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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
CENTRO DE ESTUDOS GERAIS
INSTITUTO DE BIOLOGIA
PROGRAMA DE NEUROIMUNOLOGIA
JULIANA LOURENÇO ABRANTES
ESTUDO DA ATIVIDADE ANTI-HSV-1 DE TERPENOS ISOLADOS DE ALGAS
PARDAS MARINHAS
NITERÓI
2006
Programa de Neuroimunologia
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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
CENTRO DE ESTUDOS GERAIS
INSTITUTO DE BIOLOGIA
PROGRAMA DE NEUROIMUNOLOGIA
JULIANA LOURENÇO ABRANTES
ESTUDO DA ATIVIDADE ANTI-HSV-1 DE TERPENOS
ISOLADOS DE ALGAS PARDAS MARINHAS
Niterói
2006
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JULIANA LOURENÇO ABRANTES
ESTUDO DA ATIVIDADE ANTI-HSV-1 DE TERPENOS ISOLADOS DE ALGAS
PARDAS MARINHAS
Trabalho desenvolvido no laboratório de Virologia Molecular do Departamento de
Biologia Celular e Molecular, Programa de Neuroimunologia, Instituto de Biologia –
UFF.
Orientadora: Izabel Christina de Palmer Paixão Frugulhetti
Co-orientadora: Valéria Laneuville Teixeira
NITERÓI
2006
Dissertação de mestrado
submetida à Univers
idade Federal
Fluminense como requisito parcial
para obtenção de grau de Mestre
em Neuroimunologia.
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Abrantes, Juliana Lourenço
Estudo da atividade anti-HSV-1 de terpenos isolados de algas pardas
marinhas./ Juliana Lourenço Abrantes – Niterói, 2006
XIII, 81f
Dissertação (Mestrado em Neuroimunologia) – Universidade Federal
Fluminense, Instituto de Biologia, 2006
1. HSV-1 2. Produtos Naturais
3. Agentes antivirais 4. Algas Pardas
– Teses. I. Título
CDD
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JULIANA LOURENÇO ABRANTES
ESTUDO DA ATIVIDADE ANTI-HSV-1 DE TERPENOS ISOLADOS DE ALGAS
PARDAS MARINHAS
Dissertação de mestrado
submetida à Universidade Federal
Fluminense como requisito parcial
para obtenção de Mestre em
Neuroimunologia
Niterói, 11 de agosto de 2006
BANCA EXAMINADORA
Dra. Helena Carla Castro Rangel
UFF
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"A melhor maneira de
ter uma boa idéia é ter
muitas idéias”.
Linus Pauling
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AGRADECIMENTOS
Às professoras
Izabel Frugulhetti e Valéria Laneuville Teixeira pela orientação e
amizade.
Aos professores Renato Crespo e Valéria Teixeira e aos alunos do Departamento
de Biologia Marinha da UFF, pela colaboração que nos permite o desenvolvimento
da pesquisa na área de antivirais.
Aos professores do Curso de Pós-Graduação em Neuroimunologia pelos
ensinamentos indispensáveis para a minha formação acadêmica.
Aos Professores Carlos Frederico Leite Fontes e Júlio Alberto Mignaco do Instituto
de Bioquímica Médica da UFRJ e a todos os seus alunos, por estarem sempre
dispostos a colaborar com o nosso trabalho.
À banca desta dissertação.
À professora Elizabeth Giestal de Araújo pela revisão desta dissertação.
A todos os colegas do curso de Pós-Graduação em Neuroimunologia.
Às amigas Samara e Hania Rosado pela indispensável prestação de serviços
técnicos.
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A todos os meus amigos, que são muito especiais.
Aos amigos do Laboratório de Virologia Molecular da UFF, Luciano Sant'Anna,
Priscila Born, Tamara Fogel, Silmara Souza, Diego Queiroz, Marcelo do
Nascimento Costa, Milene Dias Miranda e Thiago Moreno Lopes e Souza.
À minha família por ter me dado apoio e todo suporte necessário para o
desenvolvimento desta dissertação.
E ao meu namorado Thiago Moreno Lopes e Souza por toda a orientação
profissional, além de todo o carinho, dedicação, companheirismo e amor.
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3.9. Efeito das substâncias DA-1 e Dol-2 em células infectadas sobre a
Síntese de Proteínas --------------------------------------------------------------32
3.10. Eletroforese em Gel de Poliacrilamida e Auto-radiografia----------------33
3.11. Ensaio de Inibição da enzima DNA polimerase viral ----------------------33
3.12. Análise Estatística ------------------------------------------------------------------34
4. RESULTADOS -----------------------------------------------------------------------------35
4.1. Avaliação da atividade antiviral--------------------------------------------------35
4.2. Avaliação da citotoxicidade-------------------------------------------------------37
4.3. Os produtos naturais apresentaram valores de inibição comparáveis
ao do ACV----------------------------------------------------------------------------37
4.4. As substâncias podem estar atuando em fases iniciais da replicação
viral-------------------------------------------------------------------------------------39
4.5. As substâncias não atuam sobre a adsorção viral na célula hospedeira
-------------------------------------------------------------------------------------------42
4.6. As substâncias revertem a inibição da síntese de proteínas em lulas
Vero infectadas com HSV-1 -----------------------------------------------------44
4.7. A inibição da expressão de proteínas virais ---------------------------------46
4.8. As substâncias não inibem a atividade da DNA polimerase viral ------49
5. DISCUSSÃO -------------------------------------------------------------------------------51
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS -------------------------------------------------58
7. Anexo-----------------------------------------------------------------------------------------75
11
LISTA DE ABREVIATURAS
µg/mL – micrograma por mililitro
µCi/mL – microCurie por mililitro
µM – Micromolar
M - Molar
α-TIF – Fator indutor de transcrição de proteínas de fase α.
ACV – Aciclovir
CC
50
– Citotoxicidade em 50%
CO
2
– Dióxido de Carbono
DMEM – Dubelcco´s modified Eagle medium
DMSO - Dimetilsulfóxido
DNA – Ácido desoxirribonucléico
DTT - Dithiothreitol
EC
50
– Concentração da droga capaz de inibir em 50% a replicação viral
EDTA – Ácido etilenodiamino tetra-acético
FBS – Soro fetal bovino
g – Força da gravidade
HCF – Proteína estabilizadora de fator de transcrição
HCl – Ácido clorídrico
HIV - Vírus da imunodeficiência humana
HVEM – Mediador da entrada de herpesvirus
12
HSV-1 – Vírus herpes simples tipo – 1
HSV-2 – Vírus herpes simples tipo - 2
ICP – Proteína de célula infectada
MgCl
2
– Cloreto de Magnésio
MHC - Principal complexo de histocompatibilidade
MOI – Multiplicidade de infecção
MTT – 3-(4,5-dimetiltiazol-2-il)-2,5-difeniltetrazoliumbrometo
NGF – Fator de crescimento do nervo
h p.i. – Horas pós - infecção
PBS – Salina tamponada com fosfato
PFU – Unidades formadoras de placas virais
PMSF - Fenilmetilsulfonil fluoreto
RNA – Ácido ribonucléico
RNAm – Ácido desoxirribonucléico mensageiro
RPM – Rotações por minuto
SDS - Dodecilsulfato de sódio
SI – Índice de Seletividade
TAP – Transportador associado com o processamento do antígeno
TCA – Ácido tricloroacético
TNF – fator de necrose tumoral
TK – Timidina cinase
Vero - Células de rim de macaco verde africano
VHS – Virus host shut-off
OCT-1 e OCT-2 – proteínas reguladoras de transcrição
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RESUMO
O vírus herpes simples tipo-1 pode causar doenças como encefalite,
ceratoconjutivite e escarificação mucocutânea. O aciclovir é o composto mais
utilizado no tratamento de pacientes acometidos por estas doenças. Neste
trabalho avaliamos o mecanismo de ação de terpenos isolados das algas pardas
Dictyota menstrualis, Dictyota pfaffii e Stypopodium zonale, coletadas na costa
Brasileira, na replicação in vitrodo vírus Herpes Simples Tipo-1 em células Vero.
Podemos observar que estas moléculas inibiram a expressão de proteínas de fase
β. Isto sugere que os compostos podem estar atuando sobre a fase α da
replicação viral, que cada etapa da replicação do rus herpes simples tipo-1
ocorre como uma cascata, onde cada fase é dependente da fase anterior ou que
as substâncias poderiam estar atuando sobre proteínas de fase β expressas
anteriormente àquelas que foram inibidas.
Palavras-chave: HSV-1, produtos naturais, agentes antivirais e algas pardas.
14
ABSTRACT
The herpes simplex type-1 virus can cause illness such as encephalitis,
keratoconjutivits and mucocutaneous scarification. The acyclovir is the reference
compound used to treat these threats. In this work, we evaluated the mechanism of
action of terpenes isolated from the brown algaes Dictyota menstrualis, Dictyota
pfaffii and Stypopodium zonale collected in Brazilian shore on the in vitro
replication of herpes simplex type-1 virus in Vero cells. We could observe that
these molecules inhibited the expression of β proteins. It suggests that the
compounds could be acting at α phase of viral replication, since each step of
herpes simplex type-1 virus replication occurs in a pathway, in which each phase
depends on the previous one or the substances could be acting at β proteins
expressed upstream those that were inhibited.
Key-words: HSV-1, natural products, antiviral agents and brown algaes.
