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maior dela, ou quase total, o sujeito especializado, mas delegando-o gradualmente ao
novato” (BAQUERO, 1998, p. 104).
A amplitude da zona também aumenta ou diminui, em função do estímulo
recebido e da qualidade deste, portanto, o novo desenvolvimento real
estará também influindo na formação da amplitude da zona de
desenvolvimento próximo. (BEATÓN, 2005, p. 233, tradução nossa).
Segundo Beatón (2005), existem diferentes níveis de ajuda que vão desde uma
simples atitude do professor para lembrar o aluno sobre o objetivo de uma tarefa a ser
realizada, até uma explicação mais detalhada de como se faz a tarefa, por exemplo. O
autor afirma que a ajuda tem de ser correspondente à possibilidade que o aluno tem de
trabalhar independentemente.
Em qualquer sala de aula e, principalmente em uma sala de aula “inclusiva”,
existem diferentes alunos, com diferentes níveis de desenvolvimento real ou atual, bem
como diferentes amplitudes de ZDI, ou seja, alunos em diferentes níveis de
aprendizagem, com diferentes conhecimentos e habilidades, e por isso, é importante
que o professor conheça tais diferenças e as considere em seu trabalho pedagógico,
para que este tenha êxito.
Incidir sobre a ZDI é conhecer as diferentes habilidades e conhecimentos dos
alunos, propondo atividades que tenham como base o que o aluno já conhece, mas que
demandem a construção de novos conhecimentos. Quando o professor de Língua
Portuguesa inicia um trabalho sobre algum aspecto formal da língua, interagindo com
seus alunos, a partir de textos produzidos por eles, por exemplo, e não com a mera
exposição da teoria sobre aquela determinada norma lingüística, totalmente
desvinculada de seu uso, ele está certamente proporcionando um ensino-aprendizagem
mais significativo, que parte de uma experiência do aluno com a língua, sua produção
escrita, que também deve ter sido realizada em um contexto significativo, com um tema
relacionado à sua vida, interesses ou necessidades. Conforme afirma Beatón:
O caráter de utilidade ou inutilidade de um conhecimento não provém da
ênfase dada a ele pelos pais, mães, os professores e os adultos em
geral, mas sim pelo valor que tenha para os alunos [...] em termos
histórico-culturais, que chegue a possuir um sentido e um significado para
o sujeito, tenha sido vivenciado positivamente. [...] Assim, aqueles
conhecimentos cuja utilidade é desconhecida por quem os possui, não
têm um sentido para o sujeito, não têm produzido vivências positivas, são
rapidamente varridos da memória de sua atividade cognitiva. (BEATÓN,
2005, p. 254).