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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
Faculdade de Medicina
Adriana Belo Fernandes
DOPPLERVELOCIMETRIA
DAS ARTÉRIAS UTERINAS NO PRIMEIRO
TRIMESTRE DE GESTAÇÃO
:
AVALIAÇÃO DOS ÍNDICES DE PULSATILIDADE E
CORRELAÇÃO COM CRESCIMENTO INTRA-UTERINO
RESTRITO E PERDA GESTACIONAL
Belo Horizonte-MG
2006
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ADRIANA BELO FERNANDES
DOPPLERVELOCIMETRIA
DAS ARTÉRIAS UTERINAS NO PRIMEIRO
TRIMESTRE DE GESTAÇÃO
:
AVALIAÇÃO DOS ÍNDICES DE PULSATILIDADE E
CORRELAÇÃO COM CRESCIMENTO INTRA-UTERINO
RESTRITO E PERDA GESTACIONAL
Dissertação apresentada ao Departamento de
Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de
Medicina da Universidade Federal de Minas
Gerais como requisito parcial para a obtenção
do título de Meste em Saúde da Mulher.
Área de concentração: Obstetrícia
Orientador: Prof. Dr. Mário Jorge Barreto
Viegas Castro
Belo Horizonte-MG
2006
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DEDIC
AGRADECIMENTOS
RESUMO
Muitos estudos já demonstraram o valor do doppler de artérias uterinas
no segundo trimestre da gestação, apresentando-o como método de rastreamento
eficiente para a identificação das pacientes de risco. Tais investigações
correlacionam o aumento da resistência ao fluxo e a persistência de incisura
protodiastólica nesses vasos com mais probabilidade de desenvolvimento de pré-
eclâmpsia e crescimento intra-uterino restrito. O presente trabalho retrospectivo
analisou o banco de dados da Clínica de Medicina Fetal Gennus (Belo Horizonte-
MG). Foram incluídos os exames ultra-sonográficos realizados entre 11 e 13
semanas gestacionais, com medida do índice de pulsatilidade das artérias
uterinas, feitos na Clínica Gennus no período de dezembro de 1994 a março de
2004. Os dados sobre a evolução da gestação foram obtidos com as pacientes ou
com os obstetras, por contato telefônico ou por carta. Aplicando-se critérios de
inclusão e exclusão, os dados foram divididos em gestações: de evolução normal;
que apresentaram crescimento intra-uterino restrito; que evoluíram para aborto;
que evoluíram para óbito fetal intra-uterino. Os objetivos deste estudo foram:
elaborar uma curva de normalidade para valores de índice de pulsatilidade das
artérias uterinas no primeiro trimestre de gestação e verificar a correlação entre
os índices de pulsatilidade das artérias uterinas no primeiro trimestre e a
ocorrência de crescimento intra-uterino restrito, abortamento espontâneo e óbito
fetal intra-útero (perda gestacional após 20 semanas). A curva de normalidade
dos índices de pulsatilidade das artérias uterinas durante o primeiro trimestre de
gestação evidenciou diminuição progressiva dos valores com o avançar da idade
gestacional. Ao compararem-se os índices de pulsatilidade das artérias uterinas
(por semana gestacional) entre o grupo que evolui com gestações normais e os
grupos que tiveram resultados gestacionais desfavoráveis, observou-se ausência
de diferença significativa entre o grupo normal e o grupo que evoluiu para
abortamento espontâneo, valores significativamente maiores nos grupos que
evoluíram para crescimento intra-uterino restrito e decesso fetal. O aumento da
resistência vascular uterina no primeiro trimestre gestacional pode ser um
indicador precoce de insuficiência placentária.
Palavras chave: Artérias uterinas. Índice de pulsatilidade. Doppler. Perda
gestaiconal. Cresicmentro intra-uterino restrito.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ANOVA Análise de variância
CCN Comprimento cabeça-nádega
CIUR Crescimento intra-uterino restrito
FD Freqüência doppler
FÉ Freqüência emitida
FR Freqüência recebida
GIG Grande para a idade gestacional
IP Índice de pulsatilidade
PIG Pequeno para a idade gestacional
RN Recém-nascido
S/D Sístole/diástole
UFMG Universidade Federal de Minas Gerais
V Velocidade do fluxo sangüíneo
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1 - Irrigação arterial do útero e anexos................................................
FIGURA 2 - Implantação trofoblástica normal...................................................
FIGURA 3 - Implantação trofobstica anormal, caracterizada pela ausência
da segunda onda de migração.....................................................................
FIGURA. 4 - Imagem ultra-sonográfica mostrando local de insonação da
artéria uterina................................................................................................
FIGURA 5 - Imagem ultra-sonográfica mostrando traçado dopplervelo-
cimétrico do índice de pulsatilidade da artéria uterina insonada..................
GRÁFICO 1 – Índice de pulsatilidade versus comprimento cabeça-nádega......
GRÁFICO 2 – Curva ajustada para a média do índice de pulsatilidade.............
GRÁFICO 3 – Resíduos transformados versus comprimento cabeça-nádega..
GRÁFICO 4 – Resíduos padronizados versus comprimento cabeça-nádega...
GRÁFICO 5 – Gráfico de probabilidade normal para os resíduos
padronizados..............................................................................................
GRÁFICO 6 – Intervalo de referência de 95% para índice de pulsatilidade ...
GRÁFICO 7 – Índice de pulsatilidade versus comprimento cabeça-nádega
para os quatro grupos em estudo..............................................................
GRÁFICO 8 – Box-plot do índice de pulsatilidade dos grupos em cada idade
gestacional avaliada.........................................................................
GRÁFICO 9 – Representação do índice de pulsatilidade médio dos grupos
em cada idade gestacional........................................................................
LISTA DE QUADROS E TABELAS
TABELA 1 - Número de fetos, média e desvio-padrão do índice de
pulsatilidade por idade gestacional............................................................
TABELA 2 -mero de fetos, média, desvio-padrão e testes de
normalidade do índice de pulsatilidade por comprimento cabeça-nádega
TABELA 3 - Ajuste do modelo polinomial de grau 3 para índice de
pulsatilidade...............................................................................................
TABELA 4 - Ajuste do modelo polinomial de grau 2 para índice de
pulsatilidade...............................................................................................
TABELA 5 - Ajuste do modelo polinomial de grau 2 para índice de
pulsatilidade...............................................................................................
TABELA 6 - Ajuste do modelo linear para os resíduos....................................
TABELA 7 - Valores de referência do índice de pulsatilidade.........................
TABELA 8 - Caracterização dos grupos em estudo por idade gestacional.....
TABELA 9 - Análise de variância para comparação do índice de
pulsatilidade entre os grupos.....................................................................
TABELA 10 - Identificação dos grupos com diferença de índice de
pulsatilidade (método de Tukey)................................................................
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
A gestação causa profundo impacto sobre os processos fisiológicos do corpo
materno. Modificações físicas e psicológicas necessitam ocorrer para hospedar e
proporcionar o desenvolvimento normal do futuro bebê. Qualquer desequilíbrio
nessa delicada interação pode resultar em conseqüências desastrosas, de grande
repercussão tanto pessoal quanto social, uma vez que os índices de mortalidade
materna e perinatal são importantes indicadores de saúde de uma população.
O aprimoramento da assistência perinatal e a crescente evolução técnica dos
métodos propedêuticos têm estimulado a realização de pesquisas visando ao
estabelecimento de parâmetros para a identificação mais precoce possível
daquelas gestações com maior risco de resultados adversos. Importantes
avanços surgiram especificamente na área da propedêutica materno-fetal não
invasiva, decorrentes do desenvolvimento da ultra-sonografia e da
dopplervelocimetria.
Por esses motivos, inúmeras pesquisas buscam o desenvolvimento de métodos
para rastrear quais são as gestantes de maior risco de desenvolvimento de
doença hipertensiva e insuficiência placentária, visando à sua identificação o mais
precocemente possível, mesmo quando os parâmetros laboratorias de rotina
apresentam-se normais. O objetivo final de tais esforços é proporcionar a efetiva
aplicabilidade clínica de métodos capazes de prevenir o subseqüente
desenvolvimento da doença placentária
Muitos estudos já demonstraram o valor do doppler de artérias uterinas no
segundo trimestre da gestação, apresentando-o como método de rastreamento
eficiente para a identificação das pacientes de risco. Tais investigações
correlacionam o aumento da resistência ao fluxo e a persistência de incisura
protodiastólica nesses vasos com mais probabilidade de desenvolvimento de pré-
eclâmpsia e crescimento intra-uterino restrito.
No entanto, a identificação mais precoce das pacientes de alto risco (ainda no
primeiro trimestre de gravidez) causaria importante impacto favorável sobre o
prognóstico, pois permitiria o início imediato de medidas preventivas e o
acompanhamento mais detalhado da gestante, o que diminuiria a incidência de
complicações.
Este estudo é parte de um projeto mais abrangente de um grupo de pesquisas a
respeito dos métodos propedêuticos ultra-sonográficos em Obstetrícia, com
ênfase no primeiro trimestre gestacional. Inicialmente, elaborou-se uma curva de
normalidade dos valores dopplervelocimétricos das artérias uterinas, uma vez
que, na pesquisa de doenças, faz-se necessário, primeiramente, o
estabelecimento dos parâmetros que serão considerados normais. Acredita-se
que as curvas de normalidade são de crucial importância na área médica, pois
possibilitam a comparação entre indivíduos de uma mesma população, permitindo
a identificação daqueles que se distanciam do comportamento determinado como
fisiológico.
Posteriormente, verificou-se qual a correlação existente entre a resistência
vascular uterina no primeiro trimestre de gestação e a ocorrência futura de
crescimento intra-uterino restrito e perda gestacional.
