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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO
MESTRADO EM DINÂMICAS DO ESPAÇO HABITADO
DEHA
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DA ILUMINAÇÃO
NATURAL EM SALAS TÍPICAS DE EDIFÍCIOS DE
ESCRITÓRIOS EM MACEIÓ-AL
Sara de Oliveira Cardoso
MACEIÓ
2006
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Sara de Oliveira Cardoso
AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DA ILUMINAÇÃO
NATURAL EM SALAS TÍPICAS DE EDIFÍCIOS DE
ESCRITÓRIOS EM MACEIÓ-AL
Dissertação de mestrado apresentada à Faculdade de
Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de
Alagoas, como requisito final para a obtenção do grau
de Mestre em Arquitetura e Urbanismo.
Orientador: Prof. Dr. Ricardo Carvalho Cabús
MACEIÓ
2006
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C268a Cardoso, Sara de Oliveira.
Avaliação das condições da iluminação natural em salas típicas de
edifícios de escritórios em Maceió-AL / Sara de Oliveira Cardoso. –
Maceió, 2006.
xiv, 174f. : il.
Orientador: Ricardo Carvalho Cabús.
Dissertação (mestrado em Arquitetura e Urbanismo : Dinâmicas do
Espaço Habitado) – Universidade Federal de Alagoas. Faculdade de
Arquitetura e Urbanismo. Maceió, 2006.
Bibliografia: f. 121-128.
Apêndices: f. 129-174.
1. Iluminação de interiores. 2. Escritórios –- Iluminação natural. I. Título.
CDU: 749.2(813.5
Ao meu pai e à minha
mãe, a quem devo tudo. Meu
reconhecimento e gratidão pela
paciência, compreensão e apoio
constante, nesta etapa e em
todas as outras da minha vida.
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Ricardo Carvalho Cabús, que orientou este trabalho com competência,
segurança e paciência, elementos indispensáveis para a conclusão deste trabalho.
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (FAPEAL), pela bolsa de
estudos, que possibilitou o desenvolvimento desta dissertação.
Á Banca Examinadora, pelas contribuições ao aprimoramento da dissertação.
Aos demais Professores do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da
Universidade Federal de Alagoas (UFAL) que, de alguma forma contribuíram para a minha
formação acadêmica e para realização deste estudo.
Ao meu irmão, namorado e amigos próximos que por tantas vezes suportaram minhas
angústias, dando apoio e incentivo para seguir adiante.
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS........................................................................................................... VI
LISTA DE GRÁFICOS ....................................................................................................... IX
LISTA DE TABELAS............................................................................................................X
RESUMO............................................................................................................................ XIII
ABSTRACT ........................................................................................................................XIV
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................1
1.1 Considerações iniciais ..................................................................................................2
1.2 Justificativa...................................................................................................................3
1.3 Objetivo geral ...............................................................................................................4
1.4 Objetivos específicos....................................................................................................4
1.5 Estrutura do trabalho ....................................................................................................5
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...........................................................................................7
2.1 Breve histórico..............................................................................................................8
2.2 A luz natural ...............................................................................................................12
2.3 Fontes de luz natural...................................................................................................13
2.3.1 Luz direta do sol ..................................................................................................13
2.3.2 Luz difusa do céu.................................................................................................14
2.3.3 Luz refletida no entorno ......................................................................................15
2.4 Propriedades de controle da luz..................................................................................16
2.5 Sistemas de iluminaçao natural ..................................................................................17
2.5.1 Aberturas laterais.................................................................................................18
2.5.2 Aberturas zenitais ................................................................................................20
2.5.3 Espaços de transição............................................................................................22
2.6 Elementos de controle e redirecionamento da luz......................................................23
2.6.1 Separadores convencionais..................................................................................24
2.6.2 Cortinas................................................................................................................24
2.6.3 Persianas internas ................................................................................................25
2.6.4 Cobogós...............................................................................................................25
2.6.5 Toldos..................................................................................................................26
2.6.6 Venezianas...........................................................................................................26
2.6.7 Brises ...................................................................................................................27
2.6.8 Marquises ............................................................................................................27
2.6.9 Beirais..................................................................................................................28
2.6.10 Prateleiras de luz................................................................................................28
2.6.11 Dutos de luz.......................................................................................................29
2.7 Iluminação artificial....................................................................................................30
2.8 Tendências da iluminação ..........................................................................................31
2.9 Ferramentas para avaliação da luz natural..................................................................32
2.9.1 Modelos em escala reduzida................................................................................33
2.9.2 Ferramentas simplificadas...................................................................................35
2.9.3 Códigos computacionais......................................................................................36
2.9.3.1 O programa Trope.....................81
2.9 Ferramentas para avaliação da luz natural.........L-sage0i0.000z4......vTf 8017 Tw sope-1.145 TD-0. i[T52w[(2.9.3 Códigos com)7.9(putacionais)-35.7(5 paraLsu3l)-27.1(.........L-sage0i0.000z4......vTf 8017 Tw sope-1.145 TD-0. i[T52w[TD iTw sope-1.145 TD-0. i[T52w[(2.9.3 Códigos com)7.9(putacionais)-35.7(5 paraLsu3l)-27.1(.....ural)-27.1(........T0u54-6................)-89.9(32 ) ) 8D....i1-41/1.....................81
4.4.4 Análise das salas com janela alta.......................................................................109
4.5 Considerações finais.................................................................................................111
5. CONCLUSÕES, LIMITAÇÕES E SUGESTÕES .......................................................115
5.1 Conclusões................................................................................................................116
5.2 Limitações do trabalho .............................................................................................120
5.3 Sugestões para futuros trabalhos ..............................................................................120
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................121
APÊNDICES........................................................................................................................129
APÊNDICE 1 .................................................................................................................130
Levantamento das tipologias dos edf. de escritórios..................................................131
APÊNDICE 2 .................................................................................................................154
Cálculo da refletância das superfícies internas...........................................................155
APÊNDICE 3 .................................................................................................................158
Carta solar x prateleira de luz.....................................................................................159
APÊNDICE 4 .................................................................................................................166
Hora legal x hora solar ...............................................................................................167
APÊNDICE 5 .................................................................................................................168
Estudo piloto para definição do pavimento de simulação..........................................169
APÊNDICE 6 .................................................................................................................171
Perfil climático da cidade de maceió..........................................................................172
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Diferença entre os níveis de iluminância das fachadas...............................................2
Figura 2: Imagens de Stonehenge na Inglaterra em planta baixa (a),.........................................9
Figura 3: Zigurate de Ur..............................................................................................................9
Figura 4: Pirâmide de Quéops.....................................................................................................9
Figura 5: Vista externa (a) e vista interna do Panteão (b). .......................................................10
Figura 6 : Edf. Sede da ONU em NY (a) e Edf. Ocean Tower em Maceió-AL (b).................11
Figura 7: Reflexão especular (a), reflexão difusa (b) e reflexão mista (c)...............................16
Figura 8: Transmissão especular (a), transmissão difusa (b) e transmissão mista (c)..............17
Figura 9: Exemplos de janela de madeira no quarto(a) e de madeira com vidro na sala de
jantar(b) ..................................................................................................................18
Figura 10: Exemplo de porta em terraço numa residência em Maceió-AL,.............................18
Figura 11: Parede translúcida (a) e pele de vidro no Edf. Ocean Tower (b)............................19
Figura 12: Exemplo de clarabóia no almoxarifado do Núcleo de Desenvolvimento Infantil da
UFAL......................................................................................................................20
Figura 13: Exemplo de cobertura dente-de-serra, Carnes&Verdes, Maceió-AL. ....................21
Figura 14: Exemplo de teto transparente..................................................................................21
Figura 15: Exemplo de domo opaco com perfurações (a) e domo...........................................21
Figura 16: Exemplo de lanternim numa residência em Maceió-AL, .......................................22
Figura 17: Exemplo de pátio no prédio da reitoria da UFAL...................................................22
Figura 18: Atrio Central Plaza Las Américas,..........................................................................23
Figura 19: Corte esquemático (a) e exemplo de cortina em quarto infantil (b)........................24
Figura 20: Corte esquemático (a) e exemplo de persiana(b)....................................................25
Figura 21: Corte esquemático (a) e exemplo de elemento vazado no......................................25
Figura 22: Corte esquemático (a) e exemplo de toldo em edifício comercial(b). ....................26
Figura 23: Corte esquemático (a) e exemplo de veneziana (b). ...............................................26
Figura 24: Corte esquemático (a) e exemplo de brise na Biblioteca da UFAL,.......................27
Figura 25: Corte esquemático (a) e exemplo de marquise (b)..................................................28
Figura 26: Corte esquemático (a) e exemplo de beiral (b). ......................................................28
Figura 27: Corte esquemático (a) e exemplo de uma prateleira de luz localizada no..............29
Figura 28: Exemplo de maquete (a) e simulação, utilizando um heliodon, localizado na UFAL
(b). ..........................................................................................................................33
Figura 29: Exemplo de simulação com o método gráfico, onde se vêem, respectivamente:
corte de uma edificação com abertura zenital (a), transferido (b), diagrama de
pontos para o céu encoberto (c) e sobreposição da máscara de sombra com o
diagrama de pontos (d). ..........................................................................................36
Figura 30: Tela inicial do programa TropLux V-2.25..............................................................38
Figura 31: Tela do software DLN ............................................................................................38
Figura 32: Esquema do Tipo A - tipologia com corredor central.............................................43
Figura 33: Esquema do Tipo B - tipologia com corredor lateral..............................................43
Figura 34: Salas com largura fixa e 4,00m (a), 6,00m (b) e 8,00m (c) de profundidade .........45
Figura 35: Salas com janela central (a), lateral (b) e corte janela baixa (c). ............................45
Figura 36: Salas com janela central (a), lateral (b) e corte janela alta(c). ................................46
Figura 37: Planta baixa da prateleira de luz na janela lateral (a), na janela central (b) e corte
transversal de ambas as tipologias (c). ...................................................................46
Figura 38: Janela contínua........................................................................................................47
Figura 39: Elementos vazados..................................................................................................47
Figura 40: Corte modelo Tipo A. .............................................................................................49
Figura 41: Corte modelo Tipo B (b).........................................................................................49
Figura 42: Localização dos pontos de simulação na planta baixa das salas com 4,00 x
6,00m²(a), ...............................................................................................................50
Figura 43: Localização dos pontos de simulação na planta baixa das salas com 4,00 x
6,00m²(a), ...............................................................................................................50
Figura 44: Planta baixa da prateleira de luz na janela lateral (a), na janela central (b) e.........52
Figura 45: Visão do céu da Tipologia B...................................................................................53
Figura 46: Modelo 01 ...............................................................................................................54
Figura 47: Modelo 02 ...............................................................................................................54
Figura 48: Modelo 03 ...............................................................................................................54
Figura 49: Exemplo da tabela gerada pelo software TropLux para a Sala 14,........................55
Figura 50: Edifício Breda Center .............................................................................................60
Figura 51: Business Tower.......................................................................................................60
Figura 52: Fachadas sem proteção solar, respectivamente:......................................................62
Figura 53: Fachadas com proteção solar, respectivamente: .....................................................63
Figura 54: Fachadas com pele de vidro, respectivamente:.......................................................63
Figura 55: Exemplos de janela de correr (a) e maximar (b).....................................................63
Figura 56: Salas com janela central, largura fixa de 6,00m e profundidade variável de 4,00m
(a), 6,00m (b) e 8,00m (c).......................................................................................65
Figura 57: Distribuição das iluminâncias médias por ponto em lux, sala 4,00 x 6,00m²;........66
Figura 58: Distribuição das iluminâncias médias por ponto, sala 6x6m;.................................70
Figura 59: Comparação entre a localização dos Pontos 01 e 03, nas salas 4,00 x 6,00m² e 6,00
x 6,00m²..................................................................................................................71
Figura 60: Distribuição das iluminâncias médias por ponto, sala 8,00 x 6,00m²;....................73
Figura 61 : Localização geral dos pontos de simulação...........................................................77
Figura 62: Relação entre iluminâncias e localização dos pontos. ............................................77
Figura 63: Iluminâncias dos dias menos luminosos de cada orientação. .................................78
Figura 64: Salas com janela lateral, largura fixa de 6m e profundidade variável de 4m (a), 6m
(b) e 8m (c). ............................................................................................................79
Figura 65: Marcação dos cortes AA’ e BB’ para elaboração dos desenhos que demonstram a
variação luminosa na largura e na profundidade do ambiente. ..............................81
Figura 66: Distribuição das iluminâncias das salas 4,00 x 6,00m² com janela lateral,
mostrando a variação luminosa na profundidade e na largura do ambiente...........81
Figura 67: Distribuição das iluminâncias das salas 6,00 x 6,00m² com janela lateral,
mostrando a variação luminosa na profundidade e na largura do ambiente...........84
Figura 68: Distribuição das iluminâncias das salas 8,00 x 6,00m² com janela lateral,
mostrando a variação luminosa na profundidade e na largura do ambiente...........87
Figura 69: Relação entre iluminâncias e localização dos pontos nas salas com janela lateral.89
Figura 70: Prateleira de luz na janela lateral (a) e na janela central (b). ..................................92
Figura 71: Localização dos pontos na sala 8x6m com prateleira de luz. .................................92
Figura 72: Distribuição das iluminâncias das salas com janela central com e sem prateleira de
luz nas orientações SE e SO. ..................................................................................93
Figura 73: Distribuição das iluminâncias das salas com janela central com e sem prateleira de
luz nas orientações NO e NE..................................................................................94
Figura 74: Distribuição das iluminâncias das salas com janela lateral, com e sem prateleira de
luz na orientação SO, mostrando a variação luminosa na profundidade e na largura
do ambiente. ...........................................................................................................96
Figura 75: Corte da sala com janela alta voltada para a circulação lateral de abertura contínua.
