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MARIA MARTA REGAL DE LIMA TORTORI
“ANÁLISE DA MONITORIZAÇÃO SIMULTÂNEA DO pH
GÁSTRICO E ESOFÁGICO POR 24 HORAS, COMO MÉTODO
DIAGNÓSTICO DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO ÁCIDO, EM
RECÉM-NASCIDOS SOB ALIMENTAÇÃO LÁCTEA EXCLUSIVA”
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
BELO HORIZONTE
2006
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ii
MARIA MARTA REGAL DE LIMA TORTORI
“ANÁLISE DA MONITORIZAÇÃO SIMULTÂNEA DO pH
GÁSTRICO E ESOFÁGICO POR 24 HORAS, COMO MÉTODO
DIAGNÓSTICO DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO ÁCIDO, EM
RECÉM-NASCIDOS SOB ALIMENTAÇÃO LÁCTEA EXCLUSIVA”
Tese apresentada ao Curso de Pós Graduação
em Ciências da Saúde, área de concentração
em Saúde da Criança e do Adolescente,
como requisito parcial para a obtenção do
título de doutor.
Orientador: Prof. Dr. Francisco José Penna
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
BELO HORIZONTE
2006
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iii
Tortori, Maria Marta Regal de Lima.
T 712a Análise da monitorização simultânea do pH gástrico e esofágico por 24
horas, como método diagnóstico do refluxo gastroesofágico ácido, em
recém-nascidos sob alimentação láctea exclusiva / Maria Marta Regal de
Lima Tortori. - 2006.
xxiv, 189 f.
Orientador: Francisco José Penna.
Tese (Doutorado) – Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de
Medicina, 2006.
Referências bibliográficas: f 131 – 144
1.REFLUXO GASTROESOFÁGICO. 2. PH ESOFÁGICO. 3. PH
GÁSTRICO. 4. RECÉM-NASCIDOS. 5. PREMATURIDADE. I. Penna,
Francisco José. II. Universidade Federal de Minas Gerais. Faculdade de
Medicina. III. Título.
CDD
618.983
iv
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
Reitor: Prof. Ronaldo Tadêu Pena
Vice-Reitora: Profa.
Heloisa Maria Murgel Starling
Pró-Reitor de Pós-Graduação: Prof. Jaime Arturo Ramirez
Pró-Reitor de Pesquisa: Prof. Carlos Alberto Pereira Tavares
FACULDADE DE MEDICINA
Diretor da Faculdade de Medicina: Prof. Francisco José Penna
Vice-Diretor da Faculdade de Medicina: Prof. Tarcizo Afonso Nunes
PÓS-GRADUAÇÃO
Coordenador do Centro de Pós-Graduação: Prof. Carlos Faria Santos Amaral
Sub-coordenador do Centro de Pós-Graduação: João Lúcio dos Santos Jr.
Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde – Área de
Concentração em Saúde da Criança e do Adolescente: Prof. Joel Alves Lamounier
Sub-coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde – Área
de Concentração em Saúde da Criança e do Adolescente: Prof. Eduardo Araújo de
Oliveira
COLEGIADO DA PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE DA
CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Prof. Joel Alves Lamounier
Prof. Eduardo Araújo de Oliveira
Prof. Francisco José Penna
Profa. Regina Lunardi Rocha
Profa. Ivani Novato Silva
Prof. Marco Antônio Duarte
Prof. Marcos Borato Viana
Prof. Roberto Assis Ferreira
Rute Maria Velásquez Santos (representante discente)
v
Dedicatória
Ao meu pai, Azor, responsável pela minha opção
médica e acadêmica e o maior incentivador para este
título.
Ao meu marido, Cláudio, companheiro e minha fonte
de equilíbrio, por todo o incansável apoio emocional e
técnico durante este estudo.
Ao meu filho, João Pedro, por sua compreensão, apoio
e admiração por este trabalho e minha carreira médica.
vi
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador, Prof. Francisco José Penna, por sua atenção e por ter acreditado
neste estudo, pois sem sua orientação não poderia ter sido realizado.
Ao Prof. Ennio Leão, amigo familiar, por sua acolhida e incentivo ao meu ingresso
na pós-graduação da Faculdade de Medicina da UFMG.
Ao Prof. Joel Alves Lamounier, por sua atenção constante e contribuição durante os
seminários de tese.
Ao colega Prof. José César Junqueira, por sua atenção nas discussões sobre esse
trabalho.
Aos amigos Antônio Pedro Tonon e Paulo de Tarso Veras Farinatti pela contribuição
nas discussões estatísticas.
À Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro e aos colegas do Serviço de
Pediatria do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle, por tornarem viável meu
afastamento parcial para o doutoramento.
Aos colegas e equipe de enfermagem do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle e
Hospital Maternidade Oswaldo Nazareth pela colaboração e atenção durante a
realização do trabalho de campo.
À pós-graduação da Faculdade de Medicina da UFMG, em especial ao corpo docente
do Doutorado em Saúde da Criança e do Adolescente, pela oportunidade conferida a
nós de outros Estados, na aquisição de novos conhecimentos.
Às funcionárias da secretaria acadêmica da pós-graduação, sempre prestativas e
atentas ao fato de estar em outro Estado da Federação.
Aos colegas que fiz na UFMG, por todo carinho recebido, fazendo com que de
estranha me sentisse totalmente integrada ao grupo.
vii
“A mudança está em tuas mãos.
... Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um
novo começo, qualquer um pode começar agora e
fazer um novo fim.”
Francisco Xavier
viii
LISTA DE ABREVIATURAS
AIG – adequado para idade gestacional
ATB – antibioticoterapia
BDP – Broncodisplasia pulmonar
BIC – bomba de infusão contínua
Cal – caloria
cm – centímetros
CN – comprimento ao nascer
CPAP – continuous positive airway pressure
CS – Capurro somático
Dessat. / Sat. O
2
– dessaturação
Dir. – direita
DMH – Doença da membrana hialina
DP – desvio-padrão
DUM – data da última menstruação
ECG – eletrocardiografia
EEI – esfíncter esofágico inferior
EES – esfíncter esofágico superior
Epilongo – Episódio mais longo de refluxo
ESPGAN – European Society of Pediatric Gastroenterology and Nutrition
(Sociedade Européia de Gastroenterologia e Nutrição Pediátrica)
ESPGHAN – European Society of Pediatric Gastroenterology, Hepatology and
Nutrition (Sociedade Européia de Gastroenterologia, Hepatologia e Nutrição
Pediátrica)
Esq. – esquerda
FC – freqüência cardíaca
F.D.A. – U.S. Food and Drug Administration
Form./ FORM – fórmula láctea (70 ou 80 cal/100mL)
g – gramas
GABA – ácido gama-aminobutírico
GIG – grande para idade gestacional
ix
GS – gavagem simples
HMON – Hospital Maternidade Oswaldo Nazareth
HUGG – Hospital Universitário Gaffrée e Guinle
IC – idade cronológica
I.C. – intervalo de confiança
IG – idade gestacional
IGc – Idade gestacional corrigida
Interv. – intervalo
IR – Índice de Refluxo
Kg – quilograma (s)
Kcal – quilocaloria (s)
LM – leite materno
Max – máximo
Med/ med – mediana
MCpHE – monitorização contínua do pH esofágico
MCpHEG – monitorização contínua simultânea do pH esofágico e gástrico
Mín/mín. – mínimo
Min/min – minuto (s)
Min/refl – minuto por refluxo (conceituação de clearance)
mL – mililitros
NASPGAN – North American Society of Pediatric Gastroenterology and
Nutrition (Sociedade Norte Americana de Gastroenterologia e Nutrição
Pediátrica)
NASPGHAN – North American Society of Pediatric Gastroenterology,
Hepatology and Nutrition (Sociedade Norte Americana de Gastroenterologia,
Hepatologia e Nutrição Pediátrica)
NS/ ns – não significativo
OMS – Organização Mundial de Saúde
PA – pressão arterial
PCA – persistência do canal arterial
PIG – pequeno para a idade gestacional
x
PMT (s) – Prematuro (s)
PN – peso ao nascer
PNM – Pneumonia
PP – pós-prandial
PSpH4 – prolonged stable pH around 4,0
Qcal – quota calórica
QH – quota hídrica
r – coeficiente de correlação
Refl/H – Refluxo por hora (conceituação do índice de refluxo)
Reg – registro
Regurg. – regurgitação
RTEEI(s) – relaxamento(s) transitório(s) do esfíncter esofágico inferior
RGE – Refluxo Gastroesofágico
RN(s) – recém-nascido(s)
RX – raios-x
S ; E – sensibilidade ; especificidade
s, d – semanas, dias (idade gestacional)
SIDS – Sudden Infant Death Syndrome (Síndrome da Morte Súbita do Lactente)
SM – seio materno
SOG – Sonda orogástrica
T% pH E < 4 – Tempo percentual do pH esofágico inferior a quatro
T% pH G < 4 – Tempo percentual do pH gástrico inferior a quatro
TOT – tubo orotraqueal
T pH < 4 – Tempo com pH inferior a quatro
TTRN – taquipnéia transitória do recém-nascido
UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais
UNIRIO – Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
USG – Ultrassonografia
USTF – Ultrassonografia transfontanela
UTI(s) – Unidade(s) de Tratamento Intensivo
VM – ventilação mecânica
xi
LISTA DE FIGURAS
Página
Figura 1. Extremidade do eletrodo posicionada no nível da terceira
vértebra acima do diafragma.
28
Figura 2.
Gráfico de percentil do T % pH E < 4 para lactentes
normais
62
Figura 3.
Gráfico Diário com dois registros de dessaturação. 62
Figura 4.
Registro do pH gástrico (verde) e esofágico (vermelho) das
18:00h às 2:00h. As linhas verticais brancas representam
eventos de regurgitação (R) e dessaturação (D).
88
Figura 5.
Registro do pH gástrico (verde) e esofágico (vermelho) das
23:00h a 1:00h.
96
Figura 6.
Registro do pH gástrico (verde) e esofágico (vermelho) das
24:00h às 2:00h.
97
Figuras 7A e
7B.
Registro do pH gástrico e esofágico durante um minuto,
com intervalos de segundos.
97-98
xii
LISTA DE FOTOGRAFIAS
Página
Fotografia 1. UTI Neonatal do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle 50
Fotografia 2.
UTI Neonatal do Hospital Maternidade Oswaldo Nazareth 50
Fotografia 3.
Sondas com dois eletrodos - distância de 5 centímetros
(esquerda) e distância de 7 centímetros (direita) entre eles.
56
Fotografia 4.
Eletrodo cutâneo de referência (esquerda) e conexão com o
aparelho (direita).
56
Fotografia 5. Calibração em soluções de pH 7 e pH 1. Na frente, o
pHmeter.
58
Fotografia 6.
Radiografia do tórax com demonstração dos dois eletrodos
– Gástrico e Esofágico.
59
Fotografia 7. Recém-nascido alimentado por gavagem simples (GS). 72
Fotografia 8. Recém-nascido alimentado por copo. 72
xiii
LISTA DE GRÁFICOS
Página
Gráfico 1. Idade gestacional ao nascer (n = 31) 69
Gráfico 2.
Peso ao nascer (n = 31) 70
Gráfico 3.
Tipo de Parto (n = 31) 70
Gráfico 4.
Idade gestacional no momento do exame (n = 31) 71
Gráfico 5.
Distribuição dos recém-nascidos entre GRUPO 1 e GRUPO 2
(n = 31)
74
Gráfico 6.
Distribuição quanto ao sexo no GRUPO 1 (n = 8) 75
Gráfico 7.
Distribuição quanto ao sexo no GRUPO 2 (n = 23) 76
Gráfico 8. pH gástrico médio – Linha preta transversal a cada box
(amarelo/azul) representa a mediana deste valor, em cada
grupo. GRUPO 1 (3,45) e GRUPO 2 (4,3)
81
Gráfico 9. T % do pH esofágico (E) e do gástrico (G) inferior a quatro –
GRUPOS 1 e 2.
83
Gráfico 10. Curva R.O.C. – Tempo (minutos) pH gástrico < 4 e RGE
ácido.
84
Gráfico 11. Curva R.O.C. – pH gástrico médio e RGE ácido. 85
Gráfico 12. Curva R.O.C. do tempo percentual de pH gástrico inferior a 4
e RGE ácido.
87
Gráfico 13.
Tipos de eventos clínicos, por paciente, registrados nos
diários dos exames. Dessaturação em 24 recém-nascidos.
90
Gráfico 14. Freqüência absoluta dos eventos clínicos registrados nos
diários dos exames.
90
Gráfico 15.
Tempo médio (min.) com pH gástrico superior a quatro após
alimentações – GRUPO 1 e 2.
100
Gráfico 16 Idade Gestacional dos recém-nascidos no momento do exame. 102
Gráfico 17. Tempo (minutos) do pH gástrico > 4 após alimentações –
GRUPOS A e B.
106
Gráfico 18.
Curva R.O.C. para Índice de Acidez Gastroesofágica. 108
Gráfico 19. Índice de Acidez Gastroesofágica – GRUPO 1 e GRUPO 2. 109
xiv
LISTA DE TABELAS
Página
Tabela 1. Valores Médios e Desvios-Padrão dos Parâmetros de
Vandenplas & Sacré-Smits (1987) em RN de 5 - 15 dias.
30
Tabela 2.
Indicação da pHmetria (n = 31) 68
Tabela 3.
Perfil dos recém-nascidos estudados (n = 31) 71
Tabela 4. Valores da monitorização gástrica e esofágica (n = 31) 73
Tabela 5.
Análise do perfil dos recém-nascidos do GRUPO 1 e
GRUPO 2.
78
Tabela 6.
Análise da Monitorização do pH Gástrico nos GRUPOS 1 e
2. Diferença significativa entre as médias dos valores de pH
máximo e médio do GRUPO 1 e GRUPO 2.
81
Tabela 7.
Análise da Monitorização do pH Esofágico nos GRUPOS 1
e 2.
82
Tabela 8. Valores de Corte do tempo percentual do pH gástrico
inferior a quatro (T % pH G < 4) – Especificidade e
Sensibilidade para RGE ácido.
86
Tabela 9. Eventos Registrados no Diário de Exame durante a
pHmetria por 24 horas.
89
Tabela 10.
Associação entre sintomas respiratórios e tempo percentual
do pH esofágico inferior a quatro.
92
Tabela 11.
Análise dos 114 períodos compreendidos entre 5’ antes e
5’após cada evento documentado no Diário do Exame.
93
Tabela 12.
Associação de “Hiperacidez Gástrica” em Evento Clínico
com Diagnóstico de RGE Ácido.
94
Tabela 13.
Associação do tempo percentual com pH esofágico inferior
a quatro alterado, em um evento clínico, com diagnóstico de
RGE ácido.
95
Tabela 14.
Tempo (minutos) com pH gástrico superior a quatro após as
alimentações em todos os recém-nascidos e conforme
intervalo alimentar de 2 e 3 horas.
99
xv
Tabela 15. Tempo (minutos) com pH gástrico superior a quatro após as
alimentações no GRUPO 1 e GRUPO 2.
99
Tabela 16 Tempo (minutos) com pH gástrico superior a quatro após as
alimentações de 2/2 e 3/3h – GRUPO 1 e GRUPO 2.
101
Tabela 17. Perfil antropométrico e idades gestacionais dos RNs do
GRUPO A e GRUPO B.
104
Tabela 18.
Resultados da MCpH esofágico e gástrico do GRUPO A e
GRUPO B. Diferença significativa entre as médias do T pH
G > 4 pós-prandial.
105
xvi
LISTA DE ANEXOS
Página
Anexo 1. Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da UFMG 146
Anexo 2. Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do HUGG/
UNIRIO
147
Anexo 3. Consentimento Esclarecido 148
Anexo 4. Banco de Dados 149
Anexo 4.1. Dados referentes ao nascimento e dia do exame 150
Anexo 4.2. Dados referentes à monitorização gástrica 151
Anexo 4.3. Dados referentes à monitorização esofágica 152
Anexo 4.4. Parâmetros analisados nos períodos registrados nos diários
dos exames
153
Anexo 4.5. Dados do tempo pós-prandial 156
Anexo 4.6. Dados dos Grupos A (IG < 37 sem) e B (IG 37 sem) 157
Anexo 5. Diário do Exame 158
Anexo 6. Registro gráfico dos exames 159
xvii
RESUMO
Introdução: O refluxo gastroesofágico (RGE) nos recém-nascidos (RNs),
principalmente prematuros, é causa freqüente de manifestações clínicas digestivas
e/ou respiratórias que por vezes expõem os pacientes ao risco de morte. A
monitorização contínua do pH esofágico (MCpHE) por 24 horas, importante método
para o seu diagnóstico, pode apresentar-se dentro da normalidade, nesses bebês, pois
o exame identifica os episódios de refluxo ácido e o pH do conteúdo gástrico pode
estar tamponado pela alimentação láctea freqüente.
Objetivos: Estudar o pH gástrico e esofágico por 24 horas, em RNs com sinais
clínicos sugestivos de RGE, verificar o possível efeito da alimentação láctea
exclusiva sobre a acidez gástrica, interferindo na detecção de RGE ácido e
correlacionar as manifestações clínicas apresentadas durante o exame com o pH
esofágico e pH gástrico.
Metodologia: Trinta e um recém-nascidos (17 masculinos e 14 femininos) com
eventos clínicos mórbidos e/ou hipoxemia, relacionados ao horário das alimentações,
foram submetidos à monitorização simultânea do pH esofágico e gástrico
(MCpHEG) por 24 horas (Digitrapper Mark III, Synectics, dois canais, eletrodos de
antimônio), com monitorização não invasiva da freqüência cardíaca, oximetria,
pressão arterial e eletrocardiografia, através de monitor multiparamétrico (Dixtal DX
2010). Ao nascer apresentavam 31 (26 – 38) semanas, 1342,58 g (± 643,96) e 39 cm
(± 4,49) e com 39,29 (± 19,87) dias de vida, 37 semanas (29 sem. e 3 dias – 17 dias
após 40 sem.), 1852,42 (± 737,1) g e 42,32 (± 4,54) cm, foram submetidos à
MCpHEG, recebendo leite humano e fórmula láctea nas 24 horas. RNs com T%pHE
< 4 alterado foram denominados GRUPO 1 e os com valores dentro da normalidade,
de GRUPO 2. Os parâmetros da MCpHEG, dos dois grupos, foram analisados. Outra
análise foi realizada entre os dados dos RNs com idade gestacional corrigida (IGc) <
37 semanas (GRUPO A) e 37 semanas (GRUPO B).
xviii
Resultados: Entre os 31 RNs, o pH gástrico médio foi 4,13 (± 1,07); o tempo
percental do pH gástrico (T%pHG) inferior a quatro, 47,45% (± 19,88); o T%pHE <
4, 9,14 (± 6,96) e o T%pHG > 4 após as alimentações, 85,96 (± 19,4) minutos. Oito
RNs formaram o GRUPO 1 e 23 RNs o GRUPO 2, com diferenças estatísticas
significativas entre os valores médios do T%pHE < 4, T%pHG > 4 após as
alimentações e pH gástrico máximo e médio. Vinte e três RNs foram alimentados
exclusivamente por gavagem simples (GS), sendo quinze do GRUPO 2. RNs que
apresentaram T%pHE < 4 alterado durante evento clínico mórbido, apresentaram
associação com o diagnóstico de RGE ácido (p = 0,0002). RNs do GRUPO B
apresentaram T%pHG > 4 pós-prandial superior aos RNs do GRUPO A (p = 0,024) e
quanto menor a IGc, maior o T%pHE < 4 (p = 0,005), assim como quanto menor o
T%pHG > 4 pós-prandial, maior o T%pHE < 4 (p = 0,008).
Conclusão: A MCpHEG 24h pôde contribuir para o estudo da DRGE permitindo
verificar a influência do pH gástrico sobre esta doença, em RN sob alimentação
láctea exclusiva e identificou 25,81% dos RNs estudados, como portadores de RGE
ácido. O diário do exame possibilitou correlacionar temporalmente os eventos
clínicos mórbidos com T%pHE < 4 e quando este se encontrou alterado, houve
associação com diagnóstico de RGE ácido. A presença da sonda orogástrica não
favoreceu ao RGE no grupo estudado.
xix
ABSTRACT
Background: Gastroesophageal reflux (GER) in neonates, especially in preterm
infants, is a frequent cause of digestive and/or respiratory clinical signs that for times
display these patients to the death risk. The continuous esophageal pH monitoring
(CEpHM) for 24 hours, a good method for the diagnosis, may be normal, in these
babies, because the technique identifies the acid reflux episodes and the gastric
content pH may be buffered by frequent milk feedings.
Aim: To study gastric and esophageal pH for 24 hours in neonates with clinical signs
of GER, to verify the possible effect of the exclusive milk feeding on the gastric
acidity, intervening on the detection of acid GER and to correlate the clinical
manifestations presented during the gastric and esophageal pH monitoring.
Methodology: Thirty one newborns (17 males and 14 females) with morbity events
and/or hypoxemia, correlates to feedings, had been submitted to simultaneous gastric
and esophageal pH monitoring (GEpHM) for 24 hours with non-invasive monitoring
of cardiac frequency, oximetry, arterial pressure and eletrocardiography through
multiparametric monitor (Dixtal DX 2010). The NB were in average 31 (26 – 38)
weeks GA, 1342,58 g (± 643,96) and 39 cm (± 4,49). When submitted to 24-h
CEGpHM, they were 39,29 (± 19,.87) days old, 37 (29 weeks and 3 days – 17 days
after 40 weeks) weeks, 1852,42 (± 737,1) g and 42,2 (± 4,4) cm; were fed breastmilk
and formula. Newborns with abnormal % TEpH < 4, were denominated GROUP 1
and with normal % TEpH < 4, GROUP 2, with analysis of other GEpHM parameters.
Another analysis was performed between newborns under (GROUP A) and upper
(GROUP B) 37
th
weeks postmenstrual age, postnatal.
Results: The mean gastric pH was 4,13 (± 1,07); %TGpH < 4, 47,45% (± 19,88);
%TEpH < 4, 9,14 (± 6,96) and % TGpH >4 after meal, 85,96 (± 19,4) minutes.
GROUP 1(G1) and GROUP 2 (G2) included eight and 23 NB, respectively. A
significant differences were observed between %TEpH < 4, % TGpH >4 after meal
and mean and maximum gastric pH between the two groups. 23 NB were exclusively
xx
fed with simple gavage, and 15 were from GROUP 2. NB from GROUP B presented
post-prandial T%GpH > 4 higher than NB from GROUP A (p = 0,024). A correlation
was observed between lower GA on the day of testing and higher mean %TEpH < 4
(p = 0,005), and between lower post-prandial %TGpH > 4 and higher %TEpH < 4 (p
= 0,008).
Conclusion: The 24h CEGpHM may contribute to the study of GERD by allowing
the analysis of the influence of gastric pH on the disease, in newborns with exclusive
milk feeding and the test showed that 25,81% of the newborns with clinical
symptoms of GER had acid GER. The daily register allows investigation of the
temporal relationship between a clinical situation with %TEpH < 4 altered at
diagnosis of acid GER. In the present study, orogastric tube doesn’t affect
gastroesophageal reflux.
xxi
Sumário
xxii
Sumário
Página
1. INTRODUÇÃO
1
2.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
6
2.1
Conceitos 7
2.2
Fisiopatologia e a prematuridade 9
2.3
O pH esofágico 12
2.4
Manifestações clínicas 14
2.5
Diagnóstico 18
2.5.1
Monitorização contínua do pH esofágico (MCpHE) ou pHmetria
esofágica
18
2.5.1.a
Porque o pH 4? 23
2.5.1.b
Porque 24 horas? 24
2.5.1.c
Eletrodo 24
2.5.1.d
Protocolo padrão da NASPGAN E ESPGAN 28
2.5.1.e
Interpretação dos dados 29
2.5.1.f
Efeito tamponamento 34
2.5.2 Monitorização contínua simultânea do pH gástrico e esofágico 36
2.5.3
Outros métodos diagnósticos 38
2.6
Tratamento 38
3.
OBJETIVOS
46
3.1
Objetivo geral 47
3.2
Objetivos específicos 47
4.
METODOLOGIA
48
4.1
Característica do estudo 49
4.2
Local e período do estudo 49
4.3
Avaliação Ética 49
4.4
Amostragem 51
4.5
Coleta dos Dados 53
4.6
Protocolo 53
4.7
Análise Estatística 64
xxiii
5.
RESULTADOS
66
5.1
Casuística 67
5.2
Resultados da Monitorização 73
5.2.1
Perfil dos Recém-nascidos do GRUPO 1 e do GRUPO 2 74
5.2.2
Resultados da Monitorização do pH esofágico e gástrico dos recém-
nascidos do GRUPO 1 e do GRUPO 2
79
5.3
Pontos de corte para T % pH gástrico < 4 no diagnóstico do RGE 83
5.4
O diário do exame 87
5.5
O período pós-prandial 95
5.6
Análise do T % pH E < 4 e T % pH G < 4 de acordo com IG corrigida
inferior a 37 semanas e igual ou superior a 37 semanas.
101
5.6.1
Perfil dos Recém-nascidos do GRUPO A – IG corrigida (IGc) < 37
semanas e do GRUPO B – IG corrigida (IGc) 37 semanas.
102
5.6.2
Resultados da Monitorização do pH esofágico e gástrico do GRUPO
A e GRUPO B.
104
5.7
Aplicando coeficiente de correlação (r) entre a Idade Gestacional e
Parâmetros da MCpH esofágico e gástrico.
106
5.8
“Índice de Acidez Gastroesofágica” 108
6
DISCUSSÃO
110
6.1
Metodologia do estudo 111
6.2
Casuística e período 112
6.3
Manifestações clínicas e indicações do exame 114
6.4
A monitorização contínua simultânea do pH esofágico e gástrico 114
6.5
Resultados 117
7.
CONCLUSÃO
126
8.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
129
9.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
131
10.
ANEXOS
145
1
1. Introdução
2
Introdução
O refluxo gastroesofágico (RGE) é definido como a passagem do conteúdo
gástrico ao esôfago, de maneira repetitiva, sendo mais comumente evidenciado por
vômitos ou regurgitações (VANDENPLAS, 1994) e, ainda, uma desordem funcional
que pode evoluir para uma doença orgânica, com exposição aumentada do esôfago à
irritação do suco gástrico (BREMNER & BREMNER, 1995). Episódios de refluxo
ácido, assintomáticos, ocorrem em crianças e adultos saudáveis. Em estudo clássico
com 509 crianças normais, de 0 a 11 meses de idade, registrou-se a ocorrência de 31
(± 21) episódios de RGE ácido por dia (VANDENPLAS, GOYVAERTS &
HELVEN, 1991).
A prevalência do RGE, documentada pela monitorização do pH esofágico, é
de aproximadamente 8% entre os lactentes em geral (ORENSTEIN, IZADNIA &
KHAN, 1999) e de 5,6% entre os lactentes regurgitadores. Em termos evolutivos,
55% deles têm remissão dos sintomas até os 10 meses de vida, 81% até os 18 meses
e ao final dos dois anos de vida 98% já não apresentam qualquer sintomatologia
(STAIANO et al, 2004).
O pico dos sintomas se dá entre 1 e 4 meses, onde se encontra a maioria
daquelas crianças regurgitadoras e a regurgitação é a manifestação clínica mais
comum entre os lactentes com RGE. A partir de 948 entrevistas com pais de crianças
menores que 13 meses de idade, Stoll & Kliegman (2000) encontraram, entre os
lactentes de quatro a seis meses, 67% apresentando regurgitação.
Para fins conceituais e terapêuticos, diferencia-se a terminologia Doença do
Refluxo Gastroesofágico (DRGE) de Regurgitação Infantil (RI). Denomina-se
DRGE quando há RGE patológico associado à sintomatologia clínica significativa e,
RI, à situação encontrada nas crianças com idade inferior a dois anos, que
apresentam predominantemente regurgitação como sinal clínico. Porém, nessa faixa
3
etária, muitas vezes é difícil diferenciar uma forma de outra, baseando-se
estritamente em dados clínicos, (VANDENPLAS & HASSAL, 2002).
O RGE nos recém-nascidos (RNs), principalmente prematuros (PMT), é uma
causa freqüente, principal ou coadjuvante, de sintomas digestivos e/ou respiratórios,
ocorrendo em média 2 a 3 vezes por hora e, por vezes, expondo esses pacientes ao
risco de morte (PETER et al, 2002; WENZL et al, 2003). A prevalência do RGE
entre os prematuros – recém-nascidos com idade gestacional (IG) inferior a 37
semanas pós-concepcionais segundo a Organização Mundial de Saúde (O.M.S.)
(BERTAGNON & SEGRE, 1991) - já foi documentada por alguns autores. Na
década de 80, com o diagnóstico baseado na seriografia de esôfago-estômago,
Hrabovsky & Mullett (1986) encontraram 2,89% em uma amostra de 760. Com
avaliação pela pHmetria por 24 horas, Newell et al (1989) encontraram 85% entre 35
prematuros, com peso inferior a 1500 gramas e, no grupo estudado por Marino et al.
(1995), a prevalência foi de 63%. Em revisão da literatura, mais recentemente, a
incidência entre prematuros de cinco grupos heterogêneos oscilou entre 0,7 e 11,9%,
evidenciando uma grande dispersão dos valores, dificultando a quantificação do
problema neste grupo de pacientes (GRANT & COCHRAN, 2001).
Segundo a North American Society of Pediatric Gastroenterology,
Hepathology and Nutrition (NASPGHAN), o RGE em recém-nascidos se apresenta
distinto das crianças em geral e, portanto, deve ser estudado especificamente entre o
grupo de neonatos (2003B). As manifestações clínicas nesse segmento etário podem
ser vômitos, regurgitação, pneumonia aspirativa, episódios de apnéia, bradicardia,
cianose episódica, quedas da saturação do oxigênio da hemoglobina - observáveis
naqueles monitorizados, estridor, coadjuvante à doença pulmonar crônica, enfim,
podendo surgir como “episódios ameaçadores à vida”, (MARINO et al, op.cit.;
MITCHELL, McCLURE & TUBMAN, 2001). Em geral, esses quadros surgem
próximo ao horário das alimentações. Para Amin (2000) e Orenstein et al (1999), a
sintomatologia atribuída ao refluxo gastroesofágico, nos recém-nascidos e lactentes
jovens, pode estar relacionada à presença de um elemento estranho no esôfago, por
distensão da cavidade ou por mecanismos reflexos laríngeos, além da acidez.
4
O diagnóstico conclusivo nem sempre é fácil, pois os sintomas que sugerem
DRGE não são específicos. A avaliação diagnóstica, em alguns centros, vem sendo
realizada por meio de exame ultra-sonográfico da região abdominal superior e exame
contrastado de esôfago-estômago, ambos, porém, de pouco valor no diagnóstico. A
monitorização contínua do pH esofágico (MCpHE), importante método diagnóstico
da DRGE, é utilizada na avaliação dos pacientes com sinais e sintomas inespecíficos
e naqueles com predomínio de manifestações clínicas respiratórias, mensurando,
quantitativamente e qualitativamente, os episódios de RGE ácido (VANDENPLAS,
1997). O método é empregado em algumas unidades de cuidados neonatais e como o
RGE entre os recém-nascidos envolve episódios de apnéia, entre outros eventos com
hipoxemia, manifestações consideradas inespecíficas, preenche adequadamente os
critérios de indicação desse exame para a confirmação diagnóstica da DRGE.
Entretanto, os resultados da monitorização do pH esofágico, mesmo em RNs
que regurgitam, podem ser normais. Alguns RNs apresentam alterações clínicas que
sugerem à equipe médica a possibilidade de DRGE e melhoram clinicamente com
medidas anti-refluxo. Porém, quando submetidos à monitorização do pH esofágico
por 24 horas, os episódios relatados nos diários dos exames, como movimentos do
tronco ou mesmo apnéias, não se correlacionam com RGE ácido pela análise do
exame. Eventualmente um pH de cinco, ou mesmo superior, no esôfago, é
correlacionado ao evento. Como a conceituação de refluxo gastroesofágico ácido é a
queda do pH esofágico a níveis inferiores a quatro, o retorno de qualquer alimento ou
secreção gástrica ao esôfago, com pH superior a 4 não é registrado como um
episódio de refluxo. A técnica identifica os episódios de refluxo ácido e há autores
que afirmam que, nessa faixa etária, esses não são os mais freqüentes (MITCHELL,
McCLURE & TUBMAN, 2001).
Segundo Alonso et al (2005), a ocorrência de pH maior do que quatro se
deve, entre outros fatores, à alcalinização gástrica decorrente da alimentação
freqüente, com pequenos intervalos prandiais, de duas ou três horas. Para Grant &
Cochran (2001), isso pode justificar o pH tamponado durante quase 90% do tempo
nos recém-nascidos, contra 58% nos lactentes de 1 a 17 meses, levando-os a afirmar
5
que a pHmetria não é apropriada para detecção de DRGE em recém-nascidos ou
lactentes jovens.
Vandenplas (1992) já havia afirmado que a influência da alimentação no pH é
maior entre as crianças do que entre os adultos, devido à freqüência do uso do leite,
que é um excelente tampão da acidez gástrica, reduzindo o refluxo ácido nos 120
minutos pós-prandiais. O tamponamento de um alimento menos ácido que o suco
gástrico faz parte do processo inicial da digestão gástrica. A influência láctea, como
um fator que possa alterar o diagnóstico de refluxo gastroesofágico por meio de
monitorização contínua do pH esofágico, é questionada por alguns autores, que
apresentam a impedanciometria como uma alternativa para esses casos, (WENZL et
al, 2001; ALONSO et al, 2003).
Hegar et al. (2000), após a monitorização contínua do pH esofágico
(MCpHE) por 24 horas, em crianças de 15 dias até 10 meses de idade, concluíram
que não havia benefício em incluir-se o período pós prandial na análise do exame.
Entretanto, nesse período é quando ocorre a maioria dos episódios de refluxo, como
já foi demonstrado também por estudo de cintigrafia (MITCHELL, McCLURE &
TUBMAN, 2001). O que podemos observar com a medida de exclusão pós prandial
é que o período total de análise se torna demasiadamente curto e tanto mais quanto
menor for o intervalo entre as alimentações.
O possível efeito do tamponamento da alimentação láctea sobre a acidez
gástrica, interferindo na interpretação do exame da MCpHE, atribuindo um
diagnóstico negativo da DRGE a recém-nascidos que clinicamente sugerem
apresentar a doença, foi o que nos motivou no início deste estudo. E mesmo diante de
alguns inconvenientes em relação ao método, vimos na análise da monitorização
simultânea do pH do esôfago e do estômago uma alternativa para melhor discutir e
entender como esse problema se apresenta nesse grupo de pacientes e tentar
correlacionar os problemas clínicos apresentados com episódios de refluxo, tendo
como referência o pH gástrico naquele momento assinalado.
6
2. Revisão
Bibliográfica
7
Revisão Bibliográfica
REFLUXO GASTROESOFÁGICO
2.1 Conceitos
RGE é conceituado como o retorno passivo do conteúdo do estômago ao
esôfago, podendo ocorrer sem implicações clínicas significativas. As regurgitações
são freqüentes entre os lactentes, iniciando-se durante os três primeiros meses de
vida, com metade deles, aos dois meses, regurgitando duas ou mais vezes ao dia. O
pico da prevalência ocorre em torno dos quatro meses de vida, quando 70% deles
apresentam regurgitação, mas somente 1% permanecerá regurgitando aos 12 meses
de idade (COLLETTI, CHRISTIE & ORENSTEIN, 1995). Entre os que ainda
regurgitam aos 12 meses, somente uma pequena parcela desenvolverá RGE
patológico com esofagite, estenoses, doença respiratória ou deterioração clínica
importante.
