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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE PSICOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
MESTRADO EM PSICOLOGIA SOCIAL
Dissertação de Mestrado
ATIVIDADE FÍSICA E BEM-ESTAR NA PERSPECTIVA
DA PSICOLOGIA POSITIVA
ISINHA MARMOR MARQUES
Profª. Drª. Maria Lúcia Tiellet Nunes
Orientadora
Porto Alegre, janeiro de 2007.
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE PSICOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
MESTRADO EM PSICOLOGIA SOCIAL
ATIVIDADE FÍSICA E BEM-ESTAR NA PERSPECTIVA
DA PSICOLOGIA POSITIVA
ISINHA MARMOR MARQUES
Dissertação apresentada ao programa
de Pós-Graduação em Psicologia da
Faculdade de Psicologia da PUCRS
como requisito parcial para a obtenção
do grau de Mestre em Psicologia Social.
Profª. Drª. Maria Lúcia Tiellet Nunes
Orientadora
Porto Alegre, janeiro de 2007.
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE PSICOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
MESTRADO EM PSICOLOGIA SOCIAL
Isinha Marmor Marques
ATIVIDADE FÍSICA E BEM-ESTAR NA PERSPECTIVA
DA PSICOLOGIA POSITIVA
Comissão Examinadora:
Profª. Drª. Maria Lúcia Tiellet Nunes
Orientadora – Presidente
Prof. Dr. Claus Dieter Stobäus
PUCRS
Profª. Drª. Nara Lima
PUCRS
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Dedico ao meu pai, Balbino Appel Marques (in
memoriam) e a minha mãe, Isis Marmor
Marques, por tudo que representam e por todo
amor que sempre compartilharam na
trajetória da minha vida.
5
“Deus é fiel...”
1Cor 1, 9.
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AGRADECIMENTOS
A realização de nossos sonhos conta com a participação de pessoas as mais
diversas, mas principalmente com a oportunidade de vida que nos é concedida.
Por esta razão, agradeço:
A Deus, meu criador e Senhor, por me permitir viver, amparada sempre por Seu
Amor incondicional e Sua infinita misericórdia.
Aos meus pais, Balbino (in memoriam) e Isis, que sempre estiveram presentes me
apoiando, de uma forma ou de outra. Sem eles, certamente, eu não seria quem sou. A eles
o meu mais profundo agradecimento!
Ao meu amado noivo, Gustavo de Matos Kwamme, por todo seu amor, traduzido
por sua compreensão, companheirismo, paciência, estímulo e carinho em todos os
momentos neste tempo muito trabalhoso que foi a concretização de mais esta etapa em
minha vida! Muito obrigada!
A minha orientadora, Maria Lúcia Tiellet Nunes, pela coragem da acolhida em um
tema de pesquisa tão novo nesta universidade! Pelo seu profissionalismo e incentivo,
parabéns ao nosso triunfo!
Ao professor Brasílio, pela paciência "estatística" e dedicação, tão importantes na
realização deste estudo.
Às bolsistas Carolina Pavan, Bruna Amaral, Luiziana Schaefer, Thamis Zeni,
Diana dos Santos, Gabriela Guerra e Lilian Lapchik que me auxiliaram na primeira etapa
do trabalho; e aos colegas do grupo da Prof.ª Maria Lúcia que me acolheram na mudança
de orientadora.
À professora Graciela I. de Jou, por me apresentar a Psicologia Positiva, e à
professora Marilene Zimmer, por todas as "dicas” importantes para pesquisa científica.
A todos os professores do Programa de Pós-Graduação em Psicologia e de outras
áreas, como o Monsenhor Zilles, que, de uma maneira ou de outra, estimularam-me a
reflexões importantes neste período. Agradeço, também, às secretárias do Programa,
Claudia Antônia de Los Angeles Silveira e Inêz Verginia Giasson que sempre estiveram
disponíveis; pelo profissionalismo e eficiência, por enxergarem muito além de suas
funções!
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Este trabalho também não seria possível sem o “sim” da empresa onde foi
realizado. A todas as pessoas que acreditaram neste trabalho, em busca de uma vida
melhor e de mais qualidade, o meu agradecimento.
A todos os meus colegas, amigos e familiares que estiveram presentes, com sua
amizade, seu conhecimento, escutando, dando apoio, incentivando durante todo este
caminho, um tanto árduo, mas muito gratificante quanto ao seu valor para uma vida
melhor em sociedade.
Em especial, agradeço às queridas Cristina Copetti, Cristina de Ross e à minha
comadre, Liana Cristina Tubelo, por toda a amizade e apoio durante minha trajetória
acadêmica e de vida! Percebe-se, incluso aos nomes de vocês, Cristo!!! Muito, muito
obrigada de coração!!!
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SUMÁRIO
RESUMO............................................................................................................................09
ABSTRACT........................................................................................................................10
INTRODUÇÃO..................................................................................................................11
Sessão 1 - Bem-Estar Subjetivo e Atividade Física - Revisão da Literatura...............13
Sessão 2 - Técnica de Expressão Corporal e Qualidade de Vida .................................30
CONCLUSÕES..................................................................................................................49
ANEXO 1- Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa – CEP – PUCRS.......................51
9
RESUMO
Esta dissertação examina a atividade física e o bem-estar desde a perspectiva da
Psicologia Positiva. Está composta de duas sessões. A primeira sessão é uma revisão da
literatura de forma a identificar conceitos que envolvem a temática, ou seja, Psicologia
Positiva, bem-estar subjetivo, atividade física, Técnica de Expressão Corporal e auto-
estima, assim como estudos que buscam documentar os efeitos positivos da prática de
atividade física na qualidade de vida. De modo geral, sobre o tema qualidade de vida e
atividade física, embora encontrados em número expressivo, no tocante a sujeitos adultos
e gidos, os artigos se tornam mais escassos. Quando referentes ao uso de Técnica de
Expressão Corporal, então, os estudos localizados são em número diminuto. A segunda
sessão da dissertação apresenta os resultados de uma intervenção com utilização da
Técnica de Expressão Corporal com o objetivo de examinar seus efeitos no bem-estar dos
participantes. Durante cinco meses, adultos hígidos, uma vez por semana, participaram de
um programa de intervenção com a referida técnica; questionários e escalas de
desenvolvimento emocional, saúde geral, bem-estar subjetivo e auto-estima foram
administradas aos 19 participantes (idade média 30,21 anos), em três momentos da
pesquisa: antes, imediatamente após e sete meses finda a intervenção. As medidas
evidenciam que os escores mais elevados para o lado positivo se encontram em relação à
saúde geral, auto-estima e ao bem-estar subjetivo, sem o mesmo efeito da intervenção no
desenvolvimento emocional. É possível afirmar o efeito positivo da Técnica de Expressão
Corporal nos participantes, evidenciados ainda através de seus depoimentos, registrados
em vídeo ou em respostas a questões abertas, ao longo da experiência.
Palavras-chaves: Psicologia Positiva; Bem-estar Subjetivo; Qualidade de Vida; Atividade
Física; Técnica de Expressão Corporal.
Área conforme classificação CNPq:
7.07.00.00-1 (Psicologia)
Sub-área conforme classificação CNPq:
7.07.07.02.2 (Desenvolvimento Social e da Personalidade)
10
ABSTRACT
This master’s dissertation examines physical activity and subjective well-being
from Positive Psychology perspective. It is composed by two sections. The first section
reviews the literature in order to identify concepts regarding the topics: Positive
Psychology, subjective well-being, physical activity Body Expression Technique and self-
esteem, as well as to review studies which document evidence of positive effects of
physical activity on life quality. In general papers on life quality and physical activity,
even though expressive in numbers, when regarding healthy adults the numbers of articles
is reduced. When about the use of Body Expression Technique then the found articles are
even more reduced in numbers. The second section of this dissertation presents the results
of an intervention with Body Expression Technique which objective was to examine the
effects of such activity on the subjective well-being of the participants. Durant five
months, healthy adults participated once a week in an intervention program with the
mentioned technique; questionnaires and scales of emotional development, general health,
subjective well-being and self-esteem were administered to the 19 subjects (median ages
30.21 years), in three moments: before, right after the last day of the intervention and
seven months later. The measures demonstrate higher scores in the positive end of scales
regarding general health, self-esteem and subjective well-being but not regarding
emotional development. It is possible to assume the positive effect of Body Expression
Technique in the participants, evident also in their feedback recorded on video or in their
responses to open questions during the experience.
Key Words: Positive Psychology; Subjective Well-being; Quality of Life;
Physical Activity; Body Expression Technique.
11
INTRODUÇÃO
A presente pesquisa de mestrado foi realizada com intuito de verificar
cientificamente o que, na prática, a mestranda vinha percebendo e desenvolvendo durante
sua traji1.40511(ui6ót)1.40381(i)7.82938(js)-4.6166(a)-2398.936 pofiiiio-9.23319(ns)-4.6166(al7.42551(oi)-9398.936 i)1.40381(c)-13.4459(oo)-2398.936 pofmesotra defa537.234(d)-537.231(ci)10.662()-13.4459(l).42551(oit1.40511(ur)13.8511(a)-t)1.40511(r)30 Td[(e)-1388.298(v)10.6383(e-13.4459(om)1398.936 dr)3.210-20
12
global do ser humano. Questões como expressão de sentimentos, desenvolvimento de
habilidades sociais e maior integração entre participantes (aceitando, e sendo aceito pelos
demais, valorizando as relações sociais e a adaptando-se a situações novas), promoção da
auto-estima (reconhecendo suas habilidades e potencialidades, o gosto pelas atividades
que realiza e a capacidade de sentir-se adequado) e da criatividade (obtendo uma maior
flexibilidade e originalidade de idéias e comportamentos) são aspectos importantes a
buscar na realização de um programa dessa natureza. Outras dimensões também
comportam este autoconhecimento, através da técnica utilizada, entre elas: a comunicação,
cooperação, competição, motivação, liderança, processos cognitivos básicos (atenção,
memória, percepção dos sentidos), confiança, planejamento, sentido da vida.
