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FERNANDO GATTI DE MENEZES
AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS CLÍNICOS, EPIDEMIOLÓGICOS E DOS
FATORES DE RISCO DAS INFECÇÕES DE SÍTIO CIRÚRGICO APÓS
TRANSPLANTE RENAL E SEU IMPACTO NA FUNÇÃO DO ENXERTO
Tese apresentada à Universidade Federal de
São Paulo – Escola Paulista de Medicina,
para obtenção do Título de Mestre em
Ciências pelo programa de pós-graduação
em Infectologia
São Paulo
2007
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FERNANDO GATTI DE MENEZES
AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS CLÍNICOS, EPIDEMIOLÓGICOS E DOS
FATORES DE RISCO DAS INFECÇÕES DE SÍTIO CIRÚRGICO APÓS
TRANSPLANTE RENAL E SEU IMPACTO NA FUNÇÃO DO ENXERTO
Tese apresentada à Universidade Federal de
São Paulo – Escola Paulista de Medicina,
para obtenção do Título de Mestre em
Ciências pelo programa de pós-graduação
em Infectologia
Orientador: Prof. Dr. Luis Fernando Aranha Camargo
Co-orientador: Prof. Dr. Sérgio Barsanti Wey
São Paulo
2007
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Menezes, Fernando Gatti
Avaliação dos aspectos clínicos, epidemiológicos e dos fatores de risco das infecções de sítio
cirúrgico após transplante renal e seu impacto na função do enxerto. / Fernando Gatti de Menezes. –
São Paulo, 2007.
xx, 99f.
Tese (Mestrado) – Universidade Federal de São Paulo. Escola Paulista de Medicina. Programa de Pós-
graduação em Infectologia
Título em inglês: Evaluation of clinical and epidemiological aspects, risk factors and impact on graft
function of surgical wound infections in kidney transplant patients.
1. Infecção de ferida operatória. 2. Transplante renal. 3. Evolução clínica. 4. Epidemiologia descritiva. 5.
Risco. 6. Impacto na saúde.
iii
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO
ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA
DEPARTAMENTO DE MEDICINA
Chefe do Departamento: Profa. Dra. Emília Inoue Sato
Coordenador do Curso de Pós-graduação: Prof. Dr. Arnaldo Lopes Colombo
iv
FERNANDO GATTI DE MENEZES
AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS CLÍNICOS, EPIDEMIOLÓGICOS E DOS
FATORES DE RISCO DAS INFECÇÕES DE SÍTIO CIRÚRGICO APÓS
TRANSPLANTE RENAL E SEU IMPACTO NA FUNÇÃO DO ENXERTO
BANCA EXAMINADORA
Profa. Dra. Luci Corrêa
Prof. Dr. José Osmar Medina de Abreu Pestana
Profa. Dra. Silvia Figueiredo. Costa
Prof. Dr. Renato Satovschi Grinbaum
v
DEDICATÓRIA
Aos meus pais Winston (in memoriam),
Maria Salete e minha irmã Fabiana
pelo incentivo, carinho e compreensão
vi
AGRADECIMENTO AO CNPq
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq), que proporcionou apoio financeiro para a confecção desta dissertação (Nº
do Processo: 132512/2005-0).
vii
AGRADECIMENTOS
Ao orientador Prof. Dr. Luis Fernando Aranha Camargo, que admiro como
modelo de profissionalismo desde a minha residência médica em Infectologia,
agradeço pelas críticas, paciência e ensinamentos na prática médica da área de
transplantes.
Ao co-orientador Prof. Dr. Sérgio Barsanti Wey, pelo apoio na construção e
correção desta dissertação.
Ao Prof. Dr. Eduardo Alexandrino Servolo de Medeiros, professor adjunto
da Disciplina de Infectologia (UNIFESP/EPM), pelos conselhos, formação
educacional e na produção científica na área de controle de infecção hospitalar.
Ao Prof. Dr. Clóvis de Araújo Peres, professor titular e Chefe da Disciplina
de Bioestatística do Departamento de Medicina Preventiva (UNIFESP/EPM) e sua
equipe, em especial a Sra Kelsy Catherina Nema Areco, pelo esforço e dedicação
no ensinamento dos modelos de análise estatística.
Aos colegas do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH), em
especial a Enfermeira Solange, pela oportunidade do acesso ao banco de dados
da Instituição.
Aos funcionários do Serviço de Arquivo Médico e Estatístico (SAME) do
Hospital do Rim e Hipertensão, em especial, Luciano e Ângela, pelo atendimento
carinhoso e paciente na pesquisa dos prontuários médicos.
Aos colegas da pós-graduação e do Grupo de Estudo em Infecção no
Transplante de Órgão Sólido da Disciplina de Infectologia (UNIFESP/EPM),
agradeço pelo incentivo nesta jornada.
viii
Aos funcionários da Biblioteca Central da UNIFESP/EPM, pela atenção e
disposição no fornecimento dos artigos científicos.
A minha namorada Cibele, pelo carinho, compreensão e companheirismo
durante a realização desta dissertação.
Aos meus amigos de infância, pelo apoio nos momentos difíceis.
ix
“O cientista não é o homem que fornece
as verdadeiras respostas;
é quem faz as verdadeiras perguntas.”
Claude Lévi-Strauss (1964)
x
Sumário
Dedicatória ....................................................................................................... v
Agradecimentos ao CNPq ............................................................................... vi
Agradecimentos ............................................................................................... vii
Lista de figuras ................................................................................................. xiii
Lista de tabelas ................................................................................................ xiv
Lista de abreviaturas e símbolos ..................................................................... xvi
Resumo ............................................................................................................ xix
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 1
2 OBJETIVOS .................................................................................................. 8
3 MÉTODOS .................................................................................................... 9
3.1 Local de estudo .......................................................................................... 9
3.2 População do estudo ................................................................................. 10
3.3 Desenho do estudo .................................................................................... 10
3.4 Critérios de inclusão .................................................................................. 11
3.5 Seleção do grupo controle ......................................................................... 11
3.6 Coleta de dados ......................................................................................... 12
3.6.1 Coleta das variáveis demográficas ......................................................... 12
3.6.2 Dados sobre o procedimento cirúrgico ................................................... 14
3.6.3 Complicações pós-transplante ................................................................ 15
3.7 Metodologia científica ................................................................................ 17
4 RESULTADOS .............................................................................................. 19
4.1 Descrição epidemiológica do grupo caso .................................................. 19
xi
4.2 Descrição dos aspectos cirúrgicos do transplante .................................... 22
4.3 Descrição sobre aspectos da imunossupressão e complicações
imunológicas ....................................................................................................
23
4.4 Descrição das complicações infecciosas e cirúrgicas ............................... 24
4.5 Descrição das infecções de sítio cirúrgico pós-transplante renal no grupo
caso ................................................................................................................
26
4.5.1 Etiologias das infecções de sítio cirúrgico pós-transplante renal
..........................................................................................................................
28
4.5.2 Avaliação dos padrões de resistência bacterianas ................................. 29
4.5.3 Adequação ao tratamento das infecções de sítio cirúrgico pós-
transplante renal ..............................................................................................
31
4.6 Descrição entre os subgrupos com uma e mais do que uma infecção de
sítio cirúrgico pós-transplante renal .................................................................
32
4.6.1 Descrição dos aspectos clínico-cirúrgicos do transplante entre os
subgrupos com uma e mais do que uma infecção de sítio cirúrgico pós-
transplante renal ..............................................................................................
34
4.6.2 Descrição das complicações cirúrgicas e imunológicas pós-transplante
renal entre os subgrupos com uma infecção e mais do que uma infecção .....
36
4.6.3 Descrição das complicações: infecciosas, metabólicas,
cardiovasculares e neoplásicas pós-transplante renal entre os subgrupos
com uma infecção e mais do que uma infecção de sítio cirúrgico ...................
36
4.7 Fatores de risco para infecções de sítio cirúrgico pós-transplante renal ... 37
4.8 Avaliação da função do enxerto ................................................................. 41
xii
5. DISCUSSÃO ................................................................................................ 43
6 CONCLUSÕES ............................................................................................. 61
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 63
8 ANEXOS ………………………………………………………………………….. 83
9 APÊNDICE .................................................................................................... 91
10 ABSTRACT ................................................................................................. 98
xiii
Lista de figuras
Figura 1. Algoritmo de seleção dos casos registrados no SCIH do Hospital
do Rim e Hipertensão ....................................................................................
19
Figura 2: Análise dos perfis médios de creatinina, segundo grupos caso e
controle ........................................................................................................
42
Figura 3: Análise dos perfis médios de clearance de creatinina, segundo
grupos caso e controle ..................................................................................
42
xiv
Lista de tabelas
Tabela 1: Distribuição do grupo caso de acordo com características
epidemiológicas e clínicas pré-transplante renal .............................................
21
Tabela 2: Descrição dos dados referentes ao procedimento cirúrgico do
grupo caso .......................................................................................................
23
Tabela 3: Descrição da imunossupressão e complicações imunológicas no
grupo caso .......................................................................................................
24
Tabela 4: Descrição das complicações infecciosas e cirúrgicas no grupo
caso .................................................................................................................
25
Tabela 5: Descrição das infecções de sítio cirúrgico do grupo caso ............... 27
Tabela 6: Descrição das infecções de sítio cirúrgico do grupo caso, dividido
em subgrupos com uma e mais do que uma infecção ....................................
28
Tabela 7: Distribuição percentual dos agentes etiológicos bacterianos por
episódio de infecção de sítio cirúrgico pós-transplante renal ..........................
29
Tabela 8: Resistência percentual aos antimicrobianos entre os agentes
Gram-positivos .................................................................................................
30
Tabela 9: Resistência percentual aos antimicrobianos entre os agentes
Gram-negativos ...............................................................................................
31
Tabela 10: Descrição da adequação antimicrobiana nos diferentes episódios
de infecções de sítio cirúrgico pós-transplante renal .......................................
32
Tabela 11: Análise das características epidemiológicas do grupo caso, de
acordo com os subgrupos com uma infecção e mais do que uma infecção
de sítio cirúrgico ...............................................................................................
33
xv
Tabela 12: Análise dos dados referentes ao procedimento cirúrgico e
imunossupressão do grupo caso, de acordo com os subgrupos com uma
infecção e mais do que uma infecção de sítio cirúrgico ..................................
35
Tabela 13: Análise das complicações cirúrgicas e imunológicas do grupo
caso, de acordo com os subgrupos com uma infecção e mais do que uma
infecção de sítio cirúrgico ................................................................................
36
Tabela 14: Análise das complicações infecciosas e outras, de acordo com
os subgrupos com uma infecção e mais do que uma infecção de sítio
cirúrgico ...........................................................................................................
37
Tabela 15: Análise univariada dos fatores de risco para infecções de sítio
cirúrgico pós-transplante renal .........................................................................
39
Tabela 16: Análise multivariada dos fatores de risco através do modelo de
regressão logística ...........................................................................................
40
Tabela 17: Descrição das medidas de creatinina e clearance de creatinina
ao longo do seguimento, segundo os grupos ..................................................
41
xvi
Lista de abreviaturas e símbolos
ASA American Society of Anestesiology
AVC Acidente vascular cerebral
AZA Azatioprina
CDC Centers for Disease Control and Prevention
CMV Citomegalovírus
CSA Ciclosporina
DF Doador falecido
DM Diabetes mellitus
DMPT Diabetes mellitus pós-transplante
DV Doador vivo
ESBL Extended Spectrum Betalactamases
FK Tacrolimus
GNC Glomerulonefrite crônica
HAS Hipertensão arterial sistêmica
HBsAg Antígeno de superfície do vírus da hepatite B
HCV Vírus da Hepatite C
HD Hemodiálise
HLA Human Leucocyte Antigen
ICS Infecção da corrente sanguínea
IgG Imunoglobulina da classe IgG
xvii
IMC Ìndice de massa corpórea
IRC Insuficiência renal crônica
ISC Infecção de sítio cirúrgico
ISCPT Infecção de sítio cirúrgico pós-transplante
ITU Infecção do trato urinário
LES Lupus eritematoso sistêmico
MMF Micofenolato Mofetil
MRSA Methicillin resistant Staphylococcus aureus
Myfortic Micofenolato Sódico
NNIS National Nosocomial Infections Surveillance System
NTI Nefrite túbulo-intersticial
Pred Prednisona
PTLD Doença linfoproliferativa pós-transplante
RAC Rejeição aguda celular
Rapa Rapamicina
SCIH Serviço de Controle de Infecção Hospitalar
SPSS Statistical Package for the Social Sciences
xviii
SUS Sistema Único de Saúde
TCE Traumatismo crânio-encefálico
UNIFESP Universidade Federal de São Paulo
VDRL Venereal Disease Research Laboratory
xix
Resumo
Objetivo: Descrever os aspectos epidemiológicos e clínicos das infecções de sítio
cirúrgico pós-transplante renal, avaliando os fatores de risco, assim como o
impacto na função e sobrevida do enxerto.
Métodos: Trata-se de um estudo retrospectivo do tipo caso-controle, realizado no
Hospital do Rim e Hipertensão (afiliado a Universidade Federal de São Paulo), que
descreveu as características epidemiológicas e clínicas das infecções de sítio
cirúrgico pós-transplante renal, assim como os fatores de risco e a avaliação do
impacto na função e sobrevida do enxerto durante um ano e seis meses. Através
dos registros de Vigilância do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar desta
instituição, foi possível obter os dados do grupo com infecção de sítio cirúrgico
(grupo caso). O pareamento com o grupo controle (1:1) foi realizado através das
variáveis idade e gênero.
Resultados: No período de abril de 2001 a dezembro de 2004, foram realizados
1939 transplantes renais, sendo 120 pacientes no grupo caso e seus respectivos
controles, totalizando 145 casos de infecções de sítio cirúrgico pós-transplante
renal, com predomínio do sexo masculino (56,7%) e média etária de 45,5 anos.
Quanto ao tipo de transplante, 49,2% foram de doadores falecidos, com 16,7% de
intercorrências no intra-operatório e predomínio do uso de cefalosporinas durante
48 horas (87,5%) como profilaxia cirúrgica. A presença de rejeição aguda foi
notada em 40%, apesar do uso de indução com imunossupressores em 21,70%.
Outras complicações foram observadas, como por exemplo, as infecções do trato
urinário (53,3%) e citomegalovirose (25%), disfunção precoce do enxerto (41,7%)
e DMPT (26,7%). Na classificação das ISCPT, o tipo incisional superficial
xx
predominou entre os casos (73,1%), com tempo médio de detecção do primeiro
episódio de 11,85 dias. Infecções de sítio cirúrgico polimicrobianas estiveram
presentes em 37,9% dos casos, com predomínio de patógenos gram-positivos
(62,9%) e gram-negativos no segundo episódio (58,8%). O tempo médio de
tratamento no primeiro episódio de ISCPT foi de 15,4 dias, enquanto no segundo
foi de 17,5 dias. A mortalidade secundária as ISCPT foi de 0,8%. Como fatores de
risco, o modelo de regressão logística demonstou: intervenções cirúrgicas após
transplante renal (OR = 156,1; IC 95% 32,76 – 743,86; p = 0,001), etiologias das
insuficiências renais crônicas do tipo glomerulonefrite crônica (OR = 40,9; IC 95%
8,7 – 191,8; p = 0,001) e diabete mellitus (OR = 5,8; IC 95% 1,3 – 26,1; p = 0,05),
rejeição aguda (OR = 8,3; IC 95% 2,6 – 26,6; p = 0,003), disfunção precoce do
enxerto (OR = 9,4; IC 95% 3,0 – 29,3; p = 0,001) e índice de massa corpórea (OR
= 1,36; IC 95% 1,2 – 1,5; p = 0,001). Através da análise de variância de medidas
repetidas (modelo ANOVA), não foi detectada alteração da sobrevida e função do
enxerto no estudo caso-controle.
Conclusões: As infecções de sítio cirúrgico pós-transplante renal não alteram a
função e sobrevida do enxerto, apresentando baixa mortalidade e alta morbidade
nos pacientes. O estudo dos fatores de risco auxilia na prevenção e detecção
precoce deste evento, melhorando a assistência ao paciente transplantado renal.
1
INTRODUÇÃO
O Brasil tem o maior programa público de transplante de órgãos e tecidos do
mundo, sendo o Sistema Único de Saúde (SUS) responsável por 92 % dos
procedimentos. Este programa é composto por uma rede de 1.094 equipes médicas,
662 unidades credenciadas, porém, 58.500 pacientes aguardam por um órgão no
Brasil, de acordo com o Sistema Nacional de Transplante em 2004 (Brasil. Ministério da
Saúde, 2004).
No ano de 2003, foram notificados 8.544 transplantes no Brasil (mostrando um
crescimento de 117,3% em relação a 1997), sendo 2.719 (31,82%) transplantes renais
e custo estimado em R$ 48.483.766,00 (37,71% do total gasto em transplantes). Em
relação a 1997, também houve um crescimento no número de transplantes renais de
81%, assim como do custo estimado em 156,2% (Brasil. Ministério da Saúde, 2004).
O transplante de rim é uma das modalidades de tratamento do paciente com
insuficiência renal crônica, podendo oferecer melhor qualidade de vida para
aproximadamente 70.872 indivíduos registrados em programa de diálise no Brasil
(Sociedade Brasileira de Nefrologia, 2006).
Magee e Pascual (2004) encontraram redução de risco para óbito em 68%,
quando acompanharam durante quatro anos pacientes transplantados versus pacientes
em programa de diálise, demonstrando o benefício do transplante como terapia para o
paciente renal crônico. Entretanto, tal procedimento não é isento de complicações,
sendo divididas em cirúrgicas e clínicas.