2 REVISÃO DA
LITERATURA
2.1 Anatomia da circulação uterina
Os principais vasos responsáveis pela irrigação arterial do útero são as artérias
uterinas direita e esquerda, ramos das artérias ilíacas internas (também
denominadas artérias hipogástricas). Estas últimas são, juntamente com as
artérias ilíacas externas, ramos terminais da artéria ilíaca comum e fornecem a
maior parte do suprimento sangüíneo para as vísceras pélvicas, para a porção
músculo-esquelética da pelve e para a região glútea. Na maioria das vezes,
quando não há variação anatômica, as artérias uterinas emergem das artérias
hipogástricas um pouco acima do nível do orifício interno da cérvice uterina,
entram na base do ligamento largo e seguem medialmente até as laterais do útero
(FIG. 1). Nesse percurso, antes de atingirem o útero, cruzam anteriormente os
ureteres na porção lateral do fórnice da vagina (GARDNER; GRAY; O’RAHILLY,
1988; MOORE, 1992; ROHEN; YOCOCHI, 1993).
Ao atingirem a porção supravaginal do colo uterino, cada uma das artérias
uterinas divide-se em dois ramos principais: um estende-se até a porção superior
da cérvice e a vagina e o outro volta-se abruptamente para cima e estende-se
como um vaso altamente espiralado que segue ao longo da margem uterina. Esse
ramo ascendente, que segue pelas laterais do útero, ramifica-se dando origem às
artérias arqueadas, que penetram o miométrio e originam novas ramificações,
progressivamente mais profundas e de menor calibre, denominadas,
sucessivamente: artérias radiais, artérias basais e artérias espiraladas. As artérias
basais e espiraladas são responsáveis pela irrigação do endométrio e, por isso,
têm grande importância nos fenômenos de menstruação e gravidez (GARDNER;
GRAY; O’RAHILLY, 1988; MOORE, 1992; ROHEN; YOCOCHI, 1993).
FIGURA 1 – Irrigação arterial do útero e anexos.
Fonte: Kistner (apud REZENDE; MONTENEGRO, 1995, p.11).
Alcançando a porção superior do útero, o ramo ascendente da artéria uterina
divide-se em três vasos terminais: fúndico, tubário (que segue através da
mesossalpinge e irriga a maior parte do oviduto) e ovariano. Este último vaso tem
particular importância, pois se anastomosa com o ramo terminal da artéria
ovariana, proveniente da aorta (GARDNER; GRAY; O’RAHILLY,1988; MOORE,
1992; ROHEN; YOCOCHI, 1993). A artéria ovariana adquire mais importância na
perfusão da porção superior do útero durante a fase folicular do ciclo menstrual,
sendo que quanto maior o tamanho do folículo, maior a contribuição dessa artéria
na irrigação do tecido uterino (CICINELLI et al, 2004).
A drenagem venosa do útero é realizada pelas veias uterinas, que entram nos
ligamentos largos junto com as artérias. Há um plexo venoso em cada lado do
colo e suas tributárias drenam para as veias ilíacas internas. O sangue venoso
proveniente dos ovários e da porção superior do útero é drenado para as veias
ovarianas. A veia ovariana direita drena para a veia cava e a veia ovariana
esquerda drena para a veia renal esquerda. O plexo venoso uterino conecta-se
também com as veias que correm abaixo da escavação retouterina e com a veia
retal superior (que origina a veia mesentérica inferior), formando uma anastomose
porto-sistêmica (GARDNER; GRAY; O’RAHILLY,1988; MOORE, 1992).
2.2 Hemodinâmica uterina durante a gestação e fatores que influenciam o fluxo
sangüíneo útero-placentário
A gestação impõe significativas adaptações anatômicas e fisiológicas ao sistema
reprodutor feminino. O útero sofre crescimento significativo devido à hipertrofia e
hiperplasia das fibras musculares e seu peso aumenta cerca de 70 para 1.100
gramas ao termo da gravidez. Acompanhando o aumento do tamanho das células
musculares, há acúmulo de tecido fibroso na camada muscular externa,
juntamente com aumento considerável do tecido elástico. Nos primeiros meses de
gravidez, a hipertrofia uterina é estimulada principalmente pela ação hormonal do
estrógeno e da progesterona, uma vez que esse crescimento também é
observado quando há implantação embrionária ectópica. Após 12 semanas, o
aumento uterino tamm está relacionado ao efeito da pressão exercida pelos
produtos da concepção em expansão. No terceiro trimestre gestacional, há
expressivo deslocamento das vísceras pélvicas para a acomodação do útero
grávido e as artérias uterinas encontram-se deslocadas súpero-lateralmente,
cruzando anteriormente as artérias ilíacas externas. A cérvice uterina apresenta-
se amolecida a partir de um mês após a concepção, em conseqüência do
aumento da vascularização, edema, hipertrofia e hiperplasia glandulares
(CUNNINGHAM et al., 2000; REZENDE; MONTENEGRO,1995).
Acompanhando essas modificações anatômicas, ocorrem adaptações na
hemodinâmica uterina. No entanto, não são muitas as evidências experimentais
disponíveis acerca da mecânica do fluxo sangüíneo no útero humano durante a
gravidez; e os fatores reguladores da perfusão útero-placentária ainda
permanecem incompletamente esclarecidos. A circulação sangüínea placentária
adequada depende do fluxo para o útero através das artérias uterinas e
ovarianas. O diâmetro da artéria uterina e, conseqüentemente, o fluxo sangüíneo,
aumentam progressivamente durante a gravidez, sendo que o sangue é
distribuído principalmente para o endométrio e sítio placentário (DICKEY;
HOWER, 1995). Essa crescente vasodilatação pode ser atribuída à implantação
do trofoblasto e à ação de agentes vasoreguladores.
2.2.1 Invasão ou implantação? trofoblástica
As modificações na circulação uterina durante a gravidez estão intimamente
relacionadas à implantação trofoblástica e à conseqüente erosão das arteríolas
espiraladas (PIJNENBORG et al., 1983). Esse processo de migração do
trofoblasto resulta no surgimento de uma rede vascular lacunar de aspecto
sinusoidal e baixa resistência ao fluxo (BURROWS; KING; LOKE, 1996).
O trofoblasto é dotado de grande poder invasor e tem a capacidade de secretar
enzimas responsáveis pela destruição da matriz intercelular, visando ao
estabelecimento de um ambiente favorável para ancorar o saco gestacional à
parede uterina e para proporcionar adequada nutrição hemotrófica
(PIJNENBORG et al., 1983). As vilosidades coriônicas responsáveis por tal
nutriçãosão, a princípio, formadas exclusivamente por células trofoblásticas e,
posteriormente, constituem-se em um eixo de tecido conectivo envolvendo a rede
capilar. Algumas dessas vilosidades flutuam no espaço interviloso e outras se
fixam à placa basal (CUNNINGHAM et al., 2000; REZENDE; MONTENEGRO
1995).
O espaço interviloso pode ser considerado uma lacuna preenchida por sangue
materno e limitada pela placa coriônica e pela placa basal. A placa coriônica
apresenta os cotilédones placentários, que contêm as vilosidades responsáveis
pelas trocas sangüíneas. A placa basal é a própria decídua, que se apresenta
dividida em camada compacta (mais superficial, de onde partem septos
placentários) e camada esponjosa (onde ocorre a dequitação). A quantidade de
sangue contida no espaço interviloso varia pouco e é de cerca de 150ml, no
entanto, a velocidade do fluxo sangüíneo passa de 50ml/min na 10
a
semana de
gestação para até 500ml/min no termo da gravidez. Essa estrutura anatômica da
placenta e sua arquitetura hemodinâmica peculiar repercutem na circulação
uterina, resultando na conseqüente vasodilatação (BURROWS; KING; LOKE,
1996; CUNNINGHAM et al., 2000; REZENDE; MONTENEGRO, 1995).
Uma alteração no mecanismo de implantação que pode resultar em
comprometimento da circulação útero-placentária é a falha na ocorrência da
segunda onda de invasão trofoblástica, resultando em insuficiência placentária e
nas conseqüências decorrentes, como óbito fetal e crescimento intra-uterino
restrito (OLOFSSON; LAURINI; MARSAL, 1993).
A primeira onda de invasão ocorre quando o trofoblasto produz as enzimas
proteolíticas que erodem o endométrio, possibilitando a penetração e nutrição do
blastocisto. A segunda onda, que somente se completa em torno de 20 semanas
gestacionais, consiste na invasão da porção miometrial das arteríolas espiraladas
e na destruição de sua camada músculo-elástica, causando alargamento do
lúmen vascular, refratariedade à ação de agentes vasoreguladores e conseqüente
aumento do fluxo sangüíneo (JURKOVIC et al. , 1991; PIJNENBORG et al.,
1980). A falha desse mecanismo resulta em comprometimento da nutrição fetal
devido à sensibilidade aumentada aos agentes vasopressores e maior secreção
de fatores ativadores do endotélio vascular, além de causar repercussões
sistêmicas no sistema cardiovascular materno (FIG. 2; 3) - (ROBERTS; REDMAN,
1993; ROBERTSON; BROSENS; DIXON, 1975).
FIGURA 2 – Implantação trofoblástica normal.
Fonte: adaptado de Montenegro et al. (1987, p.362).
FIGURA 3 – Implantação trofoblástica anormal, caracterizada pela ausência da
segunda onda de migração.
Fonte: adaptado de Montenegro et al. (1987, p.363).
2.2.2 Substâncias vasoativas
Uma vez que modificações hemodinâmicas semelhantes são observadas no fluxo
sangüíneo uterino em mulheres com gestações normais no primeiro trimestre e
em mulheres com gestações ectópicas, concluiu-se que tais adaptações não
dependem unicamente da invasão do trofoblasto no útero (JURKOVIC et al.,
1992). Esse fato é confirmado a partir da observação de que a diminuição da
resistência vascular uterina tem início durante a fase lútea, antes mesmo da
implantação (JURKOVIC et al., 1992).
