A CHARGE VIRTUAL E A CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADES
Helga Vanessa Assunção de Souza
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Vale ressaltar, que a aceitação da diferença de estatura aceita por Fimose,
só se devido à “mulher” ser dotada de atributos físicos designados como “ideais”
para o universo feminino, no que diz respeito aos meios midiáticos: seios volumosos,
cabelos lisos, quadris largos, cintura fina, magra, roupas da “moda” (calça de cós
baixo - que deixa a mostra sua barriga em forma, mini-blusa), acessórios que
demarcam sua feminilidade (piercing no umbigo, pulseiras, maquilagem) etc. Além
disso, o “ser homem” convencionado pela estrutura patriarcal vigente na sociedade,
exige do sexo masculino, uma postura “diferente” da exigida às mulheres. Agir como
“homem”, para muitos, está diretamente relacionado a obter o maior número de
relações sexuais com mulheres que estejam “disponíveis”, ou seja, como é difundido
culturalmente, “mulheres fáceis”, visto que, no caso das mulheres, quanto maior for o
número de parceiros, confere a estas o estereótipo de “mulher da vida”. Bamberg
(2002: 160-174) avaliou uma entrevista realizada entre um moderador (adulto) e
cinco adolescentes com idade de 15 anos. O ápice da discussão se deu em torno de
uma garota que havia tido sua primeira relação sexual e, segundo os entrevistados,
já tinha ido para “cama” com vários meninos. Segundo os adolescentes, a garota
tinha o intuito de “chamar a atenção”, ou melhor, eles afirmam que ela necessitava
de atenção e que não ligava para a forma como era (pré)concebida pelos demais
colegas, no caso, “puta”. Para os garotos, não cabe a uma menina/mulher manter
relações sexuais com vários meninos/homens. Essa concepção, por mais que as
mulheres tentem quebrá-la, pois é fato que na luta por igualdade de direitos, o
público feminino adquiriu grandes avanços em relação a sua emancipação sexual,
faz parte de um trajeto histórico e socialmente construído que, para “ser uma boa
mulher”, esta precisa ser submissa, fiel, casta (se possível), viver em função da
família (marido, filhos e casa) etc.
O segundo momento, em que a crítica se faz presente, diz respeito aos
padrões de beleza física imposto para a mulher da atualidade. Hoje, a mulher
precisa ser bela, mesmo que essa “beleza” seja artificial. Porém, o padrão ideal de
beleza difundido pela imprensa, requer um corpo longilíneo, com curvas bem
definidas, seios fartos, que realcem as vestes assinadas pelos estilistas famosos,
porque para ser “bela”, é preciso, antes de tudo, de uma boa renda, para gastar em
salões de beleza, clínicas de estética, cirurgias plásticas, academias de ginástica e