As complicações cirúrgicas ocorrem mais freqüentemente no primeiro mês pós-
transplante, com incidência variando entre 2,6 e 20,3%, sendo divididas em
2
complicações urológicas e vasculares (Weil et al., 1971; Ehrlich e Smith, 1977; Rioja-
Sanz et al., 1996; Koçak et al., 2004; Seow et al., 2004; Humar e Matas, 2005).
Dentre as complicações urológicas, são descritas as seguintes: fístulas urinárias
0,27 a 10% (Gómez et al., 1993; Beyga e Kahan, 1998; Regueiro Lopez et al., 1998;
Nuininga et al., 2001), estenose ureteral 0,5 a 5,2% (Mundy et al., 1981; Mahdavi-
Zafarghani e Taghavi, 2002), nefrolitíase 0,2 a 2,7% (Van Cangh et al., 1994; Gil
Martinez et al., 1998), refluxo vésico-ureteral 1 a 44% (Koçak et al., 2004) e linfoceles
0,6 a 20% (Melvin et al., 1997; Cadrobbi et al., 1999; Rogers et al., 2005).
Quanto às complicações vasculares, temos: estenose de artéria renal 1 a 11,8%
(Buturovic-Ponikavar, 2003), trombose venosa ou arterial 0,5 a 4% (Smith e Ehrlich,
1976; Lee et al., 1978; Groggel, 1991) e aneurisma de artéria renal, estimado em
menos de 1% (Koyle et al., 1988; Benoit et al., 1994; Chiu et al., 2001).
As complicações clínicas são divididas em: infecciosas (15 a 44%), neoplásicas
(1,2 a 16%), metabólicas, gastrintestinais (5 a 25%), músculo-esqueléticas (3 a 16%),
hematológicas, assim como a presença das rejeições e nefropatia crônica do enxerto
(Turcotte, 1972; Lee et al., 1978; Flanigan et al., 1988; Julian et al., 1992; Osca Garcia
et al., 1993; Donnelly, 1995; Sheriffdeen et al., 2002; Cuellar-Rodriguez e Sierra-
Madero, 2005).
Entre as complicações neoplásicas, a doença linfoproliferativa pós-transplante
(PTLD) afeta cerca de 1 a 10% da população pediátrica e na adulta 1 a 5%, sendo 0,2%
no primeiro ano e risco cumulativo estimado em 0,04%/ano. A PTLD está relacionada
com a infecção pelo vírus Ebstein Barr (EBV) e, responsável por taxa de mortalidade
superior a 60% (Caillard et al., 1998; Franco et al., 2002; Hoshida e Aozasa, 2004;
Shroff e Reels, 2004).
3
Em relação a complicações metabólicas, os diferentes estudos mostraram uma
incidência entre 4 a 20 % de diabetes mellitus pós-transplante (DMPT), que associado a
hiperhomocisteinemia (70%), hipercolesterolemia (60%), hipertrigliceridemia (35%) e
hipertensão arterial sistêmica (60 – 80%) corroboram para o aumento de doença
cardiovascular nesta população. Por estes motivos, a doença cardiovascular é a
principal causa de mortalidade em transplante renal, estimada entre 30 a 40% dos
casos (Pirsch et al., 1992; First et al., 1994; Rao, 1998; Braun, 2003).
A segunda principal causa de mortalidade nesta população corresponde às
infecções (13 a 38%), devido a maior susceptibilidade causada pelos fármacos
imunossupressores, estado prévio de uremia, comorbidades (principalmente as
pneumopatias crônicas e o diabetes mellitus) e procedimentos médicos invasivos
(Finkelstein e Black, 1974; Lytton et al., 1975; Donnelly, 1995; Singh, 1997).
Quanto aos agentes das infecções, podemos classificá-los em oportunistas e não
oportunistas, sendo incluído neste último a maioria dos patógenos intra-hospitalares. As
duas principais infecções hospitalares após transplante renal são: infecções do trato
urinário (ITU) e de sítio cirúrgico (ISC), que ocorrem no primeiro mês do procedimento
(Patel e Paya, 1997; Rubin, 2002).
As infecções de sítio cirúrgico (ISC) são complicações inerentes ao procedimento
cirúrgico, sendo amenizados por medidas de prevenção e controle, incluindo o uso de
antibioticoterapia profilática (Malone et al., 2002). Segundo dados norte-americanos de
1997, 27 milhões de procedimentos cirúrgicos foram realizados por ano, sendo a ISC a
terceira causa de infecção nosocomial (14 – 16% do total de pacientes). Entre 1986 e
1996, o Sistema de Vigilância Nacional de Infecções Nosocomiais americano (NNIS)
notificou 15.523 ISC entre 593.344 cirurgias, sendo a principal causa de infecção
4
hospitalar entre pacientes cirúrgicos (38%) e 1/3 dos casos envolvendo órgãos ou
espaços. Estudos norte-americanos demonstraram que a ISC resulta em aumento da
permanência hospitalar em 7,3 e 10 dias com um custo adicional por evento entre U$
2.000 e 3.152 (Dellinger e Ehrenkranz, 1998; Mangram et al., 1999).
Campos et al. (2001) comentaram sobre a incidência geral deste evento em
procedimentos cirúrgicos, correspondendo a aproximadamente 20% das infecções
hospitalares, das quais a aplicação de medidas preventivas reduziram em 35 a 50%.
Kirkland et al. (1999) notaram que o risco de óbito destes pacientes duplicava, bem
como o número de readmissões hospitalares para o tratamento atingia um risco cinco
vezes superior em relação àqueles sem ISC.
Conhecendo a sua importância no cenário das infecções nosocomiais, faz-se
necessário estabelecer definições para a realização de adequada vigilância. O CDC
(Centers for Disease Control and Prevention, Atlanta) padronizou definições para ISC,
classificando-os segundo o local em: incisional superficial (acometendo epiderme,
derme e tecido celular subcutâneo), incisional profundo (fáscia e tecido muscular) e
órgão ou espaço específico (Garner et al., 1988 e Mangram et al., 1999 - ANEXO 1).
Em particular nos transplantes de órgãos sólidos, as ISC também elevam a
morbi-mortalidade, podendo até prejudicar a sobrevida do enxerto. Donnelly (1995)
encontraram, no transplante hepático, uma incidência entre 33 a 78%, enquanto
Hollenbeak et al. (2001) comentaram sobre o prolongamento da internação em dias (em
média 24 dias), bem como a redução da sobrevida do enxerto hepático (p = 0,018).
No transplante cardíaco, a incidência de ISC varia entre 3 a 15% (Miller et al.,
1994 e Bernabeu-Wittel et al., 1999), porém, segundo Ron-Bin et al. (2005), a
mortalidade relacionada ao evento pode atingir 22%.
5
Everett et al. (1994) relatam uma incidência de ISC no transplante de pâncreas
entre 7 a 50%, prolongando os dias de internação em média de 12 dias quando
acometimento superficial e 32 dias para os casos de infecção de sítio cirúrgico
profunda. Neste mesmo trabalho, quanto à sobrevida do enxerto em 1 ano, as
infecções superficiais associadas às profundas reduziram para 59% em relação a 88%
dos casos sem infecção.
No transplante renal, a incidência de ISC varia entre 0,93% a 83,3%, com
mortalidade associada ao evento entre 1,38% a 74%, sendo que Hau et al. (1978)
descreveram 75% de mortalidade quando associado à peritonite.
Existe um predomínio de relatos da literatura referentes às infecções de sítio
cirúrgico pós-transplante renal (ISCPT) do tipo incisional profunda, variando entre
55,56% a 80%. Isto ocorre provavelmente pelas conseqüências clínico-cirúrgicas
graves inerentes ao evento, como por exemplo: sepse e bacteremia, nefrectomia,
aneurisma micótico, ruptura do enxerto ou anastomose (Kyriakides et al., 1975; Hoy et
al., 1981; Muakkassa et al., 1982; Lobo et al., 1982; Peterson et al., 1982; Tillegard,
1984; Valente et al., 2003).
Em relação aos agentes etiológicos das ISCPT, as bactérias gram-positivas
predominam neste cenário, sendo Staphylococcus sp a espécie mais prevalente (Kelly
et al., 1967; Hoy et al., 1981; Muakkassa et al., 1982; Lobo et al., 1982; Tillegard, 1984;
Koyle et al., 1988;).
Entretanto, como o transplante renal envolve a manipulação de vias urinárias,
também encontramos a participação dos agentes bacterianos gram-negativos como
agentes etiológicos das ISCPT, principalmente nas ISCPT incisionais profundas
6
(Nielubowicz et al., 1970; Kyriakides et al., 1975; Ramos et al., 1980; Morduchowicz et
al., 1985; Yoshitsugu et al., 2004; Kamasuna et al., 2004).
Lapchik et al. (1992) observaram que um dos fatores de risco estatisticamente
significativo para ISCPT foi o uso prolongado de cateterização vesical (> três dias).
Além disso, em sua análise multivariada, identificou como outros fatores de risco: o uso
prolongado de antimicrobianos profiláticos (> 48horas) e transplante doador HLA-3.
Entretanto, seu estudo também avaliou fatores de risco para infecção urinária, infecção
de sítio cirúrgico e as duas conjuntamente (análise multivariada), apresentando apenas
16 infecções de sítio cirúrgico em sua casuística.
Ainda com relação aos fatores de risco para infecção de sítio cirúrgico em
transplante renal, Humar et al (2001) identificaram na análise multivariada: índice de
massa corpórea (IMC) > 30 kg/m
2
; fístula urinária; reoperação; diabetes e o
imunossupressor micofenolato mofetil versus azatioprina.
Quanto à sobrevida do enxerto, Hoy et al. (1981) alertaram sobre a redução
dramática após 6 meses no grupo de pacientes transplantados renais com infecções de
sítio cirúrgico profunda. Humar et al. (2001) também descreveram uma redução de
sobrevida do enxerto em 5 anos com significância estatística, bem como a própria
repercussão na sobrevida do paciente neste mesmo período.
Entretanto, estudos mais recentes não demonstraram alteração da sobrevida do
paciente ou do enxerto (Valente et al., 2003 e Massarweh et al., 2005).
Devido à importância em termos de morbidade e mortalidade das ISCPT,
associado à carência de artigos científicos com maiores casuísticas, sendo apenas dois
estudos brasileiros: Lapchik et al. (1992) com análise de 16 casos e Dantas et al. (2006)
7
com 18 casos de infecções de sitio cirúrgico, compreende-se a necessidade de um
estudo epidemiológico com o intuito de descrever esta doença.
Além disso, na literatura nacional faltam dados referentes aos transplantados
renais com infecção de sítio cirúrgico, quanto à permanência hospitalar, outras
comorbidades adquiridas no ambiente hospitalar (procedimentos cirúrgicos, outras
infecções nosocomiais ou oportunistas), incidência de rejeição ou complicações do
enxerto, disfunção precoce do enxerto, tempo de tratamento antimicrobiano, adequação
terapêutica. Todos esses dados refletem num provável aumento do custo da
assistência destes pacientes e redução na qualidade de vida.
8
2 OBJETIVOS
a) Descrição epidemiológica e evolução clínica de pacientes com infecção de sítio
cirúrgico após transplante renal.
b) Determinar os fatores de risco associados à ocorrência das ISCPT.
c) Avaliação do impacto da ISCPT na função e sobrevida do enxerto
9
3 MÉTODOS
3.1 Local do estudo
O Hospital do Rim e Hipertensão da Fundação Osvaldo Ramos, órgão
suplementar da Universidade Federal de São Paulo, possui: 11 andares; 89 leitos, 70%
dos quais pertencem ao SUS; Centro Cirúrgico (4 salas); Unidade de Terapia Intensiva;
serviços de radiologia e de hemodinâmica (Medina-Pestana, 2006).
Trata-se de um serviço de referência e líder em número de transplantes de rim
no Brasil, promovendo a ampliação deste procedimento, demonstrado pela elevação de
24% entre 2002 (464 transplantes) e 2005 (575 transplantes). Nesta instituição
predomina o tipo de doador vivo, sendo responsável por 65,5% do total de transplantes
em 2005 (Medina-Pestana, 2006).
No Hospital do Rim e Hipertensão, o Serviço de Controle de Infecção Hospitalar
instituiu o uso de cefalosporina de primeira geração do tipo Cefalotina, administrada de
forma intra-venosa durante as primeira 24 horas após o transplante renal, na dose de
1,0 g a cada 6 horas. Após as primeiras 24 horas, utiliza-se a cefalosporina de primeira
geração Cefalexina, na dose de 500mg, via oral, a cada 6 horas, totalizando 48 horas
de profilaxia cirúrgica.
O protocolo de profilaxia pode ser modificado de acordo com as condições
infecciosas do doador (coleta de culturas), complicações do intra-operatório e
contaminação do sítio cirúrgico.
Os esquemas de imunossupressão seguem protocolos cuja estrutura geral pode
variar de acordo com as particularidades do doador, órgão e do receptor, levando em
conta a compatibilidade nos antígenos do sistema HLA e o risco imunológico. Sua
10
estruturação baseia-se na combinação racional de agentes com diferentes mecanismos
de ação, com o intuito de prevenir a rejeição aguda e crônica (Wilkinson, 2001).
De uma forma geral, os protocolos envolvem três diferentes fármacos,
combinando inibidores de calcineurina (ciclosporina - CSA ou tacrolimus – FK),
rapamicinas, prednisona, azatioprina, micofenolatos (micofenolato mofetil - MMF ou
sódico - Myfortic®) e FTY720A.
Além disso, também fazem parte dos protocolos de imunossupressão, a indução
com anticorpos monoclonal anti-CD3 e policlonais, como a timoglobulina e anticorpos
anti-receptor de interleucina 2 (IL-2): Basiliximab e Daclizumab.
Todos os dados referentes à imunossupressão foram coletados nas fichas para
análise.
3.2 População do estudo
De forma retrospectiva, entre abril de 2001 a Dezembro de 2004, foram
selecionados receptores de transplante renal no Hospital do Rim e Hipertensão. A
seleção dividiu os pacientes em dois grupos, de acordo com a evolução para infecção
de sítio cirúrgico ou não, estabelecendo os grupos caso (infecção de sítio cirúrgico) e
controle (sem infecção de sítio cirúrgico).
Os prontuários foram avaliados de forma retrospectiva durante um ano e seis
meses após o transplante renal.
3.3 Desenho do estudo
11
O estudo foi dividido de acordo com os objetivos em: avaliação descritiva
observacional, retrospectiva sobre os receptores de transplantes renais, que evoluíram
com ISCPT; além do estudo tipo observacional, caso-controle, para avaliação dos
fatores de risco e da função e sobrevida do enxerto entre os grupos com e sem
infecção de sítio cirúrgico.
Na avaliação descritiva, a população de receptores com infecção de sítio
cirúrgico foi caracterizada através de dados demográficos e evolução clínica. Enquanto,
no estudo caso-controle foram avaliados os fatores de risco e as creatininas séricas e
clearance de creatininas em 4 momentos: alta do paciente, seis meses, 12 meses e 18
meses pós-transplante renal, com o intuito de averiguar diferenças ou semelhanças
quanto a evolução da função do enxerto entre os grupos.
3.4 Critérios de inclusão
Os principais critérios de inclusão no grupo caso foram: a presença de
transplante renal no período do estudo e a ocorrência de ISCPT, de acordo com os
critérios diagnósticos do CDC (ANEXO 1), considerando todas as faixas etárias.
3.5 Seleção do grupo controle
Os grupos caso e controle foram pareados 1:1 de acordo com sexo e variação
etária de 10 anos. O grupo controle foi selecionado na mesma semana da cirurgia do
caso, através da observação do livro de registros do centro cirúrgico do Hospital do Rim
e Hipertensão, de forma a respeitar o pareamento, podendo ocorrer de equipes
cirúrgicas diferentes realizarem os transplantes nos grupos caso e controle.
12
A escolha do pareamento por sexo e variação etária de 10 anos ocorreu por
causa do uso da fórmula para o cálculo do clearance de creatinina, que considera as
duas variáveis supracitadas (Cockcroft e Gault, 1976 - ANEXO 3).
3.6 Coleta de dados
A coleta de dados foi realizada nos registros de infecções hospitalares do
Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) do Hospital do Rim e Hipertensão,
para a identificação dos casos de infecção de sítio cirúrgico. Este serviço utiliza os
critérios diagnósticos de infecção hospitalar do NNIS (ANEXO 1), adaptados ao
transplante renal e suas complicações, de tal forma que as fístulas urinárias e linfoceles
infectadas foram classificadas como infecções de sítio cirúrgico do tipo órgão-espaço.
Além disso, foram utilizados os serviços de arquivos de prontuários médicos do
Hospital do Rim e Hipertensão (localizado no térreo do mesmo), Ambulatório de
Transplante renal (coordenado pela Disciplina de Nefrologia da UNIFESP) e
consultórios médicos particulares ou convênios.
Com o intuito de facilitar a coleta de dados, foi elaborado um formulário para o
registro dos dados epidemiológicos e clínicos dos pacientes com e sem infecção de
sítio cirúrgico (APÊNDICE 1).
3.6.1 Coleta das variáveis demográficas
As variáveis demográficas para a identificação dos receptores nos grupos caso e
controle foram: idade em anos e gênero.
Peso e altura dos receptores do transplante renal
13
O peso (kilogramas) e altura (metros) dos receptores foram coletados dos
prontuários médicos no dia do transplante nos grupos caso e controle, com o intuito do
cálculo de Índice de Massa Corpórea nos pacientes com idade superior a 18 anos
(Jelliffe e Jelliffe, 1979 - ANEXO 3).
Etiologia da insuficiência renal dos receptores
As etiologias foram divididas em causas determinadas (nefropatias hipertensivas
ou diabéticas, glomerulonefrites crônicas, doença policística, litíase renal e outras
causas) e indeterminadas, de acordo com os relatos dos prontuários.
