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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ
Denise Cristina Miquelotte Luizari
ESTUDO DOS CICLOS DE VIDA E DE CARREIRA,
INCLINAÇÃO PROFISSIONAL
E CRENÇAS PESSOAIS
Taubaté – SP
2006
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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ
Denise Cristina Miquelotte Luizari
ESTUDO DOS CICLOS DE VIDA E DE CARREIRA,
INCLINAÇÃO PROFISSIONAL
E CRENÇAS PESSOAIS
Taubaté – SP
2006
Dissertação apresentada para obtenção do
Título de Mestre pelo Curso de Mestrado
em Gestão e Desenvolvimento Regional do
Departamento de Economia, Contabilidade
e Administração da Universidade de
Taubaté.
Área de Concentração: Gestão dos
Recursos Socioprodutivos.
Orient
ador: Profa. Dra. Marilsa de
Rodrigues Tadeucci
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DENISE CRISTINA MIQUELOTTE LUIZARI
ESTUDO DOS CICLOS DE VIDA E DE CARREIRA, INCLINAÇÃO
PROFISSIONAL E CRENÇAS PESSOAIS
Data: ___________________________________
Resultado: _______________________________
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr._________________________________ Universidade de Taubaté
Assinatura _______________________________
Prof. Dr. _________________________________ Universidade __________________
Assinatura _______________________________
Prof. Dr. _________________________________ Universidade _________________
Assinatura _______________________________
Dissertação apresentada para obtenção do
Título de Mestre pelo Curso de Mestrado em
Gestão e Desenvolvimento Regional do
Departamento de Economia, Contabilidade e
Administração da Universidade de Taubaté.
Área de Concentração: Gestão dos Recursos
Socioprodutivos.
Orientador: Profa. Dra. Marilsa de Rodrigues
Tadeucci
4
A Deus, ao meu esposo Alexandre e aos meus pais Luiz e Maria.
5
AGRADECIMENTOS
Agradeço à Professora Marilsa de Rodrigues Tadeucci por todo o apoio e disposição, pela
compreensão, sabedoria e discernimento demonstrado durante as orientações e execução deste
trabalho.
Aos meus colegas de turma, professores, coordenadores e funcionários da Universidade de
Taubaté pela companhia nesta jornada.
Às pessoas que, por livre e espontânea vontade, contribuíram com essa pesquisa.
6
O mundo inteiro é um palco
E todos os homens e mulheres meros atores
Têm suas saídas e entradas
E cada homem, em seu tempo, desempenha muitos papéis
Seus atos são as suas idades...
William Shakespeare
7
RESUMO
Com o objetivo de estudar os ciclos de vida e de carreira de sujeitos que atuam em
organizações, analisando a predominância da inclinação profissional e das crenças pessoais
presentes em cada uma das fases que compõem a trajetória profissional dos pesquisados, esse
estudo foi realizado com 74 indivíduos que atuam em organizações localizadas na região do
Vale do Paraíba paulista. A pesquisa valeu-se do método quantitativo para análise dos dados
coletados do Inventário de Lócus de Controle de ROTTER, do Inventário de Âncoras de
Carreira de SCHEIN e de um questionário de identificação do perfil dos sujeitos, elaborado
pela pesquisadora. Delineada mediante de estudo correlacional, a pesquisa identificou a
população, tendo constatado que um equilíbrio quanto ao gênero (46% masculino e 54%
feminino), com idade predominante entre 35 e 45 anos (42%); a maioria possui o ensino
superior (59%) e seu nível hierárquico é predominantemente administrativo (65%) sobre o
gerencial (35%); o tempo de carreira da maior parte dos respondentes concentrou-se em até 5
anos (50%). Conclui que existem diferentes aspectos de inclinação profissional e de crenças
pessoais em cada um dos ciclos de carreira estudados e que esses aspectos o inerentes ao
ciclo de vida, sendo esses dois fatores importantes para o desenvolvimento da trajetória
profissional do indivíduo.
Palavras-chave: Âncoras de carreira. Lócus de controle. Ciclos de vida e de carreira.
8
ABSTRACT
The purpose of this assignment is to study the life and career cycles of individuals working in
organizations, analyzing the predominance of a professional inclination and personal beliefs
present in each one of the phases that comprise the professional trajectory of the subjects. The
study was conducted with 74 individuals that work in organizations located in the area known
as Vale do Paraíba, in the state of São Paulo, Brazil. The research used quantitative methods
for analyzing data collected from ROTTER’s Control Locus Inventory, SCHEIN’s Career
Anchors and from a questionnaire organized by the researcher to identify the subjects’s
profiles. Conducted by means of a correlational study, the research identified the population
having a balance as to gender (46% male and 54% female), with predominant age between 35
and 45 years (42%), most of which have a college or university degree (59%) and the
prevailing hierarchy level being administrative (65%) over managerial (35%); career time for
most of the subjects was until 5 years (50%). The conclusion is that there are different aspects
of professional identity and personal beliefs in each of the career cycles studied, and that these
aspects are inherent to the life cycle – and these are two important factors for the development
of a person’s professional trajectory.
Key words: Career anchors. Control locus. Life and career cycles.
9
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Estrutura da carreira em Y ......................................................................... 23
Figura 2 – Comparativo dos ciclos de carreira para diferentes pesquisadores.............. 36
Figura 3 – Ciclos de carreira consolidados com base em pesquisas anteriores............. 37
Figura 4 – Comparativo das características dos sujeitos com lócus de controle
interno e externo......................................................................................................... 64
Figura 5 – Categorização do inventário de âncoras de carreira.................................... 69
Figura 6 – Análise da tabulação das âncoras de carreira.............................................. 84
Figura 7 – Classificação de significância – teste Qui² ................................................. 86
Figura 8 – Relação entre idade e tempo de carreira..................................................... 104
Figura 9 – Ciclo de carreira e inclinação profissional.................................................. 120
Figura 10 – Ciclo de carreira e lócus de controle ........................................................ 120
Figura 11 – Ciclo de carreira e atividade relacionada à formação................................ 121
Figura 12 – Ciclo de carreira e motivação para o trabalho........................................... 121
10
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Identificação da população quanto ao gênero ............................................ 73
Tabela 2 – Identificação da população quanto à idade ................................................ 74
Tabela 3 – Identificação da população quanto à escolaridade...................................... 74
Tabela 4 – Identificação da população quanto ao tempo de carreira............................ 75
Tabela 5 – Identificação da população quanto à relação entre formação e atividade
profissional................................................................................................ 75
Tabela 6 – Identificação da população quanto à hierarquia ......................................... 76
Tabela 7 – Identificação da população quanto à motivação para o trabalho................. 76
Tabela 8 – Predominância de lócus de controle interno............................................... 77
Tabela 9 – Predominância de lócus de controle externo .............................................. 77
Tabela 10 – Predominância da âncora de carreira “Competência Técnica” ................. 78
Tabela 11 – Predominância da âncora de carreira “Competência Gerencial” .............. 79
Tabela 12 – Predominância da âncora de carreira “Autonomia e Independência” ....... 80
Tabela 13 – Predominância da âncora de carreira “Segurança e Estabilidade ............ 80
Tabela 14 – Predominância da âncora de carreira “Empreendedorismo”..................... 81
Tabela 15 – Predominância da âncora de carreira “Serviço e Dedicação” ................... 82
Tabela 16 – Predominância da âncora de carreira “Desafio Puro”............................... 82
Tabela 17 – Predominância da âncora de carreira “Estilo de Vida”............................. 83
Tabela 18 – Comparativo entre as variáveis gênero e competência gerencial .............. 87
Tabela 19 – Comparativo entre as variáveis gênero e autonomia e independência ...... 88
Tabela 20 – Comparativo entre as variáveis gênero e segurança e estabilidade ........... 89
Tabela 21 – Comparativo entre as variáveis tempo de carreia e idade ......................... 90
Tabela 22 – Comparativo entre as variáveis tempo de carreira e estilo de vida ........... 91
Tabela 23 – Comparativo entre as variáveis idade e atividade relacionada à formação
educacional.............................................................................................. 92
Tabela 24 – Comparativo entre as variáveis hierarquia e atividade relacionada à
formação educacional.............................................................................. 93
Tabela 25 – Comparativo entre as variáveis serviço e dedicação e atividade
relacionada à formação educacional ........................................................ 94
Tabela 26 – Comparativo entre as variáveis significado do trabalho e segurança e
estabilidade ............................................................................................. 95
Tabela 27 – Comparativo entre as variáveis idade e âncoras de carreira...................... 96
Tabela 28 – Comparativo entre as variáveis escolaridade e âncoras de carreira........... 97
Tabela 29 – Comparativo entre as variáveis tempo de carreira e âncoras de carreira... 98
Tabela 30 – Comparativo entre as variáveis atividade e âncoras de carreira................ 99
Tabela 31 – Comparativo entre as variáveis significado do trabalho e âncoras de
carreira .................................................................................................... 100
Tabela 32 – Comparativo entre as variáveis lócus de controle e idade ........................ 101
Tabela 33 – Comparativo entre as variáveis lócus de controle e tempo de carreira...... 102
11
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 13
1.1 PROBLEMA......................................................................................................... 16
1.2 OBJETIVO GERAL ............................................................................................. 17
1.2.1 Objetivo Específico .......................................................................................... 17
1.3 HIPÓTESE ........................................................................................................... 17
1.4 RELEVÂNCIA DO ESTUDO .............................................................................. 18
2 REVISÃO DE LITERATURA.............................................................................. 19
2.1 CARREIRA.......................................................................................................... 19
2.1.1 Conceitos de carreira ....................................................................................... 20
2.2 DESENVOLVIMENTO DE CARREIRA............................................................. 26
2.3 CICLOS DE VIDA E DE CARREIRA ................................................................. 28
2.3.1 Ciclos de vida ................................................................................................... 28
2.3.1.1 A idade do adulto jovem – 18 a 30 anos.......................................................... 29
2.3.1.2 A idade do vigor da vida – 30 a 42 anos.......................................................... 30
2.3.1.3 A meia idade42 a 60 anos ........................................................................... 31
2.3.1.4 A idade da velhice – mais de 60 anos.............................................................. 32
2.3.2 Ciclos de carreira............................................................................................. 33
2.3.2.1 Primeiro ciclo – da exploração à entrada na organização................................. 37
2.3.2.2 Segundo ciclo – do estabelecimento e consolidação de uma carreira............... 38
2.3.2.3 Terceiro ciclo – do crescimento em uma organização ..................................... 40
2.3.2.4 Quarto ciclo – da permanência e subsistência numa sociedade produtiva........ 41
2.3.2.5 Quinto ciclo – do declínio, aposentadoria e saída da organização.................... 42
2.4 INCLINAÇÃO PROFISSIONAL E ÂNCORAS DE CARREIRA ........................ 43
2.4.1 Definição de âncoras de carreira
..................................................................... 44
2.4.1.1 Primeira Âncora: Segurança no Emprego........................................................ 46
2.4.1.2 Segunda Âncora: Autonomia e Independência ................................................ 47
2.4.1.3 Terceira Âncora: Estilo de Vida ...................................................................... 49
2.4.1.4 Quarta Âncora: Competência Técnico-Profissional ......................................... 49
2.4.1.5 Quinta Âncora: Competência Gerencial .......................................................... 51
2.4.1.6 Sexta Âncora: Empreendedorismo .................................................................. 53
2.4.1.7 Sétima Âncora: Serviço e Dedicação............................................................... 55
2.4.1.8 Oitava Âncora: Desafio Constante .................................................................. 55
2.4.2 Pesquisa sobre o constructo............................................................................. 56
2.5 LÓCUS DE CONTROLE ..................................................................................... 57
2.5.1 Conceito de lócus de controle .......................................................................... 58
2.5.2 Diferenças entre sujeitos com lócus de controle interno e externo ................ 63
2.5.3 Pesquisas sobre o constructo ........................................................................... 65
3 MATERIAL E MÉTODO..................................................................................... 67
3.1 AMOSTRA........................................................................................................... 67
3.2 INSTRUMENTOS................................................................................................ 68
3.3 PROCEDIMENTOS ............................................................................................. 71
3.4 ANÁLISE DOS DADOS ...................................................................................... 71
4 RESULTADOS ...................................................................................................... 73
4.1 RESULTADOS QUANTITATIVOS .................................................................... 73
12
4.1.1 Perfil dos respondentes
.................................................................................... 73
4.1.2 Predominância de crenças ............................................................................... 77
4.1.3 Predominância da inclinação profissional....................................................... 78
4.1.3.1 Análise da tabulação das âncoras de carreira................................................... 84
4.2 COMPARATIVO DE MÉDIAS ........................................................................... 86
4.2.1 Análise da variável dependente gênero........................................................... 87
4.2.2 Análise da variável dependente tempo de carreira......................................... 90
4.2.3 Análise da variável dependente atividade profissional................................... 92
4.2.4 Análise da variável dependente motivação para o trabalho........................... 95
4.2.5 Análise da variável dependente âncora de carreira ....................................... 96
4.2.6 Análise da variável dependente lócus de controle
.......................................... 101
5 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 103
5.1 SOBRE OS CICLOS DE CARREIRA.................................................................. 103
5.1.1 Primeiro ciclo de carreira – discussão ................................................................ 104
5.1.2 Segundo ciclo de carreira – discussão ................................................................ 107
5.1.3 Terceiro ciclo de carreira – discussão................................................................. 108
5.1.4 Quarto ciclo de carreira – discussão ................................................................... 110
5.1.5 Quinto ciclo de carreira – discussão ................................................................... 112
5.2 Oportunidades para novas pesquisas................................................................. 112
6 CONCLUSÃO........................................................................................................ 113
6.1 CONCLUSÕES PRELIMINARES ....................................................................... 113
6.2 CONCLUSÃO DA HIPÓTESE E OBJETIVOS.................................................... 115
REFERÊNCIAS........................................................................................................ 122
ANEXOS ................................................................................................................... 125
13
1 INTRODUÇÃO
A vida é composta por fases. Por analogia, pode-se dizer que quando nascemos um
cronômetro é disparado e, a partir daí, começamos a sentir e vivenciar as mais diversas
experiências que, se boas ou ruins, nos acompanharão por toda a vida.
Quando se fala em desenvolvimento humano, geralmente remete-se às mudanças pelas quais
passam crianças e adolescentes, até mesmo pelas visíveis transformações que eles sofrem.
No entanto, o desenvolvimento é um aspecto que ocorre durante toda a vida de um ser
humano. Assim como são grandes as alterações físicas que ocorrem nas crianças e nos
adolescentes, as mudanças de atitudes, crenças e habilidades também sofrem transformações
no decorrer de toda a existência de um indivíduo.
Da mesma maneira que os pequenos aprendem tarefas bastante complexas como se
locomover e se comunicar, conseqüência do desenvolvimento físico e mental
respectivamente, os adultos m árduas tarefas de desenvolvimento impostas pelo casamento,
pela busca de um teto profissional, pela criação dos seus filhos, pela aposentadoria, pelo
aumento e declínio do vigor físico e pela própria expectativa da morte. (SEARS e
FELDMAN, 1975)
Assim como o desenvolvimento humano, a carreira também é composta por fases. Essas fases
se valem de toda a experiência de vida que uma pessoa tem, bem como da característica
individual de cada um, como sua capacidade intelectual, vitalidade e personalidade. Pensando
14
dessa forma é natural perceber que as pessoas optam por atividades profissionais diferentes e
que tem êxito diferenciado na execução das suas tarefas.
Nem todos almejam e têm o mesmo objetivo de vida e de trabalho. Para alguns, ter a
oportunidade de realizar atividades complexas e que exijam de seu raciocínio é fascinante,
para outros, desenvolver uma carreira autônoma e ser empreendedor do seu próprio negócio é
o que faz sentido.
Schein (1996,b) interessou-se por esse assunto e desenvolveu um estudo chamado de âncoras
de carreira
1
, com o objetivo de poder identificar em cada indivíduo quais áreas de interesse,
valores e competências representam a inclinação profissional de uma pessoa.
Este estudo foi elaborado através de uma pesquisa realizada em 44 alunos egressos do MIT
(Management Institute of Technology) no período de 1961 a 1973, durante o qual se procedeu
ao acompanhamento da carreira desses egressos, identificando que tipo de trabalho e
oportunidade essas carreiras proporcionavam.
No princípio do estudo foi verificado que os egressos buscavam determinados tipos de
trabalhos, que contemplavam desafios ou requeriam habilidades técnicas, gerenciais, dentre
outros. A pesquisa identificou que essas pessoas, com o passar de alguns anos, passaram a
buscar outros tipos específicos de trabalho, que ofereciam diferentes oportunidades em
relação aos trabalhos anteriormente realizados.
1
O termo âncora de carreira, usado no original em inglês, também foi traduzido no Brasil como inclinação
profissional.
15
A cada nova busca percebia-se um crescente senso de individualidade que se baseava nas
primeiras experiências desses indivíduos. Quando eles tentavam trabalhos que o lhes
pareciam adequados, eram atraídos para uma nova oportunidade que lhes parecesse melhor,
uma âncora.
Por meio desse estudo chegou-se a conclusão de que existiam oito categorias, chamadas de
âncoras ou inclinações profissionais, nas quais os indivíduos se apoiavam para construir suas
carreiras, quais sejam: autonomia e independência; segurança e estabilidade; competência
técnico-funcional; competência gerencial; criatividade empreendedora; serviço ou dedicação a
uma causa; desafio e por fim, estilo de vida.
Além das inclinações profissionais, a percepção de controle sobre os eventos que ocorrem no
meio também é um fator determinante no desenvolvimento de vida e de carreira de uma
pessoa. (BURGUER, 1989).
Isto equivale dizer que a crença em controles internos ou externos pode influenciar os eventos
da vida do indivíduo.
Uma pessoa que atribui aos seus próprios esforços o sucesso ou o fracasso de uma ação possui
maior habilidade em enfrentar situações consideradas difíceis, uma vez que eles sempre
tendem a concentrar esforços a fim de alcançar os seus objetivos. Por outro lado, aquele que
atribui seu sucesso ou fracasso a um fator externo tende a ser imediatista e,
consequentemente, tem maior dificuldade em lidar com objetivos de médio e longo prazo.
16
Deste modo, os vários estágios e eventos que ocorrem na vida profissional de um indivíduo
possibilitam que ele se desenvolva, ou não, dentro de uma determinada carreira, o que reflete
as verdadeiras motivações, aspirações, crenças e até mesmo as carências e necessidades de
cada um.
Compreender as inclinações e crenças que predominam nas diferentes fases de carreira de um
indivíduo pode ser um caminho a nos indicar quais os interesses que os funcionários têm na
sua trajetória profissional, mais do que isso, o que esperam como resultado da carreira que
constroem ao longo da vida.
Esse entendimento pode levar o indivíduo a compreender melhor suas ações profissionais,
como pode melhorar as práticas de gestão de pessoas nas organizações.
1.1 PROBLEMA
Esta dissertação se propõe a estudar os ciclos de vida e de carreira de sujeitos que atuam em
organizações, analisando a predominância da inclinação profissional e de crenças pessoais
presentes em cada uma das fases que compõem a trajetória profissional dos pesquisados,
buscando identificar a presença e relevância de cada aspecto.
Desse modo, a pergunta que faz frente à pesquisa é: quais são os principais aspectos de
inclinação profissional e de crenças pessoais que predominam em cada um dos ciclos de
carreira e de vida de um indivíduo?
17
1.2 OBJETIVO GERAL
Estudar os ciclos de vida e de carreira buscando identificar a predominância da inclinação
profissional e de crenças pessoais presentes em cada ciclo.
1.2.1 Objetivos Específicos
Estabelecer uma comparação entre os ciclos de vida e de carreira dos indivíduos.
Identificar a predominância da inclinação profissional e de crenças pessoais em cada ciclo.
Analisar o desenvolvimento da carreira por meio dos ciclos que a compõem.
Caracterizar a amostra pesquisada.
1.3 HIPÓTESE
A hipótese desta pesquisa é que cada ciclo de vida e carreira seja marcado pela presença de
diferentes inclinações profissionais e crenças pessoais, sendo esses aspectos importantes para
o direcionamento de carreira.
18
1.4 RELEVÂNCIA DO ESTUDO
O interesse deste estudo é estabelecer uma comparação entre os ciclos de vida e de carreira,
procurando identificar quais são as inclinações profissionais e as crenças pessoais que
predominam em cada um deles.
Dessa forma, o estudo pode ser valioso para a orientação de carreira de indivíduos que já
possuem uma trajetória profissional, bem como para o desenvolvimento de indicadores para
processos seletivos e treinamento comportamental, o que contribui para o melhor desempenho
do funcionário e seu desenvolvimento de carreira.
19
2 REVISÃO DE LITERATURA
Este estudo tem como objetivo estudar os ciclos de vida e de carreira de indivíduos que atuam
em organizações, analisando a inclinação profissional e as crenças que predominam em cada
um dos ciclos.
Para que possamos, por meio da pesquisa realizada, analisar os aspectos citados, precisamos
antes compreender o que é carreira e como ela pode se dar ou desenvolver dentro de uma
organização.
Desse modo, a revisão de literatura inicia-se pela abordagem do conceito de carreira para, a
partir daí, enfocar seus demais componentes tais como o desenvolvimento, os ciclos de vida,
as âncoras de carreira e as crenças individuais que podem estar presentes em cada uma das
fases.
2.1 CARREIRA
O indivíduo, quando do início na sua vida profissional, almeja adquirir habilidades e
experiências que possibilitem o desenvolvimento de uma carreira. Traçando-se um paralelo, a
carreira pode ser vista como uma trilha, pela qual o indivíduo caminha com o objetivo de
chegar a um determinado lugar.