Denomina-se Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) ou RGE
patológico, quando há complicações clínicas resultantes do RGE. Segundo o
Consenso de Roma II (RASQUIN-WEBER, 1999), apresenta RGE patológico a
criança com suspeita clínica de refluxo, com história de hematêmese, ou
broncoaspiração, ou apnéia, ou déficit no crescimento pôndero-estatural, ou postura
anormal. Enquanto aquelas crianças entre um e 12 meses que apresentam dois ou
mais episódios de regurgitação ao dia, por mais do que três semanas e sem história
dos eventos citados acima, seriam portadoras de regurgitação infantil. Vandenplas &
Hassal (2002), Rudolph et al (2001) e Orenstein (2001) utilizam os termos RGE
patológico e DRGE como sinônimos, mas Costa et al (2004) optam por adotar o
termo DRGE apenas para aquelas crianças com RGE patológico decorrente de
distúrbio funcional do aparelho digestivo proximal, enquanto as portadoras de RGE
patológico secundário a outras doenças, recebem o diagnóstico estrito da doença de
base. A DRGE é classificada em primária e secundária, sendo primária, quando
decorre de distúrbio funcional do trato digestivo proximal e, secundária, quando há
8
alterações estruturais, infecciosas, metabólicas, neurológicas, alérgicas, entre outras
que venham a ser responsáveis pelo retorno do conteúdo gástrico ao esôfago.
Costa et al (2004) encontraram 11,15% de RGE patológico entre lactentes,
sendo que 14,62% no primeiro trimestre e 13,76% no segundo trimestre de vida.
Entre as manifestações clínicas utilizadas no critério diagnóstico para RGE
patológico, 43,8% foram engasgos ou sufocações e 34,8% apnéias, estando ambas as
manifestações mais concentradas entre os lactentes menores de três meses de idade.
Quando se estuda RGE em recém-nascidos, é preciso abordagem especial aos
prematuros, aqueles que apresentam idade gestacional inferior a 37 semanas pós-
concepcionais segundo a O.M.S. (BERTAGNON & SEGRE, 1991). Com os avanços
tecnológicos, acesso à medicina fetal, recursos ventilatórios e capacitação em
recursos humanos, a perinatologia transformou o cenário da medicina, viabilizando
recém-nascidos muito prematuros e cada vez menores. Constata-se um processo
crescente de nascimentos entre 25 e 37 semanas de idade gestacional com
mortalidade decrescente. O mais alto risco desses nascimentos se situa entre os
menores de 1000g com menos de 30 semanas (STOLL & KLIEGMAN, 2000).
A importância clínica do RGE patológico nesse grupo de crianças decorre,
em parte, do momento em que a doença se manifesta. A maioria desses bebês passa
por inúmeras intercorrências no período neonatal imediato ou tardio, alguns evoluem
para o óbito e uma grande parcela sobrevive. No momento em que quase todos os
percalços já foram vencidos, encontram-se, ainda, alguns problemas, pois necessitam
de adaptação à vida extra-uterina devido à imaturidade da sucção, da absorção e das
atividades enzimáticas e hormonais (MARINO et al, 1995). Assim, ao iniciarem a
nutrição enteral, são freqüentes os desajustes com os métodos e tipos de alimentação,
desajustes esses justificados eventualmente pelo RGE. E como já estiveram
gravemente doentes e, naquele momento, sem outra doença em atividade, a família
entende o RGE como mais um “novo obstáculo”.
9
2.2 Fisiopatologia e a Prematuridade
As etiologias atribuídas ao RGE patológico são variadas e envolvem
alterações na fisiologia esofágica e gástrica; problemas que cursam com aumento da
pressão abdominal; obstruções do tubo digestivo; anomalias anatômicas como a
hérnia de hiato esofágico ou, ainda, as afecções respiratórias que podem também ter
no refluxo um fator agravante para suas manifestações. Também nos casos de alergia
alimentar, a doença do refluxo gastroesofágico é citada como uma das possíveis
manifestações clínicas (BALISTRERI, 2000).
O entendimento do RGE em recém-nascidos e prematuros passa por uma
questão evolutiva, fisiológica, visto que todo o organismo ainda não adquiriu sua
plena maturidade. Assim como se espera por uma maturação respiratória ou
neurológica, também o trato gastrointestinal necessita desse processo para adequar-se
às necessidades do organismo. Portanto, até que ponto a fisiologia do prematuro
pode estar envolvida no controle do refluxo ácido ao esôfago? Alguns registros na
literatura já apontaram para isso.
“Já demonstramos previamente que a pressão do esfíncter esofágico eleva-se
com a maturidade, mas ainda não foi encontrada nenhuma correlação entre
RGE e idade pós-concepcional.” (NEWELL et al. 1989, 64:784)
Entre neonatos e prematuros, a sucção-deglutição, peristaltismo esofágico,
clearance esofágico, competência do esfíncter esofagiano inferior e esvaziamento
gástrico podem ter suas funções eventualmente comprometidas, pela imaturidade.
A atividade motora do trato gastrointestinal (TGI) se inicia com 26 semanas
de vida fetal e se torna mais organizada com 33 semanas e como resultado da
incapacidade para coordenar a fase oral, faríngea e esofágica da deglutição, que se dá
entre 34-35 semanas, o RN está incapacitado para sugar alimentos até em torno de 34
semanas. Nessa época, a motilidade esofágica demonstra maior organização da
peristalse secundária à deglutição. Todas essas transformações evolutivas ocorrem
devido à maturação neurológica do controle e função dos nervos cranianos
(VANDENPLAS, 1992).
10
Quanto à função motora do esôfago, mesmo em recém-nascidos muito
prematuros, saudáveis, ela é bem desenvolvida e o tônus é suficiente para manter a
competência esofagogástrica (OMARI, 1999A). As deglutições faríngeas são bem
coordenadas com a contração propulsiva do esôfago e observa-se um relaxamento
adequado do esfíncter esofagiano inferior (OMARI et al, 1998).
O esfíncter esofagiano inferior (EEI) é uma zona de pressão intraluminal
elevada, situada no terço distal do esôfago, nos dois a três centímetros distais. Outros
elementos estão envolvidos em sua competência, como o hiato esofágico, o ângulo
de Hiss e a zona de alta pressão do esôfago distal, que se estende do abdome até o
mediastino (ANDERSON apud FONKALSRUD & AMENT, 1996). Portanto, sua
competência depende de pressão, comprimento total e comprimento exposto à
pressão anormal. A pressão inadequada, o comprimento total e a posição anormal do
esfíncter são possíveis causas para seu funcionamento inadequado. O EEI é imaturo
ao nascimento, sendo essa imaturidade mais evidente em recém-nascido (RN) de
baixo peso (NEWELL apud VANDENPLAS, 1992) e isto influencia a prevalência e
duração do refluxo. Segundo Poets (2004), o grande volume de ingesta líquida por
neonatos e lactentes jovens, associado à posição supina, favorece ao RGE, pois faz
com que a junção esôfago-gástrica esteja constantemente “embaixo de água”.
Novak (1996) e Omari et al. (1988) descreveram que o relaxamento
transitório do esfíncter esofagiano inferior (RTEEI) é o mecanismo predominante do
refluxo, também entre os neonatos prematuros. Os últimos demonstraram em vinte e
quatro recém-nascidos saudáveis, entre 31 e 38 semanas de idade gestacional, que
82% dos episódios de refluxo documentados foram relacionados a RTEEI(s),
confirmando ser este o mecanismo mais comum do RGE pós-prandial. Esse
mecanismo também se confirmou entre os RN portadores de broncodisplasia
pulmonar (BDP) (OMARI, 1999). Nos últimos anos, especialmente na última
década, vários estudos surgiram envolvendo fisiologia e fisiopatologia do RGE
patológico na população pediátrica. Entretanto, todos serviram para reforçar e
reafirmar que o mecanismo principal do RGE patológico em lactentes e crianças em
geral é o RTEEI (OMARI, 2005) e não o esvaziamento gástrico lentificado; com isto,
11
a terapia para esses bebês deve visar à redução da acidez gástrica ou a redução do
número daqueles relaxamentos do E.E.I. (DAVIDSON, 2003).
No primeiro ano de vida, o segmento intra-abdominal do esôfago é pequeno e
a localização do EEI modifica-se gradativamente, saindo da localização superior ao
diafragma para a inferior. Essa situação, associada aos relaxamentos transitórios do
EEI, pode contribuir para a freqüência do RGE entre os lactentes (WILLMOTT &
MURPHY, 2004).
A exposição esofágica ao ácido é limitada pelo clearance secundário à
deglutição e ao peristaltismo. O clearance - tempo decorrido para o pH esofágico
retornar a valores superiores a quatro após um episódio de refluxo - é bem
desenvolvido a partir da 31
a
. semana de idade gestacional. Entre os pré-termos ocorre
com menor atividade peristáltica, que persiste até o termo, com isso é diferente
quando comparado aos adultos e aos lactentes (ORENSTEIN, IZADNIA & KHAN,
1999).
O esvaziamento gástrico também sofre influência da imaturidade. Inicia-se
em torno da metade da gestação e é significativamente mais lento no período
neonatal imediato. Gupta & Brans (1978) já relataram que recém-nascidos
prematuros, aptos a serem alimentados, entre quatro e 12 horas pós-natais, após 30
minutos de oferta da alimentação, apresentavam 63% do volume ofertado dentro da
cavidade gástrica. Nas mesmas condições, recém-nascidos a termo, tinham somente
48% do alimento. O padrão de esvaziamento gástrico pode depender da dieta em uso,
segundo alguns autores. O leite humano, após 25 minutos de ingerido, tem metade do
seu volume no estômago, enquanto o mesmo volume de fórmula láctea leva 51
minutos para sair da cavidade gástrica (CAVELL, 1979). Para Vandenplas (1992),
fórmulas de igual densidade calórica, porém uma com monossacarídeo e outra com
dissacarídeo, apresentaram tempos semelhantes de esvaziamento gástrico.
Com o objetivo de descrever os padrões da atividade mioelétrica gástrica,
durante os períodos pré e pós-prandiais em RNs saudáveis e de diferentes IG,
Precioso et al (2003) concluíram que RNs prematuros e a termo apresentam padrões
12
eletrogastrográficos semelhantes durante os períodos pré e pós-prandiais, mas com
atividade mioelétrica gástrica diferente de lactentes, crianças maiores e adultos.
Também a mucosa gástrica do cárdia sofre influência da idade gestacional.
Derdoy et al (2003) constataram que a mucosa gástrica do cárdia na junção esôfago-
gástrica está presente ao nascimento e de aspecto normal, mas há uma correlação
inversa entre idade e comprimento da mucosa (p = 0,005).
A influência genética no RGE foi descrita com a identificação de um locus no
cromossoma 13 (13q14) relacionado à DRGE grave, mas não com RGE familiar.
Também pela observação do aumento da prevalência de sintomas de RGE em
parentes de pacientes com provável RGE e, ainda, entre gêmeos monozigóticos e
dizigóticos, havendo entre esses e RGE uma concordância de 19% e 4%
respectivamente (ORENSTEIN et al, 2002). Mohammed et al (2003) encontraram
uma taxa de concordância de 27% entre os gêmeos monozigóticos e de 15% entre os
dizigóticos.
2.3 O pH gástrico
O desenvolvimento estrutural do estômago está completo em torno de 15
semanas de gestação e suas células apresentam os componentes necessários para
exercer a função adequadamente, sendo a atividade parietal observada nas diversas
regiões do estômago. Portanto, o feto humano tem potencial para produzir ácido,
fator intrínseco e gastrina a partir da metade do segundo trimestre. Porém, essa
atividade é limitada em lactentes entre duas e 21 semanas de vida (KELLY &
BROWNLEE, 1993) alcançando a produção ácida semelhante à do adulto, apenas
aos seis meses de vida (BOYLE, 2003).
Em recém-nascidos prematuros, a secreção gástrica no primeiro dia de vida
gera um pH mediano de 3,7 para IG de 24-25 semanas (sem.), 2,5 para IG de 26-27
sem. e 1,8 para RN entre 28-29 sem. Alguns prematuros apresentam pH gástrico
superior a quatro nesse primeiro dia de vida, mas depois esse valor torna a se nivelar
com os demais, demonstrando haver uma tendência à elevação da acidez gástrica, no
13
primeiro dia de vida, conforme se eleva a IG. Entretanto, no segundo dia de vida, o
pH gástrico apresenta uma queda que se mantém no 3
o
. dia, mas sempre guardando
correlação negativa significativa entre IG e o valor mediano do pH (KELLY et al,
1993).
A oxigenação e/ou a hipóxia também pode interferir na acidez gástrica. Esta
foi a conclusão de um estudo com dois grupos de prematuros com idades
gestacionais diferentes, mas que estavam em oxigenioterapia. Detectou-se que o pH
médio gástrico do grupo de menor idade gestacional (IG média de 30 sem.), que
também era o grupo que mais necessitava de oxigênio, foi 4,4, enquanto o pH dos
recém-nascidos de maior IG (32 sem.) foi 2,7. A diferença entre ambos foi
considerada significativa, concluindo que recém-nascidos que estão em hipóxia, sob
necessidade de oxigenioterapia, apresentam pH mais elevado, mas a suplementação
de oxigênio não modifica esta situação (WHESTINE et al, 1995).
Omari & Davidson (2003) descreveram como a técnica de alimentação de um
recém-nascido (RN) pode interferir na análise do pH gástrico. Por meio da pHmetria
intragástrica, realizada em 15 recém-nascidos prematuros com IG média de 36
semanas e peso médio de 2614g, recebendo cota hídrica oral de 22 a 30 mL/Kg/vez
de LM (13 crianças) ou fórmula (2 crianças), observaram que a técnica da gavagem
produz um padrão característico de elevação rápida do pH gástrico ao início com
uma re-acidificação a seguir.
Quanto ao possível efeito da alimentação láctea em recém-nascidos sobre o
tempo de pH gástrico inferior a quatro, Mitchell et al (2001) afirmaram que este
tempo é pequeno e oscila entre 24,5 e 42,4% e, em função desse valor, uma proposta
foi de que ao ser realizada a monitorização do pH esofágico, fosse identificado um
índice de refluxo corrigido, que seria obtido pelo tempo percentual de pH esofágico
inferior a quatro, quando o pH do estômago também estivesse inferior a 4. Para Poets
(2004), o pH gástrico em RN e lactentes prematuros está superior a 4 em mais do que
90% do tempo de monitorização, tornando quase impossível detectar RGE por meio
da pHmetria.
14
2.4 Manifestações Clínicas
A importância clínica da DRGE nos recém-nascidos ocorre , em parte, devido
ao momento em que a doença surge. Muitos neonatos já estiveram gravemente
doentes, mas quando ela se manifesta, encontram-se apenas em fase de recuperação
nutricional, aguardando o momento da alta hospitalar. As pausas ou apnéias,
fenômenos vasomotores, palidez, regurgitações ou até eventos mórbidos com hipóxia
grave, relacionados aos horários das alimentações ou minutos após, surgem como um
novo problema, por vezes ameaçador. Quando internados e monitorizados, pode-se
perceber de pequenas a grandes alterações na saturação de oxi-hemoglobina e/ou na
freqüência cardíaca. As pausas e apnéias são os sintomas mais freqüentes nos casos
de aparente risco de vida e, quando devido ao refluxo, podem ser explicadas por
laringoespasmo com conseqüente obstrução de vias aéreas e da deglutição,
imediatamente após esta regurgitação, para as vias aéreas superiores (AMIN, 2000).
Para um grupo de pais, avaliados através de questionário, os sintomas que
sugerem DRGE, nos lactentes, são os movimentos de tronco e pescoço para trás,
engasgos, soluços, eructações, irritabilidade, recusa alimentar, vômitos e
regurgitações, (DEAL, 2005).
As manifestações clínicas da DRGE em recém-nascidos podem ser
representadas por regurgitações e/ou vômitos, pneumonias, broncoaspiração, mas a
sintomatologia com expressão mais significativa é a que envolve os eventos
cardiorrespiratórios, particularmente em RN prematuros. São episódios como apnéia,
bradicardia ou taquicardia, palidez, cianose, alterações perfusionais, enfim,
manifestações que caracteristicamente podem compor o quadro clínico de inúmeras
enfermidades no período neonatal. Já foram descritas alterações no neonato como
retração da cabeça e movimentos de ruminação, sendo mais freqüentes na
observação dos autores do que regurgitação, soluços, eructações, tosse ou engasgos
(SNEL et al, 2000). Portanto, DRGE em neonatologia é um diagnóstico difícil,
principalmente pela inespecificidade do quadro clínico.
15
Todas as manifestações clínicas correlatas à DRGE podem estar relacionadas
não somente à acidez esofágica, mas com a presença de um elemento estranho no
esôfago, por distensão da cavidade ou por mecanismos reflexos laríngeos, conforme
sugerido por Amin (2000) e Orenstein, Izadnia & Khan (1999).
O termo ALTE (apparent life-threatening event) é freqüentemente citado em
estudos sobre DRGE em recém-nascidos e lactentes jovens e representa um episódio
caracterizado por combinação de apnéia, alteração na coloração cutâneo-mucosa
(cianose, rubor, palidez), no tônus (hipotonia) ou engasgos que requeiram
intervenção imediata do cuidador ou de quem esteja diante da criança. Em geral,
esses episódios iniciam entre um e dois meses de vida, raramente após os oito meses.
Podem ser causados por infecções, anormalidades cardiovasculares, neurológicas e
ainda por obstrução respiratória alta ou apnéia central, assim como por RGE
(NASPGAN, 2001).
A relação entre ALTE (“eventos com aparente risco de morte” ou “eventos
aparentemente ameaçadores à vida”) e a Síndrome da Morte Súbita podem estar no
fato de ambos ocorrerem em crianças de mesma faixa etária. A importância do RGE
nessas duas situações clínicas é a sugestão de sua participação na etiologia daqueles
eventos. Mas o RGE pode também ter efeito protetor e não somente ameaçador para
a vida, pois estimula os receptores laríngeos, assim como os ruídos, os gases, a
iluminação, os estímulos mecânicos, químicos ou térmicos, podendo induzir outras
reações, que protegem a via aérea (VANDENPLAS et al., 2000).
A relação entre RGE e apnéia em recém-nascidos e lactentes jovens é
controversa, pois há os que sugerem que o RGE precede a apnéia e, ainda, aqueles
que não reconhecem a correlação entre ambos. Quando o grupo etário envolvido é o
dos neonatos, surge a possibilidade de que RGE e sintomas respiratórios tenham
relação direta ou possam coexistir secundários à imaturidade central do controle da
via área superior e do EEI (GRANT & COCHRAN, 2001).
Marino et al. (1995) encontraram prevalência de 63% de refluxo
gastroesofágico entre um grupo de recém-nascidos prematuros, sendo que 47%
16
apresentavam apnéia obstrutiva durante os episódios de refluxo. Herbst et al. (1979),
Spitzer et al.(1984), Veereman-Wauters et al. (1991) também demonstraram essa
relação temporal – a importância do refluxo na etiologia das apnéias obstrutivas. Mas
essa relação temporal pode ser controversa, de acordo com Kahn et al., (1990) e
Ajuriaguerra et al.(1991) que não conseguiram demonstrar a associação. Arad-Cohen
et al. (2000) registraram que 81% do total das apnéias avaliadas em 67 estudos
simultâneos de pH esofágico e polissonografia, não estiveram relacionadas ao
refluxo.
Com objetivos praticamente semelhantes, Wenzl et al (2001) estudaram a
relação temporal entre apnéia e refluxo pela impedância intraluminal,
simultaneamente à monitorização do pH esofágico e polissonografia. Com esta
combinação, identificaram 29,7% das apnéias correlacionadas ao refluxo e, dessas,
somente 22,4% foram com acidez documentada, havendo uma associação importante
entre o tempo de apnéia e duração do refluxo (p < 0.001). Com esse estudo os
autores demonstraram a existência de episódios de apnéia temporalmente
relacionados ao refluxo, mas de pH não detectado pela técnica convencional e
reiteraram a importância de encontrar-se uma alternativa que envolva os episódios de
refluxo com pH superior a quatro. Peter et al (2002), com o mesmo objetivo de
estudar a relação entre apnéia da prematuridade e RGE, submeteram 19 recém-
nascidos com idade cronológica de 26 dias e IG média ao nascimento de 30 semanas,
a impedanciometria por 6 horas, além de monitorização cardiorrespiratória.
Concluíram que o RGE não apresenta papel importante na fisiopatologia da apnéia
“idiopática” da prematuridade e que os eventos cardiorrespiratórios e RGE, apesar de
comuns nesses bebês, não parecem apresentar correlação temporal, com algumas
exceções. Também Mousa et al (2005), com o objetivo de determinar se RGE e
apnéia estão associados e ainda determinar se a associação difere entre RGE ácido e
não ácido, submeteram lactentes com histórico de apnéias à pneumografia ,
monitorização do pH esofágico e impedância intraluminal. Encontraram pouca
associação entre apnéias e total de refluxos e, também, entre os 80 episódios não
houve diferença significativa entre ácidos e não ácidos (37 ácidos x 43 não ácidos).
17
Apesar da apnéia, em alguns recém-nascidos, não estar comprovadamente
relacionada ao RGE, as medicações anti-refluxo podem reduzir sua freqüência e há
interferência negativa das metilxantinas no tratamento do refluxo. Essas descrições já
foram apontadas por Newell et al. (1989) em um grupo de RNs com apnéia resistente
à xantina. Para diferenciar o aspecto clínico, Menon et al (1985), estudando
regurgitação pós-alimentar e apnéia em lactentes, afirmaram que os episódios mais
curtos de apnéia eram mais freqüentes quando durante a regurgitação, enquanto os
mais longos, não.
Há um aspecto forense na relação do RGE com outras doenças ou eventos,
quando evidências clínicas e experimentais sugerem que determinadas aspirações
pulmonares encontradas em necrópsias, resultam de processo agônico. Estudo
recente demonstrou que lactentes quando estão “próximos à morte”, em estados
agônicos, por diversas enfermidades, são capazes de, por mecanismos próprios de
defesa, “autoressuscitarem”, produzindo rápida e completa recuperação. Porém, em
modelos animais, quando ocorre aspiração de água ou solução salina para o interior
das vias aéreas, a “autoressuscitação” não ocorre. Com isto, a aspiração de conteúdo
gástrico deve ser considerada como um dos fatores que contribuem para a Síndrome
da Morte Súbita, uma vez que, tal como nos modelos animais, poderia inibir a
autoressuscitação (THACH, 2000).
Outra entidade clínica também apresenta associação discutível com a DRGE,
a doença pulmonar crônica neonatal ou broncodisplasia pulmonar. Nesses casos, a
terapêutica com a inclusão de medicação anti-refluxo pode reduzir as manifestações
da doença pulmonar. Porém, Sindel et al. (1989) compararam 14 RN com e 13 sem
doença pulmonar crônica e identificaram, entre os doentes, uma freqüência menor de
refluxo ácido no esôfago proximal. O RGE é freqüentemente arrolado na
etiopatogenia da broncodisplasia e na sua recuperação. Uma explicação viável é que
as contrações do diafragma pela taquipnéia possam interferir na pressão intratorácica
e reduzir o refluxo. Em outro estudo, 28 recém-nascidos com broncodisplasia foram
submetidos à pHmetria esofágica por 24 horas e aqueles que apresentavam duração
média prolongada de episódios de refluxo durante o sono, beneficiaram-se de
terapêutica anti-refluxo (JOHNSON & JOLLEY, 1981). Os autores sugerem um
18
critério para identificar sintomas respiratórios por refluxo, adotando a observação na
pHmetria de refluxo durante o sono com duração média prolongada.
Mais recentemente, Sundaram et al (2005) descreveram alta incidência de
RGE em população com Disautonomia Familiar (DF) e acrescentam que o RGE
independe da gravidade da disfunção. Portanto, no contexto de RN ou lactente jovem
com crises que possam sugerir DF, há que se avaliar o RGE como co-morbidade.
Uma vez havendo a suspeita clínica de DRGE e outras doenças poderem ser
responsáveis pelo quadro clínico, rotineiramente, os recém-nascidos são submetidos
a uma seqüência de investigações no intuito de se excluir essas outras enfermidades,
como as oriundas do sistema nervoso central, as respiratórias, hemodinâmicas e
infecciosas. Após a exclusão dessas, a hipótese do refluxo gastroesofágico adquire
maior importância e, na maioria dos centros, os bebês recebem terapêuticas
específicas, nem sempre com o diagnóstico confirmado.
Há situações clínicas específicas, em neonatologia, que podem estar
associadas à DRGE, como as úlceras por stress, intolerâncias alimentares e a apnéia
ou bradicardia. Para todas essas situações é sugerido que a pHmetria seja realizada
ao início e ao término da sintomatologia (NASPGHAN, 2003B).
2.5 Diagnóstico
2.5.1 Monitorização contínua do pH esofágico (MCpHE) ou pHmetria esofágica
A monitorização do pH esofágico tem seu histórico traçado a partir de 1958,
quando Tuttle & Grossman desenvolveram um eletrodo para pH gástrico, datando
dessa época os primeiros testes de provocação. Inicialmente os exames foram
realizados em adultos com sintomatologia de pirose ou dor torácica não cardiogênica
provocando, através destes testes, a identificação de sintomas semelhantes aos
referidos por eles. O “Tuttle test”, como ficou conhecido, foi utilizado por um grande
período.
19
O teste de Bernstein, outro teste para avaliação de refluxo já utilizado,
consiste da passagem de uma sonda nasogástrica até 30 cm além das narinas e
infunde-se por meio dela uma solução salina na velocidade de 100 a 120
gotas/minuto por 15 minutos. Posteriormente, sem que o paciente seja informado, a
solução é misturada com solução 0,1N de HCl e reinfunde-se. A resposta sintomática
positiva é notada por um período de 30 minutos. A sensibilidade dessa prova foi
descrita como sendo de 46% para a presença de esofagite (BREMNER &
BREMNER, 1995).
Outro teste de provocação, o teste padrão de refluxo ácido, descrito por
Skinner em 1965 (apud FONKALSRUD & AMENT, 1996), também utiliza a
infusão, porém com algumas diferenças. A técnica consiste em introduzir 300 mL de
solução 0,1N de HCl em bolus dentro do estômago e posiciona-se um eletrodo para
pH, 5 cm acima da junção gastroesofágica. Posteriormente, avalia-se os episódios de
refluxo ácido (queda abaixo de 4) espontâneos e após manobras (Valsalva, respiração
profunda, tosse e outras). O teste é considerado positivo se o refluxo ocorre por mais
de 2 vezes além das possibilidades provocadas (PETERS & DeMEESTER, 1993).
Foi apontado como sendo um teste de valor para pacientes com acloridria e descrito
ter sensibilidade de 59% (BREMNER & BREMNER, 1995).
Em 1968, Booth descreveu o teste do clearance ácido, um teste de
provocação associado a eletrodo para pH e manometria, com o eletrodo posicionado
a 5 cm da junção gastroesofágica. A partir daí, instila-se pelo catéter com guia da
manometria, 15 mL de solução 0,1N de HCl em bolus até 10 cm acima do eletrodo.
Instrui-se o paciente a engolir a cada 30 segundos. O clearance é considerado ruim
quando são necessárias mais de 10 deglutições para que o ácido seja eliminado do
esôfago. Esse teste é de baixa sensibilidade para esofagite (BREMNER &
BREMNER, op.cit.; PETERS & DeMEESTER, 1993).
A MCpHE foi introduzida em 1974 por Johnson e DeMeester (JOHNSON &
DeMEESTER, 1986), em pacientes adultos e possibilita documentar a exposição
esofágica à acidez gástrica por meio de registro contínuo do pH esofágico durante 24
horas, utilizando um eletrodo aí posicionado. Com esse método, todos os demais
20
testes foram sendo menos utilizados por baixa especificidade e sensibilidade. A
técnica inicial não sofreu grandes modificações. O esfíncter esofagiano inferior
identificado por manometria e o eletrodo esofágico posicionado 5 cm acima dele.
Um outro eletrodo, de referência, é posicionado nos membros ou abdome do paciente
e ambas as extremidades conectadas ao aparelho. Já em 1976, DeMeester et al,
obtiveram valores de normalidade a partir de 15 pacientes assintomáticos,
conceituando-se o refluxo fisiológico como aquele pós alimentar, comum em posição
ortostática e de curta duração devido ao clearance mais rápido.
O RGE já foi detectado em pacientes pediátricos, utilizando a medida do pH
esofágico por meio do Tuttle test, mas testes de perfusão ácida foram de uso limitado
em crianças muito pequenas, pois necessitavam de que elas colaborassem e de que
fossem capazes de descrever os sintomas provocados pelos mesmos. Utilizando um
eletrodo para pH, progrediam-no até o estômago, encontrando um pH inferior a 3 e,
em seguida, tracionava-se o mesmo até 4 cm acima do EEI. Posteriormente,
instilavam 300 mL/ 1,7 m
2
de solução 0,1 N de HCl por gavagem, monitorizando o
pH por 30 minutos ou detectando um único episódio maior que 10 minutos. A
mesma técnica foi utilizada com um suco de maçã de pH = 3,9. Após a ingestão, os
pacientes foram submetidos a manobras para estimular a eructação e posteriormente
o pH esofágico foi monitorizado por 30 minutos (MEYERS et al, 1985). Arasu et al.
(1980) avaliaram 30 crianças com suspeita clínica de RGE, ainda utilizando o teste
de refluxo ácido.
Boix-Ochoa, Lafuente & Gil-Vernet (1980) analisaram 123 crianças com
idade entre 6 meses e 6 anos através da MCpHE por 24 horas. Descreveram a técnica
posicionando o eletrodo a 2,5 cm do EEI; utilizaram um diário de exame preenchido
pela enfermeira e, posteriormente, analisaram os dados. As crianças foram avaliadas
em diferentes posições (supina, prona e sentada) e o score final foi o total de todos os
componentes avaliados conjuntamente. Essas observações permitiram aos autores
afirmar que o refluxo fisiológico, em crianças assintomáticas, está presente em todas
as posições, sendo que em posição supina, o número de episódios é maior e, quando
sentada, é menor e com o clearance mais rápido.
21
Sondheimer (1980) submeteu 17 lactentes com RGE, documentado por
seriografia, à MCpHE e encontrou tempo percentual médio com pH inferior a 4,0
igual a 18%, estando o grupo controle com valor de 1,7%, demonstrando sua
capacidade em identificar e diferenciar os casos patológicos dos controles.
Euler & Birne (1981) submeteram 22 crianças assintomáticas e 27
sintomáticas, entre 1 mês e 108 meses, a estudo do pH esofágico por uma hora. A
partir deste estudo, determinaram que o número de episódios com pH inferior a
quatro e o número de episódios com duração superior a cinco minutos poderiam
integrar fórmula matemática para definir quem apresentava e quem não apresentava
RGE patológico. Assim, determinaram que número de episódios com pH inferior a
quatro seria “X” e o número de episódios com duração superior a cinco minutos seria
“Y” e conforme os resultados abaixo, é possível por mais uma vez, identificar os
doentes e os não doentes:
X + 4 (Y) = 50 RGE
X + 4 (Y) < 50 não é RGE
Meyers et al (1985) compararam cinco testes para detecção de RGE em
pacientes positivos e controles, identificando que a monitorização do pH esofágico
era o que menor índice de falso negativo apresentava, assim como confirma o maior
número de casos. O método é referido como tendo sensibilidade de 87% e
especificidade de 97% para Johnsson et al (1987); sensibilidade de 93,3% e
especificidade de 92,9% para Schindlbeck et al. (1987) e sensibilidade de 93,3% e
especificidade de 90,4% para Madan et al (2005).
Alguns autores já afirmaram a magnitude da pHmetria e a importância do
método.
“O teste mais sensível e específico para o diagnóstico de RGE.”(FONKALSRUD &
AMENT, 1996:29)
“Em nossa experiência, monitorização contínua do pH esofágico durante 24 horas é
100% eficaz em diagnosticar refluxo quando o pH gravado é menor do que 4,0, por
mais que 5% do total de tempo monitorizado.”( op.cit.: 33)
22
“É o único teste que documenta diretamente se o RGE está ocorrendo, sua duração
e que avalia a importância do clearance esofágico.”(BOIX-OCHOA, LAFUENTE
& GIL-VERNET, 1980)
A reprodutibilidade do exame foi avaliada por Wiener et al (1988), para
tempo percentual com pH inferior a quatro (89%). Os resultados de duas MCpHE
realizadas na mesma criança sob mesmas condições, apresentaram resultados com
divergências sutis. Hampton, MacFadyen, & Simpson (1990) monitorizaram 13
lactentes por 24 horas e os submeteram a novo exame, em outra ocasião, também por
24 horas. Os exames apresentaram pequenas diferenças entre si. Os pais das crianças
informaram que havia dias em que elas regurgitavam muito, assim como em outros, a
sintomatologia era fugaz.
O método avalia a capacidade do esôfago em limpar o refluxo ácido,
correlaciona episódios e sintomas e já foi reconhecido como um bom método para
medir a exposição esofágica ao ácido, em crianças e adultos, sendo um teste que
concilia boa sensibilidade e especificidade para o diagnóstico de doença do refluxo
gastroesofágico (FONKALSRUD & AMENT, op.cit.).
O exame deve ter a duração de 24 horas. Já foi confirmado que as
manifestações respiratórias do refluxo são indiscutivelmente mais importantes no
período noturno, com episódios mais longos inclusive. Isso reforça a indicação do
exame por 24 horas, pois se optar por monitorização do pH apenas em parte do dia,
pode-se excluir um momento importante na apresentação da doença (JUNQUEIRA
et al, 1997).
A técnica da MCpHE permaneceu evoluindo e, nos últimos anos, detecta e
quantifica refluxo, além de incorporar ao exame, o ritmo diário do indivíduo e sua
influência sobre a função esofágica.
“A monitorização do pH esofágico é uma técnica de investigação, em condições
fisiológicas, capaz de estabelecer valores normais para refluxo gastroesofágico em
lactentes assintomáticos. (VANDENPLAS & SACRÉ-SMITS, 1987: 222)
23
a) Por que o pH 4?
O pH é o símbolo do logaritmo inverso da concentração de hidrogênio ionte.
Foi primeiramente definido em 1909 por Sorensen. Uma solução com pH 1 contém
10 vezes mais íons hidrogênio do que uma solução com pH 2. O pH 7 é considerado
neutro porque a concentração de íon hidrogênio iguala-se à concentração de íons
hidroxila.
No trato gastrointestinal, encontra-se pH de 1 a 8. O pH do esôfago é
resultante da saliva deglutida e da secreção de bicarbonato local, estando com um
valor de 5 a 7. A secreção gástrica é responsável por um pH em torno de 1 a 2 e
raramente maior que 3. O conteúdo duodenal, bicarbonato pancreático, muco
duodenal e secreção biliar contribuem para um pH em torno de 6 a 8. Devido ao
esôfago normal ter em 94% das vezes um pH intraluminal entre 4 e 7, além dos
sintomas que foram detectados com valores menores, o valor 4 tornou-se o padrão
mais comumente utilizado para detectar a exposição ácida esofágica aumentada
(BREMNER & BREMNER, 1995).
Inicialmente o ponto de corte para a determinação do refluxo ácido ficou em
4, porque Tuttle, em 1958, demonstrou início de pirose ocorrendo em adultos quando
o pH esofágico caía abaixo de 4,0 (PETERS & DEMEESTER, 1993). Além disso, a
atividade péptica é mínima no pH 4 (20%) e ausente no pH 5 ou acima (JOHNSON,
1981). Johnson & Jolley, (1981) haviam estabelecido que o ponto de corte do pH em
4,0 era bom para a diferenciação dos sintomáticos. Não se registra um valor
específico para RN a termo ou pré-termo.
Schindlbeck et al (1991) propuseram outros pontos de corte como 3,0; 3,5;
4,5 e 5,0, mas encontraram em seus 74 pacientes um valor máximo de sensibilidade
(89%) quando utilizaram o valor 4,0 (padrão). Entretanto, afirmaram que elevando os
limites do normal, tiveram pouco efeito na exatidão da pHmetria na DRGE.
24
b) Por que 24 horas?
Euler & Birne (1981) com avaliação do pH esofágico por uma hora,
afirmaram que o exame era específico, pois quem era assintomático não havia
apresentado RGE, porém perdia em sensibilidade pois ocorreram 6 falsos negativos.