Tempo de tratamento dialítico pré-transplante renal
Tanto diálise peritoneal como hemodiálise foi aferida em meses, no período pré-
transplante, de acordo com os relatos dos prontuários.
Número e tipo de patologias prévias ao transplante
As patologias prévias foram englobadas em doenças cardiovasculares, diabetes
mellitus, lupus eritematoso sistêmico e outras, devido à freqüência dessas patologias
encontradas nos prontuários.
Número de transfusões de sangue e sorologias prévias ao transplante
Quanto ao número de transfusões sanguíneas, foram englobadas em intervalos
com menos de cinco e mais de cinco episódios, de acordo com os relatos dos
prontuários. Com relação às sorologias, foram observadas nos prontuários as
anotações de positividade: fração IgG do CMV (correspondendo a sorologia para CMV
14
positiva); técnica de imunofluorimetria por micropartículas para HIV; hemaglutinação
indireta positiva para Chagas; VDRL com titulação superior a 1/8 (correspondendo a
sífilis positivo), anticorpo anti-HCV (hepatite C positiva) e antígeno HBsAg positivo
(hepatite B positivo).
Caracterização dos doadores entre os grupos caso e contorole
Foram coletadas as seguintes variáveis disponíveis em prontuários: idade em
anos, sexo, número e tipos de patologias prévias (hipertensão arterial, diabetes
mellitus, infecção do trato urinário e outras), sorologias pré-transplante (citomegalovírus
– CMV; hepatites B e C, HIV, sífilis, chagas e toxoplasmose) e causas do óbito
(acidente vascular cerebral hemorrágico ou isquêmico - AVC, trauma crânio-encefálico
–TCE e outras).
3.6.2 Dados sobre o procedimento cirúrgico
Em relação ao procedimento cirúrgico do transplante, foram coletadas dos
prontuários: presença de transplante prévio; origem do enxerto (vivo ou falecido),
critérios de histocompatibilidade doador-receptor (HLA I, II ou III para doador vivo);
tempo de cirurgia em minutos, tempo de isquemia fria em minutos, tempo de
anastomose em minutos, tipo de anastomose ureteral (por exemplo: Lich - Gregoir,
Leadbetter - Politano, Gil-Vernet e outras); classificação de risco anestésico-cirúrgico
segundo a “American Society of Anestesiology”-ASA (Owens et al, 1978 - ANEXO 4);
uso ou não de cateter ureteral duplo J no momento do transplante, tempo de uso do
cateter ureteral de duplo J do transplante até a primeira retirada, presença de
intercorrências no intra-operatório (por exemplo: rupturas de anastomoses,
15
hemorragias, perfuração de alças intestinais), uso de profilaxia antimicrobiana (tipo de
fármaco e duração do uso), tempo de sondagem vesical em dias após transplante até a
primeira retirada.
A estratificação de risco para ISC foi obtida através do índice NNIS (Delgado-
Rodriguez et al., 1997; Roy et al., 2000; Russo e Marks, 1976; Soleto et al., 2003;
Narong et al., 2003), sendo constituido pela soma de três variáveis: ASA > 2,
classificação de ferida cirúrgica contaminada ou infectada (ANEXO 6) e tempo cirúrgico
superior ao percentil 75. Cada variável presente adiciona um ponto no risco, podendo
variar de 0 a 3. No caso do transplante renal, a ferida operatória resultante do
procedimento é classificada como potencialmente-contaminada, caso não ocorra
nenhum outro evento ou intercorrência intra-operatória que a classifique como
contaminada ou infectada. O percentil 75 para transplante de órgão sólido pelo NNIS é
de 7 horas, englobando desta forma o transplante renal (Campos et al., 2001; Gaynes
et al., 2001;).
3.6.3 Complicações pós-transplante
Nesta descrição, temos as complicações imunológicas: presença ou não de
rejeições agudas, número de rejeições agudas, tipos de rejeições confirmada por
biópsia renal, segundo a classificação de BANFF (Racusen et al, 1999 - ANEXO 5) e
tipos de tratamentos.
Além disso, presença ou não de complicações neoplásicas, cardio-vasculares,
metabólicas (diabetes pós-transplante – DMPT), infecciosas e cirúrgicas.
A complicações cirúrgicas colhidas dos prontuários médicos foram: deiscência de
parede abdominal, herniação, hematoma de parede abdominal, fístula urinária,
16
linfocele, ruptura do enxerto, estenose ureteral, trombose venosa do enxerto ou
obstrução arterial do enxerto e a presença de intervenção cirúrgica. Não foram
consideradas as intervenções para tratamento de infecções de sítio cirúrgico, como por
exemplo, drenagem de infecção do tipo órgão-espaço, com intuito de se verificar seu
real impacto como provável fator de risco.
As complicações infecciosas foram avaliadas quanto ao número de eventos e
principais tipos de infecção: pulmonar; urinária; bacteremias primárias; sítio cirúrgico;
citomegalovirose: primária, secundária ou reativação e invasiva (Kotton e Fishman,
2005 – ANEXO 2).
Em relação às infecções de sítio cirúrgico, foram classificadas quanto ao agente
etiológico (polimicrobiana ou não), tipo de agente e resistência antimicrobiana, extensão
da patologia (superficial, profunda ou órgão-espaço), uso de antimicrobianos, tempo do
uso destes fármacos e porcentagem de adequação terapêutica do uso empírico em
relação ao dado microbiológico. O conceito de adequação terapêutica foi transferido
das infecções de corrente sanguínea para a situação de infecção de sítio cirúrgico,
devido à falta desta definição na literatura (Rello et al., 1994; Romero-Vivas et al., 1995;
Vallés et al., 1997; Byl et al., 1999 - ANEXO 2).
A pesquisa nos prontuários médicos também incluiu o tempo de internação após
transplante renal em dias, presença ou não de terapia dialítica pós-transplante na
primeira semana (disfunção precoce do enxerto), bem como o número de sessões de
diálise, valores de creatinina e clearance de creatinina em quatro momentos: alta, seis
meses, 12 meses e 18 meses pós-transplante. Houve variação aceitável de um mês
para a coleta dos valores de creatinina no prontuário, devido à falta de coincidência das
consultas com o período proposto.
17
A perda funcional do enxerto foi considerada nas seguintes situações: óbito do
paciente, enxertectomia ou início de hemodiálise permanente pós-transplante renal.
A mortalidade relacionada à ISCPT foi considerada como a presença de choque séptico
refratário à terapia intensiva, tendo como a única causa à própria ISCPT.
3.7 Metodologia estatística
Os dados foram registrados no programa SPSS (Statistical Package for the
Social Sciences), versão 10.0, sendo que a análise descritiva para a definição dos
grupos com e sem infecção de sítio cirúrgico foi realizada através de tabelas de
freqüência para variáveis categóricas e medidas de
posição e dispersão para as contínuas. Para comparar as proporções de variáveis
categóricas, utilizou-se do teste Qui-quadrado ou teste exato de Fisher e, para
comparar variáveis numéricas foi aplicado o teste T (Winer, 1971). Com o intuito de
facilitar os cálculos das variávies, considerou-se a sua transformação logarítmica para
os valores de tempo (por exemplo, dias ou meses) e o quadrado da raiz para as
variáveis que expressam quantidade em número (por exemplo, número de rejeições ou
infecções).
No estudo dos fatores de risco, foi realizada uma análise preliminar de variáveis
que ocorreram antes das ISCPT, constituindo o estudo de associação entre cada
variável de interesse e o evento infecção (análise univariada). Neste momento, optou-
se por construir tabelas de contingência com o emprego dos testes estatísticos
supracitados, considerando as variáveis significativas para a aplicação do modelo de
regressão logística com nível descritivo ou p 0,15. Dessa forma, para estudar a
18
associação conjunta entre a lista de variáveis independentes e as ISCPT, empregou-se
o modelo de regressão logística aos dados ou análise multivariada (Winer, 1971).
O nível de significância adotado nas comparações entre grupo caso e controle,
assim como na análise multivariada foi de 5%.
Para a avaliação do impacto da função do enxerto no grupo caso (grupo com
infecção de sítio cirúrgico), foi optado por realizar uma análise de variância de medidas
repetidas (modelo ANOVA), envolvendo dois fatores: fator um (grupos caso e controle,
contendo indivíduos diferentes) e fator dois (valores médios de creatinina e clearance
de creatinina nos tempos: alta, seis meses, 12 meses e 18 meses), sendo estes tempos
medidos no mesmo indivíduo (Winer, 1971).
19
4 RESULTADOS
4.1 Descrição epidemiológica do grupo caso
No período de 01 de abril de 2001 a 31 de dezembro de 2004, foram realizados
1939 transplantes renais, sendo notificados 160 pacientes com infecção de sítio
cirúrgico pelo SCIH do Hospital do Rim e Hipertensão. Entretanto, durante a revisão de
prontuários, foram excluídos 40 notificações, de acordo com o algoritmo descrito
abaixo.
Figura 1. Algoritmo de seleção dos casos registrados no SCIH do Hospital do Rim e
Hipertensão
A tabela 1 demonstra as características epidemiológicas dos 120 pacientes do
grupo caso e seus respectivos doadores. Durante a revisão dos 120 prontuários do
160 pacientes registrados pelo SCIH
do Hospital do Rim e Hipertensão
40 pacientes
excluídos
a)16 casos que
ocorreram fora do
período do estudo
b)13 casos fora dos
critérios de ISC
c)7 casos
relacionados a outros
procedimentos
cirúrgicos (não
transplante renal)
d)4 transplantes
duplos (rim-
pâncreas)
120 pacientes
incluídos na
análise
20
grupo caso, observou-se 145 episódios de infecção de sítio cirúrgico, com prevalência
estimada em 7,47% (tabela 5).
No grupo caso, nota-se o predomínio do sexo masculino (56,7%), com uma
média etária de 45,5 anos (Mín = 3; Máx = 70) e IMC médio de 26,8 kg/m² (Mín = 16,8;
Máx = 37,3 kg/m²). Apenas 5,8% dos pacientes do grupo caso tinham antecedente de
transplante prévio e, em relação às etiologias das nefropatias crônicas, existiu um
predomínio da HAS (17,5%), frente às outras causas: GNC (13,3%), DM (12,5%), litíase
renal (6,7%) e rins policísticos (4,2%). Dentre as comorbidades prévias, as doenças
cardiovasculares estavam presentes em 51,7% dos pacientes no grupo caso, sendo
DM presente em 15,8%.
O método dialítico pré-transplante predominante foi a hemodiálise, com uma
média no grupo caso de 39,4 meses (Mín = 0; Máx = 228), sendo que apenas 10,8%
utilizaram diálise peritoneal. Nesse período de terapia dialítica, o número de transfusões
foi menor do que cinco para 82,5% dos pacientes no grupo caso.
Em relação às sorologias prévias do receptor, a sorologia para CMV foi positiva
para 69,2% dos pacientes no grupo caso, enquanto a soropositividade para hepatite C
foi de 5,8%. Entre os pacientes dos grupos caso e controle, não foram encontrados
sorologias positivas para HIV.
Os doadores dos pacientes do grupo caso apresentaram média etária de 42,6
anos (Mín: 5, Máx: 71), com predomínio do sexo masculino (53%). Cerca de 20% do
total apresentavam alguma comorbidade, dos quais 4,2% de etiologia cardio-vascular e
2,5% com infecção do trato urinário.
21
Tabela 1: Distribuição do grupo caso de acordo com características epidemiológicas e clínicas pré-transplante renal
Variáveis
Grupo caso
N (120) %
Sexo masculino 68 56,7
femínino 52 43,3
Idade Média (Mín-Máx) 45,55(3–70)
Transplante prévio 7 5,8
IMC (kg/m²) Média (Mín-Máx) 26,82(16,84-37,39)
Tempo de HD em meses Média (Mín-Máx) 39,42(0-228)
Diálise peritoneal 13 10,8
Etiologia da IRC indeterminada 46 38,3
determinada 74 61,7
Etiologias determinadas de IRC
HAS 21 17,5
DM 15 12,5
GNC 16 13,3
Rins policísticos 5 4,2
Litíase 8 6,7
Patologias prévias
Doença cardiovascular 62 51,7
DM 19 15,8
LES 6 5
Número de transfusões sanguíneas
pré-transplante
< 5 transfusões 99 82,5
> ou = 5 transfusões 21 17,5
Sorologias pré-transplante
CMV 83 69,2
Chagas 1 0,8
Sífilis 1 0,8
Hepatite B 1 0,8
Hepatite C 7 5,8
Dados do doador
Sexo Masculino 62 51,7
Feminino 55 45,8
Sem informação 3 2,5
Idade Média (Mín-Máx) 42,61(5-71)
Causa de óbito AVC 19 15,8
TCE 30 25
outras 10 8,3
Patologias prévias Doença cardiovascular 5 4,2
ITU 3 2,5
Outras patologias 20 16,7
Sorologias prévias CMV 58 48,3
Hepatite C 1 0,8
Sífilis 1 0,8
Legenda: N = número; IMC = índice de massa corpórea; IRC = insuficiência renal crônica; HD = hemodiálise; DM = diabetes mellitus
ITU = infecção do trato urinário; CMV = citomegalovírus; AVC = Acidente Vascular Cerebral; TCE = Trauma Crânio-Encefálico; LES =
Lupus Eritematoso Sistêmico; HAS = Hipertensão Arterial Sistêmica
22
4.2 Descrição dos aspectos cirúrgicos do transplante
Na tabela 2, demonstramos que a classificação ASA 3 e 4 esteve presente em
75% dos prontuários analisados do grupo caso, sendo o escore de risco para ISCPT
com valor de 1 em 75% (4 pacientes no grupo caso não foram computados no escore
de risco por falta de dados no prontuário). O tipo de transplante com doador falecido
predominou sobre os outros tipos HLA com 49,2% do total, sendo o tempo médio de
cirurgia de 163 minutos. Quanto ao tipo de anastomose ureteral, predominou Lich -
Gregoir com 71,7%.
O uso de profilaxia com cefalosporinas esteve presente em 91,7% no grupo
caso, sendo sua permanência igual ou inferior a 48 horas em 87,5%.
As intercorrências do intra-operatório estiveram presentes em 16,7% no grupo
caso, bem como o uso do cateter ureteral duplo J em 41,7% e, tempo médio de
sondagem vesical de 7,4 dias (Mín = 3; Máx = 40 dias).
23
Tabela 2: Descrição dos dados referentes ao procedimento cirúrgico do grupo caso
Dados sobre a cirurgia
Grupo caso
N (120) %
Classificação ASA ASA 2 30 25
ASA 3 e 4 90 75
Escore de risco (NNIS) 0 26 21,7
1 90 75
Sem informação 4 3,3
Tempo de cirurgia (Min) Média(Mín-Máx) 163,01(75-340)
Tempo de isquemia fria (Min) Média (Mín-Máx) 665,32(2-2615)
Tempo de anastomose (Min) Média (Mín-Máx) 36,81(20-100)
Tipo de anastomose gregoir 86 71,7
politano 27 22,5
outras 7 5,8
Doador falecido 59 49,2
Tipo de transplante HLA-I 8 6,7
HLA –II 32 26,7
HLA –III 21 17,5
Profilaxia antibiótica – fármaco cefalosporinas 110 91,7
2 ou mais
antibióticos 4 3,3
outras opções 6 5
24
Com relação aos episódios de rejeição, observou-se o acometimento de 40% da
população do grupo caso, sendo o tipo predominante: a rejeição aguda celular IIA
(9,1%) e, o tratamento mais utilizado foi o uso de metilprednisolona (39,1%).
Tabela 3: Descrição da imunossupressão e complicações imunológicas no grupo caso
Imunossupressão Grupo caso
N (120) %
Indução 26 21,7
Tipos de Indução timoglobulina 12 10
Basiliximab 11 9,17
Daclizumab 3 2,5
Tipos de Manutenção CSA/pred/aza 11 9,17
CSA/pred/MMF 26 21,7
CSA/pred/Rapa 9 7,5
FK/pred/MMF 31 25,8
FK/pred/aza 29 24,2
FK/pred/Rapa 4 3,3
pred 2 1,7
Rapa/pred/ MMF 3 2,5
Rapa/pred 1 0,8
CSA/pred 3 2,5
Rapa/pred/myfortic 1 0,8
FTY720A 7 5,8
Complicações imunológicas
Rejeições 48 40
Tipos de rejeições RAC IA 9 7,5
RAC IB 3 2,5
RAC IIA 11 9,17
RAC IIB 4 3,3
RAC III 4 3,3
NTI 8 6,67
Borderline 9 7,5
Tipos de terapia Metilprednisolona 47 39,17
Anticorpos mono /
policlonais
10 8,3
Legenda: N = número; CSA = ciclosporina; FK = tacrolimus; Rapa = rapamicina; pred = prednisona; myfortic = micofenolato sódico;
AZA = azatioprina; MMF = micofenolato mofetil; RAC = rejeição aguda celular; NTI = nefrite túbulo-intersticial
4.4 Descrição das complicações infecciosas e cirúrgicas
O grupo caso apresentou, em média, quatro episódios de infecções (tabela 4),
distribuídos percentualmente em infecções do trato urinário (53,3%), citomegalovirose
(25%), pneumopatias (19,1%) e Infecção de corrente sanguínea relacionada a cateter
25
(5,8%). A principal complicação clínica no período pós-transplante do grupo caso foi
disfunção precoce do enxerto (41,7%), seguido de diabete mellitus (26,7%), doenças
cardiovasculares (14,2%) e neoplasias (2,5%).