Em 1994, Jauniaux et al. demonstraram que a elevação do estradiol e da
progesterona é fator decisivo para a diminuição da resistência ao fluxo sangüíneo
uterino com o avanço da idade gestacional (JAUNIAUX et al., 1994). Outras
substâncias que apresentam aumento em sua produção durante a gravidez e que
podem influenciar a perfusão uterina são a relaxina e o óxido nítrico.
A relaxina é um hormônio produzido pelo corpo lúteo, pela placenta e pela
decídua parietal. Seu verdadeiro papel durante a gestação humana não é
totalmente conhecido. Demonstrou-se que a relaxina aumenta a resistência
vascular uterina na gravidez inicial, talvez modulando os efeitos do estradiol e da
progesterona. No entanto, seu real impacto sobre a regulação do fluxo sangüíneo
útero-placentário permanece inconclusivo (JAUNIAUX et al., 1994).
Existem estudos demonstrando outros possíveis efeitos da relaxina, tais como
estimular o apagamento da cérvice uterina, diminuir a força tênsil das membranas
fetais in vitro e auxiliar na separação da sínfise púbica durante o parto (EVANS et
al., 1983; MUSUMECI; VILLA, 1994; PETERSEN et al., 1994).
O óxido nítrico é um potente agente vasodilatador produzido pelas células
endoteliais. O aumento na sua produção durante a gravidez contribui para a
maior refratariedade vascular aos efeitos de substâncias vasoconstritoras, como
angiotensina II e norepinefrina. Pacientes com pré-eclâmpsia apresentam
diminuição da atividade do nitrito circulante e, por isso, o uso de medicamentos
doadores de óxido nítrico vem sendo estudado como possível alternativa
terapêutica (AMIT et al., 1998; GANT et al., 1974; SELIGMAN et al., 1994;
YAMAMOTO et al., 2005).
2.3 O efeito doppler
O efeito doppler consiste na detecção da diferença na freqüência de uma onda
sonora que ocorre em conseqüência da movimentação da fonte emissora ou da
fonte receptora dessa onda. Esse fenômeno é utilizado em Medicina para avaliar
a velocidade do fluxo sangüíneo nos vasos a partir de ondas de ultra-som
refletidas pelas células em movimento (LEWIS et al., 1989).
Esse efeito foi inicialmente descrito pelo físico austríaco Christian Doppler, em
1843, o qual observou que as estrelas apresentavam mudança na cor de sua luz
conforme se afastavam (sua cor tornava-se vermelha) ou se aproximavam da
Terra (sua cor tornava-se azul), pois o espectro de luz emitido era proporcional ao
movimento. Posteriormente, ficou demonstrado que esse mesmo princípio que
ocorre com a luz pode ser aplicado ao som (BOLLINGER; PARTSCH,, 2003).
O transdutor nos aparelhos de dopplervelocimetria utiliza cristais piezoelétricos
produtores de ondas acústicas que incidem sobre as estruturas em movimento
(no caso, as células sangüíneas). Os cristais recebem os ecos refletidos e geram
pulsos elétricos, que serão convertidos em sinais auditivos e gráficos, sendo que
o ângulo de incidência do feixe acústico é fator crucial na obtenção de traçados
adequados. Os equipamentos de doppler contínuo não permitem a visibilização
dos vasos estudados, como ocorre com os aparelhos de doppler pulsátil, que são
acoplados ao ultra-som. No caso do doppler colorido, o fluxo em direção ao
transdutor é geralmente codificado em vermelho e o que se afasta é codificado
em azul (LEWIS et al., 1989).
A diferença entre a freqüência das ondas sonoras refletidas pelas células do
sangue em movimento e aquela emitida pelo transdutor pode ser calculada
comparando-se a freqüência de emissão do ultra-som com a do eco recebido, o
que constitui a variação doppler. O resultado (em Hertz) é verificado por meio da
equação (LEWIS et al., 1989):
FD = FR – FE = 2V x FE x COS α ou V = FD x C (1)
C 2FE x COS α
onde:
C = velocidade média do som nos tecidos;
COS α = co-seno do ângulo de insonação;
FD = freqüência doppler;
FR = freqüência recebida;
FE = freqüência emitida;
V = velocidade do fluxo sangüíneo.
Dessa forma, a posição do transdutor em relação ao vaso insonado influencia a
freqüência doppler obtida e, idealmente, o feixe sonoro deveria apresentar-se
paralelo ao fluxo sangüíneo, pois o co-seno de zero (ângulo de insonação do feixe
paralelo) é igual a um. No entanto, com exceção do doppler cardíaco, observou-
se que ocorre comprometimento da sensibilidade do método sempre que o ângulo
de insonação é inferior a 30 graus. Isto acontece devido à reflexão do feixe
sonoro entre o sangue e a parede do vaso. Dessa forma, padronizou-se que o
ângulo de incidência sonora deve ser mantido entre 30 e 60 graus (LEWIS et al.,
1989).
O estudo doppler compreende a análise da morfologia da onda obtida (através da
conversão dos sinais sonoros em traçados gráficos) e dos índices
dopplervelocimétricos. Tais índices foram desenvolvidos para a determinação da
impedância a partir da relação entre sístole e diástole, sem a necessidade de
conhecimento do ângulo de insonação e da medida do diâmetro do vaso. Os
índices dopplervelocimétricos arteriais são a relação sístole/diástole (S/D), o
índice de pulsatilidade e o índice de resistência (HECHER et al., 1994).
A relação S/D é o índice mais simples de ser calculado e apresenta aplicabilidade
clínica tão importante quanto o índice de pulsatilidade ou o de resistência.
Corresponde ao valor do pico sistólico sobre o nadir da onda no fluxo diastólico
(ZIMMERMANN et al., 1997).
O índice de pulsatilidade relaciona as velocidades sistólica e diastólica à
velocidade média durante o ciclo cardíaco e apresenta boa sensibilidade na
avaliação de fluxo diastólico ausente ou reverso ou na presença de incisuras. É
definido pela fórmula (CALLEN, 1996):
IP = S – D (2)
M
D = pico diastólico;
IP = índice de pulsatilidade;
M = média das velocidade de fluxo durante o ciclo cardíaco;
S = pico sistólico
O índice de resistência estabelece a relação entre as velocidades sistólica
máxima e diastólica, sendo definido pela fórmula (CALLEN, 1996):
IR = S – D (3)
S
2.4 Utilização do doppler em Obstetrícia
O estudo dopplervelocimétrico da circulão feto-placentária foi introduzido por
Fiztgerald e Drumm em 1977 e, desde então, houve o incessante
aperfeiçoamento das técnicas de insonação dos vasos, além do desenvolvimento
de melhores equipamentos de ultra-sonografia. A dopplervelocimetria apresenta
importante contribuição para a avaliação do bem-estar materno-fetal por permitir a
análise não invasiva de vários vasos sangüíneos. Não há evincia confiável que
demonstre que esse método possa causar algum dano ao concepto ou à gestante
(BRENT; JENSH; BECKMAN,1993). O fluxo sangüíneo foi mais comumente
estudado na artéria umbilical, artéria cerebral média fetal, artérias uterinas e, mais
recentemente, ducto venoso (KONJE; ABRAMS; TAYLOR, 2005; NICOLAIDES;
RIZZO; HECHER, 2000 ; PREFUMO et al., 2002; STUART et al., 1980).
O estudo dopplervelocimétrico da artéria umbilical e da artéria cerebral média do
concepto permite monitoração mais eficiente da gravidez e diminuição da
incidência de morte fetal intra-uterina. Isto ocorre devido à possibilidade de
detecção precoce do fenômeno de centralização de fluxo, o qual indica circulação
feto-placentária deficiente (DUBIEL et al., 1997; HABEK et al., 2004; KONJE;
ABRAMS; TAYLOR, 2005).
Outro vaso sangüíneo indicador de adequada circulação fetal é o ducto venoso,
que pode apresentar alterações significativas em fetos com descompensação
hemodinâmica (associada ou não a defeitos cardíacos). Ele atua como regulador
do sistema hemodinâmico, levando sangue oxigenado da veia umbilical
diretamente ao átrio direito. Uma alteração em seu fluxo pode indicar falência
cardíaca e aumento de pressão nas câmaras direitas (HECHER et al., 1995;
PREFUMO et al., 2002).
Já o estudo dopplervelocimétrico das artérias uterinas tem como objetivo não uma
avaliação direta da circulação fetal, mas determinar se houve adequada
adaptação da hemodinâmica uterina à gravidez (CAMPBELL; DIAZ-RECASENS;
GRIFFIN, 1983; NICOLAIDES; RIZZO; HECHER, 2000; PAPAGEORGHIOU et
al., 2001). Esse método vem auxiliando no diagnóstico de gestações de alto risco
de evolução insatisfatória. Recentemente, o estudo da circulação útero-
placentária no primeiro trimestre adquiriu mais relevância, uma vez que
intervenções precoces na gravidez estão sendo pesquisadas com o objetivo de
prevenir-se o aparecimento de futuras complicações (COOMARASAMY et al.,
2003; VAINIO et al., 2002).
2.5 Dopplervelocimetria das artérias uterinas
O estudo dopplervelocimétrico das artérias uterinas foi introduzido por Campbell,
Diaz-Recasens e Griffin em 1983. O traçado doppler de uma artéria uterina
apresenta uma onda S (sístole), cujo pico corresponde à velocidade máxima da
corrente sangüínea, seguida por uma onda D (diástole), durante um ciclo
cardíaco. O contorno das ondas representa a velocidade do fluxo sangüíneo no
centro do vaso insonado, onde a velocidade é maior por sofrer menos atrito com a
parede vascular. A incisura protodiastólica é uma depressão de profundidade
variável entre a onda S e a onda D e é conseqüência da redução da velocidade
do fluxo sangüíneo após o fechamento da válvula aórtica (CAMPBELL; DIAZ-
RECASENS; GRIFFIN, 1983; FARRELL; CHIEN; MIRES, 1998).