20
No entanto, para essa caminhada, ou seja, para a construção de uma carreira, é necessário se
levar em consideração não somente as determinações do indivíduo, mas também as
determinações da organização: do indivíduo no que diz respeito aos seus anseios e os da
organização com relação às suas práticas e formas de gerenciar e entender a carreira.
2.1.1 Conceitos de carreira
O termo carreira tem diversos significados, o que dá à palavra uma difícil definição. No geral,
a carreira pode designar uma mobilidade ocupacional, referindo-se a um caminho a ser
trilhado por um profissional ou como uma profissão, como por exemplo a carreira militar
(DUTRA, 1996).
No entanto, é importante esclarecer que a definição de carreira não deve se encerrar somente
na escolha do indivíduo, sem se considerar os determinantes da empresa, pelo contrário, ela
deve englobar as expectativas de ambas não precisando ser, necessariamente, uma seqüência
linear de experiências e trabalhos, mas uma série de transições e estágios pelo quais passa o
indivíduo na sua relação com o meio no qual está inserido.
Chanlat (1995) descreve dois modelos básicos de carreira: o modelo tradicional e o modelo
moderno.
O modelo tradicional é definido como aquele marcado pela estabilidade, pelo enriquecimento
por meio do trabalho, pela progressão de carreira e pela divisão social e sexual do trabalho.
21
Dessa forma, os trabalhadores, quando do ingresso em uma organização, têm por objetivo a
construção de uma carreira sólida e vertical, marcada pela lealdade à empresa.
Para Martins (2001) o conceito da carreira tradicional encerra-se em três aspectos: o primeiro
deles é a noção de progressão vertical na hierarquia de uma organização, acompanhada de
ganhos financeiros e status; o segundo é a associação da carreira à profissão segundo esse
conceito seria carreirista um médico, um militar, um professor, e assim por diante,
diferente de um economista, por exemplo, que pode atuar na área financeira ou na área de
recursos humanos; o terceiro aspecto é a pressuposição de uma carreira estável, em que o
indivíduo exerceria suas atividades profissionais em uma única empresa, até a sua
aposentadoria.
De acordo com Chanlat (1995) o declínio da carreira tradicional foi marcado por alguns
fatores, tais como o crescimento da participação das mulheres no mercado de trabalho, o
aumento do grau de instrução da população de um modo geral, a afirmação dos direitos dos
indivíduos, a necessidade de mudança nas organizações, a flexibilização do trabalho, e outros
fatores.
O modelo moderno de carreira caracteriza-se por ser mais igualitário e menos discriminatório,
no qual a estabilidade de emprego já não é uma certeza, a progressão da carreira é descontínua
e a mobilidade se dá de forma mais horizontal que vertical.
Esse modelo de carreira traz como tendência a implementação de práticas, por parte das
organizações, que marcam fortemente a ruptura com o modelo tradicional, tais como: a
22
flexibilização da jornada de trabalho, a possibilidade de executar trabalhos em casa, a
remuneração por desempenho e a administração da carreira em “Y”.
O sistema em “Y”, é aquele e que, por meio das seqüências das posições ocupadas, uma
pessoa pode, dentro da organização, orientar-se por duas direções: uma de natureza técnica e
outra de natureza gerencial, sendo garantidos os mesmos níveis salariais e benefícios em
qualquer uma das direções, ou braços, escolhidos. (DUTRA, 1996)
A carreira em “Y” é especialmente designada para profissionais que têm especialidade
técnica, que se desenvolvem e têm a opção de escolha entre a carreira técnica e a carreira
gerencial. Esse modelo representa um grande avanço em termos de gestão de
desenvolvimento profissional, uma vez que coloca lado a lado trajetórias de natureza técnica e
gerencial, oferecendo oportunidade ao funcionário de se desenvolver na direção que melhor
representam suas habilidades.
A figura 1 mostra as três partes que compõem o modelo em “Y” de carreira. A base é onde
estão os iniciantes de carreira que, no decorrer da sua vida profissional e através das suas
experiências e vida e de trabalho, poderão optar pela direção técnica ou gerencial de carreira.
O “braço” técnico constitui-se de funcionários que desejam se ancorar na especialização da
tarefa sem terem responsabilidade sobre departamentos ou pessoas. Já o “braço” gerencial, ao
contrário, é composto por funcionários que têm como objetivo o gerenciamento de
departamentos e de pessoas. Em ambos casos as posições técnicas e gerenciais devem ser
compatíveis em termos de salários e benefícios.
23
O modelo de carreira em “Y” é um exemplo de como os funcionários podem ser reconhecidos
por suas competências na medida em que as organizações oferecem aos seus profissionais a
possibilidade de crescimento até o mais alto nível da hierarquia organizacional.
A prática da pesquisadora também permitiu discorrer sobre a flexibilização da jornada de
trabalho, que é uma modalidade de redução da jornada de trabalho, mais aplicada aos
trabalhadores de produção, em que se prioriza o aumento do tempo livre no lugar de aumento
de salários. Esse modelo é eventualmente cogitado por sindicalistas, em época de acordos
24
coletivos e crises econômicas, como forma de garantir um maior número de funcionários
empregados, ainda que para isso seja necessário abrir mão de aumentos salariais.
Uma variação da flexibilização da jornada de trabalho, para empregados administrativos, é a
prática do banco de horas”. Nesse sistema, o empregado não é remunerado pelas horas que
trabalha além do seu expediente normal (horas-extras), mas recebe crédito de horas. Assim,
cria-se um “banco” no qual são depositadas todas as horas trabalhadas além do expediente
normal, que o resgatadas posteriormente em descanso. Esse modelo proporciona ao
funcionário a liberdade de descansar e de organizar sua vida pessoal deixando de trabalhar
eventualmente em dias úteis. No entanto, essa prática é questionada na medida em que o
funcionário não tem a opção de escolha entre descansar ou receber em dinheiro as horas que
trabalhou a mais.
Outra prática que tem sido muito utilizada pelas empresas é a adoção do trabalho em horário
flexível, que permite variações autogeridas de entrada e saída dos empregados. Nesse caso, a
organização é conivente com a existência de uma compensação para os atrasos cometidos
pelos funcionários, sem que haja prejuízo salarial. Esse sistema é bem aceito dentre os
funcionários administrativos, que lhes confere maior liberdade para organização do seu
tempo, por outro lado esse sistema não é aplicável a trabalhadores operacionais, para os quais
atrasos não são permitidos, exigindo-se o total cumprimento da jornada de trabalho.
Quanto à oportunidade de o funcionário executar suas atividades profissionais em casa, parece
ser uma realidade não tão distante da atualidade, visto que a tecnologia moderna proporciona
meios para que essa modalidade de trabalho seja implementada. A possibilidade de executar
trabalhos em casa é uma alternativa muito atrativa especialmente para as mulheres, que teriam
25
como aliar a carreira com à responsabilidade de família. Além disso, o trabalho em casa traz
conveniências para a organização como, por exemplo, a redução do gasto em transporte para
o empregado e a redução de gasto em estrutura para a organização. Embora pesquisas
apontem esse tipo de trabalho como promissor, existem entraves que devem ser avaliados
como o planejamento e fluxo do trabalho produtivo e o efeito motivacional sobre os
funcionários. (DE CENZO e ROBBINS, 2001)
O modelo moderno de carreira também aborda a prática da remuneração por desempenho, por
meio da qual o funcionário o é pago pelo cargo que ele ocupa, mas pela amplitude e
profundidade da sua atuação, bem como pelas competências que apresenta. Resumidamente,
competências o as habilidades, conhecimentos e comportamentos exigidos pela
organização, por meio dos quais se dá o desempenho.
Para que haja um programa de remuneração baseado em desempenho, é necessário que a
organização defina as habilidades específicas para determinar a remuneração de cada
funcionário; promova o desenvolvimento de suas habilidades; crie um sistema formal de teste
de competências e instale um projeto que permita ao funcionário mudar de área a fim de se
desenvolver. (DESSLER, 2003)
O sistema de remuneração por desempenho, na realidade, é muito difícil de ser implementado
e administrado. Atualmente a prática mais empregada pelas organizações no que se refere à
remuneração por desempenho é o pagamento de um bônus salarial mediante o cumprimento
de metas previamente estabelecidas pela organização. No entanto, em grande parte dos casos,
esse pagamento é restrito a executivos e funcionários vinculados ao departamento comercial.
26
2.2 DESENVOLVIMENTO DE CARREIRA
Independente da forma como a organização entenda e administre a carreira, seja de modo
mais tradicional seja de modo moderna, é imprescindível que haja um constante investimento
na capacitação de pessoas, utilizando-se de estratégias que promovam o desenvolvimento de
seus profissionais.
Boog (1999) relata que, a partir de 1980, o conceito de desenvolvimento profissional sofreu
uma mudança de enfoque. Para ele, antes desse período as empresas tinham como foco
desenvolver as habilidades dos seus funcionários até que então descobriu-se que o melhor
investimento seria desenvolver o conhecimento dos funcionários.
A habilidade é a competência requerida para se desenvolver uma tarefa definida previamente.
Dessa forma, o que se espera dos funcionários é o cumprimento da tarefa prescrita dentro dos
padrões planejados para a execução da atividade. Nesse sentido, treinar significa capacitar,
oferecer subsídios para o trabalhador desempenhar suas tarefas com precisão, ritmo e
seqüência necessários para atender à produção. (DUTRA, 1999)
Esse conceito começou a perder força quando estudos revelaram que o desempenho do
indivíduo não é produto de suas capacidades físicas, motoras ou mentais, mas é decorrente da
ação do indivíduo como um todo, dando indícios de que as relações e os sentimentos dos
funcionários fazem parte do seu desempenho, segundo relata Boog (1999). A estratégia de
capacitação de pessoas, que visava ao ajustamento das pessoas aos planos, perdeu forças,
passando-se a valorizar o conhecimento que tem como objetivo levar as pessoas a
descobrirem os caminhos mais adequados para atingir resultados.
27
Este autor ainda declara que o conhecimento caracteriza-se pela tarefa de saber viabilizar
processos, compreender o motivo pelo qual as funções são executadas e os objetivos das
ações dos indivíduos dentro do contexto da organização. De acordo com essa concepção, o
treinamento como forma de desenvolvimento profissional deixa de ser uma ferramenta que
oferece métodos para a atuação de acordo com as normas pré-estabelecidas para tornar-se um
caminho que abre espaço à criatividade e às alternativas de solução de problemas,
possibilitando que os funcionários se sintam envolvidos com o resultado da tarefa.
Assim, o desenvolvimento profissional implica oferecer ao funcionário uma oportunidade de
construir projetos pessoais e significados da contribuição do seu desempenho para a
realização desses projetos. De acordo com Boog (1999) é por meio dos significados que o
indivíduo atribui ao seu trabalho e da forma como ele configura a sua realidade que emergem
os critérios pelos quais ele elege os caminhos da sua ão, possibilitando-lhe, assim, uma
compreensão do que faz do trabalho fonte de satisfação e motivação.
Segundo Lima e Vieira (2005) o domínio que se relaciona às noções de satisfação e
motivação dos indivíduos envolve, entre outros: a) uma fonte de status e prestígio; b)
rendimentos econômicos; c) uma fonte que permite a auto-realização; d) oportunidade de
estabelecer relações interpessoais.
A resposta sobre o que o indivíduo prioriza pode possibilitar uma leitura sobre o que ele
valoriza e espera como retorno do seu trabalho. Esse entendimento permite que se analise qual
o objetivo do trabalho desenvolvido por uma pessoa e o que o torna atrativo e importante.
28
2.3 CICLOS DE VIDA E DE CARREIRA
A escolha por determinada carreira nem sempre é feita pelo indivíduo no momento do
ingresso na vida profissional, a menos que se tenha uma boa orientação quanto à carreira que
deseja desenvolver. No entanto, a pessoa somente terá a certeza de que fez a melhor escolha
após ter entrado e fazer parte da carreira, encontrando nela uma perspectiva de constante
crescimento, desde o seu ingresso até sua aposentadoria. (DE CENZO e ROBBINS, 2001)
Uma forma de se analisar e se avaliar uma carreira é considerá-la em estágios. Assim como o
desenvolvimento biológico dos seres humanos, que é marcado por ciclos como a infância, a
adolescência, a idade adulta e a velhice, a carreira também possui um ciclo marcado por
estágios que, muitas vezes, está alinhado aos anseios e experiências adquiridas pelo indivíduo
ao longo do seu desenvolvimento profissional.
2.3.1 Ciclos de Vida
Quando se fala sobre desenvolvimento humano, a primeira concepção imaginada remete ao
desenvolvimento de crianças e adolescentes, muito estudado pelos campos da psicologia e
pedagogia, entre outros.
29
No entanto, é sabido que o desenvolvimento humano não ocorre somente nos anos iniciais de
vida, mas sim durante toda ela. Esse conceito de processo vitalício de desenvolvimento é
conhecido como desenvolvimento do ciclo de vida.
Cada ciclo de vida tem suas próprias características e valores. Nenhum ciclo é mais
importante que outro, e “[...] cada período do ciclo de vida é influenciado pelo que ocorreu
antes e irá afetar o que virá depois”. (PAPALIA e SALLY, 2000, p. 31)
Os ciclos de vida que se relacionam com este estudo são aqueles que compreendem
aproximadamente a faixa etária na qual os sujeitos se interessam por uma vocação e se
preparam para a vida profissional. Assim, serão abordados abaixo quatro ciclos de
desenvolvimento humano, de acordo com os estudos desenvolvidos por Sears e Feldman
(1975) compreendidos entre a fase do adulto jovem até a velhice.
2.3.1.1 A idade do adulto jovem – 18 a 30 anos
Nessa fase da vida o ser humano atinge o seu apogeu, tanto fisicamente quanto em termos de
aptidões.
No aspecto físico, as mudanças o rápidas e profundas, os indivíduos são bem
desenvolvidos em termos de estatura e alcançam a capacidade máxima na realização de
tarefas que exigem rapidez e agilidade. É nessa fase também que ocorre a maturidade
reprodutiva. (SEARS e FELDMAN, 1975)
30
Em termos de aptidões, é a fase em que a vocação torna-se uma preocupação, pois muitas
vezes o indivíduo tem interesse por determinado campo ou área de atuação, mas no geral, no
início dessa fase, final da adolescência, eles ainda não têm maturidade para uma escolha
consciente. (PIKUNAS, 1979)
Essa fase também é marcada por conflitos. Um deles refere-se à vocação e à ansiedade por
uma escolha profissional satisfatória, o outro conflito relaciona-se à entrada no mercado de
trabalho. Encontrar o primeiro emprego pode ser um desafio importante, mas também pode
ser uma fonte de frustração. (PAPALIA e SALLY, 2000)
2.3.1.2 A idade do vigor da vida – 30 a 42 anos
Esse ciclo é marcado por ser o período mais produtivo para a maioria das pessoas. A saúde
física atinge o seu auge e começa a declinar, muitas vezes disfarçada pela maior experiência
que os indivíduos a ela agregaram. (PAPALIA e SALLY, 2000)
Quanto ao sico, que apresenta o seu máximo no início desse ciclo, começa a apresentar os
primeiros sinais do envelhecimento. Não que o indivíduo tenha deixado de se desenvolver,
pois esse processo dura enquanto a vida durar, mas os processos degenerativos inerentes aos
seres humanos tornam-se relativamente mais importantes, como citado abaixo.
31
“Os homens na casa dos 30 podem descobrir que o incapazes de ler o bem quanto antes
um texto impresso em letrinha miúda, porque os cristalinos tornaram-se menos elásticos e,
assim, menos aptos a focalizar.” (SEARS e FELDMAN, 1975, p. 99)
No que diz respeito à ocupação, essa fase pode marcar o ponto central cronológico de muitas
carreiras. Para alguns representa o ponto final, para outros avanço, ou ainda a estabilização
em um platô. No geral, esse ciclo é valorizado pelo conhecimento e pela experiência que o
indivíduo acumula, no qual pode haver aumento de responsabilidade mas também
recompensa em termos financeiros e crescimento hierárquico.
2.3.1.3 A meia idade42 a 60 anos
Para Sears e Feldman (1975) a meia idade é marcada por certo declínio das condições físicas,
como diminuição da resistência e da força muscular. No que diz respeito à carreira, pode ser
uma fase de sucesso e ganhos ou de esgotamento. Nessa fase, a busca do sentido da vida
assume importância fundamental, no entanto algumas responsabilidades como cuidar dos
filhos ou dos pais idosos, e situações, como a partida dos filhos em busca da construção da
sua própria história de vida, podem gerar estresse.
Ainda para o autor, no que diz respeito à condição física, nessa fase a força muscular e a
capacidade de manutenção de um esforço máximo declinam regularmente. No geral, os
homens com idade no final da casa dos 50 anos, conseguem realizar trabalhos físicos árduos
32
com um ritmo 40% menor que um indivíduo de 40 anos de idade. No entanto, essa condição
não é debilitante, embora requeira adaptações.
Referente à situação profissional, para alguns o emprego significa uma importante fonte de
gratificação, por meio da qual as pessoas se sentem valorizadas e desejam ser necessárias para
projetos que lhes pareçam significativos. No entanto, esse ciclo tem um sentido
completamente diferente para aqueles que não se atualizaram profissionalmente, pois nessa
fase a aspiração por aprender coisas novas tende a declinar. (PIKUNAS, 1979)
No geral, essa é uma fase de auto-avaliação para a maioria das pessoas na medida em que elas
têm uma situação profissional estabelecida, com êxito e conquistas ou não. É nesse ciclo
também que os laços familiares, entre as família dos filhos e dos pais que envelhecem, se
fortalecem.
2.3.1.4 A idade da velhice – mais de 60 anos
Ao contrário do que se imagina a idade da velhice é, para a maioria das pessoas, uma fase
saudável e ativa, porém permeada por muitos problemas que devem ser enfrentados, pois é
nessa etapa da vida que ocorrem grandes perdas: a memória e a capacidade sica entram em
declínio, a depressão pode ocorrer a algumas pessoas devido à perda de conhecidos e
familiares, além da eminência da própria morte. (PAPALIA e SALLY, 2000)
33
No entanto, a década dos 60 não é somente marcada por perdas, Sears e Feldman (1975)
relatam que o estoque de conhecimentos que um indivíduo tem é, pelo menos, mantido ou até
mesmo pode se elevar, como é o caso do vocabulário, que tende a aumentar em idades mais
avançadas. Esses autores ainda mencionam que nessa fase da vida, as pessoas têm um pouco
mais de dificuldade em compreender o que deve ser aprendido e que a retenção em curto
prazo desse conhecimento na memória é um pouco prejudicada, porém o indivíduo é apto a
adquirir novos conhecimentos.
Papalia e Sally (2000) cita que estudos indicam que a velhice pode ser uma fase muito bem
vivida e que a produtividade remunerada ou não e a prática de atividades físicas
proporcionam às pessoas melhor qualidade de vida, ou seja, o estilo de vida influencia na
maneira como as pessoas podem e efetivamente vivem os últimos anos de suas vidas.
2.3.2 Ciclos de carreira
O ciclo da carreira é marcado pela progressão ao longo das fases que a compõem. Dessa
maneira, tem-se um estágio inicial, que é o momento da busca por uma carreira; os estágios
intermediários, de construção e desenvolvimento da vida profissional e um estágio final, isto
é, o término da carreira.
Embora o ciclo da carreira seja geralmente atrelado à faixa etária do individuo, o que deve ser
considerado quando da análise são os estágios e não as categorias de idade que são
apresentadas, isto porque nem todas as pessoas têm o mesmo empenho e experiência com
34
uma carreira, uns começam a trabalhar mais cedo, outros iniciam suas atividades profissionais
na maturidade. Além disso, deve-se considerar que se uma pessoa muda drasticamente sua
carreira para assumir outra linha de trabalho aos 40 anos de idade, ela terá os mesmos anseios
de uma pessoa que começa a trabalhar aos 25 porque ambas estarão no estágio da
consolidação da carreira. (DE CENZO e ROBBINS, 2001)
Outras questões que remetem ao fato de que o devemos nos basear nas categorias de idade
referem-se ao social. O aumento da longevidade é uma delas; devido ao avanço da medicina e
à melhoria da qualidade de vida, as pessoas têm vivido por mais tempo o que faz com que
haja um deslocamento, em termos de idade, do ápice da carreira. Da mesma maneira, a
aposentadoria tem ocorrido mais tarde e as pessoas estão cada vez mais empenhadas em ser
úteis e usufruir a vida.
Os pesquisadores tratam de forma diferenciada a questão do ciclo de carreira, conforme se
pode analisar a seguir:
Schein (1996) relata 10 fases de carreira, com início na infância e término na aposentadoria,
não relacionando essas fases com a idade do indivíduo. As fases propostas por ele são citadas
em ordem crescente, conforme segue: fase 1 crescimento, fantasia e exploração; fase 2
educação, treinamento; fase 3 ingresso no mundo profissional; fase 4 treinamento básico,
socialização; fase 5 admissão como membro; fase 6 estabilização no emprego,
permanência como membro; fase 7 crise no meio da carreira, reavaliação; fase 8 avanço,
recomeço ou estabilização; fase 9 – desligamento; fase 10 – aposentadoria.
35
Super (1975) menciona os estágios da vida vocacional relacionando-os à idade, desde o
nascimento até a aposentadoria do sujeito. Dessa maneira, as fases se organizam da seguinte
forma: estágio 1 crescimento (do nascimento aos 14 anos); estágio 2 exploração (dos 15
aos 24 anos); estágio 3 estabelecimento (dos 25 aos 44 anos); estágio 4 permanência (dos
45 aos 64 anos); estágio 5 – declínio (dos 65 anos em diante).
