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Avaliação de Propriedades de Artefatos à base de Borracha
Natural
Janaina Dallas Caroline Bárbara di Kássia Fonseca da Silva
Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-graduação em Química
do Instituto de Química da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, como parte
dos requisitos necessários para obtenção do título de Mestre em Ciências (M.Sc.),
realizada sob a orientação da Professora Marcia Cerqueira Delpech
(DPQ/IQ/UERJ).
Rio de Janeiro
Junho de 2007
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Tecnologia e Ciências
Instituto de Química
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ii
Dissertação de Mestrado: “Avaliação de propriedades de artefatos à base de
borracha natural”
Autor: Janaina Dallas Caroline Bárbara di Kássia Fonseca da Silva
Orientador: Profª. Marcia Cerqueira Delpech
Data da Apresentação: 18 de junho de 2007
Aprovado por:
Profª. Marcia Cerqueira Delpech
IQ/UERJ
Profª. Fernanda Margarida Barbosa Coutinho
IQ/UERJ
Dra. Maria Elizabeth Ferreira Garcia
COPPE/UFRJ
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iii
S586
Silva, Janaina Dallas Caroline Bárbara di Kássia Fonseca
Avaliação de propriedades de artefatos à base de borracha
natural / Janaina Dallas Caroline Bárbara di Kássia Fonseca da
Silva – 2007.
xv 92f.
Orientador: Marcia Cerqueira Delpech
Dissertação (mestrado) – Universidade do Estado do Rio
de Janeiro, Instituto de Química
1. Borracha natural – Teses. 2. Degradação térmica – Teses.
3. Caracterização - Teses. 4. Artefatos comerciais – Teses.
I. Delpech, Marcia Cerqueira. II. Universidade do Estado do Rio
de Janeiro. Instituto de Química. III. Título.
CDU 541.6
iv
A Deus
em eterna gratidão por essa nova conquista.
v
Agradecimentos
•A minha orientadora e amiga Marcia Cerqueira Delpech pela orientação,
dedicação, carinho e amizade durante a realização deste trabalho;
•Aos meus pais, irmãs e sobrinhas pelo amor, apoio e compreensão;
•A Rita Maria Pinho Sá, M.Sc., do Instituto de Química da Universidade do Estado
do Rio de Janeiro, pelas análises de espectrometria na região do infravermelho
(FTIR);
•A Lorna Maria Solis Rubenich, M.Sc., do Instituto de Química da Universidade do
Estado do Rio de Janeiro, pelas análises termogravimétricas;
•A técnica em Química Michelly Távora Rodrigues, do Laboratório de Catálise do
Instituto Nacional de Tecnologia, pelas análises termogravimétricas;
•Ao Químico Jurandir Moreno de Souza, da Petroflex Indústria e Comércio Ltda.,
pelas análises termogravimétricas;
•As amigas Edir Alves Evangelista, Fernanda Maria Pereira de Figueiredo e Iêda
Maria Vieira Caminha pelo incentivo e confiança;
•Aos queridos amigos Fábio Silva de Oliveira e Selma Maria Costa Sofia pelo
carinho e compreensão;
•Ao grande amigo Marcelo Honório Virgolino pela amizade, ajuda e colaboração.
vi
Resumo da Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Química do
Instituto de Química da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, como parte dos
requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.).
Avaliação de Propriedades de Artefatos à base de Borracha Natural
Janaina Dallas Caroline Bárbara di Kássia Fonseca da Silva
Junho 2007
Orientador: Profª. Marcia Cerqueira Delpech
A combinação de excelentes propriedades mecânicas aliadas à
biocompatibilidade torna a borracha natural um material amplamente empregado na
fabricação de artefatos voltados à saúde, tais como bicos de chupetas e de mamadeiras,
e luvas cirúrgicas e de procedimentos não-cirúrgicos. Esses artefatos são processados a
partir de látices de poli(cis-isopreno) extraído de seringueiras. Entretanto, o grande
número de insaturações presentes na cadeia polimérica, mesmo após a vulcanização,
resulta em uma baixa resistência desse material ao envelhecimento, causado
principalmente pela associação de fatores como temperatura, oxigênio, ozônio e
radiação. Outro inconveniente associado à aplicação da borracha natural é a presença
de proteínas no látex, com potencial alergênico, podendo promover reações fisiológicas
em alguns usuários. Por esse motivo artefatos come
vii
Abstract of Dissertation presented to Programa de Pós-graduação em Química of Instituto
de Química at Universidade do Estado do Rio de Janeiro, as partial fulfillment of the
requeriments for the degree of Master of Science (MSc.).
Evaluation of the properties of articles based on natural rubber
Janaina Dallas Caroline Bárbara di Kássia Fonseca da Silva
June 2007
Dissertation Supervisior: Profª. Marcia Cerqueira Delpech
By combining the excellent mechanical properties as well as biocompatibility,
natural rubber is a suitable material to be applied in the manufacture of commercial
articles as pacifiers, nursing bottles and gloves. Those products are processed from
lattices of poly(cis-isoprene) extracted from rubber-trees. Nevertheless, the expressive
amount of insaturations present along the polymeric chains, even after the vulcanization
process, leads to degradation mainly caused by an association of factors as heat, oxygen,
ozone and radiation. Another inconvenience in the application of natural rubber is the
presence of some proteins in the latex, which causes allergic problems in a few usuaries.
Thus synthetic materials are also employed in the production of such articles that are not
free from degradation problems as well. The objective of this Dissertation was to carry out
a comparative study of some properties of commercial products (nipples, of pacifiers and
nursing bottles, and gloves) from different manufacturers. The materials were
characterized, as received and after being submitted to accelerated degradation, by
infrared spectroscopy (FTIR) and thermogravimetry (TG). Some mechanical properties
were also evaluated by employing standard methods.
viii
Sumário
Resumo vi
Abstract vii
Sumário viii
Lista de figuras x
Lista de tabelas xiv
1. Introdução 1
2. Revisão bibliográfica 3
2.1. Látex de borracha natural 3
2.2. Processos de degradação 9
2.3. Técnicas de caracterização 16
2.3.1. Espectrometria na região do infravermelho (FTIR) 17
2.3.2. Análise termogravimétrica ou termogravimetria (TG) 19
2.3.3 Propriedades mecânicas 23
3. Objetivo 27
4. Materiais e métodos 28
4.1. Produto químico 28
4.2. Materiais 28
4.3. Equipamentos 30
4.4. Procedimentos 31
4.4.1. Espectrometria na região do infravermelho (FTIR) 31
4.4.2. Análise termogravimétrica ou termogravimetria (TG) 31
4.4.3. Ensaios mecânicos em luvas 32
4.4.4. Ensaios mecânicos em chupetas 33
4.4.5. Ensaios mecânicos em mamadeiras 35
5. Resultados e discussão 36
5.1. Espectrometria na região do infravermelho (FTIR) 36
5.2. Análise termogravimétrica ou termogravimetria (TG) 48
5.2.1. Amostras não-tratadas em estufas 49
5.2.1.1. Análise em atmosfera inerte 49
5.2.1.2. Análise em atmosfera oxidativa 54
5.2.2. Amostras tratadas em estufa 59
5.2.2.1. Análise em atmosfera inerte 59
5.2.2.2. Análise em atmosfera oxidativa 65
ix
5.3. Propriedades Mecânicas 69
5.3.1. Luva cirúrgica e luva de procedimento não-cirúrgico 69
5.3.2. Bicos de chupeta 73
5.3.3. Bicos de Mamadeira 74
5.4. Comparação geral entre os artefatos comerciais 75
6. Conclusões 81
7. Sugestões 83
8. Referências bibliográficas 84
x
Lista de figuras
Figura 1. Estrutura da molécula do isopreno 4
Figura 2. Representação esquemática de látex separado por
ultracentrifugação
5
Figura 3. Representação das cargas elétricas na partícula de borracha do
látex
5
Figura 4. Densidade de ligações cruzadas em função das propriedades 7
Figura 5. Representação esquemática do efeito de estabilizantes na
velocidade de oxidação
15
Figura 6. Atuação genérica de um antioxidante primário 15
Figura 7. Curvas de TG de amostras sob formas físicas diferentes 20
Figura 8. Curvas termogravimétricas de um material polimérico registradas
a várias velocidades de aquecimento
20
Figura 9. Curva de tensão versus deformação de materiais poliméricos
com comportamentos diferentes
24
Figura 10. Esquema de ensaio de tração a 90º em chupetas 34
Figura 11. Esquema de ensaio de tração vertical em chupetas 34
Figura 12. Espectro de FTIR da amostra de bico de chupeta de borracha
natural antes do envelhecimento
37
Figura 13. Espectro de FTIR da amostra de bico de chupeta de borracha
natural após envelhecimento
37
Figura 14. Espectro de FTIR da amostra de bico de mamadeira de borracha
natural antes do envelhecimento
38
Figura 15. Espectro de FTIR da amostra de bico de mamadeira de borracha
natural após envelhecimento
38
Figura 16. Espectro de FTIR da amostra de luva de borracha natural antes
do envelhecimento
39
Figura 17. Espectro de FTIR da amostra de luva de borracha natural após
envelhecimento
39
Figura 18. Espectro padrão de FTIR do poli-cis(isopreno) (IR) 40
Figura 19. Espectro de FTIR da amostra de bico de chupeta de material
sintético antes do envelhecimento
40
Figura 20. Espectro de FTIR da amostra de bico de mamadeira de material
sintético antes do envelhecimento
41
xi
Figura 21. Espectro padrão de FTIR de óleo de silicone 41
Figura 22. Espectro de FTIR da amostra de luva de material sintético antes
do envelhecimento
42
Figura 23. Espectro de FTIR da amostra de luva de material sintético após
envelhecimento
43
Figura 24. Espectro padrão de FTIR do poli(cloreto de vinila) (PVC) 43
Figura 25. Curva TG/DTG da amostra de bico de chupeta à base de
borracha natural sem tratamento prévio em estufa, obtida sob
atmosfera inerte
49
Figura 26. Curva TG/DTG da amostra de bico de mamadeira à base de
borracha natural sem tratamento prévio em estufa, obtida sob
atmosfera inerte
50
Figura 27. Curva TG/baset tutra e60424(t)--0à8.96 T99n.60424(t)-0.1.60424(e)-1.60424(t)-0.800786(a)-12121(06424(2.13543(u)-24(t)-0.800786(u)-5l8.96 T99n.60423221(p.1.60424(e)-)-1.60424( J-230.133 -J-230.133 -18.96 T99n.230.133 -18.96 Td28(G)1.72836(/)-0.802121(bn96 Td28(G)1.72836(/)-1.60291(c)-2.936211.60J-230.133 -18.96 T1.6008.537(n)-1.62.13543(d12126824( )-77.3346.60424(t)-0.8007865(.)1(o)-1.601-1012.14(F)-.802121( )-1766.55(E)0.25( )-208.535(s)-2.9362a8007865(.)1(o)-1.601e-7.53048(e.800786(r)-0.469794(a)-1.60424(t)-0.8058(T)-1.27058(I)-0.J-230.133 -1.60424(n)-1.60424(t)-0.800786(o)-1.60424( )-250.0011(d)-1.60424(e)-5.93649(é)-50.0011(d)-1.60424(e)-1.60424f27-2.93621(t)0.469794(a))-1.60424(m)2.06069(g)-208.535(e)-1.6069794(a)-1.60424(t)--1.60157(f)-0.800786(a)-1.60591(,)-0.800786( )-208.535(o)]T800716239 0 Td[(b)-1.60424(t)--1.60157(f) -1.60424(m)2.060697(f)-0.800786(a))-1.27058(G)1.72881( )-361.603(df)-50.0011(d)-3621(60)-752.13543(J-230.133 -18.96 T99n.604800786(a)-1.60591(,).93621(f)-0.802121(e)-1.60291(r)-0.46846(a)-1.600291(40.8021217( )082.13409(m)2.0424(e)-1.60424(r)-0.469794(t)-0.800786(o)-1.60325( )]TJ330.134 19.02 Td[(4)-1.60157(3)-1.6016( )]TJ-420.17 -37.98 Td[(•)0.131462( )-1012.1162391.26991(i)-8.13409(g)-1.60291(u)-1.60291(r)-0.46846(a)-1.60291( )-0.802121(2)-1.60291(7)-1.603235(o)]T802121( )-1766.55(C)0.396389(u)-1.60291(r)-0.46846(v)2.53048(a)-1.60291( )-361.604(T)-6.73728(G)1.72836(/)-6.26882(D)0.395054(T)-1.27058(G)1.72881( )-361.603(d)-1.60424(a)-1.60424( )-361.603(a)-7.07094(m)2.06069(o)-1.60424(s)-2.93621(t)-0.800786(r)-0.469794(a)-1.60424( )-361.603(d)-1.60424(e)-1.60424( )-367.07(b)-1.60424(i)-2.13543(c)-2.93621(o)-1.60424( )-361.603(d)-1.60424(e)-1.60424( )-361.604(c)-2.93621(h)3.86246(u)]TJ324.612 0 Td[(p)-1.60424(e)-1.60424(t)-0.800786(a)-1.60424( )-361.603(à)-1.60424( )-361.603(b)-1.60424(a)-1.60424(s)-2.936211(o)-1.60125( )-208.535(s)-2.936296 Td[(a)-1.60291(t)-60157(3)-1.25( )-208.51( )278]TJ.6028.5303-6.26748(e)-1.60424s)-2.93621(08.5354( 6( )-1.60424(l)-2.13543( )-77..469794(a)-1.60424( )-361.603(d)-128.5303-6.26748(e)-)-1.60424(e)-5.93649(é)-28.5302a)-1.60424(l)-2.13543( )-208.535(s)-2.93621(e)-1.60424(m)2.06069( )-208.535(t)-0.800786(r)-0.469794(a)-1.60424(t)-0.828.5302a-1.60424(m)2.06069(e)-1.60424(n)-1.60424(t)-0.800786(o)-1.60424( )-228.5302a)-1.60424(e)-5.93649(é)-28.5302av)2.53048(i)-2.13543(o)-1.60424( )-208.54(a))-1.60424(m)2.06069(g)-203621(61.5262.13543(u)-28.5302a1.60424(t)--1.60157(f)-0.800786(a)-1.60591(,)-0.800786( )-208.535(o)]T28.5302a 0 Td[(b)-1.60424(t)-0.800786(i)-2.13543(d61.5262424(a)-1.60325( )-208.535(s)-2.93621(o)-1.60157(b)3.86513( )278]TJ-272.39 -18.96 Td[(a)-1.60291(t)-0.802121(m)2.06202(o)-1.60291(s)-2.93621(f)-0.802121(e)-1.60291(r)-0.46846(a)-1.60291( )-0.802121(i)-2.13409(n)-1.60424(e)-1.60)3.33127(c)-2.936)-0.800786(e)-1.60325( )]TJ330.134 37.92 Td[(5)-1.60157(0)-1.6016( )]TJ-420.17 -56.88 Td[(•)0.131462( )-1012.1162391.26991(i)-9.13409(g)-1.60291(u)-1.60291(r)-0.46846(a)-1.60291( )-0.802121(2)-1.60291(7)-1.60321(.)-0.802121( )-1766.55(C)0.396389(u)-1.60291(r)-0.46846(v)2.53048(a)-1.60291( )-219.47(T)-1.27058(G)1.72836(/)-6.26882(D)-5.07164(T)-1.27058(G)1.72881( )-219.469(d)-1.60424(a)-1.60424( )-219.469(a)-1.60424(m)2.06069(o)-7.07094(s)-2.93621(t)-0.800786(r)-0.469794(a)-1.60424( )-219.469(d)-1.60424(e)-1.60424( )-219.47(b)-1.60424(i)3.33127(c)2.53048(o)-1.60424( )-219.469(d)-1.60424(e)-1.60424( )-219.47(m)2.06069(a)-1.60424(m)]TJ320.17 0 Td[(a)-7.07094(d)-1.60424(e)-1.60424(i)-2.13543(r)-0.469794(a)-1.60325( )-219.469(à)-1.60424( )-219.469(b)-1.60424(a)-1.60423409(m)2.01(o)-1.60125( )-208.535(s)-2.936296 Td[(a)-1.60291(t)-60157(3)-1.25( )-208.51( )278]TJ.6028.5303-6.26748(e)-1.60424s)-2.93621(08.5354( 6( )-1.60424(l)-2.13543( )-77..469794(a)-1.60424( )-361.603(d)-128.5303-6.26748(e)-)-1.60424(e)-5.93649(é)-28.5302a)-1.60424(l)-2.13543( )-208.535(s)-2.93621(e)-1.60424(m)2.06069( )-208.535(t)-0.800786(r)-0.469794(a)-1.60424(t)-0.828.5302a-1.60424(m)2.06069(e)-1.60424(n)-1.60424(t)-0.800786(o)-1.60424( )-228.5302a)-1.60424(e)-5.93649(é)-28.5302avio amg 61.5262.13543(u)-28.5302a1.60424(t)--1.60157(f)-0.800786(a)-1.6059464TG/etid61.5262424(a)-1.60325( )-208.535(s)-2.93621(o)-1.60157(b)3.86513( )278]TJ-272.39 -18.96 Td[(a)-1.60291(t)-0.802121(m)2.06202(o)-1.60291(s)-2.93621(f)-0.802121(e)-1.60291(r)-0.46846(a)-1.60291( )-0.802121(i)-2.13409(8)-1.60424(e)-1.60ce
49
xii
Figura 36. Curva TG/DTG da amostra de luva à base de material sintético
sem tratamento prévio em estufa, obtida sob atmosfera oxidativa
57
Figura 37. Curva TG/DTG da amostra de bico de chupeta à base de
borracha natural após tratamento prévio em estufa, obtida sob
atmosfera inerte
60
Figura 38. Curva TG/DTG da amostra de bico de mamadeira à base de
borracha natural após tratamento prévio em estufa, obtida sob
atmosfera inerte
60
Figura 39. Curva TG/DTG da amostra de luva à base de borracha natural
após tratamento prévio em estufa, obtida sob atmosfera inerte
61
Figura 40. Curva TG/DTG da amostra de bico de chupeta à base de
material sintético após tratamento prévio em estufa, obtida sob
atmosfera inerte
61
Figura 41. Curva TG/DTG da amostra de bico de mamadeira à base de
material sintético após tratamento prévio em estufa, obtida sob
atmosfera inerte
62
Figura 42. Curva TG/DTG da amostra de luva à base de material sintético
após tratamento prévio em estufa, obtida sob atmosfera inerte
62
Figura 43. Curva TG/DTG da amostra de bico de chupeta à base de
borracha natural após tratamento prévio em estufa, obtida sob
atmosfera oxidativa
65
Figura 44. Curva TG/DTG da amostra de bico de mamadeira à base de
borracha natural após tratamento prévio em estufa, obtida sob
atmosfera oxidativa
66
Figura 45. Curva TG/DTG da amostra de luva à base de borracha natural
após tratamento prévio em estufa, obtida sob atmosfera oxidativa
66
Figura 46. Curva TG/DTG da amostra de bico de chupeta à base de
material sintético após tratamento prévio em estufa, obtida sob
atmosfera oxidativa
67
Figura 47. Curva TG/DTG da amostra de bico de mamadeira à base de
material sintético após tratamento prévio em estufa, obtida sob
atmosfera oxidativa
67
Figura 48. Curva TG/DTG da amostra de luva à base de material sintético
após tratamento prévio em estufa, obtida sob atmosfera oxidativa
68
Figura 49. Perfil geral das curvas de tensão versus deformação de
amostras de luva cirúrgica de borracha natural
70
xiii
Figura 50. Perfil geral das curvas de tensão versus deformação de
amostras de luva de procedimento não-cirúrgico de material
sintético
70
xiv
Lista de tabelas
Tabela 1.