15
1 - INTRODUÇÃO
1.1 – O Vírus Herpes Simples tipo 1 (HSV-1)
1.1.1 – Histórico e transmissão
O vírus Herpes Simples tipo 1 (HSV-1), também denominado Herpesvirus
Humano tipo 1 (HHV-1) foi primeiramente documentado pelo médico grego
Hipócrates (460/377 a.C.), que o batizou de herpes (do latim herpin = rastejar,
reptil) devido ao aspecto das lesões causadas pelo vírus, como vesículas no trato
bucal, febre e ulcerações nos lábios. Todas estas manifestações caracterizavam a
doença Herpes febrilis, descrita mais tarde por Heródoto (484/425 a.C.). No
entanto, somente no século XX, entre 1920 a 1960, foi demonstrado que os
isolados virais infectavam uma grande gama de hospedeiros, como ratos,
camundongos, coelhos, cobaias e macacos. Além disso, também foi demonstrado
que este vírus poderia se multiplicar rapidamente em cultura de lulas
fibroblásticas, epiteliais, nervosas e ovos embrionados, levando à lise celular. Em
1968, os pesquisadores Nahmias e Dowdle classificaram o vírus herpes no gênero
Simplex e, com base em diferenças imunológicas, epidemiológicas e clínicas,
separaram este vírus em duas espécies diferentes, classificando-os de HSV-1 e
HSV-2 (Miranda et al., 2002). Contudo, desde a última reunião do International
Comitee for Viruses taxonomy (ICVT) o vírus herpes simples tipo 1 foi classificado
como pertencente à família Herpesviridae e à subfamília alphaherpesviridae,
16
devido as suas características genômicas, sorológicas, ciclo replicativo e latência
(Miranda et al., 2002).
Hoje sabemos que a transmissão do HSV-1 ocorre por contato direto da
mucosa ou pele com algum tipo de abrasão com as secreções que contenham o
vírus em questão. Após sua entrada, as partículas virais o transportadas
retrogradamente, ao longo dos neurônios sensoriais até o gânglio trigêmeo, onde
podem estabelecer infecções latentes por toda vida do hospedeiro (Brady et al.,
2004).
A lesão orolabial recorrente causada pelo HSV-1 tem como sintomas uma
vermelhidão em torno dos lábios e pode ser precedida por formigamento ou
queimação local (Whitley et al., 2002). O HSV-1 pode causar lesões
mucocutâneas, encefalite em pacientes imunocomprometidos e neonatos, e
ceratoconjutivite, sendo uma das principais causas de cegueira em países em
desenvolvimento (Corey & Spear, 1986) (Esquema 1). Apesar do HSV-1 ser
classicamente conhecido como causador do herpes labial, outros herpesvírus
como o HSV-2, classicamente descrito como causador do herpes genital, pode ser
encontrado no sítio labial; neste caso, a transmissão se , sobretudo, através do
sexo oral. Da mesma forma pode acontecer a infecção pelo HSV-1 no trato
genital, com conseqüente estabelecimento de latência nos gânglios lombo-sacros
(Bhattarakosol et al., 2005).
17
Esquema 1 - Lesões causadas pelo HSV-1 (http://www.google.com.br)
18
1.1.2 – Morfologia
A partícula viral completa do HSV-1 mede cerca de 150nm. Além disso, este
vírus apresenta um envelope lipídico, no qual estão inseridas as glicoproteínas
virais e algumas proteínas de envelope, como gE, gI e C-1, relacionadas com a
inibição do complemento pelas vias clássica e alternativa. Outras glicoproteínas
virais, como gM, gK e gI, estão relacionadas com o espalhamento do HSV-1 pelas
junções intercelulares e pela formação de sincício (Flakow, 1996) (Tabela 1).
Abaixo do envelope lipídico a partícula viral apresenta um material protéico e
amorfo, denominado tegumento, que é composto pela proteína majoritária ICP5 e
também pelas proteínas VHS, responsável pela degradação do RNAm celular e
desagregação de polissomas, e α-TIF, responsável pela formação do complexo de
pré-iniciação, dando início ao processo de transcrição viral. Além do tegumento, o
HSV-1 apresenta um capsídeo, também de natureza protéica, que mede cerca de
100nm e que serve de cerne para o genoma viral (Esquema 2).
O genoma viral é representado por uma molécula de DNA dupla fita linear
que contém cerca de 150kb, sendo constituído por 2 segmentos: um longo (L) e
um curto (S). Estes segmentos estão ligados covalentemente e são flanqueados
por seqüências invertidas e repetidas (Esquema 3). No genoma viral existem
seqüências para codificação de cerca de 70 proteínas. Durante a infecção ocorre
a circularização do DNA viral no núcleo da célula hospede
19
GLICOPROTEÍNAS
FUNÇÕES
gB Interação com GAGs; Adsorção e Fusão; Formação de sincício
gC Interação com GAGs
gD Adsorção em receptores diferentes dos GAGs; Espalhamento célula-célula; Não forma sincício
gE Receptor para Fc de Imnunoglobulinas
gI Forma complexo com gE; Envolvido com o espalhamento pelas junções intercelulares
gH Forma complexo com gL; Envolvido na fusão do envelope viral com a membrana plasmática
gL Forma complexo com gH
gK Envolvido com o transporte do vírion pelo citoplasma
gM Interação com receptores nas junções intercelulares, mediando o espalhamento viral
Tabela 1 Função de algumas glicoproteínas do HSV-1. (Adaptado de Miranda et al., 2002)
20
Esquema 2 Eletromicrografia do HSV-1 (http://darwin.bio.uci.edu)
21
Esquema 3 Mapa genético do HSV-1 (http://darwin.bio.uci.edu)
22
1.1.3 – Mecanismos da multiplicação viral
1.1.3.1 - A entrada do HSV-1 na célula hospedeira (Adsorção e
Penetração)
A primeira etapa da infecção viral inicia-se no momento em que ocorre a
adsorção do HSV-1 na célula hospedeira. Nesta etapa, ocorre a interação das
glicoproteínas virais gC e gB com proteoglicanos celulares, principalmente com
moléculas de heparan sulfato. Após este processo, a glicoproteína gD pode
interagir com três tipos distintos de receptores secundários, responsáveis pela
entrada do vírus na célula hospedeira (Esquema 4): o mediador da entrada de
herpesvírus (HVEM - herpesvirus entry mediator), um membro da superfamília dos
receptores do TNF/NGF; os receptores da família da Nectina -1 e Nectina -2,
membros da superfamília das imunoglobulinas; e moléculas de heparan sulfato
modificadas em sítios específicos pela ação da enzima 3 O sulfotransferase
(Spear et al., 2000; Spear & Longnecker, 2003; Spear, 2004; Spear et al., 2006).
23
Esquema 4 Entrada do HSV-1 na célula hospedeira (http://darwin.bio.uci.edu)
24
O receptor HVEM é um receptor da família do TNF que pode ser encontrado
em uma grande variedade de tecidos e tipos celulares, incluindo células T e B,
células epiteliais e fibroblastos. Porém, ainda não foi constatada sua presença em
neurônios (Montgomery et al., 1996). Além da glicoproteína viral gD, outras
moléculas também podem interagir com o HVEM através de sítios específicos de
ligação, como por exemplo os ligantes endógenos como o LIGHT e a Linfotoxina-α
(LT-α), não sendo possível a ligação de todas estas moléculas ao mesmo tempo
(Whitbek et al., 1997; Mauri et al., 1998; Sarrias et al., 2000; Benedict et al., 2001;
Benedict et al., 2003; Ware, 2003).
Os receptores Nectina -1 e Nectina -2 são as únicas isoformas dos
receptores da Nectina capazes de permitir a entrada do HSV-1, apresentando uma
grande importância sobretudo no que diz respeito à dispersão célula–célula deste
vírus (Yoon & Spear, 2002; Marozin et al., 2004). Estes receptores podem ser
encontrados em lulas epiteliais, fibroblastos e neurônios, co-localizando com
caderinas em junções aderentes, participando dos processos de adesão celular
(Spear, 2004).
as moléculas de heparan sulfato são glicosaminoglicanas, sintetizadas
pela adição de unidades repetidas de N-acetil-glicosamina e acido glicurônico
seguido pela sulfatação por ação enzimática (Lindahl et al., 1998).
Após o processo de adsorção ocorre a exposição de resíduos hidrofóbicos
de diversas glicoproteínas virais, como gD e gH/gL, resultando na fusão do
envelope viral com a membrana plasmática da célula hospdeira. Em seguida, as
proteínas do tegumento, juntamente com o nucleocapsídeo, são liberadas no
25
citoplasma da célula hospedeira. O nucleocapsídeo será, então, transportado via
citoesqueleto para a área perinuclear, onde o capsídeo é desmontado, ocorrendo
a liberação do genoma viral no núcleo da célula hospedeira (Esquema 4)
(Roizman & Sears, 1996).
1.1.3.2 – Latência e ciclo lítico (produtivo)
Após a sua entrada na célula hospedeira, o HSV-1 pode estabelecer a
latência ou o ciclo lítico. Apesar dos fatores que possam estar influenciando a
latência ou o ciclo produtivo ainda não serem bem estabelecidos, pesquisas
indicam que a presença de Fator de Crescimento do Nervo (NGF) pode induzir a
latência em gânglios da raiz dorsal pela indução da transcrição do gene viral LAT
(Latency-Associated-Transcript) (Preston, 2000; Mitchell et al., 2003).
Durante o período de latência o HSV-1 associa-se a histonas, formando um
DNA episomal. Além disso, a latência ocorre principalmente no sistema nervoso
onde há uma maior expressão do fator nuclear OCT-2 em relação a isoforma
OCT-1, que é expressa principalmente em outros tecidos. Na maioria dos tecidos
a proteína do tegumento viral α-TIF interage preferecialmente com a proteína
OCT-1. Esta ligação é estabilizada pelo fator HCF proporcionando a formação do
complexo de pré-iniciação junto ao TATA Box do genoma do HSV-1, iniciando a
transcrição de genes de fase alfa e conseqüente infecção produtiva (Preston,
2000).