O local de insonação recomendado é o terço proximal da artéria uterina, na região
inferior da parede lateral do útero (BOWER et al., 1992; COHEN-OVERBEEK;
PEARCE; CAMPBELL,1985; HOLLIS et al., 2001; SCHULMAN et al., 1986).
Em uma mulher não grávida, o traçado dopplervelocimétrico das artérias uterinas
demonstra alta resistência ao fluxo sangüíneo e presença de incisura
protodiastólica. Pacientes pós-menopausadas usuárias de terapia de reposição
hormonal com tibolona ou estrogênio isolado ou associado a progestogênio
apresentam desaparecimento da incisura e diminuição da resistência vascular
uterina (BATTAGLIA et al., 2004; EXACOUSTOS et al., 1999; VAN BAAL et al.,
1999). Já o uso de moduladores específicos dos receptores estrogênicos, como o
raloxifeno, não altera o fluxo sangüíneo das artérias uterinas na pós-menopausa
(AZEVEDO et al., 2004; CHITTACHAROEN; THEPPISAI; MANONAI, 2002).
O doppler das artérias uterinas pode auxiliar no diagnóstico etiológico das
menorragias em mulheres na perimenopausa, pois demonstrou-se que pacientes
com alterações anatomopatológicas do endométrio apresentavam índices de
pulsatilidade significativamente menores quando comparadas àquelas com
endométrio normal (DRAGOJEVIC et al., 2004).
A monitoração do fluxo sangüíneo uterino tamm pode ser útil durante a
realização de fertilização in vitro, uma vez que alguns autores demonstraram que
circulação uterina de menor resistência está relacionada a maior sucesso
reprodutivo nas mulheres submetidas a tal tratamento (OZTURK et al.,2004;
SPERNOL et al.,1993; STEER et al., 1995). Outros pesquisadores, no entanto,
não observaram relação significativa entre o fluxo sangüíneo uterino pré-
implantação e os resultados obtidos após o procedimento da fertilização in vitro
(SCHILD et al., 2001).
Além de ser utilizado em Ginecologia, o doppler das artérias uterinas vem sendo
usado em Obstetrícia, especialmente no rastreamento do risco de evolução
gestacional insatisfatória. A gestão de evolução normal causa aumento
progressivo do fluxo diastólico devido à diminuição da resistência vascular. Esse
fato foi confirmado por Bower et al. (1991), após estudo de 215 gestações simples
e com evolução normal, entre 18 e 42 semanas. A artéria uterina localizada no
mesmo lado da placenta apresentou impedância diminuída em comparação com
a artéria contralateral.
Usualmente, há desaparecimento da incisura protodiastólica em torno da 26
a
semana gestacional (FAY et al., 1994; SCHULMAN et al., 1986). A persistência
da incisura após a 26
a
semana está relacionada a risco aumentado de
desenvolvimento de pré-eclâmpsia e crescimento intra-uterino restrito (AXT-
FLIEDNER, 2004; FLEISCHER; SCHULMAN; FARMAKIDES, 1986). A principal
hipótese para explicar esse fato é que tais pacientes apresentam falha na
ocorrência da segunda onda de migração trofoblástica, ou seja, há permanência
da camada muscular das arteríolas espiraladas, o que resulta em circulação
útero-placentária de alta resistência (LIN et al., 1995).
Em trabalho publicado em 1999, Sagol et al. concluíram, a partir de biópsia do
leito placentário, que a migração trofoblástica diminuída através do endométrio e
a modificação inadequada das arteríolas espiraladas estavam relacionadas à
presença de índices de resistência elevados no doppler das artérias uterinas no
segundo trimestre gestacional. Tal conclusão foi confirmada por Guzin et al. em
pesquisa realizada em 2005, demonstrando correlação significativa entre doppler
alterado de artérias uterinas e invasão trofoblástica inadequada em arteríolas
espiraladas nas gestantes que evoluíram com pré-eclâmpsia.
Em pesquisas publicadas em 2005, El-Hamedi et al. e Schwarze et al.
confirmaram que a persistência da incisura protodiastólica em artérias uterinas
após 23 a 24 semanas gestacionais indica risco aumentado de desenvolvimento
de pré-eclâmpsia e crescimento intra-uterino restrito. Outros estudos
demonstraram que há melhor eficácia na prevenção e no tratamento de futuras
complicações quando são classificadas como gestantes de risco aumentado
aquelas com persistência da incisura após 20 semanas (BECKER et al., 2002;
BOWER et al., 1996; CARBILLON et al., 2004; KURDI et al., 1998; LOBOS;
RENNIE; LEES, 2005; PAPAGEORGHIOU; YU; NICOLAIDES, 2004).
Em 2005, Yu et al. concluíram, a partir de um estudo multicêntrico prospectivo de
30.784 gestações, que a correlação entre elevado índice de pulsatilidade em
artérias uterinas no segundo trimestre de gravidez e a presença de fatores
maternos de risco para pré-eclâmpsia (tais como nuliparidade, obesidade, raça
negra, entre outros) aumentam as chances de identificação das pacientes de
risco. A taxa de detecção de pré-eclâmpsia a partir de valores
dopplervelocimétricos alterados em artérias uterinas subiu de 64% para
aproximadamente 70% após a combinação desses dados com a história clínica
da gestante.
Em 2005, Parra et al. publicaram pesquisa feita em um grupo de 949 gestantes,
concluindo que a presença de valores elevados no doppler de artérias uterinas a
partir de 23 semanas de gravidez é a propedêutica mais eficaz para o
rastreamento de pacientes de risco de desenvolvimento de pré-eclâmpsia. O
aumento dos níveis séricos de marcadores bioquímicos de disfunção endotelial foi
detectado, a partir do segundo trimestre, nas pacientes que desenvolveram pré-
eclâmpsia, mas a associação dessa dosagem não melhorou a taxa de detecção
do doppler isolado.
A investigação de uma elevada impedância vascular uterina em um período mais
precoce da gravidez tamm apresenta vantagens, como demonstrado por Kurdi
et al., em trabalho publicado em 2004. Tais pesquisadores concluíram que
pacientes com índices dopplervelocimétricos elevados na 20
a
semana de
gestação apresentaram pior prognóstico do que aquelas com doppler de artérias
uterinas normal nessa idade gestacional, mesmo que os valores tenham se
normalizado ao se alcançar a 26
a
semana.
Zeeman et al. (2003) demonstraram que resistência vascular uterina elevada,
verificada por meio da dopplervelocimetria, relaciona-se positivamente com maior
incidência de pré-eclâmpsia sobreposta em gestantes portadoras de hipertensão
arterial crônica.
Outra maneira de identificarem-se gestações com risco aumentado de pré-
eclâmpsia e insuficiência placentária pelo doppler de artérias uterinas é o estudo
da relação S/D a partir do segundo trimestre, considerando-se como valor normal
até 2,6 (LIN et al., 1995; PARK et al., 1996; SAGOL et al.,1999).
Com o intuito de verificar se a profundidade da incisura apresenta correlação com
o prognóstico da gestação, são estudados os índices A/C, (D-C)/B, (D-C)/(A-C) e
D-C (onde A representa o pico da sístole, B é o final da diástole, C é o início da
diástole e D é o pico da diástole). Alguns autores relataram que, em gestações a
partir do segundo trimestre, o cálculo da profundidade da incisura não apresenta
vantagens significativas quando comparado à simples análise subjetiva da
morfologia da onda, nem apresenta melhores valores preditivos que os índices
dopplervelocimétricos habituais (AARDEMA et al., 2000; BOWER et al., 1998).
Outros pesquisadores referenciaram que a análise quantitativa da profundidade
da incisura é clinicamente mais relevante na predição de pré-eclâmpsia do que o
índice de resistência ou de pulsatilidade (OHKUCHI et al., 2000; SATO, 1995).
O doppler permite também avaliar o impacto sobre o fluxo sangüíneo uterino do
uso de drogas ou medicamentos pela gestante. Causam diminuição da
impedância nas artérias uterinas: doadores de óxido nítrico, metildopa,
estrogênios e progestogênios (AMIT et al., 1998; DICKEY; HOER, 1996;
GUNENC et al., 2002; RAMSAY et al., 1994). Algumas substâncias que provocam
aumento da resistência vascular uterina são: cocaína, análogos de
prostaglandinas, misoprostol e tabaco (ALBUQUERQUE et al., 2004;
MASTROGIANNIS; LUCKENBAU; O’BRIEN, 2003; TURAN et al., 2003;
VALENTIN et al., 1995; YIP et al., 2000).
Vários pesquisadores vêm estudando outras aplicações clínicas da
dopplervelocimetria das artérias uterinas em Obstetrícia. É propedêutica
adjuvante para o diagnóstico e controle de tratamento de gestações molares, as
quais apresentam impedância vascular diminuída (ABD EL AAL et al., 2003;
JAUNIAUX; NICOLAIDES, 1997; KURJAK et al., 1994). Piazze et al. (2003)
descreveram relação positiva entre índice de resistência elevado em artérias
uterinas no terceiro trimestre de gravidez e imaturidade pulmonar fetal.
2.5.1 Doppler das artérias uterinas no primeiro trimestre de gestação
Cada vez mais pesquisadores vêm se dedicando ao estudo do doppler das
artérias uterinas no primeiro trimestre de gravidez, pois a detecção precoce de
gestações com maior risco de desenvolvimento de insuficiência placentária e pré-
eclâmpsia possibilita a utilização de intervenções terapêuticas mais eficazes
(COOMARASAMY et al., 2003; VAINIO et al., 2002).
