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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física
Arestides Pereira da Silva Júnior
Avaliação de idosos de dois Grupos de Convivência de
Marechal Cândido Rondon à luz do ideário da Promoção
da Saúde: implicações sobre a elaboração de um
programa de educação física
São Paulo, março de 2007.
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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física
Arestides Pereira da Silva Júnior
Avaliação de idosos de dois Grupos de Convivência de
Marechal Cândido Rondon à luz do ideário da Promoção
da Saúde: implicações sobre a elaboração de um
programa de educação física
Dissertação de Mestrado apresentada a
USJT Universidade São Judas Tadeu,
como requisito parcial à obtenção do
grau de Mestre em Educação Física, sob
a orientação da professora Doutora
Marília Velardi.
São Paulo, março de 2007.
i
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Silva Júnior, Arestides Pereira da
Avaliação de idosos de dois grupos de convivência de Marechal Cândido
Rondon à luz do ideário da promoção da saúde: implicações sobre elaboração de
um programa de educação física. - São Paulo, 2007.
229 f. : il. ; 30 cm
Dissertação (Mestrado em Educação Física) Universidade São
Judas Tadeu, São Paulo, 2007.
Orientador: Profª. Dra. Marília Velardi
1. Idosos. 2. Programa de Educação Física. 3. Promoção da saúde. I. Título
CDD
-
796
Ficha catalográfica: Elizangela L. de Almeida Ribeiro - CRB 8/6878
ARESTIDES PEREIRA DA SILVA JÚNIOR
Avaliação de idosos de dois Grupos de Convivência de
Marechal Cândido Rondon à luz do ideário da Promoção
da Saúde: implicações sobre a elaboração de um
programa de educação física
Dissertação de Mestrado apresentada a USJT – Universidade São Judas Tadeu,
como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Educação Física, sob
a orientação da professora Doutora Marília Velardi.
Banca Examinadora
_____________________________
Titular - Prof. Dra. Marília Velardi (Orientadora)
Universidade São Judas Tadeu – SP.
_____________________________
Titular - Prof. Dra. Maria Luiza de Jesus Miranda
Universidade São Judas Tadeu – SP.
_____________________________
Titular - Prof. Dr. Marcelo Massa
Universidade Presbiteriana Mackenzie - SP
_____________________________
Suplente - Prof. Dr. Sheila Aparecida Pereira dos Santos Silva
Universidade São Judas Tadeu – SP.
_____________________________
Suplente - Prof. Dra. Sandra Marcela Mahecha Matsudo
Universidade Federal de São Paulo
São Paulo, março de 2007.
ii
DEDICATÓRIA
À DEUS.
Ao meu pai que o encontra-se presente
fisicamente, mas que com certeza espiritualmente
deu-me forças para enfrentar as dificuldades da vida
com honestidade, caráter e responsabilidade.
À minha mãe, “carregadora de pianos”, acumulando
o papel de mãe e pai ao mesmo tempo na educação
de seus filhos. Sempre disposta a ajudar o próximo!
À minha amiga, “mãe”, professora, orientadora
Marília. A sua amizade, convívio, conversas, carinho
foram a inspiração para a realização do mestrado e
desenvolvimento da dissertação. Muito obrigado!
iii
AGRADECIMENTOS
À CAPES pelo auxílio financeiro durante o decorrer do curso.
À Universidade São Judas Tadeu pelo acolhimento agradável aos alunos em todos os
aspectos.
Aos professores do Programa de Mestrado da USJT, pelo carinho demonstrado em
cada aprendizado.
Aos colegas e amigos do mestrado, que durante dois anos foram protagonistas de
períodos difíceis e sacrificantes de estudo, mas também fica a lembrança de
momentos de alegrias, brincadeiras e trocas de experiências que serão inesquecíveis.
Aos meus “irmãos” do mestrado: Fabiano e Marina; “primos”: GG, João, Renatinha,
Suzuki e principalmente à Ana, sempre disposta a ajudar, e como me ajudou!
Obrigado!
Aos integrantes do Grupo de Estudos e Pesquisa Sênior da USJT, pois as discussões
e reflexões realizadas durante os encontros foram fundamentais ao longo desta
caminhada.
Aos meus grandes amigos Daniel, Demilto e Lucinar pelos momentos de convivência
que foram regados de alegrias, sonhos, persistência, ajudas, vontade e
perseverança.
Aos amigos de longa data Beto, Júnior, André, Wagner, Leonardo, Foca, Elyzandro,
etc, etc...
“A amizade é o ingrediente mais importante na receita da vida”.
Aos meus familiares que sempre estiveram na torcida e me dando apoio, sou muito
grato a vocês.
Aos meus irmãos: Júnior, Edson e Guilherme.
Ao meu sobrinho e afilhado Matheus, que nos proporciona momentos de alegria e
diversão.
Aos acadêmicos do curso de Educação Física da UNIPAN, Mabel e Rodrigo, pela
disposição em encarar o desafio e auxiliar de maneira precisa na realização das
coletas de dados, tenho certeza do sucesso profissional de vocês.
À Prefeitura Municipal de Marechal Cândido Rondon, através da Secretaria Municipal
de Ação Social pelo apoio concedido.
Aos idosos participantes. “Vocês são a alma deste estudo”.
Aos componentes da banca, Prof. Dr. Marcelo Massa, Profª. Drª. Maria Luiza de
Jesus Miranda e Profª. Drª. Marília Velardi, pelas valorosas contribuições no
desenvolvimento deste estudo.
À querida Ana Cecília pela compreensão, carinho, apoio e incentivo durante o
desenvolvimento do mestrado.
À Profª. Drª. Vilma Nista-Piccolo pela dedicação e carinho na coordenação do curso
de mestrado da USJT.
À amiga e Profª. Drª. Maria Luiza de Jesus Miranda pelos ensinamentos e
experiências passadas.
À Márcia, que na reta final me deu muito apoio e sempre compreensiva.
À Simone e Selma, sempre competentes e dispostas a ajudar.
Aos colegas/irmãos da arbitragem que sempre deram força nas minhas escolhas.
À professora Liana Fuga, pela oportunidade e confiança depositada em mim.
À professora Sandra, pela colaboração e dedicação nas correções de português do
presente trabalho.
Aos acadêmicos de Educação Física da Unipan. Os primeiros a gente nunca esquece.
Aos demais aqui não mencionados, mas que tiveram uma parcela de contribuição e
são especiais.
Muito obrigado!
iv
SUMÁRIO
LISTA DE ANEXOS.................................................................................................................vi
LISTA DE FIGURAS..............................................................................................................vii
LISTA DE QUADROS............................................................................................................viii
LISTA DE TABELAS................................................................................................................ix
RESUMO.................................................................................................................................x
ABSTRACT.............................................................................................................................xi
1 – INTRODUÇÃO................................................................................................................15
1.1 – OBJETIVOS........................................................................................................................22
2 – REVISÃO DE LITERATURA.............................................................................................23
2.1 - ASPECTOS BIOPSICOSSOCIAIS DO ENVELHECIMENTO..........................................................24
2.2 - ESPAÇOS DESTINADOS AOS IDOSOS NA VELHICE................................................................31
2.3.1 – Os programas de educação física como espaços para idosos...............................................37
2.3 – A PRÁTICA DA ATIVIDADE FÍSICA NA VELHICE: CARACTERÍSTICAS E IMPLICAÇÕES..............43
2.3.1 – Benefícios da atividade física na velhice.............................................................................44
2.3.2 –Avaliação do perfil antropométrico, de aptidão física e de atividades físicas em idosos...........48
2.3.3 - Adesão aos programas de educação física..........................................................................55
2.4 - AVALIAÇÃO DOS PROGRAMAS EM PROMOÇÃO DA SAÚDE: REFLEXÕES E POSSÍVEIS
IMPLICAÇÕES EM EDUCAÇÃO FÍSICA DE IDOSOS........................................................................58
3 - MÉTODO ........................................................................................................................65
3.1 – CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO...........................................................................................65
3.2 - GRUPOS E SUJEITOS PARTICIPANTES..................................................................................66
3.3 – APRESENTAÇÃO DAS ETAPAS E INSTRUMENTOS..................................................................69
4 - RESULTADOS E DISCUSSÕES.........................................................................................72
4.1 - PRIMEIRA ETAPA: O SURGIMENTO DOS GRUPOS DE CONVIVÊNCIA DE IDOSOS NO MUNICÍPIO
DE MARECHAL CÂNDIDO RONDON E AS CARACTERÍSTICAS REGIONAIS: GEOPOLÍTICA.................72
4.1.1 - Primeiro Momento – Pesquisa histórica descritiva ...............................................................73
4.1.2 - Segundo Momento – Entrevista semi-estruturada................................................................75
4.2 - SEGUNDA ETAPA: ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO..............................................................83
4.2.1 - Primeiro Momento - Análise Documental............................................................................84
4.2.2 - Segundo Momento - Entrevista semi-estruturada ...............................................................88
4.2.3 - Terceiro Momento – Observação .......................................................................................92
4.3 - TERCEIRA ETAPA - QUESTIONÁRIOS, DADOS ANTROPOMÉTRICOS E TESTES DE APTIDÃO
FÍSICA........................................................................................................................................98
4.3.1 - Unidade I: Questionários...................................................................................................98
4.3.2 - Unidade II: Dados Antropométricos .................................................................................112
4.3.3 – Unidade III: Testes de aptidão física................................................................................116
4.4 - QUARTA ETAPA: IDOSOS FREQUENTADORES......................................................................124
4.4.1 – A Educação Física nas décadas de 50 e 60.......................................................................129
4.4.2 - Histórico da atividade física durante a vida e a relação com o trabalho...............................133
4.4.3 - O significado da atividade física.......................................................................................143
4.4.4 - Identificação do que representa esta fase da vida.............................................................148
4.4.5 - Perspectivas sobre a atividade física nesta fase da vida.....................................................154
4.4.6 - Motivos para participação no Grupo de Convivência ..........................................................158
4.4.7 - As atividades físicas predominantes nos Grupos de Convivência.........................................162
4.4.8 - As atividades que o Grupo de Convivência oferece são suficientes? Como deveria ser?........163
4.4.9 - A influência ou não da descendência de alemães...............................................................169
4.5 - A AVALIAÇÃO DOS IDOSOS: IMPLICAÇÕES SOBRE A CRIAÇÃO DE PROPOSTA EM EDUCAÇÃO
FÍSICA.....................................................................................................................................170
5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................180
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................184
ANEXOS.............................................................................................................................207
v
LISTA DE ANEXOS
ANEXO 1 - Programas de atividades físicas para idosos no Brasil.....................................208
ANEXO 2 - Termo de consentimento livre e esclarecido...................................................211
ANEXO 3 – Parecer consubstanciado.............................................................................213
ANEXO 4 - Roteiro para entrevista com os fundadores dos Clubes de Idosos Amizade e
Clube de Idosos Paz e Amor.........................................................................................214
ANEXO 5 - Roteiro para entrevista com os presidentes dos clubes...................................215
ANEXO 6 - Protocolo de observação..............................................................................216
ANEXO 7 - Questionário de prontidão para atividade física (Q-PAF).................................217
ANEXO 8 - Questionário sócio-econômico......................................................................218
ANEXO 9 - Questionário internacional de atividade física – versão curta...........................220
ANEXO 10 – Descrição do protocolo – dados antropométricos.........................................222
ANEXO 11 - Ficha de coleta de dados antropométricos e testes de aptidão física..............223
ANEXO 12 – Descrição do protocolo – testes de aptidão física.........................................224
ANEXO 13 – Figuras das avaliações antropométricas e testes de aptidão física.................226
vi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Distribuição dos sujeitos por estado civil e Grupo de Convivência.....................101
Figura 2 – Distribuição dos sujeitos por ocupação atual e Grupo de Convivência...............102
Figura 3–Distribuição dos sujeitos por nível de escolaridade e Grupo de Convivência........103
Figura 4 – Distribuição dos sujeitos segundo classificação econômica da ANEP e Grupo de
Convivência.................................................................................................................105
Figura 5 – Distribuição da faixa de renda e Grupo de Convivência
(1 salário mínimo = R$350,00).....................................................................................106
Figura 6 – Distribuição dos sujeitos segundo descendência e Grupo de Convivência..........107
Figura 7 – Distribuição dos sujeitos por Estado de origem e Grupo de Convivência...........108
vii
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Valores, princípios e condições para avaliação da Promoção da Saúde..............62
Quadro 2 – Identificação e número de participantes dos Grupos de Convivência de Idosos
do município de Marechal Cândido Rondon – PR..............................................................67
viii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Freqüência e percentual das características do levantamento realizado em
programas de educação física destinados aos idosos no Brasil...........................................39
Tabela 2 – Número de inscrições de associados acima de 60 anos.....................................43
Tabela 3 – Distribuição dos sujeitos por faixa etária, sexo e Grupo de Convivência...........100
Tabela 4 – Percentual e freqüência dos sujeitos dos Grupos de Convivência em relação
Aos dois níveis de atividade física e gênero....................................................................110
Tabela 5 – Percentual e freqüência dos sujeitos dos Grupos de Convivência em relação
aos dois níveis de atividade física e idade......................................................................111
Tabela 6 – Distribuição das médias e desvios padrão do peso, estatura, IMC circunferência
abdominal dos sujeitos, por sexo e Grupo de Convivência...............................................113
Tabela 7 – Classificação do IMC e riscos à saúde para adultos.........................................114
Tabela 8 – Circunferência abdominal segundo risco de complicações metabólicas, por
sexo...........................................................................................................................115
Tabela 9 – Valores médios e desvios padrão dos sujeitos nos testes de aptidão física das
capacidades força de membros superiores, força de membros inferiores e flexibilidade.....117
Tabela 10 – Valores médios e desvios padrão dos sujeitos nos testes de aptidão física
das capacidades resistência cardiorrespiratória, agilidade e equilíbrio...............................121
ix
RESUMO
O presente estudo apresenta dois objetivos principais, o primeiro é analisar e avaliar
o entorno relativo às características ambientais (sócio-culturais, históricas e
geopolíticas) e pessoais (físicas, funcionais e de anseios/preferências) dos
participantes dos Grupos de Convivência de Idosos da Sede do Município de
Marechal Cândido Rondon – PR: denominados “Amizade” e “Paz e Amor”. O segundo
objetivo consiste em verificar as implicações dessas avaliações sobre a criação de um
modelo de educação física à luz do ideário da promoção da saúde. A pesquisa
compreendeu quatro etapas, sendo a primeira caracterizada pelo surgimento dos
Grupos de Convivência de Idosos no Município de Marechal Cândido Rondon,
relacionados aos aspectos da Geopolítica da região; a segunda etapa, postulada pela
descrição da estrutura e funcionamento dos Grupos de Convivência (análise
documental e entrevista com gestores e participantes); a terceira etapa que
compreendeu as avaliações antropométricas, de aptidão física e socioeconômica dos
idosos participantes; a quarta etapa, caracterizada pela descrição detalhada dos
idosos freqüentadores que, entrevistados, apontaram sua história de vida e
experiências vividas nos Grupos de Convivência frente à prática de atividades físicas.
Os resultados apresentados indicaram que a descendência germânica entre os
participantes é um aspecto que terá implicações sobre a elaboração de um programa
de educação física, pois sua cultura preserva valores, costumes e tradições que são
mantidos e valorizados pelos participantes. Os relatos apresentaram que a prática de
atividades físicas ao longo da vida desses sujeitos apresentou-se vinculada às
atividades de trabalho, pois foram estes indivíduos que participaram do início de
desenvolvimento do município de Marechal Cândido Rondon. O nível de escolarização
baixo e as condições econômicas não favoráveis são aspectos a serem considerados
com os participantes para levá-los a estratégias de enfrentamento e busca de
soluções para que estas questões não sejam impeditivas para a participação num
programa. Através das respostas obtidas nas entrevistas, verificou-se que os sujeitos
demonstraram interesse em participar de um programa de educação física, tendo em
vista que as atividades oferecidas pelos Grupos não foram consideradas suficientes.
Porém, os relatos abordam que qualquer iniciativa proposta deve ser efetivada num
dia extra aos encontros. O nível habitual de atividade física dos participantes
avaliados através do
International Physical Activity Questionnaire
(IPAQ) versão
curta encontrado foi classificado como mais ativo. Os referenciais antropométricos,
avaliados através do Índice de Massa Corporal (IMC) e circunferência abdominal
foram considerados acceo dosníveis recomendados ejÂ8ªhLá“Ojz“qLq8üm9VlB(zOázjázVaBAOÀjÀV BjkL“O””“VOB(kO”jjááVrBLOzhjkAkgÓaniao Mundial da
ade (OM) com indcios de sureoento de doenas. Os resulados aresentados
sore os indicadores de atido física aresentamse de forma satisfatrio resume
se qÓu VeB(hOjAÀkVsB(hOj“ájáVtBAOk““Ahes íindics VtBAOk““Ahenham VrBLOzhjkAkVeB(hOjA“áAVlB(zOázjázVaBAOÀjÀçco com aspectos hstricos, considerando ue estesáOLk”jLÀV BhzkOAjjÂ8ªmm”zOAL”“q(kzO“kq8üm9VsB(hOj“hÀjuseitos tiveram traalos ue ls exieVrBLOzhjkAkVaBAOÀjÀVmjjhÀhájáV B(zk“O“ázVmB(LOáÀkkAuhB(kO“zAisto esforo físico o lono da vida
Cosiderase ue a artir dos resulados xpostos, os suetos devam refletir
articiar ativamente das decises, uanto implatao do roram e elaorao
de atividades, atuando como roaostas e o codzOjkL””“jÓuvantes, alm dsso fortalc
a idia de atoomia e
ABSTRACT
This study has two main objectives: the first one, characterizes the analysis and
evaluation of ambient characteristics (partner-cultural, historical and geopolitical) and
staffs (physical, functional and of yearnings/preferences) of the participants of the
“Elderly people Intimacy Groups of the city of Marechal Cândido Rondon, of the state
of Paraná: called “Amizade” and “Paz e Amor”. The second objective consists in
verifying the implications of these evaluations on the creation of a physical education
model to health promotion. The study had four stages, being the first one related to
the sprouting of the elderly people Intimacy Groups of the city of Marechal Cândido
Rondon, related to the aspects of the Geopolitics of the region; the second stage,
claimed for the description of the structure and functioning of the Intimacy Groups
(documentary analysis and interview with managers and participants); the third
stage, the anthropometrics evaluations, of physical and social-economical aptitude of
the elderly people participants; the fourth stage, characterized for the detailed
description of the elderly people that, interviewed, had pointed its life history and
experiences in the Intimacy Groups and the practical of physical activities. The
presented results had indicated that the Germanic descent between the participants
is a aspect that will have implications on the elaboration of a physical education
program, therefore its culture preserves values, customs and traditions that are kept
and valued for the participants. The stories had presented that the practical of
physical activities, throughout the life of these people, was presented entailed to the
activities of work, therefore had been these individuals that had participated of the
beginning of development of the city of Marechal Cândido Rondon. The low studies
level and the non favorable economic conditions are aspects to be considered with
the participants to take strategies of confrontation and brainstorming, to do not
prevent the participation in a health program. Through the answers gotten in the
interviews, which were verified that the elderly people had demonstrated interest in
participating on a physical education program, in view of the activities offered for the
Groups had not been considered enough. However, the stories approach that any
initiative proposal must be accomplished in one day extra to the meeting. The
habitual level of physical activity of the participants evaluated through International
Physical Activity Questionnaire (IPAQ) - found short version was classified as more
active. The anthropometrics references, evaluated through the Index of Corporal
Mass (IMC) and abdominal circumference had been considered above of the levels
recommended for the World-wide Organization of Health (WHO), with indications of
sprouting of illnesses. The results presented on the pointers of physical aptitude are
presented of satisfactory form, are presumed that these indices have relation with
historical aspects, considering that these elderly people had had works that physical
effort throughout the life had demanded them. It is considered that from the
displayed results, these people must reflect and participate actively of the decisions,
how much to the implantation of the program and elaboration of activities, acting as
protagonists and not coadjutants, moreover, fortifies the idea of autonomy and
empowerment of the individuals. The ample evaluation of diverse aspects related is
concluded that, the pedagogical practical actions exceed the systemized practical of
the physical activity in a of physical education program for elderly people, getting ,
this way, not only a direct relation with the physical and functional capacities, but
with the life of the participants.
Key words: Elderly, physical education programs, physical activities, Intimacy
Groups and Health Promotion.
xi
15
1 – INTRODUÇÃO
“Quando o homem compreende sua realidade,
pode levantar hipóteses sobre o desafio dessa
realidade e procurar soluções. Assim, pode
transformá-la e seu trabalho pode criar um
mundo próprio, seu eu e suas circunstâncias”.
Paulo Freire
A população de idosos cresceu rapidamente nas últimas décadas e deve
continuar aumentando. Segundo levantamento, da OMS até 2025 o Brasil será o
17
como parâmetros para a criação de intervenções na área da Educação Física
(MATSUDO et. al., 2000; MENDONÇA et. al., 2004; STELLA et. al., 2002).
Em geral esses estudos são pautados na perspectiva biomédica e têm se
voltado para justificar a inclusão de atividade física para os idosos considerando seu
impacto na prevenção de doenças, na compressão da morbidade através de
atividades que enfatizem e valorizem bons níveis de aptidão física, composição
corporal e resultados positivos em relação às capacidades funcionais ou na execução
das atividades da vida diária (ELWARD et. al., 1992; MATSUDO, 2004; PESCATELLO
et. al., 1991; STEWART et. al., 2001; YAZAWA et. al., 1989; ZAGO & GOBBI, 2003).
Além dos aspectos físico-funcionais, o estudo desenvolvido por Bouchard et. al.
(1993) evidenciou que o aumento dos veis de atividade física pode contribuir para
o processo de prevenção de doenças que se manifestam com a idade, principalmente
nas pessoas mais velhas. Essa constatação é reforçada por inúmeras evidências
científicas, bem como aquelas que se manifestam frente ao fato de que a atividade
física regular pode trazer benefícios para a saúde mental (PATE, 1995).
Estudos e ações pautadas na perspectiva biomédica são desenvolvidos com o
intuito de melhorar a funcionalidade do idoso, proporcionando, desta forma, um
envelhecimento dito saudável. Nesta perspectiva, a atividade física é prática eficaz na
prevenção de doenças relacionadas ao sedentarismo e sua prática tende a
proporcionar meios de manutenção da independência física (OKUMA, 2002).
Sob essa perspectiva os programas de intervenção junto à população idosa
são criados com base em modelos epidemiológicos, que caracterizam o grupo com
base na prevalência ou incidência universal e generalizada de determinantes de
doenças consideradas como características dessa fase da vida (SILVA JÚNIOR &
VELARDI, 2007). Neste caráter preventivo, os benefícios fisiológicos e funcionais são
comprovados cientificamente, demonstrando-se eficazes, mas as ões estabelecem
regras impostas, associando-se numa intervenção “verticalizada”, em que os padrões
são fixados através de modelos estereotipados, que, em geral não consideram como
premissa a análise do entorno e da realidade para verificar as necessidades,
características e os gostos da população em questão (OKUMA, 1997).
Segundo Andreotti (2001), o primeiro passo para o planejamento e
implantação de um programa de educação física é conhecer as características do
18
ambiente e dos indivíduos que participam destes programas, a fim de que se possa
atender e suprir os interesses, necessidades e dificuldades da população para a qual
se destinam. Nesta mesma perspectiva, Pinheiro & Freitas (2004), afirmam que no
processo de formulação de qualquer política pública, específica para um determinado
grupo populacional, é necessário que sejam levados em conta os problemas
ambientais, econômicos, sociais, culturais bem como as potencialidades que
envolvem estes aspectos. Além da implantação, atualmente, os principais métodos
utilizados na avaliação dos programas de atividades físicas para idosos partem dos
componentes antropométricos, metabólicos e neuromusculares da aptidão física, pois
são ferramentas fundamentais para avaliar o desempenho físico dos idosos
(MATSUDO, 2005).
De acordo com Farinatti (2002), com relação à atividade física para o idoso,
ainda predomina uma tendência reducionista herdada da tradição biomédica em
considerar a saúde de maneira negativa, ou seja, caracterizar a atividade física com
o seu valor voltado quase que exclusivamente na prevenção de doenças e
desconsiderando a saúde no seu aspecto mais amplo
.
Sendo assim, muitos
profissionais concentram sua prática no melhor desempenho das capacidades físicas
e com avaliações quantitativas relacionadas aos ganhos em aptidão física.
Gerez (2006) afirma que, no que se refere à Educação Física, o discurso
epidemiológico é predominante com relação aos idosos, justifica-se a necessidade da
prática atividade física a partir da exposição dos fatores de risco do sedentarismo e
dos gastos em Saúde Púbica com doenças crônicas não transmissíveis. De acordo com
a autora, este argumento epidemiológico também deve ser levado em consideração,
mas não exageradamente estimado numa relação causa e efeito no processo de
saúde-doença.
A crítica ao modelo preventivo e epidemiológico, que caracteriza a perspectiva
biomédica, não vem no sentido de diminuir os efeitos e benefícios da prática da
atividade física nos aspectos físicos, funcionais e preventivos comprovados
cientificamente. É inegável seu impacto sobre as variáveis de aptidão física, no
controle de determinadas doenças e sob variáveis psicológicas. Porém, fundamenta-se
uma posição que esta relação de causalidade é restrita e não levam em conta outros
aspectos relacionados à condição humana. Além disso, a consideração dos benefícios
19
da prática de atividades físicas e a avaliação prévia de estados de saúde e de aptidão
físico-funcionais, que em geral acompanham a implantação ou pré-participação em
programas baseados na perspectiva biomédica são restritas e, embora necessárias,
não são suficientes.
De acordo com Buss (2003), os métodos epidemiológicos de planejamento,
implementação e avaliação dos programas com caráter preventivo ainda prevalecem
quando se fala em programas e propostas relacionados à saúde. Portanto, o modelo
biomédico ainda é predominante.
Acredita-se que os programas de educação física devam ser implantados a
partir de avaliações que extrapolem a dimensão física do modelo epidemiológico e
preventivo. Não se pode considerar que modelos com avaliações restritas sejam
formulados e considerados aplicáveis a todas as diversas populações,
desconsiderando aspectos humanistas, regionais, pessoais e de preferências.
Numa visão baseada no ideário da Promoção da Saúde
3
, as intervenções devem
partir de uma perspectiva democrática, com o modelo de intervenção participativa da
população.
Para Pereira Lima et. al. (2004), a Promoção da Saúde norteia-se por valores,
princípios, todos e técnicas que favorecem ações direcionadas à melhoria dos
estados de saúde de pessoas e comunidade, sendo que uma metodologia
especificamente educativa deve se adaptar a partir do diagnóstico sobre e com a
população, suas histórias e condições de vida, carências e necessidades. A coerência
que a Promoção da Saúde busca através de suas ações pode ser relacionada ao
planejamento e implantação de programas de educação física para que, desta
maneira, seja possível proporcionar melhores condições para o oferecimento de
estratégias que conduzam à melhoria dos estados de saúde, numa visão mais ampla
sobre o conceito.
3
A referência ao Ideário da Promoção da Saúde, segundo Buss (2003); Czeresnia (2003) deve ser
entendido associando a um “conjunto de valores”: vida, saúde, solidariedade, eqüidade, democracia,
cidadania, desenvolvimento, participação e parceria, tendo como um dos eixos básicos o
fortalecimento da autonomia dos indivíduos, num processo que procura possibilitar que as pessoas e
comunidades aumentem o controle sobre os determinantes da saúde e não tendo enfoque exclusivo
em doenças. Esta perspectiva baseia-se na divulgação da Carta de Otawa em 1986.
20
Portanto, conhecer a população e o ambiente antes de implantar um
programa parece ser muito lógico dentro de uma concepção coerente. Mas ainda são
raras as iniciativas que levam em conta o idoso como centro do processo, seja no
âmbito das políticas públicas de saúde ou mesmo na criação de programas de
educação física, que, analisando e estudando as características ambientais, sócio-
culturais e pessoais, estruturem programas que condigam com a realidade dos
idosos num determinado contexto. De acordo com o Ministério da Saúde (2001) na I
Conferência de Promoção da Saúde, os indivíduos e grupos devem saber identificar
aspirações, satisfazer suas necessidades e modificar favoravelmente o meio
ambiente.
Assim sendo e para estar de acordo com os princípios da Promoção da Saúde,
é primordial que seja realizada uma avaliação do entorno ao qual pertencem os
idosos, como parte do conhecimento necessário para a implantação de um programa
relativo à saúde. Segundo Teixeira (2002), avaliar os resultados e conhecer
profundamente o contexto é a melhor maneira com que os objetivos sejam atingidos
na implantação de um programa de educação física. De acordo com Souza & Grundy
(2004), a avaliação do ambiente é parte vital para que as práticas possam ser bem
sucedidas, pois verificar se as atividades condizem com as necessidades da
população é fundamental para a aderência aos programas.
Akerman et. al. (2004), num vasto estudo de revisão bibliográfica, apontaram
inúmeros aspectos que devem ser considerados em relação à avaliação em
Promoção da Saúde: deve-se respeitar e valorizar os conhecimentos e experiências
locais; reconhecer e explicitar as diferenças das identidades culturais, sociais e
econômicas entre os distintos focos da avaliação, sejam eles populações, grupos
sociais, comunidades, organizações ou indivíduos; a avaliação deve utilizar uma
combinação equilibrada de métodos, cnicas e instrumentos qualitativos e
quantitativos; se basear nas potencialidades da comunidade; encorajar o diálogo e a
reflexão a fim de facilitar todas as formas de desenvolvimento do conhecimento para
todos os envolvidos, dentre outros aspectos importantes.
Sendo assim, na perspectiva da Promoção da Saúde, os programas de
educação física não devem ser sempre iguais com modelos estereotipados e
impostos sem a devida diferenciação, pois as pessoas, o ambiente, o clima, as
21
condições financeiras, os espaços físicos, dentre inúmeras outras variáveis mudam
de lugar para lugar. Conforme estudo publicado por Okuma (1997), fórmulas únicas
para todos têm-se mostrado inadequadas com relação à adesão em qualquer tipo de
proposta. Acredita-se que modelos educacionais que considerem as pessoas como
seres singulares e adaptando-se à sua realidade poderão ser mais eficazes neste e
em outros aspectos.
Segundo Velardi (2003), a Educação Física, considerada como área
eminentemente pedagógica, pode auxiliar neste processo, proporcionando condições
de ensino que favoreçam o aprendizado de conhecimentos que permitam o
gerenciamento adequado das condições de saúde de uma determinada população. O
papel da Educação Física, na perspectiva da Promoção da Saúde, é o de promover a
prática das atividades físicas utilizando-se de estratégias educacionais que
transcendam as práticas motoras e, por meio delas, seja possível o ensino de
conhecimentos que permitam às pessoas gerenciarem melhor suas condições de
saúde.
A mesma autora propõe que se tenha um entendimento de como o processo
de elaboração de ambientes educacionais em educação física deve se organizar e
desenvolver, analisando indivíduos, meio ambiente e assim caminhar de maneira
coerente com o desenvolvimento da autonomia da população. Desta forma, seguindo
os princípios da Promoção da Saúde, o idoso deve ser considerado como
protagonista e não coadjuvante no planejamento e implementação de programas de
educação física. Por isso, a participação efetiva dos indivíduos e comunidades nas
escolhas e avaliações é fundamental para que se possa efetivar uma coerência entre
ambiente, população e prática pedagógica das atividades relacionadas à Educação
Física (SILVA JÚNIOR & VELARDI, 2007).
Assim sendo, observa-se a necessidade de criar soluções que partam do
estudo e análise dos aspectos relacionados às características ambientais e pessoais
para elaborar uma proposta que seja coerente com as necessidades dos indivíduos
de uma dada região. Guedes (1999) afirma a importância de estudos direcionados a
enfatizar os anseios das pessoas, historicidade, aspectos culturais entre outros
fatores que valorizam mais o ser humano em sua raiz. Entretanto, estudos com este
caráter ainda não recebem grande valorização na Educação Física.
22
Compartilhando deste ideal e considerando que os programas de educação
física para a população devem ser criados a partir do idoso como centro de todo
contexto e não apenas considerando aspectos preventivos e funcionais, se
desenvolvido um estudo para elaborar uma proposta de avaliação pré-implantação
de um programa de educação física para idosos na perspectiva da Promoção da
Saúde. Para tanto, conhecer a população e seu entorno numa visão abrangente é
imprescindível.
Com base na problemática descrita nessa introdução, surgem as seguintes
questões:
quais as principais características do entorno (sócio-culturais, históricas,
geopolíticas, físicas e funcionais) dos Grupos de Convivência de Idosos de Marechal
Cândido Rondon? Quais implicações essas características terão sobre a criação de um
programa de educação física para idosos à luz da promoção da saúde?
Para buscar respostas a estas questões, ampliando aquilo que gerou a
problemática inicial, serão apresentados, neste momento, os objetivos do presente
estudo.
1.1 – OBJETIVOS
Analisar e avaliar o entorno relativo às características ambientais (sócio-
culturais, históricas e geopolíticas) e pessoais (físicas, funcionais e de
anseios/preferências) dos idosos participantes dos Grupos de Convivência de
Idosos da Sede do Município de Marechal Cândido Rondon – PR: denominados
“Amizade” e “Paz e Amor”.
Verificar as implicações da avaliação sobre a criação de um modelo de prática
de atividade física à luz do ideário da promoção da saúde, partindo da
reflexão sobre os pontos abordados.
23
2 – REVISÃO DE LITERATURA
Os conteúdos apresentados na revisão de literatura procurarão evocar
discussões e reflexões importantes para elaborar um referencial dos problemas
evocados na introdução.
Inicialmente esta revisão referir-se-á a uma análise dos aspectos
biopisicossociais do envelhecimento, tendo em vista que o idoso deve ser
compreendido pela totalidade de feições envolvidas do processo numa dinâmica não
linear. Desta forma, torna-se imprescindível recorrer aos aspectos biopsicossociais
para verificar como o ser humano envelhece e quais as implicações desse processo
neste período, caracterizando o envelhecer não somente no aspecto biológico, mas
enfatizando também uma abordagem que realce o desenvolvimento psicológico,
social e cultural.
no segundo tópico da revisão procurar-se-á fazer um levantamento sobre
os espaços destinados aos idosos durante o período da velhice para verificar as
principais características deste ambiente, bem como aquilo que é proporcionado aos
idosos, buscando verificar como os programas destinados a atender esta população
abordam o envelhecimento e o velho. Também será realizado um levantamento dos
programas de educação física destinados aos idosos, destacando suas principais
características e objetivos nos respectivos programas.
O terceiro tópico caracterizar-se-á pela prática da atividade física na velhice de
forma a enfatizar, também, os benefícios da prática regular, a adesão aos programas
e a avaliação do perfil antropométrico, aptidão física e de atividades físicas em
idosos.
Finalizando a revisão através do quarto tópico, serão apresentados aspectos
da avaliação de programas sob o prisma da Promoção da Saúde, estabelecendo
reflexões e perspectivas relacionadas à criação de um programa de educação física
para idosos, tendo em vista que desde o início do trabalho enfatizou-se uma
avaliação ampla que não restringi-se a aspectos físicos e funcionais, sendo assim,
serão apontados alguns valores, princípios e condições para a avaliação em
24
Promoção da Saúde, pontos fundamentais para que se possa atingir o objetivo deste
estudo.
2.1 - ASPECTOS BIOPSICOSSOCIAIS DO ENVELHECIMENTO
Segundo Siqueira (2002) até meados do século XX, com o surgimento das
teorias sociológicas do envelhecimento, o processo de envelhecimento era visto
quase que exclusivamente na dimensão biológica, como um período “involutivo”,
caracterizado por perdas biológicas irreversíveis, sinônimo de doenças e de
incapacidade física. Além disso, período da chegada da morte, neste sentido
exclusivo a velhice era caracterizada num espectro negativo e de discriminação
(NERI, 2002; PY, 2004).
De acordo com Pereira et. al. (2006) essa visão foi ampliada com o
desenvolvimento da Gerontologia, sendo assim, olhar para o idoso significa
compreender uma vasta teia de fatores que influenciaram, influenciam ou
influenciarão a vida destes indivíduos, então a cultura, o contexto social e individual,
fatos históricos e outros fatores não podem ser descontextualizados.
Segundo Neri (1993) o processo de envelhecimento engloba muito mais do
que mudanças físicas do corpo. Aspectos emocionais, cognitivos e sociais também
contribuem para a configuração de uma velhice bem-sucedida, normal ou patológica.
Sendo assim, pensar em viver bem durante a velhice requer observar a
multidimensionalidade e multidirecionalidade destes construtos. Sobre o processo de
envelhecimento Neri (2001, p.30), afirma que:
É uma experiência heterogênea, isto é, que pode ocorrer de modo
diferente para indivíduos e coortes que vivem em contextos históricos
e sociais distintos. Essa diferenciação depende da influência de
circunstâncias histórico-culturais, de fatores intelectuais e de
personalidade e da incidência de patologias durante o
envelhecimento normal.
Na mesma direção, Gerez (2006, p.50) com base na perspectiva teórica da
velhice bem-sucedida proposta por Baltes & Baltes (1990), afirma que:
25
(...) Envelhecer é “dinâmica não linear”, pois as pessoas envelhecem
de maneiras diferentes por possuírem histórias de vida também
diferentes, que são afetadas por inúmeras situações ocorridas
durante o seu curso da vida, de sua posição social, de seu contexto
cultural, bem como das estratégias de controle que o indivíduo possui
para lidar com esses eventos de vida.
Uchôa (2003) afirma que a diversidade das formas de envelhecer deve ser
encarada como aspecto profundamente influenciado pela cultura. Pois o
envelhecimento abordado pela visão social e relacionado aos aspectos antropológicos
permite ao indivíduo estabelecer significados deste processo com as demais etapas
da sua vida. Desta forma, o envelhecimento deixa de ser encarado como um estado
ao qual os indivíduos se submetem passivamente, para ser visto como um fenômeno
ao qual os indivíduos reagem a partir de suas referências pessoais e culturais
(MARSHALL apud UCHÔA, 2003).
De acordo com Bobbio (1997) o modo de vida do idoso, suas atitudes e
comportamentos apresentam uma relação de continuidade com o estilo de
funcionamento social desenvolvido ao longo da vida na infância e fase adulta,
portanto chega-se à seguinte proposição “se envelhece como se vive”. Goldman
(2004) relata que o envelhecimento tem suas especificidades marcadas pela classe
social, pela cultura e pelas condições socioeconômicas, sanitárias e coletivas da
região.
Papaléo Netto (2002) afirma que a idade cronológica é o principal marcador
para considerar e classificar o indivíduo como velho. Dessa forma, é considerado
idoso, em países desenvolvidos indivíduos que atingem 65 anos e em países
subdesenvolvidos 60 anos. Esse critério cronológico é adotado na maioria das
instituições que procuram lidar com os idosos nos aspectos físicos, psicológicos e
sociais. Entretanto, nas reflexões apontadas por Groisman (2002) no artigo
denominado “A velhice, entre o normal e o patológico”, o autor afirma que este
critério adotado para classificar o envelhecimento é considerado falho e arbitrário,
pois o envelhecimento é vivenciado de forma heterogênea pela população, sendo
que pessoas de mesma idade cronológica poderiam estar em estágios
completamente distintos do envelhecimento. Desta forma, o autor afirma que o
26
envelhecimento não deve ser definido pela idade de uma pessoa, mas pelos efeitos
que essa idade teria causado ao seu organismo.
Com o passar de seis décadas na vida, algumas repercussões vem a tona
sobre o corpo deste indivíduo, podendo a velhice ser uma etapa normal ou
caracterizada pelo surgimento e manifestações patológicas. Velhice normal segundo
Neri (2004) na obra Velhice Bem-sucedida é a ocorrência de diversas mudanças
típicas do envelhecimento, que são determinadas pela espécie e não são patológicas,
podendo ocorrer algumas doenças, mas que possam ser controladas e, desta forma,
não causem impacto negativo sobre a qualidade de vida objetiva e subjetiva, nem
impedimentos à funcionalidade física, mental, psicológica e social.
Sobre o processo biológico do envelhecimento Jeckel-Neto & Cunha (2002);
Neri (2002) afirmaram que em meados do século XIX era enfatizada a abordagem
fisiológica do envelhecimento, logo em seguida, início do século XX passou-se a um
olhar do ponto de vista bioquímico e hoje em dia os padrões ressaltam o
conhecimento genético como busca por padrões de hereditariedade da longevidade.
Perracini (2002) relata que o envelhecimento biológico é marcado como uma
fase da vida de várias alterações nos diversos sistemas, os quais podem interferir em
algumas ações que o idoso deseja desenvolver, dependendo das condições e
individualidades. Conforme a autora, em geral, existe considerável variabilidade
quanto à velocidade e às conseqüências do declínio biológico das diferentes funções
e estruturas.
É notório que o envelhecimento traz consigo uma série de perdas que são
inexoráveis referentes a aspectos biológicos e funcionais, mas mesmo assim deve ser
entendido como um processo normal na vida de todos os seres vivos e não
referenciado como um período predominante do surgimento de doenças e
incapacidades. “Do envelhecimento ninguém escapa até o presente momento, mas
isso não significa que todo o idoso venha a ter uma ou várias doenças crônico-
degenerativas” (CANÇADO & HORTA, 2002, p.112).
27
assim foram entrevistados 50 idosos sendo 25 de cada grupo respectivamente. Os
resultados apresentados através dos discursos dos idosos possibilitaram
representações comuns aos dois grupos que denotaram representações sociais da
velhice numa conotação negativa, e comumente associada ao binômio velhice-
doença. Sendo assim, os autores salientaram a importância de intervenções
psicossociais, tendo em vista que a questão da velhice como período de perdas
biológicas e funcionais foram predominantes na fala dos idosos.
As comprovações científicas relacionadas aos aspectos físicos também
compreendem a velhice pelo declínio das capacidades físicas, diminuição dos níveis
de aptidão física e capacidade funcional, bem como, o aumento dos níveis de
percentual de gordura e conseqüentemente a modificação nas variáveis
antropométricas. Aspectos estes relacionados com a possibilidade de surgimento de
doenças (ACSM, 1999; ALVES et. al., 2004; MATSUDO et. al., 2000; MENDONÇA et.
al., 2004; SPIRDUSO, 1995; TRANCOSO & FARINATTI, 2002).
Referente aos aspectos psicológicos, a Psicologia do Desenvolvimento
segundo Neri (2001), foi precursora em estudar e entender o envelhecer e o
“envelhecer bem” sob a visão da Psicologia. Durante muitos anos, a Psicologia do
Desenvolvimento teve seu alicerce teórico numa visão biológica de envelhecer
compartilhando de idéias da teoria evolucionista de Darwin (1801-1882), que foi
ponto de partida para as concepções existentes sobre desenvolvimento humano, no
entanto somente após a metade do século XIX que o modo de envelhecer foi
compreendido a partir de enfoques que considerassem a complexidade inerente a
vida, em que fatores históricos, culturais, sociais e individuais fossem enfatizados
(FEATHERSTONE, 2000; NERI, 1995; NERI, 2002).
Segundo Debert (1999); Neri (2001); Neri (2002); Neri (2004) o paradigma
mais adequado para abordar o envelhecimento na Psicologia do Envelhecimento é o
do desenvolvimento ao longo da vida ou também denominado
life-span
, pois este
processo dá-se de forma não linear e procura integrar várias áreas do conhecimento.
De acordo com Neri (2004), envelhecimento e desenvolvimento são processos
interligados, e mesmo com as limitações dos aspectos biológicos na velhice, se os
processos psicológicos mantiverem-se e o ambiente cultural for propício, poderão
ocorrer desenvolvimentos na velhice.
28
A respeito da psicologia do envelhecimento, Neri (2004, p.17) relata que:
(...) Focaliza as mudanças dos desempenhos cognitivos, afetivos e
sociais, bem como as alterações em motivações, interesses, atitudes
e valores que são característicos dos anos mais avançados da vida
adulta e dos anos da velhice. Enfoca as diferenças intra-individuais e
interindividuais que caracterizam os diferentes processos psicológicos
na velhice, levando em conta os desempenhos de diferentes grupos
de idade e sexo e de grupos portadores de diferentes bagagens
educacionais e socioculturais. Estuda também os processos e as
condições problemáticas que caracterizam e que afetam o
funcionamento psicológico dos indivíduos mais velhos. Nesse aspecto
particular, o estudo da velhice se beneficia da contribuição
concorrente de várias disciplinas (...).
Segundo Neri (2002), os aspectos psicológicos podem interferir no processo
de desenvolvimento do indivíduo, mas devem ser entendidos nos aspectos
multidimensionais e multidirecionais, que englobam um delicado equilíbrio entre
vantagens e limitações, neste sentido a tomada de consciência é importante para
que a pessoa conheça sua realidade tanto física quanto social e possa conduzir
melhor seus posicionamentos e decisões. Neri (2004) afirma que a interação da
psicologia com as ciências sociais é fator fundamental para a compreensão dos
processos sociais subjacentes à construção das sociedades, dos grupos e das
mentalidades, portanto o envelhecimento e o modo como se envelhece deve ser
abordado a partir de uma perspectiva global que enfoque vários campos e aspectos.
Ainda referente ao contexto psicológico, Doll (2002) afirma que a velhice é
caracterizada por um período de perdas, isso não é diferente nas relações
psicológicas, mas um aspecto importante a se destacar é a perda por morte de
amigos, familiares, pais, parceiros e filhos. Estas perdas podem representar
complicações e conseqüências prolongadas, como formas patológicas de luto,
surgimento ou continuação de doenças e até a morte.
Sobre a relação de envelhecer e morrer, Py & Trein (2002, p. 1113)
descrevem que:
(...) Envelhecer e morrer são experiências vitais singulares, próprias
de cada ser. Contudo, são reguladas por padrões socioculturais que
definem a significação de cada uma dessas experiências humanas, na
especificidade de uma época e um lugar da história da humanidade.
29
Em consonância com os aspectos biológicos e psicológicos, o social é de
grande valia para pessoas idosas, pois a socialização e interação do idoso de maneira
geral tende a diminuir com o andar dos anos, podendo trazer algumas implicações.
Segundo Erbolato (2002) manter uma rede de relações sociais durante a
velhice é importante para que o indivíduo troque informações e, desta forma, possa
gozar de conhecimentos, alegrias, satisfações, tristezas, etc. Na velhice, embora
tenham sido apreendidas muitas das habilidades de que se necessita para viver bem,
o contato com outras pessoas também é considerado um aspecto importante para
muitas pessoas.
No entanto, Ramos (2002) numa revisão bibliográfica sobre relações sociais e
saúde dos idosos afirma que predomina na literatura a ênfase da relevância dos
relacionamentos sociais como um aspecto positivo, mas de acordo com a autora
pode-se evidenciar de forma negativa quando os relacionamentos são caracterizados
por ações concebidas de assistencialismo e paternalismo, pois o idoso tem sua auto-
estima baixa devido a sua dependência, além disso, causa a percepção de uma falta
de autonomia e a inabilidade para retribuir ajudas recebidas.
Ainda sobre relacionamento social Dacey & Travers (1991) afirma que é fator
derivado de algumas normas impostas pela sociedade que demonstram preconceito
frente ao modo de ser, estar ou conviver no mundo. Além disso, o relacionamento
com outras pessoas está atrelado às decorrências ocorridas durante toda a fase da
vida, resultante de sentimentos positivos e negativos, percepção de si e do outro,
diferentes graus de envolvimento afetivo e intermináveis intercâmbios.
Num estudo desenvolvido por Erbolato (2002) algumas tendências
importantes no que se refere ao relacionamento social durante a velhice são
levantadas: é normal que exista uma diminuição dos contatos sociais nesta idade,
pois os indivíduos estão se preparando para a morte e cedendo espaço para novas
gerações; outra possibilidade é a de que com a perda de papéis sociais importantes
e, conseqüentemente, com a perda do poder, tais indivíduos passassem a exigir mais
da sociedade, contribuindo menos, ou seja, uma visão de assistencialismo e
comodismo; outras teorias sustentam-se na hipótese de que idosos deveriam tentar
manter-se ativos, desempenhando os mesmos papéis da meia-idade. Na conclusão
do estudo, o autor posiciona-se no sentido que é viável os idosos manterem-se, na
30
medida do possível, os mesmos padrões de interação social do princípio da vida
adulta.
Gáspari & Schwartz (2005) ressaltam que fatores subjetivos como valores,
atitudes e emoções são considerados importantes no enredo social, enfatizando que
vivências no lazer possibilitam uma oportunidade para que as relações sociais
aumentem. Esses autores realizaram um estudo com 20 idosos participantes do
Programa Ativa “Idade”: uma proposta de ação educativa, no âmbito do lazer, da
cidade de Araras São Paulo, tendo como objetivo principal identificar aspectos
emocionais na percepção de idosos, durante vivências do lazer. As respostas
confirmam a hipótese de que experiências no lazer são capazes de contemplar a
gama de necessidades e expectativas do homem no aspecto emocional, contribuindo
assim, no contexto social.