26
Algumas situações como estresse, hipertermia, aumento das concentrações
citosólicas de AMPc, transplante de orgãos e imunossupressão, o HSV-1 pode ser
reativado (Kuo et al., 1987) (Esquema 5). Durante a reativação, as partículas virais
são transportadas via transporte anterógrado ao longo dos neurônios sensoriais
periféricos, causando a infecção produtiva, podendo provocar lesões no tecido
mucocutâneo. Em alguns casos, como em pacientes imunocomprometidos e
neonatos, as partículas virais podem migrar em direção ao sistema nervoso
central, podendo provocar quadros de encefalite e ceratoconjutivite (Corey &
Spear, 1986; Roizman & Sears, 1996; Brady et al., 2004). Além disso, o HSV-1
parece ser um fator importante para disseminação do HIV-1, podendo causar uma
série de enfermidades associadas à AIDS (Mann et al., 1984; Chen et al., 1998).
O ciclo produtivo do HSV-1 pode ser cineticamente dividido em três fases
(Esquemas 6, 7 e 8). A primeira delas é denominada fase alfa (Immediately-early),
que tem início no momento em que a proteína do tegumento viral α-TIF, associada
aos fatores nucleares OCT-1 e HCF, se liga ao TATA Box no genoma viral,
formando o complexo de pré-iniciação viral. Inicia-se, então, a síntese de
proteínas de fase alfa, como ICP4, ICP27 e ICP47, responsáveis pela regulação
positiva das fases beta e gama, além de inibir a ação das proteínas TAP inibindo a
apresentação de antígenos virais pelo MHC de classe I. Após a fase alfa inicia-se
a fase beta (Early), na qual são sintetizadas enzimas análogas às celulares e que
possibilitam a replicação do DNA, como a timidina cinase (TK) e UL30/UL42 (DNA
polimerase viral). A última fase é denominada fase gama (Late), na qual são
27
produzidas as proteínas estruturais do vírion, ocorrendo a montagem da partícula
viral (Roizman & Sears, 1996; Whitley, 1996; Boehmer & Lehman, 1997).
Após a montagem das partículas virais no cleo da lula hospedeira, o
nucleocapsídeo viral é envelopado, através da fusão com a membrana nuclear
interna, havendo o aumento de vírus envelopados no espaço perinuclear. Para
que as partículas virais possam ser liberadas do núcleo da célula hospedeira
ocorre a fusão do envelope viral com a membrana nuclear externa, havendo uma
acumulação de capsídeos sem envelope no citoplasma. Os capsídeos são então
re-envelopados por vesículas derivadas do complexo de Golgi. Esta última etapa
pode estar sendo mediada por interações entre proteínas do tegumento viral e
porções citoplasmáticas de glicoproteínas virais, que estariam inseridas nas
vesículas derivadas do Golgi (Melancon et al., 2004) (Esquema 9).
28
Esquema 5 - Latência e Reativação do HSV-1 (http://darwin.bio.uci.edu)
29
Esquema 6 Início da replicação viral, fase α (Baseado em Roizman & Sears, 1996)
Esquema 7 Segunda fase da replicação do HSV-1, fase β. (UL-29 – proteína ligadora de fita simples;
UL-9 – Helicase; UL-30/UL-42 – DNA polimerase viral) (Baseado em Roizman & Sears, 1996)
30
Esquema 8 Terceira fase da replicação do HSV-1, fase γ (http://darwin.bio.uci.edu)
31
Esquema 9 Liberação das partículas virais da célula hospedeira (http://darwin.bio.uci.edu)
32
1.2 – Drogas utilizadas no tratamento de pacientes infectados com HSV-1
Dentre as drogas mais utilizadas no tratamento de pacientes infectados com
o HSV-1 destacam-se o Aciclovir (ACV), Ganciclovir, Cidofovir e Foscarnet. O
ACV é uma guanina com grupamento ribosil incompleto, isto é, não apresenta os
carbonos 2’ e 3’ e suas respectivas hidroxilas. Tal composto é primeiramente
fosforilado pela timidina cinase viral e di e trifosforilado por enzimas celulares.
Finalmente, a molécula é captada pela DNA polimerase viral (complexo
UL30/UL42), resultando na terminação de cadeia da fita de DNA, pela ausência do
3’-OH (De Clercq, 2004) (Esquema 10). O ACV é considerado uma droga segura
para o tratamento de pacientes com lesões herpéticas devido à sua baixa
citotoxicidade. No entanto, vem sendo observado o aumento do número de cepas
de HSV-1 resistentes a esta droga, principalmente isoladas de pacientes
imunocomprometidos, além desta droga poder causar neurotoxicidade (Coen,
1996; Ernst & Franey, 1998; Stranska et al., 2005). Além disso, a administração
sistêmica de ACV vem sendo correlacionada com a formação de cristais e
conseqüente falha no funcionamento renal (Lyon et al., 2002).
Uma outra molécula utilizada no tratamento de pacientes infectados pelo
HSV-1 é o Ganciclovir, que também atua como inibidor da DNA polimerase viral
(De Clercq, 2004). Porém, além de poder causar neurotoxicidade, assim como a
ACV, está associado com a supressão da atividade de medula óssea (Liu et al.,
2004) e, em alguns casos, com carcinogênese (Wutzler & Thust, 2001). Drogas
como o foscarnet, têm sido empregadas no tratamento de pacientes infectados
com cepas resistentes ao ACV (Esquema 11). Porém, a sua utilização pode
33
ocasionar em falhas no funcionamento renal devido a sua cristalização após
administração intravenosa (Zanetta et al., 1999), além de poder ocorrer a seleção
de enzimas DNA polimerase mutantes (Hwang et al., 1992).
Pelo fato das drogas que são utilizadas no tratamento de pacientes
infectados pelo HSV-1 causarem vários efeitos colaterais, o número de trabalhos
voltados em demonstrar a atividade anti-HSV-1 de análogos não nucleosídicos
vem crescendo muito em vários países. Várias moléculas derivadas de produtos
naturais vêm sendo extraídas e modificadas com o objetivo de obtermos mais
moléculas bioativas e menos tóxicas. Além disso, moléculas isoladas de
organismos marinhos, como algas e esponjas, vêm ganhando um grande espaço
na pesquisa em antivirais.
34
Esquema 10Mecanismo de ação do Aciclovir (ACV) (Hardman, et al.,2001)
Esquema 11 Outras moléculas utilizadas como anti-HSV-1 (http://www.google.com.br)
Foscarnet
Vidarabina
Cidofovir
35
1.3 – Produtos Naturais
Os produtos naturais, tanto compostos purificados quanto extratos, podem
ser considerados uma grande fonte de novas moléculas com efeitos
farmacológicos devido a sua grande diversidade química (Cos et al., 2006). Estes
produtos foram explorados pelo homem com diversos propósitos, incluindo seu
uso em alimentos, fragrâncias, pigmentos, inseticidas e fármacos, que muitas
vezes são descobertos através da medicina popular.
Existem diversos trabalhos na literatura demonstrando a atividade anti-
herpética de plantas e ervas medicinais (Khan et al., 2005). Como por exemplo,
pode-se citar os óleos essenciais isolados da planta Santolina insularis, capazes
de inibir a dispersão do HSV célula-célula (De logu et al., 2000), os compostos
isolados de ervas como a Psychotria serpens e Limonium sinense (Kuo et al.,
2001; Kuo et al., 2002), capazes de inibir o HSV em várias etapas de sua
replicação, extratos isolados de plantas da Tailândia, que apresentaram efeito
seletivo sobre o HSV-1 (Lipipun et al., 2003) e substâncias isoladas da erva
chinesa Polygonatum cyrtonema, as quais apresentaram atividade anti-HSV-2 em
cultura de células (Liu et al., 2004).
Os oceanos também apresentam uma grande diversidade de produtos
naturais, que podem ser derivados de diversos organismos como esponjas,
moluscos, bactérias marinhas, cianobactérias e algas multicelulares, os quais
podem apresentar substâncias com efeitos farmacológicos contra doenças
causadas por fungos, parasitas, bactérias e vírus, além de alguns deles também
apresentarem efeito anticâncer (Donia et al., 2003). Os primeiros registros da
36
utilização de produtos isolados de organismos marinhos datam de 1600 a.C.,
quando os Fenícios utilizavam a secreção de moluscos para produzir um corante
de roupas denominado "Púrpura de Tyrian" (Faulkner, 1992).
Dentre os organismos marinhos, as esponjas e as algas, além de fornecerem
o maior mero de produtos naturais marinhos conhecidos, deram origem a cerca
de 65% das patentes existentes em antitumorais e antivirais (Bongiorni & Pietra,
1996). Além disso, dados da literatura descrevem compostos isolados de oalgas
que possuem atividade antiviral para herpesvírus (HSV-1, HSV-2 e HCMV),
togavírus (Sindbis e Semliki), paramixovírus (RSV), rabdovírus (VSV) e retrovírus
(SIV e HIV) (De Clercq, 2000).
Nosso grupo demonstrou a atividade anti-HSV-1 de alcalóides isolados da
esponja Aaptos aaptos (Coutinho et al., 2002), como também de diterpenos
isolados da alga parda Dictyota pfaffii (Barbosa et al., 2004) e, além disso, a
inibição da enzima transcriptase reversa (TR) do vírus HIV pelo diterpeno DA-1,
isolado da alga parda Dictyota menstrualis (Pereira et al., 2004).
Desde 1.500 A.C. as algas marinhas eram utilizadas como fonte de
fármacos para o tratamento de gota, fístulas e de algumas formas de ncer.
Entretanto, somente a partir de 1970 é que vários grupos de pesquisadores
iniciaram a triagem sistemática de extratos de algas com intuito de encontrar
produtos com atividade biológica. Como resultado, foram encontradas substâncias
com atividade antiviral, antifúngica, antibacteriana e anticâncer, mostrando que as
algas são uma fonte muito rica de produtos potencialmente utilizáveis como
fármacos (Bongiorni & Pietra 1996).
