Download PDF
ads:
DISSERTAÇÃO
CRESCIMENTO DE MUDAS DE
PUPUNHEIRA (Bactris gasipaes Kunth) EM
SUBSTRATO COMPACTADO
RAFAEL von ZUBEN PREVITALI
Campinas, SP
2007
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
ii
INSTITUTO AGRONÔMICO
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRICULTURA
TROPICAL E SUBTROPICAL
CRESCIMENTO DE MUDAS DE PUPUNHEIRA (Bactris
gasipaes Kunth) EM SUBSTRATO COMPACTADO
RAFAEL von ZUBEN PREVITALI
Orientadora: Ana Maria Magalhães Andrade Lagoa
Dissertação submetida como requisito
parcial para obtenção do grau de Mestre
em Agricultura Tropical e Subtropical
Área de Concentração em Tecnologia de
Produção Agrícola.
Campinas, SP.
Maio 2007
ads:
iii
Ao INSTITUTO AGRONÔMICO pela
oportunidade de poder conviver durante este
período com pessoas tão representativas da
pesquisa científica e, em especial à Dra. Marilene
Leão Alves Bovi (in memoriam), pelo exemplo de
profissionalismo, dedicação e amor ao seu
trabalho,
DEDICO
Aos meus pais Elso e Fernanda, meus irmãos
Evandro e Bianca, e minha namorada Carina,
que tanto incentivaram e contribuíram para a
realização deste trabalho e à minha querida
avó Maria Catarina,
OFEREÇO
iv
AGRADECIMENTOS
- A Deus, por me fortalecer nos momentos mais difícies;
-
Ao Instituto Agronômico (IAC) que possibilitou a efetivação deste estudo;
- À pesquisadora, Dra. Maria Luiza Sant`Anna Tucci, pelos ensinamentos, amizade,
dedicação conselhos e apoio, fundamentais para que eu pudesse concluir o curso, e
pelos ensinamentos importantes para minha vida profissional. É muito difícil explicar
nestas poucas palavras a imensa gratidão que sinto;
- À pesquisadora e orientadora Dra. Ana Maria Magalhães Andrade Lagôa, pela
parceria, paciência e incentivo para conclusão deste trabalho;
- À CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, pela
concessão de bolsa de estudos;
- Ao pesquisador Dr. Flávio Bussmeyer Arruda, que esteve sempre disponível, pelas
valiosas sugestões e contribuições na elaboração desta dissertação;
- À Dra. Maria Aparecida Tanaka, Seção de Fitopatologia - IAC, pela colaboração na
realização das análises e pelos valiosos esclarecimentos;
- À Dra Isabella Clericci de Maria, do Centro de Solos IAC, pelas sugestões,
ensinamentos e auxílio nos momentos mais difíceis;
- Aos professores Dr. Carlos Centurion Maciel e Dra. Nilva Terezinha Teixeira, da
Faculdade de Agronomia Manuel Carlos Gonçalves UNIPINHAL em Espírito Santo
do Pinhal/SP, que sempre me acolheram e tanto colaboraram para realização deste
trabalho;
- Aos amigos da pós-graduação Daniela, Monalisa, Aline, Núbia, Rafaela, Sarita,
Carlos, Cristiane, Márcia e Fabiana pela amizade e companheirismo;
- A Eliana von Zuben, minha prima, que disponibilizou a área para a realização do
presente estudo;
- Às pesquisadoras do Centro de Horticultura - Plantas Tropicais, Dra. Valeria
Aparecida Modolo e Dra. Lilian Cristina Anefalos, bem como ao funcionário Armando
Buratto;
- À bióloga Sandra Heiden Spiering da Cruz, pela amizade, conselhos e pela valiosa
ajuda;
- Aos funcionários da PG-IAC, com todo carinho à Elisabeth Verza Rigitano, Adilza
Costa, Célia Regina Terra e Eliete de Moraes Machado pelo auxílio, amizade e
compreensão em todos os momentos no decorrer do curso;
v
- Enfim, a todos que direta e indiretamente colaboraram para a realização e finalização
deste trabalho.
vi
SUMÁRIO
ÍNDICE DE TABELAS .................................................................................................viii
ÍNDICE DE FIGURAS...................................................................................................ix
RESUMO........................................................................................................................xiii
ABSTRACT ...................................................................................................................xiv
1 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................01
2 REVISÃO DE LITERATURA ....................................................................................03
2.1 A pupunheira.............................................................................................................03
2.2 Clima e solos para o cultivo da pupunheira................................................................04
2.3 Formação de mudas...................................................................................................05
2.4 Análise de crescimento..............................................................................................06
2.4.1 Análise de crescimento da parte aérea.....................................................................06
2.4.2 Crescimento radicular da pupunheira......................................................................08
2.4.3 Nutrição mineral da pupunheira..............................................................................09
2.5 Compactação do solo.................................................................................................09
2.5.1 Compactação do substrato na formação de mudas...................................................10
2.5.2 Determinação da compactação................................................................................11
3 MATERIAL E MÉTODOS .........................................................................................11
3.1 Caracterização da área experimental..........................................................................11
3.2 Material vegetal e condições de cultivo ....................................................................12
3.3 Delineamento experimental .......................................................................................15
3.4 Tratos culturais..........................................................................................................15
3.5 Estado fitossánitario ..................................................................................................15
3.6 Avaliação do desenvolvimento vegetativo da parte aérea...........................................16
3.7 Análise química foliar ...............................................................................................17
3.8 Avaliação dos efeitos das compactações sobre os substratos ......................................18
3.9 Análise estatística......................................................................................................19
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO...................................................................................19
4.1 Características químicas e físicas dos substratos ........................................................20
4.2 Efeito dos tratamentos nas características físico-hídricas dos substratos.....................23
4.2.1 Substratos...............................................................................................................24
4.2.2 Compactações ........................................................................................................28
4.3 Efeito dos tratamentos sobre as plantas......................................................................32
4.3.1 Crescimento em altura total ....................................................................................33
4.3.2 Crescimento em altura da haste...............................................................................40
4.3.3 Crescimento em diâmetro do colo...........................................................................46
4.3.4 Número de folhas ...................................................................................................52
4.3.5 Crescimento da ráquis da folha +1..........................................................................56
4.3.6 Produção de matéria seca e de área foliar ...............................................................60
4.3.7 Crescimento e variação dos valores SPAD..............................................................70
5 CONSIDERAÇÕES GERAIS......................................................................................75
6 CONCLUSÕES ..........................................................................................................77
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .........................................................................79
viii
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 - Características químicas dos substratos coletados em solo arenoso
(Pariquera-Açu, SP) e argiloso (Campinas, SP) ..................................................20
Tabela 2 - Características físicas dos substratos coletados em solo arenoso (Pariquera-
Açu, SP) e argiloso (Campinas, SP) ...................................................................22
Tabela 3 - Resumo da análise de variância, com valores de F e significância para as
variáveis relativas às características físicas dos substratos, densidade,
umidade na saturação, microporosidade, macroporosidade e água facilmente
disponível (AFD) ...............................................................................................23
Tabela 4 - Resumo da análise de variância para altura total da planta nos períodos de
avaliação. Campinas, SP. 2005/2006..................................................................34
Tabela 5 - Resumo da análise de variância para altura da haste nos períodos de
avaliação. Campinas, SP. 2005/2006..................................................................41
Tabela 6 - Resumo da análise de variância para o diâmetro do colo nos períodos de
avaliação. Campinas, SP. 2005/2006..................................................................47
Tabela 7 - Resumo da análise de variância para o número de folhas nos períodos de
avaliação. Campinas, SP. 2005/2006..................................................................54
Tabela 8 - Resumo da análise de variância para o comprimento da ráquis da folha +1
nos períodos de avaliação. Campinas, SP. 2005/2006.........................................57
Tabela 9 - Matriz de correlação linear entre as características físicas dos solos e as
variáveis de crescimento de mudas de pupunheira, cultivadas em solo
arenoso e argiloso e submetidas a seis níveis de compactação, em Campinas,
SP ......................................................................................................................60
Tabela 10 - Resumo da análise de variância para produção de matéria seca e área foliar
de mudas de pupunheira nos períodos de avaliação. Campinas, SP.
2005/2006..........................................................................................................74
ix
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 - Normais climatológicas (1961-1990) mensais de temperaturas máximas,
médias e mínimas e radiação solar (a), precipitação pluviométrica e umidade
relativa (b) (Departamento Nacional de Meteorologia, 1992) e extrato do
balanço hídrico normal (c) (Centro de Ecofisiologia e Biofísica do IAC).
Campinas ...........................................................................................................13
Figura 2 - Aspectos do momento da compactação dos substratos com prensa
hidráulica. Campinas (SP). Agosto de 2005........................................................14
Figura 3 - Aspecto do experimento logo após o plantio das mudas. Campinas, SP.
Setembro de 2005 ..............................................................................................15
Figura 4 - Aspectos de mudas de pupunheira plantadas em solo arenoso, apresentando
manchas foliares. Campinas, SP. Julho, 2006 .....................................................17
Figura 5 - Seqüência da coleta de amostras indeformadas de solo (A, B, C) para a
realização de análises físicas. Campinas, SP. 2006/2007 ....................................18
Figura 6 - Valores médios da densidade (A) e da umidade na saturação (B) para os
substratos arenoso (Pariquera-Açú) e argiloso (Campinas) .................................24
Figura 7 - Efeitos do grau da compactação aplicada nos tratamentos na densidade
(medida) do substrato arenoso e argiloso............................................................25
Figura 8 - Valores médios e erro padrão da média da macroposidade (A) e
microporosidade (B) para os substratos arenoso e argiloso .................................27
Figura 9 - Valores médios e erro padrão da média da água facilmente disponível
(AFD), para os substratos arenoso e argiloso......................................................28
Figura 10 - Valores médios e erro padrão da média da densidade (A) e da umidade na
saturação (B) segundo as compactações impostas, para os substratos arenoso
e argiloso ...........................................................................................................29
Figura 11 - Valores médios e erro padrão da média da macroporosidade (A) e
microporosidade (B) segundo as compactações e para os substratos arenoso
e argiloso ...........................................................................................................31
Figura 12 - Valores médios e erro padrão da média da água facilmente disponível
(AFD) segundo as compactações e para os substratos arenoso e argiloso............32
Figura 13 - Média de todos os tratamentos e erro padrão da dia da altura das plantas
(A) e da taxa de crescimento absoluto (TCA) em altura total (B), de mudas
de pupunheira cultivadas em substrato arenoso e argiloso, em Campinas............35
Figura 14 - Aspectos das mudas cultivadas em substrato arenoso (direita) e argiloso
(esquerda) em julho de 2006, aos 11 meses em Campinas SP.............................36
x
Figura 15 - Crescimento em altura total de mudas de pupunheira cultivadas em substrato
arenoso (A) e argiloso (B), em função das compactações, em Campinas.
Cada ponto representa média de três plantas.......................................................37
Figura 16 - TCA em altura total de mudas de pupunheira cultivadas em substrato
arenoso, em função do tempo e das compactações em Campinas, SP..................39
Figura 17 - TCA em altura total de mudas de pupunheira cultivadas em substrato
argiloso, em função do tempo e das compactações em Campinas, SP .................40
Figura 18 - Altura da haste (A) e Taxa de Crescimento Absoluto em altura da haste (B),
de mudas de pupunheira cultivadas em substrato arenoso e argiloso. As
barras verticais representam o erro padrão da média...........................................42
Figura 19 - Altura da haste e erro padrão da média de mudas de pupunheira cultivadas
em substrato arenoso (A) e argiloso (B), em função das compactações. Cada
ponto é a média de três plantas...........................................................................44
Figura 20 - TCA em altura da haste de mudas de pupunheira cultivadas em substrato
arenoso, em função do tempo e das compactações. Cada ponto representa a
média de três repetições. As barras verticais representam o erro padrão da
média.................................................................................................................45
Figura 21 - TCA em altura da haste de mudas de pupunheira cultivadas em substrato
argiloso, em função do tempo e das compactações Cada ponto representa a
média de três repetições. As barras verticais representam o erro padrão da
média.................................................................................................................46
Figura 22 - Crescimento em diâmetro do colo (A) e da Taxa de Crescimento Absoluto
em diâmetro do colo (B), de mudas de pupunheira cultivadas em substrato
arenoso e argiloso. Cada ponto representa a média de três plantas. As barras
verticais representam o erro padrão da média .....................................................48
Figura 23 - Diâmetro do colo de mudas de pupunheira cultivadas em substrato arenoso
(A) e argiloso (B), em função do tempo e das compactações. Cada ponto
representa a dia de três plantas. As barras verticais representam o erro
padrão da média.................................................................................................50
Figura 24 - TCA em diâmetro do colo de mudas de pupunheira cultivadas em substrato
arenoso, em função do tempo e das compactações. Cada ponto representa a
média de três repetições. As barras verticais representam o erro padrão da
média.................................................................................................................51
Figura 25 - TCA em diâmetro do colo de mudas de pupunheira cultivadas em substrato
argiloso, em função do tempo e das compactações. Cada ponto representa a
média de três repetições. As barras verticais representam o erro padrão da
média.................................................................................................................52
xi
Figura 26 - Número de folhas (A) e da Taxa de Crescimento Absoluto em número de
folhas (B), de mudas de pupunheira cultivadas em substrato arenoso e
argiloso. Cada ponto representa a média de três plantas. As barras verticais
representam o erro padrão da média ...................................................................55
Figura 27 - Variação no número de folhas de mudas de pupunheira cultivadas em
substrato arenoso (A) e argiloso (B), em função do tempo e das
compactações. Cada ponto representa a média de três plantas. As barras
verticais representam o erro padrão da média .....................................................56
Figura 28 - Comprimento da ráquis da folha +1 (A) e da Taxa de Crescimento Absoluto
do comprimento da ráquis da folha +1 (B), de mudas de pupunheira
cultivadas em substrato arenoso e argiloso. Cada ponto representa dia de
três plantas. As barras verticais representam o erro padrão da média ..................58
Figura 29 - Comprimento da ráquis da folha+1 de mudas de pupunheira cultivadas em
substrato arenoso (A) e argiloso (B), em função do tempo e das
compactações e erro padrão da média. Cada ponto representa média de três
plantas................................................................................................................59
Figura 30 - Valores médios de MSA e MSR e erro padrão da média, de pupunheiras
cultivadas em substrato arenoso e argiloso. Letras maiúsculas representam a
diferença entre substratos para MSA e as letras minúsculas representam a
diferença entre os substratos para MSR ..............................................................61
Figura 31 - Valores dios da massa aérea em função da compactação do substrato de
mudas de pupunheira cultivadas em substrato arenoso (A) e argiloso (B).
Campinas, SP. 2006/2007 ..................................................................................62
Figura 32 - Valores médios da massa radicular em função da compactação do substrato
de mudas de pupunheiras cultivadas em substrato arenoso (A) e argiloso
(B), em Campinas, SP ........................................................................................63
Figura 33 - Valores dios da razão massa aérea:massa radicular em mudas de
pupunheiras cultivadas em substrato arenoso e argiloso. As barras verticais
representam o erro padrão da média. Campinas, SP. 2005/2006 .........................64
Figura 34 - Valores médios da área foliar de mudas de pupunheira cultivadas em
substrato arenoso e argiloso. Barras verticais representam o erro padrão da
média. Campinas, SP. 2005/2006 .......................................................................65
Figura 35 - Valores médios da área foliar de mudas de pupunheira cultivadas em
substrato arenoso em função da compactação do substrato (A) e área foliar
de mudas de pupunheira cultivadas em substrato argiloso (B), em Campinas,
SP ......................................................................................................................66
Figura 36 - Variação da massa aérea (A), massa radicular (B) e área foliar (C) de mudas
de pupunheira em função da densidade dos substratos em Campinas, SP.
2005/2006..........................................................................................................67
xii
Figura 37 - Variação da massa aérea (A), massa radicular (B) e área foliar(C) de mudas
de pupunheira em função da microporosidade dos substratos, em Campinas,
SP. 2005/2006....................................................................................................68
Figura 38 - Variação da massa aérea (A), massa radicular (B) e área foliar (C) de mudas
de pupunheira em função da macroporosidade dos substratos, em Campinas,
SP. 2005/2006....................................................................................................70
Figura 39 - Valores médios de unidades SPAD para mudas de pupunheira cultivadas em
substrato arenoso e argiloso. As barras representam o erro padrão da média.
Campinas, SP. 2005/2006 ..................................................................................72
xiii
PREVITALI, Rafael von Zuben. Crescimento de mudas de pupunheira (Bactris
gasipaes Kunth) em substrato compactado. 2007. 101f. Dissertação (Mestrado em
Tecnologia de Produção Agrícola) – Pós-Graduação – IAC.
RESUMO
A pupunheira (Bactris gasipaes Kunth) vem sendo largamente cultivada no Brasil
para produção de palmito. Embora seja uma espécie precoce e relativamente rústica em
comparação às espécies tradicionais, é bastante exigente em relação a algumas
propriedades físicas do solo. A compactação assume, nesta cultura, um papel crucial,
bem maior do que o evidenciado para outros cultivos perenes, com reflexos definitivos
na produção e na vida econômica do cultivo. O presente trabalho, realizado entre
setembro de 2005 e agosto de 2006, em Campinas, SP, teve por objetivo avaliar o
desenvolvimento aéreo e radicular das mudas de pupunheira, cultivadas em vasos de
PVC de 25 cm de diâmetro e 27 centímetros de altura, em dois substratos, arenoso e
argiloso, coletados em solos representativos das áreas de cultivo da pupunheira. Os
níveis de compactação empregados, impostos mediante o uso de prensa hidráulica,
foram os seguintes: 0; 0,204; 1,019; 2,037; 4,074 e 6,112 kg cm
-2
, que propiciaram para
o substrato arenoso as seguintes densidades: 1,11; 1,12; 1,52; 1,64; 1,84 e 2,00 g cm
-3
,
respectivamente, e para o substrato argiloso, 1,45; 1,43; 1,62; 2,00; 2,05 e 2,28 g cm
-3
.
Foi estudado o efeito das compactações sobre as seguintes características físicas dos
substratos: água na saturação, macro e microporosidade e água facilmente disponível. O
efeito dos tratamentos sobre o crescimento das plantas foi avaliado mensalmente pelas
seguintes variáveis: altura total, altura da haste, diâmetro do colo, número de folhas,
comprimento da ráquis da folha mais jovem completamente expandida, massa seca da
parte aérea e radicular e área foliar. Foram observadas diferenças significativas entre
substratos (P<0,001) para a altura total, altura da haste e diâmetro do colo a partir de
cinco meses após o plantio. Diferenças significativas de menor magnitude (P<0,01)
foram observadas entre as compactações. Ao fim do experimento as plantas do substrato
arenoso apresentaram superioridade de crescimento em relação às do substrato argiloso,
40%, 44%, 56% e 39%, para a altura total, altura da haste, diâmetro do colo e
comprimento da ráquis, respectivamente. As plantas do substrato arenoso apresentaram
massa seca da parte rea 87% maior que as do argiloso, massa seca das raízes 89%
maior e área foliar 83% maior. Para o substrato arenoso, a densidade de 1,64 g cm
-3
propiciou maior crescimento em altura total, altura da haste, diâmetro do colo e
comprimento da ráquis, que ao fim do experimento, corresponderam a 80 cm, 30 cm, 27
mm e 50 cm, respectivamente. Para o substrato arenoso, a massa seca da parte aérea, a
massa seca radicular e a área foliar diminuíram linearmente com o aumento da
densidade, sendo mais altas à densidade de 1,11 g cm
-3
. Os resultados evidenciaram a
importância das propriedades físicas e químicas dos substratos na formação de mudas
de pupunheira.
Palavras-Chave: Bactris gasipaes, densidade do substrato, porosidade, massa seca,
área foliar, compactação.
xiv
PREVITALI, Rafael von Zuben. Growth of peach palm seedlings (Bactris gasipaes
Kunth) in compacted substrates. 2007. 101f. Dissertação (Mestrado em Tecnologia de
Produção Agrícola) – Pós-Graduação – IAC.
ABSTRACT
Peach palm (Bactris gasipaes Kunth) has been widely grown in São Paulo State for
heart-of-palm production. Peach palm however is highly demanding on suitable soil
physical properties. Soil compactation, for instance, seems to be restrainable to growth
and yield and plays a crucial role for heart-of-palm growth, yield and crop life span.
This work was carried out from September, 2005 to August, 2006, in Campinas, SP,
aiming to evaluate the growth of peach palm seedlings grown in PVC pots 25 cm
diameter and 27 cm height, in two different substrates, a sandy substrate and a clay one,
collected from representative peach palm growing areas. The compactation levels
reached by means of a hydraulic press were the following: 0; 0.204; 1.019; 2.037; 4.074
and 6.112 kg cm
-2
, which corresponded to the following densities for the sandy
substrate: 1.11; 1.12; 1.52; 1.64; 1.84 e 2.00 g cm
-3
, respectively, and to 1.45; 1.43;
1.62; 2.00; 2.05 e 2.28 g cm
-3
, respctively for the clay substrate. The effects of the
compactations were studied over the following substrates physical characteristics: water
status at saturation, macro and microporosity and the easily available water. The effects
of the treatments on seedlings growth was evaluated by means of monthly
measurements of the following growth variables: total height, stem height, stem
diameter, number of functional leaves, length of the raquis of the youngest fully
expanded leaf, shoot and root dry weight and leaf area. Significant differences
(P0.001) between substrates were observed from five months after planting on.
Significant differences of less magnitude (P0.01) were observed for the imposed
compactations. At the end of the experiment the seedlings from the sandy substrate
showed superiority in growth, when compared with those growing in the clay one, 40%,
44%, 56% and 39%, for total height, stem height, stem diameter and raquis length,
respectively. Seedlings from sandy substrate showed shoot dry weight 87% higher than
those from the clay one, root dry weight 89% higher and leaf area 83% higher. For the
sandy substrate, the density of 1.64 g cm
-3
has propitiated higher growth in total height,
stem height, stem diameter, as well as raquis length, which at the end of the experiment
corresponded to 80 cm, 30 cm, 27 mm e 50 cm, respectively. For the sandy substrate the
shoot and root dry weight, as well as the leaf area decreased linearly with the increasing
substrate density, being higher at the density of 1.11 g cm
-3
. The results highlighted the
importance of the physical and chemical substrate properties in peach palms seedlings
formation.
Key Words: Bactris gasipaes, substrate density, porosity, dry weight, leaf area,
compaction.