De acordo com Hollis et al. (2001), a reprodutibilidade do doppler das artérias
uterinas entre 10 e 14 semanas de gestação é satisfatória, sendo que os
parâmetros com maior concordância intra-observador e interobservadores foram o
índice de resistência e a presença de incisura protodiastólica.
Os trabalhos publicados a respeito do comportamento da circulação uterina em
gestações normais durante o primeiro trimestre constataram queda gradual dos
índices dopplervelocimétricos com o evoluir da gravidez (DICKEY; HOER, 1995;
DEN OUDEN; COHEN-OVERBEEK; WLADIMIROFF, 1990; JURKOVIC et al.,
1991; VALENTIN et al.,1996).
Em 1990, Den Ouden, Cohen-Overbeek e Wladimiroff estudaram a circulação
uterina em 85 gestações simples entre oito e 13 semanas, constatando a queda
progressiva da impedância vascular. Não houve diferença significativa entre as
artérias uterinas direitas e esquerdas, independentemente do local de
implantação. Em trabalho publicado em 1991, Jurkovic et al., analisando 45
gestações entre quatro e 18 semanas, confirmaram a ocorrência do aumento do
fluxo sangüíneo uterino com o evoluir da gravidez.
Bernstein et al. (2002) avaliaram a adaptação hemodinâmica uterina durante
gestações entre quatro e 12 semanas e compararam com possíveis modificações
na impedância da artéria radial. Concluíram que a diminuição da resistência
vascular uterina provavelmente não apresenta relação com alterações
hemodinâmicas sistêmicas durante a gravidez inicial.
A diminuição progressiva da resistência vascular nas artérias espiraladas pode
ser detectada a partir de cinco semanas gestacionais e, nas artérias uterinas,
essa redução é verificada a partir de oito semanas (JAFFE; WARSOV, 1991;
KURJAK et al., 1993; MAKIKALLIO; TEKAY; JOUPPILA, 2004).
A partir do estudo do fluxo sangüíneo uterino em gestações entre 10 e 14
semanas e análise histopatológica dos produtos da concepção após interrupção
da gravidez, Prefumo, Sebire e Thilaganathan (2004) afirmaram que resistência
vascular uterina elevada relaciona-se com menor proporção de invasão
trofoblástica decidual endovascular.
A literatura evidencia a relação entre resistência vascular uterina elevada no
primeiro trimestre de gravidez e recém-nascidos com peso inferior ao adequado
para a idade gestacional, refletindo o desenvolvimento de insuficiência placentária
nessas gestantes, independentemente do surgimento de doença hipertensiva
(HARRINGTON et al., 1997; HOLLIS et al., 2003). Dugoff et al. (2005), em
pesquisa realizada com 1.067 gestantes, encontraram que aquelas que
apresentaram maiores índices de resistência em artérias uterinas entre 10 e 14
semanas de gestação tiveram cinco vezes mais chances de desenvolvimento de
crescimento intra-uterino restrito.
Martin et al. (2001), acompanhando 3.324 gestantes entre 11 e 14 semanas de
gravidez, demonstraram que índices de pulsatilidade elevados associam-se a
desenvolvimento de crescimento intra-uterino restrito e pré-eclâmpsia.
Em 2005, Gomez et al. e Parra et al. publicaram trabalhos prospectivos
realizados, respectivamente, com 1.091 e 949 gestantes entre 11 e 14 semanas
de idade gestacional, constatando correlação positiva entre o subseqüente
desenvolvimento de pré-eclâmpsia e a presença de índices de pulsatilidade
elevados em artérias uterinas no primeiro trimestre de gravidez.
Gestantes que apresentavam maiores índices de pulsatilidade em artérias
uterinas entre a seis e 12
semanas tinham risco aumentado de evolução para
abortamento espontâneo, de acordo com publicação de Leible et al. em 1998.
Outros autores verificaram que mulheres com abortamento de repetição
apresentaram resistência vascular uterina elevada com cinco semanas de
gestação e também durante a segunda fase do ciclo menstrual, em período fora
da gravidez (HABARA et al., 2002; NAKATSUKA et al., 2003).
Segundo Pellizzari et al. (2002), o doppler de artérias uterinas apresenta
aplicação clínica limitada na determinação do prognóstico de ameaça de
abortamento, pois não encontraram diferença significativa nos índices
dopplervelocimétricos entre gestações normais e gestações complicadas com
sangramento genital entre seis e 12 semanas.
Bindra et al., em trabalho publicado em 2001, verificaram que a incidência
aumentada de perda gestacional e de crescimento restrito em fetos com
alterações cromossômicas não apresentou relação significativa com o índice de
pulsatilidade das artérias uterinas entre 11 e 14 semanas gestacionais.
Não está definida qual a relação entre a presença da incisura prodiastólica no
doppler de artérias uterinas no primeiro trimestre e a evolução da gestação. Em
2003, Carbilion et al. referenciaram, após estudo de gestações entre 12 e 14
semanas, que as gestantes com ausência de incisuras apresentaram menos
incidência de hipertensão na gravidez, de crescimento intra-uterino restrito e
descolamento de placenta. Os achados de Prefumo et al., em 2004, relatam que
recém-nascidos pequenos para a idade gestacional foram menos freqüentes em
gestantes que haviam apresentado ausência de incisuras ou incisura unilateral no
primeiro trimestre, em comparação com as que apresentaram incisuras bilaterais.
O uso de baixas doses de ácido acetilsalilico por gestantes que apresentaram
incisuras bilaterais no traçado dopplervelocimétrico das artérias uterinas entre 12
e 14 semanas de gestação foi tema de publicação de Vainio et al., em 2002 e
resultou em redução na incidência de doença hipertensiva específica da gravidez,
em comparação com as gestantes que fizeram uso de placebo.
3 OBJETIVOS
Elaborar uma curva de normalidade para valores de índice de
pulsatilidade das artérias uterinas no primeiro trimestre de gestação
(comprimento cabeça-nádegas entre 45 e 84mm, correspondendo a
11 a 13 semanas gestacionais).
Correlacionar os índices de pulsatilidade das artérias uterinas no
primeiro trimestre e a ocorrência, no decorrer da gestação, de
crescimento intra-uterino restrito, abortamento espontâneo e óbito
fetal intra-útero (perda gestacional após 20 semanas).
4 PACIENTES E
MÉTODOS
4.1 Tipo de estudo
Trata-se de estudo seccional e retrospectivo.
4.2 Pacientes
Os dados utilizados foram colhidos na Clínica Gennus – Núcleo de Medicina
Fetal, em Belo Horizonte-MG, durante o período de dezembro de 1994 a março
de 2004. As gestantes chegaram à Clínica por procura direta ou encaminhadas
pelos obstetras para avaliação especializada devido a intercorrências, presença
de fatores de risco ou para realização de exame ultra-sonográfico de rotina.
A idade gestacional dos fetos foi calculada pela medida do comprimento cabeça-
nádega (CCN): 11 semanas, CCN entre 45 e 55mm; 12 semanas, CCN entre 56 e
68mm; 13 semanas e seis dias, CCN entre 69 e 84mm.
Nos casos em que houve necessidade de mais de uma avaliação entre 11 e 13
semanas, foram consideradas as medidas realizadas na primeira consulta,
resultando no total de 2.353 exames.
4.2.1 Elaboração da curva de normalidade
4.2.1.1 Critérios de inclusão
Foram incluídas, inicialmente, todas as gestantes que realizaram exame ultra-
sonográfico com doppler de artérias uterinas na Clínica Gennus no período de
dezembro de 1994 a março de 2004, que apresentavam gestação com idade
entre 11 semanas e 13 semanas e seis dias (correspondendo a CCN entre 42 e
84mm) e cujos resultados perinatais e intercorrências durante a gestação
puderam ser conhecidos.
4.2.1.2 Critérios de exclusão
Gestação gemelar.
Aborto, óbitos intra-útero e neonatal, natimorto .
Récem-nascido (RN) grande para a idade gestacional (GIG).
Recém-nascido pequeno para a idade gestacional (PIG).
Tabagismo.
As seguintes doenças: hipertensão arterial crônica, aumento dos níveis
pressóricos durante a gravidez, colagenoses, diabetes (tipo I, tipo II ou
diabetes gestacional), tireoidopatias, epilepsia, miomas uterinos, câncer,
anemias congênitas, insuficiência istmo-cervical, malformações uterinas,
sangramento no primeiro trimestre de gestação, descolamento prematuro
de placenta.
Exposição à radiação.
Uso dos seguintes medicamentos: anti-hipertensivos, antiinflamatórios,
anticoagulantes, anticonvulsivantes, hormônios, misoprostol, anestésicos.
4.2.2 Seleção do grupo de gestações que apresentaram crescimento intra-uterino
restrito
4.2.2.1 Critérios de inclusão
Foram incluídas nesse grupo as gestações que resultaram em fetos (vivos ou
natimortos) com peso inferior a –2 desvios-padrão (inferior ao percentil 2,3).
4.2.2.2 Critérios de exclusão
Gestação gemelar.
Exposição à radiação.
Tabagismo.
Uso dos seguintes medicamentos: anti-hipertensivos, antinflamatórios,
anticoagulantes, anticonvulsivantes, hormônios, misoprostol e anestésicos.
4.2.3 Seleção do grupo de gestações que evoluíram para abortamento
espontâneo
4.2.3.1 Critérios de inclusão
Nesse grupo foram incluídas as gestações que evoluíram para óbito fetal até 20
semanas de idade.
4.2.3.2 Critérios de exclusão
Gestação gemelar.
Exposição à radiação.
Tabagismo.