Relacionado à manutenção da saúde as intervenções pautadas em aspectos
biopsicossociais são bastante enfatizadas na literatura. Num estudo desenvolvido por
Penna & Santo (2006) com dez idosos participantes do Grupo da Terceira Idade do
Projeto Multidisciplinar de Valorização do Idoso no município de São Gonçalo RJ, o
estudo objetivou descrever as emoções na vida do idoso e discutir suas relações com
a saúde destes indivíduos, os autores consideraram que as atividades de lazer e a
convivência em grupo contribuem tanto para a manutenção do equilíbrio
biopsicossocial do idoso, quanto para atenuar possíveis conflitos ambientais e
pessoais. Essas questões relacionam-se aos aspectos de saúde destes indivíduos do
ponto de vista subjetivo.
Para Oliveira et. al. (2006) ainda é predominante na sociedade o olhar para o
idoso de forma preconceituosa, desprovida de força e repleta de amargura, além
disso, no modelo capitalista são encarados como um peso social, sempre recebendo
benefício e nada oferecendo em troca. Desta forma, nos resultados desta pesquisa
os autores apontaram estes os principais motivos de depressão em idosos
participantes de Centros de Convivência de Taguatinga, Brasília, DF. Assim,
concluíram que às limitações naturais físicas são acrescidas àquelas colocadas pela
sociedade, fruto de preconceitos e estereótipos sociais.
Rocha et. al. (2002) enfatizam que devido a fatores que surgiram durante a
sua vida e principalmente no envelhecimento diminuindo o relacionamento social do
31
idoso, estes indivíduos estão cada vez mais aderindo a espaços que resgatam laços
sociais, principalmente nas igrejas, entidades religiosas e Grupos de Convivência.
Conforme Rocha et. al. (2002) estes espaços destinados aos idosos, além de
promover um elo entre relações sociais, poderão atuar dentro de seus objetivos
numa dinâmica de considerar o idoso como protagonista de transformações sócio-
políticas e sociais, através do
empowerment
4
e emancipação destes indivíduos.
Verificou-se neste capítulo que o envelhecer das pessoas atualmente é
analisado por várias áreas numa abordagem ampla, sob diversos olhares e
perspectivas, não restringindo-se a doenças, desta forma, entende-se o processo de
envelhecer do ser humano através dos aspectos biopsicossociais. Partindo deste
pressuposto
será que os espaços destinados aos idosos pautam-se nesta perspectiva
de considerar a multidimensionalidade do envelhecer nas suas acomodações e
intervenções?
2.2 - ESPAÇOS DESTINADOS AOS IDOSOS NA VELHICE
Decorrente do aumento da longevidade dos indivíduos e do número de idosos
na população em geral, inúmeros são os espaços oferecidos para atender à demanda
de idosos em diversos setores (FREITAS, 2004). É bastante comum associar-se os
espaços destinados aos idosos às ações da “indústria do rejuvenescimento”. Segundo
Debert (1999), esse indústria caracteriza-se pela venda de mercadorias por meio de
imagens que prezam a juventude, a saúde e a beleza, apresentando um ideal de
corpo e comportamento a ser atingido. A idéia da eterna juventude é a “bandeira”
hasteda pelos mercados de consumo, que a cada dia lançam um novo produto,
visando “combater”, “evitar” e “previnir” o envelhecimento. A mídia tende a impor
essas idéias a serviço do capital, veiculando informações que tendem também a
4
O termo empowerment segundo Laverack & Labonte (2000); Vasconcelos (2004) é definido como o
meio pelo qual as pessoas adquirem maior controle sobre as decisões que afetam suas vidas; ou
mudanças em direção a uma maior igualdade nas relações sociais de poder. No decorrer deste
trabalho, o termo será utilizado desta forma, pois não existe uma tradução adequada para o
português.
32
impor novas formas de comportamento, substituindo as normas sociais que
anteriormente ditavam o comportamento adequado à pessoa idosa.
Essa tendência mercantilista tende a modular e transformar o envelhecimento
num nicho de mercado em que a velhice é privatizada. A idéia é fortalecer a
promessa de que a velhice pode ser eternamente adiada através da adoção de
estilos e formas de consumo adequadas (DEBERT, 1999; RODRIGUES, 2003). Desta
forma, os espaços destinados a atender os idosos têm enfatizado a negação da
velhice, apontando para a criação de um nicho mercadológico com produtos e
soluções “mágicas” que fazem do idoso uma pessoa que não é velha.
Os comportamentos desejáveis para os idosos veiculadas pela mídia criam um
novo estereótipo, de um idoso ativo, jovem que, de acordo com Debert (1999),
rejeita a própria idéia de velhice, ao considerar que a idade não é um marcador
pertinente da definição das experiências. Se anteriormente os idosos eram
homogeneizados por uma visão de invalidez e perdas, a partir da década de 90 o são
através da imagem de um idoso ativo, saudável, em busca de atividades de lazer. A
tendência da negação da velhice, de acordo com Prado & Said (2006), é observada
largamente na literatura gerontológica atual dos termos, que para denominar as
pessoas “velhas”, utiliza-se “idosos”, “adultos maiores”, “terceira idade”, “sêniores”,
entre outros. Ambas as imagens tendem a afastar os idosos do lazer, a primeira por
desconsiderar as potencialidades da pessoa idosa e a segunda por negar a velhice,
trazendo novas formas de comportamento com as quais os idosos não se
identificam.
Cada espaço destinado aos idosos possui seus objetivos e finalidades, Ferrigno
(2003) reconhece que as Unidades de Saúde, Asilos, Universidades Abertas da
Terceira Idade, entidades religiosas e os Grupos de Convivência são os principais
locais com atividades direcionadas a esta população.
Com relação às Unidades de Saúde Sayeg & Mesquita (2002) afirmam que são
espaços destinados a atender pessoas que estão tratando de doenças. Nestes
lugares, normalmente os idosos são considerados como pessoas frágeis, sem
funcionalidade e principalmente como seres sem uma perspectiva de futuro. Esta
questão se apresenta claramente principalmente em relação ao Sistema Único de
33
Saúde - SUS, que tem um atendimento precário no Brasil e não consegue atender a
demanda de idosos doentes.
Goldman (2004) tem uma visão mais positiva quando se refere às Unidades
de Saúde. Para a autora estas instituições têm ampliado suas ações com programas
de grupos específicos de certas enfermidades. Tais programas, além do tratado
específico, propõe-se à transmitir conhecimentos sobre as doenças e elucidarem as
melhores alternativas para enfrentá-las, oferecendo possibilidades de trocas de
experiências e de afeto, ampliando a rede de amizades e solidariedade,
compensando as perdas comuns naqueles que envelhecem.
A mesma autora enfatiza que as instituições asilares, por sua vez oferecem
aos idosos atividades que auxiliem na interação com outros indivíduos através de
visitas a museus, centros culturais, cinemas, teatros, festas e passeios diversos.
Porém, se analisarmos de uma forma em que as visitas forem realizadas apenas com
o intuito de passar o tempo do idoso poderá não ocorrer nenhuma interação com
ambiente e pessoas e, desta forma, o ter sentido/relação com o idoso. Outra
possibilidade é trazer para o interior das instituições programas de lazer e de cultura
que permitam a troca de experiências intra e intergeracionais, ou seja, aproveitar o
apoio de familiares, amigos e conhecidos.
Segundo uma pesquisa realizada por Prado & Petrilli (2002), o principal motivo
de admissão de idosos em asilos é a falta de respaldo familiar relacionado a
dificuldades financeiras, distúrbios de comportamento e precariedade nas condições
de saúde. De acordo com Oliveira et. al. (2006) as pessoas admitidas num asilo se
tornam membro de uma nova comunidade. Geralmente vivenciam uma nova ruptura
de seus vínculos relacionais afetivos, convivendo cotidianamente com pessoas que
possuam restritos vínculos afetivos. Independente da qualidade da instituição ocorre
normalmente o afastamento com a sociedade em geral.
Por outro lado, percebe-se também que as instituições destinadas à educação,
eram voltadas exclusivamente às faixas mais jovens, entendendo-se que sua
principal função destinava-se à formação profissional. A partir dos anos 70, na
França, surgiram programas nas chamadas Universidades para a Terceira Idade,
programas que hoje estão presentes em muitos países. Estas universidades e as
pesquisas em Gerontologia educativa em favor da formação dos idosos são as forças
34
motrizes para a educação permanente. No entanto, Cachioni (1999); Pacheco (2003)
entendem que a educação permanente integral será possível quando houver uma
sociedade verdadeiramente democrática em que o acesso à informação seja
compartilhado pelos cidadãos, independente da faixa etária em que se situam.
De acordo com Netto (2004) as Universidades e Faculdades Abertas à Terceira
Idade são alternativas que os idosos têm em relação à educação. O propósito destas
instituições é que levem o processo de envelhecimento de maneira natural, dinâmica,
progressiva e irreversível, ou seja, deve ser trabalhado como algo que faz parte da
vida, não devendo ser tomado como doença ou fatalidade. Desta forma, espera-se
que o envelhecimento seja tratado como algo a ser aceito em manifestação vital
comum a todos os seres vivos, possibilitando que as pessoas cresçam e
amadureçam, biológica e psicologicamente, levando-as a assumir diferentes status e
papéis sociais ao longo de sua existência.
As Universidades de Terceira Idade possuem caráter educacional com
finalidades informativas a respeito de aspectos biopsicosociais do envelhecimento,
programas de preparação para aposentadoria e atualização cultural. Além dos
módulos informativos, os programas oferecem atividades físicas como ginástica, ioga
ou natação, atividades manuais ou artísticas como grupos de corais e cursos de artes
plásticas (PACHECO, 2003).
A expansão das Universidades de Terceira Idade no Brasil é um dos
indicadores de que a velhice vem ganhando visibilidade cada vez maior. Num
levantamento feito por Cachioni em 1999 a pesquisadora apontou as principais
iniciativas desenvolvidas por instituições universitárias: Universidade de Passo Fundo
RS; Universidade de Caxias do Sul RS; Faculdade de São José dos Campos SP;
Universidade Metodista de Piracicaba SP; Universidade São Judas Tadeu SP;
Universidades Católica de Goiás GO; Universidade de São Paulo SP; Universidade
do Sagrado Coração SP; Universidade de Sorocaba SP; Universidade Estadual do
Rio de Janeiro RJ; Pontifícia Universidade Católica de Campinas SP; Universidade
Estadual do Ceará CE; Universidade Federal de Santa Catarina SC. Segundo
Pacheco (2003) referindo-se às Universidades Abertas de Terceira Idade, a tendência
é o aumento de iniciativas deste cunho devido a importância que vem sendo dada a
educação permanente e a velhice como um período de desenvolvimento.
35
Atualmente, instituições com estas características somam, em nosso país, mais de
150 unidades (VERAS & CALDAS, 2004).
Neste sentido, a educação é um aspecto fundamental para que o idoso possa
controlar e direcionar suas ações exercendo autonomia. Conforme Schons & Palma
(2000, p.125) “o homem, por ser inacabado, tende a perfeição. A educação é,
portanto, um processo contínuo que só acaba com a morte”.
Outro segmento direcionado a atender a população idosa no Brasil segundo
Monteiro (2004), são as entidades religiosas representadas por igrejas, grupos
missionários e paróquias de todos as matizes, ou seja, diferenças crenças que
possuem suas ações caracterizadas pela das pessoas. Acredita-se que a
proximidade da morte e a perda de entes queridos são os maiores contribuintes para
uma maior aproximação do contingente idoso com a espiritualidade e a ação
religiosa.
Segundo Goldstein & Sommerhalder (2002) a religiosidade fornece crenças,
símbolos, rituais, tradições e intuições que ajudam a articular a percepção de
significado, enquanto para outros, a religião pode desencorajar ou mesmo destruir o
sentido de ligação ou integração consigo mesmo e com outras pessoas, com o
mundo e, mesmo, com Deus.
quando relacionado ao lazer ou à utilização do tempo livre o que
predomina são os Grupos de Convivência de Idosos. Normalmente são criados pela
iniciativa pública, mas também podem ser oriundos das iniciativas privadas e
atendem os idosos nos aspectos físicos, funcionais e sociais através de atividades
(CACHIONI, 1999).
De acordo com Ferrigno (2003), o SESC de São Paulo, criou em 1963 o
primeiro Grupo de Convivência de Idosos no Brasil. Naquela época o Brasil era
entendido como uma nação jovem, que o número de idosos na população se
encontrava abaixo dos 5% do total de brasileiros. Até então, havia apenas asilos e
outros trabalhos assistenciais para idosos carentes e sem família, além de outras
iniciativas destinadas aos aposentados de categorias profissionais mais organizadas
como bancários e metalúrgicos. A implementação proposta pelo SESC pode ter sido
dada devido a falta de iniciativas com caráter de socialização, pois naquele período
as políticas concentravam-se nas forças de trabalho. Neste sentido o SESC,
36
caracterizado como uma instituição privada que foi criada e mantida pelos
empresários do comércio, tem como política propiciar momentos de lazer e
socialização durante o tempo livre.
De acordo com Gomes (2001) os Grupos de Convivência de Idosos também
são caracterizados pela participação voluntária de idosos em campanhas assistenciais
lideradas por entidades religiosas, normalmente são pessoas que desempenham suas
tarefas movidas por um sentimento humanitário e de forma desinteressada, pois não
têm vínculo empregatício com o trabalho que realizam. Pressupõe que pessoas
idosas possuem um comportamento com ações mais solidárias e afetivas, além disso,
fortalece-se a idéia que os idosos que vivem hoje tiveram outras vivências
caracterizadas por diferentes valores que os atuais, podendo ser a justificativa para
esta conduta.
Segundo Ferrigno (2003) os Grupos de Convivência de Idosos compreendem
genericamente o desenvolvimento físico-esportivo, recreação, turismo social,
biblioteca, apresentações artísticas, desenvolvimento cultural, cursos supletivos,
cursos livres, assistência odontológica, refeições e lanches comunitários, medicina
preventiva, educação para a saúde, ação comunitária, trabalhos em grupo e
assistência social. Rolin (1998) realizou um estudo com os idosos pertencentes aos
Grupos de Convivência em Florianópolis, verificou que as iniciativas tiveram um
significado e sentido especial para eles devido a programação e aos participantes,
sendo o convívio social o fator preponderante para a participação.
Ferrigno (2003) afirma que os Grupos de Convivência de Idosos proliferaram-
se em todas as regiões do Brasil como um espaço bem agradável aos idosos. Não
foram encontrados dados gerais relativos ao número de Grupos de Convivência de
Idosos apresentados na literatura ou em estatísticas no Brasil, porém para
demonstrar como estas iniciativas são bastante difundidas, citar-se-ão alguns dados:
segundo Mazo et. al. (2001) relataram que o município de Florianópolis - SC possuía
93 grupos em 2001, Leite et. al. (2002) em um levantamento realizado no município
de Ijuí RS no ano de 2002 foram encontrados 17 grupos, Oliveira & Cabral (2003)
numa pesquisa desenvolvida em Campina Grande PB no ano de 2003 identificaram
43 grupos e, durante o desenvolvimento desta dissertação, num levantamento
37
realizado no ano de 2005 no município de Marechal Cândido Rondon PR foram
encontrados 14 Grupos de Convivência no município.
Um estudo realizado por Conte (2004), nos Grupos de Convivência de Idosos
de Marechal Cândido Rondon, destaca que 78,8% da população destes grupos
tinham descendência alemã. Os resultados encontrados indicaram que a
predominância de descendentes germânicos foi considerada um fator preponderante
para os bons níveis do índice de qualidade de vida, que este aspecto tendeu a
determinar um perfil com condições favoráveis aos diversos hábitos e estilo de vida
desta população.
Em relação aos programas de educação sica, quando existentes em Grupos
de Convivência de Idosos atendem a propostas atividades como a ginástica,
recreação, jogos, dança, natação, hidroginástica, ioga e caminhada entre as
principais oferecidas (MAZO, 2003).
2.2.1 – Os programas de educação física como espaços para idosos
Neste momento são apresentadas as principais características e realizada
algumas pontuações frente aos moldes de programas de educação física para os
idosos.
Programas de educação física para idosos m sendo elaborados e
implantados em maior número na última década. Okuma (1997); Silva Júnior &
Velardi (2005); Velardi (2003) afirmaram a necessidade do conhecimento em geral
do contexto dos indivíduos e comunidades antes de elaboração de um programa de
educação física para idosos, no sentido de analisar a realidade encontrada e a partir
daí estabelecer uma programação condizente com a situação. Entretanto,
normalmente os programas de educação física para idosos não partem da
preocupação em avaliar as tendências regionais, culturais nem as necessidades e
desejos dos idosos.
Okuma (1997, p.3), ao fazer uma análise crítica em relação aos modelos de
atividades físicas propostos pelos diversos programas, afirma que:
38
A utilização de estratégias de intervenção cujo estímulo é externo ao
indivíduo, numa tentativa de levá-lo a alcançar aquilo que é
considerado bom pela ciência e pela sociedade e não,
necessariamente, por ele. Em outras palavras, estes modelos
estabelecem, a priori, metas a serem atingidas a partir de padrões
pré-estabelecidos: são comportamentos motores a serem seguidos,
níveis mensuráveis de saúde, percentual de peso a ser perdido,
eficiência de determinados órgãos e regiões do corpo e assim por
diante. Deste modo, os objetivos que têm prioridade são os que
buscam melhora da saúde, controle da obesidade, melhora da
aptidão física, melhora das características estéticas do corpo, dentre
outros. Estes são perseguidos como se constituíssem o indivíduo na
sua totalidade, como se ele fosse apenas um coração doente, ou um
organismo fisicamente inapto e inábil que deve ser melhorado, ou
ainda um amontoado de músculos que deve ser moldado.
Aparentemente, entretanto, tais objetivos não tem sensibilizado
suficientemente as pessoas para levá-las e/ou mantê-las nos
programas.
Para ter uma noção geral do panorama em que se encontram os programas
de educação física, foi realizado um levantamento na tentativa de identificar quais
eram os programas que proporcionavam aos idosos atividades físicas, sejam elas
sistematizadas ou através de modelos educativos.
Desta forma, foi elaborado um quadro (anexo 1) dos programas de educação
física destinados à população idosa. É importante salientar que no quadro não estão
relacionados todos os programas existentes, mas apenas os que foram encontrados
nesta busca. Para realizar esta procura foram utilizados como métodos: a) pesquisa
no site de busca da internet “google” com as seguintes palavras-chave: programa
atividade física idosos, programa educação física idosos; b) programas de atividades
físicas e educação física, citados nos anais do Seminário Internacional sobre
Atividades Físicas para a Terceira Idade.
Para facilitar a visualização e interpretação do quadro em anexo foi elaborada
uma tabela que apresenta a caracterização do quadro, a seguir é apresentada a
tabela 1:
39
Tabela 1 – Freqüência e percentual das características do levantamento realizado em
programas de educação física destinados aos idosos no Brasil.
Desenvolvimento de iniciativas
F %
Universidades e Faculdades 12 66,7%
Público 3 16,7%
Privado 2 11,1%
Parceria Universidade/Privado 1 5,5%
TOTAL 18 100%
Atividade física com relação causa e efeito com saúde e qualidade de vida
F %
Sim 15 83,3%
Não 3 16,7%
TOTAL 18 100%
Autonomia referenciada de maneira funcional
F %
Sim 14 77,8
Não 4 22,2
TOTAL 18 100%
Programas com moldes preventivos
F %
Sim 15 83,3%
Não 3 16,7%
TOTAL 18 100%
Verificou-se na tabela 1 que as iniciativas idealizadas por Universidades e
Faculdades são predominantes com 66,7%. Esta alta porcentagem correlaciona-se
com o número de estudos publicados na Educação Física, também oriundos na sua
maioria de grupos de estudos difundidos nas universidades. Destacam-se os
seguintes programas: CEAFE ULBRA, RS; GETI UDESC, SC; IMMA UERJ, RJ;
NIEATI UFSC, SC; PAAF USP, SP; PROFIT UNESP, SP; AFRID UFU, MG; PIPS
– UFAM, AM; PGO – UCB, DF; SÊNIOR – USJT, SP, todos apontados no quadro 1.
Neste levantamento, as iniciativas dos programas de educação física para
idosos desenvolvidos por setores públicos foram de 16,7%, seguida de 11,1% dos
setores privados, além disso, verificou-se também um programa de parceria da
Universidade de Brasília com a empresa Brasil Telecom.
Observa-se através da tabela 1 que a maioria dos programas (83,3%)
considera a prática sistemática da atividade física numa relação de causa e efeito a
respeito de saúde e qualidade de vida, ou seja, reduzindo o conceito de saúde à
40
exclusivamente ausência de doenças e abordando a qualidade de vida como uma
conquista da prática sistemática da atividade física, numa visão reducionista da
conceituação com ênfase no “fazer” atividade física para se “alcançar saúde”, numa
abordagem restritamente preventiva (PALMA et. al., 2003).
O conceito de autonomia foi referenciado como um dos objetivos principais
das iniciativas de atividades físicas para idosos, entretanto, normalmente de forma
funcional. Neste levantamento 77,8% dos programas abordam esta questão da
autonomia numa visão que relaciona o conceito restringindo-se à operacionalização
das ações motoras ou cognitivas que um indivíduo é capaz de executar de maneira
independente. Por exemplo, no cleo Integrado de Estudos e Apoio à Terceira
Idade (NIEATI) da Universidade Federal de Santa Catarina o objetivo principal do
programa é o de promover atividades físicas para idosos visando em primeiro lugar
uma melhoria na sua qualidade de vida, de uma autonomia de movimentos
melhorada através da atividade física. Desta forma, o conceito de autonomia tem
referência à independência física.
no Grupo de Estudos da Terceira Idade da Universidade Estadual de Santa
Catarina, a autonomia é abordada de outra forma, ou seja, não se restringindo à
funcionalidade. O objetivo é proporcionar programas de atividades educacionais,
culturais, artísticas, de atividade física e de avaliação fisioterápica e preventiva,
conforme a solicitação e necessidade das comunidades, privilegiando a autonomia
dos idosos e respeitando a sua cidadania.
Um programa de educação sica que deve ser destacado neste sentido é o
Projeto Sênior para a Vida Ativa da Universidade São Judas Tadeu – SP, que
segundo suas idealizadoras Miranda & Velardi (2004), constitui-se como uma
proposta de caráter educacional, que tem por objetivo disseminar informações e
ações necessárias à aquisição de autonomia para a manutenção de hábitos
saudáveis pelos idosos, como a prática de atividade física, a adoção de dieta
adequada e o constante auto-cuidado.
No levantamento realizado verificou-se que as iniciativas apontam para a
eficácia dos programas de educação física para idosos amplamente sustentados
através de resultados apontados em modelos epidemiológicos que enfatizam a
manutenção ou melhora da capacidade funcional, níveis de aptidão física ou
41
diminuição dos riscos de doenças, ou seja, num modelo preventivo. Neste
levantamento apontado na tabela 1 o percentual para programas com estas
características foi de 83,3%.
A predominância de modelos que enfatizam a prática da atividade física
sistematizada e repetitiva ainda é clara e percebe-se a relação entre este fato e a
influência quase que hegemônica do modelo biomédico que tem suas principais
características associadas à prevenção de certas doenças (SILVA JÚNIOR &
VELARDI, 2005).
Isto ocorre principalmente porque o apelo das doenças é mais forte que os
outros, desta forma, a prática da atividade física fica com o intuito quase que
exclusivo de afastar-se das doenças. E se a prática for motivada especificamente por
este aspecto, há uma tendência de que quando os idosos consigam o seu objetivo
abandonem a atividade física. Assim sendo, vincula-se atividade física com um
“remédio”, pois ela é utilizada como um elemento de prevenção ou tratamento de
certa doença que quando remediada é colocada em segundo plano ou extinta de seu
projeto pessoal.
Andreotti (1999) afirma que uma carência na literatura de estudos que
investiguem a relação entre um programa de educação física geral, que contemple
conteúdos estimuladores aos vários sistemas do corpo humano. O que aparece
normalmente são estudos muito específicos que fazem análises quantitativas
referentes a uma “parte” do corpo que quer ser trabalhada ou estudada. Desta
forma, a autora considera que ocorre uma divisão do corpo como um todo.
Entretanto, existem iniciativas que não ficam restritas a este modelo. É o caso
das ões alicerçadas no ideário da Promoção da Saúde, embora não muito
difundidas, pois é uma área desenvolvida muito recentemente, mas que leva em
consideração o processo participativo comunitário, priorizando estratégias que
favoreçam a aquisição da autonomia das pessoas (CZERESNIA, 2003). Neste sentido,
as iniciativas buscam inserir a atividade física como um elemento importante e
necessário, desde que esteja vinculado com uma rede de relações significativas das
pessoas, aliando-se a idéia da autonomia e o que significa a prática racional e
consciente da atividade física, feita com base em escolhas pessoais e não de maneira
imposta. Segundo o ideário da Promoção da Saúde, os processos educacionais que
42
levem à autonomia e ao
empowerment
são cruciais para que os objetivos relativos
aos cuidados com a saúde sejam atingidos.
Percebe-se que apesar de muitas iniciativas direcionadas à idosos serem
intituladas como programas de educação física, estas possuem seu apelo à prática da
atividade física sistematizada sem nenhum caráter destinado à educação, fazendo
com que sua característica seja equivocada.
Muitos dos programas de educação física são elaborados com a intenção de
auxiliar na melhoria da qualidade de vida das pessoas e comunidades, esta relação
causal feita pelos profissionais deve ser bastante cuidadosa e específica, pois de
acordo com Adriano et. al. (2000), o conceito de bem-estar, qualidade de vida, varia
de sociedade para sociedade, de acordo com cada cultura.
Ferreira & Najar (2005), em um estudo sobre programas de atividades sicas
relatam que as influências ambientais devem ser analisadas sob uma perspectiva que
extrapole a dimensão da estrutura física e que deve depender também do entorno
social. De acordo com os autores, se as atividades propostas tiverem uma relação
com os hábitos e culturas da população, a probabilidade de que o exercício físico
passe a fazer parte da rotina do grupo e a adesão dos programas é muito maior do
que nos modos convencionais.
Um estudo apresentado por Moraes & Vicentin (2005) parte da compreensão
dos anseios dos idosos em se tratando de um programa que atenda às necessidades
das pessoas da localidade. No programa investigado, o ponto de partida foi o relato
dos idosos para viabilizar um programa de atividades físicas que atendesse às
necessidades sociais e culturais dos associados de um Clube privado na cidade de
Campinas SP. Para verificar qual a intenção dos idosos frente à atividade física, os
autores utilizaram uma entrevista estruturada que foi realizada por telefone,
buscando informações que fornecessem subsídios para a estruturação de um
programa coerente com os objetivos e necessidades da população. Como resultado
observou-se um aumento significativo no número de inscrições nas atividades
propostas pelo Clube, como é apresentado na tabela 2 a seguir:
43
Tabela 2 – Número de inscrições de associados acima de 60 anos
De 10/2002 a
10/2003.
De 10/2003 a
10/2004.
De 10/2004 a
10/2005.
Total de inscritos em
10/2005
Inscrições 50 128 111 522
Adaptado de Moraes & Vicentin (2005)
Os autores acreditam que o aumento no mero de inscrições é decorrente
das atividades que foram propostas pelos idosos, ou seja, possui relação e
significado com a vida das pessoas.
No tópico apresentado foram apontados os principais espaços destinados aos
idosos com suas características principais. Por meio desta abordagem evidenciou-se
como principal aspecto de caracterização das iniciativas a velhice entendida como um
nicho de mercado, ou seja, as iniciativas visando lucro e utilizando-se dos idosos
como consumistas em busca de novos padrões de saúde, estética e bem-estar.
Foram apresentados também alguns programas de educação física implantados no
Brasil, no sentido de verificar como eram suas características. Observou-se que
predominam programas com ênfase em avaliações físicas e funcionais, atribuindo a
melhora dos atributos físicos como eficácia dos programas.
2.3 A PRÁTICA DA ATIVIDADE FÍSICA NA VELHICE: CARACTERÍSTICAS E
IMPLICAÇÕES.
“Devemos tratar o idoso como um ser que
envelhece e não como um ser que adoece.”
Medeiros (2005)
Os seguintes tópicos da revisão de literatura abordarão a prática da atividade
física e a influência da Educação Física na velhice, apontando as principais
características e implicações, destacando pontos como: os benefícios, a avaliação
física e funcional do idoso e a adesão dos idosos aos programas.
44
2.3.1 – Benefícios da atividade física na velhice.
Até pouco tempo atrás a Educação Física não tinha comprometimento direto
com os idosos, ou seja, a preocupação predominante era a busca de “corpos
saudáveis e fortes”, principalmente para crianças e jovens. Após o Manifesto Mundial
de Educação Física realizado no ano de 2000 no Congresso Mundial de Educação
Física, o conceito é revisado deixando de ser apenas utilizado para a infância e
adolescência e passa a constituir-se como um processo de educação ao longo da
vida das pessoas, ou seja, desde a infância até a velhice (FIEP, 2000).
Inúmeras pesquisas e estudos publicados ao longo das duas últimas décadas
apontam os benefícios físicos, funcionais e fisiológicos que a prática da atividade
física pode proporcionar à população idosa (ELWARD et. al., 1992; MATSUDO et. al.,
2003; STEWART et. al., 2001; ZAGO & GOBBI, 2003).
ACSM (1999) ; Capodaglio et. al. (2006); Kaczor et. Al. (2006); Matsudo et. al.
(2004); Penedo & Dahn (2006); Struck & Ross (2006) expõem nos respectivos
estudos a importância da atividade física como um recurso fundamental no processo
preventivo de doenças, melhora dos níveis de aptidão física, diminuição nos
percentuais de gordura corporal, manutenção das capacidades funcionais. Além
45
Baseado na literatura através da aplicação de estudos, a atividade física vem
estabelecendo relações bastante positivas no que diz respeito à prática e seus
benefícios, principalmente os preventivos ou que atuam na minimização dos efeitos
destas doenças na velhice.
A atividade física moderada e regular tem valor significativo na prevenção
primária e secundária de um grande número de condições cardiovasculares,
incluindo doença cardíaca isquêmica, acidente vascular cerebral, hipertensão arterial,
doença vascular periférica e doença renal secundária à hipertensão ou diabetes
(JANSSEN & JOLLIFFE, 2006; LEE et. al., 1992; MACDONALD et. al., 1992; PATE et.
al., 1995).
McArdle et. al. (1996) afirmaram que as alterações cardiovasculares ocorrem
mais em indivíduos idosos, mas diante da prática de atividade física regular estas
alterações podem ser minimizadas, pois indivíduos treinados preservam o
funcionamento cardiovascular num nível muito acima do observado em indivíduos
inativos fisicamente. Um exemplo é o estudo de Neumann et. al. (2006) que
realizaram uma experimentação e verificaram que exercícios aeróbios como
caminhada pode atenuar a reativação da pressão sanguínea aos estressores
emocionais em idosos e, desta forma, poder reduzir os efeitos da isquemia do
miocárdio.
Quando relacionado ao sistema respiratório Varray (2006) encontrou nos
resultados de seu estudo uma relação significante e positiva dos efeitos da prática da
atividade física em idosos com doenças crônicas pulmonares, podendo minimizar os
efeitos da doença. O autor enfatizou a importância dos idosos em praticar exercícios
físicos como sendo o melhor caminho para melhorar o bem-estar geral dos
indivíduos.
Outra abordagem freqüente encontrada na literatura são os estudos que
enfatizam o sucesso de programas de atividade física na melhora de níveis de
aptidão física e principalmente na manutenção e evolução das capacidades físicas e
funcionais do idoso (ANDREOTTI & OKUMA, 2003; CARVALHO et. al., 2003; ZAGO &
GOBBI, 2003).
De acordo com Matsudo (2001); Okuma (2002) a capacidade funcional é
considerada requisito primordial para a habilidade do idoso de viver em condições de
46
independência podendo, desta forma, realizar tarefas simples e complexas do
cotidiano sem necessitar a ajuda de ninguém.
Bons níveis de aptidão física em idosos têm se mostrado indicador importante
sobre a melhoria de vários aspectos físicos e funcionais, por exemplo, bons
parâmetros de composição corporal, controle de peso, capacidade funcional e
condicionamento físico melhorado (MATSUDO, 2005; VALE, et. al., 2005; ZAGO &
GOBBI, 2003).
Mazo et. al. (2005) realizaram um estudo relacionando níveis de atividade
física, condições de saúde e características sócio-demográficas de mulheres idosas
brasileiras e concluíram que deveria existir uma intervenção contínua, sendo que as
idosas menos ativas devem tornar-se ativas e as mais ativas se mantenham ou
aumentem o seu nível de atividade física. A conclusão do estudo relaciona a
atividade física como aspecto fundamental para a saúde de todas as pessoas e
vincula a atividade física como relação causa-efeito no que se refere à saúde.
Num estudo em que o objetivo foi verificar a relação entre o índice de aptidão
funcional geral e o IMC de mulheres idosas praticantes de atividades físicas, Mazo et.
al. (2006) encontraram nos resultados do estudo que as idosas com sobrepeso
apresentam um risco aproximadamente 16 vezes maior para terem um índice de
aptidão funcional geral em relação àquelas com IMC normal. Desta forma, reforçam
a importância do uso de estratégias considerando a prática da atividade física
indispensável e que aliado a uma alimentação adequada para se obter benefício no
controle da obesidade.
Outro aspecto relacionado aos benefícios que a atividade sica regular pode
proporcionar aos idosos está na prevenção de quedas, pois conforme Spirduso
(1995); Dibrezzo et. al. (2005) a atividade física auxilia em alguns elementos
indispensáveis para que o idoso previna-se de eventuais quedas: fortalecimento dos
músculos das pernas e costas, melhora dos reflexos, melhora a sinergia motora das
reações posturais, melhora a velocidade de andar, incremento da flexibilidade,
manutenção do peso corporal, melhora da mobilidade e diminuição do risco de
doença cardiovascular. Guimarães & Farinatti (2005) revelaram num estudo realizado
com mulheres idosas no sentido de verificar possíveis fatores que causam eventuais
47
quedas em idosos, observou-se que a variável flexibilidade possuiu uma associação
significante com quedas em idosos.
Shephard (2003), afirma que são inúmeros os argumentos que encorajam os
idosos a praticarem atividades físicas e manterem um estilo de vida ativo durante a
velhice, pois além das questões relativas às doenças e à aptidão física existe um
aumento de contatos sociais. De acordo com o autor os ganhos relacionam-se, além
de melhorar a saúde dos idosos, com a diminuição dos gastos médicos para a
sociedade.
Falar em diminuição de gastos pode parecer algo positivo e até desejável,
entretanto, um reforço excessivo sobre esta perspectiva aponta que a velhice, de
uma forma geral, ainda é entendida por muitas pessoas e profissionais, inclusive os
da Educação Física, como uma fase de degradação e perdas, com impacto decisivo
sobre o desenvolvimento social e econômico de uma determinada população. De
acordo com Andreotti (1999), nesses casos as alterações decorrentes do processo de
envelhecimento não são vistas como mudanças adaptativas normais ao processo de
desenvolvimento do ser humano, mas como acontecimentos que levarão o indivíduo
a uma condição de incapacidade.
Especialmente sobre a relação entre prática de atividades físicas e a
diminuição do impacto do envelhecimento sobre as sociedades, Gerez (2006) afirma
que é comum na Educação Física discursos epidemiológicos que estimulam os idosos
a praticarem atividades físicas
com argumentos que justificam a sua necessidade
simplesmente a partir da exposição dos fatores de risco do sedentarismo e dos
gastos em Saúde Pública com doenças crônico-degenerativas, ou seja, do ônus que
sobrecarrega as economias dos países industrializados com grande mero de
indivíduos sedentários e idosos.
Por este motivo, muitas vezes as intervenções que visam o estímulo à prática
de atividades físicas são baseadas e reforçadas com o propósito de transmissão de
conhecimento pela explicação do que é a doença e quais os riscos relacionados a ela
e que são pautadas, muitas vezes, por intenções subliminares, que visam mobilizar
as pessoas pelo medo ou, ainda, assumindo caráter assistencialista (VELARDI, 2003).
Além deste caráter que justifica a atividade física pelos riscos de doenças,
Velardi (2003) afirma que os ensinamentos dos conceitos e procedimentos
48
relacionados à atividade física para idosos são instrumentalizados por ações prontas
ou ironicamente denominadas pela autora como “método receita de bolo”.
Na mesma direção Silva Júnior et. al. (2006), afirmam que geralmente os
profissionais da Educação Física apresentam a atividade física como um recurso
capaz de estabelecer melhoras nas condições de saúde das pessoas através de
métodos prontos, como se fosse um “passe de mágica” ao manipular-se uma
“varinha de condão”, tratados como informações descontextualizadas e retirando-se
o significado que aquilo pode ter para o indivíduo.
O processo deve ir além da prática sistematizada, estabelecendo relações e
significados com e para a vida do praticante (OKUMA, 1997). Assim sendo, devemos
compreender a atividade física não apenas como meio para o controle das doenças,
para “melhorar” o coração, tornar músculos mais fortes e flexíveis, ter movimentos
mais ágeis, buscar maior capacidade funcional ou outras inúmeras possibilidades
reconhecidas e comprovadas cientificamente. No entanto, olhar para estes aspectos
separadamente é dividir o idoso em partes e, portanto, considerá-lo como algo e não
como um ser humano. O envelhecimento e a velhice devem ser entendidos como
processos singulares, dependentes de fatores múltiplos. Assim, identifica-se que a
avaliação da população idosa que leve a elaboração de programas de educação física
deve ser considerada a partir da compreensão dos múltiplos aspectos e benefícios
que permeiam a velhice, desde os fisiológicos, físico-motores, até os de natureza
psíquica, social e subjetiva.
Entretanto, é predominante na elaboração de programas de educação física
para idosos avaliações que pautam-se pelos aspectos físicos e funcionais, aspectos
estes fundamentais no sentido de conhecer os limites e potencialidades dos
indivíduos para que as intervenções estejam coerentes com a aptidão física dos
participantes.
2.3.2 Avaliação do perfil antropométrico, de aptidão física e de atividades físicas
em idosos.
A avaliação de componentes antropométricos, metabólicos e neuromusculares
da aptidão física é fundamental na determinação dos efeitos do envelhecimento
49
relacionado ao desempenho físico, além disso, serve como parâmetro de avaliação
na elaboração de um programa de educação física (MATSUDO, 2005).
Segundo Matsudo et. al. (2002) as mudanças que ocorrem nas dimensões do
corpo do idoso o uns dos principais indicadores de envelhecimento, principalmente
com relação ao peso, estatura e composição corporal. Com as mudanças no peso e
na estatura, o IMC, também se modifica com o transcorrer dos anos. Valores de IMC
são indicadores práticos recomendáveis para verificar se o idoso se encontra na faixa
recomendável de peso. Desta forma, este método poderá relacionar os indicadores
com o possível surgimento de certas doenças, principalmente as cardiovasculares e
de diabetes.
Com o intuito de verificar a evolução das variáveis antropométricas no período
de um ano, Matsudo et. al. (2002) avaliaram 117 idosas com média de idade de
65±6,6 anos. Os resultados encontrados para este grupo indicam que com a prática
da atividade física regular os índices antropométricos mantiveram-se estáveis, desta
forma, os autores enfatizam a importância dos idosos participarem de um programa
de atividades físicas para minimizar os efeitos deletérios do envelhecimento.
Em outro estudo realizado por Rogatto & Gobbi (2001) com mulheres idosas
participantes de um programa de atividades físicas, constatou-se que apesar de
serem ativas fisicamente a média do IMC foi de 27,6±6,3. Valores estes
considerados acima do recomendável e que são classificados de acordo com a OMS
(1998), como pré-obesidade.
A mensuração da circunferência da cintura em idosos tem sido uma técnica
muito eficaz no aspecto de encontrar possíveis indicadores relacionados com fatores
de risco, principalmente pelo acúmulo de gordura na região abdominal,
particularmente ao redor das vísceras (NAHAS, 2003).
De acordo com Costa & Monego (2003) a circunferência da cintura mostra
uma relação importante com o risco do aparecimento de eventos cardiovasculares,
pela deposição de gordura altamente mobilizável na região do abdômen.
Costa & Monego (2003); Nahas (2003); Spirduso (1995); OMS (1997) através
dos estudos afirmam que perímetros acima de 102 cm para homens e 88 cm para
mulheres são considerados de alto risco para o surgimento de doenças
cardiovasculares, diabetes e certos tipos de câncer.
50
Para as idosas participantes de um programa de atividades físicas na cidade
de São Caetano do Sul SP a média encontrada para o grupo de 60 a 69 anos ficou
em 85 cm, resultado que pode ter sido influenciado pela prática regular de atividades
físicas, tendo em vista que todas as idosas eram ativas fisicamente (MATSUDO et.
al., 2002). Sendo assim, a atividade física pode ser vista de forma positiva
preventivamente.
Outro ponto importante a ser destacado relaciona-se a mensuração do nível
habitual de atividade física dos indivíduos, que segundo Matsudo (2005) é uma
avaliação desafiante, pois apesar de existir muitos métodos e técnicas para a sua
determinação, não existe um consenso de qual a melhor forma de avaliar. Os
questionários são os mais utilizados por ser simples, econômico, de rápido
preenchimento e possíveis de aplicação em grandes grupos.
Quando se utiliza questionários para a avaliação do nível de atividade física
em idosos convém aplicá-los em forma de entrevista individual para amenizar as
dificuldades na assimilação das idéias a serem expostas e respondidas, além disso,
proporciona uma aproximação e melhor interação entre entrevistador e entrevistado
(VERAS, 1994).
Stewart et. al. (2001) apontaram uma rie de limitações para a aplicação do
questionário na avaliação do nível de atividade física em idosos: a) avaliação
inapropriada do tipo e quantidade adequada de atividade física; b) dificuldade na
elaboração de questões de fácil compreensão e todos de informações precisas; c)
estratégias de minimizar respostas socialmente desejáveis e que favoreçam o
aumento de sensibilidade de mudança; e e) dificuldade de memória e problemas
cognitivos possuem elevada prevalência em pessoas mais velhas.
Para este estudo foi utilizado o IPAQ versão curta, instrumento validado que
avalia a atividade física habitual e serve também para comparar os níveis de
atividades físicas entre populações e contextos sociais e culturais. Este instrumento é
designado para avaliar a quantidade total de atividade física e o gasto em atividades
de níveis de intensidade diferentes, em quatro domínios da atividade física (trabalho,
transporte, lazer e atividades domésticas). No estudo realizado por Rabacow et. al.
(2006) que teve como objetivo avaliar as características, origens, aspectos
psicométricos, vantagens e limitações de questionários que medem o nível de
51
atividade sica em idosos, os autores consideraram o IPAQ como o questionário que
apresentou melhores condições para ser aplicado em idosos brasileiros.
Num estudo realizado por Tribess (2006) para verificar o nível de prática de
atividade sica habitual em idosas de Grupos da Associação de Amigos, Grupos de
Convivência e Universidade Aberta com a Terceira Idade de Jequié da Bahia
constatou-se que 64,5% foram consideradas ativas por realizarem 150 minutos ou
mais de atividades físicas moderadas e vigorosas durante a semana. Verificou-se
ainda que as idosas mais ativas estavam associadas a faixas etárias mais jovens, à
classe econômica e renda familiar mais baixa. As atividades destacadas para aquela
população foram as domésticas e de transporte.
Silva (2005) após analisar os níveis de atividade física habitual de idosos da
zona urbana da cidade de Goiânia GO, verificou que os mais ativos são os mais
jovens (60 a 65 anos), reforçando a idéia de que o nível de atividade física tende a
declinar com a idade. Constatou-se também que frente a prática de exercícios físicos
e lazer os idosos são na maioria inativos, independente da idade ou do sexo.
Bons níveis de aptidão física em idosos têm-se mostrado indicador importante
sobre a realização de tarefas do cotidiano, possibilitando, desta forma, que os idosos
sejam independentes fisicamente (ZAGO & GOBBI, 2003). Assim sendo, conhecer os
níveis de aptidão física dos idosos ingressantes a um programa de atividade física
torna-se crucial para elaborar atividades que condigam com as suas potencialidades
físicas.
A avaliação da aptidão física é um fator importante em qualquer programa de
atividade física e serve como parâmetro para verificar se os avaliados estão aptos ou
não fisicamente em relação a este constructo. O ACSM (2000) ressalta que medidas
de aptidão física são práticas comuns e apropriadas em programas de exercícios
preventivos e de reabilitação. Destacam-se os seguintes objetivos de testes de
aptidão física em um programa:
Educar os participantes sobre seu presente “status” de aptidão relativa aos
padrões adequados;
Mostrar dados que são auxiliares no desenvolvimento da prescrição de
exercícios para todos os componentes de aptidão;
52
Criar uma base de dados que possa ser ampliada e que possa mostrar a
avaliação do progresso obtido pelos participantes através do programa de
exercício;
Motivar os participantes através do estabelecimento de metas razoáveis e
alcançáveis de boa aptidão física;
Estratificar os riscos de doenças.
Rebelatto (2006) afirma que são vários os estudos que enfatizam a prática
regular de exercícios físicos como uma estratégia preventiva primária, atrativa e
eficaz, no sentido de manutenção e melhora das capacidades físicas e funcionais dos
idosos de qualquer idade, tendo efeitos benéficos diretos e indiretos, reduzindo o
risco de doenças e transtornos freqüentes na velhice tais como as coronariopatias, a
hipertensão, a diabetes, a osteoporose, a desnutrição, a ansiedade, a depressão e a
insônia.
Neste estudo envolvendo idosos, serão avaliados e analisados os seguintes
componentes da aptidão física: Força/resistência de membros superiores, Força de
membros inferiores, Potência aeróbia, Flexibilidade, Agilidade e Equilíbrio.
Sobre a força/resistência, Okuma (1998) afirma ser normal que com o
decorrer da idade, a elasbjVeB(hOjAÀkVrBLOzhjAÀkVsB(hOj“ájáViB(z“ÀzhjAÀkVsB(”zOÀÀ“ááV B(““O“hLkVaBAOÀjÀV B(á“O“kAhVp(hOjAÀkVmB(LOáÀkkAVbBkOAL”áÀVrBLO.ÀV B(á“OOzÀAkÀVaBAOzÀVeB(zVdBzV BÂ8ªm(khAoBkOáÀLs rs r
53
médio das idosas, tendo como média na primeira avaliação de 15,7 cm e após quatro
anos 13,6 cm no teste de impulsão vertical sem o auxílio dos braços. Considerando
que esta variável é fundamental para a realização das atividades cotidianas e,
portanto para a manutenção da mobilidade e da capacidade funcional durante o
envelhecimento.
A capacidade potência aeróbia ou resistência aeróbia está relacionada com a
capacidade de realizar exercícios por períodos prolongados e com intensidade
submáxima, por isso fundamental para tarefas habituais do nosso cotidiano. De
acordo com Spirduso (1995) a taxa de declínio da resistência aeróbia normalmente
chega a 1% ao ano em idosos, entretanto, pessoas que são ativas fisicamente
tendem a manter ou até melhorar os níveis desta capacidade.
Para exemplificar esta afirmação, num estudo realizado por Alves et. al.
(2004) com 74 mulheres idosas, o objetivo foi verificar o efeito da prática de
hidroginástica sobre a aptidão física do idoso. Os resultados apresentados do
componente potência aeróbia avaliada através do teste caminhada de 6 minutos
verificaram que a prática da atividade física, neste caso a hidroginástica, é fator
influente para bons níveis de aptidão física, pois para o grupo praticante da
hidroginástica no pós-teste a média do desempenho foi de 513,0±83,6m e no grupo
controle 338,0±73,6m.
A flexibilidade segundo Zago & Gobbi (2003) é uma das capacidades físicas
que depende do estado e condição das estruturas que envolvem as articulações.
Dentre essas estruturas, estão os tecidos moles das articulações, tendões,
ligamentos e músculos, sendo assim, todas estas estruturas necessitam ser usadas
para que não encurtem e diminua a sua capacidade com o passar do tempo. O
componente flexibilidade é considerado crucial para o movimento, sendo essencial
para a aptidão funcional do idoso.
Rebelatto et. al. (2006) aplicou um treinamento de exercícios físicos
prolongados durante dois anos em mulheres idosas com faixa etária entre 60 e 80
anos da Província de Salamanca Espanha para verificar se havia influência sobre a
flexibilidade corporal. Os resultados obtidos no estudo indicam uma possível relação
do programa na manutenção da capacidade, tendo em vista que os índices não
54
melhoraram, os autores ressaltaram a necessidade de reprogramação dos exercícios
destinados ao ganho da flexibilidade.