Graff et al. (1994) monitorizaram 25 lactentes por 12 horas, encontrando 11 com
RGE. Submeteram os 11 a exame por uma hora - “Tuttle test”. Dos 11, somente 6
evidenciaram RGE com o exame de curta duração. Estudo comparativo entre 6 horas
de avaliação e 24 horas determinou que o valor preditivo positivo do exame por curto
período foi de 50 % em menores de 12 meses (BARABINO, A. et al, 1995).
Junqueira et al (1997) realizaram a comparação da positividade do exame nas
primeiras 6, 10, 12 horas e período noturno em 54 monitorizações esofágicas,
utilizando como “padrão ouro” as 24 horas de exame dos mesmos pacientes;
encontraram para 6 horas, seis “falsos” positivos e dois “falsos” negativos; com 10
horas, três “falsos” positivos e três “falsos” negativos; nas 12 horas, dois “falsos”
positivos e dois “falsos” negativos; no horário noturno, três “falsos” positivos e
quatro “falsos” negativos. Demonstraram que quanto maior era o período de
monitorização, maior a positividade do exame. Também que o horário noturno não
podia ser excluído dos pacientes que apresentavam sintomas respiratórios.
c) Eletrodo
O eletrodo ideal deve ser pequeno, firme o suficiente para se manter na
mesma posição durante todo o exame, deve ter resposta rápida entre pH 7 e pH 1, ser
minimamente afetado pela temperatura, de custo não muito elevado, descartável, de
fácil calibração e esterilização. Existem eletrodos de vidro e de antimônio. O de
antimônio é de menor custo, com vasta utilização clínica e mais capacitado para ter
seu tamanho reduzido. Entretanto, o de vidro é de qualidade superior. Em relação ao
eletrodo de antimônio, é orientação do fabricante que não o utilize intratraqueal por
poder ocasionar choque (BREMNER & BREMNER, 1995). Entre os estudiosos há
quem utilize o de antimônio e há quem utilize o de vidro. Entretanto, para MCpHE
25
com a utilização de “sonda” com dois canais, somente os de antimônio estão
disponíveis.
A posição do eletrodo é discutida, estando a 2 cm (NEWELL et al., 1989), 3
cm (SONDHEIMER & HAASE, 1988; PRADEAUX, BOGGIO & GOUYON,
1991), 4 cm (MEYERS, 1985), 5 cm (JOHNSON, 1981; PETERS & DEMEESTER,
1993) ou a 6 cm (JEFFERY & HEACOCK, 1991; JEFFERY & PAGE, 1995) da
borda superior do EEI. Passando por Arasu et al (op.cit.) que posicionaram o
eletrodo a 87% da distância estimada entre as narinas e EEI; ou ainda Euler &t Birne
(1981) que posicionaram a 13% da distância estimada entre a boca e o EEI. Quanto
mais próximo o eletrodo estiver da junção esofágica, mais episódios de refluxo serão
detectados (SONDHEIMER & HAASE, 1988).
A localização estimada do EEI foi determinada pela avaliação em indivíduos
normais, inclusive crianças, por fórmula matemática correlacionada com o
comprimento do indivíduo (STRÖBEL et al, 1979). A distância entre as narinas e a
extremidade distal do esôfago, que recebeu o nome de fórmula de Ströbel, é
calculada conforme abaixo:
Ströbel = comprimento (cm) x 0,252 + 5
A fórmula de Ströbel é utilizada para se estimar a posição do EEI em vários
estudos com crianças, inclusive com recém-nascidos (NG & QUAK, 1998;
ARIAGNO et al., 2001; Jeffery & Page, 1995). Entretanto, há uma discordância
quanto à exatidão para com RN de comprimentos inferiores a 40 cm, sugerindo que
abaixo desta medida, a fórmula de Ströbel não contempla adequadamente a distância
das narinas ao EEI (TORTORI, 1998; OMARI et al., 1999B).
Outra opção, também de importante utilização, é a determinação da posição
do EEI pela manometria. O EEI pode ser confirmado por manometria esofágica e, a
partir desta localização, tracionar-se o eletrodo ao ponto que se deseja estudar
26
(NEWELL et al., 1989). Exatamente com a manometria em prematuros foi que
Omari et al (1999B) afirmaram que a fórmula para estimar a distância entre narinas e
EEI, para este grupo etário, não apresentava boa adequação. Isso porque aquela
correlação linear entre comprimento corporal e comprimento do esôfago, descrita por
Ströbel et al (1979) e posteriormente por Staiano e Clouse (1991), não foi encontrada
nos recém-nascidos por eles estudados. Concluíram, então, que outra fórmula deveria
ser obtida para esse grupo.
Emmerson et al (2002) estudaram 26 lactentes prematuros, com idade
gestacional inferior a 35 semanas e utilizaram a fórmula de Ströbel, manometria e
interface alcali-ácido para estimar a posição da sonda e, ao final, a confirmação da
posição por radiografia (RX) de tórax. Os resultados do estudo evidenciaram
correlação positiva significativa entre o cálculo do posicionamento do eletrodo,
utilizando a fórmula e confirmação ao RX de tórax e também correlação positiva
significativa, utilizando a interface álcali-ácido com confirmação ao RX de tórax.
Finalmente, não houve correlação entre a manometria e posição no RX de tórax.
Concluíram, então, que a fórmula de Ströbel é um método eficaz para auxiliar no
posicionamento exato da sonda em lactentes prematuros.
Jeffery & Page (1995) utilizaram a fórmula de Ströbel, mas progrediram o
eletrodo até o estômago, onde encontraram pH de 1 a 2, e tracionaram lentamente até
onde teriam calculado inicialmente a fixação, não fazendo confirmação da posição.
Concluíram que pelos centímetros que tracionavam, a localização era a desejada.
“O eletrodo é posicionado 6 cm acima do esfíncter esofágico inferior o que nos
recém-nascidos a termo está em 66% (± 1,1 SD) do comprimento entre as narinas e
EEI e em 64% (± 1,7 SD) quando nos RN prematuros de acordo com a fórmula de
Ströbel.”(JEFFERY & PAGE, 1995: 246)
Com o estudo de Jeffery & Page (op.cit.), a posição ideal no recém-nascido a
termo ficou a 66% da extensão entre narinas e EEI, ou seja, 66% do resultado final
da fórmula de Ströbel, e a posição para o pré-termo em 64% dessa extensão.
Seguindo um exemplo hipotético de um recém-nascido a termo medindo 50 cm e um
prematuro medindo 40 cm, temos:
27
RN termo: Ströbel = 50 x 0,252 + 5 = 17,6
66% de 17,6 = 11,6 onde 17,6 - 6 = 11,6
RN pré-termo: Ströbel = 40 x 0,252 + 5 = 15
64% de 15 = 9,65 onde 15 - 5,35 = 9,65
Nos exemplos, os valores subtraídos da fórmula de Ströbel não foram
idênticos, seis no RN a termo e 5,35 no pré-termo.
“...como o esôfago cresce em comprimento durante o primeiro ano de vida, fixar a
posição para esta faixa etária seria um erro.” (VANDENPLAS, 1992: 84)
Portanto, estabelece-se que, em crianças, a posição do eletrodo seja definida
pela fórmula de Ströbel, subtraindo 3 ou 5 cm (VANDENPLAS & SACRÉ-SMITS,
1987; PRADEAUX, BOGGIO & GOUYON, 1991).
Nos estudos com monitorização contínua simultânea do pH esofágico e
gástrico (MCpHEG), a posição do eletrodo gástrico não é padronizada, havendo
estudos em crianças em que se posiciona na grande curvatura – no antro (HEGAR et
al., 2000) e estudos em adultos com eletrodo no corpo gástrico (ZENTILIN et al.,
2003).
Para o correto posicionamento do eletrodo no esôfago, é necessário
confirmar, com a radiografia simples do tórax, que a extremidade do eletrodo, a parte
sensível deste, encontre-se ao nível da terceira vértebra acima do diafragma, de
modo que seu posicionamento não deva ser mais próximo da extremidade superior
desta vértebra nem abaixo dela. (Figura 1) Afirma-se que esse procedimento poderia
deixar de captar ou registrar os episódios que ocorressem nos 2-3 cm distais do
esôfago, subestimando-se os episódios de refluxo. Entretanto, há uma opção por
captar episódios de maior relevância em detrimento de curtos eventos de relevância
duvidosa (VANDENPLAS, 1992).
28
Figura 1: Extremidade do eletrodo posicionada no nível da terceira vértebra acima
do diafragma.
Fonte: VANDENPLAS, 1992
d)
Ga ) e European Society of Pediatric
Gastroent
metodologia
da monitorização do pH esofágico e interpretação dos dados para o diagnóstico de
RGE, que
co
nidade dos resultados.
de
modo q
Protocolo padrão da North American Society of Pediatric
stroenterology and Nutrition (NASPGAN
erology and Nutrition (ESPGAN)
A ESPGAN, em 1992, determinou um protocolo padrão para a
vem sendo utilizado amplamente, com pequenas atualizações posteriores
mo a descrita em 2001 pela NASPGAN, conforme segue abaixo:
A técnica de realização do estudo e a escolha do equipamento exercem
influência na fidedig
Peso e tamanho devem ser os menores possíveis.
A freqüência da amostragem deve ser de 6 a 10 medidas por minuto,
ue não se perca um curto episódio, ou a cada 4 – 8 segundos.
É preferível que se use um diário de exame que possa ser anotado por
pais ou equipe de enfermagem. Ele deve ser o mais preciso possível e conter
informações sobre posição do paciente, alimentação e atividade durante o período.
29
O visor deve demonstrar a hora correta com minutos, assim como o pH
daquele m
verem ocorrido previamente ao início do exame.
ia. Os de antimônio são sempre equipados
com um
ão
suficientemente pequenos e estão indicados para os prematuros.
r posicionado corretamente, aplicando-se a fórmula
de Ströbel, manometria e endoscopia. Posicioná-lo em torno da 3
a
vértebra
corporal acim
res de secreção de hidrogênio deverão ser suspensos três a
quatro dias antes do exame; anti-ácidos convencionais, interromper no dia do
exam ntes.
A fórmula de Ströbel fornece em centímetros a distância entre as
nari
5 minutos (RGE > 5 min)e a duração do mais longo episódio, expressam o mesmo
omento.
O sistema de gravação não deve ser acionado se a calibração nas
soluções de pH 1,0 e 7,0 não ti
Os eletrodos de vidro são os mais populares, embora os monocristalinos
de antimônio tenham sido utilizados com freqüência. Os de vidro podem ter um
eletrodo interno ou externo de referênc
eletrodo cutâneo de referência. Estes têm fidedignidade suficiente para a
maioria das aplicações clínicas. Os mini-eletrodos de antimônio s
O eletrodo pode se
a do diafragma.
Bloqueado
e e, procinéticos, 48 horas a
nas e o EEI. Sendo calculada assim: 0,252 x comprimento do paciente + 5.
O ponto sensitivo do pH no eletrodo de antimônio é na lateral cerca de
5 mm acima da extremidade.
A gravação do exame deverá iniciar somente após 30 minutos da
inserção da sonda, em virtude da salivação produzida pela presença de um corpo
estranho na faringe.
e) Interpretação dos dados
Preferencialmente, deve ser utilizado para a análise dos dados um software
bem validado em microcomputador. Os parâmetros considerados satisfatórios para
análise em crianças são: o traçado do estudo; o tempo percentual com pH inferior a 4
(T% pH < 4); o número de episódios de refluxo, o número de episódios maiores que
30
fenômeno. Também poderão ser analisados o tempo e a duração dos episódios de
todo o período; períodos de sono e acordado; jejum, pós prandial e alimentar;
posição corporal. Ainda índice oscilatório e área sob pH inferior a 4
(VANDENPLAS, LEPOUDRE & HELVEN, 1990).
Vandenplas & Sacré-Smits (1987) descreveram a MCpHE em 285 crianças
normais com idade entre 5 dias e 15 meses de idade, definindo padrão de
normalidade e inclusive verificando a presença do RGE em crianças assintomáticas.
Vandenplas et al (1991) submeteram 509 lactentes saudáveis à MCpHE por 24 horas,
como triagem para risco de “Síndrome da Morte Súbita do Lactente”. Esses trabalhos
alguns apa emolog e Gastrograph)
utilizam os seus valores por percentis, mantendo-se como referência até os dias de
hoje. O aix e 15 cial ando se
estuda a M ecé su l.
E tual com pH inferior a quatro, duração do
episódio mais longo (em segundos), número de refluxos por 24 horas, número de
episódi
Tabela 1: Valores médios e desvios-padrão dos parâmetros de Vandenplas & Sacré-
os/24h RGE >
5min
geraram curvas de percentis e padrão para estudos posteriores. Os softwares de
relhos em uso no mercado (Digitrapper, M
grupo de mais b a idade, entre 5
-nascidos. Seus re
dias, é de espe valor qu
um referenciaCpHE em r m ltados servem como
m seu estudo, foi avaliado tempo percen
os maior que 5 minutos (Tabela 1).
Smits (1987) em recém-nascidos de 5 - 15 dias.
T % pH E < 4,0 Episódio mais
longo (segundos)
Episódi
1 6,51) 0,64 (±0,51) ,2 (± 0,91) 230 (±115) 7,73 (±
v )
Johnson (1981) encontrou os seguintes valores no percentil 95 entre adultos
assinto
go - 17 minutos;
alores em média (± desvio-padrão
máticos:
Tempo percentual com pH inferior a quatro - 3 e 4%;
Número de episódios de refluxo - 31;
Número de episódios superiores a 5 minutos - 2;
Duração do episódio mais lon
31
Refluxos por hora - 1 a 4;
Clearance - 2 a 6
A melhor medida, isoladamente, para diferenciar o refluxo normal do
patológico é o tempo total de exposição ao pH ácido (SCHINDLBECK et al, 1987)
ou seu
score d
tempo
GOYVAERTS & HELVEN, 1991).
, JOELSSON &
endo esse valor como referencial. A NASPGAN
(2001) recomenda que o limite superior para o índice seja o valor de 12% para
criança
idade do esôfago para realizar a “limpeza” do conteúdo ácido, tanto
por esvaziamento mecânico, quanto por neutralização é função do clearance e é
medida
correspondente percentual, sendo esse parâmetro tão bom ou melhor do que o
e DeMeester (VANDENPLAS, 1992). Há correlação muito próxima entre o
percentual e os demais parâmetros obtidos com a MCpHE (VANDENPLAS,
Descreve-se que o percentual de tempo de exame em que o pH é menor do
que 4 é o dado que, quando alterado, é o mais indicativo de refluxo. Ele reflete a
exposição acumulativa do esôfago ao ácido. O tempo total de exposição ao ácido está
bem correlacionado com doença grave.
“O percentual de tempo com pH inferior a quatro e o mais longo episódio de
refluxo, quando combinados, resultam em sensibilidade de 87% e especificidade de
97% . Sendo que o tempo percentual total de pH < 4,0 é o parâmetro isolado de
maior poder de diagnóstico de certeza (85%).” (JOHNSSON
ISBERG, 1987: 1147)
Para Vandenplas & Sacré-Smits (1987), o critério de anormalidade para
tempo percentual com pH inferior a quatro no primeiro ano de vida é > 10%, acima
do percentil 90, referencial adotado por alguns autores (NEWELL et al., 1989;
MEZZACAPPA & COLLARES, 1999) Em 1991, Vandenplas et al., descreveram o
valor de 13%, situado no percentil 95, para o primeiro mês de vida, e 11,7% para os
lactentes de 1 a 11 meses, estabelec
s no primeiro ano de vida mas não há um consenso, para recém-nascidos,
sobre acima de qual valor o índice deva ser considerado patológico.
A capac
pela duração de cada episódio de refluxo. Johnson & Jolley (1981)
demonstraram haver correlação direta significativa entre a duração média dos
32
episódios de refluxo e o número de deglutições necessárias para retirar 15 ml de
ácido clorídrico 0,1 N do esôfago.
O clearance ácido representa o tempo total em segundos para recuperar uma
unidad
RGE patológico (STANCIU
apud VANDENPLAS, 1992) e Schlesinger (apud VANDENPLAS, 1992) combinou
este da
mais longo é considerada de pouco interesse
(VANDENPLAS, 1992) em função de sua contribuição restrita a um episódio. A
compet
refluxo
criança m-nascidos ou lactentes que
cursam
denominado
prolonged stable pH around 4,0 (PSpH4). A freqüência e o significado clínico de um
tempo prolongado de pH em torno de 4,0 foram estudados retrospectivamente em
e de pH do valor mais baixo até o valor 4, sendo considerados anormais
aqueles superiores a 100 segundos (1,66 minutos) (WATANABE, TODANI &
TOKI, 1992).
A duração média de um episódio de refluxo superior a 5 minutos foi
determinada como um bom ponto de discriminação do
do com pH < 4, afirmando que a combinação dos dois era um critério ainda
melhor para aquela discriminação.
A duração do episódio
ência da junção esôfago-gástrica é expressa pela freqüência dos episódios de
. O número de episódios de refluxo é considerado de menor relevância em
s com sintomas eméticos; entretanto, para os recé
com sintomas inespecíficos é de grande valor.
O score de refluxo, calculado a partir da gravação do pH esofágico pelo
método de Johnson & DeMeester (1986), padronizado nos programas dos aparelhos
para MCpHE, foi posteriormente adaptado para o paciente pediátrico, como o score
de Boix-Ochoa, referido abaixo.
“A eficácia funcional do esôfago é avaliada pelo cálculo da média de duração de
um episódio de refluxo. Isso é obtido pela divisão do tempo total de pH inferior a
quatro na posição supina pelo número total de episódios de refluxo naquela
posição.”(JOHNSON & DeMEESTER, ibidem: 53)
Alguns conceitos, ao longo dos anos, foram adquiridos. A acidez esofágica
pode permanecer estável por longos períodos em torno do pH 4,0, sendo
33
503 cri
estudo, houve incidência de 10% de PSpH4. O
percentual de tempo com pH inferior a quatro foi maior entre as crianças que não
apresen
ob o
nome de índice oscilatório. Esse índice quantificava o tempo percentual com pH
entre 3
as (NASPGHAN, 2003A).
Para Estevão-Costa et al (2004) a pHmetria pode ser utilizada para avaliar
retarde do esvaziamento gástrico, fazendo-se um estudo simultâneo com cintigrafia.
Procederam ao estudo com um grupo de 30 crianças entre 2 e 4,7 anos de idade e
verificaram que a ocorrência do episódio mais longo de refluxo no período pós-
prandial (PP) tem uma especificidade de 94% e um valor preditivo positivo de 89%
para afirmar esvaziamento gástrico lento. Também um índice de refluxo maior no
período PP associado ao mais longo episódio igualmente no PP, representam 94% de
probabilidade de retarde do esvaziamento gástrico.
anças, incluindo achados clínicos, biópsia, estudos de motilidade e MCpHE.
O que se encontrou foi a ausência de correlação entre PSpH4 e dismotilidade
esofágica, esofagite, sintomas cardiorrespiratórios ou prematuridade (os dados
referentes a esse estudo foram obtidos após o termo, eram prematuros com idade
corrigida). Entre os RNs desse
tavam PSpH4. Entretanto, o número total de episódios de refluxo foi
semelhante nos dois grupos (WATANABE & CATTO-SMITH, 1994).
Conceito semelhante já havia sido descrito por Vandenplas et al (1990), s
,75 e 4,25. Os mesmos autores observaram que o grupo com índice oscilatório
e tempo percentual de pH < 4,0 elevado, tinham menor risco de esofagite, mas não
analisaram a relevância clínica.
A monitorização pode determinar se os sintomas do paciente estão
temporariamente associados com o refluxo ácido pelo índice de sintomas, que é a
razão entre o número de episódios daquele sintoma, que ocorram na vigência de
refluxo ácido, dividido pelo número total dos sintom
34
f) Efeito “tamponamento”
Na análise do exame, ocorre, por vezes, ausência de correlação temporal entre
refluxo e sinais clínicos descritos. Há relatos, no diário de exame, que vão desde
alterações sutis como contorções de tronco, até alterações graves, como as apnéias, e
que não apresentam correlação temporal com acidez esofágica, durante as 24 horas
de monitorização do pH. Eventualmente, um pH de cinco ou mesmo oito no esôfago
é correlacionado ao evento. Porém, como a conceituação de refluxo ácido pela
pHmetria é episódio com pH inferior a quatro, um retorno de conteúdo gástrico, não
ácido, não será registrado como um episódio de refluxo. Isso é especialmente
observado no período pós-prandial em recém-nascidos e lactentes e quando,
eventualmente, a pHmteria é utilizada como recurso para detectar-se relação
temporal entre determinado sintoma e RGE, ela pode apresentar-se normal;
entretanto, pequenos episódios de RGE podem causar complicações, tais como os
“eventos ameaçadores à vida”, tosse ou mesmo pneumonia aspirativa (NASPGAN,
2001).
O tamponamento ocorre naturalmente após a ingestão de um alimento menos
ácido que o suco gástrico e faz parte do processo inicial da digestão gástrica. Alguns
autores já mencionaram a preocupação com o efeito tampão do leite como um
possível fator que possa influenciar na interpretação do exame em lactentes. Refere-
se ao fato de essas crianças apresentarem refluxo ao esôfago, desconforto em função
da distensão da câmara esofágica, mas o método não registrar um episódio de refluxo
em função do material refluído apresentar um pH superior a 4. Para Wenzl (2002),
esse pH é freqüentemente superior a 4 em função do pH gástrico estar tamponado
pelas alimentações freqüentes com leite, concordando com Vandenplas (1992) que já
havia afirmado que a influência da alimentação no pH esofágico é maior entre as
crianças do que nos adultos, devido à freqüência do uso do leite, que é um excelente
tampão da acidez gástrica, podendo reduzir o refluxo ácido nos 120 minutos pós-
prandiais.
A alimentação láctea e com intervalos de no máximo 3 horas, como é
ofertada aos neonatos, pode estar tamponando o pH o suficiente para falsear um
35
exame para refluxo? Pode estar ocorrendo refluxo, com sintomas apresentados pela
criança, mas não estar sendo documentado em função do valor que ele atinge?
Halpern et al (1992) demonstraram que a fórmula láctea utilizada no estudo
(Nutramigen) apresentava tamponamento sobre o pH gástrico, que esta influência era
mínima nos momentos de altos níveis de secreção gástrica, mas que se tornava
importante nos momentos de baixa secreção, não fazendo citação sobre o pH desta
fórmula.
A influência láctea é questionada por uns, mas as alternativas apresentadas se
resumem a um outro método adicional, como a impedanciometria (WENZL et al,
2001) ou o estudo se faz, excluindo o período pós prandial, concluindo que não há
benefício em mantê-lo na análise, mas se utiliza uma população de lactentes, onde o
perfil é diferente dos recém-nascidos (HEGAR et al, 2000).
Utilizando a impedanciometria esofágica simultaneamente à monitorização
prolongada do pH esofágico, Thomson (2002) verificou que 73% dos episódios de
RGE ocorrem durante ou nas primeiras duas horas após alimentações e têm um pH
neutro, ou seja, serão perdidos com a análise pela pHmetria que detecta refluxo
ácido.
Em relação ao tipo de alimento, Jeffery & Heacock (1991) observaram um
coeficiente de correlação não significativo (p = 0,16) entre o tipo de leite consumido
e os episódios de refluxo em 74 recém-nascidos a termo normais, com monitorização
do pH esofágico por 24 horas, sendo que 37 foram alimentados com fórmula e 37
com leite humano. Também Omari et al (1998), em seu estudo com 24 prematuros
submetidos à monitorização do pH esofágico, não encontraram diferença nos
episódios de refluxo entre bebês em aleitamento e bebês que receberam fórmula.
Emmerson et al (2002) identificaram em uma amostra de 26 prematuros
submetidos à pHmetria esofágica por 24 horas, sete recém-nascidos que não
apresentavam a interface álcali-ácido ao progredir-se a sonda até o estômago durante
o processo de posicionamento do eletrodo. Inicialmente, sugeriram que pudesse ser
36
pelo efeito tampão do leite mas, ao final dos exames, constataram que apenas três
dentre eles apresentaram RGE.
Apesar da MCpHE ter sido descrita há mais de uma década e padrões terem
sido estabelecidos, muitos anos se passaram até os dias atuais, quando seu emprego
está mais difundido nas unidades neonatais, evitando que esses pacientes sejam
tratados empiricamente como sempre o foram.
Ariagno et al (2001) afirmaram que os bebês precisavam parar de serem
tratados empiricamente e, sim, com exame confirmando aquela doença. Orenstein,
Izadnia & Khan (1999) justificaram o empirismo pelo custo do diagnóstico e pela
evidência clínica, que sendo característico o quadro de RGE, há a necessidade de
intervenção terapêutica imediata. O custo diagnóstico é real, o que certamente limita
a técnica nas unidades. Mas um agravante é que um recém-nascido prematuro de
risco, com doença do refluxo gastroesofágico importante, eleva significativamente
(p=0,01) os dias de internação hospitalar, de permanência na UTI e o custo (U$
112,9 x U$ 63,9), comparativamente a outros sem RGE (FERLAUTO, WALKER &
MARTIN, 1998).
2.5.2 Monitorização contínua simultânea do pH gástrico e esofágico
Mantendo os mesmos procedimentos utilizados na MCpHE, essa alternativa
acrescenta a monitorização intragástrica nas horas estudadas. As principais propostas
dessa análise simultânea objetivaram avaliar a secreção ácida em adultos, a hipótese
de refluxo alcalino ou duodenogástrico, com a finalidade de melhor se tratar a DRGE
nesses pacientes. Em 1990, Mattioli et al. utilizaram a técnica posicionando três
eletrodos – esôfago distal, fundo e antro gástrico - em adultos com RGE.
Posteriormente, Halpern et al (1992), estudando esvaziamento gástrico em crianças,
incluíram a monitorização do pH gástrico na fase final da monitorização esofágica e
por 90 minutos incluindo o tempo pós-prandial. Para o posicionamento do eletrodo
gástrico, utilizaram fórmula para o cálculo da distância a ser avançada (altura do
paciente (cm) x 0,2 ) a partir da localização esofágica. Em 2005, Demir et al,
utilizaram o método para diagnóstico do RGE em crianças e encontraram 24,6% de
37
RGE, mas, posteriormente, excluíram o tempo com pH gástrico superior a quatro e a
prevalência elevou-se para 35,1%. O tempo percentual do pH gástrico superior a
quatro foi maior em crianças menores que dois anos de idade e a exclusão dos
períodos com pH gástrico superior a quatro afetou mais claramente essas crianças.
Os autores sugerem a utilização do método para o diagnóstico do RGE,
particularmente em crianças com idade inferior a dois anos de idade.
A influência do catéter gástrico atravessando o cárdia foi testada por Peter et
al (2002), em 15 prematuros, com idade gestacional média ao nascimento de 30
semanas e que, ao momento do estudo, encontravam-se, em média, com trinta e seis
dias de vida e pesando 2253 g. Após 24 horas de exame, avançaram o catéter por 3
cm dentro do estômago e mantiveram os pacientes em monitorização por mais 24
horas. Treze recém-nascidos apresentaram mais refluxos com o catéter na posição
gástrica (PETER et al, 2002).
Katz (2003), em estudo com indivíduos adultos, objetivando avaliar efeitos
dos inibidores da bomba de prótons, também realizou a monitorização intragástrica e,
em sua metodologia, posicionou o eletrodo gástrico de 7 cm a 10 cm abaixo do EEI
(localizado através de manometria) e o eletrodo esofágico 5 cm acima do EEI. A
distância entre os eletrodos manteve-se entre 12 e 15 cm. Em recente revisão da
literatura sobre a relevância da monitorização simultânea gástrica e esofágica para
pacientes com DRGE e a eficácia de diferentes inibidores da bomba de prótons,
DiMarino & Cohen (2005) descrevem a importância do local onde esse eletrodo
estará posicionado, uma vez que o pH no fundo e antro diferem entre si. Esta
afirmativa se faz particularmente importante para os estudos que buscam a influência
do refluxo duodenogástrico, pois esse é maior no antro do que no fundo, sendo esta
última localização mais afetada pela alcalinização gerada pelo alimento.
Em recém-nascidos alimentados por gavagem simples, pode ser constatado
que há diferença de acidez no período pós-prandial, entre o estômago proximal e a
região mediana e distal, sendo a proximal mais tamponada pelo alimento e mais
lentamente retornando a se acidificar e a mediana e distal onde se registra maior
acidez (OMARI & DAVIDSON, 2003).
38
2.5.3 Outros métodos diagnósticos
Na prática clínica outros métodos podem ser utilizados para o diagnóstico e
avaliação da DRGE. A radiologia contrastada é um exame de fácil acesso mas com
sua importância direcionada para a detecção de anomalias anatômicas do tubo
digestivo. A endoscopia com biópsia é utilizada na população neonatal apenas em
situações de hemorragia digestiva. A cintilografia é melhor indicada para suspeita de
refluxo alcalino, aspirações pulmonares e ainda no estudo do esvaziamento gástrico.
Sua sensibilidade e especificidade para o diagnóstico do RGE são de 15% a 59% e
83% a 100%, respectivamente, quando comparadas à pHmetria (NASPGAN, 2001).
A manometria do esôfago requer colaboração do paciente, não se aplica na
neonatologia, é de difícil utilização com a criança em geral e apresenta sensibilidade
de 70% (FONKALSRUD & AMENT, 1996). A ultrassonografia com Doppler é
realizada com um período de observação de 10 minutos e segundo Jang et al (2001),
que procederam a estudo comparativo utilizando a pHmetria, encontraram 81,5% de
concordância entre os exames na detecção do RGE, com 95,5% de sensibilidade, mas
11% de especificidade e valor preditivo negativo de 33,3%. É um exame que não
pode avaliar a gravidade do RGE. A impedanciometria vem sendo sugerida nos
últimos cinco anos como uma boa alternativa para a detecção de RGE com pH
superior a quatro. As mudanças da impedância elétrica entre os eletrodos do tubo
digestivo e o bolus alimentar, podem ser identificadas se são originárias da
movimentação do bolus na direção do estômago ou em direção anterógrada. O ar
apresenta baixa condutividade e o líquido alta condutividade (POETS, 2004). Wenzl
et al (2002) propõem uma associação entre a pHmetria e a impedanciometria para a
melhor abordagem diagnóstica da DRGE em lactentes.
2.6 Tratamento
Uma vez diagnosticada a doença do refluxo, a terapêutica deve ser instituída;
entretanto, sem a precisa indicação, ela é controversa, podendo ser ineficaz e até
prejudicial para o paciente.
39
Em Unidades Neonatais, pode ser observado o uso simultâneo de
metilxantinas e procinéticos, quando sabidamente as metilxantinas podem estimular
a emese e elevam o tempo de esvaziamento gástrico (GOUNARIS et al, 2004). Em
estudo retrospectivo de Kimball & Carlton (2001) com um subgrupo de bebês que
recebia simultaneamente cafeína ou teofilina, com metoclopramida, foram detectadas
mais apnéias do que no subgrupo que não fazia uso simultâneo das drogas, com
diferença significativa (p = 0,005). Omari et al (1998) já haviam descrito que entre
um grupo de prematuros recebendo teofilina ou cafeína, submetidos à monitorização
do pH esofágico, houve mais refluxos ácidos do que entre os não tratados com
xantinas.
Um questionamento, que eventualmente é feito pela neonatologia, é sobre os
efeitos da sucção não nutritiva para o RGE, se poderia ou não atuar no auxílio
terapêutico. Essa prática vem sendo abolida das unidades neonatais com a Iniciativa
Hospital Amigo da Criança, que vem demonstrando ser altamente eficaz no incentivo
ao aleitamento materno. Orenstein (apud, CARROLL et al, 2002), em estudo
randomizado com 48 crianças submetidas à pHmetria, observou que o uso da sucção
não nutritiva elevou o número de episódios de refluxo, quando os bebês em posição
prona; porém, quando em posição sentada, a sucção reduziu os episódios de RGE,
mas não o suficiente para compensar os efeitos negativos da posição sentada.
A conduta terapêutica atual inclui:
1. Posicionamento: Elevação da cabeceira do leito com angulação de 30
graus, apesar de todas as posições, isoladamente, serem menos eficazes do que a
posição prona para controle do refluxo (ORENSTEIN, IZADNIA & KHAN, 1999).
Na conduta terapêutica, a posição do bebê no leito tem grande importância,
principalmente no período pós-prandial. Isto se justifica pela própria anatomia e
fisiologia dos elementos envolvidos nesse processo. Um refluxo mínimo é
fisiológico, entretanto o cárdia é mais competente em posição supina do que em
ortostática (ORENSTEIN, 1992).
40
Durante muitos anos, a posição prona, com anti-Trendelenburg, foi a
preconizada. Ewer, James & Tobin (1999) submeteram 18 prematuros à
monitorização contínua do pH esofágico, avaliando 8 horas em cada posição - prona,
decúbito lateral direito e lateral esquerdo. Concluíram que decúbito prono e decúbito
lateral
esquerdo (contrariando o que se acredita habitualmente) reduzem
significativamente a gravidade do refluxo (p < 0,001). Omari et al (2004), ao
realizarem estudo com 10 prematuros saudáveis utilizando a impedanciometria,
concluíram que a despeito do decúbito lateral direito favorecer ao esvaziamento
gástrico, ele desencadeia mais relaxamentos transitórios do EEI e RGE,
particularmente líquidos, do que o decúbito lateral esquerdo.
Porém, após relatos de casos de morte súbita em crianças, em decúbito prono,
retornou a discussão sobre qual a melhor conduta quanto ao posicionamento dos
bebês com DRGE. O risco para morte súbita, nessa posição, estaria relacionado com
várias questões. Rahilly (1991) já havia descrito que girar um bebê do decúbito
lateral para a posição prona, induz a aumentos da FC e FR e a queda na saturação da
oxigenação ou ruborização importante. Posteriormente, Franco et al (1996)
verificaram que o sono em decúbito prono estava associado à redução nas respostas
cardíacas ao estímulo sonoro. Constantin et al (1999) relataram que durante o sono o
bebê pode ter a cabeça em rotação lateral ou, em eventualidade de risco, manter-se
com a face para baixo, em contato com o leito. Porém, para que a criança tenha o
reflexo de girar o pescoço e desviar a face do leito, requer maturidade e recém-natos
prematuros, somente após atingirem 40 semanas, irão desviar-se dessa posição de
face, ou seja, a partir dessa idade a posição não seria de risco. Jeffery et al (1999)
acrescentaram que a deglutição é de grande importância para prevenir a estimulação
do reflexo laríngeo, entretanto, em posição prona ela está reduzida significativamente
quando comparada à posição supina, com isso a proteção da via aérea está
comprometida.
Estudos mais recentes reafirmam que RN em decúbito ventral apresenta
menos RGE ácido e são episódios de menor duração, quando comparados com o
decúbito dorsal. Esta última eleva significativamente os índices de RGE ácido,
41
surgindo maior número de índices iguais ou superiores a 5% e 10%
(MEZZACAPPA, GOULART & BRUNELLI, 2004).
Hoje, com as revisões sistemáticas da literatura, estudos vêm sendo revisados
e reanalisados, resultando em algumas evidências que podem contestar afirmativas
anteriores. Há evidências de que a cadeira anti-RGE, com inclinação a 60
o
, exacerba
os episódios de RGE, assim como a posição prona com elevação da cabeceira a 30
o
,
não demonstram qualquer benefício segundo Carroll, Garrison & Christakis (2002).
Vandenplas (2005) ressalta a importância de se observar como a criança é
alimentada e em que posição permanece durante e após as alimentações. Muitas
crianças são alimentadas em excesso e com técnicas inapropriadas. Reafirma que o
decúbito lateral direito e o dorsal estão mais relacionados ao RGE; a posição prona
com menor incidência de RGE; o decúbito lateral esquerdo com RGE intermediário e
finaliza como melhor posição a prona com cabeceira a 30 graus.