Uso dos seguintes medicamentos: anti-hipertensivos, antinflamatórios,
anticoagulantes, anticonvulsivantes, hormônios, misoprostol e anestésicos.
4.2.4 Seleção do grupo de gestações que evoluíram para óbito fetal intra-útero
4.2.4.1 Critérios de inclusão
As gestações que evoluíram para óbito fetal após 20 semanas de idade
gestacional foram incluídas nesse grupo.
4.2.4.2 Critérios de exclusão
Gestação gemelar.
Exposição à radiação.
Tabagismo.
Uso dos seguintes medicamentos: anti-hipertensivos, antinflamatórios,
anticoagulantes, anticonvulsivantes, hormônios, misoprostol e anestésicos.
4.3 Métodos
4.3.1 Exame dopplervelocimétrico
As medidas dopplervelocimétricas foram realizadas por dois examinadores
habilitados pela The Fetal Medicine Foundation, por meio de exame ultra-
sonográfico via abdominal, utilizando-se sonda convexa de 3,5 a 5,0 MHz e filtro
de 50 Hz. O equipamento utilizado foi Aspen, Acusson (Acusson, Mountain View,
CA, USA).
Após a obtenção de imagem sagital de útero e cérvice, o transdutor foi
movimentado até a localização das artérias uterinas (lateralmente à cérvice) a
partir do mapeamento por doppler colorido. O traçado dopplervelocimétrico foi
registrado insonando-se à altura do óstio interno do colo uterino, no ramo
ascendente da artéria uterina (em seu terço proximal).
Foi selecionado para análise um segmento no traçado doppler que apresentasse
três a cinco ondas consecutivas e com aspecto homogêneo. O índice utilizado
para o estudo foi o índice de pulsatilidade (FIG. 4 e 5).
FIGURA. 4 – Imagem ultra-sonográfica mostrando local de
insonação da artéria uterina.
Fonte: Faria e Petersen (2005) na clínica Gennus, BH.
FIGURA 5 – Imagem ultra-sonográfica mostrando traçado dopplervelocimétrico do
índice de pulsatilidade da artéria uterina insonada.
Fonte: Faria e Petersen (2005) na clínica Gennus, BH
4.3.2 Método de coleta dos resultados
As informações utilizadas para a seleção dos grupos de estudo (aplicação dos
critérios de inclusão e exclusão) foram obtidas por anamnese realizada
previamente ao exame ultra-sonográfico, correspondências enviadas aos
obstetras e às pacientes e telefonemas às pacientes.
4.3.3 Método estatístico
Na elaboração da curva de normalidade, foram utilizados os testes de
normalidade de Kolmogorov-Smirnov (KS) e Shapiro-Wilk (SW). A média do IP
em cada CCN foi estimada por meio de regressão polinomial.
Para a comparação do IP médio dos quatro grupos estudados (gestações
normais, com crescimento intra-uterino restrito, aborto e óbito fetal) em cada
idade gestacional, foi utilizada a técnica estatística de análise de variância
(ANOVA) e o método de Tukey para comparações múltiplas.
Foram considerados valores estatisticamente significativos o p<0,005.
4.4 Parecer ético
Este estudo foi aprovado pelo Comitê... (ANEXO A).
5 RESULTADOS
5.1 Curva de normalidade
a) Análise exploratória
Realizou-se estudo seccional com 1.184 fetos de gestações simples entre 11 e 13
semanas. A TAB, 1 apresenta o número de fetos, a média e o desvio-padrão do
IP para cada semana gestacional.
TABELA 1
Número de fetos, média e desvio-padrão do índice de pulsatilidade
por idade gestacional
Idade gestacional n Média (dp)
11 277 2,00 (0,48)
12 596 1,93 (0,49)
13 311 1,77 (0,45)
O GRAF. 1 mostra o IP versus CCN dos 1.184 fetos, onde se percebe que o
aumento do CCN implica a diminuição do IP.
GRÁFICO 1 - Índice de pulsatilidade versus comprimento cabeça-nádega.
Testes de normalidade disponíveis no software SPSS 10.0 indicaram violão
dessa suposição. Esse problema foi contornado fazendo-se uma transformação
na variável em estudo (IP) a partir da raiz quadrada.
A TAB. 2 estabelece, para cada medida de CCN, o número de fetos observados,
a média e desvio-padrão do IP e, ainda, os testes de normalidade de Kolmogorov-
Smirnov (KS) e Shapiro-Wilk (SW) para a raiz quadrada do IP.
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
40 45 50 55 60 65 70 75 80 85
CCN (mm)
Índice de Pulsatilidade
TABELA 2
Número de fetos, média, desvio-padrão e testes de normalidade do índice de
pulsatilidade por comprimento cabeça-nádega
Teste de
Normalidade
Teste de
Normalidade
CCN n Media (dp)
KS SW **
CCN n Media (dp)
KS SW **
45 14 2,07 (0,47) 0,200* 0,130 65 40 1,87 (0,43) 0,200* 0,932
46 22 2,26 (0,43) 0,200* 0,763 66 45 1,92 (0,41) 0,095 0,067
47 20 2,18 (0,66) 0,200* 0,600 67 37 1,79 (0,42) 0,200* 0,721
48 22 2,18 (0,46) 0,200* 0,918 68 36 1,79 (0,48) 0,107 0,479
49 27 1,99 (0,40) 0,199 0,251 69 22 1,96 (0,50) 0,200* 0,504
50 29 2,00 (0,43) 0,200* 0,260 70 30 1,79 (0,47) 0,099 0,126
51 32 1,93 (0,50) 0,200* 0,902 71 29 1,81 (0,39) 0,200* 0,982
52 23 1,88 (0,38) 0,200* 0,939 72 30 1,85 (0,53) 0,051 0,025
53 26 1,88 (0,53) 0,200* 0,099 73 30 1,79 (0,47) 0,054 0,444
54 24 1,83 (0,46) 0,200* 0,444 74 18 1,69 (0,38) 0,200* 0,788
55 38 1,97 (0,49) 0,183 0,305 75 19 1,78 (0,36) 0,200* 0,691
56 50 2,02 (0,54) 0,200* 0,579 76 23 1,73 (0,47) 0,200* 0,605
57 44 2,04 (0,54) 0,200* 0,604 77 10 1,57 (0,43) 0,200* 0,420
58 55 1,99 (0,57) 0,069 78 11 1,72 (0,46) 0,134 0,060
59 52 1,97 (0,46) 0,200* 79 12 1,74 (0,28) 0,200* 0,391
60 50 1,94 (0,45) 0,180 0,240 80 22 1,74 (0,37) 0,200* 0,321
61 53 1,98 (0,55) 0,200* 81 14 1,56 (0,54) 0,200* 0,789
62 52 1,91 (0,50) 0,200* 82 11 1,85 (0,55) 0,200* 0,934
63 40 1,93 (0,50) 0,200* 0,955 83 30 1,70 (0,45) 0,200* 0,825
64 42 1,88 (0,52) 0,200* 0,263
Limite inferior de significância, ou seja, valor-p>0,200 ; ** Indicado para amostras com 50
observões ou menos.
b) Curva de normalidade
A média do IP em cada CCN foi estimada por regressão polinomial.
Primeiramente, ajustou-se o modelo de grau 3 (4), onde Y é o IP, X é o CCN, e b
i
(i=0,1,2,3) são os coeficientes a serem estimados.
Y = b
0
+ b
1
X + b
2
X
2
+ b
3
X
3
(4)
Porém, os coeficientes não foram estatisticamente significativos, como demonstra
a TAB. 3.
TABELA 3
Ajuste do modelo polinomial de grau 3 para índice de pulsatilidade
Coeficiente Estimativa Estatística T Valor-p
B
0
2,046000 1,67 0,096
B
1
-0,024940 -0,42 0,673
B
2
0,0003384 0,36 0,718
B
3
-0,0000018 -0,37 0,712
Ajustou-se, então, o modelo polinomial de grau 2, em que novamente os
coeficientes b
1
e b
2
não foram estatisticamente significativos, como demonstra a
TAB. 4.
TABELA 4
Ajuste do modelo polinomial de grau 2 para índice de pulsatilidade
Coeficiente Estimativa Estatística T Valor-p
B
0
1,5988000 8,15 0,000
B
1
-0,0032470 -0,52 0,601
B
2
-0,00000642 -0,13 0,895
O modelo polinomial de grau 1 apresentou resultados satisfatórios, com
coeficientes estatisticamente significativos, como demonstra a TAB. 5.
TABELA 5
Ajuste do modelo polinomial de grau 2 para índice de pulsatilidade
Coeficiente Estimativa Estatística T Valor-p
B
0
1,6244400 48,73 0,000
B
1
-0,0040672 -7,73 0,000
Mesmo título da 4?
O coeficiente de determinação R
2
foi de 0,048. O GRAF. 2 apresenta as 1.184
observações do IP com a curva ajustada para a média.
GRÁFICO 2 - Curva ajustada para a média do índice de pulsatilidade.
Portanto, a equação para estimar a média do IP em cada CCN é:
Média = 1,624 - (0,0041 × CCN) (5)
A análise dos resíduos transformados demonstrou comportamento aleatório da
variabilidade desses resíduos à medida que o CCN aumentou (GRÁF. 3).
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
40 45 50 55 60 65 70 75 80 85
CCN (mm)
Índice de Pulsatilidade
GRÁFICO 3 - Resíduos transformados versus Comprimento cabeça-nádega.
Portanto, não é necessário que o desvio-padrão também seja modelado em
função do CCN. Para confirmar esse diagnóstico, ajustaram-se modelos
polinomiais de ordens 1 e 2 e nenhum deles mostrou-se significativo (TAB. 6).