................................................................................................................................99
Figura 76: Corte da sala com janela alta voltada para a circulação lateral com fechamento em
cobogó de piso a teto. .............................................................................................99
Figura 77: Abertura contínua..................................................................................................100
Figura 78: Distribuição das iluminâncias das salas com janela central, com e sem a janela alta
voltada para a circulação lateral com abertura contínua.......................................102
Figura 79: Distribuição das iluminâncias das salas com janela lateral, com e sem a janela alta
voltada para a circulação lateral com abertura contínua.......................................102
Figura 80: Cobogó de concreto...............................................................................................103
Figura 81: Distribuição das iluminâncias das salas com janela central, com e sem a janela alta
voltada para a circulação lateral com cobogó de concreto...................................105
Figura 82: Distribuição das iluminâncias das salas com janela lateral, com e sem a janela alta
voltada para a circulação lateral com cobogó de concreto...................................105
Figura 83: Cobogó pintado na cor branca...............................................................................107
Figura 84: Distribuição das iluminâncias das salas com janela central, com e sem a janela alta
voltada para a circulação lateral com cobogó de concreto...................................108
Figura 85: Distribuição das iluminâncias das salas com janela lateral direita, com e sem a
janela alta voltada para a circulação lateral com cobogó de concreto..................108
Figura 86: Distribuição geral das iluminâncias das salas com janela central, com e sem a
janela alta voltada para a circulação lateral..........................................................110
Figura 87: Distribuição geral das iluminâncias das salas com janela lateral, com e sem a janela
alta voltada para a circulação lateral.....................................................................111
Figura 88: Vista lateral direita (a) e vista lateral esquerda (b). ..............................................155
Figura 89: Medição da luminância no piso (a) e no papel branco (b)....................................155
Figura 90: Medição da luminância no teto (a) e no papel branco (b).....................................156
Figura 91:Medição da luminância na parede (a) e no papel branco (b). ................................156
Figura 92: Carta solar de Maceió. ..........................................................................................160
Figura 93: Vista JC.................................................................................................................161
Figura 94: Vista JL .................................................................................................................161
Figura 95: Corte JC/JL ...........................................................................................................161
Figura 96: Máscara de sombra JC/NE....................................................................................161
Figura 97: Máscara de sombra JC/NO ...................................................................................161
Figura 98: Máscara de sombra JC/SE ....................................................................................161
Figura 99: Máscara de sombra JC/SO....................................................................................161
Figura 100: Máscara de sombra JL/NE..................................................................................161
Figura 101: Máscara de sombra JL/NO..................................................................................161
Figura 102: Máscara de sombra JL/SE...................................................................................162
Figura 103: Máscara de sombra JL/SO ..................................................................................162
Figura 104: Vista JC + PL......................................................................................................163
Fig Figura 105: Corte JC + PL ...............................................................................................163
Figura 106: M. Sombra JC+PL/NE........................................................................................163
Figura 107: M. Sombra JC+PL/NO........................................................................................163
Figura 108: M. Sombra JC+PL/SE.........................................................................................163
Figura 109: M. Sombra JC+PL/SO ........................................................................................163
Figura 110: Vista JL + PL ......................................................................................................164
Figura 111: Corte JL + PL......................................................................................................164
Figura 112: M. Sombra JL+PL/NE ........................................................................................164
Figura 113: M. Sombra JL + PL/NO......................................................................................164
Figura 114: M. Sombra JL+PL/SE.........................................................................................164
Figura 115: M. Sombra JL + PL/SO ......................................................................................164
Figura 116: Gráficos da variação dos níveis de iluminação durante o dia.............................170
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Características do vidro utilizado nas simulações...................................................44
Gráfico 2: Comparação entre as médias de cada ponto e a profundidade da sala....................57
Gráfico 3: Localização dos edifícios de escritórios..................................................................60
Gráfico 4: Quantidade de pavimentos e salas por pavimento ..................................................61
Gráfico 5: Tipologia das plantas...............................................................................................62
Gráfico 6: Comportamento da iluminação no interior do ambiente, sala 4,00 x 6,00m² com
janela central...............................................................................................68
Gráfico 7:Comportamento da iluminação no interior do ambiente, sala 6,00 x6,00m² com
janela central...............................................................................................71
Gráfico 8: Comportamento da iluminação no interior do ambiente, sala 8,00 x 6,00m² com
janela central...............................................................................................74
Gráficos 9 e 10: Relação entre as médias de cada sala e a localização dos pontos no solstício
de inverno nas orientações sudeste e sudoeste. ..........................................78
Gráficos 11 e 12 : Relação entre as médias de cada sala e a localização dos pontos no solstício
de inverno nas orientações nordeste e noroeste..........................................78
Gráfico 13: Comportamento da iluminação no interior do ambiente, sala 4,00 x 6,00m² com
janela lateral................................................................................................82
Gráfico 14: Comportamento da iluminação no interior do ambiente, sala 6,00 x 6,00m², com
janela lateral................................................................................................85
Gráfico 15: Comportamento da iluminação no interior do ambiente, sala 6,00 x 6,00m², com
janela lateral................................................................................................87
Gráficos 16 e 17: Relação entre as médias dos pontos na sala 4,00 x 6,00m², no solstício de
inverno na orientação Sudeste e no solstício de verão na orientação
Nordeste......................................................................................................90
Gráficos 18 e 19: Relação entre as médias dos pontos na sala 6,00 x 6,00m², no solstício de
inverno na orientação Sudeste e no solstício de verão na orientação
Nordeste......................................................................................................91
Gráficos 20 e 21: Relação entre as médias dos pontos na sala 8,00 x 6,00m², no solstício de
inverno na orientação Sudeste e no solstício de verão na orientação
Nordeste......................................................................................................91
Gráfico 22: Comportamento da iluminação no interior do ambiente, salas 8,00 x 6,00m² com
janela central, com e sem o uso da prateleira de luz...................................94
Gráfico 23: Horas em que é necessária a utilização da luz artificial no ambiente, salas 8,00 x
6,00m² com janela lateral, com e sem o uso da prateleira de luz. ..............97
Gráficos 24 e 25: Distribuição das iluminâncias nas salas com e sem prateleira de luz,
tipologia com janela central (a) e com janela lateral (b). ...........................98
Gráfico 26: Distribuição geral das iluminâncias das salas com abertura contínua, fechamento
em cobogó de concreto e cobogó pintado na cor branca..........................110
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Níveis de iluminância, segundo a NBR 5413/1992..................................................30
Tabela 2: Propriedades físicas dos materiais empregados no edifício modelo ........................44
Tabela 3: Simulação I - diagnóstico da situação típica anual...................................................51
Tabela 4: Simulação II - Propostas de intervenção A ..............................................................52
Tabela 5: Simulação III - Propostas de intervenções B............................................................54
Tabela 6: Exemplo da tabela geral que foi exportada do software TropLux. ..........................56
Tabela 7: Comparação entre os Pontos 01 no dia 22/03. .........................................................56
Tabela 8: Comparação entre os Pontos 01 na orientação SE. ..................................................56
Tabela 9: Comparação dos três pontos no dia menos luminoso da orientação SE...................57
Tabela 10: Comparação entre as médias de cada ponto e a profundidade da sala....................57
Tabela 11: Levantamento dos edifícios de escritório da cidade de Maceió.............................59
Tabela 12: Orientação das maiores fachadas............................................................................61
Tabela 13: Iluminâncias no dia menos luminoso de cada orientação, sala 4,00 x 6,00m², janela
central, tabela ponto x hora, dados em lux. ............................................................65
Tabela 14: Decréscimo percentual das iluminâncias médias dos Pontos 02 e 03 em relação ao
Ponto 01 em cada orientação, na sala 4,00 x 6,00m² com janela central. ..............67
Tabela 15: Iluminâncias no dia menos luminoso de cada orientação, sala 6,00 x 6,00m², janela
central, tabela ponto x hora, dados em lux. ............................................................69
Tabela 16: Decréscimo percentual das iluminâncias médias dos Pontos 2 e 3 em relação ao
Ponto 1 em cada orientação, na sala 6,00 x 6,00m² com janela central. ................70
Tabela 17: Comparação entre as médias das iluminâncias dos Pontos 01 e 03, nas salas 4,00 x
6,00m² e 6,00 x 6,00m² com janela central, dados em lux. ....................................70
Tabela 18: Iluminâncias no dia menos luminoso de cada orientação, sala 8,00 x 6,00m², com
janela central, tabela ponto x hora, dados em lux...................................................73
Tabela 19: Decréscimo percentual das iluminâncias médias dos Pontos 2 e 3 em relação ao
Ponto 1 em cada orientação, na sala 6,00 x 6,00m² com janela central. ................74
Tabela 20: Comparação entre as médias das iluminâncias dos Pontos 1 e 3, nas salas 4,00 x
6,00m² e..................................................................................................................74
Tabela 21: Tabela comparativa para análise geral das médias das iluminâncias das salas com
janela central, em lux..............................................................................................76
Tabela 22: Média das iluminâncias no dia menos luminoso de cada orientação, sala 4,00 x
6,00m², com janela lateral, tabela ponto x hora, dados em lux. .............................80
Tabela 23: Médias das iluminâncias dos Pontos de Simulação Simplificados das salas 4,00 x
6,00m² com janela lateral, dados em lux. ...............................................................80
Tabela 24: Decréscimo percentual das iluminâncias médias dos Pontos Simplificados 02, 02’,
03 e 03’ em relação ao Ponto 01 e 01’em cada uma das orientações, na sala 4,00 x
6,00m² com janela lateral. ......................................................................................82
Tabela 25: Média das iluminâncias no dia menos luminoso de cada orientação, sala 6,00 x
6,00m², com janela lateral, tabela ponto x hora, dados em lux. .............................83
Tabela 26: Médias das iluminâncias dos Pontos de Simulação Simplificados das salas 6,00 x
6,00m² com janela lateral, dados em lux. ...............................................................83
Tabela 27: Decréscimo percentual das iluminâncias médias dos Pontos Simplificados 02, 02’,
03 e 03’ em relação ao Ponto 01 e 01’em cada uma das orientações, na sala 6,00 x
6,00m² com janela lateral
.
......................................................................................84
Tabela 28: Comparação entre as médias das iluminâncias dos Pontos 01 e 03, nas salas 4,00 x
6,00m² e 6,00 x 6,00m² com janela lateral. ............................................................84
Tabela 29: Média das iluminâncias no dia menos luminoso de cada orientação, sala 8,00 x
6,00m², com janela lateral, tabela ponto x hora, dados em lux. .............................86
Tabela 30: Médias das iluminâncias dos pontos de simulação simplificados das salas 6,00 x
6,00m² com janela lateral, dados em lux. ...............................................................86
Tabela 31: Decréscimo percentual das iluminâncias médias dos Pontos Simplificados 2, 2’, 3
e 3’ em relação ao Ponto 1 e 1’em cada uma das orientações, na sala 8,00 x 6,00m²
com janela lateral
.
...................................................................................................87
Tabela 32: Comparação entre as médias das iluminâncias dos Pontos 01 e 03, nas salas 4,00 x
6,00m² e 6,00 x 6,00m² com janela lateral. ............................................................87
Tabela 33: Tabela comparativa dos pontos simplificados para análise geral das salas com
janela lateral............................................................................................................88
Tabela 34: Comparação entre as médias das iluminâncias dos Pontos 1 e 3, nas salas 4,00 x
6,00m² e..................................................................................................................90
Tabela 35: Médias e variação das iluminâncias (U
a
e U
b
) das salas 8,00 x 6,00m² com janela
central com prateleiras de luz (JC + PL) e das salas sem prateleira de luz (JC sem
PL). .........................................................................................................................93
Tabela 36: Médias das iluminâncias da sala com prateleiras de luz (JC + PL) e da sala sem
prateleira de luz (JC sem PL). ................................................................................95
Tabela 37: Médias e variação das iluminâncias (U) das salas com prateleiras de luz (JL + PL)
e das salas sem prateleira de luz (JL sem PL). .......................................................96
Tabela 38: Iluminâncias da sala com janela alta + abertura contínua (JA+AC) ....................100
Tabela 39: Iluminâncias e variação luminosa (U) entre os Pontos 1 e 2 e os Pontos 1 e 3 das
salas com janela alta + abertura contínua (JA+AC). ............................................101
Tabela 40: Médias e variação das iluminâncias (U) das salas com a inclusão da janela alta +
abertura contínua (JA + AC) e das salas sem a intervensão.................................101
Tabela 41: Iluminâncias da sala com janela alta + fechamento em cobogó de concreto de piso
a teto (JA+CC)......................................................................................................103
Tabela 42: Iluminâncias e variação luminosa (U) entre os Pontos 1 e 2 e os Pontos 1 e 3 das
salas com janela alta + cobogó de concreto (JA+CC)..........................................104
Tabela 43: Médias e variação das iluminâncias (U) das salas com a inclusão da janela alta +
cobogó de concreto (JA + CC) e das salas sem a intervensão..............................104
Tabela 44: Variação entre as iluminâncias (U) geradas pela abertura contínua e pelo
fechamento em cobogó de concreto de piso a teto na circulação lateral..............105
Tabela 45: Iluminâncias da sala com janela alta + fechamento em cobogó pintado na cor
branca de piso a teto (JA+CB)..............................................................................106
Tabela 46: Iluminâncias e variação luminosa (U) entre os Pontos 1 e 2 e os Pontos 1 e 3 das
salas com janela alta + cobogó pintado na cor branca(JA+CB)...........................107
Tabela 47: Médias e variação das iluminâncias (U) das salas com a inclusão da janela alta +
cobogó de concreto (JA + CC) e das salas sem a intervensão..............................107
Tabela 48: Variação entre as iluminâncias (U) geradas pela abertura contínua e pelo
fechamento em cobogó de concreto de piso a teto na circulação lateral..............109
Tabela 49: Tabela comparativa das iluminâncias proporcionadas pela janela alta contínua nos
fundos das salas, dados em lux.............................................................................109
Tabela 50: Comparação entre as profundidades das salas e os tipos de abertura...................112
Tabela 51: Comparação geral das salas com janela central, dados em lux. ...........................113
Tabela 52: Comparação geral das salas com janela lateral, dados em lux.............................113
Tabela 53: Tabela resumo dos resultados – variação das iluminâncias entre os Pontos 01 e 03,
respectivamente o mais próximo e o mais afastado da
abertura.............................................119
Tabela 54: Valores e médias das iluminâncias encontradas na bateria de medição 01, no
piso..............................................................................................................................
............154
Tabela 55: Valores e médias das iluminâncias encontradas na bateria de medição 01, no piso.
..............................................................................................................................156
Tabela 56:Valores e médias das iluminâncias encontradas na bateria de medição 02, no teto.
..............................................................................................................................157
Tabela 57: Valores e médias das iluminâncias encontradas na bateria de medição 03, na
parede. ..................................................................................................................157
Tabela 58: Normais Metereológicas da cidade de Maceió.....................................................172
RESUMO
A cidade de Maceió possui uma quantidade de luz abundante, proveniente do sol e do
céu. Por sua vez, os sistemas de iluminação artificial funcionam integralmente ao longo do dia
em muitos edifícios de escritórios. Esta pesquisa tem como objetivo avaliar o desempenho da
iluminação natural em salas típicas de edifícios de escritórios implantados na cidade, de modo
a sugerir diretrizes e recomendações para futuras construções, tendo em vista a racionalização
do uso da iluminação artificial. Foi desenvolvida com base em simulações computacionais em
salas de escritório padronizadas, a partir de um diagnóstico da situação atual dos edifícios de
escritórios localizados em Maceió. Foram realizadas três baterias de simulações: na primeira,
obteve-se uma avaliação das condições de iluminação natural das salas de escritórios nos
solstícios e equinócios e nas quatro orientações mais recorrentes na cidade em estudo. Na
segunda etapa, foram adicionadas prateleiras de luz às aberturas das salas mais profundas nas
quatro orientações. Na terceira, foi incluída uma abertura alta contínua voltada para a
circulação lateral do edifício nas salas mais profundas e em duas orientações. A inclusão dos
elementos construtivos nas duas últimas etapas de simulação teve como objetivo investigar
suas influências na melhoria da uniformidade luminosa das salas de escritórios. Como
resultado da primeira etapa de simulação, verificou-se uma média de 75% de variação entre as
iluminâncias dos pontos mais próximos e mais afastados da abertura nas salas mais
profundas; com a inclusão das prateleiras de luz, essa variação diminuiu para, em média, 70%
nas salas com as mesmas dimensões e com a inclusão da janela alta contínua para 65%. Se
forem adicionadas as duas intervenções propostas nas salas (prateleira de luz + abertura
contínua voltada para a circulação lateral), essa variação entre os pontos será de 50%. Então,
os resultados obtidos por meio das simulações computacionais mostram que a utilização das
intervenções propostas melhorou significativamente a uniformidade luminosa do ambiente.