37
As algas podem ser unicelulares e procariontes, como as algas azuis ou
cianobactérias, unicelulares e eucariontes como as euglenófitas, dinoflagelados e
diatomáceas ou pluricelulares e eucariontes como as algas verdes (Chlorophytas),
pardas (Phaeophytas) e vermelhas (Rhodophytas) (Vidotti & Rollemberg, 2004).
As algas pardas e vermelhas caracterizam-se pela produção de
hidrocarbonetos voláteis, polifenóis e terpenos. Os hidrocarbonetos podem atuar
como feromônios sexuais e os polifenóis como mecanismo de defesa contra
herbivoría. Os terpenos também podem atuar contra herbivoría. Além disso, essas
substâncias parecem reforçar a proteção das algas contra bactérias, fungos ou
organismos incrustantes como esporos de algas e larvas de invertebrados,
podendo assim, aumentar as vantagens das algas na competição interespecífica
por espaço (Teixeira et al., 2001).
Algumas espécies de algas pardas e vermelhas participam de maneira
bastante abrangente na vida cotidiana do homem, através dos colóides extraídos
dos seus talos. Existem alguns produtos de importância econômica, como os
ácidos algínicos (alginatos), as agaranas e as carragenanas, os quais são usados
como matéria prima em vários segmentos da indústria alimentícia, farmacêutica,
cosméticos, têxtil, bebidas, etc., como também na biotecnologia (Vidotti &
Rollemberg, 2004).
A primeira evidência de que as algas marinhas possuem propriedades
antivirais foi demonstrada por Gerber e colaboradores em 1958, que observaram
que polissacarídeos extraídos de Gelidium cartilagenium protegiam embriões de
galinha contra a infecção por rus influenza B e vírus da caxumba.
Posteriormente, o efeito inibidor de vários produtos isolados de várias espécies de
38
algas para diferentes vírus foi demonstrado (Carlucci et al., 1997; Duarte et al.,
2001).
Desde estas descobertas, a pesquisa da atividade antiviral de
polissacarídeos sulfatados obtidos de algas marinhas tem sido explorada,
observando-se sua ação inibitória na replicação de herpes vírus (Carlucci et al.,
1999; Duarte et al., 2001; Carlucci et al., 2004; Duarte et al., 2004; Talarico et al.,
2004; Faria-Tischer et al., 2006), vírus da imunodeficiência humana (Lee et al.,
1999), vírus linfotrópico de lulas T humanas tipo 1 (Romanos et al., 2002), vírus
respiratórios (Hasui et al., 1995) e vírus da dengue (Talarico et al., 2005).
Organismos marinhos são grandes produtores de metabólitos secundários
derivados de unidades isoprênicas, incluindo os monoterpenos (C10), os
sesquiterpenos (C15), os diterpenos (C20), os triterpenos (C30) e os tetraterpenos
(C40). Dentre esses organismos, as algas marinhas estão entre os principais
produtores destas substâncias (Blunt et al., 2006). Dos 15.000 metabólitos
secundários de origem marinha, descobertos até o ano passado,
aproximadamente 55% são derivados terpenoídicos. Esta proporção pode ser
muito superior em alguns filos, representando até 90% dos metabólitos isolados
(Harper et al.,2001).
Esqueletos terpenoídicos são produzidos por representantes de todas as
divisões de macroalgas marinhas, dentre eles, derivados halogenados e terpenos
de origem biossintética mista (meroterpenóides), como os metabólitos isolados de
algas vermelhas do gênero Laurencia (Ceramiales, Rhodomelaceae) e de algas
pardas do gênero Stypopodium (Dictyotaceae) (Soares, 2003; Kladi et al., 2006).
39
A extensa área costeira do Brasil e diversidade de espécies encontradas
nesta região, principalmente de algas multicelulares, constituem fontes de grande
potencialidade para a descoberta de novos fármacos, com potencial aplicação em
diversos tipos de patologia. Neste trabalho foram utilizados diterpenos, isolados
das algas marinhas Dictyota menstrualis e Dictyota pfaffii e meroditerpenos,
isolados da alga Stypopodium zonale. Todas essas algas são encontradas no
litoral brasileiro e pertencem à classe Phaeophyceae.
40
2 – OBJETIVOS
Sendo o HSV-1 um patógeno de grande interesse clínico, existem
diversas drogas utilizadas no tratamento de paciente658(a)-4(ci00191v(a)-4(m)-79.844 0 Td[(e)-(c(t)-2(a)-4(d)-4(o)-4(a)-6)2(co)-4(m)-7.00195( -6)7.0-2(e658(st)-2.00195(e)-4( )277.998]TJ-79.844 -27.6 Td[(v)10(í)8(r)3(u)-4s.t)-2( )-32(PV)-3od)-4(r)3éam (o)-4( )-32(f,)-23(a)-4(t)-2(o)-4( )-32((d)-4(e)-4s(t)-2(a)-4s( )-32((d)-4(r)3(o)-4(g)6(a)-4(s )-32(pd)-4(o)-4(d)-4(e)-4(r)3(e)-4(m)-7( )-32(c(a)-4(u)-4sap)-3.99658(r)3( )-32(e1v(a)-)-23ed)-4(i)2(t)-2(o)-4s( )]TJ471.64 0 Td[(co)-4(l)2(a)-4(t)-2(e)-4.00391ri)2.99052(a)-4(i)2.00195(( )-2)7.0-2(e658( )277.998]TJ-471.64 -27.6 Td[(t)-2(a)-4(m)-7ba)-4éem deido o parecimento de pa de HSV-1 recite658n e
compdoto -872(d)-4(e)-4( )872(r)3(e)-4rnci, comoe o V, tora u de noa ac(m)-(oe)-4llas
com( )-22(a)-4(t)-2(i)2(v)10(i)4(d)-4(a)-4(d)-4se anti-HSV-1 de um impdortnci m( )1-2(i)2ssco, no eivs
41
3 – MATERIAL E MÉTODOS
3.1- Linhagens Celulares e Drogas
Células de rim de macaco verde africano (Vero) foram cultivadas em meio
DMEM (Dulbecco's modified Eagle’s medium) contendo 5% de soro fetal bovino
(SFB), 100U/mL de penicilina, 100µg/mL de estreptomicina e 2,5µg/mL de
anfotericina B. As culturas foram mantidas a 37ºC em atmosfera com 5% de CO
2
.
Durante a passagem, as células foram tratadas com PBS1/EDTA (Reagen) e
tripsina 0,25% (GIBCO).
Todas as substâncias testadas neste trabalho foram isoladas no
Departamento de Biologia Marinha da Universidade Federal Fluminense, diluídas
em Dimetilsulfóxido (DMSO) 100% e estocadas nas concentrações de 50mM ou a
2mg/mL a -20ºC. Durante os testes, as substâncias foram diluídas em DMEM com
soro.
3.2 - Preparação do Vírus
As partículas virais (cepa AR-29, cedida gentilmente pela professora Márcia
Wigg da Universidade Federal do Rio de Janeiro) foram diluídas em meio DMEM
sem soro e multiplicadas em células Vero, utilizando-se uma multiplicidade de
infecção (MOI) de 0,1 (Lagrota et al., 1994; Esquenazi et al., 2002). Após 24h p.i.,
as células foram lisadas por ciclos de congelamento e descongelamento. O
42
conteúdo foi centrifugado a 400x g por 20min a C e o título viral foi dosado pelo
método de ensaio de placa (Kuo et al., 2001).
3.3 - Ensaio de Placa
Para determinarmos o título viral, lulas Vero mantidas em placas de 6 poços
(3x10
5
lulas/poço) foram infectadas com diferentes diluições de HSV-1 por 1h a
37ºC em atmosfera com 5% de CO
2
. Após este período, o inóculo viral foi retirado
e as monocamadas cobertas com DMEM com 5% de soro fetal bovino e 1% de
Metilcelulose (Fluka) (meio para ensaio de placa). Após 72h as monocamadas de
células foram fixadas com 10% de formaldeído e coradas com 0,1% de cristal
violeta. Em seguida as placas virais foram contadas e o título viral foi determinado
de acordo com o número de placas virais (PFU/mL).
3.4 - Inibição do Efeito Citopático
A avaliação da inibição do efeito citopático viral pelas substâncias foi
realizada em células Vero, mantidas em placas de 96 poços (1 x 10
4
células/poço)
e infectadas com diferentes diluições de HSV-1 durante 1h a 37ºC em atmosfera
com 5% de CO
2
, para que iniciasse o processo de adsorção viral. Após este
período, o inóculo viral foi retirado e as células foram tratadas com as substâncias
nas concentrações de 50µM ou 2µg/mL. Após 72h, o título viral foi determinado na
presença e na ausência das drogas (Read & Muench, 1938).
43
3.5- Ensaios de Citotoxicidade
A citotoxicidade foi avaliada por duas metodologias: No primeiro método,
células Vero em placas de 24 poços (4 x 10
4
lulas/poço) permaneceram em
contato ou não com diferentes concentrações das substâncias por 72h a 37ºC em
atmosfera com 5% de CO
2
. Após este período, as células foram tratadas com
PBS/EDTA, tripsinizadas e coradas com azul de Trypan a 0,04% em PBS. A
viabilidade celular foi determinada de acordo com o seguinte cálculo:
100
× =
TOTAIS
VIÁVEIS
E VIABILIDAD
No segundo método, células Vero, mantidas em placas de 96 poços (1 x 10
4
células/poço), permaneceram em contato ou não com diferentes concentrações
das substâncias por 72h a 37ºC em atmosfera com 5% de CO
2
. Após esse
período, foi adicionado MTT a 5mg/mL. Após 4h de incubação a 37ºC foi
adicionado 100µL da solução de 10% de SDS, 0,01N de HCl e após 24h os poços
foram analisados em um leitor de Elisa a 540 e 620nm.
