2.71 História da Psicologia I (2004/1)
No primeiro semestre a ementa do PE da disciplina História da Psicologia I faz
menção à psicanálise na história das idéias e sistemas psicológicos, ao lado do
Comportamentalismo, Fenomenologia, Cognitivismo e Sócio-interacionismo. No conteúdo
programático a psicanálise também está incluída como uma das grandes Escolas Psicológicas
do século XX, juntamente do Behaviorismo, Gestalt e Humanismo.
2.72 Psicologia do Desenvolvimento I (2004/2)
No terceiro semestre a psicanálise se faz presente na disciplina Psicologia do
Desenvolvimento I através das seguintes referências bibliográficas complementares:
Adolescência normal: um enfoque psicanalítico (1981) de Arminda Aberastury & Maurício
Knobel; Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem (1985) de Sara Paín; e O
primeiro ano de vida de René Spitz (1979).
2.73 Psicologia na Educação (2004/2)
Neste semestre a disciplina Psicologia na Educação inseriu nas referências
complementares o livro de Leandro de Lajonquière, De Piaget a Freud para repensar as
aprendizagens: a (psico) pedagogia entre o conhecimento e o saber (1992).
81
2.74 Psicologia da Personalidade II (2004/2)
No quarto semestre a disciplina Psicologia da Personalidade II apresenta em sua
ementa: as teorias psicanalíticas de Freud, Melanie Klein, Jung e Lacan; e as teorias
psicológicas sociais de Adler, Fromm, Horney e Sullivan. Um dos objetivos principais da
disciplina é o aprofundamento nas teorias psicanalíticas de Freud, Klein, Jung e Lacan.
No conteúdo programático e cronograma o professor localiza Freud, Melanie Klein e
Lacan, como autores de teorias psicanalíticas da personalidade. Em Freud encontra-se uma
introdução, o contexto e a história do movimento psicanalítico; a linguagem simbólica
enquanto escuta do inconsciente; um caso clínico de gastroenterologia; a interpretação de um
caso-mito; resistência e transferência; um caso psicanalítico, através de um filme; estrutura da
personalidade: fundação do aparelho psíquico; ego, superego, id; fantasia e realidade psíquica;
desenvolvimento da personalidade: mecanismos de defesa; sexualidade, genitalidade, falo;
fases psicossexuais; Édipo, cultura; dinâmica da Personalidade: sentido sexual dos nossos
atos; pulsão e suas características; pulsão de vida e pulsão de morte; e um filme de um caso
psicanalítico não identificado. Na teoria psicanalítica da personalidade de Melanie Klein
verificou-se a técnica do brincar; fantasia e posição esquizo-paranóide; posição esquizo-
paranóide e posição depressiva; ego estruturado e um caso clínico. Na teoria psicanalítica da
personalidade de Lacan menciona-se somente as estruturas. Após uma introdução e contexto
das teorias psicológicas sociais, são considerados representantes das mesmas: Alfred Adler,
Karen Horney, Harry Stack Sullivan e Erich Fromm.
Alfred Adler freqüentou as reuniões da Sociedade Psicológica das Quartas-Feiras até
manifestar divergências fundamentais entre as suas posições e as de Freud em 1911,
tornando-se o primeiro grande dissidente da história do movimento psicanalítico. Foi adepto
do socialismo reformista e manifestou interesse à análise marxista, pois em sua opinião, a
família representaria um modelo de sociedade, mais do que um lugar de expressão da situação
edipiana. Karen Horney foi a primeira mulher professora no Instituto Psicanalítico de Berlim.
Criticou a tese freudiana sobre a feminilidade partindo para o culturalismo. Após 1930
desenvolveu a tese de que a psicanálise como obra masculina nunca poderia resolver a
questão feminina. Suas posições se aproximaram das de Wilhelm Reich e Erich Fromm,
casando-se com este ao emigrar para os Estados Unidos em 1934. Harry Stack Sullivan,
psiquiatra americano, recusou as principais teses freudianas sobre o inconsciente, a libido, a
sexualidade e o Édipo. Fez contato com culturalistas dissidentes do freudismo, como Karen
Horney e Erich Fromm. Inspirou-se nas teses de Alfred Adler e elaborou sua doutrina
psicoterapêutica à qual deu o nome de psiquiatria interpessoal. Defendeu os princípios de
82
uma antipsiquiatria e tornou-se representante da corrente social da psicoterapia dinâmica.
Erich Fromm, psicanalista americano, recebeu sua formação didática em Berlim, com Hanns
Sachs e Theodor Reik. Ligou-se aos filósofos da escola de Frankfurt (Marcuse, Adorno,
Horkheimer). Integrou-se com Otto Fenichel e Wilhelm Reich, partindo para o freudo-
marxismo. Imigrou para os Estados Unidos e casou-se com Karen Horney, aproximando-se da
corrente psicanalista culturalista. Contestou o universalismo freudiano.
As referências apresentam-se da seguinte maneira: A história do movimento
psicanalítico (1974) de Sigmund Freud (Vol. 14); O ego e o id (1976) de Sigmund Freud
(Vol. 19); Freud, uma vida para nosso tempo (1989) de Peter Gay; Teoria psicanalítica das
neuroses (1981) de Otto Fenichel; Vocabulário da psicanálise (1982) de Jean Laplanche &
Jean-Bertrand Pontalis; Fantasia originária, fantasias das origens, origens da fantasia (1988)
de Jean Laplanche & Jean-Bertrand Pontalis; Introdução à metapsicologia freudiana (1995)
de Alfredo Luiz Garcia-Roza; Fundamentos psicanalíticos: teoria, técnica e clínica uma
abordagem didática (1999) de David Zimerman; O prazer de ler Freud (1999) de Juan-David
Nasio; Introdução às obras de Freud, Ferenczi, Groddeck, Klein, Winnicott, Dolto, Lacan
(1995) de Juan-David Nasio; O pai e sua função em psicanálise (1991) de Joël Dor; Os
sentidos do sintoma: psicanálise e gastroenterologia (1992) de Paulo Roberto de Souza;
Introdução à obra de Melanie Klein (1983) de Hanna Segal.
2.75 Teorias e Técnicas Psicoterápicas I (2004/2)
No quinto semestre a disciplina Teorias e Técnicas Psicoterápicas I traz em sua ementa
a teoria e técnica do aporte psicanalista de Freud, Lacan e Melanie Klein. Um dos objetivos
principais da disciplina é capacitar o aluno na teoria e técnica psicanalítica para o exercício
competente da psicologia clínica. O conteúdo programático e cronograma propõem as
seguintes questões e temas psicanalíticos, com a recomendação de textos freudianos: qual é o
homem da psicanálise?; por que a teoria da técnica?; recapitulação de alguns conceitos
importantes para a psicanálise: ego, id e superego; realidade psíquica; questões das fantasias;
corpo erógeno e corpo biológico; o contrato terapêutico; Recomendações aos médicos que
exercem a psicanálise (1969) de Sigmund Freud (Vol. 12); Sobre o início do tratamento
(1969) de Sigmund Freud (Vol. 12); O manejo da interpretação de sonhos na psicanálise
(1969) de Sigmund Freud (Vol. 12); a importância dos sonhos para a teoria e prática
psicanalítica (dados históricos e importância atual); A dinâmica da transferência (1969) de
Sigmund Freud (Vol. 12); Observações sobre o amor transferencial (1969) de Sigmund
Freud (Vol. 12); Transferência (1976) de Sigmund Freud (Vol. 16); a importância da
83
transferência para a teoria e prática psicanalítica. Recordar, repetir e elaborar (1969) de
Sigmund Freud (Vol. 12); interpretação em análise; a técnica da interpretação; atenção
flutuante do analista; e associação Livre; o conceito de resistência; repressão em psicanálise; o
que é sintoma em psicanálise?; o que é analisar?; psicanálise e atualidade.
Textos auxiliares: Construções em análise (1975) de Sigmund Freud (Vol. 23); As
perspectivas futuras da terapêutica psicanalítica (1970) de Sigmund Freud (Vol. 11); Análise
terminável e interminável (1975) de Sigmund Freud (Vol. 23); Por que a psicanálise? (2000)
de Elisabeth Roudinesco; As 4+1 condições de análise (1991) de Antônio Quinet; e Freud: a
conquista do proibido (1982) de Renato Mezan. Além da seguinte referência bibliográfica: A
história do movimento psicanalítico (1974) de Sigmund Freud (Vol. 14); O ego e o id (1976)
de Sigmund Freud (Vol. 19); Sexo e discurso em Freud e Lacan (1997) de Marco Antonio
Coutinho Jorge; O seminário livro I: os escritos técnicos de Freud (1974) de Jacques Lacan;
O seminário livro II: o eu na teoria de Freud e na técnica da psicanálise (1985) de Jacques
Lacan; O seminário livro XI: os quatro conceitos fundamentais da psicanálise (1979) de
Jacques Lacan; Psicoterapias de inspiração psicanalítica (1999) de Alonso Augusto Moreira
Filho; Vocabulário da psicanálise (1982) de Jean Laplanche & Jean-Bertrand Pontalis.
2.76 Ética Geral (2004/2)
Ainda no quinto semestre o PE da disciplina Ética Geral sugere em sua referência
bibliográfica as leituras de Charles Hanly, O problema da verdade na psicanálise aplicada
(1995) e, de Thomas Szasz, A ética da psicanálise (1983).
2.77 Psicologia Social II (2004/2)
O PE da disciplina Psicologia Social II, em seu conteúdo programático e cronograma,
abordam a produção da subjetividade no cotidiano da vida urbana numa concepção de sujeito
a partir da psicologia de bases: psicanalítica e sócio-histórica. Em suas referências
bibliográficas encontra-se o livro de Fábio Herrmann, O que é psicanálise? (1983).
2.78 Psicopatologia I (2004/1)
No conteúdo programático e cronograma da disciplina Psicopatologia I, a Psicanálise
aparece como uma das principais teorias produtoras de conceitos psicopatológicos, ao lado
das teorias: Comportamental, Biológica, Sócio-cultural, Social e Transpessoal.
84
2.79 Técnicas de Exames Psicológicos I (2004/2)
Por fim, neste semestre a disciplina Técnicas de Exames Psicológicos I menciona em
sua referência bibliográfica o livro Psicanálise da criança (1979) sob a introdução e
coordenação de Amazonas Alves Lima.
2.80 Dinâmica de Grupo I (2004/2)
O PE da disciplina Dinâmica de Grupo I traz como referência à obra de Didier Anzieu
O grupo e o inconsciente: o imaginário grupal (1993).
2.81 Teorias e Técnicas Psicoterápicas II (2004/2)
No sexto semestre o PE da disciplina Teorias e Técnicas Psicoterápicas II apresenta,
no conteúdo programático e cronograma, um módulo chamado Complexo, com a proposta de
estudar os agrupamentos de idéias de acento no inconsciente e os complexos como parte da
estrutura básica da psique. Neste aspecto é enfatizada a diferença entre a concepção de Carl
Gustav Jung e Sigmund Freud. Jung foi amigo e discípulo de Freud de 1907 a 1913, ano que
rompeu com o movimento psicanalítico. Discordava de seu mestre a respeito da teoria da
libido, pois não considerava que a sexualidade deveria ter tanto peso na teoria psicanalítica.
Fundou uma nova escola de psicoterapia chamada de Psicologia Analítica. Escreveu uma obra
tão extensa quanto à de seu Freud.
2.82 Dinâmica de Grupo II (2004/2)
No sétimo semestre a disciplina Dinâmica de Grupo II traz como referência, a obra de
Enrique Pichon-Rivière, O processo grupal (1982).
2.83 Pesquisa em Psicologia (2004/2)
No nono semestre o PE da disciplina Pesquisa em Psicologia menciona a psicanálise
na referência bibliográfica através do livro de Gaston Bachelard A formação do espírito
científico: contribuição para uma psicanálise do conhecimento (1996).
85
2.84 Psicanálise (2003/1)
A UNESC oferece, entre outras, uma disciplina optativa com o próprio nome de
Psicanálise. É necessária a matrícula de um número mínimo de alunos para possibilitar o
ingresso nesta disciplina. Sua ementa trata da metapsicologia freudiana. Os objetivos
principais da disciplina são estudar, refletir e/ou indagar o sentido dos textos metapsicológicos
e sua importância no campo psicanalítico, além de aprofundar a articulação dos mesmos à
teoria psicanalítica. O Conteúdo Programático e Cronograma se propõe a estudar os seguintes
textos: Sobre o narcisismo: uma introdução (1974) de Sigmund Freud (Vol. 14); Os instintos
e suas vicissitudes (1974) de Sigmund Freud (Vol. 14); Repressão (1974) de Sigmund Freud
(Vol. 14); O inconsciente (1974) de Sigmund Freud (Vol. 14); Luto e melancolia (1974) de
Sigmund Freud (Vol. 14). A Referência Bibliográfica recomenda os textos apontados no
Conteúdo Programático e Cronograma. Como Bibliografia Complementar encontra-se a
Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (1987) de
Sigmund Freud (24 vols.).
2.85 Síntese da UNESC
Faz-se menção à psicanálise na história das idéias e sistemas psicológicos, ao lado do
comportamentalismo, fenomenologia, cognitivismo e sócio-interacionismo. A psicanálise
também está incluída como uma das grandes Escolas Psicológicas do século XX, juntamente
do behaviorismo, gestalt e humanismo. Em disciplinas de psicopatologia, a psicanálise
aparece como uma das principais teorias produtoras de conceitos psicopatológicos, ao lado
das teorias: comportamental, biológica, sócio-cultural, social e transpessoal.
Psicologia na Educação repensa a abordagem tradicional destes problemas que
focalizam ora o potencial intelectual, ora o desejo inconsciente, propondo uma nova
visão, tendo como ponto de partida a junção dinâmica de seus métodos. René Spitz discute a
personalidade infantil no primeiro ano de vida a partir de um estudo psicanalítico do
desenvolvimento normal e anômalo das relações objetais. Introduz-se a psicanálise da criança
no Brasil, a necessidade histórica ou demanda social: o lugar da psicanálise de crianças,
crianças e o contexto familiar em psicanálise, as contratransferências, fracasso da dependência
primária etc.
A disciplina Psicologia da Personalidade apresenta em sua ementa: as teorias
psicanalíticas de Freud, Melanie Klein, Jung e Lacan, e as teorias psicológicas sociais de
Adler, Fromm, Horney e Sullivan. Em Freud encontra-se uma introdução, o contexto e a
86
história do movimento psicanalítico; a linguagem simbólica enquanto escuta do inconsciente;
resistência e transferência; estrutura da personalidade: fundação do aparelho psíquico; ego,
superego, id; fantasia e realidade psíquica; desenvolvimento da personalidade: mecanismos de
defesa; sexualidade, genitalidade, falo; fases psicossexuais; Édipo, cultura; dinâmica da
Personalidade: sentido sexual dos nossos atos; pulsão e suas características; pulsão de vida e
pulsão de morte. Na teoria psicanalítica da personalidade de Melanie Klein verificou-se a
técnica do brincar; fantasia e posição esquizo-paranóide; posição esquizo-paranóide e posição
depressiva; ego estruturado e um caso clínico. Os seminários de Lacan são indispensáveis
para o conhecimento da proposta de leitura por ele empreendida da obra de Freud. Disciplinas
de teorias e técnicas psicoterápicas apresentam a proposta de estudar os agrupamentos de
idéias de acento no inconsciente e os complexos como parte da estrutura básica da psique.
Neste aspecto é enfatizada a diferença entre a concepção de Carl Gustav Jung e Sigmund
Freud.
A didática dos exemplares oferece uma visão global e sistematizada das principais
teses que compõem o legado psicanalítico. Além de proporcionar acesso às obras dos grandes
nomes da psicanálise, os autores pretendem também que este seja um estímulo para que o
aluno passe diretamente às fontes, voltando-se para os textos originais. As biografias expõem
o mundo de Sigmund Freud: sua família, suas relações, a cidade onde viveu, sua formação,
suas dificuldades profissionais, suas inovações teóricas, seus casos clínicos, sua vida
extraordinariamente produtiva e o contexto social e histórico em que ela foi vivida. Um dos
objetivos principais destas disciplinas é o de capacitar o aluno na teoria e técnica psicanalítica
para o exercício competente da psicologia clínica. Na área da pesquisa em psicologia a
psicanálise é referenciada para detectar os obstáculos epistemológicos para a construção do
conhecimento. Destacam-se as armadilhas e dificuldades que cercam a descoberta de
conceitos fundamentais, a função positiva dos erros nessa gênese e, principalmente, o caráter
recorrente e geral de certas resistências ao conhecimento científico.
Questiona-se o grau de subjetividade das idéias psicanalíticas sobre a subjetividade
humana. Propõe-se a descrever a teoria e o método da psicoterapia como ação social não-
curativa. Ao mesmo tempo, tenta-se definir a natureza da psicanálise, na indicação de seus
limites e estabelecimento de relações próprias com outras formas de psicoterapia, medicina,
ética e ciência social. A disciplina Psicologia Social aborda a produção da subjetividade no
cotidiano da vida urbana numa concepção de sujeito a partir da psicologia de bases:
psicanalítica e sócio-histórica. Após uma introdução e contexto das teorias psicológicas
sociais, são considerados representantes das mesmas: Alfred Adler, Karen Horney, Harry
Stack Sullivan e Erich Fromm. Apresentam-se obras de base em matéria de psicanálise
87
grupal, centralizadas sobre a noção de imaginário grupal: o grupo e sua psicologia própria,
diferente sob certas condições e certos momentos, daquela dos indivíduos que o compõem ou
que se opõem. Elucidam-se também os organizadores psíquicos inconscientes tais como
as fantasias originais ou a imagem do próprio corpo, entre outros, que fundam e estruturam o
imaginário grupal. Estas obras trazem para os alunos o panorama da vida grupal inconsciente.
Contém vários trabalhos de Pichon-Rivière sobre grupos, o campo operacional da psicologia
social, relação dialética entre estrutura social e fantasia inconsciente, articulada pelo vínculo.
Os trabalho abordam o grupo que permite o interjogo entre o psicossocial e o sócio-dinâmico
através da observação das formas de interação, dos mecanismos de assunção e adjudicação de
papéis. Este material oferece um ensino muito pouco ortodoxo, permeado por múltiplas
influências: uma espécie de paradigma do freudismo argentino.
Universidade para o Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí UNIDAVI
O Curso de Psicologia da UNIDAVI tem onze disciplinas com conteúdos de
psicanálise em seus Planos de Ensino: Bases Filosóficas dos Sistemas em Psicologia;
Contextualização da Psicologia, Ciência e Profissão; História da Psicologia; Psicologia do
Desenvolvimento I; Psicologia do Desenvolvimento II; Sistema Psicanalítico de Psicologia;
Teoria Psicanalítica da Personalidade e Técnicas Psicoterápicas; Teorias Psicológicas II;
Psicopatologia; Teorias Psicológicas III; e Técnicas Psicoterápicas II.
2.86 Bases Filosóficas dos Sistemas em Psicologia (2004/1)
Na primeira fase, nos conteúdos da disciplina Bases Filosóficas dos Sistemas em
Psicologia, encontra-se a proposta de estudar a psicanálise e o romantismo alemão do século
XVI e sua relação com a filosofia nietzscheniana, como parte da filosofia contemporânea,
para compreender as bases originárias da psicologia. Idéia presente em Matrizes do
pensamento psicológico (2000) de Luís Cláudio Mendonça Figueiredo, referência básica neste
PE.
2.87 Contextualização da Psicologia, Ciência e Profissão (2002/1)
No conteúdo programático da disciplina Contextualização da Psicologia, Ciência e
Profissão, o PE classifica a psicologia como um fenômeno, uma ciência e uma profissão.
Dentro dos sistemas históricos de conhecimento, as psicologias psicanalíticas fazem parte dos
88
sistemas científicos, diferente dos sistemas místicos (religiões) e sistemas culturais (senso
comum).
2.88 História da Psicologia (2003/2)
Na segunda fase a psicanálise faz parte dos conteúdos da disciplina História da
Psicologia, como um sistema psicanalítico de psicologia, fazendo parte da história dos
sistemas de saberes psicológicos, nas transformações dos conceitos que deram origem e
moldaram a psicologia moderna.
2.89 Psicologia do Desenvolvimento I (2002/2)
Ainda nesta fase a psicanálise também faz parte do conteúdo programático da
disciplina Psicologia do Desenvolvimento I. As teorias psicanalíticas são classificadas como
uma das principais teorias da Psicologia do Desenvolvimento. Na bibliografia básica, somente
o livro O primeiro ano de vida (1979) de René Spitz dispõe de conteúdos psicanalíticos.
2.90 Psicologia do Desenvolvimento II (2003/1)
A psicanálise está presente na terceira fase no PE da disciplina Psicologia do
Desenvolvimento II, como referência bibliográfica no livro de Maud Mannoni, O nomeável e
o inominável: a última palavra da vida (1995), e na indicação do site www.appoa.com.br, da
Associação Psicanalítica de Porto Alegre.
2.91 Sistema Psicanalítico de Psicologia (2004/1)
Ainda na terceira fase, a disciplina Sistema Psicanalítico de Psicologia apresenta
quatro propostas de trabalho em sua ementa. A evolução: a base histórica e a base filosófica
do sistema psicanalítico de psicologia. O objeto: visão de homem e visão de mundo.
Conceitos e teorias fundamentais: da pessoa (personalidade), do desenvolvimento psicológico,
dos coletivos humanos. Contribuições do sistema para a nossa sociedade. O objetivo geral
desta PE é o de tomar conhecimento das principais elaborações e conceitos da psicanálise,
partindo da historicidade, percorrendo do singular ao coletivo com a finalidade de poder
vislumbrar sobre a prática dentro dessa linha psicológica. Verificou-se três unidades nos
conteúdos programáticos. A história da psicanálise: linha de pensamento psicanalítico;
história da psicanálise freudiana; e evolução da psicanálise. Articulações, conceitos e
89
elaboração: desejo (homem e mundo); representação; inconsciente; tópicas (personalidade e
desenvolvimento); sonhos; identificação (coletivo); transferência; narcisismo; psicopatologia.
Psicanálise e sintoma social: complexos familiares
70
; Édipo e o estágio do espelho (entrada no
social); real, simbólico e imaginário; Freud e Lacan; da miséria psíquica à cultura e ao social.
Como referência básica encontra-se o livro texto de Alfredo Luiz Garcia-Roza Freud e
o inconsciente (1983). As demais referências são os textos: O futuro de uma ilusão (1974) de
Sigmund Freud (Vol. 21); O mal-estar na civilização (1974) de Sigmund Freud (Vol. 21);
Além do princípio do prazer (1976) de Sigmund Freud (Vol. 18); Psicologia de grupo e a
análise do ego (1976) de Sigmund Freud (Vol. 18); O seminário livro XI: os quatro conceitos
fundamentais da psicanálise (1979) de Jacques Lacan; El descubrimiento del inconsciente
(1987) de Octave Mannoni; Lições sobre os sete conceitos cruciais da psicanálise (1989) de
Juan-David Nasio. Como periódico, está indicado o site www.appoa.com.br, da Associação
Psicanalítica de Porto Alegre.
2.92 Teoria Psicanalítica da Personalidade e Técnicas Psicoterápicas (2004/2)
Na quarta fase a disciplina Teoria Psicanalítica da Personalidade e Técnicas
Psicoterápicas tem como ementa, a teoria psicanalítica da personalidade e o desenvolvimento
do ego. O PE divulga, como objetivos específicos, compreender a personalidade em
psicanálise através do desenvolvimento do sujeito essencialmente às instâncias psíquicas e
aprender teoria e técnica psicanalítica para intervir enquanto futuro profissional. Os conteúdos
programáticos
71
estão divididos em duas unidades.
Na primeira unidade são estudados a partir do inconsciente freudiano: o mecanismo
psíquico do esquecimento; lembranças encobridoras; as sutilezas de um ato falho; os chistes e
sua relação com o inconsciente; romances familiares; a dissolução do complexo de Édipo; um
caso de histeria; um caso de neurose obsessiva; um caso de paranóia; a perda da realidade na
neurose e na psicose; uma neurose infantil; associação de uma criança de quatro anos de
idade; análise de uma fobia em um menino de cinco anos; sobre a técnica do manejo da
interpretação de sonhos na psicanálise; recomendações aos que exercem a psicanálise; sobre o
início do tratamento; recordar, repetir e elaborar; sobre o amor transferencial; a questão da
análise leiga; psicanálise selvagem; inibições, sintomas e ansiedade; o problema do
70
É uma tentativa de sistematização das neuroses familiares. Lacan propõe compreender este impasse imaginário
da polarização sexual em função de uma antinomia social, quando nela se engajam indivisivelmente as formas de
uma cultura, os costumes e as artes, a luta e o pensamento. Seria essa abstração cultural da família humana
inteiramente acessível aos métodos da psicologia concreta, observação, análise?
71
Trata-se de textos da Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (1987e),
sugeridos pelo professor na bibliografia.
90
charlatanismo. Na segunda unidade, o inconsciente estruturado como linguagem aborda os
seguintes temas: televisão
72
; complexos familiares; o estádio do espelho e o Édipo; signo
lingüístico; o desejo segundo Lacan: real, imaginário e simbólico; e etnopsicanálise.
As referências indicam, como leitura obrigatória, os textos: A psicopatologia da vida
cotidiana (1987) de Sigmund Freud (Vol. 6), O ego e o id (1976) de Sigmund Freud (Vol.
19), e Uma neurose demoníaca do século XVII (1976) de Sigmund Freud (Vol. 19).
Como referência básica são recomendados: O mecanismo psíquico do esquecimento
(1987) de Sigmund Freud (Vol. 3); Lembranças encobridoras (1987) de Sigmund Freud (Vol.
3); Fragmento da análise de um caso de histeria (1989) de Sigmund Freud (Vol. 7); Os
chistes e sua relação com o inconsciente (1977) de Sigmund Freud (Vol. 8); Romances
familiares (1976) de Sigmund Freud (Vol. 9); Análise de uma fobia em um menino de cinco
anos (n.d.) de Sigmund Freud (Vol. 10); Notas sobre um caso de neurose obsessiva (n.d.) de
Sigmund Freud (Vol. 10); Notas psicanalíticas sobre um relato autobiográfico de um caso de
paranóia (Dementia paranoides) (1969) de Sigmund Freud (Vol. 12); Artigos sobre técnica
(1969) de Sigmund Freud (Vol. 12); O manejo da interpretação de sonhos na psicanálise
(1969) de Sigmund Freud (Vol. 12); Recomendações aos médicos que exercem a psicanálise
(1969) de Sigmund Freud (Vol. 12); Sobre o início do tratamento (1969) de Sigmund Freud
(Vol. 12); Recordar, repetir e elaborar (1969) de Sigmund Freud (Vol. 12); Observações
sobre o amor transferencial (1969) de Sigmund Freud (Vol. 12); A questão da análise leiga
(1976) de Sigmund Freud (Vol. 20); Psicanálise silvestre (1970) de Sigmund Freud (Vol.
11); História de uma neurose infantil (1976) de Sigmund Freud (Vol. 17); Associações de
uma criança de quatro anos de idade (1976) de Sigmund Freud (Vol. 18); A dissolução do
complexo de Édipo (1976) de Sigmund Freud (Vol. 19); A perda da realidade na neurose e na
psicose (1976) de Sigmund Freud (Vol. 19); Inibições, sintomas e ansiedade (1976) de
Sigmund Freud (Vol. 20); O Dr. Reik e o problema do charlatanismo: uma carta à Neue
Freie Presse (1974) de Sigmund Freud (Vol. 21); e As sutilezas de um ato falho (1976) de
Sigmund Freud (Vol. 22).
Além de Introdução à leitura de Lacan: o inconsciente estruturado como linguagem
(1989) de Joël Dor; Os complexos familiares na formação do indivíduo (1987) de Jacques
Lacan; O seminário livro I: os escritos técnicos de Freud (1974) de Jacques Lacan; O
seminário livro II: o eu na teoria de Freud e na técnica da psicanálise (1985) de Jacques
Lacan; Estrutura lacaniana das psicoses de (1991) Charles Melman; Cinco lições sobre a
72
Televisão se compõe de Lacan a Jacques-Alain Miller, que desempenha aqui a função de provocador do
mestre para que este exponha seu saber. Os assuntos incluem os mal-estares da civilização através do capitalismo
e do racismo, o inconsciente e sua relação com a linguagem, as relações do homem com a mulher e da
psicanálise com a ética.
91
teoria de Jacques Lacan (1992) de Juan-David Nasio; O desenlace de uma análise (1990) de
Gérard Pommier; Psicanálise e sintoma social II (1998) de Mário Fleig.
O Plano de Ensino recomenda ainda como referência complementar: O seminário livro
III: as psicoses (1985) de Jacques Lacan; O seminário livro IV: a relação de objeto (1995) de
Jacques Lacan; O seminário livro V: as formações do inconsciente (1999) de Jacques Lacan;
O seminário livro VII: a ética da psicanálise (1995) de Jacques Lacan; O seminário livro
VIII: a transferência (1994) de Jacques Lacan; O seminário livro XI: os quatro conceitos
fundamentais da psicanálise (1979) de Jacques Lacan; O seminário livro XVII: o avesso da
psicanálise (1994) de Jacques Lacan; O seminário livro XX: mais, ainda (1982) de Jacques
Lacan; Psicanálise e sintoma social I (1994) de Mário Fleig; Lacan e a filosofia (1987) de
Alain Juranville; O mito individual do neurótico (1985) de Jacques Lacan; Escritos (1999) de
Jacques Lacan; A querela dos diagnósticos (1985) de Jacques Lacan; e Lições sobre os sete
conceitos cruciais da psicanálise (1989) de Juan-David Nasio.
2.93 Teorias Psicológicas II (2003/2)
Ainda nesta fase a disciplina Teorias Psicológicas II tem como ementa conceitos e
aspectos gerais das teorias psicanalíticas. O PE divide os conteúdos em quatro unidades de
ensino. Histórico da teoria psicanalítica: como iniciou; de que forma se articula; evolução
dessa teoria. Elaboração, articulações e conceitos: inconsciente, representação; pulsão;
sonhos; psicopatologia; identificação; tópicas, supereu. O inconsciente estruturado como
linguagem: Freud, Lacan; narcisismo; tópica do imaginário; desejo, transferência, resistência;
verdade; Édipo e o estádio do espelho. Demais nomes e contribuições: Adler; Fromm; Klein;
Jung; e Winnicot.
Como referência básica foi indicado o livro texto de Alfredo Luiz Garcia-Roza, Freud
e o inconsciente (1983), além dos textos: Cinco lições de psicanálise (1970) Sigmund Freud
(Vol. 11), Leonardo da Vinci e uma lembrança de sua infância (1970) Sigmund Freud (Vol.
11), A história do movimento psicanalítico (1974) Sigmund Freud (Vol. 14), inclusive os
seguintes livros de apoio: Palavra e verdade na filosofia antiga e na psicanálise (1990) de
Alfredo Luiz Garcia-Roza; e Lições sobre os sete conceitos cruciais da psicanálise (1989) de
Juan-David Nasio.
Em anexo o PE indica como objetivo geral ou habilidades a serem adquiridas pelos
alunos da disciplina, tomar conhecimento de principais elaborações e conceitos das referidas
teorias com a finalidade de poder vislumbrar sobre a prática dentro dessas linhas psicológicas.
Como objetivos específicos ou competências, são as de compreender a história da psicanálise;
92
entender de que maneira a psicanálise evoluiu até o momento atual; saber da divisão
psicanalítica entre metapsicologia e práxis; e ver as principais contribuições de Freud, Adler,
Fromm, Lacan, Jung, Winnicot, e Klein.
2.94 Psicopatologia (2004/1)
A disciplina Psicopatologia da quinta fase considera a avaliação psicanalítica, assim
como a avaliação fenomenológica, o exame mental psiquiátrico e o parecer psicológico, como
tipos de avaliação psicológica. A psicanálise aparece nos conteúdos, como fornecedora de
noções de estrutura de personalidade.
2.95 Teorias Psicológicas III (2004/1)
Ainda nesta fase, a disciplina Teorias Psicológicas III considera a Psicanálise, em seus
conteúdos, como um dos antecedentes pessoais da Gestalt-terapia.
2.96 Técnicas Psicoterápicas II (2004/1)
Na sétima fase a disciplina Técnicas Psicoterápicas II tem com ementa as psicoterapias
psicanalíticas e psicodinâmicas, seu processo terapêutico e aplicações. O conteúdo
programático
73
está dividido em duas unidades. Inicialmente aborda-se o inconsciente
freudiano a partir dos seguintes textos: O mecanismo psíquico do esquecimento (1898);
Lembranças encobridoras (1899); Um caso de histeria (1905[1901]); Os chistes e sua relação
com o inconsciente (1905); Romances familiares (1909[1908]); Análise de uma fobia em um
menino de cinco anos (1909); Um caso de neurose obsessiva (1909); Um caso de paranóia
(1911); Artigos sobre técnica (1911-1915[1914]); O manejo da interpretação de sonhos na
psicanálise (1911); Recomendações aos que exercem a psicanálise (1912); Sobre o início do
tratamento (1913); Recordar, repetir e elaborar (1914); Sobre o amor transferencial (1915); A
questão da análise leiga (1926); Psicanálise selvagem (1910); Uma neurose infantil
(1918[1914]); Associação de uma criança de quatro anos de idade (1920); A dissolução do
complexo de Édipo (1924); A perda da realidade na neurose e na psicose (1924); Inibições,
sintomas e ansiedade (1926[1925]); O problema do charlatanismo (1928); As sutilezas de um
ato falho (1935).
73
Trata-se de textos da Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (1987e),
sugeridos pelo professor na bibliografia.
93
Na unidade dois, o inconsciente estruturado como linguagem: complexos familiares;
televisão; os escritos técnicos de Freud; o estádio do espelho e o Édipo; o desejo segundo
Lacan: real, imaginário e simbólico; as estruturas existenciais; e signo lingüístico. Na
Referência Básica localizou-se o Livro Texto, A psicopatologia da vida cotidiana (1987) de
Sigmund Freud (Vol. 6). Nas demais Referências: Introdução à leitura de Lacan: o
inconsciente estruturado como linguagem (1989) de Joël Dor; Os complexos familiares na
formação do indivíduo (1987) de Jacques Lacan; O seminário livro I: os escritos técnicos de
Freud (1974) de Jacques Lacan; Estrutura lacaniana das psicoses (1991) de Charles Melman;
Cinco lições sobre a teoria de Jacques Lacan (1992) de Juan-David Nasio; O desenlace de
uma análise (1990) de Gérard Pommier. Nos Periódicos indica-se o site www.appoa.com.br
da Associação Psicanalítica de Porto Alegre.
2.97 Síntese da UNIDAVI
Encontra-se a proposta de estudar a psicanálise e o romantismo alemão do século XVI
e sua relação com a filosofia nietzscheniana, como parte da filosofia contemporânea, para
compreender as bases originárias da psicologia. Dentro dos sistemas históricos de
conhecimento, as psicologias psicanalíticas fazem parte dos sistemas científicos, diferente dos
sistemas místicos (religiões) e sistemas culturais (senso comum) e da história dos sistemas de
saberes psicológicos, nas transformações dos conceitos que deram origem e moldaram a
psicologia moderna. As disciplinas de psicopatologia consideram a avaliação psicanalítica,
assim como a avaliação fenomenológica, o exame mental psiquiátrico e o parecer psicológico,
como tipos de avaliação psicológica. As teorias psicanalíticas são classificadas como uma das
principais teorias da psicologia do desenvolvimento. René Spitz discute a personalidade
infantil no primeiro ano de vida a partir de um estudo psicanalítico do desenvolvimento
normal e anômalo das relações objetais. Em outro estágio através da perspectiva psicanalítica
aborda-se a velhice, a doença e a morte, tratando também da vida e do que se pode fazer por
aqueles que atravessam seus estados últimos.
O ensino da psicanálise tem o objetivo de compreender a personalidade em psicanálise
através do desenvolvimento do sujeito essencialmente às instâncias psíquicas e aprender
teoria e técnica psicanalítica para intervir enquanto futuro profissional. Apresenta-se a
proposta de tomar conhecimento das principais elaborações e conceitos da psicanálise,
partindo da historicidade: como iniciou; de que forma se articula; evolução dessa teoria.
Elaboração, articulações e conceitos: inconsciente, representação; pulsão; sonhos;
psicopatologia; identificação; tópicas, supereu. O inconsciente estruturado como linguagem:
94
Freud, Lacan; narcisismo; tópica do imaginário; desejo, transferência, resistência; verdade;
Édipo e o estádio do espelho. Psicanálise e sintoma social: complexos familiares; Édipo e o
estágio do espelho (entrada no social); real, simbólico e imaginário; da miséria psíquica à
cultura e ao social. Demais nomes e contribuições: Adler; Fromm; Klein; Jung; e Winnicot.
São demonstrados casos clássicos como, pequeno Hans, homem dos ratos,
homem dos lobos e outros de importância central na teoria psicanalítica que permitiram a
Freud compreender melhor o funcionamento da psique. Freud aproveitou este material para
introduzir as descobertas da psicanálise ao público, sendo apropriado para exemplificar aos
alunos, os mecanismos do inconsciente. São obras de esclarecimentos à sexualidade que
expõem os métodos técnicos e as concepções teóricas do tratamento psicanalítico. Foram
demonstradas também regras técnicas que orientam a direção do tratamento, uma série de
situações que devem ser enfrentadas no manejo da transferência durante a análise e as
primeiras teses da psicanálise sobre as psicoses. As obras também expressam o objetivo de
introduzir o aluno aos pressupostos da teoria lacaniana, resgatando a historicidade dos
conceitos e percorrendo a via feita por Lacan, nos textos e dúvidas que o impulsionaram. São
livros que ajudam a se aproximar da obra de Lacan, servindo como guia para a leitura dos
originais. São indicadas as leituras dos seminários de Lacan indispensáveis para o
conhecimento da proposta de leitura por ele empreendida da obra de Freud, cuja concepção
sobre as relações entre inconsciente e significante se inscrevem num empreendimento
pedagógico.
São indicados trabalhos apresentados em jornadas de psicanálise, com temas
relacionados à problemática da cultura, como geradora de impasses e suas vias de análise,
através da delinqüência, alcoolismo, toxicomania, maus-tratos a menores, meninos e meninas
de rua, corrupção, violência urbana, sociedade de consumo, fracasso escola, etc. e ao conceito
de sintoma social, a partir do sujeito, do grupo, e instituições, através da teoria-práxis
psicanalítica e campos conexos: literatura, educação, topologia, filosofia e antropologia. Neste
sentido são indicados sites de associações psicanalíticas para divulgar atividades para reunir
psicanalistas e interessados na psicanálise freudiana e lacaniana.
Universidade do Planalto Catarinense UNIPLAC
O curso de Psicologia da UNIPLAC tem 22 disciplinas com conteúdos de psicanálise
em seus Planos de Ensino: História da Psicologia; Psicologia da Personalidade I; Teorias e
Sistemas Psicológicos; Psicologia da Personalidade II; Psicologia Social; Estágio Básico
Supervisionado em Psicologia Escolar; Psicologia da Aprendizagem e da Inteligência;
95
Psicologia das Relações Familiares; Psicologia do Desenvolvimento - Infância e
Adolescência; Psicologia Escolar; Psicopatologia da Infância e da Adolescência; Técnicas de
Avaliação Psicológica na Infância e na Adolescência; Psicologia do Desenvolvimento - Vida
Adulta e Velhice; Psicopatologia Geral; Psicologia Organizacional; Técnicas de Entrevista
Psicológica; Tópicos em Psicopatologia - Dependência Química e Violência; Psicologia da
Comunicação; Psicologia Jurídica; Teorias Psicológicas do Desenvolvimento Moral; Teorias
e Técnicas Psicoterápicas; e Sexualidade Humana. Não nenhuma disciplina de conteúdos
estritamente psicanalíticos em seus Planos de Ensino, apesar de um terço do material recebido
desta instituição apresentar conteúdos de psicanálise.
2.98 História da Psicologia (2004)
No primeiro semestre a disciplina História da Psicologia menciona em seu PE a
seguinte bibliografia de conteúdo psicanalítico: Edição standard brasileira das obras
psicológicas completas de Sigmund Freud (1987) de Sigmund Freud (24 vols.); Dicionário
enciclopédico de psicanálise: o legado de Freud e Lacan (1996) de Pierre Kaufmann;
Sessenta anos de psicanálise: dos precursores às perspectivas no final do século (1996) de
Denise de Oliveira Lima (org.) et al.; Um saber que não se sabe: a experiência analítica
(1989) de Maud Mannoni; A psicanálise no Brasil: as origens do pensamento psicanalítico
(1993) de Elisabete Mokrejs; e História da psicanálise na França: a batalha dos cem anos
(1988) de Elisabeth Roudinesco.
2.99 Psicologia da Personalidade I (2004)
No segundo semestre a ementa da disciplina Psicologia da Personalidade I explora a
psicanálise como uma das principais teorias psicológicas entre as concepções de
personalidade, diferentes fundamentos e pressupostos. Na bibliografia, a psicanálise está
presente parcialmente em Teorias da personalidade em Freud, Reich e Jung (1984) de
Alberto Olavo Advincula Reis, e de modo completo na: Introdução à epistemologia freudiana
(1983) de Paul-Laurent Assoun; Introdução à leitura de Lacan: o inconsciente estruturado
como linguagem (1989) de Joël Dor; e na Edição standard brasileira das obras psicológicas
completas de Sigmund Freud (1987) de Sigmund Freud (24 vols.).
96
2.100 Teorias e Sistemas Psicológicos (2004)
A disciplina Teorias e Sistemas Psicológicos propõe-se a estudar os fundamentos das
principais teorias em psicologia, entre as quais a psicanálise, e os aspectos biográficos dos
seus principais representantes. Três obras de conteúdo psicanalítico se encontram na
bibliografia: Fundamentos de psicanálise (1976) de Franz Alexander; Chaves da psicanálise
(1990) de Georges-Philippe Brabant; e Uma nota sobre o inconsciente na psicanálise (1969)
de Sigmund Freud (Vol. 12).
2.101 Psicologia da Personalidade II (2004)
Os conteúdos psicanalíticos encontrados no Plano de Ensino da disciplina Psicologia
da Personalidade II são idênticos ao Plano de Ensino da disciplina Psicologia da
Personalidade I do segundo semestre deste Curso.
2.102 Psicologia Social (2004)
Na bibliografia da disciplina Psicologia Social encontra-se o texto O mal-estar na
civilização (1974) de Sigmund Freud (Vol. 21).
2.103 Estágio Básico Supervisionado em Psicologia Escolar (2004)
No quarto semestre a psicanálise está presente na bibliografia do Estágio Básico
Supervisionado em Psicologia Escolar através das obras: Os atrasados não existem:
psicanálise de crianças com fracasso escolar (1996) de Anny Cordié; Freud e a educação: o
mestre do impossível (1995) de Maria Cristina Machado Kupfer; e Pedagogia curativa
escolar e psicanálise (1985) de Janine Mery.
2.104 Psicologia da Aprendizagem e da Inteligência (2004)
A bibliografia da disciplina Psicologia da Aprendizagem e da Inteligência referencia a
psicanálise nas obras: Para além de Freud e Piaget: referenciais para novas perspectivas em
psicologia (1993) de Jean-Marie Dolle; Conhecimento como desejo: um ensaio sobre Freud e
Piaget (1995) de Hans Furth; De Piaget a Freud para repensar as aprendizagens: a (psico)
pedagogia entre o conhecimento e o saber (1993) de Leandro de Lajonquière.
97
2.105 Psicologia das Relações Familiares (2004)
Ainda no quarto semestre, a psicanálise contribui para a bibliografia da disciplina
Psicologia das Relações Familiares através das obras O laço conjugal (1994) de Contardo
Caligaris; O pai e sua função em psicanálise (1991) de Joël Dor; e A ordem sexual:
perversão, desejo e gozo (1992) de Gérard Pommier.
2.106 Psicologia do Desenvolvimento Infância e Adolescência (2004)
Os conteúdos de psicanálise estão presentes na bibliografia do PE da disciplina
Psicologia do Desenvolvimento Infância e Adolescência, através dos seguintes livros:
Adolescência (1991) de Arminda Aberastury e colaboradores; A criança e seus jogos (1992)
de Arminda Aberastury; Psicanálise e pediatria (1988) de Françoise Dolto; Edição standard
brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (1987) de Sigmund Freud (24
vols.); Inveja e gratidão e outros trabalhos (1946-1963) (1985) de Melanie Klein; Freud e a
educação: o mestre do impossível (1989) de Maria Cristina Kupper; O brincar e o
significante: um estudo psicanalítico sobre a constituição precoce (1990) de Ricardo
Rodulfo; A criança e seu mundo (1968) de Donald Winnicott; e O brincar e a realidade
(1975), também de Donald Winnicott.
2.107 Psicologia Escolar (2004)
A disciplina Psicologia Escolar apresenta em sua bibliografia Os atrasados não
existem: psicanálise de crianças com fracasso escolar (1996) de Anny Cordié; Freud e a
educação: o mestre do impossível (1989) de Maria Cristina Kupper; e Pedagogia curativa
escolar e psicanálise (1985) de Janine Mery.
2.108 Psicopatologia da Infância e da Adolescência (2004)
A bibliografia da disciplina Psicopatologia da Infância e da Adolescência relacionada
à psicanálise é Adolescência (1991) de Arminda Aberastury e colaboradores; A criança e seus
jogos (1992) de Arminda Aberastury; Para além de Freud e Piaget: referenciais para novas
perspectivas em psicologia (1993) de Jean-Marie Dolle; e Psicanálise e pediatria (1988) de
Françoise Dolto.
98
2.109 Técnicas de Avaliação Psicológica na Infância e na Adolescência (2004)
A disciplina Técnicas de Avaliação Psicológica na Infância e na Adolescência traz a
psicanálise em sua bibliografia através das obras Adolescência (1991) de Arminda Aberastury
e colaboradores; A criança e seus jogos (1992) de Arminda Aberastury; e Psicanálise e
pediatria (1988) de Françoise Dolto.
2.110 Psicologia do Desenvolvimento Vida Adulta e Velhice (2004)
No quinto semestre o PE da disciplina Psicologia do Desenvolvimento Vida Adulta
e Velhice traz a psicanálise através das obras: O laço conjugal (1994) de Contardo Caligaris e
O pai e sua função em psicanálise (1991) de Joël Dor.
2.111 Psicopatologia Geral (2004)
Na disciplina Psicopatologia Geral a psicanálise também se faz presente através das
seguintes citações bibliográficas: Introdução a uma clínica diferencial das psicoses (1989)
Contardo Caligaris; Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund
Freud (1987) de Sigmund Freud (24 vols.); Escritos (1999) de Jacques Lacan; e A
representação: ensaio psicanalítico (1989) de Nicos Nicolaïdis.
2.112 Psicologia Organizacional (2004)
No sexto semestre a disciplina Psicologia Organizacional como conteúdo de
psicanálise faz menção ao livro Psicanálise e contexto cultural: imaginário psicanalítico,
grupos e psicoterapias (1989) de Jurandir Freire Costa.
2.113 Técnicas de Entrevista Psicológica (2004)
Ainda neste semestre a disciplina Técnicas de Entrevista Psicológica cita uma obra
Psicanálise da criança: teoria e prática (1982) de Arminda Aberastury e o texto A dinâmica
da transferência (1969) de Sigmund Freud (Vol. 12).
99
2.114 Tópicos em Psicopatologia Dependência Química e Violência (2004)
No sétimo semestre o PE da disciplina Tópicos em Psicopatologia Dependência
Química e Violência faz uma única referência à Psicanálise em sua bibliografia: A pulsão e
seu objeto-droga: estudo psicanalítico sobre a toxicomania (1996) de Décio Gurfinkel.
2.115 Psicologia da Comunicação (2004)
No oitavo semestre a disciplina Psicologia da Comunicação cita os livros Televisão e
psicanálise (1987) de Muniz Sodré e A máquina de narciso: televisão, indivíduo e poder no
Brasil (1984) também de Muniz Sodré.
2.116 Psicologia Jurídica (2004)
A disciplina Psicologia Jurídica indica duas obras de conteúdo psicanalítico:
Introdução a uma clínica diferencial das psicoses (1989) de Contardo Calligaris e A
instituição e as instituições: estudos psicanalíticos (1991) de René Kaës et al.
2.117 Teorias Psicológicas do Desenvolvimento Moral (2004)
Na bibliografia da disciplina Teorias Psicológicas do Desenvolvimento Moral, a
psicanálise está presente em Teorias da personalidade em Freud, Reich e Jung (1984) de
Alberto Olavo Advincula Reis.
2.118 Teorias e Técnicas Psicoterápicas (2004)
Na ementa do nono semestre, a disciplina Teorias e Técnicas Psicoterápicas coloca a
psicanálise no contexto das psicoterapias. Entre suas bibliografias, podem ser consideradas
psicanalíticas: Psicanálise da criança: teoria e prática (1982) de Arminda Aberastury,
Fundamentos da técnica psicanalítica (1987) de Ricardo Horácio Etchegoyen e a Edição
standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (1987) de Sigmund
Freud (24 vols.).
100
2.119 Sexualidade Humana (2004)
No décimo e último semestre, na disciplina de Sexualidade Humana, apesar deste ser o
solo fértil da psicanálise, menciona-se apenas o livro Homem-mulher: abordagens sociais e
psicanalíticas (1987) de Carmen da Poian.
2.120 Síntese da UNIPLAC
São referenciados os 24 volumes da Edição standard brasileira das obras
psicológicas completas de Sigmund Freud (1987), ou seja, a totalidade dos escritos
psicológicos publicados por Sigmund Freud, psicanalíticos e pré-psicanalíticos. Dicionários
reúnem os conceitos essenciais da psicanálise, desde as teses fundadoras estabelecidas por
Sigmund Freud até formulações mais recentes, propostas a partir de Jacques Lacan.
Compreendem também cronologias da vida e da obra de Freud e Lacan, listas de leituras
sugeridas sobre os temas abordados, além de índice remissivo, temático e onomástico, que
inclui pequenas biografias.