A seguir é apresentado, portanto, o desenvolvimento dessa dissertação: a primeira
e a segunda sessão e, por fim, considerações finais.
Referência Hernandes, E. O. C. (2002). Desenvolvimento emocional através do
canto coral na terceira idade. Dissertação de mestrado não publicada, Faculdade de
Psicologia, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul/Universidade
Paranaense - UNIPAR, Brasil.
13
PRIMEIRA SESSÃO
O BEM-ESTAR SUBJETIVO E ATIVIDADE FÍSICA
REVISÃO DA LITERATURA
RESUMO: A Psicologia Positiva é uma ciência que se detém no estudo de três pilares: a
experiência subjetiva positiva, as habilidades, forças e virtudes individuais positivas e as
instituições positivas – as quais servem para dar apoio a essas experiências e traços
positivos vantajosos para qualquer pessoa. O Bem-estar Subjetivo, braço de estudo da
Psicologia Positiva, refere-se a como as pessoas pensam e sentem suas vidas, tanto de uma
perspectiva global quanto em situações específicas como trabalho, família, lazer, entre
outros pontos. O objetivo aqui é estudar a relação da atividade física, mais
especificadamente, a Técnica de Expressão Corporal, com o Bem-estar Subjetivo e a
Auto-estima dentro do arcabouço da Psicologia Positiva.
Palavras-chave: Psicologia Positiva; Bem-estar Subjetivo, Atividade Física,
Técnica de Expressão Corporal, Auto-Estima.
THE SUBJECTIVE WELL-BEING AND THE PHYSICAL ACTIVITY
LITERATURE REVIEW
Positive Psychology is the science which studies three points: positive subjective
experience, abilities, strength and virtues in individuals and institutions that support these
positive experiences and traits beneficial to anyone and any institution. Subjective Well-
being, from Positive Psychology point of view, concerns how people think and fell about
their lives in a global perspective and specifics situations concerning work, family and
leisure activities. The aim is to study the relationship between physical activity, more
specifically, the Body Expression Technique and Subjective Well-being and Self-esteem
in Positive Psychology theory.
Key-words: Positive Psychology; Subjective Well-being; Physical Activity; Body
Expression Technique; Self-esteem;
14
Introdução
No panorama geral da Psicologia, observa-se que, nos últimos 50 anos, foram
realizados grandes investimentos na área da Psicologia Cognitiva, tentando investigar os
processos mentais e como esses atuam na interação do ser humano com seu meio. Vários
modelos foram formulados sobre memória, atenção e representação mental, explicando
como se adquirem e se organizam os conhecimentos que fazem parte da vida de todo o
indivíduo. No entanto, a Psicologia Cognitiva, apesar de estar voltada ao estudo de um
grupo de funções mentais, pouco investiu em estudos sobre as funções de alegria, do
prazer e de seus opostos, tristeza e desprazer, principalmente quando se compara com
estudos sobre memória e atenção (Kahneman, Diener, & Schwarz, 1999). Esses autores
apontam que certas lacunas nas pesquisas não se devem a importância do tema, apenas
refletem a história dos assuntos predominantes na Psicologia Moderna.
Giacomoni (2002) afirma que nos primórdios da Psicologia Cognitiva, o estudo
das emoções e dos sentimentos foi pouco explorado na abordagem do processo da
informação. Entretanto, nas últimas décadas, foram desenvolvidos trabalhos sobre
congruência entre estados de humor e evocação de palavras (Bower, 1981), relação entre
emoções positivas e saúde física (Taylor, Kemeny, Reed, Bower, & Gruenewald, 2000) e
diferença de memória de palavras com diferente carga emocional (Stein & Rohenkohl,
2003). Também começaram a aparecer trabalhos, de forma mais sistemática e profunda,
realizados por cientistas sociais e do comportamento; essas análises investigam as
percepções dos indivíduos sobre si mesmos, como auto-estima (Campbell & Fairey,
1985), auto-eficácia (Bandura, 1997), qualidade de vida e sensação de bem-estar
(Kahneman, Diener, & Schwarz, 1999), chamando atenção para questões como felicidade
e qualidade de vida. Portanto, pode-se pensar nesses estudos como uma forma de retratar a
iniciativa da Psicologia, em geral, e da Psicologia Cognitiva, em particular, para trabalhar
com questões de emoção, estado de humor, sentimentos e suas inter-relações com os
processos cognitivos.
Na virada deste milênio, surge, então, um novo olhar sobre a Psicologia – novidade
essa que teve início em 1998, com Martin Seligman, presidente da American
Psychological Association. Naquela época, Seligman convidou outros três cientistas que,
já há algum tempo, empenhavam-se em pesquisar o bem-estar e a felicidade. Juntos
15
construíram os três pilares que sustentariam o conteúdo de um movimento científico
denominado Psicologia Positiva.
O primeiro pilar consistiu no estudo da emoção positiva e estava ao encargo de
Edward Diener. Mihaly Csikszentmihalyi, responsável pelo segundo pilar, ocupou-se do
estudo do caráter positivo, as forças e virtudes cujo exercício regular produzem emoção
positiva. O terceiro pilar, ao encargo de Kathleen Hall Jamieson, constituiu-se no estudo
das instituições positivas, incluindo a análise sobre as grandes estruturas que transcendem
o indivíduo e dão suporte ao caráter positivo, como democracia, liberdade de imprensa,
educação, entre outras. Ainda outros cientistas estiveram colaborando como, por exemplo,
Robert Nozick, que se encarregou das questões filosóficas envolvidas na pesquisa. Esses
cientistas formaram, então, uma rede de Psicologia Positiva, envolvendo muitos
acadêmicos experientes e cuja coordenação coube a Peter Schulman, e a direção ao
próprio Seligman (Seligman, 2004).
Conforme Seligman e Csikszentmihalyi (2000), a Psicologia Positiva é uma
ciência que estuda, portanto, três aspectos principais. O primeiro se refere às experiências
subjetivas positivas, tais como bem-estar, contentamento e satisfação, esperança e
otimismo, flow
1
e felicidade. O segundo diz respeito aos traços individuais positivos,
como capacidade de amar e perdoar, vocação, coragem, habilidades interpessoais,
sensibilidade estética, perseverança, originalidade, aptidões, espiritualidade, talento e
sabedoria. O terceiro aspecto é o grupal: virtudes cívicas e instituições positivas, atuantes
no processo de desenvolvimento do ser humano (família sólida, democracia, um amplo
círculo moral), que movam indivíduos para uma melhor cidadania, isto é,
responsabilidade, educação, altruísmo, civilidade, moderação, tolerância e trabalho ético.
Assim, nos últimos anos, desenvolveu-se a Psicologia Positiva, cujo objetivo é
estudar características e estratégias de pessoas com um perfil positivo, voltado à
manutenção e desenvolvimento de pensamentos e ações construtivas, ou seja, aquelas que
apresentam virtudes como perseverança, esperança, fé, entre outras, relacionando essas
características e estratégias ao conceito de felicidade. Da mesma forma, essa nova área
procura investigar os fatores que as pessoas relacionam a sua percepção de felicidade.
Esse novo enfoque desvia, em parte, a atenção do mal-estar, da patologia e da
doença, (focos desenvolvidos, principalmente, a partir da Segunda Grande Guerra), para
1
Flow, segundo Csikszentmihayi (1992), “são aspectos positivos da experiência humana como alegria,
criatividade e o processo de envolvimento total com a vida” (p. 9); é o estado de gratificação em que se entra
quando as pessoas se concentram completamente no que estão fazendo.
16
bem-estar psicológico, prevenção, promoção da saúde e felicidade. Assim, a Psicologia
passa a estudar, de uma maneira mais aprofundada e academicamente científica, a
construção de qualidades positivas, sua manutenção e o seu desenvolvimento. Interessa-se,
por conseguinte, em verificar que tipos de fatores estão presentes na manutenção de um
estado de bem-estar nas pessoas, procurando esclarecer a influência de fatores como
educação, família, lazer, esportes e trabalho (Giacomoni, 2002; Paludo & Koller, 2006).
Sintetizando, a Psicologia Positiva apresenta uma mudança que consiste na busca
de um modelo de prevenção de doença, focalizada na construção de competências no lugar
da correção de fragilidades. O enfoque passa, então, do estudo das fraquezas e dos danos
para o estudo do vigor e de virtudes como coragem, otimismo, habilidades interpessoais,
fé, trabalho ético, esperança, honestidade, perseverança, capacidade de insight, entre
outras características (Giacomoni, 2002; Sheldon & King, 2001).
A Psicologia Positiva se compromete, assim, segundo Seligman e
Csikszentmihalyi (2000), com a promoção da qualidade de vida e a prevenção de
patologias e doenças que surgem quando a vida é sentida como inútil e sem significado.