Códigos, especificações e origens dos materiais comerciais
estudados
29
Tabela 2. Absorção dos principais grupamentos presentes nos espectros
de FTIR dos materiais comerciais estudados e dos padrões na
literatura
45
Tabela 3. Resultados obtidos nas curvas de TG/DTG das amostras
comerciais à base de borracha natural e de material sintético
sem tratamento prévio em estufa sob atmosfera inerte
52
Tabela 4. Resultados obtidos nas curvas de TG/DTG das amostras
comerciais à base de borracha natural e de material sintético
sem tratamento prévio em estufa sob atmosfera oxidativa
57
Tabela 5. Resultados obtidos nas curvas de TG/DTG das amostras
comerciais à base de borracha natural e de material sintético
após tratamento prévio em estufa sob atmosfera inerte
63
Tabela 6. Resultados obtidos nas curvas de TG/DTG das amostras
comerciais à base de borracha natural e de material sintético
após tratamento prévio em estufa sob atmosfera oxidativa
68
Tabela 7. Valores dos requisitos mecânicos estabelecidos nas normas
brasileiras vigentes para luvas cirúrgicas e de procedimentos
não-cirúrgicos
71
Tabela 8. Média dos resultados de tensão e alongamento na ruptura das
amostras de luvas cirúrgicas e de procedimentos não-cirúrgicos
72
Tabela 9. Resultados dos ensaios de tração à 90º e de tração vertical das
amostras de chupeta de borracha natural e de material sintético
74
Tabela 10. Absorção dos principais grupamentos presentes nos espectros
de FTIR e resultados termogravimétricos e mecânicos dos
materiais comerciais estudados e dos padrões
76
xv
“É sábio quem vê nas dificuldades
uma oportunidade de crescimento”.
Lourival Lopes
Silva, J. D. C. B. K. F. Introdução
1
1. Introdução
O látex de borracha natural, ou simplesmente látex, pode ser encontrado na
natureza entre mais de 2.000 espécies de árvores. Dentre elas, a Hevea brasiliensis,
originária da selva amazônica, é a única com aplicação industrial e comercial. Outras
variedades, como as espécies Hevea benthamiana, Hancornica speciosa, Manihot glaziovi,
Parthenium argentatum e a Ficus elástica são alguns exemplos, porém produzem borracha
de massa molar reduzida, resultando em produtos com baixos índices de produtividade e
qualidade (Cornish, 2001).
Devido às ótimas propriedades físicas da borracha natural, como elastômero, esta
tem sido mundialmente usada para a fabricação de muitos produtos. Particularmente,
podem ser citados os obtidos a partir de dispersões de látex, como luvas, bicos de chupetas
e bicos de mamadeiras. Estes materiais são utilizados como uma barreira de proteção
contra infecção de microorganismos, incluindo bactérias e vírus, e são biocompatíveis,
podendo ser usados em contato direto com bebês e em procedimentos cirúrgicos (Cornish,
2001).
A conversão do látex de borracha natural em artefatos pode ocorrer por diversos
processos, que são característicos da tecnologia do látex. Pouca energia é consumida na
mistura, na moldagem e na vulcanização, porém muita energia é despendida na secagem
dos produtos. Este fato restringe a tecnologia do látex somente para a fabricação de
produtos com espessuras inferiores a 3 mm. Os materiais de látex de borracha natural têm,
portanto, apresentado resultados satisfatórios principalmente na fabricação de luvas, bicos
de chupetas e de mamadeiras (Gazeley et al., 1990).
Existe, porém, o inconveniente da presença de proteínas, no látex, que apresentam
potencial alergênico, podendo promover reações fisiológicas em alguns usuários. Como
toda alergia, o risco dependerá do tempo de exposição e da dosagem da substância no
artefato. Essa fração, mesmo pequena, varia de produto para produto, dependendo das
condições de processamento durante a fabricação. Com o objetivo de eliminar o agravante
da alergia provocada pelas proteínas do látex de borracha natural, na década de 90, os
Estados Unidos e o Japão iniciaram o desenvolvimento de luva, bicos de mamadeiras e de
chupetas à base de material sintético (Jay, 1993).
Silva, J. D. C. B. K. F. Introdução
2
Apesar de a borracha natural apresentar excelentes propriedades, como resistência à
tração, à abrasão e ao rasgamento, aliadas à alta elasticidade, o grande número de
insaturações presentes na cadeia polimérica, mesmo após a vulcanização do material,
ocasiona envelhecimento pela ação de temperatura, oxigênio, ozônio e radiações, com
perda gradual dessas propriedades (Cornish, 2001).
Silva, J. D. C. B. K. F. Revisão bibliográfica
3
2. Revisão Bibliográfica
2.1. Látex de borracha natural
Registros mostram que desde o século XIX, os exploradores europeus, em seu
primeiro contato com a borracha natural na Floresta Amazônica, ficaram muito
impressionados com o comportamento físico do produto extraído da Hevea brasiliensis.
Eles acreditaram que se tratava de um produto com vida própria devido à capacidade de
recuperação elástica do material. Entretanto, ao término da longa viagem marítima de
retorno à Europa, este comportamento tinha sido perdido. Acreditando que a borracha crua
era um produto vivo, os exploradores então consideraram que a borracha havia perecido ao
longo da viagem (Grassie, 1985 ).
A extração do látex da Hevea brasiliensis, seringueira nativa da Região Amazônica,
fez do Brasil o maior produtor de borracha natural até a década de 50, quando a exploração
era, na totalidade, do tipo extrativista. Problemas políticos, econômicos e fito-sanitários na
região impediram o desenvolvimento sustentável da atividade (Grassie, 1985 ).
Originária da América do Sul, a seringueira foi climatizada a partir de 1890 no Sri
Lanka (antigo Ceilão) e na Malásia. Hoje em dia, a seringueira Hevea brasiliensis é
cultivada nas regiões tropicais da Ásia (Malásia, Indonésia, Tailândia e Sri Lanka), de onde
90% da produção mundial é extraída (Grassie, 1985 ).
Nos últimos dez anos, a produção de borracha natural no Brasil vem se expandindo
rapidamente em função da extração oriunda dos seringais de cultivo em novas áreas de
plantio. Atualmente, a produção nacional se concentra nos Estados de São Paulo (50,4%),
Mato Grosso (16,3%), Bahia (18,5%) e Amazônia (10,0%) (Pereira et al., 2000). Apesar
desta expansão, o Brasil é hoje o nono produtor mundial, tendo contribuído em 2003 com
apenas de 101,5 mil toneladas (1,40%) do total mundial produzido (7,2 milhões de
toneladas) (Pereira, 2000).
Noventa por cento do látex coletado é utilizado, após coagulação, nas mais diversas
aplicações na indústria de pneumáticos, calçados e artefatos técnicos. Os 10% restantes
são empregados como não-coagulados na área de produtos para a saúde, na confecção de
luvas cirúrgicas e de procedimento, cateteres, chupetas, bicos de mamadeiras e
contraceptivos mecânicos (Varghese, 1999). Portanto, o poli-cis(isopreno) é responsável
Silva, J. D. C. B. K. F. Revisão bibliográfica
4
pela manufatura de mais de 40.000 produtos, sendo que aproximadamente 400 deles são
artefatos para medicina e saúde (Cornish, 2001).
O látex de borracha natural é uma difusão coloidal, uma suspensão de partículas
naturais de borracha na água, constituída principalmente por poli-1,4-cis(isopreno), com
cadeias de massa molar da ordem de 10
6
. As partículas do látex são polidispersas, com a
média de diâmetro entre 0,25 e 0,8 µm, sendo grande parte menor do que 0,5 µm
(Cornish, 2001). A Figura 1 mostra a estrutura da molécula do isopreno com duas ligações
duplas em átomos de carbono adjacentes (
Couteur, 2006).
Figura 1 - Estrutura da molécula do isopreno (Couteur, 2006)
O arranjo cis das unidades repetitivas é essencial para a elasticidade da borracha.
Mas a polimerização natural da molécula de isopreno nem sempre se de um modo cis.
Quando o arranjo em torno da ligação dupla no polímero é trans, outro polímero natural é
produzido com propriedades muito diferentes das da borracha (Couteur, 2006).
O encadeamento das unidades repetitivas com configuração 100% cis na borracha
natural, promove características responsáveis pelas importantes propriedades desse
polímero como excelentes flexibilidade e elasticidade. Propriedades como ótima adesão a
tecidos e metais, excelente resiliência e capacidade de formação de filmes com espessuras
bastante finas e uniformes também são obtidas (Somers et al, 2000).
Quando submetido à ultracentrifugação, o látex pode ser separado em três frações,
como mostra a Figura 2:
1. fase da maioria das partículas de borracha;
2. soro tipo C, no qual as partículas do látex estão suspensas;
3. fração de fundo, uma fase densa, a qual é composta por partículas não-borrachosas
(também chamada de soro tipo B, ou de lutoids) (Somers et al, 2000).
Silva, J. D. C. B. K. F. Revisão bibliográfica
5
Figura 2 - Representação esquemática de látex coletado de Hevea brasiliensis separado em 3
frações por ultracentrifugação (Somers et al, 2000)
Em relação às proteínas presentes no látex, cerca de 27% são encontradas na fase
da borracha, 48% no soro tipo C e 25% na fração de fundo (Somers et al, 2000).
Após a coleta, o látex se apresenta levemente alcalino ou neutro (pH 7,0 7,2). Se
não for estabilizado, o valor do pH diminui até a separação espontânea de duas fases, uma
rica em colóide e a outra quase isenta dele. As partículas de borracha apresentam carga
negativa na superfície. A formação das cargas pode ser explicada pela presença de uma
camada periférica de proteínas que envolvem a partícula adsorvida na interface borracha-
água, formando ligações intermoleculares através de alguns grupos funcionais, sendo que
outros permanecem livres (Figura 3) (Fell, 1993).
Figura 3 - Representação das cargas elétricas na partícula de borracha do látex (Fell, 1993)
Fase da maioria das
partículas de borracha
(25% - 45% drc)
drc - Rubber dry concentration
Soro C
Fração do fundo
(soro B)
Espaço aberto
Total de proteínas
27%
48%
25%
Silva, J. D. C. B. K. F. Revisão bibliográfica
6
A representação genérica de uma molécula protéica é NH
2
-Pr-COOH, onde NH
2
é
um grupo funcional básico; COOH é um grupo funcional ácido e Pr é a cadeia proteica. A
molécula proteica possui um ponto isoelétrico em pH = 4,7; apresentando-se na forma
zuiteriônica NH
3
+
-Pr-COO
, onde as cargas elétricas estão em equilíbrio. Assim, pode-se
obter um látex positivo (Equação 1) em um meio acidificado ou um látex negativo em um
meio alcalino (Equação 2) (Fell, 1993).
+
NH
3
– Pr – COO
+ H
+
+
NH
3
– Pr – COOH (1)
+
NH
3
– Pr – COO
+ OH
NH
2
– Pr – COO
+ H
2
O (2)
O processo empregado mundialmente para que o tex possa ser utilizado
comercialmente é o de vulcanização. O processo convencional de vulcanização da
borracha é predominantemente a reticulação do poli-1,4-cis(isopreno) promovida por calor,
em presença de enxofre e aditivos, que permitem grandes transformações nas propriedades
da borracha, tais como: diminuição da solubilidade em solventes orgânicos, aumento da
resistência mecânica, maior resistência a ácidos e álcalis, dentre outras (Gazeley et al,
1990).
Conforme mencionado na Introdução desta Dissertação, a conversão do látex de
borracha natural em artefatos pode ocorrer por diversos processos, que são característicos
da tecnologia do látex. Esses processos consomem pouca energia na mistura, na
moldagem e na vulcanização, porém, muita energia na secagem. Esse fato restringe a
tecnologia do látex para a fabricação de produtos com espessuras inferiores a 3 mm
(Gazeley et al, 1990).
Para a obtenção dos artefatos de borracha com propriedades que encontrem
aplicações industriais, é necessário transformar as propriedades plásticas da borracha em
elásticas. É necessário ter um amplo conhecimento da propriedade e do uso final do
artefato para formular adequadamente o composto de látex e minimizar o número de
aditivos utilizados, principalmente quando a aplicação envolve contato com organismos
vivos durante procedimentos cirúrgicos, no caso de luvas, ou com bebês e crianças
pequenas, que façam uso de bicos de mamadeiras e bicos de chupetas (Ministério da
Indústria e do Comércio: Superintendência da Borracha, 1993).
As borrachas aplicadas em produtos finais são constituídas por cadeias poliméricas
longas e flexíveis interligadas física e quimicamente. A densidade das ligações cruzadas
Silva, J. D. C. B. K. F. Revisão bibliográfica
7
deve ser suficiente para conferir à borracha integridade mecânica para resistir e recuperar-
se de deformações. Entretanto, a densidade de ligações cruzadas o pode ser muito alta
para não imobilizar a cadeia polimérica. O balanço ótimo entre a densidade de ligações
cruzadas e a estrutura da cadeia polimérica proporciona à borracha as suas principais
propriedades de resistência e elasticidade (Somers et al., 2000).
As propriedades da borracha vulcanizada em função da extensão da vulcanização
são ilustradas na Figura 4. Quanto maior o número de ligações cruzadas na matriz
polimérica, maior será a resistência, porém maior será também a rigidez. Na vulcanização
do látex para produção artefatos como luvas, bicos de chupetas e de mamadeiras, busca-se
um balanço ideal entre a elasticidade e a resistência, na medida em que ambas são
qualidades importantes para o desempenho do produto (Coran, 1994).
O processo de vulcanização, de uma maneira genérica, consiste em promover
ligações intermoleculares, ou seja, ligações cruzadas entre as moléculas poliméricas, de
forma tridimensional, o que permite grandes transformações nas propriedades do artefato
final como: diminuição da solubilidade, aumento da resistência à tração na ruptura, maior
resistência a ácidos e álcalis, diminuição do alongamento, dentre outras (Ministério da
Indústria e do Comércio: Superintendência da Borracha, 1993).
Figura 4 - Densidade de ligações cruzadas em função das propriedades (Coran, 1994)
Histerese, Resistência à
pressão permanente e a
fricção
Resistência à
Tensão
Resistência ao
Rasgamento, Fadiga,
Tenacidade
Recuperação
elástica, Rigidez
Propriedades da
borracha
vulcanizada
Densidade de ligações cruzadas
Silva, J. D. C. B. K. F. Revisão bibliográfica
8
A vulcanização convencional que ocorre na presença de enxofre e calor foi
descoberta por Charles Goodyear em 1839. Neste processo, a regra simples utilizada na
indústria é que toda a formulação de um composto de látex de borracha natural deve
conter: estabilizantes, cargas e espessantes (Ministério da Indústria e do Comércio:
Superintendência da Borracha, 1993). De modo geral, para formular o composto de látex
são requeridas três classes de aditivos:
a) estabilizantes, para assegurar uma adequada estabilidade de processamento;
b) agentes de vulcanização;
c) agentes de proteção para assegurar uma adequada vida útil ao artefato (Ministério da
Indústria e do Comércio: Superintendência da Borracha, 1993).
Os agentes de vulcanização consistem principalmente de enxofre, acelerador e
óxido de zinco (ZnO), este último ajuda a aumentar a velocidade de vulcanização pelo
acelerador. É possível obter algumas variações utilizando doadores de enxofre ou o uso de
aceleradores para aumentar a velocidade no processo de cura (Kelen, 1983).
O enxofre reage lentamente com a borracha, por isso, a ausência de aceleradores
tornaria anti-econômica a fabricação dos artefatos. Assim, os aceleradores, são substâncias
que aumentam a velocidade de vulcanização, reduzindo o tempo do processo. Além disso,
os aceleradores melhoram as propriedades físicas em geral, principalmente a resistência ao
envelhecimento (Kelen, 1983).
Investigações realizadas em chupetas, bicos de mamadeira, brinquedos, luvas e
balões, demonstraram a contaminação desses artefatos por nitrosaminas (R
2
NNO). O uso
de derivados de aminas secundárias na obtenção de aceleradores e estabilizadores,
utilizados no processo convencional de vulcanização, promovem a contaminação por
nitrosaminas nos artefatos de borracha natural. Os aceleradores do tipo ditiocarbamatos
podem causar a formação de aminas e de dissulfeto de carbono. Essas aminas com óxidos
de nitrogênio (N
2
O
2
, NO
2
, N
2
O
3
, N
2
O
4
) originários do processo de secagem ou
provenientes do meio ambiente podem formar nitrosaminas. Alguns países têm limitado a
concentração desses compostos nos artefatos e ambientes das fábricas de borracha. A
Europa iniciou a regulamentação para um limite máximo de 10 ppm na concentração de
nitrosaminas em chupetas e bicos de mamadeira, entretanto, não é fácil obter esses valores
utilizando o processo convencional de vulcanização (Hill, 1988).
Silva, J. D. C. B. K. F. Revisão bibliográfica
9
Como mencionado anteriormente, outro composto importante na vulcanização é
o óxido de zinco (ZnO), que é usado para aumentar a velocidade de vulcanização pela
ativação do acelerador. O mecanismo baseia-se na formação, juntamente com o acelerador,
de um sal complexo que, em presença de calor, reage com o enxofre promovendo mais
rapidamente e eficientemente a vulcanização da borracha (Ministério da Indústria e do
Comércio: Superintendência da Borracha,1993).
Atualmente, existe uma maior preocupação com a poluição ambiental causada
pelos artefatos fabricados pelo processo convencional de vulcanização, que, quando
incinerados, formam gases xicos como dióxido de enxofre (SO
2
) e monóxido de carbono
(CO), causando intensa irritação nos olhos e problemas respiratórios. A composição das
cinzas contendo principalmente ZnO, podem causar tosse, febre e problemas pulmonares.
A melhoria das propriedades dos artefatos e a diminuição dos problemas de poluição, com
certeza, levariam a um número maior de aplicações dos artefatos de borracha,
principalmente na área médica e infantil (Ministério da Indústria e do Comércio:
Superintendência da Borracha,1993).
Após o processo de vulcanização, existe ainda uma quantidade significativa de
ligações duplas ao longo da cadeia polimérica da borracha natural, o que a deixa passível
de sofrer envelhecimento. Ao longo de um determinado período de tempo, ocorrem
variações físicas e/ou químicas na estrutura polimérica, acarretando perda de propriedades.
O envelhecimento do filme de látex de borracha natural pode ocorrer quando este é
exposto a várias situações tais como calor, umidade, radiações, ozônio, oxigênio, produtos
químicos (ácidos e bases fortes, óleos, solventes, agentes oxidantes e metais pesados) e
tensão mecânica contínua. Freqüentemente, o produto é submetido a diversas condições de
exposição de forma simultânea, o que faz com que a degradação seja acelerada. A
degradação ocorre pela própria estrutura química da borracha natural, isto é, presença de
duplas ligações e hidrogênios alílicos na estrutura da cadeia polimérica, não podendo ser
evitada, mas somente retardada (Vinod et al., 2002).
2.2. Processos de degradação
As modificações químicas sofridas por um material polimérico, e que resultam em
variações indesejáveis das propriedades de uso do mesmo, são também denominadas
degradações. O envelhecimento é o processo de degradação que ocorre em um material
Silva, J. D. C. B. K. F. Revisão bibliográfica
10
polimérico durante um período de tempo específico, e que geralmente resulta em variações
na estrutura física e/ou química, que compromete a sua durabilidade, chegando ao ponto no
qual o material não é mais capaz de desempenhar as suas funções (Reich et al, 1971).