1
1 INTRODUÇÃO
A exploração indiscriminada de espécies do gênero Euterpe, atualmente ainda
proporciona cerca de 80% do palmito disponível no mercado nacional (BOVI, 2002).
Dentre as palmeiras utilizadas para a produção de palmito, a pupunheira (Bactris
gasipaes Kunth), palmeira nativa da região tropical das Américas, se destaca como uma
opção importante para produção de palmito, por apresentar características de
precocidade (extração do palmito a partir do segundo ano de campo), rusticidade
plantada a pleno sol e permite a utilização de áreas marginais, onde culturas mais
exigentes o apresentam condições de se desenvolver) e alta sobrevivência no campo,
além de facilidade de colheita (BOVI, 1998a).
Além disso, devido ao farto perfilhamento da espécie, novas colheitas na mesma
planta podem ser realizadas no prazo de 8 a 10 meses após o primeiro corte. Outra
grande vantagem da pupunheira em relação às demais espécies produtoras é a ausência
de escurecimento enzimático do palmito, o que possibilita sua comercialização in
natura, de grande apelo para o consumidor e facilidade de comercialização para o
pequeno produtor (BOVI, 1998a).
Devido às vantagens expostas, nos últimos anos o cultivo da pupunheira para a
produção de palmito vem despertando o interesse de agricultores de todo país, como
nova opção de cultivo.
A área ocupada atualmente no Estado de São Paulo com a pupunheira para
palmito corresponde a cerca de 8.000 ha, 90% dos quais na região do litoral e Vale do
Ribeira e o restante no planalto paulista (BOVI, 2002).
A prática tem demonstrado que, embora a pupunheira seja uma espécie precoce
e rústica, é bastante exigente em relação a algumas propriedades físicas do solo.
Compactação e problemas de drenagem assumem, para essa cultura papel crucial, bem
maior do que para outros cultivos perenes. A compactação do solo parece causar na
pupunheira desde redução significativa da biomassa rea e radicular provocada pela
restrição ao crescimento, até o comprometimento do perfilhamento, sendo possível que
afete ainda, além da produção, a qualidade do palmito, causando dificuldades para a
padronização da matéria-prima (BOVI, 1998a).
Em plantios comerciais, o conhecimento da variação de algumas propriedades
físicas e químicas do solo e de seus efeitos no crescimento e na produção da pupunheira
é importante tanto para o agricultor - para a identificação de áreas aptas ao cultivo,
2
manejo adequado do solo, uso de fertilizantes, como para o pesquisador - para definição
de estratégias de amostragem, planejamento da experimentação e correta análise dos
resultados obtidos (M.L.A. BOVI, comunicação pessoal).
A pupunheira é propagada por mudas formadas a partir de sementes. A formação
de mudas não apresenta grandes dificuldades e mudas de qualidade podem ser formadas
desde que seguidos alguns critérios importantes (BOVI, 1998a).
A formação de mudas, fase muito importante para o êxito do cultivo de
pupunheiras para produção de palmito, deve ser conduzida de tal forma a permitir que
as plantas possam se desenvolver sem restrições, expressando o seu vigor (BOVI,
1998a). Avaliações do desenvolvimento das plantas nessa fase permite a realização
precoce de mudas, uma vez que certas variáveis de crescimento podem ser relacionadas
à produção de palmito (BOVI et al., 1996).
Trabalhos sobre a produção de mudas de pupunheira têm sido amplamente
realizados nas últimas cadas, sobre a natureza dos substratos empregados (JULCA-
OTINIANO et al., 2001; TUCCI et al., 2002), o crescimento (BOVI et al., 2000;
CLEMENT, 1995), a nutrição mineral (LA TORRACA et al., 1984; SILVA &
FALCÃO, 2002).
No entanto, com respeito à influência da compactação do substrato na formação
de mudas, em toda a literatura consultada uma única referência foi encontrada
(BORDIN et al., 2006) em que os autores não observaram influência do aumento dos
níveis de densidade do solo no desenvolvimento da parte aérea das mudas. Ao contrário,
para outras espécies de importância econômica, a compactação do substrato para
produção de mudas tem sido bastante estudada, como por exemplo em soja (QUEIROZ-
VOLTAN et al., 2000; SILVA e ROSOLEM, 2001 e 2002), milho (FOLONI et al.,
2003), forrageiras (MAPFUMO et al., 1998), espécies florestais (OUDEN & VOGELS,
1997).
Nesse contexto, foi realizado o presente trabalho, que teve por objetivo avaliar,
em condições controladas, o desenvolvimento aéreo e radicular de mudas de
pupunheira, cultivadas em substrato arenoso e argiloso, submetidos a diferentes níveis
de compactação.
3
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 A pupunheira
A pupunheira, desde tempos remotos, era importante para os nativos da América
tropical, que usavam seus frutos muito nutritivos em sua alimentação e envolveram a
origem da espécie em mitos e lendas. O palmito da pupunheira, que também era
consumido pelos nativos desde tempos imemoriais, é constituído basicamente pelo
meristema apical e um número variável de folhas internas, ainda não plenamente
desenvolvidas, envoltas e protegidas pela bainha das folhas adultas mais externas
(BOVI, 1998a;
FERREIRA
et al., 1980).
Pesquisas com a pupunheira têm sido intensificadas em vários países devido ao
crescente uso dessa espécie para produção de palmito, em substituição à exploração
predatória das espécies Euterpe oleraceae Mart.(açaí) e Euterpe edulis Mart. (juçara ou
jiçara) que vem sendo feita desde o início dos anos 50, tendo provocado grande
devastação, chegando a colocá-las entre as espécies ameaçadas de extinção (BOVI,
1998a; CARVALHO et al., 1999; ORLANDE et al., 1996).
Palmeiras mais precoces e que produzam bom palmito têm sido buscadas.
Dentre essas, tem merecido destaque a pupunheira que despertou a atenção de
instituições brasileiras de pesquisa, que desde a década de 70 iniciaram trabalhos sobre
seu cultivo (CAMACHO & SORIA, 1970).
A pupunheira é uma espécie nativa da América tropical, havendo grande
variedade de raças e ecotipos (MORA-URPÍ et al., 1993). É considerada uma das
palmeiras com atributos ideais para a produção de palmito, por apresentar características
tais como: precocidade em relação às palmeiras tradicionais, propiciando o primeiro
corte entre 18 e 24 meses após plantio no campo; rusticidade, apresentando alta
sobrevivência no campo; perfilhamento que propicia cortes sucessivos, conferindo-lhe
caráter de cultivo permanente; facilidade de comercialização do produto e alta
rentabilidade por hectare, facilidade nos tratos culturais e corte, uma vez que plantas
selecionadas não apresentam espinhos; vantagens ecológicas, podendo a cultura ser
conduzida a pleno sol, em áreas agrícolas tradicionais, sem nenhum dano às matas
nativas (BOVI, 1998a). Porém, é fundamental para que se obtenha resultados
satisfatórios, a observação de certas normas básicas de cultivo.
O Brasil é o maior produtor mundial de palmito com cerca de 100 mil
toneladas/ano, mas ultimamente deixou de ser o maior exportador, tendo perdido a
4
posição para o Equador. Do total produzido no Brasil, 80.000 t são provenientes do
açaizeiro do Norte brasileiro, 18.000 da pupunheira e 2.000 do juçara e de outras
palmeiras (M.L.S. TUCCI, comunicação pessoal). O perfil do agricultor que cultiva a
pupunheira é bastante variado, abrangendo tanto grandes empresários quanto pequenos
produtores, muitas vezes em agricultura de caráter tipicamente familiar (CLEMENT &
BOVI, 2000; CLEMENT et al., 1999).
O palmito em conserva das palmeiras do gênero Euterpe apresenta alta
demanda, tanto no mercado interno quanto externo, mas sua qualidade deixa a desejar,
principalmente pela dificuldade de se padronizar a matéria-prima devido ao caráter
ainda extrativo dessa exploração. Acredita-se que a produção racional poderia melhorar
a situação atual, inclusive com a penetração em novos mercados internacionais, pela
possibilidade de oferta constante de produto de boa qualidade (BOVI, 1998a).
É interessante mencionar que devido à ausência de oxidação enzimática, que
torna o palmito escuro, característica comum das palmeiras do gênero Euterpe, a
pupunheira pode ser comercializada tanto processada da forma tradicional, como in
natura, ou na modalidade de produto minimamente processado (BOVI, 1998a).
Estima-se que a área plantada no Estado de São Paulo com a pupunheira
corresponda atualmente a 8.000 ha, 90% dos quais no litoral e Vale do Ribeira e os
restantes no planalto paulista (M.L.A.BOVI, comunicação pessoal).
O cultivo da pupunheira para a produção de palmito vem expandindo desde
1990, despertando nos últimos anos o interesse de agricultores de todo o país devido aos
mencionados perfilhamento, rusticidade e precocidade da espécie. Com relação à
precocidade é oportuno mencionar que as espécies do gênero Euterpe, tradicionalmente
utilizadas para produção de palmito, levam cerca de oito a quinze anos para estar aptas
ao corte, enquanto a pupunheira propicia primeira colheita entre 18 a 36 meses após o
plantio.
2.2 Clima e solos para o cultivo da pupunheira
O cultivo da pupunheira, embora possa ser implantado em distintas condições
climáticas, apresenta maior desenvolvimento vegetativo e maior massa em palmito por
planta e por área em regiões de clima quente, com temperaturas dias anuais de 24
o
C
e precipitação pluviométrica anual igual ou superior a 2.500 mm por ano, bem
distribuída.
5
VILLACHICA (1996) relata a influência dos fatores climáticos no
desenvolvimento da pupunheira e enfatiza, entre outras coisas, a importância do
sombreamento temporário, pois embora a pupunheira seja uma planta heliófita, as
mudas precisam ao redor de 50 % de sombra nos primeiros estádios de crescimento.
Sem sombreamento adequado o crescimento inicial é baixo, retardando a época do
primeiro corte.
Embora não seja exigente em solos, a pupunheira apresenta melhor
desenvolvimento em solos mais férteis, e a produção de palmito em áreas de baixa
fertilidade deve-se basear na prática de calagem e na reposição de nutrientes através de
adubações anuais parceladas. A máxima produtividade e vida útil do cultivo são
alcançadas somente com a escolha da área de plantio adequada (BOVI, 1998a).
É muito importante mencionar que para o cultivo da pupunheira as propriedades
físicas do solo são mais importantes que químicas. Solos compactados devem ser
descartados dando preferência àqueles que apresentem textura mais leve, com menor
densidade aparente, propiciando para cultura melhor crescimento e perfilhamento
(BOVI, 1998). Uma vez que a pupunheira não tolera acúmulo de água nas raízes, solos
com boa drenagem devem ser preferidos (BOVI, 1998a).
2.3 Formação de mudas
A pupunheira é propagada por meio de mudas formadas a partir de sementes. A
formação de mudas é simples levando de 6 a 8 meses (BOVI, 1998a). Segundo SILVA
& FALCÃO (2002), estudos têm sido realizados no sentido de diminuir o período de
formação de mudas de pupunheira, quer seja por meio de processos que aumentem a
velocidade de germinação, ou pela utilização de substratos e adubações químicas e
orgânicas que favoreçam o seu desenvolvimento.
A qualidade do substrato constitui fator importante na produção de mudas.
Inúmeros materiais podem ser empregados como substrato, devendo-se levar em conta a
disponibilidade, custo e características físico-químicas do mesmo. Para MOURÃO
FILHO et al. (1998), a correta combinação de materiais deve garantir boas
características físicas, tal como boa drenagem e retenção de água.
Em geral mudas bem formadas em viveiro apresentam bom estabelecimento em
condições de campo e baixa mortalidade. Para as palmeiras em geral o diâmetro da
planta à altura do colo, o número de folhas funcionais e a área foliar têm sido apontados
como as características que melhor avaliam o desenvolvimento vegetativo no viveiro e
6
no campo (HARDON et al., 1969; CLEMENT et al., 1985; MARTEL & CLEMENT,
1987; BOVI et al., 1993a; YUYAMA & COSTA, 1994; CLEMENT, 1995).
2.4 Análise de crescimento
NILSEN & ORCUTT (1996) enfatizaram a importância da realização de análise
de crescimento em pesquisas que visam estudar os efeitos dos métodos de cultivo das
espécies, uma vez que o crescimento é um dos mais apropriados índices para avaliar as
respostas das plantas ao ambiente e aos eventuais estresses abióticos e bióticos.
É importante mencionar um aspecto relevante do cultivo da pupunheira para
produção de palmito. Devido à colheita periódica e constante, as plantas apresentam-se
em permanente estádio vegetativo (CLEMENT, 1995) e a velocidade com que a
fitomassa é reposta após cada colheita torna-se um indicador da produtividade e da vida
econômica do cultivo. O conhecimento da dinâmica das variáveis relacionadas ao
crescimento e à precocidade da planta é fundamental, visto que o palmito, como citado
anteriormente, nada mais é do que um conjunto de folhas imaturas, envoltas pelas
bainhas das folhas mais velhas (FERREIRA et al., 1976).
A realização de análise de crescimento é também importante em condição de viveiro
para a avaliação dos efeitos das condições de cultivo sobre as mudas. Correlações
positivas foram encontradas entre caracteres vegetativos, tais como diâmetro, altura e
número de folhas, e componentes diretos da produção tais como massa, diâmetro e
comprimento do palmito (BOVI et al., 1988; 1992; CLEMENT et al., 1988; ARKOLL
& MOREIRA GOMES, 1988). Foi verificado que essas correlações ocorrem desde o
início do cultivo, indicando a possibilidade de seleção precoce de plantas superiores
para palmito usando esses mesmos caracteres (BOVI et al., 1993b; CLEMENT, 1995).
Assim, a análise de crescimento é bastante recomendada, tanto em experimentos
relativos ao melhoramento genético como critério de seleção, quanto em experimentos
agronômicos (BOVI et al., 1993b; CLEMENT, 1995).
2.4.1 Análise de crescimento da parte aérea
O crescimento da parte aérea é avaliado através de variações em magnitude de
alguma característica ou estrutura morfológica da planta ao longo do tempo.
A avaliação é feita por meio de medidas de diferentes tipos, sendo as mais comuns:
numéricas, lineares, volumétricas, superficiais e massa. O uso de uma e/ou de outra
7
depende principalmente dos objetivos do pesquisador, bem como da disponibilidade de
material, mão-de-obra, tempo e equipamentos necessários à realização das medidas
(CLEMENT & BOVI, 2000).
Em plantas anuais, a análise de crescimento é feita, geralmente, por meio do
método direto, usando-se amostras destrutivas, colhidas ao longo do ciclo da planta
(BENINCASA, 1988). Por meio da obtenção da massa total da planta, ou de seus
diversos componentes, estima-se o acúmulo de fitomassa ao longo do tempo.
Métodos indiretos ou não destrutivos são empregados em pesquisas com plantas
perenes estabelecidas, principalmente em plantios comerciais ou em estudos com
plantas de grande valor econômico (ARES & FOWNES, 2000; BENINCASA, 1988).
Para isso, vários autores propõem um número variado de equações que, com base em
vários parâmetros representativos de medidas diretas como altura, diâmetro,
comprimento e número de estruturas tais como perfilhos, ramificações, entre outros,
possam estimar, com suficiente precisão, a massa ou o desenvolvimento da planta. Não
obstante, deve ser ressaltado que para o estabelecimento dessas relações alométricas
necessidade da realização anterior de análises destrutivas (CLEMENT & BOVI, 2000).
Para a pupunheira, equações visando estimar a fitomassa, tanto para a planta
inteira como para seus componentes, foram desenvolvidas por alguns autores, mas em
geral se referem ao estado adulto da planta, visto que anteriormente essa espécie era
apenas usada para a produção de frutos (CLEMENT et al., 1990; SZOTT et al., 1993;
M
C
GRATH et al, 2001).
Estimativas de crescimento de pupunheiras jovens foram realizadas por
JONGSCHAAP (1993) e por CLEMENT (1995), representando o período de formação
de mudas e a fase inicial de implantação no campo. Relações alométricas precisam ser
validadas para cada germoplasma e ambiente (latitude, altitude, solo, densidade,
adubação, irrigação etc), pois a fitomassa aérea é uma característica de grande
plasticidade e, via de regra, baixa herdabilidade (BOVI et al., 1993b; CLEMENT &
BOVI, 2000; CLEMENT, 1995; LUCCHESI, 1987). Por essa razão, embora vários
trabalhos forneçam informações valiosas sobre as relações alométricas em pupunheira,
reconhece-se que são de aplicação limitada.
Medidas de altura, diâmetro do colo e comprimento das folhas vêm sendo
usadas em pesquisas com palmeiras visando estimar a fitomassa total ou pelo menos a
parte diretamente relacionada à produtividade (SZOTT
et al., 1993; VIEGAS, 2001).
Algumas análises consideram além das variáveis mencionadas, também a área foliar e o
8
número de perfilhos. Esse último é importante, uma vez que pode ser usado como um
fator de correção para se estimar a fitomassa da touceira (LAMADE, 1997).
2.4.2 Crescimento radicular da pupunheira
O sistema radicular da pupunheira, tal como das outras palmeiras, é do tipo
fasciculado. Tem origem na porção basal do bulbo em uma região conhecida como platô
radicular. Desse saem raízes grossas, raízes primárias, que se ramificam em ângulo
próximo a 90
o
, gerando outras mais finas, até quarta ordem (TOMLINSON, 1990;
JOURDAN et al., 2000). A maior porcentagem (58 % a 75 %) da massa radicular da
pupunheira encontra-se nos primeiros 20 cm de profundidade, dependendo do tipo de
solo, principalmente das características físicas. Segundo BASSOI et al. (1999) e
VANDERMEER, (1977), grande parte do sistema radicular em massa é encontrado até
40 cm de distância da touceira. Em solos da Amazônia brasileira, o sistema radicular da
pupunheira pode chegar a uma distância da touceira de cerca de 1,50 m de raio e até 2,0
m de profundidade
(FERREIRA et al., 1980).
As raízes das palmeiras não apresentam pelos absorventes (JOURDAN & REY,
1997; TOMLINSON, 1990). Assim, as terciárias e quaternárias são consideradas como
os órgãos principais de absorção podendo ser bastante afetadas pela estrutura do solo,
bem como pelos seus teores de umidade, oxigênio, elementos minerais e matéria
orgânica (MACÊDO & RODRIGUES, 2000; UGBAH et al., 1990).
Em camadas mais compactadas do solo, as raízes encontram resistência à
penetração, muitas vezes maior do que a pressão de crescimento, ocorrendo alteração no
padrão de crescimento, com mudanças na conformação e disposição, tornando-se mais
grossas e tortuosas e portanto, menos eficientes em extrair água e nutrientes do solo
(LIBARDI et al., 1999). Neste caso, as raízes crescem mais no sentido horizontal, acima
dessa camada.
Pela grande dificuldade de análise do sistema radicular das plantas perenes,
vários métodos diretos foram desenvolvidos, tais como: perfurações com trado,
escavações, monolitos com placas de pregos, trincheiras com contagem manual, placas
com parede de vidro e diferentes tipos de rhizotron”, entre outros (GUIMARÃES,
1997; MEDINA & NEVES, 1999; TERUEL, 2000; FUJIWARA et al., 1994).
9
2.4.3 Nutrição mineral da pupunheira
HAAG (1987) descreve os solos da América Tropical, origem da pupunheira,
como acentuadamente deficientes em nitrogênio, fósforo e potássio. Cerca de 54%
desses solos apresentam problemas de fixação de fósforo, 50% apresentam deficiência
de enxofre e zinco, havendo, além disso, problemas com cálcio e magnésio,
apresentados por 50% dos solos. Dentre os micronutrientes, zinco, cobre, boro e
molibdênio são os que se apresentam mais deficientes nesses solos.
A nutrição mineral adequada é importante para a expressão do potencial
genético das espécies cultivadas com vistas às máximas produções, sendo que a
pupunheira apresenta grande demanda por nutrientes minerais e resposta acentuada em
relação à adubação orgânica (BOVI et al., 2002a; HARTLEY, 1977; MOLINA, 2000).
A adubação inicial da pupunheira pode variar, dependendo da região, do tipo de
solo e do espaçamento utilizado. A utilização da matéria orgânica, tanto como
condicionadora dos solos quanto como fornecedora de nutrientes minerais, é uma
prática milenar muito recomendada, principalmente em solos exauridos, com baixa
fertilidade e características físicas desfavoráveis ao plantio, a exemplo de grande parte
dos solos brasileiros. Uma vez aplicada ao solo, a matéria orgânica aprimora tanto as
propriedades físicas quanto às biológicas, contribuindo para o desenvolvimento da
microbiota do solo (KIEHL, 1985)
.
Segundo BOVI et al. (1999) e OLIVEIRA et al. (2001), a pupunheira responde
positivamente a solos ricos em nutrientes e mais ainda a solos com altas quantidades de
matéria orgânica. Tem sido reportado maior desenvolvimento do sistema radicular, bem
como da fitomassa aérea de pupunheiras cultivadas em presença de matéria orgânica
(LIBARDI & LIER, 1999; YAÑEZ et al., 1999).
2.5 Compactação do solo
A exploração do solo pelas plantas depende grandemente da distribuição de raízes
no perfil que, por sua vez, depende das condições físicas e químicas do solo, que podem
se alterar em função do manejo adotado.
A compactação do solo é reconhecida como uma das principais conseqüências
do manejo inadequado, ocorrendo geralmente abaixo da camada revolvida pela ação dos
implementos, ou na superfície, devido ao tráfego de máquinas agrícolas, ao pisoteio de
animais, à perda de matéria orgânica, à sedimentação natural e migração de argila e ao
impacto de gotas de chuva (FLOWERS & LAL, 1998).
10
A compactação do solo pode causar redução de até 60% do crescimento radicular
de algumas espécies (ROSOLEM et al., 1994). Entre as modificações morfológicas das
raízes provocadas pela restrição do crescimento, estão o aumento do diâmetro e a
diminuição do comprimento, tornando-as tortuosas, geralmente devido ao crescimento
das raízes nos pontos de menor resistência oferecida pelo solo (BORGES et al., 1998).
Na camada compactada ocorre quebra de agregados, com conseqüente aumento da
densidade do solo, ocorrendo simultaneamente redução da porosidade, especialmente
dos poros grandes (AZENEGASHE et al., 1997; DEXTER, 1988). Essa condição irá
provocar diminuição das trocas gasosas (oxigênio e dióxido de carbono), limitação do
movimento de nutrientes e diminuição da taxa de infiltração de água no solo (HORTON
et al., 1994). Assim, o crescimento das raízes pode ser prejudicado, havendo menor
desenvolvimento das plantas e conseqüentemente menor produção.