2. Intervalos alimentares: pequenos intervalos e aumento da freqüência
das alimentações (WILLMOTT & MURPHY, 2004). Esta orientação tem pontos
discordantes, pois com o pouco volume de ingesta há pouco volume para ser
regurgitado; entretanto, como o RGE ocorre mais no período pós-prandial, ingerindo
mais freqüentemente, a criança terá também mais períodos pós-prandiais e com isso
a duração do tempo de tamponamento poderá ser menor e a phmetria poderá detectar
mais episódios de RGE naqueles períodos (ESPGAN, 1993).
3. Espessamento: Para os bebês regurgitadores, com difícil ganho
ponderal, a alimentação láctea poderá ser espessada com cereal ou utilizar-se
fórmulas pré-espessadas. Essa medida pode reduzir a regurgitação, o número de
refluxos ácidos, mas não a total exposição ao ácido, nem a gravidade do RGE,
quando avaliado pela pHmetria.
Estudo de Penna e al (2003), comparando fórmula infantil modificada (de
partida e seguimento conforme a idade) espessada no domicílio e fórmula infantil
pré-espessada (comercializada com o nome de Nan-AR
®
), não observaram diferença
42
significativa entre as duas fórmulas adotadas. Entretanto, relataram melhora clínica
de 69,7% a 72% dos pacientes estudados. Carroll et al (2002), em revisão sistemática
de estudos sobre espessamento das alimentações com farinha de arroz e fórmulas
pré-espessadas, concluíram não haver evidências que suportem a indicação rotineira
de tal terapia. Entretanto, admitem que algumas crianças, que as receberam,
apresentaram menos sintomas. Outra conclusão importante foi a evidência científica
de que possivelmente a alteração de densidade e osmolaridade do alimento pode
influenciar na ocorrência do RGE, sendo maior duas horas após a ingestão de
alimentos mais osmóticos. A recomendação de Aggett et al (Comitê de Nutrição da
ESPGHAN), em 2002, é de que não deve ser utilizado em crianças apenas
regurgitadoras e que evoluem bem.
Há estudos, com população de RN e prematuros após 44 semanas de idade
gestacional corrigida, que apresentaram resultados desagradáveis, como o aumento
da freqüência das evacuações, assim como relato de caso com hipocalemia e acidose
metabólica, em função da expoliação, solucionados com a suspensão da fórmula
espessada (SIEVERS & JURGEN, 2003).
4. Tipo de Leite: Embora muitos casos de RGE não estejam
relacionados à intolerância ao leite de vaca, um dos sintomas da alergia à proteína do
leite de vaca é o RGE secundário. Um teste alimentar por duas a quatro semanas,
com fórmula isenta de proteína do leite de vaca, pode diferenciar entre uma ou outra
condição, naqueles bebês em uso de fórmulas infantis de seguimento, pois essa regra
não se aplica às crianças sob aleitamento materno exclusivo.
5. Anti-ácidos: Anti-ácidos baseados em magnésio, cálcio ou alumínio
podem ser utilizados para crianças sintomáticas com sintomas leves como a pirose.
Os compostos à base de alumínio são apontados como potencialmente tóxicos, pois
níveis plasmáticos elevados têm sido documentados em crianças com função renal
normal. Os compostos à base de magnésio estão relacionados com diarréias.
Preparados à base de alginato sódico, têm sido demonstrados como redutores dos
vômitos e também do refluxo ácido medido pela pHmetria (NASPGAN, 2001).
43
6. Agentes procinéticos:
a. A metoclopramida, um procinético gastrointestinal
antidopaminérgico, eleva a pressão do EEI, altera a peristalse, assim
como melhora o esvaziamento gástrico. Entretanto, há efeitos
colaterais importantes como as reações extrapiramidais - reações
“Parkinsonianas” e distonia aguda. (NASELLO, VANZELER &
FELICIO, 1991)
b. A domperidona, procinético gastrointestinal antidopaminérgico, não
atravessa a barreira hematoencefálica, eleva a pressão do EEI e
promove o esvaziamento gástrico. (op.cit., 1991)
c. A bromoprida é um procinético gastrointestinal antidopaminérgico,
em uso no nosso meio, para controle da emese, com apresentação
oral e parenteral. Há estudos mais antigos, com relatos de efeitos
indesejáveis quando injetados em ratos, com prejuízo na atividade
motora e no comportamento. O uso crônico está relacionado à
parestesia facial (ibidem).
“A disponibilidade dos procinéticos antidopaminérgicos no mercado
europeu é variável sendo mais amplamente disponível a
metoclopramida e a domperidona.” (TONINI et al, 2004: 387)
d. A eritromicina também tem efeitos procinéticos e já foi utilizada em
prematuros para tratamento de alterações da motilidade intestinal.
Entretanto, sua utilização apresenta resultados controversos quanto
à redução do tempo para o estabelecimento da alimentação enteral
plena, não se alterando em algumas ocasiões (NG et al, 2003).
e. A cisaprida, agonista receptor de serotonina, que facilita a liberação
de acetil-colina nas sinapses do plexo mioentérico, foi amplamente
utilizada até há poucos anos e apresentava boa resposta, com
redução do índice de refluxo avaliado pela pHmetria. Após os
44
relatos de efeitos colaterais como arritmias cardíacas, efeitos graves,
seu uso foi limitado (NASPGAN, 2001).
f. Outras drogas: O ácido gama-aminobutírico (GABA) – beta
receptor agonista, reduz a emese em 6/8 crianças, reduz
significativamente o número de refluxos ácidos, mas não modifica o
percentual de exposição esofágica ao ácido (VANDENPLAS,
2005).
7. Bloqueadores da secreção ácida: Os antagonistas de receptores H
2,
como cimetidina e ranitidina, reduzem a produção de ácido gástrico através do
bloqueio dos receptores H
2
de histamina. A supressão de ácido deverá ser utilizada
na suspeita de esofagite. A ranitidina (5 a 10 mg/kg/dia ou 2 mg/Kg/dose duas vezes
ao dia) e a cimetidina (40 mg/kg/dia) são de uso limitado no período neonatal, sendo
utilizadas com indicação precisa (WILLMOTT & MURPHY, 2004).
8. Inibidores da bomba de prótons: Os inibidores de bomba de
prótons, como omeprazol, lansoprazol, esomeprazol e rabeprazol, formam uma
classe mais potente de fármacos para a supressão ácida. São eficazes nos casos de
esofagite e o omeprazol tem se mostrado eficaz na redução dos sintomas e sinais
endoscópicos de esofagite em algumas crianças que não responderam à terapia com
bloqueadores H
2
(op.cit., 2004).
O lansoprazol e o omeprazol são produzidos em
cápsulas, contendo grânulos que podem ser dispersos em alimentos leves ou líquidos
(exemplo: iogurtes) sem comprometer seus efeitos farmacológicos ou propriedades
farmacocinéticas. A posologia tem sido preconizada com 0,2 a 3,5 mg/Kg/d por
períodos de 14 dias a 36 meses (VANDENPLAS, 2005). O lansoprazol pode ser
encontrado, fora do Brasil, em suspensão, com sabor artificial de morango, sendo
bem tolerado pelas crianças (GOLD, 2004). Para Rudolph (2003), não há benefícios
claros na indicação dessa terapia para RNs com apnéias, apesar de haver razões
teóricas que justificariam seu emprego, mas ainda assim justifica que há muitos
episódios sem registro ácido. Acrescenta que os inibidores da bomba de prótons
apresentam metabolismo diferenciado entre recém-nascidos com idade gestacional
de 25 semanas e os de 34 semanas, o que é complementado por Boyle (2003), ao
45
afirmar que se os prematuros produzem menos secreção ácida do que os lactentes,
pode-se sugerir que as dosagens desses medicamentos precisem ser ajustadas para
essa faixa etária, apesar de que a indicação e eficácia nesse grupo precisam ser
melhor avaliadas.
9. Tratamento cirúrgico: Está indicado àqueles casos onde o tratamento
clínico não foi satisfatório no controle do RGE, passando por avaliação de motilidade
gástrica, manometria esofágica e esofagoscopia previamente à cirurgia. Emprega-se
mais comumente a fundoplicatura, técnica originalmente descrita por Nissen e
Rosetti em adultos com Hérnia de Hiato. Posteriormente, várias modificações foram
feitas para crianças e a fundoplicatura de Nissen modificada é, até hoje, a de maior
utilização, podendo seu acesso ser por via transtorácica ou transabdominal. Norton
(2000) concluiu, em seu estudo evolutivo sobre condições clínicas pré e pós-
operatórias de crianças submetidas à fundoplicatura gástrica, que a maior taxa de
cura (73,3%), em sua amostra, ocorreu nos pacientes operados devido à apnéia,
enquanto o pior índice (17,8%) foi observado nos pacientes submetidos à cirurgia
devido à esofagite.
46
3. Objetivos
47
Objetivos
3.1 Objetivo Geral
Estudar o pH gástrico e esofágico por 24 horas em recém-nascidos com
manifestações clínicas sugestivas de DRGE, através da MCpHEG.
3.2 Objetivos Específicos
3.2.1 Verificar a correlação temporal entre as manifestações clínicas sugestivas de
DRGE em recém-nascidos e a presença de RGE ácido.
3.2.2 Verificar a influência do pH gástrico na detecção de RGE ácido, em RN com
suspeita clínica de DRGE.
3.2.3 Descrever o período pós-prandial em recém-nascidos sob suspeita clínica de
RGE ácido e com diferentes intervalos alimentares.
48
4. Metodologia
49
Metodologia
4.1 Característica do Estudo
Estudo transversal descritivo e analítico.
4.2 Local e Período do Estudo
O estudo foi realizado no Berçário Intermediário e Unidade de Terapia
Intensiva Neonatal e Pediátrica do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle (HUGG)
da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro e do Hospital Municipal
Oswaldo Nazareth (HMON), no período de Agosto de 2003 a Julho de 2005
(Fotografias 1 e 2). O primeiro é Hospital Escola da Rede Federal de Ensino Superior
e o segundo é Hospital Maternidade da Rede Municipal de Saúde do Rio de Janeiro.
A maioria dos recém-nascidos admitidos no berçário ou UTI, de ambas unidades
hospitalares, nasce nas respectivas instituições. Em ambas unidades o corpo clínico é
formado por médicos e/ou professores com especialização em neonatologia, alguns
também mestres e ainda médicos-residentes em formação.
4.3 Avaliação Ética
O projeto foi submetido à avaliação e julgamento pelo Comitê de Ética em
Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais, recebendo o código ETIC
92/2002. (Anexo 1) Também submetido à Comissão de Ética em Pesquisa do HUGG
sendo aprovado em 17 de fevereiro de 2003. (Anexo 2)
50
Fotografia 1: UTI Neonatal do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle
Fotografia 2: UTI Neonatal do Hospital Maternidade Oswaldo Nazareth
51
4.4 Amostragem
Admitindo-se 3000 nascimentos anuais, envolvendo as duas instituições
selecionadas para o estudo, com uma prevalência da DRGE de 20% - superior a
11,15% descrito em lactentes por Costa et al (1999), mas inferior a 85% (Newell et
al, 1989); 63% (Marino et al, 1995) e 56,4% Mezzacappa & Collares (1999) o
tamanho amostral, com intervalo de confiança de 95% e erro de 5%, foi calculado
em 27 recém-nascidos. Elevando a população anual até 6000, considerando dois anos
consecutivos, a amostra estimada não se altera. Para prevalência de 15%, o tamanho
amostral se eleva para 48, assim como com prevalência de 25% decresce para 18
pacientes necessários na amostra.
Todo recém-nascido prematuro que internou no berçário ou UTI, dos
hospitais envolvidos, tornou-se potencialmente um integrante da amostra. Entretanto,
foram submetidos ao exame apenas aqueles que apresentaram algum evento clínico
sugestivo de RGE. A indicação do exame ocorreu a partir da equipe de médicos
neonatologistas responsáveis pelo acompanhamento clínico diário nas unidades.
Foram incluídos no estudo todos os recém nascidos que preencheram adequadamente
os critérios de inclusão, com consentimento esclarecido dos responsáveis. (Anexo 3)
Todos os critérios de inclusão e exclusão foram apresentados para as equipes
de neonatologistas dos dois hospitais envolvidos no estudo. Entretanto, os critérios
de exclusão só foram considerados para esse estudo e não como impedimento à
solicitação de investigação diagnóstica para outros recém-nascidos que certamente
não poderiam fazer parte da amostra.
Critérios de inclusão:
Todos os recém-nascidos, após 72 horas de vida, internados nas unidades
hospitalares previamente citadas, em alimentação enteral plena, com os seguintes
problemas freqüentes ou recorrentes:
Apnéia
Pausa Respiratória
52
Bradicardia (freqüência cardíaca 100 bpm)
Cianose
Taquicardia
Broncoaspiração
Regurgitação
Pneumonia
Dificuldades alimentares
Há uma situação freqüente em recém-nascidos que estão sob monitorização
não invasiva da oxi-hemoglobina, que é a dessaturação. Há apnéias e pausas que não
cursam com dessaturações, assim como outras que afetam esse parâmetro. A
dessaturação nesse estudo é considerada a queda da saturação da oxi-hemoglobina,
em um RN com saturação prévia 90%, a valor 85%.
Critérios de exclusão:
1 RN em oxigenioterapia
2 RN em nutrição parenteral total
3 RN em uso de teofilina/ derivados
4 RN em uso de fármacos parenterais
5 RN com hemorragia intracraniana
6 RN com infecção em atividade
7 RN com cateterismo arterial/ venoso
8 RN com anomalia congênita
9 RN com Apgar do 5
o
.minuto < / = 6
Para a manutenção do peso, o RN necessita de 59 a 75 cal/kg/dia e para o
crescimento adequado entre 104 e 126 cal/kg/dia (MARINO, W.T., 1991). Portanto,
a seleção de recém-nascidos em alimentação enteral plena se aproxima dessa
necessidade para peso e crescimento adequado e exclui a possibilidade de algum
recém-nascido ter sua sintomatologia eventualmente minimizada por restrição no
volume alimentar.
53
4.5. Coleta Dos Dados
Todos os recém-nascidos, à medida que foram inseridos no estudo, receberam
sucessivamente um registro, respeitando a identificação hospitalar. Foram coletados
dados referentes ao parto e nascimento; dados antropométricos ao nascimento e ao
momento do exame; problemas clínicos; idade cronológica; idade gestacional pós
concepcional ou corrigida; tipo de alimentação; via de oferta; cota hídrica e calórica
diárias (Anexo 4.1). Os dados referentes à estimativa de idade gestacional foram
apresentados segundo o New Ballard Score (BALLARD et al, 1991) e sua correlação
com estado nutricional de acordo com Battaglia & Lubchenco (1967).
Posteriormente, foram submetidos à monitorização conforme prevê o protocolo.
Após o término do exame e análise do mesmo, os resultados de cada RN foram
também registrados no banco de dados. (Anexos 4.2 e 4.3)
Os recém-nascidos foram descritos com suas principais enfermidades clínicas
previamente apresentadas; sexo; tipo de parto; peso (PN), comprimento (CN) e idade
gestacional ao nascimento (IG); peso, comprimento, idade cronológica (IC), idade
gestacional corrigida (IGc), alimentação, cota hídrica (QH) e calórica (Qcal) ao
momento do exame; pH gástrico ao início da monitorização e os critérios específicos
da monitorização esofágica e gástrica (
Esofágica: tempo percentual de pH menor que
4,0; número de episódios de refluxo maior que 5 min; duração do episódio mais
longo; número de
episódios por hora; clearance esofágico; média e mediana do pH
esofágico; maior e menor pH esofágico.
Gástrica: tempo total de pH inferior a
quatro; tempo percentual de pH menor que 4,0; média e mediana do pH gástrico;
maior e menor pH gástrico)
4.6. Protocolo
A despeito de uma das duas instituições envolvidas no estudo dispor de
Banco de Leite Humano e em ambas unidades ser adotada a prática do leite materno
ordenhado (LMO), a padronização da alimentação com leite humano (LH) não foi
possível. Mesmo na instituição com Banco de Leite Humano, a manutenção do
volume solicitado, na totalidade dos horários ofertados, nem sempre é possível. Por
54
vezes, um RN que é alimentado a cada 3 horas, totalizando oito ofertas diárias,
recebe leite humano durante seis horários e, nos outros dois, recebe fórmula
(FORM), devido à baixa disponibilidade naquela ocasião. Portanto, para evitar
possíveis transtornos, o leite humano não fortificado foi padronizado na medida da
disponibilidade para todos os horários das alimentações, durante as 24 horas do
exame. Quando o leite humano não fosse disponível, as fórmulas para prematuros (se
necessário) seriam ofertadas. Neste caso, a fórmula foi padronizada, o que não
representou dificuldades, visto que em ambas instituições utilizam a mesma fórmula
láctea, que na reconstituição padrão de 70 Kcal/100 mL, apresenta relação proteínas
solúveis/ caseína = 70/30; gorduras distribuídas entre 37% de gordura láctea, 38% de
triglicérides de cadeia média, 13% de óleo de milho, 8% de óleo de soja e 4% de
lecitina de soja; hidratos de carbono com mistura de 76% de lactose e 24 % de
maltose-dextrina. É comercialmente distribuída e utilizada em muitos berçários, para
prematuros, em caso da não disponibilidade do leite materno ou humano. Bocquet et
al (1986) descreveu o pH das fórmulas para prematuros em torno de 7,25 e do leite
humano em 7,0.
Em relação à posição dos recém-nascidos no leito, foi adotada a posição mais
confortável para o RN, mas preferencialmente em decúbito dorsal ou, eventualmente,
em decúbito lateral, pois o eletrodo cutâneo de referência no abdome e a fixação do
esofágico na aleta nasal e face, permaneceriam mais estáveis sem qualquer
interferência local, o que não ocorreria com a posição prona. A não tolerância do RN
à posição estipulada não o excluiu do estudo, pois a despeito de protocolos ou rotinas
hospitalares, ele deveria e deve estar sempre em uma posição que o deixe confortável
e tranqüilo. Quando não se observou alguma “preferência”, a posição supina foi a
adotada.
O início do exame foi programado para até uma hora antes da alimentação,
para evitar que a introdução do eletrodo via transnasal ocasionasse vômitos
alimentares.
Para a MCpHE, utilizou-se o protocolo padrão segundo a Sociedade Européia
de Nutrição e Gastroenterologia Pediátrica (ESPGAN, 1992), também adotada pela
55
NASPGAN (2001). A confirmação da posição do eletrodo foi feita através de exame
radiológico e acrescentou-se ao protocolo padrão, a utilização de dois canais estando
um no esôfago (canal 2 - proximal) e outro no estômago (canal 1 – distal).
Utilizou-se, no estudo, aparelho de origem sueca, “Digitrapper Mk III” da
Synectics Medical com Software EsopHogram (SN E8845) da Gastrosoft Inc. Para a
interpretação, análise dos dados coletados no período das 24 horas e impressão
gráfica, tomou-se o padrão do programa e um microcomputador 486 DX4 - 100, com
disco rígido de 840 Mb e 16 Mb de memória ram e impressora HP Deskjet 660,
utilizados apenas para este fim. Durante o exame, todos os neonatos estiveram com
monitor multiparâmetro Dixtal DX 2010 para aferição da saturação de oxi-
hemoglobina (SatO
2
); freqüência cardíaca (FC), pressão arterial (PA) e
eletrocardiografia (ECG) de modo a se registrar alterações eventuais. O sensor do
aparelho é posicionado nas extremidades palmares ou plantares e os dois eletrodos
para a ECG ficam um no tronco e outro no membro inferior. Essas medidas de
monitorização já são uitilizadas de rotina para esses bebês.
O equipamento “Digitrapper Mk III” consta de:
“pHmeter” com visor de cristal e registro de hora até quatro dígitos e pH
do momento, medindo 13 x 10 cm;
dois microeletrodos de antimônio com 1,5 mm no diâmetro externo; os
dois canais distam 5 ou 7 cm um do outro, fixado a um fio condutor com conexão ao
aparelho; (Fotografia 3)
eletrodo cutâneo como referência ao pH de registro; (Fotografia 4)
soluções de pH 1,0 e 7,0 para a calibração;
sistema de memória / gravação para as 24 horas;
bateria de 9 volts para cada exame;
gel condutor para o eletrodo cutâneo.
Segundo o fabricante o eletrodo utilizado tolera de 5 a 10 estudos de pH
esofágico e optou-se por seguir a tolerância do próprio eletrodo, que é demonstrada
em todo processo de calibração. Procedeu-se de modo muito semelhante à Sociedade
56
Européia de Nutrição e Gastroenterologia Pediátrica, entretanto com pequenas
variações para ajuste ao recém-nascido prematuro. O equipamento registra o pH a
cada 4 segundos, portanto em um minuto são registrados 15 valores de pH.
Fotografia 3: Sondas com dois eletrodos - distância de 5 centímetros (esq.) e
distância de 7 centímetros (dir.) entre eles.
Fotografia 4: Eletrodo cutâneo de referência (esq.) e conexão com o aparelho (dir.).
4.6.1 Procedimento
Consta de 4 fases: calibração, execução do exame com registro em diário
simultaneamente, o upload (captura dos dados armazenados na memória do aparelho
57
durante as 24 horas), que consta de quatro passos importantes, e a interpretação do
exame.
Calibração:
Antes e após o final de cada exame, o aparelho é calibrado com a utilização
das soluções tampões de pH 1,0 e 7,0. (Fotografia 5) Este procedimento é de vital
importância e algum resíduo que permaneça no eletrodo pode dificultar a calibração,
sendo imediatamente observado um retardo para seu estabelecimento, acusando no
visor e nte disso, o eletrodo é revisado e a solução trocada.
Portanto, antes de cada calibração, observamos se o eletrodo está totalmente limpo.
O siste
lho necessita de bateria 9 volts nova, que é a mesma que
permanece no aparelho durante o exame. Os eletrodos esofágico, gástrico e o de
referência cutâneo são mergulhados na solução de pH 7,0 e posteriormente na de pH
1,0. Os eletrodos de antimônio necessitam de menos de 30 segundos para alcançar
98% do pH do fluido da calibração.
Execução do Exame:
rro na calibração. Dia
ma de gravação é capacitado a demonstrar no visor caso a calibração não
tenha ocorrido.
A calibração do apare
Monitorização simultânea do pH esofágico e gástrico - Esta fase compreende
a definição da localização do eletrodo no esôfago, a fixação do eletrodo cutâneo de
referência externa, a introdução do eletrodo esofágico e gástrico com posterior
fixação e o início do exame.
58
Fotografia 5: Calibração em soluções de pH 7 e pH 1. Na frente, o pHmeter.
Posição do eletrodo
Inicialmente mediu-se o RN em posição supina e a partir daí aplicou-se a
fórmula de Ströbel.
Fórmula de Ströbel = comprimento (cm) x 0,252 + 5
Foi feita a subtração de três ao final desta soma, para posicionar o eletrodo
proximal (CANAL 2) a três centímetros do EEI e é o que mais se aproxima da
posição recomendada ao RX. Procedemos à fixação do eletrodo cutâneo ao nível do
hipocôndrio direito, com o aparelho ligado, mas sem estar em gravação. Em seguida,
os microeletrodos são introduzidos via transnasal.
Nos primeiros recém-nascidos estudados foram introduzidos eletrodos com
distância entre si de 5 cm e de 7 cm para definir a melhor adequação, de modo que o
eletrodo esofágico permanecesse na posição correta e também o eletrodo gástrico
ficasse posicionado no corpo gástrico. Apenas os RNs com peso inferior a 1000g e
comprimento inferior a 40 cm necessitaram utilizar os eletrodos com distância
esôfago-gástrico de cinco cm.
59
Baseando-se na localização desejada e estimada do eletrodo esofágico,
somou-se cinco ou sete, pois como cada eletrodo dista 5 ou 7 cm um do outro,
avançando-se 5 ou 7 cm da localização inicial, o canal 1 – que é o mais distal -
alcança a topografia gástrica e o canal 2 permanece na localização esofágica
desejada. Ao se alcançar o estômago, registrou-se o pH gástrico ao final de 5 minutos
de permanência, ou antes, quando se estabilizou. A partir daí, fixou-se o fio condutor
na face, com esparadrapo antialérgico – tipo micropore.
Confirmou-se a posição com a radiografia torácica dos bebês (Fotografia 6).
Ressaltando-se que o eletrodo esofágico deve estar ao nível da terceira vértebra
acima do diafragma (Vandenplas, Y., 1992) e o eletrodo gástrico imerso na cavidade
gástrica. Em caso de posicionamento inadequado, o eletrodo foi avançado ou
tracionado.
Fotografia 6: Radiografia do tórax com demonstração dos dois eletrodos – Gástrico
e Esofágico.
60
Início do exame
Após 15 minutos da fixação e confirmação da posição, o exame pode ser
iniciado. O tempo “zero” é a hora marcada no visor naquele momento. Esse período
das 24 horas foi supervisionado por médicos da equipe, médicos residentes e
enfermeiras dos serviços devidamente orientados e habituados a esse
acompanhamento. A função do profissional na supervisão do exame está no
preenchimento do diário (Anexo 5) que é um material simples, com espaços pré-
definidos para eventos e respectivos horários, sendo eles: posição, leite materno ou
fórmula, modo de oferta da alimentação, problemas eventuais com respectivos
horários.
Após 24 horas, automaticamente, a gravação é interrompida e retira-se toda a
aparelhagem para realizar-se a análise. O condutor com o eletrodo devem ser
adequadamente higienizados e a limpeza inicial é feita utilizando álcool a 70% para a
retirada de muco que possa ficar aderido. O eletrodo de referência deve ser limpo
somente com água e papel. A desinfecção é realizada com glutaraldeído, não
devendo utilizar sabão, pois há dano ao eletrodo. Após o período da desinfecção,
enxágua-se com água para remover resíduos da desinfecção e guarda-se em
temperatura ambiente, em invólucro plástico e caixa fechada, para que a luz não atue
sobre o material do catéter.
Captura dos dados do Aparelho:
A primeira etapa para a utilização do software é a correlação entre os horários
dos eventos clínicos e pH registrados. Consiste de quatro importantes passos:
O primeiro é selecionar os parâmetros que foram utilizados, isto é: estudo
pediátrico, eletrodo de dois canais, comunicação dos dados através do Digitrapper.
O segundo passo é a informação sobre os dados do paciente como nome,
data de nascimento, registro, comentários sobre indicação ou sintomatologia prévia,
médico e assistente responsável pelo exame, assim como médico de referência. A
61
hora de início e término do exame, nesse modelo, está automaticamente incluída.
O terceiro passo, então, é o resgate dos dados propriamente dito, ou seja, a
transferência dos dados do Digitrapper para o computador.
O último passo é a entrada dos dados do diário de exame e demais
informações do período, com devido registro horário. Nesse segmento são
registradas as observações sobre posicionamento do bebê, horário de início e término
das alimentações, forma de ofertar, eventos clínicos (regurgitação ou vômito; pausa
respiratória; dessaturação; bradicardia ou outro sinal de relevância pela equipe) e
procedimentos médicos ou de enfermagem.
Análise:
Neste segmento, seleciona-se o interesse aos episódios de refluxo ácido,
determinando o ponto de corte no pH 4,0, média e mediana do pH esofágico e
gástrico; pH máximo e pH mínimo esofágico e gástrico; tempo percentual
cumulativo de pH inferior a 4,0; freqüência dos episódios e gráfico de percentil para
normais.
Na figura 2, observa-se o gráfico de percentil para lactentes normais,
representando o exame de um lactente prematuro com idade entre 1 e 2 meses, cujo
tempo percentual do pH esofágico inferior a 4 é 20,3% - observa-se esse valor
simbolizado pela figura circular preta posicionada ao longo do valor 20%. No eixo
“y”, encontram-se os valores dos tempos percentuais de pH inferior a quatro e, no
eixo “x”, os intervalos de idades no primeiro ano de vida. Cada segmento colorido de
uma barra corresponde a um intervalo de percentil. No segmento coral, situam-se os
valores dos tempos percentuais de pH esofágico inferior a quatro entre os percentis
90 e 95, estando acima desse segmento o valor de referência como patológico para
esse estudo.
Na figura 3 demonstra-se o gráfico panorâmico das 24 horas, construído com
as diferentes aferições do pH gástrico e esofágico. O traçado verde representa o pH
62
gástrico, o traçado vermelho, o pH esofágico e as duas linhas verticais representam
momentos de dessaturação.
Figura 2: Gráfico de percentil do T%pHE < 4 para lactentes normais.
RN de B., idade entre 1 e 2 meses e T % pH E < 4 igual a 20,3% (sinalizado pela esfera preta).
Figura 3: Gráfico Diário com dois registros de dessaturação.
RN de B. com dois episódios de dessaturação entre 17 e 19 horas.
63
Os parâmetros da MCpHE são estimadores de gravidade do RGE. Como
foram utilizados dois canais, sendo canal 1 o gástrico e canal 2 o esofágico,
discriminou-se os dados selecionados de cada canal, todos fornecidos pelo software:
Canal 1 ou Gástrico:
1. tempo total (minutos) com pH menor que 4
2. tempo percentual com pH menor que 4
3. média do pH gástrico nas 24 horas
4. mediana do pH gástrico nas 24 horas
5. máximo pH gástrico nas 24 horas
6. mínimo pH gástrico nas 24 horas
Canal 2 ou Esofágico:
1. tempo total (minutos) com pH menor que 4
2. tempo percentual com pH menor que 4
3. número total de episódios de refluxo
4. número de episódios de refluxo superiores a 5 min
5. duração do episódio mais longo
6. número de episódios por hora
7. clearance esofágico
8. média do pH esofágico nas 24 horas
9. mediana do pH esofágico nas 24 horas
10. máximo pH esofágico nas 24 horas
11. mínimo pH esofágico nas 24 horas
O refluxo foi definido como uma queda no pH, a níveis inferiores a quatro,
por mais de 15 segundos e o retorno a nível superior a quatro (ESPGAN, 1992).
Seguiu-se à distribuição percentil veiculada pelo software que é originária dos
estudos de Vandenplas et al (1991), onde o valor do tempo percentual de pH inferior
a 4, para RN (idade cronológica inferior a 1 mês), é de 10% no limite do percentil 90
e de 13% no limite do percentil 95. Foi considerado RGE ácido patológico o exame
64
com tempo percentual de pH inferior a 4 acima do percentil 95 para a idade
cronológica, sendo considerado para critério diagnóstico a idade cronológica.
A fórmula para “episódios de refluxo por hora” foi criada no intuito de
corrigir possível fonte de erros, na interpretação do exame, quando se trabalhava
exclusivamente com a queda do pH a níveis inferiores a 4,0. Isso porque quando o
pH já se encontrava inferior, não era acusado um novo episódio de refluxo. O
software já concede o valor expresso tanto para refluxos por hora quanto para o
clearance.
Refluxos por hora =
n x 60
p- t4
onde: n = número de refluxos
p = duração do período
t4 = tempo pH < 4
Clearance = t4 x 60
RI x p
onde: t4 = tempo pH < 4
RI = índice de refluxo (refluxo/hora)
p = duração do período
Os recém-nascidos que apresentaram exame alterado, confirmando a hipótese
clínica de refluxo, foram encaminhados para acompanhamento e tratamento.
4.7 Análise Estatística
Os dados referentes ao nascimento - peso, comprimento e idade gestacional;
os dados referentes ao dia do exame - idade cronológica, idade gestacional corrigida,
cota hídrica diária, cota calórica diária, peso, comprimento, assim como os dados da
monitorização gástrica e esofágica são representados por média (µ), desvio-padrão
(DP) e mediana (med). Estão descritos os valores medianos com os respectivos
intervalos entre parênteses e, os valores médios seguidos pelos desvios-padrão
também entre parênteses.
Para a comparação entre médias, foi utilizado o teste t de Student para
amostras independentes. Para a verificação de igualdade de variância, foi realizado o
teste de Levene, que na ocorrência de eventuais diferenças de variâncias o programa
65
estatístico procede à correção. Para pesquisar correlação, foi utilizado o Coeficiente
de Spearman para os dados não paramétricos e, o de Pearson, para os dados
paramétricos. Na verificação das diferentes associações dos eventos clínicos
registrados nos diários dos exames, foi utilizado o teste do qui-quadrado, quando
necessário a correção de Fisher.
Para definir o ponto de corte com a melhor sensibilidade e especificidade do
tempo % com pH gástrico menor do que quatro para o diagnóstico de RGE, utilizou-
se a curva R.O.C. (Receiver Operating Characteristic Curve).
A Curva R.O.C. é uma ferramenta estatística de análise que permite definir a
sensibilidade e a especificidade para todos os possíveis valores de corte de uma
determinada variável. Os pontos correspondentes à sensibilidade ficam discriminados
no eixo vertical e a especificidade, no eixo horizontal. A tabela deve conter, no
mínimo, cinco pontos diferentes de valores discriminatórios, sendo preferível, além
do valor que permite obter maior exatidão, a descrição dos que correspondem à
sensibilidade e especificidade de 90%, 95% e 99%, (ALTMAN & BLAND, 1994).
A totalidade da análise estatística foi obtida através do programa SPSS
(Statistical Package for the Social Sciences) versão 11.0 para Windows. Foi
considerado significado estatístico p 0,05 com intervalo de confiança de 95%.
66
5. Resultados
67
Resultados
5.1 Casuística
No período estudado, foram realizadas 46 pHmetrias esofágicas em recém-
nascidos, porém, em função de malformações congênitas, encefalopatias cerebrais,
uso de oxigênio e fármacos específicos (diuréticos, antiretrovirais e cafeína), oito não
puderam ser selecionados. De acordo com os critérios de inclusão e exclusão, foram
selecionados 38 recém-nascidos, os quais foram submetidos à monitorização
contínua simultânea do pH esofágico e gástrico. Porém, em função de anormalidades
relacionadas ao exame, sete foram excluídos (registros 6, 7, 8, 9, 13, 35 e 38). Cinco
(Reg. 6, 7, 8, 9 e 35) o foram por apresentarem tempo de monitorização inferior a 24
horas ou traçados anárquicos e incompatíveis, o que culminou com a interrupção do
trabalho de campo, para revisão técnica do aparelho. Um recém-nascido (Reg. 13)
apresentou apnéia com bradicardia grave em menos de 2 horas de exame,
necessitando ser entubado e ventilado. O último RN (Reg. 38) não apresentou
qualquer gravação dos dados, após 24 horas de monitorização. Todos tiveram seus
exames indicados por problemas respiratórios e dois (Reg. 6 e 7) apresentavam BDP.
Em acordo com a equipe médica assistente, optou-se por não submeter os bebês a
novos exames.
Finalizaram 31 recém-nascidos na casuística estudada, com 31 exames
respectivamente. As indicações dos exames foram apnéia e/ou pausas respiratórias,
broncoaspiração, taquicardia ou bradicardia, engasgos, regurgitações e vômitos
freqüentemente relacionados com o horário próximo às alimentações. Vinte e seis
(83,87%) recém-nascidos (Reg. 1; 3; 5; 10; 11; 12; 14; 15; 16; 17; 18; 20; 21; 22; 23;
24; 25; 26; 27; 28; 29; 30; 31; 32; 33; 34) apresentavam pausas respiratórias e/ou
apnéias recorrentes com dessaturações ao longo do dia e cinco (16,13%)
apresentavam manifestações digestivas (Reg. 2; 4; 19; 36; 37), tendo um deles (Reg.
2) apresentado um evento prévio de broncoaspiração. (Tabela 2)
68
Dos vinte e seis recém-nascidos com manifestações respiratórias estritas, três
(Reg. 2; 17 e 28) apresentavam broncodisplasia pulmonar (BDP) leve, sem padrão
radiológico pulmonar de grande comprometimento, não dependentes de
oxigenioterapia, fora de uso de medicações, mas já haviam recebido um curso
terapêutico prévio de corticoterapia e um (Reg. 3) apresentava diagnóstico suspeito,
mas não confirmado, de BDP. A MCpHE foi indicada para detectar RGE ácido
associado.
