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Portanto, o fato de ser u m exi stente alto ou baixo, maneta ou não, são fatos inegáveis e
que de modo al gum fo ram escolhidos por nós. Deste modo percebemos que é ine rente à
realidade humana, uma espécie de limitação, de facticidade e de contingência. Vimos
anteriormente que não há escolha antes de noss o nascimento, mas é a partir deste que somos
livres para escolher e para mudar, no entanto este espaço ocupado por nós, ou seja nosso
corpo, só se revelará como limite a luz de nossos fins.
Se há u ma e xtensão, nos limites da qual eu me apreendo como li vre ou não-livre,
uma exten são que a mim se mostra co mo au xiliar ou ad versa (separad ora), só pode
ser porque, a ntes de tudo, exi sto meu lu gar, sem escolha, t ambém sem necessidade,
como puro fato absoluto de meu ser-aí. Sou aí : não aqui, ma s aí. Eis o fato a bsoluto e
incompreensível q ue está na origem da extensão , e, conseq üentemente, de minhas
relações originais co m a s coisas (co m esta s coisas, mais do que com aquelas outras).
Fato de p ura contingência - fat o absurdo (SN, 1997, p. 604).
O homem não é apenas o ser- aí. Ele também o é, porém, é m uito mais que isso, pois se
lança para o futuro, transforma o mundo à sua volta, no entanto, por ex istir, sua condição tem
características qu e lhe s ão dadas. D este modo podemos ter idéias bem claras a respeito de
nossos objetivos, a respeito de nosso lugar no mundo, porém, não podemos esquecer que é
pelo fato de existirmos que surgem os limi tes, nossa existência põe em questão nossa
liberdade, pois ao o cuparmos nosso lugar nos é dada uma s érie de atributos que não
escolhemos, como nossa família, nossa classe, nossa nacionalidade. Ao surgirmos no mundo,
já surgimos de certa forma marcados por estes sinais. “O corpo que somos nos impõe a
necessidade de agir entre os objetos, utiliza instrumentos para certos fins e nos deixa à mercê
dos coeficientes de adversidade ou d e utilidade do mundo” (PERD IGÃO, 1995, p 88). Então,
diante disso, como falar de liberdade?
Entretanto, tudo isso que acabamos de ver tem se u início com o nosso nascimento e,
como vimos, nascer é ocu par nos so lugar e, portanto, existir de certa forma limitados por este
lugar. No entanto, quando recebemos o nosso lugar, o recebemos em meio a uma série de
outros existentes, porém, estas outr as coisas que nos cercam só têm sentido a partir da
realidade humana, conforme destac a Sartre: “Sem realidade humana não haveria espaço n em
lugar - e, todavia, esta realidade human a pela qual a localização vem ás coisas re cebe seu
lugar entre as coisas sem ter domínio sobre isso.” (SN, 1997, p. 603-604).
Assim, nosso existir é uma relação, ou seja, pelo fato de ocuparmos um lugar, estamos
limitados ao nosso lugar, pelo fato de sermos livres, estamos em relação com as coisas que
nos circundam. No entanto, pelo fato de estarmos determinados, ou seja, estarmos em nosso