De acordo com Dantas (2003), agilidade é a qualidade sica que permite
mudar a posição do corpo no menor tempo possível. Segundo Zago & Gobbi (2003)
esta capacidade é exigida em muitas atividades do cotidiano do idoso, como andar
desviando de pessoas e obstáculos, locomover-se carregando objetos e andar
rapidamente pela casa para atender ao telefone ou campainha.
Ferreira & Gobbi (2003) realizaram um estudo com 60 idosas divididas em
dois grupos, sendo um de mulheres treinadas e o outro de não treinadas, tendo
como objetivo verificar a influência do treinamento com atividades físicas
generalizadas e supervisionadas sobre a agilidade. Os resultados obtidos confirmam
a hipótese inicial que as idosas praticantes de atividades físicas (treinadas)
apresentam melhores desempenhos nos testes de agilidade que as não treinadas.
Sobre o componente equilíbrio, Maciel & Guerra (2005) afirmam que as
alterações desta variável no idoso são consideradas um problema comum e que leva
a importantes limitações na realização das atividades da vida diária, além disso, é a
principal causa de queda nestes indivíduos. Conforme Matsudo et. al. (2004) as
limitações para realizar atividades da vida diária podem estar relacionadas com o
medo de quedas e dificuldades para equilibrar-se.
No estudo de Maciel & Guerra (2005) que teve como objetivo analisar a
influência de fatores sócio-demográficos, físicos e mentais sobre o equilíbrio de 310
idosos de ambos os sexos residentes no município de Santa Cruz – RN. Os resultados
apresentados indicaram que 46,1% dos idosos tiveram alteração ou não foram
capazes de realizar o teste, e os fatores que foram considerados associados a este
resultado são os seguintes: idade acima de 75 anos; sexo feminino; analfabeto; má
percepção de saúde e ter déficit auditivo.
Como foi apresentado neste tópico, ainda é predominante a avaliação de
aspectos físicos na Educação Física, incorporado o tradicional modelo biomédico,
desta forma, concordando com a afirmação de Okuma (1997) que apesar dos
estudos terem enfatizado e comprovado os benefícios físicos, funcionais e
preventivos, parecem não ser suficiente para estimular e mobilizar os idosos a
praticarem a atividade física. Desta forma, surge a seguinte interrogação:
o que é
55
necessário para que o idoso adira à prática da atividade física ou a um programa de
educação física?
Sendo assim, serão apresentados pontos baseados em estudos que
apresentem justificativas para a adesão ou não adesão aos programas.
2.3.3 - Adesão aos programas de educação física.
Embora muitos estudos comprovem o papel da atividade física como um dos
elementos decisivos nos processos de prevenção de doenças, melhora da aptidão
física e bem-estar físico e mental, os resultados não parecem ser suficientes para
mobilizar indivíduos sedentários a participarem de programas de educação física e/ou
para manter a adesão dos praticantes. Nem mesmo para aqueles que têm a
atividade física como prescrição de tratamento de certas enfermidades, parece haver
relação diretamente proporcional entre necessidade, informação e adesão à prática
(OKUMA, 1997).
Em relação aos mecanismos de adesão a programas de atividades físicas a
mesma autora afirma que se o profissional não souber olhar para aquilo que
prescreve ou orienta, com os olhos de quem vai receber e vivenciar a atividade há
pouca possibilidade de que ela seja significativa o suficiente para ser integrada às
experiências atuais do indivíduo.
Quanto maior o número de variáveis analisadas para verificar a relação entre
população, cultura, ambiente, história e outros de natureza individual, melhor será a
visão sobre o fenômeno da adesão ao exercício (FERREIRA & NAJAR, 2005). Assim,
os estudos empíricos tenderão a auxiliar efetivamente a fase de caracterização e
avaliação dos programas.
Ferreira & Najar (2005) afirmam que a maioria dos programas de atividades
físicas não tem por objetivo ampliar o conhecimento da população sob a prática e os
benefícios dos exercícios. Embora isto seja considerado uma justificativa para a não
adesão aos programas, vários estudos, principalmente os internacionais, relatam que
apesar do conhecimento das evidências dos benefícios da prática de atividades
físicas, estas pessoas preferem ficar inativas, demonstrando e exercendo autonomia
na sua escolha (BULL & JAMROZIK, 1998; DISHMAN et. al., 1985; KING et. al.,
1995).
56
Neste sentido, Okuma (2002) revela que a atividade física proporcionada
através de um método educativo que englobe variados aspectos é o diferencial, pois
aprender sobre a atividade física vai além de praticá-la, significa dominar um
conhecimento que gera cuidados pessoais e possibilidades da pessoa exercer sua
autonomia frente à atividade física.
Sobre a adesão à prática de atividades físicas e à programas de atividades
físicas, Ferreira & Najar (2005) baseados em diversos estudos relatam que os
principais fatores que podem ser intervenientes na prática ou não de atividades
físicas são: experiências anteriores na prática esportiva e de exercícios físicos; apoio
do cônjuge e de familiares; aconselhamento médico; conveniência do local de
exercitação; aspectos biológicos/fisiológicos; gênero; auto-motivação para a prática
do exercício; disponibilidade de tempo; condição sócio-econômica; conhecimento
sobre exercício físico; acesso a instalações e espaços adequados a prática de
exercício físico. Os autores ainda relatam que a importância de cada um desses
fatores na adesão à prática do exercício físico pode variar de acordo com o local, a
população ou o período de tempo estudado.
O aspecto de prevenção e profilaxia também pode ser considerado como fator
justificante para a participação aos programas de educação física, pois normalmente,
amparam-se nas relações determinísticas de causa e efeito com relação ao fator de
risco (PALMA et. al., 2003). Sendo assim, a atividade física no caráter preventivo
poderá ser considerada como um estímulo para a aderência. Entretanto, segundo
Velardi (2003) o fato de inserir-se a um programa no intuito de ficar livre de doenças
não vem sendo considerado motivo suficiente para que os idosos mantenham a
aderência ao programa.
Andreotti & Okuma (2003) observam que no Brasil os programas de educação
física para idosos predominância em relação à freqüência para as mulheres,
revelando em seu estudo que estes índices podem chegar de 70 à 80% da
população dos programas. As autoras afirmam que este acontecimento pode ser
explicado pelo fato de que o homem com mais de 60 anos de idade encontre, fora
do lar, mais oportunidades de encontros socialmente aceitáveis para pessoas sós
(clubes, grêmios recreativos, praças, bares, entre outros) em relação à mulher.
Outro fato que pode esclarecer esta não aderência é que muitos homens tendem a
57
considerar os programas existentes inadequados, por não exigirem esforços físicos
exaustivos ou incluírem atividades pouco recomendáveis, dando a idéia que todo
idoso é frágil.
Andreotti (2001), após analisar diversos estudos sobre as relações entre a
prática de atividades sicas e os idosos, afirma que em relação a não adesão da
prática de atividades físicas, existe a necessidade de revisar não somente os
objetivos, como também elaborar intervenções efetivas que atinjam esta população
alvo, o que requer a implantação de programas especiais de educação física que
atendam às necessidades desta faixa etária.
Um fator considerado importante pela procura do idoso a um programa
destinado a esta população é o “fugir da solidão”, pois com o engajamento do idoso
a um programa, a possibilidade de ampliação do círculo de amizades com um grupo
específico de pessoas, especialmente com aquelas interessadas, a partir de certa
idade, em ampliar sua instrução e ilustração é aumentada (DEBERT, 1999).
Cress et. al. (2005) realizaram uma pesquisa com idosos norte americanos,
tendo como objetivo central identificar quais são os principais aspectos que
determinam a organização de programas direcionados a velhos portadores de
doenças ou de baixa aptidão física, com o intuito de aumentar a adesão, melhorar a
organização e programação da prática de atividades físicas em relação à coerência
para os idosos em questão. Identificaram, como principais resultados: proposta
baseada na melhoria das capacidades físicas para se ter benefícios funcionais; os
princípios de mudança de comportamento incluem a sustentação social, com
escolhas mais ativas e realçam a aderência; controle do risco de doenças através da
atividade física moderada; planos de procedimentos emergentes para as
comunidades; e monitoramento da intensidade aeróbia.
Em relação aos êxitos alcançados nos programas de Promoção da Saúde,
Moysés et. al. (2004) relatam que quando existe uma maior participação social e a
coordenação intersetorial propiciada pelo poder público fica mais fácil de uma
proposta ser aderida pela própria população. Por isso, a questão chave ainda
continua sendo a capacidade de motivar suficientemente todos os autores
envolvidos, fornecendo clareza conceitual, recursos de conhecimento, transparência
de informações e partilhamento de poder. Com relação às atividades físicas, deve-se
58
compartilhar do mesmo ideal e fazendo que o indivíduo participe efetivamente deste
processo.
Segundo Velardi (2003), é necessário que a conjuntura da atividade proposta
esteja coerente com a natureza dos indivíduos e a localidade. Neste sentido, torna-se
necessário estabelecer uma relação entre a vivência das pessoas, o contexto
histórico e as relações culturais e sociais para então pensar numa proposta coerente
para determinada população.
2.4 - AVALIAÇÃO DOS PROGRAMAS EM PROMOÇÃO DA SAÚDE: REFLEXÕES E
POSSÍVEIS IMPLICAÇÕES EM EDUCAÇÃO FÍSICA DE IDOSOS.
Normalmente a avaliação em programas de educação física para idosos
partem de uma análise predominantemente preventiva, enfatizando a eficácia dos
programas através da prática sistemática do exercício físico e seus benefícios físicos
e fisiológicos (SILVA JÚNIOR & VELARDI, 2007). Neste tópico procurar-se-á um
referencial pautado na perspectiva da Promoção da Saúde que seresponsável por
estabelecer a coerência entre a avaliação prévia para a elaboração de programas de
educação física com idosos na perspectiva da Promoção da Saúde.
Okuma (1998); Velardi (2003) afirmam que prescrever atividades físicas e
propor programas de educação física são eventos bem distintos, pois as autoras
ressaltam que as prescrições propostas pelos profissionais normalmente pautam-se
no fazer mecânico, ou seja, na abordagem repetitiva e sem considerar os valores,
crenças, princípios, necessidades dos idosos, realçando, desta forma, o paradigma
biomédico, numa intervenção verticalizada. a elaboração de programas de
educação física deve basear-se numa proposta educativa, tendo em vista a Educação
Física como área eminentemente pedagógica suas ações não ficam restritas a prática
sistemática da atividade física, porém ultrapassa com as intervenções adequadas do
processo ensino-aprendizagem, dando condições aos idosos capacitarem-se frente as
questões da atividade física. O processo de educação de indivíduos e comunidades é
requisito primordial na perspectiva da promoção da saúde, pois favorece o exercício
da autonomia, que de acordo com Silva Júnior et. al. (2006) implica no
59
reconhecimento do direito do indivíduo de compreender o mundo e poder fazer suas
escolhas através do
empowerment
tanto individual quanto coletivo, desta forma, as
atividades não seriam praticadas apenas de forma sistematizada e repetitiva,
desconsiderando uma variedade de aspectos e significados.
Rootman et. al. (2001) afirmam que os programas devem ser conduzidos por
princípios de
empowerment
, integralidade, participação, intersetorialidade, eqüidade,
sustentabilidade e combinação de estratégias múltiplas para promover saúde como
formulação de políticas públicas, mudanças organizacionais, desenvolvimento social,
leis, advocacia, educação e comunicação.
A questão do
empowerment
num programa é fundamental para estar
fundamentado no ideário da Promoção da Saúde (LAVERACK & LABONTE, 2000;
VASCONCELOS, 2004). De acordo com Laverack & Labonte (2000), os programas
que trabalham na perspectiva do
empowerment
comunitário são considerados com
uma abordagem
bottom-up
de baixo para cima em contraposição aos programas
verticais,
top-down
60
protagonizadas por quem vivencia o problema e o território. Neste sentido, estas
transformações devem acontecer também na Educação Física, tanto em relação aos
conteúdos abordados quanto a estrutura dos ambientes.
Conforme Bodstein et. al. (2004), a perspectiva de avaliar ou de descrever a
dinâmica da implantação de programas traz uma enorme contribuição na medida em
que enfatiza a importância do contexto e, portanto, dos fatores sociais e dos
interesses políticos em jogo.
Ayres (2004) ressalta que a avaliação dos programas em promoção da saúde
deveria ser inspirada da tradição da Filosofia prática, pois suporta e justifica a
identidade de uma avaliação auto-compreensiva e sócio-histórica em que pessoas
participem desta reconstrução para atingir as necessidades e aspirações humanas
desta população.
Becker et. al. (2004), em seu estudo estruturam uma avaliação de um
programa em três níveis complementares: o diagnóstico comunitário, seus resultados
e implicações; o estudo das intervenções realizadas pelos próprios moradores,
capacitados por uma metodologia participativa de planejamento e solução de
problemas; e a sistematização de depoimentos e relatos dos participantes sobre as
experiências vivenciadas no programa.
Este tipo de avaliação que usa estimular a participação comunitária
proporciona efeitos positivos, permitindo aos indivíduos um maior sentido de controle
sobre suas vidas (VALLA, 1999). De acordo com Laverack & Wallerstein (2001),
enfatizam que programas de
empowerment
e desenvolvimento local realizados sem
ter este tipo de preocupação não alcançam seus objetivos e conseqüentemente não
são bem sucedidos.
Pereira Lima et. al. (2004), avaliaram a eficácia do Programa Escola de Pais,
uma iniciativa com evidência na perspectiva da Promoção da Saúde. Os resultados
encontrados pelos autores são fortemente favoráveis, pois as ações são direcionadas
para que todas as pessoas participem ativamente da construção e manutenção do
programa. No mesmo estudo os autores afirmaram que as práticas relacionadas à
atividade física merecem atenção do programa, porém o objetivo principal fica
focalizado a outras prioridades ligadas ao
empowerment.
61
Uma outra proposta de avaliação de programas na perspectiva da Promoção
da Saúde foi sugerida por Bodstein et. al. (2004), em que enfatizam a importância de
parcerias entre poder público, iniciativa privada e organizações sociais. Além disso,
ressalta-se que a referência para a implantação do programa deve estar evidenciada
na importância do contexto, considerando as dimensões da mobilização dos atores,
da constituição de um espaço de interlocução e de ação coletiva entre as lideranças
locais.
A avaliação dos programas fundamentados no ideário da Promoção da Saúde
deve levar em conta vários fatores determinantes relacionados à saúde. Sendo
assim, OMS (1998) apud Moysés et. al. (2004), relatam que o Relatório do Grupo de
Trabalho promovido pela OMS estabeleceu quatro aspectos que devem,
necessariamente, fazer parte dos projetos:
Participação: envolver, de uma maneira apropriada, em cada estágio,
todos os indivíduos que têm interesse na iniciativa avaliada;
Múltiplos todos: buscar um delineamento que utilize elementos de
vários campos disciplinares, lançando mão de vários procedimentos para
coletar dados;
Capacitação: aprimorar a capacidade de indivíduos, organizações e
governos de equacionar relevantes problemas de Promoção da Saúde;
Adequação: fomentar um planejamento que leve em conta à natureza
complexa da intervenção e seu impacto em longo prazo.
Segundo Moysés et. al. (2004), quando se refere à avaliação de programas de
promoção da saúde existe uma grande dificuldade neste contexto, pois uma forte
dependência do setor comunitário, bem como apresenta uma grande diversidade de
questões sociais e de saúde, utilizando uma vasta gama de estratégias. Neste
sentido, fazem-se necessárias mensurações qualitativas de mudanças intermediárias
na realidade sob intervenção se não diretamente, ao menos com o recurso de
constructos teórico-metodológicos que façam algum sentido ou mantenham alguma
relação consistente com o fenômeno estudado.
Como campo complexo e ação especializada, a avaliação em Promoção da
Saúde não nega os critérios de competência científica observados nas pesquisas
62
avaliativas. Ultrapassa, entretanto, a racionalidade instrumental na medida em que é
orientada mais pelos princípios da comunidade do que do mercado ou do Estado,
trabalhando na dialética entre a regulação e a emancipação, sendo, portanto,
transdisciplinar e multicultural (PEDROSA, 2004).
Akerman et. al. (2004) afirmam que o processo de avaliação de programas na
perspectiva da Promoção da Saúde deve estar fundamentado em valores, princípios
e condições, mas mesmo assim, não deve estabelecer uma “bula” para instituir o que
é coerente. O quadro 1 apresenta a idéia dos autores:
Quadro 1 – Valores, princípios e condições para avaliação da Promoção da Saúde.
Valores/Princípios Condições
Equidade, Justiça
Social e Solidariedade
Revelar todas as premissas teóricas, ideológicas e políticas sobre as quais
se baseia e explicitar as relações de poder exis
tentes, incluindo aquelas que
envolvem o avaliador.
Levar em conta a diversidade e ser um instrumento de reflexão sobre como
a iniciativa trata as iniqüidades.
Respeitar e valorizar os conhecimentos e experiências locais.
Transmitir um espírito de esperança, felicidade, amor e alegria.
Contextualizar a
iniciativa que se quer
avaliar
Levar em consideração o contexto local da iniciativa, inclusive as barreiras
e os elementos facilitadores.
Reconhecer e explicitar as diferenças das identidades culturais, sociais e
econômicas entre os distintos focos da avaliação, sejam eles populações,
grupos sociais, comunidades, organizações, indivíduos.
Ter sentido prático Ser capaz de responder: “quem”, “por que” e “como”.
Estar integrada ao planejamento e orientada par
a a ação e para a
mudança.
Contribuir para a criação de novos recursos na comunidade.
Reconhecer a necessidade de criar variadas formas de divulgar resultados e
de fortalecer os grupos sociais.
Criar/favorecer
oportunidades para a
participação como
espaço para a
inclusão social
O processo avaliativo deve envolver de forma apropriada aqueles que
possuem interesse legítimo na iniciativa.
Garantir que os grupos sociais, que estão tendo sua saúde e qualidade de
vida afetados pela iniciativa, participem do processo avaliativo.
A avaliação deve garantir que os grupos, tradicionalmente excluídos das
políticas públicas, possam compartilhar e apropriar-
se tanto do processo de
implementação da iniciativa, quanto da avaliação propriamente dita.
Estar ancorada em
múltiplos métodos
A multiplicidade de todos deve refletir os princípios da Promoção da
Saúde.
A avaliação deve utilizar uma combinação equilibrada de métodos, técnicas
e instrumentos qualitativos e quantitativos.
Obter informações de distintas fontes de dados.
Focar em estrutura, processo e resultados de curto ou longo prazo,
dependendo do estágio da iniciativa.
Produzir indicadores que sejam oportunos e apropriados ao contexto da
iniciativa.
63
Estar comprometida
como o
fortalecimento de
grupos sociais
Se basear nas potencialidades da comunidade.
Apoiar a solução de problemas locais.
Assegurar à eqüidade, permitindo que todos os atores sociais sejam
ouvidos, principalmente aqueles advindos de grupos mais vulneráveis e
com menor poder.
Gerar informação que possa ser usada para a advocacia da Promoção da
Saúde.
Conduzir para um
processo de
aprendizagem dos
atores sociais
envolvidos
Estimular o co-aprendizado entre atores.
Encorajar o diálogo e a reflexão a fim de facilitar todas as formas de
desenvolvimento do conhecimento para todos os envolvidos.
Reconhecer que aprendizagem é a chave para o desenvolvimento de
capacidades para os grupos e organizações locais.
Conduzir para a ação e mudança.
Ser consistente com
os propósitos da
Promoção da Saúde
Adaptar ao contexto local.
Demonstrar sensibilidade para a complexidade e para a dinâmica do
contexto.
Refletir as necessidades dos envolvidos.
Ser viável em termos dos recursos locais envolvidos.
Ser acessível e entendida por todos os envolvidos.
Ser planejada por todos os atores sociais envolvidos.
Estar sustentada nas concepções básicas da iniciativa.
Adaptado de Akerman et. al. (2004).
Todos os tópicos demonstram a importância de um estudo profundo antes da
elaboração e implantação de um programa, devendo, desta forma considerar vários
aspectos e não retirando o foco exclusivo sobre o objetivo principal daqueles que
propõem a ão. No caso da Educação Física ou mesmo de programas de educação
física, isso significa não ficar restrito às avaliações físicas, funcionais e
comportamentais.
Este princípio apresentado, aliado às demais propostas de avaliação em
Promoção da Saúde desafiam os modelos tradicionais, pois possuem uma visão
global, humanista e coerente com as premissas do princípio de nossa existência. É
claro que mesmo para um programa de educação física direcionado à perspectiva da
Promoção da Saúde, nem todos estes fatores poderão estar inseridos ao mesmo
tempo, isto seria uma tarefa impossível! Mas devemos pensar em englobar aos
poucos e tendo sempre como ponto de referência o ser humano e a partir dele
elaborar uma proposta condizente com os seus desejos, necessidades e vontades.
Muitos são os aspectos mais humanistas envolvidos e apresentados na
perspectiva da Promoção da Saúde, o que traz à tona relações implícitas com a
pedagogia proposta por Paulo Freire, pois envolve feições que vão além do simples
64
fato de proporcionar algo para alguém, mas sim proporcionar algo que tenha relação
e sentido para sua vida, criando ambientes e condições capazes de promover
reflexões sobre o que as pessoas fazem, estimulando a criação de condições de
acesso às informações através da educação e quem sabe daí surgirá um legítimo
espírito de esperança, felicidade, amor e alegria. Mesmo considerando que estes
sentimentos já estão interiorizados nos seres humanos, mas muitas vezes, por
diversos motivos deixamos de exercer nossa autonomia e somos influenciados e
induzidos a realizar certas ações impostas pelo sistema, pelo mundo e pela realidade,
o que muitas vezes nos traz uma visão fatalista em relação ao futuro, nos traz a
crença de que nunca será possível controlarmos nossas condições de vida.
Pedrosa (2004) afirma que a avaliação em Promoção da Saúde deve trazer em
si mesma a noção de ação permanente. Neste sentido deve ser radicalmente
descentralizada, ascendente, sendo suas indagações originadas no espaço da própria
intervenção, em seu contexto. Ou seja, de dentro para fora, de modo que contribua
para a democratização institucional, o desenvolvimento da capacidade de
aprendizagem política e de enfrentamento criativo dos problemas que fazem parte
da vida – a maior expressão da Promoção da Saúde.
Este tópico abordou a questão da avaliação dos programas de educação física
sob o prisma da Promoção da Saúde. Foram apontados alguns aspectos importantes,
porém não foi estabelecida nenhuma regra condutora de ões, pois dependerá da
análise do contexto local e suas potencialidades. A avaliação dos programas de
educação física direcionados a idosos é elementar para que as ações da prática
pedagógica transcendam a prática sistematizada da atividade física, fazendo com
que se consiga uma relação direta não apenas com as capacidades físicas e
funcionais, mas com a vida do idoso.
65
3 - MÉTODO
“A realidade social é por demais heterogênea
para poder ser avaliada com métodos
simplificados do tipo causa e efeito, aplicáveis a
alguns campos do conhecimento. Ela requer
uma série de outros métodos, quantitativos e
qualitativos, uma vez que lida com processos
multidimensionais de alta complexidade”
(PEREIRA LIMA et. al., 2004, p. 680).
Esta pesquisa é delineada pelos princípios do ideário da Promoção da Saúde e,
portanto, envolve mais do que a busca de relações causais entre
x
e
y
, o que requer
uma multiplicidade de instrumentos e procedimentos coerentes com o objetivo do
estudo
.
Desta forma, não existe uma regra pré-determinada que estabeleça uma
seqüência lógica para sua construção, mas sim uma coerência que contemple seus
anseios (AKERMAN et. al., 2004). Ou seja, para o desenvolvimento desta pesquisa
não foi adotado uma “receita pronta” para sua construção. O desencadeamento deu-
se de forma gradual e coerente com as necessidades a serem consideradas para a
ocasião.
A combinação equilibrada de métodos, técnicas e instrumentos qualitativos e
quantitativos é a coerência que permeia a fundamentação da pesquisa (AKERMAN et.
al., 2004; PEREIRA LIMA et. al., 2004)
.
Assim sendo, o método desta pesquisa se
constituirá por quatro etapas, sendo que cada uma delas é dividida, esta divisão é
nomeada de momento. Todas as etapas e momentos do referido estudo serão
apresentadas e descritas adiante.
3.1 – CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO
“O conhecimento não se reduz a um rol de
dados isolados, conectados por uma teoria
explicativa; o sujeito-observador é parte
integrante do processo de conhecimento e
interpreta os fenômenos, atribuindo-lhes um
significado” (CHIZZOTTI, 1991, p.79 apud
SILVA, 1996).
66
O presente trabalho caracteriza-se como um estudo de caso que, segundo Gil
(1996), constitui-se por um aprofundamento exaustivo de um ou de poucos objetos,
de maneira a permitir o seu conhecimento amplo e detalhado. Lüdke & André (2004)
retratam que os estudos de caso procuram retratar a realidade de forma complexa e
profunda, revelando uma multiplicidade de dimensões presentes numa determinada
situação ou problema, focalizando-o como um todo. Para os autores, este tipo de
abordagem enfatiza a complexidade natural das situações, evidenciando a inter-
relação dos seus componentes. Além disso, ao desenvolver o estudo de caso, o
pesquisador recorre a uma variedade de dados, coletados em diferentes momentos,
em situações múltiplas e com uma variedade de tipos de informantes.
Laville & Dionne (1999) afirmam que devido ao acúmulo exaustivo de
procedimentos para compreender um determinado fenômeno, o estudo de caso
caracteriza-se por um longo tempo na execução, além disso, dificuldade para
generalização. Ou seja, um estudo desta natureza não servirá de modelo
estabelecido para novas iniciativas, porém podem ser utilizados como parâmetros,
exemplos ou guias.
O desencadear da compreensão de cada parte deste estudo está
fundamentado em teorias, protocolos e procedimentos que permitam esclarecer
pontos obscuros frente ao objetivo proposto do trabalho. Cada “parte” será
investigada até o momento em que o investigador tenha a percepção adequada de
compreensão suficientemente para caracterizá-la, conforme retrataram Lüdke &
André (2004).
3.2 - GRUPOS E SUJEITOS PARTICIPANTES
Os critérios de seleção dos Grupos e sujeitos participantes deste estudo foram
caracterizados seguindo as recomendações sobre amostragem de Mattar (2001).
Para selecionar os Grupos de Convivência participantes deste estudo, em
março de 2005 foi realizado um levantamento junto à Secretaria Municipal de Ação
Social do Município de Marechal Cândido Rondon, com o intuito de saber quais eram
os Grupos e a quantidade de idosos participantes. As informações são apresentadas
67
através do Quadro 2:
Quadro 2 Identificação e número de participantes dos Grupos de Convivência de
Idosos do município de Marechal Cândido Rondon – PR.
14 clubes de Grupos de Convivência de Idosos em Marechal Cândido Rondon:
sendo 2 Grupos na sede do Município:
1 Grupo de Convivência de Idosos Amizade c/ 630 participantes;
2 Grupo de Convivência de Idosos Paz e Amor c/ 541 participantes;
Total = 1.171 idosos participantes.
e 12 clubes no interior (distritos):
1 Grupo de Convivência Alegre e Feliz de Bela Vista c/ 106 participantes;
2 Grupo de Convivência Amor e União de Novo 3 Passos c/ 105 participantes;
3 Grupo de Convivência Arco-íris de Esquina Bandeirantes c/ 58 participantes;
4 Grupo de Convivência Boa Esperança de Margarida c/ 260 participantes;
5 Grupo de Convivência Lago Azul de Porto Mendes c/ 156 participantes;
6 Grupo de Convivência Os Pioneiros de Novo Horizonte c/ 120 participantes;
7 Grupo de Convivência Rosa Branca de São Cristóvão c/ 97 participantes;
8 Grupo de Convivência Sempre Alegre de Curvado c/ 86 participantes;
9 Grupo de Convivência Unidos em Flores de Iguiporã c/ 142 participantes;
10 Grupo de Convivência Verdes Campos de Linha Ajuricaba c/ 95 participantes;
11 Grupo de Convivência 14 de Julho de Bom Jardim c/ 110 participantes;
12 Grupo de Convivência Flor de Maio de São Roque c/ 102 participantes;
Total = 1.437 idosos participantes.
Total Geral = 2.608 idosos participantes nos 14 Grupos de Convivência de Idosos do Município
de Marechal Cândido Rondon - Paraná – Brasil.
A partir doptou-se em realizar este estudo em dois Grupos de Convivência
de Idosos do Município: denominados “Amizade” e “Paz e Amor”. Para selecioná-los
foi utilizado como critério de inclusão os seguintes aspectos: a) Os dois Grupos
estarem localizados na sede do município; b) Os encontros serem semanais, pois os
demais Grupos do município têm encontros quinzenais; c) Maior quantidade de
idosos freqüentadores.
Para selecionar os idosos participantes deste estudo em cada etapa foi
adotado um critério e um número que justificasse a necessidade para a respectiva
etapa.
No segundo momento da primeira etapa participaram do estudo dois idosos
sócio-fundadores, sendo denominado o S
5
. A para o Grupo de Convivência Amizade e
o S. B para o Grupo de Convivência Paz e Amor. Justifica-se a escolha de apenas um
5
O S. refere-se ao sujeito entrevistado na pesquisa.
68
idoso por Grupo, devido a dificuldade de encontrar idosos vivos ou lúcidos que
participaram do momento de elaboração/implantação dos Grupos.
Também para o segundo momento da segunda etapa participaram do estudo
dois idosos membros da diretoria dos Grupos de Convivência, sendo o S. C para o
Grupo de Convivência Amizade e o S. D para o Grupo de Convivência Paz e Amor.
Justifica-se a escolha de apenas um idoso por Grupo de Convivência, devido à
dificuldade de encontrar idosos suficientemente embasados com informações sobre o
funcionamento e estrutura dos Grupos. Cada um dos idosos escolhidos para as
etapas anteriores, serão caracterizados na apresentação dos resultados.
Considera-se uma limitação do estudo recorrer a apenas um idoso e utilizar as
informações coletadas como suficientes para atender aos critérios de validade e
generalização, mas foi o possível para o desencadeamento da pesquisa, em ambos
os momentos citados acima.
Para a terceira etapa referente aos dados antropométricos, testes de aptidão
física e questionários, participaram do estudo 60 idosos, sendo 30 do Grupo de
Convivência Paz e Amor e 30 do Grupo de Convivência Amizade. Para selecionar os
idosos participantes dos Grupos, primeiramente foi feito um convite oral e informal a
todos participantes presentes durante a realização de um encontro, aqueles que
demonstraram interesse em participar agendaram o dia e horário para a coleta de
dados desta etapa. Desta forma, somente aqueles que se dispuseram participar de
forma livre e voluntária compuseram a amostra.
para a quarta etapa, dentre os 60 que compuseram a amostra da terceira
etapa do estudo foram selecionados 16 idosos, sendo oito do Grupo Paz e Amor
(quatro homens e quatro mulheres) e oito do Grupo Amizade (quatro homens e
quatro mulheres), estes serão identificados neste trabalho pelas letras de “E” a “T”
continuamente. Para selecionar os idosos participantes da amostra para esta etapa,
observou-se ou seguintes critérios de inclusão: 50% de idosos do sexo masculino e
50% de idosos do sexo feminino; aceitar participar da pesquisa de forma livre e
voluntária; seqüência de disponibilidade dos idosos para o dia da entrevista até
alcançar o número (n) pretendido.
Com relação ao encerramento das entrevistas, adotou-se o procedimento
recomendado por Alves-Mazzotti & Gewandsznajder (2004, p.163) indicando que:
69
(...) a partir de um certo momento, observa-se que as informações já
obtidas estão suficientemente confirmadas e que o surgimento de
novos dados vai ficando cada vez mais raro, até que se atinge um
“ponto de redundância” a partir do qual o mais se justifica a
inclusão de novos elementos.
Todos os participantes deste estudo foram informados dos objetivos e
procedimentos do estudo. Aqueles que concordaram em participar da pesquisa
assinaram ao termo de consentimento livre e esclarecido, segundo as normas do
Comitê de Ética em Pesquisa da USJT (anexo2)
6
.
3.3 – APRESENTAÇÃO DAS ETAPAS E INSTRUMENTOS
Neste trabalho, como o objetivo é verificar profundamente os Grupos de
Convivência de Idosos com vistas a fazer uma análise sobre o ambiente e seus
freqüentadores, para isto serão adotados diversos procedimentos para a
compreensão do ambiente e seus atores. Silva (1996), afirma que a procura da
adequação das técnicas e instrumentos de pesquisa às especificidades do fenômeno
a ser estudado exige do pesquisador a busca do senso crítico e de criatividade no
momento de selecioná-lo e/ou compor combinações entre os mesmos. É importante
que o pesquisador esteja suficientemente esclarecido sobre os limites e
possibilidades de cada instrumento, utilizando-os de forma eficaz e consciente.
Sendo assim e de acordo com Pedrosa (2004), o entendimento dos fatores
relacionados à Promoção da Saúde tem sido ampliado, sobressaltando o papel
protagonista dos determinantes gerais sobre as condições de saúde, compreendendo
não somente as características dos indivíduos, mas as condições propiciadas pelo
ambiente em seus aspectos físicos, sociais, econômicos e culturais.
Para facilitar o entendimento do trajeto a ser percorrido durante o estudo,
aqui são apresentadas, de forma resumida, as etapas e os instrumentos utilizados na
pesquisa.
6
Em acordo com a disposição do Ministério da Saúde este estudo foi avaliado e aprovado pelo Comitê
de Ética em Pesquisa (COEP) da Universidade São Judas Tadeu, registrado através do parecer
consubstanciado, sob protocolo 039/2005 em 04 de agosto de 2005 (anexo 3).
70
Primeira etapa - O surgimento dos Grupos de Convivência de Idosos no município de
Marechal Cândido Rondon e as características regionais: Geopolítica
Primeiro Momento - Pesquisa histórica descritiva e levantamento bibliográfico;
Segundo Momento - Entrevista semi-estruturada com membros fundadores
dos Grupos.
Segunda etapa - Estrutura e funcionamento.
Primeiro Momento - Análise documental;
Segundo Momento - Entrevista semi-estruturada com membro da diretoria de
cada Grupo;
Terceiro Momento – Observação.
Terceira etapa - Questionários, Dados Antropométricos e Testes de aptidão física.
Questionários
a) Q-PAF Questionário de Prontidão para a Atividade Física; b)
IPAQ–versão curta - International Physical Activity
Questionnaire; c) Questionário Sócio-econômico (ANEP).
Dados Antropométricos.
Peso; estatura; IMC e circunferência abdominal.
Testes de aptidão física.
Força/resistência de membros superiores (flexão de cotovelo);
Força de membros inferiores (impulsão vertical sem auxílio dos
braços); Potência aeróbia (caminhada de 6 minutos);
Flexibilidade (sentar-e-alcançar); Agilidade (shutle run);
Equilíbrio (equilíbrio estático com controle visual).
Quarta etapa - Idosos freqüentadores.
Entrevista semi-estruturada com os idosos freqüentadores dos Grupos.
A descrição e procedimentos de cada etapa/momento das coletas de dados
serão realizadas juntamente com a apresentação e análise dos resultados, com o
objetivo de facilitar a compreensão.
71
Todas as etapas/momentos apresentados e descritos adiante
são
fundamentais para compreender o todo. Um ponto fundamental deste estudo é o
fato de que após terminada uma etapa foi naturalmente necessária formulação de
outra. Desta forma, todas as informações interligam-se, num processo de
dependência contínua entre si.
72
4 - RESULTADOS E DISCUSSÕES
Após a descrição e detalhamento dos procedimentos realizados em cada
etapa/momento, os resultados deste estudo e sua discussão apresentam-se
descritos, em análise descritiva, comparativa e interpretativa, sob a forma de etapas
e momentos. Visando a sistematização da apresentação, bem como a discussão dos
resultados conforme os objetivos estabelecidos, o presente segue seqüência
apresentada no capítulo anterior (método).
4.1 - PRIMEIRA ETAPA: O SURGIMENTO DOS GRUPOS DE CONVIVÊNCIA DE
IDOSOS NO MUNICÍPIO DE MARECHAL CÂNDIDO RONDON E AS CARACTERÍSTICAS
REGIONAIS: GEOPOLÍTICA
“Para o pesquisador da história, a imaginação
é o único limite para possíveis tópicos de
pesquisa.”
Thomas & Nelson (2002, p.229)
O objetivo desta etapa é apresentar as características gerais do município de
Marechal Cândido Rondon, desde o processo de colonização, surgimento do
município, descendência dos habitantes, costumes e algumas curiosidades que
podem auxiliar neste momento.
Verificar como e porque surgiram os Grupos de Convivência de Idosos neste
município foi outro objetivo desta etapa. Aqui, procurar-se-á responder algumas
questões que são fundamentais para esta caracterização.
Será que os primeiros
idosos participantes dos Grupos são os mesmos que participaram do momento de
colonização do município? Qual foi a necessidade fundamental para implantação dos
Grupos? Como foram decididas as primeiras atividades? Houve grandes mudanças
desde o início até o atual momento ou não?
Esta etapa de caracterização histórica é considerada importante, pois a busca
pela compreensão da origem de um lugar é ponto crucial para saber a influência que
tem e exerce sobre a população atual do ambiente. Segundo Vieira Pinto (1960),
73
para se ter uma concepção de mundo é fundamental estar condicionado pela
situação histórica concreta do pensador. Na realidade não existiria um pensamento
que tivesse validade em si, e que pudesse ser separado de suas raízes históricas. Ou
seja, o conhecimento do passado é aspecto primordial para estabelecer relações com
a realidade presente e perspectivas para o futuro.
4.1.1 - Primeiro Momento – Pesquisa histórica descritiva
Para caracterizar esta etapa do estudo, inicialmente recorreu-se a uma
pesquisa histórica descritiva que segundo Thomas & Nelson (2002), é um método
que constrói experiências passadas na busca de localizar uma pessoa, uma
tendência, um evento ou uma organização no tempo e lugar oferecendo respostas a
questões particulares.
Para buscar o entendimento e a compreensão de uma pesquisa histórica
descritiva, cita-se o exemplo mencionado por Thomas & Nelson (2002, p. 232):
Os oceanos do mundo nos presenteiam com uma analogia útil para
entender a história descritiva. Hoje, os cientistas sabem muito sobre
essas imensas porções de água sua profundidade, seu tamanho
total, as plantas e animais que vivem neles, até mesmo as rotas que
os navios necessitam para viajar através deles. poucos séculos,
todavia, os oceanos eram verdadeiros “mares não-mapeados”, uma
situação que levou capitães e navegadores a desdobrarem-se em
cartógrafos (...). Em resumo, a meta de uma história descritiva é um
mapa da experiência passada.
Pimentel (2001), afirma que no processo de articulação do presente com o
passado, o pesquisador volta-se às suas raízes, ativa ou reativa a memória,
distanciando-se assim de uma possível fragmentação quando procura, na
investigação, o elo entre esses dois tempos históricos da atividade humana, para
além de análises “presentistas” que o levariam apenas a ratificar o passado e
glorificar o presente. Este tipo de pesquisa constitui-se em evidências coordenadas e
interpretadas, exigindo do pesquisador o trabalho de suplantar sua própria
contemporaneidade sem deixar-se cair, entretanto, num “historicismo” que se
traduziria em anacronismo, numa interpretação errônea, distorcida do passado.
Desta forma, torna-se importante conhecer o passado para entender o
presente e prever perspectivas. No caso das características regionais e o processo de
74
colonização do município, faz-se necessário esta compreensão para verificar quais
implicações geraram na vida dos idosos, além disso, possibilita entender certas
culturas, tradições e costumes.
Para realizar esta pesquisa histórica descritiva recorreu-se a consulta de dados
estatísticos e levantamento bibliográfico referente à história do município e da
região. Foram apresentadas apenas as principais características e de interesse ao
respectivo estudo.
Sendo assim, os resultados apontam que a sede do Município de Marechal
Cândido Rondon teve seu marco de colonização iniciado com a derrubada das
primeiras árvores pelos primeiros habitantes em março de 1950. A partir disso,
surgem os primeiros imigrantes que segundo Wachowicz (1987, p.174):
O elemento humano escolhido para ocupar este extenso território foi
o colono gaúcho e em parte o catarinense, descendentes de
imigrantes alemães e italianos, dado sua experiência de vida pioneira
e a aclimatação as condições do Brasil.
De acordo com Weirich (2004), o projeto de colonização determinou o perfil
dos futuros habitantes, isto é facilmente comprovado pela procedência dos
moradores que vieram para Marechal Cândido Rondon em sua grande maioria da
região Sul do Brasil e descendentes de europeus, principalmente alemães e italianos.
A contribuição da descendência germânica se destaca na influência da cultura e na
visão tecnológica presentes tanto na área rural quanto em outros aspectos da
economia, buscando sempre alternativas para melhoria da qualidade e de
produtividade. Outro fator muito importante na característica dos descendentes
alemães foi a união e a convivência comunitária fortalecendo os laços culturais e
perpetuando hábitos que vêm de geração em geração como alimentação e
costumes.
O mesmo autor afirma que a criação do Município de Marechal Cândido
Rondon foi oficializada através de Lei Estadual nº. 4.245 de 25 de julho de 1960,
desmembrando dos municípios de Toledo e Foz do Iguaçu. Foi considerado pela
Organização das Nações Unidas (ONU) como o melhor município do Paraná em
qualidade de vida em 2000. Localizado na região Sul do Brasil, mais precisamente no
extremo Oeste do Paraná, no Terceiro Planalto ou Planalto de Guarapuava, Marechal
75
Cândido Rondon compreende uma área de 575,81 quilômetros quadrados. Situa-se
entre 24º 33’ 40” Latitude Sul e 54º 04’ 12” Longitude Oeste, a 420 metros acima do
nível do mar.
A produção agrícola alavancou o desenvolvimento, o município possuí uma
base econômica sólida não somente com a agricultura, mas também com a
agropecuária, suinocultura, psicultura e na agroindústria. As principais culturas são
os cultivos da mandioca, do milho e da soja.
Marechal Cândido Rondon é conhecido nacionalmente não somente pela
pujança agrícola, ou sua participação no contexto histórico nacional como faixa de
fronteira, mas principalmente pela gastronomia como a Festa Nacional do Boi no
Rolete que faz parte dos festejos do aniversário de emancipação política
administrativa da cidade, e a Oktoberfest, realizada em outubro e é a segunda maior
do país (WEIRICH, 2004).
Segundo IBGE (2005), o município tem uma população de 44.705 habitantes,
dos quais 3.977 são idosos. O município possui 14 Grupos de Convivência de idosos,
tendo 2.608 participantes no total, o que corresponde a 65,58% da população total
de idosos é participante de um dos Grupos. Estes números demonstram a
representatividade e importância desta iniciativa para a respectiva população.
4.1.2 - Segundo Momento – Entrevista semi-estruturada
A partir da caracterização histórica efetuada na literatura, e para saber o que
motivou a elaboração/implementação dos Grupos de Convivência de Idosos, recorre-
se a uma entrevista semi-estruturada (anexo 4) com um sócio fundador de cada um
dos dois Grupos.
A entrevista semi-estruturada, segundo Gil (1996), ocorre quando relação
dos pontos de interesse em que o entrevistador vai explorando ao longo do seu
curso com um guia de roteiro. Estas entrevistas servem para resgatar informações
que não estão explicitadas nos documentos e, além disso, dão um maior
entendimento sobre o que se está pesquisando.
De acordo com Lüdke & André (2004), a entrevista semi-estruturada se
desenrola a partir de um esquema básico, porém não aplicado rigidamente,
permitindo que o pesquisador faça as devidas adaptações.
76
Para Minayo (1996), entrevista é a fonte que fornece dados referentes a fatos,
idéias, crenças, maneiras de pensar, sentimentos, conduta de comportamento
presente ou futura, bem como razões conscientes ou inconscientes de determinadas
crenças.
Luckmann (1984), afirma que quando as pessoas falam, elas fazem algo
entre si, com o outro, contra o outro, ou para si mesmas. Através da comunicação
social as pessoas definem e constroem sua realidade social, moldam e atuam sobre
esta realidade, e é por isto que a linguagem é central para o conhecimento social.
Guedes (1999) afirma ser necessário entender o passado para planejar o
futuro, ou seja, compreender a história significa explicitar seu desenvolvimento,
identificar tendências.
Neste sentido, Bassit (2004) afirma que o próprio envelhecimento deve ser
estudado a partir do contexto da história de vida humana, que pressupõe a análise
dos processos que podem causar mudanças ao longo de nossa existência, incluindo
tanto os aspectos biológicos e psicológicos como sociais e culturais.
De acordo com Scharfstein (2002), o discurso do sujeito idoso deve ser
entendido como uma forma de ação social, ou seja, uma prática discursiva situada
em um contexto histórico-social, através da qual os participantes relatam uma
história através da oralidade construindo e negociando significados ao agirem no
mundo social.
A respeito da “história oral” Von Simson (1988, p.19) afirma que:
é termo amplo que recobre uma quantidade de fatos não registrados
por outro tipo de documentação, ou cuja documentação se quer
completar. Colhida por meio de entrevistas de variada forma, ela
registra a experiência de um indivíduo ou de diversos indivíduos
de uma mesma coletividade. Neste último caso, busca-se uma
convergência de relatos sobre um mesmo acontecimento ou sobre
um período do tempo.
Ao utilizarmos a história oral como metodologia de investigação, temos a
possibilidade de “recuperar” as transformações das cidades, experiências de
trabalho, lutas sociais, modos de viver, morar e sociabilizar meios rurais e urbanos.
E estes são relembrados pelos sujeitos que, de alguma forma, estão inseridos nestas
situações. Isso nos dá uma ampla possibilidade, pois eles podem ser: moradores das
77
cidades, agricultores, artesãos, grupos de imigrantes, velhos e crianças,
sobreviventes ou pessoas com bagagens culturais diferentes (RODRIGUES, 2005).
Sobre fatos e histórias narradas, Bosi (2003, p.19) na obra O Tempo Vivo da
Memória relata que:
(...) Mais do que o documento unilinear, a narrativa mostra a
complexidade do acontecimento. É a via privilegiada para chegar até
o ponto de articulação da história com a vida quotidiana. Colhe
pontos de vista diversos, às vezes opostos, é uma recomposição
constante de dados.
Outro aspecto importante refere-se à memória do entrevistado, pois ela
determinará a possibilidade de abrangência de dados em maior quantidade e melhor
qualidade. Bosi (2003, p. 52) afirma que “a memória contrai numa intuição única
passado-presente em momentos da duração”.
De acordo com Bosi (2003) na realização de uma entrevista narrativa com
idosos é fundamental um elo de conhecimento e afetividade entre entrevistador e
entrevistado, isto poderá oferecer mais tranqüilidade ao idoso e as informações
poderão ser mais confiáveis.
Para a realização das entrevistas em todos os momentos/etapas, foi utilizado
um gravador portátil e fitas cassetes. Após a entrevista, o entrevistador anotava as
principais atitudes, características e condutas do entrevistado durante a realização da
coleta de dados. As entrevistas gravadas e depois transcritas constituem a “matéria –
prima” para demonstrar, destacar e reconstruir a teia de sentidos e significados que
envolvem o objeto de estudo (OLIVEIRA, 2000).
Como procedimento, antes de iniciar todas as entrevistas, foi lido para o
entrevistado o seguinte roteiro (adaptado do estudo de Cousins, 2001):
“Esta
entrevista será utilizada num estudo científico que tem por objetivo compreender e
identificar o entorno relativo às características ambientais e pessoais dos idosos
participantes dos Grupos de Convivência, por isso a necessidade de fazer algumas
perguntas sobre esta temática. Se houver perguntas que façam você se sentir
desconfortável, não precisa responder. Caso você não entenda alguma pergunta,
peça uma nova explicação. Não existem respostas certas ou erradas, apenas a sua
opinião é importante. Eu gostaria de gravar suas respostas. Tudo bem para você?”
78
Com o consentimento do entrevistado, a partir deste momento o gravador foi
ligado para registro das entrevistas. Todas as entrevistas foram realizadas de forma
individual. Após a transcrição das entrevistas, as fitas utilizadas foram apagadas no
intuito de preservar o participante.
Para realizar a análise das entrevistas do presente momento foram seguidos
os seguintes procedimentos sugeridos por Laville & Dione (1999), transcrição da
entrevista na íntegra, leitura crítica, triagem das
79
destinadas as melhorias necessárias para o Grupo.
A iniciativa para a implantação deste Grupo de Convivência conforme relato do
S. A foi:
Da LBA
7
, que era uma instituição federal e aplicava recursos
destinados a oferecer materiais para comprar equipamentos na
utilização das tarefas manuais, desta forma, os recursos provindos
das vendas destes trabalhos eram revertidos para o próprio Clube.