44
3.6- Inibição da produção de partículas virais
Células Vero, mantidas em placas de 24 poços (1 x 10
5
células/poço), foram
infectadas com HSV-1 (cepa AR29) utilizando-se um MOI de 1 ou 5 por 1h a 37ºC
em atmosfera com 5% de CO
2
. Após esse período as células foram tratadas com
diferentes concentrações dos compostos em DMEM contendo 5% de SFB. As
células foram lisadas por 3 ciclos de congelamento e descongelamento 20hp.i.. O
sobrenadante foi titulado pelo ensaio de inibição do efeito citopático.
3.7- Infecção Curso -Temporal
Para determinarmos a etapa da replicação viral na qual as substâncias
poderiam estar agindo, células Vero, mantidas em placas de 6 poços (3x10
5
células/poço), foram separadas em 5 grupos (Gong et al., 2002):
Adsorção Células Vero foram tratadas com os compostos a 10µM por 2h a
4ºC. Após a lavagem, as células foram infectadas com 100 PFU/mL por 1h a 37ºC
em atmosfera com 5% de CO
2
, para permitir a penetração viral. Após esse
período, o inóculo viral foi retirado e a monocamada coberta com DMEM com 5%
de SFB e 1% de Metilcelulose (meio para ensaio de placa). Após 72h o número de
placas virais foi contado.
45
Penetração Células Vero foram infectadas com 100 PFU/mL a 4ºC por 1h
para permitir o processo de adsorção viral. Após esse período, as células foram
lavadas com solução de glicina em PBS pH 2.2, para remover as partículas virais
que o adsorveram nas células. Após esse processo, as células foram tratadas
com as substâncias a 10µM e a temperatura elevada para 37ºC por 1h para
permitir a penetração viral. Após esse período a monocamada foi coberta com
meio para ensaio de placa. Após 72h, o número de placas virais foi contado.
0-3hp.i. Células Vero foram infectadas com 100 PFU/mL de HSV-1 por 1h
a 37ºC em atmosfera com 5% de CO
2
. Após esse período (tempo 0), o inóculo
viral foi retirado e as células tratadas com as substâncias a 10µM de 0 a 3hp.i.. Foi
adicionado o meio para ensaio de placa e após 72h, o número de placas virais foi
contado.
3-6hp.i. Células Vero foram infectadas com 100 PFU/mL de HSV-1 por 1h
a 37ºC em atmosfera com 5% de CO
2
. Após esse período (tempo 0), o inóculo
viral foi retirado e as monocamadas cobertas com meio DMEM com soro. No
tempo 3hp.i. as células foram tratadas com as substâncias a 10µM, que
permaneceram em contato com as células até 6 h p.i.. Foi adicionado o meio para
ensaio de placa e após 72h, o número de placas virais foi contado.
6-20hp.i. Células Vero foram infectadas com 100 PFU/mL de HSV-1 por
1h a 37ºC em atmosfera com 5% de CO
2
. Após esse período (tempo 0), o inóculo
46
viral foi retirado e as monocamadas cobertas com meio DMEM com soro. No
tempo 6hp.i. as células foram tratadas com as substâncias a 10µM, que
permaneceram em contato com as células até 20 h p.i.. Foi adicionado o meio
para ensaio de placa e após 72h, o número de placas virais foi contado.
3.8– Ensaio de Inibição da Adsorção Viral
Para analisarmos se os compostos DA-1 e Dol 2 poderiam influenciar a
adsorção viral, células Vero, mantidas em placas de 6 poços (3x10
5
células/poço),
foram infectadas com 100 PFU/poço e tratadas com valores de EC
50
dos
compostos por 1h a 4ºC. Após este período, as células foram lavadas com PBS,
cobertas com meio para ensaio de placa e a temperatura foi elevada para 37ºC,
permitindo a entrada das partículas virais. Após 72h as células foram coradas
conforme descrito no item 3.3 e as placas virais foram contadas.
3.9 Efeito das substâncias DA-1 e Dol-2 em células infectadas sobre a
Síntese de Proteínas
Células foram mantidas em garrafas de cultura de 25 cm
2
(2 x 10
6
células) e
infectadas ou não com HSV-1 com MOI de 5 e 20 por 1h a 37ºC. Em seguida, o
vírus residual foi lavado e as células foram incubadas na presença ou ausência de
DA-1 ou Dol-2 na concentração de 10µM. Após 4h de infecção foi adicionado
[
35
S]-Metionina (50µCi/mL) e mantido por 2h quando as culturas foram lisadas com
47
T (Tris-HCl (pH 6,8) 1M; azul de bromofenol 0,02%; β-mercaptoetanol 5%; SDS
10%; glicerol 10%).
Para que fosse realizada a medição da radiação por cintilação de fase
líquida, as amostras foram tratadas com TCA 10% e filtradas em filtros de fibra de
vidro (Whatman) GF/A.
3.10- Eletroforese em Gel de Poliacrilamida e Auto-radiografia
Para analisarmos o perfil protéico das células, as amostras obtidas, conforme
descrito no item anterior, foram dosadas pelo método de Bradford e separadas em
gel SDS-PAGE. As amostras de proteínas mantidas em tampão T foram
aquecidas a 100ºC por 1min e submetidas a um gel contendo 10% de
poliacrilamida, 0,1% de SDS, posteriormente corado com azul de Coomassie
0,1%. Em seguida, o gel foi desidratado com glicerol 50% e etanol 25% e
submetido a uma auto-radiografia em filme X-OMAT (Kodak). Posteriormente, o
perfil protéico foi analisado.
3.11 – Ensaio de Inibição da enzima DNA polimerase viral
Para que pudéssemos observar se as substâncias poderiam estar atuando
sobre a atividade da enzima DNA polimerase viral foi realizado, primeiramente, o
isolamento da enzima de células Vero infectadas com HSV-1. Para tal finalidade,
células Vero foram infectadas com MOI de 5 por 12h em atmosfera com 5% de
48
CO
2
. Após esse período foi adicionado um tampão específico (0,25 mM fosfato de
potássio (pH 7,2), 10mM de 2-mercaptoetanol, 1mM EDTA, 0,5% Triton-X-100,
20% de glicerol e 0,5 mM de PMSF), as células foram sonicadas 8X por 15
segundos e o conteúdo foi centrifugado a 12.000 rpm (Sorvall RCS. 5B) por 10
min a 4ºC.
A reação enzimática foi realizada por 30 min a 37ºC em um volume final de
100 µL, contendo 50 mM Tris-HCl (pH 8,0), 0,5 mM DTT, 8 mM MgCl
2
, 100 mM
sulfato de amônia, 0,1 mM dNTP, sendo [
3
H]-dTTP (0,5 µCi/nmol) e 25 µg de DNA
de esperma de salmão desnaturado. Os compostos foram testados na
concentração de 50µM. Após esse período a reação foi interrompida pela adição
de TCA 10%. As amostras foram filtradas em filtros de fibra de vidro GF/C
(Whatman) previamente lavados com TCA 10%, e a radioatividade incorporada foi
determinada por cintilação de fase líquida (Knopf, 1979).
3.12- Análise Estatística
A análise estatística foi feita utilizando-se os programas Excel para
Windows. A significância dos dados foi determinada através do teste t de Student.
Utilizamos um intervalo de confiança de 95%; logo, valores de P < 0,05 foram
considerados significativos. Todos os dados foram analisados a partir da média,
do desvio padrão (± D.P.) e de, no mínimo, três experimentos independentes
totalizando um n=6 para todos os experimentos.
49
4– RESULTADOS
4.1- Avaliação da atividade antiviral
Para avaliarmos se os produtos naturais estudados apresentariam potencial
antiviral, utilizamos o teste de inibição do efeito citopático viral (Read & Muench,
1938). As substâncias em questão foram isoladas das algas pardas Dictyota
menstrualis, Dictyota pfaffii e Stypopodium zonale. Nossos resultados mostram
que todas as substâncias apresentaram inibições maiores que 80%, comparáveis
a do Aciclovir (ACV) na concentração de 10µM, que é capaz de inibir 92% do
efeito citopático viral (Figuras 1, 2 e 3).
O
H
H
O
H
C
O
H
C
Figura 1
Estrutura da substância DA-1, isolada da alga parda Dictyota menstrualis
e a sua
porcentagem de inibição do efeito citopático viral, quando testada na concentração de 50µM.
93%
89%
Figura 2
– Estrutura da substância Dolabellano 2 (Dol-2), isolada da alga parda Dictyota pfaffii
e
a sua porcentagem de inibição do efeito citopático viral, quando testada na concentração de
50µM.
50
Angel 1 – Extrato Bruto
Figura 3
Estrutura das substâncias Angel 2, Angel 3 e Peroxilactona, isoladas da alga parda
Stypopodium zonale
e as suas respectivas porcentagens de inibição do efeito citopático viral,
quando testadas na concentração de 2µg/mL (~4,5µM).
Angel
2
Angel 3
Peroxilactona
99%
98%
96%
83%
51
4.2 – Avaliação da citotoxicidade
Visto que os produtos naturais testados apresentaram porcentagens de
inibição do efeito citopático viral acima de 80%, tornou-se necessário a avaliação
da citotoxicidade dos mesmos. Para isso, buscamos a concentração das
substâncias necessária para inibir em 50% a viabilidade de lulas Vero (CC
50
),
através das metodologias de azul de tripan e MTT. Os resultados mostram que o
composto DA-1 foi menos citotóxico do que as outras substâncias testadas.
Apesar de apresentarem valores de citotoxicidade menores do que o do ACV, as
substâncias isoladas das Stypopodium zonale e Dictyota pfaffii também
apresentaram valores satisfatórios, 10 ou 4X maiores do que as concentrações
necessárias para inibir o efeito citopático viral, respectivamente (Tabela 2).