Havighurst (1964) apud Martins (1978) também apresenta os estágios vocacionais atrelados à
idade, compondo 6 fases inicio na infância e termina na aposentadoria a saber: fase 1
identificação com um trabalhador (5 aos 10 anos); fase 2 aquisição de hábitos sicos de
indústria (10 aos 15 anos); fase 3 aquisição de identidade como trabalhador na estrutura
ocupacional (15 aos 25 anos); fase 4 – tornar-se uma pessoa produtiva (25 aos 40 anos); fase 5
subsistência numa sociedade de produção (40 aos 70 anos); fase 6 contemplação de uma
vida produtiva e responsável (70 anos em diante).
De Cenzo e Robbins (2001) descrevem o ciclo de carreira formado por 5 fases, também
atrelados à idade, com início na infância e término na aposentadoria: fase 1 exploração (do
nascimento aos 25 anos); fase 2 – consolidação (dos 25 aos 35 anos); fase 3 – meio da carreira
(dos 35 aos 50 anos); fase 4 fim de carreira (dos 50 aos 70 anos); fase 5 declínio (dos 70
anos em diante).
Dutra (1996) também relata o desenvolvimento da carreira profissional relacionado à idade do
sujeito, no entanto ele não cita a idade como algo estanque, mas como um fator que sofre a
variação de acordo com a pessoa. No geral, da infância à aposentadoria, a classificação feita
por esse pesquisador pode ser resumida conforme segue: ciclo 1 crescimento, fantasia,
exploração (a21 anos); ciclo 2 entrada do indivíduo em uma empresa ou ocupação (de 16
36
até 35 anos); ciclo 3 crescimento em uma empresa, ocupação ou estrutura hierárquica (dos
35 anos até a aposentadoria); ciclo 4 saída da empresa ou ocupação, que se na
aposentadoria.
Figura 2 - Comparativo dos ciclos de carreira para diferentes pesquisadores
SCHEIN
crescimento / educação / ingresso profissional / treinamento / admissão como membro / estabilização /
crise / avanço / desligamento / aposentadoria
SUPER
HAVIGHURST
bitos
DUTRA
DE CENZO
e ROBBINS
Fonte: elaborado pela pesquisadora.
idade
CICLOS DE CARREIRA
exploração entrada crescimento saída
65 70 75
exploração consolidação meio carreira fim de carreira declínio
45 50 55 6025 30 35 405 10 15 20
identificação
contemplação
declínio
identidade produção subsistência
crescimento exploração estabelecimento permanência
A figura 2 mostra um comparativo entre os ciclos de carreira descritos pelos cinco
pesquisadores citados anteriormente.
37
A fim de se estabelecer um parâmetro no qual essa pesquisa se pautará, optou-se por
desenvolver uma escala consolidada dos ciclos de carreira, com base nos estudos realizados
anteriormente pelos pesquisadores mencionados. O agrupamento dos ciclos de carreira está
demonstrado na figura 3, abaixo:
Figura 3 - Ciclos de carreira consolidados a partir de pesquisas anteriores
FASES
crescimento declínio e aposentadoria
Fonte: elaborado pela pesquisadora.
5 10 15 20 55 60
permanência e subsistência
25 30 35 40
idade
CICLOS DE CARREIRA
65 70 75
estabecimento e consolidação
exploração e entrada
45 50
2.3.2.1 Primeiro ciclo – da exploração à entrada na organização
Esse ciclo dura aaproximadamente os 25 anos de idade e é marcado por uma fase em que o
indivíduo se prepara, por meio da formação e desenvolve habilidades que poderão ser
utilizadas quando ele ingressar no mundo do trabalho. Nesse período o indivíduo começa a
questionar alternativas de trabalho ao mesmo tempo em que pondera sobre as reais
possibilidades de para fazer uma escolha profissional.
38
O estágio da exploração é importante porque nele se desenvolvem expectativas acerca da
construção de uma carreira e, por intermédio delas os indivíduos podem ter a oportunidade de
experimentar o trabalho por meio de estratégias como os estágios oferecidos na época da
graduação, que podem dar indício e determinar a aptidão para o trabalho. (DE CENZO e
ROBBINS, 2001)
Para Schein (1996), esse ciclo é importante principalmente pela capacidade de adaptação que
o indivíduo desenvolve para adequar a realidade do mundo do trabalho às suas fantasias, que,
na maioria das vezes são campos bastante distintos.
Havighurst apud Martins (1978) também relata que nesse período se dá a aquisição de
identidade do indivíduo como um trabalhador na estrutura organizacional, tornando essa
experiência de trabalho base para a afirmação da sua escolha profissional.
“É nesta fase que surge uma auto-imagem mais significativa da pessoa
como profissional ou membro da organização. Objetivos e valores começam
a se definir por meio das reações a diferentes situações desafiadoras em que
as escolhas devem ser feitas. O indivíduo começa a ter mais consciência de
suas aptidões, pontos fortes e fracos.” (SCHEIN, 1996 p. 23)
2.3.2.2 Segundo ciclo – do estabelecimento e consolidação em uma carreira
O segundo ciclo da carreira, do estabelecimento e consolidação em uma carreira – perdura até
aproximadamente os 35 anos de idade e é quando se o início da vida profissional em que
ocorre o primeiro contato com o ambiente de trabalho e as primeiras experiências
39
ocupacionais, estendendo-se até o meio da carreira, quando o indivíduo começa a desenvolver
ambições de crescimento em longo prazo.
Nessa fase, chamada por De Cenzo e Robbins (2001) de ciclo da consolidação da carreira, que
se estende até os 35 anos de idade, o indivíduo se depara com dois problemas: encontrar um
“nicho” e “fazer sua marca”. O primeiro problema, que trata do nicho de carreira”, implica
encontrar uma atividade com a qual o sujeito tenha identificação. Muitas pessoas demoram a
se consolidar em uma carreira, mudam de ocupação várias vezes sem conseguir definir o que
gostam ou o que pretendem desenvolver.
O segundo problema, que se refere à marca, trata da consolidação, propriamente dita, da
carreira. Ao ingressar em uma ocupação o indivíduo sofre um desgaste por cometer erros e ter
que aprender com esses erros, para assim poder assumir maiores responsabilidades e ter maior
produtividade. Superando esses desafios ele conquista seu espaço, consolida a sua carreira,
faz a sua “marca” e passa a ser responsável pelos seus próprios erros.
Nesse ciclo, além da adaptação à organização e ajuste às exigências do trabalho, o indivíduo
começa a desenvolver suas habilidades específicas, levando em consideração sua aptidão e
restrições impostas pela organização, o que o levará a avaliar sua decisão quanto à
continuidade na ocupação ou mesmo analisar a escolha entre o desenvolvimento de uma
carreira técnico-especializada ou gerencial. (DUTRA, 1996)
Super (1975) relata que o estágio da vida vocacional correspondente a esse ciclo, compreende
uma fase de exploração e experiência, que ocorre quando o indivíduo materializa a escolha
desenvolvida na imaginação através das primeiras experiências com o trabalho e, a partir do
40
momento em que sente que fez a escolha da carreira correta, concentra seus esforços para se
manter nela. Caso se sinta insatisfeito, mudanças ainda podem acontecer, a que a vida
profissional seja definitivamente assumida.
2.3.2.3 Terceiro ciclo – do crescimento em uma ocupação
Esse ciclo, caracterizado pelo crescimento em uma ocupação, ocorre aproximadamente entre
os 35 e 45 anos de idade e é marcado pelo grande espaço que o trabalho e a carreira ocupam
na vida do indivíduo, podendo ocorrer conflitos entre os interesses profissionais e pessoais do
trabalhador.
De acordo com De Cenzo e Robbins (2001), no que diz respeito ao desenvolvimento
profissional, nessa fase a carreira do sujeito pode sofrer uma progressão, estagnação ou
deterioração.
Se a carreira estiver direcionada à progressão, essa é a fase em que os funcionários alcançam
seus primeiros objetivos e almejam crescer cada vez mais, mostrando um alto desempenho na
execução de suas atividades, podendo obter ascensão aos cargos mais altos de uma hierarquia
organizacional.
No entanto, para algumas pessoas, essa é a fase da estagnação na qual o funcionário o
apresenta ambição e agressividade para galgar posições de níveis mais altos. Essas pessoas
não devem ser descartadas, geralmente elas são bastante produtivas, tecnicamente
41
competentes, eficientes e confiáveis, porém satisfazem-se em contribuir com o volume de
trabalho e energia para cumprir uma determinada tarefa, mantendo-se num platô.
A deterioração da carreira ocorre quando o funcionário perde o interesse pelo trabalho, o que
pode provocar a queda de seu nível de produtividade, resultando em rebaixamento, repreensão
ou mesmo demissão. A mudança de carreira ou perspectiva de trabalho pode ajudar essas
pessoas a se revigorarem profissionalmente.
2.3.2.4 Quarto ciclo – da permanência e subsistência numa sociedade produtiva
O quarto ciclo, marcado pela permanência e subsistência numa sociedade produtiva, inicia-se
aproximadamente aos 45 anos e dura até 65 anos de idade, em média.
Essa fase é marcada pela estabilização do indivíduo no trabalho na medida em que as pessoas
buscam segurança e sustentação do emprego (SUPER, 1975). Além do aspecto individual,
sendo o sujeito um trabalhador, o papel representado na sociedade também ganha ênfase
nesse ciclo, uma vez que a pessoa coloca atenção na responsabilidade social relacionada a seu
trabalho. No geral os profissionais estão no auge de suas carreiras e, com experiência e
energia, se preocupam em formar sucessores e introduzir jovens no atribulado mercado de
trabalho. (HAVIGHURST, 1964 apud MARTINS, 1978)
Nessa fase da carreira também é comum ocorrer crises. Schein (1996) relata não ser sabido se
se trata de crise ou mesmo de uma auto-reavaliação. O fato é que nessa fase é comum aos
42
profissionais se questionarem a respeito de suas opções iniciais, de suas conquistas, resultados
e de seu futuro.
A reflexão acerca da construção da carreira pode ser, de certa forma, traumática para alguns
profissionais mas, para outros pode significar um recomeço e dessa maneira um caminho para
o estabelecimento de novas metas que orientem e determinem o crescimento na hierarquia
profissional ou mesmo uma avaliação de como conciliar as exigências profissionais com os
interesses pessoais e familiares.
A estabilização profissional também é uma possibilidade passível de ocorrer neste ciclo da
carreira. Para Schein (1996, p. 24) “[...] a estabilização nesta fase é uma escolha baseada na
percepção de que suas aptidões, objetivos e valores não requerem maiores aspirações.”
2.3.2.5 Quinto ciclo – do declínio, aposentadoria e saída da organização
O quinto ciclo é marcado pelo declínio, aposentadoria e saída do indivíduo da organização.
Inevitavelmente haverá um período na vida de uma pessoa em que seu ritmo de trabalho e
produtividade tendea cair, amesmo em razão de sua idade e do cansaço de uma extensa
vida de dedicação à profissão. Schein (1996) cita que algumas pessoas começam a pensar
na sua aposentadoria e se preparam para isso, outras negam essa fase com veemência. Por este
motivo, a auto-imagem profissional nessa fase varia muito de pessoa para pessoa.
43
De Cenzo e Robbins (2001) relatam que os indivíduos que tiveram um alto desempenho
profissional são valorizados pela sua experiência, podendo-se tornar mentores de iniciantes;
os que estagnaram continuarão esperando pela aposentadoria e os que se deterioraram
temerão mais por seus empregos.
Nesse ciclo de carreira, em que os indivíduos têm mais maturidade, se dá o ajuste da
inclinação profissional que possibilita o uso da experiência e sabedoria acumulada durante o
desenvolvimento da carreira em favor do estilo de vida que a pessoa quer ter e da
possibilidade de desenvolver novos papéis. Super (1975) relata que, nessa fase, uma
grande variação de comportamento de pessoa para pessoa, enquanto alguns deixam de exercer
uma atividade profissional após a saída da organização, outros deixam de trabalhar somente
com a morte.
Com base na compreensão dos ciclos e suas características, que marcam o desenvolvimento
da carreira, podemos inferir a análise de que os indivíduos se apóiam em diferentes suportes,
ou âncoras, para obter o crescimento profissional. Esses suportes estão, provavelmente, mais
ou menos presentes nas características dos indivíduos de acordo com o ciclo em que cada
profissional vive.
2.4 INCLINAÇÃO PROFISSIONAL E ÂNCORAS DE CARREIRA
O indivíduo, ao longo da sua trajetória profissional e progressão de carreira, desenvolve um
conceito a seu próprio respeito formado pela percepção de si mesmo, suas experiências,
valores, aptidões e objetivos. Esse autoconceito é norteado pelas respostas dadas às perguntas
44
que se referem à sua competência, sua aptidão, seus pontos fortes e fracos, suas necessidades,
motivações, estímulos, objetivos de vida, realização pessoal e profissional. (SCHEIN, 1996)
O autoconceito é importante na medida em que o sujeito consegue, por intermédio dele,
aprender a se aperfeiçoar nas atividades que valorizam, bem como a evitar tudo aquilo que
não desempenham bem, começando a desenvolver a percepção de “tem a ver comigo” ou
“não tem a ver comigo”.
Para Schein (1996,b) a inclinação profissional é o rumo da carreira de uma pessoa, é um
elemento do qual o se abre mão, mesmo diante de escolhas difíceis, estanque como uma
âncora. É claro que o possível satisfazer a todas as necessidades, mas é fundamental saber
quais são as prioritárias. Como exemplo, esse autor cita o artista que, para não morrer de
fome, dirige um táxi.
A essa inclinação profissional denomina-se também de âncora de carreira.
2.4.1 Definição de âncoras de carreira
A teoria desenvolvida por Edgar Schein sobre Âncoras de Carreira tem por finalidade
identificar o suporte por meio do qual o indivíduo se apóia, ou se ancora, para se desenvolver
profissionalmente.
45
Esse suporte pode ser a competência gerencial, a competência técnica, o desejo de sempre ser
desafiado, a necessidade de se sentir seguro e estável em um emprego, entre outros.
As âncoras de carreira refletem o autoconceito de uma pessoa, que é formado pelas suas
habilidades e experiências, funcionando como uma força estabilizadora, que pode ser vista
como as motivações e valores dos quais o indivíduo não desiste quando é forçado a fazer uma
escolha. (TECHIMA, TSUJIMOTO e SILVA, 2005)
O conceito de âncoras de carreira foi desenvolvido em um estudo realizado por Edgar Schein
com 44 alunos egressos do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) no período de
1961 a 1973. Esse estudo envolvia o acompanhamento da carreira desses egressos,
identificando que tipo de trabalho e oportunidade suas carreiras proporcionavam.
Através deste estudo e pelo depoimento dos indivíduos que participaram da pesquisa, que
estudava os motivos e as razões que os levaram à mudança, Schein analisou os padrões de
escolha dos sujeitos, agrupando-os em categorias distintas: 1) autonomia e independência; 2)
segurança e estabilidade; 3) competência técnico-funcional; 4) competência gerencial e 5)
criatividade empreendedora. Com a evolução dos seus estudos, em meados de 1980, Schein
observou a necessidade de acrescentar mais três categorias, a saber: 6) serviço ou dedicação a
uma causa; 7) desafio; 8) estilo de vida.
Dessa forma, o estudo definiu que a âncora de carreira de uma pessoa é a sua auto-imagem,
que consiste na autopercepção das suas habilidades e valores. Ele relata ainda que essa auto-
imagem orienta e influencia toda a carreira do indivíduo, estabilizando-se como uma âncora,
46
de tal modo que a pessoa o desistirá da sua escolha ainda que seja forçado a fazer outra
escolha.
A maioria das pessoas o é ciente das âncoras de carreira que suportam o seu
desenvolvimento profissional até que sejam forçadas a fazer as escolhas que pertençam ao
autodesenvolvimento, à família ou à carreira. No entanto, com a evolução da vida e da
carreira, a maioria das pessoas descobre que uma dessas oito categorias é a âncora principal,
ainda que outras âncoras possam interagir com esta.
2.4.1.1 Primeira âncora: Segurança no emprego
Essa âncora refere-se à preocupação com a estabilidade e com a garantia de emprego,
segurança, benefícios e boas condições de aposentadoria.
Segundo Schein (1996), os indivíduos ancorados nessa categoria experimentam os problemas
de forma mais severa em razão da necessidade de garantir a “segurança no emprego” em meio
às constantes mudanças nas políticas organizacionais das empresas. A única coisa que o
ocupante da carreira realmente espera de uma organização é a oportunidade de aprender e
ganhar experiência, o que o faz supostamente empregável em alguma outra organização, caso
ocorra a perda do emprego. Existem muitas pessoas que sentem necessidade de se manter
estável e ter uma renda adequada, o que faz com se essas pessoas busquem um bom
empregador, com a intenção de permanecer com ele enquanto durar sua carreira. Muito
47
provavelmente essas pessoas são ancoradas, de acordo com a teoria de Schein, em “Segurança
e Estabilidade”.
2.4.1.2 Segunda Âncora: Autonomia e Independência
Para Schein (1996), os indivíduos que se ancoram na autonomia vêem as organizações como
um local que servirá de suporte para a realização dos seus planos futuros. Essas pessoas
podem transformar o modelo atual de trabalho para a carreira futura, pois à medida que se
tornam mais experientes, suas necessidades de autonomia aumentam, o que as motiva a abrir
seus próprios negócios, tornando-se consultores ou de outras maneiras, reduzindo a
dependência em relação à organização.
Esse autor relata que ainda o é claro se a habilidade de ser autônomo depende de uma linha
de base da segurança. Por exemplo, um gerente que tenha perdido seu emprego no meio da
sua carreira e/ou vida profissional e que não tenha economias adequadas ou um bom
programa de aposentadoria pode continuar a procurar posições seguras mesmo que sua âncora
principal seja autonomia.
Assim, indivíduos cuja âncora seja a autonomia e que tenham construído suas carreiras
autônomas possuem grandes chances de serem bem sucedidos, mas aqueles que dependem
dos trabalhos seguros para planejar sua carreira podem ser altamente vulneráveis ao mercado
de trabalho.
48
2.4.1.3 Terceira Âncora: Estilo de Vida
De acordo com a abordagem de Schein (1996), as pessoas que se ancoram nesse tipo de
suporte pensam nas carreiras como a parte de um “sistema maior de vida", em que devem
integrar em suas carreiras os interesses pessoais e da família em um padrão de total coerência,
como se tivessem carreiras duplas, descrevendo um estilo de vida particular.
O autor menciona que à medida que o número de pessoas que buscam integrar os interesses
pessoais e de carreiras, aumenta também a quantidade de pessoas voltadas para a autonomia e
para o interesse próprio, preocupadas em desenvolver uma carreira aliada ao seu estilo de
vida.
Desenvolver um estilo de vida capaz de equilibrar as necessidades da carreira e da família, de
modo que a pessoa seja capaz de levar a vida à sua própria maneira é o que desejam os
indivíduos dirigidos para essa âncora, o que reflete a preocupação de conjugar os aspectos da
vida num todo integrado, de modo que nem as preocupações com a família nem as com a
carreira se tornem dominantes. (SCHEIN, 1993)
A organização e o indivíduo estão se ajustando gradualmente à noção de que m de que se
adaptar a essa nova realidade. Isso significa que as organizações terão de ser bem menos
paternalistas e os indivíduos mais autoconfiantes, até o ponto em que começarão a vivenciar
situações duplas, em suas carreiras, então pensarão, planejarão e agirão como unidades
sociais. Por outro lado, e as organizações terão de pensar em como manter sistemas de
49
sustentação para tais unidades, tendo que administrar por exemplo o sistema de trabalho de
meio expediente, tornando-se menos tradicional.
Para Overman (1993), a premissa dos indivíduos que o ancorados em ‘estilo de vida’ é
aquela em que o trabalho faz parte de suas vidas num universo integrado, por isso eles
necessitam ter uma carreira que lhes forneça tal flexibilidade. Para essas pessoas, o sucesso é
definido como algo que vai além do sucesso da carreira, pois engloba a forma como você vive
sua vida na totalidade e não somente o trabalho em particular.
2.4.1.4 Quarta Âncora: Aptidão Técnico-Funcional
Essa âncora de carreira predomina nos indivíduos que desejam construir suas carreiras em
uma área cnica específica ou em determinada profissão. A competência cnico-funcional
reflete uma preocupação principal que os indivíduos têm em exercitar suas habilidades e
capacidades pessoais numa determinada área (SCHEIN, 1993)
A maioria das pessoas que se ancoram nessa categoria aprecia sua habilidade e tem
consciência da sua preferência por determinada área de especialização. Quando desejam
alcançar uma gerência e ter progresso hierárquico, visto que é no topo das hierarquias que
estão as grandes recompensas financeiras, demonstram interesse em que esse progresso ocorra
dentro de suas áreas de competência técnica ou funcional.
50
As pessoas ancoradas na competência técnico-profissional têm a preocupação e a consciência
de que o conhecimento e a habilidade se tornam rapidamente obsoletos em um mundo
tecnologicamente dinâmico por isso valorizam a oportunidade de realizar cursos de
aperfeiçoamento, assim como licenças para estudos e verbas para compra de livros e
equipamentos. Essa necessidade se dá principalmente pelo fato de que esses indivíduos
procuram não ficar obsoletos à medida que ficam mais velhos. (SCHEIN, 1996)
As organizações sempre necessitarão de especialistas em funções específicas e, à medida que
a complexidade tecnológica aumenta, aumenta também a necessidade de especialistas
técnicos. Por outro lado, pelo de a tecnologia evoluir rapidamente, os conhecimentos dos
especialistas tornam-se obsoletos cada vez mais rapidamente. Ou seja, manter-se atualizado
técnico e funcionalmente exige que a pessoa se aprimore constantemente e de forma que isso
não seja tão oneroso para as empresas. Assim, os indivíduos que se ancoram nessa categoria,
devem planejar um orçamento para a sua própria aprendizagem.