Este Grupo de Convivência de Idosos “foi o pioneiro no município de Marechal
Cândido Rondon e o segundo do estado do Paraná (...)”, sua fundação realizou-se
em julho de 1978 “com um grupo de 15 sócios, mas com o passar dos anos
aumentou gradativamente e hoje conta com aproximadamente 650 associados”.
De acordo com o S. A, no início das atividades “eles pensavam que o Grupo
não iria crescer como cresceu, a visão era de que se permanece no Grupo de 15 a 20
idosos”. Mas algumas coisas foram dando certo e incentivaram as senhoras a
convidar outros idosos a participarem do Grupo, o entrevistado relatou que “nós
fomos puxando pra fazer bonito, pro pessoal gostar e então de 15 foi subindo pra
50, 70, 100, 200 e daí nós íamos puxando o pessoal dizendo: vamos fulano, o que
você faz em casa? Vem que você vai gostar!”.
Os primeiros sujeitos participantes do Grupo de Convivência são os mesmos
que participaram do processo de colonização do município. Segundo o S. A estes
primeiros idosos vêm de uma história bastante sofrida e desgastada, pois foram
responsáveis pelo desmatamento e derrubada das primeiras árvores do município.
Destes idosos fundadores a “maioria é falecida, aos que ainda vivem, são poucos
os que freqüentam o Grupo, pois boa parte deles ficam em casa ou em asilos devido
a problemas de doenças ou por estarem muito velhos”. O entrevistado denominado
S. A ainda está freqüentando o Grupo, pois na época da implantação ele foi uma
exceção para entrar no Grupo de Convivência de Idosos, tendo em vista que naquela
época possuía apenas 40 anos e a idade mínima para ingressar era de 60 anos.
Em relação as atividades desenvolvidas no Grupo, “no início os idosos apenas
jogavam bingo e desenvolviam suas atividades manuais”, em seguida “veio o jogo de
7
Legião Brasileira de Assistência - LBA, que se tornou responsável pelo atendimento ao idoso em todo
o país a partir do ano de 1977.
80
cartas e logo depois através de uma gaita surge a dança” que é a atividade
predominante até hoje. Desta forma, pode-se dizer que ninguém impôs a dança
como a atividade que os idosos fossem praticar, eles que escolheram por ser a que
mais lhe agradavam.
Uma curiosidade foi que desde o início, a proporção de mulheres que
freqüentam o Clube é bastante superior do que a dos homens. Outro fator
importante a ser destacado é que Marechal Cândido Rondon sempre teve uma
característica de descriminação com relação a etnia negra, principalmente na época
da colonização, sendo assim, não foi diferente no respectivo Grupo. Segundo o S. A:
No início, os negros eram proibidos de entrar e participar, hoje em
dia, diminuiu um pouco este preconceito, mas raramente existe um
negro nos encontros, eles até tentam participar, mas não conseguem
se entrosar e sentir-se a vontade, pois os demais associados não dão
muitas condições para que isto aconteça, o preconceito apesar de
não ser abusivo, ainda existe.
Muitas mudanças aconteceram desde o início, e um ponto fundamental a ser
abordado foi uma discussão entre dois grupos de pessoas deste Grupo de
Convivência, esta discussão foi além, acarretou em uma briga por ideais distintos e
fez com que o grupo se dividisse. Desta forma, um desses Grupos de pessoas foi
responsável por criar um novo Grupo de Convivência de Idosos em Marechal Cândido
Rondon, denominado Paz e Amor. Nos primeiros anos de fundação deste novo Grupo
ocorreram diversas discussões, mas hoje a convivência entre os associados dos dois
Grupos da sede do Município de Marechal Cândido Rondon é muito boa, existem
visitas dos associados aos Grupos de Convivência de Idosos vizinhos.
Grupo de Convivência de Idosos Paz e Amor
De acordo com as informações obtidas através da entrevista realizada com o
sócio fundador, denominado S. B do Grupo de Convivência de Idosos Paz e Amor,
“este clube foi fundado no dia primeiro de julho de 1993 com aproximadamente 80
idosos e agora ele conta com mais de 530 associados”.
Como foi dito anteriormente, este Grupo teve sua origem devido a um
desentendimento de dois grupos de sócios do Grupo de Convivência Amizade, o
tendo mais como permanecer em harmonia em decorrência das discussões e brigas
ocorridas naquela época, um dos grupos de indivíduos decide se desvincular do
81
Grupo de Convivência de Idosos Amizade e resolvem criar um novo Grupo de
Convivência, denominado Paz e Amor.
Então o motivo para a implantação deste Grupo foi o “desentendimento entre
os associados do outro Grupo de Convivência”. Mas é importante salientar, que o
surgimento deste novo Grupo foi muito importante, pois a demanda de participantes
era muito grande e já necessitava de um maior espaço para poder atender de
maneira coerente a todos. Além disso, o entrevistado relata que era necessário um
espaço que proporcionasse momentos de lazer, alegria e diversão aos idosos.
Dos idosos idealizadores e fundadores deste Grupo, ainda existem muitos que
continuam participando dos encontros, cerca de 50% ou aproximadamente 40
associados. Isto ocorre devido ao Grupo ser considerado ainda muito novo, pois
possui apenas 12 anos de implantação.
Segundo o S. B, “mais de 50% dos fundadores deste Clube participaram do
momento de colonização do município de Marechal Cândido Rondon”, além disso,
alguns deles também participaram da fundação do Grupo de Convivência de Idosos
Amizade.
No início, os idealizadores não acreditavam que o Grupo de Convivência fosse
crescer tanto quanto cresceu. “Hoje em dia para se ter uma idéia, o espaço físico já
se torna pequeno para abrigar a grande quantidade de associados presentes a cada
encontro” (S. B).
Apesar dos órgãos públicos Municipais, Estaduais e Federais auxiliarem com
verbas para o Grupo, é importante salientar que o Grupo de Convivência de Idosos
Paz e Amor foi criado especificamente por um grupo de sujeitos que acreditaram na
sua idealização. Depois disso, parceiras foram formadas, mas sempre e quase que
totalmente a associação mantém-se com o pagamento da anuidade dos sócios.
Em relação a atividade física, a atividade predominante “é a dança, esta
veio implantada desde o outro Grupo e é o que os idosos mais gostam de fazer
durante os encontros”. Desde o início do Grupo a atividade predominante é a dança,
não houve grandes mudanças, o que ocorreu foi a ampliação do número de
participantes, sempre cresceu e continua crescendo. Este Grupo de Convivência
possui um grupo de danças folclóricas típicas alemãs que se apresenta em várias
localidades do estado do Paraná e na região Sul do Brasil.
82
Síntese geral da 1ª etapa:
Características histórico-sócio-culturais são fatores fundamentais a serem
analisados, pois de acordo com Guedes (1999), é necessário que se entenda o
passado para poder planejar o futuro, esta compreensão fornece o alicerce para
solidificar estratégias necessárias na identificação de tendências. Neste sentido, esta
etapa foi primordial para conhecer as características do entorno relativo ao município
de Marechal Cândido Rondon e para verificar algumas informações relativas a
implantação dos Grupos de Convivência de Idosos.
Para que possamos atingir os objetivos previstos para esta etapa enfatizam-se
os seguintes aspectos:
O processo de colonização do município de Marechal Cândido Rondon foi um
período que certamente ficou marcado na vida destes sujeitos, pois naquela
época eram os jovens ou adultos trabalhadores do momento, desta forma, os
trabalhos desenvolvidos eram exaustivos, demandando grande esforço físico
devido à atividades como: desmatamento, derrubada de árvores, manejo com
animais e cultivo da roça;
A agricultura forte é característica do município e da região, sendo assim,
grande parte dos idosos desta região tiveram durante o período de trabalho
atividades relacionadas à agricultura;
Desde a chegada do colono gaúcho e catarinense com descendência
principalmente de alemães às terras da região de Marechal Cândido Rondon.
O município caracterizou-se por fortes traços germânicos, o que implicou em
diversos aspectos, como: etnia, cultura, costumes, idioma, dentre outros;
Através da fala dos Ss. A e B verificou-se um aumento significativo em relação
ao número de participantes em ambos os Grupos de Convivência;
A implantação do Grupo de Convivência de Idosos Amizade surgiu pela
organização de alguns indivíduos e com a colaboração da LBA responsável
pelo apoio em geral;
a implantação do Grupo de Convivência de Idosos Paz e Amor foi derivada
de uma briga por ideais distintos do Grupo de Convivência de Idosos Amizade,
desta forma, os Grupos foram divididos. Esta divisão foi importante, pois o
83
município necessitava de um novo Grupo devido a demanda de
participantes.
As informações coletadas e apresentadas nesta primeira etapa determinam o
perfil inicial relativo às características regionais e culturais. Além disso, fornece
conhecimentos referentes aos motivos que determinaram a implantação dos Grupos
de Convivência.
4.2 - SEGUNDA ETAPA: ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO
Para compreender melhor como os Grupos são estruturados, tanto do ponto
de vista organizacional quanto em relação aos espaços físicos e freqüência dos
idosos participantes, foi traçado um perfil desses Grupos.
O objetivo desta etapa é apresentar o maior número de informações
relevantes que poderão auxiliar no processo de construção do estudo. Tanto é que
durante o estudo não ficou restritamente envolvido a um tipo exclusivo de
instrumento e procedimento, foi além dos modelos tradicionais, e verificou-se que
quanto maior o número de informações pertinentes e que envolvem este contexto,
mais coerente será o modo de atuação com a população proposta. Ferreira & Najar
(2005) também enfatizam que quanto maior o número de variáveis analisadas para
verificar a relação entre população, cultura, ambiente, história e outros,
contemplarão melhor o fenômeno da adesão. Estudos empíricos também auxiliam
nesta fase de caracterização e avaliação mais consistente e fidedigna dos programas.
Assim sendo, a busca por informações relevantes é iniciada através da análise
documental, após analisar este momento percebe-se que as informações
identificadas são importantes, mas não suficientes para compreender todo o entorno
da estrutura e funcionamento dos Grupos, então é realizada uma entrevista semi-
estruturada com um membro da diretoria de cada Grupo. Desta forma, foram
extraídas informações fundamentais que não estão visíveis em documentos.
Após este momento percebe-se a necessidade de estar presente e verificar
“com os próprios olhos” a estrutura e funcionamento dos Grupos, pois é somente
84
estando que se tem uma boa noção do funcionamento, então é realizada uma
observação em cada um dos Grupos, e através dela se obtém informações do
comportamento das pessoas e da situação ambiental.
Primeiramente esta etapa foi elaborada para dar continuidade à etapa
anterior, tentando ”mergulhar” a fundo na realidade para compreendê-la.
Considerar a natureza dos indivíduos e comunidades para que os objetivos
sejam atingidos alia-se à proposta da promoção e educação para a saúde (VELARDI,
2003). Sendo assim, a compreensão desta etapa é primordial, pois conhecer a
população (suas crenças, seus costumes, seus valores, sua descendência, condições
financeiras, gostos, desejos, entre outros fatores.) e o ambiente (espaço físico,
clima, funcionamento, estrutura) antes de elaborar qualquer proposta é fundamental
para verificar se está adequadamente coerente com as necessidades desta
população e lugar (SILVA JÚNIOR & VELARDI, 2005).
Como foi explicado acima, para melhor entender esta etapa foram
necessários três momentos distintos de avaliação para dar suporte ao processo de
caracterização da estrutura e funcionamento dos Grupos de Convivência de Idosos. A
descrição de cada uma das etapas será apresentada em cada momento proposto.
4.2.1 - Primeiro Momento - Análise Documental
A busca ao entendimento destes Grupos, tanto na estrutura quanto no
funcionamento inicia-se por meio de uma análise de documentos, neste caso, o
Estatuto e Regimento Interno, pois através deles pode-se ter o princípio de sua
organização e a sua fundamentação. Somente com os documentos não é possível
concluir que os argumentos são suficientes para compreender o contexto dos
Grupos, mas será o ponto de partida para que isto aconteça, conseqüentemente
novos momentos e etapas serão necessários.
Segundo Bardin (2003), análise documental é definida como um conjunto de
operações que visam representar o teor de um documento de maneira diferenciada,
com a finalidade de facilitar a interpretação, para que o conteúdo seja representado
de forma mais conveniente. O propósito a atingir é o armazenamento, sob uma
forma variável bem como a facilitação do acesso ao observador, de tal forma que
este obtenha o máximo de informações com uma maior relevância.
85
Conforme Caulley apud Lüdke & André (2004), a análise documental busca
identificar informações factuais nos documentos a partir de questões ou hipóteses de
interesse. Segundo Phillips (1974, p.187) considera que documentos são “quaisquer
materiais escritos que possam ser usados como fonte de informação sobre o
comportamento humano”.
Para realizar a análise dos documentos serão seguidos os seguintes
procedimentos sugeridos por Laville & Dione (1999), triagem das informações
relacionadas aos objetivos e necessidades da pesquisa contida no Estatuto e
Regimento Interno, transcrição do conteúdo, categorização das informações
relevantes dos documentos, interpretação e escrita em forma de texto.
A análise documental se realizada através de um único Estatuto e
Regimento Interno, tendo em vista que os dois Grupos de Convivência de Idosos
possuem documentos idênticos.
Apesar de ser um momento considerado um tanto que “massante”, pois traz
muitos dados teóricos que constam em documentos e que em muitas vezes as
pessoas não tem acesso a estas informações, mas é através destes Estatutos e
Regimentos Internos dos Grupos de Convivência de Idosos que verificamos muitos
elementos importantes e que tem relação com este estudo, assim sendo, estas
informações foram utilizadas para caracterizá-los.
Segue-se a apresentação dos resultados e análise. O Estatuto e Regimento
Interno serão analisados de forma única para ambos os Grupos (Amizade e Paz e
Amor), pois são idênticos. Desta forma, os objetivos e finalidades são: a) congregar
os moradores e amigos da localidade, e outros que venham a integrar os Grupos,
apoiando suas legítimas aspirações, pugnando por seus direitos e deveres; b)
estimular o espírito de solidariedade e comunidade entre os associados e amigos
integrantes dos Grupos, no sentido de proporcionar a prática do desporto em geral,
reuniões sociais e dançantes, cursos, palestras, festividades e outras que os Grupos
julgarem de interesse comum; c) representar perante as autoridades administrativas,
legislativas e judiciárias, os interesses gerais dos sócios destes Grupos; d) construir
pecúlio com os saldos de rendas e das doações, para em tempo oportuno, construir
e/ou melhorar instalações ou o patrimônio do Grupo; e) contratar funcionários e
demiti-los quando necessário com aprovação da Assembléia Geral ou diretoria.
86
Os associados têm seus direitos apresentados no Estatuto, sendo: a) utilizar-
se de todos os serviços dos Grupos, participarem de suas atividades e promoções; b)
participar das reuniões dos órgãos de direção e fiscalização dos Grupos de
Convivência de Idosos, com direito a voz, a votar e ser votado; c) requerer
Assembléias Gerais, juntamente com 1/3 (um terço) dos demais associados; d)
propor medidas que julgar proveitosas aos Grupos e apresentar reclamações de
irregularidades observadas na administração da mesma.
Em contrapartida, são deveres dos associados: a) participar e colaborar nas
iniciativas dos Grupos; b) cumprir e fazer respeitar os bons costumes familiares; c)
comparecer as reuniões e assembléias convocadas e acatar suas determinações; d)
ao aceitar cargos ou comissões para as quais tenha sido eleito ou nomeado, deverá
prestar ao assumir, o compromisso de bem servir os Grupos, exercer o papel com
zelo e dedicação; e) cooperar para a manutenção, ordem e disciplina das
dependências dos Grupos, comunicando à diretoria toda e qualquer irregularidade
verificada neste setor, inclusive demissões e pedidos de ausência de sócios; f)
efetuar quando solicitada contribuições ou doações voluntárias; g) em caso de
falecimento de um associado o Grupo prestará sua homenagem, comparecendo à
residência da família uniformizado e com bandeira; h) zelar pela saúde e higiene,
portadores de doenças contagiosas não poderão participar das atividades dos
Grupos, enquanto estiverem doentes; i) todo prejuízo causado por um sócio deverá
ser ressarcido pelo mesmo Grupo.
Para manter organizado e em funcionamento, os Grupos possuem uma
diretoria que é um trabalho voluntário do associado, sendo um órgão de execução
das decisões da Assembléia Geral, composta por 1 (um) Presidente, 1 (um) Vice-
Presidente, 1 (um) Secretário, 1 (um) Vice-Secretário, 1 (um) Tesoureiro, 1 (um)
Vice-Tesoureiro, 1 (um) Conselho Fiscal composto por conselheiros efetivos e
suplentes, todos eleitos em Assembléia Geral Ordinária, para um mandato de dois
anos podendo ser reeleitos para mais um mandato. Compete a diretoria: a) elaborar
o regimento interno, ou normas internas de funcionamento; b) dirigir e administrar o
Grupo de Convivência de Idosos; c) cumprir e fazer o presente estatuto, o regimento
interno, bem como as deliberações das Assembléias Gerais; d) reunir-se em sessão
quando se fizer necessário.
87
Além disso, a diretoria nomeará diretores que lhes auxiliarão durante o
mandato, o mero de diretores é indeterminado e varia de acordo com a
necessidade. E compete aos diretores: a) manter e orientar os programas dos
Grupos os quais deverão dinamizar basicamente os setores da educação e cultura
recreação e esporte, festividades, promoções e a manutenção de equipamento dos
Grupos; b) funcionar como elo entre a diretoria e o Grupo dando conta dos
problemas e aspirações dos setores básicos desta.
A receita dos Grupos será constituída pelas contribuições, donativos, leilões,
rendas de promoções, festas, competições e de acontecimentos eventuais. Além
disso, o Grupo de Convivência de Idosos Paz e Amor é considerado particular, pois
cobra uma anuidade de todos os participantes.
Já em relação ao Regimento Interno, algumas curiosidades relativas aos trajes
e atitudes dos associados o apresentadas: a) Homens: não podem dançar de
chapéu, com rosto colado, beijando o cônjuge, fumando, com chinelo de dedo, com
copo ou garrafa nas mãos, ou em atitude de desrespeito ao próximo ou a entidade;
b) Mulheres: também não podem dançar com o rosto colado e beijando, com roupas
muito decotadas, com copo ou garrafa nas mãos, e com atitude de desrespeito ao
próximo ou a entidade; c) ambos: não é permitido fumar dentro das dependências
dos Grupos, nem permanecer em ao redor da pista com copo ou garrafa nas
mãos.
Os encontros acontecem semanalmente nas quintas-feiras das 14 as 17:30
horas, sendo exclusivo para associados do Grupo, tendo exceções a algumas visitas
previamente agendadas com aval da diretoria.
Síntese do primeiro momento da segunda etapa
A análise documental é um processo pelo qual conseguimos verificar muitas
informações relevantes que auxiliarão no procedimento de caracterização de
estrutura e funcionamento.
Esta análise através dos documentos permitiu verificar que os Grupos de
Convivência de Idosos, tanto o Paz e Amor quanto o Amizade possuem as mesmas
normas em relação aos documentos, mas estas afinidades devem ser verificadas na
prática para ver se tem efeito verdadeiro ou só estão expostas no papel.
88
Os principais aspectos a serem considerados foram os seguintes:
Os Grupos de Convivência possuem um Estatuto que contempla os objetivos
do Grupo, direitos e deveres dos associados, aspectos fundamentais para um
bom desenvolvimento das respectivas entidades;
Cada Grupo de Convivência possui uma diretoria com suas atribuições;
Os Grupos de Convivência obtém sua receita através da realização de festas,
promoções e derivados eventos. Além disso, o Grupo de Convivência de
Idosos Paz e Amor cobra uma anuidade de seus participantes, considerado,
desta forma, de caráter particular;
Além do Estatuto existe em ambos os Grupos um manual com as normas
internas de conduta dos idosos participantes, com a finalidade de preservar a
integridade física e social do idoso durante os encontros.
Percebemos que através das informações contidas no Estatuto e Regimento
Interno nos fornece uma visão ampla, mas conseguimos verificar que não existe uma
Proposta Pedagógica que sustente as ações efetuadas e realizadas com os idosos,
desta forma, as práticas são realizadas através do empirismo, ou seja, pelo acúmulo
de experiências aglomeradas no decorrer da vida, não devemos considerar que isto
não seja importante, mas não podemos ficar restritos a este método simplista. Da
maneira que isto é feito surgem algumas inquietações:
Será que os idosos têm
informações necessárias para decidir quais as práticas são boas e adequadas a eles?
Será que as atividades oferecidas aos idosos são coerentes e tem algum significado
para eles? As atividades propostas pelos Grupos atendem as necessidades e gostos
dos idosos?
Sendo assim, emerge a necessidade de mais procedimentos para buscar
maiores informações e dados que possibilitem responder a estas e outras futuras
indagações que surgirão com o desenvolvimento deste trabalho.
4.2.2 - Segundo Momento - Entrevista semi-estruturada
Percebendo que as informações apresentadas no momento anterior foram
importantes, mas não são suficientes para atender aos requisitos de compreensão do
todo, foi necessária a realização de uma entrevista semi-estruturada com alguma
89
pessoa que possuísse embasamento suficiente sobre a realidade dos Grupos, desta
forma, os mais indicados foram sujeitos integrantes da diretoria.
Então, para este momento foi realizada uma entrevista semi-estruturada
(anexo 5), descrita na primeira etapa, com um membro da diretoria do Grupo de
Convivência de Idosos Amizade e com um membro do Grupo de Convivência de
Idosos Paz e Amor.
Para realizar a análise das entrevistas será adotada a proposta de Laville &
Dione (1999), também descrita na etapa anterior. As informações a seguir foram
extraídas a partir da análise da entrevista com os membros dos Grupos, o
repetindo informações relatadas no momento anterior. Segue-se a apresentação e
análise dos resultados.
Grupo de Convivência de Idosos Amizade
O presidente do Grupo de Convivência de Idosos Amizade denominado neste
estudo como S. C relata que “a cada quinta-feira um número expressivo de idosos
participa dos encontros, na média de 300 a 350 pessoas, sendo que
aproximadamente 250 idosos são freqüentadores assíduos”, em relação aos
demais existe uma rotatividade na freqüência se justifica devido a alguns fatores,
como: emprego, indisposição, outros compromissos e principalmente pela
manifestação de doenças.
A dança é atividade predominante e quase que exclusiva nos encontros.
Segundo o S. C,
O que os idosos gostam de fazer nos encontros é dançar, às vezes
são sugeridas outras atividades e eles até participam por um tempo,
mas sempre voltam à dança(...). A maioria das músicas tocadas são
alegres e divertidas, como marchinhas e outras danças típicas(...). Os
idosos dançam em duplas que pode ser homem com mulher ou
mulher com mulher e vão trocando os pares durante todo o tempo.
Ele relata que o Grupo Amizade já ofereceu alguns tipos de prática de
atividades físicas estruturadas, mas normalmente os indivíduos abandonavam e não
gostavam muito, pois eles não queriam perder o tempo “precioso” da dança. Desta
forma, atualmente o Grupo “não oferece nenhuma proposta de atividades físicas
estruturadas para os idosos”. Segundo o S. C, “o Grupo de Convivência de Idosos faz
a propaganda e incentiva os idosos para participarem destes tipos de programas,
90
mas deixa livre para o sujeito escolher e procurar pelo que mais lhe agrada”.
Nas demais atividades oferecidas pelo Grupo, os sujeitos são muito
participativos, mas não possuem iniciativa para desenvolver algo, pois todas as
atividades realizadas são colocadas através da diretoria pela coordenadora, os idosos
não participam dessas escolhas, eles estão acostumados de uma forma passiva a
receber tudo pronto e executar através da repetição, o S. C enfatiza “sempre tem
que ter alguma pessoa à frente para tomar a iniciativa de fazer algo”.
Algumas palestras que abordassem temas relativos à saúde/doença foram
apresentadas aos sujeitos, os instrutores que ministraram eram de outras localidades
e tinham interesse em vender algum produto, livro ou outros. O Grupo não dispõe de
profissionais que ministrem palestras sobre estes temas, mas segundo o relato do S.
C, “se o Grupo de Convivência solicitar a Prefeitura este tipo de assistência, ela
ajudaria e forneceria profissionais que prestassem este serviço, então depende da
vontade dos idosos, mas eles não gostam muito de teoria”.
O S. C afirma que da mesma forma acontece com a atividade física, “se os
idosos tivessem interesse em praticar estas atividades, a Prefeitura do Município
contrataria ou cederia um de seus profissionais de Educação Física e colocaria a
disposição do Grupo de Convivência de Idosos”.
Durante entrevista e conversa com o Presidente do Grupo de Convivência de
Idosos Amizade, expliquei e expus a ele os objetivos e procedimentos a serem
tomados na pesquisa com os sujeitos e ele ofereceu total apoio e disse-me que o
Grupo de Convivência de Idosos Amizade está à disposição através dos participantes
e estrutura física para que eu possa desenvolver este estudo.
Grupo de Convivência de Idosos Paz e Amor
Segundo a coordenadora do Grupo denominada neste estudo como S. D, além
dos objetivos propostos no estatuto, o Grupo Paz e Amor tem uma meta
importantíssima que se refere à ajuda assistencial ao próximo. “Existe um grupo de
idosos que fazem visitas e procuram ajudar da maneira que podem aos seus colegas
que estão doentes ou com problemas gerais que possam estar afetando a sua
saúde”.
Sobre a participação, o S. D afirma que:
91
Os idosos têm uma participação muito efetiva nos encontros e são
muito participativos nas atividades. A cada encontro estão presentes
de 270 a 300 idosos, a participação não é maior pelo fato de
alguns trabalharem e outros nem sempre estão bem dispostos devido
à manifestação de doenças e enfermidades.
O entrevistado me informou que a atividade predominante no Grupo é a
dança, os participantes possuem até um grupo organizado de danças folclóricas,
este grupo é destinado somente aos indivíduos que vão ensaiar em horários extras
ao encontro e o objetivo é fazer apresentações em outras localidades, o grupo viaja
bastante pelo Sul do País exibindo a sua performance. Quanto aos demais, “eles
adoram a dança, até foi tentado inserir outras atividades, mas eles não querem,
não gostam, e é através da dança que eles se realizam”.
Outra atividade complementar que o Grupo de Convivência oferece é o “Grupo
de Coral composto pelos idosos que participam dos ensaios, este grupo se apresenta
em todos os encontros do Grupo e em outras ocasiões especiais”.
Conforme o S. D neste Grupo de Convivência, os participantes estão muito
acostumados com a presença da coordenadora, pois já faz doze anos que ela exerce
este cargo, então todas as atividades que ela leva aos participantes eles se sentem
seguros e confiantes para realizar, mas quando é uma pessoa de fora do ambiente
deles trazendo algo diferente percebe-se uma resistência para realizar a atividade.
Outro fato muito relevante é a comodidade que os participantes têm, pois “eles
esperam tudo pronto pela coordenadora e se não tiver alguém tomando a iniciativa
eles ficam perdidos”, pois apesar deles serem muito participativos, a maioria deles
não tem tomada de decisão individual para realizar algo.
Algumas palestras sobre temas relativos à saúde, doença, qualidade de vida e
outras foram ministradas com os participantes, “mas eles não gostam muito, pois
tomam o tempo da atividade principal deles que é a dança, sendo assim, hoje quase
não existe palestras com muita parte teórica com eles”.
Após a explicação de toda a importância do estudo, os procedimentos a serem
tomados e a necessidade de existir pesquisas com este cunho, a coordenadora disse-
me que o Grupo de Convivência dará todo apoio necessário para a realização do
estudo.
92
Síntese do segundo momento da segunda etapa
Este momento foi muito importante, pois foram obtidas informações
exclusivas extraídas através de perguntas pertinentes relacionadas ao referido
estudo, informações estas que seriam impossíveis serem coletadas de outra forma,
pois não estão relatadas em nenhum documento ou em outro tipo de fonte.
Observou-se que as respostas apresentadas por ambos representantes dos
Grupos de Convivência eram semelhantes, eles retratam como principais aspectos
que existe um número muito bom de participantes, a atividade predominante é a
dança, os sujeitos são bastante participativos, mas não têm muita iniciativa em
relação a atividades desenvolvidas em geral, verificou-se também que os indivíduos
de ambos os Grupos não têm muito interesse em participar de outras atividades
físicas que não sejam a dança, a partir disto surgem as seguintes perguntas:
Porque
os idosos não querem praticar atividades físicas estruturadas? Será que tiveram
informações necessárias para decidir em escolher a dança como atividade? Será que
a atividade física representa algo em suas vidas?
O conteúdo das entrevistas é fundamental para apresentar informações e tirar
dúvidas das outras fontes estudadas. Este momento se destina a conhecer a
população e o ambiente, para que desta forma, possa satisfazer as necessidades
destes sujeitos.
4.2.3 - Terceiro Momento – Observação
“Nada pode substituir a experiência do vivido.
Quem efetivamente sente o problema é quem
vive.”
Bruno (2001, p. 150).
Após analisar os documentos e realizar entrevistas, verifica-se que o
embasamento ainda não é suficiente para compreender a estrutura e funcionamento
dos Grupos de Convivência, porém percebe-se que as informações adquiridas até o
momento são importantíssimas, mas sente-se a necessidade de ir além e vivenciar
na prática no sentido de descobrir detalhes e peculiaridades que ultrapassam as
informações apresentadas em documentos e depoimentos, por isso é realizada uma
93
observação em cada um dos Grupos pertencentes ao estudo.
Segundo Danna & Matos (1999), a observação é utilizada para coletar dados
acerca do comportamento e da situação ambiental, podendo ser um recurso muito
importante para identificar certas peculiaridades que outros instrumentos não são
capazes de observar. Os dados coletados por observação referem-se aos
comportamentos exibidos pelo sujeito ou à situação ambiental. A objetividade na
observação significa ater-se aos fatos efetivamente observados, ou seja, fatos que
podem ser percebidos pelos sentidos, deixando de lado todas as impressões e
interpretações pessoais.
De acordo com Lüdke & André (2004), para que a técnica de observação seja
considerada válida e fidedigna de investigação científica, ela precisa previamente ser
controlada e sistematizada. Neste sentido, planejar a observação significa determinar
com antecedência “o quê” e “como” observar.
Durante todo o procedimento buscou-se objetividade e cientificidade durante
a observação do ambiente e das pessoas. Um protocolo de observação (anexo 6)
proposto por Danna & Matos (1999) foi utilizado para registrar os dados coletados,
após isto foi averiguado quais informações eram pertinentes e não repetitivas para
caracterizar os Grupos de Convivência de Idosos.
Durante a observação surgem relatos espontâneos dos sujeitos sobre os seus
comportamentos e informações gerais dos Grupos de Convivência de Idosos, estas
considerações foram inseridas para caracterizar melhor esta etapa do estudo. Segue-
se a apresentação e análise dos resultados:
Grupo de Convivência de Idosos Amizade
Foi realizada uma observação durante um encontro, ou seja, uma tarde toda
no Grupo de Convivência de Idosos Amizade para tentar entender o funcionamento
na prática deste Grupo. Após a observação de um encirid eum ÀkVrBLOzh”VçBzOzÀhLkVõÀVçBzOzÀhLkV“O””ÀVaBAOÀjÀeB(hOjAÀkVrBLOzhjkAkVvB(kOkA“AkVaBAOÀjÀVçB(”O”À“zV”LÀVnB(kO“zzÀáVaBAOÀj“házVCBLOkh”BAOk““Ah“oBzkOáÀAV Bht
94
sujeitos integrantes dos Grupos, verificou-se que o que eles querem é ter contato
95
mas normalmente não sofre muitas alterações. O encontro é marcado inicialmente
pela recepção dos participantes. Após todas as pessoas estarem sentadas, a
coordenadora saúda-os com uma boa tarde e chama o coral de idosos para cantar,
em seguida a coordenadora tem um espaço para passar algumas informações da
semana pertinentes aos participantes e ao Grupo de Convivência, a abertura oficial
do encontro é apresentada através de uma dança folclórica típica de casais (dança
polonesa), logo em seguida o baile é iniciado com músicas típicas alemãs, sendo
conduzido por uma banda.
Através das atitudes, sorrisos e relatos espontâneos dos sujeitos, foi percebido
que alguns dos objetivos propostos no estatuto do Grupo são facilmente
ultrapassados pelo conjunto de satisfações que os participantes têm por estar
naquele local fazendo algo que lhe prazer e tem um significado para sua vida. Foi
averiguado em muitos dos velhos que participar do encontro, podendo compartilhar
com outras pessoas de momentos agradáveis é um estímulo para continuar viver.
A dança é a atividade predominante e quase que exclusiva durante os
encontros, os sujeitos se distraem e divertem-se dançando em duplas, tanto homem
com mulher quanto mulher com mulher. Percebe-se que aqueles encontros são
vistos por eles como um baile, eles passam a tarde toda se divertindo através da
dança, conversa e diversão. No Grupo de Convivência é vendido bebidas, alguns
tomam somente refrigerantes ou água, mas outros preferem cerveja, durante a
minha observação verifica-se que os sujeitos bebiam naquele momento com
moderação.
O Grupo de Convivência de Idosos Paz e Amor possui um amplo salão
comunitário, onde os encontros são realizados, o espaço é ideal para o número de
pessoas que ali freqüentam, as instalações são ótimas, muito bem organizadas e
limpas.
O Grupo de Convivência de Idosos Paz e Amor é considerado como sendo
particular, mesmo que a anuidade seja classificada acessível a todos, mas verifica-se
que os sujeitos que ali freqüentam vão ao encontro bem vestidos e limpos, dando
parecer ter uma razoável condição financeira em geral. Outra peculiaridade é o fato
de observar que não havia nenhuma pessoa de raça negra naquele local, a massa
predominante era germânica, sendo que a grande maioria fala fluentemente a língua
96
alemã.
Síntese do terceiro momento da segunda etapa
Estas observações realizadas nos dois Grupos de Convivência de Idosos, além
de gerarem subsídios para encontrar informações fundamentais não presentes nos
documentos, foram muito importantes, pois durante este procedimento o proponente
do trabalho foi apresentado aos participantes e pode explanar e explicar o que
estava sendo realizado. Considerou-se isto muito importante, pois a partir deste
momento a receptividade dos idosos melhorou sobremaneira bastante.
Percebeu-se que apesar de um dos Grupos ser privado e o outro não, os
ambos têm características bastante semelhantes, tanto na estrutura e
funcionamento, quanto em seus atores. Ambos os Grupos de Convivência possuem
sujeitos de diversos níveis socais, embora estas diferenças, todos os participantes
parecem interagir.
Outra semelhança apresentada entre os Grupos é que se observa nitidamente
que os sujeitos têm fortes traços germânicos, verificados principalmente através da
cor da pele, dos olhos e do cabelo. Além disso, muitos deles comunicam-se em
alemão. Observou-se também que nos dois Grupos de Convivência de Idosos a
predominância germânica é quase que total e não se verifica a presença de pessoas
negras nos Grupos.
Outra informação importante obtida através da observação é a organização,
pois todas as atividades são programadas com antecedência.
A partir destas constatações verificadas através da observação, juntamente
com as análises anteriores (documentos e entrevistas) podem fornecer uma melhor
sustentação para compreender esta etapa do estudo. Pois concordando com
Andreotti (2001), as influências sobre a atividade sica não podem ser
compreendidas, a menos que as características da pessoa, do ambiente e da própria
atividade física, sejam analisadas.
Síntese Geral da segunda etapa
Conhecer como é o funcionamento de qualquer instituição, programa ou
instituição parece ser a forma mais adequada para então pensar numa estratégia de
97
inserir quaisquer que seja a intervenção proposta. Sendo assim, foi o objetivo desta
etapa verificar como a estrutura e como se o funcionamento dos Grupos de
Convivência de Marechal Cândido Rondon. Não foi utilizado nenhuma regra pré-
estabelecida para realizar esta etapa, pois os instrumentos foram utilizados de
acordo com a necessidade de aprofundar-se cada vez mais sobre a pesquisa. Sendo
assim, algumas informações devem ser enfatizadas, pois podem estabelecer
parâmetros fundamentais para que qualquer iniciativa que seja estabelecida possa
ter êxito, são elas:
As regras, direitos e deveres contidos no Estatuto e Regimento Interno dos
dois Grupos são as mesmas e delineiam o bom desenvolvimento dos
encontros semanais;
A participação dos sujeitos nos encontros e nas atividades propostas são
bastante efetivas nos dois Grupos de Convivência de Idosos;
A atividade que predomina quase que exclusivamente é a dança em ambos os
Grupos de Convivência de Idosos;
Apesar de um dos Grupos ser de caráter privado e o outro público, são muito
parecidos em seus diversos aspectos;
Ambos os Grupos têm fortes traços de descendência germânica;
Observa-se muita organização em geral e para o planejamento da
programação de cada encontro nos dois Grupos. Além disso, percebe-se
também que os participantes são muito disciplinados com relação as regras e
normas daquele local.
Todas as informações que caracterizam os idosos, Grupos de Convivência e
região apresentadas até o momento são fundamentais e trazem implicações para a
elaboração de um modelo de avaliação pré-implantação de um programa de
educação física
à Luz do Ideário da Promoção da Saúde
condizente a população em
questão.
98
4.3 - TERCEIRA ETAPA - QUESTIONÁRIOS, DADOS ANTROPOMÉTRICOS E TESTES
DE APTIDÃO FÍSICA.
Esta etapa caracterizou-se pela aplicação de questionários, avaliação
antropométrica e da aptidão física dos sujeitos, pois de acordo com Matsudo (2005)
é primordial realizar esta avaliação no sentido de detectar os efeitos do
envelhecimento sobre o desempenho físico e funcional. Os dados permitirão
conhecer qual o nível de aptidão física da população analisada, sendo que isto é
considerado um requisito necessário para que as atividades físicas propostas estejam
condizentes com a população, fazendo parte primordial de uma avaliação para
implantação de um programa de educação física.
Para esta etapa foi necessário constituir uma equipe de avaliadores no sentido
de auxiliar o preenchimento dos questionários, na avaliação antropométrica e nos
testes de aptidão física.
Auxiliaram na coleta de dados, além do proponente, mais uma nutricionista e
dois acadêmicos do curso de Educação Física da União Pan-Americana de Ensino
(UNIPAN), Cascavel PR. Esta equipe de avaliação participou do treinamento prévio
que foi dividido em duas partes: 1ª) estudo, análise e discussão dos protocolos; 2ª)
aplicação prática dos protocolos, com o intuito de preparar a equipe de avaliação
para a atuação prática na coleta de dados, garantindo fidedignidade dos resultados.
Para o tratamento estatístico referente aos resultados dos questionários serão
apresentados através da estatística descritiva (porcentagem), os resultados
referentes à dados antropométricos e testes de aptidão física através da estatística
descritiva (média e desvio padrão), ambos utilizar-se-ão gráficos e tabelas para uma
melhor visualização.
4.3.1 - Unidade I: Questionários
A unidade I da terceira etapa é composta pela aplicação de questionários,
cada um com objetivos específicos que auxiliam na compreensão do todo. Para
preenchimento dos questionários, adotou-se como procedimento uma conversa entre
um dos componentes da equipe de avaliação e dois sujeitos ao mesmo tempo, sendo
assim, quem preencheu os questionários foram os avaliadores, com o intuito de
99
obter dados mais fidedignos, pois devido ao baixo grau de escolarização da maioria
dos sujeitos, tornaria difícil a compreensão das questões para respondê-las.
QPAF – Questionário de Prontidão da Atividade Física
Pela impossibilidade de realizar exames médicos preliminares aos testes de
aptidão física por diversos fatores, como: falta de recurso financeiro do proponente
do estudo e dos sujeitos da pesquisa; falta de parceria entre Prefeitura e Grupo de
Idosos; fator limitante para conseguir um n suficiente. Desta forma, optou-se em
aplicar o Questionário de Prontidão da Atividade Física (QPAF) (anexo 7), este
instrumento tem como objetivo avaliar se a pessoa precisa de um exame dico
antes de iniciar a prática da atividade física.
Segundo Nahas (2003), nos casos em que a pessoa tenha doenças
diagnosticadas ou nunca tenha praticado atividades físicas e pretenda realizar um
treinamento mais intenso e/ou atividades de competição, deve submeter-se a um
exame médico. Sendo assim, este instrumento não substitui o exame médico, mas
auxilia o profissional e o praticante no diagnóstico de condições em que sejam
necessários cuidados extras na prática de atividades físicas ou aplicação de testes.
O questionário é composto por sete perguntas preventivas relativas à
atividade física. Se em uma das respostas o indivíduo responda SIM, deverá ser
encaminhado a um profissional médico para avaliação mais detalhada de sua
condição.
Sendo assim, para participar desta etapa do estudo todos os sujeitos foram
submetidos ao questionário. Aqueles que não tiveram nenhum risco considerável
foram considerados aptos a realizar os testes, aqueles que em uma ou mais
questões não estavam de acordo com uma “condição saudável” poderiam
participar dos testes propostos após a realização de um exame médico preliminar.
Aspectos sócio-demográficos dos sujeitos (ANEP)
Nesta etapa do estudo a amostra constituiu-se de 60 sujeitos, sendo 30 do
Grupo de Convivência Paz e Amor e 30 do Grupo de Convivência Amizade. A
proporção geral em relação ao gênero foi de 31,7% (n=19) masculino e 68,33%
(n=41) feminino.
100
A tabela 3 apresenta os resultados da distribuição média etária e de peso
através de percentual e freqüência, divididos através do Grupo de Convivência de
Idosos Amizade, Grupo de Convivência de Idosos Paz e Amor e Grupo geral (dois
grupos).
Tabela 3 – Distribuição dos sujeitos por faixa etária, sexo e Grupo de Convivência
60 a 64 anos 65 a 69 anos 70 a 74 anos 75 e + anos
Masc. Fem. Masc. Fem. Masc. Fem. Masc. Fem.
Amizade (n=30) 13,33%
4
33,33%
10
6,66%
2
20%
6
0%
0
16,66%
5
3,33%
1
6,66%
2
Paz e Amor (n=30) 23,33%
7
33,33%
10
10%
3
10%
3
3,33%
1
13,33%
4
3,33%
1
3,33%
1
Dois Grupos (n=60) 18,33%
11
33,33%
20
8,33%
5
15%
9
1,66%
1
15%
9
3,33%
2
5%
3
Através dos resultados apresentados na tabela 3 verificou-se que é
predominante o número de mulheres em relação ao de homens em ambos os Grupos
de Convivência, destacando o grupo do gênero feminino com faixa etária entre 60 e
64 anos que representaram 33,33% do total da amostra para os testes, ou seja, a
maior proporção para este estudo. Verificou-se também que não houve nenhum
homem com faixa etária entre 70 e 74 anos para a realização dos testes no Grupo de
Convivência de Idosos Amizade. A proporção de homens e mulheres é a mesma nos
grupos com faixa etária de 65 a 69 anos e mais de 75 anos verificado no Grupo Paz
e Amor, nos demais grupos a proporção de mulheres é superior.
Andreotti & Okuma (2003), num estudo sobre a adesão de idosos a
programas de educação física relataram que estudos comprovam a predominância de
mulheres neste tipo de programa, a porcentagem fica entre 70 a 80% de mulheres
engajadas nestas iniciativas. Uma das justificativas apontadas pelas autoras é de que
os homens tendem a considerar os programas existentes inadequados, por não
exigirem esforços físicos exaustivos.
Além disso, é evidente através dos levantamentos epidemiológicos que
apresentam uma população maior de mulheres em relação aos homens no Brasil.
Araújo & Alves (2000) afirmam para a razão entre os dois sexos é de 120 mulheres
para cada 100 homens, esta diferença tende a aumentar com o passar dos anos.
Verificou-se através dos resultados apresentados na tabela 3 que tanto no
sexo masculino quanto no feminino a proporção de participantes em ambos os
101
Grupos é superior para sujeitos com faixa etária menor, neste caso, destaca-se o
grupo com faixa etária entre 60 e 64 anos, que no gênero masculino obteve 18,33%
e no feminino 33,33% do total de sujeitos que realizaram os testes. Os resultados
apresentados neste estudo equivalem-se ao publicado por King et. al. (1992) em que
consideraram que a adesão à atividade física com o passar dos anos apresenta um
declínio acentuado, principalmente após os 80 anos de idade. Vertinski apud
Andreotti & Okuma (2003), justificam que uma das possibilidades deste declínio
frente à prática da atividade física pode estar relacionado a incapacidade física que o
idoso apresenta no momento.
Os resultados corroboram com a expectativa de vida para a região Sul
proposta IBGE (2000), o qual apresentou que a população idosa brasileira possui em
média 50% de idosos entre 60 e 69 anos e 50% de idosos acima de 69 anos.
Sobre o estado civil dos participantes dos Grupos de Convivência de Idosos
Paz e Amor e Amizade, a figura 1 apresenta:
53,33
36,67
10
16,66
36,67
46,67
0
10
20
30
40
50
60
Casado Separado Viúvo
% de idosos
Paz e Amor
Amizade
Figura 1 – Distribuição dos sujeitos por estado civil e Grupo de Convivência.
Os resultados apresentados através da figura 1 mostram a representatividade
dos sujeitos em relação ao seu estado civil, pode–se verificar que em relação ao
Grupo de Convivência de Idosos Paz e Amor, 53,33% dos indivíduos ainda são
casados, representando o maior percentual entre os estados civis.
no Grupo denominado Amizade o maior percentual foi encontrado em
relação aos idosos viúvos, com 46,67% do total. A viuvez em muitos casos pode ser
um fator de adesão do idoso a um programa de atividade física, pois a rede de
relações sociais aumenta, além disso, muitos idosos acreditam em encontrar um
companheiro ou companheira nos encontros, desta forma, a atividade física não é
objetivo principal.
102
Neste estudo o percentual encontrado de viúvos engajados ao programa
equivale-se aos resultados publicados por Tribess (2006) em que ao caracterizar
sócio-demograficamente as idosas dos Grupos da Associação de Amigos, Grupos de
Convivência e Universidade Aberta com a Terceira Idade de Jequié/BA,
103
(2000), da população total brasileira que possui ocupação profissional, os idosos
representam cerca de 6% deste grupo/amostra trabalhadora.
Através da figura 3 é apresentada a distribuição em percentuais dos sujeitos
por nível de escolaridade e Grupo de Convivência.
6,67
6,67
23,33
43,33
43,33
36,67
16,67
10
3,33
0
3,33
0
0
3,33
3,33
0
0
10
20
30
40
50
60
A
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r
E
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p
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c
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a
l
i
z
a
ç
ã
o
% de idosos
Paz e Amor
Amizade
Figura 3 – Distribuição dos sujeitos por nível de escolaridade e Grupo de Convivência.
Através das respostas relatadas nas entrevistas a respeito do nível de
escolaridade, foi constatado que 6,67% dos sujeitos dos dois Grupos de Convivência
afirmaram o saber ler nem escrever e que não freqüentaram a escola, ou seja,
classificados como analfabetos. No Grupo de Convivência Amizade a predominância
foi de sujeitos que realizaram o primário, porém incompleto (43,33%). Este índice
baixo de escolaridade não é diferente em outras regiões brasileiras. Por exemplo,
num estudo desenvolvido por Tribess (2006) na Bahia, 88,7% da amostra de idosos
não completaram o ensino fundamental. Segundo dados da Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios (PNAD, 2000) a média de idosos analfabetos no Brasil é de
33,6%.
Uma das justificativas para a baixa escolaridade é que os valores da época em
que estes sujeitos eram jovens foram outros, predominavam principalmente
relacionados ao trabalho. Tribess (2006) afirma que uma das dificuldades
104
encontradas durante os anos escolares destes sujeitos era o difícil acesso às
instituições de ensino, tendo em vista que boa parte dos idosos era procedente do
meio rural, fazendo com que auxiliassem no trabalho agrícola para ajudar na renda
da família, assim como o preconceito dos pais que pensavam não haver necessidade
de estudos para as mulheres.
no Grupo Paz e Amor, verificou-se que a maior porcentagem encontrada
também foi de 43,33%, mas em relação a sujeitos que obtiveram o término do
primário. Os casos de indivíduos que apresentaram ter o ensino do colegial
completo, superior ou especialização foram pouco freqüentes, somente 6,66% para
cada um dos níveis respectivamente. No estudo apresentado por Silva (2005) a
média de idosos com curso superior e especialização (11%) foi bem maior que a
média nacional apresentada pelo IBGE em 2000 (4,2%).
Num estudo desenvolvido por Conte (2004) nos Grupos de Convivência de
Idosos de Marechal Cândido Rondon, detectou que 79,4% das senhoras não
possuíam o Ensino Fundamental completo. Na pesquisa desenvolvida por Ramos et.
al. (1993) da amostra do estudo, 35% dos entrevistados foram classificados como
analfabetos, 21% com nível primário incompleto, 26% com primário completo e 18%
que cursaram o pós-elementar (ginasial, colegial e/ou superior).