Tabela 2: Indicação da pHmetria (n = 31)
Sinais e sintomas Pacientes
Pausas e/ou apnéias com dessaturações 26
Engasgos, regurgitações ou vômitos 4
Vômitos com broncoaspiração 1
As principais enfermidades clínicas prévias não foram exclusivas a um
paciente, havendo as que incidiram em mais de uma criança. São problemas
respiratórios, uso de oxigênio, fototerapia, infecções, entre outros. Importando que
essas foram as principais afecções documentadas mas, no momento do exame, todos
os recém-nascidos se encontravam em alimentação enteral, apresentavam alguma
anormalidade clínica que a equipe médica sugeria ser devida à DRGE e aguardavam
o momento da alta hospitalar após resolução desta alteração e/ou após recuperação
nutricional.
Dentre os 31 pacientes, a Doença da Membrana Hialina (DMH) foi a
principal enfermidade em 22 dos recém-nascidos, representando 70,97% da presente
casuística; Taquipnéia Transitória do Recém- Nascido (TTRN) em 4 (12,9%);
Persistência do Canal Arterial (PCA) foi um problema detectado em 5 pacientes;
diagnóstico radiológico de pneumonia (PNM) em 13 recém-natos (41,9%); 20
(64,5%) apresentaram infecção bacteriana/ sepse; um (3,2%) foi tratado para sífilis
congênita; Policitemia ocorreu em 2 (6,45%); Icterícia Neonatal em 1 (3,2%) e
69
recuperação nutricional em oito recém-nascidos (25,8%). A assistência respiratória
foi utilizada por 28 crianças (90,32%) e apenas três (9,68%) não fizeram uso de
oxigenioterapia. Vinte recém-nascidos (71,43%), dentre os 28, foram submetidos à
ventilação mecânica (VM) e 8 recém-natos (28,57%) utilizaram exclusivamente
CPAP (continuous positive airway pressure) ou HOOD.
A amostra dos 31 recém-nascidos é composta por 17 (54,84%) do
sexo
masculino e 14 (45,16%) do sexo feminino, sendo considerada homogênea em
relação ao sexo, não há diferença significativa. A mediana da idade gestacional, ao
nascer, encontra-se em 31 sem (26 – 38s 6d), havendo dois RNs a termo (Gráfico 1);
peso e comprimento médios de 1342,58 g (± 643,96) e 39 cm (± 4,49),
respectivamente (Gráfico 2); sendo 7 (22,58%) “pequenos para idade gestacional”
(PIG) e os demais 24 (77,42%) “adequados para idade gestacional” (AIG). (Tabela
3)
Gráfico 1: Idade Gestacional ao Nascer (n =31)
0
2
4
6
8
10
12
idade gestacional ao nascer
recém-nascidos
< 30 sem.
30 - 31,6 sem.
32 - 33,6 sem.
34 - 36,6 sem.
>/= 37 sem.
70
Gráfico 2: Peso ao nascer (n = 31)
0
2
4
6
peso ao nascer
recém
8
14
-nascidos
10
12
< 1000 g
1000 - 1500 g
1501 - 2000 g
> 2500 g
Quanto ao
tipo de parto, 21 (67,74%) nasceram por parto normal e 10
(32,26%) por cesariana. (Gráfico 3)
No momento do exame, dezoito recém-nascidos encontravam-se com 37
semanas ou mais de idade gestacional corrigida, treze com idade gestacional abaixo
de 37 semanas (Gráfico 4). A idade gestacional corrigida mediana foi de 37 (29 sem
e 3 dias – 17 dias após 40 semanas) semanas. Encontravam-se em média com 39,29
(± 19,87) dias de vida, pesando 1852,42 g (± 737,1) e medindo 42,32 cm (± 4,54).
(Tabela 3)
Gráfico 3: Tipo de Parto (n = 31)
32%
68%
Cesareana
Normal
71
Gráfico 4: Idade Gestacional no mo e (n = mento do xame 31)
9
10
8
< 30 sem
30 - 32,6 sem.
0
1
2
3
4
5
6
idade gestacional ao exame
recém-nascidos
7
33 - 34,6 sem.
35 - 36,6 sem.
37 - 38 sem.
38,1 - 40 sem.
> 40 sem.
Tabela 3: Perfil dos recém-nascidos estudados (n = 31)
Parâmetros Média Mediana DP
Peso ao nascer (g) 1342,58 1095 643,96
Comprimento ao nascer (cm) 39 38 4,49
Idade Gestacional ao nascer (s, d) 31,2 31 2,88 (s)
Idade Cronológica ao exame (dias) 39,29 32 19,87 (s)
Idade Gestacional corrigida ao exame (s, d) 36,6 37 3,31
Peso ao exame (g) 1852,42 1720 737,1
Comprimento ao exame (cm) 42,32 42 4,54
Cota hídrica ao exame (mL/Kg/dia) 176,07 176 7,33
Cota calórica ao exame (cal/Kg/dia) 124,38 123,2 4,87
DP: desvio-padrão
A alimentação foi mista entre leite humano ou materno e fórmula láctea para
prematuros. A cota hídrica (QH) oral e calórica (Qcal), em média foram,
respectivamente, 176,07 (± 7,33) mL/Kg/dia e 124,38 (± 4,87) cal/Kg/dia, com
mediana 176 mL/Kg/dia (160 – 189 mL/Kg/dia) e 123,2 cal/Kg/dia (114,8 – 133,6
cal/Kg/dia). Vinte e um (67,74%) foram alimentados por gavagem simples (GS)
(Fotografia 7); cinco (1 mples e copo; dois
(6,45%) por seio materno (SM) e copo, sendo três alimentações ao seio e as cinco
6,13%) por combinação de gavagem si
72
demais alimenta enas por copo
e 15 (32,26%) a cada
alim
Fotografia 7 les (GS).
O leite deve fluir de acordo com a gravidade.
Fotografia 8: Recém-nascido alimentado por copo.
Procede-se a leve inclinação do copo na direção do lábio inferior do RN.
ções do dia foram por copo (Fotografia 8); três ap
(9,68%). Dezesseis (67,74%) foram alimentados a cada 3 horas
2 horas, respeitando as rotinas das unidades hospitalares quanto ao intervalo das
entações, segundo o peso e a idade gestacional no momento.
: Recém-nascido alimentado por gavagem simp
73
5.2 Resultados da Monitorização
Os 31 exames e seus respectivos gráficos diários estão disponíveis no anexo
6. Os valores obtidos na monitorização gástrica e esofágica estão expostos na tabela
4.
O pH gástrico médio nas 24 horas foi 4,13 (±1,07), próximo ao ponto de
corte, abaixo do qual, quando no esôfago, é conceituado refluxo ácido. Por 47,45 %
do tempo monitorizado, em média, o pH gástrico esteve inferior a 4.
O pH esofágico médio nas 24 horas foi 5,25 (± 0,49) e por 9,14 % do tempo,
em média, o pH esofágico esteve abaixo de quatro.
Tabela 4: Valores da monitorização gástrica e esofágica (n = 31)
Parâmetros Gástricos Média Mediana DP
Tempo cumulativo de pH < 4 (min) 652,1 660 302,88
Tempo percentual de pH < 4
47,45
45,9 19,88
Máximo pH nas 24 horas 7,53 7,6 0,86
Mínimo pH nas 24 horas 1,01 0,6 1,14
Média do pH nas 24 horas
4,13
3,9 1,07
Mediana do pH nas 24 horas 4,19 4,2 1,25
Parâmetros Esofágicos Média Mediana DP
Número total de refluxos 190,06 150 113,55
Refluxos > 5 minutos 5,35 4 4,44
Refluxo mais longo (min) 20,61 9 27,17
Tempo cumulativo de pH < 4 (min) 131,19 95 99,75
Tempo percentual de pH < 4
9,14
6,6 6,96
Índice de Refluxo (refl/h) 9,05 7 6,18
Clearance 0,53 0,4 0,32
Máximo pH nas 24 horas 7,4 7,4 0,9
Mínimo pH nas 24 horas 1,53 1,5 0,81
Média do pH nas 24 horas
5,25
5,4 0,49
Mediana do pH nas 24 horas 5,33 5,4 0,48
DP: desvio-padrão
74
A despeito da média dos valores dos tempos percentuais do pH esofágico
inferior a quatro ter sido normal para recém-nascidos, oito RNs (25,8%), dentre os
31, apresentaram esse valor acima dos limites da normalidade, conforme o critério
adotado no protocolo deste estudo. São os pacientes com os respectivos registros: 1;
2; 10; 11; 14; 27; 32 e 34 que, a partir de agora, quando analisados em conjunto,
serão denominados de GRUPO 1. Os demais 23 recém-natos (74,2%), apresentaram
exames dentro dos padrões de normalidade para a idade. São os pacientes com os
registros de número 3; 4; 5; 12; 15; 16; 17; 18; 19; 20; 21; 22; 23; 24; 25; 26; 28; 29;
30; 31; 33; 36 e 37 e, a partir de agora, também quando analisados em conjunto,
serão denominados de GRUPO 2. (Gráfico 5)
Gráfico 5: Distribuição dos recém-nascidos entre GRUPO 1 e GRUPO 2 (n = 31)
8
23
GRUPO 1
GRUPO 2
5.2.1 PERFIL DOS RECÉM-NASCIDOS DO GRUPO 1 E DO GRUPO 2
PERFIL DOS RECÉM-NASCIDOS DO GRUPO 1
Os oito pacientes, com tempo percentual do pH esofágico inferior a quatro
alterado, são representados por seis recém-nascidos do sexo masculino (75%) e dois
(25%) do sexo feminino (Gráfico 6). Observa-se, no gráfico, uma diferença
aparentemente importante entre o número de recém-nascidos do sexo masculino (em
azul) e o do sexo feminino (em rosa). Os seis meninos pertencentes a esse grupo,
representam 35,29 % dos recém-nascidos do sexo masculino (6/17). Quando se
analisa o sexo feminino, esse percentual reduz, pois dentre as quatorze estudadas,
apenas duas (14,29 %) apresentaram T % pH E < 4 acima dos limites da normalidade
75
ou com RGE ácido patológico segundo à pHmetria esofágica por 24 horas.
Entretanto, essa diferença não apresentou resultado estatístico significativo (p =
0,245).
Gráfico 6: Distribuição quanto ao sexo no GRUPO 1 (n = 8).
6
2
masculino
feminino
ia,
complicando com infecção; um com desconforto respiratório precoce e infecção não
confirm
Quatro nasceram por cesareana e quatro por parto normal; peso e
comprimento médio ao nascimento 1142,5 g (± 306,02) e 38 cm (± 2,07); todos
prematuros, com mediana da idade gestacional ao nascer de 30 semanas e 2 dias (26
– 31 s e 5 d); 7 AIG e 1 PIG. Todos os neonatos receberam, no primeiro minuto de
vida, score de Apgar maior ou igual a quatro (três com 4; um com 5; três com 6; um
com 9), quanto ao quinto minuto de vida, fazia parte dos critérios seleção apresentar
score maior ou igual a seis.
Em relação às suas doenças prévias, que foram assinaladas como diagnóstico
principal de permanência na UTI ou Unidade Intermediária, cinco (62,5%), dentre os
oito, apresentaram DMH, tendo os cinco utilizado VM; um apresentou policitem
ada e, o último, pneumonia congênita com evolução para sepse. Ao total, seis
(75%) recém-nascidos necessitaram de ventilação mecânica; um complicou com
PCA, o que foi solucionado com Ibuprofeno oral, sendo um dos recém-nascidos que
evoluiu com BDP (Reg. 2), mas sem necessitar de oxigenioterapia durante o
momento do estudo. Nesse grupo, dois neonatos apresentavam BDP. Para todos os
76
oito recém-nascidos, a monitorização do pH esofágico foi solicitada devido à apnéia
com dessaturação da oxi-hemoglobina (monitorização não invasiva).
No momento do estudo, encontravam-se em média com 34,63 (±15,21) dias
de vida; com mediana da idade gestacional corrigida de 35 semanas e 5 dias (31 s e
4d – 38 s); pe (± 3,41). Com
alimentação mista de leite humano ou materno e fórmula láctea infantil para
emat
as
alimentações, cinco (62,5%) recém-nascidos o fizeram de 2/2 horas e três (37,5%) de
3/3 horas, mento do
exame.
PERFIL DOS RECÉM-NASCIDOS DO GRUPO 2
sando 1565,63 g (± 636,09) e medindo 40,06 cm
pr uros, sendo ofertada por gavagem simples a seis recém-nascidos e por
GS/copo para dois RN, com cota hídrica diária média de 173,88 (± 7,43) mL/Kg/dia
e cota calórica média de 123,71 (± 3,83) cal/Kg/dia. Quanto ao intervalo entre
de acordo com o peso e idade gestacional, corrigida no mo
Este grupo é constituído por vinte e três recém-nascidos (74,1%) que
apresentaram o tempo percentual do pH esofágico dentro da normalidade, sendo
onze (47,83%) do sexo masculino e doze (52,17%) do sexo feminino (Gráfico 7).
Gráfico 7: Distribuição quanto ao sexo no GRUPO 2 (n = 23)
11
12
Masculino
Feminino
Seis (26,09%) nasceram por parto cesareana e dezessete (73,91%) por parto
normal, com peso e comprimento médio ao nascer de 1412,17 (± 718,37) g e
77
medindo 39,35 (± 5,07) cm; com mediana de 32 (26 – 38 s e 6 d) semanas de idade
gestacional (Tabela 5). Vinte e um são prematuros e dois a termo, sendo 17 AIG e 6
PIG. O score de Apgar do primeiro minuto foi de 3 a 9, sendo 3 (1 RN); 4 (2 RN); 5
(3 RN); 6 (3 RN); 7 (5 RN); 8 (4 RN); 9 (4 RN).
De acordo com os registros de doenças prévias apresentadas e que se
tornaram as principais afecções registradas para a indicação e permanência da
internação hospitalar, dezesseis (69,56%) apresentaram Doença da Membrana
Hialina, sendo que treze (56,52% do grupo) estiveram em ventilação mecânica prévia
e três apenas em CPAP nasal. Ao total, a assistência ventilatória (VMI ou CPAP) foi
prestada a vinte e um recém-nascidos. Houve oito registros de pneumonia (34,78%);
quinze (65,21%) de infecção neonatal; um (4,34%) de sífilis congênita; três (13,04%)
de TTRN; quatro (17,39%) de PCA; três (13,04%) de Doença Pulmonar Crônica
(Reg. 3; 17; 28) e sete (30,43%) crianças permanecendo internadas devido à
recupe
omento do estudo, os pacientes se encontravam, em média, com 40,91
21,3) dias de vida; 1952,17 (± 756,2) g e 43,11 (± 4,68) cm. A mediana da idade
emanas).
Foram alimentados de forma mista entre leite humano/materno e fórmula infantil
ros e, quanto à %) por g oi
tados/ copo (d de 3x ao po );
%) apenas copo. Houve dez RN (43,47%)
com intervalo alimentar de duas horas e treze (56,53%) com intervalo de três horas.
ração nutricional. As afecções não são exclusivas a um RN, portanto há as que
incidem em uma mesma criança, como a associação de DMH com PCA, infecção e
Doença Pulmonar Crônica, por exemplo. As indicações do exame foram apnéias com
quedas de saturação da oxi-hemoglobina (monitorização não invasiva) em vinte e
dois recém-nascidos e vômitos pós-alimentares em um recém-nascido. Este último
apresentou um episódio de broncoaspiração duas semanas após a alta (Reg.: 36).
Ocorreu um óbito após dez dias da realização do exame, devido à pneumonia e
choque séptico (Reg. 33).
No m
gestacional corrigida era de 37 sem e 5 d (29 s e 3 d – 17 dias pós 40 s
para prematu via, quinze (65,22 avagem simples, d s (8,7%)
amamen urante o dia, em torno seio e as demais r copo
três (13,04%) por GS/copo e três (13,04
78
A cota hídrica e calórica média foram 176,90 (± 7,29) 24,63 7)
cal/Kg/dia.
do perfil do GRU .
8) 23)
mL/Kg/dia e 1 (± 5,2
Tabela 5: Análise dos recém-nascidos PO 1 e GRUPO 2
Parâmetros GRUPO 1 (n = GRUPO 2 (n = p valor
PN (g) 2,5 (± 306,02) 2,17 (± 718,37) ,316 114 141 0
med
CN (centímetros) ,07) (± 5,07) ,303
med
IG ao nascer (s, d) 3,06) 137
IC ao exame (dias) 34,63 (± 15,21) 40,91 (± 21,3) 0,45
1095 1115
38 (± 2 39,35 0
38 38
29,6 (± 1,89) 31,6 (± 0,
med 30,2 32
med 33,5 32
IG c ao exame (s,d) 35,1 (± 2,66) 37,3 (± 3,36) 0,094
med 35,5 37,5
Peso (g) ao exame 1565,63 (± 636,09) 1952,17 (± 756,2) 0,207
med 1305 1815
Comp.(centímetros) ao
40,06 (± 3,41) 43,11 (± 4,68) 0,103
med 40 42
QH (mL/Kg/dia) 173,88 (± 7,43) 176,9 (± 7,29) 0,218
med 174,5 176
Qcal (cal/Kg/dia) 123,71 (± 3,83) 124,63 (± 5,27) 0,316
med 122,85 124,6
Teste-t; IC 95%. Valores em média (± desvio-padrão) e mediana (med); s,d (semanas,dias); g (gramas).
Analisando o perfil de ambos os grupos, conforme expresso na tabela 5, não
houve diferença significativa entre as medidas corporais ao nascer e ao momento do
exame entre GRUPO 1 e GRUPO 2, assim como também não foram significativas (p
> 0,05)
po) com intervalo de duas
horas e três com intervalo de três horas. No GRUPO 2, essa proporção foi de 10 RNs
as diferenças entre as médias de volume e caloria recebidas por cada grupo.
Essa questão é importante pois demonstra que não houve um volume maior de
ingesta hídrica e/ou calórica entre o grupo com pHmetria / MCpHE alterada.
Também no que tange aos intervalos entre as alimentações, não houve diferença
estatística significativa entre os dois grupos (p = 0,183). Houve, no GRUPO 1, cinco
RNs (representando 62,5% dos recém-nascidos do gru
79
(representando s e 13 a cada
3 horas.
43,47% dos recém-nascidos do grupo) a cada duas hora
Quanto à via de alimentação houve variação nos grupos quanto às formas de
ofertar. No GRUPO 1 todos os recém-nascidos estavam com SOG mas dois foram
alimentados também por copo. Já no GRUPO 2 dezoito estavam com SOG e 3 deles
foram alimentados também por copo; cinco receberam leite por copo ou
amamentação. Entretanto, analisando as diferentes formas junto aos dois GRUPOS,
não houve diferença estatística significativa (p = 0,068).
5.2.2 RESULTADOS DA MONITORIZAÇÃO DO PH ESOFÁGICO E GÁSTRICO DOS
RECÉM-NASCIDOS DO GRUPO 1 E DO GRUPO 2
RESULTADOS DO GRUPO 1 (T%pHE < 4 alterado)
Entre esse grupo de oito pacientes, o pH gástrico esteve inferior a quatro, em
média, horas
de monitorização. A média dos máximos valores atingidos foi 6,8 (± 0,6) e a dos
ínimo
durante 821,75 (± 191,35) minutos e durante 57,29 % (± 13,22) das 24
m s, médios e medianos valores foram respectivamente 1,16 (± 1,55), 3,5 (±
0,48) e 3,59 (± 0,7). Na monitorização do pH esofágico, durante 275,88 (± 82,78)
minutos, o pH esteve inferior a quatro, representando 19,28 (± 5,7) % do tempo
monitorizado; com média dos valores máximos de pH, igual a 7,43 (± 1,48); média
dos valores mínimos, 1,04 (± 0,63); dos médios, 4,64 (± 0,29) e dos medianos, 4,71
(± 0,31). Ocorreram 322,75 (± 136,08) episódios de refluxo, totalizando 2582
episódios de refluxo apresentados por todo o grupo (322,75/ paciente), sendo 10,63
(± 3,66) episódios superiores a 5 minutos de duração, apresentando 46,13 (± 43,84)
minutos o episódio de refluxo mais longo. (Tabela 6)
RESULTADOS DO GRUPO 2 (T% pHE < 4 dentro da normalidade)
Entre este grupo de vinte e três pacientes, durante 539,09 (± 315,18) minutos,
o pH gástri o tempo de
monitorização (24 horas). A média dos máximos valores do pH foi 7,79 (± 0,8); a
co esteve inferior a quatro, representando 44,02 (± 20,87)% d
80
média
ANALISANDO OS RESULTADOS DOS GRUPOS 1 E 2
I.C 95%: -1,6 a -0,34), assim como o pH médio (p = 0,007),
sendo 3,5 (± 0,48) no GRUPO 1 e 4,34 (± 1,14) no GRUPO 2, com I.C. 95%
compreendido entre -1,7 e 0,01. Na análise do tempo (min) pH < 4 e o T%pH G < 4,
com valor de “p” não significativo, o tamanho da amostra foi considerado suficiente
para essa avaliação. Apesar da média dos valores máximos e médios do pH gástrico
serem mais elevados, com diferenças estatísticas significativas, entre os recém-
nascidos com pHmetria normal, o tempo em minutos e o tempo percentual com pH
gástrico inferior a quatro não apresentam diferença estatística significativa entre os
dois grupos. (Tabela 6)
A mediana do pH gástrico médio, apresentada por cada grupo, pode ser
observada no Gráfico 8, representada pela barra transversal que divide cada box
(amarelo/azul). O box amarelo representa os valores do GRUPO 1 e o azul, os
valores do GRUPO 2.
dos mínimos, médios e medianos valores foram respectivamente 0,95 (± 1),
4,34 (± 1,14) e 4,4 (± 1,34). Na monitorização do pH esofágico, os valores médios
encontrados foram: 143,91 (± 55,33) episódios de refluxo, sendo ao total 3310
episódios de refluxo apresentados por todo o grupo (média de 143,91/paciente); 3,52
(± 3) refluxos superiores a 5 minutos de duração; episódio de refluxo mais longo
com duração de 11,74 (± 8,73) minutos; 80,87 (± 33,57) minutos com pH inferior a
quatro, representando 5,62 (± 2,33) % do tempo monitorizado; 6,3 (± 2,55)
refluxos/hora; clearance de 0,44 (± 0,2); valor máximo de pH alcançado igual a 7,4
(± 0,63) e o mínimo 1,7 (± 0,81) com médio 5,44 (±0,34) e mediano 5,54 (±0,31).
(Tabela 6)
Na análise estatística dos parâmetros da monitorização do pH gástrico o
valor máximo do pH foi significativamente mais elevado no GRUPO 2 do que no
GRUPO 1 (p = 0,004;
81
Tabela 6: Análise da Monitorização do pH Gástrico nos GRUPOS 1 e 2. Diferença
significativa entre as médias dos valores de pH máximo e médio do GRUPO 1 e
GRUPO 2.
Parâmetros Gástricos GRUPO 1 (n = 8) GRUPO 2 (n = 23) p valor
Tempo (min) pH < 4 821,75 (± 191,35) 539,09 (± 315,18) 0,064
med 864,5 636
T % pH < 4 (%) 57,29 (± 13,22) 44,02 (± 20,87) 0,105
med 60,05 44,1
pH máximo 6,8 (± 0,6) 7,79 (± 0,8)
0,004
med 6,8 7,8
pH mínimo 1,16 (± 1,55) 0,95 (± 1) 0,659
med 0,55 0,7
pH médio 3,5 (± 0,48) 4,34 (± 1,14)
0,007
med 3,45 4,3
pH mediano 3,59 (± 0,7) 4,4 (± 1,34) 0,115
med 3,65 4,4
Teste-t; IC 95%. Valores em média (± desvio-padrão) e mediana (med).
Gráfico 8: pH gástrico médio – mediana de cada grupo representada pela barra
transversal que divide cada box . GRUPO 1 (3,45) e GRUPO 2 (4,3).
Grupo 1 Grupo 2
Valor do pH gástrico
82
A análise dos parâmetros da monitorização do pH esofágico, pode ser
visualizada na tabela 7, com diferenças estatísticas significativas (p < 0,0001) entre
os U s do o a em
m ercen 6 - 18 pH
e r a quatro refluxos superiores a cinco minutos; pH
médio e pH mediano nas 24 horas. As médias dos demais parâmetros também
a sig 05) pos, e ndo o
clearance o do nas 24 horas. Essas diferenças estão de
acordo com o critério de seleção do grupo que foi baseado na pHmetria esofágica –
a s com
T it Esofág POS 1 e
Parâmetros Esofágic
PO 1 (n = 8) PO 2 (n = 23) valor
valores médios do GR PO 1 e os valore GRUPO 2, quant o tempo
inutos (I.C.:125,33 - 264,68) e tempo p tual (I.C.: 8,8 ,46) do
sofágico inferio ; número de
presentaram diferenças nificativas (p < 0, entre os dois gru xcetua
e o máxim valor de pH atingi
lterada ou não, para diag stico de criança RGE ácido.
abela 7: Análise da Mon orização do pH ico nos GRU 2.
os
GRU GRU p
Tempo (min) pH < 4 7)
1
275,88 (± 82,78) 80,87 (± 33,5
< 0,000
med 283,5 90
T % pH < 4 (%)
1
al de refluxo 33)
minutos )
med
(± 8,73) 2
med 29 9
Índice de Refluxo (refl/h)
1
19,28 (± 5,7) 5,62 (± 2,33)
< 0,000
med
s
19,8 6,3
Número tot 322,75 (± 136,08) 143,91 (± 55, 0,007
med 317 132
Refluxos > 5 10,63 (± 3,66 3,52 (± 3)
< 0,0001
10,5 2
0,06Refluxo mais longo (min) 46,13 (± 43,84) 11,74
16,94 (± 6,87) 6,3 (± 2,55) 0,003
med 15,7 5,7
Clearance 0,79 (± 0,45) 0,44 (± 0,2) 0,069
med 0,5 0,4
pH máximo 7,43 (± 1,48) 7,4 (± 0,63) 0,959
med 7,2 7,5
pH mínimo 1,04 (± 0,63) 1,7 (± 0,81) 0,044
med 1,05 1,8
pH médio 4,64 (±0,29) 5,44 (±0,34)
< 0,0001
med 4,65 5,5
pH mediano 4,71 (±0,31) 5,54 (±0,31)
< 0,000
4,75 5,5
Teste-t; IC 95%. Valores em média (± desvio-padrão) e mediana (med).
83
No gráfico 9, estão as representações gráficas dos tempos percentuais do pH
esofágico (T % pHE) e do gástrico (T % pHG) inferiores a quatro, em ambos os
grupos citados. Pode-se observar a distância entre o box amarelo (GRUPO 1) e o box
azul (GRUPO 2) no T % pH E < 4, isto devido à diferença significativa apresentada
entre os valores dos dois grupos. A demonstração gráfica possibilita a observação do
GRUPO 1 – com valores de T % pHE < 4 mais elevados – pHmetria esofágica
alterada, com maior T % pHG < 4 (maior tempo com pH gástrico abaixo de quatro),
assim como os menores valores de T % pHE < 4 do GRUPO 2, correspondendo aos
menores T % pHG < 4 (menores tempos com pH gástrico abaixo de quatro).
Gráfico 9: T % do pH esofágico (E) e do gástrico (G) inferior a quatro – GRUPOS 1
e 2.
GRUPO 1
T % pH E e do % pH G < 4
GRUPO 2
T
T% pH E < 4 T% pH G < 4
dos máximos e dos médios valores do pH gástrico, entre os dois grupos (pHmetria
5.3 Pontos de corte para T% pH gástrico < 4 no Diagnóstico de RGE
Conforme demonstrado na tabela 6, apenas as comparações entre as médias
84
alterada X pHmetria dentro da normalidade), apresentaram valores de “p” iguais ou
inferiores a 0,05. A diferença entre as médias dos tempos, em minutos, com pH
gástrico inferior a quatro, assim como entre os tempos percentuais, não apresentou
signific
com pH gástrico inferior a
quatro), testou-se o melhor nível de corte, para cada um deles, que oferecesse a
ácido. Para tal utilizou-se uma curva “R.O.C.” construída a partir daqueles valores e
correlacionando-os ao diagnóstico de RGE ácido.
ado estatístico (p = 0,064 e 0,105, respectivamente).
Entretanto, partindo-se de cada um desses parâmetros (pH gástrico máximo;
pH gástrico médio; tempo em minutos e percentual
melhor relação sensibilidade (S) e especificidade (E) para o diagnóstico de RGE
Com o
tempo em minutos com pH gástrico inferior a quatro, a curva obtida
definiu o critério “maior que 758 minutos” com a melhor relação sensibilidade e
especificidade, 75% e 78,3% respectivamente, com área abaixo da curva igual a
0,750 com I.C. 0,563 a 0,887 (p = 0,028). (Gráfico 10)
e RGE ácido. Gráfico 10: Curva R.O.C. – Tempo(minutos) pH gástrico < 4
tph_4
0
20
40
60
80
100
100
80
60
40
20
0
100-Specificity
Sensitivity
Tempo (min) pH gástrico inferior a 4
100 - Especificidade
Sensibilidade
85
Para os valores médios de pH gástrico alcançado nas 24 horas da
monitorização, a curva determinou que o pH 3,9 é o ponto com melhor relação
sensibilidade e especificidade para o diagnóstico de RGE ácido, com S = 87,5% e E
= 60,9%. A área abaixo da curva é igual a 0,758 com I.C. 0,571 a 0,893 (p = 0,0045).
(Gráfico 11)
Gráfico 11: Curva R.O.C. – pH Gástrico médio e RGE ácido
média_pH_Gast
row<32
0
20
40
60
80
100
100
80
60
40
20
Se
0
nsitivity
pH Gástrico médio
Sensi
100-Specificity
A despeito
bilidade
100 - Especificidade
da diferença entre as médias dos tempos percentuais do pH
gástrico inferior a quatro entre os dois grupos (I e II) não ter sido significativa (p =
0,105),
ntual do pH gástrico inferior a quatro 53,7%, apresentou S =
75% e E = 82,6% para o diagnóstico de RGE ácido, na presente casuística de 31
recém-nascidos.
conforme descrito anteriormente, esse parâmetro ofereceu a melhor relação
sensibilidade e especificidade para o diagnóstico de RGE ácido, demonstrado através
da curva R.O.C.
O tempo perce
86
A curva R.O.C. com área: 0,761; I.C.: 0,574 a 0,894 (p = 0,016) pode ser
no gráfico 12. O T%pH gástrico < 4 “maior ou igual a 53observada ,7%” foi
selecionado para verificar a correlação de acidez gástrica com manifestação clínica
do ial ox as de ) e
diagnóstico de RGE.
Tabela lores de Corte empo do pH gástrico inferior a quatro (T
pH G < 4) – E ificida ilidade RGE ácid
CR IO
T % pH
Sensibilidade Espe ade
relatada no diário exame (espec mente hip emia ou qued saturação
8: Va do t percentual
% spec de e Sensib para o.
ITÉR
G < 4 , > =
95% I.C. cificid I.C. 95%
10,2 100 62,9 – 100 0,0 0,0 – 15
17,2 100 62,9 – 100 4,3 0,7 – 22
17,9 100 62,9 – 100 8,7 1,3 – 28,1
21,2 100 62,9 – 100 13 2,9 – 33,6
22,6
87,5 4
34,7 87,5 4
87,5 4
87,5 4
87,5 4
44,1 4
87,5 4
4 60,9
60,9
65,2
69,6
52,6
6
62,5 6
58 50 16 – 84 82,6 61,2 – 94,9
59,3 50 16 – 84 87 66,4 – 97,1
62,1 37,5 9 – 75,3 87 66,4 – 97,1
64,3 25 3,9 – 65 87 66,4 – 97,1
65,8 12,5 2,1 – 52,6 87 66,4 – 97,1
68,8 12,5 2,1 – 52,6 91,3 71,9 – 98,7
75 0 0,0 – 37,1 91,3 71,9 – 98,7
90,2 0 0,0 – 37,1 95,7 78 – 99,3
91,7 0 0,0 – 37,1 100 85 – 100
100 62,9 – 100 17,4 5,1 – 38,8
30,4 100 62,9 – 100 21,7 7,5 – 43,7
32 100 62,9 – 100 26,1 10,3 – 48,4
32,2 7,4 – 97,9 30,4 13,3 – 52,9
7,4 – 97,9 30,4 13,3 – 52,9
37,3 7,4 – 97,9 34,8 16,4 – 57,3
40,9 7,4 – 97,9 39,1 19,7 – 61,4
43,3 7,4 – 97,9 43,5 23,2 – 65,5
87,5 7,4 – 97,9 47,8 26,8 – 69,4
45 7,4 – 97,9 52,2 30,6 – 73,2
45,3 75 7,4 – 97,9 38,6 – 80,3
45,9 75 35 – 96,1 38,6 – 80,3
49,8 75 35 – 96,1 42,7 – 83,6
52 75 35 – 96,1 47,1 – 86,7
52,3 75 35 – 96,1 73,9 51,6 – 89,7
75 35 – 96,1 78,3 56,3 – 92,5
53,7 75
35 – 96,1
82,6
1,2 – 94,9
55 24,7 – 91 82,6 1,2 – 94,9
87
Gráfico 12: Curva R.O.C. do tempo percentual de pH gástrico inferior a 4 e RGE
ácido (área: 0,761; p = 0,016; I.C.: 0,574 a 0,894).
5.4 O Diário do Exame
Todos os trinta e um pacientes apresentaram um diário que foi utilizado
durante as 24 horas da monitorização simultânea do pH gástrico e esofágico, com a
finalidade de registrar horário das alimentações e eventos clínicos apresentados ao
longo do período. Houve recém-nascido que, durante a monitorização, apresentou
dessaturação, além dos vômitos ou regurgitações que haviam motivado a pesquisa do
RGE, como o RN (Reg.2) demonstrado na figura 4.
Todos os eventos registrados durante as 24 horas, nos diários dos exames,
estão listados na tabela 9 e, verificando os dados, pode-se observar que dos trinta e
um estudados, três (9,68%) apresentaram sinais clínicos estritamente digestivos
(Reg. 4; 36; 37); dezenove (61,29%) apresentaram apenas manifestações
respiratórias (Reg.: 1; 5; 10; 11; 14; 15; 18; 20; 21; 22; 24; 25; 27; 28; 29; 30; 32; 33;
34); cinco (16,13%) manifestaram anormalidades clínicas digestivas e respiratórias
(Reg.: 2; 3; 12; 26; 31); um (3,23%) apresentou manifestação clínica digestiva e
88
taquicardia (Reg. 23); um (3,23%) apresentou manifestação digestiva e choro intenso
um (3,23%) apresentou apenas taquicardia (Reg.: 17); e um (Reg.: 16) não (Reg. 19);
apresentou qualquer evento durante as 24 horas. O RN que nada apresentou durante a
MCpHEG impossibilitou qualquer correlação da sintomatologia, o que motivou a
equipe a solicitar o exame, com a presença de RGE ácido. O número de pacientes por
cada evento está representado no Gráfico 13, podendo-se verificar que vinte e quatro
recém-nascidos, dos trinta e um estudados, apresentaram registro de quedas de
saturação da oxi-hemoglobina, sinal que está associado à hipoxemia em decorrência
das pausas respiratórias e/ou apnéias.
Figura 4: Registro do pH gástrico (verde) e esofágico (vermelho) das 11:00h às
11:00h. As linhas verticais brancas representam eventos de regurgitação
(R) e dessaturação (D).
89
Tabela 9: Eventos Registrados no Diário de Exame durante a pHmetria por 24 horas.
Sat.O
2
: queda de saturação da oxi-hemoglobina ou dessaturação.