A Organização Mundial da Saúde, preocupada com a necessidade de certa
unificação de critérios para elaborar uma significação mais precisa da expressão qualidade
de vida, adotou o seguinte conceito para defini-la: “a percepção do indivíduo de sua
posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em
relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações” (citado por Fleck et al.,
1999, p.20).
Diener e Suh (1997) afirmam, também, que o elemento subjetivo é essencial na
avaliação da qualidade de vida de um indivíduo ou de um grupo. Segundo esses autores,
cada pessoa reage diferentemente a circunstâncias semelhantes, o que inviabilizaria
utilizar os indicadores sociais
2
e econômicos como os únicos capazes de avaliar a
qualidade de vida. Os indicadores sociais incluem saúde (mortalidade infantil, média per
capta de médicos e longevidade) e nível de criminalidade (taxas de homicídio, média per
capta de policias, entre outros). E os indicadores econômicos têm por base a satisfação de
preferências, em que a qualidade de vida possa ser medida pelos recursos materiais e
desejos individuais.
2
Segundo Diener e Suh (1997), indicadores sociais o medidas sociais que refletem as circunstâncias
objetivas das pessoas em uma dada cultura ou região.
17
Desta maneira, verifica-se a importância de como cada indivíduo percebe seu bem-
estar e sua qualidade de vida, independente de situações objetivas. O que para alguns pode
ser considerado um grande problema como, por exemplo, a quantia do salário que recebe,
para outros pode não afetar tanto sua percepção de felicidade.
Conforme Seligman (2004), mais que o próprio dinheiro, o que influencia a felicidade
é a importância que você a ele. O materialismo parece ser contraproducente: em
todas as faixas de rendimento, aqueles que valorizam mais o dinheiro do que outras
metas estão menos satisfeitos com o que ganham e com a vida como um todo, embora
não haja uma explicação precisa para isso (p. 72).
Seligman (2004) apresenta uma pesquisa internacional em que os estudiosos
compararam o bem-estar médio subjetivo daqueles que vivem em países ricos aos que
vivem em países pobres. Foram entrevistadas 1.000 pessoas de 40 países a respeito de sua
satisfação com a vida como um todo. Comparou-se o nível médio de satisfação com o
poder de compra correspondente a cada país. Essa pesquisa mostrou que o poder geral de
compra do país e a satisfação média com a vida caminham na mesma direção, porém
assim que o produto interno bruto atinge 8.000 dólares ou mais, por pessoa, não existe
mais tal correlação. Por exemplo: “os suíços ricos são mais felizes que os búlgaros pobres,
mas a riqueza tem pouca importância quando se trata de um cidadão da Irlanda, Noruega
ou Estados Unidos” (Seligman, 2004, p. 70). também muitas exceções à associação
riqueza/satisfação com a vida; em países como Brasil, China continental, Argentina,
Nigéria e Índia, foi encontrado muito mais satisfação na vida do que seria de supor com
base em sua riqueza. Esses dados indicam, conforme Seligman (2004), que, em algumas
realidades parece existir uma necessidade de atingir um nível de conforto que,
ultrapassado, representa pouca ou nenhuma felicidade e, ainda, em outros contextos, como
China, Índia e Nigéria, por exemplo, verifica-se que o poder aquisitivo não é fator
determinante para a felicidade.
Bem-Estar Subjetivo
O estudo do bem-estar subjetivo (BES) tem despertado, nos últimos tempos, um
crescente interesse por parte dos pesquisadores. Segundo Cuadra e Florenzano (2003), a
atual ênfase na investigação desse tema reflete uma tendência social que focaliza uma
nova dimensão até agora pouco considerada, tanto cultural como academicamente: o bem-
18
estar é uma condição importante para o ser humano. Sendo assim, afirmam os autores, é
necessário defini-lo como um conceito cientificamente válido.
Esta área que estuda o bem-estar subjetivo comporta, conforme Giacomoni
(2002), os mais diversos termos: o próprio bem-estar subjetivo (Diener, 2000); otimismo
(Peterson, 2000); felicidade (Argyle & Lu, 1990; Csikszentemihalyi, 1992);
espiritualidade (Volcan, Souza, Mari, & Horta, 2003); qualidade de vida (Kahneman,
Diener, & Schwarz, 1999). Albuquerque e Tróccoli (2004), por exemplo, destacam que o
BES é um estudo científico da felicidade, considerando os seus aspectos causadores, as
situações que podem atuar na redução dos níveis de felicidade do ser humano e os
indivíduos propriamente ditos.
Para a maioria dos pesquisadores desta área, BES é considerado uma avaliação
tanto cognitiva como emocional da própria existência, a qual se refere ao pensamento das
pessoas e ao sentimento sobre suas vidas. Na avaliação cognitiva, o indivíduo faz um
julgamento consciente sobre seu estado como um todo, ou em aspectos específicos, como
lazer, trabalho ou família, entre outros. Na emocional ou de afeto, o indivíduo experiencia
humores e emoções prazerosas ou não (Diener, 1984; Diener, Suh, Lucas, & Smith,
1999; Diener, Suh, & Oishi, 1997; Emmons, 1986).
A partir dessa argumentação, Anguas (1997) e Martinez e Garcia (1994) apontam
para o consenso que se tem sobre as dimensões do BES, incluindo satisfação com a vida e
afetos positivos e negativos.
A satisfação em relação à vida refere-se ao julgamento cognitivo, conforme
exposto anteriormente. Nesta dimensão, o juízo e a avaliação geral da própria existência
ou de algum aspecto específico aparecem como representações mentais do self. Assim, as
pessoas têm um nível de bem-estar subjetivo, são capazes de julgar os acontecimentos de
suas vidas bons ou maus mesmo que, muitas vezes, não estejam conscientes disso.
Observa-se que seu sistema psicológico oferece uma avaliação constante acerca da
experiência vivida. Essa avaliação, por conseguinte, será decisiva na sensação de si
mesmo, ou sense of self (Horowitz, 2002; Stingel, 2003).
a dimensão do afeto positivo diz respeito a uma sensação de contentamento
experimentado, em um determinado momento, como um estado de alerta, de entusiasmo e
de atividade. É um sentimento transitório de prazer ativo. Uma descrição de um estado
emocional e não um julgamento cognitivo.
19
Enquanto, por sua vez, a dimensão de afeto negativo, segundo Diener (1995),
caracteriza um estado de distração e engajamento desagradáveis, como ansiedade,
depressão, aborrecimento, pessimismo, agitação, entre outras desordens psíquicas.
Bem-Estar Subjetivo e Auto-Estima
A auto-estima é uma denominação que se a um dos três componentes
(avaliativo, cognitivo e comportamental) do autoconceito. Refere-se ao componente
avaliativo que consiste na avaliação global que a pessoa faz do seu próprio valor e se
manifesta, na maioria das vezes, como a aceitação de si mesmo como pessoa e por
sentimentos de valor pessoal e de autoconfiança. É através da auto-estima que as
informações o filtradas, de forma a aceitar aquelas consistentes com a imagem contida
no autoconceito. Este é formado por esquemas ou auto-esquemas (representações mentais
das características pessoais) que filtram as informações, retendo e integrando aquelas que
sejam consistentes com a estrutura dos próprios esquemas (Tamayo et al., 2001).
Conforme Carara (2004), vários autores definem a auto-estima como a atitude positiva da
pessoa para com ela própria.
Coopersmith (1967) e Rosenberg (1973) já, anteriormente, também consideravam
a auto-estima parte do autoconceito. Porém, para estes autores, a auto-estima expressa um
sentimento ou uma atitude de aprovação ou repulsa de si próprio (em que medida a pessoa
se considera capaz, significativa, bem-sucedida, valiosa, ou o). É o juízo pessoal de
valor expresso em atitudes que o indivíduo tem consigo mesmo. Deste modo, a auto-
estima é concebida, também, por estudiosos atuais, como García Del Cura, 2001 (citado
por Mosquera & Stobäus, 2004), como o conjunto de atitudes que cada um tem a seu
respeito, bem como a percepção avaliativa sobre si mesmo. Para estes autores, a auto-
estima não é estática: apresenta variações e se revela diante de acontecimentos psíquicos e
fisiológicos, ou seja, é um estado ou modo de ser, no qual o indivíduo participa com
idéias, positivas ou negativas, a respeito de si mesmo. “... é como cada um se gosta”
(Mosquera & Stobäus, 2004, p. 9), referindo-se a auto-estima como o nível de afeição ou
rejeição que a pessoa experiencia por si própria. Eventos diários positivos e/ou negativos e
mudanças de humor covariam com mudanças diárias na clareza do autoconceito (Nezlek
& Plesko, 2001); e este é determinado tanto pela situação social no qual se encontra o
sujeito, como pelos seus interesses, suas metas e motivações do momento, reafirmando,
20
desta forma, o caráter dinâmico da auto-estima. Sendo assim, esta se constitui, segundo
Salmivalli, Kaukiainen, Kaistaniemi e Lagerspetz (1999), em um dos determinantes mais
importantes do bem-estar psicológico e do funcionamento social.
É através da comunicação consigo mesmo e com o outro que o indivíduo se
autoconhece e, a partir daí, é possível descobrir capacidades e habilidades, perceber
virtudes e melhorar a auto-estima e o bem-estar. Mosquera e Stobäus (2004), reportando-
se a Cooley e Mead, salientam a importância da auto-estima no fenômeno do
autoconhecimento: o ser humano representa a visão de si mesmo, de como os outros e
de como é visto por eles.