Degradação é, portanto, qualquer reação química destrutiva em polímeros, que
pode ser causada por agentes físicos e/ou por agentes químicos. A degradação causa uma
modificação irreversível nas propriedades dos materiais poliméricos, sendo evidenciada
pela deterioração dessas propriedades, incluindo o aspecto visual dos polímeros (Reich et
al, 1971). As conseqüências gerais da oxidação de materiais poliméricos podem ser
generalizadas como: alteração nas propriedades reológicas, perda de propriedades
mecânicas, desenvolvimento de odor e alterações nos aspectos superficiais como
amarelamento, fissuramento, perda de brilho e perda de transparência (Rabello, 2000).
Geralmente as reações de degradação são indesejáveis uma vez que a alta
durabilidade, ou vida útil elevada dos artefatos, é requerida em qualquer aplicação. As
reações de degradação, no entanto, poderão ser benéficas para os casos de rejeitos
poliméricos o-recicláveis. Também são úteis as reações de degradação induzida que
ocorrem nos processos mecano-químicos de mastigação da borracha natural (Reich et al,
1971).
Os tipos de degradação são geralmente analisados pelos aspectos listados a seguir
(O’Donnell et al, 1970):
a) Em relação à severidade da degradação, podem ser classificados em superficial e
estrutural. Na degradação superficial alteração do aspecto visual do material
polimérico e principalmente da sua cor, enquanto que na degradação estrutural há
alterações das propriedades mecânicas, térmicas, elétricas, etc., comprometendo o
desempenho estrutural do material polimérico (O’Donnell et al, 1970);
b) Em relação aos mecanismos gerais das reações de degradação, podem ser classificados
em degradação com ou sem cisão da cadeia principal do polímero. Na degradação sem
cisão da cadeia principal, pode ocorrer a formação excessiva de ligações cruzadas, a
substituição ou a eliminação de grupos laterais e reações entre os próprios grupos
laterais, incluindo ciclização, dentre outras. Na degradação com cisão da cadeia
principal do polímero, ocorre uma redução drástica da massa molar média das cadeias
poliméricas, que acontece de forma aleatória ou de forma inversa ao processo de
polimerização, denominado despolimerização (O’Donnell et al, 1970);
Silva, J. D. C. B. K. F. Revisão bibliográfica
11
c) Em relação ao local de atuação dos agentes de degradação, podem ser considerados três
casos distintos: degradação causada pelo processamento do polímero, pelas condições
de serviço e após o uso do material polimérico (O’Donnell et al, 1970);
d) Em relação aos tipos de agentes ou fatores causadores da degradação, podem ser
classificados como químicos, físicos e biológicos. Na degradação física os agentes
podem ser a radiação solar e outras radiações, calor e atrito mecânico intenso. A
degradação química é produzida por agentes como a água, os ácidos, as bases, os
solventes e outros produtos químicos, como o oxigênio, o ozônio ou ainda poluentes
atmosféricos. Os agentes de degradação biológica são microorganismos, como fungos e
bactérias. A degradação, em si, tem natureza química, sendo os microorganismos os
agentes que provocam os ataques químicos (O’Donnell et al, 1970);
e) Em relação aos processos responsáveis pela degradação dos polímeros, a classificação
das reações de degradação é separada nos seguintes tipos principais: degradação
térmica, degradação mecânica, degradação termomecânica, degradação química
(incluindo oxidação), termo-oxidação, degradação mecano-química, foto-degradação,
degradação radiolítica, foto-oxidação, biodegradação e foto-biodegradação. O processo
de degradação de um material polimérico pode, portanto, ser desencadeado por um ou
mais agentes, tornando-se, dessa forma, mais complexo (O’Donnell et al, 1970).
Muitos polímeros são susceptíveis ao ataque do oxigênio durante a sua síntese,
armazenamento, processamento e uso como produto final. Isto torna muito importante o
processo oxidativo de degradação, que tipicamente ocorre pelas reações em cadeia, via
radicais livres. Nesses processos, que deterioram gradativamente as propriedades dos
polímeros, ocorrem cisões e/ou ramificações nas cadeias poliméricas, promovendo a perda
das propriedades físicas. As reações básicas envolvidas nessas transformações da estrutura
química do polímero podem ser ilustradas por um mecanismo simplificado, descrito no
Esquema 1 (Malaika, 1991).
Silva, J. D. C. B. K. F. Revisão bibliográfica
12
Iniciação:
RH R• + H• (1)
Propagação da cadeia: R• + O
2
ROO• (2)
ROO• + RH ROOH + R• (3)
ROOH RO• + HO•
(4)
Reações de transferência da cadeia: RO• + RH ROH + R• (5)
HO• + RH HOH + R•
(6)
Terminação: R• + R• R - R (7)
ROO• + ROO• ROOR + O
2
(8)
R• + ROO• ROOR (9)
Esquema 1: Mecanismo geral de oxidação de polímeros via radicais livres (Malaika, 1991)
Analisando o Esquema 1, verifica-se que a oxidação ocorre pela formação de
radicais livres peróxido que promovem cisões na cadeia polimérica. O primeiro produto da
auto-oxidação é o hidroperóxido que é térmica e fotoliticamente instável e,
conseqüentemente, uma fonte de iniciação de outros radicais livres. Os produtos
intermediários, formados nas reações de propagação (Equações 2 a 4) e transferência
(Equações 5 a 6) da cadeia polimérica, regeneram-se continuamente até a terminação por
meio de reações de acoplamento (Equações 7 a 9), ou através de reações com
antioxidantes, que atuam como agentes redutores ou oxidantes (Malaika, 1991).
Um aspecto fundamental da degradação oxidativa é a dependência com a
concentração de oxigênio. Embora em filmes a cinética de degradação seja controlada pela
velocidade de reação, pois existe abundância de oxigênio, em materiais mais espessos as
reações oxidativas podem ficar restritas às camadas superficiais da peça (Rabello, 2000).
A estrutura química da borracha natural é altamente susceptível à degradação
devido à presença de grande número de duplas ligações na cadeia principal que, mesmo
após a vulcanização, permanecem insaturadas e aptas a serem oxidadas. O grau de
envelhecimento das borrachas depende de vários fatores, que incluem a natureza da cadeia,
a formulação, isto é, a quantidade e tipo de aditivos utilizados, as condições de
Silva, J. D. C. B. K. F. Revisão bibliográfica
13
processamento, o desenho, a aplicação do produto e as condições ambientais às quais o
material é submetido (Forrest, 2001).
A degradação da borracha natural é acelerada, principalmente, pelo calor, umidade,
luz, ozônio e radiação (Vinod et al, 2002). Os principais tipos de degradação nos artefatos
à base de látex são:
degradação oxidativa - degradação que ocorre na presença de oxigênio, o qual participa
de uma ou mais das reações químicas envolvidas;
• degradação foto-oxidativa – degradação induzida pela ação conjunta de luz e oxigênio;
• degradação termo-oxidativa - degradação induzida pela ação combinada de calor e
oxigênio; e
degradação termoquímica degradação induzida pela ação combinada de agentes
químicos e calor (Forrest, 2001).
O principal processo de envelhecimento em borrachas é a oxidação. A degradação
oxidativa geralmente ocorre de forma lenta em temperaturas baixas, porém tem efeitos
significativos à medida que a temperatura aumenta. A oxidação da borracha envolve a
reação de radicais livres gerados na cadeia polimérica pela ação do oxigênio molecular.
Os radicais livres podem ser formados pela decomposição de hidroperóxidos presentes na
borracha em quantidades mínimas após o processamento. Essas reações produzem o
rompimento da cadeia polimérica através da oxidação das ligações insaturadas (Malaika,
1991).
Desde 1912, sabe-se que os grupos mais reativos formados na borracha durante a
oxidação o os grupos peróxidos. Esses hidroperóxidos são muito instáveis e facilmente
se dissociam em radicais livres, que se propagam na borracha pelo mecanismo em cadeia
chamado de auto-oxidação (Malaika, 1991).
Atualmente existem vários métodos disponíveis para se retardar ou evitar a
degradação de polímeros, que variam de acordo com o tipo de estrutura química dos
mesmos. . Em composições de borracha natural, é necessária a adição de aditivos que, por
exemplo, retardem o processo de oxidação, ou seja, antioxidantes (Rabello, 2000).
Os antioxidantes são talvez os aditivos mais importantes para composições de
borracha, onde são incorporados quase que obrigatoriamente para a maior parte dos
produtos comerciais. Normalmente são eficazes em quantidade muito pequenas, o que é
um fator positivo pois afeta pouco as outras propriedades do material (Rabello, 2000).
Silva, J. D. C. B. K. F. Revisão bibliográfica
14
As formas de atuação dos antioxidantes são resumidas a seguir:
• prevenção: absorvedores de ultravioleta e antiozonantes;
• redução da velocidade de oxidação: desativadores de estados excitados (quenchers);
reação com radicais livres formados no processo de oxidação: antioxidantes primários e
secundários (Rabello, 2000).
É bastante comum a combinação de dois ou mais tipos de antioxidantes a fim de se
obter efeitos sinergísticos. Chama-se de sinergismo a ação cooperativa, protetora e
estabilizante de uma mistura de aditivos, de tal forma que o efeito total é maior que a soma
dos efeitos independentes. Por exemplo, antioxidantes primários e secundários completam-
se uns aos outros para inibir a oxidação. Isso significa que a eficiência da combinação é
superior à eficiência aditiva dos componentes individuais (Neiman, 1964).
A Figura 5 mostra esquematicamente o efeito de aditivos estabilizadores ou
retardadores do processo de oxidação (representado pelo consumo de oxigênio pelo
polímero). Primeiramente, um período de indução é observado durante o qual não
oxidação. Após esse período de indução, quando os aditivos tenham sido consumidos, a
oxidação ocorre com alta velocidade, exceto quando se usam retardadores (Rabello, 2000).
É desejável que os estabilizantes devam ser incolores e que contribuam pouco para
a coloração do substrato, devam ser em de fluidez fácil ou líquidos de média ou baixa
viscosidade, tenham estabilidade térmica para suportar as etapas de mistura e
processamento, apresentem estabilidade hidrolítica, tenham boa resistência à extração por
água e outros solventes, sejam solúveis no monômero ou no solvente para melhor
dispersão, devam ser compatíveis com o polímero, apresentando baixa tendência à
migração e tenham baixa volatilidade (Rabello, 2000).
Os antioxidantes são substâncias que quando presentes em um sistema inibem ou
retardam o processo oxidativo. São divididos em dois grupos principais:
(1) antioxidantes primários, ou bloqueadores de cadeia; são os que interrompem o
ciclo de propagação, reagindo com os radicais R• e ROO•, introduzindo daí novas reações
de terminação;
(2) antioxidantes secundários; que destroem os hidroperóxidos, um dos principais
iniciantes da oxidação (Rabello, 2000).
Silva, J. D. C. B. K. F. Revisão bibliográfica
15
Figura 5 - Representação esquemática do efeito de estabilizantes na velocidade de oxidação,
avaliada pelo consumo de oxigênio (Rabello, 2000)
Os antioxidantes podem ainda atuar como retardadores de oxidação, reagindo mais
lentamente com os radicais, introduzindo novas reações de propagação e prolongando a
vida útil do material. Os principais tipos de antioxidantes primários são as aminas e os
fenóis, que possuem átomos de hidrogênio mais reativos com os radicais peróxi ou alcoxi
do que os átomos de hidrogênio da cadeia do polímero. Os fenóis são usados
preferencialmente devido à menor tendência de coloração (não-manchante), embora
percam eficiência em temperaturas mais elevadas. A Figura 6 mostra a atuação genérica de
um antioxidante primário (Rabello, 2000).
Figura 6 - Atuação genérica de um antioxidante primário (Rabello, 2000)
Um estudo (Baker, 1990) abordando o efeito da temperatura no envelhecimento de
compostos de borracha natural mostrou a ocorrência de duas reações competitivas: a
formação de ligações cruzadas e a ruptura da cadeia polimérica através da oxidação das
Silva, J. D. C. B. K. F. Revisão bibliográfica
16
ligações insaturadas. Os pequenos aumentos nos valores de tensão na ruptura e do módulo
de elasticidade podem ser explicados por meio desse processo, ou seja, em curtos períodos
de envelhecimento, a extensão do rompimento da cadeia polimérica é baixa e o efeito da
formação de ligações cruzadas predomina. Em períodos mais longos de envelhecimento, a
situação se reverte resultando em decréscimo da resistência e do módulo (Baker, 1990).
A estabilidade de um material polimérico que forneça proteção contra os agentes
potencialmente nocivos à sua estrutura molecular tem como objetivo a manutenção das
características previstas para o seu desempenho adequado. Assegura-se desta forma uma
maior vida útil ao material polimérico, de acordo com os requisitos de suas aplicações
(Gazeley et al, 1990).
Em resumo, a desejável estabilização de um polímero é obtida pela prevenção e
controle dos processos responsáveis pela degradação, que podem ocorrer durante a síntese,
a composição, o processamento, e o uso final do artefato. Para alcançar essa estabilização
um material polimérico deve resultar na produção de um polímero mais estável,
envolvendo desde a escolha dos monômeros de alta pureza necessários na síntese, até a
utilização de processos especiais de polimerização, onde são minimizados os resíduos e as
impurezas no interior do polímero (Kelen, 1983).
2.3. Técnicas de caracterização
Artefatos à base de borracha natural como luvas, chupetas e bicos de mamadeira,
têm que passar por um rigoroso controle de qualidade antes de serem disponibilizados à
população. Nesse caso, ensaios para a determinação da resistência mecânica, antes e após
envelhecimento em estufa, são imprescindíveis (ABNT: NBR 13392, 2004; NBR 10334,
2003; NBR 13391, 1995).
Outras técnicas de caracterização também podem ser úteis para a comparação dos
materiais resultantes das formulações à base de látex, como a espectrometria na região do
infravermelho (FTIR), para a observação das bandas de absorção das principais ligações
químicas presentes, e a análise termogravimétrica ou termogravimetria (TG), para a
observação da estabilidade térmica dos materiais frente à temperatura e à atmosfera
oxidativa (Dias, 2003; Delpech, 2003).
Silva, J. D. C. B. K. F. Revisão bibliográfica
17
2.3.1. Espectrometria na região do infravermelho com transformada de
Fourier (FTIR)
A chamada radiação infravermelha (IR) corresponde à parte do espectro situada
entre as regiões do visível e das microondas. A radiação no infravermelho em freqüência
menor do que aproximadamente 100 cm
-1
, quando absorvida por uma molécula orgânica
converte-se em energia de rotação molecular. O processo de absorção é quantizado e, em
conseqüência, o espectro de rotação das moléculas consiste em uma série de linhas
(Silverstein et al, 1991).
A radiação infravermelha na faixa aproximada de 10.000 a 100 cm
-1
quando
absorvida converte-se em energia de vibração molecular. O processo também é quantizado,
porém o espectro vibracional costuma aparecer como uma série de bandas ao invés de
linhas, porque a cada mudança de nível de energia vibracional corresponde uma série de
mudanças de níveis de energia rotacional. A freqüência ou o comprimento de onda de uma
absorção depende das massas relativas e da geometria dos átomos e das constantes de força
das ligações químicas entre eles (Silverstein et al, 1991).
Existem dois tipos de vibrações moleculares: as deformações axiais e as
deformações angulares. Uma vibração de deformação axial é um movimento rítmico ao
longo do eixo da ligação, de forma a que a distância inter-atômica aumente e diminua
alternadamente. As vibrações de deformação angular correspondem a variações de ângulos
de ligação, seja internamente em um conjunto de átomos, seja deste grupo de átomos em
relação à molécula como um todo (Silverstein et al, 1991).
Os espectrômetros mais comuns são os de feixe duplo, que têm cinco seções
principais: fonte de radiação, área de amostra, fotômetro, rede de difração (monocromador)
e detector (termopar) (Silverstein et al, 1991).
Existem várias técnicas de análise, dependendo da forma física da amostra. A
técnica conhecida como reflexão total atenuada (ATR) ou espectroscopia de reflexão
interna permite a obtenção de espectros qualitativos de sólidos. Esta técnica baseia-se no
fato de que um feixe de luz refletido internamente pela superfície de um meio transmissor
penetra uma pequena distância além da superfície refletora e retorna ao meio transmissor
durante o processo de reflexão. Se um material, isto é, a amostra, é posto em contato com
a superfície refletora, a luz atravessa o material até a profundidade de alguns micrômetros,
produzindo-se, assim, um espectro de absorção (Silverstein et al, 1991).
Silva, J. D. C. B. K. F. Revisão bibliográfica
18
Curti et al. (2002) investigaram a degradação da borracha natural (NR) provocada
por solução de cloreto férrico (FeCl
3
) e caracterizaram por FTIR. Soluções de NR (1%
p/v) e FeCl
3
(0,5% p/v) foram preparadas em tolueno e alíquotas foram retiradas e
analisadas periodicamente. Verificaram que após a adição da solução de FeCl
3
à solução de
NR, algumas modificações foram observadas. Em geral no sistema ocorreu uma pequena
diminuição na área da banda de absorção atribuída à ligação C=C (deformação axial =
1663 cm
-1
). Ao mesmo tempo as deformações axiais referentes aos grupos metila e
metileno, CH
3
e CH
2
respectivamente, tiveram um aumento na intensidade. Esse aumento
de intensidade dessas bandas pode ter sido ocasionado pela quebra de algumas ligações
C=C, via radicais livres, as quais promoveram o aumento de grupos metila e metileno na
estrutura do polímero. Também foram obtidas bandas características de deformação de
ligação de cloro e carbono (C-Cl) possivelmente pela quebra da ligação dupla na borracha
natural (Curti et al., 2002).
Santos
Silva, J. D. C. B. K. F. Revisão bibliográfica
19
(PIR-G/FT-IR) foi aplicada a diferentes borrachas, incluindo algumas misturas, dentre
estas, com poli(siloxano) (borracha de silicone). A borracha de silicone apresentou bandas
intensas de deformação axial entre 1264 e 817 cm
-1
referentes ao grupamento Si-C. Foi
observado que é possível diferenciar os tipos de elastômeros por meio de análise de
produtos gasosos de pirólise (Sanches et al, 2006).
2.3.2. Análise termogravimétrica ou termogravimetria (TG)
A análise termogravimétrica é definida como um processo contínuo que envolve a
medida da variação de massa de uma amostra em função da temperatura (varredura de
temperatura), ou do tempo a uma temperatura constante (modo isotérmico) (Lucas et al.,
2001).
A amostra pode ser aquecida ou resfriada, a uma velocidade selecionada, ou pode
ser mantida a uma temperatura fixa. O resultado da análise, em geral, é mostrado sob a
forma de um gráfico cuja abscissa contém os registros de temperatura (ou do tempo) e a
ordenada, o percentual em massa perdido ou ganho (Lucas et al., 2001). Em uma curva
típica de decomposição térmica (curva de TG), pelo menos duas temperaturas consideradas
importantes podem ser identificadas: T
i
e a T
f
. A primeira, T
i
, é definida como a menor
temperatura em que pode ser detectado o início da variação de massa, para um
determinado conjunto de condições experimentais (onset”). A outra, T
f
, é a menor
temperatura que indica que o processo responsável pela variação de massa foi concluído
(Lucas et al., 2001).