Portanto a utilização destas intervenções pode implicar em projetos mais eficientes em relação
ao uso da iluminação natural, e consequentemente uma melhora na eficiência energética da
edificação.
ABSTRACT
Maceió, the capital of a North-eastern state in Brazil, has abundant
sun and sky light during the whole year. Despite this natural resource the electrical
lighting system works in full-scale throughout the day in many office
buildings. The main objective of this study is to evaluate the performance of
the natural light in typical office buildings of the city, in order to suggest
and recommend guidelines for future constructions, taking into account the
rationalization of artificial lighting use. The study was based on a previous
diagnosis of the actual conditions of different office buildings in
Maceió, and was developed through computer simulations of standard office buildings.
The investigation was divided in three stages: the first was an assessment of the
conditions of sun lighting in the office rooms in a typical luminous day of
each of the four seasons, considering the buildings’ four most recurrent
directional references. In the second stage, light shelves were added to the
openings of the largest rooms in reference to the four directions. Lastly, it
was added a high continuous window turned to the side corridor of the
building’s largest rooms in two directions. The insertion of constructive
elements in the last two stages of the simulation aimed at investigating the
influence of the performed changes in the improvement of the lighting
uniformity in the office rooms. As a result of the first stage of the
simulation, it was verified an average of 75% of variation in the illuminance
between the nearest and the most distant points from the opening for the
largest rooms; the addition of light shelves caused this rate to decrease to
an average of 70% in the rooms with the same dimensions and of 65% with the
addition of a continuous high window. The addition of the two proposed
interventions (light shelves and continuous opening turned to the corridor)
caused the variation between points to decrease to 50%. Therefore, the results
obtained through computer simulations show that the changes suggested have
significantly improved the lighting uniformity of the ambiance.
1
1. INTRODUÇÃO
1.1 Considerações iniciais ..................................................................................................2
1.2 Justificativa...................................................................................................................3
1.3 Objetivo geral ...............................................................................................................4
1.4 Objetivos específicos....................................................................................................4
1.5 Estrutura do trabalho ....................................................................................................5
2
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Desde o início dos tempos, pode-se perceber a preocupação do homem em possuir e
controlar a luz. Segundo BURGER (1996), essa empatia transcende a existência dos anos, a
evolução do homem e da sociedade.
Assim, passou-se da brasa à tocha, da vela à lamparina, do lampião à lâmpada elétrica,
inventada por Thomas Edison. O aperfeiçoamento desta última levou ao desenvolvimento da
lâmpada fluorescente, e o aumento da sua eficácia produziu a primeira possibilidade de
competir com o Sol e o céu, como uma fonte viável de luz para interiores.
A iluminação artificial passou, então, a ser usada indiscriminadamente no decorrer de
todo o dia. E, além do gasto de energia com a própria iluminação, tem-se o aquecimento do
ambiente interno, devido à pouca quantidade e qualidade das aberturas, e à necessidade do
uso de condicionadores de ar, originando um aumento na demanda de energia elétrica.
Além do desenvolvimento da iluminação artificial, também ocorreram avanços das
técnicas construtivas, como o uso do concreto armado e do aço, ocasionando um aumento no
gabarito das edificações. A malha urbana, no entanto, continuou praticamente a mesma, pois
nem sempre as ruas foram alargadas, ocasionando o aumento da densidade populacional e a
redução dos recuos e afastamentos entre as edificações (GRAZIANO JUNIOR, 2000).
Essa verticalização dos edifícios aumentou o uso da energia elétrica com a inserção de
elevadores, climatização artificial de ambientes, maior quantidade de pessoas, além de ter
atuado de forma negativa em relação ao aproveitamento da iluminação natural, pois essa
contribuição é diretamente proporcional à altura e ao afastamento das edificações.
Figura 1: Diferença entre os níveis de iluminância das fachadas
em função das alturas das edificações e largura das ruas.
Fonte: Arquivo pessoal da autora
3
Com essas alterações, percebeu-se que o domínio da luz natural foi desafiado e passou
a ter menor importância na concepção dos projetos, devido à facilidade da utilização da luz
artificial e ao aparecimento de novas técnicas e interesses construtivos.
No Brasil, grande parte da energia elétrica é utilizada em edifícios de escritórios.
Nesse sentido, deve-se observar que o uso da iluminação natural é muito importante,
principalmente em lugares onde há Sol em abundância, sobretudo no horário comercial,
quando os escritórios estão ativos.
Sabe-se que a utilização indiscriminada da iluminação artificial é desnecessária em
climas onde o Sol é abundante, como no caso do clima quente e úmido.
1.2 JUSTIFICATIVA
A praticidade e facilidade de acesso à energia elétrica fizeram com que seu uso fosse
intensificado, a ponto de a iluminação natural ser pouco considerada nos ambientes.
No Brasil, 48% da energia gerada são consumidas em edifícios residenciais,
comerciais e públicos, de acordo com dados do PROCEL (2003), e, segundo dados do BEN
(Balanço Energético Nacional) em 2004, o setor comercial foi responsável por,
aproximadamente, 23% do consumo de energia elétrica. Destes, cerca de 70% da energia
consumida nos edifícios de escritórios é relacionada aos sistemas de condicionamento de ar e
iluminação (GONÇALVES, 2004). Segundo SIGNOR (1999), aproximadamente 30% a
menos de energia são consumidos em edifícios com projetos adequados climaticamente.
De acordo com os dados apresentados, percebe-se o quanto é importante um projeto
adequado às condições climáticas e ao entorno da edificação para uma boa eficiência
energética da edificação e um bom conforto térmico e luminoso dos usuários.
A luz natural tem um ótimo desempenho luminoso, pois apresenta definições de cores
mais reais que a proporcionada pela luz artificial e proporciona a visualização do meio
externo, que, de acordo com CORRÊA (1997), influencia psicologicamente no bem estar do
ser humano, já que o homem, mesmo estando em um ambiente interno, deseja estar em
contato com os elementos do universo do qual faz parte.
4
O ambiente interno de um edifício de escritórios deve ser saudável e estimulante, pois
o tempo de permanência dos ocupantes em lugares dessa tipologia é relativamente alto.
É por isso que a qualidade visual do ambiente de trabalho, além de outras condições,
tem que atender às exigências de normas técnicas, principalmente a NBR 5413 da ABNT, que
mostram níveis ideais de iluminação exigidos para a iluminância de interiores
1
. Também
devem buscar a uniformidade luminosa do ambiente, estudando-se a distribuíção para que
sejam evitados os ofuscamentos, os reflexos e os grandes contrastes entre as superfícies de
cores diferentes.
Por tudo isso, deve ser incentivado o uso da iluminação artificial como complemento e
não como o único tipo de iluminação para os ambientes internos durante o dia. Devem-se
criar etapas de acionamento da luz artificial, para que ela seja utilizada apenas quando o nível
de iluminação estiver baixo.
O que leva à realização desta pesquisa é o intuito de mostrar que é possível fazer uso
da iluminação natural para obtenção de um bom desempenho luminoso no interior de
ambientes.
1.3 OBJETIVO GERAL
O objetivo geral desta pesquisa é avaliar o desempenho da iluminação natural em salas
típicas de edifícios de escritórios implantados em Maceió-AL, de modo a sugerir diretrizes e
recomendações para futuras construções.
1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abaixo segue uma lista dos objetivos específicos deste estudo:
a) Diagnosticar a situação atual de edifícios de escritórios localizados em Maceió-AL;
1
Esta norma é de iluminação artificial, porém como a norma que diz respeito à iluminação natural ainda não foi
totalmente elaborada e publicada, decidiu-se utilizar a NBR 5413 da ABNT como parâmetro de comparação.
5
b) Avaliar as condições de iluminação natural em salas de escritório padronizadas, nos
solstício e equinócios e nas quatro orientações mais recorrentes na cidade de Maceió,
investigando a influência da localização das aberturas e a profundidade das salas em relação à
uniformidade luminosa da luz natural no interior dos ambientes;
c) Propor diretrizes de projeto para futuras construções de edifícios de escritórios em
Maceió, em relação à iluminação natural.
1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO
Esta dissertação é dividida em cinco seções, referências e apêndices. Na primeira
seção, é apresentada uma visão geral do tema estudado, seguida, pela justificativa, pelos
objetivos geral e específicos e pela estruturação geral da pesquisa.
A segunda seção apresenta a revisão bibliográfica em que foi embasada a pesquisa.
Inicia-se com um breve histórico da relação luz x homem, seguida pelo estudo da luz natural,
das fontes de luz natural, dos mecanismos de controle da luz, dos sistemas de iluminação
natural e finalizada por um breve estudo da iluminação artificial e das tendências da
iluminação, além de um estudo sobre as ferramentas de simulação e uma descrição do
software escolhido para a pesquisa.
Na terceira seção, são descritos os procedimentos metodológicos empregados na
elaboração desta dissertação. Inicialmente são apresentados os caminhos percorridos para a
obtenção dos dados levantados para a elaboração das tipologias, seguidos pela elaboração
destes edifícios tipo, a seleção da ferramenta de simulação e os critérios para a definição dos
modelos para simulação.
A seção seguinte apresenta e discute os dados coletados nas simulações
computacionais. Primeiramente, são apresentadas as conclusões obtidas no levantamento de
dados, necessário para a elaboração das tipologias; e, em seguida, são apresentados os
resultados das etapas de simulação.
Na quinta e última seção, são apresentadas as conclusões encontradas nesta pesquisa,
acrescida das limitações do trabalho e sugestões para trabalhos futuros, seguidas pelas
referências.
6
No Apêndice 1, encontram-se as planilhas elaboradas para o agrupamento das
informações adquiridas no levantamento das tipologias dos edifícios de escritórios. O
Apêndice 2 apresenta as medições e cálculos realizados para a obtenção da refletância das
superfícies internas das salas a serem simuladas. No Apêndice 3, é realizado um estudo para a
definição das dimensões das prateleiras de luz que serão utilizadas em um dos modelos de
simulação. No Apêndice 4, é mostrada uma tabela com a relação entre a hora solar e a hora
legal. O Apêndice 5 apresenta o um estudo piloto para definição do pavimento de simulação,
e no Apêndice 6, é apresentada uma breve descrição do perfil climático da cidade de Maceió .
7
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Breve histórico..............................................................................................................8
2.2 A luz natural ...............................................................................................................12
2.3 Fontes de luz natural...................................................................................................13
2.3.1 Luz direta do sol ..................................................................................................13
2.3.2 Luz difusa do céu.................................................................................................14
2.3.3 Luz refletida no entorno ......................................................................................15
2.4 Propriedades de controle da luz..................................................................................16
2.5 Sistemas de iluminaçao natural ..................................................................................17
2.5.1 Aberturas laterais.................................................................................................18
2.5.2 Aberturas zenitais ................................................................................................20
2.5.3 Espaços de transição............................................................................................22
2.6 Elementos de controle e redirecionamento da luz......................................................23
2.6.1 Separadores convencionais..................................................................................24
2.6.2 Cortinas................................................................................................................24
2.6.3 Persianas internas: ...............................................................................................25
2.6.4 Cobogós...............................................................................................................25
2.6.5 Toldos..................................................................................................................26
2.6.6 Venezianas...........................................................................................................26
2.6.7 Brises ...................................................................................................................27
2.6.8 Marquises ............................................................................................................27
2.6.9 Beirais..................................................................................................................28
2.6.10 Prateleiras de luz................................................................................................28
2.7 Iluminação artificial....................................................................................................30
2.8 Tendências da iluminação ..........................................................................................31
2.9 Ferramentas de simulação ..........................................................................................32
2.9.1 Modelos em escala reduzida................................................................................33
2.9.2 Ferramentas simplificadas...................................................................................35
2.9.3 Códigos computacionais......................................................................................36
2.9.3.1 O programa TropLux v-2.25 ........................................................................37
2.9.3.2 O software DLN ...........................................................................................38
8
Nesta seção, é apresentada uma revisão bibliográfica com relação ao tema iluminação
natural. Inicia-se a partir de um breve histórico, seguido de uma abordagem de alguns
aspectos relevantes ao projeto de sistemas de iluminação natural e seus mecanismos de
controle e redirecionamento da luz solar. Logo após, têm-se alguns sistemas de abertura para
implementação da iluminação natural do ambiente interno, acompanhado por um breve
levantamento sobre a iluminação artificial e as tendências da iluminação. Também são
tratados os métodos de simulação e é realizada uma breve introdução sobre a ferramenta
computacional selecionada para o desenvolvimento da pesquisa.
2.1 BREVE HISTÓRICO
Durante milênios, a humanidade se desenvolveu tendo o sol como fonte de luz
(ALLEN, 1990). O tempo das atividades humanas tinha de ser adequado à disponibilidade da
luz, pois, apesar da existência do fogo, sua intensidade luminosa não era suficiente para
atender a certos tipos de tarefas.
Os benefícios do sol foram reconhecidos, louvados e rezados (LAM, 1986), porém foi
necessária a construção de edificações que produzissem ambientes protegidos dos raios
solares para evitar o calor, a degradação de materiais, o ofuscamento causado pelo alto
contraste entre áreas mais e menos iluminadas, brilhos e reflexos incômodos. Esse processo
evoluiu de acordo com as características climáticas e culturais de cada região do planeta.
Existem diversas indicações de que os povos antigos já observavam cuidadosamente
os movimentos dos corpos celestes. Vários princípios foram elaborados a partir dessas
observações, como, por exemplo, período para plantio, jornada de trabalho, estações do ano,
construções. Segundo PEREIRA (1993), o uso consciente da luz solar estava simbolicamente
relacionado com a arquitetura religiosa.
Uma das construções mais antigas e famosas da Inglaterra é o monumento pré-
histórico Stonehenge. Trata-se de um altar de pedras que foi utilizado há cerca de 5000 anos
e, até hoje, não se tem certeza absoluta de qual era sua finalidade: rituais Druidas, cerimônias
em homenagem ao sol ou portal para seres de outros planetas são algumas das possibilidades.
Nesse monumento, é possível observar quando o sol aparece no primeiro dia de verão, no
enquadramento central da arcada de pedra. (ver Figura 2).
9
(b)
(c)
Figura 2: Imagens de Stonehenge na Inglaterra em planta baixa (a),
vista frontal (b) e perspectiva (c).