Através destes estudos abordados e das entrevistas coletadas verifica-se que
na infância dos idosos do presente a educação não era valorizada, saber ler e
escrever era suficiente. A expectativa de vida era menor e o trabalho começava
muito precocemente.
Para caracterizar o nível socioeconômico foi utilizado o procedimento adotado
pela Associação Nacional de Empresa de pesquisa (ANEP, 2003) (anexo 8), o qual
considera a quantidade de itens que possui em casa e o nível de escolaridade do
chefe da família, além da presença de empregada mensalista. Este instrumento
utiliza como critério para classificação em classes sócio-econômica a pontuação,
sendo: A1 para o indivíduo que esteja entre 30 a 34 pontos, A2 para 25 a 29
pontos, B1 para 21 a 24 pontos, B2 para 17 a 20 pontos, C para 11 a 16 pontos, D
para 6 a 10 pontos e E para 0 a 5 pontos.
105
São apresentados através da figura 4 os resultados da distribuição em
percentuais dos sujeitos segundo classificação econômica da ANEP e Grupos de
Convivência.
10
33,33
50
43,34
33,34
10
6,66
13,33
0
20
40
60
80
100
D C B2 B1
% de idosos
Paz e Amor
Amizade
Figura 4 – Distribuição dos sujeitos segundo classificação econômica da ANEP e Grupo de
Convivência.
Através dos resultados apresentados na figura 4, verificou-se que em relação
aos sujeitos entrevistados, que o maior percentual referente à classificação
econômica de acordo com os Critérios de Classificação Econômica para o Brasil
(ANEP, 2003) é pertencente a classe “C” para ambos os Grupos, tendo 50% dos
sujeitos nesta classe para o Grupo de Convivência Paz e Amor e 43,34% no Grupo
denominado Amizade. Os resultados encontrados para esta variável do estudo
corroboram com o estudo de Conte (2003) realizado nos 14 Grupos de Convivência
de Marechal Cândido Rondon, em que 79,1% das senhoras estavam no nível “C”;
9,7%, no nível B2; 6,6%, no nível “D”; 4,1%, no nível B1 e 0,6%, no nível “E”.
No estudo realizado por Silva (2005), as respostas apontadas pelos idosos
sobre a classificação econômica indicaram que são predominantes as classes “B” e
“C”, com 34,2% e 54,1% respectivamente, o estudo apresentado foi realizado no
município de Goiânia GO. Tribess (2006) desenvolveu a pesquisa no município de
Jequié BA e através dos resultados encontrados percebe-se diferenças entre os
níveis socioeconômicos das regiões brasileiras, pois no estudo apresentado pela
autora na região nordeste, considerada uma região economicamente pobre,
verificou-se que 69% das idosas foram classificadas nas classes “D” e “E”, a classe
“C” com 22,6%, e apenas 8,3% das idosas pertenciam à classe “B1” e “B2”.
106
A figura 5 apresenta os resultados da distribuição em percentuais da faixa de
renda por Grupo de Convivência de Idosos.
90
83,33
10 10
0
6,67
0
20
40
60
80
100
A
t
é
5
s
a
l
á
r
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o
s
d
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5
a
1
0
s
a
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o
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M
a
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s
d
e
1
0
s
a
l
á
r
i
o
s
% de idosos
Paz e Amor
Amizade
Figura 5 – Distribuição da faixa de renda e Grupo de Convivência
(1 salário mínimo = R$350,00).
A renda mensal predominante dos entrevistados apresentada através da
figura 5 fica até no máximo cinco salários mínimos para ambos os Grupos de
Convivência, sendo que 90% para o Grupo Paz e Amor e 83,33% para o Grupo
Amizade. Os resultados apresentados no presente estudo aproximam-se do
percentual do estudo apresentado por Tribess (2006), onde 87,2% dos idosos
mantêm a casa e família com uma renda que chega até cinco salários mínimos.
A desigualdade de renda é uma característica marcante de toda a sociedade
brasileira e é encontrada, também, entre os idosos. Segundo a PNAD de 2000,
44,5% dos idosos brasileiros têm uma renda familiar
per capita
de menos de um
salário mínimo. O PNAD 2000 também revelou um considerável aumento da
população idosa que recebia em média mais de cinco salários (20,9%). Na figura 5
observa-se que no Grupo Paz e Amor 10% da amostra têm renda superior a cinco
salários mínimos e no Grupo Amizade 16,67%.
Nos resultados do estudo apresentado por Silva (2005) verificou-se que
25,6% dos idosos mantêm-se com uma renda de um a três salários mínimos, mas a
faixa compreendendo renda menor que um salário é de 18,4%.
107
A figura 6 apresenta os resultados da distribuição em percentuais dos
participantes dos Grupos de Convivência de Idosos por descendência.
100
93,34
0
3,33
0
3,33
0
20
40
60
80
100
Ale Italiana Polonês
% de idosos
Paz e Amor
Amizade
Figura 6 – Distribuição dos sujeitos segundo descendência e Grupo de Convivência.
Sobre a descendência dos sujeitos, verificou-se através dos resultados
apresentados na figura 6 que a predominância de germânicos é quase que total em
relação aos Grupos de Convivência. Nesta etapa isto ficou evidente, pois no Grupo de
Convivência de Idosos Paz e Amor, 100% dos participantes tiveram descendência de
alemães e no Grupo Amizade 93,34%, além da descendência germânica verificou
também com percentual baixo (3,33%) de descendentes de italianos e poloneses no
Grupo de Convivência Amizade.
Conte (2003) também desenvolveu um estudo com senhoras dos Grupos de
Convivência de idosos de Marechal Cândido Rondon e como resultado também
encontrou um percentual de ascendência alemã elevado, perfazendo 78,8% da
amostra, as italianas constituíram 15,3% e as demais, 5,9%. De acordo com dados
do IBGE (2000), a composição étnica da população de 170 milhões de habitantes do
Brasil é distribuída da seguinte forma: 91 milhões se classificaram como brancos
(53,7%), 10 milhões como pretos (6,2%), 761 mil como amarelos (0,4%), 65
milhões como pardos (38,4%) e 734 mil indígenas (0,4%).
No estudo realizado por Mazo et. al. (2003) com o objetivo de verificar o nível
de atividade física de idosas de Florianópolis SC, verificou-se que as idosas de
descendência européia apresentavam os índices mais ativos frente a prática da
atividade física (78,8%).
A figura 7 apresenta os resultados referentes à distribuição em percentuais
dos idosos por Estado de origem e Grupo de Convivência.
108
66,67
86,67
30
10
3,33
0 0
3,33
0
20
40
60
80
RS SC PR ES
% de idosos
Paz e Amor
Amizade
Figura 7 – Distribuição dos sujeitos por Estado de origem e Grupo de Convivência.
Através dos resultados apresentados na figura 7, pode-se verificar que os
sujeitos que participaram desta etapa da pesquisa são oriundos quase que
exclusivamente dos estados da região Sul do Brasil, principalmente do Rio Grande do
Sul, onde 66,67% dos sujeitos do Grupo de Convivência de Idosos Paz e Amor são
de origem gaúcha, no Grupo Amizade o percentual ainda é mais elevado, sendo
86,67% originário do Rio Grande do Sul.
Sobre a migração dos gaúchos para o Município de Marechal Cândido Rondon,
Weirich (2004) justifica que um dos principais motivos que incentivou as pessoas
para ir até Marechal, foi a busca de terras adequadas para a agricultura e lavoura,
desta forma, encontraram terras planas, sem pedregosidades e livres de infestações
de formigas comuns no Rio Grande do Sul.
Wachowicz (1987, p.174) afirma que:
“O elemento humano escolhido para ocupar este extenso território foi
o colono gaúcho e em grande parte o catarinense, descendentes de
imigrantes alemães e italianos, dado sua experiência de vida pioneira
e a aclimatação as condições do Brasil.”
O Brasil por ser um país de enormes dimensões, possui várias culturas,
descendências, costumes. Desta forma, cada estado/região tem um motivo ou
justificativa para determinar o perfil da população.
Num estudo desenvolvido por Silva (2005) para caracterizar o perfil de saúde
multidimensional e o nível de atividade física habitual de idosos, de ambos os sexos,
residentes na zona urbana da cidade de Goiânia GO, verificou-se que a
109
predominância da região de origem dos idosos era da região Centro-Oeste com
46,7% do total de migrantes.
Nível de atividade física habitual (IPAQ)
Para caracterizar o nível de atividade física habitual dos sujeitos foi utilizado o
IPAQ - versão curta (anexo 9), que analisa os tipos oe ativad os qe(zA“O““hVoBkOáÀLAjVsB(pq8üm9V B(kOAL”áÀVOB(kO”jjááVeB((“OÀj“káVoBkOáÀkAVdB(zOákkLÀVzsBáOLk”ázVsBO“L“”VoB(“OhÀÀVoBkOázkOAjjÂ8ªm(khOj“ájáV B(hOjAÀz”rrekL“” xkL“”(“OÀj“káVoBq (ÀOáAjVkL“”dBkOALj”“VnB(kO“zAVcBzOzÀAkÀViB(áAjVkL“”zOzÀAkÀViB(áAjVkL“”dBkOALj”“VnB(kkjájVoBzOzÀAkLÀVB(hOjAÀkVsB(h(á”OkzkjBkO”k””kVPBLO(zA“O““hVoBkOááAjVkL“”OL“jÀq“AAOkOAL”áÀVOB(cBzOzÀAkÀVugOÀÀ“ááV B(zA“O““hVrBLOzALAáAVaBAOÀjÀVhOjAÀz”V(zA“O““hVoBkOááAjVkÀÀkqLq8üm9V B(kA“O”hkVrBlB(kO“zAVcBzOzÀAkÀVhOj“ájáViBnB(kkjájVoB(hOjAÀkVxBrBLOzALzÀBAzOázjázVãOAL”áÀAáj“BLOzhjkAkVo(“OÀj“káVoBqBkOAL”áoBssãhLAáAVaBAOÀjÀVnB(kO“zAVtOkOAL”áÀVeB(AOk““AhViB(zOázjázVpkOááAjVkÀÀkgkL“Aá“VaBAzOázjázVdBkO”jjááVeB(hOjA“ákViB(zOázjázVtkOááAjVkÀÀkhOjA“áAV B(kA“OjázVtOkOAL”áÀVeB(hOj“AjVhLAá(zOákkLÀVzB(h“O“L“”VuB(kO“zAVtBAOk““AhViB(zOázjázAVtBkOkA“AkViB(zOázjáL”AájqLq8üm9V B(kOAL”áÀVOB(kO”jjááVeB(sBO“L“”VoB(“OhÀÀq8&A”ázkOAjjÂ8ªm(khOj“ájáV B( Bfm8x9VNB(kO”jjááVhB(zOákkLÀVNB(ÀOAzLjzV B(h“O“LálB(zOázjázVhÓB(“OÀj“káoB(“OhÀÀAzV (zOázjázVtkOáÀj“káoB(OáAj””VmB(LOáÀkkAViVaBAOÀjÀVcBzOzÀAkÀVtBAOk““AhVeBB(kO“zAVíB(hVaBAOÀjÀVnB(kO“zAV(zOázjázVtkOáÀj“káoB(kOáÀLAjV B(kA“O”hzVdBkOAj“káL“(zOázjázÀ“VcBzOzÀAkÀVtVaBAOÀjÀVcBzOzÀAkÀVtkOáÀj“káoB(kOáÀLAjV B(nB(kO“zAVcBzOzÀAkÀVBAOk““AhVoBkOáÀLAjVsB(pkA“AkViB(zOzÀAkÀVBAOk““AhVoBzOázjázViB(zOázjázVzzOákÀÀV B(h“O“L“”VdBkOAL”áÀVoBkOáÀLAjVsB(qLq8üm9V B(kOAL”áÀVoBBkOAL”áÀVoBqLq8ümzzV(h“O“L“”VdBkOAL”áÀVeB(hOjAÀkVBkOÀÀ“á“”áVOAL”áÀVaBkOkA“AkViB(zOjAÀz”V BOk““AhVoBkOáÀLAjV(hOjAÀkVlB(zOázjázV B(h“O“L“”VdBkOAL”áÀVeB(házjázVdBpkA“AkViB(ÀVnB(kO“zAVaBAOÀjÀVlB(hOj“ájáViB(zOázjázçOj“ájáViBãházjázVdBOzhjkAkV B(h“O“LááVlB(zzOákÀÀV B(h“O“L“”Vdh“O“LááVlB(kOÀÀ“ááV B(zA“O““hVqBkOAL”áoBkO”jjááVeB(hOjA“áAVsBzOázjázAVtBkOáÀkAVdBrBLOzALzÀBAázOákkLÀVzBAOk““á“jjBzOázjázAVtBkOáÀkAVdB.BAOÀjÀLáj(sBO“L“”VoB(“OhÀ“”áVzAázkOAjjÂ8ªm(kkO”k””kVPBLO(zA“O““hhÓB(“OÀj“OjL“(OL“jÀq“AAOkOAL”áÀVrBLcBzOzÀAkÀVugOÀÀ“á“AAO(zA“O““hVrBLOzALAáAVaBAOÀjÀVhOjAÀz”V(zA“O““hVoBkOáÀj“OjL“(OáAj””VmB(LOáÀkkAViÀOAzLjzV BÀVnB(kO“zAVuB“OkjzjVnB(kO“zAVtOkOjkAkháoBkOáÀj“OjLá(hOjAÀz”V B(h“O“L“”VaBAOÀjÀVtBAOk““AhViB(zOázjázVvB(kOkA”áAViB(zOázjázVdBkOALV B(kOAL”áÀVoBBkOAL”áÀVoBkOáÀj“OjLj(kOÀÀ“ááV B(zA“O““hVqBkOAL”áoBkjOÀj“OjLj((“OÀj“káVoBqBkOAL”áoBBk(“á“OjLhkhO”O“zákcBzOzÀAkÀVOzákkLVPBLkjOÀj“OjLj(“OhÀÀAzV (zOázjázVtkOáÀj“OjLj(zOázjázVãOAL”áÀVeB(hB(zkO“zjjVaázjázVvB(eA“O”hkzjkAAOAL”áÀViBLOáÀkkAViVaBAOÀjÀVcBzOzÀAkÀVtkOáÀj“OjLj(zOázjázV B(h“O“L“”VdBkOAL“OjLj(eB(hOjAÀkVnB(kO“zAVtBh“O“L“”VhBL“Aá“VaBAzOázjázVÀVnB(kO“zAVhOhÀÀAzV (zOázAVdB(AOAkáÀkdBkOAL“OjLj((zOázAVdBuBLOzALzÀBAkOáÀj“OjLj(zOázjázV B(h“OzL”áÀhzVsBO“L“”VoB(“OhkzjkAA“ázkOAjjÂ8ªm(kkOkA”LhVeB(hOjAÀ”zVdÀOAzLjzV BhOjAÀ”zVdBkOALj”“VoBk(zOázjázVtçB(”O”ÀzáBLOzhjkAkVsB(hOj“ájáVãBA“OájA”(kOáÀLAjV B(kA“O”hzVdBkOA“OájA”((zA“O““hVOkOAL”áÀVeB(hOjA“OájA”(ÀVnB(kO“zAVuBA“O““hVgkA”áAViB(zOázjázVdBzOázjázVgB(hOjA“OájA”(zOázjázVsB(h“OájA”(sB(hOj“ájáuOáÀkkAViVaBAOÀjÀVcVcBzOzÀAkÀV(zOázAVdB(AOAkákVsB(h(Aj“kázjAzOázjázVÀVnB(kO“zAVézOázjázVgBkOAL”áÀVeB(hOjh“OájájqLq8üm9V B(kOAL”áÀVdBkOA“OájáBlB(kO“zAVcBzOzÀAkÀVOzákkLVPBLkOAzL”áÀzzBzOázjázá”ÀÓBkOA“OájáBsB(hOj“ájáuOáÀkkAViBkOA“OájáBpkA“AkViB(nB(kO“zAVtBákOÀÀ“ákÀLAA”áÀLAjVsB B(h“O“L“”VaBAOÀjÀVtBhOj“ájáViB(zOázjázVcBAj“kázjAqLq8üm9V B(kOAL”áÀVdBkOA“OájáBkOAL”áÀVoBBkOAL”áÀVoBpkA“AkákiB(zOázjázVtcBzOzÀAkÀVuB(kO“zAVrBntes- qOestdzt o
110
Tabela 4 Percentual e freqüência dos sujeitos dos Grupos de Convivência em
relação aos dois níveis de atividade física e gênero.
GÊNERO MAIS ATIVO
(% e n)
MENOS ATIVO
(% e n)
Masculino (n=7) 71,4%
5
28,6%
2
Feminino (n=23) 82,6%
19
17,4%
4
AMIZADE
Geral (n=30) 80%
24
20%
6
Masculino (n=12) 66,7%
8
33,3%
4
Feminino (n=18) 83,3%
15
16,7%
3
PAZ E AMOR
Geral (n=30) 76,7%
23
23,3%
7
Masculino (n=19) 68,4%
13
31,6%
6
Feminino (n=41) 82,9%
34
17,1%
7
DOIS GRUPOS
Geral (n=60) 78,3%
47
21,7%
13
Através dos resultados apresentados na tabela 4, verifica-se que em ambos os
Grupos de Convivência os sujeitos participantes da pesquisa foram
predominantemente classificados como mais ativos, sendo 80% de todos os idosos
do Grupo Amizade e 76,7% do Grupo Paz e Amor. Os resultados apresentados são
similares ao estudo desenvolvido por Conte (2003) com senhoras da zona urbana e
zona rural dos Grupos de Convivência de Marechal Cândido Rondon, onde 76,5% da
amostra total foram categorizadas em relação ao nível de atividade física habitual
como mais ativa.
Os resultados apresentados no presente estudo são bastante satisfatórios se
comparados com os estudos semelhantes que verificaram o nível de atividade física
habitual. Mazo (2005) avaliou idosas freqüentadoras dos Grupos de Convivência do
município de Florianópolis SC, das quais 66,2% foram consideradas mais ativas.
Resultado semelhante foi encontrado no estudo de Tribess (2006) desenvolvido nos
grupos da Associação de Amigos, Grupos de Convivência e Universidade Aberta da
Terceira Idade de Jequié BA, onde 64,5% das idosas também foram classificadas
como mais ativas.
111
Conforme ressalta Conte (2003) nos resultados de seu estudo, os idosos mais
ativos relatam que sentem menos dores em geral, tinham mais energia para o dia-a-
dia, estavam mais satisfeitos com sua capacidade de locomoção, com a capacidade
de trabalho e de desenvolver atividades no cotidiano, além disso, necessitavam de
menos tratamento médico.
Em relação ao gênero, verifica-se que as mulheres sujeitas são mais ativas
comparando com os homens idosos em ambos os Grupos de Convivência de Idosos,
sendo que na média dos dois Grupos foram classificados como mais ativo no gênero
feminino 82,9% e no gênero masculino 68,4% do total da amostra para respectivos
gêneros. Ainsworth (2000) afirma que as mulheres tendem a ser mais ativas devido
a realização de tarefas domésticas durante toda a vida. No estudo de Tribess (2006),
72,8% das idosas realizavam atividades domésticas com intensidade vigorosa e
moderada na sua moradia, mantendo-se ativas no seu dia-a-dia.
No estudo de Silva (2005) verifica-se um equilíbrio de percentuais entre os
níveis menos ativo e mais ativo, onde se tem 48,1% e 51,8% respectivamente.
Sobre o nível de atividade física habitual dos idosos dos Grupos de
Convivência e sua faixa etária, a tabela 5 apresenta o percentual e a freqüência para
este estudo.
Tabela 5 Percentual e freqüência dos sujeitos dos Grupos de Convivência em
relação aos dois níveis de atividade física e idade.
ENTRE 60 e 69 ANOS MAIS de 70 ANOS
Mais Ativo Menos Ativo Mais Ativo Menos Ativo
AMIZADE 77,3%
17
22,7%
5
87,5%
7
12,5%
1
PAZ E AMOR 87%
20
13%
3
42,9%
3
57,1%
4
DOIS GRUPOS 82,2%
37
17,8%
8
66,7%
10
33,3%
5
Através da tabela 5 visualiza-se que o nível de atividade física habitual entre
os sujeitos de 60 a 69 anos é mais alta para os categorizados como mais ativos,
perfazendo 82,2% do total, em relação aos sujeitos com faixa etária acima de 70
anos, 66,7% se enquadraram como mais ativos relativo aos dois Grupos, entretanto,
verifica-se uma diminuição no percentual decorrente da idade. Os resultados
112
apresentados neste estudo reforçam a idéia de que o nível de atividade física
habitual declina com a idade.
No Grupo de Convivência de Idosos Paz e Amor, esta tendência aparece mais
evidente, pois a predominância foi de sujeitos classificados como menos ativos com
57,1%, enquanto os mais ativos tiveram 42,9%. no Grupo de Convivência de
Idosos Amizade não se constatou esta tendência, ao contrário, os mais velhos foram
considerados mais ativos em relação aos mais jovens. Uma justificativa para este
resultado, pode estar atrelado ao número reduzido de indivíduos com mais de 70
anos que participaram da pesquisa.
Conforme o estudo desenvolvido por Tribess (2006), se verificou que o nível
de atividade física tende a ser menor nos grupos etários mais velhos, sendo que nos
resultados apresentados da pesquisa 45,5% das idosas que se encontravam na faixa
etária dos 80 a 84 anos e 73,3% com mais de 85 anos despendem menos de 150
minutos por semana de atividade física. Silva (2005) também encontrou resultados
no seu estudo que de forma geral enaltecesse a o declínio da atividade física pelos
idosos com a idade, principalmente após os 70 anos de idade. A autora afirma que o
declínio da atividade física habitual poderá agravar o estado de fragilidade ou
dependência física dos idosos.
Do ponto de vista físico e funcional, Heikkinen (2005) afirma que o nível
reduzido de atividade física esrelacionado ao surgimento de doenças que, por sua
vez, geram a manifestação das incapacidades decorrentes das doenças.
O nível de atividade sica habitual pode estar relacionado com índices
antropométricos adequados à prevenção de certas doenças. Além disso, aumentará
ou manterá os níveis de aptidão física dos idosos, considerado importante para a
manutenção da capacidade funcional, prevenção de quedas e melhora da auto-
estima (ZAGO & GOBBI, 2003).
4.3.2 - Unidade II: Dados Antropométricos
A descrição das medidas de estatura, massa corporal, IMC e circunferência
abdominal serão baseadas no estudo de França & Vívolo (1995), específico para
populações idosas (anexo 10). Os dados coletados serão anotados em fichas
individuais (anexo 11). Os resultados serão apresentados através da estatística
113
descritiva (média e desvio padrão).
Segue apresentação e discussão dos resultados:
De acordo com Matsudo (2001) o processo de envelhecimento está associado
a mudanças principalmente na estatura, peso e composição corporal, implicando de
certa forma com relação ao surgimento de certas doenças, bons níveis de aptidão
física e conseqüentemente desenvolvimento na capacidade funcional.
A tabela 6 apresenta os resultados da distribuição média dos sujeitos
referente as variáveis antropométricas adotadas neste estudo (peso, estatura, IMC e
circunferência abdominal), divididos e unificados os Grupos de Convivência de
Idosos.
Tabela 6 – Distribuição das médias e desvios padrão do peso, estatura, IMC circunferência
abdominal dos sujeitos, por sexo e Grupo de Convivência.
PESO (kg) ESTATURA (m) IMC (kg/m
2
) CIRC. ABD. (cm)
M F GR M F GR M F GR M F GR
Amizade
78,34
±9,71
N=7
69,40
±14,10
n=23
71,49
±13,60
n=30
1,71
±0,06
n=7
1,59
±0,07
N=23
1,62
±0,09
N=30
26,86
±4,17
n=7
27,41
±4,52
n=23
27,28
±4,38
N=30
99,07
±11,05
n=7
90,33
±12,73
N=23
92,37
±12,74
n=30
Paz e Amor
83,71
±12,52
N=12
68,62
±13,13
n=18
74,65
±14,73
n=30
1,73
±0,05
n=12
1,58
±0,05
N=18
1,64
±0,09
N=30
27,96
±4,35
N=12
27,49
±5,06
n=18
27,68
±4,71
N=30
103,33
±9,96
n=12
90,42
±10,96
N=18
95,58
±12,23
n=30
Dois Grupos 81,73
±11,59
N=19
69,06
±13,52
n=41
73,07
±14,15
n=60
1,72
±0,05
n=19
1,58
±0,07
N=41
1,63
±0,09
N=60
27,55
±4,20
N=19
27,45
±4,70
N=41
27,48
±4,51
N=60
101,76
±10,29
n=19
90,37
±11,84
N=41
93,98
±12,49
n=60
M=masculino, F=feminino, GR=geral.
Na tabela 6 observa-se que, em relação a variável peso, a média geral
verificada tanto para o Grupo de Convivência Amizade (71,49 kg.) quanto o Paz e
Amor (74,65 kg.), os resultados apresentados corroboram com estudos direcionados
a idosos e atividade física (ALVES, et. al., 2004; CARVALHO, et. al., 2003; FERREIRA
& GOBBI, 2003; MATSUDO et. al., 2004; SILVA JÚNIOR, et. al., 2006; VALE, et. al.,
2005).
Matsudo et. al. (2004) afirma que com o passar dos anos o idoso tem uma
perda de massa muscular, porém um aumento de gordura corporal, o que repercute
no ganho ou perda de peso. Entretanto, evidencia-se que a atividade física regular
114
pode ser um componente fundamental no processo de controle do peso e da gordura
corporal durante o envelhecimento.
Em relação à estatura, Ferreira et. al. (2005) afirma que após os 40 anos de
idade, o declínio desta variável antropométrica é de cerca de um cm por cada,
devendo esse fato a um aumento das curvaturas da coluna, encurtamento da coluna
vertebral devido a alterações e achatamentos nos discos intervertebrais, associados à
diminuição dos arcos do pé.
Através da tabela 6, verifica-se que a média de estatura de ambos os Grupos,
ou seja, 1,71 cm para os sujeitos do gênero masculino e 1,58 cm para o gênero
feminino são superiores a um estudo desenvolvido por Menezes & Marucci (2005)
que teve como objetivo principal avaliar a antropometria e composição corporal de
idosos residentes em instituições geriátricas de Fortaleza CE, onde encontraram
para a faixa etária de 60 a 69 anos média de 1,61 cm para os homens e 1,49 cm
para mulheres.
O IMC é um indicador prático recomendável para verificar se o idoso se
encontra na faixa recomendável de peso. O IMC determina a relação do peso
corporal para a estatura do indivíduo, definindo assim uma classificação que é
reconhecida pela habilidade de relacioná-la com possíveis riscos de doenças
(HEYWARD apud MATSUDO, 2005).
A classificação do IMC obedeceu aos critérios da OMS (1998), conforme tabela
7 a seguir:
Tabela 7 – Classificação do IMC e riscos à saúde para adultos.
Classificação IMC (Kg/m
2
) Riscos associados à saúde
Peso baixo <18,5 Baixo
Normal 18,5 – 24,9 Médio
Sobrepeso 25 ou maior
Pré-obeso 25 – 29,9 Aumentado
Obeso I 30 – 34,9 Moderadamente aumentado
Obeso II 35 – 39,9 Severamente aumentado
Obeso III 40 ou maior Muito severamente aumentado
OMS (1998)
115
Neste estudo, observa-se através da tabela 6 que todos os valores médios
apresentados, tanto em relação a gênero ou ao Grupo de Convivência depararam
com valores acima dos recomendáveis pela OMS (1998), ou seja, encontram-se no
estado de pré-obesos. Os valores apresentados equivalem-se ao estudo que teve
como objetivo analisar o efeito da atividade física regular sobre parâmetros
antropométricos, desenvolvido por Rogatto & Gobbi (2001), onde constataram que
apesar de serem ativas fisicamente a média do IMC foi de 27,6±6,3, valores também
considerados acima dos recomendáveis.
no estudo proposto por Menezes & Marucci (2005), a dia dos idosos
institucionalizados ficou dentro da faixa recomendável pela OMS, tendo como
resultado para a faixa etária de 70 a 79 anos, 23 Kg/m
2
para o gênero masculino e
23,7 kg/m
2
para o gênero feminino.
Segundo Sampaio (2004) o aumento da gordura corporal em idosos é
decorrência de alterações fisiológicas, processos patológicos crônicos e situações
individuais. Além do aumento da gordura corporal, observa-se redistribuição deste
tecido, havendo diminuição nos membros e acúmulo preferencialmente na região
abdominal. A identificação do tipo de distribuição de gordura corporal é de suma
importância, pois o acúmulo de gordura na região abdominal apresenta estreita
relação com alterações metabólicas, as quais podem desencadear o aparecimento de
doenças como as vasculares e diabetes
mellitus
. Neste sentido, a medida da
116
Os resultados apresentados através da tabela 6 revelam que as dias em
ambos os Grupos de Convivência e gêneros estão com risco elevado para o
surgimento de certas doenças, conforme padronização adotada pela OMS,
merecendo atenção especial às médias encontradas nos dois Grupos em relação ao
gênero feminino, 90,33 cm do Grupo Amizade e 90,42 cm no Grupo Paz e Amor,
sendo considerados com risco muito elevado de acordo com OMS. Para os sujeitos
do Grupo de Convivência Paz e Amor com média de 103,33 cm, também são
considerados índices com risco muito elevado.
Todos os valores encontrados para a variável circunferência abdominal são
superiores se comparados a um estudo desenvolvido por Krause et. al. (2006) com
mulheres idosas da cidade de Curitiba PR, em que para o grupo de 60 a 64 anos a
média foi de 87,1 cm; 65 a 69 anos foi 87 cm; 70 a 74 anos foi 86,7 cm; 75 a 79
anos foi 86,9 cm; mais de 80 anos foi de 85,3 cm. Neste estudo, os autores
concluíram que os indivíduos que alcançam as idades mais avançadas são aqueles
que apresentam menor adiposidade corporal.
No estudo proposto por Matsudo et. al. (2002) com o objetivo de estabelecer
a evolução das variáveis antropométricas da aptidão física no período de um ano de
idosas, verificou-se que em relação a circunferência abdominal os valores
apresentados para o grupo de 60 a 69 anos permaneceram ao redor dos 85 cm nas
três avaliações e, no de 70 a 79 anos, as médias variaram entre 84 a 87 cm.
Referentes aos resultados dos dados antropométricos para os sujeitos tanto
do Grupo de Convivência de Idosos Paz e Amor quanto do Grupo Amizade, em
ambos os sexos, foram classificados acima dos níveis recomendados pela OMS.
Estudos na Educação Física, como os apresentados por Bouchard et. al. (1993) e
Patê (1995) evidenciaram a relação dos índices inadequados com o surgimento de
certas doenças.
4.3.3 – Unidade III: Testes de aptidão física
Foram utilizados para este estudo os testes de aptidão física sugeridos por
Matsudo (2005) e Rikli & Jones (1999), descritos no anexo 12. Considerando os
objetivos propostos, foram selecionados os testes de: Força/resistência de membros
117
superiores (flexão de cotovelo), Força de membros inferiores (impulsão vertical sem
auxílio dos braços), Potencia aeróbia (caminhada de 6 minutos), Flexibilidade (sentar
e alcançar), Agilidade (shutle run) e equilíbrio (equilíbrio estático com controle
visual). Os testes estão ilustrados com figuras no anexo 13. Os resultados serão
apresentados através da estatística descritiva (média e desvio padrão).
Segue apresentação e discussão dos resultados:
Os efeitos do envelhecimento no aspecto neuromotor da aptidão sica sobre
as capacidades físicas estão relacionados com aspectos funcionais, como o andar, o
equilíbrio, diminuição do risco de quedas e perda da independência física. Referente
aos aspectos psicológicos e emocionais poderá alterar a auto-estima do individuo,
além disso, no aspecto preventivo poderão diminuir o risco de doenças crônicas
como diabetes e osteoporose (MATSUDO, 2004).
A tabela 9 apresenta os valores médios e desvios padrão em percentuais do
desempenho dos sujeitos nos testes de aptidão física das capacidades força de
membros superiores, força de membros inferiores e flexibilidade.
Tabela 9 – Valores médios e desvios padrão dos sujeitos nos testes de aptidão física das
capacidades força de membros superiores, força de membros inferiores e flexibilidade.
Força Mem. Superiores
(rep.)
Força Mem. Inferiores
(cm.)
Flexibilidade
(cm.)
M F GR M F GR M F GR
Amizade
16,67
±3,20
n=7
15,91
±3,57
n=23
16,07
±3,45
n=30
22,14
±6,07
n=7
14,37
±4,08
n=23
16,18
±5,61
n=30
20,79
±6,98
n=7
27,22
±6,75
n=23
25,72
±7,23
n=30
Paz e
Amor
13,17
±2,79
n=12
13,89
±5,25
n=18
13,60
±4,38
n=30
19,71
±7,63
n=12
14,89
±3,43
n=18
16,82
±5,89
n=30
15,63
±10,73
n=12
23,25
±9,13
n=18
20,20
±10,35
n=30
Dois
Grupos
14,33
±3,31
n=19
15,02
±4,44
n=41
14,81
±4,11
n=60
20,61
±7,02
n=19
14,60
±3,77
n=41
16,50
±5,71
n=60
17,53
±9,65
n=19
25,48
±8,03
n=41
22,96
±9,28
n=60
M=masculino, F=feminino, GR=geral.
Sobre a capacidade física de força, os sujeitos foram avaliados tanto em
relação a membros superiores quanto a inferiores. Estudos transversais e
longitudinais indicaram que com o avanço da idade é característica a diminuição da
118
força muscular, sendo um fator que poderá influenciar também na redução da
execução de atividades normais do cotidiano (AL SNIH, 2002).
Pode-se visualizar através da tabela 9 em relação ao teste flexão de cotovelo
que é responsável neste estudo para avaliação da capacidade física força/resistência
de membros superiores que os valores médios apresentados em ambos os grupos
em relação ao nero equivalem-se, além disso, quando apresentados os resultados
de forma unificada, a média feminina (15,02 reps.) é superior à masculina (14,33
reps.), contrariando o que a literatura apresenta. De acordo com Spirduso (1995), a
força muscular em idosos do sexo masculino normalmente é superior comparada ao
sexo feminino, além disso, nos homens os indicadores de força tendem a manter-se
por mais tempo estável.
Os valores do gênero feminino apresentados, sendo 15,91 repetições para o
Grupo Amizade e 13,89 repetições para o Grupo Paz e Amor são semelhantes ao
estudo experimental desenvolvido por Alves et al. (2004) no qual procurou verificar
se a prática da hidroginástica teria influência sobre os indicadores de aptidão física
em idosas, e apresentou como resultados a média de 12,2 repetições para as idosas
no pré-teste e, após a intervenção de três meses do programa de treinamento de
hidroginástica os índices aumentaram significativamente para 21,6 repetições,
concordando com o estudo e afirmação de McCartney et al. (1993), em que apesar
da diminuição da força de membros superiores com o passar dos anos, essa
alteração pode ser modificada ou pelo menos mantida com a prática regular de
exercícios físicos.
Em relação ao gênero masculino os resultados encontrados tanto para o
Grupo Amizade, 16,67 repetições, quanto para o grupo Paz e Amor, 13,17 repetições
são inferiores aos padrões de referência do estudo de Rikli & Jones (1999) com
idosos americanos, em que a média para este teste ficou entre 17,4 a 19 repetições
para idosos entre 60 a 74 anos.
A força dos membros inferiores foi analisada indiretamente com o teste de
impulsão vertical sem auxílio dos braços, os resultados apresentados na tabela 9
evidenciam resultados superiores no desempenho dos testes pelos homens, a média
masculina entre os dois Grupos de Convivência foi 20,61 cm, e no feminino 14,60
cm. Num estudo longitudinal de 4 anos desenvolvido por Matsudo (2004), verificou-
119
se uma diminuição significativa de 13% no desempenho das idosas neste teste,
tendo como média na primeira avaliação de 15,7 cm e ao final 13,6 cm.
Sobre a observação de níveis inferiores de força muscular, Rogatto & Gobbi
(2001) concluíram no seu estudo que a capacidade para gerar força parece diminuir
com o avanço da idade, ou seja, para a mesma quantidade de massa muscular o
idoso apresenta menores níveis de força voluntária máxima. O decréscimo de força
muscular está relacionado com a diminuição da capacidade funcional (ZAGO &
GOBBI, 2003).
A flexibilidade, segundo Dantas (2003), é a qualidade física responsável pela
execução voluntária de um movimento de amplitude angular máxima, por articulação
ou conjunto de articulações, dentro dos limites morfológicos, sem risco de provocar
lesão.
No presente estudo, para realizar a avaliação desta variável, foi utilizado o
teste de Sentar e Alcançar para avaliar a flexibilidade dos músculos inferiores das
costas e músculos posteriores da coxa. O envelhecimento acarreta redução da
amplitude de movimento tanto nos membros como no tronco e cabeça. Guimarães &
Farinatti (2005) revelaram num estudo realizado com mulheres idosas no sentido de
verificar possíveis fatores que causam eventuais quedas em idosos, observou-se que
a variável flexibilidade possuiu uma associação significante com quedas em idosos.
Pode-se visualizar através da tabela 9 que os resultados médios encontrados
para esta variável no gênero feminino são superiores em relação ao masculino, tanto
no Grupo Amizade (M=20,79 cm; F=27,22 cm) quanto no Paz e Amor (M=15,63 cm;
F=23,25 cm). De acordo com Dantas (2003) a flexibilidade é influenciada por fatores
endógenos, dentre os quais o sexo é considerado um deles, desta forma, as
mulheres normalmente são mais flexíveis se comparadas aos homens devido a
possuírem tecidos menos densos.
Num estudo proposto por Barbosa et. al. (2002) em que verificaram idosas
submetidas a 10 semanas de treinamento com pesos, os resultados apontaram
aumentos da flexibilidade através do teste de sentar-e-alcançar que variaram de 9%
a 21%, sem que tenha ocorrido a realização de exercícios de alongamento no
programa de treinamento.
120
Verificou-se, também, que a média geral de desempenho dos sujeitos do
Grupo de Convivência Amizade é superior ao Grupo Paz e Amor em ambos os
gêneros, apresentando resultados médios de 25,72 cm e 20,20 cm considerando os
Grupos respectivamente.
Num estudo realizado por Matsudo et al. (2003) os valores dios
apresentados pelas idosas foram de 26,5 cm. em outro estudo desenvolvido por
Silva nior et al. (2006) realizado no Projeto Sênior para a Vida Ativa, entretanto
com a dia das idosas ingressantes ao programa nos anos de 2002 a 2004, a
média foi de 24,7 cm. Então, presume-se que os resultados apresentados neste
estudo corroboram com as normatizações apresentadas na literatura.
Rebelatto et al. (2006) aplicaram um treinamento de exercícios físicos
prolongados durante dois anos em mulheres idosas com faixa etária entre 60 e 80
anos da Província de Salamanca Espanha para verificar se havia influência sobre a
flexibilidade corporal. Os resultados obtidos no estudo indicaram uma possível
relação do programa na manutenção da capacidade, tendo em vista que os índices
não melhoraram, os autores ressaltaram a necessidade de reprogramação dos
exercícios destinados ao ganho da flexibilidade.
A tabela 10 apresenta os valores médios e desvios padrão em percentuais do
desempenho dos sujeitos nos testes de aptidão física das capacidades resistência
cardiorrespiratória, agilidade e equilíbrio.
Tabela 10 – Valores médios e desvios padrão dos sujeitos nos testes de aptidão física das
capacidades resistência cardiorrespiratória, agilidade e equilíbrio.
Res. Cardiorrespiratória
(m)
Agilidade
(seg.)
Equilíbrio
(seg.)
M F GR M F GR M F GR
Amizade
547,86
±68,85
n=7
486,96
±43,69
n=23
501,17
±55,81
n=30
16,62
±2,52
n=7
19,59
±2,33
N=23
18,87
±2,66
n=30
22,81
±9,30
N=7
17,69
±8,39
n=23
18,88
±8,73
n=30
Paz e
Amor
526,67
±49,37
n=12
528,89
±64,80
n=18
528
±58,20
n=30
17,89
±2,28
N=12
18,91
±2,57
N=18
18,50
±2,47
n=30
20,51
±10,32
N=12
20,30
±8,95
n=18
20,39
±9,35
n=30
Dois
Grupos
534,17
±56,39
n=19
505,37
±57,25
n=41
514,58
±58,13
n=60
17,42
±2,39
N=19
19,28
±2,43
N=41
18,68
±2,55
n=60
21,36
9,76
N=19
18,84
±8,63
n=41
19,63
±9
n=60
M=masculino, F=feminino, GR=geral.
121
Sobre a resistência cardiorrespiratória, Willmore & Costill (1994) ressaltam que
esta variável tem relação com a capacidade de realizar exercícios por períodos
prolongados e com intensidade submáxima, sendo que o desempenho de cada
exercício depende do estado funcional do sistema respiratório, cardiovascular e
músculo-esquelético. Astrand et. al. apud Dias et. al. (2006), revelam que após a
terceira década de vida, ocorre redução de 0,5 a 3,5% por ano na potência aeróbia.
Segundo Fleg & Lakatta (1988), a redução desta variável com o envelhecimento
ocorre em função de dois aspectos principais: a diminuição da capacidade de ejeção
do coração e a redução na quantidade de massa muscular.
Neste estudo foi utilizado o teste de caminhada de 6 minutos, que de acordo
com Alves et. al. (2004) mensura a resistência aeróbia, considerada importante
capacidade para que os idosos possam desenvolver suas tarefas cotidianas como
andar, fazer compras ou atividades recreativas.
Através dos resultados apresentados na tabela 10, verifica-se que a resistência
cardiorrespiratória em geral é superior no desempenho do gênero masculino que
apresentou média de 534,17±56,39 metros no teste de caminhada de 6 minutos,
a média do gênero feminino foi de 505,37±57,25 metros. Se comparados aos valores
padrões de referência para a população na faixa etária de 60 a 64 anos no estudo de
Rikli & Jones (1999), verifica-se que os dados do presente estudo apresentaram
desempenho inferior nos testes, pois a média para o gênero masculino foi de
613,3±83,7 e no feminino de 548,7±76,4, porém o desvio padrão é superior.
O estudo desenvolvido por Matthew et. al. (2004) que teve por objetivo
examinar a associação entre idosos sedentários e idosos praticantes de um programa
de atividade física para norte americanos denominado Gerofit, sobre o desempenho
do teste de caminhada de 6 minutos. Através dos resultados apresentados nesta
pesquisa, verificou-se desempenho amplamente superior para os sujeitos fisicamente
ativos (630,8 ± 120,3) em relação aos sedentários (486,2 ± 151,7), sendo que esta
diferença foi considerada estatisticamente significativa. Num estudo desenvolvido por
Hopkins et. al. (1990), verificou-se que quando idosos sedentários passam a
freqüentar programas de atividade física, melhora significativa na capacidade
aeróbia tanto dos homens quanto das mulheres. Desta forma, percebe-se que a
122
prática da atividade física regular no idoso pode ter influência sobre bons níveis de
aptidão física (MATSUDO et. al., 2000).
Dias et. al. (2006) realizaram uma vasta pesquisa bibliográfica sobre
treinamento com pesos e apontaram que este tipo de prática consiste numa
importante ferramenta para a melhoria da atividade física de idosos e promovendo
adaptações positivas na resistência aeróbica.
Em relação a variável agilidade, foi aplicado o teste denominado “Shutle Run”.
Através dos resultados apresentados na tabela 10 verifica-se que os homens
apresentam melhores desempenhos médios em relação às mulheres, pois realizaram
o teste em menor tempo. No Grupo de Convivência Amizade a média de execução do
teste pelas mulheres foi de 19,59±2,33 segundos e pelos homens 16,62±2,52, no
Grupo de Convivência Paz e Amor as mulheres tiveram dia de 18,91±2,57 e os
homens 17,89±2,28.
Os resultados verificados pelos sujeitos do gênero feminino de ambos os
Grupos de Convivência são semelhantes aos valores padrões de referência
apresentados por Matsudo (2004) de uma amostra de mulheres fisicamente
independentes de São Caetano do Sul, em que a média para a faixa etária de 60 a
69 anos foi de 18,9±3,1segundos. Quando comparadas com a média de
desempenho das idosas do estudo realizado por Silva Júnior et. al. (2006) no Projeto
Sênior para a Vida Ativa que foi de 20,5±4,5 segundos com idade média de 68,3 ±
5,1 anos, verifica-se que as participantes do trabalho aqui apresentado levaram
menos tempo para completar o teste de agilidade proposto, fato que demonstra uma
aptidão levemente superior aos valores normativos propostos.
Num estudo desenvolvido por Etchepare et. al. (2003) que teve por objetivo
verificar se a prática de 20 sessões de hidroginástica provocariam efeito sobre as
variáveis de aptidão física (equilíbrio, flexibilidade e agilidade) de 15 idosas. Os
resultados apontaram melhora significativa para o equilíbrio e flexibilidade, porém na
agilidade não houve significância. Porém, no estudo realizado por Ferreira & Gobbi
(2003), os resultados encontrados apontam que mulheres idosas praticantes de
atividades físicas regulares e supervisionadas apresentam melhores níveis de
agilidade que as mulheres não treinadas.
123
O equilíbrio foi avaliado através do teste de Equilíbrio Estático com Controle
Visual. A análise do equilíbrio estático consiste em importante ferramenta capaz de
identificar as limitações no controle dos movimentos, além de ser útil na
determinação do risco de quedas de idosos (DALEY & SPINKS, 2000). Cornillon et. al.
(2002) verificaram em 300 idosas, a relação entre o desempenho no teste de
equilíbrio estático e a incidência de quedas, os resultados apresentados indicaram
que as idosas com melhores performances no teste tiveram menor mero de
quedas no período de um ano.
Sobre a variável equilíbrio, Maciel & Guerra (2005) afirmaram que suas
alterações no idoso são consideradas um problema comum e que leva a importante
limitação na realização das atividades da vida diária. Além disso, é a principal causa
de queda nestes indivíduos. Conforme Matsudo et al. (2004) além do fator
flexibilidade, o equilíbrio também pode estar relacionado com o medo de quedas e,
desta forma, poderá contribuir para possíveis limitações na realização atividades da
vida diária.
De acordo com Hobeika (1999), 65% dos idosos sofrem freqüentemente
alguma sensação de tontura ou perda de equilíbrio, além disso, todos os indivíduos
que chegam a esta idade apresentam alguma forma de desequilíbrio.
Através dos resultados apresentados na tabela 10 verifica-se que os homens
tiveram melhores desempenhos médios na execução deste teste em relação as
mulheres, sendo que no Grupo de Convivência Amizade a média para o gênero
feminino foi de 17,69±8,39 segundos e no masculino 22,81±9,30 segundos, no
Grupo de Convivência Amizade a diferença entre os gêneros foi menor, onde a média
para o gênero feminino foi de 20,30±8,95 segundos e no masculino 20,51±10,32.
Roocks et al. (1997) apresentaram em seu estudo que a média de duração
para o teste de equilíbrio foi de 19,7±17,6s e no estudo de Matsudo et al. (2003) a
média foi de 19,5±10,5s. Desta forma, os resultados apresentados para esta variável
corroboram com a literatura apresentada.
Aveiro et. al. (2004) desenvolveram um estudo com o objetivo de verificar se
um programa de atividades físicas de 12 semanas de duração exercia melhora sobre
o equilíbrio e a força muscular de idosas. Os resultados apresentaram melhoras
significativas para ambas as capacidades físicas.
124
No estudo de Maciel & Guerra (2005) que teve como objetivo analisar a
influência de fatores sócio-demográficos, físicos e mentais sobre o equilíbrio de 310
idosos de ambos os sexos residentes no município de Santa Cruz RN Brasil, os
resultados apresentados indicaram que 46,1% dos idosos tiveram alterações ou não
foram capazes de realizar o teste, e os fatores que foram considerados associados a
este resultado foram: idade acima de 75 anos; sexo feminino; analfabeto; má
percepção de saúde e ter déficit auditivo.
Referente aos resultados obtidos no presente estudo considerou-se
satisfatório o desempenho dos sujeitos dos dois Grupos de Convivência em ambos os
sexos, pois corroboram em geral com diversos estudos comparados, tanto nacionais
quanto internacionais.
4.4 - QUARTA ETAPA: IDOSOS FREQUENTADORES
Esta etapa teve como objetivo obter informações junto aos sujeitos
participantes dos Grupos de Convivência de Marechal Candido Rondon, abordando
assuntos relativos ao entendimento das características regionais, funcionamento dos
Grupos, prática de atividades físicas e a velhice. Além disso, buscou a “historicidade”
dos indivíduos, evidenciando quais experiências passadas ao longo de suas vidas.