Schein (1996) relata que as pessoas que têm a aptidão técnico-funcional gostam de ser
reconhecidas por especialistas no campo em que atuam, mais do que por um superior o-
especialista. Do mesmo modo, o recebimento de distinções, prêmios e outros tipos de
reconhecimento público são mais valorizados por esses profissionais do que propriamente um
bônus ou pagamento extra.
51
2.4.1.5 Quinta Âncora: Aptidão administrativa geral
Pessoas ancoradas na aptidão administrativa geral gerencial são aquelas que procuram ocupar
posições que envolvem a gestão de pessoas e de negócios. Para isso, essas pessoas têm como
motivação três pontos que encerram a concepção de gerenciamento, quais sejam:
competência interpessoal, competência analítica e estabilidade emocional.
Compreende-se por competência interpessoal a habilidade de liderar, supervisionar, controlar
e persuadir pessoas com a finalidade de conduzi-las aos objetivos organizacionais, estando à
frente e oferecendo o norte para que as tarefas sejam efetivadas da melhor forma possível.
Para a tomada de decisões numa organização o diretor geral precisa reunir informações
precisas e, para tal, necessita agrupar pessoas certas proporcionando um clima que favoreça a
troca máxima de dados e pareceres a fim de que possa tomar a decisão mais correta. Dessa
forma, a habilidade de trabalhar em grupo é muito importante para essas pessoas. (SCHEIN,
1996)
A competência analítica refere-se à habilidade de compreender as diversas faces de um
problema, identificando-os e propondo soluções e/ou alternativas para sua resolução em um
cenário de incertezas e informações incompletas. Schein (1996) cita que, uma vez que o
processo decisório cabe ao diretor geral, a habilidade de analisar, sintetizar e solucionar
problemas é de fundamental importância para essas pessoas.
Dutra (1996) relata que a estabilidade emocional é a capacidade de oferecer segurança e
motivação frente às situações de crise e de desempenhar o papel de autoridade sem sentir
52
medo ou culpa. Mais do que isso, Schein (1996) acrescenta que o processo de tomar decisões
difíceis é muito penoso e que absorver as tensões emocionais geradas pela incerteza sem com
isso desistir, contrair uma úlcera ou mesmo ter um colapso nervoso é uma tarefa muito
dispendiosa, mas que pode ser controlada na medida em que se adquira, com experiência e
prática, a habilidade de controle.
Essa categoria de âncora atrai muitos ocupantes devido às recompensas que o oferecidas
para funcionários de alto nível gerencial. Cada vez mais, pessoas ancoradas nesse suporte
reconhecem que essa habilidade aliada ao fator emocional são requisitos necessários para se
ter a competência gerencial.
O processo de supervisão influência, liderança e controle de pessoas em todos os níveis
reflete a competência de gestão, que tem como preocupação central a integração dos esforços
dos outros, para promoção da responsabilidade pelos resultados totais e para a articulação das
diferentes funções de uma organização. (SCHEIN, 1993).
Para se ter aptidão administrativa geral a pessoa deve ser altamente motivada para sobreviver
a um ambiente político, deve ter habilidades financeiras, ter um bom relacionamento
interpessoal, sobretudo para intermediar negociações e, mais importante de tudo, ter uma boa
estrutura emocional para poder tomar decisões com base em informações parciais.
A necessidade de gerenciamento vem crescendo e ao mesmo tempo sendo levada aos níveis
mais baixos da hierarquia organizacional. Ao mesmo tempo em que o trabalho se torna cada
vez mais técnico, há maior necessidade de gerenciamento para integração das equipes de nível
operacional, como se atualmente nas organizações: camadas inteiras de gerência estão
53
sendo cortadas e as equipes redesenhadas, criando o que se chama autocontrole, que implica a
redução de controles centralizados a favor da redução de funções, o que requer cada vez mais
as habilidades analíticas, interpessoais e emocionais dos funcionários operacionais. Assim, os
gerentes de equipe, os gerentes de projeto e os gerentes de programa terão que ter as
habilidades semelhantes às da gerência geral, além de sua compreensão técnica nas tarefas
usuais. (SCHEIN, 1996)
Em muitas organizações não há espaço para um gerente geral, a menos que esse esteja no topo
de um departamento ou divisão. A promoção a uma gerência geral implica um salto grande na
hierarquia organizacional. No futuro as habilidades analíticas, interpessoais e emocionais
farão parte também dos funcionários que ocupam um vel mais baixo na hierarquia. Desse
modo, o escopo do gestor será definido cada vez mais pelas habilidades que ele possui e
menos pela posição que ele ocupa num organograma.
2.4.1.6 Sexta Âncora: Empreendedorismo
Para Schein (1996) mais e mais pessoas são atraídas pela idéia de que podem desenvolver seu
próprio negócio, pela possibilidade de ter uma vida autônoma ou pela necessidade de ter
maior liberdade para desenvolver suas atividades e, enquanto o mundo se torna mais dinâmico
e complexo, as oportunidades para indivíduos ancorados nessa categoria aumentam
drasticamente.
54
Trabalhar com os próprios produtos e idéias ou construir a sua própria empresa são os
objetivos daqueles que estão alicerçados na âncora do empreendedorismo. Esses indivíduos
têm a preocupação com a criação de algo novo, que envolve a motivação para ultrapassar
obstáculos, a vontade de correr riscos e o desejo de proeminência pessoal naquilo que é
alcançado (SCHEIN, 1993)
A necessidade de criação de produtos novos e serviços que se derivam da tecnologia de
informação, da biotecnologia e, sobretudo, do desenvolvimento de novas tecnologias tende a
aumentar, valorizando cada vez mais a criatividade, que está no núcleo dessa âncora.
Dutra (1996) que cita essa âncora com o nome de criatividade, relata que à medida que as
pessoas empreendedoras concretizam os seus negócios, sua ambição passa a ser necessidade
de acumular dinheiro. Essa atitude se deve, o por um fato em particular, mas para definir
seu grau de sucesso, uma vez que o total de ativos é a única medida utilizada para tal fim.
Para Overman (1993) a sustentação dessa âncora encontra-se na afirmação de que o indivíduo
quer provar ao mundo que pode criar uma empresa ou algo cujo resultado venha de seu
próprio esforço. Para ele, os indivíduos ancorados nessa categoria podem até trabalhar para
uma organização, enquanto o aprendizado valha para aproveitamento em oportunidades
futuras, mas planejam sair o mais cedo possível para seguir os seus próprios caminhos.
55
2.4.1.7 Sétima Âncora: Serviço e Dedicação
A âncora de carreira pautada em ‘serviço e dedicação’ corresponde a uma preocupação
primordial com o alcance de resultados valorizados, como por exemplo, fazer do mundo um
lugar melhor para se viver, ajudar os outros, aumentar a harmonia entre as pessoas, ensinar e
assim por diante (SCHEIN, 1993).
As pessoas ancoradas nessa categoria são leais para com os seus valores pessoais e não,
necessariamente, para com a organização, pois esses indivíduos baseiam-se no desejo de
influenciar o mundo em uma determinada direção e, com base nessa causa, trabalham muitas
vezes com profissões relacionadas à ajuda aos demais, sendo que a recompensa financeira não
é o seu valor central. (DUTRA, 1996)
Não obstante, o ‘serviço e dedicação’ também pode estar a cargo do desenvolvimento de uma
carreira, da busca constante pelo aperfeiçoamento das habilidades necessárias para a
construção de uma sólida vida profissional.
2.4.1.8 Oitava Âncora: Desafio Constante
Sempre houve pessoas que definiram suas carreiras nos termos de superar probabilidades
impossíveis e de resolver os problemas até então sem solução. A âncora de carreira
correspondente ao desafio constante reflete uma preocupação com a resolução de problemas
56
aparentemente sem solução, de vencer oponentes duros, de ultrapassar obstáculos difíceis.
Sendo assim, o processo que conduz ao sucesso é mais importante que o sucesso num
determinado campo ou área de competência.
Dutra (1996) relata que as pessoas que ancoram suas carreiras no desafio constante gostam de
se sentir estimuladas e desafiadas por oportunidades de alto risco e, quando não as têm,
sentem-se desestimuladas e aborrecidas. No entanto, Schein (1996) nota em seus estudos que,
embora o número de pessoas que buscam o desafio como forma de carreira seja crescente, não
está de todo certo se elas m uma predisposição para encarar e superar os desafios de uma
organização ou se essa é uma adaptação para desafios crescentes que o mundo nos está
apresentando.
De todo modo, não haverá falta de desafios nem para um, nem para outro, pois as pessoas que
gostam de desafios são também grandes absorvedores de aprendizado.
2.4.2 Pesquisa sobre o constructo
O constructo âncoras de carreira tem sido utilizado sobretudo em estudos que se referem à
carreira e desenvolvimento profissional. Entre eles podemos relatar o artigo de Techima,
Tsujimoto e Silva (2005) que trata da análise do perfil e motivação de voluntários. Este estudo
que contou com uma amostra de 39 pessoas que desenvolvem trabalhos voluntários, pode
evidenciar que a maioria dos respondentes possuem como inclinação a âncora de carreira do
“serviço e dedicação”, que descreve como característica, entre outras, a vontade de ajudar aos
57
outros e de transformar o mundo num lugar melhor para se viver. Deste modo, pode-se
presumir que pessoas que se apóiam nesta âncora de carreira terão maior motivação em
desenvolver trabalhos voluntários que as demais.
2.5 LÓCUS DE CONTROLE
O estudo sobre lócus de controle foi desenvolvido por Rotter, na cada de 60, com base nas
teorias do behaviorismo (estímulo-resposta) e do cognitivismo (estudo de campo), sendo uma
teoria que tem por objetivo lidar com a complexidade do comportamento humano, utilizando-
se de hipóteses testáveis e constructos definidos. (PASQUALI, ALVES e PEREIRA, 1998).
O lócus de controle é particularmente interessante para análise do perfil de indivíduos que
executam atividades gerenciais. Uma vez que esses indivíduos têm como tarefa a orientação e
a liderança de pessoas, é necessário possuírem segurança e confiança em suas habilidades e
capacidades.
Rodrigues e Vizzoni (2005) menciona em seus estudos sobre comportamento que muitos
indivíduos sentem-se inseguros quanto a sua atuação, sobretudo no trabalho, o que faz com
que eles se sintam descrentes de seu poder pessoal de influenciar os eventos da própria vida.
Essa insegurança pode, dentre outras causas, advir de experiências frustrantes que levam o
indivíduo a distorcer seu lócus de controle, associando o sucesso ao acaso e o fracasso à
própria pessoa.
58
Este autor relata ainda que a atividade de gerenciamento exige que os indivíduos tenham
habilidades que os auxiliem no enfrentamento de situações consideradas difíceis a fim de que
os objetivos organizacionais sejam alcançados. Se existe uma defasagem entre o
comportamento esperado e o real, é necessário que ações sejam tomadas, o que pode levar a
pessoa a se sentir mais segura e confiante em suas habilidades e capacidades.
2.5.1 Conceito de lócus de controle
A idéia de que o homem é o centro do universo é fascinante na medida em que esse
pressuposto declara uma noção de liberdade e de arbitrariedade para decidir os caminhos que
deseja seguir. No entanto essa idéia é um tanto romântica, pois o homem não é um ser
totalmente livre, mas um ser que convive com forças externas a ele que, em boa parte do
tempo, determinam o seu comportamento.
A determinação do comportamento é objeto de grande interesse de teorias e pesquisas nas
quais o homem busca compreender os eventos que acontecem ao seu redor e suas causas.
Conhecer as origens dos eventos e de suas causas é de grande valia, pois, quando se as
conhece e compreende, o homem pode predizer e controlar acontecimentos referentes a ele
próprio, ao seu semelhante e ao seu próprio universo. (DELA COLETA, 1982)
Com o intuito de obter explicações acerca das causas geradoras dos fenômenos que afetam os
indivíduos, o autor destaca o trabalho que Fritz Heider publicou em 1944 um artigo intitulado
59
“Social perception and phenomenal causality”, por meio do qual se derivaram diversos
outros estudos sobre o que hoje é chamado de atribuição da causalidade.
A atribuição da causalidade é um postulado que pretende responder à pergunta: a que causas
as pessoas atribuem os fatos que observam ou vivenciam?
Para responder a esse questionamento, vários estudos, que contavam com as experiências
vividas por indivíduos, foram desenvolvidos e, por meio deles, buscou-se a compreensão das
causas dos fenômenos, procurando estabelecer uma relação de causa e efeito. Ou seja,
organizaram-se os eventos cuja fonte eram causas internas ao indivíduo e eventos cuja causa
era externa ao indivíduo.
Os resultados obtidos desses estudos mostraram que as forças externas, juntamente com as
capacidades dos indivíduos e seu empenho em provocar fenômenos, fizeram com que dois
grandes pólos de todo e qualquer evento observado na vida diária das pessoas fossem criados:
o pólo interno – relacionado às causas oriundas do próprio sujeito envolvido na ação, e o pólo
externo relacionado às variáveis causais alocadas nas outras pessoas, nas forças do meio-
ambiente, nas entidades e no acaso, todas fora do controle do próprio sujeito. (DELA
COLETA, 1982)
Rotter (1965) apud La Rosa (1986), descreveu como os indivíduos agiam na sua interação
com o meio ambiente, atuando na sua determinação ou sendo determinado por ele. Ele
menciona que o grau em que um indivíduo crê que sua vida se encontra sob seu próprio
controle ou sob o controle dos outros, constitui uma dimensão importante da variabilidade
individual.
60
Controle é a habilidade percebida para alterar significativamente os eventos. Isso significa
dizer que não é necessário que as pessoas exerçam realmente controle sobre os eventos
relevantes, mas que percebam esse controle. A percepção de controle é o principal
determinante da resposta do sujeito. (BURGER, 1989)
O termo lócus de controle foi cunhado para designar quem ou o que detém o controle na
determinação de eventos, dessa forma, o lócus de controle pretende explicar a percepção das
pessoas a respeito da fonte de controle dos eventos, se ela é o próprio sujeito interno; se
algum elemento fora do sujeito – externo.
Dela Coleta (1982) relata que as pessoas tendem a perceber que atuam no controle das
ocorrências do mundo, de um modo geral, sendo essas ocorrências dependentes das suas
próprias capacidades ou esforços, ou tendem a perceber que são dependentes das outras
pessoas, do acaso, ou de entidades, todas fora de seu próprio controle.
A pessoa que acredita ser responsável por seu destino possui lócus de controle interno,
enquanto a pessoa que crê que o bom e o ruim que lhe aconteça está determinado pelo acaso,
a sorte ou o poder dos demais, está orientada, fundamentalmente, por um lócus de controle
externo.
Assim, quando uma pessoa atribui seu sucesso ou fracasso a fatores externos como sorte,
oportunidade ou outros aspectos, elas reconhecem o pouco impacto de seus esforços nas suas
conquistas, tendo ela o lócus de controle externo. Ao contrário, as pessoas que possuem lócus
de controle interno acreditam e confiam a si mesmas o seu destino, e percebem os resultados
como conseqüência de suas próprias ações.
61
Rotter (1965) apud La Rosa (1986) sugere a existência de um controle de reforçamento
interno-externo, que diz respeito ao grau com que o indivíduo considera que os reforçamentos
são contingentes à sua conduta. Segundo esses autores, podem-se definir Controle Interno (C.
I.) e Controle Externo (C. E.) da seguinte maneira: quando se percebe um reforço como não-
contingente a alguma ação, mas como questão de sorte, destino, controle dos outros, de
poderosos ou como não-previsível pelas forças que o rodeiam, interpreta-se como crença de
controle externo; ao contrário, se o sujeito percebe o reforço como contingente à sua conduta
ou as suas características relativamente permanentes, denomina-se crença de controle interno.
Os sujeitos com C. E. são aqueles que atribuem o êxito às condições do meio ambiente,
enquanto os sujeitos com C. I. consideram seu êxito como resultado de seu próprio esforço ou
habilidades.
Em uma análise com sujeitos que possuem lócus de controle interno (L.C.I) e lócus de
controle externo (L.C.E.), pode-se traçar o seguinte paralelo: indivíduos que possuem lócus de
controle interno (L.C.I.) geralmente se inclinam a solucionar problemas para reduzir o
estresse, tratam de melhorar sua vida, são mais persistentes, têm elevado auto-conceito e
sensações de domínio do ambiente, valorizam mais o êxito e rechaçam mais o fracasso,
quando os atribuem a si mesmos e têm maior necessidade de êxito. Além disso, são mais
ativos na busca de informação a respeito de situações de sua própria vida. (ANDERSON,
1977)
Lefcourt (1991) e Rotter (1966) apud La Rosa (1986) relatam que os indivíduos com L.C.I.
são mais dependentes da informação no que diz respeito à sua conduta futura, atendem mais
às habilidades e destrezas de êxito, preocupam-se mais por seus fracassos ou erros, resistem
mais às manipulações exteriores e têm aprendizagem mais intencional. Ou seja, indivíduos
62
com L.C.I estão mais atentos diante dos aspectos que lhes proporcionam informação relevante
para sua conduta futura e fazem mais esforços para melhorar sua situação.
A internalidade está associada com maiores índices de adaptação, satisfação e envolvimento
nas atividades do que a externalidade. Além disso, os indivíduos "internos" têm mais
motivação para o êxito do que os externos. (NORIEGA, et. al., 2003)
Indivíduos que possuem lócus de controle externo (L.C.E.) identificam sua ausência de
controle sobre certas situações cotidianas e atribuem o controle a forças externas. Os sujeitos
controlados externamente m mais problemas para criar relações adequadas. Uma vez que
não acreditam que a informação interpessoal tenha um papel importante nas relações com os
outros, esses indivíduos em a sorte, a oportunidade, o destino, a fatalidade e o poder de
outros como determinantes de seus resultados. (NOWICKI & DIGIROLAMO, 1989)
Um aspecto associado com o L.C.E que o se deve excluir é o processo de incapacidade
aprendida, que se quando o sujeito identifica sua ausência de controle sobre certas
situações cotidianas, atribui o controle a forças externas e apresenta depressão. Supõe-se que a
maior falta de controle causa maior atribuição externa e, conseqüentemente, maior depressão
(NORIEGA, et. al.,2003)
Indivíduos com inclinação de controle externo são menos satisfeitos, envolvem-se menos com
seu trabalho e percebem-se com pouco controle sobre os resultados organizacionais.
Collins (1974) apud Dela Coleta (1982) cita quatro fatores distintos que poderiam ser
responsáveis pela externalidade, quais sejam: a crença em um mundo difícil; a crença em um
63
mundo injusto, onde os bons comportamentos nem sempre seriam bem recompensados; a
crença em viver num mundo não previsível e a crença num mundo politicamente
irresponsável.
2.5.2 Diferenças entre sujeitos com lócus de controle interno e externo
Por meio de pesquisas, Lefcourt (1976) apud Dela Coleta (1982) procurou traçar as diferenças
existentes entre os sujeitos que tinham o lócus de controle predominantemente interno e
aqueles que tinham mais tendência à externalidade.
A figura 4 traça um resumo comparativo das características gerais dos indivíduos que
apresentam lócus de controle interno e lócus de controle externo. Por meio dele pode-se
analisar que as pessoas que atribuem ao externo os eventos que ocorrem em suas vidas são
mais negativas e pessimistas quanto ao futuro, muito provavelmente porque, pela
característica imediatista que possuem não conseguem traçar metas e objetivos em médio e
longo prazo e, mesmo quando conseguem algum resultado não conseguem associá-lo a um
esforço realizado no passado, mas atribuem a conquista à sorte, à oportunidade ou ao próprio
acaso.
os indivíduos que atribuem ao interno os eventos que ocorrem em suas vidas são,
geralmente, mais ativos e otimistas, buscam por seus próprios esforços vencer os obstáculos
que são impostos no seu dia-a-dia, por meio da persistência e da busca pela redução de
incertezas presentes nas diversas situações. Provavelmente, essas pessoas sejam também mais
64
assertivas em comparação com as pessoas que possuem lócus de controle externo, uma vez
que as características dos internos levam o indivíduo a ter um comportamento mais diretivo e
confiante por meio do qual expressam suas opiniões e sentimentos.
Figura 4 - Comparativo das características dos sujeitos com lócus de controle interno e externo
Lócus de controle interno Lócus de controle externo
Apresentam maior persistência no esforço para
obter maiores resultados.
São mais imediatistas.
Procuram a redução de incertezas, fazem mais
uma tarefa qualquer.
Apresentam mais tenncia ao conformismo.
o mais resistentes às influências sociais. Sentem mais insatisfação durante a interação
social.
fracassadas.
São menos hábeis para aceitar as implicações do
fracasso.
o menos pessimistas e possuem mais
habilidades para vencer adversidades.
Apresentam vio negativa do futuro.
Pertencem mais freqüentemente à alta classe
sócioeconômica e têm maior acesso às
oportunidades.
Gastam maior tempo para decidir quando a
dificuldade da tarefa aumenta.
Apresentam-se mais ativos e alertas.
o mais persistentes para solucionar problemas
gicos.
Fonte: DELA COLETA (1982, p. 92-95)
65
2.5.3 Pesquisas sobre o constructo
Barros e colaboradores (1993) apud Pasquali, Alves e Pereira (1998) relatam que as razões
pelas quais o estudo sobre lócus de controle tem merecido especial atenção referem-se ao fato
do mesmo lidar com variáveis importantes como expectativas, controle, reforço e também
pelo motivo de integrarem diferentes correntes psicológicas: o behaviorismo e o cognitivismo.
Desta forma, é possível encontrarmos estudos aplicados em culturas diferentes, como o estudo
realizado por Noriega, et al (2003) a fim de se estabelecer comparações inter e intragrupo com
um determinado setor da cultura nordestina brasileira e uma cultura localizada no deserto de
Sonora no México, objetivando analisar as propriedades psicométricas do instrumento para
avaliar o lócus de controle.