Se existirem variações nas condições de análise, as curvas de TG podem apresentar
resultados que não serão reprodutíveis. Entre os fatores que afetam as curvas de
degradação podem ser citados os seguintes:
Efeito da forma da amostra: A forma física das amostras influencia o comportamento da
curva de degradação, e deve ser a mais uniforme possível. As amostras em são as mais
adequadas, pois a difusão de calor é mais facilitada em amostras finamente divididas do
que em filmes ou pellets, cuja forma física é mais densa. Comumente, a quantidade de
amostra varia na faixa de 2 a 4 mg. A Figura 10 ilustra a influência da forma da amostra
na curva de TG (Delpech, 2003; Lucas et al., 2001).
Silva, J. D. C. B. K. F. Revisão bibliográfica
20
Figura 7 - Curvas de TG de amostras de PMMA sob formas físicas diferentes (Lucas et al., 2001)
Efeito da velocidade de aquecimento: Quanto maior for a velocidade de aquecimento
mais deslocada para temperaturas mais elevadas estará a curva de degradação do material.
Ou seja, quanto maior essa velocidade, maior será a temperatura inicial de decomposição.
A degradação começa quando a pressão de vapor dos gases formados excede a pressão
parcial ambiente e eles podem então se difundir livremente na amostra. Quando a
velocidade de aquecimento é muito alta, essa difusão é dificultada e a temperatura de
degradação aumenta. Em velocidades mais baixas, a difusão dos gases é facilitada, e a
temperatura de decomposição é reduzida. É de grande importância fixar uma mesma
velocidade de aquecimento para analisar e comparar materiais distintos. A Figura 8
apresenta curvas de termogravimetria de um mesmo material polimérico analisado a
diferentes velocidades de aquecimento (Delpech, 2003; Lucas et al., 2001).
Figura 8 - Curvas termogravimétricas de um material polimérico registradas a várias
velocidades de aquecimento: (a) 10º C/min; (b) 20º C/min; (c) 50º C/min (Lucas et al., 2001)
Silva, J. D. C. B. K. F. Revisão bibliográfica
21
Efeito do tipo e condições do gás de arraste: Em geral, as análises são realizadas sob
fluxo de um gás. Na presença de nitrogênio, N
2
, que é um gás inerte, a amostra é
termicamente mais estável que sob atmosfera de ar sintético, ou seja, sob atmosfera
oxidativa. Ao se relatar a temperatura de degradação de uma amostra, esta informação
deve vir acompanhada não da velocidade de aquecimento da análise, como também da
atmosfera utilizada (ou vazão do fluxo utilizado) (Lucas et al., 2001).
O mecanismo de degradação, de um modo geral, segue o caminho inverso ao da
formação do polímero:
• é iniciado pela despolimerização, com formação dos monômeros;
• evolui às moléculas que deram origem aos monômeros; e
• termina com a formação de resíduos.
Conforme mencionado anteriormente polímeros naturais e sintéticos podem
apresentar certa instabilidade química sob a ação de determinados agentes, dentre os quais
podem ser citados: ações mecânicas, radiações eletromagnéticas, atmosfera oxidativa,
contato com solventes ou meios ácidos ou básicos e, principalmente, temperatura (Lucas et
al., 2001).
A resistência térmica dos materiais poliméricos, portanto, é influenciada por
diversos fatores, os quais podem ser classificados como químicos e físicos. Os fatores
químicos estão relacionados às forças das ligações químicas e intermoleculares, o grau de
ligações cruzadas e a presença de ramificações. Os fatores físicos compreendem a massa
molar, polidispersão, morfologia e grau de pureza (Lucas et al., 2001).
A velocidade de variação de massa em função da temperatura (dm/dT) ou do tempo
(dm/dt) é denominada DTG (curva derivada da curva de termogravimetria). A curva de
DTG é muito útil nos casos em que o registro de TG apresenta sobreposições decorrentes
do tipo de amostra ou mesmo das condições experimentais. As curvas de DTG apresentam
picos, que, dependendo do modo de operação do software, podem ser expressos como
máximos ou mínimos. Esses pontos indicam a temperatura na qual a velocidade de
degradação do estágio em questão é máxima. A curva de DTG apresenta detalhes que
podem ser imperceptíveis pelas curvas de TG. A área do pico sob a curva DTG é
diretamente proporcional à variação de massa e a altura do pico da curva DTG fornece a
razão de variação de massa na respectiva temperatura (Canevarolo, 2003; Lucas et al,
2001).
As derivadas das curvas de termogravimetria (DTG) são muito úteis para mostrar
estágios de degradação pouco acentuados e de difícil visualização. Dessa forma,
Silva, J. D. C. B. K. F. Revisão bibliográfica
22
diferenças sutis, não observáveis na curva de degradação, podem ser verificadas nas curvas
de DTG. Amostras podem se degradar na mesma faixa de temperatura, no entanto,
apresentarem perfis completamente diferentes. Além disso, pode ser que amostras tenham
perfil das curvas de TG similares, entretanto apresentarem o perfil das respectivas
derivadas (DTG) completamente diferentes (Coutinho et al, 2003; 2000).
Coutinho et al. (2003) investigaram a degradação térmica de filmes de poliuretanos
à base de poli(glicol propilênico) (PPG), ácido dimetilol propiônico (DMPA) e
diisocianato de 4,4’-biciclo-hexil-metileno (HMDI), obtidos a partir de dispersões aquosas.
Nas formulações, o tipo de extensor de cadeia foi variado: hidrazina (HYD), etileno-
diamaina (EDA) e glicol etilênico (EG). Foi verificado que, apesar de as curvas de TG das
amostras de poliuretanos com diferentes tipos de extensor de cadeia, apresentarem perfis
muito similares, as curvas das derivadas (DTG) mostraram estágios de degradação bastante
distintos, imperceptíveis nas curvas de TG. Esse estudo mostra que variações mínimas no
processo de degradação que não são observáveis nas curvas de TG podem ser verificadas
nas curvas de DTG.
Jansen et al. (1995) realizaram um estudo de degradação térmica em misturas à
base de borracha natural (NR), proveniente da Malásia, e copolímero à base de etileno e
acetato de vinila (EVA). Foi empregado como agente compatibilizante o copolímero à
base de mercaptoacetato de vinila (EVASH). Pelas curvas de degradação por análise
termogravimétrica (TG) obtidas neste estudo, a borracha natural pura (NR) apresentou
perfil de degradação com apenas um estágio, com temperatura inicial de 320ºC. No entanto
a mistura NR/EVA (60:40 phr) apresentou dois estágios de degradação. O primeiro estágio
foi atribuído à degradação da NR, porém a uma temperatura um pouco mais elevada do
que a observada para a NR pura, o que permitiu constatar o aumento na estabilidade
térmica com a adição de EVA à NR. A adição de EVASH ao copolímero anterior,
NR/EVA/EVASH (60:40:5 phr), provocou outra mudança na temperatura de degradação
da NR, tornando-a ainda mais elevada. Confirmando novamente a eficiência da EVA como
agente compatibilizante, aumentando com isso a estabilidade térmica do sistema.
Avaliações das propriedades químicas e físicas, como resistência a óleo e à queima,
auxiliam na eficiência das condições do uso dos materiais. Entretanto, como é sabido, os
elastômeros naturais e sintéticos possuem baixa resistência à queima. Com o grande
interesse em melhorar as propriedades de vários produtos poliméricos, que têm sido
extensivamente utilizados na construção civil e no setor de transporte, como selantes e
retardantes de chamas dentre outras aplicações, Ramesan (2004) realizou um estudo por
Silva, J. D. C. B. K. F. Revisão bibliográfica
23
termogravimetria (TG), para analisar as propriedades de resistência a óleo e a queima na
borracha natural (NR) e em copolímero de butadieno-estireno (SBR) misturado a
diclorocarbeno (DCSBR). Essa mistura apresentou alta polaridade devida à presença de
cloro, tendendo com isso a possuir uma alta resistência a óleo, ozônio, calor, chama e
reagentes químicos apolares. Devido ao fato de a borracha natural (NR) apresentar baixa
resistência a óleos, misturou-se também a essa borracha, o DCSBR. A curva obtida na
análise termogravimétrica (TG) nesse estudo confirmou uma melhor estabilidade térmica,
e maior resistência à queima nas misturas de NR com DCSBR, em relação à NR pura.
Segundo o autor, a alta estabilidade térmica e, a lenta degradação do DCSBR se devido
à presença do átomo de cloro (Ramesan, 2004).
2.3.3. Propriedades mecânicas
As propriedades mecânicas dos polímeros são de grande importância e interesse
científico e tecnológico, devido aos requisitos e/ou exigências que esses materiais devem
atender na maior parte de suas aplicações. Valores de propriedades mecânicas, tais como:
resistência à tração, módulo de elasticidade e alongamento na ruptura, podem servir como
base de comparação do desempenho mecânico dos diferentes polímeros, assim como para
a avaliação dos efeitos decorrentes da modificação na formulação do material com a
incorporação de aditivos (cargas, plastificantes e outros) (Canevarolo, 2003).
Em termos práticos, a análise das propriedades mecânicas é uma das considerações
essenciais a serem feitas no processo de seleção dos materiais poliméricos para o projeto
de uma peça ou de um produto. Estes valores de propriedades mecânicas são obtidos
através de ensaios mecânicos padronizados, dentre os quais se destacam os ensaios de
solicitação mecânica sob tração, flexão e compressão (Canevarolo, 2003).
Os resultados dos ensaios de resistência mecânica sob tração, flexão e compressão
são obtidos como curvas do tipo tensão versus deformação. Os ensaios são realizados
através da aplicação de uma solicitação ao material sob condições controladas, geralmente
deformação a uma velocidade constante, aa ruptura do material ou até que a tensão ou
deformação alcance um valor pré-estabelecido. Durante o experimento, a carga ou tensão
suportada pelo material e a deformação a ele imposta são registrados (Canevarolo, 2003).
A estrutura molecular do polímero é responsável pelo seu comportamento
mecânico. De acordo com esse comportamento, os materiais poliméricos podem ser
Silva, J. D. C. B. K. F. Revisão bibliográfica
24
classificados em termos de rigidez, fragilidade e tenacidade. Na Figura 9, são ilustrados,
em de curvas de tensão versus deformação, os cinco comportamentos típicos de alguns
materiais poliméricos:
(a) Polímeros com elevado módulo de elasticidade e baixo alongamento na ruptura;
(b) Polímeros com elevados: módulo de elasticidade, tensão na ruptura, e moderado
alongamento na ruptura;
(c) Polímeros com elevados: módulo de elasticidade, tensão no escoamento,
alongamento na ruptura e ótima resistência a tração;
(d) Polímeros com baixo módulo de elasticidade, baixa tensão de escoamento,
porém elevado alongamento e tensão no ponto de ruptura;
(e) Polímeros com baixos: módulo de elasticidade e tensão no escoamento, e um
alongamento no ponto de ruptura de moderada a elevada (Canevarolo, 2003).
Figura 9 - Curva de tensão versus deformação de materiais poliméricos com
comportamentos diferentes (Canevarolo, 2003)
Uma maneira simples e prática de classificar os polímeros a partir da curva tensão
versus deformação é distinguir comportamentos como frágil ou dúctil. Polímeros com
comportamento frágil não apresentam ponto de escoamento e, portanto, não se deformam
plasticamente. Polímeros com comportamento dúctil apresentam ponto de escoamento
nítido e deformam-se plasticamente. A tenacidade é uma medida da energia necessária
Silva, J. D. C. B. K. F. Revisão bibliográfica
25
para romper o polímero, e pode ser avaliada através da medida da área sob a curva tensão
versus deformação do polímero (Canevarolo, 2003).
Os ensaios de tração, flexão e compressão são executados em um aparelho
chamado de Máquina Universal de Ensaios que consiste basicamente em um arranjo
constituído por duas travessas (uma fixa e a outra móvel), uma célula de carga, um
mecanismo de direcionamento, acessórios de fixação dos corpos de prova e extensômetros.
A máquina de ensaios deve ter capacidade de manter velocidades constantes num intervalo
de 1 a 500 mm/s, com tolerância de erro pequena. A célula de carga registra carga durante
o ensaio. Nos ensaios de tração, são acoplados às travessas fixa e móvel, dispositivos de
fixação dos corpos-de-prova (garras). Estas garras podem apresentar acionamento manual
ou pneumático (Canevarolo, 2003).
Os extensômetros têm o papel de medir a deformação do polímero durante o ensaio,
no caso de deformações que exijam precisão elevada. Esta deformação pode também ser
registrada simplesmente pelo deslocamento da travessa móvel em relação à travessa fixa,
em testes que exijam precisão menor (Canevarolo, 2003).
Propriedades mecânicas sob tração, flexão e compressão são determinadas por
testes padronizados e são especialmente úteis para propósitos de controle de qualidade e
especificações. Os princípios fundamentais destes ensaios mecânicos estão descritos de
forma detalhada em normas técnicas especializadas, como ASTM, BSI e outras
(Canevarolo, 2003).
Os ensaios mecânicos utilizam corpo de prova com geometrias, dimensões e
tolerâncias dimensionais especificadas em cada norma técnica. Os corpos de prova podem
ser preparados a partir de moldagem por injeção, ou ainda retirados de chapas extrudadas,
placas moldadas por compressão, laminados, tubos, peças acabadas ou semi-acabadas,
entre outras modalidades (Canevarolo, 2003).
As propriedades mecânicas dos polímeros obtidas por estes ensaios podem variar
com as condições de preparação dos corpos de prova, condições de acondicionamento e
testes dos corpos de prova. Para comparação de resultados, estes fatores devem ser
controlados cuidadosamente. Quanto às condições de preparação estes corpos de prova
devem ser confeccionados da forma mais homogênea possível (Canevarolo, 2003).
As propriedades mecânicas mais importantes que refletem as propriedades físicas
de artefatos elastoméricos são: a resistência à tração ou tensão na ruptura (RT), módulo à
500% (M), deformação permanente (DP) e alongamento na ruptura.. A tração na ruptura e
o módulo estão associados ao grau de reticulação da borracha. Quanto maior esse grau,
Silva, J. D. C. B. K. F. Revisão bibliográfica
26
maior será a resistência mecânica. Deformação permanente e alongamento na ruptura
fornecem informações sobre as propriedades elásticas da borracha, as quais diminuem com
o aumento do grau de reticulação (Canevarolo, 2003).
Escócio et al. (2004) verificaram que o efeito do envelhecimento em artefatos é
principalmente importante quanto ao custo e qualidade, tornando o material atrativo ou não
para produtos expostos a condições climáticas mais exigentes. Estudou-se o efeito do
envelhecimento acelerado em composições vulcanizáveis de borracha natural com mica. O
teor da carga mineral variou entre 0 e 40phr. As diferentes composições foram avaliadas,
antes e após envelhecimento, quanto às propriedades mecânicas e dinâmico-mecânicas, e
também quanto à densidade de ligações cruzadas. Todos os dados foram comparados aos
da composição sem carga. Os resultados mostraram que é recomendável que o teor de mica
na formulação estudada, antes e após envelhecimento, não deve ser superior a 30phr, pois
após este valor as propriedades mecânicas foram prejudicadas. Neste estudo também foi
concluído que as características da mica foram responsáveis pela resistência ao
envelhecimento das composições de borracha natural, nas condições escolhidas (Escócio et
al., 2004).
Oliveira (2004) verificou que o material mais utilizado em equipamentos de
proteção para manutenção de redes de energia elétrica ou “linha viva” é a borracha natural.
Por esse motivo, estudou diferentes formulações de borracha natural com diferentes
concentrações de carga de negro de carbono e silicato de alumínio. O estudo dessas
formulações se baseou na caracterização das propriedades mecânicas de módulo de
elasticidade, tangente delta e resistência à tração (tensão x deformação). Os resultados
obtidos neste estudo pelos ensaios mecânicos convencionais mostraram que, as amostras
com silicato de alumínio ficaram mais rígidas, com redução da tensão e alongamento na
ruptura indicando baixa interação com o elastômero, no caso, a borracha natural. Enquanto
que, na série com negro de carbono o aumento da dureza foi menor, e o alongamento e o
módulo permaneceram praticamente estáveis, indicando maior interação entre a carga e o
polímero.
Silva, J. D. C. B. K. F. Objetivo
27
3. Objetivo
Esta Dissertação teve como objetivo caracterizar e comparar artefatos comerciais à
base de borracha natural e à base de material sintético, empregados em contato direto com
organismos vivos. Amostras de luvas, bicos de chupetas e bicos de mamadeiras foram
analisadas como recebidas e após envelhecimento acelerado em estufa por espectrometria
na região do infravermelho (FTIR), análise termogravimétrica (TG) e avaliação do
comportamento mecânico.
Silva, J. D. C. B. K. F. Materiais e métodos
28
4. Materiais e métodos
Neste capítulo, encontram-se descritas as etapas do desenvolvimento experimental.
Os produtos comerciais, solventes e equipamentos empregados nesta Dissertação estão
listados separadamente a seguir.
4.1. Produto químico
O principal solvente utilizado na elaboração desta Dissertação está descrito a
seguir:
Álcool isopropílico - procedência: Vetec Química Fina Ltda., grau de pureza: P.A.,
usado como recebido.
4.2. Materiais
Para um efeito melhor de comparação e caracterização, neste estudo foram
utilizados artefatos comerciais destinados à área de saúde, à base de látex de borracha
natural e à base de polímero sintético. Os artefatos comerciais utilizados foram adquiridos
em farmácias e drogarias populares e estão listados a seguir:
• Bico de chupeta à base de borracha natural e à base de material sintético;
• Bico de mamadeira à base de borracha natural e à base de material sintético;
• Luva cirúrgica de borracha natural, tamanho 7,0;
• Luva de procedimento não-cirúrgico de material sintético, tamanho pequeno (P).
Com exceção das luvas de procedimento não-cirúrgico à base de material sintético,
que são de fabricação estrangeira e importador nacional, os demais materiais comerciais
utilizados procederam de fabricantes nacionais. Durante o estudo, todos os materiais
comerciais se encontravam dentro do prazo de validade.
Silva, J. D. C. B. K. F. Materiais e métodos
29
Por questões de confidencialidade e imparcialidade, as marcas, os números dos
lotes, fabricantes e importadores não serão divulgados nesta Dissertação. Os bicos de
chupeta e mamadeira utilizados, tanto à base de borracha natural como à base de material
sintético, eram do mesmo fabricante, conseqüentemente da mesma marca. Entretanto, a
luva cirúrgica de borracha natural e a luva sintética de procedimento não-cirúrgico, eram
de fabricantes diferentes, portanto de marcas comerciais também diferentes.
A identificação das amostras será discriminada com quatro (04) letras, sendo as
duas primeiras referentes ao tipo do produto comercial, por exemplo, para as chupetas
(Ch), mamadeiras (Mm) e luvas (Lv). A terceira letra será referente ao tipo de produto, se
borracha natural (N) ou material sintético (S). E finalmente, a quarta letra corresponde à
marca fictícia (A, B ou C). Por serem os bicos de chupeta e de mamadeira do mesmo
fabricante, a discriminação será ChNA e MmNA para as chupetas e mamadeiras,
respectivamente, à base de borracha natural. Para os bicos de chupetas e de mamadeiras, à
base de material sintético a discriminação será respectivamente, ChSA e MmSA. No
entanto, as luvas, por serem de fabricantes e de materiais diferentes, serão discriminadas,
como LvNB para a cirúrgica de látex natural e, LvSC para a luva de procedimento o-
cirúrgico de material sintético.
A Tabela 1 mostra os artefatos estudados com seus códigos, especificações e
origens.