Considera-se que estes aspectos devem ser levados em conta para que seja
implantado um programa de educação física na perspectiva da Promoção da Saúde
para esta comunidade.
125
A seqüência da entrevista se deu através da ordem de assuntos que o
entrevistado tinha em sua fala, não tendo uma ordem pré-estabelecida a seguir,
entretanto o entrevistador teve o compromisso de conduzir de certa forma os
assuntos para que não saíssem do foco de estudo.
A análise das entrevistas foi realizada seguindo as orientações de Bogdan &
Biklen (1999). De acordo com os autores a análise dos dados é o processo de busca
e de organização sistemática dos materiais coletados, com o objetivo de aumentar a
sua própria compreensão desses mesmos materiais e de permitir apresentar aos
outros aquilo que encontrou. A análise envolve o trabalho com os dados, a sua
organização, divisão em unidades manipuláveis, síntese, procura de padrões,
descoberta dos aspectos importantes que devem ser aprendido e a decisão sobre o
que será transmitido aos outros.
O processo de análise é dividido em várias fases: primeiramente foi feita a
transcrição na íntegra das entrevistas, logo em seguida o pesquisador fez uma leitura
e releitura crítica das entrevistas a fim de encontrar e destacar as frases que tinham
interesse ao objetivo do estudo, estas foram sublinhadas. Desta forma, a partir das
frases destacadas, foram pré-estabelecidas algumas categorias de codificação no
intuito de organizar os dados. Bogdan & Biklen (1999) afirmam que as categorias de
codificação são um meio de classificar os dados descritivos que recolheu.
O pesquisador teve o trabalho de encaixar as frases sublinhadas nas
categorias de codificação, procurando regularidade e padrões no estabelecimento
das respostas com o objetivo do estudo, todas as frases destacadas são únicas e
exclusivas para a categoria de codificação adequada e proposta.
As categorias pré-estabelecidas foram sendo ajustadas, modificadas e
reorganizadas no intuito de melhor responder as questões do estudo. Sendo assim,
para esta etapa do estudo foram constituídas nove categorias de codificação, estas
foram analisadas e discutidas com a literatura adequada. A seguir, são apresentadas
as categorias:
I - A Educação Física nas décadas de 50 e 60
A primeira categoria evidenciou verificar se durante o período escolar destes
sujeitos existiam aulas de educação física e como eram desenvolvidas as práticas,
126
destacando as principais características.
II - Histórico da atividade física durante a vida e a relação com o trabalho
Nesta categorização é resgatado o histórico dos indivíduos frente à atividade
física ao longo de toda a sua vida, buscando pontos e aspectos que relatam se houve
alguma influência sobre o modo de envelhecer e suas atividades atuais, procurando
verificar quais as implicâncias que o trabalho exerceu no seu modo de viver.
III - O significado da atividade física
Através do relato dos sujeitos procurou-se verificar nesta categoria qual o
significado e a conscientização (se houve) da atividade física para a vida destes
indivíduos.
IV - Identificação do que representa esta fase da vida
A presente categoria aponta as diversas opiniões dos sujeitos entrevistados
sobre o significado e a representação desta fase da vida, considerando aspectos do
passado, do presente a expectativa de vida destas pessoas.
V - Perspectivas sobre a atividade física nesta fase da vida
Na categoria é verificado o anseio dos sujeitos sobre a atividade física,
procurando saber também quais os seus desejos e vontades em relação à prática da
atividade física para o restante da sua vida e se existe a vontade de praticar.
VI - Motivos para participação no Grupo de Convivência
Procurou-se levantar os principais motivos que levaram os sujeitos a
engajarem-se nos Grupos de Convivência de Idosos, no sentido de verificar alguns
gostos e preferências dos respectivos participantes.
VII - As atividades físicas predominantes nos Grupos de Convivência
Foram agrupadas nesta categoria as principais atividades físicas desenvolvidas
nos Grupos de Convivência relatadas pelos sujeitos.
127
VIII - As atividades que o Grupo de Convivência oferece são suficientes? Como
deveria ser?
A categoria é caracterizada pela opinião dos sujeitos em relação às atividades
desenvolvidas pelos Grupos de Convivência, procurando verificar se as existentes são
suficientes ou não, além disso, procurou-se resgatar informações de quais atividades
deveriam ser as que faltam.
IX - A influência ou não da descendência de alemães
Nesta categoria foram apresentadas as opiniões dos sujeitos sobre a hipótese
de influência da descendência de alemães sobre os costumes, o modo de ser e agir
das pessoas.
Inicialmente são caracterizados descritivamente os sujeitos participantes desta
etapa do estudo, referenciados aqui como S. da letra E a letra T:
Grupo de Convivência de Idosos Amizade
S. E
Do sexo masculino, 77 anos, casado, aposentado, estudou até a 5ª série do ginásio e
é descendente de alemães.
S. F
Do sexo masculino, 65 anos, casado, aposentado, estudou até completar o primário
e é descendente de alemães.
S. G
Do sexo feminino, 64 anos, viúva, aposentada, estudou até completar o primário e é
descendente de alemães.
S. H
Do sexo feminino, 70 anos, divorciada, aposentada, estudou até completar o
primário e é descendente de alemães.
S. I
Do sexo feminino, 71 anos, casada, aposentada, estudou até completar o primário e
é descendente de alemães.
S. J
Do sexo masculino, 66 anos, casado, aposentado, estudou até completar o primário
e é descendente de alemães.
128
S. K
Do sexo feminino, 76 anos, viúva, aposentada, estudou até a série do primário e
é descendente de italianos.
S. L
Do sexo masculino, 64 anos, separado, aposentado, ensino superior completo no
curso de Física, pós-graduado e é descendente de alemães.
Grupo de Convivência de Idosos Paz e Amor
S. M
Do sexo feminino, 74 anos, viúva, aposentada, estudou até completar o primário e é
descendente de alemães.
S. N
Do sexo feminino, 67 anos, divorciada, aposentada, estudou a 1 ª série do primário e
é descendente de alemães.
S. O
Do sexo masculino, 60 anos, casado, aposentado, estudou até completar o primário
e é descendente de alemães.
S. P
Do sexo masculino, 63 anos, casado, aposentado, estudou até a 5ª série do ginásio e
é descendente de alemães.
S. Q
Do sexo feminino, 63 anos, casada, dona de casa, estudou até a 2ª série do primário
e é descendente de alemães.
S. R
Do sexo masculino, 77 anos, desquitado, aposentado, estudou até completar o
primário e é descendente de alemães.
S. S
Do sexo feminino, 62 anos, casada, aposentada, estudou até completar o primário e
é descendente de alemães.
S. T
Do sexo masculino, 62 anos, casado, aposentado, estudou até a série do colegial
e é descendente de alemães.
Será descrita a seguir a análise das entrevistas com os sujeitos participantes
da amostra dos Grupos de Convivência, destacando as características mais evidentes
sobre os pontos requeridos. A análise de cada categoria aponta a maior quantidade
129
de discursos distintos dos participantes. Quando muitos discursos ou respostas
tinham o mesmo significado ou sentido, foram destacados apenas alguns exemplos
que se mostravam mais claros sobre determinado assunto/categoria.
4.4.1 – A Educação Física nas décadas de 50 e 60
De acordo com Betti (1991) a Educação Física foi introduzida na escola
brasileira oficialmente com a reforma Couto Ferraz em 1851. Embora a inclusão de
exercícios físicos na Europa remonte ao século XVIII, com Guths Muths, Rosseau,
Pestalozzi e outros.
Em 1882, Rui Barbosa realizou uma reforma recomendando que a ginástica
fosse obrigatória, para ambos os sexos, e que fosse oferecida para as escolas
normais. Entretanto, a implantação destas leis ocorreram apenas em parte, no Rio de
Janeiro e nas Escolas Militares (DARIDO & NETO, 2005). Mas de acordo com Betti
(1991) é somente após a década de 1920 que vários estados da federação
começaram a realizar suas reformas educacionais e incluem a Educação sica, com
o nome mais freqüente de ginástica. Isso ficou evidenciado através da fala do S. H
que disse: “quando eu estudava no ginásio, a gente fazia uns dias de ginástica
8
, era
assim a denominação do que vocês chamam hoje de educação física”.
Foi um processo lento para que a Educação Física fosse inclusa na escola,
dependendo dos governos e principalmente das regiões, tendo em vista que algumas
localidades não possuíam condições de incluir a Educação Física (BETTI, 1991).
Através das falas dos idosos entrevistados verificou-se uma discrepância entre como
eram as aulas de educação sica e se eram legitimamente inseridas. Os relatos dos
Ss. E e L do Grupo de Convivência de Idosos Amizade apresentam algumas
características de tipos de aulas de educação física praticadas naquela época:
Era até duas vezes por semana (...) tinha um professor de educação
física (...) era um Colégio Teológico Evangélico e Espanhol na cidade
de São Leopoldo, nós fazia (sic!) de tudo um pouco nas aulas: tinha
jogos, ginástica, aprendia a marchar direitinho, porque ninguém
8
Alguns sujeitos referem-se à Educação Física ou a atividade física com a utilização do termo
ginástica. Segundo Ayoub (2003) no surgimento da ginástica, para os Gregos significava “exercícios
físicos em geral e estes compreendiam corridas, lançamentos, saltos, lutas”, enfim a ginástica era
considerada como sinônimo da atividade física atual.
130
sabia isso. Hoje nem fazem mais isso, com todo mundo emparelhado
marchando sempre no passo certo. (S. E)
Como revelado pelo sujeito, a educação física neste colégio tinha uma
característica ampla frente aos conteúdos, além disso, remonta a prática ao processo
de disciplina e respeito à nação, pois existia na época uma valorização com
característica militar que enaltecia o civismo (SOARES, 2001). É provável que o
princípio de ordem e disciplina apontado pelo SUJ. E destaca-se principalmente em
decorrência do estabelecimento mantenedor ser de postura teológica e evangélica.
O S. L declara em relação às aulas de educação física que:
Eu fiz atividade física regular, desde o primário até a faculdade, quer
dizer, na faculdade não, na faculdade não fizemos atividade física,
mas até o segundo grau tinha atividade regular e no segundo grau
até bastante (...) era aquela educação física de militar, bastante
puxado, exigente. No tempo de estudante eu fiz muita atividade
física, isso ocorreu nos anos 60. (S. L)
Fica evidente através desta entrevista que a prática da educação física era
pautada no modelo militarista, que de acordo com Ayoub (2003); Betti (1991);
Bregolato (2002); Darido & Neto (2005); Soares (2001) tinha como objetivo
proporcionar atividades que enaltecesse a formação de uma geração capaz de
suportar o combate, a luta, para atuar na guerra em defesa da nação, desta forma,
era importante selecionar os indivíduos “perfeitos” e excluir os incapacitados
fisicamente.
Além deste modelo militarista aplicado durante boa parte do culo XX,
verificou-se através dos relatos que a Educação Física praticada na época não teve
uma base científica que o sustentasse, desta forma, algumas instituições como
abordado pelos Ss. G e H relatam que a educação física era aplicada como forma de
incentivar a prática esportiva e física, porém sem um planejamento adequado. O S.
G disse “era sempre depois do recreio e com o mesmo professor da sala, a gente ia
(sic!) lá pro pátio e fazia todas as atividades assim diferentes”. O S. J relatou:
A gente tinha um dia por semana (...) tinha de tudo um pouco,
correr, movimentos... (...) Nós só tinha (sic!) um professor e ele dava
todas as matérias, inclusive física (...). Tinha aqueles movimentos de
131
braço e tudo que o professor passava. (SUJ. J)
A ênfase dada ao trabalho, o tipo de cultura, o processo de colonização, a fase
de inserção da educação física no contexto escolar, dentre outros fatores,
provavelmente influenciaram o desenvolvimento da educação física. Alguns relatos
evidenciaram a não prática da educação física durante o período escolar. O S. F
afirmou que “não tinha aula de física (sic!), jogavam um jogo assim com a bola e
às vezes, a gente tinha que marchar e fazia física com as mãos (referindo ao
polichinelo), mas não para considerar como física”. O S. I disse “naquela época
não tinha, a gente brincava de roda e pulava corda na escola, mas educação física
não”. o S. K relatou “eu nunca ouvi falar, porque a gente trabalhava na colônia,
retirado do município (...) lá nunca se ouviu falar nisso”.
A seguir são apresentadas algumas falas dos sujeitos entrevistados no Grupo
de Convivência de Idosos Paz e Amor e que, em geral, não diferem (muito) dos
relatos apresentados pelo Grupo de Convivência Amizade, portanto, com
características semelhantes.
A fala do S. T apresenta algumas características de um modelo de educação
física praticado na época:
Isso nós tinha (sic!), todo o sábado, educação física, jogos, falava
ginástica... mas isso seria a educação física de hoje, mas falava
ginástica (...) mas no sábado era pra isso, não tinha nenhuma
outra matéria, somente educação física. Veja, no meu tempo nós
tínhamos quatro classes numa sala , um professor e no sábado,
nós íamos lá e lavava (sic!) a escola, limpava (sic!) e depois praticava
(sic!) caçador e ginástica e tudo mais. Então, era basicamente jogos,
ginástica e desfile, a gente desfilava todo sábado, aprendia a desfilar.
Naquele tempo a gente passava pela bandeira e tinha que tirar o
chapéu, hoje pode passar, cutucar a bandeira e ninguém faz
continência (...) nós aprendemos, tinha muita educação. (S. T)
O relato do S. P chama a atenção pelo fato de demonstrar quem era e como
eram os professores que ministravam a disciplina de Educação Física naquela época,
quando inseridas na grade curricular:
(...) Não havia ninguém profissionalizado, eu pratiquei educação
física desde os 12 anos de idade (...). Eu mesmo dei aula de
educação física no primário, os alunos faziam algum exercício,
132
praticavam algum esporte, se fazia corridas, atividades de tudo que é
tipo de esporte que se conseguia na época (...). se praticava, mas
não cientificamente da forma como hoje se pratica, não se citava que
se você fazia o exercício “x”, você vai estimular o nervo “x”, isso não
se escutava porque não existia uma formação especial para isso, o
que a gente tinha era um conhecimento, um pouco maior porque eu
pertencia a grupos de futebol. Faziam educação física com a gente,
claro que era específico para uma finalidade, mas parte disso a gente
utilizava também nas aulas que a gente dava e nas aulas que a gente
recebia na formação de professores a atividade física, era mais
científica para ser explicada pra gente, né! (S. P)
A experiência do S. P frente a prática de esportes fez com que pudesse ser um
professor de educação física. Conforme Darido & Neto (2005), na época em que a
Educação Física tinha como modelo militar, para ensinar o seu conteúdo não era
preciso dominar conhecimentos, e sim ter sido um ex-praticante, principalmente
porque as atividades propostas tinham como característica a aprendizagem através
da execução de exercícios físicos de forma imposta através de séries e repetições.
As falas dos Ss. Q, R e S mostram que não existia a Educação Física na escola
e muitos sujeitos nem conheciam o que era isso durante os seus anos escolares. O
relato do S. Q afirma que “não tinha educação física... se jogava caçador, bola,
não existia dia de educação sica (...)”. O S. R afirma que “(...) não tinha nada, a
gente não estudava muito, tinha muita troca de professores, uma diferente da outra
(...)”. E o S. S disse que “nós nem conhecia (sic!) isso (...)”.
Ao longo dos anos escolares dos sujeitos entrevistados a educação física era
entendida como ginástica e envolvia uma ampla variedade de atividades físicas,
como: jogos, esportes, desfiles e movimentos ginásticos apontados pelo S. T. A
educação física era visualizada também como citado pelos Ss. E, L, T e outros, num
modelo militar, que preservava e respeitava certos valores, como ordem e respeito à
nação, sendo assim, era objetivo da disciplina a preservação do civismo e as
atividades físicas apresentavam-se através de exercícios caracterizados pelas ries e
repetições, sendo que o aprendizado da marcha também era objetivo da educação
física. Em meados do século XX, a educação física ainda não tinha uma base
científica para sustentar a área e os direcionamentos, então, as atividades físicas
eram propostas e advindas do empirismo ou da vivência e familiarização do professor
com certa atividade ou modalidade esportiva, sendo que não havia profissional
133
especializado, como apontou o S. P. Também verificou-se que durante os anos
escolares dos Ss. F, I, K, Q, R e S, não existiam a
134
Pra falar a verdade eu nunca pratiquei, só trabalhei até o ano de 99 e
parei por problema de saúde, daí em 2000 eu me aposentei (...).
Então eu nunca pratiquei e nunca joguei futebol, essas coisas...,
nada..., só trabalhar, trabalhar (sic!)... (S. J)
As falas dos sujeitos evidenciam a valorização e a necessidade do trabalho
como meio de garantia do sustento da família. As atividades do trabalho incluíam a
produção de alimentos para comercialização, a preparação do solo, o cultivo das
lavouras, o tratando de animais, ou seja, um trabalho braçal e pesado que
repercutisse numa exigência de um dispêndio energético elevado.
O período vivido pelos sujeitos durante o processo de colonização e
emancipação do município de Marechal Cândido Rondon foi conhecido como
República Nova (1945-1964), período este que se caracterizou pelo chamado
desenvolvimentismo, doutrina que se detinha nos avanços técnico-industriais como
suposta evidência de um avanço geral do país. Caracteriza-se também pela
necessidade e valorizaçao do trabalho (WIKIPÉDIA, 2007).
Conforme Weirich (2004), o processo de colonização do município de Marechal
Cândido Rondon foi uma tarefa bastante exaustiva e árdua, pois necessitou de um
forte trabalho braçal, derrubando árvores, cortando o mato, matando animais,
construindo suas residências. E muitos dos colonizadores do município participam
dos Grupos de Convivência de Idosos.
O S. G diz: “desde os 9 anos eu tinha que lavar roupa, tirar leite, fazia o
pão, o almoço, eu fazia tudo como uma mulher quando eu tinha 11 anos. Eu era
como uma mãe de família em casa, eu casei muito nova, com 15 anos”. A fala do S.
H é a seguinte: “também trabalhei na roça, sempre trabalhei com serviço pesado,
agora faz uns oito anos que eu não tô indo mais prá roça”. O S. I disse:
Sempre trabalhei muito, não sei como consegui tanto... Até os quinze
anos eu ia com o meu pai na roça, eu era pretinha de tanto (sic!)
queimada do sol (...) com 8, 9, 10 anos eu acompanhava meu pai na
enxada e ele me elogiava... “nossa como a minha filha vai bem na
enxada, ela até me acompanhou”. (S. I)
Os acontecimentos relatados e apresentados anteriormente seriam certamente
reprovados pelas leis e sociedades atualmente, pois, de acordo com o Estatuto da
Criança e do Adolescente (ECA) implantado em 1990 através de Lei Federal em seu
135
artigo 60, p. 20 “é proibido qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idaáÀVeB(hOhÀAViB(zOákLkl 0e
136
sempre rotineiras e passadas de geração a geração. Os Ss. K, F e J não tiveram o
conhecimento sobre a prática da atividade física, além disso, os valores atribuídos ao
trabalho eram superiores a quaisquer outros. Os relatos corroboram com a afirmação
de Pacheco (2004) em que os interesses da sociedade estariam sempre acima dos
interesses individuais, especialmente os interesses relacionados à produção e ao
capital. Assim, os valores básicos da sociedade deveriam ser reproduzidos para que
os indivíduos os internalizassem durante todas as etapas do seu ciclo de vida.
Os relatos dos sujeitos anteriores não apontaram a prática de exercício físico,
que conforme Barbanti (2003) é definido pela seqüência planejada de movimentos
repetidos sistematicamente com o objetivo de elevar o rendimento. Algumas
atividades físicas foram apontadas pelos sujeitos no sentido de recreação, diversão,
brincadeira e passatempo, conforme os relatos a seguir:
Nossa! Eu joguei muito, a gente gostava de jogar bola, caçador (...)
meu pai tinha uma cancha de bocha e era o que eu jogava, eu era
muito boa na bocha, até no bolão, eu joguei muito tempo bolão. (S.
G)
Eu brincava e corria pra e pra cá, a vida era saudável porque era
interior, tinham bastante árvores, tinham córregos (...) o pai instalou
luz elétrica por intermédio de um córrego que descia, a roda d’agua
(...). Então nós tinha (sic!) uma vida que eu não tinha medo de nada,
porque nunca me faltou nada. (S. I)
A fala do S. J reforça a idéia de que brincadeiras, jogos e atividades físicas
não eram valorizadas tanto quanto o trabalho, que vinha sempre em primeiro lugar.
O S. J relatou que na infância “não dava tempo pra brincar. Antigamente tinha
que trabalhar, a gente era pequeno, mas era assim que funcionava mesmo”.
A vida destes idosos teve grande relação com o trabalho, pois o trabalho era
fundamental para o desenvolvimento pessoal, familiar e principalmente do município.
Os trabalhos braçais desenvolvido pelos indivíduos trabalhadores da época podem
ter influenciado no modo de viver e uma relação com a aptidão sica, pois mesmo
não praticando uma atividade física estruturada, os indivíduos eram fisicamente
ativos, devido às exigências do seu trabalho.
O relato do S. E retrata a sua participação como atleta durante o período de
recruta militar na sua juventude e o abandono para poder estudar:
137
Quando eu fui servir no Exército em Ijuí, servi durante oito meses
o Exército. Eu era um soldado muito bom, só que eu não podia ficar,
por ser um soldado raso. Lá eu tirei em primeiro, fui campeão de
corrida de 400 metros..., no quartel a gente (sic!) fez bastante física,
eu era pequeno, mas eu corria... depois abriu uma brecha para eu
estudar, daí eu fui estudar um ano em São Leopoldo (...). (S. E)
Através do relato do S. E fica clara a relação entre ter boa aptidão física e ser
considerado um bom soldado, ou seja, a atividade física tem, para este sujeito, uma
relação de desempenho de determinadas funções, num sentido funcionalista da
prática da atividade física e aumento da aptidão física. Segundo Bagrichevsky &
Palma (2004) o objetivo dado à atividade física em meados do século XX tinha a sua
gênese orientada através de um ideário militar, que buscava extrair-lhes, ao máximo,
uma funcionalidade servil. Além disso, deve-se enfatizar que provavelmente qualquer
militar era valorizado num período pré-militarismo, então, ter boa aptidão física
também era.
o S. L relata que a sua inclusão frente à prática da atividade física foi
justificada devido ao surgimento de uma doença:
Eu vim a praticar mais atividade física depois que tive problema de
saúde, assim que me aposentei. No primeiro dia de aula de 97,
lembro ainda, era uma turma de magistério, dei uma aula à tarde,
quando foi à noite, em casa, eu estava analisando uma obra, dessas
que as diretoras mandam no início de ano para os professores. Já era
umas 11 horas e eu pensei: vou dormir, então foi eu deitar e me
atacou o enfarto(...). Bom, com o enfarto eu tive que recuperar o
miocárdio, que deixa flácida a musculatura, depois eu fiz a ponte de
safena, foi quando descobri que tinha uma grande tendência para ter
colesterol, tanto é que quando me deu este enfarto, os conhecidos
ficaram pasmos, porque eu não era uma pessoa obesa, não era uma
pessoa de hábitos sedentários. Enfim, parecia uma pessoa assim
normal, sadia e de repente enfartou... é uma coisa que realmente me
surpreendeu e a partir d foi que eu descobri que tinha esse
problema de colesterol, tentei controlar através da alimentação e da
atividade física. Todo este histórico foi para te falar que a partir deste
momento eu comecei a praticar muita atividade física por iniciativa
própria. E pra você ver como a coisa é complicada, eu fiz muita
atividade física, musculação, caminhada, corrida... isso diariamente e
mesmo assim eu não conseguia controlar o colesterol. depois que
eu comecei a tomar medicamentos que consegui controlar. Hoje em
dia faço caminhadas diariamente, exercícios de musculação,
exercícios abdominais, pernas, braços e na medida do possível
138
alguma coisa no sentido de melhorar a elasticidade, porque a gente
tem uma tendência de ficar muito estático, erro de postura... então,
eu procuro fazer algumas coisas, até algumas que eu aprendi em
sessões de fisioterapia, o que eu fazia eu procuro fazer em
casa(...). Um bom tempo eu praticava vôlei com os professores do
Colégio Eron Domingues e teve uma época que eu sentia dores nas
costas, nos glúteos, então que eu procurei este fisioterapeuta e ele
me ensinou algumas coisas. (S. L)
O relato do S. L aponta que o conhecimento da relação entre atividades físicas
e controle de doenças foi vital para determinar o início da prática. Vale ressaltar que
esse conhecimento efetuou-se após o surgimento da doença neste sujeito, desta
forma, emerge a seguinte questão:
o que teria ocorrido se ele tivesse o
conhecimento antes de adoecer?
Presumi-se que o sujeito poderia aderir à prática da
atividade física ou justificar a não prática por vários motivos, principalmente os
relacionados à falta de tempo e a trabalho.
Outra questão a ser levantada a partir da fala do S. L é de que ele começa a
praticar a atividade física somente após o seu corpo mostrar através de um ataque
de enfarto que não estava funcionando de forma saudável. Geralmente, saúde é
lembrada quando se tem uma manifestação do corpo através do surgimento de uma
doença (PALMA et. al., 2003).
O sujeito relata também que após ter sofrido o enfarte começou a praticar
regularmente e efetivamente a atividade física, e ela por si não foi capaz de
controlar o colesterol.
Denotando que a prática da atividade física isoladamente não
pode ser considerada como uma “varinha de condão num passe de mágica” no
combate de doenças ou promoção da saúde (VELARDI, 2003). Segundo Mira (2003)
no campo biomédico a prática da atividade sica normalmente é exposta através de
uma relação de causalidade fisiológica ou fisiopatológica, capaz de proporcionar
saúde, uma visão reducionista, pois a atividade física não é meramente um estímulo
biológico, mas um fenômeno complexo de dimensões múltiplas: biológicas,
psicológicas, sociais, culturais. Vale apontar que se a relação causa-efeito entre
atividade sica e doenças for a única que justifique a prática, isso pode ser um fator
limitante de adesão, visto que esta relação não é causal. Se a crença foi nesta
relação causa-efeito, na medida em que ela não se o sujeito passa a dispensar a
prática.
139
O relato do sujeito também aborda a questão da prática da atividade física
com o objetivo de melhorar a postura e salienta que aprendeu alguns exercícios com
o fisioterapeuta, desta forma, realiza-os sozinho em casa, pois tomou consciência da
sua necessidade, numa denotação que obteve aprendizado e consegue praticar
individualmente. Entretanto, uma prática sistematizada e repetitiva.
Uma outra questão apontada pelo S. I para não praticar a atividade física
além do fato de trabalhar, foi a distância, pois após a pergunta feita pelo
entrevistador o S. I respondeu: “olha, eu não participava porque a gente morava no
interior e pra ir à escola eram três quilômetros e meio para ir... e a gente trabalhava
desde nova”. Denota-se que a realidade vivida naquela época era muito diferenciada,
não existindo meios de locomoção práticos, além disso, verifica-se que muitos idosos
eram fisicamente ativos mesmo não tido praticado atividades físicas com o objetivo
de desenvolver a aptidão sica, pois o deslocamento e o trabalho braçal
desenvolvido eram capazes de um dispêndio energético suficiente para caracterizá-
los como ativos. Levanta-se a hipótese de que os níveis de aptidão física e
capacidade funcional também eram mais altos se comparados com os adultos da
atualidade, considerando como parâmetros os meios de locomoção, tipos de
trabalho, níveis de estresse, dentre outros aspectos.
No Grupo de Convivência de Idosos Paz e Amor, as respostas relatadas pelos
idosos foram semelhantes às do Grupo de Convivência Amizade, predominou
também as formas de trabalho “pesado” quanto à prática da atividade física,
conforme o relato dos Ss. M, Q, R, S, T:
A nossa física
9
era trabalhar, eu me lembro que desde os sete anos
eu já tinha que cuidar da minha irmã, pois a minha mãe foi para a
roça e depois eu tinha que cuidar o almoço, essas coisas... eu sempre
trabalhei muito, e não tinha tempo pra participar, pois a gente
morava no interior, era longe e eu gostava tanto de ir à aula (...).
Então eu não praticava a atividade física por dois motivos principais,
em primeiro porque tinha que trabalhar e outro porque não tinha,
pois era tudo longe e não tinha condições como hoje (...). (S. M)
9
O termo “físicafoi utilizado por alguns sujeitos durante seus relatos, mas deve ser entendido como
Educação Física, tendo em vista que foi um vício de expressão inadequado utilizado na época para
referir-se à Educação Física.
140
O relato do S. M aborda novamente a justificativa de não praticar um exercício
físico pelo fato de priorizar o trabalho e o difícil acesso, pois as localidades do interior
eram distantes, além disso, os meios de transporte não eram tão acessíveis como
atualmente.
A questão do trabalho também era muito valorizada em decorrência da
necessidade, como apontam os relatos dos Ss. N e Q:
Olha, eu comecei a trabalhar com 14 anos na lavoura, trabalhava pra
comer, depois eu fui pra colônia. Meu pai tinha fábrica de queijo né,
então a gente sempre carregava aqueles tambores, quando vinham
aqueles moleques a gente ajudava, e tinha vaca pra tirar o leite,
porco... A gente morava na chácara no Rio Grande quando era novo,
e como eu era a mais velha de casa, tinha que trabalhar, tinha que
ficar em casa tomando conta dos meus irmãos e da casa (...). (S. N)
Nota-se que a criança ainda na sua infância era um indivíduo com muitas
responsabilidades e atribuições, desta forma, presume-se que não possuíam um
tempo adequado para brincar.
Ainda sobre o trabalho, o S. Q disse:
Desde criança eu trabalhei... eu fiquei 33 anos na roça, nós se (sic!)
mudamos para a cidade por causa dos estudos dos filhos, porque a
menina precisava do ginásio
10
e naquela época não existia como
hoje em dia, a lotação, tem tudo para trazer os alunos pra cidade e
naquela época não tinha (...). Antigamente não era assim, os pais
não se preocupavam com o estudo dos filhos (...), se o filho soubesse
ler e escrever era o básico. Naquela época era tudo muito difícil. (S.
Q)
Todas as falas apresentadas nesta categoria apresentam a necessidade e
valorização do trabalho realizado na época e que teve como características
principais: início precoce nas atividades, atividades relacionadas à agricultura, roça e
trato de animais, serviço pesado e rotineiro. Desta forma, percebe-se que o trabalho
em geral foi o eixo norteador da vida destas pessoas, presume-se também que os
trabalhos exercidos ao longo dos anos produtivos destes indivíduos possam ter
exercido em implicações sobre aspectos físicos e funcionais na velhice.
10
O ginásio era a nomenclatura utilizada para o que os Parâmetros Curriculares Nacionais denominam
Terceiro e Quarto Ciclo do Ensino Fundamental.
141
O desconhecimento da prática de atividade física, o difícil acesso, bem como a
necessidade de trabalhar foram os principais aspectos citados pelo S. Q na sua
entrevista:
Naquela época a gente nem sabia e nem conhecia que precisava
fazer uma atividade, porque a gente fazia atividade física todo dia na
enxada, em tudo, lavando roupa, puxando a água do poço, a gente
(sic!) se judiou bastante (...) porque nós começamos no mato. Eu e
meu marido, nós compramos no final da colônia do sogro um pedaço
e começamos no meio do mato a derrubar as árvores (...). Então,
os principais motivos para não praticar uma atividade física era o
desconhecimento da necessidade da prática e porque a gente se
exercitava bastante durante o dia trabalhando, e era pesado o
serviço naquela época (...) e quando vinha de para o centro, vinha
à pé ou de bicicleta, que naquela época em Rondon não tinha
lotação
11
como hoje tem, hoje é fácil para todo mundo. (S. Q)
A fala do S. Q aborda inicialmente a falta de conhecimento das pessoas em se
praticar atividades físicas, a importância e os benefícios não eram divulgados para a
população em geral, pois o alvo principal era dedicado as pessoas com corpos
atléticos, saudáveis e com biótipo “adequado”. Conforme Bagrichevsky & Palma
(2004), somente no final do século XX, ocorreu um “movimento de saúde”, em que a
prática da atividade física é associada a valores morais e indicada a todas faixas
etárias e gêneros. Além disso, ressalta-se na fala do sujeito que o conceito de
atividade sica é vinculado ao trabalho braçal e “pesado” realizado na época, tarefas
cotidianas, como: carpir, lavar, cortar árvores, caminhar como meio de locomoção.
Devido a falta de conhecimento e principalmente a execução rotineira de serviços
exaustivos, pois exigia-lhes muito esforço, foram fatores consideráveis para que o
sujeito não praticasse atividades físicas estruturadas durante a fase da infância e
adulta.
Sobre o histórico da atividade física durante a vida, o S. R relatou que
“naquela época a gente não sabia de nada, só trabalhava na roça”. o S. S afirmou
que “a gente tinha que cuidar dos mais novos e depois quando a gente estava um
pouco mais crescido, o pai levava a gente junto na roça pra ajudar no trabalho, pois
a gente era muito pobre”. A fala do S. T também vai na mesma direção:
11
Transporte coletivo = ônibus.
142
A gente veio da colônia, então era trabalhar e trabalhar, porque eu e
a mulher (esposa), trabalhava muito (...) a gente tinha muito porco,
ela (esposa) chegou a descarregar 320 sacos de milho, ela e o
motorista sozinho. Nós trabalhamos muito, então, não tinha o espaço
para fazer a atividade física, o porquê também (...). (S. T)
Além da valorização dada ao trabalho e a falta de conhecimento sobre os
aspectos gerais da atividade física, o S. T disse que “naquela época não tinha espaço
e quando eu era pequeno a 45, 50 anos atrás ninguém falava em física, fisioterapia,
isso não existia”. Este relato dirigiu-se à falta de espaços físicos ou ambientes que
contemplassem tais atividades no período de colonização e emancipação do
município. Além disso, enaltece que as áreas que dão subsídios à prática de atividade
física e que atualmente declaram sua importância não eram áreas conhecidas,
consideradas pelo sujeito como algo contemporâneo.
Mesmo quando se referiam à prática de atividade física como fruição do lazer,
esta prática era interrompida pela necessidade do trabalho e pela sua característica
de utilização de grande esforço para a realização, como pode ser visto no relato do
S. O:
Eu fui jogador de futebol. Naquela época a gente trabalhava de
manhã e à tarde, quando era cinco horas a gente ia treinar no
Primavera e nós jogava (sic!) com o Botafogo, Anjuricaba, Margarida.
Acabei desistindo, pois não tinha mais condições, porque eu
trabalhava desde manhã até à noite. (S. O)
Certamente, sua desistência da prática do futebol deve ter sido
atribuída à necessidade de trabalhar para seu próprio sustento ou da família, tendo
em vista, que a atividade de jogador de futebol, principalmente de várzea não tem
uma estabilidade financeira adequada, com exceções de poucos casos.
No Grupo de Convivência de Idosos Paz e Amor também houve falas que
relataram a prática da atividade física através de brincadeiras, recreações e
atividades lúdicas, como é exposto pelos Ss. N e S:
Sempre pratiquei! Quando a gente era novo, s íamos ao potreiro,
corria (sic!) nos balanços, pegava (sic!) aquelas cordas, aqueles cipós
e ia (sic!) andar nos rios. Por volta do meio dia o pai ia (sic!) dormir e
a gente ia (sic!) pro rio, andava de cavalo. Quando eu fiquei adulta
também continuei praticando atividades físicas, pois comecei a jogar
bolão toda a semana. (S. N)
143
Desde nova eu trabalhava pesado na roça, a atividade física era a
enxada (...). Mas também, quando os vizinhos vinham juntos, a
gente jogava caçador naquela época, hoje não se joga mais o
caçador com a bola de matar o outro. (S. S)
Para estes sujeitos o trabalho sempre foi prioridade, especialmente na região
que estava se construindo e a característica deste trabalho exigia esforço físico.
Desta forma, como o trabalho ao longo da vida foi bastante intenso para os
indivíduos, o maior exemplo de prática de atividade física foi citado pelos sujeitos
com atividades relacionadas ao trabalho. As atividades de outra natureza, como
fruição do tempo livre ou para ganhos relativos à saúde não eram preocupações,
seja por esta ênfase dada ao trabalho (caso dos S. O e outros), seja simplesmente
porque este assunto não era conhecido – e a literatura diz que não era mesmo. Além
disso, a distância e o difícil acesso como apontou o S. I e Q foram fatores limitantes
para a prática da atividade física. Quando a atividade física aparece no discurso, se
vincula à atividade escolar (como no caso do S. M). Como em geral a escolarização é
baixa, o tempo desta prática deve ter sido pequeno. Outro momento em que a
atividade física se vincula ao discurso é o momento em que o S. L adoece. Por meio
do tratamento médico foi levado a conhecer os benefícios da atividade física sobre o
tratamento da doença.
4.4.3 - O significado da atividade física
O significado da atividade física de acordo com Okuma (1997) difere de idoso
para idoso e está fortemente relacionado à esfera existencial. No estudo sobre o
significado da atividade física para o idoso Okuma (1997, p. 344) afirma que:
A atividade física para o idoso assim se desvela, em um dos seus
significados, como um compromisso da pessoa consigo.
Compromisso, não vinculado ao cuidado da saúde e qualidade de
vida no sentido estritamente físico, mas vinculado à atenção, afeto e
cuidados com o Ser. A atividade física caracteriza-se, portanto, como
um dos poucos momentos, particularmente numa sociedade urbana e
conturbada como a nossa, em que o idoso pode estar consigo,
dedicando-se a si, ou seja, cuidando-se. Nesses momentos o idoso
pode se desvencilhar de suas preocupações, vínculos, obrigações e
problemas, pois é o momento em que ocorre uma integração
harmoniosa de todos os aspectos que o constituem (...).
144
No Grupo de Convivência de Idosos Amizade o S. E afirmou que “(...) quem
pode fazer, tem que ir atrás mesmo, é a melhor coisa. Eu cheguei bem até esta
idade porque me movimentei bastante”. O S. K enfatizou que “(...) isso é muito
bom não só para os jovens, mas para os adultos também (...) isso é uma coisa muito
boa e me faz bem”.
A independência física conforme Zago & Gobbi (2003) é um aspecto de suma
importância para que o idoso possa desenvolver suas atividades cotidianas sem a
necessidade de auxílio de outras pessoas. Estudos apresentam a eficácia da prática
regular da atividade física sobre a independência física em pessoas idosas (FERREIRA
et. al., 2005; MATSUDO et. al., 2003; OKUMA, 1998). A fala do S. F enfatiza a
importância da prática regular da atividade física neste aspecto:
Fazendo a física é bom para o corpo, porque a pessoa assim normal,
não consegue colocar o braço para trás, por isso eu acho bom. Mas,
caminhada eu faço quando eu tenho que sair, especial assim, eu
nunca fiz caminhada. (S. F)
O entrevistado aborda a questão do benefício, mas mesmo tendo informação
sobre a importância, não adere à prática. O mesmo é evidenciado na fala do S. J “é
bom né!... mas eu não faço nenhuma prática”. Segundo Andreotti & Okuma (2003) o
conhecimento e a crença dos vários benefícios da atividade física para o indivíduo é
um dos aspectos primordiais para que o idoso pratique regularmente a atividade
física.
Algumas falas enfatizam a atividade física como meio de manutenção da
independência física e incremento da capacidade funcional, aspecto valorizado pelos
relatos:
É uma boa, porque no serviço a gente cansa muito, é aquele trabalho
sempre. E a física, aquele movimento parece que uma nova vida
no corpo, parece que ajuda pra ficar assim, mais resistente o corpo,
tanto no trabalho como (sic!) em caminhadas e em outras coisas,
porque fica mais firme, com mais saúde até (...) eu acho uma boa!
(S. H)
Representa muito, porque é muito bom, eu sou uma pessoa com 71
anos que trepa escada, faço qualquer tipo de coisa, eu sou bem
firme, mesmo eu não tendo praticado, sou forte (...) eu acho que
145
uma pessoa que pode fazer, deve fazer (...) eu faço caminhada,
tenho também um ferro que meu neto me deu e eu me penduro nele
todo o dia. Eu participei na piscina, nas aulas do Clube Concórdia.
(S. I)
As falas apresentadas através dos Ss. H e I apontam que o conhecimento
sobre a prática está presente, pois os sujeitos demonstram-se conhecedores da
importância e benefícios da prática regular da atividade física, porém, não
necessariamente possuem uma aderência permanente a prática.
Um outro aspecto que segundo Okuma (1997) destacou no seu estudo é o
significado da atividade física como importante recurso para os idosos lidarem com
situações de estresse. A autora aborda dois pontos, um referente ao maior bem-
estar físico resultante da atividade física, o que os levou a se sentirem mais
fortalecidos e dispostos para enfrentar difíceis eventos da vida, o outro refere-se à
atividade física como atividade em si que, independente dos resultados, foi um meio
de conexão dos idosos com a qualidade de suas ligações com a vida, na medida em
que o próprio envolvimento com ela resultou em possibilidades de enfrentamento de
tais situações.
O S. L relatou o significado da atividade física para a sua vida neste sentido
relacionado com o estresse:
Bom, no sentido de ser uma atividade desestressante, eu uso muito
atividade física como anti-estressante, se eu estressado eu tenho
que fazer alongamento, enfim, qualquer atividade física até a
caminhada, eu uso isso para me desestressar. Outra, pra você não
ficar fora de forma e qualquer coisinha que você vai fazer ficar (sic!)
cansado, não tem mais resistência pra nada, então pra ficar no
“pique”, então pra gente que sai ai pra dançar... a pessoa dança
umas duas músicas e tem que sentar, isso pra mim não combina.
Então, eu quero ter o “pique” pra dançar a tarde toda e não ficar
cansado. É claro que no final das contas não tem como, você vai
cansar, mas enquanto tu está na atividade, está se mantendo no
“pique”(...). (S. L)
No Grupo de Convivência de Idosos Paz e Amor a fala do S. M aborda que a
atividade física traz benefícios para sua vida e saúde, sugerindo melhorar sua auto-
estima. “Eu acho que melhora a vida, a saúde, quanto mais pratica eu acho que a
saúde fica melhor (...), mas quando faço mais física eu me sinto melhor”. Sobre os
benefícios que a atividade sica pode proporcionar e contribuir para um
146
envelhecimento saudável, estudos apresentam como os principais: prevenção de
doenças e melhoria nas capacidades funcionais, aumento dos níveis de aptidão física e
aumento da auto-estima (MATSUDO et. al., 2000; MENDONÇA et. al., 2004; OKUMA,
2002; STELLA et. al., 2002).
A melhora da capacidade funcional e níveis de aptidão física também foram
abordados nas falas dos sujeitos do Grupo de Convivência Paz e Amor, destacando os
seguintes relatos: o S. N diz que “tudo isso ajuda bastante, pois tinha uma época que
eu não conseguia andar duas quadras de tanta dor que eu tinha no joelho e hoje eu
ando, né! (...)”.
Bom, dado (sic!) a idade da gente hoje... ela representa conservar
mais tempo com saúde o meu corpo, essa é a principal vantagem de
praticar o exercício físico, por que senão praticar alguma atividade
física, a pessoa começa a ficar isolado. Até a conjuntura do próprio
corpo, começa a ficar torto de um lado, ele não endireita mais,
porque ele prática só... digamos aquela uma posição ou exige
do nervo aquela posição, não em outra. (S. P)
Eu acho muito bom, eu faço hidroginástica duas vezes por semana.
Eu tinha parado, mas eu comecei de novo porque eu senti que estava
faltando pra mim. Eu percebo que quando eu faço uma atividade, fico
mais leve, porque a gente estava duro, não sei se era a velhice,
mas depois que eu comecei a praticar começou a melhorar. (S. S)
Pode-se verificar que as falas dos Ss. N, P e S enfatizam a atividade sica
como um importante componente para auxiliar na melhora ou manutenção da
capacidade funcional. Pois conforme Rogatto & Gobbi (2001) o declínio das
capacidades físicas e funcionais são uma das mais marcantes características do
processo de envelhecimento, podendo a prática da atividade física ser um fator de
importante contribuição neste processo.
Aliado à melhora da capacidade física e funcional, a fala do S. Q chama a
atenção pela
tomada de consciência
que segundo Velardi (2003) é um aspecto
importante para que o indivíduo tenha conhecimento sobre sua realidade e possa,
desta forma, ter escolhas mais coerentes. Neste caso, o idoso entrevistado diz:
A atividade física é tudo para a gente, ainda mais nessa idade,
porque antigamente eu trabalhava na lavoura, então a gente se
147
movimentava e esforçava sempre, então agora como a gente não
está mais na atividade da lavoura, a gente ta muito parado e isso não
faz bem, a gente sabe que precisa dessa atividade física ou pelo
menos se movimentar, se (sic!) harmonizar a mente, então é preciso.
(S. Q)
O relato do SUJ. R aborda a questão da imposição médica sobre a prática da
atividade física:
Eu gosto de dançar, dói muito, mas eu gosto... Além do clube eu faço
caminhada de manhã e quando não chove, eu caminho. Eu gosto de
fazer e a gente tem que fazer, e também o médico disse que fica
melhor quando a gente faz física, ficar parado em casa isso não é
bom, incha os pés um pouco, tem que tomar uns comprimidos pra
desinchar de novo. Os médicos mandam eu fazer, por isso eu
fazendo, mas não é porque os médicos pediram, pois eu vendo
quando faço física melhora pra mim, daí a gente faz direto. (S. R)
Outra fala que chamou a atenção foi do S. T que se referiu aos testes de
aptidão física propostos neste estudo e desenvolvidos com os idosos, dizendo: “Pro
idoso é muito bom, que nem aquele programa que o senhor fez com a gente é muito
interessante”. O S. T demonstrou-se interessado em aprender novas atividades,
novas formas de praticar a atividade física, enfatizou também que gostaria de
participar de um programa de atividade física mais “puxado”, pois conforme sua fala
“hoje a atividade física é indispensável na minha vida”.
Atualmente a atividade sica direcionada à população de idosos é reconhecida
pelos seus benefícios físicos, funcionais, fisiológicos, orgânicos, sociais, psicológicos,
dentre outros. Entretanto, o significado da atividade física para o idoso está
relacionado a questões subjetivas e de valores, pois cada indivíduo difere-se dos
outros nos mais variados aspectos. Neste sentido, os relatos apresentados nesta
categoria abordaram várias questões em ambos os Grupos de Convivência, porém foi
possível verificar que os idosos apresentaram em suas falas conhecer nem que seja
superficialmente a atividade sica e conseguiram traçar uma relação com a sua
vivência, sendo assim, as falas abordaram a atividade física como um aspecto
positivo em suas vidas.
O relato dos sujeitos entrevistados frente ao significado da atividade física
para suas vidas apresentou respostas diferenciadas. Alguns sujeitos apresentaram
148
149
O envelhecimento biológico é fato determinado através de um processo
natural e inexorável, trazendo consigo perdas referentes a aspectos biológicos e
funcionais (CANÇADO & HORTA, 2002; PERRACINI, 2002). Entretanto, conforme Néri
(1993) deve ser entendido como um processo normal na vida de todos os seres vivos
e não referenciado como um período predominante do surgimento de doenças e
incapacidades.
a fala do S. J vai na direção contrária, referindo-se à velhice como uma
etapa sem mudanças significativas na sua vida: “pra mim não mudou muita coisa,
ainda é a mesma coisa praticamente. Espero continuar (...) fazer o quê! Enquanto
estiver assim, bom! Enquanto eu conseguir levar assim beleza!...”. O
entrevistado não visualiza perdas ou declínios com a chegada da velhice, isto pode
ser vislumbrado através de um aspecto positivo, pois o idoso não se sente
fragilizado, ou de forma negativa se o idoso não tem uma percepção adequada para
tomar consciência de si e constatar que o seu corpo e organismo não são mais os
mesmos que da vida adulta.
A chegada da velhice também é entendida como uma vitória pelo indivíduo
que chegou a esta idade e enfrentou muitos desafios ao longo de sua vida
(MEDEIROS, 2004). Segundo Py (2004) muitos idosos consideram a questão de uma
alta expectativa de vida como um fator positivo, pois viver até a velhice é
considerado um prêmio, uma vez que para muitos a sua idade foi superior a de seus
pais.
Neste sentido as falas dos Ss. G, H e I apresentam e interpretam esta fase da
vida como um período de alegrias e satisfação:
Estou muito contente, eu tenho o que eu posso participar, o que eu
posso fazer. Eu espero o melhor, eu acredito que vai melhorar daqui
pra frente, é uma fase boa. Eu quero ser feliz e que Deus me
àquela força. (S. G)
É uma boa chegar nesta idade (...) que nem a gente teve os pais, a
mãe faleceu com 36 e o pai com 52 e a gente com essa idade que
alcançou, então é uma sorte, é uma coisa boa. Eu espero ter
bastante saúde e bastante amizade e tudo de bom com a gente. (S.