4.3 Os produtos naturais apresentaram valores de inibição comparáveis ao
do ACV
Para que pudéssemos determinar as concentrações mais efetivas das
substâncias, capazes de inibir a produção de partículas virais, utilizamos a medida
de EC
50
, ou seja, a concentração dos compostos capaz de inibir em 50% a
produção de partículas virais. Fizemos esta avaliação tanto em células Vero
infectadas com MOI de 1 quanto com MOI de 5 e os valores de EC
50
foram
calculados a partir de uma curva dose-resposta. Podemos observar que os
compostos apresentaram valores de EC
50
comparáveis ao do ACV, com exceção
da substância peroxilactona, com EC
50
um pouco mais elevado, aproximadamente
2X maior do que os demais compostos isolados da alga S. zonale, que
52
apresentaram valores muito aproximados. É importante resssaltar que o valor de
EC
50
para o composto Angel 1 não foi determinado por se tratar de um extrato
bruto. Podemos observar também que quando utilizamos 5X mais vírus, na
infecção com MOI de 5, foi necessário aproximadamente 5X mais droga para inibir
50% da replicação, mostrando que o EC
50
foi dependente do MOI utilizado. Além
disso, n02(t)-1.77-61.7219(f)-1.77101(M)3.67984(O)-1.36119(I)-1..7219(f)-1.77101(d)-3.5408(e)-3.5408( )-1.77408(o)-3.5408(,)-131.501(t)-1.77101(i)2.18083(s)0.406219(i)2.18083()-6.31074(o)-3.5408(b)-3.5408()-3.54202(tâ)3.27002(a)-3.5483(éi)2.18083(l)2.18083(z)10.4016(ai)2.18083(s)0.40982( D)2.5904( A-61.7219(E--3.54202()-141.656(1)-3. Td[(t)-1.77101(e)-3.54202( D)2.5904( )-3.54202(o)-2.44902(--3.54202(2-1.77101(e)-3.54202( )-61.7219(f)-11.7628(or-3.54273.5)]TJ323.)-3.54202(a)-3.54202(m)-3. Td[(t)-1.77101(e)-61.7219(f)-3.54202(e)-3.54202(tl)2.18083()-81.7055(v)10.4016(ai)2.18083(s)0.40982( e-3.54202(a)-3.54202(m)-3. Td[(t)-1.77101(c)0.40902(e)-3.54202(nc)-3.5408(s)0.40902(e)-3.54202(n)-3.54202(t)-3.54202(r)3.2688(aa)-3.5408(õ-3.54202(d)-3.54202(ei)2.18083(s)6.31318( 73.5)]J-229.68 -r)3.27063(ua)-3.5408(m)-6.311967 )-141.656(ps)0.40982(o)-6.31074()-1.77101(c)0.40982(s)0.40982( )-91.6908(me)3.27002(a)-3.5422(n02(t)-1.7o)-3.5408(r)3.27002(e)-3.5408(s)0.40982( n)-3.5408(d)-3.5196(os)0.40982( q)-3.5408()-6.31074(e)0.40982(s)0.40982( c)0.40982(s)0.40982( )-141.656(C)2.5904( V-91.6973(É)-2.4516( (-3.54202(T)-87041572(r)3.2688(ab-3.54202(d)-3.54202(el)2.18083(z)10.4016(aÉ)-2.4516( 2-1.77101(e)-3.54368(o)-3.5408(,)-12.4516( i)2.18083()-6.31024(o)-3.54202()-1.77101(e)-3.54202(( )8.2208(i)2.18083(n)-3.54202(d)-0.40989.24)]TJ301.2 .40982( q)-3.7219(q)6.44979(u)-3.54202(eo)-3.5408(,)-12.4516( )-1.77101(c)0.40902(e)-3.54202(m)-33.2688( )-61.7219(M)3.68106(O)-1.36119(I)-13.2688( )-1.77101(m)-6.31074(a)-3.54202(l)2.18083(o)-3.54202)-3.54202(ei)2.18083(o)-3.5408(,)-3.54202( 89.24)J-229.68 -s)0.40982(oe)-3.5408(s)02.77557a)-3.54141(p)-3.54141(s)0.40982(on)-3.5408()-6.31074(s)0.40982(t)-1.77101(e)-3.5408(s)02.77552(a)-3.5422(a-6.31074(s)0.40982(tu02(t)-1.7o)-3.5408(a-6.31074()-3.54202(i)2.18083(s)02.77552()-141.656(p)-3.53916(o)-3.5408(d)-3.5408(e)-3.5408(ms)02.77552(b)-3.5408(s)0.40901(a)-3.54202(r)32.77552()-1.77101(m)-6.31074(a)-3.54202(i)2.18083(s)0258 Tf6t)-1.77101(e)-61.7219(fl)2.18083(i)2.18083(c)0.40656(pi)2.18083()-3.54202(ei)2.18083(s)0258 Tf6t)-61.7219(d)-3.54202(o)-3-6.310743ç5408(r)3.27002( )-331.19(I)-1..7219(f)-1.7409f)-1.7409f)-3.54202( 5.54202-3-6.310743ç54E886G)2.18083()T2ç54E886 Td[(b)-3o(l)2.180-141.656(p)-3.53916(o.2688( )-1.77101(3 0 0 cm BT/R9 12 Tf1 0 0 1 85.0795 38.4 Tm( )Tj214.92 0 Td[(52)500]TJ/R11 12.0098 Tf-213.5408(o)-3.5408()3.67984(O)-1.36150 0 )02.77557a)-3.54141(p).36150 0 )0J/R11 12.0098 Tf-21b6.31074(s)0.40982(tG205-3.54141(p).36150 0 )02.54141(p).361m)-6.31074(i)2.180840982(on)-3.5)-33v0982(s)0.40982(á)-3.54202( )-141.656(p)-7101(e)-61.7219656(s)0.40982(e)]TJ301.2 0 Td[( )-141.40982( c)0.323.aarr ii da
53
Tabela 2 – Citotoxicidade e atividade antiviral dos produtos naturais e ACV.
* – Índice de seletividade calculado a partir da razão entre CC
50
e EC
50
.
ND – Não dosado.
e
– Por se tratar de um extrato bruto, foi testado em µg/mL.
4.4 As substâncias podem estar atuando em fases iniciais da replicação
viral
Além da substância DA-1 ter sido a molécula mais promissora, devido a sua
baixa citotoxicidade e boa atividade anti-HSV-1, havia sido demonstrado pelo
nosso grupo o seu efeito anti-HIV-1, assim como o efeito da substância Dol-2
sobre o mesmo vírus (Cirne-Santos et al., 2006). Por estas razões, resolvemos
prosseguir com o trabalho estudando o efeito anti-HSV-1 somente destas duas
substâncias.
Com base nestas justificativas, fomos avaliar em qual momento do ciclo
replicativo do HSV-1 as substâncias DA-1 e Dol-2 poderiam apresentar seu melhor
efeito. Para isso, células Vero foram infectadas com HSV-1 e tratadas por
diferentes períodos pós-infecção: adsorção, penetração e quando ocorre o pico
Substâncias
CC
50
(µM) EC
50
(µM)
SI*
MOI=1 MOI=5 MOI=1 MOI=5
DA-1 1000 1,6 5,9 625 169,4
Dol-2 189 1,2 5,1 157,5 37
Angel 1
e
>200
ND ND ND ND
Angel 2 >452 1,28 ND >353,1 ND
Angel 3 >485 1,34 ND >361,9 ND
Peroxilactona
>413 2,38 ND >173,5 ND
ACV 860 1,2 6,5 716,6 132,3
54
das proteínas de fase α (0-3 hp.i.), β (3-6 hp.i.) e γ (6-20 hp.i.) (Roizman & Sears,
1996; Boehmer & Lehman, 1997). Neste estudo foram utilizadas as substâncias
DA-1 e Dol-2 na concentração de 10µM, que nesta concentração, estas drogas
inibem em 100% a produção de partículas virais.
Podemos observar na Figura 4 que o melhor efeito da substância DA-1
sobre a replicação do HSV-1 ocorreu no período de 0-3h p.i., no qual ocorre o pico
de proteínas de fase α, as quais são reponsáveis pela regulação das demais fases
do ciclo replicativo do HSV-1 (Roizman & Sears, 1996; Boehmer & Lehman, 1997).
Não foi observado nenhum efeito significativo da substância DA-1 sobre as demais
etapas da replicação do HSV-1. Por outro lado, no tratamento com a substância
Dol-2, podemos notar que houve uma inibição em dois momentos distintos: em 0-
3h p.i. e em 3-6h p.i., nos quais ocorrem os picos de proteínas de fase α e β,
respectivamente. Isto sugere que esta droga tem como alvo alguma
macromolécula sintetizada nestas fases, ou que este composto atue exatamente
em 3 hp.i..
55
0
50
100
150
200
250
Adsorção Penetrão 0-3h 3-6h 6-20h
PFU/mL
HSV-1
DA-1
Dol-2
Figura 4
Período de ação dos diterpenos sobre a replicação do HSV-
1. Células Vero
foram infectadas e tratadas com as dr
ogas por diferentes períodos, conforme já foi
descrito no item 3.7 da seção Material e Métodos. Observamos que os compostos DA-
1
e Dol-2 apresentaram melhor efeito de 0-3h, sugerindo uma participação na fase α
. Vale
lembrar que essa última substância também apresentou uma inibição significativa de 3
-
6h, sugerindo uma participação na fase β. O asterisco indica um P < 0,05.
*
*
*
56
4.5 As substâncias não atuam sobre a adsorção viral na célula
hospedeira
A partir dos resultados obtidos durante o ensaio curso-temporal
observamos que a adsorção não seria uma etapa inibida por nenhuma das
drogas. Porém, por esta etapa ser um dos alvos destes compostos sobre a
replicação do rus HIV-1 (Pereira et al., 2004; Cirne-Santos, dados não
publicados), fomos avaliar se as substâncias DA-1 e Dol-2 realmente não teriam
efeito relevante sobre esta etapa da replicação viral. Para isso, as lulas foram
infectadas e tratadas com valores de EC
50
dos compostos. Utilizamos como
controle positivo a heparina na concentração de 1µg/mL; esta concentração é
necessária para inibir cerca de 80% da adsorção do HSV-1 (Bender et al., 2005).