Fonte:http://www.fromoldbooks.org/OldEngland/pages/0002-Stonehenge (a, b e c)
Na arquitetura Mesopotâmica, tem-se o
Zigurate de Ur como outro exemplo da devoção das
antigas civilizações pelos corpos celestiais. Foi
construído para o deus da lua, Nanna, entre os anos
de 2113 e 2096 a.C. Esse templo consistia em sete
pavimentos e seu santuário se localizava no terraço
superior, tendo o acesso através de estreitas escadarias
que rodeavam os muros.
No Egito, a matrização da luz era um dos aspectos
mais salientes da arquitetura. Assim como as outras
pirâmides, a de Quéops (ver Figura 4) orienta as suas faces
para os quatro pontos cardeais, permitindo que os raios da
estrela Sírio, ao passar pelo meridiano, entrem na câmara
do núcleo da pirâmide, através de um duto, no momento em
que se anunciava o princípio do ano egípcio e o início das
inundações, como a luz da estrela Polar entrava pelos dutos
do norte (GOITIA, 1995).
Na Grécia, a iluminação dos templos era proveniente, em grande parte, das aberturas
laterais. Os grandes pórticos e colunas funcionavam como proteção do sol de verão, porém
admitiam a entrada direta da luz quando o sol estava com baixa altitude.
(a)
Figura 4: Pirâmide de Quéops.
Fonte: http://www.projetoockham.org
Figura 3: Zigurate de Ur
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Zigurate
10
Em Roma, o Panteão possui uma cúpula circular no alto, de onde provém a
iluminação. Essa luz reflete-se nas paredes internas e é difundida para todo o ambiente (ver
Figura 5, a e b).
(a) (b)
Figura 5: Vista externa (a) e vista interna do Panteão (b).
Fonte: MORRIS, 1994 (a) e http://educaterra.terra.com.br/voltaire/atualidade/pimage/governo2 (b)
Nas igrejas do período Gótico, as paredes não são estruturais. Os vãos que iriam ser
paredes foram substituídos por elementos translúcidos e coloridos. Na Renascença, esses
elementos coloridos desaparecem. Nessa época, acreditava-se que a luz branca, difundida de
forma indireta, dava um caráter simbólico e místico às edificações (BENÉVOLO,1976).
Durante todo esse período, as atividades continuavam a ser regradas pela luz do dia,
auxiliadas à noite por tocha ou vela. O homem pré-industrial tinha necessidades bem
diferentes das atuais; passava a maior parte do tempo ao ar livre. As atividades domésticas
eram bastante simples e não demandavam grandes quantidades de luz.
Porém, com o advento da Revolução Industrial, no séc. XIX, diversos aspectos da
sociedade foram alterados (BURGNER, 1996). Houve a necessidade de mais tochas e velas
para atender os turnos extras de trabalho. Em 1885, Welsbach inventou o gás incandescente
(BAKER, 1993) e as antigas fontes de iluminação artificial passaram a ser substituídas pela
luminária a gás, inicialmente nas áreas públicas e indústrias e, posteriormente, nas
residências. Com o aparecimento da lâmpada elétrica, entre os séculos XVIII e XIX, e o baixo
custo da eletricidade, os ambientes passaram a ser cada vez mais iluminados artificialmente
(LAM,1986 e ENERGY RESEARCH GROUP, 1994).
Além dos avanços com relação à iluminação artificial, a Revolução Industrial também
trouxe uma maior liberdade de criação com a descoberta do concreto armado e da estrutura
metálica – deixando as paredes livres de sua função estrutural, promovendo mudanças quanto
11
ao tamanho, à modulação e à qualidade dos painéis de vidro. BAKER (1993) afirmou que a
nova arquitetura do ar e da luz estava surgindo.
A partir daí, a função térmica das paredes passaram a ser substituídas pelos sistemas
mecânicos de aquecimento e refrigeração e a iluminação dos ambientes não estava mais
restrita às regiões próximas às aberturas. O domínio da luz natural foi desafiado e passou a ter
menor importância na concepção dos projetos (MASCARÓ,1991).
No entanto, alguns arquitetos como Le Corbusier na França, Alvar Aalto na Finlândia
e Frank Lloyd Wright nos Estados Unidos ainda consideravam a luz natural como fator
determinante de um projeto e conseguiram criar novos vocabulários arquitetônicos com
excelente qualidade luminosa.
Com o surgimento do Estilo Internacional (onde a mesma concepção arquitetônica
pode ser usada em países de climas diferentes – ver Figura 6, a e b), surgiram diversas
construções com grandes envidraçamentos, que permitiam uma excessiva penetração de luz e
calor. Esse estilo, de acordo com LAM (1986), foi “incentivado” pelos custos de energia
relativamente baixos.
(a) (b)
Figura 6 : Edf. Sede da ONU em NY (a) e Edf. Ocean Tower em Maceió-AL (b)
Fonte: http://www.igadi.org (a) e arquivo pessoal da autora (b).
PEREIRA (1995) afirmou que houve muita valorização da arquitetura do volume
externo, do formal e da monumentalidade, em detrimento do conforto do ambiente e da
arquitetura de interior. Porém, em 1973, com a crise do petróleo, essa situação tornou-se
insustentável e os benefícios da iluminação natural voltaram a ser significativos. Projetar
levando o clima local em consideração para a elaboração dos projetos voltou a ser discutido e
colocado em prática gradativamente.
12
2.2 A LUZ NATURAL
Numa época em que a escassez de recursos naturais tem se tornado tão evidente,
torna-se necessária a utilização de todos os artifícios possíveis para reduzir o uso da energia
elétrica, sem abrir mão do conforto.
A luz natural é aquela proveniente do Sol, seja de forma direta, através dos raios
solares, de forma difusa, em função da refração e reflexão dos raios na atmosfera com ou sem
nuvens, ou de forma refletida através do entorno.
De acordo com KOENINGSBERGER et al. (1973), a luz natural também é
proporcionada pelo sol, porém sua aparência, distribuição e quantificação estão condicionadas
à predominância da constituição atmosférica da abóbada celeste, que pode variar de clara a
encoberta.
A luz natural é um recurso gratuito e inesgotável que apresenta vantagens
significativas – como economia de energia, maior qualidade da luz e do ambiente, contato
com o exterior, além de benefícios físicos e psicológicos aos usuários – por isso, deve ser bem
explorada (PEREIRA, 1998).
De acordo com MAGALHÃES (1995), as variáveis que interferem no projeto de
iluminação natural são:
a) Condicionantes locais: clima, orientação, época do ano e dia;
b) Implantação da edificação: influência do entorno natural ou edificado;
c) Forma, tamanho e localização das janelas;
d) Dimensões dos compartimentos;
e) Elementos externos próximos.
A luz natural tem muita influência na qualidade de vida dos ambientes internos
(ROBBINS, 1986). Devido às suas características direcionais, contribui para a orientação
espacial e temporal; possui fonte de espectro completo e excelente reprodução de cor; e pode
compensar a necessidade da luz elétrica, podendo ser considerada como uma estratégia para
conservação de energia.
13
Portanto, a utilização da luz natural como fonte de iluminação em residências e
edifícios comerciais deve ser bem estudada pelos projetistas, devendo-se observar todas as
necessidades do projeto, ponderando-as de acordo com sua importância (MOORE, 1991). No
entanto, não se pode esquecer de tratar outras variáveis, tais como, as condições térmicas, o
uso de protetores solares e um bom projeto de iluminação artificial (CABÚS, 2002).
2.3 FONTES DE LUZ NATURAL
É possível caracterizar as fontes de luz como luz direta do sol, luz difusa do céu e luz
refletida no entorno, explicadas a seguir:
2.3.1 Luz direta do sol
A luz natural proveniente do sol é um elemento climático que necessita ser trabalhado
por meio de soluções arquitetônicas do edifício, pois ela não atinge uniformemente todos os
pontos de um ambiente, nem o ilumina com a quantidade de luz necessária para as mais
diversas tarefas a serem realizadas nele (VIANNA e GONÇALVES, 2001; HOPKINSON et
al., 1975).
Ao utilizar a luz do sol como fonte iluminação de um ambiente, deve-se ter em mente
suas vantagens e desvantagens, pois o excesso de luz pode causar tanto o desconforto físico,
quanto o psicológico dos ocupantes. Isso se dá devido ao alto conteúdo energético da luz solar
(luz + calor), que geralmente é excluído do ambiente construído, devido ao desconforto
térmico (superaquecimento), luminoso (ofuscamento) e a integridade física dos materiais
(PEREIRA, 1993).
As condições explicitadas acima justificam a utilização da luz solar de forma indireta.
Portanto, ao identificar o local no ambiente em que a iluminação é desejada, deve-se, a partir
desse ponto, localizar as melhores superfícies para a reflexão da luz externa. Para aperfeiçoar
esse direcionamento, existem algumas recomendações que devem ser seguidas (LAM, 1986):
a) Utilizar altas refletâncias no teto, que devem ser mais simples, altos e sem muitas
articulações, pois quanto mais simples melhor a distribuição de luz;
14
b) Maximizar a refletância das superfícies que recebem luz direta do sol, para um melhor
redirecionamento da luz para o teto;
c) Para não haver ofuscamento, deve-se direcionar o plano de reflexão da luz direta, de
forma a evitar o nível dos olhos.
Para a elaboração dos projetos, além dessas recomendações, os profissionais devem
conhecer a geometria solar local, pois existe uma grande variação da luz solar e
disponibilidade de iluminação natural ao longo do dia e do ano.
2.3.2 Luz difusa do céu
De acordo com MOORE (1991), os níveis de iluminação provenientes da abóbada
celeste podem variar de 5.000 a 20.000 lux, números consideravelmente menores do que os
produzidos pela luz solar direta.
Em 1997, KITTLER et al. propuseram 15 distribuições de céus que foram adotadas
pela Commission Internationale De L'eclairage – CIE (2002). Dentre essas distribuições,
CABÚS (2002), aplicando para Maceió um método simplificado proposto por ele
2
, propõe a
escolha de três tipos de céu para a região: o céu uniforme (CIE 5), o céu parcialmente nublado
(CIE 10) e o céu claro (CIE 14).
No céu uniforme, não há luz solar direta atingindo o solo, e a luz do céu é difundida
uniformemente através das nuvens, de modo que o padrão de iluminância do céu é
visualmente simétrico com relação ao zênite (LYNES, 1968; PEREIRA, 1995). Essa
distribuição permanece constante ao longo do dia, porém a iluminância absoluta do céu varia
com a altura do sol (MOORE, 1991). A abóbada apresenta-se como uma fonte de iluminação
na cor cinza brilhante e apresenta mais brilho ao meio dia solar.
O céu parcialmente nublado é uma combinação de céu claro, de fundo, com nuvens
sobrepostas a ele. De acordo com CABÚS (2002), é a forma mais comum em locais de clima
quente e úmido, onde a incidência da radiação solar direta se dá de diversos modos diferentes,
no decorrer do dia e do ano, para cada fachada da edificação. A padronização da intensidade
de sua iluminância é a maior dificuldade para esse tipo de céu, pois, como já foi dito, ela varia
2
O autor do método simplificado ressalva que essa metodologia foi baseada numa amostra restrita. Portanto, seu
resultado pode ser modificado se utilizado numa amostra mais significativa.
15
ao longo das horas e pode apresentar-se muito diferente de um dia para o outro, dependendo
da quantidade de nuvens formadas na atmosfera (MOORE, 1991).
Já o céu claro se caracteriza pela baixa nebulosidade. A presença pontual da luz do Sol
faz com que a iluminação seja variável ao longo do dia, tanto na distribuição quanto na
intensidade.
2.3.3 Luz refletida no entorno
Para que a presença da luz solar no interior dos ambientes não se torne incômoda
(superaquecimento e ofuscamento) e para que a iluminação seja distribuída de maneira mais
uniforme, são utilizados elementos de proteção a fim de refletir ou difundir essa luz.
De acordo com CABÚS (2004), o uso desses elementos de proteção solar nas regiões
tropicais reduz a captação da luz natural a partir da abóbada celeste, além de proteger contra
os raios diretos do sol. Nesses casos, a luz do sol, refletida difusamente nas superfícies
externas, pode se tornar uma importante fonte de iluminação.
Existem dois tipos principais de luz refletida no entorno: a luz refletida no solo e a luz
refletida nas obstruções, ambos exemplificados a seguir.
LAM (1986) trata da luz solar refletida no solo para edificações localizadas em baixas
latitudes e durante o verão; TREGENZA (1995) apresenta um estudo onde permite o cálculo
da componente refletida no solo por método simplificado na iluminação média do plano de
trabalho e de outras superfícies; mais recentemente, CABÚS (2002, 2004 e 2005) apresenta
estudos específicos sobre a influência da luz refletida no solo tropical, afirmando que a
parcela de luz refletida pelo solo é significativa em relação à luz do sol refletida difusamente
nas superfícies externas.
O estudo mais recente sobre a luz refletida no entorno foi elaborado por ARAÚJO
(2006), onde foi analisada a influência do entorno construído e da luz refletida para a
iluminação natural de edificações no trópico úmido, avaliando a eficácia do parâmetro fator
de céu, a influência da orientação da abertura e a contribuição percentual da luz refletida pelo
entorno.
16
Então, pode-se dizer que a luz natural refletida no entorno influencia na quantidade da
iluminação interna dos ambientes. Portanto, as soluções arquitetônicas do edifício como
fontes indiretas de luz devem ser estudadas de forma criteriosa, assim como sua implantação
no terreno e revestimento da área externa.
2.4 PROPRIEDADES DE CONTROLE DA LUZ
Para que seja possível um bom projeto de iluminação natural, deve-se conhecer o
movimento e os principais mecanismos de manipulação da luz solar, além das propriedades
físicas dos materiais internos e externos do ambiente.
Abaixo segue uma explicação dos principais tipos de controle da luz solar:
a) Reflexão: a reflexão da luz é de forma especular quando mantém a aparência, a
direcionalidade e o tamanho da fonte original; e é dita difusa quando o ângulo de
reflexão independe do ângulo de incidência (ver Figura 7, a, b e c). Num ambiente
interno, levando em consideração a luz solar, pode-se dizer que o uso de superfícies
especulares seria bom como refletores primários, para refletir a luz do sol para dentro
da sala, e a utilização de superfícies difusas (teto), para distribuir a luz no espaço
interno;
(a) (b) (c)
Figura 7: Reflexão especular (a), reflexão difusa (b) e reflexão mista (c).
Fonte: BAKER et al., 1993.
b) Transmissão: dá-se através de superfícies não opacas. É obtida em função do ângulo de
incidência da luz e das características difusoras do material (ver Figura 8, a, b e c).
Num projeto, seria ideal um material que transmitisse a maior parte da luz visível e não
permitisse a transmissão dos raios ultravioleta e infravermelhos do espectro solar.
17
(a) (b) (c)
Figura 8: Transmissão especular (a), transmissão difusa (b) e transmissão mista (c)
Fonte: BAKER et al., 1993.