Pacientes
Sat.O
2
Regurgitação/vômitos Taqui/bradicardia Choro G 1 G 2
1. RN de B. X X
2. J.P.S.S. X X X
3. J.G.S.S. X X X
4. RN D.A. X X
5. RN E.H.B. X X
10. L.A.S. X X
11. V.A.S. X X
12. G.F.S. X X X
14. RN M.S.C.A. X X
15. RN A.L.S.S. X X
16. RN R.C.M. - - X
17. RN D.C.L. X X
18. RN M.F. X X
19. M.E.T.S. X X X
20. RN M.F.S. X X
21. RN A.A.V. X X
22. RN F.D. X X
23. RN L.C. X X X
24. M.E.F.F. X X
25. RN C.N.S. X X
26. RN D.M.S.S. X X X
27. RN P.P.S. X X
28. RN K.P. X X
29. RN L.S.A. X X
30. RN L.S.J. X X
31. M.A.C.M.L. X X X
32. RN L.N.M. X X
33. RN F.V.S.M. X X
34. RN G.S.T. X X
36. RN V.R.B. X X
37. RN W.G. X X
90
Gráfico 13: Tipos de eventos clínicos, por paciente, registrados nos diários dos
exames. Dessaturação em 24 recém-nascidos.
0
5
10
15
20
25
30
eventos
pacientes
Dessaturação
Regurgitação
Taqui/bradicardia
Choro
Cento e vinte e oito eventos foram registrados nos trinta e um diários, sendo
trinta e três manifestações digestivas como vômitos ou regurgitações, seis episódios
de taquicardia pós alimentar, um episódio de choro e oitenta e oito quedas de
saturação da oxi-hemoglobina, mensuradas pelo oxímetro de pulso. (Gráfico 14)
Gráfico 14: Freqüência absoluta dos eventos clínicos nos diários dos exames
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
tipos de eventos
freqüência
Dessaturação
Regurgitação/ vômito
Taquicardia
Choro
91
Com o objetivo de verificar a correlação entre os eventos clínicos registrados
nos diários e a presença de RGE ácido, foram analisados os parâmetros gástricos e
esofágicos compreendidos entre cinco minutos antes e cinco minutos após cada um
desses eventos. Esse período de cinco minutos tem duração suficiente para poder ser
verificada a presença de um episódio de refluxo envolvendo aquele momento.
Dos cento e vinte e oito eventos resultaram cento e catorze períodos, pois
houve eventos que ocorreram com mínima diferença de tempo entre si, o que os
envolveu em um único intervalo (Anexo 4.4). Pode-se exemplificar com registros
ocorridos às 08:45h e às 08:50h, onde o período de observação foi das 08:40h às
08:55h, resultando em um único intervalo, apesar de haver dois registros.
Da monitorização gástrica (G) foram selecionados: T % pH < 4; média e
mediana do pH. Da monitorização esofágica (E): número de episódios de refluxo; T
% pH < 4; média e mediana do pH. Os parâmetros gástricos escolhidos o foram por
sua expressão em relação à maior ou menor acidez, assim como os parâmetros
esofágicos selecionados o foram devido à maior exatidão para o diagnóstico de RGE
ácido.
Nos 114 períodos analisados:
1 Setenta e nove (69,3%) correspondem aos sinais respiratórios (apnéias;
pausas respiratórias; quedas de saturação); vinte e oito (24,56%) aos sinais
digestivos (regurgitação; vômitos); seis (5,26%) relacionados a taquicardia e
um (0,88%) relativo a choro contínuo.
2 Foram registrados duzentos e oitenta e dois episódios de refluxo, sendo
duzentos e um relacionados aos sinais respiratórios (71,28%); cinqüenta e três
(18,8%), aos sinais digestivos; vinte e sete (9,57%), à taquicardia e um
(0,35%), ao choro contínuo.
3 Dos setenta e nove períodos relativos aos sinais respiratórios, vinte e nove
(36,71%) cursam com tempo percentual de pH esofágico inferior a quatro
92
alterado e cinqüenta (63,29%) apresentam tempo percentual do pH esofágico
inferior a quatro, dentro da normalidade para a idade. De acordo com a
análise estatística, não há associação entre os sinais ditos respiratórios e o
tempo percentual do pH esofágico inferior a quatro, alterado para a idade
(qui-quadrado = 0,87; p = 0,35). (Tabela 10)
4 Dos vinte e oito períodos relativos aos sinais digestivos, nove (29,63%)
ocorrem com tempo percentual do pH esofágico inferior a quatro alterado e
dezenove (67,86%), com esse parâmetro dentro dos limites de normalidade
para a idade.
5 Os seis períodos relacionados ao registro de taquicardia e o único relacionado
ao choro contínuo apresentam tempo percentual do pH esofágico inferior a
quatro dentro da normalidade para a idade.
6 Vinte e sete períodos, ao total, pertencem aos recém-nascidos que apresentam
pHmetria alterada (GRUPO 1) e oitenta e sete, aos recém-nascidos com
pHmetria normal (GRUPO 2). (Tabela 11) Sendo que daqueles vinte e sete
períodos do GRUPO 1, vinte e quatro são prováveis momentos de hipoxemia,
sinalizados pelas quedas de saturação da oxi-hemoglobina e apenas três são
registros de regurgitação ou vômitos.
Tabela 10: Associação entre sintomas respiratórios e tempo percentual do pH
esofágico inferior a quatro.
Sintomas Respiratórios no Diário de Exame
Tempo percentual do pH
esofágico < 4
Presentes Ausentes
Total
Valor normal para idade 50 26 76
Valor alterado para idade 29 9 38
Total 79 35 114
Qui-quadrado = 0,871; IC 95% = 0,24 a 1,44 ; p = 0,35.
Pode-se verificar que a média do tempo percentual do pH esofágico inferior a
quatro, a média do pH gástrico, a média do pH esofágico e o número total de
93
episódios de refluxo dos vinte e sete períodos pertencentes aos recém-nascidos do
GRUPO 1, apresentam diferenças estatísticas significativas (p < 0,0001) quando
comparados aos oitenta e sete períodos do GRUPO 2, havendo maior tempo
percentual de exposição esofágica ao ácido, menor média do pH gástrico; menor
média do pH esofágico e maior número de episódios de refluxo no primeiro grupo.
Apesar da média do tempo percentual de pH gástrico inferior a quatro ser menor
entre os oitenta e sete períodos que pertencem ao GRUPO 2, esta diferença não foi
significativa (p = 0,105).
Tabela 11: Análise dos 114 períodos compreendidos entre 5 min. antes e 5 min. após
cada evento do Diário do Exame.
Parâmetros
Total
(114 períodos)
Grupo 1
(27 períodos)
Grupo 2
(87 períodos)
p valor
(I.C. 95%)
T% pH G < 4
med
38,43 (± 39,66)
21,65
68,14 (±32,06)
75
29,2 (±137,33)
10
p = 0,105
(-2,94 a 29,47)
T% pH E < 4
med
12,61(± 22,36)
1
27,93 (±27,56)
25
7,86 (±18,20)
0
p < 0,0001
(8,59 a 31,56)
Média pH G
med
4,32 (± 1,91)
4,5
3 (±1,38)
2,7
4,72 (±1,87)
4,9
p < 0,0001
(- 2,49 a - 0,95)
Média pH E
med
5,06 (± 1,07)
5,05
4,08 (±0,82)
4
5,36 (±0,95)
5,2
p < 0,0001
(- 1,69 a - 0,88)
N
o
. RGE
med
2,47 (± 3,70)
0
4,37 (±4,23)
4
1,89 (±3,34)
0
p < 0,0001
(0,93 a - 4,04)
Teste-t. Valores em média (± desvio-padrão); med: mediana.
Utilizando-se o valor de corte para tempo percentual pH gástrico inferior a
quatro igual a 53,7%, de acordo com o exposto na seção 5.3, atribuiu-se a
denominação “hiperacidez gástrica” a todos os valores iguais ou superiores àquele
ponto de corte.
Dentre os 114 períodos, quarenta e dois (36,84%) se apresentam com
“hiperacidez gástrica”, sendo vinte (47,62%) pertencentes a neonatos do GRUPO 1 e
vinte e dois (52,38%), a neonatos do GRUPO 2. Setenta e dois períodos (63,16%)
apresentam tempo percentual do pH gástrico inferior a quatro menor que 53,7%, isto
é, “ausência de hiperacidez gástrica”. Desses, sete (9,72%) pertencem aos períodos
94
analisados a partir dos diários dos neonatos do GRUPO 1 e sessenta e cinco, ao
GRUPO 2. (Tabela 12)
Testando-se a associação entre a “hiperacidez gástrica” durante os eventos
clínicos, registrados nos diários dos exames, com diagnóstico de RGE ácido,
verificou-se que os recém-nascidos que, durante a monitorização simultânea do pH
gástrico e esofágico, apresentam uma dessaturação verificada ao monitor ou outra
manifestação clínica, com T % pH G < 4 superior a 53,7%, no período compreendido
entre cinco minutos prévios e cinco minutos posteriores ao mesmo, estão associados
ao diagnóstico de RGE ácido (p < 0,0001; I.C. 95%: 3,1454 a 22,6551). (Tabela 12)
Tabela 12: Associação de “Hiperacidez Gástrica” durante evento clínico com
diagnóstico de RGE ácido.
“Hiperacidez”gástrica
no período
Ausência de “hiperacidez”
gástrica no período
Total
pHmetria alterada (G 1) 20 7 27
pHmetria normal (G 2) 22 65 87
Total 42 72 114
Qui-quadrado = 19,03 ; IC 95% = 3,1454 a 22,6551; p < 0,0001
Nos vinte e sete períodos que pertencem aos recém-nascidos do GRUPO 1,
dezoito (66,66%) ocorrem com tempo percentual do pH esofágico inferior a quatro
alterado e nove (33,33%) períodos apresentam esse tempo dentro da normalidade.
Dentre os oitenta e sete períodos pertencentes aos recém-nascidos do GRUPO 2,
vinte e dois (25,29%) ocorrem com tempo percentual do pH esofágico inferior a
quatro alterado e sessenta e cinco (74,71%) com o tempo normal para a idade.
(Tabela 13)
Um recém-nascido, que porventura manifeste alteração clínica de repercussão
importante, e que se correlacione com refluxo ácido nos momentos dessa alteração, a
correlação temporal – manifestação clínica e refluxo ácido deve ser levada em
consideração, principalmente se a pHmetria se encontrar normal para a idade.
95
Procedendo à verificação de associação entre tempo percentual do pH
esofágico inferior a quatro alterado em um evento clínico (assinalando a importância
da hipoxemia) e diagnóstico de RGE, conclui-se que os recém-nascidos que, durante
a monitorização simultânea do pH gástrico e esofágico, apresentam um evento
clínico com T % pH E < 4 alterado, no período compreendido entre cinco minutos
prévios e cinco minutos posteriores ao mesmo, estão associados ao diagnóstico de
RGE ácido. (p = 0,0002) (Tabela 13)
Tabela 13: Associação do tempo percentual com pH esofágico inferior a quatro
alterado, em um evento clínico, com diagnóstico de RGE ácido.
Período com T % pH E < 4
alterado
Período com T% pH E < 4
normal
Total
GRUPO 1 18 9 27
GRUPO 2 22 65 87
Total 40 74 114
Qui-quadrado = 13,73 ; IC 95% = 2,3201 a 15,0498; p = 0,0002
5.5 O período pós-prandial
Denomina-se o período após as alimentações e que, em geral, o pH se
encontra alterado, em função do alimento ingerido, por até 120 minutos. Na análise
da monitorização gástrica por 24 horas, de cada criança, traçou-se o período em que,
após a alimentação, o pH manteve-se superior a quatro (T pH G > 4) e a esse período
se denominou de pós-prandial. Quando o pH não sofreu queda abaixo de quatro,
considerou-se o intervalo entre as alimentações como sendo todo ele o período “pós-
prandial”, situação que ocorreu em quatro pacientes (dois pertencentes ao GRUPO 1
– “com RGE ácido” e dois ao GRUPO 2 – “sem RGE ácido”).
Identificou-se em cada paciente todos os oito a doze períodos pós-prandiais; o
mais longo e o mais curto; o tempo médio para cada RN e, finalmente, separou-se os
respectivos tempos dos que foram alimentados a cada duas e a cada três horas.
(Anexo 4.5)
96
Por meio de gráfico diário, foi possível identificar-se as alterações do pH em
função das alimentações. Na figura 5, está exposto um período de duas horas, das
23:00h a 01:00h. O traçado em verde representa o canal gástrico; o vermelho, o
esofágico; a linha transversal branca, evento de dessaturação; a linha transversal azul,
o cursor sobre o horário selecionado. Segundo o diário do exame, a alimentação foi
ofertada às 24:00h e, de acordo com a linha transversal azul da figura, à 00:05h o pH
no canal 1 (gástrico) é 4,5 e no canal 2 (esôfago), 4,99. Pode ser visualizado, no
traçado, uma ascensão rápida da linha de base do canal gástrico, a partir de 00:05h.
Posteriormente, conforme demonstrado na figura 6, onde o cursor (linha transversal
azul) se situa sobre o horário de 0:50h, o pH inicia seu declínio e encontra-se no
canal gástrico com valor de 3,98, estabilizando-se abaixo de quatro até o horário da
alimentação seguinte. Nessa paciente (Reg. 10), a duração do período, com pH
inferior a quatro após a alimentação ofertada às 24:00h, foi de 45 minutos.
Figura 5: Registro do pH gástrico (verde) e esofágico (vermelho) das 23:00h a
1:00h.
Dessaturação (D) às 24:00h; pH gástrico 4,5 e esofágico 4,99 à 00:05h.
97
Figura 6: Registro do pH gástrico (verde) e esofágico (vermelho) das 24:00h às
2:00h.
Cursor azul identifica 00:50h com pH gástrico 3,98 e esofágico 3,32.
O software do aparelho utilizado no estudo permite a observação de
intervalos de 1 minuto, com precisão de segundos. (Figuras 7A e 7B)
Figuras 7A e 7B: Registro do pH gástrico e esofágico durante um minuto, com
intervalos de segundos.
(7A) Intervalo de 19:09:45h a 19:10:45h. Linha transversal azul registra às 19:10:03 h, pH
gástrico 4,02 e pH esofágico 3,89
.
98
(7B) Intervalo de 19:09:30h a 19:10:30h. Linha vertical azul registra o pH às 19:10:06 h. pH
gástrico 3,80 e pH esofágico 3,89.
Verificando as figuras 7A e 7B pode-se constatar a variação do pH gástrico
entre 19:10:03h (pH = 4,02) e 19:10:06h (pH = 3,80), mantendo-se o esofágico igual
a 3,89 em ambos os momentos.
Na amostra dos 31 pacientes estudados, o tempo médio de pH superior a
quatro, pós-prandial, foi igual a 85,96 (52,5 – 124,38) minutos, aproximadamente
uma hora e vinte minutos. O mais longo período apresentou duração média de 132,26
(70 – 180) minutos – pouco mais do que duas horas e o período mais curto 49,94 (10
– 90) minutos em média. Entre os alimentados de 2/2 horas o período médio foi de
79,04 (52,5 – 118,13) minutos, em torno de uma hora e dez minutos de duração e
entre os alimentados a cada 3 horas o período foi de 92,54 (66,25 – 124,38) minutos,
em torno de uma hora e trinta minutos. (Tabela 14)
A duração média, em minutos, do tempo com pH superior a quatro após as
alimentações foi menor nos RNs alimentados a cada duas horas do que naqueles com
intervalo alimentar de três horas, sendo essa diferença muito próxima do valor de
significância estatística (p = 0,051; I.C. = -27,05 a 0,09).
99
Tabela 14: Tempo (minutos) com pH gástrico superior a quatro após as alimentações
em todos os recém-nascidos e conforme intervalo alimentar de 2 e 3
horas.
Amostra Total (n = 31) 2/2 h (n = 15) 3/3 h (n = 16) p valor
85,96 (± 19,4)
84,17
79,04 (± 19,41)
79,5
92,52 (± 17,54)
90,60
0,051
Teste-t; IC 95% (-27,05 a 0,09). Valores em média (± DP) e mediana.
Avaliando cada grupo (1 e 2) em separado, o tempo médio pós-prandial foi de
73,01 minutos no GRUPO 1 (próximo a uma hora e quinze minutos), variando entre
52,5 e 84,17 minutos, enquanto no GRUPO 2, foi de 90,55 minutos
(aproximadamente uma hora e trinta minutos), oscilando entre 60,83 e 124,38
minutos (Gráfico 15). O tempo pós-prandial médio mais longo, 124,38 minutos,
pertence ao paciente de registro 4, integrante do GRUPO 2 e o menor tempo pós-
prandial médio, 52,50 minutos, foi verificado no RN de registro 10, que faz parte do
GRUPO 1. Comparativamente, a média do tempo do GRUPO 2 (pacientes com T %
pH esofágico < 4 normal para idade) foi superior à do GRUPO 1 e essa diferença
apresentou significado estatístico (p = 0,025; I.C. = –32,68 a –2,33), demonstrando
que, nesse estudo, os recém-nascidos com RGE ácido têm um período pós-prandial
menor. (Tabela 15)
Tabela 15: Tempo (minutos) com pH gástrico superior a quatro após as alimentações
no GRUPO 1 e GRUPO 2.
Medidas
GRUPO 1
(n = 8)
GRUPO 2
(n = 23)
p valor (I.C. 95%)
µ (± DP)
med
73,01 (± 9,99)
76,75
90,58 (± 19,99)
90,56
0,025 (
–32,68 a –2,33)
Teste-t. µ (± DP): média (± desvio-padrão); med: mediana
100
Gráfico 15: Tempo médio (min.) com pH gástrico superior a quatro após
alimentações – GRUPO 1 e 2.
A linha preta transversal a cada box (amarelo/azul) representa a mediana em
cada grupo. GRUPO 1 (76,75 min.) e GRUPO 2 (90,56 min.).
Grupo 1 Grupo 2
Tempo em minutos
No GRUPO 1, cinco pacientes foram alimentados a cada duas horas e três o
foram de 3/3 horas, assim como o tempo médio pós-prandial de cada um desses
subgrupos foi respectivamente 72,78 (52,5 – 84,17) minutos e 73,38 (66,25 – 78,13)
minutos. No GRUPO 2, dez pacientes foram alimentados a cada duas horas e 13 o
foram a cada três horas e o tempo médio pós-prandial de cada um dos subgrupos foi
respectivamente 82,16 (53,58 – 118,13) minutos e 96,94 (69,38 – 124,38) minutos.
Aproximadamente uma hora e dez minutos entre os que se alimentam a cada duas
horas e uma hora e trinta minutos para os que se alimentam a cada três horas. (Tabela
16)
Analisando o tempo pós-prandial em cada um dos dois grupos (1 e 2) e os
subdividindo entre os alimentados a cada duas horas e os que são a cada três horas,
pode-se verificar que não há diferença estatística significativa entre as médias dos
tempos com pH gástrico superior a quatro pós alimentar entre as crianças
101
alimentadas de 2/2 horas e 3/3 horas do GRUPO 1 (p = 0,94), assim como do
GRUPO 2 (p = 0,078). (Tabela 16)
Tabela 16: Tempo (minutos) com pH gástrico superior a quatro após alimentações
de 2/2h e 3/3h – GRUPO 1 e GRUPO 2.
GRUPOS Medidas 2/2 h 3/3 h p valor (I.C. 95%)
casuística n = 5 n = 3
µ (± DP)
72,78 (± 12,44) 73,38 (± 6,29) 0,94 (-19,86 a 18,67)
G 1 (n = 8)
med 77,75 75,75
casuística n = 10 n = 13
µ (± DP)
82,16 (± 22,02) 96,94 (± 16,28) 0,078 (-31,5 a 1,81) G 2 (n = 23)
med 80,63 96,25
Teste-t; µ (± DP): média (± desvio-padrão); med: mediana
5.6 Análise do T % pH E < 4 e T % pH G < 4 de acordo com IG corrigida Inferior a 37 semanas e
Igual ou Superior a 37 semanas.
Segundo a O.M.S. (apud BERTAGNON & SEGRE, op.cit.), considera-se
prematuro todo RN com idade gestacional inferior a 37 semanas pós-concepcionais.
Analisando a casuística, há 29 recém-nascidos com IG, ao nascer, inferior a 37
semanas e apenas dois com 37 ou mais semanas de idade gestacional, o que dificulta
qualquer análise entre dois grupos pela pequena amostra de recém-nascidos nesse
último. Entretanto, segundo a IG corrigida (IGc), há 13 RNs com IG inferior a 37
sem. e 18 RNs com IG igual ou superior a 37 sem. (Gráfico 16). Esses dois grupos de
recém-nascidos, a partir de agora denominados GRUPO A (IGc < 37 sem./
“prematuros”) e GRUPO B (IGc 37 sem./ “a termo”), apresentam características
próprias. (Anexo 4.6 e Gráfico 16)
102
Gráfico 16: Idade Gestacional dos recém-nascidos no momento do exame.
Grupo A – 13 RNs
Grupo B – 18 RNs
0
1
idade gestacional
2
3
4
5
recém-n
6
7
10
ascidos
8
9
< 30 sem.
30 - 32,6 sem.
33 - 34,6 sem.
35 - 36,6 sem.
37 - 38 sem.
38,1 - 40 sem.
> 40 sem.
5.6.1 Perfil dos Recém-nascidos do GRUPO A – IG corrigida (IGc) < 37 semanas e
do GRUPO B – IG corrigida (IGc) 37 semanas.
Perfil dos recém-nascidos do Grupo A
Formado por 13 recém-nascidos (41,94%), com IGc mediana igual a 34
sem.(2
No dia do exame, pesaram e mediram 1246,92 (± 316,69) gramas e 39,12 (±
2,6) ce
9s3d a 36s4d), sendo 10 (76,92%) do sexo masculino e 3 (23,08%) do sexo
feminino. São eles de acordo com o registro de entrada no estudo: 2; 5; 11; 15; 18;
20; 22; 26; 29; 30; 32; 34 e 37. A mediana da IG ao nascer é de 31 sem.(26s a 33s1d)
e PN e CN de 1062,31g (± 269,34) e 36,54 cm (± 2,6) respectivamente. (Tabela 17)
ntímetros, respectivamente; onze (84,62%) foram alimentados de 2/2 horas e
dois (15,38%) de 3/3 horas e sendo justificável o maior número de recém-nascidos
103
alimentados com intervalo de 2 horas devido à maior concentração de recém-
nascidos com peso inferior a 1500 g, a despeito de um RN com 1560g (> 1500g) ter
sido alimentado a cada 2 horas. Receberam leite materno ou humano e fórmula láctea
para prematuros, de forma mista.
Perfil dos recém-nascidos do Grupo B
Formado por 18 recém-nascidos (58,06%), com IGc mediana igual a 38s 2d.,
sendo 8 (44,44%) do sexo masculino e 10 (55,56%) do sexo feminino. São eles de
acordo
36,53) gramas e 44,64 (± 4,25) centímetros; quatro (22,22%) foram
alimentados de 2/2 horas e quatorze (77,78%) de 3/3 horas, sendo justificável o
maior concentração de recém-nascidos com peso superior a 1500g, a despeito de um
RN com 1640g (> 1500g) ter sido alimentado também a cada 2 horas.
ecebera no o fórmu aturos,
também de ista, sendo oito %) por GS; inco (27,78%) por GS +
ês (16,6 11, ês
alimentações durante o dia) e copo (a is alimentações do dia).
cada grupo, pode-se verificar, na tabela 17, que os
recém-nascidos do GRUPO A apresentam médias de eso e comprimento ao
nascim primento no dia do exame,
significativa enores do que o m-nascidos do GRUPO B. De acordo com
estacio
dois grupos.
com o registro de entrada no estudo: 1; 3; 4; 10; 12; 14; 16; 17; 19; 21; 23;
24; 25; 27; 28; 31; 33 e 36. A mediana da IG ao nascer é de 31s 4d e PN e CN
médios de 1545g (± 759,69) e 40,78 cm (± 4,78) respectivamente. (Tabela 17)
No dia do exame, o peso e comprimento médios foram respectivamente
2289,72 (± 6
maior número de recém-nascidos alimentados com intervalo de 3 horas, devido à
R m leite huma u materno e la láctea para prem
forma m (44,44 c
copo; tr 7%) estritamente por copo e dois ( 11%) por SM (duas a tr
s dema
Analisando o perfil de
p
ento; idade gestacional, peso e com
mente m s recé
a idade g nal ao nascimento, não há diferença estatística significativa entre os
104
Tabela 17: Perfil Antropométrico e Idades Gestacionais dos RNs do GRUPO A e
GRUPO B.
GRUPO A GRUPO B p valor (I.C. 95%) Parâmetros
IG (s,d) 30,4 (± 2,32) 31,6 (± 3,14) 0,15 (- 3,63 a 0,582)
med 31 31s 4d
PN (g)
2,8)
med 39 44,50
1062,31 (± 269,34) 1545 (± 759,69) 0,021 (- 884,58 a - 80,81)
med 985 1275
CN (g) 36,54 (± 2,6) 40,78 (± 4,78) 0,004 (- 6,99 a - 1,50)
med 36 39,5
IG c (s,d) 33,64 (± 2,16) 38,6 (± 1,92) < 0,0001 (- 6,79 a - 3,77)
med 34 38,2
Peso (g) 1246,92 (± 316,69) 2289,72 (± 636,53) < 0,0001 (- 1436 a - 649,59)
med 1100 2337,50
Comp (g) 39,12 (± 2,6) 44,64 (± 4,25) < 0,0001 (- 8,24 a -
Teste-
5.6.2 R
t; valores em média (± desvio-padrão) e mediana (med).
esultados da Monitorização do pH esofágico e gástrico do GRUPO A e
GRUPO B.
Resultados da monitorização do pH esofágico e gástrico do GRUPO A
Após monitorização simultânea do pH gástrico e esofágico, quatro (30,77%)
recém-nascidos desse grupo apresentaram tempo percentual do pH esofágico inferior
a quatro, acima dos limites da normalidade (pHmetria alterada) e nove (69,23%),
dentro dos limites da normalidade (pHmetria normal), segundo critérios
anteriormente descritos. O tempo percentual médio do pH gástrico inferior a quatro
entre esses 13 recém-nascidos prematuros foi de 50,31% (± 16,37%), o tempo
percentual médio do pH esofágico inferior a quatro foi de 10,78% (± 7,25%),
ocorreram 228,85 (± 111,25) episódios de refluxo em média e o tempo médio com
pH > 4 no período pós-prandial foi de 76,89 (± 15,68) minutos. (Tabela 18)
105
Resultados da monitorização do pH esofágico e gástrico do GRUPO B
Após a monitorização simultânea do pH gástrico e esofágico, três (16,67%)
a quatro ac s da
normalidade. O tempo percentual médio do pH gástrico inferior a quatro (T % pH G
< 4) entre os 18 recém-nascidos a termo f %
p io pH esof q 6% ram
162,06 (± 109,71) episódios de refluxo em m a média de tempo com pH > 4 no
p ndial foi de ) m la 1
gástrico de ambos os grupos, não houve diferença estatística significativa quanto aos
v o percentual de pH gástrico e esofágico inferior a quatro nem
quanto ao número médio de episódios de refluxo. Entretanto, o tempo médio (min.)
do pH gástrico superio pós as alim es foi significativamente superior
(p = 0,024) entre os RN do GRUPO B ou com IG corrigida superior a 37 semanas.
(Tabela
Parâmetros GRUPO A GRUPO B p valor (I.C. 95%)
recém-nascidos deste grupo, apresentaram tempo percentual do pH esofágico inferior
ima dos limites da normalidade e quinze (83,33%) dentro dos limite
oi de 45,38 (± 22,3%), o tempo
ercentual méd ágico inferior a uatro foi de 7,9 (± 6,7%), ocorre
édia e
eríodo pós-pra 92,58 (± 19,53 inutos. (Tabe 8)
Analisando os resultados dos parâmetros selecionados da MCpH esofágico e
alores médios do temp
r a quatro a entaçõ
18)
Tabela 18: Resultados da MCpH esofágico e gástrico do GRUPO A e GRUPO B.
Diferença significativa entre as médias do T pH G > 4 pós-prandial.
T % pH G < 4 50,31 (± 16,37) 45,38 (± 22,3) 0,505 (-10 a 19,86)
med 49,80 45,15
T % pH E < 4 10,78 (± 7,25) 7,96 (± 6,70) 0,274 (- 2,35 a 7,98)
med 7,30 5,65
No. RGE 228,85 (± 111,25) 162,06 (± 109,71) 0,107 (-15 a 148,94)
med 218,0 132
T pH G > 4 (min.) pós-
prandial
76,89 (± 15,68) 92,58 (±19,53) 0,024 (-29,12 a - 2,26)
med 77,75 90,60
Teste-t; I.C. 95%. Valores em média (± desvio-padrão) e mediana (med).
106
No gráfico 17, está representado o tempo, em minutos, do pH gástrico
superior a quatro após as alimentações, dos RNs do GRUPO A e do GRUPO B. Na
representação gráfica, observa-se a diferença entre os dois grupos e as linhas escuras
transversais a cada box (amarelo/azul) indicam as medianas, sendo de 77,75 minutos
no GRUPO A e 90,6 minutos no GRUPO B.
Os resultados encontrados para esse parâmetro foram muito semelhantes aos
dos GRUPOS anteriormente descritos como GRUPO 1 e GRUPO 2. Tendo o
GRUPO A valores muito semelhantes aos do GRUPO 1 e o GRUPO B valores muito
semelhantes aos do GRUPO 2, sendo que o critério para a discrimi
grupos anteriores (1 e 2) foi a pHmetria alterada, segundo o valor do T % pH E < 4 e
ame.
Gráfic
nação dos dois
o critério para a seleção desses dois grupos, agora descritos, foi a idade gestacional
no momento do ex
o 17: Tempo (minutos) pH gástrico > 4 após alimentações – GRUPOS A e B.
5.7 Aplicando Coeficiente de Correlação (r) entre a Idade Gestacional e Parâmetros da MCpH
esofágico e gástrico.
Conforme já descrito previamente, a casuística desse estudo é constituída por
29 RNs prematuros e dois RNs a termo, portanto, a idade gestacional corrigida é o
único dado que possibilita diferenciá-los quanto à situação da maturidade
Tempo em minutos
Grupo A Grupo B
107
gestacional. Com o objetivo de verificar possível correlação da prematuridade com o
RGE ácido, foi utilizado o coeficiente de correlação (r) de Spearman (dados não
paramétricos) e Pearson (dados paramétricos), admitindo-se correlação significativa
com valores de p 0,05.
De acordo com a análise, há correlação positiva significativa entre idade
gestacional corrigida e o peso (r = 0,461; p = 0,009) e comprimento (r = 0,51; p =
0,003) ao nascer; peso (r = 0,77; p = 0,009) e o comprimento (r = 0,749; p <
0,0001) no momento do exame e com o tempo médio pós-prandial (r = 0,457; p =
0,01). Assim como o tempo médio pós-prandial apresenta correlação igualmente
positiva e significativa com o peso (r = 0,355; p = 0,05) e comprimento (r = 0,389; p
= 0,03) no momento do exame. Esses dados expressam que quanto menor a idade
gestacional corrigida ao momento do exame, ou ainda, quanto menor a idade
e o
comprimento no momento em que foi realizado o exame, menor o tempo médio
entações.
ao momento do exame, maior o tempo percentual do pH esofágico inferior a quatro.
gestacional quando se indicou o exame, menor o peso e o comprimento ao
nascimento, assim como menor peso e comprimento naquele momento (o que é
coerente com a IG corrigida e com poucos PIGs no estudo). De outra forma, quanto
menor o peso e o comprimento ao nascer, menor a idade gestacional com que foi
realizado o exame. Ainda se pode afirmar que quanto menores o peso
(min.) de pH gástrico superior a quatro após as alim
A idade gestacional corrigida se correlaciona negativamente (r = - 0,491), de
modo significativo (p = 0,005), com o tempo percentual do pH esofágico inferior a
quatro, portanto, quanto menor a idade gestacional no momento do exame, maior o
tempo percentual do pH esofágico inferior a quatro. Este último também apresenta
correlação negativa com o peso (r = - 0,517; p = 0,003) e comprimento (r = - 0,532; p
= 0,002) no momento do exame, portanto, quanto menores o peso e o comprimento
Quando correlacionada a média do tempo pós-prandial ou de pH gástrico
superior a quatro após as alimentações com acidez gástrica e esofágica verifica-se
correlação negativa e significativa com os tempos percentuais de pH esofágico (r = -
108
0,462; p = 0,008) e gástrico (r = - 0,38; p = 0,03) inferiores a quatro, sendo a média
do tempo pós-prandial menor quanto maior o valor dos referidos percentuais.
5.8 “Índ
ais
po
percentual d itou neste estudo “pHmetria
al” e “pHmetria alterada”, obtivemos uma curva com sensibilidade de 100% e
especificidade de 95,7% tomando-se como ponto de corte o valor do produto igual a
0,052 (p < 0,0001; I.C. 0,878 a 0,991) (Gráfico 18).
Gráfico 18: Curva R.O.C. para Índice de Acidez Gastroesofágica
ice de Acidez Gastroesofágica”
Com o produto dos tempos percentuais em que o pH permaneceu abaixo de 4
tanto no eletrodo esofágico quanto no gástrico, sugerimos um índice ao qual
denominamos “índice de acidez gastroesofágica”. O produto de dois números
percentuais pode ser realizado com os respectivos sendo representados por números
com duas casas decim à esquerda dos números originais, visto que se divide por
100 (T % pH esofágico < 4 com valor de 25,8% é representado pelo número 0,258).
Analisando-se a curva R.O.C. deste índice, em comparação com o tem
o pH esofágico abaixo de 4, o que delim
norm
Sensibilidade
100-Es
p
ecificidade
Índice de Acidez Gastroesofágica
109
Os índices do cém-nascidos do GRUPO 1 apresentaram média de 0,112 (±
,049) e os do GR O 2, 0,024 (± 0,018). Houve diferença com significado
estatístico entre os grupos (p = 0,0017; intervalo de confiança – 0,129 a – 0,046). No
gráfico 19 está demosntrado o índice em cada grupo, sendo amarelo o GRUPO 1 e
azul o GRUPO 2. A barra transversal preta em cada bloco representa o valor
mediano e como a mesma situa-se muito próximo ao ponto médio de cada bloco, a
apresentação gráfica sugere uma distribuição normal. (Gráfico 19)
Gráfico 19: Índice de Acidez Gastroesofágica – GRUPO 1 e GRUPO 2. (Valores
expressos com índice x 10
4
).
s re
0 UP
Grupo 1 Grupo 2
T% pHE < 4 x T% pHG < 4
110
6. Discussão
111
Discussão
6.1 Metodologia do Estudo
A monitorização contínua do pH esofágico é um importante método com boa
relação de sensibilidade e especificidade para a detecção do RGE ácido, entretanto,
em algumas ocasiões, deixa de diagnosticar crianças com manifestações clínicas
sugestivas desta enfermidade. Na neonatologia tem sua importância vinculada à
investigação diagnóstica de possíveis causas para episódios de apnéias, bradicardias,
pneumonias ou mesmo de agravamento da displasia broncopulmonar, pois o RGE
ácido pode estar envolvido, de maneira silenciosa, nesses quadros.
Com o objetivo de estudar uma possível interferência do tamponamento do
pH gástrico, em função das alimentações lácteas, no diagnóstico do RGE em recém-
nascidos, o que justificaria a não correlação temporal da sintomatologia e RGE ácido
ao esôfago, optou-se pela utilização da monitorização simultânea do pH esofágico e
gástrico para o esclarecimento dessas questões. Foi necessária a padronização de
algumas variáveis importantes, como a ausência de doenças e drogas que pudessem
interferir na manifestação do RGE ou mesmo no pH; a não utilização de
oxigenioterapia; o tipo de alimentação, quando o leite humano não estivesse
disponível para todos os horários; a alimentação enteral plena; o início do exame -
imediatamente antes de uma alimentação e à posição do eletrodo - padrão da
ESPGAN. A restrição quanto à fórmula alimentar não apresentou qualquer problema,
pois quem estava em condições de poder receber leite humano nas 24 horas recebeu,
os demais já não seriam alimentados com leite humano em sua plenitude, pois
conforme já foi descrito previamente, nem sempre é possível quando o volume por
horário se eleva, o que nesta casuística ocorreu, pois estavam todos em alimentação
enteral plena.
