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UNIVERSIDADE PARA O DESENVOLVIMENTO DO ESTADO E DA
REGIÃO DO PANTANAL
- UNIDERP -
MARISE GARCIA CÉSAR
A PERCEPÇÃO SOBRE AGROTÓXICOS DOS ALUNOS DE
ESCOLAS RURAIS EM CAMPO GRANDE, MS
CAMPO GRANDE - MS
2007
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MARISE GARCIA CESAR
A PERCEPÇÃO SOBRE AGROTÓXICOS DOS ALUNOS DE
ESCOLAS RURAIS EM CAMPO GRANDE, MS
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em nível de Mestrado
Profissionalizante em Produção e Gestão
Agroindustrial da Universidade para o
Desenvolvimento do Estado e da Região do
Pantanal, como parte dos requisitos para a
obtenção do título de Mestre em Produção e
Gestão Agroindustrial.
Comitê de Orientação:
Prof. Dr. Edison Rubens Arrabal Arias
Profa. Dra. Andréa Ferraz Fernandez
Prof. Dr. Francisco de Assis Rolim Pereira
CAMPO GRANDE - MS
2007
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central da UNIDERP
Cesar, Marise Garcia.
A percepção sobre agrotóxicos dos alunos de escolas rurais em
Campo Grande, MS / Marise Garcia Cesar. -- Campo Grande, 2007.
64 f . : il. color.
Dissertação (mestrado)- Universidade para o Desenvolvimento do
Estado e da Região do Pantanal, 2007.
“Orientação: Prof. Dr. Edison Rubens Arrabal Arias.”
1. Educação rural - Campo Grande (MS) 2. Educação ambiental
3. Agrotóxicos 4. Contaminação ambiental 5. Estudantes de escolas
rurais - Percepção ambiental I. Título.
CDD 21.ed. 668.65
630.7
FOLHA DE APROVAÇÃO
Candidata: Marise Garcia César
Dissertação defendida e aprovada em 24 de abril de 2007 pela Banca Examinadora:
__________________________________________________________
Prof. Doutor Edison Rubens Arrabal Arias (Orientador)
__________________________________________________________
Profa. Doutora Maria Izabel Kruger Giurizato (IAGRO)
__________________________________________________________
Prof. Doutor Francisco de Assis Rolim Pereira (UNIDERP)
_________________________________________________
Prof. Doutor Luiz Eustáquio Lopes Pinheiro
Coordenador do Programa de Pós-Graduação
em Produção e Gestão Agroindustrial
________________________________________________
Prof. Doutor Raysildo Barbosa Lôbo
Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UNIDERP
ii
A toda minha família, em especial aos
meus filhos Thiago, Rodrigo e Daniella,
para que sirva como exemplo e a
certeza de que “o saber se faz através
de uma superação constante”. (Paulo
Freire)
iii
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador Prof. Dr. Edison Rubens Arrabal Arias, pela orientação,
sugestões, correções e paciência para a realização deste trabalho.
Aos co-orientadores Profa. Dra. Andréa Ferraz Fernandez e Prof. Dr.
Francisco Assis Rolim Pereira, pela paciência e orientação, principalmente no
início do trabalho.
Aos dirigentes da Agência de Defesa Sanitária Animal e Vegetal de Mato
Grosso do Sul (IAGRO), pela oportunidade por meio do convênio com a
Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal
(UNIDERP).
Aos membros da Banca de Qualificação, Profa. Dra. Andréa Ferraz
Fernandez, Prof. Dr. Celso Correia de Souza, Profa. Dra. Adriana Paula
D’Agostini Contreiras Rodrigues, pelas contribuições.
Às diretoras das escolas rurais, Damaris, Cleidinei, Osmarina, Wanda,
Janete e Moacir da Escola Agrícola.
A todos os professores das escolas rurais, que me receberam nas salas de
aula, doando um espaço para que os questionários fossem aplicados.
Aos alunos das Escolas Rurais Arnaldo Estevão de Figueiredo, José do
Patrocínio, Orlandina Oliveira Lima, Barão do Rio Branco, Darthesy Novaes
Caminha, Oito de Dezembro, Onira Santos Rosa, pela atenção e preenchimento
dos questionários; e às merendeiras, que nos forneceram o almoço nas visitas às
escolas rurais.
Ao Márcio, que me acompanhou nas escolas que ficavam distantes de
Campo Grande.
Aos amigos da IAGRO, pelos momentos de discussões e opiniões sobre os
temas abordados.
iv
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS................................................................................. v
LISTA DE TABELAS................................................................................. vii
LISTA DE QUADROS............................................................................... viii
RESUMO................................................................................................... ix
ABSTRACT................................................................................................ x
1. INTRODUÇÃO....................................................................................... 11
2. REVISÃO DE LITERATURA................................................................. 13
2.1 Mato Grosso do Sul............................................................................. 13
2.2 Campo Grande.................................................................................... 14
2.3 Utilização de Agrotóxicos..................................................................... 16
2.4 Destino Final das Embalagens de Agrotóxicos................................... 19
2.5 Intoxicações por Agrotóxicos............................................................... 23
2.6 Educação Rural................................................................................... 25
3. MATERIAL E MÉTODOS...................................................................... 28
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................ 31
4.1 Grade Curricular.................................................................................. 32
4.2 Caracterização do perfil dos Estudantes das Escolas Rurais............. 33
4.3 Levantamento da Percepção dos Estudantes sobre Agrotóxicos....... 35
4.4 Levantamento da Percepção dos Estudantes sobre Contaminação
Ambiental ............................................................................................ 42
5. CONCLUSÃO ....................................................................................... 48
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................. 49
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................... 51
APÊNDICES.............................................................................................. 55
Apêndice A - Questionário......................................................................... 56
Apêndice B – Fotografias das escolas visitadas........................................ 57
v
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Produtos derivados de embalagens recicladas de
agrotóxicos............................................................................... 21
Figura 2 - Porcentagem das embalagens de plástico recicladas em
diferentes países...................................................................... 22
Figura 3 - Custos de reciclagem das embalagens de agrotóxicos por
quilograma de peso em diversos países.................................. 22
Figura 4 - Distribuição percentual de alunos por série nas escolas rurais
de Campo Grande, MS.................................................. 29
Figura 5 - Dados referentes às características dos indivíduos
entrevistados quanto à faixa etária.......................................... 34
Figura 6 - Representação do número de indivíduos entrevistados que
trabalham no campo quanto ao sexo....................................... 35
Figura 7 - Representação da porcentagem de indivíduos entrevistados
em relação ao conhecimento sobre agrotóxicos...................... 35
Figura 8 - Porcentagem indicando locais onde os estudantes
entrevistados tiveram algum contato com os agrotóxicos....... 36
Figura 9 - Representação da porcentagem de indivíduos entrevistados
quanto à definição sobre agrotóxicos...................................... 37
Figura 10 - Representação da porcentagem dos indivíduos entrevistados
que possuem agrotóxicos em casa................... 38
Figura 11 - Representação da porcentagem dos indivíduos entrevistados
quanto ao local de armazenamento de
agrotóxicos............................................................................... 38
Figura 12 - Representação da porcentagem de indivíduos entrevistados
quanto ao manuseio de agrotóxicos ....................................... 39
Figura 13 - Dados referentes às características dos indivíduos
entrevistados quanto à atividade no campo............................ 40
Figura 14 - Representação da porcentagem de indivíduos entrevistados
quanto à atividade agrícola da região...................................... 42
Figura 15 - Representação da distribuição das principais culturas
agrícolas da região................................................................... 43
Figura 16 - Representação da porcentagem de indivíduos entrevistados
sobre onde visualizaram uma contaminação
ambiental.................................................................................. 44
Figura 17 - Representação do conhecimento dos indivíduos
entrevistados quanto à contaminação ambiental..................... 46
Figura 18 - Representação do conhecimento dos indivíduos
entrevistados quanto à possibilidade dos produtos utilizados
vi
na agricultura causarem danos ambientais............................. 45
Figura 19 - Representação do conhecimento dos indivíduos
entrevistados quanto aos problemas ambientais que podem
ser causados por produtos utilizados na agricultura................ 47
Figura 1B - Vista da entrada da Escola Arnaldo Estevão de
Figueiredo................................................................................ 57
Figura 2B - Vista da entrada da Escola José do Patrocínio....................... 57
Figura 3B - Vista da entrada da Escola Darthesy Novaes Caminha.......... 58
Figura 4B - Vista da Escola Onira Santos Rosa......................................... 58
Figura 5B - Vista da Escola Oito de Dezembro.......................................... 59
Figura 6B - Detalhe da sala de aula da 8ª série do 1º grau da Escola
Arnaldo Estevão de Figueiredo................................................ 59
Figura 7B - Detalhe da sala de aula da 8ª série do 1º grau da Escola
José do Patrocínio................................................................... 60
Figura 8B - Detalhe da sala de aula da 8ª série do 1º grau da Escola
Orlandina Oliveira Lima............................................................ 60
Figura 9B - Detalhe da sala de aula da 8ª série do 1º grau da Escola
Darthesy Novaes Caminha...................................................... 61
Figura 10B - Detalhe da sala de aula da 8ª série do 1º grau da Escola Oito
de Dezembro.................................................................... 61
vii
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - Dados referentes às características dos indivíduos entrevistados
quanto a faixa etária....................................................................... 33
TABELA 2 - Dados referentes às características dos indivíduos entrevistados
quanto à atividade no campo......................................................... 34
TABELA 3 - Dados referentes a faixa etária dos indivíduos quanto ao
manuseio de agrotóxicos............................................................... 39
TABELA 4 - Dados referentes ao destino das embalagens de agrotóxicos...... 41
TABELA 5 - Dados referentes aos agrotóxicos utilizados nas principais
culturas da região........................................................................... 43
TABELA 6 - Dados referentes à contaminação ambiental descrita pelos
entrevistados.................................................................................. 44
viii
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 - Área plantada em hectares das principais culturas
produzidas no município de Campo Grande, MS................... 15
QUADRO 2 - Número de alunos de 5ª a 8ª séries matriculados no ano de
2006 ....................................................................................... 29
QUADRO 3 - Dados referentes ao número de questionários aplicados por
série........................................................................................ 31
RESUMO
A utilização de produtos agrotóxicos no meio rural é uma prática rotineira na
produção agrícola entre os pequenos, médios e grandes produtores. A orientação
aos estudantes de escolas rurais sobre o uso correto desses produtos e posterior
destino final adequado das embalagens pode ser um fator determinante para a
diminuição da contaminação ambiental e ocorrência de intoxicações em pessoas.