Observamos que esta etapa não é, de fato, o alvo de ação de nenhuma das duas
drogas (Figura 5).
57
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Infectado Heparina Dol-2 DA-1
PFU/mL
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Infectado Heparina Dol-2 DA-1
PFU/mL
Figura 5
Os diterpenos testados não inibiram a etapa
de adsorção do ciclo
replicativo do HSV-1. Células Vero foram infectadas por 1h a 4
o
C na presença
dos compostos Dol-2 ou DA-1 na concentração de 1µ
M, ou do controle positivo
Heparina a 1µ
g/mL. Em seguida as células foram lavadas (item 3.3) e após 72h,
as
placas virais foram coradas e contadas. Podemos observar nos resultados
que não houve uma mudança dos títulos virais na presença dos compostos
testados. O asterisco indica um P <0,05.
*
58
4.6- As substâncias revertem a inibição da síntese de proteínas em células
Vero infectadas com HSV-1
Desde a cada de 70 se sabe que o vírus Herpes é capaz de provocar
uma diminuição da síntese de macromoléculas da célula hospedeira (Fenwick &
Walker, 1978). Com base nesta informação e pelo fato de que durante o ensaio
curso-temporal obtivemos melhores inibições das drogas em períodos que
coincidem com etapas de produção de síntese de proteínas, fomos avaliar se
estas substâncias seriam capazes de reverter a inibição da síntese de proteínas
de lulas Vero, infectadas com HSV-1 com MOI de 5 e 20 e tratadas com 10µM
dos compostos, através de pulso de [
35
S]-Metionina (50µCi/mL) de 4 a 6hp.i..
As células Vero foram divididas em quatro grupos: controle (C), infectado
(I), controle tratado (CT) e infectadas e tratadas (IT). Como esperado, houve
uma inibição da síntese de macromoléculas de células infectadas com HSV-1 (I).
Além disso, o tratamento com os compostos (IT) foi capaz de reverter à inibição
induzida pelo HSV-1, tanto no MOI de 5 quanto no MOI de 20. Além disso, no
tratamento com o composto DA-1 obtivemos um efeito dependente do MOI
utilizado, ou seja, a droga conseguiu reverter a inibição viral em células
infectadas com MOI de 5, enquanto que no MOI de 20, o perfil observado foi
semelhante ao do controle. o efeito do composto Dol 2 se mostrou ser
independente do MOI, visto que nos dois MOI utilizados observamos a reversão
da inibição causada pelo HSV-1 (Figura 6).
59
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
C CT I (5) I (20) IT (5) IT(20)
CPM
DA-1
Dol-2
Figura 6
Os produtos naturais previnem a inibição da ntese de prot
eínas induzida
pelo HSV-1. Células Vero foram infectadas com MOI de 5 ou de 20 e tratadas com 10µ
M
de DA-1 ou Dol-
2. Posteriormente, a síntese de proteínas foi traçada conforme descrito
no item 3.9, utilizando [
35
S]-Metionina. C células controle não infectadas, CT
células
controle não infectadas e tratadas com os compostos, I (5) –
células infectadas com MOI
de 5, I(20) – células infectadas com MOI de 20, IT (5) -
células infectadas e tratadas com
MOI de 5, IT(20) células Infectadas e tratadas com MOI
de 20. Observamos que a
substância DA-1 preveniu a inibição da síntese protéica induzida pelo HSV-
1 de forma
dependente do MOI e a Dol-
2 preveniu tal evento independentemente do MOI. O
asterisco representa um P < 0,05.
* *
* *
*
60
4.7 – A inibição da expressão de proteínas virais
Com o intuito de entendermos se o efeito das drogas foi realmente nas
fases sugeridas no ensaio curso-temporal, analisamos o perfil protéico através de
gel SDS-PAGE e autoradiografia das amostras obtidas no ensaio com [
35
S]-
Metionina, conforme descrito no item anterior. Observamos que o havia
diferença entre o controle (C) e o contole tratado (CT) com relação às proteínas
expressas, tanto para a DA-1 quanto para o Dol-2, independente do MOI utilizado.
Utilizando-se o MOI de 5, ambas as drogas conseguiram prevenir completamente
a infecção, quando comparamos o infectado tratado (IT) com o controle (dados
não mostrados). no MOI de 20 observamos que ambas as drogas inibiram a
expressão de proteínas de fase β. De acordo com os pesos moleculares destas
proteínas, as duas drogas dificultaram a expressão das proteínas UL-8, RL-1 e
UL-12 (Figura 7 A e B). No entanto, Dol-2 também dificultou a expressão das
proteínas DNA polimerase e UL-9 (Figura 7 A). Estes resultados sugerem que
estas drogas atuam sobre alguma das primeiras proteínas produzidas na fase β ou
sobre alguma proteína de fase α, o que poderia dificultar a expressão de proteínas
de fase β, já que as proteínas de fase α são regulatórias.
61
A
1 2 3 4
kDa
200
116
97,4
66,2
45
31
21,5
14,4
*
*
*
*
*
A
1 2 3 4
kDa
200
116
97,4
66,2
45
31
21,5
14,4
*
*
*
*
*
62
Figura 7
Efeito dos produtos naturais sobre a síntese protéica. Células Vero foram
infectadas com MOI de 20 e tratadas com DA-1 ou Dol-2 na concentração de 10µ
M. A
síntese protéica foi marcada com [
35
S]-Metionina, as proteínas separadas por gel SDS
-
PAGE e identificadas por autoradiografia. 1 Célula controle, 2
células controle
tratadas com os compostos, 3 células infectadas e 4
células infectadas e tratadas
com os compostos. Em (A) observamos os efeitos do Dol-2 e em (B) os efeitos da DA
-
1. Observamos uma inibição da expressão de proteínas virais de fase β
. Os asteriscos
representam as proteínas virais inibidas por ação dos produtos naturais.
B
1 2 3 4
kDa
200
116
97,4
66,2
45
31
21,5
14,4
*
*
*
B
1 2 3 4
kDa
200
116
97,4
66,2
45
31
21,5
14,4
*
*
*
63
4.8 - As substâncias não inibem a atividade da DNA polimerase viral
As enzimas DNA polimerase do HSV-1 e a transcriptase reversa do HIV-1
pertencem à família das polimerases do tipo B, por apresentarem um domínio
polimerase e um domínio endonuclease. Uma vez determinado que estas drogas
inibem a enzima transcriptase reversa (Barbosa et al., 2004; de Souza et al.,
2005;) resolvemos verificar se elas poderiam estar inibindo a atividade da DNA
polimerase do HSV-1. Para isso, verificamos o efeito dos produtos sobre esta
enzima não purificada, a partir do extratro crú de células Vero infectadas. Estes
ensaios foram realizados sob condições cinéticas de primeira ordem para
captação de dTTP; além disso, foi adicionado ao meio de reação 100mM de
sulfato de amônio para inibir a atividade de prováveis DNA polimerases celulares
contaminantes. Podemos observar na Figura 8 que não houve inbição da atividade
enzimática,6-3.5408(,6-3.54084(d)3.27124(s)0.40982(a)-2( )8.D)-6.311516(a)-3.54202(r1311516(a)-3.5-3.5408(b)-3.5408(i)2.18083(f)-11.762b)-3.54202(i)1.402(s)0.40982(o)-3.54202(b)-3..54202(s)0.40982(e)-3.54202(r)3.27124(e)-3.Fiinbiuho te d . E nfecti27124(a)-3.54202( )-451.402(of)-11.7628(i)2.54202( )-81.7055(t)-17055(e)-3.54202( )-81.7055(a)-3.54202( )-8140982(i)2.18083(o)-3.54254202(r)3.27124(a)-3.54202( )8.2208(8)-3.83(d)-3.545..5d.7622(a)7.6 Td[(e)-3306.72 -27.
64
65
5-DISCUSSÃO
A incidência global de doenças causadas por vírus, como o HIV e HSV, é
bastante significativa na população humana mundial. Estima-se que milhões de
indivíduos em todo o mundo sejam acometidos por alguma das doenças causadas
por estes vírus. Sendo assim, estudos que visem o controle de propagação e
manifestação de tais doenças, além da inativação destes patógenos, seriam de
grande interesse da população mundial, sobretudo com o desenvolvimento de
novos fármacos, inclusive através da obtenção de novas patentes das substâncias
mais promissoras.
Produtos naturais podem representar uma nova classe de antivirais sendo
organismos marinhos uma fonte muito rica destas substâncias. Além disso,
foram isoladas moléculas de algas com grande potencial antiviral para alguns
herpesvírus (De Clercq, 2000).
Muitas destas substâncias naturais com potencial antiviral são terpenos. Os
terpenos utilizados neste trabalho foram isolados das algas pardas marinhas
Dictyota menstrualis, Dictyota pfaffii e Stypopodium zonale, coletadas no litoral
brasileiro. Estas substâncias foram isoladas no Departamento de Biologia Marinha
da UFF, como parte do projeto que visa a pesquisa por compostos naturais com
potencial antiviral e baixa citotoxicidade.
Durante a triagem inicial das substâncias, obtivemos porcentagens de
inibição do efeito citopático causado pelo HSV-1 maiores do que 80%. Dentre as
substâncias isoladas da alga Stypopodium zonale, a substância Peroxilactona foi o
66
que apresentou a menor porcentagem de inibição, cerca de 10% menor do que as
demais substâncias.
Em seguida, avaliamos a citotoxicidade destes compostos e observamos
que a molécula DA-1 foi a menos citotóxica, com CC
50
igual a 1000µM, sendo
cerca 16% menos citotóxica do que o composto de referência utilizado, o ACV.