Relata-se a história dos precursores da psicanálise desde o início do século tratando-se
de temas atuais como a cultura e a psicanálise, a clínica psicanalítica e o percurso da
psicanálise no Brasil. São recomendados textos de psicanálise brasileiros escritos antes da
fundação das sociedades de psicanálise. Estes textos, incluindo as idéias de Freud e seus
discípulos, expressam peculiaridades do momento brasileiro. Aparecem vários intrincamentos
da psicanálise com a terapêutica, a moral, a medicina, e mesmo a pedagogia e a literatura. A
história das sociedades psicanalíticas francesas é articulada com a história das idéias na
França com o objetivo de compreender o itinerário de Lacan e sua obra, por ele ter se tornado
o artífice de uma nova introdução do freudismo, desde 1925, tratando-se da implantação da
psicanálise nos meios literários. Algumas obras têm o objetivo de introduzir o aluno aos
pressupostos da teoria lacaniana, resgatando a historicidade dos conceitos e percorrendo a via
feita por Lacan, nos textos e dúvidas que o impulsionaram. São livros que ajudam a se
aproximar da obra de Lacan, servindo como guia para a leitura dos originais. Explicam-se
noções fundamentais, como o sujeito, o objeto a, o outro, o traço unário, o significante, o
corte, a identificação, o ato analítico e a sexuação, dado-se também a justificativa das
incursões topológicas de Lacan.
Fala-se da existência de diferentes sistemas psicanalíticos colocando-se para a
epistemologia da psicanálise o problema de compreender de que modo o saber constituído por
Freud pôde ser apropriado e ampliado por seus sucessores. Em particular as disciplinas de
101
personalidade que exploram a psicanálise como uma das principais teorias psicológicas entre
as concepções de personalidade, diferentes fundamentos e pressupostos. Como exemplo
apresentam de forma introdutória os elementos fundamentais da formulação da noção de
personalidade em Freud, Reich e Jung. Além de expor diferentes teorias, os autores cuidam
para relacioná-las, mostrando os conceitos comuns, suas semelhanças e diferenças. Em
psicopatologia discrimina-se, no cotidiano da clínica, estrutura e crises psicóticas, delineando-
se critérios que permitam distinguir as diferentes psicoses além de descrever os momentos da
transferência psicótica e, nela, os lugares, o espaço e o alcance da ação do analista.
A partir de descobertas originais sobre a vida psíquica da criança, alguns livros
apresentam uma visão da atividade lúdica da criança e seu significado ao longo do
crescimento infantil. Descreve e explica-se o jogo do bebê, da criança pequena, do escolar e
do pré- adolescente, representando-se experiências no campo da psicanálise e da pediatria.
Contém revelações não apenas da libido infantil, mas também das incidências complexas dos
distúrbios psicológicos na infância. São discutidas uma série de hipóteses fundamentalmente
articuladas através da prática psicanalítica, sobre a constituição precoce do psiquismo. A
importância do jogo remete ao que permite ao bebê construir seu corpo, simbolicamente, no
primeiro ano de vida. São levantados assuntos relacionados às crianças, como a delinqüência
juvenil, orientação sexual, etc. voltados aos primórdios da vida imaginativa e da experiência
cultural. A problemática do adolescente foi estudada em sua inter-relação com o meio familiar
e social. Inclui nesta revisão a psicanálise que iniciou uma busca técnica e teórica para superar
os obstáculos que lhe apresentam, averiguando-se o específico da adolescência. São citados os
frutos da etapa mais madura da atividade profissional de Melanie Klein, vários deles de
primeira importância para os estudiosos de suas obras, cujo propósito é assinalar a posição de
cada um dos temas principais na evolução de seu pensamento. Discute-se uma análise das
diferentes técnicas utilizadas por Maud Mannoni, Françoise Dolto e Serge Lebovici no
trabalho realizado com crianças, distinguindo-se as crianças neuróticas e psicóticas e se
propõe a intervir no processo de psicotização de algumas crianças. Transmitem-se as idéias de
Freud sobre a educação, os paradoxos por ele colocados e sua concepção sobre o aprender.
Pelo estudo interligado das teorias de Freud e Piaget, na vertente epistemológica da
psicanálise procura-se realçar tecnicamente o inconsciente a par da complexidade de um
sujeito também cognitivo. Propõe-se aos profissionais ligados à saúde mental e aos
educadores que venham a superar a cisão entre o conhecimento e a emoção, entre a lógica e a
sexualidade, ou seja, entre o conhecimento e o desejo.
A psicanálise está presente nas relações familiares, reunindo a análise de psicanalistas,
antropólogos e juristas discutindo vários aspectos sobre o tema do casamento. Outras questões
102
desta área são levantadas como a presença e o significado do pai, em toda a sua extensão
cultural, histórica, simbólica e subjetiva. A proibição do incesto e outros temas essenciais,
como o da função do pai na dialética edipiana, e o da foraclusão do significante Nome-do-Pai,
na etiologia lacaniana da psicose. A disciplina Psicologia do Desenvolvimento Vida Adulta
e Velhice também fazem menção ao tema. Algumas obras pretendem abordar questões
relativas às marcas identitárias masculino e feminino nas relações sociais de gênero.
A psicanálise é confrontada com os efeitos do inconsciente dentro das instituições. As
contribuições propõem os instrumentos conceituais destinados a assegurar ou a questionar as
práticas existentes mas também servem de paliativo à falta atual de uma teoria psicanalítica da
instituição. Os trabalhos pretendem repensar o problema do atendimento psicoterápico nos
ambulatórios públicos, tendo como parâmetro conceitual, a psicanálise, incluindo-se algumas
concepções das teorias psicanalíticas de grupo.
Os alunos são estimulados a acompanhar o desenvolvimento das idéias de Freud a
respeito das relações do indivíduo com a sociedade e com a cultura, assim como as críticas
que lhe foram dirigidas com base neste ponto. Por exemplo, na disciplina psicologia social
encontra-se uma análise geral da cultura e do antagonismo entre as exigências das pulsões e as
restrições da civilização. Alguns temas remetem a um amplo uso da psicanálise, como
materiais tomados tanto da cultura grega quanto da filosofia e das artes góticas. Outro
exemplo é o estudo das funções do narcisismo na sociedade industrial contemporânea,
centrada na TV e em outros dispositivos tecnológicos de produção de imagens ou simulacros,
como investimento na produção semiótica e psicanalítica. Utilizando-se principalmente do
conceito freudiano de pulsão, obras de psicanálise incluem as problemáticas das drogas em
uma reflexão mais ampla sobre o mal-estar cultural em que vivemos. Outros temas
específicos são articulados a estas questões, como: a sexualidade e as relações amorosas,
maternidade e paternidade, família, violência, etc.
Universidade do Sul de Santa Catarina UNISUL
A UNISUL mantém três cursos de Psicologia em seus campi: Araranguá, Palhoça e
Tubarão. Todos trabalham com o mesmo projeto político pedagógico e proposta curricular,
salvo algumas particularidades que não interferem na pesquisa. Foram analisadas 19
disciplinas de conteúdos psicanalíticos em seus Planos de Ensino: Sociologia, Filosofia I,
Filosofia II, Fundamentos de Psicanálise; Fundamentos da Epistemologia genética, Teoria
Psicanalítica I, Estágio Básico: Observação do Desenvolvimento Psicológico, Psicologia da
Idade Adulta, Técnicas Projetivas, Técnicas de Exame e Aconselhamento Psicológico I,
103
Teoria Psicanalítica II, Teoria Psicanalítica III, Sistemas em Psicologia A, Técnicas de Exame
e Aconselhamento Psicológico II, Técnicas de Exame e Aconselhamento Psicológico III,
Dinâmica de Grupo e Relações Humanas, Psicopatologia I, Saúde Mental Coletiva, e Teorias
e Técnicas Psicoterápicas IV.
2.121 Sociologia (2003/2)
No semestre um a disciplina de Sociologia tem como uma de suas bibliografias
Psicanálise e ciências sociais (1980) organizada por Sérvulo Augusto Figueira.
2.122 Filosofia I (2003/2)
O PE da disciplina Filosofia I indica a leitura do texto de Eugène Enriquez, A ordem
dos sexos em Da horda ao estado: psicanálise do vínculo social (1990), também de Eugène
Enriquez e Eros e civilização: uma interpretação filosófica do pensamento de Freud (1968),
de Herbert Marcuse.
2.123 Filosofia II (2003/2)
No semestre dois, na segunda parte da disciplina de Filosofia, são encontrados os
textos: O futuro de uma ilusão (1974) de Sigmund Freud (Vol. 21) e O mal-estar na
civilização (1974) também de Sigmund Freud (Vol. 21).
2.124 Fundamentos de Psicanálise (2003/2)
Neste semestre, a disciplina Fundamentos de Psicanálise tem como ementa, a história
do movimento psicanalítico, a construção do seu método, e conceitos freudianos, como
repressão, inconsciente e sexualidade.
A justificativa tem a psicanálise, enquanto uma perspectiva específica de compreensão
do sujeito e da subjetividade, apresentada nessa disciplina através de sua história e do debate
sobre seus conceitos fundamentais. Seu caráter introdutório leva à necessidade de ênfase na
contextualização da obra freudiana, sobretudo no que tange ao momento histórico de seu
surgimento. Os pontos de vista econômico, tópico e dinâmico constituem outras das temáticas
que pautam essa disciplina, em razão de constituírem os eixos básicos da teoria psicanalítica.
Nesse sentido, caracteriza os eixos de compreensão da psicanálise contextualizando-os em
relação ao conjunto da teoria em questão. Como último aspecto, promove-se o debate em
104
torno do lugar da psicanálise na modernidade, em termos das rupturas e continuidades que
estabeleceu à cultura ocidental nos últimos séculos.
O Objetivo Geral é o de contextualizar o surgimento da psicanálise como técnica,
teoria e método, focalizando a construção de seus conceitos fundamentais e a importância da
teoria psicanalítica para o pensamento moderno. Os objetivos específicos são o de situar as
origens da psicanálise enquanto técnica, teoria e método; identificar os conceitos
fundamentais da psicanálise, enfatizando o contexto histórico em que foram construídos; e
refletir sobre o papel da psicanálise na nova concepção de sujeito inaugurada no início do
século XX.
O conteúdo programático está dividido em cinco partes: origens históricas da
psicanálise, psicanálise e histeria, e principais precursores; Sigmund Freud e a construção do
método psicanalítico, da hipno-catarse ao método da associação livre, e a interpretação dos
sonhos; repressão e resistência, a origem do conceito de repressão, e conseqüências
metapsicológicas do conceito; Freud e o conceito de sexualidade, sexualidade e pulsão,
castração e complexo de Édipo; inconsciente e repressão, o inconsciente na concepção
freudiana formações do inconsciente, e as duas tópicas freudianas noções sobre a estrutura
e o funcionamento da mente.
Na bibliografia são citados os livros O que é psicanálise: segunda visão (1984) de
Oscar Cesarotto & Márcio Peter de Souza Leite; A cientificidade da psicanálise (1993) de
Joël Dor (v. 1 e 2); Cinco lições de psicanálise (1970) de Sigmund Freud (Vol. 11); Teoria
geral das neuroses (1976) de Sigmund Freud (Vol. 16); Um estudo autobiográfico (1976) de
Sigmund Freud (Vol. 20), e A dissecação da personalidade psíquica (1976) de Sigmund
Freud (Vol. 22); Freud, uma vida para nosso tempo (1989) de Peter Gay; Psicanálise: ciência
ou contraciência? (1989) de Hilton Japiassu; Vida e obra de Sigmund Freud (1979) de Ernest
Jones; História da psicanálise na França: a batalha dos cem anos (1988) de Elisabeth
Roudinesco; e Por que a psicanálise? (2000), também de Elizabeth Roudinesco.
2.125 Fundamentos da Epistemologia Genética (2003/2)
No semestre três, a bibliografia da disciplina Fundamentos da Epistemologia Genética
indica duas obras de conteúdo psicanalítico: Psicanálise e desenvolvimento infantil: um
enfoque transdisciplinar (1999), escrito por Alfredo Jerusalinsky e colaboradores, e
Comentários sobre o significado do trabalho de Piaget para a psicanálise (n.d.) de Anne-
Marie Sandler.
105
2.126 Teoria Psicanalítica I (2003/2)
Neste semestre a disciplina Teoria Psicanalítica I dispõe de uma ementa que
contempla as tópicas freudianas e conceitos fundamentais: pulsão, inconsciente, repetição e
transferência. Como justificativa, na seqüência da lógica vertical que contempla esta vertente
da psicologia, esta disciplina se propõe a aprofundar os principais conceitos da psicanálise,
tais como os de pulsão, aparelho psíquico, repressão, narcisismo, identificação, formações do
inconsciente e estruturas clínicas. Em se tratando de um segundo momento de estudo da teoria
psicanalítica, iniciado em Fundamentos da Psicanálise, esta disciplina deve não incorporar
as discussões travadas no semestre anterior, mas também garantir ao aluno o acesso aos
conceitos necessários às disciplinas de Teoria Psicanalítica II e III. Em longo prazo seus
debates permitirão aos alunos maiores condições de compreensão dos conteúdos de
Psicopatologia I e II, Psicologia Social, Saúde Mental Coletiva, entre outras.
O objetivo geral é o de aprofundar os principais conceitos da psicanálise. Os objetivos
específicos são os de contextualizar e estudar o conceito de pulsão; delinear a estruturação do
conceito de inconsciente e aprofundá-lo; estudar e especificar o conceito de transferência e
seu papel na clínica psicanalítica; e o de investigar o construto de repetição e apontar a sua
importância em psicanálise. O conteúdo programático visa a contextualização sobre o
pensamento psicanalítico; conceito de pulsão e suas características; pulsão de vida e pulsão de
morte; repetição; primeira tópica (consciente, inconsciente e pré-consciente); segunda tópica
(id, ego, superego); recalcamento; formações do inconsciente; sonhos, sintomas, atos falhos,
chistes; narcisismo; identificação; complexo de Édipo; e transferência.
A bibliografia indica as seguintes obras: A psicanálise depois de Freud: teoria e
clínica (1992) de Norberto M. Bleichmar & Célia Leiberman D. Bleichmar; Noções básicas
de psicanálise: introdução à psicologia psicanalítica (1969) de Charles Brenner; Dicionário
de psicanálise Larousse (1995) de Roland Chemama; Ensaios sobre a topologia lacaniana
(1994) de Marc Darmon; Introdução à leitura de Lacan: o inconsciente estruturado como
linguagem (1989) de Joël Dor; Estruturas e clínica psicanalítica (1997) também de Joël Dor;
Lacan e a clínica da interpretação (1996) de Christian Ingo Lenz Dunker; Para ler o
seminário 11 de Lacan: os quatro conceitos fundamentais da psicanálise (1998) de Richard
Feldstein, Bruce Fink et al.; Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de
Sigmund Freud (1987) de Sigmund Freud (24 vols.); Introdução à metapsicologia freudiana
(1995) de Alfredo Luiz Garcia-Roza; O mal radical em Freud (1990) também de Alfredo
Luiz Garcia-Roza; Um saber que não se sabe: a experiência analítica (1989) de Maud
Mannoni; Percurso de Lacan: uma introdução (1988) de Jacques-Alain Miller; Lições sobre
106
os sete conceitos cruciais da psicanálise (1993) de Juan-David Nasio; Introdução às obras de
Freud, Ferenczi, Groddeck, Klein, Winnicott, Dolto, Lacan (1995) de Juan-David Nasio;
Escritos (1999) de Jacques Lacan; Vocabulário da psicanálise (1982) de Jean Laplanche &
Jean-Bertrand Pontalis; O sentimento de solidão (1975) de Melanie Klein; As 4+1 condições
de análise (1991) de Antônio Quinet; A transferência e o desejo do analista (1991) de
Moustapha Safouan.
2.127 Observação do Desenvolvimento Psicológico (2003/2)
No semestre quatro, a disciplina Estágio Básico: Observação do Desenvolvimento
Psicológico tem como justificativa de estratégia do Curso de Psicologia da UNISUL, a
integração da teoria com a prática. Este estágio básico consiste em contribuir na aplicação dos
conteúdos de Teoria Psicanalítica, Histórico-Cultural e Epistemologia Genética, nos conceitos
aprendidos em situação concreta da realidade do desenvolvimento psicológico nos diferentes
contextos sociais. Na Bibliografia encontra-se a Edição standard brasileira das obras
psicológicas completas de Sigmund Freud (1987) de Sigmund Freud (24 vols.).
2.128 Psicologia da Idade Adulta (2003/2)
A disciplina Psicologia da Idade Adulta traz como bibliografia a Teoria do vínculo
(1986) de Enrique Pichon-Rivière, e O processo grupal (1986), também de Enrique Pichon-
Rivière.
2.129 Técnicas Projetivas (2003/2)
O Plano de Ensino da disciplina de Técnicas Projetivas cita em sua bibliografia Os
métodos projetivos (1981) de Didier Anzieu.
2.130 Técnicas de Exame e Aconselhamento Psicológico I (2003/2)
Apenas a obra Os métodos projetivos (1981) de Didier Anzieu foi dada como
referência nesta disciplina.
107
2.131 Teoria Psicanalítica II (2003/2)
Ainda neste semestre a disciplina Teoria Psicanalítica II tem como ementa o conceito
de estrutura; as estruturas clínicas: neurose, psicose e perversão; e a contextualização crítica
das teorias do desenvolvimento em psicanálise. Como justificativa, esta disciplina, na
seqüência de Teoria Psicanalítica I, é responsável por aprofundar os principais conceitos da
psicanálise à luz de seus maiores expoentes. Na proposta de uma formação generalista e
pluralista, esta disciplina permite ao aluno aprofundar esta corrente da psicologia ampliando
sua competência de avaliar a complexidade da subjetividade. Em estreita relação com as
disciplinas de Teoria Psicanalítica III e Psicopatologia I e II e Estágios Curriculares
Supervisionados, esta disciplina representa uma fase importante do eixo vertical psicanalítico
da grade curricular.
O objetivo geral é o de descrever e compreender os principais aspectos do
desenvolvimento psíquico e das relações de objeto que fundamentam os tipos de estruturas do
sujeito: neurose, psicose e perversão. Os objetivos específicos são os de estudar e
compreender a perspectiva estrutural da psicanálise, através da construção teórica de Freud e
de Lacan sobre a organização psíquica; compreender as principais teorias psicanalíticas do
desenvolvimento e os pressupostos teóricos dos principais autores, que fundamentam o
desenvolvimento da estrutura psíquica do sujeito; e compreender as principais características
das estruturas neuróticas, psicóticas e perversas.
Como conteúdo programático na primeira unidade aborda-se as estruturas e o
pensamento de Freud: modelo psicodinâmico de estruturação psíquica do sujeito; estágios do
desenvolvimento psicossexual (fases: oral, anal, fálica); a angústia de castração, o
complexo de Édipo e o superego; neurose, psicose e perversão, segundo Freud. Na segunda
unidade, apresenta-se a teoria das relações de objeto de Melanie Klein: conceitos
fundamentais e as relações de objeto; posição esquizo-paranóide e depressiva. Na terceira
unidade, o pensamento de D.W. Winnicott: desenvolvimento da dependência rumo à
independência relativa; os fenômenos e objetos transicionais, e a capacidade de estar só. Na
quarta, o processo separação-individuação de Margareth Mahler: os estádios primitivos do
desenvolvimento: a simbiose humana; e subfases do desenvolvimento do processo separação-
individuação. Na quinta, o pensar de Françoise Dolto: estágios do desenvolvimento; e as
estruturas clínicas: neurose, psicose e perversão. Na sexta e última unidade, a obra lacaniana:
o conceito de estrutura, segundo Jacques Lacan; o estágio do espelho; o complexo de Édipo;
neurose, psicose e perversão.
108
A bibliografia básica é composta pelas seguintes obras: A linguagem de Winnicott
(2000) de Jan Abram; A psicanálise depois de Freud: teoria e clínica (1992) de Norberto M.
Bleichmar & Célia Leiberman D. Bleichmar; Psicanálise e pediatria (1988) de Françoise
Dolto; Estruturas e clínica psicanalítica (1997) de Joël Dor; Introdução à leitura de Lacan: o
inconsciente estruturado como linguagem (1989) de Joël Dor; O pai e sua função em
psicanálise (1991) de Joël Dor; Cinco lições de psicanálise (1970) de Sigmund Freud (Vol.
11); Esboço de psicanálise (1975) de Sigmund Freud (Vol. 23); O sentimento de solidão
(1975) de Melanie Klein; Freud e o inconsciente (1983) de Alfredo Luiz Garcia-Roza; O
complexo de castração (1991) de André Green; Introdução à obra de Françoise Dolto (1991)
de Michel-Henri Ledoux; Introdução às obras de Freud, Ferenczi, Groddeck, Klein,
Winnicott, Dolto, Lacan (1995) de Juan-David Nasio; Introdução à obra de Melanie Klein
(1983) de Hanna Segal; O ambiente e os processos de maturação (1982) de Donald
Winnicott, e Da pediatria à psicanálise (1974), também de Donald Winnicott.
Segue da mesma maneira a bibliografia complementar: Noções básicas de psicanálise:
introdução à psicologia psicanalítica (1969) de Charles Brenner; Ensaios sobre a topologia
lacaniana (1994) de Marc Darmon; Dialogando sobre crianças e adolescentes (1989) de
Françoise Dolto; Lacan e a clínica da interpretação (1996) de Christian Ingo Lenz Dunker;
Para ler o seminário 11 de Lacan: os quatro conceitos fundamentais da psicanálise (1998) de
Richard Feldstein, Bruce Fink et al.; O desenvolvimento da libido e as organizações sexuais
(1976) de Sigmund Freud (Vol. 16); A teoria da libido e o narcisismo (1976) de Sigmund
Freud (Vol. 16); Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund
Freud (1987) de Sigmund Freud (24 vols.); O mal radical em Freud (1990) de Alfredo Luiz
Garcia-Roza; Psicanálise e desenvolvimento infantil: um enfoque transdisciplinar (1999) de
Alfredo Jerusalinsky e colaboradores; Escritos de Jacques Lacan (1999); Vocabulário da
psicanálise (1982) de Jean Laplanche & Jean-Bertrand Pontalis; O nascimento psicológico da
criança: simbiose e individuação (1993) de Margaret Mahler; O processo de separação-
individualização (1982) também de Margaret Mahler; Um saber que não se sabe: a
experiência analítica (1989) de Maud Mannoni; Percurso de Lacan: uma introdução (1988)
de Jacques-Alain Miller; Lições sobre os sete conceitos cruciais da psicanálise (1993) de
Juan-David Nasio; Introdução às obras de Freud, Ferenczi, Groddeck, Klein, Winnicott,
Dolto, Lacan (1995) também de Juan-David Nasio; As 4+1 condições de análise (1991) de
Antônio Quinet; Dicionário de psicanálise (1998) de Elisabeth Roudinesco & Michel Plon;
Por que a psicanálise?
(2000), também de Elizabeth Roudinesco; A transferência e o desejo
do analista (1991) de Moustapha Safouan; Teorias psicanalíticas do desenvolvimento: uma
integração (1993) de Phyllis Tyson & Roberto Tyson; A teoria do desenvolvimento
109
emocional de Donald Winnicott (1990), artigo de Eloísa Helena Rubello Valler, publicado na
Revista Brasileira de Psicanálise; O brincar e a realidade (1975) de Donald Winnicott; Tudo
começa em casa (1996), também de Donald Winnicott; Vocabulário contemporâneo de
psicanálise (2001) de David Zimerman.
2.132 Teoria Psicanalítica III (2003/2)
No semestre cinco a disciplina Teoria Psicanalítica III tem como ementa a psicanálise
e a psicoterapia de orientação psicanalítica; o lugar do analista: aspectos técnicos, teóricos e
éticos; e a técnica psicanalítica: adulto e criança. Na continuidade da disciplina Teoria
Psicanalítica II, a justificativa argumenta que cabe à disciplina Teoria Psicanalítica III
apresentar aos alunos os principais aspectos da técnica psicanalítica, os quais a diferenciam da
atitude usual do psicólogo no contexto das psicoterapias. Nesse sentido, o papel da disciplina
é o de instrumentalizar o aluno no que se refere a aspectos da intervenção específicos desta
abordagem psicoterapêutica. Por conseguinte, essa disciplina encontra-se em próxima relação
com as disciplinas de Psicopatologia I e II, além de representar uma das opções que o aluno
possui para fundamentar sua intervenção no momento dos Estágios Específicos.
Seu objetivo geral é o de abordar o método e a técnica da psicanálise nas modalidades
de atendimento adulto, infantil e institucional, diferenciando a Psicanálise de práticas
psicoterapêuticas dela derivadas. Seus objetivos específicos são os de recapitular a história da
construção da técnica psicanalítica; estudar a técnica psicanalítica com adultos e crianças;
discutir a função do analista nos aspectos metodológicos, técnicos, teóricos e éticos;
diferenciar psicanálise e psicoterapias de orientação psicanalítica; e identificar as
possibilidades de aplicação da técnica psicanalítica no âmbito das instituições.
O conteúdo programático divide-se em cinco unidades. A primeira unidade estuda a
história da construção da técnica psicanalítica. A segunda aborda a técnica psicanalítica com
adultos, o método de associação livre, as entrevistas preliminares, a entrada em análise, e os
limites de uma análise. Na Unidade III estão presentes as especificidades da técnica
psicanalítica com crianças, a partir de Melanie Klein, Anna Freud e Françoise Dolto. Na
quarta unidade estuda-se a psicanálise e psicoterapias de orientação psicanalítica e a
psicoterapia breve de orientação psicanalítica. A psicanálise no contexto institucional
possibilidades e limitações é o tema da última unidade.
As obras contidas na bibliografia são: Freud e o desejo do psicanalista (1987) de
Serge Cottet; Psicanálise ou psicoterapia (1997) organizada por Jorge Forbes; Edição
standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (1987) de Sigmund
110
Freud (24 vols.); Psicoterapia breve psicanalítica: compreensão e cuidados da alma humana
(2003) de Haydeé Kahtuni; O seminário livro I: os escritos técnicos de Freud (1974) de
Jacques Lacan; O seminário livro II: o eu na teoria de Freud e na técnica da psicanálise
(1985) de Jacques Lacan; O seminário livro VIII: a transferência (1994) de Jacques Lacan;
Versões da clínica psicanalítica (1995) de Eric Laurent; Psicanálise lacaniana: cinco
seminários para analistas kleinianos (2000) de Márcio Peter de Souza Leite; Vocabulário da
psicanálise (1982) de Jean Laplanche & Jean-Bertrand Pontalis; Introdução à obra de
Françoise Dolto (1991) de Michel-Henri Ledoux; Como trabalha um psicanalista? (1999) de
Juan-David Nasio; Freud antipedagogo (1992) de Catherine Millot; O desenlace de uma
análise (1990) de Gérard Pommier; As 4+1 condições de análise (1991) de Antônio Quinet; A
transferência e o desejo do analista (1991) de Moustapha Safouan; O vínculo inédito (2003)
de Radmila Zygouris.
2.133 Sistemas em Psicologia A (2003/2)
Ainda neste semestre a disciplina Sistemas em Psicologia A tem como um dos
aspectos em sua ementa abordar os principais expoentes e autores pós-freudianos. O objetivo
geral é o de situar historicamente o surgimento da psicanálise como técnica, teoria e método,
focalizando a construção de seus conceitos fundamentais, sua visão de homem e de mundo,
sua relação com a psicologia e outros campos do conhecimento, bem como seus principais
expoentes e dissidentes teóricos. Os objetivos específicos são: estudar as origens históricas da
psicanálise enquanto técnica, teoria e método; introduzir ao aluno os conceitos fundamentais
da psicanálise; identificar seus principais expoentes e dissidentes teóricos; esclarecer a
situação da psicanálise enquanto disciplina do campo psi e suas relações com outros
campos de conhecimento; discutir a visão de homem e de mundo da psicanálise, partindo
do estudo de suas origens históricas e da construção de seus conceitos fundamentais; e refletir
sobre o estatuto científico da psicanálise.
O conteúdo programático divide-se em cinco unidades. A primeira unidade aborda as
origens históricas da psicanálise: principais precursores- pré-história; Sigmund Freud e o
surgimento da psicanálise enquanto método independente; psicanálise e histeria (o ponto
inaugural). Na segunda unidade tem os conceitos fundamentais: inconsciente e repressão;
pulsão e sexualidade; resistência e transferência; e as tópicas freudianas e a noção de
funcionamento do aparelho mental. Na terceira, os principais expoentes: Sigmund Freud,
criador da psicanálise; Melanie Klein e a psicanálise infantil; Kris, Lowestein e Hartmann da
psicologia do ego; e Jacques Lacan no movimento do retorno a Freud. A ética da
111
psicanálise está contemplada na unidade quatro. Na última unidade os autores pós-freudianos,
principais dissidentes: Carl Gustav Jung e a psicologia analítica; Alfred Adler e a Psicologia
Individual; Wilhelm Reich e a psicologia do corpo; Karen Horney, Erik Fromm e o
culturalismo; Anna Freud e a psicologia do ego.
A bibliografia menciona as seguintes obras: Cinco lições de psicanálise (1970) de
Sigmund Freud (Vol. 11); A história do movimento psicanalítico (1974) de Sigmund Freud
(Vol. 14); Um estudo autobiográfico (1976) de Sigmund Freud (Vol. 20); Freud, uma vida
para nosso tempo (1989) de Peter Gay; O que é psicanálise: segunda visão (1984) de Oscar
Cesarotto & Márcio Peter de Souza Leite; Vida e obra de Sigmund Freud (1979) de Ernest
Jones; Psicanálise da Criança (1969) de Melanie Klein; História da psicanálise na França: a
batalha dos cem anos (1988) de Elisabeth Roudinesco; Problemas para uma história da
psicanálise (1988) de Renato Mezan, in Precursores da história da psicanálise organizado
por Joel Birman; A formação cultural de Freud (1996) de Marialzira Perestrello; Discorrer a
Psicanálise (1987) de Roberto Harari; e A cientificidade da psicanálise (1993) de Joël Dor (v.
1 e 2).
2.134 Técnicas de Exame e Aconselhamento Psicológico II (2003/2)
Por fim, neste semestre, a disciplina Técnicas de Exame e Aconselhamento
Psicológico II traz como obra de conteúdos de psicanálise Diagnóstico e tratamento dos
problemas de aprendizagem (1992) de Sara Paín.
2.135 Técnicas de Exame e Aconselhamento Psicológico III (2003/2)
No semestre seis, Os métodos projetivos (1981) de Didier Anzieu é a única obra de
referência à psicanálise na bibliografia da disciplina Técnicas de Exame e Aconselhamento
Psicológico III.
2.136 Dinâmica de Grupo e Relações Humanas (2003/2)
O conteúdo programático da disciplina Dinâmica de Grupo e Relações Humanas
explora as principais teorias psicológicas acerca dos grupos. Enrique Pichon-Rivière e
Wilfred Bion são considerados alguns dos principais expoentes dos conceitos e configuração
dos grupos. Na bibliografia deste PE são considerados, básico: O processo grupal de Enrique
Pichon-Rivière (1986) e complementares: Experiências com grupos: os fundamentos da
112
psicoterapia de grupo (1975) de Wilfred Bion, O mal-estar na civilização (1974) de Sigmund
Freud (Vol. 21) e Psicologia de grupo e a análise do ego (1976) de Sigmund Freud (Vol. 18).
2.137 Psicopatologia I (2003/2)
Na Bibliografia do PE da disciplina Psicopatologia I aparece somente uma bibliografia
de conteúdo psicanalítico: Teoria psicanalítica das neuroses (1981) de Otto Fenichel.
2.138 Saúde Mental Coletiva (2003/1)
No semestre oito, a bibliografia da disciplina Saúde Mental Coletiva menciona o texto
Psicanálise e psiquiatria: campos convergentes ou divergentes? de Maria Lucia Vieira
Violante, que é parte do livro, O (im)possível diálogo psicanálise psiquiatria (2002),
organizado pela mesma autora.
2.139 Teorias e Técnicas Psicoterápicas IV (2003/2)
Ainda no oitavo semestre, a disciplina Teorias e Técnicas Psicoterápicas IV apresenta
a seguinte ementa: concepção, métodos e técnicas da psicanálise; aspectos éticos; o
atendimento psicoterápico individual (infantil ou adulto) e grupal; e a função do analista. O
objetivo geral é o de abordar o método e a técnica da psicanálise nos âmbitos de atendimento
adulto, infantil e grupal, enfocando o papel do analista em seus aspectos éticos. Os objetivos
específicos são os de recapitular a história da construção da técnica psicanalítica; diferenciar
psicanálise e psicoterapias de orientação psicanalítica; discutir o lugar do analista em seus
aspectos técnicos, teóricos e éticos; e estudar a técnica psicanalítica aplicada a adultos,
crianças e grupos.
O conteúdo programático está dividido em cinco unidades. A primeira unidade aborda
a história da construção da técnica psicanalítica. A segunda estuda a técnica psicanalítica com
adultos; o método de associação livre; as entrevistas preliminares; entrada em análise; fim e
finalidade de uma análise. Na unidade três tem a psicanálise e as psicoterapias; o lugar do
analista; e aspectos éticos. Na unidade quatro as especificidades da técnica psicanalítica com
crianças; Melanie Klein; Anna Freud; e Françoise Dolto. Na última unidade apresenta-se a
psicanálise e a questão grupal; Freud e a psicologia dos grupos; E. P. Rivière e os grupos
operativos.
A bibliografia indica os seguintes livros: Freud e o desejo do psicanalista (1987) de
Serge Cottet; Psicanálise ou Psicoterapia (1997) organizada por Jorge Forbes; Edição
113
standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (1987) de Sigmund
Freud (24 vols.); O seminário livro I: os escritos técnicos de Freud (1974) de Jacques Lacan;
O seminário livro II: o eu na teoria de Freud e na técnica da psicanálise (1985) de Jacques
Lacan; O seminário livro VIII: a transferência (1994) de Jacques Lacan; Versões da clínica
psicanalítica (1995) de Eric Laurent; Psicanálise lacaniana: cinco seminários para analistas
kleinianos (2000) de Márcio Peter de Souza Leite; Vocabulário da psicanálise (1982) de Jean
Laplanche & Jean-Bertrand Pontalis; Introdução à obra de Françoise Dolto (1991) de
Michel-Henri Ledoux; Como trabalha um psicanalista? (1999) de Juan-David Nasio; Freud
antipedagogo (1992) de Catherine Millot; O desenlace de uma análise (1990) de Gérard
Pommier; As 4+1 condições de análise (1991) de Antônio Quinet; O processo grupal (1986)
de Enrique Pichon-Rivière; e A transferência e o desejo do analista (1991) de Moustapha
Safouan.
2.140 Síntese da UNISUL
A UNISUL reúne artigos que expressam sua compreensão da psicanálise a partir do
ponto de vista social, inclusive contrapondo mestres como Freud e Wittgenstein. Outros temas
também são abordados, como a relativização da psicanálise, classes sociais, sistemas de fala e
a representação social da psicanálise. Pulsões, fantasmas e projeções não cessam de agir no
campo social, e é em Freud, notadamente, que se encontram os subsídios para compreender
este paradoxo. Alguns textos como O futuro de uma ilusão e O mal-estar na civilização,
ambos de Sigmund Freud (1974), demonstram o interesse do Curso no campo sócio-cultural.
Explora-se as principais teorias psicológicas acerca dos grupos. Pichon-Rivière e Bion são
considerados alguns dos principais expoentes dos conceitos e configuração dos grupos.
Citações de Bion (1975) proporcionam a base para a síntese de aproximação da psicanálise
clássica, centralizada no individual, com aquela da dinâmica de grupo. Os trabalhos de
Pichon-Rivière sobre grupos, o campo operacional da psicologia social, abordam o grupo e
permite o interjogo entre o psicossocial e o sócio-dinâmico através da observação das formas
de interação, dos mecanismos de assunção e adjudicação de papéis.
A psicanálise é considerada uma perspectiva específica de compreensão do sujeito e
da subjetividade, em termos das rupturas e continuidades que estabeleceu à cultura ocidental
nos últimos séculos. O surgimento da psicanálise é situado historicamente como técnica,
teoria e método, focalizando-se a construção de seus conceitos fundamentais, sua visão de
homem e de mundo, sua relação com a psicologia e outros campos do conhecimento, bem
como seus dissidentes teóricos. A psicanálise é colocada enquanto disciplina do campo psi,
114
a partir de uma visão de homem e de mundo particular, partindo-se da reflexão sobre o seu
estatuto científico. São conhecidos os principais expoentes, os autores pós-freudianos e os
principais dissidentes. Os conceitos centrais da psicanálise são aprofundados a partir de
tópicas freudianas tais como os pulsão, aparelho psíquico, repressão, narcisismo,
identificação, formações do inconsciente e estruturas clínicas. Abordam-se aspectos do
desenvolvimento psíquico e das relações de objeto que fundamentam os tipos de estruturas do
sujeito: neurose, psicose e perversão. Outras estruturas freudianas também são descritas como
o modelo psicodinâmico de estruturação psíquica do sujeito, os estágios do desenvolvimento
psicossexual (fases: oral, anal, fálica), a angústia de castração, o complexo de Édipo e o
superego. No que tange a prática clínica, são mencionados o método de associação livre, as
entrevistas preliminares, o lugar do analista, a entrada em análise, os limites de uma análise e
os aspectos éticos. Estuda-se a psicanálise e psicoterapias de orientação psicanalítica e a
psicoterapia breve de orientação psicanalítica. A psicanálise é diferenciada das práticas
psicoterapêuticas no método e a técnica, nas modalidades de atendimento adulto, infantil e
institucional. Nesse sentido, o papel da disciplina é o de instrumentalizar o aluno no que se
refere aos aspectos da intervenção específicos desta abordagem psicoterapêutica. A estrutura
eminentemente didática desta introdução oferece uma visão global e sistematizada das
principais teses que compõem o legado psicanalítico. Além de proporcionar acesso às obras
dos grandes nomes da psicanálise, os professores pretendem também que este seja um
estímulo para que o aluno passe diretamente às fontes, voltando-se para os textos originais.
A articulação de certos fatores dos séculos XVIII e XIX que constituíram a
precondição para o surgimento da psicanálise são revistos e em alguns momentos se
confundem com a história pessoal do personagem principal, Sigmund Freud. Algumas
biografias apresentam uma viagem pelo seu mundo: sua família, suas relações, a cidade onde
viveu, sua formação, suas dificuldades profissionais, suas inovações teóricas, seus casos
clínicos, sua vida extraordinariamente produtiva e o contexto social e histórico em que ela foi
vivida. Textos publicados isoladamente relacionam, a psicanálise, a filosofia, a epistemologia
da psicanálise e a interpretação, a partir de pressupostos lacanianos. Como por exemplo a
cientificidade da psicanálise dividida na questão da sua alienação e dos seus paradoxos
instauradores, a partir da discussão da cientificidade e do discurso analítico, dos aspectos da
alienação filosófica da psicanálise, da estratégia filosófica da enunciação do verdadeiro e da
psicanálise como ficção.
O itinerário de Lacan e sua obra também são destacados, por ele ter se tornado o
artífice de uma nova introdução do freudismo na França, tratando-se da implantação da
psicanálise nos meios literários. Tomando por base os questionamentos de Lacan sobre a
115
situação do começo da análise, estudada por Freud são revistos os fundamentos práticos e
teóricos dos primeiros passos do processo. Os escritos de Jacques Lacan reúnem algumas das
principais reflexões provindas de seminários, cuja concepção sobre as relações entre
inconsciente e significante se inscrevem num empreendimento pedagógico. Neste sentido são
indispensáveis para o conhecimento da proposta de leitura por ele empreendida da obra de
Freud. Outras obras estão disponíveis com o objetivo de introduzir o aluno aos pressupostos
da teoria lacaniana, resgatando a historicidade dos conceitos e percorrendo a via feita por este
autor, nos textos e dúvidas que o impulsionaram. São livros que ajudam a se aproximar de sua
obra, servindo como guia para a leitura dos originais. Esses textos constituem uma espécie de
tábua de orientação que permite ao aluno um acesso mais didático ao pensamento
lacaniano.
O campo da infância abrange diferentes especialidades clínicas em que se entrelaçam
questões psicanalíticas e pedagógicas e que revela suas experiências em diversos centros
hospitalares, assistenciais e educacionais, no tratamento de problemas graves. Retomando
alguns textos psiquiátricos e psicanalíticos, Maud Mannoni (1989) propõe uma redescoberta
que ela veio trazer em suas obras, através de relatos de pacientes crianças. Um panorama
descritivo e didático do trabalho de Françoise Dolto, destaca seus temas e técnicas principais,
à sua maneira de entender e teorizar o fato psíquico. Para os que lidam com as crianças, aqui,
a valorização da criança, de sua expressão e inventividade adquire sólidos fundamentos
científicos e humanos. Os alunos são provocados ao insistir nestas questões, do agir ao desejo
da criança ou do adolescente, ao trazer casos da psicanálise, de crianças adotadas ou
institucionalizadas. Representam experiências específicas no campo da psicanálise e da
pediatria, contendo revelações não apenas da libido infantil, mas também das incidências
complexas dos distúrbios psicológicos na infância. Algumas obras visam apresentar as
contribuições de Melanie Klein para a prática e a teoria psicanalíticas, divididas na descrição
das técnicas e na exposição de conclusões teóricas sobre a técnica da analise infantil,
situações de angústia e seu efeito sobre o desenvolvimento da criança. As contribuições de
Donald Winnicott foram organizadas por ser um dos autores que mais marcaram a psicanálise
e a psicologia infantil, tornando-se referência em desenvolvimento infantil e psicoterapia na
infância e adolescência. A contribuição essencial e inovadora de Margaret Mahler (1993) à
psicologia do desenvolvimento aborda os estudos que deram origem às idéias sobre
separação-individuação e a aplicação clínica desta teoria às neuroses infantis. A psicanálise e
a teoria piagetiana são conciliados para oferecer subsídios teóricos e práticos para qualificar o
trabalho realizado com crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem.
116
Nos dicionários os alunos encontram, além dos verbetes dedicados a diversos autores,
uma apresentação precisa e referenciada de conceitos psicanalíticos. Os vocabulários se
propõem a abarcar o conjunto das contribuições psicanalíticas, o conjunto dos conceitos por
ela progressivamente elaborados para traduzir as suas descobertas. As técnicas projetivas
citam bibliografias de Didier Anzieu, percorrendo os sistemas teóricos subjacentes aos testes,
da psicanálise à fenomenologia e à lingüística, contribuindo assim para levar a uma descrição
e compreensão do sujeito em sua globalidade, dinâmica e especificidade.
Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI
A UNIVALI mantém dois cursos de Psicologia em Santa Catarina, o primeiro em
Itajaí e o segundo em Biguaçu. Ambos trabalham com o mesmo projeto político pedagógico e
proposta curricular, salvo algumas particularidades que não interferem na pesquisa. Foram
analisadas dez disciplinas com conteúdos de psicanálise em seus Planos de Ensino: História
da Psicologia, Psicologia do Desenvolvimento I, Psicologia da Personalidade I, Psicologia do
Desenvolvimento II, Psicologia do Desenvolvimento III, Psicologia da Personalidade II,
Fundamentos Teóricos dos Processos Grupais, Técnicas de Entrevista e Diagnóstico,
Psicologia Hospitalar, Teorias e Técnicas Psicoterápicas.
2.141 História da Psicologia (2004/2)
No segundo período, a disciplina História da Psicologia considera a psicanálise como
um dos fundamentos teóricos e metodológicos que fazem parte da história de construção da
psicologia como uma ciência independente. Um dos objetivos de aprendizagem é o de
analisar os fundamentos teórico-metodológicos da psicanálise. Uma das propostas do
conteúdo programático desta disciplina é o de estudar os antecedentes da psicanálise, a
psicanálise freudiana, seus dissidentes e descendentes.
2.142 Psicologia do Desenvolvimento I (2004/2)
Na disciplina Psicologia do Desenvolvimento I, a psicanálise é representada por
Sigmund Freud, Melanie Klein, Donald Winnicott e René Spitz, como autores de teorias do
desenvolvimento emocional. Esta aprendizagem tem como objetivo identificar e descrever os
diversos aspectos do desenvolvimento da criança. Nas bibliografias encontra-se como uma
das referências principais O primeiro ano de vida (1979) de René Spitz e como complemento
117
a Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (1987) de
Sigmund Freud (24 vols.) e Os bebês e suas mães (1994) de Donald Winnicott.
2.143 Psicologia da Personalidade I (n.d.)
No terceiro período a disciplina Psicologia da Personalidade I aborda as teorias da
gestalt e reconhece a psicanálise como um dos pressupostos filosóficos dos antecedentes do
movimento gestaltista.
2.144 Psicologia do Desenvolvimento II (n.d.)
Neste período a disciplina Psicologia do Desenvolvimento II considera a Psicanálise
como um dos modelos de compreensão da adolescência e traz como referências psicanalíticas:
Adolescência (1991) de Arminda Aberastury e colaboradores; Adolescência normal: um
enfoque psicanalítico (1981) de Aminda Aberastury & Maurício Knobel; A causa dos
adolescentes (1990) de Françoise Dolto e Clínica psicanalítica de crianças e adolescentes:
desenvolvimento, psicopatologia e tratamento (1998) de José Outeiral.
2.145 Psicologia do Desenvolvimento III (2001)
No quarto período a disciplina Psicologia do Desenvolvimento III menciona apenas
uma referência bibliográfica de cunho psicanalítico: A pessoa idosa não existe: uma
abordagem psicanalítica da velhice (1993) de Jack Messey.
2.146 Psicologia da Personalidade II (2004)
A UNIVALI oferece outra disciplina de Psicologia da Personalidade II no quarto
período. Seu objetivo geral é o de conhecer e aprender os conceitos fundamentais da teoria
psicanalítica. A ementa menciona apenas Teorias Psicanalíticas. O conteúdo programático
traz os objetivos de aprendizagem que são os de contextualizar e estudar a noção de aparelho
psíquico e contextualizar e estudar os principais conceitos da Psicanálise. O conteúdo
propriamente dito trata das teorias psicanalíticas a partir das seguintes tópicas freudianas:
inconsciente, pré-consciente, consciente; id, ego, superego; conceito de pulsão e suas
características; pulsão de vida e pulsão de morte; recalcamento; formações do inconsciente;
narcisismo; identificação; complexo de Édipo; e transferência.
118
Foram recomendadas as seguintes bibliografias básicas: Introdução à metapsicologia
freudiana (1995) de Alfredo Luiz Garcia-Roza; Vocabulário da psicanálise (1982) de Jean
Laplanche & Jean-Bertrand Pontalis; e Lições sobre os sete conceitos cruciais da psicanálise
(1993) de Juan-David Nasio. A Edição standard brasileira das obras psicológicas completas
de Sigmund Freud (1987) de Sigmund Freud (24 vols.) é a única citação na bibliografia
complementar deste PE.
2.147 Fundamentos Teóricos dos Processos Grupais (2004)
No quinto período a disciplina Fundamentos Teóricos dos Processos Grupais tem
como alguns de seus objetivos de aprendizagem, compreender as contribuições da psicanálise
ao estudo dos grupos e de Bion no que se refere ao trabalho com grupos. Em conteúdos, a
psicanálise aplicada a grupos é uma das teorias e sistemas institucionais. É considerada
também uma das grupoterapias de saúde, ao lado do psicodrama, na unidade de intervenções
grupais.
2.148 Técnicas de Entrevista e Diagnóstico (2004)
No conteúdo programático da disciplina Técnicas de Entrevista e Diagnóstico, a
entrevista psicanalítica é uma das modalidades de entrevistas utilizadas na clínica. Como
bibliografia complementar, foi encontrado o texto Uma perspectiva psicanalítica sobre
instituições sociais de Isabel Menzies Lyth, localizado no livro de Elizabeth Bott Spillius,
Melanie Klein hoje: desenvolvimento da teoria e técnica (1990), e de David Zimerman,
Fundamentos psicanalíticos: teoria, técnica e clínica uma abordagem didática (1999).
2.149 Psicologia Hospitalar (2004)
No sexto período a disciplina Psicologia Hospitalar situa a psicanálise em duas
unidades de seu conteúdo programático: uma delas tem como objetivo examinar as
modalidades assistenciais referências em psicologia hospitalar e propõe refletir sobre a clínica
psicanalítica no ambulatório hospitalar a partir dos enlaces transferenciais. Morte e castração
estão na outra unidade e fazem parte de um estudo psicanalítico sobre a doença terminal
infantil.
Dois artigos de psicanálise da Revista Psicologia Ciência e Profissão estão
referenciados nas bibliografias complementares, os artigos: Morte e castração: um estudo
psicanalítico sobre a doença terminal infantil (2001) de Mônica de Oliveira Gonçalves, e
119
Enlaces transferenciais: reflexões sobre a clínica psicanalítica no ambulatório hospitalar
(2002) de Nadja Nara Barbosa Pinheiro, publicados na Revista Psicologia, Ciência e
Profissão.
2.150 Teorias e Técnicas Psicoterápicas (2002)
Teorias e Técnicas Psicoterápicas também é oferecida no sexto período. Esta
disciplina tem como objetivos gerais: propiciar ao aluno de psicologia a articulação teoria e
prática da psicanálise; destacar que a técnica da psicanálise se sustenta na descoberta
fundamental do inconsciente; apontar a indissociabilidade dos princípios técnicos com os
princípios éticos; estabelecer a relação entre a teoria, o método e a técnica; conhecer as bases
teóricas do processo terapêutico psicanalítico e os atributos essenciais do analista.
Os objetivos de aprendizagem são: identificar e conceituar as especificidades da
psicanálise; descrever pontos relevantes do método psicanalítico; identificar os elementos
básicos que caracterizam a técnica psicanalítica; identificar as estruturas clínicas segundo a
psicanálise; identificar aspectos relevantes sobre a psicoterapia breve e diferenciá-la da
análise; e identificar os aspectos relevantes da formação do psicanalista.
Os conteúdos estão divididos em três partes. Na primeira unidade é abordada a
psicanálise e as teorias psicodinâmicas: processos terapêuticos e aplicações; conceitos
fundamentais em psicanálise; e as teorias psicodinâmicas. Na segunda estudam-se os métodos
e técnicas e seus subsídios indispensáveis para o exercício da psicoterapia: a partir do método
psicanalítico; da técnica psicanalítica; as estruturas clínicas; e a psicoterapia breve. Na última
unidade verificam-se as implicações éticas: a formação do analista; e a ética da psicanálise.