As complicações cirúrgicas pós-transplante renal estiveram presentes em 67,5%
no grupo caso, da mesma forma que as intervenções cirúrgicas (68,3%). Dentre as
complicações, as deiscências de parede abdominal (12,5%) e fístulas urinárias (10,8%)
predominaram no grupo caso.
Tabela 4: Descrição das complicações infecciosas e cirúrgicas no grupo caso
Complicações infecciosas
Grupo caso
N (120) %
Infecções totais Média(Mín-Máx) 4,03(1-13)
Pneumopatia 23 19,17
ITU 64 53,3
CMV 30 25
ICS 7 5,83
Complicações cirúrgicas
81 67,5
Tipo de complicação cirúrgica Hematoma 8 6,7
Linfocele 9 7,5
Fístula urinária 13 10,8
Estenose ureteral 1 0,8
Oclusão Arterial do Enxerto 9 7,5
Trombose 4 3,3
Ruptura do Enxerto 4 3,3
Herniação 7 5,8
Deiscência de parede 15 12,5
Outras 11 9,17
Intervenções 82 68,3
Outras complicações
DMPT 32 26,7
neoplasias 3 2,5
Doença cardiovascular 17 14,2
Disfunção precoce do enxerto 50 41,7
Número de sessões de HD Média(Mín-Máx) 2,88(0-35)
Tempo de internação Média(Mín-Máx) 26,52(4-153)
Legenda: N = número; ITU = infecção do trato urinário; ICS = infecção da corrente sanguínea; DMPT = diabetes mellitus pós-
transplante; HD = hemodiálise; CMV = citomegalovírus
26
4.5 Descrição das infecções de sítio cirúrgico pós-transplante renal no grupo caso
Entre as 145 ISCPT (tabela 5), predominou o tipo incisional superficial com 106
episódios (73,1%), seguidos do tipo órgão-espaço (14,4%) e incisional profundo
(12,4%).
No tempo de detecção do primeiro episódio de ISCPT, a média no grupo caso foi
de 11,8 dias. Durante o primeiro episódio de ISCPT, o tempo médio de detecção para o
tipo incisional superficial foi de 11 dias, enquanto 11,5 dias para o tipo incisional
profundo e 15,2 dias para o tipo órgão-espaço.
Em relação ao tempo de tratamento das ISCPT, a média em dias do primeiro
tratamento no grupo caso foi 15,4 dias, sendo 17,5 dias no segundo episódio e de 16,6
dias no terceiro episódio.
Quanto à mortalidade associada a ISCPT, ocorreu apenas um caso de choque
séptico e óbito (0,8%), relacionada ao tipo incisional órgão-espaço, devido ao agente
Enterobacter sp. Além disso, dois casos (1,6%) de aneurisma micótico com evolução
para ruptura de anastomose e enxertectomia, devido a ISCPT do tipo órgão-espaço
causada por Candida albicans. Quanto a bacteremia secundária a ISCPT, apenas dois
casos (1,6%) foram encontrados em nossa casuística.
27
Tabela 5: Descrição das infecções de sítio cirúrgico do grupo caso
Infecções de sítio cirúrgico
N (145) %
Total de infecções de sítio cirúrgico ISC superficial 106 73,1
ISC profunda 18 12,41
ISC órgão/espaço 21 14,48
Tipo da infecção de sítio cirúrgico (primeiro episódio) ISC superficial 88 60,68
ISC profunda 10 6,9
ISC órgão/espaço 17 11,72
Tipo da infecção de sítio cirúrgico (segundo episódio) ISC superficial 17 11,72
ISC profunda 6 4,14
ISC órgão/espaço 4 2,76
Tipo da infecção de sítio cirúrgico (terceiro episódio) ISC superficial 1 0,7
ISC profunda 2 1,4
Tempo da primeira ISC Média
11,85
Tempo da primeira ISC do tipo incisional superficial (dias) Média
11,05
Tempo da primeira ISC do tipo incisional profunda (dias) Média
11,5
Tempo da primeira ISC do tipo incisional órgão-espaço (dias) Média
15,29
Tempo de tratamento da primeira ISC (dias) Média
15,42
Tempo de tratamento da segunda ISC (dias) Média
17,59
Tempo de tratamento da terceira ISC (dias) Média 16,67
Infecções polimicrobianas 55 37,93
Aneurisma micótico 2 1,66
Bacteremia 2 1,66
Óbito 1 0,83
Legenda: N = número; ISC = infecção de sítio cirúrgico
Na tabela 6, analisamos os pacientes que tiveram uma e mais do que um
episódio de ISCPT. As infecções monomicrobianas predominaram de forma significativa
(p = 0,023) no subgrupo com mais do que uma ISC (96,3% versus 77,1%). Além disso,
o tempo médio para o diagnóstico da primeira ISC foi superior (p = 0,001) no grupo com
uma ISC (12,8 dias) em relação ao subgrupo com mais do que uma ISC (7,8 dias).
28
Tabela 6: Descrição das infecções de sítio cirúrgico do grupo caso, dividido em subgrupos com uma e mais do que uma
infecção
Infecções de sítio
cirúrgico
Grupo caso
1 ISC > 1 ISC Total
N % N % N (145) % p
Infecções
monomicrobianas 64 77,1 26 96,3 90 62,07 0.023
Tipo de ISC
(primeiro episódio) ISC superficial 65 73 23 88,5 88 76,5 0,184
ISC profunda 8 9 2 7,7 10 8,7
ISC órgão/espaço 16 18 1 3,8 17 14,8
Tempo de PO do
primeiro episódio
(dias)
Média(Mín-Máx) 12,88(3-30) 7,81(3-17) 0,001
Tempo de tratamento
do 1º episódio (dias) Média(Mín-Máx) 15,69(0-54) 14,52(3-30) 0,452
Adequação do
tratamento
no 1º episódio
73 88 25 96,2 98 89,9 0,454
Legenda: N =
número; PO = pós-operatório; ISC = infecção de sítio cirúrgico; p = nível descritivo (teste do qui-quadrado / teste exato
de Fisher / teste T)
4.5.1 Etiologias das ISC pós-transplante renal
Cerca de 151 cepas foram isoladas em todos os episódios de ISCPT, sendo que
37,9% das infecções foram polimicrobianas (tabela 5). A tabela 7 demostra a
distribuição das cepas isoladas entre os episódios de ISCPT, entre as quais as
bactérias Gram-positivas predominaram em 62,9%, tendo como principal agente o
Staphylococcus coagulase negativo (37,7%). Enquanto que entre as bactérias Gram-
negativas, o principal agente foi Escherichia coli (13,2%), seguido de Klebsiella
pneumoniae (7,2%), Enterobacter sp (6,6%) e Pseudomonas aeruginosa (6,6%).
No primeiro episódio de ISCPT, predominou as bactérias Gram-positivas com
participação em 69,9%, sendo que no segundo episódio, o predomínio das cepas
passou a ser dos Gram negativos (58,8%), dos quais o Enterobacter sp (23,5%) foi um
dos principais agentes etiológicos (tabela 7).
29
Apenas foram descritos 4 casos como terceiros episódios de ISC pós-transplante
renal, dos quais 50% foram ocasionados por bactérias gram-positivas (Staphylococcus
aureus e Enterococcus sp) e, o restante, Enterobacter sp e Pseudomonas aeruginosa.
Quanto à etiologia fúngica, foram encontrados apenas três casos de ISCPT por
Candida albicans, todos classificados como do tipo órgão-espaço, dentro do primeiro
episódio de ISCPT, sendo que dois evoluíram para aneurisma micótico com ruptura da
anastomose.
Tabela 7: Distribuição percentual dos agentes etiológicos bacterianos por episódio de infecção de sítio cirúrgico pós-
transplante renal
ISCPT 2ª ISCPT 3ª ISCPT
Total
Agentes etiológicos N (%) N (%) N (%)
N(%)
Staphylococcus coagulase
negativo 49 (43,36) 8 (23,52) -
57(37,75)
Enterococcus sp 18 (15,93) 2 (5,88) 1 (25%)
21(13,91)
Escherichia coli 15 (13,27) 5 (14,70) -
20(13,24)
Staphylococcus aureus 12 (10,62) 4 (11,80) 1 (25%)
17(11,26)
Enterobacter sp 1 (0,88) 8 (23,52) 1 (25%)
10(6,62)
Klebsiella pneumoniae 10 (8,84) 1 (2,94) -
11(7,28)
Pseudomonas aeruginosa 7 (6,2) 2 (5,88) 1 (25%)
10(6,62)
Serratia sp 1 (0,88) 1 (2,94) -
2(1,32)
Acinetobacter sp - 1 (2,94) -
1(0,66)
Providencia sp - 2 (5,88) -
2(1,32)
Total 113 (100) 34 (100) 4(100)
151(100)
Legenda: N =
número; ISCPT = infecção de sítio cirúrgico pós-transplante
4.5.2 Avaliação dos padrões de resistência bacterianas
A tabela 8 descreve a resistência percentual aos antimicrobianos entre os
agentes etiológicos gram-positivos, enquanto a tabela 9 descreve os agentes
etiológicos gram-negativos.
A cepa de Staphylococcus aureus meticilino-resistente (MRSA) predomina com
77,7%, sendo importante a resistência a sulfa (81,2%) e quinolonas (75%). O
30
percentual de resistência a meticilina reduz para 53,5% quando se trata de cepas
Staphylococcus coagulase negativo.
Quanto à cepa de Enterococcus sp, a resistência a vancomicina atingiu 4,7%,
sendo 100% sensível a ampicilina.
Tabela 8: Resistência percentual aos antimicrobianos entre os agentes gram-positivos
ATB
Resistência percentual antimicrobiana das ISCPT (%)
Staphylococcus aureus Staphylococcus coagulase negativo Enterococcus sp
Oxa 77,77 53,57 NR
Vanco 0 0 4,76
Teico 0 0 0
Clinda 62,5 36,53 NR
Cipro 75 43,39 NR
Genta 68,75 46,93 1,76
Estrep NR NR 52,94
Rifamp 12,5 13,46 0
Ampi NR NR 0
Sulfa 81,25 67,3 NR
Legenda: ATB = Antimicrobiano; Oxa = oxacilina; Vanco = vancomicina; Teico = teicoplanina; Clinda = clindamicina; Cipro
= ciprofloxacina; Genta = gentamicina; Estrep = estreptomicina; Rifamp = rifampicina; Ampi = ampicilina; Sulfa =
sulfametoxazol-trimetropima; NR = não realizado.
Cerca de 21% das cepas de Escherichia coli foram classificadas como bactérias
produtoras de ESBL (beta-lactamase de espectro extendido – Babic et al., 2006), sendo
notada uma elevada resistência a sulfa (93,3%) e ampicilina (82,3%). Porém, apresenta
apenas 31,2% de resistência a quinolonas.
A resistência a cefalosporinas de 2ª e 3ª geração entre as cepas de Enterobacter
sp é elevada e varia entre 63,1 a 92,8%. Além disso, notamos a resistência de 47,3%
para as quinolonas e 5% de resistência a imipenem.
Outra cepa que demonstrou resistência a carbapenêmicos foi a Pseudomonas
aeruginosa com 33,3%, sendo 55,5% de resistência a quinolonas.
31
Entre as cepas de Klebsiella pneumoniae, 80% foram classificadas como ESBL,
sendo 40% a resistência entre quinolonas.
Não foram encontradas as resistência a ampicilina-sulbactam, piperacilina-
tazobactam ou carbapenêmicos para as cepas de Acinetobacter sp, entretanto, notou-
se 100% de resistência a quinolonas e cefalosporina de 4ª geração.
Entre as cepas de Providencia sp e Serratia sp, notou-se resistência total a
cefalosporinas de 4ª geração e 50% contra a classe das quinolonas.
Tabela 9: Resistência percentual aos antimicrobianos entre os agentes gram-negativos
ATB
Resistência percentual antimicrobiana das ISCPT (%)
E.coli
Enterobacter
sp
Klebsiella
pneumoniae
Acinetobacter
sp
Pseudomonas
sp
Providencia
sp
Serratia
sp
Cipro
31,57 47,36 40 100 55,55 50 50
Sulfa
93,33 85,71 100 - NR 50 NR
Genta
40 50 100 50 55,55 NR 50
Amica
17,64 26,31 36,36 100 NR 0 100
Ampi
82,35 93,33 100 50 100 100
Ampi-
sulb
100 NR NR 0 NR NR NR
Cefalot
26,31 92,85 87,5 NR NR 100 100
Cefox
25 86,66 77,77 NR 100 100 NR
Ceftriax
26,31 77,77 75 50 NR 100 100
Ceftaz
26,31 63,15 80 100 62,5 100 50
Cefep
21 44,4 80 100 44,4 100 100
Imip
0 5 0 0 33,33 0 0
Merop
0 0 0 0 33,33 0 0
Piper-taz
50 0 100 0 25 NR NR
Legenda: ATB = Antimicrobiano; Cipro = ciprofloxacina; Sulfa = sulfametoxazol-trimetropima; Genta = gentamicina; Amica =
amicacina; Ampi = ampicilina; Ampi-sulb = ampicilina-sulbactam; Cefalot=cefalotina; Cefox = cefoxitina; Ceftriax = ceftriaxona;
Ceftaz = ceftazidima; Cefep = cefepima; Imip = imipenem; Merop = meropenem; Piper-taz = piperacilina-tazobactam; NR = não
realizado.
4.5.3 Adequação ao tratamento das ISCPT
Na tabela 10, demonstramos que a adequação antimicrobiana no grupo caso,
durante o primeiro episódio de ISC, foi de 89,9%, não havendo diferença significativa
entre os tipos de doadores vivo ou falecido (88,7% versus 91,1%, p = 0,679,
32
respectivamente). Assim como no segundo episódio de ISC, a adequação atingiu o
valor de 96,3%, não havendo diferença significativa entre os tipos de doadores vivo ou
falecido (90,9% versus 100%, p = 0,407, respectivamente).
Tabela 10: Descrição da adequação antimicrobiana nos diferentes episódios de infecção de sítio cirúrgico pós-transplante
renal
Episódios de ISCPT Adequação antimicrobiana por tipo de doador (%)
Vivo Falecido Total p
Primeiro episódio de ISCPT 88,7 91,1 89,9 0,679
Segundo episódio de ISCPT 90,9 100 96,3 0,407
Terceiro episódio de ISCPT 100 100 100 1
Legenda: N = número; ISCPT – infecção de sítio cirúrgico pós-transplante; p = nível descritivo (teste do qui-quadrado / teste exato de
Fisher / teste T)
4.6 Descrição entre os subgrupos com uma ISCPT e mais do que uma ISCPT
Com o intuito de avaliar comportamentos diferenciados entre pacientes que
evoluiram com uma ou mais do que uma ISCPT, nós realizamos uma análise dividindo
o grupo caso nestas categorias. Não encontramos diferença estatística em relação ao
sexo ou ocorrência de transplante prévio nos grupos com uma ou mais de uma ISC.
Entretanto, a média etária, bem como os valores elevados de IMC foram característicos
do subgrupo com mais do que uma infecção (p< 0,05 - tabela 11).
O IMC do subgrupo com mais do que uma ISC apresentou média
estatisticamente superior (p = 0,002), com 29,6 kg/m² versus 25,9 kg/m² do subgrupo
com uma ISC. Não houve diferença estatística em relação à etiologia da IRC dos
receptores, bem como entre as causas determinadas de IRC, tempo de terapia dialítica
pré-transplante, comorbidades prévias, sorologias prévias e todos os dados referentes
aos doadores entre os subgrupos.
33
Tabela 11: Análise das características epidemiológicas do grupo caso, de acordo com os subgrupos com uma infecção
e mais do que uma infecção de sítio cirúrgico
Grupo caso
1 ISCPT > 1 ISCPT
% % p
Dados do receptor
Sexo masculino 82,4 17,6 0,145
Idade Média(Mín-Máx) 44,63 (8-70) 48,70 (3-65) 0,014
IMC (kg/m²) Média(Mín-Máx) 25,97(16,84-36,36) 29,69(19,75-37,39) 0,002
Transplante prévio 4,3 11,1 0,188
Etiologia da IRC
indeterminada 39,8 33,3 0,544
determinada 60,2 66,7
Principais etiologias determinadas da IRC
HAS 14 29,6 0,083
DM 11,8 14,8 0,742
GNC 12,9 14,8 0,755
Rins policísticos 2,2 11,1 0,075
Litíase 7,5 3,7 0,682
Patologias prévias
Doença cardiovascular 48,4 63 0,182
DM 15,1 18,5 0,765
LES 5,4 3,7 1
Outras 69,9 77,8 0,423
Tempo de HD (meses) Média(Mín-Máx) 36,58 (0-108) 49,22 (6-228) 0,28
Transfusões sanguíneas
< 5 transfusões 80,6 88,9 0,4
> ou = 5 transfusões 19,4 11,1
Sorologias prévias
CMV 92,9 85,7 0,31
Hepatite B 1,1 0 1
Hepatite C 4,3 11,1 0,188
Dados do doador
Sexo masculino 55,6 44,4 0,31
Idade Média(Mín-Máx) 42,95(5-71) 41,44(16-64) 0,442
Causa de óbito AVC 30,2 42,9 0,561
TCE 53,5 50
Patologias prévias
Doença cardiovascular 60 40 0,314
ITU 100 0 1
Sorologias do doador
CMV 77,6 22,4 0,672
Legenda: N = número; IMC = índice de massa corpórea; IRC = insuficiência renal crônica; HD = hemodiálise; DM = diabetes
mellitus; ITU = infecção do trato urinário; CMV = citomegalovírus; AVC = Acidente Vascular Cerebral; TCE = Trauma Crânio-
Encefálico; LES =Lupus Eritematoso Sistêmico; HAS = Hipertensão Arterial Sistêmica; ISCPT = infecção de sítio cirúrgico pós-
transplante; p = nível descritivo (teste do qui-quadrado / teste exato de Fisher / teste T)
34
4.6.1 Descrição dos aspectos clínico-cirúrgicos do transplante entre os
subgrupos com uma ISCPT e mais do que uma ISCPT
Na tabela 12, não houve diferença estatística entre os subgrupos com uma ISC e
mais do que uma ISC em relação ao tipo de doador ou classificação HLA, bem como
entre classificação ASA, tempo de cirurgia, tempo de isquemia fria, tipo de anastomose,
profilaxia antimicrobiana, intercorrência pós-operatória, tempo de sondagem vesical e
tempo de uso do cateter de duplo J.
