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filho caçula e, consequentemente, tem que levar a sogra para cuidar dele. Conta que um dia,
enquanto jogava bola com Maria, veio um moleque e disse que o filho dele estava comendo
terra. “Eu fui lá o L. tava comendo terra, né! (risos). Mas com ela eu brinquei bastante.
Então, eu acho que com o L. (irmão) eu brinco menos do que com ela”.
O pai dá a sua opinião do brincar na vida da filha: “Ah, acho que é natural, acho
que é uma coisa natural da vida, né? Eu acho que faz parte do dia a dia, né, eu penso assim.
Faz parte, tudo vai levando, não me preocupo muito assim, separar estudar, brincar, acho
que tudo dá pra ter um pouco disso. Levar tudo mais ou menos junto, né, eu acho que, dar
uma equilibrada, né! Não sou assim, muito assim, agora só isso, agora só aquilo, não! A M.
(mãe) já é mais separada. Eu acho que dá pra levar a vida brincando, trabalhando é no
mínimo desestressante. Que eu trabalho e lá pelo menos no trabalho a gente brinca o dia
inteiro, a gente conversa o dia inteiro, né! E vai, o rendimento é bom, né, acho que é assim.
Acho que pra ela também, porque você brincando e cobrando, você consegue fazer com que
ela realize as atividades, né!”
A mãe declara: “Eu acho que brincar é essencial assim, sabe assim é eu quero
que ela aproveite ao máximo é... essa infância dela mesmo, assim... é apesar dela ser muito
molecona, dela, dela preferir as coisas de menino, eu acho que é melhor isto do que ela ser
assim uma criança muito voltada pra, pra roupa, pra, pra coisas mais supérfluas, assim
entendeu? Que isso ela não tem mesmo, né! É, e aí eu nem, nem insisto, você entendeu? Eu
deixo. Até mesmo eu saí pra comprar uma sandália, ela nem queria comprar sandália, que
ela não gosta e não sei o que. Aí eu mostrei uma sandália que eu sabia que ela ia adorar, né!
Falei: ‘Maria e aquela ali?’ ‘Ah, aquela ali eu adorei’. Então assim, é porque ela quer
correr, você entendeu? Ela quer brincar, ela quer, ela não tá nem aí. Então assim, eu sempre
quis que ela tivesse, apesar de eu não ter a paciência de ficar lá sentada brincando com ela,
mas eu levava. Eu levava, eu procurava ou a minha mãe levar ou falava pro Z. (pai) levar,
então sempre assim, deixei. Tenho um cunhado que vem, cata eles e vai jogar bola, vai não
sei aonde, né! Nossa, eu sei que ela adora ir com ele, porque assim, ela volta e não dá (parte
inaudível). E eu sempre deixei, eu sei que ela gosta. E ela curte mesmo. Então penso assim
que ela tem que brincar, tanto que é... eu não queria adiantar ela na escola, nada, tinha que
aproveitar bem mesmo essa fase, viver mesmo isso. E ela aproveita.
Maria, em sua entrevista, cita apenas um brinquedo preferido: “Bola”. Quando
indagada se gostaria de apontar mais algum, respondeu: “Corda, patinete e computador”.
Esclareceu dizendo: “No computador eu jogo CD Rom, jogo na internet, paciência, copas e
faço pesquisa que os professores pedem”.