Suas Referências recomendam a dissertação de mestrado, A ego psychology e a
psicanálise freudiana (2000) de Geselda Baratto; Psicoterapia breve de orientação analítica
(1997) de Eduardo Alberto Braier; Clínica psicanalítica (1996) de Joël Dor; Estruturas e
clínica psicanalítica (1997) de Joël Dor; Edição standard brasileira das obras psicológicas
completas de Sigmund Freud (1987) de Sigmund Freud (24 vols.); Uma nota sobre o
inconsciente na psicanálise (1969) de Sigmund Freud (Vol. 12); O esquecimento de nomes
próprios (1987) de Sigmund Freud (Vol. 6); Recomendações aos médicos que exercem a
psicanálise (1969) de Sigmund Freud (Vol. 12); Sobre o início do tratamento (1969) de
Sigmund Freud (Vol. 12); Psicanálise silvestre (1970) de Sigmund Freud (Vol. 11); Cinco
lições de psicanálise (1970) de Sigmund Freud (Vol. 11); A dinâmica da transferência (1969)
de Sigmund Freud (Vol. 12); Observações sobre o amor transferencial (1969) de Sigmund
Freud (Vol. 12); Inibições, sintomas e ansiedade (1976) de Sigmund Freud (Vol. 20); La
120
psicologia del yo y el problema de la adaptación (1962) de Heinz Hartmann; Ensayos sobre
la psicología del yo (1969) também de Heinz Hartmann; Lacan (1989) de Gérard Miller;
Lacan elucidado: palestras no Brasil (1997) de Jacques-Alain Miller; Nos limites da
transferência (1987) de Juan-David Nasio; Os sujeitos da psicanálise (1996) de Thomas
Ogden; As 4+1 condições de análise (1991) de Antônio Quinet; Aportaciones a la teoria y
técnica psicoanalítica (1962) de David Rapaport; e A cura pela fala (1998) de Robert S.
Wallerstein.
2.151 Síntese da UNIVALI
A psicanálise é considerada por esta instituição como um dos fundamentos teóricos e
metodológicos que fazem parte da história de construção da psicologia como uma ciência
independente. O aluno é estimulado a analisar os fundamentos teórico-metodológicos da
psicanálise a partir dos antecedentes da psicanálise, a psicanálise freudiana, seus dissidentes e
descendentes.
Em matéria de psicologia do desenvolvimento, a psicanálise é representada por
Sigmund Freud, Melanie Klein, Donald Winnicott e René Spitz, como autores de teorias do
desenvolvimento emocional. Esta aprendizagem tem como objetivo identificar e descrever os
diversos aspectos do desenvolvimento da criança. A psicanálise também é considerada como
um dos modelos de compreensão da adolescência, cuja problemática foi estudada em sua
inter-relação com o meio familiar e social. São reunidas as contribuições de vários autores,
como Arminda Aberastury e Françoise Dolto, que desenvolvem temas ligados à psicologia do
desenvolvimento, psicopatologia e tratamento, em situações de, utilização de drogas; adoção;
atendimentos em grupo; espaços transicionais; casos clínicos; o pensamento e a
temporalidade; o trabalho de desidealização; crises de dessimbiotização; sexualidade; fuga;
suicídio; etc.
As disciplinas de fundamentos teóricos dos processos grupais têm como objetivos
compreender as contribuições da psicanálise ao estudo dos grupos e de Bion no que se refere
ao trabalho com grupos. A psicanálise aplicada a grupos é considerada uma das grupoterapias
de saúde, ao lado do psicodrama, nas intervenções grupais. O trabalho de Bion proporciona a
base para a síntese de aproximação da psicanálise clássica, centralizada no individual, com
aquela da dinâmica de grupo, que, através de seus conceitos e técnicas especiais, revelam
aspectos diferentes do mesmo fenômeno. Por certo, as implicações do pensamento de Bion
em relação a tais instituições como as do estado, da igreja e das forças armadas são
fundamentais e revolucionárias e compelirão séria atenção aos aspectos de suas origens e
121
estruturas que são tão raramente sujeitas à análise. Contém vários trabalhos de Pichon-Rivière
sobre grupos, o campo operacional da psicologia social, relação dialética entre estrutura social
e fantasia inconsciente, articulada pelo vínculo. Este trabalho aborda o grupo que permite o
interjogo entre o psicossocial e o sócio-dinâmico através da observação das formas de
interação, dos mecanismos de assunção e adjudicação de papéis. Este material oferece um
ensino muito pouco ortodoxo, permeado por múltiplas influencias: uma espécie de paradigma
do freudismo argentino.
A psicologia hospitalar examina as modalidades assistenciais de referência em
psicologia hospitalar e propõe refletir sobre a clínica psicanalítica no ambulatório hospitalar a
partir dos enlaces transferenciais. A teoria psicanalítica freudiana utilizada como
embasamento da compreensão dos mecanismos presentes no processo de morte e castração
fazem parte dos estudos psicanalíticos sobre a doença terminal infantil. A viabilidade e
adequação do método e da técnica psicanalíticos no desenvolvimento de atendimentos
transcorridos em ambiente ambulatorial institucional são apresentados através de ilustrações
clínicas que problematizam o trabalho psicanalítico a partir dos vínculos transferenciais
implicados nos processos: transferência com o analista e transferência com a instituição.
O aluno da UNIVALI deve conhecer e contextualizar os conceitos fundamentais da
teoria psicanalítica, como a noção de aparelho psíquico, a partir das seguintes tópicas
freudianas: inconsciente, pré-consciente, consciente; id, ego, superego; conceito de pulsão e
suas características; pulsão de vida e pulsão de morte; recalcamento; formações do
inconsciente; narcisismo; identificação; complexo de Édipo; e transferência. É destacado que
a técnica da psicanálise se sustenta na descoberta fundamental do inconsciente, apontando-se
a indissociabilidade dos princípios técnicos com os princípios éticos e estabelecido a relação
entre a teoria, o método e a técnica, para que o aluno reconheça os atributos essenciais do
analista. As especificidades da psicanálise são identificadas e conceituadas, a partir dos
pontos relevantes do método, os elementos básicos que caracterizam a técnica, as estruturas
clínicas, os aspectos relevantes sobre a psicoterapia breve, com diferenciação da psicanálise e
os aspectos relevantes da formação, com suas respectivas implicações éticas.
Um conjunto de regras técnicas é conhecido, baseado na experiência do fundador da
psicanálise, aconselhado aos futuros analistas: sobre o início do tratamento, a questão das
primeiras comunicações e a dinâmica da cura. Freud expõem de maneira breve e sucinta o que
o termo inconsciente veio a significar na psicanálise, inclusive com a descrição de suas
premissas e discussão das ambigüidades do seu emprego: descritivo, dinâmico e sistemático,
além de uma compilação de estudos que revisam as concepções tradicionais da psicanálise e
toca pontos decisivos das diversas teorias existentes, como as suas raízes biológicas, a
122
concepção de pulsão, as neuroses e aquelas enfermidades da conduta que alteram o equilíbrio
do ego. A psicanálise freudiana é diferenciada da psicologia do ego. A evolução histórica da
psicanálise na esfera do ego é abordada através de um estudo meticuloso envolvendo a
questão da adaptação, internalização, funções integradoras, dispositivos, e o seu
desenvolvimento autônomo.
É recomendada a leitura da totalidade dos escritos psicológicos publicados por
Sigmund Freud, psicanalíticos e pré-psicanalíticos. Um dos propósitos da bibliografia é o de
sintetizar os princípios fundamentais do método psicanalítico teoria, psicopatologia, técnica
e prática clínica com uma abordagem didática sem, no entanto, perder uma necessária
simplicidade e acessibilidade. Os trabalhos recomendados também remetem ao pensamento
de Jacques Lacan, continuador da revolução iniciada por Freud elucidando temas como o
sujeito, o imaginário, o simbólico, o Outro, o sintoma, o tratamento, a transferência, a
psicanálise aplicada, o inconstitucional, o fantasma e o sexo. Vocabulários se propõem a
abarcar o conjunto das contribuições psicanalíticas, o conjunto dos conceitos por ela
progressivamente elaborados para traduzir as suas descobertas.
Faculdades Integradas da Rede de Ensino UNIVEST
A Sociedade Lageana de Educação (SLE) mantém as Faculdades Integradas da Rede
de Ensino UNIVEST. Uma delas é a Faculdade de Psicologia (FACPSI) com a autorização de
funcionamento do Curso de Psicologia. Este curso tem apenas quatro disciplinas de conteúdos
de psicanálise em seus Planos de Ensino: Teorias e Sistemas em Psicologia, no segundo
semestre, Fundamentos de Psicanálise I no quarto, Fundamentos de Psicanálise II, e
Psicologia da Personalidade, no quinto semestre.
2.152 Teorias e Sistemas em Psicologia (2004/1)
A disciplina Teorias e Sistemas em Psicologia tem em sua ementa a psicanálise como
um dos principais sistemas da psicologia. O conteúdo programático aborda os antecedentes e
noções gerais sobre a psicanálise enquanto sistema; a evolução da psicanálise; e Freud como
fundador da psicologia do inconsciente.
As obras: Noções básicas de psicanálise: introdução à psicologia psicanalítica (1969)
de Charles Brenner; Vocabulário da psicanálise (1982) de Jean Laplanche & Jean-Bertrand
Pontalis; Três psicologias: idéias de Freud, Skinner e Rogers (2002) de Robert D. Nye; e
Curso básico de psicanálise (1989) de Alberto Tallaferro, são as bibliografias
complementares de conteúdo de psicanálise.
123
2.153 Fundamentos de Psicanálise I (2004/1)
Segundo a justificativa deste PE, os conceitos adquiridos através da disciplina de
Fundamentos de Psicanálise I possibilitam um estudo sobre o surgimento da psicanálise,
abordando a história das doenças mentais e a integração desta área com a psicologia. Quanto à
integração com outras disciplinas da grade curricular, esta disciplina visa abordar alguns
conceitos da teoria psicanalítica, bem como fazer uma trajetória histórica da pré-história e o
surgimento da psicanálise.
A ementa trata da psicanálise, psicologia e medicina; a pré-história e o nascimento da
psicanálise: os primeiros casos clínicos; inconsciente: sonhos, atos falhos, sintomas; e a
sexualidade na etiologia das neuroses. O objetivo geral é o de introduzir os conhecimentos de
psicanálise no curso de psicologia, dando ênfase a sua origem. Os objetivos específicos são os
de entender a história das doenças mentais; ter conhecimentos sobre a pré-história da
psicanálise; enfocar a vida e a obra de Freud; conhecer Freud, bem como sua contribuição
pioneira no estudo da psicanálise; estudar os primeiros casos clínicos; e trabalhar sobre os
primeiros escritos Freudianos.
Cinco temas são desenvolvidos no conteúdo programático. Algumas considerações
sobre a história das doenças mentais: a medicina, a psiquiatria e seus métodos. Psicanálise: a
pré-história da psicanálise; o nascimento da psicanálise; a teoria em formação; e os primeiros
casos clínicos. Considerações gerais sobre a teoria psicanalítica: a personalidade dentro do
enfoque psicanalítico; inconsciente (atos falhos, sonhos e sintomas); mecanismos de defesa do
ego; a sexualidade na etiologia das neuroses; e a psicoterapia analítica de Freud. Princípios
básicos de psicologia no terreno da psicanálise. Algumas considerações sobre o inconsciente
em Freud e Lacan.
A bibliografia básica é composta por Freud, uma vida para nosso tempo (1989) de
Peter Gay; Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud
(1987) de Sigmund Freud (24 vols.) e A sexualidade na etiologia das neuroses (1987)
Sigmund Freud (Vol. 3).
A bibliografia complementar encerra Cinco lições de psicanálise (1970) de Sigmund
Freud (Vol. 11); A interpretação dos sonhos (1987) de Sigmund Freud (Vol. 4 e 5);
Conferências introdutórias sobre psicanálise (1976) de Sigmund Freud (Vol. 15); Freud, uma
vida para nosso tempo (1989) de Peter Gay; Freud e o inconsciente (1983) de Alfredo Luiz
Garcia-Roza; Vocabulário da psicanálise (1982) de Jean Laplanche & Jean-Bertrand Pontalis;
Freud e a psicanálise (1987) de Octave Mannoni; Dicionário de psicanálise (1998) de
Elisabeth Roudinesco & Michel Plon; História da psicanálise na França: a batalha dos cem
124
anos (1988) de Elisabeth Roudinesco; O seminário livro I: os escritos técnicos de Freud
(1974) de Jacques Lacan.
2.154 Fundamentos de Psicanálise II (2004/1)
Os conceitos adquiridos através da disciplina de Fundamentos da Psicanálise II
possibilitam um estudo sobre os conceitos fundamentais da psicanálise, dando ênfase ao
campo conceitual de Freud que trouxe grandes contribuições para a psicologia clínica e para o
entendimento do sujeito do inconsciente. Os fundamentos e justificativas da inclusão desta
disciplina querem também proporcionar ao aluno o conhecimento sobre outras correntes
psicanalíticas para que possam ter noção de todos estes saberes e suas contribuições para o
entendimento da psique humana. Na integração com outras disciplinas da grade curricular esta
disciplina é uma continuação da disciplina Fundamentos da Psicanálise I, e visa aprofundar
alguns conceitos da teoria psicanalítica, bem como dar um enfoque às outras correntes da
psicanálise que partiram de Freud para a construção de seus conhecimentos, além de trazer
contribuições para a psicologia clínica.
A ementa trata dos conceitos fundamentais da psicanálise: o inconsciente e repetição;
a teoria das pulsões; transferência; id, ego e superego. Os objetivos gerais são os de
compreender os principais conceitos de psicanálise e sua aplicação na clínica e proporcionar o
conhecimento sobre as outras correntes psicanalíticas. Os objetivos específicos são entender
os conceitos freudianos; ter conhecimentos sobre a abordagem psicanalítica na clínica;
conhecer autores que releram Freud, bem como suas contribuições no estudo da psicanálise;
saber da importância da própria analise pessoal para a pratica psicanalítica; ter o entendimento
de que o reconhecimento do psicanalista se dá pelo aprofundamento nos estudos.
O conteúdo programático é composto pelos seguintes temas ou atividades: psicanálise,
abordando-se as questões sobre a natureza humana (questionamentos), algumas considerações
sobre o inconsciente e os sonhos em Freud e Lacan e a revisão sobre os conceitos trabalhados
na disciplina de Fundamentos da Psicanálise I. Leitura e trabalho com alguns textos das obras
Freudianas, como Três ensaios da sexualidade, Dinâmica da transferência, Recordar, repetir e
elaborar, Observações sobre o amor transferencial, formulações sobre os dois princípios do
funcionamento mental, Sobre o narcisismo, Os instintos e suas vicissitudes, Repressão e
Inconsciente; A validação cientifica dos conceitos de Freud; A abordagem psicanalítica na
clínica; Algumas considerações sobre as extensões da teoria Freudiana e o enfoque
neopsicanalítico (principais autores).
125
A bibliografia básica recomenda duas obras: Edição standard brasileira das obras
psicológicas completas de Sigmund Freud (1987) de Sigmund Freud (24 vols.) e Freud e o
inconsciente (1983) de Alfredo Luiz Garcia-Roza. A bibliografia complementar, mais duas:
Lições sobre os sete conceitos cruciais da psicanálise (1989) de Juan-David Nasio e O
seminário livro XI: os quatro conceitos fundamentais da psicanálise (1979) de Jacques Lacan.
2.155 Psicologia da Personalidade (2004/1)
A ementa da disciplina Psicologia da Personalidade menciona a perspectiva
psicanalítica nos estudos da personalidade. Um dos temas abordado no conteúdo
programático é a compreensão psicanalítica do homem.
2.156 Síntese da UNIVEST
Na UNIVEST a psicanálise é considerada um dos principais sistemas da psicologia.
Abordam-se os antecedentes e noções gerais sobre a psicanálise enquanto sistema, a evolução
da psicanálise e Freud como fundador da psicologia do inconsciente. As disciplinas visam
abordar conceitos da teoria psicanalítica, bem como fazer uma trajetória histórica da pré-
história e o surgimento da psicanálise, enfocar a vida e a obra de Freud, bem como sua
contribuição pioneira no estudo da psicanálise, a teoria em formação, os primeiros casos
clínicos e trabalhar sobre os escritos freudianos. Os conceitos adquiridos através do estudo
dos fundamentos da psicanálise possibilitam a compreensão da personalidade, do inconsciente
(atos falhos, sonhos e sintomas), da repetição, dos mecanismos de defesa do ego. Os assuntos
abordam a sexualidade na etiologia das neuroses, o abandono da hipnose, a hipnose, a
resistência, o recalque, o sintoma e seu funcionamento em relação ao desejo, a interpretação
simbólica e a decifração do material onírico, a teoria das pulsões, transferência, id, ego e
superego, etc. Artigos reafirmam as concepções de Freud sobre a etiologia das neuroses, a
partir de problemas sociológicos, com uma crítica direta aos médicos, em relação às suas
noções de sexualidade, masturbação, uso de anticoncepcionais, e à vida conjugal. Freud
atribui as causas das neuroses em fatores da vida sexual.
É recomendada a leitura da totalidade dos escritos psicológicos publicados por
Sigmund Freud, psicanalíticos e pré-psicanalíticos, com destaque aos livros que se tornaram
os pilares da teoria psicanalítica. O estudo sobre os fundamentos da psicanálise ênfase ao
campo conceitual de Freud que trouxe grandes contribuições para a psicologia clínica e para o
entendimento do sujeito do inconsciente. As disciplinas proporcionam ao aluno o
126
conhecimento sobre outras correntes psicanalíticas para que possa ter noção destes saberes e
de suas contribuições para o entendimento da psique humana, bem como a validação
cientifica das teses de Freud. A história das sociedades psicanalíticas francesas é articulada
com a história das idéias na França com o objetivo de compreender o itinerário de Lacan e sua
obra, por ele ter se tornado o artífice de uma nova introdução do freudismo, desde 1925,
tratando-se da implantação da psicanálise nos meios literários. Alguns de seus seminários
tratam do ego e de criticar as posturas anti-psicanalíticas de curar o paciente a partir do
reforço do ego. São analisados os conceitos freudianos de pulsão, inconsciente, repetição e
transferência, fazendo uso de suas formulações acerca do objeto a.
A aprendizagem tem como objetivo ter conhecimentos sobre a abordagem
psicanalítica na clínica, inclusive de outras correntes psicanalíticas; conhecer autores que
releram Freud, bem como suas contribuições no estudo da psicanálise; saber da importância
da própria analise pessoal para a pratica psicanalítica; ter o entendimento de que o
reconhecimento do psicanalista se pelo aprofundamento nos estudos. Os livros servem de
orientação para a escuta do estudante de psicanálise melhor responder, em sua prática
cotidiana, às palavras do sofrimento. Além disso, responde à crescente demanda de uma
presença da psicanálise no social.
Os vocabulários e dicionários são manuais alfabéticos que se propõe a abarcar o
conjunto das contribuições psicanalíticas, o conjunto dos conceitos por ela progressivamente
elaborados para traduzir as suas descobertas. Oferecem recenseamentos e classificações de
elementos da psicanálise: com seus conceitos; os países de implantação; as entidades
psicopatológicas que a psicanálise criou; as disciplinas para as quais contribuiu ou em que se
inspirou; os casos clínicos sobre os quais elaborou seu método terapêutico; as técnicas de cura
e os fenômenos psíquicos; os discursos e comportamentos que modificou; as instituições
fundadoras; o freudismo, suas diferentes escolas e sua historiografia; a incidência
contraditória de suas descobertas sobre outros movimentos intelectuais, políticos ou
religiosos. As biografias são uma viagem pelo mundo de Sigmund Freud: sua família, suas
relações, a cidade onde viveu, sua formação, suas dificuldades profissionais, suas inovações
teóricas, seus casos clínicos, sua vida extraordinariamente produtiva e o contexto social e
histórico em que ela foi vivida. Acompanham numerosas citações, importantes cronologias,
índices onomásticos e bibliografias atualizadas.
127
Universidade Comunitária Regional de Chapecó UNOCHAPECÓ
Na UNOCHAPECÓ verificaram-se 30 Planos de Ensino pertencentes a disciplinas que
fazem menção à psicanálise: Teorias em Psicologia I; História da Psicologia II; Prática de
Observação I; Prática de Observação II; Psicologia do Desenvolvimento I; Teorias da
Personalidade I; Técnicas de Entrevista; Psicologia do Desenvolvimento II; Psicologia Social
II; Teorias da Aprendizagem I; Diagnóstico Psicológico I; Psicopatologia I; Teorias da
Aprendizagem II; Teorias e Técnicas Psicoterápicas I; Psicologia Hospitalar; Psicopatologia
II; Economia, História e Subjetividade; Introdução à Pesquisa em Psicologia; Teorias e
Técnicas Psicoterápicas III; Oficina de Vivência Grupal; Prática de Pesquisa em Psicologia I;
Psicologia dos Processos Grupais; Psicologia e Educação Especial; Psicopatologia III; Estágio
Acompanhado em Psicologia Clínica I; Prática de Pesquisa em Psicologia II; Estágio
Acompanhado em Psicologia Clínica II; Seminário de Estudos da Subjetividade; Seminário de
Socialização de Pesquisa; e Prática de Pesquisa em Psicologia III.
2.157 Teorias em Psicologia I (2004)
No segundo período, a disciplina Teorias em Psicologia I traz como ementa a história
e a epistemologia da psicanálise; conceitos principais: pulsão, recalque, inconsciente; novas
leituras de Freud: psicologia do ego, psicologia das relações objetais, psicologia do self,
psicologia estruturalista, psicologia culturalista e psicologia analítica. O objetivo desta
disciplina é o de compreender o surgimento da psicanálise e seu papel na transformação das
idéias psicológicas; conhecer os postulados clássicos da psicanálise; reconhecer as diferentes
escolas derivadas da psicanálise freudiana, com seus respectivos teóricos de referência.
A bibliografia básica apresenta A psicanálise depois de Freud: teoria e clínica (1992)
Norberto M. Bleichmar & Célia Leiberman D. Bleichmar; Uma base segura (1992) de John
Bowlby; A formação e o rompimento de laços afetivos (1982) também de John Bowlby;
Teoria psicanalítica das neuroses (1981) de Otto Fenichel; Winnicott: o trabalho e o
brinquedo (1993) de Simon Grolnick; O nascimento psicológico da criança: simbiose e
individuação (1993) de Margaret Mahler; Da pediatria à psicanálise (1974) de Donald
Winnicott; Fundamentos psicanalíticos: teoria, técnica e clínica uma abordagem didática
(1999) de David Zimerman e Bion: da teoria à prática (1995), também de David Zimerman.
Quanto à bibliografia complementar: Noções básicas de psicanálise: introdução à psicologia
psicanalítica (1969) de Charles Brenner; A psicanálise: teoria, clínica e técnica (1984) de
Angel Garma; Teoria e prática da psicanálise: fundamentos teóricos (1992) de Helmut
128
Thomä & Horst Kächele; e Contribuições da escola francesa de psicanálise (1996), artigo de
David Zimerman, publicado na Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul.
2.158 História da Psicologia II (2004)
Ainda neste período, a disciplina História da Psicologia II apresenta a psicanálise na
bibliografia básica, através da obra Cultura da psicanálise (1985) organizada por Sérvulo
Augusto Figueira; Aventura freudiana: elaboração e desenvolvimento do conceito de
inconsciente em Freud (1993) de Carlos Alberto Plastino; e História da psicanálise na
França: a batalha dos cem anos (1988) de Elisabeth Roudinesco. As mesmas obras são
citadas na bibliografia complementar.
2.159 Prática de Observação I (2004)
Na disciplina Prática de Observação I, a psicanálise está localizada como bibliografia
básica, em Cartografia sentimental: transformações contemporâneas do desejo (1989) de
Suely Rolnik, e como bibliografia complementar em Pesquisa em psicanálise (1996) de Luís
Flavio Couto.
2.160 Prática de Observação II (2004)
No terceiro período, a disciplina Prática de Observação II oferece, como psicanálise,
os mesmos conteúdos da disciplina Prática de Observação I, do segundo período do Curso.
2.161 Psicologia do Desenvolvimento I (2004)
A disciplina Psicologia do Desenvolvimento I traz como bibliografia básica Nove
meses na vida de uma mulher: uma abordagem psicanalítica da gravidez e do nascimento
(1998) de Myriam Szejer & Richard Stewart, e como bibliografia complementar Teorias
psicanalíticas do desenvolvimento: uma integração (1993) de Phyllis Tyson & Roberto
Tyson, A criança e seu mundo (1968) de Donald Winnicott e Os bebês e suas mães (1994),
também de Donald Winnicott.
129
2.162 Técnicas de Entrevista (2004)
Técnicas de Entrevista tem Fundamentos da técnica psicanalítica (1987) de Ricardo
Horácio Etchegoyen; A primeira entrevista em psicanálise (1981) de Maud Mannoni; Técnica
da psicanálise infantil (1982) de Joseph Sandler, como bibliografia básica e Psicanálise da
criança: teoria e técnica (1992) de Arminda Aberastury, como bibliografia complementar.
2.163 Teorias da Personalidade I (2004)
Neste período, a disciplina Teorias da Personalidade I tem como ementa o conceito de
personalidade, temperamento e caráter e as teorias da personalidade: Freud, Lacan e Melanie
Klein. Os objetivos são os de compreender os conceitos de personalidade, temperamento e
caráter e conhecer os pressupostos teóricos sobre a formação da personalidade de acordo com
Freud, Melanie Klein e Lacan.
A bibliografia básica recomenda A psicanálise depois de Freud: teoria e clínica
(1992) Norberto M. Bleichmar & Célia Leiberman D. Bleichmar; Edição standard brasileira
das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (1987) de Sigmund Freud (24 vols.);
Freud e o inconsciente (1983) de Alfredo Luiz Garcia-Roza; Os progressos da psicanálise
(1986) de Melanie Klein; Inveja e gratidão: um estudo das fontes inconscientes (1984) de
Melanie Klein; Contribuições à psicanálise (1981) de Melanie Klein; Psicanálise da Criança
(1969) de Melanie Klein; Obras completas (1974) de Melanie Klein; Amor, ódio e reparação:
as emoções básicas do homem do ponto de vista psicanalítico (1975) de Melanie Klein;
Novas tendências em psicanálise (1980) de Melanie Klein, Paula Heimann e Roger Money-
Kyrle (Orgs.); Escritos (1999) de Jacques Lacan; O seminário livro IV: a relação de objeto
(1995) de Jacques Lacan; O seminário livro V: as formações do inconsciente (1999) de
Jacques Lacan; O seminário livro XI: os quatro conceitos fundamentais da psicanálise (1979)
de Jacques Lacan; Melanie Klein hoje: desenvolvimento da teoria e técnica de Elizabeth Bott
Spillius (1990); e Fundamentos psicanalíticos: teoria, técnica e clínica uma abordagem
didática (1999) de David Zimerman.
A bibliografia complementar o faz através dos Cadernos Lacan (1996) da APPOA;
Posição e objeto na obra de Melanie Klein (1981) de Willy Baranger; Noções básicas de
psicanálise: introdução à psicologia psicanalítica (1969) de Charles Brenner; Introdução ao
estudo das perversões: teoria do Édipo em Freud e Lacan (1984) de Hugo Bleichmar; A
Psicanálise: teoria, clínica e técnica (1984) de Angel Garma; O desenvolvimento kleiniano
(1990) de Donald Meltzer; Teoria e prática da psicanálise: fundamentos teóricos (1992) de
130
Helmut Thomä & Horst Kächele; e o artigo Contribuições da escola francesa de psicanálise
(1996) de David Zimerman, publicado na Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul.
2.164 Psicologia do Desenvolvimento II (2004)
No quarto período a disciplina Psicologia do Desenvolvimento II apresenta como
material de psicanálise: Adolescência normal: um enfoque psicanalítico (1981) de Aminda
Aberastury & Maurício Knobel; Adolescência (1991) de Arminda Aberastury e
colaboradores; Adolescência: uma interpretação psicanalítica (1994) de Peter Blos;
Adolescência: reflexões psicanalíticas (1998) de David Léo Levisky, na bibliografia básica, e
Nove meses na vida de uma mulher: uma abordagem psicanalítica da gravidez e do
nascimento de Myriam Szejer & Richard Stewart (1998), na bibliografia complementar.
2.165 Psicologia Social II (2004)
Psicologia Social II é uma disciplina articuladora. Isto significa que tem como um dos
objetivos articular os conhecimentos relativos às práticas em Psicologia com as demais
disciplinas do semestre. Neste semestre apenas uma das bibliografias complementares tem
algum conteúdo de Psicanálise: O processo grupal (1986) de Enrique Pichon-Rivière.
2.166 Teorias da Aprendizagem I (2004)
A disciplina Teorias da Aprendizagem I sugere, como bibliografia básica, a leitura do
livro de Maria Cristina Machado Kupfer Freud e a educação: o mestre impossível (1995).
2.167 Diagnóstico Psicológico I (2004)
No quinto período a disciplina Diagnóstico Psicológico I tem como um dos objetivos
articular os conhecimentos relativos ao diagnóstico psicológico com as demais disciplinas do
semestre. Traz como uma das bibliografias básicas: Fundamentos da técnica psicanalítica
(1987) de Ricardo Horácio Etchegoyen.
131
2.168 Psicopatologia I (2004)
A disciplina Psicopatologia I apenas menciona, como obra de conteúdo psicanalítico,
na bibliografia básica, o Vocabulário da psicanálise (1982) de Jean Laplanche & Jean-
Bertrand Pontalis.
2.169 Teorias da Aprendizagem II (2004)
A disciplina Teorias da Aprendizagem II menciona como bibliografia complementar o
livro Para além de Freud e Piaget: referenciais para novas perspectivas em psicologia
(1993) de Jean-Marie Dolle.
2.170 Teorias e Técnicas Psicoterápicas I (2004)
Ainda neste período a disciplina Teorias e Técnicas Psicoterápicas I apresenta como
ementa, as características essenciais do processo terapêutico no referencial psicanalítico:
análise, psicoterapia de orientação psicanalítica, psicoterapia breve, psicoterapia de apoio,
grupoterapia, terapia familiar e casal, psicoterapia infantil e adolescente. O objetivo é o de
identificar as principais características do processo psicoterapêutico, orientado
psicanaliticamente e conhecer as diferentes técnicas psicoterápicas de cunho psicanalítico,
diferenciando indicações, intervenções, aplicabilidade, processo, população a que se destina e
limitações.
Bibliografia básica: Psicanálise da criança: teoria e técnica (1992) de Arminda
Aberastury; A psicanálise depois de Freud: teoria e clínica (1992) Norberto M. Bleichmar &
Célia Leiberman D. Bleichmar; Psicoterapia breve de orientação analítica (1997) de Eduardo
Alberto Braier; Psicoterapia de orientação analítica: teoria e prática organizado por C. L.
Eizirik, R. Aguiar e S. Schetatsky (1989); Fundamentos da técnica psicanalítica de Ricardo
Horácio Etchegoyen (1987); Teoria psicanalítica das neuroses (1981) de Otto Fenichel;
Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (1987) de
Sigmund Freud (24 vols.); Psicanálise e psicoterapia de crianças (1996) organizado por Jules
Glenn; A técnica e a prática da psicanálise (1981) de Ralph R. Greenson; O paciente e o
analista: fundamentos do processo psicanalítico (1986) de Joseph Sandler, Christopher Dare
e Alex Holder; Técnica da psicanálise infantil (1982) de Joseph Sandler; Fundamentos
psicanalíticos: teoria, técnica e clínica uma abordagem didática (1999) de David
Zimerman. Bibliografia complementar: Personalidade normal e patológica (1991) de Jean
132
Bergeret; Freud e o inconsciente (1983) de Alfredo Luiz Garcia-Roza; Vocabulário da
psicanálise (1982) de Jean Laplanche & Jean-Bertrand Pontalis.
2.171 Psicologia Hospitalar (2004)
A disciplina Psicologia Hospitalar é uma disciplina optativa do sexto período. O texto
Reflexões para os tempos de guerra e morte (1974) de Sigmund Freud (Vol. 14), foi indicado
como bibliografia complementar.
2.172 Psicopatologia II (2004)
A disciplina Psicopatologia II traz como referência à psicanálise, na bibliografia
complementar, Teoria psicanalítica das neuroses (1981) de Otto Fenichel e a Edição
standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (1987) de Sigmund
Freud (24 vols.).
2.173 Economia, História e Subjetividade (2004)
No sétimo período a disciplina optativa Economia, História e Subjetividade
recomenda como bibliografia básica, a leitura do livro Micropolítica: cartografias do desejo
(1987) de Felix Guattari e Suely Rolnik.
2.174 Introdução à Pesquisa em Psicologia (2004)
A disciplina Introdução à Pesquisa em Psicologia considera bibliografia básica
Pesquisa em psicanálise (1996) de Luís Flavio Couto.
2.175 Teorias e Técnicas Psicoterápicas III (2004)
Teorias e Técnicas Psicoterápicas III tem como bibliografia básica Desilusão e
história na psicanálise de Jean-Paul Sartre (1996) de Camila Salles Gonçalves.
2.176 Oficina de Vivência Grupal (2004)
No oitavo período a disciplina Oficina de Vivência Grupal recomenda como
bibliografia básica, a leitura de Enrique Pichon-Rivière O processo grupal (1986).
133
2.177 Prática de Pesquisa em Psicologia I (2004)
A disciplina Prática de Pesquisa em Psicologia I indica Pesquisa em psicanálise
(1996) de Luís Flavio Couto, como bibliografia complementar.
2.178 Psicologia dos Processos Grupais (2004)
A disciplina Psicologia dos Processos Grupais tem como bibliografia básica O
processo grupal (1986) de Enrique Pichon-Rivière, e como bibliografia complementar, O
grupo e o inconsciente: o imaginário grupal (1993) de Didier Anzieu.
2.179 Psicologia e Educação Especial (2004)
A disciplina Psicologia e Educação Especial indica a leitura de A criança retardada e
a mãe (1985), de Maud Mannoni, como bibliografia complementar.
2.180 Psicopatologia III (2004)
Psicopatologia III cita o Vocabulário da psicanálise (1982) de Jean Laplanche & Jean-
Bertrand Pontalis, como bibliografia complementar de referência psicanalítica.
2.181 Estágio Acompanhado em Psicologia Clínica I (2004)
No período nove a disciplina de Estágio Acompanhado em Psicologia Clínica I
mencionam as obras Freud e o inconsciente (1983) de Alfredo Luiz Garcia-Roza e Técnica da
Psicanálise Infantil (1982) de Joseph Sandler como bibliografias básicas de conteúdo
psicanalítico.
2.182 Prática de Pesquisa em Psicologia II (2004)
A disciplina articuladora Prática de Pesquisa em Psicologia II tem como bibliografia
complementar de psicanálise Pesquisa em psicanálise (1996) de Luís Flavio Couto.
2.183 Estágio Acompanhado em Psicologia Clínica II (2004)
No décimo período o PE do Estágio Acompanhado em Psicologia Clínica II tem o
mesmo conteúdo de psicanálise que o PE do Estágio Acompanhado em Psicologia Clínica I.
134
2.184 Seminário de Estudos da Subjetividade (2004)
A disciplina Seminário de Estudos da Subjetividade tem como um dos objetivos
articular os conhecimentos relativos às teorias e práticas em psicologia com os estudos da
subjetividade, entre as demais disciplinas do período. Como bibliografia básica de conteúdo
psicanalítico, apresenta-se Micropolítica: cartografias do desejo (1987) de Felix Guattari e
Suely Rolnik e Revolução molecular: pulsações políticas do desejo (1981) de Felix Guattari.
Como bibliografia complementar: Diálogos (1998) de Gilles Deleuze & Claire Parnet.
2.185 Seminário de Socialização de Pesquisa (2004)
A disciplina de Seminário de Socialização de Pesquisa indica a leitura de Pesquisa em
psicanálise (1996) de Luís Flavio Couto, como bibliografia complementar de conteúdo de
psicanálise.
2.186 Prática de Pesquisa em Psicologia III (2004)
No décimo primeiro período, Prática de Pesquisa em Psicologia III tem o mesmo
conteúdo de psicanálise que o PE da disciplina Prática de Pesquisa em Psicologia II.
2.187 Síntese da UNOCHAPECÓ
Os princípios fundamentais do método psicanalítico, teoria, psicopatologia, técnica e
prática clínica, são abordados de maneira didática, sem perder uma necessária simplicidade e
acessibilidade. São revisados sistematicamente os conceitos-chave do tratamento
psicanalítico, como transferência, contratransferência e resistência, os problemas do início e
evolução do tratamento, a interpretação de sonhos, o papel das condutas terapêuticas, os
diversos modelos processuais e a relação entre a teoria e a prática, que contribuem para uma
maior integração das diferenças de opinião entre analistas e escolas psicanalíticas na medida
em que assinalam seus pontos em comum e suas divergências. Apresenta-se um sumário das
doutrinas psicanalíticas de maneira sistemática e abrangente, em particular a teoria das
neuroses, com o objetivo de ajudar o ensino no treinamento psicanalítico. Oferece-se uma
visão panorâmica das diversas correntes da psicanálise pós-freudiana, com a exposição crítica
de diversas teorizações e a comparação destas entre si.
Teorias e técnicas psicoterápicas apresentam características essenciais do processo
terapêutico no referencial psicanalítico, com o objetivo de identificar as principais
135
características do processo psicoterapêutico orientado psicanaliticamente e conhecer as
diferentes técnicas psicoterápicas de cunho psicanalítico: análise, psicoterapia de orientação
psicanalítica, psicoterapia breve, psicoterapia de apoio, grupoterapia, terapia familiar e casal,
psicoterapia infantil e adolescente, diferenciando indicações, intervenções, aplicabilidade,
processo, população a que se destina e as suas limitações. O Curso procura estruturar uma
modalidade técnica deste tipo de terapia, que reconhece a psicanálise como fonte, mas se
diferencia de seu método. Temas emergentes e significativos também são incluídos, como: a
pesquisa de resultados das psicoterapias, a interface com as neurociências, a importância do
gênero do terapeuta e reformulações polêmicas sobre homossexualidade. As disciplinas
expressam considerações de Freud sobre temas que envolvem conflitos, enfrentamento,
preparação para morte, etc. aplicáveis no campo da psicologia hospitalar. São envolvidas
discussões no campo da psicanálise, política e teorias subjacentes, em temas como o
movimento das minorias, a autogestão dos hospitais, a atuação das gangues nos subúrbios, as
rádios, os partidos políticos e outros campos como literatura, cinema, música, etc. Os
seminários de estudos da subjetividade articulam os conhecimentos relativos às teorias e
práticas em psicologia com os estudos da subjetividade. Alguns deles envolvem filosofia,
psicanálise e política de um modo interdisciplinar.
São estudadas a história, a epistemologia da psicanálise, os seus conceitos principais e
as novas leituras de Freud: psicologia do ego, psicologia das relações objetais, psicologia do
self, psicologia estruturalista, psicologia culturalista e psicologia analítica, com o objetivo de
compreender o surgimento da psicanálise e seu papel na transformação das idéias
psicológicas, conhecer os postulados clássicos da psicanálise e reconhecer as diferentes
escolas derivadas da psicanálise freudiana, com seus respectivos teóricos de referência. A
emergência e o desenvolvimento do conceito de inconsciente na obra de Freud é analisado
utilizando o método histórico-estrutural, desde as noções até sua constituição como conceitos
no quadro de uma estrutura teórica. São analisados os pressupostos epistemológicos de Freud
e as conseqüências da obra freudiana para a teoria do conhecimento. A cultura da psicanálise
é analisada a partir da difusão de idéias, terminologias e imagens desta ciência na cultura em
geral e na própria conduta dos indivíduos e avaliada na sua banalização, nas mais variadas
manifestações sociais, por importantes psicólogos e antropólogos, como Peter Fry e Gilberto
Velho, que apontam as conseqüências da psicologização do social.
Descreve-se um panorama geral das correntes psicanalíticas da atualidade e, mais
particularmente, do movimento psicanalítico na França, além de mencionar brevemente as
diversas instituições psicanalíticas francesas e os seus principais autores, em especial Lacan e
sua escola estruturalista. Os escritos de Jacques Lacan reúnem algumas das principais
136
reflexões provindas de seminários, cuja concepção sobre as relações entre inconsciente e
significante se inscrevem num empreendimento pedagógico. Neste sentido têm como objetivo
a formação de psicanalistas, sem separar teoria e prática.
São oferecidas as bases para o entendimento e o tratamento dos problemas emocionais
enfrentados pelos mais jovens através de uma abordagem psicanalítica da infância, nas formas
de tratamento dos casos clínicos estudados, como relata a história da técnica, suas correntes,
etapas de entrevistas, materiais, problemas técnicos, além dos sintomas psicanalíticos mais
comuns. Especialistas em infância oferecem um conhecimento teórico-clínico em relação à
técnica psicanalítica nos diferentes estágios do desenvolvimento, da pré-latência à pré-
adolescência, e de suas diferenças com a psicoterapia. Apresentam-se trabalhos de psicanálise
aplicada na psicopedagogia, assim como os que tratam da avaliação da criança através do
perfil metapsicológico, acompanhados de exemplos clínicos. Por fim, trata-se da formação de
psicanalistas de crianças, incluindo o programa de formação recomendado pela APA. Os
autores trazem objetivos e contribuições na área da psicanálise infantil. Representa-se uma
tentativa de evolução e renovação do pensamento analítico, a partir de uma continuidade de
Freud. Apresentam-se estudos quanto a novas delimitações em que se instala o complexo de
Édipo e as posições correspondentes às etapas do desenvolvimento primário infantil.
É recomendada a leitura de Margaret Mahler através da conceituação do processo de
separação-individuação como determinante da estruturação psíquica do indivíduo que
possibilita um melhor entendimento normativo do psiquismo precoce. Donald Winnicott fala
sobre as questões fundamentais da infância: as necessidades mínimas de todo bebê, a
amamentação como primeiro diálogo, os primeiros sinais da personalidade e a natureza da
comunicação não-verbal no par mãe-bebê. As descobertas de Melanie Klein se relacionam
com as fases primitivas e originárias do funcionamento da vida mental o universo não-
verbalizável da criança pequena e com as evidências de que o mundo interno das relações
de objeto e das fantasias inconscientes constitui a fonte real de todas as ações e reações
humanas. John Bowlby oferece amplo material para compreender fundamentalmente as
questões do apego, separação e perda. São apresentadas as idéias básicas de Arminda
Aberastury sobre a psicodinâmica da adolescência. As características da síndrome normal da
adolescência proposta, pressupõem um tênue limite entre a normalidade e a patologia, como
esperado para essa fase do desenvolvimento. As reflexões psicanalíticas sobre a adolescência
tratam de considerações teórico-clínicas, a partir de um panorama do desenvolvimento
psicossocial do adolescente, os aspectos psicanalíticos do processo de identificação na
sociedade atual, o processo de identificação do adolescente, e a crise dos pais na adolescência
dos filhos.
137
Transmitem-se as idéias de Freud sobre a educação, os paradoxos por ele colocados,
sua figura de mestre, e suas concepções sobre o aprender. As teorias da aprendizagem
propõem-se a elucidar a díade cognição e afetividade, buscando, na vertente epistemológica
da psicanálise, realçar tecnicamente o inconsciente a par da complexidade de um sujeito em
interação complexa com o meio. Em matéria de educação especial aborda-se a dependência
da criança retardada em relação à mãe. Autores como Maud Mannoni (1985) mostram que o
débil é capaz de entrar numa relação psicanalítica válida.
Em matéria de psicanálise grupal contém os trabalhos de Didier Anzieu (1993) que
recentraliza sua proposta sobre a noção de imaginário grupal: o grupo e sua psicologia
própria, diferente sob certas condições e certos momentos, daquela dos indivíduos que o
compõem ou que se opõem. As disciplinas conduzem ao aluno descrever e a situar vários
processos imaginários que sustentam a vida do grupo: a ilusão grupal, as fantasias de quebra,
a resistência paradoxal autodestruidora, as perturbações no grupo organizado pela imago
paterna ou do superego. Elucidam-se também os organizadores psíquicos inconscientes tais
como as fantasias originais ou a imagem do próprio corpo, entre outros, que fundam e
estruturam o imaginário grupal. As obras trazem para os pesquisadores, clínicos e outros
profissionais que trabalham com grupos o panorama da vida grupal inconsciente. Também
foram recomendados obras de Pichon-Rivière sobre grupos, o campo operacional da
psicologia social, relação dialética entre estrutura social e fantasia inconsciente, articulada
pelo vínculo. Os trabalhos abordam o grupo que permite o interjogo entre o psicossocial e o
sócio-dinâmico através da observação das formas de interação, dos mecanismos de assunção e
adjudicação de papéis.
Universidade do Oeste de Santa Catarina UNOESC
A UNOESC mantém dois cursos de psicologia nas cidades catarinenses de Joaçaba e
São Miguel do Oeste. Ambos trabalham com o mesmo projeto político pedagógico e proposta
curricular, com exceção de algumas particularidades que não interferem na pesquisa. Foram
analisadas 21 disciplinas com conteúdos de psicanálise em seus Planos de Ensino: Psicologia
Geral; Desenvolvimento Humano II; Estudos sobre Cognitivismo; História da Psicologia II;
Psicologia do Desenvolvimento I; Desenvolvimento Humano III; Psicologia do
Desenvolvimento II; Estudos Sobre a Psicanálise; Teorias e Sistemas Psicológicos; Psicologia
e Fenômenos Sociais II; Técnica de Entrevista I; Teorias da Aprendizagem II; Psicologia
Institucional; Psicopatologia III; Teorias e Técnicas Psicoterápicas I; Teorias e Técnicas
Psicoterápicas II; Clínica do Inconsciente; Técnicas Psicoterápicas; Estágio Supervisionado
138
em Psicologia Clínica I; Estágio Supervisionado em Psicologia Clínica II; e Epistemologia da
Psicologia.
2.188 Psicologia Geral (1995/1)
No primeiro semestre, o PE da disciplina Psicologia Geral apresenta, em seu conteúdo
programático, a psicanálise como uma das diferentes abordagens da psicologia.
2.189 Desenvolvimento Humano II (n.d.)
No segundo semestre, a disciplina Desenvolvimento Humano II tem como referências
de conteúdo de psicanálise: Adolescência normal: um enfoque psicanalítico (1981) de
Aminda Aberastury & Maurício Knobel; Adolescência: entre o passado e o futuro (1999) de
Charles Melman e outros; Tornar-se adolescente a aventura de uma metamorfose: uma
visão psicanalítica da adolescência (2001) de Guilhermo Carvajal; e A família e o
desenvolvimento do indivíduo (1980) de Donald Winnicott.
2.190 Estudos sobre Cognitivismo (n.d.)
A disciplina Estudos sobre Cognitivismo menciona obras de psicanálise em sua
bibliografia: O livro de Bruno Bettelheim Freud e a alma humana (1984); o texto Sobre os
sonhos (1987) de Sigmund Freud (Vol. 5); e o artigo de Rafael Raffaelli, Psicanálise e
percepção (1997), publicado na Revista de Ciências Humanas.
2.191 História da Psicologia II (1995/1)
A disciplina História da Psicologia II traz em sua ementa a psicanálise freudiana e os
pós-freudianos. Um de seus objetivos é o de identificar as principais correntes históricas da
psicanálise e seus principais representantes. O conteúdo programático propõe-se, entre outros,
em explorar a história do movimento psicanalítico, através de Freud e os anglo-saxões, Freud
e os americanos, Freud e os franceses, e a história da psicanálise no Brasil. A disciplina
deverá lançar mão de estratégias didático-pedagógicas adequadas a cada conteúdo
programático, através da seguinte metodologia: aulas expositivas e estudos grupais sobre a
história da psicanálise; seminário sobre a pré-história da psicanálise e da constituição do
método psicanalítico; etc.
139
Como bibliografia, os seguintes livros foram recomendados: Edição standard
brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (1987) de Sigmund Freud (24
vols.); Vida e obra de Sigmund Freud (1979) de Ernest Jones; História da psicanálise na
França: a batalha dos cem anos (1989) de Elisabeth Roudinesco; A psicanálise no Brasil: as
origens do pensamento psicanalítico (1993) de Elisabete Mokrejs; e duas dissertações de
mestrado: Os rumos da psicanálise no Brasil (1986) de Eliana Nogueira, e Vicissitudes da
formação de psicanalistas no Rio Grande do Sul: estudo comparativo de duas instituições
(1994) de Kátia Regina Frizzo.
2.192 Psicologia do Desenvolvimento I (1995/2)
A disciplina Psicologia do Desenvolvimento I tem como um dos objetivos específicos,
o estudo detalhado das teorias da Psicanálise. Como conteúdo, a psicanálise está presente em
dois módulos: a teorias do desenvolvimento, que aborda a psicanálise e desenvolvimento a
partir de seus autores, objeto e método de estudo; e psicanálise e desenvolvimento infantil,
que estuda desenvolvimento e psicanálise; o conceito de subjetividade; e os seguintes autores
da psicanálise com crianças, Melanie Klein, Anna Freud, Donald Winnicot, Maud Mannonni
e François Dolto.
Como bibliografia, encontram-se as seguintes recomendações: Ficção das origens:
contribuições à história da psicanálise de crianças (1991) de Silvia Fendrik; Edição standard
brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (1987) de Sigmund Freud (24
vols.); e Psicanálise e desenvolvimento infantil: um enfoque transdisciplinar (1999) de
Alfredo Jerusalinsky e colaboradores.
2.193 Desenvolvimento Humano III (2004/2)
No terceiro semestre a disciplina Desenvolvimento Humano III traz como referência
bibliográfica complementar o livro O ciclo de vida completo (1998) de Erik Erikson.
2.194 Psicologia do Desenvolvimento II (1995/2)
A disciplina Psicologia do Desenvolvimento II se propõe a aprofundar o estudo dos
diferentes modelos de entendimento humano. Um de seus conteúdos trata do complexo de
Édipo como estruturador da subjetividade. A bibliografia indicada de conteúdo psicanalítico é
Psicanálise e Cultura (1983) de Abrão Slavusky; Edição standard brasileira das obras
psicológicas completas de Sigmund Freud (1987) de Sigmund Freud (24 vols.); Adolescência
140
normal: um enfoque psicanalítico (1981) de Aminda Aberastury & Maurício Knobel;
Dialogando sobre crianças e adolescentes (1989) de Françoise Dolto; Adolescência:
abordagem psicanalítica (1993) organizado por Clara Regina Rappaport; e O eu e o tempo:
psicanálise do tempo e do envelhecimento (1993) de Henri Bianchi. No cronograma estão
programadas discussões de textos referentes ao complexo de Édipo em Freud e Lacan e
leituras sobre abordagens psicanalíticas da adolescência: Anna Freud, Otto Rank e Erik
Erikson.
2.195 Estudos Sobre a Psicanálise (n.d.)
Ainda neste semestre a disciplina Estudos Sobre a Psicanálise apresenta em sua
ementa, o movimento psicanalítico; objeto e método; os conceitos fundamentais e a
compreensão do homem em psicanálise; biografia dos principais pensadores. Os objetivos são
os de fornecer aos alunos uma introdução aos conceitos fundamentais e fundantes da
psicanálise; situar a psicanálise em relação à psicologia; estudar a história do movimento
psicanalítico; identificar o objeto e o método da psicanálise; Avaliar as implicações políticas e
as contribuições da escola psicanalítica; introdução à obra de W. Reich, M. Klein, C. G. Jung,
J. Lacan. O conteúdo programático traz a história do movimento psicanalítico; conceitos
fundamentais em psicanálise; análise da vida social a partir da psicanálise; e a psicanálise pós-
Freud.