Por estar diretamente relacionada ao crescimento e à produtividade das culturas, a
densidade do solo tem sido um dos atributos físicos bastante estudados em trabalhos
sobre compactação do solo (HOAD et al., 2001; IMHOFF et al., 2000).
Em solos muito compactados pode ocorrer rapidamente a depleção da água e
nutrientes disponíveis ao sistema radicular, que passa a explorar um volume de solo
menor. Por outro lado, em solos com baixos valores de densidade, o crescimento
deficiente de plantas pode ser devido à menor absorção de nutrientes em conseqüência
do baixo contato solo-raízes (HAKANSSON et al., 1998).
2.5.1 Compactação do substrato na formação de mudas
O preparo do substrato para produção de mudas de pupunheira é importante e
tem por objetivo sico otimizar as condições de estabelecimento e desenvolvimento
das plantas. A importância reside também no fato de que o substrato deverá ter
condições de facilitar a infiltração de água para a planta, bem como a drenagem
(ALVARENGA et al., 2001; CRUZ, 1999).
Ao contrário do que ocorre com várias espécies de importância econômica, para
as quais a compactação do substrato para produção de mudas tem sido bastante
estudada, como por exemplo, soja (QUEIROZ-VOLTAN et al., 2000; SILVA e
ROSOLEM, 2001 e 2002), milho (FOLONI et al., 2003), forrageiras (MAPFUMO et
al., 1998), espécies florestais (OUDEN & VOGELS, 1997), para mudas de pupunheira,
a única referência encontrada na literatura consultada foi representada pelo trabalho de
11
(BORDIN et al., 2006). Nesse trabalho os autores não observaram influência do
aumento dos níveis de densidade do solo no desenvolvimento da parte aérea das mudas.
2.5.2 Determinação da compactação
A identificação da camada compactada pode ser feita tanto no campo como em
experimentos sob condições controladas, por meio de observações práticas, ou
utilizando-se métodos apropriados.
As observações práticas referem-se aos sintomas visuais que a compactação
produz nas plantas e no solo, tais como: presença de água empoçada, emergência lenta
da plântula, padrão irregular de crescimento das plantas que geralmente apresentam
porte mais baixo que o normal, folhas com coloração não-característica, em razão
principalmente de deficiência nutricional resultante de menor volume de solo explorado
(CAMARGO & ALLEONI, 1997).
Quanto aos métodos, destacam-se a determinação da densidade do substrato,
método de maior precisão e largamente utilizado, uma vez que busca avaliar a
proporção do espaço poroso em relação ao volume de solo (ALVARENGA et al., 2001)
e o uso
de penetrômetro, forma pida e fácil de medir a resistência à penetração a
várias profundidades, sendo muito utilizado para relacionar fatores de resistência do solo
à elongamento radicular (WHITELEY et al., 1981).
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Caracterização da área experimental
O experimento foi conduzido em casa-de-vegetação, uma estrutura metálica, do
tipo teto em arco, com 3 m de direito, 30 m de comprimento e 8 m de largura,
coberta com filme de polietileno transparente e as laterais protegidas com telas de
polipropileno preto, proporcionando 50% de sombreamento durante o ano agrícola 2005
2006. A estrutura foi instalada na Fazenda Tapera, município de Campinas (SP),
latitude 22
o
54’S, longitude 47
o
05’ e altitude 674 m. A área enquadra-se na região que,
de acordo com a classificação de Köppen, é “Cwa”, apresentando uma estação quente e
chuvosa de outubro a março, com temperaturas médias entre 22 e 24
o
C e precipitação
12
pluviométrica de 1.057 mm; e uma estação mais seca, de abril a setembro, com
temperatura entre 18 e 22
o
C e precipitação pluviométrica de 325 mm, excedente hídrico
anual normal de 320 mm e deficiência hídrica anual normal de 14 mm (ORTOLANI et
al., 1995).
Na Figura 1 estão apresentadas as normais climatológicas (1961-1990) mensais
de temperaturas ximas, mínimas e médias e a radiação solar normais (A), a
precipitação pluviométrica e a umidade relativa normais (B), e o balanço hídrico normal
(C), da região de Campinas, SP.
3.2 Material vegetal e condições de cultivo
Foram estudadas mudas de pupunheiras inermes (sem espinhos), provenientes de
sementes de Yurimaguas, Peru, sendo esse material genético a base do cultivo comercial
de pupunheira para palmito no Brasil (BOVI, 1998a).
Foram utilizados dois tipos de substrato, um arenoso, constituído de solo coletado
em Pariquera-Açu (SP) e outro argiloso, de solo coletado em Campinas (SP). De ambos
foram coletadas amostras e enviadas ao laboratório do Instituto Agronômico - IAC,
onde foram analisadas, de acordo com a rotina analítica (RAIJ et al., 2001), de forma a
caracterizá-los química e fisicamente. Os substratos foram coletados em solos
representativos das áreas de cultivo da pupunheira, o primeiro do Vale do Ribeira e o
segundo do planalto paulista. Os substratos utilizados foram coletados nos primeiros 0-
20 centímetros de profundidade e logo após, foram secos ao ar e passados por peneira
de malha de 1 cm para retirar impurezas e conseguir melhor homogeneização.
Durante o transcorrer do experimento, não foram realizadas adubações minerais
ou orgânicas, com exceção de uma aplicação de ácido bórico, realizada com base nos
resultados da análise química e das necessidades da cultura, em abril de 2006, sete
meses após o plantio, segundo recomendações de BOVI & CANTARELLA (1996).
Para o plantio, foram utilizados vasos cilíndricos de PVC de 25 cm de diâmetro e
27 cm de altura. No fundo de cada vaso foi colocada uma camada de 2 cm de brita e
areia, para facilitar a drenagem.
13
Figura 1.
Normais climatológicas (1961-1990) mensais de temperaturas máximas,
médias e mínimas e radiação solar (a), precipitação pluviométrica e umidade relativa (b)
(DEPARTAMENTO NACIONAL de METEOROLOGIA, 1992) e extrato do balanço
hídrico normal (c) (Centro de Ecofisiologia e Biofísica do Instituto Agronômico, IAC).
Campinas, SP.
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
0
40
80
120
160
200
240
280
320
c
Déficit hídrico (mm) - Excedente hídrico (mm)
Meses
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
40
50
60
70
80
90
Meses
Umidade relativa (%)
0
50
100
150
200
250
300
350
400
b
Precipitação (mm)
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
32
34
a
Mínima
Média
xima
Meses
Temperatura (
o
C)
0
10
20
30
40
50
Radiação solar (MJ m
-2
)
14
Em seguida, os vasos foram preenchidos com os substratos e, mediante o uso de
prensa hidráulica, foram impostos, seis níveis de compactação. O tratamento
testemunha (nível 0 de compactação) foi conseguido por meio do preenchimento do
vaso de PVC com substrato, sem prensagem. Os demais níveis de compactação
empregados foram: 0,204; 1,019; 2,037; 4,074 e 6,112 kg cm
-2
. Foram realizadas
avaliações para determinar a densidade dos substratos, a umidade na saturação, a macro
e microporosidade e a água facilmente disponível (AFD). Os substratos tiveram a
umidade uniformizada (16,9% no substrato argiloso e 16,4% no substrato arenoso),
antes da imposição dos tratamentos. Essa uniformização foi importante uma vez que a
umidade do substrato influencia seu adensamento. Na Figura 2 pode-se observar o
momento da imposição dos tratamentos.
Figura 2 Aspectos do momento da compactação dos substratos com prensa
hidráulica. Campinas (SP). Agosto de 2005.
Após a montagem dos vasos, foi plantada em cada um deles uma plântula de 10,0
cm de altura em média, apresentando várias radicelas e bom estado fitossanitário. Para o
plantio das plântulas, a fim de não danificar a estrutura sica dos vasos, foi aberto com
auxílio de trado, um orifício no centro de cada um. Após o plantio os vasos foram
dispostos no espaçamento 2 x 1m, afim de evitar competição por luz entre as plantas.
15
Na Figura 3 pode-se observar as plantas recém plantadas, no início do
experimento.
Figura 3 Aspecto do experimento logo após o plantio das mudas. Campinas, SP.
Setembro de 2005.
3.3 Delineamento experimental
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com dois tipos de
substrato, arenoso e argiloso, seis tratamentos (níveis de compactação) e três repetições,
totalizando 36 plantas. Foram preparados 36 vasos, 18 para cada tipo de substrato.
3.4 Tratos culturais
Para evitar a competição de ervas invasoras, foi realizado controle manual
periódico. Foram realizadas irrigações três vezes por semana com aplicação de
quantidades iguais de água em todos os vasos. Para evitar perda de água por evaporação
e manter a umidade dos vasos uniforme, foi colocada na superfície de cada vaso uma
pequena porção de areia lavada.
3.5 Estado fitossanitário
Foram realizadas análises laboratoriais para detecção de possíveis doenças, em
amostras de folhas que foram enviadas ao Laboratório de Fitopatologia do IAC,
acondicionadas em placas de Petri em meio BDA.
16
Foi realizado semanalmente o controle de doenças, a partir de fevereiro de 2006,
com pulverização de fungicida específico para controle de Fusarium.
3.6 Avaliação do desenvolvimento vegetativo da parte aérea
As respostas das plantas aos tratamentos foram avaliadas por meio de medições
mensais do desenvolvimento da parte aérea. As variáveis mensuradas foram: altura total
da planta, altura da haste, diâmetro do colo, número de folhas e comprimento da quis
da folha +1. Essas variáveis foram escolhidas pela facilidade de mensuração e por
apresentar alta correlação com a produção de palmito em pupunheiras, bem como em
palmeiras de outros gêneros (ARES, 2002;
BOVI et al., 1990; CLEMENT
&
BOVI,
2000).
As medidas de altura total foram realizadas com régua, do colo até a ponta da
folha mais alta; a altura da haste foi medida com régua do colo até a região em que a
folha +1 se insere na haste; o diâmetro do colo foi medido com paquímetro digital no
coleto da planta acima da superfície do solo; foi contado o número de folhas vivas; e o
comprimento da ráquis da folha +1, folha mais jovem completamente expandida,
segundo nomenclatura de TOMLINSON (1990), foi medido com régua desde o
primeiro folíolo basal até a extremidade apical da ráquis.
A partir de dezembro de 2005, três meses após o plantio, nos mesmos dias de
medidas das variáveis de crescimento, foram também estimados os valores SPAD da
folha +1, de todas as plantas. As medidas dos valores SPAD foram realizadas por meio
de clorofilômetro SPAD-Meter, Minolta, Co., Ltd., Japão.
Em outubro de 2006, foram realizadas em todas as plantas mensurações das
seguintes variáveis: massa seca da parte aérea, massa seca das raízes e área foliar. Foi
calculada a relação parte aérea: sistema radicular. Para essas medidas, as plantas foram
preparadas da seguinte forma: o substrato dos vasos foi lavado com jatos de água de
torneira sobre peneira de malha de 1 mm e uma vez livre do substrato, o sistema
radicular foi envolto em sacos plásticos para evitar perda de umidade. As plantas foram
então fotografadas para a caracterização dos tratamentos. Em seguida, a parte aérea foi
separada do sistema radicular.
A área foliar foi determinada, utilizando-se o medidor de área foliar LI-3100
Area Meter, da Li-Cor, Inc., Lincoln, Nebraska, EUA.
17
As fitomassas secas aérea e radicular foram medidas em balança de precisão.
Para tanto o material foi seco em estufa de circulação forçada de ar, a 60
o
C, até massa
constante.
3.7 Análise química foliar
Em agosto de 2006, após 12 meses de plantio, foram feitas coletas das folhas +2
(2ª folha expandida) para as análises químicas de micro e macronutrientes foliares,
realizadas no laboratório do Instituto Agronômico - IAC. Foram obtidas duas amostras
compostas, uma para cada substrato.
A partir de fevereiro de 2005, começaram a surgir sintomas foliares (Figura 4),
semelhantes aos característicos de doenças causadas por fungos fitopatogênicos. Foram
coletadas folhas apresentando esses sintomas, tanto de plantas em substrato arenoso
quanto daquelas cultivadas em substrato argiloso.
As análises realizadas permitiram concluir que não se tratava de doença causada
por fungos fitopatogênicos. Em contatos pessoais mantidos com pesquisadores da área
de nutrição mineral de plantas, foi levantada a hipótese de que as manchas das folhas,
tão semelhantes àquelas resultantes de doenças fúngicas, poderiam na verdade ter
origem em desbalanço nutricional, provavelmente provocado pela compactação.
Figura 4 Aspectos de mudas de pupunheira plantadas em solo arenoso, apresentando
manchas foliares. Campinas, SP. Julho, 2006.
As folhas amostradas foram lavadas em solução de detergente (0,1 % v/v), e em
seguida em água destilada, até remoção do detergente. Após a lavagem, as amostras
foram deixadas secar ao ar, sendo posteriormente colocadas em sacos de papel e secas a
65ºC em estufa de ventilação forçada, até massa constante. Depois de seco, o material
0,5 cm
18
foi triturado em moinho tipo Wiley, com câmara de aço inoxidável, com peneira de 1
mm de abertura e analisado segundo métodos descritos por BATAGLIA et al. (1983).
3.8 Avaliação dos efeitos das compactações sobre os substratos
A partir de março de 2006, começaram a ser coletadas amostras indeformadas, a
10 cm de profundidade em seis vasos para cada substrato, um para cada tratamento. As
amostras foram coletadas com anéis volumétricos de cerca de 3 cm de altura e 4,8 cm
de diâmetro. Uma vez que as dimensões variavam ligeiramente entre os anéis, foi
determinado individualmente o volume de cada anel (Figura 5).
Figura 5 Seqüência da coleta de amostras indeformadas de solo (A, B, C) para a
realização de análises físicas. Campinas, SP. 2006/2007.
Foram determinados: a densidade do solo (g cm
-3
), o teor de umidade na
saturação (%v), a microporosidade (%v), o teor de umidade a –100 kPa e a umidade a
60 cm de coluna d’água (c.a.). A densidade foi calculada pela razão entre a massa da
amostra de substrato seca em estufa a 105ºC (g) e o volume da amostra. A
macroporosidade (Ma) foi calculada pela diferença entre umidade na saturação e
umidade a 60 cm c.a. A microporosidade (Mi) foi determinada por secagem (tensão de
0,006 MPa), em câmaras de pressão de Richards com placa porosa (KLUTE, 1986), e a
água facilmente disponível (AFD), foi avaliada pela diferença entre a umidade a 60 cm
c.a. (%v) e o teor de umidade a –100 kPa.
3.9 Análise estatística
Tanto para as variáveis relativas ao substrato como para aquelas relativas ao
desenvolvimento das plantas, foi efetuada análise de variância e comparação de médias
pelo teste Tukey a 5% de probabilidade, segundo as fontes de variação consideradas no
19
experimento (substratos e compactação). As análises foram realizadas pelo software
Statgraphics 6.0 (STATISTICAL GRAPHICS CORPORATION 1985 – 1992).
Foi realizada análise de correlação simples entre todas as variáveis analisadas,
pelo método de Pearson (STEEL & TORRIE, 1980).
Regressões foram realizadas entre as variáveis de crescimento em função da
idade das plantas, com ajustes de curva realizados pelo programa Curve Expert 1.3
(HYAMS, 1997). As equações foram escolhidas em função dos valores de R
2
e do
significado biológico.
20
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Características químicas e físicas dos substratos
Na Tabela 1 estão apresentadas as características químicas dos substratos arenoso e
argiloso utilizados.
Tabela 1 Características químicas dos substratos coletados em solo arenoso
(Pariquera-Açu, SP) e argiloso (Campinas, SP).
Características
Substrato
arenoso
Substrato
argiloso
Faixas
adequadas*
pH (CaCl
2
)
Matéria orgânica (g/dm
3
)
Al (mmol
c
/dm
3
)
H
-
+Al
3-
(mmol
c
/dm
3
)
SB (mmol
c
/dm
3
)
CTC (mmol
c
/dm
3
)
V (%)
4,1
44,0
-
72,0
35,3
106,9
33,0
5,0
25,0
-
25,0
35,7
60,7
59,0
5,5-6,0
>5,0
<1,0
-
-
-
-
Macronutrientes
P (mg/dm
3
)
K (mmol
c
/dm
3
)
Ca (mmol
c
/dm
3
)
Mg (mmol
c
/dm
3
)
S (mg/dm
3
)
14,0
2,3
23,0
10,0
-
3,0
1,7
28,0
6,0
-
>10,0
>0,3
>4,0
>1,0
>10,0
Micronutrientes
Fe (mg/dm
3
)
Mn (mg/dm
3
)
Cu (mg/dm
3
)
Zn (mg/dm
3
)
B (mg/dm
3
)
129,0
10,1
0,5
2,1
0,43
12,0
16,0
4,3
0,6
0,08
10,0-50,0
5,0-50,0
1,0-10,0
3,0-15,0
0,5-2,0
*Segundo Molina, 2000.
A região de Pariquera-Açu, no Vale do Ribeira, representa uma das áreas do
Estado de São Paulo mais favoráveis ao cultivo da pupunheira.
O solo do Pólo Regional
do Vale do Ribeira em que estão as coleções de germoplasma e os experimentos com a
pupunheira é do tipo Latossolo Amarelo álico, horizonte A moderado e de textura
argilosa, podendo ser considerado pobre em nutrientes, apresentando baixo pH (4,3 a
4,5) e alta saturação em alumínio (59 a 68%).
Como a região apresenta também condições climáticas bastante favoráveis por
apresentar temperaturas médias anuais altas e baixo ficit hídrico, constitui-se
juntamente com a região do litoral paulista na área mais favorável ao cultivo da
pupunheira, apresentando atualmente área cultivada de 8.000 ha, dos quais grande parte
21
em produção. Essa área corresponde a 85% da área cultivada com pupunheiras para
palmito no Estado de São Paulo. Na realidade, existem no Estado dois pacotes
tecnológicos para o cultivo da espécie. Um para o litoral e Vale do Ribeira, que não
inclui irrigação, e outro para o planalto paulista, onde está a região de Campinas, que
pelo déficit hídrico durante alguns meses do ano, demanda irrigação.
Pela Tabela 1, pode-se observar que houve diferenças nas características
químicas dos substratos utilizados. Assim, aquele proveniente de Pariquera-Açu
apresentou 43% a mais de matéria orgânica, CTC (43,2%) mais alta, o que segundo
LEPSCH et al. (1982), é conseqüência do alto teor de matéria orgânica. O teor bem
mais alto de matéria orgânica apresentado pelo solo de Pariquera-Açu é um dado
bastante importante a ser observado, uma vez que é sabido que a pupunheira tanto na
fase de mudas em viveiro como em condição de campo responde muito bem à matéria
orgânica do solo (BOVI, 1998a; TUCCI, 2004). A matéria orgânica além de propiciar
nutrientes para as plantas contribui para o aprimoramento das propriedades físicas do
solo, de grande importância para a pupunheira, como já mencionado anteriormente.
A demanda por nutrientes minerais apresentada por palmeiras é elevada tanto na
fase de crescimento vegetativo quanto na fase reprodutiva (HARTLEY, 1976). Daí a
importância de examinar os teores dos nutrientes em ambos os solos, comparando-os
com as faixas consideradas adequadas por MOLINA (2000).
Quanto aos macronutrientes, o solo de Pariquera-Açu apresentou teores mais
elevados de P (78,6%), K (25%), Mg (40%), que aquele de Campinas. Relativamente
aos micronutrientes, teores mais elevados para o solo de Pariquera-Açu foram
observados para B (81,4% a mais), Fe (90,7% e Zn (71,4%). É importante que sejam
observados os teores dos micronutrientes Zn e B, principalmente esse último. Esses
micronutrientes estão bastante relacionados ao crescimento vegetal. De fato uma das
funções do Zn nos vegetais é sua essencialidade para a síntese do triptofano, que por sua
vez é precursor do ácido indolil acético (AIA), hormônio de crescimento
(MALAVOLTA et al., 1997; TAIZ & ZEIGER, 1998; MARSCHNER, 1999). Quanto
ao B, ainda que sua precisa função no metabolismo vegetal seja pouco clara, parece
estar relacionado à elongação celular, síntese de ácidos nucléicos e respostas hormonais
(TAIZ & ZEIGER, 1998). Um aspecto geral da deficiência de B em plantas é o pequeno
desenvolvimento de tecidos meristemáticos, tanto nas radicelas como nos ramos
(MALAVOLTA et al., 1997). A pupunheira parece ser exigente em B tanto na fase de
22
campo como na fase de muda em viveiro, uma vez que sintomas de deficiência desse
micronutriente são freqüentemente observados em ambas as fases.
Comparando-se os resultados da análise química dos dois tipos de solo (Tabela
1) com os teores considerados adequados para a pupunheira por MOLINA (2000),
observa-se que ambos os substratos utilizados apresentaram pH mais baixo. No entanto,
segundo BOVI (1998a), a pupunheira desenvolve-se mesmo em solos pobres e ácidos,
com pH entre 3,6 e 4,5, desde que sejam de textura média a leve e com boa drenagem.
a matéria orgânica apresentou teor bastante acima da faixa adequada, especialmente
aquele de Pariquera-Açu (BOVI, 1998b).
Quanto aos macronutrientes, o solo de Pariquera-Açu apresentou teores
adequados de todos, e o de Campinas, também, com exceção do P. Relativamente aos
micronutrientes, o solo de Pariquera-Açu está em melhores condições, pois para o Fe
apresentou teor 90,7% mais alto que Campinas, o B 81,4% mais alto, enquanto o Zn foi
71,4% mais alto.
Na Tabela 2 estão apresentadas as características físicas dos dois substratos
empregados. A pupunheira é bastante exigente em propriedades físicas do solo em
condição de campo, não exibindo desenvolvimento satisfatório em áreas sujeitas a
encharcamento mesmo que temporário (BOVI, 1998a) e em solos compactados, pode-se
inferir que durante a formação de mudas essas características também desempenhem
papel importante.
Tabela 2 - Características físicas dos substratos coletados em solo arenoso (Pariquera-
Açu, SP) e argiloso (Campinas, SP).