Neste trabalho foram aplicados questionários com questões estruturadas sobre os
agrotóxicos e a contaminação ambiental aos alunos de 5ª a 8ª séries de sete
escolas rurais de Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Verificou-se que os
estudantes sabem o que são os agrotóxicos e constatou-se que esses mesmos
estudantes não têm conhecimento sobre o armazenamento, o uso e o correto
manuseio desses produtos, bem como sobre destino final das embalagens. Com
relação à contaminação ambiental foi constatado que os alunos não estão
esclarecidos sobre o assunto, tiveram grande dificuldade em responder as
perguntas sobre o tema. Com base nos resultados sugere-se que sejam
discutidas medidas governamentais que englobam as esferas estaduais e
municipais, no intuito de desenvolver ações direcionadas a esse público
específico, visando ao esclarecimento dos riscos oriundos da utilização de
produtos agrotóxicos.
PALAVRAS-CHAVE: Escolas rurais; agrotóxicos; contaminação ambiental.
10
ABSTRACT
The usage of pesticides products in the rural environment is routine practice in
agriculture production among the small, medium or big producers. The orientation
to rural school students about the correct use of these products and posterior
disposal of emptied flasks may be a determining factor for the diminishing of
environmental contamination and occurrence of intoxication on people. In this
study open question quizzes have been applied about agro toxics and
environmental contamination to 5
th
and 8
th
grade students at rural schools in
Campo Grande, Mato Grosso do Sul. It was verified that these students do not
have any knowledge about correct stocking, usage and handling of such products
as well as they are not sure about the final destination of the used flasks. The
questions related to environmental contamination it was verified that the students
do not have clear comprehension about the subject and there was great difficult in
answering the questions about the subject. It is suggested that governmental
measures are discussed involving State and Municipal spheres in order to develop
the actions to that specific public aiming to clarify about the risks coming from the
usage of pesticides products.
KEY-WORDS: Rural schools; pesticides; environmental contamination.
11
1. INTRODUÇÃO
Em Mato Grosso do Sul predomina a atividade agropecuária, e, nos últimos
anos, indústrias têxteis e de transformação de produtos alimentícios estão sendo
instaladas no Estado como também na capital, Campo Grande. No
desenvolvimento da agricultura de praticamente todos os municípios, destacam-
se as culturas de soja, milho e algodão e outro setor que encontra-se em forte
expansão é o sucroalcooleiro (SEPROTUR, 2006).
Apesar de ser característica do Estado as grandes áreas de exploração
agrícola, verifica-se, também, um elevado número de assentamentos
evidenciando, desta forma, pequenas áreas que são ocupadas por agricultores
que desenvolvem atividades agrícolas voltadas para subsistência e para o cultivo
diversificado.
Na prática agrícola, a utilização de insumos é comum em pequenos,
médios e grandes agricultores. Dentre os produtos mais utilizados destacam-se
os agrotóxicos, que são substâncias químicas naturais ou sintéticas, destinadas a
controlar ou combater pragas, doenças e plantas invasoras. Por isso, a sua
utilização deve ser feita de maneira segura, pois o manuseio indevido desses
produtos tem causado problemas à saúde humana e ao meio ambiente. Sob esse
enfoque surgiu a regulamentação desses produtos em forma de lei, assim, todos
os elos da cadeia, isto é, a indústria, o comércio, o agricultor e o órgão
fiscalizador ficam responsáveis pela utilização desses produtos dentro de suas
áreas de competências.
Mesmo a legislação englobando praticamente tudo no que se refere aos
agrotóxicos, não se observa o cumprimento desta na prática. As informações
sobre os cuidados na utilização dos produtos agrotóxicos, nem sempre são
utilizadas de maneira eficiente. Segundo Albuquerque (2000), as dificuldades
encontradas na difusão de conhecimentos ao homem do campo são mais
12
notadas, por meio de vários fatores que inviabilizam esse repasse de
informações, como: a população rural dispersa, o deslocamento precário e o
baixo nível de escolaridade.
Apesar de estar sendo difundida a agricultura orgânica sem a utilização de
agrotóxicos, a adoção desta prática agrícola é quase impossível por grandes
produtores rurais, e até mesmo para o pequeno agricultor, pois as informações
sobre métodos alternativos para o controle e o combate de pragas e plantas
invasoras não são suficientes (SINDAG, 2006).
No meio rural, a proximidade com os agrotóxicos é grande, inclusive por
adolescentes e crianças, pois essa população tem na agricultura familiar com o
uso de agrotóxico a base de sua economia. Esse público necessita de
informações a respeito dos produtos agrotóxicos, para evitar, assim, o
continuísmo da falta de conhecimento e, em alguns casos, a banalização do
tema, pois estes serão os futuros produtores e trabalhadores na agricultura.
Como diferentes estudos apontam para o comprometimento da saúde
humana e do meio ambiente pelos agrotóxicos, acredita-se ser importante
investigar a percepção dos filhos dos agricultores de comunidades que
desenvolvam a agricultura familiar com o uso de agrotóxicos, em relação aos
riscos causados pelo uso dos mesmos.
O objetivo do presente trabalho foi caracterizar o perfil da população
discente de 5ª a 8ª séries de sete escolas rurais municipais de Campo Grande,
MS, analisar o conteúdo programático das disciplinas das escolas rurais que
abordem o tema agrotóxicos e investigar a percepção destes estudantes sobre o
uso dos agrotóxicos e os riscos à saúde humana e ao ambiente.
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Mato Grosso do Sul
O estado de Mato Grosso do Sul está localizado entre as latitudes
17º01’00“ N e 24º05’45” S, e as longitudes 50º56’00“ L e 58º10’00” O, situado na
região Centro-Oeste do Brasil, e faz limites ao norte com os Estados de Mato
Grosso e Goiás; a leste, com Minas Gerais e São Paulo; ao sul, com o Paraná e o
Paraguai e a oeste, com o Paraguai e a Bolívia. O Estado abrange duas bacias
hidrográficas, a do Paraguai e do Paraná, com uma área de 357.124,96 km
2
,
possuindo 78 municípios (SEPLANCT, 2003) e segundo o IBGE (2000), a
população de Mato Grosso do Sul é constituída por 2.078.001 habitantes, e a
população rural é de 330.895 habitantes.
Na pecuária há predomínio da produção extensiva de gado, e algumas
atividades como a avicultura e a suinocultura são destacadas entre pequenos e
médios produtores (SEPLANCT, 2003).
Na produção agrícola, destacam-se os grãos e o algodão. Na safra de
2004/2005, a produção de grãos foi de 5.873.000 toneladas e a de algodão
111.000 toneladas (IBGE, 2006).
A instalação de usinas de açúcar e álcool tem contribuído para o aumento
de áreas de plantio de cana-de-açúcar. Segundo o Conselho de Desenvolvimento
Industrial (CDI), existem aproximadamente 39 solicitações de incentivos fiscais
para instalação de usinas, sendo que hoje, estão instaladas onze usinas de
açúcar e álcool no Estado (CDI, 2006).
A economia de Mato Grosso do Sul tem como base a agropecuária e o
fornecimento de matérias-primas para a agroindústria. O Estado conta com
14
49.423 propriedades rurais, e nestas, a atividade pecuária ocupa 65,9% e a
agricultura, 24,7%. O Estado possui perspectivas de aumentar o processo de
industrialização para a agregação de valores nos produtos oriundos da atividade
agropecuária (SEPLANCT, 2003).
O turismo apresenta- se como uma excelente fonte de diversificação da
economia de Mato Grosso do Sul. O Estado tem grande potencial turístico,
destacando-se o Pantanal Sul-Mato-Grossense com imensas riquezas de fauna e
flora (SEPLANCT, 2003).
No Estado de Mato Grosso do Sul existem 119 assentamentos rurais
criados pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA-MS) e
nove criados pelo governo do Estado. No total são 25.131 famílias assentadas em
uma área de 590.633,5273 hectares (INCRA-MS, 2002 citado por PLANURB, 2006).
Com relação à educação, os serviços públicos respondem por mais de
88% da demanda por vagas. O maior crescimento no número de salas de aulas
expressa a necessidade de ampliar a oferta de vagas nas escolas, mas também
reflete a modernização das estruturas de apoio à educação e ampliação dos
conceitos de educação escolar, oferecendo novas opções e alternativas de
aprendizagem (SEPLANCT, 2003).
2.2 Campo Grande
A Capital de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, está localizada no centro
do Estado, ocupando 2,27% de sua área total, com 8.118,4 km
2
. A capital fica a
uma altitude de 532 m do nível do mar, nas coordenadas 20°26’34’’ latitude Sul, e
54°38’47’’ longitude Oeste.
Em 1872, no início da povoação de Campo Grande, comandada pelo
desbravador mineiro José Antônio Pereira, o município era denominado Arraial de
Santo Antônio do Campo Grande. Em 1889, chega ao pequeno povoado José
Rodrigues Benfica que funda a primeira escola (PEREIRA, 2002).