Na coleta dos dados demográficos e enfermidades anteriores, foi necessária a
busca nos prontuários e a informação dos profissionais diretamente em contato com
112
os pacientes. Sabe-se que informações se perdem durante as internações, por não
registro, assim como as próprias informações contidas nos prontuários podem ser
falhas.
6.2 Casuística e Período
De Agosto de 2003 a Julho de 2005, foram realizadas 46 pHmetrias
esofágicas em recém-nascidos, mas em função de anomalia congênita (1),
encefalopatia cerebral (1), uso de oxigênio (1) e fármacos específicos (5) –
diuréticos, antiretrovirais e cafeína, não fizeram parte desta casuística. Dessas
restrições, a que mais interferiu no tamanho da amostra foi o uso de medicamentos
específicos. A terapia diurética é utilizada na BDP que representa uma entidade
clínica freqüente em recém-nascidos prematuros, além de, eventualmente, estar
associada ao RGE. A terapia antiretroviral é utilizada na SIDA e uma das unidades
hospitalares envolvidas no estudo é centro de referência para a síndrome. A cafeína é
indicada para recém-nascidos com apnéia, outra manifestação comum entre pré-
termos. De acordo com os critérios de inclusão e exclusão, foram selecionados 38
recém-nascidos, dos quais, sete foram excluídos após a realização da monitorização
contínua simultânea do pH esofágico e gástrico, resultando ao final, trinta e um
neonatos.
Não houve falta de consentimento dos responsáveis, porém, alguns ficaram
receosos de assinar e verbalizaram que concordavam com a realização do exame,
“mas preferiam não assinar”; de qualquer modo, explicava-se novamente que eram
normas para a realização de qualquer estudo e que aquele papel não representava
algo contra o RN, mas sim a favor dele. O consentimento por escrito pode afastar a
população descrente e temerosa mas, por outro lado, concede maior segurança para o
pesquisador e a quem o compreende e assina.
A casuística de trinta e um recém-nascidos demonstrou ser suficiente para a
maioria dos critérios pesquisados, sendo considerada homogênea quanto ao sexo (17
meninos e 14 meninas); IG, peso e comprimento ao nascer; cota hídrica e calórica.
Emmerson et al (2002) desenvolveram estudo sobre RGE com vinte e seis recém-
113
nascidos menores que 35 semanas; Mitchell et al. (2001) selecionaram vinte e dois
neonatos, com predomínio de meninos (14/22); Peter et al (2002A) estudaram
dezenove com apnéia e RGE e, posteriormente, selecionaram dezesseis pré-termos
para estudo da influência da SOG no RGE (2002B). Em estudo mais amplo,
Mezzacappa & Collares (1999) descreveram retrospectivamente 85 pHmetrias de
recém-nascidos, realizadas ao longo de três anos.
Os recém-nascidos apresentaram, ao nascimento, IG mediana de 31 (26-38,6)
semanas e peso de 1095g (650 – 3360). Nessa casuística, ocorreram seis neonatos
(19,35%) com peso ao nascer inferior a 1000g, sendo o menor peso 810g e nove
(29%) com IG igual ou menor que 30 semanas, com IG mínima de 26 semanas. No
momento do exame encontravam-se com 32 (10 – 86) dias de vida e 1720 g (890-
3410), respectivamente, resultados que se aproximam dos obtidos por Mitchell et al
(2001), Snel et al (2000) e Mezzacappa & Collares (op.cit.). A variação encontrada
na idade cronológica no momento do exame, de 10 dias a 86 dias de vida, é
justificável pela presença tanto de RN com peso ao nascer inferior a 1000g, o que
prolonga o tempo de internação e de início da alimentação oral, como RN com peso
ao nascer superior a 1500g, cuja manifestação clínica pode ser mais precoce.
Após a realização do exame e a formação de dois grupos com base no
diagnóstico de RGE ácido GRUPO 1 – T % pH esofágico < 4 acima do percentil 95 e
GRUPO 2 – T % pH esofágico < 4 dentro da normalidade, o predomínio de meninos
(seis) em relação às meninas (duas), no primeiro grupo, numa proporção de 3:1, não
foi considerado significativo. Não se objetivou verificar efeitos do gênero sobre a
prevalência do RGE, não foi um estudo estratificado, mas há uma hipótese de que
prematuros com alguma enfermidade clínica tenham um resultado menos favorável,
quando do sexo masculino (NASPGHAN, 2003A). Arad-Cohen et al (2000)
estudando apnéia e RGE em vinte e uma crianças com idade entre três e dezoito
semanas, sendo oito dessas crianças com nascimento prematuro (32-34 sem),
encontraram uma distribuição de quinze meninos e seis meninas.
114
6.3 Manifestações Clínicas e Indicações do Exame
A Doença da Membrana Hialina é a principal enfermidade clínica na
neonatologia e, na amostra estudada, também foi a de maior prevalência (70,97%),
assim como o uso de ventilação mecânica foi compartilhado por 90,32% dos recém-
nascidos.
A indicação da pHmetria esofágica para o diagnóstico da DRGE ocorreu com
maior freqüência entre os prematuros, pois durante todo esse estudo, apenas 8,9%
das solicitações ocorreram para RNs a termo. Apnéias, pausas respiratórias e/ou
registros de hipoxemia, sugeridos pelas quedas de saturação da oxi-hemoglobina, são
importantes manifestações clínicas para a investigação da DRGE nessa faixa etária e
representaram 83,87% de todas as indicações, havendo vinte e seis recém-nascidos
com essas alterações respiratórias, dentre os 31 estudados. Esse achado está de
acordo com Mitchell et al (2001), com dezessete indicações respiratórias dentre as
vinte e quatro da amostra e com Mezzacappa & Collares (1999) As indicações por
regurgitações ou vômitos são menos freqüentes na população neonatal, mas
dificuldades alimentares em geral podem ocorrer.
6.4 A monitorização contínua simultânea do pH esofágico e gástrico
Na execução do exame, um RN necessitou interromper o estudo devido a uma
grave apnéia. Não houve mais intercorrências, apenas alguns espirros logo após a
passagem da sonda transnasal. Nos recém-nascidos menores, quando a extremidade
da sonda alcança o estômago, eventualmente pode tocar a parede gástrica e dificultar
o posicionamento adequado. Para esses casos, colocando-se o RN em decúbito lateral
direito, a progressão do eletrodo se faz normalmente.
Já foi descrito, na revisão da literatura, o quanto o método para o
posicionamento do eletrodo esofágico pode ser variável conforme o autor, havendo,
entretanto, a concordância em relação à utilização da fórmula de Ströbel. O eletrodo
esofágico foi posicionado a três centímetros do esfíncter esofágico inferior conforme
Sondheimer & Haase (1988), Pradeaux et al (1991) e Snel et al (2000), entre outros.
115
A fórmula de Ströbel (1979) foi utilizada, mas pode ser observado menor adequação
em seis recém-nascidos dentre os nove que apresentavam comprimentos inferiores a
40 cm, também ocorrido em estudos prévios (TORTORI, 1998; OMARI et al,
1999B). Não foi possível verificação estatística, pois não houve uma coerência nas
inadequações e sim ao se confirmar a posição ao RX, houve a necessidade de se
reposicionar e tornar a confirmá-la, sempre mantendo a extremidade do eletrodo no
3
o
. corpo vertebral acima do diafragma. De acordo com Emmerson et al (2002),
recém-nascidos com idades gestacionais inferiores a 35 semanas apresentam
correlação positiva significativa (0,79; p < 0,0001) na utilização da fórmula de
Ströbel, com RX de tórax posterior, para o adequado posicionamento do eletrodo
esofágico.
Foram utilizados dois eletrodos de antimônio. Apesar de já apresentar fator de
correção da temperatura e de sua praticidade para o trabalho, aponta-se maior
qualidade ao eletrodo de vidro. Porém, o custo do eletrodo de antimônio, mesmo
trabalhando com semi-descartável, ainda é menor, o que para um serviço público
exerce grande diferença e a monitorização simultânea requer dois canais, cuja
disponibilidade ocorre apenas com os de antimônio.
A monitorização gástrica e esofágica simultânea apresenta algumas
particularidades. A distância entre os eletrodos esofágico e gástrico exerce influência
sobre o registro do pH gástrico, pois determina onde se posicionará o eletrodo
gástrico. Para seis, dos nove recém-nascidos com comprimento inferior a 40 cm,
foram necessárias sondas com distância de 5 cm entre os dois canais e para aqueles
maiores do que 40 cm, as sondas com distância de 7 cm foram adequadas. Em 1993,
Tovar et al realizaram a monitorização simultânea esofágica e gástrica em crianças
com 4 anos de idade em média (1 – 181), portanto maiores do que os recém-nascidos
dessa casuística e utilizaram distância de 5 a 10 cm entre os eletrodos, conforme o
comprimento das crianças, mas afirmaram que sondas com os eletrodos distando
cinco centímetros um do outro, foram utilizadas nas crianças muito pequenas no 1
o
.
mês de vida. Mitchell et al (2001), em seu estudo com monitorização simultânea
esofágica e gástrica, também utilizaram eletrodo de antimônio, mas todos os exames
foram realizados com sondas apresentando cinco centímetros de distância entre os
116
eletrodos. Assim como no presente estudo, posicionaram o eletrodo gástrico na
região do corpo. A diferenciação quanto à distância entre os dois eletrodos procede e
é importante, pois se a estimativa de posição do esfíncter esofágico inferior varia
com o comprimento da criança (STROBEL, 1979) e se o registro de acidez gástrica
pode variar conforme a região anatômica gástrica (OMARI & DAVIDSON, 2003), é
difícil que um RN de 38 cm tenha o eletrodo posicionado em mesmo local que um
RN com 48 cm, ambos utilizando sondas com 5 cm de distância entre os dois
eletrodos. Portanto, se não bem estabelecida esta distância, pode vir a comprometer
os resultados de um estudo.
A presença da sonda orogástrica, como um fator possível para favorecer ao
RGE, pode ser controlada na medida em que apenas cinco recém-nascidos dos trinta
e um não a utilizaram e mesmo sendo eles pertencentes ao GRUPO 2 (não RGE),
outros dezoito também pertencentes ao mesmo grupo foram alimentados por
gavagem simples. Também não era a intenção do estudo excluir um RN que
estivesse em aleitamento materno, por exemplo, quando sabemos ser o mais
fisiológico. Quanto ao “copo”, outra forma de alimentar o RN, é prática da Iniciativa
Hospital Amigo da Criança, não se utilizando mamadeiras, para se evitar o desmame
precoce. No estudo de Mitchell et al (2001), houve prematuro em alimentação por
sonda orogástrica; mamadeira com sonda orogástrica e somente mamadeira, o que
nas instituições envolvidas nesse estudo é substituída por copo.
Peter et al (2002) submeteram dezesseis recém-nascidos, todos saudáveis, à
impedanciometria intraluminal e observaram em quatorze deles que a sonda de
pHmetria, quando intragástrica, aumenta o número de episódios de RGE ácido na sua
análise final, comparativamente aos momentos analisados sem essa dupla
monitorização. Na presente casuística, como todos utilizaram a sonda intragástrica,
não vimos problema quanto a essa questão, e a prevalência de 25,8% de RGE ácido
entre os recém-nascidos estudados está entre os diferentes percentuais apontados por
alguns autores, como 85% (NEWELL et al, 1989), 63% (MARINO et al, 1995),
56,4% (MEZZACAPPA & COLLARES, 1999)
e entre 0,7 e 11,9% (GRANT &
COCHRAN, 2001). O mesmo efeito pode ser avaliado com a presença da sonda
orogástrica para alimentação, podendo predispor ao refluxo. Porém, no presente
117
estudo não houve diferença significativa na prevalência do RGE entre os diferentes
métodos de oferta alimentar. Esses resultados são importantes, pois por diversas
vezes são apontados como fator impeditivo para a execução do exame e concordam
com os encontrados por Mezzacappa & Collares (1999), onde metade das crianças
com sonda apresentou RGE patológico e a outra metade se encontrou dentro da
normalidade. Noviski et al (1999) não encontraram qualquer efeito da sonda
nasogástrica de diâmetro número 8 em recém-nascidos e crianças, entretanto com a
sonda de número 12, houve aumento de refluxos. A sonda 8 é o maior calibre
recomendado para recém-nascidos.
Já foi descrita, por alguns autores, a possível influência do tipo de
alimentação na manifestação do RGE. Recém-nascidos assintomáticos, alimentados
com leite humano apresentaram um pH esofágico mediano menor e episódios de
refluxo mais curtos do que outro grupo alimentado com fórmula. Isso porque o leite
humano contribui com o mais rápido esvaziamento e, assim, o mais baixo pH
estimula o peristaltismo, limitando o episódio de refluxo (HEACOCK et al., 1992).
Comparando ainda fórmula láctea para prematuros e LH fortificado, a fórmula reflui
mais do que o LH fortificado (6,7 episódios x 3,4 episódios), porém apenas na
primeira hora, posteriormente se igualam, (PETER et al, 2002B). No presente estudo,
a forma de ofertar a alimentação se por SOG, COPO, SOG + COPO ou SM, não
apresentou significado estatístico (p = 0,07). Quanto ao tipo de leite, houve um misto
de alimentação entre leite humano ou materno e fórmula láctea para prematuros, por
não ser possível manter leite humano em todos os horários, devido à demanda de
volume superior ao que de um modo geral se dispõe, mesmo com as mães sendo
incentivadas a amamentar.
6.5 Resultados
A prevalência de RGE ácido com base na pHmetria esofágica, com índice de
refluxo ou T % pH < 4 acima do percentil 95 para a idade (VANDENPLAS et al,
1991), foi de 25,81%, ocorrendo não concordância com a hipótese clínica em
74,19% dos recém-nascidos. Esse valor referencial, de Vandenplas et al (op.cit.),
para o índice de refluxo, é o mais utilizado em pediatria. Para crianças com menos de
118
30 dias, é considerado patológico quando acima de 13%. Em outros estudos, foi
considerado RGE patológico o IR acima do percentil 90, ou acima de 10%
(NEWELL et al, 1989; VANDENPLAS, 1992). Na presente casuística não houve
alteração da prevalência do RGE com tempo percentual do pH esofágico inferior a 4
de 10% ou 13%, pois os neonatos com índice de refluxo entre 10 e 13%
apresentavam idade cronológica superior a 30 dias de vida e seus valores ao serem
posicionados no gráfico de percentil se situaram acima do percentil 95. O maior
problema dessa variação de valores referenciais é o tratamento de quem não
apresenta a doença assim como a falta de terapia a quem necessita.
Arad-Cohen et al (2000), entre 67 crianças, encontraram prevalência de
52,24%, mas quando consideraram somente RGE associado com apnéia, aquela
decresceu para 31,34%. Em lactentes regurgitadores, de zero a três meses de idade,
descreve-se 14,62% (COSTA et al, 2004).
O diagnóstico da DRGE, nessa faixa etária, apresenta uma grande distância
entre a hipótese clínica e a confirmação através da pHmetria, sugerindo a
possibilidade de que parte desses sintomas não sejam ocasionados por RGE ou
possam ser ocasionados por refluxos não ácidos. Barbieri (1999) afirmou que o
prematuro, por receber grandemero de refeições lácteas, cujo efeito tampão
confere ao conteúdo gástrico um pH maior do que 4, o refluxo no esôfago não é
computado como refluxo ácido.
Com a evidência de vinte e três recém-nascidos “com pHmetria normal” e
oito recém-nascidos “com pHmetria alterada”, os parâmetros disponíveis na
monitorização simultânea puderam ser analisados sob esse enfoque de diferenciação
ou seleção.
Apesar de diferença não significativa (p = 0,137), os recém-nascidos “com
pHmetria normal” apresentaram idade gestacional média, ao nascer, pouco maior
(32sem) do que aqueles com “pHmetria alterada” (30s2d). Diferença, também não
significativa (0,094) se repetiu na idade gestacional no momento do exame, sendo de
37s 3d entre os que apresentaram “pHmetria normal” e 35 semanas naqueles “com
119
pHmetria alterada”. Pradeaux et al (1991), verificou elevação do tempo percentual do
pH esofágico < 4 de 3,7% para 7,3% no segundo exame realizado em uma mesma
amostra de prematuros, sendo o primeiro enquanto mais enfermos e o segundo,
quando estavam com 38 dias de vida em média. Mezzacappa & Collares (1999)
atribuiram a prevalência de 56,4% encontrada ao percentual de 31,3% de recém-
nascidos com peso ao nascer inferior a 1000g. Já verificamos diferença significativa
da presença de RGE patológico em relação à idade gestacional ao nascer e quanto
menor a idade gestacional ao nascer, maior o tempo percentual do pH esofágico
inferior a quatro (TORTORI, 1998).
Com o gráfico diário da pHmetria, foi possível identificar as alterações do pH
em função das alimentações; quando ocorre, percebe-se a ascensão rápida do pH
gástrico na alimentação ofertada por gavagem, já verificado por outros autores
(OMARI & DAVIDSON, 2003).
O tempo médio em minutos com pH gástrico inferior a quatro, na totalidade
da amostra, foi de 652,1 (± 302,88) minutos, correspondendo a um tempo percentual
de 47,45 (± 19,88), o que é superior a 24,5 % (0,6 – 69,1), valor relatado por
Mitchell et al (2001), mas semelhante ao de Omari & Davidson (2003), que foi 42,2
% (± 4,4) em recém-nascidos saudáveis. No estudo de Tovar et al (1993) entre
crianças com DRGE, de 4 anos de idade em média, encontraram 78% do tempo com
pH gástrico inferior a quatro entre aquelas que denominaram de portadoras de RGE
alcalino. Esses últimos resultados podem sugerir uma diferença devido à amostra
com idade mais elevada, além de já portadora da DRGE. Tanto o tempo médio (min)
com pH gástrico inferior a quatro, quanto o tempo percentual com pH gástrico
inferior a quatro foram maiores nos recém-nascidos “com pHmetria esofágica
alterada”, mas de modo não significativo (p = 0,064; p = 0,105). Observando os
resultados dos primeiros estudos em conjunto com o presente, valorizam a questão de
que algumas crianças com manifestações clínicas de RGE podem apresentar refluxo
de material gástrico ao esôfago, mas que estando com pH igual ou superior a quatro,
não será registrado como um novo episódio de refluxo.
120
O pH intragástrico médio se situou em 4,13 (± 1,07), superior a 2,6 (± 0,4),
valor descrito no estudo de Sutphen & Dillard (1986) com recém-nascidos
prematuros e a termo mas, na metodologia, utilizaram o eletrodo intragástrico por 16
minutos pré-alimentações e 128 minutos após, diferentemente das 24 horas.
Whetstine et al (1995) encontraram um valor mais próximo à presente casuística, 4,4
(± 1,7), em recém-nascidos com IG 30s5d (± 3 sem.), sob oxigenioterapia
(assistência ventilatória) e em jejum. Nos recém-nascidos que não utilizavam
oxigênio e com IG 32s6d (± 1,5 sem.), o pH encontrado foi 2,7 (± 1,2). Entretanto a
idade gestacional dos que necessitavam de oxigenioterapia era inferior à dos que não
utilizavam oxigênio. Os autores concluíram que os recém-nascidos com hipoxemia e
que, portanto, necessitavam de oxigênio suplementar, apresentavam redução
significativa da acidez gástrica, considerando as características da amostra e
diferenças nas idades gestacionais entre os dois grupos.
Em adultos com DRGE, o pH intragástrico oscila entre 2 e 2,4, (ZENTILIN
et al, 2003). Quando o pH foi comparado na dependência de pHmetria alterada ou
dentro da normalidade, verificou-se que o valor máximo (p = 0,004) e médio (p =
0,007) foram maiores entre os recém-nascidos “com pHmetria esofágica normal”, ou
seja, maior pH intragástrico, menor tempo percentual com pH esofágico inferior a
quatro, nas 24 horas de monitorização.
O tempo médio em minutos com pH gástrico superior a quatro após as
alimentações, nesse estudo denominado como pós-prandial, foi de 85,96 (± 19,4)
minutos, sendo menor nos RNs alimentados a cada duas horas (79,04 ± 19,41 min)
do que naqueles com intervalo alimentar de três horas (92,52 ± 17,54 min) (p =
0,051; I.C. = -27,05 a 0,09); menor (73,01 min) entre os recém-nascidos que
apresentam “pHmetria alterada” do que entre os recém-nascidos “com pHmetria
normal” (90,58 min) (p = 0,025); também menor entre os recém-nascidos com idade
gestacional corrigida inferior a 37 semanas (76,89 ± 15,68), do que entre os recém-
nascidos com idade gestacional corrigida igual ou superior a 37 semanas (92,58
±19,53) (p = 0,024). A despeito da diferença no tempo pós-prandial entre os que são
alimentados a cada duas ou a cada três horas, o intervalo alimentar não atua como
121
facilitador ao RGE, pois não há significado estatístico entre os dois intervalos,
quanto à presença de RGE ácido (p = 0,183). Quando se compara as médias dos
tempos pós-prandiais dos intervalos alimentares de duas e de três horas, entre os
recém-nascidos de cada grupo (1 ou 2), também não há diferença estatística
significativa no GRUPO 1 (p = 0,94), assim como no GRUPO 2 (p = 0,078).
Bocquet et al (1986) encontraram um período pós prandial de oitenta e oito a
duzentos minutos, em vinte e duas crianças com idade compreendida entre duas
semanas e doze meses e com suspeita clínica de DRGE, alimentadas a cada três ou
quatro horas; Mitchell et al (2001) encontraram 130 (29 – 212) minutos, mas não
mencionaram os intervalos alimentares.
No estudo de Emmerson et al (2002), quando utilizaram a interface álcali-
ácida para a localização do eletrodo na topografia gástrica, não conseguiram verificar
a diferença entre o pH do esôfago e o do estômago em sete recém-nascidos, porque
não apresentavam pH gástrico abaixo de quatro. Cinco desses neonatos apresentaram
pHmetria normal. Sutphen & Dillard et al (1986) afirmaram que o leite tampona o
pH intragástrico e reduz o RGE ácido durante os 120 minutos pós-prandiais.
Quando se procedeu à correlação do tempo pós-prandial com diferentes
parâmetros, pôde ser verificada corrrelação negativa significativa com o T% pH
gástrico e esofágico. Quanto mais longo o tempo pós-prandial (minutos), menor o
tempo percentual do pH esofágico (r = - 0,462; p = 0,008) e menor o tempo
percentual do pH gástrico (r = - 0,38; p = 0,03) inferiores a quatro. Quanto menor a
idade gestacional (r = 0,457; p = 0,01), o peso (r = 0,355; p = 0,05) e o comprimento
(r = 0,389; p = 0,03) no momento do exame, menor foi o tempo médio (minutos)
pós-prandial.
O tempo percentual com pH gástrico menor do que quatro, durante os eventos
registrados nos diários dos exames (p < 0,0001), foram maiores nos recém-nascidos
“com pHmetria esofágica alterada”; entretanto, o tempo total (min) com pH gástrico
menor do que quatro e o tempo percentual com pH gástrico inferior a quatro, apesar
122
de também maiores nesse grupo, esta diferença não se mostrou significativa (p >
0,05).
O valor médio do tempo percentual do pH esofágico inferior a quatro na
amostra estudada foi 9,14% (± 6,96), encontrando-se dentro da normalidade segundo
os critérios adotados e isso pode ser decorrente do predomínio de crianças “com
pHmetria normal” em relação a outras com “pHmetria alterada”, apesar de todas
terem sido encaminhadas por anormalidades clínicas sugestivas de RGE. O valor
médio encontrado por Ewer et al. (1999) foi 11,9% também entre pré-termos; Newell
et al. (1989) encontraram 4,5%, entre pré-termos de 30 semanas; Mezzacappa et al
(2004), em estudo com prematuros, encontraram 8,4% - 11,7% (decúbito ventral) e
21% - 28,2% (decúbito dorsal); Sondheimer & Haase (1988) encontraram valores
médios de 3,2% em lactentes assintomáticos e Omari & Davidson (2003) 5,3% em
RNs saudáveis. Hegar et al (2000), com hipótese semelhante ao presente estudo,
encontraram, em crianças de 15 dias a 10 meses, um valor médio de 5,38%, mas ao
excluir noventa minutos pós-prandiais, esse valor se elevou para 6,82 e excluindo
ainda o tempo com pH gástrico > 4, o valor final foi 7,06, porém nenhuma dessas
alterações foram significativas e o tempo de análise se tornou demasiadamente curto
(12,53 horas). Quando o T% pH esofágico < 4 foi avaliado nos GRUPOS 1 (19,28 ±
5,7) e 2 (5,62 ± 2,33), as médias apresentaram diferença significativa (p < 0,0001).
No momento do exame, quanto menor a idade gestacional (r = - 0,491; p = 0,005), o
peso (r = - 0,517; p = 0,003) e o comprimento (r = - 0,532; p = 0,002), maior foi o
tempo percentual do pH esofágico inferior a quatro.
Na totalidade dessa amostra, ocorreram 5,35 (± 4,44) episódios de RGE com
duração maior que 5 minutos, muito próximo ao valor descrito por Ewer et al. (1999)
de 5,5 em pré-termos com 35 semanas e maiores do que o encontrado por Newell et
al. (1989) com os prematuros de 30 semanas, que registraram 3,2. O episódio mais
longo teve duração média de 20,61 min (± 27,17), sendo pouco maior do que a
duração de 17,1 minutos encontrada por esses últimos autores.
123
A despeito do predomínio de recém-nascidos com pHmetria normal, quando
os registros contidos nos diários dos exames foram correlacionados com os dados da
monitorização no momento em que ocorreram, expandindo o período de observação
para cinco minutos anteriores e posteriores ao evento, pode-se verificar que aqueles
que apresentam uma alteração clínica, principalmente a dessaturação, com T % pH
esofágico < 4 alterado, estão associados ao diagnóstico de RGE ácido (p = 0,0002).
Quando essa mesma análise foi realizada com os registros dos diários daqueles
neonatos “com pHmetria alterada”, indicou que eles apresentavam maior exposição
esofágica ao ácido (maior média do tempo percentual do pH esofágico inferior a
quatro), maior número de episódios de refluxo e menor média do pH gástrico,
quando comparados aos recém-nascidos “com pHmetria normal”(p < 0,0001)
Quando foram correlacionadas as dessaturações ou eventos hipoxêmicos com
o tempo percentual do pH esofágico inferior a quatro alterado, não houve correlação
temporal, pois essa situação ocorreu em somente 36,71% de todas as quedas de
saturação da oxi-hemoglobina. Esta análise apresentou significado estatístico.
Porém, dos 282 episódios de refluxo totalizados em todos os períodos de
tempo relativos aos eventos clínicos registrados, duzentos e um ocorreram na
vigência de sinais respiratórios. Peter et al (2002B) demonstraram, com a
impedanciometria intraluminal, que apenas 9/188 dessaturações estiveram associadas
com um episódio de refluxo. Em função dessas divergências, que podem
comprometer a interpretação do exame e deixar de valorizar uma manifestação
clínica, é importante que a análise dos diários seja sistematicamente realizada,
buscando correlações temporais entre os eventos registrados e episódios de refluxo,
de modo que o exame venha a complementar a avaliação clínica.
O T % pH gástrico < 4 “maior ou igual” a 53,7% obtido da curva R.O.C. foi
correlacionado ao tempo percentual do pH esofágico inferior a quatro alterado, com
75% de sensibilidade e 82,6% de especificidade (p = 0,016). Denominou-se esse
parâmetro de “hiperacidez gástrica” e a área da curva R.O.C. de 0,761, apesar de não
124
ser considerada excelente, é aceitável. Utilizando esse critério na análise dos eventos
clínicos registrados nos diários dos exames, pode-se constatar que uma manifestação
clínica que apresente na monitorização simultânea gástrica e esofágica um “T % pH
gástrico < 4 maior ou igual a 53,7%” no período compreendido entre cinco minutos
prévios e cinco minutos posteriores a ele, associa-se ao diagnóstico de RGE ácido (p
< 0,0001; I.C. 95%: 3,1454 a 22,6551).
A “hiperacidez gástrica” pode ocorrer independente à situação de ter ou não
pHmetria esofágica alterada, porém valores de T %pH gástrico menor do que quatro,
inferiores a 53,7%, isto é “menor acidez” estiveram envolvidos em apenas sete
períodos dos 27 pertencentes aos recém-nascidos “com pHmetria alterada”, mas em
sessenta e cinco períodos dos 87 relacionados aos recém-nascidos “com pHmetria
normal”. E ainda, o valor médio do tempo percentual com pH gástrico menor do que
quatro foi maior nos períodos referentes aos eventos clínicos dos recém-nascidos
com pHmetria alterada do que entre os demais (p < 0,0001). Esses dados sugerem
que a menor acidez gástrica acompanha os recém-nascidos que, mesmo com quadro
clínico altamente sugestivo de RGE, apresentam “pHmetria esofágica dentro da
normalidade”.
Recém-nascidos com idade gestacional inferior a 37 semanas (prematuros
segundo a IGc) e recém-nascidos com idade gestacional igual ou superior a 37
semanas (a termo segundo a IGc), no momento do exame, não apresentaram
diferença estatística significativa quanto aos valores médios do tempo percentual do
pH gástrico e esofágico inferior a quatro, nem quanto ao número médio de episódios
de refluxos. Jeffery & Page (1995) comparando recém-nascidos prematuros - mas
com IG ao exame entre 37 e 42 sem.- e lactentes saudáveis verificaram que os
episódios de refluxo foram mais curtos e menos freqüentes entre os prematuros.
Entretanto, as correlações ocorreram. Quanto menor a idade gestacional (r = -
0,491; p = 0,005), o peso (r = - 0,517; p = 0,003) e o comprimento (r = - 0,532; p =
0,002) no momento do exame, maior foi o tempo percentual do pH esofágico inferior
a quatro. Quanto menor a idade gestacional (r = 0,457; p = 0,01), o peso (r = 0,355; p
125
= 0,05) e o comprimento (r = 0,389; p = 0,03) no momento do exame, menor foi o
tempo médio (minutos) com pH gástrico superior a quatro após as alimentações.
Analisando o pH gástrico e o esofágico em todas as situações descritas
anteriormente, mantendo o objetivo da inclusão da monitorização do pH gástrico no
estudo dos recém-nascidos com suspeita clínica de RGE, sob alimentação láctea
exclusiva, no sentido de melhor esclarecer uma possível influência sobre a acidez
esofágica, buscou-se um índice que pudesse melhor identificar o RGE nesses RNs. O
“índice de acidez gastroesofágica” com sensibilidade de 100% e especificidade de
95,7%, quando aplicado entre os GRUPOS 1 e 2, mostrou diferença significativa (p
= 0,0017; I.C. – 0,129 a – 0,046).
126
7. Conclusões
127
Conclusões
1. A monitorização contínua e simultânea do pH esofágico e gástrico por 24
horas é de fácil execução e, no presente estudo, de grande contribuição para o
entendimento da Doença do Refluxo Gastroesofágico quando se objetiva conhecer a
dinâmica do pH gástrico e sua possível influência sobre essa entidade clínica, em
recém-nascidos sob alimentação láctea exclusiva.
2. A pHmetria esofágica em recém-nascidos identificou 25,81% dos recém-
nascidos sob suspeita clínica de DRGE, como portadores de RGE ácido. Quanto
menor a idade gestacional, o peso e o comprimento no momento do exame, maior o
tempo percentual do pH esofágico inferior a quatro.
3. O encontro de recém-nascidos com pHmetria esofágica dentro dos valores
da normalidade não excluiu o RGE, pois menor acidez gástrica, favoreceu a uma
menor evidência de um episódio de refluxo e acompanhou os recém-nascidos que
apresentaram “pHmetria esofágica dentro da normalidade”. Em contrapartida, recém-
nascidos “com pHmetria alterada” apresentaram maior tempo percentual com pH
gástrico inferior a quatro (maior acidez gástrica), durante os eventos registrados nos
diários dos exames, favorecendo a detecção de um episódio de refluxo.
4. O tempo com pH gástrico superior a quatro após as alimentações – pós-
prandial apresentou duração média de 85,96 min; foi mais longo entre os recém-
nascidos “com pHmetria normal”, assim como entre recém-nascidos com idade
gestacional corrigida igual ou maior que 37 semanas; e tão mais longo quanto menor
o tempo percentual do pH esofágico < 4 e menor o tempo percentual do pH gástrico
< 4.
5. A presença do eletrodo intragástrico não favoreceu ao RGE na casuística
estudada pois todos os recém-nascidos foram submetidos ao mesmo método de
investigação e a prevalência não foi superior à encontrada na literatura para essa
128
faixa etária. Também a presença da sonda gástrica para alimentação não representou
um fator de incremento ao refluxo, pois neonatos alimentados por gavagem simples
também apresentaram exames dentro da normalidade.
6. O intervalo alimentar (2/2 ou 3/3 h) não atuou como facilitador ao RGE
ácido, pois não houve diferença com significado estatístico entre os dois intervalos,
quanto à presença de RGE ácido, assim como também não houve diferença
significativa ao se comparar crianças com ou sem pHmetria alterada.
7. O diário do exame mostrou ser de extrema valia, pois um evento clínico
com T % pH esofágico < 4 alterado apresentou associação com diagnóstico de RGE
ácido (p = 0,0002).
8. O “Índice de Acidez Gastroesofágica” (S = 100%; E = 95,7%), obtido do
produto dos tempos percentuais gástrico e esofágico, demonstrou ser um bom
delimitador entre os portadores e não portadores de pHmetria esofágica alterada (p =
0,0017), nessa amostra de recém-nascidos sob monitorização simultânea do pH
esofágico e gástrico.
129
8. Considerações Finais
130
Considerações Finais
Os resultados de alguns parâmetros não apresentaram significado estatístico,
mas estiveram muito próximos do valor de “p = 0,05” e essa questão pode,
eventualmente, ser atribuída ao tamanho da amostra, entretanto, na maioria dos
eventos estudados ela demonstrou ser suficiente.
O “Índice de Acidez Gastroesofágica” em recém-nascidos, denominação por
nós proposta e índice apresentado nesse estudo, necessita de outros desenhos
semelhantes de modo a confirmá-lo ou não.
Portanto, fazemos as seguintes propostas:
¾ O aumento da amostra, mantendo o mesmo protocolo do exame;
¾ A não exclusão dos recém-nascidos com problemas respiratórios
crônicos, com anomalias congênitas, de modo que todos possam ser
também analisados quanto à acidez gástrica, entretanto, procedendo a
uma descrição diferenciada quanto aos dados;
¾ A extensão do estudo aos lactentes, em alimentação láctea exclusiva, no
intuito de se verificar possíveis divergências quanto à acidez gástrica;
¾ Manter a pesquisa do referido índice nas monitorizações simultâneas
gástricas e esofágicas que realizarmos, estendendo aos lactentes.
A monitorização simultânea gástrica e esofágica requer dois canais e o custo
é diferenciado do canal simples em até 70%. Entretanto, sugerimos que o método
seja destinado aos recém-nascidos e lactentes jovens que tenham indicação de
investigação para DRGE, devido aos sinais inespecíficos de DRGE, e que estejam
em alimentação láctea exclusiva.
131
9. Referências
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132
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145
10. Anexos
146
Anexo 1. Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da UFMG
147
Anexo 2. Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do HUGG/ UNIRIO
148
Anexo 3. Consentimento Esclarecido
MONITORIZAÇÃO CONTÍNUA DO pH ESOFÁGICO
Senhores Pais
Seu(a) filho(a) será submetido(a) a um exame para avaliar se ele tem Refluxo
Gastroesofágico (RGE). O caminho normal do alimento, após passar pela boca, é descer por
um “tubo” que se denomina esôfago, para depois chegar ao estômago. No RGE, após a
criança ser alimentada, o alimento pode retornar do estômago para o esôfago, na “contra-
mão”. Em função disso seu bebê pode apresentar, após as alimentações, golfadas, palidez,
cianose, alterações nos batimentos cardíacos ou na respiração, enfim, problemas que
dificultam a alimentação.