Tabela 1 - Códigos, especificações e origens dos materiais comerciais estudados
Material
Comercial
Matéria prima
Marca
Origem
Código
Chupeta
Borracha natural A Brasil / SP ChNA
Chupeta Material sintético A Brasil / SP ChSA
Mamadeira Borracha natural A Brasil / SP MmNA
Mamadeira Material sintético A Brasil / SP MmSA
Luva Borracha natural B Brasil / RJ LvNB
Luva* Material sintético C China LvSC
(*) Artefato comercial de importação nacional, os demais artefatos são de fabricação nacional
Silva, J. D. C. B. K. F. Materiais e métodos
30
4.3. Equipamentos
Foram utilizados nesta Dissertação os seguintes aparelhos:
Balança termogravimétrica (TG/DTG), marca TA Instruments, modelo analisador
termogravimétrico TGA-2050, versão V 5.4 A;
1A
Balança termogravimétrica (TG/DTG), marca Universal Analysis 2000, modelo
analisador termogravimétrico TGA Q50, versão V 6.4 Build 193;
2
Balança termogravimétrica (TG/DTG), marca TA Instruments, modelo analisador
termogravimétrico TGA HR 2950, versão V5.4 A;
3
• Dispositivo e garras de fixação e peso de 60 N para ensaio de tração em chupetas;
1B
Espectrômetro de infravermelho com transformada de Fourier Perkin Elmer (FTIR),
modelo Spectrum One, utilizando Universal ATR Sampling Accessory;
2
• Estufa com circulação de ar, marca FANEM, modelo 320 E;
1B
Máquina Universal de Ensaios, marca EMIC Equipamentos e Sistemas de Ensaio,
modelo DL-500, programa M-Test, certificado de calibração EMIC nº 767/06;
1B
Medidor de espessura, marca Vogel Germany, certificado de calibração ITUC
nº0153/04;
1B
• Peso de metal com carga de 60 N;
1B
• Prensa de corte pneumática, marca CEAST, modelo 6052.001;
1B
Régua de aço graduada, marca FERPIL, modelo graduada em milímetros, certificado de
calibração Inmetro nº DIMCI 2259/2006;
1B
• Termo-higrógrafo, marca Sato Keiryoki MFG. CO. Ltda., modelo 7210-00 NSII-Q,
certificado de calibração Inmetro nº DIMCI 2172/2006;
1B
O autor agradece as seguintes instituições que permitiram a utilização de seus equipamentos
durante a realização desta Dissertação:
1
Instituto Nacional de Tecnologia (INT) / Laboratório de Catálise (LACAT)
1A
/
Laboratório de
Polímeros (LAPOL)
1B
, Rio de Janeiro/RJ.
2
Instituto de Química / Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Rio de Janeiro/RJ.
3
Petroflex Indústria e Comércio S.A., Duque de Caxias/RJ.
(
1B
) Laboratório acreditado pelo Inmetro para realização de ensaios de verificação da conformidade
em luvas cirúrgicas e de procedimentos não-cirúrgicos.
Silva, J. D. C. B. K. F. Materiais e métodos
31
4.4. Procedimentos
4.4.1. Espectrometria na região do infravermelho (FTIR)
Para a verificação das principais bandas de absorção dos grupamentos presentes nos
materiais comerciais em questão, isto é, bicos de chupetas, bicos de mamadeiras e luvas, à
base de borracha natural e à base de material sintético, bem como para possível detecção
de aditivos presentes nas formulações, utilizou-se a espectrometria na região do
infravermelho com transformada de Fourier (FTIR). No entanto, como as amostras foram
insolúveis nos solventes orgânicos usuais, foram então analisadas através da técnica de
reflexão total atenuada (ATR). Para a realização dessa análise, um pequeno pedaço de
cada material foi cortado e colocado no equipamento adaptado com o Universal ATR
Samplig Accessory. As amostras de bico de chupeta e de mamadeira foram analisadas
após a retirada da embalagem. Para as amostras de luva, primeiramente foi necessária a
retirada do bio-absorvível que é encontrado neste produto. Para isso, as amostras de
luvas foram lavadas com álcool isopropílico, apenas mergulhando-as nesse solvente. Após
a lavagem as amostras de luva foram deixadas ao ar em capela para secagem.
Inicialmente a técnica de espectrometria na região do infravermelho com
transformada de Fourier por ATR foi realizada em todas as amostras originais. Com a
finalidade de simular um envelhecimento acelerado para obter melhor comparação entre os
artefatos, todas as amostras foram tratadas em estufa a (70 ± 2)ºC por (168 ± 2) horas,
como é determinado em algumas normas nacionais (ABNT: NBR 13392, 2004; NBR
13391, 1995). Para esse tratamento em estufa as amostra comerciais ficaram suspensas sem
encostarem umas nas outras e tão pouco nas paredes da estufa. Após esse procedimento, as
amostras comerciais envelhecidas em estufa foram submetidas a mesma técnica de
espectrometria no infravermelho. Os espectros obtidos por essa técnica estão apresentados
no item 5. Resultados e discussão, desta Dissertação.
4.4.2. Análise Termogravimétrica ou Termogravimetria (TG)
Para analisar as diferenças ocorridas no processo de degradação dos diversos
materiais comerciais de borracha natural e de material sintético, foram realizadas análises
Silva, J. D. C. B. K. F. Materiais e métodos
32
termogravimétricas tanto em atmosfera oxidativa, sob ar sintético, como em atmosfera
inerte, sob nitrogênio. Com a mesma finalidade declarada anteriormente na técnica de
FTIR, as análises termogravimétricas também foram realizadas nas amostras tratadas em
estufa (ABNT: NBR 13392, 2004; NBR 13391, 1995).
Para a realização da análise termogravimétrica as amostras comerciais foram
cortadas com o auxílio de uma tesoura, em pequenos pedaços para facilitar a pesagem das
massas. As amostras de bicos de chupeta e de mamadeira foram cortadas diretamente após
a retirada da embalagem. Já as amostras de luva, primeiramente foi necessária a retirada do
bioabsorvível. A retirada do bioabsorvível foi realizada com álcool isopropílico pela
mesma metodologia utilizada na técnica de infravermelho. As massas das amostras
comerciais pesadas nas análises termogravimétricas variaram na faixa de 8 a 10 mg. As
análises termogravimétricas foram realizadas sob uma vazão de ar de 6 mL/min na balança
e de 4 mL/min sob a amostra, com velocidade de aquecimento de 10ºC/min, na faixa de
a 700ºC. Os espectros obtidos por essa técnica estão apresentados no item 5. Resultados e
discussão, desta Dissertação.
4.4.3. Ensaios mecânicos em luvas
Os ensaios mecânicos foram realizados em amostras das luvas cirúrgicas à base de
borracha natural e em luvas de procedimento não-cirúrgico à base de material sintético,
segundo as normas brasileiras vigentes para esses artefatos, respectivamente, ABNT NBR
13391 (1995) e 13392 (2004) em Laboratório acreditado pelo Inmetro para esses ensaios.
Conforme recomendado em normas técnicas, para a realização dos ensaios
mecânicos de tensão e alongamento de ruptura antes do envelhecimento, foi retirado de
cada luva um corpo-de-prova no formato de “gravatinha” através de um corte no sentido
do comprimento, paralelo à estrutura e no sentido da imersão, a uma distância de 75 mm a
85 mm, a partir da extremidade aberta da luva. Os corpo-de-prova com largura de 6 mm
foram obtidos com um único golpe da matriz de corte (prensa pneumática), garantindo uma
superfície lisa e uniforme. As seções obtidas para o ensaio estavam livres de superfícies
rugosas e texturizadas, bem como de revestimento interno e camadas. Após o corte os
corpos-de-prova foram lavados com álcool isopropílico para a retirada do bio-
absorvível presente nesse material, e deixados ao ar em capela para secagem. A distância
entre os centros das marcas para leitura na seção reduzida do corpo-de-prova foi de
Silva, J. D. C. B. K. F. Materiais e métodos
33
24,80mm. Para determinar a espessura do corpo-de-prova, após estarem secos foram
realizadas três (03) medições com um medidor de espessura calibrado. Uma medição da
espessura no centro e mais outras duas, sendo uma em cada extremidade da seção reduzida
do corpo-de-prova. A mediana das três determinações foi usada como a espessura final no
cálculo da área da seção transversal. Os corpos-de-prova com diferenças entre as leituras
máxima e mínima, que excederam 0,08 mm foram descartados. O corpo-de-prova
(gravatinha) foi fixado na garra conectada à máquina universal de ensaios (EMIC). Para
determinar e registrar a tensão e o alongamento de ruptura foi utilizado um extensômetro
com registrador gráfico controlado por um microprocessador com uma interface para
computador. O ensaio de tensão e alongamento de ruptura foi realizado através do
Programa MTest, com velocidade de separação de garras de 500 mm/min e com célula de
carga de 200N (20 kgf) (ABNT: NBR 13392, 2004; NBR 13391:1995). Para a realização
do ensaio de envelhecimento, as luvas ficaram suspensas em estufa, sem encostar umas nas
outras e tão pouco nas laterais da estufa. As amostras foram acondicionadas em estufa a
uma temperatura de (70 ± 2) ºC por (168 ± 2) horas. A preparação dos corpos-de-prova e a
realização dos ensaios foram feitas pela mesma metodologia que nas amostras não
envelhecidas (ABNT: NBR 13392, 2004; NBR 13391:1995). Para a realização desse
ensaio antes e após envelhecimento acelerado em estufa foram utilizadas treze (13) luvas
do mesmo lote, de cada um foi retirado um corpo-de-prova (ABNT NBR 5426, 1985).
4.4.4. Ensaios mecânicos em bicos de chupetas
As propriedades mecânicas mais importantes em chupetas de borracha natural e
material sintético, segundo a norma vigente brasileira, são tração a 9e tração vertical.
Na primeira, utilizou-se uma garra de fixação aplicada na extremidade do bulbo,
abrangendo 10 mm a partir de sua ponta, a chupeta foi submetida à aplicação de uma carga
de 60 N a 9do eixo do bico, conforme demonstrado na Figura 10. Foi aplicada uma
carga de 60 N progressivamente por um período de 15 segundos e esta carga permaneceu
por (10 ± 0,5) s. Na realização da tração vertical, também com uma garra de fixação, a
chupeta foi submetida a uma carga de 60 N no sentido do eixo do bico, conforme
demonstrado na Figura 11. Foi aplicada progressivamente uma carga também de 60N
durante um período de 15 segundos e permaneceu sob carga plena por (10 ± 0,5) s. Após
os ensaios de tração à 90º e de tração vertical, para verificar a conformidade das amostras
Silva, J. D. C. B. K. F. Materiais e métodos
34
de chupeta, estas foram inspecionadas para verificar se permaneciam intactas, sem
distorção permanente que as tornasse inviáveis para o uso, sem apresentar qualquer sinal
de dano no bico (ABNT NBR 10334, 2003). Apesar da norma brasileira vigente para a
avaliação da qualidade em chupetas não mencionar o tratamento em estufa para simulação
do envelhecimento acelerado, com a finalidade de comparação entre os resultados, as
amostras comerciais de chupeta foram tratadas em estufa similarmente ao procedimento
especificado na norma brasileira vigente para avaliação da qualidade de luva, mencionado
anteriormente (ABNT: NBR 13392, 2004; NBR 13391, 1995; NBR 5426, 1985).
Figura
10
-
Esquema de ensaio d
e tração a 90º (ABNT NBR 10334, 2003)
Figura 11 - Esquema de ensaio de tração vertical (ABNT NBR 10334, 2003)
Silva, J. D. C. B. K. F. Materiais e métodos
35
4.4.5. Ensaios mecânicos em bicos de mamadeiras
Como a norma brasileira vigente responsável pela avaliação da qualidade em
mamadeiras não abrange a realização dos ensaios mecânicos para o bico deste artefato, não
foi possível determinar o método adequado para a realização desse ensaio (ABNT NBR
13793, 2003)
Silva, J. D. C. B. K. F. Resultados e discussão
36
5. Resultados e discussão
Os resultados apresentados a seguir foram obtidos por meio de análises de
espectrometria na região do infravermelho com transformada de Fourier (FTIR),
termogravimetria (TG) e ensaios mecânicos para os seguintes artefatos: bicos de chupetas,
bicos de mamadeiras e luvas cirúrgicas e de procedimentos não-cirúrgicos, à base de
borracha natural e de material sintético.
5.1. Espectrometria na região do infravermelho com transformada de Fourier
(FTIR)
A técnica de espectrometria na região do infravermelho por refletância total
atenuada (ATR) foi utilizada com o objetivo de analisar e comparar através dos
comprimentos de onda, os principais grupamentos presentes nos diferentes materiais
comerciais voltados para a saúde. Esses materiais foram analisados antes e após
envelhecimento em estufa, a (70 ± 2)ºC por (168 ± 2) h. Conforme mencionado
anteriormente, este tratamento em estufa foi utilizado para simulação do envelhecimento
do material, diretamente relacionado à vida útil do artefato.
Este estudo teve como objetivo principal a análise comparativa de diferentes
artefatos de mesmo fabricante e de fabricantes diferentes, e pode-se observar que os
espectros de FTIR apresentaram diferenças. As amostras analisadas foram: bicos de
chupeta e de mamadeira à base de borracha natural da marca A, antes e após tratamento em
estufa, respectivamente, ChNA, MmNA, ChNA env e MmNA env; bicos de chupeta e de
mamadeira à base de material sintético da marca A, antes e após tratamento em estufa,
respectivamente, ChSA, MmSA, ChSA env, MmSA env; luvas à base de borracha natural
da marca B, antes e após tratamento em estufa, respectivamente, LvNB e LvNB env; e,
luvas à base de material sintético da marca C, antes e após tratamento em estufa,
respectivamente, LvSC e LvSC env.
Considerando primeiramente os artefatos comerciais à base de borracha natural, a
Figura 12 mostra o espectro de FTIR da amostra de bico de chupeta e a Figura 13, o
espectro de FTIR dessa mesma amostra após o envelhecimento. A Figura 14 mostra o
Silva, J. D. C. B. K. F. Resultados e discussão
37
espectro de FTIR da amostra de bico de mamadeira e a Figura 15 o espectro de FTIR dessa
mesma amostra após o envelhecimento. A Figura 16 mostra o espectro de FTIR de
amostra de luva de borracha natural e a Figura 17 o espectro de FTIR desta mesma amostra
após o envelhecimento. A Figura 18 mostra o espectro padrão de FTIR do poli-
cis(isopreno) (IR) obtido da literatura (FTIR Spectral library, 1989-1995).
Figura 12: Espectro de FTIR da amostra de chupeta de borracha natural antes do envelhecimento (ChNA)
Figura 13: Espectro de FTIR da amostra de chupeta de borracha natural após envelhecimento
(ChNA envelhecida)
4000.0
3600
3200
2800
2400
2000
1800
1600
1400
1200
1000
800
650.0
52.0
55
60
65
70
75
80
85
90
95
100.0
cm-1
%T
ChNA
Silva, J. D. C. B. K. F. Resultados e discussão
38
Figura 14: Espectro de FTIR da amostra de bico de mamadeira de borracha natural antes do envelhecimento
(MmNA)
Figura 15: Espectro de FTIR da amostra de bico de mamadeira de borracha natural após envelhecimento
(MmNA envelhecida)
4000.0
3600
3200
2800
2400
2000
1800
1600
1400
1200
1000
800
650.0
19.0
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
75
80
85
90
95
100.0
cm-1
%T
MmNA
3350
2962
2920
2851
1794
1579
1537
1425
1297
1259
1208
1076 1016
915
872
796
712
700
4000.0
3600
3200
2800
2400
2000
1800
1600
1400
1200
1000
800
650.0
20.9
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
75
80
85
90
96.7
cm-1
%T
MmNA envelhecida
3348
2962
2854
2177
2022
1634
1446
1376
1259
1085
1015
863
795
701
Silva, J. D. C. B. K. F. Resultados e discussão
39
Figura 16: Espectro de FTIR da amostra de luva de borracha natural antes do envelhecimento (LvNB)
Figura 17: Espectro de FTIR da amostra de luva de borracha natural após envelhecimento
(LvNB envelhecida)
4000.0
3600
3200
2800
2400
2000
1800
1600
1400
1200
1000
800
650.0
3.0
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
75
80
85
90
95
100.0
cm-1
%T
LvNB
3341
2961
2920
2852
2513
1794
1579
1536
1408
1298
1272
1207
1144
1096
1073
994
914
872
840
778
712
4000.0
3600
3200
2800
2400
2000
1800
1600
1400
1200
1000
800
650.0
28.2
35
40
45
50
55
60
65
70
75
80
85
90
96.2
cm-1
%T
LvNB envelhecida
2960
2918
2853
1428
1376
1271
1208
1144
1078
1038
995
915
872
836
738
712
Silva, J. D. C. B. K. F. Resultados e discussão
40
Silva, J. D. C. B. K. F. Resultados e discussão
41
Figura 20: Espectro de FTIR da amostra de bico de mamadeira de material sintético antes do envelhecimento
(MmSA)
Silicone oil
Molecular Formula: C99
Aldrich Number: 14,615-3
CAS Number: 0-00-0
Volume & Page Number: 2-1094A
501.41
695.56
801.43
1024.65
1260.85
1409.05
1592.94
1952.78
2904.32
2962.82
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
%Transmittance
500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000
Wavenumbers (cm-1)
Figura 21: Espectro padrão de FTIR de óleo de silicone (FTIR Spectral library, 1989-1995)
4000.0
3600
3200
2800
2400
2000
1800
1600
1400
1200
1000
800
650.0
0.9
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
75
80
85
90
95
100.7
cm-1
%T
MmSA
Silva, J. D. C. B. K. F. Resultados e discussão
42
Os espectros de FTIR das amostras de bicos de chupeta e de mamadeira à base de
material sintético, após o tratamento em estufa (ChSA env e MmSA env), foram idênticos
aos espectros desses mesmos artefatos antes do envelhecimento em estufa. Isto é, não
apresentaram qualquer modificação nas faixas de absorção, tão pouco nas intensidades das
bandas obtidas nos espectros.
Considerando ainda os artefatos comerciais de material sintético, a Figura 22
mostra o espectro de FTIR obtido da amostra de luva e a Figura 23 o espectro de FTIR
obtido dessa mesma amostra após o envelhecimento em estufa. A Figura 24 mostra o
espectro padrão de FTIR do poli(cloreto de vinila) (PVC), obtido na literatura (FTIR
Spectral library, 1989 – 1995).
Figura 22: Espectro de FTIR de amostra de luva de material sintético antes do envelhecimento (LvSC)
4000.0
3600
3200
2800
2400
2000
1800
1600
1400
1200
1000
800
650.0
44.0
50
55
60
65
70
75
80
85
90
95
101.0
cm-1
%T
LvSC
3325
2958
2921
2873
1721
1579
1538
1462
1425
1383
1272
1122
1072
958
865
832
769
742
704
Silva, J. D. C. B. K. F. Resultados e discussão
43
Figura 23: Espectro de FTIR de amostra de luva de material sintético após envelhecimento
(LvSC envelhecida)
Poly(vinyl chloride)
Molecular Formula:
Sample Prep: film/MTC/CsI
CAS Number: 0-00-0
Manufacturer: Huels Vestolit E 7001
432.54
616.07
636.89
694.99
739.30
835.34
959.65
1098.52
1198.38
1254.32
1333.40
1426.20
1434.81
2816.64
2853.56
2912.31
2969.44
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
%Transmittance
500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000
Wavenumbers (cm-1)
Figura 24: Espectro padrão de FTIR do poli(cloreto de vinila) (PVC) (FTIR Spectral library, 1989 – 1995)
4000.0
3600
3200
2800
2400
2000
1800
1600
1400
1200
1000
800
650.0
40.2
45
50
55
60
65
70
75
80
85
90
95
101.4
cm-1
%T
LvSC envelhecida
2958
2927
2859
1722
1599
1580
1462
1426
1380
1272
1123
1072
1039
957
871
833
770
742
704
Silva, J. D. C. B. K. F. Resultados e discussão
44
A Tabela 2 apresenta as freqüências das principais bandas referentes aos
grupamentos presentes nos espectros obtidos de FTIR dos materiais estudados e dos
espectros padrão do poli(cis-isopreno) (IR), do óleo de silicone e do poli(cloreto de vinila)
(PVC) retirado da literatura (Dias et al, 2003; Lucas, et al., 2001; Silverstein et al., 1991;
Allinger et al.,1978).