A relação entre bem-estar subjetivo e auto-estima tem sido verificada por muitos
autores (Anderson, 1977; Czaja, 1975; Drumgool, 1981; Ginandes, 1977; Higgins, 1978;
Kozma & Stones, 1978; Peterson, 1975; Pomerantz, 1978; Reid & Ziegler, 1980;
VanCoevering, 1974; Wilson, 1960), conforme citado por Diener (1984). Segundo ele, o
self é altamente correlacionado com o bem-estar subjetivo; as pessoas devem ter bons
níveis de auto-estima para estarem satisfeitas com suas próprias vidas. Além disso, para o
autor, a auto-estima elevada é um dos mais fortes preditores do bem-estar subjetivo. Os
estudos de Campbell, Converse e Rodgers (1976) afirmam que a satisfação com o self
apresenta alta correlação com a satisfação de vida em qualquer variável. Laxer (1964) e
Wessman e Ricks (1966) verificaram que a auto-estima tende a cair durante os períodos de
infelicidade, mostrando assim, segundo Diener (1984), uma probabilidade de a relação
entre humor e auto-estima ser bidirecional.
Entretanto, é interessante salientar a existência de estudos nos quais a relação do
bem-estar subjetivo com a auto-estima é questionada. pesquisas apresentando-a como
fraca e complexa, conforme Reid e Ziegler (1977), Wessman e Ricks (1966) e Wolk e
Telleen (1976), citado por Diener (1984).
Percebe-se, portanto, opiniões diversificadas indicando, por exemplo, segundo
Ruff (1989), que a auto-estima é um dos componentes do bem-estar, mais especificamente
em relação à satisfação com a vida, enquanto outros autores, como Bergman e Scott
(2001) e Yarcheski, Mahan e Yarcheski (2001), a correlacionam apenas como uma
variável independente (citados por Arteche & Bandeira, 2003).
21
Bem-estar Subjetivo, Auto-estima e Atividade Física
A partir da década de 80, aproximadamente, a literatura revisada por Fox (1999)
demonstrou o impacto da atividade física em situações como depressão, ansiedade e
estresse, emoção, humor e bem-estar, auto-estima e autopercepções, qualidade do sono e
efeitos negativos do exercício.
Biddle (citado por Fox, 1999) apresentou estudos experimentais indicativos do
efeito positivo no humor através de exercícios de intensidade moderada. Assim, Hills e
Argyle (1998), ao pesquisarem a atividade física dentre as atividades de lazer, verificaram,
da mesma forma, a relação positiva entre humor e esportes/exercícios. Existe também uma
forte evidência, segundo Fox (1999), de melhora nos estados de humor, em função de
exercícios aeróbicos e de resistência. Além disso, evidências, não tão fortes, de o
exercício ter o poder de melhorar a função cognitiva (tempo de reação aos estímulos em
geral, por exemplo) em idosos. Peterson (2000) detectou que pessoas com altos níveis de
otimismo são aquelas mais bem-humoradas, perseverantes e bem-sucedidas e apresentam
melhor saúde física.
A atividade física pode, também, indiretamente, aumentar o bem-estar subjetivo e
a qualidade de vida, prevenindo doenças e mortes prematuras (Fox, 1999).
Da mesma forma, outros estudos confirmaram a hipótese da existência de uma
moderada associação entre atividade física e indícios de bem-estar subjetivo (Stathi, Fox,
& McKenna, 2002; Stephens, 1998), todavia tais pesquisas foram realizadas em muitos
países, usando métodos e critérios diferenciados.
Apesar de algumas pesquisas estarem discutindo a questão específica do bem-estar
subjetivo e atividade física, o que, atualmente, encontrou-se nas bases de dados, tais como
Web of Science, PsicoInfo, Sport Discurs, Medline e Lilacs, foram estudos realizados com
idosos (McAuley et al., 2000; Stathi, Fox, & McKenna, 2002), pessoas obesas (Berger,
2004), com problemas do sono como apnéia (Hong & Dimsdale, 2003), pacientes com
câncer (Oldervoll, Kaasa, Hjermstad, Lund, & Loge, 2004) ou com danos na medula
espinhal (Ginis et al., 2003; Lee & McCormick, 2004), por exemplo. Entretanto, há
carência de estudos na relação bem-estar subjetivo e atividade física em indivíduos adultos
isentos de problemas físicos, mentais ou psicológicos. E, embora haja crescimento desta
área através de estudos de pesquisadores estrangeiros, inexiste, até o momento, a
divulgação de pesquisas brasileiras sobre a relação do bem-estar subjetivo e atividade
22
física, muito especialmente no que se refere à Técnica de Expressão Corporal. Foi
encontrado, porém, uma dissertação de 1977 sobre a influência de Técnicas de Expressão
Corporal no desenvolvimento psicossocial de adolescentes (Greve, 1977).
Nos últimos 20 anos, de acordo com Fox (1999), as pesquisas sobre o papel do
exercício físico em relação ao aumento do bem-estar mental em popul40511(e)-13.4459(n)13(-)53.4479(e)-2.8070204(s)-4.61789(ã)t.9)
23
A maioria destes estudos foi realizada tendo como sujeitos crianças, adolescentes e
estudantes universitários, utilizando atividades esportivas, geralmente, de curta duração,
organizadas por terceiros e realizadas em grupo (Tamayo et al., 2001). Estudos como o de
Delaney e Lee (1996), com jovens entre 14 e 27 (que estudou a influência da atividade
física competitiva e não-competitiva), e de Tamayo et al. (2001), com adultos acima de 40
anos (que abordou a variável atividade física de forma global, sem discriminar o tipo de
atividade, nem se era praticada em grupo ou individualmente), confirmam o efeito
benéfico do exercício físico sobre o autoconceito dos participantes. Tem-se a impressão de
que variáveis como a natureza da atividade física e o tipo da amostra são relevantes, assim
como a metodologia utilizada, (como, por exemplo, incluir junto com a variável atividade
física ou esportiva outras variáveis, como aprendizagem de novas habilidades esportivas e
clima de competição) e, particularmente, a diferença na medida do autoconceito acarretam
divergências nos resultados das pesquisas.
No que concerne, especificamente, aos estudos da relação entre auto-estima e a
atividade física há uma crescente evidência de que o exercício pode aumentar também, em
alguns casos, a auto-estima global (Fox, 1999). Assim também sugerem muitos outros
autores conforme Folkins e Sime (1981) e Hughes (1984) (citado por McAuley, Mihalko,
& Bane, 1997), assinalando que, dentre grande número de variáveis psicológicas passiveis
de influência pelo exercício e atividade física, está a auto-estima, que pode receber o
maior benefício potencial.
Segundo McAuley, Mihalko e Bane (1997), muitas pesquisas especializadas nesta
literatura apontam uma associação positiva entre a participação em atividades físicas e
altos níveis de auto-estima. Além de trazer benefícios físicos, o exercício é muito
proveitoso psicologicamente para pessoas idosas, incluindo intensificação nos estados de
humor positivo e redução dos estados de humor negativo, aumento da auto-eficácia e da
imagem corporal e melhora da auto-estima (Bozoian, Rejeski, & McAuley, 1994).
Recentemente, foram publicados os resultados de uma pesquisa realizada por
Elavsky et al. (2005). Foram examinados idosos através de um programa de exercícios. A
coleta de dados aconteceu em seis meses, um ano e após cinco anos; os autores acreditam
ser o estudo mais longo deste tipo. O público alvo tinha 65 anos ou mais e era sedentário.
O programa foi composto por caminhadas ou alongamento e aulas de exercício tônico, três
vezes por semana, durante seis meses. Os pesquisadores avaliaram, além da saúde física
dos participantes, qualidade de vida; auto-estima, auto-eficácia (suas crenças e confiança
24
nas suas habilidades) e afeto (seus níveis de contentamento e felicidade). Seis meses após,
os estudiosos concluíram que os participantes não somente estavam melhores fisicamente,
mas também confiantes e contentes. Após um e cinco anos, conforme as coletas de dados,
foi concluído que os efeitos tanto físicos como psicológicos continuaram para aqueles que
se mantiveram em atividade.
Considerações Finais
A revisão de literatura realizada neste artigo traz a nova perspectiva da Psicologia:
a Psicologia Positiva, voltada à pesquisa da experiência subjetiva positiva, das habilidades
e virtudes individuais positivas e das instituições positivas. A partir disso, procurou-se
abordar o bem-estar subjetivo e a auto-estima e suas relações com atividade física.
Percebe-se, com esta pesquisa, a estreita relação entre auto-estima e bem-estar,
sendo aquela uma variável importante para o bem-estar subjetivo. O aumento da auto-
estima pode, também, ser o maior benefício dentre as variáveis psicológicas influenciadas
pelo exercício e atividade física. Entretanto, no que concerne ao bem-estar subjetivo e sua
relação com a atividade física, mais especificamente a Técnica de Expressão Corporal,
constatou-se carência de estudos, principalmente nos aspectos referentes a indivíduos
adultos sem deficiências físicas, ou sem problemas de saúde física, mental ou psicológica.