O bebê ficará com uma espécie de “sonda” em uma das narinas, por 24 horas e um
sensor preso por esparadrapo na barriga. Esses fios estarão ligados a um pequeno aparelho
que ficará próximo do leito do bebê nas 24 horas. Utilizamos pomada anestésica na narina
antes de passar esta “sonda”. O bebê poderá ou não espirrar ou ter um leve incômodo
passageiro. Qualquer problema poderá ser solucionado pela equipe médica ou de
enfermagem. Antes de iniciarmos o exame, a confirmação da posição desta “sonda” será
feita através de RX do tórax. Durante o exame ele poderá ser alimentado normalmente. Todo
problema nesse período será registrado em folha própria. Após 24 horas, o equipamento é
retirado e daremos o resultado por escrito. Caso seu bebê tenha alguma alteração no exame
orientaremos ao tratamento junto com a equipe médica.
Este exame faz parte de estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais e o da Escola de Medicina
e Cirurgia da UNIRIO e o consentimento do responsável, por escrito, é norma em estudos
como esses. Caso não concordem com o exame, ele não será realizado.
Após ter sido informado (a) e esclarecido (a) sobre o exame “Monitorização
contínua do pH esofágico por 24 horas”, através do médico responsável
(1)
, concedo que o
mesmo seja realizado em meu filho (a), internado (a) neste Hospital.
Nome da criança: ___________________________________________________________
Hospital: HUGG ( ) HMON ( ) Setor: Berçário intermediário ( ) UTI ( )
Rio de Janeiro, ____/___/200__
____________________________________________________________________
Assinatura do Responsável (1) Profa. Maria Marta Tortori – Tel. de contato: 25695975
ramal 364
149
Anexo 4.Banco de Dados
4.1) Dados referentes ao nascimento e dia do exame
4.2) Dados referentes à monitorização gástrica
4.3) Dados referentes à monitorização esofágica
4.4) Parâmetros analisados dos diários dos exames
4.5) Dados do tempo pós-prandial
4.6) Dados dos Grupos A (IG inferior a 37 sem) e B (IG igual ou superior a
37sem)
150
Anexo 4.1: Dados referentes ao nascimento e dia do exame
REG Identificação Sexo Parto PN(g) CN(cm) IG (s,d) IG x PN APGAR IC (d) IG c (s,d) Peso(g) Comp(cm)
1 RN de B. M N 1400 40 31,2 AIG 4/6 46 38 2250 45
2 J.P.S.S. M C 1200 40 29 AIG 6/8 32 33,2 1400 42
3 J.G.S.S. M C 1060 39 29 AIG 5/8 66 37,6 2600 44
4 RN de D.A. M N 1530 40 33,6 AIG 9/10 32 38,5 2015 43
5 RN de E.H.B. M C 1375 36 31,1 AIG 9/9 38 31,2 1815 42
10 L.A.S. F C 990 35 30,3 AIG 6/7 30 37,5 1210 38
11 V.A.S. F N 930 35 30 PIG 4/8 15 32 950 35
12 G.F.S. F N 890 35 29 AIG 3/7 56 37 1190 37
14 RN de M.S.C.A. M C 1490 40 31,5 AIG 5/8 50 37 2450 42
15 RN de A.L.S.S. M N 930 37 30 PIG 4/8 27 33,6 1010 40
16 RN de R.C.M. M N 1945 48 33 AIG 4/7 35 38 2160 43
17 RN de D.C.L. F N 1005 38 28 AIG 7/8 77 8d/ 41,1 2725 47
18 RN de M.F. M C 1300 37 31 AIG 7/8 32 35,4 1560 42
19 M.E.T.S. F N 1115 41 30 AIG 5/8 86 42,2 3000 49
20 RN de M.F.S. F N 810 32 32 PIG 8/9 28 35,6 890 35
21 RN de A.A.V M N 1150 36 30 AIG 8/8 49 37,5 1640 42
22 RN de F.D. M N 835 35 26 AIG 7/8 24 29,3 950 39
23 RN de L.C. F C 1875 44 34,4 AIG 7/8 29 38,4 2495 48
24 M.E.F.F. F N 1050 37 33 PIG 8/9 63 42 2340 46
25 RN de C.N.S. F N 3360 49 37 AIG 6/8 23 40,1 3410 49,5
26 RN de D.M.S.S. M N 1680 42 33 AIG 7/8 10 34,3 1720 42
27 RN de P.P.S. M C 1520 38 32 AIG 9/9 35 37 2230 43
28 RN de K.P. F N 650 38 27,2 AIG 6/9 72 37,3 2335 45
29 RN de L.S.A. F N 1070 34 32 PIG 7/8 31 36,4 1415 38
30 RN de L.S.J. M C 1085 35 33,1 PIG 6/8 24 36,4 1365 41
31 M.A.C.M.L. F N 2880 50 36 AIG 9/10 45 42,3 2985 54
32 RN de L.N.M. M N 920 38 29,4 AIG 6/8 14 31,4 960 38
33 RN de F.V.S.M. F N 1095 39 30 AIG 5/7 61 38,4 1280 40
34 RN de G.S.T. M N 690 38 26 AIG 4/7 55 34 1075 37,5
36 RN de V.R.B. F N 2805 47 38,6 AIG 9/10 14 40,6 2900 48
37 RN de W.G. M C 985 36 32 PIG 8/9 19 34,5 1100 37
151
Anexo 4.2: Dados referentes à monitorização gástrica
CANAL 1 - GÁSTRICO
Reg Identificação Grupo
TpH<4 T%pH<4 pHmáx pHmín média pH mediana pH
1 RN de B. 1 463 32,2 7,1 0,3 4,3 4,6
2 J.P.S.S. 1 894 62,1 6,51 0,6 3,5 3,2
3 J.G.S.S. 2 749 52 7,8 0,2 3,6 3,7
4 RN de D.A. 2 636 44,1 9 2,8 5,1 4,6
5 RN de E.H.B. 2 499 34,7 9,3 2,6 5,6 5,3
10 L.A.S. 1 1080 75 7,3 0,4 2,9 2,3
11 V.A.S. 1 926 64,3 6,8 0,3 3 3,2
12 G.F.S. 2 147 10,2 7,9 1,2 5,2 5,2
14 RN de M.S.C.A. 1 947 65,8 5,7 1 3,2 3,7
15 RN de A.L.S.S. 2 429 30,4 8,1 0,2 4,8 5,1
16 RN de R.C.M. 2 590 40,9 8,1 0,86 4,3 4,5
17 RN de D.C.L. 2 1124 91,7 7,6 1,1 2,1 1,6
18 RN de M.F. 2 772 53,7 6,69 0,78 3,7 3,7
19 M.E.T.S. 2 991 68,8 7,1 0,1 2,9 2,3
20 RN de M.F.S. 2 159 32 7,4 0,5 5,1 5,3
21 RN de A.A.V 2 647 45 8,1 1,1 4,3 4,3
22 RN de F.D. 2 1298 90,2 7,6 0,1 2,1 1,8
23 RN de L.C. 2 305 21,2 9,5 1,92 5,9 6,3
24 M.E.F.F. 2 854 59,3 7,2 0,4 3,3 3,1
25 RN de C.N.S. 2 257 17,9 8,1 0,3 5,5 6
26 RN de D.M.S.S. 2 106 37,3 8,1 0,9 6,3 6,7
27 RN de P.P.S. 1 769 55 7,7 0,5 3,9 3,9
28 RN de K.P. 2 248 17,2 6,9 0,5 5,2 5,6
29 RN de L.S.A. 2 716 49,8 6,9 0,1 3,8 4
30 RN de L.S.J. 2 624 43,3 8,2 1 4,3 4,2
31 M.A.C.M.L. 2 653 45,3 7,2 0,2 3,9 4,4
32 RN de L.N.M. 1 835 58 6,8 1,3 3,4 3,6
33 RN de F.V.S.M. 2 326 22,6 8,2 0,7 5,3 5,5
34 RN de G.S.T. 1 660 45,9 6,5 4,9 3,8 4,2
36 RN de V.R.B. 2 758 52,6 7,8 4 3,5 3,9
37 RN de W.G. 2 753 52,3 6,3 0,3 4,1 4
152
Anexo 4.3: Dados referentes à monitorização esofágica
CANAL 2 - ESOFÁGICO
Reg.
No. RGE RGE > 5' Epilongo T pH <4 T%pH<4 IR Clearance pH máx pH mín média pH mediana pH
1*
509 9 10 290 20,3 26,6 0,5 7,2 1,5 4,7 4,7
2*
305 5 41 182 12,7 14,5 0,5 7,4 1 4,9 4,9
3 177 2 7 80 5,5 7,8 0,4 7,6 2 5,4 5,5
4 145 6 9 97 6,7 6 0,2 6,9 2,7 5,2 5,3
5 122 9 10 91 6,3 5 0 6,6 3,1 5,6 5,7
10*
193 14 125 369 25,8 14,8 1,5 6 1,9 4,2 4,2
11*
291 9 104 391 27,2 16,6 1 7,2 0,5 4,6 4,8
12 196 0 3 67 4,7 8,6 0,3 7,8 1,4 5,4 5,4
14*
329 12 9 253 17,6 13,7 0,4 5,5 0,2 4,3 4,4
15 150 4 27 119 8,4 7 0,7 7,8 1,1 5,6 5,8
16 195 10 15 143 9,9 9 0,7 7,9 0,3 5,5 5,7
17 16 1 6 10 0,7 0,8 0,5 8,3 1,9 6,3 6,3
18 101 0 2 25 1,7 4,3 0,2 6,21 2 5,5 5,5
19 193 1 6 83 5,7 8,5 0,4 7,1 0,8 5,2 5,4
20 137 5 8 100 6,9 5,7 0,4 7,3 2,4 5,6 5,3
21 98 2 5 56 3,9 4,3 0,5 7,9 2,3 5,9 6
22 258 2 14 95 6,6 11,5 0,3 7,7 1,6 5,5 5,5
23 118 6 9 90 6,3 4,9 0,3 7,3 1,5 4,8 5,1
24 86 2 33 91 6,3 3,8 1 7,5 2,1 5,5 5,7
25 119 1 7 36 2,5 5,1 0,3 7,8 0,9 5,3 5,4
26 121 5 8 99 6,9 4,9 0,6 6,8 2,7 5,4 5,4
27*
93 7 30 149 10,7 4,5 1,4 7 0,4 5,1 5,2
28 132 2 9 44 3,1 5,7 0,3 6,2 1 4,8 4,9
29 218 4 8 106 7,3 9,8 0,4 7,9 1,5 5,6 5,6
30 220 1 7 90 6,3 9,8 0,4 8,7 1,8 5,9 5,9
31 132 2 18 62 4,3 5,7 0,4 7,5 1,8 5,7 5,8
32*
415 14 22 277 19,3 21,4 0,5 9,2 1,7 4,7 4,9
33 110 10 9 80 5,6 4,6 0,3 7,6 3,1 5,6 5,7
34*
447 15 28 296 20,6 23,4 0,5 9,9 1,1 4,6 4,6
36 76 2 16 53 3,7 3,3 0,7 6,6 0,6 5,1 5,2
37 190 4 34 143 9,9 8,8 0,7 7,1 0,5 5,4 5,4
(*) GRUPO 1; Epilongo: episódio mais longo (min.) ; T pH < 4: tempo com pH < 4 (min.)
153
Anexo 4.4: Parâmetros analisados nos períodos registrados nos diários dos exames
Períodos e parâmetros analisados nos diários dos exames
REG
T% pH G < 4 T% pH E < 4 média pH G med pH G média pH E med pH E n
o.
epis RGE
81,3 3,3 3,6 3,6 4,6 4,6 3
1
0 18,7 4,8 4,9 4,3 4,2 15
70 26 2,4 2,4 3 3,2 4
42 15 2,6 2,5 2,6 3 6
2
70,3 14,4 2,8 2,8 2,7 2,8 1
100 82,7 1,5 1,5 3,4 3,6 9
3
56 19,6 1 1,1 3,9 4 5
0 0 7,3 7,3 8,2 8,2 0
0 0 5,8 5,8 6 6 0
0 0 7 7,3 8,1 8,2 0
4
0 0 6,7 6,7 7,3 7,3 0
74,7 16 3,8 3,8 5 4,3 7
5
68 4 3,9 3,8 5,9 6,4 4
100 0,7 1,4 1,4 4,4 4,4 1
100 100 3,1 3,1 3,5 3,5 1
23,3 0 4,2 4,5 4,4 4,4 0
100 3,3 1,2 1,1 4,2 4,2 1
67,3 40 2,8 1,5 4,4 4,1 3
96 64,7 1,2 1,1 3,9 3,7 2
10
100 0 1,5 1,9 4,8 4,8 0
100 44,7 0,7 0,7 4,1 4,2 8
11
100 86 1,5 1,6 3,5 3,6 11
0 0 5,9 6,1 6,2 6,3 0
0 0 5,8 5,8 5,2 5,1 0
0 14 5 5 4,6 4,7 2
12
10 7,3 5,3 5,6 4,8 4,7 3
79 29 2,5 2,5 4 4 15
75 25 2,3 2,4 3,6 3,5 5
36 12,6 2,5 2,4 4 4 7
14
85 45 2,6 2,5 3,5 3,6 6
100 60 0,9 0,9 3,8 3,7 7
19,3 19,3 5,9 6,9 5,4 5,9 3
99,3 100 3,7 3,7 3,1 3,1 1
15
20,7 18,7 5,7 6,4 5 5,2 3
16 não apresentou alteração clínica nas 24 horas
91,6 0,7 2,1 1,6 6,3 6,3 16
100 10 0,6 0,8 5,4 5,9 9
17
86 8,5 1,3 1 5 5 2
100 19,3 0,9 0,9 4,4 4,6 11
10 0 4,9 5,2 5,1 5,1 0
18
100 14,7 1,1 1,1 5,2 5,6 8
0 8 6,3 6,3 5,1 5,2 1
0 15,3 6,1 6,2 4,8 4,8 3
42 1,3 4,1 4,2 5,1 5,1 2
21,3 12,7 4,4 4,4 4,4 4,4 8
20 14 4,3 4,4 4,3 4,4 10
0 0 5,6 5,7 5,4 5,4 0
19
54 0 3,8 4 5,2 5,4 0
154
Períodos e parâmetros analisados nos diários dos exames
REG
T% pH G < 4 T% pH E < 4 média pH G med pH G média pH E med pH E n
o.
epis RGE
21,3 0 4,4 4,4 5,3 5,3 0
1,3 0 5,1 5 5,5 5,5 0
0 0 5,3 5,3 6 6 0
0,7 0 5,5 5,6 6 6 0
0 0 6,2 6,2 6,2 6,3 0
18 1,3 5,5 5,4 5 5 0
22 4,6 4 4 4,3 4,4 0
20
9 2 4,5 4,6 4,8 4,8 0
25 6 4,3 4,3 4,6 4,6 0
15 3,5 4,5 4,4 5,2 5,1 0
19 3,8 3,6 3,6 4,9 4,8 0
22 0 4,5 4,4 5,5 5,5 0
32 2 4,8 4,9 4,3 4,3 0
38 12,8 2,5 2,4 3,9 4 6
21
52 13,7 3,2 3,2 4,1 4,1 8
100 0 2,6 2,7 5,4 5,3 0
22
100 0 1,1 1,1 6 5,9 0
0 0 5,7 5,6 6,3 6,3 0
0 0 7,5 7,3 7,1 7,3 0
0 0 7,9 7,9 7,2 7,3 0
23
0 0 8,7 8,7 7,4 7,4 0
6 0 4,8 4,9 5,7 5,7 0
56 0 3,6 3,2 6,1 6,1 0
6 0 5,6 5,8 6,2 6,2 0
44 0 3,5 4,6 6,5 6,5 0
29,3 0 4,5 4,8 6,3 6,3 0
100 0 2,8 3 6 6 0
18,7 0 4,9 5,7 5,6 5,6 0
24
9,3 0 5,6 5,9 6,1 6 0
0 17,3 6,1 6,2 4,7 4,6 6
25
0 18,7 6,1 6,1 4,5 4,5 8
32,7 0 4,1 4,8 5,8 5,8 0
0 0 7,8 7,9 5,8 5,8 0
0 0 7,8 7,8 5,8 5,8 0
0 0 7 7 5,4 5,3 0
0 0 7,4 7,4 5,6 5,6 0
26
0 0 7,5 7,5 5,7 5,8 0
4 0 5,8 6 5,5 5,4 0
24,7 0 4,5 4,2 5 5 0
84 56,7 3,3 3,2 3,9 3,9 4
100 52,7 2,7 2,7 3,8 3,8 6
27
100 49,3 2,1 2,2 4,2 4,1 8
1,3 0,7 4,8 4,9 5,1 5,1 1
0 1,3 5,6 5,1 4,7 4,7 2
0 2 6,1 6,2 4,9 5 3
0,7 0 5,8 5,9 4,7 4,7 0
100 1,3 2,7 2,7 4,8 4,7 2
0 0 5,4 5,4 5,1 5,2 0
0,7 0,7 4,9 4,9 4,8 4,8 1
28
0 0 6,6 6,6 5 5 0
155
Períodos e parâmetros analisados nos diários dos exames
REG
T% pH G < 4 T% pH E < 4 média pH G med pH G média pH E med pH E n
o.
epis RGE
29 0 0 4,9 4,8 5,2 5,3 0
0 0 4,8 4,8 5,4 5,4 0
30 80,7 43,3 3 2,5 4,5 4,6 3
0 0 6,3 6,4 6 6 0
100 84 2,1 2,2 3,6 3,6 1
31
0 0 6,8 6,9 5,7 5,6 0
57,3 3,3 4 4 5,5 5,6 1
32
20,7 0,7 4,9 4,9 5,9 5,9 1
38 0 4,2 4,2 6 6 0
0 0 4,8 4,9 6,6 6,6 0
33
0 0 7 7,1 6,3 6,4 0
68 26 5 5 4 4,2 4
34
56 37 5,1 5,2 2,8 2,8 5
100 0 2 1,9 4,9 4,9 0
70 0 3,9 4 5,1 4,9 0
36
0 0 5,7 5,7 5,4 5,5 0
37 100 18,3 2,3 2,3 4,2 4,3 9
G: gástrico; E: esofágico; med: mediana; epis: episódios
156
Anexo 4.5: Dados do tempo pós-prandial
Tem
p
o
p
ós-
p
randial
(
min.
)
Reg Identificação
maio
r
meno
r
médio 2/2 3/3 horas
1
RN de B. 120 40
75,75
X
2
J.P.S.S. 120 50
77,75
X
3 J.G.S.S. 120 60 90 X
4 RN de D.A. 180 60 124,38 X
5 RN de E.H.B. 85 50 69,38 X
10
L.A.S. 70 30
52,50
X
11
V.A.S. 120 60
79,50
X
12 G.F.S. 180 65 118,13 X
14
RN de M.S.C.A. 95 55
78,13
X
15 RN de A.L.S.S. 160 75 110,42 X
16 RN de R.C.M. 160 70 101,25 X
17 RN de D.C.L. 180 60 117,50 X
18 RN de M.F. 160 40 66,25 X
19 M.E.T.S. 165 85 110,63 X
20 RN de M.F.S. 180 40 89,38 X
21 RN de A.A.V 120 80 99,38 X
22 RN de F.D. 120 28 53,58 X
23 RN de L.C. 130 35 86,25 X
24 M.E.F.F. 95 60 72,25 X
25 RN de C.N.S. 180 30 90,63 X
26 RN de D.M.S.S. 120 60 96,25 X
27
RN de P.P.S. 120 20
66,25
X
28 RN de K.P. 135 90 110,00 X
29 RN de L.S.A. 100 25 60,83 X
30 RN de L.S.J. 180 20 79,58 X
31 M.A.C.M.L. 130 35 101,11 X
32
RN de L.N.M. 120 65
84,17
X
33 RN de F.V.S.M. 100 60 81,67 X
34
RN de G.S.T. 135 30
70,00
X
36 RN de V.R.B. 120 60 90,56 X
37 RN de W.G. 100 10 62,42 X
min.: minutos; GRUPO 1 em negrito
157
Anexo 4.6: Dados dos Grupos A (IGc < 37 sem) e B (IGc 37)
GRUPOS Reg. IG (s,d)
T % pH G
<4
T% pH E
< 4
No.
RGE
IG c PN(g) CN(cm) sexo Peso (g) Comp (cm)
Pós
prandial
G 1/ G2 Interv./vi
a
2 29 62,1 12,7 305 33,2 1300 37 M 1400 42 77,75 G2 2 GS
5 31,1 34,7 6,3 122 31,2 1375 36 M 1815 42 69,38 G2 3 GS
11 30 64,3 27,2 291 32 930 37 M 950 35 79,5 G1 2 GS
15 30 30,4 8,4 150 33,6 810 32 F 1010 40 110,42 G1 2 GS
18 31 53,7 1,7 101 35,4 1085 35 M 1560 42 66,25 G1 2 GS
20 32 32 6,9 137 35,6 920 38 M 890 35 89,38 G2 2 GS
22 26 90,2 6,6 258 29,3 1200 40 M 950 39 53,58 G1 2 GS
26 33 37,3 6,9 121 34,3 1680 42 M 1720 42 96,25 G2 3 GS
29 32 49,8 7,3 218 36,4 690 38 M 1415 38 60,83 G2 2 GS
30 33,1 43,3 6,3 220 36,4 985 36 M 1365 41 79,58 G2 2 GS
32 29,4 58 19,3 415 31,4 930 35 F 960 38 84,17 G2 2 GS
34 26 45,9 20,6 447 34 835 35 M 1075 37,5 70 G2 2 GS
GRUPO A
13 PRÉ-TERMOS
37 32 52,3 9,9 190 34,5 1070 34 F 1100 37 62,42 G2 2 GS
1 31,2 32,2 20,3 509 38 1005 38 M 2250 45 75,75 G2 2 GS
3 29 52 5,5 177 37,6 1945 48 M 2600 44 90 G2
3 GS +
Copo
4 33,6 44,1 6,7 145 38,5 1050 37 F 2015 43 124,38 G1
3 GS +
Copo
10 30,3 75 25,8 193 37,5 890 35 F 1210 38 52,5 G2 3 GS
12 29 10,2 4,7 196 37 1400 40 M 1190 37 118,13 G1 2 GS
14 31,5 65,8 17,6 329 37 1060 39 M 2450 42 78,13 G2 2 GS
16 33 40,9 9,9 195 38 1115 41 F 2160 43 101,25 G2 3 GS
17 28 91,7 0,7 16 41,1 650 38 F 2725 47 117,5 G1 3 GS
19 30 68,8 5,7 193 42,2 1095 39 F 3000 49 110,63 G2 3 GS
21 30 45 3,9 98 37,5 1490 40 M 1640 42 99,38 G2
3 GS +
Copo
23 34,4 21,2 6,3 118 38,4 1150 36 M 2495 48 86,25 G2 2 GS
24 33 59,3 6,3 86 42 2880 50 F 2340 46 72,25 G2 3 Copo
25 37 17,9 2,5 119 40,1 3360 49 F 3410 49,5 90,63 G2 3 Copo
27 32 55 10,7 93 37 1530 40 M 2230 43 66,25 G2
3
SM/Copo
28 27,2 17,2 3,1 132 37,3 990 35 F 2335 45 110 G2
3 GS +
Copo
31 36 45,3 4,3 132 42,3 2805 47 F 2985 54 101,11 G2
3 GS +
Copo
33 30 22,6 5,6 110 38,4 1875 44 F 1280 40 81,67 G2 3 Copo
GRUPO B
18 A TERMO
36 38,6 52,6 3,7 76 40,6 1520 38 M 2900 48 90,56 G2
3
SM/Copo
Tempo pós-prand.: tempo pós prandial
158
Anexo 5: Diário do Exame
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO
pHmetria Esofágica de Recém-nascidos
“DIÁRIO DE EXAME”
Identificação: _______________________________________________________Masc ( ) Fem ( )
Registro: _______ Nascimento: ____/____/_____ Parto: N ( ) C ( ) PN: _______ CN: __________
Apgar: ____/____/_____ I.Gest./ Método: _______/_________; PN x IG: (PIG) (AIG) (GIG);
IC.: _____________ IG c.: _______________ Peso/Comp atual: ________/______
Alimentação: Tipo/Vol/Via ________________________________ QH/ Qcal.: ________/________
Problemas: PMT ( ) DMH ( ) BDP ( ) SEPSE ( ) ICT ( ) Outros: ____________________________
Indicação: Apnéia ( ) Dessaturação às alim ( ) regurgitação ( ) aspiração ( ) Outras ______________
Data do Exame: ________ Início: ___:___ Posição eletrodo E/G: _____/_____ pH gástrico: ________
ALIMENTAÇÃO PROBLEMAS
Horário exato de início e término das alimentações, assim
como decúbito no leito. Discriminar, quando RN em mais de
uma via de alimentação, se SM/Chuca/Copo/ SOG.
Horário, respectivos problemas
apresentados (apnéia; dessaturação;
regurgitação; vômitos; etc) e decúbito.
SM/CHUCA/SOG/CO
P
INÍCIO TÉRMINO DECÚBITO HORÁRIO PROBLEMA DECÚBITO
Registro na Tese: ____
HUGG ( ) HMON ( )
159
Anexo 6. Registro Gráfico dos Exames
Reg. Nome do Paciente Pág.
1 RN de B. 162
2 JPSS 163
3 JGSS 164
4 RN de D.A. 165
5 RN de E. 166
10 RN de LAS 167
11 VAS 168
12 GFS 169
14 RN de MSCA 170
15 RN de ALSS 171
16 RN de RCM 172
17 RN de DCL 173
18 RN de MF 174
19 METS 175
20 RN de MFS 176
21 RN de AAV 177
22 RN de FD 178
23 RN de LC 179
24 MEFF 180
25 RN de CNS 181
26 RN de DMSS 182
27 RN de PPS 183
28 RN de KP 184
29 RN de LSS 185
30 RN de LSJ 186
31 MACML 187
32 RN de LNM 188
33 RN de FVSM 189
34 RN de GST 190
36 RN de VRB 191
37 RN de WG 192
160
Reg.1) RN de B.: masc.; IG: 31s.2d.; DMH; VM; PNM; sepse; dessaturação às
alimentações; GS. IC: 46dias. Peso: 2250g. Duas dessaturações ao exame. Grupo 1.
161
Reg.2) J.P.S.S. – gemelar 1; masc.; IG: 29 sem.; DMH; VM; PCA (Ibuprofeno);
broncodisplasia pulmonar x RGE (?); regurgitação pós alimentar e broncoaspiração
previamente; GS. IC: 32 dias; Peso: 1400g. Três regurgitações e uma dessaturação
ao exame. Grupo 1.
162
Reg.3) J.G.S.S.: gemelar 2; masc; IG: 29 sem.; DMH; VM; PNM; irmão gemelar já
apresentou broncoaspiração e tem RGE confirmado; “crises de apnéia” quando sucção
ao bico; sucção ao seio não disponível; sendo alimentado por GS – “menos apnéias”.
IC: 66 dias; Peso 2600g. Dessaturação e regurgitação ao exame. Grupo 2.
163
Reg.4) RN de D.A.: masc.; IG: 33sem 6d; sepse; Hood e CPAP nasal;. IC: 32 dias;
Peso: 2015g. Copo. Regurgitações ao exame. Grupo 2.
164
Reg.5) RN de E.H.B.: masc.; IG: 31sem 1d; corticoterapia materna; DMH; sepse; Hood
e CPAP nasal; pausas e apnéias às alimentações por GS. IC: 38 dias; peso 1815g.
Dessaturações ao exame. Grupo 2.
165
Reg.10) L.A.S.: fem.; IG: 30sem 3d; corticoterapia materna; policitemia; sepse; Hood e
CPAP nasal; pausas e apnéias às alimentações por GS. IC: 30 dias; peso: 1210g.
Dessaturações ao exame. Grupo 1.
166
Reg. 11) V.A.S.: fem.; IG: 30sem.; corticoterapia materna; PIG; DMH leve; VM 24
horas; CPAP nasal e hood; apnéia da prematuridade x RGE (?); recuperação nutricional;
dessaturações às alimentações por GS. IC: 15 dias; peso: 950g. Dessaturações ao
exame. Grupo 1.
167
Reg. 12) G.F.S.: fem.; IG: 29 sem.; corticoterapia materna; DMH; VM; sepse;
recuperação nutricional; dessaturações às alimentações por GS. IC: 56 dias; peso:
1190g. Regurgitação e dessaturação ao exame. Grupo 2.
168
Reg. 14) RN de M.S.C.A.: masc.; IG: 31sem5d.; DMH; VM; sepse; dessaturações pós-
alimentações por GS/ copo. IC: 50 dias; peso: 2450g. Dessaturações ao exame. Grupo 1.
169
Reg. 15) RN de A.L.S.S.: masc.; IG: 30sem; PIG; DMH; Hood/CPAP nasal; sepse;
sífilis; dessaturações pós-alimentações por GS; IC: 27 dias; peso: 1010g. Dessaturações
durante o exame. Grupo 2.
170
Reg. 16) RN de R.C.M.: masc.; IG: 33 sem.; DMH; VM; sepse; pausas respiratórias
eventuais pós-alimentares com GS; IC: 35 dias; peso: 2160g. Não apresentou evento
clínico durante as 24 horas do exame. Grupo 2.
171
Reg. 17) RN de D.C.L.: fem.; IG: 28sem; DMH; VM; BDP (?); apnéia pós-alimentar;
GS + copo. IC: 77 dias. Registro de taquicardia ao exame. IC: 77 dias; peso: 2725g.
Grupo 2.
172
Reg. 18) RN de M.F.: masc; IG: 31 sem.; DMH; VM; PNM; sepse; pausas respiratórias;
alimentando-se por GS. IC: 32 dias; peso: 1560g. Dessaturações durante o exame.
Grupo 2.
173
Reg. 19) M.E.T.S.: fem.; IG: 30 sem.; DMH; VM; PNM; sepse; regurgitações
freqüentes com eventuais engasgos após as mamadas; fonoaudióloga descartou
dificuldade de deglutição e sugeriu RGE. Alimentando-se por copo, IC de 86 dias; peso:
3000g. Vômitos e um episódio de choro constante durante o exame.
174
Reg. 20) RN de M.F.S.: fem.; IG: 32 sem; DMH; VM; sepse; PCA com fechamento
farmacológico (Ibuprofeno); cianose e pausa respiratória; IC: 28 dias e peso: 890g.
Alimentando-se por GS. Sem drogas anti-RGE e sem diuréticos. Vários episódios de
dessaturações durante as alimentações. Grupo 2.
175
Reg. 21) RN de A.A.V.: masc.; IG: 30 sem.; PNM; CPAP nasal; pausas respiratórias
eventuais; apneía da prematuridade x RGE. IC: 49 dias; peso:1640g; alimentando-se por
GS. Dessaturações durante o exame. Grupo 2.
176
Reg. 22) RN de F.D.: masc.; IG: 26 sem.; DMH; VM; sepse; PCA (Ibuprofeno).
Apnéias. Sem diurético; recebeu ciclo de corticoterapia. Relato de melhora clínica ao
iniciar Bromoprida. Suspensa medicação quatro dias antes do exame e “observado”
(pela equipe) retorno das apnéias. Alimentação por GS. IC: 24 dias; peso: 950g.
Dessaturações ao exame. Grupo 2.
177
Reg. 23) RN de L.C.: fem.; IG: 34s4d; TTRN; sepse; CPAP/Hood; dificuldade para
alimentar devido a palidez e/ou cianose. Incoordenação (?). Avaliação da
fonoaudiologia negativa – RGE? copo/GS. IC: 29 dias com IGc: 38s4d, peso: 2495g.
Durante o exame recebeu apenas 3 alimentações por copo. Taquicardia durante o exame
e um episódio de vômito. Grupo 1.
178
Reg. 24) M.E.F.F.: fem.; IG: 33 sem; DMH; VM; recuperação nutricional. Taquipnéia e
quedas de saturação,com retorno espontâneo. Alimentando-se por GS e copo (“o que
não tolerar é gavado”). IC: 63 dias, peso: 2340g. Dessaturações durante o exame. Grupo
2.
179
Reg. 25) RN de C.N.S.: fem.; IG: 36s6d; TTRN; Hood; dificuldades alimentares devido
a engasgos com cianose eventuais. Alimentando-se por copo. IC: 23 dias; peso: 3410g.
Apresentou uma queda de saturação durante o exame. Grupo 2.
180
Reg. 26) RN de D.M.S.S.: masc.; IG: 33 sem; TTRN; Hood; dificuldade em estabelecer
sucção devido às quedas de saturação. GS. IC: 10 dias; pesando 1720g. Durante o
exame apresentou dessaturações e 3 episódios de vômitos. Grupo 2.
181
Reg. 27) RN de P.P.S.: masc.; IG: 32 sem.; PNM; sepse; VM; apresenta apnéias ao
longo do dia com remissão espontânea. IC: 35 dias; peso: 2230g; alimentando-se por
GS e copo (“o que não tolerar, gavar”). Grupo 1.
182
Reg. 28) RN de K.P.: fem.; IG: 27s2d; DMH; VM; sepse; PCA (indometacina); recebeu
curso de corticoterapia para BDP; “não faz uso de diurético e está sob controle”.
Apnéias, com necessidade de ventilação manual em alguns eventos. Broncodisplasia x
RGE ? IC: 72 dias; peso: 2335 g; sendo alimentada por GS. Apresentou dessaturações
durante o exame. Grupo 2.
183
Reg.: 29) RN de L.S.A.; fem.;IG: 32 sem.; DMH; PNM; VM; sepse; PIG; recuperação
nutricional. Alimentando-se por GS. IC: 31 dias; pesando 1415g. Durante o exame
apresentou duas dessaturações. Grupo 2.
184
Reg. 30) RN de L.S.J., masc., IG: 33s1d; PIG; DMH; PNM; VM; recuperação
nutricional. IC: 24d; peso: 1365g. Alimentando-se por GS e apresentando apnéias.
Durante o exame apresentou uma queda de saturação. Grupo 2.
185
Reg. 31) RN de M.A.C.M.L., fem.; IG: 36 sem; PNM; após a suspensão da
oxigenoterapia, apresentou engasgos com algumas dessaturações. RGE? Alimentada por
SM e copo. IC: 45 dias; peso: 2985g. Grupo 2.
186
Reg. 32) RN de L.N.M.; masc.; IG: 29s4d; infecção(?); CPAP/Hood; iniciada a
alimentação enteral, por GS, nas primeiras 48 horas de vida, mas não tolerou progressão
devido a pausas respiratórias. Apnéia da prematuridade x RGE? IC: 14 dias; peso: 960g.
Durante o exame apresentou duas quedas de saturação. Grupo 1.
187
Reg. 33) RN de F.V.S.M., fem; IG: 30 sem.; DMH; VM; PNM; sepse; PCA
(ibuprofeno). IC 61d; peso: 1280g; apnéias; alimentando-se por GS. Durante o exame
apresentou dessaturações. Grupo 2. (a pHmetria foi normal para a idade e o RN faleceu
10 dias após, por pneumonia + choque séptico)
188
Reg. 34) RN de G.S.T., masc.; IG: 26 sem.; DMH; VM; PNM; sepse; apnéias ao longo
do dia, relacionadas aos horários das alimentações. IC: 55 dias; peso: 1075g.
Alimentado por GS. Durante o exame apresentou dessaturações. Grupo 1.
189
Reg. 36) RN de V.R.B., fem.; IG: 38s 6d; icterícia neonatal com incampatibilidade
ABO, fototerapia tripla; regurgitações. Durante o exame sugou seio materno em 3
mamadas diurnas (12h/15h e 9h) e as demais alimentações foram ofertadas por copo.
Apresentou sucessivos episódios de regurgitação ao final da monitorização, após sucção
ao seio. IC: 14 dias; peso: 2900g. Apresentou broncoaspiração duas semanas após a alta,
reinternando. Grupo 2.
190
Reg. 37) RN de W.G., masc.; IG: 32 sem.; PIG; DMH leve; Hood/CPAP; infecção;
recuperação nutricional. Apnéias. Alimentação por GS. IC: 19 dias; peso: 1100g. Grupo
2.
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