Características
Solo
Arenoso
Solo
Argiloso
Areia total (g/kg)
Areia grossa (g/kg)
Areia fina (g/kg)
Argila (g/kg)
Silte (g/kg)
510,0
324,0
186,0
228,0
262,0
363,0
221,0
142,0
395,0
242,0
Argila + silte (g/kg) 490,0 637,0
Texturalmente o solo proveniente de Pariquera-Açu foi classificado em
laboratório como franco argilo arenoso, enquanto aquele proveniente de Campinas foi
23
considerado franco argiloso. Para o primeiro a fração areia total foi 28,8% maior,
enquanto a fração argila + silte foi 23% maior no solo de Campinas.
O solo de Pariquera-Açu com 23% a mais de silte + argila, apresentou 43% a
mais de matéria orgânica. De fato, comparando essa situação com os resultados de
LEPSCH et al. (1982) para diferentes texturas, o solo de Pariquera-Açu apresenta alto
teor de matéria orgânica enquanto o de Campinas apresenta menor teor.
Essas diferenças texturais entre os dois solos, por certo propiciaram diferenças
favoráveis ao solo arenoso com respeito à densidade, ao teor de água na saturação, à
macro e microporosidade e ao teor de AFD. Na realidade, é muito importante dar a
devida ênfase ao fato de o teor bem maior de matéria orgânica no solo arenoso de
Pariquera-Açu, além de favorecer as plantas do ponto de vista da nutrição mineral, por
certo as favoreceu também pelo aprimoramento de suas propriedades físicas.
4.2 Efeito dos tratamentos nas características físico-hídricas dos substratos
Pela análise de variância (Tabela 3) pode-se observar que houve variação
significativa entre os substratos para as variáveis densidade, macro e microporosidade.
Entre as compactações impostas excetuando-se AFD, todas as outras variáveis diferiram
significativamente. Foram também observadas interações entre substratos e
compactações para a densidade e para AFD.
Tabela 3 Resumo da análise de variância, com valores de F e significância para as
variáveis relativas às características físicas dos substratos, densidade, umidade na
saturação, microporosidade, macroporosidade e água facilmente disponível (AFD).
Causas de
Variação
GL Densidade
(g/cm
3
)
Umidade
saturação
(%v)
Microporosidade
(%v)
Macroporosidade
(%v)
AFD
(mm/cm)
Substratos 1 221,61***
0,00 ns 6,70* 13,84*** 1,59 ns
Compactação
5 297,83***
4,70** 4,08** 18,38*** 1,50 ns
S x C 5 6,51*** 0,99 ns 1,71 ns 1,55 ns 2,68*
CV% 21,6 11,2 19,8 51,6 66,1
*,**,***, significativo a 5, 1 e 0,1% de probabilidade; ns, não significativo.
24
4.2.1 Substratos
Na Figura 6A estão apresentadas as médias da densidade (g cm
-3
) para os dois
substratos, considerando-se todas as compactações. Houve diferença entre os substratos
(P<0,001) com as médias de 1,78 para o substrato argiloso, de Campinas e 1,53 g cm
-3
para o arenoso, de Pariquera-açu.
Figura 6 Valores médios da densidade (A) e da umidade na saturação (B) para os
substratos arenoso (Pariquera-Açú) e argiloso (Campinas).
Segundo CAMARGO & ALLEONI (1997), as modificações de importância
agronômica que ocorrem em solos com aumento da densidade, dizem respeito ao
0
10
20
30
40
50
60
70
B
a
a
CampinasPariquera-Açu
Umidade na saturação (%v)
Substratos
0.0
0.4
0.8
1.2
1.6
2.0
2.4
2.8
A
b
a
Campinas
Pariquera-Açu
Densidade (g cm
-3
)
Substrato
25
aumento da resistência mecânica à penetração radicular, redução da aeração, alteração do
fluxo de água e da disponibilidade de água e nutrientes, o que pode restringir o
desenvolvimento das plantas.
Para pupunheiras a campo, BOVI (1998) enfatizou que solos mais leves (mais
arenosos), com menor densidade aparente, propiciariam maior crescimento e
perfilhamento. Outras espécies em vasos também evidenciaram os efeitos da densidade do
solo sobre o crescimento. Assim, QUEIROZ-VOLTAN et al. (2000) relataram diminuição
da altura das plantas, número de folhas, área foliar, bem como matéria seca da raiz à
medida que aumentou a densidade do solo.
Na Figura 6A pode-se observar que o solo argiloso apresentou densidade
significativamente superior ao arenoso, o que pode ter representado parte da influência no
maior desenvolvimento das mudas para todas as variáveis de crescimento nesse solo como
posteriormente apresentado nas Figuras 13A, 18A, 21A, 25A e 28A.
Para umidade na saturação (Figura 6B), nadia de todos os tratamentos, o solo
argiloso apresentou 52,0% e o arenoso 51,9%, não diferindo significativamente entre si.
Antes que os efeitos das compactações empregadas sobre as demais
propriedades sicas dos substratos sejam relatados, é muito importante que seja
apresentada a variação da densidade dos substratos em função das compactações
empregadas (Figura 7).
Figura 7 - Efeitos do grau da compactação aplicada nos tratamentos na densidade
(medida) do substrato arenoso e argiloso.
0 1 2 3 4 5 6 7
1.0
1.2
1.4
1.6
1.8
2.0
2.2
2.4
Compactação (kg cm
-2
)
y = 2,4 - 0,95e
-0,34x
R
2
= 0,92
y = 2,0 - 0,92e
-0,48x
R
2
= 0,97
Densidade (g cm
-3
)
Substrato arenoso
Substrato argiloso
26
O melhor ajuste que representou a evolução da densidade em função da
compactação para o substrato arenoso foi conseguido com o modelo exponencial, cuja
equação foi: y = 2,0 - 0,92e
-0,48x
, e para o substrato argiloso, y = 2,4 - 0,95e
-0,34x
.
Em todos os tratamentos o substrato argiloso propiciou densidades mais
elevadas que o arenoso como pode-se observar na Figura 7. No início, um pequeno
aumento de pressão correspondeu a um grande aumento de densidade do substrato.
Assim de 0 a 1,0 kg cm
-2
a densidade mudou de 1,1 para 1,5 g cm
-3
.
Esses resultados o estão de acordo com ARRUDA et al. (1987) uma vez que
esses autores observaram densidades decrescentes com o aumento da soma silte +
argila, ainda que a correlação observada tenha sido baixa. No presente trabalho o
substrato argiloso apresentou o teor silte + argila 23% mais alto que o arenoso e no
entanto, após a imposição dos tratamentos mostrou densidades mais altas.
É muito importante ressaltar que existe efeito da umidade do solo ou de
substratos nas densidades propiciadas pelas compactações impostas. Daí a importância
da uniformização da umidade dos substratos, anteriormente à imposição dos
tratamentos.
Com relação à porosidade do solo, a compactação, promovendo o aumento da
densidade, promove sua redução, dificultando o desenvolvimento das plantas e
restringindo o movimento de água e ar no solo, alterando o padrão de absorção de
nutrientes, com conseqüente limitação da produção agrícola (COSTA et al., 2003).
A macroporosidade média de todos os tratamentos foi 15,7 e 20,6%,
respectivamente para os substratos argiloso e arenoso (Figura 8A), com diferença
significativa entre ambos (P<0,001).
Os macroporos são importantes para o desenvolvimento das plantas, pois além
da disponibilidade de água e aeração do sistema radicular, podem favorecer a presença
de microrganismos, beneficiando o sistema radicular também por meio de simbioses,
com liberação de nutrientes (PASSIOURA, 1991).
A microporosidade média de todos os tratamentos foi 33,7 e 37,1% para os
substratos arenoso e argiloso respectivamente (Figura 8B), valores significativamente
distintos.
27
Figura 8 Valores médios e erro padrão da média da macroporosidade (A) e
microporosidade (B) para os substratos arenoso e argiloso.
A água facilmente disponível (AFD) dia de todos os tratamentos foi 9,4 e
11,5%, respectivamente para os substratos arenoso e argiloso, o havendo diferença
significativa entre eles (Figura 9).
0
5
10
15
20
25
30
35
40
A
b
a
Campinas
Pariquera-Açu
Macroporosidade (%v)
Substratos
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
B
b
a
Campinas
Pariquera-Açu
Substrato
Microporosidade (%v)
28
Figura 9 – Valores médios e erro padrão da média da água facilmente disponível (AFD)
para os substratos arenoso e argiloso.
4.2.2. Compactações
O efeito das compactações sobre as densidades para cada um dos substratos
estudados está representado na Figura 10A. Para o substrato arenoso houve variação
significativa (P<0,001) entre as compactações impostas e as densidades médias
variaram coerentemente (Figura 7), entre 1,11 g cm
-3
para a compactação 0,204 k cm
-2
e
2,00 g cm
-3
para a compactação máxima. Para o substrato argiloso as densidades
diferiram entre os tratamentos (P<0,001), com médias variando entre 1,40 e 2,22 g cm
-3
,
respectivamente para o controle e a compactação máxima.
As umidades na saturação resultantes dos tratamentos de compactação não
diferiram significativamente no substrato arenoso, podendo-se para esse substrato
observar uma tendência de decréscimo dessa variável física, com o aumento da
compactação do substrato, tendência essa também observada para o substrato argiloso.
No entanto para o último foi verificada diferença significativa para a umidade na
saturação nas compactações controle e 0,204 kg cm
-2
e a compactação máxima,
correspondente a 6,112 kg cm
-2
.
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
1.2
1.4
1.6
1.8
2.0
2.2
2.4
2.6
a
a
Campinas
Pariquera-Açu
AFD (mm cm
-1
)
Substratos
29
Figura 10 Valores médios e erro padrão da média da densidade (A) e da umidade na
saturação (B) segundo as compactações impostas, para os substratos arenoso e argiloso.
As porcentagens médias de macroporos segundo as compactações, podem ser
observadas na (Figura 11A). Para o solo arenoso as médias, que diferiram
significativamente (P<0,01), variaram entre 14,3 para a maior compactação e 30,6 para
a compactação 0,204 kg cm
-2
, enquanto no argiloso os tratamentos impostos produziram
três níveis distintos significativamente de macroporosidade. Assim, as duas
compactações menos intensas diferiram significativamente do nível 1,019. Esses dois
níveis diferiram do terceiro, representado pelas três compactações mais intensas, que
apresentaram menor teor de macroporos.
Pode-se observar que houve redução significativa de macroporos tanto para o
substrato arenoso como para o argiloso em função do aumento das compactações
(tratamentos), reduzindo a quantidade de poros grandes. Esse fato tem grande influência
0.0
0.4
0.8
1.2
1.6
2.0
2.4
2.8
A
d
d
b
c
b
a
e
e
d
c
b
a
Argiloso
Arenoso
Densidade (g cm
-3
)
Substratos
0 kg cm
-2
0.204 kg cm
-2
1.019 kg cm
-2
2.037 kg cm
-2
4.074 kg cm
-2
6.112 kg cm
-2
0
10
20
30
40
50
60
70
B
b
ab
ab
a
a
a
a
a
a
a
a
b
a
Argiloso
Arenoso
Umidade saturação (%v)
Substratos
30
na condutividade hidráulica, sendo portanto, esta maior para o substrato arenoso, em
menores compactações.
Como a compactação provoca diminuição da porcentagem de
poros grandes, pode também vir a afetar o desenvolvimento do sistema radicular
(CAMARGO & ALLEONI, 1997).
Tal como ocorre em todas as palmeiras, o sistema radicular da pupunheira é do
tipo fasciculado composto por raízes primárias, secundárias, terciárias e quaternárias,
todas elas sem pelos absorventes (TOMLINSON, 1990; JOURDAN, 2000), sendo que
as raízes quaternárias, mais finas, representam a parte absorvente do sistema radicular.
Qualquer dano a esse tipo de raízes será muito danoso ao desenvolvimento das plantas.
Os valores médios da microporosidade, segundo os tratamentos e para os dois
substratos estão apresentados na Figura 11B. Para o substrato arenoso, variaram entre
27,9 e 37,5%, o tendo havido diferença entre os tratamentos. Quanto ao substrato
argiloso, houve diferença significativa entre os tratamentos (P<0,001). As médias
variaram entre 32,1 e 44,5% respectivamente, para as compactações 0,204 e 4,07 kg cm
-
2
. Condiderando-se conjuntamente ambos os substratos, coerentemente houve
correlação linear negativa significativa (P<0,001; r = -0,80).
31
Figura 11 Valores médios e erro padrão da média da macroporosidade (A) e
microporosidade (B) segundo as compactações e para os substratos arenoso e argiloso.
Os valores dios de AFD, segundo as compactações, estão apresentados na
Figura 12. Para o substrato arenoso, não houve diferença entre tratamentos e as médias
variaram entre 7,4 e 13,0 mm cm
-1
. Por sua vez, para o substrato argiloso as dias
diferiram significativamente (P<0,05), variando entre 5,9 e 20,3.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
A
c
c
bc
bc
ab
c
c
c
b
a
a
a
Argiloso
Arenoso
0 kg cm
-2
0.204 kg cm
-2
1.019 kg cm
-2
2.037 kg cm
-2
4.074 kg cm
-2
6.112 kg cm
-2
Macroporosidade (%v)
Substratos
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
B
bc
bc
bc
ab
a
a
a
c
a
a
a
a
ArgilosoArenoso
Microporosidade (%v)
Substratos
32
Figura 12 Valores médios e erro padrão da dia da água facilmente disponível
(AFD) segundo as compactações e para os substratos arenoso e argiloso.
Para o substrato arenoso, nas compactações mais intensas houve queda na AFD,
e nessas o desenvolvimento das plantas também foi menor. A propósito, segundo
CAMARGO & ALLEONI (1997), a redução da AFD pode favorecer o aparecimento de
sintomas de estresse drico, o que pode explicar em parte, não somente o baixo
desenvolvimento das mudas, como também o aparecimento dos sintomas vistos na Figura
4, que se apresentaram mais intensos em compactações maiores. Esses, inicialmente
atribuídos a uma possível infeão por fungos patogênicos e posteriormente a excesso de
boro aplicado, podem ter sido devidos a um estresse hídrico provocado pela excessiva
compactação do substrato.
Considerando-se conjuntamente ambos os substratos, a AFD correlacionou
positivamente (P<0.05; r = 0,42) com a umidade na saturação e positivamente com a
microporosidade dos substratos (P<0,01; r = 0,56), conforme resumido na Tabela 11.
4.3. Efeitos dos tratamentos sobre as plantas
Os efeitos dos tratamentos sobre as mudas foram avaliados durante onze meses
por meio de mensurações de variáveis consideradas importantes (CLEMENT & BOVI,
2000), tanto para mudas, como para pupunheiras cultivadas a campo. O crescimento foi
avaliado por meio de medidas de variáveis que apresentam correlações positivas e
significativas com a produção de palmito em pupunheiras (BOVI et al., 2002).
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
1.2
1.4
1.6
1.8
2.0
2.2
2.4
2.6
0 kg cm
-2
0.204 kg cm
-2
1.019 kg cm
-2
2.037 kg cm
-2
4.074 kg cm
-2
6.112 kg cm
-2
ab
ab
a
a
a
b
b
b
a
a
a
a
Argiloso
Arenoso
AFD (mm cm
-1
)
Substratos
33
Para todas as variáveis medida, foi observada alta variabilidade entre as
repetições o que esteve dentro do esperado, uma vez que, por ser de domesticação
relativamente recente (BOVI, 1998),
a pupunheira apresenta alta variabilidade genética.
Essa tem sido observada também, em termos de capacidade de emissão de perfilhos
(BOVI et al., 1996), início de produção,
produtividade (BOVI, 1998), bem como para
absorção de nutrientes (TUCCI et al., 2006a) e assimilação de CO
2
(TUCCI et al.,
2006b).
4.3.1. Crescimento em altura total
As palmeiras apresentam crescimento contínuo, ainda que a taxa de crescimento
possa flutuar estacionalmente, ou segundo certas variações ambientais casuais. O
crescimento em altura é precedido pelo aumento em diâmetro, sendo este inteiramente
primário, uma vez que não há meristema secundário (TOMLINSON, 1990).
A altura da planta é uma variável importante, pois está altamente correlacionada
com vigor das mudas. Em condição de viveiro, é interessante que a condução das mudas
possa propiciar a expressão de seu vigor, para que a fase de viveiro possa ser abreviada.
A altura total é uma das características mais fáceis de ser mensurada.
Na Tabela 4 está apresentado o resumo da análise de variância, com os valores
de F e significância, da altura total das plantas em função do tipo de substrato e das
compactações, para todos os meses de medidas.
Pode-se observar que diferenças significativas em altura total das mudas para os
dois tipos de substrato, começaram a ocorrer a partir de fevereiro de 2006, cinco meses
após o plantio nos vasos, sendo observadas até o fim do experimento. Embora as
diferenças em altura para as diferentes compactações tenham sido significativas desde
dezembro de 2005, foram de menor magnitude que aquelas verificadas entre substratos.
Não foi verificada interação significativa entre substrato e compactação em nenhuma
medida.
34
Tabela 4 Resumo da análise de variância para altura total da planta nos períodos de
avaliação. Campinas, SP. 2005/2006.
Causas de
Variação
Substratos
S
Compactação
C
Interação
S x C
CV %
Épocas de
avaliação
Valores de F e significância
10/10/2005 0,992 ns 2,360 ns 2,073 ns 18,0
10/11/2005 1,252 ns 2,467 ns 0,997 ns 16,6
10/12/2005 0,214 ns 3,208* 0,910 ns 19,0
10/01/2006 0,182 ns 5,314** 0,546 ns 17,3
10/02/2006 14,820*** 2,799* 0,985 ns 27,7
10/03/2006 22,014*** 2,794* 0,929 ns 35,3
10/04/2006 42,540*** 5,200** 1,919 ns 41,6
10/05/2006 41,695*** 3,489* 1,979 ns 42,7
10/06/2006 47,570*** 3,585* 2,352 ns 45,9
10/07/2006 51,600*** 4,218** 2,358 ns 45,1
10/08/2006 25,783*** 1,122 ns 1,263 ns 45,7
*,**,***, significativo a 5, 1 e 0,1% de probabilidade; ns, não significativo.
O crescimento em altura das mudas durante o experimento para ambos os
substratos (Figura 13A), pôde ser ajustado às seguintes funções, ambas de Boltzmann: y
= 19,9/
[
1 + e
(x-190,1)/33,1
] para o substrato arenoso e 6,1/[1+e
(x-181,3)/153,7
], para o argiloso.
A partir de fevereiro de 2005 teve início uma fase de crescimento mais intenso,
especialmente para as mudas de substrato arenoso, o que fica bem evidente quando se
observa a taxa de crescimento absoluto (Figura 13B). Para ambos os substratos, taxas
mais altas de crescimento absoluto foram observadas em março de 2006,
correspondentes a 0,35 cm dia
-1
para o substrato arenoso e cerca de 0,10 cm dia
-1
para o
argiloso. Pode-se observar que ao fim do experimento as mudas cultivadas em substrato
arenoso apresentavam cerca de 50 cm de altura total, enquanto aquelas do substrato
argiloso, ao redor de 30 cm.
35
Figura 13 Média de todos os tratamentos e erro padrão da média da altura das plantas
(A) e taxa de crescimento absoluto (TCA) em altura total (B), de mudas de pupunheira
cultivadas em substrato arenoso e argiloso, em Campinas.
É interessante mencionar que mudas de pupunheira aptas para plantio no campo
devem apresentar cerca de 30 cm de altura (BOVI, 1998), dimensão atingida pelas
mudas do substrato arenoso, entre fevereiro e março de 2005, portanto cinco meses após
a repicagem das mudas. As mudas do substrato argiloso por sua vez atingiram essa
dimensão apenas ao fim do experimento aos 11 meses.
A diferença em altura total tão marcante entre os dois tipos de substrato pode ser
observada na Figura 14.
0 50 100 150 200 250 300 350
10
20
30
40
50
60
A
MarFev
Dez
Out
Mai
2006
Ago
Jul
2005
Set
y = 6.1/ 1+e
(x-181.3)/153.7
R
2
= 0.97
y = 19.9/1 +e
(x-190.1)/33.1
R
2
= 0.99
Altura total (cm)
Dias após plantio
Substrato arenoso
Substrato argiloso
50 100 150 200 250 300 350
-0.15
-0.10
-0.05
0.00
0.05
0.10
0.15
0.20
0.25
0.30
0.35
0.40
0.45
2006
2005
Out Dez Fev Mar Mai Jul Ago
B
Dias após plantio
TCA altura total (cm dia
-1
)
36
Figura 14 Aspectos das mudas cultivadas em substrato arenoso (direita) e argiloso
(esquerda) em julho de 2006, aos 11 meses, em Campinas, SP.
Na Figura 15 pode-se observar o crescimento em altura das mudas sob o efeito
das compactações, para o substrato arenoso (A) e argiloso (B).
Considerando-se o substrato arenoso, verificou-se que um maior
desenvolvimento em altura total ocorreu na compactação equivalente a 2,037 kg cm
-2
,
seguido daquela correspondente a 0,204 kg cm
-2
. Para a primeira, a altura final das
plantas foi de cerca de 80 cm. Nessa compactação a altura apropriada para plantio no
campo foi conseguida a partir de fevereiro de 2005, aos 5 meses. O pior tratamento
correspondeu à compactação máxima, que resultou em altura final de cerca de 40 cm.
O crescimento em altura das plantas cultivadas em substrato argiloso foi
significativamente inferior, sendo que o crescimento em altura total menos intenso
ocorreu nas compactações 6, 112 e 2,037 kg cm
-2
.
É interessante observar que para ambos os substratos o controle, correspondente
a compactação 0 kg cm
-2
, propiciou crescimento intermediário.
37
Figura 15 Crescimento em altura de mudas de pupunheira cultivadas em substrato
arenoso (A) e argiloso (B), em função das compactações, em Campinas. Cada ponto
representa média de três plantas.
Uma das causas do intenso crescimento em altura total apresentado pelas mudas
do substrato arenoso praticamente em todas as compactações, em relação ao argiloso,
pode ter sido o fato de a densidade deste último ter sido significativamente superior ao
arenoso (Figura 6A). Esse apresentou maior teor de macroporos, condição que também
pode ser associada ao maior desenvolvimento das mudas observado nas Figuras 15A,
20A, 23A, 26 e 29A. De fato, um dos fatores que levam à limitação de água, oxigênio e
nutrientes às plantas é a compactação do solo (CAMARGO & ALLEONI, 1997;
NADIAN et al., 1998).