Entretanto, notamos que o tempo médio de anastomose em minutos foi
significantemente superior no subgrupo com mais do que uma ISC (p = 0,028). Além
disso, o uso de duplo J foi significantemente superior (p < 0,001) no subgrupo com mais
do que uma infecção (74,1%) em relação ao subgrupo com uma infecção (32,3%).
Não ocorreram diferenças significativas entre os subgrupos com uma ISC ou
mais do que uma ISC em relação à indução e esquema de imunossupressão.
35
Tabela 12: Análise dos dados referentes ao procedimento cirúrgico e imunossupressão do grupo caso, de acordo com os
subgrupos com uma infecção e mais do que uma infecção de sítio cirúrgico
Dados da cirurgia e
imunossupressão
Grupo caso
1 ISCPT > 1 ISCPT p
% %
Tipo de transplante HLA-I 6,5 7,4 0,869
HLA -II 28 22,2
HLA -III 18,3 14,8
DF 47,3 55,6
Classificação ASA ASA 2 24,7 25,9 0,9
ASA 3 e 4 75,3 74,1
Escore de risco (NNIS) 0 23,1 20 0,744
1 76,9 80
tipo de anastomose gregoir 68,8 81,5 0,269
politano 25,8 11,1
outras 5,4 7,4
Tempo de cirurgia (Mín) Média(Mín-Máx) 159,84(75-245 173,81(10-340) 0,177
Tempo de isquemia fria (Mín) Média(Mín-Máx) 648,46(2-2615) 723,37(26-2190) 0,475
Tempo de anastomose (Min) Média(Mín-Máx) 36,45(23-100) 38,04(20-54) 0,028
profilaxia antibiótica –fármaco cefalosporinas 92,5 88,9 0,39
2 ou mais antibióticos 2,2 7,4
outras opções 5,4 3,7
profilaxia antibiótica -tempo de uso < ou igual a 48 horas 88,2 85,2 0,742
> 48 horas 11,8 14,8
Intercorrência no intra-operatório 17,2 14,8 1
Uso do duplo J 32,3 74,1 < 0,001
Tempo de sondagem vesical (dias) Média(Mín-Máx) 7,58(3-40) 6,85(4-12) 0,975
Imunossupressão
Indução 21,5 22,2 0,937
Tipo de indução timoglobulina 7,5 18,5 0,115
Basiliximab 11,8 0
Daclizumab 2,2 3,7
Tipo de manutenção CSA/pred/aza 8,6 11,1 0,202
CSA/pred/MMF 18,3 33,3
CSA/pred/Rapa 7,5 7,4
FK/pred/MMF 24,7 29,6
FK/pred/aza 29 7,4
FK/pred/Rapa 4,3 0
pred 1,1 3,7
Rapa/pred/mmf 1,1 7,4
Rapa/pred 1,1 0
CSA/pred 3,2 0
Rapa/pred/myfortic 1,1 0
FTY720 5,4 7,4
Legenda: N = número; ASA = American Society of Anestesiology; NNIS = National Nosocomial Infections Surveillance System ;
CSA = ciclosporina; FK = tacrolimus; Rapa = rapamicina; pred = prednisona; myfortic = micofenolato sódico; AZA = azatioprina;
MMF = micofenolato mofetil; RAC = rejeição aguda celular; NTI = nefrite túbulo-intersticial; p = nível descritivo (teste do qui-
quadrado / teste exato de Fisher / teste T)
36
4.6.2 Descrição das complicações cirúrgicas e imunológicas pós-transplante
renal entre os subgrupos com uma infecção e mais do que uma infecção
Na tabela 13, não ocorreram diferenças significativas entre os subgrupos com
uma ISC ou mais do que uma ISC em relação a complicações cirúrgicas/ imunológicas,
ou intervenções cirúrgicas.
Tabela 13: Análise das complicações cirúrgicas e imunológicas do grupo caso, de acordo com os subgrupos com uma
nfecção e mais do que uma infecção de sítio cirúrgico
Complicações cirúrgicas e imunológicas Grupo caso
1 ISCPT > 1 ISCPT
% %
Complicação cirúrgica
67,7 66,7 0,916
Tipo de complicação Hematoma 7,9 16,7 0,337
Linfocele 12,7 5,6
Fístula urinária 19 5,6
Estenose ureteral 1,6 0
Oclusão arterial do enxerto 11,1 11,1
Trombose 4,8 5,6
Ruptura do enxerto 4,8 5,6
Herniação 9,5 5,6
Deiscência de parede 12,7 38,9
outras 15,9 5,6
Intervenção cirúrgica 67,7 70,4 0,796
Complicações imunológicas
Rejeição aguda 34,4 51,9 0,101
Tipos de rejeição RAC IA 19,44 16,67 1
RAC IB 8,33 0
RAC IIA 16,67 41,67
RAC IIB 1,1 0
RAC III 8,33 8,33
Borderline 19,67 25
NTI 19,44 8,33
Tratamento da rejeição Metilprednisolona 81,57 84,21 1
anticorpo mono/policlonal 18,43 15,79
Legenda: N = número; RAC = rejeição aguda celular; NTI – nefrite túbulo-intersticial; p = nível descritivo (teste do qui-quadrado /
teste exato de Fisher / teste T)
4.6.3 Descrição das complicações: infecciosas, metabólicas, cardiovasculares e
neoplásicas pós-transplante renal entre os subgrupos com uma infecção e mais
do que uma infecção
37
Quanto às infecções totais no período do estudo, notamos na tabela 14 que
existe diferença significativa (p< 0,001) na média do número total de infecções do
subgrupo com mais do que uma ISC, sendo a infecção do trato urinário com diferença
estatisticamente significante (p = 0,014).
O tempo médio de internação no subgrupo com mais do que uma ISC foi
estatisticamente superior (p < 0,001) em relação ao subgrupo com uma ISC. Entretanto,
não ocorreram diferenças significativas entre os subgrupos com uma ISC e mais do que
uma ISC no que tange DMPT, neoplasias, doenças cardiovasculares e terapia dialítica
pós-transplante renal (tabela 14).
Tabela 14: Análise das complicações infecciosas e outras, de acordo com os subgrupos com uma infecção e mais do que
uma infecção de sítio cirúrgico
Grupo caso
1 ISCPT > 1 ISCPT
Complicações infecciosas
% % p
Pneumopatias 18,3 22,2 0,647
ITU 47,3 74,1 0,014
ICS 4,3 11,1 0,188
CMV 21,5 37 0,101
Número de infecções totais dia(Mín-Máx) 3,47(1-13) 5,93(2-13) < 0,001
Outras complicações
DMPT 26,9 25,9 0,921
Neoplasias 2,2 3,7 0,538
Doença cardiovascular 11,8 22,2 0,173
Terapia dialítica 37,6 55,6 0,096
Tempo de internação Média(Mín-Máx) 23,01(4-153) 38,59(7-118) 0,001
Legenda: N = número; ISCPT = infecção de sítio cirúrgico pós-transplante; ITU = infecção do trato urinário; ICS = infecção da
corrente sanguínea; CMV = citomegalovírus; DMPT = diabetes mellitus pós-transplante; p = nível descritivo (teste do qui-quadrado /
teste exato de Fisher / teste T)
4.7 Fatores de risco para ISCPT
O estudo dos fatores de risco inicia-se com a seleção das possíveis variáveis
relacionados com as ISCPT. O primeiro critério deve respeitar a definição de variáveis
que ocorreram antes do evento em estudo: idade do doador, sexo do doador, IMC,
38
tempo total de terapia dialítica, etiologia da Insuficiência renal crônica, transfusão de
sangue pré-transplante, tipo de transplante (falecido ou vivo), ASA, escore de risco
(NNIS), tempo de cirurgia, tempo de isquemia fria, tempo de anastomose, profilaxia
cirúrgica, tipo de anastomose, tempo de sondagem vesical de demora, uso do duplo J,
intercorrência do intra-operatório, complicação cirúrgica, intervenção cirúrgica,
medicamentos imunossupressores (indução e esquema de imunossupressão), rejeição
aguda, terapia dialítica na primeira semana pós-transplante (disfunção precoce do
enxerto).
Em seguida, foi avaliada a associação das variáveis individualmente, numa
análise univariada (tabela 15). Acrescentamos a variável tempo de internação em dias
entre os grupos caso e controle devido a sua importância na discussão deste estudo,
sem considerá-lo como fator de risco, pois se trata de uma conseqüência de eventos
ocorridas no pós-operatório.
39
Tabela 15: Análise univariada dos fatores de risco para infecção de sítio cirúrgico pós-transplante renal
Variáveis do receptor
Grupo caso Grupo controle p
N (120) % N (120) %
Idade Média (Mín-Máx) 45,55(3-70) 43,76(6-69) 0,307
IMC (kg/m²) Média (Mín-Máx) 26,82(16,84-37,39) 23,72(16,43-35,7) < 0,001
Tempo de diálise prévia Média (Mín-Máx) 39,42(0-228) 35,38(0-240) 0,379
Transplante prévio 5,8 4,2 0,554
Etiologia da IRC Determinada 61,7 58,3 0,598
HAS 17,5 16,7 0,864
Diabetes mellitus 12,5 4,2 0,02
GNC 13,3 7,5 0,139
Rins policísticos 4,2 10 0,078
Litíase renal 6,7 0 0,007
Transfusão de sangue < 5 transfusões 82,5 90 0,092
Variáveis do doador
Idade Média (Mín-Máx) 42,61(5-71) 41,79(5-70) 0,86
Sexo Masculino 51,7 42,5 0,106
Causa de óbito AVC 15,8 45,5 0,354
TCE 25 48,5
Tipo de transplante
Doador falecido 49,2 28,3 < 0,001
Doador vivo 50,8 71,7
ASA ASA 2 25 25,2 0,97
ASA 3 e 4 75 74,8
Escore de risco (NNIS) 0 21,7 25 0,641
1 75 75
Tempo de cirurgia (min) dia (Mín-Máx) 163,01(75-340) 150,46(85-250) 0,004
Tempo de isquemia fria (min) Média (Mín-Máx) 65,32(2-2615) 415,6(1-2298) 0,001
Tempo de anastomose (min) Média (Mín-Máx) 36,81(20-100) 34,67(20-68) 0,029
Profilaxia antibiótica cefalosporinas 91,7 89,2 0,553
2 ou mais
antibióticos 3,3 2,5
Tempo de profilaxia 48 horas 87,5 86,7 0,847
Tipo de anastomose Gregoir 71,7 79,2 0,17
politano 22,5 19,2
uso de cateter duplo J 41,7 23,3 0,002
Tempo de sondagem vesical
(dias) Média (Mín-Máx) 7,42(3-40) 5,53(4-14) < 0,001
Intercorrência do intra-operatório 16,7 5 0,004
Complicação cirúrgica 67,5 14,2 < 0,001
Intervenção cirúrgica 68,3 6,7 < 0,001
Indução de imunossupressão 21,7 19,2 0,631
Uso de imunossupressores Ciclosporina 44 56 0,071
Tacrolimus 55,4 44,6 0,121
Azatioprina 41,2 58,8 0,025
MMF 60 40 0,006
myfortic 66,7 33,3 0,561
Rejeição 40 15 < 0,001
Terapia dialítica pós-transplante 41,7 13,3 < 0,001
Tempo de internação em dias Média (Mín-Máx) 26,52(4-153) 9,90(4-60) < 0,001
Legenda: N = número; p = nível descritivo (testes qui-quadrado; teste exato de Fischer e teste T)
40
As seguintes variáveis foram consideradas com diferença significativa (p<0,05)
entre os grupos caso e controle na ánalise univariada: IMC; DM; litíase renal; tipo de
transplante doador falecido; tempos de cirurgia, isquemia fria e anastomose, de
sondagem vesical; uso de cateter ureteral duplo J; intercorrência do intra-operatório;
complicação cirúrgica; intervenção cirúrgica pós-transplante; uso de azatioprina e
micofenolato mofetil; rejeição aguda e terapia dialítica pós-transplante (primeira
semana).
Para estudar a associação conjunta entre a lista de variáveis independentes e o
evento ISCPT, empregou-se o modelo de regressão logística aos dados. As variáveis
incluídas nesta análise apresentaram níveis descritivos demonstrados na tabela 15 com
p 0,15.
O ajuste do modelo de regressão logística foi considerado satisfatório (p = 0,967)
e, demonstrou os seguintes fatores de risco independentes: IMC, etiologias da IRC:
diabetes mellitus e GNC, rejeição aguda, intervenção cirúrgica pós-transplante, terapia
dialítica pós-transplante ou disfunção precoce do enxerto (tabela 16). A interpretação do
IMC compreende o aumento do risco de cerca de 1,36 vezes para cada 1 kg/m² acima
do valor em comparação.
Tabela 16: Análise multivariada dos fatores de risco através do modelo de regressão logística
Variável
Coeficiente p
Razão de
chances
Intervalo de confiança
IMC 0,31 0,001 1,36 1,2 1,53
Etiologia da IRC – Diabetes mellitus 1,77 0,053 5,84 1,3 26,19
Etiologia da IRC – Glomerulonefrite crônica 3,71 0,001 40,91 8,72 191,86
Rejeição aguda 2,12 0,003 8,33 2,61 26,63
Intervenção cirúrgica 5,05 0,001 156,1 32,76 743,86
Terapia dialítica pós Tx (Disfunção precoce
do enxerto) 2,24 0,001 9,41 3,02 29,3
Legenda: IMC = índice de massa corpórea; IRC = insuficiência renal crônica; p = nível descritivo; Tx = transplante
41
4.8 Avaliação da função do enxerto
O passo inicial da análise da função do enxerto constitui-se em uma descrição
geral das informações coletadas no estudo, referente a creatinina e clearance de
creatinina em quatro momentos distintos: alta, seis meses, 12 meses e 18 meses,
divididos entre grupos caso e controle (tabela 17). Esse procedimento visa à obtenção
de indicações do comportamento dos dados e ao enriquecimento das conclusões que
serão tomadas ao final da análise.
Tabela 17: Descrição das medidas de creatinina e clearance de creatinina ao longo do seguimento, segundo os grupos
Tempo pós-transplante renal Creatinina (mg/dl)
Clearance de creatinina
(ml/min)
Grupo caso Grupo controle Grupo caso Grupo controle
Média (Min-Máx) Média (Min-Máx) Média (Min-Máx) Média (Min-Máx)
Alta 2,29(0,6-8,1) 1,97(0,8-8,2) 45,78(9,14-97,53) 49,24(1,76-102,56)
6 meses 1,52(0,8-4,3) 1,5(0,7-4,9) 60,97(24,41-103,35) 58,46(17,29-95,55)
12 meses 1,54(0,6-5,6) 1,48(0,9-4,1) 63,27(16,16-144,98) 59,88(21,55-109,8)
18 meses 1,59(0,6-4,6) 1,49(0,8-4,1) 60,86(14,26-150,5) 60,19(19,86-104,24)
Para comparar o comportamento em relação a creatinina e clearance de
creatinina dos dois grupos de estudo ao longo do tempo, considerando-se a relação
existente entre medidas feitas em um mesmo indivíduo, empregou-se o modelo ANOVA
de análise de variância com medidas repetidas (Winer, 1971). Os resultados obtidos na
análise (figuras 2 e 3) permitem afirmar que os grupos não diferem quanto a creatinina
e clearance de creatinina, ao longo de um ano e seis meses (p = 0,122 e p = 0,743,
respectivamente).
42
Figura 2: Análise dos perfis médios de creatinina, segundo grupos caso e controle
Legenda:
Nível descritivo (p) = 0,122
Figura 3: Análise dos perfis médios de clearance de creatinina, segundo grupos caso e controle
Legenda:
Nível descritivo (p) = 0,743
43
5. DISCUSSÃO
As infecções são consideradas a segunda causa de óbitos entre transplantados
de rim (Fishman e Rubin, 1998). Entretanto, já foram consideradas como principal
causa de acordo com as seguintes taxas de mortalidade em estudos passados: 78%
em receptores de doadores falecidos e 35% em doadores vivos (Moore e Hume, 1969);
61% (Burgos-Calderon et al., 1971); 70% em 5 anos (Finkelstein e Black, 1974);
66,66% no primeiro ano (Lytton et al., 1975); 74% (Ahern et al., 1978); 87% (Peterson
et al., 1982); 51,1% (Morduchowicz et al., 1985). Atualmente, Sia e Paya (1998)
descreveram que a mortalidade por infecções reduziu para menos de 5%, devido aos
avanços no tratamento e prevenção.
Comportamento semelhante à mortalidade, as incidências de ISCPT
apresentaram uma tendência de queda, ao longo dos anos, devido à melhora da
técnica cirúrgica, uso de profilaxia antimicrobiana, vigilância e implementação de
medidas de prevenção e controle. Kelly et al. (1967) citaram um incidência de 32%
(sem uso de profilaxia antimicrobiana), enquanto Moore e Hume (1969) 56% e
Nielubowicz et al. (1970) 83,3% (sem uso de profilaxia antimicrobiana).