2.5 SISTEMAS DE ILUMINAÇAO NATURAL
O conhecimento do comportamento da luz natural é de grande importância na
elaboração de um projeto arquitetônico. Seu uso gera a necessidade de estudos integrados de
qualidade visual, controle de ofuscamento e reflexos, níveis de contraste, reprodução de cores,
uso correto de materiais e conhecimento de suas propriedades, junto à necessidade da
complementação com a iluminação artificial, requisitos térmicos e interações com o meio
externo.
De acordo com ROBBINS (1986), o objetivo de um sistema de iluminação natural,
semelhante a qualquer outro sistema de iluminação, é prover as edificações de certa
quantidade de luz onde houver necessidade, bem como provocar um bom desempenho visual
no ambiente interno. Para tanto, muitas vezes é necessária a elaboração de elementos que
colaborem com o desempenho das aberturas.
Esses elementos são concebidos para melhorar a luz natural, quando ela é necessária,
ou obstruí-la, quando for indesejável, de acordo com o uso do espaço, situação geográfica,
altitude, cultura, clima, necessidade de evitar o ganho térmico que advém da iluminação
excessiva, dentre outros aspectos.
Segundo ROBBINS (1986), existem sete critérios de iluminação: lateral, zenital,
inclinada, com luz direta do sol, indireta, por espaços de transição e suas combinações. A
seguir têm-se uma descrição dos sistemas mais utilizados:
18
2.5.1 Aberturas laterais
A iluminação lateral tem como característica a distribuição da luz solar de forma
desigual no plano de trabalho, o que é indesejável em ambientes como salas de aula ou
escritórios. O uso de elementos de redirecionamento da luz do sol pode minimizar esses
efeitos e melhorar a uniformidade luminosa (ARAÚJO, CAVALCANTE e CABÚS, 2005).
Os componentes de passagem de luz lateral são as janelas, as portas em terraços,
paredes translúcidas e cortinas de vidro (ver Figuras 9, a e b; 10 a e b; e, 11, a e b). A
utilização correta dessas aberturas possibilita que trocas térmicas, luminosas e visuais entre o
interior e o exterior do edifício aconteçam de modo a privilegiar o conforto físico e o
psicológico do usuário.
(a) (b)
Figura 9: Exemplos de janela de madeira no quarto(a) e de madeira com vidro na sala de jantar(b)
de uma residência em Maceió-AL.
Fonte: Arquivo pessoal da autora.
(a) (b)
Figura 10: Exemplo de porta em terraço numa residência em Maceió-AL,
vista externa (a) e vista interna (b).
Fonte: Arquivo pessoal da autora.
19
(a) (b)
Figura 11: Parede translúcida (a) e pele de vidro no Edf. Ocean Tower (b)
Fonte: http://www.vitruvius.com.br/institucional/inst73/inst73.gif (a) e arquivo pessoal da autora (b).
Além da iluminação natural, as aberturas laterais também são responsáveis por grande
parte das trocas de ar no interior dos ambientes (BITTENCOURT, 1995). De acordo com
GIVONI (1982), a ventilação depende: do tamanho e da orientação das aberturas em relação à
ventilação dominante; da existência de ventilação cruzada nos ambientes; das subdivisões dos
espaços internos; e da existência de dispositivos de filtragem.
Por outro lado, sempre se deve ter em mente que o calor e a luz se propagam juntos,
fazendo com que a utilização da luz solar seja tratada como um problema e não como uma
oportunidade de uso (MOORE, 1991). De acordo com esse parâmetro, o projeto das aberturas
depende do desejo das pessoas pela luz do sol. Sua admissão, quando existe necessidade de
aquecimento, e sua exclusão, para evitar o superaquecimento, ofuscamento e desgastes dos
materiais.
Porém, não basta conhecer as finalidades das aberturas para que seu uso seja feito da
maneira correta. Existem outros parâmetros de geometria e execução que devem ser levados
em consideração no momento da realização do projeto. Esses dizem respeito às posições
relativas das janelas nas paredes que as contêm, assim como seu formato e dimensões em
relação à profundidade da sala.
De acordo com BITTENCOURT et al. (1995), a dimensão das aberturas é o fator que
mais exerce influência nos níveis de iluminação natural. Quanto à localização, afirmam que,
para uma mesma área aberta, a eficiência se torna melhor se a mesma for distribuída
uniformemente em várias janelas, independentemente da forma que elas possuam, e que as
janelas altas produzem uma melhor distribuição do fluxo luminoso, reduzindo os níveis de
iluminação natural nas regiões mais próximas às aberturas e aumentando nas regiões mais
afastadas.
20
2.5.2 Aberturas zenitais
A iluminação zenital é aquela onde a luz natural penetra no ambiente através de
aberturas situadas no teto (ROBBINS, 1986). Segundo LAM (1986), existem diversos
edifícios com estas características no Norte da Europa, onde o céu é predominantemente
nublado e é necessária a utilização da luz difusa como fonte dominante ou principal.
Uma das principais características da iluminação zenital é proporcionar uma
iluminação uniforme, além de atingir áreas não iluminadas pelas aberturas laterais em
ambientes mais profundos (LAM, 1986; ROBBINS, 1986; MOORE 1991; e ENERGY
RESEARCH GROUP, 1994). Segundo ROBBINS (1986), esse tipo de iluminação possui
maior facilidade de integração com a iluminação artificial, pois ambas chegam ao plano de
trabalho a partir do teto. O aumento no número dessas aberturas melhora o desempenho do
ambiente em relação à distribuição de iluminâncias (CABÚS e PEREIRA, 1997).
Em relação às desvantagens, tem-se a questão do aquecimento interno por meio da
radiação adquirida pela cobertura, que, de acordo com MASCARÓ; MASCARÓ (1992), pode
ser minimizado mediante um projeto eficiente. A seguir, alguns exemplos das aberturas
zenitais:
a) Clarabóia: é uma abertura vertical ou inclinada construída no teto que permite a entrada
zenital da luz no ambiente, evitando a radiação solar direta (ver Figura 12), podendo
proporcionar um aumento na uniformidade da iluminação natural obtida, além de
elevar a iluminância no interior do ambiente (BITTENCOURT e BATISTA, 2003);
Figura 12: Exemplo de clarabóia no almoxarifado do Núcleo de Desenvolvimento Infantil da UFAL.
Fonte: Arquivo pessoal da autora.
b) Dente-de-serra: seu uso é comum em fábricas e ambientes com grandes vãos.
Caracterizam-se por aberturas sucessivas e paralelas verticais ou inclinadas, com
cobertura inclinada na orientação oposta (ver Figura 13, a e b);
21
(a) (b)
Figura 13: Exemplo de cobertura dente-de-serra, Carnes&Verdes, Maceió-AL.
Vista geral (a) e vista aproximada da cobertura (b).
Fonte: Arquivo pessoal da autora.
c) Teto transparente: abertura horizontal coberta por material translúcido, com a
finalidade de separar o ambiente interno do ambiente externo (ver Figura 14). Seu uso
não é adequado nos trópicos, devido à grande quantidade de calor que transmite;
Figura 14: Exemplo de teto transparente.
Fonte: BAKER et al. (1993)
d) Domo: é caracterizado por uma abertura formada por superfície hemisférica, podendo
ser construído com material opaco com perfurações ou com material translúcido (ver
Figura 15, a e b);
(a) (b)
Figura 15: Exemplo de domo opaco com perfurações (a) e domo
translúcido, localizado no Hotel Meliá, Panamá (b).
Fonte: BAKER et al., 1993 e http://www.daylighting-solutions.com/images/la_doma.jpg
22
e) Lanternim: caracteriza-se por uma elevação geralmente na parte mais alta do telhado
(ver Figura 16, a e b).
(a) (b)
Figura 16: Exemplo de lanternim numa residência em Maceió-AL,
vista externa (a) e vista interna (b).
Fonte: Arquivo pessoal da autora
2.5.3 Espaços de transição
São espaços intermediários, por onde a luz passa antes de chegar aos ambientes
internos. A seguir, alguns exemplos dos mais comuns de acordo com BAKER (1993):
a) Pátios: espaço aberto para o céu, cercado por prédios ou muros, normalmente um local
público onde as pessoas circulam livremente. O pátio pode ser cercado por vários
volumes pertencentes a um condomínio ou por edifícios independentes dispostos em
torno dele (LAM, 1986);
Figura 17: Exemplo de pátio no prédio da reitoria da UFAL.
Fonte: Arquivo pessoal da autora.
b) Átrios: ambiente central de um edifício, fechado no topo com material translúcido ou
transparente (ver Figura 18), com característica de seu uso ser mais voltado para as
funções de edifício (LAM, 1986). Podem ser cobertos por elementos que captam a luz
23
zenital e a distribuem para os diversos níveis, causando efeito estufa pelo aquecimento
do ar. Sua eficiência luminosa é em função da largura do vão e da quantidade de
pavimentos. De acordo com LEMES e PEREIRA (2003/2005), seu uso tem crescido
muito nos últimos anos e diversos estudos têm sido realizados, a fim de aumentar a
exploração da luz natural nas estruturas do átrio, no sentido de obter uma melhor
uniformidade luminosa e uma redução no consumo final de energia da edificação.
Figura 18: Atrio Central Plaza Las Américas,
Fonte: www.plazalasamericas.net
2.6 ELEMENTOS DE CONTROLE E REDIRECIONAMENTO DA LUZ
São elementos que funcionam como filtros e barreiras, que protegem os componentes
de passagem ou de condução da quantidade ou direção indesejada da luz, pois nem toda luz
que incide na edificação deve passar para o meio interno. Esses dispositivos têm que ser bem
especificados no projeto, pois, caso contrário, irão interferir de forma significativa no
rendimento da iluminação (BASSO, 1997). Já foram tema de diversos estudos e grande parte
deles prova a importância desses elementos para a implementação do uso da iluminação
natural. A seguir alguns exemplos das pesquisas já realizadas nessa área.
Em 1997, CORRÊA fez um estudo do desempenho luminoso de salas de aula com o
uso da iluminação zenital; nesse mesmo ano, BASSO publicou uma avaliação do desempenho
de sistemas de controle de insolação e sua interferência na iluminação natural. No ano de
2001, GRAZIANO JR. realizou um estudo sobre o redirecionamento da luz natural, utilizando
elementos do tipo prateleiras de luz. Em 2003, BITTENCOURT e BATISTA estudaram o
efeito de dutos de luz verticais na iluminação natural de ambientes escolares; ainda, em 2003,
LEMES e PEREIRA pesquisaram sobre a influência da configuração dos átrios na iluminação
24
de espaços adjacentes. ARAÚJO et al., seguiram esta linha de estudos em 2005, quando
pesquisaram sobre a influência de prateleira de luz sobre marquise na uniformidade da
iluminação natural em interiores.
Segundo BAKER et al (1993), alguns destes elementos são: separadores
convencionais, cortinas, persianas internas, cobogós, toldos, venezianas, brises, marquises,
beirais e prateleiras de luz.
2.6.1 Separadores convencionais
São os vidros e os policarbonatos, transparentes ou translúcidos. Segundo MACEDO
(2002), o vidro é, sem dúvida alguma, o material mais importante para ser utilizado no
controle seletivo. Permite o contato visual entre o interior e o exterior, assim como a entrada
de luz, ao mesmo tempo em que impede a entrada da chuva, de insetos e de poeira. Como
desvantagens, têm-se a perda de privacidade, a associação da luz ao calor (efeito estufa) e,
dependendo da espessura, pouco isolamento térmico e acústico. De acordo com
MAGALHÃES (1993), ao se projetar um ambiente onde se deseja utilizar os recursos da luz
natural, a escolha do vidro a ser empregado deve levar em conta várias características para
que este cumpra sua função no controle da luz.
2.6.2 Cortinas
São instaladas do lado interno do ambiente e compostas de materiais flexíveis. Podem
ser movimentadas, liberando a visão e a admissão da radiação solar (ver Figura 19, a e b).
(a) (b)
Figura 19: Corte esquemático (a) e exemplo de cortina em quarto infantil (b).
Fonte: Arquivo pessoal da autora
25
2.6.3 Persianas internas
São elementos compostos por lâminas paralelas, dispostas de forma horizontal ou
vertical, possibilitando a regulagem da inclinação das lâminas em função da necessidade de
ventilação, iluminação, visão e controle de ofuscamento (Figura 20, a e b).
(a) (b)
Figura 20: Corte esquemático (a) e exemplo de persiana(b).
Fonte: Arquivo pessoal da autora
2.6.4 Cobogós
São elementos planos e vazados regularmente, que permitem o controle da radiação
solar e regulagem da admissão da luz natural, protegendo o ambiente interno contra a visão
externa, permitindo a ventilação permanente (ver Figura 21, a, b e c).
(a) (b) (c)
Figura 21: Corte esquemático (a) e exemplo de elemento vazado no
Prédio de Física da UFAL, vista externa (b) e vista interna (c).
Fonte: Arquivo pessoal da autora
26
2.6.5 Toldos
São elementos flexíveis opacos ou difusores, localizados do lado de fora dos
componentes de passagem, protegendo-os da radiação solar direta. Na maior parte dos casos,
são móveis (ver Figura 22, a e b).
(a) (b)
Figura 22: Corte esquemático (a) e exemplo de toldo em edifício comercial(b).
Fonte: Arquivo pessoal da autora
2.6.6 Venezianas
São elementos compostos por lâminas paralelas externas,dispostas de forma horizontal
ou vertical, dependendo da sua orientação. Podem ser fixas ou móveis (ver Figura 23, a e b).
(a) (b)
Figura 23: Corte esquemático (a) e exemplo de veneziana (b).
Fonte: Arquivo pessoal da autora
27
2.6.7 Brises
São elementos externos verticais, horizontais ou mistos que podem ser fixos ou
móveis. A definição do tipo de brise a ser projetado vai variar, dentre alguns fatores, como:
eficiência da proteção, plasticidade, privacidade, luminosidade, ventilação, visibilidade
(BITTENCOURT, 1996). Proporcionam sombreamento de abertura e promovem um melhor
aproveitamento ou redirecionamento da luz (ver Figura 24, a, b e c).
Segundo MARAGNO (2001), surgiram como resposta às transformações
arquitetônicas introduzidas pelas novas possibilidades tecnológicas e pelos conceitos da
arquitetura moderna, permitindo a iluminação natural e a integração visual do interior com o
exterior, ao mesmo tempo em que evita a incidência direta dos raios solares e os ganhos
térmicos ocasionados por ela.
(a) (b) (c)
Figura 24: Corte esquemático (a) e exemplo de brise na Biblioteca da UFAL,
vista externa (b) e vista interna (c).
Fonte: Arquivo pessoal da autora.
2.6.8 Marquises
Constituem parte da edificação e se localizam acima das aberturas. Interceptam a
radiação solar direta e, por conseqüência, reduzem os níveis de iluminação internos. São
bastante utilizados no trópico úmido (ver Figura 25, a e b).
28
(a) (b)
Figura 25: Corte esquemático (a) e exemplo de marquise (b).
Fonte: Arquivo pessoal da autora.