H)
150
Eu acho uma fase boa, por que a gente tem que aproveitar senão
fica doente, porque tem gente que tem 60 anos, cheio de doença.
Eu me acho uma pessoa jovem. Eu tenho um pouco de receio com o
que venha a acontecer, mas a gente tem contar como uma coisa que
não vai acontecer, porque não pode fazer nada. (S. I)
As falas dos sujeitos são bastante convergentes no que diz respeito ao
envelhecimento como uma fase “boa” da vida, neste sentido, de acordo com
Goldman (2004) considera-se o envelhecer através de uma questão não-linear e
permeada por valores subjetivos que variam de indivíduo para indivíduo.
Presume-se que o receio apontado pelo S. I refere-se à morte, demonstrando
que uma das preocupações com a chegada da velhice é a aproximação com a morte.
Segundo Py (2004) a preocupação com a morte tem a idade da humanidade e
atualmente com o aumento da expectativa de vida é um aspecto bastante abordado
pela sociedade, porém deve ser tratada como o estágio final da vida, portanto
normal.
O SUJ. E considera sua chegada até a velhice como uma vitória, pois durante
sua vida passou por momentos conturbados, conforme seu relato: “para mim é uma
grande coisa, porque eu estava perdido, eu deixei de beber com 38, 39 anos e
era (sic!) viciado (...). consegui vencer por causa da sogra e de uma família que
me ajudou a encontrar o caminho certo, aconteceu um milagre (...)”.
O relato do S. K aborda a velhice como uma nova etapa da vida:
Me parece que de dois anos para eu renasci de novo, parece que
eu revivi (...) porque eu passei muito da minha vida com os meus
filhos, trabalhando com o meu marido e depois que eu fiquei viúva eu
comecei a participar lá... e isso renovou minha vida. Eu espero coisas
boas, eu não penso em coisas ruins, eu penso coisas boas e a
cada dia que passa eu tenho mais ânimo para viver. (S. K)
É provável que o sujeito entrevistado tenha se referido à velhice como um
renascimento devido ao longo da sua vida ter sido caracterizado por muito trabalho e
uma história árdua. Agora com menos responsabilidade e mais alegrias a vida é vista
de outra maneira pelo idoso.
O S. L também aborda a questão da responsabilidade e do compromisso e que
com a chegada da velhice deixa de ser um período de muito trabalho e
151
produtividade:
Muito bom, muito bom porque... por isso que falam que é a melhor
idade, porque não tem aquele compromisso com o horário, com o
emprego... aquela coisa toda, então você faz aquilo que quer fazer,
se não está a fim não vai fazer... você faz aquilo que te
prazer(...). (S. L)
Este relato levanta duas questões, a primeira e enfatizada pelo S. L em que
com a chegada da velhice o idoso não tem compromisso com o trabalho e com
outros afazeres, pois de acordo com Luca (2003) no sistema capitalista a velhice é
significada como o momento da diminuição da força de trabalho dos sujeitos, como o
momento em que os indivíduos tornam-se pouco produtivos. A segunda questão é
que com a chegada da aposentadoria o indivíduo sente-se num estado de
improdutividade, diminuindo sua auto-estima e muitas vezes entrando em estados
depressivos (PACHECO, 2004).
O S. L também aborda a questão da afetividade, que no seu caso foi
encontrado no período da velhice, conforme sua fala:
(...) Uma coisa muito importante na minha vida, foi que eu sempre
fui muito carente afetivamente, não tive muito aconchego, não fui
muito de namorar, pelo fato de ser estudante eu tinha que lutar,
batalhar. Com a minha mãe eu não tive muita convivência, pois eu
saí cedo de casa, o meu casamento foi um fracasso total, então
agora eu me sinto assim muito realizado com a minha companheira,
pois é uma pessoa especial. (S. L)
Segundo Debert (1999) o vínculo afetivo entre pais, filhos, netos, cônjuges,
familiares e amigos são muito importantes no convívio das pessoas idosas, pois
fortalece a ligação humana e amorosa entre os indivíduos.
Os relatos apresentrãosnO”hjhá“ÀVaBkO”Àz“”V B(zkkáV,BkOÀÀ“ááVhLj”“VeB(hOjAÀzVdBkOALOjááVaBAOÀjÀVpBkOAL” B(zkkáV,BáÀVaBAOÀj“AAVdBkOAL” ,Econti e el ,ai
152
Eu penso que é bem melhor que antigamente, pois hoje em dia eles
fazem muitas coisas para os idosos que podem participar, isso não
tinha antigamente e hoje em dia tem por tudo pra poder participar e
levar a vida mais alegre e com mais saúde. Mas mesmo assim, hoje
em dia têm muitas pessoas que não participam de nada, mas eu
acho que quem participa tem uma vida mais alegre, mais saudável,
agora eu tenho toda semana. O dia que eu não tenho nada pra
participar a gente joga canastra. (S. M)
Pois de acordo com Borges (2003) e Perracini (2002) devido ao aumento da
população de idosos várias iniciativas, espaços e programas foram criados para
atender a população idosa. Sendo assim, os idosos da atualidade possuem maiores
possibilidades de aproveitar de atividades oferecidas a esta população, até porque
segundo Barros (2004) a questão da velhice, até bem pouco tempo atrás, era um
assunto pouco explorado e desenvolvido e sem valor acadêmico, somente a partir
dos anos 80 difundiu-se melhor.
Ao focalizar novamente o envelhecimento como uma fase de perdas, o S. N
afirma que:
A gente começa a sentir mais canseira, eu faço tudo a mesma coisa,
trabalho no pesado ainda, porque trabalho na cozinha como
cozinheira, fazendo festas, então a gente tem que pegar aqueles
panelões pesados, não me assusta nada! (S. N)
A questão da responsabilidade e compromisso com o trabalho também foi
abordada no Grupo de Convivência Paz e Amor através da fala do S. P:
Analisando do ponto de vista social é a melhor fase, porque você
descarrega um pouco da mente, as obrigações do dia-a-dia, as
necessidades do dia-a-dia a participação na sociedade diminuí, as
responsabilidades até diminuem (...). (S. P)
Como citado anteriormente, a velhice pode ser encarada como uma fase de
descanso, pois o indivíduo que trabalhou pesado ao longo de sua vida utiliza-se do
tempo que resta de sua existência para aproveitar e desenvolver atividades que não
foram possíveis anteriormente, entretanto, sem compromissos e responsabilidades.
A fala do S. R explicita a importância do Grupo de Convivência de Idosos para
a sua fase da vida:
153
O meu único futuro é ir nos idosos, quando acaba um encontro no
outro dia é pensar no próximo, é isso. A gente sempre espera
aquele dia bonito. A gente encontra muita gente, até esses dias
encontrei gente que não via mais de 30 anos e ela era solteira e
agora nos se encontramos em Marechal Candido Rondon, e assim a
gente encontra mais gente. (S. R)
Muitos idosos encontraram na participação de uma iniciativa motivação a mais
para viver, pois os contatos sociais aumentam e a possibilidade de desenvolver
atividades é uma questão salientar para que o idoso sinta sua importância na
sociedade (CACHIONI, 1999; FERRIGNO, 2003). No mesmo sentido o S. T aborda
esta questão:
(...) Ter saúde, que Deus de saúde pra nós, porque o tempo de
trabalhar passou. Agora é se divertir, se tiver uma física muito bom,
mas nós não temos condições de pagar caro as coisas. Por isso o
idoso é feliz, quando chega quinta feira no bailinho, nos temos
gente que quando vem eu recebo os idosos na entrada, então
quando eles chegam e dizem que dói aqui, dói ali, até na metade da
dança ou quando vão embora não se lembram mais, isso é uma
coisa muito boa que foi introduzido: o encontro de idosos. Os idosos
saem do encontro divertido e daí ficam dois ou três dias falando
como era, aí já começam a falar como vai ser, pode contar. (S. T)
O S. Q aponta o que espera da vida abordando a atividade física relacionada à
saúde:
Eu espero que Deus me dê saúde, muita saúde para que eu continue
fazendo minhas atividades físicas e chegar no final com uma boa
performance pra que amanhã ou depois quando começar a me dar
um problema de saúde e eu não poder mais fazer atividade física. Eu
também me preocupo como bem-estar. (S. Q)
O tema saúde foi apontado nas falas dos Ss. T e Q predominando a
abordagem biomédica em que saúde é ausência de doenças e, desta forma, desliga-
se de toda a dimensão subjetiva, cultural e social, sendo caracterizada apenas pelo
funcionamento orgânico, biológico e fisiológico, no que se denomina de acordo com
Capra (1997); Czeresnia (2003) como “saúde negativa”.
Além disso, a fala do S. Q aborda o entendimento da prática da atividade
154
física relacionada a saúde numa relação de causa e efeito (PALMA et. al., 2003),
neste sentido o idoso ativo fisicamente tem como garantia um bom estado de saúde,
desvinculando a saúde de um espectro mais amplo.
Outro aspecto importante e que foi possível verificar no relato dos Ss. T e Q
quando se referem a Deus, demonstrando que a religiosidade é um aspecto muito
importante para o idoso. Goldstein & Sommerhalder (2002); Kart (1997) afirmam
que os idosos são mais religiosos e mais crentes do que as pessoas mais jovens, e
também que eles se envolvem mais em atividades religiosas. Num estudo sobre
religiosidade e satisfação com a vida, Goldstein & Néri (1993) relataram que 70%
dos informantes afirmaram ter percebido um aumento da religiosidade com a idade.
Destes, 78,6% viam esse aumento como reflexo de seu crescimento pessoal, 14,5%
atribuíram-no a algum acontecimento marcante em suas vidas e 6,8% mencionaram
mudanças de religião como o motivo principal.
Apesar das respostas terem sido bastante heterogêneas em seus conteúdos,
pode-se verificar que mesmo os sujeitos percebendo que a velhice é considerada
155
Neste sentido o S. E diz “eu não posso parar, trabalhar não, mas a atividade
física sim...(...) porque se ficar sentado, fica tudo duro, precisa se movimentar,
qualquer atividade serve, mas sentar e esperar vir a morte não tem jeito”. Fica
evidente que a prática da atividade física está relacionada com a independência
física, capacidade fundamental para que o idoso possa realizar suas atividades
corriqueiras do dia-a-dia sem necessitar da ajuda de outros (OKUMA, 1998;
ROGATTO & GOBBI, 2001).
A fala do S. F aborda a questão da atividade física como elemento importante
na manutenção e melhora da capacidade cardiorespiratória, o que justifica a sua
participação nas atividades:
Continuar participando, porque quem faz, pode chegar mais longe
(...) então é preciso e a gente vê na televisão os idosos que fazem
isso. Muitos idosos que eram fracos porque fumavam e hoje sopram
balão e passam a ter um pulmão de novo (...) isso ajuda muito. (S.
F)
É verificado na fala do sujeito quando se refere a televisão, a influência que
este veículo de informação exerce sobre as pessoas, pois o sujeito apresenta no seu
exemplo a importância e a aderência dos indivíduos velhos à prática da atividade
física.
Segundo Acosta-Orjuela (2002) no século XXI o consumo da mídia através da
televisão por pessoas idosas tem hegemonia sobre as atividades de lazer, chegando
a superar o tempo dedicado a quaisquer outras atividades, exceto o sono. A televisão
é um meio de informação importante para que o idoso mantenha-se sabedor da
realidade, porém, a mídia exerce um poder de indução ou distorção de informações
sobre a população, principalmente para pessoas com nível de escolaridade ou
reflexão mais baixa. Além disso, assistir televisão está associado a uma atividade de
pouco esforço, podendo esta ser um fator de acomodação que contribua para o
sedentarismo do idoso.
A fala do S. G chama a atenção pelo fato do idoso abordar a importância da
atividade física, mas enfatiza também as condições de acesso do idoso ao lugar da
prática:
156
Isso é uma boa, a pessoa de terceira idade tem que fazer exercício
físico. Para isso, tem que ter os lugares também adequados, porque
não tem como ficar incomodando os filhos, porque quando não é
muito longe a gente vai caminhando também (...) se o governo
fizesse uma boa melhora pra ficar mais perto pra gente, daí a gente
ia (sic!) participar (...). (S. G)
Conforme estudo desenvolvido por Andreotti (2001), dentre as maiores
barreiras apontadas pelos idosos como fatores que dificultavam a sua participação
em um programa de atividades físicas, a distância de suas casas em relação ao local
do programa recebeu destaque especial, pois 50% dos sujeitos gastavam 40 minutos
ou mais para chegarem ao local da prática.
Outro fator limitante apontado na pesquisa de Andreotti (2001) foi devido a
problemas de saúde e incapacidades físicas, como apontado pelo S. J: “eu não
caminho muito porque dói muito minhas juntas, então eu ando muito de bicicleta,
porque daí não força e daí só faz o movimento e aí é beleza (...)”.
O S. J também aponta a questão da falta de tempo como um aspecto de
impossibilite a prática da atividade física: “Se ajeitar a gente pode até fazer, o
problema é o tempo, pois a gente tem o serviço aí, então não está sempre
disponível, mas se tiver uma oportunidade a gente até vai”.
Quando se refere às pessoas idosas, normalmente a falta de tempo não é um
aspecto muito considerado, pois pelo fato da maioria dos idosos não terem muitos
compromissos com trabalho e responsabilidades em geral sobra tempo para
atividades diversificadas, além disso, a maioria dos idosos se encontram
aposentados neste período.
Sobre a perspectiva da prática da atividade física durante a velhice os sujeitos
apresentaram falas semelhantes que enfatizavam a importância de manterem-se
ativos, porém na maioria das vezes estão passivos frente a iniciativa de começar a
atividade, ou seja, aguardando por programas “prontos” destinados a esta
população, como exemplificado na fala do S. K: “se tiver mais coisa pra fazer, eu vou
fazer, senão eu fico em casa com o meu neto !(...)”. A necessidade da idéia de
empowerment
ficou evidenciada nesta fala, pois o sujeito aguarda por soluções
paternalistas e assistencialistas, denotando uma postura passiva frente as ações, o
que na verdade, deveria ter condições a receber informações e por intermédio delas
157
capacitar-se para atuar no processo de forma ativa, ou seja, opinando, cobrando e
exercendo funções que contribuam para uma “construção” participativa.
O S. H diz: “eu gostaria de participar enquanto dá, de fazer as ginásticas e os
movimentos. A gente ainda faz em casa, nós temos a esteira, e agora nós
compramos o aparelho de vibração”. Dentre os sujeitos entrevistados no Grupo de
Convivência de Idosos Amizade a fala deste indivíduo apresenta-se diferenciada dos
demais, pois além de demonstrar interesse em continuar praticando a atividade física
até quando tenha possibilidade e capacidade de executá-la o idoso apresenta atitude
e iniciativa de praticar a atividade física isoladamente ou sem alguém direcionando
ou impondo um padrão modulado. Provavelmente este indivíduo esteja capacitado a
realizar a atividade física de forma autônoma como aponta Farinatti (2000); Silva
Júnior et. al. (2006); Velardi (2003).
No Grupo de Convivência de Idosos Paz e Amor os relatos apresentados pelos
sujeitos em relação a perspectiva da prática da atividade física durante a velhice são
semelhantes ao Grupo de Convivência Amizade. Predominaram nas falas destes
idosos a ênfase dada aos benefícios e a importância de praticar a atividade física e
ressalta-se a vontade deles participarem de uma atividade nesta fase da vida.
O S. N disse: “a atividade sica é importante para mim. Enquanto eu
conseguir ir e aparece uma coisa ou outra (sic!) eu estou indo, nada de arrojado,
mas no meu jeito que da eu vou, pois é muito importante”. Na mesma direção o S. P
relata:
Conseguir manter o corpo com saúde o mais tempo possível com
saúde, a gente sabe que não é eterno, mas o que a gente quer é
viver bem, porque o corpo da gente consiga estar tranqüilo é como
antes eu disse é a fase da vida melhor que a gente tem, por isso eu
quero continuar praticando uma atividade. (S. P)
Exceção das demais falas foi a apresentada pelo S. R que disse: “não, eu não
tenho a intenção de fazer nada, somente continuar jogando carta para matar o
tempo mesmo”. Uma das justificativas que podem ser consideradas neste caso
refere-se a idade, tendo em vista que o entrevistado possui 77 anos. Entretanto, é
normal que os idosos preferiram desenvolver atividades mais pacatas para passar o
tempo durante a velhice, como é o caso do jogo de cartas, dominó, televisão, tricô,
158
crochê, dentre outras.
Foi possível verificar através das falas dos sujeitos que com exceção do S. R
que não demonstrou interesse em participar de alguma atividade física, todos os
demais entrevistados dos dois Grupos de Convivência abordaram alguma questão
que enfatizasse a importância da prática da atividade física para a vida, porém nem
todos demonstraram interesse em praticar devido a motivos como longa distância ao
local de prática (caso do S. G) e dependência física (caso do S. J). Mas verificou-se
que a maioria dos sujeitos (como no caso dos Ss. E, F, H, K, N e P) demonstraram
interesse em continuar ou inserir-se na prática da atividade física durante a velhice
apresentando como principais fatores justificantes uma melhora nas condições
físicas, capacidades funcionais, melhora da auto-estima e “melhoria da saúde”.
4.4.6 - Motivos para participação no Grupo de Convivência
O objetivo desta categoria foi verificar quais os principais motivos relatados
pelos idosos para participarem dos encontros nos Grupos de Convivência. Tendo em
vista que um dos objetivos gerais do estudo concentra-se em elaborar um modelo de
avaliação pré-implantação de um programa de educação física para idosos
pertencentes aos dois Grupos de Convivência. Andreotti (2001); Teixeira (2002)
afirmam que conhecer as características do ambiente e dos indivíduos que participam
destes programas constitui-se numa tarefa primordial para que possa ter um
funcionamento bem sucedido nos amplos sentidos.
No Grupo de Convivência de Idosos Amizade predominou na fala dos sujeitos
a dança como o motivo principal para participarem dos encontros. Conforme Gaspari
(2005) a dança é considerada uma das formas mais antigas de manifestação da
expressão corporal. Por meio de gestos e movimentos, a dança traduz as mais
íntimas das emoções, acompanhada ou não do canto ou de ritmos peculiares.
Segundo Okuma (1998) as atividades desenvolvidas em grupos pelos idosos,
destacando-se a dança são muito favoráveis, pois facilitam a integração e o
fortalecimento de amizades, superação de limites físicos, ocupação do tempo em prol
de si mesmos, livrando-se das angústias, incertezas, inseguranças e medos.
O relato do S. G enfatiza a sua participação no Grupo abordando a questão da
dança “(...) eu gosto, gosto de dançar, minha mãe era uma das primeiras a
159
participar e ela insistia para eu ir com ela, tinha as festas de São João e eu ia junto,
eu nem tinha a idade ainda”.
O S. I acerca vários motivos para participar do Grupo, mas fica evidente que a
dança é o principal: “Tudo, a dança principalmente, e o que é muito bonito são as
orações, o culto, o coral que cantam todos juntos e depois a dança, pois a gente
gosta, porque a gente é gaúcho, então a gente gosta de dançar, é muito bom”. O S.
K também enfatiza a dança como motivo dizendo ”(...) eu gosto de dançar e isso me
parece que é uma física para nós... eu me sinto leve, eu não me sinto cansada,
então eu me sinto bem (...)”.
A dança desenvolvida tanto no Grupo de Convivência de Idosos Amizade
quanto no Paz e Amor tem característica predominante germânica, fato este que a
classifica de acordo com Gaspari (2005) como danças étnicas que são conceituadas
através de manifestações expressivas de determinados povos, com seus atributos
divinos, elas emitem algumas características que podem identificar uma nação ou
região.
Outro aspecto abordado em relação a participação no Grupo foi a integração e
o convívio com outras pessoas, pois de acordo com Erbolatto (2002) na velhice é
normal que exista uma diminuição dos contatos sociais, provocando estado de
solidão nos idosos. Desta forma, Rocha et. al. (2002) enfatizam que devido a
redução dos relacionamentos dos idosos, a procura por espaços que resgatam laços
sociais, principalmente nas igrejas, entidades religiosas e Grupos de Convivência
estão sendo bastante procurados.
A fala do S. H evidencia este aspecto: a gente sempre se sentiu bastante
sozinha né!..., e dpra arrumar mais amigos e companhia, existe esse lugar que é
próprio para isso. Sempre tem aquele contato com outras pessoas e isso é bom para
pessoas de mais idade”.
O relato do S. J também aborda esta questão: “(...) a gente gosta de
participar também, pois forma amizades e essas coisas todas”.
Os motivos apresentados no Grupo de Convivência de Idosos Paz e Amor são
semelhantes quando comparados ao Grupo Amizade, entretanto, surgem relatos que
apontam outros aspectos não mencionados anteriormente.
O coral, por exemplo, foi mencionado como o fator motivador para a inclusão
160
do S. M no Grupo:
Começamos a participar por causa do coral que puxaram ele
(
referindo ao marido falecido
) para dentro, daí ele deixou de
trabalhar na quinta para participar lá, porque meu marido era pra
(sic!), ele cantava, ele gostava de cantar, daí ele se obrigou a
participar e eu também e no fim ele cantava em quatro corais, ainda
continuava trabalhando, vinha pra casa se aprontava e ia no ensaio,
eu também fui junto com ele no clube participar de cantar, a gente
sempre participou. (S. M)
Verifica-se que o coral e a companhia do marido foram fatores influenciadores
para a participação do S. M no Grupo. Pois atividades realizadas durante a velhice
são importantes para que o idoso tenha uma responsabilidade e sinta-se importante
dentro do contexto, elevando até sua auto-estima (DEBERT, 1999).
A integração na sociedade foi mencionada através do discurso do S. P, que
disse:
Para a integração na sociedade, porque a gente é de origem do Rio
Grande do Sul, faz 9 anos agora que estamos aqui, então a
preocupação está sempre em inserir-se na composição da sociedade
em que aqui vivemos (...). Então nada melhor do que participar
daquilo que a sociedade participa (...) umas das coisas que nós
entendemos que seria a participação do clube, a integração social,
conhecer a sociedade. (S. P)
De acordo com Debert (1999) o engajamento do idoso a um programa poderá
ser a possibilidade de ampliação do círculo de amizades e, desta forma, contribuir no
processo de integração social, fundamental em todas as faixas etárias.
As falas dos Ss. S e Q vão no mesmo sentido, entretanto, abordam que
adentraram ao Grupo através de convites de amigos:
O motivo para eu participar foi porque os amigos estavam
pedindo, eles falavam “vocês podem participar”. E daí a gente foi
umas vezes para ver como é que era e daí a gente se interessou e
acabou entrando por influência dos amigos. Hoje em dia a gente vai
por divertimento mesmo, a cada quinta feira. (S. S)
Através de amigos, pois muitos falam que é muito bom mesmo que a
gente se distrai, dança, faz física e por que a gente agora não tem
uma atividade que a gente tem que fazer todo dia, daí se tem um dia
161
por semana que a gente vai lá e se diverte, conversa e brinca, daí faz
um bem pra gente. Eu participo só na quinta mesmo. Então o
principal motivo é se divertir, dançar, conversar, os amigos (...). (S.
Q)
A disponibilidade de tempo para fazer coisas que considerem agradáveis, pode
ser um motivo considerável para engajar-se a um programa destinado a população
idosa, tendo em vista que na velhice grande parte dos idosos não trabalham mais,
não possuem grandes responsabilidades, além disso, passam muitas horas do dia
sem o que fazer. Sendo assim, a fala do S. T vai neste sentido “ter o que fazer,
preencher as horas vagas, ter um divertimento, por que ficar em casa não dá e ter
um outro emprego na minha idade não seria o objetivo, porque a gente tem sítio”.
Conforme abordado anteriormente no Grupo de Convivência de Idosos
Amizade, a dança também foi relatada como aspecto justificante na inclusão de
idosos ao Grupo, destacando a fala do S. N: “a gente sempre procura alguma coisa
pra fazer, então eu pensei como é pertinho de casa eu vou ali aproveitar pra dançar.
Logo eu entrei no grupo de danças, participo do grupo faz uns três anos” e do S.
R: “dançar, o interesse é dançar porque a gente vai lá e se diverte dançando”.
Como verificado na fala dos sujeitos entrevistados em ambos os Grupos de
Convivência os motivos que justificam a participação dos idosos aos Grupos são
diversos e variam de acordo com a preferência de cada um. A integração social, o
preenchimento do tempo livre, a participação em atividades variadas e a dança
foram os principais pontos justificadores que os idosos apontaram para a
participação. A questão da atividade sica esteve presente em muitas falas, em que
os indivíduos abordaram a dança como atividade motivadora para o engajamento e
aderência ao Grupo.
Os motivos justificantes para a participação dos sujeitos nos Grupos de
Convivência de Idosos foram diversos, entretanto, a dança recebeu destaque
especial para os Ss. G, I, K, N e R, fato este comprovado e explicado pela literatura,
além disso, presumi-se que os laços culturais herdados da colonização e imigração
européia, principalmente alemã, tenha certa influência por este gosto. Além disso, é
importante ressaltar que a atividade física aparece apenas vinculada a dança como
motivo para participação dos sujeitos aos Grupos de Convivência, não aparecendo
isoladamente. Os demais motivos citados pelos sujeitos compreendem a falta de
162
companhia ou ter um convívio social mais amplo (caso dos Ss. J, H e P),
preenchimento de horas livres (S. T) e participação no coral (S. M).
4.4.7 - As atividades físicas predominantes nos Grupos de Convivência
Predominou na fala dos idosos a dança como a atividade física principal
realizada no Grupo de Convivência de Idosos Amizade, fato este que concorda com
os achados do estudo desenvolvido por Prado et. al. (2000) em que a dança tem
grande aceitação pela população idosa. Destacam-se as seguintes falas dos sujeitos:
Nas quintas feiras, eu danço, tenho minhas amigas, a gente conversa
e a maior parte eu danço com as minhas amigas, com uma, com a
outra e a hora que vejo ta na hora de ir embora (...). Eu não
participo das atividades de trabalho do clube, porque eu passei da
idade. (S. K)
dançar e às vezes eu ajudo um pouco em lavar copo, agora eu
no grupo de dança também, eu comecei agora. Nas quintas, eu vou
para dançar, conversar, ver as amigas, mas na quinta não muito
tempo, por que é três horas, então a gente escuta, o canto, o
pastor, o padre. Porém, é muito curto o tempo. (S. G)
Um ponto a se considerar na fala do S. G refere-se ao curto período de tempo
durante a tarde de quinta-feira para realizar as atividades, desta forma, o tempo
destinado para a dança se torna restrito, tendo em vista que são diversas as
atividades realizadas em uma tarde. A fala do S. L também aborda o curto período
de tempo destinado para a dança:
O que diferencia o nosso clube dos outros clubes do interior, é que
no nosso clube tem condições de manter a dança toda a semana e se
tem a dança que começa às duas horas, às cinco horas vem o
ônibus pra ir embora, então se for fazer mais uma atividade, sobra
pouco tempo pra recreação. Enquanto que no interior, eles não têm
como fazer a dança toda semana, então eles têm outras atividades
(...) (S. L)
A dança é muito predominante nas atividades desenvolvidas para este grupo,
aparecendo na fala de todos os entrevistados, desta forma, não foram descritos, pois
se repetem. Para o idoso a dança tem forte caráter sociabilizador e motivador, seja
em par ou sozinho, seja homem ou mulher. De acordo com Robatto (1994) a dança
pode ter seis funções: auto-expressão, comunicação, diversão e prazer,
163
espiritualidade, identificação cultural, ruptura e revitalização da sociedade.
Alguns sujeitos vão ao Grupo de Convivência com o objetivo de conversar com
os outros idosos. A fala do S. J exemplifica isto: “Mais é conversar com os
conhecidos, tomar uma cervejinha e dançar, é normal assim, porque em casa
sempre a gente se sente muito sozinho”.
No Grupo de Convivência Paz e Amor, em relação as atividades que os idosos
participam ocorreu uma unanimidade na fala dos sujeitos entrevistados, pois todos
abordaram a dança. S. M: “Nas quintas feiras eu gosto de dançar, é difícil eu deixar
passar uma festa”. S. S: “Além das danças, dos encontros de quinta-feira, na
segunda-feira eu participo do Grupo de danças”. O S. O enfatiza que além da dança,
outra atividade que ele executa nos encontros: “Dançar e trabalhar de garçom, e
trabalhando de garçom eu também caminho bastante, porque nestes dias eu
trabalhei meia hora e tava (sic!) todo suado, daí o pessoal perguntou: Ba,
dançou? Não, mas vou dançar daqui a pouco...”. O relato deste sujeito aborda a
questão do trabalho voluntário desenvolvido pelos membros do Grupo. Além disso, o
S. O reflete sobre o fato dele trabalhar de garçom e andar bastante, realizando,
desta forma, uma atividade física.
Sobre as atividades sicas predominantes desenvolvidas nos Grupos de
Convivência de Idosos, destacou-se de forma única e exclusiva na fala dos sujeitos a
dança. Pressupõe-se que a cultura da região e a descendência germânica possam ter
influência sobre a prática e a preferência da dança para estes sujeitos. Verificou-se,
também, que os sujeitos praticam a dança como uma atividade prazerosa e praticada
de forma livre, ou seja, nada imposto, os idosos gostam de dançar, por isso é a
atividade predominante. O S. O aborda também a dança como a atividade física
dominante no grupo, porém, destaca que devido ao fato de auxiliar como garçom
caminha bastante durante os encontros.
4.4.8 - As atividades que o Grupo de Convivência oferece são suficientes? Como
deveria ser?
Nesta categoria procurou-se verificar através dos relatos dos sujeitos se as
atividades que são oferecidas através dos Grupos de Convivência são suficientes,
além disso, buscaram-se informações que auxiliem a compreensão de novas
164
atividades se realmente necessárias. Apesar das respostas serem pessoais darão um
panorama de prós e contras sobre a suficiência de atividades existentes.
No Grupo de Convivência de Idosos Amizade dois sujeitos deram o entender
através de seus relatos que as atividades oferecidas pelo Grupo são suficientes. O S.
I disse: “eu acho que tem bastantes atividades, tem danças folclóricas, tem
ginástica”. O S. J também se sente satisfeito com as atividades: “pra mim bom,
pra nós assim tá beleza, tá bom”.
Apesar dos sujeitos enfatizarem a dança como a atividade principal, muitos
relatos dos sujeitos participantes abordam que poderiam haver outras atividades. O
S. E diz: “olha quem sabe uma atividade nova seria bom, porque às vezes a gente
fica um pouco aborrecido, e assim teria umas coisas novas”.
(...) Seria bom se tivesse um dia separado a física da dança de
quinta-feira, eu achava que seria melhor (...), então aquela hora que
você tem certeza que tem um professor ali e aquele dia é destinado
para aquilo ali, porque é bom para todas as pessoas. Então, eu acho
que deveria ter um dia, meio-dia, destinado só para o físico. (S. H)
Eu acho que seria bom mais atividades, porque acho muito bom para
os idosos, porque eles saem de casa, se agrupam com o pessoal,
conversam mais e antes não tinha a dança folclórica, o alongamento,
era só o encontro da quinta-feira. (S. F)
No nosso clube tava (sic!) faltando, primeiro, na quinta-feira tinha
a dança, mas agora tem curso de física, de dança, melhorou! (...)
Existem outros clubes que tem curso de crochê, de tricô e isso aqui
não tem, eles fazem em casa essas atividades. (S. K)
As falas dos Ss. F e K relatam a necessidade de haver mais atividades a serem
desenvolvidas no Grupo, porém, enfatizam que houve uma melhora através da
implantação dos projetos existentes (dança folclórica, alongamento e coral). Pois
através dos relatos, verifica-se que inicialmente os Grupos de Convivência ofereciam
somente a programação das quintas-feiras, predominando exclusivamente a dança.
A fala do S. G aponta a distância da residência até o Grupo de Convivência
como um empecilho para participar de atividades extras, tendo em vista que, a
Prefeitura Municipal não cede locomoção para os idosos com exceção dos encontros
de quinta-feira.
165
Poderia ter outras, mas eu não participaria, pois é longe pra gente ir
como eles querem que a gente vai (sic!) nas físicas, mas a gente tem
que depender de outros, pois falta condução, porque quando a gente
vai na quinta feira e tem ônibus, ele passa aqui na esquina, porque
sabe é longe pra gente ir a (...) eu sei andar de bicicleta, mas eu
não gosto muito, tem muita amiga minha que caiu e se machucou
de bicicleta, então eu tenho muito medo (...) Outra coisa é que a
gente deveria ter pelo menos três vezes por semana, só uma vez não
é bom porque o corpo não acostuma. (S. G)
Outro ponto levantado pelo S. G foi de que a atividade física deve ser
praticada no mínimo três vezes durante a semana para alcançar o objetivo proposto.
Matsudo et. al. (2001), abordam a necessidade de uma atividade física destinada a
pessoa idosa em que volume, intensidade, duração, intervalo e repouso estejam
interligados harmoniosamente e coerentemente com a faixa etária proposta e a
individualidade biológica para que se possa alcançar resultado no seu objetivo inicial.
No Grupo de Convivência de Idosos Paz e Amor as informações obtidas
através do relato dos sujeitos são semelhantes ao Grupo Amizade, desta forma,
apenas o S. N considerou as atividades desenvolvidas suficientes:
Pra mim é suficiente, eu até escolho os dias que eu vou... e quando
tem festas a gente vai, mas o dia que eu mais participo é nas
segundas-feiras. Mas eu participo dos encontros porque eu gosto
mesmo, ninguém me pedi (sic!) para ir... quando estou com vontade,
vou, quando não estou, não vou. (S. N)
São vários os sujeitos que não consideram suficientes ou satisfatórias as
atividades desenvolvidas no Grupo de Convivência, são exemplificados através das
falas dos Ss. M e Q:
Olha, se tivesse mais uma coisa, uma física, eu participaria, quanto
mais a gente participa e faz física, melhora... A gente quer caminhar,
mas a gente esquece e deixa, mas se tem um programa que tu
(sic!) junto a gente se obriga a fazer. (S. M)
Não são suficientes, a gente também faz outras atividades, a gente
faz caminhadas e sai bastante passear ou andar de bicicleta. Acho
que poderia sim, ter um dia por semana ou dois com atividades
físicas, seria bom, não só as danças (...). Eu participaria sim! (S. Q)
Os relatos apresentados indicam que as atividades desenvolvidas no Grupo de
166
Convivência não são suficientes, no entanto sugerem que novas propostas fossem
efetivadas no sentido de proporcionar afazeres aos idosos que não ficassem somente
restritos a dança, além disso, a sugestão é de que as atividades propostas fossem
executadas em dias distintos dos encontros de quinta-feira.
Um contraponto sobre incluir novas atividades em dias distintos de quinta-
feira é apresentado através da fala do S. L:
(...) A gente percebe que faltam outras atividades no clube:
atividades culturais, palestras sobre alimentação, saúde... que prá
isso você teria que escolher um outro dia da semana (...) e vem
a coisa do custo, ter que colocar o ônibus, aquela coisa toda, se torna
mais difícil a pessoa ir especialmente para o clube para assistir uma
palestra ou outra atividade e por isso ficam prejudicada estas outras
atividades que não a dança. Por isso fica praticamente restrito à
dança as atividades do clube. Então, realmente faltam atividades,
mas teria que fazer em outra data que não fosse o dia da dança,
porque fica muito pouco tempo pra dança. Em época de aula os
ônibus que transportam os idosos são os mesmos que transportam
os alunos, então eles tem que vir mais cedo para dar tempo de
“entregar” os idosos e ir buscar os alunos ainda. (S. L)
A fala do SUJ. P chama a atenção em abordar outro ponto:
O clube é uma sociedade que se propõe a determinada meta, eu
entendo que ele não é uma coisa completa, mas porque existem
muitas diferenças entre as pessoas, então um clube não pode atingir
todos os objetivos dos indivíduos, então o clube oferece
determinadas opções, mas não pode completar tudo, eu entendo que
outras atividades relacionadas a saúde, a educação física assim
devem existir. (S. P)
Verifica-se através do relato do S. P que o idoso visualiza as pessoas com suas
diferenças, seus gostos e suas preferências, desta forma, seria difícil uma iniciativa
que contemplasse inteiramente os anseios de uma determinada população. Neste
sentido, fortalece-se a idéia do indivíduo ter o conhecimento da sua realidade para
que ele possa decidir sobre as situações a serem tomadas e as suas escolhas.
A questão do curto período de tempo também foi mencionada no Grupo de
Convivência de Idosos Paz e Amor através da fala do S. S:
167
Olha, eu acho que essa tarde é muito curta, pois começa depois das
duas, depois tem um culto, uma missa, até que vai nas danças (sic!)
é 20 pras três, e daí entre 20 pras três e às quatro, tem um
lanche, e até as cinco e meia acaba sendo um pouco curto. (S. S)
Predominaram na fala dos sujeitos de ambos os Grupos, com exceção apenas
dos Ss. I, J e N que as atividades oferecidas pelos Grupos de Convivência de Idosos
não são suficientes para atender aos diversos gostos. Os sujeitos destacaram a
necessidade de haver novas atividades.
A partir dos relatos dos sujeitos dos dois Grupos de Convivência sugere-se
alguns pontos a serem refletidos para contemplar e fortalecer as atividades a serem
desenvolvidas pelos idosos:
A dança é uma preferência unânime nos dois Grupos de Convivência de
Idosos;
Devido ao grande número de participantes em ambos os Grupos de
Convivência e a diferença existente entre os indivíduos, torna-se difícil
propor uma atividade que contemple os gostos e anseios de toda
população;
O tempo do encontro de às quintas-feiras tem pequena duração;
O transporte até os Grupos de Convivência é um fator que limita a
participação;
As atividades existentes nos Grupos são bem aceitas pelos participantes;
Novas atividades devem ser inseridas em dias extras aos encontros de
quinta-feira, porém a participação em dias extras não é maciça por parte
dos idosos devido aos custos em geral.
Sendo assim, para pensar numa intervenção a esta população é necessário
conjeturar sobre estes aspectos apontados pelos idosos. Pois de acordo com Ayres
(2004) relativo ao ideário da Promoção da Saúde é fundamental uma avaliação auto-
compreensiva e sócio-histórica em que pessoas participem desta reconstrução para
atingir as necessidades e aspirações humanas desta população.
168
4.4.9 - A influência ou não da descendência de alemães
De acordo com Akerman et. al. (2004); Uchôa (2003) reconhecer e explicitar
as diferenças de identidades culturais é ponto fundamental para estabelecer vínculo
da vivência do indivíduo durante as etapas da vida com o processo de
envelhecimento. Pois, as características influenciadoras desta cultura indicam que
trarão um significado melhor para o contexto do idoso. Desta forma, o objetivo desta
categoria é verificar através do relato dos sujeitos dos dois Grupos de Convivência
estudados se existe influência da descendência sobre os indivíduos envolvidos, os
Grupos, as atividades desenvolvidas, dentre outros fatores mencionados. Tendo em
vista que o Município de Marechal Cândido Rondon possuí uma forte descendência
germânica devido ao processo de colonização (WEIRICH, 2004).
Foi verificado nesta categorização que a dificuldade da maioria dos sujeitos
em expressar-se e apresentar suas idéias ocorre devido a baixa escolarização ou até
mesmo ao não domínio completo do idioma português, tendo em vista que o fato de
muitos dos entrevistados ainda falarem em alemão pode ter influenciado e deixado
algumas respostas vagas.
Em relação ao Grupo de Convivência Amizade boa parte dos entrevistados
relataram que a descendência de alemães exerce influência sobre o contexto dos
Grupos e dos idosos, porém não conseguiram justificar suas respostas, por exemplo
o S. F disse: “a cultura é diferente...”.
A fala do S. I também afirma que existe diferença: “eu acho que sim, porque
o alemão tem aquela tradição do interior, da colônia, tradicional, eles são mais
determinados”.
A questão do relacionamento social é apontada pelo S. J:
Ah, tem diferença! Eu acho que tem diferença, porque eu morava em
Medianeira e lá é mais italiano e lá não tem essa convivência que tem
aqui, porque o italiano não faz aquela amizade que o alemão faz (...).
Eu sou alemão também, mas é uma facilidade enorme de se fazer
amizade aqui comparando com Medianeira. (S. J)
O relato do S. K afirma não ter influência da descendência germânica sobre o
contexto dos idosos: “eu não acho muita diferença”. Observa-se também neste
169
momento uma falta de argumentação para justificar o porquê não existe ou não
percebe influência sobre a conjuntura.
No Grupo de Convivência de Idosos Paz e Amor foi possível verificar que as
falas não divergem do Grupo Amizade. Sobre o idioma falado por alguns indivíduos o
S. M diz: “eu nem sei pronunciar bem as palavras em português, somente algumas.
Pois a gente conversava em alemão em casa e até na escola entre nós alunos a
gente conversava em alemão. A minha mãe não sabia falar em português”.
Sobre a cultura, através da fala do S. M é possível verificar que a tradição
exercida nas atividades desenvolvidas nos Grupos vem desenvolvendo-se e
passando de geração a geração:
É um pouco diferente, eu acho que vem... os alemães tem mais
essas danças, hinos tradicionais da Alemanha, porque a gente ainda
canta em alemão no coral. Sempre sai um hino, dos três hinos que
cantamos quarta feira, um hino é sempre em língua alemã, isso
vem de antigamente. (S. M)
Uma questão importante e que apenas o S. P apontou foi a ocorrência de um
preconceito explícito, representado através do racismo, que de acordo com Weirich
(2004) aconteceram muitas discriminações raciais no período de desenvolvimento do
município, fato este marcado principalmente pela hegemonia da raça branca sobre a
negra:
Olha, eu acredito que sim, que tenha determinada interferência,
sempre tem, associado a isso nós temos o racismo, isso não existe só
aqui, mas onde tem uma etnia maior de uma raça, ele sempre dá um
certo domínio sobre as outras. Mas, acho que o que mais
interferência para mim é como a pessoa foi criada, quais são os
pensamentos que ela tem sobre a sociedade, o que ele acha correto
e o que ele aprendeu no passado dele. Eu acho que isso tem a maior
interferência, por exemplo: eu fui criado de tal forma que o racismo;
eu não posso dizer que eu não tenho nada, nada... nada disso na
minha genética, mas o que foi dito pelos meus antepassados e pelos
exemplos que eles me deram, o racismo é uma coisa que depende da
cultura originária e não de uma etnia. (S. P)
Entretanto, houve relatos que abordaram não ocorrer o racismo, além disso,
consideraram não haver diferença ou influência da descendência de alemães sobre o
comportamento dos indivíduos e as características dos Grupos. O S. Q disse: “eu não
170
tenho nada contra raças de pessoas, porque entre todas as raças e religiões, existem
pessoas boas e ruins, só que a colonização aqui é mais de alemães e italianos, mas é
tudo gente boa e não tem diferença”. O S. N afirmou: “não, não, é a mesma coisa, é
tudo na cabeça de cada um”.
Através das falas dos sujeitos pertencentes aos dois Grupos de Convivência
pode-se verificar que a descendência européia, principalmente germânica é traço
marcante nas características pessoais, regionais, de costumes e idioma, portanto
existe influência sobre os determinantes, com exceção apenas dos Ss. K, Q e N que
enfatizaram não haver diferença entre a cultura. Além disso, as atividades
predominantes nos Grupos de Convivência caracterizam-se em grande parte com
traços germânicos. A forte descendência de alemães nos indivíduos pertencentes aos
Grupos de Convivência traz consigo algumas implicações sobre a característica dos
participantes: as atividades propostas são passadas
171
marcas significativas, levando-nos a considerar que grupos comuns apresentam
diferenças importantes entre seus participantes. Desta forma, as reflexões e
considerações apontadas neste momento são em comum para ambos os Grupos de
Convivência de Idosos, baseadas na multiplicidade de instrumentos, procedimentos e
técnicas utilizados e anteriormente descritos.
A seguir, em função da avaliação realizada, é proposta uma reflexão sobre os
itens que devem ser levados em conta para que um programa de educação física
possa ser desenvolvido nos grupos de convivência.
(A) A identidade cultural
Reconhecer e explicitar as diferenças das identidades culturais é um aspecto a
ser considerado na contextualização da promoção da saúde, assim sendo, verificou-
se que o município de Marechal Cândido Rondon possui fortes traços herdados de
descendência germânica, fortalecidos por costumes e tradições trazidos de gerações
anteriores que enaltecem uma cultura repleta de valores próprios. As atividades dos
Grupos de Convivência de Idosos são desenvolvidas obedecendo a muitos dos
valores repassados pelos antepassados, com o intuito de preservar certos costumes
como os observados, por exemplo: o idioma, a cultura religiosa, as danças típicas, as
músicas tradicionais e as brincadeiras. Presume-se que a participação efetiva dos
idosos de Marechal Cândido Rondon, representando 65,58% do total da população
de idosos participantes de um Grupo de Convivência, esteja relacionada com fatores
que preconizam os aspectos citados relacionados à cultura germânica, ou seja, aquilo
que condiga com o modo que o indivíduo viveu durante a sua vida.
Considerando, então, a questão da identidade cultural como forte
influenciadora das atividades existentes nos grupos; para essa população as
atividades e atividades físicas devem ser propostas levando-se em consideração tais
aspectos inerentes à vida e cotidiano destes indivíduos, fortalecendo, respeitando e
valorizando os conhecimentos e experiências locais.
Assim, antes de propor a prática de atividades físicas impostas pelos modelos
mais comuns, seria importante propor aos idosos uma reflexão sobre o quanto as
práticas realizadas por eles a dança, os jogos são importantes, tanto para a
manutenção da identidade cultural quanto para o estímulo às capacidades motoras
172
mais envolvidas em sua realização. Assim seria possível continuar a valorização e
ampliar o conhecimento sobre as atividades conhecidas, aumentando as relações
conscientes entre a prática e o estímulo à condição física, emocional e social.
(B) As características sócio-demográficas
Reconhecer as potencialidades da localidade e refletir sobre as ações a serem
desenvolvidas para determinado contexto é uma das premissas fundamentais da
promoção da saúde. Desta forma, as características relativas aos aspectos sócio-
demográficos dos idosos dos Grupos de Convivência são relevantes para que as
atividades possam ter relação e significado com e para o indivíduo.
Em relação à ocupação, a ocorrência maior é de aposentados, presumi-se que
devido à aposentadoria, os sujeitos desfrutem de menor restrição quanto aos
períodos do dia para participação de atividades.
Quanto ao nível de escolarização, a constatação de que é predominante entre
os participantes possuírem apenas o primário e nem sempre completo, traz a
importância da adequação das atividades, especialmente em relação à linguagem e à
utilização de material impresso que levem em conta o nível de escolarização. Isso
não limita nem o tipo nem a qualidade e profundidade das informações, mas deve
dirigir o profissional à escolha adequada das formas de comunicação que conduzam
de fato á aprendizagem adequada a essas pessoas. Ao mesmo tempo, considerando
que menos de 10% em cada Grupo possuem maior nível de escolarização, o estímulo
a outras formas de aprofundamento do conhecimento podem ser sugeridas àqueles
que têm outro tipo de desenvolvimento em relação à linguagem e ao pensamento.
No entanto, é importante considerar que todos podem ser estimulados por meio de
desafios.
Outro aspecto a ser considerado é o econômico, os participantes do presente
estudo foram classificados na classe social C, conforme referência da ANEP,
considerando-se que a média de renda salarial da família não ultrapassa cinco
salários mínimos mensais. Este fator implica de forma indireta sobre a criação de um
programa, pois pessoas menos favorecidas possuem dificuldades para comprar
materiais específicos para a prática (tênis, roupa, acessórios, dentre outros). Além
disso, uma alimentação não balanceada, devido a falta de nutrientes (escassos
173
alimentos) poderá afetar o desenvolvimento físico, social, psicológico, mental, entre
outros.
Em relação aos ambientes, e acessibilidade a elaboração de um programa de
educação física destinado aos idosos deve atender a princípios básicos, como
espaços adequados e localização privilegiada, pois percebe-se nas respostas dos
entrevistados que os sujeitos têm certo receio em utilizar o transporte coletivo e, ao
mesmo tempo, não gostam da sensação de dependência de amigos ou parentes, no
que se refere ao deslocamento de um local para outro. Estes aspectos devem ser
analisados com os idosos bem como com o poder público sobre quais meios seriam
adequados para facilitar o acesso aos locais de prática. Ao mesmo tempo, traz a
importância de uma reflexão profunda sobre os motivos que levam os idosos a
sentirem-se com receio de usarem o serviço de transporte coletivo, bem como a
dificuldade em aceitarem o auxílio de outros. Refletir em conjunto com os
participantes sobre estas situações poderá levá-los à estratégias de enfrentamento e
busca de soluções para estas questões.