Silvester, et al. (2002) escreveram um interessante artigo sobre lócus de controle e
gerenciamento de impressão em entrevistas de seleção. Gerência de impressão é a tentativa,
consciente ou inconsciente, de influenciar a impressão durante a interação, sobretudo na
comunicação. Através da análise de três grupos distintos, este estudo procurou compreender
as estratégias através das quais os candidatos, em sua interação com o entrevistador, podem
causar uma impressão positiva. Os resultados, passíveis de maiores estudos, apontam a
importância de se considerar os processos verbais durante a seleção alavancando a discussão
sobre o tema gerenciamento de impressão e suas implicações.
Rodrigues e Vizzoni (2005) escreveram um artigo sobre insegurança, baseado na experiência
de atendimento clínico, onde pacientes relatam fatos como: ser incapaz de fazer o que é
66
capacitado a fazer, de não conseguir iniciar atividades que gostaria de fazer ou, após iniciada
não conseguir terminar, bem como ser descrente de seu poder pessoal de influenciar nos
eventos da própria vida, entre outros. Os autores declaram que “... é razoável pensar que o
tratamento dos sentimentos de segurança deveria centrar-se nas mudanças das cognições da
pessoa, com ênfase explícita na correção de distorções de lócus de controle...” (p. 04) que
dentre outros procedimentos podem levar a pessoa a se sentir mais segura e confiante em suas
capacidades.
67
3 MATERIAL E MÉTODO
Com o objetivo de estudar os ciclos de vida e de carreira de indivíduos que atuam em
indústrias, analisando-se a inclinação profissional e as crenças que predominam em cada uma
das fases, essa pesquisa é delineada por meio de um estudo correlacional.
A escolha desse método de pesquisa deveu-se ao fato de ser um levantamento de dados em
que o pesquisador não influencia nenhuma variável, mas apenas as mede e procura por
relações possíveis, sendo que estes dados podem ser apenas interpretados em termos causais
com base em outras teorias não estatísticas que o pesquisador conheça, mas não podem
conclusivamente provar causalidade. (UFSC)
3.1 AMOSTRA
A amostra foi composta por 74 profissionais que desenvolvem atividades em organizações
localizadas na cidade de São José dos Campos/SP. A população pesquisada foi escolhida por
meio da acessibilidade.
Como característica, a amostra é composta por 45,95% de respondentes do sexo masculino e
54,05% feminino, com idade predominante entre 25 e 29 anos (28,38%), tendo a população
na sua maioria o ensino superior (59,46%) e o nível hierárquico predominante foi o
administrativo (64,86%). Quanto ao tempo de carreira, a maior parte dos respondentes
concentrou-se de 1 a 5 anos (32,43%); para 35,14% dos indivíduos a atividade profissional
68
relaciona-se com a sua formação; e 58,70% dos pesquisados afirmam que a oportunidade de
crescimento pessoal é o que mais os satisfaz e motiva para o trabalho.
3.2 INSTRUMENTOS
Para aferição da pesquisa, foram utilizados os seguintes instrumentos: o Inventário de
Âncoras de Carreira, desenvolvido por Schein; o Inventário de Internalidade e Externalidade
desenvolvido por Rotter e um questionário com dados sobre a identificação do perfil
profissional dos sujeitos, desenvolvido pela pesquisadora.
O inventário de Âncoras de Carreira tem o objetivo de verificar em quais suportes os
indivíduos se apóiam para dar impulso à sua carreira. Para a análise dos dados foi considerada
a predominância da âncora de cada sujeito. (ANEXO A)
Esse inventário é composto por 40 questões em cada qual o respondente deve pontuar a
alternativa que mais reflete a sua característica, numa escala com variância de 6 pontos (1 a
6), sendo 1 a menor pontuação e 6 a maior pontuação. De acordo com a padronização deste
questionário a pontuação é deve ser dada da seguinte forma:
“1” ou “2” – se a afirmação nunca é verdadeira ao sujeito.
“3” – se a afirmação ocasionalmente é verdadeira ao sujeito.
“4” ou “5” – se a afirmação normalmente é verdadeira ao sujeito.
“6” – se a afirmação é verdadeira ao sujeito.
69
Desta forma, nos itens “nunca é verdadeiro” e “normalmente é verdadeiro”, o indivíduo deve
pontuar tendenciando entre dois valores, de acordo com o que mais se relaciona a si. Após
realizada a pontuação dos 40 itens, o respondente deve acrescentar mais 4 pontos aos três
itens mais pontuados por ele, de acordo com o seu critério.
Para a tabulação destes dos dados obtidos, deve-se distribuir as questões de acordo com as
âncoras a que correspondem, conforme figura 5. Some as colunas, com a devida pontuação
dada pelo sujeito (já com o acréscimo de quatro pontos às três questões escolhidas) e divida o
resultado por cinco (o número de itens) a fim de se obter a média de cada uma das inclinações
profissionais.
Figura 5 - Categorização do inventário de âncoras de carreira.
1 ____ 2 ____ 3 ____ 4 ____ 5 ____ 6 ____ 7 ____ 8 ____
9 ____ 10 ____ 11 ____ 12 ____ 13 ____ 14 ____ 15 ____ 16 ____
17 ____ 18 ____ 19 ____ 20 ____ 21 ____ 22 ____ 23 ____ 24 ____
25 ____ 26 ____ 27 ____ 28 ____ 29 ____ 30 ____ 31 ____ 32 ____
33 ____ 34 ____ 35 ____ 36 ____ 37 ____ 38 ____ 39 ____ 40 ____
Total: ____ ____ ____ ____ ____ ____ ____ ____
Total:
÷ 5 ÷ 5 ÷ 5 ÷ 5 ÷ 5 ÷ 5 ÷ 5 ÷ 5
Média: ____ ____ ____ ____ ____ ____ ____ ____
CT CG AI SE EM SD DP EV
De acordo com a figura 5, podemos relacionar as âncoras de carreira às suas questões
correspondentes:
Âncora da competência técnicaCT - questões: 1, 9, 17, 25 e 33.
Âncora da competência gerencial – CG - questões: 2, 10, 18, 26 e 34.
Âncora da autonomia e independência – AI - questões: 3, 11, 19, 27 e 35.
70
Âncora da segurança e estabilidade – SE - questões: 4, 12, 20, 28 e 36.
Âncora do empreendedorismo – EM - questões: 5, 13, 21, 29 e 37.
Âncora do serviço e dedicação – SD - questões: 6, 14, 22, 30 e 38.
Âncora do desafio puro – DP - questões: 7, 15, 23, 31 e 39.
Âncora do estilo de vida – EV - questões: 8, 16, 24, 32 e 40.
O inventário de Lócus de Controle tem o objetivo de identificar o quanto o indivíduo atua na
sua interação com o meio, agindo na sua determinação ou sendo determinado por ele.
(ANEXO B)
Esse inventário é composto por 25 questões. Cada questão oferece um par de respostas,
denominadas A e B, em que o sujeito deve identificar a alternativa que melhor representa o
que ele pensa, assinalando a resposta correspondente. Cada questão vale 1 ponto.
As questões que se referem à internalidade são as seguintes: 1B, 2A, 3A, 4A, 5B, 6B, 7B, 8B,
9A, 10A, 11A, 12A, 13B, 14A, 15B, 16B, 17B, 18B, 19B, 20B, 21A, 22A, 23B, 24A, 25A.
Embora utilizado em diversas pesquisas, não foi localizada a validação dos inventários de
Âncoras de Carreira e Lócus de Controle para aplicação na população brasileira.
O questionário para identificação do perfil profissional dos sujeitos é composto por 7
perguntas, a respeito de gênero, idade, escolaridade, nível hierárquico, entre outras,
apresentando respostas alternativas, em que o indivíduo deve assinalar a resposta que melhor
o identifica. (ANEXO C)
71
3.3 PROCEDIMENTOS
O projeto de pesquisa do qual resultou este trabalho foi, antes da aplicação, encaminhado para
a avaliação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Tauba sob o protocolo
“CEP/UNITAU nº 264/05), o qual aprovou a realização do mesmo. (ANEXO E)
Os participantes foram orientados pela pesquisadora quanto à natureza e aos objetivos do
trabalho, de modo que pudessem optar por fazer parte ou não da amostra.
Após esse primeiro contato foi entregue um envelope, identificado por um código, que
continha os seguintes documentos: carta de informação ao sujeito da pesquisa, termo de
esclarecimento livre e esclarecido (ANEXO D), um questionário de identificação do perfil
profissional e os inventários de lócus de controle e de âncoras de carreira.
Os participantes responderam ao material de forma individual e sem nomeação, assegurados
de que, ao término da análise e conclusão dos resultados, terão uma devolutiva do trabalho,
através da codificação do envelope entregue no momento em que responderam à pesquisa.
3.4 ANÁLISE DOS DADOS
Os dados obtidos por meio dos inventários e do questionário foram analisados de forma
quantitativa empregando-se o pacote estatístico Sphinx para produzir essa análise.
72
Bordieu e Passeron (1968) apud Lahire (2003) citam que, produção de conhecimento sobre o
mundo social são passíveis de sofrer um fenômeno chamado desejabilidade social, que
consiste no descompasso entre o real e o esperado, o dizer e o fazer, entre o discurso e a
prática, na busca de reproduzir os objetivos e efeitos desejáveis em sua cultura, o que o torna
refém dos modos oficiais de construção dos fatos sociais.
“Deste modo, tem-se que as regras culturais, os estereótipos sociais,
os efeitos que são desejados por grande número de pessoas (altos em
desejabilidade social) mascaram a significação particular de uma
dada ação, e não informam tanto a respeito do sujeito, quanto os
comportamentos extremos ou com baixa desejabilidade social, que
são muito mais informativos e conduzem a inferências mais seguras a
respeito das disposições do sujeito, que norteiam aquele ato
considerado.” (DELA COLETA, 1982).
Neste sentido, este estudo, mesmo tendo sido pautado em condições éticas e garantia de
sigilo, não foge da possibilidade da contaminação da desejabilidade social, inerente aos
trabalhos desenvolvidos sob a percepção de seres humanos.
73
4 RESULTADOS
Este capítulo tem como finalidade apresentar e relacionar os resultados obtidos na pesquisa de
campo, que teve como objetivo identificar a predominância de crenças e a inclinação
profissional presente nos ciclos de carreira. Os dados apurados serão demonstrados de forma
quantitativa, expostos por meio de tabelas, conforme descrição abaixo.
4.1 RESULTADOS QUANTITATIVOS
Após a tabulação das respostas dadas aos inventários e ao questionário utilizados para a
pesquisa, os dados foram analisados quantitativamente e serão apresentados abaixo
empregando-se uma análise descritiva simples.
4.1.1 Perfil dos respondentes
Tabela 1 - Identificação da população quanto ao gênero
GÊNERO Qt. Cit. Freq.
Masculino 34 45,9%
Feminino 40 54,1%
TOTAL 74 100,0%
74
Com relação ao gênero, existe um equilíbrio entre os respondentes, com uma pequena
predominância de sujeitos do sexo feminino (54,1%), frente aos do sexo masculino (45,9%).
Tabela 2 - Identificação da população quanto à idade
IDADE Qt. Cit. Freq.
Até 25 anos 15 20,3%
De 25 a 35 anos 31 41,9%
De 35 a 45 anos 18 24,3%
De 45 a 65 anos 10 13,5%
Acima de 65 anos 0 0,0%
TOTAL 74 100,0%
Quanto à idade, uma concentração de indivíduos na faixa etária entre 25 e 35 anos (41,9%)
e, com menor representatividade estão os sujeitos que estão na faixa etária entre 45 e 65 anos
(13,5%).
Tabela 3 - Identificação da população quanto à escolaridade
ESCOLARIDADE Qt. Cit. Freq.
Ensino médio 20 27,0%
Ensino superior 44 59,5%
Pós-graduação 10 13,5%
TOTAL 74 100,0%
Dentre os sujeitos pesquisados, a maioria possui o ensino superior (59,5%) e a minoria possui
pós-graduação (13,5%).
75
Tabela 4 - Identificação da população quanto ao tempo de carreira
TEMPO DE CARREIRA Qt. Cit. Freq.
Até 5 anos 37 50,0%
De 6 a 15 anos 22 29,7%
De 16 a 25 anos 10 13,5%
De 26 a 35 anos 5 6,8%
TOTAL 74 100,0%
Observa-se uma concentração de indivíduos que têm como tempo de carreira a 5 anos
(50,0%), seguido daqueles que têm entre 6 e 15 anos (29,7%) e entre 16 e 25 anos de carreira
(13,5%).
Tabela 5 - Identificação da população quanto a relação entre formação e atividade profissional
ATIVIDADE RELACIONADA À FORMAÇÃO Qt. Cit. Freq.
Sim 26 35,1%
Em parte 16 21,6%
Não 22 29,7%
Muito Pouco 7 9,5%
Não resposta 3 4,1%
TOTAL 74 100,0%
Quanto à relação entre a formação escolar e a atividade profissional executada, 35,1%
disseram existir tal relação, enquanto 29,7% disseram não existir.
76
Tabela 6 - Identificação da população quanto a hierarquia
HIERARQUIA Qt. Cit. Freq.
vel administrativo 48 64,9%
vel gerencial 25 33,8%
Não resposta 1 1,4%
TOTAL 74 100,0%
Dos sujeitos pesquisados, 64,9% dos respondentes exercem função administrativa, enquanto
que 33,8% exercem função executiva ou gerencial.
Tabela 7 - Identificação da população quanto a motivação para o trabalho
SIGNIFICADO DO TRABALHO Qt. Cit. Freq.
Oportunidade de crescimento pessoal 54 73,0%
Fonte de satisfação 24 32,4%
Obrigação econômica 14 18,9%
TOTAL 92 124,3%
Quanto ao significado do trabalho, 73,0% dos pesquisados disseram que, para eles, o trabalho
significa oportunidade de crescimento pessoal; para 32,4% significa fonte de satisfação; e
para 18,9% obrigação econômica. Esta foi a única questão onde o sujeito tinha como opção
responder a mais de uma alternativa.
77
4.1.2 Predominância de crenças
Tabela 8 - Predominância de locus de controle interno
LOCUS DE CONTROLE INTERNO
Qt. cit. Freq.
Menos de 10 3 4,1%
De 10 a 12 3 4,1%
De 12 a 14 11 14,9%
De 14 a 16 14 18,9%
De 16 a 18 10 13,5%
De 18 a 20 14 18,9%
Mais de 20 19 25,7%
TOTAL 74 100%
Mínimo= 8 Máximo= 24
Média= 16,44 Desvio padrão= 3,76
Observa-se que dentre toda a amostra pesquisada a predominância do lócus de controle
interno. A média apresentada para esse aspecto foi de 16,44% para toda a população,
indicando que a maioria dos respondentes (58,1%) obteve mais pontuação acima dessa média,
tendo maior representatividade naqueles que pontuaram em mais de 20 pontos (25,7% da
população) a identificação com o lócus de controle interno.
Tabela 9 - Predominância de locus de controle externo
LOCUS DE CONTROLE EXTERNO
Qt. cit. Freq.
Menos de 2 2 2,7%
De 2 a 4 3 4,1%
De 4 a 6 12 16,2%
De 6 a 8 14 18,9%
De 8 a 10 10 13,5%
De 10 a 12 14 18,9%
Mais de 12 19 25,7%
TOTAL 74 100%
Mínimo= 1 Máximo= 17
Média= 8,56 Desvio padrão= 3,76
78
A tabela revela que 58,1% dos pesquisados possuem o lócus de controle externo como
balizador de suas crenças, tendo maior representatividade a faixa de 25,7% da população que
a pontua com mais de 12 pontos. No entanto, a média da pontuação geral é de 8,56 pontos,
bem menor comparado à predominância do lócus de controle interno, o que faz com que esse
último se sobressaia na população pesquisada.
4.1.3 Predominância da inclinação profissional
Tabela 10 - Predominância da âncora de carreira da "Competência Técnica'"
ÂNCORA - COMPENCIA TÉCNICA
Qt. cit. Freq.
Menos de 3,67 14 18,9%
De 3,67 a 4,33 33 44,6%
De 4,33 a 5,00 0 0,0%
De 5,00 a 5,67 19 25,7%
De 5,67 a 6,33 6 8,1%
De 6,33 a 7,00 0 0,0%
Mais de 7,00 2 2,7%
TOTAL 74 100%
Mínimo= 3,00 Máximo= 7,00
Média= 4,32 Desvio padrão= 0,97
No que diz respeito à âncora de carreira da competência técnica, observa-se que a menor parte
dos respondentes (18,9%) apresenta uma relação com essa âncora, porém de baixa
significância, já que a pontua abaixo da média 4,32 pontos obtida de toda a amostragem dessa
categoria. Nesse contexto, podemos afirmar que a relação mais significativa com essa âncora
79
se deu com 36,5% da população que a pontuou com uma predominância de 5,00 a 5,67 numa
escala em que a pontuação máxima foi de 10 pontos.
Tabela 11 - Predominância da âncora de carreira da "Competência Gerencial"
ÂNCORA - COMPENCIA GERENCIAL
Qt. cit. Freq.
Menos de 2,83 4 5,4%
De 2,83 a 3,67 18 24,3%
De 3,67 a 4,50 28 37,8%
De 4,50 a 5,33 15 20,3%
De 5,33 a 6,17 6 8,1%
De 6,17 a 7,00 3 4,1%
Mais de 7,00 0 0,0%
TOTAL 74 100%
Mínimo= 2,00 Máximo= 7,00
Média= 4,14 Desvio padrão= 1,17
Observa-se pela tabela 11 que a média encontrada para a predominância da âncora de carreira
da competência gerencial foi de 4,14 pontos. Desse modo, verifica-se que 29,7% dos sujeitos
que apontaram esta categoria como um valor baixo (entre menos de 2,83 a 3,67 pontos).
12,2% da população indicaram essa categoria com um valor alto (de 5,33 mais de 7,00)
pontos. No entanto a concentração dos respondentes (58,1%) atribuiu a essa âncora um valor
à dia de pontos dada pela população pesquisada (entre 3,67 e 4,50). A pontuação máxima
dada a essa categoria foi de 7,00 pontos.
80
Tabela 12 - Predominância da âncora de carreira da "Autonomia e Independência"
ÂNCORA - AUTONOMIA E INDEPENDÊNCIA
Qt. cit. Freq.
Menos de 1,83 3 4,1%
De 1,83 a 2,67 11 14,9%
De 2,67 a 3,50 28 37,8%
De 3,50 a 4,33 22 29,7%
De 4,33 a 5,17 7 9,5%
De 5,17 a 6,00 3 4,1%
Mais de 6,00 0 0,0%
TOTAL 74 100%
Mínimo= 1,00 Máximo= 6,00
Média= 3,38 Desvio padrão= 1,11
Quanto à âncora de carreira que diz respeito à autonomia e independência, observa-se que a
média da população geral foi de 3,38 pontos. Verifica-se pelos dados demonstrados na tabela
12 que a maioria dos pesquisados (67,50%) concentrou-se na média de pontos atribuídos a
essa categoria; 19% dos respondentes pontuaram abaixo da média geral e 13,6% pontuaram
acima.
Tabela 13 - Predominância da âncora de carreira da "Segurança e Estabilidade"
ÂNCORA - SEGURAA E ESTABILIDADE
Qt. cit. Freq.
Menos de 3,00 4 5,4%
De 3,00 a 4,00 24 32,4%
De 4,00 a 5,00 17 23,0%
De 5,00 a 6,00 17 23,0%
De 6,00 a 7,00 8 10,8%
De 7,00 a 8,00 3 4,1%
Mais de 8,00 1 1,4%
TOTAL 74 100%
Mínimo= 2,00 Máximo= 8,00
Média= 4,21 Desvio padrão= 1,33
81
A âncora de carreira da segurança e estabilidade é tida como importante para 39,3% da
população que a tem como um valor importante para a carreira profissional, pontuando-a
acima da média geral (4,21) indicada por toda a amostra. Já para 37,7% da população
pesquisada essa âncora é classificada com uma relação significativa abaixo da média geral
apresentada e para 23% dos pesquisados ela é classificada na média de pontos.
Tabela 14 - Predominância da âncora de carreira do "Empreendedorismo"
ÂNCORA - EMPREENDENDORISMO
Qt. cit. Freq.
Menos de 2,00 1 1,4%
De 2,00 a 3,00 18 24,3%
De 3,00 a 4,00 26 35,1%
De 4,00 a 5,00 12 16,2%
De 5,00 a 6,00 13 17,6%
De 6,00 a 7,00 2 2,7%
Mais de 7,00 2 2,7%
TOTAL 74 100%
Mínimo= 1,00 Máximo= 7,00
Média= 3,44 Desvio padrão= 1,30
Esta âncora de carreira é considerada significativa para 39,2% da amostra que a classificou
acima da média geral, que é de 3,44 pontos. Para 35,1% da população, a âncora de carreira de
empreendedorismo tem um valor dentro da média da amostra em geral. Porém para 25,7% da
população pesquisada sua predominância é baixa, ou seja, menor que 3,00 pontos.
82
Tabela 15 - Predominância da âncora de carreira do "Serviço e Dedicação"
ÂNCORA - SERVIÇO E DEDICAÇÃO
Qt. cit. Freq.
Menos de 3,00 1 1,4%
De 3,00 a 4,00 9 12,2%
De 4,00 a 5,00 28 37,8%
De 5,00 a 6,00 23 31,1%
De 6,00 a 7,00 9 12,2%
De 7,00 a 8,00 3 4,1%
Mais de 8,00 1 1,4%
TOTAL 74 100%
Mínimo= 2,00 Máximo= 8,00
Média= 4,59 Desvio padrão= 1,12
A âncora de carreira do serviço e dedicação é considerada como importante para 48,8% da
população que a tem como um valor importante para a carreira profissional e a pontua acima
da dia geral (4,59) de toda a amostra. para 23,6% da população pesquisada, essa âncora
é classificada com uma relação significativa abaixo da dia geral apresentada e para 37,8%
a significância está na média da população pesquisada.