TABELA 6
Ajuste do modelo linear para os resíduos
Modelo Coeficiente Estimativa Estatística T Valor-p
B
0
0,071429 0,618 0,537
B
1
0,002344 0,640 0,522
Quadrático
(Ordem 2)
B
2
-0,0000198 -0,694 0,488
B
0
0,150508 7,649 0,000 Linear
(Ordem 1) B
1
-0,000189 -0,610 0,542
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
40 45 50 55 60 65 70 75 80 85
CCN (mm)
Resíduos transformados
Dessa forma, o desvio-padrão estimado é aquele fornecido pelo ajuste da média
do IP, ou seja, dp=0,17269.
Para que a qualidade do ajuste da média e do desvio-padrão fosse verificada,
calcularam-se os resíduos padronizados (Z escore) segundo equação (6)
ajustadopadrãodesvio
ajustadamédiaobservadovalor
Z
=
(6)
Ao analisar esses resíduos versus CCN (GRÁF. 4), percebe-se que eles estão
dispersos de forma aleatória a maioria distribuída em torno do valor zero e entre o
5º e 95º centis fornecidos pela distribuição normal.
GRÁFICO 4 - Resíduos padronizados versus comprimento cabeça-nádega.
-4
-3
-2
-1
0
1
2
3
4
40 45 50 55 60 65 70 75 80 85
CCN (mm)
Resíduos padronizados
O gráfico de probabilidade normal (GRÁF. 5) e o teste de normalidade de
Kolmogorov-Smirnov (p>0,200) confirmam que os resíduos padronizados estão
normalmente distribuídos.
GRÁFICO 5 - Gráfico de probabilidade normal para os resíduos padronizados.
Portanto, o modelo ajustado para a média e o desvio-padrão é válido. O GRAF. 6
apresenta a média ajustada e o intervalo de referência de 95%.
Resíduos padronizados
Percentual
43210-1-2-3-4
99,9 9
99
95
80
50
20
5
1
0,0 1
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
40 45 50 55 60 65 70 75 80 85
CCN (mm)
IP
GRÁFICO 6 -: Intervalo de referência de 95% para índice de pulsatilidade.
Os valores de referência (ou valores de normalidade) podem ser calculados a
partir da equação (7). Esses valores estão na TAB. 7.
centil = média + (K × desvio-padrão) (7)
TABELA 7
Valores de referência do índice de pulsatilidade
Centis
CCN
2,5% 5% 10% 50% 90% 95% 97,5%
45 1,28 1,41 1,56 2,16 2,86 3,07 3,27
46 1,25 1,38 1,53 2,12 2,82 3,03 3,23
47 1,23 1,35 1,50 2,09 2,78 2,99 3,18
48 1,20 1,33 1,47 2,06 2,74 2,95 3,14
49 1,18 1,30 1,44 2,02 2,70 2,91 3,10
50 1,15 1,27 1,42 1,99 2,66 2,87 3,06
51 1,13 1,25 1,39 1,96 2,63 2,83 3,02
52 1,10 1,22 1,36 1,93 2,59 2,79 2,98
53 1,08 1,20 1,34 1,89 2,55 2,75 2,94
54 1,05 1,17 1,31 1,86 2,52 2,72 2,90
55 1,03 1,15 1,28 1,83 2,48 2,68 2,86
56 1,15 1,28 1,42 2,00 2,67 2,88 3,07
57 1,14 1,26 1,41 1,98 2,65 2,86 3,05
58 1,13 1,25 1,39 1,96 2,63 2,83 3,02
59 1,12 1,23 1,38 1,94 2,61 2,81 3,00
60 1,10 1,22 1,36 1,93 2,59 2,79 2,98
61 1,09 1,21 1,35 1,91 2,57 2,77 2,96
62 1,08 1,19 1,33 1,89 2,55 2,75 2,94
63 1,06 1,18 1,32 1,88 2,53 2,73 2,92
64 1,05 1,17 1,31 1,86 2,51 2,71 2,90
65 1,04 1,16 1,29 1,84 2,49 2,69 2,88
66 1,03 1,14 1,28 1,83 2,47 2,67 2,86
67 1,01 1,13 1,27 1,81 2,46 2,65 2,84
68 1,00 1,12 1,25 1,80 2,44 2,63 2,82
69 1,02 1,14 1,27 1,82 2,46 2,66 2,85
70 1,01 1,13 1,26 1,81 2,45 2,65 2,83
71 1,00 1,12 1,25 1,79 2,43 2,63 2,81
72 0,99 1,10 1,24 1,78 2,42 2,62 2,80
73 0,98 1,09 1,23 1,77 2,40 2,60 2,78
74 0,97 1,08 1,22 1,76 2,39 2,59 2,77
75 0,96 1,07 1,21 1,74 2,37 2,57 2,75
76 0,95 1,07 1,20 1,73 2,36 2,55 2,73
77 0,94 1,06 1,19 1,72 2,35 2,54 2,72
78 0,94 1,05 1,18 1,70 2,33 2,52 2,70
79 0,93 1,04 1,17 1,69 2,32 2,51 2,69
80 0,92 1,03 1,16 1,68 2,30 2,49 2,67
81 0,91 1,02 1,15 1,67 2,29 2,48 2,66
82 0,90 1,01 1,14 1,66 2,27 2,46 2,64
83 0,89 1,00 1,12 1,64 2,26 2,45 2,62
5.2 Relação entre doppler de artérias uterinas no primeiro trimestre gestacional e
desenvolvimento de crescimento intra-uterino restrito, abortamento espontâneo e
óbito fetal intra-útero
Realizou-se estudo com 1.454 fetos de gestações simples entre 11 e 13
semanas. O GRAF. 7 exibe o índice pulsatilidade médio versus comprimento
cabeça-nádega para os quatro grupos do estudo: fetos normais, aborto, óbito fetal
e crescimento intra-uterino restrito (CIUR).
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
5
40 50 60 70 80 90
CCN
IP
Normal Aborto Obito Fetal CIUR
GRÁFICO 7 - Índice de pulsatilidade versus comprimento cabeça-nádega
para os quatro grupos em estudo.
A TAB. 8 apresenta, por grupo, o número de fetos, a média e o desvio-padrão do
IP em cada semana gestacional.
TABELA 8
Caracterização dos grupos em estudo por idade gestacional
Idade
gestacional
n Média
Desvio-
padrão
11 277 2,004 0,483
12 596 1,932 0,495
Normal (n=1184)
13 311 1,767 0,450
11 13 2,071 0,448
12 29 2,018 0,432
Aborto (n=57)
13 15 1,790 0,414
11 37 2,506 0,619
12 64 2,442 0,507
CIUR (n=126)
13 25 2,241 0,769
11 35 2,309 0,607
12 30 2,251 0,453
Óbito fetal
(n=87)
13 22 2,102 0,759
Para comparar o IP médio dos quatro grupos em cada idade gestacional,
utilizaram-se a técnica estatística de ANOVA e o método de Tukey para
comparações múltiplas. Os GRAF. 8 e 9 contêm respectivamente, o box-plot do
IP e a representação das médias dos grupos em cada semana gestacional
avaliada.
GRÁFICO 8 - Box-plot do índice de pulsatilidade dos grupos
em cada idade gestacional avaliada.
1,50
1,80
2,10
2,40
2,70
11 12 13
Idade gestacional
IP
NORMAL ABORTO OBITO FETAL CIUR
GRÁFICO 9 - Representação do índice de pulsatilidade médio dos grupos em
cada idade gestacional.
IP
IG
GRUPO
131211
CIURObitoAbortoNormalCIURObitoAbortoNormalCIURObitoAbortoNormal
5
4
3
2
1
Os resultados da ANOVA estão exibidos na TAB. 9 e indicam que nas três idades
gestacionais em estudo houve diferença significativa entre o IP médio de pelo
menos dois grupos.
TABELA 9
Análise de variância para comparação do índice de pulsatilidade entre os grupos
Idade Gestacional Estatística F Valor-p
11 13,01 0,000
12 23,60 0,000
13 9,47 0,000
A TAB. 10 apresenta os resultados do método de Tukey, que procura identificar
em quais grupos reside a diferença de IP.
TABELA 10
Identificação dos grupos com diferença de índice de pulsatilidade
(método de Tukey)
Idade Gestacional
Grupo
11 12 13
Normal
A
2,00
CD
1,93
CD
1,77
CD
Aborto
B
2,07
D
2,02
D
1,79
D
Óbito fetal
C
2,31
A
2,25
A
2,10
A
CIUR
D
2,51
AB
2,44
AB
2,24
AB
Letras diferentes indicam diferença estatística.
Percebe-se que, nas três idades gestacionais em estudo, o IP médio dos grupos
óbito fetal e CIUR é significativamente maior do que o do grupo de fetos normais.
6 COMENTÁRIOS
Os profissionais que se dedicam à Medicina materno-fetal trabalham com a
finalidade de proporcionar à gestante uma gravidez adequadamente monitorada,
resultando um puerpério fisiológico e récem-nascido saudável. O caminho para se
alcançar esse objetivo passa pelos tratamentos cada vez mais eficazes das
doenças que acometem a gestante e o concepto. No entanto, o aprimoramento
constante de tais tratamentos é intrinsecamente dependente de uma propedêutica
eficaz e do diagnóstico precoce.
Atualmente, o doppler das artérias uterinas no segundo trimestre de gravidez é de
grande importância na detecção de risco aumentado de desenvolvimento de pré-
eclâmpsia. Sem dúvida, o rastreamento de gestantes de alto risco e a instituição
de medidas terapêuticas ainda no primeiro trimestre de gestação resultarão na
melhora significativa dos resultados perinatais. Foi com essa motivação que este
estudo foi desenvolvido. ESSES DOIS PRIMEIROS PARÁGRAFOS SÃO
INTRODUÇÃO E NÃO COMENTÁRIOS. OS “COMENTÁRIOS COMENTAM
RESULTADOS NA COMPARAÇÃO COM A LITERATURA..