O advento da profilaxia cirúrgica no transplante renal iniciou com Starzl em 1964
no uso de profilaxia tópica, juntamente com Belzer em 1973, Banowski et al (1974),
Kyriakides et al. (1975) e Muakkassa et al. (1982), sendo este último com o uso de
terapia parenteral e tópica. Novick (1980) reduziu de 10,1% para 1,1% as ISCPT com
profilaxia, apesar de não realizarem nenhum tratamento estatístico comparativo.
Tillegard (1984) demonstrou, de forma estatisticamente significativa (p<0,001), a
redução das incidências de infecção de sítio cirúrgico de 25,64% para 7,8% com uso da
terapia profilática.
44
Apesar das evidências no início da cada de 70, ressaltadas por Tilney et
al.(1978), sobre os benefícios da profilaxia antimicrobiana, Raff et al. (1976) relataram o
uso de profilaxia em apenas 26,6% entre 45 centros de referência em transplante renal
no mundo. Goodman e Hargreave (1990) demonstraram a mudança de comportamento
em 187 centros de transplante renal na Europa, dos quais 91% utilizavam profilaxia
antimicrobiana como medida preventiva de controle.
Entretanto, a profilaxia antimicrobiana não é o único instrumento de controle para
a redução das infecções de sítio cirúrgico, pois Hoy et al. (1981) demonstraram que a
presença de dreno, mesmo com uso de antimicrobiano, não reduzia os eventos
infecciosos de sítio cirúrgico pós-transplante renal.
No Hospital do Rim e Hipertensão, local deste estudo, o uso de profilaxia
antimicrobiana ocorreu em 100% dos grupos caso e controle. A opção pela classe das
cefalosporinas durante 48 horas (presente em mais de 85% das situações) foi escolhida
como importante instrumento utilizado para contribuir com a prevenção das ISCPT. De
acordo com dados obtidos do SCIH deste hospital, as incidências de ISCPT, durante o
período do estudo, entre 2001 a 2004, foram 10,3%, 8,0%, 5,8% e 6,5%,
45
de vigilância pós-alta dos pacientes pós-transplante renal. Delgado-Rodriguez et al
(2001) citaram uma variação na literatura entre 14% a 71% de diagnósticos das ISC
após alta, demonstrando a importância desta vigilância para o controle.
Alguns trabalhos demonstraram a existência de uma maior incidência de ISCPT
nos receptores de doadores falecidos em relação aos doadores vivos: 60% (Kelly et al.,
1967), 75% (Finkelstein e Black, 1974) e 55,56% (Dantas et al., 2006). Hoy et al. (1981)
demonstraram maior freqüência de infecção de sítio cirúrgico no doador falecido em
relação ao doador vivo (24,8% versus 14,8%, p<0,02), citado também por Francis et al.
(1988). Este fato foi confirmado em nosso estudo de maneira estatisticamente
significativa (p < 0,001), através da análise univariada, existindo provavelmente fatores
que contribuam para a freqüência superior das ISCPT no subgrupo doador falecido.
O transplante renal tipo doador falecido envolve maior imunossupressão
associado a piores condições cirúrgicas pré-operatórias e manipulação mais freqüente
do pós-operatório. Estes fatores explicariam a maior incidência de ISCPT nesta
população.
Outro aspecto da discussão sobre infecção de sítio cirúrgico refere-se ao fato da
contaminação do perfusato no transplante renal, que segundo Mora et al. (1991) pode
variar entre 2,1 e 23,7%. Porém, estes autores não encontraram associação com
infecções de sítio cirúrgico ou urinária, disfunção do enxerto ou óbitos. Kyriakides et al.
(1975) já tinham observado o mesmo fenômeno e, Zibari et al. (2000) referiram uma
taxa de transmissão de agente etiológico do doador para o receptor no transplante de
órgão sólido entre 0 a 6,2%, porém sem aumento da morbidade e mortalidade. Dessa
forma, a contaminação seja do perfusato ou do órgão não contra-indica o transplante e,
por este motivo, não foi objeto de estudo neste trabalho.
46
Em relação às características clínicas das ISCPT, notou-se que a maior parte
dos estudos da literatura apenas classificavam as infecções em incisionais superficiais
e profundas, diferentes das recomendações mais recentes propostas por Horan et al.
(1992) e reafirmadas por Mangram et al. (1999), onde as infecções profundas foram
divididas em órgão-espaço e profundas propriamente ditas. Dessa forma, observa-se
um predomínio de casos classificados como profundos: 59,25% (Kyriakides et al.,
1975), 57,90% (Hoy et al., 1981), 75% (Muakkassa et al., 1982), 58,33% (Lobo et al.,
1982), 80% (Peterson et al., 1982) e 55,56% (Tillegard, 1984), não sendo citada a
presença de infecções do tipo órgão-espaço.
Entretanto, em nossa casuística de 145 ISCPT, ocorreu o predomínio do tipo
incisional superficial (73,10%), semelhante à descrição de outros autores: 66,66%
(Novick, 1980), 60% (Lai et al., 1994), 78,35% (Humar et al., 2001) e 81,40% (Flechner
et al., 2003).
Garner et al. (1988), através do CDC, definiram que as ISC para fins de vigilância
no controle de infecção hospitalar ocorreriam nos primeiros 30 dias de pós-operatório,
quando não utilizado material implantável (como por exemplo, prótese). Entretanto,
publicações anteriores como Hoy et al. (1981) e Tillegard (1984) citaram cerca de 13%
das ISCPT ocorrendo após o primeiro mês. O tempo pós-operatório de diagnóstico de
ISCPT variou de acordo com os seguintes relatos: 17 dias (Inhanez et al., 1969), 23,1
dias (Lobo et al., 1982) e 44 dias (Morduchowicz et al., 1985), sendo este último
contrário às recomendações do CDC.
Nosso estudo utilizou as definições do CDC para vigilância de ISCPT,
demonstrando média de detecção inferior aos trabalhos descritos (11,85 dias).
Provavelmente, este resultado é reflexo de uma adequada vigilância da equipe, sendo o
47
tratamento mais precoce e, conseqüentemente, menor o número de complicações e
melhores resultados terapêuticos.
Ainda com relação ao tempo de detecção das ISCPT, Humar et al. (2001)
diferenciaram por tipo de infecção, sendo que no tipo superficial, o diagnóstico em
média ocorria em 11,9 dias, enquanto que no tipo profundo, a ocorrência era mais
tardia: 39,2 dias. Este estudo desrespeita a definição de Garner et al. (1988) quanto ao
tempo de detecção das ISCPT. Realmente, o comportamento em nosso estudo é
semelhante, sendo mais tardio o diagnóstico das ISCPT tipo órgão-espaço (média: 15,2
dias) em relação ao tipo incisional superficial (11 dias).
Na comparação entre subgrupos com uma infecção e mais do que uma infecção
de sítio cirúrgico notou-se diferenças significativas que serão úteis para a identificação
precoce de pacientes com potenciais chances de recidivas: maiores faixas etárias,
elevados níveis de IMC, tempos prolongados de anastomose e de internação, elevado
número de infecções totais e urinárias, uso prolongado de duplo J (p<0,05).
O conhecimento dos agentes etiológicos nas ISCPT é fundamental para
instituição de terapia empírica e adequação. As infecções polimicrobianas foram
descritas com as seguintes freqüências: 20% (Ianhez et al., 1969); 55% (Kyriakides et
al., 1975); 67% (Ahern et al., 1978); 11,1% (Ramos et al., 1980); 18,4% (Hoy et al.,
1981); 40% (Peterson et al., 1982) e 25% (Muakkassa et al., 1982). Em nosso estudo,
as infecções polimicrobianas estiveram presentes de forma bastante significativa, com
37,9% dos casos.
Existe um discreto predomínio de agentes bacterianos gram-positivos na
etiologia das infecções de sítio cirúrgicos pós-transplante renal descritos na literatura.
Entretanto, apesar de confirmarmos este fato no primeiro episódio de ISCPT com
48
69,91% das cepas gram-positivas, notamos uma substituição deste predomínio da flora
para gram-negativo nos episódios subseqüentes de ISCPT (segundo episódio com
58,82% e terceiro episódio com 50%).
As bactérias gram-negativas começaram a predominar a partir do segundo
episódio de ISCPT, sendo Enterobacter sp (23,52%) e Escherichia coli (14,70%) os
principais agentes. Nota-se um aumento da participação do agente Pseudomonas
aeruginosa no último episódios de ISCPT (6,2%, 5,88% e 25%).
Kelly et al. (1967) notaram o predomínio da cepa Staphylococcus coagulase
negativo, seguido por E.coli e Klebsiella sp. Ahern et al. (1978) revelaram a importância
do Staphylococcus sp como agente das infecções de sítio cirúrgico (30%). Russo e
Marks (1976) demonstraram a mesma freqüência de isolados entre Staphylococcus sp
e Pseudomonas sp (44,44%). Hoy et al. (1981) citaram Stapylococcus aureus (36,17%),
Staphylococcus epidermidis (14,89%), Escherichia coli (14,89%), Proteus sp (6,38%),
Klebsiella sp e Enterobacter sp (4,25%), Citrobacter sp (2,12%). Muakkassa et al.
(1982) encontraram como principais agentes etiológicos: Staphylococcus aureus
(46,66%); Pseudomonas aeruginosa (20%); Staphylococcus coagulase negativo
(6,66%); Proteus sp e Klebsiella pneumoniae (6,66%). Lobo et al. (1982) demonstraram
o predomínio dos Staphylococcus aureus como agentes das infecções superficiais
(83,33%). Tillegard (1984) citou 60,52% das infecções causadas por Staphylococcus
aureus e 21,05% por enterobactérias. Koyle et al. (1988) demonstraram 40% das
infecções por Staphylococcus aureus, Staphylococcus epidermidis (20%), Escherichia
coli (20%) e Pseudomonas sp (20%).
Em conformidade com a maioria dos relatos da literatura, nosso trabalho
demonstrou a importância dos agentes Staphylococcus coagulase negativo,
49
Staphylococcus aureus e Enterococcus sp como principais agentes gram-positivos
isolados nos episódios de ISCPT: primeiro episódio (43,36%, 10,62%, 15,93%,
respectivamente), segundo episódio (23,52%, 11,80% e 5,88%, respectivamente) e
terceiro episódio (0%, 25%, 25%, respectivamente).
Entretanto, outros trabalhos descrevem as bactérias gram-negativas como
principais agentes etiológicos. Ianhez et al. (1969) citaram Staphylococcus aureus e
Escherichia coli (30% cada), Klebsiella pneumoniae e Proteus sp (10% cada).
Nielubowicz et al. (1970) citaram a seguinte distribuição por agentes: Escherichia coli e
Staphylococcus aureus (28% cada), Enterobacter sp (17%), Proteus sp (14%),
Klebsiella sp (8%) e Pseudomonas sp (5%). Kyriakides et al. (1975) descreveram os
seguintes agentes: Escherichia coli (25%), Enterococcus sp (21,42%), Staphylococcus
sp (8,91%), Pseudomonas sp (8,91%), Klebsiella sp (5,35%), Proteus sp e Citrobacter
sp (3,57%). Ramos et al. (1980) também demonstraram o predomínio de bactérias
Gram negativas com 56%. Morduchowicz et al. (1985) demonstraram a seguinte
distribuição de agentes etiológicos: Escherichia coli (26,08%), Pseudomonas
aeruginosa (21,73%), Staphylococcus aureus (15,21%), Staphylococcus epidermidis
(10,86%), Enterobacter sp (8,69%) e Morganella morganii (4,34%), enquanto
Yoshitsugu et al. (2004) encontraram 50,63% dos agentes gram negativos.
Em nossa casuística, Candida albicans esteve presente em 2,06% das ISCPT,
semelhante ao descrito por Iinuma et al. (2004) - 2,53%. Entretanto, Kyriakides et al.
(1975) demonstraram percentual elevado de infecções fúngicas em sítios cirúrgicos
(19,64%).
50
O estudo de resistência antimicrobiana não foi encontrado na revisão de
literatura e, dessa forma, faremos uma analogia com relatos de programas de vigilância
antimicrobiana para a discussão dos elementos encontrados no trabalho.
Quantos aos agentes gram-positivos, notamos a importante presença de cepas
de Staphylococcus sp resistentes a oxacilina ou meticilina, sendo 77,77% no caso de
Staphylococcus aureus e 53,57% no caso de Staphylococcus coagulase negativo. No
programa de vigilância SENTRY, entre 1998 e 2004, em 10 centros da América Latina,
referente a cepas de Staphylococcus aureus isoladas de infecções de pele e tecidos
moles (englobando as ISC), a resistência a oxacilina foi bastante inferior ao encontrado
no estudo e variou entre 24,80% a 38,3% (Moet et al., 2007). Em relação à resistência
da cepa de Enterococcus sp para vancomicina, Moet et al. (2007) descreveram uma
variação entre 0 a 12,5%, semelhante ao encontrado em nosso trabalho (4,76%).
Já em relação aos agentes gram-negativos, existe uma concordância com a
literatura, onde a presença da produção de ESBL (Babic et al., 2006) para Escherichia
coli em nosso estudo foi de 21%, enquanto no mesmo estudo SENTRY a prevalência
variou entre 5,6 e 24,4%. No caso da Klebsiella pneumoniae com produção de ESBL,
encontramos a seguinte discordância, onde 80% das cepas em nosso estudo
apresentavam este fenótipo contra uma variação inferior de 35,5 a 62,2% do estudo
SENTRY (Moet et al., 2007).
No caso das cepas de Enterobacter sp, a resistência a quinolonas foi 47,36% em
nosso estudo, percentual superior ao encontrado em outro estudo publicado pelo
SENTRY, entre cepas isoladas de diferentes sítios no intervalo de 1997 a 2001
(provenientes da América Latina), cujo valor foi de 17,2% (Sader et al., 2004). Neste
mesmo estudo, foi notada resistência a carbapenêmicos da ordem de 0,5%, percentual
51
dez vez inferior ao encontrado em nosso estudo. Da mesma forma, para cefalosporinas
de segunda e terceira geração, a resistência encontrada por Sader et al. (2004) entre
as cepas de Enterobacter sp variou entre 30,6 e 59,6%, diferente do encontrado em
nosso estudo, cuja variação foi de 63,15 a 92,85%.
A presença de 100% de resistência para cefalosporinas de quarta geração entre
as cepas de Serratia sp é completamente diferente da encontrada por Sader et al.
(2004), cujo valor foi de 6,5%. Este fato se deve ao pequeno número de cepas isoladas
em nosso estudo. Os valores percentuais de resitência para quinolonas se assemelham
entre o nosso estudo e o SENTRY: 50% e 40,2%, respectivamente (Sader et al., 2004).
As cepas de Acinetobacter sp apresentaram 100% de resistência para
cefalosporinas de quarta geração e quinolonas em nosso estudo, bastante diferente em
relação ao SENTRY (66,2% e 64,7%, respectivamente). Quanto às cepas de
Pseudomonas aeruginosa, notou-se 33,33% e 55,55% de resistência para
carbapenêmicos e quinolonas em nosso estudo, respectivamente, semelhante ao relato
do SENTRY, onde foram relatados 35,4% e 47,2% (Sader et al., 2004).
A importante presença de resistência bacteriana nesta população pode ser
explicada pelo fato do uso prévio de antimicrobianos no sentido de seleção bacteriana.
No ambiente de terapia dialítica, os nefropatas crônicos são expostos a diversos
episódios de infecções de corrente sanguínea, associado ao uso constante de
antimicrobianos, manipulação de cateteres centrais para acesso, propiciando maior
chance de colonização de bactérias multi-resistentes.
Existem outras complicações secundárias às infecções de sítio cirúrgico, como
por exemplo, aneurisma micótico, ruptura do enxerto ou anastomose, nefrectomia,
bacteremia e sepse.
52
Em termos de aneurisma micótico, foram relatadas as seguintes freqüências:
26% dos casos de ISCPT dos quais 14,28% evoluíram para óbito (Kyriakides et al.,
1975), 20% dos casos de ISCPT (Koyle et al., 1988) e 28,57% (Benoit et al., 1988).
Quanto à ruptura da anastomose vascular, Smith e Ehrlich (1976) encontraram um risco
cinco vezes superior para os pacientes com ISCPT, enquanto Hoy et al. (1981) notaram
que 7,89% das infecções evoluíram para este evento vascular. Diferente da literatura, a
incidência de aneurisma micótico com ruptura de anastomose vascular neste estudo foi
muito inferior (1,66%), sendo interessante citar a importância do agente fúngico
Candida albicans na etiologia, detectado em 100% dos casos. É importante ressaltar
que entre os três casos de ISCPT cujo agente etiológico foi Candida albicans, dois
evoluíram para aneurisma micótico e ruptura de anastomose vascular.
A atitude de se colher culturas de urina para aeróbios e fungos do doador,
associado com a adequação da profilaxia pós-operatória através desses resultados e
intensa vigilância são importantes cofatores para a diminuta incidência de aneurismas
micóticos neste estudo.
As incidências de nefrectomias secundárias as ISCPT foram: 7,42% (Hoy et al.,
1981); 25% (Peterson et al., 1982); 6,81% (Morduchowicz et al., 1985); 17,46%
(Chapman e Helling, 1985). Lee et al. (1978) encontraram que 75% das nefrectomias
eram secundárias às infecções do tipo órgão-espaço, demonstrando a importância das
infecções localizadas abaixo da fáscia muscular. Entretanto, não foram encontrados
relatos de nefrectomias secundárias a ISCPT no período do estudo.