Tabela 16 - Predominância da âncora de carreira do "Desafio Puro"
ÂNCORA - DESAFIO PURO
Qt. cit. Freq.
Menos de 4,00 13 17,6%
De 4,00 a 5,00 21 28,4%
De 5,00 a 6,00 28 37,8%
De 6,00 a 7,00 9 12,2%
De 7,00 a 8,00 2 2,7%
De 8,00 a 9,00 0 0,0%
Mais de 9,00 1 1,4%
TOTAL 74 100%
Mínimo= 3,00 Máximo= 9,00
Média= 4,59 Desvio padrão= 1,14
83
A âncora de carreira do desafio puro apresenta-se como muito importante para a população
pesquisada. Na escala do instrumento que analisa a predominância das âncoras de carreira de
cada indivíduo, que varia de 0 a 10 pontos, essa categoria obteve 9,00 como maior pontuação
dada pelos sujeitos, tendo como média, 4,59 pontos.
Observa-se na tabela 16 que, para 17,6% da população pesquisada, esta âncora é pouco
significativa, representando menos de 4,00 pontos. Para a maioria dos respondentes (28,4%)
esta categoria está enquadrada na média dos pontos obtidos no geral. para 54,1% dos
pesquisados, essa categoria tem um valor maior do que a média da amostra.
No entanto percebe-se que quanto maior é a pontuação atribuída a esta categoria, menor é o
número de pesquisados, o que pode refletir que esta âncora tem uma significância muito forte
para poucos.
Tabela 17 - Predominância da âncora de carreira do "Estilo de Vida"
ÂNCORA - ESTILO DE VIDA
Qt. cit. Freq.
Menos de 3,00 1 1,4%
De 3,00 a 4,00 7 9,5%
De 4,00 a 5,00 18 24,3%
De 5,00 a 6,00 24 32,4%
De 6,00 a 7,00 15 20,3%
De 7,00 a 8,00 6 8,1%
Mais de 8,00 1 1,4%
TOTAL 74 100%
Mínimo= 2,00 Máximo= 8,00
Média= 4,93 Desvio padrão= 1,20
84
A âncora de carreira que se refere ao estilo de vida foi a que obteve a maior média de
pontuação (4,93) dentre todas as demais âncoras, tendo recebido, como pontuação mínima
2,00 e, como máxima 8,00 pontos.
Dentre a amostra, 24,3% dos respondentes atribuem a essa âncora uma pontuação dentro da
média e 10,9% abaixo da média geral. A maioria dos respondentes (62,20%) está dentre
aqueles que dão a essa categoria pontuação acima da média geral.
Nota-se que a concentração dos sujeitos que classificam essa categoria com pontuação acima
da média geral reflete um alto grau de importância dessa âncora.
4.1.3.1 Análise da tabulação das âncoras de carreira
Figura 6 - Análise da tabulação das âncoras de carreira
Mínima Média xima Abaixo da média Média Acima da Média
CT 3 4,32 7 18,9 44,6 36,5
CG 2 4,14 7 29,7 58,1 12,2
AI 1 3,38 6 19,0 67,5 13,6
SE 2 4,21 8 37,7 23,0 39,3
EM 1 3,44 7 25,7 35,1 39,2
SD 2 4,59 8 23,6 37,8 48,8
DP 3 4,59 9 17,6 28,4 54,1
EV 2 4,93 8 10,9 24,3 62,2
ÂNCORA
PONTUAÇÃO ANÁLISE DE MÉDIAS
A figura 6 tem o objetivo de sintetizar os dados apurados na tabulação do Inventário de
Âncoras de Carreira. Pela ilustração, pode-se observar o seguinte:
85
Pontuação do instrumento o inventário aplicado possui como escala a variância de 0
a 10 pontos. Dessa forma, observamos que as âncoras de carreira que obtiveram maior
pontuação pela população pesquisada foram a do desafio puro (9 pontos), seguida das
âncoras de segurança e estabilidade, serviço e dedicação e estilo de vida 8 pontos cada
uma.
Maiores médias obtidas nesse mesmo instrumento, que tem a escala com variância
de 0 a 10 pontos, as maiores médias de respostas obtidas foram a da âncora de estilo
de vida (4,93 pontos), seguida das âncoras de serviço e dedicação e desafio puro 4,59
pontos cada uma.
Pontuação acima da média após a análise dos dados tabulados, houve a apuração do
percentual de indivíduos que classificaram cada âncora, ou categoria, dentro da
pontuação estabelecida a partir da sua média. Dessa forma, as âncoras que
apresentaram pontuação acima da média foram: estilo de vida (62,2%), desafio puro
(54,1%), serviço e dedicação (48,8%), segurança e estabilidade (39,3%) e
empreendedorismo (39,2%).
Pontuação abaixo da média a mesma análise realizada para a pontuação acima da
média foi realizada para os dados abaixo da média, obtendo-se os resultados nas
seguintes âncoras: competência gerencial (29,7%), autonomia e independência (19%)
e competência técnica (18,9%).
86
4.2 COMPARATIVO DE MÉDIAS
Após a apresentação descritiva dos dados da pesquisa, o objetivo dessa seção é evidenciar a
presença das diferenças estatisticamente significantes, tendo em vista o tratamento das
variáveis dependentes.
Para a análise dos resultados obtidos da relação entre variáveis dependentes, serão
considerados os resultados significantes ou muito significantes, de acordo com a classificação
abaixo.
Figura 7 - Classificação de significância - teste Qui²
CLASSIFICAÇÃO % Mín. % x.
Muito significante 99,00 99,99
Significante 95,02 98,80
Pouco significante 87,60 94,90
Não significante 1,14 84,20
A figura 7 demonstra a classificação de significância utilizada para analisar a relação das
variáveis dependentes da pesquisa aplicada. O grau de significância obtido foi classificado
em: MS – muito significante; S – significante; PS – pouco significante; NS – não significante.
Estabeleceu-se 5% como a margem de erro a considerar na análise dos dados.
87
4.2.1 Análise da variável dependente gênero
A variável gênero apresentou significância quando relacionada com as âncoras de carreira de:
“Competência Gerencial”, Autonomia e Independência” e “Segurança e Estabilidade”,
conforme demonstradas abaixo.
Tabela 18 - Comparativo entre as variáveis gênero e competência gerencial
CG Menos de De 2,83 De 3,67 De 4,50 De 5,33 De 6,17 Freq.
2,83 a 3,67 a 4,50 a 5,33 a 6,17 a 7,00
1% 8% 14% 18% 5% 0% 46%
4% 16% 23% 4% 4% 4% 54%
GÊNERO
Masculino
Feminino
Na análise do Qui², que tem o valor de 99,39, as variáveis gênero e a âncora de carreira da
competência gerencial apresentam uma dependência muito significativa, sendo p= 0,61%.
De acordo com essa análise, de um total de 74 observações, nota-se que 18% dos indivíduos
do sexo masculino se situam nessa âncora, numa predominância de 4,50 a 5,33 pontos, de
uma escala que varia entre menos de 2,83 a 7,00 pontos. Dentre os sujeitos do sexo feminino,
uma maior predominância entre aqueles que pontuaram relação entre as variáveis em 3,67
e 4,50 pontos, o que representou 23% da população.
Além do indicado pelo teste do Qui², observa-se, a partir da média estabelecida pelo
inventário (5 pontos), que os sujeitos do sexo masculino se centram na média das respostas da
população pesquisada. nos sujeitos do sexo feminino uma concentração de 43% de
88
indivíduos que se situam abaixo da média dada pelo inventário, contra 12% que respondem
acima da média.
Essa análise permite inferir que os sujeitos do sexo masculino primam mais pela competência
gerencial que os sujeitos do sexo feminino.
Tabela 19 - Comparativo entre as variáveis gênero e autonomia e independência
AI Menos de De 1,83 De 2,67 De 3,50 De 4,33 De 5,17 Freq.
1,83 a 2,67 a 3,50 a 4,33 a 5,17 a 6,00
4% 1% 14% 20% 5% 1% 46%
0% 14% 23% 10% 4% 3% 54%
GÊNERO
Masculino
Feminino
A dependência entre as variáveis gênero e a âncora de carreira da autonomia e independência
apresentam uma dependência muito significativa. Qui²=99,08 e p=0,92%.
De acordo com o teste do Qui², na tabela 19, observa-se que, de um total de 74 respostas, 20%
dos indivíduos do sexo masculino pontuam essa âncora com uma predominância de 3,50 a
4,33 pontos.
Entre os sujeitos do sexo feminino uma maior concentração de 23% de indivíduos que
respondem a essa âncora com a predominância de 2,67 a 3,50 pontos, menor que aquela em
que se encontram os do sexo masculino.
89
De acordo com essa análise pode-se inferir que os sujeitos do sexo masculino o mais
propensos a ter a autonomia e independência como uma âncora de carreira em relação aos
sujeitos do sexo feminino.
Tabela 20 - Comparativo entre as variáveis gênero e segurança e estabilidade
SE Menos de De 3,00 De 4,00 De 5,00 De 6,00 De 7,00 Mais de Freq.
3,00 a 4,00 a 5,00 a 6,00 a 7,00 a 8,00 8,00
3% 15% 7% 16% 1% 4% 0% 46%
4% 16% 16% 7% 10% 0% 1% 54%
GÊNERO
Masculino
Feminino
Pela análise do Qui², pode-se depreender que as variáveis gênero e a âncora de carreira da
segurança e estabilidade apresentam uma dependência significativa. Qui²=97,07 e p= 2,93%.
De acordo com esse teste, entre os sujeitos do sexo masculino as maiores discrepâncias
encontram-se em 16% da população que classifica a relação dessa variável em 5,00 a 6,00
pontos e em 1% que a classifica em 6,00 a 7,00 pontos.
Para os sujeitos do sexo feminino, ainda de acordo com o teste do Qui², as maiores
discrepâncias estão entre aqueles 16% que classificam essa variável entre 3,00 e 4,00 e 5,00 e
6,00 pontos e o 1% que a classificam em mais de 8,00 pontos.
Além dos dados apontados pelo teste de Qui², observa-se, na tabela 20, que a variável gênero
e a âncora da segurança e estabilidade não possui uma relação forte para ambos os sexos.
Entre os sujeitos do sexo masculino, há maior concentração de respondentes (25%) em
90
pontuações abaixo da média geral do inventário. O mesmo acontece com os sujeitos do sexo
feminino, em que a concentração se dá em 36% da população.
4.2.2 Análise da variável dependente tempo de carreira
A variável tempo de carreira apresentou significância quando relacionada com as variáveis da
idade e da âncora de carreira de Estilo de Vida, conforme demonstrado nas tabelas abaixo.
Tabela 21 - Comparativo entre as variáveis tempo de carreira e idade
Até 25 25 a 35 35 a 45 45 a 65 Acima de Freq.
anos anos anos anos 65 anos
Até 5 anos 17% 28% 3% 1% 0%
50%
De 6 a 15 anos 4% 12% 13% 0% 0%
30%
De 16 a 25 anos 0% 0% 8% 5% 0%
14%
De 26 a 35 anos 0% 0% 0% 7% 0%
7%
Mais de 35 anos 0% 0% 0% 0% 0%
0%
IDADE
TEMPO CARREIRA
A dependência entre as variáveis tempo de carreira e idade apresentam uma relação muito
significativa. Qui²= 99,99 e p=0,01%.
Esse teste indica que, de um total de 74 observações, as maiores discrepâncias encontradas
estão nos 28% dos indivíduos que m entre 25 e 35 anos de idade possuem até 5 anos de
carreira; naqueles 1% que têm entre 45 e 65 anos de idade e também possuem até 5 anos de
carreira.
91
Tabela 22 - Comparativo entre as variáveis tempo de carreira e estilo de vida
Menos de De 3,00 De 4,00 De 5,00 De 6,00 De 7,00 Mais de Freq.
300% a 4,00 a 5,00 a 6,00 a 7,00 a 8,00 800%
Até 5 anos 0% 4% 14% 17% 10% 2% 0% 47%
De 6 a 15 anos 0% 3% 7% 11% 6% 4% 0% 31%
De 16 a 25 anos 0% 2% 3% 2% 1% 1% 1% 10%
De 26 a 35 anos 0% 0% 1% 1% 1% 0% 0% 4%
Mais de 35 anos 1% 0% 0% 0% 1% 0% 0% 3%
ESTILO DE VIDA
TEMPO CARREIRA
A tabela 22 mostra que existe uma dependência significativa entre as variáveis tempo de
carreira e da âncora de carreira do estilo de vida. Qui²=98,80 e p=1,20%.
Das 74 observações feitas pelos sujeitos, de acordo com esse teste, nota-se que as
discrepâncias encontradas estão nos 17% dos respondentes que possuem até 5 anos de carreira
e que priorizam, por uma forte evidência (classificada entre 5,00 e 6,00 pontos), o estilo de
vida como um valor a ser seguido.
Além das discrepâncias apresentadas pelo teste do Qui², também se pode notar pelos
resultados tabulados que todos os indivíduos, independentemente do tempo de carreira que
possuem, classificam a âncora do estilo de vida como uma variável importante para o
desenvolvimento de suas carreiras, atribuindo sempre a ela uma pontuação maior que a média,
ou seja 5,00 pontos.
Nota-se que a âncora de carreira do estilo de vida é uma variável importante para os
respondentes. No entanto a sua predominância tende a diminuir a medida em que as pessoas
obtém maior tempo de carreira.
92
4.2.3 Análise da variável dependente da atividade profissional
Essa variável procura investigar a existência de uma relação da atividade profissional exercida
pelo sujeito com a sua formação educacional. Ela apresentou-se muito significativa quando
relacionada com as variáveis da idade, hierarquia e da âncora de carreira de serviço e
dedicação, conforme demonstrado nas tabelas abaixo.
Tabela 23 - Comparativo entre as variáveis idade e atividade relacionada à formação educacional
Até 25 25 a 35 35 a 45 45 a 65 Acima de Freq.
anos anos anos anos 65 anos
Sim 3% 18% 7% 8% 0% 36%
Em parte 3% 7% 10% 2% 0% 22%
Não 14% 9% 5% 1% 0% 29%
Muito pouco 1% 7% 1% 0% 0% 9%
IDADE
ATIVIDADE
A dependência entre as variáveis atividade e idade apresenta uma dependência muito
significativa. Qui²= 99,34 e p=0,66%.
De acordo com esse teste, observa-se na tabela 23 que de um total de 74 respostas, as
discrepâncias apresentadas estiveram entre os 18% dos indivíduos que têm entre 25 e 35 anos
de idade que dizem o existir uma relação entre a sua formação educacional e a atividade
profissional que desenvolvem.
Dentre os sujeitos que têm entre 25 a 35 anos de idade, percebe-se que 7% relatam que a
atividade que exercem atualmente tem muito pouco a ver com a sua formação profissional.
93
Entretanto, para 10% dos indivíduos que possuem entre 35 e 45 anos de idade, essa relação
existe em parte.
Nota-se, pela análise dos dados obtidos na pesquisa um declínio do número de sujeitos que
dizem não haver relação da profissão com a formação à medida que a idade aumenta,
sugerindo que os iniciantes de carreira nem sempre ingressam na profissão ou atividade em
que se formaram, mas encontram oportunidades de aliar as duas variáveis no decorrer da
carreira.
Tabela 24 - Comparativo entre as variáveis hierarquia e atividade relacionada à formação educacional
Freq.
Sim 35%
Em parte 22%
Não 30%
Muito pouco 10%
16%
19%
20%
7%
Nível
gerencial
HIERARQUIA
ATIVIDADE
Nível
administrativo
19%
3%
10%
3%
Por meio da análise do Qui², as variáveis atividade relacionada à formação educacional e
hierarquia apresentam uma dependência significativa. Qui²=95,02% e p=4,98%.
Conforme demonstrado na tabela 24, de um total de 74 observações, verifica-se que 19% dos
indivíduos que exercem suas atividades em nível gerencial apontam a existência da relação
das duas variáveis. Para 20% dos indivíduos que exercem suas atividades em nível
administrativo essa relação não existe.
94
Os dados apresentados sugerem que os sujeitos que encontraram relação entre essas variáveis
e executam tarefas relacionadas à sua formação educacional tendem a seguir uma carreira
gerencial, ao contrário daqueles que não vêem essa relação “educação x atividade” e se
estagnam no nível administrativo.
Tabela 25 - Comparativo entre as variáveis serviço e dedicação e atividade relacionada à formação educacional
Menos de De 3,00 De 4,00 De 5,00 De 6,00 De 7,00 Mais de Freq.
3,00 a 4,00 a 5,00 a 6,00 a 7,00 a 8,00 8,00
Sim 0% 3% 15% 5% 8% 4% 0% 35%
Em parte 0% 3% 10% 7% 3% 0% 0% 22%
Não 0% 5% 11% 14% 0% 0% 0% 30%
Muito pouco 1% 0% 1% 4% 1% 0% 1% 10%
SERV. DEDIC.
ATIVIDADE
A tabela 25 mostra que existe uma dependência muito significativa entre as variáveis tempo
de carreira e da âncora de carreira de serviço e dedicação. Qui²=99,23 e p=0,77%.
Das 74 observações feitas pelos sujeitos, nota-se que as maiores discrepâncias encontradas
estão entre os 15% dos respondentes que dizem existir uma relação entre as duas variáveis,
classificando-a entre 4,00 e 5,00 pontos numa escala que inicia em menos de 3,00 e termina
em mais de 8,00 pontos.
Outra discrepância foi apontada entre os indivíduos (14%) que classificaram como não
existente a relação entre atividade e formação educacional e a âncora do serviço e dedicação.
Para 10% dos respondentes, essa relação foi classificada como existente em parte, com uma
pontuação entre 4,00 e 5,00 pontos.
95
4.2.4 Análise da variável dependente da motivação para o trabalho
Essa variável analisa a relação do significado que o indivíduo atribui ao trabalho. Ela se
apresentou significativa quando relacionada com a variável da âncora de carreira de segurança
e estabilidade, conforme demonstrado abaixo.
Tabela 26 - Comparativo entre as variáveis motivação para o trabalho e segurança e estabilidade
Menos de De 3,00 De 4,00 De 5,00 De 6,00 De 7,00 Mais de Freq.
3,00 a 4,00 a 5,00 a 6,00 a 7,00 a 8,00 8,00
Oport. cresc. Pessoal 4% 23% 16% 19% 10% 0% 1% 73%
Fonte de satisfação 1% 15% 10% 7% 0% 0% 0% 33%
Obrigação econômica 0% 4% 4% 4% 3% 4% 0% 19%
SEG. ESTAB.
MOTIVAÇÃO TRAB.
A dependência entre a variável da motivação para o trabalho e da âncora de carreira da
segurança e estabilidade apresentou-se significativa, Qui²=97,81 e p=2,19%.
De acordo com esse teste, observamos na tabela 26 que de um total de 74 respostas, 19%
apontaram a obrigação econômica como principal motivo pelo qual trabalham. Em
contrapartida, a variável “fonte de satisfação” é indicada por 33% dos respondentes e a
oportunidade de crescimento pessoal para 73%.
Pelos dados apurados e demonstrados, observa-se que para aqueles que buscam segurança e
estabilidade, apresentando resposta com maior consistência, há uma tendência maior em
buscarem motivação para o trabalho através do ganho financeiro, sendo esse o principal
motivo pelo qual trabalham.
96
4.2.5 Análise da variável dependente âncora de carreira
Essa variável procura investigar a existência de uma relação das âncoras de carreira nas quais
os indivíduos se apóiam para se desenvolver profissionalmente, conforme demonstrado
abaixo.
Tabela 27 - Comparativo entre as variáveis idade e âncoras de carreira
IDADE CT CG AI SE EM SD DP EV Freq.
Até 25 anos 4,33 4,00 3,40 4,53 3,60 4,33 5,00 5,00 20%
De 25 a 35 anos 8,60 8,40 7,20 8,35 7,05 9,40 9,45 9,85 42%
De 35 a 45 anos 8,65 8,30 6,45 8,38 6,48 9,03 8,65 10,00 24%
De 45 a 65 anos 9,33 8,47 5,96 8,29 5,57 9,90 9,53 9,66 14%
Acima de 65 anos 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0%
Na análise dos dados da tabela 27, observa-se que:
Até os 24 anos de idade, os sujeitos buscam apoio para desenvolver carreira por meio dos
valores de desafio puro (5,00) e estilo de vida (5,00). Nessa faixa etária, os indivíduos
preterem a autonomia e independência (3,40) como suporte de carreira.
Dos 25 aos 35 anos de idade, o maior valor considerado pelos sujeitos é o do estilo de vida
(9,85), tendo como segunda âncora o desafio puro (9,45). Nessa faixa etária, a âncora do
empreendedorismo é a mais preterida (7,05) entre os respondentes.
97
A faixa etária que corresponde aos sujeitos que possuem entre 35 e 45 anos de idade, é mais
uma vez marcada pela predominância da âncora de carreira de estilo de vida (10,00) como
apoio e objetivo para a construção da carreira. Em seguida encontra-se a âncora do serviço e
dedicação (9,03). A autonomia e independência (6,45) é preterido pelos respondentes dessa
faixa etária.
De acordo com a análise dos dados, dos 45 aos 65 anos de idade, os sujeitos buscam apoio
para desenvolver carreira por meio do serviço e dedicação (9,90). Como uma âncora
secundária está o estilo de vida (9,66). Nessa faixa etária, o empreendedorismo (5,57) é
preterido pelos respondentes.