Por fim a seguinte bibliografia é recomendada: A psicanálise depois de Freud: teoria e
clínica (1992) Norberto M. Bleichmar & Célia Leiberman D. Bleichmar; Psicanálise, ciência
e cultura (1994) de Joel Birman; Ensaios de teoria psicanalítica: metapsicologia, pulsão,
linguagem, inconsciente e sexualidade (1993) também de Joel Birman; De que amanhã:
diálogo (2004) de Jacques Derrida e Elisabeth Roudinesco; Introdução à leitura de Lacan: o
inconsciente estruturado como linguagem (1989) de Joël Dor; Ética e técnica em psicanálise
(2000) de Luís Cláudio Mendonça Figueiredo; Edição standard brasileira das obras
psicológicas completas de Sigmund Freud (1987) de Sigmund Freud (24 vols.); Freud e o
inconsciente (1983) de Alfredo Luiz Garcia-Roza; Melanie Klein (1977) de Claude Geets; A
psicanálise e seus destinos: pagar com palavras (1984) de Roberto Harari; Refletindo sobre
gênero a partir de textos freudianos (1996) de Mara Lago; Vocabulário da psicanálise (1982)
de Jean Laplanche & Jean-Bertrand Pontalis; Inconsciente: um resgate de sua dimensão
social-histórica (1999) de Marion Minerbo; O inconsciente: um estudo crítico (1988) de
Alfredo Naffah Neto; Lições sobre os sete conceitos cruciais da psicanálise (1993) de Juan-
141
David Nasio; Crítica dos fundamentos da psicologia: a psicologia e a psicanálise (1998) de
Georges Politzer.
Também são apresentados nesta bibliografia alguns livros básicos de C.G. Jung e
outros que sintetizam o trabalho Wilhelm Reich para proporcionar um primeiro contato do
aluno com estas psicologias e estabelecer as diferenças entre Freud, Reich e Jung através de
casos clínicos.
2.196 Teorias e Sistemas Psicológicos (n.d.)
Por fim, neste semestre a disciplina Teorias e Sistemas Psicológicos apresenta apenas
como ementa, o contexto social e cultural da emergência da psicanálise como teoria e como
prática; os fundamentos da teoria psicanalítica; e a psicanálise em Freud e os pós-freudianos.
2.197 Psicologia e Fenômenos Sociais II (n.d.)
No quarto semestre, a disciplina de Psicologia e Fenômenos Sociais II traz como
bibliografia Micropolítica: cartografias do desejo (1987) de Felix Guattari e Suely Rolnik.
2.198 Técnica de Entrevista I (1996/2)
No quinto semestre o conteúdo programático da disciplina Técnica de Entrevista I
aborda a transferência e contra-transferência na dinâmica da entrevista. O livro de Joseph
Sandler Técnica da Psicanálise Infantil (1982) é a única bibliografia de referência
psicanalítica deste Plano de Ensino.
2.199 Teorias da Aprendizagem II (2003/1)
A disciplina Teorias da Aprendizagem II referencia como obra de conteúdo
psicanalítico apenas Para além de Freud e Piaget: referenciais para novas perspectivas em
psicologia (1993) de Jean-Marie Dolle.
2.200 Psicologia Institucional (2004/2)
No sexto semestre a disciplina Psicologia Institucional cita a psicanálise somente em
algumas bibliografias: Psicanálise e contexto cultural: imaginário psicanalítico, grupos e
psicoterapias (1989) de Jurandir Freire Costa; Psicanálise e análise do discurso: matrizes
142
institucionais do sujeito psíquico (1995) de Marlene Guirado; A instituição e as instituições:
estudos psicanalíticos (1991) de René Kaës et al.; Teoria do vínculo (1986) de Enrique
Pichon-Rivière e O processo grupal (1986), também de Enrique Pichon-Rivière.
2.201 Psicopatologia III (2004/1)
No sétimo semestre a disciplina de Psicopatologia III cita apenas Doença
ocupacional: psicanálise e relações de trabalho (2000) de Marina Durand, como obra de
conteúdo psicanalítico.
2.202 Teorias e Técnicas Psicoterápicas I (1997/1)
Neste semestre a disciplina Teorias e Técnicas Psicoterápicas I tem como conteúdo
programático, a psicoterapia segundo a psicologia do ego, o processo analítico segundo
Melanie Klein, e o processo analítico para Freud e Lacan. Está programado no cronograma
deste PE abordar o processo analítico, a partir do texto Psicanalisar (1986) de Sèrge Leclair.
Seguem outras discussões dos textos: Recomendações aos médicos que exercem a psicanálise
(1969) de Sigmund Freud (Vol. 12); e A interpretação dos sonhos (1987) de Sigmund Freud
(Vol. 4 e 5); A direção da cura
74
de Jacques Lacan, in: Escritos de Jacques Lacan (1999).
Estuda-se a interpretação para Freud, Lacan, Melaine Klein, e a psicologia do ego e a
transferência em Freud, Lacan e Melaine Klein. Por fim propõe-se refletir criticamente sobre
a psicanálise e as psicoterapias.
2.203 Teorias e Técnicas Psicoterápicas II (1999/1)
No oitavo semestre a disciplina Teorias e Técnicas Psicoterápicas II recomenda, como
obra de conteúdo psicanalítico, Psicanálise da criança: teoria e prática (1982) de Arminda
Aberastury.
2.204 Clínica do Inconsciente (2001/1)
No semestre nove a disciplina Clínica do Inconsciente apresenta como ementa o
método de livre associação, a noção de inconsciente estruturado como uma linguagem, a
escuta e o manejo da transferência como questões na direção do tratamento psicanalítico. A
74
Primeiro relatório do Colóquio Internacional de Royaumont reunido de 10-13 de julho de 1958, a convite da
Sociedade Francesa de Psicanálise, publicado em La psychanalyse (vol. 6).
143
justificativa deste plano se pela descoberta revolucionária efetuada por Freud, do
inconsciente concebido como um processo articulatório de representações tramadas numa
cadeia, cujos elos são aqueles compostos pelo desejo, veio a revolucionar a noção clássica
cartesiana segundo a qual o centro dos processos subjetivos ordena-se em torno da função da
consciência. Freud postula a existência de cadeias de pensamento que, embora ativos e
eficazes, operam no sujeito de forma inconsciente. A descoberta do inconsciente, teve como
resultado uma nova forma de condução de tratamento, daquilo que desde Freud, aprendemos a
reconhecer como sofrimento subjetivo nos sistemas, imprimindo-lhe uma nova forma de
condução ética aquela que ao sentar a escuta do sujeito do inconsciente, permite que este
possa, doravante, estar em condições de reconhecer-se e responsabilizar-se pelo que nele
manifesta-se como sendo seu desejo.
Seu objetivo geral destaca o desejo técnico psicanalítico fundamentando-se na escuta
do sujeito do inconsciente. Os objetivos específicos são: destacar da não-dicotomia
teoria/técnica na psicanálise; fundamentar a noção de que a ética da psicanálise diz respeito à
ética do desejo; caracterizar o conceito da transferência como conceito clínico fundamental,
ao lado dos conceitos de inconsciente, repetição e pulsão; apontar que a condução do
tratamento psicanalítico consiste no manejo, eticamente orientado, da transferência; e
sublinhar que a formação do analista sustenta-se no tripé, análise, supervisão e estudo da
obra Freud/Lacaniana. O conteúdo programático aborda o funcionamento psíquico a partir do
inconsciente; das pulsões sexuais; do recalcamento, sublimação e fantasia; da transferência;
da resistência; da interpretação; e da psicanálise freudiana & psicologia do ego.
A bibliografia apresenta as seguintes obras: Conheça Freud (1979) de Richard
Appignanesi; Chaves da psicanálise (1990) de Georges-Philippe Brabant; Edição standard
brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (1987) de Sigmund Freud
(Vols. 6-23); Introdução às obras de Freud, Ferenczi, Groddeck, Klein, Winnicott, Dolto,
Lacan (1995) de Juan-David Nasio; O prazer de ler Freud (1999) de Juan-David Nasio;
Analytica (n.d.) de Jayme Salomão; e Freud (n.d.), também de Jayme Salomão.
2.205 Técnicas Psicoterápicas Psicanálise (n.d.)
Ainda neste semestre o PE da disciplina Técnicas Psicoterápicas - Psicanálise tem
como temas de estudos: psicoterapia breve; psicoterapia de orientação psicanalítica; terapia
familiar psicanalítica; terapia familiar de casal; e as implicações éticas da prática terapêutica.
Segundo Laplanche & Pontalis (2004), no lato senso, é considerado psicoterapia
qualquer tratamento que utilize meios psicológicos na relação entre um terapeuta e um
144
paciente, inclusive a psicanálise. Psicoterapia de orientação analítica é uma forma de
psicoterapia que utiliza princípios teóricos e técnicas da psicanálise, sem ser de fato um
tratamento psicanalítico, no sentido mais estrito.
2.206 Estágio Supervisionado em Psicologia Clínica I (2003/1)
O Curso oferece, por fim, a disciplina Estágio Supervisionado em Psicologia Clínica I
que tem como obras de referência à psicanálise Psicoterapia breve de orientação analítica
(1997) de Eduardo Alberto Braier; Edição standard brasileira das obras psicológicas
completas de Sigmund Freud (1987) de Sigmund Freud (24 vols.); e Psicoterapia breve
psicanalítica: compreensão e cuidados da alma humana (2003) de Haydée Kahtuni.
2.207 Epistemologia da Psicologia (n.d.)
No décimo e último semestre, a disciplina Epistemologia da Psicologia tem como um
dos objetivos estudar o problema da produção do conhecimento em psicologia, entre este, a
epistemologia da psicanálise.
2.208 Estágio Supervisionado em Psicologia Clínica II (2002/1)
A disciplina Estágio Supervisionado em Psicologia Clínica II tem como bibliografia
psicanalítica a Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund
Freud (1987) de Sigmund Freud (24 vols.) e O lugar dos pais na psicanálise de crianças
(1995) de Ana Rosemberg et al.
2.209 Síntese da UNOESC
Os estudos sobre a psicanálise têm como objetivo a compreensão do homem, para
fornecer aos alunos uma introdução de seus conceitos fundamentais e fundantes, e situa-la em
relação à psicologia, além de identificar o seu objeto e método, avaliar as suas implicações
políticas, as contribuições da escola psicanalítica e introduzir a obra e a biografia dos
principais pensadores. Uma visão panorâmica das diversas correntes da psicanálise pós-
freudiana, com a exposição crítica de diversas teorizações e a comparação destas entre si é
destinada aos alunos para obter uma idéia sintética da psicanálise atual e saber como e porque
as diversas linhas de pensamento convergem ou divergem. A descrição das linhas mestras e as
145
diretrizes de cada escola tornam possível aos iniciantes ter um conhecimento geral suficiente
que lhe dê respaldo para a eleição de uma teoria especifica em sua prática.
Os alunos são indagados sobre o destino da psicanálise: da sua condição de
marginalidade; de não ser uma psicologia ou uma concepção filosófica; de por o homem de
lado para promover o sujeito; de investigar o inconsciente. São estudados conjuntos de regras
técnicas, baseadas na experiência do fundador da psicanálise, aconselhadas aos futuros
analistas. É estudado o método de interpretação dos sonhos baseado nas livres associações
que o sonhador pode fazer, desperto, a partir do relato de seu sonho. As contribuições dizem
respeito à interpretação simbólica e à decifração do material onírico. Permite-se ao aluno
inserir num conjunto teórico coerente e bem estruturado as noções isoladas ou fragmentárias
que conseguiu apreender. Desenvolve-se mais detalhadamente as idéias de Freud a respeito
das relações do indivíduo com a sociedade e com a cultura, assim como as críticas que lhe
foram dirigidas com base neste ponto. A estrutura eminentemente didática desta introdução
oferece uma visão global e sistematizada das principais teses que compõem o legado
psicanalítico. Além de proporcionar acesso às obras dos grandes nomes da psicanálise, os
professores pretendem também que este seja um estímulo para que o aluno passe diretamente
às fontes, voltando-se para os textos originais.
São recomendados estudos da história do movimento psicanalítico e suas implicações,
nacionais e internacionais para a formação analítica, visando compreender as conexões entre
as instituições, suas respectivas concepções, as práticas adotadas e os processos histórico-
sociais mais amplos. A história do movimento psicanalítico é explorada através de Freud e os
anglo-saxões, Freud e os americanos, Freud e os franceses, e a história da psicanálise no
Brasil. São focados o itinerário de Lacan e sua obra, por ele ter se tornado o artífice de uma
nova introdução do freudismo na França, desde 1925, tratando-se da implantação da
psicanálise nos meios literários. As disciplinas utilizam como metodologia estudos grupais
sobre a história da psicanálise, seminário sobre a pré-história da psicanálise e da constituição
do método psicanalítico. São apresentados textos de psicanálise brasileiros, antes da fundação
das sociedades de psicanálise. Expressam as peculiaridades do homem e do momento
brasileiro onde aparece claramente o intrincamento da psicanálise com a terapêutica, a moral,
a medicina, e mesmo a pedagogia e a literatura.
Algumas obras têm o objetivo de introduzir o aluno aos pressupostos da teoria
lacaniana, resgatando a historicidade dos conceitos e percorrendo a via feita por Lacan, nos
textos e dúvidas que o impulsionaram. São livros que ajudam a se aproximar da obra de
Lacan, servindo como guia para a leitura dos originais. As teorias de Freud são revistas
trazendo como contribuição à teoria psicanalítica, os modelos estruturalistas de universos de
146
signos, a partir da concepção lacaniana do significante. São contrapostas as noções de cura
médica a direção de análise.
A psicanálise está presente em disciplinas de psicologia do desenvolvimento a partir
de suas teorias, autores, objeto e método de estudo, propondo-se a aprofundar o estudo dos
diferentes modelos de entendimento humano. A psicanálise estuda o desenvolvimento infantil
e o conceito de subjetividade, através dos seguintes autores da psicanálise com crianças:
Melanie Klein, Anna Freud, Donald Winnicot, Maud Mannonni e François Dolto. As
publicações apresentam o essencial de uma série de debates sobre a técnica psicanalítica com
enfoque nos pontos mais significativos do contato com a criança. Os temas abrangem
diferentes especialidades clínicas em que se entrelaçam questões psicanalíticas e pedagógicas
e que revela suas experiências em diversos centros hospitalares, assistenciais e educacionais,
no tratamento de problemas graves na infância. Os alunos são provocados ao questionar quem
está em sofrimento, do agir ao desejo da criança ou do adolescente. Ao trazer casos da
psicanálise, de crianças adotadas ou institucionalizadas, aprende-se que um comportamento
deve sempre ser remetido à palavra. Vários autores discutem a questão do lugar dos pais na
psicanálise de crianças. Os artigos, através de vários exemplos, pensam o papel dos pais
responsáveis pelo pagamento, pelo comparecimento, e os pais fantasmáticos presentes de
forma tão peculiar na análise de crianças.
Profissionais que trabalham com jovens, principalmente no campo da saúde mental
apresentam as características da adolescência pressupondo um tênue limite entre a
normalidade e a patologia, como esperado para essa fase do desenvolvimento. Coloca-se em
questão a suposta naturalidade das suas posições assumidas e suas manifestações, como os
desvios de conduta, as toxicomanias, o alcoolismo, a delinqüência, a sexualidade, o
consumismo, as vestimentas, as marcas no corpo, a relação com a vida e a morte. Os autores
abrangem estes temas incluindo aqueles que formam e atendem os adolescentes, como
médicos, psicanalistas, e educadores. As obras exploram de forma detalhada os múltiplos
aspectos da adolescência, suas etapas e suas crises, do ponto de vista da psicanálise, com
noções fundamentais dos tipos de adolescência e os aspectos do desenvolvimento do ego. São
abordadas definições de etapas e crises da adolescência, as transformações do pensamento na
adolescência, a partir de modelos, perdas e lutos patológicos desta difícil fase do ciclo vital.
Na história de sua prática, os alunos são confrontados com os efeitos do inconsciente
dentro das instituições sejam elas de tratamento, de formação ou de correção, pois muitos
deles trabalharão dentro do âmbito institucional, exercendo funções hierárquicas, políticas,
econômicas ou terapêuticas. Essas diferentes experiências trarão uma série de questões sobre
o inconsciente que aí se manifesta, o discurso que aí se produz e a demanda que aí se exprime.
147
O inconsciente é esboçado a partir de um resgate da sua dimensão social-histórica. São
tomados exemplos do cotidiano da vida psíquica que levam a impasses na subjetivação que se
manifestam também como sintomas sociais. Apresenta-se um estudo crítico sobre o
inconsciente, a partir das contribuições mais recentes de alguns autores contemporâneos. Por
fim procura-se refletir sobre as implicações sociais e políticas do inconsciente nos
procedimentos de lutas e transformações da sociedade. O estudo da clínica do inconsciente
apresenta como ementa o método de livre associação, a noção de inconsciente estruturado
como uma linguagem, a escuta e o manejo da transferência como questões na direção do
tratamento psicanalítico.
As disciplinas que tratam de epistemologia tem como um dos objetivos estudar o
problema da produção do conhecimento em psicologia, entre este, a epistemologia da
psicanálise. Ensaios de teoria psicanalítica procuram definir a fundamentação do campo
teórico da pesquisa em psicanálise, na qual se articulam de maneira íntima à metapsicologia e
à clínica psicanalítica. Nesta perspectiva são abordados a concepção de metapsicologia,
pulsão, linguagem, inconsciente, sexualidade, narcisismo, sublimação, fantasma, ato e tempo.
É estabelecido um diálogo interdisciplinar da psicanálise com algumas das ciências humanas,
construindo uma interlocução fecunda com diferentes temas, como ciência, filosofia, política,
ética, religião e economia, centrando-se em alguns tópicos especiais desses saberes. Os livro
constituem um esforço em sistematizar a prática e estudo da psicanálise. São promovidas
reflexões sobre gênero a partir de textos freudianos, ao discutir a produção teórica feminista
na utilização de conceitos psicanalistas. O trabalho interdisciplinar e o intercâmbio das
ciências humanas e na filosofia permitem à psicanálise a continuidade do que um dia Freud
denominou de peste.
Análise da Bibliografia Psicanalítica
Os comentários das obras de referência psicanalítica deste capítulo serão apresentados
a seguir em ordem alfabética. Foram organizados desta maneira para evitar a repetição dos
mesmos durante a Análise dos Planos de Ensino e facilitar o seu acesso ao leitor.
A auto-análise de Freud e a descoberta da psicanálise (1989) de Didier Anzieu. Entre
1895 e 1901, Freud descobriu a psicanálise por duas vias: a interpretação sistemática de seus
próprios sonhos e através de uma correspondência intelectual e passional com seu colega e
amigo W. Fliess. Este livro inspira-se no período em que foram concebidos os conceitos
básicos desta nova ciência, não se limitando ao cotidiano e institucional. Didier Anzieu
148
descreve ainda a coragem de um homem na luta com seus fantasmas e de como ele fez disso o
seu legado.
A causa dos adolescentes (1990) de Françoise Dolto. Crescimento, comportamento,
sexualidade fuga, suicídio, drogas, fracasso escolar, são algumas das questões discutidas nesta
obra desta psicanalista com longa experiência no trato com crianças e jovens. Um conjunto
singular de informações, testemunhos, experiências, conselhos e propostas, que ajudam o
diálogo entre jovens de 10 a 16 anos, seus pais e educadores.
A ciência da benzedura: mau olhado, simpatias e uma pitada de psicanálise (1999) de
Alberto Manuel Quintana. A partir de moldes antropológicos, o autor apresenta uma descrição
detalhada e respeitosa da prática terapêutica das benzedeiras. Ele as aproxima das terapias
com embasamento científico, afirmando que elas também realizam um trabalho eficaz com as
facetas do sofrimento. É um convite à reflexão para psicanalistas, antropólogos e estudiosos
da medicina popular.
A cientificidade da psicanálise (1993) de Joël Dor (Vols. 1 e 2). O autor discute a
cientificidade da psicanálise, dividida na questão da sua alienação e dos seus paradoxos
instauradores, a partir da discussão dos seguintes temas: cientificidade e discurso analítico na
subversão da epistéme; aspectos da alienação filosófica da psicanálise; a psicanálise em tutela,
a estratégia filosófica da enunciação do verdadeiro; e cientificidade da psicanálise e a
psicanálise como ficção.
A correspondência completa de Sigmund Freud para Wilhelm Fliess (1887-1904)
(1986) de Jeffrey Monssaieff Masson et al. refere-se às cartas de Sigmund Freud a seu amigo
mais íntimo, Wilhelm Fliess e constituem, isoladamente, o mais importante conjunto de
documentos da história da psicanálise. As cartas vão de 1887 a 1904, período que abarca o
nascimento e desenvolvimento da psicanálise. Durante os dezessete anos da correspondência,
acham-se 133 documentos nunca trazidos a público anteriormente, e mais 139 antes
publicados apenas em parte. O material revela abertamente e com detalhes, os processos de
pensamento que conduziram Freud às suas descobertas, do esboço ao aperfeiçoamento de suas
teorias, até sentir a rejeição dos colegas de ciência e vivenciar seu isolamento profissional.
Fliess e Freud se encontraram periodicamente para trocar idéias e apoiar-se mutuamente em
seus esforços. Acham-se também trechos referentes aos acontecimentos do cotidiano as
artimanhas de seus filhos, suas férias de longas caminhadas, suas preocupações financeiras e
seus esforços para deixar de fumar.
A criança e seu mundo (1968) de Donald Winnicott. A carreira de longa data como
psicanalista e pediatra proporcionou a Donald Winnicott uma visão única no estudo da
psiquiatria infantil. Partindo do princípio da união entre mãe e filho, ele escreve
149
sucessivamente as fases mãe-filho, pais-filho, criança-escola. Mesmo com o tom por vezes
coloquial e familiar que adota, a obra trata de assuntos relacionados às crianças, como a
delinqüência juvenil, orientação sexual, etc.
A criança e seus jogos (1992) de Arminda Aberastury. A partir de descobertas
originais sobre a vida psíquica da criança, esta obra uma visão completa da atividade
lúdica da criança e seu significado ao longo do crescimento infantil. Descreve e explica o jogo
do bebê, da criança pequena, do escolar e do pré- adolescente. Uma série de fotografias de
caráter documental valoriza o texto, especialmente obtida para ilustrá-lo em unidade de
conceito e imagem. Psicanalistas e psicólogos, professores e alunos encontrarão respostas
para perguntas tais como: brinca a criança de cinco ou seis anos? é normal este ou aquele
brinquedo? corresponde este brinquedo à idade da criança ? qual o brinquedo mais adequado
a uma determinada criança? por que esta criança não quer brincar com este brinquedo?
A criança na clínica psicanalítica (2004) de Angela Maria Resende Vorcaro foi
apresentada inicialmente como tese de doutorado de Angela Maria Resende Vorcaro na
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e trata de um estudo da condição da criança na
clínica psicanalítica, da sua condição subjetiva, das suas especificidades e da estrutura da
clínica.
A criança retardada e a mãe (1985), de Maud Mannoni. Este livro aborda a
dependência da criança retardada em relação à mãe. Objeto da angústia materna, submetido a
todos os tipos de reeducação e a diversos internamentos, o débil sempre aprendeu a esperar do
Outro sua verdade e sua palavra. No entanto, nem todo acesso à condição de sujeito lhe é
vedado. Este livro mostra que o débil é capaz de entrar numa relação psicanalítica válida.
A cura pela fala (1998) de Robert S. Wallerstein é um estudo sistemático da teoria e
prática da psicoterapia psicanalítica e um exame de importantes controvérsias atuais no
campo da psicanálise. O autor debate como e porque as psicoterapias originaram-se da
psicanálise; quais as semelhanças e as diferenças, em objetivos, estratégias e resultados, entre
a psicanálise e as psicoterapias e como elas se modificam com o passar do tempo; e, como os
avanços conceituais e técnicos na psicanálise influenciaram a relação entre elas e as
psicoterapias dinâmicas; além de analisar a relação entre a psicanálise e as psicoterapias
analíticas.
A dinâmica da transferência (1969) de Sigmund Freud (Vol. 12) é uma explanação do
fenômeno da transferência e da maneira de como funciona na análise. Distingue-se a
transferência positiva, de amor, a negativa, de ódio, e a mista, próxima dos sentimentos das
crianças pelos pais.
150
A direção da cura de Jacques Lacan, in: Escritos de Jacques Lacan (1999). Lacan
contrapõe Guérison (cura médica) a direção da cura como resultante de uma direção de
análise. Lacan disse que quem dirige a cura é o psicanalista e que esta direção não é uma
direção de consciência ou um guia moral. A direção da cura orienta-se em relação à demanda
que será endereçada ao analista. Seguindo as indicações de Lacan, este tema indica o lugar
que ocupa o analista e aborda algumas questões sobre o processo da análise e a possibilidade
de seu fim.
A dissecação da personalidade psíquica (1976) de Sigmund Freud (Vol. 22) é
derivada dos capítulos I, II, III e V de O ego e o id (1923). As instâncias psíquicas são
separadas em id, superego, ego, e este dividido em suas numerosas funções, para expor ao
público sobre a psicologia do ego, tema desta Conferência.
A dissolução do complexo de Édipo (1976) de Sigmund Freud (Vol. 19) é um artigo
destaca o curso diferente tomado em meninos e meninas no desenvolvimento da sua
sexualidade, especialmente na primeira infância, o que daria gradualmente ao complexo de
Édipo importância central na teoria psicanalítica.
A ego psychology e a psicanálise freudiana (2000) de Geselda Baratto é uma
dissertação apresentada na UFSC que trata de diferenciar a psicanálise freudiana da psicologia
do ego. Esta é uma concepção que se produziu sobre a psicanálise nos Estados Unidos em
torno da década de quarenta. O freudismo norte americano privilegia o ego em detrimento do
id, em oposição à velha psicanálise vienense, que afirmava a primazia do inconsciente sobre o
consciente. Os adeptos da Ego Psychology, ao contrário, defendem a autonomia do ego, com
poder para controlar suas pulsões, o que permitiria sua independência frente à realidade
externa, coincidindo aos ideais do American way of life.
A estrutura da histeria em Madame Bovary (1998) de Sérgio Scotti é uma tese de
doutorado que tem por objetivo descrever a estrutura da histeria a partir da personagem
principal do romance Madame Bovary de Gustave Flauber escrito em 1857. O autor estuda o
caso utilizando-se de conceitos psicanalíticos originados de Freud e desenvolvidos por Lacan.
Tanto ao nível teórico, quanto ao nível clínico, Madame Bovary se mostra como útil e bela
ilustração da estrutura histérica, servindo de auxílio na compreensão de casos reais.
A ética da psicanálise (1983) de Thomas Szasz. A teoria e o método da psicoterapia é
descrita como ação social não-curativa. Ao mesmo tempo, tenta definir a natureza da
psicanálise, na indicação de seus limites e estabelecimento de relações próprias com outras
formas de psicoterapia, medicina, ética e ciência social.
A família e o desenvolvimento individual (1980) de Donald Winnicott. Os escritos
deste volume desenvolvem-se em torno de um tema central: a idéia de que a saúde da família
151
e da sociedade deriva da saúde emocional do indivíduo. A obra descreve o processo de
amadurecimento do indivíduo no contexto da família e discute os fatores de integração e
desintegração que influenciam o desenvolvimento.
A formação cultural de Freud (1996) de Marialzira Perestrello reúne textos que
investigam os filósofos, poetas e escritores que influenciaram Sigmund Freud. Se a influência
da psicanálise na cultura deste fim de século é patente, menos conhecidas são as fontes
culturais de Freud.
A formação do espírito científico: contribuição para uma psicanálise do conhecimento
(1996) de Gaston Bachelard. Segundo este autor deste livro, o amor pela ciência deve ser um
dinamismo psíquico autógeno. No estado de pureza alcançado por uma psicanálise do
conhecimento objetivo, a ciência é a estética da inteligência. De maneira mais precisa,
detectar os obstáculos epistemológicos é um passo para fundamentar os rudimentos da
psicanálise da razão. Desta maneira este filósofo não procura estabelecer a relação do saber,
produzido pelos homens, com as coisas, mas a relação desses homens com seu próprio saber.
Esta obra destaca as armadilhas e dificuldades que cercam a descoberta de conceitos
fundamentais, a função positiva dos erros nessa gênese e, principalmente, o caráter recorrente
e geral de certas resistências ao conhecimento científico. Justamente porque esses obstáculos
ao conhecimento estão presentes dentro de nós e espalhados à nossa volta, e porque sua
superação é um desafio que sempre se renova.
A formação e o rompimento de laços afetivos (1982) de John Bowlby. Baseado numa
profunda experiência clínica constitui uma introdução à obra e ao pensamento de Bowlby.
Nesta obra desenvolvem-se as idéias centrais para compreender como os seres humanos
interagem e por que algumas crianças crescem felizes e autoconfiantes, enquanto outras
crescem ansiosas e deprimidas, e outras ainda, frias e anti-sociais.
A história da psicanálise através de seus pioneiros (1981) de Franz Alexander,
Samuel Eisenstein, & Matin Grotjahn. Não existem praticamente biografias dos grandes
vultos da psicanálise: a informação limita-se a breves obituários em periódicos especializados
e as autobiografias analíticas são raras e fragmentárias. Nessas circunstâncias, esta obra tem a
intenção de apresentar um quadro genético da psicanálise durante o seu desenvolvimento. Seu
principal propósito é o de descrever a história da psicanálise através das vidas e das obras de
seus professores, pensadores e clínicos. Seu exemplo manterá vivo o espírito de aventura, de
conquista e de criação na atual geração de psicanalistas. Este livro é um estudo da atmosfera
da qual a criatividade analítica emergiu e floresceu.
A história do movimento psicanalítico (1974) de Sigmund Freud (Vol. 14) tinha como
finalidade demonstrar que as teorias de Adler e Jung eram incompatíveis com os postulados e
152
hipóteses fundamentais da psicanálise. Freud traçou a história do desenvolvimento da
psicanálise desde o seu início, em 1902, quando ainda estava sozinho, até quando os pontos
de vista da psicanálise se estendem aos círculos mais amplos, em 1910.
A instituição e as instituições: estudos psicanalíticos (1991) de René Kaës et al. Na
história de sua prática, os psicanalistas foram confrontados muito cedo com os efeitos do
inconsciente dentro das instituições sejam elas de tratamento, de formação ou de correção.
Hoje mais do que nunca muitos deles trabalham dentro do âmbito institucional. Exercem
funções hierárquicas, políticas, econômicas ou terapêuticas. Essas diferentes experiências
trazem uma série de questões sobre o inconsciente que se manifesta, o discurso que se
produz e a demanda que aí se exprime. O objetivo da obra é pôr em evidência a ordem própria
da realidade psíquica mobilizada pelo fato institucional: mobilizada quer dizer trabalhada ou
paralisada, mas também apoiada na instituição. Cada contribuição propõe os instrumentos
conceituais destinados a assegurar ou a questionar as práticas existentes mas também servir de
paliativo à falta atual de uma teoria psicanalítica da instituição. Na medida em que o estudo
dos processos e das estruturas psíquicas da instituição não é freqüentemente acessível se não a
partir do sofrimento que se experimenta, este livro contém os primeiros elementos de uma
verdadeira patologia da vida institucional. Ele abre o campo de reflexão fundamental para os
anos vindouros.
A interpretação dos sonhos (1987) de Sigmund Freud (Vol. 4 e 5) é uma obra
elaborada nos primórdios da psicanálise em 1900. Trata-se do método de interpretação dos
sonhos baseado nas livres associações que o sonhador pode fazer, desperto, a partir do relato
de seu sonho. Portanto, a contribuição de Freud diz respeito à interpretação simbólica e da
decifração do material onírico. Esta versão é acrescida de uma seção sobre o simbolismo.
A linguagem de Winnicott (2000) de Jan Abram aborda 22 palavras e expressões do
universo semântico de Donald Winnicott, com as citações literais pertinentes e as indicações
bibliográficas. O autor faz uma abordagem profunda de cada item, convidando o aluno a
construir e a desconstruir os conceitos, nem sempre utilizados com a necessária episteme.
A máquina de narciso: televisão, indivíduo e poder no Brasil (1984) de Muniz Sodré.
A televisão é vista e estudada como um real do reflexo sob o signo da competência
semiótica, o autor questiona produtivamente a televisão, o papel do indivíduo e o poder
político. Estamos diante de um estudo das funções do narcisismo na sociedade industrial
contemporânea, centrada na TV e em outros dispositivos tecnológicos de produção de
imagens ou simulacros. Investir na produção semiótica e psicanalítica, segundo Sodré, é
investir no desnudamento de processos tecno-narcisísticos abertos à transparência do
imaginário.
153
A metáfora freudiana: uma mudança paradigmática na psicanálise (1992) de Donald
P. Spence propõe preservar a metáfora original de Freud, até mesmo a custa de reduzir as suas
aproximações, para evitar a tentação de ratificar o que é apenas hipotético e transformá-la
equivocadamente numa pseudociência. Segundo o autor utilizá-la indiscriminadamente é
diminuir a poesia da inspiração original de Freud e, em longo prazo, faltar com o espírito de
sua aventura.
A natureza do vínculo (1994) de Machado Dias Magno trata da busca de uma
Psicanálise Pedagógica que compreenda e exponha a natureza dos vínculos do homem com o
mundo e consigo mesmo.
A negativa (1976) de Sigmund Freud (Vol. 19) é um artigo que trata de um ponto
especial da metapsicologia e ao mesmo tempo da abordagem técnica. Freud considera o
posicionamento do paciente que nega uma situação como uma oportunidade de tomar
conhecimento do que está reprimido.
A ordem dos sexos (1990) de Eugène Enriquez, localizado no livro Da horda ao
estado: psicanálise do vínculo social (1990), do mesmo autor, demonstra por que as grandes
noções freudianas não poderiam estar circunscritas aos limites da psiquê individual. Pulsões,
fantasmas e projeções não cessam de agir no campo social, e é em Freud, notadamente, que se
encontram os subsídios para compreender o paradoxo da servidão involuntária. Os
argumentos estão apoiados em obras literárias e artísticas que expressam a relação entre
homens e mulheres como a primeira forma de dominação e base de todas as relações sociais
desiguais.
A ordem sexual: perversão, desejo e gozo (1992) de Gérard Pommier. A sexualidade
humana é precisamente o ponto nuclear em torno do qual orbita a descoberta freudiana desde
os seus primórdios. O livro retoma os principais elementos que constituem a chamada ordem
sexual e instauram dois campos diversos, o masculino e o feminino.
A organização genital infantil: uma interpolação na teoria da sexualidade (1976) de
Sigmund Freud (Vol. 19). As observações apresentadas neste artigo repassam aspectos de
ocorrência geral e situações características no campo do desenvolvimento sexual infantil,
como um acréscimo aos Três ensaios sobre a teoria da sexualidade.
A perda da realidade na neurose e na psicose (1976) de Sigmund Freud (Vol. 19)
prossegue o debate iniciado em Neurose e psicose, do mesmo volume (19), em que se
diferencia uma neurose de uma psicose. Neste texto Freud continuidade à comparação dos
termos, levando-se em conta, nestas estruturas, a dependência da realidade.
A pessoa idosa não existe: uma abordagem psicanalítica da velhice (1993) de Jack
Messey. Esta obra é uma nova perspectiva sobre a velhice. Segundo a autora, as sociedades
154
ocidentais nada querem saber da velhice e da morte: marginalizam os velhos sob o rótulo
asséptico de pessoa idosa, enquanto que o envelhecimento é um processo inscrito em cada
de nós desde o nascimento, feito de envelhecimento e perdas. Aqui encontraremos
desenvolvidos, entre outros, os seguintes temas: o envelhecimento e a vida; o velho e sua
agressividade; a entrada na velhice; demência e doença de Alzheimer (mitos e realidades).
A primeira entrevista em psicanálise (1981) de Maud Mannoni contém o testemunho
de uma longa série de experiências psicanalíticas e introduz o aluno em uma enorme
documentação sobre a clínica infantil, a procura dos pais, o primeiro encontro com o
psicanalista e outros exemplos reveladores sobre os quais se costuma calar. Cada aluno,
graças à arte da autora, se sentirá mais ou menos envolvido, iniciado em um modo novo e
dinâmico de pensar as condutas humanas e seus desregramentos. Compreenderá o que se quer
dizer quando se diz, falando do psicanalista, que o que faz a sua especificidade é a sua
receptividade, a sua escuta. Ele verá pessoas que vieram, sabendo apenas a quem se
dirigiam, enviadas pelo seu médico, pelo educador, por alguém que conhece as dificuldades
em que estão, mas que não pode ajudá-las diretamente; essas pessoas, na presença de um
psicanalista, começam a falar como falariam com qualquer indivíduo e, no entanto, a única
forma de escutar do psicanalista, uma escuta no sentido pleno do termo, faz com que o
discurso delas se modifique, adquira um sentido novo aos seus próprios ouvidos.
Efetivamente, os psicanalistas, pela sua técnica, são orientados para a descoberta e a cura de
uma deficiência instrumental. Respondem ao nível do fenômeno manifestado, do sintoma:
angústia dos pais, perturbação escolar ou de caráter da criança, por um emprego de
dispositivos de socorro específicos, preconizando medidas terapêuticas ou corretivas
destinadas a reeducar. Crianças difíceis, alienadas, em perigo moral, rebeldes a qualquer
tratamento, quem são vocês, quem são seus pais? pergunta-se a autora, fazendo um convite ao
aluno: siga-me, este mundo também é o seu. Na seqüência, encontra-se o testemunho de
uma longa experiência de consultas psicanalíticas e o mundo aí exposto revela verdades sobre
as quais a sociedade costuma calar-se.
A psicanálise depois de Freud: teoria e clínica (1992) de Norberto M. Bleichmar &
Célia Leiberman D. Bleichmar contém uma visão panorâmica das diversas correntes da
psicanálise pós-freudiana, com a exposição crítica de diversas teorizações e a comparação
destas entre si. Destina-se aos que pretendem obter uma idéia sintética da psicanálise atual e
saber como e porque as diversas linhas de pensamento convergem ou divergem. Descrevendo
as linhas mestras e as diretrizes de cada escola, torna possível ao aluno que se inicia ter um
conhecimento geral suficiente, que lhe respaldo para a eleição de uma teoria especifica em
sua prática.
155
A psicanálise e seus destinos: pagar com palavras (1984) de Roberto Harari é uma
palestra de Roberto Harari proferida nas Primeiras Jornadas da Maiêutica de Porto Alegre
para indagar aos reunidos sobre o destino da Psicanálise: da sua condição de marginalidade;
de não ser uma psicologia ou de uma concepção filosófica; de por o homem de lado para
promover o sujeito, uma promoção, em definitivo da ordem simbólica; de investigar o
inconsciente e não de prometer curas, pois, parafraseando Lacan, a cura vem por acréscimo; e
finalmente de trazer a peste àqueles que se reúnem para ouvir. Foi publicada em Pagar com
palavras: estudos psicanalíticos, organizado por Luiz Olyntho Telles da Silva.
A psicanálise escuta a educação (1998) de Eliane Marta Texeira Lopes. Com auxílio
da escuta psicanalítica, como saber o que nos afeta, engaja nossa subjetividade e torna
disponível aos que se interrogam o mal-estar, na cultura e na civilização. Eliane Marta
Texeira Lopes e diversos colaboradores partilham de diversos temas e interrogações de
interesse à educação: psicanálise e educação; do mal-entendido ao inesperado da transmissão;
Freud e o ato do ensino; e, de que sofrem as mulheres-professoras?
A psicanálise no Brasil: as origens do pensamento psicanalítico (1993) de Elisabete
Mokrejs concentra textos de psicanálise brasileiros escritos no período da psicanálise
silvestre, antes da fundação das sociedades de psicanálise. Este material, incluindo as idéias
de Freud e seus discípulos, expressam as peculiaridades do homem e do momento brasileiro.
Aparece claramente o intrincamento da psicanálise com a terapêutica, a moral, a medicina, e
mesmo a pedagogia e a literatura.
A psicanálise: teoria, clínica e técnica (1984) de Angel Garma é uma exposição mais
aprofundada da psicanálise. Ocupa-se dos conteúdos mais típicos e oferece, além disso, uma
visão panorâmica, com resumos detalhados de concepções psicanalíticas mais recentes. Na
primeira parte insiste nos sonhos como caminho para chegar ao psiquismo inconsciente. Na
segunda, depois das neuroses e psicoses, expõe a psicossomática a partir de uma abordagem
psicanalítica. Na parte final ajuda ao principiante a se desenvolver no tratamento
psicanalítico.
A psicopatologia da vida cotidiana (1987) de Sigmund Freud (Vol. 6) diz respeito aos
atos falhos, assim como os sonhos, o que permitiu a Freud compreender melhor o
funcionamento da psique. Ele aproveitou este material para introduzir as descobertas da
psicanálise ao público, por ser facilmente compreendido, dificilmente refutável e
universalmente aplicável, pois qualquer pessoa normal sofre esta experiência no dia-a-dia.
Representou mais uma prova da existência dos modos de funcionamento psíquico, por ele
descrito como processos primário e secundário, tese fundamental estabelecida em A
interpretação dos sonhos.
156
A psicossomática na clínica lacaniana (1992) de Jean Guir. Embora o termo
psicossomática tenha surgido somente em 1818, sua origem confunde-se com as próprias
origens da medicina e da filosofia. Neste século, com a psicanálise, a medicina
psicossomática encontrou novas perspectivas para explicar o seu modo de intervenção da
psique no soma. A obra aborda os fenômenos psicossomáticos descartando sua psicologização
e enfatizando sua causalidade de significante. Solução encontrada para um defeito de filiação
simbólica, esses fenômenos são tomados como parte integrante da textura do sujeito,
constituindo um nó de inércia dialética.
A pulsão e seu objeto-droga: estudo psicanalítico sobre a toxicomania (1996) de
Décio Gurfinkel. A toxicomania e o uso de drogas, problemas tão importantes nos dias de
hoje, são geralmente sujeitos a muitos preconceitos e mal-entendidos. Utilizando-se
principalmente do conceito freudiano de pulsão, o autor comenta as dificuldades de
tratamento dos toxicômanos e procura incluir as problemáticas das drogas em uma reflexão
mais ampla sobre o mal-estar cultural em que vivemos.
A querela dos diagnósticos (1985) de Jacques Lacan questiona a relação da psicanálise
com os diagnósticos. Como e por que um psiquiatra propõe diagnósticos e qual a
conseqüência disso sobre sua ação. A coletânea abre com um texto de Lacan A psiquiatria
inglesa e a guerra, que não tinha sido publicado desde 1947, seguindo de outros temas
enredados com a psicanálise: a grande clínica psiquiátrica como um grande movimento
desabitado; as descobertas da quimioterapia como embotadora do sentido de envoltório
formal do sintoma; o desenvolvimento das correntes sociogenéticas; as correntes
psicogenéticas e humanistas sem seus mais eminentes representantes; e, a recusa da
antipsiquiatria de todo saber objetivo sobre o outro.
A questão da análise leiga (1976) de Sigmund Freud (Vol. 20) é um trabalho
publicado por Freud em defesa da prática psicanalítica por não-médicos. Foi motivado por um
processo contra Theodor Reik, membro da Sociedade Psicanalítica de Viena, por ter sido
acusado de violar uma antiga lei austríaca contra leigos que tratassem de pacientes.
A representação: ensaio psicanalítico (1989) de Nicos Nicolaïdis. Fazendo amplo uso
da psicanálise, o autor apóia sua reflexão num material tomado tanto da cultura grega quanto
da filosofia, das artes góticas e da clínica. Prosseguindo a pesquisa esboçada nos escritos
precedentes, o autor ilustra sua proposta desenvolvendo as surpreendentes analogias entre a
evolução dos mitos teogônicos, a evolução da escrita e o processo psicossexual do indivíduo.
A sexualidade na etiologia das neuroses (1987) Sigmund Freud (Vol. 3). O artigo
reafirma as concepções anteriores de Freud sobre a etiologia das neuroses, a partir de uma
abordagem de problemas sociológicos, com uma crítica direta aos médicos, em relação às
157
suas noções de sexualidade, masturbação, uso de anticoncepcionais, e à vida conjugal. Freud
vai reafirmar que as causas das neuroses são encontradas em fatores da vida sexual.
A técnica e a prática da psicanálise (1981) de Ralph R. Greenson trata de técnicas
psicanalíticas de origem teórica clássica, mas introduzidas concepções tal como a clara
distinção entre a relação real entre o paciente e o analista, o manejo do vínculo, e a relação de
transferência. Seus principais temas são: teoria e terapia psicanalítica; desenvolvimento; teoria
da resistência; classificação; perda das funções do ego; relações objetais; regressão; reações e
capacidade transferenciais; inconsciente; e prática psicanalítica.
A teoria como ficção (1982) de Maud Mannoni constitui uma variedade de reflexões
críticas sobre o modo de intervenção da psicanálise e da psiquiatria, sua relação mútua, e a
teoria como fator de influência sobre a ação terapêutica da análise. A autora trata assim da
formação dos analistas, a criança em análise, o louco e sua especificidade. Seu estudo faz
referência notadamente em Freud, Groddeck, Winnicott e Lacan, e encontra apoio para refutar
o diagnóstico sobre os critérios do estilo psiquiátrico, e pesquisar uma prática que lugar ao
imaginário, graças a um lugar de interpretação.
A teoria da libido e o narcisismo (1976) de Sigmund Freud (Vol. 16). Primeiramente
trata-se de diferenciar as pulsões do ego e as pulsões sexuais. As pulsões do ego teriam como
função a autoconservação do ego. A libido aparece como energia que o ego dirige aos objetos
e desejos sexuais, configurando-se a relação entre a libido do ego e a libido objetal. A
oposição libido do ego e do objeto veio substituir o dualismo pulsional e a pulsão do ego foi
assimilada como amor próprio, ou seja, como uma libido do ego, logo transformada em libido
narcísica.
A teoria das pulsões (1975) de Sigmund Freud (Vol. 23). O objetivo deste trabalho é
reunir em poucas palavras alguns princípios da psicanálise de maneira dogmática para evitar
maiores equívocos: sobre as funções do id, ego e superego; as pulsões como forças resultantes
das tensões do id; a existência de duas pulsões básicas, de vida (Éros) e de morte (Thánatos),
e de sua interação; e o narcisismo primário, como local de armazenamento da libido.
A teoria do desenvolvimento emocional de Donald Winnicott (1990), artigo de Eloísa
Helena Rubello Valler, publicado na Revista Brasileira de Psicanálise tem por objetivo
organizar as contribuições de Donald Winnicott para uma teoria do desenvolvimento
emocional do bebê em seus primeiros anos de vida. São focalizados dois caminhos paralelos e
que freqüentemente se intercruzam: de um lado, o crescimento emocional do lactente e, de
outro, as qualidades da mãe, suas mudanças e o cuidado materno que satisfaz às necessidades
específicas do lactente.
158
A transferência e o desejo do analista (1991) de Moustapha Safouan. Por que é
necessário que o analista saiba algo com relação a seu próprio desejo inconsciente? Refletir
sobre a relação entre o analista e analisando é a tarefa que o autor se propõe. Para tanto,
percorre duas vias distintas e fundamentais: uma, em que não há inter-relação possível entre o
desejo e a práxis e outra, em que se admite essa relação sob a condição da neutralidade da
analista. Para compreender o processo da transferência à contratransferência, da análise
didática à análise pura e simples, o autor busca freqüentemente a articulação teórica lacaniana.
A vida sexual dos seres humanos (1976) de Sigmund Freud (Vol. 16) é a XX
Conferência da Teoria geral das neuroses, que é a Parte III das Conferências introdutórias
sobre psicanálise. Neste texto Freud amplia o conceito de sexualidade para dar suporte às
teses das causas sexuais da neurose e do significado sexual dos sintomas, para compreender a
vida sexual dos pervertidos e das crianças. Outras questões são mencionadas como o conceito
de libido, o complexo de castração e de como os sintomas neuróticos são substituídos na
satisfação sexual. O principal trabalho de Freud sobre este tema teria sido publicado em
Três ensaios sobre a teoria da sexualidade em 1905.
Abordagem à psicanálise de crianças (1982) de Arminda Aberastury. É uma das
principais obras de Arminda Aberastury. Este livro trata de aspectos do desenvolvimento e do
tratamento psicológicos da criança. Entre os principais temas que trata, figuram os seguintes:
indicações para o tratamento analítico de crianças; uma nova psicologia da criança, à luz das
descobertas de Freud; como repercute nas crianças a conduta dos pais com seus animais
preferidos; a liberdade e seus limites na educação; transtornos emocionais na criança
vinculados com a dentição; a marcha e a linguagem em relação com a Posição Depressiva,
postulada por Melanie Klein; angústias diante da experiência odontológica; a fase genital
prévia; a importância da organização genital na iniciação do Complexo de Édipo precoce;
detenção do desenvolvimento da linguagem em uma menina de 6 anos; alguns mecanismos da
enurese; e a masturbação.
Acaso e repetição em psicanálise: uma introdução à teoria das pulsões (1993) de
Alfredo Luiz Garcia-Roza aborda a teoria das pulsões formulada por Freud em 1905, segundo
ele próprio, a parte mais importante da teoria psicanalítica embora, ao mesmo tempo, a
menos completa. Garcia-Roza se pergunta o que teria mantido esta incompletude, tendo
como referência central os textos freudianos, além de revisar as concepções míticas da Grécia
antiga. O autor também percorre outros espaços do saber habitados por autores importantes
como Spinoza, Hegel, Kierkegaard, Nietzsche, Deleuze e Lacan.
Acts of will: the life and work of Otto Rank (1985) de E. James Lieberman trata da
vida e da obra de Otto Rank a partir de vários temas como, a teoria do trauma do nascimento,
159
a ansiedade original, o movimento psicanalítico, a análise leiga, a Interpretação de Sonhos,
sua relação com Sigmund Freud, e a Sociedade Psicanalítica de Viena.