(C) Organização e Planejamento
A organização foi um aspecto verificado nos Grupos de Convivência. As
atividades são programadas antecipadamente, os participantes são bastante ativos e
respeitam as normas, direitos e deveres do estatuto e regimento interno dos Grupos.
É provável que devido a esta disciplina e organização dos Grupos e participantes, as
atividades tenham êxito. Sendo assim, considera-se essencial inserir preceitos
juntamente com a participação dos próprios idosos, favorecendo a idéia de
empowerment
na comunidade, ou seja, os sujeitos protagonistas do processo
inserem leis e normas para que eles mesmos as cumpram e possam gozar dos
direitos.
Desta forma, acredita-se que a realização de reuniões periódicas para tratar
de assuntos pertinentes à organização dos Grupos, não somente com os membros
da diretoria, mas com a população em geral, inclusive, com membros da sociedade,
como: médicos, enfermeiros, políticos, bancários, professores, advogados dentre
outros profissionais que poderiam auxiliá-los, capacitando-os através de informações,
174
trocas de experiências, encorajando-os ao diálogo e à reflexão, a fim de facilitar
todas as formas de desenvolvimento do conhecimento para todos os envolvidos.
Entretanto, a intervenção realizada pelos profissionais não deve ser realizada
de forma impositiva, mas sim participativa com a população – numa dimensão
horizontal. Desta forma, todos os sujeitos são responsáveis pelo planejamento das
atividades e normas a serem cumpridas para que possam estar coerentes com as
necessidades da população em questão.
No caso específico da criação de um programa de educação física, com
palestras de médicos, nutricionistas e profissionais de educação física, poderão
incitar reflexões sobre o impacto do tempo sobre variáveis de saúde que podem
sofrer interferência positiva pela participação em programas de exercícios. É
importante que estas palestras sejam conduzidas de modo a facilitar a participação
de todos, levando em conta os níveis de escolarização, experiências e histórias de
vida dos integrantes do grupo. A seguir poderão ser propostas questões sobre qual
tipo de organização será necessária caso os participantes tenham interesse em
construir um programa de educação física no grupo.
O envolvimento dos participazjázVvB(kOkA“AkVaB(ÀOAzLjzV B(k”“O”ÀÀVcBzOzÀájVááázOázjázVcBzOzÀhLkViB(áV BkOhAOÀjÀV B(kjA“AkVaB(ÀOAzLjzV B(mhÉáVoBkOáÀLAjVbBkOALj”VeB(hOjAÀkVsBáOLk”jÀVzjÀVsB(hOj“ájáV B(j“O“OÀjkÀ”VrBLOzhjkAkViB(Â8ªmkjkOázhqLq8üm9VpBkB(kL“O”L“VeB(hOjAÀkVOzhjkAkVVeB(hOjAÀkVrBLVmBÀzÀOAzLjzV,BkOÀÀ“áá(hOjAÀkVB(“OÀjÀkhzzh“O“á“VeB(hcBzOzÀhLkViB”Oh”áhVaB“h“hVsB(hO“áá(hOjAÀkVAÀkVsB(hOj“ájáV B(”“Oj“O”ázViB(zOájáViB(zOákkLÀkAO“jkÀhLkViB(zOákkLzLjzV,BkOÀÀuAV B(kj“O”jVãB(ÀOAL”AáVoB(“OhÀ“ÀVeB(hOjA“q8&mLOjjjAzqLqLAjVlB(zOázjázVvB(kOáÀz“zVsB(hOj“ájáViB(BLOzhjkAkVtBAOk““AhViB(zOzOázjzAVmB(LOáÀkkAVaBAVjBkOLáz“áVeBáOLáL“zVOAL”áÀVuB(kO““kq8üm9VNB(kOjzÀÀAVoBkOáÀLAjV BkOALj”“VrBAOÀjÀVoBkOáÀLAjV B(zh“O“á“VrBLOzhjkááV B(j“O“AkVaB(hOj“ájáVpBÂ8ªmk”LOLLÀqLq8üm9VoBkOáÀLAjVBkOáÀz“zVsB(hOj“ájáViB(zOázjázVtBAÀkkAVaBAOÀjÀV,BkOÀAOk“”LAViB(zOákLkázVpBkOAL”áÀVaBOáAj””V B(kj“O”áVdzOzÀAkÀVãBOAzLjzV BkOháVaBAOÀjÀVrBLOzhjkAkVtBAOhViB(zhzjÀVsB(hOj“ájáV B(j“O“BÂ8ªmk”LOLLÀqáÀkjhVLOhháOLk”jÀVzG“zAVeBAhVeB(hOjAÀz”VriB(zOázjázVcBzOzÀhLkVaBAOÀjÀVOjAÀkVxB(ÀOz“””AVVrBLOzhjkAkViB(iB(zOákLkkVzBAOL“À”jVoBkkAV B(kOALj”“VoBkOáÀLAjV B(zh“O“áá“(zzOákÀÀV.BkOÀÀ“ááV B(zh“O“ááVDB(kOz“jLkVeB(hOjzVmB(LOáÀkkAVpeB(hOjAOázjázVcBzOzÀhLkViB(zOázjáiB(zB(“OÀj“káVaBAOÀjÀVAOÀjcBzOzÀAkÀVkVaB(ÀOAzLjzV B(k”iB(zOájáViB(zOákkLhVLOhháOÀhLkVaBAOÀj“AAV,BkOÀÀÀÀáVsB(hOj“ájáVãBAOÀj“AAVnB(kO“zzÀáVsB(hOj“ájáVãBAOÀj“AAVoB(“OhÀ“BAOÀjÀV B(j“O“AhkVfB(zO“zAVBkOáÀLAjV B(zOzhjkAkVhOjAÀkVnB(kO“zAVtBAOhjkAkV BkOáÀLAjV B(zh“O“ááVdBkOALj”AVtBAOk““AhVeB(hOjAÀkVnB(kO“zAVtBkV B(kj“O”áVoÓBkOALj”“VeB(hO“VrBLOzOzhjkAkViB(zOázjázLOzOzhjkAkVkO“zAVtBiB(zOázjá(ÀOjk”“jVaBdBkOALj”“VáAVeB(hOjAÀkVnB“OkjzjVaBAOÀjÀVoBkOáÀLAjV B(kz(hL“O”ááhjkAkVeB(hOjAÀ”zVrBLOpBkOAL”áÀVaBAOÀjÀVrBLOzhjkAkVtBA“O”LzVoBkOáÀLAjV B(zj“O”LzViB(zOázjázVmB(rBLOzhá“jjVaBAOzLáAhásB(hOj“ájáV B(kj“O”ázVtBAOk““AhVekVpBkOAL”Àj“káVeB(ÀLAjV B(AÀ“OjÀáVeB(hOjAÀkVmBpBkOALj”“VaBAOÀjÀVrBLOzhjkAkVtBAOk““AhVikL“O”L”VrBLOzhjkAkVeBbOáÀLAjVBkOáÀz“zVsB(B(ÀOz“””AVãBAOÀjÀVoBkOázÀhLkViB(zOázjázVpB(“OÀj“kádBkOAL”LzVoBkOáÀLAjV B(zjB(hOj“ájáV B(kj“O”ázoBkOáÀLAjV BLq8üm9VpBk taro f mesipaesn jk“AhViB(zOázjáAjV jk“AhOjAÀkVnB(kO“zAVtBAOhjkAkV BkOáÀLAjV B(zh“O“ááVdBkOALj”AVtBAOk““AhVeB(hOÀVtBAOk“j”“VaBAOj“V BhzkOAjjÂ8ªm“zAjhB(mhÉO“zAVeB(hOjAÀÀAqLq8üm9VpBkOAjV jk“ABLOzhjkAkVtBAOk““AhVioBkOáÀLAhAjV.BkOÀÀÀkzV BÂ8ªmhÀOanikL“O”L”VrBLOzAjV jkBkOAL”áÀVeB(hOjAÀkV ÀÀVkVaB(ÀOAzLjzV B(k”O“zAVpBkOAL”áÀzjáÀB(zj“O”LzVoBkOhOj“ájáV BkOhzÀ”kVoB(“OhÀÀAzVsB(hO+oBkOáÀLAjV B(zk“Onvo jk“Oh”OAL”áÀViB(zOAjV jkBkeamaa çOáLLjkOkA”áAVoBkOáÀAjV jkBkOáÀkkAV B(j“O“AhkVcBzOzÀhLkVoBkOáAjV jkBkAÀ“VrBLOzháVtBAOk““AhVaBAOÀjÀVrBL”áÀVoB(“Ohk”“O”À”V–B(AAhh““VjBkOLáz“áVaBAOi me“Oh”OAÀhLkVaBAOÀj“AAV,BkOÀÀÀÀáVsB(hOj“áAVnB(kO“zzáÀVuB(kO“zzÀáVaBAOÀjázVeB(hOjA“áAk”AOkL”qLq8üm9V B(”“O“h“hVpBz“””AVVrÀVnB(kO“zAVoBáÀjhLkViB(zOákkkOáÀz“zV B(”tBAOk““AhViB(zOzOázjzAq(kzO“kq8üm9VsB(hOj“áhÀVoBkOáAj””VfB(zO”kjájVrBLOz,BkOÀÀ“ááV B(j“O“AkVaBAjÀV B(zV BkOhAVtBa s mfrf,e ÀÀVkVaB(ÀOAzLjzV B(k”O“zAVpBkOAL”áÀAL”áÀVoBkOáÀLAjVsB(hOj“ájáV BkOhzjáÀB(zjhjkAkVeB(hOjAÀkVmBjOhÀhááV B(zÀ“O““jVcBzOzÀhzOázjázVcBzOzÀhLkViB(áV BkOAzLjzV,BkOÀÀ“áá(zOázjáziaeit dsfiepaeuf d
175
(D) Aos níveis habituais de atividade física, dados antropométricos e
indicadores de aptidão física.
O nível habitual de atividade física encontrado foi classificado como mais ativo
com base em estudos da área. Também foi demonstrando que os participantes mais
jovens (entre 60 e 69 anos) são mais ativos comparados aos mais velhos (acima de
70 anos). Além disso, verificou-se que as atividades mais praticadas referiam-se
àquelas relacionadas ao trabalho doméstico. Estes aspectos sugerem a importância
que os sujeitos tomem conhecimento do seu vel de atividade física frente as suas
atividades diárias, tanto esportivas, recreativas quanto as de trabalho e, de posse
disso, possam perceber se necessidade de aumentarem o nível de atividade física
de acordo com a sua vontade ou necessidade, fortalecendo a idéia da autonomia. No
entanto vale ressaltar mesmo que tenham impacto positivo sobre o nível de prática
de atividade física, é importante que os participantes reconheçam que a prática das
atividades físicas relacionadas ao trabalho constituem-se numa forma de
manutenção das condições de vida. Muitas vezes essas ações relacionadas ao
trabalho o são necessariamente prazerosas. Assim, é importante que eles
reconheçam que participar de um programa de educação física pode ser um meio de
encontrarem não apenas meios de manutenção de suas aptidões físicas e funcionais,
mas formas de desenvolverem práticas prazerosas, práticas que se traduzam em
auto cuidado. Que sejam capazes de estimular a fruição do tempo, a aprendizagem
e o desenvolvimento de vínculos sociais e afetivos positivos.
Em relação aos indicadores antropométricos analisados através do IMC e
circunferência abdominal, verificou-se que, em ambos os Grupos e gêneros, os
valores médios apresentados encontram-se acima dos recomendados pela OMS, com
indícios de relação com o surgimento de doenças. Novamente sugere-se que
palestras de médicos, nutricionistas e profissionais de educação física poderão incitar
reflexões sobre o impacto do tempo sobre variáveis de saúde que podem sofrer
interferência positiva pela participação em programas de exercícios. Vale reforçar
que apenas palestras relacionadas à saúde, controle de peso, nutrição, hábitos
alimentares que auxiliem no processo de informação à população, são importantes,
mas não são, isoladamente, capazes de mudar comportamentos. Desta forma,
sugere-se um processo educativo, capaz de fazer com que os indivíduos tomem
176
consciência de si e dos recursos que possuem para que possam gerenciar o
problema.
Outro aspecto importante é a necessidade da participação de uma equipe
médica na avaliação clínica dos participantes dos grupos, com vistas à detectar
pessoas com indícios a ter doença. Além disso, uma equipe que forneça informações
no sentido de capacitar os sujeitos e, desta forma, poderem gerenciar melhor suas
condições de saúde/doença.
Os resultados dos testes de aptidão física apresentados no presente estudo
parecem ser satisfatórios se comparados à literatura, pois corrobora com o resultado
de inúmeras pesquisas. Entretanto, a ênfase a ser dada nesta fase não deve ser
geral, mas sim, individual, no sentido de possibilitar ao indivíduo o conhecimento
sobre suas capacidades físicas, limites e possibilidades, antes, durante e após a
prática. Neste sentido, faz-se necessário a avaliação, permitindo ao sujeito conhecer
em que nível encontra-se e visualizar se condiz com suas necessidades, como no
caso do SUJ. P que percebe que a prática sistemática do exercício físico foi um
aspecto importante na manutenção da capacidade flexibilidade. É importante
relacionar o vel da capacidade sica com a realização das capacidades funcionais,
podendo ser uma forma de aprendizado para essas pessoas.
(E) História de vida frente à prática de atividades físicas
A história de vida dos participantes parece limitar um conhecimento mais
amplo sobre a educação sica e as práticas de atividades físicas, pois a Educação
Física nas décadas de 50 e 60 não tinha reconhecimento social, além disso, também
foi verificado, através das falas dos sujeitos, que não existia uma educação física
escolar com objetivos específicos relacionados a um corpo de conhecimentos como
conhecemos na atualidade. As atividades eram desenvolvidas por métodos empíricos,
sem alicerces científicos e desvinculadas de uma prática pedagógica. Para os sujeitos
que relataram o desenvolvimento de aulas de educação física durante os seus anos
escolares, estas se caracterizaram através da tendência militarista, que concebia
princípios de civismo e patriotismo.
Além disso, a prática de atividades físicas ao longo da vida desses sujeitos
apresentou-se vinculada às atividades de trabalho, pois foram estes indivíduos que
177
participaram do início de desenvolvimento do município de Marechal Cândido
Rondon. Assim, o trabalho exigia-lhes muito esforço físico, considerando-se
especialmente a vocação agrícola do município. Devido à valorização e a necessidade
do trabalho, a prática de atividades físicas não relacionadas ao trabalho estiveram
ausentes da vida dos sujeitos. As características relacionadas a uma vida em que
indivíduos trabalharam muito e com tarefas de esforço físico extremo trazem
implicações importantes para a formulação de um programa de educação física para
esta população.
Dentre estas implicações, levar os participantes a considerarem a velhice
como uma fase em que é possível conhecer, aprender e descobrir novas
possibilidades é imprescindível para que estas pessoas disponham-se ao novo. Se a
história de vida até aqui não os levou a pensarem sobre a possibilidade de prática e
de novas aprendizagens, conhecer, experimentar, participar e conversar sobre estas
experiências constitui-se como mais uma escrita ao longo de suas histórias de vida.
Assim, considera-se que até aqui a história pessoal não traz o impacto do
conhecimento ou vivência em relação às atividades físicas, mas isso não limitará a
participação dessas pessoas, desde que elas se considerem aptas e dispostas a
novas descobertas, experiências e participações. Considerando especialmente que
alguns participantes demonstraram interesse em engajarem-se num programa.
Estas reflexões significam que os profissionais envolvidos devem dedicar-se a
apresentar práticas que tenham como meta o encantamento e a construção de
significados para a vida destas pessoas.
Alguns sujeitos como no caso do H, I, L dentre outros, relataram que a velhice
é uma fase muito boa, pois se tem menos responsabilidades com tarefas de trabalho
e, desta forma, existe maior tempo livre para atividades prazerosas. Citam a
atividade física como uma prática importante no processo de prevenção de doenças
e manutenção de desempenho nas capacidades funcionais. Desta forma, presume-se
que estão dispostos a praticarem a atividade, mesmo considerando a ausência deste
tipo de prática ao longo de suas vidas.
Através das respostas obtidas, alguns sujeitos apontam que as atividades
físicas atuais oferecidas pelos Grupos de Convivência não são suficientes no
atendimento às expectativas dos participantes. Entretanto, o curto período de tempo
178
durante os encontros das quintas-feiras é apontado como um aspecto limitador para
que novas atividades sejam inseridas. Desta forma, novas atividades físicas
propostas a esta população devem ser combinadas e marcadas para datas extras
encontros.
Além do curto período de tempo dos encontros semanais apontado pelos
idosos como aspecto limitador para a inserção de novas atividades, a diminuição do
período de tempo destinado às danças foi outro aspecto apontado pelos sujeitos,
pois a dança é considerada a principal e mais agradável atividade desenvolvida nos
Grupos de Convivência, aparecendo como uma feição importante na fala de todos os
entrevistados. Desta forma, torna-se inviável e contra a vontade dos participantes, a
inserção de um programa de educação física durante o período dos encontros, pois
diminuiria o tempo destinado à uma atividade prazerosa.
A partir da constatação de que um programa de educação física para a
proposta população deve ser realizado num dia “extra-encontro”, torna-se necessário
analisar quais as formas mais coerentes de envolvê-los e convidá-los à participação.
Desta forma, sugere-se que as ações destinadas à adesão ao
179
necessidade de capacitar indivíduos através de acessibilidade às informações, é
considerado aspecto fundamental para que eles possam exercer sua autonomia e
refletirem sobre a prática da atividade física no sentido de estabelecer
conhecimentos que respondam tais interrogações: para que fazer? por que fazer?
como fazer? onde fazer?
180
5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Decorrente da análise e avaliação sobre as características ambientais e
pessoais dos participantes dos Grupos de Convivência de Idosos de Marechal
Cândido Rondon foi possível ordenar pontos a serem considerados e que possuem
implicações sobre a criação de uma proposta em educação física para idosos à luz da
promoção da saúde. Com base nestas análises e interpretações propostas neste
estudo foram elaboradas algumas considerações conclusivas:
Torna-se fundamental considerar os seguintes aspectos de avaliação em
promoção da saúde e relacioná-los às análises realizadas com os idosos e os Grupos
de Convivência: respeitar e valorizar os conhecimentos e experiências locais;
reconhecer e explicitar as diferenças das identidades culturais, sociais e econômicas
entre os distintos focos da avaliação, sejam eles populações, grupos sociais,
comunidades, organizações ou indivíduos; a avaliação deve utilizar uma combinação
equilibrada de métodos, técnicas e instrumentos qualitativos e quantitativos; se
basear nas potencialidades da comunidade; encorajar o diálogo e a reflexão a fim de
facilitar todas as formas de desenvolvimento do conhecimento para todos os
envolvidos.
Na reflexão sobre a criação de um programa de educação física os sujeitos
devem ser reconhecidos como parte do processo, desta forma, sugere-se que sejam
considerados os seguintes aspectos:
181
Em relação ao objetivo “analisar e avaliar o entorno relativo às características
ambientais e pessoais participantes dos Grupos de Convivência de Idosos ‘Amizade’ e
‘Paz e Amor’”, verificou-se que, através das diversas análises que ambos possuem
características muito semelhantes em todos os itens avaliados, embora um dos
Grupos seja de iniciativa pública e outro de iniciativa privada.
A descendência germânica é predominante entre os participantes dos Grupos
de Convivência de Idosos que prezam por considerar costumes e tradições oriundas
das gerações anteriores, implicando nas características das atividades desenvolvidas
que possuem significados e valores para esta população. Isso foi claramente
evidenciado através do relato dos sujeitos e observação analisada.
A história de vida desses sujeitos caracterizou-se em especial pelo trabalho
desenvolvido ao longo dos anos, trabalho este que exigiu muito esforço físico destes
indivíduos. No momento de colonização do município o trabalho além de ser
valorizado era uma necessidade emergente para o desenvolvimento. Através dos
relatos dos idosos verificou-se que as atividades de outra natureza, como fruição do
tempo livre ou para ganhos relativos à saúde não eram preocupações, seja por esta
ênfase dada ao trabalho. A agricultura é característica do município e da região,
sendo assim, os sujeitos desta região tiveram durante o período de trabalho,
atividades relacionadas à agricultura.
Os Grupos de Convivência de Idosos podem-se revelar como um espaço de
preenchimento do tempo livre, interação entre os idosos, momentos de lazer e
diversas vivências. Os sujeitos relataram a importância dessa iniciativa para as suas
vidas, considerando que atualmente o idoso tem ocupação devido a existência de
programas destinados a essa população, pois na época de seus pais não existiam tais
iniciativas.
Durante a observação sistemática foi verificado que o encontro é considerado
pelos participantes como um dia especial demonstrado através de atitudes e olhares
que revelavam alegria e felicidade. A fala do S. R comprova esta observação: “(...)
quando acaba um encontro no outro dia é pensar no próximo, é isso. A gente
sempre espera aquele dia bonito (...)”.
A análise dos documentos (Estatuto e Regimento Interno) tanto em relação à
estrutura quanto ao funcionamento revelaram que os Grupos respeitam e mantêm
182
uma organização previamente estabelecida. Ambos possuem uma diretoria
responsável pela coordenação das tarefas, direitos e deveres. As atividades
programadas para os encontros semanais são desenvolvidas através de uma
seqüência pré-estabelecida. Não existe uma prática pedagógica que sustente as steteagógi OjAÀkV B(k““O”AjVsB(hzOázjázVdBkOAL”áas e etisne enndi ákzLOkÀáAjjVsB(hL“Oj”ÀVdBkOAL”áÀVikO“h”“kqzhOàBzAj”LLe d eravl
183
Em relação ao objetivo “verificar as implicações da avaliação realizada sobre a
criação de um modelo de prática de atividade física à luz do ideário da promoção da
saúde”, considera-se que a avaliação ampla de diversos aspectos relacionados ao
entorno, seja elementar para que as ões da prática pedagógica transcendam a
prática sistematizada da atividade física num programa de educação física para
idosos, fazendo com que se consiga uma relação direta não apenas com as
capacidades sicas e funcionais, mas com a vida do idoso. Além disso, a partir dos
resultados e análises conclui-se que o desenvolvimento de intervenções adequadas
às características sociais e culturais da população idosa dos grupos investigados
depende não das avaliações físicas, considerando especialmente que do ponto de
vista físico eles são semelhantes até aos estudos internacionais, porém a diferença
encontra-se nas diversidades das formas de envelhecer, neste caso relacionado aos
padrões culturais e necessidade de exercer trabalhos que exigissem um grande
esforço físico ao longo de suas vidas. O envelhecimento tem um significado e passa
a ser visto como um fenômeno ao qual os indivíduos reagem a partir de suas
referências pessoais, ambientais e culturais
Sendo assim, é preciso conhecer como os idosos envelhecem, como atribuem
significado a este período de suas vidas e como interagem frente à sua experiência.
É preciso respeito, valorização e consideração pela pessoa humana, criando
condições para que continuem, durante esta fase da vida como cidadãos, com
controle sobre seus gostos, necessidades, anseios e expectativas. Como pessoas com
futuro, com direito à escolha e definindo suas necessidades e gostos em relação à
participação.
184
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207
ANEXOS
208
ANEXO 1 - PROGRAMAS DE ATIVIDADES FÍSICAS PARA IDOSOS NO
BRASIL
PROGRAMA INSTITUIÇAO /
CIDADE
OBJETIVO / CARACTERÍSTICA
1 Atividades para os
idosos através dos
Clubes.
Prefeitura da Cidade
de São Paulo.
Atividades físicas destinadas a melhorar a
qualidade de vida e preven
ir doenças
comuns na terceira idade, principalmente
os problemas de circulação, articulação e
cardiorrespiratórios.
2 CEAFE
Centro de
Estudos de Atividade
Física e
Envelhecimento.
ULBRA (Canoas)
Universidade Luterana
do Brasil.
Os programas comunitá
rios pretendem
possibilitar e preparar um envelhecimento
saudável e independente através da
recuperação e da manutenção da
capacidade funcional, a partir de
exercícios de força, resistência,
flexibilidade, equilíbrio e socialização.
3 Dança e Ginástica p
ara
Terceira Idade.
UNIGUAÇU -
Unidade
de Ensino Superior do
Vale do Iguaçu.
A promoção de saúde e a qualidade de
vida são os objetivos mais importantes
numa atividade física com idosos. É
fundamental que o idoso aprenda a lidar
com as transformações de se
u corpo e
tire proveito de sua condição, prevenindo
e mantendo em bom vel sua plena
autonomia.
4 GETI
Grupo de
Estudos da Terceira
Idade.
UDESC –
Universidade
Estadual de Santa
Catarina.
Proporcionar programas de atividades
educacionais, culturais, a
rtísticas, de
atividade física e de avaliação fisioterápica
e preventiva, conforme a solicitação e
necessidade das comunidades,
privilegiando a autonomia dos idosos e
respeitando a sua cidadania.
5 IMMA
Idosos em
Movimento Mantendo a
Autonomia.
UERJ -
Universidade
do estado de Rio de
Janeiro.
Programa que através de atividades físicas
objetiva trabalhar capacidades físicas com
o intuito de o idoso permanecer
independente fisicamente e até “manter a
autonomia”. Incluí aulas de ginástica e
dança objetivando trabalhar a
flexibilidade, mobilidade articular,
equilíbrio estático e dinâmico,
coordenação, deslocamento e
relaxamento.
6 Maturidade Ativa. SESC
Rio Grande do
Sul.
Programa que atende preferencialmente
pessoas com idade acima dos 60 anos,
que querem melhorar a sua qualidade de
vida, desfrutando de um envelhecimento
saudável e bem sucedido.
209
7 NIEATI
Núcleo
Integrado de Estudos e
Apoio à Terceira Idade.
UFSC
Universidade
Federal de Santa
Catarina.
Atividades Físicas para idosos visando em
primeiro lugar uma melhoria na sua
qualidade de vida, de uma autonomia de
movimentos melhorada através da
Atividade Física.
8 PAAF
Programa
Autonomia para a
Atividade Física.
(extinto)
USP -
Universidade de
São Paulo.
Programa educacional que procura
inst
rumentalizar idosos com
conhecimentos e procedimentos sobre
atividade física, de modo que tenham
autonomia para auto-
gerir seu programa
de exercícios e/ou sejam capazes de
selecionar programas de exercícios
supervisionados adequados para suas
condições, aos quais tenham interesse de
integrar-
se. O programa foi extinto em
2003, seus estudos publicados forneceram
suporte necessário para a criação e
implantação do projeto Sênior para a Vida
Ativa da Universidade São Judas Tadeu
SP.
9 PROFIT Programa de
Atividade Física para a
Terceira Idade.
UNESP
Universidade
Estadual de São
Paulo.
O objetivo principal do PROFIT é
conscientizar e motivar pessoas a
praticarem regularmente atividades físicas
com uma perspectiva de transformação
da realidade. Em outro se
ntido, ele
também oportuniza contribuir para a
formação profissional e para a produção
de conhecimentos.
10
Programa Idoso em
Movimento.
Secretaria Municipal
de Esporte e Lazer
Curitiba/PR.
Através do Programa Idoso em
Movimento, a promoção da prática de
atividades físicas e recreativas para esta
população, incorrendo numa mudança de
atitudes e na aquisição de novos hábitos
para prevenção, manutenção e promoção
da saúde.
11
Programa Melhor
Idade.
UnB
Universidade
de Brasília e Brasil
Telecom.
O proj
eto, que é aberto a qualquer pessoa
interessada com 60 anos ou mais
(preferencialmente), é uma grande
ferramenta de sociabilização dos idosos
através da atividade física, tenham eles
problemas comuns da idade (osteoporose,
diabetes etc.) ou não.
12 Programa Qualidade de
Vida na Terceira Idade.
APCEF-
Associação do
Pessoal da Caixa
Econômica Federal do
Distrito Federal -
Brasília.
Os objetivos do programa, que existe
desde 1999, é promover a ocupação do
tempo, o bem-
estar e o aumento da
interação social, d
os níveis de
independência e da autonomia de pessoas
acima de 50 anos. Para isso, oferece
atividades físicas, como condicionamento
físico, Ioga, Tai Chi Chuan, dança de
salão.
210
13 Programa Vida Ativa.
Secretaria Municipal
de Esportes de Belo
Horizonte.
Im
plementar políticas públicas de esporte
e lazer para pré-
idosos e idosos,
construídas com a participação das
pessoas maiores de 50 anos,
democratizando o seu acesso ao esporte e
lazer e garantindo a melhoria da
qualidade de vida destes cidadãos.
14 Projeto AFRID.
Universidade Federal
titiVrB(zOhzÀáAVlB(LOÀAzÀáâandia.
Proporcioar atividades fjísicas VeB(AOL“jháVmB(záOLÀhÀV BhzkOAj”Â8ªmW8mÁmÁm‘m”OhhhhhqLqLq”OhhhhhqLqLq$’qR8m)ÍzhqjOjáq8&mLOjjjh”áqLqLqzqhkÀOhkqáháOjkzq8’m9VB(LOÀAzkz””ViB(LOÀAzÀáfjiVrB(zOhzÀáAVeB(AOL“jháVnBhOLÀ”LÀVtB(hOL”AÀAVeB(AOL“jháVsBLOkhkÀz”V BzhjLkj“jVmB(AOLAájjVoBLOAá“j“jVdB(zO”kz””VaB(ÀOÀAÀzzVlB(LOÀAzÀáViB(LOÀAzÀáVdB(zO”kz””VaB(ÀOÀAÀzzVdB(zO”kz””VeB(AOL“jháVsBLOkhkÀz”V,B(zLO“”LÀV BzhjLkj“jcu om aordaem
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211
ANEXO 2 - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
PROPOSTA DE UM PROGRAMA DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA PROMOÇÃO DA
SAÚDE DE IDOSOS
Eu,________________________________________,idade (anos)_____, sob RG
nº______________, residente no endereço: _______________________________________
__________________________________________, tel ( )__________________________
e-mail:_______________________________, abaixo assinado, dou meu consentimento
livre e esclarecido para participar como voluntário do projeto de pesquisa supracitado,
sob responsabilidade dos pesquisadores Arestides Pereira da Silva nior e Marília
Velardi membros do curso de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física.
Assinando este termo de Consentimento, estou ciente de que:
1 – O objetivo da pesquisa é Elaborar um modelo de avaliação pré-implantação de um
programa de educação física à Luz do Ideário da Promoção da Saúde para idosos
participantes dos Grupos de Convivência de Idosos da Sede do Município de Marechal
Cândido Rondon – PR: denominados “Amizade” e “Paz e Amor”.
2 Durante o estudo serão aplicados questionários de nível sócio-econômico, questionário de
nível habitual de atividade física, serão coletados dados referentes a antropometria dos idosos,
aplicado testes de aptidão física e serão realizadas entrevistas individuais com os idosos.
3 – Poderão ocorrer eventuais desconfortos durante a realização dos testes de aptidão física.
4 – Os responsáveis por esta pesquisa organizarão de tal forma que o seu planejamento e o seu
desenvolvimento levem em consideração os cuidados necessários para promover a minha
integridade física.
5 – Obtive todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente sobre a
minha participação na referida pesquisa.
6 Estou livre para interromper a qualquer momento minha participação na pesquisa, a não
ser que esta interrupção seja contra-indicada por motivo médico.
212
7 Meus dados pessoais serão mantidos em sigilo e os resultados gerais obtidos através da
pesquisa serão utilizados apenas para alcançar os objetivos do trabalho, expostos acima,
incluída sua publicação na literatura científica especializada.
8 Poderei contatar o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São Judas Tadeu para
apresentar recursos ou reclamações em relação à pesquisa através do telefone (11) 6099-1665
– Prof. Leoni.
9 Poderei entrar em contato com o responsável pelo estudo, Prof. Arestides Pereira da Silva
Júnior, sempre que julgar necessário pelo telefone (45) 3227-1211.
10 Este Termo de Consentimento é feito em duas vias que uma permanecerá em meu poder
e outra com o pesquisador responsável.
Mal. Cdo. Rondon, ____ de julho de 2006.
_____________________________________________
Nome e assinatura do voluntário ou responsável legal
_____________________________________________
Nome e assinatura do pesquisador responsável pelo estudo
213
ANEXO 3 – PARECER CONSUBSTANCIADO
214
ANEXO 4 - ROTEIRO PARA ENTREVISTA COM OS FUNDADORES DOS
CLUBES DE IDOSOS AMIZADE E CLUBE DE IDOSOS PAZ E AMOR.
1) Os primeiros idosos participantes do Clube são os mesmos que participaram
do momento de colonização do Município?
2) Qual foi a necessidade fundamental para implantação do Clube?
3) De quem foi a iniciativa para a implantação do Clube? Grupo de idosos ou
política pública municipal?
4) Com quantos idosos teve início o Clube?
5) No inicio, vocês imaginavam que o Clube pudesse crescer tanto com cresceu?
6) Como foram decididas as primeiras atividades?
7) Houve grandes mudanças desde o início até o atual momento ou não?
8) Dos primeiros idosos fundadores e freqüentadores, ainda são muitos que
participam dos encontros?
215
ANEXO 5 - ROTEIRO PARA ENTREVISTA COM OS PRESIDENTES DOS
CLUBES
1 Quais os objetivos dos clubes?
2 Quando foram fundados?
3 Histórico dos clubes (Criação, trajetória das atividades).
4 Atividades mais freqüentes (lazer ativo, lazer passivo, voluntariado, etc.).
5 Estruturas físicas.
6 Estruturas políticas.
7 Quantos associados possuem a associação?
8 Quantos são os participantes ativos? São sempre os mesmos? Existe uma
rotatividade?
9 Quais os recursos dos clubes? De onde vem?
10 Quais são as atividades, promoções tradicionais dos clubes?
11 Como funcionam os clubes? (dias, horários, férias, etc.).
12 Caso seja realizado o estudo os idosos poderão ir em outros dias dependendo
da disponibilidade deles para coletar os dados da pesquisa? O clube poderá
ser utilizado em outros dias para realizar o estudo?
13 A população dos clubes são predominantemente formados de descendentes
de alemães? Quais implicações este fato tem sobre as atividades do clube?
14 É possível identificar as preferências dos participantes por determinadas
atividades / projetos / programas?
15 Já existiu ou existe palestras cursos que abordem temáticas relativas a saúde,
doença, qualidade de vida...
16 Os clubes possuem atividades físicas estruturadas e planejadas? Quem atua?
Duração? Há quanto tempo existe? Quais as características delas?
216
ANEXO 6 - PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO
1) Nome do observador:
2) Objetivo da observação:
3) Data da observação:
4) Horário da observação – início:________ término:________
5) Diagrama da situação:
6) Relato do ambiente físico:
7) Descrição do sujeito observado:
8) Relato do ambiente social:
9) Técnica de registro utilizada:
10) Registro propriamente dito:
217
ANEXO 7 - QUESTIONÁRIO DE PRONTIDÃO PARA ATIVIDADE FÍSICA
(Q-PAF)
1. Algum médico já disse que você possui algum problema de coração e que só
deveria realizar atividade física com supervisão por profissionais de saúde?
2. Você sente dores no peito quando pratica exercícios físicos?
3. No último mês, você sentiu dores no peito quando praticava atividade física?
4. Você apresenta desequilíbrio devido a tontura e/ou perda de consciência?
5. Você possui algum problema ósseo/articular/muscular que pode piorar pela
atividade física?
6. Você toma atualmente algum medicamento para pressão arterial e/ou problema
de coração?
7. Sabe de alguma outra razão pela qual você não deve realizar atividade física?
218
ANEXO 8 - QUESTIONÁRIO SÓCIO-ECONÔMICO
Data ____/____/2006
Nome _______________________________________________________________
Data de Nascimento __________________ Local _____________________________
Endereço _____________________________________________________________
Bairro ________________________ CEP ___________________________________
Fone _________________________
Estado Civil _______________________
Tem filhos: SIM ( ) NÃO ( )
Você mora sozinho ? SIM( ) NÃO( ) Com quem? _____________________
Você se encontra:
Empregado ( )
Desempregado ( )
Aposentado ( )
Aposentado por ordem médica ( )
Dona de casa ( )
Qual o seu grau de instrução:
Não fui à escola ( )
Primário – cursado até ______________ série
Ginásio – cursado até ______________ série
Colegial – cursado até _____________ série
Faculdade – cursado até ___________ série
Pós graduação – nível _______________
219
Você tem em sua casa
Não
tem
Tem
(quantos)
Banheiro
Rádio
TV em cores
Aspirador de pó e / ou Vaporetto
Empregada doméstica mensalista
Aparelho de vídeo cassete
Máquina de lavar roupa
Geladeira simples (sem freezer) ( )
Ou
Geladeira com freezer/Geladeira + freezer ( )
Automóvel de passeio
Total
Instrução do chefe da família
Analfabeto / Primário incompleto ( )
Primário completo / Ginásio Incompleto ( )
Ginásio completo / Colégio incompleto ( )
Colégio completo / Universitário incompleto ( )
Universitário completo ( )
Renda familiar
Até 05 salários mínimos
De 05 a 10 salários mínimos
Mais de 10 salários mínimos
220
ANEXO 9 - QUESTIONÁRIO INTERNACIONAL DE ATIVIDADE
FÍSICA – VERSÃO CURTA
Nome:______________________________________________________
_
Data: ______/ _______ / ______ Idade : ______ Sexo: F ( ) M ( )
Nós estamos interessados em saber que tipos de atividade física as pessoas fazem
como parte do seu dia a dia. Este projeto faz parte de um grande estudo que está
sendo feito em diferentes países ao redor do mundo. Suas respostas nos ajudarão a
entender que o ativos nós somos em relação à pessoas de outros países. As
perguntas estão relacionadas ao tempo que você gasta fazendo atividade física na
ÚLTIMA semana. As perguntas incluem as atividades que você faz no trabalho, para
ir de um lugar a outro, por lazer, por esporte, por exercício ou como parte das suas
atividades em casa ou no jardim. Suas respostas são MUITO importantes. Por favor
responda cada questão mesmo que considere que não seja ativo. Obrigado pela sua
participação !
Para responder as questões lembre que:
atividades físicas VIGOROSAS são aquelas que precisam de um grande
esforço físico e que fazem respirar MUITO mais forte que o normal
atividades físicas MODERADAS são aquelas que precisam de algum esforço
físico e que fazem respirar UM POUCO mais forte que o normal
Para responder as perguntas pense somente nas atividades que você realiza por
pelo menos 10 minutos contínuos de cada vez:
1a Em quantos dias da última semana você caminhou por pelo menos 10 minutos
contínuos em casa ou no trabalho, como forma de transporte para ir de um lugar
para outro, por lazer, por prazer ou como forma de exercício?
dias _____ por SEMANA ( ) Nenhum
1b Nos dias em que você caminhou por pelo menos 10 mi
221
2a. Em quantos dias da última semana, você realizou atividades MODERADAS por
pelo menos 10 minutos contínuos, como por exemplo pedalar leve na bicicleta,
nadar, dançar, fazer ginástica aeróbica leve, jogar vôlei recreativo, carregar pesos
leves, fazer serviços domésticos na casa, no quintal ou no jardim como varrer,
aspirar, cuidar do jardim, ou qualquer atividade que fez aumentar
moderadamente sua respiração ou batimentos do coração (POR FAVOR NÃO
INCLUA CAMINHADA)
dias _____ por SEMANA ( ) Nenhum
2b. Nos dias em que você fez essas atividades moderadas por pelo menos 10
minutos contínuos, quanto tempo no total você gastou fazendo essas atividades por
dia?
horas: ______ Minutos: _____
3a Em quantos dias da última semana, vorealizou atividades VIGOROSAS por
pelo menos 10 minutos contínuos, como por exemplo correr, fazer ginástica
aeróbica, jogar futebol, pedalar rápido na bicicleta, jogar basquete, fazer serviços
domésticos pesados em casa, no quintal ou cavoucar no jardim, carregar pesos
elevados ou qualquer atividade que fez aumentar MUITO sua respiração ou
batimentos do coração.
dias _____ por SEMANA ( ) Nenhum
3b Nos dias em que você fez essas atividades vigorosas por pelo menos 10 minutos
222
ANEXO 10 – DESCRIÇÃO DO PROTOCOLO
DADOS ANTROPOMÉTRICOS
Estatura
A medida de estatura foi realizada utilizando uma fita métrica, com escala de
0,1 centímetro. Esta fita foi fixada em uma parede de alvenaria totalmente lisa e sem
rodapé, para que o exista diferença nas medidas. O avaliado fica de costas,
distribuindo sua massa corporal em ambos os pés e sua cabeça fica posicionada no
plano horizontal de Frankfurt. Os braços ficam livres ao longo do tronco, com as
palmas das os voltadas para as coxas. Os calcanhares permanecem unidos e
tocando a base da parede. Além dos calcanhares, os quadris, as escápulas e a parte
posterior do crânio também ficam em contato com a parede. Um esquadro de parede
será deslocado até a parte superior do crânio, exercendo uma pressão suficiente
para comprimir o cabelo. Esta medida será realizada após a apnéia inspiratória.
Posteriormente é solicitado ao avaliado que se retire e em caso de não haver
deslocamento do esquadro se realizará a leitura da medida.
Massa Corporal
A medida de massa corporal foi coletada utilizando uma balança da marca
Filizolla, com intervalo de medida de 100 gramas. O avaliado, vestido com o mínimo
de roupas possível e descalço, deverá colocar-se em pé no centro da balança,
estando sua massa corporal distribuída sobre ambos os pés. O mesmo permanecerá
nesta posição por alguns instantes até ser realizada a medida.
Índice de Massa Corporal (IMC)
De posse das medidas de massa corporal e estatura, foi calculado o IMC,
utilizando a seguinte equação:
IMC= massa corporal (kg)
Estatura (m)
2
Circunferência Abdominal
O avaliado deve ficar em posição de e levantar a camiseta até a altura do
peito, o avaliador permanece a frente do avaliado. Utilizando-se de uma fita métrica
com escala de 0,1 cm, a fita é colocada em volta do avaliado no nível de maior
distensão anterior do abdômen em plano horizontal. A fita é mantida
confortavelmente junto à pele sem comprimir os tecidos e com a ponta do zero sob o
valor a ser anotado.
223
ANEXO 11 - FICHA DE COLETA DE DADOS ANTROPOMÉTRICOS E TESTES
DE APTIDÃO FÍSICA
DATA DA AVALIAÇÃO:____/____/2006.
CLUBE: ( ) Clube Amizade.
( ) Clube Paz e Amor.
IDENTIFICAÇÃO
NOME:_______________________________________________________________
SEXO: Masculino ( ) Feminino ( ).
DATA DE NASCIMENTO: ____/____/______. IDADE:____anos.
DADOS ANTROPOMÉTRICOS
MASSA CORPORAL: ____________ (Kg).
ESTATURA: ____________________ (cm).
RCQ (Relação cintura/quadril):__________ (cm).
AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA À SAÚDE
FORÇA / RESISTÊNCIA MEMBROS SUPERIORES: _______ (número de repetições).
FORÇA DE MEMBROS INFERIORES: __________ (cm).
FLEXIBILIDADE: __________ (cm).
RESISTÊNCIA CARDIORRESPIRATÓRIA: _________ (metros).
AGILIDADE:_______(seg).
EQUILÍBRIO:_______/_______/_______(seg).
224
ANEXO 12 – DESCRIÇÃO DO PROTOCOLO
TESTES DE APTIDÃO FÍSICA
Força/resistência de membros superiores (flexão de cotovelo)
Rikli & Jones (1999), propõe este teste para mensurar indiretamente a força
dos membros superiores. Para a realização do teste foi necessário uma cadeira com
encosto reto, um halteres adaptado de 2 kg para as mulheres e um halteres
adaptado de 4 kg para os homens, além de um cronômetro. O avaliado sentou na
cadeira com as costas retas no encosto e os pés apoiados no chão. O peso é
segurado de lado com a mão dominante fechada. O teste começa com o braço
estendido para baixo ao lado da cadeira, perpendicular ao chão. Ao sinal de início, o
avaliado vira a palma da mão para cima enquanto flexiona o braço, completando
totalmente o ângulo de movimento, voltando depois à posição inicial com o cotovelo
totalmente estendido. O avaliado é encorajado a executar o maior número possível
de movimentos de flexão dentro do prazo de 30 segundos.
Força de membros inferiores (Impulsão vertical sem auxílio dos braços)
Este teste mensura indiretamente a força dos membros inferiores. Soares &
Sessa (1995), apresentam o procedimento de avaliação padronizado: para este teste
são necessários uma fita métrica, uma cartolina preta e de giz. O avaliado se
coloca em pé, com os calcanhares no solo, pés paralelos e corpo lateralmente à
parede, com os membros superiores elevados verticalmente. Considera-se como
ponto de referência a extremidade mais distal das polpas digitais da mão dominante
comparada à fita trica. O avaliado é orientado a saltar e tocar as polpas digitais
da mão dominante no ponto mais alto da fita métrica, executando três vezes este
movimento. O resultado é obtido pela subtração do valor do ponto de referência da
melhor marca atingida durante as três execuções do salto.
Potência aeróbia (caminhada de 6 minutos).
Rikli & Jones (1998), adaptaram o teste de caminhada de 9 minutos e
viabilizaram o teste de 6 minutos que mensura indiretamente a capacidade
cardiorrespiratória. Para se realizar o teste é necessário cronômetros, cones, fita
métrica, palitos de pirulito, giz, fita crepe e cadeiras. O teste propõe ao avaliado
caminhar a maior distância possível em 6 minutos em um percurso retangular de
45,72 metros marcada em segmentos de metros. O resultado final é o número total
de metros caminhados em 6 minutos.
225
Teste de flexibilidade (sentar-e-alcançar)
Para realizar o sentar-e-alcançar, foi necessário o uso da caixa de “sentar-e-
alcançar”, construída com uma escala de medida sob a parte superior, sendo que o
valor 23 cm equivale a sola dos pés do avaliado. O objetivo deste teste foi avaliar a
flexibilidade dos músculos inferiores das costas e músculos posteriores da coxa.
O avaliado senta em frente ao aparelho de testagem descalço. As pernas
devem ficar estendidas, com a parte inferior de cada em contato com a caixa.
Com os braços estendidos à frente e com a palma de uma o sobre o dorso da
outra, o avaliado inclinava-se para frente, estendendo os dedos o mais longe possível
ao longo da escala de medida. Foram realizadas quatro medidas, sendo que a última
devia ser mantida por no mínimo um segundo. O escore foi o número de centímetros
atingido na quarta tentativa.
Agilidade (shutle run)
São traçadas duas linhas no solo distantes 9,14 metros, são colocados dois
blocos de madeira a 10 centímetros da linha externa, separados entre si por um
espaço de 30 centímetros. O espaço para a realização do teste deve ser em plano
reto, livre de obstáculos e solo com atrito suficiente para evitar o deslize do tênis do
avaliado. O teste inicia-se ao comando do avaliador, o avaliado corre à máxima
velocidade até os blocos, pega um deles e retorna ao ponto de partida, colocando-o
no chão atrás da linha. Sem interromper a corrida vai em busca do segundo bloco,
sendo que o cronômetro é parado quando o avaliado coloca o último bloco no chão.
Este teste deve ser realizado novamente com intervalo de no mínimo dois minutos e
considerando como resultado o menor tempo de percurso, precisando em segundos.
Equilíbrio (equilíbrio estático com controle visual)
O avaliado fica na posição em com as mãos na cintura e orientado a olhar
em um ponto fixo (a uma distância de aproximadamente dois metros da parede). O
teste inicia-se ao comando do avaliador, desta forma, o avaliado deve flexionar na
altura dos joelhos uma das pernas, escolhida a vontade pelo próprio avaliado, sendo
que ele deve tentar se manter nessa posição por 30 segundos, se ele conseguir ficar
este tempo o cronômetro é parado e anotado o tempo, caso o avaliado coloque o
antes deste tempo no chão, deve ser anotado o tempo neste momento. Este teste
deve ser realizado em três tentativas, sendo que o resultado deve ser considerado
através da média em segundos das três tentativas.
226
ANEXO 13 – FIGURAS DAS AVALIAÇÕES ANTROPOMÉTRICAS E TESTES DE
APTIDÃO FÍSICA
Figura 1 – Medida de estatura
Figura 2 – Medida de massa corporal
Figura 3 – Medida de circunferência abdominal
227
Figura 4 Teste de força/resistência de membros superiores (flexão de
cotovelo)
Figura 5 Teste de força de membros inferiores (Impulsão vertical sem
auxílio dos braços)
Figura 6 – Teste de potência aeróbia (caminhada de 6 minutos)
228
Figura 7 - Teste de flexibilidade (sentar-e-alcançar)
Figura 8 – Teste de agilidade (shutle run)
Figura 9 – Teste de equilíbrio (equilíbrio estático com controle visual)
229
O FINAL!!!
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