Segundo Michalak et al. (2005), 40 a 60% das bacteremias no transplante renal
foram secundárias as infecções urinárias. Entretanto, alguns autores citaram as
seguintes freqüências de bacteremias secundárias a infecção de sítio cirúrgico: 25%
53
(Nielubowicz et al., 1970); 5,55% (Walter et al., 1975); 33,33% (Lobo et al., 1982); 40%
(Koyle et al., 1988). Quanto ao termo sepse secundária as ISCPT, a literatura relata as
seguintes freqüências: 31,25% (Burgos-Calderon et al., 1971); 37% (Kyriakides et al.,
1975); 25% (Muakkassa et al., 1982) e 1,7 – 6,1% (Wagener e Yu, 1992; Pollak et al.,
1985). Diferente da literatura, apenas um caso (0,83%) de ISCPT evoluiu com
bacteremia neste estudo, sendo este o único óbito.
Na década de 70 e 80, os protocolos de imunossupressão utilizavam doses
elevadas de corticosteróides e outros fármacos, aliado a recursos escassos para
adequada monitorização dos níveis séricos e menor experiência na sua manipulação,
propiciando maior risco de imunossupressão excessiva e, provavelmente, maior
gravidade das infecções (representadas pela disseminação hematogênica do agente
etiológico).
Não encontramos exemplos de elevação do tempo de hospitalização nos
pacientes com infecção de sítio cirúrgico pós-transplante renal, apenas nos outros
transplantes de órgãos sólidos. Em transplante hepático, Hollenbeak et al. (2001)
verificaram elevação em média de 24 dias dos pacientes com infecção de sítio cirúrgico
e, em transplante de pâncreas, Everett et al. (1994) demonstrou diferença
estatisticamente significativa (p<0,01) entre as infecções superficiais (32 dias, em
média) e profundas (52 dias, em média). O tempo médio de internação dos pacientes
(tabela 15) do grupo caso foi de 26,52 dias, em relação a 9,90 dias no grupo controle (p
< 0,001), correspondendo a aproximadamente 16 dias de diferença entre os grupos,
porém não podemos responsabilizar apenas as infecções de sítio cirúrgico como única
variável por este evento.
54
Todas as complicações das infecções de sítio cirúrgico elevam o custo do
tratamento do paciente, como Hollenbeak et al. (2001) descreveram, através da análise
multivariada, uma elevação dos gastos em transplante hepático estimada em US$
131.276 (p = 0,001). Não realizamos estudo de custo neste trabalho, bem como não
encontramos na literatura do transplante renal este tipo de pesquisa.
Em relação ao papel das infecções de sítio cirúrgico na mortalidade pós-
transplante renal, existe uma variação descrita na literatura entre 0,90% (Schweizer et
al., 1973) até 75% quando associada à peritonite (Hau et al., 1978). Banowski et al.
(1974) citaram sobre a importância das infecções de sítio cirúrgico do tipo profunda,
quanto à mortalidade, colocando a responsabilidade de 25 a 44% dos óbitos
diretamente associados a esta classificação. Apenas um caso (0,83%) em nosso
estudo evoluiu para óbito, associado à peritonite e choque séptico refratário, sendo
classificada como tipo órgão-espaço.
Quanto aos fatores de risco de ISCPT, Flechner et al. (2003) encontraram, na
análise multivariada, IMC > 28 kg/m² (IC 95% 2,12 – 3,346; p = 0,0012) como fator de
risco de ISCPT, bem como Humar et al (2001) para IMC > 30 kg/m² (risco relativo
estimado em 4,40; p < 0,001). Da mesma forma que a literatura, o IMC foi identificado
no modelo de regressão logística como variável independente relacionada ao evento,
de tal forma a elevar o risco em cerca de 1,36 vezes para cada 1kg/m² (IC 95% 1,20-
1,53) acima do valor em comparação.
O comprometimento do processo de cicatrização da ferida operatória na
obesidade se deve aos seguintes fatores: maior área exposta à contaminação; menor
vascularização do tecido adiposo, promovendo áreas isquêmicas na ferida; presença de
tensão nas margens da ferida, dificultando a coaptação e, favorecendo a presença de
55
espaços mortos (como por exemplo, hematomas) ou herniações. Estes eventos
dificultam o processo de cicatrização local da ferida, bem como propiciam a maior
manipulação do sítio cirúrgico na correção das complicações e, conseqüentemente,
maiores riscos de infecções (Wilson e Clark, 2004).
Kyriakides et al. (1975) notaram que o diabetes duplicava a chance do
desenvolvimento de ISCPT, sendo que Peterson et al. (1982) citaram diabetes mellitus
como variável significativa (p<0,001) em relação ao grupo sem infecção de sítio
cirúrgico. Francis et al (1988) e Stephan et al (1997) também descreveram a
importância do diabetes mellitus como fator de risco, porém sem demonstrar
matematicamente. Semelhante a literatura, porém com uso de modelo de regressão
logística, a presença de diabetes mellitus pré-transplante apresentou um risco de 5,84
vezes superior para aquisição de ISCPT (IC 95% 1,3 – 26,19).
O estado hiperglicêmico no diabetes mellitus determina a redução da aderência,
quimiotaxia, fagocitose e atividade bactericida dos leucócitos polimorfonucleares. Dessa
forma, a resposta inflamatória e os mecanismos de defesa locais ficam prejudicados,
propiciando o ambiente adequado para o desenvolvimento de infecções no sítio
cirúrgico (Latham et al., 2001).
Humar et al (2001) encontraram, na análise multivariada, a variável reoperação
do transplante renal com risco relativo de 2,60 para ISCPT (p < 0,001). Da mesma
forma, encontramos a variável intervenção cirúrgica pós-transplante renal como o maior
risco encontrado no modelo de regressão logística, com cerca de 156 vezes (IC 95%
32,76 – 743,86). Isso demonstra a importância da manipulação cirúrgica pós-
transplante renal como fator preditor de complicações infecciosas no sítio cirúrgico.
56
Tillegard (1984) demonstrou uma maior freqüência de infecção nos casos que
evoluíram com hematoma no sítio cirúrgico (29,4% versus 10,1%, p<0,01), enquanto
Francis et al. (1988) citaram também presença de dreno, hematoma e fístula.
Entretanto, a variável complicação cirúrgica não foi encontrada como fator de risco no
modelo de regressão logística, porém, quando analisada de forma isolada (análise
univariada) em relação ao evento ISCPT, foi identificada como fator importante (p =
0,001 – tabela 15). Provavelmente, este resultado nos demonstra que o mais
importante seja a manipulação ou intervenção do sítio cirúrgico e, não apenas a
presença da complicação em si.
Lapchik et al (1992) encontraram o tempo prolongado de sondagem vesical
como fator de risco na análise multivariada para ITU e ISCPT (Odds ratio = 1,37; IC
95% 1,1 – 1,9). Em nosso estudo, analisamos apenas ISCPT e não a identificamos
como variável independente de risco no modelo de regressão logística; apenas a
encontramos na análise univariada, demonstrada na tabela 15 (p = 0,001).
Provavelmente, nos indivíduos que evoluíram com disfunção precoce do enxerto
(variável encontrada como fator de risco na análise multivariada) está incluida a
população com maior tempo de sondagem vesical para o controle rigoroso da diurese
neste período em terapia dialítica.
Stephan et al. (1997) descreveram a imunossupressão como sendo um dos
fatores predisponentes das infecções de sítios cirúrgicos. Humar et al. (2001)
descobriram, na ánalise multivariada, que uso de micofenolato mofetil comparado a
azatioprina foi fator independente de infecção de sítio cirúrgico (risco relativo de 2,43; p
= 0,001), citando a provável ação anti-proliferativa do micofenolato no processo de
cicatrização ao nível de fibras musculares e fáscia. Na análise isolada das variáveis
57
com o evento ISCPT (univariada), notamos que os imunossupressores anti-
proliferativos: azatioprina (p = 0,025) e micofenolato mofetil (p=0,006) foram
estatisticamente significativos (tabela 15). Entretanto, no modelo de regressão logística,
não encontramos a presença dessas variáveis como fatores de risco independentes.
Valente et al. (2003) demonstraram que o uso de sirolimus, imunossupressor da
classe das rapamicinas, foi considerada fator de risco independente para complicações
de sítio cirúrgico do tipo linfocele (odds ratio = 10,5, IC 95% 2,2 – 49,8, p = 0,003), bem
como para outras complicações, englobando nesta categoria as ISCPT (odds ratio =
7,98, IC 95% 1,62 – 39,3). Uma possível explicação da ausência da classe rapamicina
como fator de risco em nosso estudo deve-se ao fato da baixa freqüência do uso deste
imunossupressor em nossa casuística (apenas 18 oportunidades).
Schmaldienst e Hörl (1997) e Stephan et al. (1997) ampliaram a lista de fatores
de risco para ISCPT, descrevendo a importância da imunossupressão, como por
exemplo, o uso de altas doses de corticóides e anticorpos monoclonais anti-CD3.
Entretanto, tratam-se de suposições sobre o assunto, sem um rigor analítico das
variáveis. A presença de rejeição aguda como variável independente de ISCPT,
encontrada em nosso modelo de regressão logística, com risco de 8,33 vezes (IC 95%
2,61 – 26,63), confirma esta hipótese. Isto porque, uma das aplicações terapêuticas de
altas doses de corticóides, bem como anticorpos mono ou policlonais é reservada para
as rejeições agudas.
Não encontramos na literatura o relato de glomerulonefrite crônica como fator de
risco para ISCPT, porém encontramos em nosso modelo de regressão logística com
risco de 40,91 vezes (IC 95% 8,72 – 191,86). Provavelmente, uma explicação para este
58
fato está no uso prévio de corticosteróides por longo tempo nesta população, facilitando
a imunossupressão e alterações no processo inflamatório localizado no sítio cirúrgico.
Lobo et al (1992) e Rigg (1995) encontraram a presenta de disfunção precoce do
enxerto como fator predisponente de ISCPT, sendo que Flechner et al (2003), em sua
análise multivariada, descobriram o evento como um fator de risco (p = 0,004). Assim
como na literatura, a disfunção precoce do enxerto ou utilização de terapia dialítica na
primeira semana pós-transplante renal teve um risco estimado de 9,41 vezes no modelo
de regressão logística (IC 95% 3,02 – 29,30), confirmando sua importância como fator
de risco independente. Dessa forma, a uremia exerce dois efeitos que predispõe a
ISCPT: maior imunossupressão e alteração dos agentes pró-inflamatórios locais no sítio
cirúrgico.
Lapchik et al (1992) encontraram o uso de profilaxia superior a 48 horas, numa
análise multivariada, como um dos fatores de risco para ISC e ITU pós-transplante renal
(odds ratio = 1,21, IC 95% 1,1 – 1,5). Entretanto, o tempo de profilaxia não foi
identificado como fator de risco para ISCPT na análise univariada (p = 0,500 – tabela
15). Isso ocorreu pelo fato da presença de padronização do SCIH e aderência da
equipe cirúrgica aos protocolos de profilaxia cirúrgica, predominando em ambos os
grupos caso e controle o uso de profilaxia nas primeiras 48 horas.
Lai et al. (1994) notaram redução de 60% da função do enxerto dos pacientes
que evoluíram com infecção de sítio cirúrgico, enquanto Muakkassa et al. (1992)
relataram perda do enxerto em 33% e Kelly et al. (1967) com 3,44% das causas de
insuficiência renal pós-transplante secundários a infecção de sítio cirúrgico órgão-
espaço (abscesso perinefrético).
59
Hoy et al (1981) demonstraram uma redução da sobrevida do enxerto em 6
meses na população com infecção de sítio cirúrgico do tipo profunda versus população
sem infecção de sítio cirúrgico (27,3% versus 73%, p < 0,001, respectivamente).
Entretanto, encontramos neste estudo uma caracterização inadequada dos grupos com
e sem infecção de sítio cirúrgico, faltando dados para análise da homogeneidade de
características entre as populações. Dessa forma, não foram citados, por exemplo:
número de rejeições, idade do doador acima de 50 anos, creatinina do doador superior
a 1,7mg/dl, re-transplante, painel de anticorpos acima de 75%, que são conhecidos
fatores de risco para disfunção do enxerto (Humar et al., 2002). Além disso, esta
casuística foi inferior a 50 casos de ISCPT, diferente dos 145 casos de ISCPT
analisados em nosso estudo.
Já Humar et al (2001) apresentaram casuística superior a Hoy et al (1981) com
97 casos de ISCPT, sendo 70,7% de sobrevida do enxerto após 5 anos em pacientes
com infecção de ferida cirúrgica e, 81,9% em pacientes sem infecção (p = 0,02). Os
mesmos autores citaram 65,8% de sobrevida dos pacientes com infecção de sítio
cirúrgico após 5 anos, em comparação com 83,3% de sobrevida nos pacientes sem
infecção de sítio cirúrgico (p = 0,0001). Quanto à presença de rejeição, houve uma
maior freqüência no grupo com infecção de sítio cirúrgico, porém não estatisticamente
significativa.
No entanto, outras referências mais recentes não relataram alterações das
sobrevidas dos enxertos ou dos pacientes com infecção de sítio cirúrgico, como por
exemplo, Stephan et al. (1997), Valente et al. (2003) e Troppmann et al. (2003).
A proposta inédita deste estudo de apresentar a evolução da função do enxerto
entre os grupos caso e controle, através de um modelo estatístico de variância com
60
medidas repetidas (ANOVA), é justificada pelo fato de levar em conta a realização de
várias medidas de creatinina e clearance de creatinina no mesmo indivíduo em tempos
diferentes. Existe uma relação entre as medidas de função do enxerto nos 4 tempos,
pois se trata do mesmo indivíduo em tempos diferentes. Quando ocorre interação entre
tempo e grupo, significa que as médias se comportam de maneira diferente ao longo do
tempo em cada grupo, sendo adequado o uso da análise de variância de medidas
repetidas (Winer, 1971).
Diferente de Hoy et al (1981) e Humar et al (2001) que avaliaram sobrevida do
enxerto, ou seja, a perda ou não do transplante, a proposta desse estudo foi avaliar a
função do enxerto através das medidas de creatinina e clearance de creatinina. Esta
abordagem visa acompanhar de forma mais detalhada sobre a evolução da função do
enxerto, não só considerando a perda do enxerto, mas a redução progressiva ao longo
do tempo. Além disso, nossa casuística atingiu 120 pacientes com 145 episódios de
ISCPT, superando outros trabalhos em relação a amostra.
A conclusão apresentada na análise de variância com medidas repetidas permite
afirmar que os grupos com e sem infecção de sítio cirúrgico não diferem quanto a
creatinina e clearance de creatinina, ao longo de um ano e seis meses (p 0,05).
Entretanto, não podemos concluir que em 5 anos de avaliação, como proposta por
Humar et al (2001), não haveria mudança da função do enxerto.
61
6 CONCLUSÕES
1. A infecção de sítio cirúrgico após transplante renal corresponde a importante
complicação cirúrgica presente no primeiro mês de pós-operatório, com prevalência
estimada no período de estudo de 7,47%.
2. Na análise das 145 infecções de sítio cirúrgico após transplante renal, predominou o
tipo incisional superficial, seguidos do tipo órgão-espaço e incisional profundo.
3. Os pacientes que evoluíram com mais do que um episódio de ISCPT apresentaram
as seguintes características distintas: maior faixa etária; valores superiores de IMC;
maior número de infecções, em particular as infecções urinárias; maior utilização de
cateter ureteral tipo duplo J; elevado tempo de internação e tempo de anastomose.
3. Dentre as 151 cepas isoladas em todos os episódios de ISCPT, notamos a etiologia
polimicrobiana presente em 37,93% e, o predomínio dos patógenos gram-positivos
(62,9%).
4. As adequações terapêuticas nos episódios de ISCPT foram elevadas, sendo 89,90%
no primeiro episódio e 96,30% no segundo episódio.
5. Quanto à mortalidade associada à ISCPT, ocorreu apenas um caso de choque
séptico e óbito (0,83%), relacionada ao tipo incisional órgão-espaço, devido ao agente
Enterobacter sp.
62
7. Os fatores de risco para ISCPT identificados através do modelo de regressão
logística foram: IMC, etiologias da IRC: diabetes mellitus e GNC, rejeição aguda,
intervenção cirúrgica pós-transplante, terapia dialítica pós-transplante (disfunção
precoce do enxerto).
8. As ISCPT não influenciaram a sobrevida e função do enxerto durante um ano e seis
meses no estudo caso-controle, de acordo com a análise de variância de medidas
repetidas.
63
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83
8 ANEXOS
ANEXO 1
Classificação e critérios diagnósticos das Infecções de Sítio Cirúrgico (Mangran et al.,
1999)
Infecção incisional superficial – ocorre nos primeiros 30 dias após o procedimento e envolve epiderme, derme ou tecido
celular subcutâneo e, pelo menos, 1 dos seguintes achados :
1. Drenagem purulenta, com ou sem confirmação microbiológica, da incisão superficial;
2. Organismos isolados na cultura de fluidos ou tecidos coletados de forma asséptica da incisão;
3. Pelo menos 1 dos sinais ou sintomas : dor, calor, rubor, edema e a incisão é aberta pelo cirurgião de propósito, a
menos que a incisão tenha cultura negativa;
4. Diagnóstico de infecção pelo cirurgião ou médico assistente
Não reportar como infecção de sítio cirúrgico:
a)Sutura de abscessos, infecção em episiotomia ou circuncisão em neonato, infecção em queimaduras, infecção que
se estenda para fáscia ou tecido muscular.