Fica evidente, neste trabalho, que há predomínio de dados com 12 semanas de
gestação, uma vez que a maioria dos exames ultra-sonográficos no primeiro
trimestre são realizados nessa idade gestacional (o que permite a determinação
da cronologia da gravidez e a medida da translucência nucal). Devido ao seu uso
freqüente, optou-se pela utilização da tabela de Robinson e Fleming (1975) para a
determinação da idade gestacional a partir da medida do comprimento cabeça-
nádegas.
O índice dopplervelocimétrico utilizado para o estudo foi o de pulsatilidade, por
acredita-se que ele reflete melhor as variações na impedância vascular uterina. O
exame foi feito por via abdominal, que permite melhor localização das artérias
uterinas e a obtenção de traçado doppler de melhor qualidade (BOWER et
al.,1992; COHEN-OVERBEEK; PEARCE; CAMPBELL, 1985; HOLLIS et al., 2001;
SCHULMAN et al., 1986).
Após confirmação da ausência de diferença estatisticamente significativa entre os
índices dopplervelocimétricos das artérias uterinas direitas e esquerdas, optou-se
pelo uso do valor médio desses índices (média aritmética). Em estudo publicado
em 1990, Den Ouden, Cohen-Overbeek, e Wladimiroff já haviam constatado que
durante o primeiro trimestre gestacional há semelhança entre a impedância
vascular uterina nas artérias direita e esquerda, independentemente do local de
implantação do trofoblasto.
O primeiro passo no estudo de qualquer método propedêutico é a elaboração de
uma tabela de normalidade. O conhecimento dos valores de referência permite
diagnosticar se o paciente afasta-se do padrão considerado fisiológico para a
população na qual está incluído. Após a aplicação dos critérios de exclusão em
um total de 2.353 exames, a tabela de normalidade foi elaborada utilizando-se
1.184 exames. Foram excluídas todas as gestantes que apresentaram
intercorrências passíveis de interferir no fluxo sangüíneo uterino.
ISTO É MÉTODO
Não se encontrou na literatura outro trabalho mostrando a elaboração de uma
tabela dos índices de pulsatilidade das artérias uterinas entre 11 e 13 semanas
gestacionais (comprimento cabeça-nádegas entre 45 e 84mm), no entanto, todos
os estudos a respeito do comportamento da circulação uterina no primeiro
trimestre confirmam a queda gradual da impedância vascular com o evoluir da
gravidez (DICKEY; HOWER, 1995; JURKOVIC et al., 1991; DEN OUDEN;
COHEN-OVERBEEK; WLADIMIROFF, 1990; VALENTIN et al., 1996).
Sabe-se que o processo de migração trofoblástica resulta na formação de uma
rede vascular de baixa resistência (BURROWS; KING; LOWE, 1996;
PIJNENBORG et al., 1983). A migração trofoblástica interfere, portanto,
diretamente na queda da resistência vascular, o que foi comprovado por Prefumo
et al., em trabalho publicado em 2004, mostrando menor proporção de invasão
trofoblástica decidual endovascular nos casos de maior impedância da artéria
uterina.
No entanto, a queda na resistência vascular uterina na gestação inicial também
apresenta relação com o aumento sistêmico dos níveis hormonais do estrógeno e
da progesterona, além do processo de implantação trofoblástica em si. Isto pode
ser confirmado pelo fato de que essa diminuição da impedância vascular uterina
surge nas pacientes com gestação ectópica (JAUNIAUX et al. 1994; JURKOVIC;
JAUNIAUX; CAMPBELL, 1992) e nas mulheres pós-menopausadas usuárias de
terapia de reposição hormonal (BATTAGLIA et al., 2004; EXACOUSTOS et al.,
1999; VAN BAAL et al.,1999).
Para comparar os índices de pulsatilidade das gestações que evoluíram com
crescimento intra-uterino restrito e perda gestacional com aquelas que tiveram
evolução normal, optou-se pela comparação da média do índice de pulsatilidade
em cada idade gestacional, pois não se dispunha de número suficiente de casos
alterados que possibilitassem realizar a comparação em cada CCN.
As gestações que apresentaram crescimento intra-uterino restrito foram definidas,
neste estudo, como aquelas que resultaram em fetos (vivos ou natimortos) com
peso inferior a –2 desvios-padrão. A escolha por este ponto de corte deveu-se à
sua alta sensibilidade. Foram excluídas as gestantes expostas a fatores que
poderiam acometer o crescimento fetal.
Para a seleção dos outros grupos, o critério adotado foi o da Organização Mundial
de Saúde, que define abortamento como a perda embrionária ou fetal até 20
semanas de idade gestacional. O decesso fetal após esse período foi
denominado óbito fetal intra-útero. Os critérios de exclusão utilizados nesses
grupos objetivaram excluir as gestantes expostas a fatores que pudessem
contribuir para a ocorrência de perda da gestação.
Verificou-se que o grupo que evoluiu com crescimento intra-uterino restrito
apresentou índices de pulsatilidade significativamente mais elevados que o grupo
normal. Essa relação entre recém-nascidos com peso inferior ao adequado para a
idade gestacional e elevada resistência vascular uterina no primeiro trimestre de
gravidez já havia sido evidenciada nos trabalho publicados por Dugoff et al.
(2005), Harrington et al. (1997), Hollis et al. (2003) e Martin et al. (2001).
Gómez et al. (2005) descreveram mais altos índices de pulsatilidade nas artérias
uterinas entre 11 e 14 semanas gestacionais entre as gestantes que
posteriormente desenvolveram pré-eclâmpsia e/ou crescimento intra-uterino
restrito, quando comparadas com gestações de evolução normal. A ocorrência de
crescimento intra-uterino restrito em gestações com maior índice de pulsatilidade
em artérias uterinas no primeiro trimestre indica a possibilidade de rastreamento
precoce da ocorrência de insuficiência placentária durante a gestação.
No presente estudo não houve diferença significativa na resistência vascular
uterina no primeiro trimestre entre as gestações normais e aquelas que evoluíram
para abortamento. Considerando-se que abortos espontâneos ocorrem
predominantemente até nove semanas de gestação, acredita-se que para
detectar-se a existência de uma possível correlação positiva entre maior
resistência vascular uterina e ocorrência de abortos, o doppler deverá ser
realizado o mais precocemente possível. Leibe et al. (1998), estudando gestações
entre seis e 12 semanas, registraram que aquelas com maior índice de
pulsatilidade em artérias uterinas tinham risco aumentado de evolução para
aborto. Resultados semelhantes foram obtidos por Habara et al. (2002) e
Nakatsuka et al. (2003), que estudaram mulheres a partir de cinco semanas de
gestação com história de abortos recorrentes.
Supõe-se que a ocorrência de decesso fetal nas gestações que apresentaram
maior índice de pulsatilidade em artérias uterinas no primeiro trimestre tenha sido
resultado do desenvolvimento de insuficiência placentária nessas pacientes. Não
há trabalhos na literatura relacionando doppler de artérias uterinas no primeiro
trimestre e óbito fetal após 20 semanas.
Apesar de pesquisas recentes indicarem a existência de correlação positiva entre
índices de pulsatilidade elevados em artérias uterinas no primeiro trimestre de
gravidez e o subseqüente desenvolvimento de pré-eclâmpsia (GOMEZ et al.,
2005; PARRA et al., 2005), não foi possível incluir tal alteração neste estudo.
Quase todas as gestantes que evoluíram com aumento dos níveis pressóricos
não realizaram dosagem de proteinúria durante a gravidez, pois tal exame não foi
solicitado pelos obstetras-assistentes.
A despeito da escassez de dados na literatura sobre a reprodutibilidade do
exame, tendo em vista que a insonação das artérias uterinas por via abdominal no
primeiro trimestre de gestação não se trata de um procedimento tecnicamente
complexo, este estudo apresentou alta reprodutibilidade. Por esse motivo e pelo
fato de ambos os examinadores apresentarem formação semelhante pela The
Fetal Medicine Foundation, variações interobservadores foram desconsideradas,
mesmo em se tratando de um possível viés.
Pesquisas complementares precisam ser desenvolvidas para a verificação da
aplicação prática da tabela de normalidade a partir dos cálculos de sensibilidade,
especificidade e valores preditivos positivos e negativos. Isto será possível após
coletar-se maior número de casos alterados, suficientes para serem comparados
na tabela em cada CCN.
A incisura protodiastólica no doppler das artérias uterinas no primeiro trimestre
gestacional é outro parâmetro que merece melhor investigação em trabalhos que
descrevam a correlação entre a presença e a profundidade dessa incisura e a
evolução da gravidez.
Tamm estão incluídos nessa mesma linha de pesquisa projetos de estudos
sobre o uso de medicamentos (principalmente o ácido acetilsalilico) no primeiro
trimestre de gestação e seu impacto sobre a circulação uterina e na prevenção de
insuficiência placentária.
7 CONCLUSÕES
A curva de normalidade dos índices de pulsatilidade das artérias uterinas
durante o primeiro trimestre de gestação (comprimento cabeça-nádega
entre 45 e 84mm correspondendo a 11 a 13 semanas gestacionais)
evidenciou diminuição progressiva dos valores com o avançar da idade
gestacional.
Ao compararem-se os índices de pulsatilidade das artérias uterinas (por
semana gestacional) entre o grupo que evoluiu com gestações normais e
os que tiveram resultados gestacionais desfavoráveis, observou-se
ausência de diferença significativa entre o grupo normal e o que evoluiu
para abortamento espontâneo, valores significativamente maiores nos
grupos que evoluíram para crescimento intra-uterino restrito e decesso
fetal.
Fantásticas suas conclusões. Na mosca!
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