Desta forma, considera-se importante aprofundar os estudos sobre a relação entre o bem-
estar subjetivo e a atividade física, lançando-se mão deste novo enfoque da Psicologia, isto
é, pesquisando o bem-estar subjetivo e a qualidade de vida não somente através da
diminuição de fatores referentes ao mal-estar, patologias e doenças como stress, ansiedade
e depressão, por exemplo, mas, também, com o aumento da percepção de auto-estima e
bem-estar, preocupando-se com a prevenção e promoção de saúde e felicidade.
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30
SEGUNDA SESSÃO
TÉCNICA DE EXPRESSÃO CORPORAL E QUALIDADE DE VIDA
RESUMO: A atividade física tem sido muito relacionada à qualidade de vida,
entretanto pouco se tem investigado sobre a Técnica de Expressão Corporal,
especialmente em adultos isentos de deficiências físicas ou mentais. O objetivo da
presente pesquisa é verificar os efeitos de uma intervenção com a Técnica de Expressão
Corporal com medidas repetidas (pré, pós-intervenção e follow up de sete meses). Os 19
participantes do programa (idade média de 30,21 anos) realizaram a intervenção durante
cinco meses, uma vez por semana por uma hora e meia. Foram avaliados,
quantitativamente em desenvolvimento emocional, saúde geral, auto-estima e bem-estar
subjetivo e qualitativamente através do registro de falas captadas por filmagem das sessões
em vídeo, e de uma pergunta aberta. Os resultados demonstram, através do teste Kruskal-
Wallis (p 0,05), escores mais elevados para o lado positivo em relação à saúde geral,
auto-estima e ao bem-estar subjetivo, sem o mesmo efeito da intervenção no
desenvolvimento emocional. É possível afirmar o efeito positivo da Técnica de Expressão
Corporal nos participantes, evidenciados ainda através de seus depoimentos, registrados
em vídeo ou em respostas a questões abertas, ao longo da experiência.
Palavras-chave: Qualidade de Vida; Psicologia Positiva; Bem-estar Subjetivo;
Técnica de Expressão Corporal.
ABSTRATC: Physical activity has been associated to life quality even so little has
been studied when it comes to Body Expression Technique, especially concerning health
adults. The objective of this investigation was to verify the effects of an intervention with
Body Expression Technique with data collection with repeated measures (pre, pos and
follow up 7 months after the intervention). Nineteen participants (mean age 30.21)
underwent the intervention during 5 months, once a week for one hour and a half. They
were evaluated in a quantitative way regarding their emotional development, general
health, self-esteem and subjective well-being and also qualitatively through video and
response to an open question. Results demonstrated higher scores in a positive direction
31
for general health, self-esteem and subjective well-being (Kruskal-Wallis, p 0,05),
without such effect for emotional development. It is possible to state the positive effect of
Body Expression Technique in the participants, evident also in their feedback, registered
in video and in their responses to open questions during the experience.
Key-words: Quality of Life, Positive Psychology, Subjective Well-being, Body
Expression Technique.
32
Introdução
Qualidade de Vida é entendida não somente como ausência de doença, mas
principalmente ligada ao bem-estar e à prevenção (Fleck et al., 1999); relaciona-se com o
bem-estar em seus diversos níveis: físico, mental, social, emocional, espiritual (Fighera,
Calvetti, & Müller, 2006; Macedo et al., 2003). Portanto, existe o interesse em perceber o
indivíduo em seu bem-estar e integralidade. A Psicologia Positiva, ciência que também
estuda o Bem-Estar Subjetivo, tem por base três pilares:
O primeiro é o estudo da emoção positiva; o segundo é o estudo dos traços
positivos, principalmente as forças e as virtudes, mas também as ‘habilidades’,
como a inteligência e a capacidade atlética; o terceiro é o estudo das instituições
positivas, como a democracia, a família e a liberdade... (Seligman, 2004, p. 13).
Amplia-se, então, o olhar da Psicologia, em relação a patologias e doenças, para a
prevenção e o bem-estar focalizado na construção de competências, ao invés da correção
de fragilidades (Giacomoni, 2002). Assim, a Psicologia Positiva se compromete, conforme
Seligman e Csikszentmihalyi (2000), com a promoção da qualidade de vida e a prevenção.
A partir disso, o interesse, nesse estudo, voltou-se para pesquisar a inter-relação
corpo-mente no que se refere ao bem-estar a partir da perspectiva da Psicologia Positiva.
Uma das possibilidades de pesquisar o bem-estar reside nas evidências científicas
que atestam a importância da atividade física para o bem-estar; tais atividades resultam em
benefícios físicos, psicológicos e sociais conquistados através de sua prática,
33
Técnica de Expressão Corporal estimula a pessoa a crescer como um todo (Bonetto, 1972,
citado por Greve, 1977). O ser humano, desde a concepção, esem movimento, e na sua
presença física se estabelece todo seu ser bio-psico-social-espiritual. A cnica de
Expressão Corporal, doravante TEC, viabiliza, por sua vez, um trabalho em que podem ser
desenvolvidas todas estas dimensões, através de jogos corporais - motores, rítmicos,
dramáticos, sensoriais, ou de relaxamento. Esta experiência com jogos se torna relevante
na medida em que se reconhece a importância do lúdico e, ainda, dessa vivência corporal.
O jogo contemporiza uma das características mais significativas do ser humano - a
capacidade lúdica (Huizinga,1971). Atividade inerente ao ser humano, representa a
capacidade humana de se expressar, dinamizando, segundo Mosquera e Stobäus (1984),
suas condições mais vitais. "Jogando aprende a trabalhar, jogando aprende a viver e
jogando aprende a amar [...] é através do jogo que ele pretende encontrar a si mesmo, o
social e o eterno" (p.22). O jogo, segundo estes autores, é uma organização da atividade
física, sendo esta uma atividade global dos seres humanos, com o que se reafirma,
portanto, a importância da vivência corporal no desenvolvimento do ser humano como um
ser integral.
Desta maneira, a TEC pode influenciar o desenvolvimento psicossocial, conforme
Greve (1977). A autora realizou um estudo experimental com jovens de 13 a 16 anos e
pôde concluir que as Técnicas de Expressão Corporal são válidas para diminuir o alto grau
de ansiedade e introversão, traços marcantes no grupo pesquisado.
Entretanto, é finalidade da presente pesquisa estudar a influência de um programa
de Técnicas de Expressão Corporal em adultos sob a perspectiva da Psicologia Positiva,
isto é, analisando o desenvolvimento do grupo no que ser refere ao desenvolvimento
emocional, saúde geral, auto-estima e bem-estar subjetivo.
Objetivo
O objetivo deste estudo foi verificar o resultado de uma intervenção, de 20 sessões,
com a Técnica de Expressão Corporal (TEC) em três momentos (antes, após a intervenção
e em um follow up de sete meses) em relação ao desenvolvimento emocional, saúde geral,
bem-estar subjetivo e auto-estima em adultos.
34
Método
O estudo foi de caráter longitudinal, quase-experimental, para avaliar o efeito da
intervenção da atividade física Técnica de Expressão Corporal em áreas da vivência
humana, como desenvolvimento emocional, saúde geral, bem-estar subjetivo e auto-
estima, fatores importantes para a qualidade de vida. A intervenção realizada foi avaliada
em três momentos: pré-intervenção, imediatamente após e sete meses depois da
intervenção.
Além disso, os resultados são ilustrados através de verbalizações dos participantes,
resultantes da discussão sobre a atividade na última sessão da TEC, gravadas em vídeo e
também decorrentes de uma questão aberta, apresentada aos participantes no final da
penúltima e da última sessão da TEC.
Participantes
A amostra foi composta por 19 adultos, seis homens e 13 mulheres, funcionários
de uma empresa de médio porte, situada em Porto Alegre. Os participantes eram isentos de
doenças físicas e/ou mentais e foram selecionados por conveniência, com idades que
variavam entre 22 e 47 anos (média de 30,21), (desvio padrão igual a 7,29).
Instrumentos
Foram utilizados os instrumentos abaixo identificados.
1-Questionário com Dados de Identificação: composto por 20 perguntas, com o
fim de registrar os dados pessoais dos participantes.
2-Questionário de Dimensão do Desenvolvimento Emocional. Instrumento
composto por 14 questões, contemplando dimensões como: consciência emocional,
expressão de sentimentos, auto-estima e autoconceito, habilidades sociais e integração,
autocontrole, relaxamento e criatividade (Hernandes, 2002).
3-Questionário de Saúde Geral (QSG 12). Instrumento composto por 12 questões -
é uma versão abreviada e adaptada por Sarriera, Schwarcz e Câmara (1996) do
Questionário de Saúde Geral de Goldberg (1972). É um dos instrumentos mais utilizados
35
para medir bem-estar psicológico, inclusive com validação convergente com o bem-estar
subjetivo (Gouveia et al., 2003).
4-Escala de Bem-Estar Subjetivo (EBES). Instrumento que contempla 62 questões,
expostas em duas subescalas que medem afeto positivo e negativo, bem como a satisfação
com a vida. Escala desenvolvida e validada por Albuquerque (2003) em populações não
desviantes da normalidade em termos de saúde mental.
5-Escala de Auto-Estima de Rosemberg (Rosemberg, 1973). Instrumento
composto de 10 itens, utilizado tanto nacional quanto internacionalmente. É uma escala
unidimensional designada a avaliar globalmente a atitude positiva ou negativa de si
mesmo (Assis et al., 2003).
6- Uma pergunta aberta, proposta no final de cada sessão da TEC, sobre como os
participantes se sentiram durante e logo após a mesma. Para esta pesquisa foi utilizada
somente a pergunta aberta das últimas duas sessões.