15
No início da colonização dessas áreas, eram plantadas culturas de
subsistência para alimentação dos caravaneiros que passavam rumo a outros
rincões e dos migrantes que aqui se instalavam. Campo Grande era então
descrita com vegetação luxuriante e terra argilosa, vermelha e roxa, com
abundante cobertura, ideal para lavoura (PEREIRA, 2002).
Assim como a agricultura se desenvolveu, a pecuária foi introduzida com
muito sucesso. Os potenciais de desenvolvimento dessas atividades se
adaptavam às características climáticas e ambientais do local (PEREIRA, 2002).
Segundo o IBGE no último censo realizado em 2000, a população de
Campo Grande era constituída por 663.621 habitantes, sendo a população rural
formada por 7.707 habitantes, e a população estimada em 2006 é de,
aproximadamente, 765.247 habitantes. Em 2002, segundo o cadastramento
realizado pelo INCRA (2002 citado por PLANURB, 2006), o número de
propriedades rurais era de 2.437 propriedades.
A agricultura no município de Campo Grande não tem grande expressão
quando comparada a cidades tradicionalmente agrícolas, como Dourados, São
Gabriel do Oeste e Chapadão do Sul. Segundo o IBGE (2006), as culturas mais
plantadas no município de Campo Grande estão apresentadas no Quadro 1.
QUADRO 1 - Área plantada em hectares das principais culturas produzidas no
município de Campo Grande, MS
Cultura Área plantada (ha) Cultura
Área plantada
(ha)
Banana 8 Arroz 880
Coco 3 Batata-doce 8
Laranja 12 Cana-de-açúcar 40
Limão 7 Feijão 170
Mamão 6 Mandioca 100
Manga 15 Milho 2.041
Maracujá 3 Soja 5.050
Uva 12 Sorgo granífero 118
Abacaxi 5 Tomate 20
Melancia 4 Trigo 150
Fonte: IBGE-Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Unidade Estadual em MS.
Setor de Documentação e Disseminação de Informações. Estimativa da produção agrícola.
Campo Grande, MS: SDDI, 2006.
16 Abastecimento (CEASA/MS) que
comercializa 94 0 toneladas de produtos hortifrutigranjeiros por ano. Os
principais municípios que abastecem a
17
Em julho de 1989 foi publicada a segunda Lei nº 7.802, de 11 de julho de
1989 (BRASIL, 1989), conhecida por Lei dos Agrotóxicos, sendo até hoje
utilizada, acrescida da Lei nº 9.974, de 6 de junho de 2000 (BRASIL, 2000), e do
Decreto nº 4.074, de 4 de janeiro de 2002 (BRASIL, 2002). Este foi ajustado
recentemente para incorporar o tema do destino final das embalagens de
agrotóxicos – Decreto nº 5.981, de 6 de dezembro de 2006 (BRASIL, 2006).
No Estado de Mato Grosso do Sul, a Lei nº 1.238 de 18 de dezembro de
1989, Lei nº 2.951, de 17 de dezembro de 2004, e o Decreto n° 12.059, de 17 de
março de 2006, estabelecem normas e procedimentos para disciplinar o uso,
consumo, comércio e destino final dos agrotóxicos. Nesse novo Decreto também
foram acrescidos os temas que dizem respeito ao destino final das embalagens
desses produtos (IAGRO, 2006).
Na legislação estadual, a Secretaria de Estado de Produção,
Desenvolvimento e Turismo (SEPROTUR), por intermédio da Agência Estadual
de Defesa Sanitária Animal e Vegetal de Mato Grosso do Sul (IAGRO), executa
atividades de fiscalização, desde a aquisição, comércio, transporte,
armazenamento e destino final de produtos agrotóxicos (IAGRO, 2006). O Estado,
por intermédio da IAGRO, faz o cadastramento dos agrotóxicos comercializados
em seu território por solicitação da indústria. Hoje, segundo a IAGRO (2006) são
975 produtos agrotóxicos cadastrados até o mês de outubro de 2006.
No município de Campo Grande são plantadas, segundo o Instituto de
Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural de Mato Grosso do Sul (IDATERRA),
culturas de subsistência, como arroz, feijão e mandioca, sendo mais significativa a
produção de hortaliças. O município tem cerca de 450 produtores rurais e no
cultivo de hortaliças, são aproximadamente 100 produtores (IDATERRA, 2006).
Em Campo Grande estão localizadas algumas revendas de produtos
agrotóxicos, sendo totalizadas até setembro de 2006 15 empresas (IAGRO,
2006). Existem duas cooperativas agrícolas em Campo Grande, que atendem
cerca de 350 produtores rurais (COOPGRANDE, 2005; CAMDA, 2005).
Cada revenda de produtos agrotóxicos possui um responsável técnico
pelos produtos armazenados e comercializados, de acordo com a exigência da
18
Lei Estadual nº 1.238, de 18 de dezembro de 1991. O responsável técnico pode
ser um engenheiro-agrônomo ou engenheiro florestal, dependendo dos produtos
comercializados, ou um técnico agrícola, desde que tenha assinado em sua
carteira profissional o embasamento legal que o autoriza a ser responsável
técnico por uma empresa.
O responsável técnico, além de ser responsável pela integridade dos
produtos armazenados, poderá, também, emitir um receituário agronômico direto
para o produtor adquirir o produto agrotóxico, conforme estabelece a legislação
estadual de agrotóxicos.
Por meio da marca comercial e do princípio ativo desses produtos, podem-
se chegar ao grupo químico a que ele pertence e assim conhecer os perigos que
os usuários estão sujeitos quando adquirem esses produtos.
Os cuidados necessários para quem manipula os agrotóxicos estão
descritos na bula e no rótulo dos produtos e também no receituário agronômico
emitido na compra desses produtos. Informações quanto ao uso de equipamento
de proteção também devem estar contidas nesse documento.
O equipamento de proteção individual (EPI) que é atualmente orientado
para a aplicação de produtos agrotóxicos, é de uso individual composto de boné
árabe (com abas compridas para cobrir a região do pescoço, abaixo dos olhos e
boca), viseira, máscara simples, camisa de manga comprida, calça comprida,
tudo isso tratado com teflon, impedindo a penetração da água. O uso de luvas e
botas de borracha também faz parte da recomendação, sendo que em
levantamento feito nas revendas de Campo Grande, foram observados que das
15 lojas, apenas 7 dispunham de EPI, para aplicação de agrotóxicos.
A preocupação com a utilização de produtos agrotóxicos de forma segura
vem tomando vulto desde a implantação da lei estadual. Ela prescreve as
19
Alguns órgãos governamentais e não-governamentais têm realizado ações
quanto à divulgação do uso correto de agrotóxicos. Destes, destaca-se o Serviço
Nacional de Aprendizagem Rural – Administração Regional de Mato Grosso do
Sul (SENAR-AR/MS), que realiza cursos para aplicadores de produtos
agrotóxicos. Segundo o SENAR-AR/MS, em 2005 foram 91 pessoas treinadas e a
previsão para 2006 é dobrar esse número (SENAR-AR/MS, 2006).
A IAGRO também realiza palestras educativas para produtores rurais, em
assentamentos, escolas e universidades, quanto à legislação que rege, desde a
aquisição, o transporte, o armazenamento, o uso até o destino final das
embalagens de agrotóxicos.
2.4 Destino Final das Embalagens de Agrotóxicos
Em Mato Grosso do Sul, o Instituto Nacional de Processamento de
Embalagens Vazias de Agrotóxicos (INPEV) coordena a implantação de centrais
e postos de recebimento desses produtos. Hoje, no Estado, têm-se oito centrais
em operação, dois postos de recebimento, cinco em construção e quatro em
processo de negociação para implantação (INPEV, 2006).
A diferença entre um posto e uma central de recebimento é que o primeiro
apenas recebe as embalagens de agrotóxicos e encaminha para uma central. Já
a segunda, recebe embalagens dos postos e de produtores, faz a prensa e as
envia para reciclagem ou incineração, quando for o caso (INPEV, 2006).
Os postos e as centrais recebem, além das embalagens com tríplice
lavagem, as embalagens contaminadas, isto é, as que não podem ser tríplice
lavada, ou porque não são miscíveis em água ou são de produtos em desuso
(INPEV, 2006).
A tríplice lavagem é uma prática recomendada há algum tempo e que
agora está contemplada na legislação federal e estadual. Esta prática consiste em
lavar a embalagem por três vezes consecutivas assim que o produto do seu
20
interior acabar, a quantidade de água colocada para retirar algum resquício de
produto é 1/3 do total de seu volume, sendo esta água contaminada é devolvida
para o pulverizador.
Segundo a ANDEF (1998), essas embalagens, depois da tríplice lavada,
contêm menos de 100 ppm de ingrediente ativo, podendo ser transportadas como
lixo comum, mas nunca reutilizadas. O símbolo da tríplice lavagem é um triangulo
com uma gota dentro, significando economia, segurança e ambiente.
As embalagens laváveis são as rígidas, de plástico, metálicas e de vidro
que acondicionam formulações líquidas de agrotóxicos e podem ser diluídas em
água. As embalagens não-laváveis são as flexíveis ou rígidas, que acondicionam
formulações que não são diluídas em água. Embalagens flexíveis são sacos de
plástico ou de papel, metalizadas, mistas ou de outro material flexível.
Embalagens rígidas são aquelas que contêm produtos para tratamento de
sementes e de ultrabaixo volume (UBV) e também formulações oleosas. As
embalagens secundárias são aquelas que não entram em contato com os
agrotóxicos e são consideradas não contaminadas, como as caixas de papelão,
cartuchos de cartolina, fibrolatas e termomoldáveis (ANDEF, 2001).
Em Campo Grande, a central de recebimento está localizada no anel
Rodoviário, ao lado do Aterro Sanitário, s/nº, saída para Sidrolândia. Foi
inaugurada no dia 4 de junho de 2004 e, em 2005, o volume recebido nessa
central foi de 37,62 toneladas de embalagens, e a meta prevista para 2006 é de
75 toneladas.