Adolescência (1991) de Arminda Aberastury e colaboradores. A problemática do
adolescente pode ser estudada em sua inter-relação com o meio familiar e social. Nos
últimos anos os jovens impuseram à consciência do adulto a necessidade de compreendê-los,
abandonando a cômoda definição anterior, de idade difícil. A psicanálise que iniciou uma
busca técnica e teórica para superar os obstáculos que lhe apresentam, inclui nesta revisão
averiguar o específico da adolescência e publicar os paulatinos achados alcançados, separando
o inexplicável esquecimento que caracterizou a literatura analítica durante meio século. Este
livro é o produto do trabalho de vários psicanalistas argentinos que se ocuparam dos
adolescentes sob distintos enfoques: o pensamento e a temporalidade na psicanálise e na
adolescência; as vicissitudes do trabalho de desidealização no adolescente; o processo
diagnóstico em psicanálise de adolescentes; o tratamento psicanalítico de adolescentes; a
passagem da latência à adolescência inicial; função dos sonhos e sonhos diurnos em uma
adolescente de 12 anos; e a crise de dessimbiotização.
Adolescência: abordagem psicanalítica (1993) organizado por Clara Regina
Rappaport. A adolescência é um conceito historicamente determinado, um fenômeno da
modernidade, que atinge o jovem do ocidente por ocasião da eclosão da puberdade, quando,
por falta de dispositivos em geral presentes nas organizações societárias pré-modernas ou não
ocidentais, a passagem da criança ao jovem adulto se tornou problemática. As mudanças
subjetivas que o indivíduo tem que operar para dar conta das metamorfoses corporais e das
novas exigências sociais são abordadas e escritas por psicanalistas experimentados tanto na
clínica quanto no ensino. Temas: Sobre o lugar da adolescência na teoria do sujeito; Análise
com adolescentes; A adolescência e o pai: Sigmund adolescente e a adolescência em Freud;
Algumas questões sobre a dúvida profissional do adolescente; e, Introdução a uma abordagem
psicanalítica da questão das drogas na adolescência.
Adolescência: entre o passado e o futuro (1999) de Charles Melman e outros.
Planejou-se ocupar-se dos adolescentes, a partir da análise do cotidiano, valores, hábitos,
crenças e sentimentos, ou até mesmo pelos lugares que não ocupa, colocando-se em questão a
suposta naturalidade das suas posições assumidas e suas manifestações, como os desvios de
conduta, as toxicomanias, o alcoolismo, a delinqüência, a sexualidade, o consumismo, as
vestimentas, as marcas no corpo, a relação com a vida e a morte. Os temas são abrangidos
incluindo aqueles que formam e atendem os adolescentes, como médicos, psicanalistas, e
educadores.
160
Adolescência normal: um enfoque psicanalítico (1981) de Aminda Aberastury &
Maurício Knobel. É um livro-fonte sobre psicodinâmica da adolescência, apresentando as
idéias básicas de Arminda Aberastury e Mauricio Knobel sobre essa fase. Eles fizeram escola
entre os profissionais que trabalham com jovens, principalmente no campo da saúde mental.
As características da síndrome normal da adolescência proposta pelos autores, pressupõem
um tênue limite entre a normalidade e a patologia, como esperado para essa fase do
desenvolvimento. A descrição dos lutos a serem superados é extremamente útil para ajudar os
jovens e seus pais a entenderem e manejarem os inevitáveis conflitos, bem como canalizá-los
para um desfecho produtivo, tanto para o adolescente quanto para sua comunidade.
Adolescência: reflexões psicanalíticas (1998) de David Léo Levisky reúne trabalhos
significativos escritos por psiquiatras e psicanalistas de crianças e adolescentes no Brasil. Os
artigos foram selecionados por ele mesmo após 25 anos de trabalho com crianças e
adolescentes, a partir de uma revisão de aulas, conferências, debates e outras publicações de
própria autoria. A primeira parte trata de considerações teórico-clínicas, a partir de um
panorama do desenvolvimento psicossocial do adolescente, os aspectos psicanalíticos do
processo de identificação na sociedade atual, o processo de identificação do adolescente, e a
crise dos pais na adolescência dos filhos. A segunda parte contem reflexões sobre casos
clínicos, discutindo-se, a questão diagnóstica no trabalho com adolescentes, o acting out como
meio de comunicação na análise de adolescentes e crianças, a inscrição mental, pré-verbal e
contratransferência, na análise de adolescentes, e a identidade psicanalítica nesta modalidade
de atendimento.
Adolescência: uma interpretação psicanalítica (1994) de Peter Blos . Trata-se de um
dos grandes autores da literatura mundial sobre adolescência e esta é uma das contribuições
mais importantes para a literatura psicanalítica sobre o tema. Com um estilo claro e objetivo,
ele sintetiza a literatura existente sobre o tema e dá à psicopatologia e à intervenção
terapêutica um novo significado.
Além do princípio do prazer (1976) de Sigmund Freud (Vol. 18), assim como O ego e
o id, aborda a teoria da personalidade e a estrutura metapsicológica. Escrito em 1920, refere-
se à compulsão à repetição como sendo um fenômeno apresentado no comportamento das
crianças e como fenômeno clínico, passível de tratamento. Freud sugere que esta compulsão
tenha origem nas pulsões e declara que seus efeitos sobreporiam o princípio de prazer. Par tal
descrição apresenta-se uma nova dicotomia entre as pulsões de vida (Éros) e de morte.
Algumas conseqüências psíquicas da distinção anatômica entre os sexos (1976) de
Sigmund Freud (Vol. 19) é uma reavaliação resumida sobre o desenvolvimento psicológico
das mulheres, a partir da síntese de uma série de fragmentos anunciados anteriormente, em
161
conseqüência dos efeitos pré-edipianos, como as diferenças sexuais entre meninos e meninas,
na relação de seus complexos de castração e Édipo e a diferença na construção de seus
superegos.
Amor, ódio e reparação: as emoções básicas do homem do ponto de vista
psicanalítico (1975) de Melanie Klein & Joan Riviere. Constitui traço característico da
psicologia humana a influência intensa e contínua exercida pelos impulsos do amor, de um
lado, e da agressividade e do ódio, de outro. A interação desses impulsos vem sendo
minuciosamente analisada neste estudo, realizado em partes separadas pelas duas autoras,
ocupa-se particularmente com essa interação na vida cotidiana de pessoas normais. Ele vem
revelar como os impulsos se desenvolvem a partir de suas origens na infância, como as nossas
capacidades inatas de amor e agressividade aproveitam as oportunidades de manifestar-se, e
como influenciam o desenvolvimento da personalidade. Esta obra e o trabalho sobre o qual se
baseia, decorre em grande parte das investigações levadas a efeito por Melanie Klein sobre o
desenvolvimento inicial da vida emocional e mental da criança.
Análise de uma fobia em um menino de cinco anos (n.d.) de Sigmund Freud (Vol. 10).
É um relato feito por Sigmund Freud sobre sua análise da primeira paciente criança da história
da psicanálise, sob a condução do pai do paciente. Os artigos produzidos posteriormente sobre
o caso vieram a reforçar os fundamentos das teses sobre a sexualidade infantil.
Análise do caráter (1998) de Wilhelm Reich. Este autor reformulou a técnica
psicanalítica ao seu modo apoiando-se em uma concepção da sexualidade mais próxima da
sexologia. Procurou conciliar os conceitos marxistas com os da psicanálise, criando o freudo-
marxismo. Esta obra introduz o essencial de sua divergência teórica e técnica com o
freudismo.
Análise terminável e interminável (1975) de Sigmund Freud (Vol. 23). O tema
principal deste artigo são as limitações da terapêutica da psicanálise. Freud examina a
natureza e causa subjacentes dessas dificuldades e expressa ceticismo em relação ao poder
profilático da psicanálise, principalmente nas possibilidades de instalação de novas neuroses
ou o próprio retorno da neurose já tratada.
Analytica (n.d.) de Jayme Salomão é uma coleção que consta de um dicionário de
termos psicanalíticos e um volume com biografias dos dez psicanalistas considerados os mais
importantes da psicanálise, como Jung, Reich, Melanie Klein, entre outros. Segundo a
professora, foi utilizada na disciplina Clínica do Inconsciente como leitura complementar e
mais uma fonte de pesquisa para os alunos.
Anna Freud: uma biografia (1992) de Elisabeth Young-Bruehl, com acesso exclusivo
aos arquivos de Anna Freud, escreve a primeira biografia dessa personalidade singular,
162
fundadora da análise infantil, além de filha mais jovem, analisanda, colega, confidente e
enfermeira de Freud.
Aportaciones a la teoria y técnica psicoanalítica (1962) de David Rapaport é, na vasta
bibliografia do assunto, uma das mais rigorosas tentativas de elaborar uma exposição
sistemática das teorias freudianas e neofreudianas e apresentar um quadro objetivo e científico
do que é a psicanálise. Seu ponto principal de exame reside na assim chamada
metapsicologia, em cujo contexto o autor procura estabelecer, com nitidez, a distinção entre a
teoria clínica ou especial e a teoria psicanalítica geral ou psicológica. No conjunto, trata-se de
uma análise da maior utilidade para psicólogos, psiquiatras, psicanalistas e interessados em
estudos de psicologia, fornecendo-lhes um ponto de vista globalizante e ordenado para os
complexos, e por vezes obscuros, conhecimentos que a psicologia freudiana vem acumulando
no seu extraordinário desenvolvimento.
Artigos de metapsicologia: narcisismo, pulsão, recalque, inconsciente (1914-1917)
(1995) é o terceiro volume do livro Introdução à metapsicologia freudiana (1995) de Alfredo
Luiz Garcia-Roza. Trata-se de uma introdução à metapsicologia pautada em textos
balizadores da construção teórica freudiana.
Artigos sobre técnica (1969) de Sigmund Freud (Vol. 12). Contêm regras e
recomendações sobre a técnica da psicanálise aconselhadas aos futuros analistas, escritos por
Freud e baseados em sua experiência clínica.
As idéias de Melanie Klein (1983) de Hanna Segal é um guia de leitura em que se
expõe de forma clara e didática as concepções kleinianas centrais, ilustrando-as com a
contribuição de valiosos exemplos clínicos proveniente de sua experiência em análise de
crianças e adultos.
As perspectivas futuras da terapêutica psicanalítica (1970) de Sigmund Freud (Vol.
11) é um trabalho que trata das perspectivas em relação à melhoria da técnica, com o avanço
do conhecimento analítico e a eficiência do trabalho.
As psicoses infantis (1983) de Margaret Mahler é dedicada à psicose precoce do bebê,
autística e simbiótica, bem como as perturbações de identidade e do ego.
As 4+1 condições de análise (1991) de Antônio Quinet. Tomando por base os
questionamentos de Lacan sobre a situação do começo da análise, estudada por Freud em
Sobre o início do tratamento, são revistos os fundamentos práticos e teóricos dos primeiros
passos do processo: as entrevistas preliminares, o uso do divã, o tempo e o dinheiro, a que
acrescenta o ato analítico, isto é, a ação de transferência. O livro contempla as muitas
implicações de cada um desses componentes, desde detalhes em torno do tempo e espaço do
consultório e até o próprio sentido ético da psicanálise.
163
As sutilezas de um ato falho (1976) de Sigmund Freud (Vol. 22). É um texto breve,
que Freud exemplifica uma situação corriqueira ao cometer um lapso na redação uma
dedicatória, possibilitando que se perceba a ocorrência de um ato falho e principalmente
relacioná-los aos seus motivos inconscientes.
Associações de uma criança de quatro anos de idade (1976) de Sigmund Freud (Vol.
18). Reúne alguns comentários de Freud sobre uma carta de uma mãe americana que se
impressiona com as associações de sua filha, o que provaria um conhecimento infantil
precoce sobre a origem dos bebês.
Aventura freudiana: elaboração e desenvolvimento do conceito de inconsciente em
Freud (1993) de Carlos Alberto Plastino analisa a emergência e desenvolvimento do conceito
de inconsciente na obra de Freud. Utilizando o método histórico-estrutural, percorre a obra
freudiana desde a emergência das noções até sua constituição como conceitos no quadro de
uma estrutura teórica. Assinala que nesse processo a primazia epistemológica corresponde a
experiência clínica, entendida progressivamente como uma relação intersubjetiva
caracterizada pela experiência da transferência e da resistência. Nesta tese, são analisados os
pressupostos epistemológicos de Freud e as conseqüências da obra freudiana para a teoria do
conhecimento.
Bion: da teoria à prática (1995) de David Zimerman. Munido da paciência e da
capacidade de observar e empatizar, preconizada por Bion, o autor, a partir de uma longa e
frutífera conversação com seus alunos e com os participantes de grupos de estudos sobre
Bion, mantendo a abordagem didática que caracteriza esta obra, apresenta um glossário de
termos e um roteiro de leitura das obras de Bion e aborda: os sete elementos de psicanálise; os
vínculos e as configurações vinculares; o período religioso-místico; frases, metáforas e
reflexões de Bion; a função de continente e os subcontinentes; e, o que mudou em sua prática
analítica a partir de Bion.
Cadernos Lacan (1996) da APPOA é uma publicação da Associação Psicanalítica de
Porto Alegre APPOA. Trata-se de traduções de textos, entrevistas, congressos, etc.,
lacanianos a cargo do cartel de tradução francês-português da Association Lacanienne
Internationale ALI. As publicações são o resultado de uma parceria entre a APPOA e a ALI
na divulgação de obras de Lacan em língua portuguesa.
Caosmose: um novo paradigma estético (1992) de Félix Guattari tem como objetivo
fazer transitar as ciências humanas e as ciências sociais de paradigmas cientificistas para
paradigmas ético-estéticos. O psicanalista francês Félix Guattari apresenta, neste que foi seu
último livro, ensaios e conferências sobre temas que vão da ecologia do virtual a um balanço
programático da psicanálise fim-de-século.
164
Cartas a um jovem terapeuta: reflexões para psicoterapeutas, aspirantes e curiosos
(2004) de Contardo Calligaris não é um manual, mas é dirigido para todos aqueles que estão
iniciando ou consideram iniciar sua formação de psicoterapeuta, assim como para os
profissionais atuantes e, no fundo, para qualquer um que se interesse pela psicoterapia.
Numa série de cartas escritas pelo psicanalista Contardo Calligaris a dois terapeutas que estão
iniciando na profissão, ou começando sua formação, são apresentados os problemas,
dificuldades, devaneios, alegrias e satisfações do profissional. O autor levanta perguntas sem
propor respostas fechadas ou definitivas, e se questiona junto com o aluno esboçando as
possíveis soluções a partir de sua história e de sua experiência.
Cartografia sentimental: transformações contemporâneas do desejo (1989) de Suely
Rolnik. O livro é uma viagem pelo circuito do cotidiano, baseada em uma trama ficcional, de
dentro de uma certa figura de mulher e de suas metamorfoses, retratando-se a crise da
subjetividade nos dias de hoje, vendo-se emergirem outros universos existenciais.
Chaves da psicanálise (1990) de Georges Philippe Brabant. O objetivo deste livro é o
de conquistar um lugar para a psicanálise e sobretudo auxiliar os alunos a situa-la em relação
às outras solicitações intelectuais e passionais do mundo contemporâneo. Permitir ao aluno
inserir num conjunto teórico coerente e bem estruturado as noções isoladas ou fragmentárias
que conseguiu apreender. Precisar a especificidade da psicanálise, particularmente em relação
às concepções de adeptos que dela se separaram e a abjuraram. Desenvolver mais
detalhadamente as idéias de Freud a respeito das relações do indivíduo com a sociedade e com
a cultura, assim como as críticas que lhe foram dirigidas com base neste ponto.
Cinco lições de psicanálise (1970) de Sigmund Freud (Vol. 11) trata da transcrição de
cinco conferências proferidas em 1909, na visita de Freud a Clark University, nos Estados
Unidos. Elas nada trazem de novo para os conhecedores da psicanálise, contudo, seu texto é
muito claro e didático para os iniciantes. Entre os assuntos abordados estão a psicanálise da
neurose, o abandono da hipnose, a hipnose, a resistência, o recalque, o sintoma e seu
funcionamento em relação ao desejo.
Cinco lições sobre a teoria de Jacques Lacan (1992) de Juan-David Nasio é uma
introdução à obra de Jacques Lacan, a partir da abordagem de cinco grandes temas:
inconsciente, gozo, objeto a, fantasia e corpo.
Clínica psicanalítica (1996) de Joël Dor aborda um dos maiores problemas da
psicanálise: como focalizar o ensino da clínica psicanalítica relativamente à sua transmissão.
Reflexões práticas, questionamentos teóricos e evocações clínicas encontram-se aqui
combinadas, o que por si é um testemunho da experiência dupla e coesa do autor: a de
docente e de analista. Dentro desse espírito foram percorridos temas clínicos tão diversos
165
quanto à identificação na histeria, a lógica do desejo obsessivo, a problemática da fobia, a
perversão e seu gozo, a mascarada do travestismo e a psicopatologia da línguagem. Ainda que
Joël Dor faça dos clínicos em formação os destinatários principais desta obra, os psicanalistas
experientes encontrarão igualmente matéria para reflexão nas vinhetas clínicas apresentadas,
que abrem espaço para as dificuldades do praticante às voltas com a experiência da terapia.
Clínica psicanalítica de crianças e adolescentes: desenvolvimento, psicopatologia e
tratamento (1998) de José Outeiral reúne contribuições de vários autores que desenvolvem
temas ligados à psicologia do desenvolvimento, psicopatologia e tratamento, em situações de
utilização de drogas, adoção, atendimentos em grupo, espaços transicionais, abordagens a
partir de casos clínicos, etc.
Comentários sobre o significado do trabalho de Piaget para a psicanálise (n.d.) de
Anne-Marie Sandler. A autora é uma psicanalista americana que trabalha na clínica Fundada
por Anna Freud. O seu texto apresenta, na primeira parte, um resumo das idéias de Jean
Piaget sobre os pressupostos básicos da epistemologia genética (assimilação, acomodação,
adaptação, etc.) e do desenvolvimento cognitivo da criança e, ao mesmo tempo, dos estágios
ou níveis de pensamento do adulto (sensório-motor, pré-operatório, operatório-concreto, etc),
por este motivo ele foi inserido na disciplina. A professora pretendia realizar uma atividade de
integração com os aspectos do desenvolvimento psicossexual das fases da libido. Este texto
tem o objetivo de demonstrar as contribuições e o uso da epistemologia genética como meio
auxiliar de compreensão das comunicações do paciente na prática clínica. Na segunda parte
do texto, através de exemplos clínicos, podemos identificar na escuta do paciente, modos de
funcionamento mental que operam segundo uma lógica sensório-motora ou pré-operatória,
implicando num modo diferente que devemos escutar o sentido atribuído a sua narração, ou
seja, dependendo da lógica a partir do qual aquele paciente, naquele momento opera, o sentido
de suas palavras será diferente, tanto em diferentes momento do seu processo analítico,
quanto conforme o diagnóstico psicológico, por exemplo, uma paciente borderline, uma
estrutura psíquica neurótica ou psicótica e assim por diante. O texto serviu para discutir as
diferentes aplicações da epistemologia genética na prática da psicologia, da pedagogia e da
psicanálise.
Como trabalha um psicanalista? (1999) de Juan-David Nasio demonstra as
expectativas, objetivos e decepções que o psicanalista atravessa no decurso de seu trabalho e
procura desfazer o estereótipo do profissional silencioso que deixa a sessão correr ao sabor da
fala espontânea do paciente.
166
Comunicação entre os dois sistemas (1974) de Sigmund Freud (Vol. 14) é um artigo
sobre metapsicologia. Nesta parte do ensaio O inconsciente, Sigmund Freud expõe o
funcionamento e a interação da segunda tópica, em relação ao inconsciente e pré-consciente.
Conferências introdutórias sobre psicanálise (1976) de Sigmund Freud (Vol. 15)
expressam a posição e os conceitos da psicanálise na época da primeira grande guerra, em que
Freud foi forçado a diminuir o seu trabalho clínico. Discute-se, por exemplo, sobre a angústia
(Conferência XV) e fantasias primitivas (Conferência XXIV). Freud revisa o simbolismo de
modo completo na Conferência X. um resumo da formação dos sonhos na Conferência
XIV e esclarecimentos sobre as perversões nas Conferências XX e XXV e finalmente uma
análise dos processos de terapia psicanalítica feita na última conferência.
Conheça Freud (1979) de Richard Appignanesi oferece conceitos freudianos de
neuroses, libido, ego, id e outros, combinando-os com quadrinhos humorísticos, traçando um
panorama da descoberta da psicanálise, feita por Freud.
Conhecimento como desejo: um ensaio sobre Freud e Piaget (1995) de Hans Furth. O
autor traz ao público algumas intersecções, possibilitando o reconhecimento da lógica na
libido e da libido na lógica, de modo a buscar um ponto de vista dialético capaz de ligar a
sociedade e a pessoa. Hans Furth proporciona aos profissionais ligados à saúde mental e aos
educadores, bem como a todos os alunos interessados no entendimento do desenvolvimento
humano, um estudo claro e abrangente, que vem superar a nociva cisão entre o conhecimento
e a emoção, entre a operação mental e a cooperação interpessoal, entre a lógica e a
sexualidade, ou seja, entre o conhecimento e o desejo.
Construções em análise (1975) de Sigmund Freud (Vol. 23) procurou equilibrar a
interpretação com a construção em análise. Este artigo recomenda a reconstrução da história
infantil e inconsciente do sujeito, na elaboração da análise, para restabelecer de modo crítico e
coerente a suas significações, em vez de se ater aos seus detalhes sintomáticos.
Contribuições à psicanálise (1981) de Melanie Klein expõe as principais contribuições
da sua produção à compreensão do desenvolvimento da criança; o papel da escola; a análise
infantil; as tendências criminais em crianças; o papel do complexo de Édipo; a ansiedade
infantil; e psicoses, como estados maníacos depressivos.
Contribuições da escola francesa de psicanálise (1996), artigo de David Zimerman,
publicado na Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul. Descreve um panorama geral das
correntes psicanalíticas da atualidade e, mais particularmente, do movimento psicanalítico na
França. Após mencionar brevemente as diversas instituições psicanalíticas francesas e os seus
principais autores, o artigo detém-se mais demoradamente em Lacan e sua Escola
Estruturalista.
167
Conversando com os pais (1993) de Donald Winnicott. O autor não quis dizer aos pais
o que fazer, mas desintoxicá-los da ciência da criação dos filhos, incutir-lhes confiança quanto
ao que estão fazendo e permitir que dispensem o auxílio individualizado ao se depararem com
os obstáculos no cuidado com os filhos. Instiga aos pais a sensibilidade para fazer as coisas,
aliadas à inevitável culpa e à ambivalência que fazem deles os pais que são.
Criança na psicanálise: clínica, instituição, laço social (1999) de Angela Maria
Resende Vorcaro trata dos mal-entendidos produzidos pela observação de crianças, como
alertou Freud, pois condena as manifestações da criança a serem tomadas a partir do ideal da
transição comum à codificação da clínica psiquiátrica ou do ideal da tradição, deriva do
sentido, típica da compreensão psicológica.
Crítica dos fundamentos da psicologia: a psicologia e a psicanálise (1998) de
Georges Politzer. O autor pretendeu com esta obra demolir as bases da psicologia científica e
inaugurar a psicologia concreta. Neste ensaio de 1928 fez uma leitura vigorosa da teoria
psicanalítica elaborada por Freud no Traumdeutung. A análise original que Politzer produziu
marcou definitivamente os rumos da psicanálise na França.
Cultura da psicanálise (1985) organizada por Sérvulo Augusto Figueira é resultado da
difusão de idéias, terminologias e imagens desta ciência na cultura em geral e na própria
conduta dos indivíduos, aqui analisada e avaliada na sua banalização, nas mais variadas
manifestações sociais, por importantes psicólogos e antropólogos, como Peter Fry e Gilberto
Velho, que apontam as conseqüências da psicologização do social.
Curso básico de psicanálise (1989) de Alberto Tallaferro, considerado um clássico da
bibliografia psicanalítica latino-americana. Contém um apanhado de ensinamentos
ministrados nos cursos deste autor, sobre conceitos básicos da psicanálise, com clareza de
exposição, tanto nas reformulações teóricas como na exemplificação dos casos.
Da pediatria à psicanálise (1974) de Donald Winnicott, médico, pediatra, e
psicanalista, de pensamento original, oferece as suas contribuições clínicas e conceptuais.
Primeiramente reflete sobre artigos publicados na França em 1969. A obra oferece ainda a
quem se interessa, possibilidades terapêuticas, à psicanálise, pediatria e assistência social.
De Piaget a Freud para repensar as aprendizagens: a (psico) pedagogia entre o
conhecimento e o saber (1992) de Leandro de Lajonquière. É sabido que os problemas de
aprendizagem possuem uma estreita ligação com a dimensão psicológica. Neste caminho, o
estudo de Lajonquière quer repensar as abordagens tradicionais destes problemas que
focalizam ora o potencial intelectual, ora o desejo inconsciente, propondo uma nova
visão, tendo como ponto de partida a junção dinâmica de seus métodos.
168
De que amanhã: diálogo (2004) de Jacques Derrida e Elisabeth Roudinesco busca
responder aqui uma pergunta feita por Victor Hugo há quase dois séculos: De que amanhã se
trata? Em um diálogo no gênero de investigação filosófica, Derrida & Roudinesco discutem
alguns dos principais temas deste início de terceiro milênio. A herança intelectual dos anos
1970, comum a ambos e tão depreciada atualmente. A liberdade humana, a violência contra os
animais e suas conseqüências profundas sobre a imagem que o homem faz de si mesmo. A
noção de diferença (seja sexual, cultural ou étnica) e as transformações na família ocidental.
Em abordagens filosóficas, históricas, literárias, políticas e psicanalíticas, tratam ainda das
formas modernas de anti-semitismo, da pena de morte e de sua necessária abolição, a
atualidade de Marx e o espírito da Revolução após o fracasso do comunismo.
Desilusão e história na psicanálise de Jean-Paul Sartre (1996) de Camila Salles
Gonçalves. Um dos mais controvertidos pensadores deste século, Sartre formulou sua
concepção e existencialismo a partir da reflexão sobre autores como Hegel, Kierkegaard, e
Kant. Ao investigar as relações entre História e inconsciente, Sartre concebeu uma teoria
alternativa à de Freud, que se consagrou como psicanálise existencial.
Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem (1992) de Sara Paín. Este é
um livro de referência na área da psicopedagogia e da psicologia da aprendizagem que se
mantém atualizado e essencial aos profissionais que buscam recursos qualificados para o
diagnóstico e o tratamento dos problemas de aprendizagem. Sara Paín une de forma inovadora
a psicanálise, a teoria piagetiana e o materialismo histórico, oferecendo subsídios teóricos e
práticos para qualificar o trabalho realizado com crianças que apresentam dificuldades de
aprendizagem.
Dialogando sobre crianças e adolescentes (1989) de Françoise Dolto é uma obra que
questiona quem é esse que diz que está em sofrimento. A autora provoca os alunos ao insistir
nestas questões, do agir ao desejo da criança ou do adolescente. Ao trazer casos da
psicanálise, de crianças adotadas ou institucionalizadas, aprende-se que um comportamento
deve sempre ser remetido à palavra: seja o que for que a criança faça, é essencialmente de seu
dizer que ela fala, atravessado pelo seu agir, ouvir, e escrever.
Diálogos (1998) de Gilles Deleuze & Claire Parnet. Escrito em colaboração com
Claire Parnet, insere-se numa fase da obra de Gilles Deleuze em que, segundo suas próprias
palavras, o encontro com Félix Guattari tornara possível um certo exercício do pensamento,
exercício que até então ele havia apenas descrito. Uma fase em que a escrita deixa de falar
sobre alguma coisa para passar a fazer parte de alguma coisa que acontece em vários
campos: filosofia, é claro, mas também política, literatura, cinema, música, psicanálise, etc.
169
Dicionário de psicanálise (1998) de Elisabeth Roudinesco & Michel Plon faz um
recenseamento e uma classificação de elementos da psicanálise: com seus conceitos; os países
de implantação; a biografia dos protagonistas; as entidades psicopatológicas que a psicanálise
criou; as disciplinas para as quais contribuiu ou em que se inspirou; os casos clínicos sobre os
quais elaborou seu método terapêutico; as técnicas de cura e os fenômenos psíquicos; os
discursos e comportamentos que modificou; as instituições fundadoras; o freudismo, suas
diferentes escolas e sua historiografia; a incidência contraditória de suas descobertas sobre
outros movimentos intelectuais, políticos ou religiosos. Inclui também: bibliografias
detalhadas após cada verbete; conceitos psicanalíticos com versões em cinco línguas; índice
onomástico; e cronologia com os fatos marcantes da psicanálise.
Dicionário de psicanálise Larousse (1995) de Roland Chemama. Neste dicionário o
aluno encontra, além dos verbetes dedicados a diversos autores, uma apresentação precisa e
referenciada de conceitos psicanalíticos. Os encaminhamentos de um termo a outro oferecem
a possibilidade de uma leitura descobridora, não apenas utilitária, mas que conserva seu valor
metafórico, algumas vezes poético, mesmo que tente assumir uma dimensão científica. A
edição é acrescida de glossários alemão-português, francês-português e inglês-português.
Dicionário enciclopédico de psicanálise: o legado de Freud e Lacan (1996) de Pierre
Kaufmann, reúne, em forma enciclopédica, os conceitos essenciais da psicanálise, desde as
teses fundadoras estabelecidas por Sigmund Freud até formulações mais recentes, propostas a
partir de Jacques Lacan. A segunda seção, Os Campos de Investigação, faz um histórico do
intercâmbio da psicanálise com os demais domínios do saber, tais como arte, etnologia,
lingüística, lógica, mitologia, música, entre muitos outros. O dicionário também compreende
cronologias da vida e da obra de Freud e Lacan, listas de leituras sugeridas sobre os temas
abordados, além de índice remissivo, temático e onomástico, que inclui pequenas biografias.
Colaboraram para este dicionário, especialistas, entre psicanalistas e professores
universitários, sob a coordenação de Pierre Kaufmann, professor da Universidade de Paris X.
Discorrer a Psicanálise (1987) de Roberto Harari reúne textos publicados
isoladamente que relacionam, a psicanálise e a filosofia, a epistemologia da psicanálise, e a
interpretação, a partir de pressupostos lacanianos. Roberto Harari recomenda a travessia dos
temas, partindo-se de uma epistemologia que aponta a uma teoria da interpretação, para
demonstrar alguns recôncavos da psicanálise.
Doença ocupacional: psicanálise e relações de trabalho (2000) de Marina Durand. A
doença, independente da individualidade do sujeito, da sua intenção e à revelia da sua
consciência, tem um significado no código que organiza as relações de trabalho e se traduz
por um efeito preciso sobre o ambiente. É por intermédio do sujeito doente que falam as
170
insatisfações de todos. A autora aborda o tema da desmotivação no trabalho, modificando as
situações que interferem no seu equilíbrio vital.
Dois verbetes de enciclopédia: a teoria da libido (1976) de Sigmund Freud (Vol. 18).
Freud descreve a libido, aplicada na teoria das pulsões, para expor o seu papel na dinâmica da
sexualidade. Segue-se uma descrição de vários temas desenvolvidos pela psicanálise na teoria
das pulsões: O contraste entre as pulsões sexuais e as pulsões do ego; A libido primitiva;
Sublimação; Narcisismo; Abordagem aparente às opiniões de Jung; A pulsão gregária;
Pulsões sexuais inibidas quanto ao objetivo; Reconhecimento de duas classes de pulsões na
vida psíquica; e A natureza das pulsões. Esboço de psicanálise foi comentado na unidade
anterior.
Donald Winnicott (1991) de José Outeiral & Roberto Barberena Graña. Passadas duas
décadas de sua morte, a pessoa e a obra de Winnicott crescem em importância dentro da cena
psicanalítica. Suas imensas e variadas contribuições à teoria psicanalítica e a sua
personalidade o tornam figura destacada. Para abranger a diversidade de temas que Winnicott
trouxe à psicanálise estão presentes aqui diversos ensaios. O resultado é uma apresentação
consistente da obra de Winnicott. Se uma das características de Winnicott foi abrir vários
caminhos, estas citações são fieis a ele também por possibilitar diferentes abordagens e vias
de acesso ao seu pensamento.
Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud
(1987) de Sigmund Freud (24 vols.). O objetivo do editor inglês James Strachey foi o de
incluir nestes volumes a totalidade dos escritos psicológicos publicados por Sigmund Freud,
psicanalíticos e pré-psicanalíticos. Esta edição não incluiu a correspondência de Freud, com
exceção de uma série de rascunhos remedidos por Freud, na parte inicial de sua carreira,
entre 1892 e 1897, a Wilhelm Fliess, bem como as partes das cartas que possuem interesse
científico explícito (Freud, 1987f, p. 15).
Educação para o futuro: psicanálise e educação (2001) de Maria Cristina Machado
Kupfer é um livro que trata da relação da psicanálise com a educação tendo como
fundamento, o relato de uma experiência com a educação. A autora reconhece o desejo e os
limites impostos ao sujeito, sendo sua consideração uma das tarefas fundamentais da
educação no mundo em que vivemos.
Educa-se uma criança? (1994) de Contardo Calligaris et al. reúne textos
interdisciplinares sobre a criança e a forma de educação que lhe é proposta. Este livro é uma
tentativa de analisar o ideal educativo proposto às crianças, exigidas a realizar um futuro de
felicidade alicerçado no racional do ser.
171
El descubrimiento del inconsciente (1987) de Octave Mannoni. Esta leitura foi
indicada aos alunos, por se tratar de uma biografia fiel de Freud, escrita por um autor
confiável e de fácil entendimento, sem distorcer os eventos históricos por excesso de
redundância.
El mito del nacimiento del héroe (1991), de Otto Rank, inaugura a interpretação
psicológica da mitologia mediante a utilização de técnicas psicanalíticas no exame do
significado de diversos temas míticos de difusão universal. O resultado é um texto básico de
psicanálise aplicada.
El trauma del nacimiento (1985) de Otto Rank. O autor afirma que, depois de haver
explorado o inconsciente em todos os sentidos e em todas as direções, encontrou a fonte
última do inconsciente psíquico, e comprova que está situado em uma região psicofísica e que
pode ser definida ou descrita biologicamente: é o que chamamos de trauma do nascimento
inspirado em uma idéia de Sigmund Freud, que em 1908 havia mencionado o ato do
nascimento como uma fonte de angústia fenômeno que aponta a uma fonte de causas
psíquicas e demonstra uma espécie de último substrato biológico concebível da vida psíquica,
ou seja, o núcleo mesmo do inconsciente.
Enfermidade e loucura (1980) de Joel Birman discute as relações entre a medicina, a
psiquiatria e a psicanálise e como estes discursos foram articulados na modernidade.
Determinando os lugares variados do corpo nestes vários discursos, o corpo será o núcleo para
onde convergem as elaborações para estabelecer os limites das várias racionalidades e
instituições que a ele se referem no problema da enfermidade.
Enlaces transferenciais: reflexões sobre a clínica psicanalítica no ambulatório
hospitalar (2002) de Nadja Nara Barbosa Pinheiro, publicado na Revista Psicologia, Ciência e
Profissão. Este artigo apresenta a viabilidade e adequação do método e da técnica
psicanalíticos no desenvolvimento de atendimentos transcorridos em ambiente ambulatorial
institucional. Através de uma ilustração clínica, a autora problematiza o trabalho psicanalítico
a partir dos vínculos transferenciais implicados nos processos: transferência com o
analista/transferência com a instituição.
Ensaios de teoria psicanalítica: metapsicologia, pulsão, linguagem, inconsciente e
sexualidade (1993) de Joel Birman enfeixa oito textos teóricos que procuram definir a
fundamentação do campo teórico da pesquisa em psicanálise, na qual se articulam de maneira
íntima a metapsicologia e a clínica psicanalítica. Nesta perspectiva, os volumes um e dois
desta obra abordam a concepção da metapsicologia, pulsão, linguagem, inconsciente e
sexualidade, na primeira parte; narcisismo, sublimação, fantasma, ato e tempo, na segunda.
172
Ensaios sobre a topologia lacaniana (1994) de Marc Darmon. A maior resistência ao
ensino de Jacques Lacan tem sido a do recurso formal à topologia e à álgebra. Este livro nos
mostra de forma clara e precisa a necessidade do recurso lacaniano à matemática, e nos
informa com rigor e inventividade dos seus momentos-chave de elaboração que perpassam o
ensino lacaniano. Segundo ele, se por um lado a dificuldade é desencorajadora, por outro o
surpreendente dos encontros, dos achados, nos provoca o desejo de ir adiante.
Ensayos sobre la psicología del yo (1969) também de Heinz Hartmann é uma
compilação de estudos que revisam as concepções tradicionais da psicanálise e toca pontos
decisivos das diversas teorias existentes, como as suas raízes biológicas, a concepção de
pulsão, as neuroses e aquelas enfermidades da conduta que alteram o equilíbrio do ego.
Eros e civilização: uma interpretação filosófica do pensamento de Freud (1968) de
Herbert Marcuse. Para o autor a própria concepção teórica de Freud parece refutar a sua firme
negação da possibilidade histórica de uma civilização não-repressiva. Opondo-se às escolas
revisionistas neo-freudianas, afirma que a teoria de Freud é sociológica em sua substância, e
que o biologismo é uma teoria social numa dimensão profunda, e que, portanto, nenhuma
nova orientação cultural ou sociológica é necessária para revelar essa substância. Admite
ainda, que as próprias realizações da civilização repressiva parecem criar as precondições para
a abolição da repressão e transformação da sociedade. O autor destaca o fato da moderna
sociedade industrial depender cada vez mais da produção e consumo do supérfluo, do
obsoletismo planejado e dos meios de destruição. Localiza o inferno nos guetos da
sociedade afluente e nas áreas cruciais do mundo subdesenvolvido, e interpreta a propagação
da guerra de guerrilhas no apogeu do século tecnológico como um acontecimento simbólico: a
energia do corpo humano revolta-se contra a repressão intolerável e lança-se contra as
máquinas da repressão.
Esboço de psicanálise (1975) de Sigmund Freud (Vol. 23) é uma obra póstuma e
inacabada de Sigmund Freud, publicada em 1940. Trata-se de uma síntese dos eixos
fundamentais da doutrina psicanalítica: aparelho psíquico, teoria das pulsões, sexualidade,
inconsciente, interpretação dos sonhos, e técnica da psicanálise.
Escritos (1999) de Jacques Lacan contém a íntegra dos textos escritos por Jacques
Lacan entre 1936 e 1966. Reúne algumas das principais reflexões provindas dos seminários,
cuja concepção sobre as relações entre inconsciente e significante se inscrevem num
empreendimento pedagógico. Neste sentido têm como um dos objetivos a formação de
psicanalistas, sem separar teoria e prática. Inclui: O seminário sobre A carta roubada, O
estádio do espelho, Função e campo da fala e da linguagem, O tempo lógico e A
direção do tratamento, entre outros artigos fundamentais para a psicanálise contemporânea.
173
Escritos psicanalíticos (1909-1933) (1988) de Sandor Ferenczi. A produção psíquica
foi o eixo da construção teórica de Freud, que centrou na idéia da castração a estruturação do
aparelho psíquico. Ferenczi, em contrapartida, se ocupou da teoria do espaço analítico, do
lugar do analista, cuja técnica procurou dar conta de uma clínica basicamente formada por
psicóticos, casos limite e grandes somatizadores. Nestes casos, o que se destacava era a
desestruturação psíquica. O autor foi encontrar a resposta na sua teoria do trauma,
desestruturante e portanto patológico.
Estética da psicanálise: seminário de 1989 (1992) de Machado Dias Magno trata de
uma investigação sobre a relação ética com a estética do ponto de vista da psicanálise.
Estrutura lacaniana das psicoses de (1991) Charles Melman é uma obra que se propõe
a interrogar sobre o que seria o gozo do Outro. Consistiria primordialmente em gozar de seu
corpo de forma imediata, o que nos re-introduz em diversas modalidades do gozo que por
vezes nos parecem estranhas. Ressurge esta nostalgia quanto a poder gozar esse Outro, de
poder gozar de seu próprio corpo assim primordialmente, como por exemplo, o que ocorre na
toxicomania.
Estruturas e clínica psicanalítica (1997) de Joël Dor se propõe a introduzir aos alunos
a noção de diagnóstico a partir de uma perspectiva estrutural. Perspectiva que adentra nas
características dinâmicas e econômicas das principais classificações psicopatológicas:
histérica, obsessiva e perversa. Dör se pergunta ao distinguir entre os sintomas, diagnósticos e
traços estruturais: Qual é a constância destes traços estruturais que não podem senão supor
certa estabilidade na organização da estrutura psíquica? A escuta do sujeito durante o trabalho
analítico permitirá definir uma referencia diagnóstica e, em conseqüência, uma direção
particular à cura. O autor pontua para cada estrutura a posição que lhe é específica e mostra de
que modo certos traços estruturais se apresentam no discurso do paciente. Traços, ainda que
comuns a classificações distintas, oferecem sempre a particularidade de um diagnóstico
diferencial.
Estudos sobre histeria (1988) de Sigmund Freud (Vol. 2), publicado em 1895, é visto
como o livro inaugural da psicanálise. Trata do mecanismo psíquico dos fenômenos
histéricos, com a discussão dos principais casos clínicos, suas considerações teóricas e suas
propostas de tratamento. A maneira com que os procedimentos técnicos descritos nestes
estudos e as descobertas clínicas conduziram aos pontos de vista teóricos e prepararam terreno
para a prática da psicanálise.
Ética e cultura (1995) de Renato Mezan, publicado na Revista Extensão é a
transcrição de uma palestra sobre uma introdução aos problemas da psicanálise com a ética e
com a cultura. Mezan expõe as idéias de Freud e a maneira pela qual ele vincula as esferas da
174
experiência com a cultura: como nos subordinamos às regras sociais e que efeitos tem essa
subordinação na nossa constituição como sujeitos psíquicos; as diferentes facetas da questão
ética, uma dela da incidência, possivelmente patológica, através da exacerbação do superego,
das normas éticas e morais sobre o funcionamento mental de cada um de nós.
Ética e técnica em psicanálise (2000) de Luís Cláudio Figueiredo e Nelson Coelho
Junior. Psicanálise, ética e técnica: conceitos e experiências que, em sua estreita articulação,
foram decisivos na construção e desconstrução do século que terminou e que certamente
continuarão relevantes no que se inicia. Neste ensaio o aluno encontra as idéias psicanalíticas
em diálogo com o pensamento filosófico contemporâneo, para fazer da ética e da técnica em
psicanálise muito mais do que dois conjuntos de regras prescritivas ou proibitivas.
Experiências com grupos: os fundamentos da psicoterapia de grupo (1975) de Wilfred
Bion acrescenta uma nova dimensão ao estudo do fenômeno de grupo. As suposições básicas,
por sua vez, são vistas como provenientes de um sistema protomental, em que os elementos
psíquicos e somáticos ainda não alcançaram suas formas características e podem bem derivar
sua força emocional das ansiedades psicóticas associadas aos objetos parciais primitivos
descritos por Melanie Klein. O trabalho de Bion proporciona a base para a síntese de
aproximação da psicanálise clássica, centralizada no individual, com aquela da dinâmica de
grupo, que, através de seus conceitos e técnicas especiais, revelam aspectos diferentes do
mesmo fenômeno. Por certo, as implicações do pensamento de Bion em relação a tais
instituições como as do estado, da igreja e das forças armadas são fundamentais e
revolucionárias e compelirão séria atenção aos aspectos de suas origens e estruturas que são
tão raramente sujeitas à análise.
Fantasia originária, fantasias das origens, origens da fantasia (1988) de Jean
Laplanche & Jean-Bertrand Pontalis é considerado pelos próprios autores um marco de sua
ruptura com o ensino de Lacan. Este ensaio mantém, ao mesmo tempo, a preocupação de
estabelecer uma continuidade teórica entre Freud e Lacan. Através de uma leitura original de
Freud, procura-se restabelecer o valor de certas noções freudianas deixadas de lado, como a
categoria de apoio e a teoria da sedução. Uma referência da literatura psicanalítica para o
estudo da fantasia.
Feminilidade (1976) de Sigmund Freud (Vol. 22) é a transcrição da Conferência
XXXIII das Novas conferências introdutórias sobre psicanálise (1933[1932]) baseada em
artigos anteriores. Contém material novo na descrição da mulher na vida adulta, determinada
por sua função sexual.
175
Ferenczi: paladino e grão-vizir secreto de Pierre Sabourin (1988) que faz uma
apresentação justa do discípulo de Freud numa área onde habitualmente os psicanalistas se
mostram muito suscetíveis e desprovidos de humor, isto é, a sua própria história.
Ficção das origens: contribuições à história da psicanálise de crianças (1991) de
Silvia Fendrik. A psicanálise de crianças reclamou sua especificidade em Londres, a partir do
Simpósio de 1927. Foi no crivo dos participantes que ela achou a legitimação de sua origem.
A obra, mais do que criar uma ficção, a descobre nos enodamentos das letras e nas metáforas
paternas que arrastam Anna Freud e Melanie Klein à fecunda controvérsia pela gestação da
criança da psicanálise. Bem além do que podem nos oferecer as melhores recompilações
biográficas, o texto nos oferece um ato interpretativo que desvela a filiação de uma prática na
qual Sigmund Freud apostava o futuro da psicanálise.
Fragmento da análise de um caso de histeria (1989) de Sigmund Freud (Vol. 7). É um
tratamento psicanalítico realizado por Freud em que as explicações se agrupam em torno de
dois sonhos. Através deste caso Freud desejou validar suas teses sobre a neurose histérica e
expor melhor ao público os métodos técnicos e as concepções teóricas do tratamento
psicanalítico.
Freud (n.d.) de Jayme Salomão é uma biografia de Sigmund Freud, utilizada na
disciplina Clínica do Inconsciente como leitura complementar e mais uma fonte de pesquisa
para os alunos, que esta disciplina é ministrada em um curso de graduação. A professora
informou que sempre que trabalha com alguma teoria, gosta de pesquisar e ensina isto aos
alunos, sobre a história de vida do mentor desta teoria, pois pensa que a história de alguém
tem muito a ver com aquilo que propõe.
Freud: a conquista do proibido (1982) de Renato Mezan. São utilizadas as três mais
importantes biografias escritas de Freud, a de Ernest Jones, a de Peter Gay e a de Emílio
Rodrigué. O autor também faz uso do grande volume de correspondência publicada de
Freud, principalmente a dirigida a seu colega Wilhelm Fliess no período de redação e
publicação de A interpretação dos sonhos. Estrutura-se a trajetória de vida de Freud a partir
de quatro fatos principais: a inserção como judeu na Viena do final do século XIX; o início da
carreira como médico, relacionando-a com sua herança positivista; a morte e a influência do
pai para A interpretação dos sonhos; e o diálogo constante com Jung. Para iluminar estes
fatos, Mezan faz uma leitura atenta das obras do fundador da psicanálise. A partir destes fatos,
é a obra de Freud que passa a ser iluminada por sua trajetória de vida. Aprofundando-se mais
em conceitos freudianos como pulsão de vida e pulsão de morte, id ego e superego, o autor
transforma seu livro em uma obra de divulgação dos conceitos da psicanálise.
176
Freud: a trama dos conceitos (1992) de Renato Mezan busca desvendar a articulação
interna das noções freudianas e o modo de engendramento destas, bem com as suas relações
recíprocas.
Freud antipedagogo (1992) de Catherine Millot propõe uma análise de como as
descobertas psicanalíticas levam inevitavelmente a um questionamento da própria pedagogia
como ciência dos meios e fins da educação. Seria possível uma educação analítica com
objetivos profiláticos em relação às neuroses? Pode-se conceber uma pedagogia analítica
com os mesmos fins que a cura analítica? Em sua investigação sobre a aplicabilidade ou não
da psicanálise à pedagogia, Catherine Millot propõe-nos uma releitura dos textos de Freud,
guiada pelo ensino de Jacques Lacan, a cuja interpretação destes textos ela recorre com
freqüência, numa demonstração paciente das teses que são o objeto deste livro.
Freud e a alma humana (1984) de Bruno Bettelheim oferece-nos uma leitura de Freud,
numa visão sobre os verdadeiros usos da psicanálise. O autor demonstra que as traduções
inglesas da obra de Freud não distorcem alguns dos conceitos centrais da psicanálise, mas
ainda impossibilitam o aluno reconhecer que a preocupação principal de Freud era a alma
humana, o que ela é e como se manifesta em tudo o que fazemos ou sonhamos. O autor ainda
prova como essas traduções, escondendo muito do humanismo essencial à obra de Freud,
levaram a um trágico mal-entendido e a um mau uso generalizado da psicanálise,
principalmente nos Estados Unidos.
Freud e a educação: o mestre impossível (1995) de Maria Cristina Machado Kupfer
transmite as idéias de Freud sobre a educação, os paradoxos por ele colocados, sua figura de
mestre, e suas concepções sobre o aprender.
Freud e a psicanálise (1987) de Octave Mannoni. São retratadas as principais etapas
da vida de Freud, sua biografia e seus progressos intelectuais. Mannoni confirmou o conselho
que Freud dava de uma certa maneira a seus futuros biógrafos: Minha vida não tem interesse,
senão na sua relação com a psicanálise. Sem jamais se livrar de uma psicanálise selvagem, o
autor faz uma análise sobre o itinerário do primeiro psicanalista, como por exemplo, declarar
as condições psicológicas que conduziram Freud a realizar sua própria formação analítica. O
texto, de leitura fácil, é acompanhado de uma documentação iconográfica. A leitura é
aconselhada àqueles que querem descobrir ao mesmo tempo Freud e a psicanálise. Pretende-
se ressaltar o pensamento de Freud nas suas etapas sucessivas, sem a pretensão de expor todos
os feitos, mas mostrar aquelas experiências pessoais que levaram o fundador da psicanálise a
elabora sua teoria, com suas interpretações e seus progressos na pesquisa: tal é o objeto deste
livro, uma síntese, entre a vida e a obra, com numerosas citações, uma importante cronologia,
um índice onomástico e uma bibliografia atualizada.
177
Freud e o desejo do psicanalista (1987) de Serge Cottet. Qual o desejo do
psicanalista? Esta é a pergunta que se faz à obra de Freud: nela algo que, segundo Lacan,
não foi analisado e deve ser decifrado. Fazendo ampla referência aos textos de Freud e às
várias etapas percorridas por Lacan, o autor repensa os principais elementos que estão na base
da prática psicanalítica. Propõe-se também pesquisar o desejo de Freud, para assim
compreender o desejo do analista, Cottet decide aplicar as regras de interpretação que a
própria teoria explicita, a partir das articulações fundamentais do desejo do analista.
Freud e o inconsciente (1983) de Alfredo Luiz Garcia-Roza mostra inicialmente a
articulação de certos fatores dos séculos XVIII e XIX que constituíram a precondição para o
surgimento da psicanálise. O autor comenta também os dois livros de Freud que se tornaram
os pilares da teoria psicanalítica: A interpretação dos sonhos (1900) e Três ensaios sobre a
teoria da sexualidade (1905). Além disso, outros conceitos, desenvolvidos por Freud em
obras posteriores, como pulsão e recalcamento, são também estudados em profundidade nesta
obra.