7-Gravação das sessões em áudio e vídeo. Foi utilizada, nesta pesquisa, somente a
gravação da última sessão com feedback.
Procedimentos
Depois de aprovado o projeto de pesquisa pela diretoria da empresa, o setor de
recursos humanos convidou funcionários a participarem da pesquisa. Aos participantes
que responderam ao convite foi esclarecida a pesquisa, e aqueles que concordaram em
participar assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), tendo sido o
projeto aprovado pela Comissão Científica da Faculdade de Psicologia da PUCRS e pelo
Comitê de Ética da referida Universidade.
Os participantes realizaram 20 sessões da TEC, abaixo explicadas, de forma
resumida, durante cinco meses, uma vez por semana, durante uma hora e trinta minutos.
Antes do início desse trabalho, responderam ao instrumental da pesquisa. As sessões
foram gravadas em áudio e em vídeo. Logo após o término de cada sessão, os
participantes respondiam a uma questão aberta com o objetivo de refletir sobre seus
sentimentos durante a intervenção. Finalizada a intervenção, todos os participantes foram
submetidos ao mesmo instrumental. Após sete meses do término da intervenção, fez-se um
follow up, utilizando-se, novamente, os instrumentos.
36
Programa de Técnica de Expressão Corporal
O programa detalhado foi integrado por jogos de integração social e de
criatividade: motores, rítmicos, dramáticos, de relaxamento e que trabalhassem os
sentidos. Além de exercício corporal, a TEC inclui um tempo de reflexão e de feedback.
Jogos Motores - exercícios que melhorem a coordenação, as habilidades físicas,
alongamentos, ginásticas corretivas, que objetivem também o autoconhecimento, a auto-
estima e a integração social; Jogos Rítmicos - exercícios que desenvolvam a capacidade
rítmica, atenção, memória, noções espaço-temporais, a criatividade, o autoconhecimento,
a integração do grupo, a auto-estima; Jogos Dramáticos exercícios que desenvolvam a
capacidade lúdica, a criatividade, a arte dramática, a expressão do corpo e dos
sentimentos, a representação; Jogos Sensoriais exercícios indoor e outdoor que
trabalhem a percepção dos sentidos olfativos, auditivos, visuais, gustativos e de tato, a
integração com o meio ambiente, o autoconhecimento, a auto-estima; Relaxamento –
exercícios que objetivam a consciência corporal, a imaginação, a memória, o
autoconhecimento, a auto-estima. Atividade que trabalha a respiração e a descontração
física.
Os exercícios foram feitos individualmente, em duplas, trios, grandes ou pequenos
grupos e, também, com o grupo todo junto. Além disso, ao longo das sessões era oferecido
aos participantes um feedback sobre as atividades realizadas; momento este que era
aproveitado para reflexões individuais e em grupo.
As sessões ocorreram no salão de um clube próximo, reservado pela empresa.
Apresentação e Discussão dos Resultados
Os resultados são apresentados a partir de tabelas relativas a características
sóciodemográficas dos participantes e tabelas referentes aos escores obtidos através dos
instrumentos utilizados nos três tempos do estudo (antes, logo após e s
37
Tabela 1. Dados sobre variáveis sóciodemográficas (N=19)
Variável
Descrição Freqüência Porcentagem
Idade (anos)
19 a 30 13 68,4
31 a 40 3 15,8
41 a 50 3 15,8
Mínima 22 -
Máxima 47 -
Média 30,21 -
Desvio Padrão 7,29 -
Sexo
Masculino 6 31,6
Feminino 13 68,4
Estado Civil
Solteiro 13 68,4
Casado 6 31,6
Separado - -
Etnia
Afro-brasileira 2 10,5
Alemã 3 15,8
Espanhola - -
Italiana 2 10,5
Polonesa 1 5,3
Mista 9 47,4
Outra 2 10,5
Renda Mensal
1 a 2 salários mínimos 2 10,5
2 a 5 salários mínimos 13 68,4
5 a 10 salários mínimos 4 21,1
Escolaridade
Ensino Médio Incompleto 1 5,3
Ensino Médio Completo 3 15,8
Ensino Superior Incompleto 11 57,9
Ensino Superior Completo 2 10,5
Pós-Graduação Completa 2 10,5
Religião
Católica 11 57,9
Espírita 4 21,1
Evangélica
Protestante 1 5,3
Outra 1 5,3
Sem religião 2 10,5
Praticante
Sim 6 31,6
Não 13 68,4
Prática de Exercícios
Sim 10 52,6
Não 9 47,4
38
Os participantes, em relação à idade, são jovens: 68% estão na faixa entre 19 a 30
anos; são predominantemente mulheres (68,4%); solteiros/as (68,4%); classificam-se
como de etnia mista em quase metade do grupo: 47,4%. Respondem ter renda mensal
entre 2 a 5 salários nimos 68,4% dos participantes; mais da metade está cursando uma
faculdade (57,9%); e professam a religião católica (57,9%), embora, em grande parte, não
sejam praticantes (68,4%). Em relação à prática de esportes, dividem-se quase meio a
meio entre praticar (52,6%) e não praticar (47,4%).
Dentre os participantes, 57,9% consideraram sua saúde, no mínimo boa; 35,4%
relataram uma saúde muito boa; e 42,1%, boa. 52,6% dos participantes praticavam algum
exercício regularmente, sendo, no mínimo, de uma a duas vezes por semana. Em relação a
este critério - exercício, a amostra praticava mais esportes em geral, como por exemplo:
futebol, vôlei, natação, entre outros, seguido de caminhada, musculação e yoga.
Em relação às variáveis: desenvolvimento emocional, saúde geral, bem-estar e
auto-estima, a Tabela 2 apresenta os resultados obtidos pelos participantes da intervenção,
nos instrumentos utilizados para avaliar o efeito da TEC. O teste estatístico utilizado para
avaliar os efeitos da intervenção nos momentos pré-pós e pós-follow foi o teste não-
paramétrico Kruskal-Wallis, com nível de significância menor ou igual a 0,05.
Tabela 2. Comparação dos escores obtidos pelos participantes nos instrumentos
de avaliação do efeito da TEC
Variáveis Pré x Pós
Pós x Follow
1-Questionário de Dimensões do Desenvolvimento Emocional
01 Sinto-me deslocado quando estou em grupo. 0,046* 0,480
2-Questionário Geral de Saúde (GHQ-12)
03 Tu te sentes útil na vida? 0,033* 0,317
04 Tu te sentes capaz de tomar decisões? 0,029* 0,206
07 Tens a sensação de não poder superar as dificuldades? 0,05* 0,317
08 Tens te sentido capaz de enfrentar problemas? 0,035* 1,000
10 Tens pensado em ti mesmo como uma pessoa de valor? 0,011* 0,166
11 Em geral, tens te sentido feliz? 0,038* 0,058*
3-Escala de Auto-Estima de Rosemberg
01 No conjunto, eu estou satisfeito comigo. 0,034* 1,000
39
02 Às vezes, eu acho que não presto para nada. 0,033* 0,317
03 Eu sinto que eu tenho várias boas qualidades. 0,035* 1,000
4-Escala de Bem-Estar Subjetivo
16 Atento 0,034* 0,015*
19 Determinado 0,053* 0,035*
21 Decidido 0,564 0,033*
25 Engajado 0,177 0,031*
29 Entusiasmado 0,034* 0,026*
32 Indeciso 0,036* 0,088
41. Empolgado 0,210 0,045*
47 Envergonhado 0,030* 0,160
50 Avalio minha vida de forma positiva 0,024* 0,157
53 Tenho conseguido tudo o que esperava da vida 0,030* 0,914
54 A minha vida está de acordo com o que desejo para mim
0,018* 0,334
*p 0,005.
Os resultados dos testes estatísticos acerca dos quatro instrumentos utilizados no
início, final da intervenção TEC e após sete meses evidenciam, em vários dos itens,
embora não em todos, aumento positivo nas questões ligadas a desenvolvimento
emocional, saúde, auto-estima e bem-estar, conforme a Tabela 2. Além disso, as
verbalizações dos participantes da TEC, assim como o material escrito relativo às duas
últimas sessões corroboram essas análises estatísticas em termos de terem expressado uma
série de bons sentimentos em relação a si mesmos, ao grupo e às próprias tarefas propostas
pela TEC. Desta forma, a discussão que se segue examina esse material estatístico, as
verbalizações e a literatura pertinente.
Em relação ao Questionário de Dimensões do Desenvolvimento Emocional, os
participantes assinalaram, de forma significativa, não se sentir deslocado, quando em
grupo, após a intervenção; o efeito não se manteve após sete meses, o que é compreensível
visto que os participantes não estavam mais se reunindo para a atividade. Conforme
Fredrickson (2001), em sua revisão das pesquisas de Aron, Norman, Aron, McKenna e
Heyman, 2000; Lee, 1983; Simons, McCluskey-Fawcett e Papini, 1986, os jogos
desenvolvem em seus participantes recursos sociais, compartilham-se divertimentos,
sorrisos e constroem-se laços sociais e afeições. Da mesma forma, pesquisas sobre
40
atividades físicas e de lazer, que envolvem exercícios físicos, esportes, aulas de dança,
trazem forte componente social, além de serem excelentes indutores de estados de humor
(Argyle, 1999; Hills & Argyle, 1998). Conforme Gruppe (1976), citado por Vargas
(2004), está vinculado ao caráter existencial do movimento humano e do jogo, dentre
outras finalidades: obter experiências primárias por meio do movimento; desenvolver a
saúde e as habilidades físicas; desenvolver atitudes sociais desejáveis; implicar-se no jogo
como uma atividade de vida.