Conforme a ANDEF (2001), as embalagens de agrotóxicos têm, conforme
a sua composição, os seguintes destinos:
não laváveis: altos fornos de incineradores industriais licenciados;
laváveis: indústrias de reciclagem;
embalagens secundárias: incineradores industriais.
Existem dois incineradores industriais para agrotóxicos no Estado de São
Paulo, um da BASF e o outro da Clariant (INPEV, 2006).
21
No Brasil são oito empresas que reciclam as embalagens vazias de
produtos agrotóxicos, e estão localizadas nos Estados de Mato Grosso, Minas
Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo. Elas produzem diferentes artigos
oriundos da reciclagem (Figura 1), sendo conduítes corrugados (para embutir
fiação elétrica), embalagens para óleo lubrificante, dutos corrugados, luvas para
emenda, barricas de papelão, tampas para embalagens de defensivos agrícolas,
caixa para bateria e fiação elétrica (INPEV, 2006).
Para o transporte das embalagens devolvidas dos postos para as centrais
de recebimento, e destas para o destino final, é utilizado o conceito de logística
reversa, que consiste em reaproveitar o caminhão que leva os agrotóxicos para
os revendedores e que voltariam vazios. A empresa que faz o transporte dessas
embalagens no Brasil é o Grupo Luft.
Figura 1 - Produtos derivados de embalagens recicladas de agrotóxicos.
Fonte: INPEV-Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias. Destino das
embalagens. 2006. Disponível em: <http://www.inpev.org.br> . Acesso em: 5 mar. 2006.
O Brasil tem sido referência em reciclagens de embalagens de produtos
agrotóxicos, conforme mostra a Figura 2. Esse fato deve-se às intensas
campanhas de esclarecimento e divulgação por parte das empresas produtoras
de agrotóxicos como também dos órgãos governamentais.
Conduíte corru
g
ado Caixa para fiação elétrica Barrica de papelãoCaixa
p
ara bateria
Embalagem para
óleo lubrificante
Tam
as Dutos corru
g
ados Luvas
p
ara emendas
22
Os custos da reciclagem no Brasil são considerados baixos, quando
comparados a outros países, conforme demonstrado na Figura 3 (INPEV, 2006).
Figura 2 - Porcentagem das embalagens de plástico recicladas em diferentes
países.
Fonte: INPEV-Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias. Destino das
embalagens. 2006. Disponível em: <http://www.inpev.org.br> . Acesso em: 5 mar. 2006.
23
2.5 Intoxicações por Agrotóxicos
Os produtos agrotóxicos são perigosos, sendo que para utilizá-los, é
necessário um conhecimento mínimo dos cuidados durante o seu uso, para
preservação do meio ambiente e da saúde dos trabalhadores e consumidores
(MONIZ et al., 2003).
O risco de uma intoxicação por agrotóxicos é em função da toxicidade e da
exposição ao produto. A via de entrada no corpo humano pode ser oral,
respiratória ou dérmica, tendo esta um potencial de intoxicação 50 vezes maior
que as vias oral e respiratória. Vários fatores podem influenciar no risco de
intoxicação, dentre eles, os mais comuns são: a falta de proteção durante o
manuseio com os agrotóxicos, a falta de higiene após a aplicação destes e a
manipulação em ambientes fechados (DALDIN et al., 2003).
Quando ocorre a entrada do agrotóxico no ser humano, o organismo entra
em um processo de autodefesa para neutralizar a ação tóxica do produto. Quando
essa ação atinge certos limites é manifestada, e só diminui ou cessa quando
esses limites forem reduzidos. Assim, podem-se definir dois tipos de intoxicações:
a aguda e a crônica. A intoxicação aguda evidencia-se quando a exposição ao
produto agrotóxico ocorre por um período curto e em altas doses, já a crônica
ocorre quando a pessoa fica exposta ao produto por longos períodos e em baixas
doses. Outros fatores influenciam essas intoxicações, como idade e estado
nutricional do indivíduo (ZAMBRONE e MELLO, 1996).
Além dos estudos sobre os riscos de intoxicações, outros estudos
especiais são realizados na liberação de produtos agrotóxicos para
comercialização, tais como:
estudos sobre carcinogenicidade – que é a produção do câncer, ou o
processo anormal, não controlado de diferenciação e proliferação celular. Essas
informações são obtidas a partir da administração de doses diárias de uma
substância na dieta dos animais, pelo período da metade do tempo de sua vida
útil;
24
estudos sobre teratogenicidade – que é um defeito estrutural ou
comportamental no feto quando a exposição ocorre durante a gravidez. Tais
informações são obtidas a partir da administração de doses diárias de uma
substância na dieta de animais fêmeas grávidas pelo período de organogênese,
que é o período de desenvolvimento e formação dos órgãos do feto;
estudos sobre mutagenicidade – que é toda alteração do material
genético de uma célula que não resulta de segregação ou recombinação. Essas
informações são obtidas a partir da administração de doses diárias de uma
substância via intravenosa em animais machos, pelo período de cinco dias antes
do acasalamento. São realizados estudos também sobre efeitos na prole. É
administrada diariamente uma substância por duas ou três gerações para
observação da fertilidade e reprodução desses animais;
estudos neurotóxicos – que são realizados em aves. É administrada uma
dose próxima da letal por via oral e observadas por 14 dias as alterações motoras
e de comportamento. Após esse período, as aves são sacrificadas e nelas é feito
um exame histopatológico a fim de verificar alterações no sistema nervoso
(PUGA, 2001).
Os produtos agrotóxicos são classificados toxicologicamente da seguinte
forma (BRASIL, 2000):
Classe I..... Extremamente tóxico...... faixa vermelha;
Classe II.... Altamente tóxico............. faixa amarela;
Classe III... Medianamente tóxico..... faixa azul;
Classe IV.. Pouco tóxico................... faixa verde.
Para essa classificação são realizados testes sobre irritação ocular,
dérmica, sensibilidade dérmica, dose letal oral aguda (DL
50), dose letal dérmica
aguda (DL
50) e concentração letal inalatória (CL50). A dose letal 50 quer dizer que
é a dose aplicada que provoca a morte de 50% dos animais em teste, assim como
a concentração letal provoca a morte de 50% dos animais em teste por meio da
aplicação do produto via inalatória.
25
Apesar da embalagem do produto agrotóxico apresentar essas
classificações não se pode apenas por esta informação tomar maiores ou
menores precauções na sua utilização, já que o risco de intoxicação também se
dá por outros fatores, como o tempo de exposição, estado nutricional do aplicador
e outros (STUZER e GUIMARÃES, 2003).
Os cuidados a serem tomados pelos usuários devem ser desde a aquisição
do produto agrotóxico, o transporte, o armazenamento, a utilização de EPI, o
preparo da calda, a tecnologia de aplicação até a destinação final das
embalagens (MONIZ et al., 2003).
2.6 Educação Rural
O homem é um ser consciente, capaz de evoluir por meio de sua própria
vontade, isso o faz mais desenvolvido de todos os seres vivos. Como está sempre
à procura de conhecimento, mais ele toma consciência de que é um ser
inacabado, alimentando ainda mais essa ânsia em adquirir conhecimento. Assim,
toda descoberta, invenção, quando finda, recomeça outra busca, novos interesses
são almejados (FREIRE, 1993).
Por meio do aprendizado diário e das transformações que ocorrem, o
homem nunca cessa sua sede de conhecimento, desde a infância até a
senilidade. As mudanças são perceptíveis na infância, na adolescência, nas fases
jovem e adulta, os indivíduos deixam de ser dependentes para se tornarem
independentes. As experiências que vão se acumulando servirão de base para o
aprendizado futuro (FREIRE, 1993).
Pesquisas mostram que não é a idade, mas o tipo de ensino que vai
determinar a aprendizagem. Indicam também que algumas funções do cérebro
são moldadas com o tempo de acordo com a experiência de cada indivíduo
(RIBEIRO, 2004). O homem, por meio das relações que tem com o mundo, vai
criando, decidindo, dinamizando a sua volta, vai agregando valores e
26
conhecimentos que contribuem para que seu aprendizado nunca cesse (FREIRE,
1993).
A educação no meio rural surgiu no fim do segundo império, em função da
necessidade de mão-de-obra especializada no setor agrícola daquela época. Com
a abolição da escravatura e a monocultura intensiva da cana–de–açúcar, café e a
escassez de pessoal especializado, tornou-se viável a implantação do ensino
rural com a intenção de suprir tais carências (THERRIEN e DAMASCENO, 1993).
Com o passar dos anos foram surgindo as escolas técnicas agrícolas,
sendo a primeira no Estado da Bahia, que mais tarde se tornou a primeira Escola
de Agronomia. O pensamento da época era formar os trabalhadores rurais para
que permanecessem no campo, que formassem o alicerce da produção, pois a
riqueza maior do país está na agricultura (THERRIEN e DAMASCENO, 1993).
Algumas experiências com programas de educação rural de outros países
foram implantadas a partir da década de 1940 e expandidas para todo o País. Na
época foi criada a Campanha Nacional de Educação Rural, que tinha dentre seus
objetivos preparar, por meio da educação de base, técnicos para atender as
necessidades do meio rural, desde as assistenciais, sanitárias, até orientações
técnicas (THERRIEN e DAMASCENO, 1993).
Foram verificadas as disparidades regionais entre o sudeste e o nordeste
após alguns anos. Houve também interesse dos Estados Unidos em ajudar
financeiramente alguns programas para o desenvolvimento regional, surgindo a
partir dessa data novos programas. Dentre estes destacam-se: Programa
Intensivo de Preparação de Mão-de-Obra Agrícola (PIPMOA), em 1963;
Programa Diversificado de Ação Comunitária (PRODAC); Serviço Nacional de
Formação Profissional Rural (SENAR), em 1976; Centro Rural Universitário de
Treinamento e de Ação Comunitária (CRUTAC), em 1965; e o Projeto Rondon,
em 1968 (THERRIEN e DAMASCENO, 1993).