2.6.9 Beirais
São extensões do telhado utilizadas para interceptar a radiação solar direta (ver Figura
26, a e b). Segundo ARAÚJO, CAVALCANTE e CABÚS (2005), são bastante utilizados no
trópico úmido, devido às chuvas freqüentes, que geram a necessidade de proteção da fachada
e aberturas.
(a) (b)
Figura 26: Corte esquemático (a) e exemplo de beiral (b).
Fonte: Arquivo pessoal da autora
2.6.10 Prateleiras de luz
São elementos horizontais que se localizam um pouco abaixo da bandeira do
componente de passagem. Bloqueiam parte considerável da insolação e redirecionam o fluxo
luminoso para o teto, que distribui a luz difusa para as áreas mais distantes da abertura e,
conseqüentemente, melhoram a uniformidade luminosa da sala (ver Figura 27, a e b). Porém,
é importante salientar que, no caso apresentado abaixo, a função da prateleira de luz foi
praticamente anulada por meio da veneziana horizontal que foi inserida na porção superior da
janela.
29
(a) (b)
Figura 27: Corte esquemático (a) e exemplo de uma prateleira de luz localizada no
Centro de Pesquisas Multidisciplinar da UFAL (b).
Fonte: Arquivo pessoal da autora.
De acordo com estudos anteriores sobre prateleiras de luz (BURT, 1984; LAM, 1986;
PEREIRA, 1993 e 1995; BELTRAN, 1997 e GRAZIANO JUNIOR, 2000), pode-se afirmar
que suas principais características são:
a) Redução ou até possível eliminação do ofuscamento causado pela janela, dispensando
outros tipos de elementos de controle;
b) Permissão de contato com o exterior, pois se situam acima da linha de visão;
c) Possibilidade de ser um elemento dinâmico, variando o ângulo de inclinação de acordo
com o clima, insolação, latitude, altitudes e trajetória solar do lugar em que serão
implantadas;
d) Custo da execução compensado pela redução na sua manutenção e durabilidade.
Ou seja, alteram o desempenho da abertura em relação à distribuição da luz natural no
ambiente (GRAZIANO JUNIOR, 2000), promovendo um sombreamento sem perturbar a
visão do exterior (MAGALHÃES, 1997 e MAJOROS, 1998) diminuindo os níveis de
iluminação natural e melhorando a uniformidade luminosa no interior dos ambientes
(ARAÚJO et al., 2005).
2.6.11 Dutos de luz
Dutos de luz é o recurso utilizado para proporcionar luz natural aos espaços que não
são usados por grandes períodos de permanência, como os banheiros. Algumas vezes, são
utilizados para iluminação de cozinhas, áreas de serviços e outros ambientes, porém, pelo seu
dimensionamento, nem sempre os níveis de iluminação e ventilação são satisfatórios.
30
2.7 ILUMINAÇÃO ARTIFICIAL
Neste estudo, a iluminação artificial será tratada como uma complementação da
iluminação natural, pois, segundo TREGENZA (1993) e GIRARDIN (1994), o uso da luz
natural não exclui a necessidade global do emprego da luz artificial, além de promover a
necessidade de um sistema integrado entre esses dois tipos de iluminação.
A utilização da luz artificial como suplemento da luz solar faz com que a iluminação
chegue aos locais mais distantes das aberturas, além de manter seu nível adequado durante o
decorrer das horas, independentemente das variações que ocorrem com a luz do dia.
NETO (1980) ressalta que a iluminação artificial é aquela que se obtida com fontes
artificiais (lâmpadas) transformadoras de energia elétrica em luz e que a grande vantagem
desse tipo de iluminação é permitir o desenvolvimento dos trabalhos sem limitações de
horário, podendo estender-se durante a noite.
Na iluminação com luz artificial, dois fatores exercem grande importância:
a) Qualidade de iluminação: escolha do tipo adequado de lâmpada, sua distribuição e
localização, visando à obtenção de uma boa uniformidade luminosa, assim como a
orientação do feixe de luz;
b) Quantidade de luz: refere-se aos níveis de iluminamento, que devem permitir a
realização da tarefa visual com o máximo de exatidão, rapidez, facilidade e
comodidade do usuário.
A NBR 5413/1992 determina os níveis de iluminância recomendados para iluminação
artificial para diferentes tarefas (ver Tabela 1).
Tabela 1: Níveis de iluminância, segundo a NBR 5413/1992
CLASSE TAREFA VISUAL LUX
Áreas públicas com arredores escuros 20-30-50
Orientação simples para permanência curta 50-75-100
Recintos não usados para trabalho contínuo;
depósitos
100-150-200
A
Iluminação geral
para áreas usadas
interruptamente ou
com tarefas visuais
simples
Tarefas com requisitos visuais limitados,
trabalho bruto de maquinaria, auditórios
200-300-500
31
Tarefas com requisitos visuais normais,
trabalho médio de maquinaria, escritórios
500-750-1000
B
Iluminação geral
para área de
trabalho
Tarefas com requisitos especiais, gravação
manual, inspeção, indústria de roupas.
1000-1500-2000
Tarefas visuais exatas e prolongadas, eletrônica
de tamanho pequeno
2000-3000-5000
Tarefas visuais muito exatas, montagem de
microeletrônica
5000-7500-10000
C
Iluminação
adicional para
tarefas visuais
Tarefas visuais muito especiais, cirurgia
10000-15000-20000
Nota: As classes, bem como os tipos de atividade não são rígidos quanto às iluminâncias limites
recomendadas, ficando a critério do projetista avançar ou não nos valores das classes/tipos de atividade
adjacentes,dependendo das características do local/tarefa.
Fonte: NBR 5413/1992
Conforme GRANDJEAN (1991), a intensidade da iluminação, a uniformidade local
das densidades luminosas, a uniformidade temporal da luz e o arranjo isento de ofuscamento
das luminárias são condições de grande importância para o desempenho e conforto visual dos
ambientes.
Para que se possa obter uma condição confortável para a vista, evitando-se a fadiga
visual responsável por grande parte da queda de produção nos escritórios, é necessário levar
em consideração diversos fatores, que incluem não só a quantidade de luz, mas também o tipo
de lâmpada, a disposição das luminárias, dos móveis, dos computadores e dos demais
elementos funcionais ou decorativos. Abaixo, seguem três aspectos que devem ser bem
atendidos num ambiente de trabalho:
a) Bom desempenho da visão: diminuição de erros e melhoria da qualidade do trabalho,
além de contribuir para o bem estar psíquico dos ocupantes e redução de acidentes;
b) Economia na execução: dimensionamento correto e escolha adequada do tipo de
iluminação e da fonte a ser usada;
c) Facilidade de manutenção.
2.8 TENDÊNCIAS DA ILUMINAÇÃO
Segundo BORMANN (2003), existem duas tendências em relação à iluminação dos
ambientes: a primeira diz respeito à produção e disponibilização de lâmpadas com maior
rendimento luminoso (mais iluminância por potência instalada de iluminação) e a segunda, ao
32
uso crescente do conceito da iluminação natural. De acordo com o objetivo geral do trabalho,
a segunda tendência será mais explicitada neste tópico.
TREGENZA (1993) ressalta que o uso da luz natural não exclui a necessidade global
do emprego da luz artificial, afirmando a necessidade de um sistema integrando a luz artificial
à luz natural. Esse uso conjugado da luz natural e artificial pode contribuir tanto para a
economia dos recursos energéticos quanto para o aumento da satisfação dos usuários (CISBE,
1994).
O uso da iluminação natural deve ser incentivado e seus níveis melhorados através de
controles de ofuscamento, elementos de redirecionamento, dimensões adequadas das
aberturas, limpeza e manutenção dos vidros, e outros (GRAZIANO JUNIOR, 2000).
O uso da iluminação artificial, sempre que possível, deve ser utilizado apenas como
complemento da iluminação natural, pois, os projetos que priorizam a iluminação natural
trarão economia de energia para as edificações, podendo ocorrer de duas maneiras
distintas(OPDAL e BREKKE, 1995):
a) Economia direta com a redução da potência da luz artificial necessária;
b) Geração de menos quantidade de calor no ambiente, por parte da luz natural, reduzindo
a necessidade de resfriamento.
2.9 FERRAMENTAS PARA AVALIAÇÃO DA LUZ NATURAL
Para o estudo da iluminação natural, existe a necessidade de utilizar uma metodologia
que considere a complexidade das inter-reflexões e das múltiplas interações das superfícies e
que possam trazer respostas quantitativas, com relativa rapidez, nos resultados ao fazer
alterações das variáveis (GRAZIANO JUNIOR, 2000).
Diversas estratégias de projeto devem ser estudadas, a fim de conseguir níveis e
uniformidade satisfatórios de iluminamento nos ambientes internos por meio da iluminação
natural.
Uma adequada localização, forma e tamanho das aberturas pode:
a) Fornecer um ambiente luminoso interno que atenda às exigências de conforto visual e,
como conseqüência, aumente a produtividade;
33
b) Reduzir a demanda de energia para a iluminação artificial;
c) Reduzir as cargas de resfriamento devido ao uso da ventilação natural.
Porém, algumas vezes, a sensibilidade do projetista não é suficiente para alcançar os
parâmetros desejados e é por esse motivo que eles necessitam de ferramentas que simulem ou
quantifiquem suas escolhas. No caso da luz natural, o conceito de “exatidão” envolve muitos
aspectos que, segundo BAKER et al. (1993), pode ser agrupados em duas categorias:
a) Desempenho ambiental: qualidade do ambiente luminoso do ponto de vista das reações
humanas;
b) Desempenho energético: necessidades de consumo de energia não renovável, para
garantir condições confortável para os ocupantes.
Algumas das ferramentas mais utilizadas em estudos de iluminação natural são os
modelos em escala reduzida, as ferramentas simplificadas e os códigos computacionais.
2.9.1 Modelos em escala reduzida
Os arquitetos utilizam modelos de escala reduzida ou maquetes há séculos para o
estudo de vários aspectos do projeto e construção dos edifícios. Esses modelos seduzem os
profissionais e proprietários, pois é possível ver a solução e testar os resultados de algo que
ainda não foi construído de forma concreta e mensurável (ver Figura 28, a e b).
(a) (b)
Figura 28: Exemplo de maquete (a) e simulação, utilizando um heliodon, localizado na UFAL (b).
Fonte: Arquivo pessoal da autora.
34
De acordo com LITTLEFAIR (1989), o uso desse tipo de modelo é indicado quando:
a) A edificação tem geometria complexa;
b) O impacto visual no interior do ambiente necessita ser avaliado diretamente;
c) A entrada da luz no ambiente ocorre de maneira incomum;
d) Os modelos computacionais ou outros métodos de cálculo precisam passar por
validação.
Ao contrário do modelo térmico, acústico e estrutural, sabe-se que o modelo físico
para o estudo da iluminação não requer nenhuma correção de escala (MOORE, 1991 e
BEKER et al., 1993). Isso ocorre porque a luz reflete nas superfícies internas do modelo da
mesma forma que no espaço real. Salas que são reduzidas na sua geometria fornecem a
mesma quantidade e qualidade de iluminação natural, caso as cores usadas nas maquetes
sejam as mesmas utilizadas na sala real. Assim a impressão visual do modelo será a mesma do
caso real. O uso do modelo reduzido para estudos de iluminação natural oferece uma série de
vantagens:
a) É uma ferramenta de projeto simples que pode ser facilmente compreendida pelos
projetistas e proprietários;
b) A edificação pode possuir geometria complexa (BAKER et al., 1993);
c) Permite estudos precisos de opções de projeto e variações na composição espacial, no
uso da cor e na ambientação dos ambientes internos;
d) Fornece dados qualitativos das observações fotográficas e visuais e quantitativos da
iluminação no espaço (ROBBINS, 1986), podem ser realizadas medições para
determinar os níveis de iluminamento da luz natural;
e) É um artifício importante para o convencimento do cliente quanto à necessidade do uso
dos dispositivos, facilitando a visualização da relação custo/benefício da proposta para
o ambiente a ser construído (SOUZA e VALADARES, 1995).
E algumas desvantagens:
a) A iluminação elétrica não pode ser integrada em modelos de escala para uma análise
quantitativa. A integração entre a iluminação natural e a iluminação artificial só pode
ser testada em salas-modelo de tamanho real;
35
b) A validação desse método mostra que os resultados são, geralmente, maiores que os
níveis reais de iluminância (CANNON-BROOKES, 1997).
No entanto, para conseguir resultados confiáveis, é necessária a construção de
modelos com um alto grau de detalhamento e, conseqüentemente, um custo elevado de
execução. Abaixo seguem alguns cuidados que devem ser tomados durante a elaboração de
um modelo:
a) Acabamento das superfícies com a máxima fidelidade à realidade;
b) Não deve existir vazamento de luz nas junções dos materiais utilizados;
c) Alguns materiais devem ser pintados para não serem translúcidos;
d) As aberturas envidraçadas devem receber materiais transparentes na mesma proporção
que o tamanho real;
e) Devem existir orifícios em locais adequados para inserção da lente da câmera
fotográfica e esses, devem ser protegidos, para que não ocorram vazamentos de luz.
2.9.2 Ferramentas simplificadas
Com esse método, é possível a obtenção de resultados rápidos e aproximados no que
diz respeito à iluminação natural, porém seu uso é mais adequado ao estudo da componente
direta (componente do céu e componente refletida externamente) que da componente indireta
(componente refletida internamente) da luz. Por esse motivo, é apropriado o cálculo dessas
duas partes, usando-se dois procedimentos diferentes. Esses modelos podem ser obtidos por:
a) Métodos matemáticos
: tratam de dados importantes como ângulo de incidência,
horário e parcela de céu visível. Tornam-se inviáveis ao se tratar de inter-reflexão das
superfícies, como a parcela do entorno, múltiplas reflexões entre as paredes, piso e
teto.
b) Métodos gráficos
: consideram a geometria da iluminação. Determinam a parcela de
visibilidade da abóbada celeste e os ângulos de obstrução, porém deixam a desejar em
condições mais complexas, como, por exemplo, as interferências de umas superfícies
nas outras. Como exemplo, tem-se o diagrama de ponto, na Figura 29 a. É mostrado o
corte esquemático de uma edificação com abertura zenital, inicialmente, desenha-se
36
uma máscara de sombra (ver Figura 29b) e, em seguida, é feita a sobreposição da
máscara de sombra com o diagrama de pontos (ver Figura 29, c e d). Contando-se o
número de pontos disponíveis, é possível a obtenção da componente difusa
multiplicando este valor por 0,1% da iluminância externa no plano horizontal;
(c) (d)
Figura 29: Exemplo de simulação com o método gráfico, onde se vêem, respectivamente: corte de uma
37
visualização dos efeitos qualitativos da iluminação por meio de gráficos e imagens
fotorealísticas (LIMA, 2002).
Segundo CABÚS (1997), esse método apresenta grandes vantagens de rapidez e
flexibilidade. Os modelos computacionais são capazes de resolver, por meio de cálculos
complexos, as diversas interações entre superfícies, parâmetros climáticos e atributos dos
materiais e, pela sua velocidade e atual disponibilidade, os aplicativos podem considerar os
diversos dados de forma independente ou em conjunto.