Por outro lado, embora os produtos isolados das algas Dictyota pfaffii e
Stypopodium zonale tenham apresentado valores de CC
50
4X e 10X maiores do
que a concentração necessária para inibirem o efeito citopático viral, eles foram
mais citotóxicos do que o ACV. Apesar disto, estes compostos são menos
citotóxicos do que outros diterpenos descritos na literatura, cujo foco da pesquisa
acaba sendo a atividade antitumoral (De Inês et al., 2006).
Semelhantemente com o que ocorreu durante a triagem das drogas,
obtivemos resultados um pouco diferentes com a substância peroxilactona em
relação às moléculas Angel 2 e 3. A peroxilactona apresentou seu EC
50
cerca de
2X maior do que estas outras moléculas. Talvez a diferença mais marcante desta
molécula em relação às demais seja pela presença do grupamento funcional -O-
O-, que é característico dos peróxidos. Este result
67
explicado pela diferença entre os valores de EC
50
, que no MOI de 1 a
substância DA-1 tem o EC
50
em 1,6µM, um pouco maior do que o do ACV, que é
1,2µM. No entanto, no MOI de 5, obtivemos com a DA-1 um valor de EC
50
em
5,9µM, menor do que o do ACV, que é 6,5µM.
Com relação a substância Dol-2 podemos perceber que apresentou valores
de SI bem menores em relação a DA-1 e o composto de referência ACV, o que
pode ser explicado pela sua maior citotoxicidade. Por outro lado, o EC
50
, tanto do
Dol-2 quanto da DA-1, no MOI de 5, foi menor do que o do ACV, sugerindo que
quando as células são infectadas com uma quantidade maior de vírus os terpenos
utilizados podem ser mais eficazes do que o ACV. Isto também indica que
possíveis modificações estruturais no anel dolabelano do Dol-2 ou no anel
dicotoma da DA-1 podem levar a uma redução dos seus valores de EC
50
. Outros
produtos naturais, sobretudo diterpenos, foram descritos como agentes anti-
herpéticos; contudo, grande parte destes produtos apresenta baixos índices de
seletividade, justificando a necessidade de modificações estruturais pós-
isolamento (Khan et al., 2005).
Uma das razões que incentivaram a continuidade do estudo apenas com os
compostos DA-1 e Dol-2 foi devido aos resultados obtidos no nosso laboratório,
que demonstraram que estas substâncias são potentes inibidores do vírus da
imunodeficiência humana tipo 1 (HIV-1) (Barbosa et al., 2004; Pereira et al., 2004;
de Souza et al., 2005; Cirne-Santos et al., 2006). Sendo assim, realizamos o
ensaio curso-temporal com o objetivo de determinarmos o momento de ação dos
compostos e com isso tentarmos entender o mecanismo de ação destas drogas.
68
Este ensaio curso-temporal foi realizado seguindo as instruções de Gong e
colaboradores de 2002, levando em consideração a capacidade do HSV-1 de se
replicar com uma cinética bastante constante, isto é, um ciclo replicativo que gira
em torno de 18 a 20h e com pico de proteínas de cada uma de suas fases nos
tempos de 0-3h (α), 3-6 (β) e 6-20h (γ) (Roizman & Sears, 1996; Boehmer &
Lehman, 1997). Neste experimento observamos que a DA-1 poderia estar atuando
no período de 0-3h do ciclo replicativo viral, período este que coincide com a
produção de proteínas de fase α, na qual são produzidas proteínas responsáveis
por regular as demais fases da replicação viral, como a ICP4, ICP27 e ICP47. Já o
composto Dol-2 poderia estar atuando em dois períodos distintos da replicação;
um deles seria o mesmo alvo da DA-1 e o outro seria o período de 3-6h, que
coincide com a produção de proteínas de fase β, na qual são produzidas proteínas
necessárias para que ocorra a duplicação do DNA viral, como a timidina cinase
(TK) e o complexo UL30/UL42 (DNA polimerase viral).
As outras etapas da replicação do HSV-1, ou seja, adsorção, penetração e
fase γ, na qual ocorre a produção de proteínas estruturais do vírion, parecem não
ser o alvo de ação dos compostos utilizados neste trabalho. Podemos observar
também com este ensaio que o mecanismo de ação destes compostos frente a
replicação do HSV-1 é diferente daquele observado para a replicação do HIV-1,
que estas substâncias atuam durante a adsorção do HIV-1 na célula hopedeira
(Pereira et al., 2004 & Cirne-Santos, dados não publicados).
Alguns trabalhos clássicos que abordam a replicação do HSV-1 mostram
que este vírus é capaz de inibir a maquinaria de síntese de macromoléculas da
69
célula hospedeira (Fenwick & Walker, 1978). Isto representa uma importante
vantagem para a replicação viral, que a maquinaria de síntese de
macromoléculas do hospedeiro fica disponível para que ocorra a replicação viral
(Roizman & Sears, 1996). Sendo assim, avaliamos a capacidade dos diterpenos
das algas D. menstrualis e D. pfaffii em prevenir este efeito do HSV-1. Para isto,
infectamos células Vero com HSV-1 com MOI de 5 e traçamos a síntese protéica
com [
35
S]-Metionina e observamos que houve uma redução da síntese de
proteínas quando as células Vero foram infectadas; contudo, quando estas células
foram tratadas com as substâncias foi possível previnir esta inibição, retornando a
níveis iguais ao do controle o infectado e não tratado. no MOI de 20 o
composto DA-1 não conseguiu prevenir esta inibição viral, mostrando ser
dependente do MOI utilizado, conforme esperado, pois a concentração testada
foi duas vezes maior que o EC
50
para o MOI de 5. Curiosamente, o mesmo não
aconteceu com o Dol-2, que este atuou de maneira independente do MOI. Uma
provável explicação para este efeito pode residir na correlação estrutural entre do
Dol-2 e o éster de fosbol PMA (Liu & Heckman, 1998). Se assumirmos que o Dol-2
poderia também ativar a PKC, teríamos um efeito independente do MOI, pois seria
um efeito sobre a célula; como o número de células durante todo o experimento é
constante, teríamos, novamente, um efeito independente do MOI. No entanto, esta
hipótese deve ser confirmada experimentalmente.
Neste mesmo ensaio podemos observar que houve uma diminuição da
contagem no controle tratado com as substâncias em relação ao controle não
infectado e não tratado. Isso pode ser explicado por alguma diferença na
sinalização celular de maneira que as drogas reduzissem transitoriamente a
70
síntese protéica celular, que estes compostos apresentaram valores de
citotoxicidade em 50% (CC
50
) bem maiores do que a concentração de 10µM
utilizada neste ensaio.
Com relação a expressão de proteínas decidimos estudar o perfil protéico
no MOI de 20, pois conseguimos obter um bom perfil de proteínas virais, isto é,
podemos observar proteínas de todas as fases da replicação do HSV-1 e, assim,
podemos reduzir significativamente a interferência de proteínas celulares devido à
alta inibição da síntese de macromoléculas induzida pelo rus. Portanto,
observamos em células Vero infectadas e tratadas no MOI de 20 que ambas as
drogas inibiram a expressão de proteínas de fase β, dificultando a expressão das
proteínas virais helicase (UL-8), modulador da expressão gênica e ciclo celular
(RL-1) e desoxiribonuclease (UL-12), sendo que o Dol-2 também dificultou a
expressão das proteínas DNA polimerase (UL30) e Ori biding protein (UL-9). Estas
proteínas foram identificadas pelos seus pesos moleculares no sitio da web
contendo o proteoma do HSV-1 cepa 17+ (http://www.virusys.com/HSV-1/HSV-
1_ORFS/hsv-1_orfs.html).
Sendo assim, estas substâncias podem estar atuando sobre alguma das
primeiras proteínas produzidas na fase β que seja sintetizada antes destas que
tem sua expressão inibida ou sobre alguma proteína de fase α, cuja atividade
poderia dificultar a expressão de proteínas de fase β, já que as proteínas de fase α
são regulatórias (Boehmer & Lehman, 1997). Levando em consideração os dados
da infecção curso-temporal e a análise do perfil protéico, podemos concluir que
proteínas virais de fase α são o alvo dos diterpenos estudados.
71
Por fim, como estas drogas também foram utilizadas como inibidores da
transcriptase reversa do HIV-1 (Barbosa et al., 2004; de Souza et al., 2005),
analisamos se eles seriam eficazes em inibir a atividade da enzima DNA
polimerase do HSV-1. Observamos que este não é o alvo de ação destas drogas
na replicação do HSV-1, mostrando novamente que o alvo destas drogas é
diferente nos dois tipos de vírus. Este efeito característico parece ser
compartilhado com outros produtos naturais que inibem os dois vírus
simultaneamente por mecanismos diferentes (Smit, 2004). Porém, esta
caracerística difere de alguns produtos sintéticos como os cloroxoquinolínicos, que
apresentam o mesmo alvo na replicação do herpes e do HIV (Souza et al., dados
não publicados; Souza, 2005). Podemos, ainda, comparar um outro parâmetro dos
compostos testados entre a replicação do herpes e do HIV que é seu EC
50
; os
valores desta medida para replicação do herpes foram cerca de 8x menores do
que aqueles obtidos para replicação do HIV, sugerindo que o principal alvo das
moléculas testadas é a replicação do HSV-1.
Sendo assim, o estudo de novas moléculas derivadas de algas marinhas
com potencial antiviral pode ser uma boa oportunidade para o desenvolvimento de
fármacos com boa atividade antiviral sobre a fase α da replicação do HSV-1 e com
baixa citotoxicidade. É particularmente interessante o desenvolvimento de novos
compostos contra esta fase da replicação do HSV-1, pois não exitem drogas
disponíveis na clínica que tenham como alvo esta etapa, além de ser uma etapa
diferente daquela inibida pelo ACV, sugerindo que a combinação destes
compostos pode apresentar um efeito terapêutico aditivo ou sinergístico.
72
6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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