Paralelas a esse desenvolvimento foram verificadas mudanças sociais que
se expandiram e deram origem a várias outras linhas de pensamento, tanto entre
os produtores rurais como também entre os trabalhadores, surgindo as
associações e os sindicatos, todas entidades organizadas que têm por objetivo
27
sanar os problemas do meio rural que, apesar de ser antigo e amplamente
discutido sob vários aspectos, ainda se encontra sem um delineamento claro para
a execução e desenvolvimento com êxito.
A educação no meio rural tende a ser mais heterogênea, isto é, as
condições em que os educadores encontram em relação aos educandos é mais
intensa, já que estão mais perto e ao mesmo tempo mais isolados
geograficamente de grandes aglomerações. Além dos conteúdos pedagógicos
ministrados pelo professor do meio rural, ele está geralmente presente nos
movimentos, nas atividades comunitárias. Pela própria força do movimento social
de luta pela terra, que no Brasil é constante, o professor acaba se integrando
como mediador ou desempenhando outro papel de importância nesses processos
sociais ((THERRIEN e DAMASCENO, 1993).
A primeira evidência da diferença da escola rural é que na maioria das
vezes é multisseriada, são ministradas aulas de mais de uma série na mesma
sala. Um só professor intercala as matérias ao mesmo tempo entre uma e outra
série. A princípio fica difícil compreender essa dinâmica, mas com o devido
manejo conseguem-se superar as dificuldades. Um dos pontos que fazem com
que seja possível tal tarefa é que geralmente nas escolas rurais o número de
alunos é pequeno, podendo haver mais controle dentro da sala de aula (GATTI et
al., 1993).
Como existe algumas vezes a dificuldade da comunicação, já que em
algumas escolas a diretoria não fica nelas e sim na área urbana, isso afeta o
funcionamento da escola, bem como dos discentes que recebem informações que
não são enriquecidas por meio de uma troca de experiências entre a comunidade
escolar, composta de professores, alunos, coordenadores, funcionários da escola
e sociedade (GATTI et al., 1993).
3. MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa foi realizada em escolas municipais rurais de Campo Grande,
MS, no ensino fundamental de 5ª a 8ª séries, no período de 07 de março de 2006
a 30 de maio de 2006. A amostra foi constituída por 645 estudantes e a aplicação
dos questionários foi de forma coletiva, durante o período de aula.
Para a investigação e caracterização perceptiva dos alunos, foi realizada
uma abordagem quantitativa como referência metodológica, através de um
questionário com perguntas estruturadas na forma de três questionários
compostos de 24 perguntas abertas e fechadas (Apêndice A).
Antes da distribuição dos questionários foi explicado como preencher os
mesmos. Os alunos responderam aos questionários individualmente, com a
finalidade de evitar que as respostas sofressem influências que viessem a
mascarar os resultados finais. Não houve a identificação do nome do aluno nos
questionários.
No Quadro 2 é apresentado o número de alunos de 5ª a 8ª séries
matriculados separados por série no ano de 2006 nas escolas rurais de Campo
Grande, MS. As sete escolas rurais foram identificadas com as letras do alfabeto
de A até G.
29
QUADRO 2 - Número de alunos de 5ª a 8ª séries matriculados no ano de 2006.
Séries
Instituição de Ensino
Total
1
Arnaldo Estevão de
Figueiredo
69 60 62 51
242
2 José do Patrocínio
25 18 19 19
81
3
Orlandina Oliveira
Lima
24 33 24 20
101
4
Barão do Rio
Branco
16 16 15 9
56
5
Darthesy Novaes
Caminha
46 32 35 29
142
6 Onira Santos Rosa
15 12 7 1
35
7 Oito de Dezembro
36 23 26 16
101
Total 231 194 188 145 758
Fonte: SEMED-Secretaria Municipal de Educação. Setor de Escolas Rurais. Relação de alunos
matriculados nas escolas rurais de Campo Grande. Campo Grande, MS: SEMED, 2006b.
Para traçar o perfil dos discentes que freqüentam as escolas rurais de 5ª a
8ª séries, bem como avaliar seu conhecimento sobre os temas agrotóxicos e
contaminação ambiental, foram distribuídos questionários (Apêndice A) em sala
de aula para todos os alunos presentes, deixando claro que o tempo para
preenchimento era livre. Foi verificado que o tempo gasto para responder todas
as questões variou de 5 a 20 minutos. O total de estudantes que participaram
desta pesquisa corresponde a 86% dos alunos matriculados.
Na caracterização do perfil dos estudantes foi aplicado o questionário 1
(Apêndice A) com perguntas referentes aos próprios entrevistados, como: idade,
sexo, procedência, se tem moradia no meio rural ou urbano, se auxilia os
trabalhos de campo e o que faz.
No questionário 2 (Apêndice A), foram abordadas questões referentes aos
agrotóxicos, tais como: o que é agrotóxico, se utiliza ou não agrotóxicos em casa,
se o estudante já aplicou algum agrotóxico, onde são armazenados os produtos,
30
se já ouviu falar em intoxicação, onde ouviu falar de agrotóxicos e conhecimento
sobre o destino final das embalagens de agrotóxicos.
No questionário 3 (Apêndice A), foram levantadas questões sobre
contaminação ambiental, descrição das culturas plantadas na região onde
residem e se são utilizados agrotóxicos nas culturas.
Após o preenchimento os questionários foram tabulados, utilizando as
análises qualitativas e descritivas do programa Sphinx 2.0 (SPHINX LÉXICA,
1995) no qual foram digitalizadas as respostas e, em seguida, realizadas as
análises individuais e, posteriormente, realizados os cruzamentos das respostas
para confrontação de dados. Os resultados foram apresentados em forma de
quadros, tabelas e figuras para interpretação e discussão.
No levantamento das grades curriculares foram realizadas visitas nas
escolas e na Secretaria de Educação Municipal (SEMED), para averiguação
documental dos conteúdos programáticos das disciplinas administradas nas 5ª ,
6ª, 7ª e 8ª séries de ensino do nível fundamental.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em Campo Grande existem 17 escolas rurais de ensino fundamental, e,
destas, apenas sete ministram aulas de 5ª a 8ª séries. Algumas funcionam como
escolas-pólo, onde a direção funciona em Campo Grande; outras possuem
direção e administração próprias.
Os levantamentos realizados permitiram constatar que os turnos de
funcionamento da maioria das escolas são os períodos matutino e vespertino,
exceto na Escola Agrícola Arnaldo Estevão de Figueiredo, onde o período é
integral.
No Quadro 3 está o número de questionários que foram aplicados por série
nas sete escolas rurais de Campo Grande, MS.
QUADRO 3 – Dados referentes ao número de questionários aplicados por série.
Escolas
Séries
Arnaldo
Estevão
de
Figueiredo
José
do
Patrocínio
Orlandina
Oliveira
Lima
Barão
do
Rio
Branco
Darthesy
Novaes
Caminha
Onira
Santos
Rosa
Oito
de
Dezembro
Total
54 18 22 16 43 12 31 196
50 14 26 15 21 12 22 160
59 17 19 14 30 6 26 171
45 18 8 9 23 2 13 118
Total 208 67 75 54 117 32 92 645
32
4.1 Grade Curricular
Ao proceder à análise da grade curricular do Ensino Fundamental das
escolas, constatou-se que não diferem entre si, exceto a grade apresentada pela
escola agrícola Arnaldo Estevão de Figueiredo, onde as disciplinas são
diferenciadas, voltadas às práticas agrícolas, zootécnicas, industriais e
comerciais, além das disciplinas tradicionais dadas em todas as escolas, como:
língua portuguesa, matemática, geografia, história, ciências, língua estrangeira
(inglês), educação física, educação artística e ensino religioso (SEMED, 2006a).
Nas diretrizes curriculares das escolas municipais, foram analisadas todas
as disciplinas de 5ª a 8ª séries com o objetivo de identificar de que forma e em
quais disciplinas os temas “agrotóxicos” e “contaminação ambiental” eram
abordados. Foi verificado que somente na disciplina de ciências houve
explanação sobre esse assunto.
Na 5ª série, constatou-se que, na grade curricular, a disciplina de ciências
tem seu eixo temático sobre vida e ambiente. Nele são abordados conceitos
sobre seres vivos, cadeias alimentares e o solo. Dentro deste foi observada a
explanação sobre alterações ambientais, desmatamento, erosão, assoreamento,
lixo e a importância da reciclagem e reutilização do lixo. Conceitos sobre o ar e
água, como efeito estufa, chuva ácida e queimadas, são abordados também em
relação ao meio ambiente.
Dentro das disciplinas ministradas nas 6ª e 7ª séries de todas as escolas,
não foram encontradas nenhuma referência sobre os temas agrotóxico e meio
ambiente, exceto na escola agrícola Arnaldo Estevão de Figueiredo.
Já nas 8
as
séries foi observado que esses temas também são abordados
na disciplina de ciências, onde os eixos temáticos são recursos tecnológicos, vida
e ambiente. Os conceitos abordados discorrem sobre a história e evolução da
química, os fenômenos químicos e as relações com o meio ambiente e a saúde,
como poluição, chuva ácida, queimadas, efeito estufa e a camada de ozônio.
Também nessa disciplina foram verificados conceitos sobre substâncias químicas,
33
misturas, combinações e separações de misturas, sobre fertilizantes e
agrotóxicos, petróleo e seus derivados.
Na escola agrícola Arnaldo Estevão de Figueiredo, todas as séries de 5ª a
8ª discorrem a respeito dos temas agrotóxicos e meio ambiente, que são
ministrados nas disciplinas de agricultura e ciências.