0 50 100 150 200 250 300 350
10
20
30
40
50
60
70
80
90
A
Substrato arenoso
2006
2005
Ago
JulMai
MarFevDez
Out
Set
Altura total (cm)
Dias após plantio
Controle
0,204 Kg/cm
2
1,019 Kg/cm
2
2,037 Kg/cm
2
4,074 Kg/cm
2
6,112 Kg/cm
2
0 50 100 150 200 250 300 350
10
20
30
40
50
60
70
80
90
2005
2006
B
Set Out Dez Fev Mar Mai Jul Ago
Substrato argiloso
Altura total (cm)
Dias após plantio
38
Esses resultados para a altura total especialmente relativos ao solo arenoso,
contrastam com aqueles verificados por BORDIN et al. (2006), que trabalhando com
mudas de pupunheira desenvolvendo-se também em vasos, em um Latossolo Vermelho
eutroférrico de textura argilosa, em densidades entre 1,0 a 1,44 kg dm
-3
, não observaram
diferenças significativas para a altura total entre as compactações. No entanto é
importante ressaltar que no citado trabalho as compactações foram impostas em teor de
umidade diferente dos teores de umidade do presente trabalho, o que prejudica qualquer
comparação, uma vez que umidades diferentes propiciam para uma mesma
compactação, densidades diferentes.
As TCAs em altura total segundo as compactações podem ser observadas nos
gráficos da Figura 16 para o substrato arenoso e Figura 17, para o argiloso. As maiores
taxas ocorreram entre março e maio de 2006. A maior foi observada para a compactação
2,037 kg cm
-2
, correspondendo a 0,6 cm dia
-1
. Para o solo argiloso a maior TCA foi de
0,25 cm dia
-1
, correspondendo à compactação máxima.
39
Figura 16 TCA em altura total de mudas de pupunheira cultivadas em substrato
arenoso, em função do tempo e das compactações em Campinas, SP.
-0.6
-0.5
-0.4
-0.3
-0.2
-0.1
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0 50 100 150 200 250 300 350
-0.6
-0.5
-0.4
-0.3
-0.2
-0.1
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0 50 100 150 200 250 300 350
-0.6
-0.5
-0.4
-0.3
-0.2
-0.1
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
TCA altura total (cm dia
-1
)
Compactação - 0,204 Kg cm
-2
TCA altura total (cm dia
-1
)
Compactação - 1,019 Kg cm
-2
Compactação - 2,037 Kg cm
-2
TCA altura total (cm dia
-1
)
Compactação - 4,074 Kg cm
-2
Out Dez Fev Mar Mai Jul Ago
Out Dez Fev Mar Mai Jul Ago
Compactação - 6,112 Kg cm
-2
Dias após plantio
Dias após plantio
Compactação - 0 Kg cm
-2
40
Figura 17 TCA em altura total de mudas de pupunheira cultivadas em substrato
argiloso, em função do tempo e das compactações, em Campinas, SP.
4.3.2. Crescimento em altura da haste
A altura da haste é considerada medida vegetativa essencial em análises de
crescimento e produção de pupunheiras (CLEMENT & BOVI, 2000). Sua importância
está no fato de estar altamente correlacionada com a fitomassa e a área foliar
(CLEMENT, 1995) e com a produção de palmito. É uma das características mais fáceis
de mensurar em experimentos de produção de palmito, sendo um dos caracteres de
menor variabilidade (BOVI et al., 1993b).
Pelo resumo da análise de variância para altura da haste (Tabela 5), pode-se
observar que diferenças significativas entre os substratos para altura da haste,
-0.25
-0.20
-0.15
-0.10
-0.05
0.00
0.05
0.10
0.15
0.20
0.25
0.30
-0.25
-0.20
-0.15
-0.10
-0.05
0.00
0.05
0.10
0.15
0.20
0.25
0.30
50 100 150 200 250 300 350
-0.25
-0.20
-0.15
-0.10
-0.05
0.00
0.05
0.10
0.15
0.20
0.25
0.30
50 100 150 200 250 300 350
Compactação - 0 Kg cm
-2
TCA altura total (cm dia
-1
)
Compactação - 1,019 Kg cm
-2
Compactação - 2,037 Kg cm
-2
TCA altura total (cm dia
-1
)
Compactação - 4,074 Kg cm
-2
Compactação - 0,204 Kg cm
-2
Dias após plantio
TCA altura total (cm dia
-1
)
Compactação - 6,112 Kg cm
-2
Dias após plantio
41
começaram a ocorrer a partir de fevereiro de 2006, portanto quatro meses após o
plantio, até o fim do experimento. Igualmente, em fevereiro de 2006 começaram a ser
observadas diferenças significativas entre as compactações, mas tal como para a altura
total, de menor magnitude que as observadas entre substratos. Com exceção de junho de
2006, não foram observadas interações entre substratos e compactações.
Tabela 5. Resumo da análise de variância para altura da haste nos períodos de
avaliação. Campinas, SP. 2005/2006.
Causas de
Variação
Substratos
S
Compactação
C
Int
eração
S x C
CV %
Épocas de
avaliação
Valores de F e significância
10/10/2005 0,183 ns 2,201 ns 0,792 ns 30,1
10/11/2005 4,654 ns 0,633 ns 0,305 ns 29,6
10/12/2005 0,002 ns 1,314 ns 0,615 ns 31,5
10/01/2006 0,216 ns 1,775 ns 0,845 ns 32,0
10/02/2006 9,386** 3,151* 0,480 ns 39,8
10/03/2006 33,562*** 4,835** 0,746 ns 47,9
10/04/2006 36,695*** 4,540** 1,600 ns 57,5
10/05/2006 41,699*** 3,747* 1,956 ns 59,5
10/06/2006 48,198*** 4,515** 2,698* 58,6
10/07/2006 56,665*** 4,428** 2,184 ns 56,1
10/08/2006 54,987*** 4,118** 2,091 ns 57,0
*,**,***, significativo a 5, 1 e 0,1% de probabilidade; ns, não significativo.
A evolução da altura da haste durante o experimento, para os dois tipos de
substrato pode ser observada na Figura 18A, com as funções de crescimento ajustadas
pela função de Boltzmann (Beadle, 1993) que foram: y = 3,9/[1 + e
(x-192,9)/40,9
] para o
substrato arenoso e y = -2,4/[1+e
(x-557,4)/437,8
], para o substrato argiloso. Ao fim do
experimento, as mudas do substrato arenoso apresentavam cerca de 20 cm de altura da
haste, enquanto as do argiloso mediam apenas ao redor de 8 cm. A fase de crescimento
mais intenso em altura da haste, fica bem evidenciada pelas taxas de crescimento
42
absoluto (Figura 18B), em que se observam taxas de crescimento absoluto em altura da
haste maiores em março de 2006, tal como ocorreu com a altura total. Nesse ponto do
experimento, as TCAs em altura da haste corresponderam a 0,15 cm dia
-1
para o
substrato arenoso e 0,025 cm dia
-1
para o argiloso.
Figura 18 Altura da haste (A) e Taxa de Crescimento Absoluto em altura da haste
(B), de mudas de pupunheira cultivadas em substrato arenoso e argiloso. As barras
verticais representam o erro padrão da média.
O crescimento em altura da haste segundo as compactações pode ser observado
na Figura 19 para o substrato arenoso (A) e argiloso (B). Para o solo arenoso, tal como
verificado para a altura total, para a altura da haste crescimento mais intenso começou a
0 50 100 150 200 250 300 350
10
20
30
40
50
60
A
2006
2005
Fev Mar Mai jul AgoOut Dez
Set
y = -2.4/1+e
(x-557.4)/437.8
R
2
= 0.91
y = 3.9/1+e
(x-192.9)/40.9
R
2
= 0.98
Altura da haste (cm)
Dias após plantio
Substrato arenoso
Substrato argiloso
50 100 150 200 250 300 350
-0.15
-0.10
-0.05
0.00
0.05
0.10
0.15
0.20
0.25
0.30
0.35
0.40
0.45
2005 2006
Out Dez Fev Mar Mai Jul Ago
B
TCA altura haste (cm dia
-1
)
Dias após plantio
43
partir de fevereiro de 2006. A compactação que propiciou maior crescimento foi a
correspondente a 2,037, seguida de 0,204 kg cm
-2
, da mesma forma que para a altura
total. Tais compactações propiciaram ao fim do experimento alturas de haste de 30 cm e
cerca de 24 cm, respectivamente. O crescimento menos acentuado ocorreu na
compactação máxima, com altura final de 12 cm, o mesmo crescimento propiciado no
solo argiloso. Na realidade, para esse último substrato, não houve diferenças
significativas entre compactações. Tal como para a altura total as plantas-controle
apresentaram crescimento intermediário entre as compactações.
Esses resultados estão coerentes uma vez que segundo HAKANSSON et al.
(1998),
solos com baixos valores de densidade podem provocar crescimento deficiente
de plantas que pode ser devido à menor absorção de nutrientes em conseqüência do
baixo contato solo-raízes.
Nas Figuras 20 e 21 estão apresentadas as TCAs em altura da haste,
respectivamente para os substratos arenoso e argiloso, considerando-se as
compactações.
Para a compactação 2,037 kg cm
-2
, que propiciou maior crescimento, a TCA
mais elevada em altura da haste ocorreu em março de 2006, correspondendo a 0,28 cm
dia
-1
. Tanto o controle como a compactação 1,019 kg cm
-2
apresentaram o mesmo valor
de TCAxima ao redor de 0,15, em março de 2006. Para o substrato argiloso o valor
máximo de TCA de 0,12 cm dia
-1
, foi observado em março de 2006.
Pode-se notar, tanto para o solo arenoso como para o argiloso em alguns meses,
a ocorrência de valores de TCAs negativas para altura da haste. Para o solo arenoso,
essas foram observadas em todas as compactações menos a 2,037 kg cm
-2
, que
propiciou maior crescimento. Esses valores estão relacionados com o fato de a
pupunheira ser uma espécie perene e ao contrário das espécies anuais não apresentar no
espaço de um mês altas taxas de crescimento em altura da haste. Sendo assim, como a
altura da haste é medida do colo até a inserção da folha mais jovem, pode ter ocorrido
que em uma determinada mensuração, a folha mais jovem mesmo estando
completamente expandida pode ter apresentado a bainha foliar mais aderente à haste,
que pode ter se soltado na mensuração seguinte, fazendo com que o operador registrasse
altura da haste menor.
44
Figura 19 Altura da haste e erro padrão da média de mudas de pupunheira cultivadas
em substrato arenoso (A) e argiloso (B), em função das compactações. Cada ponto é a
média de três plantas.
Assim, é sintomático que na compactação mais favorável ao crescimento, o
tenham sido observadas TCAs negativas. nas mudas do solo argiloso, que
apresentaram crescimento significativamente inferior, podem ser observadas TCAs
negativas em todas as compactações, nos meses de menor crescimento.
0 50 100 150 200 250 300 350
0
4
8
12
16
20
24
28
32
2005
2006
Set Out Dez Fev Mar Mai Jul Ago
A
Controle
0,204 Kg/cm
2
1,019 Kg/cm
2
2,037 Kg/cm
2
4,074 Kg/cm
2
6,112 Kg/cm
2
Substrato arenoso
Altura da haste (cm)
Dias após plantio
0 50 100 150 200 250 300 350
0
4
8
12
16
20
24
28
32
2005
2006
B
Set Out Dez Fev Mar Mai Jul Ago
Substrato argiloso
Dias após plantio
Altura da haste (cm)
45
Figura 20 TCA em altura da haste de mudas de pupunheira cultivadas em substrato
arenoso, em função do tempo e das compactações. Cada ponto representa a média de
três repetições. As barras verticais representam o erro padrão da média.
-0.2
-0.1
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
-0.2
-0.1
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
50 100 150 200 250 300 350
-0.2
-0.1
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
50 100 150 200 250 300 350
TCA altura haste (cm dia
-1
)
TCA altura haste (cm dia
-1
)
TCA altura haste (cm dia
-1
)
Compactação - 0 Kg cm
-2
Compactação - 0,204 Kg cm
-2
Compactação - 1,019 Kg cm
-2
Compactação - 2,037 Kg cm
-2
Out Dez Fev Mar Mai Jul Ago
Dias após plantio
Compactação - 4,074 Kg cm
-2
Out Dez Fev Mar Mai Jul Ago
Dias após plantio
Compactação - 6,112 Kg cm
-2
46
Figura 21 TCA em altura da haste de mudas de pupunheira cultivadas em substrato
argiloso, em função do tempo e das compactações. Cada ponto representa a média de
três repetições. As barras verticais representam o erro padrão da média.
4.3.3. Crescimento em diâmetro do colo
O diâmetro do colo da muda está diretamente correlacionado com a precocidade
da planta e a produtividade para palmito (BOVI, 1998). Em cultivos a campo, é difícil
de ser mensurado com precisão devido à presença de perfilhos, sendo considerada
medida opcional em trabalhos de análise de crescimento e produção de palmito em
pupunheiras (CLEMENT & BOVI, 2000). Em mudas essa dificuldade não ocorre,
devendo, portanto, ser medida.
-0.10
-0.08
-0.06
-0.04
-0.02
0.00
0.02
0.04
0.06
0.08
0.10
0.12
0.14
0.16
0.18
-0.10
-0.08
-0.06
-0.04
-0.02
0.00
0.02
0.04
0.06
0.08
0.10
0.12
0.14
0.16
0.18
50 100 150 200 250 300 35050 100 150 200 250 300 350
-0.10
-0.08
-0.06
-0.04
-0.02
0.00
0.02
0.04
0.06
0.08
0.10
0.12
0.14
0.16
0.18
Compactação - 0 Kg cm
-2
TCA altura haste (cm dia
-1
)
TCA altura haste (cm dia
-1
)
TCA altura haste (cm dia
-1
)
Compactação - 0,204 Kg cm
-2
Compactação - 1,019 Kg cm
-2
Compactação - 2,037 Kg cm
-2
Compactação - 6,112 Kg cm
-2
Dias as plantio
Compactação - 4,074 Kg cm
-2
Dias as plantio
47
Pela análise de variância, verificou-se que diferenças significativas entre
substratos para o diâmetro do colo começaram a ocorrer a partir de janeiro de 2006,
portanto quatro meses após o plantio, tendo se manifestado antes da altura total, bem
como da altura da haste.
Tabela 6. Resumo da análise de variância para o diâmetro do colo nos períodos de
avaliação. Campinas, SP. 2005/2006.
Causas de
Variação
Substratos
S
Compactação
C
Interação
S x C
CV %
Época de
avaliação
Valores de F e significância
10/10/2005 - - - -
10/11/2005 5,767* 0,319 ns 1,313 ns 20,6
10/12/2005 0,438 ns 1,770 ns 2,964* 18,0
10/01/2006 11,280** 2,065 ns 1,853 ns 22,5
10/02/2006 20,654*** 1,637 ns 1,610 ns 29,0
10/03/2006 42,200*** 4,570** 1,712 ns 29,8
10/04/2006 90,216*** 2,790* 0,816 ns 34,8
10/05/2006 65,006*** 2,908* 1,804 ns 44,9
10/06/2006 70,383*** 2,849* 1,735 ns 45,9
10/07/2006 76,704*** 1,444 ns 2,122 ns 47,9
10/08/2006 84,599*** 2,592 ns 2,782* 52,0
*,**,***, significativo a 5, 1 e 0,1% de probabilidade; ns, não significativo.
Diferenças significativas entre tratamentos de compactação para o diâmetro do
colo começaram a ser observadas em março de 2006, e tal como para a altura total e
altura da haste, apresentaram menor magnitude que as diferenças entre substratos. Nos
dois últimos meses do experimento as diferenças entre compactações voltaram a ser não
significativas.
O crescimento em diâmetro do colo (Figura 22A) foi ajustado segundo a função
de Boltzmann, tal com as variáveis relacionadas à altura das mudas. As equações de
crescimento foram: y = 1,7/[1 + e
(x-195,7)/49,1
] e y = 1,9/[1 + e
(x-138,6)/42,4
], para o substrato
48
arenoso e argiloso, respectivamente.
Pela Figura 22B observa-se que o crescimento mais intenso em diâmetro do colo
ocorreu em abril de 2006 para as mudas em substrato arenoso com TCA de 0,17 mm
dia
-1
, e em fevereiro de 2006 para as mudas em solo argiloso.
Figura 22 Crescimento do diâmetro do colo (A) e da Taxa de Crescimento Absoluto
em diâmetro do colo (B), de mudas de pupunheira cultivadas em substrato arenoso e
argiloso. Cada ponto representa média de três plantas. As barras verticais representam o
erro padrão da média.
50 100 150 200 250 300 350
0
5
10
15
20
25
Substrato arenoso
Substrato argiloso
A
2005
2006
AgoJulMai
Mar
Fev
Dez
Out
y = 1.9/1+e
(x-138.6)/42.4
R
2
= 0.98
y = 1.7/1+e
(x-195.7)/49.1
R
2
= 0.99
Diâmetro do colo (mm)
Dias após plantio
50 100 150 200 250 300 350
-0.04
-0.02
0.00
0.02
0.04
0.06
0.08
0.10
0.12
0.14
0.16
0.18
0.20
0.22
2005 2006
Out Dez Fev Mar Mai Jul Ago
B
TCA diâmetro colo (cm dia
-1
)
Dias após plantio
49
É interessante mencionar que é desejável que mudas para plantio a campo
apresentem diâmetro na região do colo entre 15 e 30 mm (BOVI, 1998). Assim,
segundo esse critério, mudas cultivadas no substrato arenoso começariam a estar aptas
para plantio a campo a partir de março de 2006, da mesma forma que para o critério
altura da planta, mencionado anteriormente. As mudas cultivadas no substrato argiloso
por sua vez, durante todo o experimento não chegaram a alcançar o diâmetro adequado
para o plantio no campo (Figura 22A).
O crescimento em diâmetro do colo segundo as compactações pode ser
observado na Figura 23, para o substrato arenoso (A) e argiloso (B). Tal como para a
altura total e altura da haste a compactação que proporcionou o maior diâmetro do colo
foi 2,037 kg cm
-2
, durante todo o experimento, ao fim do qual as plantas apresentaram
diâmetro de 2,7 cm. Com exceção da compactação máxima que propiciou diâmetro do
colo ao redor de 1,2 cm, as demais não diferiram significativamente da maior. Para essa
variável as plantas-controle apresentaram o segundo maior diâmetro médio do colo,
praticamente durante todo o experimento.
Para o substrato argiloso, durante todo o experimento não houve variação
significativa entre compactações para o diâmetro do colo.
Os resultados apresentados estão em desacordo com aqueles verificados por
BORDIN et al. (2006), que trabalhando com pupunheiras em quatro compactações não
observaram diferenças no diâmetro do caule entre os tratamentos. É importante lembrar,
tal como anteriormente mencionado, que esses autores trabalharam com solo e umidade
no momento da imposição dos tratamentos diferentes daqueles do presente trabalho.
50
Figura 23 Diâmetro do colo de mudas de pupunheira cultivadas em substrato arenoso
(A) e argiloso (B), em função do tempo e das compactações. Cada ponto representa
média de três plantas. As barras verticais representam o erro padrão da média.
As Figuras 24 e 25 representam as TCAs em diâmetro do colo, segundo as
compactações para os substratos arenoso e argiloso, respectivamente. Para o primeiro,
as maiores TCAs ocorreram nas compactações 0 e 2,037 kg cm
-2
, correspondentes a
cerca de 0,3 mm dia
-1
, para ambas.
Para o solo argiloso, as maiores TCAs corresponderam a 0,08 mm dia
-1
, para
todas as compactações.
0 50 100 150 200 250 300 350
0
5
10
15
20
25
30
35
2005
2006
Set Out Dez Fev Mar Mai Jul Ago
A
Controle
0,204 Kg/cm
2
1,019 Kg/cm
2
2,037 Kg/cm
2
4,074 Kg/cm
2
6,112 Kg/cm
2
Substrato arenoso
Dias após plantio
Diâmetro do colo (mm)
0 50 100 150 200 250 300 350
0
5
10
15
20
25
30
35
2005
2006
B
Set Out Dez Fev Mar Mai Jul Ago
Substrato argiloso
Dias após plantio
Diâmetro do colo (mm)
51
Figura 24 – TCA em diâmetro do colo de mudas de pupunheira cultivadas em substrato
arenoso, em função do tempo e das compactações. Cada ponto representa a média de
três repetições. As barras verticais representam o erro padrão da média.
-0.2
-0.1
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
-0.2
-0.1
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
50 100 150 200 250 300 350
-0.2
-0.1
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
50 100 150 200 250 300 350
TCA diâmetro colo (mm dia
-1
)
TCA diâmetro colo (mm dia
-1
)
Compactação - 0 Kg cm
-2
Compactação - 0,204 Kg cm
-2
Compactação - 1,019 Kg cm
-2
Compactação - 2,037 Kg cm
-2
TCA diâmetro colo (mm dia
-1
)
Dias após plantio
Compactação - 4,074 Kg cm
-2
Out Dez Fev Mar Mai Jul Ago
Out Dez Fev Mar Mai Jul Ago
Compactação - 6,112 Kg cm
-2
Dias após plantio
52
Figura 25 – TCA em diâmetro do colo de mudas de pupunheira cultivadas em substrato
argiloso, em função do tempo e das compactações. Cada ponto representa a média de
três repetições. As barras verticais representam o erro padrão da média.
Considerando-se ambos os substratos, o diâmetro do colo das mudas
correlacionou negativa e significativamente com a densidade aparente dos substratos
(P<0,05; r = -0,36). Essa mesma variável de crescimento, no entanto, correlacionou
positivamente com a macroporosidade dos substratos (P<0,05; r = 0,35).
4.3.4. Número de folhas
Segundo TOMLINSON (1990), o número de folhas das palmeiras constitui-se
em marcador bem acessível para eventos de crescimento, uma vez que as folhas são
-0.15
-0.10
-0.05
0.00
0.05
0.10
0.15
0.20
50 100 150 200 250 300 350
-0.15
-0.10
-0.05
0.00
0.05
0.10
0.15
0.20
50 100 150 200 250 300 350
-0.15
-0.10
-0.05
0.00
0.05
0.10
0.15
0.20
Compactação - 1,019 Kg cm
-2
Compactação - 2,037 Kg cm
-2
Compactação - 4,074 Kg cm
-2
TCA diâmetro colo (mm dia
-1
)
TCA diâmetro colo (mm dia
-1
)
Dias após plantio
Compactação - 0,204 Kg cm
-2
Compactação - 6,112 Kg cm
-2
Dias após plantio
Compactação - 0 Kg cm
-2
TCA diâmetro colo (mm dia
-1
)
53
únicas em cada nó, com bainhas que circundam completamente o perímetro da haste.