Os espectros de infravermelho obtidos por refletância total atenuada (ATR) das
amostras à base de borracha natural apresentaram as bandas características de vibração
axial (υ) e angular (δ) de C-H de metila e de metileno, também presentes no espectro
padrão do poli(cis-isopreno) (IR) encontrado na literatura. No entanto, além dessas
deformações, as amostras comerciais estudadas também apresentaram outras bandas não-
observadas no espectro padrão do poli(cis-isopreno). Essas bandas apresentam-se entre:
3500 e 3300 cm
-1
, possivelmente referente à deformação axial (υ) de N-H, entre 1560 e
1500 cm
-1
da deformação angular assimétrica (δ
as
) também do grupamento N-H e, entre
900 e 700 cm
-1
, atribuída à deformação angular simétrica (δ
s
) fora do plano ainda referente
ao grupamento N-H. Vibrações em torno de 1576 cm
-1
, referentes à presença da
deformação axial da ligação N=N; e vibrações na faixa de 1350 a 1000 cm
-1
, atribuídas à
deformação axial da ligação C=N (Dias et al., 2003; Lucas, et al., 2001; Silverstein et al.,
1991; Allinger et al.,1978).
É sabido que, para a estabilização do látex natural, torna-se necessária a adição de
uma grande quantidade de amônia. Isso pode gerar a formação de grupamentos contendo a
presença de ligações C-N e N-H, o que explica o aparecimento de bandas vibracionais
características dessas ligações. Existe a possibilidade da formação dessas ligações também
ocorrerem pela adição de aminas secundárias (R
2
NH), utilizadas como aceleradores na
formulação desses artefatos comerciais.
As vibrações referentes à ligação N=N nos espectros de alguns artefatos podem
ocorrer devido ao fato de as aminas secundárias adicionadas quando em presença de alguns
agentes nitrosantes (N
2
O
2
, NO
2
, N
2
O
3
e N
2
O
4
) e junto com as proteínas contidas no látex
natural (aminoderivados) poderem provocar a formação de N-Nitrosaminas (R
2
NNO).
Silva, J. D. C. B. K. F. Resultados e discussão
45
Tabela 2: Absorção dos principais grupamentos presentes nos espectros de FTIR dos materiais comerciais estudados e dos padrões retirados da literatura
(Dias et al, 2003; Lucas, et al, 2001; Silverstein et al., 1991; Allinger et al.,1978).
Faixa de absorção (cm
-1
)
Artefato
3500-
3300
υ
N-H
amina
3400-
3300
υ
O-H
intermol.
2962-
2853
υ
C-H
sp
3
1750-
1735
υ
C=O
1660-
1600
υ
C=C
1576
υ
N=N
1560-1500
υ
N-H
aminas 2
as
1465-
1400
υ
CH2
1375
δ
s
CH3
1350-
1150
δ
s
δ
as
CH2
1350-
1000
υ
C-N
amina
1300-
1230
υ
CH2-Cl
1300-
1000
υ
C-O
éster
1100-
830
Si-O
1000-
650
δ
=C-H
900-700
δ
s
N-H
890-
690
Si-C
785-
540
C-Cl
Borracha Natural
ChNA Forte --- Forte --- --- Forte Forte Forte Forte Média Forte --- --- --- Fraca Forte --- ---
ChNA
envelh.
Forte --- Forte --- --- Forte Forte Forte Forte Forte Forte --- --- --- --- Forte --- ---
MmNA Forte --- Média --- --- Média Média Forte --- Forte Forte --- --- --- Forte Forte --- ---
MmNA
envelh.
Fraca --- Média --- Fraca --- --- Média Fraca Forte Forte --- --- --- Fraca Forte --- ---
LvNB Forte --- Média --- --- Média Fraca Forte --- Média Forte --- --- --- Média Forte --- ---
LvNB
envelh.
Fraca --- Média --- --- --- --- Forte Média Fraca Fraca --- --- --- Forte Forte --- ---
IR --- --- Forte --- Média --- --- Forte Forte Média --- --- --- --- Forte --- --- ---
Material Sintético
ChSA --- --- Média --- --- --- --- Fraca --- Forte --- --- --- Forte Média --- Forte ---
MmSA --- --- Média --- --- --- --- Fraca --- Forte --- --- --- Forte Média --- Forte ---
ChSA
envelh.
--- --- Média --- --- --- --- Fraca --- Forte --- --- --- Forte Média --- Forte ---
MmSA
envelh.
--- --- Média --- --- --- --- Fraca --- Forte --- --- --- Forte Média --- Forte ---
Silicone --- --- Forte --- --- --- --- Média --- Forte --- --- --- Forte --- --- Forte ---
LvSC --- Forte Forte Forte --- --- --- Média Média Média --- Forte Forte --- Forte --- --- Forte
LvSC
envelh.
--- --- Forte Forte --- --- --- Média Média Média --- Forte Forte --- Forte --- --- Forte
Silva, J. D. C. B. K. F. Resultados e discussão
46
É bom lembrar que devido ao fato de as N-nitrosaminas serem substâncias com alto
potencial carcinogênico, são indesejáveis na formulação desses artefatos, principalmente
nos bicos de chupetas e de mamadeiras de borracha natural, uma vez que em presença da
saliva essas substâncias migram e são depositadas no estômago (Trombetta et al., 2007;
Vieira et al., 2006; Sousa et al., 2005; NBR 10334, 2003; Dias et al, 2003; Silverstein et
al., 1991; Allinger et al., 1976).
Pela observação dos espectros das amostras de látex natural, pode-se verificar que
compostos nitrogenados foram encontrados em todas as formulações em quantidades
detectáveis pela técnica.
Os espectros de infravermelho obtidos por ATR das amostras de borracha natural
estudadas mostraram que, após o tratamento em estufa, ocorreu uma diminuição na
intensidade das bandas de absorção entre 3500 e 3300 cm
-1
referentes à vibração axial (υ)
do grupamento N-H, e a vibração em torno de 1576 cm
-1
referente à deformação axial (υ)
da ligação N=N, em todas as amostras. É provável que com a degradação em estufa, tenha
ocorrido à liberação de óxidos nitrosos e hidrogênio. As demais bandas não sofreram
alterações significativas (Dias et al, 2003; Silverstein et al., 1991; Allinger et al., 1976).
Surpreendentemente, a deformação axial da ligação C=C das estruturas de alquenos
cis-substituídos e vinilidênicos, que absorvem próximo a 1650 cm
-1
, não foram detectadas
nos espectros da maioria das amostras comerciais de borracha natural. Apenas a amostra
envelhecida de bico de mamadeira de borracha natural (MmNA envelhecida) apresentou
uma banda de fraca intensidade em 1634 cm
-1
referente à deformação boe
Silva, J. D. C. B. K. F. Resultados e discussão
47
utilizado na formulação desses artefatos seja o PVC (Dias et al, 2003; Silverstein et al.,
1991; Allinger et al., 1976).
Ainda referente aos espectros da luva de material sintético antes e após tratamento
em estufa, nota-se o aparecimento de bandas provenientes da vibração de grupamentos que
absorveram entre 1750 e 1735 cm
-1
e podem estar relacionadas à deformação axial do
grupamento carbonila (C=O) característico de éster. Aparecem ainda vibrações entre 1350
e 1000 cm
-1
referentes à deformação axial da ligação C-O, também proveniente de éster.
Provavelmente essas vibrações são provenientes da adição de ftalatos, que fazem parte da
categoria mais usual de plastificantes adicionados nas formulações de compostos de PVC.
Os tipos predominantes de plastificantes utilizados nesses artefatos resultam da reação
entre anidrido ftálico e álcoois de cadeia ramificada, desde o isopentanol até isononanol.
Os tipos de plastificantes mais usados pelo mercado são o ftalato de diisononila (DINP),
ftalato de dioctila (DOP) e ftalato de diisobutila (DIBP). Segundo a relação dos mais
utilizados pela indústria de poli(cloreto de vinila) (PVC), o DINP, assim como o DOP, são
plastificantes monoméricos primários (não requerem a mistura com outros plastificantes).
O DINP possui viscosidade moderada e baixa volatilidade. Esses plastificantes conferem
aos compostos de PVC ótima transparência e baixa exsudação (migração para a
superfície). Por esse motivo é provável que as bandas encontradas nos espectros referentes
aos grupamentos de C=O, C-O sejam devidas aos ftalatos utilizados como plastificantes na
formulação das luvas sintéticas (Oliveira, 2007; Dias et al., 2003; Silverstein et al., 1991;
Allinger et al., 1976).
Vale a pena ressaltar que as luvas de látex natural ou de PVC são recomendadas
para uso com produtos que não contenham solventes orgânicos, pois são permeáveis a
esses compostos.
Foi observada no espectro da luva sintética sem o tratamento em estufa, uma larga
banda de forte intensidade em 3325 cm
-1
, característica de deformação axial de ligação O-
H de hidrogênio associado intermolecularmente. É provável que algum aditivo presente na
composição desse artefato contenha esse grupamento, ou que a mistura de dois aditivos
adicionados na formulação, promova a formação dessa ligação intermolecular. Como após
o tratamento em estufa houve o desaparecimento da banda proveniente desse grupamento,
possivelmente a exposição desse artefato a elevadas temperaturas em um intervalo de
tempo prolongado, tenha promovido a degradação desse aditivo, e conseqüentemente o
desaparecimento dessa ligação (Dias et al., 2003; Silverstein et al., 1991; Allinger et al.,
1976).
Silva, J. D. C. B. K. F. Resultados e discussão
48
Os espectros de infravermelho por ATR das amostras de bico de chupeta e de
mamadeira à base de material sintético mostraram bandas de deformação axial
características da ligação Si-O que aparece entre 1100 e 830 cm
-1
e da deformação axial
proveniente da ligação Si-C entre 890 e 690 cm
-1
. Isso sugere a possibilidade do material
sintético utilizado nesses artefatos comerciais ser a borracha de silicone. Essas bandas se
mostraram presentes no espectro desses artefatos, mesmo após o tratamento em estufa.
Infelizmente não foi encontrado o espectro padrão da borracha de silicone na literatura, no
entanto, mesmo com o espectro padrão do óleo de silicone, foi possível fazer a
comparação. Provavelmente o uso da borracha de silicone nesses materiais seja devido as
suas características de inércia, atoxicidade, resistência, transparência, além de não conferir
sabor em presença da saliva (Dias et al, 2003; Silverstein et al., 1991; Allinger et al.,
1976).
5.2. Análise termogravimétrica ou termogravimetria (TG)
Os principais registros verificados em uma curva termogravimétrica correspondem
ao intervalo de temperatura no qual ocorre o processo de variação de massa. Esses
registros são identificados como T
i
, que corresponde à temperatura de início do processo
de degradação e T
f
, que indica quando o processo de variação de massa foi concluído
(Lucas et al., 2001).
Neste estudo, a técnica da análise termogravimétrica (TG) foi empregada para a
observação e comparação do perfil de decomposição de amostras de materiais comerciais
voltados para a saúde, à base de borracha natural e de material sintético, tratados e não-
tratados em estufa. As análises de TG foram realizadas em atmosfera oxidativa, sob ar
sintético, e em atmosfera inerte, sob nitrogênio. As curvas de TG estão representadas na
cor verde e as suas derivadas (DTG) na cor azul.
Conforme mencionado anteriormente, a temperatura inicial de degradação ou de
decomposição, T
i
, também chamada de onset, foi determinada manualmente, com o uso de
uma régua de aço calibrada e graduada em milímetros. Esse valor foi obtido por meio de
uma tangente traçada a partir da linha-zero, no ponto exato de desvio da curva no primeiro
estágio de degradação. Para perfis com mais de um estágio de degradação, cada onset teve
seu início marcado no ponto exato a partir do desvio da curva, no respectivo estágio.
Silva, J. D. C. B. K. F. Resultados e discussão
49
O cálculo dos valores dos onsets também foi realizado utilizando os recursos do
próprio equipamento, no entanto, em conseqüência das limitações que ocorrem no ajuste
do cursor no local exato da degradação, houve diferenças entre as temperaturas fornecidas
pelo programa e as calculadas manualmente. Por esse motivo, os valores calculados com
os recursos do próprio equipamento não foram utilizados neste estudo. Apenas serão
analisados os resultados que foram obtidos manualmente, por meio de régua calibrada.
5.2.1. Amostras não-tratadas em estufa
5.2.1.1. Análise em atmosfera inerte
As Figuras 25 a 30 mostram o processo degradativo de amostras de bicos de
chupeta e de mamadeira, e luvas à base de borracha natural e de material sintético. A
Tabela 3 apresenta os dados numéricos obtidos a partir dessas curvas. Todas as análises
foram feitas sob atmosfera de nitrogênio, ou seja, em atmosfera inerte e as amostras não
receberam tratamento prévio em estufa.
Figura 25: Curva de TG/DTG, obtida sob atmosfera inerte, da amostra de bico de chupeta à base de borracha
natural (ChNA), sem tratamento prévio em estufa
Silva, J. D. C. B. K. F. Resultados e discussão
50
Figura 26: Curva de TG/DTG, obtida sob atmosfera inerte, da amostra de bico de mamadeira à base de
borracha natural (MmNA), sem tratamento prévio em estufa
Figura 27: Curva de TG/DTG, obtida sob atmosfera inerte, da amostra de luva à base de borracha natural
(LvNB), sem tratamento prévio em estufa
Silva, J. D. C. B. K. F. Resultados e discussão
52
Figura 30: Curva de TG/DTG, obtida sob atmosfera inerte, da amostra de luva à base de material sintético
(LvSC), sem tratamento prévio em estufa
Tabela 3: Resultados dos valores obtidos a partir das curvas de TG/DTG, obtidas sob
atmosfera inerte, das amostras comerciais de bico de chupeta, bico de mamadeira e luva, à
base de borracha natural e de material sintético, sem tratamento prévio em estufa
Temperatura inicial de
degradação (ºC)
Perda de massa (%)
Pico da derivada (ºC)
Amostras
T
1
T
2
T
3
M
1
M
2
M
3
R P
1
P
2
P
3
ChNA 290 - - 98 - - 2 384 - -
MmNA 285 405 - 34 64 - 2 384 465 -
LvNB 290 - - 97 - - 3 385 - -
ChSA 250 550 - 13 11 - 76 440 675 -
MmSA 250 540 - 13 12 - 75 435 660 -
LvSC 160 275 425 43 34 14 9 230 290 460
T
1
= Temperatura inicial de degradação; T
2
= Temperatura intermediária de degradação; T
3
= Temperatura
final de degradação; M
1
=Perda de massa da degradação inicial; M
2
= Perda de massa da degradação
intermediária; M
3
=Perda de massa da degradação final; R = Resíduo; P
1
= Temperatura máxima da
degradação inicial; P
2
= Temperatura máxima da degradação intermediária; P
3
= Temperatura máxima da
degradação final
Silva, J. D. C. B. K. F. Resultados e discussão
53
Pode ser observado que, sob atmosfera inerte, as amostras de chupeta e de luva à
base de borracha natural apresentaram perfis de degradação idênticos, tanto para as curvas
de perda de massa (TG), quanto para as respectivas derivadas (DTG), onde os máximos
indicam a velocidade de degradação máxima do estágio em questão. Em ambas as curvas
pode-se observar um único estágio de degradação e, pequena quantidade de resíduo. Em
contrapartida, a amostra de bico de mamadeira, também à base de borracha natural,
apresentou a curva de perda de massa (TG) e sua respectiva derivada com perfil diferente,
com dois estágios principais de degradação. Essas diferenças podem ter ocorrido devido a
presença de diferentes aditivos empregados nas formulações. É interessante notar que,
apesar de as amostras de chupeta e de mamadeira serem do mesmo fabricante (A), os perfis
de degradação são bem diferentes, e que o perfil da luva de outro fabricante (B) é similar
ao da chupeta. De modo semelhante às amostras de chupeta e luva, a amostra de bico de
mamadeira também apresentou uma pequena quantidade de resíduo.
Em relação às amostras de material sintético, sob atmosfera inerte, perfis de
degradação coincidentes, tanto nas curvas de TG quanto nas de DTG, foram observados
para as amostras de chupeta e mamadeira, ambas do fabricante A. Ambas apresentaram
grande quantidade de resíduo. Em contrapartida, a amostra de luva, possivelmente por ser
à base de um material sintético diferente e, consequentemente, com a presença de aditivos
também diferentes, apresentou um perfil de degradação não-coincidente. Sua curva de TG
apresentou dois estágios de degradação, porém sua derivada apresentou três estágios
principais, e um teor de resíduo menos expressivo que as amostras sintéticas anteriores.
Convém ressaltar que o número de estágios de decomposição presentes nas curvas de TG
não é necessariamente o mesmo apresentado nas curvas de DTG. Essa última é mais
sensível a estágios não detectáveis nas curvas de perda de massa (TG) (Coutinho et al.,
2003; 2000).
A amostra de luva sintética foi a que apresentou a menor resistência térmica. As
amostras de bico de chupeta e de mamadeira de material sintético, quando em atmosfera de
nitrogênio, apresentaram resistência térmica idêntica. Pelos resultados obtidos e perfis das
curvas de TG e DTG, supõe-se que as amostras de bicos de chupeta e de mamadeira
apresentam a mesma formulação. Convém ressaltar que os artefatos procedem de um
mesmo fabricante.
Todas as amostras à base de borracha natural apresentaram entre si resistência
térmica similar e ligeiramente superior em relação às amostras à base de material sintético,
o que sugere uma desvantagem frente à aplicação desse último, que chupetas e bicos de
Silva, J. D. C. B. K. F. Resultados e discussão
54
mamadeira são artefatos submetidos constantemente a altas temperaturas, durante a
esterilização periódica em água fervente.
5.2.1.2. Análise em atmosfera oxidativa
As Figuras 31 a 36 mostram o processo degradativo de amostras de bicos de
chupeta e de mamadeira, e luvas à base de borracha natural e de material sintético. A
Tabela 4 apresenta os dados numéricos obtidos a partir dessas curvas. Todas as análises
foram feitas sob atmosfera de oxigênio, ou seja, em atmosfera oxidativa e as amostras não
receberam tratamento prévio em estufa.