Infecção incisional profunda – ocorre nos primeiros 30 dias de pós-operatório se não existir implante no local, caso
contrário, 1 ano após cirurgia, envolvendo fáscia e tecido muscular, com pelo menos 1 dos seguintes achados :
1. Drenagem purulenta, mas não do componente órgão ou espaço específico;
2. Deiscência de sutura ou abertura de ferida cirúrgica pelo cirurgião quando existe pelo menos 1 dos sintomas :
febre (>38º C), dor, a menos que a cultura do local seja negativa;
3. Abscessos no exame direto, intra-operatório ou observados por métodos radiológicos;
4. Diagnóstico de infecção pelo cirurgião ou médico assistente
Observação: notificar infecções que envolvam desde a epiderme até tecido muscular como infecções incisionais
profundas. Notificar infecções de órgão ou espaço específico que drenam através da incisão como infecção incisional
profunda.
Infecção órgão e espaço específico: ocorre nos primeiros 30 dias de pós-operatório se não existir implante no local, caso
contrário, 1 ano após cirurgia, envolvendo qualquer órgão ou espaço anatômico que foi aberto ou manipulado durante o
ato cirúrgico e pelo menos 1 dos seguintes achados :
1. Drenagem purulenta do dreno locado no órgão ou espaço específico;
2. Organismos isolados em culturas de fluidos ou tecidos obtidos de forma asséptica no órgão ou espaço específico;
3. Abscesso ou outra evidência de infecção observada no exame direto, histopatológico, ou radiologia do órgão ou espaço
específico;
4. Diagnóstico de infecção pelo cirurgião ou médico assistente
84
ANEXO 2
Definições
Adequação terapêutica:
A adequação terapêutica foi considerada quando pelo menos uma droga do esquema
proposto de forma empírica ou definitiva tinha sensibilidade demonstrada pelos testes
microbiológicos de difusão em agar para determinado patógeno isolado. Além disso,
acrescenta-se no conceito de adequação a dose do fármaco corrigida de acordo com o
clearance de creatinina individual do paciente. (Rello et al., 1994; Romero-Vivas et al.,
1995; Vallés et al., 1997; Byl et al., 1999)
Citomegalovirose primária: infecção ativa pelo Citomegalovírus (detecção da replicação
viral no sangue periférico ou elevação superior a 4x o nível basal de anticorpos tipo IgG
para Citomegalovírus) em indivíduos previamente soronegativos. (Kotton e Fishman,
2005)
Citomegalovirose secundária ou reativação: infecção ativa (detecção da replicação viral
no sangue periférico ou elevação superior a 4x o nível basal de anticorpos tipo IgG para
Citomegalovírus) em indivíduo soropositivo previamente. (Kotton e Fishman, 2005)
85
Citomegalovirose invasiva: presença de sinais e sintomas secundários a danos
teciduais com demonstração histopatológica ou imunohistoquímica de evidência do
Citomegalovírus. (Kotton e Fishman, 2005)
ESBL (Extended Spectrum Beta-lactamases): mecanismo de resistência bacteriano,
caracterizado pela produção de substâncias chamadas beta-lactamases, capazes de
hidrolisarem antimicrobianos da classe das cefalosporinas de terceira e quarta
gerações (por exemplo, ceftazidima e cefepima, respectivamente), susceptíveis a
carbapenêmicos e cefamicinas. A presença de substâncias inibidores de enzimas beta-
lactamases (como por exemplo, ácido clavulânico, sulbactam ou tazobactam) aumenta
a susceptibilidade da bactéria ao antimicrobiano, sendo esta propriedade utilizada na
identificação diagnóstica das cepas ESBL. As beta-lactamases do tipo ESBL fazem
parte da classificação de Bush 2be. (Babic et al., 2006)
86
ANEXO 3
Fórmulas
Cálculo do clearance de creatinina (Cockcroft e Gault, 1976):
Cálculo do Clearance de Creatinina para indivíduos do sexo masculino:
(140 – idade em anos) x Peso (kg) / 72 x Creatinina sérica (mg/dL)
Cálculo do Clearance de Creatinina para indivíduos do sexo feMinino:
(140 – idade em anos) x Peso (kg) x 0,85 / 72 x Creatinina sérica (mg/dL)
Cálculo do Índice de Massa Corpórea (idade > 18 anos – Jelliffe e Jelliffe, 1979):
IMC = Peso(kg) / (Altura em metros)²
87
ANEXO 4
ASA - American Society of Anesthesiology. (Owens et al., 1978)
ASA I – Nenhuma evidência de distúrbio fisiológico, bioquímico ou psiquiátrico no
paciente, sendo o processo patológico que necessita de cirurgia não sistêmico.
ASA II – Presença de distúrbio sistêmico de grau leve a moderado, resultante ou do
problema que requer a cirurgia ou de outros processos.
ASA III – Presença de doenças sistêmicas graves.
ASA IV – Presença de doenças sistêmicas grave com padrões já instalados de
insuficiência e que constituem ameaça à vida, não sendo, necessariamente, corrigidas
com cirurgia.
ASA V – Classificação para pacientes moribundos com probabilidade mínima de
sobrevivência
88
ANEXO 5
Categorias diagnósticas para biópsias de enxerto renal, de acordo com a 4ª
Conferência de Banff 97 (Racusen et al., 1999)
1 Normal
2 Rejeição mediada por anticorpo:
A. Hiperaguda
B. Aguda acelerada
3 Borderline: suspeita de rejeição aguda: sem arterite intimal, porém, existe foco de
tubulite leve (1 – 4 células mononucleares / corte tubular) e pelo menos 10 – 25% do
parênquima acometido pela inflamação.
4 Rejeição aguda / ativa
Tipo / Grau Achados histopatológicos
IA Casos com infiltrado mononuclear intersticial (>25% do
parênquima) e foco de tubulite moderada (> 4 células
mononuclerares / corte histológico tubular)
IB Casos com infiltrado mononuclear intersticial (>25% do
parênquima) e foco de tubulite grave (> 10 células
mononuclerares / corte histológico tubular)
IIA Casos com arterite intimal leve a moderada em pelo menos
um corte histológico com artéria
IIB Casos com arterite intimal grave, comprometendo > 25% da
área luMinal, em pelo menos um corte histológico com
artéria
III Casos com arterite transmural e/ou alteração fibrinóide
arterial e necrose da camada média de células musculares
lisas, com infiltrado linfocítico em vasos
89
5. Nefropatia crônica / esclerosante do enxerto
Grau Achados histopatológicos
I (leve) Fibrose intersticial leve e atrofia tubular
II (moderada) Fibrose intersticial moderada e atrofia tubular
III (grave) Fibrose intersticial grave e atrofia tubular
6. Outros (por exemplo: Nefrite túbulo-intersticial – NTI)
90
ANEXO 6
Classificação de ferida cirúrgica (Mangram et al, 1999)
Classe I (Limpa): procedimento cirúrgico em sítio sem inflamação e sem manipulação
de tratos respiratório, gastrintestinal ou genito-urinário.
Classe II (potencialmente contaminada): procedimento cirúrgico em sítio com
manipulação de tratos respiratório, gastrintestinal ou genito-urinário, com possível
colonização bacteriana.
Classe III (contaminada): procedimento cirúrgico em sítios com manipulação de órgãos
ou cavidades com grande colonização bacteriana, presença de inflamação com
ausência de secreção purulenta ou trauma recente.
Classe IV (infectada): existência no sítio cirúrgico de secreção purulenta, tecidos
desvitalizados, perfuração de vísceras ou trauma com atraso de início de tratamento
91
9 APÊNDICE
Ficha de coleta de dados dos grupos caso e controle
“Avaliação dos aspectos clínicos e epidemiológicos das infecções de sítio
cirúrgico após-transplante renal e seu impacto na função do enxerto”.
Grupo Caso ( ) Grupo Controle ( )
Dados do receptor:
Rh rim (Registro)– _____________________
Nome__________________________________________________________
Idade - _________
Sexo (M) (F)
Peso (kg) _______Estatura (m) _______ IMC = _________
Etiologia IRC: determinada indeterminada
Etiologia IRC HAS DM GNC Rins policísticos Litíase renal outras
Tempo de hemodiálise (meses)_______tempo de diálise peritoneal ___(meses)
Alguma patologia prévia – (sim) (não)
Número de patologias prévias: _____
Patologia prévia – (DCV) (DM) (LES) (outras)
Número de transfusão sanguínea _____
Sorologia do receptor - CMV(0 / 1) Chagas (0 / 1) Sífilis (0 / 1) Hep.B
(0 / 1) HCV (0 / 1) HIV ( 0/ 1) Toxo (0 / 1)
0 = negativo 1 = positivo
Dados do Doador
Nome ____________________________________________
92
Idade ______
Sexo (M) (F)
Óbito AVC / TCE / outros
Alguma patologia prévia – (sim) (não)
Número de patologias prévias - _____
Patologia prévia – DCV DM ITU outras
Sorologia do receptor - CMV(0 / 1) Chagas (0 / 1) Sífilis (0 / 1) Hep.B
(0 / 1) HCV (0 / 1) HIV ( 0/ 1) Toxo (0 / 1)
0 = negativo 1 = positivo
Dados referentes ao Transplante (marcar com X as alternativas)
1 “HLA-I”
2 “HLA – II”
3 “HLA – III”
4 “DC”
Tempo de cirurgia – em Mitivs0 -2._utotes 678u3
93
Tempo de uso do duplo J em dias ______________________________
intercorrência do intra-operatório 0 "não"
1 "sim"
profilaxia antibiótica - fámaco 1 “cefalosporina1ª geração”
2 “cefalosporina 3ª geração”
3 “quinolona”
4 “2 ou mais antibióticos”
5 “outras opções”
profilaxia antibiótica - tempo de uso em horas
1 48 h
2 > 48 h
tempo de sondagem em dias ______________________________
indução do esquema de imunossupressão 0 "nenhum"
1 “timoglobulina”
2 “OKT3”
3 “Basiliximab”
4 “Daclizumab”
esquema de imunossupressão 1 “CSA/pred/aza”
2 “CSA/pred/MMF”
3 “CSA/pred/Rapa
4 “FK/pred/MMF”
5 “FK/pred/aza”
6 “FK/pred/Rapa”
7 “pred”
8 “Rapa/pred/MMF”
9 “Rapa/pred”
10 “CSA/pred”
11 “CSA/pred/myfortic ®”
12 “FK/pred/myfortic ®”
13 “Rapa/pred/myfortic®”
14 “Pred/myfortic®”
15 “FK/pred”
16 “Pred/MMF”
FTY720 0 "não"
1 "sim"
Rejeição aguda 0 "não"
94
1 "sim"
Número de rejeições ______________________________
Tipos de rejeição (primeira) 1 “RAC IA”
2 “RAC IB”
3 “ RAC IIA”
4 “RAC IIB”
5 “RAC III”
6 “Borderline”
7 “NTI”
Tipos de rejeição (segunda) 1 “RAC IA”
2 “RAC IB”
3 “ RAC IIA”
4 “RAC IIB”
5 “RAC III”
6 “Borderline”
7 “NTI” *
Tipos de rejeição (terceira) 1 “RAC IA”
2 “RAC IB”
3 “ RAC IIA”
4 “RAC IIB”
5 “RAC III”
6 “Borderline”
7 “NTI”
Tipos de rejeição (quarta) 1 “RAC IA
2 “RAC IB”
3 “ RAC IIA”
4 “RAC IIB”
5 “RAC III”
6 “Borderline”
7 “NTI”
Tratamento da rejeição (primeira) 1 “Metilprednisolona 3 dias”
2 “Metilprednisolona 4 dias”
3 “Metilprednisolona 5 dias”
4 “Timoglobulina”
5 “OKT3”
95
Tratamento da rejeição (segunda) 1 “Metilprednisolona 3 dias”
2 “Metilprednisolona 4 dias”
3 “Metilprednisolona 5 dias”
4 “Timoglobulina”
5 “OKT3”
Tratamento da rejeição (terceira) 1 “Metilprednisolona 3 dias”
2 “Metilprednisolona 4 dias”
3 “Metilprednisolona 5 dias”
4 “Timoglobulina”
5 “OKT3”
Tratamento da rejeição (quarta) 1 “Metilprednisolona 3 dias”
2 “Metilprednisolona 4 dias”
3 “Metilprednisolona 5 dias”
4 “Timoglobulina”
5 “OKT3”
Número de infecções totais ______________________________
Número de infecções - pneumopatias ______________________________
Número de infecções- ITUs ______________________________
Número de infecções de corrente sanguínea-
ICS
______________________________
Número de infecções – CMV primário ______________________________
Número de infecções – CMV secundário ______________________________
Número de infecções – CMV invasivo ______________________________
Nº de infecções de sítio cirúrgico
polimicrobiana
______________________________
Nº de infecções de sítio cirúrgico não
polimicrobiana
______________________________
Tempo da primeira infecção de sítio cirúrgico
desde o tx – em dias
______________________________
Tipo da infecção de sítio cirúrgico (primeiro
episódio)
1 “ISC superficial”
2 “ISC profunda”
3 “ISC órgão/espaço”
Etiologia da primeira infecção de sítio
cirúrgico – nome do agente
______________________________
Esquema terapêutico da primeira infecção de ______________________________
96
sítio cirúrgico – nome dos antibióticos
Tempo de tratamento da primeira infecção –
em dias
______________________________
Tipo da infecção de sítio cirúrgico (segundo
episódio)
1 “ISC superficial”
2 “ISC profunda”
3 “ISC órgão/espaço”
Etiologia da segunda infecção de sítio
cirúrgico – nome do agente
______________________________
Esquema terapêutico da segunda infecção de
sítio cirúrgico – nome dos antibióticos
______________________________
Tempo de tratamento da segunda infecção –
em dias
______________________________
Tipo da infecção de sítio cirúrgico (terceiro
episódio)
1 “ISC superficial”
2 “ISC profunda”
3 “ISC órgão/espaço”
Etiologia da terceira infecção de sítio cirúrgico
– nome do agente
______________________________
Esquema terapêutico da terceira infecção de
sítio cirúrgico – nome dos antibióticos
______________________________
Tempo de tratamento da terceira infecção –
em dias
______________________________
complicação cirúrgica 0 "não"
1 "sim"
qual complicação cirúrgica 1 ”Hematoma”
2 “Linfocele”
3 “Fístula urinária”
4 “Estenose ureteral”
5 “Oclusão arterial do enxerto”
6 “Trombose”
7 “Ruptura do enxerto”
8 “Herniação”
10 “Deiscência de parede”
11 “Outras”
Número de intervenções cirúrgicas ______________________________
97
diabetes pós Tx 0 "não"
1 "sim"
neoplasias pós Tx 0 "não"
1 "sim"
Doença cardiovascular pós-transplante 0 "não"
1 "sim"
tempo de internação em dias ______________________________
terapia dialítica pós tx 0 "não"
1 "sim"
Nº de sessões de diálise pós tx ______________________________
Nível de creatinina na alta (mg/dL) ______________________________
Nível de creatinina aos 6 meses pós Tx
(mg/dL)
______________________________
Nível de creatinina aos 12 meses pós Tx
(mg/dL)
______________________________
Nível de creatinina aos 18 meses pós Tx
(mg/dL)
______________________________
Nível de clearance de creatinina na alta
(ml/Min)
______________________________
Nível de clearance de creatinina com 6
meses (ml/Min)
______________________________
Nível de clearance de creatinina com 12
meses (ml/Min)
______________________________
Nível de clearance de creatinina com 18
meses (ml/Min)
______________________________
Observações ______________________________
98
10 ABSTRACT
Objectives: To describe the clinical and epidemiological aspects, risk factors and
impact on graft function of surgical wound infections in kidney transplant patients.
Methods: Retrospective study was conducted at Hospital do Rim e Hipertensão,
affiliated to the Federal University of São Paulo. Epidemiological and clinical
characteristics of the surgical wound infection were described by chart review. The risk
factors and impact on graft function were analyzed in case-control study. The Infection
Control Service of Hospital do Rim e Hipertensão provided information on surveillance
of surgical wound infection (case group). The control group was matched by gender and
age.
Results: Between 1 April 2001 and 31 December 2004, 1939 kidney transplants were
performed at the Hospital do Rim e Hipertensão. In the case group, 120 patients were
enrolled with 145 surgical wound infections after kidney transplant. Male prevalence was
56,7% and median age of 45,5 years. Deceased donors were 49,2%, with 16,7% of
intra-operative complications. Surgical prophylaxis with cephalosporins during 48 hours
after surgery was present in 87,5% of all patients. Acute rejection was noticed in 40%, in
spite of the high immunosuppressive induction (21,7%). The other complications were
observed, as for instance urinary tract infection (53,3%), cytomegalovirus infection
(25%), delayed graf function (41,7%) and post-transplant mellitus diabetes (26,7%).
Most wound infections were superficial (73,1%) and the medium time for the first
episode was 11,85 days post-transplant. In 37,9% of the infections, more than one
agent was recovered. Gram-positive agents caused 62,9% of the infections. However,
the gram-negative bacteria predominated in second episode of wound infection (58,8%).
The medium time of treatment in the first episode was 15,4 days, while in the second
99
episode was 17,5 days. The mortality was 0,8%. Stepwise logistics regression identified
surgical intervention after renal transplant (OR = 156,1; 95% CI 32,76 – 743,86; p =
0,001), chronic glomerulonephritis (OR = 40,9; 95% CI 8,7 – 191,8; p = 0,001), acute
rejection (OR = 8,3; 95% CI 2,6 – 26,6; p = 0,003), delayed graft function (OR = 9,4;
95% CI 3,0 – 29,3; p = 0,001), mellitus diabetes (OR = 5,8; 95% CI 1,3 – 26,1; p = 0,05)
and body mass index (OR = 1,36; 95% CI 1,2 – 1,5; p = 0,001) as independent risk
factors. No impact on graft function and survival was detected.
Conclusions: Surgical wound infection after kidney transplant had no impact on graft
function or survival with low mortality and high morbidity. The knowledge of risk factors
is important for prevention and early detection of these infections, improving infectious
management in kidney transplant patients.
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