Folhas mais jovens são envolvidas por folhas mais velhas, visíveis, de tal forma que a
população de folhas na copa inclui uma série de folhas não expostas e uma série de
folhas expostas. A folha mais jovem visível, não expandida, é a folha flecha.
Em análise de crescimento, o número de folhas inclui apenas as folhas verdes
completamente expandidas da haste principal, não sendo consideradas folhas
amareladas ou mortas, pois não são fotossinteticamente ativas (CLEMENT & BOVI,
2000). Esses autores citam o número de folhas entre as medidas vegetativas essenciais
em análises de crescimento e produção de pupunheiras, pois trata-se de característica
relacionada à produção de palmito, uma vez que o palmito, produto comercial da
pupunheira é
constituído de folhas ainda não desenvolvidas, considerado botanicamente
como a gema apical, responsável pelo desenvolvimento da palmeira.
É importante notar que o número de folhas é dado pelo balanço entre as emitidas
e as senescentes e assim, maiores taxas de emissão e de senescência intercalam-se e o
número de folhas cresce em pulsos.
No caso do presente experimento, o estudo do número de folhas foi um tanto
prejudicado uma vez que no decorrer do experimento foram coletadas amostras de
folhas de ambos substratos em todas as compactações para análises laboratoriais várias,
tais como análise química e fitopatológica para diagnóstico dos sintomas mostrados na
Figura 5 e análise foliar para macro e micronutrientes. A despeito disso, foi realizado
ajuste de curva para a evolução do número de folhas (Figura 26A), mostrando a
tendência durante os últimos seis meses do experimento.
Pelo resumo da análise de variância (Tabela 7) verifica-se que em todos os
meses de medidas houve variação significativa entre os substratos, para o número de
folhas, sendo que as compactações não propiciaram diferenças significativas e não
houve interações significativas entre substratos e compactações.
As equações de melhor ajuste para o número de folhas (Figura 26A) y = 1-
0,028x-(210030,5/x
2
) e y = 13,6-0.025x-(183738,6/x
2
), respectivamente para o substrato
arenoso e argiloso. Para o primeiro o número máximo de folhas durante o experimento
foi de 5,6 entre os meses de abril e maio de 2006, sete meses após o plantio nos vasos, e
para o segundo, 4,2 folhas número alcançado no mesmo período anterior. Durante todo
o experimento o número de folhas variou significativamente entre os substratos
(P<0,001).
54
É importante mencionar que para o plantio das mudas de pupunheira no campo,
estas devem apresentar de 6 a 8 folhas vivas. Esse número foi alcançado pelas mudas do
substrato arenoso em abril de 2006, tendo declinado bastante a partir de maio ao fim
do experimento, devido ao fato mencionado anteriormente. Quanto às mudas do
substrato argiloso, estas em nenhum momento alcançaram o número de folhas adequado
para o plantio no campo.
Tabela 7. Resumo da análise de variância para o número de folhas nos períodos de
avaliação. Campinas, SP. 2005/2006.
Causas de
Variação
Substratos
S
Compactação
C
Interação
S x C
CV %
Época de
avaliação
Valores de F e significância
10/10/2005
10/11/2005
10/12/2005
10/01/2006
10/02/2006
10/03/2006 12,448** 0,145 ns 1,193 ns 25,4
10/04/2006 23,361*** 0,694 ns 1,361 ns 26,7
10/05/2006 6,612* 1,306 ns 1,029 ns 25,1
10/06/2006 11,520** 1,184 ns 1,392 ns 29,3
10/07/2006 16,026*** 0,723 ns 1,379 ns 26,3
10/08/2006 20,000*** 2,276 ns 2,240 ns 36,0
*,**,***, significativo a 5, 1 e 0,1% de probabilidade; ns, não significativo.
A TCA em número de folhas foi máxima para mudas de ambos os substratos no
início das medidas em abril de 2006, correspondendo a 0,04 folhas dia
-1
para o substrato
arenoso e cerca de 0,025 para o substrato argiloso. A partir de então, ambos declinaram
até o fim do experimento.
55
Figura 26 Número de folhas (A) e da Taxa de Crescimento Absoluto em número de
folhas (B), de mudas de pupunheira cultivadas em substrato arenoso e argiloso. Cada
ponto representa média de três plantas. As barras verticais representam o erro padrão
das médias.
A variação do número de folhas no transcorrer do experimento para cada
compactação está representada na Figura 27 para o substrato arenoso (A) e argiloso (B),
não tendo havido diferenças significativas entre compactações durante todos os meses
do experimento.
0 50 100 150 200 250 300 350
3.2
3.6
4.0
4.4
4.8
5.2
5.6
6.0
A
2005
Set Out Dez Fev Mar Mai Jul Ago
2006
y = 13.6 - 0.025x - (183738.6/x
2
)
R
2
= 0.82
y = 16.1 - 0.028x - (210030.5/x
2
)
R
2
= 0.83
Número de folhas
Dias após plantio
Substrato arenoso
substrato argiloso
0 50 100 150 200 250 300 350
-0.03
-0.02
-0.01
0.00
0.01
0.02
0.03
0.04
0.05
2005 2006
Out Dez Fev Mar Mai Jul Ago
B
TCA nº folhas (folhas dia
-1
)
Dias após plantio
56
Figura 27 Variação do número de folhas de mudas de pupunheira cultivadas em
substrato arenoso (A) e argiloso (B), em função do tempo e das compactações. Cada
ponto representadia de três plantas. As barras verticais representam o erro padrão da
média.
4.3.5. Crescimento da ráquis da folha+1
O comprimento da ráquis foliar é medida bastante utilizada em análise de
crescimento de pupunheiras e segundo BOVI et al. (1992), mostrou-se positivamente
correlacionado com o peso do palmito. Segundo esses autores, esse é um dos caracteres
de baixa variabilidade genética para a pupunheira.
Pelo resumo da análise de variância (Tabela 8), verifica-se que entre substratos
as variações significativas para comprimento da quis começaram a ser observadas a
partir de fevereiro de 2006 e persistiram até o fim do experimento. Embora tenha havido
0 50 100 150 200 250 300 350
2.0
2.5
3.0
3.5
4.0
4.5
5.0
5.5
6.0
6.5
7.0
7.5
2005
2006
Set Out Dez Fev Mar Mai Jul Ago
A
Controle
0,204 Kg/cm
2
1,019 Kg/cm
2
2,037 Kg/cm
2
4,074 Kg/cm
2
6,112 Kg/cm
2
Dias após plantio
Substrato arenoso
Número de folhas
0 50 100 150 200 250 300 350
2.0
2.5
3.0
3.5
4.0
4.5
5.0
5.5
6.0
6.5
7.0
7.5
2005
2006
B
Set Out Dez Fev Mar Mai Jul Ago
Substrato argiloso
Dias após plantio
Número de folhas
57
diferenças significativas entre compactações na maioria dos meses, essas, tal como
aconteceu com as variáveis anteriores, foram de menor magnitude que aquelas
apresentadas para os substratos. Ainda que não tenham sido mensuradas as ráquis das
folhas +2 e +3, é interessante mencionar que bom desenvolvimento da folha+1 em
relação às subseqüentes, indica que as pupunheiras tanto a campo como mudas em
condição de viveiro, estão sendo cultivadas sem restrição ao crescimento (CLEMENT
& BOVI, 2000).
Tabela 8. Resumo da análise de variância para o comprimento da ráquis da folha +1
nos períodos de avaliação. Campinas, SP. 2005/2006.
Causas de
Variação
Substratos
S
Compactação
C
Interação
S x C
CV %
Época de
avaliação
Valores de F e significância
10/10/2005 0,341 ns 2,216 ns 2,895* 22,2
10/11/2005 0,109 ns 3,488* 1,029 ns 17,4
10/12/2005 0,222 ns 2,785* 0,915 ns 17,9
10/01/2006 0,087 ns 5,120** 0,769 ns 17,7
10/02/2006 10,865** 3,885* 1,241 ns 26,9
10/03/2006 14,741*** 1,739 ns 1,073 ns 32,9
10/04/2006 37,287*** 4,915** 1,863 ns 35,8
10/05/2006 33,390*** 2,723* 1,986 ns 37,2
10/06/2006 43,548*** 2,702* 2,603 ns 41,2
10/07/2006 44,469*** 3,899* 2,236* 40,8
10/08/2006 43,540*** 3,121* 2,568 ns 39,6
*,**,***, significativo a 5, 1 e 0,1% de probabilidade; ns, não significativo.
O crescimento da ráquis da folha+1 está apresentado na Figura 28A. As curvas
foram ajustadas pela função de Boltzmann: y = 11,9/[1 + e
(x-189,7)/28.9
], para o substrato
arenoso e y = 4,6/[1 + e
(x-202,5)/160,4
], para o argiloso. Ao fim do experimento o
comprimento médio da quis da folha+1 foi de 36,0 cm para as mudas de substrato
arenoso e 22,0 cm para aquelas em substrato argiloso. A TCA máxima em comprimento
58
da quis para mudas de substrato arenoso foi de 0,20 cm dia
-1
e de 0,07 cm dia
-1
para
substrato argiloso, ambas entre março e abril. A partir de então, foi observada queda
acentuada da TCA, mais intensa para o substrato arenoso, até o fim do experimento
(dados não apresentados).
Figura 28 Comprimento da ráquis da folha +1 (A) e da Taxa de Crescimento
Absoluto do comprimento da ráquis da folha +1 (B), de mudas de pupunheira cultivadas
em substrato arenoso e argiloso. Cada ponto representa média de três plantas. As barras
verticais representam o erro padrão da média.
A variação do comprimento da ráquis da folha+1 para as compactações pode ser
0 50 100 150 200 250 300 350
10
15
20
25
30
35
40
A
2005
2006
Ago
Jul
Mai
MarFevDez
OutSet
Substrato arenoso
Substrato argiloso
y = 4.6/1+e
(x-202.5)/160.4
R
2
= 0.95
y = 11.9/1+e
(x-189.7)/28.9
R
2
= 0.99
Comprimento ráquis +1 (cm)
Dias após plantio
50 100 150 200 250 300 350
-0.10
-0.05
0.00
0.05
0.10
0.15
0.20
0.25
2005
2006
Out Dez Fev Mar Mai Jul Ago
B
TCA comp. ráquis+1 (cm dia
-1
)
Dias após plantio
59
observada na Figura 29, para o substrato arenoso (A) e argiloso (B). Para o primeiro, ao
fim do experimento o valor médio foi de 50 cm para compactação 2,037 kg cm
-2
, a
mesma que também propiciou crescimentos mais intensos em altura total, altura da
haste e diâmetro do colo, para o mesmo substrato. O menor crescimento foi observado
para a compactação máxima, tal como havia ocorrido para as três variáveis
mencionadas. Para o solo argiloso, tal como ocorreu para altura total, altura da haste e
diâmetro do colo, maior crescimento da folha+1 foi observado na compactação máxima.
Figura 29 Comprimento da ráquis da folha+1 de mudas de pupunheira cultivadas em
substrato arenoso (A) e argiloso (B), em função do tempo e das compactações e erro
padrão da média. Cada ponto representa média de três plantas.
0 50 100 150 200 250 300 350
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
2005
2006
A
Controle
0,204 Kg/cm
2
1,019 Kg/cm
2
2,037 Kg/cm
2
4,074 Kg/cm
2
6,112 Kg/cm
2
Set Out Dez Fev Mar Mai Jul Ago
Substrato arenoso
Dias após plantio
Comprimento folha +1 (cm)
0 50 100 150 200 250 300 350
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
2005
2006
B
Set Out Dez Fev Mar Mai Jul Ago
Substrato argiloso
Dias após plantio
Comprimenro folha +1 (cm)
60
4.3.6 Produção de matéria seca e de área foliar
Pelo resumo da análise de variância (Tabela 9) verifica-se que houve variação
significativa de todas as variáveis estudadas de produção de matéria seca: massa seca da
parte aérea (MSA) P<0,001; massa seca das raízes (MSR) P<0,001; razão
MSA:MAR P<0,05 e área foliar P<0,001. Não houve diferenças significativas entre
as compactações impostas para nenhuma variável, bem como interações significativas
entre substratos e compactações.
Tabela 9. Resumo da análise de variância para produção de matéria seca e área foliar de
mudas de pupunheira nos períodos de avaliação. Campinas, SP. 2005/2006.
Causas de
Variação
GL
Massa seca parte
aérea (MSA) (g)
Massa seca raízes
(MSR) (g)
Razão MSA:
MSR
Área foliar
(cm
2
)
Substrato 1 43,392*** 34,641*** 6,681* 52,242***
Compactação 5 2,220 ns 2,428 ns 0,822 ns 2,621 ns
S x C 5 1,561 ns 1,870 ns 2,349 ns 1,366 ns
CV% 109,6 110,5 56,9 99,0
*,**,***, significativo a 5, 1 e 0,1% de probabilidade; ns, não significativo.
Pode-se observar na Figura 30 que a média da MSA foi 18 g para o substrato
arenoso e 3 g para o argiloso, distintos entre si significativamente (P<0,001). Para a
MSR as médias foram de 10 g para o substrato arenoso e cerca de 1,5 g para o substrato
argiloso, diferença também significativa (P<0,001). É possível observar que a redução
da MSA no substrato argiloso em relação ao arenoso foi mais intensa para massa rea
que para a massa radicular.
Pela Tabela 10 verifica-se que houve correlações significativas entre as variáveis
estudadas neste item e as características físicas dos substratos. Assim, a densidade
aparente correlacionou negativamente com MSA (P<0,001; r = -0,54), com MSR
(P<0,01; r = -0,47) e com a área foliar (P<0,001; r = -0,54). A microporosidade dos
substratos correlacionou negativamente com MSA (P<0,01; r = -0,45), com MSR
(P<0,01; r = -0,48) e com a área foliar (P<0,05; r = -0,43). A macroporosidade
correlacionou positivamente com MSA (P<0,001; r = 0,60), com MSR (P<0,01; r =
0,55) e com área foliar (P<0,001; r = 0,57).
61
Podem ser observadas também na tabela 10 correlações positivas significativas
entre a MAS com altura total (r = 0,81), com altura da haste (r = 0,78), com o coleto (r =
0,86), com o comprimento da ráquis da folha +1 e com o número de folhas (r = 0,55). A
MSR também correlacionou positiva e significativamente com todas as variáveis de
crescimento mencionadas o mesmo ocorrendo com a área foliar.
Figura 30 Valores médios de MSA e MSR e erro padrão da média, de pupunheiras
cultivadas em substrato arenoso e argiloso. Letras maiúsculas representam a diferença
entre substratos para MSA e as letras minúsculas representam a diferença entre os
substratos para MSR.
A MSA decresceu linearmente com o aumento da compactação tanto do
substrato arenoso como argiloso. Os ajustes estão apresentados na Figura 31, para o
substrato arenoso (A) e argiloso (B). O decréscimo foi mais acentuado para o substrato
arenoso, cuja equação foi: y = 39,9 5,2x. Para o substrato argiloso o decréscimo da
massa aérea em função da compactação foi representado por: y = 3,24 0,55x. Para o
substrato arenoso foi observado valor de R
2
= 0,86, bem mais alto que o observado para
o substrato argiloso (R
2
= 0,42).
Na Figura 31, é interessante observar que para a compactação correspondente a
2,037 kg cm
-2
que se mostrou a mais apropriada ao crescimento em altura total, altura
da haste e diâmetro do colo, bem como ao comprimento da ráquis (Figuras 15AB,
29AB, 23AB e 29AB) propiciou uma MSA cerca de 50% menor que o controle, 0 kg
cm
-2
.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
b
a
A
A
Argiloso
Arenoso
Massa seca (g)
Substratos
Massa aérea
Massa radicular
62
Figura 31 Valores médios da massa aérea em função da compactação do substrato de
mudas de pupunheira cultivadas em substrato arenoso (A) e argiloso (B). Campinas SP.
2006/2007.
Da mesma forma que a MSA, a MSR decresceu linearmente com o aumento da
compactação (Figura 32) tanto para o substrato arenoso (A), como para o argiloso (B).
As equações de ajuste foram: y = 20,4-2,5x, para o substrato arenoso e y = 2,5-0,44x,
para o argiloso. A compactação 2,037 kg cm
-2
, propiciou resultados equivalentes
àqueles observados para MAS, mostrando que quanto maior a compactação, menor a
massa radicular. No entanto, para essa variável o aumento da compactação afetou mais
as mudas do substrato arenoso (Figura 32A), como indicam os coeficientes das retas.
Nas mudas do substrato argiloso, como todos os aspectos do crescimento foram inibidos
por outros fatores além da compactação, tornou-se até difícil perceber os efeitos desta
sobre as mudas.
-0.5 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0
-5
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
A
y = 39.9 - 5.2x
R
2
= 0.86
Substrato arenoso
Massa aérea (g)
Compactação
-0.5 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0
-5
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
B
y = 3.24 - 0.55x
R
2
= 0.42
Substrato argiloso
Massa aérea (g)
Compactações
63
O declínio linear em função do aumento da densidade do substrato, observado
tanto para a massa seca da parte rea como radicular está de acordo com o observado
por MAPFUMO et al. (1998) em alfafa. Esses autores enfatizaram a importância da
elaboração de curvas de resposta tais como foram feitas no presente trabalho,
verificando-se a sensibilidade dessas variáveis à compactação, uma vez que esses dados
básicos podem ser empregados na modelagem dessas relações.
Figura 32 – Valores médios da massa radicular em função da compactação do substrato
de mudas de pupunheira cultivadas em substrato arenoso (A) e argiloso (B), em
Campinas, SP.
A razão MSA:MSR variou significativamente entre os substratos (P<0,05) e não
variou entre as compactações (Figura 33). Sabe-se que essa razão varia bastante entre
espécies, e também durante a ontogênese das plantas, sendo fortemente modificada por
-0.5 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0
-4
-2
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
A
y = 20.4 - 2.5x
R
2
= 0.79
Substrato arenoso
Massa radicular (g)
Compactações
-0.5 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0
-4
-2
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
B
y = 2.47 - 0.44x
R
2
= 0.39
Substrato argiloso
Massa radicular (g)
Compactações
64
fatores externos. Há vários mecanismos de que influem na razão, alguns dos quais estão
sob controle hormonal. Exemplos o o retardo ou a cessação do crescimento da parte
aérea quando as raízes são expostas a déficit hídrico do solo, compactação do solo,
como é o caso das pupunheiras do presente trabalho, ou pobre aeração do solo
(MARSCHNER, 1999).
Figura 33 Valores dios da razão massa rea:massa radicular em mudas de
pupunheiras cultivadas em substrato arenoso e argiloso. As barras verticais representam
o erro padrão da média. Campinas, SP. 2005/2006.
Pela Tabela 9 observa-se que a área foliar variou significativamente (P<0,001)
entre os substratos e não variou entre as compactações. A variação entre substratos es
representada na Figura 34. Para o substrato arenoso a média da área foliar foi cerca de
1.200 cm
2
por planta enquanto para o argiloso foi 200 cm
2
por planta.
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
1.2
1.4
1.6
1.8
2.0
ArgilosoArenoso
Relação aérea / radicular
Substratos
65
Figura 34 Valores médios da área foliar de mudas de pupunheira cultivadas em
substrato arenoso e argiloso. Barras verticais representam o erro padrão da média.
Campinas, SP. 2005/2006.
A Figura 35 apresenta o decréscimo linear da área foliar com o aumento da
compactação dos substratos, tanto para o arenoso (A), como para o argiloso (B). Para
ambos o controle, compactação 0 kg cm
-2
propiciou os maiores valores de área foliar,
contrariamente ao observado no substrato arenoso para a altura total, altura da haste,
diâmetro do colo e comprimento da ráquis da folha +1, que se beneficiaram da
compactação 2,037 kg cm
-2
, correspondente a densidade 1,64 g cm
-3
.
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
Argiloso
Arenoso
Substratos
Área foliar (cm
2
)
66
Figura 35 Valores médios da área foliar de mudas de pupunheira cultivadas em
substrato arenoso em função da compactação do substrato (A) e área foliar de mudas de
pupunheira cultivadas em substrato argiloso (B), em Campinas, SP.
Para as duas características físicas do substrato que correlacionaram
negativamente (densidade e microporosidade) com a MSA, MSR e área foliar e aquela
que correlacionou positivamente com as mesmas variáveis de crescimento foi realizada
análise de regressão e ajustes de curva. Assim, na Figura 36, estão representadas as
relações entre a densidade e a MSA (A), e a MSR (B), e a área foliar (C). Pode-se
observar que para as três relações foram obtidos baixos valores de R
2
, correspondentes a
0,38; 0,46 e 0,35, para MSA, MSR e área foliar, respectivamente. Esses baixos valores
de R
2
podem ter sido devidos a alta variabilidade entre plantas em cada tratamento.
Outro fator a ser considerado é que os ajustes foram realizados considerando-se os dois
-0.5 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
A
y = 2407.3 - 294.8x
R
2
= 0.85
Substrato arenoso
Área foliar (cm
2
)
Compactações
-0.5 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
B
y = 271.5 - 53.6x
R
2
= 0.46
Substrato argiloso
Área foliar (cm
2
)
Compactações
67
substratos conjuntamente. No entanto em tentativa realizada empregando-se os dados de
cada substratos independentemente, não propiciou melhor ajuste.
Essas mesmas tendências já haviam sido observadas para ambos os substratos
separadamente nas Figuras 31, 32 e 34, em que foram estudas essas mesmas variáveis
em função das compactações impostas. Essa situação é coerente, uma vez que as
densidades do substrato são altamente dependentes das compactações (Figura 7).
Figura 36 - Variação da massa aérea (A), massa radicular (B) e área foliar (C) de
mudas de pupunheira em função da densidade dos substratos. Campinas, SP.
2005/2006.
0
5
10
15
20
1.0 1.2 1.4 1.6 1.8 2.0 2.2 2.4
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
0
10
20
30
40
B
y = 17,4x
-3,2
R
2
= 0,46
Massa radicular (g)
C
y = 1920,2x
-2,5
R
2
= 0,35
Área foliar (cm
2
)
Densidade (g cm
-3
)
A
y = 32,7x
-3,0
R
2
= 0,38
Massarea (g)
68
Na figura 37 pode-se observar a variação da MSA (A), MSR(B) e área foliar (C)
em função da microporosidade dos substratos. Os coeficientes de determinação, R
2
foram 0,52; 0,56 e 0,51, respectivamente. As três variáveis decresceram com o aumento
da microporosidade.
Figura 37 - Variação da massa aérea (A), massa radicular (B) e área foliar (C) de
mudas de pupunheira em função da microporosidade dos substratos, em Campinas, SP.