4.2 Caracterização do perfil dos Estudantes das Escolas Rurais
Após tabulação e análise dos dados obtidos, foi possível constatar que
mais de 70% dos estudantes se encontram na faixa etária de 11 a 14 anos,
enquadrando-se dentro da normalidade para as séries correspondentes. Alunos
com mais de 17 anos são minoria (Tabela 1).
TABELA 1 – Dados referentes às características dos indivíduos entrevistados
quanto a faixa etária.
Dos alunos que preencheram os questionários, 53,2% são do sexo
masculino e 46,8% do sexo feminino (Figura 5), indicando uma ligeira
superioridade do número de alunos do sexo masculino sobre o número de alunos
do sexo feminino.
Idade Nº de alunos Freqüência (%)
Não respondeu 3 0,5
De 9 a 10 anos 54 8,4
De 11 a 12 anos 235 36,4
De 13 a 14 anos 234 36,3
De 15 a 16 anos 89 13,8
De 16 a 17 anos 12 1,9
Mais de 17 anos 18 2,8
Total de entrevistados 645 100
34
53,2%
46,8%
masculino
feminino
Figura 5 – Representação do número de indivíduos entrevistados quanto ao sexo.
Mais da metade dos alunos entrevistados deixou de responder a questão
que se refere aos trabalhos que desenvolvem no campo (Tabela 2). Daqueles que
responderam, 16,6% desenvolvem serviços como manejo de gado, 15,6%
atividades agrícolas, 9,7% auxiliam na manutenção da propriedade e 1,1,%
manutenção de máquinas e equipamentos agrícolas. O número total de respostas
foi maior em relação ao número de entrevistados porque alguns alunos
responderam mais de um item.
TABELA 2 – Dados referentes às características dos indivíduos entrevistados
quanto à atividade no campo.
Atividade no campo Nº de respostas Freqüência (%)
Não respondeu 398 57
Manejo de gado 116 16,6
Atividades agrícolas 109 15,6
Manutenção da propriedade 68 9,7
Manejo de máquinas e equipamentos 7 1,1
Total de respostas 698 100
Dentre os alunos que trabalham no campo, constatou-se que o número de
alunos do sexo masculino é o dobro (206) em relação ao sexo feminino (101)
(Figura 6). As respostas permitiram inferir que as alunas auxiliam nas tarefas
domésticas.
35
sim
206
101
não
137
201
masculino feminino
0
338
Figura 6 – Representação do número de indivíduos entrevistados que trabalham
no campo quanto ao sexo.
4.3 Levantamento da Percepção dos Estudantes sobre Agrotóxicos
Verifica- se que, apesar de serem assuntos contemplados nas diretrizes
curriculares, o conteúdo não conseguiu promover a compreensão dos estudantes,
pois as respostas obtidas sobre os temas forão inseguras e, às vezes,
conflitantes. Sobre os produtos agrotóxicos, mais de 80% dos alunos
responderam “
já terem ouvido falar sobre eles” (Figura 7).
Figura 7 – Representação da porcentagem de indivíduos entrevistados em
relação ao conhecimento sobre agrotóxicos.
sim
80,9%
não
15,7%
não sei
3,3%
não
respondeu
0,2%
36
Dos entrevistados, 60% responderam ter visto ou ouvido falar dos
agrotóxicos em locais variados, tais como: na fazenda, na televisão, na escola e
outros (Figura 8). Dos restantes, 30,3% afirmaram nunca haver visto ou ouvido
falar sobre agrotóxico, afirmativa esta que contradiz parte do resultado obtido na
questão anterior, que constata que 80,9% já conheciam agrotóxicos.
Figura 8 – Porcentagem indicando locais onde os estudantes entrevistados
tiveram algum contato com os agrotóxicos.
Quando perguntado objetivamente o que era agrotóxico, foi observado que
o número de respostas variou muito, apesar de haverem respostas distintas
podem-se agrupar aquelas em que os agrotóxicos receberam sinonímias que são
usualmente utilizadas pelos agricultores, como “
veneno”, “matar mato”, “defensivo
agrícola
”, quando somadas as porcentagens dessas respostas, conclui- se que
mais de 70% responderam que o agrotóxico é um veneno utilizado para matar
insetos na plantação (Figura 9). Foram verificadas também algumas respostas
fora do contexto, por exemplo, “
que é uma grama” ou “material orgânico”.
nunca viu 30,3%
fazenda
19,3%
tv
13,5%
escola agrícola
9,4%
casa
8,3%
plantação
7,9%
não respondeu
5,4%
revenda
4,1%
livros
1,3%
mercado
0,4%
37
veneno
42,7%
não sei
21,9%
mata insetos
11,6%
para plantação
11,2%
produto químico
5,0%
protetor da planta
2,2%
não res
38
64,2%
39
de Cachoeiras de Macacu (RJ) acerca da percepção de risco e das práticas de
uso de agrotóxicos, identificou três categorias de produtores: 70% percebem, o
risco mas continuam usando; 27% não percebem o risco e 3% percebem o risco e
não utilizam mais. Verificaram que 85% dos produtores não utilizavam
equipamento de proteção individual (EPI).
89,9%
9,8%
0,3%
não
sim
Não resposta
Figura 12 – Representação da porcentagem de indivíduos entrevistados quanto
ao manuseio de agrotóxicos
Dos 63 estudantes que afirmaram já haver aplicado agrotóxicos, 58 deles
têm idade de 11 a 17 anos (Tabela 3). Esse fato contraria a legislação pertinente
ao assunto, já que para aplicar agrotóxico o usuário deve ter idade superior a 18
anos, de acordo com a NR 31 publicada pela Portaria nº 86, de 3 de março de
2005 (BRASIL, 2005).
40
TABELA 3 – Dados referentes à faixa etária dos indivíduos quanto ao
manuseio de agrotóxicos.
Aplicou agrotóxico
idade
Não responderam Sim Não Total
Não resposta 0 0 3 3
De 9 a 10 anos 0 1 53 54
De 11 a 12 anos 1 15 219 235
De 13 a 14 anos 1 28 205 234
De 15 a 16 anos 0 13 76 89
De 16 a 17 anos 0 2 10 12
Mais de 17 anos 0 4 14 18
Total 2 63 580 645
Apenas 56,3% dos entrevistados têm conhecimento que os agrotóxicos
podem causar algum tipo de dano à saúde; porém, a porcentagem dos alunos
que desconhecem esse fato chega a 43,4%. Isso demonstra que as informações
sobre os riscos da utilização dos produtos não chegam a esses estudantes,
deixando-os expostos quando em contato com os agrotóxicos.
56,3%
43,4%
0,3%
sim
não
Não resposta
Figura 13 – Representação da porcentagem de indivíduos entrevistados quanto
aos prejuízos dos agrotóxicos.
41
Quanto à questão do destino das embalagens de produtos agrotóxicos,
cerca de 30% responderam de acordo com o que está descrito na legislação
sobre o assunto. As demais respostas constatam que o destino é inadequado,
ferindo a legislação, se somadas chegam a aproximadamente 70% (Tabela 4).
Esse dado sobre a destinação final das embalagens reflete a falta de informação
e orientação adequada. O desconhecimento do assunto pode ocasionar riscos de
contaminação do meio ambiente e intoxicações, já que essas embalagens estão
sendo descartadas inadequadamente. Castro e Confalonieri (2005) em
levantamento em propriedades rurais de Cachoeiras de Macacu (RJ) constatou
que 27,8% dos produtores jogavam embalagens no rio ou no mato. Borges et al.
(2004) em trabalho que buscou analizar as percepções dos assentados da
reforma agrária paulista, no Assentamento Monte Alegre, SP, constataram que as
formas mais comuns e usuais de disposição das embalagens de agrotóxicos após
o uso foram a incineração e o enterrio.
TABELA 4 – Dados referentes ao destino das embalagens de agrotóxicos.
Destino da embalagem Número de respostas Freqüência (%)
Devolve onde comprou 190 28,4
Não sei 173 25,8
Joga no lixo 141 21
Queima 90 13,4
Enterra 19 2,8
Não resposta 17 2,5
Lava e guarda 13 1,9
Joga num buraco 12 1,8
Devolve para a IAGRO 10 1,5
Joga num buraco e põe fogo 4 0,6
Coloca óleo diesel 1 0,1
Total de respostas 670 100
42
4.4 Levantamento da Percepção dos Estudantes sobre Contaminação
Ambiental
As questões que foram abordadas sobre contaminação ambiental são
apresentadas nas Figuras 14 a 19. Na primeira questão foi perguntado se existe
alguma plantação na região onde o estudante mora ou próximo a essa. Mais da
metade dos entrevistados (67,3%) respondeu que sim, 32,6% afirmaram não
haver nenhuma plantação próxima a seu domicílio, apenas uma pequena parcela
não respondeu a pergunta (Figura 14).
Dos alunos que afirmaram haver plantações na região em que mora, 15,8%
indicaram o plantio de mandioca, 14,6% o de hortaliças, 10% de milho e 9,8% de
frutas. As demais culturas indicadas por menos de 5% dos alunos foram: soja,
feijão, sorgo, pasto, eucalipto, arroz e café (Figura 15).
67,3%
32,6%
0,2%
sim
não
Não resposta
Figura 14 – Representação da porcentagem de indivíduos entrevistados quanto a
atividade agrícola da região.
43
Figura 15 – Representação da distribuição das principais culturas agrícolas da
região.