Há alguns anos, os modelos computacionais necessitavam de máquinas com grande
capacidade de processamento e levavam muito tempo para geração dos resultados, o que,
muitas vezes, inviabilizava a modelagem com tal metodologia. Entretanto, houve uma enorme
evolução tecnológica dos equipamentos, os custos dessas máquinas diminuíram, deixando-as
com um preço acessível à população, além do surgimento de aplicativos ou softwares que
atendem com requisitos sofisticados. Por esse motivo, os códigos computacionais foram
selecionados para o presente estudo.
2.9.3.1 O programa TropLux v-2.25
O TropLux V-2.25 (CABÚS, 2002) encontra-se à disposição na página
http://www.grilu.ufal.br e se propõe simular o desempenho da iluminação natural, com uma
atenção particular para as características climáticas e arquitetônicas das regiões tropicais.
A metodologia do programa se baseia em três conceitos fundamentais: a técnica do
raio traçado, com o método Monte Carlo e coeficientes de luz natural (CABÚS, 2002).
O objetivo principal do TropLux V-2.25 é permitir calcular a iluminância num ponto
em função da trajetória da luz entre a fonte e o alvo, separando as contribuições do Sol e do
céu em até 12 componentes (CABÚS, 2004).
Esse software foi desenvolvido em linguagem Matlab, em inglês, e é composto por
cinco módulos (ver Figura 30): Entrada (Input), Configurações (Set up), Processamento
(Run), Saída (Output) e Utilitário (Utility).
38
Figura 30: Tela inicial do programa TropLux V-2.25
Fonte: CABÚS, 2002.
O TropLux V-2.25 permite simular as características específicas da iluminação natural
no ambiente dos trópicos, tanto nos aspectos climáticos, por intermédio da possibilidade da
configuração ampla de céus, quanto nos aspectos arquitetônicos, com a modelagem de
geometrias complexas(CABÚS, 2005). Usando o método Monte Carlo e a técnica do raio
traçado para trás (backward raytracing), atinge um padrão aceitável de erro padrão dentro de
um tempo razoável de processamento (CABÚS, 2005).
2.9.3.2 O software DLN
SCARAZZATO desenvolveu o software DLN, em 1995, em sua tese de
doutoramento, que teve como objetivo básico contribuir com a formação de um modelo
preditivo da disponibilidade de luz natural em planos horizontais e verticais externos às
edificações em localidades brasileiras (ver Figura 31).
Figura 31: Tela do software DLN
Fonte: SCARAZZATO, 1997.
39
Esse programa computacional possui um amplo banco de dados de onde é possível a
realização dos cálculos para a obtenção dos Dias Luminosos Típicos de Projeto – dia que
apresenta o menor desvio-padrão entre as médias do período selecionado. Todos os valores
são obtidos em separado para as três condições de céu (claro, encoberto e parcialmente
nublado).
40
3. ETAPAS METODOLÓGICAS
3.1 Levantamento de dados ..............................................................................................41
3.2 Caracterização das tipologias .....................................................................................42
3.2.1 Dimensões ...........................................................................................................42
3.2.2 Características constantes....................................................................................43
3.2.3 Características variáveis ......................................................................................44
3.3 Seleção da ferramenta de simulação...........................................................................47
3.4 Critérios para definição das simulações .....................................................................48
3.4.1 Simulação I: diagnóstico da situação típica.........................................................49
3.4.2 Simulação II: propostas de intervenções A .........................................................51
3.4.3 Simulação III: propostas de intervenções B ........................................................53
3.5 Apesentação dos resultados........................................................................................55
41
Nesta seção, são apresentados os processos e critérios utilizados para a elaboração
deste trabalho.
A metodologia utilizada para o desenvolvimento desta pesquisa constitui-se em uma
análise comparativa do desempenho luminoso, com relação à utilização da iluminação natural
em salas típicas de edifícios de escritórios localizados na cidade de Maceió-AL.
Os edifícios modelos foram elaborados de acordo com levantamentos realizados em
tipologias existentes na cidade. Por meio destas edificações-padrão, foram realizadas
simulações computacionais, utilizando o software TropLux, com a finalidade de analisar
variáveis – profundidade das salas, localização das aberturas, uso de prateleira e luz e abertura
contínua voltada para a circulação lateral – que afetam seu desempenho luminoso.
3.1 LEVANTAMENTO DE DADOS
No ano de 2004, foi realizado um levantamento dos edifícios de escritórios
existentes na cidade de Maceió para uma pesquisa nacional, denominada “Impactos da
Adequação Climática sobre a Eficiência Energética e o Conforto Térmico de Edifícios de
Escritório no Brasil”
3
. Este estudo teve como referência para o clima quente e úmido da
cidade em questão.
Esse levantamento
4
teve como objetivo identificar a quantidade e as características
construtivas dos edifícios de escritórios com mais de cinco pavimentos, devido à existência de
elevador, para que fosse possível a definição de um modelo para a pesquisa.
3
Foi uma pesquisa com duração de dois anos, financiada pela CNPQ, no programa CT-ENERG, que teve como
objetivos: Diagnosticar a situação atual de edifícios de escritório localizados em oito regiões climáticas do
Brasil, com relação ao consumo de energia, à eficiência energética e ao desempenho térmico; Avaliar a
influência de parâmetros como área de janela, tipo de vidro, área de parede, tipo de parede, tipo de cobertura,
cores externas, orientação, área de abertura para ventilação, e outros, no consumo de energia dos edifícios de
escritório; Monitorar interna e externamente temperatura do ar e umidade relativa em escritórios; Estimar o uso
final de energia em escritórios selecionados; Estabelecer parâmetros ou requisitos de projeto, através de
simulação computacional, de forma a adequar os edifícios de escritório ao clima onde serão construídos,
garantindo níveis adequados de conforto térmico e eficiência energética; Produzir subsídios para uma futura
normalização relacionada à eficiência energética de edifícios de escritório; Disponibilizar publicações e
resultados da pesquisa.
4
Fiz parte da primeira etapa desta pesquisa e trabalhando em conjunto com Mara Rúbia Araújo e o Prof. Ricardo
Cabús, concluímos o levantamento de acordo com a metodologia nacional proposta.
42
Foi realizado um levantamento descritivo e fotográfico de todas as edificações
enquadradas no modelo proposto, onde foram resgatadas diversas informações solicitadas
pela planilha “Caracterização das Tipologias” (ver Apêndice 1), que foi utilizada como padrão
por todos os grupos da pesquisa nacional descrita no primeiro parágrafo deste capítulo.
Na etapa seguinte, foi efetuado um agrupamento das principais características
levantadas nessas edificações (ver Capítulo 4, item 4.1), com a finalidade de possibilitar a
elaboração de tipologias padronizadas, as quais serão utilizadas como ferramenta de
investigação no decorrer da pesquisa.
3.2 CARACTERIZAÇÃO DAS TIPOLOGIAS
Este trabalho se propõe a avaliar as condições do uso da iluminação natural em salas
típicas de edifícios de escritórios implantados em Maceió. Para a elaboração destas tipologias,
adotou-se como base de estudo o resultado do levantamento dos edifícios de escritórios
localizados na cidade de Maceió, expostos adiante, no capítulo 4, no item 4.1.
3.2.1 Dimensões
De acordo com o levantamento realizado em Maceió (ver resultados no item 4.1),
foram selecionados os dois tipos de edifícios de escritórios mais recorrentes na cidade para
elaboração dos modelos que serão utilizados nas simulações: o primeiro modelo possui uma
forma simétrica, com corredor central (Tipo A) e salas de ambos os lados, possuindo 08
pavimentos tipo e 10 salas em cada andar; e o segundo tipo consiste num corredor lateral
(Tipo B), possuindo a mesma quantidade de pavimentos tipo e salas por andar.
Ambos os modelos possuem na área de circulação um pé direito de 2,80m, 2,50m de
largura e 32,00m e 64,00m de comprimento, respectivamente, na primeira e segunda
tipologias. Essas dimensões serão mantidas constantes em todas as simulações.
No Tipo A (tipologia com corredor central, ver Figura 32), existem 05 salas à direita e
05 salas à esquerda da circulação central. No Tipo B (tipologia com corredor lateral, ver
Figura 33), existem 10 salas, posicionadas uma ao lado da outra. Essas salas possuem pé
43
direito de 2,80m, largura constante de 6,00m e comprimentos variáveis de 4,00m, 6,00m e
8,00m, baseados em estudos anteriores (BITTENCOURT, BIANNA E CRUZ, 1995 e
CABÚS, 2004) e no levantamento descrito no item 4.1 da próxima seção.
Figura 32: Esquema do Tipo A - tipologia com corredor central.
Figura 33: Esquema do Tipo B - tipologia com corredor lateral.
3.2.2 Características constantes
As características dos materiais empregados para a elaboração do edifício modelo
também foram baseadas no levantamento das tipologias, descrito no item 4.1 do próximo
capítulo.
As refletâncias das superfícies internas foram medidas pelo método do “papel branco”.
Nesse método, mede-se a iluminância de uma superfície e, no mesmo ponto, mede-se a
44
iluminância de uma folha de papel em branco, que possui refletância conhecida. Com base
nesses dados, o nível de refletância do material em questão é obtido por uma regra de três
simples (ver Apêndice 02).
Tabela 2: Propriedades físicas dos materiais empregados no edifício modelo
MATERIAIS CORES REFLETÂNCIAS
Piso Cinza Claro 0.42
Teto Branco Gelo 0.73
Paredes internas Branco Neve 0.87
O tipo de vidro utilizado nas aberturas foi o transparente de 6mm. Abaixo tem-se um
gráfico com as características do vidro padrão utilizado pela ferramenta de simulação
selecionada – o TropLux (ver Gráfico 1).
CARACTERÍSTICAS DO VIDRO TRANSPARENTE 6MM
Gráfico 1: Características do vidro utilizado nas simulações.
Fonte: CABÚS, 2002
3.2.3 Características variáveis
As simulações computacionais são realizadas a fim de construir um banco de dados
para a fundamentação desta pesquisa. Para isso, foi necessária a variação de alguns
parâmetros do edifício modelo que afetassem o desempenho luminoso do ambiente interno.
Essas variações também foram embasadas pelo Levantamento das Tipologias, descrito no
início do próximo capítulo (item 4.1).
45
a) Profundidade da sala: os níveis de iluminação natural próximo às janelas são
consideravelmente mais altos que os níveis mais ao fundo do ambiente. Definiu-se
variar esse parâmetro com o intuito de pesquisar artifícios que possam melhorar a
uniformidade luminosa (ver Figura 34, a, b e c);
ACESSO
CIRCULAÇÃO
ACESSO
CIRCULAÇÃO
ACESSO
CIRCULAÇÃO
6.00
6.00
6.00
4.00
6.00
8.00
ABERTURA
ABERTURA
ABERTURA
(a) (b) (c)
Figura 34: Salas com largura fixa e 4,00m (a), 6,00m (b) e 8,00m (c) de profundidade
b) Localização das aberturas: influenciam na distribuição da luminosidade nos
ambientes. De acordo com o levantamento das tipologias (ver item 4.1), as
esquadrias localizam-se ou no centro (maiores e de correr) ou na lateral (menores e
maximar) das salas 5 (ver Figura 35, a, b e c);
ACESSO
CIRCULAÇÃO
ACESSO
CIRCULAÇÃO
5m
1m
2m2m2m
1
1.10 .7
CORTE JANELA BAIXA
(a) (b) (c)
Figura 35: Salas com janela central (a), lateral (b) e corte janela baixa (c).
5
A área da janela central é duas vezes maior que a área da janela lateral (Área de (a) = 2x Área de (b). Ver
Figuras 35 e 36). Esse dimensionamento foi aplicado na pesquisa para que as simulações representassem a
situação típica existente desse tipo de edificação. Por esse motivo, as iluminâncias internas das salas com janela
central sempre serão mais altas que as das salas com abertura lateral. De toda forma, esta pesquisa enfoca mais a
questão da uniformidade do que a da intensidade luminosa, ou seja, é mais importante a localização que o
tamanho das aberturas para obtenção dos resultados desejados.
46
Serão realizadas simulações com as duas tipologias descritas acima, além da
inclusão de uma janela alta contínua voltada para o corredor na terceira etapa de
simulações (ver Figura 36, a, b e c).
(a) (b) (c)
Figura 36: Salas com janela central (a), lateral (b) e corte janela alta(c).
c) Tipo de proteção das aberturas: serão adicionadas prateleiras de luz às aberturas
externas na segunda etapa de simulações, a fim de confirmar a melhoria da
distribuição da luz no ambiente interno (ver Figura 37, a, b e c) e o proteger da
insolação direta. As dimensões das prateleiras de luz foram definidas em função do
ângulo de corte necessário para a proteção, de acordo com a carta solar da cidade de
Maceió (ver Apêndice 3). Essa intervenção é válida tanto para o Tipo A quanto para
o Tipo B;
(a) (b) (c)
Figura 37: Planta baixa da prateleira de luz na janela lateral (a), na janela central (b) e corte
transversal de ambas as tipologias (c).
d) Tipo de fechamento da circulação: essa intervenção será válida apenas para a
segunda tipologia padronizada (Tipo B). A variação para a Tipologia A seria
insignificante em relação aos níveis de iluminação natural, pois, nesse caso, a visão
do céu é muito pequena (ver Item 3.4.3). Na primeira opção, será incluída uma
47
abertura contínua voltada para o exterior (ver Figura 38) e, na segunda, a parede será
toda de elemento vazado – cobogó 15cm x 15cm – de piso a teto (ver Figura 39);
Figura 38: Janela contínua Figura 39: Elementos vazados
e) Hora e data: determinam a posição do sol (altura e azimute solar) e a quantidade de
luz que chega na Terra no decorrer do dia. Serão realizadas simulações nos horários
entre 8 e 17 horas
(horário legal – ver Apêndice 4), nos solstícios e equinócios de
Maceió (22/03, 22/06, 23/09 e 22/12);
f) Tipo de céu: será investigado o céu parcialmente nublado
, por se tratar do tipo mais
recorrente na cidade de Maceió (ver item 2.3.2);
g) Orientação: serão simuladas quatro orientações
mais freqüentes na cidade para as
maiores fachadas – nordeste (NE), noroeste (NO), sudeste (SE) e sudoeste (SO) –
com a finalidade de avaliar as condições da iluminação natural em implantações
distintas.
3.3 SELEÇÃO DA FERRAMENTA DE SIMULAÇÃO
Por proporcionar a obtenção de resultados considerados confiáveis e por permitir a
geração de uma grande variedade de modelos, com rapidez e eficiência, definiu-se, dentre os
métodos de simulação expostos no item 2.8. do capítulo anterior, a utilização da simulação
computacional como sendo a técnica a ser realizada nesta pesquisa.
A grande maioria dos programas disponíveis para o processamento dos cálculos para
iluminação natural não consegue simular satisfatoriamente a realidade da iluminação natural
nos trópicos, quer seja por limitações nos padrões de distribuição de luminâncias do céu, quer
48
seja por dificuldades em simular as geometrias complexas da arquitetura tropical, com suas
diversas formas de proteção contra a radiação solar direta (CABÚS, 2005).