Figura 31: Curva de TG/DTG, obtida sob atmosfera oxidativa, da amostra de bico de chupeta à base de
borracha natural (ChNA), sem tratamento prévio em estufa
Silva, J. D. C. B. K. F. Resultados e discussão
55
Figura 32: Curva de TG/DTG, obtida sob atmosfera oxidativa, da amostra de bico de mamadeira à base de
borracha natural (MmNA), sem tratamento prévio em estufa
Figura 33: Curva de TG/DTG, obtida sob atmosfera oxidativa, da amostra de luva à base de borracha natural
(LvNB), sem tratamento prévio em estufa
Silva, J. D. C. B. K. F. Resultados e discussão
56
Figura 34: Curva de TG/DTG, obtida sob atmosfera oxidativa, da amostra de bico de chupeta à base de
material sintético (ChSA), sem tratamento prévio em estufa
Figura 35: Curva de TG/DTG, obtida sob atmosfera oxidativa, da amostra de bico de mamadeira à base de
material sintético (MmSA), sem tratamento prévio em estufa
Silva, J. D. C. B. K. F. Resultados e discussão
57
Figura 36: Curva de TG/DTG, obtida sob atmosfera oxidativa, da amostra de luva à base de material sintético
(LvSC), sem tratamento prévio em estufa
Tabela 4: Resultados dos valores obtidos a partir das curvas de TG/DTG, obtidas sob
atmosfera oxidativa, das amostras comerciais de chupeta, mamadeira e luva à base de
borracha natural e de material sintético, sem tratamento prévio em estufa
Temperatura inicial de
degradação (ºC)
Perda de massa (%)
Pico da derivada (ºC)
Amostras
T
1
T
2
T
3
M
1
M
2
M
3
R P
1
P
2
P
3
ChNA 250 400 - 84 15 - 1 360 475 -
MmNA 260 425 475 39 47 13 1 375 430 515
LvNB 220 390 - 84 12 - 4 320 430 -
ChSA 275 375 - 6 30 - 64 355 510 -
MmSA 250 418 - 7 32 - 61 355 515 -
LvSC 180 418 - 79 20 - 1 285 515 -
T
1
= Temperatura inicial de degradação; T
2
= Temperatura intermediária de degradação; T
3
= Temperatura
final de degradação; M
1
=Perda de massa da degradação inicial; M
2
= Perda de massa da degradação
intermediária; M
3
=Perda de massa da degradação final; R = Resíduo; P
1
= Temperatura máxima da
degradação inicial; P
2
= Temperatura máxima da degradação intermediária; P
3
= Temperatura máxima da
degradação final
Silva, J. D. C. B. K. F. Resultados e discussão
58
Pode-se observar que em presença de oxigênio, houve uma redução na resistência
térmica de todas as amostras de borracha natural, o que era de se esperar, já que as ligações
duplas presentes na borracha podem reagir com o oxigênio, reduzindo a vida útil do
material, mesmo em temperaturas próximas à ambiente (Rabello, 2000).
Ainda em relação às amostras à base de borracha natural pode ser observado que
apesar de a amostra de luva ter apresentado uma temperatura de degradação ligeiramente
inferior à da chupeta, ambas apresentaram perfis de degradação similares, tanto para as
curvas de perda de massa (TG), quanto para as respectivas derivadas (DTG). Porém na
presença de oxigênio, apresentaram um estágio de degradação a mais que em nitrogênio,
ou seja, as curvas de TG sob atmosfera oxidativa tiveram dois estágios de degradação. Em
contrapartida, a amostra de bico de mamadeira também à base de borracha natural,
apresentou curva de TG e de DTG com perfil diferente das amostras anteriores, com três
estágios principais de degradação, nos quais apenas as temperaturas do primeiro e segundo
picos, foram similares às temperaturas de degradação dos dois artefatos discutidos
anteriormente, chupeta e luva. Como ocorreu nas amostras em atmosfera inerte, a
quantidade de resíduo obtido em todas as amostras de látex natural permaneceu baixa.
Todas as amostras à base de material sintético apresentaram curvas de TG e DTG
com perfis diferentes do exibido anteriormente em atmosfera inerte, com variações
acentuadas. Apesar de as amostras de bicos de chupeta e de mamadeira de material
sintético terem apresentado perfis de degradação similares, as temperaturas de degradação
desses artefatos não sofreram variações proporcionais. A amostra de mamadeira não
apresentou alteração na temperatura inicial de degradação, permanecendo a mesma que a
obtida sob atmosfera inerte. Em contrapartida as amostras de chupeta e de luvas sintéticas
tiveram uma pequena elevação em torno de 20ºC nas suas resistências térmicas, quando
analisadas em presença de oxigênio, o que não seria esperado.
Convém destacar que as análises foram realizadas em balanças termogravimétricas
diferentes e, por esse motivo, deve-se levar em conta que muitos fatores podem ter
provocado alterações na temperatura inicial de degradação das amostras, como, por
exemplo, diferenças na calibração do equipamento. Por este motivo, essa variação de 20ºC
pode ter sido provocada por fatores concernentes à análise e não devem ser consideradas
como conclusivas na diferença da resistência térmica dessas amostras.
Quando analisadas sob atmosfera oxidativa, apesar do bico de mamadeira sintética
ter apresentado uma resistência térmica menor do que a chupeta, ambas apresentaram
perfis de degradação similar tanto para a curva de TG como para a de DTG, com dois
Silva, J. D. C. B. K. F. Resultados e discussão
59
Silva, J. D. C. B. K. F. Resultados e discussão
60
Figura 37: Curva de TG/DTG, obtida sob atmosfera inerte, da amostra de bico de chupeta à base de borracha
natural (ChNA envelhecida), após tratamento prévio em estufa
Figura 38: Curva de TG/DTG, obtida sob atmosfera inerte, da amostra de bico de mamadeira à base de
borracha natural (MmNA envelhecida), após tratamento prévio em estufa
Silva, J. D. C. B. K. F. Resultados e discussão
61
Figura 39: Curva de TG/DTG, obtida sob atmosfera inerte, da amostra de luva à base de borracha natural
(LvNB envelhecida), após tratamento prévio em estufa
Figura 40: Curva de TG/DTG, obtida sob atmosfera inerte, da amostra de bico de chupeta à base de material
sintético (ChSA envelhecida), após tratamento prévio em estufa
Silva, J. D. C. B. K. F. Resultados e discussão
62
Figura 41: Curva de TG/DTG, obtida sob atmosfera inerte, da amostra de bico de mamadeira à base de
material sintético (MmSA envelhecida), após tratamento prévio em estufa
Figura 42: Curva de TG/DTG, obtida sob atmosfera inerte, da amostra de luva à base de material sintético
(LvSC envelhecida), após tratamento prévio em estufa
Silva, J. D. C. B. K. F. Resultados e discussão
63
Tabela 5: Resultados dos valores obtidos a partir das curvas de TG/DTG, obtidas sob
atmosfera inerte, das amostras comerciais de bico de chupeta, bico de mamadeira e luva à
base de borracha natural e de material sintético, após tratamento prévio em estufa a
(70±2)ºC por (168 ± 2) horas
Temperatura inicial de
degradação (ºC)
Perda de massa (%)
Pico da derivada (ºC)
Amostras
T
1
T
2
M
1
M
2
R P
1
P
2
P
3
ChNA 275 - 98 - 2 380 - -
MmNA 260 - 98 - 2 375 - -
LvNB 260 - 95 - 5 375 - -
ChSA 183 410 78 15 12 305 455 -
MmSA 182 425 80 15 9 260 310 460
LvSC 160 410 75 20 5 300 460 -
T
1
= Temperatura inicial de degradação; T
2
= Temperatura final de degradação; M
1
=Perda de massa da
degradação inicial; M
2
= Perda de massa da degradação final; R = Resíduo; P
1
= Temperatura máxima da
degradação inicial; P
2
= Temperatura máxima da degradação intermediária; P
3
= Temperatura máxima da
degradação final
Após tratamento em estufa para simulação de envelhecimento, como era
esperado, as amostras apresentaram uma redução na resistência térmica, isto é, iniciaram o
processo degradativo em uma temperatura inferior à observada para as amostras não-
envelhecidas.
Sob atmosfera inerte, pode ser observado que todas as amostras à base de borracha
natural após o envelhecimento em estufa apresentaram perfis de degradação idênticos,
tanto para as curvas de perda de massa (TG), quanto para as respectivas derivadas (DTG),
com apenas um estágio de degradação, inclusive a amostra de mamadeira que,
anteriormente ao tratamento em estufa, havia apresentado dois estágios.
Os artefatos à base de material sintético após o envelhecimento acelerado também
apresentaram perfis de degradação idênticos entre si nas curvas de TG, porém com um
estágio de degradação a mais que os de borracha natural, ou seja, tiveram dois estágios.
Em contrapartida, as curvas correspondentes às suas derivadas mostraram diferenças não-
observáveis nas curvas de TG. A amostra de bico de mamadeira sintética apresentou três
Silva, J. D. C. B. K. F. Resultados e discussão
64
picos na curva da derivada (DTG), e apenas o segundo e o terceiro foram coincidentes com
os dois picos apresentados na DTG das amostras de chupeta e luva sintética. O primeiro
pico da curva de DTG do bico de mamadeira sintética apresentou uma temperatura de
velocidade máxima de degradação inferior às apresentadas nas demais. Essas mudanças
podem ser atribuídas às diferenças nas formulações, no tocante à presença de aditivos
diversos, cujo processo degradativo evolui de forma diferenciada (Coutinho et al
Silva, J. D. C. B. K. F. Resultados e discussão
65
5.2.2.2. Análise em atmosfera oxidativa
As Figuras 43 a 48 mostram o processo degradativo de amostras comerciais de
chupeta, mamadeira e luvas à base de borracha natural e de material sintético, em
atmosfera oxidativa após envelhecimento acelerado. A Tabela 6 apresenta os dados
numéricos obtidos a partir dessas curvas. Todas as análises foram feitas sob atmosfera de
oxigênio, ou seja, em atmosfera oxidativa e após as amostras terem recebido tratamento
prévio em estufa a (70 ± 2)ºC por (168 ± 2) horas.
Figura 43: Curva de TG/DTG, obtida sob atmosfera oxidativa, da amostra de bico de chupeta à base de
borracha natural (ChNA envelhecida), após tratamento prévio em estufa
Massa (%)
1ª Derivada (%/ºC)
Temperatura (ºC)
Silva, J. D. C. B. K. F. Resultados e discussão
66
Figura 44: Curva de TG/DTG, obtida sob atmosfera oxidativa, da amostra de bico de mamadeira à base de
borracha natural (MmNA envelhecida), após tratamento prévio em estufa
Figura 45: Curva de TG/DTG, obtida sob atmosfera oxidativa, da amostra de luva à base de borracha natural
(LvNB envelhecida), após tratamento prévio em estufa
Silva, J. D. C. B. K. F. Resultados e discussão
68
Figura 48: Curva de TG/DTG, obtida sob atmosfera oxidativa, da amostra de luva à base de material sintético
(LvSC envelhecida), após tratamento prévio em estufa
Tabela 6: Resultados dos valores obtidos a partir das curvas de TG/DTG, obtidas sob
atmosfera oxidativa, das amostras comerciais de chupeta, mamadeira e luva à base de
borracha natural e de material sintético, após tratamento prévio em estufa, a (70 ± 2) ºC por
(168± 2) horas.
Temperatura inicial de
degradação (ºC)
Perda de massa (%)
Pico da derivada (ºC)
Amostras
T
1
T
2
T
3
M
1
M
2
M
3
R P
1
P
2
P
3
ChNA 250 430 - 87 12 - 1 358 478 -
MmNA 210 400 - 86 13 - 1 325 460 -
LvNB 210 400 - 88 10 - 2 325 445 -
ChSA 220 370 425 8 27 15 50 318 370 468
MmSA 225 405 - 10 35 - 55 325 480 -
LvSC 150 377 - 78 21 - 1 252 475 -
T
1
=Temperatura inicial de degradação; T
2
=Temperatura intermediária de degradação; T
3
=Temperatura final
de degradação; M
1
=Perda de massa da degradação inicial; M
2
=Perda de massa da degradação intermediária;
M
3
=Perda de massa da degradação final; R=Resíduo; P
1
=Temperatura máxima da degradação inicial;
P
2
=Temperatura máxima da degradação intermediária e P
3
= Temperatura máxima da degradação final
Silva, J. D. C. B. K. F. Resultados e discussão
69
Pode-se observar que quando em presença de oxigênio e após o tratamento térmico
das amostras em estufa, tanto os artefatos à base de borracha natural como aqueles à base
de material sintético, apresentaram as mais baixas resistências térmicas obtidas nesse
estudo, ou seja, todas as amostras se degradaram a uma temperatura inferior quando
submetidas a análise sob atmosfera oxidativa e após ter passado por um prévio tratamento
em estufa.
Em relação às amostras à base de borracha natural pode ser observado que, apesar
de a amostra de chupeta ter apresentado uma temperatura de degradação ligeiramente
superior às demais amostras, todas apresentaram perfis de degradação similares, tanto para
as curvas de perda de massa (TG), quanto para as respectivas derivadas (DTG), com dois
estágios de degradação. Todas as amostras de látex natural produziram uma baixa
quantidade de resíduo.
Em relação às amostras à base de material sintético, apesar de terem apresentado
uma temperatura inicial de degradação similar, mostraram perfis de degradação não-
coincidentes. A amostra de chupeta sintética mostrou três estágios de degradação, um a
mais que as amostras de mamadeira e luva também de material sintético. Dos artefatos
sintéticos apenas a amostra de luva apresentou uma baixa quantidade de resíduo, as demais
amostras permaneceram com um valor elevado.
Sob atmosfera oxidativa e após o envelhecimento acelerado, a chupeta de tex
natural foi a amostra que apresentou a maior resistência, e a luva sintética permaneceu
sendo a amostra que apresentou à menor resistência térmica. As amostras de mamadeira e
de luvas ambas de látex natural apresentaram resistência térmica similar. Esse fato também
ocorreu entre as amostras de chupeta e mamadeira de material sintético.
5.3. Propriedades mecânicas
5.3.1. Luva cirúrgica e luva de procedimento não-cirúrgico
Neste estudo, para a avaliação quanto ao comportamento mecânico antes e após
envelhecimento acelerado em estufa, foram utilizadas luva cirúrgica à base de borracha
natural e de procedimento não-cirúrgico à base de material sintético.
Silva, J. D. C. B. K. F. Resultados e discussão
70
As Figuras 49 e 50 mostram as diferenças obtidas no perfil de curvas tensão versus
deformação de corpos-de-prova à base de borracha natural e de material sintético,
respectivamente.
Figura 49 - Perfil geral das curvas de tensão versus deformação de amostras de luva cirúrgica de
borracha natural
Figura 50 - Perfil geral das curvas de tensão versus deformação de amostras de luva de
procedimento não-cirúrgico de material sintético
Silva, J. D. C. B. K. F. Resultados e discussão
71
Tabela 7: Valores dos requisitos mecânicos estabelecidos nas normas brasileiras vigentes
para luvas cirúrgicas e de procedimentos não-cirúrgicos, de borracha natural e de material
sintético, antes e após o envelhecimento acelerado (ABNT: NBR 13392, 2004; NBR
13391, 1995).
NBR 13391 – Luvas Cirúrgicas
Antes do envelhecimento Após envelhecimento
Tensão na
ruptura (MPa)
Alongamento
na ruptura (%)
Tensão na
ruptura (MPa)
Alongamento
na ruptura (%)
Borracha natural
24
750
18
560
Material sintético
17
650
12
490
NBR 13392 – Luvas de Procedimentos não-Cirúrgicos
Borracha natural
21
700
16
500
Material sintético
12
500
9
350
A Tabela 7 mostra a especificação da norma brasileira vigente para os ensaios de
conformidade das luvas destinadas ao emprego cirúrgico. Pode-se verificar que quando
estes artefatos comerciais são à base de borracha natural, devem apresentar valores de
tensão na ruptura, iguais ou superiores a 24 MPa e valores de alongamento na ruptura não
inferiores a 750%, antes do tratamento em estufa. No entanto, como esperado, estes
valores após o envelhecimento acelerado sofrem uma redução para no mínimo 18 MPa e
560 %, respectivamente. Esta mesma norma, quando trata desses artefatos à base de
material sintético, mesmo antes do tratamento prévio em estufa, prevê uma redução na
resistência mecânica, passando para, no mínimo, 17 MPa na tensão de ruptura e 650%, no
alongamento. E consequentemente após o envelhecimento acelerado ocorre outra redução,
sendo exigido no mínimo, 12 MPa e 490%, para as mesmas propriedades mecânicas
(ABNT NBR 13391, 1995).
A Tabela 7 também mostra que para os casos de luvas destinadas a procedimentos
não-cirúrgicos a especificação exigida pela norma brasileira vigente é menos rigorosa, uma
vez que, estes materiais não são utilizados em atividades de elevado risco, como as
anteriores. Paras estes artefatos à base de borracha natural sem tratamento em estufa, os
valores de tensão e alongamento na ruptura exigidos são no mínimo 21 MPa e 700%,
Silva, J. D. C. B. K. F. Resultados e discussão
72
respectivamente. Já quando tratados em estufa, os materiais sintéticos também apresentam
uma redução nas propriedades mecânicas, passando pa
Silva, J. D. C. B. K. F. Resultados e discussão
73
A Tabela 8 mostra os resultados obtidos nos ensaios mecânicos das amostras
comerciais de luvas estudadas. A amostra LvNB, por ser uma luva cirúrgica de borracha
natural, como era esperado, apresentou uma resistência mecânica muito superior, tanto
na tensão como no alongamento de ruptura, em relação à obtida na amostra LvSC, que
além de ser uma luva destinada a procedimento não-cirúrgico, é à base de material
sintético. No entanto, as duas amostras comerciais apresentaram-se dentro dos limites de
aceitação exigidos pelas respectivas normas de controle de qualidade para que possam ser
disponibilizadas a população.
A elevação da temperatura em estufa no período de tempo especificado, na qual
as amostras de luvas foram submetidas ao envelhecimento acelerado, promoveu o processo
de degradação térmica e oxidativa em virtude da presença das duplas ligações das cadeias
elastoméricas, provocando a redução na resistência mecânica das amostras.
5.3.2. Bico de chupetas
A Tabela 9 mostra os resultados de avaliação da conformidade nos ensaios de
tração à 90º e de tração vertical realizados nas amostras de chupeta à base de borracha
natural e de material sintético. Apesar da norma brasileira vigente para este artefato
(ABNT NBR 10334, 2003) não contemplar a simulação do envelhecimento em estufa, para
uma melhor comparação entre os materiais que estão sendo analisados as amostras de
chupetas também foram submetidas ao tratamento em estufa, de acordo com o especificado
em normas referentes a outros artefatos também à base destes materiais, como por
exemplo, as luvas (ABNT NBR 13392, 2004; NBR 13391, 1995).
A norma vigente para avaliação da conformidade da resistência mecânica em
chupeta, NBR 10334/2003, não especifica o limite mínimo exigido para o valor da
resistência mecânica que o material deve apresentar. A norma apenas declara que a
amostra de chupeta deve ser submetida ao ensaio e, após a execução do mesmo, deve ser
analisada visualmente para verificação de aparecimento ou não de distorção permanente
que possa torná-la inviável para o uso e sinal de dano no bico.