Sobre as culturas plantadas na região, quando questionados se eram
utilizados nessas plantações produtos agrotóxicos, constatou-se que mais de 95%
dos alunos não tinham conhecimento (Tabela 5). Apesar das outras respostas
serem poucas, elas evidenciam que os estudantes que responderam sabem o
nome do agrotóxico utilizado. Provavelmente sejam os mesmos que deram a
resposta de já haver aplicado agrotóxico. Peres et al. (2001) em estudo realizado
na região da microbacia do Córrego de São Lourenço, RJ, constataram que a
pressão da indústria/ comércio, cria “necessidades” para legitimar a venda de
produtos agrotóxicos.
não respondeu 35,5%
mandioca
15,8%
hortaliças 14,6%
milho 10,0%
frutas
9,8%
cana de açucar 4,9%
soja 3,5%
feijão
2,2%
sorgo 1,4%
pasto
1,1%
eucalipto
0,5%
arroz
0,5%
café 0,1%
44
TABELA 5 – Dados referentes aos agrotóxicos utilizados nas principais culturas
da região.
Qual agrotóxico é utilizado N° de respostas Freqüência (%)
Não resposta 454 70,3
Não sei 160 24,8
Matar insetos 15 2,3
Matar formiga 6 0,9
Barrage 4 0,6
Folidol 2 0,3
Matar grama 1 0,2
Tamaron 1 0,2
Malathion 1 0,2
Para fungos 1 0,2
Furadan 1 0,2
Total de respostas 646 100
Quando questionados sobre o que é contaminação ambiental, mais da
metade dos entrevistados afirmou saber o que é. Eles responderam por meio de
alguns exemplos, e, apesar disso, quase a metade deles, cerca de 45%, não
respondeu ou disse não ter conhecimento (Tabela 6). Esse dado merece
preocupação quando se visualiza que nessas séries o assunto já é abordado pela
grade curricular; no entanto, as respostas demonstram que ele não é assimilado
pelos estudantes. O total de citações ultrapassa a quantidade do número de
alunos entrevistados porque alguns responderam mais de uma das respostas
descritas na Tabela 6.
Na pergunta em que são questionados onde ou qual local já viram alguma
contaminação ambiental, mais de 70% não responderam (Figura 16). Fica
constatado que os estudantes não conseguem visualizar o tema na realidade em
que vivem, apesar de este estar contemplado nas disciplinas ministradas.
45
TABELA 6 – Dados referentes à contaminação ambiental descrita pelos
entrevistados.
O que é contaminação ambiental N° de respostas Freqüência (%)
Não sei 278 41,7
Lixo no ambiente 199 29,8
Poluição 133 19,9
Não resposta 25 3,7
Queimadas 20 3
Queimar embalagens 5 0,7
Morte dos animais 5 0,7
Desmatamento 2 0,3
Total de respostas 667 100
Figura 16 – Representação da porcentagem de indivíduos entrevistados sobre
onde visualizaram uma contaminação ambiental.
Dando continuidade à seqüência de respostas sobre contaminação
ambiental, verifica-se que os estudantes não respondem as questões, como na
Figura 17, sobre o tipo de contaminação ambiental que ele tem conhecimento,
pois mais de 70% não responderam.
não
respondeu
73,2%
rios
8,5%
cidade
7,9%
fazenda
5,6%
casa
2,9%
estradas
1,2%
ma
r
0,6%
46
Figura 17 – Representação do conhecimento dos indivíduos entrevistados
quanto à contaminação ambiental.
Quando questionados se os produtos utilizados nas lavouras podem causar
contaminações ambientais, quase a metade dos estudantes respondeu que não
sabia e não respondeu a questão (Figura 18). E quando a pergunta se referiu a
como os produtos utilizados na lavoura podem causar contaminação ambiental,
mais de 70% dos entrevistados continuaram respondendo não sei ou não
responderam (Figura 19). Fica claro o desconhecimento sobre o tema, pois este
não está tendo o alcance entre os alunos das escolas, pesquisadas, visto que o
número de respostas evasivas é alto.
Figura 18 – Representação do conhecimento dos indivíduos entrevistados quanto
à possibilidade dos produtos utilizados na agricultura causarem danos
ambientais.
não respondeu
76,5%
lixo nos rios
8,2%
fumaça
5,7%
lixo nas estradas
5,4%
queima de lixo
1,6%
esgoto aberto
1,0%
frasco de veneno no pasto
0,6%
petróleo no ma
r
0,4%
lixo nas encostas
0,4%
não sei
49,8%
sim
44,8%
não
4,8%
não respondeu
0,6%
47
não sei
usar muito veneno
poluindo o ar
contaminação do lençol freático
deixar embalagens jogadas
j
ogar no rio
não respondeu
queimar embalagens agrotóxicos
68,4%
8,0%
7,1%
5,2%
4,5%
3,6%
3,0%
0,3%
Figura 19 – Representação do conhecimento dos indivíduos entrevistados quanto
aos problemas ambientais que podem ser causados por produtos
utilizados na agricultura.
5. CONCLUSÃO
Os alunos das escolas rurais municipais de Campo Grande demonstraram
não possuir mínimo conhecimento sobre os prejuízos que os agrotóxicos causam
tanto para a saúde como para o meio ambiente.
Dos alunos entrevistados, 90% têm idade entre 9 e 17 anos, 57,2% são do
sexo masculino e somente 43% desenvolvem alguma atividade no campo.
A análise das grades curriculares das turmas permitiu constatar que, com
exceção da Escola Agrícola Arnaldo Estevão de Figueiredo, as escolas rurais
abordam superficialmente os temas agrotóxicos e contaminação ambiental, nas 5ª
e 8ª séries, não aparecendo esses temas nas disciplinas das 6ª e 7ª séries.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nas atividades desenvolvidas pela IAGRO na fiscalização de agrotóxicos
no campo, são identificados diversos problemas na utilização desses produtos,
abarcando desde a sua aquisição até o final do ciclo, que é o destino final das
embalagens. Apesar da legislação estadual contemplar todos os itens que versam
sobre o uso dos produtos agrotóxicos, a aplicabilidade das recomendações e
orientações não são seguidas nas práticas do dia-a-dia no campo, gerando desta
forma inúmeros problemas de ordem legal, como também de ordem
socioambiental.
No âmbito social, a utilização inadequada de produtos agrotóxicos pode
gerar uma série de problemas. Caso ocorra uma intoxicação humana, o
afastamento da atividade laboral de um indivíduo intoxicado implicará prejuízo
financeiro tanto para a família dele como para o serviço público de saúde. A
qualidade dos alimentos também poderá ser comprometida com o mal uso dos
produtos agrotóxicos, atingindo indiscriminadamente toda a sociedade que é
consumidora final dos alimentos.
Quanto à parte ambiental, os prejuízos que poderão advir da má utilização
dos produtos agrotóxicos não se encerram apenas no âmbito da propriedade
rural, incluindo também problemas que ficarão para as futuras gerações, pois
alguns produtos ficam no ambiente por longos períodos ou até mesmo na cadeia
alimentar dos seres vivos.
Surge outra questão sobre o desconhecimento da correta utilização dos
agrotóxicos pelos seus usuários diretos: a pergunta sobre o que está sendo ou
pode ser feito para um melhor esclarecimento dessa atividade.
A partir das conclusões geradas pelos resultados desta pesquisa observa-
se que devem ser realizados trabalhos pelos órgãos públicos ligados ao setor
50
agropecuário em conjunto com as secretarias de educação, visando a definir e
trabalhar alguns temas prioritários que estão diretamente ligados ao homem do
campo, como forma de trazer à tona os problemas diários no meio rural para
serem debatidos em sala de aula, podendo desta forma a entidade pública estar
alicerçando as pessoas envolvidas, seja diretamente os alunos e seus familiares,
sejam os professores. Ratificando esta proposta, Chiste e Có (2003) em trabalho
que procurou caracterizar a percepção ambiental de uma comunidade no Valão
de São Lourenço, município de Santa Tereza (ES), concluíram que os resultados
deste estudo sugerem a necessidade de um programa escolar visando, através
da educação ambiental, estabelecer propostas que possam esclarecer os reais
perigos decorrentes do uso indiscriminado de agrotóxicos.
Faz parte das exigências da legislação o trabalho de divulgação e
esclarecimento do uso correto de produtos agrotóxicos pelas indústrias desses
produtos. Desta forma, as indústrias assim como investem na propaganda do
produto, poderiam investir também em campanhas de esclarecimento com âmbito
maior de atuação.
A produção de alimentos sem os agrotóxicos certamente é um ideal a ser
almejado. No entanto, o que se observa é que os trabalhos realizados nessa área
não são amplamente divulgados, até mesmo os consumidores de produtos sem
agrotóxicos têm dificuldade de encontrar produtos naturais ou orgânicos no
comércio para o consumo.
Preocupações com as gerações presentes e também com as futuras foram
motivo para realização desta pesquisa com os estudantes de 5ª a 8ª séries das
escolas rurais do município de Campo Grande, MS, a qual procurou avaliar o
conhecimento dos alunos a respeito dos agrotóxicos, visando a identificar lacunas
de informação sobre o assunto e apontar caminhos de orientação aos futuros
agricultores que certamente trabalharão com produtos agrotóxicos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBUQUERQUE, C. Método SOMA: Capacitação de agricultores, educação
sanitária e ambiental. Goiânia: Bandeirante, 2000. 240 p.
ANDEF-Associação Nacional de Defesa Vegetal.
Manual de destinação final de
embalagens vazias de produtos fitossanitários. São Paulo: ANDEF, 1998. 32p.
ANDEF-Associação Nacional de Defesa Vegetal.
Manual de orientação:
destinação final de embalagens vazias de agrotóxicos. Brasília: Línea
Creativa, 2001. 23 p.
Borges, J.R.P., Fabbro, A.L.D. et al.
Percepção de riscos socioambientais no
uso de agrotóxicos- o caso dos assentados da reforma agrária Paulista.
Trabalho apresentado no XIV Encontro Nacional de Estudos Populacionais.
Cachambú, MG:ABEP, 2004. 11p.