Tabela 28 - Comparativo entre as variáveis escolaridade e âncoras de carreira
ESCOLARIDADE CT CG AI SE EM SD DP EV Freq.
Nível médio 4,20 3,80 3,65 4,35 3,75 4,70 4,45 5,20 27%
Nível superior 4,42 4,28 3,23 4,26 3,44 4,49 4,63 4,86 60%
Pós-graduação 4,10 4,20 3,50 3,70 2,80 4,80 4,70 4,70 13%
Pelos dados apresentados na tabela 28, observa-se que, tanto para os sujeitos com nível médio
quanto para aqueles com nível superior, o suporte no qual se apóiam para construir carreira é
o estilo de vida, pontuado respectivamente com 5,20 e 4,86 como maior relevância.
Para aqueles que possuem a pós-graduação, a âncora predominante é a do serviço e
dedicação, classificada com 4,80 pontos.
98
Nos dados da tabela 29, observa-se que a âncora de carreira do estilo de vida é um suporte no
qual os profissionais em geral têm se apoiado para construir carreira, seguido de desafio puro
e serviço e dedicação como valores.
Numa análise mais detalhada, verifica-se que até os primeiros 5 anos de carreira os indivíduos
se apóiam na âncora do estilo de vida (9,86) para se desenvolver.
Nos 10 anos seguintes da carreira, ou seja, até os 15 anos, a âncora do estilo de vida (10,18)
ainda permanece dominante, porém alguns já buscam suporte em outras âncoras como a do
serviço e dedicação (9,40) e desafio puro (9,30) para alavancar carreira.
Nos 10 anos seguintes, ou seja, até os 25 anos de carreira, os principais suportes são o estilo
de vida (9,84) e a segurança e estabilidade (8,86) que aparece como uma preocupação.
Para aqueles que possuem entre 26 e 35 anos de carreira, as âncoras predominantes são as do
serviço e dedicação (11,00) e desafio puro (10,00).
99
Tabela 30 - Comparativo entre as variáveis atividade relacionada à formação e âncoras de carreira
ATIVIDADE CT CG AI SE EM SD DP EV Freq.
Sim 4,04 4,27 3,46 3,62 3,54 4,88 4,62 5,12 35%
Em parte 4,44 3,75 3,19 4,50 3,13 4,44 4,44 4,88 22%
Não 4,55 4,50 3,64 4,45 3,68 4,27 4,77 4,62 30%
Muito pouco 4,43 3,86 3,14 4,86 3,43 5,00 4,71 4,86 10%
Observa-se pelos dados apresentados na tabela 30 que, tanto os sujeitos que dizem ter uma
atividade profissional relacionada à formação quanto aqueles que afirmam que essa relação
ocorre em parte, se ancoram em estilo de vida para se desenvolver profissionalmente,
classificando suas respostas em 5,12 e 4,88 pontos respectivamente.
Os respondentes que citam que a atividade profissional não se relaciona com sua formação
educacional se apóiam em desafio puro (4,77) para a busca do crescimento.
Os respondentes que afirmam que a atividade profissional se relaciona muito pouco com sua
formação educacional têm como suporte de carreira o serviço e dedicação (5,00).
Numa outra análise podemos verificar que, para aqueles que dizem existir uma relação entre a
formação educacional e a atividade exercida, a âncora de carreira menos apontada foi a da
autonomia e independência (3,46).
Para aqueles que vêem uma relação parcial entre a formação educacional e a atividade
exercida, a âncora de carreira menos apontada foi a do empreendedorismo (3,13).
para os que afirmam não existir relação entre a sua formação educacional e a atividade
exercida, a âncora de carreira menos apontada foi a da autonomia e independência (3,64).
100
Finalmente, os que citam que a relação entre a sua formação educacional e a atividade
exercida é muito pouca, a âncora de carreira menos apontada foi também a da autonomia e
independência (3,14).
Tabela 31 - Comparativo entre as variáveis motivação para o trabalho e âncoras de carreira
SIGN. TRABALHO CT CG AI SE EM SD DP EV Freq.
Oport. cresc. pessoal
4,19 4,06 3,43 4,17 3,50 4,69 4,50 4,96 73%
Fonte de satisfação
4,42 4,75 3,25 3,67 3,25 4,63 4,67 4,70 33%
Obrigação econômica
4,14 3,50 3,36 4,93 3,36 4,14 4,71 5,21 19%
Na tabela 31 observamos que, tanto para os sujeitos que atribuem ao trabalho a oportunidade
de crescimento pessoal quanto para aqueles que dizem ser uma obrigação econômica, a
âncora de carreira predominante é a do estilo de vida, classificada com 4,96 e 5,21 pontos,
respectivamente.
Para os respondentes que atribuem ao trabalho uma fonte de satisfação, a âncora de carreira
da competência gerencial (4,75) foi predominante.
Na análise inversa, notamos que para os sujeitos que se motivam pela oportunidade de
crescimento pessoal que o trabalho proporciona a âncora menos citada foi a da autonomia e
independência.
Para os indivíduos que m a fonte de satisfação pessoal como motivação, as âncoras menos
citadas foram a da autonomia e independência e a do empreendedorismo.
101
Os que se motivam pelo ganho financeiro, sendo o trabalho uma obrigação econômica, as
âncoras menos citadas foram também a da autonomia e independência e do
empreendedorismo.
Da mesma maneira, a observação de que a população pesquisada atua em organizações e
indústrias cabe nessa análise.
4.2.6 Análise da variável dependente lócus de controle
Essa variável procura investigar a existência de uma relação da predominância de lócus de
controle com as demais variáveis. De acordo com os dados obtidos na pesquisa observa-se a
existência de relação com a variável idade e tempo de carreira.
Tabela 32 - Comparativo entre as variáveis locus de controle e idade
IDADE
LCI LCE
Até 25 anos 14,73
10,27
De 25 a 35 anos 32,59
17,41
De 35 a 45 anos 34,93
15,08
De 45 a 65 anos 37,86
12,14
Acima de 65 anos 0,0
0,0
Os dados apresentados na tabela 32 demonstram que a predominância do lócus de controle
interno apresenta um crescimento à medida que aumenta a faixa etária do sujeito respondente.
102
Quanto ao controle externo, essa relação também existe, porém de forma proporcionalmente
inversa ao lócus de controle interno, ou seja, um indicativo de que quanto maior a faixa
etária do sujeito menos externo ele se apresenta.
Tabela 33 - Comparativo entre as variáveis locus de controle e tempo de carreira
TEMPO DE CARREIRA
LCI LCE
Até 5 anos 30,30 19,70
De 6 a 15 anos 34,57 15,43
De 16 a 25 anos 35,53 14,47
De 26 a 35 anos 38,00 12,00
Uma relação semelhante à idade do sujeito existe entre as variáveis tempo de carreira e lócus
de controle, apresentadas na tabela 33, na qual se observa a predominância do lócus de
controle interno à medida que aumenta o tempo de carreira do sujeito respondente.
Quanto ao controle externo essa relação também existe, porém de forma proporcionalmente
inversa ao lócus de controle interno, ou seja,um indicativo de que quanto maior é o tempo
de carreira do sujeito menos externo ele se apresenta.
103
5 DISCUSSÃO
Essa pesquisa teve como objetivo estudar os ciclos de vida e de carreira de indivíduos que
atuam em organizações, analisando a inclinação profissional e as crenças pessoais que
predominam em cada um dos ciclos, valendo-se do inventário de Lócus de Controle,
desenvolvido por Rotter; do inventário de Âncoras de Carreira, desenvolvido por Schein e de
um questionário de identificação do perfil do sujeito respondente, desenvolvido pela
pesquisadora.
A utilização desses instrumentos permitiu o levantamento de dados que, estatisticamente
tratados, pudessem responder à seguinte hipótese: quais são as inclinações profissionais e as
crenças pessoais presentes em cada ciclo de vida e de carreira?
A discussão pautada no estudo teórico e na avaliação dos resultados da pesquisa aplicada,
tendo como referência cada ciclo de carreia, segue nos itens seguintes.
5.1 SOBRE OS CICLOS DE CARREIRA
Os ciclos de carreira o fases que compõem a vida profissional de um indivíduo. Embora
categorizadas pelo quesito tempo de carreira, De Cenzo e Robbins (2001) alertam sobre o fato
de que o que deve ser considerado num estudo sobre ciclos é a análise dos estágios e não a
idade dos sujeitos pesquisados. Isso porque nem todas as pessoas iniciam sua carreira
104
profissional com uma determinada idade, bem como o empenho e experiência são diferentes
para cada um. Da mesma forma, uma pessoa com mais idade que muda de carreira
drasticamente provavelmente terá os mesmos anseios de um iniciante, entre outros aspectos.
A partir desse pressuposto a análise seguinte de cada ciclo considerará o tempo de carreira
versus a média da idade obtida pela tabela 22 demonstrada no capítulo dos resultados e
sintetizada na figura 8.
Figura 8 - Relação entre idade e tempo de carreira
CICLO
IDADE TEMPO DE CARREIRA
Primeiro ciclo
até 25 anos até 5 anos
Segundo ciclo
dos 25 aos 35 anos até 15 anos
Terceiro ciclo
dos 35 aos 45 anos até 25 anos
Quarto ciclo
dos 45 aos 65 anos até 35 anos
Quinto ciclo
mais de 65 anos mais de 35 anos
Tendo sido estabelecida uma relação, que parece ser a mais adequada para a análise da
predominância de crenças, valores e comportamentos individuais em cada ciclo de carreira,
passamos a discutir abaixo cada etapa.
5.1.1 Primeiro ciclo de carreira – discussão
O primeiro ciclo de carreira é marcado pela exploração e expectativas a respeito da escolha e
do início da construção de uma vida profissional.
105
Os sujeitos que se incluem nessa etapa, com até 25 anos de idade, são pessoas que vivem o
desafio de procurar e conseguir um emprego, preocupadas em fazer uma escolha profissional
satisfatória e que, no entanto, nem sempre têm maturidade suficiente para isso. (PIKUNAS,
1979; PAPALIA e SALLY, 2000)
Apesar dos conflitos inerentes aos sujeitos que estão em início de carreira profissional, os
dados apurados revelam que o estilo de vida (9,86) e o desafio puro (9,47) são os suportes que
dão apoio e alavancam o crescimento desses indivíduos.
A ancoragem em estilo de vida, segundo Schein (1996) é interesse de pessoas que buscam
aliar as preocupações com a carreira e a família, equilibrando o interesse e dispêndio pessoal
para ambos.
Essa população tem como crença o lócus de controle interno prevalecendo ao externo, numa
diferença de 54% da internalidade sobre a externalidade.
O termo lócus de controle foi cunhado para designar quem ou o que detém o controle na
determinação de eventos, pretendendo explicar a percepção das pessoas a respeito da fonte de
controle dos eventos, ou seja, se é o próprio sujeito o controle é interno, se é algum elemento
fora do sujeito, o controle é externo.
A noção de quem mantém o controle sobre os acontecimentos torna-se importante na medida
em que as pessoas criam habilidades para alterar os eventos. Burger (1989) descreve que não
é necessário que as pessoas exerçam realmente controle sobre os acontecimentos, mas que
106
percebam o controle que têm sobre eles, pois a percepção de controle é o principal
determinante da resposta do sujeito.
Os indivíduos orientados pelo lócus de controle interno têm como característica a busca pelo
êxito, são mais ativos na busca pela informação, possuem maior índice de adaptabilidade,
satisfação e envolvimento e geralmente se inclinam a solucionar problemas para, sobretudo,
reduzir o estresse. (ANDERSON, 1977)
Um dado revelado na pesquisa realizada refere-se à relação entre formação educacional e
atividade profissional. Dos indivíduos que se concentram no primeiro ciclo de carreira, os
resultados apontam que 14% dizem não executar trabalhos relacionados à sua formação
educacional.
De acordo com a literatura pesquisada, o primeiro ciclo da carreira é marcado pela expectativa
de construção de uma carreira e oportunidade de experimentar as diferentes formas de
trabalho. (DE CENZO e ROBBINS, 2001)
Ainda que o indivíduo não consiga conciliar o seu trabalho com a formação educacional, a
experiência da vida profissional poderá, de todo modo, agregar conhecimentos para seu
desenvolvimento.
Para 60% dos sujeitos que compõem esse ciclo o fator que os motivam para o trabalho é a
oportunidade de crescimento pessoal, o que parece ser um fato esperado considerando-se que
essa população está iniciando sua vida profissional.
107
5.1.2 Segundo ciclo de carreira – discussão
O segundo ciclo de carreira é marcado pela entrada do indivíduo na vida profissional quando
geralmente se consegue o primeiro emprego e acontecem as primeiras experiências
ocupacionais, proporcionando ao sujeito o desenvolvimento de suas habilidades e ambições
em longo prazo.
Fazem parte desse ciclo os indivíduos que estão na faixa etária correspondente aos 25 a 35
anos de idade. Para De Cenzo e Robbins (2001), essa fase é marcada por dois pontos críticos.
O primeiro refere-se a encontrar um emprego e, conseqüentemente, a ingressar em uma
carreira que satisfaça às expectativas do sujeito. O segundo trata-se da consolidação na
carreira escolhida, que se após um desgaste natural sofrido pelos erros e tentativas de
conquistar um lugar no mercado de trabalho.
O estilo de vida (10,18), de acordo com os dados apurados na pesquisa realizada, é o principal
suporte no qual os sujeitos concentrados nesse ciclo se apóiam para construir sua carreira.
Ainda que a problemática da construção e solidificação de uma carreira esteja presente na
vida dos que iniciam na profissão, a preocupação com o trabalho e a vida pessoal é uma
constante para essas pessoas.
O lócus de controle dos sujeitos que integram o segundo ciclo de carreira é
predominantemente interno, numa diferença 125% maior da internalidade sobre a
externalidade.
108
Esse dado crescente, em relação aos indivíduos do primeiro ciclo de carreira, pode nos levar a
refletir que possivelmente as pessoas já tenham maior noção sobre o controle que os eventos
tenham sobre si mesmas e que, de alguma forma, podem responder a esses eventos.
Percebe-se, por meio do resultado da pesquisa realizada, que os sujeitos já começam a
encontrar no trabalho uma relação com a sua formação educacional, pouco encontrada no
primeiro ciclo de carreira.
Para os indivíduos que compõem a primeira metade desse ciclo, ou seja até os 35 anos de
idade, a relação entre a formação e a atividade profissional existe para 18% dos respondentes.
Não existe para 9% e, para 7% existe em parte ou muito pouco.
Os sujeitos pertencentes ao segundo ciclo de carreira informam, de acordo com a pesquisa
realizada, que o trabalho é um meio de se obter a oportunidade de crescimento pessoal para
60% dos respondentes. Para 21% dos sujeitos o trabalho significa fonte de satisfação e, para
os 19% restantes o trabalho é uma obrigação econômica.
5.1.3 Terceiro ciclo de carreira – discussão
Esse ciclo de carreira é caracterizado pelo crescimento na carreira e em uma ocupação, assim
como pelo espaço que o trabalho tende a ocupar na vida do indivíduo, o que pode acarretar
conflitos de ordem pessoal.
109
Esse ciclo é composto, na sua maioria, por sujeitos que se concentram na faixa etária
correspondente aos 35 e 45 anos de idade.
De Cenzo e Robbins (2001) citam que essa fase é interessante porque nela pode ocorrer uma
definição sobre o futuro da carreira do indivíduo: progressão, estagnação ou deterioração. Se
prevalecer a progressão, nessa fase o sujeito apresenta um alto desempenho em suas funções;
na estagnação um plaem termos de ambição e agressividade para o crescimento e, por
fim se a tendência for a deterioração um declínio de produtividade, resultando em
rebaixamento de função ou mesmo demissão do funcionário.
Essa é uma fase em que as pessoas que a compõem estão preocupadas não somente com o
estilo de vida (9,84), que a priori é um dado encontrado em todos os demais ciclos de carreira,
mas também com o trabalho e com o futuro profissional.
Dentre os respondentes da pesquisa realizada, também uma forte concentração de
indivíduos preocupados com o serviço e dedicação (8,86) como âncoras de carreira.
Esses dados mostram que, de acordo com o que relatam De Cenzo e Robbins (2001), os
indivíduos nesse ciclos mostram-se mais dispostos à progressão do que à estagnação ou
deterioração de suas carreiras.
O lócus de controle dos sujeitos que integram esse ciclo de carreira é predominantemente
interno, numa intensidade maior que a amostra dos dois ciclos que se antecedem a ele. A
diferença entre internos e externos mostra-se 145% maior do primeiro para o segundo.
110
Para as pessoas que se concentram no terceiro ciclo de carreira, a profissão está atrelada em
parte à formação educacional (10% dos respondentes), existente para 7% dos pesquisados e
inexistente para 5%.
Esses respondentes revelam, por meio das respostas dadas à pesquisa de perfil profissional
aplicada juntamente com os inventários, que a principal motivação para o desenvolvimento do
seu trabalho é a oportunidade de crescimento pessoal (48% dos sujeitos), seguida da fonte de
satisfação (36%).
5.1.4 Quarto ciclo de carreira – discussão
O quarto ciclo de carreira, que normalmente se inicia aos 45 anos de idade e se estende até os
65, é uma fase em que as pessoas buscam pela segurança e estabilização no trabalho.
(SUPER, 1975)
Nesse período o papel social do indivíduo também se aflora à medida que os profissionais por
estarem no auge de suas carreiras e, com experiência e energia, se preocupam em formar
sucessores e inserir jovens no atribulado mercado de trabalho. (HAVIGHURST, 1964 apud
MARTINS, 1978)
É também uma fase de reflexão e auto-avaliação sobre conquistas, resultados e futuro
profissional (SCHEIN, 1996). Ao mesmo tempo em que esse período pode significar
111
turbulências e crises também pode significar a consagração de uma carreira sólida e
produtiva.
Serviço e dedicação (11,00), desafio (10,00) e estilo de vida (9,00) são as âncoras que mais
estão presentes no perfil das pessoas que compõem o quarto ciclo de carreira. Podemos inferir
que o resultado da pesquisa aplicada reforça a teoria dos autores que citam que nessa fase os
profissionais, mediante de uma auto-reflexão, consolidam sua vida profissional ao mesmo
tempo em que se preocupam em transmitir um legado de conhecimento e experiência aos seus
futuros sucessores.
Um dado bastante interessante apurado nesse trabalho refere-se ao lócus de controle. Os
dados apontam claramente que, quanto mais experiente e consequentemente, com mais idade
estiver o individuo, maior percentual de internalidade ele possui. No caso dessa amostra, a
diferença atinge o patamar de 216% dos internos sobre os externos.
Nesse ciclo também os respondentes afirmam, por meio do questionário de levantamento de
perfil, que sua atividade profissional está fortemente relacionada à formação educacional (8%
dos sujeitos), existindo essa relação no desempenho de suas tarefas. Para 2% esta relação
existe em parte e para 1% não existe.
Para esses sujeitos, assim como para aqueles que compõem o terceiro ciclo de carreira, a
motivação para o desenvolvimento do seu trabalho é a fonte de satisfação para 57% dos
respondentes e a oportunidade de crescimento pessoal para 43% deles.
112
5.1.5 Quinto ciclo de carreira – discussão
Não houve respondente que se enquadrasse nesse ciclo de carreira. Fica a possibilidade dessa
análise para estudos futuros.
5.2 Oportunidades para novas pesquisas
Após a discussão acerca dos dados coletados e das bases conceituais que norteiam este
trabalho, pode-se levantar a oportunidade de novas pesquisas, tais como:
A realização de estudo um contemporâneo sobre a questão dos ciclos de carreira, bem
como um estudo com a população brasileira, visto que os modelos atuais são antigos e
internacionais.
A validação dos Inventários de Lócus de Controle e de Âncoras de carreira para a
população brasileira.
Aplicação do estudo dos ciclos de carreira em diferentes classes sociais.
113
6 CONCLUSÃO
Este capítulo sumariza e realiza considerações sobre os resultados do estudo, que se propôs a
estudar os ciclos de vida e de carreira de indivíduos que atuam em indústrias, analisando a
inclinação profissional e as crenças que predominam em cada uma das fases da carreia.
Efetuar uma relação entre o ciclo de vida e de carreira pareceu ser a melhor forma de se
estabelecer um parâmetro para identificar a predominância da inclinação profissional, ou
âncoras de carreira, e das crenças dos sujeitos que compõem cada ciclo.
Seguem abaixo, dessa forma, as conclusões obtidas na pesquisa realizada.
6.1 CONCLUSÕES PRELIMINARES
De acordo com a descrição da amostra, podemos inferir, a respeito da variável gênero, que os
sujeitos do sexo masculino são mais propensos a adotar a competência gerencial e a
autonomia e independência como âncoras de carreira em relação aos sujeitos do sexo
feminino, que não pontuam uma âncora de carreira de forma significativa, mas citam a
segurança e estabilidade como um aspecto de maior relevância em relação ao sexo oposto.
Em relação ao tempo de carreira é possível destacar pelos dados coletados que o estilo de vida
é uma âncora de carreira priorizada pelos trabalhadores que possuem até 15 anos de atividade
114
profissional. Para os respondentes que possuem mais de 15 anos de atividade profissional, os
suportes também são baseados nas âncoras do serviço e dedicação e de desafio puro. O lócus
de controle interno predomina como uma crença presente em todos os respondentes,
independentemente da idade e do tempo de carreira que eles têm.
A análise da variável atividade profissional e formação educacional revela que, para a maior
parte dos entrantes numa carreira, com até 25 anos de idade, 14% não constatam uma relação
entre a sua formação e seu trabalho. Para esse grupo de pesquisados, as âncoras de carreira
predominantes são a do desafio puro e estilo de vida. À medida que aumenta a idade dos
respondentes, e também proporcionalmente seu tempo de trabalho, a relação formação versus
trabalho tende a existir e, para essa população, a âncora de carreira mais citada foi a do estilo
de vida.