2005/2006.
Microporosidade mais alta poderá provocar a diminuição das trocas gasosas no
substrato, bem como a limitação da mobilidade de nutrientes e decréscimo da taxa de
20 25 30 35 40 45 50 55 60
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
0
5
10
15
20
0
10
20
30
40
C
y = 16113,9x
-0,029x
R
2
= 0,51
Área foliar (cm
2
)
Microporosidade (%)
B
y = 1334167,7x
-3,6
R
2
= 0,56
Massa radicular (g)
A
y = 10278857,0x
-4,0
R
2
= 0,52
Massa parte aérea (g)
69
infiltração de água. Isso poderia explicar o baixo desenvolvimento das mudas em
compactações mais altas.
Na Figura 38 pode-se observar a variação da MSA (A), MSR (B) e área foliar
(C), em função da macroporosidade do substrato. O aumento da macroporosidade
favoreceu o aumento das três variáveis. Os coeficientes de determinação foram: 0,54;
0,47 e 0,35, para a MSA, MSR e área foliar, respectivamente. A tendência observada
está coerente uma vez que macroporos são importantes para o crescimento vegetal pois
além da disponibilidade de água e aeração do sistema radicular, podem favorecer a
presença de microorganismos, favorecendo portanto as plantas pela maior liberação de
nutrientes devida à simbiose (PASSIOURA, 1991).
70
Figura 38 - Variação da massa aérea (A), massa radicular (B) e área foliar (C) de
mudas de pupunheira em função da macroporosidade dos substratos, em Campinas, SP.
2005/2006.
4.3.7 Crescimento e variação dos valores SPAD
Pela Tabela 10 podem ser observadas algumas estimativas de correlação entre as
variáveis de crescimento. Assim, houve a coerente correlação linear positiva entre altura
total e altura da haste (P<0,001; r = 0,97); correlação positiva entre diâmetro do colo e
altura total (P<0,001; r = 0,82); número de folhas e altura total (P<0,05; r = 0,38);
comprimento da ráquis da folha+1 e altura total (P<0,001; r = 0,99). A altura da haste
0
10
20
30
40
0 5 10 15 20 25 30 35 40
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
0
5
10
15
20
A
y = 0,017x
2,15
R
2
= 0,54
Massa parte aérea (g)
C
y = 10,2x
1,45
R
2
= 0.35
Área foliar (cm
2
)
Macroporosidade (%)
B
y = 0,039x
1,65
R
2
= 0,47
Massa radicular (g)
71
também correlacionou positivamente com diâmetro do colo (P<0,001; r = 0,78), com
número de folhas (P<0,05; r = 0,33) e com o comprimento da ráquis (P<0,001; r =
0,92).
BOVI et al. (1993) também estudaram as correlações entre as variáveis de
crescimento, mas em pupunheiras a campo, encontrando resultados semelhantes aos
observados nas mudas do presente trabalho.
Conjuntamente com as medidas mensais de crescimento, foram realizadas
avaliações dos valores SPAD, pelo clorofilômetro SPAD-502, da Minolta, Japão, com o
intuito de se conseguir uma variável adicional que pudesse auxiliar no momento da
discussão dos resultados. Na realidade, os valores SPAD têm sido usado amplamente
nas últimas duas décadas, para avaliação dos níveis de nitrogênio em culturas perenes,
culturas anuais, bem como em espécies florestais, com bastante êxito. Nos últimos anos,
essa medida foi incorporada às avaliações rotineiras feitas nos experimentos realizados
com pupunheiras no IAC. Como a análise foliar de nutrientes, importante ferramenta
para diagnóstico de desordens nutricionais em palmeiras uma vez que grande porção de
fitomassa está em suas folhas, que representam grande reserva potencial de nutrientes
utilizáveis (BROSCHAT, 1997), é um procedimento caro e demorado, uma medida
rápida e não destrutiva que possa ser relacionada ao estatus de nitrogênio da cultura é
considerada bem interessante.
De fato, medidas dos valores SPAD têm sido realizadas para monitoramento do
N nas culturas, constituindo-se em método não destrutivo, rápido e barato para estimar a
concentração de N tanto em experimentos como em produções comerciais (CHAPMAN
& BARRETO, 1997).
Nos últimos anos, vários trabalhos têm sido publicados evidenciando novas
aplicações para o clorofilômetro SPAD-502 além das convencionais. PORRO et al.
(2001) verificaram que valores SPAD correlacionaram significativamente com teores
foliares de N e P em videira, e de N, Ca, K e Mg em macieira, confirmando a
possibilidade de utilização do equipamento para o monitoramento desses nutrientes em
ambas as espécies. Correlação entre valores SPAD e Mg, plausíveis uma vez que
magnésio está presente na molécula de clorofila, também foram observadas em soja por
HEINRICHS et al. (2003) indicando o potencial de uso para o monitoramento desse
nutriente.
Na Figura 39 pode-se observar a variação dos valores SPAD nas folhas das
mudas de pupunheira para os dois tipos de substrato utilizados, que diferiram
72
significativamente entre si. Para o substrato arenoso os valores foram crescentes até o
período entre março e abril de 2006, com valor máximo de 47. Para o solo argiloso os
valores aumentaram até o período entre fevereiro e março de 2006, atingindo um
máximo de 35, declinando em seguida.
Uma vez que os valores SPAD, conforme os autores citados, correlacionaram
positivamente com os teores foliares de nitrogênio, fósforo, potássio,lcio e magnésio,
além dos teores de clorofila, o fato de as folhas das mudas cultivadas em substrato
arenoso terem apresentado valores mais altos, pode estar relacionado à sua condição
mais adequada sob o ponto de vista da nutrição mineral. Esse resultado vem reforçar a
importância das características favoráveis do substrato proveniente do solo de
Pariquera-Açu, sobre o de Campinas, sobretudo no que diz respeito à matéria orgânica,
P, K, Mg e aos micronutrientes principalmente zinco e boro.
Figura 39 – Valores médios de unidades SPAD para mudas de pupunheira
cultivadas em substrato arenoso e argiloso. As barras representam o erro padrão da
média. Campinas, SP. 2005/2006.
Pela Figura 39 pode-se observar mesmo para o substrato arenoso uma queda no
valor SPAD a partir de maio de 2006, ao fim do experimento. Esse fato pode ter sido
devido às temperaturas mais baixas registradas no local do experimento no período de
inverno afetando estacionalmente o metabolismo da pupunheira, que como palmeira
amazônica, costuma apresentar desenvolvimento menos exuberante durante os meses de
-50 0 50 100 150 200 250 300 350
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
2006
2005
R
2
= 0.87
R
2
= 0.88
y = 0.00024
x
* x
2.82
y = 0.00041
x
* x
2.69
R
2
= 0.87
Set Out Dez Fev Mar Mai Jul Ago
Unidades SPAD
Dias após plantio
Substrato arenoso
Substrato argiloso
73
inverno, no Estado de São Paulo.
Esses resultados estão de acordo com TUCCI (2004) que, em pupunheiras de 12
meses de idade cultivadas na mesma região do presente trabalho, verificou valores
SPAD medidos também na folha +1, 21% mais altos no verão e outono, que nos meses
mais frios de inverno e primavera.
Em pupunheira, medidas realizadas com o clorofilômetro SPAD-502 por TUCCI
et al. (2001) permitiram verificar diferenças significativas entre folhas, em função do
estádio ontogenético (folhas entre +1 e +6), com valores SPAD entre 32 e 45. Dados
não publicados obtidos pelo mesmo grupo de pesquisadores permitiram corroborar esses
resultados e ainda verificar variação estacional entre os valores SPAD, que se
apresentaram significativamente mais altos no verão e no outono. No entanto, o fato de
não haver sido realizada calibração do equipamento contra os teores de clorofila, e
nitrogênio das folhas não permitiu que se chegasse aos seus teores, pela leitura do
equipamento, tanto no trabalho dos autores mencionados quanto neste presente trabalho.
20
Tabela 10 – Matriz de correlação linear entre as características físicas dos solos e as variáveis de crescimento de mudas de pupunheira, cultivadas
em solo arenoso e argiloso e submetidas a seis níveis de compactação, em Campinas, SP.
Um. Sat.
Microp. Macrop. AFD Altura Haste Coleto N. folhas
Ráquis M. aérea
(MA)
M. radic.
(MR)
MA:MR
Área fol.
Densidade
-0,44
*
0,43
*
-0,76
***
0,060
ns
-0,25
ns
-0,26
ns
-0,36
*
-0,26
ns
-0,25
ns
-0,54
***
-0,47
**
-0,16
ns
-0,54
***
Um.sat. 0,30
ns
0,31
ns
0,42
*
-0,042
ns
0,011
ns
0,18
ns
0,30
ns
-0,072
ns
0,16
ns
0,20
ns
0,31
ns
0,12
ns
Microp. -0,80
***
0,56
**
-0,32
ns
-0,28
ns
-0,21
ns
0,004
ns
-0,32
ns
-0,45
**
-0,48
**
0,11
ns
-0,43
*
Macrop. -0,32
ns
0,29
ns
0,27
ns
0,35
*
0,25
ns
0,28
ns
0,60
***
0,55
**
0,10
ns
0,57
**
AFD -0,22
ns
-0,25
ns
-0,18
ns
0,23
ns
-0,18
ns
-0,051
ns
0,14
ns
-0,30
ns
-0,09
ns
Altura 0,97
***
0,82
***
0,38
*
0,99
***
0,81
***
0,86
***
0,20
ns
0,84
***
Haste 0,78
***
0,33
*
0,92
***
0,78
***
0,87
***
0,14
ns
0,81
***
Coleto 0,51
**
0,82
***
0,86
***
0,79
***
0,40
*
0,84
***
N. folhas 0,40
*
0,55
***
0,42
*
0,49
**
0,55
***
Ráquis 0,81
***
0,84
***
0,24
ns
0,83
***
M A 0,90
***
0,35
*
0,99
***
M R 0,052
ns
0,91
***
MA:MR 0,34
*
***, **, *, significativo a 0,1; 1; 5% de probabilidade, respectivamente; ns – não significativo. Tamanho da amostra: n = 36.
6
1
74
75
5 CONSIDERAÇÕES GERAIS
Para uma consideração conjunta de todos os resultados parece clara a
necessidade de que certos pontos sejam enfatizados, tanto no âmbito físico e nutricional
como no microbiológico. No entanto, antes que tais pontos sejam enfatizados é
importante esclarecer que as compactações impostas aos substratos correlacionaram
com o crescimento das plantas, especialmente do substrato arenoso, mas o efeito direto
sobre as plantas foi propiciado pela densidade decorrente das compactações, bem como
pela macro e microporosidade dos substratos.
Com relação às propriedades químicas dos substratos é importante mencionar a
superioridade do substrato arenoso em matéria orgânica, além de P, K e Mg, entre os
macronutrientes e em Fe, Zn e B entre os micronutrientes. Com exceção do fato de que
pupunheiras não tenham apresentado resposta à aplicação de P em condição de solo
arenoso, de baixa fertilidade (BOVI et al., 2002) e não terem respondido ao P em
condição de viveiro (M.L.A. BOVI, comunicação pessoal), os teores mais altos de
matéria orgânica, bem como de macro e alguns micronutrientes do substrato arenoso,
devem ter contribuído favoravelmente ao crescimento das mudas.
Do ponto de vista dos nutrientes minerais foram interessantes os resultados
propiciados pelo clorofilômetro SPAD Meter, que vem sendo amplamente utilizado na
avaliação do estado nutricional de várias culturas, uma vez que correlacionam com
teores de macro e mesmo de alguns micronutrientes nas folhas. Assim, pode ser
considerado sintomático que, para o substrato argiloso, de menores teores de nutrientes
importantes e que apresentou muito menor crescimento de todas as variáveis estudadas,
tenha apresentado durante todo o experimento, valores SPAD significativamente mais
baixos (Fig. 39).
Com relação às propriedades físico-químicas dos substratos ficou evidente um
forte efeito da matéria orgânica em suas propriedades físicas. Sob esse aspecto o alto
teor de matéria orgânica do substrato arenoso, foi muito positivo, criando condição
favorável ao crescimento das plantas não pelos nutrientes fornecidos, mas também
pelo aprimoramento de propriedades físicas desejáveis como a macroporosidade. De
fato, o substrato arenoso propiciou maior teor de poros grandes em relação ao argiloso,
em praticamente todos os tratamentos, o que pode ter favorecido o crescimento das
mudas, uma vez que além da disponibilidade de água e aeração do sistema radicular,
76
poros grandes podem favorecer a presença de microorganismos, que em simbiose com o
sistema radicular, geralmente favorece a absorção de nutrientes.
A propósito, segundo SUDO et al. (1996), a pupunheira é uma espécie
dependente de micorrização, mostrando para essa simbiose aumento do crescimento e
da absorção de nutrientes. Na realidade essa simbiose aumenta a disponibilidade
espacial dos nutrientes minerais do solo (MARSCHNER, 1999) obviamente crucial à
pupunheira, uma vez que a espécie não apresenta pelos absorventes nas raízes.
SUDO et al. (1996) também observaram que a introdução de fungos
micorrízicos arbusculares (FMA) no processo de formação de mudas de pupunheira
resultou em maior crescimento das plantas, principalmente em área foliar e produção de
matéria seca da parte aérea. As mudas micorrizadas apresentaram maior acúmulo de N,
P e K na parte aérea.
A esse respeito, é muito importante mencionar que solos de alguns locais do
Pólo Regional do Vale do Ribeira, em Pariquera-Açu, onde foi coletado o substrato
arenoso, apresentam alta ocorrência de micorrizas em simbiose com as pupunheiras,
especialmente solos localizados nas bordas da mata Atlântica (BOVI et al., dados não
publicados), o que justificaria também a alta taxa de matéria orgânica observada.
Quanto ao solo do Centro Experimental de Campinas, onde foi coletado o substrato
argiloso, o se tem notícia da presença de fungos micorrízicos, mas provavelmente
estejam ausentes, devido ao manejo intensivo do local.
Em todo o transcorrer do experimento, tanto pelo contato quase diário com as
plantas, como também a cada resultado obtido, foi ficando a impressão de que além dos
tratamentos impostos que propiciaram diferenças nos resultados e além das diferenças
físicas mais evidentes entre os substratos, deveria haver outros fatores, afetando ou
limitando o crescimento das mudas do substrato argiloso, mais importantes do que a
compactação. Com efeito, pode-se observar que no substrato arenoso, mesmo para a
compactação mais alta, prejudicial, houve crescimento expressivo em altura total, altura
da haste, diâmetro do colo, bem como em comprimento da ráquis da folha +1, superior
ao propiciado pela compactação mais favorável ao substrato argiloso.
77
6 CONCLUSÕES
A utilização do solo arenoso coletado em Pariquera-Açu (SP), tradicional área
produtora de pupunha do Estado de São Paulo, mostrou-se bastante favorável como
substrato para produção de mudas de pupunheira. Sem qualquer correção, adubação
orgânica ou mineral permitiu a formação de mudas em tempo considerado adequado
para o plantio no campo, com crescimento em altura total, altura da haste, diâmetro da
haste, número de folhas, bem como o comprimento da haste da folha+1
significativamente (P<0,001) superior às mudas formadas no solo argiloso coletado em
Campinas (SP).
O solo de Pariquera-Açu também propiciou crescimento significativo (P<0,001)
em massa seca da parte aérea, massa seca radicular e área foliar das mudas em relação
àquelas cultivadas no solo argiloso de Campinas.
As compactações utilizadas também propiciaram diferenças significativas,
embora de menor magnitude (P<0,01) que aquelas verificadas entre os substratos. Entre
as compactações impostas, para o solo arenoso, a de 2,037 kg cm
-2
, correspondente a
uma densidade de 1,64 g cm
-3
, propiciou maior crescimento em altura total, altura da
haste, diâmetro do colo, bem como comprimento da ráquis +1, mostrando que
substratos com baixos valores de densidade podem propiciar crescimento deficiente das
mudas, provavelmente devido a uma menor absorção de nutrientes em conseqüência do
baixo contato solo-raízes.
Com relação ao substrato argiloso os efeitos dos tratamentos sobre o crescimento
das mudas não ficaram tão evidentes como para o substrato arenoso, ainda que presente,
provavelmente devido a que, outros fatores que não a compactação tenham influído
marcadamente nos resultados.
Dentre todas as compactações utilizadas, a de 0 kg cm
-2
, correspondente à
densidade de 1,11 g cm
-3
, propiciou para o substrato arenoso crescimento intermediário
para as variáveis mencionadas, mostrando que baixos valores de densidade podem ter
provocado crescimento deficiente das mudas devido à menor absorção de nutrientes em
conseqüência do baixo contato solo-raízes.
Diferentemente do que ocorreu com as variáveis de crescimento de mensuração
direta, a massa seca da parte aérea, a massa seca radicular e a área foliar das mudas
foram favorecidas pelo tratamento 0 kg cm
-2
, correspondente à densidade de 1,11 g cm
-
78
3
, decrescendo com o aumento da compactação. Essa tendência foi observada para os
dois substratos, mas bem mais intensa para o substrato arenoso.
Esses resultados obtidos mostraram que além das propriedades químicas dos
substratos utilizados na produção de mudas de pupunheira, tradicionalmente
observadas, também as propriedades físicas, especialmente a densidade do substrato são
muito importantes, devendo receber cuidadosa atenção.
79
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVARENGA, R.C.; LARA C., W.A.; CRUZ, J.C.; SANTANA, D.P. Plantas de
cobertura de solo para sistema plantio direto. Informe Agropecuário, Belo Horizonte,
v.22, n.208, p.25-36, 2001.
ARES, A. Allometric relationships in Bactris gasipaes for heart-of-palm production
agroecosystems in Costa Rica. Journal of Agricultural Science, Costa Rica, v.138,
p.285-292, 2002.
ARES, A.; FOWNES, J.H. Productivity, nutrient and water-use efficiency of
Eucalyptus saligna and Toona ciliata in Hawaii. Forest Ecology and Management,
v.139, p.227-236, 2000.
ARKCOLL, D.B.J.B.; MOREIRA GOMES, Estudos iniciais sobre a produção de
palmito de pupunha. In: Anais do Encontro Nacional de Pesquisadores em Palmito,
(EMBRAPA-CNPF, Documentos, 19). EMBRAPA-CNPF, Curitiba. p.271-278, 1988.
ARRUDA, F.B.; ZULLO, JR., J.; OLIVEIRA, J.B. Parâmetros de solo para o cálculo da
água disponível com base na textura do solo. Revista Brasileira de Ciência do Solo,
Campinas, v.11, p.11-15, 1987.
AZENEGASHE, O.A.; ALLEN, V.; FONTENOT, J. Grazing sheep and cattle together
or separately: effect on soil and plants. Agronomy Journal, Madison, v.89, p.380-386,
1997.
BASSOI, L.H.; FlORI, J. E.; ALENCAR, C. M.; SILVA, J. A. M.; RAMOS, C. M. C.
Distribuição espacial do sistema radicular da pupunheira em solos irrigados no Vale do
São Francisco. Engenharia Agrícola. Jaboticabal, v.19, n.2, p.163-176, 1999.
BATAGLIA, O.C.; FURLANI, A. M. C.; TEIXEIRA, J. P. F.; FURLANI, P. R.;
GALLO, J. R. Métodos de análise química de plantas. Campinas: Instituto Agronômico,
1983. (Boletim Técnico n.78). 48p.
BEADLE, C.L. Growth analysis. In: HALL, D.O.; SCURLOCK, J.M.O. BOLHÀR-
NORDENKAMPF, H.R.; LEEGOOD R.C.; Long, S.P., (Ed.) Photosynthesis and
production in a changing environment. London: Chapman and Hall, p.36-46, 1993.
BENINCASA, M.M.P. Análise de crescimento de plantas. Jaboticabal: FUNEP, 1988.
42p.
BORDIN.; M., R.F.; CASIMIRO, E.L.N.; CASTRO, A.M.C.; FEY, E.
Desenvolvimento de mudas de pupunheira em latossolo argiloso compactado
artificialmente em subsuperfície. Ciência Rural, Santa Maria, v.36, n.1, p.290-203,
2006.
BORGES, E.N.; NOVAIS, R.F.; FERNANDEZ,B.; BARROS, N.F. Respostas de
variedades de soja à compactação de camadas de solo. Revista Ceres,Viçosa, v.35, p.
553 – 568, 1998.
80
BOVI, M.L.A. Palmito pupunha informações sicas para cultivo, Campinas: Instituto
Agronômico de Campinas (IAC), (Boletim técnico n.173), 1998, 50p (A).
BOVI, M.L.A. Palmito-Pupunha. In: FAHL, J. I; et al. (Eds.). Instruções Agícolas para
as principais culturas econômicas. Campinas: Instituto Agronômico, 1998 (Boletim
Técnico, n. 200), p.269-271 (B).
BOVI, M.L.A., GODOY Jr. G., SPIERING, S.H., CAMARGO, S.B. Relação entre
caracteres da planta e do palmito de açaizeiros. Bragantia, Campinas, v.49, p.69-81,
1990.
BOVI, M.L.A., GODOY Jr., G., CAMARGO, S.B., SPIERING, S.H. Caracteres
indiretos na seleção de pupunheiras inermes (Bactris gasipaes H.B.K.) para palmito. IN:
IV Congresso Internacional Sobre Biologia, Agronomia e Industrialização Del Pijuayo,
Iquitos, Peru, anais. 1993a. p.163-176.
BOVI, M.L.A., GODOY Jr., G., CAMARGO, S.B., SPIERING, S.H. Seleção precoce
em pupunheiras (Bactris gasipaes H.B.K.) para produção de palmito. IN: IV Congreso
Internacional Sobre Biologia, Agronomia e Industrialización del Pijuayo, Iquitos, Peru,
anais. 1993b. p.177-195.
BOVI, M.L.A., GODOY Jr., G., SPIERING, S.H. Respostas do crescimento da
pupunheira à adubação NPK. Scientia Agricola, Piracicaba, v.59, p.161-166, 2002.
BOVI, M.L.A., SPIERING, S.H., BARBOSA, A.M.M., Densidade radicular de
progênies de pupunheira em função de adubação NPK. Hort. Bras. v.17, p.186-193,
1999.
BOVI, M.L.A.; CANTARELLA, H. Pupunha para extração de palmito. In: RAIJ, B.
van; et al. (Eds.). Recomendações de adubação para algumas culturas do Estado de São
Paulo. Campinas: Instituto Agronômico, 1996 (Boletim Técnico, n. 100), p.240-242.
