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Para quem está num dos ashrams de Siddha Yoga no mesmo período que
Gurumayi, darshan pode ocorrer a qualquer hora, quando ela caminha pelo jardim, na
cozinha ou num enorme salão de palestras. J. conta o seu encontro nessas palavras: “E eu
cheguei lá, ia ter um arati da tarde, rapidamente eu troquei de roupa, uma pessoa me
recebeu, me colocou num contorno onde ela ia passar, e eu estava completamente tonta
ainda, fuso horário e tal. Ela veio diretamente até mim, me deu as boas-vindas, segurando
a minha mão, disse Welcome várias vezes, segurando a minha mão, e eu não tinha a menor
noção do que significava o toque do Guru.
O toque do Guru é muito poderoso, limpa, renova a pessoa, cura, né?E ela sabia
que eu precisava de muita cura, de muita limpeza, o Guru sabe o que cada um precisa, ela
vai dar o que cada um precisa no momento que cada um precisa. Durante o mês que eu
tive lá, tive alguns encontros com Gurumayi, alguns toques, e ela me tocava na mão, me
tocava na barriga, tive uma limpeza física muito grande, de ir ao banheiro, e ter esta
limpeza física, de impurezas.
E eu não tinha a menor noção que quando eu voltasse ao Brasil, a partir daquele
ano de 95, eu ia ter uma grande estrada, de começar a trabalhar muita dificuldade, então
ela sabia. Sabia que eu precisava ali de muita estrutura, muita força, muita limpeza pra
começar o meu trabalho interno de reestruturação”.
As
observações de R. a respeito das reações dos devotos ao encontrar Gurumayi,
assim como as observações da própria guru sobre isso foram bastante curiosas, porque o
comportamento do devoto indiano nem sempre é o mais adequado, como se poderia
imaginar. Ao contrário, em alguns casos o padrão desejável é o “ocidental”. Assim, R.
relatou: “A gente fez um curso no ashram que era sobre ‘como estar com o guru’, porque o
indiano em geral tem essa coisa da devoção, da cultura espiritual, mas ao mesmo tempo,
existe uma coisa, uma condição meio mecânica, no pedido de bênçãos, no ritual, a benção
é como se fosse uma coisa, vai lá e toca no pé do mestre ou toca no pé da estátua e você
obtém o seu bem. E tem uns exageros a partir daí, as damas, as senhoras indianas
mergulhavam aos pés dela, ela não conseguia nem andar pelo ashram, porque os indianos
mergulhavam e ela não queria isso. E ela falou muito sobre isso e de forma bem incisiva,
Gurumayi quando estava num lugar público no ashram, uma pessoa vinha e colocava uma
almofadinha nos pés dela para as pessoas tocarem os pés dela e ela queria que a gente