Freud e seus discípulos (1978) de Paul Roazen, estuda as principais idéias de Sigmund
Freud, sua personalidade e as relações mantidas deste com os seus discípulos.
Freud, o pensador da cultura (1985) de Renato Mezan. Através desta obra o estudante
acompanha a gênese das idéias freudianas sobre cultura e as colocadas no contexto de
Viena na virada do século. Ao mesmo tempo, o autor as situa no panorama complexo e
cambiante da teoria psicanalítica. Para ele, a análise da cultura não se restringe à psicanálise
aplicada, mas fonte da própria construção conceitual.
Freud, uma vida para nosso tempo (1989) de Peter Gay é uma viagem pelo mundo de
Sigmund Freud: sua família, suas relações, a cidade onde viveu, sua formação, suas
dificuldades profissionais, suas inovações teóricas, seus casos clínicos, sua vida
extraordinariamente produtiva e o contexto social e histórico em que ela foi vivida. Peter Gay
é historiador com formação psicanalítica, tem um interesse especial pelo período de
efervescência intelectual e profunda instabilidade que foi a segunda metade do século XIX e a
primeira metade do século XX. Este biógrafo, ao examinar as paixões e sondar o intelecto,
conseguiu relacionar as concepções de Freud à sua vida.
Fundamentos da técnica psicanalítica (1987) de Ricardo Horácio Etchegoyen.
Pressupõe-se que, se estudarmos a técnica com seriedade e profundidade, mais cedo ou mais
tarde se chega inevitavelmente à teoria, mais do que a norma, seus fundamentos e sua
racionalidade. A complexidade da situação analítica é tal que poucas vezes podem se propor
regras fixas. Segundo o autor não pode haver, por certo, uma práxis que não se sustente na
teoria e nenhum psicanalista duvida que haja um caminho de ida e volta entre teoria e prática,
178
que uma realimenta, enriquece e depura a outra. Parte-se da prática para poder abordar melhor
os problemas teóricos do que quando estudamos e comparamos as teorias entre si. Daí que o
livro chegue à teoria sempre por esse caminho, e sem propor-se a isso.
Fundamentos de psicanálise (1976) de Franz Alexander apresenta os conceitos
essenciais e firmados da teoria e do tratamento psicanalíticos, mencionando apenas
incidentalmente os seus aspectos ainda inexplorados ou controversos. São também abordados
alguns dos avanços recentes no campo do tratamento, como o surgimento da psicoterapia
orientada psicanaliticamente, que consiste na aplicação flexível dos princípios fundamentais
da psicodinâmica. Para Alexander é através desses progressos que a significação da
psicanálise para a psiquiatria aumenta de forma substancial. No que diz respeito à parte
histórica propriamente dita, o autor crê ser mais útil para o aluno, hoje, conhecer bem o estado
atual do saber psicanalítico, antes de tentar compreender os esforços pioneiros de Freud sobre
a personalidade humana. Por essa razão, este livro faz apenas um breve resumo histórico da
psicanálise, e não apresenta uma história geral de todos os conceitos psicanalíticos, limitando-
se àqueles relacionados com o seu assunto real, que é a apresentação geral da teoria
fundamental da psicanálise e sua explicação terapêutica. Neste aspecto, a psicanálise, que no
passado revolucionou o conhecimento das perturbações mentais, estaria hoje empenhada no
processo de reforma do tratamento psicológico das pessoas emocionalmente perturbadas. A
partir desses pressupostos são examinados temas como a posição da psicanálise na medicina,
a natureza do conhecimento psicológico, o conceito de sexualidade, a psicologia dos sonhos
princípios da terapia psicanalítica, entre outros de igual importância e interesse.
Fundamentos psicanalíticos: teoria, técnica e clínica uma abordagem didática
(1999) de David Zimerman. O propósito desta obra é o de sintetizar os princípios
fundamentais do método psicanalítico teoria, psicopatologia, técnica e prática clínica com
uma abordagem didática sem, no entanto, perder uma necessária simplicidade e
acessibilidade.
Groddeck: a doença como linguagem (1988) de Michèle Lalive dÉpinay situa o
campo de ação deste médico psicanalista, sua visão de mundo, do mundo humano, da doença,
e do médico. Articula a prática médica ao uso da linguagem para com os doentes. Discute a
interpretação, em textos psicossomáticos ou da encantação na relação shamanística com sua
própria palavra e dos seus doentes.
História da psicanálise na França: a batalha dos cem anos (1988) de Elisabeth
Roudinesco. O objetivo deste trabalho não é apenas narrar a história das sociedades
psicanalíticas francesas, mas também traçar a história das idéias na França. O primeiro
volume cobre o período que começa em 1885, com o encontro de Freud e Charcot em Paris, e
179
termina em 1939, com a Sociedade Psicanalítica de Paris e seus doze fundadores. O itinerário
de Lacan e sua obra são o eixo do segundo volume, por ele ter se tornado o artífice de uma
nova introdução do freudismo na França, desde 1925, tratando-se da implantação da
psicanálise nos meios literários, distante das aspirações médicas dos doze pioneiros.
História de uma neurose infantil (1976) de Sigmund Freud (Vol. 17) é um dos mais
elaborados e mais importantes dos casos clínicos, assim intitulado pelo sonho do lobo, que é
motivo central do caso clínico. O conceito de cena primitiva está ligado à organização
psíquica deste paciente e o modo pelo qual ele pôde ser afetado tão intensamente pelo seu
sonho, o que teria produzido uma histeria de angústia (fobia animal), transformando-se
posteriormente numa neurose obsessiva.
Homem-mulher: abordagens sociais e psicanalíticas (1987) de Carmen da Poian.
Pretende-se nesta obra abordar questões relativas às marcas identitárias masculino e feminino
nas relações sociais de gênero que tomaram forma e consistência com a inauguração da
modernidade ocidental. Toma-se como referência o processo histórico de sua construção e
desconstrução, o gênero como categoria de análise para entendimento desses processos e os
diferentes modos como se configuram e alternam as subjetividades. Alguns temas específicos
estão sendo articulados a estas questões, como: a sexualidade e as relações amorosas,
maternidade e paternidade, família, violência, etc.
Identidade, juventude e crise (1972) de Erik Erikson. Esta obra incorpora a
experiência clínica do autor e utiliza-a como instrumento de conhecimentos no campo da
identidade, originados de conceitos de adolescentes em crise. Os assuntos variam da conexão
entre os esforços das diferenças individuais e a ordem social. Enquanto a cultura muda, novas
questões sobre a identidade surgiram, influenciadas por reivindicações sociais dos anos 60.
Erik Erikson, psicanalista que ao emigrar para os Estados Unidos teve contato com as
correntes culturalistas, o motivaram a dedicar-se aos problemas da adolescência. Assumindo
uma concepção adaptativa Erikson redigiu seus trabalhos no quadro da Ego Psychology.
Inconsciente: um resgate de sua dimensão social-histórica (1999) de Marion Minerbo
esboça um resgate da dimensão social-histórica do inconsciente em seu duplo registro:
sincronia e diacronia. Do ponto de vista da sincronia, toma-se como exemplo o desemprego e
a importância das instituições como pano de fundo da vida psíquica. Sua falência no mundo
contemporâneo leva a impasses na subjetivação que se manifestam também como sintomas
sociais. Do ponto de vista da diacronia aborda-se a crise das representações do trabalho como
índice de um verdadeiro abalo sísmico no imaginário radical de nossa época.
Infância normal e patológica: determinantes do desenvolvimento (1982) de Anna
Freud. A maior parte deste livro é baseada nas impressões clínicas obtidas nos vários
180
departamentos da Hampstead Child-Therapy Clinic, sobre os determinantes do
desenvolvimento. Trata-se da visão psicanalítica da infância: panorâmica e em grande plano,
das relações entre análise infantil e adulta, da avaliação da normalidade na infância, dos
determinantes patológicos, entre algumas considerações gerais e alguns pré-estádios infantis
da psicopatologia adulta, e as suas possibilidades terapêuticas.
Inibições, sintomas e ansiedade (1976) de Sigmund Freud (Vol. 20) é um texto que
trata de diversos tópicos e abrange um vasto campo, um pouco desconexo. Quando Freud se
defronta com o problema da ansiedade, vai referi-la inicialmente como libido transformadora
e depois dividi-la em ansiedade realística e neurótica, para compreender a questão do que
determina a forma pela qual a ansiedade se manifesta.
Introdução à epistemologia freudiana (1983) de Paul-Laurent Assoun. A existência de
diferentes sistemas psicanalíticos coloca para a epistemologia da psicanálise um problema
ao mesmo tempo difícil e fascinante: o de compreender de que modo o saber constituído por
Freud pôde ser apropriado e ampliado por seus sucessores. Para Paul-Laurent Assoun o objeto
da análise epistemológica deve se restringir ao aporte de Freud. O autor defende a tese de que
o objeto a estudar não é toda a psicanálise, mas apenas e tão somente a obra de Freud, ou seja,
a epistemologia não deve tomar Freud como objeto, mas como fonte de um modo específico
de pensar.
Introdução à leitura de Lacan: o inconsciente estruturado como linguagem (1989) de
Joël Dor é uma obra disponível em dois volumes, com o objetivo de introduzir o aluno aos
pressupostos da teoria lacaniana, resgatando a historicidade dos conceitos e percorrendo a via
feita por Lacan, nos textos e dúvidas que o impulsionaram. É um livro que ajuda a se
aproximar da obra de Lacan, servindo como guia para a leitura dos originais. No primeiro
volume, a tese inaugural de Lacan o inconsciente estruturado como linguagem conclui
com a dependência do sujeito ante a ordem significante, ou seja, sua implicação fundamental,
numa linha de investigação metódica que percorre a trama estreita da obra de Lacan, ao expor,
passo a passo, numa apresentação lógica, as articulações teórico-clínicas da natureza dessa
sujeição significante. O segundo volume é dedicado à estrutura do sujeito e constituí uma
síntese da extensão do pensamento de Lacan. Dör (1989) explica noções fundamentais, como
o sujeito, o objeto a, o outro, o traço unário, o significante, o corte, a identificação, o ato
analítico e a sexuação, dando-se também a justificativa das incursões topológicas de Lacan.
Introdução à metapsicologia freudiana (1995) de Alfredo Luiz Garcia-Roza propõe
uma introdução à metapsicologia não a partir de um lugar exterior, apontar caminhos que
conduzam o aluno a uma verdade pronta. Trata-se, segundo o autor, de introduzi-lo na
cozinha da bruxa, termo com que Freud se refere à metapsicologia. Os volumes pautam-se
181
por três textos balizadores da construção teórica freudiana: Sobre as afasias: o projeto de
1895 (1891) (Vol. 1), A interpretação dos sonhos (1900) (Vol. 2), e Artigos de
metapsicologia: narcisismo, pulsão, recalque, inconsciente (1914-1917) (Vol. 3), momentos
de criação de conceitos fundamentais.
Introdução à obra de Françoise Dolto (1991) de Michel-Henri Ledoux é um
panorama descritivo e didático do trabalho de Françoise Dolto, destacando seus temas e
técnicas principais, à sua maneira de entender e teorizar o fato psíquico. Para os que lidam
com as crianças, Introdução à obra de Françoise Dolto resume uma experiência essencial,
mais próxima da visão e da ética lacaniana, mais distante de Melanie Klein: aqui, a
valorização da criança, de sua expressão e inventividade adquire sólidos fundamentos
científicos e humanos.
Introdução à obra de Melaine Klein (1983) de Hanna Segal é uma coletânea de aulas
ministradas por Hanna Segal no Instituto de Psicologia de Londres. Visa apresentar as
contribuições de Melanie Klein para a prática e a teoria psicanalíticas.
Introdução à psicopatologia psicanalítica (1982) de Juan Carlo Kusnetzoff, além de
proporcionar uma alfabetização em psicopatologia psicanalítica, pode se prestar para a
consulta de alguns conceitos não muito divulgados na bibliografia clássica. Os textos de
Freud são a fonte principal desta introdução, embora o autor reconheça que outros autores em
muito contribuíram para o desenvolvimento da clínica psicanalítica.
Introdução a uma clínica diferencial das psicoses (1989) Contardo Caligaris. Em sete
conferências Caligaris interroga sua clínica para propor uma abordagem da psicose que
assegure ao sujeito psicótico uma escuta e, eventualmente, uma cura à altura da psicanálise. A
obra discrimina, no cotidiano da clínica, estrutura e crises psicóticas, articulando os tempos da
crise, situando o delírio na sua função autoterapêutica. Delineia-se ainda um critério que
permita distinguir as diferentes psicoses além dos dados fenomenológicos, além de descrever
os momentos da transferência psicótica e, nela, os lugares, o espaço e o alcance da ação do
analista.
Introdução ao estudo das perversões: teoria do Édipo em Freud e Lacan (1984) de
Hugo Bleichmar é uma publicação baseada em sete aulas planejadas por Hugo Bleichmar que
aborda o tema das perversões como parte de um projeto mais amplo centrado em torno do
papel que desempenham as relações intersubjetivas na psicogênese dos diferentes quadros
psicopatológicos.
Introdução às obras de Freud, Ferenczi, Groddeck, Klein, Winnicott, Dolto, Lacan
(1995) de Juan-David Nasio reúne em um único volume, os grandes autores da psicanálise,
sua vida e sua obra. É um instrumento de trabalho para especialistas e estudantes, e serve de
182
guia às obras dos sete psicanalistas cujas perspectivas teórico-clínicas são indispensáveis a
uma abordagem criteriosa do pensamento psicanalítico. Cada capítulo é consagrado a um
autor e compreende uma apresentação de sua vida e das idéias fundamentais em sua obra;
uma seleção de excertos temáticos da obra; um quadro cronológico dos eventos importantes
de sua vida e uma seleção bibliográfica. Sob a direção de Nasio, uma equipe de colaboradores
dedicou-se à tarefa de modo rigoroso. Sempre articulando a produção conceitual ao veio da
experiência clínica, os diversos colaboradores souberam evitar tanto a linearidade da
ortodoxia quanto as simplificações caricatas, preservando assim a densidade inerente às obras
tratadas. A estrutura eminentemente didática desta introdução oferece uma visão global e
sistematizada das principais teses que compõem o legado psicanalítico. Além de proporcionar
acesso às obras dos grandes nomes da psicanálise, os autores pretendem também que este seja
um estímulo para que o aluno passe diretamente às fontes, voltando-se para os textos
originais.
Inveja e gratidão e outros trabalhos (1946-1963) (1985) de Melaine Klein traz todos
os trabalhos de Melaine Klein de 1946 até sua morte em 1960, com exceção de Narrativa da
análise de uma criança. Estes trabalhos não haviam sido publicados em conjunto. Trata-se
dos frutos da etapa mais madura da atividade profissional da autora, vários deles de primeira
importância para os estudiosos de suas obras, cujo propósito é assinalar a posição de cada um
dos temas principais na evolução de seu pensamento.
Inveja e gratidão: um estudo das fontes inconscientes (1984) de Melanie Klein. A
autora desenvolve o conceito de inveja, que articula com um prolongamento da pulsão de
morte, à qual dá um fundamento constitucional.
Investigação e Psicanálise (1993) de Maria Emília Lino da Silva reúne ensaios de
autoria de psicanalistas que, estando engajados em programas universitários, buscam conciliar
o método psicanalítico e o científico; convergência de instituições que retoma a visão
freudiana da psicanálise como campo da terapêutica e como método de investigação da
experiência humana.
Jacques Lacan: esboço de uma vida, história de um sistema de pensamento (1994) de
Elisabeth Roudinesco delineia um retrato da vida e do pensamento de Jacques Lacan, cujas
contradições e ambigüidades, tanto em sua prática psicanalítica quanto em seu ensino teórico,
evocaram ou a adesão ou a execração. Sem empenhos mitificadores, Roudinesco realiza um
levantamento das circunstâncias sociais, culturais e pessoais em meio às quais Lacan elaborou
sua radical retomada do pensamento freudiano uma aventura teórica que o levaria a
influenciar o horizonte conceitual e institucional do movimento psicanalítico.
183
Jacques Lacan: uma introdução (1986) de Anika Lemaire faz uma leitura aberta deste
que foi o verdadeiro renovador da obra de Freud. A autora nos apresenta de forma sistemática
os fios condutores do pensamento lacaniano. Esta obra constitui uma introdução muito útil à
leitura dos famosos Escritos de Jacques Lacan.
La dirección de la cura y el princípio de su poder (1972) de Jacques Lacan. A
expressão direção da cura adquiriu um lugar de relevo em nosso vocabulário cotidiano de
trabalho. Com muita freqüência, nos referimos aos vetores que orientam nosso modo de
intervir e operar em uma análise como a direção da cura naquele caso particular. É comum,
também, falarmos da direção da cura nas neuroses, nas psicoses, nos problemas do
desenvolvimento da infância, nas toxicomanias e assim por diante. Ao nos expressarmos
dessa forma, procuramos delimitar certos pontos de referência fundamentais que permitem
guiar nossa intervenção quando trabalhamos com cada uma dessas questões específicas. Este
livro procura interrogar o tema da direção da cura, tomando como ponto de partida o escrito
em que Lacan trabalhou a respeito dessa questão.
La psicologia del yo y el problema de la adaptación (1962) de Heinz Hartmann é um
estudo meticuloso da evolução histórica da psicanálise na esfera do ego, envolvendo a questão
da adaptação, internalização, funções integradoras, dispositivos, e o seu desenvolvimento
autônomo.
Lacan (1989) de Gérard Miller reúne artigos produzidos por onze importantes
psicanalistas lacanianos fazendo desse volume uma introdução à leitura deste importante
psicanalista contemporâneo sob a forma de textos acessíveis a um público mais amplo e ávido
por conhecer as idéias do mestre. Abordando e elucidando temas como o sujeito, o
imaginário, o simbólico, o Outro, o sintoma, o tratamento, a transferência, a psicanálise
aplicada, o inconstitucional, o fantasma e o sexo, esses trabalhos abrem as portas de um
mundo admiravelmente novo, o mundo do pensamento de Jacques Lacan continuador da
revolução iniciada por Freud.
Lacan e a clínica da interpretação (1996) de Christian Ingo Lenz Dunker questiona a
especificidade da interpretação em psicanálise, mais do que definir um conjunto de regras
técnicas e as circunstâncias de sua aplicação. Segundo Dunker, trata-se hoje menos de fixar o
objeto da interpretação do que tematizar o modo de interpretar. Por fim a atividade
interpretativa deve levar em conta como interpretar no sentido das inflexões éticas, estéticas
ou lógicas.
Lacan e a filosofia (1987) de Alain Juranville trata de uma apresentação clara e
ordenada das teses de Lacan e uma elucidação de seus escritos, no contexto de um projeto
filosófico determinado. O autor questiona o que acontece com a filosofia, com o inconsciente
184
e a psicanálise, se haveria a possibilidade de existir, além da verdade parcial do desejo
inconsciente, uma verdade total do significante puro, o que a filosofia requer, enquanto a
psicanálise exclui. A demonstração pormenorizada das análises de Lacan mostra o que a sua
interpretação do inconsciente, através do significante e a tese do significante puro, trazem
para as grandes noções psicanalíticas.
Lacan elucidado: palestras no Brasil (1997) de Jacques-Alain Miller. Neste livro
Miller guia seus auditórios, sem formalismos, com precisão, esclarecendo os textos de Lacan
e Freud, passando pela ética e a lógica e oferecendo uma verdadeira introdução ao método
psicanalítico. Com esta coletânea o aluno tem em mãos com que avaliar o alcance e a
importância do pensamento desse expoente da psicanálise contemporânea, de cuja palavra se
originou recentemente a Escola Brasileira de Psicanálise.
Lembranças encobridoras (1987) de Sigmund Freud (Vol. 3) trata de novos conceitos
publicados, desde que Freud se envolvera em sua auto-análise, no verão de 1897, relacionados
ao funcionamento da memória, fantasias, amnésias dos primeiros anos, e à sexualidade
infantil.
Leonardo da Vinci e uma lembrança de sua infância (1970) Sigmund Freud (Vol. 11)
trata de uma reconstrução detalhada da vida emotiva de Leonardo, desde os seus primeiros
anos, a descrição do conflito entre seus impulsos artísticos e científicos, a análise profunda de
sua história psicossexual. Além de: uma discussão mais geral da natureza e do trabalho da
mente de um artista criador; uma descrição da gênese de um tipo especial de
homossexualidade; e, o que é especialmente interessante para a história da teoria da
psicanálise, o aparecimento pela primeira vez do conceito de narcisismo.
Lições sobre os sete conceitos cruciais da psicanálise (1993) de Juan-David Nasio
serve de orientação para a escuta do psicanalista para melhor responder, em sua prática
cotidiana, às palavras do sofrimento. Além disso, responde à crescente demanda de uma
presença da psicanálise no social. Trabalham-se os conceitos de castração, foraclusão,
narcisismo, falo, supereu, identificação e sublimação, acentuando-se o aspecto didático do
texto, cada qual estudado em três partes: texto de base, citações de Freud e Lacan, e
bibliografia principal.
Luto e melancolia (1974) de Sigmund Freud (Vol. 14) aborda as características e
tratamento da melancolia. Neste texto Sigmund Freud faz da melancolia a forma patológica
do luto. No luto o sujeito se desliga progressivamente do objeto perdido. Na melancolia se
supõe culpado pela perda e se sente tomado por esta. Segundo Roudinesco & Plon (1998), o
eu se identifica com o objeto perdido, a ponto de ele mesmo se perder no desespero infinito de
um nada irremediável. (p. 507).
185
Mães da psicanálise: Helene Deutsch Karen Horney Anna Freud Melaine Klein
(1992) de Janet Sayes destaca a contribuição das psicanalistas, Helene Deutsch, Karen
Horney, Anna Freud e Melaine Klein que revolucionaram a psicanálise ao chamarem a
atenção para fatores negligenciados por Freud, como a condição da mulher e suas funções
sexuais, o culturalismo, a auto-realização, o tratamento com crianças, as posições
esquizoparanóide e depressiva, os conceitos de angústia e as relações de objeto. Janet Sayes
mostra o papel dessas pioneiras na promoção do avanço da psicanálise.
Matrizes do pensamento psicológico (2000) de Luís Cláudio Mendonça Figueiredo.
Neste trabalho sugerem-se algumas idéias acerca do projeto de fazer da psicologia uma
ciência independente para, em seguida, enfocar as posturas alternativas em suas articulações
com este projeto. assim os modelos de inteligibilidade e os interesses expressos nas várias
posições teóricas e metodológicas podem revelar o seu alcance e o seu significado. Estes
interesses e modelos, por atuarem como geradores de uma variedade quase infinita de escolas
e seitas psicológicas, foram aqui denominadas matrizes do pensamento psicológico.
Melanie Klein (1977) de Claude Geets. Nascida no seio de controvérsias passionais, a
obra a obra de Melanie Klein se inscreve hoje entre as realizações mais notáveis e mais
fecundas da psicanálise. O autor a escreve de forma original, com paixões e controvérsias. O
autor descreve que a ciência superou aos anátemas, o que nos faz reconhecer um pensamento
de intuições profundas e penetrantes, mesmo que esse reconhecimento não exclua, a bem da
verdade, o espírito crítico. Qualquer que seja a posição adotada em consideração à obra de
Melanie Klein, não a podemos ignorar totalmente se a gente quer se iniciar mesmo que seja
um pouco no mundo fantasmático da infância.
Melanie Klein II: o ego e o bom objeto (1932-1960) (1988) de Jean-Michel Petot,
procura estabelecer o que Melanie Klein disse, quando e como, uma vez que ela reelaborava
suas teorias à medida que as confrontava com a realidade clínica. Parte da formação da teoria
da posição depressiva, concebida entre 1934 e 1946, para depois mostrar como o
aprofundamento da clínica dos mecanismos esquizóides orienta sua atenção para a relação
arcaica com o seio bom que se estabelece nos primeiros três meses de existência da criança.
Por fim, Jean-Michel Petot dedica-se a demonstrar as convergências destas concepções com
as de Jean Piaget.
Micropolítica: cartografias do desejo (1987) de Felix Guattari e Suely Rolnik. Antes
de ser uma obra de filosofia, de psicanálise e de política, este livro é uma espécie de diário de
bordo. Suely o escreveu depois da viagem que ela e Felix Guattari fizeram pelo Brasil, ao
encontro dos indivíduos, dos grupos e também das intensidades e dos desejos que vieram.
Estes fragmentos, estes aforismos, estes pedaços de conversa, de carta, de debate, de
186
conferencia, estas confidências montagem que Suely fez de fatos, de falas e de outras falas
rompem assim, em certa medida, as amarras da individuação e da enunciação.
Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia (1998) de Gilles Deleuze e Félix Guattari (v.
1-5) é uma coletânea que dá seqüência às teses de O anti-édipo, em que a filosofia alcança um
de seus devires improváveis, com componentes da filosofia clássica: ontologia, física, lógica,
psicologia, moral, política e estética. Traduz um pouco do retrato crítico do materialismo
histórico de nossa época, principalmente no que tange o ano de 1968.
Morte e castração: um estudo psicanalítico sobre a doença terminal infantil (2001) de
Mônica de Oliveira Gonçalves, publicado na Revista Psicologia, Ciência e Profissão. Com o
objetivo de abordar a questão da doença terminal em pacientes pediátricos, este artigo visa
promover uma reflexão sobre a maneira como a criança enferma lida com a morte, bem como
seus pais, irmão e profissionais da área da saúde. A teoria psicanalítica freudiana foi utilizada
como embasamento da compreensão dos mecanismos presentes neste processo. A
sensibilidade, humildade e compreensão das nossas próprias limitações enquanto seres
humanos e profissionais é o meio mais simples e natural de compartilhar com o paciente sua
experiência e finitude.
Neurose e psicose (1976) de Sigmund Freud (Vol. 19). Trata-se de um texto que
diferencia os termos neurose e psicose. A neurose é o resultado de um conflito entre o ego e
o id, ao passo que a psicose é o desfecho análogo de um distúrbio semelhante nas relações
entre o ego e o mundo externo. (Freud, 1976b, p. 189).
Noções básicas de psicanálise: introdução à psicologia psicanalítica (1969) de
Charles Brenner é uma obra padrão no que se refere à introdução da psicanálise, no intuito de
manter através desta exposição o papel do inconsciente na vida do homem.
Nos limites da transferência (1987) de Juan-David Nasio. Psicanalistas ligados por
afinidade de formação e de linguagem reúnem-se regularmente para tentar a experiência de
um trabalho comum. Essa experiência mostrou-se suficientemente fecunda para dar origem a
essa coletânea sobre formações do inconsciente, com temas sobre, orientação lacaniana,
acting out, e transferência.
Notas psicanalíticas sobre um relato autobiográfico de um caso de paranóia
(Dementia paranoides) (1969) de Sigmund Freud (Vol. 12). Analisado a partir do livro
Memórias de um doente de nervos (1903) de Daniel Paul Schreber, Freud produziu este
documento científico em 1911, de leitura indispensável para o estudioso da psicose na
perspectiva psicanalítica. Foi aqui citado para demonstrar a primeira tese da psicanálise sobre
as psicoses, ligando o conhecimento paranóico a um investimento homossexual. O exame do
caso Schreber ainda inspirou Freud a fazer observações sobre as repressões, o narcisismo,
187
descrever o mecanismo de repressão, e examinar as pulsões. A paranóia passou a ser definida
como uma neurose de defesa contra a homossexualidade e seu mecanismo principal, a
projeção. Depois dele, Melanie Klein e Jacques Lacan desenvolveram para a psicanálise uma
concepção estrutural da paranóia.
Notas sobre um caso de neurose obsessiva (n.d.) de Sigmund Freud (Vol. 10) é a
história do tratamento de um caso de neurose obsessiva. Freud teorizou a respeito dos
sintomas obsessivos de seu paciente situando-os como uma neurose ao lado da histeria.
Levando em conta o fator determinante da sexualidade, Freud concluiu que o erotismo anal
domina a organização do obsessivo, através do mecanismo da repressão, resultado de um
inconsciente repleto de representações desta ordem.
Novas tendências em psicanálise (1980) de Melanie Klein, Paula Heimann e Roger
Money-Kyrle (Orgs.). Os autores trazem objetivos e contribuições na área da psicanálise
infantil. Representa uma tentativa de evolução e renovação do pensamento analítico, a partir
de uma continuidade de Freud. Apresentam-se estudos quanto a novas delimitações em que se
instala o complexo de Édipo e as posições correspondentes às etapas do desenvolvimento
primário infantil.
Nove meses na vida de uma mulher: uma abordagem psicanalítica da gravidez e do
nascimento (1998) de Myriam Szejer & Richard Stewart apresenta temas que enfocam a
vivência emocional dos nove meses necessários para a gestação de um filho, do que ocorre
antes dela, e que os autores chamam de pré-história do bebê, e do que ocorre depois. Descreve
o encontro da mãe com o bebê, dele com ela, e todas as inter-relações que incluem o pai, os
irmãos, a família e a linguagem. Fala da história de um casal, de uma gravidez portadora de
um sentido, que origem a uma criança singular, única, e que traz consigo esse sentido no
instante em que vem ao mundo. O livro é fruto de anos de participação dos autores nos
seminários de Françoise Dolto, com quem descobriram o impacto das palavras sobre os bebês,
vistos como pessoas e como sujeitos, dirigido mais às gestantes do que aos técnicos.
Novos estudos sobre o inconsciente (1994) de Charles Melman. Se a morte de Lacan
desnorteou muito de seus alunos, o trabalho exigido foi, sobretudo, de não mais mimetizar
com a suposta enunciação de Lacan. Esta obra presta testemunho das responsabilidades
oferecidas àqueles que se arriscam em tal empreitada.
O ambiente e os processos de maturação (1982) de Donald Winnicott é uma
compilação de estudos que compreende algumas das mais significativas concepções deste
autor, como a mãe suficientemente boa, a capacidade materna primária, a função de
holding e de espelho dos pais e do terapeuta, o espaço e o objeto transicionais, o falso e o
verdadeiro self, e o uso do brinquedo, como o squiggle game no setting analítico, de
188
conhecimento e uso de muitos profissionais de saúde mental. Seu entendimento do papel do
ambiente na saúde mental dos seres humanos alterou definitivamente a visão sobre o
desenvolvimento emocional e, conseqüentemente, as ações preventivas e o manejo
terapêutico junto aos mais jovens. Winnicott é um dos autores que mais marcaram a
psicanálise e a psicologia infantil, tornando-se referência em desenvolvimento infantil e
psicoterapia na infância e adolescência.
O anti-édipo: capitalismo e esquizofrenia (1976) de Gilles Deleuze e Félix Guattari
põe em questão fundamentos teóricos da psicanálise que se empenha, segundo os autores, em
produzir um homem abstrato e ideológico. Para Deleuze & Guattari (1976), a psicanálise
participa de uma obra de repressão burguesa mais geral, que se constitui em manter o homem
sob o jugo de papai-mamãe, no código restrito do Édipo. Restaria questionar o fami-
lialismo que embaraça as modernas formas da psicanálise e da psiquiatria de nossos dias, que
representam e convertem na prática o esquizo a um mero trapo autista, secionado do
real e expulso da vida, transformado num corpo sem órgãos, sem vida. Seus questionamentos
culminam às manifestações da ciência da mente, quanto interroga a psicanálise sobre suas
relações íntimas com o dinheiro, apontando que esta registra um sistema de dependências
econômico-monetárias no cerne do desejo de cada sujeito que ela trata.
O aparelho psíquico (1975) de Sigmund Freud (Vol. 23) é um quadro esquemático
geral do aparelho psíquico, desde a sua localização, sua subdivisão em id, ego e superego. As
diferenças e funções exercidas por estas três instâncias, aqui descritas, fornecem um auxílio
para sua compreensão.
O brincar e a realidade (1975) de Donald Winnicott. O autor se preocupa com os
primórdios da vida imaginativa e da experiência cultural, e com tudo que determina a
capacidade individual de viver criativamente e encontrar vitalidade na vida. As idéias aqui
expressas dão continuidade ao tema colocado em evidencia pela primeira vez em Transitional
objets and transitional phenomena (1953). A apresentação que o autor faz deste tema é
ilustrada com vasto material clínico.
O brincar e o significante: um estudo psicanalítico sobre a constituição precoce
(1990) de Ricardo Rodulfo discute uma série de hipóteses, fundamentalmente articuladas
através da sua prática psicanalítica, sobre a constituição precoce do psiquismo. A importância
do jogo se estrutura e remete ao que permite ao bebê construir seu corpo, simbolicamente, no
primeiro ano de vida. Estas funções foram inspiradas na concepção clássica do celebre jogo
de carretel (fort/da). O adolescente retoma cada operação, em seu momento psíquico, e numa
nova direção, aponta seu desejo inconsciente. Este texto convoca outros especialistas em
ciências humanas, além de psicanalistas, como pediatras, educadores, e até mesmo os pais.
189
Uma revisão crítica e um balanço dos usos e direções da teoria do significante com as
relações com as problemáticas da infância e da adolescência vão tendo seu lugar no curso das
novas idéias aqui expostas.
O ciclo de vida completo (1998) de Erik Erikson. A teoria psicossocial deste autor é
revisada neste livro: a crise de identidade, a interdependência da história e da história de vida
e especialmente o conceito de que a maturidade não é o final do crescimento psicológico.
O círculo secreto: o círculo íntimo de Freud e a política da psicanálise (1992) de
Phyllis Grosskurth é uma obra que examina a complexidade das relações entre os homens que
formavam o círculo interno da nova força psicanalítica criada por Freud, mostrando a absoluta
dominação intelectual que este exercia sobre os seus discípulos.
O complexo de castração (1991) de André Green. Além dos estudos concernentes à
psicanálise, este livro traz o pano de fundo histórico e social de cada corrente que se dedicou
ao tema do complexo de castração. Todas são integradas pelo autor, psicanalista francês
consagrado.
O conhecimento da criança pela psicanálise (1980) de Serge Lebovici, Michel Soulé
et al. Os autores apresentam sucessivamente as contribuições da reconstrução psicanalítica
nos adultos e nas crianças, seguidas das contribuições da observação ao conhecimento da
criança. Numa série de capítulos dedicados ao estudo das carências afetivas, à psiquiatria
infantil, à educação e à pediatria, mostrou-se igualmente o que trouxe a experiência
psicanalista. A escolha dos trabalhos psicanalíticos é testemunha da experiência, das leituras e
das posições teóricas. Mostrou-se que todos os trabalhos psicanalíticos se referem afinal à
criança, visto que tanto a cura quanto à elaboração se concentra exatamente no fato de
predizer o que se foi.
O desenlace de uma análise (1990) de Gérard Pommier é um livro que traz
esclarecimentos da ótica lacaniana sobre o término da análise. Mostrando a continuidade que
existe de Freud a Lacan, Gérard Pommier tenta resgatar aquilo que em uma análise pode se
destacar, do que vai continuar indefinido, questionando a relatividade dos resultados deste
trabalho.
O desenvolvimento da libido e as organizações sexuais (1976) de Sigmund Freud
(Vol. 16) é uma conferência que trata da importância das perversões para a sexualidade. A
percepção da sexualidade infantil e a influência desta na vida adulta ou de suas possíveis
manifestações perversas, a partir da ampliação do conceito de psiquismo. Freud revisa
rapidamente grande número de considerações de importância prática e teórica relacionadas ao
complexo de Édipo.
190
O desenvolvimento kleiniano (1990) de Donald Meltzer é uma coletânea de aulas
proferidas no Instituto de Psicanálise de Londres e na clínica Tavistock entre 1963 a 1978. A
obra toda apresenta uma concepção evolutiva do método clínico da psicanálise, estudando os
ensaios e livros de Freud, Melanie Klein e Wilfred Bion. No primeiro volume são enfocados
os principais trabalhos de Freud que tratam diretamente de assuntos clínicos. Melanie Klein
não se interessava pela filosofia da ciência. Considerava seu trabalho como simples expansão
e esclarecimento do trabalho de Freud, e nunca reconheceu o enorme salto que deu no que se
refere ao método e modelo mental. O segundo volume introduz o aluno no pensamento de
Melanie Klein. A ênfase do terceiro volume foi colocada nos métodos de observação e de
pensamento de Bion, Freud e Melanie Klein, negligenciando-se as teorias como sistemas
explicativos. Isto não deve ser tomado como um julgamento de valor que menospreza os
aspectos teóricos, mas como uma demonstração do método de exposição que está sendo
seguido e do objetivo subjacente.
O Dr. Reik e o problema do charlatanismo: uma carta à Neue Freie Presse (1974) de
Sigmund Freud (Vol. 21) é uma carta publicada na revista Neue Freie Presse em 1926, em
resposta a um artigo que trata de Theodor Reik, aluno de Freud, acusado de prática de
charlatanismo.
O ego e o id (1976) de Sigmund Freud (Vol. 19), assim como Além do princípio do
prazer, aborda a teoria da personalidade e a estrutura metapsicológica. É o último dos grandes
trabalhos técnicos de Freud. Oferece-se uma descrição dos processos psíquicos e seu
funcionamento, com uma terminologia que recapitulam os trabalhos freudianos anteriores, ou
a própria trajetória da psicanálise. Os conceitos de consciente e inconsciente são ampliados,
de forma menos descritiva e mais dinâmica, com a proposta de sua representação em três
instâncias: consciente, pré-consciente e inconsciente.
O ego e os mecanismos de defesa (1986) de Anna Freud retoma a noção de Defesa
para fazer dela um princípio de uma psicanálise centrada não mais no Id, mas na adaptação do
Ego à realidade, com efeito, ressaltou a importância dada aos Mecanismos de Defesa, ainda
mais que as Defesas propriamente ditas. Segundo Roudinesco & Plon (1998), a obra teve
grande sucesso nos Estados Unidos e marcou o nascimento do annafreudismo, chocando-se
com as pesquisa da escola inglesa.
O esquecimento de nomes próprios (1987) de Sigmund Freud (Vol. 6) é uma
recapitulação do mecanismo psíquico do esquecimento, em que se analisam psicologicamente
os casos de esquecimento temporário de nomes próprios, em que a memória não funciona,
admitindo uma explicação mais ampla que as usuais. Freud pressupõe um processo psíquico
inconsciente chamado de deslocamento, que substitui o nome próprio, cuja lembrança
191
esbarrou numa resistência, omitindo ou trocando o elemento esquecido por outro, cuja razão
poderá ser estabelecida pela análise.
O estádio do espelho como formador da função do eu (1999) de Jacques Lacan
consiste num momento psíquico ocorrido aproximadamente dos seis aos dezoito meses de
vida, no qual a criança toma posse da sua imagem através de uma identificação análoga ao
perceber-se num espelho. Este processo seria responsável pela formação da função do eu.
Jacques Lacan considerou que a concepção do estádio do espelho forneceria esclarecimentos
sobre a função do eu (sujeito do inconsciente) obtidos através da experiência da análise. Esta
comunicação foi feita pelo autor ao XVI Congresso Internacional de Psicanálise, Zurique, 17
de julho de 1949.
O estranho (1976) de Sigmund Freud (Vol. 17) é um tema ligado ao assustador, ao
que provoca medo e horror. Freud relacionou o assunto como um campo da estética, não
como teoria comumente relacionada à beleza, mas da qualidade do sentir. Ao oferecer uma
coletânea de exemplos da literatura fantástica, como a figura do duplo, o movimento do
autômato, associadas ao medo de castração. As impressões estranhas se ligam as familiares
quando certos complexos infantis recalcados são despertados.
O eu e o tempo: psicanálise do tempo e do envelhecimento (1993) de Henri Bianchi. O
objeto da obra é o de mostrar o trabalho psíquico do desejo em choque com os limites do
nascimento e morte. Apoiando-se na teoria freudiana, o autor desenvolve uma abordagem em
que ilustra, a experiência do tempo e a experiência dos limites a partir da lógica inconsciente
que limitam também seus objetos, reconhecendo os fundamentos de uma problemática do
homem como ser-no-tempo. Seu livro abre assim à psicanálise um novo campo de
investigação e enriquece a reflexão dos pesquisadores e clínicos confrontados com a
experiência do tempo.
O futuro da psicanálise e outros ensaios correlatos (1996) de Luiz Carlos Osório
busca refletir sobre os rumos da psicanálise a partir da abordagem de temas tais como a
constante revisão de seus referenciais teóricos, sua interface com outras áreas do saber, a
possibilidade de unificação de diferentes teorias, o exame do fenômeno no psicossomático e a
questão da transferência alguns deles revistados à luz de enfoques inéditos reveladores de
novos matizes.
O futuro de uma ilusão (1974) de Sigmund Freud (Vol. 21) é um trabalho sobre a
cultura. Freud pretendia defender a psicanálise da religião, pois havia assimilado esta a uma
neurose obsessiva. A ilusão não seria falsa, mas um produto dos desejos humanos. Num
campo mais amplo remete a pensar a natureza em relação à cultura.
192
O grupo e o inconsciente: o imaginário grupal (1993) de Didier Anzieu. É um livro
escrito sobre a realidade psicológica dos grupos humanos. Ele se constitui uma obra de base
em matéria de psicanálise grupal. O autor recentraliza sua proposta sobre a noção de
imaginário grupal: o grupo e sua psicologia própria, diferente sob certas condições e certos
momentos, daquela dos indivíduos que o compõem ou que se opõem. Para elucidar essa
psicologia o autor parte da analogia do grupo e do sonho. Ela o conduz a descrever e a situar
vários processos imaginários que sustentam a vida do grupo: a ilusão grupal, o grupo boca, as
fantasias de quebra, o grupo máquina, a resistência paradoxal autodestruidora, as perturbações
no grupo organizado pela imago paterna ou do Superego... Esclarece também os
organizadores psíquicos inconscientes tais como as fantasias originais ou a imagem do
próprio corpo, entre outros, que fundam e estruturam o imaginário grupal. Esta obra traz para
os pesquisadores, clínicos e outros profissionais que trabalham com grupos, sejam
terapêuticos ou naturais, o panorama da vida grupal inconsciente.
O inconsciente (1974) de Sigmund Freud (Vol. 14) é um ensaio fundamental para a
teoria psicanalítica. Prefigura as linhas gerais da segunda tópica. É um guia para conhecer os
conteúdos e as leis de funcionamento do inconsciente. Reforça a importância do tratamento
psicanalítico, através da superação das resistências, para que o sujeito chegue a um
conhecimento de seu inconsciente.
O inconsciente: um estudo crítico (1988) de Alfredo Naffah Neto é um estudo crítico
sobre o inconsciente, a partir das contribuições mais recentes de alguns autores
contemporâneos. Retoma a tragédia e o mito de Édipo, para elucida-los segundo a
interpretação dos helenistas. Percorre algumas formulações de Freud e Lacan e repensa a
noção de inconsciente à luz da tradição nietzscheana, recuperada por Deleuze e Guatarri. A
noção de desejo é também examinada nas suas sucessivas transformações através desses
diferentes autores. Por fim procura refletir sobre as implicações sociais e políticas do
inconsciente nos procedimentos de lutas e transformações da sociedade.
O interesse científico da psicanálise (1974) de Sigmund Freud (Vol. 13) é um artigo
escrito a um periódico científico ao qual Freud descreve as aplicações da psicanálise ao
campo externo da medicina. A primeira parte trata do interesse psicológico da psicanálise e a
segunda pelas ciências não psicológicas: filologia, filosofia, biologia, desenvolvimento,
história, estética, sociologia e educação.
O laço conjugal (1994) de Contardo Caligaris. Segundo o autor é difícil encontrar um
paciente para quem o laço conjugal não faça parte das razões que ao seu próprio ver o
levam a consultar um terapeuta. A obra reúne a análise de psicanalistas, antropólogos e
juristas discutindo vários aspectos sobre o tema do casamento.
193
O livro dIsso (1984) de Georg Groddeck compõe-se de uma série de cartas imaginárias
a uma amiga não menos fictícia, em que o autor, com clareza, profundidade e humor,
desenrola sua temática sobre o Isso que nos constitui.
O lugar dos pais na psicanálise de crianças (1995) de Ana Rosemberg et al. Várias
autoras discutem, nos quatro trabalhos que compõem nesta obra a questão do lugar dos pais
na psicanálise de crianças. Os artigos vêm, através de vários exemplos, pensar o papel dos
pais responsáveis pelo pagamento, pelo comparecimento, e os pais fantasmáticos presentes de
forma tão peculiar na análise de crianças.
O mal radical em Freud (1990) também de Alfredo Luiz Garcia-Roza analisa os
fundamentos do conceito de pulsão de morte entendido como princípio criador, suas bases
filosóficas, sua articulação com o inconsciente e seu alcance para a teoria psicanalítica. O
termo mal radical foi empregado por Kant para designar uma propensão natural ao mal
inerente ao ser humano. Freud, ao postular o conceito de pulsão de morte, afirma sua
autonomia entendida como pulsão de destruição. Lacan concebe-o não como uma tendência,
mas como uma vontade de destruição, vontade de criação, de recomeçar. Garcia-Roza se
propõe a iluminar a face escura da pulsão onde reina a pulsão de morte que se opõe ao alarido
de Eros, onde pulula a vida, para dar toda a relevância à autonomia da destrutividade em
relação à libido, apoiando-se em O mal-estar na civilização.
O mal-estar na civilização (1974) de Sigmund Freud (Vol. 21). O tema desta obra é o
antagonismo entre as pulsões e as exigências do grupo. A leitura serve para compreender o
processo de interação psicossocial, a coesão e a moral, e a pressão do grupo relacionada à
motivação individual.
O manejo da interpretação de sonhos na psicanálise (1969) de Sigmund Freud (Vol.
12) é um artigo publicado em 1911, relacionado aos sonhos como aparecem numa análise.
Freud adverte aos analistas de que a interpretação de sonhos não deve ser perseguida no
tratamento analítico, sob o risco de estimular a produção onírica no paciente a ponto de
impossibilitar a sua análise. Recomenda-se que tão importante quanto à interpretação é o seu
manejo e este deve seguir as mesmas regras técnicas que orientam a direção do tratamento.
O mecanismo psíquico do esquecimento (1987) de Sigmund Freud (Vol. 3) foi a
primeira história publicada de um ato falho, apropriada para exemplificar aos alunos como foi
demonstrado por Freud o mecanismo de funcionamento do inconsciente.
O método psicanalítico de Freud (1989) de Sigmund Freud (Vol. 7) é uma exposição
que trata do método psicanalítico, desde a renúncia da sugestão e o desligamento progressivo
do emprego da hipnose, passando pela catarse até chegar ao método psicanalítico. O analista
torna o inconsciente acessível à consciência, baseado na associação livre da fala, a qual passa
194
a ser interpretada. Alguns elementos permanecem, como o uso do divã, e outros são exigidos
do analisando para melhor aproveitamento da análise.
O mito individual do neurótico (1985) de Jacques Lacan é um dos poucos livros
escritos por Jacques Lacan, tratando-se da neurose do sujeito enquanto indivíduo, em
contraste com Os complexos familiares na formação do indivíduo (1987) que trata da neurose
no contexto familiar. Este livro aborda os transtornos da personalidade, do desejo, da falta. É
indicado para os alunos como suporte para uma leitura conjugada com as outras indicações de
leitura.
O mundo e a obra de Melanie Klein (1992) de Phyllis Grosskurth é um trabalho de
investigação teórica, através de pesquisas de documentos e depoimentos, que visam remontar
a vida desta que é considerada a principal expoente do pensamento da segunda geração
psicanalítica mundial.
O nascimento psicológico da criança: simbiose e individuação (1993) de Margaret
Mahler traz uma contribuição essencial e inovadora à psicologia do desenvolvimento. A
conceituação do processo de separação-individuação como determinante da estruturação
psíquica do indivíduo possibilita não um melhor entendimento normativo do psiquismo
precoce, mas lança nova luz sobre a psicopatologia e as técnicas de intervenção terapêutica.
O nomeável e o inominável: a última palavra da vida (1995) de Maud Mannoni. O
livro, ao abordar a velhice, a doença e a morte, trata também da vida e do que se pode fazer
por aqueles que atravessam seus estados últimos. Mannoni retoma a dor e a luta dos que
vivem seus derradeiros dias, mas também a dos que acompanham um ente querido até a
morte. A autora alerta para o fato de que este acompanhamento e a escuta das palavras
daquele que está partindo facilitam o trabalho de luto que o sobrevivente terá que realizar.
Os efeitos da fala e da possibilidade de troca não são sinais de respeito, dignidade e
cumplicidade, como resultam num benefício à própria vida. É a palavra proferida e escutada
que pode fazer a ligação entre o inominável da morte e a possibilidade de nomear a vida.
O paciente e o analista: fundamentos do processo psicanalítico (1986) de Joseph
Sandler, Christopher Dare e Alex Holder fornece uma apresentação dos conceitos básicos
para a compreensão do processo psicanalítico. Especialistas nos campos da psicanálise, da
psicologia e da psiquiatria, definem de forma crítica, noções tais como transferência,
contratransferência, resistência, atuação, etc., realizando isso de modo a tornar esses conceitos
úteis na compreensão da relação entre terapeuta e paciente na mais ampla variedade de
situações. Este livro é de especial valia para estudantes de psiquiatria e de psicologia, assim
como para aqueles que se encontram em formação psicanalítica. É um manual escrito para
facilitar a aprendizagem da psicanálise para estudantes e professores de psicanálise. Investiga
195
sistematicamente os princípios da psicanálise e visa a expor os papéis do analista e do
paciente, bem como as interações entre eles. Determina as raízes históricas dos conceitos
básicos e demonstra até onde certos autores os modificaram, ampliaram ou desviaram para
conveniência de suas tendências pessoais.
O pai e sua função em psicanálise (1991) de Joël Dor é um trabalho que se detém na
presença e no significado (especificamente psicanalítico) do pai, em toda a sua extensão
cultural, histórica, simbólica e subjetiva. Com base na famosa obra de Freud Totem e tabu,
Joël Dor enfrenta a questão da proibição do incesto e outros temas essenciais, como o da
função do pai na dialética edipiana, e o da foraclusão do significante Nome-do-Pai, na
etiologia lacaniana da psicose. O interesse dessa obra é eminentemente clínico, pois o autor
dedica um longo capítulo à abordagem da relação entre a função paterna e as diferentes
estruturas clínicas: a estrutura perversa, a obsessiva e a histérica.
O prazer de ler Freud (1999) de Juan-David Nasio permite o acesso do estudante à
obra de Freud assim como oferece novos subsídios ao profissional. Divide-se em três partes:
exposição clara e rigorosa das principais noções freudianas, seleção de trechos da obra de
Freud e cronologia dos acontecimentos decisivos em sua vida.
O primeiro ano de vida (1979) de René Spitz discute a personalidade infantil a partir
de um estudo psicanalítico do desenvolvimento normal e anômalo das relações objetais, com
a reunião de documentações em fotografias e filmes, bem como os testes e modo de
observação própria da Psicologia Experimental, ao contrário dos autores psicanalistas que
preferem confiar na reconstrução dos processos de desenvolvimento feita através da análise
dos estágios posteriores. Segundo Roudinesco & Plon (1998), inspirado nos trabalhos de
Anna Freud, o trabalho de René Spitz segue os princípios de uma medicina preventiva, sob
influência da Ego Psychology.
O problema da verdade na psicanálise aplicada (1995) de Charles Hanly. A
psicanálise leva em consideração a vida de homens e mulheres, tanto em si mesmo como em
seus desdobramentos na cultura e na história. Esta obra questiona o grau de subjetividade das
idéias psicanalíticas sobre a subjetividade humana.
O processo clínico de orientação profissional (1998) de Maria Luiza Camargo Torres,
publicado na Revista da ABOP (Associação Brasileira de Orientação profissional). O artigo
visa a proporcionar uma interlocução entre o trabalho de orientação profissional e a teoria
freudiana, uma vez que esta teoria pode servir de subsídios para a modalidade clínica de
intervenções nesta área. Segundo a autora, as experiências vividas pela criança a nível
consciente e inconsciente deixam nela marcas significativas, que servirão como alicerces para
o seu funcionamento psíquico e estruturação de sua personalidade. Dessa forma, a escolha de
196
uma profissão estaria inteiramente relacionada com a forma de ser e viver do sujeito humano
no mundo. Optar por uma ou outra carreira é trilhar um caminho que começa, na verdade, a
ser percorrido no tempo da estruturação psíquica.
O processo de separação-individualização (1982) de Margaret Mahler aborda os
estudos que deram origem às idéias sobre separação-individuação e a aplicação clínica da
teoria de separação-individuação às neuroses infantis e às condições de traços boderline.
O processo grupal (1986) de Enrique Pichon-Rivière contém vários trabalhos sobre
grupos, o campo operacional da psicologia social, relação dialética entre estrutura social e
fantasia inconsciente, articulada pelo vínculo. Este trabalho aborda o grupo que permite o
interjogo entre o psicossocial e o sócio-dinâmico através da observação das formas de
interação, dos mecanismos de assunção e adjudicação de papéis. Este material oferece um
ensino muito pouco ortodoxo, permeado por múltiplas influencias: uma espécie de paradigma
do freudismo argentino.
O que é psicanálise? (1983) de Fábio Herrmann. Nesta obra oferece-se uma visão
iniciática e esclarecedora da teoria freudiana, através do método psicanalítico e seus principais
conceitos: o ego, o id, o superego, a sexualidade, as neuroses e as perversões.
O que é psicanálise: segunda visão (1984) de Oscar Cesarotto & Márcio Peter de
Souza Leite trata de uma segunda visão contraposta à primeira, O que é psicanálise de Fábio
Herrmann (1983). Desta vez os autores oferecem uma visão iniciática e esclarecedora da
teoria freudiana, através do método psicanalítico e seus principais conceitos: o ego, o id, o
superego, a sexualidade, as neuroses e perversões.
O seminário (24 vols.) de Jacques Lacan. Foram proferidos 26 Seminários que se
realizaram em Paris, de 1953 a 1979. Os volumes indicados são transcrições de seus
seminários públicos. Nove deles foram estabelecidos e publicados por Jacques-Alain Miller
entre 1973 e 1995: Livro 1: Os escritos técnicos de Freud; Livro 2: O eu na teoria de Freud e
na técnica da psicanálise; Livro 3: As psicoses; Livro 4: A relação de objeto; Livro 5: As
formações do inconsciente; Livro 6: O desejo e sua interpretação; Livro 7: A ética da
psicanálise; Livro 8: A transferência; Livro 9: A identificação; Livro 10: A angústia; Livro
11: Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise; Livro 12: Problemas cruciais para a
psicanálise; Livro 13: O objeto da psicanálise; Livro 14: A lógica da fantasia; Livro 15: O
ato analítico; Livro 16: De um outro ao Outro; Livro 17: O avesso da psicanálise; Livro 18:
Dum discours qui ne serait pas du semblant; Livro 19: ... ou pior; Livro 20: Mais, ainda;
Livro 21: non-dupes errent; Livro 22: R. S. I.; Livro 23: O sintoma; Livro 24: Linsu que
sait de lune-bévue saile à mourre; Livro 25: O momento de concluir; Livro 26: A topologia
e o tempo.
197
O seminário livro I: os escritos técnicos de Freud (1974) de Jacques Lacan trata do
ego e de criticar as posturas anti-psicanalíticas de curar o paciente a partir do reforço do
ego, não mais que um objeto imaginário do sujeito, aquele mesmo em que ele se apóia para o
seu não-querer-saber da sua verdade. É ao sujeito, representado entre os significantes, e não
ao ego, que Lacan recomenda o percurso no sentido da verdade.
O seminário livro II: o eu na teoria de Freud e na técnica da psicanálise (1985) de
Jacques Lacan, da série de seminários realizados em Paris, entre 1953 e 1980, indispensáveis
para o conhecimento da proposta de leitura por ele empreendida da obra de Freud. Neste
volume encontram-se referencias da psicologia e da metapsicologia: saber, verdade, opinião;
além do princípio do prazer, a repetição; os esquemas freudianos do aparelho psíquico; para
além do imaginário, o simbólico ou do pequeno ao grande outro.
O seminário livro III: as psicoses (1985) de Jacques Lacan é o terceiro volume da
série de seminários proferidos por Jacques Lacan. Este volume é uma introdução à questão
das psicoses, tratando-se da temática e estrutura do fenômeno psicótico.
O seminário livro IV: a relação de objeto (1995) de Jacques Lacan é o quarto volume
da série de seminários realizado em Paris, entre 1956 e 1957. Este volume trata da teoria da
falta do objeto (as formas da falta de objeto); as vias perversas do desejo; o objeto fetiche (a
identificação ao falo); a estrutura dos mitos na observação da fobia do pequeno Hans (sobre o
complexo de Édipo e de castração).
O seminário livro V: as formações do inconsciente (1999) de Jacques Lacan é o quinto
volume de transcrições de debates que de fato eram preleções. O que se é que, a par de
uma postura de fundo freudiano sobre o Complexo de Édipo (o amor à mãe e a rivalidade com
o pai), Lacan introduz conceitos inovadores, como o familionário e o miglionário. Os
temas principais são as formações do inconsciente, e as relações entre linguagem e
pensamento. Não indicações clínicas, mas ele nos diz que o inconsciente não é formado
por um processo único, sim por vários processos que se enredam, se contradizem e se
complicam.
O seminário livro VII: a ética da psicanálise (1995) de Jacques Lacan é o sétimo dos
26 volumes que reproduzem as discussões que o teórico da psicanálise Jacques Lacan teve
com seus discípulos. O tema deste seminário é a ética da psicanálise, debatido entre 1959-
1960, a partir dos seguintes assuntos: Introdução da coisa; O problema da sublimação; O
paradoxo do gozo; A essência da tragédia; e A dimensão trágica da experiência psicanalítica.
O seminário livro VIII: a transferência (1994) de Jacques Lacan é o oitavo livro da
série de seminários realizados por Lacan em Paris entre 1953 e 1980. Trata especialmente da
questão da transferência, pedra angular da psicanálise.
198
O seminário livro XI: os quatro conceitos fundamentais da psicanálise (1979) de
Jacques Lacan é o décimo primeiro seminário de Lacan, realizado em 1964, justamente o ano
de sua excomunhão, ou seja, sua saída definitiva da IPA. Aqui ele analisa conceitos
freudianos de pulsão, inconsciente, repetição e transferência, fazendo uso de suas formulações
acerca do objeto a.
O seminário livro XVII: o avesso da psicanálise (1994) de Jacques Lacan é o décimo
sétimo volume da série de seminários, sendo este o avesso da psicanálise, realizados por
Lacan em Paris entre 1969-1970. Sua leitura integra a produção dos quatro discursos; os eixos
da subversão analítica; para além do complexo de Édipo; e o avesso da vida contemporânea,
ou seja, a impotência da verdade.
O seminário livro XX: mais, ainda (1982) de Jacques Lacan continuidade a
demonstração prática-teórica de Jacques Lacan, repensando os discursos em seu modo mesmo
de produção, pondo a ciência em questão, e as ciências humanas em particular, na
periclitância da sua epistemologia, a partir de outra lógica: a lógica do significante. O debate
inicia uma formulação da diferença sexual, com matemas do homem e da mulher, por ele
chamados formulas quânticas da sexuação do ser-falante, escritos no que a sexualidade
possa ser para nos que comparecemos em uma estrutura como Real, Imaginário e Simbólico.
Lacan com o título Mais, ainda, considerou após 20 anos neste campo, fosse um ponto de
partida, ao qual poderia retornar, para fechar o que foi aberto.
O sentimento de solidão (1975) de Melanie Klein. Esta autora, em 1979, num
congresso internacional de psicanálise em Copenhagen, apresenta um texto com este título.
Solidão não é um conceito, é um termo, uma palavra que vinha sendo utilizada desde o
nascimento da psicanálise e encontra uma real definição na terminologia psicanalítica no
texto de Melanie Klein. Para ela, a solidão, como toda estrutura do inconsciente formada no
psiquismo, é um resultado freqüente de estruturas vividas nas socializações primária e
secundária do indivíduo. O que está na origem da solidão, segundo Melanie Klein, são os seis
primeiros meses de vida da criança, em que o pequeno homem, como dizia Lacan, se
relaciona com a mãe como seu objeto de desejo e desenvolve duas etapas que vão marcar
constitutivamente seu psiquismo: a posição esquizoparanóide e a posição depressiva.
O sexo dos anjos: a sexualidade humana em psicanálise (1988) de Machado Dias
Magno trata de uma discussão a respeito da sexualidade humana em psicanálise e da busca de
uma Psicanálise Pedagógica.
O silêncio em psicanálise (1989), organizado por Juan-David Nasio. O silêncio
constitui um feito analítico de primeira importância no desenvolvimento de uma cura e é, pela
sua vez, a manifestação última da natureza muda da vida psíquica. Contudo, comparado com
199
outros temas estudados por psicanalistas, as referências bibliográficas são muito escassas.
Então o autor preferiu dar ao seu livro a forma de um dossiê que reunisse as três contribuições
pós-freudianas mais importantes: Theodor Reik, Sophie Morgenstern e Robert Fliess. Incluiu
também os principais extratos da obra de Freud e Lacan, e por ultimo, uma bibliografia
exaustiva sobre o tema do silêncio em psicanálise.
O sorriso da Gioconda (1999) de Catherine Mathelin relata a prática psicanalítica da
autora num serviço de reanimação neonatal e a forma pela qual, progressivamente, ela pôde
estabelecer uma prática original que não se resume à inserção da escuta analítica na prática
médica. A partir do trabalho com uma equipe, foram propostas modificações na posição do
discurso médico, encontrado pelos pais e pelas crianças. A autora desenvolve elementos
gerais, referentes à relação originária mãe-filho, a partir de uma experiência-limite com bebês
e mães prematuras. Pelas rupturas que provocam e pelas situações inéditas que criam, os
progressos técnicos evidenciaram os elementos fundamentais, necessários à sobrevivência
psíquica, do laço mãe-filho e, em geral, pais-filhos.
O vínculo inédito (2003) de Radmila Zygouris. Segundo a autora, Freud introduziu o
vínculo, até então inédito, entre duas pessoas, dois desconhecidos: chamou-o transferência .
No início de sua atividade, referia-se à relação médico-doente, mas muito rapidamente esse
novo conceito veio a designar não mais o encontro médico-paciente, e sim um vínculo
específico em relação ao inconsciente, às pulsões e à repetição. No início, a transferência foi
transferência de amor, e para Lacan alguma coisa em relação ao amor. Desde então, os
analistas passaram a chamar de transferência tudo aquilo que acontece entre analisando e
analista. Como o próprio nome indica, e como convém abordá-la, a transferência implica um
translado, implica pelo menos duas cenas. É com a repetição que suas relações são mais
evidentes, mas não podemos reduzi-la apenas à repetição, a transferência remete também ao
novo em virtude de sua eterna falha.
Obras completas (1974) de Melanie Klein é uma coletânea publicada em conjunto
pela editora Imago que incluem: Amor, culpa e reparação; A psicanálise de crianças;
Narrativa da análise de uma criança; e Inveja e gratidão e outros trabalhos (1946-1963).
Estes trabalhos não haviam sido publicados em conjunto. Trata-se dos frutos da etapa mais
madura da atividade profissional de Melanie Klein, vários deles de primeira importância para
os estudiosos de suas obras, cujo propósito é assinalar a posição de cada um dos temas
principais na evolução de seu pensamento.
Observações sobre o amor transferencial (1969) de Sigmund Freud (Vol. 12) é a
última parte das novas recomendações sobre a técnica da psicanálise. Com respeito às
200
inovações aqui introduzidas, Freud seleciona e observa uma série de situações que devem ser
enfrentadas no manejo da transferência durante a análise.
Os atrasados não existem: psicanálise de crianças com fracasso escolar (1996) de
Anny Cordié. O livro revisa os fatores implicados no fracasso escolar aspecto sócio-cultural,
conflitos familiares, sistemas pedagógicos, deficiência intelectual e constata que nenhuma
destas causas, por si mesma, é suficiente para explicar o fracasso. A autora estuda atentamente
várias crianças e, mais do que explicar o fracasso escolar, sua experiência lhe permite detalhar
como funciona a inibição que o desencadeia. Além disso, a autora distingue as crianças
neuróticas e psicóticas e se propõe a intervir no processo de psicotização de algumas crianças.
Os bebês e suas mães (1994) de Donald Winnicott. Nesta obra o autor fala a um
público amplo sobre as questões fundamentais da infância: as necessidades mínimas de todo
bebê, a amamentação como primeiro diálogo, os primeiros sinais da personalidade e a
natureza da comunicação não-verbal no par mãe-bebê. Na opinião de Winnicott, a
dependência psíquica e biológica do bebê em relação à mãe tem importância significativa, o
que o levou a declarar o bebê não existe, pois o bebê não existe por si só, mas como parte
integrante de sua relação com a mãe.
Os chistes e sua relação com o inconsciente (1977) de Sigmund Freud (Vol. 8) surgiu
após Wilhelm Fliess queixar-se de que os sonhos estavam por demais cheios de chistes (Witz),
ao ler A interpretação de sonhos. Freud também ficou surpreendido pela freqüência com que
os chistes ocorriam nos próprios sonhos, ou em suas associações, apesar de seu interesse
teórico pelo tema ter começado mais cedo. Mas isso motivou Freud a produzir uma obra de
esclarecimentos à sexualidade, enfatizando o seu aspecto infantil que se encontra nos jogos de
linguagem.
Os complexos familiares na formação do indivíduo (1987) de Jacques Lacan é uma
tentativa de sistematização das neuroses familiares. Lacan propõe compreender este impasse
imaginário da polarização sexual em função de uma antinomia social, quando nela se engajam
indivisivelmente as formas de uma cultura, os costumes e as artes, a luta e o pensamento. Esta
obra questiona se a abstração cultural da família humana seria inteiramente acessível aos
métodos da psicologia concreta, observação e análise.
Os efeitos da modernidade: a violência e as figurações da lei na cultura (1999) de
Mário Fleig. Sem desconsiderar aquilo que é próprio à estrutura do homem e do laço social, o
aluno deste artigo é convidado ao exame da especificidade da violência em nossa cultura, à
luz do debate entre teses de antropologia e psicanálise.
Os instintos e suas vicissitudes (1974) de Sigmund Freud (Vol. 14) é uma
recapitulação dos conhecimentos adquiridos sobre a pulsão, que se tornou um grande conceito
201
para a doutrina psicanalítica. Trata do caráter limítrofe entre o psíquico e o somático.
Enumera e define as quatro características da pulsão: pressão, meta, objeto e fonte. As pulsões
podem ter quatro destinos: a inversão, a reversão para si próprio, o recalque e a sublimação.
Freud refere-se à repressão como uma designação geral para todas as técnicas empregadas
pelo ego em conflitos que possam levar a uma neurose, ou seja, no sentido amplo. Neste
texto são discutidos também os diferentes mecanismos de repressão nas várias formas de
neurose.
Os métodos projetivos (1981) de Didier Anzieu. Nesta obra o autor, muito mais que
coligir informações sobre testes de personalidade, nos oferece uma visão do estilo projetivo
de pensamento, como uma via de acesso da psicologia ao seu objeto de estudo. Percorrendo
os sistemas teóricos subjacentes aos testes, da psicanálise à fenomenologia e à lingüística,
contribuindo assim para levar a uma descrição e compreensão do sujeito em sua globalidade,
dinâmica e especificidade.
Os progressos da psicanálise (1986) de Melanie Klein constitui notável levantamento
dos avanços psicanalíticos a partir dos estudos e observações da autora e seu grupo Paula
Heimann, Susan Isaacs e Joan Riviere e ocupa lugar único na área em que se verificam os
progressos da psicanálise. Continuadora de Freud, a sua tarefa, no entanto, estendeu-se num
trabalho permanente para a dilatação das fronteiras iniciais da psicanálise: é,
concomitantemente, uma inovadora no campo próprio dessa ciência. As suas descobertas se
relacionam com as fases primitivas e originárias do funcionamento da vida mental o
universo não-verbalizável da criança pequena e com as evidências de que o mundo interno
das relações de objeto e das fantasias inconscientes constitui a fonte real de todas as ações e
reações humanas.
Os rumos da psicanálise no Brasil (1986) de Eliana Nogueira é uma dissertação de
mestrado que apresenta uma visão global dos diferentes períodos e movimentos da psicanálise
no Brasil. A autora teve acesso a materiais de arquivo, o que permitiu a ela, de maneira crítica
e muito pessoal, articular a complexidade dos acontecimentos psicanalíticos. Faz ao mesmo
tempo um estudo genealógico transgeracional da história da psicanálise, e sugere um estudo
de filiações. Enquanto psicanalista, Eliana faz reger sua escrita e informações pelo conceito
mor do ofício - a transferência, tratando-se de um texto ético.
Os sentidos do sintoma: psicanálise e gastroenterologia (1992) de Paulo Roberto de
Souza. Influenciado por Freud e também Michel Foucault, Fernando Pessoa e Milan Kundera,
o autor busca o aprofundamento da relação médico-paciente. O resultado é uma nova proposta
para a prática da medicina. Numa visão psicanalítica, Paulo Roberto de Souza apresenta um
modelo na qual o doente seria tratado pelo médico como uma pessoa e não como se fosse
202
apenas uma doença. Obra dirigida ao grande público, pela multiplicidade de enfoques,
interessa tanto aos que se ocupam da educação e da prática médica quanto aos que se dedicam
à medicina psicossomática e em especial aos pacientes.
Os sujeitos da psicanálise (1996) de Thomas Ogden é um trabalho do campo da
psicanálise em que são reelaborados e recombinados as contribuições básicas de Freud, Klein
e Winnicot, para criar uma nova visão no processo analítico. O autor desafia os psicanalistas a
expandirem o invólucro conceitual que confina e constrange seu trabalho. No último dobre de
sinos da visão positivista do paciente e do analista como sujeito e objeto discretos, ele forja
uma identidade descentrada, contemporânea o terceiro analítico. Essa criação conjunta não é
sujeito nem objeto, mas uma convergência fortuita de duas subjetividades que formam o
cadinho do empreendimento analítico. Também é desenvolvido o conceito da eu-dade
humana, um terceiro termo que não é sujeito nem objeto, mas que emerge da dialética entre
eles. A dialética não é simples, mas múltipla e complexa, envolvendo a inter-relação entre a
consciência e o inconsciente, e entre a fantasia e a realidade. Dessa dialética multiconfigurada
emerge uma experiência unificada, que carrega consigo uma espécie de duplicidade,
conduzindo para além de um mero ego e de um limitado self, a uma visão mais ampla da
subjetividade.
Palavra e verdade na filosofia antiga e na psicanálise (1990) de Alfredo Luiz Garcia-
Roza analisa os diversos contextos que determinaram as relações que a palavra estabeleceu
com a verdade, em pontos comuns entre os pensadores gregos e a teoria freudiana. Na busca
da pré-história da verdade, Garcia-Roza retorna à noção de alethéia na Grécia arcaica para
concluir que, passados três mil anos, a psicanálise ainda está à procura de sua verdade.
Para além de Freud e Piaget: referenciais para novas perspectivas em psicologia
(1993) de Jean-Marie Dolle. Nesta obra, o trabalho do epistemólogo genético ganha força,
porque busca traçar perspectivas para o delineamento do sujeito psicológico nos quadros de
uma dialética complexa que não se reduz à afetividade ou à inteligência. Sob o prisma
interativo de Jean Piaget, Jean-Marie Dolle se propôs a elucidar a díade cognição e
afetividade, buscando, na vertente epistemológica da psicanálise (sempre tratando no
referencial cognitivista), realçar tecnicamente o inconsciente a par da complexidade de um
sujeito também biofisiológico em interação complexa com o meio. E disso resulta o sujeito
psicológico em seus quatro vértices: sujeito social, sujeito biofisiológico, sujeito afetivo e
sujeito epistêmico. Não se pode negligenciar o fato de que as capacidades humanas essenciais
de criar objetos e símbolos correspondem a predisposições psíquicas, cognitivas e sociais e
que um entendimento pleno dos indivíduos passa, obrigatoriamente, pelo estudo interligado
das teorias de Freud e Piaget.
203
Para ler o seminário XI de Lacan: os quatro conceitos fundamentais da psicanálise
(1998) de Richard Feldstein, Bruce Fink et al. Esta obra é uma das primeiras críticas dirigidas
à O seminário livro XI: os quatro conceitos fundamentais da psicanálise de Jacques Lacan
(1979). Para desenredar as principais dificuldades dessa complexa obra, 16 colaboradores,
entre eles, Jacques-Alain Miller, Éric Laurent, Colette Soler, Slavoj Zizek e Antonio Quinet,
se utilizam de exemplos de diversos campos da cultura como o cinema, a literatura e a arte.
Cada um dos conceitos fundamentais de Lacan é discutido em detalhes, além de relacioná-los
a outras importantes noções, como objeto a, Nome-do-Pai, sujeito e Outro.
Pedagogia curativa escolar e psicanálise (1985) de Janine Mery é um livro técnico,
que traz um histórico e a definição da pedagogia, salientando o papel do psicopedagogo e
fazendo a interrelação profissional com outras especialidades, numa abordagem
multidisciplinar. Entre os temas apresentados inclui-se o início da relação educativa, o meio
psicopedagógico, as expressões da problemática da criança, os efeitos regressivos da relação
educativa, etapas precoces do estabelecimento de uma relação objetal e, por fim, a influência
do meio na dinâmica da relação educativa, trazendo aspectos familiares e do ambiente escolar.
Percurso de Lacan: uma introdução (1988) de Jacques-Alain Miller é uma reunião de
nove conferências. As cinco primeiras, conhecidas internacionalmente como Conferências
Caraquenhas, foram realizadas em outubro de 1979, e as quatro últimas, unidas pelo título
Duas dimensões clínicas: sintoma e fantasia, foram realizadas em Buenos Aires em 1983.
Esses textos constituem uma espécie de tábua de orientação que permite ao aluno um
acesso mais didático ao pensamento lacaniano.
Personalidade normal e patológica (1991) de Jean Bergeret oferece aos alunos de
psicanálise, psiquiatria e psicologia, um estudo psicodinâmico abrangente dos principais
modos de funcionamento, normal ou patológico, do psiquismo humano. Desenvolve também
hipóteses novas acerca dos aspectos estrutura-caráter-sintomatologia, fazendo renascer o
debate sobre os problemas, um tanto negligenciados atualmente, da abordagem
caracteriológica, além de incluir ao longo do texto observações clínicas extremamente vivas e
elucidativas.
Perversão: versão paterna (1992) de Shirley Rialto é um artigo publicado na Revista
Psicologia Argumento e se ocupa da questão da perversão fundamentada desde a teoria de
Freud e Lacan, sob duas vertentes: no que ela seja fundante do sujeito e no que ela seja da
estrutura perversa propriamente dita.
Pesquisa em psicanálise (1996) de Luís Flavio Couto discorre sobre a pesquisa em
psicanálise a partir de um paralelo entre a ciência normal e a revolução científica.
204
Por que a psicanálise? (2000) Elizabeth Roudinesco. Este ensaio faz um balanço dos
cem anos da psicanálise e uma projeção de seu futuro no novo milênio. Na contracorrente do
fascínio pela neurociência, fustiga uma sociedade em que o homem é levado a tratar suas
neuroses a golpes de receitas médicas, atacando tanto as correntes cientificistas quanto as
obscurantistas e charlatanescas. Elisabeth Roudinesco se empenha em estimular o conflito que
a sociedade depressiva quer abolir.
Posição e objeto na obra de Melanie Klein (1981) de Willy Baranger. O autor cria um
interlocutor imaginário para fazer com que Melanie Klein coloque em questão os seus
pressupostos. São examinadas as principais concepções teóricas kleinianas dentro de sua
dinâmica evolutiva, a partir de um trabalho epistemológico e clínico que repousa sobre duas
hipóteses: Toda a teoria kleiniana se elabora a partir da noção central de posição, e não como
certos autores afirmam a partir de concepções de instinto ou de fantasma. Em Melanie Klein
dois esquemas de referência contraditórios (que parecem terem sido herdados de Freud)
sobrepostos e não superados, apesar das evidencia constatadas em suas próprias descobertas
clínicas. Assim, toda a sua obra hesitou entre uma perspectiva causalista ou instintivista e
uma perspectiva objetal ou sitacional. Apesar desta ambigüidade que os discípulos de
Melanie Klein não tiveram a oportunidade de levantar, é a causa das obscuridades teóricas e
flutuações da obra kleiniana.
Problemas para uma história da psicanálise (1988) de Renato Mezan, in Precursores
da história da psicanálise organizado por Joel Birman, aborda os percursos na história da
psicanálise a partir das variedades de leituras da herança de Freud, dificilmente
harmonizáveis, levando em conta, o desenvolvimento da teoria e da prática no movimento
psicanalítico, com suas dissidências, expulsões e rupturas sob o signo da dispersão.
Psicanalisar (1986) de Sèrge Leclair reestuda as teorias de Freud trazendo como
contribuição à teoria psicanalítica, os modelos estruturalistas de universos de signos. Este
autor costuma descrever seus casos nos moldes da tradição inglesa, neste caso expõe a história
do Homem de Licorne: uma neurose obsessiva descrita, segundo Roudinesco & Plon (1998) a
partir da concepção lacaniana do significante.
Psicanálise, ciência e cultura (1994) de Joel Birman constitui-se de onze ensaios
psicanalíticos sobre diferentes temas: ciência, filosofia, política, ética, religião e economia. A
finalidade é estabelecer um diálogo interdisciplinar da psicanálise com algumas das ciências
humanas, construindo uma interlocução fecunda com outras disciplinas e centrando-se em
alguns tópicos especiais desses saberes.
Psicanálise: ciência ou contraciência? (1989) de Hilton Japiassu é uma análise dos
motivos do estabelecimento da psicanálise enquanto teoria e prática terapêutica, apesar de não
205
comprovar seu valor enquanto ciência que possibilita radiografar a mente humana, obtendo
inquestionável mérito no atenuamento das patologias.
Psicanálise da criança (1969) de Melanie Klein é um livro clássico de psicanálise
infantil baseado em observações feitas por esta autora no curso de seu trabalho. A autora
divide a obra na descrição das técnicas e na exposição de conclusões teóricas sobre a técnica
da analise infantil, situações de angústia e seu efeito sobre o desenvolvimento da criança.
Psicanálise da criança (1979) sob a introdução e coordenação de Amazonas Alves
Lima. Esta leitura sugere atividades práticas ao propor mudanças estruturais no tratamento
terapêutico infantil, abordando conceitos sociais, intimamente ligados com o imaginário da
criança no contexto do adulto em que ela está inserida. Casos vivenciados são relatados,
seguidos de comentários e bibliografias utilizadas, enfatizando subsídios ao terapeuta, que
logo após a apuração de uma bateria de testes de personalidade pode encontrar algumas idéias
como sugestões de atividades lúdicas e psicanalíticas para o andamento do tratamento. É um
livro eminentemente clínico e derivado da observação direta com pacientes, não propondo
nenhuma hipótese teórica nova. As teorias encontradas na literatura parecem trazer
explicações bastante operacionais para a elaboração teórica do material clínico e vice versa: a
evolução clínica dos casos abordados parece confirmar certas inferências teóricas encontradas
na literatura. Além disso o livro uma introdução sobre a psicanálise da criança no Brasil, a
necessidade histórica ou demanda social: o lugar da psicanálise de crianças, práticas com
crianças, difusão e algumas decorrências, características da interpretação no trabalho com
crianças, atividade lúdica e produção mental, crianças e contexto familiar em psicanálise,
material clínico, os fatos as teorias, vertentes da mente, primeiros passos de uma relação, as
separações, as contratransferências, fracasso da dependência primária etc.
Psicanálise da criança: teoria e prática (1982) de Arminda Aberastury é uma obra
elaborada pela psicanalista argentina Arminda Aberastury com a intervenção de outros
autores do campo da psicanálise infantil. A obra consta de três partes. Na primeira parte, a
autora expõe sua técnica e algumas de suas aplicações, em especial a preparação
psicoterapêutica da criança que deve submeter-se a uma intervenção cirúrgica. A segunda
parte, dedicada à psicoterapia na prática odontopediátrica, apresenta uma recapitulação de
trabalhos realizados por uma equipe especializada, através da orientação da autora. A terceira
parte reúne a colaboração de psicanalistas, psicólogos e assistentes sociais sobre a
psicoterapia de grupo familiar com crianças.
Psicanálise da criança: teoria e técnica (1992) de Arminda Aberastury é uma obra
dirigida a estudantes e profissionais da área de saúde mental, especialmente para os que
dedicam seu trabalho às crianças e aos adolescentes. Apresenta os conhecimentos de Arminda
206
Aberastury, psicanalista argentina. Trata-se de uma abordagem psicanalítica da infância,
oferecendo as bases para o entendimento e o tratamento dos problemas emocionais
enfrentados pelos mais jovens. Constitui-se em um marco referencial da Escola Argentina de
Psicanálise, onde se aborda várias formas de tratamento através dos casos clínicos estudados,
bem como relata a história da técnica, suas correntes, etapas de entrevistas (anterior e
posterior), materiais, problemas técnicos, além dos sintomas psicanalíticos mais comuns.
Psicanálise de crianças (1989), organizado por Alduísio Moreira de Souza. Este autor
argumenta que a cada dia se impõe aos psicanalistas de crianças se interrogarem um pouco
mais sobre seu desejo e a ética que os sustenta neste trabalho específico, por ser um domínio
ainda pouco articulado por hipóteses consistentes de trabalho, ou seja, um lugar de múltiplas
experimentações e equívocos entre a psicanálise, psicoterapia, reeducação, apoio pedagógico,
maternagem, etc.
Psicanálise e análise do discurso: matrizes institucionais do sujeito psíquico (1995)
de Marlene Guirado é uma obra que explica as relações possíveis entre a análise do discurso,
feita em consultório e aquela desenvolvida nos estudos acadêmicos. Propõe-se um novo modo
de pensar o sujeito e a subjetividade do discurso em psicanálise.
Psicanálise e ciências sociais (1980) organizada por Sérvulo Augusto Figueira. É uma
obra que reúne artigos de vários autores que expressam sua compreensão da psicanálise a
partir do ponto de vista social, inclusive contrapondo mestres como Freud e Wittgenstein.
Outros temas também são abordados, como a relativização da psicanálise, classes sociais,
sistemas de fala, e a representação social da psicanálise.
Psicanálise e contexto cultural: imaginário psicanalítico, grupos e psicoterapias
(1989) de Jurandir Freire Costa pretende repensar o problema do atendimento psicoterápico
nos ambulatórios públicos, tendo como parâmetro conceitual, a psicanálise. Considerando a
dificuldade de muitos clientes destes serviços em adaptarem-se à psicoterapia dual, busca-se
explicar as prováveis razões desta dificuldade e justificar a escolha da psicoterapia de grupo,
como solução técnica capaz de contorná-la. Critica-se algumas concepções das teorias
psicanalíticas de grupo. Com base nas noções de ego, narcisismo e imaginário, estas questões
são revistas ao mesmo tempo em que se tentam fundamentar metapsicologicamente as opções
teórico-práticas, sustentadas ao longo da argumentação.
Psicanálise e cultura (1983) de Abrão Slavusky constituem um esforço em
sistematizar a prática e estudo da psicanálise. Talvez o trabalho interdisciplinar e o
intercâmbio das ciências humanas e na filosofia permitam à psicanálise a continuidade do que
um dia Freud denominou de peste. Sua obra revolucionária perdeu muito do seu ímpeto nas
últimas décadas, estando muito comportada e submissa. O velho mestre vienense pedia aos
207
seus alunos e seguidores que desenvolvessem sua ciência, a psicanálise. A prática não pode
estar encerrada em um consultório, deve ir às universidades e as instituições em geral para
ensinar e aprender.
Psicanálise e desenvolvimento infantil: um enfoque transdisciplinar (1999), escrito
por Alfredo Jerusalinsky e colaboradores é o resultado do trabalho de uma equipe que abrange
diferentes especialidades clínicas em que se entrelaçam questões psicanalíticas e pedagógicas
e que revela suas experiências em diversos centros hospitalares, assistenciais e educacionais,
no tratamento de problemas graves na infância.
Psicanálise e educação: novos operadores de leitura (1999) de Leny Magalhães
Mrech critica a interpretação linear que comumente se faz da realidade escolar brasileira e
propõe novos operadores de leitura desse universo, a partir da aplicação de conceitos da teoria
psicanalítica lacaniana no âmbito da educação. Dirigido a professores do ensino médio e
superior, psicanalistas, psicólogos, psicopedagogos e educadores, a obra inter-relaciona
conceitos como: transferência e saber, saber e gozo, e a informática como a imagem-rainha.
Psicanálise e Educação: Uma Transmissão Possível (Ano IX N º. 16 julho de
1999) da APPOA é uma edição eletrônica dedicada à conjunção da Psicanálise e a Educação,
com temas sobre a importância do trauma; as ilusões (psico)pedagógicas; sobre a transmissão;
a questão da cultura; agressividade; a clínica psicopedagógica; epistemologia e psicologia
genética. Segundo o editorial, Sem nutrir a esperança de que uma educação
psicanaliticamente orientada venha a livrar a infância de sua neurose. (p. 5).
Psicanálise e hospital: a criança e sua dor (2000) de Marisa Decat de Moura. A
psicanálise é um discurso inserido nos demais discursos que compõe a cultura. Esta autora
situa a psicanálise dentro do contexto do hospital, de maneira a explorar seus efeitos
funcionais. Quebrando os discursos que produzem fixação, ele se insere de maneira discreta,
que o discurso da falta não ocupa espaço. As reflexões da autora são conseqüência de sua
ação no hospital geral.
Psicanálise e pediatria (1988) de Françoise Dolto é um livro singularmente notável
pela lúcida exposição que encerra e, além disso, por representar uma experiência específica de
Françoise Dolto no campo da psicanálise e da pediatria. Destaca-se por conter revelações não
apenas da libido infantil, mas também das incidências complexas dos distúrbios psicológicos
na infância.
Psicanálise e percepção (1997) de Rafael Raffaelli, publicado na Revista de Ciências
Humanas. Este artigo supõe a partir de Freud duas diferentes formas para explicar o processo
perceptivo. A primeira teoria da percepção aparece no Projeto para uma psicologia científica
e advoga a igualdade entre percepção e consciência; a segunda teoria da percepção tem sua
208
origem na Carta 52 a Fliess e admite a existência de uma percepção inconsciente. Duas
possíveis causas da oscilação das teses freudianas sobre a atividade perceptiva são
presumidas: a definição de realidade e a crença na telepatia. São apontadas algumas eventuais
influências sofridas por Freud nas suas definições de percepção. Também são analisadas,
brevemente, algumas das repercussões da questão perceptiva, em Freud, nos textos de
Ferenczi, Varendonck, Pöztl e seguidores, e nos seminários e aulas de Lacan e Laplanche.
Para finalizar, é hipotetizado o sistema Percepção-narcisismo como substituto do sistema
Percepção-consciência.
Psicanálise e psicoterapia breve (1993) escrito por Rafael Raffaelli, publicado na
Revista Estudos de Psicologia. A terapia psicanalítica começou como uma terapia breve e
para demonstrar essa tese, alguns dos casos clínicos de Breuer e Freud são examinados neste
artigo. Como explicar a mudança dessa perspectiva na psicanálise hoje em dia? O autor
presume razões teóricas e econômicas envolvendo a questão da transferência e a formação de
analistas, o papel das Sociedades de Psicanálise, a expulsão de Lacan da IPA e a conceituação
de tempo lógico e suas implicações. O desenvolvimento teórico de Reich é tomado como
exemplo de retrocesso metodológico das técnicas ativas: da SEXPOL e análise do caráter à
orgonoterapia. São discutidas também algumas teorias em terapia psicanalítica breve, seus
principais conceitos e a questão do emprego clínico da focalização e da associação livre.
Psicanálise e psicoterapia de crianças (1996), organizado por Jules Glenn que reuniu
sob seu título alguns especialistas em infância, oferecendo um conhecimento teórico-clínico
em relação à psicanálise e à criança. Alguns capítulos abordam a técnica psicanalítica nos
diferentes estágios do desenvolvimento, da pré-latência à pré-adolescência, e de suas
diferenças com a psicoterapia. Outros trabalhos abordam as diversas etapas do tratamento, os
referenciais teóricos (tanto as contribuições de Anna Freud e Melanie Klein, como as de D.W.
Winnicott) e questões vinculadas à teoria da técnica, como transferência, interpretações,
análise de sonhos, o problema da abstinência, o papel dos pais, as indicações e contra-
indicações da psicanálise e da psicoterapia. Apresentam-se trabalhos de psicanálise aplicada
na psicopedagogia, assim como os que tratam da avaliação da criança através do perfil
metapsicológico, acompanhados de exemplos clínicos. Por fim, um outro texto é o que trata
da formação de psicanalistas de crianças, incluindo o programa de formação recomendado
pela APA.
Psicanálise e psiquiatria: campos convergentes ou divergentes? de Maria Lucia Vieira
Violante, é parte do livro O (im)possível diálogo psicanálise psiquiatria (2002), organizado
pela mesma autora. É um dos capítulos desta coletânea de artigos de psicanalistas de
formação psiquiátrica que discutem a relação entre estes dois campos do saber, tornando-se
209
um exemplo vivo de interlocução entre psicanálise e psiquiatria, possível para uns e
impossível para outros.
Psicanálise e sintoma social I (1994) de Mário Fleig trata dos trabalhos apresentados
na Jornada Psicanálise e Sintoma Social da UNISINOS de maio de 1993, com temas
relacionados ao conceito de sintoma social, a partir do sujeito, do grupo, e instituições, através
da teoria-práxis psicanalítica e campos conexos: literatura, educação, topologia, filosofia e
antropologia.
Psicanálise e sintoma social II, organizado por Mário Fleig (1998), trata dos trabalhos
apresentados na II Jornada Psicanálise e Sintoma Social da UNISINOS em 1994, com temas
relacionados à problemática da cultura, como geradora de impasses e suas vias de análise,
através da delinqüência, alcoolismo, toxicomania, maus-tratos a menores, meninos e meninas
de rua, corrupção, violência urbana, sociedade de consumo, fracasso escola, etc.
Psicanálise e(m) prática (1995) de Noé Marchevsky. O autor expõe a experiência de
seus anos de trabalho e estudos que evidenciam um permanente interjogo entre os conceitos
teóricos e a clínica psicanalítica, oferecendo uma visão abrangente da sua prática no
cotidiano.
Psicanálise lacaniana: cinco seminários para analistas kleinianos (2000) de Márcio
Peter de Souza Leite. O valor deste livro na difusão do pensamento de Jacques Lacan no
Brasil é o de evitar que o lacanismo barroco vire uma teoria esotérica. É o desafio que se
propõe no campo freudiano brasileiro.
Psicanálise ou psicoterapia (1997) organizada por Jorge Forbes. A alternativa
Psicanálise ou psicoterapia sintetiza a posição dos autores. Para eles a psicanálise não deve
ser mantida no rol geral das terapias, pois um tratamento que se fundamenta no conceito do
inconsciente é diverso daquele sem tal referência. São diferentes: a psicopatologia, o objetivo
terapêutico, a direção do tratamento, a conclusão, enfim, a ética. É importante salientar que o
conflito do homem com o mundo não é um defeito ou um erro, mas a base de sua
constituição. O inconsciente é a marca desse desacerto e o desejo é seu produto.
Psicanálise silvestre (1970) de Sigmund Freud (Vol. 11) contém uma das últimas
referências de Freud às neuroses atuais, com a lembrança da importância de se distinguir
neurose de angústia de histeria de angústia.
Psicologia de grupo e a análise do ego (1976) de Sigmund Freud (Vol. 18) é um
trabalho que explica a psicologia dos grupos com base em alterações na psicologia do
indivíduo e ao mesmo tempo dá um passo na investigação freudiana da estrutura anatômica da
mente.
210
Psicossoma II: psicossomática psicanalítica (1998), de Rubens Marcelo Volich,
Flávio Carvalho Ferraz e Maria Auxiliadora de A. C. Arantes (Orgs.) et al. é uma coletânea
que demonstra a fecundidade que se encontra em psicossomática a partir de uma opção
epistemológica no campo do pensamento psicanalítico. Os autores e organizadores desta obra
souberam cuidar do logos que se nutre desta heterogeneidade. O campo da psicossomática
psicanalítica é abordado por cinco temas básicos, que funcionam como fóruns de debate:
novas perspectivas em psicossomática; psicanálise e psicossoma; psicossomática da criança;
saúde mental, psicossomática e trabalho; a psicossomática na formação e a formação em
psicossomática. A introdução de Rubens M. Volich é capaz de oferecer um panorama
simultaneamente exato e completo da história do movimento psicossomático a partir da
psicanálise. Trata-se de um texto de referência a qualquer um que deseje trabalhar o assunto.
Psicossomática e psicanálise (1998) de Roger Wartel. A psicossomática, apesar da
vasta literatura a seu respeito, ainda é um domínio inexplorado e, embora seu valor nunca
tenha sido suficientemente reconhecido, sempre acompanhou o avanço do discurso médico.
Esta coletânea abre uma área de investigação, no campo freudiano, para estudar a
psicossomática a partir dos recursos doutrinários de Lacan. Este material responde a
importância do diálogo entre a psicanálise e a medicina, revelando uma inquietude que
transborda o âmbito acadêmico, com difusão inclusive em setores não especializados.
Psicoterapia breve de orientação analítica (1986) de Eduardo Alberto Braier, procura
estruturar uma modalidade técnica deste tipo de terapia, que reconhece a psicanálise como
fonte, mas se diferencia da sua técnica clássica. As psicoterapias de orientação analítica,
particularmente as chamadas breves, adquiriram fundamental importância ante a demanda
maciça de assistência psicológica.
Psicoterapia breve psicanalítica: compreensão e cuidados da alma humana (2003) de
Haydeé Kahtuni. O psicólogo, em sua prática clínica, freqüentemente se depara com a
urgência de encontrar os instrumentos necessários para auxiliar o seu paciente em sofrimento
psíquico. Na tentativa de dar conta da intensa demanda de pacientes em crise, surgem os
trabalhos sobre psicoterapia breve. É neste campo de investigações que tem trabalhado a
autora, fundamentada na metapsicologia freudiana.
Psicoterapia de orientação analítica: teoria e prática organizado por C. L. Eizirik, R.
Aguiar e S. Schetatsky (1989) trata de pesquisa, ensino e aplicações de psicoterapia de
orientação analítica nos dias atuais e uma seção sobre a abordagem psicodinâmica dos
principais quadros psicopatológicos encontrados na clínica cotidiana. Temas emergentes e
significativos também são incluídos, como: a pesquisa de resultados das psicoterapias; a
interface com as neurociências; a importância do gênero do terapeuta e reformulações
211
polêmicas sobre homossexualidade. Reunindo os fundamentos e as formulações atuais da
psicoterapia psicodinâmica e sua intersecção com outros campos, este livro apresenta o estado
da arte dessa técnica, sendo de leitura obrigatória para todos os estudantes e profissionais
interessados no tratamento dos transtornos mentais.
Psicoterapias de inspiração psicanalítica (1999) de Alonso Augusto Moreira Filho. A
psicanálise é a matriz referencial das psicoterapias que originaram outros procedimentos
baseados em suas concepções, porém distintos. Tais formas psicoterápicas, por terem se
firmado na prática antes de terem lavrado suas justificações teóricas, ainda hoje não possuem
uma definição e uma delimitação precisas. Expõe-se de forma objetiva e didática os principais
aspectos das psicoterapias. A obra permite ao aluno um aprofundamento das principais teorias
e técnicas que as caracterizam, auxiliando-o a optar, no momento da atuação clínica, pela
melhor forma de atuar junto ao paciente.
Psychanalyse, psychotérapie: quelles différences? (2004) de Pierre Marie critica a
tendência de assimilar a psicanálise como uma forma de psicoterapia, propondo exatamente
uma reflexão sobre as suas diferenças. O autor denuncia a fetichisação da disciplina
psicanalítica por um bom número de analistas que utilizam os ensinamentos psicanalíticos
para fins psicoterápicos, propondo rever o método freudiano ao pé-da-letra.
Recomendações aos médicos que exercem a psicanálise (1969) de Sigmund Freud
(Vol. 12) é um conjunto de regras técnicas, baseadas na experiência do fundador da
psicanálise, aconselhadas aos futuros analistas, tais como: aprender a organizar o material
trazido pelos seus pacientes; não tomar notas integrais durante as sessões; não trabalhar
cientificamente num caso durante o tratamento; evitar a sugestão sobre as pessoas; favorecer
ao paciente trazer o que lhe convier para análise; não colocar a individualidade do analista em
debate com a do analisando; evitar a determinação de tarefas e a indicação de novos objetivos
na vida do paciente.
Recordar, repetir e elaborar (1969) de Sigmund Freud (Vol. 12) seqüência às
novas recomendações sobre a técnica da psicanálise, contendo a estréia dos conceitos da
compulsão à repetição (p. 197) e da elaboração (p. 202).
Refletindo sobre gênero a partir de textos freudianos (1996) de Mara Lago discorda
de concepções da produção teórica feminista que consideram a psicanálise como um
paradigma essencialista e Freud de fundamentar concepções sobre a inferioridade feminina.
Freud analisa a diferenciação dos sexos como se constituindo na vivência intrapsíquica e
relacional da situação edipiana, enfatizando a bissexualidade original também no domínio do
psíquico. Neste sentido, feminilidade e masculinidade (construções relacionais) são atributos
tanto dos homens como das mulheres. Freud aprofunda, portanto, a fundamentação da
212
concepção de que as características que diferenciam os gêneros são constituídas nos diferentes
contextos sócio-histórico-culturais e não mero resultado de determinações biológicas (posição
essencialista). Estas reflexões pretendem problematizar críticas elaboradas por diferentes
áreas da produção teórica feminista que, de forma simplista, caracterizam Freud como
defensor de concepções essencialistas ou misógenas.
Reflexões para os tempos de guerra e morte (1974) de Sigmund Freud (Vol. 14).
Tratam-se de dois ensaios: A desilusão da guerra e Nossa atitude para com a morte escritos
ao iniciar a Primeira Guerra Mundial e expressam algumas considerações de Freud sobre o
tema, provavelmente utilizado pelo professor na abordagem desta problemática, que
envolvem conflitos, enfrentamento, preparação para morte, etc. aplicáveis no campo da
Psicologia Hospitalar.
Repressão (1974) de Sigmund Freud (Vol. 14). Este texto refere-se ao termo como
uma designação geral para todas as técnicas empregadas pelo ego em conflitos que possam
levar a uma neurose, ou seja, no sentido amplo. São discutidos também os diferentes
mecanismos de repressão nas várias formas de neurose.
Repressão e subversão em psicossomática: pesquisas psicanalíticas sobre o corpo
(1997) de Christophe Dejours é uma obra recente e sistemática sobre o processo de
somatização, suas causas e seus efeitos, a escolha do órgão, e as dificuldades ainda
existentes no confronto entre teoria e prática nesse campo. O autor reflete sobre seus dados
empíricos, examinando as origens da somatização no inconsciente, a pulsão de violência na
história de cada um, as relações do problema com os estados neuróticos e psicóticos, por fim
as diferenças entre um corpo fisiológico e um corpo erótico na repressão da pulsão, de
um lado, e na subversão da libido, de outro.
Revolução molecular: pulsações políticas do desejo (1981) de Felix Guattari é uma
coletânea de textos de Felix Guattari (1981), que envolvem discussões no campo da
psicanálise, política e teorias subjacentes, em temas como o movimento das minorias, a
autogestão dos hospitais, a atuação das gangues nos subúrbios nova-iorquinos, as rádios
livres, os partidos políticos, a psicanálise e suas metamorfoses.
Romances familiares (1976) de Sigmund Freud (Vol. 9) é um texto especialmente
atribuído aos paranóicos. Comenta-se a descoberta da criança sobre as relações parentais,
considerando-se a questão da autoridade dos mesmos e a sexualidade como fonte de
conhecimento, acessível através da análise e principalmente na revelação dos sonhos.
Sessenta anos de psicanálise: dos precursores às perspectivas no final do século
(1996) de Denise de Oliveira Lima (org.) et al. relata a história dos precursores da psicanálise
no início do século e trata de temas atuais como cultura e psicanálise, a clínica psicanalítica e
213
seus efeitos na pólis. Inclui ainda a correspondência inédita de S. Freud a Arthur Ramos, que
vem lastrear este percurso da psicanálise no Brasil, partindo dos seus precursores, até as suas
perspectivas neste final do século. Pois, como dizia Freud, é a memória que faz o elo entre o
passado e o futuro.
Sexo e discurso em Freud e Lacan (1997) de Marco Antonio Coutinho Jorge. Em
textos onde se destaca uma postura crítica, o autor aborda temáticas diversas, tais como o
conceito de fantasia inconsciente em Freud e depois em Lacan, a diferença discursiva entre
medicina e psicanálise, e os modos de existência da instituição psicanalítica, buscando assim
resgatar o veio mais radical do pensamento freudiano. A exposição sistemática dos matemas
elaborados por Lacan é feita por meio de uma leitura que trata dos tópicos nucleares à
psicanálise: a sexualidade e o discurso.
Sexualidade feminina (1974) de Sigmund Freud (Vol. 21) é um estudo que nova
ênfase à intensidade e prolongamento da ligação pré-edipiana da menina à mãe e constitui um
reenunciado das descobertas expostas por Freud em seu trabalho sobre Algumas
conseqüências psíquicas da distinção anatômica entre os sexos.
Significado e função do brinquedo na criança (1985) de Serge Lebovici e Diatkine
René. Os brinquedos têm muitas faces. Para as crianças, eles podem ser animação, prazer,
fantasia, exploração, às vezes chateação e talvez um gosto pequeno de mundos ainda que não
seja o delas. Mas brinquedos são mais que simples coisa de criança. Eles refletem nossas
idéias sobre infância e o lugar adequado de nossas crianças no mundo adulto. Como muito
tempo brinquedos e brincadeiras andam juntos, eles estão engajados nos lugares onde
vivemos e são parte de nossa cultura.
Sintoma y angustia: estúdio psicanalítico (1981) de Jamil Abuchaem estuda a gênese,
a estrutura, a dinâmica e as transformações morfológicas dos conceitos de Freud sobre
angústia e sintoma, e as suas relações com as diferentes formas de neuroses e psicoses.
Sobre a psicanálise (1969) de Sigmund Freud (Vol. 12) é um artigo encomendado
para um congresso médico. Esboça sucintamente um quadro dos princípios e propósitos da
psicanálise como método de pesquisa e tratamento, ao final acrescido de algumas
recomendações bibliográficas.
Sobre o ensino da psicanálise nas universidades (1976) de Sigmund Freud (Vol. 17).
Freud debate sobre o que de fato poderia ser ensinado na universidade, sob dois pontos de
vista: o da psicanálise e o da universidade. Para o psicanalista a universidade é dispensável,
pois a literatura especializada fornece os subsídios teóricos, além dos encontros nas
sociedades e o contato com profissionais mais experientes. A universidade poderia utilizar a
psicanálise para a formação de cientistas. Freud ainda adverte que por mais que se esforcem,
214
os universitários jamais aprenderão a psicanálise propriamente dita. Neste ambiente
poderemos, no máximo, assimilar algo sobre psicanálise e a partir da psicanálise. A essência
desta experiência é acessível somente através da própria análise pessoal.
Sobre o início do tratamento (1969) de Sigmund Freud (Vol. 12) trata de novas
recomendações sobre a técnica da psicanálise, originalmente dividido em três sessões: Sobre o
início do tratamento; A questão das primeiras comunicações; e A dinâmica da cura.
Sobre o narcisismo: uma introdução (1974) de Sigmund Freud (Vol. 14). Este texto
resume suas primeiras discussões sobre o tema do narcisismo e considera o lugar ocupado por
este no desenvolvimento sexual, chega à relação do ego com os objetos externos, o que viria
as ser constituído a base do superego.
Sobre os sonhos (1987) de Sigmund Freud (Vol. 5) é uma versão abreviada de A
interpretação dos sonhos (1987) de Sigmund Freud (Vol. 4 e 5).
Técnica da psicanálise infantil (1982) de Joseph Sandler apresenta o essencial de uma
série de debates sobre a técnica psicanalítica com enfoque nos pontos mais significativos do
contato com a criança, na perspectiva de Anna Freud. O livro ajuda e sugestões para o
estudante de psicanálise e de psicoterapia de crianças, bem como material para comparação e
consideração de colegas mais experientes de campo.
Televisão e psicanálise (1987) de Muniz Sodré. A obra discorre sobre a tecnologia de
relações, da qual a televisão é uma de suas faces, por incorporar princípios de motivação e de
persuasão.
Teoria do vínculo (1986) de Enrique Pichon-Rivière parte de uma teoria
predominantemente intrapsíquica. Pichon-Rivière dá um salto qualitativo e estabelece as
bases de uma teoria social que interpreta o indivíduo como sendo a resultante de uma relação
dialética entre ele e os objetos externos e internos.
Teoria e prática da psicanálise: fundamentos teóricos (1992) de Helmut Thomä &
Horst Kächele. A contribuição do analista na criação e desenvolvimento do processo analítico
é a idéia norteadora desta obra que revisa sistematicamente os conceitos-chave do tratamento
psicanalítico: transferência, contratransferência e resistência, bem como os problemas do
início e evolução do tratamento: a interpretação de sonhos, o papel das condutas terapêuticas e
dos diversos modelos processuais, e a relação entre a teoria e a prática. A obra contribui para
uma maior integração das diferenças de opinião entre analistas e escolas psicanalíticas na
medida em que assinala seus pontos em comum e explícita suas divergências.
Teoria geral das neuroses (1976) de Sigmund Freud (Vol. 16) é a terceira parte das
Conferências introdutórias sobre psicanálise (1916-1917[1915-1917]) em que Freud oferece
ao público uma introdução à psicanálise em relação aos problemas das neuroses, a partir de
215
temas debatidos em 13 conferências: psicanálise e psiquiatria; o sentido dos sintomas; fixação
em traumas o inconsciente; resistência e repressão; a vida sexual dos seres humanos; o
desenvolvimento da libido e as organizações sexuais; algumas idéias sobre desenvolvimento e
regressão etiologia; os caminhos da formação dos sintomas; o estado neurótico comum; a
ansiedade; a teoria da libido e o narcisismo; transferência; e terapia analítica.
Teoria psicanalítica das neuroses (1981) de Otto Fenichel sumariza as doutrinas
psicanalíticas de maneira sistemática e abrangente, em particular a teoria das neuroses, com o
objetivo de ajudar o ensino e o treinamento psicanalítico. Em seguida menciona a
diferenciação conceitual entre neurose e psicose em Freud.
Teorias da personalidade em Freud, Reich e Jung (1984) de Alberto Olavo Advincula
Reis. O principal mérito desta obra está em apresentar de forma clara e introdutória os
elementos fundamentais da formulação da noção de personalidade em Freud, Reich e Jung,
sem desvirtuar seu pensamento, sem cair em fórmulas que desgastam a psicanálise, fato
comum em textos desta natureza. Além de expor estas três teorias, o autor também teve o
cuidado de relacioná-las, mostrando os conceitos comuns, suas semelhanças e diferenças. É
indicado para as disciplinas que iniciam o aluno no estudo da psicanálise: Psicologia da
Personalidade, Teorias e Sistemas em Psicologia, Teorias e Técnicas Psicoterápicas etc.
Teorias psicanalíticas do desenvolvimento: uma integração (1993) de Phyllis Tyson &
Roberto Tyson é uma integração de teorias psicanalíticas de desenvolvimento humano de
Freud aos dias atuais, mostrando suas implicações para a avaliação e tratamento de crianças e
adultos. Os autores fornecem uma avaliação que examina o desenvolvimento psicossexual no
contexto de vários outros sistemas simultaneamente envolvidos comportamental, emotivo,
cognitivo, e social trabalhando juntos num meio dinâmico.
Thalassa: ensaio sobre a teoria da genitalidade (1990) de Sandor Ferenczi é um
ensaio sobre a teoria da origem da vida sexual em 1924, após alguns anos de reflexão sobre o
tema que o interessava muito. Obra próxima da de Otto Rank, sobre o trauma do nascimento.
Ambos os textos abandonam a tese da prioridade do pai em prol da busca das origens do
vínculo arcaico da criança com a mãe, tema trabalhado por Melanie Klein na mesma época.
The drive for self: Alfred Adler and the founding of individual psychology (1994) de
Edward Hoffman é uma biografia, ilustrada, referenciada e anotada, sobre Alfred Adler e de
sua terapia adleriana, além dos fundamentos da Psicologia Individual. O filho de Adler, Kurt
Adler, disse que esta é a biografia que seu pai o preveniu de escrever antes de sua inesperada
morte. Os capítulos são encabeçados por citações de Alfred Adler. O desenvolvimento da
hostilidade, e até mesmo a inimizade entre Adler e Freud é discutida e uma coisa não
216
mencionada tão relevante para sua discórdia: o irmão mais velho de Alfred Adler era
chamado Sigmund.
Tornar-se adolescente a aventura de uma metamorfose: uma visão psicanalítica da
adolescência (2001) de Guilhermo Carvajal explora, de forma detalhada, os múltiplos
aspectos da adolescência, de suas etapas e de suas crises, do ponto de vista da psicanálise. A
primeira parte apresenta noções fundamentais dos tipos de adolescência e aspectos do
desenvolvimento do ego. Na segunda parte são abordadas definições de etapas e crises da
adolescência. Na terceira, as transformações do pensamento na adolescência, a partir de
modelos, perdas e lutos patológicos desta difícil fase do ciclo vital.
Transferência (1976) de Sigmund Freud (Vol. 16) é a transcrição de uma conferência
em que Freud pela primeira vez menciona publicamente a sua idéia de transferência, em sua
contribuição aos Estudos sobre a histeria de 1895. Segundo Roudinesco & Plon (1998, p.
766), designa um processo constitutivo do tratamento psicanalítico mediante o qual os
desejos inconscientes do analisando concernentes a objetos externos passam a se repetir, no
âmbito da relação analítica, na pessoa do analista, colocado na posição desses diversos
objetos.
Tratamento psíquico (ou mental) (1989) de Sigmund Freud (Vol. 7) é um texto que
versa sobre o significado do tratamento psíquico e o modo de como a ciência é empregada
para aplica-lo, bem como as suas variações e eficácias.
Trata-se uma criança? (1999), organizado pela Escola Lacaniana de Psicanálise do
Rio de Janeiro. Os Tomos I e II dos Anais do Congresso Internacional de Psicanálise contêm
questionamentos sobre a nossa modernidade, a despeito de conquistas obtidas tanto no
plano objetivo quanto subjetivo da ciência na continuidade da negação de que haja atividade
sexual na infância, na continuidade a tratar as crianças como se estivessem sempre à espera de
se tornarem adultas para, finalmente, passarem à vida sexual.
Três ensaios sobre a teoria da sexualidade (1989) de Sigmund Freud (Vol. 7)
abandona as concepções sobre a sexualidade tradicionais, anatômicas, com ênfase às
anomalias, em favor de uma abordagem psíquica. Desta maneira Freud ampliou a sexualidade
à totalidade da vida individual e coletiva. O primeiro ensaio é dedicado às aberrações sexuais,
em que é introduzido o conceito de pulsão. No segundo, o demonstradas as variações da
sexualidade infantil, e a elucidação do complexo de castração, inveja do pênis, e os estádios
(oral, anal, fálico e genital). No terceiro, apresenta-se a passagem da sexualidade infantil para
sexualidade adulta, através do complexo de Édipo.
Três psicologias: idéias de Freud, Skinner e Rogers (2002) de Robert D. Nye.
Segundo o autor, a abordagem psicanalítica de Freud, o behaviorismo radical de Skinner e os
217
pontos de vista humanistas de Rogers constituem três psicologias diferentes. De forma
simples e objetiva, este livro apresenta e compara as principais idéias destes três teóricos que
contribuíram para o pensamento psicológico contemporâneo.
Tudo começa em casa (1996) de Donald Winnicott. Os artigos reunidos nesta
coletânea demonstram a profundidade da convicção de Winnicott de que a estrutura da
sociedade reflete a natureza do indivíduo e da família, e também demonstram o agudo senso
de responsabilidade de seu autor pela sociedade específica na qual ele viveu.
Um estudo autobiográfico (1976) de Sigmund Freud (Vol. 20) não é uma
autobiografia de Freud. Faz parte de uma série escrita por médicos com objetivo de apresentar
a história da ciência médica. Este artigo relata a participação de Freud no desenvolvimento da
psicanálise. É uma revisão da história do movimento psicanalítico, o qual, em alguns
momentos, se confunde com a história pessoal do autor.
Um saber que não se sabe: a experiência analítica (1989) de Maud Mannoni retoma
alguns textos psiquiátricos e psicanalíticos e propõe uma redescoberta que ela veio trazer
nesta importante obra, através de relatos de pacientes. Discutindo questões variadas, a autora
faz uma análise das diferentes técnicas utilizadas por Françoise Dolto e Serge Lebovici no
trabalho realizado com crianças e revela que o inconsciente é um saber que não se sabe e que
somente o discurso analítico pode segundo Lacan determinar o saber que possuímos.
Uma base segura (1992) de John Bowlby é um clássico deste psiquiatra. Oferece um
esqueleto para compreender fundamentalmente as questões do apego. Serve como fonte de
inspiração para desmistificar desordens de apego tal como a personalidade borderline. A
trilogia deste autor (apego, separação, e perda) é indispensável para clínicos e pesquisadores
que pretendem aprofundar sua compreensão do papel central das relações no desenvolvimento
humano.
Uma neurose demoníaca do século XVII (1976) de Sigmund Freud (Vol. 19). O texto
expressa o interesse de Freud pela feitiçaria, possessões e fenômenos afins. Abrange aspectos
históricos da neurose através de um debate sobre a natureza histérica das possessões
medievais. Com isso espera-se reconhecer algumas de nossas neuroses atuais, tais quais em
séculos anteriores apresentavam-se em trajes demoníacos.
Uma nota sobre o inconsciente na psicanálise (1969) de Sigmund Freud (Vol. 12) é
um artigo, encomendado para um congresso médico, que esboça sucintamente um quadro dos
princípios e propósitos da psicanálise como método de pesquisa e tratamento, ao final
acrescido de algumas recomendações bibliográficas. Freud expõem de maneira breve e
sucinta o que o termo inconsciente veio a significar na psicanálise, inclusive com a descrição
218
de suas premissas e discussão das ambigüidades do seu emprego: descritivo, dinâmico e
sistemático.
Uma perspectiva psicanalítica sobre instituições sociais de Isabel Menzies Lyth
suscita a responsabilidade do analista ou consultor em instituições sociais em auxiliar que
seus integrantes a refletir sobre os seus problemas, para que se livrem de seus métodos antigos
de pensar e agir, facilitar a evolução das idéias para mudanças e ajudar a suportar as
ansiedades e incertezas no processo de mudança. Este texto faz parte de dois volumes de uma
coletânea de ensaios chamada Melanie Klein hoje: desenvolvimento da teoria e técnica (1990)
de Elizabeth Bott Spillius, dedicados ao estudo da obra de Melanie Klein e suas influências
sobre o universo da psicanálise. O primeiro volume trata de artigos teóricos, e o segundo são
artigos predominantemente técnicos.
Un lugar para el encuentro entre medicina y psicoanálisis (1995) de Luis Chiozza
implica uma dupla alusão de lugar, enquanto cruzamento de saberes da medicina e
psicanálise, e também como centro de trabalhos e investigações. Cobre-se desde uma
detalhada recapitulação dos principais teóricos até uma síntese das linhas teóricas que os
sustentam, com uma série de casos que exemplificam suas operações nos tratamentos
psicanalíticos prolongados e também durante a execução de um método próprio, como o
estudo patobiográfico.
Versões da clínica psicanalítica (1995) de Eric Laurent é um livro que reúne um
amplo leque de artigos e conferências, proporcionando ao aluno uma visão de conjunto da
obra do autor. Traça-se com acuidade um paralelo entre os métodos de trabalho clínico
freudiano, kleiniano e lacaniano, realçando os avanços e retificações, introduzidas por Lacan,
com o paradigma conceitual do Real, Simbólico e Imaginário. Além disso, o vínculo que
Laurent estabelece entre a instituição do passe e a clínica psicanalítica é de fato uma
contribuição relevante às abordagens até então propostas pelos teóricos lacanianos.
Vicissitudes da formação de psicanalistas no Rio Grande do Sul: estudo comparativo
de duas instituições (1994) de Kátia Regina Frizzo é uma dissertação que tem o objetivo de
aprofundar o conhecimento sobre o processo de formação de psicanalistas. Descreve duas
instituições psicanalíticas da cidade de Porto Alegre e suas respectivas concepções sobre a
formação psicanalítica, bem como as práticas institucionais implementadas para viabiliza-las.
Na Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre a psicanálise e vista como uma espécie de pós-
graduação da formação médica, reforçando esta última enquanto posição de saber científico e
de discurso competente frente ao mundo cultural e cientificamente constituído. A Associação
Psicanalítica de Porto Alegre oferece um modelo de formação que provoca c tempos.
Paralelamente, também realizou-se o estudo da história do movimento psicanalítico e suas
219
implicações, a nível nacional e internacional para a formação analítica, visando a
compreensão das conexões entre as instituições pesquisadas, suas respectivas concepções, as
práticas adotadas e os processos histórico-sociais mais amplos.
Vida e obra de Sigmund Freud (1979) de Ernest Jones é uma biografia que tenta
registrar os principais fatos da vida de Freud e relaciona sua personalidade e experiências de
vida com o desenvolvimento de suas idéias, escrita por Ernest Jones, membro da primeira
geração de discípulos e pioneiro na historiografia psicanalítica.
Vocabulário contemporâneo de psicanálise (2001) de David Zimerman reúne cerca de
900 verbetes sobre teoria, técnica, além de biografias sumarizadas dos principais autores
psicanalíticos.
Vocabulário da psicanálise (1982) de Jean Laplanche & Jean-Bertrand Pontalis é um
manual alfabético que se propõe a abarcar o conjunto das contribuições psicanalíticas, o
conjunto dos conceitos por ela progressivamente elaborados para traduzir as suas descobertas.
Segundo Laplanche & Pontalis (1982), o Vocabulário visa, não a tudo o que a psicanálise
pretende explicar, mas antes aquilo de que ela serve para explicar.
Winnicott: o trabalho e o brinquedo (1993) de Simon Grolnick. Este autor conta quem
foi Winnicott, sua teoria e sua prática. Para o aluno que se inicia em Winnicott, encontra uma
introdução e aos conhecedores do tema e clínicos experientes, são apresentados novos insights
a respeito da aplicação de suas teorias e técnicas. Este livro traz conhecimento, experiência
clínica e cumpre a tarefa de acessar o aluno ao difícil trabalho de Winnicott, que é
considerado uma importante figura da psicanálise contemporânea.
220
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Um dos principais propósitos dos Planos de Ensino é o de demonstrar certos fatores
dos séculos XVIII e XIX que constituíram a precondição para o surgimento da psicanálise.
Através da vida de seus principais personagens situa-se o nascimento e o desenvolvimento da
psicanálise e sua especificidade em relação à ciência psicológica e à herança psiquiátrica. São
recomendados estudos da história do movimento psicanalítico e suas implicações, nacionais e
internacionais para a formação analítica, visando compreender as conexões entre as
instituições, suas respectivas concepções, as práticas adotadas e os processos histórico-sociais
mais amplos. A história das sociedades psicanalíticas francesas é articulada com a história das
idéias na França com o objetivo de compreender a influência de Lacan e sua obra. São
apresentados textos de psicanálise brasileiros, antes da fundação das sociedades de psicanálise
que expressam as peculiaridades do homem e do momento brasileiro onde aparece claramente
o intrincamento da psicanálise com a terapêutica, a moral, a medicina, e mesmo a pedagogia e
a literatura.
As biografias são uma viagem pelo mundo de Sigmund Freud: sua família, suas
relações, a cidade onde viveu, sua formação, suas dificuldades profissionais, suas inovações
teóricas, seus casos clínicos, sua vida extraordinariamente produtiva e o contexto social e
histórico em que ela foi vivida. Um retrato da vida de Lacan também é delineado através do
levantamento das circunstâncias sociais, culturais e pessoais em meio às quais foi elaborada a
radical retomada do pensamento freudiano. Os professores preocuparam-se em informar aos
alunos sobre os fatores que constituíram a psicanálise, no contexto de suas obras. A maioria
dos documentos recomendados tem como referência central a Edição standard brasileira das
obras psicológicas completas de Sigmund Freud (1987), ou seja, a totalidade dos escritos
psicológicos publicados por Sigmund Freud, psicanalíticos e pré-psicanalíticos, com destaque
aos livros que se tornaram os pilares da teoria psicanalítica. Demonstra-se que as traduções
inglesas da obra de Freud não distorcem alguns dos conceitos centrais da psicanálise, mas
ainda leva o aluno a um trágico mal-entendido e a um mau uso generalizado da psicanálise. A
leitura dos livros da biblioteca complementar, além de proporcionar uma alfabetização em
psicopatologia psicanalítica, pode se prestar para a consulta de alguns conceitos não muito
divulgados na bibliografia clássica. Expõe-se o que o termo inconsciente veio a significar na
psicanálise, inclusive com a descrição de suas premissas e discussão das ambigüidades do seu
emprego: descritivo, dinâmico e sistemático, além de uma compilação de estudos que revisam
as concepções tradicionais da psicanálise e toca pontos decisivos das diversas teorias
existentes, como as suas raízes biológicas, a concepção de pulsão, as neuroses e aquelas
221
enfermidades da conduta que alteram o equilíbrio do ego. Os alunos são estimulados a
acompanhar o desenvolvimento das idéias de Freud a respeito das relações do indivíduo com
a sociedade e com a cultura, assim como as críticas que lhe foram dirigidas com base neste
ponto. Por exemplo, em disciplinas de psicologia social encontram-se análises gerais da
cultura e do antagonismo entre as exigências das pulsões e as restrições da civilização.
O itinerário de Lacan e sua obra são destacados, por ele ter se tornado o artífice de
uma nova introdução do freudismo na França, desde 1925, tratando-se da implantação da
psicanálise nos meios literários. Os escritos reúnem reflexões importantes provindas de
conferências, cuja concepção sobre as relações entre inconsciente e significante se inscrevem
num empreendimento pedagógico. Neste sentido são indispensáveis para o conhecimento da
proposta de leitura empreendida da obra de Freud. Outras obras estão disponíveis com o
objetivo de introduzir o aluno aos pressupostos desta teoria, resgatando a historicidade dos
conceitos e percorrendo a via feita por este autor, nos textos e dúvidas que o impulsionaram.
São livros que ajudam a se aproximar de sua obra, servindo como guia para a leitura dos
originais. Esses textos constituem uma espécie de tábua de orientação que permite ao aluno
um acesso mais didático ao pensamento lacaniano. Explicam-se noções fundamentais, como o
sujeito, o objeto a, o outro, o traço unário, o significante, o corte, a identificação, o ato
analítico e a sexuação, dado-se também a justificativa das incursões topológicas de Lacan.
Criticam-se as posturas anti-psicanalíticas de curar o paciente a partir do reforço do ego.
Encontra-se referencias da psicologia e da metapsicologia. São analisados os conceitos
freudianos de pulsão, inconsciente, repetição e transferência, fazendo uso de suas formulações
acerca do objeto a. A exposição sistemática dos matemas elaborados por Lacan é feita por
meio de uma leitura que trata dos tópicos nucleares à psicanálise: a sexualidade e o discurso.
Os Planos são ilustrados por biografias referenciadas, sobre personagens importantes
da história do movimento psicanalítico, aliadas às suas produções, como Alfred Adler e a
Psicologia Individual, Carl Gustav Jung e a Psicologia Analítica, Otto Rank e as teses sobre o
trauma do nascimento, Georg Groddeck e as práticas pioneiras de psicossomática, Wilhelm
Reich e as alusões sobre a sexologia, Anna Freud e as contribuições na psicanálise infantil. É
recomendada a leitura de Margaret Mahler através da conceituação do processo de separação-
individuação como determinante da estruturação psíquica do indivíduo que possibilita um
melhor entendimento normativo do psiquismo precoce. Donald Winnicott fala sobre as
questões fundamentais da infância: as necessidades mínimas de todo bebê, a amamentação
como primeiro diálogo, os primeiros sinais da personalidade e a natureza da comunicação
não-verbal no par mãe-bebê. As descobertas de Melanie Klein se relacionam com as fases
primitivas e originárias do funcionamento da vida mental o universo não-verbalizável da
222
criança pequena e com as evidências de que o mundo interno das relações de objeto e das
fantasias inconscientes constituem a fonte real de todas as ações e reações humanas. John
Bowlby oferece amplo material para compreender fundamentalmente as questões do apego,
separação e perda. São apresentadas as idéias básicas de Arminda Aberastury sobre a
psicodinâmica da adolescência. Retomando alguns textos psiquiátricos e psicanalíticos, Maud
Mannoni propõe novas descobertas em suas obras, através de relatos de pacientes crianças.
Um panorama descritivo e didático do trabalho de Françoise Dolto destaca seus temas e
técnicas principais à sua maneira de entender e teorizar o fato psíquico. A psicanálise e a
teoria piagetiana são conciliados para oferecer subsídios teóricos e práticos para qualificar o
trabalho realizado com crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem. As terapias
sistêmicas fazem menção ao histórico da terapia familiar, no qual estão presentes Sigmund
Freud e Alfred Adler como precursores desta disciplina. Pichon-Rivière e Bion são
considerados alguns dos principais expoentes dos conceitos e configuração de grupos. As
técnicas projetivas trazem Didier Anzieu como um dos autores, o qual mantém sua posição
enquanto psicanalista na investigação do inconsciente com os métodos projetivos. Também
são valorizados autores críticos da psicanálise: Karl Popper, Ludwig Wittgenstein, Adof
Grümbaum, Isabelle Stengers, Mikkel Borch-Jacobsen, e outras matrizes, como a Psicologia
Existencial, que utilizam a psicanálise para criticar os fundamentos da própria psicologia.
Faz-se menção à psicanálise na história das idéias e sistemas psicológicos, ao lado do
comportamentalismo, fenomenologia, cognitivismo e sócio-interacionismo. A psicanálise
também está incluída como uma das grandes Escolas Psicológicas do século XX, juntamente
do behaviorismo, gestalt e humanismo. Em disciplinas de psicopatologia, a psicanálise
aparece como uma das principais teorias produtoras de conceitos psicopatológicos, ao lado
das teorias: comportamental, biológica, sócio-cultural e transpessoal. A psicanálise é
considerada uma perspectiva específica de compreensão do sujeito e da subjetividade, em
termos das rupturas e continuidades que estabeleceu à cultura ocidental. Uma visão
panorâmica das diversas correntes da psicanálise pós-freudiana, com a exposição crítica de
diversas teorizações e a comparação destas entre si é destinada aos alunos para obter uma
idéia sintética da psicanálise atual e saber como e porque as diversas linhas de pensamento
convergem ou divergem. A descrição das linhas mestras e as diretrizes de cada escola tornam
possível aos iniciantes ter um conhecimento geral suficiente que lhe dê respaldo para a eleição
de uma teoria especifica em sua prática.
Os estudos sobre a psicanálise têm como objetivo fornecer aos alunos uma introdução
de seus conceitos fundamentais e fundantes, situa-la em relação à psicologia, além de
identificar o seu objeto e método, e avaliar as suas implicações políticas, além das suas
223
principais contribuições. A psicanálise foi apresentada como um dos diferentes saberes psi,
referida como uma teoria e método das diferentes grande escolas de psicologia ou como uma
diversidade teórica da psicologia, como o behaviorismo, a fenomenologia e a psicologia
sócio-histórica. As disciplinas de psicopatologia consideram a avaliação psicanalítica, assim
como a avaliação fenomenológica, o exame mental psiquiátrico e o parecer psicológico, como
tipos de avaliação psicológica. Questionam se a abstração cultural da família e do indivíduo
seria inteiramente acessível aos métodos da psicologia concreta, observação e análise. O
estudo sobre os fundamentos da psicanálise ênfase ao campo conceitual de Freud que
trouxe grandes contribuições para a psicologia clínica. Outro dos objetivos destas disciplinas é
o de capacitar o aluno na teoria e técnica psicanalítica para o exercício competente da
psicologia clínica.
A psicanálise é considerada pelas instituições como um dos fundamentos teóricos e
metodológicos que fazem parte da história de construção da psicologia como uma ciência
independente. O aluno é estimulado a analisar os fundamentos teórico-metodológicos da
psicanálise a partir dos antecedentes da psicanálise, a psicanálise freudiana, seus dissidentes e
descendentes. São estudadas a história e a metodologia da produção científica em relação ao
sofrimento mental anteriores à descoberta freudiana, o corte epistemológico que Freud aponta
na descoberta do inconsciente, o método articulado nos vários momentos do movimento
psicanalítico, assim como a compreensão do mesmo nas outras abordagens psicanalíticas. Na
área da pesquisa em psicologia a psicanálise é referenciada para detectar os obstáculos
epistemológicos para a construção do conhecimento. Destacam-se as armadilhas e
dificuldades que cercam a descoberta de conceitos fundamentais, a função positiva dos erros
nessa gênese e, principalmente, o caráter recorrente e geral de certas resistências ao
conhecimento científico.
Os Cursos de Psicologia revisam sistematicamente os conceitos-chave do tratamento
psicanalítico, como transferência, contratransferência e resistência, os problemas do início e
evolução do tratamento, a interpretação de sonhos, o papel das condutas terapêuticas, os
diversos modelos processuais e a relação entre a teoria e a prática, que contribuem para uma
maior integração das diferenças de opinião entre analistas e escolas psicanalíticas na medida
em que assinalam seus pontos em comum e suas divergências.
Apresenta-se um sumário das doutrinas psicanalíticas de maneira sistemática e
abrangente, em particular a teoria das neuroses, com o objetivo de ajudar o ensino no
treinamento psicanalítico. Os conceitos centrais da psicanálise são aprofundados a partir de
tópicas freudianas tais como os de pulsão, aparelho psíquico, repressão, narcisismo,
identificação, formações do inconsciente e estruturas clínicas. Abordam-se aspectos do
224
desenvolvimento psíquico e das relações de objeto que fundamentam os tipos de estruturas do
sujeito: neurose, psicose e perversão. Outras estruturas freudianas também são descritas como
o modelo psicodinâmico de estruturação psíquica do sujeito, os estágios do desenvolvimento
psicossexual (fases: oral, anal, fálica), a angústia de castração, o complexo de Édipo e o
superego. No que tange a prática clínica são mencionados o método de associação livre, as
entrevistas preliminares, o lugar do analista, a entrada em análise, os limites de uma análise e
os aspectos éticos. São oferecidos recenseamentos e classificações de elementos da
psicanálise: com seus conceitos, os países de implantação, as entidades psicopatológicas que a
psicanálise criou, as disciplinas para as quais contribuiu ou em que se inspirou, os casos
clínicos sobre os quais elaborou seu método terapêutico, os fenômenos psíquicos, os discursos
que modificou, as instituições fundadoras, o freudismo, suas diferentes escolas e sua
historiografia, e a incidência contraditória de suas descobertas sobre outros movimentos
intelectuais, políticos ou religiosos.
É destacado que a psicanálise se sustenta na descoberta fundamental do inconsciente,
estabelecido a relação entre a teoria, o método e a técnica, apontando-se a indissociabilidade
destes com os princípios éticos e para que o aluno reconheça os atributos essenciais do
analista. As especificidades da psicanálise são identificadas e conceituadas a partir dos pontos
relevantes do método, os elementos básicos que caracterizam a técnica, as estruturas clínicas e
os aspectos relevantes da formação, com suas respectivas implicações éticas. São expostas
recomendações sobre a técnica da psicanálise, baseadas na experiência do fundador da
psicanálise, aconselhadas aos futuros analistas: sobre o início do tratamento, a questão das
primeiras comunicações, a dinâmica da cura e as suas limitações. As descobertas clínicas e a
maneira com que os procedimentos técnicos, descritos nestes estudos, conduziram aos pontos
de vista teóricos, prepararam terreno para a prática da psicanálise. São demonstrados casos
clássicos como, pequeno Hans, homem dos ratos, homem dos lobos e outros de
importância central na teoria psicanalítica que permitiram a Freud compreender melhor o
funcionamento da psique. Freud aproveitou este material para introduzir as descobertas da
psicanálise ao público, sendo apropriado para exemplificar aos alunos, o mecanismo de
funcionamento do inconsciente. São obras de esclarecimentos à sexualidade que expõem os
métodos e as concepções teóricas do tratamento psicanalítico. Foram demonstradas também
regras técnicas que orientam a direção do tratamento, uma série de situações que devem ser
enfrentadas no manejo da transferência durante a análise e as primeiras teses da psicanálise
sobre as psicoses.
Os conceitos adquiridos através do estudo dos fundamentos da psicanálise possibilitam
a compreensão da personalidade, do inconsciente (atos falhos, sonhos e sintomas), da
225
repetição, dos mecanismos de defesa do ego. Freud expõem o que o termo inconsciente veio a
significar na psicanálise, inclusive com a descrição de suas premissas e discussão das
ambigüidades do seu emprego: descritivo, dinâmico e sistemático, além de uma compilação
de estudos que revisam as concepções tradicionais da psicanálise e toca pontos decisivos das
diversas teorias existentes, como as suas raízes biológicas, a concepção de pulsão, as neuroses
e aquelas enfermidades da conduta que alteram o equilíbrio do ego. A psicanálise parte, em
suas ementas, dos conceitos teóricos e técnicos centrais da psicanálise. Apresentam-se os
seguintes temas centrais: o inconsciente, o método e a técnica da psicanálise, o sintoma, a
resistência e a sugestão. O inconsciente também é esboçado a partir de um resgate da sua
dimensão social-histórica. São tomados exemplos do cotidiano da vida psíquica que levam a
impasses na subjetivação que se manifestam também como sintomas sociais. Apresenta-se
estudos crítico sobre o inconsciente, a partir das contribuições mais recentes de alguns autores
contemporâneos. Por fim procura-se refletir sobre as implicações sociais e políticas do
inconsciente nos procedimentos de lutas e transformações da sociedade.
As estruturas eminentemente didáticas das disciplinas introdutórias oferecem uma
visão global e sistematizada das principais teses que compõem o legado psicanalítico. Além
de proporcionar acesso às obras dos grandes nomes da psicanálise, os professores pretendem
também que este seja um estímulo para que o aluno passe diretamente às fontes, voltando-se
para os textos originais. A aprendizagem tem como objetivos: ter conhecimentos sobre a
abordagem psicanalítica na clínica, inclusive de outras correntes psicanalíticas; conhecer os
autores que releram Freud, bem como suas contribuições no estudo da psicanálise; saber da
importância da própria analise pessoal para a prática psicanalítica; e ter o entendimento de
que o reconhecimento do psicanalista se pelo aprofundamento nos estudos. Um dos
propósitos da bibliografia é o de sintetizar os princípios fundamentais do método psicanalítico
teoria, psicopatologia, técnica e prática clínica com uma abordagem didática que permita
uma necessária acessibilidade aos alunos. Apresenta-se um sumário das doutrinas
psicanalíticas de maneira sistemática e abrangente, em particular a teoria das neuroses, com o
objetivo de ajudar o ensino no treinamento psicanalítico. A didática das aulas oferece uma
visão global e sistematizada das principais teses que compõem o legado psicanalítico. Além
de proporcionar acesso às obras dos grandes nomes da psicanálise, os autores pretendem
também que este seja um estímulo para que o aluno passe diretamente às fontes, voltando-se
para os textos originais.
A natureza da psicanálise é definida, na indicação de seus limites e estabelecimento de
relações próprias com outras formas de psicoterapia, medicina, ética e ciências sociais. As
disciplinas traçaram um panorama de diversas psicoterapias, explicitando-lhes as diferenças,
226
para demarcar a especificidade da clínica psicanalítica, com suas respectivas implicações
éticas. Em muitas situações procurou-se especificar a modalidade técnica dessas terapias, que
reconhecem a psicanálise como fonte, mas se diferenciam da sua técnica clássica, como por
exemplo, as psicoterapias de orientação analítica, particularmente as chamadas breves.
Critica-se a tendência de assimilar a psicanálise como uma forma de psicoterapia, propondo
exatamente uma reflexão sobre as suas particularidades.
Os Planos de Ensinos consideram a contribuição da psicanálise a outras especialidades
clínicas, como pediatria e educação, um incentivo ao trabalho com equipes multiprofissional e
o estabelecimento de uma prática que não se limite à clínica. Considera-se uma variedade de
reflexões críticas sobre o modo de intervenção da psicanálise, sua relação mútua e a teoria
como fator de influência sobre a ação terapêutica da análise. Alguns temas remetem a um
amplo uso da psicanálise, como materiais tomados tanto da cultura grega quanto da filosofia e
das artes góticas. Outro exemplo é o estudo das funções do narcisismo na sociedade industrial
contemporânea, centrada na TV e em outros dispositivos tecnológicos de produção de
imagens ou simulacros, como investimento na produção semiótica e psicanalítica. Também
estão incluídos temas emergentes e significativos, como a pesquisa de resultados das
psicoterapias, a interface com as neurociências, a importância do gênero do terapeuta e
reformulações polêmicas sobre homossexualidade. São envolvidas discussões no campo da
psicanálise, política e teorias subjacentes, em temas como o movimento das minorias, a
autogestão dos hospitais, a atuação das gangues nos subúrbios, as rádios, os partidos políticos
e outros campos como literatura, cinema, música, etc. Os seminários de estudos da
subjetividade articulam os conhecimentos relativos às teorias e práticas em psicologia com os
estudos da subjetividade. Alguns deles envolvem filosofia, psicanálise e política de um modo
interdisciplinar. Ensaios de teoria psicanalítica procuram definir a fundamentação do campo
teórico da pesquisa em psicanálise, na qual se articulam de maneira íntima à metapsicologia e
à clínica psicanalítica. Nesta perspectiva são abordados a concepção de metapsicologia,
pulsão, linguagem, inconsciente, sexualidade, narcisismo, sublimação, fantasma, ato e tempo.
É estabelecido um diálogo interdisciplinar da psicanálise com algumas das ciências humanas,
construindo uma interlocução fecunda com diferentes temas, como ciência, filosofia, política,
ética, religião e economia, centrando-se em alguns tópicos especiais desses saberes. São
promovidas reflexões sobre gênero a partir de textos freudianos, ao discutir a produção teórica
feminista na utilização de conceitos psicanalistas. O trabalho interdisciplinar e o intercâmbio
das ciências humanas e na filosofia permitem à psicanálise a continuidade do que um dia
Freud denominou de peste.
227
Textos interdisciplinares sobre a criança e a forma de educação que lhe é proposta,
reúnem diversos colaboradores que partilham de diversos temas e interrogações desse
interesse, a partir da aplicação de conceitos da teoria psicanalítica. Transmitem-se as idéias de
Freud e Lacan sobre a educação, os paradoxos por ele colocados, sua figura de mestre, e suas
concepções sobre o aprender. Reconhece-se o desejo e os limites impostos ao sujeito neste
âmbito. São conhecidos novos operadores de leitura na educação a partir da aplicação de
conceitos da teoria psicanalítica lacaniana, inter-relacionando conceitos como, transferência e
saber, saber e gozo.
Pelo estudo interligado das teorias de Freud e Piaget, na vertente epistemológica da
psicanálise procura-se realçar tecnicamente o inconsciente a par da complexidade de um
sujeito também cognitivo. Propõe-se aos profissionais ligados à saúde mental e aos
educadores que venham a superar a cisão entre o conhecimento e a emoção, entre a lógica e a
sexualidade, ou seja, entre o conhecimento e o desejo. As disciplinas de psicologia na
educação repensam a abordagem tradicional destes problemas que focalizam ora o potencial
intelectual, ora o desejo inconsciente, a partir de uma nova visão, tendo como ponto de
partida a junção dinâmica de seus métodos. Em matéria de educação especial aborda-se a
dependência da criança retardada em relação à mãe. Autores como Maud Mannoni (1985)
mostram que o débil é capaz de entrar numa relação psicanalítica válida.
A psicanálise está presente em disciplinas de psicologia do desenvolvimento a partir
de suas teorias, autores, objeto e método de estudo, propondo-se a aprofundar o estudo dos
diferentes modelos de entendimento humano. A psicanálise estuda o desenvolvimento infantil
através dos seguintes autores: René Spitz, Donald Winnicott, Melanie Klein, Anna Freud,
Margaret Mahler, John Bowlby, Maud Mannonni, Françoise Dolto e Arminda Aberastury.
Entre os objetivos está a definição de conceitos, a abordagem das fases do desenvolvimento,
conforme os autores da bibliografia e o de trabalhar os aspectos práticos com a teoria.
Apresentam-se estudos da condição da criança no tratamento psicanalítico, uma série de
debates sobre a técnica psicanalítica com enfoque nos pontos mais significativos do contato
com a criança, situações de angústia e seu efeito sobre o desenvolvimento da criança.
Especialistas em infância oferecem um conhecimento teórico-clínico em relação à técnica
psicanalítica nos diferentes estágios do desenvolvimento, da pré-latência à pré-adolescência.
Apresentam-se estudos quanto a novas delimitações em que se instala o complexo de Édipo e
as posições correspondentes às etapas do desenvolvimento primário infantil. Em outro estágio
através da perspectiva psicanalítica aborda-se a velhice, a doença e a morte, tratando também
da vida e do que se pode fazer por aqueles que atravessam seus estados últimos.
228
O campo da infância abrange diferentes especialidades clínicas em que se entrelaçam
questões psicanalíticas e pedagógicas e que revela suas experiências em diversos centros
hospitalares, assistenciais e educacionais, no tratamento de problemas graves. Para os que
lidam com as crianças, aqui, a valorização da criança, de sua expressão e inventividade
adquire sólidos fundamentos científicos e humanos. Os alunos são provocados ao insistir
nestas questões, do agir ao desejo da criança ou do adolescente, ao estudar casos da
psicanálise, de crianças adotadas ou institucionalizadas. Representam experiências específicas
no campo da psicanálise e da pediatria, contendo revelações não apenas da libido infantil, mas
também das incidências complexas dos distúrbios psicológicos na infância. A partir de
descobertas originais sobre a vida psíquica da criança, alguns livros apresentam uma visão da
atividade lúdica da criança e seu significado ao longo do crescimento infantil. Descreve e
explica-se o jogo do bebê, da criança pequena, do escolar e do pré-adolescente,
representando-se experiências no campo da psicanálise e da pediatria. Contém revelações não
apenas da libido infantil, mas também das incidências complexas dos distúrbios psicológicos
na infância. É discutida uma série de hipóteses fundamentalmente articuladas através da
prática psicanalítica sobre a constituição precoce do psiquismo. A importância do jogo remete
ao que permite ao bebê construir seu corpo, simbolicamente, no primeiro ano de vida. São
levantados assuntos relacionados às crianças, como a delinqüência juvenil, orientação sexual,
etc. voltados aos primórdios da vida imaginativa e da experiência cultural. As bases para o
entendimento e o tratamento dos problemas emocionais enfrentados pelos mais jovens são
oferecidas através de uma abordagem psicanalítica da infância, nas formas de tratamento dos
casos clínicos estudados, como relata a história da técnica, suas correntes, etapas de
entrevistas, materiais, problemas técnicos, além dos sintomas psicanalíticos mais comuns.
Apresentam-se trabalhos de psicanálise aplicada na psicopedagogia, assim como os que
tratam da avaliação da criança através do perfil metapsicológico, acompanhados de exemplos
clínicos. Por fim, trata-se da formação de psicanalistas de crianças, incluindo o programa de
formação recomendado pela APA. Representa-se uma tentativa de evolução e renovação do
pensamento analítico, a partir de uma continuidade de Freud.
A psicanálise está presente nas relações familiares, reunindo a análise de psicanalistas,
antropólogos e juristas discutindo vários aspectos sobre o tema do casamento. Outras questões
desta área são levantadas como a presença e o significado do pai, em toda a sua extensão
cultural, histórica, simbólica e subjetiva. São abordados a proibição do incesto e outros temas
essenciais, como o da função do pai na dialética edipiana, e o da foraclusão do significante
Nome-do-Pai, na etiologia lacaniana da psicose.
229
A psicanálise também é considerada como um dos modelos de compreensão da
adolescência, cuja problemática foi estudada em sua inter-relação com o meio familiar e
social. São reunidas as contribuições de vários autores, como Arminda Aberastury e Françoise
Dolto, que desenvolvem temas ligados à psicologia do desenvolvimento, psicopatologia e
tratamento. As reflexões psicanalíticas sobre a adolescência tratam de considerações teórico-
clínicas, a partir de um panorama do desenvolvimento psicossocial do adolescente, os
aspectos psicanalíticos do processo de identificação na sociedade atual, o processo de
identificação do adolescente, e a crise dos pais na adolescência dos filhos. Profissionais que
trabalham com jovens, principalmente no campo da saúde mental apresentam as
características da síndrome normal da adolescência pressupondo um tênue limite entre a
normalidade e a patologia, como esperado para essa fase do desenvolvimento. Coloca-se em
questão a suposta naturalidade das suas posições assumidas e suas manifestações, como os
desvios de conduta, as toxicomanias, o alcoolismo, a delinqüência, a sexualidade, o
consumismo, as vestimentas, as marcas no corpo, a relação com a vida e a morte. Os autores
abrangem estes temas incluindo aqueles que formam e atendem os adolescentes, como
médicos, psicanalistas, e educadores. As obras exploram de forma detalhada os múltiplos
aspectos da adolescência, suas etapas e suas crises, do ponto de vista da psicanálise, com
noções fundamentais dos tipos de adolescência e os aspectos do desenvolvimento do ego. São
abordadas definições de etapas e crises da adolescência, as transformações do pensamento na
adolescência, a partir de modelos, perdas e lutos patológicos desta difícil fase do ciclo vital.
Os fundamentos teóricos dos processos grupais têm como um dos objetivos
compreender as contribuições da psicanálise ao estudo dos grupos. O trabalho de Bion
proporciona a base para a síntese de aproximação da psicanálise clássica, centralizada no
individual, com aquela da dinâmica de grupo, que, através de seus conceitos e técnicas
especiais, revelam aspectos diferentes do mesmo fenômeno. Por certo, as implicações do
pensamento de Bion em relação a tais instituições como as do estado, da igreja e das forças
armadas são fundamentais e revolucionárias e compelirão séria atenção aos aspectos de suas
origens e estruturas que são tão raramente sujeitas à análise. Contém também vários trabalhos
de Pichon-Rivière sobre grupos, o campo operacional da psicologia social, relação dialética
entre estrutura social e fantasia inconsciente, articulada pelo vínculo. Seu trabalho aborda o
grupo que permite o interjogo entre o psicossocial e o sócio-dinâmico através da observação
das formas de interação, dos mecanismos de assunção e adjudicação de papéis. Este material
oferece um ensino muito pouco ortodoxo, permeado por múltiplas influencias: uma espécie de
paradigma do freudismo argentino. Ainda em matéria de psicanálise grupal os trabalhos de
Didier Anzieu centralizam sua proposta sobre a noção de imaginário grupal: o grupo e sua
230
psicologia própria, diferente sob certas condições e certos momentos daquela dos indivíduos
que o compõem ou que se opõem. As disciplinas conduzem o aluno a descrever e a situar
vários processos imaginários que sustentam a vida do grupo: a ilusão grupal, as fantasias de
quebra, a resistência paradoxal autodestruidora, as perturbações no grupo organizado pela
imago paterna ou do superego. Elucidam-se também os organizadores psíquicos
inconscientes tais como as fantasias originais ou a imagem do próprio corpo, entre outros,
que fundam e estruturam o imaginário grupal. As obras trazem para os pesquisadores, clínicos
e outros profissionais que trabalham com grupos um panorama da vida grupal inconsciente.
Na história de sua prática, os alunos são confrontados com os efeitos do inconsciente
dentro das instituições sejam elas de tratamento, de formação ou de correção, pois muitos
deles trabalharão dentro do âmbito institucional, exercendo funções hierárquicas, políticas,
econômicas ou terapêuticas. Essas diferentes experiências trarão uma série de questões sobre
o inconsciente que aí se manifesta, o discurso que aí se produz e a demanda que aí se exprime.
As contribuições propõem os instrumentos conceituais destinados a assegurar ou a questionar
as práticas existentes mas também servem de paliativo à falta atual de uma teoria psicanalítica
da instituição. Os trabalhos pretendem repensar o problema do atendimento psicoterápico nos
ambulatórios públicos, tendo como parâmetro conceitual, a psicanálise, incluindo-se algumas
concepções das teorias psicanalíticas de grupo.
A psicologia hospitalar examina as modalidades assistenciais referências e se propõe a
refletir sobre a clínica psicanalítica no ambulatório a partir dos enlaces transferenciais. A
teoria psicanalítica freudiana utilizada como embasamento da compreensão dos mecanismos
presentes no processo de morte e castração fazem parte dos estudos psicanalíticos sobre a
doença terminal. A viabilidade e adequação do método e da técnica psicanalítica no
desenvolvimento de atendimentos transcorridos em ambiente ambulatorial são apresentados
através de ilustrações clínicas que problematizam o trabalho psicanalítico a partir dos vínculos
transferenciais implicados nos processos: transferência com o analista e transferência com a
instituição.
São reunidos artigos que expressam sua compreensão da psicanálise a partir do ponto
de vista social, inclusive contrapondo mestres como Freud e Wittgenstein. Outros temas
também são abordados, como a relativização da psicanálise, classes sociais, sistemas de fala e
a representação social da psicanálise. Pulsões, fantasmas e projeções não cessam de agir no
campo social, e é em Freud, notadamente, que se encontram os subsídios para compreender
este paradoxo. Alguns textos como O futuro de uma ilusão e O mal-estar na civilização,
ambos de Sigmund Freud (1974), demonstram o interesse dos cursos no campo sócio-cultural.
A cultura da psicanálise é analisada a partir da difusão de idéias, terminologias e imagens
231
desta ciência na cultura em geral e na própria conduta dos indivíduos e avaliada na sua
banalização, nas mais variadas manifestações sociais, por importantes historiadores e
antropólogos, como Peter Fry e Gilberto Velho, que apontam as conseqüências da
psicologização do social. Propõem-se também a interrogar sobre as aplicações destes temas
nos elementos do cotidiano, como a problemática da cultura, respondendo sobre a crescente
demanda de uma presença da psicanálise no social. São indicados trabalhos apresentados em
jornadas de psicanálise, como geradora desses impasses e suas vias de análise, através da
delinqüência, alcoolismo, toxicomania, maus-tratos a menores, meninos e meninas de rua,
corrupção, violência urbana, sociedade de consumo, fracasso escola, etc. e ao conceito de
sintoma social, a partir do sujeito, do grupo, e instituições, através da teoria-práxis
psicanalítica e campos conexos: literatura, educação, topologia, filosofia e antropologia.
As disciplinas de psicologia social abordam a produção da subjetividade no cotidiano
da vida urbana numa concepção de sujeito a partir da psicologia de bases: psicanalítica e
sócio-histórica. Após uma introdução e contexto das teorias psicológicas sociais, são
considerados representantes das mesmas: Alfred Adler, Karen Horney, Harry Stack Sullivan e
Erich Fromm. Verificaram-se contribuições da psicanálise à psicologia social com temas
sobre os problemas da psicanálise com a ética e com a cultura. Nesta perspectiva também
foram recomendadas obras que relacionam filosofia, psicanálise e política.
232
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