Pertinente ao fato de sentir-se não deslocado, os participantes verbalizaram efeitos
positivos, conforme as falas aqui elencadas: "[...] E até esta situação está se refletindo no
dia-a-dia da gente. Eu mesmo notei com as pessoas, amigos. Eu estou conseguindo brincar
mais, coisas que eu fazia antigamente. Depois eu parei, assim, comecei a ficar mais
fechadão. E agora não. Comecei a fazer de novo, a rir e brincar com as pessoas." (PA). “O
meu namorado tem me dito que eu sou muito séria. Ele brinca demais e eu sou muito séria
[...] Ele me olhou e disse: [...] como tu estás brincando mais, tu estás mais brincalhona. Tu
estás fazendo piada das coisas." (PC). "[...] logo entrei no ritmo e integrei-me ao grupo...
(PA). Tinha uma grande dificuldade em me expor em público e ser descriminada por
isso. E a partir das dinâmicas realizadas percebi um crescimento e um aprimoramento
neste sentido.” (PN). Esses relatos pontuam não somente o quanto se sentiram à vontade
para vivenciarem as sessões, confirmando a integração e o respeito mútuo do grupo, mas
também apontam sentimentos de estarem desenvolvendo potencialidades, confirmadas por
seus colegas, durante o trabalho e por pessoas do convívio pessoal.
A respeito dos itens sobre sentir-se útil na vida, com maior capacidade de decidir,
de superar dificuldades, enfrentar problemas, perceber-se como uma pessoa de valor e
sentir-se feliz de uma maneira geral do Questionário Geral de Saúde, a TEC mostrou-se
útil no sentido de que houve aumento significativo de pontuações positivas logo após a
intervenção, o que não se manteve por mais tempo, com exceção da sensação de felicidade
geral, que perdurou após sete meses. De fato, a literatura tem sido consistente em
demonstrar que atividades físicas estão relacionadas a aumento de saúde geral (Chagas &
Samulski, 1992; Duarte, Santos, & Gonçalves, 2002; Fox, 1999; Freitas, 1994; Macedo et
al., 2003; Matsudo, Matsudo, & Barros, 2000; Miranda & Godeli, 2003; Mosquera &
Stobäus, 1984; Vargas, 2004).
As características dos itens pontuados de forma mais elevada também estão
reveladas nas expressões verbalizadas pelos participantes: Hoje tivemos várias etapas de
41
improvisos e expressão de sentimentos. Gostei muito, acho que posso aprender muito
mais, mas já avancei bastante. [...] Tento aplicar o que eu aprendo no dia-a-dia e está
funcionando muito bem.” (PC1). "Me sinto mais capaz [...] Não me considerava tão
criativa, fora a desinibição." (PC). "O sentimento foi de tranqüilidade, segurança e
capacidade. Foi possível analisar o quanto somos capazes." (PE). "Fiquei bastante feliz
por ver o quanto evoluímos nesta caminhada. Pudemos visualizar o que aconteceu durante
este tempo [...]" (PA). "[...] Fiquei contente por ter conseguido. Considero que ter
participado deste projeto ajudou para que eu desempenhasse melhor a minha função de
coordenadora de um setor. Contribuiu para aumentar a minha autoconfiança [...] hoje me
sinto segura e sei que este trabalho ajudou muito." (PG1).
Quanto ao Questionário de Auto-Estima, houve diferença significativa nos
momentos pré-pós intervenção para os itens: estar mais satisfeito consigo mesmo;
diminuir o sentimento de “não prestar para nada”, sentir-se como pessoa de várias boas
qualidades. Tais elementos não mantiveram a diferença significativa após sete meses de
intervenção.
O desenvolvimento da auto-estima, de acordo com André e Lelord (2000),
compõe-se de três fatores: autoconfiança, imagem de si próprio e gostar-se de si mesmo.
Expressões verbalizadas pelos participantes atestam esse efeito; observem-se as falas:
“Contribuiu para aumentar [...] minha auto-estima [...]” (PG1). "A atividade de hoje me
deixou muito feliz, porque eu não sabia que tinha capacidade de criar situações e de ser
tão espontânea. Senti-me orgulhosa de mim, mesmo que eu não tenha sido, aos olhos dos
outros, tão boa assim." (PC). "[...] porque ouvindo meus colegas, dando feedback no final,
percebi o quanto evoluímos, que os objetivos foram alcançados, que cada um de nós tinha,
no início, uma expectativa e que no final todos estavam satisfeitos." (PZ). "Meu
sentimento deste encontro foi de plenitude, de imensa satisfação com o grupo e comigo
mesma.” (PZ). Conforme o exposto, os indivíduos parecem perceber suas várias boas
qualidades desenvolvidas neste processo, sentindo-se satisfeitos. Relatos como estes
confirmam o que autores como Gouvêa (1978), por exemplo, comentam sobre a
contribuição de programas de Técnicas de Expressão Corporal no autoconhecimento e na
satisfação pessoal dos participantes envolvidos:
Através da Expressão Corporal a criança ou jovem inicia um trabalho consigo
mesmo, o qual ajudará a conhecer-se melhor e, desta forma, melhor conhecer e
42
entender seus semelhantes, integrando-se dentro do círculo familiar e da sociedade em
que vive, com maior facilidade (p.9).
Da mesma forma, também estão de acordo com estes achados estudos que sugerem
ser a atividade física uma forma de auxiliar os indivíduos no aumento da auto-estima
global (Fox, 1999; Macedo, et al., 2003; McAuley, Mihalko, & Bane, 1997; Sonstroem &
Morgan, 1989; Weinberg & Gould, 2001). Porém, muitas pesquisas são focadas no estudo
sobre idosos (Bozoian, Rejeski, & McAuley, 1994; Elavsky et al., 2005; Stathi, Fox, &
Mckenna, 2002). Entretanto, parece consenso entre diversos autores considerar a auto-
estima fortemente relacionada em sentido positivo com a atividade física em todas as fases
da vida (Vargas, 2004; Gonçalves, Duarte, & Santos, 2001).
Em relação ao instrumento de Bem-estar Subjetivo, vários itens também
apresentaram evidência estatística significativa de aumento de pontuação, no sentido
positivo, logo após a intervenção. Referente à percepção acerca de atenção, determinação
e entusiasmo, os participantes registraram aumento nos tempos após a intervenção e
mantiveram essa percepção após sete meses. No tocante aos itens: melhorar a indecisão,
sentir menos vergonha e avaliar a vida de forma positiva, sentir ter conseguido o que
esperava da vida e avaliar a vida como concordante com o que desejava para si, finda a
intervenção, houve aumento dos escores, sem a manutenção após sete meses.
As falas apontam na direção dessas percepções dos indivíduos que participaram da
intervenção com a Técnica de Expressão Corporal. “[...] ter participado do projeto,
oportunizou conhecer profundamente alguns colegas, e ter um crescimento em relação à
vergonha." (PE1). "[...] o sentimento foi de tranqüilidade, disposição e motivação." [PE].
"Me senti a vontade ..." (PG1). "Pra ti ver, eu queria passar esta sensação para as pessoas!
De estar arrepiado, olha! [...] Essa emoção, porque cara, isso é muito forte! É muito! Tu te
vês realmente, né? [...] Uma realização! [...] Me senti realizado hoje [...] Sempre quis que
isso acontecesse e graças aos encontros consegui realizar. [...] Sensação de bem-estar,
qualidade de vida." (PG). “Foi bem legal, adorei!” (PC1). Adorei ter participado do
projeto!” (PE1). “Ao final, relatei o meu bem-estar [...]” (PZ1). Tanto o resultado
estatístico quanto as falas revelam o que Sonstroem (1978), citado por Freitas (1994),
discute sobre a atração e os conhecimentos dos valores da atividade física, que fazem com
que sua prática desenvolva uma maior capacidade física. A partir daí, leva a pessoa a uma
maior estimativa das suas capacidades e também ao aumento da auto-estima global. Desta
maneira, este desenvolvimento da auto-estima influencia o comportamento para a
43
atividade física, aumentando ou mantendo o nível de aptidão, produzindo, assim, uma
retroalimentação, um círculo continuo.
Interessantemente, no que concerne aos itens: decidido, engajado e empolgado,
encontrados na Escala de Bem-estar Subjetivo, o grupo apresentou uma melhora
significativa somente sete meses após a intervenção; a TEC parece ter contribuído nestes
aspectos depois de um tempo de amadurecimento, quando os participantes, ao recordarem
a intervenção, possam ter a ela atribuído esse bem-estar.
Segundo Diener (1984), satisfação com a vida refere-se ao julgamento que a
pessoa faz de suas realizações e de circunstâncias de sua vida. Representa um senso global
do bem-estar na perspectiva do pesquisado (Diener, Scollon, & Lucas, 2003 citado por
Elavsky et al., 2005). Conforme McAuley (1994), citado por Gauvin e Spence (1996),
muitas pesquisas examinam a relação entre atividade física e satisfação com a vida;
entretanto, de acordo com estes autores, a limitação dos dados sugestionam uma pequena
relação entre estas variáveis. Porém, conforme Miranda e Godelli (2003), a partir de
pesquisas analisadas por Berger e McInman (1993), foi obtida alta correlação na
associação entre atividade física e satisfação com a vida em idosos. Para esses autores,
existem determinados resultados da participação em atividades sicas que estão
relacionados à satisfação com a vida, a saber: aumento da auto-eficácia e da competência;
melhora no autoconceito, auto-estima e imagem corporal; alto nível de qualidade de vida.