BOVI, M.L.A.; GERMEK, E.B.; GODOY Jr. G.; SAES, L.A.; MARTINS, A.L.M.;
GALLO, P.B.; SANTOS, R.R.; CAMARGO, A.P.; PAULO, E.M.; BORTOLETTO,
N.; MARTINS, F.P.; KANTHAC, R.A.D.; LANDELL, M.G.A.; CAMPANA, M.P.
1992. A potencialidade da pupunheira para a produção de palmito. (Folheto técnico),
Instituto Agronômico, Campinas, Brasil.
BOVI, M.L.A.; GODOY JR., G.; SAES, L.A. Pesquisas com os gêneros Euterpe e
Bactris no Instituto Agronômico de Campinas. In: Anais do Encontro Nacional de
Pesquisadores em Palmito, (EMBRAPA-CNPF, Documentos, 19). EMBRAPA-CNPF,
Curitiba, PR. pp.1-43, 1988.
BOVI, M.L.A.; SAES, L.A.; GODOY JR., G. Correlações fenotípicas entre caracteres
não destrutíveis e palmito em pupunheiras. Revista Turrialba, Turrialba, v.42, n.3, p.
382-390, 1992.
BOVI, M.L.A.; TUCCI, M.L.S.; SPIERING, S.H.; GODOY JR., G. Biomass
Accumulation and Arbuscular Mycorrhizal Colonization in Pejibaye (Bactris gasipaes
81
Kunth) as a Function of NPK Fertilization. Acta Horticulturae, v.513, n.3, p.153-167,
2000.
BOVI, M.L.A; GODOY Jr., G.; SPIERING, S. Respostas de crescimento da
pupunheira à adubação NPK, Scientia Agricola, Piracicaba, v.59, n.1, p.161-166,
2002a.
BROSCHAT, K. T. Nutrient ditribution, dynamics, and sampling in coconut and
Canary date palms. Journal of the American Society of Horticultural Science, New
York, v.122, n.6, p.884-890, 1997.
CAMACHO, V.E.; SORIA, J.V. Palmito de pejibaye. Proceedings ASHS-TE, v.14, p.
122-133, 1970.
CAMARGO, O.A.; ALLEONI, L.R.F. Compactação do solo e o desenvolvimento das
plantas. Esalq, Piracicaba, 1997, 132p.
CARVALHO, R.M.; MARTINS, F.R.; SANTOS, F.A.M. Leaf ecology of Pre-
reproductive ontogenetic stages of the Palm Tree Euterpe edulis Mart. (Arecaceae).
Annals of Botany, London v.83, p.225-233, 1999.
CHAPMAN, S. C.; Barreto, H. J. Using a chlorophyll meter to estimate specic leaf
nitrogen of tropical maize during vegetative growth. Agron. J. v.89, p.557-562, 1997.
CLEMENT, C.R. 1995. Growth and genetic analysis of pejibaye (Bactris gasipaes
Kunth, Palmae) in Hawaii. PhD dissertation. University of Hawaii at Manoa, Honolulu,
HI. 221p.
CLEMENT, C.R.; BOVI, M.L.A. Novos mercados para palmito minimamente
processado e pronto para uso”. In: SEMINÁRIO DO AGRONEGÓCIO DE
PALMITO DE PUPUNHA NA AMAZÔNIA, 1, Porto Velho, 1999. Anais, Embrapa
Rondônia, 1999, p.19-23.
CLEMENT, C.R.; BOVI, M.L.A. Padronização de medidas de crescimento e produção
em experimentos com pupunheiras para palmito. Acta Amazonica, Manaus, v.30,
p.349-362, 2000.
CLEMENT, C.R.; CAMPOS, J.K.P.; PLÁCIDO NETO, J.J. Estimación de la biomasa
de la hoja del pejibaye (Bactris gasipaes H.B.K.). Revista de Biologia Tropical, v.38,
p.395-400, 1990.
CLEMENT, C.R.; CHÁVEZ Flores, W.B.; MOREIRA GOMES, J.B. 1988.
Considerações sobre a pupunha (Bactris gasipaes H.B.K.) como produtora de palmito.
In: Anais do Encontro Nacional de Pesquisadores em Palmito, (EMBRAPA-CNPF,
Documentos, 19). EMBRAPA-CNPF, Curitiba, PR. pp.225-247.
CLEMENT, C.R.; URPÍ, J.M.; COSTA, S.de.S. Estimación del área foliar de la palma
de pejibaye (Bactris gasipaes H.B.K.). Rev. Biol. Trop., v.33, n.2, p.99-105, 1985.
82
COSTA, C.; FRIGON, D.; DUTILLEIL, P.; DWYER, L.M.; PILLAR, V.D.;
STEWART, D.W.; Smith, D.L. Sample size determination for chlorophyll meter
readings on maize hybrids with a broad range of canopy types. Journal of Plant
Nutrition, v.26, n.5, p. 1117-1130, 2003.
CRUZ, J. C. Manejo de solos em sucessão de culturas. In: SEMINÁRIO SOBRE A
CULTURA DO MILHO "SAFRINHA". 5., 1999, Barretos, SP. Anais... Campinas:
IAC, p.39-49, 1999.
DEPARTAMENTO NACIONAL DE METEOROLOGIA. Normais climatológicas
(1961/1990). Ministério da Agricultura e Reforma Agrária, Brasília, 1992. 84p.
DEXTER, A.R. Advances in characterization of soil structure. Soil and Tillage
Research, Amsterdam, v.11, n.1, p.199-238, 1988.
FERREIRA, S.A.; CLEMENT, C.R.; RANZANI, G. Contribuição para o conhecimento
do sistema radicular da pupunheira (Bactris gasipaes H.B.K. – Guilielma gasipaes
(H.B.K.) Bailey). Acta Amazônica, Manaus, v.10, n.2, p.245-249, 1980.
FERREIRA, V.L.P.; MIYA, E. E.; SHIROSE, I.; ARANHA, C.; SILVA, E. A.;
HIGHLANDS, M. E. Comparação físico-químico-sensorial do palmito de três espécies
de palmeira. Coletânea do ITAL, v.7, n.2, p.389-416, 1976.
FLOWERS, M.D. & LAL, R. Axle load and tillage effects on soil physical properties
and soybean grain yield on a Molic Ochraqualf in Northwest. Soil
&
Till. Research,
Amsterdam, v.48, p.21-35, 1998.
FOLONI, J.S.S.; CALONEGO, J.C.; LIMA, S.L. Efeito da compactação do solo no
desenvolvimento aéreo e radicular de cultivares de milho. Pesquisa Agropecuária
Brasileira, Brasília, v.38, n.8, p.947-953, 2003.
FUJIWARA, M.; KURACHI, S.A.H.; ARRUDA, F.B.; PIRES, R.C.M.; SAKAI, E. A
técnica de estudo de raízes pelo método do trado. Campinas: Instituto Agronômico de
Campinas (IAC), (Boletim técnico n.153), 1994.
GUIMARÃES, M.F. Três metodologias de avaliação de raízes: descrição, limitações e
vantagens. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE INSTRUMENTAÇÃO
AGROPECUÁRIA. 1, nov., 1997 São Carlos SP. Anais. São Carlos: Embrapa
CNPDIA, 1997. p.295-304.
HAAG, H.P. A nutrição mineral e o ecossistema. In: CASTRO, P.R.C.; FERREIRA,
S.O.E.; YAMADA, T. (Eds.). Ecofisiologia da produção agrícola. Piracicaba
POTAFOS, 1987. p.49-70.
HAKANSSON, I.; STENBERG, M.; RYDBERG, T. Long-term experiments with
different depths of mouldboard plowghing in sweden. Soil and Tillage Research,
Amsterdam, v.46, p.209-223, 1998.
HARDON, J.J.; WILLIAMS, C.N. & WATSON. Leaf area and yield in the oil palm in
Malaysia. Exp. Agric., London, v.5, p.25-32, 1969.
83
HARTLEY, C.W.S., 1977. The oil palm (Elaeis guineensis Jacq.). 2
nd
Edition, Tropical
Agriculture Series), Longman, London, 806p.
HEINRICHS, R.; MALAVOLTA, E., CABRAL, C.P. Estudo do estado nutricional da
soja por intermédio do medidor de clorofila SPAD. In: Congresso Brasileiro de Ciência
do Solo, 29. Ribeirão Preto. Anais. 2003, 1 CD ROM.
HOAD, S.P.; RUSSEL, G.; LUCAS, M.E.; BINGHAM, I.J. The management of wheat,
barley, and oat root systems. Advances in Agronomy, v.74, p.195-254, 2001.
HORTON, R.; ANKENY, M.D.; ALLMARAS, R.R. Effects of soil compaction on soil
hydraulic properties. In: SOANE, B.D.; OUWERKERK, C. van (Ed.). Soil compaction
in crop production. Amsterdam : Elsevier, 1994. p.141-165. (Developments in
Agricultural Engineering , 11).
HYAMS, D. CurveExpert 1.3: a comprehensive curve fitting system for Windows.
Starkville, 1997. [software].
IMHOFF, S.; SILVA, A.P.; TORMENA, C.A. Aplicações da curva de resistência no
controle da qualidade física de um solo sob pastagem. Pesquisa Agropecuária Brasileira,
v.35, p.1493-1500, 2000.
JONGSCHAAP, R. Palmito (Bactris gasipaes H.B.K.) growth and management in the
humidlowlands of the Atlantic zone of Costa Rica. Atlantic Zone Programme Report
no. 60 (Field Report no. 107). Agric. Univ. Wageningen, CATIE and Ministerio de
Agricultura y Ganaderia, Costa Rica, 1993, 52p.
JOURDAN, C.; MICHAUX, N.; PERBALS, G. Root system architecture and
gravitropism in the oil palm. Annals of Botany, v.85, p.861-868, 2000.
JOURDAN, C.; REY, H. Architecture and development of the oil-palm (Elaeis
guineensis Jacq.). Plant and Soil, v.189, p.33-48, 1997.
JULCA-OTINIANO, A.; ZAPATA, S.L.; COSTA, R.C. Crecimiento de Bactris
gasipaes Kunth em almácigos con substractos orgánicos de la selva peruana.
Investigación agrícola, producción y protección vegetal, v.16, n.3, p.367-378, 2001.
KIEHL, E.J. Fertilizantes orgânicos. Piracicaba: Ed. Ceres, 1985. 492p.
KLUTE, A. Water retention: laboratory methods. In: KLUTE, A. (Ed.) Methods of soil
analysis. 2. ed. Madison: ASA, p.635-662, 1986.
KOPI, A.J.; DOUGLAS, J.T. A rapid inexpensive and quantitaive procedure for
assessing soil structure with respect to cropping. Soil Use Management, v.7, p.52-56,
1991.
LA TORRACA. S.M.; Haag, H.P.; Dechen, A.R. Nutrição mineral de frutiferas
tropicais I. Sintomas de carências nutricionais em pupunha. O Solo, Piracicaba, v.76,
n.1, p.53-56, 1984.
84
LAMADE, E. Métode rapide de mesure de l’indice foliaire du palmier à huile.
Plantation, recherche, développement. nov./dez, p.385-391, 1997.
LEPSCH, I. F.; SILVA, N.M.; SPIRONELLO, A. Relação entre matéria orgânica e
textura de solos sob cultivo de algodão e cana-de-açúcar, no Estado de São Paulo.
Bragantia, Campinas, v.41, n.7, p.231-236, 1982.
LIBARDI, P.L.; LIER van, Q.J. Atuação dos fatores físicos do solo no desenvolvimento
do sistema radicular. In: FERNANDEZ, M.F.; TAVARES, E.D.; LEAL, M.L. (Eds.).
Anais. Workshop sobre desenvolvimento do sistema radicular: Metodologias e estudo
de casos. Embrapa – Tabuleiros Costeiros, Aracaju, 27-29 de outubro, 1999, 299p.
LUCCHESI, A. A. Fatores da produção vegetal, In: CASTRO P.R.C.; FERREIRA
S.O.; YAMADA T. (Eds.), Ecofisiologia da produção agrícola, Piracicaba: POTAFOS,
1987, 249p.
MACÊDO, J.L.V.; RODRIGUES, M.R.L. Solos da amazônia e o cultivo do dendezeiro.
In: VIÉGAS, I.J.M.; MÜLLER, A.A. (Eds). A cultura do dendezeiro na amazônia
brasileira. Manaus: EMBRAPA – Amazônia Ocidental, 2000, 374p.
MALAVOLTA, E; VITTI, G.C.; OLIVEIRA, S.A.de Avaliação do estado nutricional
das plantas: principios e aplicações. 2º ed. Piracicaba: ESALQ-USP, 1997. 319p.
MAPFUMO, E.; CHANASYK, D.S.; NAETH, M.A.; BARON, V.S. Forage growth and
yield components as influended by subsurface compactation. Agronomy Journal, v.90,
p.805-812, 1998.
MARSCHNER, H., 1999. Yield and the source-sink relationships. IN: Mineral nutrition
of higher plants. 2nd Edition, Academic Press, London, p.129-183.
MARTEL, J.H.I. & CLEMENT, C.R. Comparação preliminar da área foliar de três
acessos de pupunha (Bactris gasipaes H.B.K., Palmae) oriundos de três populações
distintas da Amazônia Ocidental. Acta Amazônica, Manaus, v.16, n.17, p.13-18, 1987.
McGRATH, D.A.; DURYEA, M.L.; CROPPER, W.P. Soil phosphorus availability and
fine root proliferation in Amazonian agroforest 6 years following forest conversion.
Agriculture, Ecosystem and Environment. v.83, p.271-284, 2001.
MEDINA,C.C.; NEVES, C.S.V.J. Método da trincheira com contagem manual das
raízes. In: FERNANDEZ, M.F.; TAVARES, E.D.; LEAL, M.L. (Eds.). Anais.
Workshop sobre desenvolvimento do sistema radicular: Metodologias e estudo de casos.
Embrapa – Tabuleiros Costeiros, Aracaju, 27-29 de outubro, 1999, p.275-282.
MOLINA, E. Nutricion y fertilización del pejibaye para palmito. Quito: Instituto de la
Potasa y el Fósforo, n.38, 2000, 8p.
MORA-URPÍ, J.; CLEMENT, C.R.; PATINO, V.M. Diversidad genética em pejibaye:
I. Razas y poblaciones híbridas. In; Congresso Internacional sobre Biologia, Agronomia
e Industrializacion Del Pijuayo, 4.,Iquitos, 1993. Anais San José, UFCR 1993 - p.11-19.
85
MOURÃO FILHO, F.A.A., DIAS, C.T.S., SALIBE, A.A. Efeito da composição do
substrato na formação de mudas de laranjeira pera. Scientia Agricola, Piracicaba, v.55,
n.1, p.35-42, 1998.
NADIAN, H.; SMITH, S.E.; ALSTON, A.M.; MURRAY, R.S.; SIEBERT, B.D.
Effects of soil compactation on phosphorus uptake and growth of Trifolium
subterraneum colonized by four species of vesicular-arbuscular mycorrhizal fungi. New
Phytologist, v.139, p.155-165, 1998.
NILSEN, E.T., ORCUTT, D.M., 1996. The physiological basis of growth. IN:
Physiology of plants under stress abiotic factors. John Wiley & Sons, Inc., New York,
p.13-49.
OLIVEIRA, A.P. DE.; CANDEIA, B. L.; BENVINDA, J. M. S.; BARBOSA, L. J.;
SILVA, J. V.; ALVES, A. U. Crescimento da pupunheira (Bactris gasipaes) em função
da adubação organo-mineral. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE FISIOLOGIA
VEGETAL, 8, 2001, Ilhéus-Bahia. Anais, 2001.
ORLANDE, T.; LAARMAN, J.; MORTIMER, J. Palmito sustainability and economics
in Brazil’s Atlantic coastal forest. Forest Ecology and Management, v.80, p.257-265,
1996.
ORTOLANI, A.A.; CAMARGO, M.B.P.; PEDRO Jr., M.J. 1995. Normais
climatológicas dos postos meteorológicos do Instituto Agronômico: 1. Centro
Experimental de Campinas. (Boletim Técnico) Instituto Agronômico, 13p.
OUDEN, J.; VOGELS, D. Mechanical resistance by an ectorganic soil layer on root
devlopment of seedling Pinus sylvestris. Plant and Soil, v.197, p.209-217, 1997.
PASSIOURA J.B. Soil structure and plant growth. Australian Journal of Soil
Research, Collingwood, v.29, p.717-728, 1991.
PORRO, D.; BERTAMINI, M.; DORIGATTI, C.; STEFANINI, M.; CESCHINI, A. Lo
SPAD nella diagnosi dello stato nutrizionale della vite. Informatore Agrario, v. 57,
n.26, p.49-55. 2001.
QUEIROS-VOLTAN, R.B.; NOGUEIRA, S.S.S; MIRANDA, M.A.C. Aspectos da
estrutura da raiz e do desenvolvimento de plantas de soja em solos compactados.
Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.35, n.5, p. 929-938, 2000.
RAIJ, B. Van. Fertilidade do solo e adubação. Piracicaba: Potafos, p. 343, 1991.
ROSOLEM, C.A.; ALMEIDA, A.C.S.; SACRAMENTO, L.V.S. Sistema radicular e
nutrição da soja em função da compactação do solo. Bragantia, Campinas, v.53, n.2,
p.259-266, 1994.
SILVA, J.R.A.; FALCÃO, N.P.S. Caracterização de sintomas de carências nutricionais
em mudas de pupunheira cultivadas em solução nutritiva. Acta Amazonica, Manaus,
Amazonas, v.32, n.4, p.529-539, 2002.
86
SILVA, R.H.; ROSOLEM, C.A. Crescimento radicular de soja em razão da sucessão de
cultivos e da compactação do solo. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 37,
n.6, p.855-860, 2002.
SILVA, R.H.; ROSOLEM, C.A. Influência da cultura anterior e da compactação do
solo na absorção de de macronutrientes em soja. Pesquisa Agropecuária Brasileira,
Brasília, v.36, n.10, p.1269-1275, 2001.
STATISTICAL GRAPHICS CORPORATION. Statgraphics 6,0 (Statistical Graphics
Corporation) [software].1985 – 1992, USA.
STEEL, R.G.; TORRIE, J.H. Principles and procedures of statistics. MacGraw-Hill,
New York, 1998, 632 p.
SUDO, A.; SILVA, E.M.R.; BOVI, M.L.A.; ALMEIDA, D.L.; COZZOLINO, K.
Produção de mudas de pupunheira colonizadas por fungos micorrízicos arbusculares.
Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.20, p.529-532, 1996.
SZOTT L.T.; AREVALO L.; PEREZ J., Allometric relationships in pijuayo (Bactris
gasipaes H.B.K.). In: CONGRESO INTERNACIONAL SOBRE BIOLOGIA,
AGRONOMIA E INDUSTRIALIZACION DEL PIJUAYO, 4., 1993 Iquitos. Anais...
San José: UFCR, 1993, p.91-114.
TAIZ, L., ZEIGER, E., 1998. Photosynthesis: Physiological and ecological
considerations. IN: Plant Physiology. 2
nd
Edition, Sinauer Associates, Inc., Sunderland,
pp.227-249.
TERUEL, D.A., Modelagem matemática como metodologia de análise do crescimento e
arquitetura de sistemas radiculares. Scientia Agricola, Piracicaba, v.57, n.4, p.683-691,
2000.
TOMLINSON, P. B., The structural biology of palms. Oxford: Clarendon Press, 1990.
463p.
TUCCI, M.L.S., Variação estacional do crescimento e de trocas gasosas em pupunheira
(Bactris gasipaes Kunth). Campinas, 2004. 168p. Tese (Doutorado) Instituto de
Biologia, UNICAMP.
TUCCI, M.L.S., BOVI, M.L.A., MACHADO, E.C., FREITAS, J.G., SPIERING, S.H.,
OLIVEIRA, L.B., 2001. Variação de parâmetros fotossintéticos em pupunheira em
função do estádio ontogenético das folhas. IN: VII Congresso Brasileiro de Fisiologia
Vegetal, Ilhéus, Brasil, CD-ROM.
TUCCI, M.L.S.; BOVI, M.L.A.; MACHADO, E.C.; SPIERING, S.H. Crescimento, teor
de clorofila e trocas gasosas em mudas de pupunheira. In: Congresso Brasileiro de
Olericultura, 42., Uberlândia, MG, 2002. CD – ROM.
TUCCI, M.L.S.; BOVI, M.L.A.; MACHADO, E.C. Variação estacional dos teores
foliares de macronutrientes em pupunheiras. XXVII Reunião Brasileira de Fertilidade
do Solo e Nutrição de Plantas. Bonito, MS. 2006a, CDRom.
87
TUCCI, M.L.S.; BOVI, M.L.A.; MACHADO, E.C. Variabilidade genética para
assimilação de CO
2
, condutância estomática e eficiência do uso da água em pupunheira.
Horticultura Brasileira, v.24, n.1, 2006b, suplemento, CDRom.
UGBAH, M.M.; BABALONA, O.; VINE, P.N. Effects of tillage/compaction and dry
season irrigation of an inceptisol on soil properties, nutrient status and oil palm root
system growth. Tropical Agricultura, Trinidad, v.67, n.4, p.321-330, 1990.
VANDERMEER, J. Observations on the root system of the pejibaye palm (Bactris
gasipaes H.B.K.) in Costa Rica. Turrialba, v.27, n.3, p.237-242, 1977.
VIEGAS, I.J.M. Crescimento e produção de matéria seca em diferentes partes de
dendezeiro, dos 2 aos 8 anos de idade. Revista Ciência Agrária. Belém, v.36, p.67-81,
2001.
VILLACHICA, H. L. Cultivo de pijuayo (Bactris gasipaes Kunth) para palmito en la
amazonia. Lima: Tratado de Cooperación Amazónica, 1996, 146p.
WHITELEY, G.M.; UTOMO, W.H. & DEXTER, A.R. A comparison of penetrometer
pressures and the pressures exerted by roots. Plant Soil, The Hague, v.61, p.351 -364, 1981.
YAÑEZ, P.B.; RIOS, G. J.; SANDOVAL, B. F & COSSIO, F. G. Materia orgánica y
caracterización con coberturas vegetativas en zonas templadas do xico. Terra, v.17,
n.2, p.139-148, 1999.
YUYAMA, K.; COSTA, S.de S. Produção de palmito de pupunheira (Bactris gasipaes)
com diferentes números de perfilhos. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
FRUTICULTURA, Salvador, Banhia, 1994, v.3, p.1139-1140.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo