Análise da variabilidade climática de um modelo do clima da América do Sul no presente e em 6 ka AP
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HM, provavelmente relacionada ao deslocamento para o norte do cinturão de baixas pressões
do Hemisfério Sul, impulsionando maior número de sistemas transientes a passarem sobre o
local. O pequeno acréscimo de PPT na primavera (outubro-novembro) também pode ser
percebido nesta região, porém a diminuição em janeiro-abril é muito mais notável – tanto que
a PPT média no HM.
Tab. 3.1: média e desvio-padrão da PPT nos 100 anos das simulações 2L24 e HOL04 das localidades
selecionadas da Am éri ca do Sul (co nf o rme mapa da Fig. 3.17).
PPT (mm/dia)
2L24 HOL04
Região
média desvio-padrão média desvio-padrão
1. Venezuela 3,41 4,56 2,93 3,98
2. Amazonas 3,19 2,37 3,05 2,21
3. Pará 2,68 2,82 2,68 2,90
4. Maranhão 1,99 2,34 2,08 2,39
5. Ceará 1,92 2,19 1,93 2,33
6. Lago Titicaca 5,32 4,03 5,01 3,80
7. Goiás 1,99 2,87 1,86 2,61
8. Minas Gerais 2,15 2,69 2,18 2,56
9. Pantanal 1,61 1,76 1,46 1,58
10. Chaco 0,52 0,56 0,46 0,50
11. Rio Uruguai 1,3 5 1,13 1,21 1,01
Esta versão do modelo do IPSL apresenta algumas melhorias com relação à versão
anterior, cujas simulações foram analisadas por Jorgetti (2004) e Silva Dias et al. (2006). O
clima mais seco no HM, generalizado sobre a América do Sul, verificado nas análises com
proxies bem como em outros estudos de modelagem paleoclimática (e.g. Valdes, 2000;
Harrison et al., 2003), pode ser verificado também em HOL04, principalmente através dos
campos de diferenças de Q2M. O resfriamento no verão do Hemisfério Sul, demonstrado por
Valdes (2000), foi constatado nesta simulação, porém com maior magnitude.
As diferenças nos campos sazonais de PPT e vento em baixos níveis, associadas à
análise local do ciclo anual da PPT, indicam mudanças no sistema monçônico da América do
Sul. A causa principal seria a diminuição do contraste térmico do continente (com
temperaturas menores) em relação ao oceano. Por conta do resfriamento ocorre o aumento da
PNM sobre o continente nos meses de verão, enfraquecendo o gradiente de pressão, e por
conseqüência os alísios. O resultado é o menor transporte de umidade para o continente,
menos atividade convectiva no interior e menor taxa de PPT.
O trimestre SON, época em que normal mente inicia a monção de verão na América do
Sul tropical, apresenta-se mais quente em 6 ka AP. Paralelamente, os campos de Q2M e vento
em 850 hPa indicam um quadro favorável à convergência e acúmulo de umidade, o que
poderia gerar uma antecipação da estação chuvosa no HM. Na análise local, porém, observa-