Silva, J. D. C. B. K. F. Resultados e discussão
74
Tabela 9 - Resultados dos ensaios de tração à 90º e de tração vertical das amostras de
chupeta de borracha natural e de material sintético, antes e após o tratamento em estufa
Antes do envelhecimento
Amostras
Tração 90º Tração Vertical
ChNA
ChSA
Após envelhecimento
ChNA
ChSA
Conforme () = a amostra permaneceu intacta, sem distorção
permanente que possa torná-la inviável para o uso, e sem sinal de dano
no bico
Não-conforme (X) = a amostra apresentou distorção permanente no
bico, inviabilizando seu uso e apresentou sinais de dano no bico
Quanto aos ensaios de tração a 90º e de tração vertical, os resultados obtidos nas
amostras de chupetas antes e após o tratamento em estufa (Tabela 9) mostraram que todas
permaneceram fisicamente inalteradas, após terem sido submetidas aos ensaios de tração, e
nenhuma apresentou distorção permanente que inutilizasse seu uso. Não foi verificado
qualquer sinal de dano visível no bico, e não houve separação de nenhuma parte. Pode-se
verificar que a resistência mecânica das amostras de bicos chupetas de ambos materiais
utilizados é extremamente elevada, ou seja, tanto as amostras de borracha natural como as
de material sintético permaneceram resistentes durante e após tensão aplicada, antes e após
o envelhecimento em estufa
5.3.3. Bicos de mamadeiras
Devido ao fato da norma brasileira que avalia a conformidade deste produto, ABNT
NBR 13793, 2003, não contemplar ensaios de tração para determinação da resistência
mecânica de bico de mamadeira, não foi possível avaliar as propriedades mecânicas de
tração e alongamento deste artefato comercial. que o foi encontrado laboratório que
Silva, J. D. C. B. K. F. Resultados e discussão
75
possuísse um equipamento voltado para essa finalidade. Mesmo após várias tentativas, não
foi possível adaptar o equipamento voltado para a realização dos ensaios de tração em
chupetas, pois os corpos-de-prova apresentam formas diferentes, o permitindo a
realização do ensaio.
5.4. Comparação geral entre os artefatos comerciais
Após a realização das análises de espectrometria na região do infravermelho com
transformada de Fourier (FTIR), análise termogravimétrica (TG) e avaliação das
propriedades mecânicas pode-se fazer uma comparação e uma avaliação da qualidade dos
materiais comerciais estudados, foram eles: bicos de chupetas e de mamadeiras e luvas
cirúrgicas e de procedimentos não-cirúrgicos. Como foi dito anteriormente, foram
utilizadas amostras de cada artefato tanto à base de borracha natural como de material
sintético. Com o objetivo de avaliar as modificações ocorridas durante o processo de
envelhecimento, todas as amostras foram avaliadas em seu estado original e após
tratamento em estufa para simulação de envelhecimento acelerado (ABNT: NBR 13392,
2004; NBR 10334, 2003; NBR 13391, 1995).
Todas as amostras referentes aos bicos das chupetas e das mamadeiras utilizadas no
estudo foram provenientes do mesmo fabricante. No entanto, como este fabricante não
produz luva foram escolhidos outros fabricantes no comércio para esse artefato.
A Tabela 10 apresenta um resumo englobando os principais resultados obtidos por
espectrometria na região do infravermelho com transformada de Fourier (FTIR), análise
termogravimétrica (TG) e ensaios mecânicos das amostras estudadas. Pode ser observado
na Tabela 10 que as amostras comerciais à base de borracha natural apresentaram nos seus
espectros de FTIR (ATR), além das bandas provenientes das vibrações dos grupamentos
característicos do poli-cis(isopreno), outras vibrações referentes a grupamentos
característicos, resultantes da presença de aditivos nas formulações desses artefatos.
Silva, J. D. C. B. K. F. Resultados e discussão
76
Tabela 10: Absorção dos principais grupamentos presentes nos espectros de FTIR dos materiais comerciais estudados e dos espectros padrões, e
resultados termogravimétricos e mecânicos obtidos nos artefatos (Dias et al., 2003; Lucas et al; 2001; Silverstein et al., 1991; Allinger et al.,
1976)
Análise Termogravimétrica (TG)
Espectrometria na região do infravermelho com transformada de Fourier (FTIR)
Principais Faixas de absorção (cm
-1
)
Atmosfera inerte Atmosfera oxidativa
Propriedade Mecânica
Artefato
3500 -
3300
υ
N-H
1750 -
1735
υ
C=O
1560 -
1500
υ
N-H
1350 -
1000
υ
C-N
1300 -
1230
υ
CH2-Cl
1300 -
1000
υ
C-O éster
1100 -
830
Si-O
900 –
700
δ
s
N-H
890 –
690
υ
Si-C
785 –
540
υ
C-Cl
T
i
(ºC)
Nº de estágios
de
degradação
T
i
(ºC)
Nº de
estágios de
degradação
Tensão
ruptura
(MPa)
Along.
Ruptura
(%)
Borracha Natural
ChNA Forte --- Forte Forte --- --- --- Forte --- --- 290 1 250 2 Aprovada Aprovada
ChNA
envelh.
Forte --- Forte Forte --- --- --- Forte --- --- 275 1 250 2 Aprovada Aprovada
MmNA Forte --- Média Forte --- --- --- Forte --- --- 285 2 260 3 --- ---
MmNA
envelh.
Fraca --- --- Forte --- --- --- Forte --- --- 260 1 210 2 --- ---
LvNB Forte --- Fraca Forte --- --- --- Forte --- --- 290 1 220 2 25 820
LvNB
envelh.
Fraca --- --- Fraca --- --- --- Forte --- --- 260 1 210 2 20 650
Material Sintético
ChSA --- --- --- --- --- --- Forte --- Forte --- 250 2 275 2 Aprovada Aprovada
ChSA
envelh.
--- --- --- --- --- --- Forte --- Forte --- 183 2 220 3 Aprovada Aprovada
MmSA --- --- --- --- --- --- Forte --- Forte --- 250 2 250 2 --- ---
MmSA
envelh.
--- --- --- --- --- --- Forte --- Forte --- 182 2 225 2 --- ---
LvSC --- Forte --- --- Forte Forte --- --- --- Forte 160 3 180 2 12 550
LvSC
envelh.
--- Forte --- --- Forte Forte --- --- --- Forte 160 2 150 2 10 390
Legenda de deformações: υ = axial, υ
s
=axial simétrica, υ
as
=axial assimétrica, δ = angular, δ
s
= angular simétrica, δ
as
= angular assimétrica, --- = ausente;
T
i
= temperatura inicial de degradação
Silva, J. D. C. B. K. F. Resultados e discussão
77
A Tabela 10 mostra que as amostras de bico de chupeta, bico de mamadeira e luva,
à base de borracha natural, ChNA, MmNA e LvNB apresentaram nos espectros de FTIR de
suas composições vibrações provenientes das deformações axiais (υ) e angulares (δ) de
compostos nitrogenados, principalmente as referentes aos grupamentos N-H e C-N. O
aparecimento desses grupamentos possivelmente foi ocasionado pela adição em grande
quantidade de amônia para a estabilização do látex natural. A formação desses
grupamentos, também pode ter sido ocasionada pela adição de aminas secundárias (R
2
NH),
utilizadas como aceleradores, na formulação desses artefatos. No entanto, essas vibrações
se mostraram com intensidades mais altas antes do envelhecimento em estufa. Após o
tratamento em estufa, para simulação de envelhecimento acelerado, houve uma redução na
intensidade dessas deformações em todas as amostras à base de látex natural.
Possivelmente o processo de degradação acelerada, promovido por elevada temperatura em
tempo prolongado, promoveu quebra da cadeia polimérica e a liberação de produtos
voláteis de baixo peso molecular como CO, CO
2
, N
2
O
2
, NO
2
entre outros (Dias et al.,
2003; Silverstein et al., 1991; Allinger et al., 1976).
Os resultados obtidos pela técnica de infravermelho por ATR das amostras
comerciais de bicos de chupetas e mamadeiras à base de material sintético apresentaram
espectros com vibrações de grupamentos diferentes tanto em relação à amostra de luva
sintética, como em relação às amostras comerciais à base de borracha natural. As
vibrações provenientes dos grupamentos originados pela adição de compostos
nitrogenados obtidos nos espectros das amostras naturais, não foram detectadas nas
amostras sintéticas. No entanto as amostras de bico de chupetas e de mamadeiras
sintéticas, ChSA e MmSA, apresentaram vibrações com alta intensidade, características de
deformação axial de ligações Si-O e de Si-C. Mesmo após o tratamento em estufa para a
simulação de envelhecimento acelerado, essas vibrações permaneceram com alta
intensidade. Como as vibrações referentes às deformações axiais das ligações entre Si-O e
Si-C também estão presentes no espectro padrão de óleo de silicone obtido da literatura,
isso é uma indicação de que as amostras de bico de chupeta e de mamadeira sintética são à
base de borracha de silicone (Dias et al., 2003; Silverstein et al., 1991; Allinger et al.,
1976).
No entanto a amostra de luva sintética, LvSC, apresentou vibrações com alta
intensidade, características de deformação axial de ligações de CH
2
-Cl e C-Cl. Como
essas deformações também se encontram presentes no espectro padrão do poli(cloreto de
Silva, J. D. C. B. K. F. Resultados e discussão
78
vinila) (PVC) obtido da literatura, possivelmente essa amostra deve ser à base de PVC.
Outro fator que indica essa possibilidade é a presença das vibrações de deformação axial
do grupo carbonila (C=O) e da ligação de C-O, referentes a ligações éster, provavelmente
devidas à adição de ftalatos, usualmente utilizados como plastificantes nas formulações de
artefatos à base de PVC. Mesmo após o tratamento em estufa para a simulação de
envelhecimento acelerado, as bandas de absorção referentes às deformações axiais das
ligações de CH
2
-Cl, C-Cl, C=O e de C-O, permaneceram com alta intensidade (Dias et al.,
2003; Silverstein et al., 1991; Allinger et al., 1976).
Sabe-se que quase todos os polímeros se degradam sob altas temperaturas na
ausência de ar, mas na maioria dos casos essa degradação é mais rápida na presença de
oxigênio (degradação oxidativa). A maioria das reações entre o oxigênio (O
2
) e os
compostos orgânicos são radicalares, onde a molécula orgânica reage com uma molécula
de oxigênio levando a formação de hidroperóxidos (ROO•). Na maioria dos polímeros o
teor de oxigênio e a velocidade da etapa de quebra da ligação determinam a velocidade de
oxidação total. A resistência de um polímero à degradação, principalmente à degradação
oxidativa, depende significativamente da sua estrutura química. Na maioria dos casos, os
polímeros com estrutura insaturada, com grupos carbonila e anéis aromáticos sofrem mais
facilmente o processo de degradação, principalmente em sua superfície (efeito de
superfície) (Dias et al., 2005)
A degradação é um processo prejudicial aos materiais poliméricos, uma vez que
promove quebra das cadeias poliméricas, produzindo uma redução na sua massa molar
média e, com isso, ocorre perda nas propriedades do material. Sabe-se que quando a
borracha natural se encontra à temperatura ambiente e na ausência de oxigênio, ocorrem
poucas variações na sua massa molar média. Em contrapartida, quando a borracha natural
é submetida a temperaturas elevadas e em presença de oxigênio, a quebra de ligações na
cadeia é promovida, gerando a formação de radicais livres que fazem com que a
degradação da borracha natural ocorra de forma rápida (Dias et al., 2005)
A Tabela 10 comprova o exposto acima, uma vez que pôde ser verificado que todos
os materiais à base de borracha natural estudados, ou seja, os bicos de chupeta e
mamadeira e luvas de borracha natural, ChNA, MmNA e LvNB, quando analisados por
análise termogravimétrica (TG), sob atmosfera oxidativa antes do envelhecimento em
estufa, apresentaram temperatura inicial de degradação (onset) inferiores às obtidas sob
atmosfera inerte. Por sua vez, como já era esperado, após o tratamento em estufa, as
Silva, J. D. C. B. K. F. Resultados e discussão
79
temperaturas iniciais de degradação (onset) das amostras de borracha natural envelhecidas,
amostras ChNA envelhecida, MmNA envelhecida e LvNB envelhecida, sofreram
proporcionalmente uma redução na resistência à degradação, tanto sob a atmosfera inerte
como oxidativa, sendo que sob atmosfera oxidativa essa redução foi mais expressiva.
Em todos os casos, isto é, antes e após tratamento em estufa e sob atmosferas inerte
e oxidativa, todas as amostras comerciais à base de borracha natural apresentaram uma
quantidade de resíduo pequena, ocorrendo praticamente uma perda total de massa das
amostras.
Ao contrário do ocorrido com as amostras de borracha natural, que apresentaram
temperatura inicial de degradação (T
i
) menor sob atmosfera oxidativa, surpreendentemente,
em geral as amostras à base de material sintético, amostras ChNSA, MmSA e LvNC
apresentaram temperatura inicial de degradação (T
i
) menor sob atmosfera inerte. Esse fato
não era esperado, já que a presença de oxigênio acelera o processo degradativo. Após o
envelhecimento em estufa, as amostras sintéticas, ChSA envelhecida, MmSA envelhecida
e LvSC envelhecida, similarmente as amostras de borracha natural, também tiveram
redução no valor das temperaturas iniciais de degradação, tanto sob atmosfera inerte e
como oxidativa.
A Tabela 10 também demonstra que de todas as amostras estudadas, a amostra de
luva sintética, LvSC, foi a que apresentou a menor resistência térmica tanto sob atmosfera
inerte como oxidativa. Pelo fato de ser um artefato que não requer esterilização, não
necessidade de que sua resistência térmica seja muito elevada. O fato de a espectrometria
no infravermelho ter verificado a grande possibilidade da luva sintética ser à base de
poli(cloreto de vinila) (PVC), outra possibilidade de contribuição da redução da resistência
térmica desse artefato é a velocidade de formação do ácido clorídrico (HCl), pelo processo
de desidrocloração durante a degradação térmica do PVC, que catalisa a decomposição
térmica do material (Dias et al., 2005).
Pela Tabela 10 também se pode verificar que as amostras de borracha natural
apresentaram entre si resistência térmica muito similar. No entanto, as amostras de bico de
chupeta e mamadeira natural, amostras ChNA e MmNA, tiveram uma resistência rmica
ligeiramente superior à amostra de luva deste mesmo material (LvNB). O que seria o
desejado uma vez que os bicos de mamadeira e de chupeta são reutilizáveis e,
conseqüentemente, requerem esterilização periódica sob água fervente.
Silva, J. D. C. B. K. F. Resultados e discussão
80
Curiosamente os materiais mais resistentes termicamente foram as amostras de bico
de chupeta e mamadeira à base de borracha natural, ultrapassando a resistência apresentada
pelo similar sintético, possivelmente borracha de silicone. Esse resultado não era esperado,
uma vez que a borracha de silicone possui uma resistência térmica significativamente
elevada e maior do que a da borracha natural. Possivelmente essa degradação inicial, em
temperatura menor, correspondente ao primeiro estágio de degradação da curva, pode ter
sido provocada por aditivos presentes nessas formulações.
É sabido que as propriedades dos materiais poliméricos dependem de sua massa
molar, conforme visto anteriormente. Quanto mais alta a massa, mais expressivas serão as
propriedades. Devido à degradação promover a cisão das cadeias poliméricas, ocorre uma
perda nas propriedades dos materiais. Do ponto de vista tecnológico, os materiais
poliméricos devem apresentar resistência mecânica satisfatória para a respectiva aplicação.
Por esse motivo a degradação é um processo prejudicial a esses materiais (Delpech, 2003;
Costa, 2003).
Os resultados das propriedades mecânicas referentes à resistência à tração e ao
alongamento na ruptura, antes e após o envelhecimento, das amostras de luva à base de
borracha natural e de material sintético, se apresentaram dentro dos limites necessários
para aprovação pela legislação brasileira. As amostras envelhecidas, mesmo aprovadas,
apresentaram perdas na resistência mecânica e no alongamento, promovidos pela provável
redução na massa molar das cadeias (Costa, 2003).
Pode-se concluir que a luva de material sintético, possivelmente o poli(cloreto de
vinila) (PVC), além de ter sido o material comercial que apresentou a menor resistência
térmica, também foi o que apresentou os menores valores nos ensaios mecânicos de tensão
na ruptura e alongamento na ruptura, antes e após o envelhecimento acelerado.
Silva, J. D. C. B. K. F. Conclusões
81
6. Conclusões
A análise comparativa de artefatos comerciais (bicos de chupeta e de mamadeira e
luvas) à base de borracha natural e de material sintético, antes e após envelhecimento
acelerado, apresentou os seguintes resultados:
A técnica de espectrometria na região do infravermelho (FTIR) por refletância total
atenuada (ATR) permitiu a identificação das principais bandas de absorção indicativas dos
polímeros-base e de possíveis aditivos utilizados na formulação dos artefatos comerciais à
base de borracha natural e de material sintético, e a variação promovida nessas absorções
após o tratamento em estufa para simulação de envelhecimento acelerado. Espectros
padrão comparativos indicaram que os bicos de chupeta e de mamadeira sintéticos devem
ser à base de borracha de silicone e a luva sintética, deve ser à base de poli(cloreto de
vinila) (PVC).
A análise termogravimétrica (TG) indicou que, sob atmosfera inerte, em geral, os
artefatos à base de borracha natural foram termicamente mais resistentes em relação aos
materiais sintéticos, tanto antes como após o envelhecimento acelerado. Curiosamente, os
artefatos à base de material sintético apresentaram resistência térmica maior sob atmosfera
oxidativa. Surpreendentemente o bico de chupeta à base de borracha natural foi o artefato
que apresentou resistência térmica superior, tanto antes como após o envelhecimento
acelerado, o que não era esperado, que a borracha de silicone possui resistência térmica
superior a borracha natural. A luva de poli(cloreto de vinila) foi o artefato que apresentou a
menor resistência térmica, tanto antes como após tratamento em estufa. Os artefatos à base
de borracha natural sob atmosfera oxidativa apresentaram um estágio de degradação a mais
do que sob atmosfera inerte. As amostras de borracha natural e a luva de procedimento
não-cirúrgico à base de poli(cloreto de vinila) apresentaram baixa quantidade de resíduo,
tanto sob atmosfera inerte como oxidativa, antes e após o tratamento em estufa. Ao passo
que os bicos de chupeta e de mamadeira de borracha de silicone, em geral, apresentaram
teores de resíduo expressivamente maiores. As curvas correspondentes às derivadas (DTG)
apresentaram diferenças mais marcantes entre as amostras submetidas à atmosfera
oxidativa do que as mesmas amostras submetidas à atmosfera inerte, o que pode indicar a
presença de aditivos na formulação cujo processo degradativo é mais suscetível à ação do
oxigênio.
Silva, J. D. C. B. K. F. Conclusões
82
A avaliação das propriedades mecânicas mostrou que todos os artefatos, quando
ensaiados segundo as normas vigentes na legislação brasileira, foram aprovados, tanto
antes como após envelhecimento acelerado. Conforme era esperado, a luva à base de
borracha natural apresentou maior resistência à tração e maior deformação do que a luva à
base de poli(cloreto de vinila). Independente do material utilizado, todas as amostras de
luvas apresentaram perdas em suas propriedades mecânicas após envelhecimento
acelerado, que pode ter sido causado, dentre outros fatores, pela redução na massa molar
média das cadeias poliméricas. As amostras de bico de chupeta tanto à base de borracha
natural como à base de borracha de silicone após o ensaio mecânico não apresentaram
distorção que inviabilizasse seu uso, permanecendo-se aptas ao uso, mesmo após o
tratamento em estufa.
Silva, J. D. C. B. K. F. Sugestões
83
7. Sugestões
Expandir o estudo, utilizando artefatos comerciais de outros fabricantes e origens.
Verificar a resistência térmica e mecânica utilizando outros artefatos comerciais também
voltados à saúde, como por exemplo: cateteres, seringas, bolsa de sangue, diafragmas,
dentre outros artefatos. Empregar a técnica de termogravimetria acoplada à espectrometria
na região do infravermelho para tentar caracterizar os diferentes aditivos utilizados nas
formulações.
Silva, J. D. C. B. K. F. Referências bibliográficas
84
8. Referências bibliográficas
ALLINGER, N. L. CAVA, M. P.; JONGH, D. C. de; JOHNSON, C. R.; LEBEL, N. A.;
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