Há, portanto, fatores importantes que influenciam a saúde e o bem-estar mental e
psicológico. A auto-estima, por exemplo, tem sido considerada de grande importância
nesse processo, indicada como chave de estabilidade e ajustamento emocional para as
demandas da vida (Fox, 2000; Sonstroem, 1997), além de uma forte aliada para o bem-
estar subjetivo e a felicidade (Diener, 1984; Diener, Oishi, & Lucas, 2003). Somado a isso,
outros aspectos que influenciam a percepção do nível de satisfação com a vida: os
idosos fisicamente ativos, segundo Berger e McInman, apresentam saúde melhor e um
aumento da capacidade de enfrentar estresse e tensões.
Esses estudos podem dar suporte aos achados na presente pesquisa, tendo visto os
resultados sobre melhora significativa em questões que revelam um possível aumento na
auto-estima e satisfação com a vida, e uma maior capacidade de tomar decisões, de
superar dificuldades e enfrentar problemas. Ainda McAuley, Elavsky, Jerome, Konopack
e Marquez (2005), McTeer e Curtis (1993) e Stathi, McKenna e Fox (2003) também
encontraram relação positiva entre o bem-estar e a atividade sica no que se refere ao
44
envolvimento social em idosos. Esses achados são citados, embora os participantes da
pesquisa, ora relatada, não sejam idosos, pois há escassa literatura sobre o tema.
Mc Auley e Rudolph (1995) realizaram uma revisão de literatura e confirmam os
efeitos positivos da atividade física no bem-estar psicológico, demonstrando melhora nas
variáveis, como satisfação com a vida, melhora dos estados subjetivos positivos e
diminuição de afetos negativos. Porém, existiram estudos cujos resultados foram
exatamente opostos, negando estas informações. Para esses autores, a falta de consistência
nestes resultados pode ter ocorrido em detrimento de diferenciados programas de atividade
física e instrumentos psicométricos utilizados ou diferenças demográficas. Ainda para
McAuley e Rudolph, pode existir uma carência de sensibilidade e validade dos
instrumentos tradicionais para captar e avaliar respostas de caráter mais positivo, como
sensação geral de bem-estar e felicidade que são produzidas pela atividade física.
Semelhante ao estudo ora apresentado, Krawczynski e Olszewski (2000)
realizaram um programa de intervenção usando jogos e relaxamento. O objetivo era
acessar os efeitos de um programa (de três tempos, pré, pós e após seis meses de
intervenção) com atividade física, desenhado para melhorar bem-estar sico, mental e
espiritual de idosos. Houve melhora da qualidade de vida destes participantes. Contudo, os
instrumentos utilizados pontuavam uma visão que a Psicologia Positiva vem
complementar, isto é, transferir o olhar da diminuição de pontos negativos, como a doença
(hipocondria e ansiedade), para o fortalecimento de pontos positivos, como o aumento da
auto-estima e do bem-estar subjetivo, por exemplo.
Considerações Finais
A presente pesquisa apresenta a experiência de adultos saudáveis em um Programa
de Técnicas de Expressão Corporal com o objetivo de obter efeitos positivos em
desenvolvimento emocional, saúde geral, bem-estar subjetivo e auto-estima em adultos.
Os achados permitem observar que, embora não em todos os itens de cada instrumento,
nem nos três tempos investigados, significativo aproveitamento da atividade física,
através da Técnica de Expressão Corporal, para os itens: integração grupal, melhora em
itens que promovem saúde geral e em condições importantes relativas à auto-estima e ao
bem-estar subjetivo. Os participantes perceberam seu desenvolvimento em relação ao
autoconhecimento, às habilidades e boas qualidades, bem como ao seu potencial. Desta
45
feita, sentiram-se melhor consigo mesmos e avaliaram suas vidas de forma positiva,
estando esta de acordo com o que desejaram para si.
Tais resultados afirmam a utilidade e os benefícios de programas de atividades
físicas. O estudo, por ter sido longitudinal e ter utilizado uma atividade física específica,
como a Técnica de Expressão Corporal, oferece uma contribuição para essa área de
pesquisa e para a interlocução entre a Educação Física e a Psicologia, tendo em vista a
escassez de investigações, como a apresentada.
Como sugestão para futuras pesquisas, faz-se necessário constituir amostras
maiores com maior controle nas atividades físicas dos participantes, além daquelas
propostas pela intervenção; seria importante a comparação entre grupos controle; pois,
com amostras maiores e grupo controle poder-se-ia analisar a relação entre os
instrumentos e seus efeitos, assim como analisar a variável sexo.
Entretanto, os achados apresentados são consistentes para confirmar os benefícios
psicológicos e sociais, conforme autores descritos ao longo do artigo, bem como a
sensação de bem-estar conquistada através de atividade física (Chagas & Samulski, 1992;
Odriozola, 1988, citado por Vargas, 2004), no caso do estudo ora apresentado,
especialmente através da implantação de um Programa de Expressão Corporal.
Consoante com o pensamento de Miranda e Godelli (2003), é possível hipotetizar
que as evidências encontradas sustentem os resultados obtidos no referente à atividade
física e bem-estar, ainda que haja necessidade de maior controle de variáveis, como sexo,
amostras maiores e grupo controle, bem como, adequadas avaliações psicométricas.
Portanto, é possível evidenciar, com a pesquisa realizada, que a TEC foi útil para
incrementar aspectos benéficos em termos psicossociais entre os participantes da
intervenção e, desta forma, acena de forma promissora para estudos dessa natureza.
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exercício. (2ª ed.) (M. C. Monteiro, Trad.). Porto Alegre: Artmed. (Obra original
publicada, 1999).
50
CONCLUSÕES
O desenvolvimento deste estudo preocupou-se na ampliação dos conhecimentos
sobre o bem-estar e a qualidade de vida e sua relação com a atividade física, especialmente
a Técnica de Expressão Corporal, objetivando o desenvolvimento do ser humano em todas
as suas dimensões, em sua integralidade.
Na primeira sessão, observou-se a carência de estudos entre os construtos bem-
estar subjetivo e atividade física, muito especialmente no que se refere à Técnica de
Expressão Corporal.
Na segunda, analisou-se o que, cientificamente, acontece em termos de bem-estar e
qualidade de vida em adultos isentos de problemas de saúde física e mental praticantes de
um Programa de Técnicas de Expressão Corporal. A escolha deste programa se deu tendo
em vista a experiência da mestranda como facilitadora deste programa durante sua
trajetória profissional. Partiu-se dos conhecimentos advindos do novo movimento da
Psicologia, a Psicologia Positiva. Esta ciência estuda a construção de qualidades positivas,
sua manutenção e seu desenvolvimento, preocupando-se com a promoção da qualidade de
vida e com a prevenção de patologias e doenças. Interessa-se em verificar que tipos de
fatores estão presentes nesta construção, manutenção e desenvolvimento de um estado de
bem-estar nas pessoas, procurando esclarecer a influência de fatores como educação,
família, lazer, esportes e trabalho. A partir disso, procurou-se pesquisar a relação de bem-
estar e Técnica de Expressão Corporal - não por meio da mensuração de fatores como
ansiedade, depressão e estresse, como comumente encontram-se na literatura, mas através
da possibilidade de desenvolvimento emocional, da auto-estima e do bem-estar subjetivo.
Conclui-se que estudos como estes são úteis pela carência de pesquisas com
delineamento de medidas repetidas na área da atividade física, especialmente com a
Técnica de Expressão Corporal. Todavia para o desenvolvimento de pesquisas futuras é
necessário sugerir estudos que abarquem amostra maior, com controle de variáveis, tais
como sexo e idade, e prática de outro tipo de atividade física. Importante também é o uso
de grupo controle.
Entretanto, ao longo deste estudo verificaram-se os benefícios sociais e
psicológicos que a atividade física pode proporcionar aos que se envolvem com essa
prática. Neste caso, especialmente através da implantação de um Programa de Expressão
51
Corporal, houve a oportunidade de acompanhar um grupo que, realizando uma vez por
semana, durante cinco meses em sessões de uma hora e meia, apresentou pontuações
significativamente mais positivas em vários aspectos dos instrumentos de
desenvolvimento emocional, saúde geral, auto-estima e bem-estar subjetivo. É conhecida a
posição da International Society of Sport Psychology - ISSP (1992), citada por Becker
(2000): a atividade física, mesmo sendo um processo de curta ou longa duração, pode
causar bem-estar mental, melhora psicológica e da auto-estima, em particular.
Em se tratando de uma nova perspectiva de estudo da Psicologia e por o ter sido
encontrado, nas bases de dados Web of Science, PsicoInfo, Sport Discurs, Medline e
Lilacs, nenhum estudo que componha a Técnica de Expressão Corporal e o Bem-estar
Subjetivo, considera-se esta pesquisa um convite a novos estudos, a fim de aprofundá-lo.
Referência - Becker Jr., B. (2000). Manual de psicologia do esporte & exercício.
Porto Alegre: Nova Prova.
52
ANEXO
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