BRASIL. Decreto 5.981, de 6 de dezembro de 2006. Dá nova redação e inclui
dispositivos ao Decreto nº 4.074, de 4 de janeiro de 2002, que regulamenta a Lei
nº 7.802, de 11 de julho de 1989, que dispõe sobre a pesquisa, a experimentação,
a produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a
comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação, a
exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação,
o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins.
Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, Diário Oficial
[da] República Federativa do Brasil
, Brasília, DF, 7 dez. 2006. p. 13.
BRASIL. Decreto nº 4.074, de 4 de janeiro de 2002. Regulamenta a Lei n
o
7.802,
de 11 de julho de 1989, que dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a
produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a
comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação, a
exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação,
o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins,
e dá outras providências.
Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil,
Brasília, DF, 8 janeiro de 2002. p. 1.
BRASIL. Lei n° 7.802, de 11 de julho de 1989. Dispõe sobre a pesquisa, a
produção a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a
comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação, a
exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação,
o controle, a inspeção e a fiscalização e agrotóxicos, seus componentes e afins, e
dá outras providências.
Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil,
Brasília, DF, 12 jul. 1989. p. 11459-11460.
52
BRASIL. Lei nº 9.974, de 6 de junho de 2000. Altera a Lei n
o
7.802, de 11 de julho
de 1989, que dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a
embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a
propaganda comercial, a utilização, a importação, a exportação, o destino final
dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a
fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outras providências.
Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 7 jun. 2000. p. 1.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Portaria nº 86, de 3 de março de
2005. Aprova a Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho na
Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração Florestal e Aqüicultura.
Diário
Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 4 mar. 2005.
CAMDA-Cooperativa Agrícola Mista de Adamantina.
Atividades desenvolvidas
no ano de 2005. Campo Grande, MS: CAMDA, 2005.
CAMPANHOLA, C; BETTIOL, W.
Panorama sobre o uso de agrotóxicos no
Brasil. In: Programa de Defesa Ambiental Rural. [S.l.]. Brasília, DF: MMA/IBAMA,
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CASTRO, Jane S. Maia and CONFALONIERI, Ulisses.
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CDI. Conselho de Desenvolvimento Industrial.
Ofício n° 69, de 24 de outubro de
2006. Campo Grande, MS, 2006.
CEASA. Central de Abastecimento de Mato Grosso do Sul. Produtos comercializados
na CEASA/MS.
Abastecer, Campo Grande, MS, p 1-4, fev./mar. 2006.
Chiste, A.M.D., Co, W.L.,
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em relação ao uso de agrotóxicos. Natureza on line
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COOPGRANDE-Cooperativa Agrícola de Campo Grande.
Relatório anual de
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DALDIN, C.A.M.; AZENHA. A. C.; FRENHANI.A.; CONCEIÇÃO, C.M.Z.; DODO,
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Programa de Defesa Ambiental Rural. Brasília: MMA, 2003. 220 p. Textos
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FREIRE, P.
Educação e mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1993. 79p.
(Coleção Educação e Comunicação, 1).
GATTI, B. A.
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IAGRO-Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal de Mato Grosso
do Sul. Campo Grande.
Relatório mensal de fiscalização de agrotóxicos -
2006. Campo Grande, MS: IAGRO, 2006.
53
IBGE. Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Unidade Estadual
em MS. Setor de Documentação e Disseminação de Informações.
Estimativa da
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IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
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população brasileira. 2000. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br>. Acesso
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IBGE-Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Estimativa da população do
Estado de Mato Grosso do Sul: município de Campo Grande. [s.d.]. Disponível
em: <http://www.ibge.gov.br>. Acesso em: 23 set. 2006.
IDATERRA-Instituto de Desenvolvimento da Terra.
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INPEV-Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias.
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embalagens. 2006. Disponível em: <http://www.inpev.org.br>. Acesso em: 5 mar.
2006.
MONIZ, E.; ARAÚJO, R.; SANTIAGO, T. Uso correto e seguro no manuseio e
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O que Engenheiros Agrônomos devem saber para orientar o
uso de Produtos Fitossanitários. Viçosa: UFV, 2003. p.85- 91.
PEREIRA, E. B.
História da fundação de Campo Grande. Campo Grande, MS:
2002. 138 p.
PERES, Frederico, ROZEMBERG, Brani, ALVES, Sérgio Rabello
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Comunicação relacionada ao uso de agrotóxicos em região agrícola do
Estado do Rio de Janeiro. Rev. Saúde Pública, São Paulo: p.564-570, vol.35,
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PLANURB-Instituto Municipal de Planejamento Urbano.
Perfil sócio-econômico
de Campo Grande
. Campo Grande, MS, 13. ed. rev., 2006.
PUGA, F. R.
Programa de defesa ambiental rural: resíduos de agrotóxicos no
meio ambiente e seus efeitos em organismos vivos. Brasília: MMA/IBAMA, 2001.
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RIBEIRO, M.A.C.
Existe um período crítico para a aprendizagem? 2004.
Disponível em: <http://www.rh.com.br/ler.php?cod=3913&org=6>. Acesso em: 15
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SEMED. Secretaria Municipal de Educação.
Diretrizes básicas para as escolas
da rede municipal de ensino de Campo Grande, MS. Campo Grande, MS,
2006a. 167p.
SEMED. Secretaria Municipal de Educação. Setor de Escolas Rurais.
Relação de
alunos matriculados nas escolas rurais de Campo Grande. Campo Grande,
MS, 2006b.
54
SENAR-AR/MS. Serviço Nacional de Aprendizado Rural – Administração
Regional de Mato Grosso do Sul.
Estatística geral de eventos 2006. Campo
Grande, MS, 2006.
SEPLANCT. Secretaria de Planejamento, Ciência e Tecnologia.
Diagnóstico
socioeconômico de Mato Grosso do Sul. Campo Grande, MS, 2003.
SEPROTUR-Secretaria da Produção e Turismo.
Programa desenvolvimento do
setor sucroalcooleiro. 2006. Disponível em: <http://www.seprotur.gov.br>.
Acesso em: 15 mar. 2006.
SPHINX LÉXICA (v.2.0).
Sphinx user’s guide. Annecy, France, Le Sphinx
Développement, 1995, Disponível em: http://www.sphinxbr.com.br
SILVA, C.M.M.S; FAY, E.F.
Agrotóxicos & ambiente Brasília, DF: EMBRAPA/
Informação Tecnológica, 2004. 400p.
SINDAG-Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Defesa Agrícola.
Posicionamento da Indústria de defensivos agrícolas sobre a Importação
direta dos produtos pelo agricultor. 2006. Disponível em:
<http://www.sindag.com.br>. Acesso em: 19 mar. 2006.
STUZER, G.; GUIMARÃES, G. Aspectos toxicológicos e ambientais relacionados
com o uso de produtos fitossanitários. ZAMBOLIM, L.; CONCEIÇÃO, M. Z.;
SANTIAGO, T.
O que Engenheiros Agrônomos devem saber para orientar o
uso de Produtos Fitossanitários. Viçosa: UFV, 2003. p. 69- 77.
THERRIEN, J.; DAMASCENO, M.N.
Educação e escola no campo. Campinas:
Papirus, 1993. 251p. (Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico).
ZAMBRONE, F. A. D.; MELLO, J. C. M.
Tratamento geral das intoxicações:
principais substâncias químicas utilizadas na agricultura e em saúde pública. Rio
de Janeiro: Collart, Murtinho e Velloso: Cyanamid, 2. ed. 1996. 22 p.
APÊNDICES
56
APÊNDICE A – Questionários aplicados aos estudantes das escolas rurais de
Campo Grande, MS.
Questionário 1
1. Qual sua idade? 2. Sexo: ( ) masculino ( ) feminino
3. Qual sua série? 4. Procedência: ( ) área urbana ( ) área rural
5. Você auxilia nos trabalhos de campo? O que faz?
Questionário 2
1. Tem algum tipo de veneno na sua casa? Para quê?
2. Como é usado?
3. Onde fica guardado?
4. Causa algum mal? Qual?
5. Você já ouviu falar em agrotóxico?
6. Para você o que é agrotóxico?
7. Onde você já viu agrotóxico?
8. Na sua casa tem agrotóxico?
9. Onde é usado?
10. Onde fica guardado?
11. Você já aplicou agrotóxico?
12. Como foi que aplicou?
13. Você já ouviu falar que fez mal para alguém?
14. O que faz com a embalagem vazia do agrotóxico?
Questionário 3
1. Tem alguma plantação na sua casa ou perto? De quê?
2. Que produtos são usados na plantação?
3. O que é contaminação ambiental?
4. Você já viu alguma contaminação ambiental? Onde? Qual?
5. Os produtos usados na lavoura podem causar contaminação ambiental?
Quais?Como?
57
APÊNDICE B – Fotografias das escolas visitadas.
Figura 1B - Vista da entrada da Escola Arnaldo Estevão de Figueiredo.
Figura 2B - Vista da entrada da Escola José do Patrocínio.
58
Figura 3B - Vista da entrada da Escola Darthesy Novaes Caminha.
Figura 4B - Vista da Escola Onira Santos Rosa.
59
Figura 5B - Vista da Escola Oito de Dezembro.
Figura 6B - Detalhe da sala de aula da 8ª série do 1º grau da
Escola Arnaldo Estevão de Figueiredo.
60
Figura 7B - Detalhe da sala de aula da 8ª série do 1º grau da
Escola José do Patrocínio.
Figura 8B - Detalhe da sala de aula da 8ª série do 1º grau da Escola
Orlandina Oliveira Lima.
61
Figura 9B - Detalhe da sala de aula da 8ª série do 1º grau da Escola
Darthesy Novaes Caminha.
Figura 10B - Detalhe da sala de aula da 8ª série do 1º grau da Escola
Oito de Dezembro.
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