As condições favoráveis, que resultaram na escolha da ferramenta de simulação,
foram: a simplicidade de manuseio e a necessidade de conhecimento dos fenômenos
envolvidos pelo usuário; a possibilidade de representação das condições climáticas da região
em estudo e a disponibilidade da ferramenta para utilização neste estudo.
Além de possuir diversas potencialidades, o TropLux V-2.25 passou por um processo
de validação consistente (CABÚS, 2005b), tendo inclusive utilizado o banco de dados do
BRE (British Research Estabilishment) e IDMP (International Daylight Measurement
Programme).
Este software proporciona uma análise do desempenho da iluminação natural e foi
desenvolvido, principalmente, para o estudo nas regiões tropicais, procurando determinar uma
visão geral da iluminância interna dos ambientes, permitindo sistemas de janelas complexos,
levando em consideração as reais características das superfícies internas e externas
(especularidade e difusividade), além de lidar com qualquer tipo de distribuição de céu,
incluindo luz solar (ver item 2.8.3.1 do capítulo anterior).
3.4 CRITÉRIOS PARA DEFINIÇÃO DAS SIMULAÇÕES
As propriedades dos materiais de construção do modelo deverão ser mantidas
constantes em todas as simulações realizadas, assim como as condições de operação do
edifício.
A pesquisa será dividida em três etapas de simulação:
x Etapa de simulação I: é realizado um diagnóstico das condições de iluminação natural
em salas padronizadas;
x Etapa de simulação II: são selecionadas as maiores salas (8,00 x 6,00m²) das duas
tipologias construtivas elaboradas, Tipo A e Tipo B, para a inclusão de prateleiras de
luz nas aberturas voltadas para a fachada principal;
49
x Etapa de simulação III: são selecionadas as salas mais profundas (8,00 x 6,00m²) da
segunda tipologia padronizada (Tipo B – corredor lateral) para a inclusão de uma janela
alta contínua voltada para a circulação.
Para as etapas de simulação II e III são selecionadas as maiores salas, pois, como já foi
afirmado anteriormente, os níveis de iluminação natural decrescem à medida que se afasta das
janelas. A inclusão das prateleiras de luz e da janela alta contínua voltada para a circulação
50
nas quatro orientações (NE, NO, SE e SO); com o céu parcialmente nublado; e em três ou
nove pontos (dependendo do tipo de abertura) localizados na altura do plano de trabalho
(75cm) e localizados conforme as Figura 42, a, b e c, e Figura 43, a, b e c.
8.00
6.00
4.00
ACESSO
CIRCULAÇÃO
ACESSO
CIRCULAÇÃO
ACESSO
CIRCULAÇÃO
P2
P2
P2
P1
P3
P1
P3
P1
P3
1.331.331.33
2.002.002.00
2.672.672.67
6.00
6.00
6.00
(a) (b) (c)
Figura 42: Localização dos pontos de
51
A seguir, encontra-se uma tabela com as simulações que serão realizadas, a fim de se
conhecer o comportamento da iluminação natural nos edifícios de escritórios no decorrer do
ano:
Tabela 3: Simulação I - diagnóstico da situação típica anual
TIPOS DA SIMULAÇÃO I
ORIENTAÇÃO
JANELA
CENTRAL
JANELA
LATERAL
DIREITA
JANELA
LATERAL
ESQUERDA
DIA / HORA
4,00 x 6,00m² 4,00 x 6,00m² 4,00 x 6,00m²
6,00 x 6,00m² 6,00 x 6,00m² 6,00 x 6,00m²
NORDESTE
8,00 x 6,00m² 8,00 x 6,00m² 8,00 x 6,00m²
22/03, 22/06,
23/09 e 22/12
das 8 às 17h
4,00 x 6,00m² 4,00 x 6,00m² 4,00 x 6,00m²
6,00 x 6,00m² 6,00 x 6,00m² 6,00 x 6,00m²
NOROESTE
8,00 x 6,00m² 8,00 x 6,00m² 8,00 x 6,00m²
22/03, 22/06,
23/09 e 22/12
das 8 às 17h
4,00 x 6,00m² 4,00 x 6,00m² 4,00 x 6,00m²
6,00 x 6,00m² 6,00 x 6,00m² 6,00 x 6,00m²
SUDESTE
8,00 x 6,00m² 8,00 x 6,00m² 8,00 x 6,00m²
22/03, 22/06,
23/09 e 22/12
das 8 às 17h
4,00 x 6,00m² 4,00 x 6,00m² 4,00 x 6,00m²
6,00 x 6,00m² 6,00 x 6,00m² 6,00 x 6,00m²
SUDOESTE
8,00 x 6,00m² 8,00 x 6,00m² 8,00 x 6,00m²
22/03, 22/06,
23/09 e 22/12
das 8 às 17h
Para realizar essas simulações será necessária a construção de seis modelos. Cada
modelo leva em média 30 minutos para ser desenvolvido e 1h30min para ser simulado, num
computador AMD Sempron (tm) 2.400 + 1.67 Ghz, 224 MB de RAM, os cinco pontos, nas
quatro orientações e em todos os dias e horários, o que totalizará 12 horas de trabalho para
obtenção de 15.840 valores de iluminância que serão analisados por meio de gráficos e tabelas
(ver Item 3.5).
3.4.2 Simulação II: Propostas de intervenção “A”
De acordo com os dados obtidos na etapa de simulação anterior, serão selecionadas as
salas mais profundas (8,00m), por se tratarem dos piores casos em relação à uniformidade
luminosa, para a inclusão e posterior avaliação da utilização de prateleiras de luz como
elemento de redirecionamento da iluminação natural.
52
Este elemento de redirecionamento da luz foi selecionado entre os demais estudados
devido às suas características, que foram expostas na revisão bibliográfica desta pesquisa (ver
Item 2.6.9).
Seguindo o estudo realizado através da carta solar de Maceió (ver Apêndice 05), este
elemento terá as características expostas abaixo (ver Figura 44).
(a) (b) (c)
Figura 44: Planta baixa da prateleira de luz na janela lateral (a), na janela central (b) e
corte transversal de ambas as tipologias (c).
Serão seguidas as mesmas orientações (NE, NO, SE e SO), condições de céu e
localização dos pontos da Simulação I, descritos no item 3.4.1. deste capítulo. Abaixo,
seguem as simulações propostas para os casos que sofrerão intervenções:
Tabela 4: Simulação II - Propostas de intervenção A
TIPOS DA SIMULAÇÃO III
Janela Central / 8,00 x 6,00m²
NORDESTE
Janela Lateral / 8,00 x 6,00m²
No dia menos luminoso
das 8 às 17h.
Janela Central / 8,00 x 6,00m²
NOROESTE
Janela Lateral / 8,00 x 6,00m²
No dia menos luminoso
das 8 às 17h.
Janela Central / 8,00 x 6,00m²
SUDESTE
Janela Lateral / 8,00 x 6,00m²
No dia menos luminoso
das 8 às 17h.
Janela Central / 8,00 x 6,00m²
SUDOESTE
Janela Lateral / 8,00 x 6,00m²
No dia menos luminoso
das 8 às 17h.
Para realizar essas simulações será necessária a construção de dois modelos, que
levarão em média 6 horas para serem modelados e simulados. Como resultado, haverá 5.280
dados que serão analisados por meio de gráficos e tabelas (ver Item 3.5).
53
3.4.3 Simulação III: Propostas de intervenções “B”
Após análise dos dados obtidos no diagnóstico da situação típica, serão selecionadas
as salas mais profundas (8,00m) da segunda tipologia (tipo B), para a avaliação da primeira
intervenção proposta. Como já foi dito anteriormente, essa intervenção seria insignificante na
Tipologia A, devido à pequena área de visão do céu através do corredor de circulação (ver
Figura 45, a e b).
(a) (b)
Figura 45: Visão do céu da Tipologia B
Vista (a) – circulação sentido elevador/última sala
Vista (b) – circulação sentido última sala/elevador
Fonte: Desenhos desenvolvidos no Autocad e renderizadod no Accurender pela autora.
Nesta etapa de simulação, será incluída uma janela alta contínua nos fundos das salas
(ver Figura 36 no item 3.2.3), com a finalidade de avaliar as variações nos níveis de
iluminação nos fundos dos ambientes. As aberturas (central ou lateral) voltadas para o
exterior serão vedadas, pois, em estudos de iluminação natural, os resultados podem ser
somados, quando simulados nas mesmas condições.
Serão elaborados três modelos para essa etapa de simulações:
a) Modelo 01: a parede da circulação voltada para o meio externo será baixa, ou seja,
existirá uma abertura contínua em toda a circulação (ver Figura 46);
b) Modelo 02: a parede da circulação voltada para o meio externo será composta por
elementos vazados e pré-moldados de concreto (cobogós – 15cm x 15 cm) sem
pintura (ver Figura 47);
54
c) Modelo 03: semelhante ao Modelo 01, porém os elementos serão pintados na cor
branca (ver Figura 48).
Figura 46: Modelo 01 Figura 47: Modelo 02 Figura 48: Modelo 03
Fonte: Desenhos desenvolvidos no Autocad e renderizadod no Accurender pela autora.
Esta terceira etapa de simulação será realizada nas mesmas condições de céu, hora,
data e localização dos pontos da Simulação I, descritos no item 3.4.1 deste capítulo. Serão
avaliadas apenas duas orientações noroeste (NO) e sudoeste (SO), pois as aberturas principais
das salas devem ser voltadas para sudeste (SE) e nordeste (NE), já que a cidade de Maceió
está sob influencia alternada dos ventos alísios do Sudeste – de velocidade fraca a moderada –
e Nordeste - nos meses mais quentes – vide o perfil climático da cidade no Anexo 6.
A seguir, as simulações propostas para os casos que sofrerão intervenções:
Tabela 5: Simulação III - Propostas de intervenções B
TIPOS DA SIMULAÇÃO III
Abertura contínua / 8,00 x 6,00m²
Cobogós de concreto / 8,00 x 6,00m²
NOROESTE
Cobogós na cor branca/8,00 x 6,00m²
No dia menos luminoso
das 8 às 17h.
Abertura contínua / 8,00 x 6,00m²
Cobogós de concreto / 8,00 x 6,00m²
SUDOESTE
Cobogós na cor branca/8,00 x 6,00m²
No dia menos luminoso
das 8 às 17h.
Para realizar essas simulações, será necessária a construção de três modelos. Devido à
complexidade dos modelos, o tempo de processamento será mais lento, em média 5 horas por
ponto, de acordo com simulações piloto, o que totalizará 75 horas de trabalho para obtenção
de 7.920 valores de iluminância que serão analisados por meio de gráficos e tabelas (ver Item
3.5).
55
3.5 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Nesta subseção, será apresentada a forma como os resultados serão expostos no
decorrer da pesquisa.
O programa TropLux V-2.25 gera tabelas das iluminâncias de cada ponto, de acordo
com a orientação, data e horários definidos pelo usuário no momento do processamento das
iluminâncias (ver Figura 49).
Figura 49: Exemplo da tabela gerada pelo software TropLux para a Sala 14,
com o azimute 45°, no dia 22/06, das 8 às 17h, com o tipo de céu 10.
Essas tabelas foram exportadas para o Microsoft Excel, trabalhadas e, por fim, gerados
os gráficos com os principais resultados. Abaixo, é demonstrado o percurso utilizado para a
obtenção dos resultados:
Inicialmente foram exportadas todas as tabelas (nas quatro orientações, nos quatro dias
típicos e os três pontos de cada sala) e pintadas de amarelo as horas em que a insolação direta
atingia o interior do ambiente (ver Tabela 6).
56
Tabela 6: Exemplo da tabela geral que foi exportada do software TropLux.
SALA 4X6 - JANELA CENTRAL - ORIENTAÇÃO SE - DIA 22/03
8h 9h 10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h
1 Direta
2 Refletida internamente
3 Refletida do solo
4 Refletida no entorno
5 Direta no entorno
CÉU
6 Direta no solo
7 Direta
8 Refletida internamente
9 Refletida do solo
10 Refletida no entorno
11 Direta no entorno
SOL
12 Direta no solo
CÉU
SOL
GLOBAL
Legenda: Período quando existe a incidência de insolação direta no interior do ambiente.
Em seguida, foram agrupados os pontos de mesma localização, fixando data e
orientação com a finalidade de observar a orientação (ver Tabela 7) e o dia (ver Tabela 8)
menos luminoso no decorrer do ano.
Tabela 7: Comparação entre os Pontos 01 no dia 22/03.
SALA 4X6 - PONTO 01 - DIA 22/03
8h 9h 10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h
SE
15897,7 25267,8 5961,6 7349,9 7521,7 8330,1 8503,0 7226,7 4525,5 1458,5
57
Tabela 10: Comparação entre as médias de cada
ponto e a profundidade da sala.
Após diagnosticar o dia menos luminoso de cada orientação, elaboraram-se quatro
tabelas comparativas com os três pontos (P1, P2 e P3), das 8 às 17h, uma em cada orientação,
onde foram calculadas as médias de cada ponto para facilitar a visualização da questão da
uniformidade luminosa dos ambientes (ver Tabela 9).
Tabela 9: Comparação dos três pontos no dia menos luminoso da orientação SE.
SALA 4X6 - ORIENTAÇÃO SE - DIA 22/06
Ponto 8h 9h 10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h Média
1
3161,4 3610,1 4284,5 4858,9 5301,9 5457,1 5115,9 4104,4 2415,2 305,3 3861,5
2
1721,8 1715,4 1994,2 2119,0 2229,5 2243,0 2102,9 1758,1 1111,2 149,4 1714,4
3
1440,4 1606,6 1734,3 1874,4 1964,6 1973,6 1852,8 1555,5 992,0 134,1 1512,8
O processo descrito acima foi realizado com as salas nas quatro profundidades (4,00m,
6,00m e 8,00m). E, para finalizar, foram elaboradas mais quatro tabelas e quatro gráficos, um
de cada orientação, comparando as médias de cada ponto em cada uma das profundidades de
sala propostas (ver Tabela 10 e Gráfico 2).
MÉDIAS - ORIENTAÇÃO SE - 22/06
P1 P2 P3
Sala 4X6
3861,5 1714,4 1512,8
Sala 6X6
3460,4 1173,1 971,8
Sala 8X6
2957,3 843,1 721,4
Essa linha de raciocínio foi seguida em todas as etapas de simulação. Porém, como se
decidiu analisar sempre o pior caso de cada orientação e a luz natural se comportaria da
mesma forma em relação ao dia menos luminoso de cada orientação, as etapas seguintes
foram analisadas somente nos dias 22/06 para as orientações sudeste e sudoeste e 22/12 para
as orientações nordeste e noroeste. Essa decisão foi tomada de acordo com os resultados
obtidos no item 4.2 da próxima seção.
Gráfico 2: Comparação entre as médias de cada
ponto e a profundidade da sala.
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