Ainda sobre a relação formação educacional e atividade profissional, os dados indicam que
aqueles que possuem o nível hierárquico gerencial percebem, na sua maioria (19%), a
existência da relação mencionada. os que afirmam não existir essa relação (20%)
concentram-se no âmbito administrativo.
A análise da variável dependente atividade profissional relacionada à formação educacional
também apresenta relevância com a âncora de carreira de serviço e dedicação. De acordo com
os dados apurados, os que apresentam uma pontuação mais alta com o serviço e dedicação são
os que dizem existir a relação entre as variáveis citadas.
No que diz respeito à motivação para o trabalho, uma análise pode ser considerada quando
essa variável é cruzada com a âncora de carreira da segurança e estabilidade. Segundo os
115
dados apurados, a obrigação econômica é o motivo pelo qual aqueles que almejam a
segurança e estabilidade trabalham. Além disso, os que vêem o trabalho como fonte de
satisfação têm como suporte a competência gerencial e os que citam o trabalho como
oportunidade de crescimento pessoal se apóiam em serviço e dedicação.
A análise das âncoras de carreira quando cruzadas com a variável tempo de carreira revelaram
que o suporte de carreira mais almejado pelos respondentes, independentemente de sua idade,
é o estilo de vida, mostrando ainda que as âncoras do serviço e dedicação e desafio puro o
também apoio para os respondentes que têm mais de 26 anos de carreira.
Assim como na variável idade, o aspecto da escolaridade aponta que, independentemente do
nível de instrução a âncora de carreira do estilo de vida também é o principal suporte de
carreira para os respondentes.
6.2 CONCLUSÃO DA HIPÓTESE E OBJETIVOS
A hipótese levantada de que cada ciclo de vida e de carreira é marcado pela predominância de
diferentes inclinações profissionais e índices de crenças pessoais foi comprovada pela
amostra. No entanto, nota-se que a âncora de carreira do Estilo de Vida esteve evidente do
primeiro ao terceiro ciclo de vida e de carreira.
116
No primeiro ciclo de carreira, em que uma grande expectativa a respeito da escolha do
início da vida profissional, predominam como âncoras de carreira e inclinação profissional o
estilo de vida e a segurança e estabilidade.
Esses aspectos podem ser mais evidentes nesse ciclo devido à ansiedade de se ter feito a
escolha correta da carreira e a expectativa de iniciar uma profissão que tenha relação com o
modo de ser, agir e pensar do indivíduo.
O controle dos eventos que ocorrem no cotidiano é atribuído ao interno, ou seja, os
pesquisados do primeiro ciclo demonstram sua orientação para a internalidade numa
proporção 54% maior do que para a externalidade.
Dos ocupantes desse ciclo de carreira, 14% relatam que sua atividade profissional não está
relacionada com a sua formação profissional. No entanto a pesquisa demonstra que as pessoas
procuram crescer ao longo da sua trajetória de carreira. Para 60% dos pesquisados desse ciclo,
a oportunidade de crescimento pessoal é o que os motiva no trabalho, 21% dizem ser a fonte
de satisfação e 19% dizem que trabalham pela obrigação econômica.
no segundo ciclo de carreira, quando acontecem as primeiras experiências ocupacionais
que podem promover o desenvolvimento de habilidades e ambições em longo prazo, o estilo
de vida ainda prevalece, seguido do serviço e dedicação e do desafio puro, fato que se deve
muito provavelmente pelo interesse dos indivíduos em alavancar suas carreiras.
117
O lócus de controle revela-se interno para essa população numa proporção dobrada em
relação ao ciclo de carreira e de vida anterior. As pessoas que têm entre 6 e 15 anos de
atividade profissional admitem que o controle interno é 125% maior que o externo.
Para 18% dos respondentes que pertencem ao segundo ciclo de vida e de carreira, a atividade
profissional está relacionada com a formação profissional, porém 9% dos sujeitos ainda não
encontraram essa relação em seu trabalho.
No que diz respeito ao que motiva os sujeitos à realização do trabalho, 51% dizem ser a
oportunidade de crescimento pessoal, seguido de 29% que vêem o trabalho como fonte de
satisfação e 20% que têm a atividade profissional como obrigação econômica.
Referente ao terceiro ciclo de carreira, esse é o momento em que as pessoas estão empenhadas
em se estabelecer e crescer profissionalmente. O desenvolvimento da vida pessoal também é
exigido, visto que a faixa etária correspondente a esse ciclo é entre 35 e 45 anos de idade,
quando muitos já têm família e filhos para criar.
As âncoras que predominam como suporte de carreira nesse ciclo são: estilo de vida e
segurança e estabilidade.
O controle dos eventos continua sendo cada vez mais interno, na medida em que as pessoas se
tornam mais experientes na carreira e mais maturas em termos de vivência. Nesse ciclo a
internalidade é 145% maior do que a externalidade.
118
A atividade profissional está parcialmente relacionada para 10% dos pesquisados desse ciclo.
Para 7% dos pesquisados existe a relação, 5% dizem que a relação não existe e 1% relatam
que a relação existente é bem pouca.
Sobre a motivação para o trabalho, 50% m o trabalho como oportunidade de crescimento
pessoal, 35% como fonte de satisfação e 15% como obrigação econômica.
De acordo com a apuração dos dados levantados até aqui, os indivíduos que compõemesse
ciclo de carreira parecem ser mais satisfeitos com as atividades que desenvolvem. Segundo
esses dados, os indivíduos do terceiro ciclo de carreira são pessoas que buscam uma
progressão de carreira, embora teoricamente tenham passado da metade de sua vida
profissional; têm um elevado nível de lócus de controle interno; executam tarefas relacionadas
à sua formação educacional, o que em tese leva-se a inferir que eles atuam na área que
escolheram e têm o trabalho como oportunidade de crescimento e fonte de satisfação.
Por fim o quarto ciclo de carreira é o período em que os profissionais estão na sua maturidade
em termos de experiência profissional e de vida. Trata-se de um momento que pode resultar
na consagração da trajetória profissional ou na decepção por não se ter conquistado tudo o que
era desejado e sonhado no primeiro ciclo.
Em relação às âncoras, os respondentes identificam-se com o serviço e dedicação, seguido de
desafio puro e estilo de vida, o que sugere que os profissionais pesquisados cumpriram com
satisfação a sua vida profissional e que não sentem estar no fim de suas carreiras.
119
No que diz respeito ao lócus de controle, a internalidade aparece 216% mais presente que a
externalidade o que confirma mais uma vez que a experiência e a maturidade dos sujeitos
contribuem para esse fato.
Dos indivíduos que compõem esse ciclo, 8% revelam ter a atividade profissional relacionada
à sua formação educacional, 2% dizem que a relação existe em parte 1% descrevem não haver
essa relação.
A fonte de satisfação é o que mais motiva os profissionais desse ciclo para o trabalho, num
total de 57%. Para 43% a oportunidade de crescimento pessoal ainda é o maior motivador.
Nessa fase, segundo a pesquisa realizada, nenhum dos sujeitos trabalha por obrigação
econômica.
Em suma, pode-se demonstrar, por meio das figuras abaixo, em forma de gráficos, a
discrepância encontrada em cada um dos ciclos de vida e de carreira encontrados nos aspectos
de âncoras de carreira, ou inclinação profissional, lócus de controle, atividade relacionada à
formação e motivação para o trabalho, encerrando assim, a conclusão dessa pesquisa.
120
Figura 9 - Ciclo de carreira e inclinação profissional
CICLO DE CARREIRA E INCLINAÇÃO PROFISSIONAL
8,84
7,89
6,73
9,17
7,34
9,07
9,47
9,86
8,53
8,68
7,42
7,70
7,15
9,40
9,30
10,18
7,96
8,71
6,53
8,86
6,29
8,14
7,86
9,84
9,17
8,83
5,17
7,50
4,67
11,00
10,00
9,00
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
CT CG AI SE EM SD DP EV
Primeiro ciclo Segundo ciclo Terceiro ciclo Quarto ciclo
Figura 10 - Ciclo de carreira e lócus de controle
CICLO DE CARREIRA E LÓCUS DE CONTROLE
30,30
34,57
35,53
38,00
19,70
15,43
14,47
12,00
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
30,00
35,00
40,00
Primeiro ciclo Segundo ciclo Terceiro ciclo Quarto ciclo
LCI LCE
121
Figura 11 - Ciclo de carreira e atividade relacionada à formação
CICLO DE CARREIRA E ATIVIDADE RELACIONADA À FORMAÇÃO
3,00 3,00
1,00
14,00
18,00
7,00 7,00
9,00
7,00
10,00
1,00
5,00
8,00
2,00
0,00
1,00
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
14,00
16,00
18,00
20,00
sim em parte muito pouco o
Primeiro ciclo Segundo ciclo Terceiro ciclo Quarto ciclo
Figura 12 - Ciclo de carreira e motivação para o trabalho
CICLO DE CARREIRA E MOTIVAÇÃO PARA O TRABALHO
10,9
12,2
35,1
5,4
8,1
14,3
2,8
6,8
9,5
0
5,4
4,1
0
5
10
15
20
25
30
35
40
obrigação satisfação crescimento
Primeiro ciclo Segundo ciclo Terceiro ciclo Quarto ciclo
122
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2006.
125
ANEXOS
Anexo A – Inventário de Âncoras de Carreira
Anexo B – Inventário de Lócus de Controle
Anexo C – Questionário de Levantamento do Perfil Profissional
Anexo D – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Anexo E – Protocolo do Comitê de Ética
126
ANEXO A – INVENTÁRIO DE ÂNCORAS DE CARREIRA
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
11.
12.
13.
14.
Use a escala seguinte para classificar cada um dos itens quanto ao que corresponde para você e
escreva o número nos espaços em branco.
Nunca é verdadeiro
para mim
Ocasionalmente é
verdadeiro para mim
Normalmente é
verdadeiro para mim
Sempre é verdadeiro
para mim
1 2 3 4 5 6
Eu espero ser tão bom naquilo que faço, que seguirei as orientações especializadas
continuamente.
Eu me sinto mais realizado no meu trabalho quando sou capaz de integrar e
administrar os esforços dos outros.
Eu sonho em ter uma carreira que me permita realizar o trabalho da minha própria
maneira e segundo meu próprio horário.
Segurança e estabilidade o mais importantes para mim do que liberdade e
autonomia.
Eu estou procurando por idéias que me permitam começar minha própria empresa.
Eu me sentirei bem sucedido na minha carreira somente se eu tiver um sentimento
de ter dado uma real contribuição para o bem estar da sociedade.
Eu sonho com uma carreira na qual eu possa resolver problemas ou estar em
situações que são extremamente desafiadoras.
Eu prefiro deixar minha organização do que ser colocado em uma função que
comprometa meus interesses pessoais e familiares.
Eu me sentirei bem sucedido na minha carreira somente se puder desenvolver
minhas habilidades técnicas e profissionais em um vel muito elevado de
competência.
Eu sonho com a possibilidade de ser responsável por uma organização complexa e
tomar decisões importantes.
Eu sou mais realizado no meu trabalho quando sou completamente livre para definir
minhas próprias tarefas, horários e procedimentos.
Eu preferiria deixar minha organização completamente do que aceitar uma nova
função que colocasse em risco minha segurança profissional.
Construir meu próprio negócio é mais importante para mim do que atingir uma alta
posição administrativa.
Eu sou mais realizado na minha carreira quando posso utilizar meus talentos a
serviço dos outros.
127
15.
16.
17.
18.
19.
20.
21.
22.
23.
24.
25.
26.
27.
28.
29.
30.
Ser promovido a gerente ou diretor geral é mais atraente para mim do que ser o
profissional mais experiente na minha área de especialidade.
Nunca é verdadeiro
para mim
Ocasionalmente é
verdadeiro para mim
Normalmente é
verdadeiro para mim
Sempre é verdadeiro
para mim
1 2 3 4 5
Eu sonho em ter uma carreira que deixe uma contribuição real para a humanidade e
para a sociedade.
Eu me sinto mais realizado com meu trabalho quando sinto que tenho completa
segurança financeira e empregatícia.
Eu me sentirei bem sucedido em minha carreira somente se eu obtiver êxito ao criar
ou construir algo que seja completamente de minha própria idéia ou produto.
Eu prefiro deixar minha organização do que aceitar uma indicação de mudança que
me tire da minha área de especialidade.
A chance de fazer um trabalho do meu próprio jeito, livre de regras e
constrangimentos é mais importante para mim do que a segurança.
Eu me sinto mais realizado na minha carreira quando resolvo problemas
aparentemente insolúveis ou venço disputas aparentemente impossíveis.
Eu me sinto bem sucedido na vida somente se consigo equilibrar minha vida
pessoal, família e demandas da minha carreira.
Eu sou mais realizado na minha carreira quando tenho a oportunidade de construir
algo que seja inteiramente resultado das minhas próprias idéias e esforços.
Usar minhas habilidades para fazer do mundo um lugar melhor para viver e trabalhar
é mais importante para mim do que atingir uma alta posição administrativa.
Eu me sentirei bem sucedido na minha carreira somente se me tornar um gerente ou
diretor geral em alguma organização.
Eu me sentirei bem sucedido na minha carreira somente se atingir completa
autonomia e liberdade.
Eu procuro empregos em organizações que me propiciem segurança e estabilidade.
Eu me sentirei bem sucedido na minha carreira somente se eu enfrentar e superar
desafios muito difíceis.
6
Eu sonho com uma carreira que me permita integrar minhas necessidades pessoais,
familiares e de trabalho.
Ser um profissional mais experiente na minha área de especialidade é mais atraente
para mim do que ser promovido a gerente ou diretor geral em uma organização.
128
31.
32.
33.
34.
35.
36.
37.
38.
39.
40.
Examine suas respostas e localize os itens que você classificou como os mais altos. Destes,
circule os três itens que lhe pareçam mais verdadeiros.
Nunca é verdadeiro
para mim
Ocasionalmente é
verdadeiro para mim
Normalmente é
verdadeiro para mim
Sempre é verdadeiro
para mim
1 2 3
Eu sempre procuro oportunidades que minimizem a interferência em meus
interesses pessoais e familiares.
Eu prefiro deixar minha organização do que aceitar proposta de mudança que possa
prejudicar minha habilidade de ser útil para os outros.
Trabalhar em problemas que são praticamente insolúveis é mais importante do que
atingir uma alta posição gerencial.
Eu sonho em ter uma carreira que me permita ter uma sensação de segurança e de
estabilidade.
Eu sonho em iniciar e construir meu próprio negócio.
Eu preferiria deixar minha organização do que aceitar um emprego que me deixasse
distante do caminho de gerente ou diretor geral.
Eu preferiria deixar minha organização do que aceitar um emprego que reduzisse
minha autonomia e liberdade.
Balancear as demandas da minha vida profissional e pessoal é mais importante para
mim do que atingir uma alta posão administrativa.
Eu sou mais realizado com meu trabalho quando posso usar minhas habilidades
especiais e talentos.
Eu procuro oportunidades de emprego que fortemente desafiem minha capacidade
de resolução de problemas e/ou habilidades competitivas.
4 5 6
129
ANEXO B – INVENTÁRIO DE LÓCUS DE CONTROLE
1.
A
B
2.
A
B
3.
A
B
4.
A
B
5.
A
B
6.
A
B
7.
A
B
8.
A
B
9.
A
B
10.
A
B
11.
A
B
Muitas vezes, as questões das provas são tão pouco relacionadas ao que foi visto no curso, que o
estudo se torna inútil.
Tornar-se bem sucedido é questão de trabalho duro. Sorte tem pouco ou nada a ver com isso.
Conseguir um bom trabalho depende principalmente de estar na hora certa, no lugar certo.
Frequentemente percebo que o que tiver que ser, será.
Raramente um estudante bem preparado irá fazer uma prova ruim.
Acreditar em destino nunca resolveu para mim tão bem quanto tomar uma decisão para um curso
de ação definido.
A hereditariedade é o principal fator na determinação da personalidade.
As experiências de vida do indivíduo determinam quem ele é.
Pessoas capazes que falharam em serem líderes não aproveitaram suas oportunidades.
Não importa o quanto você tente, certas pessoas nunca irão gostar de você.
As pessoas que não são agradáveis para outras não compreendem como conduzir relacionamentos.
Não tem sentido a idéia de que professores o injustos com seus alunos.
Ninguém é de fato um líder sem fazer as escolhas oportunas.
A maior parte dos estudantes não imagina o quanto suas notas são determinadas por
acontecimentos acidentais.
Mais cedo ou mais tarde, as pessoas recebem o respeito que merecem.
Infelizmente, o valor das pessoas frequentemente não é reconhecido, por mais que elas se
esforcem.
Os infortúnios são resultados dos erros que as pessoas comentem.
Sempre haverá guerras, não importa o que as pessoas façam para evitá-las.
Uma das maiores razões porque temos guerras é que as pessoas não se interessam suficientemente
por política.
O problema com muitas crianças, hoje em dia, é que seus pais são muito "moles" com elas.
Muitas das coisas ruins que acontecem na vida das pessoas o parcialmente devidas ao azar.
As criançasm problemas porque seus pais as punem demais.
130
12.
A
B
13.
A
B
14.
A
B
15.
A
B
16.
A
B
17.
A
B
18.
A
B
19.
A
B
20.
A
B
21.
A
B
22.
A
B
23.
A
B
24.
A
B
25.
A
B
26.
A
B
O cidadão comum pode influenciar as decisões do governo.
O poder no mundo é exercido por poucas pessoas e não há muito que se possa fazer a respeito.
Quando eu faço planos, quase sempre tenho certeza de que que posso executá-los.
Algumas pessoas simplesmente não são boas.
Nem sempre se pode levar os planos adiante, porque muitas coisas que acontecem são
imprevisíveis.
Há algo de bom em todo mundo.
Para mim, obter o que quero tem pouco ou nada a ver com sorte.
Muitas vezes, podemos tomar uma decisão no "cara ou coroa".
Fazer a coisa certa depende da habilidade.
Conseguir uma promoção muitas vezes depende de ter a sorte de ter chegado na hora certa.
Do modo como as coisas acontecem no mundo, a maior parte de nós é vítima de forças que não
podemos entender, nem controlar.
Participando ativamente de acontecimentos políticos e sociais, as pessoas podem controlar os
acontecimentos.
A maior parte das pessoas não avalia o quanto suas vidas são governadas por causalidades.
Não existe essa coisa chamada sorte.
É difícil saber se uma pessoa realmente gosta de você.
A quantidade de amigos que você tem depende do quanto você é agradável com as pessoas.
Algumas vezes, não é possível saber como os professores arranjam as notas que dão.
Não há uma relação direta entre quanto e como eu estudo.
Muitos infortúnios são provocados por falta de habilidade, ignorância ou displicência.
Com esforço, nós poderemos acabar com a corrupção política.
No final das contas, as coisas ruins que acontecem são neutralizadas pelas coisas boas.
É difícil para as pessoas controlarem o que os políticos fazem quando tomam posse.
Um bom der espera que as pessoas decidam por si próprias o que devem fazer.
Um bom der resolve, para os outros, as coisas que ocorrem.
Muitas vezes sinto que tenho pouca influência sobre as coisas que me acontecem.
É impossível acreditar que sorte ou acaso tenham papel importante na minha vida.
As pessoas são solitárias quando não tentam ser amigáveis.
Não é importante ser agradável com os outros: se eles gostam de você, eles gostam.
O que me acontece depende de mim.
Muitas vezes sinto que não estou controlando o rumo que as coisas estão tomando na minha vida.
131
ANEXO C – QUESTIONÁRIO DE LEVANTAMENTO DO PERFIL PROFISSIONAL
1) SEXO
feminino masculino
2) IDADE
até 24 anos de 25 a 29 anos de 30 a 34 anos de 35 a 39 anos
de 40 a 44 anos de 45 a 49 anos de 50 a 54 anos acima de 55 anos
3) ESCOLARIDADE
2º grau ou técnico graduado pós-graduado
(se tiver mais que uma, considerar o tempo após a conclusão da primeira graduação).
menos de 1 ano de 1 a 5 anos de 6 a 10 anos de 11 a 15 anos
de 16 a 20 anos de 21 a 25 anos de 26 a 30 anos mais de 30 anos
5) ATUA EM ALGUMA ATIVIDADE DIRETAMENTE RELACIONADA À FORMAÇÃO UNIVERSITÁRIA?
sim em parte muito pouco não
6) NÍVEL HIERÁRQUICO ATUAL
executivo/gerencial
administrativo
7) O QUE MAIS TE MOTIVA NO SEU TRABALHO?
oportunidade de crescimento pessoal
fonte de satisfação
obrigação econômica
outros. Cite:
Solicitamos o preenchimento das questões abaixo para que possamos traçar um perfil profissional da
população que está sendo pesquisada.
4) TEMPO DE CARREIRA APÓS A GRADUAÇÃO
Não é necessário se identificar.
132
ANEXO D – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Pelo presente instrumento, que atende às exigências legais, o(a) senhor(a)
_______________________________________________________________________________,
RG: _____________________________ sujeito da pesquisa,
após leitura da CARTA DE
INFORMAÇÃO AO SUJEITO DA PESQUISA, ciente dos procedimentos aos quais será
submetido, não restando quaisquer vidas a respeito do lido e explicado, firma seu
CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO de concordância em participar da pesqu
isa
proposta.
Fica claro que o sujeito da pesquisa ou seu representante legal podem, a qualquer momento, retirar
seu CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO e deixar de participar do estudo alvo da
pesquisa e fica ciente que todo trabalho realizado torna-se info
rmação confidencial, guardada por
força de sigilo profissional.
Taubaté, ______ de _________________ de 2005.
133
ANEXO E – PROTOCOLO DO COMITÊ DE ÉTICA
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